Você está na página 1de 4

Fundação Getulio Vargas

Escola de administração de Empresas de São Paulo

Guilherme Skujis, Enrico Coelho, Felipe Giffoni, Thomas Ledoux e


João Vitor Dantas

ASCESE E CAPITALISMO
JAULA DE FERRO

São Paulo
2019
O conceito de “Jaula de aço” apresentado por Max Weber em suas pesquisas é
de extrema relevância para a compreensão do capitalismo moderno, pois expõe uma
grande incoerência relativa ao nosso comportamento como indivíduos. A “jaula de
ferro” refere-se referir ao fato de o trabalho tornar-se um fim em si mesmo, desprovido
de sentido, já que se torna algo automático, sobre o qual não se pensa ou se reflete.
Desse modo, a atividade laboral (o trabalho) perde seu “manto” da ascese
protestante, o qual lhe dava um sentido (mesmo que religioso), e torna-se uma
verdadeira gaiola de ferro que nos prende em uma atividade, que em sua essência, não
possui sentido algum, já que seu objetivo é apenas a acumulação infinita e contínua de
bens.
Tendo como objeto de analise a historia em quadrinhos de Laerte, a
“Esfinge”( Revista Piauí, Fevereiro de 2007), podemos criar inúmeras relações com o
conceito de “Jaula de ferro”, pois a personagem em questão ( um homem adulto que
trabalha em um escritório) encontra-se “presa” a uma rotina desprovida de sentido que
segue a logica capitalista moderna.
O homem age de forma quase que automática, seguindo sua rotina diária,
levanta, vai ao banheiro, vai ao trabalho, volta para casa, assiste televisão e dorme, sem
em nenhum momento se questionar sobre o porquê de ir ao escritório todo dia. Quando
a esfinge (criatura da mitologia grega) devora membros de seu corpo, a personagem,
sem nenhuma noção de severidade, deixa de ir ao hospital e continua focando na
obtenção de lucro e no trabalho. Isso expõe a dinâmica atual em que nos encontramos,
uma sociedade que foca nas técnicas de trabalho e no lucro racional e esquece das
próprias necessidades.
Além disso, também podemos perceber que o homem estava em um estado de
alienação tão intenso, que fazia questionamentos para os quais já sabia a resposta, ou
seja, não exigiam nenhuma logica, por isso a esfinge considerava suas perguntas
“erradas”, pois ele não estava questionando o que realmente deveria ser questionado.
Por fim, no final da história, a personagem faz o único questionamento que realmente
exige o uso da logica: “Por que ir ao escritório?” em outras palavras, por que seguimos
essa logica?
Com isso, fica perceptível que a rotina do mundo moderno nos envolve de tal
forma, que passamos a não questionar mais nossas ações, deixando de usar a logica, já
que se usássemos, perceberíamos que não há sentido em estar imerso nesse sistema, no
qual o objetivo é acumular eternamente sem nenhum proposito ou motivo.
Em conclusão, podemos perceber que a historia é na verdade uma alegoria
crítica com elementos mitológicos, que nos mostra como o ser humano na sociedade
moderna se encontra alienado ao sistema capitalista, que é criticado na medida em que
seu espirito, ou seja, sua essência , passa a ser algo autonomizado, irracional, no qual a
razão instrumental prevalece. O trabalho, portanto, perde seu contexto religioso, de que
a vontade de trabalhar seria consequência do estado de graça ausente no mundo, e passa
a ser uma tarefa automática e desprovida de qualquer sentido.
Fontes bibliográficas:
https://piaui.folha.uol.com.br/materia/esfinge/
http://www.ldaceliaoliveira.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/18/1380/18
4/arquivos/File/materiais/2014/sociologia/A_Etica_Protestante_e_o_Espirito_do
_Capitalismo_Max_Weber_-_Flavio_Pierucci.pdf

Você também pode gostar