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O PREGADOR E A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ SOMENTE

Ninguém pregou o evangelho na sua totalidade se, em sua pregação, a justificação


mediante a fé em Cristo não é apresentada. Os homens só poderão encontrar redenção e
propiciação para seus pecados mediante a fé que vem pelo ouvir a pregação do
evangelho (Rm10.17). A pregação do evangelho consiste primordialmente na boa notícia
de que agora, sem lei, Deus justifica a todos os que creem. É assim porque essa doutrina
trata da questão básica da religião, a saber, que diz respeito ao nosso relacionamento
com Deus. Desse modo, não anunciar essa verdade é o mesmo que não anunciar o
evangelho. É dever de cada ministro pregar insistentemente a justificação pela fé
somente, não apenas para que os eleitos venham a Cristo, mas também para instrução,
consolo e edificação do povo de Deus. A declaração de que é Deus quem justifica
necessita ser enfatizada nos púlpitos, principalmente em nossos dias onde tantos tem se
afastado sutilmente da graça de Deus para ir após outro evangelho de autojustificação.

Muitos ministros têm caído na tentação de acreditar que não há poder na


mensagem que Deus justifica o homem mediante a fé somente. Desacreditaram da sua
relevância para os nossos dias e rejeitam-na por estarem contaminados, arrefecidos pela
cosmovisão dos nossos dias, conforme nos advertiu o Dr. M.L. Jones:

Se você não gosta da doutrina da justificação somente pela fé e dela discorda, você não
está discordando meramente do ensino da Igreja, está discordando das próprias
Escrituras. Essa é a situação de todos os que rejeitam esta doutrina. Há muitos que
rejeitam; isso porque, em vez de se deixarem guiar pelas Escrituras e de se submeterem
a elas, são governados pelo ensino da filosofia, isto é, pelo pensamento e pelas ideias
dos homens.1

Essa ausência que tem se tornado comum em nossos púlpitos, levou o Dr. Michael
Horton a fazer severa denúncia sobre essa tendência de nossos dias, nas seguintes
declarações:

Hoje, um número cada vez maior de teólogos e líderes evangélicos repetem a acusação
de Pelágio contra Agostinho, de Roma contra os reformadores e do liberalismo
protestante contra o evangelicalismo, ou seja, nas palavras de Albert Schweitzer: Não há
lugar para ética na doutrina da justificação sustentada pela Reforma. Seguindo teólogos
evangélicos como Stanley Grenz Brian McLaren e outros líderes da “Igreja Emergente”
desafiam explicitamente sola fide como um obstáculo ao principal ponto do cristianismo:
seguir o exemplo de Jesus. Embora o viver autentico traga valor ao evangelho, o seguir o
exemplo de Jesus está se tornando cada vez mais o evangelho. 2

Lamentavelmente a denúncia do Dr. Horton é procedente. Em muitas “pregações” o


foco está mais em o que podemos fazer para nos tornamos ou permanecermos cristãos
do que na obra suficiente de Cristo. Como escreveu Steven Lawson:

Nessa religião, Cristo é um treinador que tem um bom plano para vitória e não um
Salvador que já realizou a salvação por nós. A salvação é mais uma questão de termos a
nossa melhor vida e não de sermos salvos do julgamento de Deus por meio do próprio
Deus. (...) Muitos pregadores apresentam Cristo como um gênio da lâmpada como um
“guru da vida” que está pronto para nos treinar no jogo da vida. Muitos pregadores
apresentam Cristo como o gênio da lâmpada que espera por nossa chamada, atende aos
nossos caprichos e está pronto para resolver todos os nossos problemas temporais. No
entanto, ao contrário disso, os pregadores têm de magnificar incansavelmente o
incomparável senhoril de Jesus Cristo e a obra redentora que ele realizou na cruz. 3

Por estar razão, ainda hoje, não há mensagem mais urgente do que essa. Nossa
maior necessidade não é de reconciliação entre os homens. Isso na verdade é uma
inversão da realidade, o que de fato o homem precisa hoje é o do que ele sempre

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precisou desde a queda dos nossos pais no Éden, a saber: reconciliação com Deus. A
doutrina da justificação pela fé revela o caminho. Por esta razão não
podemos negligenciá-la nem nos envergonharmos de pregar o evangelho da justificação
pela fé somente.

Por: Josué Marcionilo

 JONES M.L. A Expiação e a Justificação.1ªEd. São Paulo. PES.2000.p.15


 HORTON MICHAEL. A Justificação é Importante? Fé para Hoje Nª 36. São Paulo.
Editora Fiel. 2013.p.41
 LAWSON STEVEN J. O Tipo de Pregação que Deus Abençoa.1ªEd. São Jose dos
Campos. 2013.p.24,25

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