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Gestão, políticas e práticas transversais de leitura:

(biblio)diversidade, leitura e escrita na Bahia. Celebrando a


Semana Nacional da Leitura e Literatura

Por: Valdeck Almeida de Jesus

Bibliodiversidade é a diversidade cultural aplicada ao


mundo do livro e das editoras. Provavelmente nascido na
América Latina, o conceito se difundiu rapidamente no
mundo hispânico e francês durante a década de 1990.
Agora usado frequentemente pelos editores independentes,
autores e ONGs defendendo e promovendo a diversidade
cultural. O dia 21 de setembro foi declarado pelos editores
independentes “Dia da Bibliodiversidade”.

Políticas afirmativas
O Brasil é um país de muitas desigualdades e má distribuição de
renda. Não é surpresa que no meio artístico e cultural também
existam diferenças e disputas. O papel do gestor público, neste
cenário, é agir como catalizador dessas discussões e propor,
provocar debates e agir para aplicação de políticas de afirmação e
de inclusão das minorias, aumentando a capilarização e a
dinamização dos resultados; fazer chegar a todos e todas o
conhecimento e fruição dos bens gerados, apoiar o processo de
afirmação das identidades, democratizar o acesso aos bens
culturais e assegurar a afirmação plena da cidadania.

"Ações afirmativas são medidas especiais e temporárias,


tomadas pelo Estado e/ou pela iniciativa privada, espontânea ou
compulsoriamente, com o objetivo de eliminar desigualdades
historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de
oportunidade e tratamento, bem como compensar perdas
provocadas pela discriminação e marginalização, por motivos
raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros". (Ministério da
Justiça, 1996, GTI População Negra).

Para João do Nascimento, pós-graduado em História da Ciência pela


UFMG e Pós-graduado em História e Cultura Mineira pela Faculdade
de Ciências Humanas de Pedro Leopoldo/MG, “É necessário o
entendimento de conceitos que podem contribuir para o êxito das
ações afirmativas e a inclusão social. As ações afirmativas são
formas de políticas públicas que objetivam transcender as ações do
Estado na promoção do bem-estar e da cidadania para garantir
igualdade de oportunidades e tratamento entre as pessoas e a
mobilização dos setores culturais com intenção de ampliar as ações
de inclusão social.”

1
“Ações afirmativas são políticas focais que alocam recursos em
benefício de pessoas pertencentes a grupos discriminados e
vitimados pela exclusão sócio-econômica no passado ou no
presente. Trata-se de medidas que têm como objetivo combater
discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de casta,
aumentando a participação de minorias no processo político, no
acesso à educação, saúde, emprego, bens materiais, redes de
proteção social e/ou no reconhecimento cultural”. (GEEMA, 2013)

Estudos da Unesco
Uma pesquisa do Centro Regional para el Fomento del Libro en
América Latina y el Caribe, Cerlalc-Unesco, com o título “Boletín
estadístico del libro en Iberoamérica – El libro en cifras”, de 03 de
julho de 2013, informa que, na Colômbia, os índices de leitura
passaram de 57,9% em 2010 para 53,8% em 2012 entre a
população maior de doze anos. Os dados apontam que a
preferência dos leitores também diminuiu sobre as revistas, mas
subiu a busca por jornais. Já em relação às mídias eletrônicas
(Tecnologias da Informação e Comunicação - TICs), a pesquisa
indica que a procura subiu de 1% em 2005 para 4% em 2012.
Perguntados sobre visitas a bibliotecas 59,2% dos leitores
declararam que não sentem necessidade e 30% disse que não tem
tempo para visitá-las. Isto sinaliza que as pessoas continuam
lendo, mas que a biblioteca fixa ou o livro no formato atual talvez
não atenda mais às necessidades do leitor.

A mesma pesquisa sinaliza que o Brasil apresenta uma ligeira


diminuição de registros de livros com ISBN. Em 2011 foram 68.022
e em 2012 65.745 obras registradas. O país ainda lidera o mercado
formal de livros registrados na América Latina, mesmo com a
queda de 40.7% (2011) para 39.6% (2012). Para a cadeia
produtiva do livro, a queda no índice de produção de livros formais
significa perda de emprego e diminuição de geração de renda. Mas
a produção industrial se concentra nos bestsellers, de conteúdo
uniformizado, repetição de esquemas e modos de vida
estereotipados e atitudes que banalizam sentimentos, muitas vezes
parecidos com o que a grande mídia reproduz. Este setor é muito
bem organizado e se pauta pelo lucro financeiro, cuja
comercialização garante retorno certo do investimento. Os
bestsellers favorecem a dominação de grandes grupos econômicos,
que concentram as vendas em Mega Stores, instaladas em
shoppings do centro das capitais e grandes cidades.

É necessário publicar mais e com maior variedade de títulos, que


haja menos uniformização, menos burocracia. Deve haver lugar
para o livro artesanal, a obra literária gravada em áudio ou em
2
vídeo, em braile, áudio e vídeo descrição, Língua Brasileira de
Sinais e tantas outras formas que possam alcançar públicos cada
vez mais específicos, na periferia, no suburbio, na zona rural,
bibliotecas comunitárias e povos indígenas. E a produção deve ser
colocada à disposição da sociedade, do público consumidor, de
forma mais democrática, ampla e abrangente possível, nos meios
de comunicação, nas bibliotecas, a preços baixíssimos, sem
qualquer tipo de censura política, ideológica ou religiosa.

Fomento à bibliodiversidade
Os verdadeiros agentes da bibliodiversidade são os escritores
independentes, mediadores de leitura, contadores de estórias,
cordelistas, bibliotecários, livreiros e todos aqueles que estão
comprometidos com a difusão da cultura popular. As pequenas
editoras são muitas vezes, também, agentes culturais e quando
publicam livros decidem pela qualidade do material e quase nunca
pelo seu potencial comercial, porque elas estão muito mais
comprometidas com a realidade circundante. E isso implica em
publicar obras que interpretem, questionem, ajudem a mudar,
sirvam para compreender esta realidade e que, também, sejam
expressões das identidades e abracem as causas e formas de
compromisso com o social. Estas ações estão, inclusive, de acordo
com o compromisso que o Brasil e os Estados membros da ONU
assumiram quando assinaram a Convenção sobre a Proteção e
Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, proposta pela
UNESCO em 2005.

Livro, Leitura e Literatura


De acordo com o site da Secretaria de Cultura, a Bahia possui
apenas oito bibliotecas estaduais, sendo que 5 delas (62,5%) são
instaladas em Salvador. O restante 37,5% se distribui assim: uma
em Itaparica, uma em Lençóis e uma Móvel (Biblioteca de
Extensão). Esse número é irrisório e insuficiente para cobrir os 417
municípios baianos. Ainda que houvessem bibliotecas públicas em
cada cidade, outras ações complementares deveriam ser realizadas,
como se compreende de artigo do Programa Nacional de Incentivo
à Leitura – PROLER:
“Uma política pública de leitura que responda às demandas
sociais não se limita à instalação de salas, à composição de
acervos e à oferta de um conjunto de escritos em determinadas
linguagens. Essa política deve também envolver a formação
continuada de leitores capazes de atuar como agentes de leitura,
prestando apoio pedagógico eficiente aos usuários e colaborando
diretamente em projetos voltados à difusão de técnicas e
habilidades específicas de leitura e escrita”. (PROLER, 2009)

3
“Os dados mostram que a produção de quantidades crescentes
de livros e a fundação de bibliotecas cada vez mais bem
equipadas não se têm traduzido, como seria esperado, em uma
real inclusão cultural e política dos grupos sociais historicamente
alijados do direito à leitura e à escrita: é preciso criar condições
para que os livros possam ser lidos por mais pessoas e para que
espaços públicos de leitura em funcionamento sejam, de fato,
ocupados. O incentivo à leitura, atividade de alta complexidade,
exige mais do que soluções quantitativas, e os efeitos que dele
podem advir – desenvolvimento social, participação cidadã e
formação humana – são, numericamente, incomensuráveis”.
(PROLER, 2009).

O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)


poderiam servir como ferramentas para multiplicar as ações e a
disseminação das ideias, bem como aglutinar o maior número de
pessoas, artistas, agentes culturais, produtores e técnicos em prol
de um processo abrangente, democrático e bibliodiverso de
inclusão.
“As TICs oferecem inúmeras possibilidades de comunicação, de
interação e de inclusão social e digital, reduzindo o tempo e o
custo e atendendo a maior número de necessidades individuais,
tornando-se cada vez mais presentes e mais necessárias e
assumindo papel significativo de importância educacional, social
e pessoal.
Podem ser utilizadas pelos sujeitos, incluindo as pessoas com
necessidades especiais (PNEs), que possuem limitação física,
sensorial, mental e/ou intelectual”. (UNESCO, 1998, aput
ESTABEL e MORO, 2011).

“A informação pode ser recuperada em diferentes fontes


pessoais, institucionais, documentais, bibliográficas e
tecnológicas e em diversos suportes bibliográficos, digitais,
sonoros, imagéticos, dentre outros, contemplando a
universalidade e atendendo às diferenças e diversidades sociais,
educacionais, informacionais e de aprendizagem. A
bibliodiversidade concebe as diferentes fontes e os diversos
suportes de informação no atendimento às necessidades de
todos os cidadãos nos mais diferentes espaços territoriais,
possibilitando o acesso, o uso, a produção e o compartilhamento
de novas aprendizagens em um processo de inclusão de todos”.
(ESTABEL e MORO, 2011).

Através das TICs o Estado atenderia as políticas públicas previstas


no Plano Nacional do Livro e Leitura, que reza:
“As políticas públicas governamentais, por meio do Plano
Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), publicado no dia 1º de
setembro de 2011, por meio do decreto nº 7.559, listam políticas
de leitura que podem ser efetivadas no âmbito da família, da

4
escola e da biblioteca e consistem em estratégia permanente de
planejamento, apoio, articulação e referência para a execução de
ações voltadas para o fomento da leitura no País”. (ESTABEL e
MORO, 2011).

No meio do caminho tinha um tablet


O livro já ocupa suporte digital. Na Bahia o desafio é conviver com
os dois ou mais suportes para atender necessidades específicas.
Além do tablet, no meio do caminho das políticas culturais há várias
outras pedras. É necessário fomentar a cultura como meio de
afirmação da identidade e das individualidades, respeitando-se a
diversidade cultural do povo da Bahia; é necessário integrar ações
entre as diversas secretarias e fundações, a fim de fomentar a
transversalidade e potencializar os resultados, levando-se em conta
as tradições orais, os povos indígenas, ciganos, quilombolas,
cultura queer e LGBTs, cordelistas, letrados e iletrados.

Nesse percurso estão os escritores e editores independentes, as


bibliotecas comunitárias, mediadores de leitura, contadores de
história e estória, saraus literários e outras atividades
correspondentes, que representam a maior parte dos artistas da
palavra e capilarizam e valorizam a cultura local, a divulgação e
fortalecimento da pluralidade de pensamento.

Para integração e manutenção dessa cadeia é necessário


planejamento estratégico, minucioso mapeamento dos artistas e
das atividades culturais de todo o estado, equipe de trabalho com
funcionários suficientes e capacitados, projetos permanentes de
pesquisa, investimento em bibliotecas públicas, comunitárias,
escolares e virtuais, qualificação do acesso ao livro, sem qualquer
tipo de censura.

É necessário, ainda, monitoramento constante dos resultados para


redirecionamento dos investimentos e das estratégias. Juntamente
com as ações citadas, é importante diversificar a levar para todos
os territórios, talvez para cada município, a atuação da Secretaria
de Cultura, através de trabalhos conjuntos ou individuais da
Fundação Pedro Calmon, Fundação Cultural do Estado e secretarias
de educação estadual e municipais. É preciso fazer circular as
feiras, bienais, festas literárias, leituras públicas, seminários,
palestras, encontros com escritores e atividades afins, a fim de
democratizar o acesso aos bens culturais, direito de todos.

Colegiados das Artes

5
Aqui na Bahia a cadeia produtiva das artes tem a oportunidade de
assumir compromisso com práticas inclusivas, democráticas e
abrangentes, participar, inclusive, da gestão dos recursos públicos.
As políticas relacionadas à cultura se fortaleceram a partir da
publicação da Lei Orgânica da Cultura (12.365/2011). O Colegiado
Setorial de Literatura, do qual estou presidente para o biênio
2013/2014, tem realizado reuniões, proposto sugestões e está em
fase de construção do Plano Setorial Estadual de Literatura,
recebendo queixas, reclamações e propostas. Temos participado
das discussões sobre o contingenciamento das verbas da cultura e
fazendo sugestões, inclusive, de mudança na lei, para garantir o
financiamento público continuado das atividades artísticas.

A falta de dinheiro, o adiamento dos editais e o cancelamento de


tantos outros motivaram a união dos artistas a se reunirem no
teatro Xisto com representantes das artes para discussão de ações
práticas. Mas não devemos nos unir somente quando o problema
nos atinge individualmente. O desafio é sensibilizar os vários
segmentos artísticos a se integrarem em prol de uma luta perene e
de uma agenda de discussões que fortaleça tanto a feitura dos
planos setoriais, que nortearão o investimento em cultura para os
próximos dez anos, como também a fiscalização da aplicação dos
recursos públicos.

Referências
CERLALC-UNESCO. El libro en cifra. Oletín estadístico del libro
en Iberoamérica, Centro Regional para el Fomento del Libro en
América Latina y el Caribe, julho de 2013.

CONVENÇÃO sobre a proteção e a promoção da Diversidade das


Expressões Culturais, UNESCO – Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura, 2005.

ESTABEL, Lizandra Brasil, e MORO, Eliane Lourdes da Silva, A


mediação da leitura na família, na escola e na biblioteca
através das tecnologias de informação e de comunicação e a
inclusão social das pessoas com necessidades especiais. Inc.
Social, Brasília-DF, v.4 nº 2, p.67-81, jan-jul 2011.

GEEMA. O que são ações afirmativas?. Grupo de Estudos


Multidisciplinares da Ação Afirmativa - GEMAA. (2011) "Ações
afirmativas". Disponível
em: http://gemaa.iesp.uerj.br/index.php?option=com_k2&view=item&layout
=item&id=1&Itemid=217, Acesso em 19.09.2013.

6
NASCIMENTO, João do. Ações afirmaticas e políticas públicas
de inclusão social. Disponível em
http://meuartigo.brasilescola.com/sociologia/acoes-afirmativas-
politicas-publicas-inclusao-social.htm, acesso em 20.09.2013.

PROLER, Programa Nacional de Incentivo à Leitura, in Proler:


Concepções e Diretrizes, Brasília-DF: 2009.
http://www.fpc.ba.gov.br, acesso em 22.09.2013.

http://meuartigo.brasilescola.com/sociologia/acoes-afirmativas-
politicas-publicas-inclusao-social.htm, acesso em 25.09.20133

http://gemaa.iesp.uerj.br/index.php?option=com_k2&view=item&l
ayout=item&id=1&Itemid=217, Acesso em 27.09.2013.

http://www.cultura.ba.gov.br/areas-de-atuacao/bibliotecas/,
Acesso em 01.10.2013.

Valdeck Almeida de Jesus é jornalista, escritor e poeta, membro-


fundador do Fala Escritor e da União Baiana de Escritores – Ubesc;
membro das Academia de Letras de Jequié-BA, Teófilo Otoni-MG,
Ribeirão das Neves-MG, Academia de Letras do Brasil – Seção Suíça
e Academia Divina de Letras e Artes da França; membro do
Conselho Diretivo do Livro, Leitura e Biblioteca – PMLLB do
Município do Salvador; ex-presidente (2013/2014) do Colegiado
Setorial de Literatura da Bahia; agitador cultural, produtor cultural,
editor, autor de 22 livros solos e coautor de 112 antologias;
patrocinador do Prêmio Literário Galinha Pulando. Site
www.galinhapulando.com

7
Bibliodiversidad

Definición[editar · editar código]


biblio: del griego βιβλίον, libro: bajo cualquier soporte en que
puedan existir los libros, "tienen una índole a la vez económica y
cultural, porque son portadores de identidades, valores y
significados, y por consiguiente no deben tratarse como si sólo
tuviesen un valor comercial".1
diversidad: la "diversidad cultural se refiere a la multiplicidad de
formas en que se expresan las culturas de los grupos y
sociedades".2
La bibliodiversidad remite a la necesaria diversidad de voces que se
difunden a través de las producciones editoriales y que se ponen a
disposición de los lectores, y al acceso libre y amplio a dichas
obras.
La diversidad no se reduce a que haya un gran número de títulos
publicados, debe apreciarse desde varias dimensiones: que haya
variedad, es decir gran número de títulos ofrecidos; que haya
diferencia entre ellos –a mayor diferencia entre los contenidos
mayor la diversidad de expresiones culturales representada, y por
lo tanto menos uniformización– y que exista un equilibrio
(particular a cada sociedad y época) entre esas expresiones, de
modo que aun las minoritarias puedan manifestarse.3
La bibliodiversidad implica asimismo que la población tenga libre
acceso a información sobre dichas obras y a las obras en sí (amplia
presencia de libros en medios de comunicación, en librerías a
precios accesibles, en bibliotecas, etcétera) y está en oposición a la
censura sea esta política, ideológica, religiosa o por el mercado.
Historia de la noción y de su difusión[editar · editar código]
La bibliodiversidad, cuyo nuevo concepto está ahora perfectamente
reconocido, expresa de la misma manera que la diversidad cultural
y biológica, la realidad de un bien precioso que conviene preservar
para hacer posible el desarrollo intelectual de las futuras
generaciones (Koïchiro Matsuura, Director General de Unesco,
2005).4
Si bien el origen del término bibliodiversidad no se conoce con
certeza, lo que es incuestionable es que esta noción se utilizó por
primera vez en lengua castellana hacia fines de los años 90. Las
palabras citadas más arriba del Director General de Unesco,
reconocen el camino recorrido por el concepto desde sus primeras
utilizaciones: en Chile, por editores en el proceso de creación de la
asociación de editores independientes de Chile (1998); en España
con la publicación de la revista Bibliodiversidad (1999).

8
En mayo del año 2000, a iniciativa de "Editores Independientes"5 –
integrado por Lom Ediciones de Chile, Ediciones Era de México,
Txalaparta Editorial del País Vasco-España y Ediciones Trilce de
Uruguay– el Banco Interamericano de Desarrollo (BID, oficina de
París) y la Biblioteca Intercultural para el Futuro –programa de la
Fondation Charles Léopold Mayer (FPH) dirigida por Michel Sauquet
y Étienne Galliand– organizaron con el apoyo de Unesco, de la
Organización de Estados Iberoamericanos para la educación la
ciencia y la cultura (OEI) y de a Organización de Estados
Americanos (OEA)6 el "1er Encuentro de Editores Independientes
de América Latina" en el marco del III Salón del Libro
Iberoamericano de Gijón (España).
Es en ese ámbito que el concepto de bibliodiversidad tomaría
cuerpo y dos años más tarde, en mayo de 2002, al crearse la
Alianza Internacional de Editores Independientes (AIEI)7 –cuyo
precedente fue la Biblioteca Intercultural para el Futuro– sus
fundadores adoptan este término como una "idea fuerza".
Desde entonces, la AIEI contribuye sostenidamente a la difusión y
la promoción de la bibliodiversidad en sus encuentros
internacionales (véanse las declaraciones de Dakar en 2003,
Guadalajara en 2005, París en 2007 entre otras), en todas sus
acciones de alegato, en su política de comunicación y en la
promoción del Día de la Bibliodiversidad (DíaB) el 21 de septiembre
de cada año. La AIEI permitió que esta expresión adoptara una
dimensión internacional y se difundiera rápidamente en las áreas
de habla castellana y francesa; sin embargo el término
"bibliodiversity"8 se utiliza aun en forma marginal en el mundo
anglófono y su versión en lengua árabe comporta complicaciones
lingüísticas que dificultan traducirla en una sola palabra.
Desafíos actuales[editar · editar código]
La bibliodiversidad está amenazada por la concentración del sector
editorial, de la distribución y de los medios de comunicación, que
favorece la dominación de ciertos grandes grupos económicos
dedicados a la búsqueda permanente de rentabilidad ignorando que
los libros "no deben tratarse como si sólo tuviesen un valor
comercial".9
Con esa óptica los editores abandonan su función de agitadores de
ideas y privilegian una política editorial basada exclusivamente en
el lucro. Al decir de Pierre Bourdieu, los profundos cambios
estructurales que provocó la reciente irrupción de una "lógica
financiera sin concesiones" en el mundo editorial han sido
"brutales" y de una amplitud sin precedentes.10
Como concepto opuesto a la bibliodiversidad se encuentra lo que
podríamos denominar la bestselerización (venta de muchos

9
ejemplares de pocos títulos, de contenido estandarizado); ésta, al
repetir esquemas y modos de vida, estereotipar actitudes y
banalizar sentimientos –las más de las veces similares a los que
medios masivos como la televisión difunde– entretiene pero "no
parece razonable que esa lectura sea asunto de interés público".11
Los agentes de la bibliodiversidad son, sin lugar a dudas, los
editores y libreros independientes, que no desconocen el carácter
cultural del libro, su valor identitario, de trasmisor de ideas,
tradiciones, valores, diversidad, etcétera. Así como los son los
bibliotecarios y los docentes comprometidos con su labor. Son
legión las editoriales que logran sobrevivir dignamente
manteniendo un equilibrio inestable, al publicar obras con las cuales
logran los beneficios que les permiten editar otras que –muchas
veces– se sospecha de antemano que no tendrán éxito comercial.
Lo hacen por su calidad, por la convicción de que realizan un aporte
a la sociedad y a sus autores, como también por la satisfacción de
publicarlas y enriquecer su fondo. Esta es una característica general
de las editoriales independientes, las más de las veces pequeñas o
medianas empresas, casi siempre comprometidas cultural y
socialmente con el medio en el que están insertas.
Al decir de André Schiffrin las editoriales independientes son
aquellas en las que la decisión de qué editar la toman los editores y
no el departamento comercial12 y tienden en su gran mayoría a
navegar en ese equilibrio inestable y en el mejor de los casos con
una tasa de rentabilidad baja.
Los editores independientes, comprometidos con el rol cultural de
su oficio, son muchas veces también agentes culturales. Estar
comprometidos con la realidad en que se vive implica interactuar –
en este caso como editores– con ella. Implica publicar obras que la
interpreten, que la cuestionen, que ayuden a cambiarla, que sirvan
para comprenderla, que sean expresión de sus sentires e
identidades, que abran cauces a nuevas formas de expresión o a
otras que no hayan tenido oportunidades para expresarse. Ese
compromiso, ajeno al ánimo de lucro, caracteriza infinidad de
editoriales independientes y es el sustrato de la bibliodiversidad.
Por eso son ellos los agentes por excelencia de la bibliodiversidad.
Utilización y promoción del término[editar · editar código]
El concepto de bibliodiversidad, concebido como "idea fuerza",
implica la promoción y defensa permanente no solo de la diversidad
cultural en el mundo del libro sino de los agentes de la
bibliodiversidad, supone una acción permanente en defensa del
acceso libre y democrático a los libros, de su carácter de bien
común, del equilibrio entre propiedad privada del conocimiento y la
creación y el interés social y de todas las políticas estatales en ese

10
sentido. Numerosas organizaciones internacionales como Unesco,
Cerlalc, Unión Latina, diversos actores del mundo cultural y
editorial como la Association internationale des libraires
francophones, la Alianza Internacional de Editores Independientes,
numerosos colectivos nacionales de editores (AEMI en México,
Asociación de Editores de Chile, EDINAR en la Argentina, REIC en
Colombia, AEI en Perú, FIDARE en Italia, LIBRE en Brasil,
Asociación de Editores de Madrid/Pequeñas editoriales en España)
promueven y protegen la bibliodiversidad a través de su acción
permanente.
Una importante obra de referencia sobre la bibliodiversidad se
publicó en 2006.13
En 2006, debido a la redacción de una carta a los candidatos a la
elección presidencial francesa, el periódico Le Monde retomó
algunas de las medidas concretas en favor de la bibliodiversidad.14
La revista internacional Bibliodiversity,
(<http://www.bibliodiversity.org>) copublicada por la Alianza
Internacional de los Editores Independientes y Double Ponctuation
(<<http://www.double-communication.com>), se publica a partir
del 2010.
La Red Hispanohablante de la Alianza Internacional de los Editores
Independientes (RedH) celebra el Día B (Día de la Bibliodiversidad)
en distintos países, desde el 21 de septiembre de 2010.

11
Bibliodiversidade
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa
Bibliodiversidade é a diversidade cultural aplicada ao mundo do
livro e das editoras. Provavelmente nascido na América Latina, o
conceito se difundiu rapidamente no mundo hispânico e francês
durante a década de 1990. Agora usado freqüentemente pelos
editores independentes, autores e ONGs defendendo e promovendo
a diversidade cultural, “Bibliodiversidade” também é uma revista
acadêmica. O dia 21 de setembro foi declarado pelos editores
independentes “Dia da Bibliodiversidade”.1
Índice
[esconder]
 1 O conceito – origem e dissseminação
 2 Definição
 3 Desafios atuais
 4 Uso e promoção do conceito
 5 Citações
 6 Notas e referências
 7 Ver também
o 7.1 Artigos relacionados (em francês)
 8 Links e documentos externos
O conceito – origem e dissseminação[editar]
Quem precisamente foi o primeiro a usar o termo bibliodiversidad
fica incerto. Porém, não há dúvida de que a palavra foi pela
primeira vez usada em espanhol. A paternidade do termo tem sido
reclamada por um grupo de editores chilenos que dizem tê-lo usado
ao fundar o coletivo de Editores independentes do Chile no fim dos
anos 1990. Supõe-se que a editora RIL (www.rileditores.com)
tenha desempenhado um papel importante no lançamento do
termo. No entanto, esta paternidade também tem sido disputada
por editores espanhóis – particularmente por alguns membros do
grupo de Madri “Bibiliodiversidade”, que alegam ter criado a
palavra. Até hoje nenhuma das duas hipóteses foi apoiada por
algum documento impresso claramente autenticado pela data de
publicação.
Em 1999, os diretores da “Bibliothèque Interculturelle pour le
Futur” (“biblioteca intercultural para o futuro) – um programa
estabelecido pela Charles Léopold Mayer Foundation e conduzido
por Michel Sauquet e Étienne Galliand – co-organizaram um
encontro em Gijón na Espanha. Foi então que tiveram contato com
o termo, em espanhol, pela primeira vez. Em 2002 vivenciamos a
criação da International Alliance of Independent Publishers,2 e a
palavra foi usada pelos fundadores da organização. A partir de

12
então, a Aliança internacional dos editores independentes tem
contribuído de modo significativo em disseminar e promover este
termo em várias línguas, particularmente nos seus encontros
internacionais (fontes disponíveis para consulta: as Declarações de
Dacar em 2003, Guadalajara em 2005 e Paris em 2007), assim
como em todas suas comunicações. A aliança de editores colaborou
para que o termo fosse aceito no âmbito internacional e
disseminado rapidamente no mundo francófono. O termo
bibliodiversity se difunde paulatinamente no mundo anglófono.
Definição[editar]
Em eco ao conceito de biodiversidade, “bibliodiversidade” se refere
à necessária diversidade das publicações a serem disponibilizadas
aos leitores em determinado contexto. Françoise Benhamou,
especialista francesa em economia da cultura, deu a seguinte
explicação em seu discurso nas “Assises Internationales de l'Édition
Indépendante” (Assembléia internacional da edição independente):
“Na biodiversidade, a variedade diz respeito muito simplesmente ao
número de espécies; no mundo do livro, isto corresponderia ao
número de títulos. No entanto, é claramente insatisfatório
deixarmos as coisas assim. Voltarei a este ponto mais tarde. O
segundo fator, enfatizado pelo conceito de biodiversidade, é o
equilíbrio, o equilíbrio entre as espécies. Se olharmos o que isto
significa na biodiversidade, vemos a idéia simplíssima de que se
temos várias espécies, mas algumas estão presentes em maior
números enquanto outras são raríssimas, as que são numerosas
são suscetíveis de comer ou prevalecer em relação às outras. Isto é
o que está acontecendo no mundo do livro onde é preocupante que
a dominação dos blockbusters nas estantes dos supermercados e
sobretudo em exibição nas livrarias esteja botando pra fora outras
ofertas que são mais difíceis de promover.”3
Hoje a bibliodiversidade está ameaçada pela superprodução e pela
concentração financeira no âmbito editorial, a qual favorece o
predomínio de uns poucos grandes grupos editoriais e a busca por
altas margens de lucro. Enfatizar o lucro exacerba a tentação de
reestruturar a política editorial em função disso. Para garantir
margens aceitáveis para acionistas que podem estar muito
distantes da editora (física- e culturalmente), a produção é
reorganizada para elevar seu potencial comercial. Em alguns casos
o resultado é um enorme desequilíbrio, com uma lógica comercial
prevalecendo, de forma abrangente, sobre um espírito
intelectualmente aventuroso: aí, o editor abraça sem reservas uma
economia baseada na demanda em detrimento de seu papel de
estimulador e provedor de novas idéias (oferecendo textos que
sejam desafiadores, originais, fora dos padrões). No extremo

13
oposto do conceito de biodiversidade, então, encontramos o que
poderíamos chamar de “bestsellerização” da esfera editorial.
Dada a crescente concentração do mundo editorial, com
consequente ênfase no lucro, e sua tendência à bestsellerização,
editoras independentes desempenham mais que nunca um papel
abandonado, às vezes, pelos gigantes “corporativos”. Isso faz delas
os principais atores em termos de bibliodiversidade: são autênticas
descobridoras de talentos, arriscam em termos culturais, facilitam a
existência e disseminação de autores e textos do futuro. Este papel
socialmente importante é claramente reconhecido pelos principais
grupos editoriais – que com frequência selecionam para eles
mesmos aqueles autores que começam a ganhar reconhecimento
público.
Reconhecendo o direito fundamental de defender e promover seus
setores culturais – frente à desregulamentação generalizada, o que
às vezes se poderia supor ser o objetivo da OMC – no final de 2005
os Estados membros da UNESCO assinaram a Convenção sobre a
Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais.
Agora medidas concretas poderiam ser tomadas para proteger a
bibliodiversidade – a diversidade cultural no mundo do livro.
Uso e promoção do conceito[editar]
Várias organizaçoes internacionais como a UNESCO e a União
Latina, vários atores culturais e editoriais como a Association
Internationale des Libraires Francophones (associação internacional
dos livreiros francófonos), a Alliance des Éditeurs Indépendants
(Aliança internacional dos editores independentes) e várias
associações nacionais de editoras (AEMI no México, EDIN no Chile,
EDINAR na Argentina, FIDARE na Itália, LIBRE no Brasil, etc.)
promovem e protegem a bibliodiversidade através de simpósios,
encontros4 e declarações.5 Um trabalho de referência sobre a
bibliodiversidade foi publicado em 2006.6 Ainda em 2006, após o
envio de uma carta aos candidatos à eleição presidencial francesa,
o jornal Le Monde escolheu algumas das medidas concretas
propostas para promover a bibliodiversidade.7 Algumas editoras
hispanófonas da América latina lançaramem 2010 "El Dia B" ("O
Dia da Bibliodiversidade" 21 de setembro). O Parlamento dos
Escritores europeus emitiu em novembro de 2010 a Declaração de
Istanbul, na qual é mencionada a bibliodiversidade: "Políticas
deveriam ser criadas para evitar a padronização da expressão e
promover a bibliodiversidade". A primeira edição de uma revista
internacional chamada "Bibliodiversity", co-publicado pela Aliança
internacional dos editores independentes e pela Double Ponctuation
(www.double-communication.com) lançada em janeiro de 2011
(ver www.bibliodiversity.org).

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Citações[editar]
Françoise Rivière, Assessora Diretora-Geral para a Cultura na
UNESCO, no seu discurso abrindo as Assises Internationales de
l'Édition Indépendante (Assembléia internacional da edição
independente – Paris, julho de 2007): “Da mesma forma que
procura enfatizar o caráter complementar dos objetivos da
biodiversidade e da diversidade cultural no palco global, a UNESCO
também monitora cuidadosamente a questão da diversidade de
expressão e de conteúdo no mercado internacional do livro. Em
outras palavras, presta muita atenção ao que alguns chamam de
“bibliodiversidade” – uma palavra que tem sido amplamente
adotada e começa a entrar na linguagem comum.”8 Ségolène
Royal, Presidente do Conselho regional de Poitou Charentes
(França), 28 de janeiro 2008: “Esta bibliodiversidade que
defendemos – uma bibliodiversidade acessível a todos, aberta a
todos – apóia oportunidades iguais para a educação e o acesso ao
saber.”9
Notas e referências[editar]
1. Jump up ↑ Turchetto, Matteo. Join the B Day. Página
visitada em 26 July 2011.
2. Jump up ↑ Presentation of the International Alliance of
Independent Publishers. Página visitada em July 25 2011.
3. Jump up ↑ Françoise, Benhamou (07 October 2009). Les
Assises et leurs suites. Comptes rendus des Assises internationales
de l’édition indépendante et programme prévisionnel d’action 2008-
2009 de l’Alliance des éditeurs indépendants (em french) pp. 28-
29. International Alliance of Independent Publishers. Página
visitada em 26 July 2011.
4. Jump up ↑ Guadalajara (2005) and Paris (2007),
sponsored by UNESCO
5. Jump up ↑ Dakar Declaration (2003), Guadalajara
Declaration (2005) and Paris Declaration (2007)
6. Jump up ↑ GROUP PUBLICATION. Des paroles et des actes
pour la bibliodiversité (em French). Paris: International Alliance of
Independent Publishers, 2006. 288 p. ISBN 978-2-9519747-3-9
7. Jump up ↑ Beuve-Mery, Alain. "Quelques idées pour le
prochain gouvernement (Some ideas for the next government)",
April 6, 2007. Página visitada em July 25, 2011. (em French)
8. Jump up ↑ Françoise, Rivière (07 October 2009). Les
Assises et leurs suites. Comptes rendus des Assises internationales
de l’édition indépendante et programme prévisionnel d’action 2008-
2009 de l’Alliance des éditeurs indépendants (em french).
International Alliance of Independent Publishers. Página visitada em
26 July 2011.

15
9. Jump up ↑ Royal, Ségolène (28 January 2008). Signature
des chartes Lire en Poitou-Charentes (em french). Página visitada
em 26 July 2011.
Ver também[editar]

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