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Wellington Aparecido Lopes de Lima
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Introdução
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Os professores durante o Peronismo.
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escolas, desde o ensino primário até o superior. Sendo que em seu primeiro governo, onde as
mudanças foram maiores:
[...]se inauguraron según la estadística oficial 1069 escuelas; 1064 secciones de jardines de infantes;
6071 nuevas secciones de grado8. También se fundó la escuela domiciliaria y la escuela de policlínicos
para los niños imposibilitados por razones físicas de concurrir a los establecimientos escolares.
(FIORUCCI, 2012: 142)
Foi também durante seu primeiro governo que Fiorucci aponta o aspecto que é principal
neste ensaio, a atuação “politica” dos professores. Todo e qualquer cidadão, dentro de um regime
democrático tem direito de expressar sua opinião, mas se tratando da classe docente esse direito
se torna às vezes conflitivo, e é o que nos fica aparente no caso do peronismo, mas não só, no
Brasil de Vargas também ocorre esse tipo de problema, ou em qualquer outro regime/país que se
utilize da educação para propagar sua ideologia, pois com o mal uso do sistema educacional,
onde se focou apenas em difundir a ideologia do governo acaba por transformar o “[…]sistema
educativo oficial en un ‘engranaje de una maquinaria de propaganda’” (FIORUCCI, 2012: 153).
Quando Perón utiliza do sistema educacional argentino como seu veículo de propaganda
partidáriaI, ele força alguns professores à irem contra a sua visão particular de politica,
obrigando-os a doutrinarem os jovens. É a partir desse momento que os professores
antiperonistas iniciam sua campanha contra o regime de Perón, pois é inadmissível para o
docente ser forçado a doutrinar seus alunos com uma ideologia que eles não aceitam. Contudo,
Perón deixa claro, quando instaura o Peronismo como doutrina oficial, que os professores teriam
que se submeter ao seu pensamento, e que eles eram o ponto chave para a difusão da ideologia
pelo país.
É mostrado por Fiorucci, que esses docentes que não aceitavam a imposição do governo até
tentavam expressar seu pensamento nas escolas, mas acabavam sendo reprimidos por
companheiros de profissão favoráveis ao governo, ou pelo próprio governo que lhes afastava do
cargo, como ocorreu nas universidades, por exemplo. O texto de Flavia Fiorucci trabalha, em
grande parte dele, as denúncias feitas contra professores antiperonistas, mas também mostra que
tais denúncias, por mais que envolvessem o governo e dissessem que o denunciado era contra o
peronismo, eram também influenciadas por questões pessoais.
I É valido lembra nesse momento, que Juan Domingos Perón, não foi o primeiro presidente da Argentina a se
utilizar da educação para fazer politica, pois antes dele outros presidentes haviam feito esse uso. Contudo, os
presidentes anteriores a ele usam a educação para promover o nacionalismo e exaltar símbolos nacionais, sem
uma autopromoção como Juan Perón faz, ao estipular o Peronismo como doutrina nacional.
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As escolas, eram um grande campo de batalha ideológica, onde nem sempre o que estava
em jogo realmente é a ideologia, tanto que é citado um caso onde a professora é denunciada pelo
marido de sua diretora, pois ela havia se desentendido com sua mulher, e acusado-a de ter um
relacionamento afetivo com outra senhora.
Visto esta situação, é fácil perceber a falta de coletividade dos docentes dentro das escolas,
e a divisão ideológica dos mesmos quanto ao doutrinamento feito pelo governo, chegando ao
ponto de um inspetor do governo, que averigua uma denúncia, dizer o “[...] único sector que no
participaban del complot antiperonista era –de acuerdo al reporte enviado al Consejo– el de las
mucamas, las cuales, por su identidad política peronista eran maltratadas.”(FIORUCCI, 2012:
146). O trecho citado, também nos dá uma outra perspectiva sobre a luta
peronismo/antiperonismo nas escolas, mostrando que não só os antiperonistas eram vítimas de
perseguição, pois quando os mesmos se encontravam em cargos de poder, faziam valer de sua
referência, rechaçando quem era contra, como o caso das serventes da escola, que tinha
preferência clara pelo peronismo.
Os docentes acabam por ser uma classe dividida que não expressa grande impacto, ao que
parece, na oposição ou apoio ao governo, já que está divisão faz com que os lados se anulem e
não seja tão necessário que o governo intervenha.
Conclusão
Ao decorrer do texto, foi apontado alguns aspectos da classe docente Argentina, de maneira
breve, para que se possa ter uma ideia básica da importância da mesma. Como já foi mencionado,
a oposição ao regime de Juan Perón, foi intensa durante o seu governo, principalmente a partir do
início do segundo mandato, e a intensificação dessa oposição se deu devido a imposição da
doutrina peronista. Está forma de autopromoção e doutrinamento da população ficou a cargo das
instituições de ensino, o que acabou por ocasionar esse racha na classe, entre os antiperonistas,
contrários ao doutrinamento e os peronistas, apoiadores do governo.
A classe docente opositora, ou mesmo a ala que apoiava o governo, são quase nunca
retratadas, e sempre são englobadas em um contexto generalizante, onde suas individualidades
são esquecidas, e aglutinadas com pensamentos envoltos em um senso comum.
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A questão do peronismo ou do antiperonismo sempre privilegia as classes operarias,
oriundas das grandes fábricas, que junto com seus sindicatos se faziam ouvir, relegando pouco ou
nenhum prestígio aos docentes.
Com o pouco que encontrei sobre o assunto, pude observar que os professores do governo
Perón foram demasiadamente necessários para consolidação de sua politica populista; tais
governos sempre tem proximidade com classes ditas subalternas, o operariado, onde se
fortalecem e constroem uma massa de apoio a sua ideologia, contudo sempre demandam grande
atenção ao ensino, pois é de lá que eles conseguiram o maior apoio, um apoio futuro, vindo dos
jovens. Mas para isso eles precisam ultrapassar barreiras complicadíssimas, porque lidam com a
classe intelectual, que não será facilmente englobada aos seus apoiadores das fábricas, porque
essa classe não é beneficiada com as medidas que são tomadas, como diminuição da carga de
horaria de trabalho, ou algum tipo de seguro, pois eles são em sua maioria funcionários do
governo, que contam quase sempre com leis diferenciadas.
E por estarem próximos desse governo, fica mais fácil perceber as suas intenções, mesmo
que escondidas por trás de mudanças de leis, que visam organizar a função ou pro discurso que
dizem que as mudanças aplicadas pelo governo são para aliviar o “[…]injustificado divorcio y la
anarquía existentes entre las ramas de la enseñanza”.(FIORUCCI, 2012: 142).
Os professores como formadores de opinião, tem um dos papéis mais centrais dentro de
qualquer governo que queira se estabelecer no poder, seja ele o modelo que for, mas a atenção
voltada para tal classe é quase nula, nos estudos posteriores. Os estudos sobre a atuação politica
dos professores em regimes como o Peronismo ou o Varguismo ainda são escassas, muito vem
surgindo mas ainda é pouco comparado com o que se tem de estudos voltados para a ação de
sindicatos ligados a indústria ou movimentos militares, que acabam tomando o poder, como
ocorre na Argentina em 1955.
Se homens como Juan Perón e Getúlio Vargas demandaram tanta atenção para o ensino é de
se saber que ele tem um caráter central na formulação dos seus governos, mas as dificuldades
impostas pelos mesmos e as obrigatoriedades que surgem durante o governo, acaba por dificultar
o relacionamento do governo, com o seu cabo eleitoral mais incisivo, a educação. Não assumindo
lado na briga entre governo e oposição, posso dizer que é pela mão dos professores que governos
se consolidam ou acabam em falência, sem o professor para disseminar a ideologia do mais alto
escalão de poder, o regime entrará em declínio.
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As medidas tomadas pelos governos acima citados; mesmo que com o propósito implícito e
posteriormente escancarado de doutrinação, pelo menos no caso Argentino; de remodelar as leis
educacionais e de espalhar a educação pelo território nacional, por meio de novas escolas não
podem ser julgadas como inadequadas e apenas partidárias, pois trazem benefícios até hoje. Mas
foi o seu engessamento ideológico que ocasiona a antipatia dos professores, onde lhes tira a
liberdade de ensino, e deixa de lado um dos fatores mais importante para a educação, que é o
ensinar e não doutrinar.
Sendo assim, a atuação dos professores na Argentina, mesmo que pouco estudada, é de
grande importância também para o fim do regime peronista, junto com os demais movimentos
que culminaram com o golpe de 1955, e a chegada dos militares ao poder argentino.
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Bibliografia
JAMES, Daniel, “Ideologia populista e resistência de classe: o peronismo e a classe
operária”, Revista Brasileira de História, 5 (10), mar.-ago. 1985: 5-27.
FIORUCCI, Flavia. 2012. "EL CAMPO ESCOLAR BAJO EL PERONISMO 1946-
1955". Revista Historia de la Educación Latinoamericana, 14, jan.-jun. 2012:139-154.
SCHWARTZMAN, S.; BOMENY, H.; COSTA, V. M. Tempos de Capanema. São Paulo,
Paz e Terra, 1984.