I Encontro Internacional TIC e Educação
Interacção e questionamento numa rede
social em contexto de estágio
RITA GONÇALVES 1, MARIA JOÃO LOUREIRO 2, FRANCISLÊ NERI DE SOUZA2
1
Instituto de Promoção Social de Bustos, 2Universidade de Aveiro
rita_goncalves@ipsb.info, mjoao@ua.pt, fns@ua.pt
RESUMO: A utilização de ferramentas Web 2.0 é
cada vez mais usual nos dias de hoje, sendo
considerada uma tecnologia ao serviço de todos para
criação e partilha de informação. No entanto, a sua
utilização ainda é muitas vezes vista como forma de
divertimento. Neste trabalho, pretende-se mostrar
que através da utilização de uma rede social
integrada, num Estágio de alunos do 12º ano,
potencia a entreajuda e o questionamento. A rede foi
explorada para promover a interacção entre alunos,
professor/orientador e monitores e assim fazer um
acompanhamento mais próximo dos alunos
dispersos em várias empresas e facilitar a entreajuda
na resolução de problemas. O tipo de interacção na
rede criada foi analisado tendo em consideração o
objectivo traçado. Sendo a formulação de perguntas
considerada uma das componentes essenciais na
resolução de problemas, fez-se a análise do tipo de
perguntas efectuadas. A análise realizada sugere que,
os alunos, em contextos de aprendizagem activa
privilegiam a colaboração, interagindo através de
opiniões ou pela formulação de perguntas,
emergentes dos problemas reais que surgiram no
decurso do estágio.
Palavras-chave: rede social, interacção online,
questionamento, estágio.
ABSTRACT: The use of Web 2.0 tools is
increasingly common nowadays. Web 2.0 tools are
considered a technology that can be widely accessed
to generate and share information. However, its use
is often seen as a form (as a popular means) of
entertainment. In this paper, it is shown that using a
social network, in the context of vocational training
at the workspace, involving secondary students (12 th
school year), can enhance mutual help and
questioning. The network was exploited to closely
monitor the students, allocated in different
enterprises: promote interaction between the
students, the supervisor and tutors; and cooperation
among students in problem solving. The interaction
within the network forums was analyzed taking into
account the defined aims. Since the formulation of
questions is considered one of the key components
for problem solving, the students’ questions were
analyzed. The analysis suggests that the students in
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active learning environments privileged
collaboration, interacting through the exchange of
opinions or asking questions, emerging from real
problems that arose in their workplace contexts.
Keywords: social network, online interaction,
questioning, vocational training at the workplace.
INTRODUÇÃO
O conceito de ferramentas Web 2.0 ou
Web Social revolucionou a utilização da
Internet, porque esta deixa de ser apenas um
meio de divulgação de informação, para passar
a ser uma plataforma onde os conteúdos são
criados, partilhados e manipulados, por todos os
que têm acesso. Considera-se que a utilização
das ferramentas Web 2.0 está associado ao
conceito “aprendizagem colaborativa”, bem
como ao de “comunidade de aprendizagem
online” (Pallof & Pratt, 2007). Como refere
Aresta et al (2008), neste tipo de agrupamentos
sociais, todos os elementos da comunidade
(grupo) podem participar e contribuir para a
aprendizagem do próprio e dos outros –
entreajuda.
No campo da educação, as ferramentas
sociais começam a ser vistas como instrumentos
importantes para a comunicação, interacção em
comunidades de aprendizagem, partilha de
conteúdos e construção de conhecimento. Estes
saberes e conteúdos podem estar associados à
aprendizagem informal (através da partilha de
fotografias, de diários e uso de jogos) e/ou
relacionados com as aprendizagens formais
(mais estruturada e sujeita a creditação, feitas
em disciplinas, trabalhos e projectos).
O denominado software social (blogs,
wikis, fórum, social bookmarking, youtube,
entre outros) está disponível a todos os que
tenham acesso à Internet. Através destes
serviços é possível desenvolver competências a
 I Encontro Internacional TIC e Educação
vários níveis: pesquisa, resolução de problemas,
debate, questionamento, argumentação, escrita,
etc (Neri de Souza & Moreira, 2008).
Neste contexto, a exploração de
ferramentas Web 2.0 durante o Estágio do 12º
ano de um Curso Tecnológico, levou a uma
nova forma de abordar as potencialidades da
Internet como plataforma colaborativa de
aprendizagem. Foi utilizada uma rede social na
sua globalidade, com todas as ferramentas a que
esta dá acesso: fórum, blog, chat e agenda
(eventos). O fórum foi utilizado como estratégia
de incentivo à colaboração e discussão entre os
vários elementos (alunos, professor e
monitores). O blog foi utilizado para o registo
do trabalho desenvolvido e assim permitir o
acompanhamento da evolução dos alunos, em
qualquer altura.
Da pesquisa bibliográfica realizada,
constatou-se que existem poucos estudos acerca
da utilização da rede social para fins educativos
formais, em contextos similares ao acima
mencionado. Este trabalho pretende mostrar que
uma rede social, com todas as suas
potencialidades: partilha de fotos, criação de
páginas pessoais; pode ser integrada no ensino e
na aprendizagem (em contexto de estágio),
focando a interacção nos fóruns da rede criada.
OBJECTIVOS
A finalidade base deste trabalho consistiu
em melhorar a insuficiente comunicação que
existia entre os vários intervenientes do Estágio
do 12º ano, do Curso Tecnológico de
Informática. Sendo o Estágio realizado num
contexto profissional em entidades públicas e
privadas, no distrito de Aveiro, distanciadas
fisicamente, verificou-se que os alunos não
comunicavam entre si, isto é, não havia partilha
de informação (troca de experiências ou
dúvidas). Por sua vez, o professor orientador só
contactava com os alunos e respectivos
monitores uma vez a cada quinze dias. Desta
forma, a análise do desempenho dos alunos era
comunicada com algum atraso ao professor
orientador, tornando difícil o acompanhamento
dos alunos. Numa tentativa de encontrar
soluções para o problema enunciado, ponderou-
se a criação de uma rede social para o minorar.
O primeiro autor deste trabalho foi o
professor/orientador e também investigador no
processo de criação da rede social
implementada. Dado o trabalho ter sido
realizado no âmbito de uma disciplina da
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Profissionalização em Serviço, procurou-se
operacionalizar o “Tríptico Didáctico”, definido
por Alarcão (1994), que define três dimensões
da Didáctica, seguidamente descritas de forma
sucinta.
 Didáctica investigativa – estuda os
problemas relacionados com o ensino e a
aprendizagem das disciplinas;
 Didáctica profissional – está relacionada
com a acção do professor;
 Didáctica curricular – que se relaciona com
a formação em didáctica nos cursos de
formação que os professores frequentam.
O problema inicial (falta de comunicação)
emergiu da Didáctica Profissional, na acção
diária do professor. Este, fazia o
acompanhamento presencial nas várias
Entidades de Estágio (Empresas/Instituições)
onde os alunos realizavam o seu estágio. O
problema foi explorado na Didáctica Curricular,
tendo sido procuradas soluções e sua
fundamentação na Didáctica Investigativa.
Como referido, pretendia-se fazer um
acompanhamento mais próximo e aumentar a
interacção entre os estagiários colocados em
diferentes Entidades de Estágio, utilizando uma
ferramenta da Web 2.0, onde foi incentivada a
partilha de conhecimentos, a troca de
informação e a entreajuda. através do
questionamento e da reflexão/avaliação do
trabalho desenvolvido.
Avaliação em contexto online
O processo de avaliação online permite,
entre outros, estimular, observar e aferir as
formas de comunicação através das quais o
aluno teve maior êxito. Os registos da avaliação
permitem diagnosticar dificuldades e analisar a
evolução das aprendizagens. Podem também ter
a finalidade de reestruturar as opções tomadas
no que respeita ao processo de ensino e de
aprendizagem (Loureiro et al, 2009). Esta
reestruturação tem como objectivo a definição
de tarefas que levam o aluno a desenvolver as
competências visadas e a melhorar/delinear
estratégias para superar as suas dificuldades.
Dada a utilização de uma ferramenta Web
2.0, foi necessário equacionar como efectuar a
avaliação online. A proposta de avaliação das
aprendizagens, que se constituiu
simultaneamente enquanto estratégia de
promoção de interacção entre os envolvidos,
considerou as seguintes dimensões: i)
 I Encontro Internacional TIC e Educação

participação no fórum e blog, ii) interacção no

fórum, iii) perguntas no fórum, iv) descrição de
tarefas no blog, v) cumprimento dos prazos das
várias tarefas e vi) escrita correcta da língua
portuguesa.
Todas estas dimensões de avaliação
sugerem que o aluno seja sujeito interventivo e
activo na rede, potenciando maior partilha de
conhecimentos com os restantes membros.
Como acima referido, este contributo tem como
enfoque a interacção nos fóruns da rede e o tipo
de questões efectuadas pelos alunos em estágio,
tendo em vista resolver situações problemáticas
concretas.
Questionamento
Para Neri de Souza (2006), a formulação
de perguntas é uma componente essencial na
construção do conhecimento, na compreensão
de conceitos e na resolução de problemas. O
padrão de questionamento em contexto formal e
em aulas presenciais parece permanecer o
mesmo durante as últimas décadas (Almeida &
Neri de Souza, 2010). A comunicação em sala
de aula é dominada pelo discurso do professor
que formula frequentemente perguntas de baixo
nível cognitivo, sem que seja concedido tempo
para os alunos pensarem para responder. Os
alunos mantêm-se ou são mantidos numa
postura passiva, praticamente não formulando
perguntas.
Embora os professores formulem muitas
perguntas em contexto de sala de aula, tudo
indica que o padrão de questionamento num
ambiente de aprendizagem online seja diferente.
Blanchette (2001) constatou que 11% das frases
do professor eram perguntas e que os alunos
contribuíram com 69% de perguntas. No
contexto online o foco tende a ser a frequência
das perguntas dos alunos (Waugh, 1996).
O trabalho de Neri de Souza & Moreira
(2009), num contexto de um curso híbrido
(bLearning), investigou se havia alguma
diferença nos padrões de questionamento nos
ambientes presenciais e online, após o uso de
ferramentas e estratégias para estimular o
desenvolvimento da competência de
questionamento em estudantes universitários.
Os autores constata
questionamento observadas (presenciais orais,
presencias escritas, e colocadas nos fóruns de
discussão online). Concluíram ainda que as
perguntas de mais baixo ní
online. Estes autores também puderam perceber
que o ambiente online
questionamento do que o ambiente presencial, e
verificaram um maior número de perguntas dos
alunos do que dos professores, em contexto
online. Finalmente, constataram que a
qualidade destas perguntas evoluiu ao longo da
interacção com colegas e professores.
Utilizando a rede social e através de tarefas
que os alunos deviam realizar, pretendemos que
o incentivo à formulação de perguntas fosse
uma forma de aprendizagem activa
contextualizada nos problemas que cada aluno
enfrentaria nas Entidades de Estágio. Perguntas
contextualizadas em problemas reais, ligadas ao
quotidiano ou perguntas CTSA, são de difícil
concretização em contextos académicos formais
(Neri de Souza & Moreira, 2008). A
expectativa dos autores era que a comunidade
de aprendizagem online, formada por alunos em
estágio em diversas empresas. constituísse um
contexto onde as perguntas CTSA ou perguntas
emergentes de problemas reais das empresas
surgissem espontaneamente.
Estratégias de incentivo à interacção
De forma a incentivar os alunos a
participar activamente na rede, foi utilizado o
sistema de avaliação apresentado por Loureiro
(2009). Este, pressupõe a análise do tipo de
interacção, tendo em conta vários factores: i)
Participação passiva - quantidade de acessos,
apenas para leitura; ii) Participação activa -
quantidade de acessos para disponibilização de
conteúdo; iii) Interacção - mensagens que
fazem referência a outros participantes; iv)
Partilha de informação - mensagens que emitem
opinião; v) Discussão - mensagens onde se
identificam problemas ou questionamento.
Foi ainda explicado aos alunos que a sua
participação proporcionaria o desenvolvimento
de competências e partilha de experiências e
problemas. Desta forma, as suas contribuições
podiam ser relevantes para a resolução de
problemas de outros colegas. Esta estratégia
reflecte a convicção de que a importância do
incentivo à interacção entre alunos (e destes
com os outros intervenientes no estágio) deve
passar de alguma forma pelo processo de
avaliação contínua e formadora (Loureiro et al,
2009).

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 I Encontro Internacional TIC e Educação

METODOLOGIA o NING (www.ning.com). Esta ferramenta

contém várias funcionalidades de comunicação
A investigação realizada no âmbito do
e administração online que podem ser
presente trabalho é considerada de natureza
escolhidas de acordo com as necessidades. As
qualitativa (procurando perceber o como e o
funcionalidades exploradas foram: o Fórum, o
porquê do fenómeno em estudo) com carácter
Blog e os Eventos. Foi decidido que seria uma
de investigação-acção, em que o próprio
rede fechada, ou seja que a só podiam aceder
investigador é o docente que trabalha
pessoas convidadas através de email.
directamente com os alunos, reflectindo sobre a
acção e reformulando-a sempre necessário. A FIGURA I mostra a página principal da
rede social. Esta página está dividida em quatro
O projecto envolveu 14 alunos do 12º ano
áreas distintas: o cabeçalho que contém o menu
de escolaridade, que frequentaram o Curso
principal, o menu lateral esquerdo mostra todos
Tecnológico de Informática no ano lectivo
os membros e lista os três últimos tópicos do
2008/2009, numa escola de Ensino Particular e
fórum, o menu lateral direito dá acesso a
Cooperativo do distrito de Aveiro, Portugal.
configurações pessoais e a parte central onde
Neste nível de ensino os alunos frequentam a
são listados todos os eventos.
Área Tecnológica Integrada, composta por três
componentes: Disciplina de Especificação, Figura I. Página principal da rede social
Projecto Tecnológico e Estágio. Foi na
componente de Estágio que se desenvolveu o
trabalho. O Estágio teve a duração de 240
horas, distribuídas em 11 semanas de Janeiro a
Março. Os intervenientes na concretização deste
estágio foram os alunos, o professor orientador
e os monitores (pessoa responsável pelo aluno
na Entidade de Estágio).
Na Entidade de Estágio, o monitor indica
as actividades a desempenhar pelo aluno e os
alunos desenvolvem essas actividades,
respeitando a organização de trabalho na
empresa. O professor orientador acompanha o
aluno no desenvolvimento das actividades, bem
como faz a avaliação das mesmas, em A fase inicial de configuração e
colaboração com o monitor. implementação da rede foi executada pelo
O projecto foi desenvolvido ao longo de docente-investigador, durante o 1º período
todo o ano lectivo, segundo tarefas que foram lectivo, de forma a estruturar todo o conteúdo
sendo definidas de acordo com a sua evolução: antes dos alunos entrarem em estágio.
i) determinação dos objectivos do projecto, ii) Depois de a rede social estar em
definição do problema, iii) investigação nas funcionamento foi instalada uma ferramenta de
áreas da didáctica, iv) pesquisa sobre estatística para a web – Google Analytics, que
ferramentas Web 2.0, v) pesquisa sobre a permite o controlo de acessos à rede social e o
avaliação em contextos online, vi) descrição e estudo quantitativo da utilização da mesma. Os
concretização dos trabalhos por projectos com dados qualitativos, i.e, as interacções
os alunos, vii) configuração da rede social, efectuadas na rede social foram posteriormente
análise, viii) acompanhamento e avaliação das analisados com o apoio do software NVivo 8.
interacções dos alunos, ix) elaboração do
inquérito para avaliação das estratégias
utilizadas, x) análise dos resultados. ANÁLISE DE RESULTADOS

De entre várias aplicações disponíveis na Durante o período de Estágio foi feito o

Internet, foi necessário escolher uma que fosse
de fácil utilização para os vários intervenientes
no estágio, para além de permitir a
comunicação e colocação de questões para que
outros pudessem responder em tempo útil. A
plataforma escolhida para criar a rede social foi
acompanhamento dos comentários escritos no
Fórum. Como inicialmente previsto, no final do
estágio teria de ser feita a avaliação da
utilização da rede social, e mais em pormenor, a
avaliação da utilização do fórum. Dos 14 alunos
convidados a interagir na rede social, houve

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apenas um que nunca participou. Tal deve-se ao
facto do aluno estar em estágio com outro
colega e terem utilizado apenas uma conta para
interagir na rede.
No total foram contabilizadas 245
participações activas, principalmente em forma
de pergunta, resposta e feedbacks. Estas
participações nem sempre estavam relacionadas
com a aprendizagem formal (ou seja com o
estágio). Destas 245 participações, 13 foram do
professor respondendo a perguntas directas
formuladas pelos alunos e 5 são respostas de
um monitor que colaborou com os alunos na
resolução de problemas. As demais 237
participações foram dos alunos estagiários.
Análise da interacção
As diferentes participações de alunos,
professor e monitor (N=245), foram analisadas
segundo o tipo/objectivo de interacção, que foi
categorizada da seguinte forma: i) Pergunta –
frases sob a forma de interrogação ou não, que
requerem uma resposta; ii) Resposta –
comentários que fornecem uma solução para o
problema apresentado; iii) Pistas – reacção a
uma pergunta que não sendo uma resposta pode
ter uma indicação para resolver o problema; iv)
Outros – comentários ou informação não
relevantes para a resolução de problemas.
Tendo em consideração estas categorias
conclui-se que a maioria das interacções são do
tipo Outros (N=139), foram efectuadas 33
Perguntas e 36 Respostas. As restantes
interacções são Pistas (N=37), como se pode
ver na TABELA I.
Tabela I. Tipos de interacção ao longo do estágio
Pergunta Resposta Pistas Outros
Janeiro 15 21 22 50
Fevereiro 3 2 5 21
15 13 10 68
Março
TOTAL 33 36 37 139
A TABELA I mostra que os meses de
Janeiro e Março foram aqueles em que houve
maior participação. Estes resultados podem
estar relacionados com, por um lado, a
novidade em utilizar a rede social e, por outro
lado, a disponibilização aos alunos dos
resultados da avaliação da participação.
Pela análise dos resultados é possível
verificar que a grande maioria da interacção é
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feita pelos alunos, mostrando autonomia e
segurança na partilha e troca de informação. O
monitor forneceu Respostas e Pistas para a
solução de problemas apresentados. O professor
respondeu a perguntas que lhe eram colocadas
directamente, como exemplo: “Professora, o
que devemos colocar em entidade?”.
Análise do questionamento
Tendo em consideração as perguntas
efectuadas pelos alunos serem relevantes para a
sua aprendizagem e para a resolução de
problemas concretos, foi feito um estudo mais
aprofundado ao nível da dimensão Pergunta.
Para a classificação das perguntas foi
utilizada e adaptada a tipologia a que se refere
(Neri de Souza & Moreira, 2008). Desta forma,
as perguntas foram classificadas de acordo com
os seguintes eixos: Académicas Escolares -
Profissional Aplicada, Fechadas - Abertas.
Dos 14 alunos, só 4 não fizeram qualquer
pergunta. Das 33 perguntas, 10 foram
consideradas abertas, como por exemplo:
 “Estamos a configurar o nagios 2.0 pela
linha de comandos e estamos a ter alguns
problemas. Alguém nos pode ajudar?”;
 “Não consigo abrir emails nem descarregar
anexos. Será problema do hotmail?”
As restantes questões (23) são fechadas, o
que significa que a resposta é directa.
Apresentam-se alguns exemplos:
 “Tem dado alguns erros tipo strncat(),
strncpy(), or snprintf()?”;
 “Já fizeste os testes do Hiren's Boot CD ?”
Quanto à natureza das questões, estas
podem ser classificadas como académicas
escolares, questões relacionadas com
actividades da escola ou como profissionais
aplicadas, nas quais as perguntas têm a ver com
a actividade a desenvolver na Entidade de
Estágio. Das 33 perguntas, 10 são académicas
escolares, como ilustram as citações seguintes:
 “Como adiciono a numeração a partir da
introdução do relatório de estágio?”;
 “As tarefas têm de ser descritas por ordem
alfabética?”
As restantes perguntas são todas
relacionadas com a actividade profissional a
desenvolver no momento, como exemplo:
“Alguém conhece sites para comprar cabos
 I Encontro Internacional TIC e Educação
adaptadores sci high density db 68 pin a disco
sca 80 pin?”.
Tendo em consideração as Perguntas
colocadas pelos alunos, foi ainda analisada a
função das mesmas. Foram realizadas 15
perguntas com a função de explicar o problema,
pedindo ajuda para a sua resolução, como
“Sabes se dá para criar macros?”. De modo a
obter mais informação sobre um problema,
foram realizadas 10 perguntas, como “Qual é o
domínio dos mails? É tipo hotmail ou gmail?”.
As demais perguntas, 8, foram realizadas com a
função de resolução directa de um dado
problema, como, por exemplo: “Como esconder
células no Excel?”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dos resultados obtidos, verifica-se
que as perguntas relacionadas com as
actividades da escola são fechadas e, em grande
parte, dirigidas ao professor. É de notar que as
perguntas de natureza profissional-aplicada
surgem na acção diária do aluno, numa tentativa
de solucionar de forma rápida e eficaz um
problema que lhe surgiu. Desta forma, a
maioria das perguntas aparece com uma
explicação do problema, indicando os passos já
realizados, e incluindo um pedido de
esclarecimento/ajuda. Pode ainda referir-se que
os alunos, após um curto período de adaptação
à estratégia e ferramentas exploradas e apesar
de terem alguma dificuldade de expressão
escrita, demonstraram muita autonomia,
colaboraram na resolução de problemas
variados, conseguindo explicá-los e encontrar
soluções em conjunto. Do exposto, parece
poder inferir-se que as redes sociais, como a
implementada, facilitam o acompanhamento
dos alunos em estágio e promovem o
desenvolvimento de competências de
questionamento.
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