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São Carlos, v.9 n.

37 2007
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Reitora:
Profa. Dra. SUELY VILELA

Vice-Reitor:
Prof. Dr. FRANCO M. LAJOLO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

Diretora:
Profa. Dra. MARIA DO CARMO CALIJURI

Vice-Diretor:
Prof. Dr. ARTHUR JOSÉ VIEIRA PORTO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

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Prof. Dr. CARLITO CALIL JUNIOR

Suplente do Chefe do Departamento:


Prof. Dr. SÉRGIO PERSIVAL BARONCINI PROENÇA

Coordenador de Pós-Graduação:
Prof. Dr. MARCIO ANTONIO RAMALHO

Coordenadora de Publicações e Material Bibliográfico:


MARIA NADIR MINATEL
e-mail: minatel@sc.usp.br

Editoração e Diagramação:
FRANCISCO CARLOS GUETE DE BRITO
MARIA NADIR MINATEL
MASAKI KAWABATA NETO
MELINA BENATTI OSTINI
RODRIGO RIBEIRO PACCOLA
São Carlos, v.9 n. 37 2007
Departamento de Engenharia de Estruturas
Escola de Engenharia de São Carlos – USP
Av. Trabalhador Sãocarlense, 400 – Centro
CEP: 13566-590 – São Carlos – SP
Fone: (16) 3373-9481 Fax: (16) 3373-9482
site: http://www.set.eesc.usp.br
SUMÁRIO

Modelagens de lajes nervuradas considerando a excentricidade entre


as nervuras e a capa
Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva 1

Flambagem por distorção da seção transversal em perfis de aço


formados a frio submetidos à comprssão centrada e flexão
Gustavo Monteiro de Barros Chodraui & Maximiliano Malite 27

Estruturas de pisos de edifícios com a utilização de cordoalhas


engraxadas
Fernando Menezes de Almeida Filho & Márcio Roberto Silva Corrêa 49

Análise da instabilidade lateral de duas vigas pré-moldadas


protendidas
Maria Cristina Vidigal de Lima & Mounir Khalil El Debs 71

Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada


Alcebíades Negrão Macêdo& Carlito Calil Junior 95

Contribuições ao estudo da resistência à compressão de paredes de


alvenaria de blocos cerâmicos
Patricia Domingues Garcia & Marcio Antonio Ramalho 127
ISSN 1809-5860

MODELAGENS DE LAJES NERVURADAS


CONSIDERANDO A EXCENTRICIDADE ENTRE AS
NERVURAS E A CAPA

Ricardo Henrique Dias1 & João Batista de Paiva2

Resumo
Este trabalho verifica, por meio de análises numérico-paramétricas de lajes
nervuradas, o quanto a desconsideração (ou a consideração de maneira simplificada)
da excentricidade existente entre os eixos das nervuras e o plano médio da capa
influencia nos resultados de deslocamentos e esforços atuantes nas peças que compõem
estes sistemas. Foram realizadas análises considerando variações em alguns
parâmetros, sendo mostrados neste trabalho os resultados da variação da relação entre
a altura da capa e a altura total da laje nervurada. Os diferentes modelos mecânicos
foram analisados utilizando o Método dos Elementos Finitos, por meio do programa
computacional ANSYS 5.5, considerando-se um comportamento elástico-linear para o
material concreto armado. Verificou-se a necessidade da consideração da
excentricidade, seja por modelo realista, ou por modelos simplificados, para a
obtenção de resultados numéricos mais próximos do comportamento da estrutura real.

Palavras–chave: lajes nervuradas elásticas; enrijecedores excêntricos; Método dos


Elementos Finitos; Concreto Armado - estruturas.

1 INTRODUÇÃO

As lajes nervuradas, formando sistemas estruturais para pisos em crescente


uso no Brasil, principalmente pela fácil disponibilidade de fôrmas plásticas e blocos de
isopor para a criação dos vazios e nervuras, segundo as normas técnicas, podem ser
analisadas conforme modelos simplificados, em que a excentricidade existente entre o
eixo da capa (placa) e os eixos das nervuras é considerada implicitamente por meio de
propriedades geométricas de seções "T" (colaboração da placa na nervura), segundo
os modelos de grelha das nervuras, sem e com a simulação da capa por elementos de
casca, e modelos segundo a Teoria de Placa Ortótropa Equivalente, em que as
nervuras e a capa das lajes nervuradas são simuladas por meio de uma placa maciça
com espessura equivalente em inércia à flexão das seções "T", discretizada por
apenas elementos de casca.
Contudo, segundo PALANI et al. (1992), SHEIKH & MUKHOPADHYAY (1992)
e MUKHOPADHYAY (1994), estes modelos não conseguem evoluir para soluções
satisfatórias de todos os problemas, já que, conforme relações de geometria destas
estruturas, há variação do comportamento destes simplificados frente a modelos
numéricos mais realistas, como o modelo que considera a capa e as nervuras
simuladas por elementos de casca, ou modelos em que a capa é discretizada por
elementos de casca e as nervuras por elementos de viga tridimensional que
consideram a excentricidade em suas formulações, por meio de offsets rígidos,

1
Mestre em Engenharia de Estruturas - EESC-USP, Professor na Pontifícia Universidade Católica do
Paraná - PUCPR, richdias@uol.com.br
2
Professor Associado do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, paiva@sc.usp.br

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


2 Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva

localizando o centróide da nervura fora do plano da capa, e escrevendo os


deslocamentos da mesma como escravos dos deslocamentos do plano médio da
placa.
Neste trabalho, adotando um comportamento elástico-linear para o material
concreto armado, fez-se variações da relação geométrica altura da capa por altura
total de uma laje nervurada, e mediu-se os esforços que geram tensões normais nas
nervuras, verificando as respostas dos diversos modelos mecânicos, e se as variações
dos resultados alterava os meios de análise destas peças. Além disso compararam-se
resultados de deslocamentos gerados em processamentos segundo diversos modelos
mecânicos de uma laje nervurada com resultados de ensaios de ABDUL-WAHAB &
KHALIL (2000).

2 HIPÓTESES ADOTADAS

Nos modelos aplicados neste trabalho são válidas as hipóteses e considerações:


(a) o material concreto armado é considerado elástico-linear, homogêneo e
isótropo;
(b) os enrijecedores são prismáticos e têm pelo menos uma simetria de seção;
(c) a análise é de primeira ordem geométrica;
(d) todos os carregamentos foram aplicados ortogonalmente ao plano médio da
placa;
(e) as deformações transversais por cisalhamento são negligenciadas nas
análises.

3 DESCRIÇÃO DOS MODELOS EM MEF APLICADOS NESTE TRABALHO

Neste trabalho aplicou-se, para comparação com resultados mais precisos,


modelo que desconsiderou totalmente a influência da excentricidade entre as peças.
Neste modelo, chamado de Modelo 01, as nervuras foram discretizadas
por elemento finito de viga elástica de dois nós, com seis graus de liberdade por nó,
chamado de BEAM4 e disponível no software ANSYS 5.5, concêntrico ao plano médio
da placa. A placa foi modelada utilizando elemento finito de casca elástica de quatro
nós, com seis graus de liberdade por nó, chamada de SHELL63 e disponível no
ANSYS 5.5, trabalhando à flexão e tensão. A representação esquemática do Modelo
01 pode ser visualizada na Fig. 1.

elemento de casca SHELL63

elemento de viga BEAM4

Figura 1 - Representação esquemática do Modelo 01

As modelagens que consideram a excentricidade de maneira mais simplificada


são descritos abaixo:
O Modelo 05 tem as nervuras discretizadas pelo elemento BEAM4 com seção
transversal tipo “T”, considerando a colaboração da laje na rigidez das vigas de acordo
com o projeto de revisão da NBR6118:2000, aplicado de forma concêntrica ao plano
médio da placa de acordo com NAVARRA (1995); a laje é discretizada pelo elemento

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Modelagens de lajes nervuradas considerando a excentricidade entre as nervuras e a capa 3

de casca SHELL63, elemento plano com seis graus de liberdade trabalhando à flexão
e tensão. O Modelo 05 é apresentado esquematicamente na Fig. 2.

largura colaborante
NBR6118/2000

elemento de casca SHELL63

elemento de viga BEAM4

Figura 2 - Representação esquemática do Modelo 05

O Modelo 06 é aquele em que o pavimento em laje nervurada convencional


(placa e enrijecedores) é representado pela grelha das nervuras, sendo estas
discretizadas pelo elemento BEAM4 com seção transversal tipo “T”, considerando a
colaboração da laje na rigidez das vigas, de acordo com o projeto de revisão da
NBR6118:2000. O Modelo 06 é apresentado esquematicamente na Fig. 3.

largura colaborante
NBR6118/2000

elementos de viga BEAM4


nos eixos das nervuras
Figura 3 - Representação esquemática do Modelo 06

No Modelo 07 tem-se uma laje maciça equivalente utilizando os conceitos da


Teoria da Placa Ortótropa Equivalente, onde a laje nervurada é transformada em uma
laje maciça com espessura constante equivalente em inércia à flexão. Para o cálculo
da laje maciça de espessura equivalente em inércia utilizou-se a largura colaborante
definida pelo projeto de revisão da NBR6118:2000. Assim, a laje maciça equivalente é
discretizada pelo elemento de casca SHELL63, elemento plano com seis graus de
liberdade trabalhando à flexão e tensão. Neste modelo é considerada uma redução do
módulo elasticidade transversal do material concreto armado, conforme TAKEYA et al.
(1985), já que o mesmo é intrinsicamente um modelo rígido. O Modelo 07 é
apresentado esquematicamente na Fig. 4.
O Modelo 08 é semelhante ao Modelo 07, onde para o cálculo da laje maciça
de espessura equivalente em inércia utilizou-se a largura colaborante definida pelo
projeto de revisão da NBR6118:2000. Aplicou-se, contudo, uma diminuição de 20% da
espessura equivalente, redução proposta por ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000). Para
este modelo de laje maciça equivalente não foi aplicada a redução do módulo de
deformação transversal. A representação esquemática é similar àquela apresentada
na Fig. 4.
Neste trabalho as modelagens mais realistas em Método do Elementos Finitos
aplicará a excentricidade de duas maneiras:

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4 Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva

(a) discretização da placa em elementos finitos de casca elástica SHELL63


disponível no ANSYS 5.5, aliada a uma modelagem das nervuras utilizando um
elemento de viga elástica tridimensional com dois nós, dois graus de liberdade por nó,
chamado de BEAM44, disponível no ANSYS 5.5 e que permite a criação de offsets
rígidos para definir a localização do centróide da seção em relação à localização do nó
do elemento. Dessa forma, o elemento linear foi lançado no próprio plano dos
elementos de casca e, internamente, aceita a excentricidade.

transformação da laje nervurada em


laje maciça com espessura equivalente em inércia

laje maciça equivalente

divisão das lajes maciças em elementos finitos


de casca SHELL63

elementos de casca
SHELL63

Figura 4 - Representação esquemática dos Modelos 07 e 08

A partir dessa modelagem fez-se duas considerações acerca da


excentricidade, criando dois modelos similares: Modelo 02, onde a excentricidade é
aplicada tomando-se a altura da viga até a face superior da placa, conforme
representação esquemática apresentada na Fig. 5 e Modelo 03, onde a
excentricidade é aplicada tomando-se a altura da viga até a face inferior da placa,
modelo que tem sua representação esquemática apresentada na Fig. 6.

excentricidade elemento de casca SHELL63


no plano médio da laje
elemento de viga BEAM44 no plano médio da placa

centróide da nervura

Figura 5 - Representação esquemática do Modelo 02

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Modelagens de lajes nervuradas considerando a excentricidade entre as nervuras e a capa 5

elemento de casca SHELL63


excentricidade no plano médio da laje

elemento de viga BEAM44 no plano médio da placa

centróide da nervura

Figura 6 - Representação esquemática do Modelo 03

(b) modelagem da placa e das nervuras por elemento finito de casca elástica
SHELL63 tendo-se assim o comportamento gerado pela excentricidade entre as peças
de forma natural. Neste modelo, chamado de Modelo 04, nenhuma simplificação é
feita quanto ao comportamento da seção depois de fletida. A representação do Modelo
04 pode ser vista na Fig. 7. Este modelo será considerado o modelo mais realista,
referência para a comparação com os resultados dos outros modelos, devido ao alto
grau de discretização (refinamento) e aproximação com a estrutura real [CARRIJO &
PAIVA (1997)].

elemento de casca
para a placa

elemento de casca
para a nervura

Figura 7 - Representação esquemática do Modelo 04

4 TESTE DOS MODELOS MECÂNICOS POR MEIO DA ANÁLISE DAS


LAJES ENSAIADAS POR ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000)

ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000) ensaiaram 06 modelos de lajes nervuradas


em concreto armado, em escala 1/4, variando-se o espaçamento e a altura das
nervuras. Apresentam o comportamento estrutural obtido e, além de outros resultados,
os deslocamentos na laje.
A geometria básica do problema pode ser verificado na Fig. 8. As lajes eram
simplesmente apoiadas ao longo dos lados, permitindo-se rotações livres
perpendiculares ao plano da placa.
A Tabela 01 apresenta as características geométricas particulares de cada
modelo ensaiado por ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000). As variáveis a1: distância
entre nervuras e l: comprimento total do lado da laje nervurada são relacionadas em
a1/l. A variável hf representa a espessura da capa da laje nervurada.

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6 Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva

Tabela 1 - Características geométricas das lajes ensaiadas por ABDUL-WAHAB & KHALIL
(2000)
Laje Vazios a1 (cm) hf (cm) bw (cm) h (cm) h/hf a1/l
S1 11 X 11 13,6 2,0 5,2 9,5 4,75 0,0907
S2 9X9 16,7 2,0 5,2 9,5 4,75 0,1113
S3 7X7 21,4 2,0 5,2 9,5 4,75 0,1427
S4 5X5 30,0 2,0 5,2 9,5 4,75 0,2000
S5 9X9 16,7 2,0 5,2 12,5 6,25 0,1113
S6 9X9 16,7 2,0 4,7 6,5 3,25 0,1113

154 cm

30
154

150
30

a1

a1
h

Ø 0.7 mm c/ 25 mm
h

150
2

h
d

bw Ø 8 mm
Figura 8 - Geometria básica das lajes nervuradas ensaiadas, em cm
[ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000)]

Foram considerados os seguintes dados de entrada para a resolução numérica


do problema:
- carga concentrada aplicada no centro da laje, sobre uma placa de 30 x 30 cm,
em incrementos de 5 kN, até a carga última de cada laje, que podem ser verificadas
na Tabela 02;
- módulo de elasticidade (Ecs): calculado para cada laje em particular, de
acordo com a resistência característica à compressão apresentada pelos corpos
cilíndricos referentes a cada laje, de acordo com o projeto de revisão da NBR
6118/2000, apresentados na Tabela 02;
- coeficiente de Poisson: ν = 0,20 (adotado de acordo com o projeto de revisão
da NBR 6118/2000).
Apresenta-se a Tabela 02, que além da resistência à compressão, mostra as
cargas de fissuração (Pfissuração) e últimas (Púltima) encontradas no ensaio efetuado por
ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000).

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Modelagens de lajes nervuradas considerando a excentricidade entre as nervuras e a capa 7

Tabela 2 - Características das lajes ensaiadas por ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000)
Laje fck (Mpa) Ecs (kN/cm2) Gc (kN/cm2) Pfissuração (kN) Púltima (kN)
S1 31,3 2663,05 399,46 30 105
S2 32,0 2692,66 403,90 20 81
S3 31,4 2667,30 400,10 20 65
S4 28,9 2558,92 383,84 20 48
S5 29,9 2602,81 390,42 40 120
S6 29,1 2567,75 385,16 20 48

A seguir são apresentadas as Tabelas 03 a 08 de resultados de deslocamentos


máximos nas lajes, segundo cada modelo numérico, assim como as Fig. 9 a 14
correspondentes.
Pela análise dos diagramas de deslocamentos apresentados nas Fig. 9 a 14
pode-se afirmar:
- o modelo 04, ou laje maciça equivalente em inércia à flexão, comportou-se
como o modelo numérico mais rígido, apresentando os menores deslocamentos para
o mesmo nível de carga, em todas as lajes ensaiadas;
- os modelos realistas excêntricos 01 e 02 apresentaram resultados muito
próximos entre eles, indicando que a consideração da excentricidade das duas
maneiras propostas na viga excêntrica – considerando como nervura o limite inferior
da viga até a face inferior da capa ou a face superior da capa - são adequadas.
Apresentaram, para os níveis intermediários de carga, os melhores resultados
numéricos, aproximando-se dos resultados de ensaio de ABDUL-WAHAB & KHALIL
(2000);
- o modelo simplificado de grelha da laje nervurada, ou modelo 03, comportou-
se como o mais flexível entre os modelos numéricos, apresentado os maiores
deslocamentos para um mesmo nível de carga. Para os baixos níveis de carga
apresentaram, contudo, resultados próximos daqueles obtidos nos modelos 01 e 02.
Mas, para os elevados níveis de carga, estando o material com comportamento não-
linear físico no ensaio, apresentou os resultados numéricos mais próximos dos obtidos
pela laje real carregada, contudo ainda com valores distantes, e demasiadamente
flexíveis em relação aos demais modelos. Este fato demonstra que, estando o
concreto armado fissurado, saindo da fase elástica, os modelos em análise elástica
fogem dos reais resultados. Assim, o modelo numérico elástico mais flexível (o da
grelha da laje nervurada) apresenta resultados mais próximos.

110
Tabela 3 - Deslocamentos laje S1
100

Carga Modelo de cálculo – laje S1 90


Carga aplicada (em kN)

Ensaio
(kN) 01 02 03 04 80

70
0 0 0 0 0 0
60
10 0,10 0,34 0,37 0,43 0,29
50
20 0,30 0,69 0,73 0,87 0,59
40
30 0,60 1,03 1,10 1,30 0,88 Ensaio Abdul-Wahab & Khalil (2000)
30 Modelo 01
40 1,40 1,37 1,46 1,74 1,18 Modelo 02
20
50 2,20 1,71 1,83 2,17 1,47 Modelo 03
10 Modelo 04
60 3,00 2,06 2,19 2,61 1,77
0
70 4,20 2,40 2,56 3,04 2,06 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
80 5,50 2,74 2,92 3,48 2,35 Deslocamento vertical máximo laje S1 (em mm)

Figura 9 - Deslocamentos lajes S1

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8 Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva

110

100
Tabela 4 - Deslocamentos laje S2 90

Carga aplicada (em kN)


80
Carga Modelo de cálculo – laje S2
Ensaio 70
(kN) 01 02 03 04
60
0 0 0 0 0 0
50
10 0,30 0,42 0,44 0,48 0,34
40
20 0,60 0,83 0,88 0,97 0,69 Ensaio Abdul-Wahab & Khalil (2000)
30 Modelo 1
30 1,40 1,25 1,32 1,45 1,03
20 Modelo 2
40 2,40 1,67 1,76 1,94 1,37 Modelo 3
10 Modelo 4
50 3,30 2,08 2,20 2,42 1,71
0
60 4,50 2,50 2,64 2,90 2,06 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
70 7,00 2,91 3,08 3,39 2,40 Deslocamento vertical máximo laje S2 (em mm)
80 8,20 3,33 3,52 3,87 2,74

Figura 10 - Deslocamentos lajes S2

110

100

90
Tabela 5 - Deslocamentos laje S3
Carga aplicada (em kN)

80

70
Carga Modelo de cálculo – laje S3
Ensaio 60
(kN) 01 02 03 04
50
0 0 0 0 0 0
40
10 0,30 0,51 0,54 0,55 0,38
Ensaio Abdul-Wahab & Khalil (2000)
30
20 1,00 1,02 1,07 1,10 0,76 Modelo 01
20 Modelo 02
30 2,40 1,54 1,61 1,65 1,15
Modelo 03
10
40 3,80 2,05 2,14 2,19 1,53 Modelo 04
0
50 5,40 2,56 2,68 2,74 1,91 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
60 10,50 3,07 3,21 3,29 2,29 Deslocamento vertical máximo laje S3 (em mm)

Figura 11 - Deslocamentos lajes S3

110

100
Ensaio Abdul-Wahab & Khalil (2000)
Tabela 6 - Deslocamentos laje S4 90 Modelo 01
Modelo 02
Carga aplicada (em kN)

80 Modelo 03
Carga Modelo de cálculo – laje S4 Modelo 04
Ensaio 70
(kN) 01 02 03 04 60
0 0 0 0 0 0 50
10 0,50 0,72 0,75 0,67 0,49 40
20 1,70 1,45 1,50 1,33 0,99 30

30 3,30 2,17 2,25 2,00 1,48 20

40 6,20 2,89 3,00 2,67 1,98 10

50 10,00 3,61 3,74 3,34 2,47 0


0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Deslocamento vertical máximo laje S4 (em mm)

Figura 12 - Deslocamentos lajes S4

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Modelagens de lajes nervuradas considerando a excentricidade entre as nervuras e a capa 9

Tabela 7 - Deslocamentos laje S5


110
Carga Modelo de cálculo – laje S5
Ensaio 100
(kN) 01 02 03 04
90

Carga aplicada (em kN)


0 0 0 0 0 0 80
10 0,20 0,20 0,21 0,23 0,16 70
20 0,30 0,40 0,42 0,46 0,32 60
30 0,55 0,60 0,63 0,68 0,48 50
Ensaio Abdul-Wahab & Khalil (2000)
40 0,70 0,80 0,85 0,91 0,64 40 Modelo 01
50 1,20 1,00 1,06 1,14 0,79 30 Modelo 02
Modelo 03
60 1,70 1,20 1,27 1,37 0,95 20 Modelo 04
70 2,20 1,40 1,48 1,60 1,11 10
80 2,80 1,60 1,69 1,83 1,27 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
90 3,90 1,80 1,90 2,05 1,43
Deslocamento vertical máximo laje S5 (em mm)
100 5,30 2,00 2,11 2,28 1,59
110 8,00 2,20 2,33 2,51 1,75
Figura 13 - Deslocamentos lajes S5

110

100

90
Carga aplicada (em kN)

80 Ensaio Abdul-Wahab & Khalil (2000)


Tabela 8 - Deslocamentos laje S6 Modelo 01
70
Modelo 02
Carga Modelo de cálculo – laje S6 60 Modelo 03
Ensaio
(kN) 01 02 03 04 Modelo 04
50
0 0 0 0 0 0 40
10 0,80 1,41 1,48 1,64 1,14 30

20 2,65 2,82 2,95 3,29 2,28 20

30 5,55 4,23 4,43 4,93 3,43 10

40 9,55 5,64 5,90 6,58 4,57 0


0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Deslocamento vertical máximo laje S6 (em mm)

Figura 14 - Deslocamentos lajes S6

Apresenta-se a seguir as Fig. 15 a 18, comparativas entre os resultados


obtidos pelas análises por meio dos modelos 01 (viga excêntrica com excentricidade
definida da face inferior do enrijecedor à face superior da casca) e modelo 04 (onde a
laje nervurada é substituída por placa maciça equivalente), para as lajes ensaidas com
a mesma altura de nervura, mas com variação do espaçamento entre as nervuras
(lajes S1 a S4, apresentando diferentes relações a1/l).
90

80
Carga aplicada (em kN)

70

60

50

40 Ensaio Abdul-Wahab & Khalil (2000) - laje S1


Modelo 01 - laje S1
30 Modelo 04 - laje S1

20
espaçamento entre nervuras (a1): 13,60 cm
10 a1 / l = 0,0907

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Deslocamento vertical máximo (em mm)

Figura 15 - Deslocamentos transversais máximos (em mm) nos modelos 01 e 04 na laje S1

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


10 Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva

90

80

Carga aplicada (em kN)


70

60

50

40
Ensaio Abdul-Wahab & Khalil (2000) - laje S2
30 Modelo 1 - laje S2
Modelo 4 - laje S2
20
espaçamento entre nervuras (a1): 16,70 cm
10
a1 / l = 0,1113
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Deslocamento vertical máximo (em mm)

Figura 16 - Deslocamentos transversais máximos (em mm) nos modelos 01 e 04 na laje S2


90

80

70
Carga aplicada (em kN)

60

50

40

30 Ensaio Abdul-Wahab & Khalil (2000) - laje S3


Modelo 01 - laje S3
20 Modelo 04 - laje S3

10 espaçamento entre nervuras (a1): 21,40 cm


a1 / l = 0,1427
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Deslocamento vertical máximo (em mm)

Figura 17 - Deslocamentos transversais máximos (em mm) nos modelos 01 e 04 na laje S3


90

80 Ensaio Abdul-Wahab & Khalil (2000)


Modelo 01 - laje S4
70 Modelo 04 - laje S4
Carga aplicada (em kN)

60

50

40

30

20
espaçamento entre nervuras (a1): 30,00 cm
10 a1 / l = 0,2000

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Deslocamento vertical máximo (em mm)

Figura 18 - Deslocamentos transversais máximos (em mm) nos modelos 01 e 04 na laje S4

A Tabela 09 ordena as diferenças percentuais entre os deslocamentos


máximos dos modelos 01 e 04 de acordo com a relação a1/l (espaçamento entre
nervuras por comprimento do lado, entre apoios).

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


Modelagens de lajes nervuradas considerando a excentricidade entre as nervuras e a capa 11

Tabela 9 - Diferenças percentuais entre os deslocamentos máximos para lajes nervuradas


com a mesma altura do enrijecedor e capa
Diferença percentual entre os deslocamentos máximos
Relação a1/l
dos modelos 01 e 04
0,0907 14,23%
0,1113 17,72%
0,1427 25,41%
0,2000 31,58%

Analisando-se a Tabela 09 verifica-se que os resultados mais próximos


apresentados pelo modelo simplificado de laje maciça equivalente, em relação ao
modelo que considera de forma mais realista a excentricidade da nervura, ocorrem
para baixas relações de espaçamento das nervuras por vão da laje, ou seja, a1/l. A
relação a1/l=0,0907 apresentou diferença de 14,23% entre os deslocamentos máximos
dos modelos. HOPPMANN et al. (1956) e DEB et al. (1991) apresentam como relação
ideal a1/l para o uso seguro da Teoria da Placa Ortótropa Equivalente, ou modelo de
laje maciça equivalente substituindo lajes nervuradas, o valor em torno de 0,070.
Assim, quanto mais uma laje nervurada aproximar-se desta relação pode-se utilizar,
com segurança, a análise da mesma por meio da Teoria da Placa Ortótropa
Equivalente.
Interessante notar também que o modelo de laje maciça equivalente, mesmo
com o módulo de elasticidade transversal do concreto armado (Gc) reduzido visando
diminuir os momentos volventes e tornar o modelo mais flexível, visto que
intrinsicamente é um modelo mais rígido por considerar a rigidez no plano (duas
direções), ainda comportou-se com maior rigidez do que os modelos de viga
excêntrica, apresentando resultados, para os baixos níveis de carga, mais próximos
daqueles encontrados no ensaio de ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000). Isto, contudo,
não implica que o modelo simplificado de laje maciça equivalente representa melhor a
excentricidade entre as nervuras e a capa do que modelos mais elaborados, como o
que considera de forma exata a localização do enrijecedor no sistema.
Este fato ocorreu devido a existência, na laje ensaiada, de armadura no
concreto, aumentando-se assim a rigidez da mesma, e que não foi levada em conta
nas análises, já que para o material dos modelos numéricos considerou-se apenas as
propriedades elásticas do concreto, desconsiderando-se totalmente a presença da
armadura. Assim, os resultados do ensaio, mesmo na fase elástica (para baixos níveis
de carregamento), foram mais rígidos do que aqueles encontrados nas modelagens
elásticas em MEF deste trabalho. O modelo de laje maciça equivalente, assim,
aproximou-se do resultado mais rígido do ensaio na fase elástica porque é
intrinsicamente um modelo numérico mais rígido. Pela análise da bibliografia, contudo,
verifica-se que levando em conta as propriedades de maneira mais real o modelo da
consideração da excentricidade pelo offset rígido apresenta os melhores resultados na
fase elástica do material, até para os baixos níveis de carga.
Dessa forma podemos verificar que resultados numéricos mais exatos, para todos
os modelos, seriam obtidos fazendo-se considerações mais realistas acerca do
comportamento do material concreto armado: não-linearidade física e propriedades
adequadas para material composto de aço e concreto.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


12 Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva

5 EXPERIMENTAÇÃO NUMÉRICA EM LAJES NERVURADAS COM


VARIAÇÃO DA RELAÇÃO ALTURA DA CAPA POR ALTURA DA LAJE
(hf/h)

Para a comparação dos resultados de esforços nas nervuras de modelos


simplificados frente a modelos realistas foram modelados pavimentos em lajes
nervuradas apoiadas em vigas rígidas no contorno, com seção 20/60, simuladas em
todos os modelos por elemento de viga excêntrica BEAM44, em um pano de 600 x
600 cm, com pilares nos cantos de dimensões 40/40 e altura de pé-direito duplo de
560 cm, engastados na base. A forma estrutural básica pode ser verificada na Fig. 19.
A altura da capa (hf) em todos os modelos foi mantida igual a 5 cm, valor usual
em edificações, com espaçamento entre as nervuras fixo em 60 cm. A altura da laje
(h) foi variada conforme os seguintes valores: 15 cm; 20 cm; 25 cm; 30 cm; 35 cm; 40
cm; 45 cm e 50 cm. Isso gerou diferentes relações entre hf e h, conforme Tab. 10:

Tabela 10 - Correspondência entre a altura total da laje nervurada e a relação hf/h


CORRESPONDÊNCIA ENTRE A ALTURA TOTAL DA LAJE E A RELAÇÃO hf/h
Altura total da laje (em cm) Relação hf/h
15 0,333
20 0,250
25 0,200
30 0,167
35 0,143
40 0,125
45 0,111
50 0,100

Tabela 11 - Propriedades do Concreto Armado utilizado nas modelagens numéricas - Lajes


com variação da altura da nervura
CARACTERÍSTICAS DO MATERIAL
PROPRIEDADES DO CONCRETO ARMADO
MODELO
Ecs (kN/cm2) Coeficiente de Poisson Gc (kN/cm2)
01 A 07 2380 0,20 357
08 2380 0,20 952

As características do material concreto armado considerado nas análises


elásticas com fck= 25 MPa são apresentados na Tab. 11.
Os carregamentos aplicados nas lajes são mostrados na Tab. 12.
As características geométricas dos elementos finitos utilizados para simular
cada elemento estrutural são apresentadas nas Tab. 13 a Tab. 18. As nomenclaturas
R e T apresentadas pelos elementos de viga significam seção retangular e seção T, e
a nomenclatura dos momentos de inércia estão representados na Fig. 20.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


Modelagens de lajes nervuradas considerando a excentricidade entre as nervuras e a capa 13

CAPA h=5 cm
PILAR PILAR
40/40 VIGA EXTERNA 20/60 40/40

8
Y

52
X

VIGA EXTERNA 20/60

VIGA EXTERNA 20/60


Z

A A

VIGA EXTERNA 20/60


PILAR PILAR
40/40 Q 600 cm 40/40

CORTE A-A
5

VAR

60
ALTURA DA LAJE E = 60 cm
VARIANDO
ENTRE 15 E 60 cm

Figura 19 - Forma estrutural básica dos modelos com variação da altura total da laje em
relação a altura da capa

Tabela 12 - Carregamentos aplicados nas lajes nervuradas - Lajes com variação da altura
da nervura
CARRREGAMENTO APLICADO NAS LAJES NERVURADAS
MODELOS DESCRIÇÃO DO CARREGAMENTO
Carregamento uniformemente aplicado sobre a capa de q = -0,00075
01 A 08 ( EXCETO 06)
kN/cm2
Carregamento linearmente distribuído aplicado sobre os elementos de vigas
que simulam as nervuras e vigas, obtido pela parcela do carregamento
06
aplicado sobre a capa de q = -0,00075 atuante em cada nervura, por traçado
de linhas de ruptura da capa delimitada pelas nervuras.

I zz

I yy
I xx
(torção)

Figura 20 - Nomenclatura dos momentos de inércia das seções de viga

Tabela 13 - Características dos pilares nos modelos - Lajes com variação da relação hf/h
CARACTERÍSTICAS DOS PILARES - ELEMENTO BEAM4 - SEÇÃO RETANGULAR - MODELOS
01 AO 08
Altura Pilar hy (cm) hz (cm) A (cm2) Izz Iyy Ixx (cm4) Excent.
4 4
Laje (cm ) (cm ) (cm)
15 A 50 R 40/40 40 40 1600 213333,33 213333,33 42666,67 0,0

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14 Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva

Tabela 14 - Características das vigas de contorno para os modelos 01 a 08 (exceto modelo 04):
Lajes com variação da relação hf/h
CARACTERÍSTICAS DAS VIGAS DE CONTORNO SIMULADAS PELO ELEMENTO BEAM44
CONSIDERADO ATÉ O TOPO DA CAPA - SEÇÃO RETANGULAR - MODELOS 01 AO 08
(EXCETO MODELO 04)
Altura Vigas hy (cm) hz A Izz (cm4) Iyy (cm4) Ixx (cm4) Excent.
2
Laje (cm) (cm ) (cm)
15 A 50 R 20/60 020 60 1220 40000 360000 8000 27,50

Tabela 15 - Características das vigas de contorno para o modelo 04 - Lajes com variação da
relação hf/h
CARACTERÍSTICAS DAS VIGAS DE CONTORNO SIMULADAS PELO ELEMENTO SHELL63 -
MODELO 04
Altura Laje VIGA Espessura (cm)
15 A 50 CASCA 20/57,5 20,0

Tabela 16 - Características das nervuras para os modelos 01, 02, 03, 05 e 06 - Lajes com
variação da relação hf/h
CARACTERÍSTICAS DAS NERVURAS SIMULADAS POR ELEMENTOS BEAM44
(EXCÊNTRICOS) E BEAM4 (CONCÊNTRICOS)
Altura Nervura hy (cm) hz (cm) A Izz Iyy (cm4) Ixx Excent.
Laje (cm2) (cm4) (cm4) (cm)
MODELO 01
15 R 8/15 8 15 120 640,00 2250,00 128,00 0,0
20 R 8/20 8 20 160 853,33 5333,33 170,67 0,0
25 R 8/25 8 25 200 1066,67 10416,67 213,33 0,0
30 R 8/30 8 30 240 1280,00 18000,00 256,00 0,0
35 R 8/35 8 35 280 1493,33 28583,33 298,67 0,0
40 R 8/40 8 40 320 1706,67 42666,67 341,33 0,0
45 R 8/45 8 45 360 1920,00 60750,00 384,00 0,0
50 R 8/50 8 50 400 2133,33 83333,33 426,67 0,0
MODELO 02
15 R 8/15 8 15 120 640,00 2250,00 128,00 5,0
20 R 8/20 8 20 160 853,33 5333,33 170,67 7,5
25 R 8/25 8 25 200 1066,67 10416,67 213,33 10,0
30 R 8/30 8 30 240 1280,00 18000,00 256,00 12,5
35 R 8/35 8 35 280 1493,33 28583,33 298,67 15,0
40 R 8/40 8 40 320 1706,67 42666,67 341,33 17,5
45 R 8/45 8 45 360 1920,00 60750,00 384,00 20,0
50 R 8/50 8 50 400 2133,33 83333,33 426,67 22,5
MODELO 03
15 R 8/10 8 10 80 426,67 666,67 85,33 7,5
20 R 8/15 8 15 120 640,00 2250,00 128,00 10,0
25 R 8/20 8 20 160 853,33 5333,33 170,67 12,5
30 R 8/25 8 25 200 1066,67 10416,67 213,33 15,0
35 R 8/30 8 30 240 1280,00 18000,00 256,00 17,5
40 R 8/35 8 35 280 1493,33 28583,33 298,67 20,0
45 R 8/40 8 40 320 1706,67 42666,67 341,33 22,5
50 R 8/45 8 45 360 1920,00 60750,00 384,00 25,0
MODELO 05
15 T 8/15/60 8 15 380 90427 4844 203 0,0
20 T 8/20/60 8 20 420 90640 11446 246 0,0
25 T 8/25/60 8 25 460 90853 22263 288 0,0
30 T 8/30/60 8 30 500 91067 38042 331 0,0
35 T 8/35/60 8 35 540 91280 59458 374 0,0
40 T 8/40/60 8 40 580 91493 87139 416 0,0
45 T 8/45/60 8 45 620 91707 121679 459 0,0
50 T 8/50/60 8 50 660 91920 163648 502 0,0
MODELO 06
15 T 8/15/60 8 15 380 90427 4844 203 0,0
20 T 8/20/60 8 20 420 90640 11446 246 0,0
25 T 8/25/60 8 25 460 90853 22263 288 0,0
30 T 8/30/60 8 30 500 91067 38042 331 0,0

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


Modelagens de lajes nervuradas considerando a excentricidade entre as nervuras e a capa 15

35 T 8/35/60 8 35 540 91280 59458 374 0,0


40 T 8/40/60 8 40 580 91493 87139 416 0,0
45 T 8/45/60 8 45 620 91707 121679 459 0,0
50 T 8/50/60 8 50 660 91920 163648 502 0,0

Tabela 17 - Características das nervuras para os modelos 04, 07 e 08 - Lajes com variação da
relação hf/h
CARACTERÍSTICAS DAS NERVURAS SIMULADAS POR ELEMENTOS SHELL63 - MODELOS
04, 07 E 08
Altura Laje Nervura h (cm)
MODELO 04
15 CASCA 8/12,5 8,000
20 CASCA 8/17,5 8,000
25 CASCA 8/22,5 8,000
30 CASCA 8/27,5 8,000
35 CASCA 8/32,5 8,000
40 CASCA 8/37,5 8,000
45 CASCA 8/42,5 8,000
50 CASCA 8/47,5 8,000
MODELO 07
15 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 9,895
20 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 13,179
25 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 16,451
30 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 19,668
35 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 22,825
40 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 25,927
45 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 28,979
50 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 31,987
MODELO 08
15 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 7,916
20 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 10,543
25 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 13,161
30 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 15,735
35 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 18,260
40 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 20,741
45 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 23,183
50 LAJE MACIÇA EQUIVAL. 25,590

Tabela 18 - Características da capa - Lajes com variação da relação hf/h


CARACTERÍSTICAS DA CAPA SIMULADA POR ELEMENTOS SHELL63 - LAJES COM
ALTURA TOTAL DE 15 A 50 cm
Modelo Nervura h (cm)
01 CASCA 5,0
02 CASCA 5,0
03 CASCA 5,0
04 CASCA 5,0
05 CASCA 5,0

O número de elementos finitos utilizados em cada modelo analisado é


demonstrado abaixo, na Tab. 19.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


16 Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva

Tabela 19 - Número de elementos finitos em cada modelo analisado, para lajes com variação
de hf/h
Altura Modelos numéricos de análise
Elementos
da laje 01 02 03 04 05 06 07 08
BEAM4 724 4 4 56 724 724 4 4
h=15
cm BEAM44 160 880 880 0 160 160 160 160
SHELL63 1600 1600 1600 6560 1600 0 1600 1600
BEAM4 724 4 4 56 724 724 4 4
h=20
cm BEAM44 160 880 880 0 160 160 160 160
SHELL63 1600 1600 1600 7280 1600 0 1600 1600
BEAM4 724 4 4 56 724 724 4 4
h=25
cm BEAM44 160 880 880 0 160 160 160 160
SHELL63 1600 1600 1600 8000 1600 0 1600 1600
BEAM4 724 4 4 56 724 724 4 4
h=30
cm BEAM44 160 880 880 0 160 160 160 160
SHELL63 1600 1600 1600 8720 1600 0 1600 1600
BEAM4 724 4 4 56 724 724 4 4
h=35
cm BEAM44 160 880 880 0 160 160 160 160
SHELL63 1600 1600 1600 9440 1600 0 1600 1600
BEAM4 724 4 4 56 724 724 4 4
h=40
cm BEAM44 160 880 880 0 160 160 160 160
SHELL63 1600 1600 1600 10160 1600 0 1600 1600
BEAM4 724 4 4 56 724 724 4 4
h=45
cm BEAM44 160 880 880 0 160 160 160 160
SHELL63 1600 1600 1600 10880 1600 0 1600 1600
BEAM4 724 4 4 56 724 724 4 4
h=50
cm BEAM44 160 880 880 0 160 160 160 160
SHELL63 1600 1600 1600 11600 1600 0 1600 1600

Os pontos de medição dos esforços, nos modelos numéricos, são


apresentados abaixo na Fig. 21:

Y
MX

X
18 12 6

K G D B A

17 11 5
Z
MY
L H E C

16 10 4

M I F

15 9 3

N J

14 8 2 MEDIÇÃO DE DESLOCAMENTOS E
ESFORÇOS
O
MEDIÇÃO DE ESFORÇOS
13 7 1

VARIAÇÃO DA ALTURA DAS NERVURAS


LAJES COM NERVURAS VARIANDO DE 15 A 50 cm DE ALTURA
ESPAÇAMENTO ENTRE EIXOS DE NERVURAS = 60 cm
NERVURAS POR LADO = 9
VIGAS EXTERNAS 20/60 cm
ALTURA TOTAL DA LAJE h = 15-20-25-30-35-40-45-50 cm
CAPA hf = 5 cm

Figura 21 - Pontos de medição - Modelos com variação da altura total da laje

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


Modelagens de lajes nervuradas considerando a excentricidade entre as nervuras e a capa 17

5.1 Resultados da experimentação numérica

Analisando-se os resultados de deslocamentos nas nervuras verificou-se que o


modelo concêntrico apresenta sempre valores muito maiores, com diferenças de até
99%, no deslocamento ortogonal ao plano da placa máximo na nervura central quando
comparado aos resultados dos modelos que consideram a excentricidade de maneira
simplificada ou realista. Os modelos 02 e 03 comportaram-se melhor, quando
comparados ao Modelo 04, para maiores excentricidades, ou seja, para baixos valores
de hf/h. Os modelos 05 e 06 comportaram-se geralmente mais rígidos que o modelo
realista 04 em qualquer relação hf/h. Quanto aos modelos de laje maciça equivalente,
verificou-se que o Modelo 08 apresenta comportamento similar aos modelos 02 e 03,
quando tratam-se dos deslocamentos, enquanto o Modelo 07, com redução do módulo
de elasticidade transversal, geralmente mais rígido que o Modelo 04, mostrou
resultados mais compatíveis à medida que a relação hf/h foi diminuída, ou seja, para
baixas excentricidades. Todos os modelos excêntricos apresentaram, frente ao
modelo concêntrico, valores de deslocamentos menores.
A partir destas conclusões acerca dos deslocamentos nas nervuras, nos
diversos modelos, foram medidos os esforços nas nervuras.
Abaixo tem-se os gráficos de momentos fletores atuantes nas nervuras centrais
das lajes processadas, conforme a relação geométrica hf/h:

-600
LAJE: ALTURA DA NERVURA h=15 cm Modelo 01
-500 Modelo 02
-400 Modelo 03
Modelo 04
Momento fletor (em kN.cm)

-300
Modelo 05
-200 Modelo 06
-100 Modelo 07
Modelo 08
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 22 - Momentos fletores (kN.cm), na nervura central, na laje com hf/h=0,333

-600
LAJE: ALTURA DA NERVURA h=20 cm Modelo 01
-500
Modelo 02
-400 Modelo 03
Momento fletor (em kN.cm)

-300 Modelo 04
Modelo 05
-200 Modelo 06
-100 Modelo 07
0 Modelo 08

100
200
300
400
500
600
700
800
900
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 23 - Momentos fletores (kN.cm), na nervura central, na laje com hf/h=0,250

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


18 Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva

-400 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=25 cm Modelo 01


-300 Modelo 02
-200 Modelo 03
Modelo 04

Momento fletor (em kN.cm)


-100 Modelo 05
0 Modelo 06
Modelo 07
100 Modelo 08
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 24 - Momentos fletores (kN.cm), na nervura central, na laje com hf/h=0,200

-300 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=30 cm


-200
-100
Momento fletor (em kN.cm)

0
100
200
300
400
500
Modelo 01
600 Modelo 02
700 Modelo 03
Modelo 04
800 Modelo 05
900 Modelo 06
Modelo 07
1000 Modelo 08
1100
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 25 - Momentos fletores (kN.cm), na nervura central, na laje com hf/h=0,167


-200 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=35 cm
-100
0
Momento fletor (em kN.cm)

100
200
300
400
500
600 Modelo 01
700 Modelo 02
Modelo 03
800 Modelo 04
900 Modelo 05
Modelo 06
1000 Modelo 07
1100 Modelo 08

1200
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 26 - Momentos fletores (kN.cm), na nervura central, na laje com hf/h=0,143


-200 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=40 cm
-100
0
Momento fletor (em kN.cm)

100
200
300
400
500
600 Modelo 01
700 Modelo 02
Modelo 03
800 Modelo 04
900 Modelo 05
Modelo 06
1000 Modelo 07
1100 Modelo 08

1200
0 60 120 180 240 300

Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 27 - Momentos fletores (kN.cm), na nervura central, na laje com hf/h=0,125

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


Modelagens de lajes nervuradas considerando a excentricidade entre as nervuras e a capa 19

-200 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=45 cm


-100
0

Momento fletor (em kN.cm)


100
200
300
400
500
600 Modelo 01
700 Modelo 02
Modelo 03
800 Modelo 04
900 Modelo 05
Modelo 06
1000 Modelo 07
1100 Modelo 08

1200
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 28 - Momentos fletores (kN.cm), na nervura central, na laje com hf/h=0,111


-200 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=50 cm
-100
0
Momento fletor (em kN.cm)

100
200
300
400
500
600 Modelo 01
700 Modelo 02
Modelo 03
800 Modelo 04
900 Modelo 05
Modelo 06
1000 Modelo 07
1100 Modelo 08

1200
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 29 - Momentos fletores (kN.cm), na nervura central, na laje com hf/h=0,100

Analisando-se os gráficos de momentos fletores nas nervuras, segundo os


modelos 01 a 08, promovendo-se variações na relação hf/h, verificou-se que:
- existe uma enorme diferença entre os resultados de momentos fletores nas
nervuras, ligados à simulação da excentricidade: maiores momentos fletores nos
modelos em que os elementos finitos foram lançados de maneira concêntrica
(concêntrico, modelos de seção "T" 05 e 06 e modelos de laje maciça equivalente 07 e
08). Quanto mais excêntricas são as nervuras, mais há um agrupamento e
afastamento bem definido dos resultados destes modelos mais simplificados frente
aos do modelo realista e aos de viga excêntrica 02 e 03, que apresentaram momentos
fletores menores. É interessante verificar que o modelo concêntrico fornece resultados
de momentos fletores nas nervuras próximos aos fornecidos pelos modelos 05, 06, 07
e 08, mesmo sendo muito mais flexível.
Abaixo tem-se os gráficos de esforços normais na nervura central das lajes:

100,0 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=15 cm


Modelo 01
87,5
Modelo 02
75,0 Modelo 03
Modelo 04
Esforço Normal (em kN)

62,5 Modelo 05
Modelo 06
50,0 Modelo 07
37,5 Modelo 08

25,0
12,5
0,0
-12,5
-25,0
-37,5
-50,0
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 30 - Esforços Normais (kN), na nervura central, na laje com hf/h=0,333

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


20 Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva

87,5 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=20 cm


Modelo 01
75,0 Modelo 02
Modelo 03
62,5 Modelo 04
Modelo 05

Esforço Normal (em kN)


Modelo 06
50,0
Modelo 07
Modelo 08
37,5

25,0

12,5

0,0

-12,5

-25,0

-37,5
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 31 - Esforços Normais (kN), na nervura central, na laje com hf/h=0,250

75,0 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=25 cm


Modelo 01
Modelo 02
62,5
Modelo 03
Modelo 04
Esforço Normal (em kN)

50,0 Modelo 05
Modelo 06
Modelo 07
37,5 Modelo 08

25,0

12,5

0,0

-12,5

-25,0
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)
7
Figura 32 - Esforços Normais (kN), na nervura central, na laje com hf/h=0,200
62,5 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=30 cm
Modelo 01
Modelo 02
50,0 Modelo 03
Modelo 04
Modelo 05
Esforço Normal (em kN)

37,5 Modelo 06
Modelo 07
Modelo 08
25,0

12,5

0,0

-12,5

-25,0
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 33 - Esforços Normais (kN), na nervura central, na laje com hf/h=0,167


62,5 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=35 cm
Modelo 01
Modelo 02
50,0 Modelo 03
Modelo 04
Esforço Normal (em kN)

Modelo 05
37,5 Modelo 06
Modelo 07
Modelo 08
25,0

12,5

0,0

-12,5

-25,0
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 34 - Esforços Normais (kN), na nervura central, na laje com hf/h=0,143

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


Modelagens de lajes nervuradas considerando a excentricidade entre as nervuras e a capa 21

50,0 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=40 cm


Modelo 01
Modelo 02
Modelo 03
37,5 Modelo 04

Esforço Normal (em kN)


Modelo 05
Modelo 06
25,0 Modelo 07
Modelo 08

12,5

0,0

-12,5

-25,0
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 35 - Esforços Normais (kN), na nervura central, na laje com hf/h=0,125

50,0 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=45 cm


Modelo 01
Modelo 02
Modelo 03
37,5
Modelo 04
Esforço Normal (em kN)

Modelo 05
Modelo 06
25,0 Modelo 07
Modelo 08

12,5

0,0

-12,5

-25,0
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 36 - Esforços Normais (kN), na nervura central, na laje com hf/h=0,111

LAJE: ALTURA DA NERVURA h=50 cm


37,5
Modelo 01
Modelo 02
Modelo 03
Modelo 04
25,0
Modelo 05
Esforço Normal (em kN)

Modelo 06
Modelo 07
Modelo 08
12,5

0,0

-12,5

-25,0
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 37 - Esforços Normais (kN), na nervura central, na laje com hf/h=0,100

Analisando os gráficos de esforços normais nas nervuras, segundo os modelos


01 a 08, promovendo-se variação da relação hf/h, tem-se que:
- houve claramente uma separação entre os resultados de modelos
simplificados e de viga excêntrica ou realista: os modelos simplificados, de seção "T"
concêntrica, chamados de modelos 05, 06, 07 e 08, e o modelo concêntrico,
apresentaram esforços normais de compressão. Estes esforços normais de
compressão são menores, em módulo, do que os esforços de tração encontrados para
os modelos 02, 03 e 04. Estes últimos têm esforços normais de tração porque são
lançados de maneira excêntrica (ou pelo "offset rígido" ou pela simulação utilizando o
elemento de casca SHELL63), afastados da capa comprimida, porém ligados à
mesma, surgindo então nestes a tração gerada pela flexão da estrutura;

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


22 Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva

- dessa maneira, vê-se a necessidade de verificação e dimensionamento das


seções, nestes modelos tridimensionais em MEF, por flexo-tração (nervuras dos
modelos 02 a 04) e flexo-compressão (nervuras dos modelos 05 a 08);
- espera-se, na análise de tensões normais, que haja um equilíbrio entre os
resultados de tensões máximas nas fibras das seções das nervuras entre os modelos
de viga excêntrica, realista e simplificados, já que os mesmos divergem na ordem dos
valores de momentos fletores, e em sinal nos esforços normais, porém apresentam
deslocamentos ortogonais ao plano da placa de mesma ordem, e muito menores que
os modelos concêntricos.
Abaixo apresentam-se os gráficos de tensões normais nas fibras inferiores
extremas na nervura central das lajes processadas neste experimento.
Tensão normal fibra inferior (em kN/cm )

LAJE: ALTURA DA NERVURA h=15 cm


2

-1,50
-1,25 Modelo 01
Modelo 02
-1,00
Modelo 03
-0,75
Modelo 04
-0,50 Modelo 05
-0,25 Modelo 06
0,00 Modelo 07
Modelo 08
0,25
0,50
0,75
1,00
1,25
1,50
1,75
2,00
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 38 - Tensões Normais fibras inferiores extremas (kN/cm2), na nervura central, na laje
com hf/h=0,333
Tensão normal fibra inferior (em kN/cm )

LAJE: ALTURA DA NERVURA h=20 cm


2

-1,00
Modelo 01
-0,75 Modelo 02
Modelo 03
-0,50 Modelo 04
-0,25 Modelo 05
Modelo 06
0,00 Modelo 07
Modelo 08
0,25

0,50

0,75

1,00

1,25

1,50
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 39 - Tensões Normais fibras inferiores extremas (kN/cm2), na nervura central, na laje
com hf/h=0,250
Tensão normal fibra inferior (em kN/cm )

LAJE: ALTURA DA NERVURA h=25 cm


2

-0,500
-0,375 Modelo 01
Modelo 02
-0,250
Modelo 03
-0,125
Modelo 04
0,000 Modelo 05
0,125 Modelo 06
0,250 Modelo 07
Modelo 08
0,375
0,500
0,625
0,750
0,875
1,000
1,125
1,250
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 40 - Tensões Normais fibras inferiores extremas (kN/cm2), na nervura central, na laje
com hf/h=0,200

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


Modelagens de lajes nervuradas considerando a excentricidade entre as nervuras e a capa 23

Tensão normal fibra inferior (em kN/cm )


2
-0,250 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=30 cm Modelo 01
Modelo 02
-0,125
Modelo 03
Modelo 04
0,000
Modelo 05
0,125 Modelo 06
Modelo 07
0,250 Modelo 08

0,375

0,500

0,625

0,750

0,875

1,000
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 41 - Tensões Normais fibras inferiores extremas (kN/cm2), na nervura central, na laje
com hf/h=0,167
Tensão normal fibra inferior (em kN/cm )

LAJE: ALTURA DA NERVURA h=35 cm


2

-0,250
Modelo 01
Modelo 02
-0,125
Modelo 03
Modelo 04
0,000 Modelo 05
Modelo 06
0,125 Modelo 07
Modelo 08

0,250

0,375

0,500

0,625

0,750
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 42 - Tensões Normais fibras inferiores extremas (kN/cm2), na nervura central, na laje
com hf/h=0,143

-0,125 LAJE: ALTURA DA NERVURA h=40 cm


Tensão normal fibra inferior (em kN/cm )
2

Modelo 01
Modelo 02
Modelo 03
0,000 Modelo 04
Modelo 05
Modelo 06
Modelo 07
0,125
Modelo 08

0,250

0,375

0,500
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 43 - Tensões Normais fibras inferiores extremas (kN/cm2), na nervura central, na laje
com hf/h=0,125

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


24 Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva

Tensão normal fibra inferior (em kN/cm )


LAJE: ALTURA DA NERVURA h=45 cm

2
-0,0625
Modelo 01
Modelo 02
0,0000 Modelo 03
Modelo 04
0,0625 Modelo 05
Modelo 06
Modelo 07
0,1250 Modelo 08

0,1875

0,2500

0,3125

0,3750

0,4375
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 44 - Tensões Normais fibras inferiores extremas (kN/cm2), na nervura central, na laje
com hf/h=0,111

LAJE: ALTURA DA NERVURA h=50 cm


Tensão normal fibra inferior (em kN/cm )
2

-0,0625
Modelo 01
Modelo 02
0,0000 Modelo 03
Modelo 04
Modelo 05
Modelo 06
0,0625
Modelo 07
Modelo 08

0,1250

0,1875

0,2500

0,3125
0 60 120 180 240 300
Posição dos pontos de medição 1 a 6 (em cm)

Figura 45 - Tensões Normais fibras inferiores extremas (kN/cm2), na nervura central, na laje
com hf/h=0,100

Analisando-se os gráficos de tensões normais inferiores extremas das nervuras


verificou-se que:
- à medida que aumenta-se a excentricidade, ou seja, quanto menor for a
relação hf/h, maiores são as tensões normais de tração nas seções da nervura
considerada concêntrica, ou seja, mais superdimensionada ela será frente aos
resultados de enrijecedores excêntricos. Isso é confirmado pela grande flexibilidade
dada à laje nesse caso, levando a maiores deslocamentos e, consequentemente, a
maiores esforços; Para hf/h=0,100, a nervura considerada concêntrica apresenta um
erro de 57,2% a mais no valor da tensão máxima de tração na nervura central, em
relação ao Modelo 04;
- os modelos de viga excêntrica 02 e 03 funcionaram melhores para maiores
excentricidades das nervuras; quando hf/h=0,333 tem-se uma diferença de 49,3%
entre os valores de tensão de tração máxima na viga central do Modelo 03 e do
Modelo 04, a maior para o modelo de viga excêntrica; para hf/h=0,100 a diferença caiu
para 5,15%;
- os modelos que simplificam a excentricidade pela consideração de seção "T"
em grelha, ou seja, modelos 05 e 06, apresentaram ótimos resultados de tensões de
tração nas fibras inferiores extremas, quando comparados ao Modelo 04, em qualquer
relação hf/h (máxima diferença de 12,9% a menor para o Modelo 06 quando
comparado ao Modelo 04, para a tensão máxima na nervura central, na laje com
relação hf/h=0,100). Os melhores resultados para o Modelo 05 foram encontrados na
relação hf/h=0,111, com erro de 4% a menor no valor da máxima tensão de tração na
nervura central frente ao modelo realista; para o Modelo 06 a menor diferença deu-se
com hf/h=0,200, sendo 1% menor que a dada pelo Modelo 04. O Modelo 06 é mais
sensível às variações da relação hf/h que o Modelo 05;

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


Modelagens de lajes nervuradas considerando a excentricidade entre as nervuras e a capa 25

- o Modelo 07 comportou-se da seguinte maneira: para baixas excentricidades,


onde é mais flexível que o modelo realista, tem-se tensões maiores de tração nos
enrijecedores, da ordem de 42,3% quando comparado ao Modelo 04, para hf/h=0,333;
a partir da relação hf/h=0,167, até a menor relação testada, os resultados foram muito
bons, chegando a apresentar apenas 0,39% de erro para hf/h=0,167 e 1,55% para
hf/h=0,100;
- no Modelo 08, à medida que aumenta-se a excentricidade, distancia-se os
resultados de tensões normais de tração na seção da nervura, onde a mesma passa a
apresentar valores baixos quando comparada ao Modelo 04, e aos demais modelos;
para hf/h=0,143 tem-se uma diferença de 28,5% entre os valores de tensão máxima
de tração na nervura central quando comparado ao modelo realista. A partir desta
relação as diferenças começam a diminuir, chegando a 21,1% para hf/h=0,100, valor
ainda elevado.

6 COMENTÁRIOS FINAIS E CONCLUSÕES

A partir dos resultados de esforços nas nervuras, encontrados nos modelos,


verificaram-se que:
- as tensões normais apresentadas pelas nervuras, em modelagens
concêntricas, são muito maiores que aquelas apresentadas pelos enrijecedores
excêntricos, seja em modelos simplificados ou realistas, o que levará a um
superdimensionamento da seção;
- para os modelos tridimensionais em MEF com elementos concêntricos que
incorporam a excentricidade de maneira simplificada pela consideração de seções "T",
é necessário proceder as verificações e dimensionamento das seções das nervuras à
flexo-compressão: os momentos fletores apresentados pelos elementos finitos nestes
são de valores mais elevados que os realistas, porém as nervuras sofrem também
esforços de compressão, por estarem concêntricos à capa comprimida;
- para os modelos tridimensionais com elementos finitos excêntricos, mais
realistas, as nervuras apresentam momentos fletores mais baixos que os modelos
simplificados, porém sofrem elevados valores de esforços normais de tração, já que
estão afastados, pela excentricidade dos seus eixos, da capa comprimida,
participando então da flexão do sistema inteiramente na região tracionada, sendo
então necessárias verificações e dimensionamento à flexo-tração.

7 AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao CNPq pelo apoio financeiro, sem o qual esta pesquisa não
seria realizada, e ao Professor José Samuel Giongo, pelo importante apoio na
pesquisa e desenvolvimento dos trabalhos.

8 REFERÊNCIAS

ABDUL-WAHAB, H. M. S.; KHALIL, M. H. (2000). Rigidity and strength of


orthotropic reinforced concrete waffle slabs. Journal of Structural Engineering, v.
126, n. 2, Feb., p. 219-227.

ANSYS 5.5: Reference manual (1994). Swanson Analysis Systems, Inc.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 1-26, 2007


26 Ricardo Henrique Dias & João Batista de Paiva

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2000). Texto base para


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ISSN 1809-5860

FLAMBAGEM POR DISTORÇÃO DA SEÇÃO


TRANSVERSAL EM PERFIS DE AÇO FORMADOS
A FRIO SUBMETIDOS À COMPRSSÃO
CENTRADA E FLEXÃO
Gustavo Monteiro de Barros Chodraui1 & Maximiliano Malite2

Resumo
Os perfis de aço formados a frio apresentam, em geral, elevada relação
largura/espessura, tornando-os suscetíveis à flambagem local, caracterizada por
uma flambagem de chapa, mas que também pode ocasionar um outro modo de
flambagem, denominado flambagem por distorção, desconsiderado no
dimensionamento de perfis laminados, mas que pode resultar crítico principalmente
nos perfis com enrijecedores de borda e constituídos por aço de elevada resistência
mecânica. Tal fenômeno é caracterizado pela perda de estabilidade do conjunto
formado pelo elemento comprimido e seu enrijecedor de borda, alterando a forma
inicial da seção transversal. Portanto, as normas mais atuais têm apresentado
procedimentos para avaliar a resistência de barras com base na flambagem por
distorção, como o procedimento simplificado da norma australiana AS/NZS
4600:1996, proposto por HANCOCK e que foi também adotado pela recente norma
brasileira NBR 14762:2001, o método direto de resistência, recentemente proposto
para incorporação à especificação do AISI (American Iron and Steel Institute) e a
GBT (Generalized Beam Theory). Nesse trabalho é feita uma abordagem dos
procedimentos propostos para a avaliação da flambagem por distorção em barras
submetidas à compressão centrada e à flexão, comparando-se os resultados obtidos
pelo procedimento da norma brasileira, pela análise elástica via método das faixas
finitas - MFF e pela análise via método dos elementos finitos - MEF, admitindo
barras sem e com imperfeições iniciais. É feita também uma abordagem com
relação aos outros procedimentos internacionais para a avaliação do fenômeno.

Palavras-chave: estruturas de aço; perfis formados a frio; flambagem por


distorção; flambagem distorcional; parede delgada.

1 INTRODUÇÃO

Recentemente ocorreu a publicação da nova norma brasileira NBR


14762:2001 – Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis
formados a frio, que apresenta, para o cálculo da flambagem por distorção, o
“modelo australiano”. Esse modelo, proposto por Hancock e incorporado à norma
australiana AS/NZS 4600:1996, analisa a estabilidade de conjuntos formados por
um elemento comprimido e seu respectivo enrijecedor de borda, vinculados
elasticamente à outra parte do perfil. Embora também adotado pela nova norma
brasileira, há carência de pesquisas sobre o tema, enfatizando o comportamento

1
Doutor em Engenharia de Estruturas - EESC-USP
2
Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, mamalite@sc.usp.br

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


28 Gustavo Monteiro de Barros Chodraui & Maximiliano Malite

de barras submetidas à compressão e à flexão constituídas por perfis usualmente


empregados no Brasil, estabelecendo um melhor entendimento sobre o modelo,
suas restrições e sua resposta para os perfis usuais.

2 O FENÔMENO DA FLAMBAGEM POR DISTORÇÃO NO CONTEXTO


DA ESTABILIDADE DE BARRAS DE SEÇÃO ABERTA E PAREDES
DELGADAS

Na compressão existem três modos de instabilidade: local, distorcional, e


global (flambagem por flexão e por flexo-torção). Por conseguinte, além dos
clássicos fenômenos de flambagem global (da barra como um todo), como a
flambagem por flexão e por flexo-torção, ou local (flambagem de chapa), que afeta
os elementos componentes da seção transversal do perfil, há a possibilidade de
ocorrência de outro modo de flambagem, associado à distorção da seção
transversal (Fig. 1), que é característico dos perfis com enrijecedores de borda,
como por exemplo, perfis U e Z enrijecidos, perfis cartola e perfis “rack”. Alguns
perfis laminados relativamente esbeltos também são propensos a apresentarem o
fenômeno da flambagem por distorção (Davies 2000). Alguns exemplos da
configuração deformada da seção devido à flambagem por distorção estão
apresentados na Fig.1.

compressão uniforme flexão compressão uniforme flexão

a) Seção tipo U enrijecido b) Seção tipo rack c) Seção tipo Z enrijecido

Figura 1 – Flambagem por distorção da seção transversal [NBR 14762:2001]

Por definição, a flambagem por distorção, ou flambagem distorcional,


caracteriza-se pela rotação e possível translação do conjunto formado pela mesa
comprimida e seu enrijecedor de borda, alterando a forma inicial da seção,
conforme Fig. 1, ao contrário da flambagem local, na qual por definição admite-se
a conservação da posição original dos cantos dobrados da seção – os quais
permanecem retos ao longo do perfil – assim como os ângulos formados entre os
elementos vizinhos.
Um método bastante utilizado atualmente para o cálculo da tensão
convencional de flambagem elástica por distorção, σ dist , é o método das faixas
finitas, o qual permite uma discretização dos perfis com um grau de
indeterminação e sistema de equações menor do que no caso do método dos
elementos finitos.
Para a análise de um tipo de perfil de seção arbitrária pode-se identificar os
modos e as tensões de flambagem associadas, sendo o modo crítico detectado
em função do comprimento da barra, que poderá estar submetida à compressão
centrada, flexão simples ou flexão composta.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


Flambagem por distorção da seção transversal em perfis de aço formados a frio submetidos... 29

Perfis sem enrijecedores de borda em geral não apresentam o modo


distorcional como crítico, sendo a flambagem local preponderante pelo fato do
elemento possuir apenas uma borda apoiada.
Uma teoria recentemente proposta e que tem sido importante para o
entendimento do fenômeno da flambagem por distorção é a Teoria de Viga
Generalizada (GBT – Generalized Beam Theory). O Método Direto de Resistência
também tem sido pesquisado e possivelmente poderá trazer contribuições
significativas para o tema.
De acordo com BATISTA (2000), algumas relações geométricas referentes à
seção transversal exercem grande influência no modo crítico, conforme a Tabela 1
a seguir:

Tabela 1 - Influência das relações geométricas das seções tipo U enrijecido na definição do
modo crítico

Quanto menor Relação geométrica Quanto maior


ML bf/bw MD
MD D/bw ML
MD bw/t ML

3 PROCEDIMENTOS NORMATIVOS

Para compressão centrada ou flexão, as expressões que constam da NBR


14762:2001 são idênticas às da AS/NZS 4600:1996, apenas com alteração de
formato e simbologia. Em 1996, Hancock propôs uma curva de flambagem para a
flexão, e que foi adotada pela norma AS/NZS 4600:1996. O próprio Hancock a
modificou em 1997. Existem outras modificações apresentadas, como LAU &
HANCOCK (1987,1990), apresentada em ROGERS (1997), onde o ponto de
inflexão da curva é diferente das outras duas curvas, conforme observado na Fig.
2 (caso em que ocorre rotação e translação da mesa comprimida). Existe também
um caso em que somente ocorre rotação da mesa comprimida, e que não é
abordado pela norma NBR 14762:21001, portanto, não será enfatizado.
De acordo com BATISTA (2000), comparações realizadas entre o
procedimento simplificado apresentado na AS/NZS 4600:1996 e resultados de
programas computacionais utilizando o método das faixas finitas indicaram que tal
procedimento simplificado pode ser aplicado com boa precisão se respeitadas as
relações indicadas a seguir, conforme Fig. 3:

• 0,4 ≤ bf / bw ≤ 2,0 (para perfis do tipo U enrijecidos)

• 0,6 ≤ bf / bw ≤ 1,3 (para perfis do tipo rack)

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


30 Gustavo Monteiro de Barros Chodraui & Maximiliano Malite

HANCOCK/97

1,2
NORMA AUSTRALIANA/96
1
LAU & HANCOCK modificado/87,90
0,8
M dist / M y

0,6

0,4

0,2

0
0 0,56 1 1,414 2 3 4

λ dist

Figura 2 – Curvas de resistência por distorção na flexão: admitindo rotação e translação da


mesa comprimida

bf bf
bf

bw bw bw
t t t

Figura 3 – Perfis tipo U enrijecido, U enrijecido com enrijecedor de borda adicional e tipo
rack [NBR 14762:2001]

3.1 Norma Brasileira NBR 14762:2001

3.1.1 Compressão centrada

Para as barras com seção transversal aberta sujeitas a flambagem por


distorção, a força normal de compressão resistente de cálculo Nc,Rd deve ser
calculada por:

Nc,Rd = Ndist / γ (γ = 1,1) (1)

Ndist é a força normal de flambagem por distorção, dado por:

Ndist = Afy (1 – 0,25λdist2) para λdist < 1,414 (2)

Ndist = Afy {0,055[λdist – 3,6]2 + 0,237} para 1,414 ≤ λdist ≤ 3,6 (3)

Onde:
A é área bruta da seção transversal da barra;

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


Flambagem por distorção da seção transversal em perfis de aço formados a frio submetidos... 31

λdist é o índice de esbeltez reduzido referente à flambagem por distorção, dado por:
λdist = (fy/σdist)0,5
σdist é a tensão convencional de flambagem elástica por distorção, calculada pela
teoria da estabilidade elástica, análise numérica ou conforme modelo simplificado
da norma.

3.1.2 Flexão

Para as barras com seção transversal aberta sujeitas a flambagem por


distorção, o momento fletor resistente de cálculo deve ser calculado por:

MRd = Mdist / γ (γ = 1,1) (4)

Mdist é o momento fletor de flambagem por distorção, dado por:

Mdist = Wcfy (1 – 0,25λdist2) para λdist < 1,414 (5)

Mdist = Wcfy /λdist2 para λdist ≥ 1,414 (6)

Onde:
Wc é o módulo de resistência elástico da seção bruta em relação à fibra
comprimida;
λdist e σdist conforme explicado anteriormente.

Portanto, pode-se concluir que as curvas de flambagem são exatamente as


mesmas, conforme ilustrado nas Fig. 4 e 5 a seguir:

1,2 1,2

1
1,0
Mdist / My

0,8
0,8
/ Ny

0,6

0,6 0,4

0,2
N

0,4
0
0,2 1,414
0 1 2 3 4
1,414
dist
0,0
0 1 2 3 4
1,414
dist Figura 5 – Curva de flambagem por distorção
para flexão conforme AS/NZS 4600:1996 e NBR
Figura 4 – Curva de flambagem por distorção 14762:2001
para compressão centrada conforme
AS/NZS 4600:1996 e NBR 14762:2001

Com o auxílio de uma análise via método das faixas finitas (análise elástica),
foram elaboradas tabelas de uso simples para, em função das dimensões da
seção transversal do perfil, poder dispensar o cálculo da flambagem por distorção,
constatando que tal modo não é crítico. Tais tabelas foram inseridas na NBR
14762:2001.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


32 Gustavo Monteiro de Barros Chodraui & Maximiliano Malite

4 ANÁLISE DE ESTABILIDADE ELÁSTICA VIA FAIXAS FINITAS

Com relação ao uso do programa via método das faixas finitas (CUFSM /
Cornell University – Finite Strip Method), elaborado por Benjamin William Schafer,
utilizado no trabalho, ilustra-se na Fig. 6 a seguir um exemplo de saída de
resultados para o caso da flexão, na qual se apresenta o gráfico entre fator de
carga (relação entre tensão crítica e uma tensão de referência, usualmente
adotada igual a fy) e comprimento de meia onda. Percebe-se na figura que o modo
distorcional neste caso é o crítico, fato também evidenciado na figura da
deformada do perfil.

Figura 6 – Exemplo de varredura para análise da flambagem elástica de perfil U enrijecido

4.1. Casos Analisados

4.1.1 Parâmetros

Os parâmetros adotados relativos às relações geométricas dos perfis, nos


quais o trabalho está baseado, são apresentados a seguir, segundo a Tabela 2:

Tabela 2: Parâmetros analisados

0,25 0,5
bf/bw 1,0
(mínimo NBR-6355) (usual)
D/bw 0,05 0,1 0,15
bw/t 50 100 200

4.1.2 Modelagens

Com relação à comparação entre o procedimento das faixas finitas e o


procedimento simplificado da norma brasileira NBR 14762:2001, alguns resultados
são apresentados nas Fig. 7 a 14 a seguir. Como definições, tem-se que:

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


Flambagem por distorção da seção transversal em perfis de aço formados a frio submetidos... 33

σdist é a tensão convencional de flambagem elástica por distorção, calculada pela


teoria da estabilidade elástica ou conforme modelo simplificado da norma
(segunda coluna do gráfico).

Ld é o comprimento da meia onda longitudinal associada à tensão convencional de


flambagem elástica por distorção (primeira coluna do gráfico).
Relação entre NBR 14762:2001 e faixas finitas

3, 00

c om prim ento de m eia onda


2, 50 tens ão de flam bagem por dis torç ão

2, 00

1, 50

1, 00

0, 50

0, 00
U2511
U2512
U2514
U2521
U2522
U2524
U2531
U2532
U2534
U2111
U2112
U2114
U2121
U2122
U2124
U2131
U2132
U2134
U2211
U2212
U2214
U2221
U2222
U2224
U2231
U2232
U2234
Pe r f il

Figura 7 – Ld e σdist obtidos pela NBR 14762:2001 e o programa CU-FSM (faixas finitas)
para a compressão centrada

comprimento de meia onda


1,60

1,40 tensão de flambagem por distorção

1,20

1,00

0,80

0,60

0,40

0,20

0,00
U2511
U2512
U2514
U2521
U2522
U2524
U2531
U2532
U2534
U2111
U2112
U2114
U2121
U2122
U2124
U2131
U2132
U2134
U2211
U2212
U2214
U2221
U2222
U2224
U2231
U2232
U2234

Perfil

Figura 8 – Ld e σdist obtidos pela NBR 14762:2001 e o programa CU-FSM para a flexão

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34 Gustavo Monteiro de Barros Chodraui & Maximiliano Malite

OBS.: A parte sublinhada do eixo referente aos perfis indica que os mesmos
satisfazem as relações da norma NBR 14762:2001, e que portanto para os
mesmos se pode utilizar o formulário simplificado para o cálculo da flambagem por
distorção. Os comentários referentes às Fig. 7 e 8 são feitos nas conclusões.

Perfil U 200 x 100 x 10 x t Perfil U 200 x 100 x D x 2,0


com pressão compressão

dist (KN/cm^2)
30,00 Anexo D 25,00
dist (KN/cm^2)

25,00 20,00
CUFSM
20,00 15,00 Anexo D
10,00
15,00 CUFSM
5,00
10,00
0,00
5,00 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0
0,00
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
Largura nominal do enrijecedor (mm)
t (m m )

Figura 9 - σdist versus t Figura 10 - σdist versus D

Perfil U 200 x b x 10 x 2,0 Perfil U 200 x 100 x 10 x t


com pressão flexão

Anexo D Anexo D
σ dist (KN/cm^2)

15,00 50,00
dist (KN/cm^2)

CUFSM CUFSM
40,00
10,00
30,00

5,00 20,00

10,00
0,00
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 0,00
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
Largura nominal da mesa (mm) t (m m )

Figura 11 - σdist versus bf Figura 12 - σdist versus t


Perfil U 200 x 100 x D x 2,0 Perfil U 200 x b x 10 x 2,0
flexão flexão

40,00 50,00 Anexo D


dist (KN/cm^2)

40,00 CUFSM
dist (cm)

30,00
30,00
20,00 Anexo D
20,00
10,00 CUFSM
10,00
0,00
0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0
Largura nom inal do enrijecedor (m m ) Largura nom inal da m esa (m m )

Figura 13 - σdist versus D Figura 14 - σdist versus bf

5 ANÁLISE DE ESTABILIDADE VIA ELEMENTOS FINITOS

A análise foi conduzida utilizando-se o programa ANSYS 5.7, adotando-se


os elementos de casca SHELL 63 (quatro nós, cada um com seis graus de
liberdade). Foram admitidas quatro hipóteses para as análises:
1) Análise de autovalor. Uma das extremidades com os deslocamentos de todos
os seus nós restringidos em x, y e z e a outra somente com os deslocamentos em

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


Flambagem por distorção da seção transversal em perfis de aço formados a frio submetidos... 35

y e z restringidos. Portanto, nesta hipótese foi analisado o caso de engaste em


uma das extremidades da barra, o que a diferencia de todas as outras hipóteses;
2) Análise de autovalor também. Entretanto, neste caso, ambas extremidades com
os deslocamentos de todos os seus nós restringidos em y e z somente (condição
simétrica de condições de contorno);
3) Análise considerando não-linearidade geométrica (NLG) sem a admissão de
imperfeições iniciais. Ambas extremidades com os deslocamentos de todos os
seus nós restringidos em y e z somente (condição simétrica de condições de
contorno);
4) Análise considerando não-linearidade geométrica (NLG) com a admissão de
imperfeições iniciais. Ambas extremidades com deslocamentos de todos seus nós
restringidos em y e z somente (condição simétrica de condições de contorno), com
exceção de 1 nó na meia altura da alma no meio do vão que foi restringido em x –
para evitar o deslocamento da barra ao longo do eixo x, conforme de aplica o
carregamento, devido à introdução da imperfeição inicial;
A comparação de resultados está ilustrada nas Fig. 15 a 24, onde a primeira
coluna do gráfico refere-se à Ld e a segunda refere-se à σdist. Os comentários
referentes às Fig. 15 a 24 são feitos nas conclusões.

Para as Fig. 15 a 24 a seguir, tem-se:

Primeira coluna: Ld
Segunda coluna: σdist

1,20 1,40
1,00 1,20
0,80 1,00
0,60 0,80
0,40 0,60
0,20 0,40
0,00 0,20
0,00

Figura 15 - ANSYS / NBR 14762


(compressão) – hipótese 1 Figura 16 - ANSYS / CUFSM
(compressão) – hipótese 1

2,00

ANSYS - NLG / ANSYS (simetrica) 1,50


L dist ∠&dist
1,00
0,00 0,00
0,50
0,00 0,00
0,00 0,00 0,00
0,00 0,00
U 2
U 4
U 4
U 1
U 2

U 4
U 2
U 4
34
1

1
2
1

1
1

2
2
21

21
21
22
22
22

22
22
22

Figura 17 - ANSYS / NBR 14762


U

(flexão) – hipótese 1

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


36 Gustavo Monteiro de Barros Chodraui & Maximiliano Malite

Figura 18 - ANSYS / CUFSM


(flexão) – hipótese 1

1,20 1,20
1,00 1,00
0,80 0,80
0,60 0,60
0,40 0,40
0,20 0,20
0,00 0,00
12

14

11

12

14

34
21

21

22

22

22

22
U

Figura 19 - ANSYS / NBR 14762 Figura 20 - ANSYS / CUFSM


(compressão) – hipótese 2 (compressão) – hipótese 2

1,40 1,40
1,20
1,20
1,00
0,80 1,00
0,60 0,80
0,40
0,20 0,60
0,00 0,40
0,20
0,00

Figura 21 - ANSYS / NBR 14762


(flexão) – hipótese 2
Figura 22 - ANSYS / CUFSM
(flexão) – hipótese 2

1,60 1,60
1,40 1,40
1,20 1,20
1,00 1,00
0,80 0,80
0,60 0,60
0,40 0,40
0,20
0,20
0,00
0,00
12

14

11

12

14
21

21

22

22

22
U

Figura 23 - ANSYS NLG/ ANSYS


(compressão) – hipótese 3 Figura 24 - ANSYS NLG/ ANSYS
(flexão) – hipótese 3

Com relação à hipótese 4, as Fig. 25 e 26 ilustram algumas comparações


entre a análise via elementos finitos, entre modelos com imperfeição inicial e sem
imperfeição inicial, tanto para barras submetidas à compressão centrada quanto
para barras submetidas à flexão. O valor da imperfeição inicial adotado
corresponde a 0,15 (15%) dos valores dos deslocamentos de todos os nós da
barra, oriundos da análise prévia do autovalor - ajuste à uma referência normativa.
Os comentários referentes às Fig. 25 a 26 serão feitos nas conclusões.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


Flambagem por distorção da seção transversal em perfis de aço formados a frio submetidos... 37

σdist σdist

0,78 0,70

0,77 0,60
0,76
0,50
0,75
0,40
0,74
0,30
0,73
0,20
0,72

0,71 0,10

0,70 0,00

U2114

U2211

U2212

U2214
0,69
U2114

U2212

U2214

U2234

Figura 26 – Relação de σdist para valores


analisados via elementos finitos, entre modelos
Figura 25 – Relação de σdist para valores com imperfeição inicial e sem imperfeição inicial,
analisados via elementos finitos, entre modelos para flexão
com imperfeição inicial e sem imperfeição
inicial, para compressão centrada

No que se refere à influência referente à porcentagem da configuração


deformada adotada para a imperfeição inicial (valor adotado igual a 15% para a
análise mostrada nas Fig. 25 e 26), a Fig. 27 ilustra o caso da variação desta
porcentagem. Os comentários referentes à Fig. 27 também são feitos nas
conclusões.

25,00
σ

20,00

15,00
Compressão
Flexão
10,00

5,00

0,00
0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4

Porcentagem para imperfeição inicial

Figura 27 – Resultados comparativos: perfil Ue 200 x 100 x 10 x 4

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


38 Gustavo Monteiro de Barros Chodraui & Maximiliano Malite

6 EXEMPLOS DE CÁLCULO: FORÇA NORMAL RESISTENTE E


MOMENTO FLETOR RESISTENTE

Neste item serão apresentados exemplos de cálculo da força normal


resistente e do momento fletor resistente, relativos à flambagem por distorção,
com relação ao perfil do tipo U enrijecido com dimensões 200 x 100 x 10 x 4mm,
segundo três procedimentos: norma brasileira NBR 14762:2001 (idêntica à norma
australiana AS/NZS 4600:1996), modelo proposto por Hancock em 1997 e Método
Direto de Resistência.
Para o cálculo da resistência do perfil, tanto à compressão centrada quanto à
flexão, é necessário que se calcule, previamente, a tensão convencional de
flambagem elástica por distorção, σdist. Portanto, esta tensão será calculada por
dois procedimentos: procedimento da NBR 14762:2001 e método das faixas finitas
(programa computacional CUFSM).
Devido à utilização do procedimento do anexo D da NBR 14762:2001
resultar em cálculos manuais extensos, e portanto, suscetíveis a erros, foi criada
uma planilha de apoio no Microsoft Excel contendo todas as fórmulas do
mencionado anexo para que com elas se possam efetuar todos os cálculos,
resultando na obtenção da tensão convencional de flambagem elástica por
distorção, σdist e comprimento da meia onda longitudinal associada à tensão
convencional de flambagem elástica por distorção, Ld. Em tal planilha deve-se
fornecer os valores das dimensões nominais dos elementos da seção transversal
do perfil analisado.
Portanto, esta planilha de apoio foi utilizada para se montar a Tabela 3, no
que se refere aos valores da norma NBR 14762:2001, e com relação aos valores
referentes ao método via faixas finitas, utilizou-se o programa computacional
CUFSM, descrito na dissertação.
Todos os cálculos efetuados correspondem à utilização de expressões
apresentadas ao longo da dissertação de mestrado, que não serão novamente
explicitadas, mas simplesmente citando-se a numeração das expressões em
questão referentes ao corpo da dissertação em questão. A Tabela 3 ilustra os
valores de σdist calculados:

Tabela 3 – valor de σdist e calculados por meio do procedimento da NBR 14762:2001 e via
faixas finitas
PERFIL Ue 200X100X10X4
COMPRESSÃO CENTRADA NBR 14762:2001 CUFSM
σdist (kN/cm )
2
27,33 26,56

FLEXÃO NBR 14762:2001 CUFSM


σdist (kN/cm2) 41,16 36,86

A seguir, são então apresentados os exemplos de cálculo da força normal


resistente (barras submetidas à compressão centrada) e do momento fletor
resistente (barras submetidas à flexão), relativos à flambagem por distorção, com
relação ao perfil do tipo U enrijecido com dimensões 200 x 100 x 10 x 4mm,
segundo três procedimentos: norma brasileira NBR 14762:2001 (idêntica à norma
australiana AS/NZS 4600:1996), modelo proposto por Hancock em 1997 e Método
Direto de Resistência.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


Flambagem por distorção da seção transversal em perfis de aço formados a frio submetidos... 39

COMPRESSÃO CENTRADA

NBR 14762:2001

Para o valor de σdist calculado conforme o anexo D da NBR 14762:2001:

σdist = 27,33 kN/cm2 (NBR 14762:2001)

λdist = (fy / σdist)0,5

λdist = 0,956 < 1,414

Ndist = 303 kN (expressão 2.69)

Nc,Rd = 276 kN (expressão 2.68)

Para o valor de σdist calculado conforme o método via faixas finitas:

σdist = 26,56 kN/cm2 (CUFSM)

λdist = (fy / σdist)0,5

λdist = 0,970 < 1,414

Ndist = 301 kN (expressão 2.69)

Nc,Rd = 274 kN (expressão 2.68)

Percebe-se que a única diferença entre as duas análises acima foi o modo de
obtenção da tensão convencional de flambagem elástica σdist, o qual resultou um
valor muito próximo entre o calculado conforme o anexo D da NBR 14762:2001 e
conforme o método das faixas finitas. Com isso a força normal resistente resultou
praticamente a mesma.

MÉTODO DIRETO DE RESISTÊNCIA (idem LAU & HANCOCK 1997)

Para o valor de σdist calculado conforme o método via faixas finitas:

σdist = 26,56 kN/cm2 (CUFSM)

Ncrd = (load factor) x Ny

load factor = 1,062

Ny = Ag x fy

Ag = 15,74 cm2

fy = 25 kN/cm2

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


40 Gustavo Monteiro de Barros Chodraui & Maximiliano Malite

Ny = 393,50 kN

Ncrd = 418 kN

λdist = (Ny / Ncrd)0,5 (expressão 2.83)

λdist = 0,970 > 0,561

Ndist = 302 kN (expressão 2.82)

Nc,Rd = 274 kN (se utilizado γ = 1,1 – como recomenda a NBR 14762:2001)

FLEXÃO

NBR 14762:2001

Para o valor de σdist calculado conforme o anexo D da NBR 14762:2001:

σdist = 41,16 kN/cm2 (NBR 14762:2001)

λdist = (fy / σdist)0,5

λdist = 0,789 < 1,414

Mdist = 2125 kN.cm (expressão 2.72)

MRd = 1932 kN.cm (expressão 2.71)

Para o valor de σdist calculado conforme o método via faixas finitas:

σdist = 36,86 kN/cm2 (CUFSM)

λdist = (fy / σdist)0,5

λdist = 0,824 < 1,414

Mdist = 2090 kN.cm (expressão 2.72)

MRd = 1900 kN.cm (expressão 2.71)

Percebe-se também nestes dois casos supracitados que a única diferença entre as
duas análises foi o modo de obtenção da tensão convencional de flambagem
elástica σdist, o qual resultou um valor muito próximo entre o calculado conforme o
anexo D da NBR 14762:2001 e conforme o método das faixas finitas. Com isso a
força normal resistente resultou do mesmo modo praticamente a mesma.

HANCOCK (1997)

Para o valor de σdist calculado conforme o anexo D da NBR 14762:2001:

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


Flambagem por distorção da seção transversal em perfis de aço formados a frio submetidos... 41

σdist = 41,16 kN/cm2 (NBR 14762:2001)

λdist = (fy / σdist)0,5

λdist = 0,789 < 1,414

MRd = 1932 kN.cm (expressão 2.66)

Para o valor de σdist calculado conforme o método via faixas finitas:

σdist = 36,86 kN/cm2 (CUFSM)

λdist = (fy / σdist)0,5

λdist = 0,824 < 1,414

MRd = 1900 kN.cm (expressão 2.66)

OBS:

Neste caso, as resistências de cálculo são idênticas à da NBR 14762, pois λdist <
1,414, e a expressão de HANCOCK (1997) só atualizou o trecho elástico da
mesma referente à norma australiana (idêntica à NBR 14762:2001).

MÉTODO DIRETO DE RESISTÊNCIA

Para o valor de σdist calculado conforme o método via faixas finitas:

σdist = 36,86 kN/cm2 (CUFSM)

Mcrd = (load factor) x My

load factor = 1,47

My = Mxx (valor fornecido pelo programa CUFSM)

Mxx = 25607641 kN.mm = 2561 kN.cm

My = 2561 kN

fy = 25 kN/cm2

Mcrd = 3765 kN.cm

λdist = (My / Mcrd)0,5 (expressão 2.92)

λdist = 0,825 > 0,673

Mdist = 2277 kN.cm (expressão 2.91)

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


42 Gustavo Monteiro de Barros Chodraui & Maximiliano Malite

MRd = 2070 kN.cm (se utilizado γ = 1,1 – como recomenda a NBR 14762:2001)

7 COMPARAÇÃO DE RESULTADOS CONFORME DIVERSOS


PROCEDIMENTOS: TENSÃO CONVENCIONAL DE FLAMBAGEM
ELÁSTICA POR DISTORÇÃO

Com o intuito de se comparar os valores da tensão convencional de


flambagem elástica por distorção resultante de diversos procedimentos,
apresentar-se-á a Tabela 4 e a Fig. 28, que apresentam uma parte das análises
realizadas na dissertação de mestrado.
Obviamente, espera-se que o leitor não assuma que estes resultados
configuram comportamentos gerais de relações de resultados entre os
procedimentos, mas sim indicativos de comportamento destes perfis analisados.
Com relação às legendas, apresenta-se a nomenclatura do eixo horizontal
(eixo das abscissas) nas próprias tabelas, segundo o procedimento analisado para
a obtenção do valor da tensão convencional de flambagem elástica. Tem-se,
portanto:

Perfil Ue 200 x 100 x 10 x 4mm

A Tabela 4 ilustra os resultados apresentados.

Tabela 4 – Resultados comparativos: perfil Ue 200 x 100 x 10 x 4

Compressão centrada Flexão


Procedimento
(kN/cm2) (kN/cm2)
1 CUFSM 26,56 36,86
2 NBR 14762:2001 27,33 41,16
3 HIPÓTESE 1 27,54 48,62
4 HIPÓTESE 2 27,32 36,4
5 HIPÓTESE 3 28,44 38,33
6 HIPÓTESE 4 21,7 17,22

A Fig. 28 ilustra os resultados apresentados na Tabela 4.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


Flambagem por distorção da seção transversal em perfis de aço formados a frio submetidos... 43

60

50

σ dist (kN/cm2)
40
Compressão
30
Flexão
20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7
Procedim ento de análise

Figura 28 – Resultados comparativos: perfil Ue 200 x 100 x 10 x 4

Para este caso, não houve mudança significativa quando da análise do


perfil submetido à compressão, com exceção da inserção de imperfeições iniciais
e não-linearidade geométrica à análise via elementos finitos, o que reduziu o valor
de σdist.
Com relação à flexão, a condição de contorno (deslocamentos impedidos
nas extremidades) não simétrica apresentou valores um pouco discrepantes. A
análise assumindo-se não-linearidade geométrica sem imperfeições iniciais,
quando comparada à análise de autovalor, não apresentou resultados
significativos. Entretanto, a análise via elementos finitos com a adoção de
imperfeições iniciais e não-linearidade geométrica também reduziu o valor de σdist.

8 CONCLUSÕES

SOBRE A REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O modo de instabilidade distorcional tem sido abordado pelas normas mais


recentes, inclusive pela nova norma brasileira NBR 14762:2001, e pode constituir-
se no modo crítico em perfis de seção aberta e paredes delgadas, sendo mais
sensíveis à distorção os perfis com mesas largas e com enrijecedores de borda,
como, por exemplo, os perfis do tipo U e Z enrijecido, cartola e rack.
A tendência do mercado da construção metálica leve é adotar aços de alta
resistência mecânica e à corrosão atmosférica, e também aços revestidos, o que
conduz a perfis com elevadas relações largura-espessura e, portanto, mais
suscetíveis a apresentarem a flambagem por distorção como modo crítico.
A análise da flambagem elástica, via método das faixas finitas, tem sido
amplamente utilizada para a avaliação dos parâmetros de interesse na flambagem
por distorção, permitindo determinar com facilidade a tensão de flambagem
elástica para vários comprimentos de meia onda e assim construir as curvas de
flambagem referentes ao modo local, distorcional e global (Fig. 6).
Análises realizadas via elementos finitos e faixas finitas têm indicado que o
método das faixas finitas conduz a resultados amplamente satisfatórios,
principalmente para os modos local e distorcional. Entretanto, para o modo global,
em alguns casos a diferença pode ser significativa e contra a segurança.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


44 Gustavo Monteiro de Barros Chodraui & Maximiliano Malite

O procedimento da NBR 14762:2001 foi elaborado com base na norma


australiana e corresponde ao modelo simplificado proposto por Hancock, que
consiste na análise da estabilidade do conjunto constituído pela mesa comprimida
e enrijecedor de borda. Quando comparado aos resultados obtidos via método das
faixas finitas, tal procedimento tem indicado pequenas diferenças, em geral a favor
da segurança. Portanto, pode ser considerado satisfatório para a verificação da
flambagem por distorção, desde que respeitadas as limitações estabelecidas pela
norma. Entretanto, para alguns casos de barras submetidas à flexão (perfis
estudados) apresentados no trabalho, o procedimento da NBR 14762:2001
conduziu a resultados de σdist contrários à segurança – portanto, entende-se que a
utilização deste procedimento para os perfis analisados deve ser melhor analisada.
Além disso, o modelo de Hancock mostrou-se muito sensível aos valores
associados para a rigidez a rotação do conjunto mesa-enrijecedor, kφ, além de não
considerar a interação entre os elementos que compõem a seção transversal de
um modo explícito, por não permitir a análise da seção transversal como um todo (
a interação é considerada por meio de “molas” – constantes de rigidez à rotação e
à flexão).
A flambagem por distorção é função de diversos parâmetros, envolvendo não
somente a relação largura-espessura, mas também a forma da seção. Portanto,
torna-se complicado estabelecer limites gerais para identificar se o modo
distorcional é crítico. Assim, como procedimento geral de projeto, é importante e
recomendável verificar sempre a flambagem por distorção. Por outro lado, para
perfis do tipo U enrijecido e Z enrijecido, as tabelas paramétricas do anexo D da
NBR 14762:2001 permitem avaliar satisfatoriamente se o perfil apresenta o modo
distorcional como crítico, do ponto de vista da flambagem elástica. Entretanto, tais
tabelas não contemplam o esforço resistente, isto é, não consideram correções
para o regime inelástico.
Com relação à compressão centrada e à flexão, as curvas de flambagem são
idênticas, quando se faz a comparação entre a NBR 14762:2001 e a AS/NZS
4600:1996.
Com relação à flexão, para o item 3.3.3.3a da AS/NZS 4600:1996 (a
flambagem por distorção provoca a rotação do conjunto mesa/enrijecedor em
relação à junção mesa/alma nas seções do tipo U enrijecido ou Z enrijecido), não
abordado pela NBR 14762:2001, as curvas de flambagem apresentadas por Lau &
Hancock apud Rogers (1987,1990), pela AS/NZS 4600:1996 e por Hancock (1997)
são idênticas. Por outro lado, para o item 3.3.3.3b da AS/NZS 4600:1996 (a
flambagem por distorção provoca a flexão transversal da alma vertical com
deslocamento lateral da mesa comprimida) as curvas de flambagem apresentadas
por Lau & Hancock apud Rogers (1987,1990), pela AS/NZS 4600:1996 e por
Hancock (1997) são diferentes, lembrando que o ponto de inflexão da curva
referente à expressão de Lau & Hancock apud Rogers (1987,1990) é diferente dos
demais.

SOBRE A ANÁLISE VIA FAIXAS FINITAS

Tanto para as análises via faixas finitas quanto para as análises via
procedimento da NBR 14762:2001, os mesmos perfis, quando submetidos à
flexão, apresentam maiores valores de σdist, quando comparados com os
submetidos à compressão centrada. A diferença entre estes valores foi mais
pronunciada para os perfis que não respeitam as condições das tabelas D.1 e D.2
da NBR 14762:2001. Por outro lado, os valores de Ld referentes aos perfis

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


Flambagem por distorção da seção transversal em perfis de aço formados a frio submetidos... 45

submetidos à flexão, quando comparados com os submetidos à compressão


centrada são iguais ou um pouco menores (em torno de 20% ou menos).
Dentre os perfis analisados, os modos críticos relativos à análise via faixas
finitas e via procedimento da NBR 14762:2001 sempre foram os mesmos, com
exceção do perfil Ue 200 x 100 x 10 x 2,0, que apresentou, conforme a NBR
14762:2001 o modo local como crítico e conforme a análise via faixas finitas o
modo distorcional.
Pode-se perceber, que, com algumas exceções, as relações bf/bw das tabelas
D.1 e D.2 da NBR 14762:2001 devem ser respeitadas, pois para os perfis que não
as respeitam, os resultados relativos ao procedimentos da NBR 14762:2001 são
contrários à segurança, quando comparados a análise via faixas finitas (com
exceção dos perfis submetidos à flexão, que apresentaram resultados ligeiramente
a favor da segurança inclusive para perfis que não respeitam tais relações). Deve-
se entender que a análise via faixas finitas considera a interação entre os
elementos que constituem a seção transversal (o que proporciona uma análise
mais próxima da realidade), diferentemente do procedimento da NBR 14762:2001.

Perfis do tipo Z enrijecido

Com relação à compressão centrada e à flexão, os perfis do tipo Ue e Ze90


apresentam os mesmos resultados, confirmando o procedimento da NBR
14762:2001, que não faz distinção entre a análise de perfis do tipo Ue e de perfis
do tipo Ze. Os perfis do tipo Ze45, quando comparados aos perfis do tipo Ue,
apresentam valores inferiores para σdist, valores de σlocal (tensão crítica
correspondente à flambagem local) aproximadamente iguais, e apresentam
valores ligeiramente inferiores para Ld. Os dois tipos de perfis apresentam também
os mesmos valores de Llocal (comprimento de meia onda associado à flambagem
local) e também apresentam os mesmos modos críticos. Tal fato evidencia,
mesmo que superficialmente - devido à escassez de análises para estes casos -
que a variação do ângulo do enrijecedor de borda influi no fenômeno da distorção.
Quanto menor o ângulo do enrijecedor de borda em relação à mesa da seção,
menor será o enrijecimento de tal conjunto, e menores serão os valores de σdist.

SOBRE A ANÁLISE VIA ELEMENTOS FINITOS

Comparando-se as análises via elementos finitos, procedimento da NBR


14762:2001 e via faixas finitas, percebe-se que após a avaliação dos resultados
referentes às três hipóteses iniciais (cálculo do autovalor, com condição de
contorno não simétrica e simétrica, e análise considerando não-linearidade
geométrica sem a admissão de imperfeições iniciais com condição simétrica de
condições de contorno) pode-se observar que os mesmos perfis, quando
submetidos à flexão, apresentam maiores valores de σdist, quando comparados
com os submetidos à compressão, sendo que todos os perfis respeitam as
condições das tabelas D.1 e D.2 da NBR 14762:2001. Por outro lado, os valores
de Ld dos perfis submetidos à flexão, quando comparados com os submetidos à
compressão são aproximadamente iguais ou ligeiramente menores.
Pode-se também observar que, em geral, com relação ao valor de σdist, os
resultados são ligeiramente superiores aos relativos à análise via faixas finitas e ao
procedimento da NBR 14762 (entretanto, no caso da flexão, para a primeira
hipótese – caso de condição não-simétrica de condições de contorno – a diferença

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


46 Gustavo Monteiro de Barros Chodraui & Maximiliano Malite

é maior, e para a segunda hipótese – caso de condição simétrica de condições de


contorno – a norma se apresentou como contrária à segurança para os casos
analisados, especialmente para os perfis bf = bw = 200mm). A introdução da não-
linearidade geométrica aos modelos conduz a resultados ligeiramente superiores
de σdist.
Entretanto, tal fato não é suficiente para que se possa afirmar que o uso da
não-linearidade geométrica conduz a valores de σdist mais conservadores, pois
muitos fatores estão envolvidos quando da análise não-linear. Ao menos, os
valores estão próximos entre si. Cabe lembrar mais uma vez que estes três
procedimentos têm suas particularidades e, portanto, são um pouco diferentes
entre si em suas concepções.
Por outro lado, admitindo-se não-linearidade geométrica e imperfeições
iniciais (hipótese 4), percebe-se, no caso de barras submetidas à compressão,
uma redução no valor de σdist (redução entre 20 e 30%), quando comparado a
resultados obtidos de modelos que não consideram as imperfeições iniciais. Tal
fato é importante, mesmo porque os perfis “reais” apresentam imperfeições
iniciais. Vale salientar que no caso da flexão a variação nos resultados foi mais
pronunciada (redução entre 30 e 57%). As Fig. 25 e 26 ilustram este fato. Mesmo
que esta análise tenha sido pouco abrangente no que diz respeito ao número de
perfis analisados, entende-se que a influência da imperfeição inicial deve ser
melhor estudada.
Nas análises considerando somente perfis com não-linearidade geométrica e
imperfeições iniciais, a influência da variação da magnitude da imperfeição inicial
mostrou-se mais significativa para os perfis submetidos à compressão do que para
os perfis submetidos à flexão, reduzindo o valor de σdist conforme se eleva o valor
da imperfeição inicial adotada (Fig. 27). Entretanto, entende-se que devido ao
pequeno número de análises efetuadas, ainda não é prudente fazer nenhuma
afirmação. Recomenda-se que sejam realizadas novas análises.

9 AGRADECIMENTOS

À FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

10 REFERÊNCIAS

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design manual. AISI, Washington.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (2001). NBR 14762 -


Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados a
frio. Rio de Janeiro.

AUSTRALIAN/NEW ZEALAND STANDARD. (1996). Cold-formed steel


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BATISTA, E. M. et al. (2000). Estudos dos modos de Instabilidade local de placa e


distorcional em perfis de chapa dobrada de aço. In: JORNADAS
SUDAMERICANAS DE INGENIERIA ESTRUCTURAL. 14p.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


Flambagem por distorção da seção transversal em perfis de aço formados a frio submetidos... 47

CHODRAUI, G. M. B. (2003). Flambagem por distorção de seção transversal


em perfis de aço formados a frio submetidos à compressão centrada e à
flexão. São Carlos. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos
- Universidade de São Paulo.

CHODRAUI, G. M. B. et al (2002). Flambagem por distorção da seção transversal


em perfis de aço formados a frio submetidos à compressão centrada e à flexão. In:
II CONGRESSO INTERNACIONAL DA CONSTRUÇÃO METÁLICA – II CICOM,
São Paulo, Brasil, 11 14 de novembro de 2002.

DAVIES, J. M. (2000). Recent research advances in cold-formed steel structures.


Journal of Constructional Steel Research. v.55, p.267-288.

HANCOCK, G. J. (1997). Design for distortional buckling of flexural members. Thin


Walled Structures. v.27, n.1, p. 3-12.

HANCOCK, G. J.; LAU, S. C. W. (1987). Distortional buckling formulas for channel


columns. Journal of Structural Engineering, ASCE, v.125, n.2, p.118-127, Feb.

ROGERS, C. A.; SCHUSTER, R. M. (1997). Flange/Web distortional buckling of


cold-formed steel sections in bending. Thin Walled Structures, v.27, n.1, p. 13-29.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 27-47, 2007


ISSN 1809-5860

ESTRUTURAS DE PISOS DE EDIFÍCIOS COM A


UTILIZAÇÃO DE CORDOALHAS ENGRAXADAS
Fernando Menezes de Almeida Filho1 & Márcio Roberto Silva Corrêa2

Resumo
O presente trabalho aborda a utilização da protensão não aderente em edifícios
residenciais e comerciais de concreto, focando os aspectos referentes às soluções com
protensão aderente e não aderente e em concreto armado, para o consumo de
materiais, notadamente: concreto, fôrmas e armaduras. São considerados três
diferentes sistemas estruturais: laje plana maciça apoiada sobre pilares; laje plana
nervurada apoiada sobre pilares e laje nervurada apoiada em vigas faixa protendidas
sobre pilares. São apresentados estudos de casos com a utilização da ferramenta
computacional de análise estrutural TQS®, a qual é baseada na análise por grelha.
Como resultados, o estudo fornece conclusões satisfatórias para utilização da
protensão, tanto aderente quanto não aderente, em relação ao concreto armado. Ainda,
o sistema de protensão aderente mostrou-se ligeiramente mais econômico, do ponto de
vista de consumo de materiais, porém, é um sistema com produtividade inferior às
soluções com protensão não aderente, tornando-se esta última solução a mais adotada
no cotidiano dos escritórios de cálculo de engenharia civil dentre as citadas.

Palavras-chave: pré-moldado de concreto; cisalhamento.

1 INTRODUÇÃO

O concreto, desde sua criação, tem sido amplamente utilizado na construção


civil. O advento da protensão tem tornado o concreto cada vez mais atraente como
solução para sistemas estruturais, devido às suas vantagens técnicas e econômicas,
dentre as quais, pode-se destacar:
• Possibilidade de utilização de grandes vãos e estruturas esbeltas, portanto,
estruturas mais leves, aliviando assim o carregamento total aplicado à
fundação;
• Melhoria das condições de utilização da estrutura, devido à redução de
fissuras no concreto ou limitação de suas aberturas, aumentando assim a
resistência da estrutura à agressividade do meio ambiente;
• Construções mais rápidas;

1
Doutor em Engenharia de Estruturas - EESC-USP, ffilho@sc.usp.br
2
Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, mcorrea@sc.usp.br

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


50 Fernando Menezes de Almeida Filho & Márcio Roberto Silva Corrêa

• Facilidade de recuperação da estrutura após um excesso não previsto de


carregamento, pois, eventuais fissuras se fecham após o descarregamento;
• A estrutura permanece praticamente no Estádio I ao longo de sua vida útil,
pois, ocorre controle da formação de fissuras.

Com o aumento da quantidade das construções, houve a necessidade de se


desenvolver um sistema de protensão que atendesse a essa demanda com estruturas
mais “leves”, com maiores vãos e menores custos.
Surgiu, então, nos anos 50, a primeira patente de protensão que utilizava
bainhas individuais de plástico extrudadas. Com isso, deu-se um grande salto nas
soluções de projeto estrutural, com a redução na espessura média dos pavimentos e
produção de estruturas mais leves; redução da altura total da edificação; rapidez no
processo de execução que promoveram reduções no custo total da obra, tornando
este tipo de solução estrutural uma das escolhas iniciais para o projeto de edifícios.
O presente trabalho consiste em um estudo da utilização da protensão não
aderente em pavimentos de edifícios quanto ao seu aspecto estrutural.
Pretende-se abordar a análise estrutural do pavimento utilizando o Método da
Análise por Grelha. Serão analisados os pisos de edifícios em três arranjos
estruturais:
• Laje plana maciça apoiada sobre pilares;
• Laje nervurada sobre vigas faixa apoiadas em pilares;
• Laje plana nervurada apoiada em pilares.

Será abordada, em sua análise, a adequação do sistema à geometria do


pavimento. Serão incluídas comparações de soluções com e sem o emprego da
protensão não aderente.
Justifica-se esta pesquisa em função do crescimento da utilização da
protensão não aderente em pavimentos de edifícios. Devido à pouca divulgação do
assunto no país, procura-se reunir informações sobre o tema, focalizando os aspectos
estruturais voltados à aplicação em pisos de edifícios de concreto. Ainda, devido à
falta de informações com relação aos pavimentos de edifícios com a utilização de
protensão aderente comparados à soluções com protensão não aderente, esta
pesquisa procura mostrar as diferenças existentes e comprovar as vantagens
econômicas da protensão não aderente.

2 EXEMPLO DE PAVIMENTO PARA ESTUDO

Para o estudo, foi tomado como exemplo o pavimento analisado por


ALBUQUERQUE (1998), que realizou estudo semelhante, porém, com ênfase em
estruturas de concreto armado.
O objetivo é avaliar os índices de consumo de materiais entre as alternativas e
eleger a que apresenta melhores resultados. Pretende-se também, analisar o
desempenho estrutural dos exemplos com ênfase nos deslocamentos obtidos.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


Estruturas de pisos de edifícios com a utilização de cordoalhas engraxadas 51

Não serão avaliados os momentos fletores, pois os exemplos apresentam


arranjos estruturais diferenciados, portanto, comportamentos diferentes.
Na figura 1, ilustra-se a planta de arquitetura do pavimento analisado por
Albuquerque. Consiste em um piso de edifício residencial com 254 m2 de área com
altura de 20 andares. O autor desenvolveu a modelagem utilizando o programa
TQS®, adotando a análise por grelha.

Quarto Casal

W.C. 5,05

W.C.
Quarto 01

Quarto
Empregada
Área de 2,15
W.C. Serviço

Escadas

Quarto 02 Sala de
Cozinha
Jantar

Varanda Sala de Estar Antecâmara


9,45
0,15 Hall
25,75 Entrada

Hall
2,95 Elevadores

0,15

2,50

0,15
4,05
1,20

0,15

2,70

0,15

5,05

2,85

0,15

1,35 6,70 2,15 3,65

Figura 1 – Pavimento-tipo do trabalho de ALBUQUERQUE (1998) - (medidas em metros)

3 MODELOS ESTUDADOS

Dentre os modelos estudados, foram escolhidos três em concreto armado,


desenvolvidos na pesquisa de ALBUQUERQUE (1998), e seis em concreto
protendido (três com protensão aderente e três com protensão não aderente).

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52 Fernando Menezes de Almeida Filho & Márcio Roberto Silva Corrêa

3.1 Modelos em Concreto Armado

Na figura 2, são ilustrados os arranjos estruturais em concreto armado, sendo


eles: laje apoiada em vigas sobre pilares (A01); laje nervurada apoiada em vigas
sobre pilares (A02) e laje plana nervurada apoiada sobre pilares (A03).
V1 15/60
V1 15/60
P1 P2
30/80 30/80 P1 P2
30/80 30/80

L1
h=24
V2 10/60
V2 10/60
P3
70/30
L2
P4 V3 10/60 h=7

95/35
V3 15/60

P5
80/30 P7 P6 P3 P4
80/30 90/25 35/80 30/120 P5
90/25

L1
15/60

L3
15/60

15/60
h=30/h=23

15/60
h=24
V4 10/50
V5 10/50
V15

L3
V13

V16
V14
L2 h=7 L5
h=10 L4 V5 15/60
h=7

P8 P9 P11 V5 10/50 P10


h=10
30/80 30/120 30/95 P6 P7 P8
L4 30/90
30/80 30/120
h=7 L6 90/30
h=7
V6 10/50
V6 10/50
L7
10/60
V14

10/60
V15
h=24

V7 P12
10/60
70/25 V7 10/60 P9
70/30
V8 15/60
P13
80/25 P10 P11 P12
P14 35/80 30/80 80/25
80/30
P15 L8
h=7
95/35

P16
70/30

L9
Laje nervurada
15/60

15/60

h=24
15/60

15/60

convencional (A02)
V10

V11

V11

V12

V9 15/60
V10 15/60
P17 P18
30/80 30/80 P13 P14
30/80 30/80

Laje plana nervurada-


pilar (A03) P1 P2 P3
90/25 V1 15/60 90/30 70/30
Laje maciça
convencional (A01)
10/60
V12 10/50

10/50

L1 L2 V2
h=7
V15

h=7 10/60
V14

P4
80/25
V3 15/60
10/60
V10 10/60

L3 L4 L5 L6
V17

P5 h=7 h=7 h=7 h=7


30/80 V4 15/60 P7
30/80

L7 P9 L10
h=7 P8 P6 h=7
30/120 30/80
V5 15/60
30/120
V6 15/60

L8 L9
15/60

15/60

15/60

10/60

15/60

h=11 h=11
10/60

L11 L12 L13


V8 15/60

h=7 h=8 h=8 L14


h=7
V11

V13

V16

V18

V19
V9

P11 P12
35/80 30/80

P10 V7 15/60 L15 P13 P14


30/80 35/80 30/80
h=10

Figura 2 – Esquemas estruturais adotados por ALBUQUERQUE (1998)

3.2 Modelos em Concreto Protendido

Vale salientar que o edifício é composto de 20 pavimentos, como no trabalho


original.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


Estruturas de pisos de edifícios com a utilização de cordoalhas engraxadas 53

Na Tabela 1, tem-se um comparativo das resistências à compressão do


concreto da presente pesquisa em relação ao trabalho de ALBUQUERQUE (1998).
Tabela 1 – Resistências à compressão do concreto para os modelos a serem analisados

ALBURQUERQUE (1998) Atual Pesquisa


Lajes 20 MPa 35 MPa
Vigas 35 MPa 35 MPa
Pilares 35 MPa 35 MPa

Foram desenvolvidos seis modelos da seguinte forma:


• E01 – Modelo de laje plana maciça com protensão não aderente;
• E02 – Modelo de laje plana maciça com protensão aderente;
• E03 – Modelo de laje plana nervurada com protensão não aderente;
• E04 – Modelo de laje plana nervurada com protensão aderente;
• E05 – Modelo de laje nervurada sobre vigas faixa com protensão não
aderente;
• E06 – Modelo de laje nervurada sobre vigas faixa com protensão aderente.
Os arranjos são detalhados a seguir.

3.2.1 Modelo de Laje Plana Maciça Apoiada Sobre Pilares


Na figura 3 pode-se ver o arranjo estrutural adotado para ambos os sistemas
de protensão, aderente e não aderente, para o pavimento da figura 1. Em ambos os
casos foram utilizadas espessuras da laje de 16,0 cm, ou seja, o mínimo estabelecido
pelo Projeto de Revisão da NBR 6118-2001 para essa tipologia de laje.

Figura 3 – Arranjo estrutural para o sistema de laje plana maciça apoiada sobre pilares

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54 Fernando Menezes de Almeida Filho & Márcio Roberto Silva Corrêa

3.2.2 Modelo de Laje Plana Nervurada Apoiada sobre Pilares

Na figura 4 pode-se ver o segundo arranjo estrutural adotado para o


pavimento em análise (figura 1). Vale salientar que a planta de fôrmas é a mesma
tanto para o modelo com protensão aderente quanto para o modelo com protensão
não aderente.

Figura 4 – Arranjo estrutural para o sistema de laje plana nervurada apoiada sobre pilares

3.2.3 Modelo de Laje Nervurada Armada Apoiada sobre Vigas Faixa


Protendidas sobre Pilares

A relação vão/espessura utilizada foi 30, levando a uma espessura da viga


faixa igual a 27,0 cm. Foi adotada uma espessura igual a 25,0 cm, como tentativa
inicial de pré-dimensionamento.
As lajes nervuradas apresentam 25,0 cm de altura. A figura 5 traz detalhes de
sua geometria.

51,0
4,5

4,0

21,0

2,5
2,0 5,0

60,0

Figura 5 – Detalhe das nervuras de concreto armado (medidas em centímetros)

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


Estruturas de pisos de edifícios com a utilização de cordoalhas engraxadas 55

Na figura 6, pode-se ver os arranjos estruturais para o caso de laje apoiada


sobre vigas faixa.

Figura 6 - Arranjo estrutural para o sistema de laje nervurada armada


apoiada em vigas faixa protendidas sobre pilares

3.2.4 Resultados referentes aos modelos protendidos

i) Volume de Concreto

O gráfico 1 mostra o consumo de concreto para os vários modelos.

Volume total de concreto (m3)

1.200

1.000
Volume de concreto (m3)

800

600

400

200

0
E01 E02 E03 E04 E05 E06
Exemplo

Gráfico 1 – Volume de concreto nos exemplos

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56 Fernando Menezes de Almeida Filho & Márcio Roberto Silva Corrêa

ii) Quantidade de Armadura Passiva

Vê-se no gráfico 2 o consumo de armadura passiva para os vários modelos.

Quantidade total de armadura passiva (kg)

90.000
Quantidade de armadura passiva

80.000
70.000
60.000
50.000
(kg)

40.000
30.000
20.000
10.000
0
E01 E02 E03 E04 E05 E06
Exemplo

Gráfico 2 – Consumo de armadura passiva para os exemplos

iii) Quantidade de Armadura Ativa

Vê-se no gráfico 3 a consumo de armadura ativa para os vários modelos.


Quantidade total de armadura ativa (kg)

20.000
Quantidade de armadura ativa

18.000
16.000
14.000
12.000
(kg)

10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
E01 E02 E03 E04 E05 E06
Exemplo

Gráfico 3 – Consumo de armadura ativa para os exemplos

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


Estruturas de pisos de edifícios com a utilização de cordoalhas engraxadas 57

iv) Área de Fôrmas

Vê-se no gráfico 4 o consumo de fôrmas para os modelos.

Quantidade total de área de fôrmas (m2)

9.100
Quantidade de área de fôrmas

9.000
8.900
8.800
8.700
(m2)

8.600
8.500
8.400
8.300
8.200
8.100
E01 E02 E03 E04 E05 E06
Exemplo

Gráfico 4 – Consumo de fôrmas para os exemplos

4 COMPARAÇÃO DOS MODELOS PROTENDIDOS

Na análise dos resultados, o diferencial dos pavimentos, com protensão


aderente ou não aderente, foi a quantidade de armadura utilizada, uma vez que os
pavimentos apresentaram mesmas características geométricas e propriedades físicas.
Nos modelos E01 e E02, o consumo de concreto e de fôrmas foi o mesmo.
Para a armadura ativa, o pavimento com protensão não aderente apresentou um
consumo de cordoalhas 10,61% superior à protensão convencional.
Para a armadura passiva das lajes, houve a confirmação que estruturas com
protensão aderente possuem um consumo menor de armadura passiva, com relação
ao modelo com protensão não aderente, conforme o trabalho de MATTOCK et al.
(1971). Para a laje com protensão não aderente, o consumo de armadura passiva foi
de 1.477,20 kg/pavimento e para a laje com protensão aderente, foi de 1.434,80
kg/pavimento, o que resultou numa diferença de 2,87%.
Para as vigas, houve uma diferença de 5,56% no consumo de armadura,
mostrando um menor consumo por parte do modelo E02.
Para os pilares, ambos apresentaram o mesmo consumo de armadura passiva.
Analisando globalmente a estrutura, a solução utilizando a protensão aderente
foi ligeiramente mais econômica, pois, o consumo total de armadura passiva, para
todos os elementos, é 2,67% inferior ao arranjo com protensão não aderente.
Para os modelos E03 e E04, ou seja, os pavimentos com lajes planas
nervuradas, o consumo de concreto e fôrmas foi semelhante. O consumo de armadura

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


58 Fernando Menezes de Almeida Filho & Márcio Roberto Silva Corrêa

ativa apresentou uma diferença de 3,71% sendo mais econômico o modelo E04, ou
seja, o que utiliza protensão aderente.
O consumo de armadura passiva para o modelo E03 (protensão não aderente),
para as lajes, foi de 875,10 kg/pavimento, enquanto o modelo utilizando a protensão
aderente obteve 761,80 kg/pavimento, o que representa uma diferença de 12,95%.
Para as vigas, assim também como para os pilares, o consumo de armadura
passiva foi semelhante.
Analisando globalmente o consumo de armadura passiva da estrutura, obteve-
se uma diferença de consumo de armadura de 3,86%, sendo que o pavimento mais
econômico foi o arranjo com protensão aderente.
Para os modelos E05 e E06 os consumos de concreto e fôrmas foram
semelhantes. O consumo de armadura ativa, para o modelo com protensão não
aderente, foi 9,42% superior ao do arranjo com protensão aderente.
O consumo de armadura passiva para o modelo E05 (protensão não aderente),
para as lajes, foi de 1.583,10 kg/pavimento, enquanto o modelo E06 obteve 1.681,7
kg/pavimento, representando uma diferença de 5,86%.
Para o consumo de armadura passiva para vigas, o modelo E05 gerou um
consumo de 1.570,90 kg/pavimento, enquanto o modelo E06 produziu 1.501,75
kg/pavimento, mostrando que o modelo E06 é 4,40% mais econômico que o modelo
E05.
Para os pilares, o modelo E05 obteve 1.333,25 kg/pavimento enquanto que o
modelo E06 resultou em 1.253,65 kg/pavimento, mostrando que o modelo E06 foi
5,97% mais econômico que o modelo com protensão não aderente.

5 ANÁLISE COMPARATIVA DOS RESULTADOS DOS MODELOS


PROTENDIDOS COM RELAÇÀO AOS MODELOS EM CONCRETO
ARMADO

A determinação do sistema de protensão (aderente ou não aderente) a ser


utilizado depende de fatores como: custo da mão-de-obra, dos materiais (no caso, o
custo do quilo da protensão aderente e da não aderente), do custo do concreto e das
fôrmas e ainda, de outros fatores que fogem da competência do engenheiro de
estruturas, tais como a disponibilidade destes materiais e de mão-de-obra
especializada para a construção civil utilizando a protensão.
Na análise dos resultados obtidos, verifica-se que os pisos de edifícios que
utilizaram concreto armado resultaram em um índice de consumo de materiais inferior
aos pavimentos em concreto protendido.
Para a comparação dos modelos, vai-se confrontar os valores dos modelos
E01, E02, E03 e E04 (modelos em laje plana maciça e nervurada) com o modelo A03
(laje plana nervurada de concreto armado), e, os modelos E05 e E06 (modelos com
vigas faixa protendidas), serão comparados aos modelos A01 e A02 (modelo de laje
apoiada sobre vigas). A idéia é comparar os pavimentos com soluções estruturais
semelhantes e confrontar seus resultados.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


Estruturas de pisos de edifícios com a utilização de cordoalhas engraxadas 59

Nos gráficos a seguir, tem-se a comparação dos consumos de materiais para


todos os modelos (armados e protendidos), onde o objetivo é mostrar a variação de
consumo de materiais para todos os exemplos.
O gráfico 5 mostra o consumo de concreto.
Volume total de concreto (m3)

1.200
Volume de concreto (m3)

1.000

800

600

400

200

0
E01 E02 E03 E04 E05 E06 A01 A02 A03
Exemplo

Gráfico 5 – Volume de concreto nos modelos

Vê-se no gráfico 6 a variação de armadura passiva para os modelos.

Quantidade total de armadura passiva (kg)

90.000
80.000
Quantidade de armadura

70.000
60.000
passiva (kg)

50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
E01 E02 E03 E04 E05 E06 A01 A02 A03
Exemplo

Gráfico 6 – Consumo de armadura passiva para os modelos

Vê-se no gráfico 7 a variação da quantidade de fôrmas para os modelos.

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60 Fernando Menezes de Almeida Filho & Márcio Roberto Silva Corrêa

Quantidade total de área de fôrmas (m2)

9.800
Quantidade de área de fôrmas 9.600
9.400
9.200
9.000
(m2)

8.800
8.600
8.400
8.200
8.000
7.800
E01 E02 E03 E04 E05 E06 A01 A02 A03
Exemplo

Gráfico 7 – Consumo de fôrmas para os modelos

Na comparação do consumo dos materiais, inicia-se este procedimento com os


arranjos em lajes planas, conforme explicado anteriormente; são os modelos E01,
E02, E03, E04 e o A03.
O gráfico 8 mostra a diferença de consumo de concreto.
Como valor base, foi escolhido o modelo com menor consumo e os demais
comparados a ele.

25%
22,22% 22,22%
Diferença de consumo de concreto (%)

20%

15%

10%

5%
0,70% 0,70% 0,00%

0%
E01 E02 E03 E04 A03
Exemplo

Gráfico 8 - Diferença de consumo de concreto

O consumo de concreto foi menor no modelo A03, sendo 22,22% mais


econômico que os modelos E01 e E02 e 0,70% mais econômico que os modelos E03
e E04.
No quesito consumo de armadura passiva, o gráfico 9 mostra as diferenças
obtidas. Vale salientar que não está inclusa a quantidade de armadura ativa. Como

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


Estruturas de pisos de edifícios com a utilização de cordoalhas engraxadas 61

valor base, foi escolhido o modelo com menor consumo, sendo os demais a ele
comparados. O modelo que obteve menor consumo foi o E04, que possui o sistema de
protensão aderente.

25%
23,48%
21,41%

Diferença na quantidade de armadura passiva


19,77%
20%

15%
(%)

10%

3,86%
5%

0,00%
0%
E01 E02 E03 E04 A03
Exemplo

Gráfico 9 – Diferença de consumo de armadura passiva

Para o consumo de fôrmas, será feito o mesmo raciocínio. O valor de


referência é do A03, pois corresponde menor consumo (embora a diferença seja de
apenas 0,03% com relação aos modelos com laje plana nervurada protendida). Com
relação aos modelos com laje plana maciça protendida, a diferença foi de 1,55%. O
gráfico 10 mostra a diferença entre o consumo de área de fôrmas. Vale salientar que
as diferenças encontradas são muito pequenas, portanto, os modelos apresentam
consumos relativamente iguais.

1,55% 1,55%
1,60%

1,40%
Diferença na área de fôrmas (%)

1,20%

1,00%

0,80%

0,60%

0,40%

0,20% 0,03% 0,03% 0,00%


0,00%
E01 E02 E03 E04 A03
Exemplo

Gráfico 10 – Diferença de consumo área de fôrmas (m2)

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


62 Fernando Menezes de Almeida Filho & Márcio Roberto Silva Corrêa

Comparando-se os modelos de vigas faixa (E05 e E06) com os modelos


convencionais (A01 e A02) de ALBUQUERQUE (1998), o gráfico 11 mostra a variação
de consumo de concreto.

25% 22,10% 22,10%


Diferença de consumo de concreto (%)

20%

15%
11,40%

10%

5%
0,00%

0%
E05 E06 A01 A02
Exemplo

Gráfico 11 – Variação no volume de concreto

O modelo A02 foi o que apresentou menor consumo de concreto, mostrando


uma economia de 22,10% com relação aos modelos protendidos e, teve ainda um
consumo 11,40% inferior ao modelo A01.
O gráfico 12 mostra a variação da quantidade de armadura passiva nos
exemplos. Novamente, a parcela relativa à armadura ativa não está inclusa nesses
resultados.

25% 22,05%
Diferença na quantidade de

20% 16,84%
15,95%
armadura passiva (%)

15%

10%

5%
0,00%

0%
E05 E06 A01 A02
Exemplo
Gráfico 12 – Diferença de consumo de armadura passiva

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


Estruturas de pisos de edifícios com a utilização de cordoalhas engraxadas 63

Neste gráfico, o modelo A02 destacou-se na economia de armadura passiva


tanto em relação aos modelos com protensão (E05 – 22,05% e E06 – 16,84%) quanto
para o modelo A01 (15,95%). Pode-se notar que a diferença de consumo entre os
modelos E06 e A01 foi de 1,05%, mostrando que, pavimentos com protensão
apresentam uma grande competitividade com relação aos pavimentos convencionais
com lajes maciças.
Para o consumo de fôrmas, será feito o mesmo raciocínio. O valor de
referência é do A03, por ser o menor. O gráfico 13 mostra a diferença de consumo de
fôrmas. Percebe-se que, os modelos protendidos obtiveram uma margem de
economia de material de 11,04% com relação ao modelo A01. Ainda, obtiveram uma
redução de consumo de fôrmas da ordem de 5,38% com relação ao modelo A02.

11,94%
12%
Diferença na área de fôrmas (%)

10%

8%

5,38%
6%

4%

2%
0,00% 0,00%

0%
E05 E06 A01 A02
Exemplo

Gráfico 13 – Diferença de fôrmas com relação aos modelos protendidos

6 TEMPO DE EXECUÇÃO

Neste segmento, será avaliado o tempo de execução dos exemplos estudados,


tanto os modelos em concreto armado quanto os modelos em concreto protendido. A
idéia é salientar as vantagens da utilização da protensão não aderente comparando-se
os tempos de execução com relação à protensão aderente e ao concreto armado.
Para a avaliação do tempo de execução, os critérios que norteiam a escolha de
uma estrutura protendida vão mais além do cálculo da estrutura e, antes de qualquer
decisão, é necessário que a solução apresente competitividade econômica com
relação às demais soluções existentes.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


64 Fernando Menezes de Almeida Filho & Márcio Roberto Silva Corrêa

6.1 Protensão Aderente x Protensão Não Aderente

Com relação ao tempo de execução para os cabos aderentes e não aderentes,


pode-se comparar dois fatores, que são: tempo de posicionamento dos cabos à fôrma
e tempo para executar o devido alongamento do cabo.
O tempo de posicionamento do cabo é o tempo necessário para que os cabos
estejam devidamente fixadas nas fôrmas, de acordo com o projeto, e prontas para
serem concretadas.
De um modo geral, as cordoalhas engraxadas demandam cerca de 20
segundos para serem alongadas. Do mesmo modo, a protensão aderente demanda
um tempo reduzido, porém, ocorre perda de tempo para a fixação do macaco às
fôrmas, transporte do macaco ao local dos cabos e fixação dos cabos no macaco
hidráulico. A vantagem da protensão não aderente está no transporte facilitado do
macaco hidráulico, do fácil posicionamento na fôrma e da simples fixação da
cordoalha ao macaco, enquanto a protensão aderente precisa de macacos pesados.
Segundo o catálogo da MAC – Sistema Brasileiro de Protensão, um macaco
hidráulico para 4 cordoalhas pesa cerca de 70,0 kgf enquanto que o macaco hidráulico
para protensão não aderente pesa cerca de 20,0 kgf.
Para efeito de comparação, vai-se resumir o processo de execução de um
cabo não aderente e de outro aderente.
Para a protensão não aderente, vai-se considerar que os cabos chegam à obra
devidamente cortados, com as ancoragens nas extremidades e prontos para serem
somente posicionados às fôrmas. Assim que o cabo chega à obra, é necessário
apenas que haja o devido transporte do canteiro até o pavimento que está sendo
executado e posicionado à fôrma de acordo com as especificações de projeto. Após a
concretagem e obtenção da resistência mínima à compressão do concreto
(especificação de projeto), é feito o alongamento dos cabos com o transporte do
macaco hidráulico até o local e fixação do cabo ao equipamento.
Para a protensão aderente, vai-se considerar que os cabos chegam à obra
devidamente cortados, com as ancoragens nas extremidades e prontos para serem
somente posicionados às fôrmas. Neste caso, existe um cuidado especial no
transporte das bainhas à fôrma, pois não pode haver, em hipótese alguma, a
passagem de concreto para dentro da bainha, pois esse concreto poderia oferecer
obstáculo ao alongamento que o cabo estará sujeito quando no ato da protensão.
Outro ponto importante é a injeção da pasta de cimento nas bainhas após a
concretagem, sendo este um processo demorado e cuidadoso, pois é necessário que
a bainha esteja preenchida de nata de cimento para que haja a devida aderência entre
a armadura ativa e o concreto. Após a concretagem e a obtenção da resistência
mínima à compressão do concreto (especificação de projeto), é injetada a pasta de
cimento na bainha e, então, é feito o alongamento do cabo com o transporte do
macaco hidráulico até o local e fixação do cabo ao equipamento.
Nesta pesquisa foi verificado que, de acordo com a experiência dos
engenheiros de obra, pavimentos usuais com protensão não aderente são geralmente
mais rápidos que os com protensão aderente em cerca de um dia.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


Estruturas de pisos de edifícios com a utilização de cordoalhas engraxadas 65

6.2 Concreto Armado x Protensão Aderente e Não Aderente

As estruturas que demandam mais tempo para se executar são aquelas com
maior quantidade de vigas e pilares. Desta forma, tanto as lajes com grandes painéis
nervurados, ou com painéis nervurados apoiados em vigas faixas protendidas, quanto
as soluções em concreto armado estudadas por Albuquerque, deverão demandar o
mesmo tempo de execução ou tempos bastante próximos com relação aos modelos
protendidos (cerca de 6 a 7 dias).
De acordo com a pesquisa realizada, as soluções protendidas deveriam levar
em média um tempo de execução de 6 a 7 dias (dados estes extraídos de empresas
de São Paulo), dependendo das características da equipe de trabalho. Já as soluções
em concreto armado demandaram, no mínimo, 7 dias para a devida execução do
pavimento. Esses resultados mostram que é possível a economia de 1 dia/pavimento.
Com relação às lajes planas nervuradas protendidas, estas apresentaram a
menor taxa de consumo de materiais por pavimento, sendo uma solução econômica,
porém, do ponto de vista de execução do pavimento, esta solução torna-se muito
trabalhosa devido à demora no correto posicionamento dos caixotes plásticos e a
partir daí, iniciar a execução das armaduras. De acordo com a experiência dos
engenheiros de obra, foi visto que as lajes planas nervuradas demandam 20% a mais
de tempo em relação às lajes planas maciças, devido ao posicionamento dos caixotes
plásticos e isto representa, em média, a perda de um a um dia e meio, na execução de
pavimentos usuais.
Dentre as soluções estudadas, a de vigas faixa protendidas deveria apresentar
o menor tempo de execução. Porém, a presença de nervuras nas lajes compensa o
tempo ganho na protensão dos cabos nas vigas faixa. Com isso, as soluções com
lajes planas nervuradas protendidas apresentam o mesmo tempo de execução que o
caso das vigas faixa. Do ponto de vista de alongamento dos cabos na estrutura, esta
solução é a mais rápida, pois os cabos apresentam-se reunidos nas três vigas faixa
existentes no pavimento, o que torna o trabalho de transporte do macaco hidráulico
reduzido, aumentando a produtividade da obra.
A solução em laje plana maciça protendida apresenta um tempo de execução
compatível com as demais, porém, existe uma parcela de tempo considerável perdida
com a execução da armadura passiva e do volume de concreto utilizado, porém, esta
apresenta uma execução mais rápida e fácil, do ponto de vista de posicionamento de
fôrmas e armaduras e lançamento do concreto, pois a inexistência de caixotes
plásticos ou de grandes quantidades de vigas aumenta a produtividade da obra,
tornando esta solução novamente competitiva com relação à solução em laje plana
nervurada protendida.
Para as soluções em concreto armado, tanto a solução em laje plana
nervurada quanto as soluções tradicionais (A01 e A02) apresentam um tempo de
execução semelhante, pois a versatilidade que a laje nervurada tradicional (A02)
possui com relação ao consumo de materiais é perdida devido ao posicionamento dos
caixotes plásticos. A laje maciça tradicional (A01) possui consumos menores que os
pavimentos protendidos, mas apresenta grande quantidade de área de fôrmas e
diversos recortes, devido à presença de muitas vigas. A solução em laje plana
nervurada é muito interessante devido ao consumo de materiais, porém, no caso
estudado por Albuquerque (A03), apresenta uma grande quantidade de pilares, o que

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


66 Fernando Menezes de Almeida Filho & Márcio Roberto Silva Corrêa

torna o andamento da obra demorado, além de levar, do mesmo modo que a solução
protendida, ao uso de caixotes plásticos.

6.3 Comentários Finais

Para a eleição da melhor solução que trará maiores benefícios, deve ser dada
prioridade a três fatores:
• Desempenho estrutural;
• Consumo de materiais;
• Tempo de execução.

A análise do pavimento visando o desempenho estrutural é de grande


importância. Porém, não se deve esquecer a economia do arranjo estrutural, pois não
seria viável um arranjo que tivesse grande desempenho e levasse a um alto custo.
A análise visando a economia do pavimento é um critério eliminador, assim
como o desempenho estrutural, pois não adianta desenvolver um projeto estrutural
bem organizado e que atenda às prescrições normativas se ele produzir alto índice de
consumo de materiais, o que o torna inviável sob o ponto de vista econômico.
A idéia é unir o desempenho estrutural à economia dos materiais.
Para se comparar os deslocamentos encontrados nos modelos, a tabela 2
mostra os deslocamentos máximos encontrados. Vale salientar que os deslocamentos
referentes aos modelos em concreto armado não estão ilustrados, pois não foi objeto
de estudo da pesquisa de ALBUQUERQUE (1998), Assim, são ilustradas apenas as
soluções com protensão.
Tabela 2 – Deslocamentos dos modelos protendidos

Modelo Deslocamento (cm)


E01 2,20
E02 1,90
E03 1,10
E04 0,80
E05 1,80
E06 1,60

Com os resultados referentes aos deslocamentos, pode-se ver que os modelos


com protensão aderente são mais rígidos, promovendo menores deslocamentos,
sendo que, o modelo E04 obteve o menor valor.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


Estruturas de pisos de edifícios com a utilização de cordoalhas engraxadas 67

70% 63,64%
Diferença de deslocamentos dos exemplos (%)
57,89%
60% 55,56%
50,00%
50%

40%

27,27%
30%

20%

10%
0,00%
0%
E01 E02 E03 E04 E05 E06
Exemplo

Gráfico 14 – Diferença de deslocamentos para os modelos protendidos

De acordo com o gráfico 14, pode-se observar que os modelos em laje plana
maciça apresentaram maiores deslocamentos, seguidos pelos modelos com vigas
faixa protendidas.
Com isso, conclui-se que, do ponto de vista de desempenho estrutural, o
modelo E04 (laje plana nervurada com protensão aderente) é a melhor escolha.
Partindo para o consumo de materiais, pode-se observar que, de acordo com
os resultados no item 3.2.4, o modelo E04 foi o mais econômico (com uma pequena
diferença em relação ao modelo E03), mostrando assim, que a melhor escolha para
este caso, é novamente, o modelo E04.
Agora, falta avaliar o tempo de execução para os modelos e eleger o
pavimento mais eficaz. De acordo com o item 6.1, observa-se que os pavimentos com
protensão aderente apresentam um gasto maior no tempo de execução, em virtude de
fatores anteriormente citados como: posicionamento de bainhas, injeção de pasta de
cimento, cuidados no transporte da bainha e no posicionamento do macaco hidráulico.
Já a solução E03, isto é, a solução em laje plana nervurada com protensão não
aderente, promoveria o melhor tempo de execução, juntamente com os modelos E05 e
E06 (modelos com vigas faixa protendidas). Logo, pode-se concluir que a solução
mais eficaz é a solução em laje plana nervurada com protensão não aderente (E03).
Os modelos E01 e E02, embora sejam soluções com laje maciça, apresentam
alto consumo de concreto, aumentando o tempo de execução.
Verifica-se que, em uma obra, a maior parte do custo deve-se aos custos
indiretos, que podem ser a mão-de-obra, aluguel de máquinas, dentre outros. Com

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


68 Fernando Menezes de Almeida Filho & Márcio Roberto Silva Corrêa

isso, o modelo E04 perderia com o tempo de execução, levando a gastos maiores que
não são ilustrados nesta pesquisa.
Após todo este procedimento, conclui-se que o modelo com protensão não
aderente (E03) será o mais vantajoso, pois unirá da melhor forma os três fatores:
desempenho estrutural, consumo de materiais e tempo de execução.

7 CONCLUSÕES

Na presente pesquisa foi realizado um estudo sobre a utilização da protensão


não aderente em pavimentos de edifícios residenciais, comparados às soluções com
protensão aderente e em concreto armado, com relação aos índices de consumo de
materiais e ao tempo de execução.
Foram analisados seis modelos com protensão e, em sua análise, foi visto
que a protensão do tipo aderente era a mais econômica, do ponto de vista de
consumo de materiais, com relação à protensão não aderente, e esta diferença se fez
presente na quantidade de armaduras ativas e passivas.
Nas análises foram confrontados os consumos de materiais, sendo eles: o
volume de concreto, área de fôrmas, quantidade de armadura passiva e armadura
ativa. Foi também desenvolvida uma análise sobre o tempo de execução de
pavimentos com e sem protensão, no sentido de mostrar o grau de competitividade
dos pavimentos que utilizam a protensão, seja ela do tipo aderente ou não aderente.
Para que haja competitividade econômica da solução é necessário que o
sistema apresente características que unam a execução e o consumo de materiais.
Assim, quando se escolhe o processo de laje protendida, usualmente se compara
com a solução em concreto armado, verificando a sua possibilidade pelos critérios
técnicos, pela arquitetura ou preferência do cliente.
Daí é necessária uma quantificação de custos, avaliação das facilidades de
execução oferecidas pela solução, equipamento e mão-de-obra disponíveis,
integração com o projeto arquitetônico, interferência com as instalações, durabilidade
e qualidade da estrutura, fator tempo e outros.
Só com todas as variáveis envolvidas no processo sendo analisadas é que se
pode optar por uma solução. Claro que nunca se pode ter a melhor solução, mas com
certeza pode-se chegar o mais próximo dela, pois, quanto mais informações são
dadas ao construtor para a avaliação das soluções, provavelmente ter-se-á escolhida
uma boa alternativa estrutural.
No consumo de materiais, foi visto que os pavimentos em concreto armado
obtiveram um menor índice de consumo de concreto, devido às imposições do Projeto
de Revisão da NBR 6118-2001 com relação à espessura mínima para lajes
protendidas maciças (16,0 cm).
Dentre os modelos analisados pelo programa computacional TQS®, o modelo
E04, isto é, o dotado de laje plana nervurada com protensão aderente apresentou os
melhores resultados com relação ao consumo de materiais, em especial, o consumo
de armadura passiva, de armadura ativa e de volume de concreto, mostrando a
grande versatilidade deste sistema. Porém, no quesito de tempo de execução, este
modelo estrutural apresenta a deficiência do tempo consumido no posicionamento dos

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


Estruturas de pisos de edifícios com a utilização de cordoalhas engraxadas 69

caixotes plásticos que, embora sejam leves e práticos, é necessário que sejam presos
de forma adequada, para que não haja defeitos na seção transversal das nervuras.
Ainda, na análise dos modelos, seis da presente pesquisa e três do estudo
desenvolvido por ALBUQUERQUE (1998), os exemplos em concreto armado foram
mais econômicos em relação aos modelos utilizando protensão, em especial, o
modelo A02, isto é, o com laje nervurada apoiada em vigas sobre pilares. Porém, do
mesmo modo que o modelo A01, estes exemplos apresentam recortes e pilares
internos, perdendo a versatilidade do arquiteto em poder trabalhar com o arranjo
interno do pavimento mais livre. O modelo A03, que consiste no pavimento com laje
plana nervurada de concreto armado apoiada em pilares, é mais econômica do que os
similares em concreto protendido, porém, apresenta uma grande quantidade de
pilares em seu arranjo (18 no total), reduzindo a produtividade da obra e favorecendo
o modelo protendido (14 pilares no total).
Para as lajes planas nervuradas protendidas, foi observado uma grande
competitividade com relação à solução em concreto armado (A03), pois, além de
apresentar pequeno número de pilares, taxa de armadura inferior e menor quantidade
de fôrmas, o pavimento apresenta um vão livre médio da ordem de 7,00m, tornando
esta solução atraente para os arquitetos.
Do mesmo modo que os modelos com laje plana nervurada protendida, os
modelos com laje plana maciça apresentaram um consumo superior à solução em
concreto armado (A03), porém, existe um ganho no tempo de execução devido à
inexistência do posicionamento dos caixotes plásticos e, ainda, o pavimento
apresenta um vão livre médio da ordem de 7,00 m, igual aos modelos em laje plana
nervurada protendida, tornando esta solução igualmente atraente para os arquitetos.
Então, pode-se concluir satisfatoriamente que a protensão não aderente é
uma solução muito vantajosa, do ponto de vista executivo e de consumo de materiais,
pois, para pavimentos com maiores dimensões, o concreto armado perderia a
versatilidade econômica que possui com a presença de muitos recortes nas fôrmas e
da grande quantidade de vigas e pilares, e do ponto de vista executivo, esses recortes
e a presença de muitos elementos estruturais atrasariam o andamento da obra. A
protensão aderente, embora ligeiramente mais econômica, pois uniria a versatilidade
com o consumo de materiais, perderia em produtividade na obra, onde, um dos
principais gastos na construção civil é justamente com a mão-de-obra empregada.
Com essa conclusão, mostra-se que a união entre versatilidade, consumo de
materiais e tempo de execução converge para a protensão não aderente como opção
viável e adequada.
A figura 7 ilustra um fluxograma com as características das soluções
estudadas conforme o que foi observado nesta pesquisa. Vale salientar que, cada
caso é um caso, e deve ser analisado com todas as alternativas possíveis. É claro
que as soluções com protensão apresentam um preço um pouco mais elevado que as
construções em concreto armado. Porém, a versatilidade e a produtividade obtidas
com tais soluções tornam esta solução mais apreciada pelos escritórios de
arquitetura.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


70 Fernando Menezes de Almeida Filho & Márcio Roberto Silva Corrêa

Solução em Solução com Solução com


Concreto Armado Protensão Aderente Protensão
Não Aderente

Economia Economia
Economia Versatilidade Versatilidade
de Materiais de Materiais
de Materiais

Produtividade

Figura 7 – Características das soluções estudadas

8 AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pelo apoio financeiro, sem o qual esta pesquisa não poderia ter sido
realizada, e a TQS Informática pela ajuda na preparação dos modelos protendidos.

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, A. T. (1998). Análise de alternativas estruturais para edifícios de


concreto armado. São Carlos. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de
São Carlos - Universidade de São Paulo.

ALMEIDA FILHO, F. M. (2002). Estruturas de pisos de edifícios com a utilização


de cordoalhas engraxadas. São Carlos. Dissertação (Mestrado) - Escola de
Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. (2001). NBR


6118/2001 - Projeto de revisão e comentários da NBR 6118/78 – Projeto e
execução de estruturas de concreto armado. 180p. Rio de Janeiro.

MATTOCK, A. H.; YAMAZAKI, J.; KATTUKA, B. T. (1971). Comparative study of


prestressed concrete beams, with and without bond. ACI Journal, p.116-125, Feb.,
1971.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 49-70, 2007


ISSN 1809-5860

ANÁLISE DA INSTABILIDADE LATERAL DE DUAS


VIGAS PRÉ-MOLDADAS PROTENDIDAS
Maria Cristina Vidigal de Lima1 & Mounir Khalil El Debs2

Resumo

O estudo da estabilidade das fases transitórias de vigas esbeltas e de grandes vãos é


muito importante tanto para garantir a integridade estrutural do elemento como a
segurança durante o manuseio. O programa computacional desenvolvido considera que
a resposta não-linear da estrutura para um estado de carregamento está associada às
características do comportamento mecânico dos materiais. O modelo numérico
implementado permite calcular a variação da rigidez à torção após a fissuração por
flexão, considerando a influência da seção transversal, do estado de fissuração e do
efeito de pino das armaduras. Dentro deste contexto, analisou-se numericamente neste
trabalho, o comportamento global de uma tesoura protendida de cobertura com seção
transversal variável sob tombamento lateral gradual. A fase de içamento foi modelada
numericamente considerando apoios deformáveis à torção nos pontos de suspensão
para a tesoura protendida de 20m de vão e para uma viga protendida de ponte de
45,45m. Enfim, a medida da segurança do içamento da tesoura protendida foi
calculada numericamente, considerando apoios deformáveis à torção. Os resultados
numéricos mostram a importância de se escolher adequadamente o comprimento dos
balanços, bem como a inclinação dos cabos de suspensão, garantindo a estabilidade da
viga.

Palavras-chave: instabilidade lateral; torção, vigas pré-moldadas; concreto pré-


moldado; concreto protendido.

1 INTRODUÇÃO

No projeto das estruturas pré-moldadas, além da fase de utilização, é necessário


considerar também as fases transitórias de montagem, ou seja, todas as situações
provisórias desde a produção do elemento até a sua disposição final na estrutura.
Estas etapas temporárias, como por exemplo o içamento e o transporte, constituem,
em muitos casos, em fases críticas com relação à estabilidade lateral.
Um estudo sobre confiabilidade das fases de montagem de estruturas pré-moldadas
apresentado por Sexsmith [1] mostra que ainda não existem critérios de projeto que

1
Professora Doutora da Faculdade de Engenharia Civil - UFU, macris@ufu.br
2
Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas - EESC-USP, mkdebs@sc.usp.br

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


72 Maria Cristina Vidigal de Lima & Mounir Khalil El Debs

levem em conta os possíveis carregamentos e as condições das vinculações


temporárias.
As vigas pré-moldadas de pontes, geralmente longas, delgadas e protendidas, são
elementos estruturais altamente sujeitos ao colapso por flambagem lateral. Segundo
Stratford & Burgoyne [2], o problema da estabilidade lateral destas vigas tornou-se
potencial uma vez que a indústria da construção pré-fabricada tem aliado melhor
comportamento mecânico com menor peso-próprio e máximo vão. Para máximo
comprimento longitudinal e menor peso, tem-se tornado prática a redução da largura
das mesas, resultando em seções com menor rigidez à torção e menor rigidez à
flexão lateral. Estas medidas contribuem para aumentar os riscos de instabilidade
lateral.
Por outro lado, as vigas convencionais de edifícios, durante a fase de montagem,
quando as ligações dos apoios são ainda precárias, podem apresentar perda de
equilíbrio como corpo rígido, caso este observado por Catania & Cocchi [3] e que
pode ser visualizado na Figura 1.

Figura 1 – Perda de equilíbrio como corpo rígido. Catania & Cocchi [3].

Para evitar o colapso por perda de estabilidade lateral deve-se observar se os


elementos estruturais possuem rigidez lateral suficiente para evitar a redução da
capacidade resistente, por excesso de deformação ou fissuração.
Embora o carregamento nas fases temporárias se limite ao peso-próprio, uma
eventual carga lateral de vento e as inevitáveis imperfeições construtivas podem
iniciar o processo de instabilidade. As imperfeições geradas na fase construtiva são
basicamente provocadas pelo controle ineficaz do posicionamento das armaduras,
pela não homogeneidade da peça moldada, pelos erros de posicionamento das fontes
de calor na cura acelerada ou gradientes térmicos, pela retração diferenciada entre as
faces laterais dos elementos, pela má execução da protensão, apresentando perdas
excessivas e não controladas. Tais variações podem causar curvatura horizontal e
vertical no elemento durante sua fabricação. No içamento, também podem ocorrer
desvios laterais resultantes do posicionamento dos cabos de suspensão.
Alguns trabalhos disponíveis na literatura técnica permitem desenvolver uma análise
simplificada do comportamento de vigas durante a fase de içamento, uma vez que o
problema completo da instabilidade lateral com torção apresenta solução analítica
complexa. Stratford & Burgoyne [2] desenvolvem um estudo no regime elástico-linear
e consideram que a viga não gira por torção. Assim, considerando rigidez infinita à

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


Análise da instabilidade lateral de duas vigas pré-moldadas protendidas 73

torção, o modo de flambagem de uma viga suspensa é tratado pelos citados autores
como um problema de flexão lateral em torno do eixo de menor inércia combinado
com rotação de corpo-rígido em torno do eixo que une os pontos de fixação dos cabos
de içamento.
Mast [4] apresenta um estudo simplificado sobre a estabilidade lateral de vigas
protendidas de pontes, com recomendações de projeto baseado em fatores de
segurança contra a fissuração e contra a ruptura. Estes fatores dependem da altura
do eixo de giro, da excentricidade lateral inicial, da rigidez lateral e da máxima
inclinação permissível para a viga. Mast [5], baseado em um ensaio de uma viga de
ponte em escala real sob tombamento lateral gradual, mostra que as vigas suportam
ângulos maiores que o ângulo limite de fissuração, devendo a rigidez lateral ser
reduzida.
Lima [6] aborda o problema da instabilidade lateral das vigas pré-moldadas durante o
regime de serviço e as fases transitórias através do estudo do equilíbrio no espaço,
realizado a partir da resolução das equações diferencias regentes da instabilidade
elástica. Na fase de serviço inclui os casos de apoios deformáveis e indeformáveis à
torção. Nas fases transitórias, o cálculo da carga crítica é desenvolvido para diversas
disposições dos cabos de içamento. Entretanto, estudos baseados nas hipóteses de
regime elástico-linear nos fornecem, como uma primeira aproximação, o cálculo da
carga crítica de instabilidade lateral. Mas, uma análise mais realista consiste em
considerar o comportamento não-linear dos materiais bem como sua relação com o
surgimento de fissuras, o que requer o estudo e desenvolvimento de uma forma de se
obter a efetiva rigidez à torção e à flexão bi-lateral, uma vez que estas dependem da
distribuição das tensões na seção transversal em análise.
Neste contexto, será a seguir desenvolvido um estudo dos riscos de instabilidade
lateral, baseado em respostas numéricas, de uma tesoura protendida produzida
comercialmente pela empresa Marka Sistemas Construtivos em Concreto Estrutural,
durante a fase de içamento. A segurança da fase de içamento da viga ensaiada por
Mast [5] será analisada numericamente e comparada aos fatores de segurança
obtidos das recomendações de Mast [4].
A análise numérica será desenvolvida através de um programa computacional de
pórticos espaciais com discretização longitudinal da viga em elementos finitos. A
resposta não-linear da estrutura depende do comportamento mecânico dos materiais,
tendo sido admitido comportamento bi-linear com encruamento positivo para as
armaduras passivas e comportamento elasto-plástico perfeito para as armaduras de
protensão. O efeito de tension-stiffening ou enrijecimento dado pelos trechos armados
não fissurados, entre fissuras, é considerado no comportamento à tração do concreto.
O procedimento incremental e iterativo leva em conta a variação da rigidez à torção
em função do estado de fissuração por flexão bi-lateral, através do modelo proposto
por Hannachi & Fouré [7].

2 CONSIDERAÇÕES DA MODELAGEM NUMÉRICA

O programa computacional desenvolvido para análise de pórticos espaciais consiste


na discretização do elemento estrutural em elementos finitos lineares, sendo cada
barra definida por 2 nós, com 6 graus de liberdade cada um. Cada nó está associado
a uma seção transversal, podendo esta ser retangular, seção T ou seção duplo T.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


74 Maria Cristina Vidigal de Lima & Mounir Khalil El Debs

Para o carregamento externo aplicado, calculam-se os deslocamentos nodais no


sistema global de coordenadas. Destes, obtém-se os deslocamentos nodais no
sistema local dos elementos, e com isto, calculam-se as curvaturas de flexão vertical
e lateral, a taxa de giro por torção e a deformação axial em cada nó.
A seção transversal de concreto armado é então discretizada nas duas direções, e em
cada elemento discretizado da seção, calcula-se a deformação longitudinal em função
do estado de deformação. O valor desta deformação em cada elemento da seção, a
partir do qual será calculada a tensão correspondente, dependendo da lei constitutiva
do material em questão, é dado por:

ε l ( i ) = η − y( i ).χ z − z( i ).χ y (1)


onde η é a deformação axial da seção transversal, χ y e χ z são as curvaturas de
flexão com relação aos eixos y e z, respectivamente e y(i) e z(i) são as coordenadas
do CG do elemento i da seção transversal discretizada.
Conhecidas as tensões normais em cada elemento da seção discretizada obtém-se
os esforços internos de flexão bi-lateral e força normal.
O momento de torção pode ser obtido considerando o diagrama bi-linear proposto por
Lampert [8], no qual a rigidez à torção pós-fissuração depende da quantidade total de
armadura longitudinal e transversal da seção. Uma alternativa mais interessante e
apropriada ao problema da instabilidade lateral consiste em utilizar o modelo de
Hannachi & Fouré [7] para calcular a rigidez à torção.
Hannachi & Fouré [7] propõem um modelo teórico para o cálculo da rigidez à torção
de vigas de concreto armado com seção qualquer, fissuradas por flexão, e
submetidas a pequenos momentos de torção. Trata-se, portanto, de um problema de
estabilidade de forma. No referido modelo são consideradas a influência de
parâmetros como a forma da seção transversal, o estado de fissuração da peça e a
presença das armaduras longitudinais. Segundo Hannachi & Fouré [7], mesmo que as
tensões resultantes do momento de torção sejam pequenas, deve-se considerar no
estudo da estabilidade, o efeito da rotação por torção. Os citados autores observam
ainda que a rigidez à torção pura depende da abertura de fissuras, diminuindo à
medida em que o momento de torção torna-se suficientemente elevado. Assim, o
comportamento à torção de vigas de perfis delgados abertos, fissuradas por flexão,
pode ser interpretado considerando comportamento elástico não-linear. Nesta
abordagem, Hannachi & Fouré [7] sugerem calcular um módulo fictício de deformação
transversal que permita alterar o comportamento médio do concreto armado fissurado.
Para isto consideram a contribuição das armaduras através da consideração do efeito
de pino e a contribuição do concreto diferenciada da zona tracionada para a zona
comprimida, onde nesta última assume-se módulo de deformação transversal
constante.
A expressão proposta por Hannachi & Fouré [7] para cálculo da rigidez à torção global
pós-fissuração GJ t depende da abertura tm e do espaçamento sm das fissuras de
flexão, do diâmetro das armaduras longitudinais, dos módulos de elasticidade dos
materiais envolvidos, da rigidez à torção da seção não fissurada e de um fator de
correção ψ função da relação tm/sm e do tipo de seção transversal.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


Análise da instabilidade lateral de duas vigas pré-moldadas protendidas 75

⎡ ⎡ 1 1 ⎤ ⎤
⎢ ⎢ − ⎥ ⎥
1 ⎢ 1 ⎣ ( GJt )b G o J t ⎦ ⎥
= ψ. + (2)
GJt ⎢ G o Jt ⎡ 1 1 ⎤ ⎥
⎢ 1+ ⎢ − ⎥ m a⎥
s . R
⎣⎢ ⎣ ( GJ t )b G o J t ⎦ ⎦⎥
onde Ra é a rigidez à torção dada pelas armaduras na seção da fissura,
representando fisicamente o efeito de pino, (GJt)b é a contribuição do concreto
fissurado e GoJt do concreto não fissurado.
Assim, numericamente calcula-se a abertura e o espaçamento de fissuras na seção, e
em função deste valor calculam-se os parâmetros necessários ao cálculo da rigidez à
torção da seção fissurada por flexão, e com esta calcula-se o momento de torção na
seção transversal em análise.
Enfim, uma vez conhecido os momentos fletores, o momento de torção e a força
normal em cada uma das seções nodais que formam o elemento longitudinal, por
equilíbrio obtém-se os esforços cortantes. Com os esforços nas coordenadas globais,
verifica-se se o carregamento aplicado equilibra-se com os esforços internos. Até que
seja atingido o equilíbrio de forças dentro de uma certa tolerância especificada, tem-
se um procedimento incremental e iterativo através da reaplicação do delta de força
desequilibrado.
O recurso da consideração de apoios deformáveis através de seus coeficientes de
rigidez consiste em ferramenta útil implementada numericamente para a análise da
instabilidade lateral na fase de içamento.
Maiores detalhes com relação à formulação numérica anteriormente apresentada
podem ser encontrados em Lima [9].

2.1 Leis constitutivas dos materiais

Para o concreto à compressão, a relação tensão-deformação é expressa através do


diagrama parábola-retângulo. À tração considerou-se que a região de concreto que
circunda a armadura longitudinal é influenciada pela capacidade da armadura
longitudinal de absorver esforços de tração nos chamados trechos de enrijecimento. O
efeito de tension-stiffening refere-se ao enrijecimento oferecido pelo concreto não
fissurado entre duas fissuras, ao redor da armadura tracionada. Formalmente, a altura
da zona de envolvimento da armadura é considerada igual a 7,5 vezes o diâmetro da
mesma. No entanto, Yamamoto [10] sugere como valor recomendável utilizar 2,5φ,
conforme ilustra a Figura 2, valor este utilizado neste trabalho.
Para representar o comportamento do concreto tracionado na zona enrijecida, dentre
as várias leis disponíveis na literatura técnica, utilizou-se a proposta por Vebo & Ghali
apud El-Metwally et al. [11] e ilustrada na Figura 3, sendo:
1, 2f t 2,1f t 11,1f t
ε1 = ε2 = ε3 = (3)
Ec Ec Ec
onde ft é a resistência à tração do concreto e Ec é o módulo de elasticidade do
concreto.

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76 Maria Cristina Vidigal de Lima & Mounir Khalil El Debs

2,5φ Região de tension-stiffening

Figura 2 - Zona recomendável para consideração do efeito de tension-stiffening.

Para regiões de concreto na seção transversal fora da região com o efeito de


enrijecimento, considera-se que o concreto tracionado obedece à lei de Hooke até
atingir a deformação limite correspondente à fissuração, e uma vez fissurado, a
tensão de tração absorvida é nula.
ft
0,90f t

Ec/2

0,45f t
1
0,75E c Ec/20
1

εt
ε1 ε2 ε3

Figura 3 – Diagrama tensão-deformação do concreto à tração na zona enrijecida.

3 TESOURA PROTENDIDA

3.1 Características Geométricas da Tesoura Protendida

As dimensões e as características geométricas das seções transversais da tesoura


protendida, bem como o detalhamento das armaduras longitudinais e transversais
encontram-se ilustrados nas Figuras 4 e 5, respectivamente.
As armaduras longitudinais indicadas na Figura 4 encontram-se identificadas na
Tabela 1. Os estribos têm comprimento e altura variável, diâmetro de 6,3mm,
espaçados a cada 16cm. A espessura do cobrimento utilizado foi de 2cm.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


Análise da instabilidade lateral de duas vigas pré-moldadas protendidas 77

N11
N4
N3
N5
B N6
A N7
150
N8
N9
N10
30
N2 A B N12 N1
296
980

30

N4

12
N3
N7

N8
Unidade [cm]
N4

var
N9
var

N10
N1
CP N1
N2
CP
30 12

Corte AA Corte BB
Figura 4 - Tesoura protendida: detalhamento da armadura longitudinal.

Tabela 1 – Armaduras longitudinais da tesoura protendida.

# Quantidade – Diâmetro (mm) Comprimento (cm)


N1 4φ16,0 1200
N2 4φ12,5 298
N3 8φ12,5 710
N4 8φ12,5 980
N5 2φ10,0 324
N6 2φ10,0 650
N7 2φ10,0 975
N8 2φ10,0 1300
N9 2φ10,0 1200
N10 2φ10,0 1200
N11 8φ12,5 150
N12 4φ16,0 850

A viga tem 2 cabos de protensão CP 190-12,5mm com cordoalhas de 7 fios. A força


de protensão em cada cabo foi de 140kN. A excentricidade de protensão no nó do
apoio é de 11,375cm. A resistência característica do concreto à compressão foi
considerada igual a 30 MPa e o módulo de elasticidade do concreto igual à 30 GPa. O
módulo de elasticidade das armaduras passivas foi adotado igual à 210 GPa e das
armaduras de protensão igual a 195 GPa.
A tesoura protendida foi modelada numericamente ao longo da linha que une o centro
de gravidade das seções, tendo sido dividida em 31 elementos longitudinais de barra
e 32 nós. Cada barra é identificada por seus nós, e cada nó está associado à seção
transversal correspondente. A viga tem seção transversal variável ao longo do
comprimento, sendo retangular do nó 1 ao nó 11 e de seção T entre o nó 11 e o nó

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


78 Maria Cristina Vidigal de Lima & Mounir Khalil El Debs

32, conforme pode-se observar na Figura 6. O carregamento externo considerado na


viga protendida resume-se ao peso-próprio.
E61
E60

E55

E50
E59

E5
E4
E3
E2
E1
296
980

Figura 5 - Tesoura protendida: detalhamento da armadura transversal.

y 32 150

14
6 9
1 x

z
296
980

Figura 6 – Modelagem numérica através de elementos lineares ao longo da linha do CG.

3.2 Análise sob Tombamento Lateral Gradual

Será a seguir apresentada a análise numérica obtida para a tesoura protendida sob
tombamento lateral gradual, procedimento este utilizado no ensaio em escala real
realizado por Mast [5], a fim de conhecer o comportamento global da mesma à
medida que a flexão lateral passa a dominar o problema da instabilidade. O giro foi
aplicado em torno da linha que une os nós de apoio da viga. Desta forma, aplicando
giro imposto, observa-se o comportamento mostrado na Figura 7, com relação aos
deslocamentos vertical e lateral da seção do meio do vão, considerando o
tombamento com balanços de 404cm (apoio no nó 14), 148cm (apoio no nó 6) e sem
balanços (apoio no nó 1).
A Figura 8 ilustra o quadro de fissuração da seção transversal no meio do vão, para o
caso de tombamento sem balanços. A fissuração obedece, numericamente, à
consideração da zona de envolvimento da armadura. Por este motivo, alguns
elementos discretizados atingem tensão nula à tração antes de outros mais
solicitados, como pode-se observar na Figura 8. A fissuração do concreto começa na
etapa de 10o de giro imposto tanto na análise com balanços de 148cm quanto na
análise da viga sem balanços.
Tanto para apoio no nó 1 como no nó 6, na etapa de giro imposto igual a 25o, escoam-
se as duas armaduras longitudinais extremas As21 e As17, da mesa superior
tracionada, nas seções centrais. Com 30o de inclinação lateral ocorre ruptura de
várias armaduras longitudinais tracionadas e comprimidas.
Observa-se, nas Figuras 9 e 10, que o comportamento numérico obtido para as
deformações na seção do meio do vão das armaduras e do concreto para balanços
de 148cm e para a viga apoiada nas extremidades é muito próximo. Porém, com

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


Análise da instabilidade lateral de duas vigas pré-moldadas protendidas 79

balanços maiores, o efeito do peso-próprio sobre a protensão é menor, resultando em


maiores solicitações nos materiais.

120
Lateral - a=0 Vertical - a=0
Lateral - a=148cm Vertical - a=148cm
100

Deslocamentos seção em L/2 [cm]


Lateral - a=404cm Vertical - a=404cm

80

60

40

20

0
0 5 10 15 20 25 30

-20

Etapas de giro imposto [graus]

Figura 7 – Deslocamentos laterais e verticais da tesoura protendida: com e sem balanços.

Numericamente, obteve-se fissuração com inclinação de 5o, conforme quadro de


fissuração apresentado na Figura 11, e ruptura de armaduras longitudinais com 30o,
na análise com balanços de 404cm.

Elemento
fissurado

Elemento
não
fissurado

(b) 10o (c) 15o (d) 20o (e) 25o


Figura 8 – Quadro de fissuração da seção do meio do vão: Caso sem balanços.

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80 Maria Cristina Vidigal de Lima & Mounir Khalil El Debs

6,0E-03

4,0E-03 C1 C4

Deformação no Concreto
2,0E-03
C2 C5

0,0E+00
0 5 10 15 20 25 30

-2,0E-03
C3 C6

-4,0E-03
Etapas de giro imposto [graus]
1-C1 6-C1 1-C4 6-C4
1-C2 6-C2 1-C5 6-C5
1-C3 6-C3 1-C6 6-C6

Figura 9 – Deformação no concreto: balanços de 148cm (nó 6) e sem balanços (nó 1).

6,0E-03
1-As1 6-As1

5,0E-03 1-As2 6-As2 As21 As22 As23 As24


1-As3 6-As3
Deformação na Armadura Longitudinal

1-As4 6-As4
4,0E-03 As17
1-As21 6-As21
1-As22 6-As22
3,0E-03
1-As23 6-As23
1-As24 6-As24
2,0E-03

1,0E-03

0,0E+00 As3 As4


0 5 10 15 20 25 30 As1 As2
-1,0E-03

-2,0E-03

Etapas de giro imposto [graus]


Figura 10 – Deformação das armaduras longitudinais: balanços de 148cm e sem balanços.

A variação da rigidez à torção obtida numericamente através do modelo de Hannachi


& Fouré [7] em função das etapas de giro imposto pode ser visualizada na Figura 12.
Observa-se que com balanços maiores, a fissuração inicia-se precocemente.

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Análise da instabilidade lateral de duas vigas pré-moldadas protendidas 81

Elemento
fissurado

Elemento
não
fissurado

(a) 5o (b) 10o (c) 15o (d) 20o (e) 25o


Figura 11 – Quadro de fissuração da seção transversal do meio do vão: balanços de 404cm.

1,2

1,0
Variação da rigidez à torção

0,8

0,6

0,4
a=0

0,2 a=148cm
a=404cm

0,0
0 5 10 15 20 25
Etapas de giro imposto [graus]

Figura 12 – Variação da rigidez à torção versus etapas de giro imposto.

3.3 Simulação da Fase de Içamento Através de Apoios Deformáveis

A simulação numérica da fase de içamento da tesoura protendida foi analisada neste


trabalho considerando apoios deformáveis à torção. Quatro comprimentos de
balanços foram avaliados, entre eles, de 148cm (apoio no nó 6), de 244cm (apoio no
nó 9), de 404cm (apoio no nó 14) e situação sem balanços (apoio no nó 1). Vale
observar que, na prática, o içamento sem balanços não ocorreria exatamente no nó
extremo, como o nó 1, mas pelo menos a 25cm da extremidade da viga.
A viga foi modelada numericamente com apoios deformáveis à torção, tendo sido
estimada a constante de mola considerando o equilíbrio entre a reação no cabo e o
giro permitido pela mola, conforme ilustra a Figura 13. A constante de mola K θx é
então dada pela equação (5).
P
e i = K θx .θ x (4)
2
P sen( θ x ) (5)
K θx = .y sup .
2 θx
Para cada posição de içamento calculou-se a constante K θx , conforme as equações
(6), (7), (8) e (9).

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82 Maria Cristina Vidigal de Lima & Mounir Khalil El Debs

P sen( θ x ) sen( θ x )
Nó 1: K θx = .y sup . = 3634 * 15 * (6)
2 θx θx
P sen( θ x ) sen( θ x )
Nó 6: K θx = .y sup . = 3634 * 23 * (7)
2 θx θx
[ kgf .cm / rad ]
P sen( θ x ) sen( θ x )
Nó 9: K θx = .y sup . = 3634 * 29 * (8)
2 θx θx
P sen( θ x ) sen( θ x )
Nó 14: K θx = .y sup . = 3634 * 32,81 * (9)
2 θx θx

Assim, a tesoura protendida foi analisada com apoios deformáveis nos nós 1, 6, 9 e
14, variando-se a excentricidade lateral inicial. A Figura 14 mostra o quanto a viga gira
por torção em função da excentricidade inicial adotada, sob o carregamento devido ao
peso-próprio, na simulação das quatro situações de içamento. Pode-se observar na
Figura 14 que o içamento com balanços de uma viga protendida deve ser
cuidadosamente analisado. Nota-se que a tendência de giro por deformação e corpo-
rígido é oposta da situação sem balanços e com balanços pequenos, com relação à
situação com balanços em torno dos quartos de vão. Na primeira, o giro por torção é
positivo e tem efeito estabilizante, e na segunda, negativo e com efeito instabilizante,
conforme ilustram as Figuras 15 (a) e (b), respectivamente. Conforme o gráfico da
Figura 14, a situação ideal de içamento da viga em estudo ocorre para comprimentos
de balanços em torno de 1,5m. Nesta simulação a máxima excentricidade lateral para
a qual existe equilíbrio é de 8,5cm, apresentando giro lateral de 5,69o. Na resposta
numérica, para estes valores, a viga não apresentou fissuração.
Para balanços de aproximadamente 2,5m, a excentricidade máxima alcançada foi
também de 8,5cm, com ângulo de giro igual a –0,51o, iniciando-se nesta fase um
quadro inexpressivo de fissuração. Já com balanços de 4m, a situação foi a mais
crítica, verificando-se o equilíbrio para excentricidade inicial igual a 2,5cm, com giro de
-2,22o, também com fissuração. Na simulação sem balanços, a excentricidade
máxima inicial foi de 5,2cm, com giro de 18,07o, sem apresentar fissuração.

21
a=0
18 a=148cm
P a=244cm
ei 2 a=404cm
15
Giro à torção [graus]

12
θx
y 9
sup

0
0 2 4 6 8 10
-3
Excentricidade lateral inicial [cm]
Figura 13 – Estimativa Figura 14 – Giro à torção versus excentricidade
da constante de mola. lateral inicial da viga.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


Análise da instabilidade lateral de duas vigas pré-moldadas protendidas 83

(a) Balanço com efeito estabilizante (b) Balanço com efeito instabilizante
Figura 15 – Influência do comprimento dos balanços no comportamento da viga.

A Figura 16 mostra o quadro de fissuração da seção transversal do meio do vão no


içamento com balanços de aproximadamente 2,5m e 4m, na situação crítica e última
de equilíbrio. Vale lembrar que, numericamente, a fissuração foi considerada levando
em conta a zona de envolvimento da armadura e, por este motivo, alguns elementos
discretizados atingem tensão nula à tração antes de outros mais solicitados.
Os deslocamentos laterais e verticais da seção do meio do vão para as
excentricidades laterais iniciais analisadas podem ser observados na Figura 17, para
cada uma das quatro situações de içamento em estudo. Observa-se que a suspensão
é crítica com balanços de aproximadamente 4m, onde ocorre perda de equilíbrio
ainda para pequena curvatura lateral inicial.

Elemento
fissurado

Elemento não
fissurado

(a) Apoio no nó 9 (b) Apoio no nó 14


ei-máx=8,5cm ei-máx=2,5cm
Figura 16 – Quadro de fissuração com apoio no nó 9 e 14.

A NBR-9062/85 [12] recomenda considerar uma tolerância de linearidade da peça


pré-moldada decorrente de sua execução igual a l / 1000 , ou seja, para a viga em
estudo cujo comprimento longitudinal é 19,6m, uma excentricidade lateral inicial de
aproximadamente 2cm. Levando-se em conta uma tolerância de 6mm no
posicionamento dos cabos de suspensão, tem-se uma excentricidade lateral inicial
total e i f igual a 2,6cm. Portanto, pode-se estimar um fator de segurança FS baseado
nesta excentricidade para os quatro casos analisados de comprimentos de balanços.
Assim, tem-se para a suspensão sem balanços, um fator de segurança igual a 2,
conforme apresentado na equação 10.

e i _ máx 5, 2 (10)
FS = = =2
eif 2 ,6

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84 Maria Cristina Vidigal de Lima & Mounir Khalil El Debs

Tanto a suspensão pelo nó 6, com balanços de 1,5m ou 7,6% do vão, como a pelo nó
9, com 2,5m de balanços ou 12,8% do comprimento da viga, o fator de segurança
estimado é de:

8 ,5
FS = = 3,3 (11)
2 ,6
porém, a suspensão com 2,5m de balanço já começa a apresentar fissuração.

32 32
L-a=0 L-a=148cm
28 28
Deslocamento da seção central [cm]

V-a=0 V-a=148cm
24 24

20 20

16 16

12 12

8 8

4 4

0 0
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10
-4 -4
Excentricidade lateral inicial [cm] Excentricidade lateral inicial [cm]

(a) Sem balanços (b) Balanços de 148 cm


32 32

L-a=244cm L-a=404cm
28 28
Deslocamento da seção central [cm]

V-a=244cm V-a=404cm
24 24

20 20

16 16

12 12

8 8

4 4

0 0
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10
-4 -4
Excentricidade lateral inicial [cm] Excentricidade lateral inicial [cm]

(c) Balanços de 244cm (d) Balanços de 404cm


Figura 17 – Deslocamentos vertical e lateral da seção do meio do vão.

Para a suspensão com balanços de 20,6% do vão, ou balanços de 4m, o fator de


segurança é menor que 1, e portanto, crítico.

2,5
FS = = 0,96 (12)
2,6
Embora as análises desenvolvidas não levem em conta o efeito desfavorável do
vento, a situação de içamento com balanços de 1,5m resultou em um fator de
segurança igual a 3,3, valor este que permite cobrir eventuais carregamentos laterais,
dentro de condições normais.

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Análise da instabilidade lateral de duas vigas pré-moldadas protendidas 85

3.3.1 Içamento com cabos inclinados


Dependendo do equipamento disponível e do comprimento da viga pré-moldada, o
içamento pode ser realizado através de cabos inclinados. Neste tipo de suspensão,
surge uma componente de força horizontal de compressão Nc no ponto do apoio e um
momento fletor Mc de sentido contrário ao devido à protensão, no caso de vigas com
armadura ativa, conforme ilustra a Figura 18.

αc
Mc Nc

αc

Figura 18 – Içamento com cabos inclinados de α c e solicitações Nc e Mc.

Analisou-se numericamente a tesoura protendida suspensa por cabos inclinados com


ângulos de inclinação α c iguais a 45,6o e 63,9o com relação à horizontal. A Figura 19
mostra os resultados numéricos obtidos variando-se a excentricidade lateral da viga.
20

16
Giro à torção [graus]

12

4 cabos retos
cabos inclinados: 63,9 graus
cabos inclinados: 45,6 graus
0
0 1 2 3 4 5 6
Excentricidade lateral inicial [cm]

Figura 19 – Resposta numérica do içamento com cabos retos e inclinados de α c .

Observou-se que no içamento com cabos verticais ou com cabos inclinados de 63,9o
com relação à horizontal resultam respostas numéricas próximas, com relação à
segurança da fase de suspensão, pois:

e i _ máx 5, 2 (13)
FS = = =2
eif 2 ,6
Entretanto, com 45,6o aumentam-se os riscos de instabilidade lateral, uma vez que

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86 Maria Cristina Vidigal de Lima & Mounir Khalil El Debs

obteve-se convergência numérica apenas até excentricidade lateral igual a 3cm.


Neste caso o fator de segurança passa a ser:

e i _ máx 3 (14)
FS = = = 1,15
eif 2 ,6
Pode-se dizer, em linhas gerais, que caso o içamento tenha que ser realizado através
de cabos inclinados, deve-se preferir trabalhar na situação mais próxima possível à da
suspensão com cabos retos.

4 VIGA PROTENDIDA ENSAIADA POR MAST [5]

A fim de desenvolver uma análise da fase de içamento com cabos verticais, a viga
ensaiada por Mast [5] será modelada numericamente com apoios deformáveis à
torção.
O carregamento aplicado se resume ao peso-próprio e à protensão, tendo sido
aplicado em 10 etapas de carga. A constante de mola foi estimada considerando o
equilíbrio entre a reação no cabo e o giro permitido pela mola. A rigidez da mola K θx é
dada por:
P
e i = K θx .θ x (15)
2
P sen( θ x ) sen( θ x ) (16)
K θx = .y sup . = 28161 * 90, 232 *
2 θx θx
A seguir, será analisada a segurança da fase de içamento considerando o
posicionamento dos cabos de suspensão sem balanços e com balanços.

4.1 Suspensão sem balanços

Considerando o efeito da variação da excentricidade lateral inicial ei como fator indutor


da instabilidade lateral, pode-se observar na Figura 20, a resposta numérica obtida
para os deslocamentos vertical e lateral da seção central, com ei igual a 4cm, 5cm,
6cm, 6,2cm e 6,5cm.
Conforme ilustram as Figuras 20 e 21, esta última referente ao giro máximo por torção
na seção central, a situação crítica ocorreu para excentricidade inicial lateral ei igual a
6,2cm. Na análise admitindo ei=6,5cm ocorreu convergência até o nono passo de
carga, no qual a seção central girou de 3,34o. A partir deste ângulo de inclinação
lateral não verificou-se mais convergência, ou seja, não foi encontrada uma posição
de equilíbrio. Nesta posição, a viga perde estabilidade lateral praticamente sem
apresentar um estado razoável de fissuração, como pode-se observar na Figura 22.
A análise da segurança nas fases transitórias também pode ser feita considerando o
efeito do vento associado ou não à possibilidade de excentricidade lateral inicial por
imperfeições construtivas. A modelagem numérica considerando apoios deformáveis
à torção permite simular outras situações práticas, como a fase de transporte em
caminhão, considerando a deformabilidade do sistema hidráulico do mesmo, sendo
possível inclusive considerar um giro imposto devido à superelevação da via de
tráfego.

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Análise da instabilidade lateral de duas vigas pré-moldadas protendidas 87

A NBR-9062/85 recomenda considerar uma tolerância de linearidade da peça pré-


moldada decorrente de sua execução igual a l / 1000 , ou seja, para a viga em estudo
cujo comprimento longitudinal é 45,45m, uma excentricidade lateral inicial de
aproximadamente 4,5cm. Levando-se em conta uma tolerância de 6mm no
posicionamento dos cabos de suspensão, tem-se uma excentricidade lateral inicial
total e i f igual a 5,1cm.
Assim, tem-se para a suspensão sem balanços um fator de segurança igual a 1,22,
conforme estimado pela equação (17).

e i _ máx 6, 2 (17)
FS = = = 1, 22
eif 5,1
Tem-se, portanto, um fator de segurança pequeno e que pode não permitir cobrir
eventuais carregamentos laterais devido ao vento.
18
Deslocamento vertical e lateral em L/2 [cm]

16
L-e=4cm
14 L-e=5cm
L-e=6cm
12
L-e=6,2cm
10 L-e=6,5cm
V-e=4cm
8
V-e=5cm
6 V-e=6cm
V-e=6,2cm
4
V-e=6,5cm
2

0
0 2 4 6 8 10
Etapas de carga

Figura 20 – Deslocamentos vertical e lateral na seção do meio do vão.

4,0

3,5

3,0
Giro à torção [graus]

2,5

2,0

1,5
e=6,5cm
1,0 e=6,2cm
e=6cm
e=5cm
0,5
e=4cm

0,0
0 2 4 6 8 10
Etapas de carga Figura 22 – Quadro de
Figura 21 – Giro à torção na seção do meio do vão. fissuração.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


88 Maria Cristina Vidigal de Lima & Mounir Khalil El Debs

4.2 Suspensão com balanços

Analisou-se neste trabalho seis comprimentos de balanços, desde o içamento pelo nó


2, com 45,45cm de balanço, depois pelos nós 3, 4, 6, e finalmente pelo nó 7, com
272,7cm de balanço. A Figura 23 mostra a variação do ângulo de giro da seção
central em função da excentricidade lateral inicial admitida para a mesma. No
içamento pelos nós 3 e 4, numericamente, a seção transversal do meio do vão
começa a apresentar fissuração, embora inexpressiva, conforme mostra a Figura 24.
Observa-se que a partir da suspensão pelo nó 4, o giro por torção já passa a ser
negativo, ou seja, os balanços têm efeito instabilizante.
3,5

3,0

2,5

Nó 1 - a=0
Giro à torção [graus]

2,0
Nó 2 - a=45,45cm
Nó 3 - a=90,90cm
1,5
Nó 4 - a=136,35cm
Nó 6 - a=227,25cm
1,0
Nó 7 - a=272,70cm

0,5

0,0
0 2 4 6 8 10
-0,5

-1,0
Figura 24 – Quadro de
Excentricidade lateral inicial [cm] fissuração da seção
Figura 23 – Giro à torção na seção do meio do vão crítica: Içamento pelo nó 3
versus Excentricidade lateral inicial. ou nó 4.

O fator de segurança obtido para a suspensão pelo nó 2 é igual a 1,86, conforme


calculado pela equação (18), com giro na seção central igual a 0,279o, sem apresentar
fissuração.

9,5
Nó 2: FS = = 1,86 (18)
5,1
O içamento pelos nós 3 e 4 resulta em FS=1,96, conforme mostra a equação (19),
com um quadro de fissuração insignificante. O giro máximo na seção central foi de –
0,003o e –0,289o, respectivamente.

10
Nó 3 e Nó 4: FS = = 1,96 (19)
5,1
A suspensão pelos nós 6 e 7 têm FS=1,67, não apresentam fissuração, sendo o giro
da seção do meio do vão igual a –0,698o e –0,950o, respectivamente.

8 ,5
Nó 6 e Nó 7: FS = = 1,67 (20)
5,1

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


Análise da instabilidade lateral de duas vigas pré-moldadas protendidas 89

4.3 Fatores de Segurança Segundo Mast [4]

Mast [4] apresenta alguns procedimentos simplificados para a determinação do fator


de segurança da fase de içamento, em termos do limite de fissuração e de ruptura,
considerando as excentricidades geradas na fase de fabricação dos elementos
estruturais.
Segundo Mast [4], uma vez que a existência de imperfeições construtivas e de
montagem é inevitável, é razoável assumir uma excentricidade inicial ei do eixo de
giro da viga em relação ao centro de gravidade do elemento. O eixo de giro, no caso
do içamento por cabos, consiste na linha que une os pontos de fixação dos cabos,
geralmente na face superior da viga.
A existência da excentricidade causa uma rotação inicial na viga, resultando em giro
de corpo rígido e deslocamentos laterais que afasta o centro de massa da viga.
Encontrar ou não uma posição de equilíbrio, depende da rigidez lateral da viga,
podendo equilibrar-se para uma rotação pouco maior que a rotação resultante da não-
linearidade do elemento, ou aumentar até o colapso da viga.
Mast [4] propõe duas expressões para estimar a segurança da viga contra fissuração
e contra ruptura, durante a fase de içamento. Estas fórmulas levam em conta, embora
simplificadamente, a perda de rigidez lateral em função da fissuração da viga. Assim,
o fator de segurança contra fissuração e contra ruptura podem ser calculados
segundo as equações (21) e (22) propostas pelo citado autor.

1
FS fiss =
zo φ (21)
+ i
y r φ máx
y r φ′máx
FS rupt = (22)
z′o φ′máx + e i
onde z o é o valor fictício relacionado à flecha no meio do vão caso todo o peso-próprio
estivesse aplicado lateralmente, y r é a distância do CG à face superior da viga, φ i é a
rotação inicial como giro de corpo rígido devido às imperfeições construtivas, φ máx é a
rotação máxima relativa à fissuração, z′o = z o (1 + 2,5φ′máx ) que por sua vez considera a
inércia da seção fissurada ou inércia efetiva, φ′máx é a rotação máxima relativa à
ruptura e e i é a excentricidade lateral inicial.
Mast [4] recomenda utilizar FSfiss >1 e FSrupt>1,5, e caso FSrupt seja inferior ao valor
obtido para FSfiss, o referido autor sugere considerar FSrupt= FSfiss. Calculando-se,
portanto, os coeficientes de segurança contra fissuração e contra ruptura propostos
por Mast [4], para a situação de içamento pelas extremidades da viga, tem-se:

1 1
FS fiss = = = 1,014 > 1
zo φi 64 ,4942cm 0,0245 rad (23)
+ +
y r φ máx 89,1661cm 0,0936 rad
y r φ′máx 89,1661cm * 0,1164 rad
FS rupt = = = 0,87 < 1,5 (24)
z′o φ′máx + e i 83,3911cm * 0,1164 rad + 2,189cm

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


90 Maria Cristina Vidigal de Lima & Mounir Khalil El Debs

Neste caso, segundo Mast [4], deve-se ter então FSrupt= FSfiss=1,014 que ainda é
menor que o recomendável equivalente à 1,5. Segundo a análise desenvolvida neste
trabalho na equação (17), o fator de segurança é igual a 1,22.
O içamento com balanços iguais a 6% do vão total resulta em fatores de segurança
mais altos e iguais a:

1 1
FS fiss = = = 1,86 > 1
zo φ 32,526cm 0,018604 rad (25)
+ i +
y r φ máx 88,7670cm 0,107900 rad
y r φ′máx 88,787cm * 0,1425 rad
FS rupt = = = 1,59 < FS fiss (26)
z′o φ′máx + e i 44 ,1134 cm * 0,1425rad + 1,6515cm
∴ FS rupt = FS fiss = 1,86 > 1,5 (27)

A Tabela 2 (a) e (b) permite observar a variação dos fatores de segurança contra
fissuração FS fiss e contra ruptura FS rupt para vários comprimentos de balanços.

Estão apresentados nas referidas tabelas todos os parâmetros necessários para o


cálculos dos fatores de segurança recomendados por Mast [4]. São eles: a é o
comprimento do balanço, Mg o momento fletor vertical no meio do vão devido à
protensão e ao peso-próprio, σsup é a tensão normal na mesa superior, σinf a tensão
normal na mesa inferior, σci a máxima tensão de compressão atuante no concreto
(majorada), Δz é a tolerância de deslocamento lateral relacionada ao comprimento da
viga, ei é a excentricidade lateral inicial, R é a curvatura no meio do vão, Δv é o
deslocamento vertical no meio do vão, yr é a altura do CG devido à curvatura vertical
da viga, zo relaciona-se à flecha no meio do vão caso todo o peso-próprio estivesse
aplicado lateralmente, φi é a rotação como corpo rígido, Mlat é o momento lateral
máximo admitindo tensão de tração limite na mesa superior, φmáx é a rotação máxima
relativa à fissuração, φ máx _ r é a rotação máxima de ruptura e z o _ r é o valor máximo
fictício considerando a redução da inércia lateral devido à fissuração.

Tabela 2(a) - Cálculo dos fatores de segurança segundo Mast [4].


a
[cm]
Mg σ sup σ inf σ ci Δz ei M R Δv
0 3,199E+11 -67,1684 -125,868 -209,779 2,3843 2,1895 7,14E+06 1,61E+06 1,6001
45,45 3,071E+07 -62,0855 -131,307 -218,846 2,3843 2,0951 8,42E+06 1,37E+06 1,8869
90,9 2,943E+07 -57,0026 -136,747 -227,912 2,3843 2,0026 9,70E+06 1,19E+06 2,1737
136,35 2,815E+07 -51,9196 -142,187 -236,979 2,3843 1,9120 1,10E+07 1,05E+06 2,4606
227,25 2,559E+07 -41,7538 -153,067 -255,111 2,3843 1,7365 1,35E+07 8,51E+05 3,0343
272,7 2,431E+07 -36,6709 -158,507 -264,178 2,3843 1,6515 1,48E+07 7,77E+05 3,3211
454,5 1,920E+07 -16,3392 -180,266 -300,443 2,3843 1,3312 1,99E+07 5,78E+05 4,4685
909 6,399E+06 34,49 -234,664 -391,107 2,3843 0,6636 3,27E+07 3,52E+05 7,3368

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


Análise da instabilidade lateral de duas vigas pré-moldadas protendidas 91

Tabela 2(b) - Cálculo dos fatores de segurança segundo Mast [4].


a
[cm] yr zo φi M lat φ máx FS fiss φ máx _ r zo _ r FS rupt
0 89,1653 64,5941 0,0246 3,52E+06 0,1101 1,06 0,1164 83,3977 0,87
45,45 89,0488 58,3272 0,0235 3,37E+06 0,1098 1,15 0,1199 75,8059 0,95
90,9 88,9533 52,4400 0,0225 3,22E+06 0,1095 1,26 0,1236 68,6431 1,05
136,35 88,8780 46,9246 0,0215 3,07E+06 0,1091 1,38 0,1277 61,9011 1,16
227,25 88,7857 36,9761 0,0196 2,77E+06 0,1084 1,68 0,1371 49,6459 1,42
272,7 88,7670 32,5260 0,0186 2,62E+06 0,1079 1,86 0,1425 44,1134 1,59
454,5 88,8617 18,0218 0,0150 2,03E+06 0,1056 2,90 0,1719 25,7661 2,65
909 90,0364 1,55030 7,37E-03 1,55E+06 0,2417 20,96 4,36E-02 1,71930 18,92

A Figura 25 ilustra a comparação entre os resultados obtidos segundo procedimentos


recomendados por Mast [4] e os obtidos neste trabalho, através da simulação com
elementos de molas nos nós de içamento.
Assim, as curvas apresentadas na Figura 25 mostram que as expressões propostas
por Mast [4] são válidas para pequenos comprimentos de balanços, e como pode-se
observar na Tabela 2(b), para balanços iguais a 909cm, os fatores de segurança
tornam-se suficientemente grandes e sem valor prático, uma vez que não se adequam
mais ao problema do içamento de uma viga protendida.
Entende-se que, para grandes comprimentos de balanços, a suspensão de vigas com
protensão resultará em um problema com balanços instabilizantes, sendo ainda mais
agravados pelo menor alívio do peso-próprio com relação à protensão, à medida em
que aumenta-se o comprimento dos balanços.
3,5

3,0

2,5
Fatores de Segurança

2,0

1,5

1,0

Mast (1993): FS_fiss=FS_rupt


0,5
FS Numérico

0,0
0 2 4 6 8 10 12
Número do nó de içamento

Figura 25 – Fatores de segurança segundo Mast [4] e resposta numérica deste trabalho.

Por outro lado, a resposta numérica descrita na Figura 25 recomenda cautela na


suspensão com balanços, pois para o nível de protensão considerado deve-se
proceder o içamento com pequenos balanços, sendo os nós 3 e 4 os mais indicados
para tal tarefa.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


92 Maria Cristina Vidigal de Lima & Mounir Khalil El Debs

5 CONCLUSÕES

No caso de vigas protendidas, a suspensão com balanços é uma alternativa que pode
gerar menores esforços solicitantes, dependendo do nível de protensão. Deve-se
observar cuidadosamente o comprimento dos balanços de forma a aumentar a
segurança da fase de içamento, em virtude do efeito do peso-próprio com relação à
protensão, à medida em que o comprimento dos balanços aumenta. Além disto, as
tensões na seção mais solicitada devem estar dentro dos limites de fissuração e de
estabilidade.
A definição do comprimento dos balanços é muito importante uma vez que o mesmo
pode criar um efeito estabilizante ou instabilizante no comportamento geral. Isto é
fundamental em vigas protendidas. No caso de uma viga de concreto armado sem
protensão e com altura constante, a situação mais favorável para a suspensão é a de
balanços nos quartos do vão.
Das análises numéricas com apoios deformáveis à torção, variando-se a
excentricidade lateral inicial da viga, pôde-se obter a excentricidade limite para a qual
encontrou-se numericamente uma posição de equilíbrio. Comparando-se este valor à
excentricidade máxima permitida pela NBR 9062/85 [12] para execução do elemento
pré-moldado, considerando ainda a tolerância devido ao posicionamento dos cabos
de suspensão, pode-se ter uma medida da segurança durante o içamento.
A análise da tesoura protendida sob tombamento lateral gradual através de giros
impostos nos apoios permite observar o comportamento global da viga, levando em
conta o aumento das deformações, desde a fissuração até o escoamento e a ruptura
das armaduras. Observou-se que para a situação crítica com balanços de
aproximadamente 4m ou 20,6% do vão, a viga começa a fissurar-se com 5o de
inclinação lateral e ocorreu ruptura de armaduras longitudinais com 30o de giro
imposto.
A variação da rigidez à torção em função do nível de fissuração por flexão obtida
através da implementação do modelo de Hannachi & Fouré [7], apresentou-se de
forma satisfatória e dentro do comportamento esperado. A resposta numérica obtida
para tombamento lateral com balanços de aproximadamente 4m chegou a 20% de
redução desta rigidez devido à fissuração por flexão.
Conclui-se, portanto, que para o içamento da tesoura protendida em análise, o
comprimento ótimo para os balanços é em torno de 7,5% do comprimento total da
viga, podendo-se chegar à 12,8%. Porém, com 7,5%, não iniciou-se um quadro de
fissuração na seção transversal mais solicitada e o comportamento geral ocorreu com
balanços estabilizantes. O fator de segurança é em torno de 3,3 e o fato de não
apresentar fissuração na seção crítica é ideal, uma vez que não é desejável que
ocorra fissuração no elemento estrutural antes mesmo de ser posicionado no local
para o qual foi projetado.
No içamento com cabos inclinados, o ângulo de inclinação dos mesmos deve ser
observado de forma a introduzir o mínimo possível, solicitações instabilizantes.
Os fatores de segurança propostos por Mast [4] dão uma idéia geral da influência dos
balanços na fase de içamento, porém perdem o significado físico para grandes
comprimentos de balanços. Pôde-se observar que a segurança da fase de içamento
da viga protendida ocorre para a suspensão com balanços de 90 a 130cm de
comprimento. O fator de segurança obtido numericamente nestes casos foi
aproximadamente igual a 2.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


Análise da instabilidade lateral de duas vigas pré-moldadas protendidas 93

Enfim, deve-se procurar realizar o içamento pelos pontos mais favoráveis à


estabilidade desta fase transitória, de forma a cobrir eventuais efeitos não incluidos no
fator de segurança estimado, como por exemplo o vento e os efeitos dinâmicos
naturais da fase de suspensão.

6 REFERÊNCIAS

[1] SEXSMITH, R. G. (1998). Reliability during temporary erection phases.


Engineering Structures, v. 20, p.999-1003.
[2] STRATFORD, T. J. ; BURGOYNE, C. J. (2000). The toppling of hanging beams.
International Journal of Solids and Structures, v. 37, p. 3569-3589.
[3] CATANIA, M.; COCCHI, G. M. (1976). La stabilità dell’equilibrio di travi
prefabbricate durante le fasi transitorie ed in presenza di imperfezioni ed errori
costruttivi. In: ITEC/ LA PREFFABBRICAZIONE, Siena, novembre, p. 209-224.
[4] MAST, R. F. (1993). Lateral stability of long prestressed concrete beams, Part 2.
PCI Journal, Special report, p.70-88, Jan.-Feb.
[5] MAST, R. F. (1994). Lateral bending test to destruction of a 149ft prestressed
concrete I-beam. PCI Journal, v. 39, p.54-62.
[6] LIMA, M. C. V. (1995). Instabilidade lateral de vigas pré-moldadas em regime
de serviço e durante a fase transitória. Dissertação (Mestrado) - Escola de
Engenharia de São Carlos – USP.
[7] HANNACHI, N. E.; FOURÉ, B. (1996). Calcul de la rigidité de torsion des poutres
en béton armé fissurées en flexion. Canadian Journal of Civil Engineering, v. 3,
p.1190-1198.
[8] LAMPERT, P. (1973). Post-cracking stiffness of reinforced concrete beams in
torsion and bending”. ACI Journal, SP35-12, p.385-433.
[9] LIMA, M. C. V. (2002). Contribuição ao estudo da instabilidade lateral de vigas
pré-moldadas. Tese (Doutorado), Escola de Engenharia de São Carlos – USP.
[10] YAMAMOTO, T. (1999). Nonlinear finite element analysis of transverse shear and
torsional problems in reinforced concrete shells. Thesis (Master), University of
Toronto, Canada.
[11] EL-METWALLY, S. E.; EL-SHAHHAT, A. M.; CHEN, W. F. (1990). 3-D Nonlinear
analysis of R/C slender columns. Computers & Structures, v. 37, p.863-872.
[12] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1985). NBR 9062 –
Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro.
[13] LIMA, M. C. V. (2002). Contribuição ao estudo da instabilidade lateral de
vigas pré-moldadas. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos –
USP.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 71-93, 2007


ISSN 1809-5860

FADIGA EM EMENDAS DENTADAS EM MADEIRA


LAMINADA COLADA

Alcebíades Negrão Macêdo1 & Carlito Calil Junior2

Resumo

O objetivo deste trabalho é o estudo da resistência e rigidez das emendas dentadas à


fadiga na tração com as finalidades de propor uma metodologia de ensaio e estimar
um coeficiente redução da resistência à fadiga na tração das emendas dentadas em
relação a madeira maciça, contribuindo para a caracterização destas ligações. Foram
utilizadas duas espécies de madeira, Pinus caribea hondurensis e Eucalyptus grandis,
e dois tipos de adesivos sendo um industrial à base de fenol-resorcinol e um
poliuretano à base de resina de mamona desenvolvido no Instituto de Química de São
Carlos. Foram realizados ensaios cíclicos para três níveis de freqüência (1 Hz, 5 Hz e
9 Hz) e três níveis de tensão (90%, 75% e 60% da resistência) a uma relação R = 0,1.
Com base nos resultados foram propostos coeficientes de redução de resistência à
fadiga da emenda dentada em relação à madeira maciça e verificar que não há
variação significativa da rigidez em função do número de ciclos.

Palavras-chave: fadiga; emendas dentadas; madeira laminada colada.

1 INTRODUÇÃO

A crescente necessidade de utilizar elementos estruturais de qualidade


controlada, juntamente com o marcante avanço na tecnologia dos adesivos e a excelente
disponibilidade de madeira, contribuíram para o surgimento de um novo material de
construção, a Madeira Laminada Colada (MLC). Atualmente este é um material
consagrado no contexto internacional como um dos mais versáteis e eficientes materiais
para a aplicação estrutural. A técnica da MLC apresenta como grande vantagem o fato
de poder empregar madeira de reflorestamento ou mesmo espécies nativas alternativas
(baixa e média densidade), tornando as estruturas de madeira cada vez mais
competitivas.

1
Professor da Faculdade de Engenharia Civil e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da
Universidade Federal do Pará (ITEC-UFPA), anmacedo@ufpa.br
2
Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas EESC-USP, calil@sc.usp.br

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


96 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

1.1 Definições

A MLC é constituída por lâminas de madeira de dimensões relativamente


reduzidas em relação às dimensões finais do elemento estrutural. Estas lâminas são
dispostas com as fibras paralelas ao eixo da peça, sendo solidarizadas entre si por meio
de um adesivo, formando desta maneira peças com as mais variadas formas e
dimensões. O termo Madeira Laminada Colada (MLC) quando aplicado a elementos
estruturais refere-se ao material obtido a partir da colagem de topo e de face de
pequenas peças de madeira, na forma reta ou curva, com as fibras de todas as lâminas
paralelas ao eixo da peça. As lâminas, de comprimentos suficientemente grandes, são
obtidas através da emenda longitudinal de tábuas e podem ser coladas face a face e
borda a borda para a obtenção da altura e largura desejadas, podendo ainda serem
arqueadas para obter uma forma curva durante a colagem. Todos estes fatores oferecem
uma grande variedade de escolhas no projeto, sujeitos somente a restrições físicas
industriais e econômicas envolvidas na produção e/ou uso. Na Figura 1, é mostrado um
esquema geral de uma peça de MLC com o objetivo de facilitar a visualização dos
elementos que a constituem.
Emendas longitudinais

Emendas de borda Lâmina de cola Lâmina


Figura 1 - Esquema geral de uma peça de MLC.

• Lâminas - apresentam espessura variável de acordo com o tipo do elemento


estrutural, podendo variar de 1cm (3/8") a 5cm (2");
• Lâminas de Cola - são constituídas por um tipo de adesivo compatível com a madeira
e a finalidade do elemento estrutural;
• Emendas longitudinais - são utilizadas para a obtenção de lâminas de comprimentos
suficientemente grandes;
• Emendas de borda - são empregadas para obtenção de largura superior à largura das
tábuas disponíveis.

1.2 Justificativas

A produção mundial de madeira para fins estruturais encontra-se por volta de


109 toneladas por ano, o que torna este material muito importante no contexto mundial.
O Brasil apresenta uma grande disponibilidade de madeira, reservas tropicais e de
reflorestamento, que precisa ser explorada adequadamente. Só no Estado de São Paulo,
encontra-se uma área de reflorestamento superior a 950.000 Ha. Apesar da abundância,
a madeira no país ainda é pouco utilizada para fins estruturais, principalmente quando
comparado com os países da Europa e da América do Norte. A Indústria da MLC é uma
alternativa promissora de aproveitamento adequado de tais recursos. Desta forma, torna-
se necessário o conhecimento dos vários fatores que influenciam nas características de

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 97

resistência e rigidez da MLC, proporcionando aos projetistas suporte técnico para o


dimensionamento destes elementos estruturais. Na produção dos elementos estruturais
de MLC são necessárias lâminas de comprimentos suficientemente grandes, as quais
são obtidas a partir de emendas longitudinais em tábuas, sendo as emendas dentadas as
mais utilizadas. Devido às variações e limitações dos comprimentos das tábuas
utilizadas na produção das lâminas, torna-se comum que os elementos estruturais de
MLC tenham um grande número de emendas dentadas distribuídas no seu interior. Estas
emendas apresentam uma descontinuidade do material e conseqüentemente são regiões
consideradas potencialmente fracas. Deste modo, as emendas dentadas em MLC,
representam, entre outros, um dos mais importantes fatores das características de
resistência e rigidez dos elementos estruturais de MLC.
As rupturas destes elementos estruturais iniciam freqüentemente nas emendas
dentadas da zona crítica de tração, sendo na maioria das vezes de natureza frágil. Além
disso, a falta do controle de qualidade adequado durante a fabricação também pode
conduzir para a produção de emendas de resistência inferior. O efeito das emendas
dentadas no desempenho mecânico da MLC é de grande interesse para os projetistas e
usuários de estruturas de madeira. Por esta razão, a resistência das emendas dentadas,
principalmente nas dicotiledôneas, é um fator limitante na resistência dos elementos
estruturais de MLC, sendo de fundamental importância um controle de qualidade
adequado destas emendas, bem como o conhecimento de suas características de
resistência e rigidez. O estudo do comportamento estático das emendas, incluindo todos
os fatores que afetam a eficiência das mesmas, foi abordado por MACÊDO (1996).
Entretanto, os elementos estruturais de MLC são projetados para as mais variadas
condições de solicitação, sendo que em boa parte destas aplicações são submetidos a
muitas repetições de carregamentos durante a vida útil da estrutura como, por exemplo,
ações de veículos em pontes.
Apesar da madeira e derivados serem importantes materiais para aplicação
estrutural, as informações sobre fadiga em madeira são bastante limitadas quando
comparadas aos metais e outros materiais compósitos. A resistência à fadiga da madeira
é realmente muito maior do que a resistência à fadiga de materiais cristalinos quando
comparada ao limite de resistência do material e a maior parte da literatura sobre fadiga
em madeira foi obtida a partir de ensaios de flexão e compressão. De acordo com a
literatura isto é um legado da utilização da madeira em estruturas onde estes tipos de
solicitações são fatores preponderantes, sendo ainda mais limitadas as informações
sobre a resistência da madeira à fadiga na tração. Entretanto, em se tratando da MLC, é
importante salientar que a tração é fator preponderante no modo de ruptura de peças
fletidas, envolvendo em sua grande maioria as emendas dentadas. Com o avanço
tecnológico tornou-se comum a utilização de madeira em estruturas onde o
carregamento cíclico é um fator importante. O efeito do carregamento cíclico nas
ligações coladas, parafusadas ou pregadas tornou-se de grande interesse no campo das
estruturas de madeira.

1.3 Objetivos

No caso particular da MLC, como mencionado anteriormente, as rupturas


ocorrem com maior freqüência nas emendas das regiões críticas de tração. A questão é
qual seria o efeito das emendas dentadas na resistência à fadiga da MLC e qual o
comportamento da linha de cola para este tipo de solicitação. O conhecimento de tais

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


98 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

características é de fundamental importância para prever com segurança o


comportamento das estruturas de MLC quando submetidas a carregamentos cíclicos.
Assim sendo, este trabalho tem como objetivos avaliar o comportamento da resistência
e da rigidez das emendas dentadas sujeitas à cargas repetidas de tração através de um
estudo teórico e experimental, visando propor uma metodologia de ensaio e estimar um
coeficiente de redução αr, da resistência à fadiga das emendas dentadas em relação à
madeira maciça, como forma de contribuição para a caracterização deste tipo de ligação
para diferentes espécies de madeira e adesivos.

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Da revisão bibliográfica podem ser obtidas as seguintes considerações:


• a vida à fadiga da madeira maciça é independente da espécie de madeira desde que
os níveis de tensão sejam definidos em função de sua resistência;
• a determinação inadequada da resistência de referência pode afetar de forma
considerável os resultados de vida à fadiga da madeira, aumentando bastante a
dispersão de resultados;
• a fadiga em madeira pode ser explicada por diferentes fenômenos quando se
trabalha com intervalos muito amplos de freqüência, porém para freqüências
superiores a 0,1Hz a fadiga em madeira pode ser avaliada como um caso de fadiga
elástica, devendo-se tomar cuidado não se trabalhar com freqüências muito elevadas
(20 Hz a 30 Hz) que podem causar um aquecimento considerável na madeira
reduzindo seu teor de umidade e aumentando sua resistência à fadiga;
• a madeira não apresenta modo de propagação de fissura por efeito de carregamento
cíclico de tração, como os previstos pela Mecânica da fratura para os metais, sendo
que o modo de propagação das fissuras ocorre principalmente paralelo às fibras;
• embora os estudos referentes à fluência em elementos estruturais de MLC em escala
real sejam limitados, é consenso que os efeitos da fluência na MLC são
significativamente menores que na madeira maciça, pois tais elementos são
geralmente maiores, produzidos a partir de material selecionado e seco, além de
serem providos de superfícies de revestimento que dificultam o fluxo de umidade
atribuindo-lhes um comportamento mais uniforme;
• a resistência à fadiga das ligações adesivas (fenólicas e resorcinólicas) em condições
normais de temperatura e umidade é independente do tipo de cola, sendo
caracterizada pela resistência ao cisalhamento da madeira;
• a resistência à fadiga das ligações adesivas fenólicas é afetada pelas condições de
degradação devido ao efeito da temperatura e umidade, enquanto que as ligações
resorcinólicas garantem a solidez no comportamento que é semelhante a sua
resistência à fadiga em condições normais de temperatura e umidade;

3 ENSAIOS PRELIMINARES

Neste capítulo são apresentados os resultados de alguns ensaios preliminares que


contribuíram para a definição da metodologia proposta.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 99

3.1 Ensaios para avaliação da variação de resistência dos corpos-de-


prova nas peças de madeira

Foram realizados alguns ensaios para fazer uma avaliação da variação da


resistência a tração paralela às fibras no interior de uma peça de dimensões comerciais
(6 cm x 12 cm). O objetivo desta verificação é atentar para melhor forma de se retirar os
corpos-de-prova gêmeos e assim se obter uma maior precisão na resistência de
referência. Os resultados destes ensaios são apresentados nas Tabelas 1, 2, 3 e 4, sendo
que os corpos-de-prova pertencentes ao mesmo grupo foram retirados ao longo do
comprimento das peças, Figura 2.

1 2 3 4

1 2 3 4
1 2 3 4

Figura 2 - Corpos-de-prova para avaliação da variação da resistência a tração paralela às fibras


retirados de peças de 6cm x 12cm.
Tabela 1 - Variação da resistência a tração no interior de uma peça de madeira corpos-de-
prova A.
Pinus caribea hondurensis Eucalyptus grandis
2 2
CP Prupt (kN) A (cm ) ft0 (kN/cm ) CP Prupt (kN) A (cm2) ft0 (kN/cm2)
A1 18,43 3,510 5,25 A1 32,43 3,504 9,25
A2 18,67 3,498 5,34 A2 33,29 3,495 9,52
A3 19,51 3,601 5,42 A3 32,56 3,501 9,30
A4 18,55 3,507 5,29 A4 32,98 3,516 9,38

Tabela 2 - Variação da resistência a tração no interior de uma peça de madeira corpos-de-


prova B.
Pinus caribea hondurensis Eucalyptus grandis
CP Prupt (kN) A (cm2) ft0 (kN/cm2) CP Prupt (kN) A (cm2) ft0 (kN/cm2)
B1 18,67 3,451 5,41 B1 34,68 3,512 9,87
B2 18,20 3,426 5,31 B2 33,91 3,492 9,81
B3 19,51 3,517 5,36 B3 35,38 3,509 10,08
B4 18,55 3,488 5,46 B4 34,89 3,521 9,91

Tabela 3 - Variação da resistência a tração no interior de uma peça de madeira corpos-de-


prova C.
Pinus caribea hondurensis Eucalyptus grandis
2 2
CP Prupt (kN) A (cm ) ft0 (kN/cm ) CP Prupt (kN) A (cm2) ft0 (kN/cm2)
C1 18,78 3,504 5,36 C1 30,07 3,505 8,58
C2 19,00 3,490 5,44 C2 29,85 3,545 8,42
C3 18,41 3,487 5,28 C3 30,47 3,588 8,49
C4 18,70 3,495 5,35 C4 29,87 3,494 8,55

Tabela 4 - Variação da resistência a tração no interior de uma peça de madeira corpos-de-


prova D.
Pinus caribea hondurensis Eucalyptus grandis
CP Prupt (kN) A (cm2) ft0 (kN/cm2) CP Prupt (kN) A (cm2) ft0 (kN/cm2)
D1 19,90 3,506 4,82 D1 19,77 3,456 5,72
D2 16,83 3,521 4,78 D2 20,02 3,523 5,68
D3 16,55 3,499 4,73 D3 19,54 3,526 5,54
D4 17,01 3,620 4,69 D4 19,76 3,490 5,66

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


100 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

Os resultados das Tabelas acima mostraram não haver variações significativas


de resistência entre os corpos-de-prova retirados ao longo do comprimento das peças
analisadas, indicando não haver grande variabilidade de resistência ao longo do
comprimento de peças isentas de defeito. Estes resultados confirmam as observações
realizadas por LOGSDON (1995) para o cisalhamento paralelo às fibras da madeira, no
plano radial-longitudinal. Assim sendo, a retirada de corpos-de-prova gêmeos é melhor
caracterizada quando os mesmos são retirados no sentido do comprimento das peças de
madeira. Para que os corpos-de-prova retirados no sentido transversal possam ser
considerados gêmeos, é necessário que a disposição dos anéis de crescimento na seção
permita a retirada de pares de amostras contendo os mesmos anéis, Figura 3.

A
B A A
C
B B B
A
Figura 3 – Exemplo de corpos-de-prova gêmeos na seção transversal.

3.2 Ensaios cíclicos

São apresentados resultados de alguns ensaios preliminares que serviram de base


para a definição da metodologia adotada nos ensaios definitivos deste estudo. As
amostras utilizadas nesta fase do estudo foram retiradas ao longo do comprimento de
peças de 6 cm x 12 cm de seção, conforme disposição apresentada na Figura 4.
Peça 1 (Pinus caribea hondurensis)

Peça 2 (Pinus caribea hondurensis)

Peça1 (Eucalyptus grandis)

Figura 4 – Disposição de retirada das amostras dos ensaios preliminares.


A identificação de cada corpo-de-prova foi realizada obedecendo a seguinte
seqüência: posição na seção transversal (Figura 4), número da peça e posição no
comprimento da peça. Por exemplo, para a amostra hachureada na peça 2 de Pinus
caribea hondurensis da Figura 4, a identificação é E24. Nas Tabelas a seguir MFE
significa que a ruptura ocorreu na madeira fora da região da emenda enquanto RE
significa ruptura na região da emenda.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 101

Tabela 5 - Controles estáticos de Pinus caribea hondurensis.


Madeira maciça Emenda dentada (Cascophen)
2 2
CP Prupt (kN) A (cm ) ft0 (kN/cm ) CP Prupt (kN) A (cm2) fgt0 (kN/cm2) Modo de ruptura
MFE: 80%
A14 19,89 3,715 5,35 A13 13,947 3,418 4,08 RE: 20% na madeira
RE: 100% na
B11 18,79 3,503 5,36 B16 14,203 3,465 4,09 madeira
RE: 100% na
C14 19,37 3,587 5,40 C11 15,263 3,630 4,20 madeira
MFE: 100%
D11 16,58 3,515 4,71 D12 13,648 3,360 4,06
RE: 100% na
A22 24,84 3,621 6,86 A24 18,31 3,231 5,66 madeira
MFE: 80%
B24 25,01 3,636 6,88 B23 18,58 3,435 5,41 RE: 20% na madeira
MFE: 100%
D26 24,15 3,576 6,75 D22 20,10 3,541 5,68
MFE: 100%
C24 23,47 3,511 6,68 C22 19,60 3,560 5,50

Tabela 6 - Controles estáticos de Eucalyptus grandis


Madeira maciça Emenda dentada (Cascophen)
CP Prupt (kN) A (cm2) ft0 (kN/cm2) CP Prupt (kN) A (cm2) fgt0 (kN/cm2) Modo de ruptura
RE: 100% na
A13 33,00 3,528 9,35 A14 27,78 3,45 8,05 interface mad/ades
RE: 100% na
B16 35,43 3,525 10,05 B13 30,39 3,62 8,39 interface mad/ades
RE: 100% na
C15 30,52 3.645 8,37 C14 22,11 3,52 6,28 interface mad/ades
MFE:75%
D14 19,36 3,449 5,61 D13 16,03 3,31 4,84 RE: 25% na interf.
RE: 100% na
E13 20,63 3,514 5,87 E14 16,72 3,40 4,92 interface mad/ades

Tabela 7 – Ensaios cíclicos Pinus caribea hondurensis f = 10 Hz


Madeira maciça Emenda dentada (Cascophen)
σmax3 σmin N σmax σmin N
CP CP Modo de ruptura
(% ft0) (% σmax) (ciclos) (% fgt0) (% σmax) (ciclos)
RE: 100% na
A16 90 10 669 A26 90 10 598 madeira
RE: 100% na
E25 90 10 1 E24 90 10 382 madeira
MFE: 90%
E27 90 10 925 B15 90 10 27 RE: 10% na madeira
RE: 100% na
A12 75 10 297.954 A11 75 10 26.908 madeira
MFE: 80%
B13 75 10 287.931 A15 75 10 43.695 RE: 20% na madeira
RE: 100% na
D13 75 10 373.929 B21 75 10 38.599 madeira
MFE: 70%
A25 60 10 1.016.584 D14 60 10 90.302 RE: 30% na madeira
RE: 100% na
- - - - B14 60 10 115.560 madeira
RE: 100% na
- - - - C26 60 10 101.755 madeira

3
Baseada nas resistências dos corpos-de-prova apresentadas nas Tabelas 8 e 9 e retirados no sentido
longitudinal das peças de madeira. Por exemplo a resistência de referência para o A16 é a resistência do
A14. O corpo-de-prova de controle E da peça 2 de Pinus não foi ensaiado devido a baixa variabilidade da
resistência nesta peça.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


102 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

Tabela 8 – Ensaios cíclicos Pinus caribea hondurensis f = 5 Hz


Madeira maciça Emenda dentada (Cascophen)
σmax σmin N σmax σmin N
CP CP Modo de ruptura
(% ft0) (% σmax) (ciclos) (%fgt0) (% σmax) (ciclos)
MFE: 35%
D27 90 10 381 B22 90 10 298 RE: 65% na madeira
RE: 100% na
C15 90 10 584 C21 90 10 203 madeira
MFE: 20%
E23 75 10 219.832 C16 75 10 9.615 RE: 80% na madeira
MFE: 90%
C13 75 10 253.120 A27 75 10 12.084 RE: 10% na interf
RE: 100% na
C25 60 10 791.034 D24 60 10 25 madeira
RE: 100% na
D16 60 10 1.382.568 D15 60 10 47.630 madeira
RE: 100% na
- - - - C23 60 10 67.159 madeira

Tabela 9 – Ensaios cíclicos Pinus caribea hondurensis f = 1 Hz


Madeira maciça Emenda dentada (Cascophen)
σmax σmin N σmax σmin N
CP CP Modo de ruptura
(% ft0) (% σmax) (ciclos) (%fgt0) (% σmax) (ciclos)
MFE: 50%
B27 90 10 113 D25 90 10 67 RE: 50% na madeira
RE: 100% na
E21 90 10 87 E22 90 10 49 madeira
RE: 100% na
A23 75 10 72.917 A21 75 10 5.564 madeira
RE: 100% na
B25 75 10 87.134 B26 75 10 3.921 madeira
MFE: 80%
D21 60 10 252.510 D23 75 10 6.767 RE: 20% na madeira
RE: 100% na
B21 60 10 400.197 C12 60 10 19.036 madeira
MFE: 30%
- - - - E26 60 10 21.416 RE: 70% na madeira
RE: 100% na
- - - - C27 60 10 14.595 madeira

Tabela 10 – Ensaios cíclicos Eucalyptus grandis f = 10 Hz


Madeira maciça Emenda dentada (Cascophen)
σmax σmin N σmax σmin N
CP CP Modo de ruptura
(% ft0) (% σmax) (ciclos) (%fgt0) (% σmax) (ciclos)
RE: 100% na
D16 90 10 1.077 D12 90 10 39 interface mad/ades
MFE:35%
B12 90 10 745 B15 90 10 416 RE: 65% na interf.
RE: 100% na
C13 90 10 14 E12 90 10 557 interface mad/ades
RE: 100% na
A12 75 10 391.730 A11 75 10 26.689 interface mad/ades
RE: 100% na
A16 75 10 304.343 A15 75 10 44.278 interface mad/ades
MFE:20%
E15 75 10 329.510 E11 75 10 45.029 RE: 80% na interf.
MFE:20%
D11 60 10 1.145.760 B14 60 10 85.031 RE: 80% na interf.
RE: 100% na
E16 60 10 1.535.709 B11 60 10 77.322 interface mad/ades
RE: 100% na
- - - - C12 60 10 139.487 interface mad/ades
RE: 100% na
- - - - D15 60 10 95.618 interface mad/ades

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 103

Com base nos resultados destes ensaios foi possível estimar o número de ciclos
a partir dos quais podem ser feitos os ensaios estáticos, proposto na metodologia, para
avaliação do comportamento da rigidez. Esta estimativa foi baseada nos valores médios
de N de maneira que fosse possível fazer, para maioria dos casos, pelo menos 5 medidas
da rigidez.
O modo ruptura por fadiga na tração das emendas dentadas se deu de forma
semelhante a sua ruptura estática. De uma forma geral, as rupturas dos corpos-de-prova
de Eucalyptus grandis, tanto dinâmicos quanto estáticos, ocorreram na sua grande
maioria na interface madeira/adesivo, enquanto que para os corpos-de-prova de Pinus
caribea hondurensis as rupturas sempre envolveram a madeira.
A consideração da revisão bibliográfica, em que a vida à fadiga da madeira
maciça é independente da espécie de madeira desde de que os níveis de tensão sejam
definidos em função de sua resistência tende a se confirmar nos ensaios preliminares
deste estudo. Observou-se ainda, uma tendência da vida à fadiga das emendas dentadas
seguir a mesma consideração.

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Considerando-se as informações encontradas na literatura e os resultados de


ensaios preliminares realizados no LaMEM, utilizou-se o seguinte procedimento para
que os objetivos do trabalho fossem atingidos.

4.1 Materiais

Neste item são descritos os materiais e equipamentos empregados no


desenvolvimento do trabalho.

4.1.1 As espécies de madeira


As espécies de madeira que foram usadas no estudo são as de reflorestamento,
particularmente, o Pinus caribea hondurensis e o Eucalyptus grandis. A escolha destas
espécies se deve ao fato de que as mesmas estão sendo bastante utilizadas pelo parque
produtor de MLC do país, bem como pela grande disponibilidade das mesmas,
principalmente nas regiões sul e sudeste. Os lote de madeira de Eucalyptus grandis
utilizado nos ensaios foi retirado do Horto Florestal Navarro de Andrade localizado na
cidade de Rio Claro, enquanto que o lote de Pinus caribea hondurensis foi retirado do
Horto Florestal da Cidade de Itirapina, ambas no estado de São Paulo.

4.1.2 Os adesivos
Os adesivos utilizados na colagem dos corpos-de-prova foram o CASCOPHEN
RS-216-M, à base de resorcinol, produzido pela Alba Química Indústria e Comércio
Ltda, e o adesivo poliuretano à base de óleo mamona desenvolvido pelo Instituto de
Química de São Carlos. A escolha do CASCOPHEN RS-216-M foi definida por ser o
mesmo muito importante para o propósito estrutural e também ser amplamente
empregado pelo parque produtor de MLC do país, MACÊDO (1996). O adesivo
poliuretano foi escolhido por apresentar algumas vantagens como: o processo de cura a
frio, a matéria prima ser um recurso natural renovável facilmente encontrado no
território nacional, ser quimicamente menos agressivo ao homem e ao ambiente, e ter

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


104 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

grande resistência ao intemperismo ARAÚJO (1992). Este adesivo ainda apresenta


grande resistência mecânica, além de ser uma tecnologia nacional e um produto
alternativo para a aplicação em MLC, HENRIQUES DE JESUS et al (1998).

4.1.3 Equipamentos
Para a condução dos ensaios, tanto estáticos quanto cíclicos, foi utilizada uma
máquina universal DARTEC M1000/RC com atuador servo hidráulico de capacidade de
100 kN e com sistema de aquisição de dados totalmente informatizado. As dimensões
dos corpos-de-prova foram obtidas de acordo com a NBR 7190/97 empregando-se
paquímetro digital de precisão de 0,01 mm.

4.2 Metodologia

No presente item são descritas a metodologia de obtenção dos corpos-de-prova,


suas dimensões e a forma de condução dos ensaios.

4.2.1 Confecção dos corpos-de-prova


A confecção de todos corpos-de-prova, levando-se em consideração todos os
parâmetros e cuidados necessários, foi realizada de forma semelhante ao descrito em
MACÊDO4 (1996) e adotados pela NBR 7190/97. A Figura 5 representa o
procedimento utilizado para a obtenção de peças coladas destinadas a usinagem dos
corpos-de-prova com emendas dentadas.
36 (cm) 31
6 5
2 2
Figura 5 – Peças de madeira com emendas dentadas.

A geometria da emenda foi a correspondente ao comprimento de 20 mm da DIN


68140, Figura 6a, que é a utilizada pelo parque produtor no país. As dimensões dos
corpos-de-prova usados nos ensaios estão representadas na Figura 6b.
Devido à garra da máquina utilizada nos ensaios (DARTEC M1000/RC)
apresentar um sistema regulável de pressão, tornou-se possível uma redução de 12 cm
para 5 cm no comprimento da região de ancoragem dos corpos-de-prova, mantendo-se
os demais parâmetros de acordo com as recomendações da NBR 7190/97. As
intensidades das pressões de colagem das emendas usando o adesivo Cascophen foram
de 0,80 kN/cm2 para o Pinus caribea hondurensis e 1,00 kN/cm2 para o Eucalyptus
grandis, MACÊDO (1996). Para o adesivo poliuretano estas pressões foram, conforme
recomendações de HENRIQUES DE JESUS (2000), de 0,9 kN/cm2 para o Pinus
caribea hondurensis e 1,0 kN/cm2 para Eucalyptus grandis. Todas as emendas dentadas
só foram ensaiadas após um período igual ou superior a 8 dias, tempo necessário para
que todas as ligações adesivas atingissem a máxima resistência.

4
MACÊDO, A. N. (1996). Estudo de emendas dentadas em madeira laminada colada (MLC):
avaliação de método de ensaio. São Carlos, Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, Orientador: Prof. Tit. Carlito Calil Junior.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 105

Figura 6 – Dimensões da geometria da emenda e do corpo-de-prova de resistência à tração nas


emendas dentadas.

4.2.2 Forma de retirada dos corpos-de-prova


Na avaliação de fadiga em madeira deve-se tomar um cuidado especial com
relação à resistência de referência para definição dos níveis de tensão. De acordo com a
a literatura, uma resistência de referência incorreta pode ter uma influência significativa
nos resultados dos ensaios de fadiga, podendo aumentar significativamente a dispersão
dos resultados dos ensaios. Portanto, para reduzir ao máximo esta possibilidade é
interessante que os corpos-de-prova gêmeos sejam retirados ao longo do comprimento
de peças isentas de defeitos. Esta consideração foi observada por LOGSDON (1995)
para o cisalhamento paralelo às fibras da madeira, sendo confirmada também para a
tração paralela nos ensaios preliminares apresentados no capítulo 3.
A forma da retirada dos corpos-de-prova das peças de madeira foi executada de
maneira que as amostras tivessem a maior probabilidade de serem consideradas gêmeas.
A Figura 7 ilustra a forma de retirada dos corpos-de-prova ao longo do comprimento de
peças de madeira de 6cm x 12 cm de seção e 130 cm de comprimento com teor de
umidade próximo de 12%. Os corpos-de-prova de controle foram usados para
determinação das resistências estática de referência usadas nos ensaios de fadiga.

Figura 7 – Forma de retirada dos corpos-de-prova das peças de madeira.

De cada peça de madeira foi retirada pelo menos uma seqüência de corpos-de-
prova de madeira maciça, retirada aleatoriamente ao longo da seção.

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106 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

4.3 Ensaios
Neste item são abordados todos os procedimentos usados na realização dos
ensaios estáticos e cíclicos.

4.3.1 Ensaios estáticos


Os ensaios estáticos tanto para os corpos-de-prova com emendas quanto para os
corpos-de-prova de madeira maciça seguiram, as recomendações da NBR 7190/97 e
MACÊDO (1996). Os resultados destes ensaios serviram, principalmente, para
estabelecer a resistência de referência e os níveis de tensão para os ensaios de fadiga.

4.3.2 Ensaios cíclicos


Para a coleta de dados necessária para a análise do comportamento das emendas
dentadas a fadiga na tração foi realizado o seguinte procedimento de ensaio:

4.3.2.1 Freqüências de ensaio e níveis de tensão


As freqüências de carregamento cíclico utilizadas foram 9Hz, 5Hz e 1Hz. Estas
freqüências foram definidas por pertencerem a um intervalo onde os efeitos das
propriedades reológicas da madeira não interferem nos resultados. Os níveis de tensão,
máximos para foram de 90%, 75% e 60% da resistência do material determinada nos
ensaios estáticos dos corpos-de-prova gêmeos, sendo que o nível mínimo de tensão foi
10% do máximo (R = 0,1). Os intervalos iguais de variação tanto de freqüência quanto
de nível de tensão foram adotados para facilitar na análise estatística e estão
relacionados também com o tempo disponível para os ensaios. De cada viga de madeira
utilizada nos ensaios foram retirados dois trechos, um destinado aos corpos-de-prova
colados com o adesivo Cascophen e o outro destinado aos colados com o adesivo
poliuretano.

4.3.2.2 Execução dos ensaios cíclicos


A seqüência utilizada durante a execução dos ensaios cíclicos foi:
1) Ensaio estático do corpo-de-prova virgem até 50% da resistência do material para
verificação da rigidez inicial, NBR 7190/97.
2) Ensaios cíclicos intercalados por ensaios estáticos após um determinado número de
ciclos, Tabela 11. A finalidade do procedimento acima é avaliar a variação da rigidez do
material em função do número de ciclos.
Tabela 11 - Número de ciclos para a verificação da rigidez
σmax Emendas dentadas Madeira maciça
(% ft0) 1 Hz 5 Hz 9 Hz 1 Hz 5 Hz 9 Hz
60 5.000 10.000 20.000 50.000 100.000 150.000
75 1.000 2.000 5.000 20.000 40.000 50.000
Obs: valores obtidos nos ensaios preliminares

Em cada nível de tensão foram realizados um total de seis ensaios (Figura 8). Os
corpos-de-prova de cada nível foram selecionados aleatoriamente de maneira que
houvesse o mínimo possível de casos de nível de tensão com mais de um corpo-de-
prova pertencente a mesma peça. Os ensaios foram realizados de maneira que os
exemplares destinados aos níveis tensão mais altos só fossem ensaiados após a
seqüência de ensaio estar completa para o níveis inferiores de tensão.

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Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 107

S
90%
f (1Hz, 5Hz e 9Hz)
75%

60%

log N1 log N2 log N3 log N


Figura 8 – Número de repetições em cada nível de tensão.
Este programa de ensaio foi definido com base na literatura, bem como nos
ensaios preliminares realizados no LaMEM, sendo válido tanto para os corpos-de-prova
de tração na emenda dentada quanto para os corpos-de-prova de madeira maciça ou
controles. Não houve avaliação da rigidez para os níveis de tensão de 90% da
resistência visto que os mesmos impõem danos imediatos aos corpos-de-prova,
dificultando a coleta de dados para este tipo de análise.

4.4 Planejamento estatístico

A técnica empregada para o planejamento deste trabalho, foi motivada pela


necessidade de se avaliar a resistência madeira maciça e das emendas dentadas à fadiga
para três níveis de tensão (S1 = 60%, S2 = 75% e S3 = 90% resistência) e três
freqüências de ensaio (f1 = 1 Hz, f2 = 5 Hz e f3 = 9 Hz). Foram combinadas entre si as
duas variáveis, nível de tensão (S) e freqüência (f), com três variações distintas (Si e fi,
onde i = 1, 2 e 3). A técnica estatística mais adequada para este problema é conhecida
por “Planejamento Fatorial do tipo 32”, MASON et al (1989) e MONTGOMERY
(1991).

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo são apresentados os resultados e discussões dos ensaios estáticos


e dinâmicos em corpos-de-prova com emendas dentadas e de madeira maciça.

5.1 Ensaios estáticos

Na análise dos resultados dos ensaios estáticos foi verificada a suposição de


distribuição normal dos dados através de métodos descritivos e inferenciais, utilizando
os recursos do software estatístico MINITAB. Nos casos onde não foi observada uma
distribuição normal foram utilizadas técnicas de transformação de dados que permitem
obter uma normalidade aproximada para os resultados, BOX et al (1978). Depois de
determinados o valor médio e o desvio padrão para cada grupo de resultados, os valores
característicos dos dados foram calculados segundo a NBR 7190/97 item 6.4.7. Os
resultados são apresentados na Tabela 12, onde os valores entre parênteses representam
a relação entre as resistências das emendas dentadas e da madeira maciça. Estes valores
mostram uma melhor eficiência das emendas dentadas de Pinus caribea hondurensis em
relação às emendas de Eucalyptus grandis, e que as emendas coladas com o adesivo

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108 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

poliuretano à base de óleo de mamona foram mais eficientes quando comparadas às


emendas coladas com o Cascophen, principalmente para o Pinus Caribea hondurensis.

Tabela 12 – Valores de resistência dos ensaios estáticos (kN/cm2)


Emenda dentada Emenda dentada
Madeira maciça
o
N CP Cascophen Mamona
Pinus Eucalyptus Pinus Eucalyptus Pinus Eucalyptus
log y Normal Normal Normal log y Normal
1 3,350 8,108 3,138 8,938 4,213 8,767
2 3,533 7,401 2,180 4,756 3,569 8,339
3 3,596 6,908 2,019 4,798 3,697 7,610
4 4,213 6,390 2,240 4,613 4,125 8,144
5 3,378 6,308 1,928 7,182 4,726 8,677
6 3,786 6,372 3,104 5,990 5,016 8,478
7 3,912 6,313 1,918 6,427 3,717 7,574
8 3,873 5,844 2,119 6,051 3,904 7,830
9 4,341 6,269 3,906 5,278 3,117 4,902
10 4,775 6,520 4,027 5,813 3,416 4,041
11 3,259 6,218 4,505 6,023 4,882 9,623
12 4,292 6,418 4,315 5,989 4,879 10,346
13 3,724 5,995 3,219 7,999 7,290 6,899
14 3,742 6,980 4,158 4,052 6,763 7,089
15 2,850 6,326 4,768 3,791 7,100 8,175
16 3,906 5,912 4,600 3,867 5,862 7,480
17 2,779 6,990 3,422 3,545 5,177 9,566
18 5,485 6,284 4,777 3,539 3,750 6,747
19 5,440 6,391 4,752 3,712 3,968 10,893
20 5,945 5,957 3,916 4,831 4,561 8,894
21 6,019 3,964 4,805 7,508 5,270 7,553
22 5,473 3,242 5,112 8,995 3,614 6,694
23 5,337 7,982 4,418 6,568 4,812 9,039
24 5,240 7,189 4,803 6,483 4,884 6,017
25 5,213 7,018 4,439 5,718 6,985 7,694
26 3,840 5,892 4,336 4,667 7,013 9,215
27 3,293 5,318 4,437 5,877 7,210 8,125
28 2,971 3,565 4,515 4,990 - -
29 2,813 3,882 6,956 6,732 - -
30 3,350 3,817 6,427 7,073 - -
31 3,533 4,615 4,348 6,792 - -
32 3,596 4,761 6,958 8,393 - -
33 4,213 2,900 5,940 7,467 - -
34 3,378 2,778 5,365 6,347 - -
35 3,786 3,155 5,554 6,774 - -
36 3,912 4,829 4,635 6,627 - -
37 - 6,469 - - - -
5,710 4,224 5,950
Média 3,889 (81%)
(72%) (88%) (75%)
4,785 7,941
Desv. Pad. 1,262 1,438 1,321 1,488 1,295 1,508
2,779 3,997 2,957 4,165
Val. Carac. (83%) (72%) (88%) (75%)
3,350 5,559

Os modos de ruptura observados nos ensaios desta fase do estudo confirmam o


que foi observado nos ensaios preliminares. As rupturas dos corpos-de-prova de
Eucalyptus grandis ocorreram na grande maioria na interface madeira/adesivo,
enquanto que para os corpos-de-prova de Pinus caribea hondurensis as rupturas quase
sempre envolveram a madeira.

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Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 109

5.2 Ensaios cíclicos


Nos ensaios cíclicos foram avaliados os modos de ruptura das emendas
dentadas, assim como o número de ciclos correspondentes à resistência a fadiga e a
variação da rigidez em função do número de ciclos para emenda dentada e para a
madeira maciça.

5.2.1 Modos de ruptura das emendas dentadas


A ruptura por fadiga na tração das emendas dentadas foi de uma forma geral
semelhante a sua ruptura estática, ou seja, as rupturas dos corpos-de-prova de
Eucalyptus grandis ocorreram principalmente na interface madeira/adesivo, enquanto
que para os corpos-de-prova de Pinus caribea hondurensis as rupturas na maioria dos
casos envolveram a madeira

5.2.2 Resistência à fadiga


Na análise dos resultados de resistência à fadiga, procurou-se determinar os
valores mais significativos dos efeitos das variáveis independentes individualmente e de
suas interações até 2a ordem, sobre a variável resposta (número de ciclos). Com o
auxílio do programa estatístico MINITAB foi elaborada a sub-rotina do Algoritmo de
Yates5. Estes efeitos são quantificados na coluna “efeitos” e identificados na coluna
“identificação” das tabelas “Efeitos significativos das variáveis e suas interações”, bem
como através das figuras “Efeitos x Escores normais”. Os valores plotados nestes
gráficos, não alinhados, são provavelmente os valores mais significativos. As tabelas
“Intervalo de confiança a 95%” (colunas “limite inferior - efeitos - limite superior”)
auxiliam na confirmação dos valores detectados nos gráficos efeitos x escores normais,
por meio dos intervalos que não contiverem o zero.

5.2.2.1 Emenda dentada: Pinus caribea hondurensis e adesivo Cascophen


Na Tabela 13 são apresentados os dados originais dos números de ciclos
correspondentes às resistências à fadiga na tração das emendas dentadas de Pinus
caribea hondurensis coladas com o adesivo Cascophen. Na Tabela 14 estes dados são
apresentados, por combinação de parâmetros e níveis, na forma transformada (Y = log
N).
Tabela 13 - Números de ciclos correspondentes às resistências à fadiga das emendas dentadas
para Pinus caribea hondurensis e adesivo Cascophen (dados originais)
Variáveis Variáveis Dependentes
Ensaios independentes (N)
f S y1 y2 y3 y4 y5 y6
1 1 60 20007 25001 8232 32240 21424 25254
2 5 60 50144 27771 30155 60000 50018 50178
3 9 60 80000 60348 67514 120062 78108 105919
4 1 75 4368 2738 3150 6003 5001 3027
5 5 75 14019 12315 10692 3374 6667 7655
6 9 75 26214 47513 25374 35325 15180 7027
7 1 90 85 34 48 110 25 75
8 5 90 272 145 98 138 202 542
9 9 90 364 301 92 473 121 279
Os valores y1, y2, y3, y4, y5 e y6 são as réplicas.

5
O Algoritmo de Yates é uma técnica de análise de dados consagrada que pode ser usada para calcular
efeitos individualmente, até 2a ordem, para planejamentos fatoriais 3k, BOX et al (1978). Os valores dos
efeitos calculados através desta técnica são compatíveis com os valores estimados através de técnicas de
regressão múltiplas.

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110 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

Tabela 14 – Números de ciclos correspondentes às resistências à fadiga das emendas dentadas


para Pinus caribea hondurensis e o adesivo Cascophen (dados transformados)
Variáveis Variáveis Dependentes
Ensaios Independentes (log N)
f S Y1 Y2 Y3 Y4 Y5 Y6 Y
1 1 60 4,30118 4,39796 3,91551 4,50840 4,33090 4,40233 4,30938
2 5 60 4,70022 4,44359 4,47936 4,77815 4,69913 4,70051 4,63349
3 9 60 4,90309 4,78066 4,82939 5,07941 4,89270 5,02497 4,91837
4 1 75 3,64028 3,43743 3,49831 3,77837 3,69906 3,48101 3,58908
5 5 75 4,14672 4,09043 4,02906 3,52815 3,82393 3,88395 3,91704
6 9 75 4,41853 4,67681 4,40439 4,54808 4,18127 3,84677 4,34598
7 1 90 1,92942 1,53148 1,68124 2,04139 1,39794 1,87506 1,74276
8 5 90 2,43457 2,16137 1,99123 2,13988 2,30535 2,73400 2,29440
9 9 90 2,56110 2,47857 1,96379 2,67486 2,08279 2,44560 2,36778
Os valores Y1, Y2, Y3, Y4, Y5, Y6 e Y são as réplicas e a média da variável resposta, respectivamente.

As análises dos valores encontrados nas Tabelas 15 e 16, e a análise gráfica da


Figura 9, permitem identificar os efeitos mais significativos das variáveis e suas
interações.

Tabela 15 – Efeitos significativos das varáveis e suas interações na resistência à fadiga das
emendas dentadas para o Pinus Caribea hondurensis e o adesivo Cascophen.
Ensaios Resposta (1) (2) Divisor Efeitos Identificação SQ
1 25,8563 83,1674 192,710 54 3,56870 Média 687,722
2 27,8010 71,1126 11,946 36 0,33182 f 3,964
3 29,5102 38,4296 -2,499 108 -0,02314 f2 0,058
4 21,5345 3,6540 -44,738 36 -1,24272 S 55,596
5 23,5022 4,5414 0,096 24 0,00401 fS 0,000
6 26,0759 3,7502 -2,634 72 -0,03659 f2S 0,096
7 10,4565 -0,2354 -20,628 108 -0,19100 S2 3,940
8 13,7664 0,6059 -1,679 72 -0,02331 fS2 0,039
9 14,2067 -2,8695 -4,317 216 -0,01998 f2S2 0,086
Obs: As colunas Resposta, (1), (2), Divisor e SQ são passos do Algoritmo de Yates, BOX et al (1978).

f
0.0

S2
Efeitos

-0.5

-1.0

S
-1.5 -0.5 0.5 1.5
Escores normais
Figura 9 – Efeitos x Escores normais da resistência à fadiga das emendas dentadas para o Pinus
caribea hondurensis e o adesivo Cascophen.

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Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 111

Tabela 16 – Intervalo de confiança a 95% da resistência à fadiga das emendas dentadas para o
Pinus Caribea hondurensis e o adesivo Cascophen.
Ensaios Lim. Inferior Efeitos Lim. Superior Identificação
1 3,50965 3,56870 3,62775 Média
2 0,27277 0,33182 0,39087 f
3 -0,08219 -0,02314 0,03591 f2
4 -1,30177 -1,24272 -1,18367 S
5 -0,05504 0,00401 0,06306 fS
6 -0,09564 -0,03659 0,02247 f2S
7 -0,25005 -0,19100 -0,13195 S2
8 -0,08237 -0,02331 0,03574 fS2
9 -0,07904 -0,01998 0,03907 f2S2

Os resultados apresentados nas Tabelas 15 e 16, e a análise da Figura 9, definem


o efeito da tensão (S), o efeito da freqüência (f) e o efeito quadrático da tensão (S2)
como os efeitos mais significativos das variáveis e suas interações, sendo o primeiro o
fator preponderante. A Figura 10 representa as curvas S-N obtidas a partir dos
resultados experimentais estimados através do Algoritmo de Yates.
90
Nível máximo - % da resistência

1 Hz
5 Hz
80 9 Hz

70

60
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
log N
Figura 10 – Curvas S-N das emendas dentadas para o Pinus Caribea hondurensis e o adesivo
Cascophen.

5.2.2.2 Emenda dentada: Pinus caribea hondurensis e adesivo poliuretano à


base de óleo de mamona
Na Tabela 17 são apresentados os dados originais dos números de ciclos
correspondentes às resistências à fadiga na tração das emendas dentadas de Pinus
caribea hondurensis coladas com o adesivo poliuretano. Na Tabela 18 estes dados são
apresentados, por combinação de parâmetros e níveis, na forma transformada (Y=log
N).
Tabela 17 – Números de ciclos correspondentes às resistências à fadiga das emendas dentadas
para Pinus caribea hondurensis e adesivo poliuretano (dados originais)
Variáveis Variáveis Dependentes
Ensaios independentes (N)
f S y1 y2 y3 y4 y5 y6
1 1 60 20269 28210 32824 18370 18865 33526
2 5 60 40011 48331 45326 72388 38887 31605
3 9 60 105933 89235 37879 104860 34625 122984
4 1 75 3459 7229 6337 4237 5445 2513
5 5 75 10095 3295 13724 9144 9127 4138
6 9 75 24629 20084 33358 22472 18430 15161
7 1 90 58 38 19 78 90 81
8 5 90 256 201 96 276 544 139
9 9 90 193 157 328 260 509 286
Os valores y1, y2, y3, y4, y5 e y6 são as réplicas.

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112 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

Tabela 18 – Números de ciclos correspondentes às resistências à fadiga das emendas dentadas


para Pinus caribea hondurensis e o adesivo poliuretano à base de óleo de mamona
(dados transformados)
Variáveis Variáveis Dependentes
Ensaios Independentes (log N)
f S Y1 Y2 Y3 Y4 Y5 Y6 Y
1 1 60 4,30683 4,45040 4,51619 4,26411 4,27566 4,52538 4,38976
2 5 60 4,60218 4,68423 4,65635 4,85967 4,58980 4,49976 4,64866
3 9 60 5,02503 4,95054 4,57840 5,02061 4,53939 5,08985 4,86730
4 1 75 3,53895 3,85908 3,80188 3,62706 3,73600 3,40019 3,66053
5 5 75 4,00411 3,51786 4,13748 3,96114 3,96033 3,61679 3,86628
6 9 75 4,39145 4,30285 4,52320 4,35164 4,26553 4,18073 4,33590
7 1 90 1,76343 1,57978 1,27875 1,89209 1,95424 1,90849 1,72946
8 5 90 2,40824 2,30320 1,98227 2,44091 2,73560 2,14301 2,33554
9 9 90 2,28556 2,19590 2,51587 2,41497 2,70672 2,45637 2,42923
Os valores Y1, Y2, Y3, Y4, Y5, Y6 e Y são as réplicas e a média da variável resposta, respectivamente.

As análises dos valores encontrados nas Tabelas 19 e 20, e análise gráfica da


Figura 11, permitem identificar os efeitos mais significativos das variáveis e suas
interações.

Tabela 19 – Efeitos significativos das varáveis e suas interações na resistência à fadiga das
emendas dentadas para o Pinus Caribea hondurensis e o adesivo poliuretano.
Ensaios Resposta (1) (2) Divisor Efeitos Identificação SQ
1 26,3386 83,4344 193,576 54 3,58474 Média 693,920
2 27,8920 71,1763 11,116 36 0,30878 f 3,432
3 29,2038 38,9654 -1,733 108 -0,01604 f2 0,028
4 21,9632 2,8652 -44,469 36 -1,23525 S 54,930
5 23,1977 4,0522 1,333 24 0,05556 fS 0,074
6 26,0154 4,1986 -2,833 72 -0,03934 f2S 0,111
7 10,3768 -0,2416 -19,953 108 -0,18475 S2 3,686
8 14,0132 1,5832 -1,041 72 -0,01445 fS2 0,015
9 14,5754 -3,0743 -6,482 216 -0,03001 f2S2 0,195

0.0

S2
Efeitos

-0.5

-1.0

S
-1.5 -0.5 0.5 1.5
Escores normais
Figura 11 – Efeitos x Escores normais da resistência à fadiga das emendas dentadas para o
Pinus caribea hondurensis e o adesivo poliuretano à base de óleo de mamona.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 113

Tabela 20 – Intervalo de confiança a 95% da resistência à fadiga das emendas dentadas para o
Pinus Caribea hondurensis e o adesivo poliuretano.
Ensaios Lim. Inferior Efeitos Lim. Superior Identificação
1 3,53154 3,58474 3,63794 Média
2 0,25558 0,30878 0,36198 f
3 -0,06924 -0,01604 0,03715 f2
4 -1,28845 -1,23525 -1,18205 S
5 0,00236 0,05556 0,10876 fS
6 -0,09254 -0,03934 0,01386 f2S
7 -0,23795 -0,18475 -0,13155 S2
8 -0,06765 -0,01445 0,03875 fS2
9 -0,08321 -0,03001 0,02319 f2S2

Os resultados apresentados nas Tabelas 19 e 20, e a análise da Figura 11,


definem o efeito linear da tensão (S), o efeito linear da freqüência (f) e o efeito
quadrático da tensão (S2) como os efeitos mais significativos das variáveis e suas
interações, sendo o primeiro o fator preponderante. A Figura 12 representa as curvas S-
N obtidas a partir dos resultados experimentais estimados através do Algoritmo de
Yates.

90
Nível máximo - % da resistência

1 Hz
5 Hz
80 9 Hz

70

60
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
log N
Figura 12 – Curvas S-N das emendas dentadas para o Pinus Caribea hondurensis e o adesivo
poliuretano.

5.2.2.3 Emenda dentada: Eucalyptus grandis e adesivo Cascophen


Na Tabela 21 são apresentados os dados originais dos números de ciclos
correspondentes às resistências à fadiga na tração das emendas dentadas de Eucalyptus
grandis coladas com o adesivo Cascophen. Na Tabela 22 estes dados são apresentados,
por combinação de parâmetros e níveis, na forma transformada (Y = log N).
As análises dos valores encontrados nas Tabelas 23 e 24, e análise gráfica da
Figura 13, permitem identificar os efeitos mais significativos das variáveis e suas
interações.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


114 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

Tabela 21 – Números de ciclos correspondentes às resistências à fadiga das emendas


dentadas para Eucalyptus grandis e o adesivo Cascophen (dados originais)
Variáveis Variáveis Dependentes
Ensaios independentes (N)
f S y1 y2 y3 y4 y5 y6
1 1 60 30000 26052 16135 36250 25161 16019
2 5 60 50073 35106 26022 66561 21410 47202
3 9 60 80135 40166 70910 101142 104429 95920
4 1 75 6007 2924 6014 2075 4321 5378
5 5 75 9205 4138 13371 6027 10327 9535
6 9 75 25796 51125 30239 10556 17613 31451
7 1 90 69 31 108 67 49 40
8 5 90 325 264 139 216 413 335
9 9 90 627 155 198 400 130 203
Os valores y1, y2, y3, y4, y5 e y6 são as réplicas.

Tabela 22 – Números de ciclos correspondentes às resistências à fadiga das emendas dentadas


para Eucalyptus grandis e o adesivo Cascophen (dados transformados)
Variáveis Variáveis Dependentes
Ensaios Independentes (log N)
f S Y1 Y2 Y3 Y4 Y5 Y6 Y
1 1 60 4,47712 4,41584 4,20777 4,55931 4,40073 4,20464 4,37757
2 5 60 4,69960 4,54538 4,41534 4,82322 4,33062 4,67396 4,58135
3 9 60 4,90382 4,60386 4,85071 5,00493 5,01882 4,98191 4,89401
4 1 75 3,77866 3,46598 3,77916 3,31702 3,63558 3,73062 3,61784
5 5 75 3,96402 3,61679 4,12616 3,78010 4,01397 3,97932 3,91340
6 9 75 4,41155 4,70863 4,48057 4,02350 4,24583 4,49763 4,39462
7 1 90 1,83885 1,49136 2,03342 1,82607 1,69020 1,60206 1,74699
8 5 90 2,51188 2,42160 2,14301 2,33445 2,61595 2,52504 2,42533
9 9 90 2,79727 2,19033 2,29667 2,60206 2,11394 2,30750 2,38463
Os valores Y1, Y2, Y3, Y4, Y5, Y6 e Y são as réplicas e a média da variável resposta, respectivamente.

Tabela 23 – Efeitos significativos das varáveis e suas interações na resistência à fadiga das
emendas dentadas para o Eucalyptus grandis e o adesivo Cascophen.
Ensaios Resposta (1) (2) Divisor Efeitos Identificação SQ
1 26,2654 83,1176 194,014 54 3,59286 Média 697,066
2 27,4881 71,5551 11,585 36 0,32181 f 3,728
3 29,3640 39,3417 -2,547 108 -0,02358 f2 0,060
4 21,7070 3,0986 -43,776 36 -1,21600 S 53,231
5 23,4804 4,6607 0,727 24 0,03030 fS 0,022
6 26,3677 3,8258 -4,967 72 -0,06899 f2S 0,343
7 10,4820 0,6532 -20,651 108 -0,19121 S2 3,949
8 14,5520 1,1140 -2,397 72 -0,03329 fS2 0,080
9 14,3078 -4,3142 -5,889 216 -0,02726 f2S2 0,161

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 115

f
0.0

S2

Efeitos
-0.5

-1.0

S
-1.5 -0.5 0.5 1.5
Escores normais
Figura 13 – Efeitos x Escores normais da resistência à fadiga das emendas dentadas para o
Eucalyptus grandis e o adesivo Cascophen.

Tabela 24 – Intervalo de confiança a 95% da resistência à fadiga das emendas dentadas para o
Eucalyptus grandis e o adesivo Cascophen.
Ensaios Lim. Inferior Efeitos Lim. Superior Identificação
1 3,54114 3,59286 3,64458 Média
2 0,27009 0,32181 0,37353 f
3 -0,07530 -0,02358 0,02813 f2
4 -1,26771 -1,21600 -1,16428 S
5 -0,02142 0,03030 0,08201 fS
6 -0,12071 -0,06899 -0,01727 f2S
7 -0,24293 -0,19121 -0,13950 S2
8 -0,08501 -0,03329 0,01843 fS2
9 -0,07898 -0,02726 0,02445 f2S2

Os resultados apresentados nas Tabelas 23 e 24, e a análise da Figura 13,


definem o efeito linear da tensão (S), o efeito linear da freqüência (f) e o efeito
quadrático da tensão (S2) como os efeitos mais significativos das variáveis e suas
interações, sendo o primeiro o fator preponderante. A Figura 14 representa as curvas S-
N obtidas a partir dos resultados experimentais estimados através do Algoritmo de
Yates.

90
Nível máximo - % da resistência

1 Hz
5 Hz
80 9 Hz

70

60
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
log N
Figura 14 – Curvas S-N das emendas dentadas para o Eucalyptus grandis e o adesivo
Cascophen.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


116 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

5.2.2.4 Emenda dentada: Eucalyptus grandis e adesivo poliuretano à base de


óleo de mamona
Na Tabela 25 são apresentados os dados originais dos números de ciclos
correspondentes às resistências à fadiga na tração das emendas dentadas de Eucalyptus
grandis coladas com o adesivo poliuretano. Na Tabela 26 estes dados são apresentados,
por combinação de parâmetros e níveis, na forma transformada (Y = log N).

Tabela 25 – Números de ciclos correspondentes às resistências à fadiga das emendas dentadas


para Eucalyptus grandis e o adesivo poliuretano (dados originais)
Variáveis Variáveis Dependentes
Ensaios independentes (N)
f S y1 y2 y3 y4 y5 y6
1 1 60 32412 16138 20073 25765 46278 9654
2 5 60 67434 50000 20788 63208 46081 44230
3 9 60 70819 108540 117265 39331 97100 62769
4 1 75 6452 6349 3798 3199 6294 4255
5 5 75 12764 7386 9640 5268 5624 8561
6 9 75 26638 21256 18870 15358 38047 8099
7 1 90 72 49 11 56 155 53
8 5 90 234 214 116 212 509 387
9 9 90 295 247 318 159 321 593
Os valores y1, y2, y3, y4, y5 e y6 são as réplicas.

Tabela 26 – Números de ciclos correspondentes às resistências à fadiga das emendas dentadas


para Eucalyptus grandis e o adesivo poliuretano (dados transformados)
Variáveis Variáveis Dependentes
Ensaios Independentes (log N)
f S Y1 Y2 Y3 Y4 Y5 Y6 Y
1 1 60 4,51071 4,20785 4,30261 4,41103 4,66537 3,98471 4,34705
2 5 60 4,82888 4,69897 4,31781 4,80077 4,66352 4,64572 4,65928
3 9 60 4,85015 5,03559 5,06917 4,59474 4,98722 4,79775 4,88910
4 1 75 3,80969 3,80271 3,57956 3,50501 3,79893 3,62890 3,68747
5 5 75 4,10599 3,86841 3,98408 3,72165 3,75005 3,93252 3,89378
6 9 75 4,42550 4,32748 4,27577 4,18633 4,58032 3,90843 4,28397
7 1 90 1,85733 1,69020 1,04139 1,74819 2,19033 1,72428 1,70862
8 5 90 2,36922 2,33041 2,06446 2,32634 2,70672 2,58771 2,39748
9 9 90 2,46982 2,39270 2,50243 2,20140 2,50651 2,77305 2,47432
Os valores Y1, Y2, Y3, Y4, Y5, Y6 e Y são as réplicas e a média da variável resposta, respectivamente.

As análises dos valores encontrados nas Tabelas 27 e 28, e análise gráfica da


Figura 15, permitem identificar os efeitos mais significativos das variáveis e suas
interações.

Tabela 27 – Efeitos significativos das varáveis e suas interações na resistência à fadiga das
emendas dentadas para o Eucalyptus grandis e o adesivo poliuretano.
Ensaios Resposta (1) (2) Divisor Efeitos Identificação MS
1 26,0823 83,3726 194,046 54 3,59345 Média 697,296
2 27,9557 71,1913 11,426 36 0,31738 f 3,626
3 29,3346 39,4825 -3,063 108 -0,02836 f2 0,087
4 22,1248 3,2523 -43,890 36 -1,21917 S 53,509
5 23,3627 3,5790 1,342 24 0,05591 fS 0,075
6 25,7038 4,5942 -3,178 72 -0,04413 f2S 0,140
7 10,2517 -0,4945 -19,528 108 -0,18081 S2 3,531
8 14,3849 1,1033 0,688 72 0,00956 fS2 0,007
9 14,8459 -3,6721 -6,373 216 -0,02950 f2S2 0,188

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 117

0.0

S2

Efeitos
-0.5

-1.0

S
-1.5 -0.5 0.5 1.5
Escores normais
Figura 15 – Efeitos x Escores normais da resistência à fadiga das emendas dentadas para o
Eucalyptus grandis e o adesivo poliuretano.

Tabela 28 – Intervalo de confiança a 95% da resistência à fadiga das emendas dentadas para o
Eucalyptus grandis e o adesivo poliuretano
Ensaios Lim. Inferior Efeitos Lim. Superior Identificação
1 3,53456 3,59345 3,65234 Média
2 0,25848 0,31738 0,37627 f
3 -0,08726 -0,02836 0,03053 f2
4 -1,27806 -1,21917 -1,16028 S
5 -0,00298 0,05591 0,11480 fS
6 -0,10303 -0,04413 0,01476 f2S
7 -0,23970 -0,18081 -0,12192 S2
8 -0,04933 0,00956 0,06845 fS2
9 -0,08840 -0,02950 0,02939 f2S2

Os resultados apresentados nas Tabelas 27 e 28, e a análise da Figura 15,


definem o efeito linear da tensão (S), o efeito linear da freqüência (f) e o efeito
quadrático da tensão (S2) como os efeitos mais significativos das variáveis e suas
interações, sendo o primeiro o fator preponderante. A Figura 16 representa as curvas S-
N obtidas a partir dos resultados experimentais estimados através do Algoritmo de
Yates.
90
Nível máximo - % da resistência

1 Hz
5 Hz
80
9 Hz

70

60
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
log N
Figura 16 - Curvas S-N das emendas dentadas para o Eucalyptus grandis e o adesivo
poliuretano.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


118 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

5.2.2.5 Madeira maciça: Pinus caribea hondurensis


Na Tabela 29 são apresentados os dados originais dos números de ciclos
correspondentes às resistências à fadiga na madeira maciça para Pinus caribea
hondurensis. Na Tabela 30 estes dados são apresentados, por combinação de parâmetros
e níveis, na forma transformada (Y = log N).

Tabela 29 – Números de ciclos correspondentes às resistências à fadiga da madeira maciça para


o Pinus caribea hondurensis (dados originais)
Variáveis Variáveis Dependentes
Ensaios independentes (N)
f S y1 y2 y3 y4 y5 y6
1 1 60 211480 430899 204017 229270 252510 400197
2 5 60 900005 703389 1794615 1149067 1382568 791034
3 9 60 793417 1106942 1814582 1264336 1330109 1016584
4 1 75 93432 118610 178388 66818 72917 87134
5 5 75 360056 124050 309413 163539 253120 219832
6 9 75 150375 241314 454026 264474 297954 373929
7 1 90 91 57 21 139 113 87
8 5 90 187 417 348 617 584 381
9 9 90 103 325 649 619 669 925
Os valores y1, y2, y3, y4, y5 e y6 são as réplicas.

Tabela 30 – Números de ciclos correspondentes às resistências à fadiga da madeira maciça para


o Pinus caribea hondurensis (dados transformados)
Variáveis Variáveis Dependentes
Ensaios Independentes (log N)
f S Y1 Y2 Y3 Y4 Y5 Y6 Y
1 1 60 5,32527 5,63438 5,30967 5,36035 5,40228 5,60227 5,43903
2 5 60 5,95425 5,84720 6,25397 6,06035 6,14069 5,89820 6,02577
3 9 60 5,89950 6,04413 6,25878 6,10186 6,12389 6,00714 6,07255
4 1 75 4,97050 5,07412 5,25137 4,82489 4,86283 4,94019 4,98732
5 5 75 5,55637 5,09360 5,49054 5,21362 5,40333 5,34209 5,34992
6 9 75 5,17718 5,38258 5,65708 5,42238 5,47415 5,57279 5,44769
7 1 90 1,95904 1,75587 1,32222 2,14301 2,05308 1,93952 1,86212
8 5 90 2,27184 2,62014 2,54158 2,79029 2,76641 2,58092 2,59520
9 9 90 2,01284 2,51188 2,81224 2,79169 2,82543 2,96614 2,65337
Os valores Y1, Y2, Y3, Y4, Y5, Y6 e Y são as réplicas e a média da variável resposta, respectivamente.

As análises dos valores encontrados nas Tabelas 31 e 32, e análise gráfica da Figura 17,
permitem identificar os efeitos mais significativos das variáveis e suas interações.

Tabela 31 – Efeitos significativos das varáveis e suas interações na resistência à fadiga madeira
maciça para o Pinus caribea hondurensis.
Ensaios Resposta (1) (2) Divisor Efeitos Identificação SQ
1 32,6342 105,224 242,598 54 4,49255 Média 1089,88
2 36,1546 94,710 11,311 36 0,31419 f 3,55
3 36,4353 42,664 -8,878 108 -0,08221 f2 0,73
4 29,9239 3,801 -62,560 36 -1,73778 S 108,72
5 32,0995 2,762 0,946 24 0,03943 fS 0,04
6 32,6862 4,747 -0,810 72 -0,01124 f2S 0,01
7 11,1727 -3,240 -41,531 108 -0,38455 S2 15,97
8 15,5712 -1,589 3,024 72 0,04200 fS2 0,13
9 15,9202 -4,049 -4,111 216 -0,01903 f2S2 0,08

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 119

f
0

S2

Efeitos
-1

S
-2
-1.5 -0.5 0.5 1.5
Escores normais
Figura 17 – Efeitos x Escores normais da resistência à fadiga da madeira maciça para o Pinus
caribea hondurensis.

Tabela 32 – Intervalo de confiança a 95% da resistência à fadiga da madeira maciça para o


Pinus caribea hondurensis
Ensaios Lim. Inferior Efeitos Lim. Superior Identificação
1 4,43752 4,49255 4,54759 0
2 0,25916 0,31419 0,36922 f
3 -0,13724 -0,08221 -0,02717 f2
4 -1,79281 -1,73778 -1,68275 S
5 -0,01560 0,03943 0,09447 fS
6 -0,06628 -0,01124 0,04379 f2S
7 -0,43958 -0,38455 -0,32951 S2
8 -0,01303 0,04200 0,09703 fS2
9 -0,07407 -0,01903 0,03600 f2S2

Os resultados apresentados nas Tabelas 31 e 32, e a análise da Figura 17,


definem o efeito linear da tensão (S), o efeito linear da freqüência (f) e o efeito
quadrático da tensão (S2) como os efeitos mais significativos das variáveis e suas
interações, sendo o primeiro o fator preponderante. A Figura 18 representa as curvas S-
N obtidas a partir dos resultados experimentais estimados através do Algoritmo de
Yates.

90
Nível máximo - % da resistência

1 Hz
5 Hz
80 9 Hz

70

60
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5
log N
Figura 18 - Curvas S-N da madeira maciça para o Pinus caribea hondurensis.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


120 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

5.2.2.6 Madeira maciça: Eucalyptus grandis


Na Tabela 33 são apresentados os dados originais dos números de ciclos
correspondentes às resistências à fadiga na madeira maciça para Eucalyptus grandis. Na
Tabela 34 estes dados são apresentados, por combinação de parâmetros e níveis, na
forma transformada (Y = log N).

Tabela 33 – Números de ciclos correspondentes às resistências à fadiga da madeira maciça para


o Eucalyptus grandis (dados originais)
Variáveis Variáveis Dependentes
Ensaios independentes (N)
f S y1 y2 y3 y4 y5 y6
1 1 60 300060 447727 256633 483367 428444 180865
2 5 60 1601572 902906 1310678 867411 1413229 1887691
3 9 60 963383 1367100 1410236 1145759 1145760 1535709
4 1 75 153472 124896 81872 94734 77639 114332
5 5 75 339606 255226 356979 249317 182182 290385
6 9 75 175454 241199 310731 473653 332578 329510
7 1 90 13 45 204 104 34 134
8 5 90 181 120 236 639 594 897
9 9 90 355 157 430 284 745 1077
Os valores y1, y2, y3, y4, y5 e y6 são as réplicas.

Tabela 34 – Números de ciclos correspondentes às resistências à fadiga da madeira maciça para


o Eucalyptus grandis (dados transformados)
Variáveis Variáveis Dependentes
Ensaios Independentes (log N)
f S Y1 Y2 Y3 Y4 Y5 Y6 Y
1 1 60 5,47721 5,65101 5,40931 5,68428 5,63189 5,25735 5,51851
2 5 60 6,20455 5,95564 6,11750 5,93822 6,15021 6,27593 6,10701
3 9 60 5,98380 6,13580 6,14929 6,05909 6,05909 6,18631 6,09556
4 1 75 5,18603 5,09655 4,91314 4,97651 4,89008 5,05817 5,02008
5 5 75 5,53098 5,40692 5,55264 5,39675 5,26051 5,46297 5,43513
6 9 75 5,24416 5,38238 5,49238 5,67546 5,52189 5,51787 5,47236
7 1 90 1,11394 1,65321 2,30963 2,01703 1,53148 2,12710 1,79207
8 5 90 2,25768 2,07918 2,37291 2,80550 2,77379 2,95279 2,54031
9 9 90 2,55023 2,19590 2,63347 2,45332 2,87216 3,03222 2,62288
Os valores Y1, Y2, Y3, Y4, Y5, Y6 e Y são as réplicas e a média da variável resposta, respectivamente.

As análises dos valores encontrados nas Tabelas 35 e 36, e análise gráfica da


Figura 19, permitem identificar os efeitos mais significativos das variáveis e suas
interações.
Tabela 35 – Efeitos significativos das varáveis e suas interações na resistência à fadiga da
madeira maciça para o Eucalyptus grandis.
Ensaios Resposta (1) (2) Divisor Efeitos Identificação SQ
1 33,1111 106,326 243,623 54 4,51154 Média 1099,12
2 36,6421 95,565 11,161 36 0,31002 f 3,46
3 36,5734 41,732 -9,861 108 -0,09130 f2 0,90
4 30,1205 3,462 -64,595 36 -1,79430 S 115,90
5 32,6108 2,714 1,523 24 0,06344 fS 0,10
6 32,8341 4,985 -0,394 72 -0,00548 f2S 0,00
7 10,7524 -3,600 -43,073 108 -0,39882 S2 17,18
8 15,2419 -2,267 3,020 72 0,04194 fS2 0,13
9 15,7373 -3,994 -3,060 216 -0,01417 f2S2 0,04

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 121

f
0

S2

Efeitos
-1

S
-2
-1.5 -0.5 0.5 1.5
Escores normais
Figura 19 – Efeitos x Escores normais da resistência à fadiga da madeira maciça para o
Eucalyptus grandis.
Tabela 36 – Intervalo de confiança a 95% da resistência à fadiga da madeira maciça para o
Eucalyptus grandis
Ensaios Lim. Inferior Efeitos Lim. Superior Identificação
1 4,44835 4,51154 4,57474 Média
2 0,24683 0,31002 0,37322 f
3 -0,15450 -0,09130 -0,02810 f2
4 -1,85750 -1,79430 -1,73111 S
5 0,00024 0,06344 0,12664 fS
6 -0,06868 -0,00548 0,05772 f2S
7 -0,46202 -0,39882 -0,33562 S2
8 -0,02126 0,04194 0,10514 fS2
9 -0,07736 -0,01417 0,04903 f2S2

Os resultados apresentados nas Tabelas 35 e 36, e a análise da Figura 19, definem o


efeito linear da tensão (S), o efeito linear da freqüência (f) e o efeito quadrático da
tensão (S2) como os efeitos mais significativos das variáveis e suas interações, sendo o
primeiro o fator preponderante. A Figura 20 representa as curvas S-N obtidas a partir
dos resultados experimentais estimados através do Algoritmo de Yates.

90
Nível máximo - % da resistência

1 Hz
5 Hz
80 9 Hz

70

60
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5
log N
Figura 20 - Curvas S-N da madeira maciça para o Eucalyptus grandis.

5.2.2.7 Comparação entre as resistência à fadiga da madeira maciça para as


freqüências de 5 Hz e 9 Hz
Os valores apresentados na Tabela 37 mostram que as vidas à fadiga da madeira
maciça são aproximadamente iguais para as freqüências de 5 Hz e 9 Hz. Esta
consideração tem uma tendência a se confirmar para valores estimados através do
Algoritmo de Yates, conforme ilustrado nas Figuras 18 e 20.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


122 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

Tabela 37 – Números de ciclos correspondentes às resistências à fadiga da madeira maciça para


as freqüências de 5 Hz e 9 Hz.
Variáveis Variáveis Dependentes (log N)
Independentes Pinus caribea hondurensis Eucalyptus grandis
f S Y Y
5 60 6,02577 6,10701
9 60 6,07255 6,09556
5 75 5,34992 5,43513
9 75 5,44769 5,47236
5 90 2,59520 2,54031
9 90 2,65337 2,62288
Os valores Y são as médias da variável resposta.

5.2.3 Estimativa do coeficiente de redução da resistência à fadiga da emenda


dentada em relação à madeira maciça
Com base nas análises de regressão envolvendo seis grupos diferentes de dados
do número de ciclos correspondentes à resistência a fadiga, Tabela 38, e considerando a
relação entre as resistências da emenda dentada e da madeira maciça, apresentados na
Tabela 12, foi determinado o coeficiente de redução da resistência à fadiga da emenda
em relação à resistência à fadiga da madeira maciça, conforme apresentado na Tabela
38.
Tabela 38 – Estimativa do coeficiente redução de resistência à fadiga da emenda dentada em
relação à madeira maciça
Pinus caribea hondurensis Eucalyptus grandis
Grupos de dados
Cascophen Mamona Cascophen Mamona
Todos os valores de ensaios 0,633 0,692 0,560 0,584
Todos os valores médios 0,635 0,696 0,562 0,586
Todos os valores para f = 1Hz 0,623 0,689 0,556 0,580
Todos os valores para f = 5Hz 0,620 0,673 0,547 0,596
Todos os valores para f = 9Hz 0,658 0,710 0,585 0,605
Valores característicos 0,685 0,755 0,640 0,653

Os dados utilizados nos cinco primeiros grupos de ensaio da Tabela 38 foram


retirados diretamente dos valores apresentados nas Tabelas 14, 18,22, 26, 30 e 34 sendo
que o último grupo foi baseado nos valores característicos de cada ensaio. Os
coeficientes apresentados na Tabela 38 mostram uma melhor eficiência das emendas
coladas com o adesivo poliuretano à base de óleo de mamona quando comparadas às
emendas coladas com o Cascophen.

5.2.4 Variação da rigidez em função do número de ciclos


Quanto à evolução da rigidez das emendas dentadas em função do número de
ciclos foi observado que ocorre um pequeno acréscimo de rigidez em relação à rigidez
inicial (5% no máximo), seguido de uma fase de estabilização e um posterior
decréscimo com ruptura iminente, conforme exemplificado na Tabela 39 e na Figura 21.
Esta consideração é válida para todas as emendas dentadas analisadas neste trabalho.
Para a madeira maciça foi observado o mesmo comportamento, com a variação de
rigidez não ultrapassando os 5% na maioria dos casos. O acréscimo da rigidez em
relação à rigidez inicial, é justificado principalmente pela reorganização na estrutura da

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 123

madeira enquanto que seu decréscimo pode estar relacionado com estágio crítico de
danificação no material.

Tabela 39 – Variação da rigidez em relação à rigidez inicial para o Pinus caribea hondurensis e
o adesivo Cascophen (σmax = 75% ft0 e f = 1 Hz).
D51c E63c A73c C83c C111c B141c
N Rig Var Rig Var Rig Var Rig Var Rig Var Rig Var
kN/cm2 % kN/cm2 % kN/cm2 % KN/cm2 % kN/cm2 % kN/cm2 %
0 815,6 - 738,2 - 774,4 - 860,6 - 827,9 - 772,5 -
1000 830,5 1,8 736,1 -0,3 823,0 4, 877,1 1,9 835,2 0,9 779,7 0,9
2000 832,7 2,1 724,9 -1,8 808,3 4,4 878,4 2,0 834,2 0,8 782,3 1,3
3000 830,6 1,8 - - 805,0 3,9 879,1 2,1 834,2 0,8 781,1 1,1
4000 809,8 -0,7 - - - - 886,4 3,0 833,3 0,7 - -
5000 - - - - - - 889,7 3,4 810,0 -2,1 - -
6000 - - - - - - 874,8 1,6 - - - -

D51c Nrupt = 4.368 E63c Nrupt = 2.738


960 A73c Nrupt = 3.150 C83c Nrupt = 6.003
C111c Nrupt = 5.001 B141c Nrupt = 3.027
920
Rigidez (KN/cm )
2

880

840

800

760

720

680
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Número de ciclos
Figura 21 – Variação da rigidez em função do número de ciclos para o Pinus caribea
hondurensis e o adesivo Cascophen (σmax = 75% ft0 e f = 1 Hz).

6 CONCLUSÕES

Os efeitos da fluência em MLC são significativamente menores que na madeira


maciça, uma vez que os elementos estruturais de MLC são geralmente maiores,
produzidos a partir de madeira seca e possuem superfícies de revestimento que
dificultam o fluxo de umidade atribuindo-lhes comportamento mais uniforme. Além
disso, os adesivos usados em MLC geralmente não sofrem degradação devido ao efeito
da temperatura e umidade garantindo a solidez de comportamento das ligações. Estas
informações reforçam a idéia de ensaiar as emendas dentadas à fadiga na tração para
níveis de freqüência onde as propriedades reológicas da madeira não tem influência.
A hipótese encontrada na literatura, em que a vida à fadiga da madeira maciça é
independente da espécie desde que os níveis de tensão sejam definidos em função de
sua resistência se confirmou nos resultados apresentados neste estudo. Observou-se
ainda que esta consideração também foi válida para as emendas dentadas. No caso
particular da madeira maciça observou-se que as vidas à fadiga na tração para as
freqüências de 5 Hz e 9 Hz são aproximadamente iguais, o que é compatível com as
informações apresentadas por HANSEN (1991) para a fadiga na compressão, Figura 82.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


124 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

% de resistência

log N
Figura 22 - Diagramas S-N para a resistência a fadiga na compressão da madeira em diferentes
níveis de freqüência.
Fonte: HANSEN (1991).
Observou-se em alguns corpos-de-prova de madeira maciça o surgimento de
trincas longitudinais que se propagaram causando a separação das fibras da madeira,
sendo que estas trincas não foram necessariamente responsáveis pela ruptura do corpo-
de-prova. Nos ensaios de fadiga dos corpos-de-prova com emenda dentada não foi
observado o surgimento de trincas.
Os corpos-de-prova gêmeos ou de controles devem ser retirados
preferencialmente no sentido longitudinal das peças de madeira. Para que os corpos-de-
prova retirados no sentido transversal possam ser considerados gêmeos é necessário que
a disposição dos anéis de crescimento na seção permita tal possibilidade (item 3.1).
Estes cuidados na retirada dos corpos-de-prova gêmeos podem reduzir de forma
significativa a dispersão dos resultados nos ensaios de fadiga em madeira, uma vez que
diminui as incertezas referentes às resistências de referência.
O modo de ruptura por fadiga das emendas dentadas foi, na maioria dos casos,
semelhante a sua ruptura estática. As rupturas dos corpos-de-prova de Eucalyptus
grandis, tanto dinâmicos quanto estáticos, ocorreram na sua grande maioria na interface
madeira/adesivo enquanto que para os corpos-de-prova de Pinus caribea hondurensis as
rupturas quase sempre envolveram a madeira. Um fato interessante e que deve ser
ressaltado é que nos casos onde ocorreram rupturas na interface madeira/adesivo foi
observado que o adesivo poliuretano à base de óleo de mamona promoveu um maior
arrancamento de madeira que o adesivo Cascophen.
Apesar das variações de rigidez observadas, considera-se que não houve
variação significativa da rigidez em função do número de ciclos nem para as emendas
dentadas e nem para a madeira maciça, uma vez que estas variações são muito pequenas
(inferiores a 5% na grande maioria dos casos). Estes resultados confirmam o caráter
extremamente frágil das rupturas e reforçam a hipótese de que para o intervalo de
freqüência adotado neste estudo, não há influência das propriedades reológicas da
madeira nos resultados dos ensaios, podendo ser tratado como um caso de fadiga
elástica.
De uma forma geral, observou-se que as emendas dentadas e a madeira maciça
apresentam um comportamento similar quando submetidos a ensaios de fadiga. O efeito
linear do nível de tensão (S) é o fator preponderante na redução da vida à fadiga tanto
da emenda dentada quanto da madeira maciça, porém foi comprovado estatisticamente
que o efeito quadrático do nível de tensão (S2) também contribui significativamente
nesta redução da vida à fadiga e que o efeito linear da freqüência (f) tem efeito

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada colada 125

significativo no acréscimo da vida à fadiga dos corpos-de-prova com e sem emendas


dentadas.
O adesivo poliuretano, quando comparado ao adesivo Cascophen, mostrou-se
adequado para aplicação em MLC tanto do ponto de vista de resistência quanto do
ponto de vista de resistência à fadiga. Apesar da superioridade significativa dos
coeficientes de redução de resistência à fadiga das emendas dentadas coladas com o
adesivo poliuretano em relação aos coeficientes das emendas dentadas coladas com o
adesivo Cascophen, sugere-se como coeficiente de redução para a resistência à fadiga
da emenda dentada em relação à madeira maciça, para geometria adotada neste estudo e
12% de teor de umidade, a seguinte estimava:
Tabela 40 – Coeficiente de redução da resistência à fadiga da emenda dentada em relação a
madeira maciça
Espécie
Valores
Pinus caribea hondurensis Eucalyptus grandis
Médios 0,630 0,560
Característicos 0,680 0,640

Como metodologia de ensaio para as emendas dentadas e para a madeira maciça à


fadiga na tração sugere-se:
• trabalhar com os com os níveis de freqüência no intervalo de 1 Hz a 10Hz, o que
favorece a análise de fadiga elástica e é compatível com o fator tempo
disponível para os ensaios;
• com a forma de retirada dos corpos-de-prova gêmeos no sentido paralelo às
fibras da madeira ou no sentido transversal caso a distribuição dos anéis
crescimento na seção permita.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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elastoméricas baseadas em materiais oleoquímicos. São Carlos. Dissertação
(Mestrado) - Instituto de Física e Química de São Carlos - Universidade de São Paulo.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1997). NBR-7190 -


Projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro, ABNT.

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experimenters: an introduction to design, data analysis, and model building. John
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126 Alcebíades Negrão Macêdo & Carlito Calil Junior

LOGSDON, N.B. (1995). Variação da tensão resistente ao cisalhamento paralelo às


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(Mart.) Wild. In: ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM ESTRUTURAS
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MACÊDO, A.N. (1996). Estudo de emendas dentadas em madeira laminada colada


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MACÊDO, A.N. (2000). Fadiga em emendas dentadas em madeira laminada


colada. São Carlos. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos,
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Panamericana S. A.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 95-126, 2007


ISSN 1809-5860

CONTRIBUIÇÕES AO ESTUDO DA RESISTÊNCIA À


COMPRESSÃO DE PAREDES DE ALVENARIA DE
BLOCOS CERÂMICOS

Patricia Domingues Garcia1 & Marcio Antonio Ramalho2

Resumo

O presente trabalho é um estudo teórico e principalmente experimental sobre paredes


de alvenaria de blocos cerâmicos. Inicialmente, está apresentada uma compilação de
vários resultados de ensaios à compressão de paredes de alvenaria estrutural de blocos
cerâmicos realizados em diversos centros de pesquisa no Brasil. Depois, são
apresentados procedimentos e resultados de diversos ensaios com unidades, prismas e
paredes de alvenaria estrutural de blocos cerâmicos, com e sem graute. Todos esses
ensaios foram realizados especialmente durante este trabalho de pesquisa com o intuito
de confirmar e ampliar os conhecimentos adquiridos com a compilação de resultados
anteriormente mencionada. Por fim, foram modeladas, numericamente, paredes com e
sem graute visando, principalmente, obter-se informações sobre as melhores opções
para a discretização de estruturas desse tipo.

Palavras-chave: alvenaria; blocos estruturais; blocos cerâmicos.

1 INTRODUÇÃO

Por ser a resistência à compressão a mais relevante característica da


alvenaria estrutural, muitas pesquisas tem sido desenvolvidas com o intuito de
analisar o comportamento de paredes sob a ação de cargas monotônicas centradas.
Verifica-se, na atualidade, o avanço de alguns países em termos de caracterização
dos materiais construtivos nele existentes e do seu comportamento estrutural, embora
a maior parte ainda se baseie em Normas estrangeiras para o dimensionamento de
suas edificações. No Brasil, a utilização da alvenaria vem crescendo bastante desde a
sua implantação na década de 60 e as pesquisas a respeito desse processo
construtivo estão em andamento, com o intuito de se obter um conjunto de Normas
voltadas para as necessidades desse país.

Quando se trata de obras convencionais de concreto armado, a verificação da


resistência do concreto usado é feita através de ensaios à compressão de corpos de
prova de tamanhos indicados pelas normas de cada país. No caso da alvenaria,
entretanto, essa verificação pode ser feita de duas maneiras: ensaiando-se blocos e
corpos de prova de argamassa e ensaiando-se prismas à compressão axial. Portanto,

1
Mestre em Engenharia de Estruturas – EESC - USP
2
Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC – USP, ramalho@sc.usp.br

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


128 Patricia Domingues Garcia & Marcio Antonio Ramalho

o estabelecimento de correlações entre resistências de blocos, prismas e paredes é


de fundamental importância para o dimensionamento das estruturas.
A fim de não onerar o custo total de edificações em alvenaria estrutural,
projetistas optam muitas vezes pela adoção de blocos de resistências relativamente
baixas para o dimensionamento de paredes de um mesmo pavimento e utilizam a
técnica de grauteamento de furos para atingir a resistência necessária nas paredes
mais solicitadas. Por ser prática corrente nesse país, verificou-se também a
necessidade de se estabelecer parâmetros seguros e econômicos para a utilização
dessa técnica na obtenção de aumento de resistência de painéis de parede. Esse
trabalho está inserido nessa pesquisa como uma contribuição no sentido de obter
esses resultados.

2 PESQUISAS PUBLICADAS NO BRASIL

Foram compilados resultados de ensaios realizados em todo o Brasil, a fim de


que se pudessem obter valores de eficiência referentes aos materiais fabricados
nesse país. As pesquisas estão restritas a ensaios com paredes não grauteadas de
blocos cerâmicos submetidas a esforços de compressão axial. É importante salientar
que os procedimentos de ensaio não foram os mesmos em todos os trabalhos.

2.1 Escola de Engenharia de São Carlos – USP: 3 trabalhos

2.1.1 MACHADO et al. (1999)

Nessa pesquisa foram usados blocos de dimensões nominais de 14x19x29


(cm), prismas de dois e de três blocos e paredes de 14x120x240 (cm). Foram usados
dois acionadores hidráulicos para a aplicação do carregamento e um perfil metálico e
uma chapa de madeira para a distribuição uniforme dessa carga. A área bruta do
bloco era de 406 cm2 e área líquida de 203 cm2. Foram ensaiados 12 blocos, 24
prismas e 10 paredes aos 28 dias.

a) Resistência

Resumo das resistências dos corpos de prova ensaiados

30
Resistência (MPa)

20

10

0 Prisma Prisma
1
Argam. 2
Bloco 3
2Blocos 4
3Blocos 5
Parede

Arg. 1:0,25:3 22.98 12.56 6.39 5.55 4.24


Arg. 1:0,5:4,5 12.83 12.56 7.23 5.21 4.16

Figura 1 - Resumo dos corpos de prova ensaiados.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


Contribuições ao estudo da resistência à compressão de paredes de alvenaria de blocos... 129

b) Eficiência

Valores de eficiência

0.8

0.6

Eficiência
0.4

0.2

0
fpa/fb
1 fpa/fp2
2 fpa/fp3
3 fp2/fb
4 fp3/fb
5
Arg. 1:0,25:3 0.34 0.66 0.76 0.51 0.44
Arg. 1:0,5:4,5 0.33 0.58 0.8 0.58 0.41

Figura 2 - Valores de eficiência.

c) Módulo de elasticidade e fissuração

Módulo de elasticidade longitudinal Relação entre carga de fissuração e


das paredes ensaiadas de ruptura

5200 0.5
E (MPa)

5000
0.45
4800

4600 0.4
1:0,25:3 1:0.5:4.5 1:0,25:3 1:0,5:4,5
E (MPa) 4852 5111 ffis/fcpa 0.48 0.45

Figura 3 – Módulo de elasticidade e relação entre a carga de fissuração e ruptura para parede.

na qual:
fcpa : Resistência à compressão das paredes
fcb : Resistência à compressão dos blocos
fp2 : Resistência à compressão dos prismas de dois blocos
fp3 : Resistência à compressão dos prismas de três blocos

2.1.2 GARCIA, P.D.; RAMALHO, M.A.

Os blocos usados nesse trabalho foram os mesmos usados no trabalho de


MACHADO et al., porém provenientes de lotes diferentes. Foram ensaiadas duas
paredes e 12 blocos à compressão axial aos 28 dias. Não foram ensaiados prismas.

a) Resistência

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


130 Patricia Domingues Garcia & Marcio Antonio Ramalho

Resumo das resistências dos corpos de prova ensaiados

15

Resistência (MPa)
10

0
Argamassa Bloco Parede
1:0,5:4,5 13.78 12.15 4.02

Figura 4 - Resumo das resistêncais últimas dos corpos de prova ensaiados

b) Eficiência

Tabela 1 – Valores de eficiência

Argamassa fcpa/fcb
1:0,5:4,5 0,33

c) Módulo de elasticidade e fissuração

Tabela 2 – Módulo de elasticidade e relação entre carga de fissuração e ruptura (parede)

Argamassa E (MPa) ffis/fcpa


1:0,5:4,5 4829 0,49

2.1.3 MACHADO, E.; TAKEYA, T.

Nesse trabalho foram utilizados blocos de dimensões nominais idênticas aos


usados nos dois trabalhos anteriores, porém com resistências diferentes. Todos os
corpos de prova foram ensaiados aos 7 dias.

a) Resistência

Resumo das resistências dos corpos de prova ensaiados

25
Resistência (MPa)

20
15
10
5
0
Argam. Bloco Prisma 2 Prisma 3 Parede
Resistência (MPa) 7.22 20.79 5.65 5.4 2.34

Figura 5 – Resistência dos corpos de prova ensaiados

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


Contribuições ao estudo da resistência à compressão de paredes de alvenaria de blocos... 131

b) Eficiência

Valores de eficiência

0.8

0.6

0.4

0.2

0
fcpa/fcb fcpa/fcp2 fcpa/fcp3 fcp2/fcb fcp3/fcb
Eficiência 0.18 0.66 0.51 0.27 0.26

Figura 6 – Valores de eficiência

c) Fissuração

Tabela 3 – Relação entre carga de fissuração e ruptura (ensaio de parede)

Argamassa ffis/fcpa
1:0,15:4,83 a/c=1 0,65
na qual:
fcpa : Resistência à compressão das paredes
fcb : Resistência à compressão dos blocos
fcp2 : Resistência à compressão dos prismas de dois blocos
fcp3 : Resistência à compressão dos prismas de três blocos

2.2 Escola Politécnica da USP: 3 trabalhos

2.2.1 GOMES, N.S.

Nesses experimentos foram utilizados blocos cerâmicos de dimensões


nominais de 19x19x39 (cm) com área bruta de 741 cm2 e área líquida de 255 cm2.
Foram construídas e ensaiadas cinco paredes denominadas E-1, E-2, G-1, G-2 E G-3
com argamassa de traço 1:0,62:4 e a/c=0,966 e cinco paredes (A-1, A-2, A-3, F-1, F-
2) com argamassa 1:0,62:6 a/c=1,362. As paredes A, E e F tiveram dimensões de
19x180x260 (cm), enquanto que as paredes G tiveram dimensões de 19x120x260
(cm). Os blocos usados para as paredes A foram lisos e nas demais paredes, com
ranhuras. Além disso, foram moldados 18 prismas de dois blocos para as paredes tipo
A e 42 prismas de dois blocos para as paredes tipo E.

O carregamento foi aplicado por meio de cinco acionadores hidráulicos e


distribuído para a seção transversal da parede por meio de um perfil metálico.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


132 Patricia Domingues Garcia & Marcio Antonio Ramalho

a) Resistência

Tabela 4 – Resistência dos corpos de prova ensaiados

Resistência Resistência Resistência Resistência à


média dos média da média dos compressão das
Parede
blocos argamassa prismas paredes
fcb(MPa) fca (MPa) fcp2 (MPa) fcpa(MPa)
A 15,3 3,6 2,4 2,5
E 9,6 10,2 3,2 3,15
F 7,5 5,1 - 2,60
G 7,5 12,0 - 2,90

b) Eficiência

Tabela 5 – Valores de eficiência

Fator de eficiência Fator de eficiência Fator de eficiência


parede-prisma parede/bloco prisma/bloco
fcpa/fcp2 fcpa/fcb fcpr2/fcb

1,04 0,16 0,16


0,98 0,32 0,33
- 0,34 -
- 0,39 -

2.2.2 FRANCO, L.S.

Foram construídos quatro painéis de parede com dimensões nominais de


124x261,5x11x5 (cm), tendo sido utilizada em duas delas argamassa de traço
1:0,5:4,5 a/c=1,01 e duas com argamassa de traço 1:0:3 a/c=0,66. Os blocos usados
tiveram dimensões de 11,5x11,3x24 (cm), área bruta de 276 cm2 e área líquida de 165
cm2. As paredes possuíam 21 fiadas e 20 juntas de 10 mm de espessura e a
aplicação do carregamento foi feita através de quatro acionadores hidráulicos.

a) Resistência

Resumo das resistêncais dos corpos de prova ensaiados

15

10

0
Arg Bloco Prisma Paredinh Parede
Arg. 1:0:3 10.49 10.6 5.85 4.67 4.49
Arg. 1:0,5:4,5 7.23 10.6 5.52 4.69 4.35

Figura 7 – Resistência dos corpos de prova ensaiados

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


Contribuições ao estudo da resistência à compressão de paredes de alvenaria de blocos... 133

b) Eficiência

Valores de eficiência

0.8

0.6

0.4

0.2

0
fcp2/fcb fpard/fcb fcpa/fcb fcpa/fcp2 fcpa/fpard

Arg.1:0:3 0.55 0.44 0.42 0.77 0.96


Arg. 1:0,5:4,5 0.52 0.44 0.41 0.79 0.93

Figura 8 – Valores de eficiência

c) Módulo de elasticidade longitudinal das paredes

Módulo de elasticidade das paredes ensaiadas

4000

3000
E (MPa)

2000

1000

0
Terço médio Altura total
Arg. 1:0:3 3661 3877
Arg. 1:0,5:4,5 2900 3001

Figura 9 - Módulo de elasticidade longitudinal das paredes ensaiadas

d) Fissuração

Tabela 6 – Relação entre carga de fissuração e ruptura (ensaio de parede)

Argamassa Parede ffis / fcpa


1:0:3 1 0,53
2 0,57
1:0,5:4,5 3 0,61
4 0,60

2.2.3 MÜLLER, M.S.K.

Realizou ensaios com três paredes de blocos cerâmicos de dimensões


14x240x119 (cm) construídas com argamassa de traço 1:0,5:4,5 a/c=1,7. Não foram

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


134 Patricia Domingues Garcia & Marcio Antonio Ramalho

preenchidos os septos transversais dos blocos, cujas dimensões nominais eram de


14x14x29 (cm). Não foram ensaiados prismas.

a) Resistência

Resumo das resistências dos corpos de prova ensaiados

Resistência (MPa) 40

30

20

10

0
Argamassa Blocos ½ Blocos Parede
Arg. 1:0,5:4,5 3.61 23.3 30.4 2.98

Figura 10 – Resistência dos corpos de prova ensaiados

b) Módulo de elasticidade longitudinal

Módulo de elasticidade

8000

6000
E (MPa)
4000

2000

0 Parede Parede
Bloco Terço médio Altura total
E(MPa) 6320 2758 3326

Figura 11 – Módulo de elasticidade longitudinal

c) Eficiência

Tabela 7 – Valores de eficiência

fcpa /fcb
0,13

2.3 Instituto de Pesquisas Tecnológicas ( I.P.T.): 5 trabalhos

2.3.1 1ª série – Relatório Nº 19508

Foram realizados ensaios de três paredes de dimensões 11,5x120x260 (cm),


construídas com blocos de dimensões nominais de 11,5x19x39 (cm). A argamassa

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


Contribuições ao estudo da resistência à compressão de paredes de alvenaria de blocos... 135

usada para o assentamento dos blocos foi de 1:0,61:3,6 a/c=0,86. Todos os ensaios
foram realizados aos 7 dias. Foram também ensaiados 18 prismas.

a) Resistência

Resumo das resistências dos corpos de prova ensaiados

15

Resistência
10

(MPa)
5

0
Arg Bloco Prisma Parede
Parede1 12.25 8.25 5.59 4.05
Parede2 11.54 8.25 5.38 3.82
Parede3 11.32 8.25 4.92 3.01

Figura 12 – Resistência dos corpos de prova ensaiados

b) Eficiência

Valores de eficiência

0.8

0.6

0.4

0.2

0
fcpa/fcp2 fcpa/fcb fcpa/fca fcb/fca fcp2/ fcb
Eficiência 0.68 0.44 0.31 0.71 0.64

Figura 13 – Valores de eficiência

2.3.2 2ª série – Relatório Nº 19509

Foram realizados ensaios de três paredes de dimensões 9x120x260 (cm),


construídas com blocos de dimensões nominais de 9x19x39 (cm). A argamassa
usada para o assentamento dos blocos foi de 1:0,61:3,6 a/c=0,86. Todos os ensaios
foram realizados aos 7 dias. Foram também ensaiados 18 prismas.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


136 Patricia Domingues Garcia & Marcio Antonio Ramalho

a) Resistência

Resumo das resistências dos corpos de prova ensaiados

15

Resistência
10

(MPa)
5

0
Parede Argamassa Blocos Prismas

Parede1 4.94 14.55 7.65 7.07


Parede2 4.47 10.75 7.65 6.84
Parede3 4.55 10.93 7.65

Figura 14 – Resistência dos corpos de prova ensaiados

b) Eficiência

Valores de eficiência

0.8

0.6

0.4

0.2

0
fcpa/fcp2 fcpa/fcb fcpa/fca fcb/fca fcp2/ fcb
Eficiência 0.67 0.61 0.38 0.63 0.9

Figura 15 – Valores de eficiência

2.3.3 3ª série – Relatório Nº 20595

Nessa série foram ensaiadas três paredes sem graute de dimensões


14x120x260 (cm), construídas com blocos de 14x19x39 (cm). Foram moldados
prismas com e sem graute. A argamassa usada foi a de traço 1:0,10:4,20 a/c=0,96 e o
graute usado para preencher os prismas foi o de traço 1:0,05:2,48:2,52 a/c=0,822.

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Contribuições ao estudo da resistência à compressão de paredes de alvenaria de blocos... 137

a) Resistência

Resumo das resistências dos corpos de prova ensaiados

20

Resistência
(MPa)
10

0
Bloco Prism Prism
Arg Graut Par
vazio vazio graut

Parede1 8.8 10.9 11.4 6.7 9.8 4.1


Parede2 6.8 12.1 11.4 6.7 11.4 4.4
Parede3 9.4 16.6 11.4 7 12.8 4.6

Figura 16 – Resistência dos corpos de prova ensaiados

b) Eficiência

Valores de eficiência

1.5

0.5

0
fcpa/fcp fcp2/
fcpa/fcb fcpa/fca fcb/fca fcp2/ fcb
2 fcpg2

Eficiência 0.65 0.39 0.53 1.37 0.6 0.57

Figura 17 – Valores de eficiência

2.3.4 4ª série – Relatório Nº 20596

Foram ensaiadas três paredes de blocos cerâmicos à compressão simples de


dimensões 14x120x260 (cm) e corpos de prova de argamassa, graute, blocos e
prismas vazios e grauteados. Os blocos possuíam dimensões nominais de 14x19x29
(cm), área bruta de 406cm2 e área líquida de 164 cm2. A argamassa usada foi de
traço 1:0,10:4,20:0,96 (cimento, cal, areia, água) e o graute, traço
1:0,05:2,48:2,52:0,822 (cimento, cal, areia, pedrisco, água). Os carregamentos foram
aplicados por cinco macacos hidráulicos dispostos sobre uma viga metálica rígida e
as paredes foram ensaiadas com idade de 21 dias.

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138 Patricia Domingues Garcia & Marcio Antonio Ramalho

a) Resistência

Resumo das resistências dos corpos de prova ensaiados

15

Resistência
10

(MPa)
5

0 P ris m a P ris m a
P a re de Arga m . Gra ute B lo c o
va zio gra ut
P a re de 1 4.6 8.7 14.3 11.5 6.9 11
P a re de 2 4.7 9.4 14.5 11.5 8.1 10.1
P a re de 3 4.3 9.6 12.9 11.5 7.1 10.3

Figura 18 – Resistência dos corpos de prova ensaiados

b) Eficiência

Valores de eficiência

1.5

0.5

0
fcpa/fcp2 fcpa/fcb fcpa/fca fcb/fca fcp2/ fcb
Eficiência 0.61 0.39 0.49 1.25 0.64

Figura 19 – Valores de eficiência

2.3.5 5ª série – Relatório Nº 24516

Foram realizados ensaios de 6 paredes à compressão simples, sendo três


delas construídas com blocos de dimensões nominais de 14x19x39 (cm) (série A)e
três com blocos de dimensões 19x19x39 (cm) (série B). Os painéis ficaram com as
dimensões 14x120x260 e 19x120x260, respectivamente. A argamassa de
assentamento usada foi a de traço 1:0,62:5,5 (cimento, cal e areia) e todos os ensaios
foram realizados aos 28 dias de cura da argamassa de assentamento.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


Contribuições ao estudo da resistência à compressão de paredes de alvenaria de blocos... 139

a) Resistência

Resumo das resistências dos corpos de prova ensaiados

10

Resistência
(MPa)
5

0
Argam Bloco Prisma Parede
Parede1 8 7.4 5 3.6
Parede2 8.3 7.4 4.8 3.5
Parede3 8.6 7.4 4.6 3.3

Figura 20 – Resistência dos corpos de prova ensaiados - Série A

Resumo das resistências dos corpos de prova ensaiados

15
Resistência

10
(MPa)

0
Argam Bloco Prisma Parede
Parede4 12.4 9.8 5.8 4.6
Parede5 9.1 9.8 4.6 4.5
Parede6 8 9.8 4.7 3.6

Figura 21 – Resistência dos corpos de prova ensaiados - Série B

b) Eficiência

Valores de eficiência

1
0.8

0.6
0.4

0.2

0
fcpa/fcp fcpa/fcb fcpa/fca fcb/fca fcp2/ fcb
Série A 0.73 0.47 0.42 0.89 0.65
Série B 0.84 0.43 0.43 1 0.51

Figura 22 – Valores de eficiência

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140 Patricia Domingues Garcia & Marcio Antonio Ramalho

3 TRABALHO EXPERIMENTAL DESENVOLVIDO

Utilizando-se blocos cerâmicos comerciais de dimensões nominais de


14x19x29 (espessura, altura e comprimento, em cm) foram construídas 12 paredes de
14x120x240 (espessura, comprimento e altura, em cm), variando-se a área de
grauteamento das mesmas: duas paredes sem graute, cinco paredes construídas com
quatro furos grauteados e cinco paredes com seis furos grauteados. Objetivou-se com
isso verificar a influência do grauteamento na resistência última dos painéis. Os
blocos usados tinham área bruta de 406 cm2 e área líquida de aproximadamente 203
cm2. Em relação às juntas horizontais, preencheram-se apenas as regiões próximas
às bordas dos blocos, com espessura de 10 mm e largura em torno de 3,5 cm.
Portanto, a área efetiva (ou área de preenchimento) foi de 62% da área bruta da
seção transversal do bloco.

Tabela 8 – Quantidade de corpos de prova

Corpos-de-prova
Ensaio Quantidade de
Tipo Característica
corpos de prova
Bloco Sem graute 12
14 x 19 x 29 (cm) Com graute 18
Cilindro(10x20)cm) 41
Prisma – Fôrma
21
Graute metálica (9x9x18)cm)
Compressão
Prisma – Fôrma de
Simples 35
blocos (9x9x18)cm)
Argamassa-painel Cilindro 5 x 10(cm) 72
2 blocos 18
Prisma
3 blocos 18
Painéis de parede 14 x 120 x 240(cm) 12

Para o assentamento das unidades utilizou-se argamassa de traço 1:0,5:4,5


(cimento,cal,areia) com fator a/c=1 e o graute de traço 1:0,05:2,2:2,4
(cimento,cal,areia,brita0) com fator a/c=0,715, ambos em volume.

Foram ensaiados blocos vazios à compressão simples para a caracterização


da resistência do lote recebido, blocos grauteados, corpos de prova de graute e
argamassa, prismas de 2 e 3 blocos e paredes. O resumo das quantidades ensaiadas
encontra-se na tabela 8.

Figura 23 - Blocos e prismas usados nos ensaios

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


Contribuições ao estudo da resistência à compressão de paredes de alvenaria de blocos... 141

Os ensaios foram realizados em duas etapas: na 1ª etapa ensaiaram-se 5


paredes com área de grauteamento de 196 cm2 (4 furos grauteados, figura 24); na 2ª
etapa, foram ensaiadas 5 paredes com área de grauteamento de 256 cm2 (figura 25) e
duas paredes sem graute.

Figura 24 - 1ª etapa de ensaios – 4 furos grauteados

Figura 25 - 2ª etapa de ensaios – 6 furos grauteados

3.1 Esquema de ensaio

Para se instrumentar as paredes, utilizaram-se quatro transdutores de


deslocamento de 10 mm de curso para a medição dos encurtamentos verticais
referentes às duas faces maiores e um transdutor de deslocamento com 50 mm de
curso para a medição do desaprumo (figura 26). A velocidade de aplicação da carga
foi de 20kN/min. Foram também instrumentados 11 blocos sem graute, 3 blocos
grauteados e 2 corpos-de-prova de argamassa com a finalidade de se obter o módulo
de elasticidade referente a cada um. Para os blocos, admitiu-se como trecho linear
valores do gráfico de tensão por deformação de 30 a 80% da tensão de ruptura; já
para os corpos de prova de argamassa, admitiu-se como trecho linear até 40% da
carga de ruptura.
30cm 60cm 30cm CARREGAMENTO

CHAPA EM
MADEIRA

40CM

Transdutores de deslocamento

85CM

70CM

Figura 26 - Instrumentação das paredes

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142 Patricia Domingues Garcia & Marcio Antonio Ramalho

3.2 Resultados

Abaixo estão mostrados os gráficos dos valores de tensão de ruptura de


argamassas, grautes, blocos, prismas e paredes obtidas nos experimentos. Durante a
execução dos ensaios da 1ª etapa, duas paredes se romperam por flexão e foram
desprezadas.

Tensão média de ruptura dos C.P. de argamassa Tensão média de ruptura dos C.P. de graute

16 40
Tensão (MPa)

Tens ão (MPa)
12
8
4 20

0
1
Argamassa - 10.97 0
1
1ªetapa
Graute - 1ª etapa 25.55
Argamassa - 13.24
2ªetapa Graute - 2ªetapa 31.49

Figura 27 - Resistência média dos corpos de prova de argamassa e graute

Resistência de blocos

20
Resistência (MPa)

15

10

0
1
Sem graute 12.15
Grauteados-1ª etapa 17.8
Grauteados-2ª etapa 16.72

Figura 28 - Resistência dos blocos ensaiados

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


Contribuições ao estudo da resistência à compressão de paredes de alvenaria de blocos... 143

Resistência de prismas

15

10

0
1
1ª etapa 2
2ª etapa
2 Blocos 11.67 11.17
3 Blocos 11.13 9.4

Figura 29 - Resistência média dos prismas grauteados

Resistência de paredes

10
Resistência
(MPa)

0
1 2 3 4 5
Par. Graut. - 1ª etapa 6.85 6.61 6.67
Par. Graut. - 2ª etapa 7.5 7.74 7.74 6.67 7.32
Parede sem graute 3.93 4.11

Figura 30 - Resistência das paredes ensaiadas

Módulo de elasticidade longitudinal

10000
Módulo (MPa)

5000

0
Bloco Bloco Prisma Par. s/ Parede-4 Parede 6
vazio graut. graut. graute furos furos

Módulo 4086 6285 8427 4829 7044 8692

Figura 31 - Módulo de elasticidade longitudinal dos corpos de prova

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


144 Patricia Domingues Garcia & Marcio Antonio Ramalho

Tabela 9 - Módulo de elasticidade longitudinal de blocos e argamassas


Corpo de Módulo de Tensão x deformação
prova elasticidade
-12
longitudinal (MPa)* y = 4233.2x + 5.663
-10 2
Blocos sem R = 0.9978
4086 -8

Tensão
(MPa)
graute
-6 Def média
-4
Blocos Linear (Tendencia
6285 -2
grauteados média)
0
0 -0.002 -0.004 -0.006
Argamassas 8427 Deformação

* Valores obtidos em função da área bruta

Correlações entre tensões de ruptura (1ª etapa)


1
Correlação

0.5

0
Parede2
1 Parede3
2 Parede5
3
fcpa/fbg 0.38 0.37 0.38
fcpa/fpr2 0.59 0.57 0.57
fcpa/fpr3 0.62 0.59 0.6
fpr2/fbg 0.53 0.7 0.73

Figura 32 - Correlações de interesse de paredes grauteadas- 1ª etapa de ensaios

Correlações entre tensões de ruptura (2ª etapa)


1
Correlação

0.5

0
1
Par6 2
Par7 3
Par8 4
Par9 5
Par10
fcpa/fbg 0.51 0.45 0.49 0.37 0.46
fcpa/fpr2 0.63 0.62 0.69 0.64 0.75
fcpa/fpr3 0.79 0.7 0.83 0.76 0.89
fpr2/fbg 0.81 0.73 0.71 0.58 0.62

Figura 33 - Correlações de interesse de paredes grauteadas - 2ª etapa de ensaios

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


Contribuições ao estudo da resistência à compressão de paredes de alvenaria de blocos... 145

Cargas de ruptura e fissuração das paredes da 1ª etapa de ensaios

1500

1000

Força
(kN)
500

0
1
Parede2 2
Parede3 3
Parede5
Carga de ruptura 1160 1110 1120
Carga de fissuração 660 320 400

Figura 34 - Cargas de fissuração e ruptura das paredes da 1ª etapa de ensaios

Cargas de ruptura e fissuração das paredes da 2ª etapa de


ensaios

1500
Força (kN)

1000

500

0
Par6
1 Par7
2 Par8
3 Par9
4 Par10
5
Carga de ruptura 1255 1300 1298 1114 1220
Carga de fissuração 450 500 500 400 500

Figura 35 - Cargas de fissuração e ruptura das paredes da 2ª etapa de ensaios

4 MODELAGEM NUMÉRICA

A partir dos resultados experimentais obtidos nos ensaios à compressão com


componentes isolados - bloco com e sem graute e argamassa – e com paredes sem
graute e com 6 furos grauteados, foram modelados dois painéis de parede utilizando-
se o programa Ansys versão 5.5.
Foram realizados quatro diferentes modelos, sendo os dois primeiros para
paredes sem graute e dois seguintes para paredes grauteadas. No Modelo 1, admitiu-
se a estrutura composta por blocos sem graute e argamassa e no Modelo 2
discretizou-se a estrutura como composta por um único material, alvenaria não
grauteada. Quanto à modelagem numérica das paredes grauteadas, o Modelo 3 foi
realizado discretizando-se o painel como composto por blocos com e sem graute e
argamassa, enquanto que no Modelo 4, discretizou-se a estrutura como material

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


146 Patricia Domingues Garcia & Marcio Antonio Ramalho

único: alvenaria grauteada. Abaixo se encontram tabeladas as características


adotadas em cada modelo.

Tabela 10 - Características adotadas nos modelos

Dimensões
Modelo Material Características
do painel
Bloco sem Eb=817,2 kN/cm2 e
graute νb=0,25
1 7x119x240
Ea=1090 kN/cm2 e νa=
Argamassa
0,20
Alvenaria sem Ealv= 965,8 kN/cm2 e
2 7x119x240
graute νalv=0,25
Bloco sem Eb=817,2 kN/cm2 e
graute νb=0,25
Bloco Ebg849,3 kN/cm2 e
3 9,8x119x240
grauteado νb=0,25
Ea=1090 kN/cm2 e νa=
Argamassa
0,20
Alvenaria Ealv= 1241,7 kN/cm2 e
4 9,8x119x240
grauteada νalv=0,25

Figura 36 - Distribuição do grauteamento dos furos

Como a discretização das paredes foi feita imaginando-se os blocos como


maciços, admitiu-se a área bruta da seção transversal dos painéis nos modelos igual
à área líquida da seção transversal das paredes ensaiadas. Por causa disso, a
espessura adotada nas modelagens numéricas foram de 7 e 9,8 cm, respectivamente,
para as paredes sem graute e com 6 furos grauteados.
Nos dois modelos foram usados elementos de chapa PLANE 42 para a
discretização da estrutura e foram impostas restrições de deslocamento em X
(horizontal) e em Y (vertical) nos nós da base dos painéis.

4.1 Resultados

Foram feitas comparações entre os deslocamentos referentes aos resultados


experimentais e os obtidos nas modelagens entre as alturas correspondentes a 70 cm
e 145 cm da base das paredes. Na figura 37 estão apresentadas algumas curvas de
isovalores referentes à carga de 300 kN, apenas a título de ilustração do
comportamento da estrutura.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


Contribuições ao estudo da resistência à compressão de paredes de alvenaria de blocos... 147

Deslocamento Y (vertical) Tensão Y (vertical)

Figura 37 – Curvas de isovalores do Modelo 3

Observou-se que a discretização da estrutura utilizando-se a alvenaria como


material único conduziu a resultados de deslocamento menores do que os obtidos no
Modelo 1. Em relação às tensões, apesar de não estarem aqui ilustradas, tensões de
compressão em X aparecem na base da parede a até uma distância aproximada de
70 cm. Na região centro-superior do painel, desenvolvem-se tensões de tração.
Nas figuras 38 e 39 estão mostrados os valores de deslocamento teórico e
experimental para três diferentes etapas de carregamento. Percebe-se que a
modelagem numérica das paredes sem graute se aproximou bastante dos valores
experimentais obtidos. Já para as paredes grauteadas essa diferença foi um pouco
maior.

Força x deslocamento
450
400
350
Força (kN)

300 Parede 6
250 Parede 7
200 Parede 8
150 Parede 9
100 parede 10
50 Modelo 3
Modelo 4
0
0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35
Deslocamento (mm)

Figura 38 – Gráfico Força x Deslocamento para três etapas de carregamento – Paredes sem
graute

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148 Patricia Domingues Garcia & Marcio Antonio Ramalho

Força x deslocamento
500

400
Força (kN)
300 Parede6
Parede7
200 Modelo 1
Modelo 2
100

0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Deslocamento (mm)

Figura 39 – Gráfico Força x deslocamento para três etapas de carregamento – Paredes


grauteadas

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES

Das pesquisas publicadas, podem-se obter correlações importantes que


podem servir de referência para se dimensionar paredes de alvenaria à compressão.
Em relação à eficiência parede-prisma (dois blocos), obteve-se uma
variabilidade grande, com valores mínimos de 0,58 e valores máximos de 1,04, com
paredes superando inclusive a própria resistência dos prismas. Para os ensaios
realizados com os blocos da cerâmica Selecta (dois trabalhos realizados na EESC-
USP e 5 trabalhos realizados no I.P.T.), esses valores variaram de 0,58 a 0,84.
Para a eficiência parede-bloco, obteve-se valor mínimo de 0,13 e máximo de
0,47, a depender da diferença entre a resistência da argamassa e do bloco. Tomando-
se apenas as paredes construídas com argamassas de resistências não inferiores a
70% da resistência dos blocos (excluindo a série 2 - I.P.T.), obtiveram-se valores de
eficiência parede-bloco entre 0,33 e 0,47.
Em relação à eficiência prisma de dois blocos-bloco, os valores obtidos
situaram-se entre 0,51 e 0,65, para os ensaios realizados com os mesmos blocos da
Cerâmica Selecta.
Além disso, essa pesquisa nos permitiu verificar que a utilização de uma
argamassa com resistência muito superior a do bloco é antieconômica, pois o ganho
de resistência obtido para o painel de parede é insatisfatório. Observou-se também
que se a argamassa tiver resistência muito inferior a do bloco, a capacidade resistente
da parede também não atingirá os valores requeridos.

De acordo com trabalho experimental desenvolvido com paredes com e sem


graute, foi possível fazer uma análise do comportamento das paredes em termos de
resistência, fissuração e rigidez.
Inicialmente, verificou-se que grauteando-se 11,7% da área bruta da seção
transversal da parede, o aumento obtido da resistência da parede foi de 67%,

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


Contribuições ao estudo da resistência à compressão de paredes de alvenaria de blocos... 149

enquanto que para um grauteamento de 17,5% da mesma área bruta, o acréscimo da


carga foi de 84%. A curva da Figura 40 representa essa situação.

Curva experimental de aumento de resistência da paredes em


função da área bruta
2

1.8
fcpa/fcpa0
1.6

1.4
Curva de resistência
1.2

1
0 5 10 11,7 15 17,5 20
% de grauteamento (Ag/Ab)

Figura 40 - Aumento da resistência da parede com o grauteamento

na qual:
fcpa: Resistência da parede
fcpa0: Resistência da parede sem graute
Ag: Área de grauteamento
Ab: Área bruta da seção transversal

Pode-se também observar que o valor da tensão média de ruptura (Figura


41), em relação à área líquida das paredes, foi praticamente constante,
independentemente da área de grauteamento, e um pouco maior do que a resistência
das paredes sem graute. O importante é que não houve perda de resistência em
relação à área líquida ao se inserir um componente diferente, o graute. Assim,
verifica-se que o grauteamento pode ser entendido como um verdadeiro
preenchimento da área de vazios dos blocos. Esta conclusão é bastante interessante
pois pode ajudar a se prever a resistência de uma parede grauteada, quando se
possui apenas a sua resistência sem graute. Além disso, fornece um bom parâmetro
para se verificar a eficiência do procedimento de grauteamento.
Em relação à carga de início de fissuração dos painéis, de acordo com os
resultados obtidos experimentalmente para paredes sem graute, esses valores
ficaram, em média, a 49% da carga de ruptura. Para as paredes grauteadas, esse
valor foi de 37%. A carga mínima que provocou a fissuração da estrutura foi, para as
paredes sem graute, de 300 kN, enquanto que para as paredes grauteadas, 320 kN.
Pode-se concluir, portanto, que o grauteamento não muda de forma significativa o
valor da carga da primeira fissura. Apenas deve-se ressaltar que, nas paredes
grauteadas, as fissuras que apareceram não se desenvolveram com o aumento do
carregamento. Observou-se ainda um aumento de rigidez dos painéis de paredes com
o aumento da área grauteada, o que é perfeitamente coerente.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 9, n. 37, p. 127-152, 2007


150 Patricia Domingues Garcia & Marcio Antonio Ramalho

Tensão das paredes ensaiadas em função da área líquida

15

Tensão (MPa)
10

0
1 2 3
Paredes sem graute 8.3
Par. 4 furos grauteados 11.2
Par. 6 furos grauteados 11.2

Figura 41 – Tensão média das parede ensaiadas em função da área líquida

No que diz respeito à modelagem numérica, verificou-se que nos modelos


onde se utilizou a alvenaria como elemento único obteve-se resultados de
deslocamento menores do que aqueles obtidos para os modelos discretizados com
blocos e argamassas separadamente e que os valores experimentais situaram-se
entre as delimitações das curvas por eles geradas. Em termos de tensões observou-
se o aparecimento de compressão na direção X na base do painel, o que explica o
fato de não ter ocorrido fissuração nessa região durante o carregamento da estrutura
nos ensaios. Nos modelos discretizados com blocos e argamassa separadamente,
verificou-se a concentração de tensões em Y nas regiões abaixo das juntas verticais
de argamassa. Esse fato explica a formação de fissuras nessa região durante alguns
ensaios.

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cerâmico para alvenaria. Rio de Janeiro.

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