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Idas de vai vem das águas flutuantes,

o céu banha o mar, tocando-o com seus diamantes,


as nuvens, agora soturnas, se dispersam rumo ao nada,
sequer vale dizer do infinito azul, que banha os vivos,
os mortos naufragados, a vida e o sofrimento,
num único ponto índigo da agitação e malacia.
Que se perde com o crepúsculo das ondas,
e se encontra numa tonalidade pura e fantasmagórica.

Acima das águas, está o ar, com sua brisa morta,


morta porque é gélida, gélida, porque é morta,
o ar, transparente, carrega a morte convalescente,
e nas águas,resta o frio da solidão das borbulhas arrefecendo.
Leva o último sopro da existência, da água intrusa no corpo.

Sequer poderia chamá-la de tal coisa,


quando, a existência perturba sua própria inércia,
afinal, quando pode-se interromper a manente corrente?
Diz-se que somente parará para reconfortar,
aqueles que se dispuseram, a se sacrificar,
pelo amor, gélido, sombrio, discreto e incompreensível,
somente por aquilo, por perde-se no outro,
ele é reconhecido, tal sentimento que arde no peito,
mas que por si é tão frio quanto o mar.

O ecoante ciclo das perfurantes ondas, silencioso e estrondoso.


a alma se agita, ante completa calma, incapaz de se manter
deseja se aquecer e, por encontrar esperança somente no amor,
pula com o corpo e mergulha rumo ao infinito marinho,
as águas entram rapidamente e conferem ao corpo, o carinho e a dor,
que é isso se não o amor?
A existência evanescente, a beleza perene, o morrer por se aquecer,
nas gélidas águas do mar.

As estórias já se transformam em histórias,


o ideal chega ao terreno e se mostra como reflexo da lua,
a torre, da qual uma tresloucada jovem pulara,
era o amor, o sentimento mais horripilante, frio, quente,
o amor, o sacrifício para todo ser imanente,
a subsistência naquilo que se deveria ter, mas não ser.

Ajude ó Mar, ajude todos na busca daquilo que os completa,


a morte pelo o amor somente traz a dor,
a incompleta existência é ao menos possível de viver,
diferente da constante morte que inibe as escolhas do ser.

1° resposta do mar:

brisas ecoantes
enlaçam
a voz murmurante
da dor do viúvo amante da solidão.
Como é a perfeita beleza, da lágrima salgada,
que cala a boca e mantém inquieta o coração.

Voa o coração, do plangente viúvo,


solitário, jamais, já que está acompanhado do vento e da voz,
acompanhado daquilo que jamais se pode tocar,
mas que toca e que está dentro dele mesmo assim.

Fim da Primeira Conversa.

Ecoa por todos os cantos das bordas marinhas,


o grito de Estela, a mulher das águas,
a mulher cintilante, a mulher que banha o mar com sua luz,
o diamante estrelado do céu, que ofusca todas as outras.
O complexo do mar agora se estende na paz e a vida retorna
o vento se acalma e se alegra e o amor, agora assim,
já não mais matará.

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