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Rabinovich
O desejo do psicanalista
Liberdade e determinação em psicanálise
editora
Copyright© Manancial
TITULO ÜPJGINAL
E! deseo deipsicoana/i,r,1
Libcrrad y determinación en psico;111á!isis
Editoração Eletrônica
F:A - Editoração Elcuô111ói
Tradução
Paloma Vida!
Revisão
Sandra Regúw Fclgue1i:1s
Editores Responsáveis
joséNazar
Luiz Roberto K/;1czko
Rl 16d
Rabinovich, Diana S.
O desejo do psicnnalista: liberdatle e determinação
em psicanálise/ Diana S. Rabinovích. - Rio de Janeiro:
Companhia de Freud, 2000.
176 p.; 21 cm
ISBN 85-85717-42-4
CDD-150.195
edito r a
Prólogo .................................................................................. 7
7
O lJ E S E J O Ü () P S I C A N A 1. 1 � ! A.
8
P R Ó L O G O
1
J. Lacan, Seminário XII, "Os problemas cruciais d;i. psicanálise", inédito, lição de 5/
5/65.
2
Tema q ue examinamos em D. Rabinovich, "Lógicas de la Escuela en psicoanálisis",
conferência pronunciada na Sociedade Psicanalítica de Buenos Aires, SABA, em
abril de 1 9 9 1 , que está no anexo deste livro.
11
O l) E S [ J O l) O P S I C A N A 1. 1 S T J\
3
J. Lacan, Seminário XII, op. cic., lição de 27/ 1 /65.
12
O lJ E S E J O D O S S I CA N A L I S T A E A I R O N I A S O C R Á T I C A
4
P. Hadoc, "La figure de Socrate", em Exercises Spúituels ec Phj}osophie Antique,
Paris, Écudes Agustiniennes, 1 987.
5
J. Lacan, El Semínario, Libro 1 1, L os cuacro concepros fundamencales dei
psicoanálisis, Buenos Aires, Paidós, 1 986, p. 2 1 .
13
1; V i. � t. ! O D I) l' S I C ,,. N I\ L 1 :i T A
14
se realize enquanto desejo do Outro através desse instrumento
para sua realização que é o analista enquanto tal. O desejo do ana
lista definido como um vazio, como um lugar onde algo poder,í.
se instalar, morar, torna evidente que o que se deve instalar ali, na
prática da psicanálise, é o desejo do paciente como desejo do seu
Outro, o da historicidade própria do paciente, o das circunstân
cias próprias de sua vida. Não se trata de colocar em jogo o desejo
de um Outro "generalizado" ou generalizável, razão que invalida
por si só o desejo entendido como desejo de reconhecimento do
Outro.
A referência ao Outro, como ocorre freqüentemente, é acom
panhada do adjetivo "inesquecível", tomado do Projeto... 7 freu
diano. Para que o desejo apareça nesse Outro, o vazio estrutural
T t
desse Omro histórico, o analista cem queesvãzíar - 6 ügâr di seu
próprio desejo como sujeito do inconsciente. Esta é, assim, a ccm
dição para que se desdobre esse Outro primordial e inesquecível
para o pacíeõ."re�q-ue ês·t;LLturou ·c�mo tal seu desejo, na medida
em que õ- óbfrt?-de - sêu desejo.é esse desejo do Outro.
No- final do Sen�i�iri� VÜ( pouco ames de síruar a respon
sabilidade do analista em deixar aberta, na sua subjetividade, essa
hiância do desejo - que é um vazio, um entre-dois, pois não se trata
de que o analista opere como um S barrado, mas de que dei.'l(e aber
_ta �- �iância do desejo do O urro, o entre-dois sig�ificaines do dese:
jo, entre S 1 e S 2 -, voltará à pergunta inicial: de que será que o
analista precisa para ocupar esse lugar numa perspectiva lógica?
É preciso situar-se em termos de nesciência, em outras__pala-
vras, ci�-d�ca 1gnorâií:cia, deú� �- f�ii:�-d e c·iêndâ-, dé �-�1-;�usên�
cia de ciência; de saber, principalmente de sab�r no-sentido de ''ª-'�
15
O O E S E J O l) C) P S I C A N A L I S T A
8
J. Lacan. Le Séminaire, Livre VIII, op. cit., p. 460.
9 J. Lacan. "Proposición dei 9 de occubre de 1967 sobre d psicoanalista de la Escuda",
en Momencos cruciales de la expcrie11á1 .1n.1lídca. Buenos Aires, Manantial, 1 987.
10 Lacan, em seus EKriro,ç, assim como nos seus seminários, relacionou de maneira
inovadora essa forma da falta de objeto que denominou "privação" ccim o !mo. Essa
relação se funda na definição da privação como buraco, falta no real, que é precisa
mente o que produz o luto: um buraco no real.
16
() O f. S F. J O IJ O P S I C A N A I. I S T A f .-\ l l{ O N I A S O C R Â T I C A
17
O D E S E J O D O l' S f C A N A I. I S T A
18
O l) [ S F. J O 0 0 l' S I C.: A N A L I S T A F. ,\ I R O N I A S O C K A T I C A
12
D. S. Rabinovich, Los rosrros de la cransfrrcncia, Buenos Aires, Manancial, 1 993.
13 J. Lacan, Seminário XV. "O ato psicanalítico", inédito, lição de 29/ 1 1 /67.
19
it 1) F S 1: J () O O P S I C A N A. 1, ! S ·r A
1'1 ( ;_ V la.mls, Sócr,1te.r, lronist and Mornl Philosopher, Londres, C;1mbridge Univer
si1y l'rcs�. 1 99 1 , pp. 2 l -44.
20
0 O E S E J O L) O I' S I C A N /\ L 1 $ T A E A 1 1\ O N I A '> O 1 1( A 1 1 C A
15 Ibid. .
16
S . Kierkegaard, The concepr ofirony, wich concinualreference co Socraces, Volume
II , Kicrkcgaard's Writings, eds. H. e E. Hong, Princcron Universicy Prcss, 1 989.
21
ü D f: 5 [ 1 0 U O P $ 1 C: 11. N A L l 5 T A
17
F. Nietzsche, "El problema de Sócrates", em Crc;p1íscufo de los ídolos, Madrid,
Alianza, 1975, p. 39.
18
Em grego, máscara se diz prosopon e, originariamenre, ela correspondia à chamada
imago, que era a máscara mortuária, a máscara funeníria de um sujeito. Destaco
simplesmente a palavra imago, que será para Lacan a primeira forma da causalidade
psíquica no seu artigo a esse respeito, muito anterior :t sua formulação do objeto a
como causa do desejo. Cf. J . Lacan, "Algunos comenrarios sobre la causalidad psí
quica" em Escritos 1, op. cit ..
22
O U E S E. J O LJ O P S I C A N A L I S T A ( A i J;:. O N I A $ () ( 1./. Á T 1 C A
23
O LJ E S t J O ll ü P S I C A N 1\ L I S T ,\
21
Citado por J. Wahl, Kierkega.1rd, Buenos Aires, Losange, 1 952, p. 37.
24
O LJ F. 5 F. J ü O ü i> S I C A N A L I S T A E" A 1 K O N 1 A 5 0 C K Á T I C A
25
O LJ E S E I O LJ O P S I C A N A L I S TA
26
O LJ E S E I O 0 0 l' S l ( A N A L l S T A E ,\ l l� O N I A S O C l< À T I C A
27
ü U E S E J O D O P S l ( A N J\ I I S T A
26
Ibid ..
28
O D E S f l O t) O 1• S l ( A N A L I S T A 1: A l l� O N I A S O C � Á T I C A
27
Ibid., p. 1 92.
29
O D E S L J O Ll ü P S I C A N A L I S T A
30
O LJ E S F. J O 0 0 l' S l ( A N A L J ':i l' A [ A I R O N I A S O C R A T I C A
gue isso, pode defin ir, delimitar e deixar livre o espaço do desejo
do analista, esvaziado de seu próprio desejo e de sua causação em
relação ao desejo do Outro. Isso implica, conseqüentemente, uma
posição complexa para o psicanalista.
Para compreendê-la, pode-se recorrer inclusive a algumas fór
mulas implícitas no Seminário VIII. Se o analisando se pergunta
"quem sou eu?", a única resposta do Outro é um "deixe ser", cujos
diversos matizes do francês laissez être convém manter, pois tam
bém inclui a conotação de abandono, de deixar, de abandonar.
Isco é uma antecipação, porque a verdadeira pergunta não é quem
sou eu, a verdadeira pergunta é " o que você quer?". Esse você esva
ziado do desejo do próprio sujeito como analista, do analista como
sujeito em si mesmo, é, em suma, a pergunta do Che vuoi.?, do
grafo. O "deixe ser" é "fingir esquecer" a não-verdade e a não
essência do ser de cada sujeito e, em última instância, sua redução
a esse nada que causa o desejo do Outro28 •
O psicanalista "finge esquecer" que seu ato é causa. Seu ato é
oferecer-se como Sócrates. Isto é, o analista sabe que lhe cabe ser
objeto em posição de causa de desejo no processo da análise, o que
culminará no desvelamemo do vazio dessa causa, que é o vazio de
um valor universal, comensurável desse objeto que, no entanto, é
o fundamento do que Lacan, no Seminário XIV, chamará de fal
so selfdo sujeito, que é a única coisa que ele tem. O sujeito como
tal, na medida em que como analista realizou certo processo, sabe
que o valor de verdade do objeto como causa é um valor que não
se cotiza nem no mercado de dons, nem no mercado fálico.
Quando é definido como um nada, um buraco - termo que
também será aplicado, ainda que de outro modo, ao (<I>) -, apon
ta-se para esse buraco, que é a causa de desejo, essa falta como tal
no Outro, que o sujeito supostamente pode obturar a partir da
posição de objeto causa - por isso só a criança é realmente objeto
a alguma vez; o recém-nascido é a única encarnação do objeto a.
28
J. Lacan, Le Sémjnaire, Livl'c VIII, op. cit. .
31
O L) [ S E. 1 0 D {) f-> S I C ,\ N A I. I S T ,\
32
CAPÍTU LO 2
A Q U ESTÃO DO SABER DO PS ICANALISTA: A DOUTA
IGNORÂNCIA
' J. Lacan, "Variantes de la cura ripo" em Escriros, l , Buenos Aires, Sigla XXI, 1 983,
pp. 336-48.
2
lbid., p. 337.
3 Ibid ..
33
() D E S EJ O D O l' S I C A N A L l S T r\
1 "A palavra manifesta ser mais verdadeiramente uma palavra quanto menos sua
verdade estiver fundada no que se chama a adequação à coisa: a verdadeira palavra
opõe-se assim, paradoxalmente, ao discurso verdadeiro [...]" . Ibid., p. 338.
5 lbid., p. 344.
34
A Q U E S "f Ã, 0 IJ O S A U E. I� l) (I P S I C /\ N A l. l S T A
6
Ibid., pp. 344-5.
35
O P l S E J O U O P S I C A N I\ L I S T .�
7 J . Lacan, "La significación dei falo", em Escriros, 2, op. cic.. Pode-se consultar
também D. S. Rabinovich, Lecwra de "L1 signihrnción dei fiild', Buenos Aires,
Manancial, 1 99 5 .
8 J. Lacan, "Variantes d e l a cura tipo", op. cir., p. 345.
36
A Q U l:. S T Ã O 0 0 S A � E. � l) (.J 1' 5 1 C A N A l 1 � 1 A
'' lbid . .
111
J. Lacan, "Variantes de la cura tipo", op. cir., p. 348.
37
O D E S E J O D O P S I C A N A L I S T A
1 1 I bi d..
12 Ibi d..
1·1 N . de Cusa, La doera i nornncia, Biblioteca de lniciación hlosófica, Buenos Aires,
g
Aguilar, 1 957.
38
A Q U E. S T Ã O l) O S A U E. R U O l' S l ( A N A L I S f A
M A. Koyré, Dei mundo ceJTado ai universo 1nn1úm, Madrid, Siglo XXI, 1 979, cap. 1 ,
PP· 9-30.
1
� M. de Gandillac, "Préface", em Oeuvres Choisies de Nicolas de Cues, Paris, Aubier,
1942.
11' H. Blumenberg, The Legitirrwcy ofr:he Modem Age, Massachusens, MIT Press,
l 985, pp. 35 5-60 e 483-547.
39
U D E S E J O U O l' S I C A N A L I S T A
40
A Q U E S T Ã O l} () S A � E R U O f> S I C /\ N ,\ l 1 ', 1 1\
17
N. de Cusa, De coniecturis I 3, citado em H. Blumenberg, The Legirimacy ofthe
Modem Age, op. cic., p. 357.
41
O U \: S f. J O D O l' S J C A N A L I S f A
42
A Q U E 5 T Ã () D O 5 A lj t I< l) 1 � I' !i I C A N A L l 5 T A
18 Cf. H. Blumcnberg, Thc Legitún,1cy ofthc Modem Age, op. cic., parte IV, cap. 2.
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ü O E S ( J O l) O l' S I C A N A I. I S T A
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A Q U E S T Ã O LJ O S ,\ B E R IJ C. l' .S I C A N A L l 5 T A
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A Q U E S T J\ O 0 0 S A B E R 0 0 l' S I C A N /\ L I S T A
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(J lJ F. S E ) O l) (J l' S ! C /\ N A I I S T A
das características desse ser que lhe é tão semelhante, que é o ho
mem, ponto no qual surge algo não pensável, até então, no con
texto medieval 1 9 •
Por que lacan se interessa tanto pelas provas da existência de
oe·us? Por um lado, como j á assinalamos, porque se relacionam
com as provas da existência do Outro e, por outro, porque reme
tem à diferença entre a existência real e a existência lógica. lacan se
interessará por demonstrar a existência lógica do Outro, não sua
existência real, no sentido do discurso verdadeiro, se nos ativermos
à diferença que ele introduz em "Variantes do tratamento-padrão".
Interessa-lhe demonstrar a existência lógica do Outro em termos
da palavra verdadeira, quer dizer, da verdade articulada com o su
jeito. Lacan insiste na diferença entre a existência lógica e a exis
tência de fato até o final de seu ensino, que culmina com a escrita
da palavra "existe" separadamente, ex-siste, aquilo que está fora de
algo e o sustenta.
Lacan se pergunta: como se prova a existência do Outro? E,
particularmente, dada a temática desse seminário, como se prova
a existência do Outro sexo? Lacan define a temática da lógica do
fantasma como uma tentativa de responder à pergunta sobre a
subjetivação do sexo: como se articula o sexo com a subjetivida
de? O problema da existência do Outro sexuado não é idêntico ao
da ·existência do Outro do significante. A tentativa de Lacan é
modular a existência lógica, fundada no significante, com a exis
tência do outro do sexo.
O seminário "A lógica do fantasma" é um seminário liminar
no tocante a essa temática; inicia-se nele uma virada que modifica
profundamente a teoria da sexualidade até então vigente. Lacan,
ironicamente, dá a entender que a verdadeira pergunta é se é pos-
' 9 Esses desenvolvimemos oferecem alguns elementos para pensar como é tratado por
Lacan o problema do saber em relação à existência do Oucro em "A lógica do
fantasma", J. Lacan, Seminário XIV, inédito.
48
A Q U E S T Ã O 1) 0 S A B E. !< D O t> S I C A N A I. I S T A
49
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50
A q U E. S T Ã O l) () 5 A 8 f l� t) () l' S I C J\ N ,\ l l � T A
51
O l) E S E J O U O J' $ 1 C A N A 1. 1 S T A
20
J . Lacan, "La te.reera", em lncervenciones y cexcos II, Buenos Aires, Manancial,
1 988.
52
A Q U E S T Á O l) O S A � E. R U O 1 1 S I C: A N /\ 1 1 �. l A
21
J. Lacan, E! Semin an'o, Libra 1 1, Los cuarro concepros fund,1mc11r.-dc,\' dl 'I
psicoanálisis, op. cir. .
53
CAPÍTULO 3
FORMAS LÓG I CAS DAS OPERAÇÕES DE ALIENAÇÃO E
SEPARAÇÃO
55
O lJ E 5 E J O O O I' 5 1 C A N A l 1 5 T A
v ,,.,. _··
,_..
Íf:0 Objeto ,7
{ [)
: '',
ou não penso Escolha alienante
Ou não penso
Isso Primeira escolha forçada ou não sou
----- /
'-.. ./
'-.. ./
'-.. ./
'-.. ./
'-../
/,
./
./ ' ...____
✓
./
./ ...____
' '-
.a // - <p ou não sou
- cp {) inconsciente
56
F O l� M A S L Ú G I C A S lJ A S {) l' E J� A Ç Õ E S D E
� l I E N A Ç Â O E S [ I' A R A Ç Á O
7
Ibid..
8
J. Lacan, E/ Seminaâo, Libra 7, Li àica deipsicoa11ilisis, Buenos Aires, Paidós,
1 988.
9 J. Lacan, Seminário X, op. cic., lição de 1 9/ 1 2/62.
57
O D E S E J O D O P S I C A N A L I S T A
58
F O R M A S L Ó G I C A S ü A S O l' ( � A ( Ú E S O t:
A L I E. N 1\ Ç Â. O 1:. S E P A R I\ Ç Ã O
59
O O l S E I O 0 0 � S I C A N A L I S T ,\
12
Ver capítulo 1 e também as análises pertinences em D. S. Rabinovich, La anguscia
y ef deseo dei Orro, Buenos Aires, Manancial, 1 994.
13 J. Lacan, Seminário XIV, op. cit., lição de 25/1 /67.
60
F O R M A S L Ó G I C A S D A S O l' t: � A Ç Õ l: S ü F.
A L I E. N A Ç Ã O E S E l-' ,\ R /1. Ç À O
61
O O E S E J O 0 0 1' 5 1 C A N A L l 5 T A
- (A + B) = - A X - B
- (A X B) = - A + - B
62
F O !< M A S L Ó G I C A S D A S O P E. R A Ç Õ E 5 l) E
A L J [ N A ( Ã O E S E P A � A Ç Â O
63
O D F. 5 1:. J O D O !' S l C A N A L I S T A
11 Esse argumento merece ser cotejado com a última parte de "I nstância da letra ...",
que também se refere ao ser na sua relação com o cogiro. Ver E/ concepro de objero
cn psico,wilisú, Buenos Aires, Manantial, 1 988.
64
f O 1� M A 5 L () C, 1 C A $ l) A S O I' f. I{ /\ C," ( ) I �. ll 1
A l. l f N A Ç À O E 5 E l' /\ l� A t,: Ã ( J
65
O U l: S E. J O D O P S I C A N A L I S TA
17
J. Lacan, Écrits, Paris, Seuil, 1%6.
18 J. Lacan, Seminário XIV, op. cit., lição de l l / l /67.
66
1· O R ,'vi A S 1. Ú (; 1 C A $ 1) A S () I' E R A Ç Ô f. S 1) r:
,\ L l E N A Ç t\ 0 E. S E P .'\ R A Ç À O
19 Ibid ..
67
() D E S E J O U O l' S l ( 1\ N A L l $ l A
68
F O R M A $ L Ó C I CA l 1) A S O ,, F R A Ç Ô E S l) E
A l l l: N A Ç Ã O E S F P A !-:. A Ç Ã O
69
O O E 5 E J O U (l P S I C A N A l l S T A
20
J. Lacan, Seminário XIV, op. cir., lição de 1 6/1 1 /66.
70
F O R M A S L Ó G I C A S D A S O l' E R /\ Ç Ó l' S IJ f
A L I E N A Ç A O E S E P A • A � Ã U
11 J. Lacan, Seminário XV, op. cir., lição de 10/1/68. Todas as citações que se seguem
são da mesma lição.
71
O D E S E J O D O P S I C A N A L I S TA
72
r- O R M A S L Ú G r C A S D A S O 1' f: R. A Ç O f S ü f:
A L I E N A Ç Ã O l � F. P A l{ A Ç Â O
73
ü l) E S E: J O 0 0 P S I C A N A L I S "T A
74
F O R M A S L Ó G I C A S D A. S 0 1' 1:. R A (,: Ú E S D í:
A L I E. N A Ç Ã O J: S l: l' i\ R A Ç À O
A citação continua:
A verdade [refere-se à operação verdade que precisa do apoio
da operação transferência] é que a l1kz [falta de sujeito] é
22
seu nome no nível do inconsciente . [Isso permitirá a mo-
dificação do grafo no Seminário XVI, cujo firndamcnto é
esse.] Ele acrescenta: A verdade é que a fàlta de cima, à es
querda [a falta do sujeito] , é a perda [a falta torna-se perda]
no nível inferior, à direita. Mas ela, a perda, é causa de ouc_ra
coisa. Eu a denominarei causa de si, mas elas não devem ser
confundidas. [os i cálicos são nossos] .
22
J. Lacan, Seminário XVI, "De um outro a um Outro". Pode-se consultar a esse
respeito a análise dessa mudança em D . S. Rabinovich, Una dínica de la pulúón:
las impulsiones, Buenos Aires, Manancial, 1989, cap. I e II.
75
() l) ( $ 1::: J O D () I' S I C A N A l 1 5 T A
23
J. Lacan, E! Scminario, Libra 2, E!yo e11 la reada y en /;J pnfcrica deipsicoanálúis,
Buenos Aires, Paidós, 1 984.
76
F O R M A S L Ó G I C A S lJ 1\ S O l' L R ,\ ( 0 1· S U I
A l l E N /\ Ç À ü E. $ t: I' r\ R ,\ c;. A l t
77
O lJ f. 5 E J O 1) 0 P S I C A N A L I S l /\
78
f O f< M A S L Ô C. 1 C A .S U A !i O P 1. R A (." < t 1 \ Il 1
A 1. 1 E N A Ç A O E 5 L'. 1' A I{ A <,: À 1 ;
79
so do padecer subjetivo. O incurável é esse resto da cura que sepa
ra a psicanálise de qualquer terap ia baseada nesse modelo médico
da restituição adÍntegrum de uma "normalidade" , cuja fragilida
de em nosso âmbito já foi demonstrada faz tempo por George
Canguilhe�24 .
81
O D E S E J O 0 0 P S t ( A N A L I S TA
1
J. Lacan, Seminário X:V, op. cir., iiç;ío de 1 0/ l /68.
2
Ibid. .
O O B J f. T O I' t R lJ I D O, O D í: S l: J O 1) O (} lJ T R O
E O lJ E S l l O U O t' S I C: A N 1\ t Í S I ,\
conscien. �e. Essa é a questão que deve ser pensada, a não ser que se
repitam, sem serem compreendidas, as fórmulas do seminário:
A verdade é que a fàlta [do sujeico] de cima, à esquerda é a
perda no nível inferior, à direita. Mas ela, a perda, é c;ws:i
3
de outra coisa • [os itálicos são nossos] .
causa.
�""""'��
•· A . f�lt::i de sujeito é correlativa à estruturação da pulsão. A
perda que se produz - perda que corresponde à segunda fórmula
dà°d'i�i;ã� s�bjetiva do Seminário X, "A angústia" - é causa de
outra .cais�. O que produz por sua vez a perda? A .e�i-�tê0:cia de
. ,, ... - .
i:tmâ-c·��:sa que divide o sujeit:o.
· - - Q_o �j_i9 a, �ausa d? d�s�jg ,_ ap.irece e � ��r c:�_ir� Jy_g_�r_11essa
série de operações: falta, perda, causa: "OJ]: çi�js�9 es�ªva" é, pri
í
�e i-im.ent:e, u�a f�1ta, uiu;·;usênci; de sujeito. Es�a falta exige
que o sujeito se torne perda, para que se estabeleça a causação d?
desejo_: fa:aminando em detalhe o processo, vê-se que a falta pri
.m�f1:a .<l.� -�t1jeito é experimeq,tada _corno perda no n ível da expe
riência de satisfação freudiana em sua relação com o inconsciente.
. . .
3 Ibid..
83
O lJ f. S E J ü LJ O l) S I C A N A L I S T ,\
4
]. Lacan, "Observaciones ... ", em Escritos, 2, op. cit., p. 662.
84
O O � l E l O I' E. R O J LJ O, O D E S E J (J D o () u l 1� O
E O U E S l; J O U O l' S l ( A N A t. f S I A
da, essa perda, que o constituiu como causa, como a causa que ele
foi para o desejo do Outro. Não é o analista como Outro que cai;
cai o analista enquanto situado no lugar do sujeito como o que ele
foi como causa para o Outro desejante de sua própria história.
Tendo feito essa ressalva de vital importância, convém conti-
nuar examinando detalhadamente o Seminário XV:
O sujeito não é causa de si [soi, cf. capítulo anterior] , é
conseqüência de uma perda . Seria necessário que se colocas
se na conseqüência da perda, essa perd·a que constitui o ob
. 5
;eco a, para saber o que lhe falta .
85
O D E S E I O D O P S I C A N A L I S TA
..---·------------·
significante não reabsorve; esse resto cai no nível da causa e disso
.
7
J. Lacan, "Prop osição de 9 de outubro sobre o psicanalista da Escola", em Momentos
cruciales de la expcâencia analícíca, Buenos Aires, Manancial, 1 987.
66
O O R l E T O P t R D I D O. O ü l 5 r. J o D o O U l lt O
E O O 1: S E j O L) O I' S t e : A N ,\ 1 1 S 1 ,\
87
O lJ E S E I O 0 0 P S I C A M A I. I S 'f A
88
O O ti J E T ü fl f 1� l) 1 O (), O O 1: S E I O 1) 0 Ü U T R O
E O ü f. S E J O l) O l' $ ! C 1\ N .-°' L i � T /I.
8
J. Lacan, "Proposición dei 9 de ocmbre de 1 967 . . ", op. cic..
89
<> lJ t � E J O Ll O P S I C .A. N A l I S T A
9
Vale lembrar que o pas sa11s, não sem, é tomado, por Lacan, de Heidegger.
10
J. Lacan, Seminário Y.V, op. cir., lição de 17/ 1 /68.
90
O O B J E T () P E R D I l) O, O IJ f, 5 E I O IJ O () lJ T R <l
E O l) E S E J O 1) O I' S I C A N A l. f 5 T A
11
J. Lacan, Seminário X, op. cir,, l ição de 8/5/63.
91
0 O E S E J O O () P S I C A N A L I S TA
92
O O 13 J E. T () P E R IJ I l) O, O O E 5 1- l O 11 e 1 ( > 1 , 1 I' 1 1
E O L) f. S é J U 0 0 l' S I C A N ,\ l l .', I A
93
() D E 5 E J ü 1) ü 1► S I C A N A L I S l /\
94
O O B I E. T O P { R ü I U O. O IJ l S l I O IJ O Ü U T � ü
{ O U E S E J O l) O P 5 1 C A N A I. Í S '1 A
• O termo castelhano para "pessoa" é persona, permitindo o jogo com o termo latino
persona, que significa máscara e está na origem tanto de "pessoa", em português,
como do termo em castelhano. (NT)
95
CAPÍTULO 5
ALIENAÇÃO E SEPARAÇÃO EM "POSIÇÃO DO
INCONSCIENTE" E NO SEMINÁRIO X I . A LIB ERDADE: DO
TERROR HEGELIANO À CONTINGÊNCIA
97
O D E S E I O D O t• S I C A N A L I S l A
3
J. Lacan, "La ciencia y la verdad", op. cit., p. 843.
98
A 1. 1 F. N A Ç À O F. S E I' 1\ 1� A t; Ã O
4 J. Lacan, "Posición dei inconscicnce", op. cit., em particular as pp. 8 14- 24.
5 J. Lacan, E
. '/.Semina.110, Líbro 11, Los c11,1rro concepros fünd1me11mles deipsico.wálisis,
Buenos Aires, Paídós, 1 986, em particular os cap írulos XVI e XX.
99
O U E. S E. J O U () P S I C A N 1\ L I S T A
A operação de alienação ·
1
' Um esclarecimento sobre a tradução: em geral, na edição cascdhana dos Escritos,
traduz-se manque - falta - por carencia [ em português: carência] . Li ceralmcme a
tradução é concta, mas a relação falta-perda, se o cermo "falta" não é conservado,
n:io pode ser rastreada, de cal modo que, auromacicamentc, a corrigiremos e quan
do, cm francês, aparecer m.111que, ler-se-á "falca".
100
A L I E N A Ç Ã O E S t l' A R A Ç À O
Grafo I
7
]. Lacan , "Posición dei inconsciente", op. cit. , pp. 8 1 4-5.
101
0 LJ E S E I O ü O l' S l ( A N A L I .S T A
102
,\ L I é N A Ç Ã O E S f. 1' A 1..:. A ( .À. ( >
103
O lJ F. S f. J O l) O t' S l ( A N A I. I S T A
l i Ibid., p. 8 1 8.
12
Ibid ..
1 04
A L I E N A Ç À O [ S l 1' A R ,\ l., A e >
Conclui:
. . ,
O mconsc1ente e entre am bos, seu corte em ato .
13
13
Ibid..
14
Ibid. .
1 05
O D E S E J O 0 0 P S I C A N A L I S T A
15
A versão castelhana optou por " r;bic.1do" [em português: situado]. mas acredito que
a verdadeira tradução é "delimitado", porque o significante é o que é delimitado
dentro desse campo e não apenas situado.
"' lbid., p. 8 1 9.
,., Na presente leitura, substituiu-se a tradução utilizada no texto, " enajenación" [em
pormguês: alheamento]. por "alienación" [em português: alienação].
1 06
A. L I E N A. C,: 1\ () E S E l' 1\ R A Ç Ã U
18
Ibid., pp. 8 1 8-9.
19 J. Lacan, El Semimrio, Libra 1 1, op. cir., p. 220.
1 07
0 L) [ $ F, J 0 () () S $ 1 ( A N A t l S T A
2
" Ibid., p. 22 1 .
li
Jbid., p. 227.
1 08
A L l F. N ,\ Ç Ã O E 5 E. i► J\ l� /\ l, _.ll. t J
• 22 Ibid. .
23 Ibid., pp. 227-8.
1 09
() l) ( S E J O 1) O P 5 1 \. A N A L 1 $ T A.
24 Ibid..
21 Ibid..
2
" W. Hegel, La phenomen ologie de l'Esprit, ed. E J. Hyppolyte, Pacis, Aubier, vol.
2, pp. 130-7.
1 10
1\ L I E N A Ç Ã O [ S E P ,\ R A Ç J\ {)
27
Ibid..
111
O 0 E S E J O D O !' S I C A N /\ 1. I S T I\
1 12
1\ l I E N A {.: ,\ O E S 1: P t\ I\ /\ 1,: t\ ( J
1 13
O U l: S � J O U O t> $ 1 ( A N A I. I S T A
1 14
A. L I E N t'\ Ç Ã O E S � I' A K A (, Â i }
·1 2
Ibid., pp. 221 -2.
33 J. Lacan, "Posição do inconsciente", op. cit., p. 822.
115
O D E S f. J O l) O 11 S I C A N A L l $ T A
1 16
A I. I E N A Ç .-\ 0 E S E l' A R A Ç A O
3
; Ibíd, p. 823.
3(, Ibid., p. 82 1 .
117
O l) f S [ J O D O f• s 1 c �, N .-\ L I S T A
·11
Ibid., pp. 821-2.
'" lbid., p. 822.
118
A L I E. N A Ç Â O E ,,; [ I' J\ 1� A ( t\ O
39
Ibid..
1 19
O lJ [ S E J O IJ 0 P S I C A. N A L l S T A
'º J.Lacan, El seminario, Libra 1 !, op. cir. , p. 242 (Le Sémiizairc, Livre XI, Les
qu,1rres conceprs fó11damcmaux de la. psyd1a11alyse, Paris, Seuil, 1 973, pp. 2 1 2-3).
" lbid., p. 262.
1 20
A L I E N A Ç Â O f. S I· I' /\ 1.: /\ <, 1\ 1 1
42
E. Pagels, Adam, Eve and :t he Serpenc, New York, Vimag e Books, 1 989, cap. V e
VI.
121
O D E S E J O 0 0 P S I C A N A L I S T A
to, esse Seja feita a tua vontade.' como única saída para o sujeito.
O problema de santo Agostinho, que Duns Escoto resolve a seu
modo, é como conciliar Deus, criador ex-mlúlo, com a determi
nação e com a temporalidade. Será que ele cria o tempo todo?
Criou tudo em seis dias?
A sol ução inovadora reside em que, na síntese aristotélico
cristã da Idade Média, a necessidade no mundo estava vinculada à
cadeia causal. Escoto separou-se da tradição aristotélica que sus
tenta uma legalidade chamada "necessidade condicional", necessi
dade que dura certo tempo e não eternamente, que acontece na
vida dos sujeitos mortais, quer dizer, que não são imortais. Quase
toda a Idade Média aceitou essa necessidade condicional que Escoro
rejeita com a finalidade de acentuar a onipotência de Deus, pois
considera que, se um efeito qualquer deve ser contingente, a ativi
dade da causa primeira, da qual esse efeito depende, deve ser ela
também contingeme43 .
Disso se deduz que a criação divina é contingente, poderia ter
sido outra. Assim, ele é o inventor dos mundos possíveis, atribu
ídos primeiro a Leibniz. Para Duns Escoto, o mundo poderia ter
sido outro, segundo a decisão de Deus.
Ele introduz então a idéia de uma concatenação e de uma
multiplicidade de causas acidentais, contingentes, que confluem
para produzir um efeito necessário, no sentido de que é deduzido
das causas, mas que é contingente em sua essência. Desse ponto de
vista, a contingência assim formulada aproxima-se da sobredeter
minação freudiana. Precisa-se de mais de uma causa para chegar a
essa solução, de várias cadeias causais que se cruzam, tal como
assinala Freud a respeito da associação livre.
1 22
A L I E N A Ç Ã ü E S [ I' ,\ l\ A i_: ),, Cl
1 23
O D E S E I O D O l' S I C A N A L I S 'í A
1 24
CAPÍTU LO 6
DESEJO DO PS ICANALI STA E OPERAÇÃO DE SEPA RAÇÃO
2
Ibid..
1 26
O f: S E I O lJ O I' S J C A N A L I S T A E O t' F 1� ,\ \- Â (l 11 { � 1 I' A. 1-: A I," /\ ( l
3
Ibid ..
" Ibid..
5 J. Lacan, "Kant con Sacie", op. cit., p. 752.
1 27
ü LJ E S l:. J O IJ O IJ S I C A N .·\ l. l S f A
1 28
D E 5 F. J O lJ O t' S I C A N A L I S T A F. O I' I· I{ ,\ l,," :\ t• ll 1 � 1 1• A I{ ,\ l," A C )
7
Ibid. .
129
O 1) [ 5 1:. J O D O l' .S I C A N A l l S T A
1 30
D E S l J O D O t> S I C A N A L I S T A E (l f' F 1� ,'\ ( Í\ O D [ S 1: P A H A Ç .� O
1 31
O D E S E J O D O P S I C A N A L I S f A
1 32
ü E. S E J O ü O 1-' S ! C A N A L 1 S T A f; O f' t R t\ ( Ã <} O I S f· J' /\ f( A 1.; Ã. O
1 33
O l) E S E J O D O li 8 1 C ,\ N A 1. 1 S T A
1 34
O E ) E J O O O P S I C A N A L l S T .� f O I' E: 1� !\ ( A O 1 ) 1-. S l I' /\ � A (: J\ ( )
14
Ibid., p. 275 .
15 Ibid., p. 276.
16 Ibid. .
1 35
O U E S E. J O D O 1> S I C A N A I. I S T A
17
J . Lacan, Semin,írio X, op. cic., lição de 26/6/63.
\B Ibid . .
1 36
D E S E. I O lJ O P S I C. A N A l 1 $ T A C. O I' t 1� J\ ( ,\ ( 1 1) 1 S I J' ,\ )\ A ( Ã O
19
J. Lacan, "Subversíon dei suj cro...", op. cic., pp. 806-7.
1 37
O l) { S E ) O IJ (J 1' 5 1 C A N .'\ L I S I A
20
J. Lacan, E/ ScmÍmrio, L1h1-o 11, op. de. , p. 278.
1 38
lJ E S E J O l) O P S I C A N A L I S T A L O I' l 1� /\ ( A o ll I S 1. P /\ 1,: A �: A O
21
J. Lacan, E/ Semínarío, Libm 1 1, op. cit., pp. 281 -2.
22
Ibid., p. 28 1 .
1 39
O D E S E J O D O P S I CA N A L I S TA
140
l) E S E I O L) O \1 5 1 C A N A l I S T A E O 1• L 1-! A. <,: A O IJ I S f· I' A R A �: A O
" lbid., p. 28 3 .
25
Ibid., p . 284.
26 lbid., p . 283.
27
Ibid..
1 41
O lJ E S F. l ü ü O f> S 1 C A N A L l $ T A
28 Ibid..
2
? Ibid., pp. 283-4.
1 42
L) E S F. J O l) O P S I C A N A. L I S l A t O I' F. R A \ i\ l 1 1t 1 ', 1 1' -\ F .,, t. '\ • 1
30 lbid., p. 284.
1 43
O l) E 5 E J ü 1) O I' S l C ,\ N A l I S T /1.
144
l) E S E j () l) 0 I' S t C 1\ N A l l $ T ,\ F. () I' 1 !\ ,\ 1, ,, • 1 1J 1 '. 1 I' , r: •. •. \ •,
145
A N EXO
LÓG ICAS DA ESCOLA EM PSICANÁL ISE
1 47
FÓRMULAS DA SEXUAÇÃO, MODOS LÓGICOS DO AMOR E TRANSFERÊNCIA
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CONJUNTO FECHADO ii!!
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SEXUAÇÃO FÁLICA SEXUAÇÃO DO NÃO-TODO
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L Ó G I C A S L) ,\ E S C O i. A '"- M l ' S I C: t\ N Á I. I S E
1 49
O IJ l: S E J O U O P S I C A N .J\ L I S I J\
1 50
1. (> e I e A s l) A í: s e o 1. A t: M 1 1 � 1 [' /\ N /\ 1 1 ,, 1
151
O D F. S [ J U lJ O P S l ( A N A L I S T 1\
152
1. Ú G I C A S L) ;\ l � C () 1, ,\ i' M 1' �; I e· A N A 1 1 S 1
como tal e sua fusão, seu desaparecimen to e sm incl usão den tro
dessa Escola, o Conselho se opõe a isso, precisamente porque pen
samos que é destruir aquilo que leva muito tempo para ser
construído. Isso é válido não só para a SABA. Na minha opinião,
é válido para o Seminário Lacaniano, para o Simpósio do Campo
Freudiano, etc e para aquelas instituições do interior que têm sua
história e sua trajetória.
Acredito que, se as coisas tivessem sido feitas com menos pre
cipitação, em algum momento teria havido uma confluênoia, uma
confluência das gerações mais jovens. Mas forçar essa confluência
de cima não me parece adequado.
Portanto, eu teria preferido esperar que certa articulação se
desse no momento apropriado. Nossa temporalidade, apesar de
tudo, e apesar do engano desse objeto da ciência que é o fax, não é
a mesma que a da Europa. Com isso refiro-me à nossa temporali
dade como s ujeitos. Podemos pensá-la em termos de avanr-coup
ou apres-co up. Temos uma série de formas de pensá-la em Lacan.
Mas não podemos pensá-la a partir da foraclusão do suj�ito e é
precisamente aqui que considero que há algo importante para as
sinalar, que diz respeito, por um lado, à dimensão do tempo e,
por outro, à dimensão do espaço.
No que diz respeito à dimensão do espaço, diria q ue o con
ceito de rede do Campo Freudiano começa a se deslocar em dire
ção ao conceito de um campo com um centro. Não me preocupa
que esse centro esteja na Europa, seria igualmente incômodo que
estivesse na Argentina; simplesmente prefiro ser fiel ao discurso de
Lacan contra o centro quando assinala que, precisamente, a verda
deira revolução é a de Kepler com a elipse. Isso quer dizer que
tudo que acarrete o conceito de um centro de irradiação aponta
indiscutivelmente para um todo, um todo que Lacan qualifica
como imaginário e como o todo do um unificante. No Seminá
rio O avesso da psicanálise, Lacan assinala que esse rodo do um
unificante é próprio do discurso do político e o opõe ao discurso
analítico.
1 53
Ü O ( S f. 1 0 tJ O 1' 5 1 C A N A L I S 'l /\
Pois bem, não digo isso porque pense que seja necessário fa
zer uma denúncia do S 1 ou do discurso do Senhor, mas porque
estou pensando em qual é a lógica alternativa que, a partir desses
fatos que para mim se tornaram evidentes ao chegar a Buenos
Aires, me impulsionou a pensar numa pluralidade de Escola em
vez de numa só, que é ao que quero chegar pouco a pouco, à
lógica que funda ambas as posições e diante da qual, acredito, cabe
a cada sujeito decidir qual é a sua.
Na apresentação inicial da SABA, à qual não tenho pratica
mente nada a acrescentar ou corrigir, abria-se a possibilidade de
preparar o advento de uma Escola, pensada basicamente como
uma Escola em termos da SABA, o que implicava a garantia. Acre
dito que fica claro que a garantia não existe, o significante do A
barrado é justamente a falta de garantia, o não há Outro do Outro
com o qual estamos familiarizados no ensino de Lacan. Assumir o
risco da garantia implica assumir necessariamente o risco do erro.
Acontece com as nominações de AME, assim corno com o dispo
sitivo do passe, ao qual gostaria agora de me referir especificamen
te. Se há u!11 ponto em que não estou em desacordo, este é, por
exemplo, o\passe na entrada. Acho, sim, que de fato não é muito
interessam�: numa determinada perspectiva, com relação ao con
ceito forte de passe de Lacan. Chamo de conceito forre o passe
como pr�cedimento para recolher testemunhos de uma clínica do
final de análise. Parece-me que esse é o desafio que Lacan nos
deixou e que não pode ser deixado de lado.
· Por outro lado, muitas pessoas chegaram a reclamar às vezes
da maneira como se entrava na SABA, por não se darem explica
ções. Lembro de ter respondido uma vez que tínhamos como
referência o caso a caso. Precisamente por isso, o que Miller des
creve como um passe na entrada é algo que acredito que não só a
SABA e o Conselho da SABA fizeram, ao aceitar seus membros,
quer dizer, avaliar os pontos de sua análise e fazê-lo nesses termos,
mas várias outras instituições e não só a SABA o fizeram. Diria
1 54
L () (; 1 r. A S L) A F. 5 C O !. A 1 1--1 I' '.'. 1 1 .-\ N A I l :, 1
1 55
0 D E S l:. J O U () t-l S I C A N A L I S 'I A
1 56
L Ó G 1 ( A 5 l) ,\ E S C O 1. A E 1\1 I' .'i l C :\ N À 1 1 S l
1 57
O l) E S E J O D O P S I C A N /\ 1. I S T ,\
1 58
1. Ó G I C A 5 lJ ,\ E S ( (} L 1\ f ,l\.·I 1 1 S 1 ( ,\ ,\J ,\ 1 1 � t
1 59
O D F. S t. J O 1) 0 P S I C A. N .-\ 1. l S T ,\
1 60
l ó eIe A s l) A E s <..: o L ,·\ I· i\l I ' ', 1 i :\ 1 \ 1 1 ·, 1
161
O O E S E I O IJ (J P S I C A N ,\ L l 'i. T A
1 62
l Ú G 1 C A S l) A f S r· ( ) 1. ,\ 1 ,\ 1 1' 1 , 1 1 ., 1 1 \ 1 , '. 1
. aquele que o tem não é nada. Esse é o mal-c1 1 t rnd i d 1 1 dt 1.·, .w � ( I.•, : , ! t
um lado a impostura masculina, do outro a mascar;1d;1 k1 1 1 i 1 1 i 1 1.1
Essa é a possibilidade que se abre às mulheres dur a 1 1 t e l u 1 q •,1 , 1 rn 1
po, até que Lacan estabelece o não-todo: uma forma de ass1 1 1 1 1 i 1 .,
castração, fazendo do seu nada algo, o que a leva a essa posi�:a, > ( k
causa sw: que une de maneira peculiar a mulher ao amor, sem pre
que definamos o amor, como nos Escáros, em função de um dar
o que não se tem.
Freud assinalara a notável dependência do amor que as mu
lheres têm em comparação com os homens. Para Lacan, essa de
pendência se funda em que, por estrutura, naquilo que faz as vezes
da relação sexual que não existe, como complementaridade sexu
al, nesse lugar ausente, a mulher se caracteriza por participar dan
do o que não tem e sendo o que não é. Nesse ângulo, a posição
feminina é uma posição na qual o sinal do desej o do Outro, quer
dizer, a tentação do O utro, torna-se algo que se confunde muito
rápido com a temática do amor. Não se deve esquecer que a dife
rença entre essas duas posições reside em que a mulher que se tenta
· tentando não tem que deixar ver seu desejo, enquanto que o ho
mem tem que dar a ver o seu desejo. Nesse ponto, em que o
homem tem que dar a ver o seu desejo, é que se produzem com
maior freqüência certas inibições da sexualidade masculina.
Daí se deduz que a mulher tem, de saída, uma noção de sua
posição de objeto na sua relação com o desejo como desejo do
Outro. Tendo noção dessa posição de objeto, tem, conseqüente
mente, enquanto tal, uma posição do agalnu Inclusive, Lacan,
no Seminário A rra11sferê11cia, n ão duvida cm afirmar que
Alcibíades faz a Sócrates uma cena feminina porque, segundo ele,
são ciúmes absolutamente correlativos à posição feminina. A fa
lha é sempre da ordem do ter e possuir um homem. que seja só seu
é o ponto em que a mulher, do ângulo fálico, de alguma maneira
consegue um pal iativo para a ferida da privação, a inveja do pênis
freudiana.
163
O lJ E 5 f J O l) () t' S l ( A N A L I S l" A
1 64
L Ó G I C ,\ S lJ A E $ (" C.l 1. A. I" ,\\ •· :, 1 t A 'J ,\ 1 1 ;, 1
1 65
O lJ l S. f I O lJ O P S. 1 C A N A L I S T A
166
L Ú G I C A. S l) A f S C O l ,\ J ,\1 J' '• 1 l .,, I·) ·\ 1 J ', 1
1 67
O D l: S E J O 0 0 P S I C A ,'l t\ l. l S l /\
1 68
l Ú e_; 1 C A 5 l) A 1. :-, ( l l I A 1 ,. 1 I' '. 1 1 ' 11 \ 1 1 1
te. Quando Lacan diz que o Outro sexo l'() l 1 1 1 1 1 . d 1 ··,1 . 1 .1 1 1 •,1 1 1 1 , ,
isso implica que um dospartenaíresse desv:111L·n- 1 Li l'\ 1 °.1 1 · 1 1, 1.1 1, ,
gica, não da existência no sentido ontológico, cri :1 1 1tl1 1 . 1•,•. 1 1 1 1 "
buraco onde a palavra se desdobrará. O termo "palavra" d cvt' :,1·
situar no contexto da relação com o significante do Outro barrado
e com o inconsciente como conjunto aberto.
Nessa perspectiva, então, não há nenhuma forma de estabele
cer no nível lógico a complementaridade dos sexos. A discórdia
entre os sexos se funda no nível dos dois particulares, no nível da
exceção e da inexistência da exceção, que não é negação da exce
ção. Sob essa rubrica do que não nega a exceção e é um conjunto
aberto, situam-se tanto o objeto a corno o significante do Outro
barrado, 5(./4..) .
A negação discordancial é exatamente o oposto de um limite
matemático; ela implica a inexistência do limite do lado da sexuação
feminina. Na medida em que o particular correspondente se fun
da num ne discordancial, o universal correlativo que se escreve
não-todo ou não-toda adquire seu caráter dual .
O que significa esse caráter dual? O funcionamento de um
ne discordancial ou redundante, como às vezes é chamado em
francês, indica a coexistência sem contradição da inscrição fálica
e do não-todo. A negação do particular do lado do não-todo se
relaciona intimamente com o desejo. Pelo contrário, a negação
da função fálica do lado da exceção funda uma negação, um
não que equivale a uma foraclusão. Fica claro que a foraclusão
está sempre situada do lado da lógica fálica. Por essa razão,
Lacan sustenta que não se pode con fundir a psicose - a
foraclusão do N orne do Pai - com a sexuação feminina. Não
se pode situar a psicose do lado da mulher barrada. A psicose,
no caso da paranóia e do pousse à la fémme que lhe é próprio,
faz existir A mulher corno universal, coisa que se observa com
clareza no caso Schreber.
169
O O E S E I O lJ O P $ 1 C I\ N A L l !i l" I\
1 70
L Ó G I C A S D A E S C O i. A í: ,\-t P S l ( ,\ N Á l l '. 1
171
O D E S E J O U O P S I C ,\ N A 1. 1 S T A
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L ó G I e A s l) ,\ F. s e o 1, A F 1\ t I' s 1 ( t\ N A 1 1 s 1
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O objetivo deste livro é situar o conceito "desejo
do psicanalista" no âmbito que acreditamos ser
central para o próprio eKercício da psicanálise: o
â m b ito do debate sobre a determ i n ação e a
liberdade. A meu ver, se a psicanálise não abre
para cada sujeito fala nte a p ossibi l i dade desse
"pouco de liberdade", como Lacan a denomina,
seu exercício se torna uma mera fraude.
Estabelecer as coordenadas desse debate implica
.º
levar em conta ca_ráter ce ntra l, s ubversivo ·
inclusive, no ensi no de Lacan, do desej o como
desej o do Outro.