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Feminina demais pra ser homem Masculina demais pra ser mulher: sobre identidades trans nãobinárias
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Feminina Demais Pra Ser Homem Masculina Demais
Pra Ser Mulher: Sobre Identidades Trans NãoBinárias
26 de março de 2016 Beatriz Feminismos e Transfeminismos 0
Feminina demais pra ser homem Masculina demais pra ser mulher:
sobre identidades trans nãobinárias
Ensaio de Caiene Reinier [1]
caienereinier@gmail.com
Palavraschave: Gênero. Trans. NãoBinária.
Devir Minoritário
“Qual o sexo do bebê?”
“Não, você nasceu homem/mulher e nada se pode fazer contra esse destino
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biológico”
“Mãe, é homem ou mulher?” garoto [6 anos?] com a mãe. Muffato,
Fevereiro.2016
“E você, é homem ou mulher?” [abordagem] policial. Jardim Universitário,
Fevereiro.2016
Me detenho a essas [expressões], por hora, para recordarnos que, antes
mesmo de nossos nascimentos, estamos inseridas em uma trama sócio
cultural que associa nossos fetos genitalizados à expectativas de
masculinidades e feminilidades mainstream que minam, ignoram,
desagenciam e punem qualquer dissidência/desvio. É dizer que somos
acometidas, sem nossos consentimentos, à um sistema coercitivopunitivo
que, supostamente, limitaria as possibilidades de vivenciar e explorar
nossos corpos e vidas em duas: como meninos/homens [com pênis] ou como
meninas/mulheres [com vagina]. Ignorando, minando e oprimindo, desde aí,
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qualquer possibilidade não circunscrita a esse [cis]tema.
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maneirismos.” Princípios de Yogyakarta. [5]
Detenhamonos, temporariamente, a esses casos:
Não que isso seja relevante – mas ao menos delineia, ou insinua, de como as
instituições que “fazem o gênero” (BENTO, 2011), a escola/família e a
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fala/espaço”. Eu só convido pra uma análise mais respeitosa [10] e
aprofundada sobre o que temos produzido/proposto]. Este é um ponto bem
delicado, como todas já perceberam/sabem. Ainda sobre isso, cabe
exemplificar e sugerir a leitura da Lei de Identidade de Gênero Argentina
http://goo.gl/AqAiT. Isso pra cutucar todas que ainda não pensa[ra]m sobre
isso a pensar porque que aqui do lado de Foz [pra quem não sabe, Foz do
Iguaçu é uma cidade na tríplicefronteira: Brasil (Foz do Iguaçu), Argentina
(Puerto Iguazu) e Paraguay (Ciudad del Este)] vigora uma lei estatal, desde
9.Maio de 2012, que é referência mundial em termos de identidade de
gênero para pessoas trans e travestis e, desde o Brasil, seguimos numa quase
inércia e numa desmobilização em massa medonhas no que diz respeito ao
Projeto de Lei de Identidade de Gênero Brasileira http://goo.gl/K6UQSG,
desde 2013. Há que se pensar na comunidade de pessoas trans e travestis
desde AméricaLatina, fortificar e criar redes. Salientar que há, novamente,
problematizações que emergem sobre esse modelo reivindicativoestatal, e
que são muito importantes pra se pensar o Estado como detentor legítimo da
violência – sobre isso, ver CARRARA, citado por COLLING em Stonewall
40+ o quê no Brasil? https://goo.gl/Y5hLLM
Muitas podem estar se perguntando: tu não és travesti?
Só digo que não estou à autura dessas pessoaspotência para reivindicar essa
identidadepotência há muito violentada, discriminada e escravizada no
Brasil. E, de fato, a identidade travesti poderia ser entendida desde essa
divisão analíticodidáticometodológicopolíticodiscursiva “cistrans /
[não]binário”, desde as identidades trans nãobinárias [com recortes em
classe e raça]; mas bem da verdade, discutir desde aí não muda o fato, por
exemplo, de que cerca de 90% das mulheres trans e travestis
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permanecem/estão na prostituição, não muda o fato de que o Brasil é o país
em que mais se assassina pessoas trans e travestis, no mundo; o fato de
pessoas trans e travestis que precisam de ou solicitam acompanhamento
médico em suas transições continuarem desassistidas e negligenciadas [daí
trazer a tona as problemáticas da autohormonização, do silicone industrial,
etc (e seus vários aspectos: potente na perspectiva da autoexploração e
autonomia dos nossos corpos e vidas; perigoso em outros sentidos,
sobretudo médicomorais; negligente, dado que quem, hoje, deveria prezar
e responsabilizarse pela saúde coletiva da comunidade trans e travesti,
particularmente, não o faz)]. Não devemos corroborar com o discurso
equivocado de que “prostituição é ruim e que morreu porque tava se
prostituindo”, porque esse discurso é culpabilizadortransfóbico e mentiroso,
devemos sim evidenciar ou sublinhar o óbvio: não há, no Brasil, ações
afirmativas que atingem a massa popular no que diz respeito à integração da
comunidade de pessoas trans e travestis no mercado de trabalho
“tradicional/formal”; é dizer que a prostituição não é, ainda, parte de um
bloco de possibilidades/oportunidades/escolhas trabalhistas, pelo contrário,
é “A” possibilidade, única [Travesti/MulherTrans (se e só se) Prostituição];
particularmente para aquelas pessoas que não retificaram ou não pretendem
retificar [como se o erro fosse nosso] os documentos de identificação
estatais. É dizer que ainda que estejamos hipermegasuper preparadas, no
que diz respeito à conhecimentos técnicoespecíficos, ainda que tenhamos
formação acadêmica “5 estrelas”, continuamos desempregadas no Mercado
de Trabalho “formal”. Não é, pra vocês, curioso que não vejamos pessoas
trans e travestis realizando mesmo os serviços históricamente considerados
como subempregos [“formais”], não as vejamos com frequência nas salas de
aula [e aqui poderíamos discutir inclusão e, sobretudo, permanência
estudantil. Particularmente de como as instituições de ensino superior tem
pensado os editais sem outros recortes para além dos sócioeconômicos]?
Acham mesmo que é por falta de esforço? Ou tem que ver, também, com um
[cis]tema transfóbico que ignora ou desconsidera qualquer potencialidade
nas pessoas trans e travestis simplesmente porque essas pessoas são
trans/travestis? É dizer que, historicamente, nossas potencialidades foram
minadas e fomos empurradas, muitas, pro limbo, pro escuro da noite, porque
grande maioria das pessoas optou pelo essencialismo e pelo preconceito
invés da possibilidade de expansão perceptiva sobre o mundo e as coisas.
Muitas de nós, contra nossas vontades, entre morrer de fome ou de apanhar
[das pessoas que, dizem, deveriam nos proteger e amar, inclusive] e nos
submeter à prostituição como meio de subsistência/renda, por exemplo,
preferimos a última: pelo menos andamos com nossas próprias pernas e
desde aí resistimos, desde as vulnerabilidades e insegurança, muitas das
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vezes; desde a expulsão das instituições de ensino básico/fundamental até a
negação de nossas identidades e nome e demandas e tudo. E não aceitamos
que nos culpem por isso. Nesse sentido que reivindicase mais
oportunidades para além da prostituição, para todas as pessoas trans e
travestis. Por dignidade e respeito no tratamento de nossas vidas e saúde. E
este ensaio é, também, um chamado para que todas nós comecemos a pensar
mais de perto sobre as pessoas há muito invizibilizadas e oprimidas
simplesmente por serem o que são: pessoas e trans/travestis [e negras e
pobres e gordas e pessoas com necessidades especiais e/ou demandas
específicas e analfabetas e etc – o buraco vai só abaixando e se não agirmos
em massa e recordarmonos de Audre Lorde em Não há hierarquia de
opressão [12], o transfeminicídio e o genocídio da comunidade
trans/travesti e da comunidade preta, particularmente, continuarão em seu
curso naturalhistórico].
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pensamento intelectual, que acreditem que eu seja
uma acadêmica. Deime conta tarde do pouco
valor que isso tem e de quão pouco interessante é
o que se produz na academia, especialmente em
Buenos Aires. Se voltasse a nascer, seria
boxeadora profissional, ou me dedicaria à música
ou ao trabalho sexual, para fazer muito dinheiro,
porque fui muito linda e feminina quando jovem e
não aproveitei isso e o desperdicei sem fazer
grande caso.” SILVESTRI, L. [13]
Sobre travestidades e prostituição, ver MOIRA, A.
https://goo.gl/HdFWC5.
Quando falamos em identidades e pessoas trans, é recorrente que se pense
nas explorações/modificações corporais, no acionamento de próteses
dispositivos que, supostamente, “aproximariam” esses corpos trans à suas
identidades sóciopolíticas, supostamente [15], desviadas. Cabe ressaltar,
nesse sentido, que procedimentos estéticos não são necessários para que
uma pessoa seja trans. E recordar que a lógica de “corpos errados” [16] e
“corpos certos” é cissexista [ou transfóbica, se preferirem]. É dizer que há
pessoas trans e travestis que não desejam, ou não tem recuros [financeiros,
particularmente], ou não precisam ou decidem não recorrer à próteses
dispositivos e que, nem por isso, deixam de ser o que são: pessoas
trans/travestis. Ainda, cabe relembrar o alerta https://goo.gl/JhnQkQ que
NERI, N. [2016] faz sobre como cobramos que essas pessoas [AMAN [17],
particularmente/sobretudo], todas elas, enquadremse em um tutorial de
transgeneridade imaginário; muitas vezes elitistas.
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receios sobre a administração de hormonas no meu corpo, há muito
desgastado e vulnerabilizado por tecnologias de gênero já suficientemente
violentas. Muito influenciada, também, pelas problematizações desde a
dissidência/contraconduta sobre o biopanóptico do estado e o poder
médico [19]. E é evidente que isso acarretará inúmeras discussões sobre um
suposto “ser trans” standart, ou “o que é ser trans, de verdade?”.
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[20]
Me faltam, apenas, prótesis mamárias [não, não é prérequisito pra ser trans,
tampouco não binária, ok?]. Tamanho bitch, tu é dixtruidora mexmo viu?.
Elas terei, não sei quando mas já as imagino. Se pá daqui uns dias
desencano ou fico mais decidida. Na verdade me interessa mais somar na
luta por um precedente jurídico [21] já evidenciado por [Dyva] Indianara
Sophia Fenix https://goo.gl/r0uAr5 que as prótesis, em si. E porque acho
que me cai bem, vai dar um up na autoestima e vai ficar lindo, espero.
Me sentirei completa, acho. Ou não, como http://goo.gl/IhGjFc diz.
Queria chegar no ponto onde as diferenças serão celebradas. “A verdade”,
por aqui, é que as identidades trans nãobinárias são tão diversas quanto as
identidades cis e trans binárias. É dizer que do mesmo modo que não há um
“ser homem/mulher, cis ou trans” homogêneo, não há um “ser trans não
binária”. Essas categorias identitárias são tão diversas quanto imaginável. E
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que maravilha. A tentativa é trazer à tona informações pra quem ainda não
sabe que somos pessoas com um milhão de dúvidas e medos sobre nós
próprias e pedir mais respeito, dignidade, empatia, companheirismo e
paciência.
Notas
[1] Caiene Reinier, 21. https://goo.gl/AyVQNe. Bixa nãobinária, preta. Falo
desde Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil. Falo desde uma perspectiva brasileira
influenciada por leituras diversas sobre identidades trans, desde minhas
perspectivas e vivências, também, que não são neutras porque não existe
isso de neutralidade. Não pretendo que este ensaio seja tomado como
cartilha standart sobre identidades trans nãobinárias, também não me
coloco como portavoz de nada nem ninguém além de mim própria. É dizer
que as pessoas são tão diversas quanto possível e entendem a si próprias de
igual forma, e que maravilha isso. Também não me detive, ainda, sobre
todas as possíveis implicações dessa escrita. Desconsidero outros arranjos
de sociabilidade [que não os metropolitanoscontemporâneoshabituais
desse modo de vida que a gente vê por aqui] onde a ideia de identidadea
trans e nãobinárias sequer existe. A pirataria está permitida. Cortem,
desembolem, embolem, rasguem, risquem. Não precisa citar fonte, só se
quiser.
[3] BUTLER, J. Marcos de Guerra: las vidas lloradas. 2010, p.13.
https://goo.gl/4FmMkN
[4] BENTO, B. Na escola se aprende que a diferença faz a diferença. Estudos
Feministas, Florianópolis, 19(2): 336, maioagosto/2011. p. 550.
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27/03/2016 Feminina demais pra ser homem Masculina demais pra ser mulher: sobre identidades trans nãobinárias | Tranfeminismo
https://goo.gl/4twjZv. Acesso em 23.Março, 2016. 01h29’31”.
[5] http://goo.gl/pJESK5, p.7. 23.Março, 2016. 01h28’25”.
[7] Sobre a problemática: se o discurso, se a reivindicação “chega” pra se ser
alguma coisa, ver PALHA, A. inclusive os comentários de
https://goo.gl/0VgWdV 25.Março, 2016. 14h06’23”.
[8] “Compreendemos orientação sexual como uma referência à capacidade
de cada pessoa ter uma profunda atração emocional, afetiva e/ou sexual por
pessoas de identidade de gênero diferente, de mesma identidade de gênero
ou de mais de uma ou nenhuma identidade de gênero, assim como ter
relações íntimas e/ou sexuais com essas pessoas.”. Princípios de Yogyakarta,
p. 7.
[9] Ver PRECIADO, P. B. Sujeira e gênero. http://goo.gl/lpRKvB. Acesso em
25.Março, 2016. 17h43’25”.
[10] Sobre o que acontece quando x subalternx fala, ver ERRATIK, M. em
Pode um cu mestiço falar? https://goo.gl/jTq0tr 25.Março, 2016.
19h08’12”.
[11] https://goo.gl/JLdjHb 24.Março, 2016. 19h41’18”.
[13] Citadx por Contracondutas da AIDS em A insurreição dos saberes
sujeitados. http://goo.gl/zv5BSz. 25.Março, 2016. 18h06’08”.
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27/03/2016 Feminina demais pra ser homem Masculina demais pra ser mulher: sobre identidades trans nãobinárias | Tranfeminismo
[17] Assignadas Masculinas Ao Nascer
[19] Ver Contracondutas da AIDS e Repensar a AIDS: http://goo.gl/nL8hXr
e https://goo.gl/4R7WKr
[21] Se condenada, por ter seus seios – lidos como femininos – mostrados
em público [atentado ao pudor] sendo uma pessoa trans AMAN sem
documentos retificados [Masculino/Homem, para o Estado] por um lado se
reconhece sua identidade de gênero: nãomasculina. Por outro reafirma [ou
sublinha o óbvio] que, no Brasil, mulheres e homens não são iguais perante
a lei [contradição constitucional]: porque homens, supostamente, podem
andar sem camisa na rua/praia, por exemplo, e isso não é considerado
atentado ao pudor. Estamos falando de criminalização das corporalidades,
[trans]misoginia e machismo. Penso meu corpo desde aqui, também.
Corpopolítico. Corpointervencionista. Corpo
necessário. https://goo.gl/ctPjbb
[22] TRINDADE, R. Espinosa – que pode o corpo? http://goo.gl/LmiDZm
25.Março, 2016. 12h21’29”.
Imagem: hypescience.
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