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O direito ao meio ambiente como bem jurídico

Por: Wally Fantoni Torres

A palavra direito possui diferentes significados na língua portuguesa, mas para fins
jurídicos, pode ser entendida como o conjunto de normas jurídicas aplicáveis aos atos humanos,
o que se denomina direito objetivo; ou como o exercício da faculdade ou do poder assegurado
aos indivíduos pelo direito objetivo, que se denomina direito subjetivo.

Elpídio Donizetti e Felipe Quintella44 definem direito objetivo e direito subjetivo através
da relação que guardam entre si:

[...] a expressão direito subjetivo (right), por sua vez, refere-se a uma
faculdade incorporada a chamada esfera jurídica do sujeito em decorrência de
previsão do direito objetivo. Cuida-se da faculdade de um sujeito realizar uma
conduta comissiva (ação) ou omissiva (omissão) ou exigi-la de outro sujeito.

Os autores também definem “bem” em sentido amplo, como sendo tudo o que é objeto
do desejo humano. Ressaltam que quando o bem é de relevância para o Direito, como a vida, a
liberdade, o trabalho, ter-se-á um bem jurídico, objeto dos direitos.45

Como o meio ambiente, por si só, pode ser classificado como um objeto de desejo, bem
como pela interdependência que tem com a existência humana e com o desenvolvimento, sem
o qual nenhum desses seria possível, fica evidente sua relevância para o Direito, verificando-
se, portanto, a natureza de bem jurídico de que é revestido.

Consagrando tal entendimento, a Constituição Federal, em seu art. 255 define o meio
ambiente como um direito de todos, com natureza de bem de uso comum do povo. Indo além,
dispõe que este deve ser preservado para as presentes e futuras gerações, estabelecendo uma
proteção jurídica de natureza objetiva para o bem jurídico ambiental. O texto constitucional
ainda dispõe acerca da responsabilidade pela proteção do meio ambiente, como um dever do
Poder Público e da coletividade:

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44 DONIZZETTI, Elpídio; QUINTELLA, Felipe. Curso Didático de Direito Civil. São Paulo: Atlas, 2012. p. 4.
45 Ibid., p. 87
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Art. 255. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e a coletividade o dever de defende-lo e preservá-lo, para
as presentes e futuras gerações.

Mister se faz ressaltar que a Constituição Federal não trata de um “meio ambiente
qualquer”, o texto maior se refere ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Ainda, das disposições constitucionais em comento, extraem-se, os elementos que


definem o meio ambiente ecologicamente equilibrado como bem jurídico: (a) o atributo que o
faz objeto de desejo – sua essencialidade à sadia qualidade de vida; (b) seus titulares – as
presentes e futuras gerações; (c) as relações jurídicas que se dão em relação ao meio ambiente
– o direito de fruição para à sadia qualidade de vida e o dever de defesa e preservação
ambiental; (d) os sujeitos a quem se opõe tal dever – o Poder Público e a coletividade

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