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IFES - CAMPUS CARIACICA

DIRETORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO


COORDENADORIA DE PESQUISA

CADASTRO DE PROPOSTA DE PROJETO DE PESQUISA - 2018

NATUREZA: ( ) PESQUISA BÁSICA (X) PESQUISA APLICADA

PROJETO
TÍTULO DO PROJETO Estruturação de processos decisórios no contexto da permanência e êxito de um curso de
DE PESQUISA graduação

GRUPO DE PESQUISA NEAPE - Núcleo de Estudos sobre Acesso, Permanência e Êxito

LINHA DE PESQUISA Processos decisórios

DURAÇÃO: INÍCIO 05/2018 TÉRMINO (PREVISÃO) 12/2018

Apoio à Decisão Soft Systems Methodology

PALAVRAS-CHAVE Estruturação de problemas Permanência e êxito

Pesquisa Operacional Soft Sistemas Complexos

GRANDE ÁREA DO CONHECIMENTO Engenharias

ÁREA DO CONHECIMENTO Engenharia de Produção

SUB-ÁREA DO CONHECIMENTO
Pesquisa Operacional
(VER TABELA DO CNPq)

DECLARAÇÃO
Declaro que:
(X) não estou usufruindo de qualquer tipo de afastamento ou licença previstos pela legislação
vigente.
(X) pertenço a grupo de pesquisa certificado pelo Ifes.
(X) estou em situação regular com relação à gestão de meu(s) projeto(s), em execução ou já
finalizado(s) no Ifes, e meu(s) estudante(s).
(X) sou servidor efetivo do Ifes.
1. Resumo do Projeto de Pesquisa

Os indicadores de evasão e retenção refletem em grande parte o desempenho de um


curso de graduação. A melhoria destes indicadores depende da tomada de decisões
complexas, uma vez que a situação problemática está inserida em um sistema complexo.
Em uma Instituição Federal de ensino, cotidianamente deve-se lidar com problemas de
natureza complexa, logo, estrutura-los é etapa fundamental para o processo de tomada
de decisão. Neste contexto, este projeto propõe o desenvolvimento de um modelo de
apoio à tomada de decisão baseado no SSM (clássico e reconfigurado), de forma a
identificar possíveis transformações e ações necessárias para propor melhorias no
problema. Este modelo será utilizado para apoiar a tomada de decisões no curso de
Engenharia de Produção do IFES Campus Cariacica, visando aferir sua eficiência e
validade. Espera-se que sua utilização resulte na tomada de melhores decisões e,
consequentemente, na melhoria dos indicadores de permanência e êxito do curso
supracitado.

2. Parcerias

Não foram realizadas parcerias.

3. Informações relevantes para avaliação da proposta

Esta proposta visa desenvolver e aplicar uma metodologia para tomada de decisões que
melhore os resultados da política de permanência e êxito no curso de Engenharia de
Produção do Ifes Campus Cariacica, com a possibilidade de ser replicada em outros
cursos, em caso de sucesso.

4. Introdução e justificativa

Conceitos como permanência e evasão em ambientes educacionais têm sido cada vez
mais recorrentes, tanto em pesquisas cientificas como em outros meios de comunicação.
Esse crescimento reflete necessidade de discutir cientificamente essas questões, a fim de
entendê-las em seus diversos aspectos e, assim, propor soluções para o problema.

Por relacionar o sucesso de uma instituição de ensino à redução de seus índices de


evasão e retenção, foi criada, em 2016, no Instituto Federal do Espírito Santo – Campus
Cariacica, a Comissão de Permanência e Êxito, através da Portaria 53 de 17/02/2016,
composta por professores, técnicos administrativos e discentes. Essa comissão tinha
como objetivo estruturar e propor ações no âmbito das coordenadorias dos cursos
oferecidos no campus, com o objetivo de melhorar os indicadores de permanência e êxito.

Dentro da Pesquisa Operacional (PO, disciplina importante no currículo do curso de


Engenharia de Produção, existe o paradigma "alternativo" da PO (Rosenhead, 1989),
também conhecido como paradigma “Soft”. Tal abordagem flexível surgiu a partir da
necessidade de lidar com problemas organizacionais, nos quais o componente humano é
fator predominante (Checkland, 1970). Aplica-se em situações problemáticas complexas,
de natureza qualitativa, que compreendem alto grau de incerteza e que a pesquisa
operacional tradicional - 'Hard' - com modelos matemáticos e bem estruturados - não é
suficiente resolver.

Em diversos aspectos da vida cotidiana, o indivíduo é confrontado com problemas


complexos que exigem soluções e tomadas de decisão, sejam elas imediatas ou não.
Essas situações podem acontecer tanto no aspecto vida pessoal de cada indivíduo
quanto em sua atuação nos outros espaços que atua: ambientes corporativos, ambientes
acadêmicos, ambientes religiosos.

Rosenhead et al. (2001) caracteriza problemas complexos como problemas que envolvem
a existência de múltiplos atores, múltiplas perspectivas - uma vez que cada indivíduo
possui sua trajetória e visão de mundo individual - diferentes interesses ou posições
conflitantes e incertezas-chave. Situações permeadas por inúmeras percepções de
‘realidade’, intenções e conflitos pessoais (Checkland & Poulter, 2006). Ou seja, não são
estáticas, não tem respostas prontas.

Para estruturar, entender e modificar essas situações, é fundamental a compreensão do


que é um sistema, suas definições e teorias, e da importância do pensamento sistêmico
para lidar com problemas complexos.

Um sistema, basicamente, é formado por elementos, as conexões entre eles e um


propósito que os integra (OLIVEIRA, 2002, p.35). Ou seja, os elementos -
interdependentes - são unidos a partir de um determinado objetivo em comum a fim de
realizarem alguma função.

A Teoria Geral dos Sistemas (T.G.S) foi estabelecida pelo biólogo austríaco Ludwig von
Bertalanffy entre as décadas de 1950 e 1960. Essa teoria surgiu a partir de estudos que
constataram que apesar das ciências físicas, químicas, sociais, biológicas, entre outras,
não tratarem dos mesmos objetos – entendidos, individualmente, como sistemas - e não
serem unidade enquanto ciência, vários princípios e conclusões de uma podia ser
aplicada a outras, evitando retrabalhos. Possibilitou-se, assim, uma integração de ciências
humanas e naturais e, a produção de teorias e formulações conceituas aplicáveis
empiricamente.

Bertalanffy (1968) concebeu o modelo do sistema aberto e o definiu como um sistema


complexo, com elementos em interação e que realizam intercambio com o ambiente.

O Instuto Federal do Espírito Sano - Cariacica é um sistema social, e um sistema social é


um sistema complexo. Parsons (1951) ao teorizar sistematicamente o sistema social
classificou-o um subespaço da teoria da ação, teoria que trata da análise de processos
que causam os movimentos humanos voluntários. Assunto também abordado por Mingers
(1980).

O IFES – Campus Cariacica é uma organização, composta por diversos colaboradores –


técnicos administrativos, professores, servidores, discentes O cenário atual em que está
inserido (ambiente) necessita de que os colaboradores da instituição estejam aptos a lidar
com as situações problemáticas e tomar decisões.

Os recursos encontrados ao longo do tempo, com o intuito de buscar metodologias para


resolução de problemas complexos que a metodologia analítica não dava conta de
resolver (MARTINELLI;VENTURA, 2005) fazem parte do chamado pensamento sistêmico.
Esses recursos são conhecidos como Problem Structuring Methods (PSM). O PSM
abrange metodologias que visam estruturar os problemas, para que os colaboradores ou
os envolvidos possam compreendê-los, e, então, definir ações para garantir sucesso na
tomada de decisão. São metodologias que apoiam a decisão em ambientes complexos, a
partir de incertezas ou falta de conhecimento acerca da situação problema.

Considerando este cenário e as inúmeras incertezas que permeiam a problemática de


evasão e retenção em uma Instituição Federal, este projeto busca desenvolver um
modelo de tomada de decisões a partir da aplicação de um PSM - a Soft Systems
Methodology (SSM) levando em conta a sua reconfiguração proposta por Georgiou (2005;
2008;2012). Objetiva-se possibilitar que seu uso resulte na tomada de decisões acertadas
pela coordenadoria de Engenharia de Produção do IFES - Campus Cariacica, no campo
dos indicadores de permanência e êxito.
Neste sentido, busca-se responder a seguinte pergunta de pesquisa: Como desenvolver
uma abordagem de tomada de decisões para melhor os indicadores de permanência e
êxito no âmbito do curso de Engenharia de Produção do Campus Cariacica?

5. Objetivos da Pesquisa

5.1 Objetivo geral

Aplicar praticamente uma metodologia de tomada de decisão a fim de para ser utilizada
na melhoria dos indicadores de permanência e êxito do curso de Engenharia de Produção
do Ifes Campus Cariacica.

5.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos são:

 Produzir conhecimento sobre a problemática de evasão e retenção no curso de


Engenharia de Produção do Ifes Campus Cariacica.

 Identificar as decisões que afetam o problema.

 Realizar um planejamento sistêmico de ação para tratar o problema.

 Desenvolver e aplicar uma metodologia de apoio à decisão para a melhoria da


política de permanência e êxito no curso de Engenharia de Produção do Ifes
Campus Cariacica.

6. Fundamentação teórica

O objetivo dos Métodos de Estruturação de Problemas (PSM) é possibilitar a


“estruturação exploração de espaços de solução para ajudar os atores a elaborar planos
igualmente estruturados para ação futura” (Rosenhead, 1996).

Dos principais PSMs (Rosenhead, 1989; Rosenhead e Mingers, 2001a), quatro lidam com
incerteza e complexidade em profundidade relativamente maior: Desenvolvimento e
Análise de Opções Estratégicas (SODA), Metodologia de Sistemas Soft (SSM),
Abordagem de Escolha Estratégica (SCA), e análise de robustez.
Georgiou (2016) afirma que dos quatro PSMs - que melhor lidam com incertezas e
complexidades - SODA e SSM estão melhor equipados para lidar com altos níveis de
variabilidade nas interpretações.

Além disso, os PSMs também começam a ser apresentados explicitamente como


sistemas de suporte para aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento
(Rosenhead e Mingers, 2001a:315-33)

No ano de 1972, Peter Checkland, publicou o artigo “Towards a systems-based


methodology for real world problem solving”. O paper, fruto de suas pesquisas iniciadas
em 1969, discutia a necessidade de uma metodologia de uso pratico em situações
problemáticas do mundo real e propunha o modelo de blocos retangulares e setas.

Entende-se modelo como representação abstrata de um sistema real (Cougo, 1997)

Morgan e Morrison (1999) colocam que a construção de modelos permite o estudo e


entendimento de comportamentos individuais ou coletivos, a partir de modelagens e
simulações. Uma alternativa em situações que o sistema real não está a disposição de
estudos, ou quando os experimentos possuem alto custo ou altos riscos envolvidos.

Checkland (2000) constatou o modelo de blocos e setas como muito básico e rígido para
o fim que se propunha observar. A partir da melhora dessa abordagem, surgiu a Soft
Systems Methodology, uma metodologia sistêmica, desenvolvida para a identificação e a
estruturação de problemas complexos.

Com o objetivo de enfrentar situações problema, a SSM propõe a aplicação de ideias


sistêmicas a situações reais (Simonsen, 1994). A utilização de modelos, então.

'Soft' refere-se ao paradigma "alternativo" da Pesquisa Operacional (Rosenhead, 1989),


que surgiu a partir da necessidade de lidar com problemas organizacionais nos quais o
componente humano é fator predominante (Checkland, 1970). Aplica-se em situações
problemas, de natureza qualitativa, que compreendem alto grau de incerteza e que a
pesquisa operacional tradicional - 'Hard' - com modelos matemáticos e bem estruturados -
não consegue resolver.

Mingers (2000) aponta a evolução na metodologia de Checkland a partir da cronologia:


nascimento, crescimento e maturidade.

O nascimento aconteceu com a publicação “Systems Thinking, Systems Practice”


(Checkland, 1981), onde foi apresentado o desenvolvimento das primeiras técnicas da
metodologia – propostas no primeiro artigo, publicado em 1972. Nesse momento o
processo sequencial - modelo de blocos retangulares e setas - foi substituído pelo modelo
de sete estágios. Define-se, então, que analise por si só não é suficiente, e que o objetivo
geral da SSM é desenvolver uam metodologia para facilitar a ação em situações
problemas (Checkland, 1981)

O crescimento ocorreu durante a década de 1980, período em que a metodologia já


estava disseminada no ensino e o modelo proposto sendo aplicado. O refinamento da
SSM, nesse momento, incluiu a história como papel crucial nas questões humanas, uma
vez que a história de cada indivíduo interfere na maneira com que enxergam, percebem e
significam o meio e as situações problemas. As diferenças entre os indivíduos e suas
percepções passam a ser consideradas, e, então, o modelo de 7 estágios tornou-se
insuficiente para capturar a flexibilidade que a metodologia buscava. “Soft Systems
Methodology in Action” (SSMA) (Checkland e Scholes, 1990) define esse momento de
crescimento e, com o refinamento, incorpora a análise da corrente cultural na metodologia
SSM. Ao entender as dimensões culturais e politicas como complemento à dimensão
lógica estabelecida, as mudanças nas culturas organizacionais e nas situações problemas
tornaram-se, além de desejáveis, questões viáveis. A publicação trouxe aplicações de
sucesso da metodologia, em situações reais do setor público e privado.

A fase maturidade, colocada por Mingers (2000) descreve a evolução da metodologia nos
anos 1990, com sua difusão e aplicações. Desenvolvimento documentado em
“Information, Systems and Information Systems” (Checkland e Holwell, 1998). Nessa
publicação os autores dissertam acerca do crescimento da metodologia SSM nas
aplicações em sistemas e tecnologias da informação.

Mingers (2000) destaca as seguintes publicações que aplicam SSM: Interaction,


transformation and information systems development - an extended application of Soft
Systems Methodology – Rose (2002); Exploratory Practice and Soft Systems
Methodology – Tajino e Smith (2005); Performance Evaluation Using Soft Systems
Methodology – Le-Saint (1991); The Use of Soft Systems Methodology in Practice –
Mingers e Sarah (1992).

Nessa etapa Checkland e Scholes (1999) apresentaram o modelo das quatro atividades
básicas da SSM reformulada, após tanta maturação da metodologia, e constatou-se que a
metodologia dos 7 estágios não possuía flexibilidade necessária para desenvolvimento da
SSM, mesmo considerando o modelo das duas correntes (análise cultural e baseada na
lógica) São elas, as fases: a) definição da situação de interesse/problema, incluindo
dimensões culturais e politicas; b) formulação de modelos relevantes na situação
problemática; c) debate da situação, usando os modelos, em busca de mudanças que
possam melhorar a situação de interesse e que sejam desejáveis e viáveis culturalmente,
além de buscar as acomodações entre os interesses conflitantes que permitirão tomada
de decisão para ação buscando a melhora da situação problema; d) tomada de ação na
situação de interesse no mundo real a fim de produzir melhorias.

Os autores propõem um modelo que apresenta o ciclo total de investigação e


aprendizagem tanto em relação à situação de interesse quanto à aprendizagem sobre a
aplicação da SSM.

Cada uma das 4 atividades básicas possui um, ou mais de um, objetivo, e abrange uma
ou mais etapas da metodologia, de acordo com o modelo de 1999. Essas etapas são
realizadas a partir de ações e de aplicações das técnicas da metodologia SSM para
alcançar os objetivos das 4 atividades básicas. Checkland e Schole (1999) propõem
técnicas, tais quais: 1) rich pictures (figuras ricas) - representação gráfica da situação de
interesse; 2) mnemotécnica CATWOE - em que se definem os agentes da situação -
clientes (C), os atores (A), as transformações (T), a visão do mundo (W -
weltanschaunng), os proprietários ou donos (O) e as restrições e limitações externas (E);
3) construção dos modelos conceituais - conjunto de atividades estruturadas necessárias
para realizar/compreender a definição raiz e o CATWOE. Fazem parte do modelo
conceitual um subsistema operacional e um subsistema de controle e monitoração
baseado nos Es; e 4) comparação de modelos – compara-se os modelos conceituais e o
modelo real percebido, a fim de gerar debates sobre as percepções desse mundo e
identificar mudanças consideradas benéficas.

Por fim, identificam-se as mudanças desejáveis e culturalmente viáveis para os


stakeholders e propostas de ações no mundo real para melhorar a situação interesse
como resultado da operação do ciclo de aprendizagem.

Em todas as etapas podem ser utilizadas tabelas estruturadas para registro de


oportunidades, comparação e registro do plano de ação.

Segundo Curo (2011), em Learning for Action (Checkland e Poulter, 2006) os autores
descrevem a SSM como uma metodologia acessível e pratica para utilização de
profissionais de diversas áreas, e aplicações em situações gerenciais, ou seja SSM
estabelece em si um processo de investigação orientado para a ação em situações
problemáticas no mundo cotidiano.

A metodologia clássica de Checkland funciona como um dispositivo intelectual para ajudar


na compreensão de situações problemáticas, sejam estas baseadas em tarefas, com
problemas específicos, ou baseadas em dilemas- questões mais filosóficas. Aborda
especificamente o fato de que diferentes pessoas envolvidas em qualquer situação
problemática têm pontos de vista diferentes – as visões de mundo. SSM busca abranger
essas visões para obter entendimento entre os participantes, mesmo entendendo que o
consenso entre visões de mundo raramente é alcançado.

Esta literatura, no entanto, demonstra repetidamente a flexibilidade da metodologia, em


particular sua capacidade de ser projetada de forma inovadora para contextos
particulares.

Georgiou (2012) apontou as diferentes situações em que o SSM foi aplicado:


demonstrado como um veículo de apoio à decisão (Winter, 2006), uma abordagem
exploratória (Checkland e Winter, 2006), um processo de avaliação (Rose e Haynes,
1999), uma ferramenta de pesquisa em ciências sociais (Rose, 1997) e um método formal
de tomada de decisão que oferece planejamento sistêmico para soluções sistêmicas para
problemas sistêmicos (Georgiou, 2006, 2008), também foi descrito como um sistema de
aprendizado, como um processo de investigação e como um ciclo de pesquisa-ação
(Checkland, 2000). Além disso, SSM pode ser utilizado em parte, no todo, de forma
iterativa ou não, e mesmo em conjunto com outros métodos – multimetodologia (Ormerod,
1995; Mingers e Gill, 1997; Sosu et al., 2008)

Georgiou (2006; 2008) considerou a SSM uma metodologia bastante eficiente para apoiar
tomadas de decisões. Entendeu, porém, que poderia reconfigurar o modelo clássico a fim
de torna-la mais compreensível e praticável a um fim específico – o de tomada de
decisão.

Georgiou (2006) propõe demonstrar como uma abordagem sistêmica bem estabelecida,
que fornece uma maneira de pensar e que ajuda extrair conhecimento a partir de
informações limitadas, possibilita construção de um planejamento sistêmico baseado em
tal conhecimento e, portanto, realiza uso sistêmico eficaz e eficiente do conhecimento
disponível. Essa configuração é direcionada para a eficácia gerencial (Galliani, 2015).

SSM fornece uma lógica que permite aos usuários estipular problemas de maneira exata.
Em essência, a lógica diz: (1) uma situação problemática implica um estado indesejável
que precisa ser transformado em um estado desejável; (2) identificar, portanto, as
transformações que precisam ser realizadas para alcançar o estado desejável; (3) juntas,
essas transformações definem simultaneamente a problema e o estado desejável.
Figura 1. A Reconfiguração do SSM. De: “Pensamento Sistêmico Aplicado a Problemática da Produção Científica em
uma Instituição de Ensino Superior no Peru” por R. S. G. Curo, 2011, p. 61. Dissertação de mestrado, Instituto
Tecnológico da Aeronáutica, São José dos Campos, SP, Brasil.

Esta reconfiguração baseia-se na premissa de que os tomadores de decisão possuem


como objetivos principais: produção de conhecimento partindo de uma fonte limitada de
informações; identificação e alcance do problema; elaboração de um plano sistêmico para
resolução da problemática (CURO, 2011).

Em seus trabalhos que se seguiram, Ion Georgiou sugeriu a utilização do PSM SODA, em
especial o T- SODA, com foco nas transformações e investigações mais complexas dos
problemas, na Fase 2 do SSM (Georgiou, 2012). Como metodologia soft, a SSM não
produz respostas finais a questionamentos (CHECKLAND, 1985), mas ajuda, muitas das
vezes, a abordagens hard (CHECKLAND, 1999).

7. Metodologia e Estratégia de Ação

De acordo com Silva e Menezes (2001), a pesquisa é um conjugado de ações e


propostas que buscam soluções para um determinado problema, e que é formado de or
procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é proposta a partir da existência de
um problema e da carência de informações para soluciona-lo. Faz-se uso, então, de uma
metodologia de pesquisas para mitigar a falta dessas informações.

A metodologia proposta para a execução desse projeto é de caráter participativo.

Este projeto enfatiza a geração de conhecimentos para a solução de problemas práticos


e com aplicação em curto ou médio prazo, portanto, sua natureza está inserida no âmbito
da pesquisa aplicada. É qualitativa em relação à abordagem, tendo em vista que os dados
gerados são de caráter qualitativo, a partir de interações entre colaboradores e ambiente.
Quanto aos objetivos, a pesquisa será exploratória, pois utilizara de levantamento
bibliográfico, entrevistas, entre outras estratégias.

Em relação aos procedimentos técnicos: a) é uma pesquisa bibliográfica porque está


elaborada a partir de material já publicado livros, artigos de periódicos, entre outros
materiais disponibilizados na Internet. b) contém levantamento das informações – envolve
entrevistas e conversas com pessoas a fim de levantar informações e conhecer
comportamentos. c) contém Pesquisa-ação porque os pesquisadores e participantes da
situação problemática estarão envolvidos de modo cooperativo e participativo.

O primeiro passo do presente estudo consistirá no levantamento bibliográfico, a partir de


uma Revisão Sistemática de Literatura utilizando a metodologia Methodi Ordinatio, uma
metodologia multicritério de tomada de decisão que permite selecionar os artigos
científicos considerando: atualidade (ano da publicação); a relevância da publicacão
(número de citações do artigo); e o conceito do periódico (fator de impacto). (Pagani,
2018). A metodologia apresenta uma estratégia de investigação e coleta de trabalhos a
respeito de um assunto específico, a partir do uso da tal, trabalhos não relevantes são
filtrados e descartados. O Methodi InOridinatio, então, apoiará a decisão das referências a
serem utilizadas, possibilitando uma visão mais ampla e crítica sobre o assunto.

As etapas seguintes serão as etapas propostas pela Soft Systems Methodology de


Checkland (1990) reconfigurada por Georgiou (2006) com foco no apoio à decisão. A
primeira etapa objetiva a produção de conhecimento, realizando a analise diagramática,
identificando atores e dinãmicas sociais e de poder, com auxílio das ferramentas
propostas por Checkland (1990), como as análises 1, 2 e 3 e as figuras ricas. A segunda
etapa consiste na definição do problema, identificando transformações, contextualizando
as transformações e estabelecendo declarações do planejamento. As ferramentas
utiilizadas nessa fase são as regras de transformacao SSM clássicas, a mnemotecnica
CATWOE, e a definição raiz, também proposta por Checkland (1990). A ultima etapa tem
como objetivo o planejamento sistêmico, que inclui o planejamento de sistemas
individuais e integrados, e utiliza os SAH (sistema de atividades humanas individuais), o
supersistema e define os critérios de controle - efetividade, eficiência, eficácia, ética e
elegância).

8. Resultados e impactos esperados


Com a realização deste projeto e com a respectiva aplicação da metodologia de apoio à
decisão, espera-se estruturar o problema de evasão e retenção, compreendê-lo e realizar
um planejamento sistêmico a fim alavancar os níveis de desempenho dos indicadores de
permanência e êxito do curso de Engenharia de Produção do Ifes Campus Cariacica para
níveis mais elevados.

9. Viabilidade técnica/financeira

A realização deste projeto demandará somente uma estação de trabalho para o bolsista
com mesa e computador para o bolsista. Como consequência, não serão necessários
gastos adicionais ao da bolsa, visto que o aluno poderá trabalhar no laboratório de
informática.

10.Cronograma de atividades

As etapas do projeto devem ocorrer conforme as seguintes atividades:


(1) Revisão Sistemática de Literatura acerca da ferramenta e da área de atuação;
(2) Identificação dos stakeholders e apresentação do projeto
(3) Produção de Conhecimento (Fase 1)
(4) Definição do Problema (Fase 2)
(5) Planejamento Sistêmico (Fase 3)
(6) Avaliação dos resultados;
(7) Escrita do relatório.
Etapa Período (mês)
(Detalhamento
das atividades) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

1 x x

2 x x

3 x x

4 x x x

5 x x x

6 x x

7 x x

11. Referências

BERTALANFFY, L. von. General System Theory. Foundations, development and


applications. New York: George Braziler, 1968.

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