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Autores:
Prof.: Mauri Martins Teixeira
Prof. Substituto: Renato Adriane Alves Ruas
Viçosa - MG
Dezembro - 2006
Engenharia na Agricultura Caderno 54
CAPACIDADE OPERACIONAL DE TRABALHO, LASTRO, BITOLA E PNEUS DOS
TRATORES AGRÍCOLAS
Índice
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1. Introdução
Área trabalhada
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--
Capacidade operacional =
Tempo gasto na operação
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Com relação à velocidade de deslocamento para o cálculo da capacidade operacional
teórica, deve-se utilizar a velocidade de deslocamento máxima indicada pelo fabricante.
AT
COE = 2
TE
em que;
COE = capacidade operacional efetiva;
AT = área trabalhada;
TE = tempo efetivo gasto na operação.
4. Eficiência de campo – f
em que;
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f = eficiência de campo;
COE = capacidade operacional efetiva;
COT = capacidade operacional teórica.
A eficiência de campo pode variar de acordo com vários fatores, como por exemplo:
Condições da área a ser trabalhada
Áreas planas com formatos onde o número de manobras é reduzidos, tendem a proporcionar
maiores eficiências de campo.
Tipo de máquina e equipamento utilizado
Máquinas ou equipamentos com maior autonomia de trabalho, maior largura de ataque ou
que operem a maiores velocidades, proporcionam maiores eficiências de campo.
Habilidade do operador
Operador bem treinado, que tenha pleno domínio da máquina e que conheça a área a ser
trabalhada, normalmente contribui para maior eficiência de campo.
LASTRO
1. Introdução
Entende-se por lastro como sendo uma carga adicionada ao trator. Para melhor compreensão
da importância dos lastros para os tratores faz-se necessário o entendimento das diferentes forças
que atuam no trator.
Para obter maior força de tração ao operar um trator é necessário que a aderência das rodas
motrizes com o solo tenha atingido o valor mais alto. Esse efeito pode ser obtido pela adição de
lastros às rodas motrizes do trator, o que proporciona maior contato entre a banda de rodagem e a
superfície do solo.
Além disso, o conhecimento das condições de equilíbrio do trator permite uma operação
segura do mesmo, evitando-se risco de acidentes em terrenos de topografia acidentada. A Figura
2 apresenta um esquema das cargas que normalmente atuam no trator.
W2 W1
TP = Transferência de peso;
W1 = Carga sobre o eixo dianteiro;
W2 = Carga sobre o eixo traseiro;
X = Distância entre eixos;
Y = Altura da barra de tração ao chão.
Y
Y
TP = × FT 4
X
em que;
TP = transferência de peso, em Kgf;
Y = altura da barra de tração ao chão, em mm;
X = distancia entre eixos, em mm.
FT = força de tração, em Kgf.
Portanto, pode dizer que os lastros são colocados nos tratores com as seguintes finalidades
básicas:
Aumentar a estabilidade;
Aumentar a aderência (minimizando o deslizamento dos rodados);
Aumentar a capacidade de tração dos tratores (transferência de peso)
Melhorar a dirigibilidade.
2. Tipos de lastros
De modo geral, nos tratores, são empregados dois tipos de lastros: contrapesos metálicos
colocados nas rodas motrizes ou na frente do trator e adição de água nas rodas motrizes.
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(a) (b)
FIGURA 3. Lastro na roda motriz (a) e lastro na frente do trator (b).
(a) (b)
FIGURA 4. Lastragem com água (a) e esquema de um bico hidropneumático.
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Nas operações mecanizadas onde não existe necessidade de maior força de tração,
normalmente os lastros devem ser retirados. A não remoção dos lastros nesses casos podem
acometer danos ao trator, como por exemplo:
Maior compactação do solo;
Maior consumo de combustível;
Maior desgaste da máquina.
BITOLA
1. Introdução
Bitola é a distância de centro a centro dos pneus do trator no mesmo eixo. É importante que
o trator tenha bitola variável para poder se adequar ao espaçamento da cultura e também ao
implemento. A variação da bitola da roda traseira deve corresponder a uma variação idêntica da
bitola da roda dianteira. A finalidade de se regular a bitola é adequar o trator á cultura ao
implemento e á operação. A Figura 5 apresenta exemplos de diferentes ajustes de bitolas em
função do espaçamento da cultura.
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FIGURA 5. Diferentes ajustes de bitolas em função do espaçamento da cultura.
2. Tipos de bitolas
Ajustáveis no eixo
As bitolas ajustáveis no eixo são encontradas nos tratores Farmal 11, John Deere, CBT,
motocultivadores (Yanmar, Tobatta), etc. A variação da bitola é feita soltando a presilha e
prendendo a roda no eixo. Permite obter grandes variações na bitola.
A Figura 6 mostra um exemplo de uma bitola ajustável no eixo.
Pré-fixadas
As variações das bitolas pré-fixadas são obtidas alterando-se as posições de fixação da
calota ao aro, podendo também efetuar alteração na posição do aro. No caso do MF 265 são
possíveis 8 variações diferentes de cada lado, cada uma modificando em 2 polegadas o
comprimento da bitola. A Figura 7 apresenta um esquema de uma bitola pré-fixada.
Servo-ajustáveis
Nas bitolas servo-ajustáveis a base do aro é dotada de guias helicoidais que permite o
deslizamento e a fixação do aro na mesma. Soltando-se as presilhas e fazendo girar o aro ou o
eixo do trator, consegui-se o aumento ou diminuição da bitola. A Figura 8 apresenta um esquema
de uma bitola servo-ajustável.
3. Cálculo da bitola
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Arados de aivecas
Os arado de aivecas proporcionam uma total reversão da leiva, por isso, para o cálculo da
bitola dos tratores para operarem com esses implementos é feito de acordo com a seguinte
equação:
B = n × LA + LP 5
em que;
B = bitola do trator, m;
n = número de aivecas;
LA = largura de ataque do arado, m.
LP = largura do pneu, m.
Exemplo:
Qual a bitola de um trator para operar um arado de duas aivecas, sendo que cada uma possui
uma largura de ataque de 0,40m, e o trator possui pneus com largura de 0,40m.
A bitola, nesse caso, será:
Arado de disco
O cálculo da bitola do trator para operação com arado de disco se diferencia do cálculo para
o arado de aivecas pelo fato do arado de disco possuir um formato abaulado. Isso faz com que
durante a operação haja uma “folga” de 0,10 a 0,15m entre cada pneu e local de ataque do disco.
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Neste caso, o cálculo da bitola é feito de acordo com seguinte equação:
B = n × LA + LP + 2 F 2
em que;
B = bitola do trator (m);
n = número de aivecas;
LA = largura de ataque, m;
LP = largura do pneu, m ;
f = folga (0,10 a 0,15m)
Exemplo
Qual a bitola de um trator para operar um arado de três discos, sendo que cada uma possui
uma largura de ataque de 0,30m, e o trator possui pneus com largura de 0,50m.
A bitola, nesse caso, será:
1. Introdução
Carcaça
Flancos
Câmara de ar
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Talão
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Pneus radiais
Os pneus radiais são aqueles cuja carcaça é constituída de uma ou mais lonas, contendo fios
dispostos de talão a talão colocados a 90°, em relação à linha de centro da banda de rodagem.
Desta forma, as lonas são dispostas perpendicularmente ao sentido de deslocamento do
pneu. De modo geral, esse formato de construção proporciona ao uma característica de maior
flutuação, resultando em uma maior rendimento de tração. Apesar disso, os pneus radiais tem a
desvantagem de oferecer uma menor estabilidade lateral devido as lonas estarem montadas
circunferencialmente, provocando maior flexão ou deslocamento lateral. Essa característica pode
ser prejudicial em operações que exigem maior precisão ou em curva de nível.
A Figura 10 apresenta um esquema de um pneu radial.
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TABELA 01. Informações gerais sobre pneus para tratores e implementos agrícolas
TIPO DESENHO DE BANDA DE RODAGEM
F Pneus para tratores agrícolas – rodas de direção
F–1 Regular (1 raia)
F–2 Regular (2 ou 3 raias)
F–3 Multi raiado
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R Pneus para tratores agrícolas – Rodas de tração
R–1 Tração regular
R–2 Tração extra (Raia profunda)
R–3 Raia superficial (Pouco profunda)
R–4 Industrial (Canavieiro)
I Pneus para implementos agrícolas
I–1 Multi raiado
I–3 Tração
G Pneus para microtratores e cultivadores agrícolas
G–1 Tração
LS Pneus agrícolas para remoção de madeira
LS – 1 Tração regular
LS – 2 Tração intermediária
De modo geral, um pneu de tração diferencia-se de um pneu direcional por apresentar
garras, enquanto o pneu direcional possui raias, dispostas paralelamente ao sentido de
deslocamento do trator. A Figura 12 apresenta um pneu de tração e um pneu direcional.
(a) (b)
FIGURA 12. Pneu de tração (a) e pneu direcional (b).
A Figura 13 apresenta alguns tipos de banda de rodagem possíveis de serem utilizados nos
tratores agrícolas.
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1. Diâmetro externo.
2. Altura da secção.
3. Largura da secção.
4. Largura total da secção.
5. Largura do aro.
6. Diâmetro nominal do aro.
A identificação dos pneus dos tratores agrícolas pode ser feita baseando-se nas dimensões
da largura da seção do pneu e no seu diâmetro interno.
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Exemplo: Pneu 23.1/18 – 30
Onde:
23.1 - largura do pneu em aro tipo W (Padrão);
18 - Largura do pneu em aro estreito (Fora de uso);
30 - Diâmetro interno do pneu.
Na nomenclatura moderna, utiliza-se apenas 23.1 - 30.
LITERATURA CONSULTADA
BARGER, E.L., LILJEDAHL, J.B., CARLETON, W.M., McKIBBEN, E.G. Tratores e seus
Motores. Editora Edgard Blucher Ltda. São Paulo, SP. 1963. 398p.
PELLIZZI, G. Meccanica agrária – Le macchine operatrici. Ed. Agricole Milano. 1988. 327p.
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TRATORES E MÁQUINAS AGRÍCOLAS. Guia rural. Ed. Abril - Manutenção. p.62 a 69.
1995.
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