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Origem do conhecimento – Descartes

Regras dos Método Cartesiano:


1ª - Evidência «Nunca aceitar como verdadeira alguma cousa sem a conhecer evidentemente como tal; […] Não incluir
nos meus juízos senão o que se apresenta tão claro e tão distinto ao meu espírito que não tenha nenhuma ocasião para o
pôr em dúvida.»;
2ª- Análise;
3ª – Síntese;
4ª Enumeração.
O Que é a dúvida metódica.
1 -Instrumento na procura de uma verdade absoluta indubitável que possa servir de critério de
verdade.
Objetivo: chegar a uma verdade que resista a toda e qualquer tentativa de a pôr em causa, i.é,
indubitável.

2 - Forma metódica de investigar a verdade separando totalmente o verdadeiro do falso.


Objetivo: considerar falso o que não for absolutamente verdadeiro para certeza e clareza.

Caraterísticas da Dúvida

( Página 152 do Manual)

Metódica;
Provisória;
Universal
Hiperbólica;
Radical.

FUNDAMENTOS DO CONHECIMENTO QUE DESCARTES QUESTIONA:


1ª – A crença de que a experiência é fonte do conhecimento, i.é, de que este começa com a
experiência e de que se pode confiar nesta (rejeição do empirismo).
1ºNível da Dúvida – É falsa a crença de que as informações dos sentidos acerca das
propriedades dos objetos físicos mereçam confiança.
2ª – A crença de que existe um mundo físico fora da consciência que se constitui como objeto de
conhecimento verdadeiro.
2ºNível - É falsa a crença de que as informações racionais acerca da existência de um mundo
físico fora da consciência sejam fiáveis pois nem sempre esta distingue o sonho da realidade
(durante o sonho a consciência crê que este é o real).
3ª – A crença de que o entendimento ou Razão não se engana quando descobre o que chama de
verdades.
3ºNível - É falsa a crença de que as verdades matemáticas são inquestionáveis e indubitáveis
porque são abstractas e racionais. Hipótese metafísica do Génio Maligno: Imaginemos que Deus
Enganador que tudo pode e que me criou a mim e ao meu entendimento - ao depositar as noções
matemáticas as colocou mal? Do “avesso”? Se me quis enganar? Neste caso, o meu entendimento
tomaria por verdadeiro o que é falso e por falso o que é verdadeiro. Assim, enquanto a hipótese
do Génio Maligno não for rejeitada, não há a certeza de que as noções matemáticas são
verdadeiras.
Conclusão: Quando encontrar uma crença de que não
possa duvidar terá uma verdade inquestionável.
«Notei que, enquanto assim queria pensar de tudo era falso, era de todo necessário que eu, que o pensava, fosse alguma
coisa. E, notando que esta verdade: Cogito, ergo sum, era tão firme e tão certa que todas as extravagantes suposições
dos céticos não eram capazes de a abalar, julguei que a podia aceitar, sem escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia
que procurava [porque nenhuma verdade lhe é anterior e, como critério de Verdade, dela dependerão todas as outras verdades].

A intuição do Eu é racional e é existencial. «Por intuição entendo o conceito que a inteligência pura e atenta forma com tanta
facilidade e distinção que não resta absolutamente nenhuma dúvida sobre aquilo que compreendemos.

Caraterísticas da Primeira Verdade ( Cógito)– Critério de


Verdade
Auto evidência indubitável e absolutamente independente
Primeira evidência a partir da qual se poderão deduzir outras
Modelo e critério de Verdade
Ideia inata/verdade absoluta e evidência sem recurso à experiência

Sei que sou uma substância pensante mas não posso estar certo da existência do meu corpo ou do mundo que lhe
é exterior (o primeiro e segundo nível da dúvida ainda permanece). Assim, a existência de mim enquanto ser pensante é
totalmente distinta do meu corpo. (Distinção Alma-Corpo. Dualismo antropológico)

Problema: O Eu conhece-se verdadeiramente como Res Cogitas


de uma dúvida. E agora?

- Ultrapassar o solipsismo

- Provar que é possível conhecer


verdadeiramente

- Mostrar que o mundo existe e é


cognoscível

«Sou um ser imperfeito, uma vez que apesar de ter descoberto que existo como substância pensante e que a alma
é diferente do corpo, ainda duvido de muitas coisas e duvidar é um sinal de imperfeição, de não ter certezas, de
ser limitado em termos de conhecimento.» A ideia clara e distinta de um Ser Perfeito existe no Pensamento.
Qual é a sua causa? O ser pensante imperfeito? Uma realidade distinta deste?
Argumentos a priori da existência de Deus:

1º Argumento da Causalidade: O princípio da causalidade diz, em termos gerais, que


não pode existir mais realidade no efeito do que na sua causa, ou seja, a causa não
pode ser inferior ao efeito. Logo, a causa da ideia de perfeição existente em mim tem
que ter (formalmente, no seu próprio ser) pelo menos tanta perfeição quanto a ideia
que a representa em mim. Deus ou o Ser Perfeito é causa da ideia clara e distinta, em
mim, de Perfeição pois o ser pensante não pode ser a sua origem.

2º Argumento de Causalidade: O ser pensante imperfeito não pode ser a origem da ideia clara e
distinta de Ser Perfeito (Ideia de Deus) porque, se o fosse, seria a causa dos predicados, das
perfeições que constituem a Ideia de Deus, logo, teria de ser Perfeito, o que não acontece. Deus é a
causa da Ideia clara e distinta de Perfeição.

3º Argumento ou Argumento Ontológico: Um Ser Perfeito contém em si todas as perfeições. Supor


a sua inexistência seria atribuir-lhe uma imperfeição. Logo, ao Ser Perfeito a existência é uma
necessidade.

Função de Deus como Ser Perfeito no sistema Cartesiano


As verdades metafísicas essenciais e indubitáveis estão estabelecidas:

1º A existência do Eu pensante, a priori, independentemente da experiência;

2º A existência de Deus, a priori, Ideia clara e distinta, logo evidente e necessária, independentemente da
experiência;

3º A distinção Alma-Corpo, dualismo antropológico (Res Cogita e Res Extensa).

Conclui-se que:

1º Se o Ser Perfeito existe o Génio Maligno não pode existir, pois enganar é sinal de fraqueza, logo, uma
imperfeição («E embora poder enganar pareça ser uma certa prova de subtileza de espírito ou poder, querer
enganar atesta, sem dúvida nenhuma, malícia ou fraqueza de espírito, o que, por isso, não é próprio de Deus.»)

2º Deus é garantia de que aquilo que conhecemos clara e distintamente, logo, evidentemente, e, portanto,
necessariamente verdade. É o fundamento metafísico do critério de evidência, isto é, de que a Razão conhece
verdadeiramente se, e só se, a usarmos corretamente, ou seja, que só façamos juízos sobre o que conhecemos
clara e distintamente. Sendo o nosso entendimento limitado, pode ultrapassar o seu limite por ação da vontade
que, em si mesma mais dificilmente reconhece os seus limites, dando origem ao erro e ao engano;

3º Deus é a garantia da objetividade das Verdades sobre o Mundo Físico, pois é a garantia de que o que é verdade
hoje seja verdade firme e segura devido à veracidade e à imutabilidade de Deus;

4º Na “árvore do Saber” a Metafísica é a “Ciência Fundamental” pois descobre Deus como Ser Perfeito, realidade
metafísica que tudo criou e que justifica e fundamenta a verdade da nossa crença de que o que conhecemos
muito clara e distintamente é verdade evidente e, por isso, necessária, isto é, universal e definitiva.

Crítica a Descartes

Descartes usa uma falácia: uma Petição de Princípio ou argumento circular

Descartes usa o critério de evidência para provar a existência de Deus e usa a Ideia de Deus para provar a verdade
do critério de evidência, ou seja, prova-se a existência de Deus com a ideia de que é verdade tudo o que
concebemos muito clara e distintamente e fundamenta-se que é real tudo o que assim concebemos porque Deus
existe e é um ser Perfeito.

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