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INCONSTITUCIONALIDADE
JURISPRUDÊNCIA
http://www.pgdlisboa.pt/jurel/jur_mostra_doc.php?nid=1507&codarea=58
http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/0/0d4b03386f2d36c38025715e00541d67?OpenDocument
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/0/57b28e7971c0136480256fac002d3780?OpenDocument
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/0/d1aae5cde763005d80256c5a0032fb06?OpenDocument
LEI DO MAIOR ACOMPANHADO
http://www.smmp.pt/wp-content/uploads/Estudo_Menezes-CordeiroPinto-MonteiroMTS.pdf
https://dre.pt/home/-/dre/116043536/details/maximized
https://www.plmj.com/xms/files/newsletters/2018/agosto/NL_Regime_Juridico_do_maior_ac
ompanhado.pdf
https://portal.oa.pt/media/124712/proposta-de-lei-n%C2%BA110-xiii-3%C2%AA-gov.pdf
CONCLUSÃO – SEBENTA DANIEL
Demência notória - engloba a demência de direito (interdição ou inabilitação por anomalia
psíquica) e a demência de facto; por demência entende-se qualquer anomalia psíquica que
torna uma pessoa incapaz de reger convenientemente a sua pessoa e o seu património.
Pessoas com demência não poderão/deverão transmiti-las à descendência, além de que,
explica, a família deverá ser uma entidade sã. Para obstar ao casamento, a demência que não
tenha sido reconhecida por sentença de interdição ou de inabilitação tem de ser notória e
habitual. Estando em causa um impedimento dirimente o que se visa é a proteção de
interesses públicos e não como sucede no artigo 257/2 o mero interesse ou proteção do
declaratário ou da outra parte. Pelo mesmo motivo, a demência notória impede o casamento,
inda que o ato tenha sido celebrado num intervalo lucido. E só revela como impedimento a
demência de facto notória que seja habitual, porque o tratamento da demência acidental ou
não permanente tem a ver com a incapacidade acidental e com um vício de formação da
vontade. O impedimento da anulabilidade no que toca à demência é semelhante ao da
anulabilidade por falta de idade núbil. A par da legitimidade que é indicada no 1639/1, é
conferida ao tutor e ao curador do interdito ou inabilitado a prerrogativa de intentar ou
prosseguir a ação de anulação (1639/2). Quando proposta pelo demente (de facto ou de
direito), a ação deve ser instaurada até seis meses depois de lhe ter sido levantada a interdição
ou inabilitação ou de a demência de facto ter cessado; quando proposta por outra pessoa deve
ser instaurada nos 3 anos seguintes à celebração do casamento, mas nunca depois do
levantamento da incapacidade ou da cessação da demência (1643/1/a). Considera-se sanada a
anulabilidade se o casamento for confirmado por este, perante um funcionário do registo civil
e duas testemunhas, depois de lhe ser levantada a interdição ou depois do demente de facto
fazer verificar judicialmente o seu estado de sanidade mental (1633/1/b). tradicionalmente o
argumento é sustentado por razoes de ordem eugenética Direito da Família Página80 e social:
pretende-se evitar que as taras do demente se transmitam para os filhos e defender sob este
aspeto a própria sociedade, quer a lei evitar que se constituam famílias que não sejam, no
corpo social, células sãs e úteis, como decerto não o seriam as famílias em que algum dos
cônjuges fosse portador de anomalia psíquica. Todavia, cabe questionar se não será
demasiado rigorosa a formulação legal do impedimento da demência, por um lado, porque as
anomalias psíquicas não são necessariamente transmitidas por via genética e, por outro lado,
porque o casamento, enquanto ato, projeta-se sobretudo na esfera social das partes, não
parece completamente incompatível com uma anomalia psíquica que influa apenas na
capacidade de administração dos bens, como é a causa que constitui a inabilitação. Dada a
variedade de manifestações de demência e, seguindo o entendimento do professor Duarte
Pinheiro, pensa-se que será adequada uma reforma legal que permita àqueles que sofrem de
demência de direito ou de facto notória e habitual contraírem casamento, quando seja
judicialmente apurado que a perturbação mental não impede a vida conjugal. A rigidez da
soluça atual do artigo 1601/b cria a suspeita de uma restrição inconstitucional dos direitos do
cidadão portador de deficiência mental. A notoriedade para efeitos jurídico-familiares não é
apenas a notoriedade para o conservador, mas a notoriedade que significa evidência,
suscetibilidade de reconhecimento comum. Os professores Pires de Lima e Antunes Varela
explicam que a rejeição formal da categoria dos intervalos lúcidos neste ponto mostra que, na
base da disposição legal, não está uma pura consideração da ordem psicológica, fundada na
falta de uma vontade livre e esclarecida do nubente no momento do matrimónio. São
principalmente razões de ordem eugénica e social – evitar que se transmitam a outra gerações
as taras psíquicas dos incapazes – que justificam a consagração do impedimento. Em termos
jurídicos, demência notória significa estado mental grave. Pode ser doença de que o agente
padeça desde sempre e pode ser doença subsequente à natalidade. E a notoriedade da
demência indica a sua gravidade, uma gravidade perceptível pela generalidade das pessoas,
mas sem prejuízo de isso não acontecer no momento em que o conservador enfrenta o
nubente doente para celebrar o casamento. A lei, cuidadosamente, diz que haverá demência
notória mesmo nos intervalos lúcidos. Direito da Família Página81 Assim, se não tiver ocorrido
interdição ou inabilitação por anomalia psíquica e não ocorrer durante o processo preliminar
de casamento comunicação de que a demência notória existe, o casamento poderá ocorrer.
Facilitará a sua celebração a circunstância do agente se encontrar em intervalo lúcido, ou seja,
em fase em que a sua doença não seja perceptível. Há doutrina que sustenta que tais
intervalos não consubstanciam plena lucidez, pois que a demência se mantém subjacente. O
que sucede é não haver no momento em que se afere a lucidez sintomas patológicos próprios
da doença do foro neurológico. Para efeitos do disposto no artigo 1601/b CC, deve entender-
se como demência o conjunto de perturbações mentais graves que alteram a estrutura mental
da pessoa em causa, com profunda diminuição da atividade psíquica (funções intelectuais e
afetividade), tornando-se incapaz de reger a sua pessoa e bens. Há demência notória quando é
objetivamente reconhecível ou reconhecida no meio, não está só, aqui, em causa uma noção
médica de “síndrome demência” mas um verdadeiro conceito jurídico. A professora Maria
Margarida encara a notoriedade como sinónimo de gravidade. De sublinhar que a notoriedade
da demência que a lei exige é a notoriedade adveniente do seu estado real, da sua gravidade,
e não do facto de ter sido pontualmente detetada. Este impedimento dirimente obsta ao
casamento com qualquer outra pessoa: é absoluto;