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JECRIM
JECRIM
APRESENTAÇÃO 4
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LJEC – Lei nº 9.099/95) 5
1. PREVISÃO CONSTITUCIONAL DOS JUIZADOS 5
2. OBJETIVOS DA LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS 5
3. JURISDIÇÃO CONSENSUAL 5
4. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 9.099/95 7
5. CRITÉRIOS/PRINCÍPIOS ORIENTADORES E FINALIDADES DOS JUIZADOS 7
5.1. PRINCÍPIO DA ORALIDADE 8
5.2. PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE 8
5.3. PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE 9
5.4. PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL 9
5.5. PRINCÍPIO DA CELERIDADE PROCESSUAL 9
6. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL 9
6.1. HIPÓTESES DE MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS PREVISTAS NA LEI 9
6.1.1. Conexão e continência (art. 60, parágrafo único) 10
6.1.2. Impossibilidade de citação pessoal do acusado (art. 66, parágrafo único da Lei) 10
6.1.3. Complexidade da causa (art. 77, §2º) 11
6.2. NATUREZA DA COMPETÊNCIA DO JEC: ABSOLUTA OU RELATIVA? 11
6.3. CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO DE PENA (MAJORANTES E MINORANTES) 12
6.4. AGRAVANTES E ATENUANTES 12
7. EXCESSO DA ACUSAÇÃO 13
8. INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO 13
8.1. EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE IMPO 13
8.2. INFRAÇÃO DE OFENSIVIDADE INSIGNIFICANTE, INFRAÇÃO DE MÉDIO POTENCIAL
OFENSIVO E INFRAÇÃO DE ÍNFIMO POTENCIAL OFENSIVO 14
8.3. ESTATUTO DO IDOSO (LEI 10.741/03, ART. 94) 15
8.4. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO (E COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS
TRIBUNAIS) 16
8.5. CRIMES ELEITORAIS 16
8.6. INSTRUMENTOS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO 16
8.7. LEI 11.340/06 (LEI MARIA DA PENHA) 17
8.7.1. Varas especializadas 18
9. APLICAÇÃO DA LEI 9.099/95 NA JUSTIÇA MILITAR 19
10. COMPETÊNCIA TERRITORIAL NO ÂMBITO DOS JUIZADOS (ART. 63) 19
11. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA (art. 69) 20
11.1. PREVISÃO LEGAL 20
11.2. ATRIBUIÇÃO PARA LAVRATURA DO TC 20
11.3. PRISÃO EM FLAGRANTE (ART. 69, PARÁGRAFO ÚNICO) 20
12. FASE PRELIMINAR 21
13. COMPOSIÇÃO DOS DANOS CIVIS (art. 74) 21
14. REPRESENTAÇÃO NOS JUIZADOS (art. 75) 22
15. TRANSAÇÃO PENAL (art. 76) 22
15.1. CONCEITO 23
15.2. MITIGAÇÃO AO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 23
15.3. REQUISITOS 23
15.3.1. Infração de menor potencial ofensivo 24
15.3.2. Não ser caso de arquivamento do termo circunstanciado 24
15.3.3. Não ter sido o autor da infração condenado 25
15.3.4. Não ter sido o agente beneficiado por transação penal pelo prazo de cinco anos
anteriores 25
15.3.5. Circunstâncias favoráveis 25
15.3.6. Reparação do dano ambiental nos crimes ambientais 25
15.4. LEGITIMIDADE PARA OFERECIMENTO DA TRANSAÇÃO PENAL 25
15.4.1. Juiz 25
15.4.2. MP 26
15.5. RECUSA INJUSTIFICADA POR PARTE DO TITULAR DA AÇÃO PENAL EM
OFERECER A PROPOSTA DE TRANSAÇÃO PENAL 27
15.5.1. Por parte do ofendido nos crimes de ação penal privada 27
15.5.2. Por parte do MP nos crimes de ação penal pública 27
15.6. MOMENTO PARA O OFERECIMENTO DA TRANSAÇÃO PENAL 27
15.7. DESCUMPRIMENTO INJUSTIFICADO DA TRANSAÇÃO PENAL HOMOLOGADA 28
15.8. RECURSOS CABÍVEIS EM RELAÇÃO À TRANSAÇÃO PENAL 28
16. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (art. 77 e seguintes) 29
16.1. AUDIÊNCIA PRELIMINAR 29
16.1.1. Início da ação penal - Oferecimento oral da denúncia 29
16.1.2. Diligências indispensáveis 30
16.1.3. Citação do acusado em audiência (art. 78) 30
16.2. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 31
16.2.1. Renovação das soluções consensuais (art. 79) 31
16.2.2. Defesa/resposta preliminar (art. 81 da Lei) 31
16.2.3. (Des) necessidade de resposta à acusação 32
16.2.4. Juízo de admissibilidade da peça acusatória 33
16.2.5. Possibilidade de absolvição sumária 33
16.2.6. Ordem dos atos na audiência de instrução e julgamento 34
17. SISTEMA RECURSAL NA LEI 9.099/95 35
17.1. ÓRGÃOS DO SISTEMA RECURSAL DO JECRIM 35
17.2. APELAÇÃO NO JECRIM (art. 82) 35
17.3. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO JECRIM (art. 83) 36
17.4. RECURSO EXTRAORDINÁRIO/RECURSO ESPECIAL NO JECRIM 36
17.5. HABEAS CORPUS NO JECRIM 37
17.6. MANDADO DE SEGURANÇA 37
17.7. REVISÃO CRIMINAL NO JECRIM 38
17.8. CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE JECRIM E JUÍZO COMUM 38
18. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (art. 89) 38
18.1. CABIMENTO 38
18.1.1. “Igual ou inferior a um ano” 39
18.1.2. “Não esteja sendo processado” 40
18.1.3. “Condenado por outro crime” 40
18.1.4. “Demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (sursis)” –
art. 77 CP 40
18.1.5. “Prévio recebimento da peça acusatória” 40
18.2. INICIATIVA PARA A PROPOSTA 41
18.3. CABIMENTO EM AÇÃO PENAL PRIVADA 41
18.4. CONDIÇÕES DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO 41
18.5. REVOGAÇÃO DA SUSPENSÃO 42
18.6. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 42
18.7. SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO (§6º) 43
18.8. RECURSO CABÍVEL CONTRA A DECISÃO QUE SUSPENDE O PROCESSO 43
18.9. CABIMENTO DE ‘HABEAS CORPUS’ 43
18.10. DESCLASSIFICAÇÃO DO DELITO 44
18.11. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO NOS CRIMES AMBIENTAIS 44
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JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LJEC – Lei nº 9.099/95)
1. PREVISÃO CONSTITUCIONAL DOS JUIZADOS
Está previsto no art. 98 da CF/88, in verbis:
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I -
juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes
para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor
complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os
procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a
transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
§1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça
Federal.
A CF deixa claro que a competência dos juizados será para julgar os crimes de menor potencial
ofensivo, observando os princípios da celeridade, da informalidade e da economia processual. Além disso,
será permitido a transação. Por fim, a CF autoriza que os recursos das decisões dos juizados serão
analisados pelas turmas recursais.
Em suma, a CF prevê o seguinte:
• Infração de menor potencial ofensivo;
• Procedimento oral e sumaríssimo;
• Transação penal;
• Julgamento dos recursos por turmas de primeiro grau.
•
2. OBJETIVOS DA LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS
Conferir uma prestação jurisdicional mais célere para os crimes de menor potencial ofensivo,
evitando, assim, a prescrição.
Revitalizar a figura da vítima.
Jurisdição consensual (próximo item).
3. JURISDIÇÃO CONSENSUAL
JURISDIÇÃO CONSENSUAL JURISDIÇÃO CONFLITIVA
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Instituto descarcerizador - ao autor do fato que, após a lavratura do termo circunstanciado, for
imediatamente encaminhado ao Juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança (art. 69, parágrafo único).
Art. 69, Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de
violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
Institutos despenalizadores - o consenso entre as partes pode evitar a instauração do processo ou,
pelo menos, impedir seu prosseguimento, são eles:
a) Composição dos danos civis: acarreta a renúncia ao direito de queixa ou de representação,
com a consequente extinção da punibilidade (art. 74, parágrafo único);
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo
Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo
civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal
pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia
ao direito de queixa ou representação.
c) Representação nos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas: o não oferecimento da
representação dentro do prazo de seis meses a contar do conhecimento da autoria acarreta
a decadência e consequente extinção da punibilidade (art. 88);
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de
representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões
culposas.
# O que se entende por despenalizar? E por descriminalizar? Segundo Renato Brasileiro, despenalizar
significa adotar processos ou medidas substitutivas ou alternativas, de natureza penal ou processual, que
visam, sem rejeitar o caráter ilícito da conduta, dificultar ou evitar ou restringir a aplicação da pena de
prisão ou sua execução ou, ainda, pelo menos, sua redução. Descriminalizar, por outro lado, significa retirar
o caráter de ilícito ou de ilícito penal do fato. Existem duas vias pelas quais é possível dar-se a
descriminalização: via legislativa ou via judicial. A primeira implica uma decisão do legislador de retirar do
âmbito do proibido determinada conduta, com isso ampliando o âmbito de liberdade. Quando uma lei faz
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desaparecer a natureza de ilícito de um determinado fato falamos em abolitio criminis. Pela via judicial ou
interpretativa, o aplicador da lei restringe o âmbito do proibido valendo-se dos princípios limitadores do ius
puniendi estatal (v.g., princípio da insignificância).
c) Irrecorribilidade das interlocutórias: pelo menos em regra, as decisões interlocutórias não são
recorríveis. Obviamente, poderá haver impugnação, tanto por meio de preliminar de futura e
eventual apelação, quanto por meio de habeas corpus e da revisão criminal;
d) Integridade física do juiz: o juiz que presidir a instrução deverá, pelo menos em regra, proferir
sentença. Esse princípio também está previsto no art. 399, §2º, do CPP.
e)
5.2. PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE
Procura-se diminuir o quanto possível a massa dos materiais que são juntados aos autos do
processo sem que se prejudique o resultado final da prestação jurisdicional.
O §1º do art. 77 da Lei dos Juizados é um exemplo deste princípio, vejamos:
Art. 77, § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no
termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial,
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prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime
estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
Para melhor ilustrar, imagine que “A” tenha praticado um crime de desacato, infração de menor
potencial ofensivo (pena de 6 meses a 2 anos) e tenha cometido um homicídio doloso, crime de
competência do júri.
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Se os delitos tivessem sido praticados sem conexão e sem continência, o desacato seria julgado no
JECrim e o homicídio no júri.
Havendo conexão e continência, para alguns doutrinadores, os processos deveriam ser separados,
eis que uma lei ordinária não pode excepcionar uma regra constitucional, pois a própria CF prevê a
competência do JECrim para o julgamento das infrações de menor potencial ofensivo. É entendimento
minoritário.
A maioria da doutrina entende que, havendo conexão ou continência, os processos devem ser
reunidos em um verdadeiro simultaneus processos, sendo a competência do juízo com força atrativa. No
exemplo acima, seria o Júri.
De acordo como art. 60, parágrafo único da Lei 9.099/95, em havendo conexão entre uma IMPO e
um crime do juízo comum (ou do júri), ambos os delitos deverão ser processados e julgados perante o juízo
comum (ou do júri), devendo, no caso, ser observados os institutos despenalizadores (composição civil dos
danos/transação penal) em relação a IMPO.
Resumindo: Sempre que houver conexão e continência, aplica-se o rito maior.
6.1.2. Impossibilidade de citação pessoal do acusado (art. 66, parágrafo único da Lei)
Lei. 9.099/95 - Art. 66 - A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre
que possível, ou por mandado.
Parágrafo único - Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as
peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
A citação no JEC (sumaríssimo) é pessoal, ou seja, não se admite citação por edital, que vai contra a
celeridade deste rito.
Em não sendo possível a citação pessoal, os autos são remetidos ao juízo comum, para que se
proceda à citação por edital, observando-se o procedimento SUMÁRIO (art. 538 do CPP - Novidade), bem
como os institutos despenalizadores.
CPP Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado
especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de
outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo.
OBS: O processo somente será remetido ao juízo comum após o oferecimento da denúncia. Além disso,
mesmo sendo encontrado o acusado posteriormente, não será restabelecida a competência do JEC.
Art. 66, Parágrafo único - Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz
encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento
previsto em lei.
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6.4. AGRAVANTES E ATENUANTES
Não interferem na definição do rito, pois não há um percentual de aumento ou diminuição previsto
em lei. Depende exclusivamente da decisão do juiz.
Além disso, o reconhecimento de agravantes e atenuantes sequer permite que a pena seja fixada
fora dos limites legais.
7. EXCESSO DA ACUSAÇÃO
Caracterizado um excesso da acusação no que tange à classificação do fato delituoso, privando o
acusado do gozo de uma liberdade pública, e levando-se em conta que a análise da classificação está
inserida no caminho a ser percorrido pelo juiz para resolver tal questão, torna-se impossível impedi-lo de
corrigir a adequação do fato feita pelo promotor, embora o faça de maneira incidental e provisória, apenas
para decidir quanto ao cabimento da liberdade provisória e dos institutos despenalizadores da Lei dos
Juizados, lembrando sempre que a iniciativa para eventual proposta de transação penal ou de suspensão
condicional do processo deve partir do titular da ação penal.
Em 2001, por conta da edição da Lei 10.259/01 (Juizados Especiais Federais), o conceito começa a
ser modificado, eis que o parágrafo único do art. 2º prevê como IMPO, os crimes com pena máxima não
superior a 02 anos, ou multa.
Art. 2º Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de
competência da Justiça Federal relativos à infrações de menor potencial ofensivo.
Parágrafo único. Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois
anos, ou multa.
OBS: A lei não falava em contravenção, mas por razão óbvia: a JF não julga contravenções.
Discussão que surgiu à época: Teria a Lei do JEF alterado o conceito da Lei do JEC? Duas teorias
surgiram:
1ª: Teoria dualista (sistema bipartido) - Haverá dois conceitos distintos de IMPO, um na JE, outro na
JF, em razão da expressão “desta Lei”.
2ª: Teoria monista (sistema unitário) - Há conceito único de IMPO.
Prevaleceu o sistema unitário, em homenagem ao princípio da isonomia.
No entanto, toda essa discussão é esvaziada em 2006, quando, por meio da Lei 11.313/06,
modifica-se o conceito de IMPO previsto no art. 61 da Lei 9.099/95.
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as (todas) contravenções penais e os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
(Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006).
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Conceito atual: Entende-se por infração de menor potencial ofensivo todas as contravenções penais
e crimes com pena máxima não superior a 02 anos, cumulada ou não com multa, independentemente de os
crimes serem submetidos a procedimento especial, ressalvadas as hipóteses envolvendo violência doméstica
e familiar contra a mulher.
8.2. INFRAÇÃO DE OFENSIVIDADE INSIGNIFICANTE, INFRAÇÃO DE MÉDIO POTENCIAL
OFENSIVO E INFRAÇÃO DE ÍNFIMO POTENCIAL OFENSIVO
São conceitos diversos, os quais não se confundem com IMPO.
Infração de ofensividade insignificante é aquela em que é possível a aplicação do princípio da
bagatela (insignificância), de modo a afastar a tipicidade material. Importante relembrar os quatro
pressupostos para aplicação do princípio da insignificância, de acordo com o STF, são eles:
a) Mínima ofensividade da conduta;
b) Nenhuma periculosidade social da ação;
c) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
d) Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Infração de médio potencial ofensivo, segundo a doutrina, são aqueles em que se admite a
suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95). Ou seja, são crimes e contravenções com pena
mínima igual ou inferior a um ano.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes
os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do
Código Penal).
Por exemplo, furto simples que possui pena mínima igual a um ano, mas como a pena máxima é
superior a dois anos, não vai para o juizado.
Infração de ínfimo potencial ofensivo é aquela em que não é cominada pena privativa de
liberdade, a exemplo do art. 28 da Lei de Drogas.
Infração de máximo potencial ofensivo são aquelas que não admitem a suspensão condicional do
processo, ou seja, que têm pena superior a 1 ano.
8.3. ESTATUTO DO IDOSO (LEI 10.741/03, ART. 94)
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não
ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de
26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do
Código Penal e do Código de Processo Penal.
Em crimes contra o idoso previstos no Estatuto com pena máxima não superior a 04 anos aplica-se
o procedimento sumaríssimo.
Entretanto, só vai para o JECrim se for uma infração de menor potencial ofensivo. Do contrário, vai
para um juízo comum, seguindo o procedimento sumaríssimo. De modo a dar uma resposta mais célere.
ATENÇÃO: Somente se aplica o procedimento sumaríssimo e não os benefícios da transação e da
composição civil dos danos. A lei do idoso não quis beneficiar o infrator, mas sim o idoso, com um rito mais
célere (STJ).
Informativo n. 556 do STF: ADI 3.096 promovida pelo PGR, para dar ao dispositivo interpretação
conforme à CF, no sentido de somente se aplicar o procedimento e não os benefícios da Lei 9.099/95.
Mérito pendente de julgamento.
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EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 39 E 94 DA LEI
10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO). (...) 2. Art. 94 da Lei n. 10.741/2003:
interpretação conforme à Constituição do Brasil, com redução de texto, para
suprimir a expressão "do Código Penal e". Aplicação apenas do procedimento
sumaríssimo previsto na Lei n. 9.099/95: benefício do idoso com a celeridade
processual. Impossibilidade de aplicação de quaisquer medidas despenalizadoras
e de interpretação benéfica ao autor do crime. 3. Ação direta de
inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente para dar interpretação
conforme à Constituição do Brasil, com redução de texto, ao art. 94 da Lei n.
10.741/2003.
LEI 10.741/2003: CRIMES CONTRA IDOSOS E APLICAÇÃO DA LEI
9.099/95 – 2 Aplica-se a Lei 9.099/95 apenas nos aspectos estritamente
processuais, não se admitindo, em favor do autor do crime, a incidência de qualquer
medida despenalizadora — v. Informativo 556. Concluiu-se que, dessa forma, o
idoso seria beneficiado com a celeridade processual, mas o autor do crime não
seria beneficiado com eventual composição civil de danos, transação penal ou
suspensão condicional do processo. Vencidos o Min. Eros Grau, que julgava
improcedente o pleito, e o Min. Marco
Aurélio, que o julgava totalmente procedente. ADI 3096/DF, rel. Min. Cármen
Lúcia, 16.6.2010. (ADI-3096) (informativo 591 – Plenário)
Destaca-se que, ao contrário da Lei Maria da Penha, não há proibição para aplicação da Lei
9.099/95.
Em suma:
- Crime previsto no Estatuto do Idoso com pena máxima não superior a 2 anos: é tratado como infração de
menor potencial ofensivo. Logo, será julgado pelos Juizados, e terá direito aos institutos despenalizadores;
- Crime previsto no Estatuto do Idoso com pena máxima superior a 2 anos e que não ultrapasse os 4 anos:
nesse caso, aplica-se o art. 94. Logo, o delito será da competência do Juízo Comum, aplicando-se o
procedimento comum sumaríssimo;
- Crime previsto no Estatuto do Idoso com pena máxima superior a 4 anos: é da competência do Juízo
Comum, aplicando-se o procedimento comum ordinário;
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8.4. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO (E COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS
TRIBUNAIS)
O juízo competente não será o JEC e tampouco o procedimento será o sumaríssimo, mesmo que se
trate de infrações de menor potencial ofensivo.
Obedece-se ao procedimento especial previsto na Lei 8.038/90, no entanto, em se tratando de
IMPO, o autor do fato não deixa de fazer jus aos benefícios da Lei 9.099/95.
Assim, por exemplo, caso um deputado federal pratique uma IMPO será julgado pelo STF, sem
prejuízo da aplicação dos institutos despenalizadores.
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Art. 4o Para os efeitos desta Lei, consideram-se instrumentos de menor potencial
ofensivo aqueles projetados especificamente para, com baixa probabilidade de
causar mortes ou lesões permanentes, conter, debilitar ou incapacitar
temporariamente pessoas.
Os instrumentos de menor potencial ofensivo são armas não letais, a exemplo do gás lacrimogêneo,
arma de dar choque.
Atentar para o art. 2º da referida lei.
Art. 2o Os órgãos de segurança pública deverão priorizar a utilização dos
instrumentos de menor potencial ofensivo, desde que o seu uso não coloque em
risco a integridade física ou psíquica dos policiais, e deverão obedecer aos seguintes
princípios:
I - legalidade;
II - necessidade;
III - razoabilidade e proporcionalidade.
Parágrafo único. Não é legítimo o uso de arma de fogo:
I - contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não represente risco
imediato de morte ou de lesão aos agentes de segurança pública ou a terceiros; e
II - contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto quando o
ato represente risco de morte ou lesão aos agentes de segurança pública ou a
terceiros.
Art. 41 da Lei 11.340/06 - Violência doméstica e familiar contra a mulher. Em CRIMES dessa lei,
qualquer que seja a pena, é vedada a incidência da Lei 9.099/95. Ou seja, não pode ser aplicado o
procedimento sumaríssimo, nem a competência do JEC, tampouco os institutos despenalizadores.
Analisando o disposto no art. 41 da Lei Maria da Penha, o Supremo entendeu que o preceito
alcança toda e qualquer prática delituosa contra a mulher, até mesmo quando consubstancia contravenção
penal, como é a relativa a vias de fato.
Quanto à (in) constitucionalidade do referido dispositivo, a Suprema Corte também concluiu que,
ante a opção político-normativa prevista no artigo 98, inciso I, e a proteção versada no artigo 226, § 8°,
ambos da Constituição Federal, surge harmônico com esta última o afastamento peremptório da Lei n°
9.099/95 - mediante o artigo 41 da Lei n° 11.340/06- no processo-crime a revelar violência contra a mulher.
A Súmula 536 do STJ corrobora o entendimento do STF, vejamos:
Súmula 536 STJ – A suspensão condicional do processo e a transação penal não se
aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
Art. 14 da 11.340/06. Ele se refere aos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher,
porém, devemos compreender que se refere não aos juizados especiais criminais, mas sim à criação de
varas especializadas.
Para o STF, o art. 14 recomenda a criação das varas especializadas, não impõe. Por isso, não há falar
em inconstitucionalidade.
A Lei 9.839/99 tem natureza gravosa (‘Lex gravior’), pois priva o acusado do gozo dos institutos
despenalizadores da Lei 9.099/95, logo o art. 90-A só se aplica aos crimes militares praticados após a sua
vigência, tendo em vista se tratar de uma novatio legis in pejus.
Questionou-se a constitucionalidade do art. 90-A. De acordo com alguns Ministros do STF, tal artigo seria
inconstitucional quanto aos crimes militares cometidos por civis, aplicando a vedação aos casos em que o
autor é militar.
Diferentemente, a Lei dos Juizado determina que a competência será fixada pelo local em que a
infração foi praticada, conforme disposto no art. 63.
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Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi
praticada a infração penal.
A Lei dos Juizados é uma das exceções ao CPP, pois usa a expressão “lugar em que foi praticada a
infração penal”. Qual teoria teria sido adotada? Três correntes:
1ª C: Por ‘praticada’ entende-se o local da conduta (teoria da atividade). PREVALECE.
2ª C: É sinônimo de consumada (teoria do resultado).
3ª C: A lei do JEC adota a teoria mista. Seria competente tanto o local da ação quanto o local da
consumação (teoria da ubiquidade).
É uma das primeiras novidades da Lei do JEC. No âmbito dos Juizados, é desnecessária a instauração
de inquérito policial (em homenagem à celeridade e informalidade).
O TC funciona basicamente como um relatório sumário do fato (da IMPO), contendo a identificação
das partes envolvidas, a menção à infração praticada e demais elementos de informação que tenham sido
apurados, com indicação das provas, visando a formação opinio delicti pelo titular da ação penal.
É possível haver inquérito em IMPO? SIM, nos casos de maior complexidade.
# É possível a composição dos danos civis em crime de ação penal pública incondicionada? R: Em tese, a
Lei dos Juizados afirma que a composição é cabível em crimes de ação penal privada, havendo renúncia ao
direito de queixa. Prevê, ainda, a composição para os crimes de ação penal pública condicionada à
representação, acarretando, igualmente, em renúncia ao direito de representação. Contudo, apesar do
silêncio da lei, é possível a composição civil de danos nos crimes de ação penal pública incondicionada, mas
não traz benefícios.
De acordo com Renato Brasileiro, a composição civil de danos no caso de ação penal incondicionada
poderia ser feita utilizando o arrependimento posterior (ponte de prata), previsto no art. 16 do CP,
ensejando uma redução da pena, desde que houve a efetiva reparação do dano.
CP, Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa,
por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
Essa medida foi pensada para as infrações que produzem danos materiais ou morais a uma vítima
determinada. Em regra, o MP não intervém nessa fase, salvo se o ofendido for incapaz.
Reduzida a termo e homologada, a composição vale como título executivo judicial a ser executado na
Vara Cível. Se o valor não ultrapassar 40 salários mínimos, a execução se dará no Juizado Especial Cível
(JEC).
14
Não ocorrendo ou não sendo possível a composição dos danos civis, o processo segue
normalmente. Momento no qual deverá ser dada, imediatamente, ao ofendido a oportunidade de exercer
o direito de representação verbal, que será reduzida a termo (art. 75). Diz, ainda, o parágrafo único do art.
75 que o não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito,
que poderá ser exercido no prazo previsto em lei (art. 75).
Percebe-se que para o art. 75, a representação deve ser feita em juízo. No entanto, a jurisprudência
tem considerado válida a representação feita perante a autoridade policial, quando da lavratura do TC, isso
se justifica principalmente porque o prazo decadencial é de 6 meses a partir do conhecimento da autoria
(veja que devido a morosidade do andamento dos processos e data para a audiência, poderia dar-se a
decadência do direito de representação/queixa).
A representação deve ser encarada como qualquer ato que demonstre a intenção do ofendido de ver
o agente ser processado, prescindindo-se de formalidades desnecessárias. Não sendo feita a representação
(em juízo ou na delegacia), deve-se aguardar o decurso do prazo de 06 meses para que se possa falar em
decadência.
15
15.2. MITIGAÇÃO AO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA
A transação é o melhor exemplo de mitigação a esse princípio, pois ela permite que o MP deixe de
oferecer a denúncia. Entretanto, não há ampla discricionariedade do MP, haja vista a lei já prever requisitos
para a transação. Por conta disso, a doutrina diz que na transação penal vige o princípio da
discricionariedade regrada ou mitigada.
15.3. REQUISITOS
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá
propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser
especificada na proposta.
§ 1º - Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la
até a metade.
§ 2º - Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela
aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da
medida.
IV
15.3.1. Infração de menor potencial ofensivo
Apenas contravenções ou crimes, com pena máxima não superior a dois anos, estão sujeitos a
transação penal, ressalvado os crimes da Lei Maria da Penha (Súmula 536 do STJ)
Súmula 536 STJ – A suspensão condicional do processo e a transação penal não se
aplicam nas hipóteses de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
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Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal;
ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal
15.3.4. Não ter sido o agente beneficiado por transação penal pelo prazo de cinco anos
anteriores
O único efeito concreto que deriva de uma transação penal é o impedimento de nova transação
pelo lapso de cinco anos.
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Simples. Se for transação, ela pressupõe a aceitação de ambas as partes. Além disso, pudesse o juiz
conceder a transação de ofício, ele estaria usurpando um poder que não é seu: poder de promover a ação
penal pública.
Assim, prevalece atualmente que, caso o juiz não concorde com a recusa injustificada da proposta de
transação penal por parte do MP, deve remeter a questão ao procurador-geral (ou Câmara Criminal do
MPF), nos termos do art. 28 do CPP.
Nesse sentido é a Súmula 696 do STF, que apesar de dispor sobre a suspensão condicional do
processo, aplica-se perfeitamente à transação, uma vez que ambos os institutos refletem o exercício do
direito de ação.
STF Súmula 696 reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional
do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo,
remeterá a questão ao procurador-geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do
Código de Processo Penal.
15.4.2. MP
Pela leitura do caput do art. 76 da Lei 9.099/95, observa-se que há referência APENAS à ação penal
pública, seja ela condicionada (representação) ou incondicionada, com expressa legitimação do MP para
oferecer a transação penal.
Diante disso, indaga-se: é possível transação penal em crime de ação penal privada? Com base no
princípio da isonomia, a doutrina afirma que não é razoável excluir a possibilidade de transação penal aos
crimes de ação penal privada. Assim, é perfeitamente cabível transação penal nos casos de crimes de ação
penal privada. Há, contudo, divergência sobre a legitimidade para o oferecimento. Parte da doutrina
sustenta que compete ao MP (Enunciado 112 do FONAJE); outros entendem que compete ao ofendido ou
ao seu representante legal (majoritário – STJ);
En. 112 FONAJE – na ação penal de iniciativa privada, cabem transação penal e a
suspensão condicional do processo, mediante proposta do
Ministério Público.
Obs.: Renato Brasileiro entende que é verdadeiro absurdo afirmar que o MP seria competente para o
oferecimento de transação penal, tendo em vista que se trata de um crime de ação penal privada, em que a
titularidade do direito não é sua.
Em suma:
• AÇÃO PENAL PÚBLICA – cabível e oferecida pelo MP;
• AÇÃO PENAL PRIVADA – cabível. Será oferecida: a) pelo MP (minoritária) e b) pelo ofendido ou
seu representante legal.
•
15.5. RECUSA INJUSTIFICADA POR PARTE DO TITULAR DA AÇÃO PENAL EM OFERECER
A PROPOSTA DE TRANSAÇÃO PENAL
Em caso de recusa injustificada, deve-se analisar separadamente os casos de ação penal privada e
de ação penal pública, vejamos cada um deles:
15.5.1. Por parte do ofendido nos crimes de ação penal privada
Aqui, não há nada a fazer, porque a ação penal privada está sujeita aos princípios da oportunidade e
da disponibilidade. Ou seja, o oferecimento da proposta ocorre pela vontade do ofendido.
15.5.2. Por parte do MP nos crimes de ação penal pública
Aqui, aplica-se o art. 28 do CPP, o qual consagra o princípio da devolução. Assim, havendo
controvérsia entre o juiz e promotor (não pode ser compelido a oferecer a transação penal, sob pena de
violação de sua independência funcional), o juiz devolve o conhecimento da questão ao Procurador Geral, a
fim de que este ofereça ou não a transação penal.
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Neste sentindo, Súmula 696 do STF que deve ser aplicada à transação penal, mesmo que faça
referência à suspensão condicional do processo:
Súmula 696 do STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão
condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o
art. 28 do CPP.
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16. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (art. 77 e seguintes)
16.1. AUDIÊNCIA PRELIMINAR
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena,
pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art.
76 desta Lei (transação penal), o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato,
denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de
ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial,
prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime
estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da
denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das
peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral,
cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso determinam
a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.
Não havendo composição dos danos ou transação, cabe ao MP dar início à persecução penal, ainda
na audiência preliminar, por meio do oferecimento oral da peça acusatória (princípio da oralidade e
informalidade).
A denúncia será reduzida a termo e deverá preencher os mesmos requisitos previstos no art. 41 do
CPP.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
Se perceber que a causa é complexa, é nesse momento que o MP deve requerer a remessa do feito
para o juízo comum.
O acusado ficará citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência
de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável
civil e seus advogados.
Se o acusado não estiver presente, será citado pessoalmente (por mandado) ou por hora certa (não
é unânime). Será cientificado de que deverá trazer à audiência suas testemunhas ou apresentar
requerimento para intimação, no mínimo cinco dias antes de sua realização.
Enunciado 110 FONAJE – No Juizado Especial Criminal é cabível a citação por hora
certa.
Frise-se: Não se admite citação por EDITAL no JEC. Se o acusado estiver em lugar incerto, os autos
serão remetidos ao juízo comum. Lembrando que não há impedimento a priori para citação por carta
precatória/rogatória (há quem diga que dificulta a celeridade dos JECrims não devendo ser admitido)
Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos termos do art. 67 da
Lei (por qualquer meio admitido em direito).
21
No caso de êxito na conciliação, teremos um peculiar ato duplo: o ofendido se retrata da
representação já realizada e ao mesmo tempo renuncia ao direito de oferecer nova representação.
No caso da transação, teremos um exemplo de mitigação do princípio da indisponibilidade (na
audiência preliminar a mitigação é à obrigatoriedade) da ação penal pública.
Fracassadas as tentativas de solução consensual, o juiz declara aberta a audiência, passando a
palavra ao defensor para apresentar a defesa preliminar.
16.2.2. Defesa/resposta preliminar (art. 81 da Lei)
Não é todo procedimento que admite defesa preliminar. Atualmente, temos nos seguintes
procedimentos:
• Juizados especiais criminais;
• Lei de drogas;
• Procedimentos originários dos tribunais • Crimes funcionais afiançáveis.
Art. 80 - Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz quando imprescindível, a
condução coercitiva de quem deva comparecer.
Salienta-se que a resposta à acusação não se confunde com a defesa preliminar (apresentada entre
o oferecimento da peça acusatória e o seu recebimento), pois é apresentada após o recebimento da peça
acusatória.
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A Lei dos Juizados não prevê resposta à acusação. O art. 394, §4º do CPP é claro ao prever que as
disposições dos arts. 395 a 398 serão aplicadas a TODOS os procedimentos penais de primeiro grau, ainda
que não regulados pelo CPP. Trata-se de verdadeira norma geral, assim, pelo menos em tese, poderíamos
aplicar tais artigos ao JECRIM.
Contudo, no entender da melhor doutrina, não há necessidade de resposta à acusação no âmbito
dos juizados, pois todas as teses defensivas devem ser concentradas na defesa preliminar.
Apesar de a Lei dos Juizados não falar nada da absolvição, é óbvio que é cabível, nos termos do art.
394, § 4º do CPP. Além de ser uma medida mais benéfica ao réu, possibilita o encerramento do processo de
forma mais célere, o que vai ao encontro dos princípios do JEC.
A decisão de absolvição sumária (que reconhece ausência de tipicidade, ilicitude, culpabilidade ou
punibilidade) forma coisa julgada material, exatamente por se tratar de situações que não envolvem apenas
aspectos processuais, mas de mérito.
Não sendo caso de rejeição ou absolvição sumária, tem lugar a decisão de recebimento da peça
acusatória, que dará início à instrução processual.
Nucci diz que esse recebimento deve ser fundamentado, assim como todo procedimento em que há
a defesa preliminar. Isto devido ao art. 93, IX da CF agregado ao fato de que não pode o juiz simplesmente
ignorar os argumentos levantados preliminarmente pelo autor do fato.
CF Art. 93 IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
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OBSERVAÇÃO: Há quem entende que não existe absolvição sumária no JEC, exatamente por existir a
análise de recebimento ou rejeição da denúncia num momento imediatamente anterior. Há também quem
diga que a análise da absolvição sumária deva ser feita depois do recebimento da denúncia, que ocorre
depois de verificada a ausência de causas de rejeição.
16.2.6. Ordem dos atos na audiência de instrução e julgamento
1) Instrução
A instrução tem a seguinte ordem de atos:
1.1) Declarações do ofendido;
1.2) Inquirição das testemunhas de acusação; 1.3)
Inquirição das testemunhas de defesa;
1.4) Interrogatório do autor do fato.
2) Debates orais
Aplicam-se, por analogia, as disposições do procedimento comum: 20 minutos para cada parte,
prorrogáveis por mais 10. Se houver assistente, terá 10 minutos para falar depois do MP, acrescendo-se
igual tempo à defesa (CPP, art. 534).
CPP Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo-se a palavra,
respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos,
prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. § 1o Havendo
mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual.
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão
concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de
manifestação da defesa.
3) Sentença
Encerrados os debates, o juiz profere sentença em audiência, da qual saem pessoalmente intimadas
as partes.
Dispensa-se o relatório na sentença.
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1) Hipóteses de cabimento: 1) Hipóteses de cabimento:
- Sentença condenatória ou absolutória; - Sentença condenatória ou absolutória.
- Rejeição da peça acusatória (no CPP é RESE);
- Sentença homologatória da transação;
2) Prazo: 05 dias para interpor. 2) Prazo de 10 dias para interpor.
3) Depois de interposta, mais 08 dias para arrazoar. 3) A interposição DEVE estar acompanhada das razões
recursais (daí o prazo maior).
O que ocorre no JEC se as razões não forem apresentadas concomitantemente com a interposição?
1ª C: O recurso sequer deve ser conhecido (STF 2ª T. HC 85.210).
2ª C: Apesar do teor do art. 82, §1º, a não apresentação de razões não impede o conhecimento do
recurso, caso no qual terá efeito devolutivo amplo (STF 1ª T. HC 85.344).
Em qualquer caso, admite-se a apresentação de razões posteriormente à interposição, desde que
no prazo legal de 10 dias.
2) Cabimento 2) Cabimento
- Obscuridade; - Obscuridade
- Contradição; - Omissão. - Contradição
- Ambiguidade; - Omissão
3) Efeito: Interrompem
(aplicação subsidiária do CPC). 3) Efeito: INTERROPEM o prazo recursal, antes do NCPC
suspendiam o prazo. O recursal
Já o recurso especial, nos termos da CF, só é cabível contra acórdão de TRIBUNAL, e as turmas
recursais não têm essa natureza (Súmula 203 do STJ). Portanto, não caberá recurso especial contra turmas
dos juizados.
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STJ Súmula: 203 Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de
segundo grau dos Juizados Especiais.
Lembrar do art. 51 do CPP, o qual afirma que a pena de multa é dívida de valor.
Prevalece que o HC contra o juiz do Juizado é julgado pela Turma Recursal.
HC contra turma recursal quem julga?
Súmula 690 do STF: Totalmente contrária à celeridade do procedimento do JEC.
SÚMULA Nº 690 - COMPETE ORIGINARIAMENTE AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
O JULGAMENTO DE "HABEAS CORPUS" CONTRA DECISÃO DE TURMA RECURSAL DE
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (VIDE OBSERVAÇÃO).
A Súmula foi superada no julgamento do HC 86.834, apesar de ainda não ter sido cancelada.
Atualmente, o HC contra turma recursal vai para o respectivo TJ ou TRF..
• MS contra a Turma Recursal, caberá à Turma Recursal também, tendo em vista que se usa o art.
21, VI da LC 21/79.
17.7. REVISÃO CRIMINAL NO JECRIM
A ação rescisória não á cabível no JEC (cível). Art. 59.
Art. 59 - Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento
instituído por esta Lei
E a revisão criminal? É admissível. Não há dispositivo semelhante ao da ação rescisória. Essa
admissibilidade decorre do art. 92 da Lei, além, é claro, do princípio da ampla defesa.
Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Códigos Penal e de Processo
Penal, no que não forem incompatíveis com esta Lei.
OBS: Nesse caso, quem julga a revisão criminal é a própria turma recursal. STJ CC 47.718.
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Para o exemplo acima, inicialmente afirmava-se que o conflito deveria ser resolvido pelo STJ. Havia,
inclusive, entendimento sumulado
STJ Súmula: 348 Compete ao Superior Tribunal de Justiça decidir os conflitos de
competência entre juizado especial federal e juízo federal, ainda que da mesma
seção judiciária. CANCELADA
A Súmula 348 foi cancelada, editando-se nova súmula sobre o assunto:
STJ súmula: 428 - Compete ao TRF decidir os conflitos de competência entre juizado
especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.
**Erro: “seção”? Seção é o Estado, ele quis dizer com “mesma seção judiciária” os que estão
submetidos ao mesmo TRF (região).
A pena prevista é detenção de 02 a 05 anos OU multa. Conforme o STF, quando a pena de multa
estiver cominada de maneira alternativa, será cabível a suspensão condicional do processo mesmo que a
pena mínima seja superior a um ano. Ora, se ao fim do processo, é permitido a aplicação da multa como
pena principal, não há porque não permitir a suspensão (o cara vai ficar livre mesmo).
A jurisprudência entende que é possível a imposição de pena restritiva de direitos como condição,
vejamos:
STJ – (...) Não há óbice a que se estabeleçam, no prudente uso da faculdade
disposta no art. 89, §2º, da Lei 9.099/95, obrigações equivalentes, do ponto de vista
prático, a sanções penais (tais como a prestação de serviços comunitários ou a
prestação pecuniária), mas que, para fins do sursis processual, se apresentam tão
somente como condições para sua incidência.
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18.6. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Art. 89, § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a
punibilidade.
Conforme o §5º, expirado o período de prova sem a revogação do benefício, o juiz julgará extinta a
punibilidade.
IMPORTANTE: Para a jurisprudência a suspensão condicional do processo pode ser revogada
mesmo após o termo final do seu prazo (mesmo tendo expirado o período de prova), se constatado o não
cumprimento de condição durante o curso do benefício, desde que não tenha sido proferida sentença
extintiva da punibilidade (STF).
Há quem entenda que a revogação só pode ser realizada durante o tempo de prova. Expirado o
período, mesmo que o juiz verifica que o beneficiário cometeu algum deslize que autorize a revogação,
nada poderá fazer senão declarar extinta a punibilidade.
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STJ Súmula 337 É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação
do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.
CPP Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou
queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência,
tenha de aplicar pena mais grave. (emendatio)
§ 1o Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de
proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o
disposto na lei.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um
ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia,
poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o
acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro
crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da
pena (art. 77 do Código Penal).
LJEC Art. 89
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
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