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Índice

Energia e mudança climática .................................................................................................................. 1


Objetivos do Módulo .............................................................................................................................. 1
1. Introdução ........................................................................................................................................... 2
2. Clima ................................................................................................................................................... 4
3. Gases de efeito estufa. Emissões de GEE............................................................................................ 6
3.1. A contribuição da América Latina e do Caribe nas emissões de GEE ................................................... 6
3.2. Efeito estufa ......................................................................................................................................... 8
4. Mudança Climática.............................................................................................................................. 9
4.1. Vulnerabilidade à Mudança Climática ................................................................................................ 11
4.2. Critérios de vulnerabilidade à Mudança Climática ............................................................................. 12
5. Protocolo de Kyoto. O compromisso internacional contra a mudança climática ............................ 14
5.1. O protocolo de Kyoto na América Latina MDL ................................................................................... 16
6. Energia e mudança climática ............................................................................................................ 17
6.1. Impacto da energia sobre o meio ambiente ...................................................................................... 17
6.2. Internalização de custos ambientais .................................................................................................. 20
6.3. Setor elétrico na América Latina. Aspectos fundamentais relacionados com a mudança climática . 21
6.4. Comparação de impactos ambientais das diferentes tecnologias ..................................................... 24
7. Mitigação da mudança climática ...................................................................................................... 27
7.1. Tecnologias para reduzir as emissões de GEE no fornecimento de energia ...................................... 30
7.1.1. Conversão mais eficiente de combustíveis fósseis. ...................................................................... 32
7.1.2. Mudança à combustíveis fósseis de baixo carbono ..................................................................... 33
7.1.3. Descarbonização de combustíveis. Captura e armazenamento de CO 2 ....................................... 34
7.1.4. Energia nuclear ............................................................................................................................. 35
7.1.5. Utilização de Energias Renováveis ............................................................................................... 36
7.2. Papel de las energías renovables en el cambio climático .................................................................. 37
7.3. Energias renováveis ............................................................................................................................ 38
7.3.1. Energia hidroelétrica .................................................................................................................... 38
7.3.2. Biomassa ...................................................................................................................................... 39
7.3.3. Energia Eólica ............................................................................................................................... 40
7.3.4. Energia solar ................................................................................................................................. 40
7.3.5. Energia geotérmica e oceânica..................................................................................................... 41
7.4. Panorama energético internacional e da América Latina: o papel das energias renováveis ............. 41
8. Adaptação à mudança climática ....................................................................................................... 45

Energia e mudança climática


8.1. Capacidade de adaptação .................................................................................................................. 47
8.2. Cenários climáticos ............................................................................................................................. 48
8.3. Cenários na América Latina ................................................................................................................ 53
Glosario ................................................................................................................................................. 66
Bibliografía ............................................................................................................................................ 69
Índice de Figuras ................................................................................................................................... 72
Tabelas/Gráficos/ Ilustrações .................................................................................................................... 72

Energia e mudança climática


Energia e mudança climática

Objetivos do Módulo
Nos últimos anos há um crescente interesse pelo meio ambiente, acompanhado de um amplo
desenvolvimento tecnológico com o objetivo de fomentar a exploração das fontes de recursos
energéticos renováveis. Isto é resultado da grande preocupação social pelo meio em que vivemos,
não somente no âmbito particular, mas também governamental e, inclusive, empresarial, já que se
começou a desenvolver uma série de ações destinadas a proteger o planeta.

Com este curso pretende-se reunir diferentes materiais relacionados com as questões da mudança
climática, a fim de que o aluno tenha um conhecimento geral do problema, bem como das
estratégias desenvolvidas pela legislação e economia ambiental.

Os objetivos que se pretendem alcançar são os seguintes:

Tratar a mudança climática da perspectiva do sistema climático, dos ciclos do clima, dos
modelos do clima, do impacto da mudança climática, da mitigação desta mudança e da
resposta à mudança climática.

Analisar as políticas ambientais e como eles são definitivas para combater as mudanças
climáticas.

Estudar os aspectos macro-ecológicos que intervêm na modificação do clima no planeta.

Mostrar os efeitos sobre a mudança climática são as diferentes fontes de geração de energia.

 Analisar os cenários previstos para os próximos anos em todo o mundo e particularmente na


América Latina e o Caribe.

Energia e mudança climática 1


1. Introdução
Ainda que o clima da Terra sempre tenha sofrido mudanças naturais, agora, pela primeira vez, a
atividade humana é a principal força que afeta este processo, com consequências potencialmente
drásticas.

Todos os dias usamos enormes volumes de combustíveis fósseis na forma de gasolina, petróleo,
carvão e gás natural, liberando dióxido de carbono. Isto, junto a outras emissões geradas pela
atividade humana, como o metano e o óxido nitroso, acentuam o “efeito estufa” natural que torna a
Terra um planeta habitável.

Esta velocidade de alterações sem precedentes está ameaçando os sistemas sociais e ambientais,
que não podem ajustar-se ao mesmo ritmo. No mundo, aumenta-se a ocorrência de eventos
meteorológicos cada vez mais extremos, as vezes com manifestações inesperadas.

O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) conclui que algumas mudanças
poderiam ser repentinas e irreversíveis. O aumento do nível do mar e extensas perdas de
biodiversidade são apenas dois entre uma variedade de possíveis impactos.

É provável que para os países em desenvolvimento seja mais difícil combatê-lo, porque possuem
menos capacidade técnica, econômica e institucional para adaptar-se.

Considerando o legado de emissões de gases de efeito estufa e o crescente consumo mundial de


energia, parece inevitável que se aproxime um maior aquecimento da Terra.

Para enfrentar os efeitos da mudança climática, há dois tipos de acções: mitigação e adaptação.
Ambas as medidas estão inter-relacionados.

O primeiro termo - mitigação - refere-se às políticas, tecnologias e medidas que, em primeiro lugar,
limitar e reduzir as emissões de gases de efeito estufa e, por outro lado, melhorar as pias do mesmo
para aumentar a capacidade de absorção de gases de efeito estufa.

A adaptação termo se refere a iniciativas e medidas que reduzam a vulnerabilidade dos sistemas
naturais e humanos contra os efeitos reais ou esperados das mudanças climáticas.

As medidas de mitigação para reduzir o alcance do aquecimento global são cruciais. O Protocolo de
Kyoto - primeiro acordo internacional para afrontar a mudança climática - estipula que os países
industrializados, historicamente responsáveis por uma maior quantidade de emissões, devem atuar
primeiro para reduzir as emissões, dando tempo aos países em desenvolvimento para que suas
economias cresçam e aumentem o padrão de vida de seus habitantes. Mas também se reconhece
que, cedo ou tarde, as nações em desenvolvimento terão que atuar. O IPCC prevê que as emissões
dos países em desenvolvimento - lideradas por economias que estão sofrendo uma rápida
industrialização, como a do Brasil, China e Índia - excederão a dos países desenvolvimento durante a
primeira metade deste século.

Energia e mudança climática 2


É necessário estruturar a política da energia e do clima, por um mundo com uma pegada de carbono
menor, que contemple o trajeto econômico de cada país.

As possíveis medidas a serem adotadas estão em discussão e consistem nas compensações a países
que renunciem à deflorestação, os incentivos tributários para tecnologias de baixa emissão, o uso da
energia nuclear e o desenvolvimento de novas fontes de energia.

Do mesmo modo, a utilização dos biocombustíveis como uma possível alternativa ao petróleo no
transporte nos mostra que existem alternativas e enfatiza a necessidade de desenvolver políticas de
pesquisa nestes temas. No exemplo dos biocombustíveis, inicialmente, muitos gerentes de políticas
defenderam sua utilização como indubitavelmente benéfica. Gradualmente, no entanto, os
pesquisadores começaram a analisar individualmente cada biocombustível e avaliar seu ciclo de
vida, custos e benefícios, não somente em termos de emissão de carbono, mas também de seu
impacto em outras áreas da vida, como o preço dos alimentos e o consumo de água.

Na mudança climática existem duas possíveis aproximações: a adaptação e a mitigação. A adaptação


é tão importante quanto a mitigação, e isto se aplica particularmente aos países em
desenvolvimento, escassos em recursos técnicos e econômicos. Um recente relatório do IPCC
menciona áreas com especial risco de serem afetadas pela mudança climática, como a África, as
pequenas ilhas, os grandes deltas asiáticos e africanos e o Ártico.

Para qualquer ação que se decida tomar, o IPCC conclui que todos os cenários da estabilização
climática indicam que dentre 60 e 80% da redução nas emissões proverá de fontes de energia, de
seu uso e de processo industriais, “com a eficiência energética exercendo um papel chave em muitos
cenários”.

A mudança climática pode provocar importantes alterações no sistema econômico atual, a


dependência quase exclusiva dos combustíveis fósseis, o elevado nível de extração e a concentração
das jazidas em áreas geográficas determinadas, produzem tensões na economia mundial,
estagnando seu crescimento.

Desse modo, dentro das três dimensões do desenvolvimento sustentável: ambiental, econômica e
social, a problemática energética apresenta grandes dificuldades, de forma que seria necessária uma
evolução a modelos de desenvolvimento que demandem um consumo energético reduzido.

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2. Clima
O clima está mudando principalmente devido à emissão de CO2 e de outros gases de efeito estufa
derivada de atividades humanas, especialmente da combustão dos combustíveis fósseis e da
deflorestação. Estes gases permanecem na atmosfera por várias décadas e capturam o calor do Sol,
exercendo o efeito de uma estufa.

O último relatório do IPCC das Nações Unidas, publicado em fevereiro de 2007, que é considerado o
melhor documento até a data relacionado com o aquecimento global, afirma que a temperatura
global elevou-se 0.76ºC nos últimos 100 anos. Prevê uma elevação da temperatura média da
superfície do planeta entre 1.4 e 5.8 graus para o ano 2100, o que poderia ser devastador. Os
glaciais dos Andes, que fornecem água potável ao formar rios, que por sua vez servem como fontes
de irrigação estão desaparecendo.

O degelo das massas polares, do mesmo modo, provocará o aumento do nível do mar, o que
eventualmente poderia por em risco a países inteiros, como a Holanda ou Bangladesh.

Estas não são suposições sem fundamentos. Prevê-se que em 2080 haverá uma grave escassez de
água na China e na Austrália. A corrente do Golfo, que aquece o norte da Europa, poderia ser
interrompida caso hajam mudanças na salinidade da água do Atlântico.

Furacões intensos na Bacia do Atlântico


Percurso frequente dos ciclones tropicais: Quantidade de furacões

Furacões do Atlântico Furacões do Caribe

Ilustração 1. Furacões intensos na Bacia do Atlântico

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Ilustração 2. Mudanças espaciais nos padrões de precipitação. Fonte: IPCC, 2007.

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3. Gases de efeito estufa. Emissões de GEE

Denominam-se gases de efeito estufa (GEE), ou gases estufa, os gases cuja presença na atmosfera
contribui com o efeito estufa. Os mais importantes estão presentes na atmosfera de maneira
natural, ainda que sua concentração possa ser modificada pela atividade humana, mas também
entram neste conceito alguns gases artificiais, produtos da indústria. Esses gases contribuem mais
ou menos de forma líquida ao efeito estufa pela estrutura de suas moléculas e, de forma
substancial, pela quantidade de moléculas de gases presentes na atmosfera. Os gases em causa são:

 Vapor de água (H2O).


 Dióxido de carbono (CO2).
 Metano (CH4)
 Óxidos de nitrogênio (NOx).
 Ozônio (O3)
 Clorofluorcarbonetos

3.1. A contribuição da América Latina e do Caribe nas emissões de GEE

Em termos percentuais, a América Latina tem uma baixa contribuição à concentração de dióxido de
carbono na atmosfera, ainda que sua contribuição aumente todos os anos.

Os dados mais recentes indicam que na América Latina e no Caribe as emissões de dióxido de
carbono em 2004 superaram em 75% as registradas em 1980, o que significou um crescimento
sustentado de 2,4% anual, mas não é possível observar uma tendência definida ou clara quando se
tenta relacionar as emissões por unidade de produto com o produto interno bruto per capita.
Quando se examina o conjunto das emissões de GEE, acredita-se que para o ano 2050 a contribuição
da Região às emissões globais seja de 9%. A Região da América Latina e do Caribe produz 4,3% das
emissões causadas pela mudança no uso da terra. As emissões de metano derivadas das atividades
humanas representam 9,3% do total mundial.

Dentro da região da América Latina e do Caribe, o Brasil é o principal emissor de óxido nitroso,
seguido pela Argentina e pela Colômbia. A maior parte deste deriva do uso de Fertilizantes (quase
80%) nas plantações, seguido pelo transporte (pouco menos de 20%).

Os gráficos apresentados abaixo mostram a participação relativa da Região nas emissões globais de
dióxido de carbono, metano e óxidos nitrosos, bem como o que estas representam no total das
emissões regionais de GEE.

Energia e mudança climática 6


As emissões de GEE não são geradas em proporção igual por todos os países da Região. Em termo
gerais, pouco mais de 70% das emissões de GEE na América Latina e no Caribe provém de quatro
países: Brasil, México, Venezuela e Argentina.

Milhôes toneladas Carbono


INVENTÁRIO DE CO2
Porcentagem

Ilustração 3. Inventário de CO2. Fonte: CAIT 1.5, WRI.

Emissões de GEE, comparativa mundial

Contribuição relativa da ALC


CO2 relativo a outros GEE na ALC
nas emissões mundiais de CO2
em 2000

Total ALC 18% Outros gases 3%

Resto do mundo 82% CO2 70%

Ilustração 4. Emissões de GEEs, comparação mundial. Fonte IPCC.

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Ilustração 5. Mudança nas emissões de efeito estufa das partes incluída no anexo 1. Fonte: IPCC

3.2. Efeito estufa

Os gases de efeito estufa absorvem a radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra, pela
própria atmosfera, pelos mesmos gases e pelas nuvens. A radiação atmosférica é emitida em todos
os sentidos, inclusive à superfície terrestre. Os gases de efeito estufa capturam o calor dentro do
sistema da troposfera terrestre. A isto se denomina ‘efeito estufa natural’.

Um aumento na concentração de gases de efeito estufa produz um aumento da opacidade


infravermelha da atmosfera e, portanto, uma radiação efetiva no espaço que vai de uma maior
altitude a uma temperatura mais baixa. Isto causa uma mudança no fluxo líquido de calor (diferença
entre a radiação solar que entra e a radiação infravermelha que sai), gerando um desequilíbrio que
somente pode ser compensado por um aumento da temperatura do sistema superfície-troposfera. A
isto se denomina ‘efeito estufa aumentado’.

Os gases integrantes da atmosfera, de origem natural e antropogênica, como o vapor de água (H2O),
dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O), metano (CH4) e ozônio (O3), são os principais gases de
efeito estufa da atmosfera terrestre.

Ademais, existe na atmosfera uma série de gases de efeito estufa totalmente produzidos pelo
homem, como os halocarbonos e outras substâncias que contém cloro e bromo, das quais se ocupa
o Protocolo de Montreal.

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4. Mudança Climática
A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (IPCC), em seu Artigo 1, define a
‘mudança climática’ como: ‘uma mudança no clima atribuída direta ou indiretamente à atividade
humana que altera a composição da atmosfera mundial e que se soma à variabilidade natural do
clima observada durante períodos de tempos comparáveis’.

O IPCC faz uma distinção entre ‘mudança climática’ atribuída a atividades humanas que alteram a
composição atmosférica e a ‘variabilidade climática’ atribuída a causas naturais.

A mudança climática se refere a uma importante variação estatística em um estado médio do clima
ou em sua variabilidade, que persiste durante um período prolongado (normalmente decênios ou
inclusive mais).

¡Reflita e procure informações sobre as questões


propostas a seguir!

¿O clima mundial está mudando? O mundo está sofrendo um aquecimento?

Ao observar o gráfico sobre as mudanças de temperatura global nos últimos 150 anos, a resposta
deveria ser sim. Mas o que acontece se observamos os últimos 1000 anos, 100.000 anos ou mais? E
porque é importante saber se o nosso mundo realmente está sofrendo um aquecimento?

Ilustração 6. Temperaturas globais. Fonte NASA

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O que sabemos sobre o clima terrestre do passado?

Como sabemos qual temperatura a Terra possuía há milhares e milhões de anos atrás, quando não
existiam os termômetros?

Podemos calcular a temperatura utilizando outros meios. As árvores, corais e núcleos dos glaciais da
Groenlândia e da Antártida dão algumas pistas.
O que determina a temperatura global?

O sol aquece a terra. Mas se esse fosse o fim da história, o mundo estaria muito frio. O efeito estufa
mantém a Terra a uma temperatura confortável.
Então, porque a temperatura global muda?

O dióxido de carbono constantemente está se deslocando até a atmosfera e a partir dela, em um


processo conhecido como o ciclo do carbono.

Existe uma estreita relação entre os níveis de dióxido de carbono na atmosfera e a temperatura
global.
Existem outros fatores que afetem a temperatura?

O astrônomo Milutin Milnkovitch concebeu a teoria de que a relação mutável entre a Terra e o sol
afeta o clima terrestre.
Como as pessoas se relacionam com isso?

A partir da Revolução Industrial as pessoas afetam o ciclo do carbono.


A intervenção humana elevou a concentração de dióxido de carbono na atmosfera a seu nível mais
alto em centenas de milhares de anos. Analise detidamente a lateral direita do gráfico.

Ilustração 7. Concentração de dióxido de carbono. Fonte: ISES International environment services

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Mas qual é o problema? O aquecimento global é ruim?

O aquecimento global terá um importante impacto em nossa maneira de viver. Os níveis do mar
crescerão provocando inundações de áreas costeiras densamente povoadas. Aumentará a
intensidade das tempestades tropicais. Muitas áreas agrícolas que já estão sofrendo com a seca,
serão ainda mais secas.

Perguntas como: “qual é o grau de incerteza do cenário da mudança climática e seu impacto?
Quanto será necessário adaptar-se? Quanto pode custar esta adaptação? Quais são seus
benefícios?”, precisam ser respondidas e incorporadas a uma análise custo-benefício,
principalmente quando se considera que alguns dos impactos de ditas medidas não têm mercado e,
portanto, são menos tangíveis.

4.1. Vulnerabilidade à Mudança Climática

A mudança climática, originada pelas emissões de gases de efeito estufa (GEE) à atmosfera tem
consequências significativas na temperatura, no nível de precipitações e, principalmente, sobre o
padrão e características dos eventos naturais extremos.

O efeito da mudança climática sobre as atividades econômica, a população e os ecossistemas são


significativos e, em alguns casos, irreversíveis.

Existem várias definições de vulnerabilidade, uma das mais gerais estabelece que vulnerabilidade se
refere à habilidade de manejar os impactos da mudança climática.

Outra definição mais detalhada estabelece que a vulnerabilidade é o grau de suscetibilidade ou de


incapacidade de um sistema para enfrentar os efeitos adversos da mudança climática e,
particularmente, a variabilidade do clima e os fenômenos extremos.

A vulnerabilidade dependerá do caráter, magnitude e rapidez da mudança climática a que está


exposto um sistema e de sua sensibilidade e capacidade de adaptação. Os países em
desenvolvimento e, particularmente, as populações que vivem em condição de pobreza, são as mais
vulneráveis à mudança climática.

Na América Latina, a sensibilidade às mudanças climática modifica algumas atividades econômicas


como a agricultura, a pesca e o turismo, gera possíveis perdas de biodiversidade e de vidas
humanas, põe em perigo a disponibilidade de água e a geração elétrica futura. Os países mais
pobres, com menos capacidades e recursos, terão menor probabilidade de adaptar-se a estas
mudanças e, portanto, poderão ser seriamente prejudicados.

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4.2. Critérios de vulnerabilidade à Mudança Climática

Os seguintes conceitos precisam ser identificados no âmbito da vulnerabilidade:

- Exposição: Decisões e práticas que posicionam um elemento da sociedade (pessoas e/ou seus
meios de vida) nas áreas de influência de uma ameaça.
- Fragilidade: Grau de (não) resistência e/ou (des) proteção ao impacto de uma ameaça. Está
relacionado com as características físicas da unidade social: indivíduo, lar, comunidade ou seus
meios de vida (Cannon, 2008).
- Resiliência: Grau de assimilação e/ou recuperação que pode ter a unidade social depois de uma
ameaça.

Fonte: EIRD 2009; DGPM 2007; y Cannon, 2008.

Nas últimas décadas, a América Latina foi submetida a impactos climáticos severos como a maior
frequência e intensidade do evento El Niño, as chuvas intensas na Venezuela, inundações nos
pampas argentinos, a seca no Amazonas, tempestades de granizo em La Paz, Bolívia e em Buenos
Aires, Argentina, as intensas temporadas de Furacões no Caribe, dentre outros. Como consequência,
o número de desastres aumentou e os impactos econômicos também.

Entre o ano 2000 e 2005, 19% dos eventos extremos quantificados economicamente representaram
perdas de 20 milhões de dólares.

É importante mencionar também que existem outras causas que contribuem com o aumento da
vulnerabilidade dos sistemas humanos como, por exemplo, a pressão demográfica, o crescimento
urbano sem planificação, a pobreza e a migração rural, o baixo investimento em infraestrutura e
serviços e os problemas de coordenação intersetorial.

O relatório do IPCC para a América Latina (Magrin, G. et. al. 2007) menciona a vulnerabilidade
existente em alguns sistemas naturais. Por exemplo, as selvas tropicais da América Latina
incrementaram sua sensibilidade aos incêndios devido a maior frequência de secas e às mudanças
no uso da terra. Os manguezais localizados nas costas baixas são particularmente vulneráveis ao
aumento do nível do mar, ao aumento da temperatura e à frequência de furacões.

Na agricultura, os rendimentos de alguns cultivos são afetados, com a redução do ciclo de


crescimento e a maior incidência de doenças e pragas.

As chuvas escassas e as temperaturas elevadas originam deficiências hídricas e problemas na


qualidade da água. Na maioria dos países da América Latina, a energia hidráulica é a principal fonte
de eletricidade e é muito vulnerável às anomalias persistentes e de grande escala das precipitações.

As costas baixas da América Latina são particularmente vulneráveis à variabilidade climática e aos
eventos extremos.

O aumento do nível do mar ainda não representa um risco sério, ainda que os níveis de aceleração
das taxas de aumento indiquem que a vulnerabilidade aumentará.

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Finalmente, a saúde humana também foi afetada pelas condições climáticas. A epidemia da malária
nas regiões costeiras e nas áreas de inundações, o ressurgimento da dengue hemorrágica e o
estresse térmico, são alguns exemplos de impactos à saúde gerados pelas variações climáticas.

Ainda que os impactos da mudança climática sejam basicamente físicos ou biofísicos, seus efeitos
no bem-estar da população são econômicos, sociais e políticos. Assim, é importante tomar
medidas preventivas para minimizar o impacto da mudança climática e a responsabilidade das
autoridades por promovê-las dentro das políticas de planejamento.

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5. Protocolo de Kyoto. O compromisso
internacional contra a mudança climática
O Protocolo de Kyoto, dentro da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima
(CMCC) foi criado no terceiro período de sessões da Conferência das Partes da CMCC em 1997, em
Kyoto, Japão. Contém alguns compromissos legais obrigatórios, além dos incluídos na CMCC.
Os países do Protocolo, a maioria dos países da Organização de Cooperação de Desenvolvimento
Econômico (OCDE), e os países com economias em transição, acordaram a redução de suas emissões
antropogênicas de gases de efeito estufa (dióxido de carbono, metano, óxido nitroso,
hidrofluorcarbonos, perfluorcarbonos e hexafluoreto de enxofre) em ao menos 5% com relação aos
níveis de 1990 durante o período de compromisso de 2008 a 2012.
O protocolo impõe aos 36 países industrializados que o ratificaram reduções da emissões das seis
principais substâncias responsáveis pelo aquecimento da atmosfera: o dióxido de carbono, o
metano, o óxido de nitrogênio e três gases fluoretados.
As limitações concernem, essencialmente, à combustão de energias fósseis - petróleo, gás e carvão -
, responsáveis por dois terços das emissões mundiais de gases de efeito estufa. A deflorestação é
considerada responsável por 17% destas emissões, e a agricultura por 15,5%.
O protocolo impõe “objetivos diferenciados” de acordo com os países como, por exemplo, de 8%
para o conjunto da União Européia, ou de 6% para o Canadá e o Japão. Os países emergentes,
dentre eles a China - que se converterá no principal contaminante mundial -, Índia ou Brasil, estão
exonerados das reduções, do mesmo modo que os países em desenvolvimento, a pesar de seu
crescimento excepcional.

Ilustração 8. Posição dos diversos países em 2011 com relação ao Protocolo de Kyoto.

Energia e mudança climática 14


O Protocolo de Kyoto não estabeleceu nenhum objetivo de redução das emissões para outros
países, nem previu a aplicação de mecanismos comerciais para promovê-la. Por outro lado, a única
referência ao comércio internacional no Protocolo foi que as “Partes... procurarão implementar
políticas e medidas... de forma que estas minimizem os efeitos adversos... sobre o comércio
internacional” (cit. por Peters and Hertwich, 2008).

O Protocolo de Kyoto estabeleceu três vias para o cumprimento de seus objetivos:

Políticas e medidas (como o fomento da eficiência energética, a pesquisa, promoção


e desenvolvimento do uso de fontes novas e renováveis de energia, redução
progressiva, ou eliminação gradual, dos incentivos fiscais e das subvenções que
sejam contrárias ao objetivo da CMNUCC em todos os setores emissores de GEE...).

Sumidouros de carbono (atividades de uso da terra, mudança do uso da terra e


silvicultura).

Mecanismos flexíveis. Contemplam-se três tipos:

 Comércio de direitos de emissões (CDE).

 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

 Aplicação Conjunta (AC).

O objetivo final de todas estas medidas é o mesmo: possibilitar aos países do Anexo I da CMNUCC
(isso é, aos países industrializados) complementar as medidas internas de redução de emissões de
GEE necessárias para cumprir com o compromisso estabelecido no Protocolo de Kyoto.

O financiamento dos investimentos em projetos MDL admite dois possíveis modelos:

Ação direta:

 Modelo unilateral. País anfitrião.

 Modelo bilateral. Quando um país ou companhia investem diretamente em


um país anfitrião.

Ação indireta ou modelo multilateral. Quando um país ou companhia investem em


um Fundo de Carbono (Banco Mundial, nacionais, privados).

O Protocolo de Kyoto e a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima são as
ferramentas básicas de que dispõe a comunidade internacional para lutar contra o aquecimento
do planeta.

Energia e mudança climática 15


5.1. O protocolo de Kyoto na América Latina MDL

A fim de reduzir os custos de mitigação, o Protocolo criou três mecanismos de mercado (chamados
mecanismos de flexibilidade) para trocar créditos de carbono:

O primeiro autorizou o comércio de emissões entre países desenvolvidos com


compromissos de redução, habilitando aqueles que superem seus compromissos a
vender seus créditos excedentes aos que não possam alcançá-los.

Os outros dois mecanismos permitiram aos países desenvolvidos com compromissos


de redução obter créditos por emissões evitadas através de projetos específicos em
países em desenvolvimento (Mecanismo para o Desenvolvimento Limpo - MDL) ou
em economias em transição (o sistema de Implementação Conjunta - JI, em inglês).
O primeiro inclui aos países da América Latina e até hoje foi o principal mecanismo
de mercado para canalizar fundos privados para atividades de mitigação. No
entanto, a participação da região foi modesta: de 33 países da região, apenas 19
apresentaram projeto MDL e a maioria destes se concentra no Brasil (com uma
participação de 6,7% dos recursos totais).
Para os países da América Latina, ricos em recursos renováveis, os benefícios potenciais (muitos
deles já reais) destes projetos dentro do MDL são evidentes, ao permitir-lhes mobilizar recursos
adicionais (financeiros, mas também tecnológicos) aos internos para o cumprimento de seus
próprios objetivos energéticos e ambientais.

Esta oportunidade não se materializa sozinha e requer, por parte dos distintos países, inserir-se no
mercado de MDL; e isto, por sua vez, exige colaboração público-privada para o comércio de projetos
no mercado internacional.
A competição por parte da Ásia (China e Índia, principalmente) no momento de captar estes
projetos a escala mundial é, no entanto, muito forte.

Região Quantidade de projetos MDL %


América Latina e Caribe 889 16,08%
Ásia e Pacífico 4373 79,09%
Europa e Ásia Central 61 1,10%
África 143 2,59%
Oriente Médio 63 1,14%
Total 5529 100%
Tabela 1. UNEP RISO CENTRE. Energy Climate and Sustainable Development. CDMI/JI Pipeline (2013)

A América Latina representa o segundo ator mais importante no mercado de carbono

Energia e mudança climática 16


6. Energia e mudança climática
A energia é um elemento essencial para a atividade econômica e o bem-estar da cidadania, estando
fortemente relacionada com a mudança climática. A energia é responsável por 80% das emissões de
gases de efeito estufa na União Européia e constitui a causa fundamental da mudança climática e da
contaminação atmosférica.

Atualmente, os objetivos do setor energético se focam em desenvolver um sistema sustentável e


abastecido com recursos autóctones especialmente renováveis ou amplamente disponíveis no
mercado mundial, como o carvão limpo e a energia nuclear.

As tecnologias destinadas a melhorar a eficiência energética e reduzir o consumo de energia


também fazem parte destes objetivos, sem esquecer outras atividades, cuja finalidade é mitigar,
prevenir e adaptar-se à mudança climática.

6.1. Impacto da energia sobre o meio ambiente

O desenvolvimento e uso da energia estão intimamente ligados. De fato, um problema fundamental


a ser enfrentado nos próximos anos é como garantir fontes de energia suficientemente confiáveis e
econômicas para assegurar um nível de desenvolvimento adequado.

No entanto, o problema não termina aí. Está claro que toda atividade terá um impacto sobre o meio
ambiente. O problema começa quando este impacto é negativo ou, inclusive, irreversível. A
disponibilidade de energia é uma limitação ao desenvolvimento; mas além disso os impactos
ambientais também podem limitar ou condenar o desenvolvimento.

A atividade humana, com relação a aspectos relacionados com a energia, pode exercer os seguintes
impactos no meio ambiente:

Em Atividades de Extração: contaminação por atividades mineiras de carvão,


petróleo ou outras. Impacto ambiental pela construção de represas.

Em Geração: emissões sólidas, líquidas ou gasosas. Contaminação térmica.


Contaminação nuclear. Uso do solo.

Em distribuição: vazamentos sólidos ou líquidos. Impacto ambiental de linhas de


alta tensão, impacto de gasodutos.

Utilização: emissões sólidas, líquidas ou gasosas. Contaminação de recintos


fechados, contaminação térmica e acústica.

São muitos os contaminantes específicos associados a estas atividades, e é importante destacá-los


por sua gravidade:

Energia e mudança climática 17


CO2: Dióxido de carbono. Origina o chamado efeito estufa. Nos últimos 100 anos
verificou-se um aumento da concentração de CO2 na atmosfera de um pouco
mais de 30%. Teme-se que este gás de efeito estufa (junto a outros como o
metano) esteja causando um aumento significativo da temperatura média
terrestre. Isto originará mudanças climáticas indefinidas. A evidência desta
mudança pode ser vista na diminuição dos glaciais e de parte da calota polar.

Chuva Ácida: Muitos processos industriais (queima de carbono, refinamento de


minerais - especialmente o cobre -) desprendem gases ou substâncias que
contém SO2 e SO3. Estes gases são os precursores da chuva ácida. Na Europa e
na América do Norte, a chuva ácida causou danos a grandes superfícies
florestais. Também danifica as construções; por exemplo, ataca o mármore,
pedras calcárias e outros revestimentos.

CFC: são os clorofluorcarbonetos. Inicialmente eram usados como


refrigeradores para o uso doméstico e industrial. Logo, passaram a ser usados
em frascos propulsores de spray e espumas para plásticos. Ao emigrar à alta
atmosfera, o Cloro destrói as moléculas de Ozônio (O2) que estão na camada de
Ozônio. Isto permite a entrada da radiação UV que corta a superfície terrestre.
Dentre seus efeitos estão danos genéticos à pele e tecidos expostos, bem como
destruição de materiais fotossensíveis (plásticos, pinturas). Em 1990 assinou-se
a Convenção de Montreal que limita a produção e uso dos CFC. Já existem
refrigerados alternativos. Calcula-se que o efeito do dano à camada de Ozônio
(mais notório no hemisfério Sul) atingirá seu máximo a princípios do próximo
século.

Resíduos Nucleares: A grande quantidade de centrais nucleares de fissão


nuclear originam uma enorme quantidade de resíduos radioativos. O manuseio,
tratamento e armazenamento destes resíduos é uma questão ainda sem
solução. Ademais, seu volume aumentará na medida em que as centrais
nucleares antigas sejam desativadas e desmanteladas.

NOx: Óxidos de nitrogênio. São produtos da combustão a temperaturas maiores


do que 800°C. Portanto, são muito típicos em motores de combustão interna
(gasolina e diesel), bem como em turbinas a gás. Ainda que o Ozônio seja
benigno a 60 Km de altitude, é maligno ao nível do solo. Principalmente porque
é um forte oxidante, com efeitos nocivos sobre a pele, mucosas e órgãos, além
de pinturas, revestimentos e outros materiais inorgânicos.

Resíduos químicos: são abundantes e variados. Estão presentes na


contaminação por mercúrio e cádmio, resíduos de determinados processos, nos
restos da indústria petroquímica e, inclusive, na enorme variedade de
contaminação de lençóis freáticos por pesticidas, fertilizantes e outros.

Os impactos ambientais produzidos são de todas as índoles, podendo possuir um alcance local ou
global, ou ter efeitos de curto e longo prazo.

Energia e mudança climática 18


Assim, por exemplo, as emissões de partículas procedentes das centrais de geração têm um alcance
local, enquanto que suas emissões de CO2 possuem um alcance global. Os impactos dos resíduos da
refinarias costumam ter um alcance de curto prazo, enquanto que o problema dos resíduos
radioativos é de longo prazo.

Os impactos ambientais mais importantes das atividades energéticas são:

As centrais térmicas são responsáveis por 90% das emissões de contaminantes


atmosféricos (SO2 e NOx) procedentes das grandes instalações de combustão,
sendo os principais causadores das chuvas ácidas. A responsabilidade restante,
10%, é do setor de refinaria.

As centrais nucleares são responsáveis por 95% dos resíduos radioativos de


média e alta atividade.

Os produtos petrolíferos utilizados no transporte e na indústria são responsáveis


por 60% das emissões de CO2 de nosso país, gás considerado como o principal
responsável pelo efeito estufa.

Por outro lado, nos últimos anos começou um processo de liberalização dos diferentes setores
energéticos, que tradicionalmente desenvolveram sua atividade em estruturas verticalmente
integradas e em regime de monopólio.

Existe o convencimento geral de que no mercado se alcança maior eficiência como resultado da
melhor alocação de recursos. Neste sentido, os novos regulamentos promovem mercados tanto
organizados (como o mercado de produção de eletricidade, os mercados de futuros de petróleo
bruto, ou de produtos petrolíferos), quanto livres (como os mercados de comercio de eletricidade
ou de gasolina).

Os preços da eletricidade, do gás natural ou dos produtos petrolíferos não abrangem atualmente
o custo total dos impactos ambientais a eles associados. Os preços, portanto, não informam o
verdadeiro custo social das atividades energéticas, de modo que podem ocorrer alocações
ineficientes de recursos, já que o custo ambiental não tem repercussões sobre os agentes
contaminantes, mas sobre o conjunto da sociedade.

Para conseguir essa alocação eficiente é preciso internalizar os custos ambientais do preço da
energia. Desta forma, os mercados energéticos destinarão de maneira mais eficiente os recursos e o
desenvolvimento será sustentável.

Infelizmente, esta tarefa esbarra em duas sérias dificuldades, a existência de incertezas na


quantificação dos custos ambientais e a escassa experiência na aplicação de mecanismos
reguladores de internalização. Assim, o objetivo da internalização deve ser tomado como uma
referência conceitual, mas deve ser realizado com cautela e gradualismo.

Energia e mudança climática 19


6.2. Internalização de custos ambientais

Nos ambientes liberalizados costuma-se introduzir mecanismos de tipo indireto, a fim de evitar
restrições diretas ao mercado. Por meio destes mecanismos, pretende-se internalizar os custos
ambientais ao nível de demanda da sociedade, sem interferir diretamente no funcionamento dos
mercados energéticos.

Em outras ocasiões, a sociedade não admite determinados impactos, e o poder político proíbe
“diretamente” o desenvolvimento da atividade ou fabricação do produto, impondo determinadas
qualidades mínimas aos combustíveis, como ocorre, por exemplo, no caso da tradicional gasolina
super (com chumbo), cuja comercialização foi proibida nos países da União Européia a partir de
2002.

Os instrumentos mais importantes de internalização dos custos ambientais utilizados de maneira


cada vez mais assídua nos setores energéticos liberalizados são os seguintes:

Instrumentos de tipo fiscal, como tributos, impostos e taxas ambientais,


associados à atividade de transformação potencialmente contaminante, às
emissões de contaminantes ou ao uso e consumo de energia. Estes
instrumentos são contemplados como deduções, abatimentos e subvenções às
atividades menos contaminantes.

Instrumentos de tipo econômico, como os incentivos econômicos que


pretendem fomentar a transformação tecnológica, favorecendo às atividades
com menor impacto ambiental relativo, como são os prêmios para as energias
renováveis, a cogeração ou os programas de gestão da demanda.

Instrumentos de mercado, como o comércio de direitos de emissão (SO2 ou


CO2), os leilões de capacidade de energia renovável ou os certificados verdes.

Outros instrumentos são o fomento da informação ao consumidor (por exemplo, informação sobre a
mistura de geração de eletricidade e as emissões associadas), a formalização de acordos voluntários
entre empresas e administrações, ou o marketing verde (green pricing).

Energia e mudança climática 20


6.3. Setor elétrico na América Latina. Aspectos fundamentais relacionados
com a mudança climática

A capacidade instalada de geração elétrica na Região, em 2010, foi de 307.131 MW, dos quais
aproximadamente a metade (49,8%) corresponde a centrais hidroelétricas, 47% a térmicas, 0,5% a
geotérmicas, 1,4% a nucleares e 1,14% a outras tecnologias dentre as quais se encontram eólicas e
fotovoltaicas.

Ilustração 9. Fonte: OLADE – SIEE: Datos al 2010

Emissões contaminantes.

Os limites de emissões de SO2 e NOx, aos quais as grandes instalações de combustão (GIC) estão
sujeitas, encontram-se regulados nas distintas normativas de cada um dos países.

Resíduos radioativos

Outro impacto ambiental de grande repercussão social é o armazenamento dos resíduos


procedentes de centrais nucleares.

A América Latina, ainda que em menor escala do que a Europa, também enfrenta a problemática de
encontrar depósitos definitivos para seus resíduos atômicos. Atualmente existem centrais nucleares
funcionando na Argentina, Brasil, México, Colômbia e Chile.

Energia e mudança climática 21


A Argentina foi precursora desta tecnologia, pois neste país se instalou a primeira central atômica do
continente. Hoje conta com duas plantas nucleares em funcionamento e uma terceira em
construção.

No Brasil, 3,1% do fornecimento total de eletricidade é gerado pela energia atômica. Os brasileiros
possuem atualmente duas usinas nucleares e uma em construção.

A Central Nuclear Laguna Verde, localizada em Punta Limón, Veracruz, é a única central nuclear
mexicana e gera 4% do fornecimento elétrico total do país.

Demanda de energia

Nos países que liberalizaram sua indústria elétrica, continua-se fomentando programas e
mecanismos de gestão da demanda que adotam diversos modelos, variando da promoção da
informação ao consumidor à concessão de um incentivo ou crédito para a aquisição de
equipamentos eficientes, com o objetivo de conseguir uma economia energética. As vezes são
utilizados mecanismos de mercado para alocar os incentivos.

Redes de transporte e distribuição

As distintas normativas do setor elétrico estabelecem que as solicitações de autorizações para


instalações de transporte de energia elétrica deverão comprovar, dentre outros requisitos, o
adequado cumprimento das condições de proteção do meio ambiente. Exige-se também o
cumprimento de disposições relativas ao meio ambiente com relação a instalações de distribuição.

Submeter as atividades de construção ao processo de avaliação de impacto ambiental demanda a


elaboração de uma Declaração de Impacto Ambiental, que identifica os possíveis impactos que a
atividade pode causar nos distintos meios (físico, biológico e socioeconômico), estabelecendo um
critério de importância.

Setor do gás

Ainda que também seja utilizado como matéria prima na indústria química, o principal uso do gás
natural é como combustível. Dos combustíveis fósseis, o gás natural é o mais limpo, pois foram
desenvolvidos para sua utilização final equipamentos e novas tecnologias com rendimentos
elevados.

Sua combustão, como a dos demais combustíveis fósseis, produz principalmente CO2 e vapor de
água. O motivo de ser qualificado como “mais limpo” se deve a sua composição química. A
proporção de hidrogênio/carbono é maior do que nos outros combustíveis.

Isto resulta em emissões de CO2, produto da combustão, de 25-30% mais baixas em comparação
com o petróleo, e 40-50% menores do que o carvão, por unidade de energia produzida.
Considerando a alta eficiência dos processos de combustão do gás natural e as avançadas
tecnologias de recuperação de calor dos mesmos, as proporções de contaminação emitidas são
ainda menores.

Energia e mudança climática 22


Com relação ao óxido de nitrogênio (NOx) e ao dióxido de enxofre (SO2), que originam a chuva
ácida, o gás natural contém pouco enxofre, de modo que suas emissões de SO2 são insignificantes
quando comparadas com as quantidades emitidas pelo petróleo ou o carvão. Do mesmo modo, as
emissões de NOx são pequenas, principalmente devido à utilização de queimadores de baixo NOx.

Durante a etapa de extração do gás, os impactos no meio ambiente produzidos são restritos,
resumindo-se na modificação da paisagem, na produção de ruídos e na geração de restos vegetais e
inertes, derivados do processo.

Para seu consumo, o gás natural não demanda complicados processos de transformação, mas utiliza
praticamente o mesmo estado de extração.

Quando o transporte é realizado em forma de GNL, através de tanques de gás, o gás sofre um
processo de liquefação e posterior re-gaseificação. A principal repercussão ambiental é um aumento
do consumo de energia utilizado na liquefação e re-gaseificação.

A re-gaseificação consiste e uma mudança na fase líquido-gás, na qual se utilizam permutadores de


calor com água do mar, e que em si mesma não produz resíduo, nem emissões, de modo que estas
plantas apresentam um impacto ambiental reduzido.

O transporte e distribuição de gás através de gasodutos tem um impacto ambiental praticamente


nulo durante a fase de operação, já que estão no subsolo e, portanto, não afetam o meio.

O impacto ambiental mais importante ocorre durante a construção de redes de gasodutos, fase que
é cuidadosamente planejada para proteger o patrimônio arqueológico e a paisagem característica
das áreas em que está presente, de modo que, finalmente, a única evidência de sua existência são as
indicações de onde está enterrado. Dentre as medidas de atuação para a redução de impactos se
encontram a proteção das áreas de alto valor ecológico na escolha do traçado, a preservação da
fauna autóctone através da seleção mais apropriada do ano, a redução da largura da pista de
trabalho, a proteção dos leitos hídricos e a restauração do meio após a finalização das obras.

O armazenamento de gás natural é normalmente subterrâneo e para tanto se opta com frequência
por formações geológicas naturais com características semelhantes a das jazidas, não afetando,
assim, o ecossistema.

Os mercados de gás natural mais avançados são os da Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile e México

Setor do petróleo

Dentre os países com maiores concentrações de hidrocarbonetos ressalta-se a Venezuela, tanto em


reservas de petróleo, quanto de gás. Logo está o Brasil, que após a recente descoberta de uma
grande jazida nas profundezas do mar, poderia ter a segunda maior reserva de petróleo da região.

Os países que aparecem na segunda linha, com relação à riqueza de petróleo e gás, são o Equador,
Peru e Trinidad & Tobago. Por último, a Bolívia é o território com as segundas maiores reservas de
gás natural.

Energia e mudança climática 23


A atividade petroleira é uma das indústrias que mais impactos ambientais gera no âmbito local e
global. As distintas fases da exploração petroleira geram destruição da biodiversidade e do meio
ambiente de modo geral.
Além do cumprimento da normativa internacional e nacional, as próprias companhias petroleiras
apresentam iniciativas para a proteção do meio ambiente em resposta às próprias exigências do
mercado, que pede cada vez mais qualidade nos produtos, com o máximo respeito às condições
ambientais.
Neste sentido, existe um avançado desenvolvimento de tecnologias para a redução de emissões de
CO2, a fim de mitigar o efeito estufa, que produz um aquecimento da atmosfera. Por outro lado,
começaram a ser implantadas nos postos de gasolina bombas cujo objetivo é recuperar os vapores
liberados pelo combustível (gasolina ou diesel) quando se abastece, minimizando a emissão de gases
à atmosfera.

6.4. Comparação de impactos ambientais das diferentes tecnologias

A análise e comparação das diferentes tecnologias energéticas não é simples e exige a realização de
estudos socioeconômicos. A energia eólica ou a solar, em suas modalidades fotovoltaica e térmica,
são excelentes do ponto de vista de seu impacto ambiental e com relação à disponibilidade ilimitada
do recurso. A continuação analisaremos os sistemas que estão mais introduzidos no mercado
elétrico.

O estudo sobre impacto “Environmental impacts of the production of electricity” realizado, dentre
outros, pelo IDAE e o CIEMAT em 2000, compara os impactos das diversas fontes de produção de
energia elétrica, possibilitando sua comparação quantitativa. Também facilita a avaliação destes
custos e sua internalização nos preços finais da eletricidade.
O estudo avalia e compara oito sistemas de produção de eletricidade.

Os sistemas convencionais: carvão, fuel, gás natural, energia nuclear, e as energias renováveis
eólica, hidroelétrica (mini) e solar fotovoltaica.

Energia e mudança climática 24


Os impactos ambientais analisados incluem:

Aquecimento global, Redução da camada de ozônio

Acidificação, Eutrofização,

Poluição de metais pesados Smog,

Substâncias cancerígenas,

Geração de resíduos industriais

Não considera o impacto visual, o ruído, a biodiversidade, riscos e


saúde laboral, desmantelamento e ocupação de solos

Para a realização do estudos foram consideradas diferentes fases ou ciclos do sistema de geração
de eletricidade:

A avaliação do ciclo de vida dos sistemas de geração de eletricidade sob estudo considera as
entradas, energia e matérias primas, e saídas, resíduos e emissões. A unidade de medida usada para
medir o impacto ambiental dos sistemas de geração de eletricidade é o Ecoponto. O estudo
proporciona a cada tecnologia estudada um valor total de ecopontos por Terajoule eletricidade
produzida (o TJ tem cerca de 278 MWh). O ecoponto é uma unidade de penalização ambiental,
quanto maior é seu valor, maior será o impacto ambiental do sistema estudado.

Os sistemas de geração elétrica se classificam em três categorias, em função de seu impacto


ambiental:

Categoria 1. Os sistemas de geração de eletricidade baseados no carvão e fuel


superam os 1000 ecopontos.

Categoria 2. Os sistemas baseados no gás natural e na energia nuclear possuem


entre 100 e 1000 ecopontos. A tecnologia solar fotovoltaica também obtém cerca de
500 pontos, no entanto, estes valores devem ser analisados com cautela,
considerando que se encontra em desenvolvimento e que uma grande quantidade
de eletricidade necessária para obter as células PV é produzida por outros recursos e
penaliza seus resultados.

Categoria 3. Os sistemas de energias renováveis de maior implantação, eólico e


hidroelétrico, encontram-se abaixo dos 100 pontos.

Energia e mudança climática 25


Tabela 2. Fonte: Gás Natural

Energia e mudança climática 26


7. Mitigação da mudança climática

Os tratados internacionais e as políticas nacionais procuram enriquecer os esforços globais para


mitigar as alterações climáticas e se adaptar .

Significa mitigar intervenção antrópica para reduzir as fontes ou aumentar a captura ou seqüestro
de gases de efeito estufa (GEE) . Trata-se de opções físicas, químicas e biológicas, etc ...

Opções de mitigação são multi- dimensional :

 Ela está relacionada com a redução das emissões ou aumentar as suas capturas ;

 Pode ser implementado tanto na oferta e consumo de energia;

 Eles são aplicáveis tanto a combustão de combustível e emissões ;

 É possível, em todas as categorias ou reconhecidos como emissores (energia, processos


industriais, Mudando de Uso da Terra e Florestas , agricultura , aterros , etc.) Setores .

Abaixo são apresentadas em opções de mitigação de mesa com uma breve descrição deles .

Energia e mudança climática 27


Tabela 3. Elaborada por OECC com base em diversas fontes.

Energia e mudança climática 28


“ A velocidade é importante quando nos equivocamos de direção” Mahatma Gandhi

As estratégias definidas para conseguir mitigar a mudança climática serão determinantes para os
resultados finais. Quanto mais tempo deixemos passar, maior será a concentração de gases de efeito
estufa na atmosfera, mais difícil será a estabilização abaixo da meta de 450ppm de CO2 e maior será
a probabilidade de que o aquecimento global se converta em realidade no século XXI. Este capítulo
examina as estratégias necessárias para conseguir uma rápida transição a um futuro com baixas
emissões de dióxido de carbono. Existem alguns princípios básico para atingi-lo:

O primeiro fixar um preço para as emissões de gases de efeito estufa. Os


instrumentos de mercado tem um papel vital na criação de incentivos que enviem
um sinal às empresas e aos consumidores de que a redução de emissões tem um
valor e que a capacidade da Terra para absorver CO2 é restrita. As duas alternativas
amplas existentes para fixar o preço das emissões são os impostos e os sistemas de
emissões de carbono negociáveis, com fixação de limites máximos.

O segundo princípio básico da mitigação é a mudança de comportamento no sentido


mais amplo. A mitigação somente pode ser conseguida se os consumidores e os
investidores suprem sua atual demanda energética através de fontes de energia
com baixas emissões de carbono. Os incentivos de preços podem fomentar
mudanças no comportamento, mas os preços isoladamente não poderão reduzir as
emissões ao grau e ritmo necessário. Os governos exercem um papel fundamental
ao incentivas as mudanças de comportamento para facilitar a transição a uma
economia com baixas emissões de dióxido de carbono. Estabelecer normas, difundir
informação, fomentar a pesquisa e o desenvolvimento e, caso seja necessário,
restringir as opções que comprometem os esforços para abordar a mudança
climática são peças chave no conjunto de ferramentas reguladoras.

A cooperação internacional representa o terceiro elemento do tripé da mitigação.


Os países desenvolvidos deverão estar na vanguarda da luta contra a perigosa
mudança climática, já que estes deverão realizar as reduções mais profundas e de
maneira mais expedita.

No entanto, qualquer regulação internacional que não defina metas para todos os países que mais
emitem gases de efeito estufa estará destinado ao fracasso.

Os países em desenvolvimento também deverão participar da transição a menores emissões de


dióxido de carbono para evitar a mudança climática. A cooperação internacional pode ajudar a
facilitar o processo de transição, garantindo que qualquer via escolhida para reduzir as emissões não
comprometa o desenvolvimento humano e o crescimento econômico.

Somente será possível mitigar a mudança climática se os investidores suprirem sua atual demanda
energética através de fontes de energia com baixas emissões de carbono.

Os custos financeiros e sociais mais amplos associados às emissões de carbono são elevados, mas
incertos, e se distribuem entre países e gerações.

Energia e mudança climática 29


7.1. Tecnologias para reduzir as emissões de GEE no fornecimento de
energia

Dentre os métodos promissores para reduzir as emissões no futuro, figuram a conversão mais
eficiente de combustíveis fósseis; a utilização de combustíveis fósseis com pouco carbono; a
descarbonização de combustíveis e o armazenamento de CO2; a utilização de energia nuclear e de
fontes de energia renováveis.

Cada uma destas opções tem suas próprias características que determinam a rentabilidade, bem
como a aceitação social e política. Tanto os custos quanto os efeitos para o meio ambiente devem
ser avaliados sobre a base de análises de ciclos de vida completos.

A tabela a seguir mostra exemplos selecionados de medidas e opções mostradas técnicas para
mitigar as emissões de gases de efeito estufa na geração de eletricidade

Tabela 4. Potencial técnico de redução das emissões de CO2 sobre a base dos cenários IS92 do IPCC para diferentes
tecnologias de mitigação no ano 2020.

Energia e mudança climática 30


Energia eólica (exemplos de fontes renováveis
Melhoria da eficiência Mudança a combustíveis com pouco carbono Descarbonização de gases de combustão Nuclear Biomassa
intermitentes)
- Potencial para melhorar a eficiência térmica na geração de
- De carvão à gás natural - Redução de CO2 (depuração) - Maior uso da energia nuclear - Plantações e silvicultura para energia - Utilização de máquinas eólica em lugares favoráveis
energia da medida atual de 30 a 60% a longo prazo
- Transmissão de energia - De petróleo à gás natural - Gaseificação de carvão e reforma de gás de síntese - Conversão de biomassa para geração de eletricidade e calor - Distantes da rede
Opções técnicas
- Refinarias - Produções de gases ricos em hidrogênio - Gaseificação de biomassa e produção de combustíveis líquidos - Integradas na rede

- Produção de combustível sintético - Hidrogênio de biomassa


- Transmissão de gás
Programas baseados no mercado Programas baseados no mercado Programas baseados no mercado Programas baseados no mercado Programas baseados no mercado Programas baseados no mercado
- Impostos sobre GEE - Impostos sobre GEE - Impostos sobre o carbono - Impostos sobre o carbono - Mudança de estrutura de subvenções à agricultura - Impostos sobre o carbono
- Impostos sobre a energia - Impostos sobre a energia segundo o combustível - Permissões de emissões negociáveis - Permissões de emissões negociáveis - Imposto sobre o carbono - Permissões de emissões negociáveis
-Permissões de emissões negociáveis - Permissões de emissões negociáveis - Permissões de emissões negociáveis
Medidas reguladoras Medidas reguladoras Medidas reguladoras Medidas reguladoras Medidas reguladoras Medidas reguladoras
- Normas obrigatórias de eficiência - Uso obrigatório de combustível - Normas sobre emissões - Normas e códigos - Regulamentação das emissões - Regulação das emissões
- Regulação de lugares de armazenamento subterrâneos - Não proliferação - Zoneamento agrícola - Zoneamento dos lugares apropriados
Medidas - Convenções internacionais sobre armazenamento nos oceanos

Energia e mudança climática


Acordos voluntários Acordos voluntários Acordos voluntários Acordos voluntários Acordos voluntários Acordos voluntários
- Acordos entre a indústria nuclear, os operadores e o público - Utilização de terras marginais para plantações destinadas à
- Arranjos voluntários com clientes - Mudança voluntária de combustível - Cascata com CO2 quando seja o caso - Adotados com serviços públicos em uma fase prévia
interessado energia
- Redução da energia de uso próprio - Apoio de iniciativas de biocombustíveis locais ou bioconversão
PD&I PD&I PD&I
- Sobre a eliminação de resíduos e segurança - Redução de custos de usinas de conversão avançadas - Redução de custos
Efeitos climáticos Efeitos climáticos Efeitos climáticos Efeitos climático Efeitos climáticos Efeitos climáticos
- Redução de todos os GEE poluentes e de outro tipo; com um
- Redução de CO2 e de outros contaminantes, ceteris paribus em - Redução de todos os contaminantes de GEE e de outros tipos, - Redução de todos os contaminantes GEE e de outros tipos, como
aumento da eficiência de conversão térmica de 35 a 40% se - Redução específica de CO2 até 85% POR Kwhe - Podem causar emissões de carbono não líquidas
40% (do carvão e 20% do petróleo) como SOx, NOx e partículas SOx, NOx e partículas
reduzem as emissões de CO2 em 12,5%
- Ademais, o gás natural oferece maior eficiência de conversão, - Eliminação/armazenamento com perspectivas incertas de
Efeitos climáticos - Possibilidade a longo prazo de reduzir até 50% das emissões - Podem ser uma opção de sequestro
de modo que as emissões de GEE se reduzem ainda mais armazenamento nos oceanos
e outros efeitos
- Possíveis inconvenientes de emissões mais altas de CH4
ambientais
Outros efeitos Outros efeitos Outros efeitos Outros efeitos Outros efeitos Outros efeitos
- Com uma descarbonização efetiva é possível eliminar grandes
- Melhor qualidade atmosférica local e menor contaminação - Melhor qualidade atmosférica local e menor contaminação - Liberação de radioatividade acidental e eliminação de resíduos
quantidades de SOx e NOx e, portanto, melhorar a qualidade - Redução de outros contaminantes - Possíveis impactos sobre a paisagem, o ruído e a vida silvestre
regional regional nucleares
atmosférica local e regional
- Melhor qualidade atmosférica local Preocupação com a biodiversidade e os monocultivos
Rentabilidade Rentabilidade Rentabilidade Rentabilidade Rentabilidade Rentabilidade
- É possível conseguir mudanças evolutivas com custos - Rentável quando se dispõe de gás, mas com elevados custos de - Usinas de conversão avançadas indisponíveis comercialmente,
- Representa menos mudanças no setor da energia - Em condições especiais, opção de mitigação rentável - Rentável em lugares favoráveis
adicionais baixos ou nulos infraestrutura mas possível com PD&I
- Incerteza a longo prazo sobre os preços do gás - Elevados custos de depuração, entre 80-150 $tC ou mais - Ampla e crescente gama e custos iniciais altos - Ampla gama de custos e, portanto, de incertezas econômicas
- Custos adicionais de armazenamento - Limitados à operação de carga de base
Efeitos - Perda de eficiência na geração de eletricidade
econômicos e Questões macroeconômicas Questões macroeconômicas Questões macroeconômicas Questões macroeconômicas Questões macroeconômicas Questões macroeconômicas
sociais - A curto e médio prazo, possibilidade de abastecimento de - Menos gastos de importações de combustíveis; incerteza sobre a
- Redução da importação de energia - Nenhuma estruturação importante no setor da energia - Restruturação da agricultura e talvez da silvicultura - Desenvolvimento econômico de zonas rurais
eletricidade a baixo custo viabilidade econômica
- Para os países sem suficiente disponibilidade de gás doméstico, - Maior extração de combustíveis fósseis e/ou importações de
- Falta de aceitação pública - Desenvolvimento econômico em áreas rurais
maior dependência das importações de gás combustíveis
Questões de equidade Questões de equidade Questões de equidade Questões de equidade Questões de equidaded
- Tendência a ser muito equitativa e passível de reprodução - Competência pelo gás natural a baixo custo - Acesso a instalações de eliminação de CO2 - Limitado acesso à tecnologia devido a riscos de proliferação - Terra acessível
Fatores administrativos/institucionais Fatores administrativos/institucionais Fatores administrativos/institucionais Fatores administrativos/institucionais Fatores climáticos/institucionais Fatores administrativos/institucionais
- Inclusive sem políticas, nem medidas de mitigação de GEE
- Compatível com a descentralização e desregulação da indústria
diretas, é possível realizar uma boa parte do potencial de - Pesquisa e desenvolvimento sobre a eliminação e o - Conflito pelo uso da terra
energética
melhoria - Necessidade de acordos comerciais sobre o gás a longo prazo armazenamento nos oceanos - Falta de apoio público
- Compatível com a descentralização e a desregulação de - Dentre as preocupações figuram a proliferação, eliminação de
- Cooperativas de plantações destinadas à energia - Difusão de informação
Considerações - Difusão de informação indústrias de energia - Acesso aos poços de petróleo e de gás totalmente explorados resíduos e normas sobre segurança
administrativas, - Compatível com a descentralização e desregulação da indústria
- Zoneamento para explorações eólicas

31
institucionais e - Estimulo para a cogeração e produção de energia independente da energia
políticas - Difusão de informação - Acesso a redes de serviços públicos
Fatores políticos Fatores políticos Fatores políticos Fatores políticos Fatores políticos Fatores políticos
- Criação de plataformas e incentivos para acordos voluntários - Preocupações com a segurança de abastecimento, geopolítica - Acordos internacionais sobre eliminação no oceano a grande - Clima regulador e político estável - Política agrícola e de desenvolvimento rural estável - Política de energia estável
escala
- Acordos internacionais sobre a eliminação de resíduos a grande
escala
Tabela 5. Reservas e recursos globais de energia, seu conteúdo em carbono, potenciais de energia para 2020-2025.

Reservas
Consumo identificadas/ Base de recursos/
Consumo (1990)
(1860–1990) Potenciales en 2020– Potenciales máximos
2025

EJ Gt C EJ Gt C EJ Gt C EJ Gt C
Petróleo
Convencional 3343 61 128 2.3 6000 110 8500 156
Não convencional – – – – 7100 130 16100 296
Gás
Convencional 1703 26 71 1.1 4800 72 9200 138
Não convencional – – – – 6900 103 26900 403
Carvão 5203 131 91 2.3 25200 638 125500 3173
TOTAL FÓSSEIS 10249 218 290 5.7 50000 1053 >186200 4166

Nuclear 212 – 19 – 1800 – >14200 –

EJ/ano EJ/ano
Energía hidroeléctrica 560 – 21 – 35–55 – >130 –
Geotérmica – – <1 – 4 – >20 –
Eólica – – – – 7–10 – >130 –
Oceânico – – – 2 – >20 –
Solar – – – – 16–22 – > 2600 –
Biomassa 1150 – 55 – 72–137 – >1300 –
TOTAL RENOVÁVEIS 1710 – 76 – 130–230 – >4200 –

– = insignificante ou não aplicável.

7.1.1. Conversão mais eficiente de combustíveis fósseis.

De modo geral, com novas tecnologias é possível conseguir uma maior eficiência na conversão de
combustíveis fósseis. Por exemplo, a eficiência da produção de energia pode superar a média
mundial atual de 30% aproximadamente a mais de 60% a longo prazo. Da mesma forma, a produção
combinada de calor e energia, quando aplicável -com fins industriais ou de calefação e refrigeração -
, permite um considerável aumento na eficiência de utilização de combustível.

Ainda que os custos relacionados com essas melhoras no rendimento tenham a influência de
inúmeros fatores, existem tecnologias avançadas rentáveis em comparação com algumas plantas e
equipamentos existentes que são menos eficientes, ou emitem maiores quantidades de GEE.

O potencial teórico de melhoria da eficiência é muito grande e os sistemas energéticos atuais agora
se aproximam dos níveis teóricos máximos (ideais) sugeridos pela segunda lei da termodinâmica.

Energia e mudança climática 32


Muitos estudos indicam valores atuais baixos para a maioria dos processos de conversão baseados
em eficiências de segunda lei (ou energia).

Uma atitude pragmática é indispensável, inclusive para poder atingir uma fração deste potencial,
além de numerosos obstáculos, como comportamento social, estruturas de equipamentos, custos,
falta de informação e de conhecimentos técnicos e incentivos de intervenção insuficientes. No caso
dos combustíveis fósseis, a magnitude das possibilidades de melhoria do rendimento indica,
independentemente dos custos, os setores em que existem as maiores possibilidades de mitigação
das emissões.

O gás natural nas plantas de energia de ciclo combinado é o que permite conseguir a maior
eficiência de conversão de todos os combustíveis fósseis; atualmente, 45% a curto prazo e 55% a
longo prazo. Os custos de investimento nas plantas de ciclo combinado são aproximadamente 30%
mais baixos do que nas de vapor de gás convencional, ainda que os custos reais da eletricidade
dependam dos custos de combustível, geralmente mais alto no caso do gás natural do que no do
carvão. Por outro lado, as plantas de ciclo combinado representam menos gastos dos que as
turbinas simples de combustão, menos eficientes, mas que demandam métodos de instalação mais
breves.

As possibilidade de redução de GEE são aproximadamente proporcionais às melhorias de eficiência


realizadas. Com tecnologias avançadas que utilizem o mesmo combustível fóssil, os ganhos de
eficiência se traduzem em um combustível mais barato, podendo compensar muitas vezes o capital
necessário, o que é mais importante. As melhorias tecnológicas podem representar consideráveis
benefícios secundários, como reduções de outros componentes (ex. dióxido de carbono, enxofre
SO2, NOx e partículas).

A produção de calor e energia combinados (CEC) permitem aumentar consideravelmente a utilização


do combustível, até um 80-90%, proporção muito mais elevada do que a produção separada de
eletricidade e calor. O aspecto econômico da CEC está intimamente vinculado com a disponibilidade
ou o desenvolvimento de redes de aquecimento e refrigeração urbanas, além de suficientes
densidades de demanda.

7.1.2. Mudança à combustíveis fósseis de baixo carbono

Com a mudança a combustíveis com menor proporção de carbono-hidrogênio, como a passagem do


carvão ao petróleo ou gás natural, e do petróleo ao gás natural, é possível reduzir as emissões. O gás
natural é o que produz menos emissões de CO2 por unidade de energia de todos os combustíveis
fósseis, com cerca de 15 kg C/GJ, diante de 20 kg/GJ no caso do petróleo, e 25 kg C/GJ no do carvão
(todos baseados em baixos valores de aquecimento).

Os combustíveis com menor conteúdo de carbono podem ser convertidos, de modo geral, com
maior eficiência do que o carvão. Em muitas áreas existem grandes recursos de gás natural. Com
novas tecnologias de ciclo combinado, alta eficiência e baixo investimento de capital é possível
reduzir consideravelmente os custos de eletricidade em algumas áreas em que os preços do gás
natural são relativamente baixos em comparação com os do carvão.

Energia e mudança climática 33


Passando do carvão ao gás natural, e mantendo a mesma eficiência de conversão de combustível à
eletricidade, seriam reduzidas as emissões em 40%. Considerando que a eficiência de conversão do
gás natural é geralmente maior do que a do carvão, a redução global das emissões por unidade de
eletricidade gerada poderia chegar a 50%.

Ainda que o gás natural seja abundante, em algumas parte do mundo não é utilizado como fonte de
energia doméstica. Assim, uma transição ao gás natural representaria modificações nas
dependências de importação de energia, o que suscita várias questões políticas. O investimento
inicial e os gastos de administração poderiam ser substanciais, devido à necessidade de desenvolver
novas infraestruturas de transporte, distribuição e uso final.

Consequentemente, os potenciais de redução realmente alcançáveis poderiam diferir muito entre


regiões, segundo as condições locais como os preços relativos do combustível ou a disponibilidade
de gás.

Um uso maior do gás natural poderia ensejar fugas adicionais de CH4, que é o principal componente
do gás natural. Existem métodos para reduzir as emissões de CH4 através da extração de carvão,
entre 30 e 90%; a queima e a ventilação do gás natural em mais de 50%, e dos sistemas de
distribuição de gás natural até 80%. Algumas dessas reduções poderiam ser economicamente viáveis
em muitas regiões do mundo, o que representaria muitos benefícios, incluído o uso do CH4 como
fonte de energia.

7.1.3. Descarbonização de combustíveis. Captura e armazenamento de CO2

Existe a possibilidade de eliminar e armazenar CO2 procedente de gases de centrais térmicas que
utilizam combustíveis fósseis, mas assim se reduz a eficiência da conversão e aumenta-se
consideravelmente o custo da produção de eletricidade.

Outro método de descarbonização consiste em utilizar combustíveis fósseis como matéria prima
para produzir combustíveis ricos em hidrogênio; por exemplo, o próprio hidrogênio, metanol, etanol
ou CH4 convertido do carvão. Com ambos métodos gera-se uma corrente de CO2 que pode ser
armazenada, por exemplo, em jazidas de gás natural já totalmente exploradas nos oceanos. Em
razão do seu custo e da necessidade de desenvolver a tecnologia, esta opção somente oferece
oportunidades limitada de aplicação a curto e médio prazo (ex., como fonte de CO2 utilizável na
recuperação avançada de petróleo).

Em algumas opções de armazenamento de CO2 a longo prazo (ex., nos oceanos), ainda não se
sabem quais serão os custos e os benefícios para o meio ambiente, tampouco sua eficácia.

Em uma central térmica de carvão tradicional, com uma eficiência de 40%, reduzindo 87% das
emissões de CO2 derivadas de gases de combustão (passando de 230 a 30g C/k Whe), haveria uma
redução da eficiência de 30% e um aumento dos custos de eletricidade de 80% aproximadamente, o
que equivale a 150 $/t C evitada. Em uma central de ciclo combinado de gás natural, com uma
eficiência de 52%, reduzindo as emissões de CO2 em 82% (passando de 110 a 20 g C/k Whe), haveria
uma redução da eficiência de 45% e um aumento de custos de eletricidade de 50%
aproximadamente, o que equivale a 210 $/t C evitada. Ainda que a redução concreta dos custos por

Energia e mudança climática 34


tonelada de carvão evitada seja maior no caso do gás natural do que do carvão, isto se traduz em
um custo menor por quilowatt-hora de eletricidade, devido ao menor conteúdo de carbono
específico do gás natural (Mudança climática. Rumo a um novo modelo energético. G. Echague,
2010).

Outro processo para a descarbonização de combustíveis é a gaseificação do carvão e a supressão de


CO2 reformando o gás de síntese. Em uma central de energia de carvão de ciclo combinado
integrado de gaseificação (CCIG) original com uma eficiência de 44%, a redução das emissões de CO2
em 85% aproximadamente (passando de 200 a 25 g C/k Whe) reduziria a eficiência em 37%, e
aumentaria os custos da eletricidade em 30-40%, o que equivale a menos de 80 $/t C evitada.

Outra opção futura para reduzir os custos que está sendo investigada é a utilização de oxigênio ao
invés de ar para a combustão, a fim de obter um gás de combustão comporto essencialmente por
CO2 e vapor de água.

Existe a opção de armazenar o CO2 recuperado em poços de petróleo e de gás já totalmente


explorados. A capacidade global estimada de armazenamento em poços de petróleo e de gás varia
entre 130 e 500 Gt C, o que se traduz em um grande potencial de mitigação. Os custos de
armazenamento em jazidas de gás natural em terra estão estimados em menos de 11 $/t C, de
modo que os de transporte são de 8 $/t C para um gasoduto de 250 Km com capacidade de 5,5 Mt
C/ano.

Outra opção seria armazenar o CO2 em aquíferos salinos, que podem ser encontrados em diferentes
profundidades em todo o mundo.

O maior depósito potencial de CO2 são os fundos marinhos. O CO2 pode ser transferido diretamente
aos oceanos, se possível a 3000 m ou mais de profundidade; o CO2 depositado seria isolado da
atmosfera durante séculos. É preciso continuar estudando as preocupações sobre os possíveis
impactos para o meio ambiente e o desenvolvimento de tecnologias de eliminação adequadas e
avaliação de custos.

7.1.4. Energia nuclear

A energia nuclear pode substituir a geração de eletricidade em combustíveis fósseis em muitas


partes do mundo. Para tanto é necessário encontrar respostas aceitáveis a preocupações como a
segurança dos reatores, o transporte e a eliminação de resíduos radioativos, além da proliferação
nuclear.

Os custo de geração de eletricidade nuclear variam segundo os países de 2,5 a 6 ¢/kWhe; os custos
de novas centrais, incluídas a eliminação de resíduos e o desmantelamento das centrais, variam de
2,9 a 5,4 ¢/kWhe.

Estes custos de geração de energia nuclear se comparam aos do carvão, os custos de mitigação
específicos variam entre 120 $/t C evitada e custos adicionais insignificantes (considerando custos
de eletricidade de carvão convencionais de 5 ¢/kWhe, custos de energia nuclear entre 5,0 e 7,7
¢/kWhe e emissões evitadas de 230 g C/kWhe.

Energia e mudança climática 35


Estão sendo desenvolvidos novos desenhos, como os reatores refrigerados por gás modulares de
elevada temperatura para oferecer maior segurança e melhorar o rendimento econômico através da
redução dos tempos de construção e dos custos de exploração e manutenção. Revitalizou-se o
interesse pelos reatores resfriados por metal líquido e outros desenhos novos, como dispositivos
aceleradores de alta energia, em vista de sua possível utilização na gestão e eliminação de materiais
físseis.

Também estão sendo elaborados outros conceitos a fim de melhorar a utilização da energia nuclear
em aplicações não elétricas, como calor para usos industriais e aquecimento urbano; e, a longo
prazo, a energia nuclear poderia ser utilizada na produção de hidrogênio.

7.1.5. Utilização de Energias Renováveis

A longo prazo, com essas fontes será possível atender uma importante parte da demanda mundial
de energia. Os sistemas energético, junto a equipamentos auxiliares e de armazenamento de
resposta rápida, podem absorver crescentes quantidades de geração intermitente.

Por outro lado, os avanços tecnológicos oferecem possibilidades que permitirão reduzir os custos da
energia de fontes renováveis.

As fontes de energia renováveis utilizadas constantemente produzem poucas emissões de GEE, ou


nenhuma. Algumas emissões estão associadas ao uso insustentável da biomassa; como exemplo, as
resultantes da redução da quantidade de biomassa permanente. Se a energia da biomassa pode ser
desenvolvida considerando as preocupações com problemas ambientais (como os impactos sobre a
diversidade biológica) e a competição com outros usos da terra, a biomassa pode contribuir de
maneira importante com os mercados de eletricidade e de combustíveis.

As energias renováveis podem contribuir ao desenvolvimento social e econômico.


Em condições favoráveis, é possível economizar custos em comparação com o uso
das energias não renováveis, particularmente em áreas distantes e em meios rurais
pobres, que carecem de acesso centralizado de energia. Em muitos casos, é possível
reduzir o custo da importação da energia adotando tecnologias renováveis de
pequena escala que sejam competitivas. As energias renováveis podem influenciar
de forma positiva na criação de trabalho, ainda que os estudos disponíveis sejam
divergentes com respeito à magnitude do trabalho líquido.

As energias renováveis podem ajudar a conseguir um acesso mais rápido à


energia, particularmente para os 1.400 milhões de pessoas que não têm acesso à
eletricidade e para outros 1.300 milhões que utilizam a biomassa tradicional. Os
níveis básicos de acesso aos serviços energéticos modernos podem representar
benefícios importantes no âmbito da comunidade ou dos lares. Em muitos países
em desenvolvimento, as redes descentralizadas que explorar energias renováveis e a
incorporação destas a redes centralizadas ampliaram e melhoraram o acesso à
energia. Ademais, as tecnologias da energia renovável não elétricas oferecem

Energia e mudança climática 36


também oportunidades para modernizar os serviços energéticos, por exemplo,
utilizando a energia solar para aquecer a água ou secar cultivos, biocombustíveis
para o transporte, tecnologias modernas de biogás e biomassa para o aquecimento,
a refrigeração, a cozinha e a iluminação, ou a energia eólica para o bombeamento
de água. O número de pessoas que carecem de acesso a serviços energéticos
modernos não sofrerá variações se não forem adotadas políticas nacionais para este
fim, que poderiam estar acompanhadas ou complementadas por uma assistência
internacional adequada. As opções da energia renovável podem contribuir a um
fornecimento de energia mais seguro, ainda que seja necessário considerar os
problemas específicos que representa a integração

Algumas análises do ciclo de vida da produção de eletricidade indicam que as


emissões de GEE resultantes das tecnologias da energia renovável são, de modo
geral, bastante menores do que as provocadas pelos combustíveis fósseis e, em
certas condições, menores do que estas últimas acompanhadas da captura e
armazenamento de dióxido de carbono. Os valores médios para o conjunto das
energias renováveis estão situados entre 4 e 46 g de CO2 eq/kWh, enquanto os
combustíveis de origem fóssil estão compreendidos entre 469 e 1.001 g de CO2
eq/kWh (exceto as emissões resultantes da mudança no uso da terra).

A maioria dos sistemas bioenergéticos atuais, incluídos os biocombustíveis


líquidos, reduzem as emissões de GEE, e a maioria dos biocombustíveis produzidos
através de novos processos (denominados também biocombustíveis avançados ou
de última geração) podem potencializar a mitigação dos GEE. O balanço destes
pode ser afetado pelas mudanças no uso da terra e as correspondentes emissões e
detrações. A bioenergia permitiria evitar emissões de GEE e de seus produtos
associados nos resíduos dos aterros; a combinação da bioenergia com técnicas de
captura e armazenamento de dióxido de carbono pode representar ainda mais
reduções.

Além de reduzir as emissões de GEE, as tecnologias da energia renovável podem representar outros
benefícios ambientais importantes. O aproveitamento otimizado destes benefícios dependerá do
tipo de tecnologia, do regime de gestão e das características da localização que correspondam a
cada projeto de energia renovável.

7.2. Papel de las energías renovables en el cambio climático

A mudança climática afetará, tanto em sua extensão quanto em sua distribuição geográfica, o
potencial técnico das fontes de energia renováveis, ainda que as pesquisas sobre a magnitude
desse possíveis efeitos apenas tenham começado. Considerando que as fontes de energia
renováveis são, em muitos casos, dependentes do clima, a mudança climática mundial afetará o
acervo de recursos de energia renovável, ainda que a natureza e magnitude exatas desses efeitos
sejam desconhecidas.

Energia e mudança climática 37


O potencial técnico futuro da bioenergia poderia acusar a influência da mudança climática, devido a
seus efeitos sobre a produção de biomassa, particularmente pela alteração das condições do solo,
precipitação, produtividade dos cultivos e outros fatores. Mundialmente, espera-se que o impacto
geral de uma mudança na temperatura média mundial inferior a 2ºC seja relativamente pequeno em
termos do potencial técnico da bioenergia. No entanto, na realidade existem diferenças regionais
consideráveis e maiores margens de incerteza, mais difíceis de avaliar, em comparação com outras
opções de energia renovável, devido ao grande número de mecanismos de retorno utilizados.

Com relação à energia solar, ainda que a mudança climática influencie previsivelmente na
distribuição e variabilidade da cobertura de nuvens, espera-se que o efeito destas mudanças sobre o
potencial técnico seja, conjuntamente, pequeno.

No caso da energia hidroelétrica, espera-se que o impacto geral seja levemente positivo em termos
de potencial técnico mundial. No entanto, os resultados também indicam possíveis variações
substanciais entre regiões e, inclusive, entre países.

As pesquisas realizadas até hoje parecem indicar não ser previsível que a mudança climática afete
em grande medida o potencial técnico mundial do desenvolvimento de energia eólica, ainda que se
esperem mudanças na distribuição regional dos recursos dessa forma de energia.

Não se prevê que a mudança climática possa afetar consideravelmente o tamanho ou a distribuição
geográfica dos recursos de energia geotérmica ou oceânica

7.3. Energias renováveis

A continuação serão descritas cada uma das diferentes energias renováveis.

7.3.1. Energia hidroelétrica

O potencial técnico foi estimado em 14.000 TWhe/ano, das quais 6.000-9.000 TWhe/ano podem ser
exploradas economicamente a longo prazo após considerar os fatores sociais, ambientais,
geológicos e econômicos. O potencial do mercado para reduzir as emissões de GEE depende do
combustível fóssil substituído pela energia hidroelétrica (Relatório IPCC, 2007).

As possibilidades econômicas a longo prazo para substituição do carvão são de 0,9-1,7 Gt C evitada
anualmente (de acordo com a tecnologia e a eficiência); no caso do gás natural, o potencial é de 0,4-
0,9 Gt C evitada anualmente.

A energia hidroelétrica de pequena escala pode ser importante em âmbito regional, sobretudo
quando é rentável. Por outro lado, a fase de construção de grandes centrais hidroelétricas tem
consequências sociais e efeitos diretos e indiretos para o meio ambiente, como o desvio de águas,
alteração de ladeiras, preparação de barragens, criação de infraestrutura para a ampla força de
trabalho, ou a perturbação de ecossistemas aquáticos, que incidem adversamente na saúde

Energia e mudança climática 38


humana. Dentre as consequências sociais figura o deslocamento de pessoas, além de um efeito de
auge e declive na economia nacional. A infraestrutura associada estimula o desenvolvimento
regional e representa, além disso, benefícios adicionais à agricultura como uma barragem de água.

7.3.2. Biomassa

Dentre as possibilidades de fornecer energia de biomassa figuram os resíduos sólidos municipais, os


resíduos industriais e agrícolas, as florestas existentes e as plantações de energia.

O rendimento e os custos da energia da biomassa dependem de condições locais, como a


disponibilidade de terra e de resíduos de biomassa e a tecnologia de produção.

Normalmente, a relação produto-input para cultivos alimentares de grande qualidade se reduz


quando comparada com a correspondente aos cultivos destinados à energia, que rebaixa
constantemente a primeira relação em um fator de 10. Estima-se que o custo da produção de
biomassa varia muito. Sobre a base da experiência comercial no Brasil, é possível produzir
aproximadamente 13 EJ/ano de biomassa a um custo médio de 1,7$/GJ, no caso do fornecimento de
resíduos de madeira. Os custos são superiores nos países do Anexo I. Para a geração de eletricidade
nos países do Anexo I, acredita-se que os inputs de biomassa no futuro custarão cerca de 2 $/GJ.

A variação dos custos de mitigação para as formas de energia derivadas da biomassa, como
eletricidade, calor, biogás ou combustíveis de transporte, não somente depende do custo da
produção de biomassa, mas também dos aspectos econômicos de determinadas tecnologias de
conversão de combustíveis.

Considerando custos de biomassa de 2 $/GJ e uma produção de pequena escala, seria possível gerar
eletricidade a 10-15¢/kWhe. Com um custo inferior da biomassa (0,85$/GJ), seria possível gerar
eletricidade a menos de 10¢/kWhe. Substituindo carvão por biomassa, os custos de mitigação
variariam de 200 a 400 $/t C evitada. Em um futuro ciclo de gaseificador/turbina de gás integrado de
biomassa com um rendimento previsto de 40-45% e custos de biomassa de 2 $/GJ seria possível
produzir eletricidade a um custo comparável ao do carvão e/ou preços do carvão na gama de 1,4-1,7
$/GJ. Neste caso, os custos de mitigação específicos poderiam ser insignificantes.

Os biocombustíveis modernos derivados de matérias primas da lenha oferecem a possibilidade de


produzir mais energia, a menor custo, com impactos inferiores para o meio ambiente do que os
produzidos pela maioria dos biocombustíveis tradicionais. Além do etanol, o metanol e o hidrogênio
são combustíveis promissores.

Atualmente as tecnologias modernas de conversão de biomassa e as plantações de biomassa se


encontram em uma fase incipiente e requerem mais pesquisa para alcançar a maturidade técnica e
ser economicamente viáveis. Com as preocupações sobre os futuros abastecimentos de alimentos,
suscitou-se a questão de que em países africanos e em outros países que não figuram no Anexo I,
não existirá terra para a produção de biomassa com fins energéticos. A possível competição pelo uso
da terra dependerá do grau em que a agricultura possa ser modernizada nesses países para
conseguir rendimentos equivalentes aos obtidos nos países do Anexo I, e de que se intensifique a
produção agrícola de forma ecológica e economicamente aceitável.

Energia e mudança climática 39


7.3.3. Energia Eólica

A energia eólica em uma grande rede pode contribuir com aproximadamente 15-20% da produção
de eletricidade anual, prescindindo de disposições especiais para armazenamento, reserva ou gestão
da carga. Em um sistema público com predomínio dos combustíveis fósseis, o efeito da mitigação
das tecnologias eólicas corresponde à redução do uso de combustíveis fósseis. Prevê-se que o
potencial eólico em 2020 situe-se na gama de 700-1000 TWhe; Se fosse utilizado para substituir
combustíveis fósseis, sem considerar os custos, isto se traduziria em uma redução das emissões de
CO2 de 0,1-0,2 Gt C/ano.

O custo médio das existências atuais de energia procedentes da energia eólica é de cerca de 10
¢/kWh, ainda que a gama seja ampla. Os custos poderiam ser menores em grandes explorações
eólicas.

Em países com um grande número de turbinas eólicas em funcionamento, as vezes se produz uma
oposição da população devido a fatores como o ruído das turbinas, os efeitos visuais para a
paisagem e a perturbação da vida silvestre.

7.3.4. Energia solar

A conversão direta da luz solar em eletricidade e calor pode ser conseguida através da tecnologia
fotovoltaica (FV) e da energia solar térmica. A energia FV já é competitiva como fonte de energia
independente afastada das redes de serviços públicos elétricos. No entanto, não é competitiva na
maioria das aplicação de conexão à rede. Ainda que os custos de capital modulares tenham
diminuído muito nos últimos anos, os custos de capital do sistema são de 7.000-10.000 $/kW; (2.400
kWh/m2/ano). No entanto, espera-se que o custo dos sistemas FV melhorem consideravelmente
através da pesquisa e das economias de escala. Em razão de sua modularidade, a tecnologia FV pode
reduzir os custos através da experimentação e da inovação tecnológica.

Ainda que os dispositivos FV não contaminem no funcionamento normal, em alguns sistemas é


preciso utilizar materiais tóxicos, de modo que podem existir riscos nas fases de fabricação, uso e
eliminação.

Entre 2020 e 2025, o potencial econômico anual de energia solar em pequenos mercados bem
definidos foi estimado em 16-22 EJ. A realização deste potencial dependerá das melhorias no custo e
no rendimento das tecnologias de energia solar térmica.

Em caso de que se conquiste totalmente este potencial, independentemente dos custos, a redução
de CO2 poderá ser de 0,3-0,4 GtC anuais. O custo de mitigação com relação a uma geração de
eletricidade a base de carvão de 5¢/kWh se situaria então na gama de 130-170 $/t C evitada; em
comparação com a eletricidade a base de gás com custos semelhantes, essa gama seria de 270-350
$/t C evitada. Nestes custos se consideram aspectos do sistema energético, como necessidades de
armazenamento ou vantagens de substituir eletricidade mais onerosa em períodos carregados, nos
quais a produção FV guarda uma breve relação com a demanda máxima de eletricidade.

Energia e mudança climática 40


Os sistemas elétricos de energia solar térmica podem atender a longo prazo a uma parte
considerável das necessidades mundiais de eletricidade e energia. Com esta tecnologia, gera-se
calor a altas temperaturas, de modo que é possível realizar uma eficiência de conversão de
aproximadamente 30%.

Exemplos selecionados através de medidas e opções técnicas para mitigar as emissões de GEE na
geração de eletricidade.

7.3.5. Energia geotérmica e oceânica

Existem várias emissões associadas à energia geotérmica, dentre as quais estão presentes CO2,
sulfeto de hidrogênio e mercúrio. As tecnologias avançadas são de circuito fechado e suas emissões,
muito baixas. Estima-se que de 2020 a 2025 o potencial de energia geotérmica será de 4 EJ. As
reservas de rocha profunda quente seca e outras não hidrotérmicas oferecem novos recursos de
abastecimento. Apesar de sua importância para a economia global, as possibilidades de redução de
carbono são escassas.

Ainda que a energia total do fluxo das marés, das ondas, dos gradientes térmicos e da salinidade dos
oceanos mundiais seja grande, é provável que nos próximos 100 anos somente uma pequena parte
seja explorada, e é possível estimular-se a mudança tecnológica, pois cada um deles oferece um
incentivo contínuo para a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de redução das emissões a
fim de evitar o imposto. Por outro lado, as compras de quotas de redução das emissões é incerta.
Esta situação se inverte no caso das quotas de emissão.

7.4. Panorama energético internacional e da América Latina: o papel das


energias renováveis

Um simples enunciado de algumas das características principais e tendências do cenário energético


internacional ajudará como ponto de partida a esta análise:

A Agência Internacional da Energia prevê que o consumo mundial de energia


crescerá cerca de 50% com relação aos níveis atuais até 2030; por sua vez, espera-se
que mais da metade desse crescimento provenha de países emergentes e em
desenvolvimento, em particular da Ásia. Dentro deste crescimento incontrolável, os
serviços de transporte (e, com eles, o consumo de derivados de petróleo) têm um
peso muito importante.

Atualmente os recursos energéticos consumidos no mundo procedem


fundamentalmente dos combustíveis fósseis (carvão e hidrocarbonetos), que
representam cerca de 80% do total do consumo primário.

Energia e mudança climática 41


Diante disso, a disponibilidade de recursos energéticos a escala mundial é muito
limitada (40 anos para o petróleo, 65 para o gás natural e 200 para o carvão) e, além
disso, encontra-se muito concentrada geograficamente.

Apesar da redução dos preços do petróleo ao longo da segunda metade do ano


2008, forçada pelas reduções de demandas subsequentes aos efeitos da crise
financeira internacional, o certo é que se pode considerar terminada a “era da
energia barata” no mundo.

Este panorama de crescimento do consumo e escassez a longo prazo da energia


enfrenta-se, também, ao condicionante dos problemas ambientais, cujo controle
obriga aos países signatários do Protocolo de Kyoto a adotar medidas de notável
repercussão no âmbito da energia.

Qual é, dentro deste panorama, a situação global da América Latina?

A região possui uma dotação importante de recursos, tanto de fontes fósseis quanto de fontes
renováveis, ainda que estejam desigualmente repartidos pelos distintos países. A América Latina se
destaca por possuir uma das maiores riquezas mundiais com relação aos recursos energéticos
exploráveis. (Custos e benefícios da adaptação às alterações climáticas na América Latina, GIZ,
2011).

Alguns dados podem ajudar a focar a questão:

Petróleo: A participação nas reservas mundiais ronda 9% (Venezuela, México e


Brasil); sua porcentagem na produção mundial é de 13% (a ordem, nesse caso, é
México, Venezuela e Brasil), e a razão de Reservas/produção, de 35 anos.

Gás: A participação nas reservas mundiais é de 4% (Venezuela, México, Bolívia,


Argentina, Trinidad e Tobago e Bolívia) e um pouco mais na produção mundial (5%),
com uma razão de Reservas/produção de mais de 40 anos..

Carvão: A América Latina tem 2% das reservas mundiais (Colômbia e Brasil), e uma
razão de Reservas/produção de 238 anos

Potencial hidráulico: A América Latina possui um grande potencial hidroelétrico


(destacam-se Brasil e Venezuela, mas também Colômbia, Argentina, Peru, México,
Equador e Chile, dentre os principais), que pode ser cifrado em torno de 22% da
produção mundial de energia hidroelétrica. De fato, esta é a principal fonte de
geração elétrica na região.

O panorama energético internacional está baseado em um modelo que pode ser qualificado de
“insustentável”: insustentável, em primeiro lugar, porque está baseado em fontes que se
esgotarão relativamente em breve; em segundo lugar, porque gera efeitos ambientais igualmente
insustentáveis a longo prazo e que demandam um grande esforço de redução das emissões de
gases de efeito estufa (GEE); e porque se trata de um modelo energético profundamente injusto,
cuja medida de insustentabilidade se revela pelo fato de que um terço da humanidade ainda não
tem acesso a formas avançadas de energia.

Energia e mudança climática 42


A encruzilhada parece evidente: o desenvolvimento econômico mundial se baseou, ao longo dos
últimos séculos e, principalmente, ao longo dos últimos cem anos, em um consumo crescente de
energia, com grande predomínio dos combustíveis fósseis. Este é o modelo hoje considerado
insustentável que precisa ser modificado não somente pelos países já desenvolvidos, mas também
pelos que aspiram a seguir o caminho destes.

Diante do cenário previsível, dominado pelas fontes fósseis como principais energias primárias,
estimativas de alto crescimento da demanda energética derivadas do crescimento econômico
mundial e um interesse marcado na luta contra o Aquecimento Global, a América Latina trabalha na
diversificação da oferta energética (com ênfase particular nas fontes renováveis) e no uso eficiente
da energia.

As energias renováveis representam uma alternativa ao sistema energético atual, baseado


fundamentalmente nos combustíveis fósseis, por várias de suas características mais distintas:

Em primeiro lugar, a que lhes dá nome: são inesgotáveis na Natureza.

Segundo, geralmente são tecnologias “rápidas” e relativamente simples.

Terceiro, são recursos distribuídos.

Quarto, os grandes investimentos iniciais, quando necessários, logo são


compensados com baixos custos de operação.

Quinto, contam com um grande potencial de futuro.

Por último, e muito importante, têm um reduzido impacto ambiental.

São, em resumo, uma peça energética hoje fundamental para alcançar o objetivo prioritário do
desenvolvimento sustentável a escala mundial.

A situação na América Latina das energias renováveis abarca seus distintos tipos:

Hidroelétrica e geotérmica: experiência consolidada em centrais hidroelétricas.

Eólica: construção de centrais de geração.

Solar-fotovoltaica: projetos rurais em todos os países, mas problemas de


sustentabilidade por custos de equipamento.

Biomassa-resíduos sólidos urbanos: experiências em gestão de aterros sanitários


com usos energético.

Biomassa-cogeração com resíduos: existência de centrais de geração de eletricidade


com resíduos das indústrias de cana e madeira.

Assim: a pesar dos recursos renováveis existentes na América Latina, os projetos baseados nestas
fontes de energia não estão alcançando ainda o volume necessário para encontrar um verdadeiro
espaço no desenvolvimento energético dos países da região.

Energia e mudança climática 43


Várias razões explicam a escassa penetração deste tipo de projetos no caso da América Latina:

Elevados custos de investimento e escassos incentivos ao desenvolvimento de


energias renováveis, convertendo muitos destes projetos em não rentáveis.

Projetos com pouca capacidade instalada e pouca produção.

Problemas de evacuação da energia produzida.

Em linhas gerais, a maioria dos países latino-americanos apresentam situações díspares com relação
ao desenvolvimento do atual quadro regulamentar do setor energético e, especificamente, com
respeito à geração elétrica baseada em fontes de energias renováveis. Neste sentido, enquanto
alguns países já começaram a desenvolver de um sistema para o fomento de projetos baseados em
fontes de energias renováveis, outros continuam sem definir políticas para impulsar este tipo de
projetos.

A este efeitos, podem ser citados países como Argentina, México, Uruguai e Brasil, que estão
desenvolvendo instrumentos reguladores para o impulso das energias renováveis e facilitando a
competição efetiva destas energias na geração de energia elétrica. Alguns destes desenvolvimentos
são::

Argentina: Lei do regime de promoção para a energia eólica e solar, e Lei de fomento
nacional para o uso de fontes renováveis para a produção de energia elétrica.

México: Contrato de interconexão para fontes intermitentes de energia renovável e


metodologia para a determinação de taxas de serviços de transmissão de energia
elétrica para fontes de energias renováveis; Contrato de compromisso de compra e
venda de energia elétrica para o pequeno produto; Contrato de interconexão para
fontes de energias solar em pequena escala, e Projeto de Lei para o Aproveitamento
das Fontes Renováveis de Energia.

Uruguai: Decreto referente à contratação de energia elétrica a rede nacional gerada


a partir de fontes renováveis e autóctones (energia eólica, biomassa e pequenas
hidroelétricas).

Brasil: Programa PROINFA - Programa Brasileiro para incentivar as fontes


alternativas de energia elétrica.

Energia e mudança climática 44


8. Adaptação à mudança climática
Uma das chaves para reduzir os impactos negativos das alterações climáticas e tirar partido das
novas oportunidades está devidamente preparado e antecipar

Na luta contra a mudança climática, o controle das emissões de CO2 é essencial, mas deve estar
combinado com medidas de adaptação.

A tabela a seguir mostra diferentes tecnologias de adaptação.

Tecnologias de adaptação

Setor/tecnologia Descrição
Pesquisa e observação Pesquisa e observação sistemática (atmosférica, terrestre e marítima), desenvolvimento de
sistemática do Clima cenários climáticos regionalizados, avaliações de impacto e vulnerabilidade, sistemas de
alerta prévio
Recursos hídricos Usinas micro e mini hidroelétricas, modelos regionais de clima-hidrologia e de avaliação das
possibilidades do sistema de gestão hidrológica.
Florestas Equipamento de proteção contra incêndios e de defesa civil; sistemas de vigilância e alerta
prévio; sistemas de monitoramento por satélite de massas florestais; o desenvolvimento de
novas variedades florestais
Setor agrícola Modelos dinâmicos de simulação; novas variedades agrícolas/pecuárias
Zonas costeiras Construção de diques, barreiras marinhas, quebra-mares, esgotos, restauração de praias,
relocação de edifícios; sistemas de alerta prévio e de estudos de impacto nas costas
Zonas de montanha e Caracterização do impacto sobre os glaciais e seus efeitos na dinâmica hidrológica.
glaciais
Solo Cartografias e modelização de processos erosivos.
Água Estações de tratamento de água, infraestrutura para captação de água, restauração e
manutenção de reservatórios de tecnologias de economia de água, reutilização da água e
dassalinização, e desenvolvimento de produtos que demandem menor consumo de água.
Ecossistemas marinhos Cartografias da vulnerabilidade da biodiversidade marinha; trabalhos para a restauração das
zonas de corais.
Transporte Cartografia dos impactos previstos; planificação de novas rotas de transporte e distribuição.
Saúde Produtos/serviços para o cuidado da saúde; sistemas de ar-condicionado mais eficientes; e
desenvolvimento de novos sistemas de alerta meteorológico.
Energia Cartografia dos potenciais climáticos (positivos e negativos) para a produção de energias
renováveis e o melhor acesso a recursos energéticos e minerais em áreas como o Ártico.
Turismo Remodelação de zonas turísticas; medidas de proteção para zonas de hotéis; projetos de
eficiência energética em hotéis para paliar o potencial aumento nos custos de operação.
Urbanismo e construção Desenvolvimento e promoção da bioconstrução, especialmente em edifícios públicos; da
construção de medidas de adaptação (diques, represas, portos, etc.) e, finalmente, de novos
desenhos de construção subterrânea e proteção contra enchentes.
Tabela 6. Elaborada pela OECC com base em diversas fontes

Energia e mudança climática 45


Quanto antes se tomem medidas, menores serão os custos de adaptação, e teremos melhores
opções para evitar efeitos que a ausência de ação tornaria irreversíveis ou de uma magnitude tão
grande que sua reparação seria inacessível do ponto de vista econômico.

É importante desacelerar o contínuo aumento da concentração de GEE na atmosfera. No entanto,


deve-se considerar que ainda que fosse possível freá-lo completamente, conseguindo conter as
emissões de modo que a concentração de gases na atmosfera se mantivesse nos níveis atuais, isso
não resolveria o problema. A inércia do sistema faz com que os GEE permaneçam durante muito
tempo na atmosfera, uma vez excedida a capacidade dos ciclos respectivos.

Desta forma, decorrerão várias décadas ou inclusive séculos entre o momento de estabilização das
concentrações e a estabilização da temperatura e do nível médio do mar. Os cientistas concluem
que já é inevitável uma mudança nas pautas do clima devido aos GEE presentes na atmosfera.

Isso leva à conclusão de que é necessário elaborar uma política de adaptação que nos prepare para
minimizar os impactos negativos e aproveitar, em seu caso, os positivos, em um exercício de
reflexão sobre as capacidades atuais e as possibilidade de melhorá-las para suportar uma mudança
na disponibilidade de recursos básicos como a água, a energia ou o solo, bem como para suportar
novas pressões ou aproveitar novas oportunidades nos setores socioeconômicos..

A política de adaptação implica a consequente aplicação do princípio de prevenção.

Portanto, as políticas de adaptação terão como objetivo a definição de medidas para paliar os
efeitos da inevitável mudança climática. Estas políticas nos ajudarão a saber o que teremos que
enfrentar, para assim poder antecipar e prever soluções aos problemas que virão.

Adaptação: iniciativa e medidas orientadas a reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e


humanos diante dos efeitos reais ou esperados de uma mudança climática. Existem diferentes
tipos de adaptação, por exemplo: preventiva e reativa, privada e pública, e autônoma e
planificada. Alguns exemplos de adaptação são a construção de diques fluviais ou costeiros e a
substituição de plantas

O IPCC define adaptação como um ajuste nos sistemas naturais ou humanos como resposta a um
estímulo climático atual ou esperado, e seus efeitos, que modere ou minimize os danos, ou que
potencialize as oportunidades positivas (IPCC, 2007).

Assim, enquanto as atividades de mitigação dos GEE têm por objetivo reduzir a magnitude da
mudança climática, as atividades de adaptação tendem a reduzir os impactos adversos que uma
determinada magnitude do aquecimento podem causar (Fankhauser, 1998).

As atividades de adaptação cobrem uma gama muito ampla de atividades humanas, cujo
denominador comum visa à proteção da sociedade diante da natureza (Stehr and von Storch, 2005).
As respostas de adaptação podem partir de atividades puramente tecnológicas (como, por exemplo,
sistemas de alerta prévio), passando por respostas no comportamento (como mudança na escolha

Energia e mudança climática 46


de alimento e atividades recreativas), até respostas de gestão (alteração de práticas agrícolas) e de
política (novas regulações)

8.1. Capacidade de adaptação

Refere-se à habilidade das sociedades para ajustar-se à mudança climática por si mesmas. Em outras
palavras, seria a habilidade para moderar os danos potenciais, para beneficiar-se das oportunidades
ou enfrentar as consequências.

O processo de adaptação ao clima e à mudança climática é complexo e tem múltiplas facetas.


Existem numerosas tipologias para classificar as medidas de adaptação. Assim, as medidas de
adaptação se classificam de acordo com o tempo (antecipada ou reativa); à visão (local ou regional;
curto prazo ou longo prazo); ao propósito (autônomo ou planificado); e ao agente adaptado (sistema
natural ou humano; individual ou coletivo; privado ou público) (OECD, 2008).

Uma descrição mais detalhadas desta tipologia pode ser encontrada no seguinte quadro:

Classificação das medidas de adaptação

Adaptação pública ou individual Depende de se o Estado participa da implementação das


medidas de adaptação. Na medida em que muitas ações de
adaptação públicas são feitas para facilitar a adaptação dos
indivíduos, a diferença entre ambos tipos de adaptação não é
muito clara.
Do mesmo modo, o que pode ser uma adaptação de sucesso de
modo agregado, pode não ser de modo individual.

Adaptação estratégica ou tática A adaptação estratégica representa medidas estruturais e de


grande escala. A adaptação estática é feita como resposta a um
impacto iminente.
Medidas táticas de curto prazo podem complicar ou proibir uma
adaptação estratégica.

Adaptação reativa ou proativa A adaptação reativa refere-se à medida ocasionada diretamente


pela ocorrência de um evento, enquanto a proativa é tomada na
expectativa de um evento futuro.
A adaptação proativa pode ser dividida em duas: medidas
antecipadas e medidas relacionadas com as capacidades.

Adaptação nacional ou internacional A maior parte das medidas de adaptação são realizadas no
âmbito regional ou local.

Adaptação tecnológica ou de comportamento Um exemplo de medida de adaptação tecnológica são aquelas


como a proteção contra o aumento do nível do mar. As medidas
de comportamento incluem ações como mudanças na
localização ou na atividade econômica.

Energia e mudança climática 47


Um dos maiores objetivos da análise da mudança climática é a operacionalidade dos chamados
custos de adaptação.

Conceitualmente, podem ser entendidos como os custos suportados pelas sociedades para adaptar-
se às mudanças no clima. Assim, o IPCC define os custos de adaptação como aqueles de planificação,
preparação e implementação de medidas de adaptação, incluindo os de transação.

No entanto, esta definição requer uma separação da situação base, isso é, requer-se uma separação
da “tendência de desenvolvimento comum” da de adaptação. Isso demanda decidir se os custos de
desenvolver iniciativas que aumentam a capacidade de recuperação (resiliência) ao clima devem ser
contabilizados como um custo de adaptação. Do mesmo modo, é necessário decidir como
incorporar nestes custos o déficit de adaptação, definido como a incapacidade de enfrentar a
variabilidade climática atual e futura (World Bank, 2011).

8.2. Cenários climáticos

Em uma representação plausível da evolução futura das emissões de substâncias que são
potencialmente ativas (por exemplo, gases de efeito estufa e aerossóis), está envolvido um conjunto
de hipóteses coerentes e internamente consistentes sobre as forças motivadoras deste fenômeno
(como o desenvolvimento demográfico e socioeconômico e a mudança tecnológica), bem como sua
relações fundamentais, revelando os cenários de concentrações derivados dos cenários de emissões.
Estes são utilizados como inputs em uma simulação climática para calcular projeções.

No IPCC (1992), foi utilizado um conjunto de cenários de emissões como base para as projeções
climáticas no IPCC (1996). Estes cenários de emissões se referem aos cenários IS92. No Relatório
Especial do IPCC: Cenários de Emissões (Nakicenovic et al., 2000), publicaram-se novos cenários de
emissões, chamados Cenários do IEEE.

Cenários do IEEE

Os Cenários do IEEE são cenários de emissões desenvolvidos por Nakicenovic et al. (2000) e
utilizados, dentre outros fins, como base para a realização de projeções climáticas na contribuição
do GTI (Grupo de Trabalho I) do IPCC ao Terceiro Relatório de Avaliação (IPCC, 2001a). Os seguintes
termos são de grande importância para compreender adequadamente a estrutura e o uso do
conjunto de Cenários do IEEE:

Conjunto (de cenários): Cenários que têm um roteiro semelhante do ponto de vista
demográfico, econômico e com relação à mudança técnica. Os cenários do IEEE
compreendem quatro conjunto de cenários: A1, A2, B1 e B2.

Grupo (de cenários): Cenários dentro de um conjunto que refletem uma variação
constante do roteiro. O conjunto dos cenários A1 inclui quatro grupos designados
A1T, A1C, A1G e A1B, que exploram estruturas alternativas de sistemas energéticos

Energia e mudança climática 48


futuros. No Resumo para Responsáveis por Políticas de Nakicenovic et al. (2000), os
grupos A1C e A1G foram combinados em um grupo de cenários A1FI ‘que utiliza
combustíveis fósseis em grande quantidade’. Os outros três conjuntos de cenários
possuem um grupo cada. A série de cenários do IEEE refletida no Resumo para
Responsáveis por Políticas de Nakicenovic et al. (2000) consiste em seis grupos de
cenários diferentes, todos igualmente apropriados e que abrangem de forma
conjunta a gama de incertezas associadas com os propulsores e as emissões.
Cenários que são ilustrativos para cada um dos seis grupos de cenários refletidos no
Resumo para Responsáveis por Políticas de Nakicenovic et al. (2000). Incluem quatro
marcadores de cenários revisados para os grupos de cenários A1B, A2, B1, B2 e dois
cenários adicionais par aos grupos A1Fl e A1T. Todos os grupos de cenários são
igualmente apropriados.

Marcador (de cenário): cenário colocado originalmente em forma de projeto na


página web do IEEE para representar um determinado conjunto de cenários. A
escolha dos marcadores estava baseada nas quantificações iniciais que melhor
refletiam a história e as características das simulações específicas. Os marcadores
não têm um maior grau de probabilidade que os demais cenários, mas a equipe de
redação do IEEE os considera ilustrativos de um roteiro determinado. Incluem-se de
modo revisado em Nakicenovic et al. (2000). Estes cenários foram objeto de um
exame minucioso por toda equipe de redação, além de um processo amplo e aberto
por parte do IEEE. Os cenários também são utilizados para ilustras os outros dois
grupos de cenários.

Roteiro (de cenário): Descrição narrativa de um cenário (ou conjunto de cenários)


que enfatiza as principais características do cenário, as relações entre as principais
forças motivadores e a dinâmica de sua evolução.

Em resumo, os 4 principais cenários são:

A1: Este representa um mundo de crescimento rápido, com uma adaptação rápida de tecnologias
novas e eficientes.

A2: Este cenário considera um mundo muito heterogêneo com ênfase nos valores familiares e
tradições locais.

B1: Este considera um mundo desmaterializado com uma introdução de tecnologias limpas.

B2: Neste existe um mundo com ênfase em soluções locais para conseguir uma economia e um meio
ambiente sustentáveis.

Energia e mudança climática 49


Ilustração 10. Cenário de Referência (World Energy Outlook, 2006, 2007).

Normalmente se usa um cenário para referenciar outros. Isto se conhece como Cenário de
Referência e considera que a população global crescerá uma média de 1% ao ano em média,
partindo de uma estimativa de 6.4 bilhões em 2004, a 8.1 bilhões em 2030.

Considera-se uma demanda de energia primária de 3.4% anual para um período 2004-2030,
comparada com 3.2% de 1980 a 2004.

Calcula-se o preço do petróleo, de acordo com a IEA, sobre US $ 60 por barril ao longo de 2007,
baixando a $ 47 em 2012 e voltando a subir a $ 55 em 2030.

Com relação ao gás natural, o panorama seria muito similar ao do petróleo. Na demanda vapor-
carvão, de acordo com a OECD, o preço se estabilizará em torno a $ 55 por tonelada nos próximos
anos, elevando-se a $ 60 em 2030. Mas, de modo geral, pode-se considerar que o abastecimento de
energia e suas tecnologias serão mais eficientes.

Excluem-se do Cenário de Referência as políticas de desaceleração e o surgimento de tecnologias


mais eficientes e limpas.

Energia e mudança climática 50


"As linhas contínuas (em relação a
1908-1999) são para a A2, A1B e
cenários B1, mostrados como
O aquecimento da superfície da terra
extensões das simulações do século
XX. área sombreada mostra a faixa
de mais / menos um desvio padrão
do modelo médio anual
individualmente. a linha laranja é
para o experimento onde foram
mantidas constantes as
concentrações nos valores de 2000.
As barras cinza à direita indicam a
melhor estimativa (linha sólida
dentro de cada bar) ea faixa provável
avaliada para os seis cenários
indicativos analisados".

Ano

Ilustração 11. Elevação da temperatura média sob diferentes cenários (Climate Change, 2007). IPCC 2007

Os estudos sobre adaptação exploram o futuro, e para superar a incerteza que o rodeia, consideram
diversos cenários. Um cenário é uma representação da realidade futura na qual se assume uma
determinada combinação de suposições sobre a evolução dos principais fatores determinantes no
futuro do sistema a ser estudado. Desta forma, as conclusões sobre a evolução e repercussões
futuras da mudança climática se baseiam na consideração de diferentes cenários de
desenvolvimento socioeconômico a nível global. Neste sentido, é muito relevante a contribuição
realizada pelo IPCC. As previsões apresentadas pelo IPCC do sistema climático e seus efeitos em seus
relatórios de avaliação consideram diferentes cenários futuros de emissão de GEE.

Para cada um destes cenários de evolução das emissões, os cientistas são capazes de simular como
será o clima no futuro, mediante modelos climáticos suficientemente contrastados. Estes modelos,
conhecidos como Modelos de Circulação Geral, simulam fluxos de energia, massa e quantidade de
movimento entre os pontos de uma rede tridimensional, com 200 e 500km de lado, que se estende
pela atmosfera e superfície terrestre. Este fluxos estão muito condicionados pela quantidade de GEE
e aerossóis presentes na atmosfera.

CENÁRIOS DE EMISSÕES DE GEE DO IPCC

Em seu Relatório Especial de Cenários de Emissões (SRES, em inglês), o IPCC apresentou no ano 2000
diferentes cenários alternativos de evolução futura das emissões mundiais de GEE. Estes cenários
(no total 40, agrupados em 4 grandes famílias) foram elaborados com base em uma análise de
tendências mundiais relativas aos principais fatores (forças motrizes) de caráter social, econômico,
tecnológico e político, com possível influência na emissão de gases.

Energia e mudança climática 51


Estes cenários de emissões tiveram uma grande transcendência desde então, porque foram
utilizados como ponto de partida na maior parte dos estudos sobre mudança climática elaborados,
tanto pelo IPCC quanto por outras instituições.

Na seguinte figura apresentam-se as características que definem cada uma das famílias de cenários
A1, A2, B1 e B2. Estes cenários são representados segundo as hipóteses de desenvolvimento social,
econômico e político assumidas em sua definição (econômico ou ambiental, global ou regional).

A aplicação destes modelos orientado ao futuro, sob as diferentes hipóteses de evolução das
emissões (cenários), permite obter dados de temperaturas e precipitações ao longo deste século. Os
valores médios destas previsões, ao longo de períodos de tempo suficientemente longos (uma
década), permitem conhecer as características do clima futuro em comparação com o atual.

Energia e mudança climática 52


8.3. Cenários na América Latina

Os estudos de estimativa dos custos econômicos da mudança climática são relativamente recentes.
Os primeiros estudos globais começaram em 2006, no entanto, as tentativas de cálculo de estes
custos são uma tarefa permanente de diversas organizações desde então.

Ademais, existe uma série de estudos de custos da mudança climática realizados para a América
Latina e o Caribe, que estimam que o custo de adaptação será de milhões de dólares, com base em
parâmetros de estudos globais prévios. Muito mais recentes são os estudos por país, realizados no
México, Chile, dentre outros, nos últimos três anos.

A grande maioria dos estudos parte da construção de cenários climáticos futuros e de cenários base.
Geralmente, estes cenários baseiam-se nos desenvolvidos pelo Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climática (IPCC). Adicionalmente, alguns países contam com cenários climáticos mais
delimitados que permitem estabelecer parâmetros de variação climática mais específicos. A
comparação dos impactos econômicos do cenário base com os do cenário futuro, ajustada a uma
determinada taxa de desconto, representa as consequências econômicas da mudança climática.

No entanto, apesar do esforço realizado para estimar os custos econômicos da mudança climática,
estes estudos revelam algumas limitações. Assim, observa-se que ainda que os estudos apresentem
custos econômicos de adaptação à mudança climática, estes custos são estimados de maneira
global. Isso é, não existe uma desagregação de custos por atividades específicas de adaptação.
Assume-se que o papel dos diversos governos, nacionais, regionais ou locais, segundo o caso, seria
especificar estas atividades.

Do mesmo modo, é importante mencionar que os países, regiões e setores têm diferentes
capacidades de adaptação, isso é, a “habilidade” para adaptar-se à mudança climática é diferente
em cada lugar. Consequentemente, a estimativa de custos agregados de adaptação deve ser tida
como um indicador, mas cada país ou região deve estabelecer suas medidas de adaptação, para logo
poder quantificá-las. De outro modo, poder-se-ia estar sub ou sobre estimando os custos de
adaptação.

Ademais, é preciso considerar que antes de estimar como a mudança climática afetará as
necessidades de investimento e fluxos financeiros (para adotar medidas de adaptação), os setores
estudados têm um déficit de investimento e fluxos financeiros, de modo que os investimentos
poderiam ser maiores do que as propostas dos estudos por uma necessidade que não está
relacionada com as medidas de adaptação à mudança climática.

Finalmente, outra limitação encontrada nestes estudos é que não incorporaram a suas estimativas
todos os setores que efetivamente podem sofrer o impacto da mudança climática, principalmente
pela falta de informação. Esta última limitação traz como consequência também uma subestimação
dos custos apresentados.

Energia e mudança climática 53


Resultados Obtidos e sua Aplicação

A seguir serão apresentados os principais resultados dos estudos, de acordo com o âmbito de
estudo.

Global: em âmbito global foram encontrados os seguintes resultados:

Estima-se que em um cenário business as usual, isso é, se nada for feito com relação
à mudança climática, o custo total será equivalente a perder 5% do PIB global por
ano. No entanto, se considerados outros riscos e impactos indiretos, os custos
poderiam aumentar a 20% do PIB ou mais.

Os riscos dos piores impactos da mudança climática podem ser reduzidos


substancialmente se as emissões de GEE estabilizarem-se entre 450 e 550 ppm
CO2eq. No entanto, se iniciada agora, o custo de estabilizar as emissões entre 500 e
550 ppm CO2eq é de 1% do PIB global.

O custo de adaptação à mudança climática está entre US $ 4 e 37 bilhões.

Se não forem realizadas ações concretas para reduzir as emissões de GEE, no ano
2035 a temperatura subirá a 2ºC. Além disso, em um prazo maior existe 0,5% de
probabilidade de que a temperatura aumente mais de 5ºC.

Dentre os custos da mudança climática encontra-se a proliferação de doenças, secas


e tempestades mais intensas.

Regional: no âmbito regional (América Latina, Caribe e a CAN), os resultados encontrados são os
seguintes

A mudança climática tem impactos significativos na economia da região da América


Latina e do Caribe. No entanto, estes efeitos são extremamente heterogêneos,
variam de acordo com as regiões. Os impactos não são lineares, têm diferentes
magnitude e, em alguns casos, consequências irreversíveis. Esta heterogeneidade se
manifesta devido à geografia acidentada da América Latina e diversos microclimas.

As simulações realizadas para a região mostram um crescimento médio esperado


das emissões de 1,5% neste século, mas estas emissões variam de acordo com os
países e as fontes.

Os efeitos da mudança climática são importantes principalmente no setor primário


para a América Latina e o Caribe. No setor agrícola, esperam-se mudanças nas
produtividades dos cultivos pela mudança na temperatura e umidade, bem como a
proliferação de pragas e doenças.

Para os países da Comunidade Andina (CAN), estima-se que em 2025 a mudança


climática poderá contribuir com um aumento de 70% do número de pessoas com
grandes dificuldades ter acesso a fontes de água limpa.

Energia e mudança climática 54


Do mesmo modo, no ano 2020 cerca de 40 milhões de pessoas poderiam estar em
risco devido à escassez da oferta de água para o consumo humano, hidroenergia e
agricultura. Além disso, esta cifra pode aumentar a 50 milhões de pessoas afetadas
pelo degelo dos Andes no ano 2050.

No ano 2025, o dano econômico nos países da CAN significaria uma perda
aproximada de 30 bilhões de dólares anuais (dólares de 2005), equivalente a 4,5%
do PIB, podendo comprometer o potencial de desenvolvimento dos países da CAN

Alguns países da América Latina fizeram estudos sobre os impactos econômicos da mudança
climática. A seguir se apresentam os principais resultados da Bolívia, Chile, México e Peru.

Bolívia

O setores com maior impacto serão: agricultura, recursos hídricos e saúde.

Assumindo um cenário úmido, a temperatura média aumentará 1,55ºC e as


precipitações anuais sofrerão 22% de aumento.

Sob um cenário seco, a temperatura aumentará 2,41ºC e as precipitações


diminuirão 19%.

Os resultados indicam custos altos para medidas de gestão e controle de risco, para
sistemas de alerta e outras medidas de adaptação planejadas.

A malária é a única doença que não será afetada pela mudança climática. Os
cenários sem e com mudança climática indicam uma redução significativa da
doença, o que demonstra que, para a malária, o desenvolvimento socioeconômico é
mais importante do que as variáveis climáticas.

É essencial implementar políticas focadas na educação e na introdução de serviços


de saúde.

Chile

Os setores que receberão o maior impacto são: o setor hidroelétrico, água potável e
o setor da agricultura e silvicultura.

Para o setor hidroelétrico e de água potável, serão projetadas reduções importantes


na disponibilidade de recursos hídricos.

Com relação às atividades de silvicultura e agropecuárias, a situação é mais


heterogênea. Para alguns tipos de cultivos e regiões, nos quais o fator limitador do
desenvolvimento é a baixa temperatura, projetam-se importantes aumentos de
produtividade. Para outros cultivos e regiões do país, nas quais o fator limitador está
mais associado à disponibilidade de água, projetam-se importantes reduções de
produtividade.

Energia e mudança climática 55


A média de temperatura no país aumentaria aproximadamente 1°ºC nos próximos
30 anos.

Em termos absolutos, a agregação do valor presente de impactos indica que, para o cenário A22 de
maiores emissões, haveria um custo que flutua entre 22 bilhões e 320 bilhões de dólares.

Com relação ao cenário de menores emissões, B23, a situação é mais ambígua, já


que os resultados indicam uma variação que flutua entre um benefício líquido de 25
bilhões de dólares a um custo de 40 trilhões de dólares. As diferenças se devem ao
cenário de GEE utilizado (os impactos mais negativos ocorrem nos cenários de maior
emissão de GEE), pela taxa de desconto usada na avaliação com base no valor
presente e pelo horizonte da avaliação.

Estes custos indicam que o Chile poderia perder 1,1% do PIB anual durante todo o
período de análise, isso é, até 2100, no cenário A2. O cenário B2 apresentaria uma
perda anual de 0,5% na projeção até 2050, podendo chegar a um lucro anual de
0,09% na projeção até 2100.

México

Os setores que sofrerão maior impacto são: setor agropecuário, recursos hídricos,
mudanças no uso do solo, biodiversidade, eventos extremos, turismo e desastres
naturais, e saúde.

No setor agropecuário foram estimados impactos heterogêneos e uma notável


redução nos rendimentos agrícolas para o ano 2100.

Os resultados mostram um aumento significativo no estresse hídrico para o ano


2100, especialmente em algumas áreas do norte do país, que se refletem no índice
de vulnerabilidade.

A mudança climática aumentará os incêndios florestais que se traduzirão em perdas


adicionais da cobertura de florestas.

Os resultados obtidos mostram que a perda de biodiversidade estimada para o


México é significativa e crescente, e que terá também impactos negativos na
produção agrícola.

No caso do turismo, estima-se uma redução da demanda turística por impactos da


mudança climática.

A mudança climática aumentará os limites geográficos das doenças contagiosas e


provocará danos à saúde associados a ondas de calor.

Os custos totais da mudança climática alcançarão em 2100, com uma taxa de


desconto de 4%, ao redor de 6,2% do PIB.

Energia e mudança climática 56


Do mesmo modo, os custos da mitigação com reduções de 50% de emissões em 2100 com relação a
2002, com uma taxa de desconto de 4%, localizam-se entre 0,7% e 2,2% do PIB, dependendo do
valor da tonelada de carbono.

Peru

Os setores com maior impacto serão: os recursos hídricos, a agricultura, a pesca e a


saúde.

Aumento do período de estiagem e redução da disponibilidade de água para o


consumo humano, uso agrícola, uso industrial e geração elétrica.

Estabeleceu-se que a perda estimada deste recurso seria de 6% até 2100.

Os custos econômicos da mudança climática podem variar de US $ 77 milhões em


2030, a uma taxa de 4%, até US $ 1.7 bilhões no ano 2100, se a taxa de desconto
fosse de 0,5%.

Isto significa 0,09% do PIB em 2030 a uma taxa de 4%, e 1,95% em 2100, a uma taxa
de desconto de 0,5%.

Com relação ao setor agrícola, estima-se que os custos econômicos podem variar de
mais de US $ 65 milhões considerados os danos em 2030, até US $ 3,475 milhões,
considerados os danos em 2100.

Em termos percentuais, com relação ao PIB de 2008, os custos da mudança climática


na agricultura poderiam ter percentuais relativamente pequenos para 2030 (0,08%
com uma taxa de desconto de 0,5% e 0,05%, com uma taxa de 4%), que
aumentariam significativamente em 2100 (3,99% com uma taxa de desconto de
0,5% e 0,52%, com uma taxa de 4%).

Para o setor pesqueiro, calculou-se que os custos econômicos da mudança climática


podem ir dos US $ 326 milhões em 2030 a uma taxa de 4%, até os US $ 5,7 bilhões
em 2100, se a taxa de desconto fosse de 0,5%.

No setor da saúde estimou-se a mortalidade no Peru devido a mudança climática


para os anos 2030, 2050 e 2100, e foram obtidos os seguintes dados: 678, 3.285,
11.773 falecimentos ao ano, respectivamente. Para este setor, foram obtidos custos
econômicos acumulados até os anos 2030, 2050 e 2100, de acordo com as diversas
taxas de desconto. Observa-se, assim, que os custos por mortalidade chegariam,
pelo menos, a mais de US $ 66 milhões no ano 2030 e poderiam chegar a US $ 5,3
bilhões no ano 2100. Os custos da mudança climática na saúde são pouco
significativos para o ano 2030, representando menos de 1% do PIB nacional do ano
2008. Contudo, para o ano 2100 o impacto econômico da mortalidade devido à
mudança climática pode ter uma grande relevância para o país, podendo chegar a
mais de 6% do PIB atual.

Energia e mudança climática 57


O impacto agregado esperado da mudança climática para a economia peruana seria
de US $ 510 milhões (usando uma taxa de 4%) e de US $ 16,2 bilhões (usando uma
taxa de 0,5%). Em termos percentuais do PIB do ano 2008, isto representa entre
0,59% (usando uma taxa de 4%) e 18,6% (usando uma taxa de 0,5%).

Por sua parte, se a implementação de política de mitigação global gerasse efeitos


para estabilizar as variáveis climáticas até 2030, a perda média anual até 2050 seria
reduzida pela metade, a uma taxa de 3,9% e 4,6% do nível potencial.

É importante mencionar que houve vários problemas com as estimativas realizadas por diversos
estudos. Uma delas é a exclusão de alguns fatores que incidem nos custos da mudança climática,
devido à dificuldade de medi-los. Por exemplo, não se excluiu a perda de biodiversidade, o efeito das
catástrofes, o risco dos eventos climáticos extremos, dentre outros.

Do mesmo modo, há uma distorção considerável nas estimações, já que alguns estudos
consideraram aumentos na temperatura global menores do que os projetados pelo IPCC ou não
incluíram maior informação de determinadas variáveis. Sem dúvida, existem ainda muitos aspectos
a serem melhorados na estimação de custos, tarefa complicada quando se considera que existe
ainda um alto grau de incerteza sobre a variação dos indicadores climáticos e seu impacto.

A seguir, apresenta-se uma tabela resumo dos custos da mudança climática estimados para os
diferentes âmbitos geográficos.

Tabela 7. Costes del Cambio Climático según Ámbito Geográfico Ámbito

Âmbito Estudo/Objeto Setores estudados Resultados obtidos

Global
Stern (2006) Examinar a evidência dos Saúde, agricultura, Os custos da Mudança Climática
impactos econômicos da ecossistemas equivalem a 5% do PIB global por
mudança climática a fim de ano.
entender seus riscos, bem
O custo de reduzir as emissões de
como explorar os custos de
GEE pode chegar a ser 1% o PIB
estabilizar as emissões de GEE
global anual.
O custo de adaptação à Mudança
Climática será de US $ 4 e 37 bilhões.
A Mudança Climática aumentará as
mortes em todo mundo devido à
desnutrição e o estresse por calor.
Entre 15 e 40% das espécies podem
ser extintas com um aumento de
apenas 2ºC.
A produtividade de alguns cultivos
será reduzida.

Energia e mudança climática 58


Âmbito Estudo/Objeto Setores estudados Resultados obtidos

Banco Mundial Revisar instrumentos Energia Os investimentos necessários no


(2006) financeiros existentes e setor energia para aprovar e
explorar o valor potencial de satisfazer as necessidades dos mais
novos instrumentos pobres foram estimados em US $
financeiros para acelerar os 165 bilhões anuais.
investimentos na energia
“limpa” dos países em O custo anual de “descarbonizar” o
desenvolvimento. setor energia está estimado em US $
40 bilhões entre os anos 2006 e
2050.

Um aumento de 2,5ºC na
temperatura sem nenhum esforço
adequado das medidas de adaptação
criará impactos econômicos
estimados entre 0,5% e 2% do PIB
global.

São necessários entre US $ 9 e 41


bilhões anuais para desenvolver
atividades de adaptação à Mudança
Climática.

Oxfam (2007) Examina as medidas Não especificados. A Mudança Climática traz como
necessárias para que os países consequência o aumento da pobreza
em desenvolvimento se e da desigualdade nos países em
adaptem à Mudança desenvolvimento.
Climática. Do mesmo modo,
examina em termos As ONGs são atores importantes
econômicos o custo destas para apoiar as medidas de adaptação
medidas. à Mudança Climática.

O custo para as ONGs para realizar


intervenções nos países em
desenvolvimento para promover
estas medidas está estimado em US
$ 7,5 bilhões anuais.

O custo total de atender as medidas


de adaptação mais urgentes e
imediatas para os países em
desenvolvimento encontra-se entre
US $ 8 e 33 bilhões.
O custo de adaptação para estes
países será de pelo menos US $ 50
bilhões anuais (pode chegar a ser
mais se as emissões de GEE não
forem reduzidas rapidamente).

Energia e mudança climática 59


Âmbito Estudo/Objeto Setores estudados Resultados obtidos

UNFCCC (2007) Revisar e analisar diferentes Agricultura, pesca, O montante adicional requerido para
fluxos de investimento florestal, enfrentar à Mudança Climática
existentes e projetados de infraestrutura e encontra-se entre 0,3% e 0,5% do
países em desenvolvimento saúde. PIB global.
como resposta à Mudança
Os países em desenvolvimento
Climática. Especificamente,
necessitarão mais ajuda financeira
estimar quais serão os
para poder enfrentar à Mudança
requerimentos financeiros
Climática.
destes países para a mitigação
e adaptação à Mudança Serão necessários entre 200 e 210
Climática. bilhões no ano 2030 para chegar aos
níveis de emissões de GEE atuais.
Para a adaptação à Mudança
Climática nos setores agrícola, de
pesca e florestal serão necessários
em 2030 cerca de US $ 14 bilhões.
Para a adaptação à Mudança
Climática será necessário realizar um
investimento de US $ 11 bilhões em
infraestrutura de água no ano 2030.
Para poder tratar os casos de
malária, diarreia e desnutrição, serão
necessários em 2030 US $ 5 bilhões.
Serão necessários de US $ 8 a 130
bilhões para adaptar uma nova
infraestrutura vulnerável à Mudança
Climática.

Banco Mundial Ajudar os tomadores de Infraestrutura, áreas O custo de adaptação à Mudança


(2010a) decisões de países em costeiras, Climática estará entre US $ 75-100
desenvolvimento a avaliar os disponibilidade de bilhões anuais entre 2010 e 2050,
riscos da Mudança Climática, água e proteção de representando um aumento da
e oferecer informação inundações, temperatura de 2ºC.
necessária para adotar agricultura, pesca,
Para a América Latina e o Caribe o
medidas adequadas. O estudo saúde, silvicultura e
custo anual líquido oscila entre US $
global será acompanhado por serviços
21,5 (em um cenário úmido) e 16,8
sete estudos de casos ecossistêmicos,
(em um cenário árido) bilhões.
nacionais (ver abaixo o caso eventos climáticos
da Bolívia). extremos. Sob os dois cenários, a região Ásia-
Pacífico sofrerá os custos mais
elevados; ALC figura em segunda
posição.
A disponibilidade de água e a
proteção de inundações, bem com as
áreas costeiras, serão os setores
mais afetados na ALC.

Energia e mudança climática 60


Âmbito Estudo/Objeto Setores estudados Resultados obtidos

Copenhagen Apresentar uma análise Não especificados. Nos países não membros, os custos
Consensus Center integrada de medidas de ideais de adaptação superam em
(2009) mitigação e adaptação à nível cinco vezes os custos dos países da
global e regional. A análise OCDE.
regional se diferencia entre
países membros da OCDE e Com relação à combinação e o
países não membros (em sincronismo ideal de medidas, os
desenvolvimento). países membros da OCDE deveriam
confiar muito mais em medidas
preventivas, e os países não
membros em medidas reativas. Nos
países em desenvolvimento, as
medidas de adaptação deverão ser
realizadas mais rapidamente.

Os benefícios líquidos da adaptação


à Mudança Climática durante o
período de 2010 até 2105 variam,
dependendo dos diferentes cenários,
entre US $ 1,61 e 2,62 bilhões para
os países em desenvolvimento.

A medidas de mitigação e adaptação


juntas elevam os benefícios líquidos
a US $ 1,77 e 3,13 bilhões.

América Latina y el Caribe

CEPAL (2009a) Apresentar uma análise Agricultura, recursos A Mudança Climática gera pressões
econômica da Mudança hídricos, saúde, adicionais sobre os recursos hídricos.
Climática na América Latina e ecossistemas.
Caribe. A Mudança Climática causaria perdas
significativas de biodiversidade.

O impacto no setor agrícola varia de


acordo com o cultivo, região, tipo de
terra e agentes econômicos.

Ainda existem incertezas sobre os


possíveis impactos da Mudança
Climática com relação à morbidez e
mortalidade relacionada com certas
doenças.

Existe um crescimento médio


esperado das emissões de GEE de
1,5% neste século.

Energia e mudança climática 61


Âmbito Estudo/Objeto Setores estudados Resultados obtidos

CEPAL (2009b) Oferecer aos governos da Agricultura, turismo, Os efeitos da Mudança Climática são
América Latina e do Caribe pesca, setor importantes principalmente no setor
alguns elementos que primário, setor primário.
contribuam com a análise de industrial.
No setor agrícola esperam-se
relação entre a Mudança
mudanças nas produtividades dos
Climática e o
cultivos.
desenvolvimento.
Esperam-se efeitos adversos na
agricultura, turismo e pesca.
O setor industrial será afetado pela
escassez de inputs do setor primário.

CEPAL e BID Contribuir com a reflexão Não especificados. Os custos econômicos estimados até
(2010) sobre a Mudança Climática 2110 se situam aproximadamente
entre 70 e 10% do PIB, para a
América Central.
Os custos são significativos e
heterogêneos.
Os custos econômicos da mitigação
são difíceis de estimar com precisão.

CAN

CAN (2008) Os impactos da Mudança Agricultura, água, Em 2025, 70% das pessoas terão
Climática na subregião ecossistemas, dificuldades para ter acesso a fontes
andina. infraestrutura e de água limpa.
saúde.
No ano 2025, o dano econômico nos
países da CAN implicará uma perda
aproximada de 30.000 milhões de
dólares anuais (4,5% do PIB).
Redução da produtividade nos
cultivos.
Perdas na agricultura e energia
alcançarão 1,3% do PIB.
Redução de precipitações de desgelo
acelerado.
Probabilidade de extinção de 20 a
30% das espécies vegetais e animais.
Danos na infraestrutura aumentarão
a 0,7% do PIB anual.
Aumento da transmissão da dengue.

Energia e mudança climática 62


Âmbito Estudo/Objeto Setores estudados Resultados obtidos

Países

Banco Mundial Avaliar algumas opções de Agricultura e Os prognósticos dos efeitos da


(2010b) adaptação para os setores recursos hídricos. Mudança Climática na Bolívia são
mais vulneráveis na Bolívia, contraditórios. A quantidade total, o
no apoio da implementação sincronismo e a intensidade das
de uma estratégia nacional de precipitações são altamente incertas.
adaptação no país. O estudo
Assumindo um cenário úmido, a
considera também as
temperatura média aumentará
implicações das medidas para
1,55ºC e as precipitações anuais
diferentes grupos sociais.
enfrentarão 22% de aumento.
Sob um cenário seco, a temperatura
aumentará 2,41ºC e a quantidade
das precipitações será reduzida em
19%.
A pedido do governo boliviano, não
foram realizados cálculos, mas
estimações quantitativas. Os
resultados indicam custos altos para
medidas de gestão e controle de
risco para sistemas de alerta e outras
medidas de adaptação planejadas.

Molina (2009) Apresentar uma estimativa de Setor da saúde. Para todas as doenças, o efeito da
custos e benefícios do temperatura é maior do que o da
impacto da Mudança precipitação.
Climática sobre a saúde da
A malária é a única doença não
Bolívia até 2100, no âmbito
afetada pela Mudança Climática. Os
departamental e nacional.
cenários sem e com Mudança
Climática indicam uma redução
significativa da doença, o que
demonstra que para a malária o
desenvolvimento socioeconômico é
mais importante do que as variáveis
climáticas.
O efeito econômico da Mudança
Climática sobre a saúde (perdas de
produtividade, tratamento) em
termos monetários será
praticamente inexistente.
No entanto, é essencial implementar
políticas focadas na educação e na
introdução de serviços de saúde.

Energia e mudança climática 63


Âmbito Estudo/Objeto Setores estudados Resultados obtidos

CEPAL e Governo Analisar o efeito econômico Setor hidroelétrico, Para o setor hidroelétrico e para a
do Chile (2009). da Mudança Climática no água potável e setor água potável, estão previstas
Chile nos próximos 100 anos. agropecuário e reduções importantes na
silvícola. disponibilidade.
Apresentam-se resultados
heterogêneos para o setor
agropecuários e silvícola.
A média da temperatura no país
aumentaria aproximadamente 1ºC.
O custo do CC flutua entre 22 e 320
bilhões de dólares em um cenário de
maiores emissões.
O Chile poderia chegar a perder 1,1%
anual do PIB durante todo o período
de análise.

Governo Federal, Identificar, analisar e Setor agropecuário, Os custos totais da Mudança


SEMARNAT e SHCP quantificar os custos recursos hídricos, Climática alcançarão em 2100 cerca
(s/d) - México econômicos da mudança mudança do uso da de 6,2% do PIB.
climática para o México e terra, biodiversidade,
Os custos da mitigação com
propor e recomendar eventos extremos,
reduções de 50% de emissões em
medidas para a adaptação e turismo, desastres
2100 com relação a 2002 encontram-
mitigação. naturais e saúde.
se entre 0,7% e 2,2% do PIB.
Uma notável redução dos
rendimentos agrícolas para 2100.
Aumento significativo do estresse
hídrico para 2100.
Aumento dos incentivos florestais.
A perda de biodiversidade estimada
para o México é significativa e
ascendente.
A redução da demanda turística.

Vargas (2009) Outorgar uma descrição geral Recursos hídricos, Redução da disponibilidade de água
sobre o fenômeno da desastres naturais, para o consumo humano, uso
Mudança Climática e analisar biodiversidade, agrícola, uso industrial e geração
as consequências e impactos pesca, florestas. elétrica.
econômicos.
Aumento do risco de desastres
naturais.
Aumento da frequência e
intensidade do fenômeno El Niño.
Savanização de florestas tropicais.
Perda de biodiversidade e extinção

Energia e mudança climática 64


Âmbito Estudo/Objeto Setores estudados Resultados obtidos
de espécies.
Impacto negativo sobre a taxa de
crescimento do PIB per capita em
2030, que flutua entre 0,18 e 0,78
pontos percentuais abaixo do nível
de crescimento potencial.

Loyola (sem data) Pretende ser uma Recursos hídricos, O impacto agregado esperado da
- Peru aproximação inicial à agricultura, pesca e Mudança Climática para a economia
determinação dos custos saúde. peruana será de US $ 510 milhões
econômicos da Mudança (usando uma taxa de 4%) a 16,2
Climática para o Peru. bilhões.
Nos recursos hídricos, os custos
econômicos podem ir de US $ 77
milhões em 2030 até 17 bilhões em
2100.
No setor agrícola, os custos
econômicos podem ser de mais de
US $ 65 milhões em 2030, até US $
3,475 milhões em 2100.
Para o setor da pesca, os custos
econômicos podem variar de US $
326 milhões em 2030, a US $ 5,782
milhões em 2100.
Os custos por mortalidade chegariam
pelo menos a mais de US $ 66
milhões no ano 2030, e poderiam ser
de US $ 5,35 milhões em 2100.

Energia e mudança climática 65


Glosario

C/kWe Centavos por quilowatt-hora

CO2eq/kWh, Emissões de CO2 equivalente por quilowatt-hora

GEI Gases de efeito estufa

TWhe/año Terawatts-ano de eletricidade

Gt C Gigatoneladas de carbono

$/GJ. Dólares por Gigajoule

IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima

OECC Oficina Espanhola de Mudança Climática

Cenários IS92 Cenários de Emissões IPPC

Países anexo I Alemanha, Austrália, Áustria, Belarus (*), Bélgica, Bulgária (*), Canadá,
Comunidade Económica Europeia, Croácia (*), Dinamarca, Eslovénia (*),
Espanha, Estados Unidos, Estônia (*), Federação Russa (*), Finlândia, França,
Grécia, Hungria (*), Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Letónia (*), Liechtenstein,
Lituânia (*), Luxemburgo, Mônaco, Noruega, Nova Zelândia, Holanda,
Polônia (* ), Portugal, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte,
República Checa (*), Eslováquia (*), Romênia (*), Suécia, Suíça, Turquia,
Ucrânia (*). (* Países em transição para uma economia de mercado)

FV Fotovoltaica

Tecnologias

Helioelétricas Centrais solares

Mitigação Atenuação de danos

Vulnerabilidade Incapacidade de resistência

Adaptação Ajuste nos sistemas naturais ou humanos como resposta a estímulos


climáticos atuais ou esperados, ou seus impactos, o que reduz o dano e
aumenta as oportunidades benéficas.

SOx Óxidos de enxofre

Energia e mudança climática 66


NOx Óxidos de nitrogênio

CO2 Gás carbônico

PD&I Pesquisa, desenvolvimento e inovação

Energia primária Fonte de energia primária é qualquer forma de energia disponível na


natureza antes de ser convertida ou transformada. Trata-se da energia
contida nos combustíveis derivados do petróleo, solar, eólica, geotérmica e
outras formas de energia que constituem uma entrada ao sistema. Quando
não são diretamente _ utilizáveis, devem ser transformadas em uma fonte
de energia secundária (eletricidade, calor, etc.)

Relação Relação entre duas grandezas

Cogeração Cogeração é o processo pelo qual se obtém simultaneamente energia


elétrica e energia

Cenários climáticos Os cenários regionais de mudanças climáticas são as projeções da evolução


climática para o século XXI para distintas estimativas de emissões de gases
de efeito estufa

GDP (gross domestic product) Sigla em inglês correspondente ao produto interno bruto (PIB). É o
valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos
oficialmente reconhecido dentro de um país em um determinado
período de tempo

Relatório Especial sobre Cenários de Emissões (SRES). O Relatório Especial sobre Cenários de
Emissões (SRES) é um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),
publicado em 2000. Os cenários de emissões de gases de efeito estufa descritos no relatório foram
utilizados para fazer projeções de possíveis futuras alterações climáticas. Os cenários regionais SRES,
como são chamados, foram usados no Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC (TAR), publicado em
2001, e no Quarto Relatório de Avaliação do IPCC (AR4), publicado em 2007.

Cenários A1, A2, B1 y B2 Famílias de cenários de clima

Dessalinização A dessalinização é um processo que retira o sal da água do mar ou salobra

Bioconstrução Sistemas de construção ou estabelecimento de casas, abrigos ou outros


edifícios, feitos de materiais com baixo impacto ambiental ou ecológico, por
exemplo, materiais vegetais reciclados ou altamente recicláveis, ou que
possam ser extraídos por processo simples, de baixo custo como, por
exemplo, materiais de origem vegetal e biocompatíveis

Modelagem Consiste em construir, monitorar e aperfeiçoar um sistema para capturar,


interpretar e representar uma estrutura complexa de variáveis

Energia e mudança climática 67


interrelacionadas que influenciam, condicionam e determinam o
comportamento de uma realidade ou problemática específica

Business as usual Refere-se à operação de uma organização de acordo com os métodos


utilizados no presente ou no passado pela mesma. Este sistema operacional se opõe às mudanças
que ocorrem tanto dentro da organização, quanto aos causados por fatores externos

ppm Partes por milhão

PIB Produto interno bruto

CAN Comunidade Andina

Desgelo Retrocesso ou recessão dos glaciais

UNDP Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

UNFCCC United Nations Framework Convention on Climate Change

Copenhagen Consensus Center Este projeto tem como objetivo estabelecer as prioridades
para promover o bem-estar global, utilizando metodologias
baseadas na teoria da economia do bem-estar

CEPAL Comissão Econômica para América Latina e Caribe

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

SEMARNAT Secretaria de meio ambiente e recursos naturais do México

SHCP Secretaria de fazenda e crédito público do México

Energia e mudança climática 68


Bibliografía
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http://www.eclac.cl/publicaciones/xml/7/35097/lcw218e.pdf

Energia e mudança climática 71


Índice de Figuras
Tabelas/Gráficos/ Ilustrações

Ilustração 1. Furacões intensos na Bacia do Atlântico............................................................................ 4


Ilustração 2. Mudanças espaciais nos padrões de precipitação. Fonte: IPCC, 2007. ............................. 5
Ilustração 3. Inventário de CO2. Fonte: CAIT 1.5, WRI. .......................................................................... 7
Ilustração 4. Emissões de GEEs, comparação mundial. Fonte IPCC........................................................ 7
Ilustração 5. Mudança nas emissões de efeito estufa das partes incluída no anexo 1. Fonte: IPCC ..... 8
Ilustração 6. Temperaturas globais. Fonte NASA.................................................................................... 9
Ilustração 7. Concentração de dióxido de carbono. Fonte: ISES International environment services . 10
Ilustração 8. Posição dos diversos países em 2011 com relação ao Protocolo de Kyoto. .................... 14
Ilustração 9. Fonte: OLADE – SIEE: Datos al 2010 ................................................................................. 21
Ilustração 10. Cenário de Referência (World Energy Outlook, 2006, 2007). ........................................ 50
Ilustração 11. Elevação da temperatura média sob diferentes cenários (Climate Change, 2007). ...... 51

________________________________________________________________________________

Tabela 1. UNEP RISO CENTRE. Energy Climate and Sustainable Development. CDMI/JI Pipeline (2013) ......... 16
Tabela 2. Fonte: Gás Natural................................................................................................................. 26
Tabela 3. Elaborada por OECC com base em diversas fontes. .............................................................. 28
Tabela 4. Potencial técnico de redução das emissões de CO2 sobre a base dos cenários IS92 do IPCC
para diferentes tecnologias de mitigação no ano 2020........................................................................ 30
Tabela 5. Reservas e recursos globais de energia, seu conteúdo em carbono, potenciais de energia
para 2020-2025. .................................................................................................................................... 32
Tabela 6. Elaborada pela OECC com base em diversas fontes ............................................................. 45
Tabela 7. Costes del Cambio Climático según Ámbito Geográfico Ámbito .......................................... 58

Autor: Benito, Y. (2013). Energia e Mudança Climática

Energia e mudança climática 72

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