Você está na página 1de 4

A questão básica sobre o espaço-tempo e o movimento do espírito na sociedade.

Introdução:

Resolvi escrever este pequeno artigo que se mostra como uma simples base do que conheço na
filosofia alemã até então, sendo, portanto, uma introdução simples àqueles que desejam conhecer
uma base social do espírito e seu conceito básico de movimentação. Junta-se a isto, a transformação
social do espaço habitado pelo homem, ou melhor, está envolta a questão do espaço social na
integração do homem no local que habita.
Esses conceitos preliminares, que nos fornecem o saber social e epistemológico do ser humano, nos
fazem nos compreender como sujeito e como seres sociais.
Primeiramente, para a introdução do nosso tema, é necessário relembrar os conceitos básicos nos
quais a movimentação está suposta; na obra do filósofo prusso Hegel, ‘’Fenomenologia do
Espírito’’. Isto é, aquilo que podemos entender como o: ser-para-si; ser-para-o-outro; ser-em-si; ser-
no-outro; ser-em-si-no-outro; ser-em-si-essente e etc. Nisto, eis aí o espírito que se mostra em
trânsito de si, em si, para si, e ao seu exterior. No adendo das enciclopédias filosóficas pode-se
confirmar isto. (pág 97; l: 7 - 12) ‘’Ora, enquanto o espírito é ativo, está explicado que ele se
exterioriza, por esse motivo não se pode considerar o espírito como um ‘Ens’ carente-de-processo,
tal como acontecia na metafísica antiga, que separava de sua exterioridade a sua interioridade,
carente-de-processso, do espírito.’’ E tal como se pode observar na obra, do também prusso, Franz
Kafka ‘’Metamorfose’’ (pág: 84; l:8 - 10): ‘’- Temos que nos livrar dele – exclamou a irmã – é o
único jeito, pai. Você tem que tentar se livrar da ideia de que isso é o Gregor’’.
Essa união da própria obra de Hegel com a literatura kafkiana, demonstra que aquele observou a
fenomenologia em seu aspecto formal e direto, sendo composta de suas características intrínsecas, e
portanto, infinitas que na medida em que se concluem na verdade da metanoia; já na literatura,
Kafka demonstra o momento exato, não do oscilar, mas do concretizar da ação do espírito que se
renega ao que antes aceitara acreditar. Conclui-se nisso que o espírito volátil nada mais é que a
verdadeira constante inerente ao ser humano, seu declínio e contradição, sua elevação e sublimação
são, no momento em que tangem e retornam ao ‘’Eu’’ a afirmação do sujeito no seu espaço, seu
tempo, seu sentimento.
Para fazermos então a alusão aos excertos geográficos de Milton Santos, devemos recorrer à fusão
da filosofia a geografia e, no seu devido momento, demonstrar-se-á a elevação do indivíduo à
sociedade.

I: Aspecto Formal de Movimentação Simples do Espírito:

Tudo está sob ação do tempo e do espaço e, nisto se firmam as características de cada coisa, assim,
a rocha sofre erosão, ocorre o movimento geofísico do vulcão e até mesmo o ato de envelhecer se
concretiza. Porém, o espaço-tempo não se mostra de maneira uniforme em todos os seres, isto é
ululante, já que deve haver qualquer resquício que distingua o ser humano, sujeito de suas ações, do
restante das coisas que estão ao seu redor.
Tido primeiramente pelo filósofo Kant, a ideia do sujeito pensante como ‘’Eu’’ que está delimitado
nas suas condições de espaço-tempo, estas, infinitas (objetivas), contudo na medida que são finitas
(subjetivas); demonstram que o ser humano, na sua relação epistemológica, e por quê não concluir
em todas as suas fases de pensamento e reflexão, está submetido a si mesmo, e Hegel completa
com: ser-para-si-no-outro; cousa quão simples que elucida a parte de penumbra não tocada por
Kant.
É devidamente claro, e um tanto irônico, que duas filosofias se complementem de um modo quão
perfeito e lógico, que são as de Hegel e Schopenhauer. O primeiro, então observado, entende a
mobilidade do espírito como tal; já o segundo esclarece a vontade como fonte primária da força da
alma.
Para melhor dirimir tais problemas, deve-se tomar um excerto do livro de Cuvier, Histoire des
progrès des sciences naturelles depuis 1789 jusqu’à ce jour:

‘’As plantas tem certos movimentos aparentemente espontâneos que elas revelam sob certas
circunstâncias, por vezes tão semelhantes aos dos animais que nos sentimos tentados, devido a eles,
a atribuir às plantas uma espécie de sensibilidade e vontade...’’

Tal trecho é comentado por Schopenhauer em seu livro: ‘’Sobre a Vontade da Natureza’’ (pág: 114;
l: 1-7) que assim fala:

‘’Devo notar neste ponto que aquilo que pensamos por meio do conceito de espontaneidade, se
examinando mais de perto, sempre leva ao da manifestação da vontade, do qual seria portanto um
sinônimo. A única diferença é que o conceito de espontaneidade é cunhado a partir da intuição
externa, enquanto o da manifestação da vontade o é a partir da nossa própria consciência.’’

Claríssima foi a proposição do filósofo que mostra, evidentemente, uma citação de Carl Heinrich
Schultz, em seu experimento que consistia em colocar um espelho que refletia os feixes de luz do
sol a fim de que as plantas crescessem em direção contrária à natural, que a vontade está tão imersa
na natureza que ela se expõe como força inerente daquilo que tem potência, portanto, o sujeito está
imposto às normas da vontade e, como tal, a elas obedece.
Ora, que é mais lógico que empregar essas duas filosofias na elucidação de um ponto convergente,
isto é, estaria o sujeito determinado pelo Outro, na medida em que este é ele e está sob a ação da
vontade de si e de si-outro? Quero dizer, o espaço que é o sujeito mesmo e que ao mesmo tempo
não é, o determina? Caso tal reposta for positiva obter-se-á na filosofia idealista avanço tal que já
não há mais a questão de um sujeito na epistemologia, mas do reconhecer do outro como ‘’Eu’’ sob
minha vontade e vontade outra que me mudam e modificam o espaço e eu quanto eu, caindo por
terra qualquer determinação da essência e indeterminação da essência. Assim a vontade das coisas
se alienam num amálgama de auras que inebriam o sujeito e no momento tal, já não há qualquer
singularização e o movimento é infinito e irreversível, todo o movimento é ser e saber e todo
repouso é morrer. Assim, o espaço e o tempo, a flor e o vento se tornam ''Eu''.
Para não adentrarmos em áreas mais específicas da filosofia, mostrar-se-á apenas dois únicos
aspectos do espírito em sua movimentação individual voltada para si, estas são:

a) Ser Para Si:

O espírito está voltado sempre a um eterno movimento, isto é claro em ‘’Phenomenologie das
Geistes’’ de Hegel, que nos apresenta seu movimento sempiterno voltada sempre à metanoia. As
características básicas dessa movimentação estão pautadas no que se considera ‘’Ser-para-si’’ que é
uma locomoção do espírito consigo mesmo, este voltado as interações de si. Em exemplos podem-
se citar: o reconhecimento do próprio ‘’Eu’’ no período ‘’pré-operacional’’ que explica o filósofo
francês, Piaget; a noção primária do sujeito no espaço-tempo na medida que neste é concebida a
lógica, explicado por Kant na primeira etapa de ‘’Das Kritik der Reinen Vernenschunft’’ chamada:
Estética Transcendental.
Nenhum espírito está voltado ao repouso absoluto, isto é, nenhum ser humano está estagnado no
próprio conhecer, ou melhor, todos estão aptos para ao aprendizado e este é eterno e, também,
ubíquo.
O parágrafo anterior se pauta na obra ‘’Ensaio Sobre as Doenças da Cabeça’’ de Immanuel Kant.
Esta foi devidamente introduzida pelo tradutor Pedro Miguel Panarra, que assim diz, na página 8, o
seguinte:

‘’ O âmbito temático próprio da exposição da loucura é o âmbito da psicopatologia, porém, o fito da


investigação de Kant é o desejo de esclarecimento de uma espécie de doença da razão que se torna o
motor da metafísica. É isso que começará a fazer em Sonhos de um visionário explicado pelos
sonhos da metafísica e posteriormente na dialéctica transcendental da Crítica da razão pura. Os
dados apurados na psicopatologia visam um esclarecimento da metafísica dogmática, sem embargo
da possibilidade de figurarem num livro de psicopatologia. ‘’

Ora, acima foi indicada a fortíssima presença daquilo que já fora dito: a não-existência dos limites
de locomoção do espírito no seu ambiente epistemológico, na medida em que lhe é proscrito um
espaço interativo (espaço, paisagem, região, território, lugar); um tempo (passado, presente, futuro
etc) e por fim, efetivamente, uma vontade inorgânica, orgânica, relativa e supranatural.

I) Como é feita a Movimentação do Espírito Naquilo que Não Há?

Na ‘’As Confissões’’ de Santo Agostinho, no livro quarto, o professor, está escrito (pág: 117; l: 4 -
6) o seguinte:

‘’Não conhecia nem tinha aprendido que o mal não é substância alguma, nem a nossa mente é bem
supremo e imutável’’

Esclarecendo o seguinte: o mal, que não é substância e, portanto, sequer deveria ser digno da
atribuição de um artigo à sua substantivação, é a ausência do bem, conseguinte, aquilo que é vicioso
e foge de todo o caminho virtuoso. Como tal, o mal é nada e o nada é o mal, ora, mas se o mal
existe no mundo, sendo ele a ausência do bem, e isto é fato, o não bem, ou seja, aquilo não dotado
de substantivação é mal, logo, a não substantivação, cousa que não deveria existir no mundo,
segundo as dez categorias de aristóteles (substância, quantidade, qualidade, relação, tempo, posição,
estado, ação e paixão), existe, isto é, aquilo que não-é, é, porém na medida em que seu ‘’é’’ é ‘’não
é’’ e portanto, é negativo, logo, o mal é o nada, este é o negativo do ser, mas ao mesmo tempo é,
portanto é ser o não-é, e sendo aquilo que não é, logo é nada e o nada se torna consequentemente a
negação daquilo que é; portanto, o mal já que é negativo e o negativo corrobora em cerceamento,
logo o mal é a determinação, o limite da substantivação e o máximo da determinação daquilo que
está a posteriori; em conclusão, o mal é nosso limite cognitivo que não dotado da amplitude de
todas as coisas, é claustrofóbico.
Em primeira análise vê-se que: sendo o limite do conhecimento um mal e, estando o ser humano
propenso, como todo ser, a ser averso ao mal, o ser humano foge dos seus limites cognitivos e,
portanto, estagna-se na sua zona de conhecimento comum, isto é, sem elevação, sem o suprassumir,
ou seja, está preso nas suas condições primárias de espaço, tempo e relações determinantes. A fim
de evitar tal mal que, claro, não é uma condição contrária a natureza, mas sim que vai de encontro a
ela e, no momento em que encontro se dá por forma viciosa, no caso a preguiça, este deve ser
dispensado; o que se quer dizer é: o limite do conhecimento não é um mal por si só, ou seja, não é
um contrário oposto ao bem, mas sim um contrário relativo ao bem que se concretiza na seguinte
máxima:

‘’O limite é mal quando é negação daquilo que é bem’’

É evidente no axioma supracitado a presença da significação oposta e relativa do mal, em termos


mais específicos advém:

‘’O limite é mal relativo quando nega, parcialmente, o que é bem’’


‘’O limite é mal inerente quando nega o bem’’

O que se pretende dizer é: a determinação cognitiva é mal relativo, pois não demonstra, em
quaisquer características, uma oposição ao bem, mas sim uma tentativa de estar junto a ele,
contudo, no momento que é limite o contrapõe, mas não de forma inerente e sim de modo parcial.
II: Aspecto Formal de Movimentação Composta do Espírito.

III: Retorno da Movimentação ao Indivíduo.

IV: Composição Básica Social do Espaço Transformado.

V: Conclusão.

Você também pode gostar