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JUAZEIRO DO NORTE - CE
2018
DÉBORA RODRIGUES DOS SANTOS
JUAZEIRO DO NORTE - CE
2018
À Artur Rodrigues Farias
AGRADECIMENTOS
Aos amigos Waleska Felix, Nagella Benetti, Cicero Cabral, Rosi Vidal, Andreia Fur-
tado, Adriano Sousa, Kely Linhares, Marcio Santos, pela amizade, contribuição nes-
ta pesquisa, empréstimo de livros, conserto do meu notebook, comentários etc.
Aos professores que contribuíram para minha formação: Adriana Botelho, Ana Vide-
la, Cleonísia do Vale, Aglaíse Damasceno, Deisson Xenofonte, Issac Brito, Fernanda
Loss, Eva Regina, Juliana Loss, Thiago Santiago, Cris Silva.
Percebemos que o livro infantil vai além do seu objetivo de contar histórias, pois po-
de comunicar também através do material e das estruturas cromáticas, tipográficas e
estilísticas, independentemente das palavras, podendo levar a criança a manusear,
sentir, e ter uma melhor interação com o mesmo.
This project consists of the diagramming and publishing of a children's book, consid-
ering its visual and textual elements: typography, illustrations, colors, format, from the
literary proposal of a 5-year-old author, my son.
We begin from the problematic of how the design can contribute in the construction
of a children's book, aiming to make it interactive for the public in question, providing
a world of playfulness to children and helping to stimulate the habit of reading in
childhood.
We realize that the goal of a children's book goes beyond their aim of telling stories,
because they can communicate through material and chromatic, typographic and
stylistic structures, independently of words, and can lead children to handle, feel, and
have a better interaction with the one.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
3.4 Formato....................................................................................................... 35
3.5 Diagramação............................................................................................... 37
4. METODOLOGIA ................................................................................................. 39
4.3.1 Protótipo................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56
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INTRODUÇÃO
1. O LIVRO ILUSTRADO
Também Linden (2011, p.7), diz que há tempos “o livro ilustrado é consi-
derado um tipo de obra cuja criação de seus autores e ilustradores [...] permite apre-
ciar ao máximo o seu funcionamento”. Portanto, ler um livro ilustrado vai além de ler
imagens e texto, havendo todo um conjunto coerente que envolve o uso de um for-
mato, de um enquadramento, capa etc.
De acordo com Linden (2011, p. 8), “ao longo de sua evolução histórica, o
livro ilustrado infantil conheceu grandes inovações”, e na atualidade, os ilustradores
exploram ao máximo a diversidade de técnicas utilizadas.
Fonte: http://epvytecnico.blogspot.com.br/2010/05/trabajando-el-linoleo.html
Fonte: https://www.artematriz.com/tecnicas-del-grabado-mezzotinta/
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Figura 5. LIVRO | SENDAK, Maurice, Onde vivem os monstros, 1963 – São Paulo: Cosac Naify, 2009
Fonte: http://literaturaemultimodalidade.blogspot.com.br/2014/11/o-papel-do-imaginario-infantil-em-onde.html
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Dentro dessa perspectiva, Powers (2008, p.9) afirma que, entre meados
do século XVIII “houve uma enorme diversificação nos tratamentos dados ao projeto
gráfico de livros para criança, com uma inventividade que demorou a ser superada”.
Diz ainda, que “esses livros surgiram de um mundo cada vez mais complexo, embo-
ra relativamente pequeno, de editores, livretos e gráficas, numa época em que essas
funções estavam apenas começando a se distinguir”.
Figura 6. LIVRO | NEWELL, Peter, O livro inclinado, 1910. São Paulo: Cosac Naify, 2008
O livro tem um corte diagonal superior e inferior que junto às ilustrações dão a sensação de personagens
correndo.
Fonte: http://bllij.catedra.puc-rio.br/index.php/2016/11/11/o-livro-inclinado/
Segundo Powers (2008, p. 42), “o movimento arts and crafts havia gerado
o sentimento de que o livro era um objeto coeso”, e isso implicava que o projeto grá-
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Em síntese, Linden (2011, p.24-25) traz uma organização dos tipos de li-
vros para crianças que contém imagens, citando algumas definições:
O mesmo autor (Op. Citi), destaca dois criadores que a partir dos anos
1950 “iriam marcar o livro para crianças com sua genialidade: Bruno Munari e Enzo
Mari.” A partir de então nasce o livro enquanto objeto, no qual seus desenvolvedores
interagem, de certa forma, com o público alvo.
Figura 7. LIVRO | MUNARI, Bruno. Na noite escura. Ilustrador: Bruno Munari Editora: Cosac Naify, 2008
(Edição original de 1956)
O livro como objecto explorado pelo ritmo visual dos recortes nas páginas, pela variação das texturas do
papel e pelas manchas de cor simples que dão forma à coerência visual da história.
Fonte: http://panoramadolivro.blogspot.com.br/p/panorama-do-livro-para-criancas-dolores.html
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Figura 8. LIVRO | MARI, Enzo. O jogo de Fábulas. Editora: Corraini, (Edição original de 1965)
Um livro para compor, desconstruir e construir: uma aventura que nunca termina. É um jogo apreciado de geração
em geração pela sua simplicidade e beleza. Nos seis cartões que compõem o jogo são sorteados 45 animais, plan-
tas e outros objetos. Há muitas maneiras de entrelaçá-las, o que permite inúmeras histórias possíveis.
Fonte: http://www.watermeloncat.nl/epages/62791642.sf/es_ES/?ObjectPath=/Shops/62791642/Products/COR002-
fabula
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Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo, e com cinco ou seis retas
é fácil fazer um castelo... Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
e se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva... Se um pinguinho
de tinta cai num pedacinho azul do papel, num instante imagino uma linda
gaivota a voar no céu... (TOQUINHO)
Aqui vale salientar a observação de Barbieri (2012, p.25), o que nos diz
que “as crianças são sinestésicas, ou seja, todos os seus sentidos estão despertos a
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Ferreira (2005) por sua vez, afirma que o desenho de uma criança não se
trata de uma representação visual de um objeto, mas sim uma representação da ex-
periência que a mesma tem com este objeto, onde se deixa manifestar suas emo-
ções. Crotti (2011, p.12), explica que “assim é como o autor do desenho dialoga com
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o mundo dos adultos [...] está lhe mostrando uma parte do seu mundo, uma parte
dela mesma”.
Outrossim, Crotti (2011, p.65) destaca também para o uso das cores, que
geralmente revela um significado da energia vital e da afetividade. Esse é outro pon-
to marcante que encontraremos nas ilustrações do livro.
3. DESIGN EDITORIAL
Em vista disso, Hofmann (2012, p.47) ressalta que “a criança interage me-
lhor com livros pensados especialmente para elas”, uma vez que a mesma conhece
o mundo através dos sentidos. Portanto, devemos considerar no projeto de um livro
infantil, o seu manuseio pela criança (tamanho, material, peso etc).
3.1 Ilustração
[LE SAUX, Alain. Como Educar seu pai. Paris: Rivages, 2005].
Fonte: http://next.liberation.fr/culture/2015/03/18/alain-le-saux-le-papa-des-papas-est-parti_1223303
3.2 Cor
É por meio da percepção visual que o homem mantém contato com mun-
do. A cor é uma sensação produzida pelos raios luminosos sobre os objetos, no qual
é interpretada no cérebro, constituindo assim, estímulos para a sensibilidade huma-
na. A mesma constitui um dos elementos visuais que compõe uma ilustração, po-
dendo colaborar para a qualidade da mesma nos livros infantis, e contribuem ainda
para emocionar, atrair e despertar interesse do leitor.
Nesse sentido, Lupton (2008, p.71) afirma que “a cor serve para diferen-
ciar e conectar, ressaltar e esconder”, de modo que podemos perceber “uma deter-
minada cor em função das outras em torno dela”. Segundo Collaro (2007, p.15), a
exposição a determinadas cores básicas provoca reações diferentes no consciente e
no inconsciente de diferentes tipos de pessoas.
O autor explica ainda os aspectos formais da cor, onde uma única cor po-
de ser definida por quatro qualidades: matiz, saturação, temperatura e valor. Contu-
do, a alteração de qualquer uma dessas características pode afetar a cor de manei-
ras distintas.
Alterar qualquer dos quatro atributos de uma cor afeta a cor de maneiras diferentes.
Fonte: SAMARA, 2011, p. 27
mos comprovar que o laranja tem o maior poder de atração, seguido do vermelho,
depois o azul, o preto, o verde, o amarelo, o violeta e, no fim, o cinza (COLLARO,
2007, p.28).
Figura 16. ESCALA DO PODER DE ATRAÇÃO DAS CORES
Fonte: https://pt.slideshare.net/escolaanice/cores-16202436
Não existe uma regra para a utilização da cor, porém os conceitos sensiti-
vos transmitidos em relação à sentimentos como a alegria, a tristeza, a seriedade, a
agitação, etc. produzem uma reação que deve ser considerada quando elaboramos
um projeto (COLLARO apud HOFFMANN, 2012, p.59).
Layouts usando cores complementares com o mesmo peso, como o da esquerda, podem chamar a atenção
inicialmente, mas sua exposição contínua pode se tornar irritante. O da direita, contudo, explora bem a tendência
do olho de procurar a complementar de uma cor. Fonte: Collaro, 2007, p. 26
3.3 Tipografia
Convém ressaltar que “no final da década de 1930, o design do livro in-
fantil foi influenciado pela “Nova Tipografia”, tipografia definida pela Bauhaus, sob a
forma de fontes sem serifa e composições assimétricas.” (ROMANI, 2011, p. 32)
Nesse âmbito, Hofmann (2012, p.66) coloca ainda que crianças em pro-
cesso de alfabetização levam em conta o desenho de cada caractere individual.
Dessa forma, famílias tipográficas como a Avant Garde, com caracteres muito seme-
lhantes, como mostra a figura abaixo, acabam por confundir e prejudicar a leitura da
criança.
Figura 19. EXEMPLO DA TIPOGRAFIA AVANT GARDE GOTHIC
ado nesses conceitos, podemos concluir que ambos são diretamente relacionados,
contudo temos ainda que considerar outros fatores como os espaçamentos (entre
linhas, entre palavras e entre letras), o tamanho do caractere, cor e alinhamento do
texto.
Figura 20. ESPAÇAMENTOS
Fonte: http://www.flashkit.com/fonts/I/ISO-Norm-unknown-1560/index.php
Fonte: http://tipografos.net/tipos/fontes-para-crian%E7as.html
Designers: Rosemary Sassoon and Adrian Williams Year: 1988-1998 Copyright: Sassoon & Williams Publisher:
Club Type. Fonte: http://tipografos.net/tipos/fontes-para-crian%E7as.html
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O autor ainda cita outros trabalhos e pesquisas sobre esse tema, que in-
clui livros infantis, como por exemplo, as pesquisadoras Sue Walker e Linda Rey-
nolds, onde abordam em suas análises para o fato de não existirem estudos que
comprovem se tipos serifados ou sem serifas são mais legíveis.
Sobre essa questão, o que geralmente ocorre é uma preferência por parte
de educadores, sem um conhecimento aprofundado sobre desenhos de tipos, para
as fontes sem serifas por terem formas mais simples. Porém há uma grande varie-
dade de fontes tipográficas no qual as crianças se deparam constantemente em seu
dia-a-dia e dificilmente há um questionamento sobre a opinião das mesmas quanto à
tipografia dos livros presentes em seu cotidiano.
Fonte: http://www.kidstype.org/?q=node/49
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Segunda versão do Fabula, com um único andar, foi projetada a pedido do editor, Collins, para uma série de
dicionários infantis Fonte: http://www.kidstype.org/?q=node/49
3.4 Formato
Alguns autores citam o formato vertical, com uma altura maior que a lar-
gura, como o mais comum no mercado. Collaro (2007, p.68) nos diz que o formato
horizontal tem surgido como uma alternativa de inovação, o que proporciona uma
quebra na monotonia. Os formatos quadrados também são bastante utilizados, e
fogem do tradicional. Linden (20011, p. 53) diz ainda que o “formato horizontal (dito
“a italiana”), mais largo que alto, permite uma organização plana das imagens, favo-
recendo a expressão do movimento e do tempo, e a realização de imagens sequen-
ciais”.
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[...] em função da mão do leitor: livros que abertos são segurados facilmente
com uma mão, como os de bolso; livros que podem ser pegos com uma
mão quando fechados, mas que seguramos com as duas durante a leitura;
livros que pegamos com as duas mãos e devem ser lidos com algum supor-
te. Essa distinção permite determinar espaços e margens que precisam ser
reservados para as mãos do leitor. (LINDEN, 2011, p. 55)
3.5 Diagramação
Ainda sobre esse assunto, Hoffmann (2012, p.76) nos acrescenta que a
diagramação também tem a função de conduzir o leitor, conforme são dispostos os
textos, imagens e demais elementos em uma página, a leitura pode ser favorecida
ou não.
Le Dame Hiver [A Dama Inverno]. Irmãos Grimm/Nathalie Novi (ils.) Paris: Didier Jeunesse, 2002.
Fonte: http://surlalunefairytales.blogspot.com/2012/01/france-month-dame-hiver-by-nathalie.html
L'ogre, le loup, la petite fille et le gâteau [O ogro, o lobo, a menina e o bolo]. Philippe Corentin. Paris: L’École des
Loisirs, 1995. Fonte: http://lebazarlitteraire.fr/les-ogres-dans-la-litterature-de-jeunesse/
4. METODOLOGIA
Geração de alternativas.
Implementação Layout;
e protótipo.
Análise 2 | Livro: Bocejo, autor Ilan Brenman e ilustrações de Renato Moriconi, São
Paulo: Companhia das Letrinhas, 2012
BRENMAN, Ilan e MORICONI, Renato. Bocejo. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2012.
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/1200444-autores-usam-imagens-para-fazer-a-crianca-
bocejar.shtml
43
4.2 Concepção
4.3 Implementação
apud SILVA, 2016). Porém, não encontramos esse material disponível na região, o
que nos levou a pensar em alternativas para substituição.
2
Folhas de guarda, servem para unir a capa dura, ao corpo do livro. (LIMA, 2011)
3
Trata-se do corte do impresso, para a obtenção do tamanho desejado.
4
Quando a área de impressão gráfica ultrapassa o limite de corte da página.
50
4.3.1 Protótipo
Segundo Barbiere (2012, p. 27) “as crianças trazem questões de suas vi-
das em seus trabalhos de arte. Muitas vezes, desenham e pintam contando histó-
rias, misturando super-herói com pai, com vizinho”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARBIERI, Stela. Interações: onde está a arte na infância? Josca Ailine Ba-
roukh, coordenadora; Maria Cristina Carapeto Lavrador Alves, organizadora. São
Paulo: Blucher, 2012.
GARFIELD, Simon. Esse é meu tipo: um livro sobre fontes. Tradução: Cid
Knipel. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
LIMA, Edna Lucia Cunha. Estrutura do Livro. Edição de Lucas Santos – Aposti-
la Técnica. Editora ESDI/UERJ. INSTITUTO INFNET. Rio de Janeiro, 2011. Dis-
ponível em: <https://pt.slideshare.net/Lukleo/estrutura-do-
livro?ref=http://jeniffergeraldine.com/estrutura-do-livro-folha-de-guarda/>. Aces-
sado em: 17/jun/2018.
LINDEN, Sophie Van der. Para ler o livro ilustrado. Tradução: Dorothèe de
Bruchard. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
LUPTON, Ellen. Pensar com tipos: guia para designers, escritores, editores
e estudantes. 2ª edição. Tradução: André Stolarski e Cristina Fino. São Paulo:
Cosac Naify, 2013.
MATTOS, Margareth & VIANNA, Sabrina & RIBEIRO, Patricia Ferreira Neves.
(2016). Capas E Contracapas De Livros Ilustrados: Espaços Privilegiados
De Estratégias Discursivas. Caderno de Letras da UFF. v. 26. p. 349-372. Dis-
ponível em:
https://www.researchgate.net/publication/306459456_CAPAS_E_CONTRACAPA
S_DE_LIVROS_ILUSTRADOS_ESPACOS_PRIVILEGIADOS_DE_ESTRATEGIA
S_DISCURSIVAS Acessado em: 23/abr/2018
MUNARI, Bruno. Das Coisas Nascem Coisas. Tradução: José Manuel de Vas-
concelos – 2ª edição – São Paulo: Martins Fontes, 2008
POWERS, Alan. Era uma vez uma capa. Tradução: Otacílio Nunes. São Paulo:
Cosac Naify, 2008.