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Sumário

Orientações pedagógicas............................................................................................................................................... 4
Modelo de plano de aula................................................................................................................................................ 6

Lição 01: Bíblia: revelação divina - 2Tm 3.14-17.......................................................................................................................8


Lição 02: O Deus Trino - 2Co 13.13.............................................................................................................................................14
Lição 03: Ser humano: imagem de Deus - Hb 2.5-18...........................................................................................................22
Lição 04: A Cruz: poder de Deus - 1Co 1.18-25......................................................................................................................28
Lição 05: Arrependimento, perdão e paz - At 3.19-21; Is 43.25.......................................................................................34
Lição 06: Salvação e Novo Nascimento - Ez 11.19; 36.26..................................................................................................40
Lição 07: Meios de Graça e Disciplinas Espirituais - Mt 26.41; 1Co 9.24-27...............................................................48
Lição 08: Sacramentos: Batismo e Ceia do Senhor - Mt 28.18-20; Lc 22.1-20 .........................................................56
Lição 09: Santificação - 1Pe 2.1-10............................................................................................................................................64
Lição 10: Amor: essência da vida cristã - 1Jo 3.11-18.........................................................................................................70
Lição 11: Ser Igreja: um grande desafio - 1Co 12.12-27.....................................................................................................76
Lição 12: A Igreja fora da igreja - Rm 12.1-2...........................................................................................................................82
Lição 13: Ministério leigo a serviço do Reino - 1Co 12.1-11..............................................................................................88
Lição 14: Ministério pastoral: especial e essencial - Mc 3.13-14.....................................................................................94
Lição 15: Mordomia cristã e fidelidade - 1Co 4.1-2............................................................................................................ 102
Lição 16: O Reino de Deus e a Missão - At 1.6-8................................................................................................................ 108
Lição 17: Jesus Cristo voltará - Mt 24..................................................................................................................................... 116
Lição 18: Cremos no Deus abençoador - Sl 118.26 ........................................................................................................... 122
Lição 19: Sonhos, visões e a Missão - Dn 2 .......................................................................................................................... 128
Lição 20: Milagres: Deus não mudou - Mc 5.25-34........................................................................................................... 134
Lição 21: Cremos na prosperidade bíblica - Hb 11.6; Pv 28.25...................................................................................... 142

Unidade Especial: Datas comemorativas


Lição 22: Dia de Ação de Graças - 1Ts 5.18........................................................................................................................... 150
Lição 23: O Advento do Messias: tempo de espera e alegria- Is 7.14; 9.6-7; 40.1-5............................................ 156

Bibliografia....................................................................................................................................................................163
Métodos de Ensino na Escola Dominical...........................................................................................................173

Expediente
Em Marcha Eber Borges da Costa Angular Editora
Revista para Escola Edson Cortasio Sardinha Departamento Editorial - Associação
Dominical – Adultos Guilherme Aguiar Magalhães da Igreja Metodista
Professor(a) Hideide Brito Torres Av. Piassanguaba, 3031 – Planalto
Ivan Carlos Costa Martins Paulista - 04060-004 – São Paulo
Secretaria Executiva Editorial José Ronaldo Campos Moura Tel. (11) 2813-8643 / (11) 2813-8600
Joana D’Arc Meireles Leandro Miranda de Paula escoladominical@metodista.org.br
Marcio Divino de Oliveira www.angulareditora.com.br
Colégio Episcopal www.metodista.org.br/escola-dominical
Mauren Julião
Hideide Brito Torres –
bispa assessora É proibida a reprodução total de textos, fotos
Revisão e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia
Mauren Julião autorização do editor da revista. Quando repro-
Departamento Nacional de Escola
Dominical duzidas parcialmente, devem constar a edição,
Andreia Fernandes Oliveira Os textos bíblicos utilizados nas lições com ano e a página da publicação.
foram extraídos da Bíblia Sagrada, tra-
Redação duzida em Português por João Ferreira Todos os direitos nacionais e
Roseli Oliveira de Almeida, Edição Revista e Atualizada internacionais reservados à
no Brasil. 2018.2
Colaboração
Andreia Fernandes Projeto Gráfico e Editoração
Danielle Lucy B. Frederico NLopez Publicidade
Palavra
da redação
Olá professor, olá professora,

Saudações em Cristo!

É uma alegria compartilhar com vocês esta nova revista. Ao longo do nosso tra-
balho como equipe de redação temos acompanhado o testemunho de muitos alu-
nos e alunas de nossas Escolas Dominicais que atestam ter sido edificados pelas
lições propostas em nossas revistas. Sabemos que o êxito dessa conquista se dá
exclusivamente pela graça divina. A Escola Dominical, que é um espaço de ensi-
no, aprendizado e crescimento, também é espaço de libertação, cura e salvação, e
sabemos que isso tem acontecido devido ao grande amor de Deus por nós e pelo
mover do seu Espírito.
Todavia, reconhecemos em todo esse processo, a participação e dedicação de
cada professor e professora desta escola. Seu desempenho e preparo tem sido
fundamental para que aquilo que nós, como redação, almejamos fazer, se cumpra.
Certamente você tem sido um canal de bênção para o agir de Deus. Assim, louva-
mos a Deus por sua vida e rogamos que o Espírito Santo continue lhe capacitando e
sustentando nesta missão que Ele lhe designou a fazer.
Sabemos que nosso povo tem recebido um alimento sólido em nossas igrejas,
todavia, há influências doutrinárias se espalhando facilmente, muitas das quais
nem sempre estão de acordo com nossa doutrina e os verdadeiros princípios bí-
blicos. Assim, nossa finalidade nesta edição, é orientar acerca daquilo que cremos,
com o desejo de que Deus nos ajude a nos manter firmados e firmadas na Verdade.

Que Deus use sua vida neste propósito e lhe abençoe!

No amor de Cristo,

A Redação
ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Caro(a) Professor(a):

Esperança e paz!

A revista da Escola Dominical tem o objetivo de colaborar com a educação cristã


dos discípulos e discípulas que dela participam, visando seu crescimento em graça
e conhecimento. O material para professores e professoras visa o enriquecimento
das aulas, pois reconhecemos que seu papel é fundamental para que esse objetivo
seja alcançado.
Desejando colaborar com a sua prática, partilhamos algumas dicas:

• Faça uma leitura prévia de toda a revista para que você tenha uma visão total
do material e assuntos tratados na edição; assim você poderá adaptá-la à sua igreja
local. Caso perceba que é preciso inverter a ordem das lições, por exemplo, faça.
Para isso, é preciso ter uma visão geral do material.
• Quanto mais tempo dedicado ao planejamento, mais possibilidades de cons-
truir uma aula criativa e bem embasada. Se possível comece o preparo da lição no
início da semana, e observe as notícias cotidianas e situações da sua igreja, bem
como vídeos e imagens que possam ser úteis em sua aula. A seguir apresentamos
um modelo de plano de aula que pode ajudar neste sentido.
• Ao estudar as lições, tenha por perto, se possível, um dicionário de português,
mais de uma versão da Bíblia Sagrada para comparação dos textos e outros mate-
riais de apoio. Dialogue sobre as dúvidas com o ministério pastoral ou alguém da
equipe pedagógica. Não tenha receio de buscar ajuda.
• Aproveite os recursos humanos da sua igreja, convide pessoas que possam
contribuir com a exposição da lição (inclusive equipe pastoral), proponha parcerias
com outras classes. Essas experiências, além de enriquecer e dinamizar a aula, pro-
movem comunhão;
• Escola Dominical é também espaço de relacionamento, que se estende para
além da sala de aula! O controle de frequência nos ajuda a buscar e cuidar das pes-

4 EM MARCHA
soas ausentes. Visite, ligue e converse com seus alunos e alunas, estreite os laços,
proponha atividades de lazer e comunhão. Utilize também as redes sociais ou outro
meio adequado para sua realidade.
• Cuide do ambiente de sua sala de aula, deixe-a mais aconchegante. Você pode
envolver o grupo nesse projeto; se houver possibilidade, vá construindo um am-
biente que lembre a classe os conteúdos estudados através de cartazes e banners.
• Cuidado com a linguagem, seja simples e objetivo(a). Tenha paciência com
quem não compreende o conteúdo da maneira que você gostaria, e tenha cuidado
em como abordar comentários e dúvidas.
• Procure uma pedagogia, um modo de ensinar, que facilite o envolvimento do
grupo no processo de aprendizagem. A Bíblia é estudada para iluminar a vida, uti-
lize-se de exemplos práticos, comuns para a turma e, ao final do estudo, proponha
desafios de transformação da vida cristã; sempre que possível use dinâmicas que
facilitem a participação de todas as pessoas; discussões em grupos menores são
uma boa tática para que as pessoas mais tímidas participem. No final da revista
apresentamos alguns métodos que podem enriquecer as aulas. Você pode usá-los
alternadamente para obter melhores resultados.
• Lembre-se: Um conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. A
bondade e o amor que transparecem nas palavras, precisam fazer parte do conteú-
do total do(a) professor(a), pois só assim será possível estabelecer um relaciona-
mento com alunos e alunas que facilite a aprendizagem.
• Ore sempre por seus alunos e alunas e incentive-os a ler e reler as lições, e em
especial os textos bíblicos da semana (que são para leitura na semana seguinte à da
aula, para reforçar a aprendizagem).

“Aquele que ensina, esmere-se no fazê-lo” (Romanos 12.7b).

Bom trabalho!

RAÍZES DA NOSSA FÉ 5
MODELO DE PLANO
DE AULA
Prezado(a) professor(a):

Um bom planejamento pode fazer toda a diferença em suas aulas e no programa


de ensino. Assim, sugerimos um modelo de plano de aula para a Escola Dominical.
Não se trata apenas de um papel para preencher, mas um caminho para percorrer
no preparo e execução da aula. Esperamos que seja útil. Use-o em oração e conte
com a inspiração do Espírito Santo.

Escola Dominical – Plano de Aula

Data:
Título da Lição:
Texto Bíblico:
Objetivos: No final da lição o aluno deverá:

Saber:...................................................................................................................................................

Sentir: ..................................................................................................................................................

Fazer: ...................................................................................................................................................

Que materiais vou usar para dar esta aula (além da revista):

...............................................................................................................................................................

Abertura: Como vou começar a aula?


Destine 5 minutos no máximo para esta etapa, este é o momento onde você acolhe
e promove a integração do grupo e desperta a curiosidade sobre o tema do estudo.
É uma espécie de quebra-gelo, muito importante para o início de uma aula.

6 EM MARCHA
Introdução ao tema: como vou começar a falar deste tema?
Neste momento você pode utilizar dinâmicas, fotos, vídeos, pedir opiniões sobre o
tema, apresentar algum conteúdo do(a) professor(a). Você pode usar a sugestão da
revista ou criar outra dinâmica de introdução.

Estudo do Tema: como vou aprofundar/ interpretar este tema?


Este é o momento da explicação, seja simples e objetivo(a). Você pode reunir grupos
aqui e deixar que a classe trabalhe o tema usando o texto da revista.

Reação: é hora de ouvir os alunos e alunas. Pense em como motivá-los a falar. Se


você fez o estudo do tema em grupo, esta é a hora dos relatos. Você pode corrigir
conceitos que não sejam bem entendidos.

Conclusão: pense em como recapitular com os alunos e alunas tudo o que foi falado
de forma bem resumida e objetiva, para fixar o conteúdo. Também pode haver um
desafio prático diante do tema aqui.

Semana que vem: deixe uma “deixa” para próxima aula, de forma que a classe sinta
um gostinho de “quero mais”.

Pós aula:
É hora de pensar sobre a aula que eu dei (auto avaliação):
• Eu achei que a minha aula foi...
• Como posso melhorar a minha aula?
• O que devo evitar?

Professor(a):

RAÍZES DA NOSSA FÉ 7
Lição 01

Bíblia: revelação divina


Texto bíblico: 2Timóteo 3.14-17

A base da nossa fé certamente é a Bíblia. Ela foi escrita com a finalidade de


contar a história da salvação e torná-la disponível para toda a humanidade através
dos tempos. Crendo nisso, aceitamos as Sagradas Escrituras, os livros do Antigo e
do Novo Testamentos, como Palavra inspirada por Deus e necessária à salvação. A
Bíblia é a fonte de toda verdade, única e suficiente regra da nossa fé e prática.

8 EM MARCHA
Fundamento bíblico Assim, a Bíblia é a mensagem de
Deus a nós transmitida, “muitas vezes e
Timóteo, jovem pastor (1Timóteo de muitas maneiras” e que, finalmente,
4.12) e companheiro do apóstolo Paulo, foi encarnada em Jesus Cristo (Hebreus
chamado por este de “homem de Deus” 1.1-2).
(1Timóteo 6.11), é apresentado como
seu “verdadeiro filho na fé” (1Timóteo Palavra que ilumina a
1.2) e seu representante junto às comu- vida
nidades de Éfeso (1Timóteo 1.3).
Filho de mãe e avó cristãs (2Timóteo Segundo as orientações de Paulo a
1.3-5), recebeu destas o bom exemplo Timóteo, devemos ler e estudar a Bíblia
e testemunho para permanecer na fé porque ela nos ensina, repreende, corri-
em que foi instruído. Certamente elas ge e educa. Vejamos:
também foram responsáveis por ensi- Útil para o ensino (didaskalia): ela é
nar-lhe as sagradas letras (2Timóteo útil para o ensino porque nos revela as
3.14-15), o que mais tarde foi aperfei- três linhas de desdobramento da histó-
çoado pela instrução de Paulo. ria da salvação: o idealizador da salva-
É o apóstolo quem afirma a eficácia ção (Deus), o caminho da salvação (Jesus
das Escrituras, declarando que toda ela Cristo) e o povo herdeiro da salvação
“é inspirada por Deus e útil para o ensi- (todas as pessoas que nele creem).
no, para a repreensão, para a correção, Deus criou os seres humanos desti-
para a educação na justiça” (v.16). nando-os à felicidade, paz e comunhão
A Bíblia é o conjunto de Livros do com Ele. Com o pecado, houve a sepa-
Antigo e Novo Testamentos escritos ração entre as criaturas e seu Criador.
sob a orientação do Espírito Santo. Ao Mas Deus, não conformado com isso,
escrever, os autores bíblicos foram in- idealizou uma forma de tornar possível
fluenciados de tal maneira pela ação do a antiga amizade, iniciando a história da
Espírito de Deus que seus escritos são, salvação. Estendeu sua graça a fim de
ao mesmo tempo, a sua própria obra, despertar em seu povo uma resposta
mas também uma obra de Deus. manifestada pela fé e pela obediência.
Embora respeitando a cultura, as li- Com Jesus manifesta-se a presença
mitações e o estilo próprio de cada au- de Deus entre nós, indicando-nos ser
tor humano, Deus os instruiu a escrever Ele mesmo o caminho da salvação. Ele
o que Ele queria, para que sua Palavra ensina, em viva voz, sobre o amor e a
chegasse até nós. A autoridade da Bíblia vontade do Pai. Na Bíblia encontramos
repousa no fato de que Deus é o seu au- o registro da sua vida, seus ensinos, sua
tor maior. morte e vitória.

RAÍZES DA NOSSA FÉ 9
Por meio das Escrituras descobrimos como vindas de Deus para nossa vida.
o grande amor de Deus por toda huma- Todas as pessoas, independentemente
nidade (João 3.16). Por sua graça e mi- do tempo de membresia em uma Igreja,
sericórdia, Deus perdoa o ser humano ou de vivência da fé cristã, precisa se abrir
pecador e lhe concede a salvação eter- para o arrependimento e transformação
na por meio de Jesus Cristo (Romanos cotidiana do caráter, à luz da Bíblia.
11.17; Efésios 2.4-8). Útil para correção (epanorthosis):
Assim, devemos ler a Bíblia, enxer- a correção é diferente da repreensão.
gando-a como fonte de Vida, cuja ins- Enquanto a repreensão aponta o erro
trução ilumina o nosso caminho (Salmo e não o aprova, a correção busca endi-
119.93-105). reitar os caminhos. Tem a finalidade de
Útil para a repreensão (elegchos): a aperfeiçoar a vida e o caráter. A Bíblia
repreensão aqui tem o sentido de ad- aponta sinais para a correção de rotas.
vertência, de censura, ou seja, é a não Ao alertar, por exemplo: “não julgueis
aprovação de algo ou alguma prática. As para que não sejais julgados” (Mateus
narrativas bíblicas não escondem nem 7.1), Jesus tentava recuperar aqueles e
diminuem a intensidade da maldade, aquelas que costumavam fazer juízos
dos erros, fraquezas ou fracassos das temerários de outras pessoas. E fez ou-
pessoas. Em toda a Bíblia há constan- tras advertências:
tes repreensões, como a recebida por
Caim (Gênesis 4.9-10); a que foi revela- 1. “Não acumuleis para vós outros te-
da por Amós (Amós 5.21-24); a lançada souros sobre a terra” (Mateus 6.19);
por Jesus contra os escribas e fariseus 2. “Amai os vossos inimigos” (Mateus
(Mateus 15.7-8); a que foi feita à igreja de 5.44);
Pérgamo (Apocalipse 2.16), entre outras. 3. “Dá a quem te pede” (Mateus 5.42);
Como somos passíveis de cometer 4. “Guardai-vos de exercer a vossa justi-
os mesmos erros, devido à nossa na- ça diante dos homens” (Mateus 6.1);
tureza pecadora, as repreensões regis- 5. “Não andeis ansiosos” (Mateus 6.25).
tradas na Bíblia são válidas em qualquer
tempo. Por isso, a Bíblia continua atual, Jesus conhecia o mais íntimo dos
falando ainda em nosso tempo, a pes- seres humanos e se compadecia deles.
soas com atitudes semelhantes às do Percebia o esforço de seus discípulos
passado, com índole, tendências e sen- e discípulas para segui-lo e tê-lo como
timentos parecidos. exemplo. Via também as multidões
Sendo ela útil para repreensão, deve- como ovelhas sem pastor. O Mestre sa-
mos lê-la em atitude de oração e humil- bia que era preciso corrigir as atitudes
dade, a fim de aceitarmos suas palavras erradas, para nortear a caminhada do

10 EM MARCHA
crescimento espiritual. Assim, Ele con- nuínas, e nos habilitar à prática de toda
tinua corrigindo em amor, apontando o boa obra (2Timóteo 2.17). Ela é instru-
novo caminho que nos propôs. A corre- mento que transforma as nossas vidas
ção divina não é punição, deve ser enca- para que sejamos agentes transforma-
rada como zelo, como preocupação para dores no mundo em que vivemos.
que não nos afastemos do chamado e
propósito de Deus para nós (Apocalipse Conclusão
3.19-21).
Útil para a educação na justiça: a Timóteo recebeu de seu mestre vá-
justiça de Deus excede a justiça hu- rios ensinamentos e incentivos para
mana. Jesus afirma: “se a vossa justiça que tivesse uma melhor condição es-
não exceder em muito a dos escribas e piritual e intelectual na atuação do seu
fariseus, jamais entrareis no reino dos ministério (2Timóteo 2.15). De igual
Céus” (Mateus 5.20). forma, somos desafiados e desafiadas
No Sermão do Monte, proferido por a buscar os conselhos de Deus e, por
Jesus (Mateus 5-7), encontram-se os meio deles, enfrentar os desafios do
pilares da ética e da justiça que Deus cotidiano. Para isso, a Bíblia deve ser a
requer dos seres humanos. A justiça a nossa companhia diária.
que Ele se refere tem a ver com o fa-
vor e a graça de Deus. E se quisermos Para conversar
ser perfeitos e perfeitas como o Pai
Celestial (Mateus 5.48), a misericórdia, A instrução, repreensão, correção e
o amor, o perdão e todo o cumprimen- educação, promovidas pela Palavra de
to da Lei precisam refletir o próprio Deus, têm atingido seu coração? De que
Deus em nós. maneira isso tem acontecido?
Quando nos abrimos ao ensino, à re-
preensão e à correção divinas, alcança- Leia durante a semana*:
mos, pela graça de Deus, uma postura
de quem foi educado(a) para a justiça. É Domingo: 2Timóteo 3.14-17
assim que nos tornamos sal da terra e Segunda-feira: 2Timóteo 2.15-17
luz do mundo, fazendo a diferença onde Terça-feira: 1Timóteo 4.13-16
estivermos (Mateus 5.13-16). Quarta-feira: 2Timóteo 1.1-5
A Bíblia nos ensina, repreende, corri- Quinta-feira: Hebreus 4.12
ge e educa na justiça para colaborar com Sexta-feira: Mateus 4.4
a nossa perfeição e espiritualidade ge- Sábado: Salmo 119.97-103

*Leia os textos desta seção durante a semana para fixar a lição de hoje. Faça isto semanalmente para cada lição.

RAÍZES DA NOSSA FÉ 11
CONTEÚDO PARA O(A) PROFESSOR(A)

Objetivos brarmos que elas vêm do conhecimento


que temos da Bíblia.
Destacar a importância da Bíblia
na vida da pessoa cristã, pontuando-a Por dentro do assunto
como única regra de fé; apresentar, por
meio do texto bíblico em destaque, a efi- Ao dialogar sobre doutrinas e as prin-
cácia da Bíblia. cipais bases da nossa fé, iniciamos pela
Bíblia. A Palavra de Deus, sem dúvida, é
Para início de conversa a nossa única regra de fé. Por meio dela
é que todas as demais crenças são pos-
Sugerimos iniciar a aula com um cor- síveis: é ela que nos releva e apresenta a
del pedagógico. É simples: disponha, de Trindade; o poder do Deus que abençoa e
um lado a outro da classe, barbantes opera milagres; por meio dela entende-
esticados, como um varal. A quantidade mos o propósito da Cruz; a revelação da
que você julgar suficiente para fixar, pelo graça, do perdão, da reconciliação; e co-
menos, uma folha de papel para cada nhecemos as promessas referentes à vida
aluno e aluna. Entregue papel e lápis para eterna e à volta do Senhor Jesus, alguns
a turma e peça que escrevam uma can- dos assuntos tratados nesta revista.
ção ou um versículo bíblico que fale sobre A Bíblia é considerada para nós cris-
a importância da Bíblia em nossa vida. Se tãos e cristãs como “regra de fé e prática
alguém desejar, poderá desenhar algo para viver”. Sendo assim, ela deve orientar
que sinalize essa proposta. Você poderá nossos atos de piedade (oração, jejum,
dispor algum tempo para que falem so- estudo das Escrituras, culto), nossos atos
bre aquilo que escreveram. Fixe os papeis de misericórdia (ajuda, aconselhamento,
no varal, à medida que cada aluno e aluna partilha, doação, etc.) e tudo o mais que
apresentar. Se não for atrapalhar, deixe realizamos em nosso dia a dia.
esse material exposto na classe até o fi- Esse princípio, do texto como “boa
nal do semestre, tendo em vista as de- instrução”, encontramos no significado
mais lições falarem sobre nossas crenças da palavra Torá (a Palavra de Deus usa-
e doutrinas, e é interessante nos lem- da pelo povo de Israel): instrução para o

12 EM MARCHA
bem viver. Nela está o sentido de uma em suas leis e preceitos, seu caminho e
comunidade que age segundo a instru- vontade.
ção concedida por Deus e que tem nes- A sã doutrina visa um relacionamen-
se ensino a luz que ilumina o caminho. to humano com Deus e, essencialmente,
É importante destacar que a Torá tem a a sujeição à autoridade da mensagem
intenção de ajudar a comunidade na sua de Deus. Assim, não é o ser humano que
vivência diária para o desenvolvimento faz uso da doutrina para o estabeleci-
de uma espiritualidade madura e que mento das diretrizes de sua vida; antes,
promove frutos de misericórdia. é a doutrina bíblica que estabelece as
Através do conhecimento e práti- diretrizes da vida humana.
ca da Bíblia, o testemunho cristão é
aperfeiçoado. Infelizmente hoje em dia Por fim
lê-se muito sobre a Bíblia (os comentá-
rios das páginas do Facebook que o di- A Bíblia é instrumento para conhecer-
gam), mas não se lê o texto bíblico. Em mos a Deus e nos pautarmos em nosso
Deuteronômio 6.4-9, há a descrição da cotidiano. Ela nos ajuda a dar razão a nos-
Palavra como princípio para a vida, por sa fé, que está baseada em Jesus Cristo,
isso, ela deveria fazer parte do cotidiano Filho de Deus, que veio ao mundo para
de todas as pessoas. salvar toda a pessoa que nele crê. Por
A Bíblia é para os cristãos e cris- meio dos escritos bíblicos aprendemos
tãs, o caminho mais seguro para o co- a vivenciar a simplicidade do Evangelho
nhecimento da vontade de Deus. Ela que nos foi apresentado pelo próprio
é o registro da experiência do antigo Cristo. A vida cristã deve ser vivida no co-
povo de Israel e das primeiras comu- tidiano, pelos homens e mulheres que de
nidades cristãs com Deus. Ou seja, a fato amam a Deus sobre todas as coisas
Bíblia narra como Deus se revela em e ao próximo como a si mesmos, através
diferentes períodos históricos, até ser do conhecimento e prática da Palavra.
conhecido como o Senhor e Redentor Encerre a aula enfatizando a importância
do mundo. de lermos e estudarmos a Bíblia.
Nos tempos de Timóteo, havia um
conflito acerca do verdadeiro entendi- Para saber mais
mento da sã doutrina (1Timóteo 6.3).
Para o povo grego, doutrinar significa- MESTERS, Carlos. Bíblia: livro feito
va comunicar um conhecimento para o em mutirão. Disponível em: http://portal.
desenvolvimento das habilidades hu- metodista.br/fateo/noticias/sobre-o-
manas. Já o uso bíblico da palavra dou- -dia-da-biblia-o-livro-feito-em-muti-
trina aponta para a revelação de Deus rao-1. Acesso em 14/05/2018.

RAÍZES DA NOSSA FÉ 13
Lição 02

O Deus Trino
Texto bíblico: 2Coríntios 13.13

Em muitas igrejas o culto termina com a bênção apostólica impetrada pela pas-
tora ou pastor. Impetrar a bênção apostólica é invocar a bênção da Trindade seguin-
do o modelo de Paulo em 2Coríntios 13.13. Nosso culto começa e termina tendo
como centro o Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo. Neste estudo vamos conhecer
um pouco mais sobre este mistério da nossa fé: a Trindade.

14 EM MARCHA
Fundamento bíblico enviou a única fonte possível da nossa
redenção: seu Filho Jesus (João 3.16).
O apóstolo Paulo termina sua se- Espírito e Comunhão: “...e a comu-
gunda carta aos Coríntios dizendo: “A nhão do Espírito Santo sejam com todos
graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor vós” (2Coríntios 13.13). É o Espírito Santo
de Deus, e a comunhão do Espírito quem nos mantém na comunhão da
Santo sejam com todos vós” (2Coríntios Trindade e na comunhão da Igreja. Paulo
13.13). Ele sempre menciona em seus exorta os Filipenses dizendo: “Portanto,
escritos a graça de Deus como a força se há algum conforto em Cristo, alguma
que acompanha a Igreja e seus leitores consolação de amor, alguma comunhão
e leitoras em todas as situações. Nas no Espírito, se alguns entranháveis afe-
demais cartas, ele termina citando as tos e compaixões, completai o meu gozo,
pessoas do Pai e do Filho, mas para para que sintais o mesmo, tendo o mes-
Corinto Paulo acrescenta a pessoa do mo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma
Espírito Santo. mesma coisa” (Filipenses 2.1-2 ACF).
Para cada pessoa da Trindade Paulo A segunda Carta aos Coríntios foi uma
relaciona uma palavra que, na verdade, obra difícil de ser escrita. É considerada
revela algo de sua personalidade: como a alma de Paulo. Ali ele rasga seu
Filho e Graça: “A graça do Senhor coração, desabafa, defendendo seu mi-
Jesus Cristo...”: Ele inicia sua bênção nistério e exortando a Igreja. Contudo, o
apostólica pelo Filho e não pelo Pai. É o apóstolo termina sua epístola abençoan-
Filho que leva ao Pai. Através de Jesus do a Igreja na Trindade, pois somente
temos acesso e conhecimento do Pai com a graça, o amor e a comunhão, ela
(João 14.6-8). É somente pela graça que conseguiria cumprir sua missão.
alcançamos a presença de Deus. Ela é
um Dom imerecido que nos foi revelado Palavra que ilumina a
pelo Filho. O Filho é a perfeita manifes- vida
tação da graça do Pai.
Pai e Amor: “...e o amor de Deus...”: Nossa base doutrinária está na
Foi o amor de Deus Pai que enviou Jesus. Santíssima Trindade: Cremos em um
Em Romanos 5.7-8 Paulo escreve: único Deus em três pessoas, Pai, Filho e
“Dificilmente, alguém morreria por um Espírito Santo.
justo; pois poderá ser que pelo bom al- Para aplicar esta doutrina à nossa
guém se anime a morrer. Mas Deus pro- vida cristã, precisamos compreender:
va o seu próprio amor para conosco pelo 1. Quem é Deus? Deus é o Todo
fato de ter Cristo morrido por nós, sendo Poderoso, criador de todas as coisas
nós ainda pecadores”. Com tal amor, o Pai (Hebreus 11.3). Ele é Espírito (João 4.24),

RAÍZES DA NOSSA FÉ 15
e subsiste em três pessoas: Pai, Filho e dos homens” (1oArtigo de Religião do
Espírito Santo. É um único ser com três Metodismo Histórico). Cristo ressusci-
diferenciações estruturais dentro de si. tou dentre os mortos, subiu ao céu e lá
São elas: Pai, Filho e Espírito Santo. Três está, até que volte para julgar todas as
pessoas da mesma substância, poder e pessoas no último dia (Colossenses 2.9).
eternidade. Observe a presença da trin- 4. Qual a função do Espírito Santo?
dade no Batismo do Senhor, registrado Sua função é convencer a pessoa pe-
em Mateus 3.16-17. cadora do seu pecado e convertê-la
Deus é onipresente (está em todo mediante o arrependimento. A Ele tam-
lugar), onisciente (sabe todas as coisas) bém está relacionada à missão da Igreja,
e onipotente (pode todas as coisas). Só fortalecendo-a, enviando-a a cumprir o
compreendemos as diferenciações do propósito de Deus na terra e capacitan-
Pai, do Filho e do Espírito Santo median- do-a para testemunhar.
te suas funções. É o Espírito que nos move para fa-
2. Qual a função do Pai? O Deus Pai é zer novos discípulos e discípulas para
o criador e sustentador do Universo. Sua Deus, nos capacita com dons espiri-
função diz respeito a criar, gerar, manter tuais, nos transforma, nos reveste, nos
o universo e o ser humano. O Plano de prepara para o serviço e para a glória
Redenção, que é atribuído ao Pai, foi o eterna (Atos 1.8). O Espírito Santo está
de enviar o seu Filho para salvar o mun- preparando a Igreja para a volta do seu
do (João 3.16). Senhor. “O Espírito Santo, que procede
3. Qual a função do Filho? Ele é o re- do Pai e do Filho, é da mesma substân-
dentor das nossas almas. Deus revelou-se cia, majestade e glória com o Pai e com o
em Jesus Cristo, salvando o homem e a Filho, verdadeiro e eterno Deus” (Artigo
mulher através de sua vida e morte na cruz 4 de Religião do Metodismo Histórico).
do calvário (Filipenses 2.6-8; Hebreus 1.8). 5. Como podem três pessoas ser
O Filho, que é o verbo do Pai (João apenas uma? Quando refletimos sobre
1.1-3), “verdadeiro e eterno Deus, da a Trindade, a primeira coisa que pergun-
mesma substância do Pai, tomou a na- tamos é: como pode Deus ser Pai, Filho
tureza humana no ventre de Maria, de e Espírito Santo, mas apenas um? “...
maneira que duas naturezas inteiras e Segundo o testemunho do livro de Atos
perfeitas, a saber, a divindade e a huma- dos Apóstolos, a partir do dia da des-
nidade, se uniram em uma só pessoa... cida do Espírito Santo Deus torna-se
Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro atuante em três figuras inter-relacio-
homem, que foi crucificado, morto e se- nadas em uma só unidade divina: o Pai,
pultado, para nos reconciliar com o Pai o Filho e o Espírito Santo. Vive-se agora
e para ser um sacrifício pelos pecados no tempo de Pentecostes ou Trindade,

16 EM MARCHA
a unidade pericorética das três pessoas Igreja Cristã. Nas Escrituras Deus se re-
da Trindade.” (REIMER, 2007). vela como Pai, Filho e Espírito Santo. Foi
Na Trindade, embora tenhamos três Jesus quem nos revelou este mistério.
pessoas, não é possível imaginar uma Ele falou do Pai, do Espírito e dele mes-
rejeitando a outra. Crer no Pai, que criou mo como Deus. Logo, não é uma verda-
o mundo para sermos felizes, só tem de inventada pela Igreja, mas revelada
sentido se crermos no Filho que nos re- por Jesus. Não a podemos compreender,
concilia com o Pai e com sua criação, bem porque o Mistério de Deus não cabe em
como no Espírito Santo que nos vivifica. nossa cabeça, mas é a verdade revelada.
A mesma comunhão presente nas três
pessoas da Trindade, comunhão esta que Para conversar
possui uma unidade sem excluir as diferen-
ças, deve ser a inspiração para a nossa vida Como você se relaciona com a
e missão. Na Trindade os Três diferentes Santíssima Trindade? Você consegue
são Um e quando um age os outros dois se perceber distintamente a presença das
envolvem. Não há um que seja maior que três pessoas nas páginas dos evange-
outro e ninguém pode ser excluído. Mesmo lhos? Dê exemplos.
que não esteja tão claro como essa relação Como o Pai, o Filho e o Espírito Santo
se constitui, o fundamental é experimentar nos auxiliam na Missão?
a presença do Deus Trino em nossa vida,
algo que ocorre por meio da fé. Algo que Leia durante a semana:
podemos abstrair ao crer no Deus único, é
a sua dimensão comunitária, a comunhão Domingo: 2Coríntios 13.13
existente entre as três pessoas. Segunda-feira: João 14.6-8
Terça-feira: Mateus 3.16-17
Conclusão Quarta-feira: João 4.24
Quinta-feira: Filipenses 2.6-8
O Mistério da Santíssima Trindade Sexta-feira: João 14.16-17
ocupa lugar central em nossa fé como Sábado: João 16.7-15

RAÍZES DA NOSSA FÉ 17
CONTEÚDO PARA O(A) PROFESSOR(A)

Objetivo Santíssima Trindade. É importante des-


tacar algumas informações sobre os
Apresentar a doutrina da Santíssima Artigos de Religião e a explicação sobre
Trindade, que é um dogma da Igreja, e a Santíssima Trindade.
as características do Deus Pai-criador,
Deus Filho-redentor e Deus Espírito 1. Os 25 Artigos de Religião
Santo ensinador-consolador. Em 1552 dC, o Congresso da Inglaterra
decretou os 42 Artigos de Religião, sob a
Para início de conversa orientação do Arcebispo Protestante da
Igreja Anglicana, Tomás Cranmer (1489-
Inicie a aula perguntando à classe 1556). Cranmer quis excluir as crenças
como explicariam a Trindade para uma da Igreja Católica Romana e medievais
criança. Separe a turma em grupos e que não tinham bases bíblicas e ao mes-
peça a cada grupo para criar uma estra- mo tempo, preservar a Igreja inglesa na
tégia de ensino. Disponha alguns minu- crença da igreja universal. Portanto, os
tos para isso e depois prossiga com a 42 Artigos não são um Credo da Igreja
lição. Ao final da aula, disponha de mais inglesa, mas uma conservação na fé
uns minutinhos para verificarem se mu- bíblica da Igreja Cristã Universal e uma
dariam alguma coisa na forma como pla- exclusão das consideradas heresias ca-
nejaram sua explicação sobre a Trindade. tólicas romanas. Em 1570 os Artigos
Esta definição poderá ser compartilhada passaram ao número de 39.
com as crianças e demais alunos e alunas John Wesley, como pastor anglicano,
da Escola Dominical, ao final da mesma, preparando e organizando o movimento
ou em momento oportuno. metodista (o metodismo era uma “ir-
mandade” dentro da Igreja anglicana)
Por dentro do assunto para crescer e ser consolidado, copiou
na íntegra 25 dos 39 Artigos de Religião
Na revista do aluno e aluna mencio- utilizados pela igreja Anglicana e publi-
namos o 1º e o 4º Artigos de Religião cou como os 25 Artigos de Religião e Fé
do Metodismo Histórico sobre a do Movimento Metodista. Mais tarde

18 EM MARCHA
a nova Igreja americana parafraseou o Concílios Ecumênicos, respectivamente
Artigo 23. em Nicéia (325) e em Constantinopla
Wesley não escreveu nenhum arti- (381), respondeu: “Jesus Cristo é ple-
go novo. Por isso os 25 artigos de reli- namente Deus, a segunda pessoa da
gião não são doutrinas suas ou criadas Trindade” (ao lado do Pai e do Espírito
pelos metodistas. Ele simplesmente Santo). A segunda, a Igreja afirmou sua
copiou integralmente, em geral palavra crença na encarnação, a saber, que Jesus
por palavra, e divulgou como artigo de fé é uma só pessoa que possui duas natu-
(nunca diga que Wesley escreveu os 25 rezas completas, a humana e a divina. A
Artigos de Religião!). solução definitiva a essa questão só se
obteve no quarto Concílio Ecumênico,
2. Como estudar os 25 Artigos de o de Calcedônia (ano 451). Portanto, os
Religião Artigos de 1 a 3 colocam os metodistas
Duncan Alexander Reily, no li- (seguindo a igreja anglicana) na tradição
vro Fundamentos Doutrinários do do cristianismo histórico, o que inclui
Metodismo, página 10, fala sobre as não apenas as Igrejas Protestantes, mas
duas maneiras principais de usar os também a Igreja Ortodoxa e a Católica
Artigos de Religião. “Uma maneira, Romana. O Artigo n° 4 se relaciona à
certamente a mais comum, é tratar os doutrina da Trindade, e lembra a con-
Artigos como um compêndio de fé dos trovérsia no Concílio de Constantinopla
metodistas, ou seja, uma série de bre- onde se defendeu não apenas a plena
ves definições das doutrinas principais divindade do Espírito Santo como tam-
aceitas pelos metodistas; a segunda... é bém o Espírito Santo como pessoa. Mas
a leitura histórica dos Artigos, e a leitura o Artigo ainda se refere a um momen-
deles em blocos”. to na história do pensamento cristão
quando Santo Agostinho, grande teólo-
3. A história da Doutrina da go do Ocidente, manifestava temor com
Santíssima Trindade a tendência Oriental, desde Orígenes, de
Reily nos informa que os “Artigos de 1 a subordinar hierarquicamente o Filho ao
4 tratam da resposta que a Igreja cristã Pai. Para contrabalançar essa tendência,
deu à grande pergunta: Quem é Jesus Agostinho insistia que o Espírito Santo
Cristo? Na realidade, essa pergunta tem procedia igualmente do Pai e do Filho.
duas ramificações principais: 1) Quem é Séculos mais tarde, quando a Igreja já
Jesus em relação a Deus Pai? e 2) Quem é havia assumido um determinado modo
Jesus em si mesmo? A primeira pergun- de ser compatível com as respecti-
ta tem a ver com a Santíssima Trindade; vas culturas do Oeste (Roma) e Leste
a ela, a Igreja, nos primeiros dois (Constantinopla), foi esse ponto doutri-

RAÍZES DA NOSSA FÉ 19
nário (ou seja, a questão da procedência verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que
do Espírito Santo) que foi a “gota” que realmente sofreu, foi crucificado, morto e
transbordou, resultando na triste rup- sepultado, para nos reconciliar com seu
tura entre o Cristianismo Ocidental e Pai e para ser um sacrifício não somente
Oriental, em 1054, ou seja, entre a Igreja pelo pecado original, mas, também, pelos
Católica Romana e a Igreja Ortodoxa”. pecados atuais dos homens”.
Este artigo fala da encarnação de
4. Os Artigos de Religião sobre a Jesus, sua natureza, sua morte e sacrifí-
Santíssima Trindade cio para nos reconciliar com o Pai e apa-
O primeiro Artigo fala Da Fé na gar nossos pecados.
Santíssima Trindade. Quando usamos O terceiro Artigo fala Da Ressurreição
a nomenclatura “Santíssima Trindade” de Cristo. O Artigo diz: “Cristo, na verda-
na liturgia estamos fazendo referên- de, ressuscitou dentre os mortos, tomando
cia a este artigo “Da Fé na Santíssima outra vez o seu corpo com todas as coisas
Trindade”. necessárias a uma perfeita natureza huma-
O artigo diz: “Há um só Deus vivo e na, com as quais subiu ao Céu e lá está até
verdadeiro, eterno, sem corpo nem partes; que volte a julgar os homens, no último dia”.
de poder, sabedoria e bondade infinitos; O foco é a ressurreição de Cristo e sua
criador e conservador de todas as coi- ascensão. Está aguardando para voltar e
sas visíveis e invisíveis. Na unidade des- exercer o Juízo final.
ta Divindade, há três pessoas da mesma O quarto Artigo fala do Espírito
substância, poder e eternidade – Pai, Filho Santo. O Artigo diz: “O Espírito Santo,
e Espírito Santo”. que procede do Pai e do Filho, é da mesma
Nossa base doutrinária tem início substância, majestade e glória com o Pai
na Santíssima Trindade: Cremos em um e com o Filho, verdadeiro e eterno Deus”.
único Deus em três pessoas, Pai, Filho e Este bloco termina falando do
Espírito Santo. Espírito Santo como Pessoa que proce-
O segundo Artigo fala Do Verbo ou de do Pai e do Filho, sendo da mesma
Filho de Deus que se fez verdadeiro substância, majestade e glória. É verda-
Homem. O Artigo diz: “O Filho, que é o deiro e eterno Deus.
verbo do Pai, verdadeiro e eterno Deus, da Somos igreja em unidade com o
mesma substância do Pai, tomou a nature- cristianismo universal e histórico, por
za humana no ventre da bendita Virgem, de isso cremos na Santíssima Trindade,
maneira que duas naturezas inteiras e per- na Encarnação, Sacrifício, Ressurreição
feitas, a saber, a divindade e a humanida- e Ascensão de Cristo pela nossa salva-
de, se uniram em uma só pessoa para que ção. Cremos na pessoa do Espírito Santo
jamais se separem, a qual pessoa é Cristo, como Deus presente para nos consolar

20 EM MARCHA
e nos fortalecer para a missão de fazer mas cantada e celebrada. Uma sugestão
novos discípulos e discípulas. é o hino 83 do Hinário Evangélico:

Por fim A Deus, supremo benfeitor,


A Deus o Filho, a Deus o Pai,
Termine a aula cantando uma do- A Deus Espírito, entoai,
xologia à Santíssima Trindade. Nossa Ó céus e terra, o seu louvor. 
fé precisa ser, não apenas confessada, Amém.

Anotações

RAÍZES DA NOSSA FÉ 21
Lição 03

Ser Humano: imagem


de Deus
Texto bíblico: Hebreus 2.5-18

A ideia do ser humano como imagem de Deus nos é revelada logo no início da
Bíblia. Deus nos criou; Ele nos fez sua imagem e semelhança e isso sugere que
podemos nos relacionar com Ele. Contudo, essa relação com o Criador se inten-
sifica à medida que também nos relacionamos de forma amorosa com toda a sua
criação. Muito embora falhemos nessa missão, devido ao pecado que corrompeu
essa imagem de Deus em nós, é possível restaurar essa imagem e seguir em nosso
propósito.

22 EM MARCHA
Fundamento bíblico mensagem, que era dirigida a um povo
sofredor e que enfrentava ameaças de
Hebreus 2.5-18 é parte de um bloco apostasia, visava ajudá-lo a permanecer
maior de narrativas (1.1-4.13) que tratam, firme e fiel a Jesus Cristo diante das lu-
entre outros temas, da comunicação de tas, humilhações e perseguições (5.11-
Deus com a humanidade. Nesse deba- 14; 10.32-39; 12.1-7).
te são colocadas em paralelo a figura de Juntamente com o debate da comu-
Jesus e a dos anjos. A pergunta de fundo nicação da Palavra de Deus, aparece
presente no texto é: por intermédio de que também o tema da natureza de Jesus,
canal a Palavra de Deus é comunicada no dos anjos e dos seres humanos. A con-
tempo da graça? Por Jesus ou pelos anjos? clusão de Hebreus é que Jesus é supe-
O autor de Hebreus pontua que no rior aos anjos, pois é o Filho de Deus; os
passado Deus falou através dos profe- anjos são seres celestiais inferiores a
tas (1.1), de anjos (2.2a), e da Palavra em Jesus, e homens e mulheres, seres cria-
forma de Lei (2.2b), mas que no tempo da dos por Deus, um pouquinho menor que
Graça, em que a palavra é de Salvação, os anjos (vv.5-7).
Deus escolheu falar à humanidade por in- O texto de Hebreus destaca a figura
termédio de Jesus (seu Filho). Em outros humana diante da grandeza da glória de
termos, Deus escolheu revelar-se através nosso Senhor: “... que é o homem, que dele
de seu Filho, Jesus Cristo. te lembres? Ou o filho do homem, que o
O debate sobre anjos entra nessa epís- visites? Fizeste-o, por um pouco, menor
tola porque na comunidade dos hebreus que os anjos, de glória e de honra o co-
este tema era importante; havia muitas roaste (e o constituíste sobre as obras das
especulações a esse respeito, inclusive, tuas mãos). Todas as coisas sujeitaste de-
como indicado, dúvidas de como interpre- baixo dos seus pés...” (2.6-8). Tais palavras
tar o papel dos anjos diante da revelação são memória de uma citação do Salmo
do Cristo. As explicações apresentadas 8.4-6, em que o salmista apresenta o ser
aos hebreus ajudaram aquele povo cristão humano, não somente como parte da
a lidar com essa questão que ainda suscita criação divina (Salmo 8.5), mas também
especulações em nossos dias. como o resplendor da sua glória.
Assim, temos nesta narrativa a exal- Neste salmo Davi demonstra sua ad-
tação do senhorio de Cristo e a ênfase miração pelas grandezas de Deus mani-
em sua superioridade sobre os anjos festada em toda terra: elas estão nos céus
como canal de revelação de Deus. Em (Salmo 8.1); na boca das criancinhas (v.2);
outros termos, fica claro que na nova no firmamento (v.3); e também nos seres
aliança Deus se revela à humanidade humanos (vv.4-5), a quem o Senhor deu o
através de seu Filho, Jesus Cristo. Essa domínio de toda criação (vv.6-9).

RAÍZES DA NOSSA FÉ 23
Palavra que ilumina a de Deus no ser humano o permite expri-
mir valores divinos e estabelecer comu-
vida
nhão com Deus. É assim que entendemos
a sua busca pela transcendência, pelo di-
A carta aos Hebreus nos permite
vino. Isso facilita, em parte, a comunica-
pensar coisas importantes sobre a na-
ção do Evangelho, pois já há no coração
tureza humana: 1) a condição do ser hu-
humano essa abertura ao Criador. Cabe a
mano como imagem e semelhança de
Deus; 2) o impacto do pecado sobre essa cada discípulo e discípula de Cristo bus-
condição humana e o papel da obra re- car meios eficazes para fazer com que a
dentora de Jesus Cristo nesse processo. comunicação do Evangelho alcance cada
Vejamos como esses temas aparecem vez mais o coração das pessoas.
em Hebreus 2.5-18. Ao apresentar o ser humano como
O ser humano como a imagem de imagem e semelhança de Deus, a quem
Deus (v. 6-7). A carta indica que o ser foi designada a função de sujeitar a terra
humano foi feito um pouco menor que os e dominar sobre ela (Gênesis 1.26-28),
anjos, e que Deus o constituiu cheio de a Bíblia não intencionou colocá-lo como
“glória e honra”. A afirmação de que Deus superior à criação, mas como parte dela.
cobriu a humanidade de “glória e honra” As Escrituras ressaltam o quanto depen-
traz também à tona a doutrina cristã de demos de toda obra criada para vivermos
que o ser humano, em seu estado ori- (cosmo e outros seres humanos).
ginal, foi criado à imagem e semelhança De acordo com Genilma Boehler, es-
divina (Gênesis 1.26-27 e 2.7-17). tas narrativas da criação nos mostram
A doutrina cristã da humanidade que “estamos intrinsecamente vincula-
como “imagem e semelhança de Deus” dos a toda criação”. Seja cuidando da ter-
não deve ser entendida em termos fisio- ra, cultivando, guardando ou a povoando,
nômicos (aspectos físicos), mas, implica, “somos mais dependentes do que ima-
sobretudo, na capacidade humana de es- ginamos. Não podemos viver sem a
tabelecer comunhão com o Criador. comunidade ecológica que sustenta a
John Wesley, fundador do metodis- possibilidade da nossa existência. Não
mo, afirmava que essa “imagem” e “se- somos os donos da natureza, mas somos
melhança” deveria ser compreendida sob parte dela” (BOEHLER, 2002. pp. 6 e 7).
três aspectos: Imagem Moral, que é a Portanto, embora explícito, vale ressaltar
capacidade humana de exprimir virtudes que não é apenas a natureza que depen-
como amor, justiça, pureza e santidade; de da ação humana para sobreviver, mas
Imagem Natural, que indica que, como os seres humanos também dependem
ser espiritual, o ser humano é dotado de da ação renovadora da criação para ga-
inteligência, vontade livre e sentimento; rantir sua sobrevivência.
e Imagem Política, que está ligada ao po- O pecado trouxe corrupção à ima-
der ou a habilidade criativa humana de gem divina no ser humano, mas o Novo
administrar; esta é a sua condição de re- Nascimento pode mudar esta realida-
gente do mundo criado por Deus. de (v. 8-18). A fé cristã afirma que com
Em síntese, a imagem e semelhança a entrada do pecado no mundo a “ima-

24 EM MARCHA
gem” e “semelhança” de Deus no ser relacionamento. Deus busca se comuni-
humano foi corrompida (Gênesis 3.1-6). car com o ser humano.
Isso criou a necessidade de um caminho Contudo, fica explícito que o ser hu-
para a salvação da humanidade. A Lei foi mano também precisa se comunicar e
uma primeira alternativa de Deus para relacionar com toda a criação de Deus
esse resgate, todavia somente em Cristo (fauna, flora, outros seres humanos), ain-
a redenção se tornou completa. Jesus é da que essa comunicação e relação se-
o Filho do homem que, por meio da en- jam diferenciadas.
carnação, se fez menor que os anjos, A imagem e semelhança de Deus
tornando-se semelhante aos seus ir- em nós não anula a responsabilidade de
mãos (Hebreus 2.8). Por meio da morte buscarmos a Deus, seu conhecimento e
de Cruz, ofereceu justificação do pecado santidade, para espelharmos a imagem
e salvação. Por isso, Deus fez de Jesus divina a outras pessoas através de nos-
sumo sacerdote, para permitir através sas vidas.
do novo nascimento que o ser humano Nosso desafio é testemunhar a Cristo
seja salvo e torne-se aquilo para o qual nesse tempo, pois a evangelização per-
foi criado – imagem de Deus. mite levar Cristo e sua salvação a mui-
A revelação radical de Jesus na obra tas pessoas e, além disso, a conversão
da redenção, se solidarizando com os produz não apenas a restauração da
seres humanos, convida a comunidade imagem de Deus na vida humana, como
cristã de Hebreus, que enfrentava um também a construção de um mundo me-
tempo de sofrimento, a se espelhar nos lhor, já que as pessoas que se identificam
sofrimentos de Cristo para vencer suas com Cristo e refletem a imagem divina,
lutas e tribulações. Também acentua a tornam-se sinal do amor, da paz, da so-
ação graciosa e amorosa de Deus Pai em lidariedade, da fé e da esperança de Deus
favor da humanidade. Isto é, em Jesus, no mundo.
Deus revela ao mundo o seu amor, de-
sejando salvar a todas as pessoas que Para conversar
crerem no seu nome, restaurando as-
sim, a imagem de Deus outrora perdida Como o Novo Nascimento propicia a
(manchada pelo pecado) em suas vidas. restauração da imagem de Deus na vida
A Igreja é porta voz dessa mensagem de humana?
amor e salvação.
Leia durante a semana:
Conclusão
Domingo: Hebreus 2.5-18
Tudo o que vimos até aqui nos mos- Segunda-feira: Hebreus 1
tra que existe uma forte ligação entre o Terça-feira: Hebreus 4.14-16
Criador e sua criação. Com a humanidade, Quarta-feira: Gênesis 1.26-27
Deus se revela de forma mais próxima e Quinta-feira: Jó 7.17-18
transcendente, haja vista existir entre Sexta-feira: Salmo 8
ambos a possibilidade de comunicação e Sábado: Hebreus 10.32-39

RAÍZES DA NOSSA FÉ 25
CONTEÚDO PARA O(A) PROFESSOR(A)

Objetivos conhecimento, mas que nessa proposta


será utilizada como reflexão em torno
Apresentar o ser humano como cria- do ser humano, como alguém que refle-
ção divina, feito à imagem e semelhança te a imagem de Deus.
de Deus e alvo do seu amor; demonstrar
a realidade do pecado e suas conse- Por dentro do assunto
quências (interferência na imagem di-
vina presente no ser humano); indicar a A doutrina cristã de que o ser humano
importância da missão e evangelização na criação foi dotado da imagem e seme-
na restauração da Imago Dei (imagem de lhança de Deus (imago Dei) é baseada na
Deus) nas pessoas. passagem de Gênesis 1.26-27 e 2.7-17.
Os termos ‘Imagem e semelhança’ de-
Para início de conversa vem ser compreendidos como termos
similares. Apontam não para a similitude
Inicie a aula perguntando a seus alu- humana em termos fisionômicos com
nos e alunas como compreendem o ser Deus, mas em termos de valores divinos
humano como imagem e semelhança de ou espirituais, da capacidade humana de
Deus. Dê um pequeno tempo para um comunicar-se com Deus.
diálogo e em seguida aplique a Dinâmica Ou seja, a imagem e a semelhança
do Espelho. Apresente ao grupo uma de Deus não deve ser entendida como
caixa e explique que dentro dela tem dimensão física, mas numa ótica es-
algo que pode lhes ajudar a compreen- piritual. De acordo com os relatos bí-
der melhor a pergunta feita (dentro da blicos, a maneira como Deus cria o ser
caixa, ao fundo, estará um espelho, pre- humano se diferencia dos outros seres
parado com antecedência). Faça com viventes (Gênesis 1.26-28; 2.4-25). O
que cada pessoa abra a caixa, cada par- que chama a atenção é o ato de Deus
ticipante por sua vez, e não comente o soprar em suas narinas. A palavra so-
que viu. Apenas olhe, volte para o seu pro (ruah, em hebraico), é a mesma
lugar e reflita. A dinâmica do espelho é para espírito. Nesse sentido, ele se
normalmente uma ferramenta de auto- tornou “alma vivente”.

26 EM MARCHA
Há portanto, uma dimensão espiri- relacionamentos nos torna semelhan-
tual nas pessoas que as torna diferen- tes ao Senhor.
tes dos animais e semelhantes a Deus. A fé cristã compreende que, com o
Este elemento espiritual é o que torna pecado, essa natureza divina foi cor-
possível a comunhão com o Senhor. Há, rompida (Gênesis 3.1-6), por isso, Deus
em todo ser humano, uma capacidade e enviou seu Filho, para salvar o ser hu-
uma necessidade de encontrar-se com o mano e restaurar a imagem divina
seu Criador. Ela define, também, o tipo manchada e restabelecer a conexão
de relacionamento que podemos cons- do ser humano com o Criador, através
truir com Deus: uma relação de Pai para do novo nascimento (Hebreus 2.5-18).
filho; de proximidade, de amor, de liber- Esse novo nascimento não anula a res-
dade e de obediência. ponsabilidade humana de continuar
Outro aspecto importante é a neces- buscando a Deus e à santidade. A san-
sária comunhão com outro ser humano. tificação torna-nos cada vez mais pare-
Após criar Adão, Deus criou Eva para cidos com Deus, resgata em nós o ideal
que ele não estivesse só. De sua cos- que Deus sonhou.
tela providenciou uma companheira. A
expressão bíblica “Não é bom que o ho- Por fim
mem esteja só” não diz respeito apenas
à necessidade humana de um relaciona- É tarefa de cada cristão e cristã, a
mento conjugal, mas num sentido am- partir da evangelização, tornar conheci-
plo, de companhia. da a humanidade que há em Jesus. Deus
Não fomos feitos para viver sós, mas deseja se fazer amor na vida das pes-
para relacionarmo-nos com outras pes- soas e restaurar sua imagem perdida
soas. É no encontro com o outro que nos em cada indivíduo. A carta aos Hebreus,
completamos, e que o amor, princípio objeto de nosso estudo, evidencia isso.
fundamental da nossa fé, pode ser vivi- Conclua a aula convocando a turma para
do. Essa capacidade de amar e construir essa conscientização.

RAÍZES DA NOSSA FÉ 27

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