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INTRODUÇÃO
A Ciência Política é a ciência que estuda a política — os sistemas políticos, as
instituições, os processos e os comportamentos políticos. Busca conhecer e explicar
a estrutura (e as mudanças de estrutura) e os processos de governo ou de qualquer
sistema equivalente de organização humana que tente prover segurança, justiça e
direitos a uma população. Essa definição sugere que o objeto de estudo da Ciência
Política é o Estado. Contudo, para a maioria dos cientistas políticos o foco seria
muito mais amplo, compreendendo as relações de poder, na sua totalidade – e não
apenas aquelas que têm lugar no âmbito do Estado.
A ciência política uma ciência social preocupada principalmente com a
descrição e análise de instituições e processos políticos e especialmente
governamentais.
A ciência política compreende numerosos subcampos, incluindo políticas
comparativas, economia política, relações internacionais, teoria política,
administração pública, políticas públicas e metodologia política. Além disso, a
ciência política está relacionada e se baseia nos campos da economia, do direito, da
sociologia, da história, da filosofia, da geografia, da psicologia e da antropologia.
A política comparativa é a ciência da comparação e do ensino de diferentes
tipos de constituições, políticos, legislatura e campos associados, todos eles de uma
perspectiva intra-estatal.
As relações internacionais tratam da interação entre os Estados-nação, bem
como as organizações intergovernamentais e transnacionais.
A teoria política está mais preocupada com as contribuições de vários
pensadores e filósofos clássicos e contemporâneos.
A ciência política é metodologicamente diversa e apropria-se de muitos
métodos originários da pesquisa social. As abordagens incluem o positivismo, o
interpretivismo, a teoria da escolha racional, o behaviorismo, o estruturalismo, o pós-
estruturalismo, o realismo, o institucionalismo e o pluralismo.
A ciência política, como uma das ciências sociais, usa métodos e técnicas
que se relacionam com os tipos de inquéritos procurados: fontes primárias, como
documentos históricos e registros oficiais, fontes secundárias, como artigos de
periódicos acadêmicos, pesquisa de pesquisa, análise estatística, estudos de caso,
pesquisa experimental e construção de modelos.
4
1º Pressuposto:
O relacionamento do Homem com Deus, sempre que se admite que existe
alguma coisa superior ao homem, a alternativa comum é entre Deus e Estado.
A própria ideia de soberania entendida como supremacia absoluta tem dupla
correlação refletida nos atributos que o pensamento ocidental ainda hoje refere não
apenas ao Estado, mas também à autoridade do Papa (soberano), pois diz se que
este reina embora não possua autoridade temporal significativa. A tomada de
posição nesta questão vai refletir-se em todos os problemas k integram o domínio
normativo da ciência politica.
A tradição do pensamento politico é considerar o estado como supremo em
relação ao homem.
2º Pressuposto:
O homem só vive inserido numa sociedade, todo o homem é sócio de outro
homem e partilha com ele um interesse. Se o homem não viverem sociedade ou é
um Deus ou é um animal.
3º Pressuposto:
6
4º Pressuposto:
O personalismo (entende-se que o estado faz parte da circunstancia do
Homem, e que nasceu para o servir, sendo assim o estado serve essencialmente os
interesses do cidadão) e o transpersonalismo (entende-se que o Homem faz parte
da circunstancia do estado, ou seja, quando o cidadão existe para servir o estado).
Todo o fato social relacionado com o acesso, a titularidade, o exercício e o
controle do poder são fatos políticos, possua autoridade temporal significativa.
A tomada de posição nesta questão vai refletir-se em todos os problemas k
integram o domínio normativo da ciência politica.
Outro pressuposto da ciência politica é a relação entre a sociedade civil e o
aparelho governativo, um problema fundamentalmente dominado pelo conflito entre
as fidelidades verticais que decorrem da concepção orgânica do estado e as
fidelidades horizontais que procuram fazer frente aos aparelhos do poder
considerados alheios ou à comunidade ou apenas aos estratos sociais.
O homem é um ser que vive inserido numa sociedade, contudo isto não
implica que ele viva numa sociedade politica nem que o estado seja uma sociedade
politica necessária.
A sociedade pretende sempre libertar-se de aparelhos governativas estranhas
para assentar em princípios de vida, governadas pelo consentimento. Estes fatos
formam um debate doutrinal constituindo um dos pressupostos mais importantes da
CIÊNCIA POLITICA, há duas posições possíveis:
A- A primeira é que o estado não corresponde a qualquer necessidade humana
fundamental e por isso é indispensável. Esta corrente é adoptada pelos anarquistas.
B- A segunda é que o estado é um resultado do instinto e por isso insubstituível,
esta corrente é adoptada pelos totalitários.
7
1. Ação social racional com relação a fins, na qual a ação é estritamente racional.
Toma-se um fim e este é, então, racionalmente buscado. Há a escolha dos melhores
meios para se realizar um fim;
2. Ação social racional com relação a valores, na qual não é o fim que orienta a
ação, mas o valor seja este ético, religioso, político ou estético;
3. Ação social afetiva, em que a conduta é movida por sentimentos, tais como
orgulho, vingança, loucura, paixão, inveja, medo, etc., e
4. Ação social tradicional, que tem como fonte motivadora os costumes ou hábitos
arraigados. (Observe que as duas últimas são irracionais).
A tipologia weberiana das formas de poder político diferente claramente da
tradição clássica, orientada pela discussão da teoria das formas de governo, oriunda
do mundo antigo (Platão e Aristóteles). Filiado à tradição realista de pensamento.
Weber também rejeita os pressupostos normativos e éticos da teoria do poder
e procura descrevê-lo em suas formas efetivas de exercício. Ao demonstrar que o
exercício do poder envolve a necessidade de legitimação da ordem política e, ao
mesmo tempo, sua institucionalização por meio de um quadro administrativo.
Visão Política de Max Weber: "é horrível pensar que o mundo possa vir a ser
um dia dominado por mais nada que homenzinhos colados a pequenos cargos e
lutando por outros maiores: uma situação que será vista dominando uma parte
sempre crescente do espírito do nosso sistema administrativo atual e,
especialmente, de seu produto, os estudantes. A compulsão burocrática é suficiente
para levar alguém ao desespero.5“.
5WEBER, Max. Escritos políticos. Ed. José Aricó. México: Fólios Ediciones, vol. II. 1982
_______. 1982b. "A política como vocação". Ensaios de Sociologia. 4ª ed. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1982b.
12
governos suportariam um exame rigoroso deste tipo. Com o tempo, o governo irá
adquirir uma áurea de legitimidade, e a maioria das pessoas vai obedecê-lo por puro
hábito. O consentimento é possível somente quando há escolha, e nenhum governo
pode permitir que a obediência seja uma questão de escolha.
Existem duas teorias que procuram dar conta do conceito de sociedade: a
teoria organicista, cujas origens podem ser encontradas desde a filosofia grega, que
entende que o homem é um ser eminentemente social e por isso não pode viver fora
da sociedade, entendendo o indivíduo como uma parte “orgânica” da sociedade; e a
teoria mecanicista, que entende o homem como um ser primário que vale por si
mesmo e do qual todos os ordenamentos sociais emanam como derivações
secundárias. Para os primeiros, a Sociedade é definida como “o conjunto das
relações mediante as quais vários indivíduos vivem e atuam solidariamente em
ordem a formar uma entidade nova e superior”6. Já os mecanicistas entendem a
Sociedade como um grupo derivado de indivíduos que buscam objetivos em comum
mas que, individualmente, seriam impossíveis de serem alcançados.
Qualquer que seja a visão de Sociedade, mecânica ou orgânica, é preciso
fazer uma distinção entre Sociedade e Estado. O Estado é produto da Sociedade,
mas não se confunde com ela. A Sociedade vem primeiro, o Estado vem depois: o
Estado é uma ordem política da Sociedade. “o Estado moderno se constitui de um
conjunto de instituições públicas que envolvem múltiplas relações com o complexo
social num território delimitado”7, dessa forma, o Estado deve ser entendido como a
ordem jurídica, o corpo normativo, “exterior” à Sociedade.
As ações do Estado são definidas por leis ou por atos de governo, que visam
às execuções de tarefas de interesse público e que se realizam pela administração
pública. Esse ordenamento da sociedade com base em um sistema jurídico que
garanta as liberdades fundamentais faz surgir o Estado de Direito e esse mesmo
ordenamento com base em um sistema de proteção social que garanta o acesso a
direitos como a saúde, educação, habitação, entre outros, como direitos de todo
cidadão, dá origem ao Estado de Bem-Estar Social (Welfare State).
Durante a modernidade, filósofos e pensadores políticos concentraram boa
parte de suas reflexões sobre o Estado de tal modo que podemos dizer que a
6 BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2000, pag.64.
7 BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2000, pag.71.
13
8 SELL, Carlos Eduardo. Introdução à Sociologia Política: política e sociedade na modernidade tardia.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
9 HABERMAS, J. O Estado nacional europeu – sobre o passado e o futuro da soberania e da
nacionalidade. In: ____. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002, p.
120-145.
14
alguns “modelos estatais” bem distintos entre si, são eles: o Estado Absolutista, o
Estado Liberal-Democrático, o Estado Totalitário e o Estado de Bem-Estar Social.
Historicamente a primeira forma assumida pelo Estado foi o modelo
absolutista, na transição da Idade Média para a Idade Moderna. Econômica e
politicamente falando o Estado surge a partir da transição do modelo econômico
feudal para a economia capitalista: a formação do Estado envolve a centralização do
poder de territórios sob o comando de um monarca em substituição a fragmentação
política medieval em diversos feudos. Como o próprio nome sugere, no Estado
Absolutista, o monarca é dotado de poderes absolutos. Estas monarquias foram se
constituindo historicamente por toda a Europa, desde Portugal, Espanha (com a
unificação dos reinos de Aragão e Castela em 1476), França (a partir do reinado de
Felipe IV 1285-1314) e a Inglaterra (com a monarquia dos Tudor). Com o Estado
Absolutista se forma a noção central do Estado Moderno que é o conceito de
“soberania”, teorizada por filósofos como Jean Bodin, Thomas Hobbes, Rousseau,
entre outros: “a soberania implica a ideia de que o Estado é o poder central de uma
determinada sociedade sob a qual nenhum outro poder pode elevar-se”10
A construção do Estado Liberal-Democrático envolveu – além de estar
marcada pela construção dos direitos civis e políticos – a submissão das monarquias
nacionais absolutistas ao poder do Parlamento e a regulação daquela através de
Constituições, ou seja, o Parlamento passou a controlar o rei através da
Constituição.
Essa luta contra o absolutismo dos monarcas pode ser facilmente percebida
através de pelo menos três grandes movimentos históricos: a Revolução gloriosa (a
luta entre a coroa inglesa, o parlamento e a burguesia ocorrida na Inglaterra no
século XVII), a Revolução americana (a independência das 13 colônias que se
intitularam “Estado Unidos” em 1776) e a Revolução francesa (com a deposição do
Rei Luís XVI e a inauguração da “república francesa”).
O que estas três Revoluções têm em comum e que nos ajudam a entender o
surgimento do Estado Liberal-Democrático é o fato de que todas proclamaram algum
tipo de direitos para os cidadãos: a primeira proclamou a Bill of rights, a Lei dos
Direitos dos Cidadãos (1689), que garantia a proteção de todo indivíduo diante do
governo; a segunda organizou o Estado a partir da Declaração da Independência
3. OS CLÁSSICOS DA POLÍTICA
3.1 MAQUIAVEL
Maquiavel é o primeiro defensor da autonomia da esfera política, sobretudo
em relação à moral e a religião, quer dizer, fora de qualquer preocupação de ordem
moral e teológica e foi o primeiro pensador a fazer distinção entre a moral pública e
a moral particular. “Maquiavel sustenta que a vida política tem exigências próprias,
particulares, que não podem subordinar aos imperativos, pretensamente universais,
tanto da moralidade cristã quanto do humanismo estóico (Cícero e Sêneca)”11.
Não se trata de excluir ou recusar de forma radical os valores da moral cristã,
mas de considerar que não se pode adotar princípios ou valores absolutos em
qualquer época ou lugar e que é preciso levar em consideração o contexto em que
uma ação está sendo realizada. No âmbito da política não há como estabelecer
valores morais absolutos, pois para alcançar os resultados almejados é preciso agir
de acordo com as circunstâncias. “Política e moral, portanto, pertencem a sistemas
éticos diferentes. Uma ética individual pode produzir santos. Mas não produz a
política [...] A ação política tem objetivos e condições de eficácia que não se
confundem com as condições da ação individual”12.
Além disso, Maquiavel rejeita os sistemas utópicos, a política normativa dos
gregos e procura a verdade efetiva, ou seja, como os homens agem de fato. A teoria
do Estado e da sociedade era marcada pelas especulações filosóficas, desde Platão
e Aristóteles até Dante, Thomas Morus e Erasmo de Rotterdam. “Muitos já
11 KRITSCH, Raquel. Maquiavel e a construção da política. Lua Nova, n. 53, p. 181-190, 2001, P. 186
12 KRITSCH, Raquel. Maquiavel e a construção da política. Lua Nova, n. 53, p. 181-190, 2001, P.185.
16
13 MAQUIAVEL, Nicolau. DIscurso sobre a primeira década de Tito Lívio. Brasília: UnB, 1982.
14
GUILLEMAIN, B. Machiavel: l’anthopologie politique. Genève: Droz, 1974.
15 KRITSCH, Raquel. Maquiavel e a construção da política. Lua Nova, n. 53, p. 181-190, 2001, p. 185.
16 KRITSCH, Raquel. Maquiavel e a construção da política. Lua Nova, n. 53, p. 181-190, 2001,P.185
/
17
17 SADEK, Maria Teresa. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual da virtú. In:
WEFFORT, Francisco C. (org). Os Clássicos da Política. 13. ed. São Paulo: Ática, 2001. v.1, P. 23.
18 MANIERI, Dagmar. O conceito de virtù em Maquiavel. Revista Crítica Histórica, ano VI, n. 11, p.
WEFFORT, Francisco C. (org). Os Clássicos da Política. 13. ed. São Paulo: Ática, 2001. v.1, P. 23.
20 SADEK, Maria Teresa. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual da virtú. In:
WEFFORT, Francisco C. (org). Os Clássicos da Política. 13. ed. São Paulo: Ática, 2001. v.1, P. 23.
18
3.2 HOBBES
A formulação do tema da soberania encontra nas teorias do contrato social
um somatório de esforços de sistematização, organização e racionalização sem
precedentes: nasce o poder, uma relação formal de comando-obediência, que só
pode ser implementada no fundamento lógico daqueles direitos de igualdade e
liberdade que também se formam a sua finalidade. O poder da sociedade ou de todo
o corpo político, então, só será tal enquanto for legítimo, isto é, fundado na vontade
de todos os indivíduos (Duso; 18) Se, dentre os diversos autores ligados à tradição,
a escolha de Thomas Hobbes como referência traz em si algo de arbitrário, também
há nesta opção um reconhecimento do caráter particularmente preciso e rigoroso
das elaborações do filósofo inglês. O amplo reconhecimento das suas contribuições
ao pensamento político e sua relevância como marco fundador da filosofia do direito
moderna parecem suficientes para tê-lo, aqui, na condição representante ilustre de
esforço de fundamentação inequívoca (para Hobbes, científica) da soberania sob a
linguagem jurídica do contratualismo.
As articulações que sugerem abertura e fechamento das relações e dos
limites do poder político aparecem aqui instituídas em meio a um engenho que
evoca o concurso de momentos de transcendência e de imanência na composição
21
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia. São Paulo: Paulus, 1990. Vol. II.P. 31.
19
3.3 MONTESQUIEU
O Espírito das Leis22, o mais importante livro de Montesquieu publicado em
1748 quando o autor tinha cinquenta e nove anos, é produto de um pensamento
elaborado na primeira metade do século XVIII, obra de um pensador, único na sua
época, que considerava os problemas políticos em si mesmos, sem ideias pré-
concebidas sobre o espírito e a natureza.
Para o pensamento ocidental, desde os sofistas gregos até aos filósofos de
princípio do século XVIII, a diversidade das leis demonstrava a instabilidade da
justiça humana, sendo que só no direito natural, comum a todas as sociedades, se
podia encontrar a unidade original do direito. Mas para Montesquieu o problema não
se colocava, já que para ele a infinita diversidade de leis e costumes humanos não
eram produto unicamente das suas fantasias.
O método de Montesquieu consistiu em examinar as leis positivas nas suas
relações entre si, mostrando que, pela sua própria natureza, determinadas leis tanto
implicavam como excluíam outras. Havia, por isso, entre as leis positivas, relações
naturais de exclusão e de inclusão, dirigidas não pela arbitrariedade de um homem
ou de uma assembleia, mas pela necessidade das coisas.
Mas, para Montesquieu a vida política de um país não é determinada por uma
qualquer fatalidade, já que os homens são livres e enquanto seres inteligentes
violam constantemente as leis que Deus estabeleceu, modificando também as que
eles próprios criaram. Nessa base, as relações que se estabelecem entre os
diferentes tipos de leis de uma sociedade, não são nem inexoráveis nem
independentes da vontade humana; de facto Montesquieu nunca afirmou que um
22MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Espírito das Leis. Introdução, trad. e notas de Pedro
Vieira Mota. 7ª ed. São Paulo. Saraiva: 2000.
21
3.4 ROSSEAU
Para Rousseau o homem no seu estado selvagem era bom e sentia-se feliz à
medida que se desenvolve agricultura e a metalurgia tudo se modificou.
Com o aparecimento da propriedade privada surgem os conflitos e as
rivalidades. A propriedade dá origem às desigualdades entre os homens. Para
defender os seus direitos os proprietários vêm-se na necessidade de formar um
governo que os proteja dos pobres. Temos assim uma sociedade desigual que
conduz inevitavelmente à guerra. É necessário voltar ao estado de natureza à tal
comunidade ideal em que os homens são todos livres e iguais. Assim acreditava
Rousseau.
O Contrato Social
Para se chegar a essa sociedade ideal era necessário um contrato social. Os
direitos não se impõem pela força mas através de um acordo que os homens fazem
com a comunidade. Não é delegando poderes absolutos numa entidade soberana,
como pensava Hobbes, que isso se consegue. Rousseau explica o que é o Contrato
Social.
Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja de toda a força
comum a pessoa e os bens de cada associado e em que cada um, ao unir-se a
todos, só a si mesmo obedeça e continue tão livre como antes. Se cada um se
entrega a todos, não se confia a ninguém, e como em todo o associado se adquire
o mesmo direito que cada um cedeu, ganha-se o equivalente de quanto se perdeu e
mais força par se conservar o que se possui.
Desta associação nasce um “ corpo moral e coletivo “ que Rouseau designa
como “ república ou corpo político, a que os seus membros dão o nome de Estado,
quando é passivo, de soberano quando é ativo , de potência quando o comparam
com entidades idênticas. Quanto aos seus associados, tomam coletivamente o
nome de povo, individualmente o de cidadãos, quando participantes na autoridade
soberana, e o de súbditos , como indivíduos submetidos à lei do Estado.
24
vinte, trinta ou quarenta mil habitantes. Mas a fixação do mínimo populacional para o
reconhecimento da ordem estatal é hoje na Ciência Política inteiramente destituído
de importância.
Conceito Jurídico
Só o direito pode explicar plenamente o conceito de povo. Se há um traço que
o caracteriza, esse traço é sobretudo jurídico e onde ele estiver presente, as
objeções não prevalecerão.
Com efeito, o povo exprime o conjunto de pessoas vinculadas de forma
institucional e estável a um determinado ordenamento jurídico, ou, segundo
Raneletti, “o conjunto de indivíduos que pertencem ao Estado, isto é, o conjunto de
cidadãos”.
Diz Ospitali que povo é “o conjunto de pessoas que pertencem ao Estado pela
relação de cidadania, ou no dizer de Virga “o conjunto de indivíduos vinculados pela
cidadania a um determinado ordenamento jurídico.
É semelhante vínculo de cidadania que prende os indivíduos ao Estado e os
constitui como povo. Aí está, no entender de Orlando e Gropalli o quid novi desse
conceito. Fazem parte do povo tanto os que se acham no território como fora deste,
no estrangeiro, mas presos a um determinado sistema de poder ou ordenamento
normativo, pelo vínculo de cidadania.
Não basta dizer conforme fazem aqueles dois autores que povo é o elemento
humano como sujeito de direitos e obrigações. A afirmativa não é incorreta, mas
demasiado lata. Um grupo social também pode abranger o elemento humano
elevado a categoria de sujeito de direitos e obrigações e não constituir um povo.
Urge, por conseguinte dar ênfase ao laço de cidadania, ao vínculo particular ou
28
4.2 TERRITÓRIO
Conceito de território
Constituindo a base geográfica do poder, o território do Estado é definido de
maneira mais ou menos uniforme pelos tratadistas. A matéria oferece, conforme
veremos poucos pontos de controvérsia, salvo aqueles ocorridos com mais
29
5. CONCLUSÃO
A ideia da moralidade, contudo, poderia ser mais formal, como a articulada
por autores contratualistas como Rousseau. Nesse caso, a justificativa moral para o
respeito à lei não deriva do fato de que um dado sistema jurídico esteja em harmonia
com um conjunto pré-estabelecido de valores embutidos nos direitos.
O respeito à lei é devido ao fato de que os próprios cidadãos, sob um
procedimento especial justo, produzem leis reguladoras das relações sociais e da
esfera pública. A justiça do procedimento garantiria que a maximização do auto
interesse fosse neutralizada, assim o povo poderia deliberar em termos de bem
público, o que criaria uma obrigação moral sobre todos os cidadãos de aceitar esses
resultados.
25 KELSEN, Hans. Teoria geral do Direito e do Estado. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
38
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2000.
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REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia. São Paulo: Paulus,
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_____________. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
_____________. O direito como experiência. 2. ed. São Paulo: Editora Saraiva,
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40