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DIR.

DO CONSUMIDOR – M2 1

CONTRATO DE CONSUMO vs ELEIÇÃO DO FORO

O artigo 63 do Código do Processo Civil prevê que as partes podem estabelecer


mediante clausula contratual expressa, a modificação de competência legal (clausula de
eleição de foro).
No entanto, só a competência relativa (que verse sobe valor ou território) pode ser
modificada.
Ainda assim, mesmo nas relações obrigacionais puramente civis, tal clausula não é
absoluta, devendo ser alegada pela parte interessada na primeira oportunidade que lhe
couber falar nos autos, sob pena de preclusão e prorrogação da competência.
Com maior força ainda, a clausula de eleição de foro deve ser relativizada nas
relações de consumo, em especial pela vulnerabilidade do consumidor e pelo natural
desiquilíbrio das relações consumeristas.

INVERSÃO DO ONUS DA PROVA

Trata-se de um direito do consumidor, expresso no artigo 6º, inciso 8, do Código de


Defesa do Consumidor.
No entanto, discute-se qual o momento processual em que deve ser estabelecida
esta consequência processual: na decisão de recebimento da inicial, na decisão de
saneamento/organização processual, ou na Sentença.
A resolução dessa celeuma é incerta, e passa pela (necessária) adoção de uma das
seguintes premissas:
1) O juiz delibera, decide efetivamente sobre o cabimento ou não da da inversão do ônus
probatório no caso concreto. (Nesta hipótese, a inversão do ônus da prova deve ser
decretada até o momento anterior à produção das provas – decisão saneadora).
2) O juiz apenas declara a incidência da inversão do ônus da prova, a qual decorre de lei.
(Nesta hipótese, a inversão pode ser declarada até (e inclusive) na sentença de mérito).

FATO DO PRODUTO OU SERVIÇO

De acordo com o artigo 12 do Código de Defesa do Consumidor, o produtor,


fabricante, construtor, e importador (nacional ou estrangeiro) respondem, independente
de culpa pelo dano causado ao consumidor, decorrentes de fato (de defeito) do produto ou
serviço.
Será periculoso um produto que não ostente a segurança que dele legalmente se
espera.
A periculosidade pode ser inerente ou adquirida:

Inerente: Adquirida:
Arma de fogo Bicicleta
Cigarro Cadeira
Fogos de Artificio Carro
Aerosol

Plano de Saúde

1) Plano de saúde se nega a cobrir tratamento não contratado, mas declarado pelo
médico como essencial e está regulamentado pela ANS – Juiz defere inverso do Ônus
da Prova. Consumidor tem direito.

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2) Plano de saúde se nega a cobrir tratamento não contratado, mas declarado pelo
médico como essencial, mas sem registro pela ANS (experimental), existe prova de
evidencia cientifica dos resultados – Juiz defere inverso do Ônus da Prova.
Consumidor tem direito.
3) Plano de saúde se nega a cobrir tratamento não contratado, mas declarado pelo
médico como essencial e sem registro pela ANS (experimental) e sem prova de
evidencia cientifica dos resultados – Juiz indefere inverso do Ônus da Prova.
Consumidor não tem direito.

DIREITO DO CONSUMIDOR NAS RELAÇÕES MÉDICO HOSPITALARES

Para analise dos direitos do consumidor e das obrigações dos fornecedores, nas
prestações de serviço médico-hospitalares, é necessária separar a analise do ponto de
vista do médico e, em seguida do estabelecimento hospitalar.

DO MÉDICO

Segundo o Código de Defesa do Consumidor (artigo 14, caput), a responsabilidade civil


do prestador de serviços/fornecedor é objetiva, ou seja, independe de analise de
culpabilidade.
O médico tecnicamente, se enquadra no conceito de fornecedor, prestando um serviço
para o qual foi contratado.
Porem, excepcionalmente, a sua responsabilidade é subjetiva, isto é, depende de
demonstração de culpabilidade (culpa ou dolo) e também de nexo causal entre a conduta e
o evento. Esta exceção decorre do artigo 14, paragrafo 4º do Código de Defesa do
Consumidor.
Via de regra, a obrigação é de meio, e não de resultado.
Isso quer dizer que o médico deve prestar um serviço diligente, utilizando todos os
meios disponíveis para alcançar o resultado almejado.
Jurisprudência: REsp 992821 (J: 14/08/2012) e REsp 1104665 (J: 09/06/2009).
Além disso, o médico tem o dever de informação, inerente ao fornecedor e que
constitui direito básico do consumidor, devendo alertar o paciente sobre todas as
características do procedimento, métodos, técnicas, materiais utilizados, bem como todos
os riscos envolvidos (artigo 6, inciso III do Código de Defesa do Consumidor).

Inversão do ônus do prova


Ainda que de regra, a inversão do ônus da prova esteja atrelado a responsabilidade
objetiva do fornecedor, no caso de proteção de serviços médicos (em que a
responsabilidade é subjetiva), ainda assim se admite a inversão do ônus da prova, ou seja,
é o médico quem deve produzir prova no processo de sua ausência de culpa.
Jurisprudência: A. Reg. no Ag. 969015.

Cirurgia Plástica
Depende de resultado:
 Embelezadora: obrigação de resultado
 Reparadora: obrigação de meio
 Mista: obrigação mista

DO HOSPITAL

A responsabilidade é objetiva, mas apenas quando aos serviços e equipamentos


relacionados estabelecimento empresaria hospitalar.

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Caso comprovado a culpa do médico, e desde que o este tenha vinculo com o
hospital (empregado ou utiliza os espaço com frequência), o hospital solidariamente será
responsável.
4) Jurisprudência: REsp 258389 e REsp 908359.

OFERTA AO CONSUMIDOR

Exatamente nos moldes em que o fornecedor oferece o produto ao mercado, assim


estará obrigado a entregar o bem ou prestar o serviço ao cliente.
Trata-se do conceito da vinculação da oferta, prevista no artigo 30 do Código de
Defesa do Consumidor.
Artigo 30: Toda informação ou publicidade suficientemente precisa, veiculada, por
qualquer forma ou meio de comunicação com relação ao produto e serviço oferecido ou
apresentado, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela utilizar e integra o contrato
que vier a ser celebrado.
Caso o fornecedor se recuse a cumprir a oferta, o consumidor tem 3 alternativas:
1) Exigir o cumprimento forçado da oferta; ou
2) Aceitar produto ou serviço equivalente/similar, ou
3) Rescindir o contrato mediante a devolução do valor pago corrigido, além de perdas e
danos.

PUBLICIDADE AO CONSUMIDOR

A forma pelo qual o produto ou sérvio é oferecido ao consumidor deve ser clara,
precisa, sem ambiguidades e de interpretação fácil ao homem médio.
Artigo 36: A publicidade deve ser vinculada de tal forma que o consumidor, fácil e
indiretamente, a identifique como tal.
Além disso, o fornecedor deve ter disponível ao cliente todos os dados/estudos
técnico-científicos mencionado na publicidade. Caso contrário, a publicidade será
considerada abusiva ou enganosa, a depender do tipo de lesão que for submetido o
consumidor.

Publicidade Enganosa
Expressamente proibida pelo Código de Defesa do Consumidor, é toda forma de
divulgação da oferta que seja total ou parcialmente falsa ou que possa induzir o
consumidor a erro, no que tange a natureza, características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço, ou quaisquer outros dados sobre o bem comercializado.
A conduta abusiva do fornecedor pode ser comissiva ou omissiva.

Publicidade Abusiva
Expressamente proibida pelo Código de Defesa do Consumidor, é toda forma de
divulgação da oferta que seja discriminatória, incite a violência, explore medo ou
superstição, se aproveitando da inocência do publico infantil, desrespeite o meio ambiente
ou induza a comportamentos prejudiciais/perigosos à saúde/segurança.

Exemplos: (Ab) Abusiva & (En) Enganosa

(En) Iogurte Activia clinicamente testado.


(Ab) Publicidade em escolas ou que se aproveite da criança
(Ab) Carro esportivo em alta velocidade
(En) Suco de laranja natural/Coca-Cola

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(Ab) Propaganda da Malboro (TV, Revistas, Formula 1, etc).


(En) Eletrodos adesivos de emagrecimento sem esforço.
(En) Operadora de Telefonia que oferece pacotes de dados ditos “ilimitados”.
(Ab) Propaganda de cerveja que objetifica a mulher e/ou exalta a promiscuidade.
(En) Betina/Empiricus.

BANCO DE DADOS E CADASTRO DE CONSUMIDORES

Aos fornecedores é licito manter cadastro com dados pessoas de seus respectivos
consumidores, além de dados relacionados ao nível de inadimplentes, para fins (ou não de
concessão de crédito ao consumidor).
Além de banco de dados próprios dos fornecedores, estes poderão compartilhar
tais dados entre em si, além de possuírem acesso diferenciado a banco de dados públicos,
bem como alimenta-los.
Os bancos de dados públicos são os sistemas de Proteção de Crédito, previstos no
art. 43 do CDC.
Fala-se em acesso diferenciado ao fornecedor, na medida em que o consumidor
também tem o direito (personalíssimo) de obter o acesso aos dados relativo a si próprio
(art, 43, caput, do CDC).
Os órgãos de proteção ao crédito são considerados entidades públicas (art. 43, § 4º
do CDC).
Atuam no Brasil:
 SPC (Serviço de Proteção ao Crédito): empresa nacional, vinculada à Confederação
Nacional dos Dirigentes Lojistas – CNDL. A alimentação dos dados é provida por
associações comerciais (CDL´s locais).
 SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito): empresa brasileira, que administra
dados dos consumidores para fins de analise e concessão de crédito, com atuação mais
expressiva no âmbito de pessoas jurídicas.
 SERASA/EXPERIAN: Empresa internacional com atuação em diversos países,
mantendo um banco de dados bastante completo, sobre inúmeros consumidores,
relacionados a dividas de todas as naturezas.
 CCF (Cadastro de Emitentes de Cheque Sem Fundos): instituição pública nacional
vinculada/administrada pelo BACEN.

Inscrição Indevida
Caso ocorra o dano moral daí decorrente e “in re ipsa” (presumida), ou seja, não
dependente de comprovação de abalo moral sofrido.
E se o consumidor possuir outras restrições: 1) Não terá deferida a liminar de
exclusão do cadastro; 2) Não terá dano moral.

Jurisprudência: AI no Resp 1205111 e Resp 1562194


Sumula STJ nº 385

Decadência para reclamar vícios no produto ou serviço


A legislação consumerista, precisamente no art. 26 do CDC, estabelece regras de
caducidade (decadência) de direito de reclamar ao fornecedor por vícios no produto
adquirido ou no serviço prestado:

Bens e serviços Duráveis Bens e serviços Não-Duráveis


90 dias 30 dias

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Ainda há outro fator importante nesta equação, que deve ser levado em
consideração que é o marco inicial da contagem do prazo.

Vício Aparente Vício Oculto


 Produtos: a partir da sua efetiva  A partir do momento em que o vício se
entrega torna evidente e conhecido.
 Serviços: a partir da sua conclusão

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