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SEMINÁRIO DE PATOLOGIA:
Estudo de caso Edifício Areia Branca - PE
Palmas
2019
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SEMINÁRIO DE PATOLOGIA:
Estudo de caso Edifício Areia Branca - PE
Palmas
2019
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LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 9
2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 10
2.1 AGENTES E MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO .................................. 10
2.2 durabilidade vida útil e desempenho ................................................................ 11
2.3 ERROS NA CONSTRUÇÃO DE UMA EDIFICAÇÃO ................................ 13
2.3.1. Projeto ............................................................................................................ 13
2.3.2. Execução ........................................................................................................ 13
2.3.3. Materiais ........................................................................................................ 14
2.3.4 Uso ................................................................................................................... 14
2.4 PRINCIPAIS CAUSAS DAS AÇÕES PATOLÓGICAS ................................ 15
2.4.1. Ações Mecânicas ........................................................................................... 15
2.4.2. Ações Físicas .................................................................................................. 15
2.4.3. Ações Químicas ............................................................................................. 15
2.4.4. Ações Biológicas ............................................................................................ 16
3 ESTUDO DE CASO – EDIFÍCIO AREIA BRANCA ................................................ 16
3.1 DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO ........................................................................... 16
3.2 DESCRIÇÃO DO ACIDENTE ........................................................................ 16
3.3 APONTAMENTOS DO LAUDO TÉCNICO ................................................. 17
3.3.1 Sapatas ............................................................................................................ 17
3.3.1.1 Falta de controle tecnológico na execução ............................................... 17
3.3.1.2 Deslocamento de Fundações ..................................................................... 18
3.3.2 Pescoço dos Pilares ........................................................................................ 19
3.3.2.1 Falta de Aderência .................................................................................... 19
3.3.2.2 Porosidade................................................................................................. 19
3.3.2.3 Teor de Cimento ....................................................................................... 20
3.3.2.4 Falhas na execução da Concretagem ........................................................ 20
3.3.2.5 Colapso das Armaduras ............................................................................ 21
3.3.2.6 Concreto Friável ....................................................................................... 21
3.3.3 Reservatório Inferior ..................................................................................... 21
3.4 SITUAÇÃO ATUAL ....................................................................................... 22
4 CONCLUSÃO................................................................................................................. 22
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 24
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1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O presente referencial teórico busca explanar os aspectos mais relevantes a cerca da pre-
sença de manifestações patológicas nas estruturas afim de trazer subsídio para futuras correla-
ções com o estudo de caso apresentado neste trabalho.
que a curto ou longo prazo pudessem aparecer nas estruturas, por exemplo, tal atitude retiraria
do orçamento gastos com manutenções e reparos desnecessários caso fossem premeditados.
Conferir, avaliar e diagnosticar as patologias da construção são tarefas que devem ser
realizadas sistematicamente e periodicamente, de modo a que os resultados e as ações de ma-
nutenções possam cumprir efetivamente a reabilitação da construção.
A durabilidade de uma estrutura pode ser representada pelo gráfico conforme mostra a
Figura 1 (ANDRADE, 1997). Onde é possível observar que quando a estrutura começa a per-
der seu desempenho por causa de algum tipo de deterioração, há a necessidade de reparos ou
reforços. Nota-se também, que à medida que os danos na estrutura crescem, os custos necessá-
rios para as correções também aumentam.
2.3.1. Projeto
2.3.2. Execução
Segundo a NBR 14931 (2004) define como execução da estrutura de concreto todas as
atividades desenvolvidas durante a sua execução, ou seja, sistema fôrmas, armaduras, concre-
tagem, cura e outras, bem como as relativas à inspeção e documentação de como construído,
incluindo a análise do controle de resistência do concreto.
Falhas construtivas durante a etapa de execução da obra podem causar resultado ruim
ao desempenho da estrutura de concreto. Para Souza e Ripper (1998), a etapa de execução da
estrutura é responsável por boa parte dos problemas patológicos. A ocorrência dos erros é de-
vido ao processo de produção, que é bastante prejudicado.
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Boa parte dos problemas que provocam estes erros são ocasionados pela baixa qualidade
técnica dos trabalhadores, assim como também, a falta de uma fiscalização eficiente e um fraco
comando de equipes que levar a falhas em determinadas atividades como, escoramentos, fôr-
mas, posicionamento e qualidade das armaduras, qualidade do concreto, etc.
2.3.3. Materiais
2.3.4 Uso
Destaca-se como ação mecânica a ação de cargas excessivas. Esse tipo de ação pode provo-
car fissuração abrindo caminhos para que outras formas de deterioração se instalem. É importante
que os projetistas aprovem as cargas consideradas no dimensionamento da estrutura e que os usuá-
rios obedeçam às condições especificadas no projeto.
Um exemplo de manifestação patológica por ação mecânica é o desabamento de algumas
estruturas causadas por erros de dimensionamento onde a carga da estrutura é calculada de forma
errada, resultando em sobrepeso nas estruturas e possíveis colapsos.
De acordo com Souza e Ripper (1998), destacam-se como principais ações físicas con-
sideradas agressoras às estruturas de concreto: as variações de temperatura; os movimentos que
ocorrem na interface entre materiais com a mesma variação de temperatura mas com coefici-
entes de dilatação diferentes. Como é o caso de assentamento de alvenaria em peças de concreto
e a ação da água
Esse tipo de ação é ocasionado por agentes biológicos e não é muito comum na enge-
nharia. Alguns exemplos de agentes biológicos causadores da deterioração do concreto são o
crescimento de vegetação nas estruturas, em que as raízes penetram principalmente através de
pequenas falhas de concretagem, ou pelas fissuras e juntas de dilatação, e o desenvolvimento
de organismos e micro-organismos em certas partes da estrutura.
3.3.1 Sapatas
No laudo gerado pelo CREA-PE podemos observar que não houve controle algum na
execução das sapatas do edifício. Ficando em extrema evidência pelas simples observações
realizadas durante as inspeções dos escombros. Foram constatadas diversas armaduras expos-
tas, fortes indícios da ausência de vibração do concreto devido à segregação do concreto. Tam-
bém possuindo forma geométrica muitas vezes descrita como indefinida, desníveis e falta de
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uniformidade da espessura da camada de concreto magro para apoio das fundações rasas, re-
sultando em uma distribuição de tensões não uniforme e podendo gerar esforços não previstos
em projeto, indícios de lixiviação provocada pela agressão à argamassa do concreto por entrada
de água.
No laudo também foi verificado que o tronco de pirâmide que constitui a parte superior
da sapata em diversos casos encontrava-se incompleto e desprovido de forma definida, além de
não ter sido vibrada conforme a boa prática de execução exige. A ausência do patamar de apoio
às formas dos pescoços dos pilares sobre as sapatas representa um fator gerador de patologias
na região de ligação do pilar com a sapata, devido à fuga de material que ocorre durante a
concretagem, ocasionando diminuição da seção transversal efetiva do pilar, além de expor a
armadura aos agentes agressivos, notadamente à ação da umidade provocando corrosão. É re-
levante lembrar que isto ocorre no ponto de maior solicitação dos pilares.
Não foram identificados recalques diferenciais das sapatas nem qualquer outro tipo de
deslocamento que pudessem contribuir para a instabilidade da obra. Também não foi identifi-
cado qualquer vestígio de fuga de material, provocado por eventuais infiltrações de água que
viesse a ocasionar a ruína das bases. A hipótese de ruptura da camada de solo utilizada para
dimensionamento da fundação, o arenito, foi descartada pelo fato da camada ser contínua e
possuir espessura compatível com o porte do prédio.
3.3.2.2 Porosidade
Nos ensaios de reconstituição do traço, o valor obtido de teor de cimento foi de foi de
234,3 kg/m3. Já as amostras provenientes dos trechos situados no subsolo tiveram valor médio
de 291,8 kg/m3. Deve-se observar que os padrões exigidos no ano de construção do edifício um
concreto estrutural geralmente tinha um consumo mínimo de 300 kg/m3. O valor mínimo en-
contrado nas amostras ensaiadas foi 194 kg/m3. Com base nestes valores obtidos foram identi-
ficados que houve um processo de deterioração do concreto provocado por agentes químicos
que se infiltraram no concreto altamente poroso devido à falta de controle tecnológico na exe-
cução, identificados nos ensaios, além da ação da umidade atuando permanentemente vinda do
reservatório sobre um concreto de elevada porosidade.
Foram identificados ainda que os pilares que tinha a função de apoio ao reservatório
inferior, sendo em comum com este o trecho correspondente à altura do reservatório, apresentar
no ensaio de reconstituição do traço, valor igual a teor de cimento ao longo da altura. Estes
estão situados em trechos dos pescoços e do subsolo. O valor obtido enquadra-se na faixa média
de valores representativos dos pescoços dos pilares. Verificou-se que a ação da umidade nestes
pilares foi mais intensa, estabelecendo por meio de maiores índices na oxidação das armaduras
e desagregação do concreto. Vista do apresentado, esta última hipótese foi identificada na
época, durante a análise dos escombros, pelo menos duas camadas de impermeabilizações efe-
tuadas com a finalidade de eliminar vazamentos.
Segundo o laudo gerado pelo CREA-PE, dentre todos os componentes relacionados que
contribuíram para a ruptura do edifício, o reservatório inferior, teve importante participação
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pelo fato de fornecer permanente umidade, no dia 12.10.2004, o síndico do edifício, ao estaci-
onar o seu veículo, na vaga junto ao reservatório inferior, no subsolo, percebeu que aquela
região se encontrava alagada, como mostra a Figura 4 favorecendo mais intensamente a oxi-
dação das armaduras e a degradação dos pilares a ele justapostos, que por sua vez desencadea-
ram o processo de colapso.
Os moradores do Edifício Areia Branca, que desabou em 2004, lutaram muito para ter
parte dos direitos de volta. No final do ano de 2011, a Justiça determinou que cada uma das 24
famílias deveria receber cerca de R$ 200 mil da seguradora, a MAPFRE Vera Cruz Seguradora
S/A, empresa do Grupo MAPFRE, sendo que um apartamento do Areia Branca valeria R$ 350
mil, valor acima do seguro pago.
Em razão das conclusões do laudo, a Seguradora declarou que: “o sinistro não possui
cobertura de seguro dentro das condições da apólice contratada, ou seja, não foi solicitada a
contratação de cobertura para desmoronamento pelo segurado, Condomínio do Edifício Areia
Branca, motivo pelo qual não se faz devido o pagamento da indenização pleiteada.”
4 CONCLUSÃO
O Edifício Areia Branca, de classe média-alta, foi construído em 1978 pela JB Incorpora-
ção, empresa que não existe mais. Por Recife ser uma cidade litorânea, o prédio ficava a 50
metros da praia, o que enquadra-se na classe de agressividade ambiental III, elencada como
agressividade forte, de acordo com a NBR 6118. Por estar localizado em área próxima ao am-
biente marinho, ocorre na estrutura grande incidência de sais, que se depositam na superfície
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REFERÊNCIAS
ALVES, Cláudio Jorge Pinto. Notas de aula: Aeronaves e Comprimento de Pista. 2018. ITA.
Disponível em: < http://www.civil.ita.br/~claudioj/aeron.pdf>. Acesso em: 24 out. 2018.
ANDRADE, Jairo José de Oliveira. Vida Útil das Estruturas de Concreto. In: ISAIA, Ge-
raldo Cechella (Ed.) Concreto: Ensino, Pesquisa e Realizações. São Paulo: IBRACON, 2005.
2. v, cap. 31, p. 923- 951. ISBN 85- 98576- 05- 0.
CINCOTTO, M.A. Ação do Meio Sobre o Concreto. Durabilidade das Construções. São
Leopoldo – RS. Anais ANTAC, 1997.