Você está na página 1de 17

MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

MANUAL CONFORMAÇÃO

COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

Objetivos Gerais:

 Identificar os modelos de desenvolvimento da atividade de


distribuição de seguros
 Identificar os princípios gerais da movimentação conta clientes;
 Distinguir as diferenças entre a conta clientes e as contas
patrimoniais;
 Interpretar as regras de transmissão de carteira.

1
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

ÍNDICE

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3
1. Competências Financeiras - Contas clientes .......................................................................... 4
1.1 Movimentação de fundos relativos ao contrato de seguro .................................................. 4
1.2 Conceitos de Conta Clientes e Conta Patrimonial e suas diferenças..................................... 6
1.3 Modelos de Negócio na Distribuição de Seguros .................................................................. 7
1.4 Modelos de Transmissão de Carteira de Seguros................................................................ 13

2
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

INTRODUÇÃO

Na sequência da publicação da nova legislação sobre a Distribuição dos Seguros, os


mediadores de seguros passaram a ter que cumprir com outras obrigações, quer ao
nível da Avaliação dos Clientes, quer ao nível da Gestão de Reclamações, Ética
Empresarial e naturalmente sobre as Competências Financeiras adequadas à atividade.

Neste sentido, entendemos que em função da necessidade de se exigir uma maior


organização administrativa, quer ao nível da movimentação de fundos, as chamadas
contas clientes, e modelos de negócios, fazia todo o sentido que os mediadores de
seguros pudessem aprender mais algumas noções de forma a aumentar a sua
especialização nesta área.

3
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

1. Competências Financeiras - Contas clientes

1.1 Movimentação de fundos relativos ao contrato de seguro

Deve ser dada especial atenção ao facto da necessidade de os agentes de seguros (com
cobrança) terem que controlar as suas contas clientes que dizem respeito às receitas e
às despesas da carteira de seguros, à gestão da conta bancária (para este efeito) e ainda
para os lançamentos efetuados dos pagamentos às Empresas de Seguros ou aos
Corretores.

De acordo com o descrito no número 1 do artigo 51º da Lei nº 7/2019, o Agente de


Seguros só pode receber prémios com vista a serem transferidos para as empresas de
seguros se tal for convencionado, por escrito, com as respetivas empresas de seguros.

Nesse sentido, o n.º 1 do artigo 24.º da Norma Regulamentar n.º 17/2006-R estabelece
que os montantes entregues pelos tomadores de seguros ao mediador de seguros, bem
como aqueles que lhe sejam entregues pelas empresas de seguros para os tomadores
de seguros, segurados ou beneficiários, são depositados em contas “clientes” abertas
junto de instituições de crédito autorizadas a exercer atividade na União Europeia.

- As contas «clientes» são abertas pelo agente de seguros com poderes de


cobrança, em seu nome, podendo cada conta respeitar a uma única ou a uma
pluralidade de empresas de seguros;

- As contas «clientes» são abertas pelo corretor de seguros, em seu nome,


podendo cada conta respeitar a um único ou a uma pluralidade de clientes.

No artigo 51º da Lei 7/2019, refere ainda o seguinte:

“2- Os prémios entregues pelo tomador do seguro ao agente de seguros autorizado a


receber prémios relativos ao contrato são considerados como se tivessem sido pagos à
empresa de seguros, e os montantes entregues pela empresa de seguros ao agente só
são tratados como tendo sido pagos ao tomador do seguro, segurado ou beneficiário
depois de este ter recebido efetivamente esses montantes.

3 - Os prémios entregues pelo tomador do seguro ao corretor de seguros são


considerados como se tivessem sido pagos à empresa de seguros se o corretor entregar
simultaneamente ao tomador o recibo de prémio emitido pela empresa de seguros.

4 - Os prémios entregues pelo tomador do seguro a qualquer mediador de seguros que


intervenha no contrato de seguro por conta de outro mediador de seguros, autorizado a
receber prémios e a colaborar com outros mediadores de seguros ou de seguros a título

4
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

acessório pelas respetivas empresas de seguros, presumem-se entregues a este


mediador de seguros.

5 - Qualquer mediador de seguros que movimente fundos relativos ao contrato de


seguro deve depositar as quantias referentes a prémios recebidos para serem entregues
às empresas de seguros e os montantes recebidos para serem transferidos para
tomadores de seguros, segurados ou beneficiários em contas abertas em instituições de
crédito em seu nome mas identificadas como conta «clientes».

6 - O mediador de seguros deve manter um registo detalhado e atualizado dos


movimentos efetuados na conta «clientes» relativamente a cada contrato de seguro.

7 - Presume-se, para todos os efeitos legais, que as quantias depositadas em conta


«clientes» não constituem património próprio do mediador de seguros, devendo, em
caso de insolvência do mediador, ser afetas, prioritariamente, ao pagamento dos
créditos dos tomadores de seguros, segurados ou beneficiários.

8 - Ao mediador de seguros a título acessório aplica-se o previsto nos n.os 1, 2 e 4 a 7.

9 - Ao mediador de resseguros aplica-se, com as devidas adaptações, o previsto nos n.os


5 a 7.”

A ASF define na Norma Regulamentar nº17/2006-R no artigo 25º:

“1 - O mediador de seguros disponibiliza aos tomadores de seguros, segurados ou


beneficiários, os valores que lhes sejam devidos por quaisquer operações relativas aos
respectivos contratos de seguro, incluindo o recebimento de estornos de prémios e de
indemnizações de sinistros:

a) No próprio dia em que os valores em causa estejam disponíveis na conta


«clientes»;

b) Até ao dia útil seguinte, quando as regras do sistema de liquidação das


operações sejam incompatíveis com o disposto na alínea anterior; ou

c) Na data fixada por convenção escrita com o tomador de seguros.

2 - O mediador de seguros só pode movimentar a débito as contas «clientes», através


de transferência bancária para:

a) Contas abertas em nome das empresas de seguros para entrega de prémios;

b) Contas abertas em nome dos tomadores de seguros, segurados ou


beneficiários, ou outras por estes determinadas por escrito, para entrega de
estornos ou pagamento de indemnizações relativas a sinistros;

5
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

c) Contas abertas em seu nome para pagamento das comissões que lhe sejam
devidas.”

1.2 Conceitos de Conta Clientes e Conta Patrimonial e suas diferenças

Conta Clientes é uma conta “técnica” aberta numa instituição financeira destinada aos
movimentos exclusivos dos fluxos financeiros entre tomadores de seguros,
beneficiários, terceiros lesados e uma ou várias empresas de seguros com quem o
agente de seguros se relacione desde que detenha poder de cobrança atribuido.

Esta conta “técnica” tem como suporte junto das instituições financeiras uma conta de
depósitos à ordem de que é titular o mediador de seguros.

A movimentação da Conta Clientes é, como referido anteriormente, efetuada através de


transferências exclusivas e associadas à atividade de seguros.

Uma Conta Patrimonial é como o próprio nome indica, representativa do património de


uma empresa ou pessoa singular. Este é um conceito contabilístico.

Quando acima referimos, por exemplo, uma conta à ordem num banco estamos a falar
de uma conta patrimonial, na medida em que o seu saldo é património dos seus
titulares assim como os seus débitos, quando não suportados por fundos na conta, são
uma responsabilidade para com o banco desses mesmos titulares (da conta).

Este funcionamento articulado de contas “técnicas”, subordinadas a uma conta titulada


ou patrimonial de uma pessoa ou empresa, obedece a um mecanismo tradicional de
articulação funcional entre contas operadas nos bancos.

Por exemplo, quando uma empresa solicita uma conta caucionada a um banco
(representativa de um empréstimo) este atribui a mesma, sob uma conta à ordem dessa
mesma entidade. Ou seja, a conta caucionada funciona portanto como uma conta
“técnica” equivalente à conta cliente (finalidade exclusiva).

Nas contas “técnicas”, como a Conta Cliente, não são atribuidos cheques ou cartões ais
seus titulares para a sua movimentação.

6
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

1.3 Modelos de Negócio na Distribuição de Seguros

O que é um modelo de negócios?

O “modelo de negócio” de uma organização é a visão integrada do processo de


identificação e utilização de recursos, competências e parcerias, para criar e entregar
valor aos seus clientes e acionistas.

Qual a finalidade de um modelo de negócios?

O modelo de negócio é importante para o mediador de seguros identificar os recursos,


competências e parcerias de que dispõe e aqueles que necessita encontrar, para tornar
claro as atividades e processos que lhe permitem criar propostas de valor, identificar os
seus segmentos de clientes e o modo de se relacionar com eles.

Clarificado o modelo de negócios, o mediador de seguros estará em condições de


conseguir responder a 3 questões essenciais: O quê? Como? A quem? - e de consolidar
esta informação elaborando o seu Plano de Negócios.

Como sugestões de modelos de negócios, fica o Modelo “Canvas” e Modelo da “Cadeia


de Valor de Porter”, que são modelos largamente difundidos e testados pelo mercado,
proporcionando uma boa compreensão dos negócios.

Um Business Model Canvas permite que todo o negócio seja visualizado numa única
página (ou slide). Isto significa que não é necessário analisar um documento cheio de
texto e números, passando página por página para compreender as diferentes
estratégias definidas. Segue modelo exemplo:

7
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

Pode descarregar o modelo “Canvas” e preenchê-lo com a informação do seu negócio.

https://www.strategyzer.com/canvas/business-model-canvas

A Cadeia de Valor de Michael Porter é um modelo que ajuda a analisar atividades


específicas através das quais as empresas criam valor e vantagem competitiva. Ou seja,
é um conjunto de atividades que uma organização realiza para criar valor para os seus
clientes. A maneira como as atividades dessa cadeia são realizadas determina os custos
e afecta os lucros. O objetivo é identificar os principais fluxos de processos dentro de
uma organização. O modelo é essencialmente um fluxograma de processos específicos
de alto nível, interligados para mostrar fluxos de processo, os quais podem ainda ser
divididos em subprocessos e as suas atividades de apoio.

Modelo Cadeia de Valor de Porter

Análise do mercado segurador e novos modelos de negócio

Vamos transcrever uma notícia publicada no Jornal Negócios, em março de 2018, onde
diferentes players da Área Seguradora prestam o seu contributo para a definição de
novos modelos de negócio na atividade.

“Nos seguros não basta vender, é preciso prestar um serviço

A nova geração, "always connected" quer um contacto imediato, a informação tem de


estar à "distância de um click" e no futuro os canais digitais vão aumentar

8
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

significativamente o seu peso. Mas nos seguros não se fazem só vendas, oferecem-se
serviços.

Clientes mais conectados e interactivos são uma realidade digital a que todas as
seguradoras se têm de adaptar sob pena, como adverte Conceição Tomás, agents e
marketing manager da Generali, "de os seus modelos de negócio ficarem obsoletos e
perderem competitividade".

"Historicamente, as seguradoras têm uma intensidade de contactos baixíssima com os


seus clientes. Um cliente contacta com a sua seguradora duas a três vezes por ano. Já
com o seu banco, fá-lo mais de 50 vezes, tal como nas telecomunicações. E, quanto a
sectores mais recentes, como social media, mais de 400 vezes. Os intermediários
tradicionais - agentes e corretores - não têm um histórico muito melhor" refere Gastão
Taveira, CEO da i2S. Acrescenta que "a nova geração, "always connected", tem uma
expectativa muito diferente. Qualquer contacto tem de ser imediato, a informação tem
de estar à "distância de um click" (ou, cada vez mais, de um comando de voz para um
smartphone, google home, alexa, etc..)".

A caminho do digital

"O digital tem um peso ainda pouco significativo na comercialização de seguros em


Portugal. Os portugueses continuam a privilegiar o contacto com os agentes e, mesmo
adquirindo os seus produtos online, gostam de contar com um apoio especializado ao
qual possam recorrer em casos de necessidade" analisa Conceição Tomás.

Historicamente, as seguradoras têm uma intensidade de contactos


baixíssima com os seus clientes. Um cliente contacta com a sua seguradora
duas a três vezes por ano. GASTÃO TAVEIRA - CEO DA I2S

Para Rogério Bicho, administrador e director comercial da Liberty Seguros "neste


momento o peso dos canais digitais ainda não é muito expressivo". Adianta que o
principal valor do digital é precisamente a possibilidade de melhorar serviços, "a
questão de redução de custos, deverá ser uma consequência, não um objectivo".

Porém, como refere Gastão Taveira, CEO da i2S, "estudos realizados no Norte da Europa
indicam que 8% dos clientes de seguros de Vida interagem online na compra de seguros.
Estima-se que passem a 15% dentro de poucos anos. Em seguros gerais, essas
percentagens são de 10% e 23%. Em alguns segmentos de mercado, os sites de
comparação de preços detêm uma quota significativa".

Para este gestor o que "é inquestionável, é que os canais digitais vão aumentar
significativamente o seu peso". Com o uso de tecnologias avançadas, "podem construir
produtos mais personalizados, que respondam melhor ao perfil de cada cliente".

9
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

A estratégia omnicanal

Há novas gerações de consumidores com novos hábitos de compra e tecnologias que


permitem aos consumidores tomar decisões de compra em qualquer lugar e a qualquer
hora. Para Rogério Bicho, "os canais tradicionais de distribuição de seguros têm que se
adaptar, pois o processo de venda "cara a cara" poderá não ser o mais adequado num
contexto de utilização mais intensiva da tecnologia". É o caso dos produtos de
protecção, como os de acidentes pessoais, que podem ter maior expressão em novos
canais mais próximos dos clientes. Mas o canal tradicional é importante quando "o
cliente necessita do conhecimento dos profissionais de seguros para obter as melhores
soluções para o seu caso específico".

Neste momento o peso dos canais digitais ainda não é muito expressivo.
ROGÉRIO BICHO - ADMINISTRADOR E DIRECTOR COMERCIAL DA LIBERTY
SEGUROS

Gastão Taveira refere que sem as novas tecnologias não haveria seguros "como por
exemplo, o pagamento por uso ou os incentivos como "telemetria nos seguros
automóveis; wearables nos seguros de saúde, etc. ou o uso de "smart contracts" em
seguros de viagem (por exemplo compensação por atraso de voos)". Mas mesmo nos
seguros já existentes, "há grandes adaptações a fazer para assegurar uma estratégia
"omnichannel". É possível, hoje em dia, assegurar um "single point of thruth" que
garanta que todo e qualquer canal obtém a mesma informação, por forma a assegurar a
coerência do "client journey"".

"As seguradoras têm de ser capazes de servir os clientes através dos seus mais variados
canais. A experiência diz-nos que para prestar o melhor serviço ao cliente é necessário
ter uma estratégia omnicanal" afirma Conceição Tomás. Defende que é necessário
desenvolver soluções tecnológicas eficazes e articular-se com a rede de distribuição
como os agentes. Até porque "é verdade que os custos de distribuição online são mais
reduzidos, mas nos seguros não basta vender, é preciso prestar um serviço".”

Como desenvolver orçamento anual?

O orçamento anual deve ser construído com base nas receitas previstas (por tipo de
receitas) e quais as despesas associadas à empresa em termos individuais ou coletivos,
como por exemplo, pessoal, combustíveis, comunicações, outras.

10
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

Pode e deve ser revisto preferencialmente mensalmente para se perceber os desvios


entretanto encontrados e vamos acertando o modelo para futuros orçamentos. Este
orçamento deve ser preparado, normalmente em outubro de cada ano, para o ano
seguinte.

Basicamente, um orçamento empresarial existe para:

A) Perceber quanto dinheiro a empresa tem de facto;

B) Perceber quanto precisa gastar (custos fixos e variáveis);

C) Perceber quanto precisa receber para alcançar as metas;

D) Apresentar a Bancos um plano de negócios para aprovação de um empréstimo.

Como fazer um orçamento?

Neste cálculo vão entrar todas as receitas mensais ou anuais, como receitas de vendas
(recorrentes ou excecionais) ou dividendos de investimentos, por exemplo.

Defina todos os custos fixos:

Os custos fixos que tem mensalmente com o seu negócio são os mais fáceis de
perceber, no entanto, é importante não saltar nenhum, por mais pequeno que seja:

Rendas;

Arrendamento de espaços físicos: escritórios, armazéns;

Pagamentos de empréstimos;

Salários;

Gastos com internet, telefone;

Seguros;

Serviços de contabilidade e apoio legal;

Gastos com hospedagem do site e loja online;

Impostos e taxas;

Avenças.

11
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

Inclua despesas variáveis:

As despesas variáveis são um pouco mais complicadas, porque podem diferir muito de
mês para mês. E podem, assim, ter um grande impacto na saúde do seu negócio. São
exemplos:

Contratação de freelancers ou serviços;

Matérias-primas;

Gastos com água, eletricidade e gás;

Deslocações, refeições e eventos;

Serviços de marketing;

Consumíveis (papel, material de escritório, etc).

Preveja despesas inesperadas

Certamente o mais difícil de prever são as despesas únicas, já que podem surgir
inesperadamente. É necessário manter um fundo de maneio, calculando as suas
necessidades, de forma a colmatar custos com:

Material;

Obras e construção;

Eletrónicos.

(Como boa prática, este coeficiente deve corresponder no mínimo a 10% do


total das restantes despesas.)

Mantenha-se a par de datas e prazos

Saber quais os prazos médios dos pagamentos e recebimentos de clientes e


fornecedores é também muito importante, e deverá incluí-lo ao fazer um orçamento da
sua empresa.

12
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

O melhor mesmo é fazer uma planificação mês-a-mês das entradas e saídas de dinheiro
previstas (onde inclui todas as rúbricas faladas acima). Assim, tem a certeza de que não
vai ter problemas de liquidez nos meses para os quais está a desenhar o orçamento.

Como complemento ao estudo, em anexo apresentamos um modelo de plano de


negócios, do IAPMEI, que poderão utilizar para definição de estratégia financeira da
empresa.

1.4 Modelos de Transmissão de Carteira de Seguros

a) Transmissão de carteira a favor de mediador de seguros ou de seguros a título


acessório

Para efeitos das Carteiras de Seguros, o artigo 53º da Lei 7/2019 esclarece o seguinte:

1 - As carteiras de seguros são total ou parcialmente transmissíveis, por contrato escrito,


devendo o transmissário estar autorizado para o exercício da atividade de distribuição
quanto aos referidos contratos de seguro.

2 - A intenção de transmitir carteira de seguros a favor de mediador de seguros ou de


seguros a título acessório deve ser comunicada por escrito pelo transmitente à empresa
de seguros, identificando o transmissário, a data de produção de efeitos pretendida
para a transmissão e os contratos a transmitir.

3 - As empresas de seguros têm o direito de recusar a intervenção do transmissário nos


respetivos contratos de seguro, devendo comunicar a recusa ao transmitente no prazo
de 20 dias após a receção da comunicação referida no número anterior.

4 - A empresa de seguros que, sem adequada fundamentação, recuse a intervenção do


transmissário, nos termos do número anterior, fica sujeita ao ónus de propor ao
transmitente a aquisição da carteira de seguros em causa.

5 - Caso a empresa de seguros não recuse a intenção de transmissão de carteira, o


transmitente deve comunicar, por escrito, aos tomadores de seguros a referida
transmissão de carteira, informando-os dos elementos referidos no n.º 1 do artigo 31.º
quanto ao transmissário e do direito que lhes assiste de recusar a intervenção deste
mediador de seguros ou de seguros a título acessório nos termos do número seguinte,

13
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

bem como que mantêm o direito de escolher e nomear, nos termos legais, mediador de
seguros ou de seguros a título acessório para os seus contratos.

6 - Os tomadores de seguros devem comunicar, por escrito, a recusa da intervenção do


mediador de seguros ou de seguros a título acessório transmissário ao mediador de
seguros ou de seguros a título acessório transmitente no prazo de 30 dias após a
receção da comunicação referida no número anterior.

7 - O mediador de seguros ou de seguros a título acessório transmitente dá


conhecimento à empresa de seguros da comunicação aos tomadores de seguros
mencionada no n.º 5, informando-a igualmente das situações de recusa da intervenção
do transmissário por tomadores de seguro, no prazo máximo de 10 dias após o termo
do período de 30 dias conferido no número anterior.

8 - Na falta de fixação pelas partes, no contrato que titula a transmissão da carteira, de


outra data para a respetiva produção de efeitos, estes produzem-se, relativamente a
cada contrato que integre a carteira, na sua data aniversária ou, no caso dos contratos
renováveis, na data da sua renovação, devendo, em qualquer dos casos, essa data ser
incluída na comunicação ao tomador do seguro prevista no n.º 5.

b) Transmissão de carteira a favor de empresa de seguros

O artigo 54º da Lei 7/2019 refere o seguinte sobre a transmissão de carteira a favor da
empresa de seguros:

1 - As carteiras de seguros são total ou parcialmente transmissíveis, por contrato escrito,


a favor de empresas de seguros, desde que sejam partes em todos os contratos objeto
de transmissão.

2 - A transmissão de carteira de seguros a favor de empresa de seguros deve ser


precedida da comunicação ao tomador do seguro pela empresa de seguros por escrito e
com a antecedência mínima de 60 dias relativamente à data da transmissão de que
deixa de existir mediador de seguros ou de seguros a título acessório no contrato de
seguro, mas que mantém o direito de escolher e nomear, nos termos legais, mediador
de seguros ou de seguros a título acessório para os seus contratos.

3 - Na falta de fixação pelas partes, no contrato que titula a transmissão da carteira, de


outra data para a respetiva produção de efeitos, estes produzem-se, relativamente a
cada contrato que integre a carteira, na sua data aniversária ou, no caso dos contratos

14
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

renováveis, na data da sua renovação, devendo, em qualquer dos casos, essa data ser
incluída na comunicação ao tomador do seguro prevista no número anterior.

c) Cessação dos contratos com as empresas de seguros

De acordo com o artigo 55º da Lei 7/2019,

1 - No caso de cessação dos contratos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 16.º e na


alínea a) do n.º 1 do artigo 20.º, os contratos de seguro passam a diretos, devendo as
empresas de seguros comunicar, no prazo de cinco dias a partir do conhecimento da
cessação, essa circunstância aos tomadores de seguros e informá-los que mantêm o
direito de escolher e nomear, nos termos legais, mediador de seguros ou de seguros a
título acessório para os seus contratos.

2 - No caso referido no número anterior e sem prejuízo de qualquer outra indemnização


a que haja lugar, o mediador de seguros ou de seguros a título acessório tem direito a
uma indemnização de clientela, desde que tenha angariado novos clientes para a
empresa de seguros ou aumentado substancialmente o volume de negócios com
clientela já existente e a empresa de seguros venha a beneficiar, após a cessação do
contrato, da atividade por si desenvolvida.

3 - Em caso de cessação do contrato por morte do mediador de seguros ou de seguros a


título acessório, a indemnização de clientela pode ser exigida pelos herdeiros ou
legatários.

4 - A indemnização de clientela é fixada em termos equitativos, mas não pode ser


inferior ao valor equivalente ao dobro da remuneração média anual do mediador de
seguros ou de seguros a título acessório nos últimos cinco anos, ou do período de tempo
em que o contrato esteve em vigor, se inferior.

5 - Não é devida indemnização de clientela quando:

a) O contrato tenha sido resolvido por iniciativa do mediador de seguros ou de seguros a


título acessório sem justa causa ou por iniciativa da empresa de seguros com justa
causa;

b) O mediador de seguros ou de seguros a título acessório tenha cedido a sua posição


contratual com o acordo da empresa de seguros.

6 - O ónus da prova da existência de justa causa na cessação cabe à parte que faz cessar
o contrato.

15
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

7 - Sem prejuízo de outras situações livremente previstas no contrato, considera-se justa


causa o comportamento da contraparte que, pela sua gravidade e consequências, torne
imediata e praticamente impossível a subsistência da relação contratual.

d) Procedimentos que a empresa de seguros e o mediador têm que ter nas


transferências de carteiras por constituição de sociedade

O entendimento da ASF, nas FAQ’s, sobre quais deverão ser os procedimentos que a
empresa de seguros e o mediador têm que ter nas transferências de carteiras por
constituição de sociedade, é o seguinte:

As carteiras de seguros são total ou parcialmente transmissíveis, por contrato escrito,


devendo o transmissário estar autorizado para o exercício da atividade de distribuição
quanto aos referidos contratos.

Nas situações de constituição de sociedade cujo seu registo origine a suspensão do


registo do mediador transmitente (por vir a desempenhar funções de gerente /
administrador responsável pela atividade de mediação ou de PDEADS do transmissário),
deve o transmitente salvaguardar antecipadamente, nos termos seguintes, que a
produção de efeitos da transmissão venha a coincidir com a data de inscrição do
transmissário como mediador, sob pena de a carteira passar a direta
concomitantemente à suspensão do mediador transmitente, nos termos do artigo 67.º
do Regime Jurídico da Distribuição de Seguros e de Resseguros (RJDSR).

A intenção de transmitir a carteira de seguros a favor de mediador de seguros ou de


seguros a título acessório deve ser comunicada por escrito pelo transmitente à empresa
de seguros, identificando o transmissário, a data de produção de efeitos pretendida
para a transmissão e os contratos a transmitir (n.º 2 do artigo 53.º do RJDSR).

As empresas de seguros têm o direito de recusar a intervenção do transmissário nos


respetivos contratos de seguro, devendo comunicar a recusa ao transmitente no prazo
de 20 dias após a receção da comunicação da intenção de transmitir a carteira (n.º 3 do
artigo 53.º do RJDSR).

Caso a empresa de seguros não recuse a intenção de transmissão de carteira, o


transmitente deve comunicar, por escrito, aos tomadores de seguros a referida
transmissão de carteira, informando-os quanto ao transmissário e do direito que lhes
assiste de recusar a intervenção deste mediador de seguros ou de seguros a título
acessório, bem como que mantêm o direito de escolher e nomear, nos termos legais,
mediador de seguros ou de seguros a título acessório para os seus contratos (n.º 5 do
artigo 53.º do RJDSR).

16
MANUAL DE COMPETÊNCIAS FINANCEIRAS

Os tomadores de seguros que tenham recebido a comunicação de intenção de


transmissão da carteira têm o direito de recusar a intervenção do mediador de seguros
ou de seguros a título acessório devendo, nesse caso, comunicar, por escrito, a recusa
da intervenção do mediador de seguros ou de seguros a título acessório transmissário
ao mediador de seguros ou de seguros a título acessório transmitente no prazo de 30
dias após a receção da comunicação referida no número anterior. (n.º 6 do artigo 53.º
do RJDSR).

A empresa de seguros que, sem adequada fundamentação, recuse a intervenção do


mediador transmissário nos termos anteriormente descritos fica sujeita ao ónus de
propor ao mediador transmitente a aquisição da carteira de seguros em causa (n.º 4 do
artigo 53.º, do RJDSR).

17

Você também pode gostar