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No livro "Ensaio Sobre a Cegueira" de José Saramago, é retratada a questão da cegueira branca onde os problemas

da sociedade que as pessoas não querem enxergar se intensificam e substituem o civilizado pelo primitivo.

De acordo com o filósofo Zygmunt Bauman, vive-se atualmente um individualismo que torna as pessoas egoístas.

Síndrome de Burnout

Saúde mental

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SUICÍDIO

Entende-se que, desde o Iluminismo, a sociedade só evolui quando há comoção pelo problema alheio. Ao observar o
suicídio entre os jovens no Brasil, porém, é evidente que esse ideal iluminista não sai da teoria, permitindo que essa
problemática se persista na atual realidade do país, tanto pelo abafamento da mídia, quanto pela negligência
governamental em não tratar o tema como questão de saúde pública.

Inquestionavelmente, é visto que a aplicação das leis constitucionais esteja entre uma das causas dessa questão.
Segundo o filósofo chinês Confúcio, não corrigir as nossas falhas é o mesmo que cometer novos erros. No Brasil,
inclusive, são registradas cerca de 10 mil mortes, com uma taxa, surpreendente, de suicídio. E mesmo com dados
que disparam constantemente, o modo como é abordado o assunto, sempre superficial pela mídia, ainda é um
grande tabu: evita-se falar para que não se origine um surto de suicídio, como no caso do livro lançado em 1774, "Os
Sofrimentos do jovem Werther", de Goethe, em que o personagem põe um a fim à própria vida depois de uma
decepção.

Ademais, não se pode esquecer de uma das grandes impulsionadoras do problema: a negligência governamental em
deixar em última instância a questão de saúde pública. De acordo com Jean Jacques Rousseau, a natureza fez o
homem bom e feliz, mas a sociedade o deprava e o torna miserável. Seguindo essa ideia, indiscutivelmente, entre as
principais dificuldades enfrentadas pelos profissionais de saúde no atendimento desses casos, no Brasil, estão a
precariedade na formação em urgências psiquiátricas: é preciso admitir que o suicídio é uma questão que diz
respeito a todos os profissionais dessa área.

É notório, portanto, que ainda há desafios para a construção de um Brasil melhor. À vista disso, o Ministério da
Saúde junto do Governo deve promover palestras educacionais e informativas tanto nas escolas quanto em órgãos
públicos, que discutam sobre a temática, sintomas, causas, consequências e doenças relacionadas de modo a
conscientizá-los de que o suicídio não é a solução, que os jovens estão acolhidos e podem se expressar sobre o
assunto, pois será ouvido. Especialistas afirmam que, quando um suicida conversa sobre a questão, as chances de se
entender são maiores e amenizam os sintomas de uma possível patologia. Por último, mas não menos importante, a
capacitação adequada de todos os profissionais da saúde é um grande preparatório para lidar com a causa.

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Ao retratar a depressão dos últimos dias de vida de Hannah Baker, a obra 13 Reasons Why, Os 13 Porquês no Brasil,
do autor estadunidense Jay Asher, estimula uma reflexão crítica acerca de um tema considerado, ainda, tabu na
sociedade: o suicídio na adolescência. Avaliado como um problema de saúde pública em 28 países, o mal de todos os
séculos não permanece apenas na ficção. Embora as ligações para o CCV, Centro de Valorização da Vida, tenham
crescido em 445%, aproximadamente, após o lançamento de série homônima ao livro, de acordo com o jornal O
Estado de São Paulo, o suicídio permanece a uma taxa alarmante de 32 casos por dia no Brasil, segundo relatório da
OMS, Organização Mundial da Saúde, ferindo o direito constitucional que todo ser humano tem à vida.

Nesse enfoque, é lúcido ressaltar a vulnerabilidade a que os jovens estão sujeitos, seja pela exposição em demasia
aos serviços da internet, ausência parental ou bullying, levando, muitas vezes, a casos de depressão que podem
findar com a tentativa de tirar a própria vida. Exemplo disso foi o caso do desafio da baleia azul, um jogo russo que
chamou atenção da mídia em 2017, ao recrutar jovens ao redor do mundo para uma série de cinquenta tarefas que
seriam seladas com a autodestruição.

Convém ainda analisar a relação entre sociedade e suicídio, conforme avaliado pelo sociólogo francês Émile
Durkheim, ao classificar o ato como egoísta quando o indivíduo tira a própria vida por não mais suportá-la. Isso está
associado a uma quebra de relações sociais e como a vítima está integrada ao seu meio, considerando que a
depressão, a dependência de substâncias químicas e o bullying estão entre as principais causas do autocídio entre
jovens, de acordo com a OMS. Tal realidade é inquietante e, mais uma vez, chamou a atenção da mídia com a
fatalidade da garota-propaganda australiana, de apenas 14 anos, que cometeu suicídio no início de 2018, após ser
vítima do bullying.

Frente a tais impasses, urge, por conseguinte, a necessidade do debate consciente sobre o tema, de forma a não
incitar o ato, mas a trabalhar a prevenção. Para isso, deve ser feita a qualificação de profissionais da área da
educação, habilitando-os a reconhecer tendências suicidas dentro da escola. Além disso, a atuação de profissionais
da psicologia e assistência social deve ser disponibilizada nas instituições de ensino, sendo acessível a todos os
alunos, ao fornecer auxílio na identificação de seu sofrimento psíquico e, ainda, trabalhando a relação entre esses e
seus responsáveis, alertando para a saúde e o bem-estar emocional de seus jovens.

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Evasão escolar

Desde os primórdios da humanidade o conhecimento adquiro é considerado de valor inestimável, por tratar-se de
algo que não pode ser retirado do ser que o obtém. No entanto, a educação, algo essencial na formação do
indivíduo, encontra-se em um processo de gradual desvalorização, seja por parte dos alunos, dos pais e até mesmo
dos próprios profissionais da área.

Esse menosprezo acarreta, principalmente, na evasão escolar dos alunos, que muitas vezes preferem trabalhar ou
simplesmente seguir outro rumo em sua vida à tentar crescer profissional e intelectualmente. A desistência parte
normalmente de alunos de baixa renda pelos mais variados motivos, tal como a dificuldade de locomoção, a gravidez
na adolescência, a necessidade de auxiliar financeiramente a família e a perda de interesse pelo ambiente escolar.

Estudos feitos com dados do IBGE e do MEC apontam que 1,3 milhão de jovens entre 15 e 17 anos deixaram a escola
entre 2004 e 2014. Os números alarmantes preocupam, pois infringem os direitos das crianças e adolescentes
declarados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e no Estatuto da Criança e do Adolescente,o que torna essa
situação totalmente inaceitável.

Segundo o filósofo grego Pitágoras: "Eduquem as crianças e não será necessários castigar os homens.". Seguindo
essa linha de raciocínio, afim de resolver tal impasse, é de suma importância que o Governo Federal, Estadual e
Municipal invistam seriamente em suas respectivas escolas, proporcionando maior apoio e acessibilidade aos que
necessitam (deficientes físicos e gestantes) e um ambiente pacífico e de inclusão. Ademais, é necessário o
investimento de cada Município em transporte escolar gratuito, de qualidade e que permita a facilitação de
deslocamento aos estudantes que residem em zonas mais isoladas. Além disso, bolsas para alunos de baixa renda,
viabilizadas pelo Ministério da Educação juntamente com o Ministério da Fazenda, que supra o auxílio financeiro
proporcionado ao trocar a escola pelo trabalho, seria um largo passo para incentivar estudantes que abonaram a
escola devido a dificuldade financeira, à retomada dos estudos.

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