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INSTITUTO BRASILIENSE DE DIREITO PÚBLICO

ESCOLA DE DIREITO E ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO
SENSU EM

LUIS GUSTAVO FERRARINI VENTURELLI

JUDICIALIZAÇÃO EM ÂMBITO ESCOLAR


O DIRETO À APRENDIZAGEM DOS ALUNOS

BRASÍLIA

2019
Luis Gustavo Ferrarini Venturelli

JUDICIALIZAÇÃO EM ÂMBITO ESCOLAR


O DIRETO À APRENDIZAGEM DOS ALUNOS

Trabalho de Conclusão de Curso, desenvolvido


sob a orientação do professor/professora,
apresentado à disciplina de Introdução à
redação científica como requisito parcial de
conclusão do curso de Pós-Graduação Lato
Sensu em Organização dos Poderes

Brasília

2019

1
À minha família

JUDICIALIZAÇÃO EM ÂMBITO ESCOLAR


O DIRETO À APRENDIZAGEM DOS ALUNO

Luis Gustavo Ferrarini Venturelli


Graziella Guiotti

2
SUMÁRIO​:
1 Resumo……………………………………………………………………………4

2 Introdução ………………………………………………………………………...5

3 ​Programa Escola Sem Partido ​……………………………………………………....6

4 ​A Liberdade de Pensamento e a Neutralidade Weberiana ……………………………....7

5 ​ A Escola sem Partido e os Instrumentos de Judicialização………………………..​…...9

7 Considerações finais……………………………………………………………..16

8 Referências……………………………………………………………………...17

3
RESUMO​:

O presente trabalho discute por meio do exemplo da Escola sem Partido, o estudo de caso dos
instrumentos jurídicos definidos pelo próprio movimento. Esses que tentam submeter a escola a
utilizando da judicialização da discussão. Como a judicialização pode afetar o processo educacional
quando um projeto tenta cercear e tutelar por meio de projeto de lei, a liberdade de cátedra definido
na Constituição Federal. O objetivo central do trabalho foi responder a pergunta: “quais os
fundamentos legais na base do discurso do programa escola sem partido ?”. Adotou-se como
metodologia de pesquisa do estudo de caso coletando os documento no site do programa e na câmara
federal pelo estudo do voto do deputado Flavinho (PSC-SP) . Os objetivos específicos do trabalho
foram: compreender o instituto do programa escola sem partido e a sua tentativa de se legalizar
enquanto mobilização real. Ainda, entender como o movimento se coloca na posição de defensor
legal dos direitos de aprendizagem dos alunos e de seus direitos. Então uma análise sistemática de
legislação e da jurisprudência colocando a judicialização e seus fundamentos em discussão.
Conclui-se que o processo de judicialização pode colocar em risco a própria fundamentação filosófica
da carta magna nacional.
Palavras-chave​: judicialização , escola sem partido, constituição, princípios constitucionais

4
INTRODUÇÃO

O ​Projeto Escola Sem Partido originou-se em 2004, o advogado criador do


movimento alega desde lá que existe doutrinação pedagógica no âmbito da sala de aula.
Tudo começou quando seu filho, estudante à época, recebeu em uma aula de história, em
uma explicação onde o professor fez uma analogia entre Che Guevara e São Francisco de
Assis, desde então Najib alega que se faz necessário um controle sobre as práticas ocorridas
dentro de sala de aula. O procurador paulista afirma que os professores transformaram a
suas aulas em reuniões visando novos afiliados para sindicatos e partidos políticos.
Entretanto conhecer o problema não é resolver a questão. O site do Escola Sem
Partido num primeiro momento alegava que era necessário a fixação dentro da salas de aula
de cartazes sobre os direitos de aprendizagem dos alunos. Formulados em número de dez
deveres diria então aos professores e aos alunos porque estavam ali, entretanto logo em
seguida o movimento passou a divulgar instrumentos incentivando a ​j​udicialização tanto das
escolas, como professores. Propõe desde então um tipo de vigilância que, além de
constranger os profissionais certamente, sobrecarregarão o poder judicial
O trabalho a seguir falará de um outro desdobramento o projeto de lei 7180 DE 2014
que busca alterar o artigo 3º da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. O projeto é
decorrente de todo esse momento chamado de projeto escola sem partido e foi apresentado e
arquivado . Entretanto, já se fala em uma nova proposta ainda mais radical. A proposta
deste trabalho é fazer uma análise documental, por meio de um estudo de caso sobre o voto
da comissão especial de sua justificativa,mas principalmente um pensar sobre seus
desdobramentos
O objetivo principal da pesquisa é estudar qual o impacto desse instrumento legal.
Ainda os efeitos da legalização de um processo de judicialização já em curso. Procuraremos
quais os dados objetivos que impelem o movimento escola sem partido a mobilizar o
judiciário nessa direção, as bases legais de tais instrumentos tendo em vista os artigos 205,
e 206 da Constituição Federal.
No primeiro capítulo apresentarei a contextualização da proposta e sua justificativa,
no segundo capítulo apresentarei os instrumentos jurídicos propostos no site e seus
objetivos, e no terceiro capitulo apresentarei a conclusão da proposta, sugerindo um outro
estudo sobre as bases constitucionais das proposta do programa escola sem partido que é
base da proposta apresentada no legislativo .

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1- ESCOLA SEM PARTIDO
O Programa Escola sem Partido surgiu como uma proposta que buscava tornar
obrigatório a afixação em todas as salas de aula ,o ensino fundamental ao médio, um
cartaz com dez direitos do estudante. Segundo o site, o objetivo do programa seria
promulgar uma lei que pudesse coibir o abuso da autoridade do professor dentro de sala de
aula. O único objetivo seria a divulgação dos deveres de aprendizagem dos estudantes;
“Esses deveres ​já existem,​ pois decorrem da ​Constituição Federal e da ​Convenção Americana sobre
Direitos Humanos​. Isto significa que os professores ​já são obrigados a respeitá-los ‒c, sob pena de
ofender:

● a liberdade de consciência e de crença e a liberdade de aprender dos alunos (art. 5º, VI e


VIII; e art. 206, II, da CF);
● o princípio constitucional da neutralidade política, ideológica e religiosa do Estado (arts. 1º,
V; 5º, caput; 14, caput; 17, caput; 19, 34, VII, ‘a’, e 37, caput, da CF);
● o pluralismo de ideias (art. 206, III, da CF); e
● o direito dos pais dos alunos sobre a educação religiosa e moral dos seus filhos (Convenção
Americana sobre Direitos Humanos, art. 12, IV))

Portanto, o único objetivo do Programa Escola sem Partido é informar e conscientizar os estudantes
sobre os direitos que correspondem àqueles deveres, a fim de que eles mesmos possam exercer a
defesa desses direitos, já que dentro das salas de aula ninguém mais poderá fazer isso por eles.
(/​www.programaescolasempartido.org​)

Uma leitura mais atenta indica que o autor tem um pressuposto bem claro; o
professor tem que ser cerceado devido aos seus valores em sua conduta. Segundo ele,
os professores são obrigados a cumprir uma série de deveres decorrentes da legislação
vigente.

Em 2013 Miguel Najib escreveria um artigo publicado no site do CONJUR, de


nome “​Liberdade de consciência; Professor não tem direito de fazer a cabeça de
aluno”​. O problema de Najib constrói ali o “professor doutrinador”, sua questão
principal é, se é lícito que o professor se aproveite de sua liberdade de cátedra e de uma
platéia cativa. Se ele pode dizer que está ensinando cidadania, entretanto o professor
estaria se aproveitando de sua platéia cativa para doutrinar os alunos sob sua
responsabilidade.

Najib entende que o professor é um ativista de esquerda, qual professor você


pode se perguntar , mas no texto ele não exclui nenhum. Ele, professor, que determina

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os conhecimentos válidos dentro das salas de aula, ao aluno cabe, mesmo que tenha
atitude crítica, a conformação porque não conseguirá se libertar da influência dele, pois
o pensamento divergente seria controlado pelas notas dadas.

Najib vê um paradoxo na legislação, e esse é para ele o problema, pois onde a


liberdade de ensinar autoriza a liberdade de cátedra, também permite por meio da
relação entre aluno e professor, o direito constitucional de aprender, então existe uma
dupla liberdade, mas somente uma é discutida colocando o aluno em situação de
desconhecimento de seus direitos constitucionais. O advogado define assim seu
entendimento sobre essa liberdade;

Como se vê, ao lado da liberdade de ensinar dos professores — a chamada liberdade de cátedra —, a
Constituição Federal também garante a liberdade de aprender dos estudantes. Seja qual for, na sua máxima
extensão, o conteúdo jurídico dessa liberdade de aprender, uma coisa é certa: ele compreende o direito do
estudante a que o seu conhecimento da realidade não seja manipulado pela ação dolosa ou culposa dos seus
professores. Ou seja: ele compreende o direito do aluno de não ser ​doutrinado por seus professores. Esse
direito nada mais é do que a projeção específica, no campo da educação, da principal liberdade assegurada pela
​ liberdade de consciência é absoluta. Os indivíduos são 100% livres
Constituição: ​a liberdade de consciência. A
para ter suas convicções e opiniões a respeito do que quer que seja. Ninguém pode obrigar uma pessoa, direta
ou indiretamente, a acreditar ou não acreditar em alguma coisa.

(​https://www.conjur.com.br/2013-out-03/miguel-nagib-professor-nao-direito-cabeca-aluno​)

Fica patente o entendimento de quem é o professor para Miguel Najib, alguém


que descumpre as garantias fundamentais de cidadão de forma pensada e planejada,
com um fim definido, doutrinar.

Sobre as pessoas diria Najib em seu artigo; “​O Estado pode obrigá-la a fazer ou
não fazer alguma coisa, mas não pode pretender invadir a consciência do indivíduo
para forçá-lo ou induzi-lo a ter essa ou aquela opinião sobre determinado assunto”(
).​ Talvez Najib tenha entendido que vivíamos um período de imposição cultural, não
uma democracia. O Estado estaria manipulando as escolas e ,por meio de seus
professores ,uma grande campanha de manipulação estaria ocorrendo ,isto tinha que
ser parado.

2 ​A LIBERDADE DE PENSAMENTO E A NEUTRALIDADE WEBERIANA


Najib acusa os professores de instrumentalizar as aulas visando o controle
ideológico de seus alunos:

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A doutrinação política e ideológica em sala de aula ofende a liberdade de
consciência do estudante; afronta o princípio da neutralidade política e
ideológica do Estado; e ameaça o próprio regime democrático, na medida em
que instrumentaliza o sistema de ensino com o objetivo de desequilibrar o jogo
político em favor de um dos competidores.
https://www.programaescolasempartido.org/
A doutrinação tinha uma finalidade afinal, desequilibrar o jogo político por meio
do controle da juventude inocente que segue sem questionar a tal programa
educacional. Entretanto Najib tem um modelo que acredita ser o comportamento ideal
e esperado de conduta que os professores poderiam seguir. Esse modelo é o modelo de
cientista, de Max Weber. Najib cita em sua página a seguinte passagem que atribui ao
autor mais sem citar de qual obra ;
Em uma sala de aula, a palavra é do professor, e os estudantes estão condenados
ao silêncio. Impõem as circunstâncias que os alunos sejam obrigados a seguir os
cursos de um professor, tendo em vista a futura carreira; e que ninguém dos
presentes a uma sala de aula possa criticar o mestre. É imperdoável a um
professor valer-se dessa situação para buscar incutir em seus discípulos as suas
próprias concepções políticas, em vez de lhes ser útil, como é de seu dever, através
da transmissão de conhecimento e de experiência científica
https://www.programaescolasempartido.org/
Primeiro seria interessante entender qual é a perspectiva de ciência de Weber. Ele
parte de uma possibilidade de neutralidade. A ciência de que Weber fala é uma ciência
que seja válida para mim e para o chinês. Esse é o nível de ciência que ele fala, uma
ciência incapaz de produzir verdades, mas capaz produzir um saber instrumental
constituído como formas ideais. Cada tipo ideal seria único, contudo permitiria
aproximações com situações semelhantes, com pontos de contatos, mas nunca
iguais,pois cada uma está em momentos específicos.
Então quando Weber propõem uma ciência ele quer uma neutralidade
axiológica. Em seu livro ​Metodologia das Ciências Sociais f​ ica claro o que ele
entende como possibilidade de alcance dessa ciência social de que fala, e do que ela
​ entendimento traçado por ele se reflete na linha editorial da revista
não vai fazer​. O
​ rchiv für Sozialwissenschaft (Arquivo para
em que ele fará parte do corpo editorial, A
ciência Social):
Uma ciência empírica não pode ensinar a ninguém o que deve fazer só lhe é dado (em
certas circunstâncias) o que quer fazer. É verdade que no setor das nossas atividades

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científicas, continuadamente são introduzidos elementos da cosmovisão pessoal, bem como
na argumentação científica (pág 111).
e ainda;
..quando uma determinada instituição não-econômica realiza também
historicamente, uma determinada função a serviço de quaisquer interesses
econômicos de classe -isto é quando se converte em instrumento desta, como no
caso de determinadas instituições religiosas que se deixam utilizar como política
negra- essa instituição é apresentada como expressamente criada para tal
função , ou em sentido c​ ompletamente metafísico, como tendo sido moldada por
uma tendência de desenvolvimento de caráter econômico (pág 123)​.
A leitura Weberiana de Najib é transposta no voto de constitucionalidade do
projeto de lei apresentado na Câmara dos Deputados. O projeto de lei nº 7180, de 2014
( PLs nº 7.181/ 2014, 867/2015, 6.005/2016, 8.933/2017, 9.957/2018, apensados)
visando alterar o artigo 3º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB). O voto
do deputado Flavinho (PSL-SP) é sobre a questão da constitucionalidade dos projetos
de lei e em tese deve se valer do que preconiza a Constituição Federal. A construção de
um Estado Democrático de Direito fundamentado em princípios não pode prescindir da
educação e cita então o artigo 205 da constituição Federal;
artigo 205 ​Cf ​A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho​;
artigo 206 Cf O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I -
igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
Entretanto, o direito do aluno de aprender é segundo a interpretação do relator
do voto, igual a do professor de ensinar, pois é assim que se constrói a relação
ensino-aprendizagem. O professor deve executar a atividade docente, porém não em
benefício próprio, assim define a possibilidade de uma neutralidade;
..o professor não se acha acima da lei, a autonomia de que goza acha-se restrito
ao exercício de suas atribuições e sofre limites por um círculo maior de
legalidade… acha-se limitada por normas governamentais, planos diretrizes e
circulares (pág 6)
E quais são as leis que delimitam e que podem trazer luz a possível doutrinação
do professor e que podem esclarecer os estudantes de seus direitos?

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Trata-se do “Primeiro Dever do Professor” a ser impresso no cartaz, nos termos
da proposição principal. É neste sentido, de presença obrigatória, que se deve entender
a expressão que consta no projeto, a saber, “audiência cativa”; não no sentido, suposto
por alguns, de que os alunos seriam uma espécie de audiência passiva, e moldável,
diante do professor.( pág 07)
Deste ponto em diante os dez mandamentos do cartaz do movimento ​Escola Sem
Partido passam a pautar o voto do relator que declarou a constitucionalidade da lei,
encerra dizendo;
Além disso, o que se insere agora na LDB também se constituirá em vetor interpretativo
para as legislações específicas porventura editadas pelos sistemas de ensino federal,
estadual e municipal, vez que a LDB é lei nacional, não federal, ou seja, não obriga
apenas as instituições de ensino federal, mas todas as que se encontram em território
brasileiro. Mas é importante que se destaque que mais do estabelecendo ou
modificando diretrizes e bases, o que se está com a presente matéria é salvaguardando
os direitos constitucionais dos educandos, vilipendiados a todo instante por esse imenso
Brasil pelos que fazem da doutrinação seu modo de ensinar(​ pág 21)
Segundo o relator ser responsável é garantir que qualquer mudança que venha a ser
feita em nosso sistema jurídico sejam avaliadas as consequências justamente para não se
colocar em cheque o republicanismo e principalmente a família. Portanto, diz o relator, é
importante uma mutação do texto da LDB​. ​Conclui pela constitucionalidade e afirma
“deve-se inibir a implementação político ideológica destes planos idealizados ou visões de
mundo -e de sociedade- que procuram impor-se hegemonicamente, quando na verdade não
passam de apenas só mais uma concepção abstrata dentre muitas”.

3 A ESCOLA SEM PARTIDO E OS INSTRUMENTOS DE JUDICIALIZAÇÃO

O movimento ​Escola Sem Partido propoẽm instrumentos para que os alunos, em


sala de aula, ao reconhecer o professor fazendo o que o movimento define como
doutrinação, o acione em juízo. Ou seja , leve a disputa pelo direito às aprendizagens
aos tribunais para que ele se manifeste sobre o assunto.

Então é preciso entender em que momento se define a função do judiciário.


Quando se deu a separação dos poderes na conformação do Estado Brasileiro
definiu-se pelos ideais do iluminismo como aconteceu em boa parte dos estados
ocidentais pós revolução francesa. A Constituição Federal de 1988 consagrou a
separação entre os três poderes. Os poderes são segundo a Carta Magna,

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independentes e harmônicos entre si, este princípio é chamado cláusula pétrea e visa
garantir basicamente que exista a liberdade individual.

O judiciário tem a função desde então de restabelecer a lei e a ordem entre


indivíduos, o judiciário aplica a lei e “pacífica” as disputas. O executivo e o legislativo
consagram a democracia pela representatividade, eles são formados por quadros
eleitos, enquanto o judiciário passa pela seleção dos concursos públicos.

O que garante essa isonomia entre os poderes é o conceito de ​check and


balances, ou freios e contra pesos. Ao menos é que preconiza o artigo 2º da
Constituição Federal. Os poderes são independentes e harmônicos entre si.
Basicamente o ideal iluminista visa colocar uma igualdade de condições para evitar
uma concentração de força que desequilibraria o sistema.

A Constituição também define que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de


fazer algo se não em virtude da lei, o princípio da legalidade- Princípio da Legalidade
- Artigo 5, Inciso II, CF/88. Em tese o que não é proibido é permitido, portanto no
caso das aulas ministradas a liberdade de pensamento e a liberdade de cátedra estão
garantidos pelos artigos 205 e 206 da Constituição. Ainda que o professor esteja
agindo de forma individual, tenha uma ação individual, ela é regida por ações
positivas ou ações negativas. Essas definem o que é permitido ao indivíduo fazer, e
onde a lei não dispuser sobre o que fazer vigora, então ,o princípio da autonomia da
vontade

Najib, que é advogado, sabe disso, então ele organiza instrumentos legais para
judicializar, para convencer aos juízes que não é bem assim, ele propõem que a
relação dos professores sejam entendidas dentro de uma relação de consumo de um
serviço prestado aos cidadãos. E de respeito ao direito constitucional às aprendizagens.

NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL

Ao Sr. Fulano de Tal , Endereço (profissional), CEP

Prezado Professor,

1.Na condição de pai de um dos seus alunos, dirijo-me a Vossa Senhoria para comunicar-lhe formalmente,
em caráter premonitório, algumas de minhas apreensões e exigências relativamente à educação do meu
filho. Faço-o de forma anônima para que ele não venha a sofrer nenhum tipo de represália.

2.Como sabe Vossa Senhoria, muitos professores se aproveitam da função docente e da audiência cativa
dos alunos, para promover suas próprias concepções, opiniões e preferências políticas e ideológicas.

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Segundo pesquisa realizada em 2008 pelo Instituto Sensus, 80% dos professores reconhecem que seu
discurso em sala de aula é “politicamente engajado”.

3.Utilizando como desculpa o argumento da inexistência da neutralidade na ciência, esses professores


sentem-se desobrigados, profissional e eticamente, de fazer qualquer esforço para conhecer o outro lado de
questões controvertidas existentes no campo da sua disciplina; e, como resultado, acabam aprisionando seus
inexperientes alunos nas mesmas gaiolas ideológicas em que foram encerrados por seus professores.

4.A pretexto de incentivar o exercício da cidadania por parte dos estudantes, não são poucos os seus colegas
de magistério que abusam da sua autoridade e ascendência sobre eles para incitá-los a participar de
campanhas salariais (“em defesa da educação”), greves, passeatas, invasões e manifestações,

https://www.programaescolasempartido.org/

A Justificativa do ato na página é que peticionar é uma das formas de ​prevenir o


abuso da liberdade de ensinar por parte do professor ​. A notificação extrajudicial visa
garantir que o professor “​se abstenha de adotar certas condutas em sala de aula, sob
pena de responder judicialmente pelos danos que vier a causar”​.

Na prática de sala de aula quer dizer que: o conteúdo que for entendido pelo
ponto de vista de quem está lá para aprender será avaliado pelo “consumidor” do
serviço ,se este entender que está sendo doutrinado ,deve denunciar com o instrumento
alí proposto. Najib não se detém por esse mecanismos e para favorecer as provas da
doutrinação ele propõe outro instrumento jurídico que garanta e possibilite da gravação
em vídeo da aula. E o professor ,segundo o advogado, vai causar o dano;

Fulano de Tal, [nacionalidade, estado civil, profissão, documento de identidade, CPF e endereço], e
seu filho Beltrano de Tal, [nacionalidade, estado civil, profissão, documento de identidade, CPF e
endereço], ora representado por seu pai, vêm, respeitosamente, por seu advogado, impetrar, com
fundamento no artigo 1o da Lei 12.016/2009, o presente MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO,
a fim de assegurar que o seu direito líquido e certo de efetuar o registro fonográfico das aulas ministradas
na(o) [nome da instituição de ensino] não sofra nenhuma restrição por parte da autoridade impetrada ‒
[identificar pelonome e função o dirigente da instituição de ensino] ‒, tendo em vista os motivos que passa
a expor:

OS FATOS E O DIREITO

1. O segundo impetrante é aluno matriculado na instituição de ensino dirigidapela autoridade


coatora, como faz prova o documento anexo [juntar comprovante de matrícula ou documento similar].

2. Nessa qualidade, é obrigado a assistir às aulas ministradas por seus professores, e a manter uma
rotina de estudo que possibilite a assimilação do conteúdo transmitido oralmente, de modo a obter boas
notas e progredir na vida acadêmica, com vistas ao ingresso em alguma universidade.

3. Vem daí o seu interesse de efetuar, além das anotações escritas, o registro fonográfico das aulas
ministradas, a fim de poder ouvi-las novamente em casa.

4. Trata-se, aqui, do pleno exercício do direito constitucional à educação, que não compreende
apenas o direito/dever de frequentar a escola e assistir às aulas, mas inclui também o direito à utilização dos
meios necessários e úteis ao efetivo aprendizado do aluno

5. Entre esses meios destaca-se, por sua eficácia, o registro fonográfico das aulas. Assim, ao voltar
para casa e ouvir novamente as exposições e explicações dos mestres, o impetrante poderá aprimorar e
solidificar seu conhecimento sobre as matérias abordadas em sala, exercendo, em plenitude, o seu direito
constitucional à educação.

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6. Já o primeiro impetrante, na condição de pai do segundo, tem o direito líquido e certo de "ter
ciência do processo pedagógico" vivenciado por seu filho, o que compreende o direito elementar de saber o
que, efetivamente, está sendo ensinado na escola.

7. Expressamente previsto no artigo 53, par. único, do Estatuto da Criança e do Adolescente, o


direito dos pais de ter ciência do processo pedagógico se fundamenta no artigo 229 da Constituição Federal,
que impõe aos pais o dever de "criar e educar os filhos menores". Há de entender-se que a esse dever
eminente dos pais corresponde o poder de acompanhar, tão de perto quanto possível, a vida escolar dos seus
filhos menores, até mesmo para saber se o direito assegurado pelo artigo 12, 4, da Convenção Americana
sobre Direitos Humanos ‒ “Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que seus filhos ou pupilos
recebam a educação religiosa e moral que esteja acorde com suas próprias convicções.” ‒ não está sendo
desrespeitado por professores ativistas que abusam da audiência cativa dos alunos para promover suas
próprias convicções e preferências ideológicas ‒ notadamente a ideologia de gênero ‒, religiosas e morais.

8. Além disso, dispõe o artigo 206, VII, da Constituição:

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

VII - garantia de padrão de qualidade.

9. Ora, é evidente que o segundo impetrante ‒ usuário direto do serviço ‒ não possui a experiência e a
maturidade necessárias para avaliar se essa garantia constitucional está sendo observada pela escola. Pelo
contrário: o estudante, quase sempre, é “cúmplice” do professor “camarada”, mas negligente, que
desperdiça o tempo precioso das aulas com assuntos estranhos ao conteúdo programático, poupando-se do
esforço de lecionar sua disciplina, e poupando os alunos do indispensável mas, para a esmagadora maioria,
nada prazeroso estudo da matéria. É o conhecido "pacto da malandragem", no qual o professor finge que
ensina, e o aluno finge que estuda. Desse modo, seja pela sua inexperiência, seja pela sua proverbial
inclinação à "lei do menor esforço", os alunos não são, definitivamente, bons juízes da qualidade dos
serviços prestados pelas escolas. Esse julgamento deve ser feito por aqueles que têm o dever constitucional
de assisti-los, criá-los e educá-los: seus pais ou responsáveis. Por isso, não há como deixar de
reconhecer-lhes o direito de conhecer e avaliar a qualidade do serviço prestado pelos professores durante as
aulas.

10. Esse direito também se fundamenta no princípio constitucional da eficiência e nos incisos I e III do § 3°
do artigo 37 da Constituição Federal:

§ 3o A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta,


regulando especialmente:

I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de


serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços;

III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
administração pública.

11. Para exercer o direito de reclamar dos serviços públicos e representar contra o exercício abusivo de
cargo, emprego ou função pública é preciso saber exatamente contra o que reclamar e representar.

12. Cabe mencionar ainda o disposto no artigo 6o, X, do Código de Defesa do Consumidor:

Art. 6o. São direitos básicos do consumidor:

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

13. Por outro lado, tendo em vista a condição de hipossuficiente do segundo impetrante, cumpre aos seus
representantes legais o dever de zelar pelo respeito a outros direitos que lhe são assegurados pela
Constituição Federal, enquanto usuário direto do serviço prestado pela escola, quais sejam: o direito à
educação de qualidade, à liberdade de consciência e de crença, ao pluralismo de ideias, à laicidade do
Estado, à impessoalidade (enquanto usuário de um serviço público), à intimidade, à liberdade de aprender, e
à integridade psíquica e moral.

14. Trata-se, aqui, do dever a que alude o artigo 70 do ECA:

Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do
adolescente.

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15. A existência desse dever pressupõe, igualmente, o direito do primeiro impetrante de ter conhecimento
do processo pedagógico vivenciado por seu filho em sala de aula, o que apenas o registro fonográfico das
aulas pode proporcionar de forma plena.

16. Embora pudessem efetuar a gravação ambiental das aulas sem o conhecimento da escola ‒ visto que o
STF reconhece a licitude de tal conduta ao afirmar a validade das provas obtidas com o uso desse recurso ‒,
os impetrantes entendem que a gravação realizada de forma ostensiva, além de respeitar a relação de
confiança que deve existir entre a família e a escola, tem o condão de inibir a prática de abusos, por parte de
professores ativistas e militantes que usam a sala de aula para promover suas próprias preferências
ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias, em afronta aos direitos constitucionais dos estudantes
e seus pais ou responsáveis. Cientes de que estão sendo gravados, esses professores tenderão a ser mais
cuidadosos e moderados no uso da palavra, evitando problemas para si mesmos e para as escolas onde
lecionam.

17. É evidente que nem a escola, nem os professores poderiam opor-se à realização do registro fonográfico
das aulas, já que a educação é serviço público sujeito ao princípio constitucional da publicidade. Vale dizer:
o professor, em sala de aula, não pode reivindicar o direito à privacidade e, muito menos, ao sigilo.

18. Por fim, não se poderia negar aos destinatários de uma fala o direito de registrá-la, com o objetivo de
reconstituir a verdade, se e quando necessário, principalmente se esses destinatários são crianças ou
adolescentes, indivíduos a quem a Constituição assegura proteção integral e prioritária.

JUSTO RECEIO

19. A despeito da transparente liquidez e certeza do direito dos impetrantes, existe hoje o justo receio de
que a escola dirigida pela autoridade coatora não autorize a gravação pretendida.

20. Com efeito, graças à proibição do uso de celulares em sala de aula, disseminou-se nos ambientes
escolares o abusivo entendimento de que a gravação das aulas também seria proibida. Isso, decerto, em
razão de tais aparelhos possuírem, entre outras, a função de gravador. É evidente, porém, que a proibição do
uso de smartphones somente se justifica por motivos estritamente pedagógicos ‒ para impedir, por
exemplo, que o aluno se distraia ou atrapalhe o andamento da aula ‒, sempre no interesse do próprio
estudante.

21. Não obstante, segundo pesquisa realizada em 2015 pelo Instituto Crescer, apesar de o aparelho celular
estar nas mãos de 92% dos jovens, em 69% das unidades de ensino públicas, seu uso é proibido inclusive
para atividades escolares.

22. Mais recentemente, na onda de histeria que se seguiu à legítima iniciativa de uma deputada catarinense
de recomendar aos estudantes daquele Estado que gravassem as falas de professores que usassem suas aulas
para atacar o então presidente eleito Jair Bolsonaro, diversos atos espúrios foram editados por autoridades
públicas, subordinando ilegalmente o direito dos alunos e dos de gravar as aulas ao arbítrio dos professores,
o que contribuiu para espalhar ainda mais desinformação sobre o tema.

23. No Maranhão, o Governador Flávio Dino estabeleceu, por decreto, que "professores, estudantes e
funcionários somente poderão gravar vídeos ou áudios, durante as aulas e demais atividades de ensino,
mediante consentimento de quem que será (sic) filmado ou gravado."

24.No Ceará, o Conselho Estadual de Educação aprovou a Resolução no

471/2018, que prescreve:

Art. 3o É vedado no ambiente escolar:

V – a qualquer integrante da comunidade escolar, seja professor, estudante ou servidor, filmar, fotografar
ou gravar aulas ou qualquer outra manifestação de pensamento ou de expressão, para fins de violação de
direitos.

25. A má-fé dessas autoridades é criminosa. Para disfarçar o objetivo de encobrir os abusos praticados por
professores no segredo das salas de aula, a proibição se dirige cinicamente a toda a comunidade escolar ‒
inclusive aos professores! ‒, sabendo-se, obviamente, que só os alunos e seus pais possuem verdadeiro
interesse na gravação das aulas.

26. Vergonhosamente, o próprio Ministério Público, tanto federal como estadual, também vem colaborando
para inibir o exercício do direito dos estudantes e seus pais de efetuar o registro fonográfico das aulas, por
meio de recomendações propositalmente vagas, nas quais as autoridades educacionais são instadas a

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impedir "qualquer forma de assédio moral" e "intimidação" a professores. A notícia abaixo, extraída da
página do MPF na internet, esclarece perfeitamente o contexto e o objetivo das citadas recomendações:

"O Ministério Público Federal em Chapecó (SC) recomendou às instituições de ensino superior da região e
gerências regionais de educação, que se abstenham de qualquer atuação ou sanção arbitrária e, mesmo, que
impeçam qualquer forma de assédio moral a professores, por parte de estudantes, familiares ou
responsáveis. A recomendação atende representações recebidas pelo Ministério Público Federal (MPF)

informando que a deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo estaria conclamando estudantes a
realizar filmagens do que denomina “professores doutrinadores”. Segundo ela, os docentes “inconformados
e revoltados” com o resultado da eleição para presidente da República, fariam das salas de aula “auditório
cativo para suas queixas político-partidárias”, insuflando os estudantes a filmar e gravar todas as
manifestações que, em seu entendimento, seriam “político-partidárias ou

ideológica (sic)”. Na recomendação, o MPF esclarece que pesquisas realizadas no Facebook “denotam que
efetivamente a deputada estadual catarinense, eleita no recente pleito, manifestou-se nesse sentido”. O MPF
considera ainda que a conduta, “além de configurar flagrante censura prévia e provável assédio moral em
relação a todos os professores do estado de Santa Catarina – das instituições públicas e privadas de ensino,
não apenas da educação básica e do ensino médio, mas também do ensino superior – afronta claramente a
liberdade e a pluralidade de ensino”.

27. O objetivo, como visto, é induzir a sociedade a acreditar que a gravação das aulas configura, não o
exercício regular de um direito, mas "assédio moral" aos professores.

28. A desinformação, todavia, não é o único nem o principal expediente utilizado para impedir alunos e pais
de exercer o seu direito de efetuar o registro fonográfico das aulas. A intimidação mafiosa também vem
sendo largamente utilizada por aqueles que reivindicam para os docentes o absurdo direito ao sigilo em sala
de aula.

29. É o que se vê na seguinte orientação transmitida ao professorado pelo

ANDES-Sindicato:

A utilização de celular e/ou outro equipamento que permita a gravação em sala de aula somente poderá
ocorrer com autorização do/a professor/a.Acaso a gravação ocorra sem esse consentimento, e seja utilizado
para outros fins, isso pode ensejar medidas judiciais cíveis e criminais contra o/a autor/a das ameaças e/ou
ofensas. Importante! Faça prova do fato e procure a assessoria jurídica de sua seção sindical para orientação
imediatamente. Sugerimos que já seja explicitado no programa do curso, entregue no início do semestre, a
proibição para gravação e fotografar as aulas;

30. O recurso à intimidação também é recomendado por um "Manual de defesa contra a censura nas
escolas", produzido por um coletivo de entidades e movimentos de esquerda, com a inacreditável chancela
do Ministério Público Federal, por meio da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, sob o comando
da conhecida militante Déborah Duprat:Destacamos: no caso de gravações de aula por alunos por meio de
celular como parte de ameaças relativas a abordagens de conteúdospedagógicos previstos na legislação
educacional, a professora ou professor jamais deve tentar arrancar o celular das mãos dos alunos ou cometer
qualquer ato de violência contra os estudantes. Comunique de forma calma e objetiva ao aluno em questão
que será documentado o ocorrido junto à diretoria escolar, ao sindicato e aos órgãos de gestão educacional e
informe esses órgãos o mais rapidamente possível sobre a situação.

31.O Coletivo Nacional de Advogados de Servidores Públicos - CNASP também aposta, descaradamente,
no logro, na desinformação e na intimidação dos alunos: Vale lembrar, somando-se aos mencionados
dispositivos protetivos do docente, que alguns estados (no caso dos servidores estaduais) possuem leis que
dispõe sobre a proibição do uso de telefone celular nas escolas, podendo a instituição de ensino se valer
dessa lei para coibir o uso desautorizado de quaisquer gravações nesse sentido. Tais gravações também
podem ser desautorizadas diante do fato que sua veiculação feriria o direito de imagem e/ou direitos
autorais do docente, que possui a propriedade intelectual sobre a aula que expõe e do material por ele
produzido para o apoio pedagógico. (...)

Outra recomendação, é que o professor avise as turmas, de modo público, se permite ou proíbe a gravação e
filmagem da aula e que haverá sanção disciplinar para quem descumprir a regra. Uma opção é fazer o aviso
constar do programa da disciplina. Caso a aula seja gravada, depois de um aviso público de que o professor
não permitia tal prática, ou da própria instituição vedando tal prática, o docente pode adotar as medidas
disciplinares cabíveis. Se a proibição estiver prevista em normas internas da instituição, esta deve ser
comunicada.

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32. Como se vê, está presente e demonstrado na espécie o justo receio de que a autoridade coatora não
permitirá ou criará embaraços ao exercício do direito líquido e certo dos impetrantes de efetuar o registro
fonográfico das aulas dos seus professores, o que justifica o caráter preventivo do mandamus.

32. Como se vê, está presente e demonstrado na espécie o justo receio de que a autoridade coatora não
permitirá ou criará embaraços ao exercício do direito líquido e certo dos impetrantes de efetuar o registro
fonográfico das aulas dos seus professores, o que justifica o caráter preventivo do mandamus.

MEDIDA LIMINAR

33. O início das aulas está marcado para o próximo dia [inserir data]. É iminente, portanto, a lesão ao
direito líquido e certo dos impetrantes.

34. Assim, e tendo em vista que o fumus boni juris também se encontra fartamente demonstrado, requerem
os impetrantes a concessão de medida liminar para que o segundo impetrante possa efetuar o registro
fonográfico de suas aulas na escola dirigida pela autoridade coatora, mediante o uso de smartphone ou
equipamento similar.

35. Ante o exposto, requerem os impetrantes seja concedido o mandado de segurança, reconhecendo-se o
direito líquido e certo dos impetrantes de efetuar o registro fonográfico das aulas ministradas na escola
dirigida pela autoridade coatora.

(​http://www.escolasempartido.org/artigos-top/677-escola-sem...liza-modelo-de-peticao-para-garantir-direito
-de-gravar-aulas​)

Segundo Maria Luiza Quaresma Tonelli em seu livro Judicialização da


Política(2016)a judicialização é um fenômeno de cunho muito mais político do que
judicial, ele acontece dentro dos espaços da justiça, por personagens ligados a ela ,mas
seus objetivos são totalmente diferentes. A autora reconhece que o Estado de direito
fundamenta se na democracia e na soberania popular. Afirma ainda que existe um
problema no seio do Estado Democrático de Direito.

Esse problema fala sobre valores ontológicos e originários do próprio Estado de


Direito, a saber, a possibilidade da decisão pelo povo. Essa possibilidade tensiona a
relação entre o direito e a democracia. Para Tonelli ambos são opostos, o primeiro é
estabelecido por normas consolidadas entendida como segurança jurídica, está ligada,
de certa forma, precisam de uma certa regularidade, chamada estabilidade jurídica, a
democracia entretanto se fortalece de dois modos, o primeiro a representatividade por
seus eleitos, mas existe a possibilidade da organização do povo em grupos afinal em
tese o poder emana do povo.

O autor(a) afirma No livro Patterns of Democracy Government Forms and


Performance in Thirty-Six Countries, second edition, Arend LIJPHART chama a
discussão como tese de abertura das discussões de seu livro;

The majoritarianism-consensus contrast arises from the most basic and literal definition
of democracy—government by the people or, in representative democracy, government

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by the representatives of the people—and from President Abraham Lincoln’s famous
further stipulation that democracy means government not only by but also for the
people—that is, government in accordance with the people’s prefererences. (cap 1, pag
1)

O Objetivo deste trabalho não vai aprofundar as discussões de LIJPHART, pois


nos afastaria do foco da judicialização. Tonelli nos coloca em perspectiva a
consideração da representação do sujeito nas decisões das democracias principalmente
porque a lógica da judicialização inverte a regra da representação democrática. Essa
baseada na vontade da maioria, onde as decisões tomaram força e se legitimam pelo
povo.

O poder judicial pelo ativismo foge muitas vezes do seu papel garantista e acaba
demonstrando um enfraquecimento do papel legalista ou garantista . Segundo Tonelli
“Afinal, maiorias ocasionais não podem cercear nem violar os direitos das minorias”,
e mais ainda maiorias ocasionais não podem se impor sem uma discussão efetiva com
as diversas representações sociais e atropelar cláusulas constitucionais para agradar
momentos sociais. conclui a autora

o processo de despolitização da democracia e da própria política quando setores conservadores da


sociedade defendem a supremacia judicial, em detrimento dos poderes políticos. Isso contribui menos para
uma saudável cultura dos direitos dos cidadãos e muito mais para a ideia de que a democracia se reduz ao
regime da lei e da ordem, excluindo e até criminalizando os conflitos, inerentes a qualquer sistema
democrático.( Pag 06)

CONCLUSÃO

Deve ser mais aprofundada a relação entre a tentativa de cercear o processo de


educação e uma pretensa censura judicial, pelo ativismo. Em nenhum momento o
movimento Escola Sem Partido propõe argumentos sobre linhas de pensamento, ou
explicação com bases concretas.

Entretanto parece propor um silêncio por meio judicial dos professores, uma
intimidação sobre as práticas pedagógicas, sem demonstrar fatos e recortes de peso e
representatividade dentro do campo social. De verdade se utiliza de factoides, que ele
mesmo colhe em seus site de mais nenhuma fonte.

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Tendo por alvo os professores, busca na Câmara aprovar um projeto que tem
como base o seu próprio projeto. O projeto de lei 7180 DE 2014 que afirma sem
dados, algo certamente questionável como metodologia de pesquisa, o PL usa
argumentos que têm como fonte o projeto do criador do ​projeto escola sem partido.​
Legitima o próprio projeto pelos argumentos e cita a Constituição de forma superficial
sem aprofundar seu significado enquanto valores ontológicos.

Fato é que o crescimento das vias judiciais como solução de problemas políticos
podem favorecer práticas que subvertem as separações dos poderes consagrada pela
constituição de 1988, talvez seja esse mesmo o objetivo

Águas paradas geram o lodo da estagnação e o mau cheiro do passado que não quer
passar, em busca da manutenção de coisas erradas que se instrumentalizaram na
perpetuação de privilégios. As coisas mudam. A sociedade evolui. E cobra. Já não
aceitamos mais menos do que temos direito. Deputado FLAVINHO (PSC SP pág 21, voto
de constitucionalidade do PL ​7180 DE 2014

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REFERÊNCIAS:
BRASIL.​Constituição Federal​.1988 Disponível em
​<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm​>.
Acesso em 14 jun. 2018.
CÂMARA DOS DEPUTADOS DO BRASIL. Disponível em: <http://www.camara.gov.br>.
Acesso em: 25 de setembro de 2019.
CÂMARA DOS DEPUTADOS DO BRASIL. Disponível em: <http://www.camara.gov.br>.
Acesso em: 25 de setembro de 2019
CHÂTELET, François, Olivier Duhamel, Evelyne Pisier; Historia das Idéias Politicas.
Tradução Carlos Nelson Coutinho- 2 ed- Rio de Janeiro: Zahar, 2009
(​https://www.conjur.com.br/2013-out-03/miguel-nagib-professor-nao-direito-cabeca-aluno​)
Acesso em: 20 de setembro de 2019.
(​http://www.escolasempartido.org/artigos-top/677-escola-sem...liza-modelo-de-peticao-para-g
arantir-direito-de-gravar-aulas​) Acesso em: 20 de setembro de 2019
https://www.programaescolasempartido.org/​ Acesso em: 20 de setembro de 2019

HAMILTON, Alexander. O federalista, por Alexandre Hamilton, James Madison e John Jay.
Tradução de Heitor de Almeida Herrera. Brasilia, Editora Universidade de Brasília, 1984
LIJPHART,Arend, PATTERNS of Democracy, Government Forms and Performance in
Thirty six countries, New Haven and London: Yale University Press: Acesso em: 04 de
outubro de 2019.
TONELLI, Maria Luiza Quaresma judicialização da esquerda, São Paulo: Editora Fundação
Perseu Abramo. 2016
WEBBER, Max, Metodologia da Ciências Sociais, parte 1,Tradução de Austin Wernet;
introdução a edição brasileira Mauricio Tratenberg- 3 ed - São Paulo - Cortez Editora;
Campinas,1999

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