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O artigo tem como objetivo corrigir lacunas teóricas a partir da elaboração de um

modelo conceitual pautado em adaptação e resiliência organizacional em ambiente de


mudanças e condições climáticas extremas. As lacunas na literatura advêm do fato de, teórica
e empiricamente, a resiliência organizacional voltar vistas ao modo como as organizações
suportam distúrbios e descontinuidades sem considerar de forma profunda as questões de
condições climáticas extremas.
As perguntas de pesquisa envolvem: Dado o aumento esperado de eventos climáticos
extremos, como as organizações podem se preparar estrategicamente e desenvolver
capacidades de adaptação e resiliência para combater os efeitos desses eventos? E como
construímos as teorias atuais de adaptação para criar organizações resilientes?
Tais questões se fazem importantes devido aos grandes impactos econômicos, sociais e
organizacionais de eventos climáticos extremos, podendo causar prejuízos na ordem de 50%
do PIB de um país.
São distinguidas adaptação, gestão de crises e fundamentos teóricos da resiliência
organizacional.
A adaptação é caracterizada por mudanças graduais, progressivas, sistemáticas e
incrementais na organização, oriundas de respostas a mudanças impostas externamente.
Envolve mudanças nas estruturas da indústria, e condições institucionais como política,
economia, regulação, demografia, tecnologia e sociedade. Os autores concluem que existem
lacunas nos estudos sobre adaptação já que, não abordam o modo como as organizações podem
lidar com os impactos gigantescos nas economias, indústrias e organizações, de condições
climáticas extremas.
A gestão de crises é caracterizada pela identificação e prevenção de uma crise ou ainda,
pela diminuição de seus efeitos assim que ela ocorre a partir do uso de sistemas de previsão,
planos de contingência, exercícios simulados e alocação de recursos humanos e organizacionais
para responder à ocorrência da crise. A lacuna dos estudos de gestão de crises aplicadas a
eventos climáticos envolve a alocação dessa gestão a partir de uma perspectiva estratégica
capaz de aprimorar a adaptação e resiliência.
Já a resiliência organizacional envolve as respostas globais que ultrapassam adaptações
pontuais ou respostas a crises específicas. A resiliência implica em utilização de recursos e
capacidades combinadas e recombinadas que podem ser ativadas em condições adversas.
Assim, a resiliência tem como diferencial envolver a resistência e absorção de impactos de
eventos extremos de origem externa e a restauração rápida de estado favorável. A lacuna teórica
em estudos de resiliência organizacional refere-se à pouca intersecção da temática de resiliência
com eventos climáticos extremos.
Como resultado, é elaborada uma estrutura conceitual sobre adaptação organizacional e
resiliência com foco em mudanças climáticas.

O modelo integra:
- Adaptação antecipatória: percepção de que há possíveis eventos climáticos extremos a
acontecer. Refere-se à interpretação de atores organizacionais sobre mudanças climáticas.
Envolve a criação de sentido sobre mudanças climáticas. Isso contribui para aumentar a
resiliência organizacional, criando recursos e capacidades que tragam resistência à organização
ou que a permita se recuperar mais rapidamente de impactos de eventos climáticos extremos
mais frequentes ou graves.
- Exposição e resistência ao impacto: relaciona-se ao quanto a função organizacional é
mantida quando exposta a perturbações de eventos climáticos extremos.
- Sensibilidade: refere-se ao nível que uma mudança climática afeta a organização. Evidencia-
se que existem condições que tornam as organizações menos sensíveis a eventos climáticos
extremos como distribuição de recursos, força de trabalho descentralizada, dispersão física de
ativos entre outros.
- Percepção de Desastre: a percepção e a ideologia organizacional são fundamentais na criação
de sentido pois relacionam crenças e geram expectativas de comportamentos apropriados. São
as ideologias que favorecem a compreensão adequada dos desastres.
- Recuperação e Restauração: envolve a recup0eração imediata ao desastre e restauração mais
a longo prazo após evento climático extremo.
- Resposta a Desastres: diz respeito a aproveitar as oportunidades e lidar com as consequências
do impacto ou transformação imposta pela mudança climática.
- Reconstrução: visa que a organização volte à normalidade, podendo levar até anos. Implica
em alterações permanentes na organização.
- Determinação pós-impacto da resiliência geral: a resiliência geral e pós-impacto só é
mensurável após a recuperação.
- Adaptação futura: relaciona-se a adaptações preventivas e futuras, podendo ser reativa, com
base na experiência passada , ou proativa, pautada na percepção ambiental e na avaliação de
futuros eventos climáticos extremos.

Referências

Linnenluecke, M. K., Griffiths, A., & Winn, M. I. (2012). Extreme weather events and the
critical importance of anticipatory adaptation and organizational resilience in responding to
impacts. Business Strategy and the Environment, 21(1), 17–32.

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