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Aula – Teoria da norma jurídica.

1 – Considerações iniciais sobre a relação entre as normas jurídicas e outras


normas sociais (normas religiosas, normas sociais, normas técnicas e normas
morais)

Normas sociais: Para Coelho, são normas de conduta derivadas em geral da tradição e cujo
reconhecimento e observância dependem da identidade do indivíduo como membro do
grupo social, identidade está baseada na educação e na cultura do grupo. São espécies de
recomendações para vida social: moda, cortesia e amizade. Não reclamam uma adesão “
espiritual” das pessoa ao seu conteúdo.

Normas técnicas: São do tipo operatórias para atingir certos fins.

Normas religiosas: Segundo Coelho, as normas religiosas formulam modelos de conduta


baseado na fé em Deus, sendo observados pelos membros de uma comunidade unidos por
uma crença comum.

Norma moral: As normas morais são regras de convivência social ou guias de ação, porque
nos dizem o que devemos ou não fazer e como o fazer. As normas morais não têm uma
origem concentrada (ao revés da norma jurídica). Não necessariamente se estabelece entre
duas ou mais pessoas (como na hipótese da norma jurídica). As normas jurídicas se
revestem de um caráter forma e procedimental de criação o que não ocorre com as normas
morais.

2. Considerações sobre relação entre normas jurídica, sociedade e poder.

2.1) Norma como expressão de um determinado poder.

A questão do poder formal legitimado pelo Estado e o poder material das relações
sociais específicas na história.

OBS: O poder se materializa tanto no cumprimento como no descumprimento da


norma.

2.2 Norma, autoridade e poder. O poder se exprime mediante uma autoridade


de cujo reconhecimento depende a realização (efetivação) da norma jurídica.

OBS: Deve se salientar aqui a questão do confronto entre as visões formalistas(


tecnicistas) e não formalistas do direito no que toca à legitimidade do poder que
sustenta as normas.
OBS: Norma jurídica e função social: Norma como comunicação institucionalizada em
alto grau pelo Estado( agente de autoridade), que contando com o consenso social
de terceiros pode contribuir com a estabilização da expectativas de comportamento
na sociedade( integração social ).

a) Normas, texto, sentido e poder.

c.1) A questão da interpretação e diferença entre texto e norma. Norma como


fixação do sentido do texto.
Processo de captação do sentido da norma é um processo hermenêutico que
desenvolve-se segundo as “lugares”( econômico, ideológico e existencial do
intérprete.)

“A construção do sentido da norma não é apenas um ato de vontade subjetivo,


mas sim uma construção em vista de uma forma de opinião já estabelecidas e
reiterada pelo poder.

b) Norma, cometimento e relato.

Cometimento como mando. Hierarquia e poder que se expressa a partir das


funções normativas: proibir, permitir ou obrigar. Revela o caráter específico das
relações constituídas pelo Direito.

Relato como conteúdo do mando.( a polêmica do conteúdo e Kelsen).

OBS: Distinção Kelseniana entre norma jurídica(expressão da autoridade estatal


do poder constituído juridicamente) e proposição jurídica( expressão que
descreve o conteúdo da norma jurídica).

OBS: Breves considerações sobre os elementos da norma.

3 - Conceito para normas jurídicas:

Coelho: A norma jurídica fica, portanto, definida, em sua universalidade, como princípio
racional que determina a conduta humana em sociedade, e que é imposto por essa mesma
sociedade mediante procedimentos característicos, os quais a identificam no contexto de
outras normas intersubjetivas.

Kelsen: Objetivo e princípio delimitador das ocupações teóricas dos juristas. Na concepção
deste autor, norma jurídica é um imperativo hipotético, no qual se prevê uma situação-tipo
ou hipótese de incidência e uma sanção para quem se enquadrar na previsão fática que a
norma institui. Ex: Se F é, deve ser C. Concepção que define norma com um enlace lógico,
que correlaciona, de maneira hipotética, através do verbo dever ser, uma conseqüência C
ao fato F.

Ferraz: Expectativas contrafáticas, que se expressam por meio de proposições de dever ser,
estabelecendo entre os comunicadores sociais relações complementares institucionalizadas
em alto grau, cujos conteúdos têm sentido generalizável, conforme núcleos significativos
mais ou menos abstratos.O próprio autor abrevia seu conceito para concluir serem as
normas jurídicas expectativas contrafáticas, institucionalizadas e de conteúdo generalizável.

Maria Helena Diniz: Com base naqueles que considera essenciais na conformação de uma
norma jurídica – imperatividade e autorizamento – a autora, com apoio em Godofredo Telles
Junior, conclui ser a norma jurídica um imperativo-autorizante.

Miguel Reale: Estrutura proposicional enunciativa de uma forma de organização ou de


conduta, que deve ser seguida de maneira objetiva e obrigatória.

Norberto Bobbio: Define a norma como comando, alicerçado em um poder soberano que a
institucionaliza e coercibilidade, garantida pela sanção que há de recair contra quem não
obedeça sua prescrição.

4 - Características( na visão geral da doutrina) das normas jurídicas:l.

- Bilateralidade( atributiva): Pressupõe a ideia de que o direito se manifesta na experiência


humana da dimensão intersubjetiva. Reale explica que por bilateralidade atributiva deve-se
entender “a relação entre duas ou mais pessoas segundo uma proporção objetiva que as
autoriza a pretender ou a fazer algo garantido”.

OBS: Decorre desta associação entre o direito e a ideia de bilateralidade atributiva três
consequências importantes:

- Se relação de duas ou mais pessoas não há direito


- A relação entre sujeitos deve ser objetiva
- Da proporção estabelecida deve resultar a atribuição garantida de uma pretensão
ou ação( atributividade).

- Generalidade: A norma jurídica é feita para todos sem distinção.

- Abstratividade: O conteúdo da norma é generalizável e não especifico para situações


particulares.
- Heteronomia significa a validade objetiva e transpessoal das normas jurídicas, as quais se
põe acima das pretensões dos sujeitos de uma relação. Quer se queira quer não as normas
jurídicas devem ser respeitadas e obedecidas.

- Coercibilidade: As normas jurídicas podem coagir seus destinatários a obedecê-la.

- Efetividade: Efetiva caraterística que revela a o cumprimento da norma em dado universo


social onde seu efeitos se direcionam, sejam por aqueles que são seus destinatários direitos(
os cidadãos) seja em relação aqueles a quem cumpre zelar pelo cumprimento da norma em
sociedade.

5 – Considerações sobre o conceito e estrutura da norma jurídica.

5.1 Conceito de norma como Imperativo

5.2 A polêmica sobre a estrutura da norma, que por sua vez diz respeito à disposição lógico-
formal do enunciado da norma jurídica.

5.2.1– Tradicionalmente as normas eram concebidas como imperativos emanados da


vontade de um soberano daí porque a estrutura da norma assumira muitas vezes a
condição de proposição prescritiva, onde se enunciava uma obrigação ou proibição
de se adotar determinado comportamento( ex. faça isso, deixe de fazer aquilo...).

- Com o passar do tempo e com a complexidade das relações sociais exige-se um direito voltado
para papéis do que para pessoas. A norma como um imperativo passa a ter sua estrutura concebida
de outra forma, a partir daquilo que se convencionou chamar de imperativo hipotético.

Tercio Sampaio Ferraz chamara de imperativo despsicologizado.

Kelsen aponta a estrutura deste imperativo hipotético norma a partir articulação de dois elementos
estruturais: a.1) uma situação de fato a.2) Uma consequência.

Nesta perspectiva a disposição do enunciado das normas jurídicas assume a seguinte expressão:
Se F, deve ser C.

Nesta estrutura visualizam-se os seguintes elementos:

F = Hipótese fática ou fato-tipo( entre outras denominações)

C = Consequência que deve ser imputada ao fato qualificado pela norma.


Miguel Reale retomando a discussão sobre as regras de conduta especificamente, a partir do
referencial formalista kelseniano, que define norma como juízo hipotético porquanto a norma
resulta de um enlace lógico hipotético que liga o fato-tipo a uma conseqüência( sanção), do
alto da teoria tridimensionalista indaga: porque a norma jurídica tem essa estrutura? Ele
responde que essa estrutura lógica remonta para constatação de que norma representa a
unidade concreta de fato, valor e forma lógica( dever ser – norma).

Pois a norma ao descrever uma situação fática genérica onde situações concretas podem a ela
se conformarem está a partir de uma estrutura lógica de caráter imperativo calcado no dever
ser, primando pela preservação de um dado valor na sociedade. Por isso ele defende que a
estrutura lógica da norma deve comportar duas hipóteses lógicas que ele representa num
quadro.

Se F é C deve ser.
Se não-C SP deve ser.

1 - Classificação das normas jurídicas:

a) Critério da função da norma no ordenamento jurídico

norma de conduta ( que têm por objetivo disciplinar o comportamento dos indivíduos) e;
norma de organização ( têm caráter instrumental, visando a estrutura e funcionamento
dos órgãos o à disciplina de processos técnicos de identificação e aplicação das normas

b)Quanto àquilo à natureza imperativa das normas( ou forma de prescrição): podem ser
proibitivas( proíbem a prática de certos atos), permissivas( permitem a prática de certos
atos) e as preceptivas( são aquelas que se determina que se adote certos atos).

c) Quanto ao critério dos destinatários: As normas podem ser gerais ou individuais. As primeiras
reportam-se à generalidade das pessoas e as segundas a um determinado grupo de pessoas. Ex:
Sentença é uma norma individual aplicada às partes envolvidas num processo.

d)Quanto ao critério relativo à matéria: As normas podem ser neste caso geral-
abstratas, normas especiais e normas excepcionais. A norma geral-abstrata descreve
uma hipótese fática de incidência abstrata ou genérica. Como exemplo tem-se norma
constitucional que veda prisão por dívida Ex: A norma excepcional, como fala o
próprio termo excepciona o conteúdo de uma norma geral abstrata.Exemplo: A prisão
civil é permitida quando for a hipótese de pensão alimentícia e depositário infiel. E
as normas especiais não excepcionam as normas gerais abstratas, mas tão somente
tratam o caso de maneira diferente. Como é caso das normas de direito comercial.
OBS: Essa distinção também serve para resolver conflitos entre normas do mesmo
grau hierárquico.

f) Quanto ao critério relativo ao espaço: As normas podem ser nacionais ou locais.


Nacionais são aquelas que incidem sobre todo o território nacional( normas de
Direito Civil, normas de Direito Penal). Locais são aquelas que têm incidência
específica no âmbito de determinadas localidades( Em regra relacionadas à
competência tributárias dos municípios).

g)Quanto ao critério temporal: As normas jurídicas comportam duas distinções.


Existem normas de validade permanente e normas de validade provisória. As normas
de validade permanentes são aquelas que não têm prazo determinado para vigorar.
Uma vez promulgada só perde a validade se derrogada por outra norma. As normas
de validade provisória são aquelas cuja cessação da vigência é estabelecida
previamente.

OBS: Este critério é importante para compreensão de outra importante distinção


entre normas, mais precisamente entre normas retroativas e normas irretroativas.
Em princípio as normas são irretroativas, em compasso com as conquistas do
constitucionalismo moderno. Há, porém, exceções.É o caso da norma in bona parten
do direito penal.

OBS: Outra importante distinção diz respeito às normas de incidência imediata e as


normas de incidência mediata. Essa distinção refere-se ao termo de vigência e da
vacatio legis. As normas de incidência imediata são aquelas que passam a valer logo
após a data de publicação. As normas de incidência mediata passam a vigorar após
o preenchimento de certos requisitos, como o preenchimento da vacatio legis ou
como a edição de uma norma específica que venha disciplinar os efeitos de sua
incidência.

h) Segundo o critério da finalidade existem a)normas de comportamento que


vinculam de modo mais determinado o comportamento prescrito nos seus preceitos(
Ex: aquelas normas que estabelecem as condições para seu cumprimento de modo
direito e objetivo como as normas de eficácia plena) e existem normas
programáticas que estabelecem programas, di//retrizes e intenções.

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