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A Primeira República muito além do café com leite

Antonio Luigi Negro*


Jonas Brito**

VISCARDI, Cláudia. O teatro das oligarquias: Logo, São Paulo e Minas não fizeram (a despeito
uma revisão da “política do café com leite”. Belo dos demais) o que bem entendiam. Ao contrário,
Horizonte: Fino Traço, 2012. havia intensa barganha entre os estados.
É bom que se diga que não são desconside-
Em seu livro O teatro das oligarquias, con- radas as posições, na economia, bem como na
testando a validade da tese do café com leite por política, de mineiros e paulistas. A autora igual-
meio do exame das articulações referentes às su- mente não ignora que se coligaram e que ocupa-
cessões presidenciais — em que nota “os arranjos ram juntos a administração federal. No segundo
políticos mais importantes” (p. 25) —, Cláudia capítulo é mostrado ao leitor que Minas Gerais,
Viscardi demonstra como diversos atores se ali- uma vez resolvidos seus problemas internos — na
nharam e desalinharam nas disputas ocorridas sucessão de Rodrigues Alves (a partir de 1905) —,
por ocasião da substituição dos mandatos presi- ­conseguiu alçar-se ao primeiro plano da política
denciais ocorridos entre Rodrigues Alves (1902- (p. 72, 87), lugar já pertencente aos paulistas des-
1908) e Washington Luís (1926-1930). Para tal, de 1889 (em aliança com militares ou baianos).
ela fez uso da hipótese da estabilidade do primeiro Ao mesmo tempo, o livro faz ver que os demais es-
regime republicano ter sido fornecida pela “insta- tados sabiam — todo o tempo — que uma alian-
bilidade” (p. 25) das alianças entre atores como o ça exclusivista entre Minas e São Paulo lhes seria
Exército, o Poder Executivo e os seis estados mais prejudicial. Em segundo lugar, o Exército e o Exe-
fortes (São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do cutivo também agiam, tornando o processo e as
Sul, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro). redes que o compunham muito mais complexos e
Viscardi consegue demonstrar que o predomí- multifacetados. Logo, ante os planos situacionis-
nio dos vencedores nas sucessões não se eternizava tas, houve, ao longo das sucessões, a composição
à custa da marginalidade dos demais atores. No de eixos alternativos de poder, com dose respeitá-
lugar disso, a expectativa do rodízio das forças ao vel de eficácia política. Ainda mais (e isto é absolu-
término de cada mandato, os efeitos das disputas tamente notável), não é apenas o fato de mineiros
e o esforço dos competidores no sentido de impe- e paulistas não serem os únicos com voz e vez; é
dir a monopolização do poder por um ou outro também o fato de inexistir permanente “aliança
ator asseguravam a crença em campanhas futu- entre os dois”. Na prática, afirma Viscardi, “mais
ras, inibiam o ressentimento de exclusão entre os se temiam do que se uniam” (p. 253). Sem negar
perdedores e, nesse sentido, continham rupturas. as aproximações, a autora demonstra amplamente

* Doutor em história pela Universidade de Campinas (Unicamp), professor associado da Universidade Federal da Bahia
(UFBa), pesquisador de produtividade científica do CNPq, nível 2. Salvador, BA, Brasil. E-mail: negro@ufba.br.
** Graduado em história pela Universidade Federal da Bahia (UFBa) e mestrando em história pela mesma instituição.
Salvador, BA, Brasil. E-mail: jonasbrito88@hotmail.com.

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que, em vez de solidez e confiança, havia ruptu- felizmente, deixando de aquilatar o momento, a
ras e receios mútuos. Portanto, é necessário notar prática de boa parte das casas editoriais brasileiras
no capítulo final (o oitavo) que, quando a política de imprimir originais sem maior esmero de prepa-
ficou apenas nas mãos de mineiros e paulistas (dé- ro e revisão deixa de produzir um livro com índice
cada de 1920), mais a Primeira República sofreu onomástico e de assuntos e lugares. É de se esperar
com as investidas de monopolização e continuís- que uma editora trate um livro adequadamente,
mo, até chegar a hora em que São Paulo deixou contribuindo para identificar e rever lacunas e
de “levar em conta o poder político do estado de arestas que, durante a redação, fugiram do olhar
Minas” (p. 314), confirmando as suspeitas dos mi- meticuloso da autoria. Seria uma contribuição
neiros sobre a parceria não ser durável. verdadeiramente editorial oferecer uma parceria,
Tese de doutorado defendida em 1998 no Pro- indo além dos vezeiros vetos aos agradecimentos
grama de Pós-Graduação em História da Universi- e às notas de pé de página, que aliás interessam
dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), O teatro das ao público leitor das universidades (consistindo
oligarquias — em sua segunda edição (a primeira este em parte expressiva do mercado consumidor).
é de 2001, lida e esgotada rapidamente) — é uma Igualmente, seria uma contribuição substantiva a
contribuição importante à historiografia da Pri- um livro que, afora ser bem organizado, com cada
meira República. Ao explicar como veio a explorar capítulo sendo resumido no seu início, se faz en-
as desavenças de mineiros e paulistas, V­ iscardi cita tender com o uso de tabelas, gráficos e imagens.
(dentre outros) o coreano Eul ­Soo-Pang e seu li- Por um lado, em certas passagens, indicar
vro Coronelismo e oligarquias (1889-1934). A Bahia nome e data, ou informar o cargo e a base polí-
na Primeira República brasileira, em particular o tica de um personagem menos notório, permiti-
comentário sobre quão proveitoso seria pensar em ria perceber, com mais inteireza e detalhe, o jogo
“café contra o leite” (p. 46). É nesta altura que ela entre os estados, realçando o mote do livro, que
atesta ao leitor que não irá apenas investigar os im- é a intensa disputa e sua consequente instabilida-
pedimentos da aliança de Minas e São Paulo. Ou- de, sinônimo — aqui — de imprevisibilidade, de
trossim, irá questionar a existência dessa aliança, ausência de garantias para as duas unidades mais
nos termos a que estamos habituados: praticamen- fortes, seja econômica, seja politicamente (São
te uma rotina, um dado da realidade. Para tal, ao Paulo e Minas). José Marcelino, por exemplo, é
ter em mira os acordos entre mineiros e paulistas, uma referência que pede do leitor um grau mais
apela-se também à história econômica, sendo rela- avançado de intimidade com o assunto. O mes-
tivizado o peso da produção leiteira de Minas Ge- mo se diga do trecho em que são enumerados os
rais, já que o estado era o segundo maior produtor casos de adesismo ao presidente Artur Bernardes,
da cafeicultura nacional até o fim dos anos 1920. que assim neutralizou a oposição movida contra si
Apesar de “Minas e São Paulo serem produtores de nas eleições de 1921. “Na Bahia, uma disputa pela
café” e, durante a administração de Artur Bernar- vaga senatorial, aberta com a morte de Rui Barbo-
des, “estarem governando o país em aliança polí- sa, opôs a facção seabrista ao Catete. Mas o velho
tica, seus interesses não eram os mesmos”. Nesse líder baiano soube articular um acordo, negocian-
ponto, volta o livro à sua tese: “Minas Gerais via do a indicação de um bernardista ao governo”
São Paulo mais como um parceiro a ser temido (p. 288). Certamente, os leitores podem achar di-
do que um aliado plenamente confiável” (p. 291). fícil para saber quando foi a morte de Rui (1923) e
Logo, o convênio desses dois atores não era durá- o pleito senatorial, que o velho líder baiano é J. J.
vel, sólido, nem estava baseado em reciprocidade. Seabra, e que o bernardista é Pedro Lago.
Não houve rodízio e nem tampouco os demais ato- Mesmo havendo uma diferença entre o clima
res assistiam a tudo impotentes ou em paralisia. de instabilidade da conjuntura e a frisada instabi-
Esta segunda edição chega em boa hora, pois lidade inerente ao processo político analisado, ao
de há muito que a primeira edição esgotou-se. In- discutir o processo sucessório de Artur Bernardes,

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um editor diligente teria chamado a atenção para “­ compactada no Congresso” (p. 54), “condição in-
o detalhe de o “clima de instabilidade” não favo- dispensável para a apropriação dos bens públicos”.
recer “uma escolha compartilhada pelos diversos Outra questão é as pesquisas subsequentes li-
estados” (p. 294), o que, aparentemente, contraria darem com o fato de que nem sempre a cronologia
o livro, segundo o qual a estabilidade do regime dos estados coincide com a cronologia nacional.
republicano era garantida pela instabilidade das Enquanto Artur Bernardes sufocou as oposições
alianças (mas nas páginas citadas a instabilidade e bloqueou a participação de novos atores, desgas-
ameaça o padrão sucessório). tando o sistema político vigente, no Rio Grande
Entre os caminhos que podem ser depreendi- do Sul, a subida de Getúlio Vargas à administração
dos do estudo do livro de Viscardi está a inovação estadual refletia a “união interna de suas elites” (p.
na pesquisa histórica, a ser desdobrada nos esta- 76), inclusive com um mínimo de abertura para
dos. Por exemplo, ao assinalar que, na década de o proletariado participar (nos termos positivistas
1920, o modelo de sucessão presidencial passou da ordem e do progresso). Em paralelo, enquanto,
a sofrer “sucessivas avarias”, devendo-se seu esgo- no nível nacional, o sistema político sofria danos,
tamento, principalmente, “às tentativas de mono- a Bahia, no plano local, conseguia manusear me-
polização por parte dos principais estados-atores” lhor seu traço negativo mais marcante (que era
(p. 285), um pesquisador que se debruce sobre a a política de acomodação da situação levar o jogo
história da Bahia na Primeira República tem a seu político a repetidos choques, inclusive armados).
dispor mais de uma questão para esmiuçar. A pri- Não por acaso, no governo de Washington Luís,
meira delas é buscar compreender quanto a políti- enquanto o Rio Grande do Sul forneceu a lide-
ca de acomodação das elites baianas — que con- rança mudancista, a Bahia forneceu a liderança
sistia em monopolizar o poder continuamente (à conservadora (coligada a São Paulo e, assim, li-
custa da liquidação do rodízio entre as facções) — dando com as supracitadas queixas dos paulistas
fragilizou a Bahia no grupo dos seis estados mais referentes ao número de cadeiras de sua bancada).
importantes em nível nacional. Localmente, se as Uma terceira questão adicional está em notar
facções baianas não tinham motivos para acredi- a importância da região Norte no processo polí-
tar na instabilidade do jogo, se possuíam razões, tico da Primeira República, quer para chapas de
em outras palavras, para esperar que os vencedo- oposição, quer para chapas da situação, quer tam-
res buscassem o absolutismo uma vez na situação, bém para eleições parlamentares. “O poder sobre
a saída esteve várias vezes no recurso a rupturas, os pequenos estados”, afirma Viscardi, era alvo do
causa de crises regulares. Esta marcante turbulên- “Rio Grande do Sul, especialmente os do norte e
cia baiana desfavorecia sua posição de destaque nordeste”, o que, para os gaúchos, significava “peso
em nível nacional. E isto piorava por causa do as- significativo na federação”, a ser somado à “sua his-
sédio, como faz observar Viscardi, seja do senador tórica associação ao Exército” e, claro, à sua ban-
gaúcho Pinheiro Machado, seja dos paulistas, haja cada federal e força econômica. Esta pretensão in-
vista que gaúchos e paulistas protestaram contra o terestadual dos gaúchos, ela faz notar, contrariava
número insatisfatório de cadeiras de suas respec- o Leão do Norte —Pernambuco —, que também
tivas bancadas, ameaçando diminuir as da Bahia. desejava para si “a posição de centro, em torno do
Nesse sentido, além de sua debilidade econômica, qual vagavam os satélites setentrionais” (p. 820).
a Bahia perdeu espaço por não reproduzir, no ní- Outros elementos devem ser examinados a
vel da administração estadual, a regra de ouro do respeito do Norte e sua relevância. Na sucessão
processo sucessório da Presidência da República, do paraibano Epitácio Pessoa, a autora faz constar
segundo a qual a situação não podia liquidar com que o baiano J. J. Seabra “articulava uma frente
as chances de a oposição subir ao poder. Ao fa- dos estados do norte com o fim de eleger o suces-
lhar em obter a coesão de suas elites políticas, o sor”. Em caso de insucesso, tais estados “apoia-
estado perdia a chance de dispor de uma bancada riam um nome comum para a Vice-Presidência”.

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Esclarecendo as tratativas, Viscardi situa: “a partir as intervenções federais nos estados fornecem
da eleição de Epitácio, tornava-se possível aos pe- oportunidade para os pesquisadores reverem o
quenos estados terem pretensões mais ambiciosas que sabemos sobre elas. Uma intervenção federal
e tentarem até articular eixos alternativos de poder num estado, que pode ser tomada como sinal de
aos do centro-sul”. Espertos que eram, “os minei- instabilidade interna e fraqueza militar, pode-
ros estavam cientes de que Epitácio participava, rá ser revista como uma dramática investida da
junto à Bahia e Pernambuco, de tais articulações” Presidência para liquidar um obstáculo erguido
(p.270). Ainda a propósito do lugar dos nortistas pela atuação de um estado dissidente. A violên-
na política brasileira, as duas campanhas presiden- cia e o estremecimento institucional das inter-
ciais de Rui Barbosa (1910, 1919), mais a dobradi- venções, no lugar de amostrarem estados débeis,
nha J. J. Seabra e Nilo Peçanha na Reação Republi- podem indicar a tibieza do sistema republicano
cana (1921), afora a indicação de Miguel Calmon e ­democrático.
para vice-presidente junto com Washington Luís Adicionalmente, o livro permite à pesqui-
(depois retirada ante a necessidade de incluir Mi- sa livrar-se do pesadelo do paradigma paulista
nas), quando somadas à candidatura à vice-presi- como destino necessário de todos os estados que
dência de Vital Soares em 1930 (que ganhou mas falham em não se equiparar com São Paulo. O
não levou) e à presidência de honra da Aliança Li- que Cláudia Viscardi faz é chamar a atenção para
beral oferecida ao mesmo J. J. Seabra — sem falar o excepcionalismo do estado bandeirante. Repu-
no fato de não ter havido vice-presidentes do Sul e blicanismo histórico e sólido, cafeicultura, indus-
de, além do baiano Manuel Vitorino, ter havido trialização, finanças, transportes, imigração em
um alagoano, dois pernambucanos e um mara- massa, crescimento urbano e populacional: tudo
nhense vice-presidentes —, mostram que o jogo isso foi conjugado de modo peculiar e não consti-
entre os estados passava pelos nortistas; algo que tui modelo, mas sim experiência. Foi exatamente
só repararemos sem os antolhos do café com leite. a avaliação de ser o mais importante, o mais rico,
O processo político extrapolava, como se o mais forte, que levou São Paulo, na sucessão de
vê, esta aliança — de ares absolutistas — entre Washington Luís, “a abrir mão da aliança com os
mineiros e paulistas de tal modo que, mesmo mineiros”, evitando assim ter de “passar por mais
sem uma economia forte, determinados estados um quatriênio submetido aos arbítrios de outro
conse­ guiram concorrer na política brasileira. estado, econômica e politicamente mais frágil”
Nesse sentido, é possível rever o lugar apagado e (p. 306). Os paulistas ficaram fartos do jogo, que-
de paralisia conferido aos nortistas. Além de ser rendo bancá-lo a sós. Contudo, o federalismo da
possível discernir esse lugar incomum do Norte, Primeira República, do qual São Paulo havia sido
também será possível apreçar o peso das alianças o expoente de primeira hora, supunha — confor-
entre litoral e sertão. me carta do presidente da Câmara dos Deputados
O teatro das oligarquias consiste em exemplo Arnolfo Azevedo ao presidente Washington Luís
inspirador para desdobramentos investigativos em 1926 — um vínculo entre os jogadores cujo se
nos estados brasileiros, o que pode se verificar por desfazer era o fim do próprio jogo. “No baralho
meio de pesquisas de mestrado e doutorado nos di- político há três ases e três reis”. “Quem vai dirigir
versos programas de pós-graduação hoje atuantes. o jogo precisa ganhar a partida e para ganhá-la é
Assim como Viscardi dirigiu sua curiosidade para indispensável ter dois ases e um rei” (sendo os ases
os processos pré-eleitorais das campanhas pre­- Minas, São Paulo e Bahia, e os reis P ­ ernambuco,
sidenciais, é possível fazer o mesmo nos estados Rio e Rio Grande do Sul). “Sentar-se à mesa do
indo muito além não só do café com leite, mas jogo sem contar com esses trunfos é arriscado e
também do determinismo econômico ou de ver- quem tiver a maioria absoluta dos seus valores
sões locais consagradas (porém, há muito tem- fará, não só um governo bom, mas ótimo e fácil”
po encanecidas pelo tempo). Em segundo lugar, (Carta, 26-4-1926. Arquivo Público do Estado de

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São Paulo. Arquivo Washington Luís. Caixa 188, Por abrir a valiosa oportunidade de enxer-
pasta 1, documento 56). Estalado o processo mu- garmos melhor um tema tão sensível como o da
dancista, quando Washington Luís voltou-se para disputa política no Brasil República, O teatro das
a Bahia tendo em vista a última esperança de ob- oligarquias é um livro que consegue ir além do
ter respaldo político e militar, o Norte, com suas círculo muitas vezes restrito dos especialistas e,
colunas revolucionárias, comandadas por moços assim, logra transmitir seus resultados — inéditos
tenentes, se infiltrou no território baiano pelo lito- e originais — para estudantes, professores, estu-
ral e pelo sertão, para, num movimento de pinça, diosos e interessados os mais diversos. Imediata-
espremer à bala qualquer ato de solidariedade com mente, ao ser lido, remove antolhos e nos convida
o poder em queda. a abrir os olhos.

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