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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA
FACULDADE DE MATEMÁTICA

LISTA 01 – RESOLUÇÃO (ANÁLISE REAL)

Turma de Matemática 2016

BRAGANÇA – PA
2019
Soluções da Lista 01 – Análise Real

Questão 01. Usando indução, prove:

n(n + 1)
(a) 1 + 2 + · · · + n =
2

Demonstração: Temos que:


n
X n(n + 1)
k= .
k=1
2

Logo, para n = 1, a igualdade vale, pois:


1
X 1 · (1 + 1) 1·2
k=1= = = 1.
k=1
2 2

Supondo que valha para um certo n, tal que:


n
X n(n + 1)
k= ,
k=1
2

vamos provar que a proposição também é verdadeira para n + 1, de modo que:


n+1
X (n + 1)(n + 2)
k= .
k=1
2

Desta feita, tem-se que:


n+1
X n+1
X n
X
k = k + k
k=1 k=n+1 k=1
n(n + 1)
= n+1+
2
2(n + 1) + n(n + 1)
=
2
(n + 1)(n + 2)
= .
2

Portanto,
n+1
X (n + 1)(n + 2)
k= .
k=1
2

E daı́, concluı́mos que a igualdade é válida ∀ n ∈ N.

2
(b) 1 + 3 + 5 + · · · + (2n − 1) = n2

Demonstração: Temos que:


n
X
(2k − 1) = n2 .
k=1

Logo, a sentença é válida para n = 1, pois:


1
X
(2k − 1) = 2 · 1 − 1 = 2 − 1 = 1 = 12 .
k=1

Suponhamos que valha para um certo n, tal que:


n
X
(2k − 1) = n2 .
k=1

Então, provemos que seja verdade para n + 1, de tal forma que:


n+1
X
(2k − 1) = (n + 1)2 .
k=1

Segue-se que:
n+1
X n+1
X n
X
(2k − 1) = (2k − 1) + (2k − 1)
k=1 k=n+1 k=1
2
= 2(n + 1) − 1 + n

= 2n + 2 − 1 + n2

= n2 + 2n + 1

= (n + 1)2 .

Portanto,
n+1
X
(2k − 1) = (n + 1)2 .
k=1

E, indutivamente, concluı́mos que a proposição é verdadeira, pois é válida para n + 1 e


por fim ∀ n ∈ N.

2n3 + 3n2 + n
(c) 12 + 22 + 32 + · · · + n2 =
6

Demonstração: Temos que:


n
X 2n3 + 3n2 + n
k2 = .
k=1
6

3
Logo, a sentença é válida para n = 1, pois:
1
X 2 · 13 + 3 · 12 + 1 2+3+1 6
k 2 = 12 = = = = 1.
k=1
6 6 6

Suponhamos que valha para um certo n, tal que:


n
X 2n3 + 3n2 + n
k2 = .
k=1
6

Então, provemos que seja verdade para n + 1, de tal forma que:


n+1
X 2(n + 1)3 + 3(n + 1)2 + (n + 1)
k2 = .
k=1
6

Segue-se que:
n+1
X n+1
X n
X
k2 = k2 + k2
k=1 k=n+1 k=1
2n + 3n2 + n
3
= (n + 1)2 +
6
6(n + 1)2 + 2n3 + 3n2 + n
=
6
6(n + 2n + 1) + 2n3 + 3n2 + n
2
=
6
6n2 + 12n + 6 + 2n3 + 3n2 + n
=
6
2n + 6n + 6n + 2 + 6n + 4 + 3n2 + n
3 2
=
6
2n3 + 6n2 + 6n + 2 + 3n2 + 6n + 3 + n + 1
=
6
2(n3 + 3n2 + 3n + 1) + 3(n2 + 2n + 1) + (n + 1)
=
6
3 2
2(n + 1) + 3(n + 1) + (n + 1)
=
6

Portanto,
n+1
X 2(n + 1)3 + 3(n + 1)2 + (n + 1)
k2 = .
k=1
6

E, indutivamente, concluı́mos que a proposição é verdadeira, pois é válida para n + 1 e


por fim ∀ n ∈ N.

Questão 02. Demonstre as propriedades que não foram demonstradas em sala.

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Primeiramente, vamos mostrar que as operações de Adição e Multiplicação estão bem
definidas em N, usando indução sobre n. Vale lembrar que as funções + e · não são
nem injetiva nem sobrejetiva. Indicaremos EA e UA por existência da adição e unicidade
da adição, respectivamente, e EM e UM por existência da multiplicação e unicidade da
multiplicação, respectivamente. Temos então:

(EA ) Mostremos que todo par (m, n) ∈ N × N tem sua imagem m + n ∈ N. Para n = 1,
temos que: +(m, 1) = m + 1 = s(m) ∈ N. Supondo verdade para n, verifiquemos para
n + 1. Dessa forma, vem: +(m, n + 1) = m + (n + 1) = m + s(n) = s(m + n). Por hipótese
de indução, tem-se: +(m, n) = m + n ∈ N. Logo, +(m, n + 1) = s(m + n) ∈ N. Portanto,
∀ (m, n) ∈ N × N, tem-se que m + n ∈ N.

(UA ) Agora, mostremos que a imagem é única. Ou seja, dados (m, n), (m0 , n) ∈ N × N,
provemos que +(m, n) 6= +(m0 , n) ⇒ m 6= m0 . Para n = 1, temos +(m, 1) 6= +(m0 , 1) ⇒
m + 1 6= m0 + 1 ⇒ s(m) 6= s(m0 ) ⇒ m 6= m0 , pois s é função. Supondo verdade para n,
mostremos que vale para n + 1. De fato, +(m, n + 1) 6= +(m0 , n + 1) ⇒ m + (n + 1) 6=
m0 + (n + 1) ⇒ m + s(n) 6= m0 + s(n) ⇒ s(m + n) 6= s(m0 + n), e então (m + n) 6= (m0 + n),
pois s é função. Mas pela hipótese de indução, +(m, n) 6= +(m0 , n) ⇒ (m + n) 6=
(m0 + n) ⇒ m = m0 . Segue que a imagem é única.

(EM ) Mostremos que todo par (m, n) ∈ N × N tem sua imagem m · n ∈ N. Para n = 1,
temos que ·(m, 1) = m · 1 = m ∈ N. Supondo verdade para n ∈ N, verifiquemos para
n + 1 ∈ N. Temos que ·(m, n + 1) = m · (n + 1) = m · n + m. Por hipótese de indução,
tem-se: ·(m, n) = m·n ∈ N. Logo: ·(m, n+1) = mn+m ∈ N. Portanto, ∀ (m, n) ∈ N×N,
obtemos que m · n ∈ N.

(UM ) Mostremos agora que a imagem é única. Isto é, dados (m, n), (m0 , n) ∈ N × N,
provemos que ·(m, n) 6= ·(m0 , n) ⇒ m 6= m0 . Para n = 1, vem: ·(m, 1) 6= ·(m0 , 1) ⇒
m · 1 6= m0 · 1 ⇒ m 6= m0 . Supondo verdade para n, mostremos que vale para n + 1. De
fato, ·(m, n + 1) 6= ·(m0 , n + 1) ⇒ m · (n + 1) 6= m0 · (n + 1) ⇒ mn + m 6= m0 n + m0 . Pela
hipótese de indução: ·(m, n) 6= ·(m0 , n) ⇒ m 6= m0 , segue que o resultado.

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Temos ainda as seguintes propriedades de Adição e Multiplicação:

i) Associatividade: m + (n + k) = (m + n) + k e m · (n · k) = (m · n) · k, ∀ m, n, k ∈ N;

Prova (Associatividade da Soma: Indução em k): Para k = 1 é verdade, pois


utilizando-se da definição de soma, temos: m+(n+1) = m+s(n) = s(m+n) = (m+n)+1.
Suponhamos que a propriedade valha para um certo k, tal que m + (n + k) = (m + n) +
k, ∀ m, n ∈ N e mostremos, dessa forma, que é verdade para s(k). Temos então, usando a
definição de soma e a hipótese, que: m+(n+s(k)) = m+s(n+k) = s(m+(n+k)) = s((m+
n) + k) = (m + n) + s(k), ∀ m, n ∈ N. Portanto, m + (n + k) = (m + n) + k, ∀ m, n, k ∈ N.

Prova (Associatividade do Produto: Indução em k): Para k = 1 é verdade, pois


utilizando-se da definição de soma, temos: m · (n · 1) = m · n = mn = (mn) · 1 = (m · n) · 1.
Suponhamos que a propriedade valha para um certo k, tal que m·(n·k) = (m·n)·k, ∀ m, n ∈
N e mostremos, dessa forma, que é verdade para s(k). Temos então, usando a definição de
produto e a hipótese, que: m·(n·s(k)) = m·(n·k+n) = m·(n·k)+m·n = (m·n)·k+(m·n) =
(m · n) · s(k), ∀ m, n ∈ N. Portanto, m · (n · k) = (m · n) · k, ∀ m, n, k ∈ N.

ii) Distributividade: m · (n + k) = m · n + m · k, ∀ m, n, k ∈ N;

Prova (Distributividade: Indução em k): Para k = 1 é verdade, pois, por definição


m · (n + 1) = m · n + m = m · n + m · 1, ∀ m, n ∈ N. Se vale para k, m · (n + k) =
m · n + m · k, ∀ m, n, k ∈ N, então m · (n + (k + 1)) = m · ((n + k) + 1) = m · (n + k) + m · 1 =
(m · n + m · k) + m = m · n + (m · k + m) = m · n + m · (k + 1). Logo, vale para k + 1, e
portanto, vale ∀ k ∈ N.

iii) Comutatividade: m + n = n + m e m · n = m · n, ∀ m, n ∈ N;

Prova (Comutatividade da Soma): Primeiramente, fixemos n e tomemos m = 1.


Logo, provemos que 1 + n = n + 1, usando indução sobre n. Notemos que para n = 1, é
verdade, pois 1 + 1 = 1 + 1. Suponhamos que valha para um certo n tal que 1 + n = n + 1.
Dessa forma, temos que: 1 + (n + 1) = (1 + n) + 1 = (n + 1) + 1. Logo, é verdade

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para n + 1, ∀ n ∈ N. Agora, provemos que m + n = n + m, usando indução sobre m
e fixando n. Desse modo, é verdade para m = 1, donde 1 + n = n + 1 (já provado).
Suponhamos que seja verdade para um certo m, tal que m + n = n + m. Então, temos:
(m + 1) + n = m + (1 + n) = m + (n + 1) = (m + n) + 1 = (n + m) + 1 = n + (m + 1).
Portanto, é verdade para m + 1, ∀ n ∈ N.

Prova (Comutatividade do Produto): Inicialmente, fixando n e tomando m = 1,


provemos, usando indução sobre n, que n · 1 = 1 · n = n. Para n = 1, é verdade, pois:
1 · 1 = 1 · 1 = 1. Suponhamos que seja verdade para um certo n, tal que n · 1 = 1 · n = n.
Logo, temos que: (n + 1) · 1 = n + 1 = n · 1 + 1 · 1 = 1 · n + 1 · 1 = 1 · (n + 1). Portando,
é verdade para n + 1, ∀ n ∈ N. Agora, provemos que m · n = n · m, usando indução
sobre n e fixando m. É verdade para n = 1, ou seja, m · 1 = 1 · m (já provado). Desse
modo, suponhamos que seja verdade para um certo n, onde m · n = n · m. Então temos:
m · (n + 1) = m · n + m · 1 = n · m + 1 · m = (n + 1) · m. Portando, é verdade para
n + 1, ∀ n ∈ N.

iv) Lei do Corte: m + p = n + p ⇒ m = n e m · p = n · p ⇒ m = n, ∀ m, n, k ∈ N.

Prova (Lei do Corte da Soma): Vamos provar por indução em k ∈ N que m + k =


n + k ⇒ m = n, ∀ m, n ∈ N. Para k = 1, é verdade pois: m + 1 = n + 1 ⇒ s(m) =
m + 1 = n + 1 = s(n) ⇒ s(m) = s(n) ⇒ m = n. Suponhamos que valha para um certo
k, então temos que: m + (k + 1) = n + (k + 1) ⇒ m + s(k) = n + s(k) ⇒ s(m + k) =
s(n + k) ⇒ m + k = n + k ⇒ m = n. Portando, vale para k + 1, e então ∀ k ∈ N.

Prova (Lei do Corte do Produto): Vamos provar por indução em k ∈ N que m · k =


n·k ⇒ m = n, ∀ m, n ∈ N. Para k = 1 é verdade, pois: m·1 = n·1 ⇒ m = n. Suponhamos
que seja verdade para um certo k. Logo, temos que: m·(k+1) = m·k+m·1 = n·k+n·1 =
n · (k + 1) ⇒ m = n. Portando, vale para k + 1, e então ∀ k ∈ N.

Observação: Notemos ainda que a Lei do Corte para a Soma e Produto admitem a
recı́proca, dessa forma, temos a Lei do “Acréscimo”para a Soma: m = n ⇒ m + k =
n + k, ∀ m, n ∈ N, a qual pode ser provada por absurdo. Logo, temos: Suponhamos que

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m + k 6= n + k. Logo, como por hipótese m = n, então obtemos n + k 6= n + k, o que é um
absurdo. Concluı́mos que a implicação dada é verdadeira. Agora, levando em consideração
a Lei do “Acréscimo”para o Produto, a saber: m = n ⇒ m · k = n · k, ∀ m, n ∈ N, temos,
usando prova por absurdo: Suponhamos que m · k 6= n · k. Sabendo que por hipótese,
m = n, então concluı́mos que n · k 6= n · k, donde temos novamente um absurdo. Portanto,
a implicação em questão é válida. E daı́, obtemos que vale: m + k = n + k ⇔ m = n e
m · k = n · k ⇔ m = n, ∀ m, n ∈ N.

Agora, temos as propriedades de ordem:

Transitividade: Se m < n e n < r, então m < r. De fato, por definição, temos que:
existe p ∈ N, com n = m + p e existe q ∈ N, com r = n + q. Dessa forma, obtemos:
r = (m + p) + q = m + (p + q), e concluı́mos que m < r;

Tricotomia: Dados m, n ∈ N, vale exatamente uma das afirmações: m < n, m = n ou


n < m. De fato, se vale: m < n e m = n, então temos que ∃ p ∈ N; n = m + p. Donde
obtemos: m = m+p ⇒ m < m, o que é absurdo. De modo análogo, terı́amos absurdo caso
fosse: m > n e m = n. Agora, se vale: m < n e m > n, então terı́amos: ∃ q ∈ N; n = m+q
e ∃ s ∈ N; m = n + s. Logo: m = (m + q) + s = m + (q + s) ⇒ m < m, o que novamente
é um absurdo. Portanto, vale somente umas das possibilidades: m < n, m = n ou n < m.

Monotonicidade da Adição: Se m < n, então m + p < n + p, ∀ p ∈ N. Com efeito,


usando definição de menor (ou maior), temos que ∃ q ∈ N, tal que n = m + q. Logo, pela
Lei do “Acréscimo”da Soma, temos que: n + p = (m + q) + p ⇒ n + p = m + (q + p) ⇒
n + p = m + (p + q) ⇒ n + p = (m + p) + q ⇒ m + p < n + p, ∀ p ∈ N.

Monotonicidade do Produto: Se m < n, então m · p < n · p, ∀ p ∈ N. De fato, temos


que ∃ s ∈ N, tal que n = m + s. Logo, pela Lei do “Acréscimo”do Produto, temos que:
n · p = (m + s) · p = p · (m + s) = p · m + p · s = m · p + s · p ⇒ n · p = m · p + s · p ⇒
m · p < n · p, ∀ p ∈ N.

Questão 3. Dado n ∈ N, prove que não existe x ∈ N tal que n < x < n + 1.

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Demonstração: Suponhamos que ∃ x ∈ N tal que n < x < n + 1. Logo, tem-se que
x = n+q, para algum q ∈ N. Por outro lado, temos que ∃ r ∈ N, tal que n+1 = x+r, para
algum r ∈ N. Com isso, vem que: n + 1 = (n + q) + r ⇒ n + 1 = n + (q + r) ⇒ 1 = q + r,
o que é um absurdo. Portanto, concluı́mos que @ x ∈ N tal que n < x < n + 1.

Questão 4. Princı́pio da Boa Ordenação (PBO). Prove que todo subconjunto A ⊂ N


possui um menor elemento. Em sı́mbolos: A ⊂ N e A 6= ∅; n0 ≤ n, ∀ n ∈ A.

Demonstração: Para tanto, consideremos In o conjunto dos números naturais ≤ n. Se


1 ∈ A, então é o menor elemento de A. Mas, caso 1 6∈ A, então seja X o conjunto dos
naturais n, tais que In ⊂ N − A. Segue que I1 = {1} ⊂ N − A e 1 ∈ X. Como A 6= ∅,
então X 6= N. Logo, o axioma 3, de Peano, é inclusivo, para este caso. Então, deve existir
n ∈ X, tal que n + 1 6∈ X. Obtemos então que: In = {1, ...., n} ⊂ N − A e n0 = n + 1 ∈ A.
Portanto, n0 é o menor elemento de A.

Questão 5. Dados m, n ∈ N com n > m, prove que ou n é múltiplo de m ou existem


q, r ∈ N tais que n = mq + r e r < m. Prove que q e r são únicos.

Demonstração: Temos que, se n > m, então ou n é múltiplo de m, ou está entre dois


múltiplos consecutivos de m, isto é, ∃ q ∈ N, tal que qm < n < (q + 1)m. Neste último
caso, ∃ r ∈ N, tal que n = mq + r, com r < m, pois n < m(q + 1) ⇒ ∃ p ∈ N; m(q + 1) =
n + p ⇒ mq + m = n + p. Como n = mq + r, então: mq + m = (mq + r) + p ⇒ mq + m =
mq + (r + p) ⇒ m = r + p. Quanto à unicidade, procedemos da seguinte forma: Seja
n = mq + r = mq 0 + r0 , com r, r0 < m. Logo, mq + r = mq 0 + r0 ⇒ mq − mq 0 = r0 − r ⇒
m(q − q 0 ) = r0 − r ⇒ r0 − r = m(q − q 0 ) ⇒ m|(r0 − r). Como r, r0 < m, então r0 − r < m.
E daı́, r0 − r = 0 ⇒ r0 = r. Segue que r0 − r = 0 = m(q − q 0 ) ⇒ 0 = m(q − q 0 ) ⇒ 0 =
mq − mq 0 ⇒ mq = mq 0 ⇒ q = q 0 . Portanto, q = q 0 e r0 = r.

Questão 6. Seja X ⊂ N um subconjunto não-vazio tal que m, n ∈ X ⇔ m, m + n ∈ X.


Prove que existe k ∈ N, tal que X = {qk; q ∈ N}.

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Demonstração: Seja k o menor elemento de X. Se n ∈ X, então k ≤ n. Assim ou n é
múltiplo de k ou ∃ q, r ∈ N tais que n = kq + r e r < k. Neste último caso, pela definição
de X, segue que kq, r ∈ X, o que é um absurdo, pois k é o menor elemento de X e r < k.
Logo, todo elemento n ∈ X é múltiplo de k.

Questão 7. Seja a ∈ N. Se X é um conjunto tal que a ∈ X e, além disso n ∈ X ⇒


n + 1 ∈ X, então X contém todos os números naturais ≥ a.

Demonstração: Provemos que X = {a, a + k, ∀ k ∈ N}. Notemos que X = {a} ∪ {a +


k, ∀ k ∈ N}. Seja D = {k ∈ N; a + k ∈ X}. Mostremos que D = N. Com efeito, tomando
k = 1, então a + 1 ∈ X, por hipótese. Agora, supondo k ∈ D, verifiquemos que k + 1 ∈ D.
Temos que a + (k + 1) = (a + k) + 1 ∈ X, novamente por hipótese. Segue que D = N, e
então obtemos que X contém todos os naturais ≥ a, ou seja, X = {a, a + k, ∀ k ∈ N}.

Questão 8. Mostre por Indução que:

(a) n! > 2n , para n ≥ 4.

Demonstração: Provemos que n! > 2n , com n ≥ 4. Temos que para n = 4, a desigual-


dade vale, pois: 4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24 > 24 = 16. Agora, supondo verdade para um certo n,
mostremos que vale para n + 1. Segue que: (n + 1)! = (n + 1) · n! > 2 · n! > 2 · 2n = 2n+1 .
Portanto, (n + 1)! > 2n+1 . E daı́, concluı́mos que a desigualdade é verdadeira para n ≥ 4.

(b) 2n ≥ n2 , ∀ n ∈ N.

Demonstração: Provemos que 2n ≥ n2 , com n ≥ 4. Pode-se notar que para n = 4, a


desigualdade é válida, pois temos: 24 = 16 = 42 . Desse modo, supondo verdade para um
certo n, mostremos que vale para o seu sucessor, a saber: n + 1. Com efeito, por hipótese
de indução, tem-se: 2n ≥ n2 . Mas temos ainda: n > 2 ⇒ n2 > 2n ⇒ n2 ≥ 2n + 1.
Então, por transitividade: 2n ≥ 2n + 1. E daı́, 2n + 2n ≥ n2 + 2n + 1 ⇒ 2n+1 ≥ (n + 1)2 .
Concluı́mos, então, que a desigualdade é válida para n ≥ 4.

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Questão 9. Prove o Princı́pio da Indução como uma consequência do Princı́pio da Boa
Ordenação (P BO : A ⊂ N, A 6= ∅ ⇒ ∃ n0 ∈ A; n0 ≤ n, ∀ n ∈ A).

Demonstração: Seja X ⊂ N, com a seguinte propriedade X = {1 ∈ X, e se n ∈ X,


então n + 1 ∈ X}. Queremos provar que X = N. Suponhamos que X 6= N. Logo
N − X 6= ∅. Seja Y = N − X 6= ∅, então Y ⊂ N e Y 6= ∅. Segue-se que pelo P BO,
∃ k ∈ Y , tal que k ≤ y, ∀ y ∈ Y . Como 1 ∈ X, temos que k = p + 1, com p < k. Logo,
p ∈ X, pois k é o menor elemento de Y . Como p + 1 = k e k 6∈ X, então p + 1 6∈ X. Isto
é um absurdo, pois se p ∈ X, temos que p + 1 ∈ X. Portando, X = N.

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