eleições para apg-ufba em outubro

carta programa

uma chapa de oposição:

pela universidade popular
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O que é a Associação de daquelas que são mães? Quantos casos de assédio presencia-
mos ou tivemos que sofrer? Quantas vezes sentimos que o
Pós-Graduandos(as) (APG)? ambiente da Pós não era um espaço para nós?
A universidade e a sociedade passam por um ciclo perverso
A APG é nossa entidade para a representação de todos e de redução dos já escassos direitos. Nossa autonomia univer-
todas estudantes dos programas de pós-graduação. Embo- sitária é atacada, o orçamento público foi congelado e sentimos
ra sua fundação date de 2010, ainda hoje permanece des- diversos impactos no dia-a-dia da UFBA.
conhecida da maior parte do corpo estudantil. Assim como
o DCE (Diretório Central dos Estudantes), a APG atua na Todas essas questões (e muitas outras) tornam a necessidade de uma
representação não só acadêmica quanto também política APG presente na realidade dos estudantes e pronta para a luta. Precisa-
tendo, por correspondência, direito a voto nos espaços deli- mos estar mais que nunca ativos e unidos para lutar para que a universida-
berativos da universidade. Cumpre, assim, o papel impor- de permaneça pública, para que mais estudantes LGBTQ+, mulheres, ne-
tantíssimo de ser porta-voz das demandas dos estudantes gras e negros, possam acessar e permanecer na Pós. Para que a ciência
da Pós nos espaços superiores de decisão da universidade, brasileira não seja destruída e privatizada, para resistir a cada retrocesso.
ou seja, o conselho acadêmico e o conselho universitário.

Qual a importância da APg,

especialmente, no cenário atual?
Quantos de nós não sofremos com o medo constante da ver-
ba acabar para as nossas bolsas? Ou ainda com a angústia
de não saber se o que investimos em tempo e formação para
nossas carreiras será destruído? Quantos não recebem bolsas
e têm que deixar o curso ou entrar em uma rotina exausti-
va de trabalho formal/informal somada ao trabalho de nos-
sas pesquisas? Quantas mulheres vivenciam a realidade de
programas de Pós que dificultam ao máximo a permanência

Leia nosso programa

completo online:
 Se a APG é uma entidade com tamanha
importância, qual o motivo de ser pouco
conhecida?
A APG-UFBA vem passando por um ciclo de esvaziamento
crônico que praticamente a acompanha desde sua fundação,
o que evidencia que as estratégias empregadas pelas ges-
tões anteriores para dialogar com a base não foram eficientes.
A entidade que se propõe representativa do conjunto dos
estudantes foi reduzida a um pequeno grupo dirigido de for-
ma localizada principalmente na Faculdade de Educação
que acabou por perder a dimensão do conjunto da Univer-
sidade. Mesmo quando as gestões se iniciavam com repre-
sentatividade mais ampla de outros programas, a forma
de condução não foi capaz de expandir sua área de influ-
ência, bem como de participar dos espaços deliberativos
da universidade e terminaram gerando gestões esvaziadas.
Qual a relação da APG-UFBA com a
Associação Nacional de
Pós-Graduandos (ANPG)?
Para além do papel interno, a APG atua junto a Associação
Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) levando as deman-
das locais da UFBA para apresentar às representações de
outras Pós do país e também ouvindo as demandas delas.
Dessa troca nasce a pauta nacional, que é comum a todas
as pessoas que estão na pós-graduação, levada para as
disputas no campo político, na luta para que nossos direi-
tos sejam garantidos independente da gestão federal. Con-
tudo, o fato de muitos estudantes da Pós também nunca
terem ouvido falar da ANPG é um indício que durante as ges-
tões anteriores, essa troca foi superficial sem que o conjun-
to dos estudantes participasse dos processos deliberativos.
Por que uma chapa de oposição?
A existência de tantos ataques e retrocessos pode tra-
zer a falsa ideia que as possibilidades de vitória se esgota-
ram, que a vontade de construir um modelo de pós-gradu-
ação diferente do que temos precisa ser colocada de lado
e a única saída possível é sobreviver a qualquer custo.
Mas que custo estamos preparados a pagar pela sobrevi-
vência? A elite aponta que o preço para a existência de uma
pós-graduação no país seja entregar completamente ao setor
privado toda a estrutura para a realização de pesquisas, cons-
truída e mantida às custas do suor da classe trabalhadora,
maximizando, deste modo, o lucro da elite e sem nenhuma ga-
rantia de retorno à sociedade. O Future-se é um exemplo bem
atual dessa lógica, mas não é sua gênese, muitos desses ele-
mentos já apareciam em textos como o da Lei nº 13.243/2016
conhecida como o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inova-
ção, a qual, por exemplo, não foi criticada na época pela gestão
atual ANPG (Associação Nacional de Pós-graduandos) mas
recebeu duras críticas da chapa de oposição a nível nacional.
Essa posição da atual gestão nacional evidencia uma afasta-
mento dos debates e das demandas postas pela base, ou seja,
pelas pessoas que desejam a ampliação da produção de uma
ciência com caráter público e de qualidade, diminuindo assim a
influência do setor privado que busca atender aos seus próprios
interesses econômicos, impactando de forma direta na produ-
ção e secundarizando os interesses da classe trabalhadora.
A política neoliberal instaurada no Brasil, tem inundado inclu-
sive as entidades representativas de estudantes e pesquisa-
dores, como APG e ANPG. A necessidade de uma chapa de
oposição se justifica no contexto de opor-se tanto às práti-
cas que tornaram nossa entidade local desmobilizada e sem
força política, quanto à uma entidade nacional que tem vi-
rado um apêndice conciliador de um projeto privatista, que
endossa ou tenta “mediar” interesses com o grande capital.
Nesse sentido, compreendemos que é necessá-
ria a formação de uma chapa para a condução da AP-
G-UFBA que valorize as demandas dos e das es-
tudantes e, além disso, busque cada vez mais uma
universidade para o povo e que seja construída pelo povo.
Apesar de não abrirmos mão de um projeto de univer-
sidade popular, construída de modo coletivo, acredita-
mos que podemos traçar um outro caminho que não se
limite a existir ou sobreviver, mas sim a garantir uma exis-
tência plena, que permita à pós-graduação, verdadeira-
mente, atender os interesses do conjunto da sociedade.
Uma nova APG-UFBA deve ao mesmo tempo buscar a inde-
pendência frente à linha majoritária da entidade nacional e
resgatar os verdadeiros anseios do conjunto de nossa base.
No âmbito local existem pautas urgentes que apenas o tra-
balho coletivo organizado poderá dar conta. Nossa entidade
precisa urgentemente de espaço físico próprio, de maior rea-
firmação enquanto entidade representativa da pós-graduação
na UFBA, ocupando seus espaços de direito nos conselhos
universitários, por exemplo. Mas, sobretudo, a APG-UFBA
deve estar ao lado de todos os programas de pós-gradua-
ção, servindo como motor de impulsão para o conjunto das
e dos estudantes, buscando os diversos programas, suas re-
presentações, produzindo sínteses, projetos conjuntos, ana-
lisando as demandas e encontrando formas coletivas que
possam melhorar nossas condições de trabalho e estudo.
Assinam:
Camila de Jesus Andrade (PPGQ)
Caroline Gonçalves Birrer
(PPGECOTAV)
Victor Ferreira Dias Santos
(PPGEFHC)
João Carlos Gama de Matos
(PPGECOTAV)
Henrique Lacerda Arruda
(PPGEconomia)
Yuri Carlos dos Santos (PPGE)
Victor Montalvão Moreno
(PPGEFHC)
Giovani Damico (PPGCS)
André Figueiredo Brandão (PPGF)
Murilo Cézar Carneiro Bastos
(PPGQ)