6 REGIÃO DO CARIRI, DE 26 DE NOVEMBRO A 02 DE DEZEMBRO DE 2019

Conscientização CARIRI NO COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Trabalho

Pôr fim à violência contra as mulheres:

das palavras aos atos
Segundo um novo estudo
do Secretário-Geral das
Nações Unidas, a violência
contra as mulheres subsis-
te em todos países do
mundo como um flagelo
generalizado, que põe em
perigo a vida das mulheres
e viola os seus direitos.
Essa violência empobrece
as famílias e comunidades,
consome os recursos dos
governos e entrava o desen-
volvimento económico.
A existência da
violência contra as mulhe-
res como um fenómeno
generalizado e o facto de
continuar a ser praticada
com impunidade são claros
indicadores da incapacida-
de revelada pelos Estados
no que se refere a cumprir
plenamente o seu dever de
proteger as mulheres.
Apesar dos avan-
ços, em especial em maté-
ria de criação do quadro
jurídico e político interna-
cional para fazer face à
violência contra as mulhe-
res como uma violação de
direitos humanos, conti-
nua a haver um fosso no
plano da aplicação entre
as normas internacionais
e as leis, políticas e práti-
cas nacionais.
Ainda não foram
dados à violência contra as
mulheres a atenção priori-
tária e os recursos que
requer, se pretendermos
abordar a questão com “a
seriedade e visibilidade”
necessárias. Segundo Kofi
Annan, enquanto a violên-
cia contra as mulheres
continuar a existir, “… não
podemos afirmar que
estamos a avançar
realmente em direção à
igualdade, ao desenvolvi-
mento e à paz”.

Sintetizando outros estudos
realizados em todo o
mundo, o presente levanta-
mento mostra que a violên-
cia contra as mulheres é um
fenômeno generalizado,
grave e presente em todo o
mundo, sendo as suas
manifestações complexas e
variadas.
A violência contra
as mulheres assume muitas
formas: pode ser física,
sexual, psicológica/emo-
cional e/ou econômica. A
forma de violência mais
comum sofrida pelas
mulheres em todo o mundo
é a violência física infligida
por um parceiro íntimo.
Um estudo da OMS sobre a
violência física exercida por
um parceiro íntimo realiza-
do em 10 países concluiu
que as taxas de violência
física por parte de um
parceiro íntimo variavam
entre 13 e 61%, enquanto as
taxas de violência sexual
cometida por um parceiro
íntimo oscilavam entre 6 e
59%. Outros estudos que
abrangeram 5 países
mostram que 40 a 70% das
mulheres vítimas de homi-
cídio haviam sido mortas
por um parceiro íntimo.
Há várias formas
de práticas tradicionais
nocivas em todo o mundo, seres humanos, várias
mas carecemos de dados fontes dizem que cente-
globais. Segundo a investi- nas de milhares de pesso-
gação mais completa já as são objeto de tráfico
realizada sobre mutilação todos os anos e que a
sexual feminina, 130 maioria das vítimas de
milhões de meninas e tráfico é constituída por
mulheres que estão hoje mulheres e crianças,
vivas foram sujeitas a essa muitas das quais são
prática prejudicial. traficadas para fins de
Embora seja exploração sexual.
difícil quantificar a Os custos diretos
dimensão do tráfico de e indiretos da violência
contra as mulheres são
elevados. Entre os custos
diretos figuram os custos
dos serviços para tratar e
apoiar as mulheres que
foram alvo de abusos e os
seus filhos bem como para
levar os perpetradores a
julgamento. Os custos
indiretos incluem as
perdas de emprego e de
produtividade e os custos
em termos de sofrimento.

Respostas inadequadas PÔR FIM À

A violência contra as formas de violência Muitos países não
IMPUNIDADE
mulheres é uma contra as mulheres. introduziram sufi- E PREVENIR
A VIOLÊNCIA
violação dos seus A investiga- cientes medidas que
direitos humanos. Os ção mostra que 102 visem às mulheres
países têm deveres e países carecem de que foram vítimas de
compromissos, de disposições legais violência. Carecem É indispensável pôr termo à violência e assegurar que os seus

acordo com instru- contra a violência também de dados autores sejam responsabilizados pelos seus atos. É necessá-

mentos de direito doméstica e que a sistemáticos e fiáveis ria uma ação concertada e imediata da parte dos governos. A

internacional e políti- violação pelo cônjuge sobre a violência ação destinada a acabar com a violência contra as mulheres

cas, no que se refere não é passível de contra as mulheres, exige uma clara demonstração de vontade política e de

a enfrentar e prevenir procedimento crimi- necessários para a empenhamento bem como uma ação sistemática e susten-

essa violência. Con- nal em pelo menos 53 elaboração de estra- tada, apoiada por recursos adequados.

tudo, a persistência países. Apenas 93 tégias destinadas a

da violência contra
as mulheres em todo
o mundo é uma
prova de que os Esta-
dos não estão a cum-
prir esses deveres.
Muitos países
ainda não aprova-
ram legislação que
criminalize todas as
países possuem algu- combater a violência. Para pôr fim à impunidade e prevenir a violência, os
Estados devem:
mas medidas legisla- Além disso,
• Garantir a igualdade de gênero e proteger os direitos huma-
tivas que proíbem o subsistem tradições,
nos das mulheres;
tráfico de pessoas. costumes e estereóti-
• Exercer liderança para acabar com a violência contra as
Quando existe, a pos discriminatórios mulheres;
legislação é, com que perpetuam a • Reforçar a base de conhecimentos e os dados disponíveis
sobre todas as formas de violência contra as mulheres, com
frequência, insufi- discriminação contra
vista à elaboração de políticas e estratégias;
ciente no seu alcance as mulheres, expon-
• Definir e manter estratégias multi-setoriais sólidas, coorde-
e/ou não é eficaz- do-as ao risco de ser nadas a nível nacional e local;
mente aplicada. alvo de violência. • Atribuir os recursos e financiamentos suficientes.

APOIO: REALIZAÇÃO:
Cariri no combate
À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER