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SOCIAL E
sociocognitivas” engloba trabalhos que tratam
pesquisadores, gestores públicos e participantes
do conhecimento no que tange às reflexões
GILBERTO PEREIRA FERNANDES de movimentos sociais. O contexto dessa
epistemológicas emergentes na sociedade
Doutorando em Difusão do Conhecimento pelo
Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar
produção acadêmica traduz compreensão
de compreensões aparentes nas tessituras DIFUSÃO DO contemporânea e os aspectos sociocognitivos
e da complexidade. A segunda parte apresenta
dialógicas das sociedades conectadas em
em Difusão do Conhecimento (DMMDC) da
Universidade Federal da Bahia (UFBA); mestre em
Educação de Jovens e Adultos pela Universidade do
redes digitais. Nesse percurso, vislumbram-
se percepções de uma sociedade mais justa,
CONHECIMENTO experiências didático pedagógicas envolvendo
“Intermediação tecnológica em rede” e agrega
investigações que abordam as tecnologias
Estado da Bahia (UNEB); especialista em Educação igualitária e ambientalmente sustentável. As EPISTEMOLOGIAS digitais na sociedade em rede com viés analítico
de Jovens e Adultos pelo Instituto Federal de políticas cognitivas – da ciência e tecnologia e do
e aplicação dos recursos multimídia. A terceira
Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA); ensino – são apontadas como elo articulador da MULTIRREFERENCIAIS,
Organizadores
especialista em Literatura Brasileira (Salgado agenciamentos das tecnologias sociais para
de Oliveira); graduado em Letras Vernáculas robustas de comunicação.
promover inovação nos diversos campos da
pela UNEB e Língua Inglesa pela Universidade atuação humana.
Estadual de Santa Cruz (UESC). Professor, escritor
e poeta. Designer didático, extensionista na área de
formação de professores para a EJA e o ensino de
línguas (UNEB) para o qual desenvolve produção de
design didático pedagógico e metodologias ativas
ISBN 978-65-5630-128-0
para o ensino e aprendizagem multirreferencial;
coordenador do grupo de estudos e pesquisa:
Sujeitos e subjetividades on-line. 9 786556 301280
Reitor
João Carlos Salles Pires da Silva
Vice-reitor
Paulo Cesar Miguez de Oliveira
Assessor do reitor
Paulo Costa Lima
Diretora
Flávia Goulart Mota Garcia Rosa
Conselho Editorial
Alberto Brum Novaes
Angelo Szaniecki Perret Serpa
Caiuby Alves da Costa
Charbel Niño El-Hani
Cleise Furtado Mendes
Evelina de Carvalho Sá Hoisel
Maria do Carmo Soares de Freitas
Maria Vidal de Negreiros Camargo
TECNOLOGIA SOCIAL
E DIFUSÃO DO
CONHECIMENTO
EPISTEMOLOGIAS MULTIRREFERENCIAIS,
REDES E INOVAÇÃO
Salvador
EDUFBA
2020
Revisão
Cristovão Mascarenhas
Normalização
Bianca Rodrigues de Oliveira
ISBN: 978-65-5630-128-0
CDU: 004:304.2+001.9
Editora afiliada à
Editora da UFBA
Rua Barão de Jeremoabo, s/n – Campus de Ondina
40170-115 – Salvador – Bahia | Tel.: +55 71 3283-6164
www.edufba.ufba.br | edufba@ufba.br
15 APRESENTAÇÃO
I PARTE
CONHECIMENTO E EPISTEMOLOGIAS SOCIOCOGNITIVAS
CAPÍTULO 1
27 O SABER E O CONHECIMENTO NAS SOCIEDADES
SOCIOCOGNITIVAS
GILBERTO PEREIRA FERNANDES
MARIA INÊS CORRÊA MARQUES
MAURÍCIO VIEIRA KRITZ
CAPÍTULO 2
43 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA: ontem e hoje
SÔNIA CHAGAS VIEIRA
MARIA INÊS CORRÊA MARQUES
CAPÍTULO 3
61 A ESTRUTURA DAS REVOLUÇÕES CIENTÍFICAS E
A RELAÇÃO MENTE-CÉREBRO
JÉSSICA PLÁCIDO SILVA
JOSÉ GARCIA VIVAS MIRANDA
CAPÍTULO 5
93 REFLEXÕES SOBRE A EPISTEMOLOGIA DA COMPLEXIDADE
DE EDGAR MORIN: um diálogo entre as ciências exatas e
as ciências sociais
ÉRICA CORREIA DA SILVA
ROBERTO LEON PONCZEK
JOSENI FRANÇA OLIVEIRA LIMA
GUSTAVO BITTENCOURT MACHADO
CAPÍTULO 6
105 EPISTEMOLOGIA DO CORPO COGNITIVO
GEDALVA NERES DA PAZ
LELIANA SANTOS DE SOUZA
CAPÍTULO 7
115 PRODUÇÃO CRIATIVA: pensamento e técnica
LUCIANA MACIEL BOEIRA
ROBERTO LEON PONCZEK
DANTE AUGUSTO GALEFFI
CAPÍTULO 8
129 DA CRIATIVIDADE COMO FUNDAMENTO DA
CAPOEIRA ANGOLA: uma reflexão afroreferenciada
FRANCINEIDE MARQUES DA CONCEIÇÃO SANTOS
ROSÂNGELA JANJA COSTA ARAÚJO
II PARTE
INTERMEDIAÇÃO TECNOLÓGICA EM REDE
CAPÍTULO 10
157 TEORIA DAS REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTA PARA
MAPEAMENTO DE RELAÇÕES ENTRE OS DOCENTES
COAUTORES DE ATIVIDADES DE EXTENSÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
ANTÔNIO CARLOS DOS SANTOS SOUZA
JAQUELINE ALEXSANDRA AZEVEDO FERREIRA
ROMILSON LOPES SAMPAIO
CAPÍTULO 11
173 A COMPETÊNCIA INFORMACIONAL DO EDUCADOR PARA
APRENDIZAGEM DIGITAL MÓVEL MULTIRREFERENCIADA
ENEIDA SANTANA
TEREZA KELLY GOMES CARNEIRO
ROBERTO LUIZ SOUZA MONTEIRO
CAPÍTULO 12
185 O ENSINO COM INTERMEDIAÇÃO TECNOLOGICA
E A ZONA DE DESENVOLVIMENTO IMEDIATO:
bases epistemológicas
LETÍCIA MACHADO DOS SANTOS
MARIA DE FÁTIMA HANAQUE CAMPOS
MARCUS TÚLIO DE FREITAS PINHEIRO
CAPÍTULO 14
213 DIÁLOGO EPISTEMOLÓGICO SOBRE EDUCAÇÃO E
COMUNICAÇÃO: virtualidade e os princípios de um portal
educomunicativo socioconstrutivista
ALFREDO EURICO RODRIGUES MATTA
AMILTON ALVES DE SOUZA
ANTONIO AMORIM
CAPÍTULO 15
225 ATIVISMO DIGITAL E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA:
a juventude em cena
HÉLIO SOUZA DE CRISTO
JOSÉ WELLINGTON MARINHO DE ARAGÃO
HUGO SABA
CAPÍTULO 16
241 DEMOCRACIA SIM. PARTICIPAÇÃO? TALVEZ: uma análise do
processo de participação no Comitê da Bacia Hidrográfica
do Rio São Francisco
FRANKLIN CARLOS CRUZ DA SILVA
JOSÉ WELLINGTON MARINHO DE ARAGÃO
MARIA VALESCA DAMÁSIO DE CARVALHO SILVA
CAPÍTULO 17
265 TECNOLOGIAS SOCIAIS PREMIADAS PELA FUNDAÇÃO DO
BANCO DO BRASIL: uma abordagem com redes complexas
AELSON SILVA DE ALMEIDA
NILVO LUIZ CASSOL
PATRÍCIA SOUZA LEAL PINHEIRO
CAPÍTULO 18
271 CONTRIBUIÇÃO DAS PANCs NA SEGURANÇA ALIMENTAR:
aspectos nutricionais
CLÍCIA MARIA DE JESUS BENEVIDES
ADILA DE JESUS SILVA SANTOS
LUCIENE SILVA DOS SANTOS LIMA
BRUNA ALMEIDA TRINDADE
CAPÍTULO 19
285 TECNOLOGIA SOCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DA
AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA: linhas gerais para
elaboração de uma proposta
AELSON SILVA DE ALMEIDA
ANTONIO CARLOS DOS SANTOS SOUZA
VÍVIAN LIBÓRIO DE ALMEIDA
CAPÍTULO 20
295 FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR E GESTÃO
SOCIAL DO CONHECIMENTO: as estratégias da Associação
Agropastoril Quilombola Rio das Rãs
ALDINEIA MARQUES RODRIGUES
IVNA HERBENIA DA SILVA SOUZA
ANA MARIA FERREIRA MENEZES
CAPÍTULO 22
339 AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES
DE SAÚDE À LUZ DA GESTÃO E DA DIFUSÃO DO
CONHECIMENTO
SIMONE DE SOUZA MONTES
STELLA RENATHE TOLENTINO SILVA SOUZA
MARIA RAIDALVA NERY BARRETO
CAPÍTULO 23
353 PRESSUPOSTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA REDE
COLABORATIVA EM EDUCAÇÃO EM SAÚDE: olhares sobre
o Programa Saúde na Escola
MARCOS VINÍCIUS CASTRO SOUZA
MARCUS VINÍCIUS SACRAMENTO FRANÇA
CAPÍTULO 24
371 APRENDIZAGEM COLABORATIVA A PARTIR DE UMA
FERRAMENTA DE JOGOS EMPRESARIAIS: um estudo
de caso na disciplina Simulação Empresarial
JOÃO PAULO DOS SANTOS SIMPLÍCIO
MARIA INÊS CORRÊA MARQUES
419 ÍNDICE
15
Apresentação 17
Apresentação 19
Apresentação 21
Apresentação 23
CONHECIMENTO E
EPISTEMOLOGIAS SOCIOCOGNITIVAS
INTRODUÇÃO
A construção e a difusão social do conhecimento e do saber na sociedade con-
temporânea pela universidade e pelas comunidades socioculturais vêm se trans-
formando desde o advento das redes multimídia. Neste capítulo, preferimos
adotar o termo “comunidade sociocognitiva” no lugar de “socioculturais”, uma
vez que estamos trabalhando com elementos que ultrapassam a análise das
práticas socioculturais. Em nosso argumento, o sujeito – aquele que pesquisa,
analisa e apresenta resultados – no ímpeto de conhecer, amplia sua perspectiva
individual para os contextos socioculturais, um traço fundamental do paradig-
ma da abordagem sociocognitiva.
Ao adotarmos a perspectiva sociocognitiva no tratamento temático da infor-
mação e do conhecimento, estamos reconhecendo que os saberes da experiência
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Saber Conhecimento
É como vemos as coisas. (Sso 3) É saber o que é a coisa e sua função. (Sso 3)
Saber vai além de simplesmente conhecer; sendo É saber fazer as coisas, entender o seu
traduzido por aprender. (Sso 5) funcionamento, o porquê. (Sso 5)
Aparece na superfície em momentos de dificuldade Ter conhecimento é ter noção, experiência e
ou dúvida, em conflitos sobre as respostas e ideia sobre o mundo que nos cerca. (Sso 7)
aprendizados ao longo da vida. (Sso 7)
É autêntico e aparece em qualquer atividade É o resultado do que a ciência descobriu
desenvolvida pelo homem na interação com o outro sobre a natureza, a cultura, a vida e está
e as demandas do ambiente em que vive. (Sso 4) disponível para que seja propagado. (Sso 4)
Fonte: elaborado pelos autores.
Analisando as respostas desses membros do grupo, fica claro que eles con-
cordaram que há distinção entre os termos “saber” e “conhecimento”, contudo,
sem haver uma relação sinonímica entre os conceitos, ainda que se mostrem
interdependentes em alguns aspectos. Uns colocam o saber a priori do conhe-
cimento, estabelecendo uma relação de dependência entre eles, outros, porém,
os desvinculam, classificando como conhecimento, apenas aquilo que é valida-
do pela ciência.
Para os sujeitos (Sso3) e (Sso5), o saber está relacionado ao campo sensorial, a
visão que temos do mundo; já para (Sso4), é efetivo quando gera um aprendiza-
do ao longo do tempo, conquistado a partir da experiência de vida; para (Sso7),
surge quando buscamos respostas para as coisas, quando buscamos entender
os acontecimentos da vida à nossa volta. Para (Sso4), o saber aparece de forma
despretensiosa, sendo acionado cotidianamente quando interagimos, com o
outro e com o ambiente em que vivemos.
O conhecimento foi apontado pelos sujeitos (Sso3) como uma função prá-
tica de aplicação de saberes da vida e sobre ela. É o próprio questionamento
e a busca de respostas para entender como o universo funciona, pensa (Sso5).
O conhecimento é fazer uso das aprendizagens conquistadas ao longo da vida, é
mais a fundo, afirma (Sso7). É o resultado, a apuração que se conquista por meio
da investigação científica para dar sentido à própria vida, à cultura humana e
compreender os ecossistemas naturais e artificiais, aponta (Sso4). A partir das
respostas obtidas sobre a dicotomia saber x conhecimento, fizemos algumas
inferências e elaboramos o seguinte mapa textual que sintetiza a compreensão
dos sujeitos sobre a relação distintiva entre os temas discutidos:
34 Gilberto Pereira Fernandes | Maria Inês Corrêa Marques | Maurício Vieira Kritz
Um breve olhar sobre esse mapa textual deixa evidente que esses sujeitos
reconhecem o saber como uma particularidade humana de identificar elemen-
tos novos no mundo que os cerca e aprender sobre ele na sua interação com o
ambiente em que vive, atua e observa. Em contrapartida, o conhecimento é visto
com um sentido prático, elaborado, definido e de algum modo, validado pela
ciência, para além dos aspectos sinestésicos e da própria metafísica aristotélica.
No mapa, vemos explicitada a noção de saber atrelada ao modo como vemos
as coisas no mundo e interagimos com elas, sugerindo uma certa autonomia do
sujeito para atribuir significados, sem que necessariamente precise estar ligado
ou restrito ao que afirma a ciência. Pela visão desses entrevistados, o saber é no
fundo uma criação interna, influenciada diretamente por fatores externos ao
sujeito, sendo necessário a interação com o ambiente e com o outro.
Nos surpreendemos com a visão de Sso4, para quem o conhecimento é uma
construção externa, e o sujeito é que se apropria dele. Em contrapartida, as co-
munidades sociocognitivas, em seu trabalho de pesquisa na universidade, têm se
esforçado para apresentar uma epistemologia do conhecimento com uma com-
preensão estruturada que transcende a experiência sensível, uma compreensão
capaz de fornecer um fundamento às ciências por meio da investigação cons-
ciente e responsável, que respeite a natureza primacial das coisas, do ser e das
realidades supra sensíveis e os princípios gerais das coisas.
O PARADIGMA SOCIOCOGNITVO
A universidade pública tem se mostrado cada vez mais aberta ao diálogo com
distintas comunidades cognitivas. Em sua função de pesquisa, tem se proposto
a romper com os paradigmas existentes, levando em consideração três aspectos:
o “ontológico”, que diz respeito à natureza da realidade; o “epistemológico” que
trata da natureza do conhecimento e da relação entre investigador e o objeto
de investigação; e o “metodológico” que diz respeito ao modo pelo qual o pes-
quisador obtém conhecimento. (DO PRADO, 2017)
As mudanças paradigmáticas surgem quando passamos a enxergar novas
perspectivas na forma como vemos as coisas e conforme as descobertas feitas a
partir das investigações científicas e nas próprias demandas sociais. Ao longo
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CONCLUSÃO
Diversas pesquisas de cunho social apontam que a universidade precisa rever
sua postura metodológica marcadamente baseada na tradição, intuição e auto-
ridade. A atuação divergente das comunidades sociocognitivas no seio da uni-
versidade vem questionando o fato de esta ser apontada como o principal lugar
para construção e transmissão de saberes, conhecimentos legítimos e confiáveis
para serem difundidos socialmente. Há sempre a dúvida se a universidade con-
tinua a perpetuar as trajetórias tradicionais, pesquisando a interdependência
40 Gilberto Pereira Fernandes | Maria Inês Corrêa Marques | Maurício Vieira Kritz
REFERÊNCIAS
ÁLLAN, S.; SOUZA, C. B. A. O modelo de Tomasello sobre a evolução cognitivo-
linguística humana. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, DF, v. 25, n. 2, p. 161-168,
2009.
BALDISSIN, M. M. Aprendizado e percepções humanas segundo a antroposofia e as
neurociências. São Paulo: Arte Médica Ampliada, 2014. v. 34, n. 1.
BOCHNIAK, R . Questionar o conhecimento. São Paulo: Loyola, 1992.
CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre:
Artmed, 2000.
42 Gilberto Pereira Fernandes | Maria Inês Corrêa Marques | Maurício Vieira Kritz
COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA:
ontem e hoje
INTRODUÇÃO
Nos primórdios, os sacerdotes e os xamãs explicavam a causa dos fenômenos
da natureza à magia e ao sobrenatural; o relâmpago e o trovão, por exemplo,
foram interpretados pelos sacerdotes como manifestação dos deuses. Já para os
artesãos, predominava o método da tentativa e erro, não se preocupando com
o porquê dos fenômenos sobrenaturais. Foram eles que criaram armas para a
caça, cestos de palha para guardar e carregar sementes. (RONAN, 2001) Com a
inauguração da agricultura, novos desafios foram gerados, criando-se a neces-
sidade de desenvolver uma linguagem própria que fosse entendida por todos
e que facilitasse a contagem e o cálculo, surge, então, a matemática.
A popularização da matemática e a experimentação – metodologia utilizada
pelo técnico-artesão na construção das máquinas – foram consideradas os dois
principais pilares da ciência moderna. (GUERRA, 1998) Com o passar dos tem-
pos, essa visão do homem foi se transformando. Muitos filósofos começaram a
43
1 Além da imprensa, o renascimento cultural, a reforma religiosa e o hermetismo foram também con-
siderados as causas da Revolução Científica.
2 Movimento científico, filosófico e literário desencadeado no final do século XVII, que começou a
questionar o provincianismo cultural e político do império na tentativa de superar a defasagem da
sociedade lusa em relação ao restante da Europa. (FALCON, 1993)
3 A Respublica Litterarum ou das letras é um dos fenomenos culturais mais importantes da história da
Europa. Constituido por uma comunidade de pessoas cuja regra principal era a livre difusão das ideias.
Desenvolveu-se principalmente nos países do Centro da Europa, entre meados do século XVI e XVIII;
em termos culturais, entre o humanismo renascentista e o iluminismo. (CRISTÓVÃO, 2005) Segundo
Burke (2003, p. 58), também chamada “Comunidade do Saber [para denominar] [...] a comunidade
internacional dos estudiosos”.
Comunicação científica 45
4 Texto original: “[...] se daba entre los miembros de los colégios invisibles. [...] El caráter de informali-
dad le otorgaban los médios utilizados [...]. [Já a comunicação formal era realizada] [...] a través de los
documentos impressos es consecuencia de um âmbito más amplio alcanzando a toda persona que
pudo pagar el costo de adquirir publicaciones [...]”.
Comunicação científica 47
INFORMAL FORMAL
Privada, oculta. Pública, transparente.
Efêmera, sem estrutura definida. Essência permanente, altamente estruturada.
Imediata, ocasional e espontânea. Periódica, programada e demorada.
O sistema de avaliação sempre foi alvo de muitas críticas e até hoje não
faltam propostas de mudança. No entanto, nunca houve uma proposta
que fosse considerada melhor do que o atual sistema. A ‘verdade cientí-
fica’ é produto de consenso, permanentemente sujeita a retificação. [...]
Apesar de estar longe de um modelo ideal, o atual sistema de avaliação
prévia dos artigos é julgado absolutamente necessário como garantia
da qualidade e confiabilidade dos textos publicados.
COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA
A Revolução das Tecnologias da Informação, segundo Manuel Castells (2000,
v. 1, p. 50), é um “[...] evento histórico da mesma importância da Revolução
Industrial do século XVIII, introduzindo um padrão de descontinuidade nas
bases materiais da economia, sociedade e cultura”.
Para Simeão e Miranda (2003), a Revolução Industrial foi responsável, de
certa forma, pela revolução informacional. As duas revoluções industriais:
tanto a desencadeada no final do século XVIII, que teve como marco central a
Comunicação científica 49
Comunicação científica 51
TIPO DE COMUNICAÇÃO
Característica Oral Escrita Tipográfica Eletrônica
Fundamental Linguagem Escrita alfabética, texto Interação homem-
linear máquina
Tempo de Transferência Imediato Interação com o texto Tempo real=imediato
Espaço de Transferência Convivência auditiva Geográfico Redes integrantes
Armazenamento Memória do emissor Memórias físicas Memórias
construídas magnéticas
Relação de Audiência Um para vários Um para muitos Muitos para muitos
Estrutura da Interativa com Alfabética, sequencial, Hipertextual, com
Informação o emissor, uma um tipo de linguagem diferentes tipos de
linguagem linguagem
Interação com o Receptor Conversacional Gestual Visual, sequencial, linear Interativa
Conectividade (Acesso) Unidirecionado Unidirecionado Multidirecionado
Fonte: adaptado de Barreto (1998, p. 124).
Comunicação científica 53
5 A Universidade da Bahia foi criada com o Decreto-Lei nº 9.155, de 8 de abril de 1946, sendo instalada
em 2 de julho do mesmo ano. Em 1968, com a reforma universitária passa a chamar-se Universidade
Federal da Bahia (UFBA).
Comunicação científica 55
O segundo período,
CONCLUSÃO
O primeiro estudo a ocupar-se de maneira mais ampla da difusão da ciência
foi o artigo de autoria de George Basalla, historiador norte-americano, intitu-
lado The spread of Western Science, publicado em 1967. (DANTES, 2001) Tal
estudo promoveu avanços “[...] sobre os mecanismos de difusão científica e a
implantação de atividades científicas nos diferentes contextos nacionais [...]”.
(DANTES, 2001, p. 15)
No Brasil, o livro de Fernando Azevedo, As ciências no Brasil, publicado em
1950, representa o estudo de maior alcance do ponto de vista sociológico, uma
vez que buscava entender o desenvolvimento das áreas científicas no Brasil.
REFERÊNCIAS
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofia da educação. 2. ed. rev. e ampl.
São Paulo: Moderna, 1997.
AZEVEDO, F. A cultura brasileira: introdução ao estudo da cultura no Brasil. 3. ed.
São Paulo: Melhoramentos, 1958. Tomo 3.
BAIARDI, A. O desenvolvimento da atividade científica no Brasil. In: SCLAIR,
M. Oswaldo Cruz & Carlos Chagas: o nascimento da ciência no Brasil. São Paulo:
Odysseus, 2002. p. 107-150. (Série Imortais da Ciência).
BARBALHO, C. R. S. Periódico científico: parâmetros para avaliação de qualidade.
In: FERREIRA, S. M. S. P.; TARGINO, M. G. (org.). Preparação de revistas científicas:
teoria e prática. São Paulo: Reichmann & Autores Associados, 2005. p. 123-158.
BARRETO, A. A. Mudança estrutural no fluxo do conhecimento: a comunicação
eletrônica. Ciência da informação, Brasília, DF, v. 27, n. 2, p. 122-127, 1998.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ci/v27n2/barreto.pdf. Acesso em: 26 set.
2019.
Comunicação científica 57
Comunicação científica 59
INTRODUÇÃO
O livro A estrutura das revoluções científicas, escrito por Thomas S. Kuhn e
lançado em 1962, baseia-se na compreensão de que o avanço da ciência não
acontece por acumulação de informações, descobertas e conceitos. O acúmulo
não acontece, ou é muito difícil, porque uma nova teoria incidiria diretamente
nos estudos que já foram realizados e finalizados com sucesso, o que exigiria
uma alteração de tais estudos. Como os cientistas raramente estão dispostos a
realizar tal alteração, é mais acessível rotular as novas ideias como erros, mitos
ou superstições. (KUHN, 1989)
Os cientistas que associam às ideias dominantes de um determinado pe-
ríodo histórico precisam de crenças arbitrárias para que suas pesquisas sejam
realizadas. Essas crenças normalmente envolvem respostas para as perguntas:
61
CIÊNCIA NORMAL
A fase da ciência normal deve-se ao triunfo de uma das escolas pré-paradig-
máticas que concorriam para se tornarem paradigmas. Para triunfar, a teoria
pré-paradigmática precisa ser mais eficaz do que as outras em explicar um mon-
tante de fenômenos e, por isso, parecer melhor que suas competidoras, embora
não seja capaz de explicar todos os fatos com que for confrontada. (KUHN, 1989)
Assim que uma teoria for aceita como “paradigma” pela comunidade cientí-
fica, ela torna-se a chamada “ciência normal”, sendo os dois termos tidos como
sinônimos. Na ciência normal, os pesquisadores não se preocupam em cunhar
e justificar termos, nem iniciar seus trabalhos com explicações sobre os princí-
pios necessários para construção do trabalho.
Segundo Kuhn (1989), essa tarefa fica a cargo dos manuais. Sendo assim, o
trabalho dos cientistas trata-se de descobrir novos caminhos para chegar a resul-
tados já conhecidos, de concentrar-se em aspectos mais sutis que não puderam
A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA
A revolução científica advém da crise paradigmática. O que interessa para ser
revolucionária, é se ela assim parece para as pessoas que são afetadas por ela.
REFERÊNCIAIS
ALMEIDA, A. M.; LOTUFO NETO, F. Diretrizes metodológicas para investigar
estados alterados de consciência e experiências anômalas. Archives of Clinical
Psychiatry, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 21-28, 2003.
ARAUJO, S. F. O eterno retorno do materialismo: padrões recorrentes de explicações
materialistas dos fenômenos mentais. Revista psiquiatria clínica, São Paulo, v. 40,
n. 3, p. 114-119, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S010160832013000300007&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 9 jul. 2019.
BASTOS JÚNIOR, M. A. V.; BASTOS, P. R. H. O.; OSÓRIO, I. H. S. et al. Frontal
electroencephalographic (EEG) activity and mediumship: A comparative study
ANÁLISE COGNITIVA:
ensaio para uma crítica ao
modelo cartesiano
INTRODUÇÃO
Na atual conjuntura de produção de conhecimento, vive-se numa crise para-
digmática do modelo que marca a concepção de racionalidade. Esse modelo de
500 anos de avanços das ciências modernas em que sua relação com o mundo-
-humano aponta para uma centralidade de concepções reducionistas, sujeito-
-objeto, em um universo complexo, ofuscando elementos de complexidades e
quase desconhecido na perspectiva científica cartesiana. As reduções cartesia-
nas nos trazem algumas certezas obtusas: saber cada vez mais de cada vez me-
nos, implicando daí em processos sistemáticos-racionalizantes, reducionistas-
-centralizantes e, por sua vez, o conhecimento é instrumentalizado como força
política e econômica, silenciadora de processos comunitários, de relações sociais
cognitivas, apagamentos de perspectivas e colonialismos mentais.
73
ANÁLISE COGNITIVA
Em AnCo, o conceito de razão tenta sair das marcações cognitivas cartesianas e
toma uma proporção para desenvolvimento de novas referências epistemológicas,
multirreferenciadas, polilógicas, sistêmicas, difusivas. “E pode ser denominada
Terminamos por pensar que a análise cognitiva não pode ser vista a
não ser como um campo complexo, que se constitui e se organiza, pelo
menos, a partir de uma pluralidade de elementos de outras áreas e, que,
na interação, vão estabelecendo possibilidades dessa configuração.
(FRÓES BURNHAM, [19--] apud RIOS, 2012, p. 182)
Análise cognitiva 75
Assim, para pensar a AnCo, pode-se partir do pressuposto que para cada
processo de desenvolvimento epistemológico há uma concepção do ser huma-
no presente, desejamos saber de como essas concepções aparecem naquilo que
chamamos “análise cognitiva”. Como ele sustenta a ação de compressão dos es-
tudos recentes, a partir da base construída nas pesquisas realizadas no compo-
nente curricular – Análise Cognitiva I (AnCo), no Doutorado Multi-institucional
e Multidisciplinar de Difusão do Conhecimento (DMMDC) da Universidade
Federal da Bahia (UFBA). Ora, marcar o campo significa restabelecer elemen-
tos teóricos-metodológicos que avançam paulatinamente dentro de disputas
políticas e escolhas.
Análise cognitiva 77
WEB OF SCIENCE
BASE SAGE SCOPUS REDALYC Repositório/UFBA Total
SCIENCE DIRECT
Quantidade 27 85 75 79 08 10
Análise cognitiva 79
Base
Artigo no periódico Ano DOI
Periódicos
http://dx.doi-org.ez10.
Sistemas de informação em saúde: o desafio periodicos.capes.gov.
2018 Scopus
cognitivo br/10.1186/s12911-018-
0584-z
O uso do humor pelos vendedores e seu impacto http://10.1177/2051570718
no desempenho: o papel da fase de exploração e o 2018 Sage 757905
tipo de humor
https://journals.sagepub.
Replicação, registro e criatividade científica 2019 Sage com/doi/pdf/10.1177/17456
9161773942
Um estudo comparativo em instalações integradas Science https://doi.org/10.1016/j.
por computador para projetar sistemas de 2019 Direct rcim.2018.03.009
manufatura centrados no ser humano
Diagnóstico cognitivo difuso para o desempenho Science https://doi.
2019
do examinador de modelagem Direct org/10.1145/3168361
Fonte: elaborado pelos autores.
Análise cognitiva 81
Análise cognitiva 83
Análise cognitiva 85
Análise cognitiva 87
CONCLUSÃO
Entre os aspectos do conhecimento em uma cultura que determinam os pro-
cessos do conhecimento, a partir desses elementos estabelecidos, destacam-se
as concepções antropológicas-filosóficas que sustentam a epistemologia. Aqui,
vale salientar outras formas de compressão do conhecimento que não são da-
das como importantes, mas desinteressantes, às vezes, marginalizadas dentro
do sistema científico. Desse modo, a sensibilidade, o visual, a arte, os aspectos
dos afetos, podendo ou não sendo normatizado, passam a ter uma nova acep-
ção de valores no campo dos conhecimentos científicos.
Análise cognitiva 89
REFERÊNCIAS
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Análise cognitiva 91
INTRODUÇÃO
A epistemologia da complexidade é um ramo da filosofia da ciência inaugurado
na década de 1970 por alguns teóricos, dentre eles, Edgar Morin – antropólogo,
sociólogo e filósofo francês – hoje citado como um dos principais pensadores
contemporâneos desse campo. De forma sintética, podemos caracterizar seu
pensamento complexo em uma crítica ao reducionismo da ciência ocidental,
prezando o conhecimento do sistema – a interação do todo com as partes e
vice-versa –, a circularidade do conhecimento, o vencimento da especialização e
pelo desafio de lidar com a incerteza, lançando então princípios complementa-
res e interdependentes que servirão de guia para uma reforma do pensamento.
93
METODOLOGIA
O presente capítulo apresenta como base metodológica uma pesquisa de nature-
za qualitativa na modalidade pesquisa documental. A respeito de sua natureza
entende-se que “é o que se aplica ao estudo da história, das relações, das repre-
sentações, das crenças, das percepções e das opiniões, produto das interpreta-
ções que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos
e a si mesmos, sentem e pensam”. (MINAYO, 2010, p. 57) Nesse sentido, uma
pesquisa com essa perspectiva, como nos aponta Godoy (1995), a compreensão
de dado fenômeno pode ser melhor compreendida devido à sua análise inte-
gradora e mais, a pesquisa qualitativa não possui uma estrutura rigidamente
estruturada, nos possibilitando o exercício da imaginação e da criatividade
em torno de novos enfoques. Em relação à modalidade documental, definida
94 Érica Correia da Silva | Roberto L. Ponczek | Joseni F. Oliveira Lima | Gustavo Bittencourt Machado
Em suma, a ciência clássica que fez crítica aos padrões anteriores de uma
ciência amparada pelo absolutismo da religião, em diferentes situações, tende
a um radicalismo, porém científico. Esse sinuoso declínio também tem se mos-
trado na perspectiva das pesquisas quantitativas, na qual o tratamento estatís-
tico não tem sido suficiente para mensurar interações, devido ao fenômeno ser
agora interpretado de forma complexa.
96 Érica Correia da Silva | Roberto L. Ponczek | Joseni F. Oliveira Lima | Gustavo Bittencourt Machado
[...] que não é uma teoria acabada, nem definitiva. Ao contrário é, como
todas as demais teorias científicas, uma verdade provisória, no sentido
de que, seguramente, será modificada, completada, extrapolada, a fim
de explicar melhor o que se propõe e, em algum momento, dará lugar a
98 Érica Correia da Silva | Roberto L. Ponczek | Joseni F. Oliveira Lima | Gustavo Bittencourt Machado
IDENTIDADE
Refletindo sobre o coletivo, Habermas (1984) considera que as sociedades
complexas no mundo globalizado não são capazes de produzir identidade através
da consciência dos membros de seu sistema. A identidade da sociedade mundial
só pode ter lugar no plano da integração do sistema e não mais no plano da in-
tegração social. Os indivíduos pertencem ao ambiente que circunda seu social.
Segundo Morin (2000), uma sociedade é produzida pelas interações entre
indivíduos, mas essas interações produzem um todo organizado que retroatua
sobre os indivíduos, para os coproduzir em sua qualidade de indivíduos hu-
manos, o que eles não seriam se não dispusessem da educação, da linguagem
e da cultura. Assim, para se conhecer e se transformar, o ser humano depende
da variedade de condições que a realidade lhe oferece e do estoque de ideias
existentes para que faça, de maneira autônoma, as suas escolhas.
100 Érica Correia da Silva | Roberto L. Ponczek | Joseni F. Oliveira Lima | Gustavo Bittencourt Machado
TRANSDISCIPLINARIDADE
O movimento científico dos estudos sobre a complexidade envolve, de forma
sintética, questões com consequências de ordem filosófica e tecnológica. Nesse
sentido, é notório seu caráter interdisciplinar, no que tange à conectividade entre
as disciplinas e suas áreas e seu viés transdisciplinar, através da atitude de “estar
entre” e “ir além de” sendo constituída uma sólida base em diferentes áreas como
na filosofia, matemática, nas ciências naturais, pedagogia, economia, meteorolo-
gia, nas ciências da computação e informação, na educação e em tantas outras.
Morin (2000), ao discorrer sobre a história da ciência, sinaliza as rupturas
entre as fronteiras disciplinares, das incursões de uma disciplina em problemas
de outras e da constituição dessa rede de saberes que se atravessam e de forma
robusta se estabelecem gerando assim teorias complexas. Ao entender a trans-
disciplinaridade como uma corrente de pensamento aberta que “não busca o
domínio de várias disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atra-
vessa e as ultrapassa” (NICOLESCU, 1999, p. 161), é perceptível que a natureza
da complexidade em sua essência e construção é transdisciplinar.
Uma aplicação necessária e pertinente a essa temática emerge no âmbito
educacional e será apresentada de forma sucinta neste capítulo, delimitando-se
CONCLUSÃO
No início do século XX, algumas revoluções aconteceram. A ciência, ao investi-
gar e buscar conhecer o menor componente, a partícula, a unidade mais simples,
chegou ao não simples, reconheceu o complexo. Percebe-se um movimento na
ciência moderna que busca a retomada da reflexão frente aos grandes proble-
mas de ordem tecnológica e filosófica. O cientista precisa ter competência para
falar dessas questões e resolvê-las, mas agora com novos enfoques. Ele precisa
considerar a complexidade da vida, desde sua origem à sua dinâmica relação
com a sociedade e o ambiente. Não é possível obter respostas sem considerar o
objeto de estudo como integrante de um sistema que é complexo.
O pensamento complexo, como nos descreve Edgar Morin, em sua episte-
mologia, não se reduz nem às ciências exatas nem às ciências humanas, mas
permite a comunicação entre elas, servindo-lhes de ponte. No decorrer do sé-
culo XX, através desse movimento de reconhecimento das não linearidades,
102 Érica Correia da Silva | Roberto L. Ponczek | Joseni F. Oliveira Lima | Gustavo Bittencourt Machado
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 30 nov. 2020.
104 Érica Correia da Silva | Roberto L. Ponczek | Joseni F. Oliveira Lima | Gustavo Bittencourt Machado
INTRODUÇÃO
As reflexões a respeito do pensamento sobre a poética corporal, a percepção, os
movimentos, as performances artísticas, corpo-próprio, e o que significa cada
corpo são perquisições constantes para quem estuda a epistemologia do corpo.
Reflexões como: qual é o lugar do corpo nos espaços de convivência e saberes
– escolas, universidades, faculdades, família, enfim na sociedade como todo?
Como o corpo é incluído? Quais as temáticas voltadas para o corpo individual?
O que se ensina para e com o corpo? Esses e tantas outros questionamentos que
precisamos discutir para entender como o corpo se constitui nos espaços de sa-
beres fundantes para a construção da episteme do corpo cognitivo.
O filósofo Merleau-Ponty (1999) apresenta a epistemologia do corpo sina-
lizando os processos corporais, a linguagem do corpo como caminho para o
conhecimento, para a cultura ligada à vivência, ao mundo e às coisas, mas nun-
ca fechada em si mesmo. Perceber o corpo é tudo que está à sua volta, é parte
105
[...] portanto, é já uma metafísica, uma lógica, uma moral e uma ética.
Lembrar do que é o corpo é re-viver o que já fomos, não mais da ma-
neira do mesmo, mas da forma do inusitado e do insólito, pois o corpo
é sempre uma mutação que permanece o mesmo e que desaparece, ao
descobrir-se o Mesmo. O corpo é uma alteridade por definição, pois ele
escapa da armadilha da identidade recalcada para se abrir à aventura
do contato e da transformação. (OLIVEIRA, 2007, p. 11)
[...] a arte tem o poder de ampliar nossas capacidades para além dos
limites originalmente impostos pela natureza. A arte compensa al-
gumas de nossas fraquezas inatas, nesse caso mais mentais do que
físicas, fraquezas que podemos chamar de fragilidades psicológicas.
[...] a arte é um meio terapêutico que pode ajudar a guiar, incenti-
var e consolar o espectador, permitindo-lhes evoluir. (BOTTON,
ARMSTRONG, 2014, p. 5)
CONCLUSÃO
A construção de processo criativo à luz da análise cognitiva irá revelar senti-
mentos armazenados em nossa mente de forma consciente ou inconsciente
transformado assim em criação e imagem concreta. O aporte na arte e na per-
formance corporal são pressupostos para alcançar o corpo cognitivo epistêmico,
entendendo que os corpos se constroem juntos nas trocas e no lugar de susten-
tação entre o eu e o outro. Esse dueto de espelho do outro com suas próprias
experiencias é lugar de aceitação, de pistas, de caminhos para sua redenção e
reconhecimento de si no mundo.
1 Texto original: “Atreverse a comunicar desde la vitalidad y la sabiduría del cuerpo através de creaciones
basadas en la acción y en la danza y también com escritos. Que nazcan de la experimentación vital,
apoyados en la necesaria investigación teórica, donde hablemos finalmente acerca delas conexiones
fundamentales y naturales existentes entre el instinto y el intelecto, entre lo sensible y lo científico”.
REFERÊNCIAS
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JUNG, C. G. O espírito na arte e na ciência. Petrópolis: Vozes, 2011.
PRODUÇÃO CRIATIVA:
pensamento e técnica
1 O designer gráfico, como profissão, só passou a existir a partir de meados do século XX. Até então,
os anunciantes e seus agentes utilizavam os serviços oferecidos pelos “artistas comerciais”. Esses
especialistas eram “visualizadores” (artistas de layout), tipógrafos que faziam o projeto detalhado da
chamada e do texto e davam instruções para a composição. Eram ilustradores de todos os tipos, que
produziam qualquer coisa, desde diagramas mecânicos até desenhos de moda; retocadores; letristas e
outros que finalizavam os designs para a reprodução. Muitos artistas comerciais, tais como os designers
de pôsteres, reuniam várias habilidades. (HOLLIS, 2001)
115
116 Luciana Maciel Boeira | Roberto Leon Ponczek | Dante Augusto Galeffi
3 “Aquele sujeito que, teoricamente, comanda uma equipe que entende o cliente, sabe tudo sobre ele
e, na maioria dos casos, torna-se o próprio cliente dentro da agência [...] pelo seu conhecimento, dis-
cute com o atendimento, com a criação, com a mídia e, é claro, com o cliente, e define a estratégia e o
caminho da comunicação. O que fazer, como fazer, quanto gastar, etc.” (CESAR, 2006, p. 31)
118 Luciana Maciel Boeira | Roberto Leon Ponczek | Dante Augusto Galeffi
4 Peças publicitárias são os produtos a serem criados, produzidos e veiculados: gráficas, como, por
exemplo, os outdoors, cartazes, folders e banners, vídeos, áudios etc.
5 Identidade visual: conjunto de elementos visuais – cores, imagens, tipologia, símbolos – que compõem
a representação de uma empresa, produto ou serviço. Exemplos: logomarca, cartões de visita, papel
timbrado, envelope, sinalização, fardamento, decoração interna etc.
120 Luciana Maciel Boeira | Roberto Leon Ponczek | Dante Augusto Galeffi
Nessa busca por referências, está incluído tudo o que foi feito sobre o pro-
duto, por exemplo, no caso do pirulito, a equipe de criação pesquisa o segmento
de doces específicos sem adição de açúcar: como foi abordado em outras peças
publicitárias, cores usadas, textos, imagens simbólicas que remetem ao produ-
to. Trata-se de uma investigação norteada pelo conceito criativo e seus objeti-
vos, mas procuram encontrar relações também em todos os espaços possíveis:
o que há de novo nos veículos de comunicação, a moda em vigência, a novela
de sucesso, a música mais tocada, os memes mais compartilhados nas redes so-
ciais e até a notícia mais polêmica dos jornais factuais. Durante a pesquisa, vale
tudo, desde assistir vídeos relacionados com o produto ou não, até um passeio
no parque. É o momento da procura pela conexão, associação e coerência entre
produto, imagens simbólicas e objetivos.
Em acordo com o autor, essa fase precisa de tempo hábil para o processamen-
to das informações e, na prática, é fundamental para a movimentação e aqueci-
mento das engrenagens do motor criativo. As peças publicitárias criadas serão
o resultado concreto do pensamento específico (OSTROWER, 2010), porém,
enquanto os profissionais estão neste labor, o que ocorre é o colher e incubar
informações, combinar elementos e imagens simbólicas, formular hipóteses,
testar possibilidades e viabilidades, ou seja, fazer os “experimentos mentais”
(Einstein). Esse trabalho intelectual é o que definimos por imaginação criativa:
Nas múltiplas formas em que o homem age e onde penetra seu pen-
samento, nas artes, nas ciências, na tecnologia, ou no cotidiano, em
todos os comportamentos produtivos e atuantes do homem, verifica-se
a origem comum dos processos criativos numa só sensibilidade. São
análogos os princípios ordenadores que regem o fazer e o pensar; na
avaliação de resultados (em qualquer área) partimos de noções similares
de desenvolvimento e de equilíbrio. Embora os conceitos dinâmicos
possam ser análogos, o fazer concreto apresenta particularidades distin-
tas. Diferencia-se pelas propostas materiais a serem elaboradas em cada
122 Luciana Maciel Boeira | Roberto Leon Ponczek | Dante Augusto Galeffi
124 Luciana Maciel Boeira | Roberto Leon Ponczek | Dante Augusto Galeffi
126 Luciana Maciel Boeira | Roberto Leon Ponczek | Dante Augusto Galeffi
REFERÊNCIAS
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mais-vida na educação. Salvador: Edufba, 2014.
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GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema visual da forma. 9. ed. São Paulo:
Escrituras, 2009.
HOLLIS, R. Design gráfico: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
OSTROWER, F. Criatividade e processos de criação. 25. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
128 Luciana Maciel Boeira | Roberto Leon Ponczek | Dante Augusto Galeffi
INTRODUÇÃO
A ginga, na tradição da Capoeira Angola, pode ser considerada como um sistema
complexo de criações, representações que se auto enunciam no jogo da Capoeira
Angola e, por seus métodos, didáticas, epistemes e fundamentos, conseguem de
forma polilógica, polissêmica, polifônica e multirreferenciada preservar uma
atitude epistêmica afrorreferenciada; uma epistemologia da ginga, como pensa
a Mestra Janja, Rosângela Janja Costa Araújo (2017). Acompanhando a filosofia
de Mestre Pastinha, creio na Capoeira Angola como uma arte e que há, a um só
tempo, uma “ciência da capoeira”. (MESTRE PASTINHA, [19--] apud DECANIO
FILHO, 1997, p. 59)1
1 O livro organizado por Ângelo Decânio Filho é resultado de uma sistematização de Manuscritos, de Mestre
Pastinha, Vicente Ferreira Pastinha, conforme explica a página 7 do livro Herança de Pastinha (1997).
129
3 Ngunzo, palavra do kikongo, idioma africano do tronco linguístico bantu frequente na região dos
territórios do Reino do Congo, Congo Democrático e Angola. Para saber mais consultar Ieda Castro,
Wanderson Nascimento.
CONCLUSÃO
Aqui, neste trabalho, imprime-se uma escrita de uma mulher feminista angoleira
que transita entre comunidades, territórios, entre nações cartografando as suas
experiências na memória, no corpo. Para mim, capoeirista, o corpo, enquanto
ginga, fala, conhece, brinca, julga e desfruta de um mundo a ser continuada-
mente criativo, vivo, dinâmico, em movimento.
Defendo a ideia de que que há, sim, por parte de qualquer pesquisa cientí-
fica “um dever de investigar”. A curiosidade humana não tem fim, como não
tem fim o pensar, pois ela faz parte da condição humana, que tem, para mim,
uma natureza de criatividade e a criatividade como natureza impulsionadora
do existir atendendo-se à responsabilidade de agir virtuosamente.
REFERÊNCIAS
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Hannah Arendt. 2009. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2009.
ALMEIDA, V. S. Uma leitura do ensaio “A crise na educação” de Hannah Arendt.
Revista do centro de pesquisa e formação, São Paulo, p. 144-125, 2016. Disponível em:
INTRODUÇÃO
No presente capítulo, buscamos estabelecer uma relação do projeto da pesqui-
sa “Tecnologia social como dispositivo de emancipação, gestão e difusão do
conhecimento: saberes e práticas colaborativas das comunidades da Costa dos
Coqueiros”, com uma epistemologia que seja adequada aos elementos consti-
tutivos da investigação científica. Epistemologia, conceituada por Araújo (2012,
p. 8), vista como filosofia da ciência, é “[...] o estudo crítico dos princípios, das
hipóteses e da produção de conhecimento das diversas ciências, enfocando sua
estrutura cognitiva, valor e objetividade do saber científico, suas características,
suas delimitações, bem como os processos metodológicos de cada área”.
Nesse campo de estudo, segundo Araújo (2012), investiga-se a composição
de determinados saberes, e particularmente o saber científico, como também
as relações que se configuram com saberes distintos, formas de conhecimento,
141
1 Que diz respeito à antropossociologia. Estudo de grupos sociais humanos com aplicação de elementos
antropológicos. Doutrina segundo a qual os fenômenos sociológicos têm base predominantemente
antropológica.
2 Lauro de Freitas, Camaçari, Mata de São João, Entre Rios, Esplanada, Conde e Jandaíra.
(IN)CONCLUSÃO
No processo de construção do artigo, busquei os autores que contribuíram com a
minha fundamentação, tomando por base o problema da pesquisa. Identifiquei
os autores a partir da sistematização sobre a construção do conhecimento.
Edgard Morin (2007), numa epistemologia pós-estruturalista, apresenta va-
liosa contribuição sobre a complexidade, o caos organizador. Reformar o pen-
samento faz-se necessário para um paradigma em que a ordem, a desordem e a
organização constituem-se como diretrizes dialogicamente inerentes, embora
mantendo-se antagônicas. E assim também na ideia e na concepção da identi-
dade complexa do caos, bem como no desafio da complexidade que preserva
a incapacidade de definir e de determinar. Enfim, transformar o conhecimen-
to da complexidade em pensamento da complexidade. Avalio que a teoria da
complexidade contribuirá na minha pesquisa como uma potência de ação na
busca de conexões, relações, contradições.
Paulo Freire a partir de uma epistemologia socioconstrutivista, alinha-se à
práxis compartilhada por sujeitos engajados em vivências comuns. Na teoria
dialógica da ação, a colaboração, faz com que os sujeitos dialógicos se aperce-
bam da realidade mediatizada que problematiza os desafios. A resposta aos
desafios já se configura como ação dos sujeitos dialógicos para transformá-la.
Problematizar é uma análise crítica sobre a realidade-problema. Sendo assim,
exercerá importante instrumento de análise às indagações da pesquisa.
Sobre a tecnologia social, parto dos movimentos de emancipação na inten-
ção de produzir, acompanhar seus processos, força, subjetividade e produzir
um movimento de percepção e autopercepção. Uma tentativa pela tecnologia
social e sua metodologia para o desenvolvimento das comunidades, adotada nas
políticas públicas, nos meios acadêmicos e em instituições não governamentais
como dispositivo visando à inclusão e à transformação social. Diante da potência
REFERÊNCIAS
ANTROPOSSOCIOLOGIA. In: AULETE Digital. [S. l.: s. n.], 2016. Disponível em:
http://www.aulete.com.br/antropossociologia. Acesso em: 29 nov. 2020.
ARAÚJO, I. L. Curso de teoria do conhecimento e epistemologia. Barueri: Minha
Editora, 2012.
INTERMEDIAÇÃO
TECNOLÓGICA EM REDE
INTRODUÇÃO
Com sede e foro na cidade de Cruz das Almas e Centros de ensino instalados
nos municípios de Santo Amaro, Amargosa, Cachoeira, Santo Antônio de Jesus
e Feira de Santana, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), cria-
da pela Lei nº 11.151 de 29 de julho de 2005 por desmembramento da Escola
de Agronomia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) é constituída em um
157
158 Antonio Carlos dos Santos Souza | Jaqueline A. Azevedo Ferreira | Romilson Lopes Sampaio
Teoria das redes sociais como ferramenta para mapeamento de relações entre... 159
160 Antonio Carlos dos Santos Souza | Jaqueline A. Azevedo Ferreira | Romilson Lopes Sampaio
Realizar estudo de redes sociais através dos conceitos da teoria dos grafos,
e originou-se em 1735, quando Euler propôs uma solução para o problema das
pontes de Königsberg. Na cidade de Königsberg (atual Kaliningrado), antiga
capital da Prússia Oriental, o rio Pregel circunda uma ilha e separa a cidade em
quatro zonas que, no século XVII, estavam ligadas por sete pontes. “Por muito
tempo os habitantes daquela cidade se perguntavam se era possível cruzar as
sete pontes numa caminhada contínua sem passar duas vezes por qualquer uma
delas”. (PEREIRA; CÂMARA, 2008, p. 68) Envolvendo conceitos do que veio a
ser a teoria dos grafos (séc. XVII), Euler descobriu que o problema não passava
de uma especulação matemática e que tal cruzamento não era possível.
A fim de fundamentar nosso objeto de estudo, utilizaremos alguns concei-
tos relevantes em Teoria dos Grafos:
Definição 1: “Um grafo G (V, E) é uma estrutura matemática constituída pelos
conjuntos V finito e não vazio de n vértices, e E, de m arestas, que são pares não
ordenados de elementos de V. (PEREIRA; CÂMARA, 2008, p. 68, grifos dos autores)
Seja, por exemplo, o grafo G (V, E) dado pelos conjuntos V = {p; p é a pessoa}
e A = {(v, w); v trabalha com w}. A operação (v, w) é uma relação de simetria,
isto é, v trabalha com w se, e somente se, w trabalha com v.
Definição 2:
Teoria das redes sociais como ferramenta para mapeamento de relações entre... 161
(1)
(2)
162 Antonio Carlos dos Santos Souza | Jaqueline A. Azevedo Ferreira | Romilson Lopes Sampaio
ALGORITMO DIJKSTRA
Seja G (V, E) um grafo orientado e s um vértice de G:
1. Atribuir valor zero à estimativa do custo mínimo do vértice s (a raiz da
busca) e infinito às restantes estimativas;
Teoria das redes sociais como ferramenta para mapeamento de relações entre... 163
164 Antonio Carlos dos Santos Souza | Jaqueline A. Azevedo Ferreira | Romilson Lopes Sampaio
Teoria das redes sociais como ferramenta para mapeamento de relações entre... 165
Legenda:
Centro de Ciências e Tecnologia em Energia e Sustentabilidade (Cetens)
Centro de Formação de Professores (CFP)
Centro de Ciências da Saúde (CCS)
166 Antonio Carlos dos Santos Souza | Jaqueline A. Azevedo Ferreira | Romilson Lopes Sampaio
Teoria das redes sociais como ferramenta para mapeamento de relações entre... 167
168 Antonio Carlos dos Santos Souza | Jaqueline A. Azevedo Ferreira | Romilson Lopes Sampaio
w(P41, P5) = 1, w(P5, P11) = 1, w(P41, P3) = 1, w(P3, P11) = 7, w(P41, P16) = 2,
w(P16, P11) = 4, w(P41, P19) = 1, e w(P19, P11) = 1.
w(P41, P11) = min {w(P41, P5) + w(P5, P11) = 2; w(P41, P3) + w(P3, P11) = 8;
w(P41, P19) + w(P19, P11) = 2}
Essa construção nos permite concluir que o vértice P41 impulsiona a melho-
ria no fluxo de parcerias na realização das atividades de extensão desenvolvi-
das no âmbito da UFRB, se forem estabelecidas atividades em coparticipação
Teoria das redes sociais como ferramenta para mapeamento de relações entre... 169
CONCLUSÃO
A partir dos conceitos de teoria dos grafos como estrutura de dados, da utili-
zação do software Pajek e do banco de dados fornecidos pela Pró Reitoria de
Extensão da UFRB pudemos identificar e compreender como os docentes da
área Matemática desta universidade comunicam os seus projetos de extensão
considerando a multicampia universitária. Identificando os vértices mais cen-
trais dentro da execução das atividades de extensão dentro da UFRB, facilita-
mos estratégias de contatos entre docentes das áreas da Matemática, de modo a
melhorar a circulação das informações referentes às atividades desenvolvidas.
Evidenciando os pesos das arestas no grafo e calculando as medidas de cen-
tralidade, foi possível modelar a instância do problema de caminho mais curto
entre docentes proeminente em centralidade por grau, e aplicar o algoritmo
de Dijkstra como instrumento capaz de indicar quais caminhos necessitam de
maiores atenções em termos de atualizações de produções, permitindo que os
docentes façam escolha que ampliem seus contatos e oportunizem docentes in-
termediadores de estabelecerem mais relações de coparticipação com docentes
mais proeminentes na rede.
Como agenda de pesquisa, sugere-se observar e construir redes sociais cien-
tíficas para relacionar coautores coordenadores de atividades de extensão rela-
cionadas à Matemática nas esferas das Universidades e Instituições Federais de
Ensino Superior da Bahia, a fim de balizar, de forma contínua, as Pró-Reitorias
de Extensão das Universidades e Institutos Federais de Ensino Superior da Bahia
quanto a situações que favoreçam o envolvimento mais efetivo entre membros de
comunidades acadêmicas diferentes e da comunidade externa no âmbito regional.
170 Antonio Carlos dos Santos Souza | Jaqueline A. Azevedo Ferreira | Romilson Lopes Sampaio
Teoria das redes sociais como ferramenta para mapeamento de relações entre... 171
172 Antonio Carlos dos Santos Souza | Jaqueline A. Azevedo Ferreira | Romilson Lopes Sampaio
A COMPETÊNCIA INFORMACIONAL
DO EDUCADOR PARA APRENDIZAGEM
DIGITAL MÓVEL MULTIRREFERENCIADA
ENEIDA SANTANA
TEREZA KELLY GOMES CARNEIRO
ROBERTO LUIZ SOUZA MONTEIRO
INTRODUÇÃO
Entre bits, Big Data e likes o educador se encontra submerso por um turbi-
lhão de terminologias desconhecidas que invadem o seu espaço de atuação, e
apresentam continuamente a necessidade de sua presença de forma definitiva
na era digital. Em uma sociedade em rede, como a contemporânea, a infor-
mação é a base de todo o processo de construção e difusão do conhecimento,
os fundamentos de Piere Levy acerca da inteligência coletiva, impulsionada
pela cibercultura, garante que toda informação disseminada em rede promove
dinamismo em cenários conectados, colaborativos, acessíveis, e por que não,
disponíveis na palma da mão.
O objetivo desta discussão é promover a reflexão quanto às competências
informacionais, com as quais o educador contemporâneo precisa abarcar para
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CONCLUSÃO
No cenário da aprendizagem contextualizada através de uma abordagem mul-
tirreferenciada em tempos digitais móveis, é fundamental o olhar do educador
para dilemas do aprimoramento informacional, tendo em vista que a urgência
em lidar com os diversos e contínuos avanços tecnológicos é real. A competên-
cia informacional deixa de ser uma opção e passa a caracterizar parte da for-
mação do educador.
Os aspectos técnicos que permeiam as plataformas digitais móveis no campo
da aprendizagem precisam ser dialogados entre os pares e os desenvolvedores
computacionais, garantindo assim ações de colaboração para aperfeiçoamento
do processo de construção do conhecimento entre educadores e educandos.
Os aplicativos aqui analisados através dos critérios de multirreferencialida-
de expõem possibilidades iniciais para a práxis do educador. A iniciativa deste
182 Eneida Santana | Tereza Kelly Gomes Carneiro | Roberto Luiz Souza Monteiro
REFERÊNCIAS
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LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 4. ed.
São Paulo: Loyola, 2003.
184 Eneida Santana | Tereza Kelly Gomes Carneiro | Roberto Luiz Souza Monteiro
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento da temática Ensino com Intermediação Tecnológica (EIT)
e a Zona de Desenvolvimento Imediato (ZDI) constitui-se de relevância acadê-
mica e de impacto para o contexto social e científico, uma vez que a educação
exerce um papel fundamental nas relações humanas, e é dentro desse contexto
social que o indivíduo se desenvolve pessoal e profissionalmente. A educação,
mediada por recursos tecnológicos, é uma das formas de contribuição para essa
formação.
Para Santos (2008, p. 69-70), a expansão dessa modalidade educativa deve-se
ao desenvolvimento de um currículo com aulas mais dinâmicas, utilizando
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1 Operario e Fiske (1999) revisaram o campo da cognição social, enfatizando o modelo mais atualizado
de investigação nesse campo surgido a partir de sua articulação com a motivação, no qual investiga
a influência dos motivos e objetivos nos processos mentais e no comportamento social. Os autores
destacam que o foco nos processos mentais internos e nas variáveis motivacionais tem influenciado a
pesquisa em psicologia social, tornando-se a componente central no estudo do comportamento social
humano. (SOUZA, 2005)
194 Letícia Machado dos Santos | Maria de Fátima Hanaque Campos | Marcus Túlio de Freitas Pinheiro
Segundo Vygotsky (1984 apud REGO, 2008, p. 74), “[...] aquilo que é Zona
de Desenvolvimento Imediato hoje será nível de desenvolvimento real amanhã
– ou seja, aquilo que uma criança pode fazer com assistência hoje, ela será ca-
paz de fazer sozinha amanhã [...]”. Observa-se, que é através da linguagem que
é possível conceber o homem não apenas como um ser biológico, mas, sobre-
tudo, como um ser social em interação com o seu meio, característica principal
sociointeracionista. Vygotsky (2001) considera, ainda, na sua teoria histórico-cul-
tural, que a linguagem categoriza o homem como um ser cultural, pois afirma
que as funções mentais superiores especificamente humanas têm origem social.
É a linguagem que estabelece a diferença entre o homem e os outros animais,
pois esse instrumento coloca o ser humano como um ser social que se envolve
e se transforma constantemente com o outro e a partir do outro, afetando dire-
tamente as suas ações. (VYGOTSKY, 2001)
Em Vygotsky (2001), o sujeito é um ser ativo na sua relação com o mundo,
com o objeto, reconstruindo no seu pensamento, o mundo. Sendo que o co-
nhecimento é um fazer e um atuar do homem. (REGO, 1995) Dessa forma, para
Vygotsky (2001) o sujeito é um ser eminentemente social, na linha do pensa-
mento marxista, e o conhecimento como um produto social.
Nesse sentido, de um sujeito ativo, em constante (inter)relação com seu meio
social, realizando trocas colaborativas em redes de construção do conhecimento,
é que surge a teoria do construtivismo comunal, na qual os indivíduos on-line
não só colaboram com a construção do conhecimento, mas usufruem dos be-
nefícios desses saberes, através da interação, contribuindo também na aprendi-
zagem de outros, desenvolvendo assim a coletividade. (LISBÔA; BOTTENTUIT
JÚNIOR; COUTINHO, 2010)
O construtivismo comunal é uma ampliação do conceito de construtivismo
social, de Vygotsky (2001) em que a aprendizagem ultrapassa a esfera individual
e passa a conjugar o desenvolvimento coletivo através dos variados ambientes
CONCLUSÃO
No estado da Bahia, o EMITec, atende a estudantes do ensino médio que mo-
ram em localidades de difícil acesso da zona rural, comunidades quilombolas,
agricultores familiares, ribeirinhos e indígenas, estando implantado em 26
dos 27 Territórios de Identidade, fazendo uso de recursos tecnológicos como
videoconferência, que permite a articulação de aspectos metodológicos, peda-
gógicos e tecnológicos que faculta a inserção dos assistidos por essa estratégia
na dinâmica mundial.
A ZDI torna-se um elemento de conexão entre desenvolvimento e apren-
dizagem. O conceito de ZDI proporcionou e proporciona a utilização desse
componente para compreender e desenvolver recursos que possibilitem uma
efetiva ampliação das habilidades conceituais, procedimentais e atitudinais
dos estudantes. Uma das principais formas que permite esclarecer como atra-
vessar tal caminho é ter indicativos e sinalizações que possibilitem, dentro de
determinada circunstância, estimular uma ZDI e, a partir desse ponto, perce-
ber a evolução cognitiva do indivíduo. (VYGOTSKY, 2001) O EMITec é o lócus
da pesquisa deste estudo, e propõe garantir aos sujeitos dessa pesquisa, ou seja,
aos estudantes do ensino médio público do estado da Bahia, o direito à educa-
ção no lugar onde moram, respeitando os saberes acumulados e a cultura local.
Em relação à base epistemológica que responde à questão da pesquisa,
identificamos que a proposta pedagógica é sociointeracionista, ou teoria
histórico-cultural de Vygotsky (2001) em que considera, que o conhecimento
é construído em ambientes naturais de interação social, estruturados cultural-
mente. Essa teoria é, ainda, fundamentada na pedagogia histórico-crítica de
Saviani (2007) em que evidencia a educação como prática social que interfere na
sociedade, contribuindo para sua transformação. Filosoficamente, a pedagogia
196 Letícia Machado dos Santos | Maria de Fátima Hanaque Campos | Marcus Túlio de Freitas Pinheiro
REFERÊNCIAS
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Médio com Intermediação Tecnológica da Secretaria da Educação. Diário Oficial do
Estado da Bahia: seção 1, Salvador, 1 abr. 2011.
BAHIA. Portaria no 1.787, de 10 de março de 2016. Institui o Centro Estadual de
Referência do Ensino Médio com Intermediação Tecnológica (CEMITEC). Diário
Oficial do Estado da Bahia: seção 1, Salvador, 11 mar. 2016.
BAHIA. Portaria no 424, de 27 de setembro de 2011. Implanta em Unidades Escolares
da Rede Pública Estadual de Ensino o Programa Ensino Médio com Intermediação
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BAHIA. Projeto Político Pedagógico do Emitec. Salvador: SEC, 2019.
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contributo teórico. Revista Paidéi@ – Revista Científica de Educação
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revistapaideia.unimesvirtual.com.br/index.php?journal=paideia&%20
198 Letícia Machado dos Santos | Maria de Fátima Hanaque Campos | Marcus Túlio de Freitas Pinheiro
METODOLOGIAS COLABORATIVAS:
a multirrefencialidade como elemento
fundante para participação dialógica
dos coletivos envolvidos na produção
e difusão do conhecimento em
Ambientes Virtuais de Aprendizagem
INTRODUÇÃO
Esta produção científica tem como objetivo socializar um recorte da pesqui-
sa de doutoramento realizada na Universidade Federal da Bahia (UFBA), no
Programa de Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do
Conhecimento (DMMDC), e o diálogo aqui apresentado tem como eixo central
as metodologias colaborativas a partir de duas referências distintas: o papel do
sujeito na construção do conhecimento e a produção dialógica e participativa de
201
202 Ana Cristina de Mendonça Santos | Marineuza Matos dos Anjo | Maria Teresa Ribeiro Pêssoa
204 Ana Cristina de Mendonça Santos | Marineuza Matos dos Anjo | Maria Teresa Ribeiro Pêssoa
[...] a chave para o diálogo crítico é ouvir e conversar, sendo uma das
virtudes do educador democrático, para isso é preciso saber como ouvir,
ou seja, saber como ouvir uma criança negra com a linguagem específica
dele ou dela como a sintaxe especifica dele ou dela, saber como ouvir
o camponês negro analfabeto, saber como ouvir um aluno rico, saber
como ouvir os assim chamados representantes de minorias que são
basicamente oprimidas. Se não aprendermos como ouvir essas vozes,
na verdade não aprendemos realmente como falar.
206 Ana Cristina de Mendonça Santos | Marineuza Matos dos Anjo | Maria Teresa Ribeiro Pêssoa
208 Ana Cristina de Mendonça Santos | Marineuza Matos dos Anjo | Maria Teresa Ribeiro Pêssoa
Esse, portanto, é o desafio posto, para fomentar lações mediadas nos ambien-
tes virtuais, proporcionar um espaço virtual rico em aprendizagem autônoma,
colaborativa, afetiva, interativa, com metodologia e atividades diversificadas.
Ou seja, a questão fundamental, portanto, visualizada no estudo está na nova
lógica de difundir conhecimento com o uso da tecnologia em ambientes vir-
tuais, redefinindo o papel do professor, dando o foco na centralidade do estu-
dante e no respeito às subjetividades e heterogeneidades dos grupos, a partir de
procedimentos metodológicos que busquem: projetar e registrar as atividades;
fundamentar as atividades em problemas reais do cotidiano dos estudantes;
dar visibilidade aos processos de difusão produzidos; mapear os progressos;
apontar e refletir as dificuldades; utilizar a diversidade de linguagens; favore-
cer a coautoria; favorecer a publicação e divulgação de narrativas diferentes;
combinar ambientes mais formais com os informais criando comunidades de
210 Ana Cristina de Mendonça Santos | Marineuza Matos dos Anjo | Maria Teresa Ribeiro Pêssoa
CONCLUSÃO
A pesquisa realizada na Oferta semipresencial da UNEB e nos MOOCS confir-
ma o potencial do AVA em promover processos de difusão do conhecimento,
quando este uso se atrela a concepções epistemológicas comprometidas com o
desenvolvimento dos sujeitos, dessa forma, o AVA e suas ferramentas comuni-
cacionais são meios, estando condicionado às praticas dos docentes que ope-
racionalizam seu funcionamento e requerendo uma série de condições para
sua efetividade, tais como: design interativo; material adequado; metodologias
ativas e problematizadoras; acompanhamento e, principalmente, formação e
mediação docente. A modalidade semipresencial e os MOOCs são experiências
recentes no cenário educacional, o que demanda pesquisas e investigações que
colaborem com seu processo de consolidação no interior das Instituições de
Ensino Superior (IES).
REFERÊNCIAS
ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2004.
ARDOINO, J. Abordagem multirreferencial (plural) das situações educativas e
formativas. In: BARBOSA, J. G. Multirreferencialidade nas ciências sociais e na
educação. São Paulo: EdUFSCar, 1998. p. 24-31
BARBOSA, J. G. Multirreferencialidade nas ciências da educação. São Carlos:
EdUFSCar, 1998.
BARBOSA, J. G. Reflexões em torno da abordagem multireferencial. São Carlos:
EdUFSCar, 1998.
212 Ana Cristina de Mendonça Santos | Marineuza Matos dos Anjo | Maria Teresa Ribeiro Pêssoa
SABERES INTRODUTÓRIOS
Este texto refere-se a uma pesquisa matriz sobre a temática central “Educomunicação,
inovação e práticas de difusão do conhecimento: saberes, fazeres e interfaces
na Academia Baiana de Educação”, constituindo-se num processo de difusão
do conhecimento em educação voltado para a construção de interfaces das
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). É fundante perceber que,
historicamente, as interfaces de difusão dos conhecimentos inovadores, que são
produzidos na Bahia, não têm dado conta dessa tarefa primordial de divulgar
as produções científicas de teses, dissertações, artigos, livros etc.
213
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216 Alfredo Eurico Rodrigues Matta | Amilton Alves de Souza | Antonio Amorim
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220 Alfredo Eurico Rodrigues Matta | Amilton Alves de Souza | Antonio Amorim
CONCLUSÃO
Lembramos que esta exposição é adjacente de uma pesquisa maior que traba-
lha com a educomunicação, inovação e práticas de difusão do conhecimento:
saberes, fazeres e interfaces na ABE, desse modo, ela não está conclusa e nem
acabada, mas em processo, ou seja, em movimento de construção. Logo, cons-
tituindo-se num processo de difusão do conhecimento em educação, voltado
para a construção de interfaces das TICs.
Os objetivos propostos para este texto foram: caracterizar a educomunica-
ção, epistemologicamente, por meio de interfaces comunicativas na construção
colaborativa na produção e difusão das comunicações; e destacar os princi-
pais princípios fundantes na difusão do conhecimento de práticas educativas
222 Alfredo Eurico Rodrigues Matta | Amilton Alves de Souza | Antonio Amorim
REFERÊNCIAS
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categoria da sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
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224 Alfredo Eurico Rodrigues Matta | Amilton Alves de Souza | Antonio Amorim
INTRODUÇÃO
Os últimos anos, especialmente no cenário político, têm se caracterizado pela
fertilidade de novas práticas de mobilização coletiva, participação política e
ativismo. Nesse cenário, as novas Tecnologias da Informação e Comunicação
(TICs) por meio das mídias digitais têm reconfigurado as relações sociais, polí-
ticas, culturais, assim como os movimentos sociais, uma vez que as plataformas
on-line vêm assumindo importante papel de engajamento e militância, espe-
cialmente como instrumentos de participação pública e caráter sociopolítico de
construção, gestão e compartilhamento de informações e conhecimentos nas
diferentes sociedades. (QUEIROZ, 2017)
Numa época de conflitos sociais e crise econômica que o Brasil tem vivencia-
do, as tecnologias de informação e comunicação, como as mídias digitais, têm-se
tornado de grande importância para a difusão e fortalecimento de reivindicações,
225
1 Michel Temer toma posse da presidência em 31 de agosto de 2016 após a presidente eleita Dilma Rous-
seff do Partido dos Trabalhadores (PT) ser afastada do cargo por um impeachment, numa ação política
apontada como golpe parlamentar articulado, sobretudo, pelo Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB) do qual emerge Temer enquanto vice-presidente de Dilma Rousseff.
226 Hélio Souza de Cristo | José Wellington Marinho de Aragão | Hugo Saba
2 O mapeamento bibliográfico foi realizado nos seguintes Grupos de Trabalho (GT): GT03 - Movimentos
sociais, sujeitos e processos educativos; GT14 - Sociologia da Educação e GT16 - Educação e Comuni-
cação.
228 Hélio Souza de Cristo | José Wellington Marinho de Aragão | Hugo Saba
230 Hélio Souza de Cristo | José Wellington Marinho de Aragão | Hugo Saba
Longe de uma definição conceitual, que não caberia nessas poucas páginas,
essas interrogações reforçam o caráter político e estratégico da participação e
ativismo dos jovens no engajamento em movimentos sociais na contemporanei-
dade. Refletir sobre a participação política dos jovens ativistas pertencentes a
grupos, coletivos, organizações e movimentos sociais articulada às novas estra-
tégias de ativismo na contemporaneidade não é uma tarefa que se dá no vazio
histórico-social nem no campo da imparcialidade, despretensão ou neutralidade.
Por isso, dada a sua polissemia, é preciso compreender o que significa “parti-
cipação política juvenil” no processo de construção de sociedades mais democrá-
ticas, igualitárias e libertadoras, principalmente no contexto histórico brasileiro
em que a tão sonhada e recente democracia encontra-se em risco, dando sinais
que não vai bem, em estado de vertigem e colapsando entre os posicionamentos
– por vezes – extremistas de grupos políticos partidários de esquerda e direita.
Almeida (2008) diz que, quando o assunto é participação política juvenil, a
história mostra a criação de uma falácia que remete ao pensamento que jovem
não gosta de política ou que política não é assunto para jovem e, ainda, que
juventude e política são elementos que não se combinam, cujo pensamento –
por vezes – serve de reforço à tentativa de afastamento da juventude à efetiva
participação política ou, ainda, à descredibilidade que é dada aos jovens e às
pautas juvenis nos espaços e processos de tomadas de decisão política.
Essa afirmativa, para o autor, sinaliza duas questões: primeiro, trata-se de um
grande equívoco intencional, uma vez que o processo histórico de formação e
intensificação dos movimentos sociais nas mais diversas instâncias das socieda-
des – principalmente no Brasil – é fortemente caracterizado pela participação
A segunda questão sinalizada por Almeida (2008) diz respeito ao fato que a
ideia de “participação política” não está estritamente vinculada à “política par-
tidária”. E, desse modo, é preciso maximizar o sentido de participação política
associada à efetiva atuação, tomada de decisões e proposições de estratégias,
onde a política é compreendida enquanto processo formativo dos sujeitos e
campo de interesses, lutas, conflitos, transformação, conhecimento da realida-
de e capacidade de intervir nela, que dá sentido e significado ao ativismo dos
jovens no seio dos movimentos sociais.
É muito recorrente política e juventude aparecerem como assuntos disso-
nantes em grande parte da frequente literatura sobre jovens. Quanto a esse ínte-
rim, Castro (2009) pontua que o processo de socialização e participação política
juvenil não deve ser minimizado à ideia de preparação para a vida adulta como
se o jovem fosse um sujeito do eterno vir a ser. A crença nessa perspectiva acer-
ca da condição juvenil reforça o alijamento dos jovens quanto aos seus direitos
e deveres políticos, cuja característica ainda é forte nas sociedades modernas.
O fato é que o jovem não é um sujeito à parte da sociedade. Ele é a sociedade
e, embora ele construa e seja história, ainda há uma descrença compartilhada
na sociedade quanto à capacidade de ação política da juventude. No entanto,
essa descrença faz parte do próprio desânimo que as pessoas têm apresentado
com a política, o que acaba refletindo também nos sentimentos e percepções
de muitos jovens sobre política.
Na mesma perspectiva de Castro (2009), Brenner (2014, p. 32) afirma que
“as pesquisas sobre juventude no Brasil ainda são pouco frequentes no que diz
232 Hélio Souza de Cristo | José Wellington Marinho de Aragão | Hugo Saba
3 Expressão utilizada pelo presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, ao se referir aos jovens-estudantes
e professores que foram às ruas e mídias sociais protestar contra os cortes de verbas para a Educação e
contra a Reforma da Previdência no dia 15 de maio de 2019, período em que o presidente Jair Bolsonaro
estava em Dallas, no estado norte-americano do Texas.
4 Expressão utilizada pelo presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, ao se referir aos jovens-estudantes
e professores que foram às ruas e mídias sociais protestar contra os cortes de verbas para a educação e
contra a Reforma da Previdência no dia 15 de maio de 2019, período em que o presidente Jair Bolsonaro
estava em Dallas, no estado norte-americano do Texas.
234 Hélio Souza de Cristo | José Wellington Marinho de Aragão | Hugo Saba
[...] a participação política dos jovens não se faz no vazio cultural e his-
tórico, mas em sociedades reais que carregam as marcas singulares de
sua história e as dificuldades específicas de seu presente. No contexto
das desigualdades sociais da sociedade brasileira, compreender como
e porque os jovens brasileiros participam da construção e da decisão
societárias põe em questão a forma como cada um reconhece-se como
integrante desse conjunto tão desigual e como se vê implicado nos seus
destinos. Assim, a participação política não pode desvincular-se das
condições subjetivantes que darão forma ao sentimento de pertenci-
mento à coletividade por parte de jovens e de crianças e de como essa
coletividade é representada por eles.
[...] a condição juvenil – como etapa da vida que se situa entre a proteção
socialmente exigida para a infância e a emancipação esperada na vida
adulta – tem suas especificidades. Isso porque a experiência geracional é
inédita, já que a juventude é vivenciada em diferentes contextos históricos,
e a história não se repete. Dessa forma, para pensar a condição juvenil
236 Hélio Souza de Cristo | José Wellington Marinho de Aragão | Hugo Saba
CONCLUSÃO
O ativismo digital como nova estratégia de participação política representa a ex-
pressão dos novos paradigmas dos movimentos sociais na contemporaneidade
frente à estrutura de funcionamento e atuação dos movimentos sociais das déca-
das passadas. Diante dos novos desafios postos aos movimentos sociais advindos
do ativismo digital, Harvey e demais autores (2012) acreditam na positividade
dos movimentos e protestos sociais impulsionados pelo fluxo de comunicação
proveniente da internet, especialmente através das redes sociais, e – ao mesmo
tempo – pontuam que o ativismo digital não pode subestimar ou pormenorizar
a importância dos movimentos sociais em outros espaços públicos, como nas
manifestações de ruas, protestos em praças e parques.
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238 Hélio Souza de Cristo | José Wellington Marinho de Aragão | Hugo Saba
240 Hélio Souza de Cristo | José Wellington Marinho de Aragão | Hugo Saba
INTRODUÇÃO
O discurso que fundamenta a institucionalização da nova forma de regulação
das águas sugere estarmos diante de um processo “evolutivo”, em que passamos
de uma situação na qual os problemas ambientais sequer estavam colocados
ou formulados, para uma postura mais razoável, na qual o Estado assume uma
postura de comando e controle dos usos das águas e, finalmente, para um con-
texto mais complexo, no qual novos atores entram em cena e mecanismos de
coordenação político-institucionais e de mercado (ao lado do estado) passam a
241
242 Franklin C. Cruz da Silva | José W. Marinho de Aragão | Maria V. Damásio de Carvalho Silva
244 Franklin C. Cruz da Silva | José W. Marinho de Aragão | Maria V. Damásio de Carvalho Silva
Marilena Chauí (1997, p. 141) chama a atenção para os limites que perpassam
a noção de democracia no contexto do projeto político neoliberal: “A democra-
cia modelada sobre o mercado e sobre a desigualdade sócio-econômica é uma
farsa bem sucedida, visto que os mecanismos por ela acionados destinam-se
apenas a conservar a impossibilidade da democracia”.
É preciso estar atento para o fato de que no atual contexto os paradigmas
de participação de inspiração neoliberal e democratizante, de certa forma, se
246 Franklin C. Cruz da Silva | José W. Marinho de Aragão | Maria V. Damásio de Carvalho Silva
METODOLOGIA
Com base no conceito-chave e conceitos estruturantes construídos, e no refe-
rencial teórico adotado, optar-se-á como estratégia desta pesquisa a constru-
ção de um trabalho empírico que qualifique o(s) significado(s) da participação
dos usuários das águas, da sociedade civil e das comunidades tradicionais nas
discussões sobre o processo de transposição das águas do Rio São Francisco no
contexto do CBHSF, enfocando particularmente a inserção e o seu significado
dessas duas categorias nos mencionados organismos da bacia no atual padrão
regulatório das águas sob a ótica de difusão do conhecimento. Verificaremos
enfim se a participação desses agentes significa ou não a democratização da
gestão das águas nessa bacia.
248 Franklin C. Cruz da Silva | José W. Marinho de Aragão | Maria V. Damásio de Carvalho Silva
Função no
Linha Pontos fracos na gestão participativa Segmento Ponto-chave
CBHSF
E que cada estado continue firmando o compromisso com o pacto Não participa do
Sinal de descompromisso do
112 das águas, fazendo com que o Rio São Francisco receba cada vez mais comitê (Ministério NA
estado com o CBHSF.
uma água de qualidade. Público)
13/05/2021 11:42
250
Função no
Linha Pontos fracos na gestão participativa Segmento Ponto-chave
CBHSF
Franklin C. Cruz da Silva | José W. Marinho de Aragão | Maria V. Damásio de Carvalho Silva
deliberação fosse posta para aprovação em plenária, haveria o risco de
o Comitê ficar sem recursos financeiros para o ano de 2018.
13/05/2021 11:42
Função no
Linha Pontos fracos na gestão participativa Segmento Ponto-chave
CBHSF
13/05/2021 11:42
252
Função no
Linha Pontos fracos na gestão participativa Segmento Ponto-chave
CBHSF
Fonte: elaborado pelos autores com base na ata da XXXIII Plenária Ordinária do CBHSF.
Franklin C. Cruz da Silva | José W. Marinho de Aragão | Maria V. Damásio de Carvalho Silva
13/05/2021 11:42
Na linha 89 da ata, indica-se que foram aprovadas as novas regras de opera-
ção, as quais aconteceram em outra instância e, na linha 223, demonstra-se que
houve aprovação do TAC de Gestão nº 014/ANA/2010 ad referendum devido
à necessidade de agilização de prazos. Esses fatos indicam que não houve dis-
cussão pela plenária.
Na linha 94, podemos verificar uma crítica à baixa frequência de reuniões
do CBHSF, o que enseja questionamentos sobre as características do processo
participativo, tais como: o processo de participação no CBHSF é substantivo?
As diversas vozes são ouvidas e têm poder de decisão? Existem diferenças nas
forças deliberativas dos participantes? As comunidades tradicionais têm força
para decidir de forma equitativa?
É importante lembrar que entre os participantes, conforme o Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio São Francisco (2017), os usuários somam 38,7% do total de
membros, o poder público – federal, estadual e municipal – representa 32,2%,
a sociedade civil detém 25,8% e as comunidades tradicionais 3,3%.
Normalmente, o que pode acontecer nesse processo é uma alocação assimé-
trica de recursos materiais e imateriais entre os atores, o que significa que alguns
são mais fortes e mais centrais do que outros. Entretanto, como a participação
é voluntária e a saída sempre permanece como uma possibilidade, e como os
atores dependem uns dos outros para “fazer as coisas”, ninguém pode coman-
dar ou forçar qualquer outra pessoa da maneira possível dentro de um sistema
de regra hierárquica. (SØRENSEN; TORFING, 2005)
Mais uma vez na linha 119, há uma sinalização de ausência de participação
efetiva dos membros do CBHSF, quando se destaca que foi concluída a elabo-
ração de três planos de bacias. Aparentemente, não se apresenta elemento de
discussão nesse processo. A linha 95 reforça essa ideia quando informa que um
termo de cooperação com a Sudene será assinado, mas não há uma demonstra-
ção de discussão conjunta do Comitê, manifestado no seguinte discurso: “Diz
que em breve será assinado um termo de cooperação com a Sudene para que,
junto ao Comitê, ela possa auxiliar no alcance das metas do Plano de Recursos
Hídricos da Bacia do Rio São Francisco”. CBHSF (2017)
Há também evidência de fraqueza da voz das comunidades e povos tradi-
cionais, quando o Ministério Público da Bahia (MP-BA) – linha 105 – destaca
a importância de se discutir as intervenções que vêm sendo realizadas na ba-
cia, pois, tem-se visto diversos conflitos por água, ocasionando desequilíbrios
254 Franklin C. Cruz da Silva | José W. Marinho de Aragão | Maria V. Damásio de Carvalho Silva
256 Franklin C. Cruz da Silva | José W. Marinho de Aragão | Maria V. Damásio de Carvalho Silva
CONCLUSÃO
Preliminarmente, para obtenção de dados, partimos para a pesquisa documen-
tal e bibliográfica: a pesquisa documental visou atender às questões de ordem
genérica e delimitação do campo de pesquisa, tais como: uma caracterização
das condições socioeconômicas e ambientais da bacia, como o Comitê se estru-
tura, quais os participantes do processo de execução e tomada de decisão no
âmbito do Comitê etc. Já a pesquisa bibliográfica teve como objetivo atualizar
os conhecimentos pertinentes ao objeto da pesquisa através da revisão biblio-
gráfica acerca do estado da arte. A qualificação do referido processo de partici-
pação implicou em situá-lo no contexto político regional e nacional e no âmbito
dos distintos paradigmas que configuram a relação complexa que existe entre
participação e democratização no atual contexto da problemática das águas
no Brasil, a fim de entender a complexidade das relações entre agentes como o
Estado, sociedade e natureza no atual contexto de globalização.
De acordo com Dagnino (2004), hoje, no Brasil, há uma confluência perversa
entre um projeto político democratizante, participativo, e o projeto neoliberal,
que marcaria atualmente o cenário da luta pelo aprofundamento da demo-
cracia na sociedade brasileira. E mais, segundo ela, o processo de construção
258 Franklin C. Cruz da Silva | José W. Marinho de Aragão | Maria V. Damásio de Carvalho Silva
REFERÊNCIAS
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260 Franklin C. Cruz da Silva | José W. Marinho de Aragão | Maria V. Damásio de Carvalho Silva
TECNOLOGIAS SOCIAIS
E INOVAÇÃO
INTRODUÇÃO
A tecnologia possui termo amplo, sendo associada aos processos e às ferramen-
tas mais recentes do mercado. A tecnologia é aliada na transformação da socie-
dade quando é empregada para este fim e a Tecnologia Social (TS) descreve as
experiências tecnológicas realizadas em interação com a comunidade e que
buscam soluções para os problemas sociais, bem como o desenvolvimento e a
inclusão social.
A TS é um tema recente no Brasil, ganhou notoriedade na primeira déca-
da deste século, no qual o diálogo entre os saberes populares e acadêmicos se
tornam imprescindíveis, pois o conhecimento existente precisa ser valoriza-
do e reconhecido. O debate sobre TS ressalta a área do fazer e a atuação das
265
266 Aelson Silva de Almeida | Nilvo Luiz Cassol | Patrícia Souza Leal Pinheiro
METODOLOGIA
As redes complexas podem abranger diversas áreas do conhecimento, utiliza-se
na matemática, biologia, economia, sociologia, entre outras, refere-se, portanto,
à estrutura topográfica composta por um conjunto de vértices (nós) que se in-
terligam por meio de arestas. Redes complexas refere-se a um grafo que exibe
uma estrutura topográfica não trivial, formado por um conjunto de vértices (nós)
que se interligam por meio de arestas. (BARABÁSI, 2003) Usa-se o grafo para es-
tudar as relações entre grupos, instituições, entre outros, no qual esses diversos
aspectos do mundo real podem ser representados por meio de redes complexas.
Os grafos são usados para representar graficamente as interações existentes
de uma rede, podendo ser direcional, quando não recíproca entre os nós, ou
multidirecional quando é recíproca. Para Santos (2011, p. 2), “Grafos costumam
ser representados visualmente da seguinte forma: cada vértice é indicado por
um ponto e cada aresta é indicada por uma linha conectando dois pontos”.
Nesse caso, em particular, utilizou-se o método de redes complexas, estas,
com o Grafo Bipartido, pois têm-se dois conjuntos de vértices, em que estes,
RESULTADOS
Considerando as características da TS, por um lado, e as tecnologias premiadas
a cada dois anos pela FBB no período de 2001 a 2015, por outro, e aplicando
a metodologia de rede complexa com grafo bipartido – ou seja, seus vértices
podem ser divididos em dois conjuntos disjuntos U e V, no qual toda aresta
conecta com uma vértice –, pode-se observar, inicialmente, o reconhecimento
das características presentes, em termos quantitativos, nas respectivas tecno-
logias, mas também as tecnologias em relação à quantidade de características
contempladas. No contexto da teoria de redes complexas, ressaltamos que uma
rede corresponde a um grafo, este sendo representado por um conjunto de nós
ligados por arestas, apresentando assim relações.
268 Aelson Silva de Almeida | Nilvo Luiz Cassol | Patrícia Souza Leal Pinheiro
CONCLUSÃO
Buscamos neste artigo aprimorar o conceito e as principais características das
TS premiadas pela FBB, no intuito da difusão e valorização dessas iniciativas.
O trabalho objetivou aferir as principais características que foram contem-
pladas pela FBB de 2001 a 2015 quando da premiação. A metodologia utilizada
foi de redes complexas com dois conjuntos de vértices: no primeiro, as caracte-
rísticas ideais; e o segundo, as tecnologias que foram premiadas.
A partir do gráfico podemos perceber valorização significativa da caracterís-
tica Resolução de Problemas Sociais – TS, que corresponde a 45 graus de entrada,
seguida pelas duas outras, Ação Educativa – TE e Participação da Comunidade
ou Beneficiários – TP. É pertinente destacar a ausência de objetividade nas es-
colhas das tecnologias premiadas.
REFERÊNCIAS
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270 Aelson Silva de Almeida | Nilvo Luiz Cassol | Patrícia Souza Leal Pinheiro
INTRODUÇÃO
As hortaliças são plantas alimentícias de grande importância, podendo forne-
cer vitaminas, fibras, carboidratos, minerais, proteínas, assim como compostos
bioativos. (BRASIL, 2010) Nesse sentido, as Plantas Alimentícias Não Convencionais
(PANCs) são plantas que possuem amplo potencial alimentício por serem fontes
de diversos nutrientes. São denominadas PANCs as espécies vegetais presentes
em determinadas localidades ou regiões, mas que aos poucos foram esquecidas
e desvalorizadas devido às mudanças socioculturais com a migração de jovens
do campo para a área urbana, conduzindo à quebra na cadeia de transmissão
de saberes; ao uso exagerado de alimentos industrializados, convergindo para
271
272 Clícia Maria de J. Benevides | Adila de J. S. Santos | Luciene S. dos Santos Lima | Bruna A. Trindade
METODOLOGIA
As leguminosas foram adquiridas diretamente do produtor da agricultura fa-
miliar no município Sapeaçu (BA). Essas sementes foram encaminhadas para
o Laboratório de Análises Químicas do Departamento de Ciências da Vida
II (DCVII) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) para serem proces-
sadas (higienizadas, germinadas, desidratadas e transformadas em farinha).
A germinação foi realizada de acordo a metodologia de Berni e Canniatti-
Brazaca (2011). Posteriormente, as sementes germinadas foram submetidas
à desidratação na estufa de ar forçado (mod TE-392/2), a 55oC/7h, seguida
da trituração em moinho (mod TE-650) até obtenção de farinha com fina
granulometria.
Os demais ingredientes – farinha de arroz integral, fermento biológico, ovo,
maionese, carne seca, dentre outros – foram adquiridos no mercado de Salvador
(BA). Foi elaborado o pão padrão com farinha de trigo em substituição à Farinha
Mista (FM), assim como o pão com FM sabor alho e carne seca.
Uma vez que a combinação de leguminosas e cereais – feijão e arroz – resulta
numa proteína vegetal mais completa, no que se refere à composição de ami-
noácidos essenciais, foi utilizado a proporção 2:1 de farinha de andu germinado
e farinha de arroz, conforme recomendação do Ministério da Saúde. (BRASIL,
2014) Foram realizados vários testes na elaboração de pães com a FM à base de
farinha de andu germinado e farinha de arroz e o mais aceito entre a equipe foi
o que se acrescentou a carne seca e alho na sua formulação.
Desse modo, os pães foram submetidos à análise sensorial no Laboratório
de Análise Sensorial do DCVII da UNEB, por meio de testes afetivos em que
os provadores não treinados foram recrutados entre estudantes, funcionários
e professores da UNEB. Estes receberam as amostras de cada produto elabora-
do e foram orientados a dar a sua nota de aceitação em relação aos atributos
aparência, cor, aroma, sabor, textura e qualidade global utilizando uma escala
hedônica estruturada de nove pontos. (MEILGAARD; CIVILLE; CARR, 2007)
Para a realização da análise sensorial, esse projeto foi previamente submetido
274 Clícia Maria de J. Benevides | Adila de J. S. Santos | Luciene S. dos Santos Lima | Bruna A. Trindade
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Tabela 1 apresenta a composição centesimal da farinha de trigo e do feijão
andu antes e após a germinação e farinha de trigo.
PROTEÍNAS (%) LIPÍDIOS (%) CINZAS (%) CHO (%) FIBRAS (%)
FT(Taco) 11,26 1,61 0,92 86,32 2,64
AS 24,64a+0,27 0,70a+0,11 4,57ª+0,01 70,09ª+0,24 23,69+0,56
FAG 25,77b+0,83 1,65b+0,29 4,32ª+0,09 68,25b+0,86 28,82+1,20
AS: Andu Semente; FAG: Farinha de Andu Germinado; CHO: Carboidratos; FT (Taco): Farinha de Trigo da
Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos.
Fonte: elaborada pelo autores, com dados próprios e da Tabela TACO.
276 Clícia Maria de J. Benevides | Adila de J. S. Santos | Luciene S. dos Santos Lima | Bruna A. Trindade
Amostra Sabor Textura Cor Odor Qualidade Global Índice de Aceitabilidade (%)
278 Clícia Maria de J. Benevides | Adila de J. S. Santos | Luciene S. dos Santos Lima | Bruna A. Trindade
Amostra Umidade (%) Proteínas (%) Lipídios(%) Cinzas (%) CHO (%) Fibras (%)
CONCLUSÃO
Conclui-se que PANCs, a exemplo do feijão andu, podem ser transformadas em
outros subprodutos como as farinhas e serem utilizadas na elaboração de di-
versos produtos alimentícios. A diversificação das opções de uso de PANCs em
produtos de boa aceitabilidade e valor nutritivo contribuirá para a segurança
alimentar da população, além de resgatar a cultura e identidade das comunida-
des de agricultura familiar, gerando emprego e renda. Os pães elaborados nesta
pesquisa com FM – farinha de feijão andu germinado e farinha de arroz – apre-
sentaram boa aceitabilidade sensorial (superior a 70%) por parte dos provadores,
280 Clícia Maria de J. Benevides | Adila de J. S. Santos | Luciene S. dos Santos Lima | Bruna A. Trindade
REFERÊNCIAS
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282 Clícia Maria de J. Benevides | Adila de J. S. Santos | Luciene S. dos Santos Lima | Bruna A. Trindade
INTRODUÇÃO
Uma prática comum nos perímetros urbanos e periurbanos é o cultivo de horta-
liças, plantas medicinais ou fruteiras, no chão ou suspenso, e, em alguns casos,
criação de animais de pequeno porte para produção. Parte significativa da po-
pulação residente nas cidades aproveitam pequenas áreas de quintais e terrenos
baldios para o desenvolvimento de atividades agrícolas, contudo, os municípios
ainda não têm efetiva noção do tamanho e importância do que existe. Em sua
grande maioria, também não promovem ações no sentido de potencializar essas
iniciativas, tampouco proporcionar o surgimento de novas práticas.
285
286 Aelson Silva de Almeida | Antonio Carlos dos Santos Souza | Vívian Libório de Almeida
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA
O modelo de desenvolvimento urbano-industrial implantado no Brasil, so-
bretudo a partir dos anos 1960, provocou mudanças estruturais no campo e
na cidade. No campo, sob o padrão tecnológico modernizante da revolução
verde e consolidação do capitalismo, ocorreu a expulsão de um contingente
nunca antes visto de camponeses e trabalhadores rurais. Essa população de
excluídos concentrou-se, então, nos grandes centros urbanos, mas também
nas pequenas cidades nas imediações das propriedades rurais.
O que se observa, portanto, é que não basta produzir, mas garantir o acesso das
pessoas ao alimento, primando pela qualidade nutricional. Ademais, o conceito
leva em consideração dimensões que requerem escolhas tecnológicas compatí-
veis com esses requisitos necessários para a promoção da SAN. Diferentemente
do padrão tecnológico da revolução verde, as opções tecnológicas devem primar
pela referência à agroecologia enquanto base científica para a prática agrícola.
A agroecologia, conforme Altiere (2012), leva em consideração os elementos
físicos, químicos e biológicos, mas não perde de vista as dimensões antropoló-
gicas, sociológicas, econômicas, ambientais e políticas da agricultura. Seja no
campo ou na cidade, a agricultura deve preservar a vida e garantir o equilíbrio
dinâmico e a sustentabilidade dos sistemas.
Ademais, significa construir soluções tecnológicas de dentro para fora.
(HERRERA, 2010) Isso não anula as possibilidades de trazer algo novo, mas que
seja adaptado às condições locais. Na verdade, reforça a tese de que as soluções
288 Aelson Silva de Almeida | Antonio Carlos dos Santos Souza | Vívian Libório de Almeida
290 Aelson Silva de Almeida | Antonio Carlos dos Santos Souza | Vívian Libório de Almeida
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292 Aelson Silva de Almeida | Antonio Carlos dos Santos Souza | Vívian Libório de Almeida
FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA
FAMILIAR E GESTÃO SOCIAL DO
CONHECIMENTO: as estratégias da
Associação Agropastoril Quilombola
Rio das Rãs
INTRODUÇÃO
Este trabalho é fruto das indagações e inquietações das autoras com o tema da
agricultura familiar e seu fortalecimento. Foi realizada uma pesquisa anterior
sobre o estudo das organizações da agricultura familiar, e assim, me veio a luz
para desenvolver este projeto, trazer a temática da gestão estratégica para o for-
talecimento da agricultura familiar, através das associações.
Os que conhecem as comunidades quilombolas sabem que em sua maioria
tem como base econômica a produção agropecuária familiar e, muitas vezes,
295
296 Aldineia Marques Rodrigues | Ivna Herbênia Silva Souza | Ana Maria Ferreira Menezes
AGRICULTURA FAMILIAR
A agricultura familiar está presente desde a origem dos primeiros agrupamentos
humanos. Entretanto, este termo só passou a ser utilizado no meio acadêmico
a partir da década de 1990, uma vez que até esse período essa categoria era de-
nominada de “pequeno produtor”, “produtor de subsistência” ou “produtor de
baixa renda”. Segundo Schneider (1999 apud CHALITA, 2004, p. 38), “o tema
da agricultura familiar só toma forma na academia como objeto de investigação
específico a partir de meados dos anos 1990, uma vez que os estudos anteriores
se centravam ora na produção camponesa, ora na pequena produção”.
O desenvolvimento da agricultura familiar no Brasil está ligado, principal-
mente, à possibilidade de o agricultor conseguir aumentar a produtividade,
ter acesso a canais de comercialização e a financiamentos que possam permitir
[...] deve-se levar em conta, porém, que o mesmo Estado que atualmente
delimita a agricultura familiar em busca de inseri-la no mercado foi o que
no passado a renegava e atualmente apenas a considera parcialmente,
pois ainda não é possível concordar que a agricultura familiar passa a
ser prioridade do Estado, embora esta seja uma categoria social que
ganhou significativa expressividade nos últimos anos.
298 Aldineia Marques Rodrigues | Ivna Herbênia Silva Souza | Ana Maria Ferreira Menezes
1 Foi realizado censo agropecuário em 2017, no entanto, os dados ainda são preliminares. Por isso, não
foram utilizados nesta pesquisa.
300 Aldineia Marques Rodrigues | Ivna Herbênia Silva Souza | Ana Maria Ferreira Menezes
302 Aldineia Marques Rodrigues | Ivna Herbênia Silva Souza | Ana Maria Ferreira Menezes
304 Aldineia Marques Rodrigues | Ivna Herbênia Silva Souza | Ana Maria Ferreira Menezes
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa foi realizada com 20 moradores da comunidade, sendo estes, oito
componentes da diretoria e 12 associados. Os associados foram escolhidos a par-
tir da ata, utilizando o critério de acessibilidade e frequência nas reuniões. Dos
componentes da diretoria, estavam presentes o atual presidente, o vice-presi-
dente, o primeiro tesoureiro, a secretária, dois representantes do conselho fiscal
e o presidente da gestão anterior. Participaram da pesquisa sete mulheres e 13
Conforme é descrito na Cartilha Senar (2011, p. 31), “para que uma associa-
ção exista formalmente é necessário que um pequeno grupo de pessoas assuma
as primeiras providências”. E foi exatamente o que aconteceu com a associação
pesquisada. A motivação de um grupo de pessoas em criar uma associação acon-
tece a partir da percepção dos diversos benefícios que só poderão ser alcançados
através da cooperação.
Dessa forma, pode-se observar que os participantes se sentem motivados
a participar da associação por várias razões, mas o desejo de contribuir com a
comunidade se destaca. Quando perguntados a respeito de quanto tempo es-
tão associados, a maioria dos participantes apontaram serem associados desde
a constituição da associação, o que permite deduzir que eles acreditaram na
criação da associação para o desenvolvimento da comunidade desde o início.
Após a fundação da associação, vários benefícios foram conquistados propor-
cionando o desenvolvimento da comunidade. Conforme relato dos participantes,
306 Aldineia Marques Rodrigues | Ivna Herbênia Silva Souza | Ana Maria Ferreira Menezes
Assim, ‘pra’ (sic) mim, é é sim, a primeira conquista que foi no meu tempo
foi a terra né, porque terra, a titulação, regularização, delimitação da
terra foi a principal chave. Em segundo, também vem esse posto de ‘saúdo’
(sic) [...] depois veio a energia, a água também porque aqui, a gente, na
verdade naquele tempo, a gente bebia a água de cacimba, tomava ‘banhe’
(sic) na cacimba, e aí ‘vei’ (sic) a água ‘pra’ (sic) comunidade [...] uma das
marcante foi a energia [...]. (Entrevista, Vice-presidente – 03/03/2019)
[...] bastante avanço ‘tamém’ (sic) que teve aqui pra gente, foi a ‘questã’
(sic) do gado né, que ‘poca’ (sic) gente tinha gado né, e hoje a maior, todo
todo mundo que recebeu foi, associado recebeu o gado né, hoje ne todo
mundo que tem né, mas recebeu, todo mundo recebeu o gado, um grande
avanço ‘tamém’ (sic) né, que todo mundo teve a possibilidade de ter um
gado. (Entrevista, Tesoureiro – 03/03/2019)
308 Aldineia Marques Rodrigues | Ivna Herbênia Silva Souza | Ana Maria Ferreira Menezes
[...]é as roças aqui estão muito ‘divagar’, com esse tempo seco aí (sic),
que você conhece muito bem, o povo fica ‘disanimando’ ‘pra’ ‘prantar’,
a associação não pode fazer muita coisa. Mas temos procurado ajuda,
entendeu, pra ver se traz um técnico ‘pra cá’, é difícil, mas ‘tamos ten-
tando’ [...]. (Entrevista, Vice-presidente – 03/03/2019)
[...] tem muita gente ée que eles ‘intedeu’ (sic) que a associação é impor-
tante na hora da necessidade maior, entendeu, hoje em dia quando
fala ‘runião’ (sic), todo mundo quando não assina a ata, ele não sai da
‘runião’(sic) [...]. (Entrevista, Tesoureiro – 03/03/2019)
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312 Aldineia Marques Rodrigues | Ivna Herbênia Silva Souza | Ana Maria Ferreira Menezes
CONCLUSÃO
As estratégias de gestão das associações são baseadas na gestão participativa e
autogestão. Analisar essas estratégias contribui para compreensão do que tem
sido construído na prática comparado com os manuais sobre gestão. O desen-
volvimento do presente estudo teve como objetivo analisar como tem sido cons-
truída e materializada a gestão da Associação Rural Agropastoril Quilombola
Rio das Rãs, os desafios enfrentados para geri-la, e as características comporta-
mentais dos associados que favorecem ou dificultam no seu desenvolvimento.
A partir da pesquisa, foi possível identificar que essa associação realiza
uma gestão democrática participativa, em que os associados têm voz nas de-
cisões e estas são tomadas em conjunto. Porém, a associação enfrentou e vem
enfrentando diversos desafios, dentre eles: a falta de uma sede própria; a falta
de equipamentos; falta de capacitação dos gestores e dos associados; o não pa-
gamento da taxa de contribuição; a falta de participação efetiva nas reuniões;
individualismo; favorecimento próprio; entre outros. Esses desafios tornam-se
empecilhos no desenvolvimento da associação.
Foram identificadas nos associados características que favorecem o desenvol-
vimento da associação como: comparecer às reuniões, ouvir os outros, realizar
parcerias com outras entidades, participação consciente e defesa na decisão da
maioria, ainda que haja divergências. E as que dificultam foram: não expor suas
ideias durante as discussões, não debater sobre opiniões dos demais associados,
reclamar do que foi deliberado pelo grupo, recusar assumir tarefas e obriga-
ções em prol da coletividade, contribuir somente em benefício próprio, falta
314 Aldineia Marques Rodrigues | Ivna Herbênia Silva Souza | Ana Maria Ferreira Menezes
REFERÊNCIAS
ALTAFIN, I. Reflexões sobre o conceito de Agricultura Familiar. Enfoc, [s. l.],
2007. Disponível em: http://www.enfoc.org.br/system/arquivos/documentos/70/
f1282reflexoes-sobre-o-conceito-de-agricultura-familiar---iara-altafin---2007.pdf.
Acesso em: 23 out. 2018.
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brasileira e as particularidades do semiárido. Revista Econômica do Nordeste,
Fortaleza, v. 45, p. 143-156, 2014. Supl. esp. Disponível em: https://www.bnb.gov.br/
documents/80223/205365/ren_2014_11_amilcar_v2.pdf/2194435e-8a71-4103-9912-
508491cd7898. Acesso em: 23 fev. 2019.
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organizações não governamentais. Florianópolis: Tribo da Ilha, 2013. p. 131-152.
Disponível em: http://www.institutofonte.org.br/sites/default/files/Livro%20
Gest%C3%A3o%20Para%20Organiza%C3%A7%C3%B5es%20N%C3%A3o%20
Governamentais%20-%202013.pdf. Acesso em: 15 maio 2018.
BATALHA, M. O.; BUAINAIN, A. M.; SOUZA FILHO, H. M. Tecnologia de gestão
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palestra/12/02O122.pdf. Acesso em: 4 fev. 2019.
BATALHA, M. O. (coord.). Gestão agroindustrial. São Paulo: Atlas, 2001.
316 Aldineia Marques Rodrigues | Ivna Herbênia Silva Souza | Ana Maria Ferreira Menezes
318 Aldineia Marques Rodrigues | Ivna Herbênia Silva Souza | Ana Maria Ferreira Menezes
PROMOÇÃO DA SAÚDE E DA
SUSTENTABILIDADE COM A
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAS
SOCIAIS PARA GRUPOS VULNERÁVEIS
NO MUNICÍPIO DE BIRITINGA (BA)
INTRODUÇÃO
A sustentabilidade social caracteriza-se pela busca da melhoria da qualidade de
vida da população e equidade na distribuição de renda. De acordo com Martins
e demais autores (2019), o conceito de sustentabilidade remete ao conceito de
tecnologias sociais, entendendo-a como saberes populares e científicos aplica-
dos com a finalidade de buscar soluções para problemas sociais, como reduzir
a fome, enfrentados no cotidiano e, assim, promover a emancipação social.
321
322 Clícia Maria de Jesus Benevides | Mariangela Vieira Lopes | Simone de Souza Montes | Antônio
Carlos dos Santos Souza
REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção, foi realizado um levantamento bibliográfico e conceitual sobre se-
gurança alimentar e promoção da saúde; tecnologias sociais, sustentabilidade
e comunidades quilombolas para contextualizar, relacionar e orientar as ativi-
dades realizadas no desenvolvimento das atividades nas escolas municipais e
comunidade quilombola Vila Nova de Biritinga (BA).
324 Clícia Maria de Jesus Benevides | Mariangela Vieira Lopes | Simone de Souza Montes | Antônio
Carlos dos Santos Souza
COMUNIDADES QUILOMBOLAS
Segundo o Decreto nº 4887/2003, comunidades quilombolas são grupos étnico-
-raciais segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria
dotada de relações territoriais específicas com presunção de ancestralidade
negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida. Por força des-
se Decreto, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) é a
autarquia competente na esfera federal pela titulação dos territórios quilom-
bolas. (INCRA, 2019) As terras ocupadas por remanescentes das comunidades
dos quilombos são aquelas utilizadas para a garantia de sua reprodução física,
social, econômica e cultural. Como parte de uma reparação histórica, a política
de regularização fundiária de Territórios Quilombolas é de suma importância
para a dignidade e garantia da continuidade desses grupos étnicos.
Segundo o Instituto Nacional do Semiárido (INSA), no Brasil, em 2014,
existiam cerca de 3.500 comunidades quilombolas. Destas, pouco mais de 2
mil eram reconhecidas oficialmente, e somente 60 delas conquistaram a posse
da terra, sendo que metade das comunidades quilombolas está localizada na
região Nordeste.
A realidade desses grupos étnicos, hoje, ainda carece de informações sis-
tematizadas que possam subsidiar políticas públicas que propiciem melhores
condições de vida à população remanescente. As comunidades quilombolas
localizam-se em 24 estados da federação, sendo a maior parte nos estados do
Maranhão, Bahia, Pará, Minas Gerais e Pernambuco. (BRASIL, 2003)
Atualmente, mesmo com o fim da escravidão, os negros continuam a lutar,
principalmente por condições favoráveis à sobrevivência, pois muitos herda-
ram a marginalização e a pobreza. Diversas comunidades quilombolas no Brasil
vivem à margem da sociedade, excluídas, sem acesso às políticas públicas, a in-
visibilidade continua impregnada nesses grupos sociais de forma persistente.
(SILVA; MIRA, 2016)
Para Duque e demais autores (2019), no Brasil, quilombo é um conceito que
foi sendo modificado ao longo da perspectiva sociopolítica, econômica, cultural
326 Clícia Maria de Jesus Benevides | Mariangela Vieira Lopes | Simone de Souza Montes | Antônio
Carlos dos Santos Souza
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A atividade desenvolvida foi caracterizada como pesquisa-ação. De acordo com
Severino (2007), a pesquisa-ação é aquela que tem a intenção de modificar a
328 Clícia Maria de Jesus Benevides | Mariangela Vieira Lopes | Simone de Souza Montes | Antônio
Carlos dos Santos Souza
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O questionamento levantado neste trabalho “como a transferência de tecnologias
sociais pode contribuir para melhorar a segurança alimentar de comunidades
vulneráveis?” nos levou a desenvolver um trabalho de extensão de pesquisa-ação,
baseado no caráter exploratório e descritivo envolvendo três etapas.
Na 1ª etapa, durante as visitas técnicas realizadas no município de Biritinga
(BA), nos reunimos com representantes das Secretarias da Ação Social e da
Educação, e obtivemos informações das ações de políticas públicas desenvolvi-
das no município no que se refere à merenda escolar (cardápio, aquisição dos
produtos alimentícios); a existência de comunidades quilombolas na região;
como viviam essas comunidades (trabalho e renda, alimentação, saúde, sanea-
mento básico, dentre outros). Nesse momento, foram obtidos dados que nos
deram suporte para a elaboração de um diagnóstico da segurança alimentar
envolvendo o público em estudo (alunos de escolas públicas do ensino funda-
mental e as comunidades quilombolas).
Segundo Camozzi e demais autores (2015), as atividades promotoras da
alimentação saudável na escola estão restritas à abordagem de conteúdo espe-
cífico pelos professores e modificações feitas no cardápio visando aumentar
a aceitação das preparações. Os autores sugerem mudanças na formação des-
ses atores, tornando-os ativos na PAS – políticas de promoção da alimentação
saudável – no espaço escolar. Nesse contexto, o Programa Nacional de Alimentação
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Carlos dos Santos Souza
CONCLUSÕES
Diante do exposto, conclui-se que o estudo mostrou um cenário de desafios,
fragilidades, limitações físicas, estruturais e de políticas públicas junto às co-
munidades quilombolas. Nesse sentido, a incorporação de perspectivas dos
diferentes atores pode constituir uma importante ferramenta para a operacio-
nalização de ações que possam contribuir para a segurança alimentar e susten-
tabilidade dessa população.
A utilização de programas, de forma ampliada e efetiva, com redução das
exigências excessivamente burocráticas pelos governos, nas três esferas, por
meio de leis, decretos, portarias entre outros, pode se configurar em importantes
instrumentos de controle, participação e responsabilização social, auxiliando
na geração de emprego e renda de forma sustentável nos diferentes contextos
REFERÊNCIAS
BEZERRA, J. A. B. Alimentação e escola: significados e implicações curriculares da
merenda escolar. Revista Brasileira Educação, Campinas, v. 14, n. 40, p. 103-15, 2009.
BOLETIM INFORMATIVO. Brasília, DF: Instituto Nacional do Semiárido Comunidades
Quilombolas, ano 2, n. 15, 12 dez. 2014.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Acesso em:
25 set. 2019.
BRASIL. Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003. Demarcação e titulação das
terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos. Diário Oficial
da União: seção 1, Brasília, DF, ano 140, n. 227, p. 1-2, 21 nov. 2003. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/D4887.htm. Acesso em: 23 set.
2019.
BRASIL. Lei n° 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o direito
humano à alimentação adequada e dá outras providências. Diário Oficial da União:
seção 1, Brasília, DF, ano 143, n. 179, p. 1-2, 18 set. 2006a. Lei Orgânica de Segurança
Alimentar e Nutricional.
BRASIL. Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da
alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da
educação básica. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 147, n. 113,
17 jun. 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/lei/l11947.htm. Acesso em: 25 set. 2019.
BRASIL. Ministério da Cultura. Fundação Cultural Palmares. Portaria nº 98 de 26 de
novembro de 2007. Institui o Cadastro Geral de Remanescentes das Comunidades
334 Clícia Maria de Jesus Benevides | Mariangela Vieira Lopes | Simone de Souza Montes | Antônio
Carlos dos Santos Souza
336 Clícia Maria de Jesus Benevides | Mariangela Vieira Lopes | Simone de Souza Montes | Antônio
Carlos dos Santos Souza
AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E
COMPLEMENTARES DE SAÚDE À
LUZ DA GESTÃO E DA DIFUSÃO
DO CONHECIMENTO
INTRODUÇÃO
A saúde é um dos fatores determinantes para a boa qualidade de vida da
pessoa. Falar em saúde é falar do ser humano na sua totalidade e universa-
lidade. O acesso às ações de saúde, à rede hospitalar, exames e outros itens,
nem sempre quer dizer que se tem boa saúde, todavia, são ferramentas
fundamentais para o monitoramento e prevenção de doenças. Contudo, o
conceito de saúde, de acordo com a World Health Organization (WHO),1
339
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348 Simone de Souza Montes | Stella Renathe Tolentino Silva Souza | Maria Raidalva Nery Barreto
CONCLUSÃO
As PICS têm trazido inúmeros benefícios na melhoria das condições de saúde
e vida dos seus adeptos – usuários, profissionais e gestores –, com reflexos sig-
nificativos nas práticas em saúde vivenciadas no SUS. Trata-se de tratamentos
baseados na medicina tradicional, apoiados em uma visão holística do cuidado,
com vistas ao equilíbrio e a harmonia do organismo – mente e corpo.
Dessa forma, atua de forma complementar ao tratamento convencional de-
vendo, portanto, serem utilizadas em conjunto a medicina ocidental, no lócus
da assistência médica, nos serviços dos diferentes níveis de atenção em saúde.
Além disso, serem seus conhecimentos valorizados e a comunicação entre os
diferentes serviços e seus praticantes aprimorada.
O Brasil, nesse contexto, tem se destacado no cenário internacional como
referência na área de práticas integrativas e complementares, especialmente no
campo da atenção básica, sob a perspectiva da valorização de tecnologias diver-
sas nas ações de prevenção e promoção à saúde.
Desse modo, as experiências brasileiras, referenciadas nos relatórios da OMS,
aliadas às crescentes ofertas e demandas pelas PICS, relatadas neste capítulo,
reafirmam o potencial dessas práticas no cuidado da saúde da população e na
melhoria da saúde pública brasileira. Permanecem, no entanto, desafios a serem
superados como uma melhor ampliação do acesso em todo o território nacional,
do financiamento na esfera tripartite e as mudanças pertinentes na legislação,
bem como a melhoria dos mecanismos da sua gestão e difusão do conhecimento.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. V.; NORONHA, K.; SÁ, E. B. et al. Desafios do sistema de saúde
brasileiro. In: DE NEGRI, J. A.; ARAÚJO, B. C.; BACELETTE, R. (org.). Desafios da
nação: artigos de apoio. Brasília, DF: IPEA, 2018. v. 2, p. 357-414.
BELO HORIZONTE. Boletim do PRHOAMA – Programa de Homeopatia,
Acupuntura e Medicina Antroposófica. Belo Horizonte: Secretaria Municipal de
350 Simone de Souza Montes | Stella Renathe Tolentino Silva Souza | Maria Raidalva Nery Barreto
352 Simone de Souza Montes | Stella Renathe Tolentino Silva Souza | Maria Raidalva Nery Barreto
INTRODUÇÃO
A educação em saúde passou por diversas mudanças em sua concepção desde
o século XX até os dias atuais, perpassando por um modelo totalmente auto-
ritário e bancário até chegar à abordagem atual, na qual há interação entre os
indivíduos envolvidos, buscando troca de experiências, aprendizado e reflexão
a respeito de suas condições de vida, capacitando-os para decidir quais os hábi-
tos mais saudáveis para seu bem-estar. (BRASIL, 2006)
A partir da década de 1980, a educação em saúde tornou-se mais efetiva no
Brasil, como é observado nas Escolas Promotoras de Saúde (EPS), fortalecendo
o papel social da escola na promoção de hábitos saudáveis; e também por meio
353
CONCLUSÃO
No presente texto, buscou-se refletir sobre educação em saúde, a partir de uma
análise sobre o PSE. Assim, verificou-se que não se pode abordar a referida te-
mática sem compreender sua dimensão e caráter complexo, pois, representa um
desafio para os profissionais das duas áreas envolvidas, considerando a dimensão
do trabalho que precisa ser implementado, bem como da necessidade do desen-
volvimento e/ou fortalecimento de uma rede colaborativa em educação e saúde.
A educação em saúde é uma ferramenta promotora de saúde e qualidade
de vida para os sujeitos. Entretanto, as dificuldades encontradas para efetivação
da rede colaborativa entre escola e unidade de saúde têm se constituído como
REFERÊNCIAS
ALVES, G. G.; AERTS, D. As práticas educativas em saúde e a estratégia saúde da
família. Ciência Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 1, p. 319-325, 2011.
ALVES, V. S. Um modelo de educação em saúde para o Programa Saúde da Família:
pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface:
comunicação, saúde, educação, Botucatu, v. 9, n. 16, p. 39-52, 2004.
BASTOS, N. C. B.; SILVA, O. J. Programas educativos nas Unidades sanitárias do
Serviço Especial de Saúde Pública. Revista do Serviço Especial de Saúde Pública,
Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 219-284, 1953.
APRENDIZAGEM COLABORATIVA A
PARTIR DE UMA FERRAMENTA DE
JOGOS EMPRESARIAIS: um estudo
de caso da disciplina Simulação
Empresarial
INTRODUÇÃO
É notório que devido à complexidade de atuação profissional num mercado
cada vez mais exigente e que anseia por um perfil mais completo, universidades
têm buscado revisar seus componentes curriculares de tal forma que possam
contemplar não apenas competências essencialmente técnicas, mas também
competências transversais, desenvolvidas durante a formação acadêmica. Ao
mencionar competências transversais, Ceitil (2010) as diferencia de competên-
cias específicas declarando que as primeiras dizem respeito àquelas que não são
contextuais e que são transferíveis a diferentes contextos, enquanto as específi-
cas são associadas a uma determinada função, profissão ou emprego.
371
APRENDIZAGEM COLABORATIVA
A aprendizagem colaborativa fomenta a aprendizagem na medida em que ela é
considerada uma metodologia, na qual, por meio do trabalho em grupo e pela
372 João Paulo dos Santos Simplício | Maria Inês Corrêa Marques
374 João Paulo dos Santos Simplício | Maria Inês Corrêa Marques
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O método utilizado na pesquisa possui uma abordagem quali-quantitativa
de natureza aplicada quanto aos objetivos, pois foi realizada por meio de um
376 João Paulo dos Santos Simplício | Maria Inês Corrêa Marques
RESULTADOS
Nosso ponto de partida para a análise dos dados obtidos através da aplicação
do questionário on-line consistiu em agrupar as respostas em três blocos. Do
total de 115 discentes, somando-se as três turmas de Simulação Empresarial, o
quantitativo de respondentes foi de 76, equivalente a 66,08%.
Classificamos o primeiro bloco como o conjunto de perguntas relacionadas
à disciplina Simulação Empresarial em si, explorando não apenas a sua carga
horária, mas também o manuseio da ferramenta de simulação. Ao questionar
sobre a carga horária presencial da disciplina que corresponde a 50 minutos
de aula, a maioria optou entre “insuficiente, mas atende ao principal objetivo
da disciplina” e “satisfatória”, com 46,05% e 39,47%, respectivamente. Dando
continuidade, perguntamos como os discentes avaliariam o processo de apren-
dizagem a partir do simulador utilizado na disciplina e 75% dos respondentes
apontaram de ser fácil o processo, pois conseguiram assimilar o conhecimento
adquirido ao longo do curso com as situações propostas. No entanto, é válido
observar que a maior parte da disciplina acontece de forma virtual, proporcio-
nada pelo simulador.
A maioria também, 77,63% dos respondentes, disse ter sido relevante o pe-
ríodo de testes no simulador utilizado, pois a prática fornecia outras variáveis
não previstas no Manual dos diretores do ambiente de Simulação Empresarial.
No segundo bloco, concentramos os questionamentos relacionados à
aprendizagem individual a partir das análises e discussões realizadas em
grupo acerca das situações e/ou problemas apresentados pelo ambiente de
simulação. Apesar de 36,84% dos respondentes apontarem que a interação
entre os membros da equipe foi fundamental para a aprendizagem indivi-
dual, conforme a Figura 1, observamos que não há uma concentração numa
única alternativa. Isso nos permite ratificar que a aprendizagem individual é
própria e depende do quanto o aprendiz consegue se envolver com o grupo,
e nos possibilita apontar que o indivíduo em si contribui ou não para a apren-
dizagem colaborativa.
Apesar da disciplina ter uma carga horária pequena, foi possível com-
preender o que a disciplina quis passar através do jogo. Com o simulare,
consegui compreender como de fato a empresa funciona na prática,
como são realizadas as estratégias utilizadas para a tomada de decisão.
(Respondente 75)
1 Ver: https://www.surveymonkey.com.
378 João Paulo dos Santos Simplício | Maria Inês Corrêa Marques
A partir das respostas e das ações observadas, ainda que houvesse alguns
casos pontuais de não colaboração em grupo, a maioria demonstrou que as
discussões tecidas entre os membros da equipe fomentaram a aprendizagem
individual de cada componente.
No terceiro e último bloco, foi possível perceber não apenas através do
questionário, mas também da observação direta que os discentes conseguiram
identificar outros componentes curriculares do curso, conforme Figura 2, na
página seguinte. Para esse questionamento, cada respondente poderia indicar
mais de uma opção.
A partir desse resultado, ao realizar uma análise documental, identificamos
uma convergência entre o manual dos diretores – papéis definidos no ambiente
de simulação, e os componentes apontados pelos respondentes.
380 João Paulo dos Santos Simplício | Maria Inês Corrêa Marques
CONCLUSÃO
Foram coletados dados a partir de um feedback de estudantes do bacharelado
em Administração de uma instituição privada de ensino superior, dos quais obte-
mos informações referentes à contribuição da disciplina Simulação Empresarial
no âmbito da aprendizagem colaborativa através de uma ferramenta tecnoló-
gica que simulasse uma realidade de mercado. Embora tenha sido identificado
que para alguns discentes a dinâmica de grupo e a utilização do simulador não
contribuíram para sua aprendizagem individual, a maioria apontou como uma
experiência enriquecedora.
Ao investigar como se dá a aprendizagem individual a partir da aprendiza-
gem coletiva proporcionada pelo referido ambiente, ficou evidenciado a com-
provação da hipótese, pois a principal contribuição da aprendizagem colabora-
tiva é a sinergia criada entre indivíduos que pensam diferente, a vivência desse
processo e a construção de um produto que somente pode ser alcançado com
a contribuição de todos os participantes, que se configuram como aprendizes.
REFERÊNCIAS
BERNARSKI, E.; ZYCH, A. Aprendizagem colaborativa aplicada numa sala
de recursos. Dia à Dia Educação, Curitiba, 2008. Disponível em: http://www.
diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2052-8.pdf. Acesso em: 19 ago.
2019.
BRASIL. Resolução nº 4, de 13 de julho de 2005. Institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais do Curso de Graduação em Administração, bacharelado, e dá outras
providências. Brasília, DF: Conselho Nacional de Educação: Câmara de Educação
Superior, 2005.
CEITIL, M. Gestão e desenvolvimento de competências. Lisboa: Sílabo, 2010.
COSTA, R. A. T.; PASTANA, S. T. G. Jogos de empresas simulados como ferramenta
de formação de empreendedores. Revista de Administração Geral, Macapá, v. 1, n. 1,
p. 1-22, 2015.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996.
SILVA, S. S.; OLIVEIRA, M. A.; MOTTA, G. S. Jogos de empresas e método do
caso: contribuições ao processo de ensino e aprendizagem em administração.
Administração: ensino e pesquisa, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, p. 677-705, 2013.
382 João Paulo dos Santos Simplício | Maria Inês Corrêa Marques
DESENVOLVIMENTO DE UMA
PERSPECTIVA DE EDUCAÇÃO BASEADA
NO TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA
INTRODUÇÃO
Baseado no estudo realizado no ano de 2019 o presente capítulo tem como fina-
lidade refletir sobre as primeiras ações referentes à proposta de pesquisa baseada
em uma proposta didática baseada no ensino de História e Geografia implicado
com a experiência prática da comunidade do antigo quilombo do Cabula para
a mobilização do TBC nas unidades municipais localizadas na região.
O Cabula é um território marcado por uma grande migração da população
de afrodescendentes ao longo dos séculos XVIII e XIX. Estas migrações ocor-
reram em razão da fuga de mulheres e homens negros e mestiços, contra o sis-
tema escravagista senhorial, que dominava a sociedade à época. Como forma
de resistência produziram um quilombo nas redondezas, que por sua vez seria
destruído pelas forças de opressão senhorial. (MARTINS, 2018)
385
386 Eudes Mata Vidal | Francisca de Paula da Silva Santos | Alfredo Eurico Rodrigues Matta
388 Eudes Mata Vidal | Francisca de Paula da Silva Santos | Alfredo Eurico Rodrigues Matta
390 Eudes Mata Vidal | Francisca de Paula da Silva Santos | Alfredo Eurico Rodrigues Matta
392 Eudes Mata Vidal | Francisca de Paula da Silva Santos | Alfredo Eurico Rodrigues Matta
CONCLUSÃO
Finalizamos com uma projeção em demonstrar como as sequências didáticas
podem permitir aos alunos um olhar sensível para os temas abordados, promo-
vendo construção de roteiros, identificação e mapeamento de potenciais espaços
de visitação, valorização da gastronomia local e espaços naturais. Levar os alunos
a ter um contato direto e diferenciado com a realidade cotidiana. Dessa forma, o
professor e alunos, na relação pedagógica, também possuem níveis diferenciados
de compreensão da mesma prática social. Em princípio, o docente situa-se em
relação à realidade de maneira mais clara e mais sintética que os alunos.
Por sua vez, o estudante também tem uma compreensão de mundo, embora
não tão sistematizada e complexa quanto a dos professores e professoras que os
orientam. Contudo, isso não é impedimento para que suas observações e aná-
lises não encontrem espaço e momento para serem difundidas e valorizadas,
quando necessário. Os estudantes também são sujeitos históricos, que atuam
no tempo e em espaços determinados, tal como a rua, o bairro e a cidade em
que vivem. Mediante a isso, o TBC pode ser um elemento provocador, aliado
ao ensino de história e geografia para os anos iniciais, capaz de aliar uma pers-
pectiva de ação na escola.
Entendemos que na construção das sequências didáticas, uma vez que
utilizamos o método dialético de construção do conhecimento escolar, utili-
zaremos além da contextualidade, que parte da reflexão sobre a prática social
numa perspectiva de compreensão das multidimensões da totalidade das suas
REFERÊNCIAS
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
GASPARIN, J. L. Uma didática para aprendizagem histórico-crítica. [S. l.]: Autores
associados, 2012.
MARTINS, L. C. A. História pública do Quilombo Cabula: representações de
resistência em museu virtual 3D aplicada a mobilização do turismo de base
comunitária. 2017. Tese (Doutorado em Difusão Social do Conhecimento) –
Pós-Graduação Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento,
Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2017.
NICOLIN, J. S. Ecos que entoam uma mata africano-brasileira. Salvador: Edufba,
2014.
PLOMP, T.; NIEVEEN, N.; NONATO, E. (org.). Pesquisa-aplicação em educação: uma
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Cabula entorno. Salvador: EdUNEB, 2013.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Cortez, 1984.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Cortez, 1977.
394 Eudes Mata Vidal | Francisca de Paula da Silva Santos | Alfredo Eurico Rodrigues Matta
395
ANTONIO AMORIM
Pedagogo pela Faculdade Nove de Julho e graduação em Formação Especial em
Mecânica pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Mestre em Educação
(Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e
doutorado em Psicologia pela Universidade de Barcelona - Espanha (2003).
Realizou o pós-doutorado em Difusão do Conhecimento pelo Doutorado Inter-
istitucional e Multidisciplinar da Universidade Federal da Bahia (UFBA). É líder
do grupo de pesquisa Gestão, Organização, Tecnologia e Políticas Públicas em
Educação com registro no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq). É presidente da Rede Internacional de Pesquisa em
Educação (BRASILUEJA), que congrega mais de 20 grupos de pesquisa sediados
no Brasil e na Europa. Atualmente, é professor titular pleno da Universidade do
Estado da Bahia (UNEB), atuando no ensino de graduação e de pós-graduação
da universidade.
E-mail: antonioamorim52@gmail.com
ENEIDA SANTANA
Doutoranda pelo Programa de Doutoramento Multi-institucional e Multidisciplinar
em Difusão do Conhecimento. Mestrado em Ciência da Informação pela
Universidade Federal da Bahia (UFBA), especialização em Educação a Distância:
tecnologias Educacionais pelo Instituto Federal do Paraná (IFPR) e graduação
em Biblioteconomia e Documentação pela UFBA. Atualmente, é bibliotecária do
Instituto Federal da Bahia (IFBA), pesquisadora da formação docente, tecnologias
educacionais e práticas extensionistas e coordenadora de extensão no IFBA em
Camaçari Certificada nível 2 - Google For Education. É membro do Grupo de
Pesquisa Tecnologias Aplicadas à Educação e Saúde. Atua como colaboradora
HUGO SABA
Doutorado em Difusão do Conhecimento na Universidade Federal da Bahia
(UFBA), mestrado em Modelagem Computacional pela Fundação Visconde de
Cairu (FVC), especialização em Computação Científica pela FVC e graduação
em Processamento de Dados pela Faculdade Rui Barbosa, professor efetivo da
Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Tem experiência na área de Ciência
da Computação, atuando principalmente nos seguintes temas: modelagem
A
Abordagem 27, 37, 38, 40, 41, 75, 87, 97, 115, 154, 159, 171, 174, 179,
182, 183, 191, 202, 205, 211, 212, 226, 227, 245, 265, 291,
304, 311, 324, 330, 334, 341, 353, 354, 355, 357, 375, 390
Ação 30, 37, 38, 76, 77, 78, 82, 83, 85, 87, 95, 99, 109, 110, 123,
127, 132, 134, 135, 137, 138, 140, 147, 151, 152, 158, 176,
188, 194, 204, 206, 207, 215, 216, 217, 226, 232, 233, 234,
243, 245, 258, 269, 289, 291, 293, 299, 317, 325, 327, 328,
330, 341, 342, 343, 354, 364, 387, 388, 389, 390, 391, 393,
399
Agricultura 43, 151, 260, 272, 273, 274, 276, 280, 281, 286, 288, 289,
291, 292, 293, 295, 296, 297, 298, 299, 308, 309, 313, 314,
315, 316, 317, 318, 319, 322, 324, 328, 331, 336, 395, 403,
406, 407, 413, 418
Análise cognitiva 75, 77, 79, 80, 90, 91, 111, 112, 140
Aprendizagem 28, 30, 37, 42, 87, 90, 102, 112, 134, 140, 142, 174, 175,
179, 180, 181, 182, 183, 186, 188, 190, 193, 194, 195, 196,
198, 201, 204, 207, 210, 212, 289, 318, 331, 359, 364, 365,
366, 367, 372, 373, 374, 375, 376, 377, 378, 379, 380, 381,
382, 383, 387, 388, 389, 392, 394, 396, 400, 402, 405, 409,
411, 415, 416
Aquisição 37, 47, 102, 322, 330, 349, 365, 366, 367, 389
Associação 120, 121, 122, 126, 140, 144, 147, 152, 181, 227, 250, 295,
296, 297, 300, 301, 303, 304, 305, 306, 307, 308, 309, 311,
312, 313, 314, 315, 316, 317, 318, 319, 327, 328, 331, 332,
370, 401, 410, 413, 414
Ativismo digital 226, 227, 228, 229, 230, 236, 237, 238, 239, 240
Autonomia 30, 35, 39, 98, 102, 136, 180, 188, 190, 193, 204, 205, 208,
209, 212, 257, 259, 300, 322, 324, 325, 343, 345, 354, 355,
361, 365, 366, 394
Autoria 9, 56, 57, 198
419
C
Cérebro 30, 62, 63, 64, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 99
Ciberativismo 227, 228, 229, 236, 239, 240, 403
Cidadania 178, 218, 226, 233, 260, 266, 307, 322, 340, 343, 359, 362,
367
Ciência 33, 34, 35, 36, 43, 44, 45, 46, 49, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62,
63, 64, 65, 66, 67, 68, 70, 71, 85, 90, 91, 93, 94, 95, 96, 97,
98, 99, 101, 102, 103, 112, 129, 134, 138, 141, 145, 146,
148, 149, 150, 154, 158, 160, 178, 183, 202, 212, 217, 223,
238, 239, 240, 251, 254, 277, 281, 282, 351, 368, 369, 370,
395, 396, 397, 399, 403, 404, 410, 411, 412, 414, 416, 417
Cognição 37, 38, 39, 41, 78, 80, 106, 111, 144, 147, 194, 352, 388, 407
Colaboração 90, 152, 159, 167, 180, 182, 186, 190, 194, 202, 205, 208,
210, 211, 218, 221, 222, 344, 373, 379, 380, 382, 389, 390,
391
Complexidade 28, 41, 67, 75, 78, 87, 93, 94, 95, 97, 99, 100, 101, 102, 103,
104, 111, 137, 143, 144, 145, 146, 147, 150, 152, 154, 170,
203, 207, 209, 212, 219, 258, 270, 289, 347, 371, 372, 383,
399
Comunicação 36, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 57, 58, 59, 60,
83, 102, 118, 119, 120, 121, 126, 140, 142, 144, 145, 161,
168, 171, 182, 187, 189, 190, 206, 209, 213, 214, 216, 217,
218, 219, 220, 222, 223, 224, 225, 227, 229, 232, 236, 237,
239, 293, 313, 342, 350, 368, 375, 398, 403, 413, 417
Comunidade 27, 28, 44, 46, 48, 57, 60, 62, 65, 68, 135, 142, 143, 151, 152,
160, 170, 216, 220, 221, 223, 255, 265, 269, 296, 300, 301,
305, 306, 307, 308, 309, 312, 313, 314, 322, 323, 327, 328,
329, 330, 331, 332, 334, 336, 354, 355, 358, 359, 360, 361,
362, 363, 365, 368, 370, 385, 386, 387, 389, 390, 391, 392,
405
420
D
Desenvolvimento 28, 29, 30, 31, 37, 44, 45, 46, 51, 55, 56, 57, 59, 69, 74, 77,
78, 79, 81, 82, 86, 87, 90, 120, 122, 142, 145, 148, 149, 150,
151, 152, 153, 154, 167, 168, 174, 175, 176, 179, 185, 186,
188, 189, 191, 194, 195, 196, 198, 206, 211, 215, 229, 235,
239, 242, 249, 251, 255, 256, 257, 258, 265, 277, 281, 285,
287, 289, 290, 291, 296, 297, 299, 300, 301, 302, 304, 306,
308, 312, 313, 314, 315, 316, 317, 318, 322, 323, 324, 325,
329, 333, 334, 335, 342, 344, 346, 347, 352, 362, 363, 364,
365, 366, 367, 369, 372, 373, 382, 387, 388, 389, 390, 391,
392, 396, 397, 400, 402, 403, 404, 406, 407, 408, 409, 411,
415, 417, 418
Diálogo 28, 29, 36, 42, 54, 89, 90, 93, 99, 130, 131, 133, 147, 176,
182, 201, 203, 204, 205, 206, 207, 209, 211, 215, 217, 218,
220, 237, 252, 256, 265, 269, 290, 329, 355, 359, 364, 366,
368, 382, 391
421
E
Economia solidária 142, 151, 153, 154, 317, 325, 335
Educação 30, 31, 42, 54, 57, 90, 91, 100, 101, 102, 103, 112, 128, 139,
140, 147, 154, 183, 185, 186, 187, 188, 189, 191, 192, 196,
197, 198, 199, 202, 206, 211, 212, 213, 214, 215, 217, 218,
219, 222, 223, 224, 227, 233, 238, 239, 240, 260, 266, 300,
313, 317, 322, 324, 328, 330, 331, 333, 334, 335, 336, 340,
342, 343, 344, 351, 352, 353, 354, 355, 356, 357, 358, 359,
360, 361, 362, 363, 364, 365, 366, 367, 368, 369, 370, 372,
382, 387, 388, 389, 390, 394, 395, 396, 397, 398, 399, 400,
401, 402, 403, 404, 406, 407, 408, 409, 410, 411, 412, 414,
415, 416, 417, 418
Educador 173, 174, 175, 176, 177, 178, 179, 180, 181, 182, 190, 204,
206, 365, 366, 388, 391
Epistemologia 31, 35, 40, 62, 75, 78, 88, 93, 95, 100, 102, 103, 105, 110,
112, 129, 130, 136, 139, 140, 141, 142, 143, 144, 145, 147,
149, 150, 152, 153, 183, 198, 202, 203, 204, 218, 219, 220,
399, 401, 413
Escola 30, 55, 134, 140, 154, 157, 171, 176, 183, 187, 198, 211,
234, 237, 238, 254, 261, 318, 324, 325, 328, 329, 330, 332,
334, 335, 353, 354, 358, 359, 361, 362, 363, 364, 365, 366,
367, 368, 369, 389, 391, 393, 404, 405, 407, 411
Estratégia 118, 138, 154, 177, 181, 196, 226, 237, 247, 278, 302, 303,
322, 346, 357, 360, 367, 368, 369, 374
Experiência 27, 29, 31, 33, 34, 35, 37, 41, 59, 63, 66, 69, 82, 90, 106, 108,
111, 117, 118, 124, 127, 145, 147, 151, 153, 180, 203, 205,
206, 215, 217, 218, 236, 323, 333, 341, 344, 352, 378, 379,
380, 381, 385, 389, 390, 391, 395, 397, 398, 399, 400, 402,
403, 404, 405, 406, 408, 409, 410, 413, 416, 418
422
G
Gestão 28, 32, 90, 112, 140, 141, 142, 143, 148, 151, 152, 154, 164,
214, 223, 225, 236, 238, 242, 243, 244, 245, 247, 248, 249,
250, 251, 252, 253, 254, 255, 256, 257, 258, 259, 261, 295,
296, 297, 300, 301, 303, 304, 305, 309, 310, 311, 312, 313,
314, 315, 316, 317, 318, 319, 333, 335, 340, 341, 342, 348,
349, 350, 351, 352, 362, 374, 382, 396, 397, 398, 399, 401,
402, 403, 404, 405, 407, 409, 411, 412, 414, 417
Globalização 258
Grafos 160, 161, 163, 164, 166, 170, 171, 267
H
Hortaliças 271, 281, 282, 285
Humano 29, 30, 37, 39, 42, 63, 73, 74, 77, 80, 83, 86, 99, 100, 107,
108, 109, 118, 131, 142, 145, 147, 150, 190, 194, 195, 198,
208, 216, 273, 299, 323, 334, 337, 339, 354, 387, 409
I
Identidade 58, 94, 100, 101, 108, 110, 119, 120, 132, 152, 160, 191,
196, 280, 317, 327, 336, 415
Informação 27, 28, 29, 30, 32, 38, 39, 41, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52,
53, 54, 57, 58, 59, 60, 80, 83, 91, 98, 101, 121, 161, 162,
171, 173, 174, 175, 176, 177, 178, 179, 180, 181, 182, 183,
423
J
Jogos 233, 372, 374, 375, 376, 379, 382, 405, 416
Juventudes 229, 236, 239, 240, 403
L
Linguagem 43, 52, 60, 100, 105, 106, 108, 109, 110, 121, 135, 138, 140,
144, 147, 176, 177, 179, 186, 193, 194, 195, 199, 206, 207,
216, 217, 219, 224, 304, 394, 396, 399, 413
M
Memória 38, 52, 63, 101, 106, 107, 109, 110, 111, 115, 116, 138, 191,
192, 327, 336, 393
Mente 33, 37, 62, 63, 64, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 99, 106, 110, 111,
122, 123, 350, 394
Metodologias colaborativas 201, 202, 204, 205, 211
424
N
Neurociência 63, 64, 66, 70, 406
Nutrição 272, 281, 282, 283, 322, 323, 324, 336, 398, 399, 406, 408,
411, 416
O
Ontológico 36, 40, 135
P
Paradigma 27, 37, 38, 39, 40, 59, 62, 63, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 74, 76,
81, 87, 96, 133, 152, 188, 192, 209, 243, 244
Participação política 225, 226, 227, 228, 229, 230, 231, 232, 233, 234, 235, 236,
237, 238, 239, 240, 401
Participação popular 245, 325, 345, 358, 362
Pensamento 29, 38, 40, 44, 64, 74, 75, 91, 93, 94, 97, 98, 99, 100, 101,
102, 103, 104, 105, 106, 109, 110, 112, 115, 116, 122, 123,
124, 125, 127, 130, 132, 133, 135, 136, 137, 138, 139, 143,
144, 145, 146, 147, 150, 152, 154, 176, 188, 189, 193, 194,
195, 199, 203, 205, 206, 207, 212, 217, 218, 224, 231, 233,
301, 303, 343, 367, 372, 373, 387, 390, 394
Pesquisa 27, 28, 29, 30, 31, 35, 36, 39, 40, 41, 42, 45, 46, 56, 59, 60,
63, 64, 65, 67, 71, 76, 77, 79, 80, 85, 87, 88, 94, 96, 104, 107,
425
R
Realidade 28, 36, 37, 69, 74, 75, 77, 78, 81, 87, 99, 100, 107, 108, 109,
110, 134, 144, 145, 146, 148, 152, 158, 179, 190, 197, 203,
207, 217, 221, 232, 235, 248, 255, 266, 290, 303, 304, 305,
314, 316, 319, 322, 324, 325, 326, 328, 331, 335, 340, 343,
346, 351, 359, 365, 366, 367, 374, 375, 381, 382, 388, 391,
392, 393
Redes 27, 30, 38, 52, 59, 64, 89, 91, 121, 142, 148, 158, 159, 160,
161, 163, 164, 166, 167, 170, 171, 172, 177, 189, 195, 198,
208, 211, 221, 223, 229, 234, 236, 237, 239, 265, 267, 268,
269, 270, 313, 335, 354, 383, 391, 400, 406, 416
Resultados 27, 31, 32, 39, 41, 45, 46, 47, 56, 62, 67, 70, 96, 109, 119,
122, 154, 159, 177, 186, 188, 190, 202, 214, 256, 257, 275,
277, 286, 291, 292, 303, 310, 311, 312, 334, 347, 348, 355,
373, 374, 379
S
Saber 27, 28, 29, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 40, 41, 42, 44, 64, 73,
77, 78, 89, 99, 102, 117, 125, 134, 135, 136, 141, 142, 145,
175, 186, 191, 199, 202, 203, 206, 208, 217, 218, 219, 247,
289, 291, 303, 341, 356, 357, 358, 359, 386
426
T
Tecnologia social 141, 142, 143, 148, 149, 152, 153, 154, 266, 270, 286, 287,
288, 289, 291, 292, 293, 325, 335
Teoria 37, 41, 57, 59, 61, 62, 63, 65, 68, 75, 78, 90, 94, 95, 96, 97,
100, 120, 143, 144, 146, 147, 152, 153, 160, 161, 164, 166,
167, 170, 171, 186, 190, 194, 195, 196, 203, 215, 217, 223,
239, 240, 260, 268, 293, 317, 342, 383, 387, 399, 410
Transdisciplinar 28, 94, 100, 101, 102, 103, 112, 212, 399
Transformação 40, 51, 70, 108, 113, 130, 138, 140, 147, 148, 152, 196, 206,
207, 226, 232, 233, 265, 331, 343, 359, 365, 387, 390, 391
427
U
Universidade 55, 56, 58, 59, 60, 67, 77, 139, 140, 142, 154, 157, 158, 160,
164, 171, 172, 177, 183, 198, 201, 205, 212, 214, 224, 261,
274, 317, 318, 319, 329, 345, 351, 394, 395, 396, 397, 398,
399, 400, 401, 402, 403, 404, 405, 406, 407, 408, 409, 410,
411, 412, 413, 414, 415, 416, 417, 418
Urbanização 272, 357
V
Valorização 148, 151, 206, 215, 219, 266, 267, 269, 293, 324, 346, 350,
354, 355, 361, 387, 389, 390, 393
Virtual 181, 182, 188, 204, 210, 212, 220, 221, 223, 238, 355, 373,
377, 382, 394
Z
Zona de desenvolvimento 194, 195, 392
428
SOCIAL E
sociocognitivas” engloba trabalhos que tratam
pesquisadores, gestores públicos e participantes
do conhecimento no que tange às reflexões
GILBERTO PEREIRA FERNANDES de movimentos sociais. O contexto dessa
epistemológicas emergentes na sociedade
Doutorando em Difusão do Conhecimento pelo
Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar
produção acadêmica traduz compreensão
de compreensões aparentes nas tessituras DIFUSÃO DO contemporânea e os aspectos sociocognitivos
e da complexidade. A segunda parte apresenta
dialógicas das sociedades conectadas em
em Difusão do Conhecimento (DMMDC) da
Universidade Federal da Bahia (UFBA); mestre em
Educação de Jovens e Adultos pela Universidade do
redes digitais. Nesse percurso, vislumbram-
se percepções de uma sociedade mais justa,
CONHECIMENTO experiências didático pedagógicas envolvendo
“Intermediação tecnológica em rede” e agrega
investigações que abordam as tecnologias
Estado da Bahia (UNEB); especialista em Educação igualitária e ambientalmente sustentável. As EPISTEMOLOGIAS digitais na sociedade em rede com viés analítico
de Jovens e Adultos pelo Instituto Federal de políticas cognitivas – da ciência e tecnologia e do
e aplicação dos recursos multimídia. A terceira
Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA); ensino – são apontadas como elo articulador da MULTIRREFERENCIAIS,
Organizadores
especialista em Literatura Brasileira (Salgado agenciamentos das tecnologias sociais para
de Oliveira); graduado em Letras Vernáculas robustas de comunicação.
promover inovação nos diversos campos da
pela UNEB e Língua Inglesa pela Universidade atuação humana.
Estadual de Santa Cruz (UESC). Professor, escritor
e poeta. Designer didático, extensionista na área de
formação de professores para a EJA e o ensino de
línguas (UNEB) para o qual desenvolve produção de
design didático pedagógico e metodologias ativas
ISBN 978-65-5630-128-0
para o ensino e aprendizagem multirreferencial;
coordenador do grupo de estudos e pesquisa:
Sujeitos e subjetividades on-line. 9 786556 301280