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Da Boca para Fora
Da Boca para Fora
Às vezes a caneta fica tão pesada que cai da mão (mesmo que ela, a
caneta, não passe de uma metáfora). Foi o que aconteceu na semana
passada. Não consegui escrever a minha crónica regular para este
espaço. Não foi por falta de assunto, mas por excesso.
Claro que teve a ver com as recentes eleições no Brasil. Mas não só. O
novelo da novela da vida real que estamos a encenar e a assistir tem
muitos fios para se puxar. Estes são tempos profícuos para cronistas e
terríveis para a humanidade.
Há dias esbarrei num cartoon cuja piada era sintomática. Nele vemos
um desenho da prateleira vazia de uma livraria. O espaço é ocupado
por um aviso: "Os livros com distopias pós-apocalípticas que aqui se
encontravam foram transferidos para a secção de atualidades."
"Da boca para fora" é uma expressão relacionada com a mentira. Tem
a ver com teatralidade e dissimulação. O líder que diz coisas apenas
da boca para fora é, via de regra, um sonso e um mentiroso.
Liderados que aceitam tal atitude (ou que a aplaudam) revelam uma
elasticidade ética muito grande. Isto já aconteceu no passado com
resultados terríveis (tanto à direita quanto à esquerda). "Da boca para
fora" nunca deveria ser (nunca é) uma plataforma política aceitável.
Publicitário e Storyteller