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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

DEPARTAMENTO DE DIREITO

DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO II

DISCENTE : VANESSA TRINDADE DE MEDEIROS

TRABALHO REFERENTE À UNIDADE II

A – Em virtude de se tratar de uma licitação em razão do preço, com custo total de


R$ 17.700,00, é evidente que, sem nenhuma urgência ou emergência, a modalidade
licitatória mais recomendada é o convite, haja vista que o valor máximo, atualizado pelo
Decreto 9.412/2018, é de 176 mil reais, o qual fica além do valor do serviço em
questão. No entanto, a Lei de licitações (8.666/1993) deixa claro que, havendo a
possibilidade de convite, há também o ensejo para a aplicação das demais modalidades
em razão do preço. Nesse sentido, em princípio, a Administração Pública pode optar por
quaisquer dessas modalidades (convite, tomada de preços e concorrência) de acordo
com o art. 23, § 4º da referida lei, haja vista que a menor complexidade procedimental
do convite abre margem para a aplicação de procedimentos mais complexos.

Outrossim, o pregão também é aplicável à tal situação, uma vez que é nítido o
entendimento de que a pintura da fachada do prédio da prefeitura da cidade de
Gama/RN se configura como um serviço comum. Assim como delineia a doutrina em
consonância com alguns diplomas legais, serviços comuns são os de vigilância,
conservação, limpeza, entre outros, mas, acima de tudo, aqueles que não precisam de
participação e acompanhamento de profissionais com formação em engenharia,
agronomia e arquitetura conforme o que dita a Lei federal nº 5.194/1966 em seu art. 7º.
Sendo assim, em observância de que a pintura relatada não exige a participação de um
engenheiro ou alguém com formação similar, haja vista que é um serviço realizável por
profissional que não necessariamente tenha as formações já citadas, a Administração
Pública também tem a possibilidade de contratação por meio do pregão.

Por fim, deixando claro que a Lei de Licitações não é taxativa, muito menos
explicativa, quanto ao que seja ou quais sejam os serviços de engenharia, fica a
necessidade da análise das particularidades do caso concreto. Sendo assim, quanto à
dispensa e a inexigibilidade, a licitação aplicada não é dispensável, conforme art. 24, II
da Lei 8.666/1993, bem como não é inexigível, haja vista que a concorrência entre os
participantes é viável.

B– Em relação ao convite, é entendido de que se trata de uma modalidade licitatória


em razão do preço, de menos complexidade quando se comparada à concorrência e a
tomada de preços. Assim como define Carvalho Filho, é a que comporta menor
formalismo e, portanto, se destina a contratações de menor valor (art. 2, I, “a”, e II, “a”
da Lei nº 8.666/1993 atualizada pelo Decreto 9.412/2018). Aqui não há edital, e o
instrumento convocatório se dá por meio da carta-convite, onde são colocadas as regras
da licitação. Tais cartas são remetidas a, no mínimo, três interessados escolhidos entre
cadastrados ou não, além de que há a possibilidade de participação de interessados não
convidados, cadastrados junto aos órgãos administrativos, haja vista que a cópia do
instrumento convocatório deve ser afixada em local próprio. Além disso, quando da
ocorrência de desinteresse dos convidados ou limitação de mercado, a Administração
pode não conseguir o número mínimo de participantes; nesses casos, são válidas a
realização da concorrência entre apenas duas propostas, ou, se forem as circunstâncias,
a celebração direta do contrato em face da apresentação de apenas uma proposta,
devendo a Administração justificar minuciosamente os fatos sob pena de repetição do
convite – é o que dispõe o art. 22, § 7º da Lei de Licitações.

C– Sem dúvidas, a decisão do prefeito fere a um dos princípios da Administração


Pública expressos na Constituição Federal de 1988: o princípio da impessoalidade.
Conforme tal diretriz constitucional, corolário do princípio da isonomia, a
Administração pública deve primar, essencialmente, pelo interesse público, não
podendo privilegiar certos indivíduos em detrimento de outros. “Impessoal”
corresponde ao que não pertence a uma pessoa em especial, como bem explica o
doutrinador Carvalho Filho; nessa perspectiva, a esfera particular não pode ser
perseguida, haja vista a necessidade da apreciação do bem comum nas condutas
administrativas. À vista disso, quando o prefeito de Gama/RN decide pintar a fachada
da prefeitura com as cores de seu partido ocorre aí um desvio de finalidade, pois tal opta
por isso no intuito de se auto promover e, portanto, negligencia a impessoalidade
segundo a qual deve se basear as condutas da Administração Pública. Deve ser, dessa
forma, anulada tal licitação por vício de finalidade, produzindo efeitos ex tunc.

D – O instrumento de contrato deve ser obrigatório, dentro das possibilidades da


Administração Pública para o caso, se a escolha for em convergência à aplicação de
concorrência ou tomada de preços. Nas demais possibilidades, tal instrumento é
facultativo, tudo isso conforme o art. 62 da Lei nº 8.666/93.

E– As cláusulas necessárias, conforme o art. 55 da Lei de Licitações, são estas:

I - o objeto e seus elementos característicos;

II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;

III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade


do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do
adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;

IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de


observação e de recebimento definitivo, conforme o caso;

V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação


funcional programática e da categoria econômica;
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas;

VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os


valores das multas;

VIII - os casos de rescisão;

IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão


administrativa prevista no art. 77 desta Lei;

X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão,


quando for o caso;

XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a


inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor;

XII - a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos


omissos;

XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato,


em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de
habilitação e qualificação exigidas na licitação.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil


promulgada em 5 de outubro de 1988.

BRASIL, LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993. Regulamenta o art. 37, inciso


XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública e dá outras providências.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 31. ed. rev.,
atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2017.

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