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CURSO: MEDICINA
GRUPO: G4
DATA: 29\11\2019
RELATO DE EXPERIÊNCIA
SALVADOR
2019
1. INTRODUÇÃO
Atenção Integral à Saúde (AIS) é um novo conceito de saúde, de visão holística, que
reflete uma estratégia, diante da necessidade da construção de um novo modelo para a
saúde. Há tempos atrás, estar saudável simplesmente significava a ausência de sinais e
sintomas de determinada doença. Entretanto, fazendo menção desse conceito
supracitado, é necessário observar uma série de variáveis que açambarcam o ser
humano para tê-lo como um indivíduo saudável, a exemplo, das suas relações sociais,
sua alimentação, hábitos de vida, dentre outros fatores que influenciam diretamente na
qualidade de vida do ser humano e não apenas limitar o olhar médico para sinais e
sintomas do paciente e tentar associar à alguma patologia. Algumas vezes, o ser, que
ora estará presente nos nossos consultórios, só precisará de cuidados psicossociais,
para que as muitas síndromes de caráter psicossomático sejam solucionadas, não sendo
necessário recorrer a terapias com uso de drogas, para que o indivíduo tenha saúde em
sua totalidade. Esse novo olhar da Medicina, através desse conceito, enfatiza a
Medicina Preventiva, entendendo, que não é necessário o paciente adoecer, para
iniciar determinadas terapias. A mesma se fundamenta como uma alternativa para a
organização e planejamento dos sistemas de saúde com base na atenção integral,
integrando as mais atuais formas de exercer a administração da saúde, utilizando a
epidemiologia clínica como instrumento principal e recorrendo à informação da saúde,
que se inicia da vigilância, criando alicerces na promoção da saúde e finaliza na
prevenção de riscos e doenças.
Posto isso, a disciplina Atenção Integral à Saúde II (AIS 2) tem como o objetivo
desenvolver a sensibilidade do estudante de Medicina a entender que os futuros
pacientes atendidos por nós, não serão apenas um conjunto de características que
precisamos simplesmente encaixá-lo em alguma gaveta sindrômica, mas que é preciso
ter um olhar além, buscar reconhecer e entender o estado de saúde geral do indivíduo,
mental e somático, haja vista que eles não se separam, e como dizia o poeta romano
Juvenal “uma mente sã num corpo são” ambos se relacionam e estão em simbiose, e
características psicológicas do indivíduo tem grande influência sobre o estado de saúde
do seu corpo.
Esse relato de experiência, como o próprio nome sugere trata-se de uma dissertação
dos eventos vividos promovidos pela AIS 2, através da professora Paula Sanders, além
da emoções, reflexões, experiências e aprendizados obtidos através dessa disciplina.
1. INTRODUÇÃO: LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DA UNIDADE DE SAÚDE,
INFRAESTRUTURA, PROFISSIONAIS QUE COMPÕEM AS EQUIPES,
NÚMERO DE EQUIPES, SERVIÇOS PRESTADOS.
1.1. LOCALIZAÇÃO:
A Unidade de Saúde da Família Boa Vista do Lobato (USF – Boa Vista do Lobato)
encontra-se no bairro do Lobato, que é um dos quais compõem o distrito sanitário São
Caetano/Valéria (37 bairros).
A USF-Boa Vista do Lobato possui oito consultórios médicos, dois dentários, salas de
espera, farmácia, vacina, curativo e procedimentos, além da área administrativa, com
sala de reunião, almoxarifado e copa. A mesma dispõe de serviços de nível de atenção
primária, que objetiva de maneira geral a prevenção das doenças, como, vacinação,
realização de curativos, consultas com médico, enfermeiro e odontólogo, além do
serviço de regulação para atendimento com especialistas, ou atender determinadas
demandas, as quais a unidade não é responsável, nem possui recursos para tal, sendo
necessário recorrer a hospitais ou centro de referência para determinados tipos de
serviços de saúde, como situações emergenciais, ou consultas com especialistas, por
exemplo. Para usufruir dos serviços de profissionais de saúde, como, nutricionista,
psicólogo e educadores físicos, se faz necessário recorrer ao Núcleo de Apoio á Saúde
da Família (NASF) que atendia (de forma a não atender de maneira integral, sendo
idealmente necessário um NASF por USF) a todo distrito sanitário do Subúrbio
Ferroviário. A unidade de saúde é composta por 4 equipes do programa de saúde da
família, compostas por 4 médicos, 3 dentistas, 2 enfermeiros, 4 técnicos de
enfermagem, 4 auxiliares de consultório dentário e 24 agentes comunitários de saúde
(ACS), sendo cada equipe responsável por uma microárea, que possui 1 médico, 1
dentista, 1 enfermeiro, 1 auxiliar de dentista e 6 ACS. A USF-Boa Vista do Lobato
tem capacidade para atender uma média de 160 famílias (dados da prefeitura) através
dos programas de saúde da criança, da mulher, idoso e do adolescente, além de
controle da Hipertensão Arterial (HAS), Diabetes Mellitus (DM), Tuberculose (TB) e
Hanseníase.
2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS: DESCRIÇÃO E REFLEXÃO DE CADA
ATIVIDADE DESENVOLVIDA.
2.1. 1ª VISITA:
2.2. 2ª VISITA
2.3. 3ª VISITA
A primeira casa que visitamos era de uma família composta por 4 pessoas: marido e
esposa; idosos, filha; adulta e uma neta de 19 anos. Exceto a neta, os 3 eram
portadores de HAS e DM controlados. A matriarca da casa, além das condições
supracitadas, teve um quadro de aneurisma não tratado. A mesma desabafou conosco,
contando-nos que já estava desacreditada da sua cura, mesmo tendo muita fé em Deus.
Diante de todos os efeitos colaterais que a informaram sobre a cirurgia que ela deveria
fazer, e da espera prolongada de dois anos, para conseguir a realização do
procedimento por meio do processo de regulação do SUS, além do pós operatório
complicado, a senhora preferiu viver um dia após o outro, do jeito que estava,
evitando procedimentos cirúrgicos, devido a sua idade avançada, no sossego da sua
casa e no aconchego dos netos que eram a alegria da vida dela, evitando o correr desta
vida que embrulha tudo, dispondo de coragem para acordar todos os dias, pois é isso
que ela requer de nós (Guimarães Rosa). Apesar do sofrimento e da dor, a senhora não
tirava o sorriso do rosto e só tinha amor e muitas experiências pra dar e passar,
apertando firme nossas mãos na despedida, expressando muita gratidão pela curta
conversa e acolhimento.
Já na segunda casa, nos deparamos com uma senhora portadora de HAS e de perfil
mais esclarecida a respeito dos cuidados necessários com a saúde. A mesma nos
contou que sempre foi muito ativa e gostava de participar das atividades que a USF
proporcionava, como aulas de yoga, zumba e a caminhada com o educador físico.
Entretanto, precisou deixar de frequentar essas atividades, visto que começou a sentir
fortes dores nas articulações que limitava muito seus movimentos. Após o surgimento
dessa dor, o estado de saúde dela piorou e a mesma deixou de fazer coisas que lhe
fazia muito bem. Esta senhora nos disse que tentou ligar várias vezes para o telefone
do Reumatologista que disponibilizaram, mas o mesmo nunca atendia ou nunca tinha
horário e, depois de muitas tentativas, cansou de tentar e passou a esquecer de ligar.
Sabendo disso, nos disponibilizamos a ficar na tentativa de conseguirmos nos
comunicar com o médico e assim anotamos todos os dados da moradora, caso
atendessem e conseguíssemos agendar a consulta. Essa atitude deixou a moradora
extremamente emocionada e grata, pois se sentiu amparada e acolhida pela nossa
equipe.
Conseguimos notar um público bastante variado, desde jovens ágeis com bom estado
de saúde, até senhores(as) com estado de saúde mais ameno e com maus hábitos
alimentares. Encontramos também adultos bastante conscientes e que buscavam
melhorar seus hábitos de vida, reconhecendo que a falha se encontrava neles mesmo, e
que era necessário corrigir.
Saímos de lá inquietos! A tônica foi que, mesmo com tanta coisa faltando na vida
daquelas pessoas, tantas dificuldades sociais, econômicas, psicológicas, essas
conseguiram nos transmitir experiências e vivências dos quais somos despidos!
Agradecemos a toda equipe responsável pela matéria, em especial a prof. Paula
Sanders que nos acompanhou mais de perto, e pela proposta idealizada e praticada, foi
tudo muito bom!
Cada um que chegava até nós com o intuito inicial de aferir a pressão, se sentava e
iniciávamos uma longa e enriquecedora conversa. Despidas de timidez ou vergonha,
cada um foi recebido num espaço acolhedor, onde tinha espaço liberdade de
expressão. Queríamos conhecê-los! não queríamos somente coletar números... E eles
queriam ser ouvidos, acolhidos! Aquilo se transformou em um momento de intensas
trocas! Esse último dia de prática externa sintetizou tudo aquilo que construímos desde
o primeiro: o cuidado e o valor da promoção da saúde para todas as pessoas.
4. REFERÊNCIAS:
http://www.saude.salvador.ba.gov.br/usf-boa-vista-do-lobato-e-reinaugurada/