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Frederico Augusto Ritter:

De Cervejeiro a Doceiro
Chanceler
Dom Dadeus Grings

Reitor
Joaquim Clotet

Vice-Reitor
Evilázio Teixeira

Conselho Editorial
Antônio Carlos Hohlfeldt
Elaine Turk Faria
Gilberto Keller de Andrade
Helenita Rosa Franco
Jaderson Costa da Costa
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Jerônimo Carlos Santos Braga
Jorge Campos da Costa
Jorge Luis Nicolas Audy (Presidente)
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Ney Laert Vilar Calazans
René Ernaini Gertz
Ricardo Timm de Souza
Ruth Maria Chittó Gauer

EDIPUCRS
Jerônimo Carlos Santos Braga – Diretor
Jorge Campos da Costa – Editor-chefe
Frederico Augusto Ritter:
De Cervejeiro a Doceiro

por
Ana Cristina Pires Beiser

2009
© EDIPUCRS, 2009

autoria Ana Cristina Pires Beiser


revisão Carlos Henrique Ritter Beiser
Eurico Saldanha de Lemos
Capa Samir Machado de Machado

Projeto gráfico e diagramação Guilherme Sfredo Miorando

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

R614B Beiser, Ana Cristina Pires


Frederico Augusto Ritter : de cervejeiro a doceiro /
Ana Cristina Pires Beiser. – Dados Eletrônicos. –
Porto Alegre : EDIPUCRS, 2009.
32 p.
Modo de acesso: World Wide Web:
<http://www.pucrs.br/orgaos/edipucrs/>

ISBN 978-85-7430-918-7 (on-line)


1. Empresários – Rio Grande do Sul – Biografias. 2.
Industrialização – Rio Grande do Sul – História. 3.
Ritter, Frederico Augusto – Biografia. 4. Colonização –
Rio Grande do Sul. I. Título.
CDD 926.58
Ficha Catalográfica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS

EDIPUCRS – Editora Universitária da PUCRS


Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 33 – Caixa Postal 1429 – CEP 90619-900
Porto Alegre – RS – Brasil – Fone/fax: (51) 3320 3711
e-mail: edipucrs@pucrs.br – www.pucrs.br/edipucrs
Sumário

7 8 9 10 14
Árvore da Prefácio O avô O pai O filho
família cervejeiro cervejeiro cervejeiro

5
19 23 26 27 28
O queijeiro, O vinicultor Os sucessores A Ritter Referências
conserveiro Alimentos
e doceiro hoje

6
Wilma Ritter Íris Ritter
Beiser Aner

Meta Ritter
Gonda Ritter
Schneider

Frederico Augusto Ritter + Olga Becker Ritter


Filho cervejeiro

Henrique Ritter + Paulina Kessler Ritter


Pai cervejeiro

Georg Heinrich Ritter + Elizabeth Fuchs Ritter


Avô cervejeiro

Árvore da Família Ritter


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Prefácio

E ste trabalho é o resultado da


iniciativa da diretoria da Ritter
Alimentos S.A. em promover a
preservação da memória do processo
histórico de origem e formação desta
S. A. Walter Beiser, pelo convite para
a realização deste trabalho. Reconhe-
cemos a importância da colaboração e,
por isso, somos especialmente gratos
aos diretores conselheiros da Ritter
tradicional empresa gaúcha. Alimentos S. A. Frederico Werner Ha-
Entre as inúmeras pesquisas que a- mann, Otto Walther Beiser, Frederico
inda estão por serem feitas para com- Ingo Beiser e Carlos Henrique Ritter
por um panorama industrial gaúcho, Beiser, por seus valiosos depoimen-
inclui-se a que descreve a atuação de tos sobre o passado da empresa e da
Frederico Augusto Ritter no contexto família prestados em várias entrevis-
empresarial do Rio Grande do Sul. tas. Agradecemos a Carlos Henrique
Frederico Augusto Ritter foi um Ritter Beiser por sua inestimável co-
pioneiro ao fundar uma empresa indi- laboração na coleta de dados, fotos e
vidual em 1919 e preparar o caminho antigos documentos existentes em seu
para que seus sucessores garantissem arquivo pessoal. Ficamos muito gratos
o seu crescimento e desenvolvimento. pelo trabalho de tradução para a língua
Este trabalho recupera as condições portuguesa feito por Úrsula Beiser do
que lhe possibilitaram investir em um relevante artigo escrito em alemão por
empreendimento inovador, na medida Hansheinz Keller sobre a família Rit-
em que resgata o passado da sua famí- ter e publicado no jornal Brasil Post,
lia, que teve um papel muito importante em 1985. Por fim, agradecemos à Dra.
na instalação das primeiras fábricas de Cláudia Musa Fay, professora do De-
cerveja no sul do Brasil. partamento de História da PUCRS, pe-
Agradecemos, inicialmente, ao las sugestões e orientações.
diretor-presidente da Ritter Alimentos

8
O Avô Cervejeiro
Frederico Augusto Ritter era um des- chegou a São Leopoldo em 29 de dezembro
cendente de terceira geração de imigrantes de 1825, com a esposa Maria Eva Catarina
alemães. Seus avós chegaram ao Rio Grande Wagner e uma filha. O segundo chegou em
do Sul em 1846, vindos da aldeia de Kemp- 1829, indo estabelecer-se em Estância Velha
feld, localizada na região conhecida como com a esposa Maria Elisabeth Weber e mais
Hunsrück. Após pouco mais de três déca- três filhos.
das, no dia 21 de setembro de 1879, nascia Georg Heinrich Ritter tornou-se o pa-
o neto Frederico Augusto Ritter na cidade triarca de uma família que se destacaria na
gaúcha de São Lourenço do Sul. produção de cerveja no final do século
O avô, Georg Heinrich Ritter, XIX e início do século XX. Inicial-
chegou ao sul do Brasil aos 24 mente, Georg dedicou-se à a-
anos, com os pais Johann Hein- gricultura e, em algum tempo,
rich Ritter II e Caroline Juliane abriu a primeira casa de co-
Roth Ritter e seis irmãos. mércio na Linha Nova – na
Durante a viagem de navio, época uma colônia (Picada
ele conheceu sua primeira Nova) pertencente a São
esposa, Elisabeth Fuchs. Leopoldo e hoje municí-
A família veio, pio que integra o Vale
pois, ao Brasil du- do Caí. Atendia
rante a segunda às necessidades
fase de coloniza- da população lo-
ção alemã no Rio cal, comprando
Grande do Sul, após os produtos rurais
o término da Revo- dos colonos e ven-
lução Farroupilha dendo mercadorias
(1835-1845). Os avós 1. Georg Heinrich Ritter, de primeira necessi-
e bisavós de Frederico sua residência e cervejaria na Linha Nova. dade.
Augusto Ritter não viajaram para o Brasil na A casa que construiu em 1864 foi uma
fase inicial da colonização, de 1824 a 1830, das primeiras da localidade. Nela hospedou-
pois esta primeira corrente imigratória fora se o primeiro pastor da Igreja Evangélica de
interrompida “em conseqüência da Lei de Confissão Luterana de Linha Nova, Hein-
Orçamento, de 15 de dezembro de 1830, rich Wilhelm Hunsche, enquanto não exis-
não autorizar despesas com a imigração”. tia casa paroquial na localidade. No porão
(LANDO; BARROS, 1992, p. 28) dessa antiga residência teve início, em 1868,
Contudo, os primeiros representantes a primeira fábrica de cerveja do Rio Grande
da família Ritter a chegarem ao país foram do Sul. Isto foi possível pois Georg apren-
Philipp Jacob (Petri) Ritter e Georg Jakob dera a profissão ainda jovem na França, com
(Klein) Ritter, respectivamente tio e irmão um tio materno que lá residia.
de Johann Heinrich Ritter II. O primeiro

9
O Pai Cervejeiro
de sua mãe. Seu pai, Georg, casou-se em
segundo matrimônio, em 1869, com a cu-
nhada e viúva de seu irmão Friedrich Georg
Ritter, Maria Margaretha Konrad Ritter, que
tivera cinco filhos com o primeiro marido:
Maria Chistina, Elisabeth, Frederico Jacó,
Susana Maria e Catharina, que faleceu aos
seis anos de idade. Com esse casamento,
sobrinhos tornaram-se enteados, formando
um grupo de quinze crianças e jovens na
casa, entre os quais Henrique.
A partir de 1877, já ca-
sado com Paulina Kessler Ritter,
Henrique Ritter dedicava-se ao co-
mércio em São Lourenço do Sul,
onde nasceu Frederico Augusto,
o quarto dos onze filhos do casal.
Até aquele momento, Frederico
Augusto tinha como irmãos apenas
Alvine, Paolina e Henrique Valdemar.
Posteriormente, nasceram Carlos Oscar,
Emília, Guilherme, Adolfo, Alice, Ricardo e
2. Henrique Ritter Olga, que faleceu antes de completar três me-
ses de idade.
Frederico Augusto Ritter era filho do Em 1880, Henrique Ritter firmou so-
primeiro brasileiro nato do ramo que ini- ciedade com o cunhado Christian Jakob
ciou com Georg Heinrich Ritter com este Trein, casado com Elizabeth Ritter Trein,
sobrenome: Henrique Ritter. Seguindo os na grande casa de comércio que, “entre
passos do pai, Henrique tornou-se fabri- 1870 e 1910, dominou a atividade comercial
cante de cerveja. em São Sebastião do Caí”(FORTES, 2004,
Henrique Ritter nasceu em 15 de abril p. 180). O estabelecimento, situado nessa
de 1848, cerca de dois anos após a chegada cidade portuária, que teve importante papel
de seus pais, Georg Heinrich Ritter e Eliza- no escoamento de mercadorias coloniais no
beth Fuchs, ao solo gaúcho. Deste que foi início do século XX, e que fora fundado em
o primeiro casamento de seu pai, Henrique 1869 por Franz Peter Trein, pai de Christian
teve oito irmãos: Carolina, Elizabeth, Carlos, Jakob, passou a chamar-se “Trein e Ritter” a
Filipina, Jacó, Guilhermina, Catarina e Hen- partir da chegada do novo sócio.
riqueta. Henrique ganhou mais dois meio- Com a sociedade sendo desfeita em
irmãos, Phillip e Gustav, após o falecimento 1888, com a saída de Henrique Ritter da

10
empresa, a razão social “Trein e Ritter” foi
alterada. Desse modo, a empresa, “mais
tarde, passou a chamar-se apenas Chris-
tian J. Trein e Cia. e, finalmente, Frederico
Mentz e Cia (FARIAS, 1999, p. 88).
Ao retirar-se da sociedade, a famí-
lia de Henrique Ritter transferiu-se para a
capital do Estado. O motivo da mudança
foi a necessidade de auxiliar sua prima-
irmã, Elisabeth Ritter Becker, - filha
de Friedrich Georg Ritter e Maria
Margarida Konrad Ritter, que
se havia tornado enteada de
seu pai após o segundo ma-
trimônio - bem como seu es-
poso, Guilherme Becker, que
estava muito doente.
Guilherme Becker era
proprietário de uma cervejaria em
Porto Alegre desde o ano de 1879.
Henrique Ritter decidiu administrar e tra- 3. Paulina Kessler Ritter
balhar nessa empresa no período da enfer-
midade de Guilherme e, posteriormente, tóvão Colombo, em Porto Alegre. As ativi-
durante a viuvez da prima Elisabeth Ritter dades insalubres a que se dedicou durante a
Becker. juventude causaram-lhe uma moléstia nos
Guilherme Becker havia trabalhado pulmões, denominada silicose, produzida
como polidor de ágata e pedras semi-pre- pela inalação de pó de pedra ou de areia.
ciosas na Alemanha, onde nasceu. Emigrou Apesar de ter procurado cura na Alema-
para o Brasil em 1869 e, nos primeiros tem- nha, veio a falecer aos 39 anos, no dia 4 de
pos, trabalhou no calçamento da rua Cris- junho de 1889, em Porto Alegre.

CURIOSIDADE:
No início do século XX, a cervejaria Ritter fazia parte de um
grupo de 13 cervejarias existentes em Porto Alegre. Dentro do pa-
norama industrial do Rio Grande do Sul, a indústria da cerveja foi
apontada como uma das mais antigas do Estado no artigo “História
da Cerveja no Rio Grande do Sul”, da Revista do Globo, de no-
vembro de 1940. Este artigo mencionou, além da Ritter, as seguintes
cervejarias como as mais antigas de Porto Alegre: Frederico Christofel, Adolfo
Kauffmann, Guilherme Becker, Carlos Bopp, Antônio Campani, Luebbe, Alves,
Lippert, Sanders, Lackmann, Varniere e João de Deus Siqueira.

11
4. Cervejaria Ritter em 1897

Ainda solteiro, Guilherme transferiu-se Henrique Ritter estava inserido no novo


para a Linha Nova para trabalhar na fábrica de grupo social formado pelos germano-brasi-
Georg Heinrich Ritter, com quem aprendeu leiros no Rio Grande do Sul que, no final do
o ofício de cervejeiro. Em 9 de fevereiro de século XIX e início do século XX, destaca-
1878 casou-se com Elisabeth Ritter e recebeu vam-se nas atividades agrícolas, comerciais
o incentivo do tio e padrasto de sua esposa, ou industriais não relacionadas a empresas
tido como sogro, para construir a residência pastoris. Desse modo, administrou os negó-
da família e instalar a fábrica de cerveja em cios da prima-irmã e, posteriormente, fun-
um terreno localizado no bairro Floresta, em dou sua própria indústria de cerveja.
Porto Alegre. A decisão de continuar no ofício de
Do casamento, com 11 anos de duração, cervejeiro, afastando-se dos negócios de sua
de Guilherme e Elisabeth nasceram quatro fi- prima-irmã, se deu algum tempo depois de
lhos: Helma, que perdeu a vida com 7 anos de Elisabeth Ritter Becker casar-se novamente
idade, Lydia, Guilherme e Olga. Esta última, aos 33 anos. A união com Bernhard Oswald
mais tarde, casaria com o primo em segundo Sassen ocorreu no dia 7 de outubro de 1890.
grau Frederico Augusto, filho de Henrique O noivo, com 38 anos, era um alemão que
Ritter, com o qual convivera desde a infância. havia emigrado para o Brasil em 1870 e fora

12
amigo do falecido marido de sua nova es-
posa. Assim, Bernhard Oswald Sassen pas-
sou a administrar a cervejaria Becker que, em
pouco tempo, passou a chamar-se Sassen.
Henrique Ritter, por sua vez, realizou o
projeto de criação de sua própria cervejaria,
que iniciou a produção no ano de 1894, com-
prando um grande terreno no bairro Moinhos
de Vento, com frentes para as ruas Mostar-
deiro e Miguel Tostes e lateral para a 24 de
Outubro. Conforme Athos Damasceno, esta
fábrica “[...] situada à rua Mostardeiro, núme-
ro 10, imediatamente se impõe na cidade,
tanto por suas instalações como pela quali-
dade de seus produtos”(1973, p. 16). Hen-
rique construiu um prédio de dois andares.
A família passou a residir no andar superior
com entrada pela Miguel Tostes. A fábrica
ocupou o térreo, com salas de fermentação,
tanques, seção de engarrafamento. Também
faziam parte do complexo as moradias de
empregados, bem como estrebarias, que eram
necessárias porque a distribuição da bebida
era feita em carroções puxados a cavalo.
Para manter a cervejaria em bom fun-
cionamento, Henrique Ritter contava com
o auxílio dos filhos mais velhos, Henrique
Valdemar e Frederico Augusto, e, posterior-
mente, Carlos Oscar. As meninas não tra-
balhavam naquela época e os outros meni-
nos eram muito jovens. Dessa forma, aos 15
anos, Frederico Augusto assistiu à inaugu-
ração da cervejaria paterna e passou a nela
trabalhar.

Segundo Sérgio da Costa Franco a rua Esperança recebeu a atual denominação de Miguel Tostes no início da
década de 50 do século XX, através da “Lei n.911, de 6/10/1952, homenageando o advogado e político rio-
grandense, que foi secretário do Interior e da Justiça.” É provável que a antiga denominação tenha influenciado
Frederico Augusto Ritter a batizar a propriedade que adquiriu em 1918, de Granja Esperança.

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O Filho Cervejeiro
res da União das Escolas Particulares Alemãs,
criada em meados do século XIX, como con-
tratar professores da Alemanha. “Buscavam,
desta forma, os alemães dar continuidade à
cultura de origem, sem assimilar os valores e
padrões de vida que a cultura de adoção lhes
oferecia”(LANDO; BARROS, 1992, p. 32).
Desse modo, Frederico foi educado nos
moldes da cultura germânica e, no início de
sua adolescência, passou a trabalhar na re-
cém-inaugurada fábrica da família. Segundo
Fritz Bernhard Beiser, gerente-geral da
Conservas Ritter de 1941 a 1966
e diretor-presidente de 1966 a
1976, o adolescente, “embora
continuasse freqüentando a
escola, teve que trabalhar
arduamente na nova cerve-
jaria, sentindo-se muitas
vezes humilhado pelos
serviços de que foi incum-
bido. Assim, lentamente ama-
dureceu no jovem o plano de sair da
5. Frederico Augusto Ritter casa paterna, a fim de procurar trabalho em
Frederico Augusto Ritter teve sua for- outros lugares, onde, conforme sua imagina-
mação escolar primária na Escola Alemã de ção, tudo seria mais fácil para ele”(BEISER,
Beneficência, chamada Schule des Hilfsverein. 1973, p. 01).
Essa escola particular de Porto Alegre era Provavelmente por essa razão, no final de
destinada apenas a alunos do sexo masculino, sua adolescência, Frederico mudou completa-
bem como a descendentes de famílias de ori- mente os rumos da sua vida ao fugir da família.
gem alemã no período em que os filhos mais Com muito desprendimento, o jovem morou
velhos de Henrique Ritter a freqüentaram. A em diversas cidades do Brasil, acompanhando
instituição seguia alguns princípios orientado- um circo no qual trabalhou como mágico.

CURIOSIDADE:
Os irmãos Henrique Valdemar e Frederico Augusto Ritter freqüentaram a
Schule des Hilfsverein nos anos de 1889 e 1890, conforme o livro-caixa de 1886 a
1901, que se encontra no arquivo do Colégio Farroupilha.

14
Muito tempo depois dessa experiência, No ano seguinte, Frederico estava mo-
ele contou ao seu sobrinho, Frederico Werner rando em São Paulo, onde viveu a passagem
Hamann, que havia trabalhado como mágico para a entrada no século XX trabalhando na
de circo durante algum tempo na cidade de fábrica de cerveja Bavária. Distante da família,
Barra Mansa, no Rio de Janeiro. No início com a qual havia deixado de manter contato, o
do século XX, havia uma fábrica de fósforos rapaz foi contratado por essa indústria aos 19
naquela cidade. Ele contou que gostava de anos, no dia 1º de julho de 1899. Conforme
usar esses fósforos quando fumava e, assim, atestado curiosamente escrito em alemão, o
relatava as suas aventuras a quem estivesse in- período de aprendizado de “Fritz” Ritter du-
teressado. rou até 1º de julho de 1901. Podemos inferir
Frederico deixou de exercer o ofício de que esse documento tenha sido necessário
mágico porque adoeceu, sendo abandonado para seus estudos posteriores na Alemanha.
pelos artistas do circo em um hospital mineiro. Outra fonte que mostra a relação de Fre-
Ao recuperar-se, conseguiu um emprego na derico Augusto Ritter com a Cervejaria Bavária
fábrica de cerveja de Frederico Pavel, localiza- é uma antiga foto que o retrata no centro de
da em Rio Novo, Minas Gerais. Contudo, em um carroção pertencente a essa indústria.
1898, afastou-se da empresa por sua livre von- No contexto do início do período repu-
tade, conforme atestado de boas referências, blicano, a capital paulista estava iniciando uma
assinado pelo proprietário no dia 8 de maio progressiva transformação no sentido de se
daquele ano. tornar uma “metrópole industrial”. Na última

6. Frederico Augusto Ritter no carroção


da Cervejaria Bavária, em São Paulo

15
gou Frederico Augusto Ritter até
o momento em que ele recebeu
a oportunidade de experimentar
uma situação de aprendizado
ainda mais rica.
Ao se reaproximar da famí-
lia, que havia recebido a in-
formação do lugar onde ele se
encontrava através de um ven-
dedor de lúpulo que o reconhe-
ceu na fábrica em que trabalhava,
Frederico recebeu uma interessante
proposta.
O também cervejeiro e tio Carlos Ritter,
irmão do pai Henrique Ritter, fora designado
para fazer contato com o sobrinho. Para isso,
viajou especialmente para São Paulo e ofere-
ceu a Frederico todas as condições para estu-
dar e aprender o ofício de mestre cervejeiro
na Europa.
Após aceitar a proposta da família paterna,
em agosto de 1901 Frederico já se encontrava
na Alemanha. Em setembro de 1901 e março
de 1902, ele atuou como estagiário na fábrica
de malte Eduard Scharrer & Co., localizada
7. Acima: cervejaria Ritter em 1913 em Kannstatt-Stuttgart.
8. Abaixo: vista aérea da cervejaria Ritter Ainda em 1902, freqüentou o semestre de
verão da escola de cervejaria Brauerakademie
década do século XIX, haviam surgido novas München, conforme prova o diploma de Mestre
fábricas na cidade, destacando-se o segmento Cervejeiro que obteve em 20 de agosto daquele
do vestuário, setor em que foram criadas in- ano. Um mês após receber o diploma, Frederico
dústrias de tecidos, chapéus, calçados e roupas obteve um certificado de conclusão do curso
feitas. de quatro semanas sobre técnicas de labo-
Ao tratar da vida econômica de São Paulo ratório e de microbiologia dos fermentos.
na recém-implantada República, Flávio Saes Com o título de Mestre Cervejeiro, teve
enfatiza a importância de outro ramo indus- boas oportunidades de colocar seu conheci-
trial, o de bebidas, como cervejas, vinhos, mento em prática e aprender ainda mais em
vermutes e água mineral. Para o autor, “duas fábricas de cerveja alemãs. Assim, entre ou-
fábricas de cerveja se destacavam: a Antárc- tubro de 1902 e fevereiro de 1903, trabalhou
tica (na Água Branca), com trezentos ope- como técnico na Stadtbrauerei Aue, segundo
rários, e a Bavária (na Mooca), com duzentos atestado assinado em 19 de fevereiro de 1903
operários”(SAES, 2005, p. 224). Esta empre- pelo supervisor e proprietário Edmund V.

16
Becher. Nos meses seguintes, entre 22 de fe- banco. Restituiu logo o dinheiro porque o
vereiro de 1903 e 7 de maio de 1903, viveu na negócio era lucrativo, era bom”.
cidade de Plauen, localizada junto a Dresden, Dessa forma, em 1906, a fábrica Ritter
tal como a cidade de Aue, onde fez um está- mudou-se para a rua Voluntários da Pátria,
gio prático na fábrica de cevada Sächsiche Malz- 501, no bairro Navegantes, em Porto Alegre,
f a b r i k , Plauen bei Dresden. O que parece onde foi inaugurada a nova cervejaria Ritter
ter sido seu último estágio ocorreu na cidade sob a razão social: H. Ritter e Fillhos. Hen-
de Saybusch, na Erzherzoliche Brauerei, no rique Ritter e a esposa Paulina permanece-
período de 15 de maio a 3 de novembro de ram residindo com os filhos solteiros na rua
1903. Sabemos também que esteve por Miguel Tostes.
algum tempo na cidade de Pilsen, na No ano seguinte à mudança,
República Tcheca. Frederico casou-se com sua prima
Ao retornar ao Brasil, em fins em segundo grau e herdeira do fale-
de 1903 ou início de 1904, cido e também fabricante de cerveja
passou a utilizar os seus co- Guilherme Becker. Do
nhecimentos de mestre casamento com Olga
cervejeiro adquiridos no Becker, ocorrido no
exterior trabalhando na dia 27 de julho de
empresa do pai. Sua 1907, nasceram quatro
influência para a reno- meninas: Meta, Wilma,
vação dos negócios da Íris e Gonda.
família foi significativa, O prédio da H.
pois logo após seu re- Ritter e Filhos estava
torno, entre os anos de acordo com as
de 1904 e 1905, foi tendências arquitetô-
construída uma nova nicas do início do
fábrica e investiu-se na século XX, em Porto
aquisição de máquinas e Alegre. Naquele perío-
equipamentos mais mo- do, foram construídos
dernos. vários edifícios majes-
Como os recursos próprios tosos na cidade, nos quais a
do pai, Henrique Ritter, não estatuária constituía o principal
foram suficientes para de- 9. Frederico Augusto Ritter e elemento da decoração.
senvolver o novo projeto fa- Olga Becker Ritter A fábrica de cerveja
bril, foi preciso recorrer a um Bopp, projetada pelo arquite-
novo empréstimo. Tendo obtido o dinheiro to alemão Theodor Wiedersphan, decorada
necessário com seu irmão Carlos Ritter, fun- pelos escultores de Vicente Friederichs e
dador da Cervejaria Carlos Ritter e Irmãos, de inaugurada em outubro de 1911, foi um e-
Pelotas, não levou muito tempo para devol- xemplo da arquitetura encomendada por em-
ver-lhe a quantia. Segundo Frederico Werner presas nessa época. Arnoldo Walter Dober-
Hamann, “Henrique viajou com todo esse stein analisou a fachada da Cervejaria Bopp
dinheiro no bolso ou na guaiaca. Não tinha e concluiu que “tais figuras também repre-

17
sentam marcas de produtos fabricados pela Em 1916, a empresa de H. Ritter e Filhos
Bopp”( 1992, p. 63). A marca mais popular figurava em oitavo lugar entre as fábricas do
desta fábrica, a cerveja Elefante, era repre- Quarto Distrito quanto ao número de operários.
sentada através de uma estátua desse animal Com 55 funcionários, ficava atrás da Compa-
na fachada do edifício, bem como a marca nhia Fabril Portoalegrense (meias), da Com-
Comercial, que trazia no seu rótulo um Mer- panhia Fiação e Tecidos, da Ernesto Neuge-
cúrio, deus da mitologia greco-romana, cuja bauer (doces), da Oscar Scheitza (tecidos), da
figura também aparecia no canto superior Walter Gerdau (móveis), da Albino Cunha
esquerdo do prédio. (moinho) e da Companhia de Vidros. Esses da-
Assim como a Bopp, a H. Ritter e Filhos dos, apresentados na obra de Alexandre Fortes
recebeu o carimbo do destacado arquiteto The- (2004, p. 40), foram retirados do Relatório de
odor Wiedersphan, pelo menos no projeto de Subsistência do Quarto Distrito, apresentado
sua ampliação. A decoração foi marcada pela ao intendente José Montaury de Aguiar Leitão
presença de uma estátua de um cavaleiro em em 1918.
tamanho natural colocado no topo do edifício. Na década de 1920, a cervejaria da família
O significado do termo Ritter na língua alemã Ritter passou a fazer parte do Consórcio Con-
é cavaleiro, e este era o símbolo da empresa tinental, formado em julho de 1924 quando
renovada e marca de uma de suas cervejas. Ou- as firmas Bopp Irmãos (sucessores de Carlos
tras marcas dadas à bebida foram Capital, Favori- Bopp), Bernardo Sassen e Filhos (sucessores de
ta, Continental tipo Pilsen, Africana e Hércules. Guilherme Becker e Bernardo Sassen) e Hen-
A estátua do cavaleiro “foi guardada no rique Ritter e Filhos (sucessores de Henrique
sótão no período da Primeira Guerra Mundial”, Ritter) fundiram-se sob a razão social Bopp,
como lembra Frederico Werner Hamann. Para Sassen e Ritter e Cia. Ltda. Surgiu assim um
evitar atritos com autoridades por apresentar novo estabelecimento comercial, denominado
um elemento associado à Alemanha, a família Cervejaria Continental, que se instalou na rua
resolveu retirá-la voluntariamente da fachada do Cristóvão Colombo, 625. Essa fusão perdu-
prédio em 1914. rou por pouco mais de duas décadas, pois em
Na sua nova etapa, a H. Ritter e Filhos 1946 a Continental foi comprada pela Brahma.
passou a participar da expansão de uma nova Após pouco mais de meio século de atividades,
região industrial que se formava na primeira ocorreu outra importante fusão de fábricas de
metade do século XX. A fábrica de cerveja cerveja no Brasil envolvendo a Brahma e a An-
da família Ritter foi uma das primeiras do tarctica. Em julho de 1999, estas duas empre-
chamado Quarto Distrito, área que hoje cor- sas anunciaram uma associação com a criação
responde aos bairros Navegantes e São João. da multinacional AmBev (American Bevera-
Alexandre Fortes definiu o Quarto Distrito ge), também conhecida como Companhia de
como “o conjunto de bairros operários que Bebidas das Américas.
emergiu da combinação entre industrialização A H. Ritter e Filhos teve papel de destaque
e urbanização aceleradas, as quais marcaram na região industrial de Porto Alegre nas duas
a cidade na primeira metade do século XX, primeiras décadas do século XX. Nesse perío-
e que pode ser tomado (o Quarto Distrito) do, Frederico Augusto Ritter teve marcante
como expressão material da nova configura- atuação na administração da empresa, respon-
ção da classe trabalhadora local”(2004, p. 23). dendo pela produção e expansão da indústria.

18
O Queijeiro, Conserveiro
e Doceiro
Frederico preparou-se para a mudança
de sua atividade profissional a partir de
1918. Naquele ano, adquiriu as terras onde
instalaria uma fábrica de alimentos. A es-
critura pública das terras foi assinada por
Frederico no dia 22 de julho de 1918.
O documento, lavrado pelo notário
Luiz Augusto de Azevedo, declarou que
foi comprada “uma fração de campo
e mato com a área superficial de seis
milhões setecentos e oitenta e oito mil e
cem metros quadrados, mais ou menos”.
Estes dados foram colocados na escritura
conforme medição feita na época. Contudo,
Otto Walther Beiser verificou que “a área era
menor do que constava no documento”.
10. Frederico Augusto Ritter Na época de sua aquisição, a proprie-
dade situava-se no lugar denominado Bri-
Prestes a completar 40 anos, Frede- gadeiro. Posteriormente, no ano de 1971,
rico Augusto Ritter tomou decisões que recebeu a nova denominação de avenida
causaram grande transformação na sua vida, Frederico Augusto Ritter, uma homenagem
afetando também a família que havia forma- a quem tanto fez pelo desenvolvimento
do. Provavelmente, com a mesma disposição econômico local.
para mudanças que o levou a morar em ou- Apesar de os antigos proprietários, Ho-
tras cidades brasileiras e européias, decidiu nório e Úrsula Dias, mesmo residindo em
adquirir uma propriedade localizada, no Porto Alegre, conservarem uma casa de mo-
início do século XX, na freguesia da Aldeia radia, dependências e demais benfeitorias
de Nossa Senhora dos Anjos de Gravatahy: no terreno, novas obras tiveram início no
a Granja Esperança. Nessa localidade insta- segundo semestre de 1918. O engenheiro e
laria uma pequena empresa individual. arquiteto Frederico Gelbert foi responsável

CURIOSIDADE:
Em setembro de 1919, a família adquiriu um automóvel
Ford, que representava a mais alta tecnologia em meios de
transporte da época.

19
Maria Cristina Camboim Mombach re-
lata as dificuldades do percurso entre o cen-
tro de Porto Alegre e a Granja Esperança
no momento da transferência e instalação
da família Ritter nestas terras, que se deu
um ano após sua aquisição. “O percurso era
feito por Canoas, já que não existia a faixa de
Porto Alegre a Gravataí, somente inaugurada
em 1945. Antes disso, principalmente no
inverno, no tempo das enchentes, era uma
11. Medalha de Ouro, na Exposição verdadeira aventura alcançar a Granja Espe-
Nacional de Horticultura rança”(1990, p. 34).
pelo projeto e execução do sobrado da famí- A fábrica Ritter, fundada oficialmente
lia, de um prédio lateral com a função de ga- em julho de 1919 quando a família instalou-
ragem, de duas casas para trabalhadores, de se na Granja Esperança, era uma iniciativa
uma cocheira para cavalos, de um estábulo característica do cenário predominantemente
para as vacas e de um galinheiro. familiar da economia gaúcha no início do
As estradas no início do século XX tor- século XX. Assim, naquela época não havia
navam o acesso extremamente difícil. Eram sócios.
estradas de terra muito precárias, destinadas Logo nos seus primórdios, a pequena
ao transporte de carretas de bois e carroças. indústria passou a produzir leite e laticínios,
Nessas condições, a família Ritter chegou tendo em vista o mercado de Porto Alegre.
à sua nova moradia no final do dia 27 de A precariedade das estradas que a ligavam ao
julho de 1919, tendo levado “o dia inteiro destino de seus produtos inviabilizou a regu-
para fazer a mudança com meia dúzia de laridade da entrega, principalmente, de leite.
carroções”, conforme Otto Walther Beiser. No entanto, a produção de queijos, manteiga,
Ao chegarem à granja, encontraram a casa nata e creme de leite persistiram durante as
já mobiliada. décadas de 30 e 40.

CURIOSIDADE:
O dia da mudança para o novo endereço tor-
nou-se ainda mais significativo por corresponder ao
aniversário de casamento de Olga e Frederico. O
casal completava doze anos de matrimônio nesse
dia. Nas janelas das salas do térreo havia vitrais co-
loridos. Na frente de cada janela, foram colocadas
velas que produziam um lindo efeito de luz. Nesse
episódio, Frederico surpreendeu a esposa e as fi-
lhas causando uma agradável impressão do novo
lar. Este fato marcante foi relembrado e recontado
posteriormente para filhas e netos.

20
Ao completar uma década da
inauguração da indústria, em 1929,
Frederico Augusto Ritter recebeu
um prêmio de reconhecimento
pela qualidade na produção de
geléias: a Medalha de Ouro, na Ex-
posição Nacional de Horticultura.
Com vinte anos de funciona-
mento, em 1939, a empresa inau-
gurou um prédio central, que,
além de servir para a administra-
ção, abrigou uma queijaria para a
fabricação de queijo fundido.
Os queijos pasteurizados Cat-
tleya e Favorito exigiram muita
dedicação de Frederico. O primeiro
era colocado em caixinhas redon- 12. Queijos pasteuriza-
das com seis porções e o segundo dos Cattleya e Favorito
ficava em uma forma retangular.
Bons queijos com alto teor de gordura ade- derados um grande avanço, e as dificuldades
quados para serem posteriormente fundidos para produzi-los eram grandes. O tacho de
eram comprados na rua Conceição, em Porto cerâmica importado da Alemanha especial-
Alegre. Na fábrica, eram lavados, cortados mente para a produção do molho para a
em pedaços, moídos em uma máquina, rece- sopa, o qual não era corroído pelo sal, ra-
biam nata e, finalmente, tornavam-se queijos chou após uma queda durante uma limpeza
fundidos. Para a execução desse processo de no local onde se encontrava. Por essa razão,
fundição, foi importado equipamento da Ale- desistiu-se da produção daquele molho.
manha e da Suíça. O processo de cura termi- Nos anos 30, foram construídos túneis
nava nos porões da fábrica. especiais para o cultivo de champignons.
O queijo tipo Gravataí, um bloco de Essa construção, que demonstrava a im-
250 gramas, muitas vezes fermentava com portância que Frederico dava a esse produto,
o calor, causando enormes prejuízos. Com localizava-se a sudoeste da fábrica, nos fun-
a necessidade de uma boa refrigeração, foi dos da residência onde moraram as famílias
construída uma fábrica de gelo. de Frederico Werner Hamann e, posterior-
Na década de 1960, a empresa desistiu de mente, de Frederico Ingo Beiser. O primeiro
fabricar os queijos devido a dificuldades de morador dessa casa ainda lembra da falta de
refrigeração e conservação da época e pro- sorte para o aproveitamento daqueles túneis,
blemas logísticos. já que não era fácil obter o fungo do champi-
A fábrica realizou experimentos com gnon. Para isso, dependia-se muito do exte-
cogumelos e molho inglês para sopas. rior; quando a Segunda Guerra Mundial teve
Naquela época, esses produtos eram consi- início, as dificuldades aumentaram. Com a

21
colaboração do cunhado Guilherme Becker Uma linha de produtos criada já na primei-
Filho, principal executivo da Cervejaria Con- ra década foi a dos saborosos e mastigáveis
tinental na época, foi possível adquirir o es- caramelos à base de leite, popularmente
terco necessário para esse tipo de cultivo a chamados de balas. O sobrinho do fundador
partir dos cavalos utilizados para puxar as da empresa, Frederico Werner Hamann, lem-
carroças da distribuição de cerveja. Mesmo bra que “as balinhas torrão de açúcar surgiram
assim, o produto não chegou a ser lucrativo nos anos 20. As máquinas foram adquiridas
para a empresa. da fábrica Wolkmann, que quebrou em 1920.
Por algum tempo, existiu uma linha de O meu tio comprou o equipamento que lhe
produção de conservas salgadas, como pepi- interessava desta fábrica”.
nos, cebolinhas, verduras em conserva e chu- Um dos sabores mais vendidos era o
crute. Para a produção desse último, foram de malte. A cevada, principal matéria-prima
construídos tanques especiais, posteriormente desta bala, era normalmente adquirida da
demolidos. Destacava-se nos primeiros tem- cervejaria Continental. Outros sabores eram
pos o mix picles, que consistia em um vidro castanha, coco, chocolate e café-com-leite.
que guardava uma mistura de várias verduras, Dentro da produção de alimentos doces
como pepino, vagem, cenoura, cebolinha, pi- dos primórdios da indústria, também havia
mentão e couve-flor. Essa mistura era conser- a linha de biscoitos, sendo produzidos so-
vada em salmoura e vinagre. A visão externa bretudo aqueles feitos com mel, além de
era muito bonita e colorida. biscoitos finos: esquecidos, melindros e
Muitas árvores frutíferas foram plantadas champagne.
logo após a aquisição da Granja Esperança. Desse modo, a fábrica era organizada
Para dar vazão a tantas frutas, Frederico de- em seções para a linha de salgados, como
cidiu produzir doces usando matérias-primas laticínios, conservas salgadas, chucrutes,
da própria granja. Essa nova linha de produ- pepinos, molhos e champignons, e para a
tos não-perecíveis teria a vantagem adicional de doces, como geléias, doces cremosos,
de suportar o tempo necessário para o trans- frutas cristalizadas, compotas, caramelos e
porte entre a Granja Esperança e a capital biscoitos.
gaúcha, sem comprometer a sua qualidade. O cervejeiro passou, portanto, a dedicar-
Entre os primeiros doces a serem produ- se a um novo ofício. Após criar sua própria
zidos, destacaram-se as geléias de morango, fábrica, Frederico foi queijeiro, conserveiro e
maçã, laranja, bem como a marmelada, fru- doceiro. A produção de doces que ele iniciou
tas cristalizadas e doces em calda, conheci- teve continuidade e é o que hoje destaca mais
dos como compotas. a Ritter Alimentos no mercado varejista.

CURIOSIDADE:
A goiaba era menosprezada por Frederico por ser
uma fruta nativa, que não exigia trabalho esmerado para
ser produzida. Por isso, a goiabada não foi um produto
dos primeiros tempos

22
O Vinicultor
No final de 1941, a fábrica de Frederico Rheinhessen (Renânia Palatinado), na Ale-
Augusto Ritter ganhou um novo gerente e manha. Foi nesta aldeia que ele nasceu no
assistente de direção, Fritz Bernhard Beiser, dia 3 de julho de 1904.
que assumiu essas funções na indústria de Fritz possuía os títulos de Bacharel em
doces e alimentos do sogro após abandonar Ciências Econômicas e Sociais pela Uni-
o ofício de vinicultor. versidade de Munique (curso concluído
Natural da Alemanha, Fritz chegou em 1927) e Doutor em Ciências Econômi-
ao Brasil em 5 de abril de 1933 e casou- cas pela Universidade de Rostock, na qual
se com Wilma Ritter, filha de Frederico e defendeu tese sobre o desenvolvimento
Olga, dois anos após ter chegado ao país. da indústria oleira e da cerâmica na Ale-
A cerimônia de casamento ocorreu no dia manha (conclusão em 1930). Além disso,
19 de junho de 1935 na Igreja Luterana de havia cursado um semestre de Arquitetura
Porto Alegre, seguida de uma recepção no (final de 1922 e início de 1923) e possuía
salão de um hotel da cidade. O casal teve experiência no setor bancário. Mesmo com
três filhos: Otto Walther, Frederico Ingo e boa formação acadêmica, a crise econômi-
Carlos Henrique. ca e a difícil situação política e social do
O marido de Wilma era filho de Fritz período entre-guerras afetaram sua coloca-
Beiser V e Anna Bernhard Beiser. A família ção no mercado de trabalho.
vivia na pequena St. Johann, no estado de Desse modo, aproveitou a oportuni-
dade profissional que teria no Brasil. Mes-
mo emigrando em um contexto no qual a
imigração européia no Brasil já entrara em
declínio e o trabalhador estrangeiro perdia
espaço para o brasileiro, ele estava com
contrato de trabalho firmado com uma
financiadora habitacional, chamada União
Construtora Meu Lar, na qual ficou em-
pregado durante um ano e meio.

CURIOSIDADE:
Aos 28 anos, Fritz Bernhard Beiser em-
barcou no navio Monte Sarmiento, da em-
presa Hamburg Süd, com destino ao Brasil.
Quando o navio atravessou a linha do Equa-
dor no dia 31 de março de 1933 foi realizada
uma solenidade na qual foi condecorado
com o diploma de Netuno.

23
Essa proposta de trabalho lhe foi dada Grandense Beiser, o branco Rio Grandense
por intermédio de seu pai, que estava no Ariston e o licoroso Rio Grandense Orion.
Brasil desde 1930. Viúvo desde 1918, Fritz A vinícola também fabricava a aguardente
Beiser V decidiu conhecer o país na com- de vinho Pyrrhos.
panhia de um amigo chamado Lorenz A Viti-Vinicultura Beiser teve uma curta
Weidmann. Com a chegada do filho em existência de aproximadamente seis anos.
1933, decidiu viver definitivamente no Rio O encerramento de suas atividades ocorreu
Grande do Sul. Casou-se pela segunda vez em 1941. Neste ano, Fritz Beiser V faleceu
com Frieda Schreiber e, a partir de 1935, no dia 3 de novembro. O contexto político
passou a morar na localidade da serra gaú- brasileiro do início da década de 40 deve ter
cha chamada de Desvio Blauth, pertencen- sido o motivo mais relevante para a vinícola
te ao município de Farroupilha na época fechar as portas. O governo do presidente
e próximo a Caxias do Sul e Bento Gon- Getúlio Vargas havia intensificado os vín-
çalves. O acesso ao vilarejo era possível culos políticos e a cooperação econômica
tanto por estrada de rodagem como por com os Estados Unidos da América, mu-
estrada de ferro. O hotel denominado Ve- dando decisivamente sua posição com rela-
raneio Desvio Blauth contribuía para trans- ção à Alemanha e com a Segunda Guerra
formar o local em uma privilegiada estação Mundial. Desse modo, seria mais seguro
de repouso e férias na região sul do Brasil. para um alemão trabalhar em uma empresa
Fritz Beiser V e seu filho decidiram administrada por um brasileiro do que man-
dedicar-se a uma atividade tradicional da ter negócio próprio quando tantos conter-
família Bernhard, da qual Fritz Bernhard râneos estavam sendo perseguidos pela di-
Beiser descendia. O avô materno de Fritz, tadura de Vargas.
Christian Bernhard, era dono de muitas Na condição de funcionário, Fritz não
terras e vinhedos. Era um homem rico e poderia ter muitos colegas compatriotas,
poderoso na aldeia de St. Johann, na qual pois o governo Vargas havia criado a Lei
chegou a ser prefeito durante três anos dos Dois Terços. Com esta lei, foi estabe-
consecutivos, de 1859 a 1861. Assim, pai lecida a obrigatoriedade da proporção de
e filho ficaram sócios em uma vinícola em dois terços de empregados brasileiros para
Desvio Blauth. um terço de estrangeiros nas empresas. “O
A Viti-Vinicultura Beiser Ltda. produ- Ministério do Trabalho do governo Vargas
zia uma variedade de vinhos finos, tais como realizava uma intensa campanha para realçar
o tinto Rio Grandense Beiser, o branco Rio a contribuição do trabalhador nacional, em

CURIOSIDADE:
A vinícola editou um pequeno livro com receitas de
ponches a partir dos vinhos Beiser. Para os ponches tornarem-
se uma delícia, deveriam ser preparados com ingredientes de
primeira qualidade, e a marca Beiser era considerada a garantia
de produtos de alta qualidade.

24
nítida oposição ao estrangeiro, que muitas vezes era associado a subversivo”(CARMO,
1998, p. 120). A fábrica Ritter apresentava proporção ainda menor do que a proposta pela
legislação, pois, dos 48 empregados em 1941, apenas dois eram estrangeiros, conforme a
Relação Nominal dos Empregados, registrada em abril daquele ano.
Nesse contexto, Fritz ingressou na firma do sogro em outubro de 1941, dando início a
uma carreira que culminaria no cargo de diretor-presidente, exercido entre 1966 e 1976.

Mapa que localiza Desvio Blauth, retirado do panfleto publicitário VITTI-VINI-


CULTURA Beiser Ltda.

25
Os Sucessores
gerente administrativo. De
acordo com este último, o
criador da empresa “havia
consultado um advogado
anos antes e este teria lhe
dito que durante a Segunda
Guerra Mundial não era a
época oportuna para
transformar a empresa,
colocando um imigran-
te alemão em cargo tão
elevado”.
Na semana seguinte
ao falecimento de Fre-
14. Fritz Bernhard Beiser derico e de acordo com
a sua vontade, no dia 26
de junho de 1951, foi
finalmente deferido o
registro do nome da firma como Indús-
Nos últimos anos de vida, Frederico tria de Conservas Ritter Limitada. Esta
Augusto Ritter acompanhou o crescimento tornou-se o prosseguimento da empresa
da empresa por ele fundada, que começou fundada em 1919.
pequena e chegou a ter cerca de 70 empre- Frederico Werner Hamann havia assu-
gados após os difíceis tempos da Segunda mido a função de guarda-livros a partir de
Guerra Mundial. Segundo Frederico Ingo 31 de agosto de 1940, data de sua admissão
Beiser, nessa época “as dificuldades para na firma. O filho de Emília Ritter Hamann,
manter a empresa funcionando foram i- irmã de Frederico Augusto Ritter, foi o bra-
mensas. Faltavam embalagens e matérias- ço direito de Fritz Bernard Beiser à frente
primas, sobretudo açúcar cristal, que era ge- da segunda geração da Conservas Ritter,
ralmente embarcado no nordeste brasileiro trabalhando na empresa até se aposentar no
e em Campos, Rio de Janeiro, com grandes dia 31 de maio de 1982, aos 67 anos.
atrasos e avarias”. Além dos gerentes, atuaram na indústria
Frederico veio a falecer pouco antes de mais dois genros do fundador: Friederich
completar 72 anos, no dia 17 de junho de Paul Aner e Silvano Schneider. O primeiro
1951, devido a um câncer de laringe pro- casou-se com Íris em 1945 e assumiu a fun-
vocado, em parte, pelo fato de ter sido fu- ção de administrar a lavoura e a fruticultura.
mante desde jovem. O segundo casou-se com Gonda, a única
Pouco antes de seu estado de saúde ter filha que trabalhou na empresa, prestando
se tornado mais grave, a empresa individual serviços no escritório, até casar-se em no-
passou a sociedade por quotas e, por isso, vembro de 1953, quando seu marido passou
não sucumbiu com seu fundador. Ele fi- a trabalhar na administração da Conservas
zera seu genro seu sucessor e gerente-geral Ritter.
e seu sobrinho Frederico Werner Hamann

26
A Ritter Alimentos Hoje
15. Fachada da Ritter Alimentos em 2004

Desde a sua fundação, em 1919, a Ritter Ali-


mentos S.A. mantém-se em atividades ininter-
ruptas, tendo alterado sua razão social em alguns
momentos. Assim, em 1966 a empresa tornou-se
sociedade anônima, com a denominação Conservas
Ritter S.A. Industrial e Agrícola.
Nesse momento, o diretor-presidente Fritz
Bernhard Beiser representava a segunda geração
na frente da empresa. A partir do seu falecimento
em 1976, a terceira geração assumiu a liderança,
tendo inicialmente como diretor-presidente Otto
Walther Beiser. Posteriormente, tornaram-se dire-
tores-presidentes Frederico Ingo Beiser, em 2001,
e Carlos Henrique Ritter Beiser, em 2004. Na
gestão deste último, em 2005, a razão social foi
alterada novamente para Ritter Alimentos S.A.
Mantendo características de empresa fami-
liar, a Ritter Alimentos S.A. conta com membros
da diretoria da quarta geração. Desse modo, Wal-
ter Beiser exerce a função de diretor-presidente e
Elizabeth Beiser é diretora técnica.
A empresa permanece situada na Granja Es-
perança desde a sua inauguração. A granja locali-
za-se na avenida Frederico Augusto Ritter, 2700,
Cachoeirinha, Rio Grande do Sul.
27
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setembro 1902. Acervo Pessoal de Carlos
Henrique Ritter Beiser.

30
FOTOGRAFIAS

1. Georg Heinrich Ritter, sua residência e


cervejaria na Linha Nova. (pág. 9)
2. Henrique Ritter. (pág. 10)
3. Paulina Kessler Ritter. (pág. 11)
4. Cervejaria Ritter em 1897. (pág. 12)
5. Frederico Augusto Ritter. (pág. 14)
6. Frederico Augusto Ritter no carroção da
Cervejaria Bavária, em São Paulo. (pág. 15)
7. Acima: cervejaria Ritter em 1913. (pág. 16)
8. Abaixo: vista aérea da cervejaria Ritter. (pág. 16)
9. Frederico Augusto Ritter e Olga Becker
Ritter. (pág. 17)
10. Frederico Augusto Ritter. (pág. 19)
11. Medalha de Ouro, na Exposição Na-
cional de Horticultura. (pág. 20)
12. Queijos pasteurizados Cattleya e Fa-
vorito. (pág. 21)
13. Diploma de Netuno. (pág. 23)
14. Fritz Bernhard Beiser. (pág. 26)
15. Fachada da Ritter Alimentos
em 2004. (pág. 27)

* Imagens cedidas por Carlos Henrique Ritter


Beiser, pertencentes a seu acervo pessoal.

31

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