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Objetivos do Módulo
Nos últimos anos há um crescente interesse pelo meio ambiente, acompanhado de um amplo
desenvolvimento tecnológico com o objetivo de fomentar a exploração das fontes de recursos
energéticos renováveis. Isto é resultado da grande preocupação social pelo meio em que vivemos,
não somente no âmbito particular, mas também governamental e, inclusive, empresarial, já que se
começou a desenvolver uma série de ações destinadas a proteger o planeta.
Com este curso pretende-se reunir diferentes materiais relacionados com as questões da mudança
climática, a fim de que o aluno tenha um conhecimento geral do problema, bem como das
estratégias desenvolvidas pela legislação e economia ambiental.
Tratar a mudança climática da perspectiva do sistema climático, dos ciclos do clima, dos
modelos do clima, do impacto da mudança climática, da mitigação desta mudança e da
resposta à mudança climática.
Analisar as políticas ambientais e como eles são definitivas para combater as mudanças
climáticas.
Mostrar os efeitos sobre a mudança climática são as diferentes fontes de geração de energia.
Todos os dias usamos enormes volumes de combustíveis fósseis na forma de gasolina, petróleo,
carvão e gás natural, liberando dióxido de carbono. Isto, junto a outras emissões geradas pela
atividade humana, como o metano e o óxido nitroso, acentuam o “efeito estufa” natural que torna a
Terra um planeta habitável.
Esta velocidade de alterações sem precedentes está ameaçando os sistemas sociais e ambientais,
que não podem ajustar-se ao mesmo ritmo. No mundo, aumenta-se a ocorrência de eventos
meteorológicos cada vez mais extremos, as vezes com manifestações inesperadas.
O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) conclui que algumas mudanças
poderiam ser repentinas e irreversíveis. O aumento do nível do mar e extensas perdas de
biodiversidade são apenas dois entre uma variedade de possíveis impactos.
É provável que para os países em desenvolvimento seja mais difícil combatê-lo, porque possuem
menos capacidade técnica, econômica e institucional para adaptar-se.
Para enfrentar os efeitos da mudança climática, há dois tipos de acções: mitigação e adaptação.
Ambas as medidas estão inter-relacionados.
O primeiro termo - mitigação - refere-se às políticas, tecnologias e medidas que, em primeiro lugar,
limitar e reduzir as emissões de gases de efeito estufa e, por outro lado, melhorar as pias do mesmo
para aumentar a capacidade de absorção de gases de efeito estufa.
A adaptação termo se refere a iniciativas e medidas que reduzam a vulnerabilidade dos sistemas
naturais e humanos contra os efeitos reais ou esperados das mudanças climáticas.
As medidas de mitigação para reduzir o alcance do aquecimento global são cruciais. O Protocolo de
Kyoto - primeiro acordo internacional para afrontar a mudança climática - estipula que os países
industrializados, historicamente responsáveis por uma maior quantidade de emissões, devem atuar
primeiro para reduzir as emissões, dando tempo aos países em desenvolvimento para que suas
economias cresçam e aumentem o padrão de vida de seus habitantes. Mas também se reconhece
que, cedo ou tarde, as nações em desenvolvimento terão que atuar. O IPCC prevê que as emissões
dos países em desenvolvimento - lideradas por economias que estão sofrendo uma rápida
industrialização, como a do Brasil, China e Índia - excederão a dos países desenvolvimento durante a
primeira metade deste século.
As possíveis medidas a serem adotadas estão em discussão e consistem nas compensações a países
que renunciem à deflorestação, os incentivos tributários para tecnologias de baixa emissão, o uso da
energia nuclear e o desenvolvimento de novas fontes de energia.
Do mesmo modo, a utilização dos biocombustíveis como uma possível alternativa ao petróleo no
transporte nos mostra que existem alternativas e enfatiza a necessidade de desenvolver políticas de
pesquisa nestes temas. No exemplo dos biocombustíveis, inicialmente, muitos gerentes de políticas
defenderam sua utilização como indubitavelmente benéfica. Gradualmente, no entanto, os
pesquisadores começaram a analisar individualmente cada biocombustível e avaliar seu ciclo de
vida, custos e benefícios, não somente em termos de emissão de carbono, mas também de seu
impacto em outras áreas da vida, como o preço dos alimentos e o consumo de água.
Para qualquer ação que se decida tomar, o IPCC conclui que todos os cenários da estabilização
climática indicam que dentre 60 e 80% da redução nas emissões proverá de fontes de energia, de
seu uso e de processo industriais, “com a eficiência energética exercendo um papel chave em muitos
cenários”.
Desse modo, dentro das três dimensões do desenvolvimento sustentável: ambiental, econômica e
social, a problemática energética apresenta grandes dificuldades, de forma que seria necessária uma
evolução a modelos de desenvolvimento que demandem um consumo energético reduzido.
O último relatório do IPCC das Nações Unidas, publicado em fevereiro de 2007, que é considerado o
melhor documento até a data relacionado com o aquecimento global, afirma que a temperatura
global elevou-se 0.76ºC nos últimos 100 anos. Prevê uma elevação da temperatura média da
superfície do planeta entre 1.4 e 5.8 graus para o ano 2100, o que poderia ser devastador. Os
glaciais dos Andes, que fornecem água potável ao formar rios, que por sua vez servem como fontes
de irrigação estão desaparecendo.
O degelo das massas polares, do mesmo modo, provocará o aumento do nível do mar, o que
eventualmente poderia por em risco a países inteiros, como a Holanda ou Bangladesh.
Estas não são suposições sem fundamentos. Prevê-se que em 2080 haverá uma grave escassez de
água na China e na Austrália. A corrente do Golfo, que aquece o norte da Europa, poderia ser
interrompida caso hajam mudanças na salinidade da água do Atlântico.
Denominam-se gases de efeito estufa (GEE), ou gases estufa, os gases cuja presença na atmosfera
contribui com o efeito estufa. Os mais importantes estão presentes na atmosfera de maneira
natural, ainda que sua concentração possa ser modificada pela atividade humana, mas também
entram neste conceito alguns gases artificiais, produtos da indústria. Esses gases contribuem mais
ou menos de forma líquida ao efeito estufa pela estrutura de suas moléculas e, de forma
substancial, pela quantidade de moléculas de gases presentes na atmosfera. Os gases em causa são:
Em termos percentuais, a América Latina tem uma baixa contribuição à concentração de dióxido de
carbono na atmosfera, ainda que sua contribuição aumente todos os anos.
Os dados mais recentes indicam que na América Latina e no Caribe as emissões de dióxido de
carbono em 2004 superaram em 75% as registradas em 1980, o que significou um crescimento
sustentado de 2,4% anual, mas não é possível observar uma tendência definida ou clara quando se
tenta relacionar as emissões por unidade de produto com o produto interno bruto per capita.
Quando se examina o conjunto das emissões de GEE, acredita-se que para o ano 2050 a contribuição
da Região às emissões globais seja de 9%. A Região da América Latina e do Caribe produz 4,3% das
emissões causadas pela mudança no uso da terra. As emissões de metano derivadas das atividades
humanas representam 9,3% do total mundial.
Dentro da região da América Latina e do Caribe, o Brasil é o principal emissor de óxido nitroso,
seguido pela Argentina e pela Colômbia. A maior parte deste deriva do uso de Fertilizantes (quase
80%) nas plantações, seguido pelo transporte (pouco menos de 20%).
Os gráficos apresentados abaixo mostram a participação relativa da Região nas emissões globais de
dióxido de carbono, metano e óxidos nitrosos, bem como o que estas representam no total das
emissões regionais de GEE.
Os gases de efeito estufa absorvem a radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra, pela
própria atmosfera, pelos mesmos gases e pelas nuvens. A radiação atmosférica é emitida em todos
os sentidos, inclusive à superfície terrestre. Os gases de efeito estufa capturam o calor dentro do
sistema da troposfera terrestre. A isto se denomina ‘efeito estufa natural’.
Os gases integrantes da atmosfera, de origem natural e antropogênica, como o vapor de água (H2O),
dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O), metano (CH4) e ozônio (O3), são os principais gases de
efeito estufa da atmosfera terrestre.
Ademais, existe na atmosfera uma série de gases de efeito estufa totalmente produzidos pelo
homem, como os halocarbonos e outras substâncias que contém cloro e bromo, das quais se ocupa
o Protocolo de Montreal.
O IPCC faz uma distinção entre ‘mudança climática’ atribuída a atividades humanas que alteram a
composição atmosférica e a ‘variabilidade climática’ atribuída a causas naturais.
A mudança climática se refere a uma importante variação estatística em um estado médio do clima
ou em sua variabilidade, que persiste durante um período prolongado (normalmente decênios ou
inclusive mais).
Ao observar o gráfico sobre as mudanças de temperatura global nos últimos 150 anos, a resposta
deveria ser sim. Mas o que acontece se observamos os últimos 1000 anos, 100.000 anos ou mais? E
porque é importante saber se o nosso mundo realmente está sofrendo um aquecimento?
Como sabemos qual temperatura a Terra possuía há milhares e milhões de anos atrás, quando não
existiam os termômetros?
Podemos calcular a temperatura utilizando outros meios. As árvores, corais e núcleos dos glaciais da
Groenlândia e da Antártida dão algumas pistas.
O que determina a temperatura global?
O sol aquece a terra. Mas se esse fosse o fim da história, o mundo estaria muito frio. O efeito estufa
mantém a Terra a uma temperatura confortável.
Então, porque a temperatura global muda?
Existe uma estreita relação entre os níveis de dióxido de carbono na atmosfera e a temperatura
global.
Existem outros fatores que afetem a temperatura?
O astrônomo Milutin Milnkovitch concebeu a teoria de que a relação mutável entre a Terra e o sol
afeta o clima terrestre.
Como as pessoas se relacionam com isso?
O aquecimento global terá um importante impacto em nossa maneira de viver. Os níveis do mar
crescerão provocando inundações de áreas costeiras densamente povoadas. Aumentará a
intensidade das tempestades tropicais. Muitas áreas agrícolas que já estão sofrendo com a seca,
serão ainda mais secas.
Perguntas como: “qual é o grau de incerteza do cenário da mudança climática e seu impacto?
Quanto será necessário adaptar-se? Quanto pode custar esta adaptação? Quais são seus
benefícios?”, precisam ser respondidas e incorporadas a uma análise custo-benefício,
principalmente quando se considera que alguns dos impactos de ditas medidas não têm mercado e,
portanto, são menos tangíveis.
A mudança climática, originada pelas emissões de gases de efeito estufa (GEE) à atmosfera tem
consequências significativas na temperatura, no nível de precipitações e, principalmente, sobre o
padrão e características dos eventos naturais extremos.
Existem várias definições de vulnerabilidade, uma das mais gerais estabelece que vulnerabilidade se
refere à habilidade de manejar os impactos da mudança climática.
- Exposição: Decisões e práticas que posicionam um elemento da sociedade (pessoas e/ou seus
meios de vida) nas áreas de influência de uma ameaça.
- Fragilidade: Grau de (não) resistência e/ou (des) proteção ao impacto de uma ameaça. Está
relacionado com as características físicas da unidade social: indivíduo, lar, comunidade ou seus
meios de vida (Cannon, 2008).
- Resiliência: Grau de assimilação e/ou recuperação que pode ter a unidade social depois de uma
ameaça.
Nas últimas décadas, a América Latina foi submetida a impactos climáticos severos como a maior
frequência e intensidade do evento El Niño, as chuvas intensas na Venezuela, inundações nos
pampas argentinos, a seca no Amazonas, tempestades de granizo em La Paz, Bolívia e em Buenos
Aires, Argentina, as intensas temporadas de Furacões no Caribe, dentre outros. Como consequência,
o número de desastres aumentou e os impactos econômicos também.
Entre o ano 2000 e 2005, 19% dos eventos extremos quantificados economicamente representaram
perdas de 20 milhões de dólares.
É importante mencionar também que existem outras causas que contribuem com o aumento da
vulnerabilidade dos sistemas humanos como, por exemplo, a pressão demográfica, o crescimento
urbano sem planificação, a pobreza e a migração rural, o baixo investimento em infraestrutura e
serviços e os problemas de coordenação intersetorial.
O relatório do IPCC para a América Latina (Magrin, G. et. al. 2007) menciona a vulnerabilidade
existente em alguns sistemas naturais. Por exemplo, as selvas tropicais da América Latina
incrementaram sua sensibilidade aos incêndios devido a maior frequência de secas e às mudanças
no uso da terra. Os manguezais localizados nas costas baixas são particularmente vulneráveis ao
aumento do nível do mar, ao aumento da temperatura e à frequência de furacões.
As costas baixas da América Latina são particularmente vulneráveis à variabilidade climática e aos
eventos extremos.
O aumento do nível do mar ainda não representa um risco sério, ainda que os níveis de aceleração
das taxas de aumento indiquem que a vulnerabilidade aumentará.
Ainda que os impactos da mudança climática sejam basicamente físicos ou biofísicos, seus efeitos
no bem-estar da população são econômicos, sociais e políticos. Assim, é importante tomar
medidas preventivas para minimizar o impacto da mudança climática e a responsabilidade das
autoridades por promovê-las dentro das políticas de planejamento.
Ilustração 8. Posição dos diversos países em 2011 com relação ao Protocolo de Kyoto.
O objetivo final de todas estas medidas é o mesmo: possibilitar aos países do Anexo I da CMNUCC
(isso é, aos países industrializados) complementar as medidas internas de redução de emissões de
GEE necessárias para cumprir com o compromisso estabelecido no Protocolo de Kyoto.
Ação direta:
O Protocolo de Kyoto e a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima são as
ferramentas básicas de que dispõe a comunidade internacional para lutar contra o aquecimento
do planeta.
A fim de reduzir os custos de mitigação, o Protocolo criou três mecanismos de mercado (chamados
mecanismos de flexibilidade) para trocar créditos de carbono:
Esta oportunidade não se materializa sozinha e requer, por parte dos distintos países, inserir-se no
mercado de MDL; e isto, por sua vez, exige colaboração público-privada para o comércio de projetos
no mercado internacional.
A competição por parte da Ásia (China e Índia, principalmente) no momento de captar estes
projetos a escala mundial é, no entanto, muito forte.
No entanto, o problema não termina aí. Está claro que toda atividade terá um impacto sobre o meio
ambiente. O problema começa quando este impacto é negativo ou, inclusive, irreversível. A
disponibilidade de energia é uma limitação ao desenvolvimento; mas além disso os impactos
ambientais também podem limitar ou condenar o desenvolvimento.
A atividade humana, com relação a aspectos relacionados com a energia, pode exercer os seguintes
impactos no meio ambiente:
Os impactos ambientais produzidos são de todas as índoles, podendo possuir um alcance local ou
global, ou ter efeitos de curto e longo prazo.
Por outro lado, nos últimos anos começou um processo de liberalização dos diferentes setores
energéticos, que tradicionalmente desenvolveram sua atividade em estruturas verticalmente
integradas e em regime de monopólio.
Existe o convencimento geral de que no mercado se alcança maior eficiência como resultado da
melhor alocação de recursos. Neste sentido, os novos regulamentos promovem mercados tanto
organizados (como o mercado de produção de eletricidade, os mercados de futuros de petróleo
bruto, ou de produtos petrolíferos), quanto livres (como os mercados de comercio de eletricidade
ou de gasolina).
Os preços da eletricidade, do gás natural ou dos produtos petrolíferos não abrangem atualmente
o custo total dos impactos ambientais a eles associados. Os preços, portanto, não informam o
verdadeiro custo social das atividades energéticas, de modo que podem ocorrer alocações
ineficientes de recursos, já que o custo ambiental não tem repercussões sobre os agentes
contaminantes, mas sobre o conjunto da sociedade.
Para conseguir essa alocação eficiente é preciso internalizar os custos ambientais do preço da
energia. Desta forma, os mercados energéticos destinarão de maneira mais eficiente os recursos e o
desenvolvimento será sustentável.
Nos ambientes liberalizados costuma-se introduzir mecanismos de tipo indireto, a fim de evitar
restrições diretas ao mercado. Por meio destes mecanismos, pretende-se internalizar os custos
ambientais ao nível de demanda da sociedade, sem interferir diretamente no funcionamento dos
mercados energéticos.
Em outras ocasiões, a sociedade não admite determinados impactos, e o poder político proíbe
“diretamente” o desenvolvimento da atividade ou fabricação do produto, impondo determinadas
qualidades mínimas aos combustíveis, como ocorre, por exemplo, no caso da tradicional gasolina
super (com chumbo), cuja comercialização foi proibida nos países da União Européia a partir de
2002.
Outros instrumentos são o fomento da informação ao consumidor (por exemplo, informação sobre a
mistura de geração de eletricidade e as emissões associadas), a formalização de acordos voluntários
entre empresas e administrações, ou o marketing verde (green pricing).
A capacidade instalada de geração elétrica na Região, em 2010, foi de 307.131 MW, dos quais
aproximadamente a metade (49,8%) corresponde a centrais hidroelétricas, 47% a térmicas, 0,5% a
geotérmicas, 1,4% a nucleares e 1,14% a outras tecnologias dentre as quais se encontram eólicas e
fotovoltaicas.
Emissões contaminantes.
Os limites de emissões de SO2 e NOx, aos quais as grandes instalações de combustão (GIC) estão
sujeitas, encontram-se regulados nas distintas normativas de cada um dos países.
Resíduos radioativos
A América Latina, ainda que em menor escala do que a Europa, também enfrenta a problemática de
encontrar depósitos definitivos para seus resíduos atômicos. Atualmente existem centrais nucleares
funcionando na Argentina, Brasil, México, Colômbia e Chile.
No Brasil, 3,1% do fornecimento total de eletricidade é gerado pela energia atômica. Os brasileiros
possuem atualmente duas usinas nucleares e uma em construção.
A Central Nuclear Laguna Verde, localizada em Punta Limón, Veracruz, é a única central nuclear
mexicana e gera 4% do fornecimento elétrico total do país.
Demanda de energia
Nos países que liberalizaram sua indústria elétrica, continua-se fomentando programas e
mecanismos de gestão da demanda que adotam diversos modelos, variando da promoção da
informação ao consumidor à concessão de um incentivo ou crédito para a aquisição de
equipamentos eficientes, com o objetivo de conseguir uma economia energética. As vezes são
utilizados mecanismos de mercado para alocar os incentivos.
Setor do gás
Ainda que também seja utilizado como matéria prima na indústria química, o principal uso do gás
natural é como combustível. Dos combustíveis fósseis, o gás natural é o mais limpo, pois foram
desenvolvidos para sua utilização final equipamentos e novas tecnologias com rendimentos
elevados.
Sua combustão, como a dos demais combustíveis fósseis, produz principalmente CO2 e vapor de
água. O motivo de ser qualificado como “mais limpo” se deve a sua composição química. A
proporção de hidrogênio/carbono é maior do que nos outros combustíveis.
Isto resulta em emissões de CO2, produto da combustão, de 25-30% mais baixas em comparação
com o petróleo, e 40-50% menores do que o carvão, por unidade de energia produzida.
Considerando a alta eficiência dos processos de combustão do gás natural e as avançadas
tecnologias de recuperação de calor dos mesmos, as proporções de contaminação emitidas são
ainda menores.
Durante a etapa de extração do gás, os impactos no meio ambiente produzidos são restritos,
resumindo-se na modificação da paisagem, na produção de ruídos e na geração de restos vegetais e
inertes, derivados do processo.
Para seu consumo, o gás natural não demanda complicados processos de transformação, mas utiliza
praticamente o mesmo estado de extração.
Quando o transporte é realizado em forma de GNL, através de tanques de gás, o gás sofre um
processo de liquefação e posterior re-gaseificação. A principal repercussão ambiental é um aumento
do consumo de energia utilizado na liquefação e re-gaseificação.
O impacto ambiental mais importante ocorre durante a construção de redes de gasodutos, fase que
é cuidadosamente planejada para proteger o patrimônio arqueológico e a paisagem característica
das áreas em que está presente, de modo que, finalmente, a única evidência de sua existência são as
indicações de onde está enterrado. Dentre as medidas de atuação para a redução de impactos se
encontram a proteção das áreas de alto valor ecológico na escolha do traçado, a preservação da
fauna autóctone através da seleção mais apropriada do ano, a redução da largura da pista de
trabalho, a proteção dos leitos hídricos e a restauração do meio após a finalização das obras.
O armazenamento de gás natural é normalmente subterrâneo e para tanto se opta com frequência
por formações geológicas naturais com características semelhantes a das jazidas, não afetando,
assim, o ecossistema.
Os mercados de gás natural mais avançados são os da Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile e México
Setor do petróleo
Os países que aparecem na segunda linha, com relação à riqueza de petróleo e gás, são o Equador,
Peru e Trinidad & Tobago. Por último, a Bolívia é o território com as segundas maiores reservas de
gás natural.
A análise e comparação das diferentes tecnologias energéticas não é simples e exige a realização de
estudos socioeconômicos. A energia eólica ou a solar, em suas modalidades fotovoltaica e térmica,
são excelentes do ponto de vista de seu impacto ambiental e com relação à disponibilidade ilimitada
do recurso. A continuação analisaremos os sistemas que estão mais introduzidos no mercado
elétrico.
O estudo sobre impacto “Environmental impacts of the production of electricity” realizado, dentre
outros, pelo IDAE e o CIEMAT em 2000, compara os impactos das diversas fontes de produção de
energia elétrica, possibilitando sua comparação quantitativa. Também facilita a avaliação destes
custos e sua internalização nos preços finais da eletricidade.
O estudo avalia e compara oito sistemas de produção de eletricidade.
Os sistemas convencionais: carvão, fuel, gás natural, energia nuclear, e as energias renováveis
eólica, hidroelétrica (mini) e solar fotovoltaica.
Acidificação, Eutrofização,
Substâncias cancerígenas,
Para a realização do estudos foram consideradas diferentes fases ou ciclos do sistema de geração
de eletricidade:
A avaliação do ciclo de vida dos sistemas de geração de eletricidade sob estudo considera as
entradas, energia e matérias primas, e saídas, resíduos e emissões. A unidade de medida usada para
medir o impacto ambiental dos sistemas de geração de eletricidade é o Ecoponto. O estudo
proporciona a cada tecnologia estudada um valor total de ecopontos por Terajoule eletricidade
produzida (o TJ tem cerca de 278 MWh). O ecoponto é uma unidade de penalização ambiental,
quanto maior é seu valor, maior será o impacto ambiental do sistema estudado.
Significa mitigar intervenção antrópica para reduzir as fontes ou aumentar a captura ou seqüestro
de gases de efeito estufa (GEE) . Trata-se de opções físicas, químicas e biológicas, etc ...
Ela está relacionada com a redução das emissões ou aumentar as suas capturas ;
Abaixo são apresentadas em opções de mitigação de mesa com uma breve descrição deles .
As estratégias definidas para conseguir mitigar a mudança climática serão determinantes para os
resultados finais. Quanto mais tempo deixemos passar, maior será a concentração de gases de efeito
estufa na atmosfera, mais difícil será a estabilização abaixo da meta de 450ppm de CO2 e maior será
a probabilidade de que o aquecimento global se converta em realidade no século XXI. Este capítulo
examina as estratégias necessárias para conseguir uma rápida transição a um futuro com baixas
emissões de dióxido de carbono. Existem alguns princípios básico para atingi-lo:
No entanto, qualquer regulação internacional que não defina metas para todos os países que mais
emitem gases de efeito estufa estará destinado ao fracasso.
Somente será possível mitigar a mudança climática se os investidores suprirem sua atual demanda
energética através de fontes de energia com baixas emissões de carbono.
Os custos financeiros e sociais mais amplos associados às emissões de carbono são elevados, mas
incertos, e se distribuem entre países e gerações.
Dentre os métodos promissores para reduzir as emissões no futuro, figuram a conversão mais
eficiente de combustíveis fósseis; a utilização de combustíveis fósseis com pouco carbono; a
descarbonização de combustíveis e o armazenamento de CO2; a utilização de energia nuclear e de
fontes de energia renováveis.
Cada uma destas opções tem suas próprias características que determinam a rentabilidade, bem
como a aceitação social e política. Tanto os custos quanto os efeitos para o meio ambiente devem
ser avaliados sobre a base de análises de ciclos de vida completos.
A tabela a seguir mostra exemplos selecionados de medidas e opções mostradas técnicas para
mitigar as emissões de gases de efeito estufa na geração de eletricidade
Tabela 4. Potencial técnico de redução das emissões de CO2 sobre a base dos cenários IS92 do IPCC para diferentes
tecnologias de mitigação no ano 2020.
31
institucionais e - Estimulo para a cogeração e produção de energia independente da energia
políticas - Difusão de informação - Acesso a redes de serviços públicos
Fatores políticos Fatores políticos Fatores políticos Fatores políticos Fatores políticos Fatores políticos
- Criação de plataformas e incentivos para acordos voluntários - Preocupações com a segurança de abastecimento, geopolítica - Acordos internacionais sobre eliminação no oceano a grande - Clima regulador e político estável - Política agrícola e de desenvolvimento rural estável - Política de energia estável
escala
- Acordos internacionais sobre a eliminação de resíduos a grande
escala
Tabela 5. Reservas e recursos globais de energia, seu conteúdo em carbono, potenciais de energia para 2020-2025.
Reservas
Consumo identificadas/ Base de recursos/
Consumo (1990)
(1860–1990) Potenciales en 2020– Potenciales máximos
2025
EJ Gt C EJ Gt C EJ Gt C EJ Gt C
Petróleo
Convencional 3343 61 128 2.3 6000 110 8500 156
Não convencional – – – – 7100 130 16100 296
Gás
Convencional 1703 26 71 1.1 4800 72 9200 138
Não convencional – – – – 6900 103 26900 403
Carvão 5203 131 91 2.3 25200 638 125500 3173
TOTAL FÓSSEIS 10249 218 290 5.7 50000 1053 >186200 4166
EJ/ano EJ/ano
Energía hidroeléctrica 560 – 21 – 35–55 – >130 –
Geotérmica – – <1 – 4 – >20 –
Eólica – – – – 7–10 – >130 –
Oceânico – – – 2 – >20 –
Solar – – – – 16–22 – > 2600 –
Biomassa 1150 – 55 – 72–137 – >1300 –
TOTAL RENOVÁVEIS 1710 – 76 – 130–230 – >4200 –
De modo geral, com novas tecnologias é possível conseguir uma maior eficiência na conversão de
combustíveis fósseis. Por exemplo, a eficiência da produção de energia pode superar a média
mundial atual de 30% aproximadamente a mais de 60% a longo prazo. Da mesma forma, a produção
combinada de calor e energia, quando aplicável -com fins industriais ou de calefação e refrigeração -
, permite um considerável aumento na eficiência de utilização de combustível.
Ainda que os custos relacionados com essas melhoras no rendimento tenham a influência de
inúmeros fatores, existem tecnologias avançadas rentáveis em comparação com algumas plantas e
equipamentos existentes que são menos eficientes, ou emitem maiores quantidades de GEE.
O potencial teórico de melhoria da eficiência é muito grande e os sistemas energéticos atuais agora
se aproximam dos níveis teóricos máximos (ideais) sugeridos pela segunda lei da termodinâmica.
Uma atitude pragmática é indispensável, inclusive para poder atingir uma fração deste potencial,
além de numerosos obstáculos, como comportamento social, estruturas de equipamentos, custos,
falta de informação e de conhecimentos técnicos e incentivos de intervenção insuficientes. No caso
dos combustíveis fósseis, a magnitude das possibilidades de melhoria do rendimento indica,
independentemente dos custos, os setores em que existem as maiores possibilidades de mitigação
das emissões.
O gás natural nas plantas de energia de ciclo combinado é o que permite conseguir a maior
eficiência de conversão de todos os combustíveis fósseis; atualmente, 45% a curto prazo e 55% a
longo prazo. Os custos de investimento nas plantas de ciclo combinado são aproximadamente 30%
mais baixos do que nas de vapor de gás convencional, ainda que os custos reais da eletricidade
dependam dos custos de combustível, geralmente mais alto no caso do gás natural do que no do
carvão. Por outro lado, as plantas de ciclo combinado representam menos gastos dos que as
turbinas simples de combustão, menos eficientes, mas que demandam métodos de instalação mais
breves.
Os combustíveis com menor conteúdo de carbono podem ser convertidos, de modo geral, com
maior eficiência do que o carvão. Em muitas áreas existem grandes recursos de gás natural. Com
novas tecnologias de ciclo combinado, alta eficiência e baixo investimento de capital é possível
reduzir consideravelmente os custos de eletricidade em algumas áreas em que os preços do gás
natural são relativamente baixos em comparação com os do carvão.
Ainda que o gás natural seja abundante, em algumas parte do mundo não é utilizado como fonte de
energia doméstica. Assim, uma transição ao gás natural representaria modificações nas
dependências de importação de energia, o que suscita várias questões políticas. O investimento
inicial e os gastos de administração poderiam ser substanciais, devido à necessidade de desenvolver
novas infraestruturas de transporte, distribuição e uso final.
Um uso maior do gás natural poderia ensejar fugas adicionais de CH4, que é o principal componente
do gás natural. Existem métodos para reduzir as emissões de CH4 através da extração de carvão,
entre 30 e 90%; a queima e a ventilação do gás natural em mais de 50%, e dos sistemas de
distribuição de gás natural até 80%. Algumas dessas reduções poderiam ser economicamente viáveis
em muitas regiões do mundo, o que representaria muitos benefícios, incluído o uso do CH4 como
fonte de energia.
Existe a possibilidade de eliminar e armazenar CO2 procedente de gases de centrais térmicas que
utilizam combustíveis fósseis, mas assim se reduz a eficiência da conversão e aumenta-se
consideravelmente o custo da produção de eletricidade.
Outro método de descarbonização consiste em utilizar combustíveis fósseis como matéria prima
para produzir combustíveis ricos em hidrogênio; por exemplo, o próprio hidrogênio, metanol, etanol
ou CH4 convertido do carvão. Com ambos métodos gera-se uma corrente de CO2 que pode ser
armazenada, por exemplo, em jazidas de gás natural já totalmente exploradas nos oceanos. Em
razão do seu custo e da necessidade de desenvolver a tecnologia, esta opção somente oferece
oportunidades limitada de aplicação a curto e médio prazo (ex., como fonte de CO2 utilizável na
recuperação avançada de petróleo).
Em algumas opções de armazenamento de CO2 a longo prazo (ex., nos oceanos), ainda não se
sabem quais serão os custos e os benefícios para o meio ambiente, tampouco sua eficácia.
Em uma central térmica de carvão tradicional, com uma eficiência de 40%, reduzindo 87% das
emissões de CO2 derivadas de gases de combustão (passando de 230 a 30g C/k Whe), haveria uma
redução da eficiência de 30% e um aumento dos custos de eletricidade de 80% aproximadamente, o
que equivale a 150 $/t C evitada. Em uma central de ciclo combinado de gás natural, com uma
eficiência de 52%, reduzindo as emissões de CO2 em 82% (passando de 110 a 20 g C/k Whe), haveria
uma redução da eficiência de 45% e um aumento de custos de eletricidade de 50%
aproximadamente, o que equivale a 210 $/t C evitada. Ainda que a redução concreta dos custos por
Outra opção futura para reduzir os custos que está sendo investigada é a utilização de oxigênio ao
invés de ar para a combustão, a fim de obter um gás de combustão comporto essencialmente por
CO2 e vapor de água.
Outra opção seria armazenar o CO2 em aquíferos salinos, que podem ser encontrados em diferentes
profundidades em todo o mundo.
O maior depósito potencial de CO2 são os fundos marinhos. O CO2 pode ser transferido diretamente
aos oceanos, se possível a 3000 m ou mais de profundidade; o CO2 depositado seria isolado da
atmosfera durante séculos. É preciso continuar estudando as preocupações sobre os possíveis
impactos para o meio ambiente e o desenvolvimento de tecnologias de eliminação adequadas e
avaliação de custos.
Os custo de geração de eletricidade nuclear variam segundo os países de 2,5 a 6 ¢/kWhe; os custos
de novas centrais, incluídas a eliminação de resíduos e o desmantelamento das centrais, variam de
2,9 a 5,4 ¢/kWhe.
Estes custos de geração de energia nuclear se comparam aos do carvão, os custos de mitigação
específicos variam entre 120 $/t C evitada e custos adicionais insignificantes (considerando custos
de eletricidade de carvão convencionais de 5 ¢/kWhe, custos de energia nuclear entre 5,0 e 7,7
¢/kWhe e emissões evitadas de 230 g C/kWhe.
Também estão sendo elaborados outros conceitos a fim de melhorar a utilização da energia nuclear
em aplicações não elétricas, como calor para usos industriais e aquecimento urbano; e, a longo
prazo, a energia nuclear poderia ser utilizada na produção de hidrogênio.
A longo prazo, com essas fontes será possível atender uma importante parte da demanda mundial
de energia. Os sistemas energético, junto a equipamentos auxiliares e de armazenamento de
resposta rápida, podem absorver crescentes quantidades de geração intermitente.
Por outro lado, os avanços tecnológicos oferecem possibilidades que permitirão reduzir os custos da
energia de fontes renováveis.
Além de reduzir as emissões de GEE, as tecnologias da energia renovável podem representar outros
benefícios ambientais importantes. O aproveitamento otimizado destes benefícios dependerá do
tipo de tecnologia, do regime de gestão e das características da localização que correspondam a
cada projeto de energia renovável.
A mudança climática afetará, tanto em sua extensão quanto em sua distribuição geográfica, o
potencial técnico das fontes de energia renováveis, ainda que as pesquisas sobre a magnitude
desse possíveis efeitos apenas tenham começado. Considerando que as fontes de energia
renováveis são, em muitos casos, dependentes do clima, a mudança climática mundial afetará o
acervo de recursos de energia renovável, ainda que a natureza e magnitude exatas desses efeitos
sejam desconhecidas.
Com relação à energia solar, ainda que a mudança climática influencie previsivelmente na
distribuição e variabilidade da cobertura de nuvens, espera-se que o efeito destas mudanças sobre o
potencial técnico seja, conjuntamente, pequeno.
No caso da energia hidroelétrica, espera-se que o impacto geral seja levemente positivo em termos
de potencial técnico mundial. No entanto, os resultados também indicam possíveis variações
substanciais entre regiões e, inclusive, entre países.
As pesquisas realizadas até hoje parecem indicar não ser previsível que a mudança climática afete
em grande medida o potencial técnico mundial do desenvolvimento de energia eólica, ainda que se
esperem mudanças na distribuição regional dos recursos dessa forma de energia.
Não se prevê que a mudança climática possa afetar consideravelmente o tamanho ou a distribuição
geográfica dos recursos de energia geotérmica ou oceânica
O potencial técnico foi estimado em 14.000 TWhe/ano, das quais 6.000-9.000 TWhe/ano podem ser
exploradas economicamente a longo prazo após considerar os fatores sociais, ambientais,
geológicos e econômicos. O potencial do mercado para reduzir as emissões de GEE depende do
combustível fóssil substituído pela energia hidroelétrica (Relatório IPCC, 2007).
As possibilidades econômicas a longo prazo para substituição do carvão são de 0,9-1,7 Gt C evitada
anualmente (de acordo com a tecnologia e a eficiência); no caso do gás natural, o potencial é de 0,4-
0,9 Gt C evitada anualmente.
A energia hidroelétrica de pequena escala pode ser importante em âmbito regional, sobretudo
quando é rentável. Por outro lado, a fase de construção de grandes centrais hidroelétricas tem
consequências sociais e efeitos diretos e indiretos para o meio ambiente, como o desvio de águas,
alteração de ladeiras, preparação de barragens, criação de infraestrutura para a ampla força de
trabalho, ou a perturbação de ecossistemas aquáticos, que incidem adversamente na saúde
7.3.2. Biomassa
A variação dos custos de mitigação para as formas de energia derivadas da biomassa, como
eletricidade, calor, biogás ou combustíveis de transporte, não somente depende do custo da
produção de biomassa, mas também dos aspectos econômicos de determinadas tecnologias de
conversão de combustíveis.
Considerando custos de biomassa de 2 $/GJ e uma produção de pequena escala, seria possível gerar
eletricidade a 10-15¢/kWhe. Com um custo inferior da biomassa (0,85$/GJ), seria possível gerar
eletricidade a menos de 10¢/kWhe. Substituindo carvão por biomassa, os custos de mitigação
variariam de 200 a 400 $/t C evitada. Em um futuro ciclo de gaseificador/turbina de gás integrado de
biomassa com um rendimento previsto de 40-45% e custos de biomassa de 2 $/GJ seria possível
produzir eletricidade a um custo comparável ao do carvão e/ou preços do carvão na gama de 1,4-1,7
$/GJ. Neste caso, os custos de mitigação específicos poderiam ser insignificantes.
A energia eólica em uma grande rede pode contribuir com aproximadamente 15-20% da produção
de eletricidade anual, prescindindo de disposições especiais para armazenamento, reserva ou gestão
da carga. Em um sistema público com predomínio dos combustíveis fósseis, o efeito da mitigação
das tecnologias eólicas corresponde à redução do uso de combustíveis fósseis. Prevê-se que o
potencial eólico em 2020 situe-se na gama de 700-1000 TWhe; Se fosse utilizado para substituir
combustíveis fósseis, sem considerar os custos, isto se traduziria em uma redução das emissões de
CO2 de 0,1-0,2 Gt C/ano.
O custo médio das existências atuais de energia procedentes da energia eólica é de cerca de 10
¢/kWh, ainda que a gama seja ampla. Os custos poderiam ser menores em grandes explorações
eólicas.
Em países com um grande número de turbinas eólicas em funcionamento, as vezes se produz uma
oposição da população devido a fatores como o ruído das turbinas, os efeitos visuais para a
paisagem e a perturbação da vida silvestre.
A conversão direta da luz solar em eletricidade e calor pode ser conseguida através da tecnologia
fotovoltaica (FV) e da energia solar térmica. A energia FV já é competitiva como fonte de energia
independente afastada das redes de serviços públicos elétricos. No entanto, não é competitiva na
maioria das aplicação de conexão à rede. Ainda que os custos de capital modulares tenham
diminuído muito nos últimos anos, os custos de capital do sistema são de 7.000-10.000 $/kW; (2.400
kWh/m2/ano). No entanto, espera-se que o custo dos sistemas FV melhorem consideravelmente
através da pesquisa e das economias de escala. Em razão de sua modularidade, a tecnologia FV pode
reduzir os custos através da experimentação e da inovação tecnológica.
Entre 2020 e 2025, o potencial econômico anual de energia solar em pequenos mercados bem
definidos foi estimado em 16-22 EJ. A realização deste potencial dependerá das melhorias no custo e
no rendimento das tecnologias de energia solar térmica.
Em caso de que se conquiste totalmente este potencial, independentemente dos custos, a redução
de CO2 poderá ser de 0,3-0,4 GtC anuais. O custo de mitigação com relação a uma geração de
eletricidade a base de carvão de 5¢/kWh se situaria então na gama de 130-170 $/t C evitada; em
comparação com a eletricidade a base de gás com custos semelhantes, essa gama seria de 270-350
$/t C evitada. Nestes custos se consideram aspectos do sistema energético, como necessidades de
armazenamento ou vantagens de substituir eletricidade mais onerosa em períodos carregados, nos
quais a produção FV guarda uma breve relação com a demanda máxima de eletricidade.
Exemplos selecionados através de medidas e opções técnicas para mitigar as emissões de GEE na
geração de eletricidade.
Existem várias emissões associadas à energia geotérmica, dentre as quais estão presentes CO2,
sulfeto de hidrogênio e mercúrio. As tecnologias avançadas são de circuito fechado e suas emissões,
muito baixas. Estima-se que de 2020 a 2025 o potencial de energia geotérmica será de 4 EJ. As
reservas de rocha profunda quente seca e outras não hidrotérmicas oferecem novos recursos de
abastecimento. Apesar de sua importância para a economia global, as possibilidades de redução de
carbono são escassas.
Ainda que a energia total do fluxo das marés, das ondas, dos gradientes térmicos e da salinidade dos
oceanos mundiais seja grande, é provável que nos próximos 100 anos somente uma pequena parte
seja explorada, e é possível estimular-se a mudança tecnológica, pois cada um deles oferece um
incentivo contínuo para a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de redução das emissões a
fim de evitar o imposto. Por outro lado, as compras de quotas de redução das emissões é incerta.
Esta situação se inverte no caso das quotas de emissão.
A região possui uma dotação importante de recursos, tanto de fontes fósseis quanto de fontes
renováveis, ainda que estejam desigualmente repartidos pelos distintos países. A América Latina se
destaca por possuir uma das maiores riquezas mundiais com relação aos recursos energéticos
exploráveis. (Custos e benefícios da adaptação às alterações climáticas na América Latina, GIZ,
2011).
Carvão: A América Latina tem 2% das reservas mundiais (Colômbia e Brasil), e uma
razão de Reservas/produção de 238 anos
O panorama energético internacional está baseado em um modelo que pode ser qualificado de
“insustentável”: insustentável, em primeiro lugar, porque está baseado em fontes que se
esgotarão relativamente em breve; em segundo lugar, porque gera efeitos ambientais igualmente
insustentáveis a longo prazo e que demandam um grande esforço de redução das emissões de
gases de efeito estufa (GEE); e porque se trata de um modelo energético profundamente injusto,
cuja medida de insustentabilidade se revela pelo fato de que um terço da humanidade ainda não
tem acesso a formas avançadas de energia.
Diante do cenário previsível, dominado pelas fontes fósseis como principais energias primárias,
estimativas de alto crescimento da demanda energética derivadas do crescimento econômico
mundial e um interesse marcado na luta contra o Aquecimento Global, a América Latina trabalha na
diversificação da oferta energética (com ênfase particular nas fontes renováveis) e no uso eficiente
da energia.
São, em resumo, uma peça energética hoje fundamental para alcançar o objetivo prioritário do
desenvolvimento sustentável a escala mundial.
A situação na América Latina das energias renováveis abarca seus distintos tipos:
Assim: a pesar dos recursos renováveis existentes na América Latina, os projetos baseados nestas
fontes de energia não estão alcançando ainda o volume necessário para encontrar um verdadeiro
espaço no desenvolvimento energético dos países da região.
Em linhas gerais, a maioria dos países latino-americanos apresentam situações díspares com relação
ao desenvolvimento do atual quadro regulamentar do setor energético e, especificamente, com
respeito à geração elétrica baseada em fontes de energias renováveis. Neste sentido, enquanto
alguns países já começaram a desenvolver de um sistema para o fomento de projetos baseados em
fontes de energias renováveis, outros continuam sem definir políticas para impulsar este tipo de
projetos.
A este efeitos, podem ser citados países como Argentina, México, Uruguai e Brasil, que estão
desenvolvendo instrumentos reguladores para o impulso das energias renováveis e facilitando a
competição efetiva destas energias na geração de energia elétrica. Alguns destes desenvolvimentos
são::
Argentina: Lei do regime de promoção para a energia eólica e solar, e Lei de fomento
nacional para o uso de fontes renováveis para a produção de energia elétrica.
Na luta contra a mudança climática, o controle das emissões de CO2 é essencial, mas deve estar
combinado com medidas de adaptação.
Tecnologias de adaptação
Setor/tecnologia Descrição
Pesquisa e observação Pesquisa e observação sistemática (atmosférica, terrestre e marítima), desenvolvimento de
sistemática do Clima cenários climáticos regionalizados, avaliações de impacto e vulnerabilidade, sistemas de
alerta prévio
Recursos hídricos Usinas micro e mini hidroelétricas, modelos regionais de clima-hidrologia e de avaliação das
possibilidades do sistema de gestão hidrológica.
Florestas Equipamento de proteção contra incêndios e de defesa civil; sistemas de vigilância e alerta
prévio; sistemas de monitoramento por satélite de massas florestais; o desenvolvimento de
novas variedades florestais
Setor agrícola Modelos dinâmicos de simulação; novas variedades agrícolas/pecuárias
Zonas costeiras Construção de diques, barreiras marinhas, quebra-mares, esgotos, restauração de praias,
relocação de edifícios; sistemas de alerta prévio e de estudos de impacto nas costas
Zonas de montanha e Caracterização do impacto sobre os glaciais e seus efeitos na dinâmica hidrológica.
glaciais
Solo Cartografias e modelização de processos erosivos.
Água Estações de tratamento de água, infraestrutura para captação de água, restauração e
manutenção de reservatórios de tecnologias de economia de água, reutilização da água e
dassalinização, e desenvolvimento de produtos que demandem menor consumo de água.
Ecossistemas marinhos Cartografias da vulnerabilidade da biodiversidade marinha; trabalhos para a restauração das
zonas de corais.
Transporte Cartografia dos impactos previstos; planificação de novas rotas de transporte e distribuição.
Saúde Produtos/serviços para o cuidado da saúde; sistemas de ar-condicionado mais eficientes; e
desenvolvimento de novos sistemas de alerta meteorológico.
Energia Cartografia dos potenciais climáticos (positivos e negativos) para a produção de energias
renováveis e o melhor acesso a recursos energéticos e minerais em áreas como o Ártico.
Turismo Remodelação de zonas turísticas; medidas de proteção para zonas de hotéis; projetos de
eficiência energética em hotéis para paliar o potencial aumento nos custos de operação.
Urbanismo e construção Desenvolvimento e promoção da bioconstrução, especialmente em edifícios públicos; da
construção de medidas de adaptação (diques, represas, portos, etc.) e, finalmente, de novos
desenhos de construção subterrânea e proteção contra enchentes.
Tabela 6. Elaborada pela OECC com base em diversas fontes
Desta forma, decorrerão várias décadas ou inclusive séculos entre o momento de estabilização das
concentrações e a estabilização da temperatura e do nível médio do mar. Os cientistas concluem
que já é inevitável uma mudança nas pautas do clima devido aos GEE presentes na atmosfera.
Isso leva à conclusão de que é necessário elaborar uma política de adaptação que nos prepare para
minimizar os impactos negativos e aproveitar, em seu caso, os positivos, em um exercício de
reflexão sobre as capacidades atuais e as possibilidade de melhorá-las para suportar uma mudança
na disponibilidade de recursos básicos como a água, a energia ou o solo, bem como para suportar
novas pressões ou aproveitar novas oportunidades nos setores socioeconômicos..
Portanto, as políticas de adaptação terão como objetivo a definição de medidas para paliar os
efeitos da inevitável mudança climática. Estas políticas nos ajudarão a saber o que teremos que
enfrentar, para assim poder antecipar e prever soluções aos problemas que virão.
O IPCC define adaptação como um ajuste nos sistemas naturais ou humanos como resposta a um
estímulo climático atual ou esperado, e seus efeitos, que modere ou minimize os danos, ou que
potencialize as oportunidades positivas (IPCC, 2007).
Assim, enquanto as atividades de mitigação dos GEE têm por objetivo reduzir a magnitude da
mudança climática, as atividades de adaptação tendem a reduzir os impactos adversos que uma
determinada magnitude do aquecimento podem causar (Fankhauser, 1998).
As atividades de adaptação cobrem uma gama muito ampla de atividades humanas, cujo
denominador comum visa à proteção da sociedade diante da natureza (Stehr and von Storch, 2005).
As respostas de adaptação podem partir de atividades puramente tecnológicas (como, por exemplo,
sistemas de alerta prévio), passando por respostas no comportamento (como mudança na escolha
Refere-se à habilidade das sociedades para ajustar-se à mudança climática por si mesmas. Em outras
palavras, seria a habilidade para moderar os danos potenciais, para beneficiar-se das oportunidades
ou enfrentar as consequências.
Uma descrição mais detalhadas desta tipologia pode ser encontrada no seguinte quadro:
Adaptação nacional ou internacional A maior parte das medidas de adaptação são realizadas no
âmbito regional ou local.
Conceitualmente, podem ser entendidos como os custos suportados pelas sociedades para adaptar-
se às mudanças no clima. Assim, o IPCC define os custos de adaptação como aqueles de planificação,
preparação e implementação de medidas de adaptação, incluindo os de transação.
No entanto, esta definição requer uma separação da situação base, isso é, requer-se uma separação
da “tendência de desenvolvimento comum” da de adaptação. Isso demanda decidir se os custos de
desenvolver iniciativas que aumentam a capacidade de recuperação (resiliência) ao clima devem ser
contabilizados como um custo de adaptação. Do mesmo modo, é necessário decidir como
incorporar nestes custos o déficit de adaptação, definido como a incapacidade de enfrentar a
variabilidade climática atual e futura (World Bank, 2011).
Em uma representação plausível da evolução futura das emissões de substâncias que são
potencialmente ativas (por exemplo, gases de efeito estufa e aerossóis), está envolvido um conjunto
de hipóteses coerentes e internamente consistentes sobre as forças motivadoras deste fenômeno
(como o desenvolvimento demográfico e socioeconômico e a mudança tecnológica), bem como sua
relações fundamentais, revelando os cenários de concentrações derivados dos cenários de emissões.
Estes são utilizados como inputs em uma simulação climática para calcular projeções.
No IPCC (1992), foi utilizado um conjunto de cenários de emissões como base para as projeções
climáticas no IPCC (1996). Estes cenários de emissões se referem aos cenários IS92. No Relatório
Especial do IPCC: Cenários de Emissões (Nakicenovic et al., 2000), publicaram-se novos cenários de
emissões, chamados Cenários do IEEE.
Cenários do IEEE
Os Cenários do IEEE são cenários de emissões desenvolvidos por Nakicenovic et al. (2000) e
utilizados, dentre outros fins, como base para a realização de projeções climáticas na contribuição
do GTI (Grupo de Trabalho I) do IPCC ao Terceiro Relatório de Avaliação (IPCC, 2001a). Os seguintes
termos são de grande importância para compreender adequadamente a estrutura e o uso do
conjunto de Cenários do IEEE:
Conjunto (de cenários): Cenários que têm um roteiro semelhante do ponto de vista
demográfico, econômico e com relação à mudança técnica. Os cenários do IEEE
compreendem quatro conjunto de cenários: A1, A2, B1 e B2.
Grupo (de cenários): Cenários dentro de um conjunto que refletem uma variação
constante do roteiro. O conjunto dos cenários A1 inclui quatro grupos designados
A1T, A1C, A1G e A1B, que exploram estruturas alternativas de sistemas energéticos
A1: Este representa um mundo de crescimento rápido, com uma adaptação rápida de tecnologias
novas e eficientes.
A2: Este cenário considera um mundo muito heterogêneo com ênfase nos valores familiares e
tradições locais.
B1: Este considera um mundo desmaterializado com uma introdução de tecnologias limpas.
B2: Neste existe um mundo com ênfase em soluções locais para conseguir uma economia e um meio
ambiente sustentáveis.
Normalmente se usa um cenário para referenciar outros. Isto se conhece como Cenário de
Referência e considera que a população global crescerá uma média de 1% ao ano em média,
partindo de uma estimativa de 6.4 bilhões em 2004, a 8.1 bilhões em 2030.
Considera-se uma demanda de energia primária de 3.4% anual para um período 2004-2030,
comparada com 3.2% de 1980 a 2004.
Calcula-se o preço do petróleo, de acordo com a IEA, sobre US $ 60 por barril ao longo de 2007,
baixando a $ 47 em 2012 e voltando a subir a $ 55 em 2030.
Com relação ao gás natural, o panorama seria muito similar ao do petróleo. Na demanda vapor-
carvão, de acordo com a OECD, o preço se estabilizará em torno a $ 55 por tonelada nos próximos
anos, elevando-se a $ 60 em 2030. Mas, de modo geral, pode-se considerar que o abastecimento de
energia e suas tecnologias serão mais eficientes.
Ano
Ilustração 11. Elevação da temperatura média sob diferentes cenários (Climate Change, 2007). IPCC 2007
Os estudos sobre adaptação exploram o futuro, e para superar a incerteza que o rodeia, consideram
diversos cenários. Um cenário é uma representação da realidade futura na qual se assume uma
determinada combinação de suposições sobre a evolução dos principais fatores determinantes no
futuro do sistema a ser estudado. Desta forma, as conclusões sobre a evolução e repercussões
futuras da mudança climática se baseiam na consideração de diferentes cenários de
desenvolvimento socioeconômico a nível global. Neste sentido, é muito relevante a contribuição
realizada pelo IPCC. As previsões apresentadas pelo IPCC do sistema climático e seus efeitos em seus
relatórios de avaliação consideram diferentes cenários futuros de emissão de GEE.
Para cada um destes cenários de evolução das emissões, os cientistas são capazes de simular como
será o clima no futuro, mediante modelos climáticos suficientemente contrastados. Estes modelos,
conhecidos como Modelos de Circulação Geral, simulam fluxos de energia, massa e quantidade de
movimento entre os pontos de uma rede tridimensional, com 200 e 500km de lado, que se estende
pela atmosfera e superfície terrestre. Este fluxos estão muito condicionados pela quantidade de GEE
e aerossóis presentes na atmosfera.
Em seu Relatório Especial de Cenários de Emissões (SRES, em inglês), o IPCC apresentou no ano 2000
diferentes cenários alternativos de evolução futura das emissões mundiais de GEE. Estes cenários
(no total 40, agrupados em 4 grandes famílias) foram elaborados com base em uma análise de
tendências mundiais relativas aos principais fatores (forças motrizes) de caráter social, econômico,
tecnológico e político, com possível influência na emissão de gases.
Na seguinte figura apresentam-se as características que definem cada uma das famílias de cenários
A1, A2, B1 e B2. Estes cenários são representados segundo as hipóteses de desenvolvimento social,
econômico e político assumidas em sua definição (econômico ou ambiental, global ou regional).
A aplicação destes modelos orientado ao futuro, sob as diferentes hipóteses de evolução das
emissões (cenários), permite obter dados de temperaturas e precipitações ao longo deste século. Os
valores médios destas previsões, ao longo de períodos de tempo suficientemente longos (uma
década), permitem conhecer as características do clima futuro em comparação com o atual.
Os estudos de estimativa dos custos econômicos da mudança climática são relativamente recentes.
Os primeiros estudos globais começaram em 2006, no entanto, as tentativas de cálculo de estes
custos são uma tarefa permanente de diversas organizações desde então.
Ademais, existe uma série de estudos de custos da mudança climática realizados para a América
Latina e o Caribe, que estimam que o custo de adaptação será de milhões de dólares, com base em
parâmetros de estudos globais prévios. Muito mais recentes são os estudos por país, realizados no
México, Chile, dentre outros, nos últimos três anos.
A grande maioria dos estudos parte da construção de cenários climáticos futuros e de cenários base.
Geralmente, estes cenários baseiam-se nos desenvolvidos pelo Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climática (IPCC). Adicionalmente, alguns países contam com cenários climáticos mais
delimitados que permitem estabelecer parâmetros de variação climática mais específicos. A
comparação dos impactos econômicos do cenário base com os do cenário futuro, ajustada a uma
determinada taxa de desconto, representa as consequências econômicas da mudança climática.
No entanto, apesar do esforço realizado para estimar os custos econômicos da mudança climática,
estes estudos revelam algumas limitações. Assim, observa-se que ainda que os estudos apresentem
custos econômicos de adaptação à mudança climática, estes custos são estimados de maneira
global. Isso é, não existe uma desagregação de custos por atividades específicas de adaptação.
Assume-se que o papel dos diversos governos, nacionais, regionais ou locais, segundo o caso, seria
especificar estas atividades.
Do mesmo modo, é importante mencionar que os países, regiões e setores têm diferentes
capacidades de adaptação, isso é, a “habilidade” para adaptar-se à mudança climática é diferente
em cada lugar. Consequentemente, a estimativa de custos agregados de adaptação deve ser tida
como um indicador, mas cada país ou região deve estabelecer suas medidas de adaptação, para logo
poder quantificá-las. De outro modo, poder-se-ia estar sub ou sobre estimando os custos de
adaptação.
Ademais, é preciso considerar que antes de estimar como a mudança climática afetará as
necessidades de investimento e fluxos financeiros (para adotar medidas de adaptação), os setores
estudados têm um déficit de investimento e fluxos financeiros, de modo que os investimentos
poderiam ser maiores do que as propostas dos estudos por uma necessidade que não está
relacionada com as medidas de adaptação à mudança climática.
Finalmente, outra limitação encontrada nestes estudos é que não incorporaram a suas estimativas
todos os setores que efetivamente podem sofrer o impacto da mudança climática, principalmente
pela falta de informação. Esta última limitação traz como consequência também uma subestimação
dos custos apresentados.
A seguir serão apresentados os principais resultados dos estudos, de acordo com o âmbito de
estudo.
Estima-se que em um cenário business as usual, isso é, se nada for feito com relação
à mudança climática, o custo total será equivalente a perder 5% do PIB global por
ano. No entanto, se considerados outros riscos e impactos indiretos, os custos
poderiam aumentar a 20% do PIB ou mais.
Se não forem realizadas ações concretas para reduzir as emissões de GEE, no ano
2035 a temperatura subirá a 2ºC. Além disso, em um prazo maior existe 0,5% de
probabilidade de que a temperatura aumente mais de 5ºC.
Regional: no âmbito regional (América Latina, Caribe e a CAN), os resultados encontrados são os
seguintes
No ano 2025, o dano econômico nos países da CAN significaria uma perda
aproximada de 30 bilhões de dólares anuais (dólares de 2005), equivalente a 4,5%
do PIB, podendo comprometer o potencial de desenvolvimento dos países da CAN
Alguns países da América Latina fizeram estudos sobre os impactos econômicos da mudança
climática. A seguir se apresentam os principais resultados da Bolívia, Chile, México e Peru.
Bolívia
Os resultados indicam custos altos para medidas de gestão e controle de risco, para
sistemas de alerta e outras medidas de adaptação planejadas.
A malária é a única doença que não será afetada pela mudança climática. Os
cenários sem e com mudança climática indicam uma redução significativa da
doença, o que demonstra que, para a malária, o desenvolvimento socioeconômico é
mais importante do que as variáveis climáticas.
Chile
Os setores que receberão o maior impacto são: o setor hidroelétrico, água potável e
o setor da agricultura e silvicultura.
Em termos absolutos, a agregação do valor presente de impactos indica que, para o cenário A22 de
maiores emissões, haveria um custo que flutua entre 22 bilhões e 320 bilhões de dólares.
Estes custos indicam que o Chile poderia perder 1,1% do PIB anual durante todo o
período de análise, isso é, até 2100, no cenário A2. O cenário B2 apresentaria uma
perda anual de 0,5% na projeção até 2050, podendo chegar a um lucro anual de
0,09% na projeção até 2100.
México
Os setores que sofrerão maior impacto são: setor agropecuário, recursos hídricos,
mudanças no uso do solo, biodiversidade, eventos extremos, turismo e desastres
naturais, e saúde.
Peru
Isto significa 0,09% do PIB em 2030 a uma taxa de 4%, e 1,95% em 2100, a uma taxa
de desconto de 0,5%.
Com relação ao setor agrícola, estima-se que os custos econômicos podem variar de
mais de US $ 65 milhões considerados os danos em 2030, até US $ 3,475 milhões,
considerados os danos em 2100.
É importante mencionar que houve vários problemas com as estimativas realizadas por diversos
estudos. Uma delas é a exclusão de alguns fatores que incidem nos custos da mudança climática,
devido à dificuldade de medi-los. Por exemplo, não se excluiu a perda de biodiversidade, o efeito das
catástrofes, o risco dos eventos climáticos extremos, dentre outros.
Do mesmo modo, há uma distorção considerável nas estimações, já que alguns estudos
consideraram aumentos na temperatura global menores do que os projetados pelo IPCC ou não
incluíram maior informação de determinadas variáveis. Sem dúvida, existem ainda muitos aspectos
a serem melhorados na estimação de custos, tarefa complicada quando se considera que existe
ainda um alto grau de incerteza sobre a variação dos indicadores climáticos e seu impacto.
A seguir, apresenta-se uma tabela resumo dos custos da mudança climática estimados para os
diferentes âmbitos geográficos.
Global
Stern (2006) Examinar a evidência dos Saúde, agricultura, Os custos da Mudança Climática
impactos econômicos da ecossistemas equivalem a 5% do PIB global por
mudança climática a fim de ano.
entender seus riscos, bem
O custo de reduzir as emissões de
como explorar os custos de
GEE pode chegar a ser 1% o PIB
estabilizar as emissões de GEE
global anual.
O custo de adaptação à Mudança
Climática será de US $ 4 e 37 bilhões.
A Mudança Climática aumentará as
mortes em todo mundo devido à
desnutrição e o estresse por calor.
Entre 15 e 40% das espécies podem
ser extintas com um aumento de
apenas 2ºC.
A produtividade de alguns cultivos
será reduzida.
Um aumento de 2,5ºC na
temperatura sem nenhum esforço
adequado das medidas de adaptação
criará impactos econômicos
estimados entre 0,5% e 2% do PIB
global.
Oxfam (2007) Examina as medidas Não especificados. A Mudança Climática traz como
necessárias para que os países consequência o aumento da pobreza
em desenvolvimento se e da desigualdade nos países em
adaptem à Mudança desenvolvimento.
Climática. Do mesmo modo,
examina em termos As ONGs são atores importantes
econômicos o custo destas para apoiar as medidas de adaptação
medidas. à Mudança Climática.
UNFCCC (2007) Revisar e analisar diferentes Agricultura, pesca, O montante adicional requerido para
fluxos de investimento florestal, enfrentar à Mudança Climática
existentes e projetados de infraestrutura e encontra-se entre 0,3% e 0,5% do
países em desenvolvimento saúde. PIB global.
como resposta à Mudança
Os países em desenvolvimento
Climática. Especificamente,
necessitarão mais ajuda financeira
estimar quais serão os
para poder enfrentar à Mudança
requerimentos financeiros
Climática.
destes países para a mitigação
e adaptação à Mudança Serão necessários entre 200 e 210
Climática. bilhões no ano 2030 para chegar aos
níveis de emissões de GEE atuais.
Para a adaptação à Mudança
Climática nos setores agrícola, de
pesca e florestal serão necessários
em 2030 cerca de US $ 14 bilhões.
Para a adaptação à Mudança
Climática será necessário realizar um
investimento de US $ 11 bilhões em
infraestrutura de água no ano 2030.
Para poder tratar os casos de
malária, diarreia e desnutrição, serão
necessários em 2030 US $ 5 bilhões.
Serão necessários de US $ 8 a 130
bilhões para adaptar uma nova
infraestrutura vulnerável à Mudança
Climática.
Copenhagen Apresentar uma análise Não especificados. Nos países não membros, os custos
Consensus Center integrada de medidas de ideais de adaptação superam em
(2009) mitigação e adaptação à nível cinco vezes os custos dos países da
global e regional. A análise OCDE.
regional se diferencia entre
países membros da OCDE e Com relação à combinação e o
países não membros (em sincronismo ideal de medidas, os
desenvolvimento). países membros da OCDE deveriam
confiar muito mais em medidas
preventivas, e os países não
membros em medidas reativas. Nos
países em desenvolvimento, as
medidas de adaptação deverão ser
realizadas mais rapidamente.
CEPAL (2009a) Apresentar uma análise Agricultura, recursos A Mudança Climática gera pressões
econômica da Mudança hídricos, saúde, adicionais sobre os recursos hídricos.
Climática na América Latina e ecossistemas.
Caribe. A Mudança Climática causaria perdas
significativas de biodiversidade.
CEPAL (2009b) Oferecer aos governos da Agricultura, turismo, Os efeitos da Mudança Climática são
América Latina e do Caribe pesca, setor importantes principalmente no setor
alguns elementos que primário, setor primário.
contribuam com a análise de industrial.
No setor agrícola esperam-se
relação entre a Mudança
mudanças nas produtividades dos
Climática e o
cultivos.
desenvolvimento.
Esperam-se efeitos adversos na
agricultura, turismo e pesca.
O setor industrial será afetado pela
escassez de inputs do setor primário.
CEPAL e BID Contribuir com a reflexão Não especificados. Os custos econômicos estimados até
(2010) sobre a Mudança Climática 2110 se situam aproximadamente
entre 70 e 10% do PIB, para a
América Central.
Os custos são significativos e
heterogêneos.
Os custos econômicos da mitigação
são difíceis de estimar com precisão.
CAN
CAN (2008) Os impactos da Mudança Agricultura, água, Em 2025, 70% das pessoas terão
Climática na subregião ecossistemas, dificuldades para ter acesso a fontes
andina. infraestrutura e de água limpa.
saúde.
No ano 2025, o dano econômico nos
países da CAN implicará uma perda
aproximada de 30.000 milhões de
dólares anuais (4,5% do PIB).
Redução da produtividade nos
cultivos.
Perdas na agricultura e energia
alcançarão 1,3% do PIB.
Redução de precipitações de desgelo
acelerado.
Probabilidade de extinção de 20 a
30% das espécies vegetais e animais.
Danos na infraestrutura aumentarão
a 0,7% do PIB anual.
Aumento da transmissão da dengue.
Países
Molina (2009) Apresentar uma estimativa de Setor da saúde. Para todas as doenças, o efeito da
custos e benefícios do temperatura é maior do que o da
impacto da Mudança precipitação.
Climática sobre a saúde da
A malária é a única doença não
Bolívia até 2100, no âmbito
afetada pela Mudança Climática. Os
departamental e nacional.
cenários sem e com Mudança
Climática indicam uma redução
significativa da doença, o que
demonstra que para a malária o
desenvolvimento socioeconômico é
mais importante do que as variáveis
climáticas.
O efeito econômico da Mudança
Climática sobre a saúde (perdas de
produtividade, tratamento) em
termos monetários será
praticamente inexistente.
No entanto, é essencial implementar
políticas focadas na educação e na
introdução de serviços de saúde.
CEPAL e Governo Analisar o efeito econômico Setor hidroelétrico, Para o setor hidroelétrico e para a
do Chile (2009). da Mudança Climática no água potável e setor água potável, estão previstas
Chile nos próximos 100 anos. agropecuário e reduções importantes na
silvícola. disponibilidade.
Apresentam-se resultados
heterogêneos para o setor
agropecuários e silvícola.
A média da temperatura no país
aumentaria aproximadamente 1ºC.
O custo do CC flutua entre 22 e 320
bilhões de dólares em um cenário de
maiores emissões.
O Chile poderia chegar a perder 1,1%
anual do PIB durante todo o período
de análise.
Vargas (2009) Outorgar uma descrição geral Recursos hídricos, Redução da disponibilidade de água
sobre o fenômeno da desastres naturais, para o consumo humano, uso
Mudança Climática e analisar biodiversidade, agrícola, uso industrial e geração
as consequências e impactos pesca, florestas. elétrica.
econômicos.
Aumento do risco de desastres
naturais.
Aumento da frequência e
intensidade do fenômeno El Niño.
Savanização de florestas tropicais.
Perda de biodiversidade e extinção
Loyola (sem data) Pretende ser uma Recursos hídricos, O impacto agregado esperado da
- Peru aproximação inicial à agricultura, pesca e Mudança Climática para a economia
determinação dos custos saúde. peruana será de US $ 510 milhões
econômicos da Mudança (usando uma taxa de 4%) a 16,2
Climática para o Peru. bilhões.
Nos recursos hídricos, os custos
econômicos podem ir de US $ 77
milhões em 2030 até 17 bilhões em
2100.
No setor agrícola, os custos
econômicos podem ser de mais de
US $ 65 milhões em 2030, até US $
3,475 milhões em 2100.
Para o setor da pesca, os custos
econômicos podem variar de US $
326 milhões em 2030, a US $ 5,782
milhões em 2100.
Os custos por mortalidade chegariam
pelo menos a mais de US $ 66
milhões no ano 2030, e poderiam ser
de US $ 5,35 milhões em 2100.
Gt C Gigatoneladas de carbono
Países anexo I Alemanha, Austrália, Áustria, Belarus (*), Bélgica, Bulgária (*), Canadá,
Comunidade Económica Europeia, Croácia (*), Dinamarca, Eslovénia (*),
Espanha, Estados Unidos, Estônia (*), Federação Russa (*), Finlândia, França,
Grécia, Hungria (*), Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Letónia (*), Liechtenstein,
Lituânia (*), Luxemburgo, Mônaco, Noruega, Nova Zelândia, Holanda,
Polônia (* ), Portugal, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte,
República Checa (*), Eslováquia (*), Romênia (*), Suécia, Suíça, Turquia,
Ucrânia (*). (* Países em transição para uma economia de mercado)
FV Fotovoltaica
Tecnologias
GDP (gross domestic product) Sigla em inglês correspondente ao produto interno bruto (PIB). É o
valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos
oficialmente reconhecido dentro de um país em um determinado
período de tempo
Relatório Especial sobre Cenários de Emissões (SRES). O Relatório Especial sobre Cenários de
Emissões (SRES) é um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),
publicado em 2000. Os cenários de emissões de gases de efeito estufa descritos no relatório foram
utilizados para fazer projeções de possíveis futuras alterações climáticas. Os cenários regionais SRES,
como são chamados, foram usados no Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC (TAR), publicado em
2001, e no Quarto Relatório de Avaliação do IPCC (AR4), publicado em 2007.
Copenhagen Consensus Center Este projeto tem como objetivo estabelecer as prioridades
para promover o bem-estar global, utilizando metodologias
baseadas na teoria da economia do bem-estar
Informe especial sobre fuentes de energía renovables y mitigación del cambio climático. Unidad de
apoyo técnico del Grupo de trabajo III. Instituto de Investigación sobre el Impacto del Clima de
Potsdam (PIK). Publicado por el Grupo Intergubernamental de Expertos sobre el Cambio Climático
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________________________________________________________________________________
Tabela 1. UNEP RISO CENTRE. Energy Climate and Sustainable Development. CDMI/JI Pipeline (2013) ......... 16
Tabela 2. Fonte: Gás Natural................................................................................................................. 26
Tabela 3. Elaborada por OECC com base em diversas fontes. .............................................................. 28
Tabela 4. Potencial técnico de redução das emissões de CO2 sobre a base dos cenários IS92 do IPCC
para diferentes tecnologias de mitigação no ano 2020........................................................................ 30
Tabela 5. Reservas e recursos globais de energia, seu conteúdo em carbono, potenciais de energia
para 2020-2025. .................................................................................................................................... 32
Tabela 6. Elaborada pela OECC com base em diversas fontes ............................................................. 45
Tabela 7. Costes del Cambio Climático según Ámbito Geográfico Ámbito .......................................... 58