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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA


CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA
ÁREA DE MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA

CAPACIDADE OPERACIONAL DE TRABALHO, LASTRO, BITOLA E PNEUS DOS


TRATORES AGRÍCOLAS

Autores:
Prof.: Mauri Martins Teixeira
Prof. Substituto: Renato Adriane Alves Ruas

Viçosa - MG
Dezembro - 2006
Engenharia na Agricultura Caderno 54
CAPACIDADE OPERACIONAL DE TRABALHO, LASTRO, BITOLA E PNEUS DOS
TRATORES AGRÍCOLAS

Índice

CAPACIDADE OPERACIONAL DE TRABALHO ...................................................................... 2


1. Introdução..................................................................................................................................... 2
2. Capacidade operacional teórica – COT ........................................................................................ 2
3. Capacidade operacional efetiva – COE ........................................................................................ 4
4. Eficiência de campo – f ................................................................................................................ 4
5. Determinação da capacidade operacional .................................................................................... 5
LASTRO .......................................................................................................................................... 6
1. Introdução..................................................................................................................................... 6
2. Tipos de lastros............................................................................................................................. 7
Lastragem com contrapesos metálicos ......................................................................................... 7
Lastragem com água..................................................................................................................... 8
BITOLA ........................................................................................................................................... 9
Introdução......................................................................................................................................... 9
2. Tipos de bitolas .......................................................................................................................... 10
Ajustáveis no eixo ...................................................................................................................... 10
Pré-fixadas .................................................................................................................................. 10
Servo-ajustáveis ......................................................................................................................... 11
3. Cálculo da bitola......................................................................................................................... 11
PNEUS DOS TRATORES AGRÍCOLAS ..................................................................................... 13
1. Introdução................................................................................................................................... 13
2. Classificações dos pneus ............................................................................................................ 14
2.1 Classificação quanto a construção........................................................................................ 14
Pneus radiais ........................................................................................................................... 14
Pneus diagonais ...................................................................................................................... 15
2.2 Classificação quanto à função .............................................................................................. 15
3. Nomenclatura e especificação dos pneus ................................................................................... 17
LITERATURA CONSULTADA ................................................................................................... 18

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CAPACIDADE OPERACIONAL DE TRABALHO

1. Introdução

As atividades agrícolas, como qualquer empreendimento empresarial, tem como objetivo


básico propiciar lucro. Entretanto, para se obter lucro, é muito importante otimizar a utilização
das máquinas agrícolas. Neste contexto, o conhecimento do tempo necessário para execução das
operações ao longo de todo o ciclo de uma cultura é indispensável para se poder administrar
adequadamente a utilização das máquinas agrícolas. A correta administração das atividades irá
proporcionar maior rapidez e qualidade de execução das operações. A rapidez é um aspecto
importante devido às épocas de execução das diferentes práticas agrícolas estarem sujeitas às
variações climáticas.
Uma operação agrícola consiste na realização de alguma atividade, durante o ciclo de uma
cultura. Assim, a operação de preparo do solo constitui uma operação agrícola, sendo que, nesta
atividade, poderão ser executados, por exemplo, as operações de aração, gradagem e subsolagem,
entre outras.
A capacidade operacional de trabalho ou capacidade de campo de máquinas e implementos
agrícolas é representada pela quantidade de trabalho realizado por unidade de tempo. Constitui
uma medida de intensidade do trabalho desenvolvido na execução de operações agrícolas e pode
ser expressa como ha h-1 (hectare por hora); m2 h-1 (metro quadrado por hora); alq h-1 (alqueire
por hora). Portanto, o trabalho executado, é medido em termos de área trabalhada:

Área trabalhada
______________________
--
Capacidade operacional =
Tempo gasto na operação

A capacidade operacional pode ser divida em capacidade operacional teórica e capacidade


operacional efetiva.

2. Capacidade operacional teórica – COT

A capacidade operacional teórica é obtida a partir de dados relativos às dimensões dos


órgãos ativos da máquina, especificamente da largura de ataque e da velocidade de deslocamento
do conjunto mecanizado.
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COT = Largura de ataque x Velocidade


Ou ainda:
V ×L
COT = 1
10
em que;
COT = capacidade operacional teórica, ha h-1;
V = velocidade de deslocamento, Km h-1;
L = largura de ataque do implemento, m.

De acordo com a capacidade operacional teórica, todo o tempo gasto é utilizado


exclusivamente na execução da operação em questão, ou seja, não há paradas, por exemplo, para
abastecimento de combustível, manutenção manobras, etc.
No caso do arado de disco, a largura de corte ou largura de ataque, é determinada pela
projeção dos bordos dos discos, conforme é apresentado na Figura 1.

FIGURA 1. Determinação da largura de corte de um arado.

Outro modo de se determinar a largura de ataque do implemento é medir diretamente no


campo a faixa de terra cortada.

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Com relação à velocidade de deslocamento para o cálculo da capacidade operacional
teórica, deve-se utilizar a velocidade de deslocamento máxima indicada pelo fabricante.

3. Capacidade operacional efetiva – COE

A capacidade operacional efetiva refere-se a capacidade de executar uma operação em uma


determinada área, considerando as condições reais de trabalho. Neste caso, são considerados no
cômputo do tempo de utilização da máquina, todas as paradas necessárias, tais como manobras,
reabastecimento de sementes e adubos, troca de operador, etc. Além disso, são consideradas
ainda, as utilizações parciais da largura de corte devido às sobreposições entre as passadas
sucessivas e o uso de velocidades de deslocamento inferiores às teoricamente recomendadas.
A capacidade operacional efetiva pode ser expressa em qualquer unidade de área por tempo
e é determinada pela expressão:

AT
COE = 2
TE

em que;
COE = capacidade operacional efetiva;
AT = área trabalhada;
TE = tempo efetivo gasto na operação.

A área trabalhada é obtida medindo-se diretamente no campo, após a execução do serviço.


O tempo efetivo é obtido cronometrando o tempo necessário para executar a operação no
campo.

4. Eficiência de campo – f

A eficiência de campo é a relação entre a capacidade operacional efetiva e a capacidade


operacional teórica, ou seja:
COE
f = 3
COT

em que;
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f = eficiência de campo;
COE = capacidade operacional efetiva;
COT = capacidade operacional teórica.

A eficiência de campo pode variar de acordo com vários fatores, como por exemplo:
Condições da área a ser trabalhada
Áreas planas com formatos onde o número de manobras é reduzidos, tendem a proporcionar
maiores eficiências de campo.
Tipo de máquina e equipamento utilizado
Máquinas ou equipamentos com maior autonomia de trabalho, maior largura de ataque ou
que operem a maiores velocidades, proporcionam maiores eficiências de campo.
Habilidade do operador
Operador bem treinado, que tenha pleno domínio da máquina e que conheça a área a ser
trabalhada, normalmente contribui para maior eficiência de campo.

5. Determinação da capacidade operacional

A seguir são enumerados alguns passos a serem seguidos para a determinação da


capacidade operacional de um conjunto trator-arado de disco.

Determinação da capacidade operacional teórica


1) Mede-se a largura de ataque do implemento;
2) Escolhe-se a marcha do trator para realizar a operação de acordo com a velocidade
máxima recomendada pelo fabricante para a operação;
3) Determina-se a velocidade do conjunto;
4) Calcula-se a capacidade operacional teórica de acordo com a Equação 1.

Determinação da capacidade operacional efetiva


1) Determina-se a área a ser trabalhada;
2) Cronometra-se o tempo a partir do início do trabalho na área;
3) Mede-se a área trabalhada após o término da operação;
4) Calcula-se a capacidade operacional efetiva de acordo com a Equação 2.
Determinação da eficiência de campo
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Depois de calculada a capacidade operacional teórica e efetiva pode-se determinar a
eficiência de campo de acordo com a Equação 3.

LASTRO

1. Introdução

Entende-se por lastro como sendo uma carga adicionada ao trator. Para melhor compreensão
da importância dos lastros para os tratores faz-se necessário o entendimento das diferentes forças
que atuam no trator.
Para obter maior força de tração ao operar um trator é necessário que a aderência das rodas
motrizes com o solo tenha atingido o valor mais alto. Esse efeito pode ser obtido pela adição de
lastros às rodas motrizes do trator, o que proporciona maior contato entre a banda de rodagem e a
superfície do solo.
Além disso, o conhecimento das condições de equilíbrio do trator permite uma operação
segura do mesmo, evitando-se risco de acidentes em terrenos de topografia acidentada. A Figura
2 apresenta um esquema das cargas que normalmente atuam no trator.

W2 W1

TP = Transferência de peso;
W1 = Carga sobre o eixo dianteiro;
W2 = Carga sobre o eixo traseiro;
X = Distância entre eixos;
Y = Altura da barra de tração ao chão.
Y

FIGURA 2. Diagrama das força que atuam no trator.

A transferência de peso é um fenômeno que consiste na transferência de uma determinada


quantidade de carga a partir do eixo dianteiro (W 1 ) para o eixo traseiro (W 2 ), decorrente da força
de tração exercida na barra de tração do trator. Trata-se de um fenômeno que ocorre em todos os
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tratores ou qualquer veículo de tração. Por normas de segurança, é recomendável que a
transferência de peso não exceda 80% do valor de W 1 . Caso a transferência de peso exceda esse
limite, o trator tenderá a empinar e perderá dirigibilidade. Desta forma, torna-se necessário a
colocação de lastros na parte da frente do trator.
A transferência de peso pode ser calculada pela seguinte equação:

Y
TP = × FT 4
X
em que;
TP = transferência de peso, em Kgf;
Y = altura da barra de tração ao chão, em mm;
X = distancia entre eixos, em mm.
FT = força de tração, em Kgf.

Portanto, pode dizer que os lastros são colocados nos tratores com as seguintes finalidades
básicas:
 Aumentar a estabilidade;
 Aumentar a aderência (minimizando o deslizamento dos rodados);
 Aumentar a capacidade de tração dos tratores (transferência de peso)
 Melhorar a dirigibilidade.

2. Tipos de lastros

De modo geral, nos tratores, são empregados dois tipos de lastros: contrapesos metálicos
colocados nas rodas motrizes ou na frente do trator e adição de água nas rodas motrizes.

Lastragem com contrapesos metálicos


Os contrapesos são peças de ferro fundido de formato circular – para colocação nas rodas –
ou retangular – para colocação na frente do trator. Esse tipo de lastro tem a vantagem de permitir
sua retirada fácil e rápida quando o trator é utilizado em serviços que exijam pouco esforço
tratório.

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(a) (b)
FIGURA 3. Lastro na roda motriz (a) e lastro na frente do trator (b).

Lastragem com água


A lastragem com água é feita introduzindo-se água no interior do pneu até que seu nível
atinja a parte superior do aro. Assim, cerca de 75% do volume do pneu ficará preenchido com
água. Para que o pneu não perca suas características de elemento elástico do rodado, após a
colocação da água no pneu, deve-se calibra-lo com a pressão de insuflagem recomendada para a
carga normal de trabalho.
Visando facilitar a colocação de água nos pneus, deve-se utilizar um bico hidropneumático,
que permite a saída do ar do interior do pneu a medida que o mesmo tem seu volume preenchido
com água.
A Figura 4 apresenta um exemplo de lastragem com água e um bico hidropneumático.

(a) (b)
FIGURA 4. Lastragem com água (a) e esquema de um bico hidropneumático.

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Nas operações mecanizadas onde não existe necessidade de maior força de tração,
normalmente os lastros devem ser retirados. A não remoção dos lastros nesses casos podem
acometer danos ao trator, como por exemplo:
 Maior compactação do solo;
 Maior consumo de combustível;
 Maior desgaste da máquina.

BITOLA

1. Introdução

Bitola é a distância de centro a centro dos pneus do trator no mesmo eixo. É importante que
o trator tenha bitola variável para poder se adequar ao espaçamento da cultura e também ao
implemento. A variação da bitola da roda traseira deve corresponder a uma variação idêntica da
bitola da roda dianteira. A finalidade de se regular a bitola é adequar o trator á cultura ao
implemento e á operação. A Figura 5 apresenta exemplos de diferentes ajustes de bitolas em
função do espaçamento da cultura.

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FIGURA 5. Diferentes ajustes de bitolas em função do espaçamento da cultura.

2. Tipos de bitolas

Ajustáveis no eixo
As bitolas ajustáveis no eixo são encontradas nos tratores Farmal 11, John Deere, CBT,
motocultivadores (Yanmar, Tobatta), etc. A variação da bitola é feita soltando a presilha e
prendendo a roda no eixo. Permite obter grandes variações na bitola.
A Figura 6 mostra um exemplo de uma bitola ajustável no eixo.

FIGURA 6. Bitola ajustável no eixo.

Pré-fixadas
As variações das bitolas pré-fixadas são obtidas alterando-se as posições de fixação da
calota ao aro, podendo também efetuar alteração na posição do aro. No caso do MF 265 são
possíveis 8 variações diferentes de cada lado, cada uma modificando em 2 polegadas o
comprimento da bitola. A Figura 7 apresenta um esquema de uma bitola pré-fixada.

FIGURA 7. Bitola pré-fixada


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Servo-ajustáveis
Nas bitolas servo-ajustáveis a base do aro é dotada de guias helicoidais que permite o
deslizamento e a fixação do aro na mesma. Soltando-se as presilhas e fazendo girar o aro ou o
eixo do trator, consegui-se o aumento ou diminuição da bitola. A Figura 8 apresenta um esquema
de uma bitola servo-ajustável.

FIGURA 8. Bitola servo ajustável.

3. Cálculo da bitola

Calculo da bitola para semeadora


Deve-se ter o cuidado de ajustar a bitola de tal modo que as rodas do trator passem entre as
fileiras da cultura. A seguir é mostrado um esquema de ajuste de bitola do trator para uma
semeadora de soja com espaçamento de 0,50 m entre linhas.

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Cálculo da bitola para arados


Quando largura de ataque do arado é menor do que a largura mínima da bitola do trator, s
rodas de um lado do trator deslocam-se dentro do sulco e as do outro lado, sobre a porção de solo
não arado.

Arados de aivecas
Os arado de aivecas proporcionam uma total reversão da leiva, por isso, para o cálculo da
bitola dos tratores para operarem com esses implementos é feito de acordo com a seguinte
equação:

B = n × LA + LP 5
em que;
B = bitola do trator, m;
n = número de aivecas;
LA = largura de ataque do arado, m.
LP = largura do pneu, m.

Exemplo:
Qual a bitola de um trator para operar um arado de duas aivecas, sendo que cada uma possui
uma largura de ataque de 0,40m, e o trator possui pneus com largura de 0,40m.
A bitola, nesse caso, será:

B = 2 × 0,40 + 0,40 ⇔ B = 1,20m

Arado de disco
O cálculo da bitola do trator para operação com arado de disco se diferencia do cálculo para
o arado de aivecas pelo fato do arado de disco possuir um formato abaulado. Isso faz com que
durante a operação haja uma “folga” de 0,10 a 0,15m entre cada pneu e local de ataque do disco.
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Neste caso, o cálculo da bitola é feito de acordo com seguinte equação:

B = n × LA + LP + 2 F 2

em que;
B = bitola do trator (m);
n = número de aivecas;
LA = largura de ataque, m;
LP = largura do pneu, m ;
f = folga (0,10 a 0,15m)

Exemplo
Qual a bitola de um trator para operar um arado de três discos, sendo que cada uma possui
uma largura de ataque de 0,30m, e o trator possui pneus com largura de 0,50m.
A bitola, nesse caso, será:

B = 3 × 0,30 + 0,50 + 2 × 0,10 ⇔ B = 1,60m

PNEUS DOS TRATORES AGRÍCOLAS

1. Introdução

Os pneus dos tratores os elementos capazes de absorver choques e melhorar a capacidade de


tração. São constituídos basicamente por um talão que reveste um cabo de aço, uma banda de
rodagem, uma carcaça disposta em camadas com diferentes formatos, uma válvula, podendo ou
não possuir também uma câmara de ar. A Figura 9 apresenta um esquema de um pneu de trator
com suas partes constituintes.
Banda de rodagem

Carcaça

Flancos
Câmara de ar

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Talão
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FIGURA 9. Partes constituintes de um pneus de trator.

Dentre as funções dos pneus dos tratores agrícolas, pode-se destacar:


 Suportar com segurança o peso do trator ou máquina, em condições estáticas e
dinâmicas;
 Interpor uma almofada de amortecimento entre as irregularidades do solo e o trator;
 Garantir a eficiente transmissão das forças motrizes e frenantes do trator ao solo e
vice-versa.

2. Classificações dos pneus


Os pneus dos tratores agrícolas podem se classificar quanto à construção e quanto à função.

2.1 Classificação quanto a construção

Pneus radiais
Os pneus radiais são aqueles cuja carcaça é constituída de uma ou mais lonas, contendo fios
dispostos de talão a talão colocados a 90°, em relação à linha de centro da banda de rodagem.
Desta forma, as lonas são dispostas perpendicularmente ao sentido de deslocamento do
pneu. De modo geral, esse formato de construção proporciona ao uma característica de maior
flutuação, resultando em uma maior rendimento de tração. Apesar disso, os pneus radiais tem a
desvantagem de oferecer uma menor estabilidade lateral devido as lonas estarem montadas
circunferencialmente, provocando maior flexão ou deslocamento lateral. Essa característica pode
ser prejudicial em operações que exigem maior precisão ou em curva de nível.
A Figura 10 apresenta um esquema de um pneu radial.

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FIGURA 10. Pneu radial.


Pneus diagonais
Os pneus diagonais ou convencionais são aqueles que as fibras das lonas estão dispostas
diagonalmente em relação ao sentido de deslocamento do pneu, geralmente as fibras formam um
ângulo de 900 entre si. Devido a essa disposição das lonas, apresentam uma maior resistência à
perfuração e maior estabilidade lateral. A Figura 11 apresenta um exemplo de um pneu diagonal.

FIGURA 11. Pneu diagonal

2.2 Classificação quanto à função


Os pneus dos tratores agrícolas podem ser classificados de acordos com a sua função que
desempenham baseado no desenho da banda de rodagem, como apresentado na Tabela 1.

TABELA 01. Informações gerais sobre pneus para tratores e implementos agrícolas
TIPO DESENHO DE BANDA DE RODAGEM
F Pneus para tratores agrícolas – rodas de direção
F–1 Regular (1 raia)
F–2 Regular (2 ou 3 raias)
F–3 Multi raiado

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R Pneus para tratores agrícolas – Rodas de tração
R–1 Tração regular
R–2 Tração extra (Raia profunda)
R–3 Raia superficial (Pouco profunda)
R–4 Industrial (Canavieiro)
I Pneus para implementos agrícolas
I–1 Multi raiado
I–3 Tração
G Pneus para microtratores e cultivadores agrícolas
G–1 Tração
LS Pneus agrícolas para remoção de madeira
LS – 1 Tração regular
LS – 2 Tração intermediária
De modo geral, um pneu de tração diferencia-se de um pneu direcional por apresentar
garras, enquanto o pneu direcional possui raias, dispostas paralelamente ao sentido de
deslocamento do trator. A Figura 12 apresenta um pneu de tração e um pneu direcional.

(a) (b)
FIGURA 12. Pneu de tração (a) e pneu direcional (b).

A Figura 13 apresenta alguns tipos de banda de rodagem possíveis de serem utilizados nos
tratores agrícolas.

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Regular Superficial Industrial Raia profunda

FIGURA 13. Tipos de bandas de rodagens.

3. Nomenclatura e especificação dos pneus

Segundo a ABNT, a nomenclatura e as especificações básicas dos pneus de tratores são


apresentadas na Figura 14:

1. Diâmetro externo.
2. Altura da secção.
3. Largura da secção.
4. Largura total da secção.
5. Largura do aro.
6. Diâmetro nominal do aro.

FIGURA 14. Especificações básicas dos pneus.

A identificação dos pneus dos tratores agrícolas pode ser feita baseando-se nas dimensões
da largura da seção do pneu e no seu diâmetro interno.

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Exemplo: Pneu 23.1/18 – 30
Onde:
23.1 - largura do pneu em aro tipo W (Padrão);
18 - Largura do pneu em aro estreito (Fora de uso);
30 - Diâmetro interno do pneu.
Na nomenclatura moderna, utiliza-se apenas 23.1 - 30.

LITERATURA CONSULTADA

ATARES, A. BLANCA, A. Tractores ey motores agricolas. Bilbao. Grafo. S.A. 1989.

BARGER, E.L., LILJEDAHL, J.B., CARLETON, W.M., McKIBBEN, E.G. Tratores e seus
Motores. Editora Edgard Blucher Ltda. São Paulo, SP. 1963. 398p.

CARVALHO, R., AMARO, M., FERREIRA, V. Máquinas agrícolas. Algumas normas,


cuidados, conselhos e esclarecimentos. Divulgação 14 : 1, 1982, p.69.

FERNANDES, H.C., VILLIOTI, C. A. Práticas de ENG 338 – Mecânica e Mecanização


Agrícola. Caderno didático 42. 2005, 55p.

PELLIZZI, G. Meccanica agrária – Le macchine operatrici. Ed. Agricole Milano. 1988. 327p.

SILVEIRA, M. G. Os cuidados com o trator. Ed. Aprenda Fácil. Viçosa-MG. Série


Mecanização, v.1, 309p, 2001.

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Engenharia na Agricultura Caderno 54
TRATORES E MÁQUINAS AGRÍCOLAS. Guia rural. Ed. Abril - Manutenção. p.62 a 69.
1995.

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