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Schopenhauer – WWR

§ 65

“Elevar à distinção abstrata e filosófica o significado propriamente ético da conduta humana”

Indicado na vida por BOM e MAU

BOM e MAU

Reconduzir os termos à sua significação autêntica

BOM, BELO e VERDADEIRO – palavras desgastadas pelos escritores filosóficos

 Essencialmente relativo
 Indica ADEQUAÇÃO DE UM OBJETO COM ALGUM ESFORÇO DA VONTADE
o Aquilo que é favorável à vontade
 Divide-se em duas subespécies
 Agradável
• Satisfação imediata e momentânea da vontade
 Útil
• Satisfação mediata da vontade em relação ao futuro

Aplicado a seres não cognoscentes - oposto de RUIM (passivo) - "isto me é bom, mas aquilo não"

Aplicado a seres cognoscentes - oposto de MAU(ativo)

 Exame
• respeito objetivo produzido pela disposição BOA e da satisfação consigo mesmo
• Dor íntima que acompanha a disposição MÁ independentemente das vantagens
 ORIGEM DOS SISTEMAS ÉTICOS (filosóficos e religiosos)
• Felicidade – virtude (como consequência lógica ou metafísica
[outros mundos])

 “Ao contrário, em conseqüência de nossa consideração, a essência Íntima da virtude res
ultará de um esforço em direção totalmente oposta à da felicidade, ou seja, oposta à
direção do bem-es tar e da vida.”
 BOM – relativo à vontade
• BOM ABSOLUTO / summum bonun  contradição
 Satisfação final da vontade
“É tão impossível a vontade deixar de querer de novo através de uma
satisfação, quanto é o tempo findar ou começar.”

“É o suficiente sobre as palavras BOM e MAU. Agora passemos à matéria mesma.”


Pessoa MÁ  aquela que pratica injustiça: a afirmação de sua vontade vai tão longe que nega a vontade
que aparece em outros indivíduos  em último grau = EGOÍSMO
• Expressão de vontade de vida veemente ao extremo
• Diferença entre a própria pessoa e as demais - princípio de razão restrito ao principio
individuiationis
“Essas duas características são os elementos básicos do mau caráter”

Veemência da Vontade – inesgotável fonte de sofrimento


Querer  carência / sofrimento
“Em conseqüência, querer intenso e veemente sempre traz consigo sofrimento intenso
e veemente. Pois todo sofrimento nada é senão querer insatisfeito e contrariado”

A expressão de homens maus estampa a marca do sofrimento interior

Tormento interior  alegria desinteressada no sofrimento alheio  maldade que


cresce até a CRUELDADE  sofrimento alheio não mais como meio para a vontade mas
fim em si mesmo

(pág 464 - falta)

VINGANÇA – maldade com aparência de direito, não como meio mas como fim

Da mesma raiz da maldade (vontade veemente ao extremo) surge o REMORSO


“Por mais que o Véu de Maia envolva espessamente os sentidos da pessoa má, noutros
termos, por mais firmemente que ela se enrede no principio individuationis, de acordo
com o qual se considera absolutamente diferente dos demais seres e deles separada por
um amplo abismo, conhecimento ao qual adere com todo o seu vigor, visto que
somente ele se conforma ao seu egoísmo e lhe dá sustento, de maneira que o
conhecimento é quase sempre corrompido pela vontade - lateja, entretanto, no mais
Íntimo de sua consciência o pressentimento de que essa ordem de coisas é simples
fenômeno”

A má pessoa é atormentada na medida em que atormenta pois o abismo que a separa de


outros indivíduos é fenômeno e não a coisa-em –si
“só para o conhecimento do indivíduo, por intermédio do principii individuationis,
existem, como diferentes, a possibilidade e a efetividade, o próximo e o distante no
tempo e no espaço, mas não em si mesmos”

 Verdade que, adaptada ao principio de razão, se expressa no mito da


transmigração das almas
Segunda origem do remorso – junto do pressentimento da nulidade do principio de
individuação o conhecimento da veemência da própria vontade e de se estar entregue e
apegado à vida em seu lado terrível  opressão do outro que é si mesmo.

“o tempo preenchido, ou seja, a forma do fenômeno da Vontade é apenas o presente, e


para o indivíduo o tempo é sempre novo”

AGORA  única forma da Vontade de vida – da vida em si  sofrimento infinito

“A morte é como o pôr-do-sol, quando o astro rei só aparentemente é tragado pela


noite, mas em realidade, ele mesmo fonte de toda luz, brilha sem interrupção, trazendo
novos dias a novos mundos, sempre nascendo e sempre se pondo”

Princípio e fim só existem na representação  tempo


Exterior ao tempo está a Vontade, a coisa-em0si de Kant, as idéias de Platão

“Conseguintemente, o suicídio não fornece salvação alguma: o que cada um QUER em


seu Íntimo, isto ele deve SER; e o que cada um É, precisamente isto ele QUER”
SER / QUERER

“Portanto, ao lado do conhecimento meramente sentido, da aparência e nulidade das formas da


representação que separam os indivíduos, aquilo que dá à consciência moral o seu espinho é o
autoconhecimento da própria vontade e de seus graus”

“A violência com que o mau indivíduo afirma a vida é-lhe exibida no sofrimento por ele infligido a
outrem, fazendo-lhe mensurar a distância que se encontra da renúncia e negação da Vontade, I I única
redenção possível para o mundo e seus tormentos”

§ 66

“Uma moral sem fundação , portanto um simples moralizar, não pode fazer efeito, pois não motiva.”
Motivação  moral que atua sobre o amor próprio
“mediante moral e conhecimento abstrato em geral, nenhuma virtude autêntica pode fazer
efeito”
Brotar da intuição  reconhece no outro a mesma essência que a própria

VIRTUDE
Não provém do conhecimento abstrato / não pode ser ensinada
“o conceito é infrutífero para a verdadeira essência íntima da virtude, assim como o é para a
arte”
Velle non discitur [vontade não se aprende] Sêneca
Os dogmas só tem valor na medida em que o virtuoso cria um esquema para si mesmo que
explique seus atos não egoístas, cuja essência não concebe.

A conduta pode ser alterada por dogmas mas apenas formalmente, com ohábito, para o
individuo que não confia no próprio juízo

“Todo conhecimento abstrato fornece apenas motivos.”


 mudam a direção da vontade, não ela mesma

Eticamente indiferente doar dinheiro à caridade pensando em uma vida futura ou aplicar em
juros
“um homem que, em nome de sua ortodoxia, entrega o herético às chamas da fogueira, é tão
assassino quanto o bandido que mata para roubar”
Motivos nào mudam a vontade
Velle non discitur

O Dogma pode ser a explicação fácil e imediata que o indivíduo bom encontra para a ação de sua
vontade
 Diferença sutil entre o bom que se justifica e o egoísta que se motiva
“Eis por que quase nunca podemos julgar com acerto moral os atos de outrem e raras vezes os
nossos”

Atos e maneiras de agir são modificados por hábito e dogmas  imagens vazias
Só a disposição de caráter que conduz a eles fornece-lhes sentido moral
É possível imaginar um Estado ou dogma que previnam todo o crime  ganho político
porém nenhum ganho moral. “apenas se turvaria a revelação da imagem especular da
Vontade através da vida”

Autêntica vontade / virtude desinteressada / pura nobreza


 não conhecimento abstrato
 conhecimento imediato e intuitivo / não pode ser comunicado mas deve BROTAR
“Sua real e adequada expressão, por conseguinte, encontra-se não em palavras mas
exclusivamente nos atos, na conduta, no decurso de vida do homem”

“Nós, que aqui procuramos a teoria da virtude e em conseqüência também tivemos de


expressar abstratamente a essência do conhecimento que reside em seu fundamento, não
poderemos, todavia, fornecer nessa expressão tal conhecimento mesmo, mas apenas o seu
conceito, com o que partiremos tão-somente de ações, exclusivamente mediante as quais ele se
torna visível; e referiremos tais ações como sua única e adequada expressão, a qual somente
podemos apontar e interpretar, ou seja, dizer abstratamente o que de fato ali ocorre.”
JUSTIÇA – negação do MAU como grau intermediário
“quem jamais, na afirmação da própria vontade, vai até a negação da vontade que se expõe em
outro indivíduo- é JUSTO”

- Para o justo o principium individuationis não é, como para o mau, uma barreira absoluta.
- Reconhece a vontade de vida como coisa-em –si tbm no fenômeno do outro como
representação
“vê através do Véu de Maia e iguala a si o ser que lhe é exterior, sem injuriá-lo.”

Em grau supremo o justo questiona o próprio direito à propriedade e entrga-se à pobreza


voluntária

Justiça voluntária  grau de visão através do principii individuationis

Bondade ~= vontade fraca


“no homem bom, tem-se o conhecimento que domina o ímpeto cego da Vontade.”

“Pois àquele que pratica obras de amor, o Véu de Maia se torna transparente e a ilusão do
principii individuationis o abandona”

BOA CONSCIÊNCIA  a satisfação sentida após cada ato desinteressado.

Confirmação de que nosso eu existe em tudo o que vive


[Coração dilatado /= egoísmo-coracao contraído]  contração no eu / expansão
simpática

- jovialidade de ânimo  conhecimento permanente de sua essência em todos os viventes

“Embora outros estabeleçam princípios morais e os ofereçam como preceitos de virtude e leis a serem
necessariamente observadas, eu não consigo fazê-lo, pois não posso fazer pairar em frente à Vontade
nenhum ‘dever’ ou lei”

- a Vontade é o Em-si de cada fenômeno, porém ela mesma, enquanto tal, é livre das formas
dele, portanto
também da pluralidade.

Vedas: Tat twam asi! ("Isso és tu!").

"Todo amor é compaixão"


§ 67

visão através do principii individuationis  justiça  caráter bom

amor puro e desinteressado em face dos outros – iguala o outro a si

- “o caráter que alcançou a bondade suprema e a nobreza de caráter perfeita sacrifica inteiramente seu
bem-estar e sua vida em favor do bem-estar de muitos outros”

- sofrimento  essencial e inseparável da vida

- desejo  carência : satisfação  sofrimento removido


Nào há felicidade positiva

“Nesse sentido, não importa o que a bondade, o amor e a nobreza de caráter possam fazer
pelos outros, tem-se aí sempre apenas o alívio dos sofrimentos;”

Sofrimento próprio  CONHECIMENTO DO SOFRIMENTO ALHEIO  bons atos

Amor puro = compaixão

Conceito  infrutífero para a virtude [contradizendo Kant], assim como para a arte.

“Todo amor que não é compaixão é amor-próprio” [amor – mescla de ambos]

CHORO – dor sentida, refletida na reflexão  compaixão por si mesmo  retorno à sensação
- capacidade de amar
- capacidade de fantasia

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