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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

ELISANDRA DE VARGAS GARCIA

Emile Durkheim e Max Weber

PELOTAS

2015
Universidade Federal de Pelotas

Programa de Pós Graduação em Sociologia

Elisandra de Vargas Garcia

Emile Durkheim e Max Weber

Trabalho apresentado para avaliação na disciplina de


Fundamentos de Sociologia do Programa de Pós-Graduação
em Sociologia da Universidade Federal de Pelotas, ministrado
pelo Prof. Dr. Marcus Vinicius Spolle.

Pelotas

2015
RESUMO
O presente trabalho buscou abordar a sociologia de Emile Durkheim e
Max Weber, priorizando o conceito de fato social e enfatizando as semelhanças
e diferenças de pensamento de cada autor. Teve por métodos revisão
bibliográfica do tema por autores e publicações, com procedimentos descritivos
e abordagem qualitativa e indutiva.
INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem como objetivo principal a apresentação de conceitos


de dois pensadores de grande importância para as Ciências Sociais, o
sociólogo e filósofo francês Émile Durkheim e o sociólogo, filósofo e
economista alemão Max Weber. Para tanto, foi utilizada pesquisa bibliográfica
com levantamento de livros, artigos, teses, para se conhecer os conceitos
aplicáveis ao tema em conjunto.
Esse trabalho caracteriza – se como pesquisa bibliográfica porque
utilizará referências teóricas de livros, artigos e autores especializados na área,
para, através dos conhecimentos desses autores, explicar e debater o tema a
fim de alcançar os objetivos do trabalho.
Émile Durkheim e Max Weber: diferenças e semelhanças
sobre seus principais conceitos

Tanto Émile Durkheim quanto Max Weber são considerados os “pais da


Sociologia”, ambos estudavam a estrutura da sociedade. Desenvolveram
conceitos gerais para elaborar suas teorias a respeito da sociedade. Também
criaram tipos ideais para interpretar os fenômenos da sociedade, que serviam
como ferramenta para ajudar a entender os pontos de maior complexidade. Os
dois pensadores ligavam causas e efeitos para suas observações da sociedade
e acreditavam na importância de usar processos empíricos para justificar suas
hipóteses sociológicas. A principal diferença entre os dois autores foi a de que
Durkheim criou o termo “fato social” para mostrar que existiam forças além do
indivíduo que afetam seu comportamento, enquanto Weber afirmava que é
preciso compreender o significado que as pessoas dão ao seu comportamento
para entender a sociedade.
Para entender o papel da Sociologia através de Durkheim é necessário
compreender o seu elemento fundamental de análise, que ele denominou de
“fato social”. Pelas palavras do próprio autor fato social é:

“Fato social é toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de


exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior: ou então, que é geral
no âmbito de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma
existência própria, independente das suas manifestações individuais.”
(DURKHEIM, 2007, p. 40)

O fato social tem, portanto, três características fundamentais: a


coercitividade, a exterioridade e a generalidade.
O fato social é coercitivo, pois, é externo ao indivíduo. Consiste em
maneiras de ser, pensar e agir que já são impostas pela sociedade. São
normas, regras, maneiras de comportamento ditas como normais e adquiridas
através de costumes, que existem e atuam sobre as pessoas
independentemente das suas vontades. As regras já existiam antes do
nascimento das pessoas, não é a vontade interior da pessoa que prevalece, e
sim a vontade externa, imposta pela sociedade. Assim, explica também a
exterioridade, pois relaciona-se ao fato dos padrões de moral serem impostos,
independente da consciência e da vontade individual das pessoas. A
coercitividade e a exterioridade são explicadas através da consciência coletiva,
que está vinculada à moral, à educação e às várias formas de socialização dos
homens.
Já a generalidade trata-se da consciência coletiva, que dá o sentido de
integração entre os membros da sociedade. Ela difere da consciência individual
porque tem leis próprias que são a base da sociedade, que sempre prevalecem
sobre o indivíduo. Essas leis independem da consciência individual e ficam
acima de todos, originando a consciência coletiva. A família, a escola e o
Estado são exemplos de instituições que reúnem os elementos essenciais da
sociedade, dando-lhes estrutura e permanência. Ele enfatiza a coesão, a
interação e a manutenção da sociedade, pois acredita que o conflito existe pela
ausência de normas nas relações sociais ou por falta de instituições que
regulem essas relações.
Durkheim ainda afirma que os fatos sociais devem ser tratados como
coisas, pois não devem ter sentido de idéia, para, assim, poderem ser
passíveis de observação e estudados do exterior. O cientista não pode emitir
sua opinião e sim descrever o que está vendo, deve observar os fatos sem
idéias pré-concebidas para fazer a análise sem nenhum juízo de valor. Ele
propõe uma total separação entre o sujeito que estuda e o objeto a ser
estudado. Com essa visão, Durkheim pretendia definir a Sociologia como
ciência, acabando com os “achismos” que distorciam a realidade social.
Assim como, para Durkheim o objeto de estudo da Sociologia são os
fatos sociais, para Weber tal objeto denomina-se “ação social.” Para Weber,
ação social significa:

“Uma ação que quanto ao sentido visado pelo agente ou os agentes,


se refere ao comportamento de outros, orientando-se por este em seu
curso.” (WEBER, 1991, PAG. 3)

Entender a sociedade para Weber está em compreender o indivíduo e


suas ações. Por que as pessoas tomam determinadas decisões? Quais as
razões que os levam a tomar tal decisão? Segundo Weber, a sociedade existe
concretamente, mas não é algo externo e acima das pessoas, mas sim o
conjunto de ações dos indivíduos relacionando-se reciprocamente. Assim, ele
pretende compreender a sociedade como um todo.
A ação social só existe quando há interação entre os indivíduos. Weber
parte do pressuposto de que não existe sociedade sem comunicação entre os
indivíduos. Então, para analisar com mais compreensão a Sociologia, Weber
cria a idéia de tipo ideal, visando possibilitar a comparação entre as ações
sociais. Esses tipos ideais são classificados em quatro, conforme cita- se
abaixo:
- Tradicional: ação determinada por costumes, crenças, hábitos, é o
modo de agir conforme a tradição. Cita-se como exemplo a mulher casar
vestida de branco.
- Afetiva: ação determinada pelo afeto e sentimento. Como exemplo
pode-se citar uma mãe batendo no filho por não se comportar adequadamente.
- Racional em relação a valores: ação determinada em convicções tais
como o dever, a dignidade, sem levar em conta as consequências previsíveis.
Agir de acordo com o que se acredita que seja correto. Com o exemplo cita-se
ser honesto.
- Racional em relação a fins: ação determinada numa avalição entre
meios e fins. É orientada pelos fins, meios e consequências implicadas nela. O
indivíduo pensa antes de agir, pois quer atingir um determinado objetivo. Como
exemplo cita-se um aluno estudando com a finalidade de passar em uma
prova.
Segundo Weber, a ação social raramente orienta-se por apenas uma
dessas maneiras e sim pela combinação de duas ou mais, e até mesmo as
quatro. Além disso, os participantes da ação social podem designar sentidos
diferentes à relação. Se tiver relação entre o sentido da ação e as expectativas
dos participantes será uma ação unilateral, se não houver será bilateral.
A ação unilateral acontece quando um dos participantes está presente
apenas de forma indireta, sem influenciar na ação do outro. Como exemplo,
temos a leitura, ou seja, quando se lê alguma coisa, seja um artigo, um livro,
podemos ser influenciados por tal leitura, mas não influenciamos o autor.
A ação bilateral acontece quando condiz com as expectativas dos
participantes. Como exemplo, temos a atitude de alguém em relação ao que se
espera dessa pessoa. Se ela tiver a atitude esperada a ação será bilateral.
A ação social constitui a base para a relação social, pois precisa de um
sentido que só é dado pelo mundo social, constituído de relações sociais.
Percebe-se então que, para Weber, ao contrário do que diz Durkheim,
as normas, regras e costumes da sociedade não são algo externo aos
indivíduos e sim algo que ele escolhe dependendo das situações que se
apresentam.
Enquanto Durkheim ressalta que a sociedade é mais do que a soma dos
indivíduos e que os fatos sociais não dependem das consciências individuais,
focando na realidade dos fenômenos sociais que são independentes das
consciências que os indivíduos têm sobre eles, Weber salienta que sociedade
só pode ser compreensível, do modo sociológico, a partir do nível individual,
pois é exatamente nesse nível que o sentido do comportamento pode ser
compreendido, ou seja, uma formação social não poderia existir sem as
consciências individuais, pois, a soma dos indivíduos por si só não gera as
relações sociais das quais a formação da sociedade depende.
Ao contrário de Durkheim, Weber não pensa que a ordem social deva se
distinguir dos indivíduos como uma realidade exterior a eles e sim que as
normas sociais se efetivam quando se manifestam em cada indivíduo sob a
forma motivacional de suas ações.
Conclui-se então que a distinção fundamental entre os dois é que,
enquanto Durkheim preocupava-se com o poder de coerção dos fatos sociais
sobre os indivíduos, Weber analisava o sentido da ação social e sua relação
com os indivíduos, grupos e sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia


compreensiva. Trad. Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa: Editora
Universidade de Brasília. 1991. v.1.

DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Martin


Claret, 2007.

ROCHA, Stélio Nunes. Apostila de Sociologia, 2010.

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