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Bfe

1|ÍÍ1
N.»

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL

SECRETARIA-GERAL

O presente livro, cujas folhas estão seguidamente

numeradas e rubricadas p o r mim, destina-se ao r e g i s t r o das A t a s de

reuniões do CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACIONAL e das Atas de consultas

aos membros do CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACIONAL e teve início a 15

de m a r ç o de 1 9 7 4 .

B r a s í l i a , em 15 de m a r ç o de 1 9 7 4

CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL

Departamento de Imprensa Nacional —


Sfc C R E T Oi
J

ATA DA T R I G É S I M A SÉTIMA CONSULTA

AO

CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL

Aos dezoito dias do mês de a b r i l de hum m i l n o v e c e n -


tos e setenta e quatro, f o iremetido a c a d a um dos membros do CONSE_
LHO DE S E G U R A N Ç A N A C I O N A L , Aviso Secreto cujo teor é o seguinte:"Se
nbor Vice-Presidente (Ministro, Cbefe) . Tenbo a honra de dirigir-
me a V o s s a Excelência a respeito da Exposição de M o t i v o s n9 G/110/-
9 2 0 ( B 4 6 ) ( E 3 3 ) , S E C R E T O , de 9 de a b r i l de 1 9 7 4 , do M i n i s t é r i o d a s Re
lações E x t e r i o r e s , que v e r s a sobre o reconhecimento e estabelecimen
to de r e l a ç õ e s diplomáticas com a R E P U B L I C A POPULAR DA CHINA. 0 re_
ferido documento r e c e b e u do E x c e l e n t í s s i m o Senhor Presidente da R e -
pública o s e g u i n t e despacho: "Ã S e c r e t a r i a - G e r a l do C o n s e l h o de Se_
gurança N a c i o n a l , p a r a submeter a p r e s e n t e Exposição de M o t i v o s , n a
conformidade do A r t . 89 do D e c r e t o - l e i n 9 1 . 1 3 5 , de 3 de dezembro
de 1 9 7 0 , a apreciação dos E x m 9 s . S r s . Membros do r e f e r i d o Conselho.
Em 16 a b r i l 1974." Dando cumprimento ã determinação presidencial,
passo a s m ã o s de V o s s a E x c e l ê n c i a cópia d a c i t a d a Exposição de Moti^
vos e seus documentos anexos. Aproveito a oportunidade para reno-
var a V o s s a Excelência os p r o t e s t o s de e l e v a d a e s t i m a e d i s t i n t a cori
sideração. ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U , Secretá-
rio-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l " .
0 expediente acima transcrito originou-se d a Exposição de Motivos
n9 G/110/920 (B46)(E33), S E C R E T O , de 9 de a b r i l de 1 9 7 4 , do Minis-
tro de E s t a d o d a s R e l a ç õ e s E x t e r i o r e s , que e s t a assim redigida:" A
Sua Excelência o Senhor General-de-Exército Ernesto Geisel, Presi^
dente da República. Senhor Presidente, 0 acompanhamento das novas
realidades d a c o n j u n t u r a m u n d i a l , do surgimento e d a c o n s o l i d a ç ã o de

Departamento de Imprensa Nacional —

I ( S E C R E T O
S t C R t i

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novos centros de p o d e r vêm e x i g i n d o da d i p l o m a c i a brasileira um c u i


dadoso exame e c r i t e r i o s o equacionamento de t o d o s os f a t o r e s que
desempenharão papel decisõrio n a conformação do p a n o r a m a internaci£
nal. 2. E s s a t a r e f a s e r e v e s t e de m a i o r responsabilidade para um
país como o B r a s i l q u e , mercê de s e u próprio e s f o r ç o , vem d e m o n s t r a n
do impressionante capacidade de c r e s c i m e n t o ao l o n g o de uma década
de planejamento econômico e probidade administrativa em t o d o s os se
tores. 3 . Na m e d i d a , p o r é m , em q u e s e c o n s o l i d a a p r e s e n ç a do B r a -
sil no cenário das nações, ampliam-se os s e u s interesses e , ao m e s -
mo tempo, aumentam a s s u a s r e s p o n s a b i l i d a d e s de p o t ê n c i a em ascen-
são. E é neste contexto que s e i n s e r e , ao s e f o r m u l a r a p o l í t i c a ex
terior brasileira, a questão d a s relações do B r a s i l com a R e p ú b l i c a
Popular da C h i n a . 4. T a n t o a s modificações substanciais p o r q u e pas
sou o mundo n a a t u a l d é c a d a , como a p r e s e n ç a d a R e p ú b l i c a P o p u l a r da
China, com p o t ê n c i a , r e c o n h e c i d a de j u r e pela maioria dos Governos,
e com a s s e n t o p e r m a n e n t e no C o n s e l h o de S e g u r a n ç a da ONU, sugerem
ao Brasil a imediata reconsideração de s u a s relações com aquele
país. 5. S e a s c o n t i n g ê n c i a s da v i d a i n t e r n a c i o n a l colocaram, até
1969, a República P o p u l a r da C h i n a em p o s i ç ã o refratãria ao convjf
vio com a s d e m a i s n a ç õ e s , p o r força do i s o l a m e n t o p o l í t i c o , econômj.
co e comercial a que f o i r e l e g a d a , a reavaliação dos s e u s inte-
resses n a c i o n a i s marcou o início de uma n o v a e r a n a s u a política e x
terior. Como c o n s e q ü ê n c i a dessa reviravolta, a R.P.C. consolidou
sua p o s i ç ã o de p o t ê n c i a emergente e vem dando m o s t r a s de a r g ú c i a d i ^
plomãtica e sensibilidade política no t r a t o com o u t r o s Estados em
todos os f o r o s da v i d a i n t e r n a c i o n a l . 6. E s s a n o v a atitude valeu-
lhe n ã o só o r e c o n h e c i m e n t o político e o início de r e l a ç õ e s diplomá_
ticas com a g r a n d e m a i o r i a d o s E s t a d o s (vide anexo I ) , mas culminou
com a viagem a Pequim do P r e s i d e n t e d o s E s t a d o s Unidos da América,
abrindo o caminho p a r a a normalização d a s relações entre os dois
países. 7. A t é r e c e n t e m e n t e , o principal argumento contra o estabe
lecimento de r e l a ç õ e s diplomáticas com a R . P . C . se i n s p i r a v a n ã o só
em c o n s i d e r a ç õ e s de f u n d o i d e o l ó g i c o , como também em r a z õ e s de segu
rança n a c i o n a l que c o n t r a - i n d i c a v a m a presença, no B r a s i l , de r e p r e
sentantes diplomáticos chineses. A esse respeito, peço vênia para
ponderar que a p r a x i s chinesa certamente d e s a c o n s e l h a r i a , depois de
1969, o reinicio de a t i v i d a d e s s u b v e r s i v a s q u e , n o p a s s a d o , l h e acar
retaram prejuízos tão d e s a s t r o s o s e que, se r e p e t i d a s h o j e , dificij^
mente obedeceriam ao c o n t r o l e p o l í t i c o e ideológico de P e q u i m . Por
outro l a d o , o acréscimo de uma m i s s ã o diplomática c h i n e s a em nosso
país n a o i m p l i c a r i a sacrifícios de m o n t a p a r a o desempenho das f u n -
ções de v i g i l â n c i a e c o n t r o l e por parte das a u t o r i d a d e s brasileiras

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responsáveis por esse importante setor. Tanto mais q u e já existem


no Brasil inúmeras missões diplomáticas de países comunistas e , nem
por isso, o Brasil retardou o processo de a m a d u r e c i m e n t o e consoli-
dação de um regime político próprio, o q u a l , i n s p i r a d o no binômio
D e s e n v o l v i m e n t o - S e g u r a n ç a , vem o s t e n t a n d o desconcertantes taxas de
crescimento, a n o apôs a n o . 8. Q u e r o crer, S e n h o r P r e s i d e n t e , que o
estabelecimento de r e l a ç õ e s d i p l o m á t i c a s com a R . P . C . instituciona-
lizará um diálogo de G o v e r n o a G o v e r n o , em c u j o contexto a diploma-
cia brasileira encontrará margem de m a n o b r a p a r a projetar, em bases
globalistas, os s e u s i n t e r e s s e s d e país em a s c e n s ã o . Não se trata,
pois, de uma a t i t u d e que s e p r e s t e a atender a o s propósitos, quais-
quer que s e j a m eles, do G o v e r n o de P e q u i m . Antes, o reconhecimento
é um a t o de um E s t a d o s o b e r a n o , c ô n s c i o de s e u s interesses nacio-
nais e sensível ãs t r a n s f o r m a ç õ e s do cenário político internacional.
C u m p r e , e n t ã o , s u b l i n h a r que um E s t a d o soberano serve melhor aos
seus próprios i n t e r e s s e s por meio da comunicação diplomática direta,
em uma conjuntura que já s e d i s t a n c i a dos dogmatismos próprios da
"guerra fria", e, pelo contrário, c a d a v e z m a i s se c a r a c t e r i z a pela
objetividade e pelo pragmatismo no c o m p o r t a m e n t o dos seus integran-
tes. 9. E m b o r a não se possa a f i r m a r que a R.P.C. s e j a , hoje, um
mercado de i n e s g o t á v e i s perspectivas para os p r o d u t o s brasileiros,
é importante assinalar que a s u a p o t e n c i a l i d a d e já s e n s i b i l i z o u os
grandes países industriais da Europa e do c o n t i n e n t e americano que
ali buscam c o n s o l i d a r posições com v i s t a s a o f u t u r o do s e u comércio.
Esses países, p r e s e n t e s em P e q u i m , já o c u p a m p o s i ç õ e s de vantagem
no intercâmbio comercial com a R . P . C . , m e r c ê do s e u p r a g m a t i s m o e
sensibilidade política p a r a a evolução do c o m p o r t a m e n t o internacio-
nal chinês. Ao B r a s i l , retardatãrio , caberá a t a r e f a de reconquis-
tar posições, p a r a o que a d i p l o m a c i a brasileira poderá capitalizar
a coincidência ou s e m e l h a n ç a de c e r t a s o p i n i õ e s e t e s e s dos d o i s G£
vernos. Releva notar, a esse r e s p e i t o , a s posições assumidas pela
R . P . C . em q u e s t õ e s como a d a s d u z e n t a s m i l h a s para a extensão do
mar territorial, a proteção dos r e c u r s o s naturais, determinados a s -
pectos do d e s a r m a m e n t o e do m e i o - a m b i e n t e . 10. Permito-me, por fim,
ressaltar o p r o b l e m a do f u t u r o d a s r e l a ç õ e s B r a s i l - F o r m o s a . Ao l o n
go d e v i n t e e cinco anos essas relações s e têm d e s e n v o l v i d o em cli-
ma de c o r d i a l i d a d e , com um comércio f l o r e s c e n t e que, nos últimos
a n o s , vem a p r e s e n t a n d o saldos favoráveis ao n o s s o país. Em 1973,
por exemplo, o comércio B r a s i l - F o r m o s a alcançou a cifra de US$80 ini
lhoes de d ó l a r e s , d o s q u a i s US$ 7 5 m i l h õ e s r e p r e s e n t a m o montante
das exportações b r a s i l e i r a s . Esses resultados certamente contribui^
rao decisivamente para que s e j a m preservados os i n t e r e s s e s comer-
ciais do B r a s i l com F o r m o s a , mesmo d e p o i s de uma cessação das rela-
Departamento de Imprensa Nacional ~
S £ C R Es

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relações diplomáticas p o r força do r e c o n h e c i m e n t o , pelo Brasil, da


República P o p u l a r da C h i n a . Foi, alias, o que o c o r r e u com a Espa-
nha e o Japão, p o r e x e m p l o , cujos interesses c o m e r c i a i s com Formosa
determinaram a manutenção de e s c r i t ó r i o s comerciais nas respectivas
capitais, após o f e c h a m e n t o d a s missões diplomáticas em T a i p é , Ma-
dri e Tóquio. 0 pragmatismo do G o v e r n o de T a i p é t r a n s p a r e c e n a s di^
retrizes políticas recentemente aprovadas pelo Yuan (Legislativo) ,
ao acolher proposta do E x e c u t i v o n o s e n t i d o de p e r m i t i r que a Repú-
blica da C h i n a (Formosa) continue a cultivar "substancial relacionai
mento econômico, c o m e r c i a i , c u l t u r a l e de a s s i s t ê n c i a técnica com
todos o s países com o s q u a i s não m a n t e n h a r e l a ç õ e s diplomáticas".—
11. A notícia de que s e r i a iminente o reconhecimento da R.P.C. pe-
los Governos da V e n e z u e l a e da Colômbia, e l e v a a 1 0 1 o número dos
que reconhecem P e q u i m , c o n t r a 39 q u e m a n t ê m o seu reconhecimento ao
Governo da C h i n a nacionalista. Por outro l a d o , e s s a nova situação
deixará o B r a s i l e n t r e o r e d u z i d o número de 12 p a í s e s com m i s s ã o djL
plomática p e r m a n e n t e em T a i p é , a s a b e r : C o s t a Rica, Filipinas, Gua-
t e m a l a , Jordânia, República Centro Africana, República d a Coréia,Re
pública D o m i n i c a n a , República do V i e t n ã , T a i l â n d i a , U r u g u a i e Vati-
cano, mais os E s t a d o s Unidos da América cuja posição é, realmente,
especial. 1 2 . A questão da C h i n a parece, portanto, estar definida
p o l í t i c a e j u r i d i c a m e n t e em f a v o r da República P o p u l a r da China. Se
o pragmatismo político do P r e s i d e n t e N i x o n levou-o a Pequim, a ati-
tude do p r e s i d e n t e n o r t e - a m e r i c a n o dissipou quaisquer dúvidas quan-
to ã dependência de c o m p r o m i s s o s a n t i g o s o u de uma solidariedade
i d e o l ó g i c a p o r p a r t e do B r a s i l com r e l a ç ã o â questão chinesa. 13.
A recente i n i c i a t i v a do G o v e r n o d a R . P . C , através do s e u Embaixa-
dor em M o s c o u , m a n i f e s t a n d o ao E m b a i x a d o r do B r a s i l naquela capital
o desejo de n o r m a l i z a r s u a s relações diplomáticas com o n o s s o país,
e a participação de t e r f u n c i o n á r i o s do G o v e r n o brasileiro na Mis-
são c o m e r c i a l de e m p r e s á r i o s n a c i o n a i s que visitará P e q u i m e Cantão,
nos próximos d i a s , representam, segundo entendo, dois passos impor-
tantes para a normalização d a s relações entre o Brasil e a R.P.C.--
14. Em v i s t a do e x p o s t o , S e n h o r P r e s i d e n t e , s o u de o p i n i ã o que con-
sulta aos i n t e r e s s e s do B r a s i l o pronto reconhecimento d a República
Popular da C h i n a e o e s t a b e l e c i m e n t o de r e l a ç õ e s diplomáticas e co-
merciais com a q u e l e país. Devo e s c l a r e c e r que t a n t o o G o v e r n o de
Pequim como o d e T a i p é sustentam que a C h i n a é indivisível e que,
portanto, o nosso reconhecimento da R.P.C. implicará n a r e t i r a d a da
nossa Missão em T a i p é , e a c o n s e q ü e n t e cessação de r e l a ç õ e s diploina
ticas, relações q u e , como d i s s e a n t e s , serão m a n t i d a s em n í v e l de
representação comercial. 15. E l e v o este importante assunto ã alta
consideração de V o s s a Excelência e rogo o obséquio de s u a s instru

E C R Í T O)
S E C R E T O

instruções a respeito. Aproveito a oportunidade para renovar a Vo£ •


sa E x c e l ê n c i a , S e n h o r P r e s i d e n t e , o s p r o t e s t o s do meu m a i s profundo
respeito. ( a ) ANTÔNIO F R A N C I S C O AZEREDO DA SILVEIRA."
0 Anexo I que a c o m p a n h a a E x p o s i ç ã o de M o t i v o s acima t r a n s c r i t a ,pos_
sui o seguinte teor: "Reconhecem a República P o p u l a r da C h i n a : 101
países - Afeganistão ( 1 ) ; Albânia ( 1 ) ; A l t o - V o l t a ( 2 ) ; Argélia ( 1 ) ;
Argentina ( 1 ) ; Austrália ( 1 ) ; Ãustria ( 1 ) ; Barêm (3); Bélgica ( 1 ) ;
Bielorrússia ( 4 ) ; Birmânia ( 1 ) ; Bulgária ( 1 ) ; Burundi (1);Butão(3);
Camarões ( 1 ) ; Canadá ( 1 ) ; Catar ( 3 ) ; Chad ( 1 ) ; Checoslovãquia ( 1 ) ;
Chile ( 1 ) ; Chipre ( 2 ) ; Congo B r a z z a v i l l e ( 1 ) ; Coveite ( 1 ) ; Cuba(l);
Daomé ( 2 ) ; Dinamarca ( 1 ) ;Egito ( 1 ) ; Espanha ( 1 ) ; Etiópia ( 1 ) ; Fin-
lândia ( 1 ) ; França ( 1 ) ; Gabão ( 5 ) ; Gana ( 1 ) ; Grécia (l);Guiana ( 1 ) ;
Guiné ( 1 ) ; Guiné E q u a t o r i a l ( 2 ) ; Hungria ( 1 ) ; iêmen (1); iêmen do
Sul ( 1 ) ; fndia ( 1 ) ; Indonésia ( 6 ) ; Irã ( 1 ) ; Iraque (1);Islandi a(1);
Israel ( 3 ) ; Itália ( 1 ) ; Iugoslávia ( 1 ) ; Jamaica ( 2 ) ; Japão (l);Laos
(1); Líbano ( 1 ) : Líbia ( 3 ) ; Luxemburgo ( 7 ) ;Maldivas ( 2 ) ; Mali ( 1 ) ;
Malta ( 1 ) ; Marrocos ( 1 ) ; Maurício ( 1 ) ; Mauritânia (1); México ( 1 ) ;
Mongólia ( 1 ) ; Nepal ( 1 ) ; Nigéria ( 1 ) ; Noruega (1);Nova Zelândia(l);
Omã ( 3 ) ; Países B a i x o s ( 1 ) ; Paquistão ( 1 ) ; Peru (1); Polônia ( 1 ) ;
Quênia ( 2 ) ; Reino Unido ( 1 ) ; República Democrática Alemã ( 1 ) ; Repú-
blica Democrática do V i e t n ã ( 1 ) ; República F e d e r a l Alemã ( 1 ) ; Repú-
blica Malgache ( 1 ) ; República P o p u l a r Democrática d a Coréia ( 1 ) ; Ro_
mênia ( 1 ) ; Ruanda ( 1 ) ; São M a r i n o ( 8 ) ; Senegal ( 1 ) ; Serra Leoa ( 1 ) ;
Síria ( 1 ) ; Somália ( 1 ) ; S r i Lanka ( 1 ) ; Sudão ( 1 ) ; Suécia ( 1 ) ; Suiça

( 1 ) ; Tanzânia ( 1 ) ; Togo ( 1 ) ; Tunísia ( 1 ) ; Turquia ( 1 ) ; Ucrânia ( 4 ) ;


Uganda ( 1 ) ; União N a c i o n a l do C a m b o j a ( 1 ) ; União dos E m i r a d o s Ãrabes
(3); União Soviética ( 1 ) ; Zaire ( 1 ) ; Zâmbia (1).
NOTAS - ( 1 ) - países que mantêm E m b a i x a d a s i n s t a l a d a s em Pequim.
(2) - países que mantêm relações diplomáticas em n í v e l de E m b a i x a d a ,
mas a i n d a não instalaram suas respectivas representações em Pequim.
(3) - países q u e a i n d a não e s t a b e l e c e r a m relações diplomáticas,apôs
o reconhecimento. ( 4 ) - países com p e r s o n a l i d a d e j u r í d i c a somente
nas Nações U n i d a s . ( 5 ) - o Gabao r e c o n h e c e u recentemente a RPC,mas
não se c o n h e c e , até o m o m e n t o , o nível d a representação diplomática
acordado. ( 6 ) - país q u e s u s p e n d e u relações diplomáticas coma RPC.
(7) - mantém relações p o r intermédio da E m b a i x a d a da Bélgica. (8) -
mantém r e l a ç õ e s em n í v e l consular.
Reconhecem a República da C h i n a (Formosa): 39 países - Ãfrica do
Sul ( 1 ) ; Arábia S a u d i t a ( 2 ) ; Barbados ( 3 ) ; Bolívia ( 2 ) ; B o t s w a n a ( 3 ) ;
Brasil ( 4 ) ; Colômbia ( 2 ) ; Costa do M a r f i m ( 2 ) ; Costa Rica (4); E l
Salvador ( 2 ) ; Estados Unidos da América (4);Filipinas (4); Gâmbia
(3); Guatemala ( 4 ) ;Haiti ( 3 ) ; Honduras ( 2 ) ; Jordânia (4); Lesoto
(3); Libéria ( 2 ) ; Líbia ( 3 ) ; Malásia ( 1 ) ; Malawi (3);Nicarágua(2) ;
Departamento de Imprensa Nacional
S Ê C R E \ w|

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Niger ( 3 ) ; Panamá ( 4 ) ; Paraguai ( 2 ) ; Portugal ( 3 ) ; República Centro


Africana ( 4 ) ; República d a Coréia ( 4 ) ; República D o m i n i c a n a ( 4 ) ; Re-
pública Kmer ( 4 ) ; República do V i e t n ã ( 4 ) ; Samoa O c i d e n t a l ( 3 ) ; Sua
zilândia ( 3 ) ; Tailândia ( 4 ) ; Tonga ( 3 ) ; Uruguai ( 4 ) ; Vaticano ( 4 ) ;
Venezuela (4).
NOTAS - ( 1 ) - p a í s e s q u e m a n t ê m relações em n í v e l consular. ( 2 ) paí^
ses que mantêm r e l a ç õ e s em n í v e l de E m b a i x a d a , cumulativamente com
as r e s p e c t i v a s missões em T ó q u i o . ( 3 ) países que têm representação
diplomática u n i l a t e r a l por parte de F o r m o s a . ( 4 ) países q u e mantêm
relações diplomáticas em nível de E m b a i x a d a com a sede d a Missão em
Taipé.
Países q u e não r e c o n h e c e m nem a RPC nem a RC: 6 ( s e i s ) - Bengladesh;
Cingapura: Equador; Fiji; Irlanda; Trinida-Tobago.
Notar 0 reconhecimento recente d a RPC p e l a B o t s u a n a elevou para 102
o número de p a í s e s que r e c o n h e c e m o Governo de P e q u i m e reduziu pa-
ra 38 o s q u e s e m a n t ê m solidários ao de T a i p é . "
Efetuada a c o n s u l t a , todos os S e n h o r e s Membros do C o n s e l h o de Segu
rança N a c i o n a l , a exceção do M i n i s t r o d a P r e v i d ê n c i a e Assistência
Social, cujo cargo f o i c r i a d o em 25 de j u n h o de 1 9 7 4 , s e pronuncia-
ram através de A v i s o s . Os p a r e c e r e s emitidos evidenciaram existir
consenso de q u e o r e c o n h e c i m e n t o d a REPÚBLICA POPULAR DA CHINA e o
estabelecimento de r e l a ç õ e s diplomáticas com aquele país, analisa-
das s o b um enfoque g l o b a l , poderão apresentar vantagens que reco-
mendem s u a efetivação. F i c o u caracterizada,também,a necessidade de
adoção de m e d i d a s acauteladoras para que os prováveis riscos com r e
lação ã s e g u r a n ç a sejam efetivamente cobertos. Sobre este aspecto
cumpre d e s t a c a r , e n t r e a s sugestões apre s e n t a d a s , as s e g u i n t e s : - ado_
tar medidas adequadas para evitar que o e v e n t u a l rompimento de rela
ções com a CHINA (FORMOSA) v e n h a a ser explorado n e g a t i v a m e n t e ,peran
te o público interno; - obstar a t r o c a de c o r r e s p o n d ê n c i a que possa
facilitar a entrada de d o c u m e n t o s atentatórios â Segurança Nacional;
- prosseguir a t u a n d o no sentido de e v i t a r infiltrações indesejáveis;
- aperfeiçoar o sistema de c o n t r a - i n f o r m a ç õ e s , d e s e n v o l v e n d o as ne-
cessárias m e d i d a s de c o n t r o l e ; - e s t u d a r a conveniência de, prece-
dendo decisão f a v o r á v e l no s e n t i d o de a t e n d e r a proposta do Itamara
ty, efetivar contatos com g o v e r n o s sul-americanos que n ã o m a n t ê m r e
lações d i p l o m á t i c a s com a REPÚBLICA POPULAR DA CHINA. Os pareceres
e sugestões do E x c e l e n t í s s i m o s S e n h o r e s Membros do C o n s e l h o de Segu
rança N a c i o n a l foram analisados pela S e c r e t a r i a - G e r a l do Conselho
de Segurança N a c i o n a l , q u e após consolidá-los submeteu ã considera-
ção do E x c e l e n t í s s i m o Senhor P r e s i d e n t e da República a Exposição de
Motivos n ° 0 5 3 / 7 4 , de 04 de a g o s t o de 1 9 7 4 , S E C R E T O , a s s i m redigi^
da: "EXCELENTÍSSIMO SENHOR P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA. Tenho a honra
SECRETO

de dirigir-me a Vossa Excelência a respeito da Exposição de Motivos


n9 G / 1 1 0 / 9 2 0 ( B 4 6 ) ( E 3 3 ) , S E C R E T A , de 9 de a b r i l de 1 9 7 4 , do M i n i s t é -
rio d a s Relações E x t e r i o r e s , que v e r s a sobre o reconhecimento d a RE_
P U B L I C A POPULAR DA CHINA ( R P C ) e o e s t a b e l e c i m e n t o de r e l a ç õ e s d i -
plomáticas com a q u e l e p a í s . Sobre a matéria, o r e f e r i d o expediente
destaca, entre outros, os s e g u i n t e s aspectos: - n a m e d i d a em que
se consolida a p r e s e n ç a do B R A S I L no cenário das nações, ampliam-se
os seus interesses e , ao mesmo t e m p o , a u m e n t a m a s s u a s responsabiljL
dades de p o t ê n c i a em a s c e n ç a o ; - consulta aos i n t e r e s s e s do BRASIL
o pronto reconhecimento d a R E P U B L I C A POPULAR DA CHINA e o estabele-
cimento de r e l a ç õ e s diplomáticas e comerciais com aquele país;- t a n
to o Governo de P E O U I M como o de TAIPÊ*, s u s t e n t a m q u e a C H I N A é i n -
divisível e que, p o r t a n t o , aquele reconhecimento implicará n a cessa
ção de r e l a ç õ e s d i p l o m á t i c a s com o G o v e r n o de FORMOSA, e m b o r a sejam
mantidas relações em nível de r e p r e s e n t a ç ã o comercial. A propósito
do a s s u n t o e s t a Secretaria-Geral verificou que: - o BRASIL mantém
relações diplomáticas com vários países comunistas e esse relaciona
m e n t o vem s e d e s e n v o l v e n d o em condições n o r m a i s , adotando-se uma s£
rie de m e d i d a s a c a u t e l a d o r a s e de c o n t r o l e visando a obstar a disse
minação de p r o p a g a n d a e outras atividades julgadas indesejáveis; -
ao longo dos últimos três anos, inúmeras sugestões emitidas por e s -
te órgão foram aprovadas como p o s i ç ã o de g o v e r n o , c o n s o l i d a n d o , sob
determinados a s p e c t o s , uma p o l í t i c a em relação ã CHINA COMUNISTA
com b a s e na harmonia entre os i n t e r e s s e s d a Segurança e do Desenvol
vimento; - t a l orientação considerava conveniente, ainda, que a
condução dos a s s u n t o s r e l a c i o n a d o s com a CHINA COMUNISTA se desen-
volvesse em função do i n t e r e s s e de a p r o x i m a ç ã o já d e m o n s t r a d o por
aquele país, o que p o s s i b i l i t a r i a a escolha, por parte do B R A S I L , d a s
c o n d i ç õ e s de e x e c u ç ã o que m e l h o r atendessem aos seus o b j e t i v o s ; -
a s e r seguido o mesmo p r o c e d i m e n t o observado com o u t r o s países do
bloco c o m u n i s t a , a formalização da aproximação política entre os
dois Governos deveria s e r acompanhada e, se possível, p r e c e d i d a p e -
la concretização de um comércio firme entre as p a r t e s . Dando, cum-
primento ãs d e t e r m i n a ç õ e s de V o s s a E x c e l ê n c i a , com b a s e n a Exposição
de Motivos do M i n i s t é r i o d a s Relações E x t e r i o r e s citada anteriormen
te, esta Secretaria-Geral promoveu a a u d i ê n c i a do C o n s e l h o de Segii
rança N a c i o n a l . Os p a r e c e r e s e m i t i d o s p e l o s E x c e l e n t í s s i m o s Senho-
res Membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l e v i d e n c i a r a m existir
um consenso de que o r e c o n h e c i m e n t o d a R E P U B L I C A POPULAR DA CHINA e
e e s t a b e l e c i m e n t o de r e l a ç õ e s d i p l o m á t i c a s com a q u e l e país, analisa
das s o b um enfoque global, poderão apresentar vantagens que recomen
dem s u a efetivação. Ficou caracterizada, também, a n e c e s s i d a d e de
adoção de m e d i d a s a c a u t e l a d o r a s p a r a que o s p r o v á v e i s riscos com r e
Departamento de Imprensa Nacional —
|S £ C R E í w j

- 8 -

relação â Segurança sejam efetivamente cobertos. Sobre este aspec-


to cumpre d e s t a c a r , e n t r e a s sugestões apresentadas, as s e g u i n t e s :
- adotar medidas adequadas para evitar que o e v e n t u a l r o m p i m e n t o de
relações com a CHINA (FORMOSA) venha a s e r explorado negativamente,
perante o público interno; - obstar a troca de c o r r e s p o n d ê n c i a que
possa facilitar a entrada de d o c u m e n t o s atentatórios ã S e g u r a n ç a Na_
cional; - p r o s s e g u i r a t u a n d o no s e n t i d o de e v i t a r infiltrações c u l
turais indesejáveis; - aperfeiçoar o s i s t e m a de contra-informações,
desenvolvendo a s necessárias m e d i d a s de c o n t r o l e ; - estudar a con-
veniência de, precedendo decisão favorável no sentido de a t e n d e r a
proposta do I t a m a r a t y , e f e t i v a r contatos com g o v e r n o s sul-americanos
que não m a n t ê m relações diplomáticas com a R E P Ú B L I C A P O P U L A R DA CEI
NA. Esta Secretaria-Geral, após e s t u d a r o assunto ã l u z dos antece
dentes conhecidos e d o s subsídios oferecidos pelos Excelentíssimos
S e n h o r e s Membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , chegou âs s e -
guintes conclusões: - A evolução do q u a d r o p o l í t i c o brasileiro ao
longo dos últimos a n o s oferece condições que p e r m i t e m m a n t e r rela-
ções d i p l o m á t i c a s com p a í s e s comunistas, sempre que t a l p r o c e d i m e n -
to esteja ajustado aos i n t e r e s s e s nacionais. - As v a n t a g e n s decor-
rentes do r e c o n h e c i m e n t o e do e s t a b e l e c i m e n t o de r e l a ç õ e s diplomãtjL
cas com a R E P Ú B L I C A P O P U L A R DA CHINA superpõem-se aos e v e n t u a i s i n -
convenientes que poderão advir com a efetivação desta decisão. -Nes
sas condições, a d o t a d a s as medidas acaute1 adoras necessárias e os
procedimentos adequados, aquela iniciativa não p r e j u d i c a o s interejj
ses da Segurança N a c i o n a l . Ao submeter o assunto ã elevada conside-
ração de V o s s a Excelência, e s t a Secretaria-Geral pede vênia para
sugerir que o Ministério d a s Relações E x t e r i o r e s seja autorizado a
iniciar gestões, tendo em v i s t a o reconhecimento e estabelecimento
de relações diplomáticas com a REPÚBLICA POPULAR DA C H I N A , em ínti-
ma ligação com o M i n i s t é r i o d a J u s t i ç a , Serviço N a c i o n a l de Informa
ções, S e c r e t a r i a - G e r a l do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l e demais
órgãos interessados. Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa
E x c e l ê n c i a o s p r o t e s t o s do meu m a i s profundo respeito, (a) General-
de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - S e c r e t ã r i o - G e r a l do C o n s e l h o de
Segurança N a c i o n a l . "

A Exposição de M o t i v o s n ° 0 5 3 / 7 4 , de 0 4 de a g o s t o de 1 9 7 4 , acima
transcrita, mereceu do Exm9 S r P r e s i d e n t e da República o seguinte
despacho: "Aprovo. Em 04 Ago 74". Após a aprovação f o i expedido
a todos os S e n h o r e s Membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , i n -
clusive o M i n i s t r o da Previdência e Assistência Social, um Aviso
Circular r e m e t e n d o um exemplar d a mesma. —
- 9 -

PRESIDENTE DA RI

VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA

4 ÜoG*vQ
MINISTRO DA JUSTIÇA

ISTW DO EXÉRCITO

J MINISTRO 4 o s T R A
' ESPORTES

l MINÍSTRCT DA AGRICULTURA MINISTRO DA EDUCAÇÃO E


CULTURA,

MINT STRO DO TRABAL M I N I S T R O DA AERONÁUTICA

MINISTRO DA SAÚDE M I N I S T R O DA L W D Ú S T R I A E DO
COMÉRCIO

MINIS_TR€M5AS MINAS E MINISTRO DO INTERIOR


lENERGIA

M I N I S T R O DAS COMUNICAÇÕES M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A A
, ASSISTÊNCIA S.0C^AL

^ M I N I S T R O CHEFJ I N I S T R O CHEFE DA
GABINETE^fíVIL S E C R E T A R I A DE PLANEJAMENTO
SECRE

- 10

[ N I S T R O / C H E F E DO SERVIÇO M I N I S T R O C H E F E DO
'NACIONÀE DE I N F O R M A Ç Õ E S ESTADO MAIOR DAS F O R Ç A S ARMADAS

C R B T A R I O - G E R A L DO CONSELHO^
DEII SEGURANÇA NACIONAL
\

SECRETO
N.° b rlè / /

ATA DA T R I C É S I M A O I T A V A CONSULTA

AO

CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL

Aos cinco dias do m ê s de m a i o de hum m i l novecen-


tos e setenta e cinco, f o i remetido a cada um dos membros do CONSE_
LHO DE SEGURANÇA NACIONAL, A v i s o Secreto cujo teor e o seguinte:
"Senhor Vice-Presidente (Ministro, Chefe). Tenho a honra de diri-
gir-me a Vossa Excelência a respeito d a E x p o s i ç ã o de M o t i v o s n°
DAM-I/124/210(B29), S E C R E T A , de 2 de m a i o de 1 9 7 5 , do Ministério
das Relações E x t e r i o r e s . 0 referido documento, cuja cópia estou
remetendo a V o s s a E x c e l ê n c i a , em anexo, sugere que o B R A S I L venha
a aderir a T r a t a d o da ANTÁRTIDA e mereceu do E x c e l e n t í s s i m o Senhor
Presidente da República o seguinte despacho: "Ã Secretaria-Geraldo
CSN, p a r a submeter à apreciação dos membros do C o n s e l h o . Em 2 maio
75." Nestas c o n d i ç õ e s , em d e c o r r ê n c i a de d e t e r m i n a ç ã o presiden-
cial, solicito o p a r e c e r de V o s s a Excelência até o d i a 15 do mês
em curso, de modo a p e r m i t i r a esta Secretaria-Geral elevar o as-
sunto a decisão final, d e n t r o do p r a z o disponível. Aproveito a
oportunidade p a r a r e n o v a r a V o s s a Excelência os p r o t e s t o s de eleva
da estima e distinta consideração. ( a ) General-de-Divisão HUGO DE
ANDRADE A B R E U , S e c r e t ã r i o - G e r a l do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Nacio-
nal."
0 expediente acima transcrito originou-se d a Exposição de Motivos
n° D A M - I / 1 2 4 / 2 1 0 ( B 2 9 ) , S E C R E T A , de 2 de m a i o de 1 9 7 5 , do Ministro
das Relações E x t e r i o r e s , que está a s s i m r e d i g i d a : "A Sua Excelên-
cia o Senhor General-de-Exército ERNESTO G E I S E L , P r e s i d e n t e da Re-
publica. Senhor Presidente, Tenho a honra de s u b m e t e r a elevada
consideração de V o s s a E x c e l ê n c i a a sugestão de que o G o v e r n o brasj.

Departamento de Imprensa Nacional l —


SECRETO

- 2 -

brasileiro venha a aderir ao T r a t a d o da Antártida, c u j o texto se-


gue em anexo, assinado em W a s h i n g t o n em 19 de d e z e m b r o de 1959 e
em v i g o r d e s d e l ° f l , do q u a l são P a r t e s C o n t r a t a n t e s doze membros
originários (EUA, URSS, A r g e n t i n a , Austrália, Bélgica, C h i l e , Fran
ça, Japão, Nova Zelândia, N o r u e g a , Ãfrica do S u l e G r a - B r e t a n h a ) e
quatro outros Estados q u e ao r e f e r i d o instrumento posteriormente
emprestaram a s u a adesão (Polônia, Tchecoslovãquia, D i n a m a r c a e
Países B a i x o s ) . 2. Como tão bem conhece Vossa Excelência, o refe-
rido Tratado f o i concluído após o e n c e r r a m e n t o dos t r a b a l h o s cien-
tíficos realizados durante o Ano G e o f í s i c o Internacional em 1957-
1958, certame que p r e t e n d e u reunir a s instituições não-governamen-
tais dos países com interesse na Antártida, os q u a i s , p o r sugestão
norte-americana, vieram a s e r o s únicos admitidos nas negociações
que se seguiram em W a s h i n g t o n com v i s t a s â assinatura do Tratado
da Antártida. 3. N a q u e l a oportunidade, o Governo brasileiro enca-
minhou veemente protesto ao G o v e r n o n o r t e - a m e r i c a n o contra o aludi^
do c r i t é r i o de p a r t i c i p a ç ã o adotado para a Conferência de Washing-
ton e de c u j a implementação decorreu, aliás, a exclusão do Brasil.
A posição b r a s i l e i r a no p a r t i c u l a r , inclusive a nossa reserva de
direitos ã Antártida, f o i , p o r t a n t o , cristalizada formalmente nes
sa ocasião através de uma N o t a D i p l o m á t i c a , de c a r á t e r confiden-
cial, datada de 3 0 de j u l h o de 1 9 5 8 , d i r i g i d a ã Embaixada dos Esta
dos Unidos no R i o de J a n e i r o , cujo t e x t o completo se e n c o n t r a re-
produzido no a n e x o n 9 2. I ) 0 Tratado da Antártida: seu alcance e
obj et i v o s 4. 0 T r a t a d o da Antártida v e i o , assim, a constituir o
primeiro, e também o único até o m o m e n t o , diploma legal para o Con
tinente A n t á r t i c o , no q u a l f o iadmitido um reduzido número de p a j [
ses, que p a s s a r a m a integrar o denominado "Clube Polar". 0 aludi-
do a t o j u r í d i c o v e i o , por outro lado, consagrar os s e g u i n t e s pon-
tos fundamentais r e l a t i v a m e n t e ao C o n t i n e n t e Austral, com ampla r e
percussão p a r a toda a comunidade internacional: a) o uso da região
para fins exclusivamente pacíficos, f i c a n d o a l i p r o i b i d a s t o d a s as
medidas de n a t u r e z a m i l i t a r (Artigo I), com p r e v i s ã o de um sistema
de ampla inspeção p a r a assegurar a execução dessas disposições (Air
tigo VII); nesse sentido, o Tratado da Antártida v e i o a c u m p r i r fun
çao p o l í t i c a da m a i o r relevância ao g a r a n t i r , já em 1959, a exclu-
são do C o n t i n e n t e Austral da " G u e r r a Fria", constituindo, outros-
sim, de f o r m a m u i t o significativa, interessante precedente para f u
turas negociações que v i e r a m a ser realizadas n o s c a m p o s do espaço
exterior, fundos marinhos, e t c . ; b) o congelamento das reivindica-
ções territoriais n a região antártica para os s e t e Estados-Hembros,
que as invocaram com a n t e r i o r i d a d e â a s s i n a t u r a do T r a t a d o da An-
SECRETO!
N.°

- 3 -

Antártida (Argentina, Chile, N o r u e g a , França, Grã-Bretanha, Nova


Zelândia e Austrália) p e l o período de 30 a n o s , prazo de vigência
do T r a t a d o , durante o qual "nenhum a t o ou a t i v i d a d e e x e c u t a d a ...
constituirá fundamento para fazer valer, apoiar ou n e g a r reivindi-
cação de s o b e r a n i a territorial n a A n t á r t i d a , nem para criar direi-
tos de s o b e r a n i a n e s t a região" (Artigos IV e X I I ) ; o referido dis-
positivo, combinado com o a m p l o s i s t e m a de inspeção já mencionado
e de l i b e r d a d e de l o c o m o ç ã o dos grupos científicos na região, sem
qualquer limitação do c o n c e i t o de " f r o n t e i r a s " entre os d i v e r s o s se
tores, veio a e s t a b e l e c e r o s p r i m e i r o s g e r m e s de internacionaliza-
ção no r e f e r i d o Continente, já r e g i d o atualmente p o r um sistema de
condomínio, s u j e i t o a uma l e i internacional e onde se v i s l u m b r a m o s
rudimentos de uma administração internacional; c ) a adoção de am-
plas medidas para a realização de p e s q u i s a s c i e n t í f i c a s n a área e
facilidades para a l i ser desenvolvida a cooperação científica i n -
ternacional (Artigo I X ) ; d ) desnuclearização do C o n t i n e n t e , inclu-
sive a proibição de a l i s e r e m alijados resíduos radioativos, até
que todas as P a r t e s C o n t r a t a n t e s , por consentimento unânime, deci-
dam concluir acordos sobre a utilização da e n e r g i a n u c l e a r com a p l i ^
cação n a região a n t á r t i c a : e ) e x p i r a ç ã o do T r a t a d o "trinta anos a-
põs a s u a v i g ê n c i a " (alínea a ) do p a r á g r a f o 2 do A r t i g o X I I ) ; vale
dizer que a v i g ê n c i a do T r a t a d o deverá estender-se por mais 16 a-
nos, de v e z que em 1 9 9 1 "deverá ser revisto o seu funcionamento"
nos termos do c i t a d o d i s p o s i t i v o ; o presente artigo substituiu,por
tanto, a c l á u s u l a de d e n ú n c i a q u e , em d e c o r r ê n c i a , n a o f i g u r a no
aludido texto internacional; f ) omissão quanto â exploração econo-
mico-comercial dos r e c u r s o s n a t u r a i s existentes n a região antárti-
ca: na verdade o assunto vem ganhando n o v a s dimensões com as pro-
missoras p e r s p e c t i v a s de e x t r a ç ã o de p e t r ó l e o e gás n a t u r a l da pia
taforma c o n t i n e n t a l n a r e g i ã o , o q u e , ao c o n t r á r i o de o u t r o s recujr
sos i a detectados no s e t o r c o n t i n e n t a l antártico (minério de ferro,
carvão, urânio, e t c . ) p o d e r i a m eventualmente v i r a ser explorados
a curto prazo com a utilização de inovações tecnológicas já dispo-
níveis; o assunto f o iobjeto de d e t i d o estudo por p a r t e de um gru-
po de p e r i t o s em r e c u r s o s a n t á r t i c o s que a n a l i s o u o s d i f e r e n t e s as^
pectos da r e f e r i d a exploração, â l u z dos d i s p o s i t i v o s do Tratado
da A n t á r t i d a , d a l e g i s l a ç ã o n a c i o n a l d o s países que i n v o c a m sobera
nia territorial n a A n t á r t i d a , d a u r g ê n c i a do início d e s s a explora-
ção o u d a c o n v e n i ê n c i a de uma m o r a t ó r i a de d e z a n o s no tratamento
do d e l i c a d o tema, dos e v e n t u a i s e f e i t o s da r e f e r i d a exploração s o -
bre o meio-ambiente (inclusive a s recomendações da Conferência d a s
Nações U n i d a s sobre o meio-ambiente) e do critério a s e r adotadopa

Departamento de Imprensa Nacional

s
S E C R E l OI

_ 4 _

para a participação n o s f u t u r o s e m p r e e n d i m e n t o s (em b a s e s unilate-


rais ou m u i t i l a t e r a i s , e n e s t a última, se s e r i a m incluídos apenas
12 membros originários o u também os E s t a d o s que p o s t e r i o r m e n t e adj?
riram ao T r a t a d o ) . T I )0 Brasil e a Antártida 5. A s p r i m e i r a s de
monstrações do i n t e r e s s e brasileiro pelos assuntos antárticos da-
tam do f i n a l do século X I X , c o n s t i t u i n d o , n e s s e contexto, signifi-
cativo testemunho a s manifestações havidas no R i o de J a n e i r o por
ocasião da passagem d a Exposição Científica B e l g a ã Antártida, as
quais culminaram com o f e i t o h i s t ó r i c o do h a s t e a m e n t o do pavilhão
nacional em território a n t á r t i c o , em 28 de o u t u b r o de 1 8 9 8 , pelo
belga Adrien de G e r l a c h e de G o m e r y . 6. A r e f e r i d a g e s t a , da qual
decorreria a c o n q u i s t a de um título h i s t ó r i c o para o Brasil, f o i
possibilitada pela ação do I n s t i t u t o Histórico e Geográfico Brasi-
leiro q u e , numa d e m o n s t r a ç ã o de n o t á v e l descortínio político para
a época, tomou a i n i c i a t i v a de r e c e b e r a referida m i s s ã o no Brasil
em sessão solene do I n s t i t u t o , p r e s i d i d a pelo Conselheiro Manuel
Francisco Corrêa, f o r n e c e n d o inclusive ao s e u C o m a n d a n t e a bandei-
ra brasileira que s e r i a içada n a A n t á r t i d a . T a l episódio de has-
teamento do p a v i l h ã o n a c i o n a l n a A n t á r t i d a se e n c o n t r a , aliás, do-
c u m e n t a d o no livro-diário do C o m a n d a n t e A d r i e n de G e r l a c h e de Gome
ry, intitulado " Q u i n z e m e s e s n a A n t á r t i d a " , bem como n a o b r a publjL
cada por seu i m e d i a t o , Georges L e c o i n t e , denominada "No País dos
Pingüins". 7. A e s s e respeito, merecem especial registro os arti-
gos publicados pela imprensa do R i o d e J a n e i r o s o b r e a visita da
expedição b e l g a , cujo comandante f o irecebido em audiência peloPre
sidente Prudente de M o r a e s , todos eles compilados em revista do I n s
tituto Histórico e Geográfico Brasileiro, com amplo noticiário s o -
bre o programa cumprido p e l a missão b e l g a , havendo pelo menos um
deles expendido comentários sobre fenômenos de i n t e r e s s e científi-
co n a Antártida, t a i s como o m a g n e t i s m o polar, aspectos geológicos
meteorológicos e eletricidade atmosférica ("Jornal do B r a s i l " , edjL
çao de 2 3 de o u t u b r o de 1 8 9 7 ) . 8. Na p r i m e i r a d é c a d a do século XX,
voltou a baila o interesse pelos temas r e l a c i o n a d o s com a Antárti-
da, conforme bem o corrobora o tratamento concedido a Jean Baptis-
te Charcot, comandante de d u a s expedições f r a n c e s a s ã A n t á r t i d a que,
em reconhecimento ã cooperação r e c e b i d a do G o v e r n o brasileiro, a l i
designou dois acidentes geográficos com o s n o m e s do Barão do Rio
Branco e do A l m i r a n t e Alexandrino de A l e n c a r . 9. C e r c a de quaren-
ta anos mais t a r d e , já p o r v o l t a da década d o s cinqüenta, reiniciji
ram no B r a s i l a s demonstrações de interesse p e l a A n t á r t i d a , em n í -
vel n ã o - g o v e r n a m e n t a l , através de o b r a s de a u t o r e s de reconhecido
renome e pronunciamentos de m e m b r o s do C o n g r e s s o , m i l i t a r e s , partj;
S E C R E T O

particulares, ó r g ã o s de i m p r e n s a e entidades diversas. 10. Pelas


referidas manifestações, s e pode v e r i f i c a r o interesse que o assun
to despertou em círculos de o p i n i ã o p u b l i c a no B r a s i l , sobretudoem
relação aos s e g u i n t e s pontos principais: a ) importância estratégji
ca de que s e r e v e s t e o s e x t o C o n t i n e n t e para o Brasil, dada a nos-
sa extensa linha costeira sobre o Atlântico; b ) relevância dos da
dos científicos obtidos n a Antártida para a previsão de fenômenos
m e t e o r o l ó g i c o s , com incidência direta em v á r i o s s e t o r e s de atividja
des no B r a s i l , dentre os q u a i s a agricultura e a pecuária; c ) pers
pectivas de p a r t i c i p a ç ã o n a c i o n a l em uma futura exploração de re-
cursos n a Antártida, c u j o p o t e n c i a l começa a s e r d e s v e n d a d o , dando
lugar a algumas previsões otimistas quanto a um aproveitamento eco
nômico-comercial daquelas riquezas; d) o B r a s i l poderia eventual-
mente apresentar títulos jurídicos para reivindicar uma p a r c e l a de
território no C o n t i n e n t e antártico, d e n t r e os q u a i s foram salienta
dos os d i r e i t o s históricos, a t e o r i a da defrontaçao, t e o r i a das i n
fluências (fenômenos m e t e o r o l ó g i c o s ) e t c . 1 1 . No âmbito d a s ini-
ciativas tomadas por s e t o r e s r e p r e s e n t a t i v o s da v i d a n a c i o n a l , nao
poderiam d e i x a r de s e r a q u i r e g i s t r a d o s os t r a b a l h o s e d e b a t e s r e a
lizados no E s t a d o - M a i o r d a s F o r ç a s A r m a d a s , no C o n s e l h o de Seguran
ça N a c i o n a l e n a E s c o l a S u p e r i o r de G u e r r a . F o i também o tema da
participação brasileira n a Antártida objeto de a m p l a s considerações
por p a r t e de a l g u n s membros do C o n g r e s s o Nacional, que expenderam
vários comentários sobre a relevância po1ítico-estratêgica do as-
sunto para os i n t e r e s s e s brasileiros, contribuindo para o assenta-
mento das p r i m e i r a s bases d a d o u t r i n a e jurisprudência brasileiras
nesse terreno. 12. I n i c i a t i v a menos compreendida, por suas reper-
cussões no e x t e r i o r , mas que d e s p e r t o u a maior celeuma em circulos
de opinião no B r a s i l f o i a do C l u b e de E n g e n h a r i a , que p r o p ô s , em
1°72, a organização de uma expedição científica b r a s i l e i r a ã Antãir
tida. 0 assunto passou a ocupar os cabeçalhos dos p r i n c i p a i s jor-
nais brasileiros, havendo, inclusive, despertado violenta reação
crítica p o r p a r t e de s e t o r e s de o p i n i ã o n ã o - g o v e r n a m e n t a i s na Ar-
gentina, os q u a i s a consideraram como uma "demonstração do imperia
lismo brasileiro no C o n t i n e n t e " . A sugestão do C l u b e de Engenha-
ria encontrou e c o no C o n g r e s s o Nacional onde f o iapresentado um
projeto de L e i a u t o r i z a n d o o Poder E x e c u t i v o a dar apoio oficial a
expedição em a p r e ç o . III) Adesão ao T r a t a d o da Antártida 13. A
adesão ao T r a t a d o da Antártida, nos t e r m o s de seu a r t i g o XIII,está
facultada a todo E s t a d o Membro d a s N a ç õ e s U n i d a s , sendo ate o mo-
m e n t o , 4 ( q u a t r o ) o número de p a í s e s q u e já a c e d e r a m ao referido
instrumento mu1tilateral, desde sua entrada em v i g o r , em 1961. 0
processo de adesão d e v e r á o b e d e c e r ã mesma l i n h a dos c a s o s prece-
Departatr.ento de Imprensa Nacional — 1
S E C R E i wj

- 6 -

precedentes. 14. Aos E s t a d o s que i n g r e s s a m no m e c a n i s m o do Trata


do d a A n t á r t i d a p e l a v i a de adesão ê g a r a n t i d a p l e n a participação
em todas a s decisões e atividades nele previstas, desde que "mani-
festem seu i n t e r e s s e p e l a Antártida, d e s e n v o l v e n d o a l i atividades
substanciais de i n v e s t i g a ç õ e s cientificas, tais como a c r i a ç ã o de
uma estação científica ou o e n v i o de uma expedição científica"(Ar-
tigo IX, § 2 ) . 1 5 . E s s a exigência contempla, ã primeira vista,cer
ta dose de d i s c r i m i n a ç ã o c o n t r a os E s t a d o s - A c e d e n t e s , de v e z que
somente a estes, e n a o a o s membros originários do T r a t a d o , t a l di_s
positivo é aplicável. Acresce, ainda, o fato de que o s e u n a o cura
primento impede a o s n o v o s membros a participação nas p r i n c i p a i s de
liberações t o m a d a s no â m b i t o do T r a t a d o da Antártida. É também v e r
d a d e , no e n t a n t o , que o s E s t a d o s originários já e x e r c i a m e conti-
nuam a e x e r c e r a t i v i d a d e s n a região A n t á r t i d a . 16. A segunda con-
seqüência - esta de o r d e m indireta - d a adesão ao T r a t a d o d a Antãr_
tida está i m p l í c i t a no d i s p o s i t i v o constante do a r t i g o IV,peloquaL
é outorgado, a título exclusivo, a o s membros originários, o "conge
lamento" de s u a s reivindicações de soberania territorial sobre a
A n t á r t i d a , bem como o r e c o n h e c i m e n t o correlato de que " n e n h u m ato
ou a t i v i d a d e que t e n h a lugar durante a vigência do p r e s e n t e Trata-
do c o n s t i t u i r á b a s e para firmar posição, a p o i a r ou c o n t e s t a r uma
reivindicação de s o b e r a n i a territorial n a Antártida" (Artigo IV,
Ç 2 ) . 1 7 . Em ambos os c a s o s citados, porém, a emergência de fatos
supervenientes no cenário m u n d i a l e as p a r t i c u l a r i d a d e s da própria
posição b r a s i l e i r a tem contribuído para minorar sensivelmente tais
efeitos discriminatórios, que p o d e r i a m , assim, serneutralizados
com a presença "de j u r e " e "de f a c t o " do B r a s i l dentro do mecanis-
mo institucional previsto pelo Tratado da Antártida. 18. Quanto
ao p r i m e i r o ponto - a obrigatoriedade do e s t a b e l e c i m e n t o de bases
ou o envio de e x p e d i ç õ e s científicas - c a b e r i a analisá-lo e_x con-
trariu sensu, na medida em que t a i s a t i v i d a d e s não p o d e r i a m , n a prá
tica, v i r a ser realizadas pelo Brasil fora do c o n t e x t o do Tratado
da Antártida, i s t o é , sem o a p o i o político e logístico dos Estados
que já s e e n c o n t r a m n o C o n t i n e n t e Austral, todos eles membros do
referido instrumento multilateral. E s s a é, aliás, a interpretação
recentemente dada ao a s s u n t o pelos Governos da A r g e n t i n a e do Chi-
le, q u e , em uma Declaração Conjunta sobre a Antártida, m a n i f e s t a -
ram expressamente que " t o d o s os E s t a d o s que r e a l i z e m a t i v i d a d e s n a
Antártida devem e s t a r l i g a d o s p e l a s mesmas normas jurídicas, sendo
aplicáveis em relação ãs r e f e r i d a s a t i v i d a d e s a s disposições perti^
nentes do T r a t a d o da Antártida, e s p e c i a l m e n t e seus artigos I X e X".
19. Esta é, também, a interpretação contida na A t a F i n a l d a V I I Re_
união de C o n s u l t a do T r a t a d o da Antártida, r e a l i z a d a em Wellington,
em 1972, a qual está v a z a d a nos s e g u i n t e s termos: "A R e u n i ã o consi
derou a questão de a t i v i d a d e s c o n t i n u a d a s ou de r e i v i n d i c a ç õ e s t e _ r
ritoriais n a área do T r a t a d o da Antártida p o r E s t a d o s que não são
Partes Contratantes do T r a t a d o : Concordou a R e u n i ã o , em que, em
tais circunstâncias, s e r i a aconselhável para os Governos consulta-
rem-se mutuamente nos termos do d i s p o s t o no T r a t a d o com v i s t a s a
estarem habilitados a instar ou a c o n v i d a r o Estado ou o s Estados
de referencia a aceder ao T r a t a d o , s a l i e n t a n d o os d i r e i t o s e bene-
fícios q u e d e c o r r e r ã o de t a l a t i t u d e , bem como a s r e s p o n s a b i l i d a d e s
e obrigações q u e o s mesmos d e v e r ã o assumir". 2 0 . No que d i z res-
peito ao s e g u n d o aspecto d a adesão ao T r a t a d o da Antártida - conge
lamento d a s reivindicações territoriais sobre a Antártida em favor
dos membros originários do T r a t a d o e a i n v a l i d a d e de q u a l q u e r nova
pretensão nesse sentido durante a v i g ê n c i a do mesmo T r a t a d o - o mes
mo m e r e c e igualmente ser qualificado, â l u z de s e u r e a l significa-
do n a a t u a l conjuntura. 21. Preliminarmente, caberia assinalar
que dos d o z e membros originários do T r a t a d o da Antártida, 7 (sete)
países, d e n t r e os q u a i s a Argentina e o Chile, formularam, em tem-
po o p o r t u n o e em nível oficial, suas reivindicações sobre o Conti-
nente Austral, restando, portanto, 5 (cinco) nações, f i g u r a n d o en-
tre essas os E s t a d o s Unidos d a América e a União Soviética,que nao
lançaram mao do r e c u r s o â reivindicação. Por outro lado, nenhum
dos quatro países que a d e r i r a m ao r e f e r i d o instrumento multilate—
ral se p r o n u n c i o u o f i c i a l m e n t e quanto â questão d a s reivindicações
de soberania territorial. Em suma, dos a t u a i s 16 ( d e z e s s e i s ) mem-
bros do T r a t a d o da Antártida, 9 ( n o v e ) d e l e s não se encontram no
grupo dos " t e r r i t o r i a l i s t a s " , cujo poder de b a r g a n h a tende, assim,
a diminuir sensivelmente â medida em que um numero m a i o r de novos
Estados venha a assegurar a s u a p r e s e n ç a n a região austral. 22. Cji
beria, a propósito, r e i t e r a r que o m e c a n i s m o do " c o n g e l a m e n t o das
reivindicações" tem a g i d o muito mais no s e n t i d o da internacionali-
zação do C o n t i n e n t e Austral do que em r e f o r ç o de uma v e r d a d e i r a po
sição territorialista. 23. Quanto ao p r o c e s s o instituído pelo T r a
tado da Antártida para a adesão, cabe considerar a existência, no
referido t e x t o j u r í d i c o , de c l á u s u l a expressa sobre a possibilida-
de de v i r e m outros países a e l e aceder, sem q u a l q u e r outra exigên
cia que n a o a de s e r membro d a O r g a n i z a ç ã o d a s Nações U n i d a s (Arti^
go X I I I , parágrafo 19). 24. T r a t a - s e , p o r t a n t o , de i n s t r u m e n t o ao
qual, segundo a prática e d o u t r i n a internacionais, p o d e um Estado
aderir p o r um ato u n i l a t e r a l , no c a s o , a t r a v é s de uma comunicação
formal ao G o v e r n o d o s E s t a d o s Unidos da América, d e s i g n a d o Governo
Depositário, n o s t e r m o s do p a r á g r a f o 39 do A r t i g o X I I I . A linha
de ação está fixada pelos precedentes já c i t a d o s . 2 5 . Tendo em
Departamento de Imprensa Nacional
S E C R Ei

- 8 -

vista, porém, o p r e c e i t o c o n s t i t u c i o n a l brasileiro, constante do


item I do A r t i g o 4 4 , c o m b i n a d o com o i t e m X do a r t i g o 81 da Carta
M a g n a , que i n c l u i o assunto entre a s matérias em que s e f a z o b r i g j i
tõria a a p r o v a ç ã o do P o d e r Legislativo, deverá a adesão brasileira
ao Tratado da Antártida ser feita "ad referendum" do C o n g r e s s o Na-
cional, subordinando-a, portanto, a posterior aprovação do Poder
Legislativo. 2 6 . Uma vez preenchidos esses requisitos de o r d e m i n
terna, aos quais alude expressamente o parágrafo 2 do A r t i g o XIII
do T r a t a d o da Antártida, poderá então o B r a s i l formalizar a s u a ade_
são d e f i n i t i v a , com o e n c a m i n h a m e n t o de uma segunda Nota Diplomat^
ca ao G o v e r n o n o r t e - a m e r i c a n o , esta já com o s i n s t r u m e n t o s de rati^
ficaçao da adesão. 27. Em termos de s u a s conseqüências jurídicas,
portanto, a adesão b r a s i l e i r a só c o m e ç a r i a a produzir seus plenos
efeitos no momento do d e p ó s i t o , j u n t o ao G o v e r n o norte-americano,
dos instrumentos de r a t i f i c a ç ã o d a adesão definitiva. 2 8 . Em suma,
poderiam assim s e r resumidas as f a s e s meramente processua1ísticas
da adesão ao T r a t a d o da Antártida: a ) comunicação, através de Nota
D i p l o m á t i c a , d a adesão b r a s i l e i r a , "ad referendum" do C o n g r e s s o N_a
cional ao G o v e r n o dos E s t a d o s Unidos da América; b ) encaminhamento
do t e x t o do T r a t a d o ao C o n g r e s s o Nacional; c ) discussão e aprova-
ção do t e x t o d a c o n v e n ç ã o n a s C o m i s s õ e s i n t e r e s s a d a s nos plenários
das duas Casas do C o n g r e s s o : d ) aprovação do a t o i n t e r n a c i o n a l por
decreto legislativo; e ) ratificação do a t o p e l o Poder E x e c u t i v o ;
f) remessa de n o v a N o t a D i p l o m á t i c a ao G o v e r n o n o r t e - a m e r i c a n o com
comunicação d a adesão definitiva e encaminhamento dos respectivos
instrumentos de r a t i f i c a ç ã o ; g ) p r o m u l g a ç ã o , p o r d e c r e t o do Senhor
Presidente da República; h ) publicação no D i á r i o Oficial. I I I ) Con-
veniência da participação brasileira no m e c a n i s m o do T r a t a d o d a An-
tártida 2 9 . 0 q u e f o i até a q u i exposto parece apontar para a exis
t ê n c i a de um real e justificado interesse do B r a s i l na Antártida,
interesse esse que s e t r a d u z , a c u r t o e a médio p r a z o , em t e r m o s de
segurança n a c i o n a l (estratégia) e , a l o n g o prazo, em função d a poj5
sibilidade de v i r o B r a s i l a participar do f u t u r o aproveitamento
dos r e c u r s o s já identificados o u p o r d e s c o b r i r no Sexto Continente.
Merece ainda se c i t a d a , por se t r a t a r de a s p e c t o importante, a con
veniencia de v i r o B r a s i l a realizar no C o n t i n e n t e Austral pesqui.
sas científicas de i n t e r e s s e geral e, p a r t i c u l a r m e n t e , aquelas r e -
lacionadas com aspectos meteorológicos e o u t r o s , com incidência so
bre o território brasileiro. Esse interesse brasileiro n a AntártjL
da tem s i d o compartilhado pelo Itamaraty, Estado-Maior das Forças
Armadas, Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , M i n i s t é r i o Militares, Con
gresso Nacional, associações de c l a s s e , cientistas, técnicos, im-
imprensa e particulares. 3n. o i n t e r e s s e brasileiro na Antártida
tem sido intermitente e f o i precedido de m a n i f e s t a ç õ e s m a i s concre
tas de e n v o l v i m e n t o nos a s s u n t o s daquele continente por p a r t e ou-
tros países. 3 1 . Dentre o s títulos de s o b e r a n i a territorial apre-
sentados pelos países q u e já s e e n c o n t r a m instalados n a Antártida,
nenhum d e l e s fundado em u t i p o s s i d e t i s de f a c t o , p a r e c e m menos con
trastantes com a s d o u t r i n a s clássicas do D i r e i t o Internacionalaque
les e x i b i d o s p e l a s nações com m a i s a f i n i d a d e geográfica com o Con-
tinente Austral, como ê o c a s o da A r g e n t i n a e do C h i l e . A propõsi^
to, cabe, entretanto, observar que o s d i v e r s o s t í t u l o s i n v o c a d o s em
favor d a s pretensões territoriais n a Antártida têm s i d o freqüente-
mente impugnados pelos próprios membros do " C l u b e Polar" (Argenti-
na versus Grã-Bretanha; A r g e n t i n a versus Chile; EUA e URSS v e r sus
todas a s nações que a l i p r e t e n d e m exercer soberania territorial,etc.)
32. A política b r a s i l e i r a n a Antártida p o d e r i a , s a l v o melhor juízo,
concentrar-se, não n a c o n t e s t a ç ã o dos i n t e r e s s e s de p a í s e s d a Amêjri
c a do S u l , mas n a d e f e s a do d i r e i t o de p a r t i c i p a ç ã o para o s países
com m a i o r a f i n i d a d e e vizinhança com o C o n t i n e n t e Austral, o que
significaria, a rigor, uma aproximação com o C h i l e e a Argentina.
Cabe lembrar, porém, que e s s e s dois países são j u s t a m e n t e os que
mais arduamente defendem o princípio d a s reivindicações territo-
riais, em a b e r t a oposição a qualquer tentativa de estabelecimento
de um regime internacional o u de c o n d o m í n i o para a Antártida. 33.
Como já f o i a n t e r i o r m e n t e a s s i n a l a d o , o Governo brasileiro manifejs
tou o f i c i a l m e n t e , em 30 de j u l h o de 1 9 5 8 , ao G o v e r n o norte-america
no sua inconformidade a o s princípios que n o r t e a r a m a convocação da
Conferência de W a s h i n g t o n , de que r e s u l t o u o Tratado da Antártida,
expressando, nessa oportunidade, que "o B r a s i l ante o i m p e r a t i v o de
proteger s u a segurança n a c i o n a l , reservar-se-ã o direito de livre
acesso ã Antártida; a s s i m como o de a p r e s e n t a r a s reivindicações
que possa a v i r a julgar necessárias". Essa reserva de direitoss£
bre e v e n t u a i s reivindicações n a Antártida precedeu, portanto, a as
sinatura do T r a t a d o de W a s h i n g t o n , cujo Artigo I I , § 2 estabelece
que "nenhum a t o o u a t i v i d a d e que t e n h a lugar durante a vigência do
presente Tratado constituirá base para firmar, apoiar ou c o n t e s t a r
reivindicações sobre soberania territorial n a Antártida ou criar
direitos de s o b e r a n i a n a A n t á r t i d a " . 3 4 . Ê" um fato de meridiana
evidência que o T r a t a d o d a Antártida, beneficiário do a p o i o das
grandes potências, v i s a a e s t a b e l e c e r n o r m a s válidas erga-omnes. 0
Brasil (como q u a l q u e r outro Estado não m e m b r o ) não está em condi-
ções de m o d i f i c a r e s s e fato e por i s s o o que l h e c u m p r e ê p r o c u r a r ,
para influir n a política antártica proceder a s u a adesão ao Trata-
do. Por conseguinte, em v e z de d e s e n v o l v e r a t i v i d a d e s que s e opo-
Departamento de Imprensa Nacional ~
I
S E C R £ KJ

- in -

oponham ao T r a t a d o , o que v i r i a antagonizar os E s t a d o s - F e m b r o s e


privar-nos da colaboração internacional, o Brasil deve tentar inse.
rir s u a ação no çuadro do T r a t a d o , através do c a m i n h o indicado no
artigo XIII, relativo ã adesão. 3 5 . Ouando desse ato,o Brasil po_
deria, s a l v o melhor juízo, e m i t i r uma declaração ou proclamação,
reiterando e precisando a s u a posição n o s a s s u n t o s da Antártida.
N e s s a mesma o c a s i ã o , d e v e r á s e r acentuado o caráter transitório do
Tratado da Antártida e a positiva contribuição que p a í s e s com jus-
tificado interesse n a A n t á r t i d a , como é o c a s o do B r a s i l , poderão
aportar ã revisão do T r a t a d o , prevista para 1991. 3 6 . A adesão do
Brasil ao T r a t a d o d a Antártida poderia ainda levar outros paísesla
tino-americanos, como o U r u g u a i , o Peru e o Equador, a adotar idên
tica medida, aumentando, assim, o peso da pressão a ser exercida,
junto a o s 12 s i g n a t á r i o s originais, quando da expiração do referi-
do i n s t r u m e n t o j u r í d i c o , em f a v o r de n o r m a s m a i s justas eeqüânimes
para a solução definitiva do e s t a t u t o do C o n t i n e n t e Austral. 37.
Uma v e z que s e j a P a r t e do T r a t a d o da Antártida, o B r a s i l poderá e
deverá (exigência do A r t i g o I X , § 2 ) d e s e n v o l v e r ativa participa-
ção n a A n t á r t i d a , inclusive em colaboração com o s o u t r o s membros
originais do T r a t a d o , política e s s a , aliás, i n c e n t i v a d a p e l o s Art_i
gos I I e IX. 38. 0 B r a s i l poderia, assim, v i ra defender a s idéias
da multilateralização da p e s q u i s a c i e n t í f i c a n a A n t á r t i d a , com o
concurso d o s países amigos, sobretudo com o s v i z i n h o s do Continen-
te. 3 9 . E s s a multilateralização poderia s e r bem r e c e b i d a por par-
te de c e r t o s p a í s e s com p o u c o s recursos para a t i v i d a d e s de pesqui-
sa c i e n t í f i c a , mas deverá s e r conduzida com a maior habilidade de
modo a e v i t a r - s e a generalização de um sentimento de desconfiança
em relação a iniciativa brasileira, sentimento esse q u e p o d e r á even
tualmente v i r a s e r alimentado p o r signatários do T r a t a d o d a Antãr_
tida contrários a participação do B r a s i l no C o n t i n e n t e . 40. Caso,
ao expirar o prazo previsto para a vigência do T r a t a d o da Antárti-
da, venha a s e r eventualmente aceito o critério da defrontação p a -
ra a delimitação d a s o b e r a n i a no t e r r i t ó r i o A n t á r t i c o , o G o v e r n o
brasileiro deverá fazer valer seus incontestáveis direitos decorren
tes de s u a p o s i ç ã o geográfica. I V ) O i t a v a Reunião de C o n s u l t a do
Tratado da Antártida 4 1 . 0 estudo da conveniência de v i r o Bra-
sil a aderir ao T r a t a d o d a A n t á r t i d a não p o d e r i a d e i x a r de levar
em consideração a VIII Reunião de C o n s u l t a do T r a t a d o d a Antártida,
a realizar-se em j u n h o p r ó x i m o , em O s l o , ao a m p a r o do A r t i g o I X do
referido ato internacional. F o i e l a e s t a b e l e c i d a como f o r o onde
as Partes Contratantes poderão p r o c e d e r ao intercâmbio de informa
ç o e s , ã" c o n s u l t a s o b r e questões de i n t e r e s s e comum r e l a c i o n a d a s com

S E C R E Í OI
~ ——'— — .,,
a Antártida e â f o r m u l a ç ã o , ao e s t u d o e â recomendação aos Gover-
nos de m e d i d a s concretizadoras dos princípios e o b j e t i v o s do T r a t a
do, inclusive as normas relativas ao: a ) u s o da Antártida somente
para fins pacíficos; b ) facilitaçao de p e s q u i s a s c i e n t í f i c a s n a An
tãrtida; c ) facilitaçao da cooperação i n t e r n a c i o n a l n a Antártida;
d) facilitaçao do e x e r c í c i o de d i r e i t o s de inspeção p r e v i s t o s no
artigo V I I do T r a t a d o : e ) questões relativas ao e x e r c í c i o de jurij;
dição n a A n t á r t i d a : f ) p r e s e r v a ç ã o e conservação dos r e c u r s o s v i -
vos n a Antártida. 42. A amplitude d a s atribuições cometidas ã Reu
niao de C o n s u l t a pode i n c l u s i v e dar lugar a que d e l a emanem propôs^
tas de e m e n d a s ao c i t a d o a t o jurídico m u l t i l a t e r a l , que, nos ter-
mos do s e u A r t i g o X I I , "pode s e r m o d i f i c a d o ou emendado a qualquer
momento p o r a c o r d o unânime das P a r t e s Contratantes, cujos represen
tantes estejam autorizados a participar de t o d a s a s reuniões pre-
vistas no A r t i g o IX". 4 3 . A próxima Reunião de C o n s u l t a , c u j a agen
da não f o i d i v u l g a d a , se segue â V I I Reunião de C o n s u l t a , realiza-
da em W e l l i n g t o n , em o u t u b r o / n o v e m b r o de 1 9 7 2 . No caso d a Reunião
de Oslo, c a b e r i a a c r e s c e n t a r que o r e f e r i d o encontro vem s e n d o pre_
p a r a d o , -há a l g u m tempo, p e l o s Estados-Membros do T r a t a d o , seja atra
v é s de c o n v e r s a ç õ e s informais com a participação de representantes
das Partes Contratantes, seja por contatos bilaterais visando â
harmonização de p o s i ç õ e s , i n s e r i n d o - s e n e s s e último exemplo os e n -
tendimentos argentino-chilenos. 4 4 . No contexto dos t r a b a l h o s p r e
paratõrios da V I I I Reunião de C o n s u l t a , com p a r t i c i p a ç ã o generali-
zada dos membros do T r a t a d o , foram bastantes significativas as a t ^
vidades de um grupo informal, reunido na C a p i t a l norueguesa em f e -
vereiro último, a b r a n g e n d o matéria relativa ao D i r e i t o do M a r , Mar
Territorial e Z o n a s Econômicas n a Antártida. Nessa oportunidade,a
Gra-Eretanha, que t r a d i c i o n a l m e n t e se i n c l u i u entre o s países que
reivindicam direitos de s o b e r a n i a territorial n a Antártida, teria
proposto a c r i a ç ã o de uma autoridade supranacional para o controle
dos recursos n a t u r a i s antárticos. Ainda que a i n i c i a t i v a britâni-
ca possa ser interpretada restritamente, isto é, l i m i t a d a a "auto-
ridade supranacional" aqueles países membros do T r a t a d o d a AntãrtjL
da, a referida a t i t u d e nao d e i x a de c r i a r um p r e c e d e n t e a f a v o r das
teses de " i n t e r n a c i o n a l i z a ç ã o " o u de um "condomínio m u l t i n a c i o n a l "
para o Continente Austral. 45. A postura britânica, que s e vem
delineando de há m u i t o , poderia estar relacionada com as conclu-
sões do r e c e n t e trabalho realizado pela Universidade de Birmingham,
que apontam p a r a a existência de r i c a s jazidas de p e t r ó l e o na re-
gião d a s M a l v i n a s e, mais diretamente, âs i n f o r m a ç õ e s que transpi-
raram sobre a viagem realizada, há d o i s anos a t r á s , â região antãr

Departamento de Imprensa Nacional — |*"*'"'" i. , ,


M .,„„,.,

p fc C K E T O
SE CR íí

- 12 -

antártica pelo navio norte-americano "Glomar Challenger" teriam i n


dicado a existência de um rico p o t e n c i a l p e t r o l í f e r o n a r e g i ã o , cia
jo aproveitamento teria, p o r é m , de e n f r e n t a r g r a n d e s e compreensí-
veis dificuldades de o r d e m técnica. 46. A r e f e r i d a informação f o i
objeto de d e t i d o exame p o r p a r t e de um grupo de p e r i t o s , convocado
em 1 9 7 3 , c u j a s conclusões foram encaminhadas ã última Reunião Pre-
paratória sobre Recursos N a t u r a i s n a Antártida. Nessa ocasião,foi
salientado que a e x p l o r a ç ã o d o s r e c u r s o s m i n e r a i s n a região pode_
ria violar o Tratado da Antártida, desde que r e a l i z a d a sem o con-
sentimento das P a r t e s C o n t r a t a n t e s . 0 aludido grupo de p e r i t o s dis_
cutiu, por outro lado, a u r g ê n c i a d a adoção de m e d i d a s para regu-
lamentar a exploração da p l a t a f o r m a c o n t i n e n t a l antártica, havendo
feito referência ao e s t a t u t o d a s águas territoriais, ã moratória
proposta para a exploração dos r e c u r s o s n a t u r a i s e a problemas eco
lógicos. Muito significativamente o r e l a t ó r i o do m e n c i o n a d o grupo
acrescenta que o c o n s e n t i m e n t o necessário para t a l exploração pode
ria s e r oportunamente dado p e l a s P a r t e s C o n t r a t a n t e s do T r a t a d o da
Antártico, p o r intermédio de uma v o t a ç ã o . 47. A a l u d i d a proposta
britânica d a criação de a u t o r i d a d e supranacional para o controle
dos recursos naturais antárticos q u e , ao que t u d o indica, levou em
consideração todos os r e l e v a n t e s f a t o s acima mencionados, colidiu
abertamente com a posição argentino-chilena, cuja postura "territ£
rialista" em assuntos antárticos tem constituído linha mestra em
sua conduta internacional. 0 mesmo n a o t e r i a o c o r r i d o , porém, com
os Estados Unidos d a América, contrários â reivindicações de sobe-
rania no C o n t i n e n t e Austral e favoráveis ao início imediato da e x -
ploração dos a l u d i d o s recursos naturais n a região, máxime daqueles
relacionados ao a p r o v e i t a m e n t o energético. 4 8 . No âmbito d o s en-
tendimentos bilaterais e n t r e membros do T r a t a d o da Antártida, v i -
sando a apresentação de uma posição conjunta n a próxima reunião de
Oslo, a q u e me referi no parágrafo 4 4 , merecem especial atenção os
mencionados entendimentos argentino-chilenos. 4 9 . Os d o i s países
de referencia, já a l g o d e s i l u d i d o s com o s i s t e m a de c o o p e r a ç ã o p r e
visto no T r a t a d o d a Antártida e preocupados com o i n t e r e s s e cres-
cente d o s países do H e m i s f é r i o N o r t e p e l a região antártica, vem
agindo de f o r m a conjunta para assegurar os seus direitos na região
que consideram inquestionáveis. Desses entendimentos, c o n s t i t u i pe_
ça importante a citada Declaração Conjunta sobre a Antártida, cuja
principal preocupação f o icriar os mesmos vínculos jurídicos para
os Estados que d e s e j a r e m desenvolver a t i v i d a d e s n a Antártida. 50.
A referida declaração, que se c o a d u n a com o e s p í r i t o e a letra do
Tratado da Antártida, n a medida em que a c e n t u a o caráter exclusivis
ta do " C l u b e Polar", teria representado um p r i m e i r o p a s s o , desde a
SECRETO

assinatura do T r a t a d o d a A n t ã t i d a , no s e n t i d o de r e s t r i n g i r a par-
ticipação d o s d i v e r s o s países n a Antártida. A s u a r e d a ç ã o , de i n ^
piração a r g e n t i n a , f o i , segundo pode o I t a m a r a t y v e r i f i c a r , muito
atenuada pelas autoridades chilenas, que l o g r a r a m diluir a propos-
ta inicial da A r g e n t i n a que " i a m u i t o alem do q u e e f e t i v a m e n t e cons
tou da declaração, p r e t e n d e n d o instaurar um s i s t e m a de consulta
mais estrito nesse campo". 5 1 . Conforme Vossa Excelência se digna
rã v e r i f i c a r , a s t e s e s a r g e n t i n o - c h i l e n a s de " e x c l u s i v i d a d e " em as^
suntos antárticos p a r a o s membros do T r a t a d o , nao c o l i d e m , em prin
c í p i o , com a posição dos demais signatários q u e , em uma negociação
global, poderiam v i r , conjuntamente, a criar no f u t u r o restrições
ao i n g r e s s o de n o v o s m e m b r o s ao já tão e x c l u s i v o "Clube P o l a r " . 52.
Nao seria, aliás, e s t a a p r i m e i r a v e z em q u e uma composição de i n -
teresses n a região antártica v i e s s e a p r e v a l e c e r sobre agudas diver
gências, c u m p r i n d o recordar, a respeito, a própria negociação do
Tratado da Antártida. Naquela o c a s i ã o , em troca do "congelamento"
das reivindicações t e r r i t o r i a i s , de q u e s e b e n e f i c i a r a m , em alguma
medida, o s p a í s e s de p o s i ç ã o " t e r r i t o r i a l i s t a " , como a A r g e n t i n a e
o Chile, os E s t a d o s Unidos obtiveram o estabelecimento de um verda
deiro condomínio n a r e g i ã o , e m b o r a de f o r m a exclusiva para o s mem-
bros do T r a t a d o , assegurado pelo amplo sistema de i n s p e ç ã o , a l i
previsto, que f a c u l t o u inclusive a designação de " o b s e r v a d o r e s " aia
torizados a t e r acesso "em qualquer momento e a q u a l q u e r setor da
Antártida". 5 3 . X l u z de t o d a s essas observações, pode-se prever
que a VIII Peunião de C o n s u l t a do T r a t a d o da Antártida deverá ocu-
par-se de i m p o r t a n t e s assuntos de i n t e r e s s e a n t á r t i c o , a q u e me r«:
feri anteriormente, preparando eventualmente o caminho para algu-
mas futuras modificações da m a i s alta relevância política e econô-
mica para o e s t a t u t o do C o n t i n e n t e Austral. 54. Caso a adesão do
Brasil ao T r a t a d o da Antártida v e n h a a ser decidida a curto prazo,
deverá o I t a m a r a t y c o n s i d e r a r a p o s s i b i l i d a d e , junto a o s m e m b r o s do
Tratado d a A n t á r t i d a , de c o n s i d e r a r a p a r t i c i p a ç ã o brasileira na
VIII Reunião de C o n s u l t a , p r e v i s t a para o m ê s de j u n h o p r ó x i m o , de
vez que d i f i c i l m e n t e poderão s e r cumpridos, até a q u e l a data, todos
os requisitos internos exigidos pela nossa legislação para a rati-
ficação do a t o n e l o Poder E x e c u t i v o . Nesse s e n t i d o , poderá a argu
mentaçao b r a s i l e i r a s e r c a l c a d a n a Convenção de V i e n a sobre o Di-
reito dos T r a t a d o s , já p o r n o s a s s i n a d a , a q u a l e s t a b e l e c e que a
subscrição de um ato internacional já t o r n a o E s t a d o implicitamen-
te c o m p r o m e t i d o , e m b o r a não o s e j a de p l e n o direito. V ) P r o j e t o de
e s q u e m a de adesão ao T r a t a d o da Antártida 55. Caso Vossa Excelên-
cia h a j a p o r bem determinar a adesão do B r a s i l ao T r a t a d o d a Antár

Departamento de Imprensa Nacional —


SECR E l t

- 14

Antártida, n o s t e r m o s da p r e s e n t e sugestão que e l e v o á sua alta


consideração, deverá ser o aludido processo cercado da m a i o r caute
la, merecendo inclusive, a meu v e r , um p r o j e t o de e s q u e m a de ade-
são q u e , a s e g u i r , passo a comentar. 56. P r e l i m i n a r m e n t e , caberia
comunicar ao G o v e r n o dos E s t a d o s Unidos d a América, a título estri.
tamente confidencial, com a n t e r i o r i d a d e , o propósito do G o v e r n o b r a
sileiro de p a r t i c i p a r do m e c a n i s m o instituído pelo Tratado da An-
tártida, dando ciência, n e s s a oportunidade, em um gesto de corte-
sia d i p l o m á t i c a , d a intenção b r a s i l e i r a de d i v u l g a r t r e c h o s da a l u
d i d a Nota confidencial encaminhada ã Chancelaria norte-americana,
em 30 de j u l h o de 1 9 5 R ( A n e x o 2). 5 7 . Em decorrência, a anunciada
Nota, q u e , como já f o i a s s i n a l a d o f o r m u l o u a p r i m e i r a e única re-
serva de d i r e i t o s do B r a s i l a Antártida, f e i t a inclusive com ante
rioridade â assinatura do T r a t a d o de W a s h i n g t o n , seria praticamen-
te reproduzida n a comunicação brasileira sobre a adesão ao Tratado,
com registro expresso de que " t a i s observações foram expressas pe-
lo Governo b r a s i l e i r o antes mesmo d a c e l e b r a ç ã o da Conferência de
Washington, de 1 9 5 9 .n
Seria retirada, no e n t a n t o , da n o t a brasi-
leira apenas a primeira parte de s e u p a r á g r a f o 5 , que t r a t a da "ame
aça s o v i é t i c a ãs t e r r a s austrais", p o r e n c o n t r a r - s e no momento s u -
perado o assunto e s e r a União Soviética um d o s 12 m e m b r o s origina
rios do T r a t a d o . 5R. C o n s t a r i a a i n d a da n o t a brasileira de adesão
pedido de s u a divulgação junto a todas a s P a r t e s do T r a t a d o e refe
rência expressa ao caráter transitório do T r a t a d o da Antártida, em
cujos t r a b a l h o s de revisão espera justamente o Brasil poder contrjL
buir positivamente para o assentamento de r e g r a s de f i n i t i v a s , eqllâ-
nimes e universalmente aceitas para r e g u l a r a s relações antárticas.
5°. Nessa oportunidade, deverá s e r s a l i e n t a d o , n a s notícias a se
rem d i v u l g a d a s , que a participação do B r a s i l n a Antártida através
do m e c a n i s m o de adesão ao T r a t a d o de 1°61 não teve caráter aciden-
tal, mas decorreu do f i r m e d e s e j o do B r a s i l de c o l o c a r , em b a s e s se
guras, desde um p r i m e i r o m o m e n t o , inclusive a s u a posição comum com
os seus v i z i n h o s em t e m a de t a l r e l e v â n c i a . Deverá s e r t a m b é m aoen
tuado q u e o i n g r e s s o do B r a s i l no T r a t a d o da Antártida deverá tra-
duzir-se em apoio a várias t e s e s por e l e s defendidas naquele foro,
tais como a p r o i b i ç ã o d a s e x p l o s õ e s n u c l e a r e s e do a l i j a m e n t o de
resíduos radioativos n a área, a n e c e s s i d a d e de uma ação solidária
e concertada d o s p a í s e s em d e s e n v o l v i m e n t o n a região, e t c . 6 0 . 0
terceiro estágio do p r o j e t o em apreço seria a entrega, ainda na
mesma d a t a , através de um "Aide-Femoire", d e cópia d a n o t a de ade-
são b r a s i l e i r a a o s G o v e r n o s d a A r g e n t i n a , do C h i l e , do U r u g u a i , do
Peru e do E q u a d o r , com o e s c l a r e c i m e n t o v e r b a l de q u e o B r a s i l a s -

S E O
SECRETO

assim o p r o c e d i a em consideração aos f r a t e r n o s laços que n o s ligam


a esses países e em atenção ao f a t o de h a v e r e m eles partilhado jun
tamente com o B r a s i l a mesma p o s i ç ã o em relação a Antártida, onde
são a m p l a m e n t e justificáveis os seus interesses. 61. A quarta e
ultima e t a p a do e s q u e m a seria, e n f i m , a d i v u l g a ç ã o , em caráter s i -
multâneo com as medidas acima referidas, de um comunicado do M i n i _ s
terio d a s Relações E x t e r i o r e s c o n s u b s t a n c i a n d o , em termos claros e
inequívocos, a posição b r a s i l e i r a com a s s u n t o s a n t á r t i c o s , com r e -
ferencia expressa a todos os pontos f u n d a m e n t a i s que a informam.
Aproveito a o p o r t u n i d a d e p a r a r e n o v a r a V o s s a Excelência, Senhor
Presidente, os p r o t e s t o s do meu m a i s profundo respeito.
( a ) ANTÔNIO F R A N C I S C O AZEREDO DA SILVEIRA, Ministro da Relações E x
teriores.
Efetuada a consulta, todos os S e n h o r e s Membros do C o n s e l h o de Segiu
rança N a c i o n a l , se p r o n u n c i a r a m a t r a v é s de A v i s o s . Os pareceres
emitidos e v i d e n c i a r a m , u n a n i m e m e n t e , a concordância com a linha de
atuação p r o p o s t a p e l o I T A M A R A T Y . Após a análise e c o n s i d e r a ç a o dos
pareceres dos Excelentíssimos Senhores Membros do C o n s e l h o de Segu
rança N a c i o n a l , a Se c r e t a r i a - G e r a l do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Nacio-
nal submeteu â consideração do E x c e l e n t í s s i m o Senhor Presidente da
Republica a Exposição de M o t i v o s n? 035/75, de 16 de m a i o de 1 9 7 5 ,
SECRETO, a s s i m r e d i g i d a : "EXCELENTÍSSIMO SENHOR P R E S I D E N T E DA REPÚ
BLICA - Tenho a honra de d i r i g i r - m e a V o s s a Excelência a propósito
da Exposição de M o t i v o s n° D A M - I / 1 2 4 / 2 1 0 ( B 2 9 ) , S E C R E T A , de 2 de
maio de 1 9 7 5 , do M i n i s t é r i o d a s Relações E x t e r i o r e s , que v e r s a s o -
bre a posição b r a s i l e i r a com relação â ANTÁRTIDA. Por aquele docii
mento, o I t a m a r a t y , além de a n a l i s a r a matéria e avaliar possível
evolução do p r o b l e m a da ANTÁRTIDA, a p r e s e n t a uma linha de atuação
para que o B R A S I L venha a aderir ao r e f e r i d o T r a t a d o , "ad referen-
dum" do C o n g r e s s o Nacional, conforme preceito constitucional. Na
referida Exposição de M o t i v o s , V o s s a E x c e l ê n c i a h o u v e p o r bem exa-
rar o seguinte despacho: "Ã S e c r e t a r i a - G e r a l do C S N , p a r a submeter
a apreciação dos membros do C o n s e l h o . Em 2 maio 75." Dando cum-
primento â determinação de V o s s a E x c e l ê n c i a , f o r a m colhidos os p a -
receres dos S e n h o r e s Membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l que,
consolidados, resultaram em u n a n i m i d a d e quanto â concordância so-
bre o que f o i p r o p o s t o pelo Itamaraty. Esta Secretaria-Geral, no
que respeita ao m é r i t o do p r o b l e m a , já h a v i a , a n t e r i o r m e n t e , subme
tido a apreciação de V o s s a E x c e l ê n c i a a s conclusões de s e u s estu-
dos, expressas n a Exposição de M o t i v o s n° 0 6 1 / 7 4 , de 8 de setembro
de 1 9 7 4 , de o n d e Se e x t r a i : " - 0 p o s i c i o n a m e n t o do B R A S I L , com r e
lação â ANTÁRTIDA a p r e s e n t a múltiplos aspectos relacionados diret_a

Departamento de Imprensa Nacional ~


S E C R £ f Q|

- 16 -

diretamente com a Segurança N a c i o n a l . - Os d a d o s conhecidos e os


estudos realizados sobre a m a t é r i a , ao l o n g o destes últimos anos,
permitem levantar algumas premissas básicas para a apreciação do
problema, a saber: - 0 BRASIL, mais do q u e d i r e i t o s , apresentados
muitas vezes com b a s e s em argumento de v a l o r duvidoso, tem profun
dos interesses n a ANTÁRTIDA. - A posição b r a s i l e i r a com relação
aquele Continente deve s e r prática e t e r em v i s t a , t a m b é m , o s obje_
tivos a longo prazo. - Qualquer forma de p a r t i c i p a ç ã o será,em p r i n
cípio, m a i s eficiente do q u e r e i v i n d i c a ç õ e s unilaterais ou contes-
tação de uma situação de f a t o já e x i s t e n t e . - 0 Tratado de WASHING
TON, além de s e r uma realidade, é apoiado pelas grandes potências
e pelos países que, e f e t i v a m e n t e , têm t r a d i ç ã o n a o c u p a ç ã o ou em
atividades n a área. - A s negociações sobre o assunto devem ser
conduzidas tendo em v i s t a , permanentemente, s a l v a g u a r d a r os inte-
resses brasileiros, sem p r e j u í z o da política e x t e r n a do B R A S I L no
Continente. - A s d e c i s õ e s do B R A S I L sobre a ANTÁRTIDA deverão a s -
segurar a flexibilidade necessária p a r a permitir a s alterações e
ajustamentos julgados convenientes." Esta Secretaria-Ceral, apôs
reexaminar o assunto ã l u z dos e l e m e n t o s disponíveis, dos novos
subsídios oferecidos pelo Ministério d a s Relações E x t e r i o r e s e dos
pareceres d o s S e n h o r e s Membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Nacional,
chegou ãs s e g u i n t e s conclusões: - a adesão do B R A S I L ao Tratado
da ANTÁRTIDA, n a s condições e forma propostas por aquele Ministé-
rio, atende aos i n t e r e s s e s d a Segurança N a c i o n a l : - caso julgada
adequada e oportuna a presente proposta, seria conveniente q u e foj>
sem desenvolvidos e s f o r ç o s no s e n t i d o de a c e l e r a r a tramitação da
parte que c o m p e t e ao C o n g r e s s o N a c i o n a l . Ao submeter o assunto a
elevada consideração de V o s s a Excelência, e s t a Secretaria-Geral pe_
de vênia p a r a , caso aprovadas a s conclusões acima, sugerir que o
Ministério d a s Relações E x t e r i o r e s seja autorizado a d e s e n v o l v e r as
gestões necessárias para que o B R A S I L v e n h a a aderir ao T r a t a d o da
ANTÁRTIDA, n a f o r m a proposta. Aproveito a oportunidade para reno-
var a Vossa Excelência o s p r o t e s t o s do meu mais profundo respeito,
(a) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - S e c r e t a r i o - G e r a l do
Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . "

A Exposição de M o t i v o s n ° 0 3 5 / 7 5 , de 16 de m a i o de 1 9 7 5 , a c i m a trans
crita, mereceu do E x m ? S r P r e s i d e n t e d a R e p ú b l i c a o seguinte des-
pacho: "Aprovo. Em 16 M a i o 75". Apôs a aprovação f o iexpedido a
todos o s S e n h o r e s Membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , u m AvjL
so remetendo um exemplar d a mesma. '
VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA

i MINISTRO DA JUSTIÇA MINISTRO DA MARINHÍ

MINISTRO DO INTERIOR

MINISTRO DAS COMTTNICAÇÜE S MINISTRO^A PREVIDÊNCIA E


AS S I S T Ê N C I A ~ SOCIAL

MINI/TRO CHEF: MINISTRO CHEFE DA


GABINETE C SECRETARIA DE PLANEJAMENTO
S È C R í i Q

- 18 -

S~?—7 \

I N I S T R O C H E F E DO / S E R V I Ç O MINISTRO CHEFE DO
NACIONAL DE INFORMAÇÕES E S T A D O - M A I O R D A S F O R Ç A S /RMADAS

CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA CHEFE DO ESTADO-MAIOR DO


ARMADA 1/ EXÉRCITO


CHEF/F/DO E S T A D O - M A I O R DA Í - G E R A L DO C O N S E L H O
AERONÁUTICA :GURANÇA NACIONAL

i-
S E C k E í Oi

ATA DA T R I G f i S I M A NONA CONSULTA

AO

CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACIONAL

Aos v i n t e e cinco dias do m ê s d e a b r i l d e hum m i l


novecentos e setenta e cinco, f o iremetido a cada um d o s Senhores
Membros do CONSELHO DE S E G U R A N Ç A N A C I O N A L , Aviso Secreto cujo teor
ê o seguinte: "Senbor Vice-Presidente (Ministro, Chefe). Tenho a
honra de d i r i g i r - m e a V o s s a Excelência a propósito d a Exposição de
M o t i v o s n 9 1 0 4 - C O N F I D E N C I A L , de 16 d e a b r i l de 1 9 7 5 , com a qual
o Excelentíssimo Senhor M i n i s t r o das Minas e Energia submete ã con
sideração presidencial projeto de d e c r e t o que f i x a r a reserva e e s -
toque de m a t e r i a l n u c l e a r , p r e v i s t o s n a L e i n ° 6 . 1 8 9 , d e 16 de d e -
z e m b r o de 1 9 7 4 . Nos t e r m o s do q u e e s t a b e l e c e , ainda, o artigo 14
da referida l e i , determinou o Excelentíssimo Senhor Presidente da
Republica que f o s s e ouvido, a r e s p e i t o , o Conselho d e S e g u r a n ç a Na
cional, na forma prevista no A r t i g o 8 9 do D e c r e t o - l e i n 9 1 . 1 3 5 , de
3 de d e z e m b r o de 1 9 7 0 . Em a n e x o , remeto a V o s s a Excelência cópia
de documento contendo subsídios fornecidos pelo Ministério das Mi-
nas e Energia e do p r o j e t o de d e c r e t o que f o i a p r e s e n t a d o . Nestas
c o n d i ç õ e s , em d e c o r r ê n c i a d a determinação presidencial, solicito o
parecer de V o s s a E x c e l ê n c i a a respeito. Aproveito a oportunidade
para renovar a V o s s a Excelência os p r o t e s t o s de e l e v a d a estima e
distinta consideração. ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A-
BREU, Secretãrio-Geral do C o n s e l h o de Segurança N a c i o n a l " .
0 Expediente acima transcrito originou-se d a Exposição de Motivos
n9 1 0 4 / 7 5 , de 10 de a b r i l de 1 9 7 5 , do M i n i s t r o de E s t a d o d a s Minas
e Energia, que e s t a a s s i m redigida: "Excelentíssimo Senhor Presi-
dente da R e p u b l i c a : A L e i n 9 6 . 1 8 9 , de 1 6 / 1 2 / 7 4 , prevê o e s t a b e l e

Departamento de Imprensa Nacional —


SE C k E
-TTTÍHMIMIIII

- 2 -

estabelecimento p e l a Comissão N a c i o n a l de E n e r g i a N u c l e a r do esto


que d e m a t e r i a i s f é r t e i s e físseis especiais e por Vossa Excelên
cia, ouvido o Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , o e s t a b e l e c i m e n t o da
reserva de m i n e r a i s n u c l e a r e s , de s e u s concentrados o u de compos^
tos q u í m i c o s de e l e m e n t o s n u c l e a r e s , necessários â execução do
Programa Nacional de E n e r g i a N u c l e a r . 2. A f i m de o f e r e c e r aos
órgãos competentes condições p a r a cumprimento dessas disposições
legais, constituí n e s t e Ministério, G r u p o de T r a b a l h o integrado
por r e p r e s e n t a n t e s da S e c r e t a r i a do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Nacio-
nal, d a Comissão N a c i o n a l de E n e r g i a N u c l e a r e das Empresas Nucle
ares Brasileiras S.A. - NUCLEBRÃS, O q u a l estimou as necessidades
de c o n s u m o de U 0 do B r a s i l n o s próximos 10 a n o s , em função do
programa nuclear de r e f e r ê n c i a que p r e v ê , até 1 9 8 6 , uma capacida-
de nucleo-elétrica instalada de A. 2 0 0 MWe. 3. S e g u n d o essa esti-
mativa, o Brasil deverá consumir até a q u e l a data, a partir do iní
cio do f u n c i o n a m e n t o , em 1977, da U s i n a de A n g r a I , 7.900 t o n e l a -
das de U^Og, transformadas no e q u i v a l e n t e em e l e m e n t o combustível
ã base de urânio enriquecido a 3%. A. 0 p r a z o de 10 a n o s para
cálculo das nossas necessidades f o i adotado tendo em v i s t a que o
desenvolvimento de uma jazida e s u a preparação para lavra s e fazem
normalmente dentro desse prazo e que, por outro lado, se torna
difícil previsão segura de c o n s u m o além d a q u e l e prazo em virtude
do p o s s í v e l aparecimento de o u t r o s tipos de r e a t o r e s com ciclo de
combustível m a i s econômico ( r e g e n e r a d o r e s ) ou â b a s e de t ó r i o . 5 .
Levando em consideração essas e s t i m a t i v a s de c o n s u m o de U _ 0 , o a
Comissão N a c i o n a l de E n e r g i a N u c l e a r propôs a fixação dos seguin
tes critérios para estabelecimento do e s t o q u e e da r e s e r v a de m i -
n é r i o de u r â n i o : a) Para os f i n s previstos n a L e i n° 6.189, de
16/12/7A considera-se como R E S E R V A para o Programa Nacional de
Energia Nuclear a t o t a l i d a d e da r e s e r v a de m i n é r i o até a q u i medi-
da e a que v i e r a s e r m e d i d a n a área do P l a n a l t o d e P o ç o s de Cal-
das - MG e de F i g u e i r a s - PR e o c o r r e s p o n d e n t e a 8 0 % do minério
que vier a s e r encontrado e medido em o u t r a s regiões do P a í s ; b)
Para os f i n s d a L e i n ° 6 . 1 8 9 , de 1 6 / 1 2 / 7 A , considera-se como esto
que do P r o g r a m a N a c i o n a l de E n e r g i a N u c l e a r a d e m a n d a de um deter
minado a n o , disponível no ano que o a n t e c e d e r , a c r e s c i d o de 1 0 % c o
mo margem de segurança p a r a eventuais perdas no p r o c e s s o de trans^
formação. 6. Os critérios p r o p o s t o s p e l a Comissão N a c i o n a l de
Energia Nuclear, parecem-me adequados de v e z que l e v a m em conta,
no caso de P E S E R V A S q u e em P o ç o s de C a l d a s e Figueiras já foram
identificadas, respectivamente, 9.000 e 2.000 t o n e l a d a s de mine
rio de u r â n i o , num total de 1 1 . 0 0 0 toneladas que p e r m i t e m o aten-
dimento das n e c e s s i d a d e s acumuladas de c o n s u m o até 1987 e , quanto
aos ESTOQUES, n a m e d i d a em que a s s e g u r a m o prazo necessário para
transformação de U^°8 e
™ elementos combustível enriquecido apropri^
ado ã utilização pelo reator. 7. C o n s i d e r a n d o que a produção n a -
cional de c o n c e n t r a d o s de urânio sõ s e i n i c i a r a em 1 9 7 9 , e que so
se acha c o n t r a t a d a a importação da p r i m e i r a c a r g a de A n g r a I , as
Empresas Nucleares Brasileiras S.A. - NUCLEBRÃS deverá assegurar a
f o r m a ç ã o do ESTOQUE ate aquela data através de n o v a s importações.
8. T e n d o em v i s t a que a c o n v e n i ê n c i a de m a n t e r a RESERVA e o s ESTO_
QUÊS em n í v e i s que a c o m p a n h e m a evolução do P r o g r a m a Nacional de
Energia Nuclear, evitando-se imobi1izaçoes excessivas quer de R E -
SERVAS quer de E S T O O U E S , o s c r i t é r i o s que o r a s u b m e t o a Vossa Exce
lência d e v e r i a m ser revistos num prazo de 3 a n o s t a n t o no tocante
ao percentual destinado a novas incorporações â RESERVA quanto no
que diz respeito ao p r a z o de a n t e c i p a ç ã o para constituição do E S -
TOQUE . A f i m de d a r e x e c u ç ã o ao que p r e c e d e , tenho a honra de sub_
meter a Vossa Excelência o anexo p r o j e t o de d e c r e t o . Aproveito a
oportunidade para renovar a Vossa Excelência aos p r o t e s t o s do meu

mais profundo respeito. (A) SHIGEAKI UEKI."


0 a n e x o P r o j e t o de D e c r e t o que a c o m p a n h a a Exposição de M o t i v o s a-
cima transcrita, possui a s e g u i n t e redação: " D e c r e t o n° ... de ...
de 197... Estabelece reservas de minérios n u c l e a r e s , e s t o q u e s de
concentrados de u r â n i o e dá o u t r a s p r o v i d ê n c i a s . 0 PRESIDENTE DA
REPUBLICA, usando da atribuição que l h e c o n f e r e o Artigo 81, item
I I I d a Constituição e tendo em v i s t a a L e i n ° 6 . 1 8 9 , de 16 de de-
z e m b r o de 1 9 7 4 , DECRETA: A r t . 19 - C o n s i d e r a - s e como R E S E R V A n e -
cessária ao P r o g r a m a N a c i o n a l de E n e r g i a N u c l e a r , a totalidade das
reservas de m i n é r i o de u r â n i o atualmente conhecidas e medidas e as
que vierem a ser encontradas e m e d i d a s n a s áreas do Planalto de
P o ç o s de C a l d a s e de F i g u e i r a s , bem como 8 0 % ( o i t e n t a por cento)
das reservas de m i n é r i o de u r â n i o que v i e r e m a ser encontradas e
medidas em o u t r a s regiões do T e r r i t ó r i o Nacional. § 19 - A área
do P l a n a l t o de P o ç o s de C a l d a s é definida p e l a s Coordenadas: Lati-
tude S u l : 21954' e 22900'; Longitude Oeste: 46945' e 46930'. § 29
- A área de F i g u e i r a s é definida p e l a s Coordenadas: Latitude Sul
23945' e 24930'; Longitude Oeste: 50915' e 51900'. A r t . 29 - C o n -
sidera-se como ESTOOUE de U r â n i o n e c e s s á r i o ao P r o g r a m a N a c i o n a l de
Energia Nuclear a d e m a n d a de um determinado a n o , d i s p o n í v e l no a n o
que o anteceder, acrescida de 1 0 % ( d e z p o r c e n t o ) como m a r g e m de
segurança. A r t . 39 - Os p e r c e n t u a i s , m a r g e n s de s e g u r a n ç a e pra-
zos referentes âs R E S E R V A S e a o s ESTOOUES de que t r a t a m o s A r t i g o s
19 e 2 9 , deverão ser revistos trienalmente visando atender a evo-
lução do P r o g r a m a N a c i o n a l de E n e g i a Nuclear. A r t . 49 - A Comis-
são N a c i o n a l de E n e r g i a N u c l e a r ê incumbida de e x e r c e r o controle
Departamento de Imprensa Nacional —

Uf
]
- 4

das RESERVAS e ESTOOUES de que t r a t a o presente Decreto e a s Empre


sas Nucleares Brasileiras S.A. - NUCLEBRÃS incumbe-se a formação e
administração do E S T O Q U E . A r t . 59 - E s t e D e c r e t o e n t r a r a em vigor
na data da s u a publicação, r e v o g a d a s a s disposições em contrário.
B r a s í l i a , em 1549 da Independência e 879 da R e p u b l i c a . "
Efetuada a c o n s u l t a , os Senhores Membros do C o n s e l h o de Segurança
Nacional, se p r o n u n c i a r a m sobre o assunto. 0 Senhores Ministros
da Justiça, d a s Relações E x t e r i o r e s , da F a z e n d a , dos Transportes,
da Agricultura, d a Educação e C u l t u r a , do T r a b a l h o , da Aeronáuti-
ca, da Indústria e do C o m é r c i o , do I n t e r i o r , d a s Comunicações, e
da Secretaria de P l a n e j a m e n t o , bem como o C h e f e do E s t a d o - M a i o r da
Aeronáutica, p r o n u n c i a r a m - s e de m a n e i r a favorável ao anteprojetona
forma proposta. Os S e n h o r e s V i c e - P r e s i d e n t e da República e os Mi-
nistros da M a r i n h a , do E x é r c i t o , d a S a ú d e , d a P r e v i d ê n c i a e Assis-
tência Social, Chefe do G a b i n e t e Civil, Chefe do S e r v i ç o Nacional
de Informações, C h e f e do E s t a d o - M a i o r d a s F o r ç a s A r m a d a s , bem co-
mo os Chefes do E s t a d o - M a i o r da Armada e do E x é r c i t o , concordaram
com o a n t e p r o j e t o , o f e r e c e n d o , t o d a v i a , d i v e r s a s sugestões, como

se c o n s t a t a dos A v i s o s abaixo transcritos:


VICE-PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA - Do A v i s o n 9 0 0 0 4 , de 02 Mai 75,
(SECRETO).
Senhor Secretãrio-Geral. Acuso o recebimento do A v i s o n9 141/75,
em que V . E x a . remete, anexo, para minha consideração e parecer o
projeto de d e c r e t o que e s t a b e l e c e r e s e r v a de m i n é r i o s n u c l e a r e s , es_
toques de c o n c e n t r a d o s de u r â n i o e dá o u t r a s providências. Apôs a
análise do p r o b l e m a e c o n s u l t a a o s subsídios oferecidos pelo Minijs
têrio d a s M i n a s e Energia e em confronto com a r e d a ç ã o do diploma
em t e l a , pareceu-me que o período de 3 a n o s , e s t i p u l a d o no Artigo
39, para revisão de p e r c e n t u a i s , m a r g e n s de s e g u r a n ç a e prazos r e -
ferentes as r e s e r v a s e aos estoques, apresenta-se bastante restrj.
tivo, caso surja a necessidade d e , em tempo m e n o r , s e r e m reestuda
dos os r e f e r i d o s prazos. Atendendo, p o r t a n t o , ã solicitação de
V.Exa., permito-me sugerir que o m e n c i o n a d o A r t i g o 39 p a s s e ater
a seguinte r e d a ç ã o : "Os p e r c e n t u a i s , m a r g e n s de s e g u r a n ç a e prazos
referentes âs R E S E R V A S e a o s E S T O Q U E S , de que t r a t a m os A r t i g o s 19
e 2 9 , deverão ser revistos t r i e n a l m e n t e , ou a n t e s deste período de
tempo, se necessário, v i s a n d o a atender a evolução do P r o g r a m a Na-
cional de E n e r g i a N u c l e a r " . Quanto aos demais artigos do decreto,
concordo com s u a redação, p o r e n t e n d e r que l e v a m aos o b j e t i v o s co-
limados. No ensejo, reitero a V. E x a . o s m e u s protestos de estima
e distinta consideração, ( a ) General-de-Exército ADALBERTO PEREIRA
DOS SANTOS."
M I N I S T R O DA MARINHA - Do A v i s o n 9 0 6 7 3 , de 26 M a i 75 .
Senhor Secretario-Oeral. Tenho a honra de d i r i g i r - m e a V.Exa.para
participar q u e , em atenção ao que f o i s o l i c i t a d o pelo Aviso n9
116/75 de 25 de a b r i l de 1 9 7 5 d e s s e Conselho, e s t e Ministério con-
sidera convenientes a s s e g u i n t e s a l t e r a ç õ e s no p r o j e t o de decreto
que fixara a reserva e estoque de m a t e r i a l nuclear, previsto na
Lei n 9 6 . 1 8 9 de 16 de d e z e m b r o de 1 9 7 4 : a ) Tendo em v i s t a que a
e m e n t a do p r o j e t o se r e p o r t a a " r e s e r v a de m i n é r i o s n u c l e a r e s , e £
toque de c o n c e n t r a d o s de u r â n i o " e o t e x t o do mesmo p r o j e t o apenas
faz referências a "reservas de m i n é r i o de u r â n i o " , e a f i m de res-
guardar os i n t e r e s s e s n a c i o n a i s quanto ao r e s g u a r d o de n o s s a s re-
servas de t õ r i o : l a . - alterar a ementa p a r a : "Estabelece rese_r
vas de m i n é r i o s de u r â n i o , e s t o q u e s de c o n c e n t r a d o s de urânio e dá
outras p r o v i d ê n c i a s " ; ou 2 a . - m a n t e r a ementa t a l como c o n s t a ; e
- a c r e s c e n t a r a expressão "e de tõrio aos a r t i g o s 19 e 2 9 que pas-
sariam a t e r a s e g u i n t e redação abaixo: " A r t . 19 - C o n s i d e r a - s e co
mo RESERVA necessária ao P r o g r a m a N a c i o n a l de E n e r g i a N u c l e a r , a
totalidade das r e s e r v a s de m i n é r i o de urânio e de tõrio atualmente
conhecidas e medidas e a s de u r â n i o que v i e r e m a ser encontradas e
m e d i d a s n a s áreas do P l a n a l t o de P o ç o s de C a l d a s e de F i g u e i r a s ,bem
como 8 0 % ( o i t e n t a por cento) das r e s e r v a s de m i n é r i o de u r â n i o e
de tõrio que v i e r e m a s e r encontradas e medidas em o u t r a s regiões
do T e r r i t ó r i o N a c i o n a l . " " A r t . 29 - C o n s i d e r a - s e como ESTOQUE de
u r â n i o e de^ tõrio n e c e s s á r i o ao P r o g r a m a N a c i o n a l de E n e r g i a Nu-
clear a d e m a n d a de um determinado a n o , d i s p o n í v e l no a n o q u e o a n -
teceder, acrescida de 1 0 7 (dez por cento) como m a r g e m de segurança",
b) Para maior clareza a s áreas de q u e t r a t a m o s §§ 19 e 2 9 seriam
melhor definidas pelos meridianos e paralelos que a s l i m i t a m o u p e
Ias coordenadas de s e u s quatro vértices. Assim, aqueles §§ pode-
riam t e r a s e g u i n t e r e d a ç ã o : "S 19 - A área do P l a n a l t o de Poços
de Caldas é compreendida e n t r e os p a r a l e l o s e meridianos: Latitude
Sul, 21954' e 22900'; Longitude Oeste, 46945' e 46930' - ou "§19 -
A área do P l a n a l t o de P o ç o s de C a l d a s é definida pelos pontos de
coordenadas: 25954' S u l e 46945' Oeste; 22900' S u l e 46930' Oeste;
25954' S u l e 46930' Oeste; e 22900' S u l e 46945' Oeste. Do mesmo
modo s e r i a a l t e r a d o o § 29. Aproveito a oportunidade para renovar
a V.Exa. o s p r o t e s t o s de m i n h a alta estima e mais distinta conside
ração. ( a ) Almirante-de-Esquadra GERALDO AZEVEDO HENNING, Minis
tro da M a r i n h a . "
M I N I S T R O DO EXfiRCITO - Do A v i s o n 9 0 3 4 / A 3 , de 2 3 de m a i o de 1975.-
(SECRETO).
Senhor Secretãrio-Geral. Tenho a honra de d i r i g i r - m e a V E x a a pro-
pósito do A v i s o n9 1 1 7 / 7 5 , de 25 de a b r i l de 1 9 7 5 , no q u a l é soli-
citado o parecer do M i n i s t é r i o do E x é r c i t o sobre projeto-de-decre-
Depaitamento de Imprensa Nacional j —

SECRE
S E C REI O

- 6 -

projeto-de-decreto que f i x a r a reserva e estoque de m a t e r i a l n u c l e a r ,


previstos n a L e i n9 6 . 1 8 0 , de 16 de d e z e m b r o de 1 9 7 4 . 0 Ministro
do E x é r c i t o tem a o b j e t a r q u e , sendo o Brasil carente de minérios
nucleares, nao p a r e c e b o a e s t r a t é g i a , d i s p e n s a r , de a n t e m ã o , 20%
das r e s e r v a s que v i e r e m a s e r encontradas, para o que, i n c l u s i v e ,
não f o iapresentada j u s t i f i c a t i v a pelo Ministério das Minas e Ener
gia. 0 prazo para r e v i s ã o , e s t a b e l e c i d o no A r t 39 do p r o j e t o , p o -
deria s e r mais flexível e vinculado ao d e s e n v o l v i m e n t o do progra-
ma n u c l e a r , sem p r a z o físico p r é - d e t e r m i n a d o . Aproveito a oportu-
nidade para renovar a V.Exa. o s p r o t e s t o s de e l e v a d a estima e dis-
tinta consideração, ( a ) Oeneral-de-Exêrcito SYLVIO COUTO COELHO DA
FROTA."
M I N I S T R O DA SAÚDE - Do A v i s o n 9 2 0 4 - A / B s b , de 30 d e a b r i l de 1 9 7 5 ,
(SECRETO).
Senhor Secretãrio-Oeral. Tenho a honra d e r e f e r i r - m e ao A V I S O n9
1 2 6 / 7 5 , de 25 d e s t e m ê s , com o q u a l Vossa Excelência remeteu a es-
te Ministério cópia de d o c u m e n t o contendo subsídios f o r n e c i d o s pe-
lo Ministério das Minas e E n e r g i a e do p r o j e t o de d e c r e t o , fixando
reserva e estoque de m a t e r i a l nuclear, previstos n a L e i n9 6.189,
de 16 de d e z e m b r o de 1 9 7 4 , que o mesmo s u b m e t e u ã consideração p r e
sidencial, com E x p o s i ç ã o de M o t i v o s de n 9 1 0 4 - C O N F I D E N C I A L , do d i a
16 último. 2. Em f a c e d o s subsídios o f e r e c i d o s pelo M i n i s t é r i o das
Minas e E n e r g i a , concordo plenamente com o p r o j e t o do decreto,quan
to ã s u a essência. 3. No tocante â forma em q u e estã m i n u t a d o , po
rém, p a r e c e - m e oportuno apresentar a s ponderações constantes do
anexo ao p r e s e n t e AVISO. No e n s e j o , renovo a Vossa Excelência S e -
n h o r M i n i s t r o e S e c r e t ã r i o - G e r a l , o meu elevado apreço e distinta
consideração, ( a ) D o u t o r PAULO DE A L M E I D A MACHADO, M i n i s t r o d a Saú
de." ANEXO AO A V I S O N9 2 0 4 - A / P s b , de 30 A b r 75 (SECRETO) - Consi-
derando, preliminarmente, que e s s a Secretaria-Geral examinara se
a redação dos a r t i g o s do p r o j e t o de d e c r e t o de que t r a t a este AVI-
SO n a o e s t a r á revelando matéria sigilosa, no que d i z r e s p e i t o ao
potencial n u c l e a r do P a í s e ã l o c a l i z a ç ã o e delimitação, p o r coor-
denadas geográficas, da s u a m a i s importante reserva de m i n é r i o s de
urânio, p o n d e r a r i a apenas a conveniência de s e r dada nova redação
ao p r o j e t o de d e c r e t o , pelas razoes apresentadas a seguir: 1. Os
artigos 19 e 29 c o n c e i t u a m RESERVA e ESTOQUE em d e s a c o r d o com a e-
menta, que e s t a b e l e c e r e s e r v a s e e s t o q u e s , dela discrepando,assim,
também no n ú m e r o gramatical. Parece-me, por i s t o , que d e v a a emen
ta dispor sobre reserva e estoque, para estar de a c o r d o com o tex-
to do d e c r e t o , o u , e n t ã o , como a l t e r n a t i v a , devem o s a r t i g o s 19 e
29 fixa-los, e conceituã-lcs em p a r á g r a f o s , p a r a os e f e i t o s desse
ato legal. 2. No artigo 1 9 , a definição é redundante e demasiado
S Ê C k £ í G
*- ! ii

longa, deixando
forneça e l e m e n t o s
- 7 -

também de s e r uma d e f i n i ç ã o
a c i d e n t a i s do t e r m o R E S E R V A .
real,
Ü 1
N.°
I

descritiva,
(A
E , no a r t i g o
que
29, a
definição é i m p e r f e i t a , conceituando estoque como s e n d o demanda,nao
sendo lógica, p o r t a n t o . Nos d o i s casos, a d e m a i s , n a o e s t a bem e x -
plicada a natureza das c o i s a s d e f i n i d a s , nem bem i n d i c a d a a e s s ê n -
cia d a s mesmas. E , f i n a l m e n t e , no a r t i g o 2 9 , a oração subordinada
deve s e r obíeto de p a r á g r a f o . 3. No a r t i g o 39 c o n v i r i a d e i x a rc i a
ro que deverão ser revistos trienalmente", a partir da data
de publicação desse decreto, eliminando-se, por c o n s e g u i n t e , oes-
clarecimento final desse dispositivo. 4. P a r a maior clareza, con-
vém q u e o a r t i g o 49 d i s p o n h a exclusivamente sobre a incumbência dji
da ã CNEN " d e e x e r c e r o c o n t r o l e d a R E S E R V A e do E S T O Q U E , de que
trata o presente decreto", d a n d o , em p a r á g r a f o ú n i c o , a competên
cia que terá a NUCLEBRÃS n a formação e administração do ESTOQUE.
Ou, e n t ã o , em c o n f o r m i d a d e com o a r t i g o 15 d a L e i n 9 6 . 1 8 9 , de 16
de d e z e m b r o de 1 ° 7 4 , q u e d i g a simplesmente q u e a CNEN c o n t r o l a r á o
estoque e r e s e r v a de que t r a t a o presente decreto, e , em s e u p a r á -
grafo único, a competência dada ã NUCLEBRÃS. 5. R e p o r t a n d o - m e ao
item 4, a c i m a , opino pelo emprego dos t e r m o s RESERVA e ESTOQUE, no
singular, em t o d o o t e x t o do p r o j e t o de d e c r e t o . 6. P a r e c e também
convir q u e o s t e x t o s do a r t i g o 4 9 e do s e u s u g e r i d o parágrafo úni-
co sejam precedidos de r e f e r ê n c i a a atribuições dadas ã CNEN e ã
NUCLEBRÃS, c o n s t a n t e s das L e i s n 9 s 6 . 1 8 9 , de 16 de dezembro de
1974 e 5 . 7 4 0 , de 0 1 de d e z e m b r o de 1 9 7 1 , r e s p e c t i v a m e n t e , ( a ) PAU-
LO DE A L M E I D A MACHADO."

MINISTRO C H E F E DO G A B I N E T E CIVIL - Do A v i s o n 9 3 7 1 , de 0 6 de m a i o
de 1075 (SECRETO).
Senhor M i n i s t r o , Em r e s p o s t a ao A v i s o n 9 1 3 1 , de 25 de a b r i l de
1975, venho m a n i f e s t a r minha concordância com o p r o j e t o de decreto
encaminhado pelo Ministério das Minas e Energia sobre r e s e r v a s de
minérios n u c l e a r e s e estoques de c o n c e n t r a d o s de u r â n i o . Permito-
me sugerir, ao mesmo tempo, s e j a liberada a pesquisa n a área dos
minérios radioativos, quanto ã identificação de o c o r r ê n c i a novas.
Aproveito a oportunidade para renovar a V o s s a Excelência protestos
de alta estima e consideração, ( a ) M i n i s t r o G O L B E R Y DO COUTO E S I L
VA, C h e f e do G a b i n e t e Civil".
MINISTRO CHEFE DO SERVIÇO NACIONAL DE I N F O R M A Ç Õ E S - Do A v i s o n9
060/SI-Cab, de 08 de m a i o de 1 9 7 5 ( S E C R E T O ) .
Senhor Secretãrio-Geral. Em a t e n d i m e n t o ao A v i s o n 9 1 3 3 / 7 5 , de 25
de abril de 1 9 7 5 , d e s s a Secretaria, tenho a honra de t r a n s m i t i r a
V.Exa. as seguintes observações sobre o p r o j e t o de d e c r e t o que se
destina a fixar a r e s e r v a e estoque de m a t e r i a l n u c l e a r : 1 . nao a l
tera o exercício do m o n o p ó l i o , p e l a U n i ã o , de q u e t r a t a o Art. 19
Departamento de Imprensa Nacional — „ , „„„„ u r r „ „ „ ,, .,, .
l ¥ l u

SECRETO
S E C R E I ü

- 8 -

da L e i n ? 4 . 1 1 8 , d e 27 Ago 6 2 ; 2. c o n s t i t u i - s e em regulamentação
das disposições legais c o n t i d a s nos a r t i g o s 1 3 , 14 e 15 d a L e i n 9
6 . 1 8 9 , de 16 D e z 7 4 ; 3. a s s e g u r a a necessária flexibilidade para
atualização d o s níveis de R e s e r v a s e Estoques necessários ao PRO-
GRAMA NACIONAL DE E N E R G I A N U C L E A R ; e 4. do p o n t o - d e - v i s t a de I N -
F O R M A Ç Õ E S , realça a necessidade de atualização do P N I , com vistas
a orientar o esforço de b u s c a em n í v e l compatível com a importan—
cia atribuída, p e l o I I PND, ã P o l í t i c a Científica e Tecnológica. -
Aproveito a oportunidade para renovar a V.Exa. o s p r o t e s t o s de m i -
nha perfeita estima e consideração. ( a ) General-de-Divisão JOÃO
BAPTISTA DE O L I V E I R A FIGUEIREDO".
M I N I S T R O C H E F E DO ESTADO-MAIOR DAS F O R Ç A S ARMADAS - Do A v i s o n9
067-FA-3-273, de 0" de m a i o de 1975 ( S E C R E T O ) .
Senhor Secretario-Oeral. Tenho a honra de d i r i g i r - m e a V E x a ares
peito do A v i s o n 9 1 3 4 / 7 5 , d e 25 de a b r i l de 1 ° 7 5 , d e s s a Secretaria
Geral, r e f e r e n t e ao p r o j e t o d e d e c r e t o que fixará a r e s e r v a e esto
que de m a t e r i a l nuclear, previstos n a L e i n 9 6 . 1 8 9 , de 16 d e d e z e m
bro de 1 9 7 4 . 2. L e v a n d o em c o n s i d e r a ç ã o os termos da r e f e r i d a L e i
n9 6 . 1 8 9 , d e 16 d e d e z e m b r o d e 1 9 7 4 e o t e x t o d e p r o j e t o d e d e c r e -
to considerado, submeto â consideração de V E x a a s o b s e r v a ç õ e s a-
diante especificadas, que t r a d u z e m o parecer deste Estado-Maior a
respeito do a s s u n t o em c a u s a . 3. I n i c i a l m e n t e cabe a s s i n a l a r que,
efetivamente, e imprescindível a definição dos c o n c e i t o s de esto-
que e reserva de m a t e r i a l n u c l e a r , a f i m de q u e p o s s a m ser divida-
mento cumpridos os a r t i g o s 1 3 , 1 4 , 15 e 16 d a m e n c i o n a d a L e i n9
6 . 1 8 9 , d e 16 de d e z e m b r o de 1 9 7 4 . 4. A d o t a n d o - s e a seqüência em
que o assunto ê tratado na citada L e i n 9 6 . 1 8 9 , d e 16 de dezembro
de 1974, parece conveniente abordar primeiramente o conceito de e j ;
toque. 4 . 1 - A definição proposta no a r t i g o 2 9 do p r o j e t o d e de-
creto em c a u s a a f i g u r a - s e como a c e i t á v e l n o q u e t a n g e ao c o n c e i t o
de que o e s t o q u e é a quantidade necessária ao c o n s u m o p a r a o desen
volvimento d a s a t i v i d a d e s do P r o g r a m a N a c i o n a l de E n e r g i a Nuclear
em um d e t e r m i n a d o anto e que deverá e s t a r disponível no ano ante-
cedente. De f a t o , este c o n c e i t o permitirá que o e s t o q u e satisfaça
duas preocupações fundamentais, quais sejam: - permitir o atendi-
mento integral das necessidades de consumo p a r a o desenvolvimento
das a t i v i d a d e s do P r o g r a m a N a c i o n a l de E n e r g i a N u c l e a r ; e - evi-
tar a acumulação excessiva d e m a t e r i a i s n u c l e a r e s , com o s conse—
quentes problemas e ônus de n a t u r e z a técnica, econômica e financejL
ra decorrentes dessa acumulação excessiva. 4.2 - No q u e d i z res-
peito aos m a t e r i a i s a acumular, todavia, o conceito expresso no a r
tigo 2 9 do r e f e r i d o p r o j e t o de d e c r e t o merece s e r r e c o n s i d e r a d o . Ê*
que o artigo 1 3 d a L e i n 9 6 . 1 8 ° , d e 16 d e d e z e m b r o de 1 9 7 4 r e f e r e -
St C K E \
N.o

- o -

refere-se a " m a t e r i a i s férteis e físseis especiais" e o artigo 29


do p r o j e t o de d e c r e t o refere-se apenas a "Urânio". Ora, parece
que o correto seria a referência a o s mesmos m a t e r i a i s r e f e r i d o s na
Lei. 4.3 - Em relação ao p r o b l e m a de a c r é s i m o de d e z p o r cento
(10%) sobre as necessidades como m a r g e m de s e g u r a n ç a , e s t e Estado-
Maior ê de o p i n i ã o que o a s s u n t o mereceria ser diferentemente equsi
cionado. De fato, podendo c o n v i r que o P r o g r a m a N a c i o n a l de Ener-
gia Nuclear seja basicamente um programa destinado ao atendimento
de necessidades energéticas do P a í s , p o d e r á também s e r conveniente
que o referido P r o g r a m a não tenha o grau de s i g i l o que certamente
seria necessário para um programa de p e s q u i s a e desenvolvimento da
energia nuclear para fins militares. Neste caso poderia s e r dese-
jável o a t e n d i m e n t o das necessidades de e s t o q u e de m a t e r i a i s fér-
teis e físseis p a r a fins militares a t r a v é s d a fixação de uma per-
centagem s u p e r i o r a dez por cento ( 1 0 % ) em r e l a ç ã o ãs necessidades
dos mesmos m a t e r i a i s d e s t i n a d o s ao P r o g r a m a N a c i o n a l de E n e r g i a Nii
clear. Assim, a f i g u r a - s e como i d e a l que a r e f e r i d a percentagem de
a c r é s c i m o não seja rígida e s i m q u e s e j a especificamente f i x a d a pe^
lo P r e s i d e n t e da R e p u b l i c a . 4.4 - Outro problema que m e r e c e ser
definido, no D e c r e t o a ser baixado, é o da n e c e s s i d a d e de autoriza
ção do P r e s i d e n t e d a R e p u b l i c a para a realização do e s t o q u e cujo
estabelecimento compete â Comissão N a c i o n a l de E n e r g i a Nuclear,con
forme previsto no a r t i g o 13 d a L e i n 9 6 . 1 8 9 , de 16 de d e z e m b r o de
1974. De fato a realização do e s t o q u e em causa e n v o l v e r á uma sé-
rie de a t i v i d a d e s e exigirá d i s p ê n d i o s financeiros, inclusive mui-
tas vezes em m o e d a s e s t r a n g e i r a s , cuja importância justificará plj2
namente q u e a mesma s o m e n t e seja efetivada com a d e v i d a aprovação
do P r e s i d e n t e d a R e p u b l i c a . 5. Em r e l a ç ã o ao p r o b l e m a das reser-
vas de m a t e r i a i s n u c l e a r e s há de a s s i n a l a r os a s p e c t o s a s e g u i r men
cionados. 5 . 1 - Como no c a s o do e s t o q u e , este Estado-Maior ê de
opinião que o c o n c e i t o de r e s e r v a d e v e r i a abranger não a p e n a s os
minérios de U r â n i o , mas sim todos os minérios n u c l e a r e s e seus con
centrados, e os compostos q u í m i c o s de e l e m e n t o s nucleares, confor
me referido no a r t i g o 14 d a L e i n9 6 . 1 8 9 , de 16 de d e z e m b r o de
1974 . 5 .2 - S e n d o a s m i n a s e jazidas de m i n é r i o s n u c l e a r e s localjL
zadas no t e r r i t ó r i o n a c i o n a l r e s e r v a s n a c i o n a i s , conforme estabele
ceu o artigo 3 1 d a L e i n9 4 . 1 1 8 , de 27 de a g o s t o de 1 9 6 2 , p a r e c e a
dequado c o n s i d e r a r como r e s e r v a necessária ao P r o g r a m a N a c i o n a l de
Energia Nuclear nao apenas 8 0 % d a s r e s e r v a s de U r â n i o que vierem
a s e r encontradas e medidas em o u t r a s r e g i õ e s do t e r r i t ó r i o nacio-
nal, além d a s já e n c o n t r a d a s e medidas ou a s e r e m encontradas e me
didas n a s áreas do P l a n a l t o de P o ç o s d e C a l d a s e de F i g u e i r a s , con
forme previsto no p r o j e t o de d e c r e t o considerado. Em v e z d i s s o con
Departamento de Imprensa Nacional r -
S E C K E í U

- 10 -

conviria c o n s i d e r a r incluída n e s s a reserva a totalidade dos miné-


rios n u c l e a r e s , já e n c o n t r a d o s e medidos ou p o r e n c o n t r a r e por
medir, existentes no t e r r i t ó r i o n a c i o n a l . De fato se considerados
apenas os r e f e r i d o s 80%, f i c a r i a m numa situação jurídica imprecis£
nente definida os r e s t a n t e s 2 0 7 , eme p e l a L e i n° 4<118 s a o consíde
rados reservas n a c i o n a i s e pelo Decreto a s e r baixado nao seriam
incluídos n a r e s e r v a necessária ao P r o g r a m a N a c i o n a l de E n e r g i a Nu
clear. 5.3 - P a r e c e conveniente, a i n d a , c o n s i d e r a r como reserva
necessária ao P r o g r a m a N a c i o n a l de E n e r g i a N u c l e a r , os minérios nu
cleares e seus concentrados, e os compostos químicos de elementos
nucleares que p o r v e n t u r a v e n h a m a ser adquiridos pelo País, além
dos destinados ao e s t o q u e necessário ao P r o g r a m a N a c i o n a l de Ener-
gia Nuclear que, p o r definição, a b r a n g e apenas as n e c e s s i d a d e s de
consumo de um determinado a n o , disponíveis no a n o a n t e r i o r . 6. T e n
do em v i s t a regulamentar o artigo 16 d a L e i n ° 6 . 1 8 9 , de 16 de d e -
z e m b r o de 1 9 7 4 , p a r e c e conveniente incluir no D e c r e t o a ser baixa-
do um artigo que e s c l a r e ç a competir ao P r e s i d e n t e d a Repub1ica,com
base em p r o p o s t a d a Comissão Nacional de E n e r g i a N u c l e a r - a quem
cabe, conforme preceitua o artigo 15 d a r e f e r i d a l e i , controlar os
estoques e reservas dos m a t e r i a i s n u c l e a r e s - o e s t a b e l e c i m e n t o das
quantidades dos minérios n u c l e a r e s e s e u s concentrados e dos com-
postos químicos de e l e m e n t o s n u c l e a r e s , que c o n s t i t u a m os excenden
tes exportáveis nos termos do m e n c i o n a d o artigo 16 d a L e i n ? 6.189,
de 16 d e d e z e m b r o de 1 9 7 4 . 7. F i n a l m e n t e convém assinalar que, se
adotadas a s observações e sugestões anteriormente mencionadas, pode
ria s e r suprimido o artigo 39 do p r o j e t o de d e c r e t o em causa, que
trata d a revisão trienal dos p e r c e n t u a i s , margens de s e g u r a n ç a e
prazos referentes aos estoques e reservas. De fato, tais percen
tuais, margens de s e g u r a n ç a e prazos, que p a s s a r i a m a r e f e r i r - s e ex
clusivamente a estoques, seriam sempre fixados pelo Presidente da
Republica, de a c o r d o com a s circunstâncias e com as necessidades a
atender, no momento d a a u t o r i z a ç ã o do r e f e r i d o estoque. Aproveito
a oportunidade para a p r e s e n t a r a V E x a o s p r o t e s t o s de m i n h a alta
estima e mais distinta consideração. ( a ) Ceneral-de-Exército ANTÔ
NIO JORGE CORRÊA, M i n i s t r o C h e f e do E s t a d o - M a i o r d a s Forças Arma-
das."

ESTADO-MAIOR DA ARMADA - Do Ofício n ° 0 7 6 9 , d e 30 M a i 75 (SECRETO).


Senhor M i n i s t r o . Tenho a honra de d i r i g i r - m e a V.Exa. a propósito
do A v i s o n ° 1 3 6 / 7 5 - SECRETO de 25 de a b r i l de 1 9 7 5 , d e s s a Secreta
ria, pelo qual é solicitado a esse Estado-Maior, parecer a respei-
to do P r o j e t o de D e c r e t o apresentado pelo M i n i s t r o das Minas e
Energia que f i x a r i a reserva e estoque de m a t e r i a l nuclear. Tendo
em v i s t a que a e m e n t a do P r o j e t o p r o p o s t o se r e p o r t a a " R e s e r v a de

L:
Minérios N u c l e a r e s ' e o t e x t o do mesmo P r o j e t o a p e n a s
1
faz referen-
cia a "Reserva de Minérios de U r â n i o " , e a f.im de p r o t e g e r os i n -
teresses n a c i o n a i s quanto ao r e s g u a r d o de n o s s a s r e s e r v a s de tório,
proponho as s e g u i n t e s alterações: l a . - Alterar a ementa para:
"Estabelece r e s e r v a s de m i n é r i o de u r â n i o , e s t o q u e s de concentra-
dos de urânio e dã o u t r a s p r o v i d e n c i a s " : o u , então: 2a. - Manter
a ementa t a l como c o n s t a ; e a c r e s c e n t a r a expressão "e de tório"
nos artigos 19 e 29 o s q u a i s passaria a t e r a seguinte redação:
"Art. 19 - C o n s i d e r a - s e como R E S E R V A n e c e s s á r i a ao P r o g r a m a Nacio_
nal de E n e r g i a N u c l e a r , a t o t a l i d a d e d a s r e s e r v a s m i n e r a i s de ura.
nio e de tório atualmente conhecidas e medidas e a s de u r â n i o que
vierem a s e r encontradas e m e d i d a s n a s ãreas do P l a n a l t o de Poços
de Caldas e de F i g u e i r a s , bem como, 80% ( o i t e n t a por cento) das r e
servas de m i n é r i o de u r â n i o e de tório que v i e r e m a ser encontra-
das e medidas em outras regiões do T e r r i t ó r i o Nacional". " A r t . 29
- Considera-se como E s t o q u e de u r â n i o e de tório n e c e s s á r i o ao P r o
grama N a c i o n a l de E n e r g i a N u c l e a r a d e m a n d a de um determinado ano,
disponível no ano que o a n t e c e d e r , a c r e s c i d a de 1 0 % ( d e z p o r cento)
como m a r g e m de s e g u r a n ç a . " Parece ainda a este Estado-Maior, ser
pertinente, que a s ãreas d e f i n i d a s n o s §§ 19 e 29 o f o s s e m pelos
meridianos e paralelos que a s l i m i t a m ou p e l a s coordenadas de seus
quatro vértices. Assim aqueles §5 p o d e r i a m t e r a seguinte reda-
ção: B
J 19 - A ãrea do P l a n a l t o de P o ç o s de C a l d a s é compreendida
entre os p a r a l e l o s e meridianos: L a t i t u d e S u l 21954' e 22900'; Lon
gitude 0este46945' e 46930 ; 1
ou, ainda: "§ 19 - A ãrea do Planalto
de Poços de C a l d a s é definida pelos pontos de c o o r d e n a d a s : 25954'
Sul e 46945' Oeste; 22900' S u l e 46930' Oeste; 25954' Sul e 46930'
Oeste; e 22900' S u l e 46945' Oeste." Do mesmo modo s e r i a alterado
o § 29. Aproveito a oportunidade para renovar a V.Exa. os p r o t e s -
tos de e l e v a d a estima e distinta consideração, ( a ) Almirante-de-Es_
quadra C U A L T E R MARIA MENEZES DE M A G A L H Ã E S , C h e f e do Estado-Maior

da Armada".
ESTADO-MAIOR DO E X E R C I T O - Do Ofício n9 1 2 5 - E 4 . , de 26 de m a i o de
de 1975 ( S E C R E T O ) . •
"1. Tenho a honra de d i r i g i r - m e a V E x a acusando o recebimento do
Aviso n 9 1 3 6 / 7 5 , de 25 de a b r i l de 1 9 7 5 , no q u a l Ó solicitado pare
cer deste Estado-Maior sobre o projeto-de-decreto que f i x a r a reser
va e estoque de m i n é r i o s n u c l e a r e s . 2. E s t e 0"rgão, após e s t u d a r o
assunto e considerando a carência de m a t e r i a l físsil com q u e s e de_
fronta o país, a p e s a r das c o n t i n u a d a s pesquisas q u e vêm sendo rea-
lizadas, 0 de p a r e c e r que o a r t i g o 3 1 d a L e i n 9 4 . 1 1 8 , de 27 de A-
gosto de 1 0 6 2 , d e v e s e r mantido não se d i s p e n s a n d o , assim, por an-
t e c i p a ç ã o , 2 0 % d a s r e s e r v a s que v i e r e m a s e r encontradas. 3. Por
Departamento de Imprensa Nacional ~
SE CR £ | Q

- 12 -

outro lato, a adoção de p r a z o s fixos consignados no a r t i g o 39 do


projeto em e s t u d o , p a r e c e p o r d e m a i s rígido, se c o n s i d e r a r m o s a
eventualidade de uma a c e l e r a ç ã o no r i t m o d a e v o l u ç ã o do Programa
Nacional de E n e r g i a Nuclear, ( a ) Oeneral-de-Exêrcito FP.ITZ DE AZE-
REDO MANSO, C h e f e do E s t a d o - M a i o r do E x é r c i t o " .
0 p a r e c e r e s r e c e b i d o s foram analisados e consolidados resultando
em n o v a redação do p r o j e t o , que c o n s u b s t a n c i a , a i n d a , a s idéias f u n
damentais do a n t e p r o j e t o original. 0 projeto final resultante f o i
submetido ã consideração do E x c e l e n t í s s i m o Senhor Presidente da Re
publica pela Exposição de M o t i v o s n9 0 3 7 / 7 5 , de 28 de m a i o de 1 9 7 5 ,
SECRETO, a s s i m r e d i g i d a : "EXCELENTÍSSIMO SENHOR P R E S I D E N T E DA REPÜ
BLICA. Tenho a honra de d i r i g i r - m e a Vossa Excelência a respeito
do e s t o q u e de m a t e r i a i s férteis e físseis especiais e do estabele-
cimento da r e s e r v a de m i n é r i o s , o u d e s e u s c o n c e n t r a d o s , o u d e com
postos químicos de e l e m e n t o s nucleares, necessários ã execução do
programa n a c i o n a l de e n e r g i a nuclear. A propósito, a L e i n9 6.189,
de 16 de d e z e m b r o de 1 9 7 4 , q u e t r a t a da Empresas Nucleares Brasi-
leiras - NUCLEBKÃS, d e t e r m i n a que: - o Presidente da Repub1ica,ou
vido o Conselho de Segurança N a c i o n a l , e s t a b e l e c e r a reservas d e mi_
nêrios n u c l e a r e s , de s e u s concentrados o u de c o m p o s t o s q u í m i c o s de
elementos nucleares; - a C o m i s s ã o N a c i o n a l de E n e r g i a Nuclear
CNEN e s t a b e l e c e r á os e s t o q u e s de m a t e r i a i s férteis e físseis espe_
ciais, necessários ã execução do p r o p r a m a n a c i o n a l de e n e r g i a nu-
clear; - comprovada a existência desses estoques e reservas, a
NUCLEBRÃS poderá, m e d i a n t e autorização do P r e s i d e n t e da República,
ouvido o Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , e x p o r t a r o s e x c e d e n t e s no
mais alto grau de b e n e f i c i a m e n t o p o s s í v e l . P a r a l e l a m e n t e , n a s ges_
toes que vêm s e n d o conduzidas p a r a a negociação de um a c o r d o com a
R E P U B L I C A F E D E R A L DA ALEMANHA - R F A , s o b r e atividades relacionadas
com a utilização pacífica d a e n e r g i a nuclear, foram estabelecidas
algumas idéias b á s i c a s , d e n t r e e l a s a possibilidade de e x p o r t a ç ã o ,
para aquele p a í s , de até 2 0 7 ( v i n t e p o r c e n t o ) do u r â n i o produzido
por subsidiária d a N U C L E B R Ã S , com a p a r t i c i p a ç ã o m i n o r i t á r i a de em
presa alemã. Com a Exposição de M o t i v o s n° 1 0 4 / 7 5 , de 10 de abril
de 1 9 7 5 , o Excelentíssimo Senhor Ministro das Minas e Energia sub-
meteu ã e l e v a d a consideração de V o s s a Excelência anteprojeto de de_
creto estabelecendo a referida reserva e dispondo sobre o estoque,
necessários â execução da política governamental no s e t o r . Em cum
primento âs d e t e r m i n a ç õ e s de V o s s a Excelência, f o i s o l i c i t a d a a
opinião d o s membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , s o b r e oas-
sunto, na forma do a r t i g o 89 do D e c r e t o - l e i n 9 1 . 1 3 5 , d e 3 de de-
zembro de 1 ° 7 0 . Ã l u z dos p a r e c e r e s r e c e b i d o s , e s t a Secretaria-Ge_
ral procedeu a uma a c u r a d a análise d a m a t é r i a , com v i s t a s a conso-

C' t * •»*" ... .


Ç R E ] O
t

^ t
SE C R E

consolidá-los em p r o j e t o de D e c r e t o , sem c o m p r o m e t e r as premissas


fixadas para o problema. D e s t e modo, o t e x t o atual, que aproveita
as v a l i o s a s sugestões recebidas, apresenta as seguintes caracter!^
ticas principais: - Estabelece que a r e s e r v a necessária á execu-
ção do p r o g r a m a n a c i o n a l de e n e r g i a nuclear será c o n s t i t u í d a : da
totalidade do m i n é r i o nuclear, ou d o s c o n c e n t r a d o s ou dos elemen-
tos químicos d e l e r e s u l t a n t e s , que f o i extraído das j a z i d a s atual
mente conhecidas e m e d i d a s , bem como d a s q u e v i e r e m a s e r encontra
das e m e d i d a s n a s áreas de vnc.OS DE CALDAS e de F I G U E I R A S ; e de
80? (oitenta por c e n t o ) , daquele oue f o r extraído de n o v a s jazidas,
de urânio ou t õ r i o , q u e v i e r e m a s e r encontradas e medidas em ou-
tras regiões do T e r r i t ó r i o N a c i o n a l . Seria, assim, possível rea-
lizar-se exportação, p a r a a R F A , de m a t e r i a l n u c l e a r r e s u l t a n t e de
prospecções r e a l i z a d a s conjuntamente. Por outro lado, ficaria d ijs
ponível, p a r a o Governo d a r o u s o que j u l g a r conveniente, os 20%
(vinte por cento) do m i n e r a i s que f o r e m encontrados sem a partici-
pação d a q u e l e País. - Dispõe que o e s t o q u e , de m a t e r i a i s férteis
e físseis e s p e c i a i s , necessário ao p r o g r a m a nacional de e n e r g i a nu
clear, a ser estabelecido pela CNEN, será c a l c u l a d o anualmente e
não p o d e r á s e r menor que a demanda d a q u e l e s m a t e r i a i s , p r e v i s t a p£
ra o ano subseqüente, a c r e s c i d a de 1 0 % ( d e z p o r c e n t o ) , como mar-
gem de s e g u r a n ç a p a r a eventuais perdas no p r o c e s s o de transforma-
ção. - Esclarece que os p e r c e n t u a i s , margens de segurança e pra-
zos deverão ser revistos trienalmente, ou a n t e s deste período, se
n e c e s s á r i o , função d a e v o l u ç ã o das a t i v i d a d e s do s e t o r . - Atribui
â CNEN o c o n t r o l e da r e s e r v a e do e s t o q u e e â NUCLEBRÃS a formação
e administração do c i t a d o estoque. Nestas condições, e s t a Secreta
ria-Ceral tem a h o n r a de s u g e r i r a V o s s a E x c e l ê n c i a a aprovação do
projeto de D e c r e t o , em a n e x o , "que e s t a b e l e c e reserva de minérios
nucleares, ou de s e u s concentrados, ou de c o m p o s t o s q u í m i c o s de e l e
mentos n u c l e a r e s , dispõe sobre estoque de m a t e r i a l fértil e físsil
especial e dá o u t r a s providências". Aproveito a oportunidade para
renovar a V o s s a Excelência os p r o t e s t o s do meu m a i s profundo res-
peito, ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE ABREU, Secretário-

Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l " .
Projeto de D e c r e t o de q u e t r a t a a Exposição de M o t i v o s n ? 037/75 ,
de 28 M a i 75 ( S E C R E T O ) , acima transcrita, está a s s i m r e d i g i d a : "Dje
creto n ? .... de de Estabelece reserva de miné-
rios nucleares, ou d e s e u s concentrados, o u de c o m p o s t o s químicos
de e l e m e n t o s n u c l e a r e s , dispõe sobre estoque de m a t e r i a l fértil e
físsil e s p e c i a l e dá o u t r a s providências. 0 PRESIDENTE DA REPÚ-
BLICA, usando d a atribuição que l h e c o n f e r e o Artigo 8 1 , item III
da Constituição, e tendo em v i s t a a L e i n ° 6 . 1 8 9 , d e 16 de d e z e m - -
Departamento de Imprensa Nacional —

S Ü C K t i O
S E C R E T O

- 14 -

dezembro de 1 9 7 4 , n e c e s s á r i a ao p r o g r a m a n a c i o n a l de e n e r g i a nucle
ar, será c o n s t i t u í d a : I - d a t o t a l i d a d e do m i n é r i o n u c l e a r , ou
dos concentrados ou c o m p o s t o s químicos dele resultantes, que for
extraído das j a z i d a s atualmente conhecidas e m e d i d a s n a s áreas de
Poços de C a l d a s e de F i g u e i r a s , bem como d a s que v i e r e m a s e r en-
contradas e medidas naquelas á r e a s ; e I I - de 8 0 7 ( o i t e n t a por cen
to) do m i n é r i o n u c l e a r , ou d o s c o n c e n t r a d o s ou c o m p o s t o s químicos
dele resultantes, que f o r extraído de n o v a s jazidas que v i e r e m a
ser encontradas e medidas em o u t r a s regiões do T e r r i t ó r i o Nacional.
§ 1 9 . A área do P l a n a l t o de P o ç o s d e C a l d a s é aquela d e l i m i t a d a pe_
los seguintes paralelos e meridianos: L a t i t u d e S u l 21954' e 22900'
e Longitude Oeste: 46945' e 46930'. § 2 9 . A área de F i g u e i r a s é
aquela delimitada pelos seguintes paralelos e meridianos: Latitude
Sul 23945' e 24930' e Longitude Oeste 50915' e 51900'. A r t . 29. 0
estoque necessário ao p r o g r a m a n a c i o n a l de e n e r g i a n u c l e a r , a ser
estabelecido p e l a Comissão N a c i o n a l de E n e r g i a N u c l e a r , nos termos
do A r t i g o 1 3 d a L e i n 9 6 . 1 8 9 , de 16 d e d e z e m b r o de 1 9 7 4 , d e v e r á s e r
calculado anualmente e não p o d e r á s e r m e n o r que a d e m a n d a de mate-
riais férteis e físseis especiais, prevista para o ano subseqüente,
acrescida de 1 0 % ( d e z p o r c e n t o ) , como m a r g e m de s e g u r a n ç a para e-
ventuais perdas no p r o c e s s o de t r a n s f o r m a ç ã o . Parágrafo único. 0
referido estoque poderá s e r formado e mantido através da u t i l i z a -
ção d a r e s e r v a e s t a b e l e c i d a no a r t i g o anterior. A r t . 39. Os per-
centuais, margens de s e g u r a n ç a e p r a z o s de q u e t r a t a m os Artigos
19 e 29, deste Decreto,deverão ser revistos t r i e n a l m e n t e , ou antes
deste período, se necessário, v i s a n d o a atender a evolução do pro-
g r a m a n a c i o n a l de e n e r g i a n u c l e a r . 4 9 . Cabe ã C o m i s s ã o N a c i o n a l de
Energia Nuclear e x e r c e r o c o n t r o l e da r e s e r v a e do e s t o q u e de que
trata o presente Decreto e ã Empresas Nucleares Brasileiras S.A. -
NUCLEBRÃS - incumb i r - s e d a formação e administração do c i t a d o estn
que. A r t .59. E s t e Decreto entrará em v i g o r n a d a t a de s u a p u b l i -
cação revogadas a s disposições em contrário. B r a s í l i a , em .... de

de ..1975: 1549 da Independência e 8 7 9 d a República."


A Exposição de M o t i v o s n 9 0 3 7 / 7 5 , de 28 de m a i o de 1 ^ 7 5 , S E C R E T O ;
transcrita acima, mereceu do Exm9 S r P r e s i d e n t e ria República o se-
guinte despacho: "Aprovo. Em 28 M a i 7 5 " . Apôs a aprovação foi ex-
pedido a todos o s S e n h o r e s Membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Nacio_
nal, um A v i s o remetendo um exemplar d a mesma.
S E C R £ í p|
032
- 15 -

VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA

MINISTRO DA JUSTIÇA MINISTRO DA MARINHA

MTNISTRO DAS COMUNICAÇÕES M T N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E


ASSISTÊNTTTA SOCIAL \

<AA. ^
2
RO CHEFE NISTRO CHEFE DA
GABINETE ARIA DE PLANEJAMENTO

Departamento de Imprensa Nacional —


f—m
S E C R E T O
M I

- 16 -

SE CR E T O I
S E C R E T O

ATA DA OUAPRAGfiSIMA CONSULTA

AO

CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL

Ao p r i m e i r o d i a do m ê s de j u l h o de hum m i l nove
centos e setenta e cinco, f o irenetido a cada um d o s membros do
CONSELHO DE SEGURANÇA N A C I O N A L , Aviso Secreto cujo teor é o seguin
te: "Senhor Vice-Presidente ( M i n i s t r o , Chefe) - Tenho a honra de
dirigir-me a V o s s a Excelência, r e l a t i v a m e n t e ã representação do Se_
nhor M i n i s t r o de E s t a d o da Justiça para aplicação d a s sanções pre
vistas no a r t i p o 4 9 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13 de dezembro
de 1968, aos s e g u i n t e s c i d a d ã o s : - WILSON DE O U E I R O Z CAMPOS, Sena
dor pela legenda d a ARENA, E s t a d o de PERNAMBUCO; - ROMERO DO REGO
BARROS ROCHA; e - CARLOS A L B E R T O MENEZES DE SÃ. 2. S o b r e o assun
to em questão, t e n d o em v i s t a o disposto no a r t i g o 89 do Decreto-
lei n9 1 . 1 3 5 , de 3 de d e z e m b r o de 1 9 7 0 , i n c u m b i u - m e o Excelentíss_i
mo Senhor P r e s i d e n t e da R e p u b l i c a de s o l i c i t a r o parecer de Vossa
rxcelência. Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelen
cia meus protestos de e s t i m a e distinta consideração. ( a ) General
de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - S e c r e t a r i o - O e r a l do CONSELHO
DE SEGURANÇA NACIONAL.
0 expediente acima transcrito originou-se da Exposição de Motivos
n9 0 5 2 , de 19 de j u l h o de 1 ^ 7 5 , do S e c r e t a r i o - O e r a l do C o n s e l h o de
Segurança N a c i o n a l , que r e c e b e u do Exm9 Sr Presidente da República
o despacho "Submeta-se a audiência d o s S e n h o r e s ' e m b r o s do
T
Conse
lho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . Em 19 de j u l h o de 1 0 7 5 . " , e está assim
redigida: "EXCELENTÍSSIMO SENHOR P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A . Tenho a
honra de d i r i g i r - m e a V o s s a Excelência a r e s p e i t o da representação
em q u e o S e n h o r M i n i s t r o de E s t a d o d a Justiça solicita a cassação
do m a n d a t o eletivo f e d e r a l e suspensão dos d i r e i t o s políticos pelo
Departamento de Imprensa Nacional ~

JS E~C R £ J Qj
S E C R E T O

- 2 -

prazo de d e z a n o s do senhor WILSON P E OTTEIROZ CAMPOS, S e n a d o r pela


legenda d a ARENA, E s t a d o de PERNAMBUCO, e a suspensão dos direitos
políticos dos s e n h o r e s ROMERO Dn REGO BARROS POCPA e CARLOS ALBER-
TO MENEZES P E SÃ, n o s t e r m o s do a r t i g o 20 do A t o C o m p l e m e n t a r n°
3 , o
de 20 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 . 2. E s t a Secretaria-Geral, após p r o
ceder a minucioso estudo do a s s u n t o , c o m p u l s a n d o a documentação en
caminhada pelo S e r v i ç o N a c i o n a l de I n f o r m a ç õ e s , c o n c l u i u pela i n -
teira procedência das medidas propostas. 3. N e s t a s condições peço
vênia sugerir que, ouvido o CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL,de acor
do com o artigo 59 do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 ° , de 20 de d e z e m b r o de
1968, sejam suspensos os d i r e i t o s políticos pelo prazo de d e z a n o s
e cassado o mandato eletivo federal do senhor WILSON DE 0 U F I R 0 Z CAM
POS, e s u s p e n s o s , também p o r d e z a n o s , os d i r e i t o s políticos dos
senhores POMERO DO REGO BARROS ROCHA e CARLOS ALBERTO MENEZES DE
SÃ, c o n s o a n t e dispõe o artigo 4 9 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13
de dezembro de 1968. Aproveito a oportunidade para reiterar a Vo_s
sa Excelência meus p r o t e s t o s d a m a i s alta estima e profundo respei
to. ( a ) Oeneral-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - Secretãrio-Gji

ral do CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL."


Procedida a consulta aos Senhores Membros do CONSELHO DE SEGURANÇA
NACIONAL, todos foram unânimes em concordar com a aplicação d a s me
didas sugeridas pelo Secretãrio-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Na-
cional.
No d i a 19 de j u l h o de 1 9 7 5 , o P r e s i d e n t e d a R e p u b l i c a , no u s o das
atribuições que l h e c o n f e r e o a r t i g o 4 9 do A t o I n s t i t u c i o n a l n9 5,
de 13 de d e z e m b r o de l^fP., tendo em v i s t a o artigo 182 d a Consti.
t u i ç a o , após a audiência do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , s a n e i o
nou decreto cassando o mandato eletivo federal e suspendendo os
direitos políticos pelo prazo de d e z ( 1 0 ) a n o s do c i d a d ã o WILSON DE
QUEIROZ CAMPOS, S e n a d o r da R e p u b l i c a , e d e c r e t o suspendendo os d i -
reitos políticos pelo prazo de d e z ( 1 0 ) a n o s , dos s e g u i n t e s cida-
d ã o s : ROMERO DO REGO BARROS ROCHA e CARLOS A L B E R T O MENEZES DE SÃ.-
S E C R E T O
N. o::4

- 3 -

J . . U — .

MT«ISTR(KT)A AGRICULTURA MINISTRO DA /EDUCAÇÃO E


CULTURA

STRO / A ^ A E R O N Ã U T I CA

A
MINISTRO DA SAÚDE DA I N D U S T R I A E DO
COMÉRCIO

M I N I S T R O DAS MINAS E MINISTRO DO I N T E R I O R


ENERGIA

'JÀÃASI U L lK> VsJ r<


MINISTRO DAS COMUN CACO? s
T M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E
ASSISfÈNCIA SOCIAL

f ou. ^
M I N I S T R A C F E F E DO MINISTRO CHEFE DA
GABINETE C I V I L S E C R E T A R I A DE PLANEJAMENTO

0.\
MINISTRO CHEFE DO/SERVIÇO M I N I S T R O C H E F E DO
NACIONAL DE I N F O R M A Ç Õ E S ESTADO-MAIOR DAS F O R C A / ARMADAS

òL C/f OMMl
CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA C H E F E DO
ARMADA ESTADO-IMAIOR
EX ÉRCITO DO

Departamento de Imprensa Nacional —

? C V» K £ i O
SE CR E

ATA DA OüADRAGfiSIMA P R I M E I R A CONSULTA

AO

CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL

Aos vinte dias do m ê s de n o v e m b r o de hum m i l n o v e -


centos e setenta e cinco, f o iremetido a cada um d o s m e m b r o s do
Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , Aviso Secreto cujo teor ê o seguin
te: "Senhor V i c e - P r e s i d e n t e (Ministro, Chefe). Tenho a honra de
dirigir-me a V o s s a Excelência a r e s p e i t o d a Exposição de M o t i v o s n9
D F / D A M - I / 3 6 1 / 2 1 0 ( B 4 6 ) ( B 4 4 ) , S E C R E T A , de 18 de n o v e m b r o de 1 9 7 5 , do
Ministério d a s Pelaçoes E x t e r i o r e s . 0 r e f e r i d o documento, c u j a có
pia estou remetendo a V o s s a E x c e l ê n c i a , em a n e x o , trata das ilhas
de PORTO MURTINHO e do CHAPÉU e m e r e c e u do E x c e l e n t í s s i m o Senhor
Presidente da Republica o seguinte despacho: "Ã S e c r e t ã r i a - G e r a l p a
ra ouvir os membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , n a f o r m a do
Art. 89 do DL n 9 1 . 1 3 5 , de 3 D e z 7 0 . Em 19 tlov 75". Nestas condi,
çoes, s o l i c i t o o respectivo parecer de V o s s a E x c e l ê n c i a , encarecen
do a u r g ê n c i a do mesmo, t e n d o em v i s t a a eventualidade do protoco-
lo a respeito v i r a ser assinado, p o r ocasião da v i s i t a do E x c e l e n
tíssimo Senhor P r e s i d e n t e d a R e p ú b l i c a a o P A R A G U A I , no d i a 3 de de
z e m b r o próximo v i n d o u r o . Aproveito a oportunidade para renovar a
V o s s a Excelência os p r o t e s t o s de e l e v a d a estima e distinta conside_
ração. ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - M i n i s t r o de
Estado, Secretário-Ceral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . "
0 expediente acina transcrito originou-se d a Exposição de Motivos
n9 D F / D A M - I / 3 6 1 / 2 1 0 ( B 4 6 ) ( R 4 4 ) , S E C R E T A , de 19 de n o v e m b r o de 1 9 7 5 ,
do M i n i s t r o de E s t a d o d a s Relações E x t e r i o r e s , que e s t a a s s i m red_i
gida: "A S u a E x c e l ê n c i a o Senhor General-de-Exercito E R N E S T O GÉIS E L ,
Presidente d a República. Senhor P r e s i d e n t e , Tenho a honra de l e -
var ao c o n h e c i m e n t o de V o s s a E x c e l ê n c i a q u e , em e n t r e v i s t a com o

Departamento de Imprensa Nacional — —-vmm.m,.^• ,M l tMmmmmm]úí ^_


m

L
SECRETO

- 2 -

nossa Embaixador em A s s u n ç ã o , no d i a 5 do corrente, o Ministro das


Relações E x t e r i o r e s do Paraguai, Pr. Paul Sapena P a s t o r , declarou
que o Presidente Alfredo Stroessner "muito desejaria ver resolvido
de uma vez, a t r a v é s de d e c l a r a ç ã o de ambos o s G o v e r n o s , nos termos
do Tratado de L i m i t e s de 1927, complementar ao de 1872, o reconhe-
cimento brasileiro ã soberania paraguaia sobre a ilha de Porto Mu_r
tinho no r i o Paraguai". 2. Lembrou, então, o M i n i s t r o Sapena Pas-
tor que a referida ilha é efetivamente ocupada por população para-
guaia há mais de 50 anos, e que a l i funciona uma s e c c i o n a l do Par£i
do Colorado, "o que significa, para este G o v e r n o , em termos polít_i
cos, uma prova a mais da expressão cívica e do sentimento nacional
paraguaio vis-ã-vis d a q u e l e pequeno território". Além disso, pon-
derou o M i n i s t r o que, " e n q u a n t o não for r e s o l v i d o o problema daque
la ilha, não poderemos executar com tranqüilidade e e f i c i e n e i a quais
quer trabalhos de d r a g a g e m no trecho norte do rio Paraguai, obras
que, mais do que nunca, se fazem necessárias". 3. Ressaltando a
extraordinária repercussão que teria para o Governo e o povo para-
guaios o reconhecimento brasileiro - manifestado ao ensejo da vis_i
ta de V o s s a E x c e l ê n c i a - da soberania paraguaia sobre a chamada i -
lha Margarita, Sapena P a s t o r encareceu que o assunto seja imediatji
mente examinado pelo Governo b r a s i l e i r o , com o melhor espírito de
compreensão. 4. A ilha de Porto Murtinho, ou ilha Margarita, pa-
ra os paraguaios, s i t u a d a no r i o Paraguai, em frente ã localidade
matogrossense do mesmo n o m e , t e m , segundo registros feitos por an-
tigos demarcadores brasileiros, cerca de 2.000 m e t r o s de comprimen
to por c e r c a de 900 metros de l a r g u r a e está d i v i d i d a ao meio por
um canal que, quando limpo, pode ser navegado por pequenos botes.
Somente a parte s u l da ilha, a leste do seu canal i n t e r n o , pode ser
habitada, pois nas cheias normais do r i o o r e s t a n t e de sua superfI
cie ê coberta pelas águas. 5. Também conhecida como B a n c o das
Tres B a r r a s , denominação dada p e l o s proprietários da Fazenda das
Tres B a r r a s , companhia h e r v a t e i r a b r a s i l e i r a , passou, mais tarde,a
ser chamada ilha de Porto Murtinho, em homenagem a Joaquim Murti-
nho, que era um dos principais acionistas da Companhia Mate Laran-
jeiras. 6. Os brasileiros, que teriam habitado a ilha, d e s d e 1870,
e que nela se dedicavam a pequena lavoura, dali se r e t i r a r a m em fu
ga, por ocasião da grande enchente de 1905. 7. Uma Carta da re-
gião, c o n f e c c i o n a d a antes da Guerra do Paraguai (Carta de Leverger,
mais tarde B a r ã o de Melgaço), atribui maior profundidade ao canal
leste, o que encorajou os paraguaios a se julgarem donos da ilha.
8. Entre os anos de 1905 a 1918, o pequeno núcleo p o p u l a c i o n a l , en
g a j a d o nos serviços da Companhia Mate L a r a n j e i r a s , chegou a alcan-
çar um total de c e r c a de 100 h a b i t a n t e s , na maioria paraguaios.
SE CR E i O

9. Em 1918 s u r g i u a p r i m e i r a dúvida q u a n t o ã jurisdição paraguaia,


em d e c o r r ê n c i a de e x e r c í c i o s de t i r o realizados na i l h a p o r um de£
tacamento brasileiro s o b o comando do T e n e n t e Enoch de L i m a , que
provocaram reclamação do G o v e r n o paraguaio. R e g i s t r o u - s e , poucode
pois, nova reclamação â então L e g a ç ã o do B r a s i l em A s s u n ç ã o , em f a .
ce d a cobrança de impostos por p a r t e de a u t o r i d a d e s fiscais brasi-
leiras. Em l 2 0 , reclamaram
n
os p a r a g u a i o s c o n t r a a ocupação temp£
rária d a i l h a por tropas b r a s i l e i r a s que s e e m p e n h a v a m n a captura
de um contrabandista. 1 0 . Em 1924, o Governo paraguaio instalou
na ilha um p o s t o aduaneiro, sem q u e o f a t o provocasse qualquer r e -
clamação p o r p a r t e do G o v e r n o brasileiro. Em 1927, e n t r e t a n t o o
Itamaraty deu instruções ã Legação em A s s u n ç ã o no s e n t i d o de "soljL
citar amigavelmente do G o v e r n o paraguaio" atenção p a r a o fato de
"constar haverem as autoridades paraguaias estendido sua jurisdi-
ção â i l h a d a s Três B a r r a s " (Porto Murtinho). Nao f o i formulada
reclamação f o r m a l , embora n o s s o r e p r e s e n t a n t e em A s s u n ç ã o tivesse
abordado o assunto em conversação com o então M i n i s t r o d a s Rela-
ções E x t e r i o r e s do P a r a g u a i , D o u t o r H e n r i q u e Bordenave. 11.0 T r a
tado de L i m i t e s B r a s i 1 - P a r a g u a i , f i r m a d o em 1872, omitiu a defini-
ção d a f r o n t e i r a no t r e c h o compreendido entre a f o z do r i o A p a , n o
rio n
a r a g u a i , e o desaguadouro de B a í a N e g r a , no mesmo r i o , d e v i d o
â circunstância de q u e , n a é p o c a , t a n t o a A r g e n t i n a quanto a Bolí^
via tinham fortes pretensões sobre o Chaco B o r e a l . Não s e figura-
va, portanto, fácil d e f i n i r até o n d e , p e l a m a r g e m direita, se limjL
tava o P a r a g u a i , já q u e a m a r g e m esquerda ao B r a s i l p e r t e n c i a . 12.
Pelo Tratado de 1 8 7 2 , a p e n a s ficara definida a posse da i l h a do Fe_
cho dos M o r r o s pelo Brasil, no t r e c h o acima referido. 13.Em 1 8 7 8 ,
dissiparam-se as pretensões a r g e n t i n a s n a área, e n q u a n t o a s da B o -
lívia p e r d u r a r a m até o f i n a l da g u e r r a do C h a c o (1932-1935). 14.
Após várias tentativas dirigidas n o mesmo s e n t i d o , s o m e n t e a 2 1 de
maio de 1 9 2 7 , t e n d o o Brasil como P l e n i p o t e n c i ã r i o o Ministro das
Relações E x t e r i o r e s , Otávio M a n g a b e i r a , e o Paraguai, seu Ministro
no R i o de J a n e i r o , Rogélio Ibarra, f o iassinado o Tratado de Limi-
tes, complementar ao de 1 8 7 2 , p o s t e r i o r m e n t e ratificado pelos dois
p a í s e s , a 25 de n o v e m b r o de 1 9 2 9 . 15. 0 a r t i g o I I do T r a t a d o de
1^27 a s s i m define a soberania sobre as i l h a s no r i o P a r a g u a i , no
trecho entre a f o z do r i o A p a e o d e s a g u a d o u r o da Baía Negra:"Além
da ilha do F e c h o dos M o r r o s , que ê b r a s i l e i r a , conforme ficou esti.
pulado na p a r t e final do a r t i g o 19 do T r a t a d o de L i m i t e s de 9 de
janeiro de 1 8 7 2 , p e r t e n c e m , respectivamente, aos Estados Unidos do
Brasil o u ao P a r a g u a y , as demais ilhas que f i q u e m s i t u a d a s ao lado
oriental o u do l a d o o c c i d e n t a l da l i n h a de f r o n t e i r a d e t e r m i n a d a pe
lo meio do c a n a l p r i n c i p a l do r i o , de m a i o r profundidade, mais fã-

Departamento de Imprensa Nacional —-

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S E C R E T O

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fácil e f r a n c a navegação, r e c o n h e c i d a n o momento d a d e m a r c a ç ã o , s e


gundo os e s t u d o s effectuados. Uma vez f e i t a a distribuição geral
das ilhas, ellas só p o d e r ã o m u d a r de j u r i s d i ç ã o por acesso ã parte
oposta. As i l h a s que s e f o r m a r e m p o s t e r i o r m e n t e ã data da distri-
buição geral d a s mesmas serão d e n u n c i a d a s por qualquer das partes
contratantes e s e fará a s u a a d j u d i c a ç ã o de a c o r d o com o critério
estabelecido no p r e s e n t e artigo". 1 6 . De conformidade com o art_i
go I I I , uma C o m i s s ã o M i s t a B r a s i l e i r o - P a r a g u a i a "levantará a plan-
ta do r i o P a r a g u a i , com a s s u a s ilhas e canais, desde a confluência
do A p a , a t e o d e s a g u a d o u r o da B a i a N e g r a . Essa Comissão efetuará
as s o n d a g e n s necessárias e a s operações topográficas e geodesicas
indispensáveis para a determinação da f r o n t e i r a , e colocará marcos
nas ilhas principais e pontos em que j u l g a r convenientes". 17. A
9 de m a i o de 1 9 3 0 , n o R i o de J a n e i r o , f o icelebrado o Protocolo de
I n s t r u ç õ e s , que e s t a b e l e c e u o modo p e l o qual a Comissão M i s t a se-
°-a c o n s t i t u í d a
r]
e as normas que r e g e r i a m a execução dos seus traba
lhos. 1 8 . Concluídos os p r e p a r a t i v o s indispensãveis,iniciaram os
demarcadores brasileiros e paraguaios a tarefa de a d j u d i c a ç ã o das
ilhas, começando p e l a que denominávamos de B a n c o d a s Três Barras ,
ou Porto Murtinho, que os p a r a g u a i o s , por seu turno denominaram"Is
la Margarita". 1 9 . As t e n t a t i v a s de d e m a r c a ç ã o efetuadas princjL
palmente de 1938 a 1940 e s b a r r a r a m n a diferença de i n t e r p r e t a ç ã o do
tríplice critério de " c a n a l p r i n c i p a l " , "mais fácil n a v e g a ç ã o " e
"maior profundidade", aos q u a i s se aventou acrescentar, fora do
Tratado, o critério de m a i o r volume d'água. Verificado o impasse
entre os d e m a r c a d o r e s , o assunto f o itransferido para o nível d i -
p l o m á t i c o , de a c o r d o com o que dispõe o artigo XIII do Protocolo
de Instruções. 20. D e s t a r t e , p e l a nota n ? 1 9 , de 8 de a b r i l de
1°40, nossa Legaçao em A s s u n ç ã o propôs ao G o v e r n o paraguaio que
fossem retomadas a s operações hidrográficas para um solução crite-
riosa e imparcial d a q u e s t ã o , uma v e z q u e o n u m e r o de secçoes trans-
versais s o n d a d a s no canal oriental tinha sido mais de d u a s vezes
superior ao n í v e l de secçoes do o c i d e n t a l . Em resposta, o Governo
paraguaio, p e l a N o t a n ? 7 1 , de 23 de m a i o de 1 9 4 0 , d e c l a r o u não
concordar com a proposta brasileira, alegando que os representan-
tes de ambos os países julgaram satisfatórias a s operações efetua-
das e , com contraposição, propôs s u p r i m i r 5 sondagens no c a n a l orien
tal, 0 Governo b r a s i l e i r o não aceitou a contraproposta. Suspen-
sos desde então o s t r a b a l h o s técnicos,tampouco f o i alcançada uma
decisão dos d o i s Governos. 2 1 . rã m a i s de 50 a n o s os paraguaios
ocupam a i l h a , cuja população atual é de c e r c a de 5 0 0 h a b i t a n t e s .
Nela o Governo paraguaio mantêm p e q u e n o s contingentes militares.
22. Ate recentemente, e r a voz c o r r e n t e na cidade de P o r t o Murtinho
que a ilha de P o r t o Murtinho teria sido cedida ao P a r a g u a i quando
da visita oficial do P r e s i d e n t e Oetúlio Vargas aquele país,em 1 9 4 1 .
N a d a de o f i c i a l existe, e n t r e t a n t o , sobre t a l suposição. 23. Alem
de outros incidentes registrados, acresce que a s a u t o r i d a d e s para-
guaias a l i postadas têm tentado, em algumas oportunidades, interdjL
tar a navegação b r a s i l e i r a no b r a ç o O e s t e do r i o P a r a g u a i , comple-
tamente em d e s a c o r d o com o a r t i g o VIII do T r a t a d o Definitivo de P a z
e Amizade Perpétua, e n t r e os d o i s países, f i r m a d o em A s s u n ç ã o a 9
de janeiro de 1 8 7 2 , que d i s p õ e : "Ê" l i v r e , para o comércio de todas
as N a ç õ e s , a navegação dos r i o s P a r a g u a i , Paraná e U r u g u a i , desde
a s u a f o z a t e os p o r t o s habilitados, o u que p a r a esse f i m f o r e m h_a
bilitados pelos respectivos Estados". 2 4 . Em 1973, tendo em vis-
ta o t r a b a l h o de l e v a n t a m e n t o hidrográfico do r i o P a r a g u a i que e s -
tava sendo realizado n a ãrea p e l o a v i s o " C a r a v e l a s " , da M a r i n h a de
Guerra do B r a s i l (Diretoria de H i d r o g r a f i a e N a v e g a ç ã o do Ministjé
rio da M a r i n h a ) , em atendimento a uma p r o p o s i ç ã o aprovada na VI
Conferência N a v a l I n t e r a m e r i c a n a ( 1 9 7 1 ) , e que m e r e c e u p l e n o assen
timento dos G o v e r n o s interessados, o Itamaraty consultou informal-
mente a Chancelaria paraguaia sobre a possibilidade de c h e g a r a
um acordo através do q u a l o s t r a b a l h o s do a v i s o " C a r a v e l a s " , de v e
rificação do c a n a l p r i n c i p a l do r i o P a r a g u a i , fossem aproveitados
pelos d o i s países para a adjudicação das i l h a s naquele r i o . Os t r a
halhos do " C a r a v e l a s " s e r i a m , no c a s o , acompanhados por r e p r e s e n -
tantes brasileiros e paraguaios. 2 5 . E r a intenção do G o v e r n o b r a
sileiro economizar tempo e r e c u r s o s , p o i s um levantamento do gêne-
ro, exclusivamente para efeito de d e m a r c a ç ã o , a c a r r e t a r i a somas v u l
tosas e exigiria, outrossim, tempo r e l a t i v a m e n t e l o n g o . A Chance-
laria paraguaia, entretanto, preferiu nao a c e i t a r a sugestão, fei-
ta sob f o r m a de m e r a s o n d a g e m , através da n o s s a Embaixada em Assun
cão. 2 6 . Em informação prestada em 1940, o Tenente-Coronel Djal-
ma P o l l i Coelho, ex-demarcador b r a s i l e i r o e já então D i r e t o r da E£
cola de G e ó g r a f o s do E x é r c i t o , a f i r m a v a q u e , d o s e s t u d o s por ele
realizados, com assistência p e r m a n e n t e de r e p r e s e n t a n t e paraguaio,
resultava claro que a i l h a d a s Três Barras (Porto Murtinho) perten
ceria ao B r a s i l , pelo critério do c a n a l m a i s fundo. 2 7 . Em rela-
tório de 7 de d e z e m b r o de 1 0 6 5 , s o b r e o assunto, o Tenente-Coronel
Engenheiro geógrafo Sêrvulo L i s b o a B r a g a , então S u b c h e f e para a
fronteira com o P a r a g u a i , assinala: "Quanto ao r e a l i z a d o , quer pe-
los cálculos do então M a j o r P o l l i Coelho,escoimando v a l o r e s que s£
friam a influência do r i o A m a n g u j ã e não reduzindo a s observações
ao zero do h i d r ô m e t r o de P o r t o Murtinho, quer o realizado pela Co-
missão p a r a g u a i a , dao a m a i o r média d a s máximas ao c a n a l de leste;

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S H C R E I O

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além d i s s o , ambos concluíram q u e o s c a n a i s de l e s t e e oeste s a o de


franca e fácil n a v e g a ç ã o . Desta forma, analisando sem p a i x ã o , s e -
ria paraguaia a ilha de P o r t o Murtinho". 28. Comunicou recente-
mente a nossa Embaixada em A s s u n ç ã o que o C o m a n d a n t e do a v i s o h i -
drográfico " C a r a v e l a s " , Capitão-Tenente Erico José C a v a l c a n t i de
Albuquerque, em r e s p o s t a dada, a 15 de s e t e m b r o ú l t i m o , a. m e n s a g e m
recebida da D i r e t o r i a de H i d r o g r a f i a e N a v e g a ç ã o do M i n i s t é r i o da
Marinha, manifestou, à l u z de l e v a n t a m e n t o s batimétricos realiza-
dos em ambos o s b r a ç o s do r i o que c o n t o r n a a ilha, que " t e n d o em
vista o problema do c a n a l n a v e g á v e l , a i l h a Margarita deve ser de
soberania paraguaia inquestionável". 2 9 . Em relatório enviado ã
Diretoria de H i d r o g r a f i a e N a v e g a ç ã o , o C o m a n d a n t e do " C a r a v e l a s "
afirma que "o c a n a l de m a i s fácil e f r a n c a navegação é o que corre
junto ã margem esquerda do r i o " e , a i n d a que " c o n t r a r i a n d o formal-
mente o Senhor Tenente-Coronel Djalma Polli Coelho, q u e em oficio
de 1 3 de a g o s t o de 1 9 4 0 , t e c e u comentários sobre o mesmo assunto,
afirmo, sem r e c e i o de e r r a r , que o r i o P a r a g u a i corre entre a ilha
Margarita e a margem b r a s i l e i r a e que o b r a ç o do O e s t e é um sim-
ples r i a c h o que s e p a r a a ilha da margem paraguia, assim como é um
riacho que s e p a r a a ilha Maria da margem brasileira". 3 0 . No mes
mo relatório acima mencionado, o Comandante do a v i s o " C a r a v e l a s "
se refere, também, a ilha do C h a p é u , o u do S o m b r e r o , situada no
rio Paraguai, entre o desaguadouro d a Baía N e g r a e a f o z do R i o
Apa, afirmando: " E n t r e t a n t o , se opino contrariamente a o s n o s s o s in-
teresses quanto ã ilha M a r g a r i t a , a t e s t o com v i g o r que a i l h a Som-
brero ou do C h a p é u e b r a s i l e i r a , pois nao e x i s t e c a n a l de navega—
çao e n t r e t a l ilha e a margem esquerda, conforme se o b s e r v a no a n e
xo D)". 3 1 . Informação anteriormente obtida pelo Itamaraty, con-
tida em relatório de 13 de a g o s t o de 1 9 4 0 , do T e n e n t e - C o r o n e l D j aJL
ma P o l l i Coelho, então D i r e t o r d a E s c o l a de G e ó g r a f o s do E x é r c i t o ,
dava conta de q u e , ã s e m e l h a n ç a da i l h a do C h a p é u tinha dois ca-
nais navegáveis. 32. A i l h a do C h a p é u (latitude de 2 0 9 3 3 ' 32"
Sul e longitude de 5 8 9 0 0 ' 1 1 " O e s t e de G r e e n w i c h ) , fica situada
entre os p o r t o s paraguaios denominados P u e r t o Nuevo e P u e r t o Leda.
33. T e n d o em v i s t a que a i n f o r m a ç ã o prestada pelo Comandante do
"Caravelas" â Diretoria de H i d r o g r a f i a e N a v e g a ç ã o , r a t i f i c a d a pe-
lo Ministério da M a r i n h a , r e v e s t e - s e de c a r a c t e r í s t i c a s técnicas
que a tornam digna de t o d a credibilidade, tomo a l i b e r d a d e de suge
rir a Vossa Excelência que s e p r o p o n h a ao G o v e r n o p a r a g u a i o acei-
tar os e l e m e n t o s fornecidos pelo levantamento hidrográfico do avi-
so "Caravelas" para efeito da i m e d i a t a adjudicação das duas ilhas
acima referidas, a de P o r t o Murtinho, ou i l h a Margarida^ a sobera-
nia paraguaia, e a ilha do C h a p é u ou do S o m b r e r o , ã soberania b r a -

S E C RE Tol
S E C R E T O

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brasileira, ficando as demais ilhas do mesmo t r e c h o entre o desa--


guadouro d a Baía N e g r a e a f o z do r i o A p a p a r a serem a d j u d i c a d a s pe
la Comissão M i s t a de L i m i t e s e C a r a c t e r i z a ç ã o da F r o n t e i r a Brasil-
Paraguai, que t o m a r á , o u t r o s s i m , como b a s e para essa tarefa, o s de_
senhos originais do mesmo l e v a n t a m e n t o hidrográfico executado pelo
aviso " C a r a v e l a s " nos anos de 1 9 7 3 a 1 9 7 5 . 34. Nesse contexto,
submeto â alta consideração de V o s s a Excelência o i n c l u s o Projeto
de Protocolo A d i c i o n a l ao T r a t a d o de L i m i t e s de 2 1 de m a i o de 1 9 2 7 ,
que c o n s a g r a r i a a s sugestões que o r a a p r e s e n t o . 35. F i g u r a tam-
bém em anexo a esta Exposição de M o t i v o s a documentação que, a res_
peito, r e c e b i do S e n h o r M i n i s t r o de E s t a d o da M a r i n h a . Aproveito
a oportunidade para renovar a Vossa Excelência, S e n h o r P r e s i d e n t e ,
os p r o t e s t o s do meu mais profundo respeito, ( a ) ANTÔNIO FRANCISCO

AZEREDO DA SILVEIRA.
P R O J E T O D E PROTOCOLO A D I C I O N A L AO TRATADO DE L I M I T E S DE 2 1 DE MAIO
DE 1^27. Os G o v e r n o s da República F e d e r a t i v a do B r a s i l e d a Repú_
blica do P a r a g u a i , CONSIDERANDO que a s d i s p o s i ç õ e s constantes do
Tratado de L i m i t e s , complementar ao de 1 8 7 2 , a s s i n a d o n o R i o de J a .
neiro a 2 1 de m a i o de 1 9 2 7 , não foram cumpridas até a p r e s e n t e da-
ta, p o r nao terem sido c o n c l u s i v a s as t e n t a t i v a s dos demarcadores
brasileiros e paraguaios no sentido d a adjudicação da i l h a conheci
da como P o r t o Murtinho ou Banco de T r ê s B a r r a s (pelo B r a s i l ) e co-
mo ilha Margarita (pelo Paraguai) e da i l h a do C h a p é u o u Sombrero;
CONSIDERANDO o r e c e n t e levantamento hidrográfico do r i o P a r a g u a i ,
executado em todo o trecho fronteiriço entre os d o i s países, pelo
aviso " C a r a v e l a s " , da M a r i n h a do B r a s i l , com o p l e n o assentimento
de ambos os Governos; CONSIDERANDO que o l e v a n t a m e n t o acima mencio
nado fornece base suficiente para a adjudicação das i l h a s do r i o
Paraguai; CONSIDERANDO q u e , de a c o r d o com d a d o s técnicos irrefutá
v e i s , o c a n a l de m a i s fácil e f r a n c a n a v e g a ç ã o , no trecho em que
está s i t u a d a a r e f e r i d a Ilha de P o r t o Murtinho ou B a n c o das Três
Barras, como c o n h e c i d a pelo Brasil, e M a r g a r i t a , pelo Paraguai, ê
o que c o r r e j u n t o ã margem esquerda do r i o ; CONSIDERANDO q u e , s e -
gundo d a d o s técnicos igualmente i r r e s p o n d í v e i s , n o que d i z r e s p e i -
to ã Ilha do Chapéu ou S o m b r e r o , não e x i s t e c a n a l de n a v e g a ç ã o e n -
tre t a l ilha e a margem esquerda do r i o P a r a g u a i ; ANIMADOS, outros
sim, do t r a d i c i o n a l espírito de c o o p e r a ç ã o que c a r a c t e r i z a a fra-
terna amizade e os vínculos de b o a v i z i n h a n ç a que unem os d o i s p a i
ses, acordam o presente Protocolo A d i c i o n a l ao T r a t a d o de L i m i t e s
de 2 1 de m a i o de 1 9 2 7 : Artigo I - Para efeito da adjudicação das
ilhas do r i o P a r a g u a i , o s G o v e r n o s do B r a s i l e do P a r a g u a i decla-
ram aceitar o levantamento hidrográfico realizado recentemente pe-
lo Aviso " C a r a v e l a s " como e l e m e n t o de b a s e suficiente para o cum—
Departamento de Imprensa Nacional ~~
S E C R E T O

- 8 -

cumprimento d o s A r t i g o s I I e I I I do T r a t a d o de L i m i t e s , complemen-
tar ao de 1 8 7 2 , a s s i n a d o a 2 1 de m a i o de 1 9 2 7 n o R i o de Janeiro.
Artigo I I - Em v i r t u d e do e x p o s t o no A r t i g o I do p r e s e n t e Protoco-
lo, a ilha conhecida como P o r t o Murtinho, ou B a n c o d a s Três Barras,
pelos brasileiros, e denominada Ilha Margarita, pelos paraguaios ,
situada na f r o n t e i r a constituída p e l o r i o P a r a g u a i , no trecho com-
preendido entre a f o z do r i o A p a e o d e s a g u a d o u r o d a Baía Negra,
fica adjudicada ã" s o b e r a n i a paraguaia. A r t i g o I I I - Em v i r t u d e do
exposto no A r t i g o I do p r e s e n t e Protocolo, a ilha do C h a p é u ou Som
hrero, s i t u a d a igualmente na f r o n t e i r a constituída p e l o r i o Para-
guai, no t r e c h o compreendido entre a f o z do r i o A p a e o desaguadou
ro da Baía N e g r a , fica adjudicada a soberania b r a s i l e i r a . A r t i g o IV

- Com exceção das i l h a s mencionadas nos a r t i g o s precedentes, adju-


dicadas ãs soberanias paraguaia e brasileira nos termos deste Pro-
tocolo, e da i l h a do F e c h o dos M o r r o s , que ê b r a s i l e i r a conforme f i
cou e s t a b e l e c i d o na p a r t e final do a r t i g o I do T r a t a d o de L i m i t e s
de 9 de j a n e i r o de 1 8 7 2 , a C o m i s s ã o M i s t a de L i m i t e s e de Caracte-
rização da F r o n t e i r a Erasil-Paraguai procederá ã adjudicação das
demais ilhas, t o m a n d o como b a s e para seus t r a b a l h o s os d e s e n h o s o r i
ginais do l e v a n t a m e n t o hidrográfico executado pelo aviso "Carave-
las" nos anos de 1 9 7 3 e 1 9 7 5 . Artigo V - 0 presente Protocolo
e n t r a r á em v i g o r n a d a t a da t r o c a dos r e s p e c t i v o s i n s t r u m e n t o s de
ratificação, a e f e t u a r - s e n a c i d a d e de B r a s í l i a .
Feito em A s s u n ç ã o , a o s d i a s do m ê s de d e z e m b r o de m i l no
vecentos e s e t e n t a e c i n c o , em dois exemplares, em p o r t u g u ê s e es-
panhol, ambos os t e x t o s i g u a l m e n t e autênticos."
Efetuada a c o n s u l t a os S e n h o r e s Membros do C o n s e l h o de Segurança
Nacional se p r o n u n c i a r a m através de A v i s o s . Os senhores Vice-Pre-
sidente da República e M i n i s t r o da Justiça b a s e a r a m seus pareceres
- favoráveis a adjudicação da i l h a MARGARITA - no m o t i v o de jã v i r
o PARAGUAI e x e r c e n d o soberania de f a t o sobre aquela ilha. - Os
Exm°s S r s M i n i s t r o s da M a r i n h a e do EMFA e C h e f e do E s t a d o - M a i o r da
A r m a d a , além de r a t i f i c a r e m o parecer técnico contido no Relatório
do A v i s o "CARAVELAS", afirmam que o " c a n a l p r i n c i p a l do r i o , nas
adjacências da I l h a Margarida, ê o que f i c a a leste da i l h a ( mar-
gem esquerda do r i o ) " . Além disso, r e s s a l t a m que uma outra ilha,
d e n o m i n a d a MARIA, ã semelhança do que a c o n t e c e com a s i l h a s MARGA-
RIDA e do CHAPÉU, t e m a s u a situação p e r f e i t a m e n t e definida, o que
permitiria incluí-la, p a r a efeito de a d j u d i c a ç ã o ã soberania bra-
sileira, na proposta que f o s s e feita ao G o v e r n o p a r a g u a i o . - Os
Exm°s S r s M i n i s t r o do E x é r c i t o e Chefe do E s t a d o - M a i o r do E x é r c i t o ,
fazem as s e g u i n t e s ponderações: - a d m i t i n d o - s e como v á l i d o o pare-
cer técnico do C o m a n d a n t e do A v i s o Hidrográfico "Caravelas", ficou
S E C R E I O
N.° 02 9
- 9 -
\V

destacado n o mesmo r e l a t ó r i o que " a i n d a nao f o id e f i n i d o o canal


principal do r i o P A R A G U A I . " ; - ê conveniente que s e j a m encarados
os aspectos políticos que e n v o l v e m o problema, inclusive aqueles
que poderão distorcer os elevados propósitos do P r e s i d e n t e GEISEL;
- devem s e r a p r e c i a d o s com m a i o r profundidade os a s p e c t o s militares
da posse da i l h a de PORTO MURTINHO, uma v e z q u e a região deste no-
me ê p ó r t i c o de a c e s s o ao S u l - M a t o g r o s s e n s e . - 0 Exm9 Sr M i n i s -
tro da A g r i c u l t u r a levantou as s e g u i n t e s preocupações: - possibilji
dade de v i r a s e r a b e r t o um p r e c e d e n t e i n d e s e j á v e l , com relação a
outras ãreas da f r o n t e i r a do B R A S I L , sobre as quais existem ou po-
derão ocorrer reivindicações de p a í s e s v i z i n h o s , relativamente â
demarcação da l i n h a de f r o n t e i r a ; - possíveis repercussões n a op_i
niao p u b l i c a e n a política interna que p o s s a m o c o r r e r , com refle-
xos negativos a i m a g e m do a t u a l Governo. - 0 Exm9 S r M i n i s t r o da
Aeronáutica em s e u p a r e c e r - desfavorável âs a d j u d i c a ç õ e s propostas
pelo I t a m a r a t y , quanto a sua oportunidade - a f i r m a que " o s dados
contidos nos documentos do M i n i s t é r i o d a s Relações E x t e r i o r e s , não
sao de m o l d e a caracterizar o canal p r i n c i p a l do R i o P a r a g u a i na
região da i l h a de PORTO MURTINHO, v i s t o que o b r a ç o de r i o do lado
paraguaio ê o mais profundo, enquanto o do l a d o brasileiro e o de
mais f r a n c a e fácil n a v e g a ç ã o . " - 0 Exm9 S r M i n i s t r o d a Saúde b a -
seou p a r e c e r também em r a z o e s científicas, geomorf olõgicas. RessaL
ta que, f i s i o g r a f i c a m e n t e , a i l h a de PORTO MURTINHO virá a ser,com
o tempo, a c e s s a o ao t e r r i t ó r i o brasileiro, com o a l a r g a m e n t o do c a
nal oeste, q u e p a s s a r á a ãlveo do r i o P A R A G U A I e o assoreamento,até
a e x t i n ç ã o , do c a n a l leste. Afirma ainda o S r M i n i s t r o que, n e s t a
hipótese, o c o r r e n d o a acessao da i l h a ao t e r r i t ó r i o brasileiro,ela
p o d e r á m u d a r de j u r i s d i ç ã o , em o b s e r v â n c i a ao a r t i g o I I do Tratado
de 1°27. ?
o r tais razões, s u g e r e " a conveniência de q u e a c a r a c t e
rizaçao de l i n h a d i v i s ó r i a , q u e c o r r e p o r um c u r s o d'ãgua e a adju
dicaçao das i l h a s nele s i t u a d a s se fundamentem também n o e s t u d o ou

levantamento geomorfolõgico."
Os d e m a i s S e n h o r e s Membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , opi-
naram favoravelmente a o P r o j e t o de P r o t o c o l o proposto pelo Ministé
rio d a s Relações Exteriores.
Os p a r e c e r e s recebidos foram analisados pela Secretaria-Geral do
Conselho de Segurança N a c i o n a l , q u e após consolidá-los submeteu â
consideração do E x c e l e n t í s s i m o Senhor P r e s i d e n t e da R e p u b l i c a a Ex
posição de M o t i v o s n 9 0 9 1 / 7 5 , de 0 1 de d e z e m b r o de 1 9 7 5 , S E C R E T A ,
assim r e d i g i d a : "EXCELENTÍSSIMO SENHOR P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A -
Tenho a honra de d i r i g i r - m e a V o s s a E x c e l ê n c i a a propósito da Expo
siçao de M o t i v o s n9 D F / D A M - I / 3 6 1 / 2 1 0 ( B 4 6 ) ( B 4 4 ) , S E C R E T A , de 18 de
novembro de 1 9 7 5 , que v e r s a s o b r e a soberania de i l h a s , no r i o PA-
Departamento de Imprensa Nacional ~~
S E C R £1 Oj

- 10 -

PARAGUAI. Nesse documento, o I t a m a r a t y enfoca a situação das ilhas


MARGARITA ( o u PORTO MURTINHO) e do C H A P É U ( o u do S O M B R E R O ) , e alude
S situação da i l h a MARIA, todas localizadas no trecho entre a con-
fluência do r i o APA e o desaguadouro d a BAÍA NEGRA. A t a l respei-
to, submeteu ã a l t a consideração de V o s s a E x c e l ê n c i a , um "Projeto
de P r o t o c o l o " , no q u a l constam as s e g u i n t e s resoluções: - adjudicja
ção imediata, ao P A R A G U A I , d a s o b e r a n i a sobre a ilha de PORTO MURTI_
NHO; - adjudicação imediata, ao B R A S I L , da s o b e r a n i a sobre a ilha
do C H A P É U ; - u t i l i z a ç ao d o s d a d o s obtidos pelo levantamento hidro-
gráfico r e a l i z a d o pelo " C A R A V E L A S " , como b a s e para a a d j u d i c a ç ã o das
outras ilhas, p e l a "Comissão M i s t a de L i m i t e s e C a r a c t e r i z a ç ã o da
Fronteira BRASIL-PARAGUAI". Na r e f e r i d a Exposição de M o t i v o s , Vos-
sa Excelência h o u v e p o r bem exarar o seguinte despacho: "Ã Secreta-
ria-Geral, para o u v i r o s membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Nacional,
na forma do a r t i g o 89 do DL n 9 1 . 1 3 5 , de 3 D e z 7 0 . Em 19 Nov 7 5 " .
Dando cumprimento ã determinação de V o s s a E x c e l ê n c i a , f o r a m colhi-
dos pareceres dos S e n h o r e s Membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Nacio-
nal. Dentre tais pareceres, sao destacadas as s e g u i n t e s opiniões:

- 0 Exm9 S r V i c e - P r e s i d e n t e da R e p u b l i c a e M i n i s t r o da Justiça b a -
searam seus pareceres - favoráveis ã adjudicação da i l h a MARGARITA
- no m o t i v o de jã v i r o P A R A G U A I e x e r c e n d o soberania de f a t o sobre
aquela ilha. - Os E x m 9 Sr M i n i s t r o da M a r i n h a e C h e f e do Estado-
Maior da Armada, alem de r a t i f i c a r e m o parecer técnico contido no
Relatório do A v i s o "CARAVELAS", a f i r m a m que o " c a n a l p r i n c i p a l do
rio, n a s adjacências da i l h a MARGARIDA, é o que f i c a a l e s t e da ilha
(margem e s q u e r d a do r i o ) " . Além d i s s o , r e s s a l t a m q u e uma outra i -
lha, d e n o m i n a d a MARIA, ã s e m e l h a n ç a do q u e a c o n t e c e com a s i l h a s MAR
G A R I D A e do C H A P É U , t e m a s u a situação p e r f e i t a m e n t e definida,o que
permitiria incluí-la, p a r a efeito de a d j u d i c a ç ã o ã soberania brasi-
leira, na proposta que f o s s e feita ao G o v e r n o p a r a g u a i o . Os Exm9
Sr Min Exército e Chefe do E s t a d o - M a i o r do E x é r c i t o fazem as seguin
tes ponderações: - a d m i t i n d o - s e como v á l i d o o parecer técnico do Co
mandante do A v i s o Hidrográfico "CARAVELAS", t e r i a ficado destacado
no mesmo r e l a t ó r i o que " a i n d a nao f o i d e f i n i d o o c a n a l principal
do r i o P A R A G U A I " ; - seria conveniente que f o s s e m encarados os as-
pectos políticos que e n v o l v e m o problema, inclusive aqueles que po-
deriam distorcer os e l e v a d o s propósitos do S e n h o r Presidente da Re-
pública; - d e v e r i a m s e r apreciados com m a i o r profundidade os aspec-
tos militares da posse da i l h a de PORTO MURTINHO, uma v e z que a r e -
gião d e s t e nome s e r i a o pórtico de a c e s s o ao Sul-matogrossense.

0 Exm9 S r M i n i s t r o da A g r i c u l t u r a levantou as seguintes preocupa-


ções: - p o s s i b i l i d a d e de v i r a s e r a b e r t o um p r e c e d e n t e indesejável,
com relação a outras áreas d a f r o n t e i r a do B R A S I L , sobre as quais
SECRETO

existam ou p o s s a m o c o r r e r reivindicações de países vizinhos, relatj.


vãmente ã demarcação da l i n h a de f r o n t e i r a ; - possíveis repercus-
sões n a opinião pública e n a política interna que p o s s a m ocorrer,
com reflexos negativos a imagem do a t u a l Governo. - 0 Exm9 S r Mi-
nistro da Aeronáutica em s e u p a r e c e r - desfavorável ãs adjudicações
propostas pelo I t a m a r a t y , quanto ã sua oportunidade - afirma que
"os dados contidos nos documentos do M i n i s t é r i o d a s Relações Exte-
riores, n a o s a o de m o l d e a caracterizar o canal principal do R i o P A
RAGTIAI n a região da I l h a de PORTO MURTINHO, v i s t o que o braço do
rio do l a d o paraguaio e o mais profundo, enquanto o do l a d o brasilei
ro e o de m a i s franca e fácil n a v e g a ç ã o . " - 0 Exm9 Sr Ministro da
Saúde b a s e o u p a r e c e r também em r a z o e s científicas, geomorfolõgicas.
Ressalta que, f i s i o g r a f i c a m e n t e , a ilha de PORTO MURTINHO v i r i a a
ser, com o t e m p o , a c e s s a o ao território b r a s i l e i r o , com o alargamen
to do c a n a l oeste, que p a s s a r i a a ãlveo do r i o P A R A G U A I e o a s s o r e a
mento, até a e x t i n ç ã o , do c a n a l leste. Afirma ainda o Senhor Mini_s
tro q u e , n e s t a hipótese, o c o r r e n d o a acessão da i l h a ao território
brasileiro, e l a poderia m u d a r de j u r i s d i ç ã o , em o b s e r v â n c i a ao a r t i ^
go I I do T r a t a d o de 1 9 2 7 . P o r t a i s razoes, sugere " a conveniência
de que a caracterização de l i n h a d i v i s ó r i a , q u e c o r r e p o r um curso
d'ãgua e a adjudicação das i l h a s nele s i t u a d a s s e fundamentem tam-
bém no e s t u d o ou l e v a n t a m e n t o geomorfolõgico". Embora os S e n h o r e s
membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , em s u a g r a n d e maioria,te
nham opinado favoravelmente ao P r o j e t o de P r o t o c o l o , p r o p o s t o pelo
Ministério d a s Felações E x t e r i o r e s , convém d e s t a c a r nos p a r e c e r e s
recebidos, a s s e g u i n t e s preocupações e sugestões: - possibilidade
de ocorrência de r e p e r c u s s õ e s internas desfavoráveis â medida; a
abertura de p r e c e d e n t e , para a adjudicação de o u t r a s ilhas situadas
na fronteira com o u t r o s países limítrofes; a caracterização do c a -
nal principal seria feita sem a t e n d e r os d o i s critérios d e f i n i d o s
no Tratado de L i m i t e s de 1 9 2 7 , a i n d a em v i g o r ; a possibilidade,em-
bora remota, da i l h a de PORTO MURTINHO v i r a i n c o r p o r a r - s e , p o r a c e ^
são, ao t e r r i t ó r i o b r a s i l e i r o ; a importância m i l i t a r da i l h a de
PORTO MURTINHO, t e n d o em v i s t a a hipótese l e v a n t a d a de p o d e r a r e -
gião do mesmo nome s e r considerada "pórtico de a c e s s o ao S u l - m a t o —
grossense"; - i n c l u s ã o , n o mesmo P r o t o c o l o , da adjudicação da ilha
MARIA, â soberania b r a s i l e i r a ; - a possibilidade d a proposição do
Itamaraty levar em c o n t a a situação das demais ilhas situadas no
rio PARAGUAI, no t r e c h o fronteiriço considerado, em p a r t i c u l a r as
localizadas entre a região de PORTO MURTINHO e a f o z do R I O APA.
Nesta c o n d i ç õ e s , em que p e s e m a s considerações acima referidas, o
Projeto de P r o t o c o l o sugerido pelo I t a m a r a t y atende aos i n t e r e s s e s
da Segurança N a c i o n a l e pode s e r a p r o v a d o , n o s t e r m o s do A r t i g o 1 3 9

Departamento de Imprensa Nacional |—

SEC R E1 o
S E C R E i O

- 12 -

do"Protocolo de I n s t r u ç õ e s p a r a a Demarcação e Caracterização da


Fronteira R R A S I L - P A R A G U A I " , de 09 de m a i o de 1 9 3 0 . A p r o v e i t o a opo_i
tunidade p a r a r e n o v a r a V o s s a Excelência os p r o t e s t o s do meu mais
profundo respeito, ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U , M i
nistro de E s t a d o , S e c r e t a r : o - G e r a l do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Nacio-
nal.
A Exposição de M o t i v o s n° 091/75, de 0 1 de d e z e m b r o de 1975, SECRE-
TA, acima transcrita, mereceu do E x c e l e n t í s s i m o Senhor P r e s i d e n t e da
República o seguinte despacho:"Aprovo. Em 1 ? Dez 7 5 " .
Após a aprovação f o iexpedido a todos os S e n h o r e s Membros do Conse
lho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , um Aviso Secreto remetendo um e x e m p l a r da
mesma.

€p
.1* ' ^
3
SE C R í

- 13 -

MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES M I N I S T R O DA P R E V I Ô E N C I A E


ASSISTÊNCIA SOCIAL

NISTRO CHEFE DA
T A R I A DE PLANEJAMENTO

MINISTRO/CHEFE SERVIÇO D 0

'NACIONAL DE I N F O R M A Ç Õ E S

CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA /
ARMADA

C P F F j r DO E S T A D O - X A I O R DA Ti Í R T Q ^ G W R A L DO CONSELHO
AERONÁUTICA DE ! E G U R A N Ç A NACIONAL

Departamento de Imprensa Nacional —


SECRETO}

ATA DA O U A D R A G È S I M A SEGUNDA CONSULTA

AO

CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL

Aos trinta e um dias do m ê s de d e z e m b r o de hum mil


novecentos e setenta e cinco, f o iremetido a c a d a um dos membros
do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , Aviso Secreto cujo teor e o se
guinte: "Senhor Vice-Presidente (Ministro, Chefe). Tenho a honra
de dirigir-me a V o s s a Excelência, r e l a t i v a m e n t e a representação do
Senhor Ministro de E s t a d o d a J u s t i ç a p a r a a p l i c a ç ã o d a s sanções pre
vistas no a r t i g o 4 9 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13 de dezembro
de 1968, aos s e g u i n t e s cidadãos: - MARCELO GATO, D e p u t a d o Federal
pelo MDB/SP; e - NELSON F A B I A N O SOBRINHO, Deputado E s t a d u a l pelo
MDB/SP. 2. S o b r e o a s s u n t o em q u e s t ã o , t e n d o em v i s t a o disposto
no artigo 89 do D e c r e t o - l e i n 9 1 . 1 3 5 , de 3 de d e z e m b r o de 1 9 7 0 , i n
cumbiu-me o Excelentíssimo Senhor Presidente da República de soli-
citar o p a r e c e r de V o s s a E x c e l ê n c i a . Aproveito a oportunidade pa
ra r e n o v a r a V o s s a E x c e l ê n c i a meus protestos de e s t i m a e distinta
consideração. ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - M_i
nistro de E s t a d o , S e c r e t ã r i o - G e r a l do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Nacio
nal."
0 expediente acima transcrito originou-se d a Exposição de Motivos
n9 0492-B, de 30 de d e z e m b r o de 1 9 7 5 , do M i n i s t r o da Justiça, que
recebeu do E x c e l e n t í s s i m o Senhor Presidente da República o despa-
cho: "Ao Secretãrio-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , para
ouvir os membros do C o n s e l h o . Em 3 1 de d e z e m b r o de 1 9 7 5 . " , e esta
assim redigida: "EXCELENTÍSSIMO SENHOR P R E S I D E N T E DA REPUBLICA. No
I n q u é r i t o P o l i c i a l N9 53/75, realizado pela Secretaria de Seguran
ça P ú b l i c a do E s t a d o de São P a u l o e jã e n c a m i n h a d o ã 2a. Auditoria

Departamento de Imprensa Nacional i -


S E C R E T o

- 2 -

da 2 a . CJM, f i g u r a m vários depoimentos em que são m e n c i o n a d o s paj:


lamentares que s e b e n e f i c i a r a m , nas r e s p e c t i v a s eleições de 15 de
novembro de 1 9 7 4 , do a p o i o do P a r t i d o Comunista B r a s i l e i r o , entida
de ilegal perante as l e i s do P a í s . 0 jornal "0 ESTADO DE SÃO PAU
LO", edição de 24 do c o r r e n t e , s o b o título "Deputados refutam acu
sações do DOPS", p u b l i c a o seguinte: "Além d e r e f u t a r e m as acusa
ções que r e c a e m sobre suas pessoas, que c o n s t a m n o r e l a t ó r i o do i n
quêrito s o b r e o P C B que o DOPS e n c a m i n h o u ã 2a. A u d i t o r i a de Guer-
ra, os deputados santistas Nelson Fabiano Sobrinho e Marcelo Gato
declararam o n t e m - em S a n t o s - q u e "o p o v o b r a s i l e i r o sabe como f o
ram c o n s e g u i d o s os depoimentos pelo D O I - C O D I " , e que p o r e s t e moti.
v o , n a o estão p r e o c u p a d o s com a s "acusações totalmente ridículas e
levianas". Demonstrando m u i t a tranqüilidade, F a b i a n o S o b r i n h o e
Marcelo Gato comentaram que t a i s acusações já e r a m por e l e s esperai
das, como uma tentativa de i s o l a r o MDB do p o v o b r a s i l e i r o . A cer
teza de q u e , a q u a l q u e r m o m e n t o , surgiria uma tentativa de envolve
los, f o i reforçada quando duas a d v o g a d a s , que t r a b a l h a m no escrito
rio de a d v o c a c i a de N e l s o n F a b i a n o S o b r i n h o , f o r a m p r e s a s e levadas
ao D O I - em outubro passado. Os d o i s deputados diziam, o n t e m , não
estar propensos a d i v u l g a r nenhuma n o t a a respeito das acusações,
e por i s s o resolveram apenas v i s i t a r a sucursal de "0 E s t a d o de
São P a u l o " , para "dizer poucas palavras a respeito de t u d o isso".
Fabiano S o b r i n h o tem e s t a o p i n i ã o : " Q u a n t o ás a c u s a ç õ e s sobre su-
postas ligações m i n h a s com o P C B , t o d o povo p a u l i s t a e brasileiro
sabe como f o r a m c o n s e g u i d o s e s s e s depoimentos e como s e p r o c e s s o u
este pseudo i n q u é r i t o , que v e m v i c i a d o por nulidade insanável des-
de s u a o r i g e m : a violência. Por estes m o t i v o s , dispenso-me de c o -
mentar a s acusações que são t o t a l m e n t e ridículas e levianas". Pa-
ra o deputado federal M a r c e l o G a t o , a s acusações não têm fundamen-
to e servem apenas para intimidar: "Todos sabem o q u a n t o há de s o -
frimento, tortura e medo em cada l i n h a d a s declarações c o n t i d a s nes^
se inquérito. Não me sinto atingido nem preocupado. Nao preciso
das explicações, p o i s ã minha consciência n a d a preciso explicar.
Ha o s que s e r e j u b i l a m com o s m é t o d o s adotados pelo DOI-CODI. A Na
ção, porém, c a l c a d a na sua dignidade, sente vergonha por tudo i s -
so. Ê* m a i s uma tentativa de i s o l a r o MDB do p o v o b r a s i l e i r o . De
intimidar. Nada d i s s o funciona, pois o p o v o s a b e m u i t o bem o que
e s t á p o r trás d e s s e s pseudos inquéritos". Os d o i s deputados aci-
ma referidos, A L B E R T O MARCELO GATO e NELSON FABIANO SOBRINHO, por
seu advogado IBERÊ" B A N D E I R A DE MELLO (Ofício d a t a d o de 26 de d e z e m
bro de 1 9 7 5 - ANEXO N9 1 ) , negaram-se, no a t e n d i m e n t o a c o n v i t e que
lhes f o id i r i g i d o , a comparecer ã D e l e g a c i a de Ordem Política e S£
ciai do E s t a d o de São P a u l o , para oferecer esclarecimentos sobre
S E C R £ í O
- 3 -

as declarações por e l e s prestadas ao "0 E s t a d o de São P a u l o " . Ta-


xativamente, fazem c o n s t a r q u e : em atendimento ã legislação vigen
te, afirmam que não comparecerão por entenderem q u e , no e s t r i t o cum
primento do q u e d e t e r m i n a a lei, única força a que s e s u b m e t e m , e s -
tão d e f e n d e n d o as p r e r r o g a t i v a s de t o d o s os p a r l a m e n t a r e s brasile_i
ros". Os D e p u t a d o s MARCELO GATO e NELSON FABIANO, c o n f i r m a r a m , p£
rêm, a s r e s p e c t i v a s declarações: - de f o r m a indireta, no mesmo o ^ i
cio em q u e s e n e g a r a m a comparecer ã D e l e g a c i a de Ordem P o l í t i c a e
Social do E s t a d o de São P a u l o , ao s e r e f e r i r e m ãs " d e c l a r a ç õ e s que
prestaram ao c o n c e i t u a d o jornal o Estado de São P a u l o " ; - na edi-
ção de 27 de d e z e m b r o de 1 9 7 5 de "0 E s t a d o de São P a u l o " (ANEXO N9
2), no seguinte t r e c h o da n o t i c i a intitulada "Deputados não acei-
tam convite para i r ao DOPS": "Os d o i s p a r l a m e n t a r e s oposicionistas
confirmaram ontem a s declarações n a s q u a i s a s s i n a l a r a m que "o povo
brasileiro sabe como foram conseguidos os depoimentos p e l o DOI-CODI",
destacando que a s acusações contra eles são " t o t a l m e n t e ridículas e
levianas"; ao s e n e g a r e m , p e r e m p t o r i a m e n t e , a qualquer retificação
de suas declarações, n a f o r m a como f o r a m publicadas, apesar d a s gejs
toes, reiteradas e insistentes, promovidas pelo Governo do E s t a d o de
São P a u l o . A atitude atual d o s D e p u t a d o s NELSON F A B I A N O SOBRINHO e
A L B E R T O MARCELO GATO m o s t r a - s e coerente com o s r e g i s t r o s sobre eles
disponíveis, d e n t r e os q u a i s se destacam aqueles i n c l u í d o s : no ANE-
XO N9 3 , r e l a t i v a m e n t e ao Dep E s t MDB/SP NELSON FABIANO S0BRINH0;no
ANEXO N9 4, r e l a t i v a m e n t e ao Dep F e d MDB/SP A L B E R T O MARCELO GATO.-
Conforme c o n s t a do p r e â m b u l o do A t o I n s t i t u c i o n a l n9 5, o Governo
da República, responsável p e l a ordem e segurança internas, nao pode
permitir que p e s s o a s ou g r u p o s anti-revolucionários trabalhem, tra-
mem ou a j a m c o n t r a a Revolução de M a r ç o de 1 9 6 4 , s o b p e n a de estar
faltando a compromissos que a s s u m i u com o p o v o b r a s i l e i r o , bem como
porque o Poder R e v o l u c i o n á r i o , ao e d i t a r o Ato I n s t i t u c i o n a l n9 2,
afirmou categoricamente, que "não se d i s s e que a R e v o l u ç ã o f o i , mas
que e e continuará" e , p o r t a n t o , o p r o c e s s o revolucionário em desen
volvimento não pode s e r d e t i d o . Verificando-se, no comportamento
passado e atual do Dep Fed/MDB MARCELO GATO e do Dep E s t / M D B NELSON
F A B I A N O SOBRINHO, n í t i d a contestação â Revolução de 3 1 de M a r ç o de
1964, através d o s r e g i s t r o s existentes e do a t a q u e desabrido q u e ho
je fazem ãs a u t o r i d a d e s responsáveis p e l a Segurança Interna - con-
firmado o estado de ânimo dos r e f e r i d o s Deputados em se manterem em
permanente atitude anti-revolucionária — venho representar a Vossa
Excelência conforme determina o A r t 29, item I , do A t o C o m p l e m e n t a r
n9 3 9 , n o s e n t i d o de que l h e s seja aplicada a suspensão dos direi-
tos políticos, p e l o prazo de 10 a n o s , e cassados os r e s p e c t i v o s man
datos eletivos federal e estadual, tudo com v i s t a s a p r e s e r v a r a Re

Departamento de Imprensa Nacional — |—"" *" — ,. , ,.—


IT , w

S E C R t f O
SECRETO

- 4 -

Revolução, na forma r e c o m e n d a d a p e l o A r t 4° do A t o I n s t i t u c i o n a l n9
5, de 1 3 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 . Sirvo-me da o p o r t u n i d a d e para reno
var a V o s s a E x c e l ê n c i a meus p r o t e s t o s do m a i s profundo respeito.(a)
ARMANDO F A L C Ã O .
Procedida a consulta todos os s e n h o r e s membros do C o n s e l h o de Segu-
rança N a c i o n a l f o r a m unânimes em concordar com a aplicação das me-
didas s u g e r i d a s p e l o Ministério da Justiça. No d i a 0 5 de janeiro
de 1976, o P r e s i d e n t e d a República, no u s o d a s atribuições que l h e
confere o artigo 4 9 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13 de d e z e m b r o de
1968, tendo em v i s t a o artigo 182 d a Constituição e apôs audiência
do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , s a n c i o n o u d e c r e t o c a s s a n d o o man
dato eletivo e suspendendo pelo prazo de 10 ( d e z ) a n o s , os direitos
políticos, dos s e g u i n t e s c i d a d ã o s : A L B E R T O MARCELO GATO, Deputado
Federal - São P a u l o e NELSON F A B I A N O S O B R I N H O , Deputado Estadual -
São P a u l o .

VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA
Departamento de Imprensa Nacional —
ATA DA QUADRAGgSIMA T E R C E I R A CONSULTA

AO

CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL


H

Aos vinte e nove d i a s do m ê s de março de hum m i l n £


vecentos e setenta e seis, f o i remetido a cada um d o s m e m b r o s do
Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , A v i s o Secreto cujo teor é o seguin-
te: "Senhor Vice-Presidente (Ministro, Chefe). Tenho a honra de
dirigir-me a V o s s a Excelência, r e l a t i v a m e n t e ã representação do S e -
n h o r M i n i s t r o de E s t a d o d a Justiça para aplicação d a s sanções pre-
vistas no a r t i g o 49 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13 de d e z e m b r o de
1968, aos Deputados F e d e r a i s , pelo MDB do R I O GRANDE DO S U L , NADYR
ROSSETTI e AMAURY M Ü L L E R . 2. S o b r e o assunto em q u e s t ã o , t e n d o em
vista o disposto no a r t i g o 89 do D e c r e t o - l e i n 9 1 . 1 3 5 , de 3 de d e -
zembro de 1 9 7 0 , i n c u m b i u - m e o E x c e l e n t í s s i m o Senhor P r e s i d e n t e da
República de s o l i c i t a r o parecer de V o s s a E x c e l ê n c i a . Aproveito a
oportunidade para renovar a V o s s a E x c e l ê n c i a meus protestos de e s t j l
ma e d i s t i n t a consideração. ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE
A B R E U - M i n i s t r o de E s t a d o , Secretãrio-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n
ça N a c i o n a l . "
0 expediente acima transcrito originou-se d a Exposição de Motivos
n9 0894, de 2 9 de m a r ç o de 1 9 7 6 , do M i n i s t r o d a J u s t i ç a , q u e r e c e —
beu do E x c e l e n t í s s i m o Senhor P r e s i d e n t e d a República o despacho:
"Ao Secretãrio-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , para ouvir
os membros do C o n s e l h o . Em 29 de m a r ç o de 1 9 7 6 . " , e esta assim r e -
digida: "EXCELENTÍSSIMO SENHOR P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A . No d i a 19
de m a r ç o , o "M.D.B." r e a l i z o u uma c o n c e n t r a ç ã o política no Municí-
pio de P A L M E I R A DAS M I S S Õ E S , E s t a d o do R i o G r a n d e do S u l , a q u e com
pareceram parlamentares oposicionistas, estaduais e federais. I n -
felizmente, — n ã o h á como fugir a essa verificação — , os discur
Departamento de Imprensa Nacional ~~
SECR E I ü
- 2 -

discursos pronunciados e s t r a v a s a r a m amplamente a legitima divulga-


ção de t e s e s partidárias e vieram inserir-se numa l i n h a de nítida
contestação ã Revolução de 3 1 de M a r ç o de 1 9 6 4 e até mesmo de der-
rubada do r e g i m e . Tem sido o Poder Revolucionário, através do
exercício que V o s s a Excelência l h e imprime, extremamente comedido
na aplicação de l e g i s l a ç ã o específica para o resguardo do processo
político. Orientando-se conscientemente nesse caminho, justamente
nele tem a s s e g u r a d o as melhores perspectivas de um desenvolvimento
que se quer permanente e tão a p e r f e i ç o a d o quanto possível. Figura
no preâmbulo do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 2: "Não se d i s s e que a Revolii
çao foi,mas que ê e continuará". P e r m i t o - m e , n a mesma o r d e m de
idéias, t r a n s c r e v e r o s e g u i n t e t r e c h o da última e r e c e n t e Mensagem
de Vossa Excelência ao C o n g r e s s o Nacional: " E já q u e s e t r a t a de
um ano e l e i t o r a l , valha dizer que o G o v e r n o , p l e n a m e n t e consciente
de seus deveres e cabalmente aparelhado para tanto, assegurará a
paz e a ordem, o p l e n o exercício do d i r e i t o legítimo do v o t o demo-
c r á t i c o , sem p r e s s õ e s nem c o a ç õ e s , como j a o f e z n o p a s s a d o . Nao
p e r m i t i r á , p o r é m , a quem q u e r que s e j a , busque tirar partido da
conjuntura política, n a t u r a l m e n t e a r d o r o s a e vibrãtil, p a r a a prá-
tica de c o n t e s t a ç ã o ã Revolução, e x p r e s s a e s t a no r e g i m e constitu-
cional e legal a cujo a b r i g o vivemos todos — dele gostemos o u não
— , o próprio regime que g a r a n t e a p r o p a g a n d a eleitoral dos candi-
datos e partidos, a mobilização do e l e i t o r a d o e a votação livre".
Parece-me, Senhor Presidente, q u e , sem v i o l e n t a ç ã o da c o n d u t a de
comedimento que o G o v e r n o s e impôs, n a concentração política de
P A L M E I R A DAS MISSÕES publicamente manifestaram-se atitudes contes-
tatórias de t a l f o r m a arrogantes e provocadoras, que m e r e c e m ser
coibidas, em termos de ação revolucionaria, de c a r á t e r sumário e
imediato. As explorações que s e farão no c u r s o da campanha eleito
ral deste a n o hão de s e r m e n o r e s — assim o creio — que todo o es-
tímulo â r e b e l d i a n a s c i d o de e v e n t u a l f a l t a de r e s p o s t a adequada
aos p r i m e i r o s movimentos oposicionistas. Houve v e r d a d e i r o desafio
lançado j u s t a m e n t e n a área crítica do R i o G r a n d e do S u l . E mesmo
que o não seja, a Revolução ter-se-ã a f i r m a d o , como, sem maiores
considerações, p a r e c e recomendar a n e c e s s i d a d e s de f a z e r - s e dura-
doura. Desejo focalizar, particularmente, os p r o n u n c i a m e n t o s dos
Deputados Federais, pelo "M.D.B." do R i o G r a n d e do S u l , NADYR ROS-
SETTI e AMAURY M U L L E R . 0 D e p u t a d o NADYR R O S S E T T I terminou o seu
discurso da s e g u i n t e forma: "Enquanto isso, pasmem o s meus compa
nheiros de P A L M E I R A e de t o d a essa região, a PETROBRÃS, f r u t o do
a m o r do p o v o , fruto do coração do p o v o , fruto da l u t a do povo,nes-
te último ano d i m i n u i u a s u a produção de p e t r ó l e o , e n q u a n t o os h o -
mens que a d i r i g e m r e c e b e m m a i s do q u e 2 0 0 m i l h õ e s por mês. E s t e Ó
S E C R E T O ]
N.° 036

- 3 -

o Pais, senhores, que, forte na nossa é p o c a , q u a n d o n ó s éramos p o -


der e q u e a c o n t e c e s s e um e s c â n d a l o d e s s e provavelmente haveria de
cair a Republica. Hoje, provavelmente caia eu,hoje ou a m a n h a , p o r
fazer esta denuncia. Que i m p o r t a i s s o ? 0 que i m p o r t a isso, o que
me importa, e é nosso t e m p o , o q u e i m p o r t a , meus a m i g o s de P A L M E I -
RA, é nos mantermos de p é , e r e t o s , firmes na vontade de l u t a con-
tra e s s e s insensíveis a o s i n t e r e s s e s e a s aspirações do p o v o , que
governam p a r a si, para seus interesses, para o c a p i t a l estrangeiro,
para as e l i t e s que e x p l o r a m o povo, p a r a a s e l i t e s que a n a l f a b e t i -
zam o povo, as e l i t e s que p e r m i t e m que s e u povo m o r r a de f o m e , mas
eles possam v i v e r , nababescamente, n o s palácios como v i v e m . Mas
isso eu l h e s d i g o , prometo aqui, ao l h e s falar, com o s s e n h o r e s aí
a nos o u v i r , prometo s e m p r e , vocês sabem, m u i t a luta. E u p o s s o lhes
dizer que e s t e estado de c o i s a s rapidamente c a i r á , s e n a o de p o d r e ,
pela corrupção. Cair pela vontade do p o v o p o r q u e n ó s h a v e r e m o s de
mudar. Quando d i g o n ó s , não d i g o que somente o orador que fala.
Quando digo nós digo o MDB com t o d o o r i o g r a n d e n s e , em q u e r e r e s -
tabelecer a q u i um G o v e r n o do p o v o , p a r a o p o v o e p e l o povo". Sao
do discurso do D e p u t a d o AMAURY M U L L E R a s s e g u i n t e s passagens: "Per
mitam-me que p r e s t e uma s i n g e l a h o m e n a g e m , como s i n g e l a é a posi-
ção do MDB, ãs v í t i m a s da q u a r t e l a d a de P r i m e i r o de A b r i l , lembran
do a q u i uma f i g u r a brilhante que c u r t e no e x í l i o o amor q u e dedi-
cou ao s e u p o v o , lembrando aqui, companheiros e companheiras, a fi^
gura de L E O N E L DE MOURA B R I Z O L A . Permitam-me, a i n d a , nesta homena
gem à q u e l e s q u e t e o r i c a m e n t e c a i r a m , através do g o l p e d e s f e r i d o pe_
la violência p o l i c i a l e s c a e fascista que há doze anos governa este
país. P e r m i t a m - m e , que l e m b r e o nome do D e p u t a d o , e s e m p r e Deputa^
do, V I L M A R TABORDA... Creditamos no p o d e r os v a s s a l o s do capital
estrangeiro q u e n o s r o u b a m há 12 a n o s . Falam em R e v o l u ç ã o , quando
R e v o l u ç ã o não h o u v e . Houve, i s t o s i m , um g o l p e sustentado por c a -
nhões, m e t r a l h a d o r a s , b a i o n e t a s compradas com i m p o s t o s que o povo
paga. Houve, i s t o s i m , apenas e tão s o m e n t e uma q u a r t e l a d a . Mas,
não é apenas este o equívoco d a a r i s t o c r a c i a f a r d a d a que p r e t e n d e
comandar e s t e país, e s c r a v i z a n d o s e u povo, abastardando s u a gente.
... Pois bem, c o m p a n h e i r o s , o n d e está o m i l a g r e q u e a ditaduraten
tou inculcar n a mente dos b r a s i l e i r o s ? ... M a s , ê c h e g a d o o momen
to de d i z e r basta a tudo isso. Chega, senhoras e s e n h o r e s , de t o r
tura. Chega, senhores e s e n h o r a s , de p r i s õ e s ilegais, de seví—
cias, de v i o l ê n c i a , c h e g a de m e n t i r a s , c h e g a de m e d o , c h e g a de h u -
milhação, chega de a b a s t a r d a r o povo b r a s i l e i r o , chega, em um palji
vra, companheiros e companheiras, chega dessa ditadura asquerosa e
nojenta que amanha v a i c a i r de p o d r e " . Quer-me p a r e c e r , Senhor
Presidente, — conforme expressam a s transcrições anteriores — ,
Departamento de Imprensa Nacional —

S Eí
S EC R í í O

- A -

que o s D e p u t a d o s NADYR R O S S E T T I e AMAURY M Ü L L E R assumiram, na con-


centração política de P A L M E I R A DAS M I S S Õ E S , a t i t u d e s de n í t i d a c o n
testação â Revolução de 3 1 de M a r ç o de 1 9 6 4 , n o s e n t i d o léxico —
que s o l i c i t o permissão para r e p r o d u z i r , a f i m de q u e d u v i d a s nao
pairem — de i m p u g n a ç ã o , o p o s i ç ã o , r e s i s t ê n c i a , i n a c e i t a ç a o enfim.
Não l h e s vem a f a v o r — sobre o q u e tão a m p l o tem s i d o o e n t e n d i —
mento do G o v e r n o n o u t r o s casos de n a t u r e z a semelhante — a possib_i
lidade de a t i t u d e impensada e momentânea: os r e g i s t r o s dos dois
Deputados demonstram tratar-se de c o n t e s t a d o r e s antigos e permanen
tes , incapazes de p o l i t i c a m e n t e c o n v i v e r n o s t e r m o s e nas bases da
Revolução que s e q u e r e se exige permanente. N ã o h ã como também
confinar o s i n c i d e n t e s de P A L M E I R A DAS M I S S Õ E S aos l i m i t e s restri-
tos de um m u n i c í p i o do i n t e r i o r gaúcho: o s d o i s Deputados procura
ram d a r - l h e s configuração n a c i o n a l , mostraram-se sensíveis ao C o n
gresso, a imprensa, a opinião pública — em e s p e c i a l , cabe o r e -
gistro, a opinião pública m i l i t a r . P o r tudo o que f o i e x p o s t o , r e
presento a Vossa Excelência, conforme determina o A r t . 29, item I ,
do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , no s e n t i d o de q u e s e j a a p l i c a d a aos De-
putados F e d e r a i s NADYR R O S S E T T I e AMAURY M Ü L L E R a suspensão dos di^
reitos políticos, p e l o prazo de 10 a n o s , e cassados os r e s p e c t i v o s
mandatos eletivos, tudo com v i s t a s a p r e s e r v a r a Revolução, n a fojr
ma r e c o m e n d a d a p e l o A r t . 4 9 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 1 3 de
d e z e m b r o de 1 9 6 8 . Sirvo-me da o p o r t u n i d a d e para renovar a Vossa
Excelência o s p r o t e s t o s do meu m a i s profundo respeito, ( a ) ARMANDO

FALCÃO - M i n i s t r o da Justiça".
Procedida a c o n s u l t a , todos os senhores membros do C o n s e l h o de S e -
gurança N a c i o n a l foram u n â n i m e s em c o n c o r d a r com a a p l i c a ç ã o das
medidas sugeridas pelo Ministério da Justiça. No d i a 2 9 de março
de 1 9 7 6 , o P r e s i d e n t e da República, no u s o d a s atribuições que lhe
confere o artigo 49 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13 de dezembro
de 1 9 6 8 , tendo em v i s t a o artigo 182 da Constituição e apôs audien
cia do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , s a n c i o n o u decreto cassando
o mandato eletivo e suspendendo pelo prazo de 10 ( d e z ) a n o s , os di_
reitos políticos, dos s e g u i n t e s c i d a d ã o s : NADYR R O S S E T T I e AMAURY
MÜLLER, Deputados Federais pelo MDB do R i o G r a n d e do S u l .

ESIDEÍU*-TTA REPUBLICA
S E C R E T O
N.° 0 3 7
- 5 -

VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA

M I N I S T R O DA JUST^A M I N I S T R O DA MARINHA

MINITS/TRO DO EXÉRCITO

INISTRO DA FAZENDA M I N I S T R O DOS TRANSPORTES

DA A G R I C U L T U R A MIN I S T R O DA E D ^ CAÇÃO
CAÇÃ E CULTURA

MINISTRO DO TR^ALHO MINISTRO D# AERONÁUTICA

MINISTRO DA SAÚDE/ ESTRO DA ^ N D Ü S


DO C O M É R C K
1

MIN I~S^RO--ifiCs MINAS E E N E R G I A MIN PS/T RO C H E F E DA S E C R E T A R I A


)E PLANEJAMENTO

M I N I S T R O DO INTERIOR M I N I S T R O DAS COMUNICAÇÕES

M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E
ASSISTÊNCIA SOCIAL

Departamento de Imprensa Nacional —


[S E C R E~i

- 6 -

NISTRO CHEFE DO SERVIÇO MINISTRO'-CHEFE DO


NACIONAL DE INFORMAÇÕES E S T A D O - M A I O R DAS FORÇAS MADAS

CHEFE DO E S T A D O - M A I O R DA ( h /CHEFE
C H E F E DO
DO (|ESTAIiO-MAIOR
ESTAIlO- DO
ARMADA EXÉRCITO

^5
CH^FE DO ESTADO-MAIOR DA
ECI.EIXRSO-GERAL DO CONSELHO
TI£A 1)E SEGURANÇA NACIONAL

5w V*. o
ATA DA QtTADRAGflSIMA QUARTA CONSULTA

AO

CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACION/T

Ao p r i m e i r o d i a do mês de a b r i l de hum m i l n o v e c e n -
tos e setenta e seis, f o iremetido a cada um dos membros do Conse-
lho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , Aviso Secreto cujo teor ê o seguinte: "Sj;
nhor Vice-Presidente (Ministro, Chefe). Tenho a honra de dirigir-
me a V o s s a Excelência, r e l a t i v a m e n t e a representação do S e n h o r Mi-
nistro de E s t a d o da Justiça p a r a aplicação d a s sanções p r e v i s t a s no
artigo 49 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 , ao
Deputado F e d e r a l , pelo MDB do R i o de J a n e i r o , L Y S Â N E A S DIAS MACIEL.
2. Sobre o assunto em questão, t e n d o em v i s t a o disposto no artigo
89 do D e c r e t o - l e i n 9 1 . 1 3 5 , de 3 de d e z e m b r o de 1 9 7 0 , i n c u m b i u - m e o
Excelentíssimo Senhor P r e s i d e n t e da República de s o l i c i t a r o pare-
cer de V o s s a E x c e l ê n c i a . Aproveito a oportunidade para renovar a
V o s s a E x c e l ê n c i a meus p r o t e s t o s de e s t i m a e distinta consideração,
(a) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - M i n i s t r o de Estado,
Secretãrio-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . "
0 expediente acima transcrito originou-se da Exposição de Motivos
n9 1 . 0 6 7 , de 19 de a b r i l de 1 ^ 7 6 , do M i n i s t r o d a J u s t i ç a , que rece-
beu do E x c e l e n t í s s i m o Senhor Presidente da República o despacho:"Ã
Secretaria-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . Em 19 de abril
de 1976", e estã assim r e d i g i d a : "EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE
DA REPtÍBLICA. Apoiado nas d i r e t r i z e s com que V o s s a E x c e l ê n c i a orien
ta o Governo Revolucionãrio, v i - m e compelido, recentemente, a repre
sentar no s e n t i d o de que s e s u s p e n d e s s e m os d i r e i t o s políticos e
fossem cassados os mandatos eletivos de d o i s parlamentares, de acor
do com o q u e dispõe o A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5. Moveu-me o entendi--
Departamento de Imprensa Nacional — I i i
SECRETO

- 2 -

entendimento — que V o s s a Excelência aprovou — da n e c e s s i d a d e da


punição revolucionaria em f a c e de d e s a f i o p ú b l i c o e inaceitável ao
Movimento de M a r ç o de 1 9 6 4 , i n s e r i d o no contexto de r e i t e r a d a s ati-
tudes contestatórias q u e não p e r m i t e m a indulgência admissível ape-
nas diante de p o s i ç õ e s transitórias. T e n h o bem presente — e nao
podia s e r de o u t r a forma — a orientação que V o s s a Excelência tran_s
mitiu hã p o u c o m a i s de um a n o : "Os instrumentos e x c e p c i o n a i s de que
o Governo se acha armado p a r a a manutenção da a t m o s f e r a de seguran-
ça e de o r d e m , f u n d a m e n t a l para o próprio desenvolvimento economicjo
social do País sem p a u s a s de e s t a g n a ç ã o nem, m u i t o menos, retroces-
sos sempre p e r i g o s o s , a l m e j o vê-los n ã o tanto em exercício duradou-
ro ou freqüente, a n t e s como p o t e n c i a l de ação r e p r e s s i v a o u de con
tenção m a i s e n é r g i c a e , a s s i m mesmo, até q u e s e v e j a m superados pe-
la imaginação política criadora, capaz de instituir, quando for
oportuno, salvaguardas eficazes e remédios prontos e realmente efi-
cientes dentro do c o n t e x t o constitucional." Lamento, Senhor Presi-
dente, que o j u s t o anseio de que o s a t o s excepcionais, para manuten
ção d a a t m o s f e r a de s e g u r a n ç a e de o r d e m , sejam antes recurso poteri
ciai do que i n s t r u m e n t o de a p l i c a ç ã o efetiva, nao e s t e j a a merecer
a compreensão e a s o l i d a r i e d a d e que a s s e g u r e m a sua plena r e a l i z a —
ção. Evidentemente, esta realização m u i t o m a i s fica a dever a o s que
combatem o G o v e r n o do que a o s q u e d e l e fazem parte ou o a p o i a m . Na
mesma l i n h a de c o e r ê n c i a q u e me obrigou a encaminhar-lhe a Exposi—
çao de M o t i v o s de que r e s u l t o u a última aplicação do A t o Institucio_
nal nP 5 a d o i s p a r l a m e n t a r e s , reporto-me, hoje, a o s i n c i d e n t e s ocojr
ridos n a sessão da Câmara dos D e p u t a d o s no último d i a 30 de m a r ç o ,
quando s e f o c a l i z a r a m a s sanções revolucionárias aplicadas aqueles
ex-congressistas. F o i o seguinte o d i s c u r s o pronunciado por LYSÃ-
NEAS M A C I E L , D e p u t a d o Federal pelo MDB/RJ: " H o j e n o s d i r i g i m o s a um
parlamento que vem p e r d e n d o , p a u l a t i n a m e n t e , a sua identidade. Nas
cassaçoes de o n t e m , a desmoralizante rotina que s e p r e t e n d e inflin-
gir a todo um p o v o , hã q u e a l e r t a r este parlamento para as seguin-
tes premissas: As m e d i d a s o s t e n s i v a s e as veladas demonstram q u e nao
podemos ser parlamentares e muito menos oposição. E e s t a ê mais uma
tentativa de n o s t r a n s f o r m a r em objetos inertes e acovardados nao
apenas frente ao G o v e r n o , m a s , t a m b é m , f r e n t e ao p o v o , n o s s o real
compromisso. 0_ r e c r u d e s c i m e n t o das medidas arbitrárias não é_ aci-
dental nem visa apenas n o s so s b r a v o s companheiros do R i o G r a n d e do
Sul. Pretende-se, dentro deste c l i m a de o p r e s s ã o , de v i o l ê n c i a e
arbítrio, r e d u z i r a situação p o l í t i c a do P a í s a expressão de um p a r
tido hegemônico — que c o o p t a o governo m i l i t a r — e uma oposição
manipulável e comprometida a um p o n t o insuportável de subserviência
e medo. Não cabe n e s t e s poucos minutos analisar o comportamento da
ARENA, cômodo de s e r v e n t i a eventual do s i s t e m a . Também n o s abstrajf
mos do d o l o r o s o processo de s o p e s a r a s trêfegas atitudes de s e u l í -
der. Os " b o m e n s - p a l h a " — como o s p e l e g o s de s i n d i c a t o — têm a im
portancia que s e l h e s d ã . "Na d r a m á t i c a c o n j u n t u r a em que vivemos
estes atos deixam claro e evidente que o s i s t e m a , apôs a utilização
por mais de 1 2 ano s de um me c a n i smo r e p r e s s o r ma i s bárbaro da histo-
ria deste País, c o n f e s s a , a s vésperas d a s e l e i ç õ e s , que a_ força jé a_
un i c. a mane i r a de s e m a n t e r no p o d e r . E confessa mais sua incompe-
tência no c o m b a t e â subversao e a corrupção, e s t a ultima praticada
a s escancaras, pois os parlamentares que a s d e n u n c i am s ao enquadra-
dos nas l e i s de s e g u r a n ç a n a c i o n a l . o mais doloroso e grave, senho
res d e p u t a d o s , n a o s ao a s c a s s a c o e s , todavia. Ê" q u e com e l a s esta
mos nos acostumando. Estamos nos acostumando com a falta de liber-
dade. Estamos nos acostumando com a censura de b a i x o nível que i m -
pede até a e x i b i ç ã o de b a l e s artísticos. Estamos nos acostumando
com o desaparecimento de b r a s i l e i r o s , sua t o r t u r a , sua morte presu-
m i d a ; homens c|ue não se conformaram com a injustiça e colocaram seu
talento e suas v i d a s a serviço de s e u s c o m p a t r i o t a s . Estamos nos
acostumando até com a p r o c l a m a ç ã o de c o l e g a s deste parlamento que
comprazem em c o n f e s s a r que os i n d i g i t a d o s c h e f e s do e s q u a d r ã o da mor

te — ainda ocupando p o s t o s oficiais — SJLO r e s p o n s ãve i s p e l a "e 1 i -


minaç ao" física de d i v e r s o s i n i m i g o s do s i s t e m a . Este Congre ss o
aceita tranqüilamente o_ f a t o de q u e , n e s t e m o m e n t o , pelo menos 5_ ex'
parlamentares estejam sendo mortos e torturados. Estamos nos esque
cendo, e n f i m , de que o m a i o r perigo em relação aos regimes excepcio
nais e a falta de l i b e r d a d e ê s e a c o s t u m a r com e l e s . Nao há, toda-
v i a , como se i l u d i r , senhores d e p u t ado s ; fora do t e r r o r da repres-
são não há p o s s i b i l i d a d e d_e m a n t e r h o j e em d i a um regime estático ,
sacral izado e_ i n j u s t o . I n v o c a - s e , f r e q ü e n t e m e n t e , q u e a restauração
da v i d a democrática, dos d i r e i t o s e das g a r a n t i a s i n d i v i d u a i s cole-
tivas d e p e n d e m do " s i s t e m a " . Mas s e _a opo sição não lutar, o pretex-
to de f a l t a de c o n d i ç õ e s de m o d i f i c a r o c o n t e x t o social e político,
a curto prazo, e s t arã f o r t a l e c e n d o a_ i m p l a n t a ç ã o de um regime fas-
cista. Para o "sistema", o crescimento do MPB não deve alterar em
nada s u a função e observa-se que e s t e firme c o n t r o l e vem sendo man-
tido inclusive nestas últimas cassações. A c a d a aceno de "normaliza-
c ao" temo s a t i t u d e s correspondentes de ame aç a e_ s u f o c a ção. E o MPB,
absorvendo o esquema p r o p o s t o pelo sistema, torna-se culpãvel de as;
sistir — normalmente e não o b s t a n t e as notas incisivas e inconse-
qüentes — o_ e m p r e g o a r b i trãrio d a Força B r u t a , a_ o p r e s s ã o inconsti-
tucionalizada. Não temos a_ c o r a g e m de c r i t i c a r membros d a s Forças Ar-
madas e s p a l h a d o s em todos o s õrgao s d a a d m i n i s t r a ç ã o púb 1 i c a e_ p r i -
vada . E não o f a z e m o s não p o r q u e julguemos que o s m i l i t a r e s sejam
Departamento de Imprensa Nacional —

j*'.* .... ^

V K C
SE CR E r o

- 4 -

mais h o n e s t o s ou m a i s c a p a z e s que o s c i v i s . Nao o fazemos senhores


deputados, porque t e m o s medo. Por muito contemplarmos mudos o_ a s -
salto con s e n t i d o de n o s s a s r i q u e z a s n a t u r a i s , £ exp loração ao s tra-
balhadores , £ enriquecimento propjes sivo dos m a i s ricos £ a corrup-
ção que h o j e £ uma cons t a n t e em q u a s e todos os escalões desse Pais.
A luta pelos verdadeiros interesses nacionais tem a i n d a outra carac
terística. E l a nao apenas r e q u e r g r a n d e s esforços — e riscos —
da p a r t e d a q u e l e s que n e l a s e e n v o l v e m , mas é uma luta que n a o e l e
vada a efeito no vácuo. Os explorados, os o p r i m i d o s e os injustiç£
dos, ao s e e n v o l v e r na l u t a pela própria libertação e desenvo1vimen
to, estarão em confrontação com expressões m u i t o concretas de poder.
Portanto, o s c a s s a d o s de h o j e , o s c a s s a d o s de a m a n h a têm que s e cons
cientizar que o s e s f o r ç o s p r ó p r i o s , e de s e u p a r t i d o , no s e n t i d o de
uma m e l h o r justiça social é uma discussão sobre as d i v e r s a s facetas
do p o d e r . 0 MPB em suas omissões está p r a t i c a m e n t e condenando t o -
da uma geração a conviver com e l e m e n t o s que a c e i t a m o convívio de
atitudes totalitárias. Hoje, premidos pelas circunstâncias em que
nos encontramos — simulacros de p a r l a m e n t a r e s — e x i s t imos apenas
para homologar aquilo q u e no s m a n d a £ p o d e r estabelecido. Ma s como
o_ mund o t e m mud ado £ B r a s i l mudará também. Tenho repetido que por
minha formação p r e f i r o que e s t a mudança s e faça p e l o consenso pací-
f i co e n t r e b r a s i l e i r o s de d i v e r s a s t endên c i a s . Nas t enho fundados
receios em relação ao s homen s q u a n d o se l o c u p l e t a m no p o d e r £ não
têm que p r e s t a r contas de s u a s a t i t u d e s . A repressão £ a_s cassa-
çõe s em defesa da "ordem" h o j e n a o ma i s c o n v e n c e m £ n i n g u é m . Ou s e
ra que n o s e s q u e c e m o s que e s t a " o r d e m " é a construção social de um
grupo e se cada m a i o r i a se j u l g a r no d i r e i t o de " s u p r i m i r " a conte£
tação â s u a " o r d e m " o p r o b l e m a político jamais encontrará solução.
S a b e m o s q u e a_ p a z polít i c a está sendo adulterada em f a v o r de deter-
minados grupos. Nao ê difícil p e r c e b e r q u a i s a s intençõe s o b s c u r a s
atrás de c a d a investida repres sora. Estamos quase que i n e r m e s dia£
te d e s t e r g r u p o s que m a n i p u l a m o poder. E sabemos que e s t e s grupos
podem cassar, podem torturar, podem até m a t a r , mas n a o podem afas-
tar dois elementos inarredãveis d a história política de q u a l q u e r p o-
vo t £ tempo £ £ história." AÍ está, S e n h o r Presidente, de tribuna
muito mais elevada do que a de um cinema em P A L M E I R A DAS MISSÕES/RS,
da alta tribuna d a Câmara d o s D e p u t a d o s , contestação no meu enten-
der mais g r a v e do que a d o s e x - D e p u t a d o s NADYR R O S S E T I e AMAURY MÜL
LER. 0 desafio de o n t e m ê uma constante na v i d a do D e p u t a d o LYSÃ-
NEAS MACIEL que — justiça s e j a feita — está a repetir-se (vejam-se
os registros do ANEXO A ) . N ã o h ã q u a l q u e r d ú v i d a de que será ele
também o mesmo n o futuro. Nao tem a menor p o s s i b i l i d a d e de c o n v i v e r
com o r e g i m e revolucionário, que nao a c e i t a e até subversivamente
S E C k E í O

J
N.o 04
- 5 -

faz por d e r r u b a r . P o r tudo o que f o i e x p o s t o , represento a Vossa


Excelência, c o n f o r m e determina o Artigo 2 9 , i t e m I , do A t o Comple-
m e n t a r n 9 3 9 , no s e n t i d o de que s e j a aplicada ao D e p u t a d o Federal
LYSÃNEAS M A C I E L a suspensão dos d i r e i t o s políticos, p e l o p r a z o de
dez ( 1 0 ) anos, e cassado o respectivo mandato eletivo, tudo com v i s
tas a preservar a Revolução, n a forma recomendada pelo A r t i g o 49 do
Ato Institucional n 9 5, de 13 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 . Sirvo-me da
oportunidade para renovar a Vossa Excelência o s p r o t e s t o s do meu
mais profundo respeito. ( a ) ARMANDO FALCÃO - Ministro d a Justiça."-
A Secretaria-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , após proceder
a minucioso estudo do a s s u n t o , c o n c l u i u pela i n t e i r a p r o c e d ê n c i a das
medidas propostas pelo Ministro de E s t a d o da Justiça, s u g e r i n d o , a -
través d a E x p o s i ç ã o de M o t i v o s datada de 19 de a b r i l de 1 9 7 6 , a p r o -
vada p e l o Excelentíssimo Senhor P r e s i d e n t e d a R e p ú b l i c a , qüe fosse
ouvido o Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , de a c o r d o com o a r t i g o 59

do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , de 20 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 .
Procedida a consulta todos os s e n h o r e s membros do C o n s e l h o de Segu-
rança N a c i o n a l f o r a m unânimes em concordar com a a p l i c a ç ã o das me-
didas s u g e r i d a s p e l o Ministério da Justiça. No d i a 19 de a b r i l de
1976, o P r e s i d e n t e d a República, no u s o d a s atribuições que l h e c o n
fere o artigo 4 9 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13 de d e z e m b r o de
1968, tendo em v i s t a o artigo 182 d a Constituição e após audiência
do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , s a n c i o n o u decreto cassando o man
dato eletivo e suspendendo pelo prazo de 10 ( d e z )anos, os direitos
políticos do D e p u t a d o Federal, p e l o MDB do R i o de J a n e i r o , LYSÃNEAS
DIAS MACIEL.
S E C R E i o

- 6 -

MINISTRO DO EXÉRCITO

MINISTRO D-fí FAZENDA MINISTRO DOS TRANSPORTES

ISTRO DA A G R I C U L T U R A MINISTRO DA/ E D U C A Ç Ã O E CULTURA

ÍINISTRO DO TRABALHO

2^ • *

MINISTRO DA SAÚDE 9 r/^T


MINISTRO DA INDÜSTRÍA. E DO

M I N I S T A Q - B A S MINAS E E N E R G I A

MINISTRO DO I N T E R I O R MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES

M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E
ASSISTÊNCIA SOCIAL _

MINISTRO CHEFE D O / S E R V I C X M I N I S T R O C H E F E D(
NACIONAL DE I N F O R M A Ç Õ E S ESTADO-MAIOR DAS F O R Ç A ^ ARMADAS

C H E F E DO ESTADO-MAIOR DA ÀDO-MAIOl
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DO
ARMADA EXÉRCITO
- 8 -
ATA DA QUADRAGÉ*SIMA QUINTA CONSULTA

AO

CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACIONAL

Aos tres dias do mês de a g o s t o de hum m i l nove-


centos e setenta e seis, f o iremetido a cada um d o s membros do Con
selho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , Aviso Secreto cujo teor é o seguinte:
"Senhor Vice-Presidente (Ministro, Chefe). Tenho a honra de diri
gir-me a V o s s a Excelência, r e l a t i v a m e n t e ã representação do Senhor
Ministro de E s t a d o d a Justiça para aplicação d a s sanções p r e v i s t a s
no a r t i g o 49 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 ,
aos seguintes cidadãos: - NEY L O P E S DE SOUZA, D e p u t a d o F e d e r a l pe_
la l e g e n d a d a ARENA, E s t a d o do R I O GRANDE DO N O R T E ; - JOSÉ* CORTEZ
PEREIRA DE A R A Ú J O ; - BENVENUTO P E R E I R A DE A R A Ú J O N E T O ; - ARIMAR
FRANCA; - T A R C Í S I O P E R E I R A DE ARAÚJO e - A L C I M A R DE A L M E I D A E S I L
VA. 2. S o b r e o assunto em questão, tendo em v i s t a o d i s p o s t o no
artigo 89 do D e c r e t o - l e i n 9 1 . 1 3 5 , de 0 3 de d e z e m b r o de 1970,incum
biu-me o Excelentíssimo Senhor Presidente da República de solici-
tar o parecer de V o s s a E x c e l ê n c i a . Aproveito a oportunidade para
renovar a V o s s a E x c e l ê n c i a meus p r o t e s t o s de e s t i m a e d i s t i n t a con
sideração. ( a ) G e n e r a l - d e - D i v i são HUGO DE ANDRADE A B R E U - Minis-
tro de E s t a d o , Secretãrio-Oeral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Nacional."
0 expediente acima transcrito originou-se da Exposição de Motivos
n9 3918-B, de 27 de j u l h o de 1 9 7 6 , do M i n i s t r o d a J u s t i ç a , que r e -
cebeu do E x c e l e n t í s s i m o Senhor Presidente da República o despacho:
"X S e c r e t a r i a - G e r a l do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . Em 27 j u -
lho 7 6 " e está a s s i m r e d i g i d a : "EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE
DA R E P Ú B L I C A : A Comissão Geral de I n v e s t i g a ç õ e s encaminhou ao M i -
nistro da Justiça documentação extraída de i n v e s t i g a ç ã o sumária,

Departamento de Imprensa Nacional —


que visa verificar eventual e n r i q u e c i m e n t o ilícito p o r p a r t e do e x
Governador do E s t a d o do R i o G r a n d e do N o r t e , S e n h o r JOSÉ* C O R T E Z P E
REIRA DE A R A Ú J O , bem como p o r p a r t e de o u t r a s pessoas ligadas a
seu governo. T a l encaminhamento f o ifeito sem p r e j u í z o do prosse-
guimento da investigação sumaria e intenta submeter ao M i n i s t r o da
Justiça a apuração de f a t o s , que e n s e j a r i a m sanções de c a r á t e r r e -
volucionário, i n d e p e n d e n t e m e n t e da m e d i d a de c o n f i s c o . Dessa for-
ma, da documentação e n v i a d a pode-se chegar a um juízo de convicção
política e r e v o l u c i o n á r i a , em face dos v e e m e n t e s indícios, que d e -
monstram o comprometimento do e x - G o v e r n a d o r e de o u t r a s p e s s o a s que
exerceram altos c a r g o s e funções n a s u a a d m i n i s t r a ç ã o , com irregu-
laridades verdadeiramente graves. 0 relatório da Subcomissão Ge-
ral de I n v e s t i g a ç õ e s n o E s t a d o do R i o G r a n d e do N o r t e , c u j a cópia
passo às m ã o s de V o s s a E x c e l ê n c i a , c o n s t i t u i documento b a s t a n t e es
clarecedor dos f a t o s , compatibilizando-se com a documentação. Dos
fatos a l i mencionados, permito-me salientar aqueles r e l a t i v o s ao
Banco de D e s e n v o l v i m e n t o do R i o G r a n d e do N o r t e (BDRN), ao Banco
do E s t a d o do R i o G r a n d e do N o r t e ( B A N D E R N ) , ã C o m p a n h i a de Servi-
ços E l é t r i c o s do R i o G r a n d e do N o r t e (COSERN) e ã Fundação do Bem
Estar Social (FUNBERN). Tais irregularidades, p e r p e t r a d a s com o
conhecimento do e x - G o v e r n a d o r , são i n c o m p a t í v e i s com o e s p í r i t o da
revolução de m a r ç o de 1964 e j u s t i f i c a m , plenamente, a aplicação
da legislação contida no A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13 de dezembro
de 1 9 6 8 , com a decretação d a suspensão dos d i r e i t o s políticos dos
implicados e a cassação de m a n d a t o s eventualmente exercidos por
eles. As m e d i d a s alcançariam, n o t a d a m e n t e , as s e g u i n t e s pessoas:
o ex-Governador JOSÉ* CORTEZ PEREIRA DE A R A Ú J O ; o e x - P r e s i d e n t e do
Banco de D e s e n v o l v i m e n t o do R i o G r a n d e do N o r t e , S e n h o r A R I M A R FRAN
ÇA; o e x - P r e s i d e n t e do B a n c o do E s t a d o do R i o G r a n d e do N o r t e , S e -
nhor TARCÍSIO P E R E I R A DE A R A Ú J O (irmão do e x - G o v e r n a d o r ) ; o Senhor
BENVENUTO P E R E I R A DE A R A Ú J O N E T O , e x - P r e s i d e n t e da Companhia de
Serviços Elétricos do R i o G r a n d e do N o r t e (COSERN); o Deputado F e -
deral NEY L O P E S DE SOUZA, e x - D i r e t o r C o m e r c i a l da Companhia de S e r
viços Elétricos do R i o G r a n d e do N o r t e (COSERN); e o Senhor ALCI-
MAR DE A L M E I D A E S I L V A , e x - D i r e t o r da Fundação do Bem E s t a r Social.
Assim sendo, tenho a honra de s u b m e t e r o a s s u n t o ao a l t o juízo de
V o s s a Excelência p a r a , ouvido o Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , àe
liberar sobre a aplicação da legislação revolucionária ãs pessoas
antes citadas em v i r t u d e dos m o t i v o s constantes desta Exposição e
da documentação n e l a citada. Aproveito a oportunidade para reno-
var a V o s s a Excelência os p r o t e s t o s do meu mais profundo respeito,
(a) ARMANDO F A L C Ã O - M i n i s t r o da Justiça."
S E C R E T O

- 3 -

A Secretaría-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , a p o s m i n u c i o _
so estudo do a s s u n t o , c o n c o r d o u plenamente com as medidas propos-
tas pelo Ministro de E s t a d o da Justiça, e l a b o r a n d o a Exposição de
Motivos n ° 3 0 , de 28 de j u l h o de 1 9 7 6 , d e v i d a m e n t e aprovada pelo
Excelentíssimo Senhor Presidente d a R e p ú b l i c a , que s u g e r e ouvir o
Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , de a c o r d o com o a r t i g o 59 do Ato
C o m p l e m e n t a r n9 3 9 , de 20 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 , e c u j a transcrição
completa ê a seguinte: "EXCELENTÍSSIMO SENHOR P R E S I D E N T E DA REPU-
BLICA. Tenho a honra de d i r i g i r - m e a V o s s a Excelência a respeito
da representação do S e n h o r Ministro de E s t a d o da Justiça quanto ã
cassação do m a n d a t o e l e t i v o federal e suspensão dos d i r e i t o s polí-
ticos pelo prazo de d e z ( 1 0 ) a n o s do s e n h o r NEY L O P E S DE SOUZA, Ve
putado Federal pela legenda da ARENA, E s t a d o do R i o G r a n d e do Nor-
te, e a suspensão dos d i r e i t o s políticos dos s e n h o r e s JOSÉ CORTEZ
PEREIRA DA A R A Ú J O , BENVENUTO P E R E I R A DE A R A Ú J O N E T T O , ARIMAR FRAN
ÇA, TARCÍSIO P E R E I R A DE A R A Ú J O e A L C I M A R DE A L M E I D A E S I L V A , nos
termos do a r t i g o 29 do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 39 , de 2 0 de d e z e m b r o de
1968. 2. E s t a Secretaria-Geral, após p r o c e d e r a minucioso estudo
do a s s u n t o , c o m p u l s a n d o o p r o c e s s o n9 431/76 da SCGI/RN, concluiu
pela inteira procedência das medidas propostas. 3. N e s t a s condjL
ções peço v ê n i a s u g e r i r que, ouvido o CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACIO-
N A L , de a c o r d o com o a r t i g o 59 do A t o C o m p l e m e n t a r n9 3 9 , de 20 de
dezembro de 1 9 6 8 , s e j a m suspensos os d i r e i t o s políticos pelo pra-
zo de d e z ( 1 0 ) a n o s e cassado o mandato eletivo federal do senhor
NEY L O P E S DE SOUZA, e s u s p e n s o s , também p o r d e z a n o s , os direitos
políticos dos s e n h o r e s J O S É CORTEZ PEREIRA DE A R A Ú J O , BENVENUTO P E
REIRA DE A R A Ú J O N E T T O , ARIMAR FRANÇA, TARCÍSIO P E R E I R A DE A R A Ú J O e
A L C I M A R DE A L M E I D A E S I L V A , consoante dispõe o a r t i g o 49 do Ato
Institucional n 9 5 , de 13 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 . Aproveito a oportjj
nidade para r e i t e r a r a V o s s a E x c e l ê n c i a meus protestos da mais a l -
ta estima e profundo respeito. ( a ) General-de-Divisão HUGO DE AN-
DRADE A B R E U - S e c r e t á r i o - G e r a l do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . "
Procedida a consulta todos o s s e n h o r e s membros do C o n s e l h o de Segu
rança N a c i o n a l f o r a m unânimes em concordar com a a p l i c a ç ã o d a s me-
didas s u g e r i d a s p e l o Ministério da Justiça. No d i a 4 de a g o s t o de
1976, o Presidente da República, tendo em v i s t a o artigo 182 da
Constituição e no u s o d a s a t r i b u i ç õ e s que l h e c o n f e r e o a r t i g o 49
do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13 de d e z e m b r o d e 1 9 6 8 , após a au-
diência do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , s a n c i o n o u d e c r e t o cas-
sando o mandato eletivo e suspendendo, pelo prazo de d e z ( 1 0 ) a n o s ,
os direitos políticos do cidadão NEY LOPES DE SOUZA, D e p u t a d o Fed£
ral - R I O GRANDE DO N O R T E ; e s u p e n d e n d o os d i r e i t o s políticos pelo

Departamento de Imprensa Nacional P » T — i — nm»—,,


SECRETO

- A -

prazo de d e z ( 1 0 ) a n o s , d o s s e g u i n t e s c i d a d ã o s : - JOSÉ" C O R T E Z PE-


REIRA DE A R A Ú J O ; - BENVENUTO P E R E I R A DE A R A Ú J O N E T O ; - ARIMAR
FRANÇA; - T A R C Í S I O P E R E I R A DE A R A Ú J O ; e - A L C l M A R DE A L M E I D A E
SILVA.

RE S I D E l T T i r l f A R E P ÚB L I C A

VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA

MINISTRO/XDA J U S T I CA MINISTRO DA MARINHA

M I N I S T R O DO EXÉRCITO MIN I S T R O DAS RELAÇÕES^


—EM'ERlUkES J

MINISTlRO DOS -T R A N S P O R T E S

Ml/lSTRO DA A G R I C U L T U R A M I N I S T R O DA></EDUCAÇÃO
E CULTURA

\ K
1
MINISTRO DO TRABALHO MINISTRO DA AERONÁUTICA

MINISTRO DA SAÚDE KI^. E DO


COMÉRCIO

M I N I S T R O -DAS-M I N A S E E N E R G I A MINISTRO C H E F E DA S E C R E T A R I A
DE PLANEJAMENTO

E C R £ j o
SECRETO

. -(
M I N I S T R O DO INTERIOR MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES

M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E /
ASSISTÊNCIA SOCIAL

.7
ÍINISTRO C H E F E DCX S E R V I Ç M I N I S T R O C H E T E DO
NACIONAL DE INFCRMACÔ* ESTADO-MAIOR DAS FORÇAS ARMADAS

(Li/" í^fr^Ul
C H E F E DO ESTADO-MAI OR DA / DO ESTADO-MAIOR
ARMADA

CRE T Ã R I O - G E R A L DO CONSELHO
DE S E G U R A N Ç A NACIONAL

Departamento de Imprensa Nacional —


- 6 -
SECRETO

ATA DA QUADRAGfiSIMA S E X T A CONSULTA

AO

CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACIONAL

Aos dois d i a s do mês de d e z e m b r o de hum m i l no-


vecentos e setenta e seis, f o iremetido a cada um dos membros do
Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , A v i s o Secreto cujo teor é o seguin
te: "Senhor Vice-Presidente (Ministro, Chefe). Tenho a honra de
dirigir-me a Vossa Excelência, r e l a t i v a m e n t e â representação do Se_
n h o r M i n i s t r o de E s t a d o da Justiça p a r a aplicação d a s sanções pre-
vistas no a r t i g o 49 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 1 3 de d e z e m b r o de
1968, ao Deputado E s t a d u a l , p e l o MDB de SÃO P A U L O , L E O N E L J Ú L I O .
Sobre o assunto em q u e s t ã o , t e n d o em v i s t a o d i s p o s t o no a r t i g o 89
do D e c r e t o - L e i n 9 1 . 1 3 5 , de 0 3 de d e z e m b r o de 1 9 7 0 , i n c u m b i u - m e o
Excelentíssimo S e n h o r P r e s i d e n t e da R e p u b l i c a de s o l i c i t a r o pare-
cer de V o s s a Excelência. Aproveito a oportunidade para renovar a
Vossa E x c e l ê n c i a meus p r o t e s t o s de e s t i m a e distinta consideração,
(a) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - M i n i s t r o de Estado,
Secretário-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . " 0 expediente
acima transcrito o r i g i n o u - s e da Exposição de M o t i v o s n 9 GM/8065-B,
de 02 de d e z e m b r o de 1 9 7 6 , do M i n i s t r o da J u s t i ç a , q u e r e c e b e u do
Excelentíssimo S e n h o r P r e s i d e n t e da R e p ú b l i c a o despacho: "Â Secre
taria-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . Em 02 de dezembro
de 1 9 7 6 " e está a s s i m redigida: "EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE
DA R E P Ú B L I C A : 0 Tribunal de C o n t a s do E s t a d o de São P a u l o procedeu,
através da 3 a . D i r e t o r i a de F i s c a l i z a ç ã o Orçamentária, o exame,"in
loco", dos c o m p r o v a n t e s de d e s p e s a s realizadas pelo Presidente da
Assembléia Legislativa de São P a u l o , durante os meses de m a i o a j u
nho do c o r r e n t e a n o . À" l u z d o s r e l a t ó r i o s elaborados, distintamen
te para cada um dos c i t a d o s m e s e s , pode-se chegar a um juízo de
convicção política e revolucionária que d e m o n s t r a o comprometimen-

Departamento de Imprensa Nacional —


SE CR E !, j

comprometimento do D e p u t a d o L E O N E L J Ú L I O , com a a p l i c a ç ã o indevida


de v e r b a d e s t i n a d a 5 s u a Representação como P r e s i d e n t e d a Assembléi
a Legislativa do E s t a d o de São P a u l o . Os referidos relatórios cons
tituem documentação bastante esclarecedora da p r a t i c a de g a s t o s con
siderados impróprios e concluem apresentando a alternativa de paga_
mento ou apresentação de d e f e s a , no p r a z o de 30 d i a s , pelo autor
dos mesmos. Dos f a t o s a l i mencionados, permito-me salientar a cons
tatação de q u e o D e p u t a d o E s t a d u a l L E O N E L JÚLIO e m p r e g o u v e r b a dejs
tinada a o s g a s t o s d e c o r r e n t e s do e x e r c í c i o do c a r g o p a r a c o b r i r des_
pesas de n a t u r e z a p e s s o a l , envolvendo e n r i q u e c i m e n t o de s e u p a t r i -
mônio. Tais irregularidades, denigrem a i m a g e m do P o d e r Legislati
vo Estadual, são i n c o m p a t í v e i s com o e s p í r i t o da Revolução de M a r -
ço de 1 9 6 4 e j u s t i f i c a m , plenamente, a aplicação da legislação coii
tida no A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 , com a
decretação da s u s p e n s ã o dos d i r e i t o s políticos e a cassação do man-
dato eletivo estadual do D e p u t a d o E s t a d u a l , p e l o MDB, LEONEL JÚLIO,
Presidente da Assembléia Legislativa do E s t a d o de São P a u l o . As-
sim sendo, tenho a honra de s u b m e t e r o a s s u n t o ao a l t o juízo de
Vossa Excelência p a r a , ouvido o Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , de_
liberar sobre a aplicação d a legislação revolucionaria ao referido
c i d a d ã o , em v i r t u d e dos m o t i v o s c o n s t a n t e s d e s t a Exposição e da d£
cumentação n e l a citada. Aproveito a oportunidade para renovar a
Vossa Excelência os p r o t e s t o s do meu mais profundo respeito. (a)

ARMANDO F A L C Ã O - M i n i s t r o da J u s t i ç a . "
A Secretaria-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , apôs minucio
so estudo do a s s u n t o , c o n c o r d o u plenamente com a s m e d i d a s propostas
pelo Ministro de E s t a d o da Justiça, e l a b o r a n d o a Exposição de Moti
vos n 9 0 4 9 , de 02 de d e z e m b r o de 1 9 7 6 , d e v i d a m e n t e aprovada pelo
Excelentíssimo Senhor Presidente da R e p u b l i c a , que d e t e r m i n o u ou-
vir o Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , de a c o r d o com o a r t i g o 5 9 do
Ato C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , de 20 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 , e c u j a transcri
ção c o m p l e t a ê a seguinte: "EXCELENTÍSSIMO SENHOR P R E S I D E N T E DA RE
PÚBLICA: Tenho a honra de d i r i g i r - m e a V o s s a Excelência a respei-
to da Representação do S e n h o r Ministro de E s t a d o da Justiça quanto
à" c a s s a ç ã o do m a n d a t o e l e t i v o estadual e suspensão dos d i r e i t o s po
líticos p e l o p r a z o de 10 ( d e z ) a n o s , do s e n h o r LEONEL JÚLIO, Depu-
tado Estadual pela legenda do MDB, Estado de São P a u l o , n o s termos
do a r t i g o 29 do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , de 2 0 de d e z e m b r o de 1968.
2. Esta Secretaria-Geral, após p r o c e d e r a m i n u c i o s o estudo do as-
sunto, compulsando os relatórios de a u d i t o r i a s procedidas, peloT r i
bunal de C o n t a s do E s t a d o de São P a u l o , n o s d o c u m e n t o s r e l a t i v o s ãs
despesas de m a i o e j u n h o deste ano, l e v a d a s 5 conta d a v e r b a de r e
presentaçao geral da Presidência da Assembléia, c o n c l u i u pela i n -
S E C

- 3 -

inteira procedência das medidas propostas. 3. N e s t a s c o n d i ç õ e s ,pe_


ço v ê n i a s u g e r i r que, ouvido o CONSELHO DE S E G U R A N Ç A N A C I O N A L , de
acordo com o a r t i g o 59 do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , de 20 de dezem
bro de 1 9 6 8 , s e j a m s u s p e n s o s os d i r e i t o s políticos pelo prazo de
dez ( 1 0 ) anos e c a s s a d o o mandato e l e t i v o estadual do s e n h o r LEONEL
JÚLIO, c o n s o a n t e dispõe o artigo 49 do A t o I n s t i t u c i o n a l n9 5, de
13 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 . Aproveito a oportunidade para r e i t e r a r a
V o s s a E x c e l ê n c i a meus protestos da mais alta e s t i m a e profundo res_
peito. ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - S e c r e t á r i o -
Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . "
Procedida a consulta todos o s s e n h o r e s membros do C o n s e l h o de Segu
rança N a c i o n a l f o r a m unânimes em c o n c o r d a r com a p l i c a ç ã o das medi-
das sugeridas p e l o Ministério da Justiça. No d i a 0 3 de dezembro
de 1976, o P r e s i d e n t e da República, tendo em v i s t a o artigo 182 d a
Constituição e no u s o d a s a t r i b u i ç õ e s que l h e c o n f e r e o a r t i g o 49
do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 1 3 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 , após a au-
diência do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , sancionou decreto cas-
sando o mandato e l e t i v o e suspendendo, pelo prazo de d e z ( 1 0 ) a n o s ,
os direitos políticos do cidadão L E O N E L J Ú L I O , D e p u t a d o E s t a d u a l -
São P a u l o . 1

PRESIDENTE DA/R*HTB"LIJ?A

VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA

A* AAtrtv* s
/ MINISTRO D A x r fUSTIÇA
uST MINISTRO DA MARINH

MINISTRO DO EXÉRCITO ÍNiSXRO_JÍAS_R^L^ÇOE S


EXTERIORES"

M I N I S T R O DA FAZENDA TRANSPORTES
SECRETO

- 4 -

MINISTRO DO INTERIOR MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES

M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E MINLSTRO CHEFE DO
ASSISTÊNCIA S O C I A L ^GABINETE C I V I L

MI/ÇflSTRO C H E F E DÓ SERVIÇGÍ M I N I S T R O CHlíft DO


A C I O N A L DE INFORMAÇÕES» ESTADO-MAllj)R DAS F/DlIçAS ARMADAS

AC-
CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA C H E f E DO ESTADO-MAIOR
-MAK DO
ARMADA EXÉRCITO

S E C R E T Ã R I O ^ G F R A L DO CONSELHO
DE S E G U R A N Ç A NACIONAL

SECRETO!
S E C R E T O ]

N.° 0 4 7

ATA DA QUADRAGfiSIMA SÊ~TIMA CONSULTA

AO

CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACIONAL

Aos dois dias do m ê s de f e v e r e i r o de hum m i l n o v e


centos e setenta e sete, f o i remetido a cada um d o s m e m b r o s do C o n
selho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , Aviso Secreto cujo teor é o seguinte:
"Senhor Vice-Presidente (Ministro,Chefe). Tenho a honra de diri-
gir-me a V o s s a Excelência, r e l a t i v a m e n t e ã representação do Senhor
Ministro de E s t a d o d a J u s t i ç a , p a r a a p l i c a ç ã o d a s sanções previstas
no artigo 4 9 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 1 3 de d e z e m b r o de 1968,
ao Vereador p e l o MDB, de PORTO A L E G R E - R S , GLÊNIO MATHIAS GOMES
PEREZ. Sobre o a s s u n t o em q u e s t ã o , t e n d o em v i s t a o disposto no
artigo 8 9 do D e c r e t o - L e i n 9 1 . 1 3 5 , de 0 3 de d e z e m b r o de 1 9 7 0 , i n -
cumbiu-me o Excelentíssimo Senhor Presidente da República de soli-
citar o p a r e c e r de V o s s a E x c e l ê n c i a . Aproveito a oportunidade pa-
ra r e n o v a r a V o s s a E x c e l ê n c i a meus protestos de e s t i m a e distinta
consideração. ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - Mi-
nistro de E s t a d o , S e c r e t á r i o - G e r a l do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Nacio-
nal." 0 expediente acima transcrito originou-se d a Exposição de
Motivos n 9 GM/AAS-0829, de 02 de f e v e r e i r o de 1 9 7 7 , do M i n i s t r o d a
J u s t i ç a , q u e r e c e b e u do E x c e l e n t í s s i m o Senhor Presidente da Repú-
blica o d e s p a c h o : 'S S e c r e t a r i a - G e r a l do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Na-
cional. Em 0 2 de f e v e r e i r o de 1 9 7 7 " e está a s s i m r e d i g i d a : "EXCE-
LENTÍSSIMO SENHOR P R E S I D E N T E DA R E P U B L I C A : Durante a solenidade re
alizada em 3 1 de j a n e i r o do c o r r e n t e a n o , n a C â m a r a de V e r e a d o r e s
de PORTO A L E G R E ( R S ) , quando foram empossados os e l e i t o s em 15 de
novembro de 1 9 7 6 , o V e r e a d o r pela l e g e n d a do MDB, G L Ê N I O MATHIAS
GOMES P E R E Z , p r o f e r i u violento discurso contestatório ao R e g i m e .
0 S e r v i ç o N a c i o n a l de I n f o r m a ç õ e s encaminhou ao M i n i s t é r i o da Jus_
tiça o s r e g i s t r o s atinentes ao r e f e r i d o V e r e a d o r , os q u a i s abran--

Depaitamento de Imprensa Nacional —


SECRETO

abrangem sua conduta e pronunciamentos, a partir do a n o de 1963


até 5 d a t a d a r e f e r i d a solenidade. Ã l u z dos mesmos, constata-se
que o Vereador GLÊNIO MATHIAS GOMES P E R E Z v e m p a u t a n d o s u a conduta
política através de a t i t u d e s contestatõrias, p r o n u n c i a m e n t o s arro-
gantes e irreverentes, prática de i r r e g u l a r i d a d e s eleitorais que o
indiciaram em I n q u é r i t o P o l i c i a l , apoio a políticos que t i v e r a m o
mandato eletivo c a s s a d o , ligações com o r g a n i z a ç õ e s internacionais
socialistas e comunistas e com órgãos da i m p r e n s a socialista de
Portugal, coneluindo-se, inequivocamente, tratar-se de e l e m e n t o 1 ^
gado a L E O N E L B R I Z O L A , de quem r e c e b e o r i e n t a ç ã o política. Que£
me p a r e c e r , senhor Presidente - conforme expressam a s transcrições
de registros anexas - que o V e r e a d o r G L Ê N I O MATHIAS GOMES PEREZ,du
rante a s o l e n i d a d e política realizada n a C â m a r a de V e r e a d o r e s de
PORTO A L E G R E ( R S ) , p e r s e v e r o u em a t i t u d e de n í t i d a c o n t e s t a ç ã o ã
Revolução de 3 1 de M a r ç o de 1 9 6 4 , c u j o s princípios se quer e se
exige permanentes. P o r tudo o que f o i e x p o s t o , r e p r e s e n t o a Vos-
s a Excelência, conforme determina o A r t 29, item I , do A t o C o m p l e -
mentar n9 3 9 , no s e n t i d o de q u e s e j a aplicada ao V e r e a d o r GLÊNIO
MATHIAS GOMES P E R E Z a s u s p e n s ã o dos d i r e i t o s políticos, p e l o prazo
de 10 a n o s , e cassado s e u mandato e l e t i v o , tudo com v i s t a s a pre-
servar a Revolução, n a forma r e c o m e n d a d a p e l o A r t 4 9 , do A t o I n s t j L
tucional n 9 5 , de 1 3 d e d e z e m b r o de 1 9 6 8 . Sirvo-me da o p o r t u n i d a -
de para renovar a Vossa Excelência o s p r o t e s t o s do meu m a i s profun

do r e s p e i t o . ( a ) ARMANDO FALCÃO - M i n i s t r o da Justiça"


A Secretaria-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , após minucio
so e s t u d o do a s s u n t o , c o n c o r d o u plenamente com a s m e d i d a s propôs
tas pelo Ministro de E s t a d o d a J u s t i ç a , e l a b o r a n d o a Exposição de
Motivos n9 0 0 8 / 7 7 , de 0 2 de f e v e r e i r o de 1 9 7 7 , d e v i d a m e n t e aprova-
da p e l o Excelentíssimo Senhor Presidente d a República, que d e t e r m j i
nou ouvir o Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , de a c o r d o com o artigo
59 do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , de 2 0 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 , e cuja
transcrição completa ê a seguinte: "EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDEN
TE DA R E P Ú B L I C A : Tenho a honra de d i r i g i r - m e a Vossa Excelência,
relativamente 5 representação do M i n i s t r o de E s t a d o d a J u s t i ç a , p a
ra suspensão dos d i r e i t o s políticos e cassação do m a n d a t o eletivo
municipal do s e n h o r G L Ê N I O MATHIAS GOMES P E R E Z , V e r e a d o r , pelo MDB,
de PORTO A L E G R E - R S , n o s t e r m o s do a r t i g o 2 9 , do A t o C o m p l e m e n t a r
n9 3 9 , de 2 0 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 . 2. Esta Secretaria-Geral, após
proceder a minucioso estudo do a s s u n t o , c o m p u l s a n d o a documentação
encaminhada pelo S e r v i ç o N a c i o n a l de I n f o r m a ç õ e s , c o n c l u i u pela i n
teira procedência das medidas propostas. Nestas condições peço v ê
nia sugerir que, ouvido o CONSELHO DE S E G U R A N Ç A N A C I O N A L , de a c o r -
do com o a r t i g o 5 9 do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , d e 2 0 de d e z e m b r o de
SECRETO

1968,
e cassado
sejam suspensos
o mandato eletivo
- 3 -

os d i r e i t o s políticos pelo
m u n i c i p a l do s e n h o r
N.° 0 4 8 \

prazo
ml \ r 1A 1

de d e z a n o s
GLÊNIO MATHIAS GO-
MES P E R E Z , consoante dispõe o artigo 49 do A t o I n s t i t u c i o n a l n9 5,
de 1 3 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 . A p r o v e i t o a o p o r t u n i d a d e para reiterar
a Vossa E x c e l ê n c i a meus p r o t e s t o s da m a i s alta estima e profundo
respeito. ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - Secreta
rio-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . "
Procedida a consulta todos os s e n h o r e s membros do C o n s e l h o de S e g i i
rança N a c i o n a l foram unânimes em c o n c o r d a r com a a p l i c a ç ã o d a s me-
didas s u g e r i d a s p e l o Ministério da Justiça. No d i a 02 de feverei-
ro de 1 9 7 7 , o P r e s i d e n t e d a R e p ú b l i c a , t e n d o em v i s t a o artigo 182
da Constituição e no u s o d a s a t r i b u i ç õ e s que l h e c o n f e r e o artigo
49 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 1 3 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 , após a a i i
diência do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , s a n c i o n o u decreto cas-
sando o mandato e l e t i v o e suspendendo, pelo prazo de d e z ( 1 0 ) anos,
os direitos políticos do cidadão G L Ê N I O MATHIAS GOMES P E R E Z , Verea
dor p e l o MDB, de PORTO A L E G R E - RS.

VICE-PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A

E CULTURA

Departamento de Imprensa Nacional —


SECRETO

- 4 -

-—h-t
MINISTRO DO TRABALHO NISJRO DA/AERONÁUTICA

MINISTRO DA SAÚDE MINISTRO DA I N D Ú S T R I A


COMÉRCIO

"3^
MINISTRO DAS MINAS E ENERGIA
4
MINISTRO C H E F E DA S E C R E T A R I A
LANEJAMENTO

MINISTRO DO INTERIOR MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES

M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E MINISTRO CHE
ASSISTÊNCIA SOCIAL GABINE-TfT^IVIL

-d
M ^ Í I S T R O C H E F E DO S E R V I Ç O M I N I S T R O CP •E DO
A C I O N A L DE INFORMAÇÕES E S T A D O - M A I O R D A S F( | R Ç A S ARMADAS

CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA HEF|E DO E S T A D O


ARMADA EXÉRCITO

CHEFF/DO ESTADQVÍJA; SECRETXRICN-GE-RAL DO CONSELHO


AERONÁUTICA DE S E G U R A N Ç A NACIONAL

5 £ C Rv t I E
ATA DA Q U A D R A G É S I M A OITAVA CONSULTA

AO

CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACIONAL

Aos quinze dias do m ê s de f e v e r e i r o de hum m i l n o -


vecentos e setenta e sete, f o iremetido a cada um d o s m e m b r o s do
Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , A v i s o C o n f i d e n c i a l cujo teor é o se
guinte: "Senhor Vice-Presidente (Ministro, Chefe). Tenho a honra
de dirigir-me a Vossa Excelência, r e l a t i v a m e n t e a representação do
Senhor Ministro de E s t a d o d a Justiça p a r a aplicação d a s sanções p r e
vistas no a r t i g o 4 9 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 1 3 de d e z e m b r o de
1968, ao V e r e a d o r p e l o MDB, de PORTO A L E G R E - R S , MARCOS A N T Ô N I O DA
S I L V A KLASSMANN. Sobre o a s s u n t o em q u e s t ã o , t e n d o em v i s t a o dis
p o s t o no a r t i g o 8 9 do D e c r e t o - L e i n 9 1 . 1 3 5 , de 3 de d e z e m b r o de 1970,
incumbiu-me o Excelentíssimo Senhor Presidente da República de soli
citar o P a r e c e r de V o s s a Excelência. Aproveito a oportunidade pa-
ra renovar a Vossa E x c e l ê n c i a meus protestos de e s t i m a e distinta
consideração. ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - S e c r e

tário-Geral do CONSELHO DE S E G U R A N Ç A N A C I O N A L " .


0 expediente acima transcrito originou-se d a Exposição de Motivos
n9 GM/AAS/1229, de 14 de f e v e r e i r o de 1 9 7 7 , do M i n i s t r o da Justiça,
que recebeu do E x c e l e n t í s s i m o Senhor Presidente d a República o d e s -
pacho: "Ã S e c r e t a r i a - G e r a l do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . Em 14
de fevereiro de 1 9 7 7 " , e está a s s i m r e d i g i d a : "EXCELENTÍSSIMO SE-
NHOR P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A . 0 Vereador MARCOS A N T Ô N I O DA SILVA
KLASSMANN fez o seuprimeiro discurso, como n o v o lider do MDB n a C a
m a r a de PORTO A L E G R E - R S , c o n t e s t a n d o , em t e r m o s veementes e desa-
fiadores, a cassação do e x - v e r e a d o r GLÊNIO MATHIAS GOMES P E R E Z . 0
Serviço N a c i o n a l de I n f o r m a ç õ e s e n c a m i n h o u ao Ministério d a Justiça
os registros atinentes ao r e f e r i d o Vereador, os q u a i s abrangem sua
conduta e pronunciamentos, a partir de a g o s t o de 1 9 7 4 a t é f e v e r e i r o
Departamento de Imprensa Nacional —
SECRETO

- 2 -

do c o r r e n t e ano. X l u z dos mesmos, constata-se que o V e r e a d o r MAR


COS A N T Ô N I O DA S I L V A KLASSMANN v e m p a u t a n d o sua conduta política a -
través de a t i t u d e s contestatõrias, p r o n u n c i a m e n t o s arrogantes e de-
safiadores ã Revolução de 6 4 , v i s a n d o , p a r t i c u l a r m e n t e , motivar a
população em g e r a l e o meio e s t u d a n t i l universitário em particular,
para a luta contra o regime vigente no País. Verifica-se, ainda,
que o referido v e r e a d o r tem p r o c u r a d o fomentar as lutas de c l a s s e e
lançar o p o v o contra o Governo, pregando idéias e orientações difun
didas pelo PCB. Os a n t e c e d e n t e s de MARCOS KLASSMANN d e m o n s t r a m q u e
seu c o m p o r t a m e n t o n ã o é m o m e n t â n e o , t r a t a n d o - s e de e l e m e n t o agita-
dor e antigo comunista que vem p e r s e v e r a n d o em a t i t u d e de nítida
contestação â Revolução de 3 1 de m a r ç o de 1 9 6 4 , c u j o s princípios s e
quer e se exige permanentes. P o r tudo o que f o i e x p o s t o , r e p r e s e n
to a V o s s a Excelência, conforme determina o A r t 29, item I , do Ato
C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , no s e n t i d o de q u e s e j a aplicada ao V e r e a d o r MAR
COS A N T Ô N I O DA S I L V A KLASSMANN a suspensão dos d i r e i t o s políticos,
pelo prazo de 10 ( d e z ) a n o s , e cassado s e u mandato e l e t i v o , t u d o com
vistas a preservar a Revolução, n a f o r m a r e c o m e n d a d a p e l o A r t 4 9 do
Ato Institucional n 9 5 , de 1 3 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 . Sirvo-me da
oportunidade para renovar a Vossa Excelência os p r o t e s t o s de meu
mais profundo respeito, ( a ) ARMANDO F A L C Ã O - M i n i s t r o d a Justiça*.' —
A Secretaria-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , após minucio
so estudo do a s s u n t o , c o n c o r d o u plenamente com a s m e d i d a s propostas
pelo Ministro de E s t a d o d a J u s t i ç a , e l a b o r a n d o a Exposição de M o t i -
vos n9 009/77, de 15 de f e v e r e i r o de 1 9 7 7 , d e v i d a m e n t e aprovada pe-
lo Excelentíssimo Senhor Presidente d a República, que d e t e r m i n o u ou
vir o s membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , de a c o r d o com o
artigo 5 9 do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , de 2 0 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 , e
cuja transcrição completa ê a seguinte: "EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRE-
SIDENTE DA R E P U B L I C A . Tenho a honra de d i r i g i r - m e a Vossa Excelên
cia, relativamente 5 representação do M i n i s t r o de E s t a d o da Justi
ça, p a r a suspensão dos d i r e i t o s políticos e cassação do m a n d a t o e l e
tivo m u n i c i p a l do s e n h o r MARCOS A N T Ô N I O DA S I L V A KLASSMANN, Verea-
dor p e l o MDB, de PORTO A L E G R E - R S , nos termos do a r t i g o 2 9 , do A t o
C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , de 2 0 d e d e z e m b r o de 1 9 6 8 , 2. E s t a Secretaria-
Geral, após proceder a minucioso estudo do a s s u n t o , c o m p u l s a n d o a
documentação encaminhada p e l o S e r v i ç o N a c i o n a l de I n f o r m a ç õ e s , con-
cluiu pela inteira procedência das medidas propostas. Nestas con-
dições peço v ê n i a s u g e r i r que, ouvido o CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACIO
NAL, de a c o r d o com o a r t i g o 59 do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , de 20 de
dezembro de 1 9 6 8 , s e j a m suspensos os d i r e i t o s políticos pelo prazo
de d e z anos e cassado o mandato e l e t i v o m u n i c i p a l do s e n h o r MARCOS
A N T Ô N I O DA S I L V A KLASSMANN, c o n s o a n t e dispõe o artigo 4 9 do A t o I n s
SECRETO]

mk
n
N.° 050 / r\ i

- 3 -

Institucional n ° 5 , de 1 3 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 . Aproveito a oportii


nidade para reiterar a V o s s a E x c e l ê n c i a meus protestos de m a i s alta
estima e profundo respeito. ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE
ABREU - S e c r e t a r i o - G e r a l do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l " .
Procedida a consulta, todos os s e n h o r e s membros do C o n s e l h o de S e g u
rança N a c i o n a l f o r a m unânimes em c o n c o r d a r com a a p l i c a ç ã o d a s med_i
das sugeridas p e l o Ministério da Justiça. No d i a 15 de fevereiro
de 1977, o Presidente da R e p u b l i c a , tendo em v i s t a o artigo 182 da
Constituição e no u s o d a s atribuições que l h e c o n f e r e o artigo 49
do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 , apôs a audiên
cia do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , sancionou decreto cassando o
mandato e l e t i v o e suspendendo, p e l o p r a z o de d e z ( 1 0 ) a n o s , os d i -
reitos políticos do cidadão MARCOS A N T Ô N I O DA S I L V A KLASSMANN, Vere
ador de PORTO A L E G R E - R I O GRANDE DO S U L .

VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
SECRETO

—'
MINISTRO DA SAÜDE M I N I S T R O DA I N D U S T R I A E DO'
r-COMÊRÇIÍ

MINISTRO "DAS"!MINAS E ENERGIA STRO C H E F E DA S E C R E T A R I A


IJ^LANEJAMENTO

27"
MINISTRO DO INTERIOR MINISTRO DAS COMUNIÇOES

M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E
ASSISTÊNCIA S O C I A L

TÃRIOMJERAL DO CONSELHO
SEGURANÇA NACIONAL
S E C R ET

ATA DA QUINQUAGfiSIMA SEGUNDA SESSÃO

DO

CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL ^

Ao p r i m e i r o d i a do mês de a b r i l do ano de m i l n o v e -
centos e setenta e s e t e , às o i t o h o r a s , no Palácio do P l a n a l t o , na |
cidade de B r a s í l i a , D i s t r i t o Federal, realizou-se a quinquagesima
segunda sessão do CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACIONAL, sob a Presidência
do E x c e l e n t í s s i m o Senhor General-de-Exército ERNESTO G E I S E L , Presi_
dente da R e p u b l i c a , e contando com a p r e s e n ç a dos s e g u i n t e s mem-
bros: General-de-Exército ADALBERTO PEREIRA DOS SANTOS, V i c e - P r e s i -
dente da República; D o u t o r ARMANDO R I B E I R O F A L C Ã O , M i n i s t r o da J u s -
t i ç a ; A l m i r a n t e - d e - E s q u a d r a GERALDO AZEVEDO HENNING, Ministro da
Marinha; General-de-Exército SYLVIO COUTO COELHO DA F R O T A , Ministro
do E x é r c i t o ; E m b a i x a d o r ANTÔNIO F R A N C I S C O AZEREDO DA SILVEIRA, Mi-
nistro d a s Relações E x t e r i o r e s ; P r o f e s s o r MARIO H E N R I Q U E SIMONSEN,
Ministro da F a z e n d a ; General-de-Exército D Y R C E U A R A Ú J O N O G U E I R A , Mi.
nistro dos T r a n s p o r t e s ; Professor ALYSSON P A U L I N E L L I , M i n i s t r o da
Agricultura; Senador NEY AMINTHAS DE BARROS BRAGA, M i n i s t r o da Edu-
cação e C u l t u r a ; D e p u t a d o ARNALDO DA COSTA PRIETO, M i n i s t r o do Tra-
balho; Tenente-Brigadeiro JOELMIR CAMPOS DE A R A R I P E MACEDO, Minis-
tro da Aeronáutica; D o u t o r PAULO DE A L M E I D A MACHADO, M i n i s t r o da
Saúde; D o u t o r  N G E L O CALMON DE S à , M i n i s t r o d a Indústria e do Comêjr
cio; Doutor SHIGEAKI UEKI, Ministro das Minas e Energia; Professor
JOÃO PAULO DOS REIS VELLOSO, M i n i s t r o Chefe d a S e c r e t a r i a de Plane-
jamento; Doutor M A U R Í C I O RANGEL REIS, Ministro do Interior;Capitão-
de-Mar-e-Guerra EUCLIDES QUANDT DE O L I V E I R A , M i n i s t r o das Comunica
ções; D o u t o r L U I Z GONZAGA DO NASCIMENTO E SILVA, Ministro da Previ-
dência e Assistência Social; General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE

Departamento de Imprensa Nacional —


S E C R E i * j
...-

- 2

ABREU, M i n i s t r o Chefe do G a b i n e t e Militar da Presidência d a Repúbli_


c a e Secretãrio-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l ; Ministro
G O L B E R Y DO COUTO E S I L V A , Ministro Chefe do G a b i n e t e Civil da PresjL
dência da República; General-de-Divisão JOÃO B A P T I S T A DE OLIVEIRA
FIGUEIREDO, M i n i s t r o Chefe do Serviço N a c i o n a l de I n f o r m a ç õ e s ; G e n e
ral-de-Exército MOACYR B A R C E L L O S P O T Y G U A R A , M i n i s t r o Chefe do Esta-
d o - M a i o r d a s Forças A r m a d a s ; A l m i r a n t e - d e - E s q u a d r a GUALTER MARIA
MENEZES DE M A G A L H Ã E S , C h e f e do E s t a d o - M a i o r da Armada; General-de-
Exército FRITZ AZEVEDO MANSO, C h e f e do E s t a d o - M a i o r do E x é r c i t o ; e
Tenente-Brigadeiro D É L I O J A R D I M DE MATTOS, C h e f e do E s t a d o - M a i o r da
Aeronáutica.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA: Senhores'. Eu convoquei esta reunião do
Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l p a r a que possamos discutir alguns f a
tos q u e s e r e l a c i o n a m com acontecimentos o c o r r i d o s n o s últimos dias
na ãrea p o l í t i c a do P a i s . Q u e r o me referir ao p r o b l e m a d a s emendas
constitucionais q u e s e r e l a c i o n a m com a reforma do P o d e r Judiciário.
D e s d e o início do meu governo considerei a necessidade de q u e s e pro
cedesse a uma reforma do P o d e r J u d i c i á r i o , de modo a c o l o c a r a nos-
sa J u s t i ç a , q u e está o b s o l e t a , e m p e r r a d a e que f u n c i o n a com extraor
dinãrio retardo, num nível compatível com o d e s e n v o l v i m e n t o políti^
co, econômico e social q u e o País v e m r e a l i z a n d o nestes anos de nos_
s a Revolução. Existe uma grande defasagem e n t r e o estágio de desen
volvimento que o País atingiu e o funcionamento do n o s s o Poder Judi^
ciãrio. E creio q u e , sem t e r m o s uma justiça a d e q u a d a , não podemos
pensar em s e r um País d e s e n v o l v i d o e também não p o d e m o s pensar em
ter, de f a t o , uma democracia que r e s i s t a . É um dos f u n d a m e n t o s bá-
sicos de q u a l q u e r organização social que q u e i r a s e r realmente demo-
crática e d e s e n v o l v i d a . Esta preocupação, que e r a , i n c l u s i v e , ante
rior a minha investidura n a Presidência, eu t i n h a há a n o s e abordei
a matéria n a v i s i t a que f i z , pouco d e p o i s de t e r a s s u m i d o a Presidên
cia, ao P o d e r J u d i c i á r i o . E lá, i n f o r m a l m e n t e , este assunto f o i
discutido. Senti, dentro do T r i b u n a l Federal, um grande interesse
pelo assunto e mesmo uma concordância com o s o b j e t i v o s comuns. Daí
resultou que o P o d e r Judiciário assumiu, a meu pedido, o encargo de
fazer um diagnóstico do q u e e s t a v a a c o n t e c e n d o com a J u s t i ç a no B r a
sil. Fez esse diagnóstico, o u v i u todas as e n t i d a d e s do P a í s , todos
os Tribunais, advogados e procuradores, ouviu ó r g ã o s de c l a s s e , e o
resultado, d e s t e v e r d a d e i r o inquérito está contido em n o v e n t a e poii
cos v o l u m e s . H a , t a m b é m , uma condensação, que e s t a publicada num
folheto, q u e ê um relatório sintético d a s conclusões e da sugestão
de algumas medidas para enfrentar estas dificuldades. Com b a s e nes_
te diagnóstico, o G o v e r n o elaborou uma emenda a Constituição. Do
trabalho participaram o P r o c u r a d o r - G e r a l da República e o Ministro
SECRETO
N.o 0 5 2
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ALCKMIN do S u p r e m o T r i b u n a l F e d e r a l . Em seguida, essa emenda f o i


encaminhada ao P o d e r L e g i s l a t i v o . F o i um p r o c e s s o longo, sobretudo
demorado, p e l a n e c e s s i d a d e de f a z e r e s s e diagnostico e depois estu-
dar esses noventa e tantos volumes que o P o d e r Judiciário e o Supre
mo Tribunal Federal elaboraram. A e m e n d a , e técnica e jurídica,nao
tem qualquer conotação partidária e v i s a v a fundamentalmente dotar o
Brasil de uma J u s t i ç a m e l h o r . No Legislativo, apesar de entendimen
tos que s e p r o c u r o u f a z e r com a O p o s i ç ã o , não p r o s p e r o u e f o i rejei^
tada. Houve transigência do G o v e r n o , através do P a r t i d o Majoritã—
rio, q u e é a A R E N A , em d e t e r m i n a d o s p o n t o s , m a s , mesmo a s s i m , o Par
tido da Oposição resolveu fechar questão em torno da matéria. Quer
dizer: em v e z de uma democracia plena que e l e a d v o g a , colocou uma
barreira no p e n s a m e n t o de q u a l q u e r de s e u s integrantes, impedindo
que eles votassem a favor da emenda. N e s t a votação a ARENA compare
ceu em m a s s a , p r a t i c a m e n t e esteve toda presente e , s e não me engano,
faltou apenas um D e p u t a d o . Talvez tenha f a l t a d o um Senador. Houve
a p e n a s um v o t o discordante. F o i o da Deputada L l G I A BASTOS, que
discordou com a parte da emenda que t r a t a d a oficialização de Cartp_
rios. Mas, e s s e voto discordante, inclusive, vem m o s t r a r que na
ARENA não h o u v e questão fechada e que s e u s Deputados votaram livre-
mente. 0 próprio Diretório d a ARENA, n a s u a Comissão Executiva,não
se reuniu para estabelecer, como fêz o MDB, regras rígidas n a vota
ção d o s D e p u t a d o s e Senadores. Enquanto a ARENA m a n t i n h a a questão
aberta, votando maciçamente a favor da emenda, o P a r t i d o da Oposi-
ção fechou questão e, p r a t i c a m e n t e , votou todo e l e c o n t r a a emenda.
Embora tivéssemos m a i o r i a absoluta, a e m e n d a não p a s s o u porque a
C o n s t i t u i ç ã o , p o r uma razão q u e até h o j e não entendi, exige que as
emendas c o n s t i t u c i o n a i s sejam aprovadas por dois terços, quando a
Constituição anterior exigia apenas m a i o r i a absoluta. Quer dizer,
se v i g e s s e a Constituição anterior, essa emenda t e r i a sido aprovada
e estaria hoje iniciada s u a regulamentação. Então, d i a n t e dessa si^
tuação que s e c r i o u , desejo ouvir a opinião dos s e n h o r e s membros do
Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l sobre o procedimento a adotar. No
meu modo de v e r , não se t r a t a de m a t é r i a de s o m e n o s i m p o r t â n c i a . A-
cho que ê m a t é r i a relevante. I n t e r e s s a â nação b r a s i l e i r a como um
todo. Ê* uma m a t é r i a de s u m a i m p o r t â n c i a e , também, ê u r g e n t e , por-
que, feita a e m e n d a c o n s t i t u c i o n a l , vem uma série de a t o s consequen
tes. A implantação de um sistema que s e i m a g i n a e o s f r u t o s que s e
possa c o l h e r , em c o n s e q ü ê n c i a , levarão ainda muito tempo. Quer d i -
zer, não ê uma emenda m i l a g r o s a q u e do d i a p a r a a noite v a i trans-
formar a Justiça. É um e m b a s a m e n t o que s e v a i e s t a b e l e c e r e sobre
o q u a l , v a i s e c o n s t r u i r um edifício, d u r a n t e anos. Então, quanto
mais tarde isto se r e a l i z a r , pior v a i s e r . Eu p r o c u r a r e i , friamen-

Departamento de Imprensa Nacional 4-


SECRETO

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friamente, analisar este problema e, apenas, sob o p o n t o de vista


didático para poder saber quais a s soluções. Uma d a s soluções é
nos conformarmos com a r e j e i ç ã o da emenda e deixá-la m o f a n d o , prejii
dicando a N a ç ã o , com a Justiça que estã a l . Outra solução, é dei-
xar decorrer o interregno, que a Constituição estabelece e quando
oportuno apresentar a e m e n d a de n o v o , ficando sujeito , possivelmeii
te, se o quadro político não m o d i f i c a r , a tê-la o u t r a vez rejeita-
da. Outra solução, ê u s a r da f a c u l d a d e que o A t o I n s t i t u c i o n a l n9
5 d ã , de c o l o c a r o Congresso em recesso e transferir para o Poder
Executivo o poder de l e g i s l a r . Pois bem, é sobre isto, ou, e s t a ê
a motivação desta reunião, p a r a que e u p o s s a tomar a decisão que me
cabe, pois a responsabilidade ê minha. Desejo ouvir a opinião de
todos os membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . Vou p e d i r ao
Senhor V i c e - P r e s i d e n t e que f a l e por f i m . Pela o r d e m de precedência,
deveria ser o primeiro, mas v a i me desculpar. E u dou ã s u a opinião
um v a l o r m u i t o grande. Mas e u não d e s e j o que s u a opinião, inclusi-
ve, possa influenciar. Então, o p r i m e i r o Ministro a quem e u v o u p e
dir que f a l e para podermos o u v i r s u a opinião, ê o S e n h o r Ministro

da Justiça.
M I N I S T R O DA JUSTIÇA; Senhor P r e s i d e n t e , S e n h o r e s membros do Conse-
lho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . 0 Senhor P r e s i d e n t e , praticamente, esgo
tou o assunto n a exposição que f ê z , no t o c a n t e ao p r o b l e m a da refor
ma d a J u s t i ç a , como e l a s e vem p r o c e s s a n d o a partir do momento em
que S. E x a . , v i s i t a n d o o Supremo T r i b u n a l Federal, em abril de 1 9 7 4 ,
pediu que a q u e l e õrgão fizesse o que s e chamou o d i a g n o s t i c o dos
problemas d a Justiça. Em seguida, conforme S. E x a . jã e x p l i c o u , o
então P r e s i d e n t e do S u p r e m o , M i n i s t r o E L O Y DA ROCHA, fêz um levanta
mento de t o d a p r o b l e m á t i c a , i n c l u s i v e se deslocou para os Estados,
ouviu os T r i b u n a i s da Justiça E s p e c i a l , d a J u s t i ç a Comum, t u d o r e —
sultando, conforme acentuou o Senhor Presidente, num trabalho que
estã contido em n o v e n t a e quatro pastas, que acompanham este Relato
rio do S u p r e m o T r i b u n a l Federal. Conforme estã d i t o n o seu encami-
n h a m e n t o , no O f í c i o de 17 de j u n h o de 1 9 7 5 , c o n t o u com a aprovação
unanime do S u p r e m o T r i b u n a l Federal. De acordo com e s s e trabalho e
segundo, rigorosamente, a orientação do S e n h o r P r e s i d e n t e da Repú-
blica, no M i n i s t é r i o da Justiça o r g a n i z o u - s e uma pequena Comissão,
constituída do M i n i s t r o RODRIGUES ALCKMIN, o que t i n h a sido relator
do d i a g n ó s t i c o do S u p r e m o e q u e p o r e x p r e s s a autorização do Presi-
dente do S u p r e m o p a s s o u a trabalhar diretamente conosco, e com o
Procurador-Geral da República, e m a i s pequena a s s e s s o r i a técnica do
Ministério d a J u s t i ç a , daí r e s u l t a n d o a Emenda C o n s t i t u c i o n a l que
foi afinal enviada ao C o n g r e s s o N a c i o n a l pelo Senhor Presidente da
Republica, no d i a o i t o de n o v e m b r o de m i l n o v e c e n t o s e setenta e
SECRETO

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N.°

L
seis. Ainda antes do e n c a m i n h a m e n t o d a emenda e a p a r t i r do momeri
to que e l a c h e g o u no C o n g r e s s o N a c i o n a l a s lideranças do Governo,na
C â m a r a e no S e n a d o , i n i c i a r a m d e m a r c h e s com a s l i d e r a n ç a s e a presi^
d ê n c i a do P a r t i d o d a O p o s i ç ã o , com o b j e t i v o de s e f a z e r uma vota-
ção t r a n q ü i l a de uma m a t é r i a q u e , c o n f o r m e consta d a própria Exposi^
ção de M o t i v o s de S. E x a . , e n c a m i n h a d a ao C o n g r e s s o Nacional, éi n -
teiramente neutra e , como d i s s e o S e n h o r Presidente, uma matéria
técnica, que não e n v o l v e nenhum a s p e c t o p a r t i d á r i o o u mesmo p o l í t i -
co. Mas, desde o início, desde os p r i m e i r o s contatos, sentia-se
que a* O p o s i ç ã o iria transformar o problema da reforma do P o d e r Judi^
ciário em q u e s t ã o p o l í t i c a . Tanto que e l a d i z i a , desde o primeiro
momento, q u e não admitia discutir o projeto sem q u e o G o v e r n o aquies
cesse em dois pontos: o restabelecimento do q u e e l a c h a m a de garan
tias da m a g i s t r a t u r a e a restauração do " h a b e a s corpus" em termos
integrais para os chamados crimes políticos. Essa idéia d a Oposi-
ção f o i r e c h a ç a d a . Desde os p r i m e i r o s contatos e l a , aparentemente,
recuara. Apresentou-nos uma série de e m e n d a s , a l g u m a s d a s q u a i s fc>
ram aceitas, para depois, jã no final, quatro ou c i n c o dias atras,
através do S e n a d o r PAULO B R O S S A R D , d i z e r que a c e i t a r i a a reforma
tranqüilamente, desde que o G o v e r n o aprovasse ou a d m i t i s s e aprovar
uma emenda r e s t a b e l e c e n d o o "habeas corpus" integral, desde que i m -
petrado perante o Superior Tribunal Militar para os c r i m e s que t i —
vessem que s e r j u l g a d o s pela Justiça M i l i t a r . Isto, também, f o i re
chaçado. Afinal, entrou-se no p r o c e s s o de v o t a ç ã o e o resultado
foi o que s e v i u . Uma pequena m i n o r i a , na m i n o r i a , a frouxidão e a
covardia e a confusão n a d i r e ç ã o do P a r t i d o d a O p o s i ç ã o , e até a
idéia de q u e p o r m o t i v o s e x t e r n o s , nós não d e v e r í a m o s agir interna-
mente com a liberdade e a independência que f a z e m p a r t e de n o s s a s£
berania. A Oposição terminou por d e r r o t a r o p r o j e t o , porque n o s te_
mos maioria, tanto que o p r o j e t o f o i aprovado por duzentos e quareii
ta e um v o t o s contra cento e cinqüenta e s e i s , mas não obtivemos os
dois terços, quorum e s p e c i a l , introduzido n a Constituição em vigor.
Criou-se um impasse e verificou-se a impossibilidade da r e f o r m a da
J u s t i ç a q u e , como d i s s e o S e n h o r Presidente GEISEL, tem n e s s a emen-
da c o n s t i t u c i o n a l apenas o seu passo inicial. Está a c e n t u a d o na
Exposição de M o t i v o s do P r e s i d e n t e ao C o n g r e s s o q u e , após a aprova-
ção d a e m e n d a , o u t r a s medidas s e i m p u n h a m através de l e i s complemen
tares e de l e i s comuns p a r a completar o elenco de p r o v i d ê n c i a s des^
tinadas a modernizar a Justiça tornando-a, em p o u c a s palavras, uma
justiça fácil e barata. Simultaneamente a o s esforços que s e v i n h a m
fazendo para obter maioria de d o i s terços em torno d a votação da
reforma do P o d e r Judiciário, o S e n a d o r PETRÕNIO PORTELA, na quali-
d a d e de P r e s i d e n t e do C o n g r e s s o N a c i o n a l e com o c o n h e c i m e n t o do

Departamento de Imprensa Nacional —

1
iSECREí j

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Senhor P r e s i d e n t e da República, v i n h a p r o c u r a n d o saber da Oposição,


se seria possível contar com o v o t o dela para outras proposições,
quase todas n a área p o l í t i c a , que s e m o s t r a m indispensáveis dentro
do p r o c e s s o de a p e r f e i ç o a m e n t o político p r e c o n i z a d o pelo Senhor P r e
sidente da República, desde o s p r i m e i r o s d i a s do seu governo. Che-
ga-se, agora, á conclusão de q u e , não sõ o p r o b l e m a da r e f o r m a do
Poder J u d i c i á r i o , no q u e d e p e n d a dos v o t o s de d o i s terços do Con-
gresso Nacional, s e t o r n a i n v i á v e l , como inviável também o e a vota
ção de q u a l q u e r p r o j e t o que e n v o l v a emenda c o n s t i t u c i o n a l , destina-
da ao a p e r f e i ç o a m e n t o do r e g i m e . De s o r t e que, antecipando uma o p i ^
n i ã o do M i n i s t é r i o da Justiça, eu t e n h o impressão, S e n h o r Presiden-
te, nesta altura dos a c o n t e c i m e n t o s , sõ p o r v i a d o s i n s t r u m e n t o s que
a legislação revolucionária em b o a h o r a implantou será p o s s í v e l a
V. E x a . , n a s u a q u a l i d a d e de P r e s i d e n t e d a R e p ú b l i c a , p r o m o v e r essa
Reforma do J u d i c i á r i o , q u e c o r r e s p o n d e a um v e l h o e profundo anseio
nacional, como, t a m b é m , sõ p o r e s s e m e i o V. E x a . terá c o n d i ç õ e s de
promover a implantação de o u t r a s reformas que o i n t e r e s s e nacional
mais l e g i t i m o está a e x i g i r . E u me coloco, presentemente, ã dispo-
sição de V. E x a . e de q u a l q u e r outro membro do C o n s e l h o de Seguran
ça N a c i o n a l para prestar quaisquer esclarecimentos porventura julgji
dos a i n d a n e c e s s á r i o s no t o c a n t e ao p r o b l e m a d a J u s t i ç a , ao proble-
ma da r e f o r m a do P o d e r Judiciário ou a q u a l q u e r o u t r a questão que

se ligue ã ação o u ãs atribuições do M i n i s t é r i o da Justiça.


PRESIDENTE DA REPÚBLICA; Senhor M i n i s t r o da Marinha ...
M I N I S T R O DA MARINHA; Senhor P r e s i d e n t e , senhores membros do Conse-
lho, estou de p l e n o acordo com o M i n i s t r o F A L C Ã O , q u e c o n s i d e r a a
posição do MDB como uma contestação ao p r ó p r i o regime. Sou, portan
to, de p l e n o acordo que s e d e v a adotar a 3a. linha de a ç ã o , ou se-
ja, o recesso dos p a r l a m e n t a r e s para que o P o d e r E x e c u t i v o p o s s a em
preender as reformas.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA; S e n h o r M i n i s t r o do E x é r c i t o ...
M I N I S T R O DO EXÉRCITO; Senhor P r e s i d e n t e , senhores membros do Conse
lho. Anteontem, portanto três d i a s atrás, quando f o irejeitada a
proposta desse p r o j e t o , eu e n t r e i em ligação com todos os Comandari
tes de área e c o n v e r s e i com e l e s sobre a situação e o ambiente que
estava s e formando n a z o n a política n a c i o n a l . Todos eles estavam
de acordo e davam a V. E x a . i r r e s t r i t o apoio e o caminho era esse,
que V. E x a . c i t o u em terceiro lugar. E r a colocar o Congresso em r e
cesso para que s e p u d e s s e t e r reformas que o r e g i m e e a Revolução
exigem. De modo q u e f u i c r e d e n c i a d o para dizer isso a V. E x a . Pe_
lo Exército V. E x a . t e m t o d o apoio para realizar essas reformas que
sao indispensáveis e que a u g u r a m o s sejam feitas no p r a z o que V.Exa.
desejar.
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PRESIDENTE DA REPÚBLICA; Senhor Ministro d a s Relações Exteriores..


M I N I S T R O DAS RELAÇÕES EXTERIORES: Senhor Presidente, senhores mem-
bros do C o n s e l h o . Eu c r e i o que não n o s c a b e de m a n e i r a alguma en-
trar nos a s p e c t o s técnicos d a q u e s t ã o , que já f o r a m muito bem expl^
cados. 0 problema, evidentemente, e político. Um problema de rea-
ção ao r e g i m e . Uma intransigência do P a r t i d o da Oposição, levado
por elementos radicais que s e m p r e dominam n e s s e momento. S. E x a .
indicou três s o l u ç õ e s . A primeira delas seria o simples arquivameri
to d a r e f o r m a do j u d i c i á r i o , o q u e me parece não seria nem siquer
sentido p e l a Nação n e s s e momento. A segunda, a de v o l t a r a apresen_
tar essa emenda, r e a l m e n t e , não tem nenhum e f e i t o prático - exigi^
ria d o i s anos e não seria uma r e s p o n s a b i l i d a d e desse Governo. Uma
vez que, p o l i t i c a m e n t e , ê preciso d a r uma resposta a esse tipo de
c o n t e s t a ç ã o , também e s t a solução não seria adequada. Evidentemente,
a solução adequada é r e c o r r e r aos poderes que o G o v e r n o têm. E os
tem constitucional e legalmente. Eu tenho impressão que o importan
te, p a r a a opinião publica brasileira e também p a r a a o p i n i ã o públi^
ca internacional, ê que s e e n f a t i z e , justamente, a constitucionali-
dade e a l e g a l i d a d e dessas medidas. Eu c r e i o que s e d e v e também
ter em conta a necessidade de n e u t r a l i z a r a s ações e x t e r n a s . E , por_
tanto, a ênfase n a c o n s t i t u c i o n a l i d a d e e na legalidade é importan
te. Do mesmo modo, será i m p o r t a n t e , s e p o s s í v e l , i n d i c a r que a f a -
se de e x c e ç ã o , ê uma fase transitória. Isso também tem s u a impor—
tância no t e r r e n o internacional. H a , também, n e c e s s i d a d e de q u e o
Governo, c l a r a m e n t e , num diálogo com a própria Nação, e x p l i q u e a ne
cessidade incontornãvel das medidas a serem adotadas. Eu acredito,
t a m b é m , com toda a honestidade e o digo como b r a s i l e i r o e não como
Ministro Exterior apenas, que uma v e z necessário levar o Pais a es-
s a m e d i d a , q u e de c e r t a maneira é uma m e d i d a c i r ú r g i c a em relação â
vida p o l í t i c a do P a i s , dever-se-ia aproveitar a oportunidade para
fazer tudo aquilo que p u d e s s e d a r ao P a i s a sensação de q u e a s medjL
das adotadas e as d i r e t r i z e s s u g e r i d a s t e m caráter p e r m a n e n t e e que
respondem a s aspirações profundas do P a i s . Eu c r e i o q u e uma das
preocupações, a p r i m e i r a que o País devia t e r , e eu e s t o u certo que
V. E x a . o f a r á , ê j u s t a m e n t e aproveitar essa oportunidade para pro-
curar d a r ao P a í s , uma forma de s e g o v e r n a r , que p u d e s s e de futuro
evitar, exatamente, a possibilidade desses traumatismos. Terão que
ser e n f r e n t a d o s mas deverão s e r , naturalmente, e v i t a d o s na medida
da possibilidade de s e i n s t i t u c i o n a l i z a r a s soluções adequadas. Ijs
so eu c r e i o que ê i m p o r t a n t e . Nos não temos que e x p l i c a r aos outros
países aquilo que f a z e m o s no â m b i t o interno. Mas tudo aquilo que
fizermos, evidentemente, no mundo em que v i v e m o s , onde o Brasil
tem um p e s o m u i t o e s p e c í f i c o , l o g i c a m e n t e , terá r e f l e x o s no e x t e r i o r

Departamento de Imprensa Nacional —


SECRETO

8 -

Mas, eu acho que, dentro do f o r m a l m e n t e constitucional e legal, o


sistema dá ao G o v e r n o toda a possibilidade de f a z ê - l o . Isso eu a-
cho que deve s e r uma p r e o c u p a ç ã o do G o v e r n o . E, naturalmente, que
seja explicado fartamente esse processo. Portanto, Senhor Presiden
te, e u me coloco também n a posição daqueles que a c r e d i t a m que o B r a
sil possa s e g u i r no seu caminho e continuar a t e r a sua voz ouvida
com o mesmo p e s o que e l a tem h o j e . 0 Governo b r a s i l e i r o não deve
evitar tomar aquelas medidas que f o r e m adequadas para o Pais e por
via dos p o d e r e s e x c e p c i o n a i s que a p r ó p r i a C o n s t i t u i ç ã o dã ao Pres_í
dente d a República. Eu acho que t a l v e z o Governo nao p r e c i s e nem
ter r e s e r v a s em relação a m o d i f i c a r a própria Constituição naquilo
que f o r necessário. Muito obrigado.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Senhor M i n i s t r o da Fazenda ...
M I N I S T R O DA FAZENDA: Senhor P r e s i d e n t e , senhores membros do Conse—
lho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . Eu c r e i o q u e d a s três alternativas apre
sentadas p o r V. E x a . , S e n h o r Presidente, realmente, apenas uma pode
ser aceita pelo Governo e por toda a Nação. É a terceira alternati^
va, a de c o l o c a r o C o n g r e s s o Nacional em r e c e s s o . Um recesso que
nao traz o custo e que p o d e r i a até c l a s s i f i c a r - s e de r e c e s s o f u n c i o _
nal. Parece-nos que o S I L V E I R A com m u i t a propriedade salientou um
ponto - nós não d e v e m o s t e r pejo em aplicar dispositivos constitju
cionais. A Constituição prevê o d i r e i t o que t e m o P r e s i d e n t e d a Re_
publica de c o l o c a r o C o n g r e s s o Nacional em recesso. Diga-se de pajs
sagem que i s s o não ê uma p e c u l i a r i d a d e d a C o n s t i t u i ç ã o brasileira.
Outras constituições, a Constituição f r a n c e s a , p o r e x e m p l o , que é
presidencialista, também, p e r m i t e que o P r e s i d e n t e d a República d i s
solva o Parlamento e convoque eleições gerais. A dissolução do P a j r
lamento e um a t o , a meu v e r , muito mais forte do q u e o s i m p l e s re-
cesso temporário. Todos os regimes p a r l a m e n t a r i s t a s continuam ten-
do em suas constituições essas disposições relativas a recesso do
Congresso. Portanto, creio que c o r r e s p o n d e â e x p e c t a t i v a da grande
maioria da população, e s e a f i g u r a como a ú n i c a m e d i d a prática,dian
te d a s condições colocadas p o r uma d i t a d u r a de m i n o r i a , a solução
do r e c e s s o do C o n g r e s s o Nacional. Bom, parece-me que, evidentemen-
te, essa solução de r e c e s s o deveria revestir-se de uma grande humil_
dade. Grande humildade significa, de um l a d o , a clarificação da
opinião p ú b l i c a , de q u e n a d a d e m a i s está s e f a z e n d o a não ser apli-
car um d i s p o s i t i v o constitucional. E durante esse i n t e r r e g n o do r e
cesso do C o n g r e s s o , que t o d o s nós e s p e r a m o s seja muito breve, o Pre
sidente d a República tem t o d a s a s atribuições do C o n g r e s s o , inclusi^
ve a de r e f o r m a r a Constituição. Creio que a s r e f o r m a s da Constitui
ção n e s s e período deverão s e r , exatamente, aquelas necessárias a
normalizar a v i d a política e a v i d a judiciária da Nação. E u , de n i i

S E C R £ I O
SECRETO

- 9 -

minha parte, não i r i a p r o p o r , e v i d e n t e m e n t e , n e n h u m a m e d i d a n a área


econômica que c e r t a m e n t e não c a b e r i a nessas circunstâncias. Deve-
ria, normalmente, s e rvotada pelo Congresso u t i l i z a n d o um processo,
evidentemente bem m a i s l ó g i c o , de p o d e r fazer emendas constitucio-
nais p o r cinqüenta p o r c e n t o ou m a i o r i a absoluta dos v o t o s . Agora,
creio que h á , e v i d e n t e m e n t e , p o n t o s fundamentais a serem soluciona-
dos durante esse período. Fora o problema d a r e f o r m a j u d i c i a r i a , e_
videntemente t é c n i c a , r e a l m e n t e r e c l a m a d a p e l o bem e s t a r do povo
brasileiro, que não pode m a i s suportar a morosidade da Justiça, t e -
ria a i n d a o a s p e c t o q u e me p a r e c e p r o f u n d a m e n t e importante, de dajr
mos uma s o l u ç ã o , tão d e f i n i t i v a quanto possível, p a r a os programas
de m o d e l o p o l í t i c o , q u e c e r t a m e n t e a f l i g e m t o d a a Nação. Acredito
que o impasse interno ou e x t e r n o seja, inteiramente, neutralizado
desde que s e e x p l i q u e , claramente, que não e s t a m o s inovando nada;
estamos simplesmente aplicando um d i s p o s i t i v o constitucional, em v i _
gor. Eram essas a s considerações que eu t i n h a a dizer. Muito obri^
gado.
PRESIDENTE DA R E P U B L I C A : Senhor M i n i s t r o dos T r a n s p o r t e s ...
M I N I S T R O DOS T R A N S P O R T E S : Senhor Presidente, s e n h o r e s membros do
Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . Eu tenho impressão que a primeira
e segunda soluções seriam a falência do n o s s o sistema. P o r q u e , sem
d ú v i d a n e n h u m a , o MDB não é o p o s i c i o n i s t a , contesta o nosso regime.
Como d i s s e o Ministro FALCÃO, e x i s t e m elementos até de c e r t a nature
za subversiva e covarde. De s o r t e , Senhor Presidente, eu acho que
a terceira solução é a que s e impõe. E m a i s , deve s e r até aprofun-
d a d a , n a o p o r t u n i d a d e em q u e V. E x a . j u l g a r necessário. Seria o CÍI
so também de l i m p a r o Congresso, porque sabemos t o d o s n ó s , que cer-
tos e l e m e n t o s que m i l i t a m lã n ã o c o r r e s p o n d e m âs n e c e s s i d a d e s d a Na
ção. São c o n t e s t a d o r e s do r e g i m e e q u e r e m de c e r t a maneira, preju-
dicá-la. São e l e m e n t o s p o r d e m a i s conhecidos. Teremos oportunida-
de, t a m b é m , de d a r a s a t i s f a ç ã o â Nação de q u e e s s e s elementos,
r e a l m e n t e , não p o d e r i a m estar opinando sobre coisas do B r a s i l . Ê es_
s e o meu d e p o i m e n t o . — - — —
PRESIDENTE DA R E P U B L I C A : Senhor M i n i s t r o da A g r i c u l t u r a ...
M I N I S T R O DA A G R I C U L T U R A : S e n h o r Presidente, senhores membros do
Conselho. Ã l u z d a s explicações, j u l g o que a a l t e r n a t i v a três ê,
realmente, a que m e l h o r convém n o m o m e n t o , r e a l ç a n d o o fato da n e
cessidade de s e d a r o d e v i d o c o n h e c i m e n t o , especialmente, ao povo,
para q u e e s s a m e d i d a não v e n h a criar situação de a n t i p a t i a , p e l o Gc>
verno t e r retirado do C o n g r e s s o as p r e r r o g a t i v a s que e l e t i n h a . Eu
acredito que t o d a s a s r e f o r m a s , ãs q u a i s o Senhor nao s e referiu,
mas os n o s s o s companheiros se r e f e r i r a m , também seriam oportunas
nesse intervalo. E r a o que t i n h a a dizer.
Departamento de Imprensa Nacional —
SECRETO

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PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Senhor M i n i s t r o d a Educação e Cultura ...


M I N I S T R O DA E D U C A Ç Ã O E C U L T U R A : Senhor Presidente, senhores mem-
bros do C o n s e l h o . Realmente, Senhor P r e s i d e n t e , ê uma situação e s -
pecial. Diferente de a l g u m a s q u e n o s já e n c o n t r a m o s no p a s s a d o . A
reforma judiciária ê necessária. V.Exa. disse muito bem; eu creio
que todos os membros do C o n s e l h o e toda a Nação sabem que e l a vem
até um pouco tarde. Ê* p r e c i s o que a J u s t i ç a seja mais hábil e mais
barata. Isso ê pregação q u e s e vem f a z e n d o hã m u i t o tempo e o seu
governo teve o privilégio de e n c a m i n h a r ao C o n g r e s s o essa reforma.
Se e l a é n e c e s s á r i a , não p o d e m o s deixar de m a n d á - l a . Se ê urgente,
a segunda alternativa também c a i por t e r r a , e nós n a o p o d e r e m o s vê-
la aprovada, daqui a dois anos, porque, precisamente, ê a mesma C a -
sa. E corremos o risco, com a Constituição n o s s a exigindo quorum
de dois t e r ç o s , de n a o t e r m o s essa reforma, e continuarmos com o Par
tido, que nao f o i n e s s a oportunidade de o p o s i ç ã o , mas s i m um parti-
do c o n t e s t a d o r . 0 que e l e fêz f o i d e s a f i a r r e a l m e n t e o Poder Execu
tivo e , também, o P o d e r Judiciário que f o i , v a m o s d i z e r assim, soH
dãrio com e s s a reforma. 0 recesso do C o n g r e s s o é uma m e d i d a legal,
prevista num a t o , aprovado p e l a Constituição. Eu a c r e d i t o q u e a Nja
çao f i c a r i a a t e mais traumatizada se e s s a m e d i d a não fosse tomada.
0 recesso do C o n g r e s s o , a terceira alternativa, proposta por V.Exa.
deve s e r t o m a d a , n a o só p a r a essa reforma, mas também p a r a outras,
que se fizerem necessárias para o bom andamento da v i d a da Nação no

setor político, p r i n c i p a l m e n t e . E r a o que e u t i n h a a d i z e r .


P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A : Senhor M i n i s t r o do T r a b a l h o ...
M I N I S T R O DO TRABALHO: Senhor P r e s i d e n t e , parece-me que d a s três a l ^
ternativas, hã uma que m a i s atende aos i n t e r e s s e s n a c i o n a i s , e que
é a de c u i d a r de r e a l i z a r a reforma do j u d i c i á r i o e com urgência.
As duas primeiras seriam a não realização dessas reformas. Segundo
ponto de v i s t a político revolucionário, o não atendimento, agora,nas
condições que s e c r i a r a m , significaria aceitar o f i m do ciclo revo-
lucionário. Porque seria aceitar esse desafio ã Revolução e isso
significaria,perante a opinião p u b l i c a , o f i m abrupto do processo
revolucionário q u e vem desde m i l n o v e c e n t o s e sessenta e quatro. A-
gora, parece-me que cabe a oportuna observação do M i n i s t r o SILVEIRA,
de cuidar d a n e u t r a l i z a ç ã o , com r e l a ç ã o ãs r e a ç õ e s , t a n t o internas
como e x t e r n a s . Uma ampla informação d a s razões q u e l e v a r a m o Govejr
no a tomar essas medidas. Parece-me, t a m b é m , q u e s e não conseguiu
o Governo realizar uma reforma de n a t u r e z a neutra, por essa v i a do
Congresso, muito menos alcançará o u t r a s reformas que p o d e r ã o t e r c£
notações políticas e são n e c e s s á r i a s . Uma outra afirmação, feita
pelo Ministro SIMONSEN, q u e e u também salientaria, é q u e , ao colo-
car o Congresso em r e c e s s o , esse recesso fosse o mais breve possí-

S E C R E T O
SECRETO

possível para retornar, em seguida, ao p r o c e s s o normal da v i d a dos


três p o d e r e s da Nação. E r a isso que e u t i n h a a dizer.
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A : S e n h o r M i n i s t r o da Aeronáutica ...
M I N I S T R O DA A E R O N Á U T I C A : Senhor P r e s i d e n t e , acho que, realmente, o
recesso ê a m e d i d a não só a d e q u a d a como, t a m b é m , a q u e s e impõe p a -
ra superar e s s a obstrução do P a r t i d o d a O p o s i ç ã o . Eu estou de acor
do q u e s e j a usado como m e d i d a constitucional, como também seja apro
veitado para tomar o u t r a s m e d i d a s , ainda q u e de n a t u r e z a política.
Apenas, gostaria de l e m b r a r os a s p e c t o s que p o d e r i a tomar o uso do
recesso para medidas de caráter p o l í t i c o , e n f r a q u e c e n d o um pouco o
aspecto técnico da r e f o r m a do j u d i c i á r i o . Eu estou de a c o r d o que
se adote o caminho mais fácil, m a i s urgente e mais rápido. M a s , no
problema dos d o i s terços, a s e r m o d i f i c a d o para maioria absoluta, o
G o v e r n o virá a contar com e l a n o C o n g r e s s o e h a v e r i a assim a possi-
bilidade alternativa de s e a d o t a r um sistema normal, com o C o n g r e s -
so funcionando e jogando-se com a maioria absoluta. Entretanto,que
ro d e i x a r bem claro a V. E x a . q u e a p o i o integralmente a linha que
V. E x a . v e n h a tomar n e s s e aspecto, inclusive, p o r questão de rapi-
dez e necessidade, para completar as reformas que s e f i z e r e m neces

sãrias.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA: S e n h o r M i n i s t r o d a Saúde ...
M I N I S T R O DA SAÚDE: Senhor P r e s i d e n t e , senhores membros do Conselho.
A seriedade e a cautela, com q u e o G o v e r n o elaborou o projeto, rigo
rosamente c e r t o e jurídico, não m e r e c e u razões de v i s t a s da Oposi^
çao. De fato, a Oposição não q u e s t i o n o u aspectos técnicos e jurí-
d i c o s , mas assumiu uma atitude de d e s a f i o f r o n t a l ao G o v e r n o da Re-
volução. A Oposição não c o n t e s t a o mérito, c o n t e s t a o r e g i m e . Se-
melhante contestação c o i n c i d e , no t e m p o , com o u t r a s manifestações
ocorridas em Sao P a u l o . A coincidência sugere a existência de uma
coordenação s u p e r i o r das d i f e r e n t e s manifestações de d e s a f i o ao Go_
verno da Revolução. 0 interesse público exige a reforma da Justiça.
0 povo também p r e c i s a d a g a r a n t i a d a p e r m a n ê n c i a do r e g i m e . Esse re
gime que p e r m i t e condições de t r a b a l h o e de a t i v i d a d e s p e r m a n e n t e s .
Então p a r a assegurar ã população a necessária t r a n q ü i l i d a d e , não p£
de o Governo prescindir de c o l o c a r o C o n g r e s s o em r e c e s s o .
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A : S e n h o r M i n i s t r o d a Indústria e do C o m é r -
cio .. .
M I N I S T R O DA I N D Ú S T R I A E DO COMÉRCIO: Senhor Presidente, senhores
membros do C o n s e l h o . E u a c h o q u e já está b a s t a n t e claro, como dis-
s e r a m o M i n i s t r o FALCÃO e d e m a i s m i n i s t r o s que a a t i t u d e da Oposi-
ção f o i r e a l m e n t e de c o n t e s t a r o r e g i m e . Eles não foram contra os
detalhes técnicos e jurídicos do p r o c e s s o . Eles insistiram em pon-
tos considerados básicos p e l o regime revolucionário, c o n t r a a sua
Departamento de Imprensa Nacional —

| 'c G R f r rs
SECRETO

- 12 -

manutenção dentro do p r o j e t o de r e f o r m a do j u d i c i á r i o . Por isso,


entendo q u e e uma contestação, r e a l m e n t e , uma p r o v o c a ç ã o e, nessas
c o n d i ç õ e s , sõ hã uma solução que ê a t e r c e i r a , apontada por V.Exa.,
para ser utilizada pelo Poder E x e c u t i v o , dentro da Constituição,por
que ê uma reforma necessária ao n o s s o País. 0 que ê i m p o r t a n t e , Se_
nhor Presidente, e que s e j a destacado, também, o a s p e c t o de q u e e s -
se ê o primeiro passo para a reforma do n o s s o judiciário. V. E x a .
sabe melhor do q u e e u , q u e o p r o j e t o ê importante na e s f e r a da J u s -
tiça F e d e r a l m a s , em o u t r a s , d e v e r á v i r com n o v a legislação comple-
mentar. Eu acho importante a divulgação e que c o n s t e mesmo q u e a
r e f o r m a nao v a i p a r a r aí e q u e i s s o é um p r o c e d i m e n t o natural. Es-
se ponto é importante destacar. Acredito que t o d o s sao unânimes,
que precisamos fazer outras reformas. Eu d i r i a , p a r t i c u l a r m e n t e , a_
quela que e l i m i n a a necessidade de d o i s terços p a r a a s emendas a se
rem feitas â Constituição. Caberia a V. E x a . p e s a r da conveniência,
em função d a u r g ê n c i a , de i m e d i a t a m e n t e fazermos, nesse intervalo
de recesso, todas as reformas ou a p e n a s aquela que ê técnica, suniã
ria e imediata - alterar a necessidade dos d o i s terços e devolver
então ao C o n g r e s s o , onde o Governo teria a maioria absoluta, a deci_
sao para as demais reformas. Parece que sob o a s p e c t o político, e ^
se é o ponto que d e v e m e r e c e r m a i s considerações de V. E x a . Como
V. E x a . , já d i s s e , n i n g u é m pode c o n t e s t a r isso; ê uma decisão de
V. E x a . , mas eu d i r i a apenas que e s s e é o ponto, a meu ver, impor—
tante d a decisão q u e V. E x a . irá t o m a r . Devemos f a z e r todas as r e -
formas p o l í t i c a s o u p e r m i t i r uma regra q u e também tenha essa flexi-
bilidade, u t i l i z a n d o o Congresso e realizando as reformas necessá

rias. E r a essa a minha consideração. — —


PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Senhor M i n i s t r o das Minas e Energia ...
M I N I S T R O DAS MINAS E E N E R G I A : Senhor Presidente, senhores membros
do C o n s e l h o . S o u favorável â terceira alternativa. Nao tenho ne-
nhum c o m e n t á r i o a f a z e r porque todos os o u t r o s ministros q u e me p r e
cederam já o f i z e r a m .
PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Senhor M i n i s t r o - C h e f e da Secretaria de
Planejamento ...
M I N I S T R O - C H E F E DA S E C R E T A R I A DE P L A N E J A M E N T O : Senhor Presidente.se
nhores membros do C o n s e l h o . Estou inteiramente de a c o r d o com a
idéia de q u e p o s s a m o s considerar alternativas. Podermos dizer a l -
ternativas, porque o assunto já f o i a q u i dimensionado. Uma primei^
ra alternativa seria simplesmente fazer o recesso, alterar o dispo-
sitivo c o n s t i t u c i o n a l que e x i g e q u o r u m de d o i s terços e d e i x a r que
o Congresso, onde o G o v e r n o tem a m a i o r i a , fizesse tanto a reforma
do j u d i c i á r i o como a s r e f o r m a s políticas. Uma segunda alternativa
seria de f a z e r o r e c e s s o , alterar o q u o r u m de m a i o r i a absoluta e re

S E C ~ t To
SECRETO

realizar a reforma da Justiça, d e i x a n d o as reformas políticas para


serem feitas depois. A terceira é fazer logo, tanto a reforma da
Justiça como a s r e f o r m a s políticas. Talvez o próprio Congresso nao
queira fazer a reforma da Justiça. A questão da r e f o r m a política
seria de c e r t o modo i n t e r e s s a n t e q u e o p r ó p r i o C o n g r e s s o pudesse r e
alizar. A d ú v i d a é s e nós não c o r r e m o s o risco de l e v a r dois meses
tentando f a z e r duas l i n h a s de ação com a ARENA, t a l v e z desunida,sem
essa quase unanimidade que e l a a p r e s e n t o u , no c a s o da reforma da
Justiça. Corremos então o r i s c o de, dentro de d o i s meses, haver u-
ma n o v a crise quando o Governo terá q u e n o v a m e n t e colocar o Congres^
so em recesso para f a z e r o que tem o p o r t u n i d a d e de f a z e r agora. In
clusive, porque a Oposição deu a o p o r t u n i d a d e política. A Oposição
poderia, t a l v e z mais inteligentemente, dependendo de q u a i s sao as
suas motivações, s e r m a i s t r a n s i g e n t e na reforma de caráter mais
técnico, p a r a s e r menos t r a n s i g e n t e nas reformas de caráter políti^
co e aí f i c a r i a com o G o v e r n o , inteiramente, o ô n u s de aprovar as
reformas jurídicas n e s s e recesso do C o n g r e s s o . Agora, por outro lja
do, g o s t a r i a de l e m b r a r que em toda medida, principalmente medidas
dessa ordem, e x i s t e m os r i s c o s e surpresas. Eu estou de a c o r d o com
o Ministro SILVEIRA e o SIMONSEN, quando o b s e r v a m : - o Ministro SIL-
V E I R A , que a s decisões devem s e r t o m a d a s em função d a política in
terna; e o Ministro SIMONSEN q u a n d o d i z que temos m u i t a s e inúmeras
c o n s t i t u i ç õ e s , não apenas em regimes parlamentares comom t a m b é m , em
regimes presidencialistas, que p o r d i s p o s i t i v o s c o n s t i t u c i o n a i s p o -
dem até d i s s o l v e r o C o n g r e s s o . A g o r a , não h á d ú v i d a q u e , politica_
mente, esse a r g u m e n t o não v a i s e r i n t e i r a m e n t e convincente, princi-
palmente porque é um ato i n s t i t u c i o n a l . A situação é um pouco dife_
rente, quando se c o l o c a o Congresso em r e c e s s o , para o Executivo re
alizar aquilo que o C o n g r e s s o não q u i s realizar. Devemos é saber
da possível reação e s e não v a i a l t e r a r aquilo que d e v e ser feito.
Então, cabe-nos procurar neutralizar, r e d u z i r ao m í n i m o essas rea
çoes, porque a razão p r e d o m i n a n t e n a decisão deve s e r a de que ne-
nhuma alternativa ê melhor do q u e e s s a . A um n a o é b o a , a d o i s com
a alternativa de não fazer a reforma política agora, t a l v e z não s e -
ja boa. Principalmente porque, s e a Oposição deu e s s a oportunidade
política ao G o v e r n o para r e s o l v e r os d o i s problemas, ela deve ser
aproveitada. Possíveis r e a ç õ e s , com p r e j u í z o interno e e x t e r n o , pc>
derão ocorrer, se os n o s s o s políticos não assimilarem inteiramente
as decisões. É c l a r o que s e nós examinarmos, tanto externamente co
mo internamente, a preocupação m a i o r v a i s e r com a externa. Isso se
aplica, em c e r t a m e d i d a , até mesmo â área e c o n ô m i c a e x t e r n a q u e , em
geral, se preocupa muito com a questão d a o r d e m e d a estabilidade.
Quer d i z e r , investidores e banqueiros, aqui em B r a s í l i a , estão m u i -

Departamento de Imprensa .Nacional — Ç ' ^ ^

{ C' "
S E C R E 1 O

- 14 -

muito voltados para e s s a preocupação - ordem e estabilidade. Mas,


mesmo e s s e s , podem p e n s a r é n a q u e s t ã o de c u r t o e l o n g o prazos. Se
rã que i s s o nao c o n s t i t u i uma parada naquela distensao progressiva
que o Governo b r a s i l e i r o vem fazendo? É natural que e l e s se colc>
quem n e s s a p r e o c u p a ç ã o . Nos d e v e m o s levar isso em conta e fazer o
possível para n e u t r a l i z a r . A forma de r e a l i z a r essa neutralização
é ressaltar q u e um dispositivo constitucional faculta ao G o v e r n o r e
duzir ao m í n i m o o p r a z o do r e c e s s o . E u s e i que e s s a ê a idéia do
Presidente. Em resumo, Senhor P r e s i d e n t e , eu e s t o u de a c o r d o com a
alternativa tres e que o a s s u n t o da r e f o r m a jurídica seja considera
do n e s s a o p o r t u n i d a d e .
PRESIDENTE DA REPÚBLICA; Senhor M i n i s t r o do I n t e r i o r ...
M I N I S T R O DO INTERIOR: Senhor P r e s i d e n t e , senhores membros do Conse
lho. P r e s i d e n t e , todos os pontos básicos já f o r a m examinados. Aqui
lo que s e r i a normal, isto é, v e r o C o n g r e s s o examinando a matéria
tecnicamente, debatendo, apresentando e m e n d a s , s u g e s t õ e s , com atua-
ção a l t a m e n t e salutar, o povo e a Nação n a o a s s i s t i r a m . Assistiram
sim, uma intransigência m u i t o grande de um pequeno grupo dentro da
minoria, como f o i d i t o e, p o r t a n t o , tornando a questão impraticável
e inviável. Evidentemente, a solução preconizada, a terceira, pare
ce, realmente, a ú n i c a no momento. E eu concordo plenamente com
ela e acho q u e vem de e n c o n t r o , inclusive, a opinião pública. 0 ta
to de, justamente o Congresso, nao t e r examinado tecnicamente o pro
jeto, dá ao P o d e r E x e c u t i v o uma justificativa muito grande para as-
sim proceder. A reforma j u d i c i á r i a , e m b o r a o p o v o n a o a e n t e n d a nos
seus d e t a l h e s e nos seus aspectos técnicos, e l e e n t e n d e que ê uma
necessidade a b s o l u t a fazê-la. Todos os demais pontos foram aborda-
dos, Senhor P r e s i d e n t e . E u me excuso de e n t r a r em m a i o r e s comenta
rios. Sou p l e n a m e n t e favorável com a consideração de q u e s e deve-
ria aproveitar a oportunidade para realizar, nesse i n t e r r e g n o do r e
cesso do C o n g r e s s o , aquelas medidas fundamentais de n a t u r e z a polítjL
ca q u e darão ao P a i s , durante alguns anos, uma diretriz mais adequa
da. E r a isso que e u t i n h a a dizer.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Senhor M i n i s t r o d a s Comunicações ...
M I N I S T R O DAS COMUNICAÇÕES: Senhor P r e s i d e n t e . Eu c r e i o que a r e -
forma do j u d i c i á r i o em si, não j u s t i f i c a a aplicação de instrumen-
tos de e x c e ç ã o . Ê" uma reforma q u e p o d e s e r e é n e c e s s á r i a , mas eu
não sinto que h a j a necessidade de s e a p l i c a r um instrumento excep-
cional, como é o A I - 5 . Toda aplicação de i n s t r u m e n t o s de exceção
envolve em si, eu c r e i o , uma demonstração de f r a q u e z a . Nos estamos
num processo r e v o l u c i o n á r i o , q u e vem se desenvolvendo há 13 anos;
em c o n s e q ü ê n c i a , e l e já d e v e r i a t e r a d q u i r i d o uma estabilidade den-
tro do c o n t e x t o n a c i o n a l , que n a o p r o v o c a s s e a necessidade de apli-

S E C R E T O
SECRETO
NA 0 5
- 15 -

aplicação de a t o s de f o r ç a . Por outro lado, o que eu v e j o dentro


da rejeição do p r o j e t o do j u d i c i á r i o n ã o ê uma n e g a t i v a desse proje^
to. E l e t e m um a s p e c t o bem m a i s profundo que e a q u e l a necessidade
ou o desejo, o u uma d e m o n s t r a ç ã o , de n ã o q u e r e r aprovar outros pro-
jetos, outros atos que n a r e a l i d a d e venham a s e r necessários dentro
de uma c o n j u n t u r a nacional. E nessas condições, eu e s t o u de a c o r d o
com a a p l i c a ç ã o do A I - 5 , com a d e t e r m i n a ç ã o do r e c e s s o do C o n g r e s s o ,
nao por causa do p r o j e t o do j u d i c i á r i o , mas p o r c a u s a d a s consequên
cias posteriores que v i r i a m a t e r ou que p o d e r i a m t e r a r e j e i ç ã o de
outros projetos que s e f a z e m necessários e indispensáveis. Por i s -
so eu v e j o , n a aplicação do A I - 5 , o recesso, durante o qual a mais
importante providência a s e r t o m a d a será, n a o a aprovação d e s s e pr£
jeto, que deverá s e rlogicamente feita, mas, p r i n c i p a l m e n t e , a alt£
ração do d i s p o s i t i v o c o n s t i t u c i o n a l d a e x i g ê n c i a d e d o i s terços p a -
ra maioria absoluta. E que e s s e recesso deveria s e r o mais curto
possível e, dentro dele, não s e d e v e r i a , aproveitar a ocasião para
aprovar outros projetos. Apenas aqueles indispensáveis para a con-
tinuidade d a Administração e a s alterações de a s p e c t o s p o l í t i c o s que
são indispensáveis e que não s e t e n h a certeza de p o d e r e m ser acei-
tas ou a p r o v a d a s pelo Congresso. Nessas condições, eu s o u a favor

da decretação do r e c e s s o do C o n g r e s s o .
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A ; Senhor M i n i s t r o d a Previdência e Assistên
cia S o c i a l ...
M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E ASSISTÊNCIA SOCIAL; Senhor P r e s i d e n t e , se
n h o r e s membros do C o n s e l h o . Eu estou, inteiramente, de a c o r d o com
a colocação feita pelo Ministro QUANDT DE O L I V E I R A . Nos estamos
diante de um momento j u r í d i c o e político. Nos e s t a m o s d i a n t e de uma
decisão que tem n a t u r e z a , nitidamente, revolucionária. 0 embasamen
to c o n s t i t u c i o n a l do a r t i g o 1 8 2 d a C o n s t i t u i ç ã o , p e r m i t e de f a t o o
uso do A t o I n s t i t u c i o n a l n° 5, m a s , i n d i s c u t i v e l m e n t e , a retomada
do p r o c e s s o legislativo p o r V. E x a . , t e m o caráter de um a t o r e v o l i i
c i o n ã r i o , de uma u t i l i z a ç ã o de um i n s t r u m e n t o revolucionário. Jul-
go, t a m b é m , como d i s s e o Ministro QUANDT DE O L I V E I R A que, t a l v e z , a
rejeição do p r o j e t o , q u e r e e s t r u t u r a o P o d e r J u d i c i á r i o , não f o s s e ,
em s i mesma, s u f i c i e n t e para justificar essa r e t o m a d a , já que a
orientação governamental tem s i d o no s e n t i d o d a distensão progressjL
va e c r e i o que s e j a desejo de t o d o s nós que e s s a distensão prossiga.
Mas estamos de f a t o , d i a n t e de uma a t i t u d e c o n t e s t a t õ r i a , no senti-
do de c o n t e s t a ç ã o a Revolução. Creio que e s s a atitude manifestada
pelo MDB ao r e j e i t a r a emenda c o n s t i t u c i o n a l , que p r o p u n h a a refor-
ma do j u d i c i á r i o , n ã o s e a t e v e a o s méritos ou deméritos da reforma.
Ainda que justificáveis certos aspectos d e c r í t i c a ao p r o j e t o , pois
devemos considerar que o l e g i s l a t i v o tem o d i r e i t o de c r í t i c a , o que
Departamento de Imprensa Nacional — n „ „ ,
M
S E C R E i O

-le-

se verificou f o i uma retomada de c o n t e s t a ç ã o ao p r o c e s s o revolucio-


nário. Retomada e s s a q u e , s e nao a d o t a r m o s nesse momento uma atitu_
de de f o r t a l e c i m e n t o do P o d e r Executivo, irã num crescendo e invia-
bilizará o processo revolucionário. Julgo, p o r t a n t o , que diante
das duas considerações - a n e c e s s i d a d e , conveniência e vantagem do
uso dos p r o c e s s o s naturais, previstos n a Constituição e o risco de
vermos interrompido o processo revolucionário com o p r o c e s s o contes_
tatório s e f o r t a l e c e n d o -nós não podemos hesitar. Eu c r e i o que devti
mos apoiar a alternativa t r ê s , i n d i c a d a p o r V. E x a . A c r e d i t o , como
o Ministro V E L L O S O bem acentuou, que tudo t e m o s e u preço e que v a -
mos pagar um preço p o l í t i c o p e l a decisão tomada. Ê* i n d i s c u t í v e l que,
diversamente do q u e l e m b r o u o Ministro SIMONSEN, não e s t a m o s diante
de uma simples consulta â Nação, sobre vantagens ou d e s v a n t a g e n s de
uma determinada facção política. Estamos de f a t o dentro de um ato
do p r o c e s s o revolucionário, d i a n t e da p o s s i b i l i d a d e de contestação
desse processo. E todos nós estamos l i g a d o s ao m o v i m e n t o revolucio
nario e a s u a permanência e devemos querer que e s s a permanência se
dê. f nesses termos que eu c o l o c o a questão. Julgo, também, como
vários m i n i s t r o s tornaram bem claro, que devemos aproveitar a opor-
tunidade do r e c e s s o , q u e d e v o l v e a V. E x a . a p l e n i t u d e do processo
legislativo, para a adoção d a s m e d i d a s necessárias a continuidade
do p r o c e s s o revolucionário. E, obviamente, que o r e c e s s o t e n h a a
duração m a i s limitada possível. A justificativa para o ato se en-
c o n t r a no p r ó p r i o tema constitucional. 0 artigo 182 da Constitui-
ção p e r m i t e e ratifica a existência do A I - 5 , e V. E x a . a p l i c a n d o o
AI-5, estará dentro dos princípios f o r m a i s da Constituição. Resta
ria o aspecto de e s c l a r e c i m e n t o s â opinião pública. Creio, entre-
tanto, que a própria discussão do p r o j e t o já e n s e j o u um esclareci—
mento político b a s t a n t e amplo a esse respeito e a opinião pública
nao se d e i x a r a iludir quanto a o s propósitos governamentais ao apli-
car o A I - 5 , nesse momento. Com essas considerações com q u e apoio
a colocação feita pelo Ministro QUANDT DE O L I V E I R A também opino no

sentido d a adoção da a l t e r n a t i v a três. Muito obrigado.


PRESIDENTE DA REPÚBLICA; S e n h o r M i n i s t r o - C h e f e do Gabinete MiU
tar ...
M I N I S T R O - C H E F E DO GABINETE MILITAR DA PRESIDÊNCIA DA R E P Ú B L I C A e SE-
CRETÃRIO-GERAL DO CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL: Senhor P r e s i d e n -
te, o S e n h o r me permita fazer ligeiras considerações. Eu acho que
foi ressaltado pelo Ministro SIMONSEN um aspecto muito importante
do p r o b l e m a . Importante para justificar o nosso Ato. 0 Presidente
esta agindo dentro da n o s s a legislação q u e , como em o u t r o s países,
dã ao B r a s i l , ao G o v e r n o b r a s i l e i r o , um p r o c e s s o " p a r a fazer face a
crises. Naturalmente, hã n u a n c e s e n t r e o nosso processo e o dos
- 17 -

franceses e de o u t r o s , mas ê um processo previsto constitucionalmeri


te para fazer face a crises. 0 Presidente eliminou e nem falou nu-
ma q u a r t a hipótese, que s e r i a usar o dispositivo revolucionário
fazer as reformas por Ato I n s t i t u c i o n a l . N a o , e l e não e s t a fazen-
isso. E l e estã u s a n d o um processo previsto na nossa Constituição,
no artigo 1 8 2 , q u e dã ao P r e s i d e n t e o s p o d e r e s de c o l o c a r o C o n g r e ^
so em r e c e s s o e se i n v e s t i r d a s atribuições legislativas para solu-
ção de uma crise momentânea. Eu estou portanto, perfeitamente de
acordo e , V. E x a . já v i u q u e há c o n s e n s o em que s e j a adotada a medi_
da de c o l o c a r o C o n g r e s s o em recesso.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Senhor M i n i s t r o - C h e f e do G a b i n e t e Civil...
M I N I S T R O - C H E F E DO GABINETE C I V I L DA PRESIDÊNCIA DA R E P Ú B L I C A : Senhor
Presidente, senhores membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . Eu
estou de p l e n o acordo, pelas razões abundantemente expostas e pelo
consenso que, p r a t i c a m e n t e , se i n i c i a , em f a v o r d a t e r c e i r a alterna;
tiva, a do r e c e s s o temporário do C o n g r e s s o , com a promulgação da le_
gislação indispensável, i n c l u s i v e , a reforma do j u d i c i á r i o . Dentro
dessa alternativa, o S r M i n i s t r o VELLOSO s a l i e n t o u que hã variantes
que se poderiam adotar dentro de uma m a i o r ou menor a m p l i t u d e das
l e i s a serem promulgadas nesse i n t e r r e g n o d a ação do P o d e r Legislati^
vo. E u sõ q u e r o observar q u e , já t a r d a de m u i t o , o momento em que
a Revolução se houvesse institucionalizado realmente, garantindo ao
Pais a s e g u r a n ç a de q u e , numa p e r s p e c t i v a de l o n g o s anos, tudo pode_
rã o c o r r e r sem s u c e s s i v o s r e t o r n o s a medidas revolucionárias. Urge,
hã m u i t o tempo, a institucionalização da Revolução. Seria um erro
não a p r o v e i t a r essa oportunidade para realizar o mínimo de l e i s prã
ticas, complementares ou o r d i n á r i a s , e s s e n c i a i s para que s e institu
cionalize o processo revolucionário de uma v e z p o r t o d a s e nao se
continue, para empregar a frase dos n o s s o s economistas, levando sem
pre os problemas com a barriga, quer dizer, resolvendo a cada dia
crises q u e s e s u c e d e m , sem a o p o r t u n i d a d e de a p r e s e n t a r ao P a í s , n u
ma p e r s p e c t i v a de l o n g o prazo, um p a n o r a m a q u e , em p r o f u n d i d a d e , em
o r d e m de e v o l u ç ã o n a t u r a l do s i s t e m a implantado e no s e u potencial
imanente de m u d a n ç a , p o s s a o País seguir. H ã um p o n t o que gostaria
de a c r e s c e n t a r e que o M i n i s t r o V E L L O S O o b s e r v o u . Não será o sim-
ples fato do G o v e r n o dispor d a m a i o r i a d a ARENA que g a r a n t i r á , tran
quilamente, em p r a z o s rápidos, a aprovação das l e i s que s e f a z e m ne
cessãrias. Ê* q u e , além da demora n a t u r a l , para aprovação de leis
dessa n a t u r e z a , q u e são b á s i c a s e que i n t e r e s s a m f u n d a m e n t a l m e n t e ao
p r o b l e m a p o l í t i c o - p a r t i d ã r i o , hã o f u t u r o p o l í t i c o de c a d a membro
do C o n g r e s s o Nacional. E u não tenho a menor dúvida q u e , p a r a os
congressistas, é i n e g á v e l , será p r e f e r í v e l não se p r o n u n c i a r a res-
peito de m e d i d a s q u e não o s c o l o c a r ã o bem perante certas faixas im-

Departamento de Imprensa Nacional —


SE C R E T O

- 18 -

importantes do e l e i t o r a d o . De m a n e i r a q u e , p o r um m o t i v o doutriná-
rio e por motivo prático, podíamos andar ligeiro e em s e g u r a n ç a . E u
creio que devíamos aproveitar a oportunidade e fazer tudo o que f o r
necessário para assegurar uma p e r s p e c t i v a mais ampla ã r e v o l u ç ã o po_
litica do P a i s . E r aisso que eu t i n h a a dizer.
P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A : Senhor M i n i s t r o - C h e f e do S e r v i ç o N a c i o n a l
de Informações ...
M I N I S T R O - C H E F E DO S E R V I Ç O NACIONAL DE I N F O R M A Ç Õ E S : S e n h o r Presiden-
te, s e n h o r e s membros do C o n s e l h o . Eu c r e i o , Senhor P r e s i d e n t e , que
nada mais resta dizer depois das palavras dos s e n h o r e s membros do
Conselho q u e me a n t e c e d e r a m . Creio que r e a l m e n t e não r e s t a a V.Exa.
outra alternativa senão decidir pela terceira solução. Não o fazen
do, será p a r a mim a c e i t a r p a s s i v a m e n t e o f i m da Revolução. Vale d^
zer, permitir que o p r o c e s s o político b r a s i l e i r o , por curto prazo,
sem que possamos obstaculizar, sem q u e t e n h a m o s m e i o s de d e f e s a , t o
me r u m o s q u e a n o s s a consciência democrática repele. As possíveis
conseqüências, a que a l u d i u o Sr Ministro S I L V E I R A , das medidas na
área e x t e r n a , creio que v a l e m bem o s a c r i f í c i o de d a r s e q ü ê n c i a na
perseguição daqueles objetivos a q u e n o s p r o p u z e m o s , em 3 1 d e m a r ç o
de 1964. Para não d i z e r mais nada, Senhor Presidente, pois já f o i
dito por todos o s membros do C o n s e l h o q u e me a n t e c e d e r a m , ê a única
alternativa que r e s t a a V. E x a . p a r a q u e p o s s a m o s prosseguir em p a z

e em o r d e m . Ê sõ.
PRESIDENTE DA R E P U B L I C A : Senhor M i n i s t r o - C h e f e do E s t a d o - M a i o r d a s
Forças A r m a d a s ...
MINISTRO-CHEFE DO ESTADO-MAIOR DAS F O R Ç A S ARMADAS: S e n h o r Presiden-
te, s e n h o r e s membros do C o n s e l h o . Vários governos d a Revolução vêm
sofrendo, de q u a n d o em v e z , d e s a f i o s contestatõrios como e s s e agora
do MDB. Em t o d a s as oportunidades esses governos tiveram uma res-
posta firme, serena, enérgica e a d e q u a d a . Nesse momento, eu julgo
que ao Governo caberia adotar a linha de ação três, i s t o é, decre-
tar o recesso do C o n g r e s s o , pelo prazo julgado necessário para pro-
duzir todas a s r e f o r m a s q u e p o s s a m , como bem d i s s e o Ministro GOLBE_
RY, institucionalizar a nossa revolução. E l a não p a r o u , e l a tem
que prosseguir. Assim s o u favorável a linha de ação três.
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A : Senhor Chefe do E s t a d o - M a i o r d a A r m a d a ...
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DA ARMADA: Senhor Presidente, senhores mem-
bros do C o n s e l h o . A O p o s i ç ã o , no meu modo de v e r , f e s t i v a m e n t e , c o n
tribuiu p a r a a situação atual. 0 assunto f o ib a s t a n t e debatido e
todas posições, a q u i c o l o c a d a s , m u i t o boas. Como m i l i t a r , preocupo
me um p o u c o m a i s com a p a r t e de s e g u r a n ç a e gostaria de l e m b r a r o
aspecto d a América do S u l , o n d e com o e n d u r e c i m e n t o do r e g i m e d a Ar_
gentina, do C h i l e e do U r u g u a i , t o d o s aqueles nossos banidos subver

Ç-C /* D E f
subversivos foram para a Europa. E tenho informações do q u e estão
fazendo; estão p r o c u r a n d o sentir o terreno para, pouco a pouco, r e -
gressarem ao P a i s . E u acho que e s s a posição do MDB f o i uma contes-
tação a Revolução. F o i um balão de e n s a i o , uma sondagem p a r a ver
como o G o v e r n o reagiria. E como r e v o l u c i o n á r i o , e u a c h o que deve_
mos correr qualquer risco para m o s t r a r que a Revolução está viva.
Estou inteiramente de a c o r d o com a t e r c e i r a alternativa.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Senhor Chefe do E s t a d o - M a i o r do Exercito..
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO: S e n h o r Presidente, s e n h o r e s mem-
bros do C o n s e l h o . Pelas exposições feitas e pelos pontos de vista
expostos não tenho a m e n o r d u v i d a em julgar que a t e r c e i r a alterna-
tiva deve s e r a d o t a d a , p o r um tempo j u l g a d o suficiente, p o r V. E x a . ,
para outras medidas, possíveis e oportunas. Tudo ligado ã consecu-
ção d o s g r a n d e s objetivos d a R e v o l u ç ã o , como bem f o isalientado pe-
los Ministros GOLBERY, F I G U E I R E D O , POTYGUARA e o u t r o s . Era o que
tinha a dizer.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA: Senhor Chefe do E s t a d o - M a i o r d a A e r o n á u t i -
ca ...
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DA A E R O N Á U T I C A : Senhor Presidente, senhores
membros do C o n s e l h o . S o u favorável ã terceira linha de a ç ã o , expos_
ta p o r V. E x a . e , p e r f e i t a m e n t e , de a c o r d o com o p e n s a m e n t o do Mi-
nistro GOLBERY.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA: A g o r a eu p e d i r i a ao S e n h o r Vice-Presidente
da R e p u b l i c a , por f a v o r , que n o s d e s s e também a s u a opinião, o seu
ponto de v i s t a , em relação ao problema.
VICE-PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A : Senhor Presidente, senhores membros
do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . 0 Senhor Presidente da Repúbli-
ca, por motivo de s e u s u b c o n s c i e n t e m i l i t a r , deixou para dar a opi-
nião em último lugar o Vice-Presidente. Ê* q u e n a s F o r ç a s Armadas,
quando s e f a z uma v o t a ç ã o , c o m e ç a - s e p e l o m e n o s graduado para que
ele não seja influenciado pelo Chefe ou p e l o s m a i s graduados. Eu f a
lo n a q u a l i d a d e de V i c e - P r e s i d e n t e , mas falo, também, n a qualidade
de r e v o l u c i o n á r i o , que também tem família. Um ligeiro histórico,
muito breve. Eu, pelas funções que t e n h o exercido, tomei parte em
quase todos o s a s p e c t o s p o r que p a s s o u a Revolução. Em 3 1 de m a r ç o
de 1 9 6 4 , eu e r a Comandante da 6 a . Divisão de I n f a n t a r i a , com sede
em P o r t o A l e g r e . Como d i s s e uma o c a s i ã o ao S e n h o r Chefe d a C a s a Mi_
litar d a P r e s i d ê n c i a , lã e u t i v e o p o r t u n i d a d e de a g i r revolucionã-
riamente. T e n h o até um d o c u m e n t o , que ê c o n s i d e r a d o o p r i n c i p a l d£
cumento da Revolução. Abre o l i v r o que, na n o i t e de 3 1 de m a r ç o , o
General CASTELO mandou um o f i c i a l , ao meu Quartel-General,entregar.
Nesse documento o G e n e r a l CASTELO d a v a a finalidade da Revolução.
D e p o i s , no d e c o r r e r d a r e v o l u ç ã o , e u também tive que t o m a r parte em
Departamento de Imprensa Nacional — _ „
SE CR E I O

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atos institucionais. Quando do A I - 2 , e u e r a C o m a n d a n t e da l a . Divji


são de I n f a n t a r i a da q u a l , entre outras Unidades e Guarniçoes, f a -
zia parte, e f a z até h o j e , a Vila Militar do R i o de J a n e i r o . No A I -
5, eu f a z i a parte do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , como C h e f e do
Estado-Maior do E x é r c i t o . T a m b é m n e s s e a t o , e s t o u me lembrando mui-
t o bem d a reunião do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a , bem semelhante a essa
aqui, em que t o d o s falaram e, c a s u a l m e n t e , f a l o u em p r i m e i r o lugar
o então V i c e - P r e s i d e n t e da República e f o i a única v o z que t e v e a l -
guma d i s c o r d â n c i a do a t o . E u f u i o ú l t i m o , t a m b é m , como s o u a g o r a .
Eu e r a Chefe do E s t a d o - M a i o r do E x é r c i t o , m a i s m o d e r n o e me limitei
a dizer que, Senhor Presidente, estou de a c o r d o com o a t o . Porque
já t i n h a sido muito d e b a t i d o e não tinha mais nada a acrescentar.
É o que e s t a acontecendo agora. 0 assunto f o iinteiramente debati-
do, todos os seus a s p e c t o s foram abordados e e u não tenho mais nada
a dizer porque, como a t o t a l i d a d e do C o n s e l h o , e u e s t o u de acordo
com a terceira alternativa. É natural, que h a j a alguma reação não
só do MDB como também a açulada p e l o s comunistas. Para isso, o Go-
verno está p r e p a r a d o p a r a reagir, e ontem ainda h o u v e uma demonstra
çao d i s s o , que f o i a homenagem prestada ao S r P r e s i d e n t e n a V i l a Mi_
litar do R i o de J a n e i r o . Aquilo é uma demonstração que eqüivale â
das Forças A r m a d a s p r o f e r i d a pelos vários m i n i s t r o s militares aqui
presentes. Agora,como também f o iaventado, outras medidas deverão
ser tomadas p e l o Senhor Presidente durante o recesso. F a l o u - s e bas_
tante n a redução do q u o r u m de d o i s terços, e n t r e outras medidas. Eu
queria l e m b r a r a o s membros do C o n s e l h o e ao S e n h o r Presidente que
é muito necessária a adoção de m o d i f i c a ç õ e s no p r o c e s s o de eleição
dos g o v e r n a d o r e s de E s t a d o . É verdade q u e n o s já t i v e m o s governado
res pertencentes à Oposição e , em m u i t o s Estados, isso nao seria
problema. Mas há um E s t a d o , p e l o m e n o s , q u e n a o p o d e s e r g o v e r n a d o
pela Oposição - é o R i o Grande do S u l . E n t ã o , eu também proporia
ao Senhor Presidente q u e e l e , em todas medidas que v a i a d o t a r , l e -
vasse muito em c o n s i d e r a ç ã o essa do p r o c e s s o de e l e i ç ã o dós senho-
res g o v e r n a d o r e s de E s t a d o . E nada mais tenho a dizer.

PRESIDENTE DA REPÚBLICA: O u v i a opinião de t o d o s , q u e s e propuseram


a explanar a s s u a s opiniões q u e são e x t r e m a m e n t e valiosas. Eu pedi
um assessoramento para a s decisões que v o u p a s s a r a tomar. Há uma
unanimidade quanto â solução b á s i c a , que e a de c o l o c a ç ã o do Con-
gresso em recesso, para solução do p r e s e n t e quadro. Ha n u a n c e s s o -
bre o alcance dessas medidas que eu e x a m i n a r e i e procurarei levarna
devida conta. Quero lhes informar q u e , r e a l m e n t e , n a análise do
problema, surgiu a hipótese d e , em v e z de c o l o c a r o Congresso em r e
cesso, a d o t a r um n o v o ato i n s t i t u c i o n a l , conforme se r e f e r i u o Che-
fe da Casa M i l i t a r . Essa solução eu r e j e i t e i , porque um n o v o ato
SECRETO l
I l A

N.< 06:

- 21 -

íH
institucional seria um a t o r e v o l u c i o n á r i o , sem d ú v i d a , mas n a o t e -
ria o reconhecimento legal. Vejam q u e em t o d a s a s c o n s t i t u i ç õ e s , e_
ditadas depois d a R e v o l u ç ã o , t e m um artigo que r e v a l i d a o s a t o s ins^
titucionais e todas as medidas decorrentes. O r a , s e eu tenho um
processo legal para resolver a questão, porque vou a p e l a r para um
processo ilegal. Alegava-se q u e um n o v o ato institucional evitaria
esse traumatismo do r e c e s s o do C o n g r e s s o . Eu acho que e s s e trauma-
tismo perderá a s u a significação s e a questão f o r devidamente esclja
recida. Ninguém está p u n i n d o o Congresso. A medida de colocá-lo
em r e c e s s o não s i g n i f i c a uma p u n i ç ã o , mesmo porque a m a i o r i a do Coti
gresso participou ativamente do e s t u d o dessa matéria. E l a consti-
tui uma m e d i d a , um r e c e s s o , p a r a que o P o d e r Executivo possa adqui
rir o direito de l e g i s l a r . f por i s s o q u e , e m b o r a não s e d i g a a du
ração do r e c e s s o do C o n g r e s s o , d e v e m o s r e d u z i - l o ao m e n o r tempo pojj
s í v e l , não só p a r a que o C o n g r e s s o não s e s i n t a punido, como também
para evitar maiores repercussões, i n c l u s i v e em o u t r a s áreas e nas
áreas externas. Quero i n f o r m a r , também, a g o r a que o a s s u n t o já f o i
por demais debatido, que e u r e u n i , no p r ó p r i o d i a que a emenda f o i
rejeitada, no meu G a b i n e t e , o P r e s i d e n t e do S e n a d o F e d e r a l , o Presi_
dente da Câmara d o s D e p u t a d o s , dois líderes d a ARENA e da Câmara, o
Presidente do P a r t i d o , o S e n h o r M i n i s t r o d a Justiça e os senhores
Chefes da C a s a Civil e Militar para análise do C o n g r e s s o . Análise
do q u e t i n h a havido no C o n g r e s s o e como se t i n h a processado a atua-
ção do P a r t i d o d a O p o s i ç ã o . Nessa ocasião, eu a v e n t e i a possibili-
dade de a d o t a r e s s a solução que n ó s , h o j e , e s t a m o s c h a m a n d o de a l -
ternativa número três e a n a l i s a m o s também as o u t r a s alternativas.
Eu me julguei no d e v e r de f a z e r esse t r a b a l h o preparatório para não
surpreender os companheiros q u e a t u a m no C o n g r e s s o e que a p o i a m o
Governo e apoiam a Revolução. E r a meu d e v e r informá-los, auscultã-
los e sentir como p o n d e r a v a m o p r o b l e m a e devo declarar que todos
eles, também foram de p a r e c e r q u e a solução deveria s e r essa - col£
car o Congresso em r e c e s s o . Então a minha decisão v a i s e r a d e , ho_
je mesmo, b a i x a r um A t o C o m p l e m e n t a r colocando o Congresso em rece£
so, a partir desta data. Esse a t o será r e f e r e n d a d o por todos o s mi^
nistros. Quanto âs d e m a i s m e d i d a s , a aprovação d a e m e n d a do judi-
ciário e outras q u e s e t e m de a d o t a r , vamos estudá-las, vamos deba-
ter e então d e c i d i r o que t e r e m o s de f a z e r . Mas e u e s t o u pronto, a
qualquer momento, para receber sugestões de q u a l q u e r membro do C o n -
selho de S e g u r a n ç a que t e n h a idéia a s e r i n t r o d u z i d a e q u e i r a tra-
zer a s u a colaboração. Alguém m a i s deseja fazer uso da p a l a v r a ?
Quem q u i z e r d e b a t e r algum assunto tem p l e n a liberdade para fazê-lo.

M I N I S T R O DA FAZENDA: SÓ uma p e r g u n t a , Senhor Presidente. Nos v a - -

Departamento de Imprensa Nacional —

|S E C R t v
O
L i
í
SECRETO

- 22 -

vamos sair d a reunião. Devemos s e r abordados por j o r n a l i s t a s e che


gamos a s e r colocados em cheque. Nos p o d e m o s anunciar o resultado
ou devemos e s p e r a r ?
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A ; E u c r e i o que d e v i a s e r e x p e d i d a uma Nota
Oficial. Eu pretendo h o j e , g r a v a r um pequeno programa de televisão,
dando conhecimento ao p o v o b r a s i l e i r o da decisão que e u a d o t e i e d a s
justificativas que s o b r a m , mas esse programa v a i s e r i r r a d i a d o ã noi^
te. Mas acho que, agora, depois d a r e u n i ã o , p o d e r - s e - i a d a r uma N£
ta Oficial.
MINISTRO-CHEFE DA S E C R E T A R I A DO PLANEJAMENTO; Parece-me que levan-
tei uma subalternativa e volto, então, a e s c l a r e c e r que todas as
duas são v á l i d a s , e n t r e t a n t o a j u s t i f i c a t i v a para a terceira alter-
nativa deve ser eficiente. Se c o n s i d e r a r contestação ã Revolução,
a justificativa ê uma, mas se f o r pura e simplesmente, para refor
mar o judiciário e l a e outra. De modo q u e i s s o é muito importante
de s e r considerado na j u s t i f i c a t i v a do r e c e s s o do C o n g r e s s o . Nao há
dúvida nenhuma que i s s o me parece que f o i r e a l m e n t e uma contestação
ã Revolução. Apenas s e nós tomamos uma decisão ou o u t r a a s justifi^
cativas tem que s e r d i f e r e n t e s , para que não se d i g a amanhã, que
nós p r e t e x t a m o s reforma do j u d i c i á r i o para realizar reformas politi^

cas. Mas as duas são p e r f e i t a m e n t e v á l i d a s . Muito obrigado.


M I N I S T R O DA A E R O N Á U T I C A ; Eu q u e r i a a p r e s e n t a r uma sugestão Senhor
Presidente. Eu quero apenas observar o s e g u i n t e : sob todos os pon-
tos de v i s t a aqui expostos e a s s i n a l a d o s é de t o d o interesse q u e es_
te a t o não se r e v i s t a do a s p e c t o de um a t o r e v o l u c i o n á r i o , de um
ato de v i o l ê n c i a e s i m , ao c o n t r á r i o , s e j a um a t o , como e l e é de f a i
to, executado dentro d a q u i l o que a C o n s t i t u i ç ã o admite. Então, den
tro dessa idéia, eu q u e r i a esclarecer q u e , p o s s i v e l m e n t e , o a t o não
será c o n s i d e r a d o , p o r q u e ê um ato normal, como um decreto ê normal.
Com fundamento no a r t i g o t a l da Constituição, o P r e s i d e n t e da Repú-
blica p o e em recesso o Congresso, na forma prevista pelo artigo t a l
do a t o a s s i m , assim ... qualquer coisa nesse sentido. Mas como o
S e n h o r P r e s i d e n t e já e s c l a r e c e u que p r e t e n d e , perante a Nação,atra-
vés da televisão, e x p l i c a r a s razões do a t o , n e s s a oportunidade, eu
sugeriria que e s s e aspecto seja devidamente considerado.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA: A r e a l i d a d e é e s s a e, pelo menos, a impre£
são q u e e u t e n h o , ê q u e a atuação do MDB n e s s a matéria, nos mostra
que a s o u t r a s m a t é r i a s , q u e nós temos que r e s o l v e r , vão se tornar
intransponíveis, p o r q u e o MDB, em uma m a t é r i a de n a t u r e z a técnica,
reconhecidamente de i n t e r e s s e da Nação, f e c h o u a questão. Ele que
fala em democracia p l e n a , em m a t é r i a de r e f o r m a constitucional, f e -
chou a q u e s t ã o , sem s e r em torno de a s p e c t o s do p r o j e t o , mas apenas
porque acha que o p r o j e t o d e v i a e n g l o b a r a liberação completa do Po_

S E G R £ f O
S E C R r
I

- 23 -

P o d e r Judiciário e do " h a b e a s corpus". Qualquer outra coisa que s e


tente fazer, evidentemente, como d i s s e o Chefe do S N I - s e r a obsta-
culizada. Claro, que a apresentação do p r o b l e m a não e f á c i l . E pre_
ciso argumentar, agir calmamente para se chegar ã conclusão de que
nos nao u t i l i z a m o s e s s e p r e t e x t o da r e f o r m a do j u d i c i á r i o para f a -
z e r m o s o q u e nós q u i z e r m o s . E s s a conduta d a Oposição e que n o s l e -
va a isso. E l ase conduziu de t a l f o r m a , que n o s i n d u z , no interes^
s e d a Nação b r a s i l e i r a , a agir dessa maneira.
M I N I S T R O DA FAZENDA: Senhor P r e s i d e n t e , na f a l a de V. E x a . h o j e ã
noite, eu c r e i o que, realmente, e importante colocar a amplitude. A
amplitude d a s r e f o r m a s , q u e serão feitas durante esse período de r e
cesso. Em p r i m e i r o l u g a r , s e f a z n e c e s s á r i o , ao meu v e r e como bem
disse o Ministro GOLBERY, d u r a n t e esse p e r í o d o do r e c e s s o , s e j a m f e i
tas reformas políticas. Se o MDB por causa de uma r e f o r m a judiciá-
ria, evidentemente técnica, c r i o u toda e s s a c o n f u s ã o , d i a n t e de uma
reforma p o l í t i c a , então a confusão seria muito maior. Ê claro mes-
mo, q u e nós p o d e r í a m o s t e r o alívio de c i n q ü e n t a p o r c e n t o , apenas,
ao invés de d o i s terços. Mas uma r e f o r m a política e n v o l v e aspectos
muito mais gritantes, como m u i t o bem salientou o Ministro GOLBERY.
Pode, i n c l u s i v e , criar dificuldade ã ARENA p e r a n t e o e l e i t o r a d o . Nos
temos, na reforma política, d o i s p r o b l e m a s extremamente difíceis de
enfrentar - um é o t i p o de e l e i ç ã o de g o v e r n a d o r e s , como m u i t o bem
salientado pelo Senhor V i c e - P r e s i d e n t e da R e p u b l i c a , i n c l u s i v e o as_
pecto muito específico do R i o G r a n d e do S u l ; o u t r o é o problema do
Senado. No S e n a d o , p e l a Constituição atual, nós e s t a m o s perdendo
de 16 a 6. Então, parece-me q u e a solução desses problemas, mesmo
que n o s próximos anos a ARENA t e n h a m a i o r i a a b s o l u t a n o Congresso,
é extremamente d i f í c i l de s e r c o n s e g u i d a e muito mais traumatizante
para a Nação. Perguntas sobre o futuro político d a N a ç ã o , h o j e pajL
ram em v á r i o s cérebros, i n c l u s i v e , em t o d o setor econômico, que de
alguma forma tem pontos de i n t e r r o g a ç ã o sobre como serão soluciona-
dos esses problemas políticos essenciais que e s t a m o s tendo ã frente.
Bom, a mim me parece, absolutamente essencial, que n e s s e período de
recesso do C o n g r e s s o seja, exatamente, equacionado o modelo políti-
co. T o d a v i a , aí s u r g e o d e t a l h e de como a p r e s e n t a r i s s o na televi-
são. É claro q u e V. E x a . não i r á , h o j e de n o i t e , dizer os d e t a l h e s
da reforma política. Não f a r i a muito sentido nesse anuncio de ho-
je. Mas e u a c h o que s e r i a , interessante, alguma p a l a v r a que, evi-
dentemente, encadeasse esse processo de r e c e s s o , como um processo
de reforma política. Esse desenvolvimento deveria ser feito em t e r
mos b a s t a n t e g e r a i s , mais p a r a transmitir nesse episódio, e s s e blo-
queio feito p e l o MDB. Mostrar q u e o País n e c e s s i t a , não a p e n a s da
aprovação da reforma do j u d i c i á r i o mas t a m b é m , como d i s s e o Minis-

Departamento de Imprensa Nacional —

ís i
S E C R E T O

- 24 -

Ministro G O L B E R Y , d a criação de uma n o v a estrutura, um n o v o modelo


constitucional n o s múltiplos aspectos p o l í t i c o s , que g a r a n t a m atran
quilidade d a Nação p o r vários anos. Muito obrigado.
MINISTRO DA J U S T I Ç A ; Com relação â N o t a que v a i s e r e x p e d i d a imedia_
tamente, e u peço licença a V. E x a . p a r a prestar a opinião de q u e ejs
sa nota, como aliás e óbvio que acontecerá, d e v e ser redigida com
bastante prudência e h a b i l i d a d e , porque a imprensa não e s t á s o b c e n
sura. Então, deve-se evitar na nota tudo o que p o s s a , pelo menos
com aparente f u n d a m e n t o , a j u d a r a deformação da r e a l i d a d e . Sugiro,
conforme friso e u , com a licença e p e r m i s s ã o de V. E x a . e com a i n -
tenção de a j u d a r , q u e nós não coloquemos nada na n o t a que p o s s a s e r
vir de p r e t e x t o p a r a exploração política contra o ato complementar
que V. E x a . , em b o a h o r a , de f e l i z inspiração v a i a s s i n a r .
M I N I S T R O - C H E F E DO GABINETE MILITAR e SECRETÃRIO-GERAL DO CONSELHO
DE SEGURANÇA NACIONAL; Senhor P r e s i d e n t e . Como e s s a N o t a deve ser
da Secretaria do C o n s e l h o , e u me permitiria sugerir que e u e o Mi-
nistro FALCÃO redigíssemos juntos essa nota e depois a submetería-
mos a V. E x a . — —
M I N I S T R O DA FAZENDA; Eu a t e f a r i a mais: o P r e s i d e n t e da República,
ouvido Conselho de Segurança N a c i o n a l , r e s o l v e u a p l i c a r o artigo
tal, a t o c o m p l e m e n t a r número t a l e está acabado.
M I N I S T R O DA I N D Ú S T R I A E DO COMÉRCIO: Senhor P r e s i d e n t e . Eu apoio o
que o M i n i s t r o SIMONSEN declarou e acho que n a f a l a do S e n h o r , hoje
a noite, e r a ,importante, registrar uma idéia d a a m p l i t u d e d a s medi^
das q u e V. E x a . p r e t e n d e tomar. Acho que d e v e ser expresso, exata
m e n t e , que t o d a s as reformas necessárias para evitar repetição de
fatos de c o n t e s t a ç ã o , como e s s a s p o r p a r t e de uma m i n o r i a do Con-
gresso, serão realizadas. Isso significaria, ao mesmo tempo, den-
tro da l i n h a que o M i n i s t r o GOLBERY falou, que p a r a tudo o que for
necessário e para evitar repetição desses processos de contestação,
medidas serão, n a t u r a l m e n t e , tomadas. 0 que e u acho importante, e
eu salientaria, ê o aspecto d a importância da m a i o r i a a b s o l u t a . Eu
quero dizer, que o e s s e n c i a l , realmente, ê que s e t o m e a g o r a a s me-
didas, que venham evitar a c u r t o e a médio p r a z o s a repetição dessa
contestação.
M I N I S T R O DA FAZENDA: Senhor P r e s i d e n t e , apenas uma observação. Ha
uma ligeira nuance porque, realmente, o Governo tem que t o m a r medi-
das, não n e c e s s a r i a m e n t e , aquelas que s e j a m bloqueadas pelo MDB. Com
cinqüenta p o r c e n t o para emenda c o n s t i t u c i o n a l o MDB jã n a o pode
mais bloquear uma emenda c o n s t i t u c i o n a l . Mas eu tenho a impressão
de q u e há n e c e s s i d a d e de t e r m o s um consenso sobre isso pois s e o Go_
verno, nesse período, t o m a s s e certas medidas de r e f o r m a política,
elas seriam incômodas para a própria ARENA. Dai dizer nao a cria-
— d
criação de um n o v o impasse. E u me referiria, pura e simplesmente,
às m e d i d a s necessárias à normalização da v i d a política do P a í s .
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A ; Há d u a s outras coisas a considerar quanto
ao aspecto político dos a t o s institucionais: uma se r e f e r e à políti^
ca externa. Eu acho que o n o s s o Ministério d a s Relações Exteriores
tem que i n f o r m a r , adequadamente, às n o s s a s e m b a i x a d a s e a o s membros
do C o r p o Diplomático aqui sediados. Tudo que o G o v e r n o tem a dizer
é que o r e c e s s o do C o n g r e s s o é b a s e a d o em lei. Eu acho que o Mi-
nistério d a s Relações Exteriores tem que s e empenhar d e s d e agora,
porque já d e v e t e r pensado muito sobre as medidas que d e v e m o s ado-
tar no campo externo, para evitar uma d e t u r p a ç ã o , uma incompreensão
ou uma interpretação inadequada daquilo q u e nõs e s t a m o s f a z e n d o ho-
je ou v a m o s f a z e r agora. A segunda, é o aspecto interno, que s e r e
fere ã manutenção da ordem. É possível termos repercussões, quais
sejam, explorações que p o s s a m ser realizadas n a área estudanti1,que
já está um p o u c o agitada, o u em o u t r a s á r e a s , como e s s a , passíveis
de exploração. E , e v e n t u a l m e n t e , poderá h a v e r , até mesmo, certas
manifestações públicas contrárias aos assuntos que nõs deveremos
discutir. E u não p r e t e n d o , p o r t a n t o , censurar a i m p r e n s a , mas não
pretendo, também, a b r i r ao rádio e ã televisão um debate sobre isso,
porque amanhã vamos n o s c o n f r o n t a r com o p o r t u n i s t a s , na televisão,
desafiando o Governo. É necessário uma comunicação m a i s íntima,com
os g o v e r n o s dos E s t a d o s , porque isso, antes de m a i s n a d a , e uma d e -
cisão p o l í t i c a . As Forças A r m a d a s , e v e n t u a l m e n t e , poderão atuar,
mas eu acho que e l a s só d e v e r ã o se e n v o l v e r , se f o r a b s o l u t a m e n t e
necessário. Devemos atribuir essa missão a o s órgãos policiais, se-
ja de P o l í c i a F e d e r a l , seja da polícia dos E s t a d o s , de v e z q u e as
Forças A r m a d a s devem e s t a r de s o b r e a v i s o para poderem atuar, se ne-
cessário for.

M I N I S T R O DAS RELAÇÕES E X T E R I O R E S : Senhor P r e s i d e n t e , eu acho que.no


campo externo, a posição b r a s i l e i r a nao deve s e r de justificativa,
porque é adoção de um m e c a n i s m o , previsto n a Constituição brasile^
ra. Devemos e s t a r preparados, isso sim, altamente i n f o r m a d o s e con
versar com t o d o s o s p a í s e s , q u e n o s c o n s u l t a r e m . Preparar as nos-
s a s missões, i n c l u s i v e , para esclarecer sempre que s u r g i r um movi—
m e n t o , que s e r e f i r a às m e d i d a s , como i l e g a i s ou a r b i t r á r i a s . Nos
vamos t e r que t o m a r , realmente, uma ofensiva. Não podemos ficar na
defensiva tendo que d e m o n s t r a r q u e i s s o é um sistema legal, consti-
tucional brasileiro. Cada país tem a q u i l o que d e s e j a e ninguém tem
o direito de s e i n t r o m e t e r . Porque essa crise, evidentemente, teve
de um certo modo uma insuflação externa. Eu acho que n i n g u é m igno-
ra isso. Porque o problema mais difícil, p o r i s s o eu o considero
um problema político e não t é c n i c o , é que a O p o s i ç ã o e todos aque-
Departamento de Imprensa Nacional — ,.
- 26 -

aqueles que c r i t i c a r a m o Brasil vao se r e f e r i r ao f a t o do "habeas


corpus". Essa v a i s e r a bandeira política. Ignorar q u e não existe
bandeira p o l í t i c a , o u q u e não h o u v e certo insuflamento e x t e r n o , nao
é possível. E u acho que a s b a n d e i r a s foram levantadas pelos Esta-
dos Unidos e , de uma certa maneira, condicionaram o comportamento
da Oposição b r a s i l e i r a . E n o s n a o podemos perder isso de v i s t a . Nos
nao podemos fazer de c o n t a que nao e x i s t e um p r o b l e m a p o l í t i c o . E l e
existe. E esse problema é grave. Esse problema é que tem que ser
enfrentado. E t e m que s e r e n f r e n t a d o dentro da l e g a l i d a d e brasilei^
ra. Não como j u s t i f i c a t i v a . T e m o s q u e t e r aí uma p o s i ç ã o m u i t o cla_
ra. Nos estamos agindo dentro do n o s s o sistema. Eu acho que isso
é um caráter irrenunciãvel d a situação brasileira. 0 Brasil sofre
porque ê um grande país; porque é um país sofisticado. E e disso

que nós p r e c i s a m o s t e r consciência.


PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A ; N e s s a questão do " h a b e a s corpus", hã sem-
pre um sofisma, dizer que a q u i nao ha "habeas corpus". Acontece que
o "habeas corpus" existe; a p e n a s não e x i s t e nos c r i m e s políticos.
Existe para tudo m a i s .
M I N I S T R O DAS RELAÇÕES E X T E R I O R E S ; E u , também, t e n h o dúvidas se o
Presidente deve s e r muito explícito sobre as reformas políticas. 0
que e l e deve dar a entender ê que o G o v e r n o v a i estudar outras re-
formas.
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A : Meus s e n h o r e s , estã e n c e r r a d a esta reu-
nião.

A reunião f o iencerrada a s 10:10 h s , quando o P r e s i d e n t e da Repu—


blica comunicou estar esgotada a agenda dos t r a b a l h o s da reunião e
agradeceu a elevação e o alto espírito de p a t r i o t i s m o evidenciados
nos pareceres emitidos. B r a s í l i a , 19 de a b r i l de 1 9 7 7 .
- 27 -

MINISTRO DO EXÉRCITO

MINISTRO-TTÃ FAZENDA MINISTRO DOS, T R A N S P O R T E S

NISTRX) DA A G R I C U L T U R A MINISTRO DA/EDUCAÇAO


E CULTURA

•JUU

MINISTRO DO TRABALHO MINISTRO DA/ A E R O N Á U T I C A

—± C ^ ' ^
MINISTRO DA SAÜDE ISTRO DA I N D Ú S T R I A E DO /

COMÉRCIO

MINISTRO MINAS E E N E R G Í A S T R O - C H E F E DA S E C R E T A R I A
DE PLANEJAMENTO

M I N I S T R O DO INTERIOR MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES

M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E M I N I S T R # - C H E F E DO
ASSISTÊNCIA SOCIAL GABltíETE CIVIL

Departamento de Imprensa Nacional [—


- 28 -

tr i

M I N I ST R O - C H E F E DO SEjRVIÇO MINISTRO-CHEFE DO
NACIONAL DE I N F O R M A Ç Õ E S ESTADO-MAI^R DAS F(|F\ÇAS ARMADAS

C H E F E DO ESTADO-MAIOR DA C H E F E DO ESTADO-MAIOR DO
ARMADA EXÉRCITO

V
DO ESTADO/MAIO ECRETÃ*RId)-GÈRAL DO CONSELH
AERONÁUTICA DE S E G U R A N Ç A NACIONAL

C R
ATA DA QUADRAGÉSIMA NONA CONSULTA

AO

CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL

Aos catorze dias do mês de j u n h o do a n o de m i l n o -


vecentos e setenta e sete, f o iremetido a c a d a um dos membros do
Conselho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , Aviso Confidencial cujo teor ê o se
guinte: "Senhor Vice-Presidente (Ministro, Chefe). Tenho a honra
de d i r i g i r - m e a V o s s a Excelência, r e l a t i v a m e n t e â representação do
Senhor M i n i s t r o de E s t a d o da Justiça, p a r a aplicação d a s sanções pre
vistas no a r t i g o 49 do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 1 3 de d e z e m b r o de
1968, ao D e p u t a d o F e d e r a l , pelo MDB, de MINAS G E R A I S , MARCOS WEL-
L I N G T O N DE CASTRO TITO. Sobre o assunto em q u e s t ã o , t e n d o em vis-
ta o disposto no a r t i g o 89 do D e c r e t o - L e i n9 1 . 1 3 5 , de 3 de dezem-
bro de 1 9 7 0 , i n c u m b i u - m e o Excelentíssimo Senhor P r e s i d e n t e da Repú
blica de s o l i c i t a r o Parecer de V o s s a E x c e l ê n c i a . Aproveito a opor
tunidade para renovar a V o s s a E x c e l ê n c i a meus protestos de e s t i m a e
distinta consideração. ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE ABREU

- Secretãrio-Geral do CONSELHO DE SEGURANÇA N A C I O N A L " .


0 expediente acima transcrito originou-se d a Exposição de Motivos
n9 GM/AAS/4567, de 13 de j u n h o de 1 9 7 7 , do M i n i s t r o da Justiça, que
recebeu do E x c e l e n t í s s i m o Senhor Presidente d a R e p ú b l i c a o despacho:
"X S e c r e t a r i a - G e r a l do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . Em 13 de j u _
nho de 1 9 7 7 " , e estã a s s i m r e d i g i d a : "EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESI-
DENTE DA R E P Ú B L I C A . Durante a Sessão L e g i s l a t i v a r e a l i z a d a em 24
de maio do c o r r e n t e a n o , n a Câmara dos D e p u t a d o s , o Deputado Fe-
deral pelo MDB, Seção de MINAS G E R A I S , MARCOS W E L L I N G T O N DE CASTRO
TITO, p r o f e r i u discurso contestatõrio ao R e g i m e . Dois dias apôs, o
Deputado Federal S I N V A L BOAVENTURA, i d e n t i f i c o u , em p l e n á r i o , o dijs
curso proferido pelo D e p u t a d o MARCOS T I T O , como s e n d o a leitura do
"Manifesto â Nação" p u b l i c a d o pela V o z O p e r á r i a , órgão da imprensa
Departamento de Imprensa Nacional »— - l i a ^
SECRETO

- 2 -

clandestina do e x t i n t o Partido Comunista Brasileiro. Realmente, co


tejando-se o discurso proferido n a Câmara dos D e p u t a d o s , com a pu-
blicação clandestina acima citada, verifica-se q u e , em s e u pronun-
ciamento, o Deputado MARCOS T I T O apenas omitiu, do r e f e r i d o Manifes_
to, os termos e jargões que f a c i l m e n t e identificariam a origem comu
nista do mesmo, m a n t e n d o intacto o s e u conteúdo. Quer-me parecer,
senhor Presidente - conforme a s transcrições de r e g i s t r o s anexas
que o D e p u t a d o MARCOS T I T O , durante a Sessão L e g i s l a t i v a de 24 de
maio do c o r r e n t e ano, r e a l i z a d a n a Câmara dos Deputados, perseverou
em atitude de n í t i d a contestação â Revolução de 3 1 de m a r ç o de 1964,
tentando iniciar um n o v o ciclo de a t i v i d a d e s - agora com c a r a c t e r í s
ticas de a t o s o s t e n s i v o s de a p o i o ao c l a n d e s t i n o Partido Comunista
Brasileiro - anteriormente conduzidas de m a n e i r a velada, c o n f o r m e se
constata pelas declarações de e l e m e n t o s comunistas, presos, presta-
das em a b r i l de 1 9 7 5 e em 2 3 d e m a i o e 0 5 de a g o s t o de 1 9 7 6 . Por
tudo o que f o i e x p o s t o , r e p r e s e n t o a V o s s a Excelência, conforme de-
termina o A r t29, item I , do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , no s e n t i d o de
que seja aplicada ao D e p u t a d o Federal MARCOS W E L L I N G T O N DE CASTRO
TITO a suspensão dos d i r e i t o s políticos, p e l o p r a z o de 10 a n o s , e
cassação de s e u m a n d a t o eletivo, tudo com v i s t a s a preservar a Revo
luçao, n a f o r m a r e c o m e n d a d a p e l o A r t 4 9 , do A t o I n s t i t u c i o n a l n9 5,
de 13 d e d e z e m b r o de 1 9 6 8 . Sirvo-me da oportunidade para renovar a
Vossa Excelência os p r o t e s t o s do meu m a i s profundo respeito. (a)

ARMANDO FALCÃO - M i n i s t r o da Justiça."


A Secretaria-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , após minucio-
so estudo do a s s u n t o , c o n c o r d o u plenamente com a s m e d i d a s propostas
pelo Ministro de E s t a d o d a J u s t i ç a , e l a b o r a n d o a Exposição de M o t i -
vos n9 0 2 3 / 7 7 , de 14 de j u n h o de 1 9 7 7 , d e v i d a m e n t e aprovada pelo
Excelentíssimo Senhor Presidente d a República, que d e t e r m i n o u ouvir
os membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , d e a c o r d o com o arti-
go 5 9 do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , de 20 d e d e z e m b r o de 1 9 6 8 , e cuja
transcrição completa ê a seguinte: "EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDEN-
TE DA R E P Ú B L I C A . Tenho a honra de d i r i g i r - m e a Vossa Excelência,
relativamente â representação do M i n i s t r o de E s t a d o d a Justiça, p a -
ra suspensão dos d i r e i t o s políticos e cassação do m a n d a t o eletivo
federal do s e n h o r MARCOS W E L L I N G T O N DE CASTRO TITO, Deputado, pelo
MDB, Seção de MINAS G E R A I S , nos termos do a r t i g o 2 9 , do A t o C o m p l e -
mentar n 9 39 , de 20 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 . Esta S e c r e t a r i a - G e r a l , após
proceder a minucioso estudo do a s s u n t o , c o m p u l s a n d o a documentação
encaminhada pelo Serviço N a c i o n a l de I n f o r m a ç õ e s , c o n c l u i u pela i n -
teira procedência das medidas propostas. Nestas c o n d i ç õ e s , peço vê_
nia sugerir que, ouvido o CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACIONAL, de acordo
com o a r t i g o 59 do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , de 20 de dezembro de
1968, sejam suspensos os d i r e i t o s políticos pelo prazo de dez anos
e cassado o mandato eletivo federal do s e n h o r MARCOS W E L L I N G T O N DE
CASTRO TITO, consoante dispõe o artigo 49 do A t o I n s t i t u c i o n a l n9
5, de 13 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 . Aproveito a oportunidade para reite-
rar a Vossa E x c e l ê n c i a meus protestos da mais alta estima e profun-
do r e s p e i t o . ( a ) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - Secre-
tário-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l " .
Procedida a consulta, todos o s s e n h o r e s membros do C o n s e l h o de Segu_
rança N a c i o n a l f o r a m unanimes em c o n c o r d a r com a a p l i c a ç ã o d a s med_i
das s u g e r i d a s p e l o Ministério da Justiça. No d i a 14 d e junho de
1977, o Presidente da República, tendo em v i s t a o artigo 182 daCons
tituiçao e no u s o d a s a t r i b u i ç õ e s que l h e c o n f e r e o artigo 49 do
Ato Institucional n 9 5 , de 13 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 , após a audiência
do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , s a n c i o n o u decreto cassando o man
dato eletivo e suspendendo, pelo prazo de d e z ( 1 0 ) a n o s , os direi-
tos políticos do cidadão MARCOS W E L L I N G T O N DE CASTRO TITO, Deputado
Federal p e l o MDB, Seção de MINAS G E R A I S .
- 4 -

ÍL 4~
/MINISTRO"DA AGRICULTURA M I N I S T R O DA E D U C A Ç Ã O
E CUL^RA

MINISTRO DO TRABALHO /

MINISTRO DA / A Ú D E MINTSTRO DA I N D U S T R I A , E^DO


COMÉRCIO

MINISTRO DAS MINAS E ENERGIA M I N I S T R O - C H E F E DA S E C R E T A R I A


E PLANEJAMENTO
?i

MINISTRO DO INTERIOR MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES

• CL,
M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E :NISTRO-CHEJ
ASSISTÊNCIA SOCIAL GABINETÍ-^CIVIL

M I N I S T R O - C H E F E DO SERV/ÍÇO M T N I: S T R O - C H E F E DO
NACIONAL DE I N F O R M A Ç Õ E S E S T A D O - M A I O R DAS F O R Ç A S ARMADAS
w l 1/

CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA ' CHEFE DO E STADO-*MA I O R DO


ARMADA EXERCI! O

C H E F ? / D O E S T A D J ^ - M A I O R DX ) SECRETÃRTO-^ER-ÂL DO C O N S E L H O
AERONÁUTICA DE SEGURANÇA NACIONAL
ATA DA Q U I N Q U A G É S I M A CONSULTA

AO

CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACIONAL

Aos t r i n t a dias do mês de j u n h o do a n o d e m i l nove-


centos e setenta e sete, f o iremetido a c a d a um d o s membros do C o n
selho de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , Aviso Confidencial cujo teor é o se- j
guinte: "Senhor V i c e - P r e s i d e n t e (Ministro, Chefe). Tenho a honrai
de d i r i g i r - m e a Vossa Excelência, r e l a t i v a m e n t e ã representação do I
Senhor M i n i s t r o de E s t a d o da Justiça, p a r a aplicação d a s sanções p r e
vistas n o a r t i g o 4 9 do A t o I n s t i t u c i o n a l n9 5, de 1 3 de dezembro de
1968, ao D e p u t a d o F e d e r a l , pelo MDB, do PARANX, JOSÉ A L E N C A R FURTA-
DO. Sobre o assunto em q u e s t ã o , t e n d o em v i s t a o disposto no a r t i -
go 8 9 do D e c r e t o - L e i n9 1.135, de 3 de dezembro de 1 9 7 0 , incumbiu-
me o Excelentíssimo Senhor Presidente da R e p u b l i c a de solicitar o
Parecer de V o s s a Excelência. Aproveito a oportunidade para renovar
a Vossa E x c e l ê n c i a meus protestos de e s t i m a e distinta consideração,
(a) General-de-Divisão HUGO DE ANDRADE A B R E U - S e c r e t á r i o - G e r a l do
CONSELHO DE S E G U R A N Ç A N A C I O N A L . "
0 expediente acima transcrito originou-se d a Exposição de Motivos
n9 GM/5303-A, d e 3 0 d e j u n h o d e 1 9 7 7 , do M i n i s t r o d a Justiça, q u e
recebeu do E x c e l e n t í s s i m o Senhor Presidente da República o despa-
cho: "X S e c r e t a r i a - G e r a l do C o n s e l h o d e Segurança N a c i o n a l . Em 3 0
de junho de 1 9 7 7 " , e está a s s i m redigida: "EXCELENTÍSSIMO SENHOR
P R E S I D E N T E DA R E P U B L I C A . Aproveitando a difusão, p o r c a d e i a nacio-
nal d e rádio e t e l e v i s ã o , do e n c e r r a m e n t o do S i m p ó s i o "A l u t a pela
D e m o c r a c i a " , n o d i a 2 7 do c o r r e n t e m ê s , o MDB g r a v o u e apresentou a
toda a Nação, contestatõrio discurso proferido pelo Deputado Federal
pelo MDB, P A R A N Á , JOSÉ A L E N C A R FURTADO. Do r e f e r i d o d i s c u r s o , onde
foi reivindicada a imediata convocação d e uma A s s e m b l é i a C o n s t i t u i n
te, como e x e m p l o de contestação e violência oratória, destacam-se,
Departamento de Imprensa Nacional — i—** ***mm^m
t
mmmíkr

5 P r P & t ri I
SECRETO

- 2 -

entre outros, os s e g u i n t e s trechos: "Voltemos as costas para o Brji


sil da c e n s u r a p o s t a l ou discriminatória, d a repressão i r r a c i o n a l ou
desvairada, d a s punições sem d e f e s a , d a s prisões a r b i t r á r i a s , d a es_
cuta telefônica e d a delação que a v i l t a " ... "que a n o s s a fala se-
ja uma homenagem aos companheiros que f i c a r a m p e l o s caminhos da l u -
ta, injustiçados pela prisão ou e x í l i o . Todo o t r i b u t o de n o s s o a -
preço a o s homens d a resistência d e m o c r á t i c a , de MARIO COVAS e MAR-
COS TITO, de L E O DE A L M E I D A N E V E S a NADIR R O S S E T I , de MARTINS RODRI_
GUES e LYSÃNEAS M A C I E L " . 0 Serviço N a c i o n a l d e I n f o r m a ç õ e s encami-
nhou ao M i n i s t é r i o d a Justiça os r e g i s t r o s atinentes ao r e f e r i d o D£
putado, os q u a i s abrangem s u a conduta e pronunciamentos, a p a r t i r do
ano de 1 9 6 6 até â d a t a , acima referida, em q u e f o i d i f u n d i d o , pelo
radio e televisão, o e n c e r r a m e n t o do Simpósio "A l u t a pela Democra
cia". À" l u z d o s m e s m o s , constata-se que o Deputado ALENCAR FURTADO
vem p a u t a n d o s u a conduta política através de a t i t u d e contestatõ-
rias ao R e g i m e v i g e n t e e de p r o n u n c i a m e n t o s violentos, visando insu_
fiar o povo contra a ordem e a moral Revolucionárias, quer defendeti
do t e s e s e adotando p r o c e s s o s c o m u n s a o s do P a r t i d o Comunista Bras^
leiro, q u e r , o s t e n s i v a m e n t e , clamando contra a s sanções impostas p£
lo Governo Revolucionário a q u e l e s que t e n t a r a m , d u r a n t e o s últimos
anos, subverter a ordem e c o n d u z i r a Nação ao caos. Quer-me pare
cer, senhor Presidente - conforme expressam a s transcrições de re
gistros anexos - que o D e p u t a d o Federal JOSÉ A L E N C A R FURTADO perse-
vera em a t i t u d e de n í t i d a contestação â Revolução d e 3 1 de m a r ç o de
1964, cujos princípios se quer e se exige permanentes. P o r tudo o
que f o iexposto, r e p r e s e n t o a Vossa Excelência, conforme determina
o A r t 29, item I , do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , n o s e n t i d o de q u e s e j a
aplicada ao D e p u t a d o Federal JOSÉ A L E N C A R FURTADO a suspensão dos
direitos políticos, p e l o p r a z o de 1 0 a n o s , e cassação de s e u m a n d a -
to eletivo, tudo com v i s t a s a preservar a Revolução, n a f o r m a reco-
m e n d a d a p e l o A r t 4 9 , do A t o I n s t i t u c i o n a l n 9 5 , de 13 d e d e z e m b r o de
1968. Sirvo-me da oportunidade p a r a renovar a Vossa Excelência os
protestos do meu m a i s profundo respeito. ( a ) ARMANDO FALCÃO - M_i_

nistro da Justiça."
A Secretaria-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , após minucio-
so estudo do a s s u n t o , c o n c o r d o u plenamente com a s m e d i d a s propostas
pelo Ministro de E s t a d o d a J u s t i ç a , e l a b o r a n d o a Exposição de M o t i -
vos n9 026/77, de 3 0 d e j u n h o de 1 9 7 7 , d e v i d a m e n t e aprovada pelo
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, que d e t e r m i n o u ouvir
os membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , de a c o r d o com o arti-
go 59 do A t o C o m p l e m e n t a r n 9 3 9 , de 2 0 d e d e z e m b r o de 1 9 6 8 , e cuja
transcrição completa é a seguinte: "EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDEN-
T E DA R E P U B L I C A . Tenho a honra de d i r i g i r - m e a V o s s a E x c e l ê n c i a ,re_

S E C R E T O
SECRETO

relativamente ã representação do M i n i s t r o de E s t a d o da Justiça, p a -


ra suspensão dos d i r e i t o s políticos e cassação do mandato eletivo
federal do s e n h o r JOSÉ A L E N C A R FURTADO, D e p u t a d o , p e l o MDB, Seção
do PARANÁ", n o s t e r m o s do a r t i g o 2 9 , do A t o C o m p l e m e n t a r n9 39 , de
20 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 . Esta Secretaria-Geral, após p r o c e d e r a mi-
nucioso estudo do a s s u n t o , c o m p u l s a n d o a documentação encaminhada
pelo Serviço N a c i o n a l de I n f o r m a ç õ e s , c o n c l u i u pela inteira proce-
dência d a s m e d i d a s propostas. Nestas c o n d i ç õ e s , peço v ê n i a sugerir
que, ouvido o CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL, de a c o r d o com o arti-
go 59 do A t o C o m p l e m e n t a r n9 3 9 , de 20 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 , s e j a m
suspensos os d i r e i t o s políticos pelo prazo de d e z a n o s e cassado o
mandato eletivo federal do s e n h o r JOSÉ A L E N C A R FURTADO, consoante
dispõe o a r t i g o 4 9 do A t o I n s t i t u c i o n a l n9 5 , de 13 de d e z e m b r o de
1968. Aproveito a oportunidade para r e i t e r a r a Vossa E x c e l ê n c i a meus
protestos da m a i s alta estima e profundo respeito. ( a ) General-de-
D i v i s ã o HUGO DE ANDRADE A B R E U - S e c r e t ã r i o - G e r a l do CONSELHO DE S E -
GURANÇA N A C I O N A L . "

Procedida a consulta, todos os s e n h o r e s membros do C o n s e l h o de Segu.


rança N a c i o n a l f o r a m unanimes em concordar com a a p l i c a ç ã o d a s medi^
das s u g e r i d a s p e l o Ministério da Justiça. No d i a 30 de junho de
1977 , o P r e s i d e n t e da República, tendo em v i s t a o artigo 1 8 2 da Cons_ j
tituição e no u s o d a s a t r i b u i ç õ e s que l h e c o n f e r e o a r t i g o 49 do
Ato Institucional n9 5 , de 13 de d e z e m b r o de 1 9 6 8 , após a audiência
do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , s a n c i o n o u d e c r e t o c a s s a n d o o man
dato eletivo e suspendendo, pelo prazo de d e z ( 1 0 ) a n o s , os direjL
tos políticos do cidadão J O S É A L E N C A R FURTADO, D e p u t a d o Federal pe-
lo MDB, Seção do P A R A N Á .

PRESIDENTE

VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA

— '
INISTRO DA JjrSTIÇA MINISTRO DA MARIN

Departamento de Imprensa Nacional —

E T O
S E C R E T O

- 4 -

MINISTRO DO EXÉRCITO

MINISTRO DA FAZENDA MINISTRO DOS TRANSPORTES

lílN I S J R O DÁ A G R I C U L T U R A M I N I S T R O DA Eme*
0UCAÇAO
E CULTURA

MINISTRO DO TRABAI/HO MINISTRO DA AERONÁUTICA

M I N I S T R O DA SAÚDE MINISTRO DA I N D Ú S T R l X VDO


COMÉRCIO

MINISTRO DAS MINAS E E N E R G I A S T R O - C H E F E DA S E C R E T A R I A


DE, P L A N E J A M E N T O
\

Jl^c—,

M I N I S T R O DO INTERIOR MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES

M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E
ASSISTÊNCIA SOCIAL

M I N I S T R O - C H E F E DO SERVIÇO
NACIONAL DE I N F O R M A Ç Õ E S ESTADO-MAIOR DAS F O R Ç A S ARMDAS

C H E F E DO ESTADO-MAIOR DA C H E F E DO ESTADO-MAIOR DO
ARMADA EXÉRCITO

C D
Departamento de Imprensa Nacional —
- 6 -
ATA DA Q U I N Q U A G É S I M A TERCEIRA SESSÃO

DO

CONSELHO DE S E G U R A N Ç A NACIONAL ^ >

Aos vinte e três d i a s do m ê s de j u n h o do a n o d e m i l


novecentos e setenta e oito, às quinze h o r a s , no P a l á c i o do Planalto,
na cidade de B r a s í l i a , D i s t r i t o Federal, realizou-se a quinquagés^
ma t e r c e i r a sessão do CONSELHO DE S E G U R A N Ç A N A C I O N A L , sob a Presi-
d ê n c i a do E x c e l e n t í s s i m o Senhor General-de-Exército ERNESTO GEISEL,
Presidente da República, e c o n t a n d o com a p r e s e n ç a d o s seguintes
membros: General-de-Exército ADALBERTO PEREIRA DOS S A N T O S , V i c e - P r e
sidente d a R e p ú b l i c a ; D o u t o r ARMANDO R I B E I R O FALCÃO, M i n i s t r o da
Justiça; A l m i r a n t e - d e - E s q u a d r a GERALDO AZEVEDO HENNING, M i n i s t r o da
Marinha; General-de-Exército FERNANDO B E L F O R T B E T H L E M , M i n i s t r o do
Exército; E m b a i x a d o r D Ã R I O MOREIRA DE CASTRO ALVES, M i n i s t r o interji
no d a s Relações E x t e r i o r e s ; Professor MARIO H E N R I Q U E SIMONSEN, Mi-
nistro da Fazenda; General-de-Exército DYRCEU ARAÚJO NOGUEIRA,Minis
tro dos T r a n s p o r t e s ; Professor ALYSSON P A U L I N E L L I , Ministro da A g r i
cultura; Doutor EURO B R A N D Ã O , M i n i s t r o d a Educação e Cultura; Dou
tor J O R G E A L B E R T O JACOBUS FURTADO, M i n i s t r o interino do Trabalho;Te
nente-Brigadeiro J O E L M I R CAMPOS DE A R A R I P E MACEDO, M i n i s t r o da Aero
n á u t i c a ; D o u t o r PAULO DE A L M E I D A MACHADO, M i n i s t r o da Saúde; D o u t o r
 N G E L O CALMON DE S à , M i n i s t r o d a I n d ú s t r i a e do C o m é r c i o ; Doutor
SHIGEAKI UEKI, Ministro das Minas e Energia; Professor JOÃO PAULO
DOS R E I S VELLOSO, M i n i s t r o Chefe da S e c r e t a r i a de P l a n e j a m e n t o ; Dou
tor MAURÍCIO RANGEL R E I S , Ministro do I n t e r i o r ; Capitão-de-Mar-e-
Guerra EUCLIDES QUANDT DE O L I V E I R A , Ministro d a s Comunicações; Dou-
tor LUIZ GONZAGA DO NASCIMENTO E S I L V A , Ministro d a Previdência e

Departamento de Imprensa Nacional —


SE C R E i Q

- 2 -

Assistência Social; General-de-Brigada GUSTAVO MORAES REGO R E ^ f S , Mi^


nistro Chefe do G a b i n e t e Militar da Presidência da República e Se-
cretãrio-Geral do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l ; M i n i s t r o GOLBERY
DO COUTO E S I L V A , Ministro Chefe do G a b i n e t e Civil d a P r e s i d ê n c i a da
R e p ú b l i c a ; G e n e r a l - d e - B r i g a d a O C T Ã V I O A G U I A R DE M E D E I R O S , Ministro
Chefe do Serviço Nacional de I n f o r m a ç õ e s ; G e n e r a l - d e - E x é r c i t o TÁCI-
TO T H E O P H I L O GASPAR DE O L I V E I R A , Ministro Chefe do E s t a d o - M a i o r das
Forças A r m a d a s ; A l m i r a n t e - d e - E s q u a d r a EDDY SAMPAIO ESPELLET, Chefe
do E s t a d o - M a i o r da Armada; General-de-Exército ARIEL PACCA DA FONSE_
CA, C h e f e do E s t a d o - M a i o r do E x é r c i t o ; e T e n e n t e - B r i g a d e i r o MARIO
PAGLIOLI DE L U C E N A , C h e f e do E s t a d o - M a i o r da Aeronáutica.
PRESIDENTE DA R E P U B L I C A - Meus S e n h o r e s ' . Desde o início do meu go-
verno, em v á r i a s o p o r t u n i d a d e s , manifestei m i n h a preocupação e meu
interesse em a s s e g u r a r uma m a i o r normalização política p a r a a vida
do p a í s . Preocupei-me em e n c o n t r a r m a n e i r a s e processos para eliini
nar os A t o s Institucionais q u e s e c o n s t i t u e m em m e d i d a s de exceção
que foram adotadas, há n o v e anos, para enfrentar situações difíceis
que o país v i v e u naquela oportunidade. Estes atos, evidentemente,
se justificaram quando foram baixados e p e r m i t i r a m que o Governo
realizasse adequadamente aquilo que l h e c a b i a fazer, enfrentando si^
tuações d i f í c e i s , s e j a n a área p o l í t i c a p r o p r i a m e n t e dita, seja no
quadro das g u e r r i l h a s , d o s s e q u e s t r o s e mesmo d a s u b v e r s ã o . Esses
atos p o r s u a v e z , além de c o n s t i t u í r e m uma anomalia dentro do sistje
ma, representam p a r a o G o v e r n o , s e m d ú v i d a , um ônus tendo em vista
o arbítrio que está implícito n a s u a aplicação. Devo dizer que c o -
mo governante, muitas vezes, tive dúvidas sobre a conveniência ou
inconveniência, ou a o p o r t u n i d a d e ou i n o p o r t u n i d a d e de a p l i c a ç ã o de
certos Atos. A s v e z e s , com receio de p e c a r por excesso, o u t r a s v e -
zes de p e c a r p o r omissão. Mas a n o s s a meta fundamental - o compro
misso da Revolução - é o regime democrático. Sem d ú v i d a , e m b o r a t e
nhamos n o s esforçado para viver dentro do r e g i m e democrático, estes
Atos e a s u a aplicação c o n s t i t u e m medidas que d i f i c i l m e n t e se enqua
d r a m , como s e r i a de d e s e j a r , neste regime. Ora, por outro lado, a
abolição simples e pura dos A t o s d e s a r m a r i a o Governo e tiraria a
possibilidade de e n f r e n t a r situações anômalas ou c r í t i c a s q u e podem
surgir e , p o s s i v e l m e n t e , surgirão n a v i d a brasileira, como surgem
em q u a l q u e r país do mundo. Preocupei-me, e n t ã o , em e n c o n t r a r r e m é -
dios ou m a n e i r a s de ação q u e d e s s e m ao G o v e r n o a possibilidade de
atuar em e m e r g ê n c i a s q u e e x i g i s s e m ações de m a i s f o r ç a , de m a i o r por
te, q u e a s ações p o l i c i a i s normais. A primeira manifestação publi-
ca mais positiva que e u f i z n e s t e s e n t i d o f o i em um discurso q u e pro
feri a I o
de d e z e m b r o do ano p a s s a d o perante os Diretórios Nacional
S E C R £ í O
N.° 071

e Regionais d a ARENA. Creio que o s s e n h o r e s todos tomaram conh-eci^


mento desse discurso e viram que orientação eu d e s e j a v a impri/nir a
esse problema. Repeti o s e u c o n t e ú d o , a s u a t e s e b á s i c a , no pronun
ciamento q u e f i z n o almoço em q u e c o m e m o r á v a m o s , e s t e ano, o dia
31 de M a r ç o , a n i v e r s á r i o da Revolução. Para a concretização desta
idéia, p e d i ao S e n a d o r P E T R Ô N I O P O R T E L A q u e , através de conversa-
ç õ e s , de e n t e n d i m e n t o s e contatos, procurasse encontrar uma fórmula
adequada. Esta fórmula me f o iapresentada e vem a g o r a em nome do
próprio P a r t i d o , d a ARENA. E l a prevê a extinção dos Atos Institu
cionais e Complementares naquilo em que e l e s colidem com a Constj^
t u i ç ã o , com todos os i t e n s d a C o n s t i t u i ç ã o , mas p r o p o r c i o n a ao Go
verno, além do p r o c e s s o normal de p a r t i c i p a ç ã o que d e p e n d e de pré
via aprovação do C o n g r e s s o , dois outros mecanismos que p e r m i t e m uma
atuação m a i s forte do G o v e r n o em determinadas circunstâncias. 0 p r i ^
meiro mecanismo é o q u e no P r o j e t o s e c h a m a M e d i d a s de E m e r g ê n c i a e
o segundo que é um m e c a n i s m o m a i s forte, t e m o nome de Estado de
Emergência. E n t ã o , em v e z de o G o v e r n o dispor dos A t o s Institucio_
nais, d i s p o r á d a p o s s i b i l i d a d e de a p l i c a ç ã o seja das Medidas de
Emergência, s e j a do E s t a d o de E m e r g ê n c i a . Em ambos os c a s o s há co
municação ao C o n g r e s s o . Há c o m u n i c a ç ã o quando o Governo decretar
essas Medidas de E m e r g ê n c i a , como h á , d e p o i s , no E s t a d o de Emergên
cia, um relato das medidas que f o r e m adotadas, mas, ambos, não de_
p e n d e m de aprovação prévia do C o n g r e s s o como d e p e n d e o E s t a d o de SÍ^
tio. Ao mesmo t e m p o , a abolição dos A t o s Institucionais não envol
ve a revogação d a s m e d i d a s ou dos a t o s que f o r a m expedidos em conse
quência d e l e s , quer dizer, estes subsistem e não estão s u j e i t o s , pe_
lo P r o j e t o , â apreciação do P o d e r J u d i c i á r i o . Ê" a C o n s t i t u i ç ã o que
prescreve no s e u A r t i g o 1 8 2 , que o A t o I n s t i t u c i o n a l n9 5 e outros
Atos poderão s e r revogados por Decreto ou p o r ação do P r e s i d e n t e da
R e p u b l i c a , mas estabelece que, para tanto o Presidente da República
deverá o u v i r o C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l . Não p r e t e n d o supri_
mir esses Atos, p o r d e c r e t o , mas s i m , através de uma Emenda C o n s t i ^
tucional em cujo t e x t o estão p r e v i s t a s as Medidas de E m e r g ê n c i a e o
Estado de E m e r g ê n c i a q u e , no meu entender, são a contrapartida ne-
cessária p a r a a revogação do A t o . Parece-me mais adequado. Em obe_
diência â Constituição e como uma deferência a todos os Srs MinÍ£
tros e demais i n t e g r a n t e s do C o n s e l h o , eu t r o u x e o p r o b l e m a p a r a es_
ta reunião p a r a o u v i r as manifestações e os p o n t o s de v i s t a que CJI
da um d o s S r s p o d e t e r o u q u e i r a a p r e s e n t a r a respeito. Eu creio
que a S e c r e t a r i a - G e r a l do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l distribuiu
aos S r s uma cópia d a m i n u t a da Emenda C o n s t i t u c i o n a l que s e preten
de submeter ao C o n g r e s s o . Ê* c l a r o que, n e s t a E m e n d a há outros as_
suntos correlatos, o u q u e também s a o do i n t e r e s s e do Governo consi^

Departamento de Imprensa Nacional —


SECRETO

c o n s i d e r a r , mas a essência do q u e nós d e v e m o s tratar aqui é da $X±.


minaçao dos A t o s e d a introdução no n o s s o sistema constituc/onal
destes dispositivos de M e d i d a s de E m e r g ê n c i a o u E s t a d o de Emergêii
cia. As Medidas de E m e r g ê n c i a estão c o n s u b s t a n c i a d a s n a página c i n
co como s e n d o o Artigo 155. Já o E s t a d o de E m e r g ê n c i a aparece mais
adiante n a página o i t o , no A r t i g o de n ú m e r o 158. 0 Governo, s e es_
te dispositivo f o r aprovado, fica com três p r o v i d ê n c i a s que poderá
adotar: duas independendo d a aprovação do C o n g r e s s o e uma, o antigo
Estado de S i t i o , q u e já e x i s t i a , e poderá continuar a existir, mas
que depende de p r é v i a autorização do C o n g r e s s o . D i a n t e do q u e f o i
dito, eu d e s e j a r i a ouvir a opinião dos S r s . Estou p r o n t o , se quis£
rem formular p e r g u n t a s ou s e t i v e r e m dúvidas s o b r e a matéria, a d a r
maiores esclarecimentos. Mas, a n t e s de m a i s nada, vou' d a r a palavra

ao Sr Vice-Presidente da República.
VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Sr Presidente. E u já t i n h a conheci
m e n t o de p a r t e destas modificações, que V o s s a Excelência mesmo me
havia comunicado. Já m e d i t e i sobre elas e estou de a c o r d o . Apenas,
a respeito do A r t i g o 158, s o l i c i t a r i a um esclarecimento. A l i diz
que o Presidente da República, o u v i d o o Conselho Constitucional,
quer dizer, não o u v e o Congresso N a c i o n a l , mas ouve este Conselho
que ê criado também ...
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - 0 Conselho Constitucional é um Conselho
restrito. É constituído do P r e s i d e n t e do S e n a d o e d a C â m a r a e é tam
bém o único responsável pela decisão de a p l i c a r o E s t a d o de Emergên
cia. Para não tornar este Conselho muito grande c o l o c o u - s e um Mi-
nistro R e p r e s e n t a n t e d a s F o r ç a s A r m a d a s , mas a L e i admite que pode_
rã t e r um m a i o r n ú m e r o de m e m b r o s . Esta d i s p o s i ç ã o , no f u n d o , tem
um d u p l o objetivo: não apresentar o Presidente da República como um
homem de a r b í t r i o e a participação dos P r e s i d e n t e s do S e n a d o e da
C â m a r a , o q u e trás um m a i o r suporte legal porque, de c e r t a forma, o
Poder Legislativo estará p a r t i c i p a n d o , n a o com todo seu Corpo, mas
através das duas Presidências que, normalmente, são c o n s t i t u i d a s por
homens de c o n f i a n ç a do P o d e r Executivo, como sempre tem s i d o . Ha um
ponto ainda do q u a l me esqueci de e s c l a r e c e r e de que, t a m b é m , desejo
dar conhecimento aos S r s . Na e l a b o r a ç ã o e n a análise d e s s a Emenda
Constitucional participou nosso candidato a Presidente da República
e futuro Presidente JOÃO BAPTISTA DE O L I V E I R A FIGUEIREDO que, não só
tomou p a r t e n a redação,como também está de p l e n o acordo com o pro
cesso p a r a vê-la em execução. Os S r s compreendem que n a o p o d e r i a me
lançar n e s t e problema em f i m de meu governo, sem p r e v i a m e n t e ouvir
aquele q u e também v a i t e r e , p o r m u i t o tempo, a r e s p o n s a b i l i d a d e da
condução dos p r o b l e m a s nacionais. E r a um d e v e r de é t i c a e além àis_
so e r a uma ação o b j e t i v a porque, do c o n t r á r i o , p o d e r i a parecer uma
- 5 -

irresponsabilidade minha governar durante v/Trios anos com os Atos


Institucionais e p a s s a r o Governo ao meu substituto menos a r m a d o pai
ra fazer face às d i f i c u l d a d e s potenciais.
VICE-PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Um outro problema a que d e s e j a v a me
referir, s e bem que não s e j a dentro deste conjunto principal, e o
seguinte: no A r t i g o 80 o P r e s i d e n t e d a R e p ú b l i c a e o V i c e - P r e s i d e n -
te d a R e p ú b l i c a não p o d e r ã o a u s e n t a r - s e do p a i s sem l i c e n ç a do Con-
gresso N a c i o n a l , sob pena de p e r d a de c a r g o . E u p r o p o r i a que este
artigo ou f o s s e suprimido ou t i v e s s e um p a r á g r a f o , p o r q u e já houve
o caso do S r P r e s i d e n t e q u e r e r me d e s i g n a r p a r a uma função no exte
rior e não p o d e r fazê-lo p o r q u e o Congresso e s t a v a em r e c e s s o .
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - E u também já f u i m u i t a s vezes contrário a
este artigo. Na m i n h a opinião e l e devia s e r suprimido. Por exem-
plo, o P r e s i d e n t e dos E s t a d o s Unidos da América v i a j a sem p e d i r l i -
cença a n i n g u é m e, tem m a i s , nao p a s s a o c a r g o . Vamos examinar se

convém aproveitar esta oportunidade para resolver este problema.


P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Sr Ministro da Justiça, M i n i s t r o FALCÃO.
M I N I S T R O DA J U S T I Ç A - Estou de a c o r d o , S r P r e s i d e n t e , com as medi^
das propostas.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Sr Ministro da M a r i n h a ...
M I N I S T R O DA MARINHA - De acordo.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Sr Ministro do E x é r c i t o ...
MINISTRO DO EXERCITO - E s t o u de a c o r d o , mas tenho duas dúvidas.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - P o i s não.
M I N I S T R O DO EXÉRCITO - Uma ê no A r t i g o 1 5 5 , s o b r e o problema de d e -
cretação do E s t a d o de S i t i o . Na C o n s t i t u i ç ã o q u e está em v i g o r , i a
la-se n a decretação do E s t a d o de S i t i o quando a s Instituições esti.
verem gravemente ameaçadas p o r f a t o r e s de subversão o u de corrup-
ção. No n o v o texto da Emenda f o i r e t i r a d a a palavra corrupção. P e n
so que a subversão f o i c o n s i d e r a d a como um fator capaz de justifi-
car a decretação do E s t a d o de S i t i o e a corrupção n ã o , t a l v e z por
nao considerarem t e r a gravidade daquela. Ficou-me a dúvida sobre
a retirada da p a l a v r a corrupção.
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - A q u e s t ã o , no meu modo de v e r , não tem
grande relevância. A corrupção, g e r a l m e n t e , é de caráter q u a s e que
individual e,quando coletiva, n a o ê um fenômeno que t e n h a uma pro- j
porção u n i v e r s a l ou n a c i o n a l ; nõs p o d e m o s t e r um Secretário que é
corrupto, um G o v e r n a d o r que é c o r r u p t o , o u um industrial que é c o r -
rupto. A corrupção é um m a l e x t r e m a m e n t e difícil de e x t i r p a r e é
um m a l u n i v e r s a l ; a corrupção existe n a F R A N Ç A , n a ALEMANHA, nos
EUA, como e x i s t e no B R A S I L . C r e i o q u e é um fenômeno próprio da n a -
tureza humana. A impressão que s e t e m é q u e p o r m a i s grave que s e -
ja a corrupção não chega ao p o n t o de i n f l u i r n a i n t e g r i d a d e nem na
Departamento de Imprensa Nacional —
- 6 -

independência do p a í s , j u s t i f i c a n d o um Estad^de Sitio. Isto não


quer dizer que o G o v e r n o m e n o s p r e z e a corrupção e que a a d m i t a , com
ela concorde, e q u e não tenha que c o n t i n u a r t e n a z m e n t e a combatê-la.
Quer dizer, s e n o s m a n t i v é s semos a corrupção no t e x t o , acho q u e djL^
minuiriamos a importância do E s t a d o de S i t i o , porque a corrupção
nao v a i t e r , nunca t e r á , um quadro tao geral que i m p l i q u e n a decre-
tação do E s t a d o de S i t i o , mesmo p o r q u e o Poder também p o d e s e ar-
mar c o n t r a a corrupção.
M I N I S T R O C H E F E DA S E C R E T A R I A DE PLANEJAMENTO - P r e s i d e n t e ' . 0 Ministro
BETHLEM s e r e f e r e ao A r t i g o 1 5 5 .
P R E S I D E N T E DA REPUBLICA - É. —
MINISTRO C H E F E DA SECRETARIA DE PLANEJAMENTO - Mas o que e s t a l a
redigido é a "grave perturbação d a o r d e m o u ameaça de s u a irrupção'.'
M I N I S T R O DO EXÉRCITO - Sim . Mas
1
é n a Constituição antiga. Veja o
Artigo 1 5 5 n e s t a C o n s t i t u i ç ã o ; não n a a n t i g a e s i m n e s t a que temos
na mao. Subversão ou corrupção. E u e n t e n d i que f o s s e isto ...
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - E u acho que a corrupção n a o pode s e c o n s t i
tuir como g r a v e ameça. A corrupção e x i s t e ; t e m que s e r combatida,
mas não p o d e c o n t i n u a r como g r a v e ameaça à i n d e p e n d ê n c i a de funcio_
namento dos p o d e r e s . É que quando s e fêz a E m e n d a n 9 1, havia uma
série de f a t o r e s que l e v a r a m a isto. Qual e r a o outro problema?...
M I N I S T R O DO EXÉRCITO - É no p a r á g r a f o 29 do A r t i g o 1 5 8 - E s t a d o de
Emergência.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Parágrafo 2 9 , A r t i g o 158.
M I N I S T R O DO EXÉRCITO - É , parágrafo 29. D i z q u e o t e m p o de duração
do E s t a d o de E m e r g ê n c i a não será s u p e r i o r a 90 d i a s , podendo ser
prorrogado uma v e z . Ai fica minha dúvida. Será q u e , como e s t ã d i -
to, uma v e z , n a o está limitando? Será q u e n ã o h a v e r á , em alguns ca
sos, necessidade de p r o r r o g a r p o r m a i s tempo?
P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A - E u acho que s e o q u a d r o f o r tão grave que
tiver que p r o r r o g a r p o r m a i s t e m p o , será o c a s o de a p e l a r p a r a o Ejs
tado de S i t i o . Nao é verdade? Se a g r a v i d a d e do E s t a d o de Emergên
cia f o r t a l q u e o s 90 d i a s e mais 90 d i a s não resolverem, eu acho
que o P r e s i d e n t e da República antes de s e e s g o t a r e s t e prazo v a i ao
Congresso e pede o Estado de S i t i o .
M I N I S T R O DO EXÉRCITO - Muito obrigado'.
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Ministro d a s Relações E x t e r i o r e s , Minis-
tro DÃRIO ...
MINISTRO DAS R E L A Ç Õ E S EXTERIORES - 0 Ministro AZEREDO DA SILVEIRA
que s e e n c o n t r a em W a s h i n g t o n , n a C o n f e r ê n c i a da Organização d o s E^s
tados Americanos (OEA), recebeu este Anteprojeto, antes de partir,
e instruiu-me a dizer q u e e l e e s t ã de p l e n o acordo com e s s a s altera
ções p r o p o s t a s .

* " ""

{" c> C
í E 1 O
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA
SEN ...
M I N I S T R O DA FAZENDA - E s t o u de p l e n o acordo com a s alterações pro-
postas. Gostaria apenas de f a z e r a Vossa Excelência uma pergunta
p a r a me esclarecer. Qual é o âmbito p e r m i t i d o n a s M e d i d a s de Emer-
gência? Assim, a primeira leitura,parece que q u a l q u e r medida que
não fira a Constituição p o d e s e r M e d i d a de E m e r g ê n c i a .
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - As Medidas de E m e r g ê n c i a podem inclusive
adotar uma série d a s que estão no E s t a d o de S i t i o .
M I N I S T R O C H E F E DA S E C R E T A R I A DE PLANEJAMENTO - Devem s e r medidas do
Estado de S i t i o . Todas ou a l g u m a s delas ...
M I N I S T R O DA FAZENDA - São as enumeradas no E s t a d o de S i t i o , Artigo
155?
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - A u t o r i z a d o s os l i m i t e s fixados no parãgra
go 29 do A r t i g o 1 5 6 , como está d i t o no cabeçalho d a página seis. --
MINISTRO DA FAZENDA - A p e n a s p a r a meu e s c l a r e c i m e n t o : então no Estji
do de E m e r g ê n c i a , a s m e d i d a s de e m e r g ê n c i a podem s e r a d o t a d a s inde-
pendentemente da decretação do E s t a d o de S i t i o .
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Ah! Simi São coisas diferentes. Porque
o que v a i c a r a c t e r i z a r as Medidas de E m e r g ê n c i a , é a n e c e s s i d a d e de
a p l i c a ç ã o mas em locais determinados e restritos. Quer d i z e r , eu
posso a m a n h a t e r um p r o b l e m a d e n t r o da c i d a d e de São P a u l o , n a área
metropolitana de São P a u l o . Então, d e c r e t o Medidas de Emergência
para aquela área. A característica das medidas ê que e l a s sempre
sao p r o n t a s , r á p i d a s , mas aplicadas em áreas limitadas, restrítas.-
M I N I S T R O DA FAZENDA - 0 C o n g r e s s o , evidentemente, não p o d e espe-
rar .. .
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Não, apenas em 48 h o r a s tenho que comuni-
car ao C o n g r e s s o e dizer quais são a s m e d i d a s .
M I N I S T R O DA FAZENDA - E n t ã o , me parece q u e , do p o n t o de v i s t a prãtjL_
co, talvez isto seja uma p r o n t a resposta. Na r e a l i d a d e as Medidas
de Emergência estão s u f i c i e n t e m e n t e n a mão do P o d e r E x e c u t i v o para
evitar abusos, subversão. S e i q u e , n a prática, t a l v e z jamais venha
ocorrer nem o Estado de E m e r g ê n c i a nem o Estado de S i t i o , a não s e r ,
evidentemente, num caso extremo. Não s e i s e e s t o u entendendo bem.-
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Está c e r t o . Eu, durante muito tempo,acha
va que e r a r e d u n d a n t e t e r Medidas de E m e r g ê n c i a e E s t a d o de Emergên
cia, mas depois e u me rendi, aceitei isto. Acho que f o i bom, por-
que as medidas são em áreas restritas. 0 Estado de E m e r g ê n c i a é
coisa mais grave; é de m a i o r duração; é m a i s drástico. Mas a s Medi^
das de E m e r g ê n c i a s a o úteis p o r q u e e l a s , bem aplicadas e com oportu-
nidade, vão i m p e d i r que s e r e c o r r a ao E s t a d o de S i t i o . Quer dizer,
o Estado de S i t i o , o Estado de E m e r g ê n c i a f i c a m mais como espanta-

Departamento de Imprensa Nacional — " ~ - ,


S E C R E T O

- 8 -

espantalho.
M I N I S T R O DA FAZENDA - E x a t a m e n t e . Parece o entendimento que e u que
ria. Muito obrigado*.
P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A - Sr Ministro dos T r a n s p o r t e s , DIRCEU NO-
GUEIRA ...
M I N I S T R O DOS TRANSPORTES - S r P r e s i d e n t e , acho que o G o v e r n o e o
Brasil estão de p a r a b é n s , p o r q u e a s Constituições b r a s i l e i r a s , nor-
m a l m e n t e , são f e i t a s de um b l o c o sõ e a g o r a o S r estã p r o c u r a n d o exa
tamente aperfeiçoar a que tem. Tenho uma dúvida. Neste Conselho
chamado C o n s t i t u c i o n a l não h ã r e p r e s e n t a ç ã o do P o d e r Judiciário;não
sei se s e r i a o caso, apenas uma lembrança ...
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - A razão de não incluir o Poder Judiciário
e a s e g u i n t e : as medidas que d e p o i s forem adotadas, em determinadas
circunstancias, poderão t e r recursos aquele Poder; então não s e q u i z
envolvê-lo p a r a que e l e t e n h a p o s s i b i l i d a d e de j u l g a r . Pensou-se co
locar o P r e s i d e n t e do S u p r e m o T r i b u n a l Federal, mas ele ficaria en-
gajado a priori. Se amanha t i v e s s e que j u l g a r uma questão envolven
do órgão do P o d e r E x e c u t i v o de r e l e v â n c i a , p o d e r i a f i c a r inibido.
Esta ê a razão b á s i c a p o r q u e o Poder Judiciário não f o icogitado pa
ra t o m a r p a r t e no C o n s e l h o Constitucional; não f o io menosprezo,foi
consideração para r e s g u a r d á - l o n a s u a função j u d i c a n t e .
M I N I S T R O DOS TRANSPORTES - Ê", p o d e r á resguardá-lo futuramente em
qualquer questão. 0 outro problema, Sr Presidente, é constituido
por uma pergunta muito delicada: esta Emenda, passando pelo Congres_
so seria sancionada por Vossa Excelência. Quando entraria em execu
ção?
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - A Emenda não v a i s e r s a n c i o n a d a . A Emen-
da, se f o r aprovada pelo Congresso, independe de s a n ç ã o , d a i o cui-
dado que nós temos que t e r p a r a q u e e l a n ã o seja d e f o r m a d a no Con-
gresso. Agora, hã o s e g u i n t e : a q u i estã p r e v i s t o , n u m último artigo,
que e l aentraria em v i g o r no d i a 15 de m a r ç o do a n o q u e v e m . Tam—
bem tenho escrúpulo neste sentido. Ê minha intenção m o d i f i c a r o
Projeto de E m e n d a p a r a fazê-la v i g o r a r a partir de 19 de janeiro,
de modo q u e , a i n d a d u r a n t e d o i s meses e meio do n o s s o Governo, essa
Emenda p o s s a ser testada.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Sr Ministro da A g r i c u l t u r a , Ministro PAU-
LINELLI ...
MINISTRO DA A G R I C U L T U R A - P r e s i d e n t e ! Estamos plenamente de acordo
com a evolução q u e nós j u l g a m o s estar sendo p r o p o s t a para a Consti-
tuição. Agora, se f o s s e possível, P r e s i d e n t e , eu g o s t a r i a de fazer
uma pergunta. 0 problema de e l e i ç õ e s não e s t ã , n a t u r a l m e n t e , defi-
nido nessa reformulação mas h o j e constitui um p o n t o b a s t a n t e sensí
vel, principalmente perante a opinião pública. Gostaria, Presiden-

S E C
SE CR O

Presidente, neste caso, s e f o r possível, que o S r d e s s e sua orie^fta


ção a r e s p e i t o do p r o b l e m a .
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - 0 s i s t e m a de eleição que está a í , previs^
to, continua como e s t á . A eleição de G o v e r n a d o r e s s e realizará em
setembro pelo voto indireto; a eleição do P r e s i d e n t e da Republica
se realizará p e l o voto indireto a 15 de o u t u b r o e em 15 de n o v e m b r o
teremos a s eleições gerais de D e p u t a d o s e Senadores. Qualquer modi^
ficação n e s s e s i s t e m a não será f e i t a . E u , aliás, n a q u e l e discurso
de 19 de d e z e m b r o , s a l i e n t e i que a s r e g r a s d a s eleições,que estavam
estabelecidas,seriam mantidas. Não h a v e r i a m modificações, a nao
ser em d e t a l h e s e desde que h o u v e s s e uma concordância geral. Eu pro
curei, inclusive, resguardar o P a r t i d o da Oposição, da possibilidji
de do G o v e r n o , â ú l t i m a h o r a , introduzir modificações. Então, e s t e
sistema não se a l t e r a . 0 que h á a q u i neste P r o j e t o e que nao é
propriamente relacionado com A t o I n s t i t u c i o n a l , é uma n o v a formula
que possibilita a criação de n o v o s Partidos, mas também adotou-se
um dispositivo que e v i t a a proliferação de p e q u e n o s Partidos, ou
evita que s e c r i e m P a r t i d o s em excesso como nós tivemos no passado.
Qualquer P a r t i d o para funcionar v a i t e r necessidade de, nas elei-
ções, o b t e r , s e não me e n g a d o , 5% de v o t o s do e l e i t o r a d o . Se não
satisfizer e s s a condição, os v o t o s que e l e o b t e v e são n u l o s . Quer
dizer, e l e poderia até e l e g e r um d e p u t a d o , mas, se p o r e x e m p l o , e l e
nao obtiver aquela votação global, esses votos sao n u l o s . Ê* um p r o
cesso que f o i i m a g i n a d o para evitar q u e , amanhã, o B r a s i l tenha 10,
12, 14 P a r t i d o s e a í , através d a corrupção, e l e começasse a vender
legendas como s e f e z no p a s s a d o . Nao s e i se e s t a minha r e s p o s t a es

clarece a s u a indagação.
M I N I S T R O DA A G R I C U L T U R A - E s t o u de a c o r d o .
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - S r M i n i s t r o d a Educação e Cultura, MinÍ£
tro EURO B R A N D Ã O ...
M I N I S T R O DA E D U C A Ç Ã O E CULTURA - Manifesto a minha concordância, S r
Presidente.
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - S r M i n i s t r o do T r a b a l h o , D r FURTADO ...
M I N I S T R O DO TRABALHO - 0 M i n i s t r o ARNALDO P R I E T O se encontra em Ge-
nebra, n a Reunião da Organização Internacional do T r a b a l h o (OIT).
Coloquei S u a Excelência a p a r das modificações e e l e me autorizou a
dar sua plena concordância.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - S r M i n i s t r o d a A e r o n á u t i c a , M i n i s t r o ARA-
RIPE ...
M I N I S T R O DA A E R O N Á U T I C A - P r e s i d e n t e , e u sõ t e n h o uma o b s e r v a ç ã o ou
talvez um p e d i d o de e s c l a r e c i m e n t o . F o i c r i a d o uma figura nova que
é o Ministro Representante d a s Forças A r m a d a s . E u nao s e i s e nesse
caso seria melhor definir logo como o M i n i s t r o C h e f e do EMFA,ou i n -
Departamento de Imprensa Nacional —
incluir os M i n i s t r o s Militares, o que me parecfe poder ser demais.—
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - A razão porque nao se d e f i n i u q u a l era of
Ministro ê que a C o n s t i t u i ç ã o não os r e l a c i o n a . Isto é, não discai
mina a s f u n ç õ e s , de M i n i s t r o d a J u s t i ç a , do M i n i s t r o do Exército
etc. SÓ f a l a em M i n i s t r o s . Então, t a l f a t o impediu que s e definis_
se qual seria o Ministro. Assim, quando s e r e f e r e ao M i n i s t r o i n -
cumbido dos A s s u n t o s d a J u s t i ç a , não cita explicitamente o Ministro
da Justiça que , amanhã,pode t e r uma outra denominação.
M I N I S T R O DO EXÉRCITO - Isto só a p a r e c e no D e c r e t o - l e i 200'.
P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A - E x a t a m e n t e ! Sao as l e i s .
M I N I S T R O DA A E R O N Á U T I C A - Obrigado, Sr Presidente.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - E s t a é a razão. Completando, g o s t a r i a de
acrescentar q u e não colocamos todos os M i n i s t r o s Militares porque
iríamos transformar este Conselho num F ó r u m com uma conotação exces_
sivamente m i l i t a r , quando este problema de s u b v e r s ã o e segurança in_
teressa a todos.
M I N I S T R O DA A E R O N Á U T I C A - Dentro da minha idéia, o r e p r e s e n t a n t e se
rã o C h e f e do EMFA.
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - S i m , mas a m a n h ã , um n o v o Presidente d a Re_
pública pode p r e f e r i r um outro Ministro Militar. 0 Presidente da
R e p ú b l i c a p o d e r á , t a m b é m , como e s t á p r e v i s t o num parágrafo deste ar
tigo, aumentar o número de M i n i s t r o s . Mas v e j a bem, a razão bási-
c a p o r q u e não se d e f i n i u o M i n i s t r o é porque a Constituição não e x -
plicita a denominação dos M i n i s t r o s .
M I N I S T R O DA A E R O N Á U T I C A - Muito obrigado'.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Sr Ministro d a S a ú d e , D r PAULO ...
M I N I S T R O DA SAÚDE - S r P r e s i d e n t e , a s únicas dúvidas que e u tinha
já f o r a m levantadas pelo Sr Ministro do E x é r c i t o e pelo Sr. Já e s -
tão p e r f e i t a m e n t e e s c l a r e c i d a s e estou plenamente de a c o r d o .
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Sr Ministro d a I n d ú s t r i a e do Comércio,
ÂNGELO CALMON DE SÁ ...
MINISTRO DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO - Sr Presidente, eu e s t o u de
acordo. SÓ t i n h a uma p e q u e n a dúvida. Ê" que a redação é idêntica a
que temos h o j e n a C o n s t i t u i ç ã o , no c a s o do E s t a d o de Sítio e que diz
que será s u b m e t i d a ao C o n g r e s s o . •
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Quando é submetido, depende da aprovação
do C o n g r e s s o .
M I N I S T R O DA I N D Ú S T R I A E DO COMÉRCIO - S i m , há p o s s i b i l i d a d e do Con-
gresso nao a p r o v a r o Estado de S í t i o . Se e s t a h i p ó t e s e ocorrer ele
seria concretizado o u a idéia é a p e n a s de e n c a m i n h a r ao Congresso.-
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Não. 0 Estado de SÍtio depende do voto
do C o n g r e s s o . 0 Congresso pode n a o v o t a r .
MINISTRO DA I N D Ú S T R I A E DO COMÉRCIO - Sim. É como e s t á hoje na

c
SECRETO
N.° 0 7 5

Constituição.
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Justamente porque o Congresso p o d e aor^nhã
não v o t a r é q u e f o i i n c l u i d o o Estado de E m e r g ê n c i a , q u e e n c e r r a o
assunto. E , mesmo p o r q u e , o E s t a d o de S i t i o é para fazer face a
uma coisa muito grave. 0 Governo JOÃO G O U L A R T , numa c e r t a época,
chegou a redigir uma E x p o s i ç ã o assinada pelos M i n i s t r o s pedindo o
Estado de S i t i o . Mandou p a r a o Congresso e retirou porque nao i a
passar. Por outro l a d o , o G o v e r n o ARTHUR BERNARDES que h o j e em d i a
é considerado um dos G o v e r n o s m a i s liberais, governou A anos debai-
xo do E s t a d o de S i t i o . Ha p o u c o tempo, o C o n g r e s s o c o m e m o r o u o Ceri
tenario de ARTHUR B E R N A R D E S , que f o i o m a i o r homem do mundo. Gover
nou 4 anos debaixo do E s t a d o de S i t i o , desde o p r i m e i r o ao último

dia.
M I N I S T R O DA I N D Ú S T R I A E DO COMÉRCIO - S r P r e s i d e n t e , eu p e n s e i que
a idéia t i n h a s i d o de m u d a r e s t e s e n t i d o . 0 da Constituição atual
é mantido. 0 Sr falou no começo que h a v e r i a m três m e d i d a s : o Esta-
do de S i t i o , como p r e v i s t o n a Constituição, as Medidas de Emergêii
cia e o Estado de E m e r g ê n c i a . Mas, r e a l m e n t e a única diferença e n -
tre o q u e jã e x i s t e hoje n a C o n s t i t u i ç ã o , em termos de E s t a d o S i -
tio, é a inclusão do i t e m " e " q u e e s t a b e l e c e a intervenção nas enti^
dades representativas de c l a s s e d a c a t e g o r i a de p r o f i s s i o n a i s .
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Isto depende. 0 Estado de S i t i o ficou na
Emenda à Constituição porque ê um instrumento tradicional. Nós acha
mos que,como instrumento tradicional, q u e vem d e s d e a Constituição
de 1891, seria muito difícil levar o Congresso a s u p r i m i r a f i g u r a jã con_
sagrada do Estado de S í t i o , mas é uma fórmula q u e t e m p a r a nós ejs
se inconveniente. Depende de a p r o v a ç ã o do C o n g r e s s o . Nao só fica
na dependência de aprovação o u n ã o , mas o que é p i o r , e l e muitas ve
zes d e i x a de s e r t e m p e s t i v o porque essa aprovação demora e o Gover
no tem que a g i r . Então, a s Medidas de E m e r g ê n c i a e o E s t a d o de Emejr
g ê n c i a poderão permitir uma ação i m e d i a t a ao G o v e r n o q u e , em poucas
horas, depois do p r o b l e m a surgir, pode d e s e n c a d e a r as novas medidas
concebidas, ao p a s s o q u e , no E s t a d o de S í t i o , e l e t e m q u e s e r subme
tido a aprovação do C o n g r e s s o . Se o C o n g r e s s o estiver em recesso,o
Governo tem que convocá-lo e isso leva dias. Durante esses dias a
subversão continua a lavrar ou o p r o b l e m a que e x i s t e a se agravar.-
M I N I S T R O DA I N D Ú S T R I A E DO COMÉRCIO - É, agora ficou bem claro ...
P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A - P o i s bem, eu acho que o E s t a d o de Sítio é

inócuo, q u e r dizer, e l e é inaplicãvel nos d i a s de h o j e .


M I N I S T R O DA I N D Ú S T R I A E DO COMÉRCIO - E l e poderá ser utilizado na
quela circunstância que o M i n i s t r o BETHLEM levantou.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - E x a t o .
M I N I S T R O DA INDÚSTRIA E DO C O M É R C I O - Bem, depois de 90 d i a s se a
Departamento de Imprensa Nacional — ^ J L M —^^^^^^

; 'SECRETO
S E C

- 12 -

situação se a g r a v a r , s e r i a preparada a mensagem do E s t a d o de Sitio^


que permite um p r a z o maior do que um simples Estado de Emergência.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - 0 que o E s t a d o de S i t i o tem sempre contra
ele ê o tempo que pode l e v a r para que o C o n g r e s s o d ê , ao P o d e r Exe-
cutivo, o Estado de S i t i o .
M I N I S T R O DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO - Quer d i z e r , a primeira medida
do G o v e r n o , h a v e n d o qualquer perturbação será o E s t a d o de Emergên-
cia.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - ... ou M e d i d a s de E m e r g ê n c i a .
M I N I S T R O DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO - ... ou M e d i d a s de Emergência,
em seguida o Estado de E m e r g ê n c i a , p a r a , s e n e c e s s á r i o , i r em busca
do E s t a d o de S i t i o .
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Exato.
M I N I S T R O DA FAZENDA - D e s c u l p e voltar ã folha, P r e s i d e n t e , mas eu
tenho a impressão que a s M e d i d a s de E m e r g ê n c i a , n a p r á t i c a , resol-
vem o p r o b l e m a .
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Eu s e i ! É p r e c i s o que a situação no país
se torne muito g r a v e , o u q u e nós sejamos muito i n c a p a z e s em e n f r e n -
tar o problema para t e r que i r a s o u t r a s m e d i d a s . E u não excluo
que elas, algum d i a , venham a ser aplicadas, mas depois de comprova
das.
M I N I S T R O DA FAZENDA - A p e n a s a mim me parece que d e s s e s o mais im-
portante não é o E s t a d o de E m e r g ê n c i a ; são a s M e d i d a s de Emergência
p o r q u e n a o há limitação n u m é r i c a , n a o há l i m i t a ç ã o quanto a prazo.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Elas ficam limitadas no e s p a ç o .
M I N I S T R O DA FAZENDA - No espaço ...
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Sendo que i s s o é um pouco vago.
M I N I S T R O DA FAZENDA - É um pouco vago porque o espaço pode s e r tudo,
menos v a g o .
M I N I S T R O DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO - Sr P r e s i d e n t e , vou encerrar.
Entretanto, gostaria a i n d a de f a z e r uma última p e r g u n t a : antes o Es_
tado de S i t i o podia s e r decretado por Vossa Excelência sem a audiêii
cia do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a N a c i o n a l , d i f e r e n t e portanto da redai
ção atual.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Isto é n a Emenda n ? 1 .
M I N I S T R O DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO - Ah! Bom.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Mas é uma forma de d a r m a i s i m p o r t â n c i a ao
problema. Mas como n ó s , no o u t r o caso, colocamos o Conselho Consti^
tucional, achamos q u e no caso do E s t a d o de S i t i o devíamos ouvir o
Conselho de S e g u r a n ç a . É uma m a n e i r a de t o r n a r , inclusive j u n t o ao
Congresso, mais importante o pedido do E s t a d o de S i t i o . Quer dizer,
sempre com a idéia de não p a r e c e r q u e e s t a s medidas, o Estado de SÍ
tio, ou o que f o r , r e s u l t a m a p e n a s de um a r b í t r i o , de uma ação do
Presidente da República. Embora o P r e s i d e n t € se j a o responsãveljãni
co e o Ministério e o Conselho de S e g u r a n ç a sejam Ô"rgaos de assesso
ramento, são úteis n e s t e sentido. Amanhã, quando o P r e s i d e n t e dis_
ser que o u v i u o CSN, ou que o C o n s e l h o se m a n i f e s t o u a favor, isto
de certa forma l h e dá um respaldo. Para quem está s e n t a d o aqui nes
ta cadeira é importante.
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - S r M i n i s t r o das Minas e Energia, Ministro
UEKI ...
M I N I S T R O DAS MINAS E ENERGIA - De acordo, Sr Presidente.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - M i n i s t r o Chefe da S e c r e t a r i a de Planeja-
m e n t o , Dr VELLOSO ...
M I N I S T R O C H E F E DA S E C R E T A R I A DE PLANEJAMENTO - P r e s i d e n t e , Vice-Pre_
sidente, membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a . S e n h o r P r e s i d e n t e ' . Quero
não apenas declarar-me de a c o r d o , m a s , a t é mesmo, f a z e r o elogio do
trabalho apresentado, considerando que nós e s t a m o s dentro daquela
idéia de q u e é através d a evolução q u e podemos tornar desnecessária
as revoluções de caráter e s q u e r d i s t a no B r a s i l . Se V o s s a Excelência
me permite, eu g o s t a r i a de não apenas me limitar ã análise do t e x t o
das reformas políticas que estão sendo feitas, mas fazer um comenta
rio principalmente sobre o Plano de V o s s a Excelência, s o b r e como es_
tas medidas se r e l a c i o n a m com o a t u a l estágio de d í s t e n s ã o política
do p a í s . 0 ângulo a q u e e u me referia é o da c o m p a t i b i l i d a d e destas
medidas de d i s t e n s ã o que estão sendo tomadas com a e s t a b i l i d a d e s o -
cial e política. Isto é o que i n t e r e s s a â continuidade do desen-
volvimento. Esta estabilidade social e p o l í t i c a , e v i d e n t e m e n t e , in-
teressa de p e r t o â política econômica p e l a preservação das prioridji
des, ao e m p r e s a r i a d o n a c i o n a l , que i n c l u s i v e já d i s c u t i u o assunto,
pelo desejo q u e t e m de t r a b a l h a r em o r d e m , c o n t i n u a r p r o d u z i n d o e
investindo normalmente. Ao investidor externo interessa, pois não
há d ú v i d a de q u e um dos e l e m e n t o s que m a i s atraíram capitais e i n -
vestimentos diretos para o Brasil f o ia estabilidade social e polí-
tica que n o s a p r e s e n t a m o s neste período da Revolução. Podemos o l h a r
para o exemplo de p a í s e s q u e , com d i f i c u l d a d e s políticas, p o r falta
de uma solução p o l í t i c a o u de p r o b l e m a s de e s t a b i l i d a d e social e po
l í t i c a , estão e n f r e n t a n d o crises e c o n ô m i c a s , como p o r e x e m p l o , a Ar_
gentina, talvez o Uruguai e casos mais importantes como o de Portu
gal. Temos e x e m p l o s de países m a i s desenvolvidos como a Inglaterra,
que está sendo salva realmente pelo petróleo do Mar do N o r t e ; o ca-
so d a Suécia q u e não s a b e bem para o n d e v a i , em termos de p o d e r de
competição n a s exportações, p o r c a u s a da t o t a l indisciplina sala-
rial. Podem-se c i t a r exemplos até m a i s óbvios como o d a I t á l i a . Vo£
sa E x c e l ê n c i a , no p r o n u n c i a m e n t o de h o j e de m a n h ã , a c e n t u o u que e s -
sas reformas significam o f i m dos a t o s de e x c e ç ã o , mas que a Revo-
Departamento de Imprensa Nacional ~
- 14

Revolução continua. Inclusive,a Revolução existia antes que aque-


les Atos de e x c e ç ã o , como o A t o I n s t i t u c i o n a l n? 5^fossem criado/,
pfu d i r i a q u e , do p o n t o de v i s t a de d o t a r o Pais de i n s t i t u i ç õ e s ade-
quadas p a r a o p r e s e n t e e s t a g i o político, a s r e f o r m a s estão perfeita,
mente adequadas. Gostaria também de e x a m i n a r um p o u c o os efeitos
sobre a questão d a vivência da d e m o c r a c i a no B r a s i l . Precisamos lem
brar q u e a Demo c r a c i a , t a l como o D e s e n v o l v i m e n t o , é um p r o c e s s o ; c o -
mo acontece no m o m e n t o , nao a c o n t e c e apenas em decorrência de medi^
das aprovadas mas é uma evolução da s o c i e d a d e de c o n s u m o de p a í s e s .
Evoluem para a Democracia como e v o l u e m dentro da D e m o c r a c i a , como
evoluem dentro do D e s e n v o l v i m e n t o e , ao l a d o desse exame dos aspec
tos institucionais, a s instituições são i m p r e s c i n d í v e i s , mas elas
não são s u f i c i e n t e s . Nos temos que v e r os a s p e c t o s das bases econô
micas, sociais e políticas da r e a l i d a d e do p a í s , do p o n t o de vista
de saber como a d e m o c r a c i a v a i funcionar. No desenvolvimento brasi^
leiro, de 1964 p a r a c ã , nós conseguimos aumentar muito o grau de r a
cionalidade d a s d e c i s õ e s , t a n t o do G o v e r n o como do s e t o r privado.
Creio que t a m b é m p o d e m o s dizer q u e n a ãrea p o l í t i c a , n o tocante a
democracia, houve p r o g r e s s o ; s e nós confrontássemos a situação a t u a l
com a situação anterior a 1 9 6 4 , veríamos que o G o v e r n o sempre sentiu
a necessidade de a g i r de uma forma progressiva. 0 quadro econômico,
social e político do p a í s , em termos de s u a s repercussões sobre a
evolução democrãtica ê diferente. Eu d i r i a que e l e é m e l h o r hoje
do q u e até 1963. Nos p o d e m o s examinar alguns a s p e c t o s , as condi-
ções de v i d a da população, o s i n d i c a d o r e s econômicos, o padrão de
bem estar, os i n d i c a d o r e s s o c i a i s . É só l e m b r a r m o s q u e em 1950, o
Brasil tinha 5 0 % de s u a p o p u l a ç ã o , a c i m a de 15 a n o s , de a n a l f a b e t o s .
É difícil fazer uma democracia que r e a l m e n t e seja representativa da
vontade popular do p a í s . A i n d i c a ç ã o em s i pode nao t r a z e r maior
espírito d e m o c r á t i c o , mas sem e l a d i f i c i l m e n t e nós v a m o s t e r uma ma
nifestaçao popular; uma menor influência de g r u p o s econômicos nas
decisões básicas, s e j a m grupos nacionais, ou e s t r a n g e i r o s . Os inte_
resses n a c i o n a i s estão m a i s protegidos d i a n t e d a s decisões para o
desenvolvimento. Nos t e m o s m e n o s fisiologismo n a ãrea p o l í t i c a e
aquele fenômeno do p e l e g u i s m o desapareceu, praticamente. No tocan-
te aos p a r t i d o s é a necessidade de q u e o G o v e r n o tenha uma b a s e de
apoio, q u e e l e t e n h a m a i o r i a do C o n g r e s s o . Evidentemente, ê muito
importante que o G o v e r n o consiga sua base de a p o i o p o l í t i c o , em t o r _
no, d i g a m o s , de 2 o u 3 p a r t i d o s moderados. Algumas dificuldades es
tão s e n d o e n f r e n t a d a s no p r o c e s s o de d i s t e n s ã o . T a l v e z se agravem
um p o u c o , â m e d i d a q u e a l i b e r a ç ã o for feita. 0 Governo do país tem
que estar preparado para isso. 0 p r i m e i r o problema, a p r i m e i r a des_
sas dificuldades, evidentemente, ê a questão do r a d i c a l i s m o , princi

I \ J
S E C R E T O
N.° 07 7

principalmente r a d i c a l i s m o de e s q u e r d a . Isso pode s e r m u i t o limLt^


do, s e f o r possível colocar os r a d i c a i s dentro de um p a r t i d o p/ÍHati^
co de m e n o r e s d i m e n s õ e s , ao invés de o s t e r como h o j e , muitas ve-
zes, c o m a n d a n d o a s ações do p a r t i d o da oposição. 0 segundo t i p o de
dificuldade, obviamente, seria uma v o l t a aquela é p o c a p o p u l i s t a , de_
m a g ó g i c a , de r e i v i n d i c a ç õ e s inaceitáveis. É um r i s c o q u e nós t e m o s ,
mais aquele fenômeno do p e l e g u i s m o . Os s i n d i c a t o s , a p a r e n t e m e n t e , e £
tão s e c o n d u z i n d o com c e r t a i n d e p e n d ê n c i a em relação ao G o v e r n o e
também em relação ãs i n f l u ê n c i a s políticas. É claro que é preciso
acompanhar o comportamento do m o v i m e n t o sindical, exatamente, neste
momento em q u e nós e s t a m o s enfrentando esse problema. É p r e c i s o ver
qual a real natureza dessas lideranças sindicais. Se e l a s estão
agindo na defesa dos i n t e r e s s e s econômicos legítimos dos t r a b a l h a d o ^
res, ou s e e x i s t e m outras i n f l u ê n c i a s , mas i s s o só o t e m p o p e r m i t i -
rá a n a l i s a r melhor. Ê" e v i d e n t e q u e será p r e c i s o m a n t e r o controle
da situação, i n c l u s i v e p o r q u e nós não q u e r e m o s ficar n a s i t u a ç ã o de
muitos p a í s e s , mesmo d e s e n v o l v i d o s , que p o r g r a n d e indisciplina sa-
larial foram conduzidos quase q u e a uma c o n t r a d i ç ã o do m o d e l o econô
mico. Um terceiro t i p o de d i f i c u l d a d e , q u e p o d e s e r r e s s a l t a d o , é
a questão do e s q u e r d i s m o , infiltração de idéias esquerdistas nas
igrejas e nos meios estudantil e sindical. E aqui, evidentemente,
incluimos a questão da r e p r e s e n t a t i v i d a d e dos meios de comunicação
e, principalmente, da Imprensa. Numa s o c i e d a d e pluralista, obvia—
m e n t e , nós d e v e m o s q u e r e r que a i m p r e n s a reflita as d i f e r e n t e s cor-
rentes de o p i n i ã o . 0 que e s s a infiltração e s q u e r d i s t a pode trazer,
evidentemente, ê a descrença n a s soluções democráticas e nas solu-
ções do m o d e l o econômico e social, inclusive com a v a n t a g e m da i r -
responsabilidade porque, muitas coisas, muitos ataques podem ser
feitos, sem o c o m p r o m i s s o da r e s p o n s a b i l i d a d e que o G o v e r n o tem que
ter. É importante, naturalmente, manter as bases do m o d e l o que tem
sido s e g u i d o n a área e c o n ô m i c a e s o c i a l , evoluindo naquilo que t i -
ver de s e r s e g u i d o , que p u d e r s e r f l e x í v e l , com uma ê n f a s e crescen
te. Eram esses meus comentários, S r P r e s i d e n t e . A p e n a s , uma o b s e r
vação final. Eu c r e i o , realmente, que e s s a s reformas podem ser a
grande arma política p a r a uma e l e i ç ã o de caráter n a c i o n a l . Como nós
vamos t e r e l e i ç ã o do C o n g r e s s o , os temas n a c i o n a i s têm m u i t o mais
importância. Ê" e v i d e n t e q u e também podemos desenvolver toda a tema
tica d a s realizações econômicas e sociais, mas n ã o há d ú v i d a de q u e
a Oposição, s e j a sob a forma de MDB o u de F R E N T E , o u a f o r m a q u e e l a
assuma, v a i t e n t a r c o n t i n u a r com e s s e tema d a s mudanças políticas,
mas temos de m o s t r a r que i s s o tudo está m u i t o esvaziado com a s r e -
formas que o G o v e r n o tomou a i n i c i a t i v a de p r o p o r , apresentadas pe-
la ARENA, o P a r t i d o do G o v e r n o . Durante esses anos, a Oposição tem

Departamento de Imprensa Nacional ~


S E C

-16 —

falado em d i r e i t o s h u m a n o s , de r e f o r m a p o l í t i c a s , mas a verdade é


que n o s não tivemos uma proposta concreta. 0 Governo é q u e f o i aprj£
sentã-la. Fazem propostas vagas - como c o n s t i t u i n t e - e as vezas,
dão idéia de que não s a b e m bem o q u e f a z e r ; t a l v e z não t e n h a m tido
a capacidade de f o r m u l a ç ã o do q u e e x a t a m e n t e desejam. Então, o Go-
verno comparece com uma p r o p o s t a de r e f o r m a s , que é a única coisa
realmente concreta que nós temos em m a t é r i a de p r o g r e s s o p o l í t i c o no
país. Muito obrigado!
PRESIDENTE DA REPUBLICA - S r M i n i s t r o do I n t e r i o r , Ministro RANGEL
REIS ...
M I N I S T R O DO INTERIOR - Sr Presidente, e u me manifesto plenamente de
acordo com o que a c a b a de s e r p r o p o s t o .
P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A - Sr Ministro das Comunicações, Ministro
QUANDT DE O L I V E I R A ...
M I N I S T R O DAS COMUNICAÇÕES - Presidente, eu tenho duas observações a
fazer. A primeira é que e s t o u de p l e n o acordo com a proposta, como
está f e i t a , inclusive com a idéia d a v i g ê n c i a , a p a r t i r de 19 de j f i
neiro e não a partir de 1 5 de m a r ç o . E u c r e i o que uma m e d i d a desta
natureza, que e u c o n s i d e r o muito certa, é preciso que s e j a compreen
dida e a c e i t a por todos como c e r t a . Para isto é necessário que s e -
ja feita uma campanha de d i v u l g a ç ã o , de c o b e r t u r a destas medidas.
Nao uma c a m p a n h a de a g ê n c i a de p r o p a g a n d a , não uma campanha talvez
pela Assessoria de R e l a ç õ e s Públicas da Presidência da República e
sim, de p r e f e r ê n c i a , p o r c o n g r e s s i s t a s . E r a o que e u t i n h a a dizer.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Sr Ministro da Previdência, M i n i s t r o NAS-
CIMENTO E S I L V A ...
M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E ASSISTÊNCIA SOCIAL - S r P r e s i d e n t e , tam-
bém e s t o u de a c o r d o com o P r o j e t o a p r e s e n t a d o , me permitindo apenas
uma o b s e r v a ç ã o . Tive acesso a estudos que e s t a v a m sendo realizados
e parece-me q u e , com relação ao A r t i g o 3 9 , em q u e s e determina,
"são revogados os Atos Institucionais e C o m p l e m e n t a r e s , no que não
c o n t r a r i a m aConstituição Federal, ressalvados os e f e i t o s dos Atos
praticados com b a s e em leis até a d a t a da vigência dessa emenda, os
quais estão e x c l u i d o s de a p r e c i a ç ã o judicial", havia um parágrafo:
"os Atos ressalvados neste Artigo poderão s e r r e v i s t o s através de
normas f i x a d a s em lei, de i n i c i a t i v a do P r e s i d e n t e d a República". Ve_
jo que n a M i n u t a distribuída f o isuprimido este parágrafo e eu o r e
puto bastante importante porque,ao declarar-se q u e estão excluidos
da apreciação judicial, só s e r e s s a l v a o e f e i t o dos a t o s praticados
até e n t ã o , a menos q u e uma lei, venha a revogar esses efeitos, modi^
ficar esses efeitos. Então, nada i m p e d e q u e um C o n g r e s s o a d v e r s o ao
Governo imediatamente aprove um P r o j e t o de L e i m o d i f i c a n d o os efei-
tos produzidos pelos Atos Institucionais, dando anistia plena, re-
N.° 0 78

reintegrando funcionários, r e i n t e g r a n d o militares, de s o r t e que,/me


parece bastante importante que s e r e f l e t i s s e sobre este aspecto. Eu
julgo que d a r - s e ao P r e s i d e n t e da República a iniciativa de Leis
que afetem os e f e i t o s dos A t o s produzidos e uma ressalva muito im-
portante para n o s , que não q u e r e m o s q u e h a j a uma revisão ampla e
plena dos a t o s praticados e dos e f e i t o s produzidos pelos atos de e x
ceçao. A supressão dos a t o s de e x c e ç ã o , e v i d e n t e m e n t e , nao se poe
em d ú v i d a , mas o s e f e i t o s produzidos parece-me que d e v a m s e r r e s s a l
vados, a menos que o P r e s i d e n t e d a R e p ú b l i c a j u l g u e útil reformá-
los. E r a a observação que e u t i n h a a fazer.

PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Realmente cogitava-se de um p a r á g r a f o n e s


te s e n t i d o , mas o p a r á g r a f o não d i z i a "poderão ser", dizia "serão".
Ora, o "serão" i a s u j e i t a r o Presidente da República a s o f r e r pres-
sões p a r a e n v i a r um P r o j e t o de L e i n e s t e sentido. Eu imaginei uma
outra f o r m a , que e n c o n t r o u o b j e ç õ e s n a área do legislativo, de "só
poderão s e r " , o u "só s e r ã o " ; c o l o c a r a m um " s ó " , mas aí e l e s acharam
que seria desprimoroso com o P o d e r L e g i s l a t i v o . Eu concordo com a
tese de que e s t e s atos não d e v e m s e r r e v i s t o s p o r pressão. 0 Sr ar
gumentou com um legislativo adverso, mas o P r e s i d e n t e tem o poder
de veto e este poder só p o d e s e r d e r r u b a d o por 2/3. Derrubar um v e
to do P r e s i d e n t e d a R e p ú b l i c a é m u i t o difícil. A forma de dizer
"serão", p a r e c i a impor que e s t e s A t o s fossem revistos. "Serão" r e -
vistos através de um P r o j e t o de L e i q u e é de i n i c i a t i v a do Presiden
te da República. O r a , o "serão" r e v i s t o s jã d a v a a idéia de que,fa_
talmente, eles seriam revistos e e u não q u e r o aceitar a hipótese de

que a revisão é obrigatória.


M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E ASSISTÊNCIA S O C I A L - Mas a fórmula pode-
rão ser revistos ...
P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A - Contra a expressão "poderão s e r " , vem o
argumento também d a área l e g i s l a t i v a ; "o poderão s e r " não excluia
que também p u d e s s e m s e r por i n i c i a t i v a do l e g i s l a t i v o .
M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E ASSISTÊNCIA SOCIAL - Acho que não!
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Quer d i z e r , o "poderão ser" daria ao Pre-
sidente a faculdade, mas n ã o a faculdade exclusiva; isto é, o Presi^
dente só f i c a r i a com a f a c u l d a d e exclusiva se usasse a p a l a v r a "só"
ou "somente". E aí a c h a r a m que i s t o a r r a n h a r i a o Congresso e e u de_
pendo m u i t o dele para aprovar isso. 0 perigo que o S r v ê , e u tam-
bém o s i n t o . Ele existe, mas e u me e s c u d o n a p o s s i b i l i d a d e do veto
e sua manutenção, porque para e l e s e r derrubado precisa de 2/3,
isto é , s e a m a n h ã , c o m i g o , o u com o n o v o P r e s i d e n t e d a Repúb 1 i c a , h o u
ver qualquer p r o b l e m a que i m p l i q u e praticamente numa a n i s t i a , exis-
te o veto. Evidentemente, a bancada que o G o v e r n o tiver no Poder
Legislativo deve s e r mais do q u e s u f i c i e n t e para manter este veto.

Departamento de Imprensa Nacional r-"

S S? C B P r o l
SECREi'0

- 18 -

Eu f u i contra esta expressão " s e r ã o " , "serão revistos", porque o "se


rão r e v i s t o s " a s s e g u r a a revisão, não d i z e n d o q u a n d o , mas c r i a ui
c o m p r o m i s s o , de t e r q u e s e r r e v i s t o . E u acho que hã m u i t o s Atoji
que vamos t e r que r e v e r . Eu nao vou r e v e r um A t o em q u e o E x é r c i t o
expulsou ou b o t o u para fora um G e n e r a l comunista. Pode s e r que a l -
gum d i a s e faça e s s a c a m p a n h a de a n i s t i a política. E veja bem, se
nós p u z e r m o s isto, nós e s t a m o s i n d i r e t a m e n t e encampando e s t a campa
nha de a n i s t i a q u e está aí p e l o país a f o r a . Eu p r e f e r i não dizer
nada sobre isso p a r a nao acender nenhuma esperança. Como e s t a , n ã o
hã e s p e r a n ç a . Se eu e s t a b e l e c e r que os A t o s "serão revistos", de
acordo com l e i de i n i c i a t i v a do P o d e r Executivo, estou abrindo uma
porta muito larga para todos estes q u e estão querendo forçar um cli^
ma de a n i s t i a , afirmando que o B r a s i l sempre f o i de a n i s t i a , e t c .
A anistia é i n o p o r t u n a , porque eles continuam a conspirar; e l e s con
tinuam a querer subverter, continuam a agitar. Em f a c e destas ob-
servações todas é que o p i n e i pela supressão d e s t e parágrafo.

PRESIDENTE DA R E P U B L I C A - S r M i n i s t r o Chefe do G a b i n e t e Militar, Ge


neral MORAES REGO ...
M I N I S T R O C H E F E DO G A B I N E T E M I L I T A R DA P R E S I D Ê N C I A DA R E P Ú B L I C A - De
acordo, Sr Presidente.
P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A - Sr Ministro Chefe do G a b i n e t e Civil, Mi-
nistro G O L B E R Y ...
MINISTRO C H E F E DO G A B I N E T E CIVIL DA P R E S I D Ê N C I A DA R E P Ú B L I C A - De
acordo!
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Sr Ministro Chefe do S N I ...
M I N I S T R O C H E F E DO S E R V I Ç O NACIONAL DE I N F O R M A Ç Õ E S - De p l e n o acor-
do.
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Sr Ministro Chefe do EMFA ... General
T H E O P H I L O ...
M I N I S T R O C H E F E DO ESTADO-MAIOR DAS F O R Ç A S ARMADAS - S r Presidente,
Vossa Excelência repetidas vezes manifestou-se favorável ao aprimo-
ramento de n o s s a s instituições democráticas. Sempre fiel a esse
pensamento Vossa Excelência vem b a t a l h a n d o p a r a p o r termo às leis
de e x c e ç ã o , tão n e c e s s á r i a s em d e t e r m i n a d a s o c a s i õ e s , a f i m de evi-
tar que f o s s e m d e s v i r t u a d o s os i d e a i s d a Revolução. Julga V o s s a Ex_
c e l ê n c i a , e com i s s o estamos de a c o r d o , que é chegado o momento p a -
ra, de m a n e i r a ordenada e pacífica, r e a l i z a r a esperada transição,
abrindo m ã o d a s l e i de e x c e ç ã o , mas d a n d o ao G o v e r n o os elementos
capazes de s a l v a g u a r d a r a s i n s t i t u i ç õ e s e a s s e g u r a r a ordem e o p r o
gresso da Nação. Para isso, recorre Vossa Excelência a uma Emenda
Constitucional q u e , a b o l i n d o o arbítrio, i n s t i t u c i o n a l i z a os ideais
da Revolução e que c e r t a m e n t e será a p r o v a d a pelo Congresso Nacional
e a p l a u d i d a p e l o povo b r a s i l e i r o . É oportuno, p o r t a n t o , que como

S EC Rt i Q
Chefe do E s t a d o - M a i o r d a s Forças A r m a d a s m a n i f e s t e m i n h a total apy
vação e me c o n g r a t u l e com V o s s a E x c e l ê n c i a p o r t a o c o r a j o s o e d(
sivo passo.
P R E S I D E N T E DA REPUBLICA - S r Chefe do E s t a d o - M a i o r da Armada, S r Al^
mirante ESPELLET ...
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DA ARMADA - De a c o r d o , Sr Presidente!
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - S r Chefe do E s t a d o - M a i o r do E x e r c i t o , Ge-
neral ARIEL PACCA ...
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO - Existem tres pontos, Sr P r e s i —
dente, que g o s t a r i a que f o s s e m esclarecidos, ou m e l h o r , sobre os
quais desejava fazer observações. 0 p r i m e i r o se r e f e r e ao Artigo
32, parágrafo 39 - o n d e é t r a t a d o do f l a g r a n t e de c r i m e inafiançá-
vel. Os autos serão r e m e t i d o s dentro de 4 8 h o r a s â Câmara respecü
va para que r e s o l v a sobre a prisão e autorize o u não a formação de
culpa. Eu penso o s e g u i n t e : no caso de f l a g r a n t e de c r i m e inafian-
çável, somente crime comum, a C â m a r a p o d e r á ou não a u t o r i z a r a for
mação de c u l p a do r e p r e s e n t a n t e do P o d e r L e g i s l a t i v o . Isto nao exis
te em n e n h u m o u t r o poder. Acho que o s a u t o s , n e s t e caso, deveriam
ser remetidos ao S u p r e m o T r i b u n a l Federal, dentro de um determinado
prazo - e de um p r a z o c u r t o - p a r a que e l e f o s s e pronunciado pelo prõ
prio Supremo T r i b u n a l Federal. Penso que é uma regalia proporciona
da em demasia ao r e p r e s e n t a n t e do P o d e r L e g i s l a t i v o q u e não ê dada

a nenhum r e p r e s e n t a n t e de o u t r o Poder.
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Vamos examinar. Vou v e r i f i c a r ...
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO - Este é um p o n t o . 0 outro ponto
que eu q u e r i a salientar, t a m b é m , é no A r t i g o 1 5 9 , q u a n d o diz quais
os membros natos do C o n s e l h o Constitucional. Em s e u parágrafo úni-
co, admite-se a designação de o u t r o s membros natos ou e v e n t u a i s . Eu
penso q u e o s membros natos deviam ser fixados no a r t i g o e os even-
tuais é que p o d i a m s e r t r a t a d o s no p a r á g r a f o . Os n a t o s deviam ser
fixados em lei, desde já. Os e v e n t u a i s é que são v a r i á v e i s com as
circunstâncias. 0 outro aspecto, Sr Presidente, naturalmente f o i
bem pensado por Vossa E x c e l ê n c i a , é no q u e t a n g e ao c a s o da e n t r a d a
em v i g o r da emenda. Eu penso que V o s s a Excelência é o f i a d o r des-
sas modificações na n o s s a Constituição. Então, j u l g o que entrando
em v i g o r apenas a 15 de m a r ç o , e l a v a i p a s s a r a v i g o r a r justamente
na d a t a em q u e o n o v o G o v e r n o assume o poder. Pela Constituição, o
Congresso Nacional reunir-se-ã anualmente de 19 de m a r ç o a 30 de
junho, e de 19 de a g o s t o a 5 de d e z e m b r o . Eu penso, como V o s s a E x -
celência está p r o p o n d o , e é o f i a d o r dessas modificações, que esta
emenda d e v i a e n t r a r em v i g o r antes de V o s s a Excelência deixar o man
dato. Como a 5 de d e z e m b r o o C o n g r e s s o entra em r e c e s s o , eu propo-
nho que f o s s e a n t e c i p a d a a d a t a de e n t r a d a em v i g o r da Emenda para

Departamento de Imprensa Nacional —


S E C R E T O

- 20 -

5 de d e z e m b r o o u 19 de j a n e i r o , como já f o i v e n t i l a d o a q u i , porque
o Congresso só v a i v o l t a r a funcionar a 19 de m a r ç o , 1 5 d i a s antes
da posse do n o v o Governo. Seria um prazo mínimo p a r a s e r testadodu
rante o recesso do C o n g r e s s o e durante esses 15 d i a s q u e precede-
riam ã assunção do n o v o Governo. Apenas uma l e m b r a n ç a q u e a 19 de
j ane i r o ...
P R E S I D E N T E DA REPUBLICA - 19 de j a n e i r o é uma data que p o d e r i a ser
pensada ...
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO - Acho que e s t a d a t a f o i bem pen-
sada por Vossa Excelência e s e u s a s s e s s o r e s que t r a b a l h a r a m no Pro
jeto, mas eu p r o p o r i a uma antecipação justamente por s e r Vossa Ex-
celência o fiador dessas reformas para que e l a s não fossem v i g o r a r ,
a p e n a s , no o u t r o Governo.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Eu estou de p l e n o acordo com o S r . Acho
inclusive q u e é um dever moral meu. Ficaria mal para mim s e a emeii
da só e n t r a s s e em v i g o r a partir de 1 5 de m a r ç o .
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO - Eram as minhas sugestões, Sr
Presidente.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Muito obrigado! Sr Chefe do Estado-Maior
da Aeronáutica, T e n e n t e - B r i g a d e i r o LUCENA...
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DA A E R O N Á U T I C A - De p l e n o acordo, Sr Presiden
te. Entretanto, gostaria de l e v a n t a r uma dúvida. Na interpretação
do A r t i g o 39 q u e r e v o g a os A t o s Institucionais e Complementares,que
contrariam a Constituição, r e s s a l v a d o s os e f e i t o s dos a t o s pratica
dos com b a s e n e l e s até a data da vigência d e s s a Emenda. Eu creio
que isto dá uma dupla interpretação. Até a data da vigência desta
Emenda, s a o os e f e i t o s ou o s A t o s ? Eu acho q u e a idéia é q u e os
efeitos continuem até se e x a u r i r e m . Eu p r o p o r i a ...
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Os a t o s praticados com b a s e neles até a
data da vigência d e s s a Emenda, porque até a data da vigência d a Emen
da eu posso aplicar o AI-5. Então, todos os a t o s que e u praticar
até a d a t a da vigência estão e x c l u i d o s de a p r e c i a ç ã o judicial.
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DA A E R O N Á U T I C A - Perfeito, S r P r e s i d e n t e , mas
eu digo os e f e i t o s ! Eu p r o p o r i a retirar a expressão "até a data da
vigência da emenda". Porque já está r e v o g a d o em cima. 0 S r já r e -
vogou os a t o s logo no início. Pode h a v e r uma dupla interpretação,
certo? São o s a t o s o u são o s e f e i t o s ?
M I N I S T R O DA FAZENDA - É um p r o b l e m a de redação ...
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DA A E R O N Á U T I C A - M a s , um problema de redação
que qualquer jurista corrige. Tenho uma sugestão: Sao r e v o g a d o s a
partir da d a t a da vigência dessa Emenda os A t o s Institucionais, em
vez d e , até a d a t a da vigência. Deve ser dito que a p a r t i r da v i -
gencia da Emenda e que s a o r e v o g a d o s os A t o s , mas o s e f e i t o s conti
[s E C R i ~ 7o j
N.o 0 8 0

continuam.
P R E S I D E N T E DA REPUBLICA
mos rever essa parte .. .
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DA A E R O N Á U T I C A - Outro assunto, Sr Presiden
te, qual a s e g u r a n ç a que t e m o s que e s t a proposta passe tranqui1amen
te no C o n g r e s s o sem a c r é s c i m o s , com v i s t a s a anistia ampla e irres-
trita, etc.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Este é um p r o b l e m a que e x i s t e realmente.
Eu não p o s s o t e r certeza de q u e o P r o j e t o passe no C o n g r e s s o como
ele está e q u e não tenha e m e n d a s que p o s s a m m o d i f i c á - l o ou d e t u r p a r ,
aquilo que s e p r e t e n d e . Isto f o i uma h i p ó t e s e que s e considerou.
É uma hipótese válida. 0 p r i m e i r o problema é uma arregimentação de
adeptos, problema p o l í t i c o , em que e u e s t o u e m p e n h a d o e e s t o u em-
penhando os d i r i g e n t e s da ARENA, p a r a o b t e r o v o t o d a ARENA q u e e
maioria no C o n g r e s s o . Pode-se, inclusive, admitir q u e o MDB feche
a questão, d e f o r m e ou q u e i r a deformar o Projeto através de emendas.
Uma d a s fórmulas que s e a d m i t e é que o G o v e r n o , a liderança, o rela
tor não p e r m i t a d e s t a q u e s , não p e r m i t a v o t a r a emenda a o s pedaços;
tem que s e r v o t a d a como um todo, ou a c e i t a toda ou r e j e i t a toda.
Pode s e r apresentado um substitutivo; neste c a s o , haverá a votação
da e m e n d a de um l a d o e, s e e l a f o r r e j e i t a d a , a do s u b s t i t u t i v o . Mas
existe s e m p r e um r e c u r s o de q u e e u lançarei m ã o em u l t i m a instân-
cia; eu l h e s peço q u e g u a r d e m sigilo sobre isto. Se amanhã se v e n
ficar, pelas formas com que o p r o b l e m a s e a p r e s e n t a , que o Projeto
vai s e r reformado ou d e t u r p a d o , eu r e t i r o o Projeto. Quer dizer,co
mo o projeto é de i n i c i a t i v a governamental, o Governo pode retirar
o projeto e justificar porque retira. A Í , então, v o l t a m o s a estaca
zero e vamos t e r que e x a m i n a r o que i r e m o s fazer. Ê evidente que
não v o u p e r m i t i r , não v o u a c e i t a r que e s s e projeto que f o i f e i t o com
o espírito m a i s s a d i o p o s s í v e l , com a m e l h o r d a s intenções e no i n -
teresse do p a í s , seja deformado, seja deturpado e se transforme
num "bumerangue", v i r a n d o c o n t r a aquilo que j u s t a m e n t e nós pretende
mos. Eu pretendo u s a r o s meus recursos políticos e tenho em última
instância e s t a possibilidade d e , n a i m i n ê n c i a de v e r i f i c a r a detur-
pação do P r o j e t o , retirá-lo e justificar porque retirei. Então,irei
justificar perante a N a ç ã o , através d a televisão, p o r q u e estou proce
dendo assim.

C H E F E DO ESTADO-MAIOR DA A E R O N Á U T I C A - Muito obrigado, Sr Presiden-


te j

P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A - E u agradeço a s o p i n i õ e s , a c o l a b o r a ç ã o que
me trouxeram. Ha a l g u n s pontos que e u v o u r e e x a m i n a r com m a i s c a l _
ma, mas v e j o q u e de uma m a n e i r a geral todos nós e s t a m o s de acordo
que t e m o s q u e d a r um p a s s o , que t e m o s que e v o l u i r . 0 Brasil já é
Departamento de Imprensa Nacional — „, , I V M m m

iC Z r" ff i- f í*\
S E C R E T O

- 22 -

um pais grande, grande n a expressão de s u a s i g n i f i c a ç ã o mundial


que não p o d e m a i s ficar n e s s a situação de e t e r n i z a r Atos que ti>
ram um caráter transitório. Eu a f i r m o , e tenho absoluta certreza,
que nós v a m o s t e r muitos problemas. X m e d i d a que o p a i s se desen-
volve cada v e z m a i s , os problemas s e apresentarão em m a i o r quantida_
de e sempre m a i s difíceis. Ê* i n d u b i t ã v e l , i s s o é uma d e c o r r ê n c i a do
desenvolvimento do P a í s . Nos, por exemplo, estendemos extraordina-
riamente a r e d e de t e l e c o m u n i c a ç õ e s no P a í s ; p o i s bem, isto ê um fji
tor de p r o g r e s s o q u e , p o r o u t r o l a d o , s e t o r n a meio de a g i t a ç ã o e
perturbação. A s notícias circulam com uma rapidez extraordinária e
os b o a t o s também, e t u d o isto g e r a intranqüilidade e inquietação.
Mas nós t e m o s q u e t e r c o n f i a n ç a n o n o s s o poder, n a n o s s a força e n a
nossa união. Eu tenho dito s e m p r e : s e a s Forças A r m a d a s se conserva
rem u n i d a s e s e a s Forças A r m a d a s ficarem imunes a infiltração sub-
versiva, dificilmente este País irá p a r a uma fase de a g i t a ç ã o , de
p e r t u r b a ç ã o m a i o r , q u e n o s p o n h a em risco ou p o s s a a t i n g i r a área
econômica e o próprio p o v o , q u e h o j e em d i a já e s t á m u i t o mais ama-
durecido. Há p o u c o , o M i n i s t r o VELLOSO citou aqui que a n o s atrás
nós tínhamos um índice de a n a l f a b e t o s de m a i s de 5 0 % . É da democra
cia, é do r e g i m e t e r problemas. Afora isto, há a d i t a d u r a , essa
também tem s e u s p r o b l e m a s e os p r o b l e m a s da d i t a d u r a são m u i t o pio-
res do q u e e s t e que nós v a m o s e n f r e n t a r . Eu estou convencido de
que os M i n i s t r o s n a o v a o d o r m i r em p a z . Eles sempre terão proble-
mas, eles sempre terão com q u e s e p r e o c u p a r e t o m a r m e d i d a s para en
frentar esses p r o b l e m a s , mas isto é democracia, isto ê a evolução
do P a í s que g e r a e nós n ã o d e v e m o s t e r medo d e l e s . Acho que temos
meios legais, meios materiais, meios m o r a i s p a r a enfrentar esses
problemas e devemos f a z e r isso. Muito obrigado pela colaboração
que me prestaram.
MINISTRO DO EXÉRCITO MINISTO DAS RELAÇÕES
EXTERIORES

MINISTRO DA A G R I C U L T U R A MINISTRO DA EDUCAÇÃO


E CULTURA

INISTRO DA AERONÁUTICA

M I N I S T R O DA SAÚDE INISTRO DA I N D Ú S T R I A E DO
COMÉRCIO

M I N I SSJT£0
T R O DAS MINAS E E N E R G I A TRO C H E F E DA S E C R E T A R I A
DE PLANEJAMENTO

M I N I S T R O DAS COMUNICAÇÕES

Departamento de Imprensa Nacional l —

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M I N I S T R O DA P R E V I D Ê N C I A E
ASSISTÊNCIA SOCIAL

MINISTRO CHEFE DO SERVIÇO MINISTRO CHEFE DO


NACIONAL DE INFORMAÇÕES ESTADO-MAIOR DAS FORÇAS ARMADAS

CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA
AERONÁUTICA

ISEC R E O
S E C R k i üj
N.° 0 8 2

ATA DA QUINOUAGÉSIMA QUARTA SESSÃO

DO

CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL J ~

Aos vinte e sete dias do mês de j u n h o do a n o de m i l


novecentos e setenta e nove, as dez h o r a s e cinco m i n u t o s , no P a l á -
cio do P l a n a l t o , na cidade de B r a s í l i a , D i s t r i t o Federal, realizou-
se a quinquagésima quarta sessão do CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL,
sob a Presidência do E x c e l e n t í s s i m o Senhor General-de-Exêrcito JOÃO
B A P T I S T A DE OLIVEIRA FIGUEIREDO, P r e s i d e n t e da República, e contan-
do com a p r e s e n ç a dos s e g u i n t e s membros: D o u t o r ANTÔNIO AURELIANO
CHAVES DE M E N D O N Ç A , V i c e - P r e s i d e n t e da República; S e n a d o r PETRÔNIO
PORTELLA NUNES, M i n i s t r o da Justiça; A l m i r a n t e - d e - E s q u a d r a MAXIMIA-
NO EDUARDO DA SILVA FONSECA, M i n i s t r o da M a r i n h a ; General-de-Exérci
to WALTER PIRES DE CARVALHO E A L B U Q U E R Q U E , M i n i s t r o do E x é r c i t o ; Em
baixador RAMIRO E L Y S I O SARAIVA GUERREIRO, M i n i s t r o d a s Relações E x -
teriores; D o u t o r KARLOS HEINZ R I S C H B I E T E R , M i n i s t r o da F a z e n d a ; E n -
genheiro ELISEÜ R E S E N D E , M i n i s t r o dos T r a n s p o r t e s ; Doutor ANTÔNIO
D E L F I M NETTO, M i n i s t r o da A g r i c u l t u r a ; Professor EDUARDO MATTOS POR
TELLA, M i n i s t r o da Educação e C u l t u r a ; D o u t o r M U R I L L O MACEDO, M i n i s _
tro do T r a b a l h o ; Tenente-Brigadeiro DfLIO J A R D I M DE MATTOS,Ministro
da Aeronáutica; D o u t o r MARIO AUGUSTO J O R G E DE CASTRO LIMA, Ministro
da Saúde; D o u t o r JOÃO CAMILO PENNA, M i n i s t r o d a I n d ú s t r i a e do Co-
mércio; C o r o n e l CÉSAR C A L S DE O L I V E I R A FILHO, M i n i s t r o das Minas e
Energia; Coronel MARIO D A V I D A N D R E A Z Z A , M i n i s t r o do I n t e r i o r ; Coro
nel HAROLDO CORRÊA DE MATTOS, M i n i s t r o d a s Comunicações; D o u t o r JAIR
DE OLIVEIRA SOARES, M i n i s t r o da Previdência e Assistência Social;
General-de-Brigada DANILO V E N T U R I N I , M i n i s t r o Chefe do G a b i n e t e M i -
litar da Presidência da República e Secretário-Geral do C o n s e l h o de
Segurança N a c i o n a l ; Ministro G O L B E R Y DO COUTO E S I L V A , Ministro

Departamento de Imprensa Nacional —


SE CR £

Chefe do G a b i n e t e C i v i l da Presidência da República; General-de-Bri


g a d a O C T Ã V I O A G U I A R DE M E D E I R O S , M i n i s t r o Chefe do S e r v i ç o N a c i o n a l
de Informações; General-de-Exêrcito SAMUEL AUGUSTO A L V E S C O R R Ê A , Mi_
nistro Chefe do E s t a d o - M a i o r d a s Forças A r m a d a s ; Professor MARIO
HENRIQUE SIMONSEN, M i n i s t r o Chefe da S e c r e t a r i a de Planejamento;Dou
tor SAID ABRAHIM FARHAT, M i n i s t r o Chefe da S e c r e t a r i a de Comunica-
ção S o c i a l ; A l m i r a n t e - d e - E s q u a d r a CARLOS AUTO DE ANDRADE, C h e f e do
Estado-Maior da Armada; General-de-Exército E R N A N I AYROSA DA SILVA,
Chefe do E s t a d o - M a i o r do E x é r c i t o ; T e n e n t e - B r i g a d e i r o LEONARDO TEI-
XEIRA COLLARES, Chefe do E s t a d o - M a i o r da Aeronáutica.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Senhores Membros do C o n s e l h o de Segurança
Nacional, convoquei Vossas Excelências a esta reunião para ouvi-los
a propósito de A n i s t i a a Crimes Políticos que p r e t e n d o propor ao
Congresso N a c i o n a l nos termos do A r t i g o 57, i n c i s o 6, d a Constitui-
ção. Na v i g ê n c i a da Emenda C o n s t i t u c i o n a l n ° 1 1 , s u p e r a - s e um pe-
ríodo que t o r n a r a necessários procedimentos às v e z e s traumáticos e
de caráter excepcional. Importa notar, porém, que a conciliação da
família b r a s i l e i r a , sendo um f i m em s i mesma, d e v e provocar sobre o
futuro o ideal que n o s i n s p i r o u n o s últimos 15 a n o s e haverá de ins_
pirar a s gerações futuras. Nao preciso relembrar aqui o muito que
a Revolução de 1 9 6 4 r e p r e s e n t o u p a r a o B r a s i l em termos de d e s e n v o l
vimento econômico e de p a z s o c i a l . Basta dizer que, sempre sob a
iniciativa de s e u s chefes, e l a conseguiu adaptar-se a circunstan-
cias tao variadas como a s que v i v e m o s n e s t e período. Soube, tam-
bém, r e t o m a r seus o b j e t i v o s originais t a o logo a s condições o per-
mitissem. A concessão de a n i s t i a é sempre um ato u n i l a t e r a l de po
der, pressupõe ou e n s e j a o desarmamento dos espíritos, c r i a oportu-
nidade p a r a a convivência democrática dos contrários, idéias, parti_
dos, pessoas. A Anistia, ainda, a m p l i a o campo d a atuação políti-
ca. Como em todos os f a t o s históricos há sempre um momento propício
a c o n c e d e - l a , a s s i m como há uma e x t e n s ã o justa p a r a c a d a momento b i s
torico. Acredito havermos chegado a esse ponto. A Anistia que p r e
tendo propor, será suficientemente ampla, c o b r i r á no tempo t o d o s os
crimes políticos e conexos, cometidos desde 02 de s e t e m b r o de 1 9 6 1 ,
data da u l t i m a anistia, até 3 1 de d e z e m b r o de 1 9 7 8 , d a t a em que d e i
xaram de v i g e r os A t o s Institucionais e Complementares. Abrangerá
os que t i v e r a m os seus direitos políticos s u s p e n s o s , contemplará os
servidores d o s três p o d e r e s , dos níveis F e d e r a l , Estadual e Munic_i
pai, compreendendo, e n t r e eles, indistintamente, os que s e r v i r a m à
Administração Direta e ã Indireta, inclusive às F u n d a ç õ e s vincula-
das ao P o d e r Público. Os civis e militares demitidos, postos em
disponibilidade, aposentados, transferidos para a reserva ou refor-
mados, terão a possibilidade de r e q u e r e r seu retorno ou r e v e r s ã o ao
S £ C R fc í O
N.° 0 8 3

3 -

serviço ativo. A concessão desse b e n e f i c i o , entretanto, por moti-


vos fáceis de c o m p r e e n d e r , dependerá de v a g a e de i n t e r e s s e da Adini
nistraçao. Este será v e r i f i c a d o p o r uma C o m i s s ã o Especial no ambjí
to de c a d a M i n i s t é r i o . Nao poderão retornar, em q u a l q u e r caso,aque
les cujo afastamento tenha sido motivado por improbidade. De qual_
quer forma, porém, a s s e g u r a - s e a c o n t a g e m , p a r a e f e i t o s de proven-
tos da i n a t i v i d a d e , o período decorrido desde o a t o de p u n i ç ã o . Ex
cluem-se dos benefícios da a n i s t i a , somente os condenados pela Jus_
tiça M i l i t a r em v i r t u d e da prática de c r i m e s de t e r r o r i s m o , assal-
tos, seqüestro e atentado pessoal. Tais c r i m e s n a o podem conside
rar-se estritamente políticos. A a ç ã o , no c a s o , n a o e c o n t r a o Go-
verno ou o r e g i m e mas contra a humanidade. Por isso mesmo, em qua
se todo o mundo, t e m - s e como i n d i s p e n s á v e i s leis que c o i b e m estes
atos. Tais sao, Senhores Membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a Nacional,
as linhas da a n i s t i a que p r e t e n d o propor. Na forma da Constituição
passo a ouvir Vossas Excelências. Em primeiro lugar e u ouço o E x c e

lentíssimo Senhor Vice-Presidente da República.


VICE-PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Eu penso que n o s t e r m o s em que o prp_
jeto f o i p r o p o s t o , de a c o r d o com a q u i l o que V o s s a E x c e l ê n c i a me deu
conhecimento n a reunião que m a n t i v e m o s ontem, eu nao tenho nenhum
reparo a fazer. Acho que o p r o j e t o f o i muito bem elaborado, atende
as aspirações d a Nação n e s t a quadra que e s t a m o s vivendo. 0 que me
cabe neste instante ê deixar registrado, e o faço com e n t u s i a s m o , o
meu voto dc congratulação com toda a equipe que t r a b a l h o u no proje-
to. Em p r i m e i r o lugar com V o s s a E x c e l ê n c i a , em segundo lugar com o
Senhor Ministro d a J u s t i ç a que t e v e a responsabilidade de conduzir
a elaboração do p r o j e t o em s e u estágio principal, em suas linhas bjí
sicas, o que, penso e u , o f e z com p r o f i c i ê n c i a , s i n t o n i z a n d o - o com
a realidade vigente e, n a t u r a l m e n t e , harmonizando-o com o s objeti-
vos do G o v e r n o que me parece, neste instante, estão em p e r f e i t a har_
monia com o s o b j e t i v o s nacionais. Meu voto é favorável ao projeto.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Muito o b r i g a d o Dr A u r e l i a n o Chaves. Pas-
so a ouvir, a g o r a , os S e n h o r e s Ministros de E s t a d o . Com a palavra
o Senhor Ministro da Justiça.
M I N I S T R O DA JUSTIÇA - De acordo com a orientação de V o s s a Excelên-
cia.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Muito obrigado, Ministro Petrônio. Senhor
Ministro da M a r i n h a .
M I N I S T R O DA MARINHA - De pleno acordo.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Muito obrigado. Senhor Ministro do E x é r -
cito.
M I N I S T R O DO EXÉRCITO - De p l e n o acordo.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Muito obrigado. Senhor Ministro das Rela
Departamento de Imprensa Nacional

S E C R t:
S E C R E T O

Relações Exteriores. •
MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES - Eu estou também de p l e n o acordo
com a e x p o s i ç ã o sobre a a n i s t i a que V o s s a E x c e l ê n c i a n o s f e z .
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Muito obrigado. Senhor M i n i s t r o da F a z e n
d a.
MINISTRO DA FAZENDA - P l e n o a c o r d o . ;

P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Senhor M i n i s t r o dos T r a n s p o r t e s .


M I N I S T R O DOS TRANSPORTES - Pleno acordo.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Senhor M i n i s t r o da A g r i c u l t u r a .
MINISTRO DA A G R I C U L T U R A - De acordo.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Senhor M i n i s t r o da Educação e Cultura.
MINISTRO DA EDUCAÇÃO E CULTURA - De acordo.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Senhor M i n i s t r o do T r a b a l h o .
MINISTRO DO TRABALHO - De acordo.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Senhor M i n i s t r o da Aeronáutica.
MINISTRO DA A E R O N Á U T I C A - Pleno acordo.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Senhor M i n i s t r o da Saúde.
MINISTRO DA SAÚDE - Com o aplauso do M i n i s t é r i o d a Saúde e da clas-
se médica que a q u i represento.
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Muito obrigado. Senhor M i n i s t r o da Indús
tria e do C o m é r c i o .
MINISTRO DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO - Pleno acordo Senhor Presiden
te.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Senhor M i n i s t r o das Minas e Energia.
MINISTRO DAS MINAS E E N E R G I A - De pleno acordo Senhor Presidente.—
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Senhor M i n i s t r o do I n t e r i o r .
MINISTRO DO INTERIOR - De acordo.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Senhor M i n i s t r o das Comunicações.
M I N I S T R O DAS COMUNICAÇÕES - Plenamente de a c o r d o Senhor Presidente.
P R E S I D E N T E DA REPÚBLICA - Senhor M i n i s t r o da Previdência e Assistên
cia Social.
M I N I S T R O DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL - De acordo.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Senhor M i n i s t r o C h e f e do C a b i n e t e Militar
da Presidência da República.
MINISTRO C H E F E DO G A B I N E T E M I L I T A R DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA - De
acordo.
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Senhor M i n i s t r o Chefe do G a b i n e t e Civil
da Presidência da República.
MINISTRO C H E F E DO GABINETE C I V I L DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA - De
acordo.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Senhor M i n i s t r o C h e f e do S e r v i ç o Nacional
de I n f o r m a ç õ e s .
MINISTRO C H E F E DO SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES - Plenamente de

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S fc C R fc I Q
N.° 0 8 4
- 5 -
7/,

acordo.
P R E S I D E N T E DA R E P U B L I C A - Senhor Ministro Chefe do E s t a d o - M a i o r d a s
Forças A r m a d a s .
M I N I S T R O C H E F E DO ESTADO-MAIOR DAS FORÇAS ARMADAS - P l e n o a c o r d o Se
nhor Presidente.
P R E S I D E N T E DA R E P U B L I C A - Senhor Ministro Chefe da Secretaria de
P l a n e j amento.
M I N I S T R O CI1EFF. DA S E C R E T A R I A DE PLANEJAMENTO - De a c o r d o .
PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A - Senhor Ministro Chefe da S e c r e t a r i a de Co
municaçao Soei
MINISTRO C H E F E DA S E C R E T A R I A DE C O M U N I C A Ç Ã O SOCIAL - P l e n o acordo.-
P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A - Vamos ouvir agora os Senhores Chefes de
Estado-Maior. Com a p a l a v r a o Senhor Chefe do E s t a d o - M a i o r da Arma

C H E F E DO ESTADO-MAIOR DA ARMADA - De p l e n o acordo com V o s s a Excelen


cia.
P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A - Muito obrigado. Senhor Chefe do Estado-
Maior do E x e r c i t o .
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DO E X E R C I T O - De p l e n o acordo com V o s s a Exce-
lência.
P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A - Senhor Chefe do E s t a d o - M a i o r d a AeronãutjL
c a.
C H E F E DO ESTADO-MAIOR DA A E R O N Á U T I C A - De p l e n o acordo Senhor Presi
dente.
P R E S I D E N T E DA R E P Ú B L I C A - Senhores Membros do C o n s e l h o de S e g u r a n ç a
Nacional, tendo ouvido Vossas Excelências como m a n d a a Constituição,
quero agradecer-lhes a colaboração q u e me d e r a m em m a i s este ato.
E muito especialmente o patriotismo e a compreensão d a r e a l i d a d e bra
sileira que d e m o n s t r a r a m . 0 projeto sofrerá a g o r a o s últimos reto
ques, o q u e peço ao S e n h o r Ministro d a Justiça que p r o v i d e n c i e des_
de logo. Peço também ao S e n h o r Ministro Chefe do G a b i n e t e Militar
da Presidência d a R e p u b l i c a e Secretãrio-Geral deste Conselho, que
remeta a c a d a membro do C o n s e l h o , p a r a s u a informação, c o p i a do p r o
jeto definitivo. 0 próximo passo serã o e n c a m i n h a m e n t o da p r o p o s t a
ao C o n g r e s s o Nacional. Vou f a z e r esta tarde em s o l e n i d a d e compad
vel com o a l c a n c e da medida. Convido portanto Vossas Excelênciaspa
ra o a t o público que s e realizará n e s t e Palácio, l o g o m a i s âs 1 5 : 0 0
horas. A n o s s a Revolução incorpora-se assim ã h i s t o r i a ; hoje como
amanha p o d e r e m o s dizer tranqüilamente q u e , como o s q u e v i v e r a m an-
tes de n o s , n e s t e s cinco governos revolucionários, p r e s e n c i a m o s e
participamos de um a c o n t e c i m e n t o irreversível, p o r m u i t o s e muitos
anos a Revolução continuará a marcar a profunda transformação quali^
tativa da s o c i e d a d e b r a s i l e i r a . Muito obrigado a Vossas Excelências.

Departamento de Imprensa Nacional —


/ VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLIC

M I N I S T R O DA MARINHA

MINISTRO DAS RELAÇÕES


EXTERIORES

A FAZENDA M I N I S T R O DOS TRANSPORTES

MINISTRO uK A G R I C U L T U R A MINISTRO DA EDUCAÇÃO


E Cl/ÍTURA

~7
M I N I S T R O DO TRABALHO MINI/SVTRO DA AERONÁUTICA

M I N I S T R O DA SAÚDE M I N I S T R O DA I N D Ú S T R I A E DO
COMÉRCIO

M I N I S T R O DAS MINAS E E N E R G I A

M I N I S T R O DAS COMUNICAÇÕES JíUTISTRO/DA PPFVTDJ


ASSISTÊNCIA SOCIAL

SE C R EA O
N.? 0 85
- 7 -

M I N I S T R O CJIEJ MINISTRO CHEFE ^ K Í S E R V I Ç O


GABINE^E^CIVIL NACIONAL DE INFORMAÇÕES

9*^-C—

MIJO: S T R O C H E F E DO M I N I S T R O C H E F E DA S E C R E T A R I A
E S T A D O - M A I O R DAS F O R Ç A S ARMADAS DE PLANEJAMENTO

/-.««

M I N I S T R O " C H E F E DA S E C R E T A R I A CHEFE DO E S T A D O - M A I O R DA
DE COMUNICAÇÃO S O C I A L ARMADA

CHEFE DO CHEFE DO E S T A D O - M A I O R DA
XERCITO V AERONÁUTICA

à ti/Io j/li'/iiyfn't
S E C R E T A R I O - G E R A L DO C O N S E L H O
DE S E G U R A N Ç A N A C I O N A L

Departamento de Imprensa Nacional —

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