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ANTES DE LER
* * * *
“Se você encontrar erros de ortografia durante a leitura deste e-book, você pode
nos ajudar fazendo a revisão do mesmo e nos enviando.”
Precisamos de seu auxílio para esta obra. Boa leitura!
E-books Evangélicos
A REVELAÇÃO
BÁSICA NAS
ESCRITURAS
SAGRADAS
Witness Lee
©1984 Living Stream Ministry
Impresso no Brasil
pela Copiadora Árvore da Vida
ÍNDICE
Prefácio
1 O Plano de Deus
2 A Redenção de Cristo
3 A Aplicação do Espírito
4 Os Crentes
5 A Igreja
6 O Reino (1)
7 O Reino (2)
O PLANO DE DEUS
Leitura da Bíblia: Ef 1:4, 5, 9-11; 3:2, 8, 9, 11; Cl 1:25; 1 Co 9:17; 1
Pe 1:1,2; Rm 8:30; Gn 1:26a, 27; 2:7; Zc 12:1
Seu Dispensar
Em Efésios 1:10 e 3:9, a palavra oikonomia é usada para
administração familiar, a qual é o plano de Deus para dispensar-se para
dentro de Seu povo escolhido. Em Efésios 3:2, Colossenses 1:25 e 1
Coríntios 9:17 a mesma palavra refere-se ao mordomado de Paulo. A
palavra mordomado é usada no sentido de dispensar. O mordomado de
Paulo era o dispensar das riquezas insondáveis de Cristo para dentro do
povo escolhido de Deus. Com Paulo, a palavra mordomado refere-se ao
dispensar divino.
A palavra despenseiro é usada em 1 Pedro 4:10, que diz que todos
nós precisamos ser bons despenseiros da multi-forme graça de Deus. A
multiforme graça do rico Deus necessita de muitos despenseiros para
dispensá-la; este dispensar é o mordomado deles.
O que estou fazendo neste ministério é dispensar as riquezas de
Cristo. Se você me disser que sou um bom mestre da Bíblia, aprecio sua
palavra, mas não gosto de ouvi-la. Não me considere um mestre! Sou um
despenseiro! Não estou meramente ensinando a Bíblia; estou dispensando.
Certa vez fui tomar uma injeção contra gripe. Havia uma longa fila de
pessoas, e todos tínhamos de oferecer nosso braço de modo que
pudéssemos tomar a injeção. Em meu ministério quero dar às pessoas uma
injeção das riquezas de Cristo! Tenho a plena certeza de que quem quer
que venha a este ministério, obterá tal injeção!
Nosso mordomado hoje é o mesmo de Paulo. O mordomado de Paulo
era simplesmente aplicar uma injeção nas pessoas, isto é, distribuir,
dispensar as riquezas insondáveis de Cristo para dentro do povo escolhido
de Deus. Esta é a economia de Deus, Seu plano, Sua administração.
A ESCOLHA DE DEUS
Deus tem um bom prazer, e segundo o Seu bom prazer Ele fez um
plano. Por conseguinte, Ele arranjou uma administração universal de Sua
casa para dispensar Suas riquezas para dentro de Seu povo escolhido.
Então nos selecionou, não somente antes de sermos criados, mas também
antes da fundação do mundo (Ef 1:4; 1 Pe 1:1, 2). Nada de Sua criação
tinha vindo ainda à existência quando Ele nos selecionou.
E difícil comprar coisas em um shopping center porque existem
muitas coisas para escolher. As pessoas não compram cegamente; elas
consideram e escolhem cuidadosamente o que comprarão. Na eternidade
passada, antes de Sua criação, Deus me viu e disse: "Eu gosto deste." Sem
ter sido escolhido, não creio que me teria tornado um cristão. Mesmo tendo
nascido no cristianismo, eu não era um cristão até os dezenove anos. Fui
educado dentro do cristianismo, mas ainda não cria. Entretanto, um dia
Deus me tocou e disse: "Eu quero você." Naquele dia fui capturado. E
quanto a vocês? Atrás do cenário há uma mão poderosa e eterna dirigindo
todas as coisas. Nossa seleção é uma coisa maravilhosa.
Nosso Pai celestial fica alegre quando nos vê. Somos o desejo de Seu
coração, Seu bom prazer. O prazer de Deus não está na lua, no sol, no céu
ou na terra. Ele nos diz claramente em Sua Palavra que Ele não fica
satisfeito apenas com a terra e o céu. O que O satisfaz é Seu povo
escolhido. Somos Seu bom prazer, e Seu plano foi feito para nós.
SUA PREDESTINAÇÃO
Seguindo Sua escolha, Deus nos predestinou (Ef 1:5; Rm 8:30). A
Nova Tradução Bíblica de Darby* traduz esta palavra "predestinados" em
Efésios 1:5 como "marcados de antemão." Você já havia percebido que
antes da fundação do mundo fora marcado? Você não pode escapar da mão
de Deus. Tentei um bom número de vezes, mas nunca consegui! Quanto
mais tentava, mais forte Ele me agarrava. Aonde você irá para escapar de
Deus? Aonde quer que você vá, ali está Ele (SI 139:7-10). Algumas vezes
pode ser que você tenha se aborrecido por vir às reuniões da igreja e
decidiu ir a algum outro lugar. Quando chegou lá, o Senhor Jesus estava
lhe esperando! Isso mostra que você foi marcado.
A CRIAÇÃO DE DEUS
Após o bom prazer de Deus, após o Seu plano (arranjo,
administração, economia), após Sua escolha e Sua predestinação, Ele veio
à Sua criação. O registro da criação do homem por Deus é muito breve. Há
somente dois versículos. Gênesis 1:26 é a própria palavra de Deus, e o
versículo seguinte é o registro de Moisés. Nesses dois versículos estão
três pontos cruciais.
__________
*N. do T.: Versão em inglês.
De Três Partes
Deus criou o homem com a intenção de um dia entrar nele e de que o
homem fosse capaz de recebê-Lo. Romanos 9 revela que o homem criado
por Deus é um vaso com o propósito de conter algo. Assim como um copo é
um recipiente para conter água, também o homem foi feito um recipiente
para conter Deus.
Gênesis 2:7 nos diz como Deus fez o homem. Primeiro, Ele fez o corpo
do homem do pó da terra. Em seguida, Ele soprou o fôlego de vida para
dentro das narinas desse corpo de barro, e o homem tornou-se uma alma
vivente. Aqui neste versículo há o corpo, a alma e o fôlego de vida. A
palavra em hebraico para fôlego em Gênesis é traduzida por "espírito" em
Provérbios 20:27, o qual diz: "O espírito do homem é a lâmpada do
Senhor." Isso indica que o próprio fôlego de vida soprado para dentro de
Adão era o espírito humano. Dois materiais, então, foram usados para
formar o homem: o pó e o fôlego de vida. O pó tornou-se o corpo, e o fôlego
de vida tornou-se o espírito. Quando estas duas coisas juntaram-se um
subproduto surgiu: a alma. Assim, Paulo nos diz em 1 Tessalonicenses
5:23 que o ser humano é de três partes: espírito, alma e corpo.
Gênesis 1 nos diz que Deus criou o homem à Sua própria imagem e
semelhança; foi assim para que ele pudesse conter Deus. Um recipiente
deve ser do mesmo formato da coisa que ele conterá. Se algo é quadrado,
você não faria um recipiente redondo para ele. Se algo é redondo, você não
faria um recipiente quadrado para ele. O formato do recipiente é feito de
acordo com o formato do conteúdo. O homem foi feito à imagem e
semelhança de Deus.
Gênesis 1 nos diz que todas as coisas criadas produziram frutos
segundo a sua espécie (vs. 11, 12, 21, 24, 25). A macieira produz frutos
segundo a sua espécie, e o tigre segundo a sua espécie. O homem foi feito
segundo a espécie de Deus. Se duas árvores estão enxertadas juntas, elas
devem ser da mesma espécie; do contrário, o enxerto não funcionará.
Aleluia! O homem é da mesma espécie de Deus! Porque fomos criados
segundo a espécie de Deus, com a intenção de que fôssemos enxertados
juntos com Deus, esse "enxerto" funcionará e podemos tornar-nos um com
Deus.
A REDENÇÃO DE CRISTO
DEUS ENCARNADO
O primeiro passo no cumprimento da redenção de Deus foi a
encarnação. Foi certamente uma coisa maravilhosa para Deus vir para
dentro do homem e nascer da humanidade por meio de uma virgem. O
nosso Deus tornou-se um homem! Na criação, Ele era o Criador. Mas
embora tivesse criado todas as coisas, Ele não entrou em nenhuma das
coisas que Ele criara. Mesmo ao criar o homem, Ele somente soprou o
fôlego de vida para dentro dele (Gn 2:7). Ele ainda estava fora do homem.
Seu sopro, de acordo com Jó 33:4, deu vida ao homem; entretanto, Ele
próprio não veio para dentro do homem. Até a encarnação, Ele estava
separado do homem. Mas com a encarnação, Ele pessoalmente entrou no
homem. Ele foi concebido e então permaneceu no ventre da virgem por
nove meses, após o que Ele nasceu.
A Palavra Tornando-se Carne
De acordo com João 1:14, Ele tornou-se não somente um homem; Ele
tornou-se carne. A carne nesse versículo refere-se ao homem depois da
queda. O homem em Gênesis 1 e 2 não havia caído, mas depois, em
Gênesis 3, ele caiu. A palavra carne, referindo-se ao homem depois da
queda, sempre possui uma conotação negativa. Nenhuma carne pode ser
justificada perante Deus por obras (Rm 3:20). Carne refere-se ao homem
caído, e Cristo, como o Filho de Deus, tornou-se um homem. Ele tornou-se
carne.
CRUCIFICADO
A encarnação foi maravilhosa e a crucificação é maravilhosa. Não
temos palavras para explicar a encarnação na totalidade, nem podemos
explicar totalmente o fato da morte de Cristo.
RESSURRETO
No terceiro dia depois de Sua morte, Cristo ressuscitou. Algumas
coisas maravilhosas foram executadas por meio de Sua ressurreição.
EXALTADO
Após Sua ressurreição, em Sua ascensão Cristo foi grandemente
exaltado (Ef 1:20, 21). Ele foi feito Senhor e Cristo (At 2:36), e a Ele foi dado
ser Cabeça sobre todas as coisas para a igreja, a qual é o Seu Corpo (Ef
1:22, 23). O nosso Cabeça, Cristo, não é somente nossa Cabeça, mas é
Cabeça sobre todas as coisas para nós.
Em Sua ascensão Cristo derramou o Espírito Santo sobre Seus
crentes (At 2:33). Este foi o batismo genuíno do Espírito que formou o
Corpo de Cristo (1 Co 12:13). Em Sua ressurreição Ele soprou o Espírito
Santo para dentro de Seus discípulos; então, em Sua ascensão, Ele
derramou Seu Espírito sobre Seus crentes. Isso quer dizer que, dentro dos
discípulos e sobre eles havia somente o Espírito. Dentro estava o Espírito e
fora estava o Espírito. Dentro estava o Espírito que enche interiormente, e
fora estava o Espírito derramado. Isso foi cumprido uma vez por todas e é
um fato eterno do qual participamos.
Encarnação é um fato, e crucificação é um fato, incluindo todas as
realizações do Senhor na cruz. Ressurreição também é um fato. Em Sua
ressurreição, Cristo tornou-se o Primogênito, fazendo-nos todos Seus
irmãos, e Ele também tornou-se o Espírito que dá vida soprado para dentro
de nós. Ainda mais, a ascensão é um fato. Em Sua ascensão Cristo foi feito
Cabeça sobre todas as coisas, Ele foi feito Senhor e Cristo, e Ele derramou-
se como o Espírito sobre todos nós. Agora estamos Nele. Ele está nos céus,
e assim também nós (Ef 2:6). Ele está dentro de nós e sobre nós, e nós
estamos Nele. Esta é a redenção completa de Cristo.
CAPÍTULO TRÊS
A APLICAÇÃO DO ESPÍRITO
Leitura da Bíblia: Gn 1:2; Jz 3:10; Lc 1:35; Jo 7:39; At 16:6, 7; Rm
8:2, 9; Fp 1:19; 1 Co 15:45; 2 Co 3:6, 17, 18; Ap 1:4; 4:5; 5:6; 2:7; 14:13;
22:17; Jo 14:17; 15:26; 16:13-15; 1 Jo 5:7; Jo 3:5, 6; 2 Co 1:21, 22; Ef
1:13; 4:30; 1 Pe 1:2; Rm 15:16; 1 Co 12:13
O Espírito de Deus
A primeira vez que o Espírito de Deus é mencionado é em Gênesis
1:2. Este é Deus Espírito em Sua criação. O Espírito de Deus pairou por
sobre as águas mortas para a criação de Deus.
O Espírito de Jeová
Depois de criar o homem, Deus permaneceu intimamente envolvido
com ele. Em seu relacionamento com o homem, o título de Deus é Jeová. É
por isso que no Velho
Testamento o Espírito de Deus é freqüentemente chamado de Espírito
de Jeová. O Espírito de Jeová vinha sobre certas pessoas. Isso indica que o
Espírito de Jeová tem a ver com Deus alcançando o homem (Jz 3:10; Ez
11:5). Os principais títulos usados para o Espírito de Deus no Velho
Testamento são o Espírito de Deus e o Espírito de Jeová.
O Espírito Santo
Na encarnação, o Espírito de Deus foi chamado o Espírito Santo (Mt
1:18, 20; Lc 1:35). Andrew Murray, em sua obra prima O Espírito de Cristo,
salienta que o título divino, "o Espírito Santo" não é usado no Velho
Testamento. Em Salmos 51:11 e em Isaías 63:10,11 "Espírito Santo"
deveria ser traduzido para "Espírito de santidade". Quando chegou o tempo
de preparar o caminho para a vinda de Cristo e de preparar um corpo
humano para Ele iniciar a dispensação do Novo Testamento, é que o termo
"Espírito Santo" começou a ser usado (Lc 1:15, 35).
O Espírito Composto
Quando jovem, fui ensinado que em Êxodo 30:22-30, o óleo da unção
é um tipo do Espírito Santo. Mas depois de ter recebido esclarecimento pelo
livro de Andrew Murray, voltei a estudar Êxodo 30. Esse óleo é composto de
azeite de oliveira combinado com 4 especiarias: mirra, cinamomo, cálamo e
cássia. O azeite de oliveira é um tipo do Espírito Santo, mas que são as
quatro especiarias? Sabe-se que a mirra refere-se à morte de Cristo.
Cinamomo deve indicar a doce eficácia daquela morte. Cálamo é um junco
que cresce no pântano e projeta-se alto, no ar. Isso indica ressurreição.
Cássia era usada nos tempos antigos como um repelente de insetos e
especialmente de serpentes. Isso indica o poder da ressurreição de Cristo
que prevalece contra Satanás.
Essas quatro especiarias são de três unidades. Mirra, quinhentos
siclos. Cinamomo e cálamo, duzentos e cinqüenta siclos cada, e cássia,
quinhentos siclos. Se o cordeiro é um tipo de Cristo e se o azeite de oliveira
é um tipo do Espírito Santo, certamente essas quatro especiarias são
também tipos a respeito de Cristo. As três unidades de quinhentos siclos
cada devem referir-se à Trindade. A quantidade total de cinamomo e
cálamo, sendo dividida em duas unidades de duzentos e cinqüenta cada,
tipifica o segundo da Trindade "dividido" na cruz, assim como o véu foi
rasgado de alto a baixo.
O número "um" do um him de azeite de oliveira significa o Deus
único. O número quatro das quatro especiarias significa a criatura. Em
Ezequiel e em Apocalipse há quatro seres viventes, referindo-se à criação
de Deus (Ez 1:5, 10; Ap 4:6-9).
Por meio disso podemos perceber que esse óleo composto deve ser um
tipo todo-inclusivo do Espírito composto referido em João 7:39. Isso quer
dizer que o Espírito de Deus, como o elemento básico, foi combinado com a
deidade, humanidade, morte e ressurreição de Cristo como as especiarias.
Neste Espírito composto estão o Deus único, a Trindade, o homem, a
criatura, a morte de Cristo, a doçura e eficácia de Sua morte, a
ressurreição de Cristo e o poder de Sua ressurreição.
O Espírito era primeiramente o Espírito de Deus, possuindo somente
a essência divina. Mas depois que Deus, no Filho, tornou-se um homem e
morreu na cruz, passando pela morte e ressurreição, e entrando na
ascensão, o Espírito tornou-se o Espírito de Jesus Cristo (Fp 1:19),
composto da essência de Deus e da humanidade de Jesus em Sua morte e
ressurreição. O Espírito não tem mais somente a essência divina, mas tem
agora, em acréscimo, a humanidade de Jesus com a morte de Cristo, a
eficácia de Sua morte, a ressurreição e o poder de Sua ressurreição.
Dos escritos sobre a vida interior, recebi ajuda em saber que fui
crucificado antes de eu ter nascido (Gl 2:19b, 20). Aos olhos de Deus fomos
crucificados antes de termos nascido. Como escolhidos de Deus, nascemos
crucificados. A senhora Jesse Penn Lewis disse que todo cristão deve
morrer para viver (Jo 12:24; 1 Co 15:31; 2 Co 4:11). Mas minha experiência
foi que, quanto mais eu tentava morrer, mais vivo ficava. Um hino escrito
por A. B. Simpson diz que existe uma pequena palavra que o Senhor deu:
considerar. De acordo com Romanos 6:11, devemos considerar-nos mortos.
Pratiquei o considerar-me, mas não funcionou. Quanto mais me
considerava morto, mais vivo parecia! No livro de Watchman Nee, A Vida
Cristã Normal, existe um capítulo que enfatiza o considerar. Esse livro é
uma compilação de mensagens que o irmão Nee deu antes de 1939. Depois
de 1939 ele começou a dizer às pessoas que não podemos experimentar a
morte de Cristo revelada em Romanos 6 até que tenhamos a experiência do
Espírito de Cristo em Romanos 8. A morte de Cristo em Romanos 6 pode
ser experimentada somente por meio de Seu Espírito em Romanos 8. Em
outras palavras, se não estamos no Espírito, considerar que estamos
mortos não funciona.
Cristo é Cristo, e você é você; e a morte Dele não é sua morte a menos
que você esteja ligado a Ele organicamente por meio do Espírito. No
Espírito composto existem os elementos da morte de Cristo e de sua
eficácia, prefigurados pela mirra e cinamomo. Quando estamos no Espírito,
o Espírito composto, não necessitamos considerar-nos mortos, porque no
Espírito existe o elemento da morte de Cristo.
Alguns medicamentos têm elementos que matam germes. Se você
tentar matar os germes por si mesmo, fracassará. Mas se toma um
medicamento prescrito, um elemento naquele medicamento matará os
germes por você. O Espírito composto hoje é uma dose todo-inclusiva. Um
médico lhe dirá que a melhor dose é aquela que mata os germes e nutre o
paciente. Isso pode ser usado como uma ilustração do Espírito composto.
No Espírito composto existem a morte de Cristo, que é o poder que mata, e
a ressurreição de Cristo, que é a fonte de nutrição da vida divina. Esses
elementos que matam e que nutrem estão combinados juntamente neste
Espírito.
O Espírito de Jesus
O Espírito Santo é chamado de Espírito de Jesus em Atos 16:6, 7.
Jesus era um homem que sofria perseguição. Como um evangelista, Paulo
saía para pregar, e ele também sofria. Naquele sofrimento ele precisava do
Espírito de Jesus porque no Espírito de Jesus há o elemento do sofrimento.
Se vai a um país pagão para pregar o evangelho, você precisa do Espírito de
Jesus para enfrentar a oposição e perseguição. A força do sofrimento para
resistir à perseguição está no Espírito de Jesus.
O Espírito de Cristo
Em Atos 16, por causa da perseguição, Paulo precisou do Espírito de
Jesus, mas em Romanos 8 em ressurreição há o Espírito de Cristo. Em
Romanos 8:9,10 temos três títulos: o Espírito de Deus, o Espírito de Cristo,
e Cristo. Estes três títulos são usados permutavelmente. Isso indica que o
Espírito de Deus é o Espírito de Cristo, e o Espírito de Cristo é
simplesmente o próprio Cristo. Estes três títulos são sinônimos. O Espírito
Santo de Deus é não somente o Espírito de Deus, mas também o Espírito
de Jesus que sofreu e o Espírito do Cristo ressurreto. Contanto que
tenhamos tal Espírito, temos o poder do sofrimento para enfrentar a
perseguição e o poder de ressurreição para viver uma vida ressurreta sobre
o pecado e a morte (Rm 8:2).
O Espírito do Senhor
"O Espírito do Senhor" (2 Co 3:17) indica que a ascensão de Cristo
está incluída no Espírito. "O Senhor" neste versículo refere-se ao Cristo
crucificado, ressurreto e ascendido. Na Sua exaltação Ele foi feito Senhor
(At 2:36).
Em 2 Coríntios 3:17 diz: "O Senhor é o Espírito; e onde está o
Espírito do Senhor aí há liberdade." Primeiramente, ele nos mostra que os
dois são um, e, em segundo lugar, mostra que os dois ainda são dois. Da
mesma forma, em João 1:1 diz: "No princípio era a Palavra, e a Palavra
estava com Deus, e a Palavra era Deus" (lit.). A palavra e Deus são um,
todavia a Palavra estava com Deus, o que indica que Eles são dois.
O Espírito Idêntico ao Senhor
O Espírito é idêntico ao Senhor. No passado, o termo Cristo
pneumático era usado em Cristologia. O Cristo pneumáíico indica que o
próprio Cristo é o Espírito. Entretanto, não pensem que quando a Bíblia diz
que o Senhor é o Espírito ela anula a distinção entre o Filho e o Espírito.
Eles são um, todavia ainda dois. Eles são um, todavia ainda distintos.
Toda verdade na Bíblia tem dois lados. Com respeito ao Deus Triúno,
se vocês permanecem no extremo do lado de um, vocês são modalistas. Se
permanecem no extremo do lado de três, vocês são triteístas. Nós
permanecemos na Palavra, desse modo não somos nem triteístas nem
modalistas. Cremos na Trindade genuína, que Deus é três-um. Deus é
unicamente um, todavia Sua deidade é da Trindade. A palavra triúno vem
do latim. Tri significa três; uno significa um. Assim, triúno quer dizer três-
um.
Em João 14:23 o Senhor Jesus nos diz que quem quer que O ame,
Ele e o Pai virão a este e farão nele morada. Também, em João 14:17 o
Senhor Jesus nos diz que o Espírito como o Espírito da realidade virá para
habitar nos crentes. Assim, no mesmo capítulo nos é dito que o Pai e o
Filho farão morada com aquele que O ama e que o Espírito habita naquele
que O ama. Isso nos mostra que os três estão nos crentes
simultaneamente. O Deus Triúno está em nós. Isso é um mistério, mas
pela nossa experiência sabemos que isso é assim.
Em Mateus 28:19 o Senhor Jesus diz: "Ide, portanto, fazei discípulos
de todas as nações, batizando-as para dentro do nome (singular) do Pai e
do Filho e do Espírito Santo" (lit.). A mesma preposição grega "para dentro"
é usada em Romanos 6:3. Quando fomos batizados para dentro de Cristo,
fomos batizados para dentro de Sua morte. Mateus 28:19 nos incumbe
batizar os novos crentes para dentro do nome do Deus Triúno. M. R.
Vincent diz: "Batizar para dentro do nome da Trindade Santa implica numa
união espiritual e mística com ele." Ele mais tarde diz que o nome "é
equivalente a sua pessoa". Ser batizado para dentro do nome divino é ser
imerso na Pessoa divina.
Uma nota na Bíblia Anotada de Scofield diz : "Pai, Filho e Espírito
Santo é o nome final do Deus único e verdadeiro." Algumas traduções não
têm "do" três vezes, somente o nome do Pai e Filho e Espírito Santo. O
nosso Deus é Triúno: o Pai o Filho e o Espírito. Entretanto, tal título, tal
nome só foi revelado depois da ressurreição de Jesus. Mateus 28:19 foi
falado depois da ressurreição do Jesus glorificado. Isso foi revelado depois
que o processo de nosso Salvador desde a encarnação até a ressurreição foi
completado.
Antes da ressurreição de Cristo, tal Espírito, o Espírito composto,
ainda não era (Jo 7:39). Mas depois de Sua ressurreição o Espírito de Deus
foi composto, e Ele é agora o
Espírito composto, processado, todo-inclusivo. Este Espírito
composto, que é idêntico ao Senhor, é, como revelado em 2 Coríntios 3, o
Espírito que dá vida, que libera e que transforma, que nos dá a vida divina
(v. 6), liberta-nos da escravidão da lei (v. 17), e nos transforma à imagem de
Cristo de glória em glória (v. 18).
O Espírito Da Vida
A Primeira Epístola aos Coríntios 15:45 refere-se a Cristo como o
Espírito que dá vida. Certamente não pode haver dois Espíritos que dão
vida. Cristo, o Espírito que dá vida, é também o Espírito da vida. Este
termo é revelado em Romanos 8:2. Romanos 8 fala do Espírito da vida (v.
2), o Espírito de Deus (v. 9) e o Espírito de Cristo (v. 9) que é o próprio
Cristo (v. 10). Fala-se no mesmo capítulo do Espírito como as primícias (v.
23).
___________
*N. do T.: Versão em inglês.
O Espírito
Esse Espírito maravilhoso finalmente torna-se tão simples no título: o
Espírito (Ap 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22; 14:13; 22:17). Em Apocalipse
temos os sete Espíritos e o Espírito. Nas sete epístolas às igrejas em
Apocalipse, o início de cada epístola refere-se ao Senhor Jesus como Aquele
que escreve para a igreja em certo lugar. Então, no final de cada uma nos é
dito para ouvir "o que o Espírito diz". Apocalipse 22:17 diz: "O Espírito e a
noiva dizem: Vem".
O Espírito é composto, processado e todo-inclusivo. Ele é a
consumação do Deus Triúno alcançando Seu povo escolhido. De acordo
com João 4:24, nosso Deus é Espírito. Não somente o Espírito da Trindade
é Espírito, mas o Deus completo — o Pai, o Filho e o Espírito — é Espírito.
Deus é Espírito, e esse Deus inclui o Pai, Filho e Espírito.
João nos diz que quando o Filho veio, Ele veio em nome do Pai (Jo
5:43). Então o Pai mandou o Espírito no nome do Filho (14:26). O Filho
veio no nome do Pai; isso quer dizer que Ele veio como o Pai. Então o
Espírito veio no nome do Filho; isso quer dizer que o Espírito veio como o
Filho. O Filho enviou o Espírito a nós de e com o Pai, e o Espírito veio a nós
de e com o Pai (Jo 15:26 - lit.). Quando o Espírito veio, o Filho estava lá e o
Pai também estava. O Filho estava no Pai, e o Pai estava no Filho (14:10).
Quando o Filho estava lá, o Pai estava lá. Todos os três estavam lá porque
Eles são um único Deus. Você não pode separá-Los; todavia, Eles são
distintos como o Pai, o Filho e o Espírito.
A FUNÇÃO DO ESPÍRITO
O Espírito é a realidade de Cristo (Jo 14:17; 15:26; 1 Jo 5:7). Quando
invocamos o nome do Senhor Jesus, recebemos o Espírito como a realidade
de Cristo (Jo 14:17), e esse Cristo, o Filho de Deus, é a própria
corporificação do Pai (Cl 2:9). O Pai é corporifícado no Filho, e o Filho é
plenamente percebido como o Espírito. Colossences 2:9 diz que a plenitude
da deidade (divindade) habita em Cristo corporalmente. Cristo, então, é a
corporificação de Deus, plenamente percebido como o Espírito. Isto é
revelado em João 16:13-15.
O Espírito dá vida aos crentes (1 Co 15:45 ; 2 Co 3:6) e os regenera
em seu espírito (Jo 3:5, 6). Ele unge os crentes (2 Co 1:21), os sela (Ef 1:13;
4:30; 2 Co 1:22a), e Ele próprio é o penhor de Deus dado a eles (2 Co
1:22b). Por meio deste ungir, que traz o elemento divino para dentro dos
crentes, Ele os preenche. O selar modela o elemento numa certa forma
como uma impressão e torna-se uma marca. O penhor significa que Ele é a
garantia de que Deus é a nossa herança. Por um lado, selar prova que nós
somos a herança de Deus; por outro lado, Deus como nossa herança para
nosso desfrute é também garantido por meio do Espírito que habita
interiormente como o penhor.
Ele é também o suprimento abundante para os crentes (Fp 1:19 ). Ele
nos santifica, não só posicionalmente, mas disposicionalmente (1 Pe 1:2;
Rm 15:16) e experimentalmente também. Ele transforma os crentes (2 Co
3:18).
Todos os crentes foram batizados neste único Espírito para dentro de
um único Corpo (1 Co 12:13). No dia de Pentecoste, e na casa de Cornélio,
quando Cristo, o Filho, o ascendido, derramou o Espírito sobre os crentes,
aquilo foi o batizar do Seu Corpo para dentro do Espírito. Em 1 Coríntios
12:13 diz que fomos todos batizados em um Espírito para dentro de um
Corpo. Cristo completou esse batismo assim como completou Sua
crucificação. Todos os que crêem foram crucificados (Gl 2:19b, 20). No
mesmo princípio, todos nós fomos batizados no dia de Pentecoste. Fomos
batizados e nos foi dado a beber desse único Espírito (1 Co 12:13). Agora
estamos bebendo deste Espírito. Ser batizado é exterior; beber é interior.
Exteriormente fomos batizados; interiormente estamos bebendo do único
Espírito.
Com a ascensão do Senhor aos céus e o derramar do Espírito, toda a
operação do Deus Triuno foi completada. O Pai planejou com o Filho e o
Espírito, e o Filho veio com o Pai e o Espírito para cumprir o que Deus
havia planejado. Finalmente, o Espírito veio com o Pai e o Filho para
aplicar o que o Pai havia planejado e o que o Filho havia cumprido. Este
Espírito que aplica é a consumação do Deus Triuno. Ele não é somente por
Si mesmo como um Espírito separado, nada tendo a ver com o Pai e não
relacionado ao Filho; Ele é a consumação do Deus Triuno, a consumação
da Trindade divina, para nos alcançar.
O alcançar do Espírito a nós tem dois aspectos: o aspecto interior e
exterior. O interior foi cumprido no dia da ressurreição. Naquele dia o
Senhor ressurreto voltou para os
Seus discípulos e soprou-se para dentro deles (Jo 20:22). Isso foi
totalmente para vida, a vida interior.
Cinqüenta dias mais tarde, no Pentecoste, Ele derramou o Espirito
sobre os discípulos como um vento poderoso (At 2:1, 2). Sopro é para vida,
mas vento é para poder. No Pentecoste, os discípulos foram revestidos com
poder do alto (Lc 24:49). O revestir do Espírito é como o vestir de um
uniforme. O uniforme dá, a quem o veste, poder, autoridade. Um policial
com um uniforme tem autoridade para nos parar. Se ele não tivesse um
uniforme, não o ouviríamos. O Espírito como nossa vida, o Espírito que dá
vida, a saber, o Espírito da vida, é também o Espírito fora de nós,
derramado sobre nós como o Espírito de poder do alto. Tudo isso já foi
cumprido.
A CONSUMAÇÃO DO DEUS TRIÚNO
Este Espírito composto, processado, todo-inclusivo é a consumação
do Deus Triúno. Tudo o que Ele planejou, tudo o que Ele realizou, tudo o
que Ele irá aplicar a nós está totalmente envolvido neste Espírito composto.
A divindade está envolvida Nele; a humanidade de Cristo também está
envolvida Nele. A Sua morte — Sua morte redentora e infusora de vida —
está envolvida Nele. A Sua ressurreição e Sua ascensão estão envolvidas
nesse único Espírito composto que nos alcança. Interiormente Ele é nossa
luz e vida; exteriormente Ele é nosso poder.
O ESPÍRITO E A PALAVRA
Deus nos deu dois grandes dons — o Espírito e a Palavra. O Espírito
composto é a totalidade do Deus Triúno e de todos os Seus feitos. É por
isso que digo que esse Espírito composto, incluindo Sua Palavra, é a
consumação final e máxima do Deus Triúno alcançando-nos. A Pessoa
divina e a Palavra divina estão envolvidas neste único Espírito composto.
Todas as bênçãos , todas as heranças do Novo Testamento foram legadas
aos filhos de Deus. Estes legados estão também envolvidos neste único
Espírito composto.
Dois versículos no Novo Testamento indicam que o Espírito e a
Palavra são um. Em João 6:63 o Senhor diz : "As palavras que eu vos tenho
dito, são espírito". Também, Efésios 6:17 refere-se à espada do Espírito,
cujo Espírito é a palavra de Deus. Não somente a palavra do Senhor é o
Espírito; o Espírito também é a Palavra.
É por isso que em Romanos 10 Paulo diz que quando você ouve a
pregação do evangelho, a palavra está perto de você, em sua boca e em seu
coração (v. 8). Por muitos anos não podia entender o que Paulo queria
dizer. Como poderia a palavra estar em minha boca e em meu coração?
Finalmente o Senhor me mostrou que sempre que o Novo Testamento é
ensinado, pregado, lido, ou estudado por alguém com um coração sincero,
o Espírito trabalha com a Palavra. Por meio do Espírito a Palavra entra em
sua boca. Por meio do Espírito a Palavra entra em seu coração. Sem o
Espírito, a palavra impressa não poderia entrar em sua boca e em seu
coração. Quando exercita seu espírito para orar sobre um versículo da
Bíblia, aquele versículo entra em sua boca e em seu coração. Você não
deveria ler a Bíblia sem orar. Você tem de ler a Bíblia, a Palavra santa,
devotadamente. Não deveria meramente exercitar sua mente para estudar
a Palavra. Você deve ir à Palavra com oração. Não precisa usar sua
próprias palavras; ore a Palavra.
Todos nós sabemos que quando oramos dessa maneira, a palavra na
página entra em nossa boca e em nosso coração. Somos regados,
recebemos iluminação, nutrição, fortalecimento, conforto e suprimento de
vida. Também o Espírito é aplicado a nós como a consumação do Deus
Triúno.
O Espírito e a Palavra trabalham juntos. Devemos sempre tocar a
Bíblia por tocar o Espírito. Devemos orar lendo, e ler orando. Então
desfrutaremos o Deus Triúno. O nosso encargo não é discutir ou debater,
mas apresentar a verdade básica ao povo de Deus para que ele possa
conhecer que nosso Deus é na realidade o Deus Triúno, não para en-
tendermos, mas para desfrutarmos. Estamos apresentando a verdade para
ajudar os santos a conhecer que nosso Deus é Triúno para participarmos
Dele, desfrutá-Lo e experimentá-Lo.
O ESPÍRITO HUMANO
Também enfatizamos o espírito humano (Zc 12:1; Pv 20:27; Rm 8:16;
2 Tm 4:22). Assim como para o nosso alimento temos uma boca e um
estômago, temos também um espírito humano, que é nossa boca espiritual
e estômago espiritual. Em um rádio, o receptor é crucial. Podemos ter um
rádio bem feito e bonito, mas se ele não tiver um receptor, ele é vazio.
Somos um "rádio" para receber as riquezas divinas para dentro do
"receptor" em nosso interior — nosso espírito humano.
Enfatizamos fortemente esses dois espíritos, o Espírito composto da
Trindade e o espírito humano dentro de nós, porque o Espírito composto é
a consumação do Deus Triúno alcançando-nos para nosso desfrute, e o
espírito humano é o único meio para recebermos tal rico Espírito
composto, para que possamos desfrutar as riquezas do Deus Triúno e
experimentá-Lo diariamente, até mesmo em toda hora. Estamos aqui como
um testemunho para que todo o povo de Deus hoje possa ter uma visão
clara concernente à Trindade divina e para que nós mesmos possamos
participar Dele e desfrutá-Lo o dia inteiro.
CAPÍTULO QUATRO
OS CRENTES
Leitura da Bíblia: Jo 3:6; Mt 28:19; Gl 3:27; Rm 6:3; 1 Co 12:13; Rm
8:9, 11, 4; Gl 5:16, 15; 1 Co 3:6, 7; Ef 4:16; 2:21, 22; 1 Pe 2:5; 2 Co 3:18;
Rm 12:2; 1 Ts 5:23; Fp 3:21; Rm 8:29,30; 10:8,9,12
SALVOS
Atos 16 : 31 nos diz que, quando cremos no Senhor Jesus Cristo,
somos salvos. Uma salvação completa inicial tem seis aspectos: perdão de
pecados, o lavar das nossas máculas, separação para Deus
posicionalmente, justificação, reconciliação e regeneração.
Perdoados
Depois de crermos, a primeira coisa que recebemos, o primeiro legado
de acordo com o testamento divino, é o perdão de nossos pecados (At
10:43).
Lavados
Fomos não somente perdoados, mas também lavados. Ser perdoado
põe em ordem o nosso caso perante Deus. Ser lavado leva embora a
mancha, a mácula, de nossos pecados. Por exemplo, se uma criança
sujasse a camisa e depois se arrependesse, a mãe o perdoaria; mas a
camisa ainda precisaria ser lavada. Perdoar a criança do seu mau
procedimento é uma coisa. Lavar a mancha da camisa é outra coisa. Deus,
ao crermos no Senhor Jesus, não somente perdoou-nos mas também
lavou-nos. Aleluia! Fomos perdoados e lavados pelo sangue de Cristo!
Santificados Posicionalmente
Como parte de nossa salvação inicial, fomos posicionalmente
santificados, isto é, separados por Deus do mundo para Ele mesmo. Em 1
Coríntios 6:11 indica que somos primeiro santificados e então justificados.
Santificação posicionai precede a justificação; santificação disposicional
segue a justificação.
Justificados
A morte de Cristo cumpriu e satisfez completamente as exigências
justas de Deus, para que possamos ser justificados por Deus por meio de
Sua morte (Rm 3:24). Somos "justificados de todas as coisas" das quais não
poderíamos "ser justificados por meio da lei de Moisés" (At 13:39).
Regenerados
Ao crermos no Senhor Jesus e invocarmos o Seu nome, fomos
regenerados, isto é, o próprio Espírito de Cristo entrou em nosso espírito e
nos deu vida (Jo 3:6; Ef 2:5). A regeneração nos fez filhos de Deus (Jo 1:12,
13; Rm 8:16), membros da família de Deus (Ef 2:19). Ela também nos fez
membros de Cristo, membros do Corpo de Cristo (Ef 5:30; 1 Co 12:27). Nós
que fomos regenerados, somos membros do Corpo de Cristo e também
filhos de Deus.
A regeneração ocorreu em nosso espírito, não em nosso corpo ou em
nossa mente. Isso quer dizer que o Deus Triúno está agora em nosso
espírito (Ef 4:6; 2 Co 13:5; Rm 8:9). Que tesouro temos dentro de nós (2 Co
4:7)! O Deus Triúno veio para dentro de nosso espírito para ficar (Jo 4:24;
2 Tm 4:22; Rm 8:16). É aqui em nosso espírito que estão as riquezas
insondáveis de Cristo.
Para desfrutar essas riquezas devemos invocar o nome do Senhor
Jesus (Rm 10:12). Se queremos ser nutridos, podemos invocar "Ó, Senhor
Jesus!" Quando estamos em casa e também no trabalho, podemos invocar
o nome do Senhor. Quando O invocamos, tocamos o Espírito (1 Co 12:3).
Muitos de nós oramos freqüentemente, mas não recebemos nutrição de
nossa oração. Isso não deveria ser assim. Não estamos orando para um
ídolo; estamos orando para o Deus vivo. Ele é o próprio Deus que está
agora em nosso espírito. Quando falamos com Ele, Ele responde em nosso
espírito. Quando exercitamos o espírito, percebemo-Lo em nosso espírito.
Se meramente exercitamos a mente e oramos só com a boca, o Deus Triúno
dentro de nós não tem caminho. Ele não está em nossa mente, mas em
nosso espírito.
Devemos exercitar o nosso espírito (1 Tm 4:7). Dessa maneira
podemos experimentar este Deus verdadeiro, real e vivo que está agora em
nosso espírito. Em nosso espírito regenerado habita o Deus Triúno como o
Espírito que dá vida.
BATIZADOS
CONFORMADOS A CRISTO
Como os muitos irmãos de Cristo, seremos conformados à Sua
imagem e estaremos com Ele em glória (Rm 8:29, 30). Não seremos mais
naturais em nenhuma parte de nosso ser. Ainda somos um tanto naturais
na alma e corrompidos no corpo; é por isso que, depois da regeneração de
nosso espírito, precisamos da transformação da alma e da transfiguração
do corpo. Então seremos completamente conformados ao Filho primogênito
de Deus como Seus muitos irmãos.
GLORIFICADOS
Finalmente seremos glorificados na vida divina e na natureza divina
(Rm 8:30) para possuir a glória de Deus, para Sua expressão na Nova
Jerusalém.
A IGREJA
Leitura da Bíblia: Mt 16:18; 18:17; 1 Tm 3:15; Ef 2:19; 1 Pe 2:5; Ef
1:22, 23; 3:19b; 2:15; 4:24; Cl 3:10, 11; Ef 5:25, 29, 32; Jo 3:29; Ap 19:7;
21:2,9; 22:17; Ef 6:11,12; 1 Co 12:12,13; At 8:1; 13:1; Ap 1:11-13, 20; 1
Co 3:10,11; Ef 2:20
A igreja é o objetivo final e máximo de Deus. O objetivo de Deus não é
somente ter muitos cristãos individuais. Seu objetivo é ter uma igreja
coletiva que possa ser Sua casa e o Corpo de Seu Filho. Esta igreja é a
expressão de Deus. A igreja é tanto a família de Deus expressando Deus, o
Pai, como o Corpo de Cristo expressando Cristo como Aquele que é a
corporificação do Deus Triúno (Cl 2:9). O que iremos tratar neste capítulo é
um extrato da revelação divina com respeito à igreja no Novo Testamento.
A EKKLESIA
A igreja é primeiramente uma ekklesia. Essa palavra grega denota
uma congregação chamada para fora. Nos tempos antigos quando uma
cidade chamava seus cidadãos para uma reunião, aquela congregação era
uma ekklesia. O Novo Testamento, começando com o Senhor Jesus em
Mateus 16, usa essa palavra para indicar a igreja (v. 18). A igreja é uma
congregação chamada por Deus para Ele. Os Irmãos Unidos preferem usar
a palavra assembléia. Creio que esta é uma melhor palavra para se usar,
porque a palavra igreja em português tem sido muito danificada.
Na minha infância na China, entendíamos a palavra igreja
significando um prédio com uma torre de sino. Para muitos de nós a igreja
era um prédio. Hoje, muitas pessoas pensam o mesmo. Elas dizem que
estão indo à igreja, referindo-se a um edifício. Esse conceito é
absolutamente errado. Devemos abandonar esse pensamento. A igreja não
é um edifício sem vida, mas algo orgânico, cheio de vida.
A igreja é uma assembléia de pessoas vivas, não um edifício físico
sem vida. Entretanto, considerar a igreja meramente como uma
congregação chamada para fora, uma assembléia, é ainda superficial. Pode
haver uma congregação, uma assembléia, porém sem vida. Hoje existem
muitas grandes congregações em nossa sociedade, as quais estão sem a
vida divina.
A CASA DE DEUS
A igreja é também a casa de Deus (1 Pe 2:5). Com isso não queremos
apenas dizer que a igreja é a habitação de Deus. Esta palavra grega oikos
não somente significa a casa, a habitação, mas também o lar. Oikos quer
dizer tanto casa como os familiares, a família, que compõe o lar; assim, ela
também pode ser traduzida por família (Ef 2:19).
O lugar de habitação de Deus hoje na terra é a igreja, e Deus, como
um grande Pai, tem uma família, a qual é a igreja. Para nossa vida familiar
temos uma casa e dentro da casa temos a família. Para nós a casa é uma
coisa, e família é outra; a casa é o prédio e a família são as pessoas que
vivem ali. A casa de Deus é a família de Deus, entretanto, são o mesmo. A
casa é a família e a família é a casa.
Nós, como a igreja, somos a casa de Deus, o lugar de habitação de
Deus. Ao mesmo tempo, somos a família de Deus. Tanto a casa de Deus
como a família de Deus são uma única entidade, isto é, um grupo de
regenerados, os chamados, habitados pelo próprio Deus. Estes chamados,
que foram regenerados por Deus com Sua vida e que estão sendo habitados
por este Deus vivo com tudo o que Ele é, são tanto o lugar de habitação de
Deus como a Sua família. Isso é mais do que uma assembléia. Isso é
diferente de um grupo de pessoas ou organização de pessoas. Isso é algo
orgânico —orgânico na vida divina, orgânico na natureza divina e orgânico
no Deus Triúno.
Alguns enfatizaram muito a ekklesia, mas não prestaram muita
atenção ao aspecto orgânico da igreja. Eles não disseram muito acerca da
igreja como a família de Deus. Devemos perceber, porém, que a igreja é
orgânica; ela é a casa viva de Deus. Paulo diz que a igreja é a casa do Deus
vivo (1 Tm 3:15) e que esta casa cresce (Ef 2:21). A sua casa cresce? As
nossas casas não crescem. Elas desvalorizam-se. Mas a casa de Deus
cresce! Para que algo cresça ele precisa ser vivo. Qualquer coisa sem vida
não pode crescer. Tudo o que cresce é orgânico, com vida. Aleluia! nós
estamos crescendo!
Em 1964 fui a Plainview, Texas, visitar um pequeno grupo de santos.
E, em 1965 fui a Waco, Texas, visitar outro pequeno grupo. Sem fé, eu teria
ficado completamente desapontado. Quando as notícias chegaram em Nova
Iorque, um amado irmão com quem eu tinha servido por vários anos disse
a outro irmão que ele não cria que estes pequenos grupos no Texas
durariam. Em 1968 fui para Lubbock. Não vi uma igreja grande; antes, vi
algo que precisava de muita fé. Pela Sua misericórdia tive aquela fé. Então
os santos no Texas mudaram-se para Houston em 1969, e fui visitá-los. A
situação ali era um tanto encorajadora, mas não tanto assim. Minhas
visitas a Irving, entretanto, em 1982 e 1983 deixaram-me animado. Houve
muito crescimento entre as igrejas no Texas porque a igreja é algo vivo. Ela
é a casa viva do Deus vivo. Não é algo de organização, mas de vida; assim,
seu crescimento é pela vida.
O CORPO DE CRISTO
A casa de Deus, a família de Deus, é orgânica, mas, num certo
sentido, ela não é tão orgânica como o Corpo. A igreja é o Corpo de Cristo.
Um grupo de cristãos pode ser uma assembléia, mas pode não ser na
realidade a casa de Deus porque eles não vivem no espírito. Eles podem
dizer que são o Corpo de Cristo, mas na realidade podem não ser, porque
ainda estão vivendo na vida natural. Se vivemos em nossa vida natural,
não somos o Corpo de Cristo.
Quando jovem, ouvi sobre dois ou três presbíteros que se reuniram
para conversar acerca de alguns assuntos em sua assim chamada igreja.
No final, um jogou sua Bíblia e outro levantou-se e saiu. Aquilo era o
Corpo? Aquilo não era o Corpo, mas a carne caída.
Que é o Corpo? Olhe para si mesmo. Seu corpo é a maior parte de
seu ser. Nada pode ser seu corpo, a não ser você mesmo. Uma prótese
dentária não é parte do seu corpo; ela é algo extra, sem nenhuma vida. Os
nossos dentes verdadeiros estão unidos ao nosso corpo, não por meio de
organização, mas por meio de vida. Eles crescem organicamente no corpo.
Um membro de seu corpo é orgânico; ele cresce em uma união orgânica
com o corpo. O que quer que não esteja em união orgânica com seu corpo é
estranho a ele.
Da mesma forma, o Corpo de Cristo é um organismo, não uma
organização. Uma plataforma, por exemplo, consiste em pedaços de
madeira organizados e ajustados. O corpo de um homem, por outro lado,
não é organizado, mas orgânico, cheio de vida.
A igreja não somente é a família viva de Deus, o Pai, mas muito mais,
é um organismo vivo de Cristo, a Cabeça. O cristianismo caiu num estado
onde há organização em vez de vida. Há milhões de cristãos na terra. Eles
foram perdoados por meio da redenção de Cristo, lavados pelo Seu precioso
sangue e regenerados pelo Espírito Santo; eles são filhos de Deus e
membros de Cristo. Todavia, na realidade, em sua vida e serviço o que se
vê é uma organização, não um organismo. Cristo é orgânico, mas "ismo"
não é. Qualquer tipo de "ismo", incluindo cristianismo e até mesmo "igreja-
localismo", é uma organização.
A igreja deve ser somente orgânica, um organismo cheio da vida de
Cristo. O que quer que você faça tem de ser proveniente da vida interior.
Você é vivo. Você tem Cristo como a corporificação do Deus Triúno vivendo
em você. Não se mova por si mesmo. Mova-se por Ele. Não aja por você
mesmo. Aja por Ele. Um dia, quando pretendi visitar um irmão, fui
impedido porque percebi que Cristo não estava indo visitar aquele irmão.
Era somente eu, o eu natural, o bom eu, o eu com boas intenções; era
totalmente eu mesmo, não Cristo. Então orei, dando ao Senhor minha
posição, minha base e tudo pertencente àquela visita. Daí o Senhor
começou a ir comigo. Existem muitos que amam o Senhor e são devotados
a Ele e, todavia, não percebem que sua vida natural deve ser colocada de
lado.
No novo homem, a igreja, "não pode haver grego nem
judeu,circuncisão nem incírcuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém,
Cristo é tudo e em todos" (Cl 3:10, 11). "Tudo" aqui indica pessoas. Dizer
que Cristo é tudo quer dizer que Ele é você, Ele é eu mesmo, e Ele é cada
um na igreja. Dizer que Cristo está em todos quer dizer que Ele está em
cada um na igreja. O novo homem, a igreja, não é chinês, japonês, francês,
inglês, alemão ou americano. O novo homem é Cristo. Portanto, quando
agimos como os chineses, japoneses, filipinos, americanos, ingleses,
alemães, franceses ou italianos, já não somos a igreja. No novo homem não
há judeu nem grego. Na realidade, no novo homem não pode haver
nenhum judeu ou grego. Não pode haver nenhum chinês ou japonês. No
novo homem não pode haver nenhum branco ou negro. Se ainda quer ser
negro ou branco, você está acabado para o Corpo de Cristo. A igreja é um
organismo. Portanto, devemos agir em nosso espírito, repudiando
totalmente nossa vida natural.
O NOVO HOMEM
Efésios 2:15 diz que Cristo por meio da cruz "aboliu na sua carne a
lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse
em si mesmo um novo homem." Então em Efésios 4:22-24 é-nos dito para
despojar-nos do velho homem e revestir-nos do novo homem. Este novo
homem é o Corpo de Cristo. Revestir-se do novo homem quer dizer viver
uma vida por meio do Corpo. Antes de nossa salvação estávamos vivendo
no velho homem, na velha sociedade, mas agora somos membros de Cristo,
vivendo em Seu Corpo. Devemos despojar-nos do velho homem com a velha
vida social, e devemos revestir-nos do novo homem, a igreja. Neste novo
homem não há nada natural, nada judeu, nada grego, nada de posição
social; todos estão cheios de Cristo, assim Cristo é tudo e Cristo está em
todos (Cl 3:10, 11). Não há nada além de Cristo no novo homem. A nossa
vida é Cristo, nosso viver é Cristo, nossa intenção é Cristo, nossa ambição
é Cristo, nossa vontade é Cristo, nosso amor é Cristo, e tudo o mais
relacionado a nós é Cristo. Ele satura todo o nosso ser.
Esse novo homem, de acordo com Efésios 4:17-32, vive uma vida pela
graça e verdade. Esses são os dois fatores principais no viver de tal novo
homem para cumprir o propósito de Deus. Deus necessita de um novo
homem nesta terra para cumprir o Seu propósito, para levar a cabo Sua
intenção.
A NOIVA DE CRISTO
Em Efésios 5 temos a igreja como a noiva de Cristo (vs. 25, 29, 32;
ver também Jo 3:29; Ap 19:7; 21:2, 9; 22:17). Cristo deu-se na cruz não
somente por você e por mim individualmente, mas para a igreja. Quando
pensamos acerca da morte de Cristo, normalmente consideramos somente
a nós mesmos individualmente. Sim, Cristo nos amou e morreu na cruz
por cada um de nós, mas Sua morte foi principalmente para a igreja.
Cristo também alimenta e cuida da igreja com carinho (v. 29).
Alimentar é nutrir. Cuidar com carinho é envolver com cuidado amoroso,
cheio de calor, como uma mãe segurando seu filho junto ao peito. Cristo
trata Sua igreja dessa maneira supridora e carinhosa.
O grande mistério mencionado em 5:32 refere-se a Cristo e à igreja. O
capítulo 5 refere-se ao amor (vs. 2, 25) e à luz (vs. 8, 9, 13). Amor é a fonte
da graça e luz é a fonte da verdade. Quando a luz brilha, ali está a verdade.
Quando o amor é expresso, ali está a graça. No capítulo quatro, a igreja
como o novo homem, experimenta graça e verdade, mas no capítulo 5 a
noiva que satisfaz Cristo experimenta algo mais profundo e mais elevado,
isto é, amor e luz. Como o novo homem, a igreja cumpre o propósito de
Deus. Como a noiva, a igreja satisfaz o desejo de Cristo. Ele é o Esposo e a
igreja é Sua esposa, satisfazendo o desejo de Seu Esposo.
A GUERREIRA
No capítulo quatro o novo homem cumpre o propósito de Deus. No
capítulo cinco a noiva satisfaz o desejo do coração de Cristo. Agora, no
capítulo seis, a igreja como a guerreira luta contra o inimigo de Deus (vs.
10-17).
Os Candelabros
Essas igrejas locais são candelabros. Um candelabro é a
corporificação do Deus Triúno. Como sabemos disso? Primeiro, a
substância do candelabro é ouro, significando Deus, o Pai, e a natureza
divina. Então, o candelabro tem um formato; ele não é somente uma massa
informe de ouro, mas tem uma forma definida. Isso significa Cristo como a
própria corporificação de Deus. Terceiro, as sete lâmpadas são os sete
olhos do Cordeiro e os sete Espíritos de Deus (Ap 5:6; 4:5 - IBB - Rev.). As
sete lâmpadas como os sete Espíritos de Deus são a expressão do Deus
Triúno. O Espírito é a expressão, o Filho é o formato, a forma, e o Pai é a
substância da igreja como o maravilhoso candelabro.
Dizer que a igreja é a corporificação do Deus Triúno não é fazer a
igreja uma parte da deidade, um objeto de adoração. Queremos dizer que a
igreja é uma entidade nascida de Deus (Jo 1:12, 13), possuindo a vida de
Deus (1 Jo 5:11, 12), e desfrutando a natureza de Deus (2 Pe 1:4). A igreja
tem a substância divina, possui a semelhança de Cristo e expressa o
próprio Deus. Desde que nascemos de Deus, nós certamente temos a vida
de Deus e possuímos a Sua natureza, e desfrutamos esta vida e natureza
todos os dias. Estamos aprendendo por Sua misericórdia e graça a não
viver por nossa vida natural, mas por meio da vida e natureza divinas.
Enquanto estamos sendo assim transformados, haverá a plenitude, a
expressão, a forma, a aparência de Cristo, e estaremos brilhando, não por
nós mesmos, mas pelo Espírito sete vezes intensificado.
A igreja é a corporificação do Deus Triúno para expressá-Lo. Nós,
como membros de Cristo, somos os filhos de Deus nascidos Dele, tendo
Sua vida e possuindo Sua natureza. Estamos fazendo o melhor para viver
por esta vida e natureza, para que possamos ser enchidos e saturados com
este rico Cristo a fim de tornarmo-nos Sua expressão por meio do Espírito
sete vezes intensificado.
Isso é uma igreja local. Ela não é somente uma assembléia exterior.
Ela é algo interior, de vida, contudo, expressando o próprio Deus. Queridos
santos, este é o objetivo de Deus.
SEU FUNDAMENTO
O fundamento da igreja é Cristo, revelado e ministrado por
intermédio dos apóstolos e profetas. Efésios 2:20 fala do fundamento dos
apóstolos e profetas. Esse fundamento é o próprio Cristo que eles
ministraram a outros. Paulo disse que Cristo era o único fundamento, o
qual ele havia lançado. Ninguém pode lançar outro fundamento (1 Co 3:10,
11). O Cristo, que é o fundamento da igreja, é o Cristo único, revelado e
ministrado pelos primeiros apóstolos, como registrado no Novo Testamento.
Devemos ficar com esse Cristo. Não devemos tomar "outro Cristo".
Quão gratos somos ao Senhor por que Ele tem guardado Sua Santa Palavra
nesta terra, e que sob Sua soberania ela tem sido traduzida para tantas
línguas! Que misericórdia! Se não houvesse a Bíblia nesta terra, que era
tenebrosa seria esta. Aleluia, temos a Bíblia! Isso é certamente a lâmpada
brilhando em um lugar escuro (2 Pe 1:19). Ela tem-se tornado a luz do
nosso caminho (SI 119:105) e nós estamos andando nesta luz — a luz da
Bíblia.
SUA BASE
A Primeira Epístola aos Coríntios 3:11 diz que não há outro
fundamento que possa ser lançado exceto o único fundamento, Cristo.
Antes que uma fundação seja lançada, entretanto, uma casa deve ter um
terreno no qual ela possa ser construída. O lote é a base sobre a qual o
fundamento é construído. Então a casa é construída em cima do
fundamento. A estrutura é construída sobre o fundamento e o fundamento
é lançado sobre a base.
A Igreja Católica alega que o seu fundamento é Cristo. As Igrejas
Metodista e Prebisteriana também alegam que o fundamento delas é Cristo.
Todas as denominações fazem esta mesma afirmação. O fundamento delas,
entretanto, está edificado sobre diferentes bases. A Igreja Presbiteriana está
edificada sobre Cristo na base Presbiteriana. A Igreja Batista está edificada
sobre Cristo, mas na base da imersão na água deles. Os metodistas têm
uma base metodista sobre a qual Cristo como o fundamento deles está
edificado. As várias denominações seguem o mesmo caminho. Elas
edifícam sua denominação em Cristo mas na base particular delas.
Nós não gostamos de criticar, mas temos de falar a verdade. Fico
pesaroso porque a Igreja Batista Sulina somente reconhece aqueles que são
imersos na água deles e pelos pastores deles. Se alguém foi imerso em
outro lugar, eles não o deixarão juntar-se a eles a menos que ele aceite a
imersão deles feita pelo pastor deles. Isso faz da imersão Batista a base e
os torna uma facção, uma denominação. A Igreja de Cristo tem uma
prática similar, exceto que eles crêem na regeneração batismal, que a água
deles pode regenerar aqueles que são batizados nela.
Antes de vir a Dallas em 1966, fui convidado por um irmão em Los
Angeles para jantar em sua casa. Enquanto estávamos comendo, um irmão
perguntou-me se cria no batismo pela água. Eu disse: "Creio no batismo
pela água e no batismo pelo Espírito também." Ele imediatamente começou
a argumentar que não havia tal coisa de batismo pela água na Bíblia. Era
cristão há quarenta anos e nunca tinha ouvido nenhum cristão dizer que
no Novo Testamento não há batismo pela água. Quando citei a ele João 3:5
acerca de ser nascido da água e do Espírito, ele disse que a água ali era a
água do ventre materno! Para ele, todos devem primeiramente nascer de
sua mãe, o que é significado pela água, e então ele tem de nascer do
Espírito. Eu nunca tinha ouvido tal explicação. O conceito era tão absurdo
que senti que não havia necessidade de falar.
Na manhã seguinte voei para Dallas. A noite tive uma reunião ali.
Enquanto eu estava falando, uma mulher ousada perguntou-me acerca do
batismo pela água. Descobri que ela era da Igreja de Cristo e que era
totalmente pelo batismo na água deles. Em Los Angeles alguém fora
totalmente contra o batismo pela água, e no dia seguinte em Dallas havia
alguém totalmente a favor do batismo pela água. Tal é a situação de hoje.
Pessoas edifícam uma assim chamada igreja sobre a base deles.
Todas as diversas denominações vieram à existência nas suas
diversas bases. Seus vários nomes — Presbiterianas, Batistas, Episcopais,
Luteranas, Metodistas, Pentecostais e outras — são as bases sobre as
quais edifícam suas igrejas. Em que base você está edifícado? Não diga em
Cristo. Todo cristão diz isso. Qualquer que seja a denominação ou grupo a
que você vai, eles dirão que o fundamento deles é Cristo. Mas, e quanto a
base onde o fundamento é lançado?
Qual é a nossa base? A base do início da era cristã, desde o tempo
dos apóstolos, é a única unidade do Corpo de Cristo, mantida e expressada
em cada igreja na sua localidade (Ap 1:11). Isso quer dizer que nós,
cristãos, em qualquer localidade que estejamos, nos reunimos para ser a
igreja ali. Não temos outra base além daquela da única unidade do Corpo
de Cristo. Uma igreja local é uma expressão da igreja universal. A igreja
universalmente é uma, e este único Corpo de Cristo é expressado em
muitas localidades. Em toda localidade onde há vários santos, esses santos
devem reunir-se como a igreja ali, não para tomar a base do batismo por
imersão, falar em línguas, o presbitério, um método, o sistema episcopal,
ou alguma base exceto aquela de ser um com
todos os outros reunindo-se ali como a expressão local do Corpo de
Cristo.
Essa unidade deve ser a base na qual somos edificados. Não devemos
ser sectários; não devemos ser exclusivos. Temos de ser todo-inclusivos,
abertos e amando todos os queridos santos. Contanto que sejam cristãos,
eles são nossos irmãos. Os nossos irmãos foram dispersos para muitas
denominações. Apesar disso, nós ainda os amamos. Não devemos ter uma
atitude ou um espírito de luta, oposição ou debate. Isso é errado. Devemos
sempre manter um espírito e uma atitude de amar todos os cristãos. Desde
que carreguem o nome de cristão e creiam no Senhor Jesus, eles são
nossos irmãos e irmãs. Nas igrejas locais não temos nenhuma parede. Não
temos nenhuma cerca. Consideramos todos os queridos cristãos como
nossos irmãos.
O REINO
(1)
Leitura da Bíblia: Mt 3:1, 2; 4:17; 10:1, 7; Lc 10:1, 9, 11; 4:43; Mt
24:14; Lc 17:20, 21; Jo 3:3, 5; Mc 4:26-29; At 1:3; 8:12; 19:8; 20:25;
28:23, 30, 31; Rm 14:17; 1 Co 4:17, 20; 6:9, 10; Gl 5:21; Ef 5:5; 2 Pe
1:3,11; Ap 1:9
A IGREJA E O REINO
O plano do Pai, a redenção do Filho e a aplicação do Espírito
produzem os crentes, que são os componentes da igreja. Em Mateus 16:18,
19 o Senhor Jesus disse a Pedro: "Sobre esta rocha edificarei a minha
igreja, e... dar-te-ei as chaves do reino dos céus" para abrir as portas do
reino. Pedro usou uma chave no dia de Pentecoste para abrir o portão aos
crentes judeus para entrarem no reino dos céus (At 2:38-42); ele usou a
outra na casa de Cornélio para abrir o portão para que os crentes gentios
entrassem no reino (At 10:34-48). Em Mateus 16:18, 19 estes dois termos,
a igreja e o reino, são intercambiáveis. Onde há a igreja, certamente há o
reino. Se há o reino, certamente há a igreja.
UM DIAGRAMA DO REINO
Desde que o reino é um dos mais complexos temas na Bíblia, o
diagrama nas páginas seguintes será de grande ajuda para o nosso
entendimento. O primeiro e o último círculos do diagrama estão coloridos
em amarelo dourado. Ouro significa Deus ou o que é divino. Estes dois
círculos representam a eternidade passada e a eternidade futura. Entre
esses dois círculos existem quatro círculos no tempo. O tempo é a ponte
entre os dois extremos da eternidade.
A ponte do tempo cobre quatro dispensações: a dispensação antes da
lei, a dispensação da lei de Moisés até Cristo, a dispensação da graça e
finalmente, a dispensação do reino. Essas dispensações ligam os dois
extremos da eternidade.
Os círculos intitulados "A Dispensação Antes da Lei" e "A
Dispensação da Lei" estão coloridos em marrom, significando algo terreno.
A dispensação antes da lei refere-se aos Patriarcas e dura de Adão até
Moisés. A dispensação da lei refere-se aos israelitas, durando de Moisés até
Cristo. (Por favor, reparem nas colunas na parte de baixo do diagrama com
as referências bíblicas e explicações.) Da primeira vinda de Cristo até a Sua
segunda vinda é a dispensação da graça. Quando o Senhor Jesus voltar
para estabelecer o Seu reino nesta terra, este será o reino de mil anos, o
milênio, a dispensação do reino. Os círculos intitulados "A Dispensação da
Graça" e "A Dispensação do Reino" estão coloridos em azul, significando o
reino dos céus. O céu é sempre demonstrado pela cor azul.
O último círculo está colorido em amarelo dourado, mas ele é bem
diferente do círculo amarelo dourado da eternidade passada. Na eternidade
futura está a Nova Jerusalém, a qual é uma composição de todos os santos
de todas as dispensações precedentes. Alguns serão dos Patriarcas, alguns
dos israelitas, alguns da igreja, e alguns também do milênio. Todos os
santos dessas quatro dispensações estarão reunidos como a consumação
final e máxima, a Nova Jerusalém. Em volta da Nova Jerusalém estarão as
nações purificadas como os povos do novo céu e nova terra.
O GOVERNO DE DEUS
O reino é o governo de Deus (At 26:18; Cl 1:13). Aqui Deus pode
exercer a Sua autoridade para o cumprimento do Seu propósito (Mt 6:13b).
O Senhor Jesus orou em Mateus 6:10: "Venha o Teu reino, faça-se a Tua
vontade." Se não há nenhum reino, Deus não tem como cumprir a Sua
vontade. Deus precisa de um reino para cumprir Seu propósito.
O REINO E ISRAEL
O reino foi primeiramente formado entre os filhos de Israel. Em Êxodo
19:6 o Senhor disse aos filhos de Israel que eles seriam para Ele um reino
de sacerdotes. Israel era o reino de Deus no Velho Testamento.
O REINO EM ATOS
Em Atos, o reino foi ensinado pelo Senhor depois de Sua
ressurreição. Atos 1:3 nos diz que Ele esteve com os discípulos por
quarenta dias "falando das cousas concernentes ao reino de Deus."
O reino foi também pregado pelos apóstolos. Em Atos 8:12 Filipe
"evangelizava a respeito do reino de Deus." Paulo também pregou o reino de
Deus (At 19:8; 20:25; 28:23, 31). Os últimos dois versículos de Atos nos
dizem que "por dois anos permaneceu Paulo na sua própria casa, que
alugara, onde recebia a todos que o procuravam, pregando o reino de
Deus."
Alguns mestres da Bíblia acreditam que o reino foi suspenso devido à
rejeição dos judeus. Eles crêem que esta não é a era do reino, mas a era da
igreja, e que o reino virá mais tarde. Esse ensinamento é incorreto. Como
vimos, a igreja na realidade é o reino. Mesmo nesta era, a era da igreja, a
era da graça, o reino está aqui. Isso é claro em muitas referências ao reino
no livro de Atos.
O REINO EM APOCALIPSE
O reino é também visto no livro de Apocalipse. João disse que ele era
um companheiro com os crentes "no reino e na perseverança, em Jesus"
(1:9). Se o reino é algo para o futuro, então a perseverança também deve
ser algo para o futuro. Se a perseverança está aqui hoje, então o reino deve
também estar presente hoje. A menção da perseverança em Apocalipse 1:9
indica que o reino no qual João estava não é algo ainda por vir. Ele está
aqui agora; nós somos cooperadores com João no reino presente.
Esse reino presente virá em sua plena manifestação depois da grande
tribulação (Ap 12:10). Então, finalmente, o reino do mundo se tornará o
reino de nosso Senhor e de Seu Cristo no milênio (Ap 11:15). Esse é um
esboço breve do ensinamento no Novo Testamento com respeito ao reino,
dos quatro Evangelhos até o final de Apocalipse.
CAPÍTULO SETE
O REINO
(2)
Leitura da Bíblia: Mt 11:11; 16:18, 19; 5:3, 10, 20; 7:21; 13:24, 25;
25:1, 14; 19:28, 29; 24:45-47; 25:19, 23; Ap 11:15; 20:4, 6; 1 Co 15:24; Ap
21:1,2,3-7; 22:2-5,14,17
A DIFERENÇA ENTRE O REINO DE DEUS E O REINO DOS CÉUS
O Reino de Deus
A maioria dos cristãos não percebem que existe uma diferença entre o
reino de Deus e o reino dos céus. Entretanto, o Novo Testamento faz uma
clara distinção entre os dois.
O reino de Deus é o governo divino de eternidade a eternidade. Ele
inclui Adão no Éden (Gn 2:8), os Patriarcas (de Adão a Jacó), a nação de
Israel (Êx 19:6), a igreja (Mt 16:18, 19), a nação restaurada de Israel (At
1:6; 15:16), o milênio (Ap 20:4, 6), e o novo céu e a nova terra (Ap 21:1, 2).
Atos 1:6 e 15:16 revelam que a nação restaurada de Israel é chamada de
tabernaculo de Davi. A nação de Israel será restaurada na volta do Senhor.
Depois disso será o milênio e, finalmente, o novo céu e nova terra. O reino
de Deus abrange todas as dispensações da eternidade passada à
eternidade futura. No diagrama há seis círculos, os quais incluem todas as
dispensações da eternidade passada à eternidade futura. A totalidade
desses seis círculos é o reino de Deus.
Um Período Transicional
O ministério de João Batista começa o Novo Testamento, mas ele
mesmo não estava no reino dos céus. Mateus 11:11 confirma isto: "Entre
os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista; mas
o menor no reino dos céus é maior do que ele." Este versículo indica que
João não estava no reino dos céus.
Entre o fechamento da era do Velho Testamento e o começo do reino
dos céus houve um período transicional. Tal foi o tempo no qual João
viveu. Ele estava próximo ao reino dos céus, mas não estava nele.
Mateus 21:43 e Marcos 12:9 indicam que o reino de Deus existia
antes do tempo de João Batista. O Senhor Jesus disse aos líderes judeus
que o reino de Deus seria tirado deles. Naquele tempo quando o Senhor
Jesus estava falando, o reino de Deus estava com a nação judaica, mas Ele
os estava prevenindo de que o reino de Deus seria tirado deles. Esses
versículos indicam que o reino de Deus já existia entre os israelitas. O
reino dos céus, em contraste, tinha somente se aproximado (Mt 3:2; 4:17).
Aqui novamente está evidente que o reino dos céus é diferente do reino de
Deus.
Começando em Pentecoste
Em Mateus 13 há muitas parábolas. A primeira é a parábola do
semeador. Quando o Senhor Jesus veio como o semeador para semear a
semente, o reino dos céus não havia vindo ainda; ele tinha somente se
aproximado (Mt 3:2; 4:17;
É na segunda parábola, do trigo e do joio, que o reino dos céus está
presente. O Senhor Jesus disse: "O reino dos céus é semelhante a um
homem que semeou boa semente no seu campo" (13:24). O reino de Deus
estava ali durante a pregação de João, de Jesus e de Seus discípulos.
Naquele tempo, entretanto, não havia o reino dos céus. Em Mateus 3:2
João Batista disse: "Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus."
Jesus começou o Seu ministério da mesma maneira, dizendo às pessoas
para se arrependerem, pois o reino dos céus estava próximo (4:17). Em
10:7 o Senhor Jesus incumbiu os doze para pregar que o reino dos céus
estava próximo.
Em Mateus 21:43, porém, o Senhor disse aos líderes judeus "que o
reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza
os respectivos frutos." Disto vemos que o reino de Deus estava com a nação
de Israel desde o tempo de Êxodo 19:6. No tempo em que o Senhor Jesus
falou a palavra em Mateus 21:43, o reino de Deus estava ali, mas o reino
dos céus somente estava próximo.
Em Mateus 16:18, 19 o Senhor Jesus disse a Pedro que Ele edificaria
a Sua igreja e que Ele daria a Pedro as chaves do reino dos céus. Pedro
usou uma dessas chaves para abrir a porta para os crentes judeus
entrarem no reino dos céus no dia de Pentecoste. Aqui está outra indicação
de que o reino dos céus começou no dia de Pentecoste.
No diagrama há uma flecha, sobre a qual se lê: "A descensão do
Espírito Santo" (At 2:1-4). A descensão do Espírito Santo no dia de
Pentecoste marca o início do reino dos céus e o início do cumprimento da
parábola do trigo e do joio. No dia do Pentecoste, Satanás começou a
semear joio, falsos crentes, no meio do trigo, os crentes.
Recompensa ou Punição
Os cristãos ou receberão recompensa ou sofrerão disciplina. A
recompensa é a realeza a ser exercida por Cristo com os Seus seguidores
fiéis nos mil anos. A punição é revelada em Mateus 24:50, 51: "Virá o
senhor daquele servo em dia em que não o espera, e em hora que não sabe,
e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e
ranger de dentes." Na volta do Senhor os cristãos relaxados e infiéis
sofrerão punição.
Não pense que o Senhor é bondoso demais para não puni-lo. Um bom
pai sempre disciplina os filhos. Disciplina é um sinal de amor (Hb 12:6, 7).
Fomos escolhidos, predestinados, chamados e regenerados; agora estamos
desfrutando a riqueza da graça do Senhor. Se recusarmos tomar o caminho
do Senhor, não devemos pensar que quando morrermos nossos problemas
acabarão. Isso não é lógico.
Um dia o Senhor voltará e estabelecerá o Seu trono de julgamento.
Aqui Ele julgará não os incrédulos mas os crentes. Em 2 Coríntios 5:9
Paulo disse que ele anelava ser agradável ao Senhor. Então continuou
dizendo: "Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal
de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito
por meio do corpo" (v. 10). Na volta do Senhor, nós, cristãos, teremos de
prestar contas a Ele no Seu trono de julgamento. Seu julgamento decidirá
se seremos recompensados com uma entrada no reino dos céus ou se
seremos punidos de alguma forma. Os cristãos derrotados sofrerão perda
(1 Co 3:15).
Vencedores
Entre os crentes nas sete igrejas em Apocalipse 2 e 3 existem alguns
vencedores fiéis, a quem o Senhor promete uma recompensa (Ap 2:7, 11,
17, 26-29; 3:5, 6,12,13, 21, 22). Esses vencedores que vivem na realidade
do reino dos céus na era presente da igreja, serão os seguidores fiéis de
Cristo na manifestação do reino dos céus. Eles serão recompensados com o
desfrute da vida eterna no milênio (Mt 19:28, 29; 24:45-47; 25:19-23). Eles
também serão co-reis com Cristo no milênio (Ap 20:4, 6; 2 Tm 2:12).
O MILÊNIO
O milênio tem uma parte terrena e uma parte celestial. A parte
terrena é o reino do Messias (2 Sm 7:13), o tabernáculo de Davi (At 15:16),
o reino do Filho do homem (Mt 13:41; Ap 11:15). O reino do Pai é a parte
celestial do milênio. O reino do Filho do homem é a parte terrena do
milênio. No milênio, os vencedores na parte celestial reinam com Cristo
sobre a parte terrena. Na parte terrena está o reino restaurado de Davi,
onde Cristo como o Filho do homem, o descendente real de Davi, será o Rei
sobre os filhos de Israel.
Durante este tempo os filhos de Israel serão sacerdotes (Zc 8:20-23;
Is 2:2, 3). Os santos vencedores serão reis na parte celestial, e a nação
restaurada de Israel será os sacerdotes na parte terrena, ensinando as
nações a conhecer a Deus e a servi-Lo. As nações serão o povo na parte
terrena do milênio (Mt 2:32-34). As ovelhas em Mateus 25 serão as nações
e as nações serão o povo.
No milênio, então, haverá três tipos de povos: os santos vencedores
como reis na parte celestial, os judeus restaurados como os sacerdotes na
parte terrena, e as ovelhas, as nações, como o povo. Os santos vencedores
terão as nações para governar e os judeus terão as nações para ensinar. As
nações serão o povo governado por nós e ensinado pelos judeus.
O reino dos céus terminará no milênio (Ap 20:7). O reino de Deus,
entretanto, continuará pela eternidade.
CAPÍTULO OITO
A NOVA JERUSALÉM —
A CONSUMAÇÃO FINAL E MÁXIMA
(1)
Leitura da Bíblia: Ap 21:1-3,9-14,16-23; 22:1,2,5,14,17
CRIAÇÃO E EDIFICAÇÃO
Requer-se toda a Bíblia para nos dar a revelação completa de Deus.
Gênesis fala-nos acerca da criação de Deus. Então, no fim da Bíblia vemos
uma cidade santa. No começo há a criação e, no fim, uma cidade. Na
criação Deus chamou "à existência as coisas que não existem" (Rm 4:17),
mas uma cidade significa algo mais porque uma cidade é uma edificação.
Na economia de Deus, então, Ele primeiro criou. Após a criação, Ele
começou a edificar.
A idéia de edificação percorre todo o Novo Testamento. Depois que
Pedro reconheceu que Jesus era o Filho de Deus e o próprio Cristo, o
Senhor disse a ele: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja" (Mt 16:18).
Aqui está a idéia de edificação em Mateus 16.
A idéia de edificação na realidade veio muito mais cedo. Para Deus o
que estava acontecendo, mesmo nos tempos do Velho Testamento, era uma
edificação. Em Mateus 21 o Senhor usou a parábola de uma vinha para
representar a nação judaica. No final da parábola o Senhor disse aos
líderes judeus que, por causa de esterilidade deles, o senhor da vinha
voltar-se-ia da vinha para uma outra nação (isto é, para a igreja) (vs. 33-
43). O Senhor disse a eles: "A pedra que os construtores rejeitaram, essa
veio a ser a principal pedra, angular" (v. 42). O Senhor estava lhes dizendo
que eles eram os construtores e que Ele era a pedra angular, a qual eles,
como líderes judeus, estavam rejeitando. Essa pedra rejeitada tornou-se,
na soberania de Deus, a pedra angular da edificação.
Cristo, como a pedra angular, é a base do evangelho. Muitos
pregadores citam Atos 4:12, que diz: "Não existe nenhum outro nome...
pelo qual importa que sejamos salvos." Temos de perceber, porém, que Atos
4:12 está baseado no versículo 11. O versículo 11 nos diz que Cristo, a
pedra rejeitada, tornou-se a pedra angular. Esta pedra angular é o próprio
Salvador no versículo 12. Cristo ser Salvador é baseado no fato de ser Ele a
pedra angular, a qual foi rejeitada pelos construtores na economia do Velho
Testamento. Os líderes judeus até aquele tempo eram os construtores aos
olhos de Deus; a pedra rejeitada tornando-se a pedra angular é uma
profecia no Salmo 118:22. Aos olhos de Deus, então, tanto a época do
Velho Testamento como a do Novo Testamento tem sido o seu período de
edificação.
Logo depois de Sua criação Ele começou a edificar. A Sua criação foi
para produzir os materiais de construção para Sua edificação. Deus criou o
universo e o homem com o propósito de edificar uma cidade. Criação
significa chamar coisas que não existem à existência. Uma cidade,
entretanto, é uma edificação a partir de coisas criadas. Deus tem duas
obras. A primeira é a obra de criação, e a segunda é a obra de edificação. A
Nova Jerusalém, uma cidade como o edifício de Deus, é a conclusão de
toda a revelação de Deus.
O TABERNÁCULO DE DEUS
A Nova Jerusalém será o tabernáculo de Deus com os homens na
eternidade. O tabernáculo em Apocalipse não é um termo novo. Ele é
plenamente revelado e retratado em Êxodo 25 a 40. Então, João 1:14 diz
que a Palavra tornou-se carne e tabernaculou entre nós. Quando Jesus
estava nesta terra, Ele era um tabernáculo. Então, nos últimos dois
capítulos da Bíblia está o tabernáculo eterno. Portanto, para entender os
dois últimos capítulos de Apocalipse, temos de voltar e estudar Êxodo 25 a
40 e João 1:14.
Pedras Preciosas
O fundamento e a muralha edificadas com pedras preciosas
representam os santos transformados pelo Espírito Santificador (21:19, 20,
18a, 11b). Fomos feitos do pó, mas fomos regenerados em pedra e
transformados em pedras preciosas. O pó, regenerado em pedra e
transformado em pedra preciosa, está qualificado para ser usado como
material para a edificação de Deus.
Sem Templo
João diz que ele não viu nenhum "santuário, porque o seu santuário
é o Senhor, o Deus Todo-poderoso e o Cordeiro" (21:22). Isso indica que a
cidade inteira é o templo. Primeiramente há o tabernáculo em Êxodo.
Então, depois de entrar na boa terra, os filhos de Israel edifícaram um
templo, que substituiu o tabernáculo. Mesmo antes de o templo ser
edificado, em 1 Samuel 3:3 o tabernáculo era chamado o templo. Isso quer
dizer que o tabernáculo e o templo, na realidade, referem-se a uma coisa
só. Um podia ser desmontado e movido de um lugar para outro no deserto;
o outro tinha uma localização estabelecida na boa terra como uma
edificação mais permanente.
A cidade santa é chamada o tabernáculo. No Velho Testamento o
templo estava na cidade de Jerusalém, mas em Apocalipse 21 e 22 a cidade
inteira é o tabernáculo e o templo. Esse templo não é somente a habitação
de Deus, mas também o lugar de habitação de todos os que O servem.
Naquele tempo todos os santos serão sacerdotes com um sacerdócio eterno.
Todos nós O serviremos (22:3). O nosso lugar de habitação, então, será o
templo. A Nova Jerusalém é um grande templo, onde tanto Deus como os
Seus redimidos habitam juntos.
CAPÍTULO NOVE
A NOVA JERUSALÉM —
A CONSUMAÇÃO FINAL E MÁXIMA
(2)
Leitura da Bíblia: Ap 1:1; 21:1-3,10-21
Os Candelabros
O primeiro sinal em Apocalipse que o apóstolo João viu são os
candelabros. No capítulo um nos é dito que João, no dia do Senhor, na ilha
de Patmos, viu sete candelabros de ouro. Ele viu os candelabros. Os sete
candelabros são as sete igrejas (1:20). Descrever o que a igreja é no seu
significado espiritual usaria mil livros. Mas somente um sinal, uma figura,
é melhor do que mil palavras.
Que é a igreja? Que deveria ser a igreja? Olhem para o candelabro. A
igreja tem de ser de ouro. Ouro significa a essência de Deus, a natureza de
Deus. Isso quer dizer que a igreja tem de ter a essência de Deus como a
sua substância. Este ouro tem de estar na forma de um candelabro, um
candelabro brilhando com uma intensidade sétupla. Algumas lâmpadas
têm um interruptor triplo; mas vocês já viram uma lâmpada sétupla? O
candelabro tem um brilho sétuplo. A natureza de ouro significa a essência
de Deus, a forma representa Cristo como a corporificação do Deus Triúno,
e as sete lâmpadas são os sete Espíritos (4:5 - VRC).
A Trindade está aqui: o Espírito está brilhando, Cristo é a
corporificação e Deus é a própria essência. Que é a igreja? A igreja é uma
composição, uma constituição do Deus Triúno, brilhando as virtudes e os
atributos de Deus na noite escura para que todos vejam a luz. Precisamos
de mensagem após mensagem para descrevermos o que a igreja é, mas a
sabedoria de Deus é mostrar-nos um candelabro. Santos, isso é a igreja.
Olhem para a igreja. O candelabro é a igreja! A igreja não é de barro, mas
de ouro. Ela é da natureza divina de Deus. Ela não é sem forma, mas tem
forma. Ela não é trevas, mas resplandecente. Isso é a igreja!
As Sete Estrelas
O segundo sinal são as sete estrelas, que acompanham os
candelabros. As sete estrelas são os mensageiros ou os anjos das igrejas
(1:20). Em cada igreja existem alguns irmãos que são estrelas em
espiritualidade. Eles são estrelas brilhantes. Em Daniel 12:3 é dito que
aqueles que converterem muitos à justiça brilharão como estrelas. Em
Mateus 13:43 o Senhor diz que o justo brilhará no reino vindouro como o
sol. Mas os mensageiros da igreja não precisam esperar até a era vindoura
para brilhar. Eles estão brilhando agora mesmo. Espero que todos os
presbíteros nas igrejas sejam estrelas brilhantes. Quando as pessoas vão a
eles, elas devem vir para a luz. Um estrela brilha, ilumina, em tempo de
trevas. Ao olhar para as estrelas podemos aprender que tipo de pessoas
devem ser os líderes na igreja.
O Cordeiro
Cristo não somente é um Leão, mas também um Cordeiro (5:6). Para
Satanás e todos os inimigos Cristo é um
Leão, mas para nós, os redimidos, Ele é um Cordeiro. Vocês têm
medo de um cordeiro? Vocês podem ter medo de leão, mas sentem amor
por um cordeiro. Para nós o Senhor Jesus é um Cordeiro, um Cordeiro
redentor. Pensar que na eternidade, no trono de Deus haverá literalmente
um cordeiro com quatro patas e uma cauda não é a maneira apropriada de
entender a Bíblia. Lembro-os novamente, Apocalipse é um livro de sinais.
A Colheita e as Primícias
Nesta terra, Deus tem uma colheita. Essa colheita representa todos
os santos do Novo Testamento vivendo na terra próximo ao tempo da volta
do Senhor (14:15). Dentre esses crentes vivos sairão as primícias. Esses
serão alguns vencedores vivendo entre os crentes que amadurecem mais
cedo e tornam-se as primícias.
A Grande Babilônia
A grande Babilônia representa a Igreja Romana. Ela é chamada de a
grande prostituta (17:1, 5) por causa das suas relações pecaminosas com
os governadores da terra para o benefício dela.
A Esposa do Cordeiro
A esposa do Cordeiro, a noiva em Apocalipse 19:7, será todos os
vencedores ao longo das gerações, incluindo os do
Velho Testamento, isto é, os vencedores mortos e ressurretos mais os
vencedores vivos (as primícias). Eles serão a Sua noiva nos mil anos (20:4-
6). Aquele dia será o dia do casamento. Mil anos para o Senhor são um dia
(2 Pe 3:8). Todo o milênio será um dia de casamento. No dia do casamento
a esposa é uma noiva, mas depois daquele dia ela torna-se uma esposa.
Depois do milênio, na eternidade, a noiva é a esposa. Todos os vencedores
entre o povo redimido de Deus serão Sua noiva.
A Nova Jerusalém
Agora chegamos ao último sinal, a Nova Jerusalém. A Nova
Jerusalém é o conjunto de todos os candelabros. No começo desse livro
existem sete candelabros, candelabros locais nesta era. No final desse livro
existe um conjunto, um candelabro composto, não candelabros locais, mas
o eterno, o universal. Apocalipse inicia com os candelabros e termina com o
candelabro. Os candelabros são sinais das igrejas; a Nova Jerusalém é
também um candelabro, o sinal do lugar de habitação de Deus.
ENTENDENDO APOCALIPSE
Esse é o livro de Apocalipse, contendo todos esses sinais cruciais. Se
vocês os entendem, entendem todo o livro de Apocalipse. Com tal visão
clara e exata, vocês crêem que a Nova Jerusalém será uma cidade física
edificada por Deus ao longo de todos os séculos? Apocalipse é um livro de
sinais. Cada item principal é um sinal. Sinais não devem ser interpretados
literalmente. Vocês acham que a igreja é um suporte de verdade com sete
lâmpadas brilhando? Isso é um entendimento errado. Vocês crêem que
Jesus Cristo é um cordeiro de verdade? Isso é ridículo! Crêem que o César
vindouro do Império Romano será uma besta de verdade que emerge do
Mar Mediterrâneo e pula para a margem? Crêem que a esposa do Cordeiro
em Apocalipse 19 será uma mulher adornada com um longo vestido de
casamento? Novamente, não faz nenhum sentido entender esses fatos
dessa maneira.
CAPÍTULO DEZ
A NOVA JERUSALÉM —
A CONSUMAÇÃO FINAL E MÁXIMA
(3)
Leitura da Bíblia: Ap 21:2,3,10-23; 22:1,2a, 14,17,19
O Tabernáculo e o Templo
Israel primeiramente edificou o tabernáculo. Então, quando entraram
na boa terra, Deus revelou-lhes por meio de Davi (2 Sm 7:2, 5-13) que Ele
queria ter algo fixo e não transportável. O tabernáculo era uma casa de
Deus "transportável." Ele podia satisfazer a Deus temporariamente, mas
não permanentemente. Ele queria algo fixo edificado sobre um fundamento
sólido. O templo não era móvel ou transportáve, mas algo estabelecido.
Davi conhecia o coração de Deus e preparou todos os materiais para a
edificação do templo (1 Cr 22). Deus tinha-lhe dado um filho, Salomão, que
edificaria o templo. Esse templo era a ampliação do tabernáculo. Quando
ele foi finalizado, as coisas do tabernáculo foram trazidas para dentro do
templo (2 Cr 5:1, 5), indicando que os dois eram, na verdade, um.
No Novo Testamento, o Senhor Jesus em João 1:14 é revelado como o
tabernáculo, mas em João 2:19-21 Ele indica que Ele é o templo. "Destruí
este santuário, e em três dias eu o reconstruirei" (v. 19). A palavra de Jesus
aqui indica que Seu corpo era o verdadeiro templo. Quando Ele disse que
levantaria o templo em três dias, sabemos que Ele ergueu uma casa de
Deus em ressurreição. A casa de Deus que Jesus edificou em ressurreição
não é somente Ele próprio, mas inclui Seus crentes também (Ef 2:6).
Assim, esse templo edificado na e pela ressurreição de Jesus é um templo
coletivo. Esse templo é a igreja. A igreja é o templo (1 Co 3:16).
A Consumação do Templo
A Nova Jerusalém é a consumação de tal templo. Baseado neste
princípio, não podemos dizer que ela é uma cidade física ou uma mansão
celestial. Uma vez que a Nova Jerusalém é a consumação final e máxima de
toda a edificação da habitação de Deus ao longo das gerações como a
conclusão de toda revelação de Deus de Sua economia, ela é totalmente
orgânica. Ela é seres humanos mesclados com Deus. Essa composição será
uma habitação mútua, para Deus habitar nos santos e para os santos
habitarem em Deus.
A Nova Jerusalém é uma composição do povo redimido e regenerado
de Deus, que são os Seus Filhos. Essa cidade é também o agregado da
filiação divina. Efésios 1 diz que fomos escolhidos e predestinados para a
filiação (vs. 4, 5). O agregado da filiação será a Nova Jerusalém. Ela
é a composição de todos os filhos de Deus (Ap 21:7). Tal edificação, a
cidade santa, é uma pessoa coletiva viva porque ela é chamada de a esposa
do Cordeiro (Ap 21:9). Uma cidade física não pode ser uma esposa. Uma
esposa é uma pessoa; portanto, essa cidade deve ser uma pessoa coletiva
viva.
Um Edifício em Ressurreição
Apocalipse 21:17b diz que a medida da muralha é "medida de
homem, isto é, de anjo." Esse é um sinal de que naquele tempo o homem
será como os anjos. Em Mateus 22:30 o Senhor Jesus indicou que em
ressurreição o homem será "como anjos de Deus nos céus." Assim, o
homem sendo como um anjo indica o princípio da ressurreição. A cidade
inteira, portanto, estará em ressurreição. Cristo, o Cabeça, e nós, Seus
membros, estaremos todos em ressurreição.
CAPÍTULO ONZE
A NOVA JERUSALÉM —
A CONSUMAÇÃO FINAL E MÁXIMA
(4)
Leitura da Bíblia: Ap 21:3,4,6,7,24,26; 22:2-5,14,17
A Nova Jerusalém é a consumação de toda a revelação divina. Os
sessenta e seis livros da Bíblia têm uma conclusão, e essa conclusão é a
Nova Jerusalém. A Bíblia começa com a criação de Deus e finaliza com o
Seu edifício. A criação não é o objetivo de Deus. Ela é para o Seu objetivo,
que é a edificação. Essa idéia da edificação divina percorre toda a Bíblia.
O VELHO TESTAMENTO
A visão do edifício de Deus veio primeiro para Jacó. Enquanto estava
fugindo de seu irmão Esaú, ele teve um sonho. Sonhou com a casa de
Deus, Betel (Gn 28:11-19). Mais tarde, Deus trouxe os descendentes de
Jacó para fora do Egito e para o monte Sinai, onde ficaram por um longo
tempo. Enquanto estavam ali, Deus mostrou-lhes o projeto celestial de um
edifício, o tabernáculo, que seria a habitação de Deus entre Seu povo na
terra.
Depois que eles entraram na boa terra, Deus quis que edificassem o
templo. O Velho Testamento é uma história principalmente do tabernáculo
e do templo. Esses dois são um — o lugar de habitação de Deus nesta terra
entre Seu povo. A história dos descendentes de Jacó é uma história do
tabernáculo e do templo no Velho Testamento. Esses dois foram o centro, o
foco da história do povo de Deus no Velho Testamento nesta terra.
O NOVO TESTAMENTO
No Novo Testamento vemos Deus encarnado. Deus tornou-se carne.
João 1:14 nos diz que Este que se encarnou "tabernaculou entre nós" (lit.).
João usou particularmente esta palavra "tabernaculou." Isso indica que
quando o Senhor Jesus estava na terra, em carne, Ele era o tabernáculo de
Deus. Em prefiguração o tabernáculo edificado em Êxodo era um tipo
completo da encarnação do Senhor; o Senhor encarnou-se para ser a
própria corporificação de Deus nesta terra. Essa corporificação era a
habitação de Deus. Colossen-ses 2:9 nos diz que a plenitude da Deidade
habita em Cristo corporeamente, em Cristo com um corpo humano, físico.
O próprio Cristo era a corporificação de Deus, e essa corporificação era o
tabernáculo de Deus.
Em João 2:19 o Senhor disse aos judeus: "Destruí este santuário, e
em três dias o reconstruirei." O corpo do Senhor Jesus era o templo de
Deus (v. 21). Em João 1 está o tabernáculo e em João 2 está o templo. A
palavra do Senhor Jesus "em três dias" significa a Sua ressurreição. Paulo
nos diz em Efésios 2:6 que quando Cristo foi ressuscitado, nós fomos
ressuscitados juntamente com Ele. Pedro diz mais adiante que por meio
daquela ressurreição todo-inclusiva todos fomos regenerados (1 Pe 1:3).
Nascemos de Deus e somos os Seus filhos. Isso implica que o próprio
templo que o Senhor Jesus edificou em três dias, isto é em Sua
ressurreição, não é algo individual, mas algo coletivo. Portanto, nas
Epístolas nos é dito que a igreja como o Corpo de Cristo é o templo de
Deus. Em 1 Coríntios 3:16 diz que os santos são templo de Deus.
O Novo Testamento termina com a Nova Jerusalém, e a Nova
Jerusalém como a conclusão da Bíblia é chamada de tabernáculo (Ap
21:3). João disse que ele não viu nenhum templo na cidade santa, "porque
o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-poderoso e o Cordeiro" (21:22).
Como temos enfatizado, a medida da Nova Jerusalém é a mesma em
comprimento, largura e altura. Nas três dimensões a cidade mede doze mil
estádios (21:16). O princípio revelado na Bíblia é que um edifício com três
dimensões iguais indica o Santo dos Santos. O Santo dos Santos no
tabernáculo era de dez côvados nas três dimensões. O Santo dos Santos no
templo de acordo com 1 Reis 6:20, era também de três dimensões iguais,
de vinte côvados cada. De acordo com a medida da Nova Jerusalém, então,
esta cidade santa deve ser o Santo dos Santos. Se lermos Apocalipse 21
cuidadosamente, podemos ver que a cidade santa é tanto o tabernáculo
como o templo.
Tanto o Velho Testamento como o Novo Testamento estão focalizados
no tabernáculo e no templo como a habitação de Deus. Então a conclusão
de toda a Bíblia, tanto o Velho Testamento como o Novo, é também o
tabernáculo e o templo. No Velho Testamento o tabernáculo prefigurava
Cristo individualmente como o tabernáculo de Deus, e o templo tipificava
Cristo coletivamente como o templo de Deus. O que temos aqui é Cristo e a
igreja. Cristo é o cumprimento do tipo do tabernáculo, e Cristo como a
Cabeça com a igreja como Seu corpo, juntos, cumprem a figura do templo.
Isso terá uma consumação, e essa consumação final e máxima será a Nova
Jerusalém, a qual é tanto o tabernáculo como o templo. Aqui está a
consumação final e máxima da habitação de Deus, a qual Ele tem edificado
por séculos. Esta Nova Jerusalém é, além disso, uma composição viva de
todos os santos do Velho Testamento, assim representados pelos nomes
das doze tribos, e de todos os santos do Novo Testamento, assim
representados pelos nomes dos doze apóstolos. Ela é a composição viva do
povo redimido de Deus para ser o lugar eterno de Sua habitação.
Filiação Total
A Nova Jerusalém é o agregado da filiação divina. Há somente uma
única filiação divina; todos estamos nessa única filiação. Na ressurreição
todos seremos homens, incluindo as irmãs. Nesse corpo da velha criação
ainda temos a diferença entre irmãos e irmãs, mas em ressurreição todos
seremos homens, irmãos. A filiação total será completada por meio do
arrebatamento e ressurreição vindouros. Quando estivermos lá na Nova
Jerusalém, aquilo será um agregado da filiação divina. Essa filiação é para
a expressão coletiva do grande Deus que é triúno — o Pai, o Filho e o
Espírito.
FILIAÇÃO EM ROMANOS 8
Em Romanos 8 Paulo é forte nessa questão de filiação. Romanos 8
diz: "Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de
Deus" (v. 14). Deus não nos tem dado um espírito de escravidão mas um
espírito de filiação (v. 15). O Seu Espírito testifica com o nosso espírito que
somos filhos de Deus (v. 16). Toda a criação está aguardando ansiosamente
por essa nossa filiação (v. 19). Deus está agora nos conformando à própria
imagem do Primogênito, Cristo (v. 29). Somos os Seus irmãos hoje, mas
não plenamente. Nós estamos no processo. Quando estivermos
conformados à imagem do Primogênito, seremos a Sua própria expressão
de uma maneira coletiva.
DUAS CATEGORIAS
No novo céu e nova terra existem duas categorias de pessoas. Uma
são os muitos filhos e a outra são os povos. Quando estivermos na Nova
Jerusalém, seremos os filhos de Deus, não os povos de Deus.
Na Inglaterra há uma família real. Eles não são "o povo", mas os que
reinam. Santos, vocês já consideraram que não estão entre o povo comum?
Vocês são da família real. João nos diz em Apocalipse 1:6 que Cristo tem-
nos feito "um reino, sacerdotes para seu Deus e Pai." Somos os filhos do
Deus Todo-poderoso, que é o Rei dos reis. Isso nos faz membros, familiares
da família real. Não somos somente filhos de Deus mas também membros
da família real.
Em Apocalipse 21:3 se diz: "Eles serão povos de Deus." Então em
21:7 se diz: "O vencedor... me será filho." Em 21:24 estão "as nações". As
nações andarão mediante a luz da cidade santa. Nós, os filhos, a família
real, somos a cidade santa. Para Deus, então, Seus Filhos são uma
categoria e Seu povo é outra.
Em Londres, fui levado para ver a troca da guarda em frente do
portão do Palácio de Buckingham. Mesmo na grande cidade de Londres, há
uma "pequena cidade" chamada Palácio de,Buckingham, onde a família
real vive. A
Nova Jerusalém será o Palácio de Buckingham celestial, espiritual,
divino e eterno. Em volta da cidade real estão as nações.
No novo céu e nova terra não seremos os povos, as nações, mas os
filhos. Os filhos de Deus em Apocalipse 21:6, 7 são aqueles que nasceram
de Deus por meio da regeneração (Jo 1:12, 13; 1 Pe 1:3, 4, 23; Tg 1:18).
Eles estão edificados juntos por meio da transformação (1 Co 3:9-12a; Ef
2:20-22; 1 Pe 2:4-6; 2 Co 3:18; Rm 12:2; Ef 4:23, 24). Eles serão
glorificados em plena conformação para serem uma expressão coletiva do
Deus Triúno (Rm 8:29, 30; Hb 2:10; Ap 21:11). As nações do lado de fora
da Nova Jerusalém não são de nascidos de novo, transformados ou
glorificados. Somos diferentes das nações.
Os Filhos de Deus
As pessoas que são renascidas, transformadas, glorificadas e
conformadas serão os componentes da Nova Jerusalém. Hoje os crentes
como os membros do Corpo de Cristo são os componentes da igreja, que é
tanto a casa de Deus como a esposa de Cristo. A igreja não é um edifício.
Ela é uma composição viva de todos os membros vivos de Cristo. Essa
composição viva é um organismo. Não é uma organização. Onde essas
pessoas estão, ali está o organismo. Estamos aqui como esse organismo, a
igreja. Se mudarmos para Brasília, esse organismo estará ali em Brasília.
Esses componentes — os filhos de Deus regenerados, transformados,
glorificados e conformados para ser tanto a casa de Deus como a esposa de
Cristo (Ap 21:3, 9) — na eternidade comerão da árvore da vida e beberão a
água da vida. Esses serão os dois desfrutes principais, substanciais e
básicos dos filhos de Deus. Apocalipse 22:14 promete que teremos o direito
de comer da árvore da vida. Em Apocalipse 22:17 existe um chamado para
beber água. Esses serão nossos desfrutes básicos na Nova Jerusalém pela
eternidade.
Então serviremos a Deus e ao Cordeiro como Seus escravos (Ap 22:3)
pela eternidade. Também seremos reis sobre as nações — os povos — pela
eternidade. Apocalipse 22:5 diz que reinaremos "pelos séculos dos séculos."
Os crentes como filhos de Deus serão todos reis. Os anjos serão os que
servem (Hb 1:13,14), servindo-nos. Eles são os servos da família real, e nós
somos reis sobre as nações. Este é o reino de Deus na eternidade.
Os Povos de Deus
Os povos de Deus em Apocalipse 21 são o remanescente das ovelhas
descritas em Mateus 25:31-46. Quando o Senhor Jesus voltar, Ele sentará
em Seu trono de glória em Jerusalém e reunirá todos os diversos povos
vivos das nações para Ele. Eles serão classificados era ovelhas e cabritos e
Ele os julgará. Os cabritos, que estão à Sua esquerda, irão diretamente
para o lago de fogo. As ovelhas, à Sua direita, herdarão o reino milenar,
que Deus preparou para eles desde a fundação do mundo. Fomos
predestinados para a filiação antes da fundação do mundo, mas o milênio
foi preparado por Deus para essas ovelhas desde a fundação. Há uma
diferença. Esse julgamento não será no grande trono branco (Ap 20:11),
que segue o milênio. Ele será no trono da glória de Cristo antes dos mil
anos. O julgamento não será de acordo com a lei de Moisés nem de acordo
com o evangelho da graça, mas de acordo com o evangelho eterno (Ap 14:6,
7). Muitos cristãos nunca ouviram a respeito do evangelho eterno. Ele não
inclui redenção nem perdão de pecados. Ele compreende duas coisas:
temer a Deus e adorá-Lo. Esse evangelho será pregado por um anjo no
tempo da grande tribulação, que durará três anos e meio. Esse é o tempo
no qual o Anticristo fará tudo o que puder para perseguir os judeus e os
cristãos. Em Mateus 25, de acordo com o veredito do julgamento de Cristo,
os judeus e os cristãos serão tratados muito bem pelas ovelhas (vs. 34-36).
Mas muitos seguirão o Anticristo na perseguição aos judeus e aos cristãos.
Cristo fará o Seu julgamento adequadamente, e aquele julgamento se.a de
acordo com o evangelho eterno.
As ovelhas serão transferidas para o reino milenar para serem os
povos, e os santos vencedores serão os reis sobre eles (Ap 20:4, 6). As
ovelhas serão restauradas ao estado original do homem quando criado por
Deus e serão os cidadãos do reino milenar, desfrutando a bênção da
restauração (At 3:21). Restauração não é regeneração. Ser regenerado é ser
nascido de novo com uma outra vida, a vida de Deus, mas ser restaurado é
ser trazido de volta ao estado original da criação de Deus.
No final do reino milenar, Satanás, depois de ser libertado, instigará a
última rebelião contra Deus (Ap 20:7-9). Muitas das ovelhas se unirão à
rebelião de Satanás e serão queimadas com o fogo do céu. O remanescente
das ovelhas será transferido para a nova terra para ser as nações (Ap
21:24). Deus "tabernaculará" com eles, os povos (Ap 21:3). Eles serão
governados pelos filhos de Deus como reis (22:5). Para eles não haverá
mais morte, mágoas, choro, dor ou maldição (21:4; 22:3a). Eles serão
sustentados eternamente pelas folhas da árvore da vida (22:2). Nós
comeremos do fruto, mas as nações desfrutarão das folhas. Eles andarão
através da luz da cidade santa (21:24a). Com os seus reis trarão a glória e
honra deles para a cidade. Eles respeitarão a cidade e a considerarão como
superior.
CONTRACAPA