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INSTRUÇÕES DE USO

O plano de leitura foi criado para lhe auxiliar na leitura da legislação, com separação por dia, mesclando artigos de diversas leis para
leitura conjugada. Ex:

Nossa legislação vem com destaques em partes importantes, prazos em vermelho, súmulas do STF e do STJ, jurisprudências em teses
do STJ, quadros resumos… tudo sistematizado de forma a lhe ajudar na hora de estudar.

Os Planos Extensivos foram pensados para serem lidos e relidos diversas vezes, em razão disso criamos os controles de leitura:

Após a leitura do dia, você deve marcar a bolinha para que você não se confunda e repita a leitura no mesmo ciclo. Leia e releia o plano
pelo menos 5 vezes. A cada nova leitura você perceberá que a quantidade de horas exigidas diminuirá, pois você passará a ter mais
afinidade com os artigos e isso lhe ajudará na hora de realização da sua prova.

O estudo para concursos público exige uma conjugação de leitura da lei + doutrina + jurisprudências + questões. Quanto à leitura da
lei, nos vamos lhe ajudar, mesclando com inclusão de súmulas, jurisprudências em teses do STJ e quadros resumos, além do anexo de
jurisprudências.

Esperamos poder ajudá-lo nessa preparação. Conte com a gente e bons estudos!

Equipe Legislação Destacada


LEIS ABRANGIDAS NO PLANO
LEGISLAÇÃO DO MP LEI 8625/93 – LEI ORGÂNICA MP
RESOLUÇÃO 23/07 CNMP
RESOLUÇÃO 118/14 CNMP
RESOLUÇÃO 179/17 CNMP
DIREITO CIVIL LINDB
CC/02
LEI 8245/91 – LEI DE LOCAÇÕES
DIREITO PROCESSUAL CPC/15
CIVIL LEI 12153/09 - JUIZADOS ESPECIAIS DA FAZENDA PÚBLICA
LEI 9099/95 - JEC
DIREITOS DIFUSOS, CDC
COLETIVOS E ECA
INDIVIDUAIS LEI 10741/03 – ESTATUTO DO IDOSO
HOMOGÊNEOS LEI 13146/05 – ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
LEI 8429/92 - Improbidade Administrativa
LEI 7347/85 - Ação Civil Pública
LEI 4717/65 – Ação Popular
LEI 10257/01 – ESTATUTO DA CIDADE
LEI 6766/79 – PARCELAMENTO DO SOLO
LEI 10216/01 - PROTEÇÃO E OS DIREITOS DAS PESSOAS PORTADORAS DE TRANSTORNOS MENTAIS
LEI 9394/96 – DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
LEI 8080/90 - SAÚDE
DIREITO PENAL CP
DIREITO PROCESSUAL CPP
PENAL
LEI 8072/90 - Crimes Hediondos
LEI 11343/06 – Lei de Drogas
LEI 10826/03 – Estatuto do Desarmamento
LEI 11340/06 – Lei Maria da Penha
LEI 9099/95 - JECCrim
Lei Nº 4.898/1965 - Abuso de Autoridade
Lei Nº 9.455/1997 - Crimes de Tortura
LEGISLAÇÃO LEI 12850/13 – Organização Criminosa
EXTRAVAGANTE DE LEI 9613/1998 – Lavagem de Dinheiro
DIREITO PENAL E LEI 9503/97 – Crimes de Trânsito
PROCESSUAL PENAL LEI 8137/90 – CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES DE CON -
SUMO
DECRETO-LEI 3688/41 - Contravenções Penais (Parte Geral)
LEI 1521/51 – CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR
LEI 7716/89 – PRECONCEITO DE RAÇA/COR
LEI 9296/96– Interceptação Telefônica
LEI 7960/89 – Prisão Temporária
LEI 9605/98 - Crimes Contra o Meio Ambiente
LEI 7210/84 – LEP
DIREITO CF/88
CONSTITUCIONAL LEI 9507/97 – Habeas Data
LEI 13300/16 – Mandado de Injunção
LEI 12562/11 – Representação Interventiva
LEI 1579/52 – CPI
LEI 9868/99 – ADI
LEI 9882/99 – ADPF
Lei 11417/06 - SV
DIREITO ELEITORAL CÓDIGO ELEITORAL
LEI 9504/97- LEI DAS ELEIÇÕES
LEI 9096/95 – LEI DOS PARTIDOS
LC 64/90 – INELEGIBILIDADES
DIREITO EMPRESARIAL Empresarial no CC/08
LEI 11101/05 – FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL
DIREITO TRIBUTÁRIO Tributário na CF/88
CTN
DIREITO AMBIENTAL LEI 6938/91 – PNMA
LC 140/11
RESOLUÇÃO 237/97 DO CONAMA
CÓDIGO FLORESTAL
LEI 9985/00 - SISTEMA NACIONAL DE UNIDADE DE PROTEÇÃO
LEI 6938/91 – PNMA
DIREITO LEI 8987/95 - Serviços Públicos
ADMINISTRATIVO LEI 9784/99 - Processo Administrativo
LEI 12016/09 – Mandado de Segurança
LEI 8666/96 - Licitações e Contratos:
LEI 11079 – PPP
LEI 10520 – PREGÃO
Lei 12462/11 – Regime Diferenciado de Contratações
LEI 13303/16 – ESTATUTO EP e SEM
LEI 9637/98 - ORGANIZAÇÃO SOCIAL
LEI 9790/99 - OSCIP
LEI 11107/05 – CONSÓRCIOS PÚBLICOS
LEI 12846/13 - RESPONSABILIZAÇÃO PJ POR ATOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
DECRETO-LEI 3365/41 – DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE PÚBLICA
LEI 4132/62 – DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL

IMPORTANTE
É proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet.
Lei de Direitos Autorais n° 9610/98
DIA 1 Constituição Federal: art. 1-4
LINDB
Código Processo Civil: art. 1° - 25
Código Penal: art. 1° - 19
Código Processo Penal: art. 1° - 68
DIA 2 Constituição Federal: art. 5
Código Civil: art. 1-39
Código Processo Civil: art. 26-76
Código Penal: art. 20-31
Código Processo Penal: art. 69-111
DIA 3 Constituição Federal: art. 6-17
Código Civil: art. 40-114
Código Processo Civil: art. 77-102
Código Penal: art. 32-52
Código Processo Penal: art. 112-196
DIA 4 Constituição Federal: art. 18-36
Código Civil: art. 115-188
Código Processo Civil: art. 103-149
Código Penal: art. 53-76
Código Processo Penal: art. 197-250
DIA 5 Constituição Federal: art. 37-43
Código Civil: art. 189-232
Código Processo Civil: art. 150-187
Código Penal: art. 77-99
Código Processo Penal: art. 251-310
DIA 6 Constituição Federal: art. 44-69
Código Civil: art. 233-285
Código Processo Civil: art. 188-235
Código Penal: art. 100-128
Código Processo Penal: art. 311-350
DIA 7 Constituição Federal: art. 70-100
Código Civil: art.286-388
Código Processo Civil: art. 236-275
Código Penal: art. 129-150
Código Processo Penal: art. 351-405
DIA 8 Constituição Federal: art. 101-126
Código Civil: art 389-461
Código Processo Civil: art. 276-310
Código Penal: art. 151-160
Código Processo Penal: art. 406-446
DIA 9 Constituição Federal: art. 127-144
Código Civil: art 462-537
Código Processo Civil: art. 311-342
Código Penal: art. 161-183
Código Processo Penal: art. 447-497
DIA 10 Constituição Federal: art. 145-155
Código Civil: art 538-652
Código Processo Civil: art. 343-368
Código Penal: art. 184-234-B
Código Processo Penal: art. 513-573
DIA 11 Constituição Federal: art. 156-162
Código Civil: art 653-756
Código Processo Civil: art. 369-463
Código Penal: art. 235-288-A
Código Processo Penal: art. 574-603
DIA 12 Constituição Federal: art. 163-192
Código Civil: art 757-817
Código Processo Civil: art. 464-501
Código Penal: art. 289-311-A
Código Processo Penal: art. 609-646
DIA 13 Constituição Federal: art. 193-217
Código Civil: art 818-926
Código Processo Civil: art. 502-527
Código Penal: art. 312-337-A
Código Processo Penal: art. 647-667/791-809
DIA 14 Constituição Federal: art.218-250
Código Civil: art 927-965
Código Processo Civil: art. 528-658
Código Penal: art. 337-B-359-H
DIA 15 Código Civil: art 966-1122
Código Processo Civil: art. 659-734
LEI 9507/97 – Habeas Data
DIA 16 Código Civil: art 1123-1224
Código Processo Civil: art. 735-796
LEI 4717/65 – Ação Popular
LEI 13300/16 – Mandado de Injunção
LEI 12016/09 – Mandado de Segurança
DIA 17 Código Civil: art 1125-1298
Código Processo Civil: art. 797-861
LEI 12562/11 – Representação Interventiva
LEI 1579/52 – CPI
LEI 9868/99 – ADI
LEI 9882/99 – ADPF
Lei 11417/06 - SV
DIA 18 Código Civil: art 1299-1389
Código Processo Civil: art. 862-924
LEI 8987/95 - SERVIÇOS PÚBLICOS
DIA 19 Código Civil: art 1390-1510-E
Código Processo Civil: art. 925-975
LEI 9784/99 - PROCESSO ADMINISTRATIVO
DIA 20 Código Civil: art 1511-1638
Código Processo Civil: art. 976-1020
LEI 8429/92 - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
DIA 21 Código Civil: art 1639-1722
Código Processo Civil: art. 1021-1041
LEI 7347/85 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA
LEI 12850/13 – ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
DIA 22 Código Civil: art 1723-1856
Código Processo Civil: art. 1042-1072
LEI 11079 – PPP
LEI 8666/93 - Licitações e Contratos: Art. 1-19
DIA 23 Código Civil: art 1857-2046
LEI 8666/93 - Licitações e Contratos: Art. 20-53
DIA 24 LEI 8666/93 - Licitações e Contratos: Art. 54-124
CTN: art. 1- art. 112
LEI 8072/90 - Crimes Hediondos
LEI 11343/06 – Lei de Drogas
DIA 25 CTN: art. 113-156
LEI 11340/06 – Lei Maria da Penha
LEI 9099/95 - JECCrim: Art. 1-59
Lei Nº 4.898/1965 - Abuso de Autoridade
Lei Nº 9.455/1997 - Crimes de Tortura
DIA 26 CTN: art. 157-216
LEI 9503/97 – Crimes de Trânsito
LEI 9296/96– Interceptação Telefônica
LEI 7960/89 – Prisão Temporária
LEI 9605/98 - CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
LEI 10826/03 – Estatuto do Desarmamento
DIA 27 CÓDIGO FLORESTAL: art. 1-40
LEI 8245/91 – LEI DE LOCAÇÕES: arts. 1-44
LEI 10741/03 – ESTATUTO DO IDOSO
DIA 28 CÓDIGO FLORESTAL: art. 41-75
LEI 8245/91 – LEI DE LOCAÇÕES: arts. 45-89
DECRETO-LEI 3365/41 – DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE PÚBLICA
LEI 4132/62 – DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL
LEI 12153/09 - JUIZADOS ESPECIAIS DA FAZENDA PÚBLICA
LEI 8137/90 – CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO
DECRETO-LEI 3688/41 - Contravenções Penais (Parte Geral)
LEI 9807/99 – PROTEÇÃO À TESTEMUNHA
DIA 29 LEI 1521/51 – CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR
LEI 10741/10 – Crimes contra os Idosos
LEI 7716/89 – PRECONCEITO DE RAÇA/COR
LEI 7210/84 – LEP: Art.1-43
LEI 9504/97- LEI DAS ELEIÇÕES: Art. 1-32
ECA: art. 1-38
CDC: art. 1-17
DIA 30 LEI 7210/84 – LEP: Art. 44-119
ECA: art. 39-52-D
CDC: art. 18-38
LEI 9504/97- LEI DAS ELEIÇÕES: Art. 33-57
LEI 10520 – PREGÃO
DIA 31 LEI 7210/84 – LEP: Art.120-204
ECA: art. 53-94-A
CDC : art. 39 – 54
LEI 9504/97- LEI DAS ELEIÇÕES: Art. 57-A-105-A
LEI 9096/95 – LEI DOS PARTIDOS: art. 1-29
LEI 9637/98 - ORGANIZAÇÃO SOCIAL
DIA 32 ECA: art. 95-130
CDC: art. 55-107
LEI 9096/95 – LEI DOS PARTIDOS: art. 30-61
LC 64/90 – INELEGIBILIDADES
LEI 9790/99 - OSCIP
DIA 33 ECA: art. 131-199-E
LEI 11107/05 – CONSÓRCIOS PÚBLICOS
LEI 12846/13 - RESPONSABILIZAÇÃO PJ POR ATOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
LEI 9985/00 - SISTEMA NACIONAL DE UNIDADE DE PROTEÇÃO
DIA 34 ECA: art. 200-265-A
LEI 13146/05 – ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
LEI 6938/91 – PNMA
DIA 35 LC 140/11
RESOLUÇÃO 237/97 DO CONAMA
LEI 13303/16 – ESTATUTO EP e SEM: arts. 1-17
LEI 11101/05 – FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL: art. 1-46
CÓDIGO ELEITORAL (PARTE PRIMEIRA E SEGUNDA)
DIA 36 LEI 13303/16 – ESTATUTO EP e SEM: arts. 18-41
LEI 11101/05 – FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL: art. 47-84
CÓDIGO ELEITORAL (PARTE TERCEIRA e QUARTA)
Lei 12462/11 – Regime Diferenciado de Contratações: art. 1-28
DIA 37 LEI 13303/16 – ESTATUTO EP e SEM: arts. 42-95
LEI 11101/05 – FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL: art. 85-139
CÓDIGO ELEITORAL (PARTE QUARTA - continuação)
LEI 12462/11 – Regime Diferenciado de Contratações: art. 29-47-A
DIA 38 LEI 11101/05 – FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL: art. 139-
199
CÓDIGO ELEITORAL (PARTE QUINTA)
LEI 9099/95 - JECCrim: Art. 60-95
DIA 39 LEI 8080/90 – SAÚDE
LEI 9394/96 – DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
LEI 10216/01 - PROTEÇÃO E OS DIREITOS DAS PESSOAS PORTADORAS
DE TRANSTORNOS MENTAIS
DIA 40 LEI 8625/93 – LEI ORGÂNICA MP
LEI 6766/79 – PARCELAMENTO DO SOLO
LEI 10257/01 – ESTATUTO DA CIDADE
DIA 41 RESOLUÇÃO 23/07 CNMP
RESOLUÇÃO 118/14 CNMP
RESOLUÇÃO 179/17 CNMP
LEI 9613/1998 – LAVAGEM DE DINHEIRO
DIA 1 ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES
Orgânico Estrutura do estado
Limitativos Direitos fundamentais – limitam atuação
Constituição Federal: art. 1-4 estatal
LINDB Sócioideológico Equilíbrio entre ideias liberais e sociais ao
Código Processo Civil: art. 1° - 25 longo da CF.
Código Penal: art. 1° - 19
De estabilização Asseguram solução de conflitos
Código Processo Penal: art. 1° - 68
institucionais e protegem a integridade
da Constituição e do Estado
CONSTITUIÇÃO FEDERAL Formais de Interpretação e aplicação da Constituição
Tabelas feitas com base nas aulas do professor Marcello Novelino e Livro do Pe- aplicabilidade
dro Lenza.
CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Lassale
Soma dos fatores reais de poder. Constituição material: possui apenas
“Mera folha de papel” conteúdo constitucional.
Sociológica Para Lassale, coexistem em um Estado duas QUANTO AO
Constituição formal: além de possuir
Constituições: uma real, efetiva, CONTEÚDO
matéria constitucional, possui outros
correspondente à soma dos fatores reais de assuntos.
poder que regem este país; e outra, escrita, Não importa o seu conteúdo, mas a
que consistiria apenas numa “folha de papel”. forma por meio da qual foi aprovada.
Schimtt
Constituição escrita: é um documen-
Decisão política fundamental.
to formal, solene.
Diferenciava Constituição de lei
Todas as Constituições brasileiras fo-
constitucional.
QUANTO À FORMA ram escritas.
Política Constituição: decisão política fundamental.
Lei constitucional: pode ou não representar Constituição não-escrita (costumei-
a Constituição, não dizendo respeito à ra, consuetudinária ou histórica):
decisão política fundamental. fruto dos costumes da sociedade.
A Constituição seria fruto da vontade do
Constituição dogmática: fruto de
povo, titular do poder constituinte; por isso
um trabalho legislativo específico. Re-
mesmo é que essa teoria é considerada
QUANTO AO MODO DE flete os dogmas de um momento es-
DECISIONISTA ou VOLUNTARISTA.
ELABORAÇÃO pecífico da história.
Kelsen Todas as Constituições brasileiras fo-
Norma hipotética fundamental. ram dogmáticas.
Sentido lógico-jurídico: fundamento
Jurídica transcendental de sua validade. Norma Constituição histórica: fruto de uma
hipotética fundamental. lenta evolução histórica.
Sentido jurídico-positivo: serve de Constituição promulgada (demo-
fundamento para as demais normas. A crática ou popular): feita pelos re-
Constituição é o pressuposto de validade presentantes do povo. Brasil: CF-1891,
de todas as leis CF-1934, CF-1946 e CF-1988.
Michele Ainis Constituição outorgada (ou carta
Culturalista Fato cultural, tomando por base os direitos constitucional): impostas ao povo
fundamentais pertinentes à cultura pelo governante. Brasil: CF-1824
Peter Haberle (Dom Pedro I), CF-1937 (Getúlio Var-
QUANTO À ORIGEM
Aberta Pode ser interpretada por qualquer do povo, gas), CF-1967 (regime militar).
não só pelos juristas
Constituição cesarista (plebiscitária
Pluralista Gustavo Zagrebelsky ou bonapartista): feita pelo gover-
Princípios universais nante e submetida a apreciação do
Konrad Hesse povo mediante referendo.
Resposta à concepção sociológica de Lassale.
Constituição pactuada (contratual
Força Normativa A constituição escrita, por ter um elemento
ou dualista): fruto do acordo entre
da Constituição normativo, pode ordenar e conformar a
duas forças políticas de um país.
realidade política e social, ou seja, é o
Ex: Constituição Francesa de 1791.
resultado da realidade, mas também interage
com esta, modificando-a, estando aí situada Constituição sintética (breve, sumá-
a força normativa da Constituição. ria, sucinta, resumida, concisa): tra-
ta apenas dos temas principais. Ex:

1
Constituição dos EUA. LOEWENSTEIN “é a camisa comprada com dois nú-
QUANTO À EXTENSÃO meros abaixo do manequim”.
Constituição analítica (longa, volu-
mosa, inchada, ampla, extensa, Constituição normativa: reflete a re-
prolixa, desenvolvida, larga): entra alidade atual do país, “é a camisa que
em detalhes de certas instituições. Ex: veste bem”.
CF-1988. ATENÇÃO: Pedro Lenza afirma que a
Constituição brasileira está caminhan-
QUANTO À IDEOLOGIA Constituição ortodoxa (ou monis-
do da Constituição nominal para a
ta): fixa uma única ideologia estatal.
normativa. Contudo, a posição majo-
Ex: Constituição chinesa, Constituição
ritária é de que a constituição brasi-
da ex-URSS.
leira é normativa.
Constituição eclética (ou compro-
QUANTO À ORIGEM DE Constituição heterônoma (ou hete-
missória): permite a combinação de
SUA DECRETAÇÃO – roconstituição): feita em um país
ideologias diversas.
JORGE MIRANDA para vigorar em outro país.
Constituição garantia (negativa ou
Constituição autônoma (homo-
abstencionista): limita-se a fixar os
constituição ou autoconstituição):
direitos e garantias fundamentais. É
feita em um país para nele vigorar. É a
uma carta declaratória de direitos.
regra geral.
Ex: Constituição brasileira.
QUANTO À FUNÇÃO -
Constituição dirigente (ou progra-
CANOTILHO Constituição expansiva: além de am-
mática): além de prever os direitos e
pliar temas já tratados, trata de novos
garantias fundamentais, fixa metas
temas.
estatais.
Ex: CF-1988.
Ex: art. 196, CF; art. 205, CF; art. 7º, CF;
CLASSIFICAÇÃO DE
art. 4º, parágrafo único, CF. Constituição plástica: permite sua
RAUL MACHADO
ampliação por meio de leis infracons-
Constituição unitária (codificada, HORTA
titucionais (segundo a lei, nos termos
reduzida ou orgânica): formada por
da lei, etc.).
um único documento.
Ex: CF-1988.
Constituição variada (legal, inorgâ-
Constituição-lei: a constituição é tra-
nica ou esparsa): formada por mais
tada como uma lei qualquer. Dá am-
de um documento.
pla liberdade ao legislador ordinário.
Art. 5º, § 3º, CF: Os tratados e conven-
QUANTO À
ções internacionais sobre direitos hu- Constituição-fundamento (consti-
SISTEMATIZAÇÃO
manos que forem aprovados, em tuição total ou ubiquidade consti-
cada Casa do Congresso Nacional, em tucional): a constituição tenta disci-
dois turnos, por três quintos dos vo- plinar detalhes da vida social. Dá uma
QUANTO À ATIVIDADE
tos dos respectivos membros, serão pequena liberdade ao legislador ordi-
LEGISLATIVA
equivalentes às emendas constitucio- nário.
nais.
Constituição-moldura (Canotilho:
ATENÇÃO: A CF/88 nasce como uma
Constituição-quadro): como a mol-
Constituição unitária, mas vem pas-
dura de um quadro, a constituição
sando por um processo de descodifi-
fixa os limites de atuação do legisla-
cação.
dor ordinário.
Constituição principiológica: possui
É a constituição cujo simbolismo é
mais princípios do que regras.
maior que seus efeitos práticos. Para
Paulo Bonavides entende que é o
Marcelo Neves, a CF/88 é simbólica
QUANTO AO SISTEMA caso da CF-1988.
por ter um elevado número de nor-
Constituição preceitual: possui mais mas programáticas e dispositivos de
regras do que princípios. alto grau de abstração. Marcelo Ne-
ves afirma que a constitucionalização
Constituição semântica: esconde a
simbólica tem como objetivos confir-
dura realidade de um país. É comum
mar determinados valores sociais, de-
em regimes ditatoriais, “é a camisa
CONSTITUIÇÃO sejando-se apenas uma vitória legis-
que esconde as cicatrizes”.
SIMBÓLICA lativa e fortalecer a confiança do cida-
QUANTO À ESSÊNCIA Ex: CF-1824, CF-1937, CF-1967.
dão no governo ou no Estado, por
(CRITÉRIO
Constituição nominal (ou nomina- meio da legislação álibi, por meio da
ONTOLÓGICO) –
lista): não reflete a realidade atual do qual se esvaziam pressões políticas e
KARL
país, pois se preocupa com o futuro, apresentam o Estado como sensível a

2
expectativas dos cidadãos, porém flexível): parte dela é rígida e parte é
sem efetividade. Por fim, teria como flexível.
terceiro objetivo adiar a solução de
Constituição fixa (ou silenciosa): é
conflitos sociais, por meio de com-
aquela que nada prevê sobre sua mu-
promissos dilatórios, postergando-se
dança formal, sendo alterável somen-
a verdadeira decisão para o futuro.
te pelo próprio poder originário.
Constituição liberal: possui apenas
Constituição super-rígida: é a Cons-
direitos individuais ou de primeira di-
tituição rígida que possui um núcleo
mensão (ex: vida, liberdade, proprie-
imutável.
dade). O Estado tem o dever principal
QUANTO AO de não fazer. Idealizada pelo jurista italiano Gusta-
CONTEÚDO Ex: CF-1824, CF-1891. CONSTITUIÇÃO vo Zagrebelsky (constituzione mite), a
IDEOLÓGICO - DÚCTIL constituição não deve ser concebida
Constituição social: além de direitos
ANDRÉ RAMOS (CONSTITUIÇÃO como o centro do qual tudo deriva
individuais, prevê direitos sociais ou
TAVARES SUAVE) por irradiação da soberania estatal,
de segunda dimensão (ex: saúde,
mas para o qual tudo deve convergir.
educação, moradia, alimentação). O
Estado tem o dever principal de fazer. CONSTITUIÇÃO Rechaça a ideia de existência de um
Ex: CF-1934, CF-1946, CF-1967, CF- UNITEXTUAL OU bloco de constitucionalidade, visto
1988. ORGÂNICA que a Constituição seria disposta em
uma estrutura documental única.
Constituição provisória (ou pré-
constituição): possui duração reduzi- CONSTITUIÇÃO Constituição subconstitucional admite
da, até que seja elaborada a constitui- SUBCONSTITUCIONAL a constitucionalização de temas ex-
SEGUNDO ção definitiva. cessivos e o alçamento de detalhes e
JORGE MIRANDA interesses momentâneos ao patamar
Constituição definitiva: possui prazo
constitucional. .
indeterminado de duração.
Para Uadi Lammêgo Bulos, citando
Ex: CF-1988.
Hild Krüger, as constituições só de-
CONSTITUIÇÃO BA- Periodicamente, elabora-se uma vem trazer aquilo que interessa à
LANÇO OU REGISTRO constituição, fazendo uma análise do sociedade como um todo, sem de-
avanço social ocorrido nos anos ante- talhamentos inúteis. Esse excesso
riores. de temas forma as constituições
substitucionais, que são normas nor-
CONSTITUIÇÃO EM Não prevê regras e limites para o
mas que, mesmo elevadas formal-
BRANCO exercício do poder constituinte deri-
mente ao patamar constitucional, não
vado reformador.
o são, porque encontram-se limitadas
Constituição imutável (permanen- nos seus objetivos.
te, granítica ou intocável): não pode
É um "instrumento de governo defini-
ser alterada, pretendendo-se eterna e
dor de competências, regulador de
fundando-se na crença de que não
CONSTITUIÇÃO processos e estabelecedor de limites
haveria órgão competente para pro-
PROCESSUAL, à acção política" (Canotilho). Seu ob-
ceder à sua reforma. Pode estar rela-
INSTRUMENTAL OU jetivo é definir competências, para li-
cionada a fundamentos religiosos.
FORMAL mitar a ação dos Poderes Públicos,
Ex: a CF-1824 foi imutável nos primei-
além de representar apenas um ins-
ros 4 anos (limitação temporal).
trumento pelo qual se eliminam con-
Constituição rígida: possui um pro- flitos sociais.
cesso de alteração mais rigoroso que
o destinado às outras leis.
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Ex: CF-1988.
Jurídico/ Ernerst Fosthoff
Constituição flexível: possui o mes-
Hermenêutico Identidade entre Constituição e Leis.
mo processo de alteração que o des-
Clássico Utiliza critérios de Savigny
tinado às outras leis. Os países de
constituição flexível não possuem o Tópico Theodor Viehweg
QUANTO À RIGIDEZ controle de constitucionalidade. problemático Problema-norma.
OU ESTABILIDADE Estudo da norma através de um problema
Constituição transitoriamente flexí-
vel: é a Constituição flexível por al- Hesse
gum, findo o qual se torna uma Cons- Hermenêutico Norma-problema.
tituição rígida. Concretizador Parte-se de pré-compreensões para se
chegar ao sentido da norma.
Constituição semirrígida (ou semi-
Interpretação concretizadora.

3
Constituição tem força para compreender e constitucionalidade das leis e dos atos
alterar a realidade. do Poder Público (presunção juris
tantum, frise-se) é uma decorrência do
Frederic Muller
princípio geral da separação dos
Normativo Parte-se do direito positivo para se chegar à
Poderes e funciona como fator de
estruturante norma.
autolimitação da atividade do Judiciário
Colhe elementos da realidade social para se
que, em reverência à atuação dos
chegar à norma
demais Poderes, somente deve invalidar
Ruldof Smend os atos diante de casos de
Não utiliza-se apenas valores consagrados na inconstitucionalidade flagrante e
Científico Constituição, mas também valores extra- incontestável.
espiritual constitucionais, como a realidade social e
Diante de normas plurissignificativas ou
cultura do povo.
Princípio da polissêmicas (que possuem mais de uma
Interpretação sistêmica.
interpretação interpretação), deve-se preferir a
Concretista da Peter Haberle conforme a exegese que mais se aproxime da
Constituição Interpretação por todo o povo, não apenas Constituição Constituição (ainda que não seja a que
Aberta pelos juristas mais obviamente decorra de seu texto)
e, portanto, que não seja contrária ao
Comparação Peter Haberle
texto constitucional.
Comparar com as diversas Constituições.
A Constituição deve ser sempre
interpretada em sua globalidade, como
Princípios da interpretação constitucional
Princípio da um todo, e, assim, as aparentes
Toda interpretação constitucional se unidade da antinomias deverão ser afastadas.
assenta no pressuposto da Constituição As normas deverão ser vistas como
superioridade jurídica da Constituição preceitos integrados (interpretação
sobre os demais atos normativos no sistêmica) em um sistema unitário de
âmbito do Estado. Assim, em razão da regras e princípios.
supremacia constitucional, nenhum
Na resolução dos problemas jurídico-
ato jurídico ou manifestação de
constitucionais deve dar-se primazia aos
Princípio da vontade pode subsistir validamente se
Princípio do efeito critérios ou pontos de vista que
Supremacia da for incompatível com a Lei
integrador ou da favoreçam a integração política e social
Constituição Fundamental.
eficácia integradora e o reforço da unidade política, ou seja,
Em razão da superlegalidade formal
as normas constitucionais devem ser
(Constituição como fonte primária da
interpretadas com o objetivo de integrar
produção normativa, identificando
política e socialmente o povo de um
competências e procedimentos para a
Estado Nacional
elaboração dos atos normativos
inferiores) e material da Constituição Consubstancia uma pauta de natureza
(subordina o conteúdo de toda a axiológica que emana diretamente das
atividade normativa estatal à ideias de justiça, equidade, bom senso,
conformidade com os princípios e regras Princípio da prudência, moderação, justa medida,
da Constituição), surge o controle de proporcionalidade proibição de excesso, direito justo e
constitucionalidade (judicial review), que ou razoabilidade valores afins; precede e condiciona a
nada mais é do que uma técnica de positivação jurídica, inclusive de âmbito
atuação da supremacia da Constituição. constitucional; e, ainda, enquanto
princípio geral do direito, serve de regra
a) Não sendo evidente a
de interpretação para todo o
Princípio da inconstitucionalidade, havendo dúvida
ordenamento jurídico.
presunção de ou a possibilidade de razoavelmente se
Tal princípio exige a tomada de decisões
constitucionalidade considerar a norma como válida, deve o
racionais, não abusivas, e que respeitem
das leis e dos atos órgão competente abster-se da
os núcleos essenciais de todos os
do Poder Público declaração de inconstitucionalidade.
direitos fundamentais. Como parâmetro,
b) Havendo alguma interpretação
é possível destacar a necessidade de
possível que permita afirmar-se a
preenchimento de 3 importantes
compatibilidade da norma com a
elementos:
Constituição, em meio a outras que
a) Necessidade/exigibilidade, a adoção
carreavam para ela um juízo de
da medida que possa restringir direitos
invalidade, deve o intérprete optar pela
só se legitima se indispensável para o
interpretação legitimadora, mantendo o
caso concreto e não se puder substituí-
preceito em vigor.
la por outra menos gravosa.
O princípio da presunção de
b)Adequação/pertinência/idoneidade:

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o meio escolhido deve atingir oobjetivo
perquirido. • O preâmbulo da CR/88 NÃO PODE, por si só, servir
c) Proporcionalidade em sentido de parâmetro de controle da constitucionalidade de uma
estrito: sendo a medida necessária e norma.
adequada, deve-se investigar se o ato • O preâmbulo traz em seu bojo os valores, os funda-
praticado, em termos de realização do mentos filosóficos, ideológicos, sociais e econômicos e, des-
objetivo pretendido, supera a restrição a sa forma, norteia a interpretação do texto constitucional.
outros valores constitucionalizados. • Em termos estritamente formais, o Preâmbulo consti-
Podemos falar em máxima efetividade e tui-se em uma espécie de introdução ao texto constitucional,
mínima restrição. um resumo dos direitos que permearão a textualização a se-
guir, apresentando o processo que resultou na elaboração da
Também chamado de princípio da
Constituição e o núcleo de valores e princípios de uma nação.
Princípio da eficiência ou da interpretação efetiva.
• O termo "assegurar" constante no Preâmbulo da CF/
máxima efetividade Deve ser entendido no sentido de a
88 constitui-se no marco da ruptura com o regime anterior e
norma constitucional ter a mais ampla
garante a instalação e asseguramento jurídico dos direitos
efetividade social.
listados em seguida e até então não dotados de força normati-
Os aplicadores da Constituição, entre as va constitucional suficiente para serem respeitados, sendo eles o
interpretações possíveis, devem adotar exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segu-
aquela que garanta maior eficácia, rança, o bem estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça.
Princípio da força aplicabilidade e permanência das • Nos moldes jurídicos adotados pela CF/88, o preâm-
normativa normas constitucionais, conferindo-lhes bulo se configura como um elemento que serve de manifesto à
sentido prático e concretizador, em clara continuidade de todo o ordenamento jurídico ao conectar
relação com o princípio da máxima os valores do passado - a situação de início que motivou a co-
efetividade ou eficiência. locação em marcha do processo legislativo - com o futuro - a
exposição dos fins a alcançar -, descrição da situação que se as-
O STF, ao concretizar a norma
pira a chegar.
constitucional, será responsável por
• A invocação à proteção de Deus NÃO TEM força
estabelecer a força normativa da
normativa.
Princípio da justeza Constituição, não podendo alterar a
• O preâmbulo constitucional situa-se no domínio da
ou da repartição de funções
política e reflete a posição ideológica do constituinte. Logo,
conformidade constitucionalmente estabelecidas pelo
não contém relevância jurídica, não tem força normativa,
(exatidão ou constituinte originário, como é o caso da
sendo mero vetor interpretativo das normas constitucionais,
correção) funcional separação de poderes, no sentido de
não servindo como parâmetro para o controle de constituciona-
preservação do Estado de Direito.
lidade (STF).
O seu intérprete final não pode chegar
• Não tem força normativa, embora provenha do
a um resultado que subverta ou
mesmo poder constituinte originário que elaborou toda a
perturbe o esquema organizatório-
constituição;
funcional constitucionalmente
• É destituído de qualquer cogência (MS 24.645
estabelecido.
MC/DF);
Partindo da ideia de unidade da • NÃO INTEGRA o bloco de constitucionalidade;
Constituição, os bens jurídicos • Não cria direitos nem estabelece deveres;
Princípio da constitucionalizados deverão coexistir • Seus princípios não prevalecem diante do texto
concordância de forma harmônica na hipótese de expresso da constituição;
prática ou eventual conflito ou concorrência entre • Está sujeito à incidência de EC;
harmonização eles, buscando, assim, evitar o sacrifício
(total) de um princípio em relação a
NATUREZA JURÍDICA DO PREÂMBULO
outro em choque. O fundamento da
ideia de concordância decorre da O preâmbulo situa-se no DOMÍNIO DA
inexistência de hierarquia entre os POLÍTICA, sem relevância jurídica
princípios. Tese da (posição do STF).
irrelevância ATENÇÃO: Apesar de o preâmbulo não
PREÂMBULO jurídica possuir força normativa, ele traz as
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia intenções, o sentido, a origem, as
Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, desti- justificativas, os objetivos, os valores e os
nado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, ideais de uma Constituição, servindo de
a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a vetor interpretativo. Trata-se, assim, de
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade um referencial interpretativo-valorativo da
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia Constituição.
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a Tese da plena O preâmbulo tem a mesma eficácia
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a prote- eficácia jurídica das normas constitucionais,
ção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERA- sendo, porém, apresentado de forma não
TIVA DO BRASIL.

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articulada. III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
Ponto intermediário entre as duas, já que, V - igualdade entre os Estados;
Tese da relevância muito embora participe "das características VI - defesa da paz;
jurídica indireta jurídicas da Constituição'', não deve ser VII - solução pacífica dos conflitos;
confundido com o articulado VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani-
TÍTULO I dade;
Dos Princípios Fundamentais X - concessão de asilo político.
PRINCÍPIOS REGRAS Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a inte-
Normas mais amplas, abstratas, Normais mais específicas, gração econômica, política, social e cultural dos povos da
genéricas. delimitadas, determinadas. América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações.
Alexy: princípios são Devem ser cumpridas
MANDAMENTOS DE integralmente (all or nothing).
DECRETO-LEI Nº 4.657 - LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS
OTIMIZAÇÃO, que devem ser
DO DIREITO BRASILEIRO
cumpridos na maior intensidade
possível.
Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em
Ex: dignidade da pessoa Ex: eleição para Presidente da
todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada.
humana. República.
§ 1o § 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei
brasileira, quando admitida, se inicia 3 meses depois de oficial-
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união in-
mente publicada.
dissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
FUNDAMENTOS (SO-CI-DI-VA-PLU): Entrada em vigor
I - a soberania; Brasil Estado estrangeiro
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana; 45 dias, salvo disposição em 3 meses
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; contrário
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. TODO O PODER EMANA DO POVO, que o exer- § 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publica-
ce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos ção de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e
desta Constituição. dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publica-
ção.
PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES – art. 1°, CF § 4o As correções a texto de lei já em vigor CONSIDERAM-SE
PRINCÍPIO REPUBLICANO “A República” LEI NOVA.

PRINCÍPIO FEDERATIVO “Federativa do Brasil, formada


LC 95/98. Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma ex-
pela união indissolúvel dos Es-
pressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se
tados e Municípios e do Distri-
tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vi-
to Federal”
gor na data de sua publicação" para as leis de pequena re-
PRINCÍPIO DO ESTADO “constitui-se em Estado Demo- percussão.
DEMOCRÁTICO DE DIREITO crático de Direito” § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que
estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en- data da publicação e do último dia do prazo, entrando em
tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. vigor no dia subsequente à sua consumação integral.
§ 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utili-
Art. 3º Constituem OBJETIVOS fundamentais da República Fede- zar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número
rativa do Brasil (regra do verbo): de) dias de sua publicação oficial’
I - CONSTRUIR uma sociedade livre, justa e solidária;
II - GARANTIR o desenvolvimento nacional; Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vi-
III - ERRADICAR a pobreza e a marginalização e REDUZIR as gor até que outra a modifique ou revogue – PRINCÍPIO DA
desigualdades sociais e regionais; CONTINUIDADE OU PERMANÊNCIA
IV - PROMOVER o bem de todos, sem preconceitos de origem,
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discrimi-
o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule
nação.
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais
internacionais pelos seguintes princípios: a par das já existentes, NÃO REVOGA NEM MODIFICA a lei an-
I - independência nacional; terior.
II - prevalência dos direitos humanos;

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Revogação total Ab-rogação de filtragem constitucional. Somente é possível aplicar a lei do
domicílio se houver compatibilidade com o ordenamento
Revogação parcial Derrogação
interno.

§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se res-


§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei
taura por ter a lei revogadora perdido a vigência. (Repristina-
brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formali-
ção).
dades da celebração.
§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante au-
Repristinação Efeito Repristinatório/
toridades diplomáticas ou consulares DO PAÍS DE AMBOS os nu-
Repristinação Oblíqua ou
bentes.
Indireta
§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de in-
É um fenômeno legislativo no É a reentrada em vigor de nor- validade do matrimônio a lei do 1° domicílio conjugal.
qual há a entrada novamente ma aparentemente revogada,
§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do
em vigor de uma norma efe- ocorrendo quando uma norma
país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diver-
tivamente revogada, pela re- que a revogou é declarada in-
so, a do 1° domicílio conjugal.
vogação da norma que a re- constitucional.
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode,
vogou. Contudo, a repristina- STF: “A declaração de incons-
mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no
ção deve ser expressa dada a titucionalidade em tese en-
ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo
dicção do artigo 2º , § 3º da cerra um juízo de exclusão,
a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os
LICC que, fundado numa competên-
direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro.
cia de rejeição deferida ao Su-
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os
premo Tribunal Federal, consis-
cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois
te em remover do ordenamen-
de 1 ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida
to positivo a manifestação es-
de separação judicial por igual prazo, caso em que a homolo-
tatal inválida e desconforme ao
gação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabe-
modelo plasmado na Carta Po-
lecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Supe-
lítica, com todas as conseqüên-
rior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, pode-
cias daí decorrentes, inclusive a
rá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferi-
plena restauração de eficácia
das em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de
das leis e das normas afeta-
divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os
das pelo ato declarado in-
efeitos legais.
constitucional”
§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família
*Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br
estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o
do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.
Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não
§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á do-
a conhece - PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA NORMA
miciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se en-
contre.
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo
com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concer-
nentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o pro-
ela se dirige e às exigências do bem comum.
prietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se desti-
narem a transporte para outros lugares.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados
o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pes-
§ 1º Reputa-se ATO JURÍDICO PERFEITO o já consumado se- soa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.
gundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§ 2º Consideram-se ADQUIRIDOS assim os direitos que o seu ti- Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do
tular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo co- país em que se constituírem.
meço do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré- § 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e de-
estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. pendendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as
§ 3º Chama-se COISA JULGADA ou caso julgado a decisão judici- peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrín-
al de que já não caiba recurso. secos do ato.
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as lugar em que residir o proponente.
regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a
capacidade e os direitos de família Art. 10. A SUCESSÃO POR MORTE OU POR AUSÊNCIA obede-
ce à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desapare-
Estatuto pessoal: Pressupõe compatibilidade interna, chamada cido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

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§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nasci-
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos fi- do no país da sede do Consulado.
lhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não § 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão cele-
lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. brar a separação consensual e o divórcio consensual de brasi-
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a ca- leiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e ob-
pacidade para suceder. servados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar
da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao
como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro
em que se constituírem. ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento
§ 1o Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais, agências ou es- § 2o É INDISPENSÁVEL a assistência de advogado, devidamen-
tabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados te constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, jun-
pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. tamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a
outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que
§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de
a assinatura do advogado conste da escritura pública.
qualquer natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam
investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil
Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo an -
bens imóveis ou susceptíveis de desapropriação.
terior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do De-
§ 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade creto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfa-
dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáti- çam todos os requisitos legais.
cos ou dos agentes consulares. Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver
sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quan- artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado reno-
do for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumpri- var o pedido dentro em 90 dias contados da data da publicação
da a obrigação. desta lei.
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer
das ações relativas a imóveis situados no Brasil. Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não
§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exe- se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que
quatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as dili- sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
gências deprecadas por autoridade estrangeira competente, ob- Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a
servando a lei desta, quanto ao objeto das diligências. adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, con-
trato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se face das possíveis alternativas.
pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produ-
zir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controlado-
brasileira desconheça. ra ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste,
processo ou norma administrativa deverá indicar de modo ex-
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de presso suas consequências jurídicas e administrativas.
quem a invoca prova do texto e da vigência. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo
deverá, quando for o caso, indicar as condições para que a re -
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no es- gularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem
trangeiro, que reúna os seguintes requisitos: prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos su-
a) haver sido proferida por juiz competente; jeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiarida-
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verifi- des do caso, sejam anormais ou excessivos.
cado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades ne- Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, se-
cessárias para a execução no lugar em que foi proferida; rão considerados os obstáculos e as dificuldades reais do ges-
d) estar traduzida por intérprete autorizado; tor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem pre-
e) ter sido homologada pelo STJ. juízo dos direitos dos administrados.
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão
de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, li-
sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. mitado ou condicionado a ação do agente.
§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quais- a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem
quer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou
quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e atenuantes e os antecedentes do agente.
os bons costumes. § 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autorida- dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas ao
des consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mesmo fato.
mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de

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Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a
estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio
conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicio- de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas.
namento de direito, deverá prever regime de transição quando Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste arti-
indispensável para que o novo dever ou condicionamento de go terão caráter vinculante em relação ao órgão ou entidade
direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e efi- a que se destinam, até ulterior revisão.
ciente e sem prejuízo aos interesses gerais.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou ju-
dicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou
PARTE GERAL
norma administrativa cuja produção já se houver completado
LIVRO I
levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado
DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS
que, com base em mudança posterior de orientação geral, se
TÍTULO ÚNICO
declarem inválidas situações plenamente constituídas.
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS
Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpreta-
PROCESSUAIS
ções e especificações contidas em atos públicos de caráter geral
CAPÍTULO I
ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ain-
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL
da as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo
Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado
conhecimento público.
conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos
na Constituição da República Federativa do Brasil, obser-
Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situ-
vando-se as disposições deste Código.
ação contenciosa na aplicação do direito público, inclusive no
caso de expedição de licença, a autoridade administrativa po-
derá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após FPPC369. (arts. 1º a 12) O rol de normas fundamentais previsto
realização de consulta pública, e presentes razões de relevan- no Capítulo I do Título Único do Livro I da Parte Geral do CPC
te interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, não é exaustivo
observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a par- FPPC370. (arts. 1º a 12) Norma processual fundamental pode ser
tir de sua publicação oficial. regra ou princípio
§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo:
I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve
e compatível com os interesses gerais; por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou
condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral; Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou le-
IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o são a direito.
prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso § 1o É PERMITIDA A ARBITRAGEM, na forma da lei.
de descumprimento. § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução con-
sensual dos conflitos.
Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, contro- § 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução
ladora ou judicial, poderá impor compensação por benefícios consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, ad-
indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do vogados, defensores públicos e membros do Ministério Públi-
processo ou da conduta dos envolvidos. co, inclusive no curso do processo judicial.
§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas
previamente as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o Súmula 485-STJ: A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos
caso, seu valor. que contenham cláusula arbitral, ainda que celebrados antes da
§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebra- sua edição.
do compromisso processual entre os envolvidos.

FPPC371. (arts. 3, §3º, e 165). Os métodos de solução consensual


Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas
de conflitos devem ser estimulados também nas instâncias
decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grossei-
recursais
ro.
FPPC485. (art. 3º, §§ 2º e 3º; art. 139, V; art. 509; art. 513) É cabí-
vel conciliação ou mediação no processo de execu-
Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normati-
ção, no cumprimento de sentença e na liquidação de senten-
vos por autoridade administrativa, salvo os de mera organização
ça, em que será admissível a apresentação de plano de
interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifes-
cumprimento da prestação.
tação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a
FPPC573. (arts.3º,§§2ºe3º;334) As Fazendas Públicas devem dar
qual será considerada na decisão
publicidade às hipóteses em que seus órgãos de Advocacia Pú-
§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o
blica estão autorizados a aceitar autocomposição.
prazo e demais condições da consulta pública, observadas as nor-
FPPC618. (arts.3º, §§ 2º e 3º, 139, V, 166 e 168; arts. 35 e 47 da
mas legais e regulamentares específicas, se houver.
Lei nº 11.101/2005; art. 3º, caput, e §§ 1º e 2º, art. 4º, caput e
§1º, e art. 16, caput, da Lei nº 13.140/2015). A conciliação e a
mediação são compatíveis com o processo de recuperação

9
judicial. lhe convier, não é admitida, por violar a
boa-fé processual.
Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a so- Art. 278. A nulidade dos atos deve ser ale-
lução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. gada na primeira oportunidade em que
couber à parte falar nos autos, sob pena de
preclusão. Parágrafo único. Não se aplica o
Princípios da primazia da solução integral de mérito, executivi-
disposto no caput às nulidades que o juiz
dade dos provimentos jurisdicionais e duração razoável do pro-
deva decretar de ofício, nem prevalece a
cesso.
preclusão provando a parte legítimo impe-
dimento.
FPPC372. (art. 4º) O art. 4º tem aplicação em todas as fases e em
Surgimento de um direito em razão da
todos os tipos de procedimento, inclusive em incidentes proces-
SURRECTIO supressão causada pelo comportamento
suais e na instância recursal, impondo ao órgão jurisdicional
da parte contrária. Note-se que surrectio e
viabilizar o saneamento de vícios para examinar o mérito,
supressio são dois lados da mesma moeda.
sempre que seja possível a sua correção.
FPPC373. (arts. 4º e 6º) As partes devem cooperar entre si; de- Defesa da parte contra ações dolosas da
vem atuar com ética e lealdade, agindo de modo a evitar a parte contrária, sendo a boa-fé nesse
ocorrência de vícios que extingam o processo sem resolução EXCEPCIO DOLI caso utilizada como defesa. No processo
do mérito e cumprindo com deveres mútuos de esclarecimento vem sendo entendida como a exceção que
e transparência. a parte tem para paralisar o comportamen-
FPPC574. (arts.4º; 8º) A identificação de vício processual após to de quem age dolosamente contra si.
a entrada em vigor do CPC de 2015 gera para o juiz o dever
Proíbe a adoção de comportamento con-
de oportunizar a regularização do vício, ainda que ele seja
traditório (contrariando comportamento
anterior.
VENIRE CONTRA anterior), violando os deveres de confi-
FACTUM ança e lealdade (a legítima confiança de
Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve PROPRIUM outrem na conservação objetiva da conduta
comportar-se de acordo com a boa-fé. anterior).
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa
FPPC374. (art. 5º) O art. 5º prevê a boa-fé objetiva ou tacitamente a decisão não poderá re-
FPPC375. (art. 5º) O órgão jurisdicional também deve com- correr.
portar-se de acordo com a boa-fé objetiva. Enunciado FPPC 376. (Art. 5º): A vedação
FPPC376. (art. 5º) A vedação do comportamento contraditório do comportamento contraditório aplica-
aplica-se ao órgão jurisdicional. se ao órgão jurisdicional.
FPPC377. (art. 5º) A boa-fé objetiva impede que o julgador pro-
Como decorrência do princípio da boa-fé
fira, sem motivar a alteração, decisões diferentes sobre uma
processual objetiva não pode a parte criar
mesma questão de direito aplicável às situações de fato aná-
dolosamente situações que viciem o pro-
logas, ainda que em processos distintos.
cesso para, depois, alegar nulidade, ti-
FPPC378. (arts. 5º, 6º, 322, §2º, e 489, §3º) A boa fé processual
rando proveito da situação. Assim, veda-
orienta a interpretação da postulação e da sentença, permite
se o comportamento não esperado, ado-
a reprimenda do abuso de direito processual e das condutas do-
TU QUOQUE tado em situação de abuso. Em decorrên-
losas de todos os sujeitos processuais e veda seus comporta-
cia disso, previu expressamente do CPC:
mentos contraditórios.
“Art. 276. Quando a lei prescrever determi-
JDPC1 A verificação da violação à boa-fé objetiva dispensa a
nada forma sob pena de nulidade, a decre-
comprovação do animus do sujeito processual.
tação desta não pode ser requerida pela
JDPC2 As disposições do Código de Processo Civil aplicam-se
parte que lhe deu causa”. Aquele que des-
supletiva e subsidiariamente às Leis n. 9.099/1995, 10.259/2001
preza a norma não pode dela se aprovei-
e 12.153/2009, desde que não sejam incompatíveis com as re-
tar.
gras e princípios dessas Leis.
*Tabela montada a partir de informações retiradas do site https://
blog.ebeji.com.br/funcoes-reativas-ou-aspectos-parcelares-da-
COROLÁRIOS DA BOA-FÉ OBJETIVA boa-fe-objetiva-na-jurisprudencia-do-stj/
Supressão a um direito pelo seu não
exercício. No campo processual, verifica-se Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si
na perda de um poder processual pelo para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito
seu não exercício. justa e efetiva.
A chamada “nulidade de algibeira (ou de
bolso), por exemplo, que se configura FPPC6. (arts. 5º, 6º e 190) O negócio jurídico processual não
SUPRESSIO quando a parte, embora tenha o direito pode afastar os deveres inerentes à boa-fé e à cooperação.
(VERWIRKUNG) de alegar nulidade mantém-se inerte du- FPPC619. (arts.6º, 138, 982, II, 983, §1º) O processo coletivo de-
rante longo período, deixando para rea- verá respeitar as técnicas de ampliação do contraditório,
lizar a alegação no momento que melhor como a realização de audiências públicas, a participação de

10
amicus curiae e outros meios de participação cutório fundado em prova documental adequada do contrato
de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do
objeto custodiado, sob cominação de multa);
PREVENÇÃO: O juiz deve advertir as
III - à decisão prevista no art. 701 (sendo evidente o direito do au-
partes sobre os riscos e deficiências
tor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de
das manifestações e estratégias por
entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de
elas adotadas, conclamando-as a corrigir
não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 dias para o cumpri-
os defeitos sempre que possível.
mento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por
ESCLARECIMENTO: Cumpre ao juiz es- cento do valor atribuído à causa).
DEVERES DE
clarecer-se quanto às manifestações
COOPERAÇÃO DO
das partes: questioná-las quanto a obs- Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição,
JUIZ
curidades em suas petições; pedir que com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado
“PECA”
esclareçam ou especifiquem requerimen- às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate
tos feitos em termos mais genéricos e as- de matéria sobre a qual deva decidir de ofício (objetiva evitar
sim por diante. decisões surpresas)

DIÁLOGO (CONSULTA): Impõe-se reco-


Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
nhecer o contraditório não apenas como
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena
garantia de embate entre as partes, mas
de nulidade.
também como dever de debate do juiz
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser au-
com as partes
torizada a presença somente das partes, de seus advogados, de
AUXÍLIO (ADEQUAÇÃO): o juiz deve defensores públicos ou do Ministério Público.
ajudar as partes, eliminando obstácu-
los que lhes dificultem ou impeçam o Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, PREFERENCIALMEN-
exercício das faculdades processuais. TE, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou
acórdão.
Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em rela- § 1o A lista de processos aptos a julgamento deverá estar perma-
ção ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios nentemente à disposição para consulta pública em cartório e na
de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções proces- rede mundial de computadores.
suais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. § 2o Estão excluídos da regra do caput:
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de
acordo ou de improcedência liminar do pedido;
FPPC107. (arts. 7º, 139, I, 218, 437, §2º) O juiz pode, de ofício,
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese
dilatar o prazo para a parte se manifestar sobre a prova docu-
jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos;
mental produzida.
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de IRDR;
FPPC235. (arts. 7º, 9º e 10, CPC; arts. 6º, 7º e 12 da Lei
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932;
12.016/2009) Aplicam-se ao procedimento do mandado de
V - o julgamento de embargos de declaração;
segurança os arts. 7º, 9º e 10 do CPC.
VI - o julgamento de agravo interno;
FPPC379. (art. 7º) O exercício dos poderes de direção do proces-
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo CNJ;
so pelo juiz deve observar a paridade de armas das partes.
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que te-
nham competência penal;
Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida
fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e por decisão fundamentada.
promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a § 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cro-
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicida- nológica das conclusões entre as preferências legais.
de e a eficiência.
§ 4o Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1 o, o
requerimento formulado pela parte NÃO ALTERA a ordem
FPPC380. (arts. 8º, 926, 927) A expressão “ordenamento jurídi- cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reaber-
co”, empregada pelo Código de Processo Civil, contempla os tura da instrução ou a conversão do julgamento em diligên-
precedentes vinculantes cia.
FPPC620. (arts.8º, 11, 554, §3º) O ajuizamento e o julgamento de § 5o Decidido o requerimento previsto no § 4 o, o processo retor-
ações coletivas serão objeto da mais ampla e específica divulga- nará à mesma posição em que anteriormente se encontrava
ção e publicidade. na lista.
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1 o ou, con-
Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem forme o caso, no § 3o, o processo que:
que ela seja previamente ouvida. I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: necessidade de realização de diligência ou de complementação
I - à tutela provisória de urgência; da instrução;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, inci- II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II (publicado o
sos II (as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas acórdão paradigma o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de ca- origem, reexaminará o processo de competência originária, a re-
sos repetitivos ou em súmula vinculante) e III (pedido reiperse-

11
messa necessária ou o recurso anteriormente julgado, se o acór- Legitimidade Legitimidade
dão recorrido contrariar a orientação do tribunal superior).
Interesse Interesse

FPPC382. (art. 12) No juízo onde houver cumulação de compe- Possibilidade jurídica do pedi- OBS: a possibilidade jurídica do
tência de processos dos juizados especiais com outros procedi- do pedido passou a ser analisada
mentos diversos, o juiz poderá organizar duas listas cronoló- como questão meritória
gicas autônomas, uma para os processos dos juizados especiais
e outra para os demais processos. Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome pró-
FPPC486. (art. 12; art. 489) A inobservância da ordem cronoló- prio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
gica dos julgamentos não implica, por si, a invalidade do ato Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituí-
decisório do poderá intervir como assistente litisconsorcial.

CAPÍTULO II FPPC110. (art. 18, parágrafo único) Havendo substituição pro-


DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS cessual, e sendo possível identificar o substituto, o juiz deve de-
Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais terminar a intimação deste último para, querendo, integrar o
brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tra- processo.
tados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja FPPC487. (art. 18, parágrafo único; art. 119, parágrafo único; art.
parte. 3º da Lei 12.016/2009). No mandado de segurança, havendo
substituição processual, o substituído poderá ser assistente
Art. 14. A norma processual NÃO RETROAGIRÁ e será aplicável litisconsorcial do impetrante que o substituiu.
imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a
Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
vigência da norma revogada
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma re-
lação jurídica;
SISTEMA DE ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS: cada II - da autenticidade ou da falsidade de documento.
ato deve ser considerado isoladamente, devendo ser regido pela
lei em vigor no momento de sua prática.
FPPC111. (arts. 19, 329, II, 503, §1º) Persiste o interesse no ajui-
Pelo SISTEMA DE ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS,
zamento de ação declaratória quanto à questão prejudicial inci-
não é possível a lei nova retroagir para alcançar ato já prati-
dental
cado ou efeito dele decorrente; a lei nova só alcança os
próximos atos a serem praticados no processo.
Fundamentos constitucionais para tal sistema: (i) princípio da Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda
segurança jurídica e a (ii) regra da irretroatividade das leis. que tenha ocorrido a violação do direito.

Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, Súmula 181-STJ: É admissível ação declaratória, visando a obter
trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes certeza quanto à exata interpretação de cláusula contratual.
serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.
Teoria imanentista / civilista / clássica (Savigny):
JDPC3 As disposições do Código de Processo Civil aplicam-se não há ação sem direito; não há direito sem ação; a
supletiva e subsidiariamente ao Código de Processo Penal, ação segue a natureza do direito
no que não forem incompatíveis com esta Lei.
Teoria Publicista: O direito de ação possui natureza
pública, sendo um direito de agir, exercível contra o
LIVRO II Estado e contra o devedor.
DA FUNÇÃO JURISDICIONAL
TÍTULO I TEORIAS Ação como direito autônomo e concreto (Chio-
DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO DA venda): A ação é um direito independente do Direi-
Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais AÇÃO to material, mas, o direito de ação só existiria quan-
em todo o território nacional, conforme as disposições deste do a sentença fosse favorável ao autor.
Código. Ação como direito autônomo e abstrato: O direito
a ação é preexistente ao processo, não dependendo
Inafastabilidade de Jurisdição da decisão favorável ou negativa sobre a pretensão
CARACTERÍSTICAS DA Inércia (Ne procedat iudex ex officio) do autor.
JURISDIÇÃO Territorialidade
Teoria eclética do direito de ação (Liebman): O di-
Indelegabilidade
reito de ação é autônomo, mas para o exercício do
Juiz Natural
direito de ação é necessário que estejam presentes
as condições da ação. Adotada pelo CPC15.
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legi-
*Tabela montada a partir de informações retiradas do site https://
timidade.
lfg.jusbrasil.com.br/noticias/404543/teorias-sobre-o-direito-de-
acao
CPC/73 CPC/15

12
MODELOS DE PROCESSO o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora
do território nacional.
O processo é conduzido pelas partes, e o
ADVERSARIAL juiz ocupa o papel de mero fiscal e julga- Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro NÃO IN-
(SIMÉTRICO) dor ("convidado de pedra"); Prepondera o DUZ litispendência e NÃO OBSTA a que a autoridade judiciá-
princípio dispositivo. PARTES COMO PRO- ria brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são cone-
TAGONISTAS DO PROCESSO. xas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados inter-
Os poderes do juiz vão além do papel de fis- nacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
cal e julgador - possui amplos poderes na Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasi-
INQUISITORIAL condução do processo - ex. produção de leira NÃO IMPEDE a homologação de sentença judicial estran-
(ASSIMÉTRICO) provas de ofício, execução das decisões de geira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
ofício, etc. Prepondera o princípio inquisiti-
vo. JUIZ COMO PROTAGONISTA DO PRO- Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o proces-
CESSO. samento e o julgamento da ação quando houver cláusula de
eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacio-
Prevalece o diálogo, a lealdade e o equilíbrio nal, arguida pelo réu na contestação.
entre TODOS os sujeitos do processo. Redi- § 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de compe-
mensionamento do princípio do contraditó- tência internacional exclusiva previstas neste Capítulo.
COOPERATIVO rio. NÃO HÁ PROTAGONISMOS. Aqui o ór- § 2o Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1o a 4o.
gão jurisdicional assume DUPLA POSIÇÃO:
mostra-se PARITÁRIO NA CONDUÇÃO DO
CÓDIGO PENAL
PROCESSO e ASSIMÉTRICO NO MOMEN-
TO DA DECISÃO *Nossas tabelas de Direito Penal foram produzidas a partir de au-
las do Professor Rogério Sanches
TÍTULO II CONCEITO DE DIREITO PENAL
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO IN- Aspecto Direito Penal é o conjunto de normas que
TERNACIONAL Formal/ qualifica certos comportamentos humanos
CAPÍTULO I Estático como infrações penais, define os seus agentes
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL e fixa sanções a serem-lhes aplicadas.
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e
julgar as ações em que: O Direito Penal refere-se a comportamentos
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domici- considerados altamente reprováveis ou
liado no Brasil; Aspecto danosos ao organismo social, afetando bens
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; Material jurídicos indispensáveis à própria conservação
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. e progresso da sociedade.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se O Direito Penal é mais um instrumento de
domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver controle social, visando assegurar a necessária
agência, filial ou sucursal. disciplina para a harmônica convivência dos
membros da sociedade.
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira pro- Aprofundando o enfoque sociológico
cessar e julgar as ações: - A manutenção da paz social demanda a
I - de alimentos, quando: existência de normas destinadas a estabelecer
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; diretrizes.
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propri- Aspecto - Quando violadas as regras de conduta, surge
edade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios Sociológico/ para o Estado o dever de aplicar sanções (civis
econômicos; Dinâmico ou penais).
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor ATENÇÃO: Nessa tarefa de controle social
tiver domicílio ou residência no Brasil; atuam vários ramos do direito, como o Direito
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à Civil, Direito Administrativo, etc. O Direito
jurisdição nacional. Penal é apenas um dos ramos do controle
social.
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, COM EX- - Quando a conduta atenta contra bens
CLUSÃO DE QUALQUER OUTRA: jurídicos especialmente tutelados, merece
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; reação mais severa por parte do Estado,
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação valendo-se do Direito Penal.
de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens IMPORTANTE: O que diferencia a norma
situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacio- penal das demais é a espécie de
nalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacio- consequência jurídica, ou seja, pena
nal; privativa de liberdade (PPL).
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união es- - O Direito Penal é norteado pelo princípio da
tável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que intervenção mínima, só atuando quando os
outros ramos do direito falham.

13
os outros ramos do Direito e os demais meios
Direito Penal Criminologia Política Criminal estatais de controle social tiverem se revelado
(Ciência Penal) (Ciência Política) impotentes para o controle da ordem pública.
Assim, o Direito Penal funciona como um exe-
Analisa os fatos Ciência empírica Trabalha as estraté-
cutor de reserva (ultima ratio), entrando em
humanos indeseja- que estuda o cri- gias e os meios de
cena somente quando outros meios estatais
dos, define quais me, o criminoso, a controle social da
de proteção mais brandos, e, portanto, menos
devem ser rotulados vítima e o com- criminalidade.
invasivos da liberdade individual não forem
como crime ou portamento da so-
suficientes para a proteção do bem jurídico
contravenção, ciedade.
tutelado.
anunciando as pe-
Projeta-se no plano concreto, isto é, em sua
nas.
atuação prática o Direito Penal somente se le-
Ocupa-se do crime Ocupa-se do crime Ocupa-se do crime gitima quando os demais meios disponíveis já
enquanto norma. enquanto fato so- enquanto valor. tiverem sido empregados, sem sucesso, para
cial. proteção do bem jurídico. Guarda relação,
portanto, com a tarefa de aplicação da lei pe-
ex.: define como cri- ex.: quais fatores ex.: estuda como di-
nal.
me lesão no ambi- contribuem para a minuir a violência do-
ente doméstico e violência doméstica méstica e familiar. Princípio da EXTERIORIZAÇÃO ou MATERI-
familiar. e familiar ALIZAÇÃO DO FATO: O Estado só pode incri-
minar condutas humanas voluntárias, isto é,
fatos.
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL ATENÇÃO! Veda-se o Direito Penal do au-
Princípio da EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS tor: consistente na punição do indivíduo ba-
BENS JURÍDICOS: O direito penal deve servir seada em seus pensamentos, desejos e estilo
apenas para proteger bens jurídicos relevan- de vida.
tes, indispensáveis ao convívio da sociedade. Conclusão: O Direito Penal Brasileiro segue
Decorrência do princípio da ofensividade. Direito Penal do Fato.
Resquícios de direito penal do autor no di-
Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA: O Di- reito brasileiro: Até 2009, mendicância era
reito Penal só deve ser aplicado quando estri- crime. Vadiagem é contravenção penal.
tamente necessário, de modo que sua inter- ATENÇÃO: Identifica-se a aplicação do di-
venção fica condicionada ao fracasso das de- reito penal do autor em detrimento ao di-
mais esferas de controle (caráter subsidiário), reito penal do fato: fixação da pena, regime
observando somente os casos de relevante de cumprimento da pena e espécies de san-
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tu- ção.
telado (caráter fragmentário).
a) Princípio da fragmentariedade (ou cará- Princípio da LEGALIDADE
ter fragmentário do Direito Penal): estabe- Art. 5º , II, C.F. – “ninguém será obrigado a fa-
lece que nem todos os ilícitos configuram in- zer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
frações penais, mas apenas os que atentam virtude de lei;”
contra valores fundamentais para a manu- Art. 5º, XXXIX, C.F. – “não há crime sem lei an-
tenção e o progresso do ser humano e da terior que o defina, nem pena sem prévia co-
sociedade. Em razão de seu caráter fragmen- minação legal;”
tário, o Direito Penal é a última etapa de pro- Art. 1º, C.P. - “Não há crime sem lei anterior
teção do bem jurídico. que o defina. Não há pena sem prévia comi-
Deve ser utilizado no plano abstrato, para o nação legal.”
fim de permitir a criação de tipos penais so- DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LE-
Princípios Princípios
mente quando os demais ramos do Direito ti- GALIDADE:
relacionados relacionados
verem falhado na tarefa de proteção de um a) não há crime ou pena sem lei (MP não
com a MISSÃO com o FATO DO
bem jurídico. Refere-se, assim, à atividade le- pode criar crime, nem cominar pena)
FUNDAMENTAL AGENTE
gislativa. b) não há crime ou pena sem lei anterior
DO DIREITO (princípio da anterioridade)
#O que é FRAGMENTARIEDADE ÀS AVES-
PENAL c) não há crime ou pena sem lei escrita
SAS? Situações em que um comportamento
inicialmente típico deixa de interessar ao Di- (proíbe costume incriminador)
reito Penal, sem prejuízo da sua tutela pelos d) não há crime ou pena sem lei estrita
demais ramos do Direito. (proíbe-se a utilização da analogia para criar
IMPORTANTE! O princípio da insignificân- tipo incriminador - analogia in malam par-
cia é desdobramento lógico da fragmentari- tem).
edade. e) não há crime ou pena sem lei certa (Prin-
b) Princípio da subsidiariedade: a atuação cípio da Taxatividade ou da determinação;
do Direito Penal é cabível unicamente quando Proibição de criação de tipos penais vagos e
indeterminados)

14
f) não há crime ou pena sem lei necessária agente imputável, isto é, penalmente capaz,
(desdobramento lógico do princípio da inter- com potencial consciência da ilicitude (possi-
venção mínima) bilidade de conhecer o caráter ilícito do com-
portamento), quando dele exigível conduta
Princípio da OFENSIVIDADE/LESIVIDADE:
diversa.
Exige que do fato praticado ocorra lesão ou
perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Princípio da ISONOMIA: A isonomia que se
Somente condutas que causem lesão (efetiva/ garante é a isonomia substancial. Deve-se tra-
potencial) a bem jurídico, relevante e de ter- tar de forma igual o que é igual, e desigual-
ceiro, podem estar sujeitas ao Direito Penal. mente o que é desigual.
-CRIME DE DANO: ocorre efetiva lesão ao
Princípio da PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
bem jurídico. Ex: homicídio.
Convenção Americana de Direitos Humanos -
-CRIME DE PERIGO: basta risco de lesão ao
Artigo 8º .2: “Toda pessoa acusada de um de-
bem jurídico. Ex.: embriaguez ao volante; por-
lito tem direito a que se presuma sua ino-
te de arma.
cência, enquanto não for legalmente com-
a) Perigo abstrato: o risco de lesão é absolu-
provada sua culpa. Durante o processo, toda
tamente presumido por lei.
pessoa tem direito, em plena igualdade, às
b) Perigo concreto:
seguintes garantias mínimas:”
De vítima determinada: o risco deve
Art. 5º, LVII C.F. – “ninguém será considerado
ser demonstrado indicando pessoa
culpado até o trânsito em julgado de senten-
certa em perigo.
ça penal condenatória;”
De vítima difusa: o risco deve ser de-
OBS: Prisão após condenação em 2a instância
monstrado dispensando vítima deter-
não viola o princípio da presunção de inocên-
minada.
cia (STF).
Princípio da RESPONSABILIDADE PESSOAL:
Princípio da DIGNIDADE DA PESSOA HU-
Proíbe-se o castigo pelo fato de outrem. Está
MANA: A ninguém pode ser imposta pena
vedada a responsabilidade penal coletiva.
ofensiva à dignidade da pessoa humana, ve-
DESDOBRAMENTOS:
dando-se a sanção indigna, cruel, desumana e
a) Obrigatoriedade da individualização da
degradante.
acusação (é proibida a denúncia genérica,
vaga ou evasiva). O Promotor de Justiça deve Princípio da INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
individualizar os comportamentos. OBS: Nos A individualização da pena deve ser observa-
crimes societários, os Tribunais Superiores fle- da em 3 momentos:
xibilizam essa obrigatoriedade. 1- FASE LEGISLATIVA: observada pelo legis-
b) Obrigatoriedade da individualização da lador no momento da definição do crime e na
pena (é mandamento constitucional, evitando cominação de sua pena. Pena abstrata.
responsabilidade coletiva). 2- FASE JUDICIAL: observada pelo juiz na fi-
xação da pena. Pena concreta.
Princípio da RESPONSABILIDADE SUBJETI-
3- FASE DE EXECUÇÃO: garantindo-se a indi-
VA: Não basta que o fato seja materialmente
vidualização da execução penal (art. 5°, LEP).
causado pelo agente, ficando a sua responsa-
bilidade condicionada à existência da volun- Princípio da PROPORCIONALIDADE: Trata-
tariedade (dolo/culpa). Está proibida a res- se de princípio constitucional implícito (des-
ponsabilidade penal objetiva, isto é, sem dolo Princípios dobramento da individualização da pena).
ou culpa. relacionados Curiosidade: foi durante o Iluminismo, mar-
Temos doutrina anunciando CASOS DE RES- com a PENA cado pela obra “Dos delitos e das penas”
PONSABILIDADE PENAL OBJETIVA (autori- (Beccaria) que se despertou maior atenção
zadas por lei): para a proporcionalidade na resposta estatal
Princípios
1- Embriaguez voluntária (Beccaria propunha a retribuição proporcio-
relacionados
Crítica: a teoria da actio libera in causa exige nal).
com o AGENTE
não somente uma análise pretérita da impu- RESUMO: a pena deve ajustar-se à gravidade
DO FATO
tabilidade, mas também da consciência e do fato, sem desconsiderar as condições do
vontade do agente. agente.
2- Rixa Qualificada Dupla face do princípio da proporcionali-
Crítica: só responde pelo resultado agravador dade (Lenio Streck):
quem atuou frente a ele com dolo ou culpa, 1a Face: Impedir a hipertrofia da punição;
evitando-se responsabilidade penal objetiva. Garantismo negativo (Ferrajoli); Garantia do
3- Responsabilidade penal da pessoa jurídi- indivíduo contra o Estado.
ca nos crimes ambientais 2a Face: Evitar a insuficiência da interven-
ção do Estado (evitar proteção deficiente);
Princípio da CULPABILIDADE: Postulado li-
Imperativo de tutela; Garantismo positivo
mitador do direito de punir.
(Ferrajoli); Garantia do indivíduo em ver o Es-
Só pode o Estado impor sanção penal ao

15
tado protegendo bens jurídicos com eficiên- - Autorrevogabilidade
cia. - Ultratividade
Princípio da PESSOALIDADE
“Artigo 5º, XLV CF – nenhuma pena passará Tempo do crime
da pessoa do condenado, podendo a obriga- Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da
ção de reparar o dano e a decretação do per- ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
dimento de bens ser, nos termos da lei, esten-
didas aos sucessores e contra eles executadas, TEMPO DO CRIME
até o limite do valor do patrimônio transferi-
TEORIA DA TEORIA DO TEORIA MISTA /
do.”
ATIVIDADE RESULTADO UBIQUIDADE
Princípio da VEDAÇÃO DO “BIS IN IDEM”:
Considera-se prati- Considera-se prati- Considera-se prati-
veda-se segunda punição pelo mesmo fato.
cado o crime no cado o crime no cado o crime no
Exceção: Art. 8º - A pena cumprida no estran-
momento da con- momento do resul- momento da con-
geiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
duta (A/O) tado. duta (A/O) ou do
mesmo crime, quando diversas, ou nela é
Adotada resultado.
computada, quando idênticas – possibilida-
de do sujeito ser processado duas vezes pelo
mesmo fato. Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de conven-
ções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometi-
TÍTULO I
do no território nacional.
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão
Anterioridade da Lei
do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras,
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há
de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde
pena sem prévia cominação legal.
quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarca-
ções brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se
Lei penal no tempo
achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior
em alto-mar.
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes pratica-
e os efeitos penais da sentença condenatória (abolitio criminis)
dos a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo fa-
propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no territó-
vorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que de-
rio nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e es-
cididos por sentença condenatória transitada em julgado.
tas em porto ou mar territorial do Brasil.

Tempo da Lei Posterior (IR) Retroatividade Lugar do crime


conduta Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que
Fato atípico Fato típico Irretroatividade ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Fato típico Aumento de pena, p.ex. Irretroatividade

Fato típico Supressão de figura cri- Retroatividade LUGAR DO CRIME


minosa
TEORIA DA TEORIA DO TEORIA MISTA /
Fato típico Diminuição de pena, Retroatividade ATIVIDADE RESULTADO UBIQUIDADE
p.ex.
O crime considera- O crime considera- o crime considera-
Fato típico Migra o conteúdo crimi- Princípio da conti- se praticado no lu- se praticado no lu- se praticado no lu-
noso para outro tipo nuidade normativo- gar da conduta. gar do resultado. gar da conduta ou
penal típica do resultado.
Adotada

Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sentença condenató-


ria, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais be- DICA: LuTa (Lugar do crime = Ubiquidade/Tempo do crime=Ati-
nigna. vidade)

Lei excepcional ou temporária Extraterritorialidade


Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorri- Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
do o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a no estrangeiro:
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigên- I (INCONDICIONADA)- os crimes:
cia (ultratividade) a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República
(P. Defesa ou Real);
A lei excepcional ou temporária possuem duas características b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
essenciais: Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa públi-

16
ca, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação insti- Legislação especial
tuída pelo Poder Público (P. Defesa ou Real); Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos
c) contra a administração pública, por quem está a seu ser- incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diver-
viço (P. Defesa ou Real); so.
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domi-
ciliado no Brasil (P. Justiça Universal); TÍTULO II
II ( CONDICIONADA) - os crimes: DO CRIME
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a Relação de causalidade
reprimir (P. Justiça Universal); Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime,
b) praticados por brasileiro (P. Nacionalidade Ativa); somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se cau-
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mer- sa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorri-
cantes ou de propriedade privada, quando em território es- do. TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES/ conditio
trangeiro e aí não sejam julgados (P. Representação). sine qua non/ condição simples/ condição generalizada
§ 1º - Nos casos do inciso I (INCONDICIONADA), o agente Superveniência de causa independente
é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou con- § 1º - A superveniência de causa relativamente indepen-
denado no estrangeiro (possibilidade de dupla condenação dente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resul-
pelo mesmo fato). tado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os pra-
§ 2º - Nos casos do inciso II (CONDICIONADA), a aplicação ticou. TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA.
da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: Relevância da omissão
a) entrar o agente no território nacional; § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente
b) ser o fato punível também no país em que foi pratica- devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir in-
do; cumbe a quem: CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasi- a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilân-
leira autoriza a extradição; cia;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir
ter aí cumprido a pena; o resultado;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei ocorrência do resultado.
mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido Art. 14 - Diz-se o crime:
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as Crime consumado
condições previstas no parágrafo anterior: (HIPERCONDICIONA- I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos
DA) de sua definição legal;
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; Tentativa
b) houve requisição do Ministro da Justiça. II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma
por circunstâncias ALHEIAS À VONTADE do agente.
Pena cumprida no estrangeiro Pena de tentativa
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena im- Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a
posta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,
computada, quando idênticas. diminuída de 1/3 a 2/3.

Eficácia de sentença estrangeira PUNIÇÃO DA TENTATIVA


Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser TEORIA OBJETIVA/ TEORIA SUBJETIVA/
homologada no Brasil para: REALÍSTICA VOLUNTARÍSTICA/
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restitui- MONISTA
ções e a outros efeitos civis; (depende de pedido da parte in- Observa o aspecto objetivo Observa o aspecto subjetivo
teressada). do delito (sob a perspectiva do delito (sob a perspectiva do
II - sujeitá-lo a medida de segurança. (depende da exis- dos atos praticados pelo agen- dolo).
tência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade te). Conclusão: sob a perspectiva
judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de re- A punição se fundamenta no subjetiva (dolo), a consumação
quisição do ministro da justiça). perigo de dano acarretado e a tentativa são idênticas, logo,
ao bem jurídico, verificado a tentativa deve ter a mesma
Contagem de prazo +C-F na realização de parte do pena da consumação, sem re-
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. processo executório. dução.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Conclusão: por ser objetiva-
mente incompleta, a tentativa
Frações não computáveis da pena merece pena reduzida.
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade A tentativa é chamada de
e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de tipo manco.
multa, as frações de cruzeiro. Quanto maior a proximidade
da consumação menor será a

17
diminuição, e vice-versa (leva- CRIME IMPOSSÍVEL/QUASE-CRIME/CRIME OCO/
se em conta o iter criminis TENTATIVA INIDÔNEA/TENTATIVA INADEQUADA/
percorrido pelo agente). TENTATIVA INÚTIL
Adotado pelo CP.
TEORIA TEORIA SUBJETIVA TEORIA OBJETIVA
Regra: Teoria objetiva (pune-se a tentativa com a pena da con- SINTOMÁTICA
sumação reduzida de 1/3 a 2/3).
Com a sua conduta, Sendo a conduta Crime é conduta e
Exceção: Teoria subjetiva (pune-se a tentativa com a mesma
demonstra o agente subjetivamente resultado. Este con-
pena da consumação – sem redução). São os CRIMES DE
ser perigoso, razão perfeita (vontade figura dano ou peri-
ATENTADO ou empreendimento.
pela qual deve ser consciente de prati- go de dano ao bem
punido, ainda que o car o delito), deve o jurídico. A execução
Culposo (salvo, culpa imprópria) crime se mostre im- agente sofrer a deve ser idônea, ou
Contravenções penais (faticamente possível de ser con- mesma pena comi- seja, trazer a poten-
CRIMES QUE NÃO AD- possível, mas não punível) sumado. nada à tentativa, cialidade do evento.
MITEM TENTATIVA Habituais Por ter como funda- sendo indiferente os Caso inidônea, te-
Unissubsistentes mento a periculosi- dados (objetivos) mos configurado o
“CCHUPAO” Preterdolosos dade do agente, relativos à impropri- crime impossível.
Atentado/Empreendimento esta teoria se relaci- edade do objeto ou O agente não deve
Omissivos PRÓPRIOS ona diretamente ineficácia do meio, ser punido porque
com o direito penal ainda quando abso- não causou perigo
do autor. lutas. O agente deve aos bens penalmen-
Desistência voluntária (DV) e arrependimento eficaz (AE)
ser punido porque te tutelados.
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de pros-
revelou vontade de A teoria objetiva
seguir na execução (DV) ou impede que o resultado se produ-
praticar o crime. subdivide-se:
za (AE), só responde pelos atos já praticados. - PONTE DE OURO
1) TEORIA OBJETI-
VA PURA: não há
Arrependimento posterior
tentativa, mesmo
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave
que a inidoneidade
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, ATÉ O
seja relativa, consi-
RECEBIMENTO da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
derando-se, neste
agente, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3 - PONTE DE PRATA
caso, que não houve
conduta capaz de
A reparação posterior ao recebimento da denúncia e antes do causar lesão.
julgamento é circunstância atenuante – Art. 65, III, b. 2) TEORIA OBJETI-
VA TEMPERADA
A lei estabelece um tratamento mais OU INTERMEDIÁ-
PONTE DE OURO favorável em face da voluntária não RIA: a ineficácia do
produção do resultado; evita-se a meio e a impropri-
consumação do crime. DV e AE. edade do objeto
devem ser absolu-
Institutos que atuam após a consu- tas para que não
PONTE DE PRATA mação da infração penal, trazendo haja punição. Sen-
um tratamento penal mais benéfi- do relativas, pune-
co ao agente. Arrependimento Pos- se a tentativa. É a
terior. teoria
Institutos penais que, depois da Adotada pelo CP.
PONTE DE DIAMANTE consumação do crime, podem che-
OU PONTE DE PRATA gar até a eliminar a responsabilida-
Súmula 145-STF: Não há crime, quando a preparação do fla-
QUALIFICADA de penal do agente. Colaboração
grante pela polícia torna impossível a sua consumação.
Premiada.

Art. 18 - Diz-se o crime:


Crime impossível
Crime doloso
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia ab-
I - doloso, quando o agente quis o resultado (TEORIA DA
soluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
VONTADE) ou assumiu o risco de produzi-lo (TEORIA DO CON-
impossível consumar-se o crime.
SENTIMENTO);
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei (crime
culposo só se previsto em lei), ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

18
anterior - “TEMPUS REGIT ACTUM” OU PRINCÍPIO DA IMEDI-
TEORIAS DO DOLO ATIDADE.

TEORIA DA TEORIA DA TEORIA DO Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação exten-
VONTADE REPRESENTAÇÃO CONSENTIMENTO/ siva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos prin-
ASSENTIMENTO cípios gerais de direito.
Dolo é a vontade Fala-se em dolo Fala-se em dolo
consciente de que- sempre que o agen- sempre que o agen- Não há separação das funções de acusar,
rer praticar a infra- te tiver a previsão te tiver a previsão defender e julgar, que estão concentradas
ção penal. do resultado como do resultado como SISTEMA em uma única pessoa.
Dolo = previsão possível e, ainda as- possível e, ainda as- INQUISITORIAL Juiz inquisidor, com ampla iniciativa acusa-
(consciência) + que- sim, decidir prosse- sim, decide prosse- tória e probatória.
rer guir com a conduta. guir com a conduta, Princípio da verdade real.
OBS: Adotada pelo Dolo = previsão assumindo o risco
SISTEMA Há separação das funções de acusar, de-
CP em relação ao (consciência) + de produzir o even-
ACUSATÓRIO fender e julgar.
dolo direto. prosseguir com a to.
Princípio da busca da verdade.
conduta Dolo = previsão
ADOTADO NO A gestão da prova recai sobre as partes.
ATENÇÃO: Esta teo- (consciência) +
BRASIL O juiz, durante a instrução processual, tem
ria acaba abrangen- prosseguir com a
certa iniciativa probatória (subsidiariamente)
do no conceito de conduta assumindo
dolo a culpa consci- o risco do evento SISTEMA Há uma fase inquisitorial e uma fase acu-
ente. OBS: Esta teoria, di- MISTO/ satória.
ferente da anterior, FRANCÊS
não mais abrange
no conceito de dolo TÍTULO II
a culpa consciente. DO INQUÉRITO POLICIAL
OBS: Adotada pelo Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades
CP em relação ao policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por
dolo eventual. fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não
Agravação pelo resultado excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja co-
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, metida a mesma função.
só responde o agente que o houver causado ao menos culpo-
samente. SIGILOSO
DISPENSÁVEL
CÓDIGO PROCESSO PENAL ESCRITO
CARACTERÍSTICAS INQUISITORIAL (como regra, não há con-
LIVRO I DO IP traditório ou ampla defesa)
DO PROCESSO EM GERAL OFICIAL
TÍTULO I OFICIOSO
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES INDISPONÍVEL (o Delegado não poderá
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território bra- arquivá-lo)
sileiro (PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE OU LEX FORI), por
este Código, ressalvados: Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial
I - os tratados, as convenções e regras de direito interna- será iniciado:
cional; I - de ofício;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da Re- II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do
pública, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de
Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal quem tiver qualidade para representá-lo (parte da doutrina sus-
Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, tenta a não recepção do inciso, pois violaria o sistema acusatório
89, § 2o, e 100); e a garantia da imparcialidade)
III - os processos da competência da Justiça Militar; § 1o O requerimento a que se refere o n o II conterá sempre
IV - os processos da competência do tribunal especial que possível:
V - os processos por crimes de imprensa (STF não recepcio- a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
nou a Lei de Imprensa). b) a individualização do indiciado ou seus sinais característi-
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos cos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor
processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
os regulam não dispuserem de modo diverso. c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua pro-
fissão e residência.
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem § 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertu-
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei ra de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.

19
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o dis-
existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, posto no Capítulo II do Título IX deste Livro.
verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial,
e esta, verificada a procedência das informações, mandará instau- Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só
rar inquérito. processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso,
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depen- rubricadas pela autoridade.
der de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial so- Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias,
mente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso pre-
tenha qualidade para intentá-la. ventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias,
NOTITIA CRIMINIS quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
(conhecimento do crime pela polícia) § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido
apurado e enviará autos ao juiz competente.
ESPONTÂNEA Mediante atividade rotineira da polícia § 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemu-
PROVOCADA Quando, por exemplo, o ofendido noticia à nhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar
polícia o cometimento do crime onde possam ser encontradas.
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado
DE COGNIÇÃO Com a prisão em flagrante estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução
COERCITIVA dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no
INQUALIFICADA Denúncia anônima prazo marcado pelo juiz.

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infra- A autoridade policial não deve esboçar qualquer
ção penal, a autoridade policial deverá: juízo de valor, ressalvados os crimes de tóxicos,
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alte- onde ela deverá justificar as razões que a levaram
rem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos pe- à classificação do delito (art. 52, I, Lei 11.343/06)
ritos criminais; RELATÓRIO
A autoridade policial sempre irá indicar o tipo
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, penal em que acha incurso o investigado. Isso se
após liberados pelos peritos criminais; chama de juízo de subsunção precária, visto
III - colher todas as provas que servirem para o esclareci- que o juízo de subsunção próprio cabe ao MP,
mento do fato e suas circunstâncias; quando da denúncia.
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável,
do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o PRAZO CONCLUSÃO PRESO SOLTO
respectivo termo ser assinado por 2 testemunhas que lhe te- JUSTIÇA ESTADUAL 10 30
nham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a JUSTIÇA FEDERAL 15+15 30
acareações; LEI DE DROGAS 30+30 90+90
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de
corpo de delito e a quaisquer outras perícias; ECONOMIA 10 10
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo da- POPULAR
tiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de ante- PRISÃO TEMPORÁRIA 30+30 NÃO SE
cedentes; EM CRIMES HEDIONDOS APLICA
Promotores e juízes não podem ser identificados criminalmente,
JUSTIÇA MILITAR 20 40+20
porque não podem ser indiciados LOMP (art. 41, III) e LOMAN
(art. 33).
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto
que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.
de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação
queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
do seu temperamento e caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, res-
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
pectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações ne-
contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indica-
cessárias à instrução e julgamento dos processos;
do pela pessoa presa.
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo
Ministério Público;
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas auto-
sido praticada de determinado modo, a autoridade policial po-
ridades judiciárias;
derá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta
IV - representar acerca da prisão preventiva.
não contrarie a moralidade ou a ordem pública.

20
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A,
no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Código Penal, e no art. 239 do É POSSÍVEL
MOTIVO DO ARQUIVAMENTO
ECA, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia DESARQUIVAR?
poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de 1) Insuficiência de provas SIM
empresas da iniciativa privada, dados e informações cadas- (Súmula 524-STF)
trais da vítima ou de suspeitos. 2) Ausência de pressuposto processual ou de
SIM
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 condição da ação penal
horas, conterá: 3) Falta de justa causa para a ação penal (não
I - o nome da autoridade requisitante; há indícios de autoria ou prova da SIM
II - o número do inquérito policial; e materialidade)
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável 4) Atipicidade (fato narrado não é crime) NÃO
pela investigação. 5) Existência manifesta de causa excludente STJ: NÃO (REsp
de ilicitude 791471/RJ)
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes STF: SIM (HC
relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Pú- 125101/SP)
blico ou o delegado de polícia poderão requisitar, MEDIANTE 6) Existência manifesta de causa excludente NÃO
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, às empresas prestadoras de serviço de culpabilidade* (Posição da
de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imedia- doutrina)
tamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações 7) Existência manifesta de causa extintiva da NÃO
e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspei- punibilidade (STJ HC 307.562/RS)
tos do delito em curso. (STF Pet 3943)
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da Exceção: certidão
estação de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequên- de óbito falsa
cia. *Tabela retirada do site www.dizereodireito.com.br
§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qual- Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os
quer natureza, que dependerá de autorização judicial, confor- autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde
me disposto em lei; aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante le-
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celu- gal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante tras-
lar por período não superior a 30 dias, renovável por uma úni- lado.
ca vez, por igual período;
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo ne-
será necessária a apresentação de ordem judicial. cessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da so-
§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deve- ciedade.
rá ser instaurado no prazo máximo de 72 horas, contado do Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe fo-
registro da respectiva ocorrência policial. rem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 horas, quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra
a autoridade competente requisitará às empresas prestadoras os requerentes.
de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponi-
bilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sem-
sinais, informações e outros – que permitam a localização da víti- pre de despacho nos autos e somente será permitida quando o
ma ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunica- interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o
ção ao juiz. exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indicia- de 3 dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a
do poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério
não, a juízo da autoridade. Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo
89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado cura-
dor pela autoridade policial. A CF/88 não permite a incomunicabilidade do preso nem mes-
mo no estado de defesa (art. 136, §3, IV)
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devo-
lução do inquérito à autoridade policial, senão para novas dili-
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver
gências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em
uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, orde-
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar
nar diligências em circunscrição de outra, independentemente de
autos de inquérito.
precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que
compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito
ocorra em sua presença, noutra circunscrição.
pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a
autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz
outras provas tiver notícia.
competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identifi-

21
cação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo Se o arquivamento partir diretamente do
a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração ARQUIVAMENTO Procurador Geral da República ou do PGJ,
penal e à pessoa do indiciado. ORIGINÁRIO O TRIBUNAL NÃO PODERÁ INVOCAR O
ART. 28 do CPP. Caberá, porém, no
SÚMULAS SOBRE IP âmbito federal, recurso administrativo à
Câmara de Coordenação e Revisão.
Súmula vinculante 14-STF: É direito do defensor, no interesse
do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, MP oferece a denúncia em face de apenas
já documentados em procedimento investigatório realizado um ou alguns dos crimes nele narrados ou
por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ARQUIVAMENTO dos acusados, deixando de oferecer, sem
ao exercício do direito de defesa IMPLÍCITO OU motivo justificado, pelos outros.
Súmula 524-STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho TÁCITO STF: O sistema processual penal brasileiro
do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a não prevê a figura do arquivamento
ação penal ser iniciada, sem novas provas. implícito de inquérito policial.

TÍTULO III Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pú-
DA AÇÃO PENAL blica, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Mi-
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida nistério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denún-
por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei cia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, for-
o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação necer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo,
do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. no caso de negligência do querelante, retomar a ação como
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado parte principal.
ausente por decisão judicial, o direito de representação passará
ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. CADI Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para repre-
§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detri- sentá-lo caberá intentar a ação privada.
mento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Municí-
pio, a AÇÃO PENAL SERÁ PÚBLICA. Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declara-
do ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou
Art. 25. A representação será irretratável, DEPOIS DE OFE- prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descenden-
RECIDA a denúncia. te ou irmão. (CADI)

Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento


CPP LEI MARIA DA PENHA
da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para
A representação será irretra- Só será admitida a renúncia à promover a ação penal.
tável, DEPOIS DE OFERECIDA representação perante o juiz § 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover
a denúncia. ANTES DO RECEBIMENTO da às despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensá-
denúncia veis ao próprio sustento ou da família.
§ 2o Será prova suficiente de pobreza o atestado da autori-
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com dade policial em cuja circunscrição residir o ofendido.
o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedi-
da pela autoridade judiciária ou policial Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mental-
mente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante
legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito
Processo judicialiforme. Artigo não recepcionado pela CF/88.
de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado,
de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciati- competente para o processo penal.
va do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública,
fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito
e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente
mais próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, po-
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apre- dendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o
sentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito poli- querelante desista da instância ou a abandone.
cial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de con-
siderar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente
inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser represen-
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério tadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem
Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquiva- ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
mento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu
ARQUIVAMENTO MP deixa de oferecer a denúncia por representante legal, decairá no direito de queixa ou de repre-
INDIRETO entender que o juízo perante o qual oficia sentação, se não o exercer dentro do prazo de 6 meses, conta-
é incompetente. do do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no

22
caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o ofereci - em que tiver recebido as peças de informações ou a representa-
mento da denúncia. ção
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de § 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias,
queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os
arts. 24, parágrafo único, e 31. autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-
á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, do processo.
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, me-
diante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Mi- DENÚNCIA
nistério Público, ou à autoridade policial.
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem as- RÉU PRESO RÉU SOLTO
sinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu represen- 5 dias 15 dias
tante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz
ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público,
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores
quando a este houver sido dirigida.
esclarecimentos e documentos complementares ou novos ele-
§ 2o A representação conterá todas as informações que pos-
mentos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quais-
sam servir à apuração do fato e da autoria.
quer autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a auto-
los.
ridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente,
remetê-lo-á à autoridade que o for.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este
obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará
reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que
pela sua INDIVISIBILIDADE.
esta proceda a inquérito.
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito,
Art. 49. A RENÚNCIA ao exercício do direito de queixa, em
se com a representação forem oferecidos elementos que o habili-
relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.
tem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia
no prazo de 15 dias.
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada
pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os
poderes especiais.
juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação públi-
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do
ca, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos
menor que houver completado 18 anos não privará este do
necessários ao oferecimento da denúncia.
direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito
do primeiro.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a EXPOSIÇÃO DO
FATO criminoso, com todas as suas circunstâncias, a QUALIFICA-
Art. 51. O PERDÃO concedido a um dos querelados apro-
ÇÃO DO ACUSADO ou esclarecimentos pelos quais se possa
veitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação
identificá-lo, a CLASSIFICAÇÃO do CRIME e, quando necessá-
ao que o recusar.
rio, o ROL DAS TESTEMUNHAS.
Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retar-
Art. 42. O Ministério Público NÃO PODERÁ DESISTIR da
dado mental e não tiver representante legal, ou colidirem os inte-
ação penal.
resses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá
ao curador que o juiz lhe nomear.
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com po-
deres especiais, devendo constar do instrumento do mandato o
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com
nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando
poderes especiais.
tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser
previamente requeridas no juízo criminal.
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o
disposto no art. 50.
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa
do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão to-
quem caberá intervir em todos os termos subsequentes do pro-
dos os meios de prova.
cesso.
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o
nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de 3 dias, se
réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do
o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o
Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15
seu silêncio importará aceitação.
dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se hou-
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a pu-
ver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-
nibilidade.
se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público rece-
ber novamente os autos.
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de
§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito poli-
declaração assinada pelo querelado, por seu representante legal
cial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data
ou procurador com poderes especiais.

23
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante tra a honra de servidor público em razão do exercício de
queixa, considerar-se-á PEREMPTA a ação penal: suas funções.
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover
o andamento do processo durante 30 dias seguidos; STJ
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua inca- Súmula 234-STJ: A participação de membro do Ministério Pú-
pacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, blico na fase investigatória criminal NÃO ACARRETA O SEU IM-
dentro do prazo de 60 dias, qualquer das pessoas a quem cou- PEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO para o oferecimento da denúncia.
ber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 - CADI; Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão cor-
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem moti- poral resultante de violência doméstica contra a mulher é
vo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar pre- pública incondicionada.
sente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas ale-
gações finais;
TÍTULO IV
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se
DA AÇÃO CIVIL
extinguir sem deixar sucessor.
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória,
poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer
da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou
extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício.
seus herdeiros.
Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Pú-
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condena-
blico, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apar-
tória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos ter-
tado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concede-
mos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo
rá o prazo de 5 dias para a prova, proferindo a decisão dentro de
da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido.
5 dias ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença final.
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à
para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cí-
vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Pú-
vel, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável
blico, declarará extinta a punibilidade.
civil.
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil
AÇÃO DE Aplica medida de segurança poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo da-
PREVENÇÃO PENAL quela.
AÇÃO PENAL Processo judicial judicialiforme e
EX OFFICIO HC de Ofício Art. 65. FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL a sentença penal
que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessida-
AÇÃO PENAL PÚBLICA Havendo inércia do MP, outro ór- de, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou
SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA gão oficial poderia promover a no exercício regular de direito (excludentes de ilicitude).
ação penal. Ex; no DL 201, se o
MPE for inerte, o MPF pode iniciar Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo cri-
a persecução penal. minal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido,
AÇÃO PENAL INDIRETA MP assume a ação penal privada categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
subsidiária.
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação
Primariamente o crime é processa- civil:
AÇÃO PENAL do mediante ação privada e, secun- I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das pe-
SECUNDÁRIA dariamente, por ação penal públi- ças de informação;
ca. Ex: S714/STF (crimes contra a II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
honra de funcionário público) III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputa-
-MP propõe ação privada, quando do não constitui crime.
AÇÃO PENAL ADESIVA vislumbrar interesse público
-Conexão entre delitos de ação pe- Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for
nal pública e ação privada. pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória
(art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimen-
AÇÃO PENAL POPULAR HC e crimes de responsabilidade. to, pelo Ministério Público (inconstitucionalidade progressiva;
norma ainda constitucional)
SÚMULAS SOBRE AÇÃO PENAL Ação civil ex delicto Ação de execução ex delicto
propriamente dita
STF
Independentemente da sen- Executam a sentença penal
Súmula 594-STF: Os direitos de queixa e de representação po-
tença penal, busca-se repara- transitada em julgada para fins
dem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou
ção do dano na esfera cível. de reparação do dano (a sen-
por seu representante legal.
tença penal só fixa mínimo de
Súmula 714-STF: É concorrente a legitimidade do ofendido,
reparação quando a parte re-
mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à re-
querer)
presentação do ofendido, para a ação penal por crime con-

24
DIA 2 retrocesso dos direitos sociais já realizado e
efetivado através de medidas
legislativas deve considerar-se
constitucionalmente garantido, sendo
Constituição Federal: art. 5
inconstitucionais quaisquer medidas que,
Código Civil: art. 1-39
sem a criação de outros esquemas
Código Processo Civil: art. 26-76
alternativos e compensatórios, se
Código Penal: art. 20-31
traduzam na prática numa “anulação”,
Código Processo Penal: art. 69-111
“revogação” pura e simples.
A locução direitos fundamentais é
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
reservada aos direitos consagrados em
diplomas normativos de cada Estado,
TÍTULO II Constitucionalização enquanto a expressão direitos humanos
Dos Direitos e Garantias Fundamentais é empregada para designar pretensões
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS de respeito à pessoa humana, inseridas
em documentos de direito
O que se entende por direitos
internacional.
fundamentais depende do entendimento
Historicidade de uma sociedade em um determinado
tempo, variam de acordo com o correr TEORIA DOS STATUS (Georg Jellinek)
da história, não são conceitos herméticos
O indivíduo é detentor de deveres perante o
e fechados.
Status passivo Estado. O indivíduo não está em uma posição
Há uma variação no tempo e no espaço.
(ou status de ter direitos exigíveis perante o Estado, mas
São direitos sem conteúdo econômico subjectionis) pelo contrário, está em uma posição de
Inalienabilidade patrimonial, não podem ser subordinação perante ele (por exemplo,
comercializados ou permutados. alistamento eleitoral e voto).
Trata-se de um status de sujeição do
São sempre exigíveis, não é porque não
indivíduo perante o Estado.
Imprescritibilidade foram exercidos que deixam de pertencer
ao indivíduo. Status O indivíduo goza de um espaço de liberdade
negativo (ou diante das ingerências do Estado. Não pode
status haver influência estatal na liberdade do
O indivíduo pode não exercer os seus
libertatis) indivíduo.
Irrenunciabilidade direitos, mas não pode renunciar a eles.
Estão localizados principalmente no art. 5º da
Também deve ser relativizada pela vida
Constituição.
moderna.
Status positivo O indivíduo tem o direito de exigir do Estado
Não são direitos absolutos. Se houver
(ou status determinadas prestações materiais ou
Relatividade um choque entre os direitos
civitatis) jurídicas.
fundamentais, serão resolvidos por um
juízo de ponderação ou pela aplicação
do princípio da proporcionalidade. Status ativo O indivíduo possui competências para
(ou status da influenciar a formação da vontade estatal.
Personalidade Os direitos fundamentais não se
cidadania Status em que o indivíduo tem de participar,
transmitem.
ativa) influenciar nas escolhas políticas do Estado
Concorrência e Os direitos fundamentais são direitos que incluindo, sobretudo, os direitos políticos.
cumulatividade podem ser exercidos ao mesmo
tempo.
DIMENSÕES (OU GERAÇÕES) DE DIREITOS FUNDAMENTAIS
Os direitos fundamentais são universais,
1a Têm como titular o indivíduo e são oponíveis, sobretudo,
independentemente, de as nações terem
ao Estado, impondo-lhe diretamente um dever de
assinado a declaração, devem ser
abstenção (caráter negativo).
reconhecidos em todo o planeta,
Ligados ao valor liberdade.
Universalidade independentemente, da cultura, política e
Direitos civis e políticos.
sociedade.
OBS: os RELATIVISTAS CULTURAIS 2a Ligados à igualdade material.
afirmam que os direitos fundamentais Direitos sociais, econômicos e culturais.
não podem ser universais, porque
3a Ligados à fraternidade (ou solidariedade).
devem ser reconhecidos na medida da
Direitos relacionados ao desenvolvimento (ou progresso),
cultura de cada sociedade.
ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, bem
Não se pode retroceder nos avanços como o direito de propriedade sobre o patrimônio
históricos conquistados. comum da humanidade e o direito de comunicação.
Proibição de Segundo Canotilho, o núcleo essencial Os direitos de terceira dimensão são direitos

1
transindividuais destinados à proteção do gênero III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento de-
humano. sumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo VEDADO O
4a Direitos à democracia, informação e pluralismo - DIP ANONIMATO;
Paulo Bonavides observa que esses direitos compendiam V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
o futuro da cidadania e correspondem à derradeira fase além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
da institucionalização do Estado social, sendo VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo as-
imprescindíveis para a realização e legitimidade da segurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
globalização política. forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
5a Paulo Bonavides: direito à paz, enquanto axioma da VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
democracia participativa e supremo direito da religiosa nas entidades civis e militares de internação coleti-
humanidade, como um direito fundamental de quinta va;
dimensão. VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença reli-
giosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar
para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-
DIMENSÃO OBJETIVA DIMENSÃO SUBJETIVA
se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Direito fundamental como nor- Direito fundamental dentro de IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica
ma cogente e irradiante, uma relação jurídica, conside- e de comunicação, INDEPENDENTEMENTE DE CENSURA OU LI-
como norte e limite conside- rando-se um titular e um CENÇA;
rando-se o direito de forma destinatário, de forma con- X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
abstrata. creta. imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;
Reflexos importantes: XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
- Eficácia irradiante da CF. penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de fla-
- Imposição ao Estado do de- grante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, duran-
ver de proteção dos direitos te o dia, por determinação judicial;
fundamentais XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
- Definição de limites de inter- telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no
pretação e de aplicação de último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
normas, com procedimentos lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
formais que respeitem os direi- processual penal;
tos materiais.
SIGILO BANCÁRIO
Os órgãos poderão requerer informações bancárias
Eficácia Vertical Eficácia Horizontal Eficácia Diagonal
diretamente das instituições financeiras? (Dizerodireito)
Refere-se à aplica- Refere-se à aplica- Refere-se à aplica-
POLÍCIA NÃO. É necessária autorização judicial.
ção dos direitos ção dos direitos ção dos direitos
fundamentais na re- fundamentais na re- fundamentais na re- NÃO. É necessária autorização judicial (STJ HC
lação entre o Esta- lação entre os par- lação entre os par- 160.646/SP, Dje 19/09/2011).
do e os particula- ticulares. ticulares, sendo Exceção: É lícita a requisição pelo Ministério
res. que, tais particulares Público de informações bancárias de contas
estão em nível de MP de titularidade de órgãos e entidades
desigualdade, ha- públicas, com o fim de proteger o
vendo uma parte patrimônio público, não se podendo falar em
mais vulnerável. quebra ilegal de sigilo bancário (STJ. 5ª Turma.
HC 308.493-CE, j. em 20/10/2015).
Estado Particular Particular
NÃO. É necessária autorização judicial (STF MS
x x x
22934/DF, DJe de 9/5/2012).
Particular Particular Particular Vulnerável
Exceção: O envio de informações ao TCU
TCU relativas a operações de crédito originárias
CAPÍTULO I de recursos públicos não é coberto pelo
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS sigilo bancário (STF. MS 33340/DF, j. em
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 26/5/2015).
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros resi-
SIM, com base no art. 6º da LC 105/2001. O
dentes no País (STF: abrange não residentes e apátridas) a in-
Receita repasse das informações dos bancos para o
violabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segu-
Federal Fisco não pode ser definido como sendo
rança e à propriedade, nos termos seguintes:
"quebra de sigilo bancário".
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos desta Constituição; SIM, desde que regulamentem, no âmbito de
Fisco estadual,
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma suas esferas de competência, o art. 6º da LC
distrital,
coisa senão em virtude de lei; 105/2001, de forma análoga ao Decreto Federal
municipal
3.724/2001.

2
SIM (seja ela federal ou estadual/distrital) (art. mais de uma vez.
CPI 4º, § 1º da LC 105/2001). Súmula 617-STF: A base de cálculo dos honorários de advoga-
Prevalece que CPI municipal não pode. do em desapropriação é a diferença entre a oferta e a indeni-
*Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br zação, corrigidas ambas monetariamente.
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, Súmula 652-STF: Não contraria a Constituição o art. 15, § 1º, do
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; Dl. 3.365/41 (Lei da Desapropriação por utilidade pública)
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado
STJ
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, Súmula 12-STJ: Em desapropriação, são cumuláveis juros com-
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, perma- pensatórios e moratórios. • Polêmica. Os juros compensató-
necer ou dele sair com seus bens; rios em desapropriação, somente incidem até a data da expedi-
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- ção do precatório original. Tal entendimento está agora também
cais abertos ao público, INDEPENDENTEMENTE DE AUTORIZA- confirmado pelo § 12 do art. 100 da CF, com a redação dada
ÇÃO, desde que não frustrem outra reunião anteriormente con- pela EC 62/09. Sendo assim, não ocorre, no atual quadro norma-
vocada para o mesmo local, sendo apenas EXIGIDO PRÉVIO tivo, hipótese de cumulação de juros moratórios e juros com-
AVISO à autoridade competente; pensatórios, eis que se tratam de encargos que incidem em pe-
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, veda- ríodos diferentes: os juros compensatórios têm incidência até
da a de caráter paramilitar; a data da expedição de precatório, enquanto que os mora-
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coopera- tórios somente incidirão se o precatório expedido não for
tivas INDEPENDEM DE AUTORIZAÇÃO, sendo vedada a inter- pago no prazo constitucional (STJ. 1ª Seção. REsp 1118103/SP,
ferência estatal em seu funcionamento; Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 24/02/2010, DJe
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi- 08/03/2010). Assim, a única forma de se interpretar esse enunci-
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exi- ado é no sentido de que essa cumulação de que trata a súmula
gindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; não se refere ao mesmo período, mas sim a momentos de tem-
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permane- po diferentes
cer associado; Súmula 56-STJ: Na desapropriação para instituir servidão admi-
XXI - as entidades associativas, QUANDO EXPRESSAMENTE nistrativa são devidos os juros compensatórios pela limitação de
AUTORIZADAS, têm legitimidade para representar seus filia- uso da propriedade.
dos judicial ou extrajudicialmente; Súmula 67-STJ: Na desapropriação, cabe a atualização mone-
XXII - é garantido o direito de propriedade; tária, ainda que por mais de uma vez, independente do decur-
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; so de prazo superior a 1 ano entre o cálculo e o efetivo paga-
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação mento da indenização.
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, Súmula 69-STJ: Na desapropriação direta, os juros compensa-
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados tórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na
os casos previstos nesta Constituição; desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imó-
vel.
SÚMULAS SOBRE DESAPROPRIAÇÃO Súmula 102-STJ: A incidência dos juros moratórios sobre os
compensatórios, nas ações expropriatórias, não constitui anato-
STF cismo vedado em lei.
Súmula 23-STF: Verificados os pressupostos legais para o licen- Súmula 113-STJ: Os juros compensatórios, na desapropria-
ciamento da obra, NÃO o IMPEDE a declaração de utilidade ção direta, incidem A PARTIR DA IMISSÃO NA POSSE, calcula-
pública para desapropriação do imóvel, mas o valor da obra dos sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.
não se incluirá na indenização, quando a desapropriação for Súmula 114-STJ: Os juros compensatórios, na desapropria-
efetivada. ção indireta, incidem A PARTIR DA OCUPAÇÃO, calculados so-
Súmula 157-STF: É necessária prévia autorização do presi- bre o valor da indenização, corrigido monetariamente
dente da república para desapropriação, pelos estados, de em- Súmula 131-STJ: Nas ações de desapropriação incluem-se no
presa de energia elétrica. cálculo da verba advocatícia as parcelas relativas aos juros com-
Súmula 164-STF: No processo de desapropriação, são devidos pensatórios e moratórios, devidamente corrigidas.
juros compensatórios desde a antecipada imissão de posse, Súmula 141-STJ: Os honorários de advogado em desapropria-
ordenada pelo juiz, por motivo de urgência. ção direta são calculados sobre a diferença entre a indeniza-
Súmula 476-STF: Desapropriadas as ações de uma sociedade, o ção e a oferta, corrigidas monetariamente.
poder desapropriante, imitido na posse, pode exercer, desde Súmula 354-STJ: A invasão do imóvel É CAUSA DE SUSPEN-
logo, todos os direitos inerentes aos respectivos títulos. SÃO do processo expropriatório para fins de reforma agrária.
Súmula 378-STF: Na indenização por desapropriação incluem-
se honorários do advogado do expropriado. XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade compe-
Súmula 416-STF: Pela demora no pagamento do preço da de- tente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao
sapropriação NÃO CABE indenização complementar além dos proprietário indenização ulterior, se houver dano (REQUISI-
juros. ÇÃO);
Súmula 561-STF: Em desapropriação, é devida a correção mo- XXVI - a PEQUENA PROPRIEDADE RURAL, assim definida em lei,
netária até a data do efetivo pagamento da indenização, de- desde que trabalhada pela família, não será objeto de penho-
vendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por ra para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade

3
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu de- b) o sigilo das votações;
senvolvimento; c) a soberania dos veredictos;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, pu- d) a competência para o julgamento dos crimes DOLOSOS
blicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros contra a vida (competência mínima);
pelo tempo que a lei fixar; XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: sem prévia cominação legal;
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e
desportivas; liberdades fundamentais;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos in- critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
térpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilé- graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entor-
gio temporário para sua utilização, bem como proteção às cria- pecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como cri-
ções industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empre- mes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os execu-
sas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social tores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
XXX - é garantido o direito de herança; grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constituci-
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País onal e o Estado Democrático;
será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos
filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei Racismo
pessoal do "de cujus"; CRIMES
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consu- Ação de grupos armados, civis ou militares,
IMPRESCRITÍVEIS
midor (direito do consumidor é princípio da ordem econômi- contra a ordem constitucional e o Estado
ca); Democrático
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor-
mações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden-
geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsa- do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento
bilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
segurança da sociedade e do Estado; eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferi-
XXXIV - são a todos assegurados, INDEPENDENTEMENTE DO do;
PAGAMENTO DE TAXAS: XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi- outras, as seguintes:
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; a) privação ou restrição da liberdade;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa b) perda de bens;
de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; c) multa;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão d) prestação social alternativa;
ou ameaça a direito (princípio inafastabilidade de jurisdição) e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
Ações relativas à disciplina e a) de morte, salvo em caso de guerra declarada (modalidade fu-
competições esportivas zilamento), nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
Ato administrativo que contrarie c) de trabalhos forçados;
Súmula Vinculante (art. 7°, §1°, Lei d) de banimento;
11417) e) cruéis;
EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO
INAFASTABILIDADE DE Indeferimento da informação de XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de
JURISDIÇÃO dados pessoais ou omissão em acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
atender este pedido para que XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
nasça o interesse de agir no HD moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam
Indeferimento de pedido perante permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
o INSS ou omissão em atender o LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
pedido administrativo para em caso de crime comum, praticado antes da naturalização,
obtenção de benefício ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entor-
previdenciário pecentes e drogas afins, na forma da lei;

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico Nato: nunca
perfeito e a coisa julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; Naturalizado
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização • Crime comum – praticado antes da naturali-
EXTRADIÇÃO
que lhe der a lei, assegurados: zação
a) a plenitude de defesa; • Tráfico de drogas – a qualquer tempo

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Estrangeiro não será extraditado por crime LXIX - conceder-se-á MANDADO DE SEGURANÇA para prote-
político ou de opinião. ger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime
no exercício de atribuições do Poder Público;
político ou de opinião;
LXX - o MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO pode ser impe-
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela auto-
trado por:
ridade competente;
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
b) organização sindical, entidade de classe ou associação le-
devido processo legal;
galmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 ano,
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla de-
LXXI - conceder-se-á MANDADO DE INJUNÇÃO sempre que a
fesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por mei-
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes
os ilícitos;
à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em jul-
LXXII - conceder-se-á HABEAS DATA:
gado de sentença penal condenatória;
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pes-
soa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
CADH: Art. 8, 2: Toda pessoa acusada de delito tem direito a que de entidades governamentais ou de caráter público;
se presuma sua inocência enquanto não se comprove legal- b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
mente sua culpa. processo sigiloso, judicial ou administrativo;

LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identifica- HD MS


ção criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se Conhecimento de informações Conhecimento de informações
esta não for intentada no prazo legal (ação penal privada subsi- relativas à pessoa do impetran- relativas a terceiros
diária da pública); te
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; LXXIII - qualquer CIDADÃO (capacidade eleitoral ativa) é parte
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- legítima para propor AÇÃO POPULAR que vise a anular ato lesi-
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária compe- vo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado partici-
tente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propri- pe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô-
amente militar, definidos em lei; nio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre se- isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
rão comunicados imediatamente ao juiz competente e à famí- LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratui-
lia do preso ou à pessoa por ele indicada; ta aos que comprovarem insuficiência de recursos (modelo
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o público de assistência jurídica);
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da fa- LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as-
mília e de advogado; sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for-
sua prisão ou por seu interrogatório policial; ma da lei:
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autorida- a) o registro civil de nascimento;
de judiciária; b) a certidão de óbito;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data,
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidada-
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável nia.
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação Previsão constitucional de isenção de custas
alimentícia e a do depositário infiel; • Habeas Corpus
• Habeas Data
SV25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que • Ação Popular (salvo se comprovada má-fé do autor)
seja a modalidade de depósito. • Exercício da cidadania
• Direito de petição
STF: o art. 7º, item 7, da CADH teria ingressado no sistema ju-
• Obtenção de certidões
rídico nacional com status supralegal, inferior à CF/1988, mas
superior à legislação interna, a qual não mais produziria qual- LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegu-
quer efeito naquilo que conflitasse com a sua disposição de ve- rados a razoável duração do processo e os meios que garantam
dar a prisão civil do depositário infiel. EFICÁCIA PARALISANTE a celeridade de sua tramitação.
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias funda-
mentais têm APLICAÇÃO IMEDIATA.
LXVIII - conceder-se-á HABEAS CORPUS sempre que alguém so-
frer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO
AO GRAU DE APLICABILIDADE (José Afonso da Silva)

5
São aquelas que desde a sua entrada em implementados pelos poderes instituídos,
vigor, produz os seus efeitos, sem que para visando à realização dos fins do Estado.
Normas de isso seja necessária a intervenção do Disciplinam interesses econômico-sociais de
eficácia plena legislador ordinário. Exatamente por essa sua que são exemplos a realização da justiça
“autossuficiência” elas são normas de social, a valorização do trabalho, o combate
APLICABILIDADE DIRETA, IMEDIATA e ao analfabetismo etc.
INTEGRAL. As normas programáticas não têm como
destinatários os indivíduos, mas sim os
São normas que possuem, inicialmente, as
órgãos estatais, no sentido de que eles
mesmas características das normas de eficácia
devem concretizar os programas nelas
plena, mas que guardam a peculiaridade de
traçados. São normas que caracterizam uma
Normas de poderem ter sua eficácia restringida. Daí
constituição como sendo dirigente.
eficácia contida serem normas de APLICABILIDADE DIRETA,
Elas não produzem todos os seus efeitos
IMEDIATA e NÃO INTEGRAL (podem ser
no momento da promulgação da
restringidas).
Constituição. Contudo, isso não significa
A restrição das normas de eficácia contida
que tais normas sejam desprovidas de
pode acontecer de três formas:
eficácia jurídica até o momento em que os
1) por meio do legislador infraconstitucional
programas nelas definidos sejam
(art. 5º, XIII e art. 95, parágrafo único, IV);
implementados.
2) por outras normas constitucionais (arts. 136
Embora não produzam seus plenos efeitos de
a 141: vigência de estado de sítio e estado de
imediato, elas possuem o que se chama de
defesa);
EFICÁCIA NEGATIVA, que se desdobra em
3) através de conceitos jurídicos
eficácia paralisante e eficácia impeditiva.
indeterminados, como bons costumes,
Eficácia paralisante: é a propriedade jurídica
utilidade pública etc. (art. 5º, XXIV e XXV).
que as normas programáticas têm de revogar
Não conseguem produzir de imediato as disposições legais contrárias aos seus
todos os seus efeitos. Será necessária uma comandos, ou seja, as normas
força integrativa a ser exercida ou pelo infraconstitucionais anteriores não serão
legislador infraconstitucional ou por outro recepcionadas se com ela incompatíveis.
órgão a quem a norma atribua tal Eficácia impeditiva: a norma programática
incumbência. Possuem, assim, tem o condão de impedir que sejam
APLICABILIDADE INDIRETA, MEDIATA e editadas normas contrárias ao seu espírito,
REDUZIDA. é dizer: as normas programáticas servem de
Subespécies parâmetro para o controle de
a) Normas definidoras de princípio constitucionalidade.
institutivo ou organizativo: são normas por A norma programática serve, ainda, como
meio das quais o constituinte originário traça diretriz interpretativa da Constituição, vez
as linhas mestras de uma determinada que o intérprete não pode desprezar seu
instituição, delimitando sua estrutura e comando quando da interpretação do texto
atribuições, as quais, contudo, só serão constitucional.
detalhadas por meio de lei. Essas normas *Tabelas feitas com base nas aulas do Marcello Novelino
podem ser impositivas ou facultativas. § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não ex-
Normas de Impositivas são aquelas normas que cluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ado-
eficácia limitada determinam que o legislador crie a tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federa-
mencionada norma integrativa. Ex.: art. 20, § tiva do Brasil seja parte.
2º, art. 32, § 4º (“Lei federal disporá sobre a § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
utilização, pelo Governo do Distrito Federal, humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
das polícias civil e militar e do corpo de Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos mem-
bombeiros militar.”) bros, serão equivalentes às emendas constitucionais – 2C, 2T,
Facultativas ou permissivas são normas que 3/5
não impõem ao legislador o dever de editar
normas integrativas, mas apenas criam a
TRATADOS INCORPORADOS COM STATUS DE EC
possibilidade de elas serem elaboradas. Ex.:
art. 22, parágrafo único (“Lei complementar Convenção de Nova Iorque sobre os Direitos das Pessoas com
poderá autorizar os Estados a legislar sobre Deficiência
questões específicas das matérias
Protocolo facultativo à Convenção de Nova Iorque sobre os Di-
relacionadas neste artigo.”)
reitos das Pessoas com Deficiência
b) Normas definidoras de princípio
programático: são normas nas quais o Tratado de Marrakesh
constituinte não regulou diretamente as
matérias nelas traçadas, limitando-se a
estabelecer diretrizes (programas) a serem

6
INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS Sociabilidade bre os individuais, respeitando os direitos
fundamentais da pessoa humana. Ex: princí-
Antes da EC/45 Após EC/45
pio da função social do contrato, da proprie-
TRATADOS
Status supralegal Rito normal: dade.
INTERNACIONAIS DE
status suprale-
DIREITOS HUMANOS
gal PARTE GERAL
Rito de EC: sta- LIVRO I
tus de EC DAS PESSOAS
TÍTULO I
DEMAIS TRATADOS Status legal DAS PESSOAS NATURAIS
INTERNACIONAIS CAPÍTULO I
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter- Art. 1 TODA PESSOA É CAPAZ de direitos e deveres na ordem
nacional a cuja criação tenha manifestado adesão. civil.

SÚMULAS SOBRE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Art. 2 A personalidade civil da pessoa começa do nascimento
com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos
STF do nascituro.
Súmula vinculante 1-STF: Ofende a garantia constitucional do
ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstân- JDC1 A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o
cias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais
acordo constante do termo de adesão instituído pela Lei Com- como: nome, imagem e sepultura.
plementar nº 110/2001. JDC2 Sem prejuízo dos direitos da personalidade nele assegura-
Súmula vinculante 25-STF: É ilícita a prisão civil de depositário dos, o art. 2º do Código Civil não é sede adequada para
infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. questões emergentes da reprogenética humana, que deve
Súmula 654-STF: A garantia da irretroatividade da lei, previs- ser objeto de um estatuto próprio.
ta no art. 5º, XXXVI, da Constituição da República, NÃO É invo-
cável pela entidade estatal que a tenha editado.
TEORIAS SOBRE O INÍCIO DA PERSONALIDADE
STJ
NATALISTA A personalidade jurídica se inicia com o
Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra CC/02 nascimento com vida.
"a") se não houve recusa de informações por parte da autori- O nascituro não teria direitos, mas apenas
dade administrativa expectativa de direitos.
Súmula 280-STJ: O art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945,
CONCEPCIONISTA A personalidade jurídica se inicia com a
que estabelece a prisão administrativa, foi revogado pelos
STJ e CONVEN- concepção.
incisos LXI e LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988.
ÇÃO AMERICANA O nascituro teria personalidade jurídica.
Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indeniza-
ção pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com PERSONALIDADE Nascituro teria personalidade jurídica su-
fins econômicos ou comerciais. CONDICIONAL jeita a condição suspensiva.
Súmula 419-STJ: Descabe a prisão civil do depositário infiel.
Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais Art. 3 São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os
e ações penais em curso para agravar a pena-base. atos da vida civil os menores de 16 anos.

CÓDIGO CIVIL Art. 4 São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira


de os exercer:
I - os maiores de 16 e menores de 18 anos;
Princípios norteadores do CC/02 II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
Impõe justiça e boa-fé nas relações civis III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não pu-
("pacta sunt servanda"). derem exprimir sua vontade;
Eticidade No contrato tem que agir de boa-fé em todas IV - os pródigos.
as suas fases. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por
Corolário desse princípio é o princípio da legislação especial.
boa-fé objetiva.
Art. 5 A menoridade cessa aos 18 anos completos, quando a
Impõe soluções viáveis, operáveis e sem pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
grandes dificuldades na aplicação do direi- Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade
Operabilidade to. A regra tem que ser aplicada de modo (EMANCIPAÇÃO):
simples. Exemplo: princípio da concretude I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro,
pelo qual deve-se pensar em solucionar o mediante instrumento público, INDEPENDENTEMENTE DE
caso concreto de maneira mais efetiva. HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL, ou por sentença do juiz, ouvido o
Impõe prevalência dos valores coletivos so-

7
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos – serão regis- I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
trados em registro público; II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do
II - pelo casamento; juiz;
III - pelo exercício de emprego público efetivo; III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
16 anos completos tenha economia própria. I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do ca-
samento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento
A Emancipação antecipa a capacidade, mas não a maioridade. da sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou re-
conhecerem a filiação;
JDC3 A redução do limite etário para a definição da capaci-
dade civil aos 18 anos não altera o disposto no art. 16, I, da
JDC272 Não é admitida em nosso ordenamento jurídico a
Lei n. 8.213/91, que regula específica situação de dependência
adoção por ato extrajudicial, sendo indispensável a atuação
econômica para fins previdenciários e outras situações similares
jurisdicional, inclusive para a adoção de maiores de dezoito
de proteção, previstas em legislação especial.
anos.
JDC397 A emancipação por concessão dos pais ou por sentença
JDC273 Tanto na adoção bilateral quanto na unilateral, quan-
do juiz está sujeita à desconstituição por vício de vontade.
do não se preserva o vínculo com qualquer dos genitores origi-
JDC530 A emancipação, por si só, não elide a incidência do
nários, deverá ser averbado o cancelamento do registro ori-
ECA.
ginário de nascimento do adotado, lavrando-se novo regis-
tro. Sendo unilateral a adoção, e sempre que se preserve o vín-
Art. 6 A existência da pessoa natural termina com a morte; pre- culo originário com um dos genitores, deverá ser averbada a
sume-se esta, quanto aos AUSENTES, nos casos em que a lei au- substituição do nome do pai ou mãe naturais pelo nome do pai
toriza a abertura de sucessão definitiva. ou mãe adotivos.

Art. 7 Pode ser declarada a morte presumida, SEM DECRETA-


ÇÃO DE AUSÊNCIA: CC LRP
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em pe- SERÃO REGISTRADOS SERÃO REGISTRADOS
rigo de vida; I - os nascimentos, casamentos I - os nascimentos;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, e óbitos; II - os casamentos;
não for encontrado até 2 anos após o término da guerra. II - a emancipação por outorga III - os óbitos;
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, dos pais ou por sentença do IV - as emancipações;
somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e juiz; V - as interdições;
averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do faleci- III - a interdição por incapaci- VI - as sentenças declaratórias
mento. dade absoluta ou relativa; de ausência;
IV - a sentença declaratória de VII - as opções de nacionali-
MORTE PRESUMIDA ausência e de morte presumi- dade;
da. VIII - as sentenças que deferi-
COM DECRETAÇÃO DE SEM DECRETAÇÃO DE
rem a legitimação adotiva.
AUSÊNCIA AUSÊNCIA
SERÃO AVERBADOS SERÃO AVERBADOS
Nos casos em que a lei autori- Extremamente provável a mor-
I - das sentenças que decreta- a) as sentenças que decidirem
za a abertura de sucessão de- te de quem estava em perigo
rem a nulidade ou anulação do a nulidade ou anulação do ca-
finitiva. de vida;
casamento, o divórcio, a sepa- samento, o desquite e o resta-
Desaparecido em campanha ou
ração judicial e o restabeleci- belecimento da sociedade con-
feito prisioneiro, não for en-
mento da sociedade conjugal; jugal;
contrado até 2 anos após o
II - dos atos judiciais ou extra- b) as sentenças que julgarem
término da guerra.
judiciais que declararem ou re- ilegítimos os filhos concebi-
conhecerem a filiação; dos na constância do casamen-
JDC614 Os efeitos patrimoniais da presunção de morte posterior to e as que declararem a filia-
à declaração da ausência são aplicáveis aos casos do art. 7º, de ção legítima;
modo que, se o presumivelmente morto reaparecer nos 10 c) os casamentos de que re-
anos seguintes à abertura da sucessão, receberá igualmente sultar a legitimação de filhos
os bens existentes no estado em que se acharem. havidos ou concebidos ante-
riormente;
Art. 8 (COMORIÊNCIA) Se dois ou mais indivíduos falecerem na d) os atos judiciais ou extraju-
mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comori- diciais de reconhecimento de
entes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente filhos ilegítimos;
mortos. . e) as escrituras de adoção e os
atos que a dissolverem;
Art. 9 Serão registrados em registro público: f) as alterações ou abreviatu-

8
ras de nomes. JDC613 A liberdade de expressão não goza de posição prefe-
rencial em relação aos direitos da personalidade no ordena-
CAPÍTULO II mento jurídico brasileiro.
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição
personalidade são INTRANSMISSÍVEIS e IRRENUNCIÁVEIS, não do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da in-
podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. tegridade física, ou contrariar os bons costumes.
JDC4 O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer li- Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para
mitação voluntária, desde que não seja permanente nem ge- fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
ral.
JDC139 Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, JDC6 A expressão “exigência médica” contida no art. 13 refere-
ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo se tanto ao bem-estar físico quanto ao bem-estar psíquico
ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contraria- do disponente
mente à boa-fé objetiva e aos bons costumes. JDC276 O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do
JDC274 Os direitos da personalidade, regulados de maneira próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de
não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula transgenitalização, em conformidade com os procedimentos
geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, inc. III, estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a conse-
da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em quente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil.
caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os JDC401 Não contraria os bons costumes a cessão gratuita de
demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação. direitos de uso de material biológico para fins de pesquisa
JDC531 A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade científica, desde que a manifestação de vontade tenha sido
da informação inclui o direito ao esquecimento. livre, esclarecida e puder ser revogada a qualquer tempo,
JDC532 É permitida a disposição gratuita do próprio corpo conforme as normas éticas que regem a pesquisa científica e o
com objetivos exclusivamente científicos, nos termos dos respeito aos direitos fundamentais.
arts. 11 e 13 do Código Civil.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a dispo-
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito sição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para de-
da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de pois da morte.
outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revo-
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para gado a qualquer tempo.
requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente,
ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o 4° grau. JDC277 O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da dis-
posição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico ou al-
JJDC5 truístico, para depois da morte, determinou que a manifestação
I) As disposições do art. 12 têm caráter geral e aplicam -se, expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a
inclusive, às situações previstas no art. 20, excepcionados os vontade dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei
casos expressos de legitimidade para requerer as medidas n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do potencial
nele estabelecidas; doador.
II) as disposições do art. 20 do novo Código Civil têm a finalida- JDC402 O art. 14, parágrafo único, do Código Civil, fundado no
de específica de regrar a projeção dos bens personalíssimos nas consentimento informado, não dispensa o consentimento
situações nele enumeradas. Com exceção dos casos expressos dos adolescentes para a doação de medula óssea prevista no
de legitimação que se conformem com a tipificação preconizada art. 9º, § 6º, da Lei n. 9.434/1997 por aplicação analógica dos
nessa norma, a ela podem ser aplicadas subsidiariamente as re- arts. 28, § 2º (alterado pela Lei n. 12.010/2009), e 45, § 2º, do
gras instituídas no art. 12 ECA.
JDC140 A primeira parte do art. 12 do Código Civil refere-se às
técnicas de tutela específica, aplicáveis de ofício, enunciadas no Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco
art. 461 do Código de Processo Civil, devendo ser interpretada de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
com resultado extensivo.
JDC275 O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, pa-
JDC403 O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença,
rágrafo único, e 20, parágrafo único, do Código Civil também
previsto no art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se também
compreende o companheiro.
à pessoa que se nega a tratamento médico, inclusive transfusão
DC398 As medidas previstas no art. 12, parágrafo único, do
de sangue, com ou sem risco de morte, em razão do tratamento
Código Civil podem ser invocadas por qualquer uma das pes-
ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios:
soas ali mencionadas de forma concorrente e autônoma.
a) capacidade civil plena, excluído o suprimento pelo represen-
JDC399 Os poderes conferidos aos legitimados para a tutela
tante ou assistente;
post mortem dos direitos da personalidade, nos termos dos arts.
b) manifestação de vontade livre, consciente e informada; e
12, parágrafo único, e 20, parágrafo único, do CC, não com-
c) oposição que diga respeito exclusivamente à própria pes-
preendem a faculdade de limitação voluntária.
soa do declarante.
JDC400 Os parágrafos únicos dos arts. 12 e 20 asseguram legiti-
JDC533 O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre
midade, por direito próprio, aos parentes, cônjuge ou compa-
todos os aspectos concernentes a tratamento médico que possa
nheiro para a tutela contra lesão perpetrada post mortem.

9
lhe causar risco de vida, seja imediato ou mediato, salvo as situ- JDC405 As informações genéticas são parte da vida privada e
ações de emergência ou no curso de procedimentos médicos ci- não podem ser utilizadas para fins diversos daqueles que moti-
rúrgicos que não possam ser interrompidos. varam seu armazenamento, registro ou uso, salvo com autoriza-
ção do titular.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos JDC576 O direito ao esquecimento pode ser assegurado por
o prenome e o sobrenome. tutela judicial inibitória.

Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem CAPÍTULO III
em publicações ou representações que a exponham ao desprezo DA AUSÊNCIA
público, ainda quando não haja intenção difamatória. Seção I
Da Curadoria dos Bens do Ausente
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela
propaganda comercial. haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador
a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de
JDC278 A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a au-
inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu sência, e nomear-lhe-á curador.
nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a
direito da personalidade. Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador,
quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não pos-
sa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da
insuficientes.
proteção que se dá ao nome.

Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e


Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração
obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for
da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação
aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a expo-
sição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado
proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que
judicialmente, ou de fato por mais de 2 anos antes da declaração
couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilida-
da ausência, será o seu legítimo curador.
de, ou se se destinarem a fins comerciais.
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente in-
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são
cumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não haven-
partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os as-
do impedimento que os iniba de exercer o cargo.
cendentes ou os descendentes (CAD).
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais
remotos.
JDC279 A proteção à imagem deve ser ponderada com ou- § 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a es-
tros interesses constitucionalmente tutelados, especialmente colha do curador.
em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade
de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a notorie-
JDC97 No que tange à tutela especial da família, as regras do
dade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracida-
Código Civil que se referem apenas ao cônjuge devem ser es-
de destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial,
tendidas à situação jurídica que envolve o companheiro,
informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não res-
como, por exemplo, na hipótese de nomeação de curador dos
trinjam a divulgação de informações.
bens do ausente

ART. 12, §ÚNICO ART. 20, §ÚNICO


Cônjuge (não separado judicialmente ou de
Trata de direitos da personali- Trata apenas dos direitos da CURADOR DOS fato por mais de 2 anos)
dade em geral. É a regra. personalidade relacionamos a BENS DO
Pais
imagem e direitos morais. AUSENTE
Descendentes
Legitimados: CAD e colaterais Legitimados: CAD.
até 4° grau Curador nomeador pelo juiz

Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a Seção II


requerimento do interessado, adotará as providências necessárias Da Sucessão Provisória
para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. Art. 26. Decorrido 1 ano da arrecadação dos bens do ausente,
ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando 3
JDC404 A tutela da privacidade da pessoa humana compreen- anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência
de os controles espacial, contextual e temporal dos próprios e se abra provisoriamente a sucessão.
dados, sendo necessário seu expresso consentimento para tra-
tamento de informações que versem especialmente o estado de Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se con-
saúde, a condição sexual, a origem racial ou étnica, as convic- sideram interessados:
ções religiosas, filosóficas e políticas. I - o cônjuge não separado judicialmente;

10
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito depen- Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, de-
dente de sua morte; pois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obriga-
dos a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão pro- dos bens a seu dono.
visória SÓ PRODUZIRÁ EFEITO 180 DIAS DEPOIS DE PUBLICA-
DA pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder- Seção III
se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e Da Sucessão Definitiva
partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. Art. 37. 10 anos depois de passada em julgado a sentença que
§ 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26 (180 dias), e não ha- concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interes-
vendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministé- sados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das
rio Público requerê-la ao juízo competente. cauções prestadas.
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o
inventário até 30 dias depois de passar em julgado a sentença Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, pro-
que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arreca- vando-se que o ausente conta 80 anos de idade, e que de 5 da-
dação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. tam as últimas notícias dele.
1.819 a 1.823.
Art. 39. Regressando o ausente nos 10 anos seguintes à abertura
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, orde- da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascen-
nará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a dentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no esta-
extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União. do em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o
preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebi-
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do au- do pelos bens alienados depois daquele tempo.
sente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores Parágrafo único. Se, nos 10 anos a que se refere este artigo, o
ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. ausente não regressar, e nenhum interessado promover a su-
§ 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não pu- cessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio
der prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, man- do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas res-
tendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do pectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da Uni-
curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste ão, quando situados em território federal.
essa garantia.
§ 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge (CAD), uma CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independen-
temente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.
CAPÍTULO II
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo
Seção I
por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para
Disposições Gerais
lhes evitar a ruína.
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por trata-
do de que o Brasil faz parte e observará:
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão
I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado
representando ativa e passivamente o ausente, de modo que con-
requerente;
tra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele
II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, re-
forem movidas.
sidentes ou não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tra-
mitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge (CAD) que for su-
aos necessitados;
cessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendi-
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo pre-
mentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores,
vistas na legislação brasileira ou na do Estado requerente;
porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimen-
IV - a existência de autoridade central para recepção e transmis-
tos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representan-
são dos pedidos de cooperação;
te do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autorida-
competente.
des estrangeiras.
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a au-
§ 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional
sência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do su-
poderá realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por
cessor, sua parte nos frutos e rendimentos.
via diplomática.
§ 2o NÃO SE EXIGIRÁ A RECIPROCIDADE referida no § 1 o para
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá,
HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA.
justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade
§ 3o Na cooperação jurídica internacional não será admitida a
dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.
prática de atos que contrariem ou que produzam resultados in-
compatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do
brasileiro.
falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a su-
§ 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade
cessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo.
central na ausência de designação específica.

11
§ 2o Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto: pronunciamento judicial estrangeiro pela autoridade judiciária
I - citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial; brasileira.
II - colheita de provas e obtenção de informações;
III - homologação e cumprimento de decisão; Seção IV
IV - concessão de medida judicial de urgência; Disposições Comuns às Seções Anteriores
V - assistência jurídica internacional; Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo
VI - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida de autoridade brasileira competente será encaminhado à autori-
pela lei brasileira. dade central para posterior envio ao Estado requerido para lhe
dar andamento.
Seção II
Do Auxílio Direto Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida NÃO DECORRER competente e os documentos anexos que o instruem serão enca-
DIRETAMENTE de decisão de autoridade jurisdicional estran- minhados à autoridade central, acompanhados de tradução para
geira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil. a língua oficial do Estado requerido.

Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo ór- Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional
gão estrangeiro interessado à autoridade central, cabendo ao Es- será recusado se configurar manifesta ofensa à ordem públi-
tado requerente assegurar a autenticidade e a clareza do pedi- ca.
do.
Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz decisão estrangeira dar-se-á por meio de carta rogatória ou
parte, o auxílio direto terá os seguintes objetos: de ação de homologação de sentença estrangeira, de acordo
I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento com o art. 960.
jurídico e sobre processos administrativos ou jurisdicionais
findos ou em curso; Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido
II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em pro- de cooperação jurídica internacional, inclusive tradução para a lín-
cesso, em curso no estrangeiro, de competência exclusiva de gua portuguesa, quando encaminhado ao Estado brasileiro por
autoridade judiciária brasileira; meio de autoridade central ou por via diplomática, dispensando-
III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proi- se ajuramentação, autenticação ou qualquer procedimento de
bida pela lei brasileira. legalização.
Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando neces-
Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á direta- sária, a aplicação pelo Estado brasileiro do princípio da reciproci-
mente com suas congêneres e, se necessário, com outros órgãos dade de tratamento.
estrangeiros responsáveis pela tramitação e pela execução de pe-
didos de cooperação enviados e recebidos pelo Estado brasileiro, TÍTULO III
respeitadas disposições específicas constantes de tratado. DA COMPETÊNCIA INTERNA
CAPÍTULO I
Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, se- DA COMPETÊNCIA
gundo a lei brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional, a Seção I
autoridade central adotará as providências necessárias para seu Disposições Gerais
cumprimento. Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz
nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade de instituir juízo arbitral, na forma da lei.
central o encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá
em juízo a medida solicitada. Art. 43. Determina-se a competência no MOMENTO DO RE-
Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medi- GISTRO OU DA DISTRIBUIÇÃO da petição inicial, sendo irrele-
da solicitada quando for autoridade central. vantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorri-
das posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciá-
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser exe- rio ou alterarem a competência absoluta.
cutada a medida apreciar pedido de auxílio direto passivo que
demande prestação de atividade jurisdicional. Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição
Federal, a competência é determinada pelas normas previstas
Seção III neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organi-
Da Carta Rogatória zação judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições dos
Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Estados.
Tribunal de Justiça É DE JURISDIÇÃO CONTENCIOSA e deve as-
segurar às partes as garantias do devido processo legal. FPPC236. (art. 44) O art. 44 não estabelece uma ordem de preva-
§ 1o A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento lência, mas apenas elenca as fontes normativas sobre compe-
dos requisitos para que o pronunciamento judicial estrangeiro tência, devendo ser observado o art. 125, § 1º, da Constituição
produza efeitos no Brasil. Federal

12
Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos se- ção, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições tes-
rão remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a Uni - tamentárias.
ão, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações,
ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na quali- Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro
dade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações: de domicílio de seu representante ou assistente.
I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e aciden-
te de trabalho; Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas
II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho. em que seja autora a União.
§ 1o Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apre- Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser
ciação seja de competência do juízo perante o qual foi pro- proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato
posta a ação. ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no
§ 2o Na hipótese do § 1o, o juiz, ao não admitir a cumulação de Distrito Federal.
pedidos em razão da incompetência para apreciar qualquer de-
les, não examinará o mérito daquele em que exista interesse Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas
da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empresas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal.
públicas. Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demanda-
§ 3o O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual SEM do, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no
SUSCITAR CONFLITO se o ente federal cuja presença ensejou a de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situ-
remessa for excluído do processo. ação da coisa ou na capital do respectivo ente federado.

Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real Art. 53. É competente o foro:
sobre BENS MÓVEIS será proposta, em regra, no foro de domi- I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e
cílio do RÉU. reconhecimento ou dissolução de união estável:
§ 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
de qualquer deles. b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
§ 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele po- c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no anti-
derá ser demandado onde for encontrado ou no foro de do- go domicílio do casal;
micílio do autor. CFJ 108: A competência prevista nas alíneas do art. 53, I, do CPC
§ 3o Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a não é de foros concorrentes, mas de foros subsidiários.
ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se o autor
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em
também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qual-
que se pedem alimentos;
quer foro.
III - do lugar:
§ 4o Havendo 2 ou mais réus com diferentes domicílios, serão de-
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
mandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a
§ 5o A EXECUÇÃO FISCAL será proposta no foro de domicílio do
pessoa jurídica contraiu;
réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré socieda-
de ou associação sem personalidade jurídica;
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre IMÓVEIS
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe
é competente o foro de SITUAÇÃO DA COISA.
exigir o cumprimento;
§ 1o O autor pode optar pelo foro de DOMICÍLIO DO RÉU ou
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito
pelo FORO DE ELEIÇÃO se o litígio NÃO RECAIR sobre direito
previsto no respectivo estatuto;
de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de
de terras e de nunciação de obra nova.
reparação de dano por ato praticado em razão do ofício;
§ 2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de si-
IV - do lugar do ato ou fato para a ação:
tuação da coisa, cujo juízo tem COMPETÊNCIA ABSOLUTA.
a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alhei-
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o
os;
competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de
cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou
reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de
anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que
veículos, INCLUSIVE AERONAVES.
o espólio for réu, AINDA QUE O ÓBITO TENHA OCORRIDO NO
ESTRANGEIRO.
Seção II
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio
Da Modificação da Competência
certo, é competente:
Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela cone-
I - o foro de situação dos bens imóveis;
xão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção.
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos
Art. 55. Reputam-se conexas 2 ou mais ações quando lhes for
bens do espólio.
comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão
Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro
conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado.
de seu último domicílio, também competente para a arrecada-
§ 2o Aplica-se o disposto no caput:

13
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento re- OFÍCIO pelo juiz tação, sob pena de preclusão.
lativa ao mesmo ato jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.
FPPC237. (art. 55, §2º, I e II) O rol do art. 55, § 2º, I e II, é exem- SÚMULAS SOBRE COMPETÊNCIA
plificativo. Súmula 1-STJ: O foro do domicílio ou da residência do
§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que alimentando é o competente para a ação de investigação de
POSSAM GERAR RISCO DE PROLAÇÃO DE DECISÕES CONFLI- paternidade, quando cumulada com a de alimentos
TANTES OU CONTRADITÓRIAS caso decididos separadamente, Súmula 33-STJ: A incompetência relativa não pode ser
mesmo sem conexão entre eles. Teoria Materialista – Conexão declarada de ofício. • Superada, em parte. • O CPC/2015 prevê
por Prejudicialidade. uma exceção a essa súmula no § 3º do art. 63
Súmula 206-STJ: A existência de vara privativa, instituída por lei
Súmula 235-STJ: A conexão não determina a reunião dos pro- estadual, não altera a competência territorial resultante das leis
cessos, se um deles já foi julgado. de processo.

Art. 56. Dá-se a continência entre 2 ou mais ações quando hou- SÚMULAS SOBRE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL
ver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pe- STF
dido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
Súmula vinculante 27-STF: Compete à Justiça Estadual julgar
Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver causas entre consumidor e concessionária de serviço público de
sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação con- telefonia, quando a Anatel não seja litisconsorte passiva ne-
tida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso cessária, assistente nem opoente.
contrário, as ações serão necessariamente reunidas. Súmula 501-STF: Compete a justiça ordinária estadual o pro-
cesso e o julgamento, em ambas as instâncias, das causas de
Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a união,
juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente. suas autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia
mista.
Art. 59. O REGISTRO OU A DISTRIBUIÇÃO da petição inicial tor- Súmula 508-STF: Compete a justiça estadual, em ambas as
na prevento o juízo. instâncias, processar e julgar as causas em que for parte o Ban-
co do Brasil, S.A..
Súmula 516-STF: O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujei-
REGISTRO/ Determina a competência
to a jurisdição da justiça estadual.
DISTRIBUIÇÃO
Previne o juízo
STJ

Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, co- Súmula 15-STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar
marca, seção ou subseção judiciária, a competência territorial do os litígios decorrentes de acidente do trabalho. • Válida, mas
juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel. apenas nos casos de ação proposta contra o INSS pleiteando
benefício decorrente de acidente de trabalho.
Art. 61. A ação acessória será proposta no juízo competente para Súmula 34-STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar
a ação principal. causa relativa a mensalidade escolar, cobrada por estabeleci-
mento particular de ensino.
Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da Súmula 42-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar
pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes. e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de econo-
mia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão Súmula 55-STJ: Tribunal Regional Federal não é competente
do valor e do território (COMPETÊNCIA RELATIVA), elegendo para julgar recurso de decisão proferida por juiz estadual não
foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. investido de jurisdição federal.
§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de ins- Súmula 137-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar
trumento escrito e aludir expressamente a determinado ne- e julgar ação de servidor público municipal, pleiteando direitos
gócio jurídico. relativos ao vinculo estatutário.
§ 2o O foro contratual OBRIGA OS HERDEIROS E SUCESSORES Súmula 161-STJ: É da competência da Justiça Estadual autori-
das partes. zar o levantamento dos valores relativos ao PIS / PASEP e
§ 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta.
pode ser reputada ineficaz DE OFÍCIO pelo juiz, que determina- Súmula 218-STJ: Compete à Justiça dos Estados processar e
rá a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. julgar ação de servidor estadual decorrente de direitos e
§ 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de vantagens estatutárias no exercício de cargo em comissão.
eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão. Súmula 224-STJ: Excluído do feito o ente federal, cuja presença
levara o Juiz Estadual a declinar da competência, deve o Juiz
Federal restituir os autos e não suscitar conflito.
Abusividade da Cláusula de Eleição de Foro
Súmula 270-STJ: O protesto pela preferência de crédito, apre-
Antes da citação Após a citação sentado por ente federal em execução que tramita na Justiça
Estadual, não desloca a competência para a Justiça Federal.
Pode ser reputada ineficaz DE Cabe ao réu alegar na contes-

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Súmula 363-STJ: Compete à Justiça estadual processar e julgar para a Justiça Federal ainda que a sentença tenha sido pro-
a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra ferida por Juízo estadual.
cliente. Súmula 570-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julga-
Súmula 505-STJ: A competência para processar e julgar as de- mento de demanda em que se discute a ausência de ou o obs-
mandas que têm por objeto obrigações decorrentes dos contra- táculo ao credenciamento de instituição particular de ensino su-
tos de planos de previdência privada firmados com a Fundação perior no Ministério da Educação como condição de expedição
Rede Ferroviária de Seguridade Social – REFER é da Justiça es- de diploma de ensino a distância aos estudantes.
tadual.
Súmula 506-STJ: A Anatel não é parte legítima nas demandas
SÚMULAS SOBRE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL
entre a concessionária e o usuário de telefonia decorrentes de
relação contratual. Súmula 368-STJ: Compete à Justiça comum estadual processar
Súmula 553-STJ: Nos casos de empréstimo compulsório sobre e julgar os pedidos de retificação de dados cadastrais da Justiça
o consumo de energia elétrica, é competente a Justiça estadual Eleitoral.
para o julgamento de demanda proposta exclusivamente contra Súmula 374-STJ: Compete à Justiça Eleitoral processar e julgar
a Eletrobrás. Requerida a intervenção da União no feito após a a ação para anular débito decorrente de multa eleitoral
prolação de sentença pelo juízo estadual, os autos devem ser
remetidos ao Tribunal Regional Federal competente para o jul-
SÚMULAS SOBRE COMPETÊNCIA PELO FORO DA SITUAÇÃO
gamento da apelação se deferida a intervenção.
DA COISA
STF
SÚMULAS SOBRE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL
Súmula 363-STF: A pessoa jurídica de direito privado pode ser
STF
demandada no domicílio da agência, ou estabelecimento, em
Súmula 517-STF: As sociedades de economia mista só tem foro que se praticou o ato.
na justiça federal, quando a união intervém como assistente ou
STJ
opoente.
Súmula 556-STF: É competente a justiça comum para julgar as Súmula 11-STJ: A presença da União ou de qualquer de seus
causas em que é parte sociedade de economia mista entes, na ação de usucapião especial, não afasta a competên-
Súmula 689-STF: O segurado pode ajuizar ação contra a insti- cia do foro da situação do imóvel.
tuição previdenciária perante o juízo federal do seu domicílio Súmula 238-STJ: A avaliação da indenização devida ao proprie-
ou nas varas federais da Capital do Estado-Membro. tário do solo, em razão de alvará de pesquisa mineral, é proces-
sada no Juízo Estadual da situação do imóvel
STJ
Súmula 376-STJ: Compete à turma recursal processar e julgar
Súmula 32-STJ: Compete à Justiça Federal processar justifica- o mandado de segurança contra ato de juizado especial.
ções judiciais destinadas a instruir pedidos perante entidades
que nela tem exclusividade de foro, ressalvada a aplicação do Seção III
art. 15, II, da Lei 5010/66. Da Incompetência
Súmula 66-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada
execução fiscal promovida por conselho de fiscalização pro- como questão preliminar de contestação.
fissional. § 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer
Súmula 82-STJ: Compete à Justiça Federal, excluídas as recla- tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício.
mações trabalhistas, processar e julgar os feitos relativos à § 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imedia-
movimentação do FGTS. tamente a alegação de incompetência.
Súmula 150-STJ: Compete à Justiça Federal decidir sobre a § 3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos se-
existência de interesse jurídico que justifique a presença, no rão remetidos ao juízo competente.
processo, da união, suas autarquias ou empresas públicas. § 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão
Súmula 173-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar o os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até
pedido de reintegração em cargo público federal, ainda que o que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.
servidor tenha sido dispensado antes da instituição do regime TRANSLATIO IUDICI
jurídico único
Súmula 254-STJ: A decisão do Juízo Federal que exclui da rela-
FPPC238. (art. 64, caput e §4º) O aproveitamento dos efeitos
ção processual ente federal não pode ser reexaminada no Juí-
de decisão proferida por juízo incompetente aplica-se tanto à
zo Estadual.
competência absoluta quanto à relativa. TRANSLATIO IUDICI
Súmula 324-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar
FPPC488. (art. 64, §§3º e 4º; art. 968, §5º; art. 4º; Lei 12.016/2009)
ações de que participa a Fundação Habitacional do Exército,
No mandado de segurança, havendo equivocada indicação
equiparada à entidade autárquica federal, supervisionada pelo
da autoridade coatora, o impetrante deve ser intimado para
Ministério do Exército.
emendar a petição inicial e, caso haja alteração de competên-
Súmula 349-STJ: Compete à Justiça Federal ou aos juízes com
cia, o juiz remeterá os autos ao juízo competente
competência delegada o julgamento das execuções fiscais de
contribuições devidas pelo empregador ao FGTS.
Súmula 365-STJ: A intervenção da União como sucessora da Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não
Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) desloca a competência alegar a incompetência em preliminar de contestação.

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Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada Art. 70. Toda pessoa que se encontre NO EXERCÍCIO DE SEUS
pelo Ministério Público nas causas em que atuar. DIREITOS tem capacidade para estar em juízo.

Art. 66. Há conflito de competência quando: Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais,
I - 2 ou mais juízes se declaram competentes; por tutor ou por curador, na forma da lei.
II - 2 ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um
ao outro a competência; Art. 72. O juiz nomeará CURADOR ESPECIAL ao:
III - entre 2 ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses
ou separação de processos. deste colidirem com os daquele, ENQUANTO DURAR A INCA-
Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada PACIDADE;
deverá suscitar o conflito, salvo se a atribuir a outro juízo. II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou
com hora certa, ENQUANTO NÃO FOR CONSTITUÍDO ADVO-
CAPÍTULO II GADO.
DA COOPERAÇÃO NACIONAL Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defenso-
Art. 67. Aos órgãos do Poder Judiciário, estadual ou federal, es- ria Pública, nos termos da lei.
pecializado ou comum, em todas as instâncias e graus de jurisdi-
ção, inclusive aos tribunais superiores, incumbe o dever de recíp- Incapaz sem representante
roca cooperação, por meio de seus magistrados e servidores. legal ENQUANTO
DURAR A
Art. 68. Os juízos poderão formular entre si pedido de coopera- Incapaz quando há colidên-
CURADORIA INCAPACIDADE
ção para prática de qualquer ato processual. cia de interesses com seu
ESPECIAL
representante legal
Art. 69. O pedido de cooperação jurisdicional deve ser pronta- Réu preso revel ENQUANTO NÃO
mente atendido, prescinde de forma específica e pode ser exe- FOR
cutado como: Réu revel citado por edital
CONSTITUÍDO
I - auxílio direto; Réu revel citado com hora ADVOGADO.
II - reunião ou apensamento de processos; certa
III - prestação de informações;
IV - atos concertados entre os juízes cooperantes. Exercida pela Defensoria Pública – art. 4°, XVI, LC 80/94 e
§ 1o As cartas de ordem, precatória e arbitral seguirão o regime art. 72, parágrafo único do NCPC.
previsto neste Código.
§ 2o Os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro
consistir, além de outros, no estabelecimento de procedimento para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, SALVO
para: quando casados sob o regime de SEPARAÇÃO ABSOLUTA de
I - a prática de citação, intimação ou notificação de ato; bens.
II - a obtenção e apresentação de provas e a coleta de depoimen- § 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a
tos; ação:
III - a efetivação de tutela provisória; I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casa-
IV - a efetivação de medidas e providências para recuperação e dos sob o regime de separação absoluta de bens;
preservação de empresas; II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou
V - a facilitação de habilitação de créditos na falência e na recu- de ato praticado por eles;
peração judicial; III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem
VI - a centralização de processos repetitivos; da família;
VII - a execução de decisão jurisdicional. IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a
§ 3o O pedido de cooperação judiciária pode ser realizado entre extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges.
órgãos jurisdicionais de diferentes ramos do Poder Judiciário. § 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do au-
tor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de com-
posse ou de ato por ambos praticado.
FPPC4. (art. 69, § 1º) A carta arbitral tramitará e será proces-
§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprova-
sada no Poder Judiciário de acordo com o regime previsto no
da nos autos.
Código de Processo Civil, respeitada a legislação aplicável.
FPPC5. (art. 69, § 3º) O pedido de cooperação jurisdicional po-
Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser suprido
derá ser realizado também entre o árbitro e o Poder Judiciá-
judicialmente quando for negado por um dos cônjuges sem jus-
rio.
to motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo.
Parágrafo único. A falta de consentimento, quando necessário
LIVRO III e não suprido pelo juiz, INVALIDA o processo.
DOS SUJEITOS DO PROCESSO
TÍTULO I Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
DAS PARTES E DOS PROCURADORES I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou medi-
CAPÍTULO I ante órgão vinculado;
DA CAPACIDADE PROCESSUAL II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
III - o Município, por seu prefeito ou procurador;

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IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do (conduta), Ilicitude e Culpabilidade
ente federado designar; Conduta: movimento corporal voluntá-
V - a massa falida, pelo administrador judicial; rio que produz uma modificação no
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador; mundo exterior, perceptível pelos senti-
VII - o espólio, pelo inventariante; dos.
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos Experimentação
designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores;
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organi- Idealizada por Edmund Mezger.
zados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a Teoria Neokantista Desenvolvida nas primeiras décadas do
administração de seus bens; (causal-valorativa/ século XX.
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou Neoclássica/ Tem base causalista
administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instala- Normativista) Fundamenta-se em uma visão neoclássi-
da no Brasil; ca, marcada pela superação do positi-
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico. vismo, introduzindo a racionalização do
§ 1o Quando o inventariante for dativo, os sucessores do fale- método
cido serão intimados no processo no qual o espólio seja parte. Valoração
§ 2o A sociedade ou associação sem personalidade jurídica NÃO Conduta: Comportamento humano vo-
PODERÁ opor a irregularidade de sua constituição quando de- luntário causador de um resultado.
mandada. Criada por Hans Welzel.
§ 3o O gerente de filial ou agência presume-se autorizado pela Meados do século XX (1930 – 1960).
pessoa jurídica estrangeira a receber citação para qualquer pro- Percebe que o dolo e a culpa estavam in-
cesso. seridos no substrato errado (não devem
§ 4o Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar compro- integrar a culpabilidade).
misso recíproco para prática de ato processual por seus pro- Teoria Finalista Conduta: Comportamento humano vo-
curadores em favor de outro ente federado, mediante convê- (Ôntico-Fenomeno- luntário psiquicamente dirigido a um fim
nio firmado pelas respectivas procuradorias. lógica) (toda conduta é orientada por um que-
rer).
FPPC383. (art. 75, §4º) As autarquias e fundações de direito OBS: Para Welzel, toda consciência é in-
público estaduais e distritais também poderão ajustar com- tencional.
promisso recíproco para prática de ato processual por seus OBS: Retira do dolo seu elemento nor-
procuradores em favor de outro ente federado, mediante con- mativo (consciência da ilicitude).
vênio firmado pelas respectivas procuradorias OBS: Culpabilidade formada apenas
por elementos normativos (potencial
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularida- consciência da ilicitude, exigibilidade
de da representação da parte, o juiz SUSPENDERÁ O PROCES- de conduta diversa, imputabilidade).
SO e designará PRAZO RAZOÁVEL para que seja sanado o vício. OBS: Dolo normativo (consciência da ili-
§ 1o Descumprida a determinação, caso o processo esteja na ins- citude) passa a ser dolo natural/valorati-
tância originária: vamente neutro (dolo sem consciência
I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor; da ilicitude).
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber; Dica: supera-se a cegueira do causalismo
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, com um finalismo vidente.
dependendo do polo em que se encontre. Desenvolvida por Wessels, tendo como
§ 2o Descumprida a determinação em fase recursal perante tri- principal adepto Jescheck.
bunal de justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o A pretensão desta teoria não é substituir
relator: as teorias clássica e finalista, mas acres-
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recor- centar-lhes uma nova dimensão, qual
rente; Teoria Social da seja, a relevância social do comporta-
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a Ação mento.
providência couber ao recorrido. Conduta: Comportamento humano vo-
luntário psiquicamente dirigido a um fim,
CÓDIGO PENAL socialmente reprovável.
OBS: para esta teoria, o dolo e a culpa
integram o fato típico (finalismo), mas
TEORIAS DA CONDUTA
são novamente analisados no juízo da
Idealizada por Von Liszt, Beling, Rad- culpabilidade (causalismo).
bruch.
Ganham força e espaço na década de
Teoria Causalista Início do século XIX.
1970, discutidas com ênfase na Alema-
(Causal-Naturalista/ Marcadas pelos ideais positivistas.
nha.
Clássica/ Naturalísti- Segue o método empregado pelas ciên-
Funcionalismo Buscam adequar a dogmática penal
ca/ Mecanicista) cias naturais
(Teorias aos fins do Direito Penal.
Crime: (Teoria tripartite) - Fato típico
Funcionalistas) Percebem que o Direito Penal tem neces-

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sariamente uma missão e que seus insti- O agente NÃO SABE o que O agente SABE o que faz,
tutos devem ser compreendidos de acor- faz. mas pensa que sua conduta
do com essa missão – (edificam o Direito é lícita
Penal a partir da função que lhe é confe-
Erro sobre os elementos objeti- Erro quanto à ilicitude da con-
rida).
vos do tipo duta
Conclusão: a conduta deve ser com-
preendida de acordo com a missão con- Má interpretação sobre os FA- Afasta a POTENCIAL CONS-
ferida ao direito penal. TOS CIÊNCIA DA ILICITUDE.
Não há erro sobre a situação
ROXIN (ESCOLA DE MUNIQUE)
fática, mas não há a exata
CRIME: fato típico (conduta), ilícito e
compreensão sobre os LIMI-
REPROVÁVEL (imputabilidade, poten-
TES JURÍDICOS DA LICITUDE
Funcionalismo cial consciência da ilicitude, exigibili-
da conduta.
Teleológico/ dade de conduta diversa e necessidade
Dualista/ da pena). Exclui CRIME Exclui PENA
Moderado/ OBS: Roxin busca a reconstrução do Di-
Da Política Criminal/ reito Penal com base em critérios po- Descriminantes putativas
Valorativo lítico-criminais. § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justifi-
Missão do Direito Penal: proteção de cado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se exis-
bens jurídicos. Proteger os valores es- tisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando
senciais à convivência social harmônica. o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Conduta: Comportamento humano vo-
luntário causador de relevante e intolerá-
O ERRO sobre os PRESSUPOSTOS FÁTICOS deve ser tratado
vel lesão ou perigo de lesão ao bem ju-
como erro de tipo ou de proibição?
rídico tutelado.
O erro sobre os pressupostos fáticos
JAKOBS (ESCOLA DE BONN)
deve equiparar-se a erro de tipo. Se
CRIME: fato típico (conduta), ilícito e
TEORIA LIMITADA inevitável, exclui dolo e culpa; se evitá-
culpável (imputabilidade, potencial
DA vel, pune a culpa. Prevista na exposição
consciência da ilicitude e exigibilidade
CULPABILIDADE de motivos do CP.
de conduta diversa).
(prevalece no Apesar de previso no art. 20, §1° que o
OBS: Para Jakobs, o Direito Penal deve vi-
Brasil) agente fica isento de pena, a conse-
sar primordialmente à reafirmação da
quência será a exclusão da tipicidade
Funcionalismo norma violada e ao fortalecimento das
(ausência de dolo e culpa).
Sistêmico/ expectativas de seus destinatários.
Monista/ Missão do Direito Penal: Assegurar a TEORIA EXTREMADA Equipara-se a erro de proibição. Se
Radical vigência do sistema. Está relativamente DA CULPABILIDADE inevitável, isenta o agente de pena; se
vinculada à noção de sistemas sociais evitável, diminui a pena.
(Niklas Luhmann).
TEORIA EXTREMADA De acordo com essa teoria, o art. 20,
Conduta: Comportamento humano vo-
“SUI GENERIS” DA §1°, CP, reúne as duas teorias anteriores,
luntário causador de um resultado vio-
CULPABILIDADE seguindo a extremada, quando o erro é
lador do sistema, frustrando as expecta-
inevitável, e a limitada, quando o erro é
tivas normativas.
evitável.
OBS: Ação é produção de resultado evi-
tável pelo indivíduo (teoria da evitabili-
dade individual). Erro determinado por terceiro
OBS: O agente é punido porque violou a § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
norma e a pena visa reafirmar a norma Erro sobre a pessoa
violada. § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é prati-
cado NÃO ISENTA de pena. Não se consideram, neste caso, as
condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
quem o agente queria praticar o crime.
Erro sobre elementos do tipo
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
Erro sobre a ilicitude do fato (ERRO DE PROIBIÇÃO)
crime exclui o dolo (SEMPRE), mas permite a punição por cri-
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro so-
me culposo, se previsto em lei.
bre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitá-
vel, poderá diminuí-la de 1/6 a 1/3.
ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente
Inevitável: exclui dolo e culpa Inevitável: isenta o agente de atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quan-
pena do lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa
consciência.
Evitável: pune a culpa, se pre- Evitável: diminui a pena
vista em lei Coação irresistível e obediência hierárquica

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Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em MEZGER (1930)
estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de su- TEORIA DA ABSOLUTA A ilicitude é essência da tipicida-
perior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. DEPENDÊNCIA OU de, numa relação de absoluta de-
RATIO ESSENDI pendência.
Causa legal de EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE por inexigibi- CUIDADO: excluída a ilicitude, ex-
lidade de conduta diversa. clui-se o fato típico (tipo total in-
justo).
Exclusão de ilicitude Chega no mesmo resultado da 3ª
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato : teoria, mas por outro caminho.
I - em estado de necessidade; De acordo com essa teoria, o tipo
II - em legítima defesa; penal é composto de elementos
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício positivos (explícitos) e elementos
regular de direito. negativos (implícitos).
Excesso punível TEORIA DOS ELEMENTOS ATENÇÃO: para que o fato seja
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses des- NEGATIVOS DO TIPO típico, é preciso praticar os ele-
te artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. mentos positivos do tipo, e não
praticar os elementos negativos
O rol do art. 23 não é taxativo, pois admite causas supralegais, do tipo.
como consentimento do ofendido. Ex: matar alguém.
As fontes das causas de justificação são: Elementos positivos: matar alguém.
- A lei (estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de Elementos negativos: estado ne-
direito), cessidade/legítima defesa.
- A necessidade (estado de necessidade e legítima defesa)
- A falta de interesse (consentimento do ofendido). Estado de necessidade
Os efeitos das causas excludentes de antijuridicidade se Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pra-
estendem à esfera extrapenal. (CPP, art. 65. Faz coisa julgada tica o fato para salvar de PERIGO ATUAL, que não provocou
no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato pratica- por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio
do em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito). exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha
RELAÇÃO ENTRE TIPICIDADE E ILICITUDE o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito
VON BELING (1906) ameaçado, a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3.
A tipicidade não tem qualquer re-
lação com a ilicitude.
Exige saída cômoda (commodus discessus).
TEORIA DA AUTONOMIA CUIDADO: excluída a ilicitude o
Perigo iminente não configura estado de necessidade.
OU ABSOLUTA fato permanece típico.
INDEPENDÊNCIA Ex: Fulano mata Beltrano – temos
um fato típico. Comprovado que TEORIA DIFERENCIADORA TEORIA UNITÁRIA
Fulano agiu em legítima defesa, CPM arts. 39 e 45 CP art. 24, §2°
exclui a ilicitude, mas permanece o
Estado de necessidade justifi- Estado de necessidade justifi-
fato típico.
cante cante
MAYER (1915) Exclui a ilicitude Exclui a ilicitude
A existência de fato típico gera Bem jurídico: vale + ou = (vida) Bem jurídico: vale + ou = (vida)
presunção de ilicitude. Bem sacrificado: vale – ou = Bem sacrificado: vale – ou =
- Relativa dependência. (patrimônio) (patrimônio)
CUIDADO: excluída a ilicitude, o
Estado de necessidade excul- #E no caso do bem protegido
fato permanece típico.
pante valer menos que o bem sacri-
Ex: Fulano mata Beltrano. Compro-
Exclui a culpabilidade ficado? Pode servir como dimi-
TEORIA DA va a tipicidade, presume-se a ilici-
Bem jurídico: vale - (patrimô- nuição de pena.
INDICIARIEDADE OU tude. Fulano tem que provar que
nio)
RATIO COGNOSCENDI agiu em legítima defesa. Compro-
Bem sacrificado: vale + (vida)
Adotada no Brasil vando, desaparece a ilicitude, mas
o fato continua típico.
De acordo com a maioria da dou- Legítima defesa
trina, o Brasil seguiu a TEORIA DA Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando MO-
INDICIARIEDADE, isto é, provada DERADAMENTE dos MEIOS NECESSÁRIOS, repele injusta
a tipicidade, presume-se relati- agressão, atual OU IMINENTE, a direito seu ou de outrem.
vamente a ilicitude, provocando
inversão do ônus da prova nas Não exige saída cômoda (commodus discessus).
descriminantes. O uso moderado é dos meios necessários e não dos meios dis-

19
poníveis. CONCURSO DE AGENTES
O crime é único para todos os con-
TÍTULO III correntes.
DA IMPUTABILIDADE PENAL Regra no CP.
Inimputáveis A pena será aplicada na medida da
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental culpabilidade de cada agente. O juiz
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao TEORIA MONISTA / fixará a pena levando em consideração
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de enten- UNITÁRIA OU circunstâncias relacionadas ao fato, à
der o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com IGUALITÁRIA vítima e ao agente.
esse entendimento. (Causa de exclusão da culpabilidade) Segundo Luiz Regis Prado, o CP adotou
Redução de pena a teoria monista de forma matizada ou
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3, se temperada, já que estabeleceu certos
o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por de- graus de participação e um verdadeiro
senvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteira- reforço do princípio constitucional da
mente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determi- individualização da pena.
nar-se de acordo com esse entendimento.
TEORIA PLURALISTA A cada um dos agentes se atribui con-
Menores de dezoito anos TEORIA DA duta, razão pela qual cada um responde
Art. 27 - Os menores de 18 anos são penalmente inimpu- CUMPLICIDADE- por delito autônomo. Haverá tantos
táveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação es- DELITO DISTINTO crimes quanto sejam os agentes que
pecial. TEORIA DA concorrem para o fato.
AUTONOMIA DA Cada um responde pelo seu crime. Ado-
Emoção e paixão CONCORRÊNCIA tada pelo CP em casos excepcionais.
Art. 28 - NÃO EXCLUEM a imputabilidade penal: Tem-se um crime para os executores
I - a emoção ou a paixão; do núcleo e outro aos que não o rea-
Embriaguez lizam, mas concorrem de qualquer
II - a embriaguez, VOLUNTÁRIA OU CULPOSA, pelo álcool TEORIA DUALISTA modo. Divide a responsabilidade dos
ou substância de efeitos análogos. autores e dos partícipes.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez com- Crime único para autores principais
pleta, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao (participação primária) e outro crime
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de enten- único para os autores secundários/par-
der o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com tícipes (participação secundária).
esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3, se o agente,
Circunstâncias incomunicáveis
por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições
possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade
de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acor -
do com esse entendimento.
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,
TÍTULO IV
salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o
DO CONCURSO DE PESSOAS
crime não chega, pelo menos, a ser tentado (PARTICIPAÇÃO
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime
IMPUNÍVEL).
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabi-
lidade. (TEORIA UNITÁRIA)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena CÓDIGO PROCESSO PENAL
pode ser diminuída de 1/6 a 1/3.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime TÍTULO V
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será au- DA COMPETÊNCIA
mentada até 1/2 (metade), na hipótese de ter sido previsível o Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:
resultado mais grave. I - o lugar da infração (TEORIA DO RESULTADO);
II - o domicílio ou residência do réu;
A codelinquência será configurada quando houver reconheci- III - a natureza da infração;
mento da prática da mesma infração por todos os agentes. IV - a distribuição;
Depende de cinco requisitos para sua configuração: V - a conexão ou continência;
a) pluralidade de agentes culpáveis; VI - a prevenção;
b) relevância causal das condutas para a produção do resultado; VII - a prerrogativa de função.
c) vínculo subjetivo;
d) unidade de infração penal para todos os agentes; e CAPÍTULO I
e) existência de fato punível. DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lu-
gar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa,

20
pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. (TEO- DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
RIA DO RESULTADO) Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido pra-
se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lu- ticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por
gar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execu - várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lu-
ção. gar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para
território nacional, será competente o juiz do lugar em que o cri- facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou
me, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu vantagem em relação a qualquer delas;
resultado. III- quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração
consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a CONEXÃO
competência firmar-se-á pela prevenção.
POR SIMULTANEIDADE: ocorrendo duas
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, ou mais infrações, houverem sido pratica-
praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competên- das, ao mesmo tempo, por várias pesso-
cia firmar-se-á pela prevenção. as reunidas,
CAPÍTULO II INTERSUBJETIVA
CONCURSAL: ocorrendo duas ou mais in-
DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU frações, houverem sido praticadas por vá-
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a com- rias pessoas em concurso, embora di-
petência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. verso o tempo e o lugar
§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência POR RECIPROCIDADE: ocorrendo duas
firmar-se-á pela prevenção. ou mais infrações, houverem sido pratica-
o das por várias pessoas, umas contra as
§ 2 Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o
seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhe- outras
cimento do fato.
TELEOLÓGICA: no mesmo caso, houverem
sido umas praticadas para facilitar ou
Art. 73. Nos casos de EXCLUSIVA AÇÃO PRIVADA, o quere-
ocultar as outras
lante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do
OBJETIVA
réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. CONSEQUENCIAL: no mesmo caso, hou-
verem sido umas praticadas para conse-
CAPÍTULO III guir impunidade ou vantagem em rela-
DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO ção a qualquer delas
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regu-
Quando a prova de uma infração ou de
lada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência pri-
INSTRUMENTAL qualquer de suas circunstâncias elementa-
vativa do Tribunal do Júri.
res influir na prova de outra infração.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes
previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124,
125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados. Art. 77. A competência será determinada pela continência
§ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclas- quando:
sificação para infração da competência de outro, a este será re- I CONTINÊNCIA SUBJETIVA - duas ou mais pessoas forem
metido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do pri- acusadas pela mesma infração;
meiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada. II CONTINÊNCIA OBJETIVA - no caso de infração cometida
§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para ou- nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54
tra atribuída à competência de juiz singular, observar-se-á o dis- do Código Penal.
posto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo pró-
prio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá proferir a sen- CONTINÊNCIA
tença (art. 492, § 2o).
SUBJETIVA Duas ou mais pessoas forem acusadas pela
mesma infração
CAPÍTULO IV
DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO Concurso formal
Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência OBJETIVA
Aberratio ictus
quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um
juiz igualmente competente. Aberratio criminis
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da
concessão de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou
qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da continência, serão observadas as seguintes regras:
ação penal. I - no concurso entre a competência do júri e a de outro
órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do
CAPÍTULO V júri;

21
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição pre-
a pena mais grave; valente deverá avocar os processos que corram perante os outros
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste
número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gra- caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o
vidade; efeito de soma ou de unificação das penas.
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros ca-
sos; CAPÍTULO VI
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, pre- DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO
dominará a de maior graduação; Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente compe-
prevalecerá esta. tentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedi-
do aos outros na prática de algum ato do processo ou de medi-
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de da a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da de-
processo e julgamento, salvo: núncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de CAPÍTULO VII
menores. DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
§ 1o Cessará, EM QUALQUER CASO, a unidade do proces- Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Su-
so, se, em relação a algum corréu, sobrevier o caso previsto no premo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribu-
art. 152 (doença mental sobreveio à infração). nais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do
§ 2o A unidade do processo não importará a do julga- Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder
mento, se houver corréu foragido que não possa ser julgado à perante eles por crimes comuns e de responsabilidade.
revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que fo-
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando rem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição
as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele
ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a ex-
acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória, ou por ceção da verdade.
outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativa-
Separação facultativa Separação obrigatória mente, processar e julgar:
I - os seus ministros, nos crimes comuns;
Quando as infrações tiverem Concurso entre a jurisdição co- II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os
sido praticadas em circunstân- mum e a militar do Presidente da República;
cias de tempo ou de lugar dife- III - o procurador-geral da República, os desembargadores
rentes dos Tribunais de Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e
Quando pelo excessivo número Concurso entre a jurisdição co- os embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e
de acusados e para não lhes mum e o juízo de menores de responsabilidade.
prolongar a prisão provisória, (ECA)
ou por outro motivo relevante, Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apela-
Sobrevier doença mental em ção o julgamento dos governadores ou interventores nos Estados
o juiz reputar conveniente a se-
relação a um corréu ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, seus respectivos se-
paração.
Houver corréu foragido cretários e chefes de Polícia, juízes de instância inferior e órgãos
do Ministério Público.
Não houver número mínimo de
jurados no tribunal do júri (es- CAPÍTULO VIII
touro de urna) DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do territó-
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou rio brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado
continência, ainda que no processo da sua competência própria onde houver por último residido o acusado. Se este nunca ti-
venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que ver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da
desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua com- República.
petência, continuará competente em relação aos demais pro-
cessos. Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a compe- águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços,
tência por conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão
infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro
exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo com- em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se
petente. afastar do País, pela do último em que houver tocado.

22
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional,
dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro,
ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do SÚMULAS SOBRE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL
espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão proces-
sados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se STF
verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde Súmula vinculante 36-STF: Compete à Justiça Federal comum
houver partido a aeronave. processar e julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação
e de uso de documento falso quando se tratar de falsifica-
Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com ção da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Cartei-
as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competência se fir- ra de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas
mará pela prevenção. pela Marinha do Brasil.
STJ
SÚMULAS SOBRE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL
Súmula 122-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julga-
STF
mento unificado dos crimes conexos de competência federal e
Súmula 498-STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do Código
instâncias, o processo e o julgamento dos crimes contra a eco- de Processo Penal.
nomia popular. Súmula 147-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar
Súmula 522-STF: Salvo ocorrência de tráfico com o exterior, os crimes praticados contra funcionário público federal,
quando, então, a competência será da Justiça Federal, com- quando relacionados com o exercício da função.
pete a justiça dos estados o processo e o julgamento dos cri- Súmula 165-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar
mes relativos a entorpecentes. crime de falso testemunho cometido no processo trabalhis-
ta.
STJ
Súmula 200-STJ: O juízo federal competente para processar e
Súmula 38-STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigên- julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lu-
cia da Constituição de 1988, o processo por contravenção pe- gar onde o delito se consumou.
nal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou in- Súmula 208-STJ: Compete à justiça federal processar e julgar
teresse da União ou de suas entidades. prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de
Súmula 42-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e contas perante órgão federal.
julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia Súmula 209-STJ: Compete à justiça estadual processar e julgar
mista e os crimes praticados em seu detrimento. prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patri-
Súmula 62-STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar o mônio municipal.
crime de falsa anotação na carteira de trabalho e previdência so- Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreen-
cial, atribuído à empresa privada. (O enunciado não foi formal- são da droga remetida do exterior pela via postal processar e
mente cancelado, mas a tendência é que seja superado confor- julgar o crime de tráfico internacional.
me julgamento do CC 135.200-SP) (Info 554 o STJ decidiu
que compete à JustiçaFederal(e não à Justiça Estadual) proces-
SÚMULAS SOBRE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR
sar e julgar o crime caracterizado pela omissão de anota-
ção de vínculo empregatício na CTPS (art. 297, § 4º, do CP). Esse STF
mesmo raciocínio pode ser aplicado para a falsa anota-
Súmula vinculante 36-STF: Compete à Justiça Federal co-
ção na CTPS (art. 297, § 3º do CP).
mum processar e julgar civil denunciado pelos crimes de fal-
Súmula 104-STJ: Compete à Justiça Estadual o processo e jul-
sificação e de uso de documento falso quando se tratar de
gamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso
falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de
relativo a estabelecimento particular de ensino.
Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedi-
Súmula 107-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar
das pela Marinha do Brasil.
e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação
das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, STJ
quando não ocorrente lesão à autarquia federal.
Súmula 53-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e
Súmula 140-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar
julgar civil acusado de prática de crime contra instituições milita-
e julgar crime em que o indígena figure como autor ou viti-
res estaduais.
ma.
Súmula 78-STJ: Compete à Justiça Militar processar e julgar po-
Súmula 208-STJ: Compete à justiça federal processar e julgar
licial de corporação estadual, ainda que o delito tenha sido
prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de
praticado em outra unidade federativa.
contas perante órgão federal.
Súmula 209-STJ: Compete à justiça estadual processar e julgar
prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao pa- SÚMULA SOBRE CONFLITO DE COMPETÊNCIA
trimônio municipal.
Súmula 555-STF: É competente o Tribunal de Justiça para julgar
Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime
conflito de jurisdição entre juiz de direito do estado e a justiça
de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou
militar local
órgão ao qual foi apresentado o documento público, não im-
portando a qualificação do órgão expedidor.
SÚMULAS SOBRE PRERROGATIVA DE FUNÇÃO

23
Súmula vinculante 45-STF: A competência constitucional do 14) Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar crime
Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de fun- em que o índio figure como autor ou vítima, desde que não
ção estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual. haja ofensa a direitos e a cultura indígenas, o que atrai a compe-
Súmula 451-STF: A competência especial por prerrogativa de tência da Justiça Federal.
função não se estende ao crime cometido após a cessação 16) Há conflito de competência, e não de atribuição, sempre
definitiva do exercício funcional que a autoridade judiciária se pronuncia a respeito da con-
Súmula 702-STF: A competência do Tribunal de Justiça para jul- trovérsia, acolhendo expressamente as manifestações do Mi-
gar Prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça nistério Público.
comum estadual; nos demais casos, a competência originária ca- 18) A mudança de domicílio pelo condenado que cumpre pena
berá ao respectivo tribunal de segundo grau. restritiva de direitos ou que seja beneficiário de livramento con-
Súmula 704-STF: Não viola as garantias do juiz natural, da am- dicional não tem o condão de modificar a competência da
pla defesa e do devido processo legal a atração por continência execução penal, que permanece com o juízo da condenação,
ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de sendo deprecada ao juízo onde fixa nova residência somente a
função de um dos denunciados supervisão e o acompanhamento do cumprimento da medida
Súmula 721-STF: A competência constitucional do Tribunal do imposta.
Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabele- 19) A ofensa indireta, genérica ou reflexa praticada em detri-
cido exclusivamente pela Constituição estadual. mento de bens, serviços ou interesse da União, de suas entida-
des autárquicas ou empresas públicas federais não atrai a com-
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ petência da Justiça Federal (art. 109, IV, da CF/88).

EDIÇÃO N. 72: COMPETÊNCIA CRIMINAL


TÍTULO VI
1) Compete ao Superior Tribunal de Justiça o julgamento de
DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES
revisão criminal quando a questão objeto do pedido revisio-
CAPÍTULO I
nal tiver sido examinada anteriormente por esta Corte.
DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS
2) A mera previsão do crime em tratado ou convenção inter-
Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender
nacional NÃO ATRAI a competência da Justiça Federal, com
da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, SO-
base no art. 109, inciso V, da CF/88, sendo imprescindível que a
BRE O ESTADO CIVIL DAS PESSOAS, o curso da ação penal FI-
conduta tenha ao menos potencialidade para ultrapassar os
CARÁ SUSPENSO até que no juízo cível seja a controvérsia diri-
limites territoriais.
mida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto,
3) O fato de o delito ser praticado pela internet NÃO ATRAI, au-
da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza
tomaticamente, a competência da Justiça Federal, sendo ne-
urgente.
cessário demonstrar a internacionalidade da conduta ou de seus
Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério
resultados.
Público, quando necessário, promoverá a ação civil ou prossegui-
4) Não há conflito de competência entre Tribunal de Justiça e
rá na que tiver sido iniciada, com a citação dos interessados.
Turma Recursal de Juizado Especial Criminal de um mesmo Esta-
do, já que a Turma Recursal não possui qualidade de Tribunal
Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal
e a este é subordinada administrativamente.
depender de decisão sobre QUESTÃO DIVERSA DO ESTADO CI-
5) É relativa a nulidade decorrente da inobservância da compe-
VIL DAS PESSOAS, da competência do juízo cível, e se neste hou-
tência penal por prevenção, que deve ser alegada em momento
ver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal PODERÁ,
oportuno, sob pena de preclusão.
desde que essa questão seja de difícil solução e não verse so-
6) A competência é determinada pelo lugar em que se consu-
bre direito cuja prova a lei civil limite, SUSPENDER o curso do
mou a infração (art. 70 do CPP), sendo possível a sua modifica-
processo, após a inquirição das testemunhas e realização das
ção na hipótese em que outro local seja o melhor para a for-
outras provas de natureza urgente.
mação da verdade real.
§ 1o O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser
7) Compete ao Tribunal Regional Federal ou ao Tribunal de Justi-
razoavelmente prorrogado, se a demora não for imputável à par-
ça decidir os conflitos de competência entre juizado especial e
te. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha proferido decisão,
juízo comum da mesma seção judiciária ou do mesmo Estado.
o juiz criminal fará prosseguir o processo, retomando sua com-
9) Inexistindo conexão probatória, não é da Justiça Federal a
petência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da
competência para processar e julgar crimes de competência da
acusação ou da defesa.
Justiça Estadual, ainda que os delitos tenham sido descobertos
§ 2o Do despacho que denegar a suspensão NÃO CABERÁ
em um mesmo contexto fático.
RECURSO.
10) No concurso de infrações de menor potencial ofensivo,
§ 3o Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação
afasta-se a competência dos Juizados Especiais quando a
pública, incumbirá ao Ministério Público intervir imediatamente
soma das penas ultrapassar dois anos.
na causa cível, para o fim de promover-lhe o rápido andamento.
11) Compete à Justiça Federal processar e julgar crimes relativos
ao desvio de verbas públicas repassadas pela União aos municí-
pios e sujeitas à prestação de contas perante órgão federal. Recurso da decisão que DENEGA a Irrecorrível
13) As atribuições da Polícia Federal não se confundem com as suspensão
regras de competência constitucionalmente estabelecidas para a Recurso da decisão que CONCEDE a RESE (art. 582, XVI,
Justiça Federal (arts. 108, 109 e 144, §1°, da CF/88), sendo possí- suspensão CPP)
vel que uma investigação conduzida pela Polícia Federal seja
processada perante a Justiça Estadual.

24
Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos casos Art. 102. Quando a parte contrária reconhecer a procedência
dos artigos anteriores, será decretada pelo juiz, de ofício ou a da arguição, poderá ser sustado, a seu requerimento, o processo
requerimento das partes. principal, até que se julgue o incidente da suspeição.

QUESTÃO PREJUDICIAL Envolve estado civil das pessoas. Art. 103. No Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de
OBRIGATÓRIA Suspensão obrigatória do proces- Apelação, o juiz que se julgar suspeito deverá declará-lo nos au-
so. tos e, se for revisor, passar o feito ao seu substituto na ordem da
precedência, ou, se for relator, apresentar os autos em mesa para
Não envolve estado civil das pes- nova distribuição.
soas. § 1o Se não for relator nem revisor, o juiz que houver de
QUESTÃO PREJUDICIAL Suspensão facultativa do processo. dar-se por suspeito, deverá fazê-lo verbalmente, na sessão de jul-
FACULTATIVA O juiz marcará prazo para a suspen- gamento, registrando-se na ata a declaração.
são, que poderá ser prorrogado. § 2o Se o presidente do tribunal se der por suspeito, compe-
Findando, o juiz criminal prossegui- tirá ao seu substituto designar dia para o julgamento e presidi-lo.
rá no processo, retomando sua § 3o Observar-se-á, quanto à arguição de suspeição pela
competência para resolver, de fato parte, o disposto nos arts. 98 a 101, no que lhe for aplicável, aten-
e de direito, toda a matéria dido, se o juiz a reconhecer, o que estabelece este artigo.
§ 4o A suspeição, não sendo reconhecida, será julgada pelo
CAPÍTULO II tribunal pleno, funcionando como relator o presidente.
DAS EXCEÇÕES § 5o Se o recusado for o presidente do tribunal, o relator
Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de: será o vice-presidente.
I - suspeição;
II - incompetência de juízo; Art. 104. Se for arguida a suspeição do órgão do Ministé-
III - litispendência; rio Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, SEM RECURSO,
IV - ilegitimidade de parte; podendo antes admitir a produção de provas no prazo de 3
V - coisa julgada. dias.

Art. 96. A arguição de suspeição precederá a qualquer ou- Art. 105. As partes poderão também arguir de suspeitos os
tra, salvo quando fundada em motivo superveniente. peritos, os intérpretes e os serventuários ou funcionários de justi-
ça, decidindo o juiz de plano e SEM RECURSO, à vista da matéria
Art. 97. O juiz que espontaneamente afirmar suspeição de- alegada e prova imediata.
verá fazê-lo por escrito, declarando o motivo legal, e remeterá
imediatamente o processo ao seu substituto, intimadas as partes. Art. 106. A suspeição dos jurados deverá ser arguida oral-
mente, decidindo de plano do presidente do Tribunal do Júri, que
Art. 98. Quando qualquer das partes pretender recusar o a rejeitará se, negada pelo recusado, não for imediatamente
juiz, deverá fazê-lo em petição assinada por ela própria ou por comprovada, o que tudo constará da ata.
procurador com poderes especiais, aduzindo as suas razões
acompanhadas de prova documental ou do rol de testemunhas. Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades
policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se
Art. 99. Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha suspeitas, quando ocorrer motivo legal.
do processo, mandará juntar aos autos a petição do recusante
com os documentos que a instruam, e por despacho se declarará Art. 108. A exceção de incompetência do juízo poderá ser
suspeito, ordenando a remessa dos autos ao substituto. oposta, verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa.
§ 1o Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória,
Art. 100. Não aceitando a suspeição, o juiz mandará autuar o feito será remetido ao juízo competente, onde, ratificados os
em apartado a petição, dará sua resposta dentro em 3 dias, po- atos anteriores, o processo prosseguirá.
dendo instruí-la e oferecer testemunhas, e, em seguida, determi- § 2o Recusada a incompetência, o juiz continuará no feito,
nará sejam os autos da exceção remetidos, dentro em 24 horas, fazendo tomar por termo a declinatória, se formulada verbalmen-
ao juiz ou tribunal a quem competir o julgamento. te.
§ 1o Reconhecida, preliminarmente, a relevância da arguição,
o juiz ou tribunal, com citação das partes, marcará dia e hora para Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer
a inquirição das testemunhas, seguindo-se o julgamento, inde- motivo que o torne incompetente, declara-lo-á nos autos, haja ou
pendentemente de mais alegações. não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do artigo ante-
§ 2o Se a suspeição for de manifesta improcedência, o juiz rior.
ou relator a rejeitará liminarmente.
Art. 110. Nas exceções de litispendência, ilegitimidade de
Art. 101. Julgada procedente a suspeição, ficarão NULOS parte e coisa julgada, será observado, no que lhes for aplicável, o
os atos do processo principal, pagando o juiz as custas, no caso disposto sobre a exceção de incompetência do juízo.
de erro inescusável; rejeitada, evidenciando-se a malícia do exci- § 1o Se a parte houver de opor mais de uma dessas exce-
piente, a este será imposta a multa de duzentos mil-réis a dois ções, deverá fazê-lo numa só petição ou articulado.
contos de réis.

25
§ 2o A exceção de coisa julgada somente poderá ser
oposta em relação ao fato principal, que tiver sido objeto da
sentença.

Art. 111. As exceções serão processadas em AUTOS APAR-


TADOS e NÃO SUSPENDERÃO, em regra, o andamento da
ação penal.

26
DIA 3 XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-
centivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
Constituição Federal: art. 6-17 mínimo de 30 dias, nos termos da lei;
Código Civil: art. 40-114 XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-
Código Processo Civil: art. 77-102 mas de saúde, higiene e segurança;
Código Penal: art. 32-52 XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insa-
Código Processo Penal: art. 112-196 lubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
CONSTITUIÇÃO FEDERAL XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nasci-
mento até 5 anos de idade em creches e pré-escolas;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
CAPÍTULO II
trabalho;
DOS DIREITOS SOCIAIS
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do em-
trabalho, a moradia, o transporte (EC 90/15), o lazer, a seguran-
pregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,
ça, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
quando incorrer em dolo ou culpa;
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de tra-
balho, com prazo prescricional de 5 anos para os trabalhadores
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
urbanos e rurais, até o limite de 2 anos após a extinção do con-
outros que visem à melhoria de sua condição social:
trato de trabalho;
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e
ou sem justa causa, nos termos de LC, que preverá indenização
de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado
compensatória, dentre outros direitos;
civil;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e
III - FGTS;
critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, ca-
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e in-
paz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
telectual ou entre os profissionais respectivos;
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
a menores de 18 e de qualquer trabalho a menores de 16
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula-
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos;
ção para qualquer fim;
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do tra-
empregatício permanente e o trabalhador avulso.
balho;
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII,
ou acordo coletivo;
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simpli-
percebem remuneração variável;
ficação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
VIII - 13° terceiro salário com base na remuneração integral ou
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida-
no valor da aposentadoria;
des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
como a sua integração à previdência social.
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua re-
tenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- DIREITOS DOS TRABALHADORES DOMÉSTICOS
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da em- EFICÁCIA PLENA EFICÁCIA LIMITADA
presa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador • Salário-mínimo • Relação de emprego
de baixa renda nos termos da lei; • Irredutibilidade do protegida contra despedida ar-
XIII - duração do trabalho normal não superior a 8 horas diá- salário bitrária ou sem justa causa, nos
rias e 44 semanais, facultada a compensação de horários e a • Garantia de salário, termos de lei complementar,
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de nunca inferior ao mínimo, para que preverá indenização com-
trabalho; os que percebem remuneração pensatória, dentre outros direi-
XIV - jornada de 6 horas para o trabalho realizado em turnos variável; tos;
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; • 13° salário • Seguro-desemprego
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- • Proteção do salário • FGTS
mingos; na forma da lei, constituindo • Remuneração do tra-
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni- crime sua retenção dolosa balho noturno superior à do
mo, em 50% à do normal; • Duração do trabalho diurno
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, 1/3 normal não superior a oito ho- • Salário-família
a mais do que o salário normal; ras diárias e quarenta e quatro • Assistência gratuita
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, semanais, facultada a compen- aos filhos e dependentes desde
com a duração de 120 dias; sação de horários e a redução o nascimento até 5 anos de

1
da jornada, mediante acordo idade em creches e pré-escolas dical e, se eleito, ainda que suplente, até 1 ano após o final do
ou convenção coletiva de tra- • Seguro contra aci- mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
balho; dentes de trabalho, a cargo do Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga-
• Repouso semanal re- empregador, sem excluir a in- nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, aten-
munerado, preferencialmente denização a que este está obri- didas as condições que a lei estabelecer.
aos domingos; gado, quando incorrer em dolo
• Remuneração do ser- ou culpa Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos traba-
viço extraordinário superior, no lhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os in-
mínimo, em 50% à do normal; teresses que devam por meio dele defender.
• Férias anuais + 1/3 § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá
• Licença à gestante DIREITOS REGULAMENTA- sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
• Licença-paternidade DOS PELA LC 150/15 § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da
• Aviso prévio lei.
• Redução dos riscos
inerentes ao trabalho, por meio Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empre-
de normas de saúde, higiene e gadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interes-
segurança ses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
• Aposentadoria deliberação.
• Reconhecimento das
convenções e acordos coletivos Art. 11. Nas empresas de mais de 200 empregados, é assegura-
de trabalho da a eleição de um representante destes com a finalidade exclu-
• Proibição de diferen- siva de promover-lhes o entendimento direto com os empre-
ça de salários, de exercício de gadores.
funções e de critério de admis-
são por motivo de sexo, idade, CAPÍTULO III
cor ou estado civil; DA NACIONALIDADE
• Proibição de qual- Art. 12. São brasileiros:
quer discriminação I - natos:
• Proibição de trabalho a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
noturno, perigoso ou insalubre pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
a menores de dezoito e de país (JUS SOLI);
qualquer trabalho a menores b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasi-
de 16 anos, salvo na condição leira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República
de aprendiz, a partir de 14 Federativa do Brasil (JUS SANGUINI);
anos c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira
competente OU venham a residir na República Federativa do
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a mai-
seguinte:
oridade, pela nacionalidade brasileira (JUS SANGUINI);
I - a lei NÃO PODERÁ exigir autorização do Estado para a fun-
II - naturalizados:
dação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competen-
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
te, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas
organização sindical;
residência por 1 ano ininterrupto e idoneidade moral;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical ,
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Re-
em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou
pública Federativa do Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e
econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos tra-
sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
balhadores ou empregadores interessados, não podendo ser in-
brasileira.
ferior à área de um Município;
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos
houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos
ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou ad-
os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
ministrativas;
Constituição.
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando
§ 2º A lei NÃO PODERÁ estabelecer distinção entre brasileiros
de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constitui-
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in-
ção.
dependentemente da contribuição prevista em lei;
§ 3º São PRIVATIVOS DE BRASILEIRO NATO os cargos:
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
sindicato;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
III - de Presidente do Senado Federal;
coletivas de trabalho;
IV - de Ministro do STF;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
V - da carreira diplomática;
organizações sindicais;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do
VII - de Ministro de Estado da Defesa
registro da candidatura a cargo de direção ou representação sin-

2
O Conselho da República tem em sua composição 6 brasileiros MAIORIA SIMPLES, de acordo com o resultado homologado
natos pelo Tribunal Superior Eleitoral.
§ 4º - Será declarada a PERDA DA NACIONALIDADE do brasilei- Art. 11. O referendo pode ser convocado no prazo de 30 dias,
ro que: a contar da promulgação de lei ou adoção de medida admi-
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em nistrativa, que se relacione de maneira direta com a consulta
virtude de atividade nociva ao interesse nacional; popular.
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
trangeira; § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao I - obrigatórios para os maiores de 18 anos;
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição II - facultativos para:
para permanência em seu território ou para o exercício de di- a) os analfabetos;
reitos civis; b) os maiores de 70 anos;
c) os maiores de 16 e menores de 18 anos.
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fede- § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, du-
rativa do Brasil. rante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
hino, as armas e o selo nacionais. I - a nacionalidade brasileira;
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter II - o pleno exercício dos direitos políticos;
símbolos próprios. III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição (6 meses antes do
CAPÍTULO IV pleito);
DOS DIREITOS POLÍTICOS V - a filiação partidária (6 meses antes do pleito);
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio univer- VI - a idade mínima de:
sal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Se-
nos termos da lei, mediante: nador;
I - plebiscito; b) 30 anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do
II - referendo; Distrito Federal;
III - iniciativa popular. c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Dis-
trital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
REFERENDO PLEBISCITO d) 18 anos para Vereador.
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis (estrangeiro e conscrito) e
Formas de consulta popular sobre determinado assunto. os analfabetos.
Autorizado pelo Congresso Convocado pelo Congresso § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Nacional (art. 49, XV, CF). Nacional (art. 49, XV, CF). Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou subs-
tituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um
Decreto legislativo. único período subsequente.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repúbli-
Primeiro faz a lei ou ato Primeiro pergunta-se ao
ca, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
administrativo e depois povo para depois fazer a lei
devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 meses antes
pergunta para o povo. ou ato administrativo.
do pleito.
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
Lei 9709/98. cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o 2° grau ou
Art. 2o Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao por adoção, do Presidente da República, de Governador de Esta-
povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevân- do ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
cia, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa. haja substituído dentro dos 6 meses anteriores ao pleito, salvo se
§ 1o O PLEBISCITO é convocado com anterioridade a ato le- já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
gislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, apro-
var ou denegar o que lhe tenha sido submetido. Súmula 6, TSE: São inelegíveis para o cargo de chefe do Execu-
§ 2o O REFERENDO é convocado com posterioridade a ato le- tivo o cônjuge e os parentes, indicados no § 7º do art. 14 da
gislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva Constituição Federal, do titular do mandato, salvo se este, ree-
ratificação ou rejeição. legível, tenha falecido, renunciado ou se afastado definitiva-
Art. 3o Nas questões de relevância nacional, de competência mente do cargo até seis meses antes do pleito.
do Poder Legislativo ou do Poder Executivo, e no caso do §
3o do art. 18 da Constituição Federal, o plebiscito e o referen- § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condi-
do são convocados mediante decreto legislativo, por propos- ções:
ta de 1/3, no mínimo, dos membros que compõem qualquer I - se contar menos de 10 anos de serviço, deverá afastar-se da
das Casas do Congresso Nacional, de conformidade com esta atividade;
Lei. II - se contar mais de 10 anos de serviço, será agregado pela
Art. 10. O plebiscito ou referendo, convocado nos termos da autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no
presente Lei, será considerado aprovado ou rejeitado por ato da diplomação, para a inatividade.

3
§ 9º LC estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos
de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a EC97/17 - Art. 2º A vedação à celebração de coligações nas
moralidade para exercício de mandato considerada vida pregres- eleições proporcionais, prevista no § 1º do art. 17 da Constitui-
sa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições con- ção Federal, aplicar-se-á a partir das eleições de 2020.
tra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade ju-
função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
rídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no TSE
§ 10. (AIME) O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e
Justiça Eleitoral no prazo de 15 dias contados da diplomação,
acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os parti-
instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
dos políticos que alternativamente:
corrupção ou fraude.
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo
mínimo, 3% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos 1/3
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou
das unidades da Federação, com um mínimo de 2% dos votos
de manifesta má-fé.
válidos em cada uma delas; ou
II - tiverem elegido pelo menos 15 Deputados Federais distribu-
Art. 15. É VEDADA A CASSAÇÃO de direitos políticos, cuja perda
ídos em pelo menos 1/3 das unidades da Federação.
ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
julgado (em virtude de atividade nociva ao interesse nacio- EC97/17
nal); Art. 3º O disposto no § 3º do art. 17 da Constituição Federal
II - incapacidade civil absoluta; quanto ao acesso dos partidos políticos aos recursos do fundo
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du- partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão apli-
rarem seus efeitos; car-se-á a partir das eleições de 2030.
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação Parágrafo único. Terão acesso aos recursos do fundo partidário e
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; à propaganda gratuita no rádio e na televisão os partidos políti-
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. cos que:
I - na legislatura seguinte às eleições de 2018:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
Súmula 9, TSE: A suspensão de direitos políticos decorrente de
mínimo, 1,5% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos
condenação criminal transitada em julgado cessa com o cum-
1/3 das unidades da Federação, com um mínimo de 1% dos
primento ou a extinção da pena, independendo de reabilita-
votos válidos em cada uma delas; ou
ção ou de prova de reparação dos danos.
b) tiverem elegido pelo menos 9 Deputados Federais distribuí-
dos em pelo menos 1/3 das unidades da Federação;
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor II - na legislatura seguinte às eleições de 2022:
na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
ocorra até 1 ano da data de sua vigência. mínimo, 2% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos 1/3
das unidades da Federação, com um mínimo de 1% dos votos
SÚMULA SOBRE DIREITOS POLÍTICOS válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos 11 Deputados Federais distribuí-
Súmula vinculante 18-STF: A dissolução da sociedade ou do
dos em pelo menos 1/3 das unidades da Federação;
vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibi-
III - na legislatura seguinte às eleições de 2026:
lidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
mínimo, 2,5% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos
CAPÍTULO V 1/3 das unidades da Federação, com um mínimo de 1,5% dos
DOS PARTIDOS POLÍTICOS votos válidos em cada uma delas; ou
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de parti- b) tiverem elegido pelo menos 13 Deputados Federais distribuí-
dos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime demo- dos em pelo menos 1/3 das unidades da Federação.
crático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
humana e observados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional; DIREITO A RECURSOS DO APOIAMENTO MÍNIMO PARA
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de enti- FUNDO PARTIDÁRIO E REGISTRAR O ESTATUTO
dade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; ACESSO GRATUITO AO
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; RÁDIO E À TELEVISÃO
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. 3% dos votos válidos para CD Período de 2 anos
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir 1/3 das unidades da Federa- Eleitores NÃO filiados
sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação ção, com um mínimo de 2% 0,5% votos dados na para a CD
e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua OU 1/3 dos Estados (9E), com um
organização e funcionamento e para adotar os critérios de esco- pelo menos 15 Deputados Fe- mínimo de 0,1% do eleitorado
lha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, derais em cada um
VEDADA A SUA CELEBRAÇÃO NAS ELEIÇÕES PROPORCIO- 1/3 das unidades da Federa-
NAIS, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas ção.
em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo
seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade parti-
dária.

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§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organiza-
ção paramilitar. JDC142 Os partidos políticos, os sindicatos e as associações
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos religiosas possuem natureza associativa, aplicando-se-lhes o
previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facul- Código Civil.
tada a filiação, SEM PERDA DO MANDATO, a outro partido JDC143 A liberdade de funcionamento das organizações religi-
que os tenha atingido, NÃO SENDO essa filiação CONSIDERA- osas não afasta o controle de legalidade e legitimidade
DA para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexa-
e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. me, pelo Judiciário, da compatibilidade de seus atos com a lei e
com seus estatutos.
CÓDIGO CIVIL JDC144 A relação das pessoas jurídicas de direito privado
constante do art. 44, incs. I a V, do Código Civil não é exausti-
TÍTULO II va.
DAS PESSOAS JURÍDICAS JDC280 Por força do art. 44, § 2º, consideram-se aplicáveis às
CAPÍTULO I sociedades reguladas pelo Livro II da Parte Especial, exceto às li-
DISPOSIÇÕES GERAIS mitadas, os arts. 57 e 60, nos seguintes termos:
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou ex- a) em havendo previsão contratual, é possível aos sócios de-
terno, e de direito privado. liberar a exclusão de sócio por justa causa, pela via extraju-
dicial, cabendo ao contrato disciplinar o procedimento de ex-
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: clusão, assegurado o direito de defesa, por aplicação analógica
I - a União; do art. 1.085;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; b) as deliberações sociais poderão ser convocadas por inici -
III - os Municípios; ativa de sócios que representem 1/5 do capital social, na
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; omissão do contrato. A mesma regra aplica-se na hipótese
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. de criação, pelo contrato, de outros órgãos de deliberação
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídi- colegiada.
cas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito
privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento,
pelas normas deste Código. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direi-
to privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo
JDC141 A remissão do art. 41, parágrafo único, do Código Civil registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
às pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado es- aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas
trutura de direito privado”, diz respeito às fundações públicas as alterações por que passar o ato constitutivo.
e aos entes de fiscalização do exercício profissional. Parágrafo único. Decai em 3 anos o direito de anular a consti-
tuição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do
ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Es-
no registro.
tados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo
direito internacional público.
Art. 46. O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civil-
social, quando houver;
mente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualida-
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e
de causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo con-
dos diretores;
tra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passiva-
ou dolo (RESPONSABILIDADE OBJETIVA)
mente, judicial e extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração,
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
e de que modo;
I - as associações;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas
II - as sociedades;
obrigações sociais;
III - as fundações.
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do
IV - as organizações religiosas;
seu patrimônio, nesse caso.
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRE-
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores,
LI).
exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato consti-
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o
tutivo.
funcionamento das organizações religiosas, sendo VEDADO ao
poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos
atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. JDC145 O art. 47 não afasta a aplicação da teoria da aparência.
§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsi-
diariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Es- Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as deci-
pecial deste Código. sões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o
§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão con- ato constitutivo dispuser de modo diverso.
forme o disposto em lei específica.

5
Parágrafo único. Decai em 3 anos o direito de anular as deci-
sões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou esta- Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a
tuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins
de liquidação, até que esta se conclua.
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a § 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a
requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administra- averbação de sua dissolução.
dor provisório. § 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se,
no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracteri- § 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da
zado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, inscrição da pessoa jurídica.
pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Pú-
blico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção
certas e determinadas relações de obrigações sejam estendi- dos direitos da personalidade.
dos aos bens particulares dos administradores ou sócios da
pessoa jurídica. TEORIA MAIOR DA DESCONSIDERAÇÃO DA JDC286 Os direitos da personalidade são direitos inerentes e es-
PERSONALIDADE JURÍDICA. senciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não
sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos
JDC7 Só se aplica a desconsideração da personalidade jurídica
quando houver a prática de ato irregular e, limitadamente,
aos administradores ou sócios que nela hajam incorrido. CAPÍTULO II
JDC51 A teoria da desconsideração da personalidade jurídica – DAS ASSOCIAÇÕES
disregard doctrine – fica positivada no novo Código Civil, manti- Art. 53. Constituem-se as associações pela UNIÃO DE PESSOAS
dos os parâmetros existentes nos microssistemas legais e na que se organizem para FINS NÃO ECONÔMICOS.
construção jurídica sobre o tema. Parágrafo único. NÃO HÁ, entre os associados, direitos e obriga-
JDC145 Nas relações civis, interpretam-se restritivamente os ções recíprocos.
parâmetros de desconsideração da personalidade jurídica pre-
vistos no art. 50 (desvio de finalidade social ou confusão patri-
JDC534 As associações podem desenvolver atividade econô-
monial).
mica, desde que não haja finalidade lucrativa.
JDC281 A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no
JDC615 As associações civis podem sofrer transformação, fusão,
art. 50 do Código Civil, prescinde da demonstração de insol-
incorporação ou cisão.
vência da pessoa jurídica.
JDC282 O encerramento irregular das atividades da pessoa
jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso da per- Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
sonalidade jurídica. I - a denominação, os fins e a sede da associação;
JDC283 É cabível a desconsideração da personalidade jurídica II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associ-
denominada “inversa” para alcançar bens de sócio que se va- ados;
leu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, III - os direitos e deveres dos associados;
com prejuízo a terceiros – positivado com o NCPC IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
JDC284 As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrati- V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deli-
vos ou de fins não econômicos estão abrangidas no conceito berativos;
de abuso da personalidade jurídica. VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e
JDC285 A teoria da desconsideração, prevista no art. 50 do para a dissolução.
Código Civil, PODE SER INVOCADA PELA PESSOA JURÍDICA, VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respec-
EM SEU FAVOR. tivas contas.
JDC406 A desconsideração da personalidade jurídica alcança os
grupos de sociedade quando estiverem presentes os pressu- Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto
postos do art. 50 do Código Civil e houver prejuízo para os cre - poderá instituir categorias com vantagens especiais.
dores até o limite transferido entre as sociedades.
JDC577 A possibilidade de instituição de categorias de associa-
dos com vantagens especiais admite a atribuição de pesos di-
DESCONSIDERAÇÃO Atinge bens da empresa que estão
ferenciados ao direito de voto, desde que isso não acarrete a
“COMUM” em nome dos sócios
sua supressão em relação a matérias previstas no art. 59 do CC.
DESCONSIDERAÇÃO Atinge bens dos sócios que estão em
INVERSA nome da empresa Art. 56. A qualidade de associado É INTRANSMISSÍVEL, se o es-
DESCONSIDERAÇÃO Atinge bens da empresa controla- tatuto não dispuser o contrário.
INDIRETA dora que estão em nome da contro- Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ide-
lada/coligada al do patrimônio da associação, a transferência daquela NÃO IM-
PORTARÁ, DE PER SI, na atribuição da qualidade de associado
DESCONSIDERAÇÃO Atinge bens do sócio oculto que es- ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do es-
EXPANSIVA tão em nome de terceiro (“laranja”) tatuto.
DESPERSONALIZAÇÃO Dissolução da pessoa jurídica

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Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alter-
causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito nativas, modernização de sistemas de gestão, produção e di-
de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. vulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direi-
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direi- tos humanos;
to ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não IX – atividades religiosas;
ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.
JDC8 A constituição de fundação para fins científicos, educacio-
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: nais ou de promoção do meio ambiente está compreendida no
I – destituir os administradores; Código Civil, art. 62, parágrafo único.
II – alterar o estatuto. JDC9 Deve ser interpretado de modo a excluir apenas as fun-
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I dações com fins lucrativos.
e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especial-
mente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabeleci-
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a
do no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administra-
ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor,
dores.
incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou
semelhante.
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma
do estatuto, garantido a 1/5 dos associados o direito de pro-
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos,
movê-la.
o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou ou-
tro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimô-
registrados, em nome dela, por mandado judicial.
nio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou fra-
ções ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do pa-
à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou,
trimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acor-
omisso este, por deliberação dos associados, à instituição munici-
do com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada,
pal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.
submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade compe-
§ 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação
tente, com recurso ao juiz.
dos associados, podem estes, antes da destinação do remanes-
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assi-
cente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o
nado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em 180 dias, a
respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patri-
incumbência caberá ao Ministério Público.
mônio da associação.
§ 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado
no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas con-
onde situadas.
dições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimô-
§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o
nio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da
encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
União.
§ 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o
encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público.
JDC407 A obrigatoriedade de destinação do patrimônio líquido
remanescente da associação à instituição municipal, estadual ou Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mis-
federal de fins idênticos ou semelhantes, em face da omissão do ter que a reforma:
estatuto, possui caráter subsidiário, devendo prevalecer a I - seja deliberada por 2/3 dos competentes para gerir e repre-
vontade dos associados, desde que seja contemplada enti- sentar a fundação;
dade que persiga fins não econômicos. II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo
CAPÍTULO III máximo de 45 dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Pú-
DAS FUNDAÇÕES blico a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interes-
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escri- sado.
tura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, es-
pecificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a ma- Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por vota-
neira de administrá-la. ção unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê
fins de: ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em 10 dias.
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artísti- Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que
co; visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do
III – educação; Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a ex-
IV – saúde; tinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em
V – segurança alimentar e nutricional; contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação,
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e pro- designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
moção do desenvolvimento sustentável;
TÍTULO III

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Do Domicílio funções
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabe-
lece a sua residência com ânimo definitivo. Militar Onde servir
Marinha/Aeronáutica Sede do comando
JDC408 Para efeitos de interpretação da expressão “domicílio”
Marítimo Onde o navio estiver matriculado
do art. 7º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,
deve ser considerada, nas hipóteses de litígio internacional Preso Onde cumpre a sentença
relativo a criança ou adolescente, a residência habitual des-
tes, pois se trata de situação fática internacionalmente aceita e Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangei-
conhecida. ro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o
seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, último ponto do território brasileiro onde o teve.
onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qual-
quer delas. Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especifi-
car domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obriga-
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações ções deles resultantes (domicílio de eleição)
concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diver- LIVRO II
sos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe DOS BENS
corresponderem. TÍTULO ÚNICO
Das Diferentes Classes de Bens
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não te- CAPÍTULO I
nha residência habitual, o lugar onde for encontrada. Dos Bens Considerados em Si Mesmos
Seção I
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a in- Dos Bens Imóveis
tenção manifesta de o mudar. Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a natural ou artificialmente.
pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde
vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as JDC11 Não persiste no novo sistema legislativo a categoria dos
circunstâncias que a acompanharem. bens imóveis por acessão intelectual, não obstante a expres-
são “tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”,
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: constante da parte final do art. 79 do Código Civil
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
III - do Município, o lugar onde funcione a administração munici-
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
pal;
II - o direito à sucessão aberta.
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as
respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domi-
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
cílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares
unidade, forem removidas para outro local;
diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para
nele praticados.
nele se reempregarem.
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro,
haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obriga-
Seção II
ções contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do esta-
Dos Bens Móveis
belecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio
(semoventes), ou de remoção por força alheia, sem alteração
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público,
da substância ou da destinação econômico-social.
o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer per-
I - as energias que tenham valor econômico;
manentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspon-
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encon-
dentes;
trar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio es-
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas
tiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a senten-
ações.
ça.
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto
DOMICÍLIO NECESSÁRIO não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; re-
Incapaz Representante ou assistente adquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum
prédio.
Servidor público Onde exerce permanentemente as

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Seção III tar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do
Dos Bens Fungíveis e Consumíveis caso.
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por
outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os
frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa des-
truição imediata da própria substância, sendo também consi- Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessá-
derados tais os destinados à alienação. rias.
§ 1o São VOLUPTUÁRIAS as de mero deleite ou recreio, que
Seção IV não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem
Dos Bens Divisíveis mais agradável ou sejam de elevado valor.
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alte- § 2o São ÚTEIS as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
ração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou § 3o São NECESSÁRIAS as que têm por fim conservar o bem ou
prejuízo do uso a que se destinam. evitar que se deteriore.

Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisí- Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou
veis por determinação da lei ou por vontade das partes. acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprie-
tário, possuidor ou detentor.
Seção V
Dos Bens Singulares e Coletivos CAPÍTULO III
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consi- Dos Bens Públicos
deram de per si, independentemente dos demais. Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes
às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros
Art. 90. Constitui UNIVERSALIDADE DE FATO a pluralidade de são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham
destinação unitária. JDC287 O critério da classificação de bens indicado no art.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem 98 do Código Civil não exaure a enumeração dos bens pú-
ser objeto de relações jurídicas próprias. blicos, podendo ainda ser classificado como tal o bem perten-
cente a pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado à
JDC288 A pertinência subjetiva não constitui requisito im- prestação de serviços públicos
prescindível para a configuração das universalidades de fato
e de direito. Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas,
Art. 91. Constitui UNIVERSALIDADE DE DIREITO o complexo de ruas e praças;
relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômi- II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados
co. a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual,
territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
Pluralidade de bens singulares III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas ju-
UNIVERSALIDADE DE FATO que, pertinentes à mesma pes- rídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real,
soa, tenham destinação unitá- de cada uma dessas entidades.
ria Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se
dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito
UNIVERSALIDADE Complexo de relações jurídicas, público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
DE DIREITO de uma pessoa, dotadas de va-
lor econômico Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso
especial são INALIENÁVEIS, enquanto conservarem a sua qua-
CAPÍTULO II lificação, na forma que a lei determinar.
Dos Bens Reciprocamente Considerados
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concre - Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, ob-
tamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal. servadas as exigências da lei.

Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes in- Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
tegrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao servi-
ço ou ao aformoseamento de outro. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser GRATUITO
ou RETRIBUÍDO, conforme for estabelecido legalmente pela enti-
JDC535 Para a existência da pertença, o art. 93 do Código Civil dade a cuja administração pertencerem.
NÃO EXIGE elemento subjetivo como requisito para o ato de
destinação. LIVRO III
Dos Fatos Jurídicos
TÍTULO I
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem princi-
Do Negócio Jurídico
pal NÃO ABRANGEM AS PERTENÇAS, salvo se o contrário resul-
CAPÍTULO I

9
Disposições Gerais Art. 77. Além de outros previstos neste Código, SÃO DEVERES
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qual-
I - agente capaz; quer forma participem do processo:
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
III - forma prescrita ou não defesa em lei. II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cien-
tes de que são destituídas de fundamento;
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes NÃO PODE III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desne-
ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita cessários à declaração ou à defesa do direito;
aos cointeressados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de nature-
o objeto do direito ou da obrigação comum. za provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação;
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o ne- autos, o endereço residencial ou profissional onde receberão
gócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer
condição a que ele estiver subordinado. qualquer modificação temporária ou definitiva;
VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de direito litigioso.
forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. § 1o Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer
das pessoas mencionadas no caput de que sua conduta poderá
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é ser punida como ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTI-
essencial à VALIDADE dos negócios jurídicos que visem à consti- ÇA.
tuição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais § 2o A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato aten-
sobre imóveis de valor superior a 30 vezes o maior salário tatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das
mínimo vigente no País. sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao respon-
sável multa de até 20% do valor da causa, de acordo com a gra-
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não va- vidade da conduta.
ler sem instrumento público, este é da substância do ato. § 3o Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa
prevista no § 2o será inscrita como dívida ativa da União ou do
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu Estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua
autor haja feito a reserva mental de não querer o que mani- execução observará o procedimento da execução fiscal, rever-
festou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. tendo-se aos fundos previstos no art. 97.
§ 4o A multa estabelecida no § 2o poderá ser fixada independente-
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias mente da incidência das previstas nos arts. 523, § 1o, e 536, § 1o.
ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de § 5o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a
vontade expressa. multa prevista no § 2o poderá ser fixada em até 10 vezes o va-
lor do salário-mínimo.
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à inten- § 6o Aos advogados públicos ou privados e aos membros da
ção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da lingua- Defensoria Pública e do Ministério Público NÃO SE APLICA o
gem. disposto nos §§ 2o a 5o, devendo eventual responsabilidade dis-
ciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou corre-
JDC421 Os contratos coligados devem ser interpretados segun- gedoria, ao qual o juiz oficiará.
do os critérios hermenêuticos do Código Civil, em especial os § 7o Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determi-
dos arts. 112 e 113, considerada a sua conexão funcional. nará o restabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proi-
bir a parte de falar nos autos até a purgação do atentado, sem
prejuízo da aplicação do § 2o.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme
§ 8o O representante judicial da parte não pode ser compelido
a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
a cumprir decisão em seu lugar.

JDC409 Os negócios jurídicos devem ser interpretados não só


ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração, mas
também de acordo com as práticas habitualmente adotadas en- Não cumprir com exatidão as Praticar inovação ilegal no
tre as partes. decisões jurisdicionais e criar estado de fato de bem ou di-
embaraços à sua efetivação reito litigioso.
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia INTER- Aplicação de multa de até 20% v.c
PRETAM-SE ESTRITAMENTE.
Se v.c for irrisório, possível fixação em até 10x s-m
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Não aplicação aos advogados públicos ou privados, DP e MP.

Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos


CAPÍTULO II membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e a
DOS DEVERES DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES qualquer pessoa que participe do processo empregar expressões
Seção I ofensivas nos escritos apresentados.
Dos Deveres

10
§ 1o Quando expressões ou condutas ofensivas forem manifesta- § 2o A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as des-
das oral ou presencialmente, o juiz advertirá o ofensor de que não pesas que antecipou.
as deve usar ou repetir, sob pena de lhe ser cassada a palavra.
§ 2o De ofício ou a requerimento do ofendido, o juiz determinará Art. 83. O autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do
que as expressões ofensivas sejam riscadas e, a requerimento do Brasil ou deixar de residir no país ao longo da tramitação de
ofendido, determinará a expedição de certidão com inteiro teor processo PRESTARÁ CAUÇÃO suficiente ao pagamento das
das expressões ofensivas e a colocará à disposição da parte inte- custas e dos honorários de advogado da parte contrária nas
ressada. ações que propuser, se não tiver no Brasil bens IMÓVEIS que
lhes assegurem o pagamento.
Seção II § 1o NÃO SE EXIGIRÁ A CAUÇÃO de que trata o caput:
Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual I - quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado in-
Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de ternacional de que o Brasil faz parte;
má-fé como autor, réu ou interveniente. II - na execução fundada em título extrajudicial e no cumpri-
mento de sentença;
Art. 80. Considera-se LITIGANTE DE MÁ-FÉ aquele que: III - na reconvenção.
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei § 2o Verificando-se no trâmite do processo que se desfalcou a ga-
ou fato incontroverso; rantia, poderá o interessado exigir reforço da caução, justificando
II - alterar a verdade dos fatos; seu pedido com a indicação da depreciação do bem dado em ga-
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; rantia e a importância do reforço que pretende obter.
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do proces-
so; JDPC4 A entrada em vigor de acordo ou tratado internacio-
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou nal, que estabeleça dispensa da caução prevista no art. 83, §
ato do processo; 1º, I, do CPC, impõe a liberação da caução previamente pres-
VI - provocar incidente manifestamente infundado; tada.
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protela-
tório.
Art. 84. As despesas abrangem as custas dos atos do processo, a
indenização de viagem, a remuneração do assistente técnico e a
Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante
diária de testemunha.
de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a 1% e inferior
a 10% do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao
pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários ad-
advogado do vencedor (honorários de sucumbência).
vocatícios e com todas as despesas que efetuou.
§ 1o São DEVIDOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS na reconven-
§ 1o Quando forem 2 ou mais os litigantes de má-fé, o juiz conde-
ção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na
nará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa
execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumu-
ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte
lativamente.
contrária.
§ 2o Os honorários serão fixados entre o mínimo de 10% e o
§ 2o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa
máximo de 20% sobre o valor da condenação, do proveito eco-
poderá ser fixada em até 10 vezes o valor do salário-mínimo.
nômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
§ 3o O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja
atualizado da causa, atendidos:
possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedi-
I - o grau de zelo do profissional;
mento comum, nos próprios autos.
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para
Aplicação de multa de >1% < 10% v.c o seu serviço.
§ 3o Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos
Se v.c for irrisório, possível fixação em até 10x s-m honorários observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV
+ indenização + honorários advocatícios + despesas do § 2o e os seguintes percentuais:
I - mínimo de 10 e máximo de 20% sobre o valor da condena-
Art. 96. O valor das sanções impostas ao litigante de má-fé ção ou do proveito econômico obtido até 200 salários-mínimos;
REVERTERÁ EM BENEFÍCIO DA PARTE CONTRÁRIA II - mínimo de 8 e máximo de 10% sobre o valor da condenação
ou do proveito econômico obtido acima de 200 salários-míni-
Seção III mos até 2.000 salários-mínimos;
Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas III - mínimo de 5 e máximo de 8% sobre o valor da condenação
Art. 82. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justi- ou do proveito econômico obtido acima de 2.000 salários-míni-
ça, incumbe às partes prover as despesas dos atos que realizarem mos até 20.000 salários-mínimos;
ou requererem no processo, antecipando-lhes o pagamento, IV - mínimo de 3 e máximo de 5% sobre o valor da condenação
desde o início até a sentença final ou, na execução, até a ple- ou do proveito econômico obtido acima de 20.000 salários-
na satisfação do direito reconhecido no título. mínimos até 100.000 salários-mínimos;
§ 1o Incumbe ao AUTOR adiantar as despesas relativas a ato cuja V - mínimo de 1 e máximo de 3% sobre o valor da condenação
realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do ou do proveito econômico obtido acima de 100.000 salários-
Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fis- mínimos.
cal da ordem jurídica. § 4o Em qualquer das hipóteses do § 3o:

11
I - os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplica- § 19. Os advogados públicos perceberão honorários de su-
dos desde logo, quando for líquida a sentença; cumbência, nos termos da lei.
II - não sendo líquida a sentença, a definição do percentual,
nos termos previstos nos incisos I a V, somente ocorrerá quando FPPC7. (art. 85, § 18; art. 1.026, § 3º, III) O pedido, quando omi-
liquidado o julgado; tido em decisão judicial transitada em julgado, pode ser ob-
III - não havendo condenação principal ou não sendo possível jeto de ação autônoma.
mensurar o proveito econômico obtido, a condenação em hono- FPPC8. (arts. 85, § 18, 1.026, § 3º, III) Fica superado o enunciado
rários dar-se-á sobre o valor atualizado da causa; 453 da súmula do STJ após a entrada em vigor do CPC (“Os ho-
IV - será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada norários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada
sentença líquida ou o que estiver em vigor na data da decisão de em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação
liquidação. própria”).
§ 5o Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda FPPC239. (arts. 85, caput, 334, 335) Fica superado o enunciado
Pública ou o benefício econômico obtido pelo vencedor ou o va- n. 472 da súmula do STF (“A condenação do autor em honorá-
lor da causa for superior ao valor previsto no inciso I do § 3 o, a fi- rios de advogado, com fundamento no art. 64 do Código de
xação do percentual de honorários deve observar a faixa inicial e, Processo Civil, depende de reconvenção”), pela extinção da no-
naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e assim sucessiva- meação à autoria.
mente. FPPC240. (arts. 85, § 3º, e 910) São devidos honorários nas
§ 6o Os limites e critérios previstos nos §§ 2o e 3o aplicam-se in- execuções fundadas em título executivo extrajudicial contra
dependentemente de qual seja o conteúdo da decisão, inclu- a Fazenda Pública, a serem arbitrados na forma do § 3º do art.
sive aos casos de improcedência ou de sentença sem resolu- 85.
ção de mérito. FPPC241. (art. 85, caput e § 11). Os honorários de sucumbên-
§ 7o NÃO SERÃO DEVIDOS honorários no cumprimento de cia recursal serão somados aos honorários pela sucumbên-
sentença contra a Fazenda Pública que enseje expedição de cia em primeiro grau, observados os limites legais
precatório, desde que não tenha sido impugnada. FPPC242. (art. 85, § 11). Os honorários de sucumbência recursal
§ 8o Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito são devidos em decisão unipessoal ou colegiada
econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, FPPC243. (art. 85, § 11). No caso de provimento do recurso de
o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, apelação, o tribunal redistribuirá os honorários fixados em pri-
observando o disposto nos incisos do § 2o. meiro grau e arbitrará os honorários de sucumbência recursal
§ 9o Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o per- FPPC244. (art. 85, § 14) Ficam superados o enunciado 306 da sú-
centual de honorários incidirá sobre a soma das prestações venci- mula do STJ (“Os honorários advocatícios devem ser compensa-
das acrescida de 12 prestações vincendas. dos quando houver sucumbência recíproca, assegurado o direi-
§ 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos to autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a
por quem deu causa ao processo. legitimidade da própria parte”) e a tese firmada no REsp Repeti-
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fi- tivo n. 963.528/PR, após a entrada em vigor do CPC, pela ex-
xados anteriormente levando em conta o trabalho adicional rea- pressa impossibilidade de compensação
lizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto FPPC384. (art. 85, §19) A lei regulamentadora não poderá su-
nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fi- primir a titularidade e o direito à percepção dos honorários
xação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultra- de sucumbência dos advogados públicos
passar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2 o e 3o para FPPC621. (arts.85, §14, 771, 833, § 2º) Ao cumprimento de sen-
a fase de conhecimento. tença do capítulo relativo aos honorários advocatícios, aplicam-
§ 12. Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas se as hipóteses de penhora previstas no §2º do art. 833, em ra-
e outras sanções processuais, inclusive as previstas no art. 77. zão da sua natureza alimentar.
§ 13. As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à exe- JDPC5 Ao proferir decisão parcial de mérito ou decisão par-
cução rejeitados ou julgados improcedentes e em fase de cumpri- cial fundada no art. 485 do CPC, condenar-se-á proporcional-
mento de sentença serão acrescidas no valor do débito principal, mente o vencido a pagar honorários ao advogado do vence-
para todos os efeitos legais. dor, nos termos do art. 85 do CPC.
§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e TÊM JDPC6 A fixação dos honorários de sucumbência por aprecia-
NATUREZA ALIMENTAR, com os mesmos privilégios dos crédi- ção equitativa só é cabível nas hipóteses previstas no § 8º
tos oriundos da legislação do trabalho, sendo VEDADA a com- do art. 85 do CPC.
pensação em caso de sucumbência parcial. JDPC7 A ausência de resposta ao recurso pela parte contrá-
§ 15. O advogado pode requerer que o pagamento dos honorá- ria, por si só, não tem o condão de afastar a aplicação do
rios que lhe caibam seja efetuado em favor da sociedade de ad- disposto no art. 85, § 11, do CPC.
vogados que integra na qualidade de sócio, aplicando-se à hipó- JDPC8 Não cabe majoração de honorários advocatícios em
tese o disposto no § 14. agravo de instrumento, salvo se interposto contra decisão
§ 16. Quando os honorários forem fixados em quantia certa, os interlocutória que tenha fixado honorários na origem, res-
juros moratórios incidirão a partir da data do trânsito em julgado peitados os limites estabelecidos no art. 85, §§ 2º, 3º e 8º, do
da decisão. CPC
§ 17. Os honorários serão devidos quando o advogado atuar CJF 118: É cabível a fixação de honorários advocatícios na ação
em causa própria. de produção antecipada de provas na hipótese de resistência
§ 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao da parte requerida na produção da prova.
direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma
para sua definição e cobrança.

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Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão
proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas. Art. 93. As despesas de atos adiados ou cuja repetição for neces-
Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte mínima do sária ficarão a cargo da parte, do auxiliar da justiça, do órgão do
pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos Ministério Público ou da Defensoria Pública ou do juiz que, sem
honorários. justo motivo, houver dado causa ao adiamento ou à repetição.

Art. 87. Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os venci- Art. 94. Se o assistido for vencido, o assistente será condenado
dos respondem proporcionalmente pelas despesas e pelos hono- ao pagamento das custas em proporção à atividade que houver
rários. exercido no processo.
§ 1o A sentença deverá distribuir entre os litisconsortes, de forma
expressa, a responsabilidade proporcional pelo pagamento das Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técni-
verbas previstas no caput. co que houver indicado, sendo a do perito adiantada pela parte
§ 2o Se a distribuição de que trata o § 1 o não for feita, os vencidos que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia
responderão solidariamente pelas despesas e pelos honorários. for determinada de ofício ou requerida por ambas as partes.
§ 1o O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo paga-
Art. 88. Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despe- mento dos honorários do perito deposite em juízo o valor corres -
sas serão adiantadas pelo requerente e rateadas entre os inte- pondente.
ressados. § 2o A quantia recolhida em depósito bancário à ordem do juízo
será corrigida monetariamente e paga de acordo com o art. 465, §
Art. 89. Nos juízos divisórios, não havendo litígio, os interessados 4o .
pagarão as despesas proporcionalmente a seus quinhões. § 3o Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade
de beneficiário de gratuidade da justiça, ela poderá ser:
Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente pú-
renúncia ou em reconhecimento do pedido, as despesas e os ho- blico e realizada por servidor do Poder Judiciário ou por órgão
norários serão pagos pela parte que desistiu, renunciou ou reco- público conveniado;
nheceu. II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do
§ 1o Sendo parcial a desistência, a renúncia ou o reconhecimento, Estado ou do Distrito Federal, no caso de ser realizada por
a responsabilidade pelas despesas e pelos honorários será pro- particular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela
porcional à parcela reconhecida, à qual se renunciou ou da qual do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho
se desistiu. Nacional de Justiça.
§ 2o Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto § 4o Na hipótese do § 3o, o juiz, após o trânsito em julgado da de-
às despesas, estas serão divididas igualmente. cisão final, oficiará a Fazenda Pública para que promova, contra
§ 3o Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam quem tiver sido condenado ao pagamento das despesas proces-
dispensadas do pagamento das custas processuais remanes- suais, a execução dos valores gastos com a perícia particular ou
centes, se houver. com a utilização de servidor público ou da estrutura de órgão pú-
§ 4o Se o réu reconhecer a procedência do pedido e, simultane- blico, observando-se, caso o responsável pelo pagamento das
amente, cumprir integralmente a prestação reconhecida, os ho- despesas seja beneficiário de gratuidade da justiça, o disposto no
norários serão reduzidos pela metade. art. 98, § 2o.
§ 5o Para fins de aplicação do § 3 o, É VEDADA a utilização de re-
JDPC9 Aplica-se o art. 90, § 4º, do CPC ao reconhecimento da cursos do fundo de custeio da Defensoria Pública.
procedência do pedido feito pela Fazenda Pública nas ações re-
lativas às prestações de fazer e de não fazer. FPPC622. (arts.95, §4º e 98, §§2º, 3º e 7º) A execução prevista no
JDPC10 O benefício do § 4º do art. 90 do CPC aplica-se ape- §4º do art. 95 também está sujeita à condição suspensiva de
nas à fase de conhecimento. exigibilidade prevista no §3º do art. 98.

Art. 91. As despesas dos atos processuais praticados a requeri-


Art. 96. O valor das sanções impostas ao litigante de má-fé RE-
mento da Fazenda Pública, do Ministério Público ou da Defen-
VERTERÁ EM BENEFÍCIO DA PARTE CONTRÁRIA, e o valor das
soria Pública serão pagas ao final pelo vencido.
sanções impostas aos serventuários pertencerá ao Estado ou à
§ 1o As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministé-
União.
rio Público ou pela Defensoria Pública poderão ser realizadas
por entidade pública ou, havendo previsão orçamentária, ter
Art. 97. A União e os Estados podem criar fundos de moderniza-
os valores adiantados por aquele que requerer a prova.
ção do Poder Judiciário, aos quais serão revertidos os valores das
§ 2o Não havendo previsão orçamentária no exercício financeiro
sanções pecuniárias processuais destinadas à União e aos Esta-
para adiantamento dos honorários periciais, eles serão pagos no
dos, e outras verbas previstas em lei.
exercício seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o processo
se encerre antes do adiantamento a ser feito pelo ente públi-
co. SÚMULAS SOBRE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
E DESPESAS PROCESSUAIS
Art. 92. Quando, a requerimento do réu, o juiz proferir senten- STF
ça sem resolver o mérito, o autor não poderá propor nova-
Súmula vinculante 47-STF: Os honorários advocatícios incluí-
mente a ação sem pagar ou depositar em cartório as despesas e
dos na condenação ou destacados do montante principal devi-
os honorários a que foi condenado.

13
do ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada,
cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou re- receberá do empregador salário integral, como se em serviço esti-
quisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita vesse;
aos créditos dessa natureza. V - as despesas com a realização de exame de código genético -
Súmula 257-STF: São cabíveis honorários de advogado na ação DNA e de outros exames considerados essenciais;
regressiva do segurador contra o causador do dano. VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do
Súmula 450-STF: São devidos honorários de advogado sempre intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão
que vencedor o beneficiário de justiça gratuita. em português de documento redigido em língua estrangeira;
Súmula 616-STF: É permitida a cumulação da multa contratual VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando
com os honorários de advogado, após o advento do Código de exigida para instauração da execução;
Processo Civil vigente. VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso,
para propositura de ação e para a prática de outros atos proces-
STJ suais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório;
Súmula 14-STJ: Arbitrados os honorários advocatícios em per- IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em de-
centual sobre o valor da causa, a correção monetária incide a corrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato
partir do respectivo ajuizamento. notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continui-
Súmula 201-STJ: Os honorários advocatícios não podem ser fi- dade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedi-
xados em salários-mínimos. do.
Súmula 232-STJ: A Fazenda Pública, quando parte no proces- § 2o A concessão de gratuidade NÃO AFASTA a responsabilida-
so, fica sujeita à exigência do depósito prévio dos honorá- de do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorá-
rios do perito. rios advocatícios decorrentes de sua sucumbência.
Súmula 326-STJ: Na ação de indenização por dano moral, a § 3o Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua su-
condenação em montante inferior ao postulado na inicial não cumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e
implica sucumbência recíproca. somente poderão ser executadas se, nos 5 anos subsequentes
Súmula 345-STJ: São devidos honorários advocatícios pela Fa- ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor de-
zenda Pública nas execuções individuais de sentença proferida monstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
em ações coletivas, ainda que não embargadas. recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-
Súmula 421-STJ: Os honorários advocatícios não são devidos à se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica § 4o A concessão de gratuidade não afasta o dever de o benefi-
de direito público à qual pertença. ciário pagar, ao final, as multas processuais que lhe sejam im-
STF - Após as ECs 45/2004, 74/2013 e 80/2014, passou a ser postas.
permitida a condenação do ente federativo em honorários § 5o A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou
advocatícios em demandas patrocinadas pela Defensoria Pú- a todos os atos processuais, ou consistir na redução percentual
blica, diante de autonomia funcional, administrativa e orça- de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no
mentária da Instituição. STF. Plenário. AR 1937 AgR, Rel. Min. curso do procedimento.
Gilmar Mendes, julgado em 30/06/2017 § 6o Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcela-
Súmula 453-STJ: Os honorários sucumbenciais, quando omiti- mento de despesas processuais que o beneficiário tiver de adian-
dos em decisão transitada em julgado, não podem ser cobrados tar no curso do procedimento.
em execução ou em ação própria. • Superada, em parte, com o § 7o Aplica-se o disposto no art. 95, §§ 3o a 5o, ao custeio dos
novo CPC. • Vide o art. 85, § 18 do CPC 2015 emolumentos previstos no § 1o, inciso IX, do presente artigo, ob-
Súmula 462-STJ: Nas ações em que representa o Fundo de Ga- servada a tabela e as condições da lei estadual ou distrital respec-
rantia do Tempo de Serviço (FGTS), a Caixa Econômica Federal tiva.
(CEF) não está isenta de reembolsar as custas pela parte ven- § 8o Na hipótese do § 1o, inciso IX, havendo dúvida fundada
cedora. quanto ao preenchimento atual dos pressupostos para a conces-
Súmula 488-STJ: O parágrafo 2º do art. 6º da Lei 9.469/97, que são de gratuidade, o notário ou registrador, após praticar o ato,
obriga à repartição dos honorários advocatícios, é inaplicável a pode requerer, ao juízo competente para decidir questões nota-
acordos ou transações celebrados em data anterior à sua vigên- riais ou registrais, a revogação total ou parcial do benefício ou
cia. a sua substituição pelo parcelamento de que trata o § 6o deste
artigo, caso em que o beneficiário será citado para, em 15 dias,
manifestar-se sobre esse requerimento.
Seção IV
Da Gratuidade da Justiça
Art. 98. A pessoa natural ou JURÍDICA, brasileira ou ESTRAN- FPPC623. (art.98, §1º, VIII e §4º) O deferimento de gratuidade de
GEIRA, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as justiça não afasta a imposição de multas processuais, mas
despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à apenas DISPENSA SUA EXIGÊNCIA COMO CONDIÇÃO PARA
gratuidade da justiça, na forma da lei. INTERPOSIÇÃO DE RECURSOS.
§ 1o A gratuidade da justiça compreende: FPPC624. (arts.98-102 e 337, XIII; Lei 13.140/2015) As regras que
I - as taxas ou as custas judiciais; dispõem sobre a gratuidade da justiça e sua impugnação são
II - os selos postais; aplicáveis ao procedimento de mediação e conciliação judi-
III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispen- cial.
sando-se a publicação em outros meios;

Súmula 481-STJ: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pes-

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soa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua Decisão CONCEDE justiça gratuita Impugnação – art. 100,
impossibilidade de arcar com os encargos processuais. CPC
Decisão NEGOU justiça gratuita
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na Agravo de instrumento
petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de tercei- Decisão REVOGOU justiça gratuita
ro no processo ou em recurso.
§ 1o Se superveniente à primeira manifestação da parte na ins- Decisão indeferiu o pedido de re- Preliminar de Apelação
tância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos vogação deduzida na impugnação ou Contrarrazões – art.
autos do próprio processo, e NÃO SUSPENDERÁ seu curso. (art. 100, CPC) e manteve a con- 1009, §1° CPC.
§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos au- cessão da justiça gratuita
tos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais
para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o Art. 102. Sobrevindo o trânsito em julgado de decisão que revo-
pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento ga a gratuidade, a parte deverá efetuar o recolhimento de to-
dos referidos pressupostos. das as despesas de cujo adiantamento foi dispensada, inclusi-
§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida ve as relativas ao recurso interposto, se houver, no prazo fixa-
exclusivamente por pessoa natural. do pelo juiz, sem prejuízo de aplicação das sanções previstas em
§ 4o A assistência do requerente por advogado particular não im- lei.
pede a concessão de gratuidade da justiça. Parágrafo único. Não efetuado o recolhimento, o processo
§ 5o Na hipótese do § 4o, o recurso que verse exclusivamente so- será extinto sem resolução de mérito, tratando-se do autor, e,
bre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do ad- nos demais casos, não poderá ser deferida a realização de ne-
vogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o pró- nhum ato ou diligência requerida pela parte enquanto não efetu-
prio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade. ado o depósito.
§ 6o O direito à gratuidade da justiça é pessoal, NÃO SE ESTEN-
DENDO a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo re- CÓDIGO PENAL
querimento e deferimento expressos.
§ 7o Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso,
TÍTULO V
o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento
DAS PENAS
do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o reque-
CAPÍTULO I
rimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhi-
DAS ESPÉCIES DE PENA
mento.
Art. 32 - As penas são:
I - privativas de liberdade (PPL);
FPPC385. (art. 99, § 2º) Havendo risco de perecimento do direi- II - restritivas de direitos (PRD);
to, o poder do juiz de exigir do autor a comprovação dos pres- III - de multa.
supostos legais para a concessão da gratuidade não o desin-
cumbe do dever de apreciar, desde logo, o pedido liminar SEÇÃO I
de tutela de urgência. DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
Reclusão e detenção
Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime
impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de re- fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime
curso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a re-
terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo gime fechado.
de 15 dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu § 1º - Considera-se:
curso. a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento
Parágrafo único. Revogado o benefício, a parte arcará com as de segurança máxima ou média;
despesas processuais que tiver deixado de adiantar e pagará, em b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrí-
caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a título de multa, que cola, industrial ou estabelecimento similar;
será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou fede- c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado
ral e poderá ser inscrita em dívida ativa. ou estabelecimento adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executa-
Art. 101. Contra a decisão que INDEFERIR a gratuidade ou a das em forma progressiva, segundo o mérito do condenado,
que acolher pedido de sua revogação caberá agravo de ins- observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de
trumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, transferência a regime mais rigoroso:
contra a qual caberá apelação. a) o condenado a pena superior a 8 anos deverá começar a
§ 1o O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas cumpri-la em regime fechado;
até decisão do relator sobre a questão, preliminarmente ao b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a
julgamento do recurso. 4 anos e não exceda a 8, poderá, desde o princípio, cumpri-la
§ 2o Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o re- em regime semi-aberto;
lator ou o órgão colegiado determinará ao recorrente o recolhi- c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou in-
mento das custas processuais, no prazo de 5 dias, sob pena de ferior a 4 anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime
não conhecimento do recurso. aberto.

15
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento direitos do preso, os critérios para revogação e transferência dos
da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no regimes e estabelecerá as infrações disciplinares e corresponden-
art. 59 deste Código (circunstâncias judiciais). tes sanções.
§ 4o O condenado por crime contra a administração públi-
ca terá a progressão de regime do cumprimento da pena condi- Superveniência de doença mental
cionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental
produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátri-
co ou, à falta, a outro estabelecimento adequado.
Regras do regime fechado
Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumpri- Detração
mento da pena, a exame criminológico de classificação para Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na
individualização da execução. medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diur- ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de interna-
no e a isolamento durante o repouso noturno. ção em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anteri-
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabeleci- or.
mento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores
do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena. SEÇÃO II
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fecha- DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
do, em serviços ou obras públicas. Penas restritivas de direitos
Art. 43. As penas restritivas de direitos (PRD) são:
Regras do regime semi-aberto I (PP) - prestação pecuniária;
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, II (PBV)- perda de bens e valores;
(exame criminológico de classificação para individualização III (LFS)- limitação de fim de semana.
da execução) ao condenado que inicie o cumprimento da pena IV (PSC) - prestação de serviço à comunidade ou a entida-
em regime semi-aberto. des públicas;
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum du- V (ITD)- interdição temporária de direitos;
rante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabe-
lecimento similar. Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a fre- substituem as privativas de liberdade, quando:
qüência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução I – aplicada pena privativa de liberdade (PPL) não superior
de segundo grau ou superior. a 4 anos e o crime não for cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o
Regras do regime aberto crime for culposo;
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e sen- II – o réu não for reincidente em crime doloso;
so de responsabilidade do condenado. III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem personalidade do condenado, bem como os motivos e as circuns-
vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra ativida- tâncias indicarem que essa substituição seja suficiente (circuns-
de autorizada, permanecendo recolhido durante o período notur- tâncias judiciais favoráveis)
no e nos dias de folga. § 2o Na condenação igual ou inferior a 1 ano, a substituição
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direi-
praticar fato definido como crime DOLOSO, se frustrar os fins tos; se superior a 1 ano, a pena privativa de liberdade pode ser
da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativa- substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por
mente aplicada. 2 restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a
Regime especial substituição, desde que, em face de condenação anterior, a me-
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento dida seja socialmente recomendável e a reincidência não se te-
próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua con- nha operado em virtude da prática do mesmo crime (não seja
dição pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capí- reincidente específico)
tulo. § 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa
de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado
Direitos do preso da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de
pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o direitos, respeitado o saldo mínimo de 30 dias de detenção ou
respeito à sua integridade física e moral. reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade,
Trabalho do preso por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conver-
Art. 39 - O trabalho do preso será SEMPRE remunerado, são, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado
sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social. cumprir a pena substitutiva anterior.

Legislação especial Crime doloso: PPL não superior a 4 anos +


Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria prevista nos crime cometido sem violência ou grave ame-
arts. 38 e 39 deste Código, bem como especificará os deveres e aça à pessoa

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Crime culposo: qualquer que seja a PPL apli- INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Conversão PPL cada DE DIREITOS (NÃO AUTOMÁTICOS)
em PRD
Não reincidente em crime doloso I - proibição do exercício I - a perda de cargo, fun-
OBS: Mesmo reincidente, o juiz pode substi- de cargo, função ou atividade ção pública ou mandato ele-
tuir se a medida for socialmente recomenda- pública, bem como de manda- tivo:
da e não seja reincidente específico to eletivo; a) quando aplicada PPL
II - proibição do exercí- por tempo ≥1 ano, nos crimes
Circunstâncias judiciais favoráveis
cio de profissão, atividade ou praticados com abuso de po-
ofício que dependam de habili- der ou violação de dever para
Conversão das penas restritivas de direitos tação especial, de licença ou com a Administração Pública;
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo ante- autorização do poder público; b) quando for aplicada
rior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48. III - suspensão de autori- PPL por tempo > a 4 anos nos
§ 1o A PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA consiste no pagamento zação ou de habilitação para demais casos.
em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública dirigir veículo. II - a incapacidade para o
ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, IV – proibição de fre- exercício do poder familiar, da
não inferior a 1 salário mínimo nem superior a 360 salários quentar determinados lugares. tutela ou da curatela nos cri-
mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventu- V - proibição de inscre- mes dolosos sujeitos à pena
al condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os ver-se em concurso, avaliação de reclusão cometidos contra
beneficiários. ou exame públicos. outrem igualmente titular do
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do mesmo poder familiar, contra
beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação filho, filha ou outro descenden-
de outra natureza. te ou contra tutelado ou cura-
§ 3o A PERDA DE BENS E VALORES pertencentes aos conde- telado;
nados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do III - a inabilitação para
Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o dirigir veículo, quando utiliza-
que for maior – o montante do prejuízo causado ou do pro- do como meio para a prática
vento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da de crime doloso.
prática do crime.

Limitação de fim de semana


Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas
Art. 48 - A LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA consiste na
Art. 46. A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE ou a
obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 ho-
entidades públicas é aplicável às condenações superiores a 6
ras diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento
meses de privação da liberdade.
adequado.
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades
Parágrafo único - Durante a permanência PODERÃO ser mi-
públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condena-
nistrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas ativida-
do.
des educativas.
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em enti-
dades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabe-
SEÇÃO III
lecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.
DA PENA DE MULTA
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1 o serão atribuídas confor-
Multa – SISTEMA BIFÁSICO (circunstâncias judiciais +
me as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de
possibilidades financeiras do acusado)
1 hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo
prejudicar a jornada normal de trabalho.
penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-
§ 4o Se a pena substituída for superior a 1 ano, é facultado
multa. Será, no mínimo, de 10 e, no máximo, de 360 dias-mul-
ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art.
ta.
55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fi-
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não poden-
xada.
do ser inferior a 1/30 do maior salário mínimo mensal vigente-
ao tempo do fato, nem superior a 5 vezes esse salário.
Interdição temporária de direitos
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução,
Art. 47 - As penas de INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DI-
pelos índices de correção monetária.
REITOS são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pú-
Pagamento da multa
blica, bem como de mandato eletivo;
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 dias depois
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício
de transitada em julgado a sentença. A requerimento do con-
que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização
denado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o
do poder público;
pagamento se realize em parcelas mensais.
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante des-
veículo -(revogado tacitamente pelo CTB)
conto no vencimento ou salário do condenado quando:
IV – proibição de frequentar determinados lugares.
a) aplicada isoladamente;
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de di-
exame públicos.
reitos (PRD);

17
c) concedida a suspensão condicional da pena. I - pela parte interessada;
§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indis- II - pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer
pensáveis ao sustento do condenado e de sua família. dos juízos em dissídio;
III - por qualquer dos juízes ou tribunais em causa.
Conversão da Multa e revogação
Modo de conversão. Art. 116. Os juízes e tribunais, sob a forma de representação,
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a e a parte interessada, sob a de requerimento, darão parte escrita
multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as e circunstanciada do conflito, perante o tribunal competente, ex-
normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, in- pondo os fundamentos e juntando os documentos comprobató-
clusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da rios.
prescrição. § 1o Quando negativo o conflito, os juízes e tribunais pode-
rão suscitá-lo nos próprios autos do processo.
Suspensão da execução da multa § 2o Distribuído o feito, se o conflito for positivo, o relator
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se so- poderá determinar imediatamente que se suspenda o anda-
brevém ao condenado doença mental. mento do processo.
§ 3o Expedida ou não a ordem de suspensão, o relator requi-
O Ministério Público possui legitimidade para propor a co- sitará informações às autoridades em conflito, remetendo-lhes
brança de multa decorrente de sentença penal condenatória cópia do requerimento ou representação.
transitada em julgado, com a possibilidade subsidiária de § 4o As informações serão prestadas no prazo marcado pelo
cobrança pela Fazenda Pública. relator.
Quem executa a pena de multa? § 5o Recebidas as informações, e depois de ouvido o procu-
• Prioritariamente: o Ministério Público, na vara de execução rador-geral, o conflito será decidido na primeira sessão, salvo se a
penal, aplicando-se a LEP. instrução do feito depender de diligência.
• Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 dias após ser § 6o Proferida a decisão, as cópias necessárias serão remeti-
devidamente intimado: a Fazenda Pública irá executar, na das, para a sua execução, às autoridades contra as quais tiver sido
vara de execuções fiscais, aplicando-se a Lei nº 6.830/80. levantado o conflito ou que o houverem suscitado.
STF. Plenário.ADI 3150/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Bar-
roso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). STF. Plenário. AP Art. 117. O Supremo Tribunal Federal, mediante avocatória,
470/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 restabelecerá a sua jurisdição, sempre que exercida por qualquer
(Info 927). dos juízes ou tribunais inferiores.
Obs: a Súmula 521-STJ fica superada e deverá ser cancelada.
Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa CAPÍTULO V
pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é DA RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS
exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença final, as
coisas apreendidas não poderão ser restituídas enquanto inte-
ressarem ao processo.
CÓDIGO PROCESSO PENAL
Art. 119. As coisas a que se referem os arts. 74 e 100 do
CAPÍTULO III Código Penal não poderão ser restituídas, mesmo depois de
DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS transitar em julgado a sentença final, salvo se pertencerem ao
Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuá- lesado ou a terceiro de boa-fé.
rios ou funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes abster-
se-ão de servir no processo, quando houver incompatibilidade ou Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ORDE-
impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a NADA PELA AUTORIDADE POLICIAL ou juiz, mediante termo
abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser ar- nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do
guido pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a reclamante.
exceção de suspeição. § 1o Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição au-
tuar-se-á em apartado, assinando-se ao requerente o prazo de
CAPÍTULO IV 5 dias para a prova. Em tal caso, SÓ O JUIZ CRIMINAL poderá
DO CONFLITO DE JURISDIÇÃO decidir o incidente.
Art. 113. As questões atinentes à competência resolver-se- § 2o O incidente autuar-se-á também em apartado e só a
ão não só pela exceção própria, como também pelo conflito posi- autoridade judicial o resolverá, se as coisas forem apreendidas
tivo ou negativo de jurisdição. em poder de terceiro de boa-fé, que será intimado para alegar e
provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante,
Art. 114. Haverá conflito de jurisdição: tendo um e outro 2 dias para arrazoar.
I - quando duas ou mais autoridades judiciárias se consi- § 3o Sobre o pedido de restituição será SEMPRE ouvido o
derarem competentes, ou incompetentes, para conhecer do Ministério Público.
mesmo fato criminoso; § 4o Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro
II - quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de dono, o juiz remeterá as partes para o juízo cível, ordenando o
juízo, junção ou separação de processos. depósito das coisas em mãos de depositário ou do próprio tercei-
ro que as detinha, se for pessoa idônea.
Art. 115. O conflito poderá ser suscitado:

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§ 5o Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão I - se a ação penal não for intentada no prazo de 60 dias,
avaliadas e levadas a leilão público, depositando-se o dinheiro contado da data em que ficar concluída a diligência;
apurado, ou entregues ao terceiro que as detinha, se este for pes- II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens,
soa idônea e assinar termo de responsabilidade. prestar caução que assegure a aplicação do disposto no art. 74,
II, b, segunda parte, do Código Penal;
Art. 121. No caso de apreensão de coisa adquirida com os III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o
proventos da infração, aplica-se o disposto no art. 133 e seu pa- réu, por sentença transitada em julgado.
rágrafo.
Art. 132. Proceder-se-á ao sequestro dos bens móveis se,
Art. 122. Sem prejuízo do disposto nos arts. 120 e 133, de- verificadas as condições previstas no art. 126, não for cabível a
corrido o prazo de 90 dias, após transitar em julgado a sen- medida regulada no Capítulo Xl do Título Vll deste Livro.
tença condenatória, o juiz decretará, se for caso, a perda, em
favor da União, das coisas apreendidas (art. 74, II, a e b do Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o
Código Penal) e ordenará que sejam vendidas em leilão público. juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, determinará a
Parágrafo único. Do dinheiro apurado será recolhido ao Te- avaliação e a venda dos bens em leilão público.
souro Nacional o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa- Parágrafo único. Do dinheiro apurado, será recolhido ao Te-
fé. souro Nacional o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-
fé.
Art. 123. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, se
dentro no prazo de 90 dias, a contar da data em que transitar Art. 134. A HIPOTECA LEGAL sobre os imóveis do indiciado
em julgado a sentença final, condenatória ou absolutória, os poderá ser requerida pelo ofendido em qualquer fase do pro-
objetos apreendidos não forem reclamados ou não pertence- cesso, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes
rem ao réu, serão vendidos em leilão, depositando-se o saldo à da autoria.
disposição do juízo de ausentes.
Art. 135. Pedida a especialização mediante requerimento,
Art. 124. Os instrumentos do crime, cuja perda em favor da em que a parte estimará o valor da responsabilidade civil, e desig-
União for decretada, e as coisas confiscadas, de acordo com o nará e estimará o imóvel ou imóveis que terão de ficar especial-
disposto no art. 100 do Código Penal, serão inutilizados ou reco- mente hipotecados, o juiz mandará logo proceder ao arbitramen-
lhidos a museu criminal, se houver interesse na sua conservação. to do valor da responsabilidade e à avaliação do imóvel ou imó-
veis.
CAPÍTULO VI § 1o A petição será instruída com as provas ou indicação das
DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS provas em que se fundar a estimação da responsabilidade, com a
Art. 125. Caberá o SEQUESTRO dos bens imóveis, adquiri- relação dos imóveis que o responsável possuir, se outros tiver,
dos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda que já além dos indicados no requerimento, e com os documentos com-
tenham sido transferidos a terceiro. probatórios do domínio.
§ 2o O arbitramento do valor da responsabilidade e a avalia-
Art. 126. Para a decretação do sequestro, bastará a existên- ção dos imóveis designados far-se-ão por perito nomeado pelo
cia de INDÍCIOS veementes da PROVENIÊNCIA ILÍCITA dos juiz, onde não houver avaliador judicial, sendo-lhe facultada a
bens. consulta dos autos do processo respectivo.
§ 3o O juiz, ouvidas as partes no prazo de 2 dias, que corre-
Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Pú- rá em cartório, poderá corrigir o arbitramento do valor da respon-
blico ou do ofendido, ou mediante representação da autoridade sabilidade, se lhe parecer excessivo ou deficiente.
policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do pro- § 4o O juiz autorizará somente a inscrição da hipoteca do
cesso ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa. imóvel ou imóveis necessários à garantia da responsabilidade.
§ 5o O valor da responsabilidade será liquidado definiti-
Art. 128. Realizado o sequestro, o juiz ordenará a sua ins- vamente após a condenação, podendo ser requerido novo arbi-
crição no Registro de Imóveis. tramento se qualquer das partes não se conformar com o arbitra-
mento anterior à sentença condenatória.
Art. 129. O sequestro autuar-se-á em apartado e admitirá § 6o Se o réu oferecer caução suficiente, em dinheiro ou
embargos de terceiro. em títulos de dívida pública, pelo valor de sua cotação em Bolsa,
o juiz poderá deixar de mandar proceder à inscrição da hipo-
Art. 130. O sequestro poderá ainda ser embargado: teca legal.
I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens
sido adquiridos com os proventos da infração; Art. 136. O ARRESTO do imóvel poderá ser decretado de
II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferi- início, revogando-se, porém, se no prazo de 15 dias não for
dos a título oneroso, sob o fundamento de tê-los adquirido de promovido o processo de inscrição da hipoteca legal.
boa-fé.
Parágrafo único. Não poderá ser pronunciada decisão Art. 137. Se o responsável não possuir bens imóveis ou os
nesses embargos antes de passar em julgado a sentença con- possuir de valor insuficiente, poderão ser arrestados bens mó-
denatória. veis suscetíveis de penhora, nos termos em que é facultada a hi-
poteca legal dos imóveis.
Art. 131. O sequestro será levantado:

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§ 1o Se esses bens forem coisas fungíveis e facilmente dete- ção oficial do dia, provada por certidão ou publicação no órgão
rioráveis, proceder-se-á na forma do § 5o do art. 120. oficial.
§ 2o Das rendas dos bens móveis poderão ser fornecidos re-
cursos arbitrados pelo juiz, para a manutenção do indiciado e de CAPÍTULO VII
sua família. DO INCIDENTE DE FALSIDADE
Art. 145. Arguida, por escrito, a falsidade de documento
Art. 138. O processo de especialização da hipoteca e do ar- constante dos autos, o juiz observará o seguinte processo:
resto correrão em auto apartado. I - mandará autuar em apartado a impugnação, e em segui-
da ouvirá a parte contrária, que, no prazo de 48 horas, oferecerá
Art. 139. O depósito e a administração dos bens arrestados resposta;
ficarão sujeitos ao regime do processo civil. II - assinará o prazo de 3 dias, sucessivamente, a cada uma
das partes, para prova de suas alegações;
Art. 140. As garantias do ressarcimento do dano alcança- III - conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que
rão também as despesas processuais e as penas pecuniárias, entender necessárias;
tendo preferência sobre estas a reparação do dano ao ofendido. IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, man-
dará desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do
Art. 141. O arresto será levantado ou cancelada a hipote- processo incidente, ao Ministério Público.
ca, se, por sentença irrecorrível, o réu for absolvido ou julgada
extinta a punibilidade. Art. 146. A arguição de falsidade, feita por procurador, exige
poderes especiais.
Art. 142. Caberá ao Ministério Público promover as medidas
estabelecidas nos arts. 134 e 137, se houver interesse da Fazenda Art. 147. O juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da
Pública, ou se o ofendido for pobre e o requerer. falsidade.

Art. 143. Passando em julgado a sentença condenatória, Art. 148. Qualquer que seja a decisão, NÃO FARÁ COISA
serão os autos de hipoteca ou arresto remetidos ao juiz do cí- JULGADA em prejuízo de ulterior processo penal ou civil.
vel (art. 63).

Art. 144. Os interessados ou, nos casos do art. 142, o Minis- CAPÍTULO VIII
tério Público poderão requerer no juízo cível, contra o responsá- DA INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO
vel civil, as medidas previstas nos arts. 134, 136 e 137. Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade men-
tal do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do
Art. 144-A. O juiz determinará a alienação antecipada para pre- Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, des-
servação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a cendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a
qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando exame médico-legal.
houver dificuldade para sua manutenção. § 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do in-
§ 1o O leilão far-se-á preferencialmente por meio eletrônico. quérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz
§ 2o Os bens deverão ser vendidos pelo valor fixado na avaliação competente.
judicial ou por valor maior. Não alcançado o valor estipulado pela § 2o O juiz nomeará curador ao acusado, quando determi-
administração judicial, será realizado novo leilão, em até 10 dias nar o exame, ficando SUSPENSO O PROCESSO, se já iniciada a
contados da realização do primeiro, podendo os bens ser aliena- ação penal, salvo quanto às diligências que possam ser preju-
dos por valor não inferior a 80% do estipulado na avaliação ju- dicadas pelo adiamento.
dicial.
§ 3o O produto da alienação ficará depositado em conta vincula- Art. 150. Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso,
da ao juízo até a decisão final do processo, procedendo-se à sua será internado em manicômio judiciário, onde houver, ou, se esti-
conversão em renda para a União, Estado ou Distrito Federal, no ver solto, e o requererem os peritos, em estabelecimento adequa-
caso de condenação, ou, no caso de absolvição, à sua devolu- do que o juiz designar.
ção ao acusado. § 1o O exame não durará mais de 45 dias, salvo se os pe-
§ 4o Quando a indisponibilidade recair sobre dinheiro, inclusive ritos demonstrarem a necessidade de maior prazo.
moeda estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques emiti- § 2o Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o
dos como ordem de pagamento, o juízo determinará a conversão juiz poderá autorizar sejam os autos entregues aos peritos, para
do numerário apreendido em moeda nacional corrente e o de- facilitar o exame.
pósito das correspondentes quantias em conta judicial.
§ 5o No caso da alienação de veículos, embarcações ou aerona- Art. 151. Se os peritos concluírem que o acusado era, ao
ves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente ór- tempo da infração, irresponsável nos termos do art. 22 do
gão de registro e controle a expedição de certificado de registro e Código Penal, o processo prosseguirá, com a presença do cura-
licenciamento em favor do arrematante, ficando este livre do pa- dor.
gamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuízo
de execução fiscal em relação ao antigo proprietário. Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à
§ 6o O valor dos títulos da dívida pública, das ações das socieda- infração o processo continuará suspenso até que o acusado se
des e dos títulos de crédito negociáveis em bolsa será o da cota- restabeleça, observado o § 2o do art. 149.

20
§ 1o O juiz poderá, nesse caso, ordenar a internação do DISPOSIÇÕES GERAIS
acusado em manicômio judiciário ou em outro estabelecimento Art. 155. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTI-
adequado. VADO - O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da
§ 2o O processo retomará o seu curso, desde que se restabe- prova produzida em contraditório judicial, não podendo fun-
leça o acusado, ficando-lhe assegurada a faculdade de reinquirir damentar sua decisão exclusivamente nos elementos informa-
as testemunhas que houverem prestado depoimento sem a sua tivos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares,
presença. não repetíveis e antecipadas (elementos migratórios).
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas
DOENÇA MENTAL serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.

ANTES DA INFRAÇÃO PENAL APÓS A INFRAÇÃO PENAL Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sen-
Processo continuará com a Processo continuará suspenso do, porém, facultado ao juiz de ofício:
presença de curador até que o acusado se restabe- I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produ-
leça ção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes,
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da
medida;
Art. 153. O incidente da insanidade mental processar-se-á
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir
em auto apartado, que só depois da apresentação do laudo,
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre
será apenso ao processo principal.
ponto relevante.
Art. 154. Se a insanidade mental sobrevier no curso da exe-
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas
cução da pena, observar-se-á o disposto no art. 682.
do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em
violação a normas constitucionais ou legais.
TÍTULO VII
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das
DA PROVA
ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade
entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser ob-
PRINCÍPIOS DO DIREITO PROBATÓRIO tidas por uma fonte independente das primeiras.
CONTRADITÓRIO A prova produzida por uma das partes § 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só,
admite contraprova seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investi-
gação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato
COMUNHÃO Produzidas, as provas passam a per- objeto da prova.
tencer ao processo § 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova de-
Regra: as provas devem ser produzidas clarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, fa-
oralmente cultado às partes acompanhar o incidente.
ORALIDADE Subprincípios:
-Concentração (produção probatório TEORIAS A RESPEITO DAS PROVAS ILÍCITAS
em única audiência)
TEORIA DOS FRUTOS DA Provas derivadas das ilícitas de-
-Imediação (contato do juiz com a
ÁRVORE ENVENENADA OU vem ser consideradas ilícitas
prova)
DA PROVA ILÍCITA POR por derivação
NÃO Acusado não é obrigado a produzir DERIVAÇÃO
AUTOINCRIMINAÇÃO provas contra si.
Demonstrando-se que a prova
TEORIA DA DESCOBERTA derivada da ilícita seria produ-
SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DAS PROVAS INEVITÁVEL zida de qualquer modo, inde-
pendente da prova ilícita origi-
ÍNTIMA CERTEZA MORAL PERSUASÃO
nária, tal prova deve ser consi-
CONVICÇÃO DO LEGISLADOR, RACIONAL, LIVRE
derada válida.
SISTEMA CONVENCIMENTO
TARIFÁRIO MOTIVADO Se os elementos de informação
forem adquiridos de fonte au-
Desnecessária Juiz fixa vinculado O juiz tem livre
TEORIA DA DESCOBERTA tônoma, que não guarde rela-
motivação aos critérios fixados convicção, devendo
INDEPENDENTE ção de dependência, nem de-
pelo legislador motivar a decisão
corra de prova ilícita, tais dados
Aplicado no Júri em Exame de corpo de Regra no Brasil probatórios são admissíveis
relação aos jurados delito nas infrações
Se durante a diligência proba-
que deixam
TEORIA DO ENCONTRO tória, for acidentalmente des-
vestígios
FORTUITO DE PROVAS coberta outra prova, em regra,
ela será aproveitada, desde que
Súmula 74-STJ: Para efeitos penais, o reconhecimento da me- não exista desvio de finalidade
noridade do réu requer prova por documento hábil na diligência.
É legítima a apreensão de ele-
CAPÍTULO I

21
mentos probatórios quando, a ma de videoconferência, audiência de inquirição de testemu-
despeito de não se tratar da fi- nhas realizada, presencialmente, perante o Juízo natural da cau-
DOUTRINA DA VISÃO nalidade prevista no mandado sa, por ausência de previsão legal, regulamentar e principiológi-
ABERTA de busca e apreensão, o objeto ca.
da apreensão é encontrado à 3) Em delitos sexuais, comumente praticados às ocultas, a
plena vista do agente policial. palavra da vítima possui especial relevância, desde que esteja
em consonância com as demais provas acostadas aos autos.
Não se aplica a teoria da prova
4) Nos delitos praticados em ambiente doméstico e familiar, ge-
ilícita por derivação se o nexo
ralmente praticados à clandestinidade, sem a presença de teste-
TEORIA DA TINTA DILUÍDA, causal entre a prova primária e
munhas, a palavra da vítima possui especial relevância, nota-
DO NEXO CAUSAL a secundária for atenuado em
damente quando corroborada por outros elementos probatórios
ATENUADO OU DA virtude do decurso do tempo,
acostados aos autos.
MANCHA PURGADA de circunstâncias supervenien-
5) É possível a antecipação da colheita da prova testemunhal,
tes, da menor relevância da ile-
com base no art. 366 do CPP, nas hipóteses em que as teste-
galidade.
munhas são policiais, tendo em vista a relevante probabilida-
de de esvaziamento da prova pela natureza da atuação pro-
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ fissional, marcada pelo contato diário com fatos criminosos.
STF: É incabível a produção antecipada de prova testemunhal
EDIÇÃO N. 105: PROVAS NO PROCESSO PENAL - I
fundamentada na simples possibilidade de esquecimento dos
1) As provas inicialmente produzidas na esfera inquisitorial e
fatos, sendo necessária a demonstração do risco de perecimen-
reexaminadas na instrução criminal, com observância do
to da prova a ser produzida (art. 225 do CPP). Não serve como
contraditório e da ampla defesa, não violam o art. 155 do
justificativa a alegação de que as testemunhas são policiais res-
Código de Processo Penal - CPP visto que eventuais
ponsáveis pela prisão, cuja própria atividade contribui, por si só,
irregularidades ocorridas no inquérito policial NÃO
para o esquecimento das circunstâncias que cercam a apuração
CONTAMINAM a ação penal dele decorrente.
da suposta autoria de cada infração penal. STF. 2ª Turma. HC
2) Perícias e documentos produzidos na fase inquisitorial são
130038/DF, Rel.Min. Dias Toffoli, julgado em 3/11/2015 (Info
revestidos de eficácia probatória sem a necessidade de serem
806).
repetidos no curso da ação penal por se sujeitarem ao
6) Não há cerceamento de defesa quando a decisão que in-
contraditório diferido.
defere oitiva de testemunhas residentes em outro país for
4) A propositura da ação penal exige tão somente a presença
devidamente fundamentada.
de indícios mínimos de materialidade e de autoria, de modo
7) É ilícita a prova colhida mediante acesso aos dados armaze-
que a certeza deverá ser comprovada durante a instrução
nados no aparelho celular, relativos a mensagens de texto,
probatória, prevalecendo o princípio do in dubio pro
SMS, conversas por meio de aplicativos (WhatsApp), e obtida
societate na fase de oferecimento da denúncia.
diretamente pela polícia, sem prévia autorização judicial.
5) A incidência da qualificadora rompimento de obstáculo,
8) É desnecessária a realização de perícia para a identificação
prevista no art. 155, § 4º, I, do Código Penal, está condicionada
de voz captada nas interceptações telefônicas, salvo quando
à comprovação por laudo pericial, salvo em caso de
houver dúvida plausível que justifique a medida.
desaparecimento dos vestígios, quando a prova testemunhal, a
9) É necessária a realização do exame de corpo de delito para
confissão do acusado ou o exame indireto poderão lhe suprir a
comprovação da materialidade do crime quando a conduta
falta.
deixar vestígios, entretanto, o laudo pericial será substituído
6) É válido e revestido de eficácia probatória o testemunho
por outros elementos de prova na hipótese em que as evidên-
prestado por policiais envolvidos em ação investigativa ou
cias tenham desaparecido ou que o lugar se tenha tornado im-
responsáveis por prisão em flagrante, quando estiver em
próprio ou, ainda, quando as circunstâncias do crime não permi-
harmonia com as demais provas dos autos e for colhido sob
tirem a análise técnica.
o crivo do contraditório e da ampla defesa.
10) O laudo toxicológico definitivo é imprescindível para a con-
7) O reconhecimento fotográfico do réu, quando ratificado em
figuração do crime de tráfico ilícito de entorpecentes, sob
juízo, sob a garantia do contraditório e ampla defesa, pode servir
pena de se ter por incerta a materialidade do delito e, por conse-
como meio idôneo de prova para fundamentar a condenação.
guinte, ensejar a absolvição do acusado.
8) A folha de antecedentes criminais é documento hábil e
11) É possível, em situações excepcionais, a comprovação da
suficiente a comprovar os maus antecedentes e a
materialidade do crime de tráfico de drogas pelo laudo de
reincidência, não sendo necessária a apresentação de
constatação provisório, desde que esteja dotado de certeza
certidão cartorária.
idêntica à do laudo definitivo e que tenha sido elaborado
10) O registro audiovisual de depoimentos colhidos no âmbito
por perito oficial, em procedimento e com conclusões equi-
do processo penal dispensa sua degravação ou transcrição,
valentes.
em prol dos princípios da razoável duração do processo e da ce-
12) É prescindível a apreensão e a perícia de arma de fogo para a
leridade processual, salvo comprovada demonstração de neces-
caracterização de causa de aumento de pena prevista no art.
sidade.
157, § 2º-A, I, do Código Penal, quando evidenciado o seu em-
EDIÇÃO N. 111: PROVAS NO PROCESSO PENAL - II prego por outros meios de prova.
1) É possível o arrolamento de testemunhas pelo assistente
de acusação (art. 271 do Código de Processo Penal), desde que CAPÍTULO II
respeitado o limite de 5 pessoas previsto no art. 422 do CPP. DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL
2) O réu não tem direito subjetivo de acompanhar, por siste-

22
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame in-
o exame de corpo de delito, direto ou indireto, NÃO PODEN- terno para a verificação de alguma circunstância relevante.
DO SUPRI-LO A CONFISSÃO DO ACUSADO.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a
corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente
I - violência doméstica e familiar contra mulher; marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circuns-
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com tanciado.
deficiência. Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou
particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediên-
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão cia. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura,
realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superi- ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inuma-
or. ções, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 tudo constará do auto.
pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior prefe-
rencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição
técnica relacionada com a natureza do exame em que forem encontrados, bem como, na medida do possível,
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de todas as lesões externas e vestígios deixados no local do cri-
bem e fielmente desempenhar o encargo. me.
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver,
de quesitos e indicação de assistente técnico. os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.
pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo
pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de
partes, quanto à perícia: Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquiri-
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a pro- ção de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de
va ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais
intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam e indicações.
encaminhados com antecedência mínima de 10 dias, podendo Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e au-
apresentar as respostas em laudo complementar; tenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pa- para a identificação do cadáver.
receres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em au-
diência. Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito,
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probató- por haverem desaparecido os vestígios, a PROVA TESTEMU-
rio que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente NHAL PODERÁ SUPRIR-LHE A FALTA.
do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença
de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impos- Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame
sível a sua conservação. pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame comple-
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de mentar por determinação da autoridade policial ou judiciária,
uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido
atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de ou do acusado, ou de seu defensor.
um assistente técnico. § 1o No exame complementar, os peritos terão presente o
auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou reti -
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descre- ficá-lo.
verão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos § 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do deli-
quesitos formulados. to no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em § 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida
casos excepcionais, a requerimento dos peritos. pela prova testemunhal.

Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido
qualquer dia e a qualquer hora. praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente
para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos pe -
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos 6 horas depois ritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos
do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de mor- ou esquemas elucidativos.
te, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as altera-
declararão no auto. ções do estado das coisas e discutirão, no relatório, as conse -
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o quências dessas alterações na dinâmica dos fatos.
simples exame externo do cadáver, quando não houver infra-
ção penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão
material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre

23
que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográfi- Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o lau-
cas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. do, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em
suas folhas por todos os peritos.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompi-
mento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de es- Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão con-
calada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com signadas no auto do exame as declarações e respostas de um e
que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a
sido o fato praticado. autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a au-
toridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peri-
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de tos.
coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do cri-
me. Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade ju-
procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos diciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclare-
autos e dos que resultarem de diligências. cer o laudo.
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar convenien-
e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resul- te.
tado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano
e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à eluci- Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo
dação do fato. aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.

Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, ob-
por comparação de letra, observar-se-á o seguinte: servar-se-á o disposto no art. 19.
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito
será intimada para o ato, se for encontrada; Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz
II - para a comparação, poderão servir quaisquer docu- ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes,
mentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judici- quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.
almente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenti-
cidade não houver dúvida; CAPÍTULO III
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabe- Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade
lecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interro-
puderem ser retirados; gado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
IV - quando não houver escritos para a comparação ou § 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala
forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde
pessoa escreva o que lhe for ditado. Se estiver ausente a pes- que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do
soa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do
por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa defensor e a publicidade do ato
será intimada a escrever. § 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada,
de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o inter-
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos emprega- rogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou
dos para a prática da infração, a fim de se lhes verificar a nature- outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em
za e a eficiência. tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a
uma das seguintes finalidades:
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fun-
até o ato da diligência. dada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou
de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peri- II - viabilizar a participação do réu no referido ato proces-
tos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de sual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento
ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
feita pelo juiz deprecante. III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento
transcritos na precatória. destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Códi-
go;
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela IV - responder à gravíssima questão de ordem pública
autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o § 3o Da decisão que determinar a realização de interrogató-
laudo assinado pelos peritos. rio por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 dias
de antecedência.
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o § 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso
auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realiza-
exame, também pela autoridade.

24
ção de todos os atos da audiência única de instrução e julgamen- VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa.
to de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código.
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz ga- Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará
rantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando
seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também ga- as perguntas correspondentes se o entender pertinente e re-
rantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunica- levante.
ção entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presen-
te na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso. Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em
§ 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a re- parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas.
alização de atos processuais por sistema de videoconferência será
fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os
também pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram
Brasil. para a infração, e quais sejam.
§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo
nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados
prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo. separadamente.
§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo,
no que couber, à realização de outros atos processuais que de- Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-
pendam da participação de pessoa que esteja presa, como acare- mudo será feito pela forma seguinte:
ação, reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de teste- I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que
munha ou tomada de declarações do ofendido. ele responderá oralmente;
§ 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acom- II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respon-
panhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor. dendo-as por escrito;
§ 10. Do interrogatório deverá constar a informação so- III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escri-
bre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem al- to e do mesmo modo dará as respostas.
guma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escre-
pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. ver, intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa
habilitada a entendê-lo.
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado
do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional,
antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer o interrogatório será feito por meio de intérprete.
calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confis- Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder
são, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa ou não quiser assinar, tal fato será consignado no termo.

Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo inter-
sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. rogatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das
§ 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre partes.
a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais,
lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente
se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual
o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condena-
ção, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares
e sociais.
§ 2o Na segunda parte será perguntado sobre:
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita;
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo
particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a
quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se
com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela;
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e
se teve notícia desta;
IV - as provas já apuradas
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por
inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas;
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infra-
ção, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido
apreendido;
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à
elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração;

25
DIA 4 complementar respectivo será proposto perante qualquer das
Casas do Congresso Nacional.
§ 2o À Casa perante a qual tenha sido apresentado o projeto de
Constituição Federal: art. 18-36 lei complementar referido no parágrafo anterior compete proce-
Código Civil: art. 115-188 der à audiência das respectivas Assembléias Legislativas.
Código Processo Civil: art. 103-149 § 3o Na oportunidade prevista no parágrafo anterior, as respec-
Código Penal: art. 53-76 tivas Assembléias Legislativas opinarão, sem caráter vinculati-
Código Processo Penal: art. 197-250 vo, sobre a matéria, e fornecerão ao Congresso Nacional os de-
talhamentos técnicos concernentes aos aspectos administrati-
vos, financeiros, sociais e econômicos da área geopolítica afeta-
CONSTITUIÇÃO FEDERAL da.
§ 4o O Congresso Nacional, ao aprovar a lei complementar, to-
TÍTULO III mará em conta as informações técnicas a que se refere o parág-
Da Organização do Estado rafo anterior.
CAPÍTULO I
Art. 5o O plebiscito destinado à criação, à incorporação, à fusão
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
e ao desmembramento de Municípios, será convocado pela As-
Art. 18. A organização político-administrativa da República Fe-
sembléia Legislativa, de conformidade com a legislação federal e
derativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito
estadual.
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Art. 6o Nas demais questões, de competência dos Estados, do
Constituição.
Distrito Federal e dos Municípios, o plebiscito e o referendo se-
§ 1º Brasília é a Capital Federal.
rão convocados de conformidade, respectivamente, com a
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
Constituição Estadual e com a Lei Orgânica.
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem
serão reguladas em LC. Art. 7o Nas consultas plebiscitárias previstas nos arts. 4o e 5o en-
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou tende-se por população diretamente interessada tanto a do
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem no- território que se pretende desmembrar, quanto a do que so-
vos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da frerá desmembramento; em caso de fusão ou anexação, tanto
população diretamente interessada, através de plebiscito, e a população da área que se quer anexar quanto a da que rece-
do Congresso Nacional, por LC. berá o acréscimo; e a vontade popular se aferirá pelo percentual
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento que se manifestar em relação ao total da população consultada.
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período
determinado por LC Federal, e dependerão de consulta pré- Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
via, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envol- aos Municípios:
vidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los,
apresentados e publicados na forma da lei. embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus
representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada,
CRIAÇÃO, INCORPORAÇÃO, CRIAÇÃO, INCORPORAÇÃO, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
FUSÃO E FUSÃO E II - recusar fé aos documentos públicos;
DESMEMBRAMENTO DE DESMEMBRAMENTO DE III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
ESTADOS MUNICÍPIOS
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
Aprovação da população dire- Lei estadual, dentro do período
tamente interessada, através de determinado por LC Federal EDIÇÃO N. 79: ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
plebiscito INDIRETA
1) Aplica-se a prescrição quinquenal do Decreto n.
LC Divulgação dos Estudos de Via-
20.910/32 às empresas públicas e às sociedades de econo-
bilidade Municipal
mia mista responsáveis pela prestação de serviços públicos
Consulta prévia às populações próprios do Estado e que não exploram atividade econômi-
dos Municípios envolvidos, ca.
mediante plebiscito 2) Inexiste direito à incorporação de vantagens decorrentes do
exercício de cargo em comissão ou função de confiança na ad-
ministração pública indireta.
Lei 9709/98.
3) As autarquias possuem autonomia administrativa, finan-
Art. 4o A incorporação de Estados entre si, subdivisão ou des- ceira e personalidade jurídica própria, distinta da entidade
membramento para se anexarem a outros, ou formarem novos política à qual estão vinculadas, razão pela qual seus dirigentes
Estados ou Territórios Federais, dependem da aprovação da têm legitimidade passiva para figurar como autoridades coa-
população diretamente interessada, por meio de plebiscito toras em Mandados de Segurança.
realizado na mesma data e horário em cada um dos Estados, 4) As empresas públicas e as sociedades de economia mista
e do Congresso Nacional, por lei complementar, ouvidas as prestadoras de serviços públicos possuem legitimidade ativa
respectivas Assembléias Legislativas. ad causam para a propositura de pedido de suspensão, quan-
§ 1o Proclamado o resultado da consulta plebiscitária, sendo fa- do na defesa de interesse público primário.
vorável à alteração territorial prevista no caput, o projeto de lei 5) A universidade federal, organizada sob o regime autárquico,

1
não possui legitimidade para figurar no polo passivo de de- respectivo território, plataforma continental, mar territorial
manda que visa à repetição de indébito de valores relativos à ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por
contribuição previdenciária por ela recolhidos e repassados à essa exploração.
União. § 2º A faixa de até 150 KM de largura, ao longo das fronteiras
6) Os Conselhos de Fiscalização Profissionais possuem natu- terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada
reza jurídica de autarquia, sujeitando-se, portanto, ao regime fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupa-
jurídico de direito público. ção e utilização serão reguladas em lei.
7) O benefício da isenção do preparo, conferido aos entes pú-
blicos previstos no art. 4º, caput, da Lei n. 9.289/1996, é inapli- SÚMULAS SOBRE BENS PÚBLICOS
cável aos Conselhos de Fiscalização Profissional. (Tese julgada
STF
sob rito do art. 543-C do CPC/73 TEMA 625)
8) O arquivamento provisório previsto no art. 20 da Lei n. Súmula 477-STF: As concessões de terras devolutas situadas na
10.522/2002, dirigido aos débitos inscritos como dívida ativa da faixa de fronteira, feitas pelos estados, autorizam, apenas, o
União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela uso, permanecendo o domínio com a União, ainda que se
cobrados, não se aplica às execuções fiscais movidas pelos mantenha inerte ou tolerante, em relação aos possuidores.
conselhos de fiscalização profissional ou pelas autarquias Súmula 479-STF: As margens dos rios navegáveis são domínio
federais. (Súmula n. 583/STJ) (Tese julgada sob rito do art. 543- público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, ex-
C do CPC/73 TEMAS 636 e 612) cluídas de indenização.
9) Os créditos das autarquias federais preferem aos créditos da Súmula 480-STF: Pertencem ao domínio e administração da
Fazenda estadual desde que coexistam penhoras sobre o mes- União, nos termos dos artigos 4, IV, e 186, da Constituição Fe-
mo bem. (Súmula n. 497/STJ) (Tese julgada sob o rito do art. deral de 1967, as terras ocupadas por silvícolas.
543-C do CPC/73 TEMA 393) Súmula 650-STF: Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição
10) As agências reguladoras podem editar normas e regula- Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda
mentos no seu âmbito de atuação quando autorizadas por que ocupadas por indígenas em passado remoto
lei.
STJ
11) NÃO É POSSÍVEL a aplicação de sanções pecuniárias por
sociedade de economia mista, facultado o exercício do po- Súmula 103-STJ: Incluem-se entre os imóveis funcionais que
der de polícia fiscalizatório. podem ser vendidos os administrados pelas forças armadas e
ocupados pelos servidores civis.
CAPÍTULO II Súmula 496-STJ: Os registros de propriedade particular de imó-
DA UNIÃO veis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à Uni-
Art. 20. São BENS DA UNIÃO: ão.
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
atribuídos; Art. 21. Compete à União:
II - as TERRAS DEVOLUTAS indispensáveis à defesa das fron- I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de orga-
teiras, das fortificações e construções militares, das vias fede- nizações internacionais;
rais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em II - declarar a guerra e celebrar a paz;
lei; III - assegurar a defesa nacional;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos IV - permitir, nos casos previstos em LC, que forças estrangeiras
de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporari-
de limites com outros países, ou se estendam a território es- amente;
trangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos margi- V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven-
nais e as praias fluviais; ção federal;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material
países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, bélico;
excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto VII - emitir moeda;
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as
federal, e as referidas no art. 26, II; operações de natureza financeira, especialmente as de crédi-
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona to, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de pre-
econômica exclusiva; vidência privada;
VI - o mar territorial; IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena-
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; ção do território e de desenvolvimento econômico e social;
VIII - os potenciais de energia hidráulica; X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológi- permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei,
cos e pré-históricos; que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um ór-
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. gão regulador e outros aspectos institucionais
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administra- ou permissão:
ção direta da União, participação no resultado da exploração a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de
geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no

2
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
mento energético dos cursos de água, em articulação com os metais;
Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor- valores;
tuária; VIII - comércio exterior e interestadual;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- IX - diretrizes da política nacional de transportes;
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
limites de Estado ou Território; aérea e aeroespacial;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna- XI - trânsito e transporte;
cional de passageiros; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Públi- XIV - populações indígenas;
co do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de es-
dos Territórios; trangeiros;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o cor- XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições
po de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar para o exercício de profissões;
assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de servi- XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Fe-
ços públicos, por meio de fundo próprio; deral e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios,
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo- bem como organização administrativa destes;
grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional; XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia naci-
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diver- onais;
sões públicas e de programas de rádio e televisão; XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança
XVII - conceder anistia; popular;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala- XX - sistemas de consórcios e sorteios;
midades públicas, especialmente as secas e as inundações; XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico,
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos garantias, convocação e mobilização das polícias militares e
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; corpos de bombeiros militares;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi- XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e
ve habitação, saneamento básico e transportes urbanos; ferroviária federais;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de XXIII - seguridade social;
viação; XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e
de fronteiras; Competência Privativa da Competência Concorrente
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer União
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a la-
vra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e Diretrizes e bases da educação Educação, ensino
o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos nacional
os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será ad- XXV - registros públicos;
mitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
Nacional; XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa- modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas
ção e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
médicos, agrícolas e industriais; obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, co- e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
mercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima,
ou inferior a 2 horas; defesa civil e mobilização nacional;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da XXIX - propaganda comercial.
existência de culpa (teoria do risco integral); Parágrafo único. LC poderá autorizar os Estados a legislar so-
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; bre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
atividade de garimpagem, em forma associativa. Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, democráticas e conservar o patrimônio público;
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garan-
II - desapropriação; tia das pessoas portadoras de deficiência;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
tempo de guerra; histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifu- naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
são;
V - serviço postal;

3
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
cultural; peculiaridades.
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciên- § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais SUS-
cia, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; PENDE a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
quer de suas formas; SÚMULAS SOBRE COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abasteci- STF
mento alimentar; Súmula vinculante 2-STF: É inconstitucional a lei ou ato nor-
IX - promover programas de construção de moradias e a me- mativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de
lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginali- Súmula Vinculante 38-STF: É competente o município para fi-
zação, promovendo a integração social dos setores desfavoreci- xar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
dos; Súmula Vinculante 39-STF: Compete privativamente à União
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e mili-
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus tar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.
territórios; Súmula Vinculante 46-STF: A definição dos crimes de respon-
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu- sabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de pro-
rança do trânsito. cesso e julgamento são da competência legislativa privativa da
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a coo- União.
peração entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Muni - Súmula vinculante 49-STF: Ofende o princípio da livre con-
cípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem- corrência lei municipal que impede a instalação de estabeleci-
estar em âmbito nacional. mentos comerciais do mesmo ramo em determinada área
Súmula 419-STF: Os municípios tem competência para regu-
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le- lar o horário do comércio local, desde que não infrinjam leis
gislar concorrentemente sobre (não inclui Município): estaduais ou federais válidas.
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e Súmula 645-STF: É competente o Município para fixar o horá-
urbanístico; rio de funcionamento de estabelecimento comercial.
II - orçamento; Súmula 647-STF: Compete privativamente à União legislar so-
III - juntas comerciais; bre vencimentos dos membros das polícias civil e militar do Dis-
IV - custas dos serviços forenses; trito Federal
V - produção e consumo; Súmula 722-STF: São da competência legislativa da União a
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento
do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e das respectivas normas de processo e julgamento.
controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico STJ
e paisagístico; Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendi-
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu- mento ao público, é da competência da União.
midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, tu-
rístico e paisagístico;
CAPÍTULO III
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pes-
DOS ESTADOS FEDERADOS
quisa, desenvolvimento e inovação;
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
causas;
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes
XI - procedimentos em matéria processual;
sejam vedadas por esta Constituição (competência residual)
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante conces-
são, os SERVIÇOS LOCAIS DE GÁS CANALIZADO, na forma da
Seguridade Social Previdência Social lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regula-
Competência privativa Competência concorrente mentação.
da União § 3º Os Estados poderão, mediante LC, instituir regiões metropoli-
tanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organiza-
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
ção, o planejamento e a execução de funções públicas de interes-
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
se comum.
deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
Art. 26. Incluem-se entre os BENS DOS ESTADOS:
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da Uni-
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decor-
ão limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
rentes de obras da União;
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais
não exclui a competência suplementar dos Estados.

4
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários
domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal,
ou terceiros; observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; 153, § 2º, I;
IV - as TERRAS DEVOLUTAS não compreendidas entre as da Uni- VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas
ão. Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, ob-
servado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa cor- estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites
responderá ao triplo da representação do Estado na Câmara máximos (20% a 75% dos Deputados Estaduais).
dos Deputados e, atingido o número de 36, será acrescido de VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não
tantos quantos forem os Deputados Federais acima de 12. poderá ultrapassar o montante de 5% da receita do Município;
§ 1º Será de 4 anos o mandato dos Deputados Estaduais, apli- VIII - INVIOLABILIDADE DOS VEREADORES por suas opiniões,
cando-se-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleito- palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição
ral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, do Município;
licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, si-
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de milares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os
iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo, membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo
75% daquele estabelecido, em espécie, para os Deputados Fe- Estado para os membros da Assembleia Legislativa;
derais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
153, III, e 153, § 2º, I. XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câma-
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu regi- ra Municipal;
mento interno, polícia e serviços administrativos de sua secretaria, XII - cooperação das associações representativas no planejamento
e prover os respectivos cargos. municipal;
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específi-
estadual. co do Município, da cidade ou de bairros, através de manifesta-
ção de, pelo menos, 5% do eleitorado;
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parág-
para mandato de 4 anos, realizar-se-á no primeiro domingo de rafo único. (art. 28, §1°)
outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outu-
bro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do térmi- Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, in-
no do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em 1° cluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com
de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relati-
disposto no art. 77. vos ao somatório da receita tributária e das transferências previs-
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro car- tas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realiza-
go ou função na administração pública direta ou indireta, res- do no exercício anterior (7% a 3,5%).
salvada a posse em virtude de concurso público e observado o § 1o A Câmara Municipal não gastará mais de 70% de sua recei-
disposto no art. 38, I, IV e V. ta com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos seus Vereadores.
Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da As-
§ 2o Constitui CRIME DE RESPONSABILIDADE DO PREFEITO
sembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI,
Municipal:
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;
II - não enviar o repasse até o dia 20 de cada mês; ou
CAPÍTULO IV
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orça-
Dos Municípios
mentária.
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em 2
turnos, com o interstício mínimo de 10 dias, e aprovada por § 3o Constitui CRIME DE RESPONSABILIDADE DO PRESIDEN-
2/3 dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, aten- TE DA CÂMARA MUNICIPAL o desrespeito ao § 1 o deste artigo
didos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constitui- (gastar mais de 70% da receita da Câmara com folha de paga-
ção do respectivo Estado e os seguintes preceitos: mento).

Lei Orgânica do Município não é fruto do Poder Constituinte


Art. 30. Compete aos Municípios:
Derivado Decorrente.
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para II - suplementar a legislação federal e a estadual no que cou-
mandato de 4 anos, mediante pleito direto e simultâneo realiza- ber;
do em todo o País; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de
domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77 (segundo tur- IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação es-
no), no caso de Municípios com mais de 200 mil ELEITORES; tadual;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
ano subsequente ao da eleição; são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, in-
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observado o
limite máximo de 9 a 55 vereadores

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cluído o de TRANSPORTE COLETIVO, que tem caráter essenci- § 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao
al; Congresso Nacional, com parecer prévio do TCU
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do § 3º Nos Territórios Federais com mais de 100 mil habitantes,
Estado, programas de educação infantil e de ensino funda- além do Governador nomeado na forma desta Constituição, ha-
mental; verá órgãos judiciários de 1 a e 2a instância, membros do Minis-
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do tério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre
Estado, serviços de atendimento à saúde da população; as eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberati-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo- va.
rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento
e da ocupação do solo urbano; CAPÍTULO VI
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, DA INTERVENÇÃO
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Fe-
deral, exceto para:
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Le- I - manter a integridade nacional;
gislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos siste- II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federa-
mas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na for- ção em outra;
ma da lei. III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas uni-
o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Municí- dades da Federação;
pio ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
onde houver. a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de 2 anos
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as consecutivos, salvo motivo de força maior;
contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas
prevalecer por decisão de 2/3 dos membros da Câmara Muni- nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
cipal. VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judici-
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante 60 dias, anualmen- al;
te, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e aprecia- VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitu-
ção, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da cionais (PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS):
lei. a) forma republicana, sistema representativo e regime demo-
§ 4º É VEDADA a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de crático;
Contas Municipais. b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
CAPÍTULO V d) prestação de contas da administração pública, direta e indire-
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS ta.
Seção I e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impos-
DO DISTRITO FEDERAL tos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
reger-se-á por lei orgânica, votada em 2 turnos com interstício públicos de saúde.
mínimo de 10 dias, e aprovada por 2/3 da Câmara Legislativa,
que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta PRINCÍPIOS CLÁUSULA PÉTREA
Constituição. CONSTITUCIONAIS
Lei Orgânica do DF é fruto do Poder Constituinte Derivado SENSÍVEIS
Decorrente. STF (ADI 3756)
Forma republicana Forma federativa
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislati-
vas reservadas aos Estados e Municípios. Sistema representativo
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas Regime democrático
as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a
dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual
duração. FORMA DE GOVERNO República
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o FORMA DE ESTADO Federação
disposto no art. 27.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Dis- SISTEMA DE GOVERNO Presidencialismo
trito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros REGIME DE GOVERNO Democracia
militar.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a Uni-
Seção II
ão nos Municípios localizados em Território Federal, exceto
DOS TERRITÓRIOS
quando:
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciá-
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por 2 anos
ria dos Territórios.
consecutivos, a dívida fundada;
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios (DF
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
não pode), aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no
Capítulo IV deste Título.

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III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita munici- Parágrafo único. É de 180 dias, a contar da conclusão do negó-
pal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e cio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência
serviços públicos de saúde; para pleitear-se a anulação prevista neste artigo.
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para
assegurar a observância de princípios indicados na Constitui- Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os
ção Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou estabelecidos nas normas respectivas; os da representação volun-
de decisão judicial. tária são os da Parte Especial deste Código.

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: CAPÍTULO III


I - no caso do art. 34, IV (garantir o livre exercício dos Poderes), Da Condição, do Termo e do Encargo
de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo co- Art. 121. Considera-se CONDIÇÃO a cláusula que, derivando ex-
acto ou impedido, ou de requisição do STF, se a coação for exer- clusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negó-
cida contra o Poder Judiciário; cio jurídico a EVENTO FUTURO E INCERTO.
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de
requisição do STF, do STJ ou do TSE; Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias
III – ADI INTERVENTIVA - de provimento, pelo STF, de repre- à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condi-
sentação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. ções defesas se incluem as que privarem de todo efeito o ne-
34, VII (princípios constitucionais sensíveis), e no caso de recu- gócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das
sa à execução de lei federal. partes.
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o
prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o Art. 123. INVALIDAM os negócios jurídicos que lhes são subordi-
interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacio- nados:
nal ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de 24 ho- I - as condições física ou juridicamente impossíveis, QUANDO
ras. SUSPENSIVAS;
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a As- II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
sembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.
mesmo prazo de 24 horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI (prover a execução de lei federal, Art. 124. Têm-se por INEXISTENTES as condições impossíveis,
ordem ou decisão judicial) e VII (princípios constitucionais quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.
sensíveis), ou do art. 35, IV, DISPENSADA A APRECIAÇÃO PELO
CONGRESSO Nacional ou pela Assembleia Legislativa, o decreto SUSPENSIVA INVALIDA O NEGÓCIO
limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa CONDIÇÃO JURÍDICO
medida bastar ao restabelecimento da normalidade. IMPOSSÍVEL
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afasta- RESOLUTIVA CONSIDERA-SE INEXISTENTE
das de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condi-
CÓDIGO CIVIL ção suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá ad-
quirido o direito, a que ele visa.

Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspen-


CAPÍTULO II
siva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, es-
Da Representação
tas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem in-
Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou
compatíveis.
pelo interessado.
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não rea-
Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limi-
lizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a
tes de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado.
conclusão deste o direito por ele estabelecido.

Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é ANULÁVEL


Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para
o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou
todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a
por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realiza-
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo re-
ção, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos
presentante o negócio realizado por aquele em quem os poderes
atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da con-
houverem sido subestabelecidos.
dição pendente e conforme aos ditames de boa-fé.

Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com


Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a con-
quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a ex-
dição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a
tensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder
quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada
pelos atos que a estes excederem.
a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem
aproveita o seu implemento.
Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em
conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia
ser do conhecimento de quem com aquele tratou.

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Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das cir-
suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destina- cunstâncias do negócio.
dos a conservá-lo.
JDC12 Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não es-
Art. 131. O TERMO inicial suspende o exercício, mas não a cusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da
aquisição do direito. confiança.

Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário,


Art. 139. O ERRO é SUBSTANCIAL quando:
computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da de-
do vencimento. -C+F
claração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á pror-
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a
rogado o prazo até o seguinte dia útil.
quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influí-
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu 15° dia.
do nesta de modo relevante;
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da
do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência.
lei, for o motivo ÚNICO OU PRINCIPAL do negócio jurídico.
§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
Art. 140. O falso motivo SÓ VICIA a declaração de vontade
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do her-
quando expresso como razão determinante.
deiro, e, nos contratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a
esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos
que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contra-
é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.
tantes.
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequí-
referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando,
veis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar di-
por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a
verso ou depender de tempo.
coisa ou pessoa cogitada.

Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as dis-


Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da de-
posições relativas à condição suspensiva e resolutiva.
claração de vontade.

Art. 136. O ENCARGO não suspende a aquisição nem o exercí-


Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico
cio do direito, salvo quando expressamente imposto no negó-
quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se
cio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do
manifestante.
Art. 137. Considera-se NÃO ESCRITO o encargo ilícito ou im-
possível, salvo se constituir o motivo determinante da libera-
Seção II
lidade, caso em que se INVALIDA o negócio jurídico.
Do Dolo
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando
ENCARGO ILÍCITO/IMPOSSÍVEL NÃO ESCRITO este for a sua causa.
ENCARGO ILÍCITO/IMPOSSÍVEL INVALIDA O NJ
(motivo determinante da liberalidade) Art. 146. O DOLO ACIDENTAL só obriga à satisfação das perdas
e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria
realizado, embora por outro modo.
CONDIÇÃO TERMO ENCARGO
Evento futuro e Evento futuro e Cláusula acessória à Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional
INCERTO CERTO liberalidade de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra
parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que
Quando suspensiva: Quando suspensivo: NÃO impede a sem ela o negócio não se teria celebrado.
suspende a NÃO impede a aquisição nem o
aquisição e o aquisição do exercício do direito Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo
exercício do direito direito, mas, apenas - gera direito de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse
o seu exercício - adquirido ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negó-
gera direito cio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos
adquirido. da parte a quem ludibriou.

CAPÍTULO IV Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só


Dos Defeitos do Negócio Jurídico obriga o representado a responder civilmente até a importân-
Seção I cia do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representan-
Do Erro ou Ignorância te convencional, o representado responderá solidariamente
Art. 138. São ANULÁVEIS os negócios jurídicos, quando as decla- com ele por perdas e danos.
rações de vontade emanarem de erro substancial que poderia

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Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma quando verificada, na formação deste, a desproporção mani-
pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização festa entre as prestações assumidas pelas partes, não se pre-
(DOLO BILATERAL ou ENANTIOMÓRFICO) sumindo a premente necessidade ou a inexperiência do le-
sado.
Seção III JDC291 Nas hipóteses de lesão previstas no art. 157 do Código
Da Coação Civil, pode o lesionado optar por não pleitear a anulação do ne-
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser gócio jurídico, deduzindo, desde logo, pretensão com vista à re-
tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e visão judicial do negócio por meio da redução do proveito do
considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus BENS. lesionador ou do complemento do preço.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à fa- JDC410 A inexperiência a que se refere o art. 157 não deve ne-
mília do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se cessariamente significar imaturidade ou desconhecimento
houve coação. em relação à prática de negócios jurídicos em geral, poden-
do ocorrer também quando o lesado, ainda que estipule contra-
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a ida- tos costumeiramente, não tenha conhecimento específico so-
de, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as bre o negócio em causa.
demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.

Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício nor- ESTADO DE PERIGO LESÃO
mal de um direito, nem o simples temor reverencial. Premido da NECESSIDADE DE Sob PREMENTE NECESSIDA-
SALVAR-SE, ou a pessoa de DE, ou por INEXPERIÊNCIA,
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por tercei- sua família, de grave dano co- se obriga a PRESTAÇÃO MA-
ro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que nhecido pela outra parte, AS- NIFESTAMENTE DESPROPOR-
aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por SUME OBRIGAÇÃO EXCESSI- CIONAL ao valor da prestação
perdas e danos. VAMENTE ONEROSA. oposta.

Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de Exige dolo de aproveitamento Não exige dolo de
terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou de- aproveitamento
vesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá
por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. Seção VI
Seção IV Da Fraude Contra Credores
Do Estado de Perigo Art. 158. Os negócios de TRANSMISSÃO GRATUITA DE BENS
Art. 156. Configura-se o ESTADO DE PERIGO quando alguém, OU REMISSÃO DE DÍVIDA, se os praticar o devedor já insolven-
premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua famí- te, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore,
lia, de grave dano conhecido pela outra parte, ASSUME OBRI- poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesi-
GAÇÃO EXCESSIVAMENTE ONEROSA. vos dos seus direitos.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família § 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insu-
do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. ficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem
JDC148 Ao “estado de perigo” (art. 156) aplica-se, por analogia, o pleitear a anulação deles.
disposto no § 2º do art. 157.
JDC151 O ajuizamento da ação pauliana pelo credor com ga-
Seção V rantia real (art. 158, § 1º) prescinde de prévio reconhecimen-
Da Lesão to judicial da insuficiência da garantia.
Art. 157. Ocorre a LESÃO quando uma pessoa, sob premente ne- JDC292 Para os efeitos do art. 158, § 2º, a anterioridade do
cessidade, ou por inexperiência, se obriga a PRESTAÇÃO MA- crédito é determinada pela causa que lhe dá origem, inde-
NIFESTAMENTE DESPROPORCIONAL ao valor da prestação pendentemente de seu reconhecimento por decisão judicial.
oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valo- Anterioridade da dívida
res vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido su- Eventus damni (prejuízo aos credores)
plemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a re- Consilium fraudis (intenção de prejudicar
dução do proveito. FRAUDE CONTRA credores ou conluio entre alienante e
CREDORES adquirente do bem)
JDC149 Em atenção ao princípio da conservação dos contratos, Requisitos OBS: nos casos de disposição gratuita de
a verificação da lesão deverá conduzir, sempre que possí- bens ou remissão de dívida, basta
vel, à revisão judicial do negócio jurídico e não à sua anula- comprovar o evento danoso aos credores,
ção, sendo dever do magistrado incitar os contratantes a se- dispensando-se a comprovação de
guir as regras do art. 157, § 2º, do Código Civil de 2002. consilium fraudis
JDC150 A lesão de que trata o art. 157 do Código Civil NÃO
EXIGE DOLO DE APROVEITAMENTO.
JDC290 A lesão acarretará a anulação do negócio jurídico

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Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do Art. 167. É NULO o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o
devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou hou- que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
ver motivo para ser conhecida do outro contratante. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas di-
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda versas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmi-
não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, tem;
desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de to- II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não
dos os interessados. verdadeira;
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-
poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real. datados.
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intenta- contraentes do negócio jurídico simulado.
da contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a
estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que JDC152 Toda simulação, inclusive a inocente, é invalidante.
hajam procedido de má-fé. JDC153 Na simulação relativa, o negócio simulado (aparente) é
nulo, mas o dissimulado será válido se não ofender a lei
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insol- nem causar prejuízos a terceiros.
vente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado JDC293 Na simulação relativa, o aproveitamento do negócio
a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o jurídico dissimulado não decorre tão-somente do afastamento
concurso de credores, aquilo que recebeu. do negócio jurídico simulado, mas do necessário preenchi-
mento de todos os requisitos substanciais e formais de vali-
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros cre- dade daquele.
dores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver JDC294 Sendo a simulação uma causa de nulidade do negócio
dado a algum credor. jurídico, pode ser alegada por uma das partes contra a outra.
JDC578 Sendo a simulação causa de nulidade do negócio jurídi-
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios co, sua alegação prescinde de ação própria.
ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento
mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alega-
sua família.
das por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando
lhe couber intervir.
Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resul-
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo
tante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efe-
juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e
tuar o concurso de credores.
as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atri-
que a requerimento das partes.
buir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticre-
se, sua invalidade importará somente na anulação da preferência
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirma-
ajustada.
ção, nem convalesce pelo decurso do tempo.

JDC536 Resultando do negócio jurídico nulo consequências pa-


SÚMULA SOBRE FRAUDE CONTRA CREDORES
trimoniais capazes de ensejar pretensões, é possível, quanto a
Súmula 195-STJ: Em embargos de terceiro não se anula ato ju- estas, a incidência da prescrição.
rídico, por fraude contra credores. JDC537 A previsão contida no art. 169 não impossibilita que,
excepcionalmente, negócios jurídicos nulos produzam efei-
CAPÍTULO V tos a serem preservados quando justificados por interesses
Da Invalidade do Negócio Jurídico merecedores de tutela.
Art. 166. É NULO o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisi-
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; tos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilíci- partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem
to; previsto a nulidade.
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essen- JDC13 O aspecto objetivo da convenção requer a existência do
cial para a sua validade; suporte fático no negócio a converter-se.
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a práti-
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anu-
ca, sem cominar sanção.
lável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
JDC616 Os requisitos de validade previstos no Código Civil são II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo,
aplicáveis aos negócios jurídicos processuais, observadas as lesão ou fraude contra credores.
regras processuais pertinentes.

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Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de
salvo direito de terceiro. um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for
separável; a invalidade da obrigação principal implica a das
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negó- obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação
cio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo. principal.

Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já TÍTULO II


foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o in- Dos Atos Jurídicos Lícitos
quinava. Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídi-
cos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior.
Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de
negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a 174, importa a ex- TÍTULO III
tinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispu- Dos Atos Ilícitos
sesse o devedor. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligên-
cia ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ain-
Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de auto- da que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
rização de terceiro, será validado se este a der posteriormente.
JDC159 O dano moral, assim compreendido todo dano extra-
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por patrimonial, não se caracteriza quando há mero aborreci-
sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a po- mento inerente a prejuízo material.
dem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, sal- JDC411 O descumprimento de contrato pode gerar dano
vo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. moral quando envolver valor fundamental protegido pela
Constituição Federal de 1988.
Art. 178. É de 4 anos o prazo de decadência para pleitear-se a JDC550 A quantificação da reparação por danos extrapatrimo-
anulação do negócio jurídico, contado: niais não deve estar sujeita a tabelamento ou a valores fixos.
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; JDC551 Nas violações aos direitos relativos a marcas, patentes e
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo desenhos industriais, será assegurada a reparação civil ao seu ti-
ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; tular, incluídos tanto os danos patrimoniais como os danos ex-
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapaci- trapatrimoniais.
dade.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que,
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulá-
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo
vel, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este
seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costu-
de 2 anos, a contar da data da conclusão do ato.
mes. ABUSO DE DIREITO.

JDC538 No que diz respeito a terceiros eventualmente preju-


JDC37 A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito
dicados, o prazo decadencial de que trata o art. 179 do Códi-
independe de culpa e fundamenta-se somente no critério
go Civil não se conta da celebração do negócio jurídico, mas
objetivo-finalístico – a responsabilidade civil é objetiva
da ciência que dele tiverem.
JDC412 As diversas hipóteses de exercício inadmissível de uma
JDC545 O prazo para pleitear a anulação de venda de ascen-
situação jurídica subjetiva, tais como supressio, tu quoque,
dente a descendente sem anuência dos demais descendentes e/
surrectio e venire contra factum proprium, são concreções
ou do cônjuge do alienante é de 2 anos, contados da ciência do
da boa-fé objetiva.
ato, que se presume absolutamente, em se tratando de
JDC413 Os bons costumes previstos no art. 187 do CC possu-
transferência imobiliária, a partir da data do registro de
em natureza subjetiva, destinada ao controle da moralidade
imóveis.
social de determinada época, e objetiva, para permitir a sindi-
cância da violação dos negócios jurídicos em questões não
Art. 180. O menor, entre 16 e 18 anos, não pode, para eximir-se abrangidas pela função social e pela boa-fé objetiva.
de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocul- JDC414 A cláusula geral do art. 187 do Código Civil tem funda-
tou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar- mento constitucional nos princípios da solidariedade, devi-
se, declarou-se maior. do processo legal e proteção da confiança, e aplica-se a to-
dos os ramos do direito.
Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anu- JDC539 O abuso de direito é uma categoria jurídica autônoma
lada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em provei- em relação à responsabilidade civil. Por isso, o exercício abusi-
to dele a importância paga. vo de posições jurídicas desafia controle independentemen-
te de dano.
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao JDC617 O abuso do direito impede a produção de efeitos do
estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível res- ato abusivo de exercício, na extensão necessária a evitar sua
tituí-las, serão indenizadas com o equivalente. manifesta contrariedade à boa-fé, aos bons costumes, à função
econômica ou social do direito exercido.
Art. 183. A invalidade do instrumento NÃO INDUZ a do negó-
cio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

11
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de dentemente da fase de tramitação, assegurados a obtenção de
um direito reconhecido; cópias e o registro de anotações, salvo na hipótese de segredo
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a de justiça, nas quais apenas o advogado constituído terá aces-
pessoa, a fim de remover perigo iminente. so aos autos;
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer pro-
quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, cesso, pelo prazo de 5 dias;
não excedendo os limites do indispensável para a remoção do III - retirar os autos do cartório ou da secretaria, pelo prazo le-
perigo. gal, sempre que neles lhe couber falar por determinação do juiz,
nos casos previstos em lei.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL § 1o Ao receber os autos, o advogado assinará carga em livro ou
documento próprio.
§ 2o Sendo o prazo comum às partes, os procuradores poderão
CAPÍTULO III
retirar os autos somente em conjunto ou mediante prévio
DOS PROCURADORES
ajuste, por petição nos autos.
Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regu-
§ 3o Na hipótese do § 2o, é lícito ao procurador retirar os autos
larmente inscrito na OAB.
para obtenção de cópias, pelo prazo de 2 a 6 horas, indepen-
Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quan-
dentemente de ajuste e sem prejuízo da continuidade do prazo.
do tiver habilitação legal.
§ 4o O procurador perderá no mesmo processo o direito a que se
refere o § 3 o se não devolver os autos tempestivamente, salvo se
Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem
o prazo for prorrogado pelo juiz.
procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição,
§ 5º O disposto no inciso I do caput deste artigo aplica-se inte-
ou para praticar ato considerado urgente.
gralmente a processos eletrônicos (Lei 13.793/19)
§ 1o Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, inde-
pendentemente de caução, exibir a procuração no prazo de 15
CAPÍTULO IV
dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz.
DA SUCESSÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES
§ 2o O ato não ratificado será considerado INEFICAZ relativa-
Art. 108. No curso do processo, somente é lícita a sucessão vo-
mente àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o advo-
luntária das partes nos casos expressos em lei.
gado pelas despesas e por perdas e danos.

Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato en-


Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instru-
tre vivos, a título particular, NÃO ALTERA a legitimidade das
mento público ou particular assinado pela parte, habilita o ad-
partes.
vogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber cita-
§ 1o O adquirente ou cessionário NÃO PODERÁ ingressar em ju-
ção, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, de-
ízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a
sistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber,
parte contrária.
dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipos-
§ 2o O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo
suficiência econômica, que devem constar de cláusula específica.
como ASSISTENTE LITISCONSORCIAL do alienante ou ceden-
§ 1o A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei.
te.
§ 2o A procuração deverá conter o nome do advogado, seu núme-
§ 3o Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as par-
ro de inscrição na OAB e endereço completo.
tes originárias ao adquirente ou cessionário.
§ 3o Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procura-
ção também deverá conter o nome dessa, seu número de registro
Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a
na OAB e endereço completo.
sucessão pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o
§ 4o Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do
disposto no art. 313, §§ 1o e 2o.
próprio instrumento, a procuração outorgada na fase de co-
nhecimento é eficaz para todas as fases do processo, inclusive
Art. 111. A parte que revogar o mandato outorgado a seu advo-
para o cumprimento de sentença.
gado constituirá, no mesmo ato, outro que assuma o patrocínio
da causa.
Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advoga-
Parágrafo único. Não sendo constituído novo procurador no pra-
do:
zo de 15 dias, observar-se-á o disposto no art. 76.
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu
número de inscrição na OAB e o nome da sociedade de advoga-
Art. 112. O advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer
dos da qual participa, para o recebimento de intimações;
tempo, provando, na forma prevista neste Código, que comuni-
II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.
cou a renúncia ao mandante, a fim de que este nomeie sucessor.
§ 1o Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz orde -
nará que se supra a omissão, no prazo de 5 dias, antes de deter- § 1o Durante os 10 dias seguintes, o advogado continuará a re-
minar a citação do réu, sob pena de indeferimento da petição. presentar o mandante, desde que necessário para lhe evitar
§ 2o Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão conside- prejuízo
radas válidas as intimações enviadas por carta registrada ou meio § 2o Dispensa-se a comunicação referida no caput quando a
eletrônico ao endereço constante dos autos. procuração tiver sido outorgada a vários advogados e a parte
continuar representada por outro, apesar da renúncia.
Art. 107. O advogado tem direito a:
I - examinar, em cartório de fórum e secretaria de tribunal, MES- TÍTULO II
MO SEM PROCURAÇÃO, autos de qualquer processo, indepen- DO LITISCONSÓRCIO

12
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo proces- primeira oportunidade em que falar no processo.
so, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: FPPC118. (art. 116[58]) O litisconsorte unitário ativo, uma vez
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações convocado, pode optar por ingressar no processo na condi-
relativamente à lide; ção de litisconsorte do autor ou de assistente do réu.
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de FPPC119. (arts. 116 e 259, III; art. 7 º da lei 7.347/198560-
pedir; 61) Em caso de relação jurídica plurilateral que envolva
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato diversos titulares do mesmo direito, o juiz deve convocar,
ou de direito. por edital, os litisconsortes unitários ativos incertos e
§ 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao indeterminados (art. 259, III), cabendo-lhe, na hipótese de di-
número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de ficuldade de formação do litisconsórcio, oficiar ao Ministé-
sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida rio Público, à Defensoria Pública ou a outro legitimado para
solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da que possa propor a ação coletiva.
sentença.
§ 2o O requerimento de limitação INTERROMPE o prazo para
Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações
manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da deci-
com a parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litis-
são que o solucionar.
consórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um
não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar.
FPPC10. (arts. 113, §§ 1º e 2º, art. 240, § 1º). Em caso de des -
membramento do litisconsórcio multitudinário, a interrupção Art. 118. Cada litisconsorte tem o direito de promover o anda-
da prescrição retroagirá à data de propositura da demanda mento do processo, e todos devem ser intimados dos respecti-
original. vos atos.
FPPC116. (arts. 113, §1º, e 139, VI) Quando a formação do litis-
consórcio multitudinário for prejudicial à defesa, o juiz po-
LITISCONSÓRCIO LITISCONSÓRCIO
derá substituir a sua limitação pela ampliação de prazos,
NECESSÁRIO UNITÁRIO
sem prejuízo da possibilidade de desmembramento na fase de
cumprimento de sentença. EFICÁCIA da sentença depen- O juiz tiver de DECIDIR o méri-
FPPC117. (arts. 113 e 312) Em caso de desmembramento do der da CITAÇÃO DE TODOS to DE MODO UNIFORME
litisconsórcio multitudinário ativo, os efeitos mencionados PARA TODOS
no art. 240 são considerados produzidos desde o protocolo
originário da petição inicial. TÍTULO III
FPPC386. (art. 113, §1º; art. 4º) A limitação do litisconsórcio fa- DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
cultativo multitudinário acarreta o desmembramento do pro- CAPÍTULO I
cesso. DA ASSISTÊNCIA
FPPC387. (art. 113, §1º; art. 4º) A limitação do litisconsórcio Seção I
multitudinário não é causa de extinção do processo. Disposições Comuns
Art. 119. Pendendo causa entre 2 ou mais pessoas, o terceiro JU-
Art. 114. O litisconsórcio será NECESSÁRIO por disposição de RIDICAMENTE INTERESSADO em que a sentença seja favorável
lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controverti- a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
da, a EFICÁCIA da sentença depender da CITAÇÃO DE TODOS Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer proce-
que devam ser litisconsortes. dimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assis-
tente o processo no estado em que se encontre.
Art. 115. A sentença de mérito, quando proferida sem a inte-
gração do contraditório, será: FPPC388. (arts. 119 e 138) O assistente simples pode requerer
I - NULA, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos a intervenção de amicus curiae.
que deveriam ter integrado o processo (litisconsórcio neces-
sário e unitário);
Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 dias, o pe-
II - INEFICAZ, nos outros casos, apenas para os que não foram
dido do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição
citados.
liminar.
Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o
Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente
juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos que
interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, SEM
devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena
SUSPENSÃO do processo.
de extinção do processo.
Seção II
Art. 116. O litisconsórcio será UNITÁRIO quando, pela natureza
Da Assistência Simples
da relação jurídica, o juiz tiver de DECIDIR o mérito DE MODO
Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte
UNIFORME PARA TODOS os litisconsortes.
principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mes-
mos ônus processuais que o assistido.
FPPC11. (arts. 116 e 124). O litisconsorte unitário, integrado ao Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omis-
processo a partir da fase instrutória, tem direito de especificar, so o assistido, o assistente será considerado seu substituto
pedir e produzir provas, sem prejuízo daquelas já produzidas, processual.
sobre as quais o interveniente tem o ônus de se manifestar na

13
Art. 122. A assistência simples NÃO OBSTA a que a parte princi- Art. 128. Feita a denunciação pelo réu:
pal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o
ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsór-
controvertidos. cio, denunciante e denunciado;
II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de
FPPC389. (art. 122) As hipóteses previstas no art. 122 são mera- prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-
mente exemplificativas se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva;
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na
ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defe-
Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que
sa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a proce-
interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior,
dência da ação de regresso.
discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e
autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença tam-
pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas susce-
bém contra o denunciado, nos limites da condenação deste na
tíveis de influir na sentença;
ação regressiva.
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das
quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.
Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz
passará ao julgamento da denunciação da lide.
Seção III
Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de de-
Da Assistência Litisconsorcial
nunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da
Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente
condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucum-
sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o
bência em favor do denunciado.
adversário do assistido.

CAPÍTULO II FPPC122. (art. 129) Vencido o denunciante na ação principal e


DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE não tendo havido resistência à denunciação da lide, não cabe
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qual- a condenação do denunciado nas verbas de sucumbência.
quer das partes:
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domí- CAPÍTULO III
nio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer DO CHAMAMENTO AO PROCESSO
os direitos que da evicção lhe resultam; Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a in- réu:
denizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
processo. II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns
§ 1o O direito regressivo será exercido por ação autônoma deles;
quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser pro- III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de
movida ou não for permitida. um ou de alguns o pagamento da dívida comum.
§ 2o Admite-se UMA ÚNICA DENUNCIAÇÃO SUCESSIVA, pro-
movida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na ca- Art. 131. A citação daqueles que devam figurar em litisconsór-
deia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não po- cio passivo será requerida pelo réu na contestação e deve ser
dendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, promovida no prazo de 30 dias, sob pena de ficar sem efeito o
hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por chamamento.
ação autônoma. Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, se-
ção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de
FPPC120. (art. 125, §1º, art. 1.072, II) A ausência de denunciação 2 meses.
da lide gera apenas a preclusão do direito de a parte pro-
movê-la, sendo possível ação autônoma de regresso. Art. 132. A sentença de procedência valerá como título executivo
FPPC121. (art. 125, II, art. 128, parágrafo único) O cumprimento em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-
da sentença diretamente contra o denunciado é admissível la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codeve-
em qualquer hipótese de denunciação da lide fundada no inciso dores, a sua quota, na proporção que lhes tocar.
II do art. 125.
CAPÍTULO IV
DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JU-
Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inici-
RÍDICA
al, se o denunciante for autor, ou na contestação, se o denuncian-
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídi-
te for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos
ca será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público,
no art. 131.
quando lhe couber intervir no processo.
§ 1o O pedido de desconsideração da personalidade jurídica ob-
Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá
servará os pressupostos previstos em lei.
assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar
§ 2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de DESCON-
novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à
SIDERAÇÃO INVERSA da personalidade jurídica.
citação do réu.

14
FPPC123. (art. 133) É desnecessária a intervenção do Ministé- INDIRETA dora que estão em nome da contro-
rio Público, como fiscal da ordem jurídica, no incidente de lada/coligada;
desconsideração da personalidade jurídica, salvo nos casos
DESCONSIDERAÇÃO Atinge bens do sócio oculto que
em que deva intervir obrigatoriamente, previstos no art. 178.
EXPANSIVA estão em nome de terceiro (“laran-
FPPC247. (art. 133) Aplica-se o incidente de desconsideração
ja”)
da personalidade jurídica no processo falimentar.
CJF 110: A instauração do incidente de desconsideração da per- DESPERSONALIZAÇÃO Dissolução da pessoa jurídica
sonalidade jurídica NÃO SUSPENDERÁ a tramitação do pro-
cesso de execução e do cumprimento de sentença em face CAPÍTULO V
dos executados originários. DO AMICUS CURIAE
CJF 111: O incidente de desconsideração da personalidade ju- Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a RELEVÂNCIA DA
rídica pode ser aplicado ao processo falimentar. MATÉRIA, a ESPECIFICIDADE DO TEMA OBJETO DA DEMAN-
DA ou a REPERCUSSÃO SOCIAL DA CONTROVÉRSIA, poderá,
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as por DECISÃO IRRECORRÍVEL, de ofício ou a requerimento das
fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sen- partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a
tença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade es-
§ 1o A instauração do incidente será imediatamente comunicada pecializada, com representatividade adequada, no prazo de 15
ao distribuidor para as anotações devidas. dias de sua intimação.
§ 2o Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsidera- § 1o A intervenção de que trata o caput NÃO IMPLICA alteração
ção da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hi- de competência nem autoriza a interposição de recursos, res-
pótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. salvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese
§ 3o A instauração do incidente SUSPENDERÁ o processo, salvo do § 3o.
se requerida na petição inicial. § 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admi-
§ 4o O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pres- tir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae.
supostos legais específicos para desconsideração da personalida- § 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o inci-
de jurídica. dente de resolução de demandas repetitivas (IRDR).

FPPC248. (art. 134, § 2º; art. 336) Quando a desconsideração da FPPC127. (art. 138) A representatividade adequada exigida do
personalidade jurídica for requerida na petição inicial, incumbe amicus curiae não pressupõe a concordância unânime da-
ao sócio ou a pessoa jurídica, na contestação, impugnar não queles a quem representa.
somente a própria desconsideração, mas também os demais FPPC128. (art. 138; art. 489, § 1º, IV) No processo em que há in-
pontos da causa tervenção do amicus curiae, a decisão deve enfrentar as ale-
gações por ele apresentadas, nos termos do inciso IV do § 1º
Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será do art. 489.
citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo FPPC249. (art. 138) A intervenção do amicus curiae é cabível no
de 15 dias. mandado de segurança.
FPPC391. (art. 138, §3º) O amicus curiae pode recorrer da de-
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será re- cisão que julgar recursos repetitivos.
solvido por decisão interlocutória. FPPC392. (arts. 138 e 190) As partes não podem estabelecer,
Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe em convenção processual, a vedação da participação do
agravo interno. amicus curiae”
FPPC393. (arts. 138, 926, §1º, e 927, §2º) É cabível a interven-
ção de amicus curiae no procedimento de edição, revisão e
FPPC390. (arts. 136, caput, 1.015, IV, 1.009, §3º) Resolvida a des-
cancelamento de enunciados de súmula pelos tribunais.
consideração da personalidade jurídica na sentença, caberá
FPPC394. (art. 138, § 1º, 489, §1º, IV, 1022, II, art. 10) As partes
apelação.
podem opor embargos de declaração para corrigir vício da
decisão relativo aos argumentos trazidos pelo amicus curi-
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a ae.
oneração de bens, havida em fraude de execução, será INEFICAZ FPPC395. (art. 138, caput) Os requisitos objetivos exigidos
em relação ao requerente. para a intervenção do amicus curiae são alternativos.
FPPC575. (art.138) Verificada a relevância da matéria, a reper-
JDPC11 Aplica-se o disposto nos arts. 133 a 137 do CPC às hi- cussão social da controvérsia ou a especificidade do tema obje-
póteses de desconsideração indireta e expansiva da perso- to da demanda, o juiz poderá promover a ampla divulgação do
nalidade jurídica. processo, inclusive por meio dos cadastros eletrônicos dos tri-
bunais e do Conselho Nacional de Justiça, para incentivar a par-
ticipação de mais sujeitos na qualidade de amicus curiae.
DESCONSIDERAÇÃO Atinge bens da empresa que estão
JDPC12 É cabível a intervenção de amicus curiae (art. 138 do
“COMUM” em nome dos sócios
CPC) no procedimento do Mandado de Injunção (Lei n.
DESCONSIDERAÇÃO Atinge bens dos sócios que estão 13.300/2016).
INVERSA em nome da empresa
DESCONSIDERAÇÃO Atinge bens da empresa controla- TÍTULO IV

15
DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA Sendo um ato informal, a parte não está sujeita à pena de con-
CAPÍTULO I fesso.
DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna
Código, incumbindo-lhe:
ou obscuridade do ordenamento jurídico.
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos pre-
II - velar pela duração razoável do processo;
vistos em lei.
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade
da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias;
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas par-
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, man-
tes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a
damentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o
cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham
por objeto prestação pecuniária (PODER GERAL DE EFETIVA-
Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e
ÇÃO);
réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conse-
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferenci-
guir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os ob-
almente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais;
jetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da liti-
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produ-
gância de má-fé.
ção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do con-
flito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário,
danos quando:
força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais;
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência
das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em
que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte.
que não incidirá a pena de confesso;
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente se-
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o sa-
rão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determi-
neamento de outros vícios processuais;
ne a providência e o requerimento não for apreciado no pra-
X - quando se deparar com diversas demandas individuais re-
zo de 10 dias.
petitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e,
na medida do possível, outros legitimados a que se referem o
CAPÍTULO II
art. 5° da Lei n 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei n o
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer
a propositura da ação coletiva respectiva.
suas funções no processo:
Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI so-
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como
mente pode ser determinada antes de encerrado o prazo re-
perito, funcionou como membro do Ministério Público ou
gular.
prestou depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo profe-
FPPC12. (arts. 139, IV, 523, 536 e 771) A aplicação das medidas rido decisão;
atípicas sub-rogatórias e coercitivas é cabível em qualquer III - quando nele estiver postulando, como defensor público,
obrigação no cumprimento de sentença ou execução de título advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou
executivo extrajudicial. Essas medidas, contudo, serão aplicadas companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim,
de forma subsidiária às medidas tipificadas, com observação em linha reta ou colateral, até o 3° grau, inclusive;
do contraditório, ainda que diferido, e por meio de decisão à luz IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou
do art. 489, § 1º, I e II. companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha
JDPC13 O art. 139, VI, do CPC autoriza o deslocamento para o reta ou colateral, até o 3° grau, inclusive;
futuro do termo inicial do prazo. V - quando for sócio ou membro de direção ou de administra-
FPPC129. (art. 139, VI, e parágrafo único) A autorização legal ção de pessoa jurídica parte no processo;
para ampliação de prazos pelo juiz não se presta a afastar pre- VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador
clusão temporal já consumada. de qualquer das partes;
FPPC251. (art. 139, VI) O inciso VI do art. 139 do CPC aplica-se VII - em que figure como parte instituição de ensino com a
ao processo de improbidade administrativa. qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de
FPPC396. (art. 139, IV; art. 8º) As medidas do inciso IV do art. prestação de serviços;
139 podem ser determinadas de ofício, observado o art. 8º. VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advoca-
cia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou
VULNERABILIDADE PROCESSUAL: é caracterizada pela susce- afim, em linha reta ou colateral, até o 3° grau, inclusive, mesmo
tibilidade do litigante, que o impede de praticar atos processu- que patrocinado por advogado de outro escritório;
ais em razão de uma limitação involuntária. IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
§ 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quan-
INTERROGATÓRIO INFORMAL: termo utilizado para distinguir do o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério
o ato do juiz que determina o comparecimento da parte para Público já integrava o processo antes do início da atividade ju-
prestar esclarecimento a respeito dos fatos da causa, em dicante do juiz.
qualquer fase do processo, do depoimento pessoal, meio de § 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracteri-
prova produzido em audiência a fim de obter uma confissão. zar impedimento do juiz.

16
§ 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no § 6o Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará
caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado.
que tenha em seus quadros advogado que individualmente os- § 7o O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados
tente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha dire- quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição.
tamente no processo.
Art. 147. Quando 2 ou mais juízes forem parentes, consanguí-
FPPC489. (art. 144; art. 145; arts. 13 e 14 da Lei 9.307/1996) Ob- neos ou afins, em linha reta ou colateral, até o 3° grau, inclusive,
servado o dever de revelação, as partes celebrantes de con- o primeiro que conhecer do processo impede que o outro
venção de arbitragem podem afastar, de comum acordo, de nele atue, caso em que o segundo se escusará, remetendo os au-
forma expressa e por escrito, hipótese de impedimento ou tos ao seu substituto legal.
suspeição do árbitro
Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspei-
ção:
Súmula 72-STF: No julgamento de questão constitucional, vin- I - ao membro do Ministério Público;
culada a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, não estão impe- II - aos auxiliares da justiça;
didos os ministros do Supremo Tribunal Federal que ali tenham III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
funcionado no mesmo processo, ou no processo originário. § 1o A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a sus-
peição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na
Art. 145. Há suspeição do juiz: primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos.
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus § 2o O juiz mandará processar o incidente em separado e SEM
advogados; SUSPENSÃO DO PROCESSO, ouvindo o arguido no prazo de 15
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na dias e facultando a produção de prova, quando necessária.
causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar al- § 3o Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1 o será discipli-
guma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar nada pelo regimento interno.
meios para atender às despesas do litígio; § 4o O disposto nos §§ 1 o e 2o não se aplica à arguição de impe-
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de dimento ou de suspeição de testemunha.
seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta
até o 3° grau, inclusive; CÓDIGO PENAL
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qual-
CAPÍTULO II
quer das partes.
DA COMINAÇÃO DAS PENAS
§ 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo,
Penas privativas de liberdade
sem necessidade de declarar suas razões.
Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus limites
§ 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
estabelecidos na sanção correspondente a cada tipo legal de cri-
I - houver sido provocada por quem a alega;
me.
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique mani-
festa aceitação do arguido.
Penas restritivas de direitos
Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, inde-
Art. 146. No prazo de 15 dias, a contar do conhecimento do
pendentemente de cominação na parte especial, em substituição
fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição
à pena privativa de liberdade, fixada em quantidade inferior a 1
específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o funda-
ano, ou nos crimes culposos.
mento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se
fundar a alegação e com rol de testemunhas.
Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos
§ 1o Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a
III, IV, V e VI do art. 43 (LFS, PSC, ITD) terão a mesma duração
petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu
da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o dis-
substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em
posto no § 4o do art. 46.
apartado da petição e, no prazo de 15 dias, apresentará suas ra-
zões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se
Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do
houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal.
art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no
§ 2o Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efei-
exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre
tos, sendo que, se o incidente for recebido:
que houver violação dos deveres que lhes são inerentes.
I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;
II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47
o julgamento do incidente.
deste Código (suspensão de autorização ou de habilitação
§ 3o Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o in-
para dirigir veículo), aplica-se aos crimes culposos de trânsito.
cidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a tu-
tela de urgência será requerida ao substituto legal.
Pena de multa
§ 4o Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição
Art. 58 - A multa, prevista em cada tipo legal de crime, tem
é improcedente, o tribunal rejeita-la-á.
os limites fixados no art. 49 e seus parágrafos deste Código.
§ 5o Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de ma-
Parágrafo único - A multa prevista no parágrafo único do art.
nifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remete-
44 e no § 2º do art. 60 deste Código aplica-se independente-
rá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da de-
mente de cominação na parte especial.
cisão.

17
CAPÍTULO III miaberto aos reincidentes condenados a pena ≤ a 4 anos se
DA APLICAÇÃO DA PENA favoráveis as circunstâncias judiciais.
Fixação da pena Súmula 440-STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é veda-
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos anteceden- do o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do
tes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas
às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao com- na gravidade abstrata do delito.
portamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais
suficiente para reprovação e prevenção [TEORIA MISTA, e ações penais em curso para agravar a pena-base
ECLÉTICA OU UNIFICADORA] do crime: Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a forma-
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; ção do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites pre- prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
vistos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de li-
berdade; JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, EDIÇÃO N. 26: APLICAÇÃO DA PENA -
por outra espécie de pena, se cabível. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
1) O aumento da pena-base em virtude das circunstâncias judi-
TEORIAS DAS PENAS ciais desfavoráveis (art. 59 CP) depende de fundamentação
concreta e específica que extrapole os elementos inerentes ao
TEORIA ABSOLUTA A imposição de pena é a retribuição ao
tipo penal.
OU RETRIBUTIVA autor de um crime pelo fato cometido.
2) Não há ilegalidade na análise conjunta das circunstâncias
Não visa qualquer efeito social
judiciais comuns aos corréus, desde que seja feita de forma
TEORIA RELATIVA A imposição de pena visa evitar futuros fundamentada e com base nas semelhanças existentes.
OU PREVENTIVA crimes. 3) A culpabilidade normativa, que engloba a consciência da
Meio de proteção social. ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa e que constitui
elementar do tipo penal, não se confunde com a circunstân-
TEORIA MISTA, A imposição da pena tem função
cia judicial da culpabilidade (art. 59 do CP), que diz respeito
ECLÉTICA OU retributiva e preventiva
à demonstração do grau de reprovabilidade ou censurabili-
UNIFICADORA Art. 59, CP.
dade da conduta praticada.
4) A premeditação do crime evidencia maior culpabilidade
TEORIAS DA PREVENÇÃO do agente criminoso, autorizando a majoração da pena-base.
5) O prazo de 5 anos do art. 64, I, do Código Penal, afasta os
GERAL POSITIVA Reforça ou conserva a crença das
efeitos da reincidência, mas não impede o reconhecimento
(dirige-se à penas na validade da norma
de maus antecedentes. STF: Após o prazo de 5 anos previsto
sociedade)
NEGATIVA Poder de intimidação da pena, que no art. 64, I, do CP, cessam não apenas os efeitos decorrentes
impediria a prática de crimes da reincidência, mas também quaisquer outras valorações nega-
tivas por condutas pretéritas praticadas pelo agente.
ESPECIAL POSITIVA Ressocialização
6) Os atos infracionais não podem ser considerados maus
(dirige-se ao
NEGATIVA Segregação, inocuização antecedentes para a elevação da pena-base, tampouco para
agente)
a reincidência.
7) Os atos infracionais podem ser valorados negativamente na
SÚMULAS SOBRE APLICAÇÃO DA PENA circunstância judicial referente à personalidade do agente.
8) Os atos infracionais não podem ser considerados como
STF
personalidade desajustada ou voltada para a criminalidade
Súmula 718-STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em para fins de exasperação da pena-base. OBS: A prática
abstrato do crime não constitui motivação idônea para a im- de atos infracionais anteriores serve para justificar a decre-
posição de regime mais severo do que o permitido segundo a tação ou manutenção da prisão preventiva como garantia da
pena aplicada. ordem pública, considerando que indicam que a personali-
Súmula 719-STF: A imposição do regime de cumprimento dade do agente é voltada à criminalidade, havendo fundado
mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação receio de reiteração (STJ, RHC 63.855-M)
idônea. 10) O registro decorrente da aceitação de transação penal pelo
acusado não serve para o incremento da pena-base acima do
STJ
mínimo legal em razão de maus antecedentes, tampouco para
Súmula 171-STJ: Cominadas cumulativamente, em lei especial, configurar a reincidência.
penas privativa de liberdade e pecuniária, é defeso a substitui- 12) Havendo diversas condenações anteriores com trânsito
ção da prisão por multa em julgado, não há bis in idem se uma for considerada
Súmula 231-STJ: A incidência da circunstância atenuante NÃO como maus antecedentes e a outra como reincidência.
PODE conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal 13) Para valoração da personalidade do agente é dispensável a
Súmula 241-STJ: A reincidência penal não pode ser conside- existência de laudo técnico confeccionado por especialistas nos
rada como circunstância agravante e, simultaneamente, ramos da psiquiatria ou da psicologia.
como circunstância judicial. 14) O expressivo prejuízo causado à vítima justifica o aumento
Súmula 269-STJ: É admissível a adoção do regime prisional se- da pena-base, em razão das consequências do crime.

18
15) O comportamento da vítima em contribuir ou não para a no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime ante-
prática do delito não acarreta o aumento da pena-base, pois rior.
a circunstância judicial é neutra e não pode ser utilizada em
prejuízo do réu. Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - NÃO PREVALECE a condenação anterior, se entre a
DATA DO CUMPRIMENTO ou EXTINÇÃO da pena e a infração
Critérios especiais da pena de multa
posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 anos,
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender,
computado o período de prova da suspensão ou do livramen-
principalmente, à situação econômica do réu.
to condicional, se não ocorrer revogação;
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz
II - não se consideram os crimes militares próprios e po-
considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é inefi-
líticos.
caz, embora aplicada no máximo.
Multa substitutiva
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a REINCIDÊNCIA
6 meses, pode ser substituída pela de multa, observados os cri- FICTA/PRESUMIDA REAL
térios dos incisos II e III do art. 44 deste Código (não reincidente
em crime doloso e circunstâncias judiciais favoráveis). Para ser considerado reincidente Verifica-se a reincidência
basta a prática de novo crime, quando o agente comete
Circunstâncias agravantes depois de sentença penal con- novo crime depois de ter
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, denatória com trânsito em jul- cumprido pena pelo delito
quando não constituem ou qualificam o crime: gado, mesmo não tendo o réu anterior.
I - a reincidência; cumprido a pena do crime ante-
II - ter o agente cometido o crime: rior. Adotado pelo CP.
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a REINCIDÊNCIA
impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou CRIME CONTRAVENÇÃO
outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do “Art. 63 C.P. - Verifica-se a rein- “Art. 7º LCP. - Verifica-se a
ofendido; cidência quando o agente co- reincidência quando o agente
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou mete novo crime, depois de pratica uma contravenção de-
outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo transitar em julgado a sentença pois de passar em julgado a
comum; que, no País ou no estrangeiro, sentença que o tenha conde-
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge - o tenha condenado por crime nado, no Brasil ou no estran-
CADI; anterior.” geiro, por qualquer crime, ou,
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de rela- no Brasil, por motivo de con-
ções domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com travenção.”
violência contra a mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a Crime-crime Crime-contravenção
cargo, ofício, ministério ou profissão; Contravenção-contravenção
h) contra criança, MAIOR de 60 anos, enfermo ou mulher
grávida; SENTENÇA PENAL NOVA INFRAÇÃO CONSEQUÊNCIA
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da CONDENATÓRIA PENAL
autoridade; DEFINITIVA
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qual-
quer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; Crime (Brasil ou Crime Reincidente (art.
l) em estado de embriaguez preordenada (aplica-se a teo- estrangeiro) 63, CP)
ria da actio libera in causa) Crime (Brasil ou Contravenção Reincidente (art. 7,
estrangeiro) LCP)
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente Contravenção Penal Contravenção Reincidente (art. 7,
que: (Brasil) LCP)
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige Contravenção Penal Crime Maus anteceden-
a atividade dos demais agentes; (Brasil) tes
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito Contravenção Penal Contravenção Penal Maus anteceden-
à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qua- (estrangeiro) (Brasil) tes
lidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou Circunstâncias atenuantes
promessa de recompensa. Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21, na data do fato, ou maior de
Reincidência 70 anos, na data da sentença;
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete II - o desconhecimento da lei;
novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, III - ter o agente:

19
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social do CP na chamada confissão qualificada, hipótese em que o
ou moral; autor confessa a autoria do crime, embora alegando causa
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, excludente de ilicitude ou culpabilidade.
logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, 5) A condenação transitada em julgado pelo CRIME DE PORTE
ou ter, ANTES DO JULGAMENTO, reparado o dano; DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE PARA USO PRÓPRIO NÃO
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em gera reincidência – STF: A CONDENAÇÃO PRÉVIA POR POR-
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a in- TE DE DROGAS PARA CONSUMO PRÓPRIO NÃO GERA REIN-
fluência de violenta emoção, provocada por ato injusto da CIDÊNCIA
vítima; 7) Diante do reconhecimento de mais de uma qualificadora,
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a somente uma enseja o tipo qualificado, enquanto as outras
autoria do crime; devem ser consideradas circunstâncias agravantes, na hipóte-
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tu- se de previsão legal, ou, de forma residual, como circunstância
multo, se não o provocou. judicial do art. 59 do Código Penal.
8) A agravante da reincidência pode ser comprovada com a fo-
com agravante da promessa de re- lha de antecedentes criminais, não sendo obrigatória a apre-
compensa. sentação de certidão cartorária.
Possível compensação 9) É possível, na segunda fase do cálculo da pena, a compensa-
com agravante da reincidência.
da CONFISSÃO ção da agravante da reincidência com a atenuante da confissão
com agravante da violência contra espontânea. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC)
mulher. 10) Nos casos em que há múltipla reincidência, é inviável a com-
pensação integral entre a reincidência e a confissão – Tribunais
Superiores vem mitigando e aplicando de acordo com o caso
CONFISSÃO
concreto
Admite a prática do crime
SIMPLES Cálculo da pena
Total: confessa a prática de todo o crime
Art. 68 - SISTEMA TRIFÁSICO - A pena-base será fixada
Parcial: confessa a prática de parte do crime atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida se-
QUALIFICADA Confessa a prática do crime, mas levanta a seu rão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por
favor uma excludente de culpabilidade ou ili- último, as causas de diminuição e de aumento.
citude Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de
diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a
Ex: réu é acusado de roubo; ele confessa a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, toda-
subtração do bem, negando, porém, o empre- via, a causa que mais aumente ou diminua.
DE CRIME go de violência ou grave ameaça contra a víti-
DIVERSO ma. Dessa forma, confessou a prática de crime
1a Fase: circunstâncias judiciais
diverso, qual seja, furto. Assim, não deverá in-
SISTEMA
cidir a atenuante da confissão espontânea, 2a Fase: atenuantes e agravantes
TRIFÁSICO
considerando que o réu não reconheceu a au-
3a Fase: causas de diminuição e de aumento
toria do fato típico imputado.

Agravantes e atenuantes Causas de aumento e de


Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de cir- diminuição
cunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora São consideradas na 2a fase do São consideradas na 3a fase do
não prevista expressamente em lei (Atenuante inominada) cálculo da pena. cálculo da pena.
Coculpabilidade pode ser atenuante inominada.
Localizadas, em regra, na Parte Localizadas na Parte Geral e na
Geral do CP. Legislação extra- Parte Especial do CP, bem
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes vagante também pode prevê. como na legislação extravagan-
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena te.
deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias pre-
ponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos MO- Não há previsão legal do Existe previsão legal do quan-
TIVOS determinantes do crime, da PERSONALIDADE do agente quantum de aumento ou dimi- tum.
e da REINCIDÊNCIA. nuição (fica a critério do juiz).

Agravante e atenuante devem As causas de aumento e de di-


JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ respeitar os limites mínimo e minuição de pena podem ex-
máximo previsto em lei. trapolar os limites previstos no
EDIÇÃO N. 29: APLICAÇÃO DA PENA
preceito secundário.
AGRAVANTES E ATENUANTES
2) Em observância ao critério trifásico da dosimetria da pena es-
tabelecido no art. 68 do Código Penal - CP, não é possível a CONCURSO ENTRE CAUSA DE AUMENTO E DE DIMINUIÇÃO
compensação entre institutos de fases distintas.
4) Incide a atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea d, Duas causa de aumento Aplicadas isoladamente
genéricas (Princípio da incidência

20
isolada) JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ

Duas causa de diminuição Aplicadas cumulativamente EDIÇÃO N. 23: CONCURSO FORMAL


genéricas (Princípio da incidência 1) O roubo praticado contra vítimas diferentes em um único
cumulativa) contexto configura o concurso formal (PRÓPRIO) e não cri-
me único, ante a pluralidade de bens jurídicos ofendidos. Se-
Causas de aumento e causa Aplicadas cumulativamente:
gundo decidiu o STJ em caso de roubo praticado no interior de
de diminuição 1° aumenta
ônibus o fato de a conduta ter ocasionado violação de patrimô-
(ambas genéricas) 2° diminui
nios distintos (o da empresa de transporte coletivo e o do co-
Duas causas de aumento Juiz limita-se a um só aumen- brador não descaracteriza a ocorrência de crime único se todos
específicas to, prevalecendo a que mais os bens subtraídos estavam na posse do cobrador.
aumenta 2) A distinção entre o concurso formal próprio e o impróprio
relaciona-se com o elemento subjetivo do agente, ou seja, a
Duas causas de diminuição Juiz limita-se a uma só dimi-
existência ou não de desígnios autônomos.
específicas nuição, prevalecendo a que
3) É possível o concurso formal entre o crime do art. 2º da Lei n.
mais diminua
8.176/91 (que tutela o patrimônio da União, proibindo a usurpa-
Causas de aumento e causa Aplicadas cumulativamente: ção de suas matérias-primas), e o crime do art. 55 da Lei n.
de 1° aumenta 9.605/98 (que protege o meio ambiente, proibindo a extração
diminuição 2° diminui de recursos minerais), não havendo conflito aparente de normas
(ambas específicas) já que protegem bens jurídicos distintos.
4) 4.1) Não há crime único, podendo haver concurso formal,
Causa de aumento genérica e Aplica, isoladamente, os dois
quando, no mesmo contexto fático, o agente incide nas condu-
específica aumentos
tas dos arts. 14 (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido)
Causa de diminuição genérica Aplica, cumulativamente, as e 16 (posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito) da
e específica duas diminuições Lei n. 10.826/2003.
5) 4.2) Não há crime único, podendo haver concurso material,
Concurso material quando, no mesmo contexto fático, o agente incide nas condu-
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou tas dos arts. 14 (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido)
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, apli- e 16 (posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito) da
cam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em Lei n. 10.826/2003.
que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de 6) O aumento decorrente do concurso formal deve se dar de
reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. SISTEMA DO acordo com o número de infrações.
CÚMULO MATERIAL 7) A apreensão de mais de uma arma de fogo, acessório ou mu-
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido nição, em um mesmo contexto fático, não caracteriza concurso
aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos formal ou material de crimes, mas delito único.
crimes, para os demais será incabível a substituição de que 9) No concurso de crimes, o cálculo da prescrição da preten-
trata o art. 44 deste Código. são punitiva é feito considerando cada crime isoladamente,
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o NÃO SE COMPUTANDO O ACRÉSCIMO decorrente do con-
condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatí- curso formal, material ou da continuidade delitiva.
veis entre si e sucessivamente as demais. 10) No caso de concurso de crimes, a pena considerada para
fins de competência e transação penal será o resultado da
Concurso formal soma ou da exasperação das penas máximas cominadas ao
Art. 70 - CONCURSO FORMAL PRÓPRIO - Quando o agen- delito.
te, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais cri-
mes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas ca- Crime continuado – TEORIA DA FICÇÃO JURÍDICA
bíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em Art. 71 - CRIME CONTINUADO GENÉRICO - Quando o
qualquer caso, de um 1/6 até 1/2. SISTEMA DA EXASPERA- agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois
ÇÃO. ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tem-
CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO - As penas aplicam- po, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem
se, entretanto, cumulativamente, se a AÇÃO OU OMISSÃO É os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro,
DOLOSA e os CRIMES CONCORRENTES RESULTAM DE DESÍG- aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
NIOS AUTÔNOMOS, consoante o disposto no artigo anterior. mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um
SISTEMA DO CÚMULO MATERIAL. 1/6 a 2/3. SISTEMA DA EXASPERAÇÃO.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria ca- Parágrafo único – CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO - Nos
bível pela regra do art. 69 deste Código. CRIMES DOLOSOS, contra VÍTIMAS DIFERENTES, COMETIDOS
COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À PESSOA, poderá o juiz,
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
CONCURSO MATERIAL BENÉFICO: ocorre quando o aumento
a personalidade do agente, bem como os motivos e as circuns -
da pena resultante da fração do concurso formal é maior do que
tâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou
a soma das penas no concurso material, neste caso, apesar dos
a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do
crimes serem cometidos em uma única ação as penas serão so-
parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
madas.

21
Súmula 711-STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime con- vida.
tinuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à 8) Na continuidade delitiva prevista no caput do art. 71 do CP, o
cessação da continuidade ou da permanência. aumento se faz em razão do número de infrações praticadas e
de acordo com a seguinte correlação: 1/6 para duas infrações;
1/5 para três; 1/4 para quatro; 1/3 para cinco; 1/2 para seis; 2/3
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
para sete ou mais ilícitos.
EDIÇÃO N. 17: CRIME CONTINUADO - I 9) Na continuidade delitiva específica, prevista no parágrafo úni-
1) Para a caracterização da continuidade delitiva é impres- co do art. 71 do CP, o aumento fundamenta-se no número de
cindível o preenchimento de requisitos de ordem objetiva - infrações cometidas e nas circunstâncias judiciais do art. 59
mesmas condições de tempo, lugar e forma de execução - e do CP.
de ordem subjetiva - unidade de desígnios ou vínculo subje- 10) Caracterizado o concurso formal e a continuidade delitiva
tivo entre os eventos (TEORIA MISTA OU OBJETIVO-SUBJE- entre infrações penais, aplica-se somente o aumento relativo
TIVA). à continuidade, sob pena de bis in idem.
2) A continuidade delitiva, em regra, não pode ser reconhe- 12) No crime continuado, a pena de multa deve ser aplicada
cida quando se tratarem de delitos praticados em período mediante o critério da exasperação, tendo em vista a inaplica-
superior a 30 dias. bilidade do art. 72 do CP.
3) A continuidade delitiva pode ser reconhecida quando se 13) O reconhecimento dos pressupostos do crime continuado,
tratarem de delitos ocorridos em comarcas limítrofes ou notadamente as condições de tempo, lugar e maneira de execu-
próximas. ção, demanda dilação probatória, incabível na via estreita do ha-
4) A continuidade delitiva não pode ser reconhecida quando beas corpus.
se tratarem de delitos cometidos com modos de execução
diversos. Multas no concurso de crimes
5) Não há crime continuado quando configurada habitualida- Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são apli-
de delitiva ou reiteração criminosa. cadas distinta e integralmente. SISTEMA DO CÚMULO MATE-
8) O estupro e atentado violento ao pudor cometidos contra RIAL.
a mesma vítima e no mesmo contexto devem ser tratados
STJ: "Na hipótese da aplicação da pena de multa no crime conti-
como crime único, após a nova disciplina trazida pela Lei n.
nuado, não é aplicável a regra do artigo 72, do Código Penal”
12.015/09.
9) É possível reconhecer a continuidade delitiva entre estupro e
atentado violento ao pudor quando praticados contra vítimas Erro na execução (ABERRATIO ICTUS) - Atinge mesmo
diversas ou fora do mesmo contexto, desde que presentes os bem jurídico
requisitos do artigo 71 do Código Penal. Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de
10) A Lei n. 12.015/09, ao incluir no mesmo tipo penal os delitos execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia
de estupro e atentado violento ao pudor, possibilitou a caracte- ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse pra-
rização de crime único ou de crime continuado entre as condu- ticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º
tas, devendo retroagir para alcançar os fatos praticados antes da do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pes-
sua vigência, por se tratar de norma penal mais benéfica. soa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70
11) No concurso de crimes, a pena considerada para fins de deste Código (concurso formal)
fixação da competência do Juizado Especial Criminal será o
resultado da soma, no caso de concurso material, ou da Resultado diverso do pretendido (ABERRATIO CRIMINIS)-
exasperação, na hipótese de concurso formal ou crime con- Atinge bem jurídico diverso
tinuado, das penas máximas cominadas aos delitos. Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por aci-
dente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado di-
EDIÇÃO N. 20: CRIME CONTINUADO - II verso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é
1) Para a caracterização da continuidade delitiva, são consi- previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado
derados crimes da mesma espécie aqueles previstos no mes- pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código (concurso
mo tipo penal. formal)
2) É possível o reconhecimento de crime continuado entre os
delitos de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do Limite das penas
CP) e de sonegação de contribuição previdenciária (art.337- Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de
A do CP). liberdade não pode ser superior a 30 anos.
3) Presentes as condições do art. 71 do Código Penal, deve ser § 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de
reconhecida a continuidade delitiva no crime de peculato-des- liberdade cuja soma seja superior a 30 anos, devem elas ser unifi-
vio. cadas para atender ao limite máximo deste artigo.
4) Não é possível reconhecer a continuidade delitiva entre os § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do
crimes de roubo (art. 157 do CP) e de latrocínio (art. 157, § cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se,
3º, segunda parte, do CP) porque apesar de serem do mes- para esse fim, o período de pena já cumprido.
mo gênero não são da mesma espécie.
5) Não é possível reconhecer a continuidade delitiva entre os Concurso de infrações
crimes de roubo (art. 157 do CP) e de extorsão (art. 158 do Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeira-
CP), pois são infrações penais de espécies diferentes. mente a pena mais grave.
6) Admite-se a continuidade delitiva nos crimes contra a

22
CÓDIGO PROCESSO PENAL RETROSPECTIVIDADE Narrará fatos com o qual já teve
contato
CAPÍTULO IV
DA CONFISSÃO NÚMERO DE TESTEMUNHAS
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios ado-
tados para os outros elementos de prova, e para a sua aprecia- PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO
ção o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do pro- 8
1a FASE DO JÚRI
cesso, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou
concordância. PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO
2a FASE DO JÚRI
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, 5
mas poderá constituir elemento para a formação do convenci- LEI DE DROGAS
mento do juiz (parte final não recepcionada pela CF/88) PROCEDIMENTO COMUM SUMARÍSSIMO 3

Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório,


será tomada por termo nos autos, observado o disposto no art. CLASSIFICAÇÃO
195. NUMERÁRIAS Arroladas pelas partes e
compromissadas
Art. 200. A confissão será DIVISÍVEL e RETRATÁVEL, sem
prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame das EXTRANUMERÁRIAS Ouvidas por iniciativa do juiz; em regra,
provas em conjunto. compromissadas (art. 209)
INFORMANTES Não prestam o compromisso.
CAPÍTULO V
DO OFENDIDO PRÓPRIAS Ouvida especificamente sobre os fatos
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualifica- delituosos
do e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja IMPRÓPRIA, Presta depoimento sobre um ato da
ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, to- INSTRUMENTÁRIA persecução criminal.
mando-se por termo as suas declarações. OU FEDATÁRIA
§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem
motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da LAUDADORES Prestam declarações sobre os
autoridade antecedentes do infrator
§ 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relati- TESTEMUNHAS DE Agentes infiltrados
vos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação COROA
de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que
a mantenham ou modifiquem. INÓCUA Pessoa que nada sabe para elucidar a
§ 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no en- causa. Não será computada com
dereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, testemunha (art. 209, § 2º).
o uso de meio eletrônico.
§ 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização, Art. 202. TODA PESSOA poderá ser testemunha.
será reservado espaço separado para o ofendido.
§ 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a pro-
ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas messa de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado,
áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residên-
do ofensor ou do Estado. cia, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e
§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com
da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, poden- qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as ra-
do, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos da- zões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-
dos, depoimentos e outras informações constantes dos autos a se de sua credibilidade.
seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação.
Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sen-
CAPÍTULO VI do permitido à testemunha trazê-lo por escrito.
DAS TESTEMUNHAS Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretan-
CARACTERÍSTICAS DA PROVA TESTEMUNHAL to, breve consulta a apontamentos.

JUDICIALIDADE Testemunha é a pessoa que presta Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemu-
depoimento perante o magistrado nha, o juiz procederá à verificação pelos meios ao seu alcance,
ORALIDADE Admite consulta a apontamentos podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo.

OBJETIVIDADE Evitar emissão de opinião pessoal Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obriga-
INDIVIDUALIDADE Cada testemunha será ouvida de forma ção de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascen-
individual dente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusa-

23
do, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido a ter-
ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. mo, assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha
não souber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o
Art. 207. São PROIBIDAS de depor as pessoas que, em ra- faça por ela, depois de lido na presença de ambos.
zão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar se-
gredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá
dar o seu testemunho. causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemu-
nha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do de-
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. poimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente
203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do
anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defen-
sor.
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir ou- Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previs-
tras testemunhas, além das indicadas pelas partes. tas no caput deste artigo deverá constar do termo, assim como os
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pesso- motivos que a determinaram.
as a que as testemunhas se referirem [TESTEMUNHAS REFERI-
DAS] Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de
§ 2o Não será computada como testemunha a pessoa que comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à
nada souber que interesse à decisão da causa. autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja
conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per da força pública.
si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos
das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa
falso testemunho. prevista no art. 453, sem prejuízo do processo penal por crime de
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua desobediência, e condená-la ao pagamento das custas da diligên-
realização, serão reservados espaços separados para a garantia da cia.
incomunicabilidade das testemunhas.
Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou
Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer por velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde
que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a estiverem.
verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial
para a instauração de inquérito. Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os gover-
plenário de julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na nadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os pre-
audiência (art. 538, § 2), o tribunal (art. 561), ou o conselho de feitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às As-
sentença, após a votação dos quesitos, poderão fazer apresen- sembleias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário,
tar imediatamente a testemunha à autoridade policial. os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes di- inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre
retamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que pu- eles e o juiz.
derem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou im- § 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os
portarem na repetição de outra já respondida [SISTEMA DO presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do
CROSS EXAMINATION] Supremo Tribunal Federal poderão optar pela PRESTAÇÃO DE
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz DEPOIMENTO POR ESCRITO, caso em que as perguntas, formu-
poderá complementar a inquirição. ladas pelas partes e deferidas pelo juiz, lhes serão transmitidas
por ofício.
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste § 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade su-
suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narra- perior.
tiva do fato. § 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art.
218, devendo, porém, a expedição do mandado ser imediatamen-
Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão te comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com indi-
contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias ou defeitos, cação do dia e da hora marcados
que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz
fará consignar a contradita ou arguição e a resposta da testemu- Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz
nha, mas só excluirá a testemunha ou não lhe deferirá com- será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se,
promisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208. para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as
partes.
Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, § 1o A expedição da precatória NÃO SUSPENDERÁ a ins-
tanto quanto possível, às expressões usadas pelas testemunhas, trução criminal.
reproduzindo fielmente as suas frases. § 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamen-
to, mas, a todo tempo, a precatória, uma vez devolvida, será
junta aos autos.

24
§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com
testemunha poderá ser realizada por meio de videoconferên- as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável.
cia ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e ima-
gens em tempo real, permitida a presença do defensor e poden- Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o
do ser realizada, inclusive, durante a realização da audiência de reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova
instrução e julgamento. em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas.

SÚMULAS SOBRE PRECATÓRIA CAPÍTULO VIII


DA ACAREAÇÃO
STF Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre
Súmula 155-STF: É relativa a nulidade do processo criminal acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou tes-
por falta de intimação da expedição de precatória para inqui- temunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sem-
rição de testemunha. pre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou cir-
cunstâncias relevantes.
STJ Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para
Súmula 273-STJ: Intimada a defesa da expedição da carta pre- que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo
catória, torna-se desnecessária intimação da data da audiên- o ato de acareação.
cia no juízo deprecado
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações
divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se darão a co-
Art. 222-A. As cartas rogatórias SÓ serão expedidas se
nhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que
demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando
explicar ou observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á pre-
a parte requerente com os custos de envio.
catória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente,
Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto
transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha pre-
nos §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código.
sente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto do refe-
rido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a tes-
Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua naci-
temunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a teste-
onal, será nomeado intérprete para traduzir as perguntas e res-
munha presente. Esta diligência só se realizará quando não im-
postas.
porte demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda con-
Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-
veniente.
mudo, proceder-se-á na conformidade do art. 192.

CAPÍTULO IX
Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de 1
DOS DOCUMENTOS
ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se, pela simples
Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão
omissão, às penas do não-comparecimento.
apresentar documentos em qualquer fase do processo.
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou,
Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos,
por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo
instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.
da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a
Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente
requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamen-
autenticada, se dará o mesmo valor do original.
te o depoimento.

Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por


CAPÍTULO VII
meios criminosos, não serão admitidas em juízo.
DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reco-
pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda
nhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:
que não haja consentimento do signatário.
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convi-
dada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento
II - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colo-
relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, providencia-
cada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qual-
rá, independentemente de requerimento de qualquer das partes,
quer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconheci-
para sua juntada aos autos, se possível.
mento a apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para
Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serão
o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência,
submetidas a exame pericial, quando contestada a sua autentici-
não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida,
dade.
a autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenori-
Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuí-
zado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proce-
zo de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por
der ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.
tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela
Parágrafo único. O disposto no n° III deste artigo não terá
autoridade.
aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário de julga-
mento.

25
Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando conferi- péis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for
das com o original, em presença da autoridade. determinada no curso de busca domiciliar.

Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo findo, Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia,
quando não exista motivo relevante que justifique a sua conser- salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de
vação nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado
Ministério Público, ser entregues à parte que os produziu, ficando ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a
traslado nos autos. abrir a porta.
§ 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará previa-
CAPÍTULO X mente sua qualidade e o objeto da diligência.
DOS INDÍCIOS § 2o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e forçada a entrada.
provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indu- § 3o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de
ção, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. força contra coisas existentes no interior da casa, para o descobri-
mento do que se procura.
CAPÍTULO XI § 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausen-
DA BUSCA E DA APREENSÃO tes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas ra- § 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar,
zões a autorizarem, para: o morador será intimado a mostrá-la.
a) prender criminosos; § 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será ime-
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios crimino- diatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de
sos; seus agentes.
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação § 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto circuns-
e objetos falsificados ou contrafeitos; tanciado, assinando-o com 2 testemunhas presenciais, sem pre-
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na juízo do disposto no § 4o.
prática de crime ou destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à de- Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior,
fesa do réu; quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em comparti-
ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento mento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou
do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; atividade.
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção. Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procura-
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada da, os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver so-
suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos frido a busca, se o requerer.
mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não moleste os moradores mais do que o indispensável para o
não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser prece- êxito da diligência.
dida da expedição de mandado.
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a não importar retardamento ou prejuízo da diligência.
requerimento de qualquer das partes.
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no
Art. 243. O mandado de busca deverá: território de jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando,
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coi-
realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou mo- sa, devendo apresentar-se à competente autoridade local, an-
rador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá tes da diligência ou após, conforme a urgência desta.
de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem; § 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão
II - mencionar o motivo e os fins da diligência; em seguimento da pessoa ou coisa, quando:
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte,
que o fizer expedir. a seguirem sem interrupção, embora depois a percam de vista;
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por infor-
do mandado de busca. mações fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que está sendo
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento em po- removida ou transportada em determinada direção, forem ao seu
der do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento encalço.
do corpo de delito. § 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para
duvidar da legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências,
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados
caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a que apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade,
pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou pa- mas de modo que não se frustre a diligência.

26
DIA 5 responsabilidade técnica por uma farmácia e uma drogaria ou
por duas drogarias.
Súmula 561-STJ: Os conselhos regionais de Farmácia possuem
atribuição para fiscalizar e autuar as farmácias e drogarias
Constituição Federal: art. 37-43
quanto ao cumprimento da exigência de manter profissional
Código Civil: art. 189-232
legalmente habilitado (farmacêutico) durante todo o período de
Código Processo Civil: art. 150-187
funcionamento dos respectivos estabelecimentos.
Código Penal: art. 77-99
Código Processo Penal: art. 251-310
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
CAPÍTULO VII pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo-
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ralidade, publicidade e eficiência (LIMPE) e, também, ao seguinte:
SÚMULAS SOBRE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei,
STF assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
Súmula vinculante 13-STF: A nomeação de cônjuge, compa- II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
nheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas
o 3° grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pú- exoneração;
blica direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos III - o prazo de validade do concurso público será de até 2
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o anos, prorrogável uma vez, por igual período;
ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convoca-
Federal. ção, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro-
Súmula 6-STF: A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concur-
de aposentadoria, ou qualquer outro ato aprovado pelo Tribunal sados para assumir cargo ou emprego, na carreira;
de Contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por ser-
tribunal, ressalvada a competência revisora do judiciário. vidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão,
Súmula 8-STF: Diretor de sociedade de economia mista pode a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, con-
ser destituído no curso do mandato dições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se ape-
Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nuli- nas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;
dade dos seus próprios atos. VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associa-
Súmula 473-STF: A administração pode anular seus próprios ção sindical;
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de definidos em lei específica;
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adqui- VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
ridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios
de sua admissão;
STJ IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo deter-
Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui persona- minado para atender a necessidade temporária de excepcio-
lidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente po- nal interesse público;
dendo demandar em juízo para defender os seus direitos insti- X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
tucionais trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados
Súmula 615-STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscri- por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso,
ção do município em cadastros restritivos fundada em irre- assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem dis-
gularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, tinção de índices;
são tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos XI - TETO REMUNERATÓRIO - a remuneração e o subsídio dos
eventualmente cometidos . ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da adminis-
tração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
SÚMULAS SOBRE CONSELHOS PROFISSIONAIS nicípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
Súmula 79-STJ: Os bancos comerciais não estão sujeitos a políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
registro nos Conselhos Regionais de Economia percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pes-
Súmula 120-STJ: O oficial de farmácia, inscrito no conselho soais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o
regional de farmácia, pode ser responsável técnico por drogaria. subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do STF, aplicando-
Súmula 275-STJ: O auxiliar de farmácia não pode ser se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos
responsável técnico por farmácia ou drogaria. Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governa-
Súmula 413-STJ: O farmacêutico pode acumular a dor no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados
Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsí-

1
dio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará
90,25% do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do STF, a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos mem- termos da lei.
bros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defenso- § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
res Públicos; administração pública direta e indireta, regulando especialmen-
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder te:
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Exe- I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em
cutivo; geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal dos serviços;
do serviço público; II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informa-
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público ções sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e
não serão computados nem acumulados para fins de concessão XXXIII;
de acréscimos ulteriores; III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em- abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos inci- § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
sos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a in-
§ 2º, I; disponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
XVI - É VEDADA A ACUMULAÇÃO remunerada de cargos pú- e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
blicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos prati-
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: cados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuí-
a) a de 2 cargos de professor; zos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimen-
b) a de 1 cargo de professor com outro técnico ou científico; to.
c) a de 2 cargos ou empregos privativos de profissionais de saú-
de, com profissões regulamentadas; Ação de reparação de danos à Fazenda é PRESCRITÍVEL
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções Pública decorrentes de ilícito civil (STF RE 669069/MG).
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades
de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, é PRESCRITÍVEL
Ação de ressarcimento decorrente de
direta ou indiretamente, pelo poder público; (devem ser propostas
ato de improbidade administrativa
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, no prazo do art. 23 da
praticado com CULPA
dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência LIA).
sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
Ação de ressarcimento decorrente de é IMPRESCRITÍVEL
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
ato de improbidade administrativa (§ 5º do art. 37 da
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
praticado com DOLO CF/88).
economia mista e de fundação, cabendo à LC, neste último caso,
definir as áreas de sua atuação; *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria-
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anteri- § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
or, assim como a participação de qualquer delas em empresa prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
privada; seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- culpa (RESPONSABILIDADE OBJETIVA).
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obriga- de cargo ou emprego da administração direta e indireta que pos-
ções de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, sibilite o acesso a informações privilegiadas.
nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qua- § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos ór-
lificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cum- gãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
primento das obrigações. ampliada mediante contrato (CONTRATO DE GESTÃO), a ser
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Dis - firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha
trito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específi- entidade, cabendo à lei dispor sobre:
cas, terão recursos prioritários para a realização de suas ativida- I - o prazo de duração do contrato;
des e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilha- II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos,
mento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
convênio. III - a remuneração do pessoal.
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campa- § 9º O disposto no inciso XI (teto remuneratório) aplica-se às
nhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informa- empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas
tivo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de au- Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas
toridades ou servidores públicos. de pessoal ou de custeio em geral.
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposenta-
doria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remune -

2
ração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os car- cio do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição
gos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eleti- para o concurso público
vos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomea- Súmula 377-STJ: O portador de visão monocular tem direito
ção e exoneração. de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunerató- deficientes.
rios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de Súmula 466-STJ: O titular da conta vinculada ao FGTS tem o di-
caráter indenizatório previstas em lei. reito de sacar o saldo respectivo quando declarado nulo seu
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, contrato de trabalho por ausência de prévia aprovação em
fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu concurso público.
âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Or- Súmula 552-STJ: O portador de surdez unilateral não se qua-
gânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembarga- lifica como pessoa com deficiência para o fim de disputar as
dores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% do vagas reservadas em concursos públicos.
subsídio mensal dos Ministros do STF, não se aplicando o dis-
posto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e
Distritais e dos Vereadores. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
EDIÇÃO N. 09: CONCURSOS PÚBLICOS - I
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e 2) O Poder Judiciário não analisa critérios de formulação e
fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se- correção de provas em concursos públicos, salvo nos casos
guintes disposições: de ilegalidade ou inobservância das regras do edital.
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distri- 3) A limitação de idade, sexo e altura para o ingresso na
tal, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; carreira militar é válida desde que haja previsão em lei
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, específica e no edital do concurso público.
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remu- 4) Somente a lei pode estabelecer limites de idade nos
neração; concursos das Forças Armadas, sendo vedado, diante do
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- princípio constitucional da reserva legal, que a lei faculte tal
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, em- regulamentação a atos administrativos expedidos pela Marinha,
prego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eleti- Exército ou Aeronáutica.
vo, e, não havendo compatibilidade, pode optar pela sua re- 5) A aferição do cumprimento do requisito de idade deve se
muneração; dar no momento da posse no cargo público e não no
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de momento da inscrição.
mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para to- 8) A exigência de exame psicotécnico é legítima quando
dos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; prevista em lei e no edital, a avaliação esteja pautada em
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afasta- critérios objetivos, o resultado seja público e passível de
mento, os valores serão determinados como se no exercício recurso.
estivesse. 9) Constatada a ilegalidade do exame psicotécnico, o
candidato deve ser submetido a nova avaliação, pautada por
SÚMULAS SOBRE CONCURSO critérios objetivos e assegurada a ampla defesa.
10) A exigência de teste de aptidão física é legítima quando
STF
prevista em lei, guarde relação de pertinência com as atividades
Súmula vinculante 43-STF: É inconstitucional toda modalida- a serem desenvolvidas, esteja pautada em critérios objetivos e
de de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem pré- seja passível de recurso.
via aprovação em concurso público destinado ao seu provimen- 11) É vedada a realização de novo teste de aptidão física em
to, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente concurso público no caso de incapacidade temporária, salvo
investido. previsão expressa no edital. STF: É constitucional a
Súmula vinculante 44-STF: Só por lei se pode sujeitar a exame remarcação do teste de aptidão física de candidata que
psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. esteja grávida à época de sua realização, independentemente
Súmula 15-STF: Dentro do prazo de validade do concurso, o da previsão expressa em edital do concurso público. STF.
candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o car- Plenário. RE 1058333/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
go for preenchido sem observância da classificação. 21/11/2018 (repercussão geral).
Súmula 16-STF: Funcionário nomeado por concurso tem direi- 13) O candidato não pode ser eliminado de concurso público,
to à posse. na fase de investigação social, em virtude da existência de
Súmula 17-STF: A nomeação de funcionário sem concurso termo circunstanciado, inquérito policial ou ação penal sem
pode ser desfeita antes da posse. trânsito em julgado ou extinta pela prescrição da pretensão
Súmula 683-STF: O limite de idade para a inscrição em con- punitiva.
curso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Consti- 14) O entendimento de que o candidato não pode ser eliminado
tuição, quando possa ser justificado pela natureza das atri- de concurso público, na fase de investigação social, em virtude
buições do cargo a ser preenchido. da existência de termo circunstanciado, inquérito policial ou
Súmula 684-STF: É inconstitucional o veto não motivado à ação penal sem trânsito em julgado ou extinta pela prescrição da
participação de candidato a concurso público. pretensão punitiva não se aplica aos cargos cujos ocupantes
agem stricto sensu em nome do Estado, como o de delegado
STJ
de polícia.
Súmula 266-STJ: O diploma ou habilitação legal para o exercí- 15) O candidato não pode ser eliminado de concurso público,

3
na fase de investigação social, em virtude da existência de judicial.
registro em órgãos de proteção ao crédito. 8) A surdez unilateral não autoriza o candidato a concorrer às
16) O candidato pode ser eliminado de concurso público vagas reservadas às pessoas com deficiência.
quando omitir informações relevantes na fase de 10) O candidato sub judice não possui direito subjetivo à
investigação social. nomeação e à posse, mas à reserva da respectiva vaga até
17) Nas ações em que se discute concurso público, é que ocorra o trânsito em julgado da decisão que o
dispensável a formação de litisconsórcio passivo necessário beneficiou.
entre os candidatos aprovados. 11) A nomeação ou a convocação para determinada fase de
18) Nas ações em que se discute concurso público, é concurso público após considerável lapso temporal entre
indispensável a formação de litisconsórcio passivo necessário uma fase e outra, sem a notificação pessoal do interessado,
entre os candidatos aprovados quando possam ser diretamente viola os princípios da publicidade e da razoabilidade, não
atingidos pelo provimento jurisdicional. sendo suficiente a publicação no Diário Oficial.
19) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração 12) Não se aplica a teoria do fato consumado na hipótese em
de mandado de segurança, na hipótese de exclusão do que o candidato toma posse em virtude de decisão liminar,
candidato do concurso público, é o ato administrativo de salvo situações fáticas excepcionais.
efeitos concretos e não a publicação do edital, ainda que a 13) É legítimo estabelecer no edital de concurso público critério
causa de pedir envolva questionamento de critério do edital. de regionalização.
20) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de 14) É legítimo estabelecer no edital de concurso público
mandado segurança, na hipótese em que o candidato aprovado limite de candidatos que serão convocados para as próximas
em concurso público não é nomeado, é o término do prazo de etapas do certame (Cláusula de Barreira).
validade do concurso. 16) Nos concursos públicos para ingresso na Magistratura ou
21) O encerramento do concurso público não conduz à perda no Ministério Público a comprovação dos requisitos exigidos
do objeto do mandado de segurança que busca aferir suposta deve ser feita na inscrição definitiva e não na posse.
ilegalidade praticada em alguma das etapas do processo 17) A prorrogação do prazo de validade de concurso público
seletivo. é ato discricionário da Administração, sendo vedado ao Poder
Judiciário o reexame dos critérios de conveniência e
EDIÇÃO N. 11: CONCURSOS PÚBLICOS - II
oportunidade adotados.
1) O candidato aprovado dentro do número de vagas
previsto no edital tem direito subjetivo a ser nomeado no EDIÇÃO N. 15: CONCURSOS PÚBLICOS - III
prazo de validade do concurso. 1) A Administração atua com discricionariedade na escolha
2) A desistência de candidatos convocados, dentro do prazo das regras do edital de concurso público, desde que
de validade do concurso, gera direito subjetivo à nomeação observados os preceitos legais e constitucionais.
para os seguintes, observada a ordem de classificação e a 2) A exoneração de servidor público em razão da anulação do
quantidade de vagas disponibilizadas. concurso pressupõe a observância do devido processo legal, do
3) A abertura de novo concurso, enquanto vigente a validade do contraditório e da ampla defesa.
certame anterior, confere direito líquido e certo a eventuais 5) O candidato que possui qualificação superior à exigida no
candidatos cuja classificação seja alcançada pela divulgação das edital está habilitado a exercer o cargo a que prestou concurso
novas vagas. público, nos casos em que a área de formação guardar
4) O candidato aprovado fora do número de vagas previsto identidade.
no edital possui mera expectativa de direito à nomeação, 6) O Ministério Público possui legitimidade para propor ação
que se convola em direito subjetivo caso haja preterição na civil pública com o objetivo de anular concurso realizado
convocação, observada a ordem classificatória. sem a observância dos princípios estabelecidos na
OBS: O candidato aprovado em concurso público fora do Constituição Federal.
número de vagas tem direito subjetivo à nomeação caso 7) A nomeação tardia do candidato por força de decisão
surjam novas vagas durante o prazo de validade do certame, judicial não gera direito à indenização.
haja manifestação inequívoca da administração sobre a 8) O servidor não tem direito à indenização por danos morais
necessidade de seu provimento e não tenha restrição em face da anulação de concurso público eivado de vícios.
orçamentária. STJ. 1ª Seção. MS 22.813-DF, Rel. Min. Og 9) O militar aprovado em concurso público e convocado para a
Fernandes, julgado em 13/06/2018 (Info 630). realização de curso de formação tem direito ao afastamento
5) A simples requisição ou a cessão de servidores públicos não é temporário do serviço ativo na qualidade de agregado.
suficiente para transformar a expectativa de direito do 10) O provimento originário de cargos públicos deve se dar na
candidato aprovado fora do número de vagas em direito classe e padrão iniciais da carreira, conforme a legislação vigente
subjetivo à nomeação, porquanto imprescindível a comprovação na data da nomeação do servidor.
da existência de cargos vagos. 11) A Administração Pública pode promover a remoção de
6) O candidato aprovado fora do número de vagas previsto servidores concursados, sem que isso caracterize, por si só,
no edital possui mera expectativa de direito à nomeação, preterição aos candidatos aprovados em novo concurso
que se convola em direito subjetivo caso haja preterição em público.
virtude de contratações precárias e comprovação da 12) Há preterição de candidatos aprovados se as vagas
existência de cargos vagos. regionalizadas estabelecidas no edital de concurso público
7) Não ocorre preterição na ordem classificatória quando a forem preenchidas por remoção lançada posteriormente ao
convocação para próxima fase ou a nomeação de candidatos início do certame.
com posição inferior se dá por força de cumprimento de ordem 13) O candidato aprovado dentro do número de vagas que

4
requer transferência para o final da lista de classificados no art. 1º do Decreto n. 20.910/1932.
passa a ter mera expectativa de direito à nomeação. 4) O prazo prescricional das ações indenizatórias ajuizadas
contra a Fazenda Pública é quinquenal (Decreto n.
EDIÇÃO N. 103: CONCURSO PÚBLICO - IV
20.910/1932), tendo como termo a quo a data do ato ou fato do
1) O Poder Judiciário não pode substituir a banca
qual originou a lesão ao patrimônio material ou imaterial. (Tese
examinadora do certame e tampouco se imiscuir nos
julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema 553)
critérios de atribuição de notas e de correção de provas,
5) A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas
visto que sua atuação se restringe ao controle jurisdicional
é subjetiva, devendo ser comprovados a negligência na
da legalidade do concurso público e da observância do
atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade.
princípio da vinculação ao edital.
6) Há responsabilidade civil do Estado nas hipóteses em que
2) A divulgação, ainda que a posteriori, dos critérios de correção
a omissão de seu dever de fiscalizar for determinante para a
das provas dissertativas ou orais não viola, por si só, o princípio
concretização ou o agravamento de danos ambientais.
da igualdade, desde que os mesmos parâmetros sejam aplicados
7) A Administração Pública pode responder civilmente pelos
uniforme e indistintamente a todos os candidatos. STJ: As
danos causados por seus agentes, ainda que estes estejam
informações constantes dos espelhos de provas subjetivas
amparados por causa excludente de ilicitude penal.
representam a motivação do ato administrativo, consistente
8) É objetiva a responsabilidade civil do Estado pelas lesões
na atribuição de nota ao candidato. Essa motivação deve ser
sofridas por vítima baleada em razão de tiroteio ocorrido entre
apresentada anteriormente ou concomitante à prática do ato
policiais e assaltantes.
administrativo, pois caso se permita a motivação posterior,
9) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de
isso pode dar ensejo para que se fabriquem, forjem ou criem
morte de custodiado em unidade prisional.
motivações.STJ. 2ª Turma. RMS 49.896-RS, Rel. Min. Og
10) O Estado responde objetivamente pelo suicídio de preso
Fernandes, julgado em 20/4/2017 (Info 603).
ocorrido no interior de estabelecimento prisional.
3) O provimento originário em concurso público não permite
11) O Estado não responde civilmente por atos ilícitos
a invocação do instituto da remoção para acompanhamento
praticados por foragidos do sistema penitenciário, salvo
de cônjuge ou companheiro, em razão do prévio
quando os danos decorrem direta ou imediatamente do ato
conhecimento das normas expressas no edital do certame.
de fuga.
4) A administração pública pode anular, a qualquer tempo, o
12) A despeito de situações fáticas variadas no tocante ao
ato de provimento efetivo flagrantemente inconstitucional,
descumprimento do dever de segurança e vigilância contínua
pois o decurso do tempo não possui o condão de convalidar
das vias férreas, a responsabilização da concessionária é uma
os atos administrativos que afrontem a regra do concurso
constante, passível de ser elidida tão somente quando
público.
cabalmente comprovada a culpa exclusiva da vítima. (Tese
5) A investidura em cargo público efetivo submete-se a exigência
julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema 517)
de prévio concurso público, sendo vedado o provimento
13) No caso de atropelamento de pedestre em via férrea,
mediante transposição, ascensão funcional, acesso ou
configura-se a concorrência de causas, impondo a redução da
progressão. *(VIDE SÚMULA VINCULANTE N. 43/STF)
indenização por dano moral pela metade, quando: (i) a
6) Na hipótese de abertura de novo concurso público dentro do
concessionária do transporte ferroviário descumpre o dever
prazo de validade do certame anterior, o termo inicial do prazo
de cercar e fiscalizar os limites da linha férrea, mormente em
decadencial para a impetração do mandado de segurança por
locais urbanos e populosos, adotando conduta negligente no
candidatos remanescentes é a data da publicação do novo
tocante às necessárias práticas de cuidado e vigilância tendentes
edital.
a evitar a ocorrência de sinistros; e (ii) a vítima adota conduta
7) A nomeação ou a posse tardia de candidato aprovado em
imprudente, atravessando a via férrea em local inapropriado.
concurso público, por força de decisão judicial, não configura
(Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema 518)
preterição ou ato ilegítimo da Administração Pública a
14) Não há nexo de causalidade entre o prejuízo sofrido por
justificar uma contrapartida indenizatória, salvo situação de
investidores em decorrência de quebra de instituição financeira e
arbitrariedade flagrante.
a suposta ausência ou falha na fiscalização realizada pelo Banco
8) A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso
Central no mercado de capitais.
público, por meio de decisão judicial, à qual atribuída
15) A existência de lei específica que rege a atividade militar (Lei
eficácia retroativa, não gera direito às promoções e às
n. 6.880/1980) não isenta a responsabilidade do Estado pelos
progressões funcionais que alcançariam caso a nomeação
danos morais causados em decorrência de acidente sofrido
houvesse ocorrido a tempo e a modo.
durante as atividades militares.
10) A contratação de servidores sem concurso público, quando
16) Em se tratando de responsabilidade civil do Estado por
realizada com base em lei municipal autorizadora, descaracteriza
rompimento de barragem, é possível a comprovação de
o ato de improbidade administrativa, em razão da ausência de
prejuízos de ordem material por prova exclusivamente
dolo genérico do gestor público.
testemunhal, diante da impossibilidade de produção ou
EDIÇÃO N. 61: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO utilização de outro meio probatório.
2) O termo inicial da prescrição para o ajuizamento de ações 17) É possível a cumulação de benefício previdenciário com
de responsabilidade civil em face do Estado por ilícitos indenização decorrente de responsabilização civil do Estado por
praticados por seus agentes é a data do trânsito em julgado danos oriundos do mesmo ato ilícito.
da sentença penal condenatória. 18) Nas ações de responsabilidade civil do Estado, é
3) As ações indenizatórias decorrentes de violação a direitos desnecessária a denunciação da lide ao suposto agente
fundamentais ocorridas durante o regime militar são público causador do ato lesivo.
imprescritíveis, não se aplicando o prazo quinquenal previsto

5
Seção II neração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o
DOS SERVIDORES PÚBLICOS disposto no art. 37, XI.
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anu-
instituirão conselho de política de administração e remuneração almente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos empregos públicos.
Poderes § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo- pios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários proveni-
nentes do sistema remuneratório observará: entes da economia com despesas correntes em cada órgão, au-
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade tarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de pro-
dos cargos componentes de cada carreira; gramas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvi-
II - os requisitos para a investidura; mento, modernização, reaparelhamento e racionalização do servi-
III - as peculiaridades dos cargos ço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de pro-
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de dutividade.
governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em car-
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos re- reira poderá ser fixada nos termos do § 4º (subsídio).
quisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a ce-
lebração de convênios ou contratos entre os entes federados. Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o dis- Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas au-
posto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, tarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do res-
admissão quando a natureza do cargo o exigir. pectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos
pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio fi-
Salário-mínimo nanceiro e atuarial e o disposto neste artigo.
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que
Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que per- trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proven-
cebem remuneração variável tos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:
13° salário I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcio-
nais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente
Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa
Salário-família ou incurável, na forma da lei;
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo
Duração do trabalho normal não superior a 8 horas diárias e de contribuição, aos 70 anos de idade, ou aos 75 anos de idade,
quarenta e 44 semanais, facultada a compensação de horários e na forma de lei complementar;
a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva
de trabalho
LC 152/15
Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos Art. 2º Serão aposentados compulsoriamente, com proventos
proporcionais ao tempo de contribuição, aos 75 anos de idade:
Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em
I - os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Esta-
50% à do normal
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autar-
Férias + 1/3 quias e fundações;
II - os membros do Poder Judiciário;
Licença à gestante
III - os membros do Ministério Público;
Licença-paternidade IV - os membros das Defensorias Públicas;
V - os membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas.
Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incenti-
Parágrafo único. Aos servidores do Serviço Exterior Brasileiro, re-
vos específicos, nos termos da lei
gidos pela Lei nº 11.440, de 29 de dezembro de 2006, o dispos-
Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas to neste artigo será aplicado progressivamente à razão de 1 ano
de saúde, higiene e segurança adicional de limite para aposentadoria compulsória ao fim de
cada 2 anos, a partir da vigência desta Lei Complementar, até o
Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de
limite de 75 anos previsto no caput.
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado
civil
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de
10 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos no
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais
seguintes condições:
serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em
a) 60 anos de idade e 35 de contribuição, se homem, e 55 anos
parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adici-
de idade e 30 de contribuição, se mulher;
onal, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie re-
b) 65 anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se mulher,
muneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37,
com proventos proporcionais ao tempo de contribuição.
X e XI.
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do res-
pios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remu-

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pectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em co-
ou que serviu de referência para a concessão da pensão missão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião como de outro cargo temporário ou de emprego público,
da sua concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas aplica-se o regime geral de previdência social.
como base para as contribuições do servidor aos regimes de pre- § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, des-
vidência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. de que instituam regime de previdência complementar para os
§ 4º É VEDADA a adoção de requisitos e critérios diferenciados seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fi-
para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime xar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedi-
de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em das pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabe-
leis complementares, os casos de servidores: lecido para os benefícios do regime geral de previdência social de
I - portadores de deficiência; que trata o art. 201.
II - que exerçam atividades de risco; § 15. O regime de previdência complementar de que trata o §
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executi-
que prejudiquem a saúde ou a integridade física. vo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência
reduzidos em 5 anos, em relação ao disposto no § 1º, III, "a", complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respecti-
para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo vos participantes planos de benefícios somente na modalidade de
exercício das funções de magistério na educação infantil e no contribuição definida.
ensino fundamental e médio. § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto
nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressa-
Aposentadoria voluntária, desde que cumprido tempo mínimo do no serviço público até a data da publicação do ato de institui -
de 10 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos no ção do correspondente regime de previdência complementar.
cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, 55 anos de idade § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálcu-
e 30 de contribuição, se homem, e 50 anos de idade e 25 de lo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados,
contribuição, se mulher; na forma da lei.
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias
e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que
§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acu-
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regi-
muláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de
me geral de previdência social de que trata o art. 201, com per-
mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência
centual igual ao estabelecido para os servidores titulares de car-
previsto neste artigo.
gos efetivos.
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as
morte, que será igual:
exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no § 1º, III,
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o
a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono
limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previ-
previdência social de que trata o art. 201, acrescido de 70% da
denciária até completar as exigências para aposentadoria compul-
parcela excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito;
sória contidas no § 1º, II.
ou
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo
de previdência social para os servidores titulares de cargos efeti-
efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo estabe-
vos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em
lecido para os benefícios do regime geral de previdência social de
cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.
que trata o art. 201, acrescido de 70% da parcela excedente a
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas
este limite, caso em atividade na data do óbito.
sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-
que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os
lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios esta-
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o
belecidos em lei.
art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da
§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal
lei, for portador de doença incapacitante.
será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de servi-
ço correspondente para efeito de disponibilidade.
Art. 41. São estáveis após 3 anos de efetivo exercício os servi-
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem
dores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
de tempo de contribuição fictício.
concurso público.
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos pro-
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
ventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumula-
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
ção de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi-
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegura-
dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência
da ampla defesa;
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inati-
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
vidade com remuneração de cargo acumulável na forma desta
penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nome-
ação e exoneração, e de cargo eletivo.
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos Em virtude de sentença judicial transi-
servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que tada em julgado;
couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de Mediante processo administrativo em
previdência social.

7
que lhe seja assegurada ampla defesa; da Medida Provisória 198/2004, a partir da qual passa a ser de
60 pontos.
Mediante procedimento de avaliação
Súmula vinculante 33-STF: Aplicam-se ao servidor público, no
periódica de desempenho, na forma de
SERVIDOR PÚBLICO que couber, as regras do Regime Geral de Previdência Social
lei complementar, assegurada ampla de-
ESTÁVEL SÓ sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, pa-
fesa.
PERDERÁ O CARGO rágrafo 4º, inciso III (atividades exercidas sob condições espe-
Art. 169, §4°: Para cumprir o limite de ciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física), da Cons-
gastos previstos em LC tituição Federal, até edição de lei complementar específica
Súmula vinculante 34-STF: A Gratificação de Desempenho de
Art. 198, §6°: O agente comunitário de
Atividade de Seguridade Social e do Trabalho - GDASST, instituí-
saúde ou de agente de combate às en-
da pela Lei 10.483/2002, deve ser estendida aos inativos no va-
demias poderá perder o cargo em caso
lor correspondente a 60 pontos, desde o advento da Medida
de descumprimento dos requisitos es-
Provisória 198/2004, convertida na Lei 10.971/2004, quando tais
pecíficos, fixados em lei, para o seu
inativos façam jus à paridade constitucional (EC 20/1998,
exercício.
41/2003 e 47/2005).
Súmula vinculante 37-STF: Não cabe ao Poder Judiciário,
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se servidores públicos sob fundamento de isonomia
estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indeniza- Súmula vinculante 42-STF: É inconstitucional a vinculação do
ção, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a
com remuneração proporcional ao tempo de serviço. índices federais de correção monetária
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servi- Súmula vinculante 51-STF: O reajuste de 28,86%, concedido
dor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporci- aos servidores militares pelas Leis 8.622/1993 e 8.627/1993, es-
onal ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em tende-se aos servidores civis do Poder Executivo, observadas as
outro cargo. eventuais compensações decorrentes dos reajustes diferencia-
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga- dos concedidos pelos mesmos diplomas legais.
tória a avaliação especial de desempenho por comissão institu- Súmula vinculante 55 STF: O direito ao auxílio-alimentação
ída para essa finalidade. não se estende aos servidores inativos.
Súmula 20-STF: É necessário processo administrativo, com
SÚMULAS SOBRE SERVIDORES PÚBLICOS ampla defesa, para demissão de funcionário admitido por
concurso.
STF
Súmula 21-STF: Funcionário em estágio probatório não pode
Súmula vinculante 3-STF: Nos processos perante o Tribunal de ser exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formali-
Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa dades legais de apuração de sua capacidade
quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato Súmula 22-STF: O estágio probatório não protege o funcioná-
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreci- rio contra a extinção do cargo
ação da legalidade do ato de concessão inicial de aposenta- Súmula 36-STF: Servidor vitalício está sujeito à aposentado-
doria, reforma e pensão. EXCEÇÃO: será necessário garantir ria compulsória, em razão da idade.
contraditório e ampla defesa se tiverem se passados mais de 5 Súmula 39-STF: À falta de lei, funcionário em disponibilidade
anos desde a concessão inicial e o TC ainda não examinou a não pode exigir, judicialmente, o seu aproveitamento, que fica
legalidade do ato. OBS: esse prazo de 5 anos é contado a partir subordinado ao critério de conveniência da administração.
da data da chegada, ao TCU do processo administrativo de con- Súmula 47-STF: Reitor de universidade não é livremente de-
cessão inicial da aposentadoria, reforma ou pensão (STF. 1ª Tur- missível pelo presidente da república durante o prazo de sua
ma. MS 26.069 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em investidura
24/2/2017). Súmula 359-STF: Ressalvada a revisão prevista em lei, os pro-
Súmula vinculante 4-STF: Salvo os casos previstos na Consti- ventos da inatividade regulam-se pela lei vigente ao tempo em
tuição, o salário mínimo não pode ser usado como indexa- que o militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitos neces-
dor de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de sários
empregado, nem ser substituído por decisão judicial Súmula 567-STF: A Constituição, ao assegurar, no § 3º do art.
Súmula vinculante 15-STF: O cálculo de gratificações e outras 102, a contagem integral do tempo de serviço público federal,
vantagens não incide sobre o abono utilizado para se atingir o estadual ou municipal para os efeitos de aposentadoria e dispo-
salário mínimo do servidor público. nibilidade não proíbe à União, aos Estados e aos Municípios
Súmula vinculante 16-STF: Os arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação mandarem contar, mediante lei, para efeito diverso, tempo de
da EC 19/98), da Constituição, referem-se ao total da remunera- serviço prestado a outra pessoa de direito público interno.
ção percebida pelo servidor. Súmula 671-STF: Os servidores públicos e os trabalhadores em
Súmula vinculante 20-STF: A Gratificação de Desempenho de geral têm direito, no que concerne à URP de abril/maio de 1988,
Atividade Técnico-Administrativa - GDATA, instituída pela Lei apenas ao valor correspondente a 7/30 de 16,19% sobre os ven-
10.404/2002, deve ser deferida aos inativos nos valores corres- cimentos e salários pertinentes aos meses de abril e maio de
pondentes a 37,5 pontos no período de fevereiro a maio de 1988, não cumulativamente, devidamente corrigido até o efetivo
2002 e, nos termos do artigo 5º, parágrafo único, da Lei pagamento.
10.404/2002, no período de junho de 2002 até a conclusão dos Súmula 672-STF: O reajuste de 28,86%, concedido aos servido-
efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o artigo 1º res militares pelas Leis 8.622/93 e 8.627/93, estende-se aos ser-

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vidores civis do Poder Executivo, observadas as eventuais com- considerado tal período para fins de progressão na carreira.
pensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos 3) O tempo de serviço prestado às empresas públicas e
pelos mesmos diplomas legais sociedades de economia mista somente pode ser computado
Súmula 682-STF: Não ofende a Constituição a correção mo- para efeitos de aposentadoria e disponibilidade.
netária no pagamento com atraso dos vencimentos de servido- 4) O direito de transferência ex officio entre instituições de
res públicos. ensino congêneres conferido a servidor público federal da
Súmula 726-STF: Para efeito de aposentadoria especial de pro- administração direta se estende aos empregados públicos
fessores, não se computa o tempo de serviço prestado fora da integrantes da administração indireta.
sala de aula. • Superada, em parte. 6) A pensão por morte do servidor público federal é devida
até a idade limite de 21 anos do dependente, salvo se
STJ
inválido, não cabendo postergar o benefício para os
Súmula 378-STJ: Reconhecido o desvio de função, o servidor universitários com idade até 24 anos, ante a ausência de
faz jus às diferenças salariais decorrentes previsão normativa.
7) Não é possível o registro de penas nos assentamentos
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ funcionais dos servidores públicos quando verificada a
ocorrência da prescrição da pretensão punitiva do Estado,
EDIÇÃO N. 73: SERVIDOR PÚBLICO - REMUNERAÇÃO por força do entendimento do Supremo Tribunal Federal de
2) Não compete ao Poder Judiciário equiparar ou reajustar que o art. 170 da Lei n. 8.112/90 viola a Constituição Federal.
os valores do auxílio-alimentação dos servidores públicos. 8) A abertura de concurso de remoção pela administração revela
3) É indevida a devolução ao erário de valores recebidos de que a existência de vaga a ser preenchida pelo servidor
boa-fé, por servidor público ou pensionista, em decorrência aprovado é de interesse público.
de erro administrativo operacional ou nas hipóteses de 9) A investidura originária não se enquadra no conceito de
equívoco ou má interpretação da lei pela administração deslocamento para fins da concessão da licença para
pública. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema acompanhar cônjuge com exercício provisório.
531) 10) É lícita a cassação de aposentadoria de servidor público, não
4) É de 200 horas mensais o divisor adotado como parâmetro obstante o caráter contributivo do benefício previdenciário.
para o pagamento de horas extras aos servidores públicos 11) O termo inicial para o pagamento dos proventos integrais
federais, cujo cálculo é obtido dividindo-se as 40 horas semanais devidos na conversão da aposentadoria proporcional por tempo
(art. 19 da Lei n. 8.112/90) por 6 dias úteis e multiplicando-se o de serviço em aposentadoria integral por invalidez é a data do
resultado por 30 (total de dias do mês). requerimento administrativo.
9) A lei que cria nova gratificação ao servidor sem promover 12) A concessão de aposentadoria especial aos servidores
reestruturação ou reorganização da carreira não tem aptidão públicos será regulada pela Lei n. 8.213/91, enquanto não
para absorver índice de reajuste geral. editada a lei complementar prevista no art. 40, § 4º, da
10) A fixação ou alteração do sistema remuneratório e a CF/88.
supressão de vantagem pecuniária são atos comissivos 13) A limitação da carga horária semanal para servidores
únicos e de efeitos permanentes, que modificam a situação públicos profissionais de saúde que acumulam cargos deve ser
jurídica do servidor e não se renovam mensalmente. de 60 horas semanais – STF PASSOU A ENTENDER QUE NÃO
11) A contagem do prazo decadencial para a impetração de HÁ TAL LIMITAÇÃO, NECESSÁRIO APENAS A
mandado de segurança contra ato que fixa ou altera sistema COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS
remuneratório ou suprime vantagem pecuniária de servidor
público inicia-se com a ciência do ato impugnado.
Seção III
12) Não cabe o pagamento da ajuda de custo prevista no art.
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS
53 da Lei n. 8.112/90 ao servidor público que participou de
TERRITÓRIOS
concurso de remoção.
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
13) É devida ao servidor público aposentado a conversão em
Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e dis-
pecúnia da licença-prêmio não gozada, ou não contada em
ciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Terri-
dobro para aposentadoria, sob pena de enriquecimento ilícito da
tórios.
administração.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
14) O prazo prescricional de 5 anos para converter em pecúnia
dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposi-
licença-prêmio não gozada ou utilizada como lapso temporal
ções do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, ca -
para jubilamento tem início no dia posterior ao ato de registro
bendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art.
da aposentadoria pelo Tribunal de Contas.
142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos
16) O termo inicial da prescrição do direito de pleitear a
respectivos governadores.
indenização por férias não gozadas é o ato de aposentadoria
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Fede-
do servidor.
ral e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do
EDIÇÃO N. 76: SERVIDOR PÚBLICO - II respectivo ente estatal.
1) É legítimo o ato da Administração que promove o
desconto dos dias não trabalhados pelos servidores públicos Seção IV
participantes de movimento grevista. DAS REGIÕES
2) É vedado o cômputo do tempo do curso de formação para Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua
efeito de promoção do servidor público, sendo, contudo, ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a
seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.

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§ 1º - LC disporá sobre: admitida no art. 191 do texto codificado.
I - as condições para integração de regiões em desenvolvimento; JDC581 A decretação ex officio da prescrição ou da deca-
II - a composição dos organismos regionais que executarão, na dência deve ser precedida de oitiva das partes.
forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais
de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por
com estes.
acordo das partes.
§ 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, na
forma da lei:
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de
I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos e
jurisdição, pela parte a quem aproveita.
preços de responsabilidade do Poder Público;
II - juros favorecidos para financiamento de atividades prioritárias;
Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos fe-
ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que de-
derais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;
rem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos
rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a cor-
de baixa renda, sujeitas a secas periódicas.
rer contra o seu sucessor.
§ 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a
recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos e
Seção II
médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas gle-
Das Causas que Impedem ou Suspendem a Prescrição
bas, de fontes de água e de pequena irrigação.
Art. 197. NÃO CORRE A PRESCRIÇÃO:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
CÓDIGO CIVIL II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores,
TÍTULO IV durante a tutela ou curatela.
Da Prescrição e da Decadência
CAPÍTULO I JDC296 Não corre a prescrição entre os companheiros, na cons-
Da Prescrição tância da união estável.
Seção I
Disposições Gerais
Art. 198. TAMBÉM NÃO CORRE A PRESCRIÇÃO:
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a
I - contra os absolutamente incapazes;
qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos
arts. 205 e 206.
Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas,
JDC14 em tempo de guerra.
1) O início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da
pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; Art. 199. NÃO CORRE IGUALMENTE A PRESCRIÇÃO:
2) O art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce I - pendendo condição suspensiva;
imediatamente após a violação do direito absoluto ou da obri- II - não estando vencido o prazo;
gação de não fazer. III - pendendo ação de evicção.
JDC579 Nas pretensões decorrentes de doenças profissionais
ou de caráter progressivo, o cômputo da prescrição iniciar- Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apura-
se-á somente a partir da ciência inequívoca da incapacidade do no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respec-
do indivíduo, da origem e da natureza dos danos causados. tiva sentença definitiva.

Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pre- Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores soli-
tensão. dários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.

JDC415 O art. 190 do Código Civil refere-se apenas às exce- Seção III
ções impróprias (dependentes/não autônomas). As exceções Das Causas que Interrompem a Prescrição
propriamente ditas (independentes/autônomas) são imprescrití- Art. 202. A INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO, que somente po-
veis. derá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a
citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e
processual;
só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente (protesto
prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume
judicial);
de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inven-
JDC295 A revogação do art. 194 do Código Civil pela Lei n. tário ou em concurso de credores;
11.280/2006, que determina ao juiz o reconhecimento de ofício V - por qualquer ATO JUDICIAL que constitua em mora o de-
da prescrição, não retira do devedor a possibilidade de renúncia vedor;

10
VI - por qualquer ATO INEQUÍVOCO, ainda que extrajudicial, V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou aci-
que importe reconhecimento do direito pelo devedor. onistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da encerramento da liquidação da sociedade.
data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo § 2o Em 2 anos, a pretensão para haver prestações alimentares,
para a interromper. a partir da data em que se vencerem.
§ 3o Em 3 anos:
JDC416 A propositura de demanda judicial pelo devedor, que im I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústi-
porte impugnação do débito contratual ou de cártula representati cos;
va do direito do credor, é causa interruptiva da prescrição. II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas
JDC417 O art. 202, I, do CC deve ser interpretado sistematicamente temporárias ou vitalícias;
com o art. 219, § 1º, do CPC, de modo a se entender que o efeito III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer pres-
interruptivo da prescrição produzido pelo despacho que ordena tações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de 1 ano,
a citação é retroativo até a data da propositura da demanda. com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem cau-
sa;
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer inte-
V - a pretensão de reparação civil;
ressado.
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebi-
dos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a
Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não apro-
distribuição;
veita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada con-
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por vio-
tra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coo-
lação da lei ou do estatuto, contado o prazo:
brigados.
o a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da so-
§ 1 A interrupção por um dos credores solidários aproveita
ciedade anônima;
aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos só-
solidário envolve os demais e seus herdeiros.
cios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha
§ 2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do deve-
sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela deva
dor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores,
tomar conhecimento;
senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.
o c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior
§ 3 A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica
à violação;
o fiador.
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito,
a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;
A suspensão da prescrição em A interrupção por um dos IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do ter-
favor de um dos credores soli- credores solidários aproveita ceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil
dários, só aproveitam os ou- aos outros; assim como a in- obrigatório - DPVAT.
tros se a obrigação for indivi- terrupção efetuada contra o § 4o Em 4 anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da
sível. devedor solidário envolve os aprovação das contas.
demais e seus herdeiros. § 5o Em 5 anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de
Seção IV instrumento público ou particular;
Dos Prazos da Prescrição II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procurado-
Art. 205. A prescrição ocorre em 10 anos, quando a lei não lhe res judiciais, curadores e professores pelos seus honorários,
haja fixado prazo menor. contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos res-
pectivos contratos ou mandato;
Art. 206. Prescreve: III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que des-
§ 1o Em 1 ano: pendeu em juízo.
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres
destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o paga- JDC418 O prazo prescricional de 3 anos para a pretensão relati-
mento da hospedagem ou dos alimentos; va a aluguéis aplica-se aos contratos de locação de imóveis
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste celebrados com a administração pública.
contra aquele, contado o prazo: JDC420 Não se aplica o art. 206, § 3º, V, do Código Civil às pre-
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, tensões indenizatórias decorrentes de acidente de trabalho,
da data em que é citado para responder à ação de indeniza- após a vigência da Emenda Constitucional n. 45, incidindo a re-
ção proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este gra do art. 7º, XXIX, da Constituição da República.
indeniza, com a anuência do segurador; JDC580 É de 3 anos, pelo art. 206, § 3º, V, do CC, o prazo pres-
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da cricional para a pretensão indenizatória da seguradora con-
pretensão; tra o causador de dano ao segurado, pois a seguradora sub-
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuá- roga-se em seus direitos.
rios judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumen-
tos, custas e honorários;
CAPÍTULO II
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que
Da Decadência
entraram para a formação do capital de sociedade anônima, con-
tado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo;

11
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, NÃO SE APLICAM à Código Civil, aos quais deve ser aplicado o regime jurídico da
decadência as normas que impedem, suspendem ou inter- prova documental.
rompem a prescrição.
Art. 213. NÃO TEM EFICÁCIA a confissão se provém de quem
Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 (os rela-
não é capaz de dispor do direito a que se referem os fatos con-
tivamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os
fessados.
seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à de-
Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, so-
cadência, ou não a alegarem oportunamente) e 198, inciso I (não
mente é eficaz nos limites em que este pode vincular o represen-
corre contra absolutamente incapaz).
tado.

Art. 209. É NULA a renúncia à decadência fixada em lei.


Art. 214. A confissão é IRREVOGÁVEL, mas pode ser anulada se
decorreu de erro de fato ou de coação.
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando
estabelecida por lei.
Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é do-
cumento dotado de fé pública, fazendo prova plena.
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem apro-
§ 1o Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura
veita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz
pública deve conter:
não pode suprir a alegação.
I - data e local de sua realização;
II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de
SÚMULAS SOBRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA quantos hajam comparecido ao ato, por si, como representantes,
STF intervenientes ou testemunhas;
III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e resi-
Súmula 150-STF: Prescreve a execução no mesmo prazo de dência das partes e demais comparecentes, com a indicação,
prescrição da ação quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do
Súmula 154-STF: Simples vistoria NÃO INTERROMPE a outro cônjuge e filiação;
prescrição IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenien-
STJ tes;
V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais ine-
Súmula 106-STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu rentes à legitimidade do ato;
exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais
mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da arguição comparecentes, ou de que todos a leram;
de prescrição ou decadência VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem
Súmula 547-STJ: Nas ações em que se pleiteia o ressarcimento como a do tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato.
dos valores pagos a título de participação financeira do § 2o Se algum comparecente não puder ou não souber escrever,
consumidor no custeio de construção de rede elétrica, o outra pessoa capaz assinará por ele, a seu rogo.
prazo prescricional é de 20 anos na vigência do Código Civil de § 3o A escritura será redigida na língua nacional.
1916. Na vigência do Código Civil de 2002, o prazo é de 5 anos § 4o Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional
se houver previsão contratual de ressarcimento e de 3 anos na e o tabelião não entender o idioma em que se expressa, deverá
ausência de cláusula nesse sentido, observada a regra de comparecer tradutor público para servir de intérprete, ou, não o
transição disciplinada em seu art. 2.028. havendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabeli-
ão, tenha idoneidade e conhecimento bastantes.
TÍTULO V § 5o Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião,
Da Prova nem puder identificar-se por documento, deverão participar do
Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato ato pelo menos 2 testemunhas que o conheçam e atestem sua
jurídico pode ser provado mediante: identidade.
I - confissão;
II - documento; JDC158 A amplitude da noção de “prova plena” (isto é, “com-
III - testemunha; pleta”) importa presunção relativa acerca dos elementos in-
IV - presunção; dicados nos incisos do § 1º, devendo ser conjugada com o dis-
V – perícia. posto no parágrafo único do art. 219.

JDC157 O termo “confissão” deve abarcar o conceito lato de Art. 216. Farão a mesma prova que os originais as certidões textu-
depoimento pessoal, tendo em vista que este consiste em ais de qualquer peça judicial, do protocolo das audiências, ou de
meio de prova de maior abrangência, plenamente admissível no outro qualquer livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele,
ordenamento jurídico brasileiro. ou sob a sua vigilância, e por ele subscritas, assim como os trasla-
JDC297 O documento eletrônico tem valor probante, desde dos de autos, quando por outro escrivão consertados.
que seja apto a conservar a integridade de seu conteúdo e
idôneo a apontar sua autoria, independentemente da tecno- Art. 217. Terão a mesma força probante os traslados e as certi-
logia empregada. dões, extraídos por tabelião ou oficial de registro, de instrumen-
JDC298 Os arquivos eletrônicos incluem-se no conceito de “re- tos ou documentos lançados em suas notas.
produções eletrônicas de fatos ou de coisas” do art. 225 do

12
Art. 218. Os traslados e as certidões considerar-se-ão instrumen- § 1o Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz
tos públicos, se os originais se houverem produzido em juízo admitir o depoimento das pessoas a que se refere este artigo.
como prova de algum ato. § 2o A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igual-
dade de condições com as demais pessoas, sendo-lhe assegu-
Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados rados todos os recursos de tecnologia assistiva.
presumem-se verdadeiras em relação aos signatários.
Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as dispo- Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico ne-
sições principais ou com a legitimidade das partes, as declara- cessário não poderá aproveitar-se de sua recusa.
ções enunciativas não eximem os interessados em sua veraci-
dade do ônus de prová-las. Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá su-
prir a prova que se pretendia obter com o exame.
Art. 220. A anuência ou a autorização de outrem, necessária à va-
lidade de um ato, provar-se-á do mesmo modo que este, e cons- CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
tará, sempre que se possa, do próprio instrumento.
CAPÍTULO III
Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
assinado por quem esteja na livre disposição e administração de
Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribui-
seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor;
ções sejam determinadas pelas normas de organização judiciária,
mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a
o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o
respeito de terceiros, antes de registrado no registro público.
depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o media-
Parágrafo único. A prova do instrumento particular pode suprir-se
dor, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilis-
pelas outras de caráter legal.
ta e o regulador de avarias.

Art. 222. O telegrama, quando lhe for contestada a autenticidade,


Seção I
faz prova mediante conferência com o original assinado.
Do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do Oficial de Justiça
Art. 150. Em cada juízo haverá um ou mais ofícios de justiça, cujas
Art. 223. A cópia fotográfica de documento, conferida por tabeli-
atribuições serão determinadas pelas normas de organização ju-
ão de notas, valerá como prova de declaração da vontade, mas,
diciária.
impugnada sua autenticidade, deverá ser exibido o original.
Parágrafo único. A prova não supre a ausência do título de
Art. 151. Em cada comarca, seção ou subseção judiciária haverá,
crédito, ou do original, nos casos em que a lei ou as circuns-
no mínimo, tantos oficiais de justiça quantos sejam os juízos.
tâncias condicionarem o exercício do direito à sua exibição.
Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria:
Art. 224. Os documentos redigidos em língua estrangeira serão
I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas pre-
traduzidos para o português para ter efeitos legais no País.
catórias e os demais atos que pertençam ao seu ofício;
II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações, bem
Art. 225. As reproduções fotográficas, cinematográficas, os regis-
como praticar todos os demais atos que lhe forem atribuídos pe-
tros fonográficos e, em geral, quaisquer outras reproduções me-
las normas de organização judiciária;
cânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisas fazem prova plena
III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, designar
destes, se a parte, contra quem forem exibidos, não lhes impug-
servidor para substituí-lo;
nar a exatidão.
IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não per-
mitindo que saiam do cartório, exceto:
Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam
a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;
contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, es-
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério Pú-
criturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados
blico ou à Fazenda Pública;
por outros subsídios.
c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao partidor;
Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bas-
d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da modifica-
tante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito
ção da competência;
particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela
V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo, in-
comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos.
dependentemente de despacho, observadas as disposições refe-
rentes ao segredo de justiça;
Art. 227. Parágrafo único. QUALQUER QUE SEJA O VALOR DO
VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.
NEGÓCIO JURÍDICO, a prova testemunhal é admissível como
§ 1o O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a atribuição
subsidiária ou complementar da prova por escrito.
prevista no inciso VI.
§ 2o No impedimento do escrivão ou chefe de secretaria, o juiz
Art. 228. NÃO PODEM SER ADMITIDOS COMO TESTEMUNHAS:
convocará substituto e, não o havendo, nomeará pessoa idônea
I - os menores de 16 anos;
para o ato.
IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo ca-
pital das partes;
V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colate- FPPC130. (art. 152, V; art. 828) A obtenção da certidão prevista
rais, até o 3° grau de alguma das partes, por consangüinidade, no art. 828 independe de decisão judicial.
ou afinidade.

13
Art. 153. O escrivão ou o chefe de secretaria atenderá, preferen- § 3o Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas
cialmente, à ordem cronológica de recebimento para publicação para manutenção do cadastro, considerando a formação profissi-
e efetivação dos pronunciamentos judiciais. onal, a atualização do conhecimento e a experiência dos peritos
§ 1o A lista de processos recebidos deverá ser disponibilizada, de interessados.
forma permanente, para consulta pública. § 4o Para verificação de eventual impedimento ou motivo de sus-
§ 2o Estão excluídos da regra do caput: peição, nos termos dos arts. 148 e 467, o órgão técnico ou cien-
I - os atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no pronuncia- tífico nomeado para realização da perícia informará ao juiz os no-
mento judicial a ser efetivado; mes e os dados de qualificação dos profissionais que participarão
II - as preferências legais. da atividade.
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a ordem § 5o Na localidade onde não houver inscrito no cadastro dispo-
cronológica de recebimento entre os atos urgentes e as preferên- nibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre esco-
cias legais. lha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico
§ 4o A parte que se considerar preterida na ordem cronológica ou científico comprovadamente detentor do conhecimento ne-
poderá reclamar, nos próprios autos, ao juiz do processo, que re- cessário à realização da perícia.
quisitará informações ao servidor, a serem prestadas no prazo de
2 dias. Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que
§ 5o Constatada a preterição, o juiz determinará o imediato cum- lhe designar o juiz, empregando toda sua diligência, podendo es-
primento do ato e a instauração de processo administrativo disci- cusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
plinar contra o servidor. § 1o A escusa será apresentada no prazo de 15 dias, contado da
intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob
JDPC14 A ordem cronológica do art. 153 do CPC não será reno- pena de renúncia ao direito a alegá-la.
vada quando houver equívoco atribuível ao Poder Judiciário no § 2o Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com
cumprimento de despacho ou decisão. disponibilização dos documentos exigidos para habilitação à con-
sulta de interessados, para que a nomeação seja distribuída de
modo equitativo, observadas a capacidade técnica e a área de co-
Art. 154. Incumbe ao oficial de justiça:
nhecimento.
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e de-
mais diligências próprias do seu ofício, sempre que possível na
Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações
presença de 2 testemunhas, certificando no mandado o ocorrido,
inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte e fica-
com menção ao lugar, ao dia e à hora;
rá inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2 a 5
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;
anos, independentemente das demais sanções previstas em lei,
III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento;
devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem;
para adoção das medidas que entender cabíveis.
V - efetuar avaliações, quando for o caso;
VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição
Seção III
apresentada por qualquer das partes, na ocasião de realização
Do Depositário e do Administrador
de ato de comunicação que lhe couber.
Art. 159. A guarda e a conservação de bens penhorados, arresta-
Parágrafo único. Certificada a proposta de autocomposição
dos, sequestrados ou arrecadados serão confiadas a depositário
prevista no inciso VI, o juiz ordenará a intimação da parte con-
ou a administrador, não dispondo a lei de outro modo.
trária para manifestar-se, no prazo de 5 dias, sem prejuízo do
andamento regular do processo, entendendo-se o SILÊNCIO
Art. 160. Por seu trabalho o depositário ou o administrador per-
COMO RECUSA.
ceberá remuneração que o juiz fixará levando em conta a situação
dos bens, ao tempo do serviço e às dificuldades de sua execução.
Art. 155. O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de justiça
Parágrafo único. O juiz poderá nomear um ou mais prepostos
são responsáveis, civil e regressivamente, quando:
por indicação do depositário ou do administrador.
I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos im-
postos pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados;
Art. 161. O depositário ou o administrador responde pelos prejuí-
II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa.
zos que, por dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a remune-
ração que lhe foi arbitrada, mas tem o direito a haver o que legiti-
Seção II
mamente despendeu no exercício do encargo.
Do Perito
Parágrafo único. O depositário infiel responde civilmente pelos
Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato
prejuízos causados, sem prejuízo de sua responsabilidade penal e
depender de conhecimento técnico ou científico.
da imposição de sanção por ato atentatório à dignidade da
§ 1o Os peritos serão nomeados entre os profissionais legal-
justiça.
mente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devida-
mente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz
Seção IV
está vinculado.
Do Intérprete e do Tradutor
§ 2o Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar con-
Art. 162. O juiz nomeará intérprete ou tradutor quando necessá-
sulta pública, por meio de divulgação na rede mundial de compu-
rio para:
tadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta di-
I - traduzir documento redigido em língua estrangeira;
reta a universidades, a conselhos de classe, ao Ministério Público,
II - verter para o português as declarações das partes e das teste-
à Defensoria Pública e à OAB, para a indicação de profissionais ou
munhas que não conhecerem o idioma nacional;
de órgãos técnicos interessados.

14
III - realizar a interpretação simultânea dos depoimentos das par- § 3o Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objeti-
tes e testemunhas com deficiência auditiva que se comuniquem vo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição.
por meio da Língua Brasileira de Sinais, ou equivalente, quando § 4o A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre
assim for solicitado. autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à
Art. 163. Não pode ser intérprete ou tradutor quem: definição das regras procedimentais.
I - não tiver a livre administração de seus bens;
II - for arrolado como testemunha ou atuar como perito no pro- FPPC576. (arts.166, §4º; 354, parágrafo único; art. 3º, §1º, da Lei
cesso; 13.140/15) Admite-se a solução parcial do conflito em au-
III - estiver inabilitado para o exercício da profissão por sentença diência de conciliação ou mediação
penal condenatória, enquanto durarem seus efeitos. FPPC577. (arts.166, § 4º; 696; art. 2º, II e V da Lei 13.140/2015) A
realização de sessões adicionais de conciliação ou mediação de-
Art. 164. O intérprete ou tradutor, oficial ou não, é obrigado a pende da concordância de ambas as partes.
desempenhar seu ofício, aplicando-se-lhe o disposto nos arts. 157
e 158.
Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas
de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e
Seção V
em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal,
Dos Conciliadores e Mediadores Judiciais
que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução con-
de sua área profissional.
sensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e au-
§ 1o Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de
diências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de
curso realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro
programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocom-
curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto
posição.
com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o
§ 1o A composição e a organização dos centros serão definidas
respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro
pelo respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Naci-
nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regio-
onal de Justiça.
nal federal.
§ 2o O CONCILIADOR, que atuará preferencialmente nos casos
§ 2o Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso
em que NÃO HOUVER VÍNCULO ANTERIOR entre as partes,
público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção
PODERÁ SUGERIR SOLUÇÕES para o litígio, sendo vedada a uti-
ou subseção judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador
lização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para
os dados necessários para que seu nome passe a constar da res-
que as partes conciliem.
pectiva lista, a ser observada na distribuição alternada e aleatória,
§ 3o O MEDIADOR, que atuará preferencialmente nos casos em
respeitado o princípio da igualdade dentro da mesma área de
que HOUVER VÍNCULO ANTERIOR entre as partes, auxiliará aos
atuação profissional.
interessados a compreender as questões e os interesses em con-
§ 3o Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliado-
flito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comu-
res e mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua
nicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que ge-
atuação, tais como o número de processos de que participou, o
rem benefícios mútuos.
sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou
a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal julgar rele-
FPPC397. (Arts. 165 a 175; Lei 9.099/1995, Lei 10.259/2001, Lei vantes.
12.153/2009) A estrutura para autocomposição, nos Juizados § 4o Os dados colhidos na forma do § 3o serão classificados siste-
Especiais, deverá contar com a conciliação e a mediação. maticamente pelo tribunal, que os publicará, ao menos anual-
mente, para conhecimento da população e para fins estatísticos e
CONCILIADOR MEDIADOR de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas
de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediado-
Não houver vínculo anterior Houver vínculo anterior res.
Poderá sugerir soluções Auxiliará a compreender as § 5o Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma
questões e os interesses em do caput, se advogados, estarão impedidos de exercer a advo-
conflito cacia nos juízos em que desempenhem suas funções.
§ 6o O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de
conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso públi-
Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princí-
co de provas e títulos, observadas as disposições deste Capítulo.
pios da independência, da imparcialidade, da autonomia da
vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade
e da decisão informada. FPPC625. (art.167, §3º) O sucesso ou insucesso da mediação ou
§ 1o A confidencialidade estende-se a todas as informações pro- da conciliação não deve ser apurado apenas em função da
duzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utili- celebração de acordo.
zado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação
das partes. Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conci-
§ 2o Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o con- liador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de medi-
ciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, ação.
não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos § 1o O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou
oriundos da conciliação ou da mediação. não estar cadastrado no tribunal.

15
§ 2o Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou concili- II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de confli-
ador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro tos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública;
do tribunal, observada a respectiva formação. III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajusta-
§ 3o Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de mento de conduta.
um mediador ou conciliador.
FPPC398. (Art. 174 e Lei 13.140/2015) As câmaras de mediação
Art. 169. Ressalvada a hipótese do art. 167, § 6o, o conciliador e o e conciliação têm competência para realização da conciliação e
mediador receberão pelo seu trabalho remuneração prevista em da mediação, no âmbito administrativo, de conflitos judiciais e
tabela fixada pelo tribunal, conforme parâmetros estabelecidos extrajudiciais
pelo Conselho Nacional de Justiça.
§ 1o A mediação e a conciliação podem ser realizadas como traba-
Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras formas
lho voluntário, observada a legislação pertinente e a regulamen-
de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos insti-
tação do tribunal.
tucionais ou realizadas por intermédio de profissionais indepen-
§ 2o Os tribunais determinarão o percentual de audiências não re-
dentes, que poderão ser regulamentadas por lei específica.
muneradas que deverão ser suportadas pelas câmaras privadas
Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no que
de conciliação e mediação, com o fim de atender aos processos
couber, às câmaras privadas de conciliação e mediação.
em que deferida gratuidade da justiça, como contrapartida de seu
credenciamento.
TÍTULO V
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 170. No caso de impedimento, o conciliador ou mediador o
Art. 176. O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídi-
comunicará imediatamente, de preferência por meio eletrônico, e
ca, do regime democrático e dos interesses e direitos sociais e
devolverá os autos ao juiz do processo ou ao coordenador do
individuais indisponíveis.
centro judiciário de solução de conflitos, devendo este realizar
nova distribuição.
Art. 177. O Ministério Público exercerá o direito de ação em con-
Parágrafo único. Se a causa de impedimento for apurada quando
formidade com suas atribuições constitucionais.
já iniciado o procedimento, a atividade será interrompida, la-
vrando-se ata com relatório do ocorrido e solicitação de distribui-
Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30
ção para novo conciliador ou mediador.
dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previs-
tas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envol-
Art. 171. No caso de impossibilidade temporária do exercício da
vam:
função, o conciliador ou mediador informará o fato ao centro,
I - interesse público ou social;
preferencialmente por meio eletrônico, para que, durante o perío-
II - interesse de incapaz;
do em que perdurar a impossibilidade, não haja novas distribui-
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
ções
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública NÃO CON-
FIGURA, POR SI SÓ, hipótese de intervenção do Ministério
Art. 172. O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo pra-
Público.
zo de 1 ano, contado do término da última audiência em que
atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer
Art. 179. Nos casos de intervenção como fiscal da ordem jurídi-
das partes.
ca, o Ministério Público:
I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de to-
Art. 173. Será excluído do cadastro de conciliadores e mediado-
dos os atos do processo;
res aquele que:
II - poderá produzir provas, requerer as medidas processuais per-
I - agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da me-
tinentes e recorrer.
diação sob sua responsabilidade ou violar qualquer dos deveres
decorrentes do art. 166, §§ 1o e 2o;
II - atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de CJF 112: A intervenção do Ministério Público como fiscal da or-
impedido ou suspeito. dem jurídica não inviabiliza a celebração de negócios proces-
§ 1o Os casos previstos neste artigo serão apurados em processo suais.
administrativo.
§ 2o O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de conci- Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para
liação e mediação, se houver, verificando atuação inadequada do manifestar-se nos autos, que terá início a partir de sua intima-
mediador ou conciliador, poderá afastá-lo de suas atividades por ção pessoal, nos termos do art. 183, § 1o.
até 180 dias, por decisão fundamentada, informando o fato ime- § 1o Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o
diatamente ao tribunal para instauração do respectivo processo oferecimento de parecer, o juiz requisitará os autos e dará anda-
administrativo. mento ao processo.
§ 2o Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando
Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o Mi-
criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições rela- nistério Público.
cionadas à solução consensual de conflitos no âmbito admi-
nistrativo, tais como: FPPC399. (arts. 180 e 183) Os arts. 180 e 183 somente se apli -
I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administra- cam aos prazos que se iniciarem na vigência do CPC de 2015,
ção pública; aplicando-se a regulamentação anterior aos prazos iniciados

16
sob a vigência do CPC de 1973 § 3o O disposto no caput (prazo em dobro) aplica-se aos escri-
tórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconheci-
das na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídi-
Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e regressiva-
ca gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pú-
mente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício
blica.
de suas funções.
§ 4o Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando
a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para a Defen-
TÍTULO VI
soria Pública.
DA ADVOCACIA PÚBLICA
Art. 182. Incumbe à Advocacia Pública, na forma da lei, defender
e promover os interesses públicos da União, dos Estados, do FPPC626. (arts.186, §§ 2º e 3º, e 223, §§ 1º e 2º) O requerimento
Distrito Federal e dos Municípios, por meio da representação ju- previsto no §2º do art. 186, formulado pela Defensoria Pública ou
dicial, em todos os âmbitos federativos, das pessoas jurídicas de pelas entidades mencionadas no §3º do art. 186, constitui justa cau-
direito público que integram a administração direta e indireta. sa para os fins do §2º do art. 223, quanto ao prazo em curso.
JDPC15 Aplicam-se às entidades referidas no § 3º do art. 186 do
Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e CPC as regras sobre intimação pessoal das partes e suas testemu-
suas respectivas autarquias e fundações de direito público goza- nhas (art. 186, § 2º; art. 455, § 4º, IV; art. 513, § 2º, II e art. 876, § 1º,
rão de prazo em dobro para todas as suas manifestações pro- II, todos do CPC).
cessuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pes-
soal. Art. 187. O membro da Defensoria Pública será civil e regressiva-
§ 1o A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio mente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício
eletrônico. de suas funções.
§ 2o Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando
a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente CÓDIGO PENAL
público.
CAPÍTULO IV
FPPC400. (art. 183) O art. 183 se aplica aos processos que trami- DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
tam em autos eletrônicos. Requisitos da suspensão da pena
FPPC401. (art. 183, § 1º) Para fins de contagem de prazo da Fa- Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não su-
zenda Pública nos processos que tramitam em autos eletrôni- perior a 2 anos, poderá ser suspensa, por 2 a 4 anos, desde que:
cos, não se considera como intimação pessoal a publicação I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
pelo Diário da Justiça Eletrônico. II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
FPPC578. (art. 183,§1º) Em razão da previsão especial do § 1º do personalidade do agente, bem como os motivos e as circuns-
art. 183, estabelecendo a intimação pessoal da Fazenda Pública tâncias autorizem a concessão do benefício (circunstâncias judi-
por carga, remessa ou meio eletrônico, a ela não se aplica o dis- ciais favoráveis);
posto no § 1º do art. 269. III - Não seja indicada ou cabível a substituição por PRD.
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa NÃO IMPE-
DE a concessão do benefício.
Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressiva- § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior
mente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício a 4 anos, poderá ser suspensa, por 4 a 6 anos, desde que o con-
de suas funções denado seja maior de 70 anos de idade, ou razões de saúde
justifiquem a suspensão.
TÍTULO VII
DA DEFENSORIA PÚBLICA Súmula 499-STF: Não obsta a concessão do "sursis" condena-
Art. 185. A Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a ção anterior a pena de multa.
promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos indivi-
duais e coletivos dos necessitados, em todos os graus, de forma
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará
integral e gratuita.
sujeito à observação e ao cumprimento das condições estabeleci-
das pelo juiz.
Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para
§ 1º - No 1° ano do prazo, deverá o condenado prestar ser-
todas as suas manifestações processuais.
viços à comunidade (PSC) (art. 46) ou submeter-se à limitação
§ 1o O prazo tem início com a intimação pessoal do defensor
de fim de semana (LFS) (art. 48).
público, nos termos do art. 183, § 1 o (A intimação pessoal far-se- § 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impos-
á por carga, remessa ou meio eletrônico) sibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Códi-
O CPC/15 não prevê que intimação pessoal do defensor público go lhe forem inteiramente favoráveis (circunstâncias judiciais fa-
dar-se-á com a remessa dos autos com vista. A LC 80/94 prevê voráveis), o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo
no art. 128, I. anterior pelas seguintes condições, APLICADAS CUMULATI-
§ 2o A requerimento da Defensoria Pública, o juiz determinará VAMENTE:
a intimação pessoal da parte patrocinada quando o ato pro- a) proibição de frequentar determinados lugares;
cessual depender de providência ou informação que somente b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem
por ela possa ser realizada ou prestada. autorização do juiz;

17
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensal- Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao
mente, para informar e justificar suas atividades. condenado a PPL ≥2a, desde que:
I - cumprida + de 1/3 da pena se o condenado não for rein-
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a cidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;
que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato Se reincidente em crime culposo, tem que cumprir + de 1/3 e
e à situação pessoal do condenado. não + de 1/2.
II - cumprida + de 1/2 se o condenado for reincidente em
Art. 80 - A suspensão NÃO SE ESTENDE às penas restriti-
crime doloso;
vas de direitos nem à multa.
III - comprovado comportamento satisfatório durante a
Revogação obrigatória
execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi
Art. 81 - A suspensão SERÁ REVOGADA se, no curso do
atribuído e aptidão para prover à própria subsistência median-
prazo, o beneficiário:
te trabalho honesto;
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime DO-
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de
LOSO;
fazê-lo, o dano causado pela infração;
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de mul-
V - cumpridos + de 2/3 da pena, nos casos de condenação
ta ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do
por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpe-
dano;
centes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apena-
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código
do NÃO for REINCIDENTE ESPECÍFICO em crimes dessa natu-
(PSC ou LFS)
reza.
Revogação facultativa
Parágrafo único - Para o condenado por CRIME DOLOSO,
§ 1º - A suspensão PODERÁ SER REVOGADA se o condena-
COMETIDO COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À PESSOA, a
do descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorri-
concessão do livramento ficará também subordinada à constata-
velmente condenado, por crime culposo ou por contravenção,
ção de condições pessoais que façam presumir que o liberado
a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
não voltará a delinquir.
Prorrogação do período de prova
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro cri-
me ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da sus- +1/3 Não reincidente em crime DOLOSO e
pensão até o julgamento definitivo. LIVRAMENTO bons antecedentes
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao in- CONDICIONAL
+1/2 Reincidente em crime DOLOSO
vés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo,
se este não foi o fixado. +2/3 Crimes hediondos e equiparados e
não ser reincidente específico
Cumprimento das condições
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, Soma de penas
considera-se extinta a pena privativa de liberdade. Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas
devem somar-se para efeito do livramento.
SISTEMAS DO SURSIS
Especificações das condições
FRANCO BELGA ANGLO-AMERICANO PROBATION OF Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica su-
Probation System FIRST OFFENDERS bordinado o livramento.
ACTF

O réu é processa- O réu é processado O réu é processado Revogação do livramento


do Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser
condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irre-
É reconhecido É reconhecido culpado corrível:
culpado I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
Existe condenação II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 des-
te Código.
Suspende-se a Suspende-se o proces- Suspende-se o
execução da so evitando a imposi- processo sem o Revogação facultativa
pena ção da pena reconhecimento Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o
da culpa liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes
OBS: Foi adotado OBS: Não tem previsão OBS: Adotado pelo da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou
pelo Brasil para legal no nosso país. Brasil para discipli- contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
disciplinar o “sur- nar a suspensão
sis” (art. 77, CP). condicional do Efeitos da revogação
processo (art. 89, Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamen-
lei 9099/95). te concedido, e, salvo quando a revogação resulta de condena-
ção por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta
na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
CAPÍTULO V
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
Extinção
Requisitos do livramento condicional

18
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquan- - incapacidade para o exercí- pública, bem como de man-
to não passar em julgado a sentença em processo a que responde cio do poder familiar, da tutela dato eletivo
o liberado, por crime cometido na vigência do livramento. ou da curatela nos crimes do- - Proibição do exercício de
losos sujeitos à pena de reclu- profissão, atividade ou ofício
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, são cometidos contra outrem que dependam de habilita-
considera-se extinta a pena privativa de liberdade. igualmente titular do mesmo ção especial, de licença ou
poder familiar, contra filho, fi- autorização do poder público
Súmula 617, STJ: A ausência de suspensão ou revogação do li- lha ou outro descendente ou - Suspensão de autorização
vramento condicional antes do término do período de prova en- contra tutelado ou curatelado ou de habilitação para dirigir
seja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da - A inabilitação para dirigir veículo
pena. veículo, quando utilizado - Proibição de frequentar
como meio para a prática de determinados lugares
crime doloso. - Proibição de inscrever-se
CAPÍTULO VI
em concurso, avaliação ou
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
exame públicos.
Efeitos genéricos e específicos
Art. 91 - São efeitos da condenação (AUTOMÁTICOS):
CAPÍTULO VII
I - tornar certa a OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR o dano cau-
DA REABILITAÇÃO
sado pelo crime;
Reabilitação
II - a PERDA em favor da União, ressalvado o direito do le-
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas
sado ou de terceiro de boa-fé:
em sentença definitiva, assegurando ao condenado O SIGILO
a) dos INSTRUMENTOS do crime, desde que consistam em
DOS REGISTROS sobre o seu processo e condenação.
coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua
Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os
fato ilícito;
efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, veda-
b) do PRODUTO do crime ou de qualquer bem ou valor que
da reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I
constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato cri-
(perda de cargo, função pública ou mandato eletivo) e II (incapa-
minoso.
cidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela) do
§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equiva-
mesmo artigo.
lentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem
encontrados ou quando se localizarem no exterior.
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2
§ 2o Na hipótese do § 1 o, as medidas assecuratórias previstas
anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou
na legislação processual poderão abranger bens ou valores equi-
terminar sua execução, computando-se o período de prova da
valentes do investigado ou acusado para posterior decretação de
suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier re-
perda.
vogação, desde que o condenado:
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido (2
Art. 92 - São também efeitos da condenação (NÃO AUTO-
anos);
MÁTICOS):
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
constante de bom comportamento público e privado;
a) quando aplicada PPL por tempo ≥1 ano, nos crimes pra-
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demons-
ticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
tre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou
Administração Pública;
exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação
b) quando for aplicada PPL por tempo > a 4 anos nos de-
da dívida.
mais casos.
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requeri-
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da
da, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com no-
tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de re-
vos elementos comprobatórios dos requisitos necessários.
clusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo
poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a re-
contra tutelado ou curatelado
querimento do Ministério Público, se o reabilitado for condena-
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado
do, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não
como meio para a prática de crime doloso.
seja de multa.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são
automáticos, devendo ser motivadamente declarados na senten-
TÍTULO VI
ça.
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

Crime praticado por intermédio de automóvel é denominado


SISTEMA DO DUPLO SISTEMA VICARIANTE OU
DELITO DE CIRCULAÇÃO
BINÁRIO UNITÁRIO

São efeitos não automáticos São PRD na modalidade in- O semi-imputável cumpriria Ao semi-imputável será aplica-
da condenação (art. 92, CP): terdição temporária de di- inicialmente a pena privativa da a pena reduzida de 1/3 a
reitos (art. 47, CP) de liberdade e, ao seu final, 2/3 OU a medida de seguran-
- A perda de cargo, função - Proibição do exercício de se mantida a presença da pe- ça, conforme seja mais ade-
pública ou mandato eletivo cargo, função ou atividade riculosidade, seria submetido quado ao caso.

19
a uma medida de segurança Adotado pelo CP. Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dota-
do de características hospitalares e será submetido a tratamento.
*Explicações retiradas do site https://blog.ebeji.com.br/o-cp-bra-
sileiro-adota-o-sistema-vicariante-ou-duplo-binario/
INIMPUTÁVEL SEMI-IMPUTÁVEL
Espécies de medidas de segurança Absolvição imprópria Condenação
Art. 96. As medidas de segurança são: *Não interrompe o prazo
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiqui- prescricional
átrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado;
II - sujeição a tratamento ambulatorial. Impõe-se medida de segurança Impõe-se pena, reduzida de
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe 1/3 a 2/3.
medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta. OBS: caso seja necessário, o
juiz pode impor medida de se-
gurança
MS DETENTIVA MS RESTRITIVA
MS não gera reincidência MS, caso imposta,
Internação Tratamento ambulatorial
gera reincidência
Crimes apenados com RECLU- Crimes apenados com DETEN-
SÃO ÇÃO, salvo se a periculosidade
SÚMULAS SOBRE MEDIDA DE SEGURANÇA
do agente justificar a aplicação
de internação STF
Súmula 422-STF: A absolvição criminal não prejudica a medida
Imposição da medida de segurança para inimputável de segurança, quando couber, ainda que importe privação da
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua liberdade.
internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for Súmula 520-STF: Não exige a lei que, para requerer o exame
punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento a que se refere o art. 777 do Código de Processo Penal, tenha o
ambulatorial. sentenciado cumprido mais de metade do prazo da medida
Prazo de segurança imposta.
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por Súmula 525-STF: A medida de segurança não será aplicada
tempo INDETERMINADO, perdurando enquanto não for averi- em segunda instância, quando só o réu tenha recorrido.
guada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O
prazo mínimo deverá ser de 1 a 3 anos. STJ
Perícia médica Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medida de segurança
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo míni- não deve ultrapassar o limite máximo da pena
mo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer abstratamente cominada ao delito praticado (STF: não pode
tempo, se o determinar o juiz da execução. ultrapassar 30 anos)
Desinternação ou liberação condicional
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, SERÁ SEMPRE CON-
DICIONAL devendo ser restabelecida a situação anterior se o CÓDIGO PROCESSO PENAL
agente, antes do decurso de 1 ano, pratica fato indicativo de
persistência de sua periculosidade (o fato não precisa ser típico) TÍTULO VIII
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR,
o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA
necessária para fins curativos. CAPÍTULO I
DO JUIZ
Substituição da pena por medida de segurança para o semi- Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do proces-
imputável so e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo,
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste para tal fim, requisitar a força pública.
Código e necessitando o condenado de especial tratamento cura-
tivo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo
internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo em que:
de 1 a 3 anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguí-
4º. neo ou afim, em linha reta ou colateral até o 3° grau, inclusive,
como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público,
PRAZO MÁXIMO autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas
STF STJ funções ou servido como testemunha;
30 anos Prazo igual ao da pena máxima III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunci-
abstratamente cominada pelo ando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;
crime IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou
afim em linha reta ou colateral até o 3° grau, inclusive, for parte
ou diretamente interessado no feito.
Direitos do internado

20
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o inter-
processo os juízes que forem entre si parentes, consanguíneos ou rogatório (expressão não recepcionada pela CF/88), reconheci-
afins, em linha reta ou colateral até o 3° grau, inclusive. mento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realiza-
do, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença.
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, po- Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de
derá ser recusado por qualquer das partes: condução, os requisitos mencionados no art. 352, no que lhe for
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer de- aplicável.
les;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, esti- O STF entendeu que a condução coercitiva viola a liberdade de
ver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo ca- locomoção.
ráter criminoso haja controvérsia; A condução coercitiva viola o princípio da não culpabilidade
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou (ou da presunção de inocência), previsto no art. 5º, LVII, da CF/
afim, até o 3° grau, inclusive, sustentar demanda ou responder 88.
a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; A condução coercitiva desrespeita a dignidade da pessoa hu-
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; mana.
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qual- A condução coercitiva é ilegítima mesmo que o investigado
quer das partes; tenha sido previamente intimado para comparecer à Delega-
VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade cia para interrogatório e tenha se recusado. Assim, mesmo
interessada no processo. que seja obedecida rigorosamente a cautela do art. 260, ainda
assim a condução coercitiva para interrogatório será indevida.
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de pa- Isso porque a CF/88 e os tratados internacionais, ao preverem o
rentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento direito do investigado ao silêncio, asseguram também a ele,
que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, como decorrência, o direito de ausência ao interrogatório.
ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não Condução coercitiva pode ser adotada para outras hipóte-
funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ses: Para que a condução coercitiva seja legítima, ela deve desti-
ou enteado de quem for parte no processo. nar-se à prática de um ato ao qual a pessoa tem o dever de
comparecer, ou, ao menos, que possa ser legitimamente obriga-
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reco- da a comparecer.
nhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo Exemplo 1: condução coercitiva quando houver dúvida so-
para criá-la. bre a identidade civil do investigado.
Exemplo 2: condução coercitiva para fazer a qualificação do
CAPÍTULO II investigado (1ª fase do interrogatório).
DO MINISTÉRIO PÚBLICO CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Inconstitucionalidade
Art. 257. Ao Ministério Público cabe: da condução coercitiva para interrogatório. Buscador Dizer o Di-
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na reito, Manaus. Disponível em: https://www.buscadordizerodirei-
forma estabelecida neste Código; e to.com.br/jurisprudencia/detalhes/1f74a54f39b3123ad272-
II - fiscalizar a execução da lei. ca0a06e7463f Acesso em: 31/01/2019

Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão


Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragi-
nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu côn-
do, será processado ou julgado sem defensor.
juge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colate -
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por de-
ral, até o 3° grau, inclusive, e a eles se estendem, no que lhes for
fensor público ou dativo, será sempre exercida através de ma-
aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos
nifestação fundamentada.
dos juízes.
Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador.
SÚMULA SOBRE MP
Súmula 701-STF: No mandado de segurança impetrado pelo Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado de-
Ministério Público contra decisão proferida em processo penal, fensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nome-
é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo. ar outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha
habilitação.
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obri-
CAPÍTULO III
gado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo
DO ACUSADO E SEU DEFENSOR
juiz.
Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com
o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a
Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e solicitado-
ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tem-
res serão obrigados, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-
po, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sen-
réis, a prestar seu patrocínio aos acusados, quando nomeados
tença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação,
pelo Juiz.
por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos prece-
dentes.
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo se-
não por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz,

21
sob pena de multa de 10 a 100 salários mínimos, sem prejuízo
das demais sanções cabíveis. CAPÍTULO V
§ 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justifi- DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA
cado, o defensor não puder comparecer. Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes esten-
§ 2o Incumbe ao defensor provar o impedimento até a dem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no que lhes
abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará for aplicável.
o adiamento de ato algum do processo, devendo nomear de-
fensor substituto, ainda que provisoriamente ou só para o CAPÍTULO VI
efeito do ato. DOS PERITOS E INTÉRPRETES
Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à
Art. 266. A constituição de defensor independerá de ins- disciplina judiciária.
trumento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião do
interrogatório. Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.

Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como de- Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a
fensores os parentes do juiz. aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-
réis, salvo escusa atendível.
CAPÍTULO IV Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que,
DOS ASSISTENTES sem justa causa, provada imediatamente:
Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá inter- a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autorida-
vir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu re- de;
presentante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas menciona- b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
das no Art. 31 (CADI). c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja
feita, nos prazos estabelecidos.
Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar
em julgado a sentença e receberá a causa no estado em que se Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem
achar. justa causa, a autoridade poderá determinar a sua condução.

Art. 270. O corréu no mesmo processo não poderá intervir Art. 279. Não poderão ser peritos:
como assistente do Ministério Público. I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencio-
nada nos n°. I e IV do art. 69 do Código Penal;
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou
prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os opinado anteriormente sobre o objeto da perícia;
articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos in- III - os analfabetos e os menores de 21 anos.
terpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos
dos arts. 584, § 1, e 598. Art. 280. É extensivo aos peritos, no que lhes for aplicável, o
§ 1o O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da disposto sobre suspeição dos juízes.
realização das provas propostas pelo assistente.
§ 2o O processo prosseguirá independentemente de nova Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equipara-
intimação do assistente, quando este, intimado, deixar de compa- dos aos peritos.
recer a qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem
motivo de força maior devidamente comprovado. TÍTULO IX
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE PROVI-
Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente SÓRIA
sobre a admissão do assistente. Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deve-
rão ser aplicadas observando-se a:
Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação
NÃO CABERÁ RECURSO, devendo, entretanto, constar dos autos ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos,
o pedido e a decisão. para evitar a prática de infrações penais;
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias
SÚMULAS SOBRE ASSISTENTE do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado.
§ 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou
Súmula 210-STF: O assistente do Ministério Público pode re- cumulativamente.
correr, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos ca- § 2o As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício
sos dos arts. 584, parágrafo 1º e 598 do Código de Processo Pe- ou a requerimento das partes ou, quando no curso da investiga-
nal. ção criminal, por representação da autoridade policial ou median-
Súmula 448-STF: O prazo para o assistente recorrer, supletiva- te requerimento do Ministério Público.
mente, começa a correr imediatamente após o transcurso do § 3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficá-
prazo do Ministério Público. cia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar,
OBS: Se o assistente já estava habilitado nos autos o prazo de determinará a intimação da parte contrária, acompanhada de
recurso será de 5 dias; Se ainda não estava habilitado: o prazo cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os
será de 15 dias.

22
autos em juízo (concretização do princípio do contraditório no Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacional,
âmbito das medidas cautelares) fora da jurisdição do juiz processante, será deprecada a sua pri-
§ 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações im- são, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado.
postas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério § 1o Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por qual-
Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a quer meio de comunicação, do qual deverá constar o motivo da
medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, de- prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada.
cretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). § 2o A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as precau-
§ 5o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la ções necessárias para averiguar a autenticidade da comunicação.
quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como § 3o O juiz processante deverá providenciar a remoção do preso
voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem (re- no prazo máximo de 30 dias, contados da efetivação da medida.
bus sic stantibus)
§ 6o A prisão preventiva será determinada quando não for ca- Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato re-
bível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319). gistro do mandado de prisão em banco de dados mantido pelo
CNJ para essa finalidade.
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante de- § 1o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão determina-
lito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária da no mandado de prisão registrado no Conselho Nacional de
competente, em decorrência de sentença condenatória transitada Justiça, ainda que fora da competência territorial do juiz que o ex-
em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em vir- pediu.
tude de prisão temporária ou prisão preventiva. § 2o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão decretada,
§ 1o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam ainda que sem registro no Conselho Nacional de Justiça, adotan-
à infração a que não for isolada, cumulativa ou alternativa- do as precauções necessárias para averiguar a autenticidade do
mente cominada pena privativa de liberdade. mandado e comunicando ao juiz que a decretou, devendo este
§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer providenciar, em seguida, o registro do mandado na forma do ca-
hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domi- put deste artigo.
cílio. § 3o A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local de
cumprimento da medida o qual providenciará a certidão extraída
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a do registro do Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo
indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do que a decretou.
preso. § 4o O preso será informado de seus direitos, nos termos do inci-
so LXIII do art. 5 da Constituição Federal e, caso o autuado não
Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o informe o nome de seu advogado, será comunicado à Defensoria
respectivo mandado. Pública.
Parágrafo único. O mandado de prisão: § 5o Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a legitimidade
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade; da pessoa do executor ou sobre a identidade do preso, aplica-se
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, o disposto no § 2 do art. 290 deste Código.
alcunha ou sinais característicos; § 6o O CNJ regulamentará o registro do mandado de prisão a que
c) mencionará a infração penal que motivar a prisão; se refere o caput deste artigo.
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a
infração; Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execu- outro município ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a pri-
ção. são no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à
autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto
Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o execu- de flagrante, providenciará para a remoção do preso.
tor entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exemplares § 1o - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do
com declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega de- réu, quando:
verá o preso passar recibo no outro exemplar; se recusar, não a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, em-
souber ou não puder escrever, o fato será mencionado em decla- bora depois o tenha perdido de vista;
ração, assinada por duas testemunhas. b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o
réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do lugar em que o procure, for no seu encalço.
mandado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, será ime- § 2o Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões
diatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado. para duvidar da legitimidade da pessoa do executor ou da legali -
dade do mandado que apresentar, poderão pôr em custódia o
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exi- réu, até que fique esclarecida a dúvida.
bido o mandado ao respectivo diretor ou carcereiro, a quem será
entregue cópia assinada pelo executor ou apresentada a guia ex- Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender-se-á fei-
pedida pela autoridade competente, devendo ser passado recibo ta desde que o executor, fazendo-se conhecer do réu, lhe apre -
da entrega do preso, com declaração de dia e hora. sente o mandado e o intime a acompanhá-lo.
Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no próprio
exemplar do mandado, se este for o documento exibido. Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resis-
tência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade
competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão

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usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a re- Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for possível, se-
sistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas rão recolhidos à prisão, em estabelecimentos militares, de acordo
testemunhas. com os respectivos regulamentos.
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres
grávidas durante os atos médico-hospitalares preparatórios Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido pela
para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem autoridade judiciária, a autoridade policial poderá expedir tantos
como em mulheres durante o período de puerpério imediato. outros quantos necessários às diligências, devendo neles ser fiel-
mente reproduzido o teor do mandado original.
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com seguran-
ça, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de manda-
será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for do judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas pela au-
obedecido imediatamente, o executor convocará 2 testemunhas toridade, a quem se fizer a requisição, as precauções necessárias
e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se para averiguar a autenticidade desta.
preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao mo-
rador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tor- Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão separa-
nando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arromba- das das que já estiverem definitivamente condenadas, nos termos
rá as portas e efetuará a prisão. da lei de execução penal.
Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a
oculto em sua casa será levado à presença da autoridade, para lavratura dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da
que se proceda contra ele como for de direito. instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das au-
toridades competentes.
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o
disposto no artigo anterior, no que for aplicável.
CAPÍTULO II
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à DA PRISÃO EM FLAGRANTE
disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão Art. 301. Qualquer do povo poderá (flagrante facultativo)
antes de condenação definitiva: e as autoridades policiais e seus agentes deverão (flagrante
I - os ministros de Estado; compulsório) prender quem quer que seja encontrado em fla-
II - os governadores ou interventores de Estados ou Territó- grante delito.
rios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os
prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; Art. 302. Considera-se em FLAGRANTE DELITO quem:
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de I - está cometendo a infração penal (Flagrante Próprio)
Economia Nacional e das Assembleias Legislativas dos Estados; II - acaba de cometê-la (Flagrante Próprio)
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito"; III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendi-
V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser
do Distrito Federal e dos Territórios; autor da infração (Flagrante Impróprio/Irreal/Quase-Flagran-
VI - os magistrados; te)
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas,
da República; objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração
VIII - os ministros de confissão religiosa; (Flagrante Presumido/Ficto)
IX - os ministros do Tribunal de Contas;
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a fun-
OUTRAS ESPÉCIES DE FLAGRANTES
ção de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de in-
capacidade para o exercício daquela função; Flagrante A autoridade policial antecede o início da exe-
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Esperado cução delitiva
Territórios, ativos e inativos.
Flagrante O agente é induzido a cometer o delito.
§ 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em outras
Preparado S145/STF: Não há crime quando a preparação
leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local distin-
ou do flagrante pela polícia torna impossível sua
to da prisão comum.
Provocado consumação
§ 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso
especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo esta- Flagrante A autoridade policial tem a faculdade de aguar-
belecimento. Prorrogado dar o momento mais adequado para realizar a
§ 3o A cela especial poderá consistir em alojamento cole- ou Diferido prisão, ainda que sua atitude implique na poster-
tivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela gação da intervenção. Previsto na Lei 12850/13,
concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamen- Lei 11343/06 e Lei 9613/98.
to térmico adequados à existência humana. OBS: A Lei 12850/13 exige prévia COMUNICA-
§ 4o O preso especial não será transportado juntamente ÇÃO; já a Lei 11343/06 exige prévia AUTORIZA-
com o preso comum. ÇÃO JUDICIAL.
§ 5o Os demais direitos e deveres do preso especial serão os
mesmos do preso comum. Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente
em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.

24
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ou- Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver
virá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entre- efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais
gando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em próximo.
seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanha-
rem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liber-
feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, la- dade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
vrando, a autoridade, afinal, o auto.
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz
conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no deverá fundamentadamente:
caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos I - relaxar a prisão ilegal; ou
do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quan-
for, enviará os autos à autoridade que o seja. do presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e
§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas caute-
auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, lares diversas da prisão; ou
deverão assiná-lo pelo menos 2 pessoas que hajam testemunha- III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
do a apresentação do preso à autoridade. Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes
não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado dos incisos I a III do caput do art. 23 do Código Penal (excluden-
por 2 testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença tes de ilicitude), poderá, fundamentadamente, conceder ao
deste. acusado liberdade provisória, mediante termo de compareci-
§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá mento a todos os atos processuais, sob pena de revogação.
constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas
idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela
pessoa presa. EDIÇÃO N. 120: DA PRISÃO EM FLAGRANTE
1) Não há crime, quando a preparação do flagrante pela
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer polícia torna impossível a sua consumação. (Súmula n.
pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de pres- 145/STF)
tado o compromisso legal. 2) O tipo penal descrito no art. 33 da Lei n. 11.343/2006 é de
ação múltipla e de natureza permanente, razão pela qual a
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se en- prática criminosa se consuma, por exemplo, a depender do caso
contre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, concreto, nas condutas de "ter em depósito", "guardar",
ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele "transportar" e "trazer consigo", antes mesmo da atuação
indicada. provocadora da polícia, o que afasta a tese defensiva de
flagrante preparado.
Juiz
3) No flagrante esperado, a polícia tem notícias de que uma
Comunicação imediata da
MP infração penal será cometida e passa a monitorar a
prisão
atividade do agente de forma a aguardar o melhor momento
Família do preso
para executar a prisão, não havendo que se falar em
§ 1o Em até 24 horas após a realização da prisão, será en- ilegalidade do flagrante.
caminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, 4) No tocante ao FLAGRANTE RETARDADO ou à AÇÃO
caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia CONTROLADA, a ausência de autorização judicial não tem o
integral para a Defensoria Pública. condão de tornar ilegal a prisão em flagrante postergado,
Em até 24 horas após a pri- Juiz vez que o instituto visa a proteger o trabalho investigativo,
são, encaminha-se o auto de afastando a eventual responsabilidade criminal ou
Defensoria Pública (cópia inte-
prisão em flagrante administrava por parte do agente policial.
gral)
5) Para a lavratura do auto de prisão em flagrante é
§ 2o No mesmo prazo (até 24 horas após a realização da despicienda a elaboração do laudo toxicológico definitivo, o
prisão), será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de que se depreende da leitura do art. 50, §1º, da Lei n.
culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome 11.343/2006, segundo o qual é suficiente para tanto a
do condutor e os das testemunhas. confecção do laudo de constatação da natureza e da
quantidade da droga.
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da auto- 6) Eventual nulidade no auto de prisão em flagrante devido à
ridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do ausência de assistência por advogado somente se verifica caso
auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fi- não seja oportunizado ao conduzido o direito de ser
zer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assi- assistido por defensor técnico, sendo suficiente a
nado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido lembrança, pela autoridade policial, dos direitos do preso
imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do previstos no art. 5º, LXIII, da Constituição Federal.
fato delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o 7) Uma vez decretada a prisão preventiva, fica superada a tese
auto. de excesso de prazo na comunicação do flagrante.
8) Realizada a conversão da prisão em flagrante em preventiva,
fica superada a alegação de nulidade porventura existente em

25
relação à ausência de audiência de custódia.
9) Não há nulidade da audiência de custódia por suposta
violação da Súmula Vinculante n. 11 do STF, quando
devidamente justificada a necessidade do uso de algemas
pelo segregado.
10) Não há nulidade na hipótese em que o magistrado, de
ofício, sem prévia provocação da autoridade policial ou do
órgão ministerial, converte a prisão em flagrante em preventiva,
quando presentes os requisitos previstos no art. 312 do Código
de Processo Penal - CPP.
11) Com a superveniência de decretação da prisão preventiva
ficam prejudicadas as alegações de ilegalidade da segregação
em flagrante, tendo em vista a formação de novo título
ensejador da custódia cautelar.

26
DIA 6 VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas
de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias
Legislativas;
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
Constituição Federal: art. 44-69 VIII - concessão de anistia;
Código Civil: art. 233-285 IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e
Código Processo Civil: art. 188-235 da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização ju-
Código Penal: art. 100-128 diciária e do Ministério Público do Distrito Federal;
Código Processo Penal: art. 311-350 X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun -
ções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;
CONSTITUIÇÃO FEDERAL XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administra-
ção pública;
XII - telecomunicações e radiodifusão;
TÍTULO IV
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições finan-
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
ceiras e suas operações;
CAPÍTULO I
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobi-
DO PODER LEGISLATIVO
liária federal.
SEÇÃO I
XV - fixação do subsídio dos Ministros do STF, observado o
DO CONGRESSO NACIONAL
que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional,
que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de 4 anos.
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos
internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravo-
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes
sos ao patrimônio nacional;
do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a ce-
cada Território e no Distrito Federal.
lebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação
território nacional ou nele permaneçam temporariamente,
por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por LC, pro-
ressalvados os casos previstos em lei complementar;
porcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes neces-
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se
sários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas
ausentarem do País, quando a ausência exceder a 15 dias;
unidades da Federação tenha menos de 8 ou mais de 70 Depu-
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, auto-
tados.
rizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medi-
§ 2º Cada Território elegerá 4 Deputados.
das;
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Es-
tados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majori- COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO CN
tário. APROVAR AUTORIZAR
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão 3 Senadores, com
mandato de 8 anos. Estado de Defesa Estado de Sítio
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será Intervenção Federal
renovada de 4 em 4 anos, alternadamente, por 1/3 e 2/3
§ 3º Cada Senador será eleito com 2 suplentes.
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbi-
tem do poder regulamentar ou dos limites de delegação le-
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as delibera-
gislativa;
ções de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maio-
VI - mudar temporariamente sua sede;
ria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Sena-
dores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II,
Seção II
153, III, e 153, § 2º, I;
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presi-
República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem
dente da República, não exigida esta para o especificado nos
os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competên-
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da
cia da União, especialmente sobre:
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
de governo;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual,
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; CONTAS DO PR
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de de- CN Julga
senvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens TCU Aprecia
do domínio da União; CD Procede a tomada de contas não apresentadas ao
CN em 60 dias após a abertura da sessão legislativa

1
II - processar e julgar os Ministros do STF, os membros do CNJ
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas e do CNMP, o PGR e o AGU nos crimes de responsabilidade;
Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição públi-
indireta; ca, a escolha de:
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
da atribuição normativa dos outros Poderes; b) Ministros do TCU indicados pelo Presidente da República;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão c) Governador de Território;
de emissoras de rádio e televisão; d) Presidente e diretores do banco central;
XIII - escolher 2/3 dos membros do TCU; e) PGR;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ativi- f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
dades nucleares; IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito (AR/CP); sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aprovei- caráter permanente;
tamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas V - autorizar operações externas de natureza financeira, de in-
minerais; teresse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras e dos Municípios;
públicas com área superior a 2.500 hectares. VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites glo-
bais para o montante da dívida consolidada da União, dos Es-
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qual- tados, do Distrito Federal e dos Municípios;
quer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou VII - dispor sobre limites globais e condições para as opera-
quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presi- ções de crédito externo e interno da União, dos Estados, do
dência da República para prestarem, pessoalmente, informações Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais en-
sobre assunto previamente determinado, importando crime de tidades controladas pelo Poder Público federal;
responsabilidade a ausência sem justificação adequada. VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de ga-
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Fe- rantia da União em operações de crédito externo e interno;
deral, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comis- IX - estabelecer limites globais e condições para o montante
sões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério. cípios;
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei decla-
poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros rada inconstitucional por decisão definitiva do STF (houve
de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste ar- mutação constitucional – papel do SF é apenas dar publicida-
tigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o de);
não - atendimento, no prazo de 30 dias, bem como a presta- XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exone-
ção de informações falsas ração, de ofício, do PGR antes do término de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
Seção III XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, cria-
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS ção, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva re -
I - autorizar, por 2/3 de seus membros, a instauração de pro- muneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de di-
cesso contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os retrizes orçamentárias;
Ministros de Estado; XIV – eleger (2) membros do Conselho da República, nos termos
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, do art. 89, VII.
quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de 60 XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tri-
dias após a abertura da sessão legislativa; butário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o de-
III - elaborar seu regimento interno; sempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, cria- do Distrito Federal e dos Municípios.
ção, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará
de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva re - como Presidente o do STF, limitando-se a condenação, que
muneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de di- somente será proferida por 2/3 dos votos do Senado Federal,
retrizes orçamentárias; à perda do cargo, com inabilitação, por 8 anos, para o exercí-
V – eleger (2) membros do Conselho da República, nos termos do cio de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais
art. 89, VII. cabíveis.

Seção IV Seção V
DO SENADO FEDERAL DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penal-
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Repú- mente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos -
blica nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros Imunidade material, real, substancial ou inviolabilidade
de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Ae- § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma,
ronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aque- serão submetidos a julgamento perante o STF - Prerrogativa
les; de foro

2
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime nesta Constituição;
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada
horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus em julgado.
membros, resolva sobre a prisão - Imunidade formal ou § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos ca-
processual em razão da prisão (freedom from arrest) sos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção
crime ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência à Casa de vantagens indevidas.
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representa- § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será de-
do e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a de- cidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por
cisão final, sustar o andamento da ação - Imunidade formal maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou
ou processual para o processo de partido político representado no Congresso Nacional, assegu-
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva rada ampla defesa.
no prazo improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela § 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será decla-
Mesa Diretora - Imunidade formal ou processual para o rada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provo-
processo cação de qualquer de seus membros, ou de partido político re-
§ 5º A sustação do processo SUSPENDE A PRESCRIÇÃO, en- presentado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
quanto durar o mandato - Imunidade formal ou processual
para o processo PERDA DO MANDATO
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemu-
nhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do SERÁ DECIDIDA PELA CD ou SERÁ DECLARADA PELA
exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram SF por MAIORIA ABSOLUTA MESA DA CASA RESPECTIVA
ou deles receberam informações. • Infringir qualquer das proi- • Deixar de comparecer, em
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Sena- bições cada sessão legislativa, 1/3 das
dores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, de- • Procedimento for declarado sessões ordinárias da Casa a
penderá de prévia licença da Casa respectiva. incompatível com o decoro que pertencer, salvo licença ou
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão du- parlamentar missão por esta autorizada
rante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o • Sofrer condenação crimi- • Perder ou tiver suspensos
voto de 2/3 dos membros da Casa respectiva, nos casos de nal em sentença transitada os direitos políticos
atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que em julgado • Decretar a Justiça Eleitoral
sejam incompatíveis com a execução da medida.
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá
I - desde a expedição do diploma:
seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam
a) FIRMAR OU MANTER CONTRATO com pessoa jurídica de
os §§ 2º e 3º.
direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de eco-
nomia mista ou empresa concessionária de serviço público,
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:
salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de
b) ACEITAR OU EXERCER CARGO, função ou emprego remune-
Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Terri-
rado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas
tório, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática
entidades constantes da alínea anterior;
temporária;
II - desde a posse:
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa
para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde
que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica
que, neste caso, o afastamento não ultrapasse 120 dias por ses-
de direito público, ou nela exercer função remunerada;
são legislativa.
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nu-
§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura
tum", nas entidades referidas no inciso I, "a";
em funções previstas neste artigo ou de licença superior a 120
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das enti-
dias.
dades a que se refere o inciso I, "a";
§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público ele-
para preenchê-la se faltarem mais de 15 meses para o término
tivo.
do mandato.
§ 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá op-
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
tar pela remuneração do mandato.
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo
anterior;
Seção VI
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o de-
DAS REUNIÕES
coro parlamentar;
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, 1/3
Federal, de 2/2 a 17/7 e de 1º/8 a 22/12.
das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou
§ 1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas
missão por esta autorizada;
para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sába-
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
dos, domingos ou feriados.

3
§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprova- IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas
ção do projeto de LDO. de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou
§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara entidades públicas;
dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão con- V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
junta para: VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais
I - inaugurar a sessão legislativa; e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços § 3º As COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO (CPI),
comuns às duas Casas; que terão poderes de investigação próprios das autoridades
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respecti-
da República; vas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Sena-
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. do Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requeri-
§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, mento de 1/3 de seus membros, para a apuração de FATO DE-
a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para TERMINADO e por PRAZO CERTO, sendo suas conclusões, se
a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promo-
mandato de 2 anos, vedada a recondução para o mesmo cargo va a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
na eleição imediatamente subsequente.
§ 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presi- CPI E PODERES DE INVESTIGAÇÃO
dente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, al-
ternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câma- INDEPENDE DE DEPENDE DE AUTORIZAÇÃO
ra dos Deputados e no Senado Federal. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL JUDICIAL
§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se- - Notificar testemunhas e - Expedir mandado de prisão.
á: determinar sua condução ATENÇÃO: Pode prender em
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação coercitiva, as quais terão o flagrante, como qualquer
de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de compromisso de dizer a pessoa do povo. Ex: falso
autorização para a decretação de estado de sítio e para o verdade, sob pena de falso testemunho, desacato a
compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da testemunho. Tem o direito parlamentar.
República; constitucional ao silêncio. - Expedir mandado de busca e
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara - Expedir mandado de busca e apreensão em casa ou
dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da mai- apreensão não domiciliar. escritório.
oria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou - Magistrados, Ministros de - Expedir mandado de
interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso Estado, membros do MP e interceptação telefônica.
com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do outros parlamentares podem ATENÇÃO: Pode requisitar
Congresso Nacional. marcar dia e hora para serem extrato telefônico, ou seja,
§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional ouvidos como testemunhas. pode quebrar o sigilo dos
somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, - Ouvir investigados ou dados telefônicos (conta, lista
ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento indiciados, garantido o direito de ligações).
de parcela indenizatória, em razão da convocação. ao silêncio e a assistência de
§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convo- advogado.
cação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas auto-
maticamente incluídas na pauta da convocação. Realizar perícias, vistorias, - Medidas de constrição
exames, diligências externas. judicial (indisponibilidade de
Seção VII bens, arresto, sequestro,
DAS COMISSÕES hipoteca legal).
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões per- - Apreensão de passaporte.
manentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribui- - Proibir saída do território
ções previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar nacional.
sua criação.
Quebrar sigilo bancário, fiscal Tais diligências, as quais
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegura-
ou de dados. dependem de autorização
da, tanto quanto possível, a representação proporcional dos parti-
ATENÇÃO: CPI estadual judicial, são chamadas pelo STF
dos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva
também pode quebrar sigilo de reserva constitucional de
Casa.
bancário ou fiscal, o que não é jurisdição: o juiz tem a
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência,
possível no caso de CPI primeira, a única e a última
cabe:
municipal. palavra.
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do re-
gimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de
1/10 dos membros da Casa; § 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordi-
civil; nária do período legislativo, com atribuições definidas no regi-
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações so- mento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a
bre assuntos inerentes a suas atribuições; proporcionalidade da representação partidária.

4
SÚMULAS SOBRE PODER LEGISLATIVO racterísticas, a nova ordem jurídica
começa com a sua manifestação, e
Súmula 245-STF: A imunidade parlamentar não se estende ao
não antes dela.
corréu sem essa prerrogativa
f) Permanente: não se esgota com a
Súmula 397-STF: O poder de polícia da Câmara dos Deputados
edição da nova Constituição, sobrevi-
e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas
vendo a ela e fora dela como forma e
dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão
expressão da liberdade humana, em
em flagrante do acusado e a realização do inquérito.
verdadeira ideia de subsistência.
ATENÇÃO: A manifestação do Po-
PODER CONSTITUINTE der Constituinte originário pode
ser legítima (suporte no princípio
Canotilho: “o poder constituinte se revela sempre como uma
democrático) e ilegal (rompe com
questão de 'poder', de 'força' ou de 'autoridade' política que
o direito posto).
está em condições de, numa determinada situação concreta,
criar, garantir ou eliminar uma Constituição entendida como lei
LIMITES METAJURÍDICOS (OU SU-
fundamental da comunidade política.”
PRAPOSITIVOS) DO PODER CONS-
A titularidade do poder constituinte, como aponta a doutrina
TITUINTE ORIGINÁRIO - JORGE
moderna (majoritária), pertence ao povo. Nesse sentido,
MIRANDA:
seguindo a tendência moderna, o art. 1º, parágrafo único, CF
- Limitações ideológicas: são aque-
estabelece que todo poder emana do povo, adotando assim a
las que derivam de ideologias, de
teoria da soberania popular.
crenças arraigadas na opinião públi-
É aquele que instaura uma nova or- ca.
dem jurídica, rompendo por comple- - Limitações institucionais: são
to com a ordem jurídica precedente. aquelas que derivam de instituições
CARACTERÍSTICAS: da sociedade que estão historica-
a) Inicial: instaura uma nova ordem mente arraigadas naquele meio soci-
jurídica, rompendo por completo al. Ex: propriedade, família.
com a ordem jurídica anterior. - Limitações materiais (ou substan-
b) Autônomo: a estruturação da ciais):
nova constituição será determinada, a) Limites materiais transcenden-
autonomamente, por quem exerce o tes: são aqueles que transcendem o
poder constituinte originário. direito positivo.
c) Ilimitado juridicamente: não tem Ex: direito natural, valores éticos su-
de respeitar os limites postos pelo periores, consciência jurídica coletiva,
direito anterior. direitos humanos.
PODER CONSTITUINTE ATENÇÃO: Alguns doutrinadores en- A necessidade de observância e res-
ORIGINÁRIO tendem que o poder constituinte ori- peito por parte do Poder Constituin-
(GENUÍNO OU DE 1º ginário sofre limitações, pois é estru- te aos direitos fundamentais con-
GRAU) turado e obedece a padrões e mode- quistados por uma sociedade e sobre
los de conduta espirituais, culturais, os quais haja um consenso profundo
éticos e sociais radicados na cons- é conhecida como princípio da proi-
ciência jurídica geral da comunidade bição de retrocesso (efeito cliquet).
e, nesta medida, considerados como b) Limites materiais imanentes: di-
“vontade do povo”. Ademais, para zem respeito à configuração histórica
tais autores há a necessidade de ob- do Estado. Ex: Estado soberano, Esta-
servância de princípios de justiça (su- do monárquico ou republicano, Esta-
prapositivos e supralegais) e, tam- do federal ou unitário.
bém, dos princípios de direito inter- c) Limites materiais heterônomos:
nacional (princípio da independência, derivam do Direito Internacional.
princípio da autodeterminação, prin- * Gerais: são os princípios do Direito
cípio da observância de direitos hu- Internacional ligados ao jus cogens.
manos - neste último caso de vincu- Ex: Declaração Universal dos Direitos
lação jurídica, chegando a doutrina a Humanos.
propor uma juridicização e evolução * Especiais: são obrigações internaci-
do poder constituinte). onais assumidas por um Estado em
d) Incondicionado e soberano na face de outro Estado, de um grupo
tomada de suas decisões: não tem de Estados ou da comunidade inter-
de submeter-se a qualquer forma nacional, por meios dos acordos, tra-
prefixada de manifestação. tados e convênios internacionais.
e) Poder de fato e poder político:
PODER CONSTITUINTE Deve obedecer às regras colocadas e
energia ou força social, de natureza
DERIVADO impostas pelo originário, sendo, nes-
pré-jurídica, sendo que, por essas ca-

5
(INSTITUÍDO, CONSTI- se sentido, limitado e condicionado der Constituinte Originário na tenta-
TUÍDO, SECUNDÁRIO, aos parâmetros a ele impostos. tiva de preservar a identidade mate-
DE 2º GRAU OU REMA- rial da Constituição, impedindo a vio-
NESCENTE) PODER CONSTITUINTE DERIVADO lação do núcleo essencial de deter-
REFORMADOR (OU COMPETÊNCIA minados direitos, princípios e institui-
REFORMADORA): Tem a capacida- ções. Tais limitações exteriorizam-se
de de modificar a Constituição Fe- nas cláusulas pétreas, também deno-
deral, por meio de um procedi- minadas cláusulas intangíveis ou de
mento específico, estabelecido eternidade (Alemanha), cláusulas
pelo poder constituinte originário, constitucionais entrincheiradas ou
sem que haja uma verdadeira revo- cravadas na pedra (Estados Unidos)
lução. ou, ainda, cláusulas superconstitucio-
O poder de reforma constitucional, nais, na expressão utilizada por Oscar
assim, tem natureza jurídica, ao Vilhena Vieira, as quais possuem três
contrário do originário, que é um finalidades básicas: preservar a iden-
poder de fato, um poder político, ou, tidade material da Constituição, pro-
segundo alguns, uma força ou teger institutos e valores essenciais e
energia social. assegurar a continuidade do proces-
A manifestação do poder constitu- so democrático.
inte reformador verifica-se por e) Limitações temporais: São aque-
meio das emendas constitucionais las que impedem a alteração da
(arts. 59, I, e 60, CF). Constituição durante um determina-
do período de tempo, a fim de que
LIMITAÇÕES EXPRESSAS (OU EX- possam adquirir um certo grau de
PLÍCITAS) AO PODER CONSTITUIN- estabilidade. ATENÇÃO: Na CF/88
TE DERIVADO REFORMADOR: não há limitação temporal para a re-
a) Limitações formais subjetivas forma, mas havia para a revisão, a
(art. 60, I, II, III, CF): estão relacio- qual era de 5 anos, conforme art. 3º,
nadas à iniciativa do processo de ela- ADCT.
boração da emenda.
b) Limitações formais objetivas PODER CONSTITUINTE DERIVADO
(art. 60, § 2º e § 5º, CF): necessida- DECORRENTE: Poder de direito, se-
de de quórum de aprovação de 3/5, cundário, limitado e condicionado.
em dois turnos de votação. Além dis- Sua missão é estruturar a Constitui-
so, conforme art. 60, § 5º, CF, a maté- ção dos Estados-Membros ou, em
ria constante de proposta de emenda momento seguinte, havendo necessi-
rejeitada ou havida por prejudicada dade de adequação e reformulação,
não pode ser objeto de nova propos- modificá-la.
ta na mesma sessão legislativa. OBS: no âmbito do DF, verifica-se a
c) Limitações circunstanciais (art. manifestação do poder constituinte
60, § 1º, CF): Impedem a alteração derivado decorrente, qual seja, a
da Constituição em situações ex- competência que o DF tem para ela-
cepcionais nas quais a livre manifes- borar a sua lei orgânica (verdadeira
tação do Poder Reformador possa Constituição Distrital) ou modificá-la,
estar ameaçada. Tais limitações são: sujeitando-se aos mesmos limites
vigência de intervenção federal (art. para os Estados-Membros, apli-
34, CF), de estado de defesa (art. 136, cando-se por analogia o art. 11,
CF) ou de estado de sítio (art. 137, ADCT. Entretanto, nos Municípios a
CF). Lei Orgânica não é fruto do poder
d) imitações materiais ou substan- constituinte derivado decorrente.
ciais (art. 60, § 4º, CF): Impedem a
modificação de determinados conte- PODER CONSTITUINTE DERIVADO
údos da Constituição. Os limites infe- REVISOR: é um poder vinculado,
riores estão relacionados à inserção condicionado e limitado ás regras
de certas matérias no texto da Cons- instituídas pelo PCO, sendo, assim,
tituição. Tendo em vista a inexistência um poder jurídico.
de uma reserva de matéria constitu- O art. 3º, ADCT determinou que a re-
cional estabelecida pelo legislador visão constitucional seria realizada
constituinte, não há nenhum óbice a após 5 anos, contados da promulga-
que um novo assunto ou conteúdo ção da Constituição, pelo voto da
seja inserido no texto da CF. Os limi- maioria absoluta dos membros do
tes superiores são impostos pelo Po- Congresso Nacional, em sessão uni-

6
cameral. Instituiu-se um particular
procedimento simplificado de altera- Subseção II
ção do texto constitucional, excepci- Da Emenda à Constituição
onando a regra geral das PEC’s, que Art. 60. (LIMITAÇÕES FORMAIS) A Constituição poderá ser
exige aprovação por 3/5 dos votos emendada mediante proposta:
dos membros de cada Casa e obede- I - de 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou
do Senado Federal;
cendo, assim, às regras da bicamera-
II - do Presidente da República;
lidade (art. 60, § 2º, CF).
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da
No ordenamento jurídico pátrio, a
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela MAIORIA RELATI-
competência revisional do art. 3º,
VA de seus membros.
ADCT proporcionou a elaboração de
§ 1º (LIMITAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS) A Constituição não po-
6 Emendas Constitucionais de Revi-
derá ser emendada na vigência de intervenção federal, de es-
são, não sendo mais possível nova
tado de defesa ou de estado de sítio.
manifestação do poder constituinte
§ 2º (LIMITAÇÕES FORMAIS) A proposta será discutida e vota-
derivado revisor em razão da eficácia
da em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, conside-
exaurida e aplicabilidade esgotada
rando-se aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 dos votos dos res-
da aludida regra, conforme decidido
pectivos membros.
pelo STF.
§ 3º (LIMITAÇÕES FORMAIS) A emenda à Constituição será pro-
Poder de fato e que serve de funda- mulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
mento para os mecanismos de atua- Federal, com o respectivo número de ordem.
ção da mutação constitucional (ou § 4º (LIMITAÇÕES MATERIAIS) Não será objeto de deliberação
interpretação constitucional evoluti- a proposta de emenda tendente a abolir (cláusula pétreas):
va). A modificação produzida pelo I - a forma federativa de Estado;
poder constituinte difuso se instru- II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
mentaliza de modo informal e es- III - a separação dos Poderes;
PODER CONSTITUINTE pontâneo, como verdadeiro poder de IV - os direitos e garantias individuais.
DIFUSO fato e que decorre dos fatores soci- § 5º (LIMITAÇÕES FORMAIS) A matéria constante de proposta
ais, políticos e econômicos, encon- de emenda rejeitada ou havida por prejudicada NÃO PODE
trando-se em estado de latência. ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
Trata-se de processo informal de mu-
dança da Constituição, alterando-se Subseção III
o seu sentido interpretativo, e não o Das Leis
seu texto, que permanece intacto e Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe
com a mesma literalidade. a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do
Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da Re-
Poder Constituinte pautado na
pública, ao STF, aos Tribunais Superiores, ao PGR e aos cidadãos,
cidadania universal, no pluralismo de
na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
ordenamentos jurídicos e em uma
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as
visão remodelada de soberania.
leis que:
PODER CONSTITUINTE Trata-se de um poder preocupado
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
SUPRANACIONAL com a formação de uma Constituição
II - disponham sobre:
supranacional, elaborada legitima-
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na admi-
mente, apta a vincular os Estados
nistração direta e autárquica ou aumento de sua remunera-
ajustados sob o seu comando e que
ção;
busca sua fundamentação na vonta-
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e
de do povo-cidadão universal, seu
orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração
verdadeiro titular.
dos Territórios;
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídi-
Seção VIII co, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;
DO PROCESSO LEGISLATIVO d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública
Subseção I da União, bem como normas gerais para a organização do Mi-
Disposição Geral nistério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distri-
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: to Federal e dos Territórios;
I - (EC) emendas à Constituição; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração
II – (LC) leis complementares; pública, observado o disposto no art. 84, VI;
III – (LO) leis ordinárias; f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento
IV – (LD) leis delegadas; de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e
V – (MP) medidas provisórias; transferência para a reserva.
VI – (DL) decretos legislativos; § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à
VII – (R) resoluções. Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no míni-
Parágrafo único. LC disporá sobre a elaboração, redação, altera-
ção e consolidação das leis.

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mo, 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por 5 Es- sória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos
tados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles. praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regi-
das.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da Re- § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto ori-
pública poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, ginal da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em
devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a: Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políti- I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da Repú-
cos e direito eleitoral; blica, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º (emendas a projeto
b) direito penal, processual penal e processual civil; de LOA) e § 4º (emendas a projeto de LDO);
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a II - nos projetos sobre organização dos serviços administrati-
carreira e a garantia de seus membros; vos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribu-
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e nais Federais e do Ministério Público.
créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no
art. 167, § 3º (abertura de crédito extraordinário somente será ad- Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa
mitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos
decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública); Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.
II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança § 1º O Presidente da República PODERÁ SOLICITAR URGÊNCIA
popular ou qualquer outro ativo financeiro; para apreciação de PROJETOS DE SUA INICIATIVA.
III – reservada a LC; § 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Fe -
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso deral não se manifestarem sobre a proposição, cada qual su-
Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da Repú- cessivamente, em até 45 dias, sobrestar-se-ão todas as demais
blica. deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das
§ 2º Medida provisória que implique INSTITUIÇÃO ou MAJO- que tenham prazo constitucional determinado, até que se ulti-
RAÇÃO de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I (II), II me a votação.
(IE), IV (IPI), V (IOF), e 154, II (IEG), só produzirá efeitos no § 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara
exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei dos Deputados far-se-á no prazo de 10 dias, observado quanto
até o último dia daquele em que foi editada. ao mais o disposto no parágrafo anterior.
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 § 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do
perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.
em lei no prazo de 60 dias, prorrogável, nos termos do § 7º,
uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional dis- Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela
ciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas de- outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à san-
correntes ção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado,
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da se o rejeitar.
medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa inicia-
recesso do Congresso Nacional. dora.
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional
sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o
sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o
§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até 45 dias sancionará.
contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, § 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo
subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacio- ou em parte, inconstitucional (VETO JURÍDICO) ou contrário
nal, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as ao interesse público (VETO POLÍTICO), veta-lo-á total ou par-
demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tra- cialmente, no prazo de 15 dias úteis, contados da data do rece-
mitando. bimento, e comunicará, dentro de 48 horas, ao Presidente do Se-
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência nado Federal os motivos do veto.
de medida provisória que, no prazo de 60 dias, contado de sua § 2º O VETO PARCIAL somente abrangerá texto integral de ar-
publicação, não tiver a sua votação encerrada nas 2 Casas do tigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
Congresso Nacional.
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câma- VETO PARCIAL INCONSTITUCIONALIDADE
ra dos Deputados. PARCIAL
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores exami-
nar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de Somente abrangerá texto inte- Pode abranger apenas fração
serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada gral de artigo, de parágrafo, de de artigo, parágrafo, inciso ou
uma das Casas do Congresso Nacional. inciso ou de alínea. alínea.
§ 10. É VEDADA A REEDIÇÃO, na mesma sessão legislativa, de
medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha per- § 3º Decorrido o prazo de 15 dias, o silêncio do Presidente da
dido sua eficácia por decurso de prazo. República importará sanção.
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º
até 60 dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provi-

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§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de 30 • Planos plurianuais, di- Público
dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado retrizes orçamentárias, orça- • Planos plurianuais, di-
pelo voto da MAIORIA ABSOLUTA dos Deputados e Senadores. mento e créditos adicionais e retrizes orçamentárias e orça-
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para pro- suplementares mentos
mulgação, ao Presidente da República. • Direito penal, proces-
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o sual penal e processual civil
veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobresta- • Detenção ou seques-
das as demais proposições, até sua votação final. tro de bens, de poupança po-
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de 48 horas pelo Presi- pular ou qualquer outro ativo
dente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do financeiro
Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, ca- • Já disciplinada em
berá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. projeto de lei aprovado pelo
Congresso Nacional e penden-
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente te de sanção ou veto
poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão
legislativa, mediante proposta da MAIORIA ABSOLUTA dos
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria
membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.
absoluta.

A matéria constante de proposta de emenda rejeita-


As normas federais, estaduais, distritais e municipais
EC da ou havida por prejudicada não pode ser objeto
possuem o mesmo grau hierárquico. Assim, um eventual
de nova proposta na mesma sessão legislativa.
conflito entre normas federais e estaduais ou entre normas
É VEDADA A REEDIÇÃO, na mesma sessão legislati- estaduais e municipais não será resolvido por um critério
MP va, de medida provisória que tenha sido rejeitada hierárquico; a solução dependerá da repartição
ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de constitucional de competências.
prazo.
Existe hierarquia entre a Constituição Federal, as
A matéria constante de projeto de lei rejeitado so- Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas dos Municípios?
LEI mente poderá constituir objeto de novo projeto, na Sim, a Constituição Federal está num patamar superior ao
mesma sessão legislativa, mediante proposta da das Constituições Estaduais que, por sua vez, são
maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas hierarquicamente superiores às Leis Orgânicas.
do Congresso Nacional.
As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um
procedimento mais dificultoso, têm o mesmo nível hierárquico
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da das leis ordinárias. O que as diferencia é o conteúdo.
República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacio-
nal. As leis complementares podem tratar de tema reservado às
§ 1º NÃO SERÃO OBJETO DE DELEGAÇÃO os atos de compe- leis ordinárias.
tência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência pri- As leis ordinárias não podem tratar de tema reservado às leis
vativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a maté- complementares
ria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a Os regimentos dos tribunais do Poder Judiciário são
carreira e a garantia de seus membros; considerados normas primárias, equiparados hierarquicamente
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e às leis ordinárias. Na mesma situação, encontram-se as
eleitorais; resoluções do CNMP (Conselho Nacional do Ministério público)
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de re-
solução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e Câmara dos
os termos de seu exercício. Deputados), por constituírem resoluções legislativas, também
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Con- são considerados normas primárias, equiparados
gresso Nacional, este a fará em votação única, VEDADA QUAL- hierarquicamente às leis ordinárias.
QUER EMENDA.
SÚMULAS SOBRE PROCESSO LEGISLATIVO
MP LD
Súmula vinculante 54-STF: A medida provisória não apreciada
VEDADA A EDIÇÃO DE MEDI- NÃO SERÃO OBJETO DE DELE- pelo congresso nacional podia, até a Emenda Constitucional
DAS PROVISÓRIAS: GAÇÃO: 32/2001, ser reeditada dentro do seu prazo de eficácia de 30
• Reservada a LC • Matéria reservada à dias, mantidos os efeitos de lei desde a primeira edição
• Nacionalidade, cida- LC
dania, direitos políticos, parti- • Nacionalidade, cida-
CÓDIGO CIVIL
dos políticos e direito eleitoral dania, direitos individuais, po-
• Organização do Po- líticos e eleitorais
der Judiciário e do Ministério • Organização do Po- PARTE ESPECIAL
Público der Judiciário e do Ministério LIVRO I

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DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR COISA CERTA
TÍTULO I
DAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES SEM CULPA COM CULPA
CAPÍTULO I PERDER antes da tradição: PERDER: E + PeD
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR credor sofre a perda e resolve-
Seção I se a obrigação
Das Obrigações de Dar Coisa Certa
Art. 233. A OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA abrange os DETERIORAR: o credor rece- DETERIORAR: E + PeD
acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário berá a coisa como se achar,
resultar do título ou das circunstâncias do caso. sem direito a indenização.

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou
SEM CULPA do devedor, antes da tradição, ou pendente a con- acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará
dição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as o credor, desobrigado de indenização.
partes; se a perda resultar de CULPA do devedor, responderá
este pelo equivalente e mais perdas e danos. Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o de-
vedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, po- deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor
derá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de boa-fé ou de má-fé.
de seu preço o valor que perdeu. Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do
mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o boa-fé ou de má-fé.
equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com
direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das Seção II
perdas e danos. Das Obrigações de Dar Coisa Incerta
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA pela quantidade.

SEM CULPA COM CULPA Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade,
PERDER antes da tradição/ PERDER: E + PeD a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do tí-
condição suspensiva: resolve- tulo da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será
se a obrigação obrigado a prestar a melhor.

DETERIORAR: resolve-se a DETERIORAR: E + PeD ou acei- Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na
obrigação ou aceita a cosia, tar a coisa + PeD Seção antecedente.
abatido o preço que se perdeu.
Art. 246. Antes da escolha, NÃO PODERÁ o devedor alegar
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os perda ou deterioração da coisa, AINDA QUE POR FORÇA MAI-
seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir au- OR OU CASO FORTUITO.
mento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver
a obrigação. CAPÍTULO II
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo Das Obrigações de Fazer
ao credor os pendentes. Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o de-
vedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exe-
Art. 238. Se a OBRIGAÇÃO for DE RESTITUIR COISA CERTA, e quível.
esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá
o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa
seus direitos até o dia da perda. do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, res-
ponderá por perdas e danos.
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá
este pelo equivalente, mais perdas e danos. OBRIGAÇÃO DE FAZER

Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do deve- SEM CULPA COM CULPA
dor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a inde- Resolve-se a obrigação PeD
nização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no
art. 239.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao
credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou
JDC15 As disposições do art. 236 do novo Código Civil também mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
são aplicáveis à hipótese do art. 240, in fine. Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, indepen-
dentemente de autorização judicial, executar ou mandar execu-
tar o fato, sendo depois ressarcido.

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CAPÍTULO III o valor da outra + PeD.
Das Obrigações de Não Fazer
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem
CAPÍTULO V
culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato,
Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis
que se obrigou a não praticar.
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em
obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obriga-
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obri-
ções, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
gara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se
desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer
objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua
ou mandar desfazer, independentemente de autorização judici-
natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão
al, sem prejuízo do ressarcimento devido.
determinante do negócio jurídico.

CAPÍTULO IV
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não
Das Obrigações Alternativas
for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor,
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no
se outra coisa não se estipulou.
direito do credor em relação aos outros coobrigados.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em
uma prestação e parte em outra.
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um des-
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a facul-
tes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se deso-
dade de opção poderá ser exercida em cada período.
brigarão, pagando:
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo
I - a todos conjuntamente;
unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assina-
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
do para a deliberação.
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a
não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acor-
cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a
do entre as partes.
parte que lhe caiba no total.

Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não fi-
obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à
cará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir,
outra.
descontada a quota do credor remitente.
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de tran-
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir ne-
sação, novação, compensação ou confusão.
nhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, fi-
cará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se im-
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se
possibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
resolver em perdas e danos.
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de to-
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das presta-
dos os devedores, responderão todos por partes iguais.
ções tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, res-
direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra,
pondendo só esse pelas perdas e danos.
com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as pres-
tações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o
valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e JDC540 Havendo perecimento do objeto da prestação indivisí-
danos. vel por culpa de apenas um dos devedores, todos respondem,
de maneira divisível, pelo equivalente e só o culpado, pelas per-
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem cul- das e danos.
pa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
CAPÍTULO VI
OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA Das Obrigações Solidárias
Seção I
SEM CULPA COM CULPA Disposições Gerais
Todas se tornarem impossíveis: NÃO CUMPRIR NENHUMA e Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concor-
extingue-se a obrigação. escolha do DEVEDOR: obriga- re mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com di-
se a pagar o valor da última reito, ou obrigado, à dívida toda.
que se impossibilitou + PeD.
Art. 265. A solidariedade NÃO SE PRESUME; resulta da lei ou da
NÃO CUMPRIR NENHUMA e vontade das partes.
escolha do CREDOR: pode re-
clamar qualquer uma + PeD. Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um
UMA SE TORNAR IMPOSSÍVEL dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pa-
e escolha do CREDOR: tem di- gável em lugar diferente, para o outro.
reito de exigir a subsistente ou

11
JDC347 A solidariedade admite outras disposições de conteúdo Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a re-
particular além do rol previsto no art. 266 do Código Civil. missão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, se-
não até à concorrência da quantia paga ou relevada.
Seção II
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, esti-
Da Solidariedade Ativa
pulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do
agravar a posição dos outros sem consentimento destes.
devedor o cumprimento da prestação por inteiro.

Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos


Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demanda-
devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o
rem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extin-
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora,
gue a dívida até o montante do que foi pago.
ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o
culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdei-
ros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do
crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a Impossibilidade da prestação TODOS os devedores solidários
obrigação for indivisível. por culpa de um devedor respondem por juros de mora,
solidário: TODOS são mas o culpado responde aos
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, sub- responsáveis pelo equivalente, outros pela obrigação
siste, para todos os efeitos, a solidariedade. mas somente o culpado acrescida.
responde por PeD
OBRIGAÇÃO CONVERTIDA EM PeD
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções
Perde a qualidade de Subsiste a SOLIDARIEDADE que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitan-
INDIVISÍVEL do as exceções pessoais a outro codevedor.

Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o paga- Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de
mento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. um, de alguns ou de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor mais devedores, subsistirá a dos demais.
as exceções pessoais oponíveis aos outros.
JDC349 Com a renúncia à solidariedade quanto a apenas um
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários dos devedores solidários, o credor só poderá cobrar do benefi-
não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, ciado a sua quota na dívida, permanecendo a solidariedade
sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de quanto aos demais devedores, abatida do débito a parte corres-
invocar em relação a qualquer deles. pondente aos beneficiados pela renúncia.
JDC351 A renúncia à solidariedade em favor de determinado
Seção III devedor afasta a hipótese de seu chamamento ao processo.
Da Solidariedade Passiva
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de al-
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a
guns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o
exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se
pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continu-
igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-
am obrigados solidariamente pelo resto.
se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a
propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos de-
Art. 284. No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão
vedores.
também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela par-
te que na obrigação incumbia ao insolvente.
JDC348 O pagamento parcial não implica, por si só, renúncia
à solidariedade, a qual deve derivar dos termos expressos da
JDC350 A renúncia à solidariedade diferencia-se da remis-
quitação ou, inequivocamente, das circunstâncias do recebi-
são, em que o devedor fica inteiramente liberado do vínculo
mento da prestação pelo credor.
obrigacional, inclusive no que tange ao rateio da quota do
eventual codevedor insolvente, nos termos do art. 284.
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdei-
ros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que cor-
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos
responder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pa-
indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um
gar.
devedor solidário em relação aos demais devedores.

SÚMULAS SOBRE OBRIGAÇÕES


STF

12
Súmula 159-STF: Cobrança excessiva, mas de boa fé, não dá partes plenamente capazes estipular mudanças no procedi-
lugar às sanções do art. 1.531 do Código Civil. mento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar
sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processu-
STJ ais, antes ou durante o processo
Súmula 245-STJ: A notificação destinada a comprovar a mora Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará
nas dívidas garantidas por alienação fiduciária dispensa a a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-
indicação do valor do débito. lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção
Súmula 294-STJ: Não é potestativa a cláusula contratual que abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se
prevê a comissão de permanência, calculada pela taxa média de encontre em manifesta situação de VULNERABILIDADE.
mercado apurada pelo Banco Central do Brasil, limitada à taxa
do contrato. FPPC16. (art. 190, parágrafo único) O controle dos requisitos
Súmula 298-STJ: O alongamento de dívida originada de crédito objetivos e subjetivos de validade da convenção de procedi-
rural não constitui faculdade da instituição financeira, mas, mento deve ser conjugado com a regra segundo a qual não
direito do devedor nos termos da lei. há invalidade do ato sem prejuízo.
FPPC17. (art. 190) As partes podem, no negócio processual, es-
tabelecer outros deveres e sanções para o caso do descum-
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
primento da convenção.
FPPC18. (art. 190, parágrafo único) Há indício de vulnerabili-
LIVRO IV dade quando a parte celebra acordo de procedimento sem
DOS ATOS PROCESSUAIS assistência técnico-jurídica.
TÍTULO I FPPC19. (art. 190) São ADMISSÍVEIS os seguintes negócios
DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS processuais, dentre outros: pacto de impenhorabilidade,
CAPÍTULO I acordo de ampliação de prazos das partes de qualquer natu-
DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS reza, acordo de rateio de despesas processuais, dispensa
Seção I consensual de assistente técnico, acordo para retirar o efei-
Dos Atos em Geral to suspensivo de recurso, acordo para não promover execu-
Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma ção provisória; pacto de mediação ou conciliação extrajudi-
determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, con- cial prévia obrigatória, inclusive com a correlata previsão
siderando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe de exclusão da audiência de conciliação ou de mediação
preencham a finalidade essencial. prevista no art. 334; pacto de exclusão contratual da au-
diência de conciliação ou de mediação prevista no art. 334;
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em pacto de disponibilização prévia de documentação (pacto
segredo de justiça os processos: de disclosure), inclusive com estipulação de sanção negoci-
I - em que o exija o interesse público ou social; al, sem prejuízo de medidas coercitivas, mandamentais,
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divór- sub-rogatórias ou indutivas; previsão de meios alternativos
cio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de de comunicação das partes entre si.
crianças e adolescentes; FPPC20. (art. 190) NÃO são ADMISSÍVEIS os seguintes negó-
III - em que constem dados protegidos pelo direito constituci- cios bilaterais, dentre outros: acordo para modificação da
onal à intimidade; competência absoluta, acordo para supressão da primeira
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimen- instância.
to de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada FPPC21. (art. 190) São ADMISSÍVEIS os seguintes negócios,
na arbitragem seja comprovada perante o juízo. dentre outros: acordo para realização de sustentação oral,
§ 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em acordo para ampliação do tempo de sustentação oral, jul-
segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às gamento antecipado do mérito convencional, convenção
partes e aos seus procuradores. sobre prova, redução de prazos processuais.
§ 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer FPPC115. (arts. 190, 109 e 110) O negócio jurídico celebrado
ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inven- nos termos do art. 190 obriga herdeiros e sucessores.
tário e de partilha resultantes de divórcio ou separação. FPPC132. (art. 190) Além dos defeitos processuais, os vícios da
vontade e os vícios sociais podem dar ensejo à invalidação
FPPC13. (art. 189, IV) O disposto no inciso IV do art. 189 abran- dos negócios jurídicos atípicos do art. 190.
ge todo e qualquer ato judicial relacionado à arbitragem, FPPC133. (art. 190; art. 200, parágrafo único) Salvo nos casos
desde que a confidencialidade seja comprovada perante o expressamente previstos em lei, os negócios processuais do
Poder Judiciário, ressalvada em qualquer caso a divulgação das art. 190 não dependem de homologação judicial.
decisões, preservada a identidade das partes e os fatos da causa FPPC134. (Art. 190, parágrafo único) Negócio jurídico processu-
que a identifiquem. al pode ser invalidado parcialmente.
FPPC15. (art. 189) As arbitragens que envolvem a Administra- FPPC135. (art. 190) A indisponibilidade do direito material
ção Pública respeitarão o princípio da publicidade, observa- NÃO IMPEDE, POR SI SÓ, a celebração de negócio jurídico
das as exceções legais (vide art. 2º, § 3º, da Lei n. 9.307/1996, processual.
com a redação da Lei n. 13.129/2015) FPPC252. (art. 190) O descumprimento de uma convenção
processual válida é matéria cujo conhecimento depende de
Art. 190. (NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL) Versando o pro- requerimento.
cesso sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às FPPC253. (art. 190; Resolução n. 118/CNMP) O Ministério Pú-

13
blico pode celebrar negócio processual quando atua como 12.153/2009). O negócio jurídico processual pode ser cele-
parte. brado no sistema dos juizados especiais, desde que obser-
FPPC254. (art. 190) É inválida a convenção para excluir a in- vado o conjunto dos princípios que o orienta, ficando sujei-
tervenção do Ministério Público como fiscal da ordem ju- to a controle judicial na forma do parágrafo único do art. 190
rídica. do CPC
FPPC255. (art. 190) É admissível a celebração de convenção FPPC490. (art. 190; art. 81, §3º; art. 297, parágrafo único; art.
processual coletiva. 329, inc. II; art. 520, inc.I; art. 848, inc. II). São ADMISSÍVEIS os
FPPC256. (art. 190) A Fazenda Pública pode celebrar negócio seguintes negócios processuais, entre outros: pacto de inexe-
jurídico processual. cução parcial ou total de multa coercitiva; pacto de altera-
FPPC257. (art. 190) O art. 190 autoriza que as partes tanto esti - ção de ordem de penhora; pré-indicação de bem penhorá-
pulem mudanças do procedimento quanto convencionem so- vel preferencial (art. 848, II); pré-fixação de indenização
bre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais. por dano processual prevista nos arts. 81, §3º, 520, inc. I,
FPPC258. (art. 190) As partes podem convencionar sobre seus 297, parágrafo único (cláusula penal processual); negócio
ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, ainda que de anuência prévia para aditamento ou alteração do pedi-
essa convenção não importe ajustes às especificidades da do ou da causa de pedir até o saneamento (art. 329, inc. II).
causa. FPPC491. (art. 190) É possível negócio jurídico processual que
FPPC259. (arts. 190 e 10). A decisão referida no parágrafo único estipule mudanças no procedimento das intervenções de
do art. 190 depende de contraditório prévio. terceiros, observada a necessidade de anuência do terceiro
FPPC260. (arts. 190 e 200) A homologação, pelo juiz, da con- quando lhe puder causar prejuízo.
venção processual, quando prevista em lei, corresponde a FPPC492. (art. 190) O pacto antenupcial e o contrato de con-
uma CONDIÇÃO DE EFICÁCIA do negócio. vivência podem conter negócios processuais.
FPPC261. (arts. 190 e 200) O art. 200 aplica-se tanto aos ne- FPPC493. (art. 190) O negócio processual celebrado ao tempo
gócios unilaterais quanto aos bilaterais, incluindo as conven- do CPC-1973 é aplicável após o início da vigência do CPC-
ções processuais do art. 190. 2015
FPPC262. (arts. 190, 520, IV, 521). É admissível negócio proces- FPPC579 (arts.190, 219 e 222, §1º) Admite-se o negócio pro-
sual para dispensar caução no cumprimento provisório de cessual que estabeleça a contagem dos prazos processuais
sentença. dos negociantes em dias corridos.
FPPC402. (art. 190) A eficácia dos negócios processuais para FPPC580. (arts.190; 337, X; 313, II) É admissível o negócio pro-
quem deles não fez parte depende de sua anuência, quando cessual estabelecendo que a alegação de existência de con-
lhe puder causar prejuízo. venção de arbitragem será feita por simples petição, com a
FPPC403. (art. 190; art. 104, Código Civil) A VALIDADE do ne- interrupção ou suspensão do prazo para contestação
gócio jurídico processual, requer agente capaz, objeto lícito, JDPC16 As disposições previstas nos arts. 190 e 191 do CPC
possível, determinado ou determinável e forma prescrita poderão aplicar-se aos procedimentos previstos nas leis
ou não defesa em lei. que tratam dos juizados especiais, desde que não ofendam
FPPC404.(art. 190; art. 112, Código Civil) Nos negócios proces- os princípios e regras previstos nas Leis n. 9.099/1995,
suais, atender-se-á mais à intenção consubstanciada na mani- 10.259/2001 e 12.153/2009.
festação de vontade do que ao sentido literal da linguagem. JDPC17 A Fazenda Pública pode celebrar convenção proces-
FPPC405.(art. 190; art. 113, Código Civil) Os negócios jurídicos sual, nos termos do art. 190 do CPC.
processuais devem ser interpretados conforme a boa-fé e os JDPC18 A convenção processual pode ser celebrada em pacto
usos do lugar de sua celebração. antenupcial ou em contrato de convivência, nos termos do art.
FPPC406.(art. 190; art. 114, Código Civil) Os negócios jurídicos 190 do CPC.
processuais benéficos e a renúncia a direitos processuais in- CJF 113: As disposições previstas nos arts. 190 e 191 do CPC
terpretam-se estritamente. poderão ser aplicadas ao procedimento de recuperação ju-
FPPC407.(art. 190; art. 5º; art. 422, Código Civil) Nos negócios dicial.
processuais, as partes e o juiz são obrigados a guardar nas tra- CJF 114: Os entes despersonalizados podem celebrar
tativas, na conclusão e na execução do negócio o princípio da negócios jurídicos processuais.
boa-fé. CJF 115: O negócio jurídico processual somente se submeterá à
FPPC408.(art. 190; art. 423, Código Civil) Quando houver no homologação quando expressamente exigido em norma
contrato de adesão negócio jurídico processual com previsões jurídica, admitindo-se, em todo caso, o controle de validade da
ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação convenção.
mais favorável ao aderente.
FPPC409.(art. 190; art. 8º, caput, Lei 9.307/1996) A convenção
É POSSÍVEL NEGÓCIO PROCESSUAL
processual é autônoma em relação ao negócio em que estiver
inserta, de tal sorte que a invalidade deste não implica ne- Pacto de impenhorabilidade
cessariamente a invalidade da convenção processual.
Acordo de ampliação de prazos das partes de qualquer nature-
FPPC4110.(art. 190 e 142) Aplica-se o Art. 142 do CPC ao con-
za
trole de validade dos negócios jurídicos processuais.
FPPC411.(art. 190) O negócio processual pode ser distratado. Acordo de rateio de despesas processuais
FPPC412.(art. 190) A aplicação de negócio processual em de-
Dispensa consensual de assistente técnico
terminado processo judicial não impede, necessariamente, que
da decisão do caso possa vir a ser formado precedente. Acordo para retirar o efeito suspensivo de recurso
FPPC413.(arts. 190 e 191; Leis 9.099/1995, 10.259/2001 e

14
Acordo para não promover execução provisória FPPC414. (art. 191, §1º) O disposto no §1º do artigo 191 refere-
se ao juízo.
Pacto de mediação ou conciliação extrajudicial prévia obrigató-
FPPC494. (art. 191) A admissibilidade de autocomposição
ria, inclusive com a correlata previsão de exclusão da audiência
não é requisito para o calendário processual
de conciliação ou de mediação prevista no art. 334
Pacto de exclusão contratual da audiência de conciliação ou de
Eleição negocial do foro (art. 47 e 63)
mediação prevista no art. 334
Exemplos de negócios
Suspensão do processo por convenção
Pacto de disponibilização prévia de documentação (pacto de processuais previstos
das partes (art. 313, II)
disclosure), inclusive com estipulação de sanção negocial, sem no CPC
prejuízo de medidas coercitivas, mandamentais, sub-rogatórias Desistência da ação (art. 90 e 200)
ou indutiva
Desistência do recursos (art. 998)
Previsão de meios alternativos de comunicação das partes entre
si Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o
Acordo para realização de sustentação oral uso da língua portuguesa.
Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira
Acordo para ampliação do tempo de sustentação oral somente poderá ser juntado aos autos quando acompanhado de
Julgamento antecipado do mérito convencional versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática ou
pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado.
Convenção sobre prova Seção II
Redução de prazos processuais Da Prática Eletrônica de Atos Processuais
Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente di-
Celebração de convenção processual coletiva gitais, de forma a permitir que sejam produzidos, comunicados,
Dispensar caução no cumprimento provisório de sentença armazenados e validados por meio eletrônico, na forma da lei.
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for ca-
Pacto de inexecução parcial ou total de multa coercitiva bível, à prática de atos notariais e de registro.
Pacto de alteração de ordem de penhora
Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão a pu-
Pré-indicação de bem penhorável preferencial (art. 848, II) blicidade dos atos, o acesso e a participação das partes e de seus
Pré-fixação de indenização por dano processual prevista nos procuradores, inclusive nas audiências e sessões de julgamento,
arts. 81, §3º, 520, inc. I, 297, parágrafo único (cláusula penal pro- observadas as garantias da disponibilidade, independência da
cessual) plataforma computacional, acessibilidade e interoperabilidade
dos sistemas, serviços, dados e informações que o Poder Judiciá-
Negócio de anuência prévia para aditamento ou alteração do rio administre no exercício de suas funções.
pedido ou da causa de pedir até o saneamento (art. 329, inc. II)
Estipule mudanças no procedimento das intervenções de tercei- FPPC263. (art. 194) A mera juntada de decisão aos autos ele-
ros trônicos não necessariamente lhe confere publicidade em re-
lação a terceiros.
Estabeleça a contagem dos prazos processuais dos negociantes
FPPC264. (art. 194) Salvo hipóteses de segredo de justiça, nos
em dias corridos
processos em que se realizam intimações exclusivamente por
Alegação de existência de convenção de arbitragem será feita portal eletrônico, deve ser garantida ampla publicidade aos au-
por simples petição, com a interrupção ou suspensão do prazo tos eletrônicos, assegurado o acesso a qualquer um.
para contestação FPPC265. (art. 194) É possível haver documentos transitoria-
NÃO É POSSÍVEL NEGÓCIO PROCESSUAL mente confidenciais no processo eletrônico

Acordo para modificação da competência absoluta


Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito
Acordo para supressão da primeira instância em padrões abertos, que atenderão aos requisitos de autenticida-
de, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação e, nos
Excluir a intervenção do Ministério Público como fiscal da or-
casos que tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, ob-
dem jurídica
servada a infraestrutura de chaves públicas unificada nacional-
mente, nos termos da lei.
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar ca-
lendário para a prática dos atos processuais, quando for o Art. 196. Compete ao CNJ e, supletivamente, aos tribunais, regu-
caso. lamentar a prática e a comunicação oficial de atos processuais por
§ 1o O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele pre- meio eletrônico e velar pela compatibilidade dos sistemas, disci-
vistos somente serão modificados em casos excepcionais, devida- plinando a incorporação progressiva de novos avanços tecnológi-
mente justificados. cos e editando, para esse fim, os atos que forem necessários, res-
§ 2o Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato peitadas as normas fundamentais deste Código.
processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido
designadas no calendário. Art. 197. Os tribunais divulgarão as informações constantes de
seu sistema de automação em página própria na rede mundial de

15
computadores, gozando a divulgação de presunção de veraci- § 1o Quando os pronunciamentos previstos no caput forem profe-
dade e confiabilidade. ridos oralmente, o servidor os documentará, submetendo-os aos
Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do sistema e de juízes para revisão e assinatura.
erro ou omissão do auxiliar da justiça responsável pelo registro § 2o A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode
dos andamentos, poderá ser configurada a justa causa prevista no ser feita eletronicamente, na forma da lei.
art. 223, caput e § 1o. § 3o Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo das
sentenças e a ementa dos acórdãos serão publicados no Diário de
Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter gratui- Justiça Eletrônico.
tamente, à disposição dos interessados, equipamentos necessá-
rios à prática de atos processuais e à consulta e ao acesso ao sis - Seção V
tema e aos documentos dele constantes. Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria
Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por meio não Art. 206. Ao receber a petição inicial de processo, o escrivão ou o
eletrônico no local onde não estiverem disponibilizados os chefe de secretaria a autuará, mencionando o juízo, a natureza do
equipamentos previstos no caput. processo, o número de seu registro, os nomes das partes e a data
de seu início, e procederá do mesmo modo em relação aos volu-
Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às pesso- mes em formação.
as com deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede mundi-
al de computadores, ao meio eletrônico de prática de atos judici- Art. 207. O escrivão ou o chefe de secretaria numerará e rubricará
ais, à comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura todas as folhas dos autos.
eletrônica. Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao membro do Ministé-
rio Público, ao defensor público e aos auxiliares da justiça é facul-
tado rubricar as folhas correspondentes aos atos em que intervie-
Seção III rem.
Dos Atos das Partes
Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unila- Art. 208. Os termos de juntada, vista, conclusão e outros seme-
terais ou bilaterais de vontade produzem imediatamente a lhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo escrivão ou
constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. pelo chefe de secretaria.
Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos
após homologação judicial. Art. 209. Os atos e os termos do processo serão assinados pelas
pessoas que neles intervierem, todavia, quando essas não pude-
FPPC495. (art. 200) O distrato do negócio processual homolo- rem ou não quiserem firmá-los, o escrivão ou o chefe de secreta-
gado por exigência legal depende de homologação. ria certificará a ocorrência.
§ 1o Quando se tratar de processo total ou parcialmente docu-
mentado em autos eletrônicos, os atos processuais praticados na
Art. 201. As partes poderão exigir recibo de petições, arrazoados,
presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de
papéis e documentos que entregarem em cartório.
modo integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na
forma da lei, mediante registro em termo, que será assinado digi-
Art. 202. É vedado lançar nos autos cotas marginais ou interline-
talmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem
ares, as quais o juiz mandará riscar, impondo a quem as escrever
como pelos advogados das partes.
multa correspondente à metade do salário-mínimo.
§ 2o Na hipótese do § 1o, eventuais contradições na transcrição
deverão ser suscitadas oralmente no momento de realização
Seção IV
do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir de plano
Dos Pronunciamentos do Juiz
e ordenar o registro, no termo, da alegação e da decisão.
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças,
decisões interlocutórias e despachos. Art. 210. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia ou de outro
§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos es- método idôneo em qualquer juízo ou tribunal.
peciais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz,
com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva Art. 211. Não se admitem nos atos e termos processuais espaços
do procedimento comum, bem como extingue a execução. em branco, salvo os que forem inutilizados, assim como entreli-
§ 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de nhas, emendas ou rasuras, exceto quando expressamente ressal-
natureza decisória que não se enquadre no § 1o. vadas.
§ 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz
praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. CAPÍTULO II
§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados Seção I
de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. Do Tempo
Art. 212. Os atos processuais serão realizados em DIAS ÚTEIS,
Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tri-
das 6 às 20 horas.
bunais.
§ 1o Serão concluídos após as 20 horas os atos iniciados antes,
quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave
Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos
dano.
serão redigidos, datados e assinados pelos juízes.

16
§ 2o Independentemente de autorização judicial, as citações, § 3o Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz,
intimações e penhoras poderão realizar-se no período de férias será de 5 dias o prazo para a prática de ato processual a cargo
forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do da parte.
horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. § 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do ter-
5o, inciso XI, da Constituição Federal. mo inicial do prazo.
§ 3o Quando o ato tiver de ser praticado por meio de petição em
autos não eletrônicos, essa deverá ser protocolada no horário de FPPC22. (art. 218, § 4º; art. 1.003) O Tribunal não poderá julgar
funcionamento do fórum ou tribunal, conforme o disposto na lei extemporâneo ou intempestivo recurso, na instância ordi-
de organização judiciária local. nária ou na extraordinária, interposto antes da abertura do
prazo.
FPPC415. (arts. 212 e 219; Lei 9.099/1995, Lei 10.259/2001, Lei FPPC23. (art. 218, § 4º; art. 1.024, § 5º) Fica superado o enuncia-
12.153/2009) Os prazos processuais no sistema dos Juizados Es- do 418 da súmula do STJ após a entrada em vigor do CPC (“É
peciais são contados em dias úteis – LEI 13.728/18: LEI 9099 inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação
- Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratifica-
por lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato processu- ção”)
al, inclusive para a interposição de recursos, COMPUTAR-SE- FPPC267. (arts. 218, e 1.046). Os prazos processuais iniciados
ÃO SOMENTE OS DIAS ÚTEIS. antes da vigência do CPC serão integralmente regulados pelo
regime revogado.
Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em
qualquer horário até as 24 horas do último dia do prazo. Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou
Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante o qual o ato pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.
deve ser praticado será considerado para fins de atendimento do Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos
prazo. prazos processuais.

Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se pra- FPPC268. (arts. 219 e 1.046). A regra de contagem de prazos
ticarão atos processuais, excetuando-se: em dias úteis só se aplica aos prazos iniciados após a vigên-
I - os atos previstos no art. 212, § 2o; cia do Novo Código
II - a tutela de urgência. FPPC416. (art. 219) A contagem do prazo processual em dias
úteis prevista no art. 219 aplica-se aos Juizados Especiais Cí-
Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as veis, Federais e da Fazenda Pública
houver, e não se suspendem pela superveniência delas: JDPC19 O prazo em dias úteis previsto no art. 219 do CPC
I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários aplica-se também aos procedimentos regidos pelas Leis n.
à conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados 9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009. LEI 13.728/18: LEI
pelo adiamento; 9099 - Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabeleci-
II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remo- do por lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato pro-
ção de tutor e curador; cessual, inclusive para a interposição de recursos, COMPU-
III - os processos que a lei determinar. TAR-SE-ÃO SOMENTE OS DIAS ÚTEIS.
JDPC20 Aplica-se o art. 219 do CPC na contagem do prazo para
Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito oposição de embargos à execução fiscal previsto no art. 16 da
forense, os sábados, os domingos e os dias em que não haja Lei n. 6.830/1980.
expediente forense. CJF 116: Aplica-se o art. 219 do CPC na contagem dos prazos
processuais previstos na Lei n. 6.830/1980.
Seção II
Do Lugar
Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias
Art. 217. Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente na
compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.
sede do juízo, ou, excepcionalmente, em outro lugar em razão de
§ 1o Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por
deferência, de interesse da justiça, da natureza do ato ou de obs-
lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria
táculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.
Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão
suas atribuições durante o período previsto no caput.
CAPÍTULO III
§ 2o Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências
DOS PRAZOS
nem sessões de julgamento.
Seção I
Disposições Gerais
Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescri- FPPC269. (art. 220) A suspensão de prazos de 20 de dezembro a
tos em lei. 20 de janeiro é aplicável aos Juizados Especiais.
§ 1o Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em JDPC21 A suspensão dos prazos processuais prevista no caput
consideração à complexidade do ato. do art. 220 do CPC estende-se ao Ministério Público, à De-
§ 2o Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações fensoria Pública e à Advocacia Pública
somente obrigarão a comparecimento após decorridas 48 ho-
ras. Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado
em detrimento da parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do

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art. 313, devendo o prazo ser restituído por tempo igual ao que § 2o Nos processos em autos eletrônicos, a juntada de petições ou
faltava para sua complementação. de manifestações em geral ocorrerá de forma automática, inde-
Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante a execução pendentemente de ato de serventuário da justiça.
de programa instituído pelo Poder Judiciário para promover a
autocomposição, incumbindo aos tribunais especificar, com an- Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procurado-
tecedência, a duração dos trabalhos. res, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos conta-
dos em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juí-
Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for di- zo ou tribunal, INDEPENDENTEMENTE DE REQUERIMENTO.
fícil o transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por até 2 § 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas
meses. 2 réus, é oferecida defesa por apenas um deles.
§ 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuên- § 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos
cia das partes. eletrônicos.
§ 2o Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput
para prorrogação de prazos poderá ser excedido. Art. 230. O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Públi-
ca, a Defensoria Pública e o Ministério Público será contado
Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou da citação, da intimação ou da notificação.
de emendar o ato processual, independentemente de declaração
judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o rea- FPPC275. (arts. 229, §2º, 1.046). Nos processos que tramitam
lizou por justa causa. eletronicamente, a regra do art. 229, §2º, não se aplica aos
§ 1o Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e prazos já iniciados no regime anterior.
que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário.
§ 2o Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia
do ato no prazo que lhe assinar.
do começo do prazo:
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quan-
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados
do a citação ou a intimação for pelo correio;
excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. (-
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando
C+F)
a citação ou a intimação for por oficial de justiça;
§ 1o Os dias do começo e do vencimento do prazo serão pro-
III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela
traídos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com
se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria;
dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz,
depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunica-
quando a citação ou a intimação for por edital;
ção eletrônica.
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da inti-
§ 2o Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil
mação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando
seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Jus-
a citação ou a intimação for eletrônica;
tiça eletrônico.
VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232
§ 3o A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que
ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de
seguir ao da publicação.
origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação
se realizar em cumprimento de carta;
Disponibilização 1 dia Publicação 1 dia Início da
VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diá-
útil útil contagem do
rio da Justiça impresso ou eletrônico;
prazo
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da reti-
rada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria.
Art. 225. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusi-
§ 1o Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo
vamente em seu favor, desde que o faça de maneira expressa.
para contestar corresponderá à última das datas a que se refe-
rem os incisos I a VI do caput.
Art. 226. O juiz proferirá:
§ 2o Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é
I - os despachos no prazo de 5 dias;
contado individualmente.
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 dias;
§ 3o Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte
III - as sentenças no prazo de 30 dias.
ou por quem, de qualquer forma, participe do processo, sem a in-
termediação de representante judicial, o dia do começo do pra-
Art. 227. Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justifi-
zo para cumprimento da determinação judicial corresponderá
cado, pode o juiz exceder, por igual tempo, os prazos a que está
à data em que se der a comunicação.
submetido.
§ 4o Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com
hora certa.
Art. 228. Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos
no prazo de 1 dia e executar os atos processuais no prazo de 5
dias, contado da data em que: FPPC271. (art. 231) Quando for deferida tutela provisória a ser
I - houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi imposto cumprida diretamente pela parte, o prazo recursal conta a partir
pela lei; da juntada do mandado de intimação, do aviso de recebimento
II - tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz. ou da carta precatória; o prazo para o cumprimento da deci-
§ 1o Ao receber os autos, o serventuário certificará o dia e a hora são inicia-se a partir da intimação da parte.
em que teve ciência da ordem referida no inciso II. FPPC272. (art. 231, § 2º) Não se aplica o § 2º do art. 231 ao

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prazo para contestar, em vista da previsão do § 1º do mesmo § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público,
artigo dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofen-
dido ou de requisição do Ministro da Justiça.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante
Art. 232. Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória
queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para repre-
ou de ordem, a realização da citação ou da intimação será imedi-
sentá-lo.
atamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos cri-
juiz deprecante.
mes de ação pública, se o Ministério Público não oferece de-
núncia no prazo legal (Ação penal privada subsidiária da pú-
Seção II
blica)
Da Verificação dos Prazos e das Penalidades
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declara-
Art. 233. Incumbe ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem
do ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de
motivo legítimo, os prazos estabelecidos em lei.
prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente
§ 1o Constatada a falta, o juiz ordenará a instauração de processo
ou irmão. (CADI)
administrativo, na forma da lei.
§ 2o Qualquer das partes, o Ministério Público ou a Defensoria
A ação penal no crime complexo
Pública poderá representar ao juiz contra o serventuário que in-
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circuns-
justificadamente exceder os prazos previstos em lei.
tâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes,
cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a
Art. 234. Os advogados públicos ou privados, o defensor públi-
qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério
co e o membro do Ministério Público devem restituir os autos
Público.
no prazo do ato a ser praticado.
§ 1o É lícito a qualquer interessado exigir os autos do advogado
Irretratabilidade da representação
que exceder prazo legal.
Art. 102 - A representação será irretratável DEPOIS DE OFE-
§ 2o Se, intimado, o advogado não devolver os autos no prazo
RECIDA a denúncia.
de 3 dias, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá
em multa correspondente à metade do salário-mínimo.
Decadência do direito de queixa ou de representação
§ 3o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local da
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendi-
OAB para procedimento disciplinar e imposição de multa.
do decai do direito de queixa ou de representação se não o
§ 4o Se a situação envolver membro do Ministério Público, da De-
exerce dentro do prazo de 6 meses, contado do dia em que
fensoria Pública ou da Advocacia Pública, a multa, se for o caso,
veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do
será aplicada ao agente público responsável pelo ato.
art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para ofe -
§ 5o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao órgão compe-
recimento da denúncia.
tente responsável pela instauração de procedimento disciplinar
contra o membro que atuou no feito.
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando
Art. 235. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria
renunciado expressa ou tacitamente.
Pública poderá representar ao corregedor do tribunal ou ao CNJ
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de
contra juiz ou relator que injustificadamente exceder os prazos
queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-
previstos em lei, regulamento ou regimento interno.
lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a inde-
§ 1o Distribuída a representação ao órgão competente e ouvido
nização do dano causado pelo crime.
previamente o juiz, não sendo caso de arquivamento liminar, será
instaurado procedimento para apuração da responsabilidade,
Perdão do ofendido
com intimação do representado por meio eletrônico para, que-
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que so-
rendo, apresentar justificativa no prazo de 15 dias.
mente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento
§ 2o Sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis, em até 48
da ação.
horas após a apresentação ou não da justificativa de que trata o §
1o, se for o caso, o corregedor do tribunal ou o relator no CNJ de-
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou
terminará a intimação do representado por meio eletrônico para
tácito:
que, em 10 dias, pratique o ato.
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos apro-
§ 3o Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao substituto le-
veita;
gal do juiz ou do relator contra o qual se representou para deci-
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o di-
são em 10 dias.
reito dos outros;
III - se o querelado o recusa, não produz efeito.
CÓDIGO PENAL § 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incom-
patível com a vontade de prosseguir na ação.
TÍTULO VII § 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em jul-
DA AÇÃO PENAL gado a sentença condenatória.
Ação pública e de iniciativa privada
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei ex- TÍTULO VIII
pressamente a declara privativa do ofendido. DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Extinção da punibilidade

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Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a
I - pela morte do agente; sentença final, começa a correr:
II - pela anistia, graça ou indulto; I - do dia em que o crime se consumou;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade
como criminoso – abolitio criminis; criminosa;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a perma-
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nência;
nos crimes de ação privada; IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de as-
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a ad- sentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou
mite; conhecido.
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e ado-
lescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da
Calúnia data em que a vítima completar 18 anos, salvo se a esse tem-
po já houver sido proposta a ação penal.
Difamação
CABE RETRATAÇÃO
Falso testemunho Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória ir-
recorrível
Falsa perícia Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código (PPE), a prescri-
ção começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença conde-
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pres- natória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condi-
suposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de cional da pena ou o livramento condicional;
outro NÃO SE ESTENDE A ESTE. Nos crimes conexos, a extinção II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando
da punibilidade de um deles NÃO IMPEDE, quanto aos outros, o tempo da interrupção deva computar-se na pena.
a agravação da pena resultante da conexão.
Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revoga-
Prescrição antes de transitar em julgado a sentença ção do livramento condicional
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-
sentença final, salvo o disposto no § 1 o do art. 110 deste Código, se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo
regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade comi- que resta da pena.
nada ao crime, verificando-se:
I - em 20 anos, se o máximo da pena é superior a 12; Prescrição da multa
II - em 16 anos, se o máximo da pena é superior a 8 anos e Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
não excede a 12; I - em 2 anos, quando a multa for a única cominada ou
III - em 12 anos, se o máximo da pena é superior a 4 anos e aplicada;
não excede a 8; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena
IV - em 8 anos, se o máximo da pena é superior a 2 anos e privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumula-
não excede a 4; tivamente cominada ou cumulativamente aplicada.
V - em 4 anos, se o máximo da pena é igual a um 1 ou, sen-
do superior, não excede a 2; Redução dos prazos de prescrição
VI - em 3 anos, se o máximo da pena é inferior a 1 ano. Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição
Prescrição das penas restritivas de direito quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos,
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direi- ou, na data da sentença, maior de 70 anos.
to os mesmos prazos previstos para as privativas de liberda-
de. Causas impeditivas da prescrição
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a
Prescrição depois de transitar em julgado sentença final con- prescrição não corre:
denatória I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão
Art. 110 - PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA de que dependa o reconhecimento da existência do crime;
(PPE) - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos pra- Parágrafo único - Depois de passada em julgado a senten-
zos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de 1/3, se ça condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em
o condenado é reincidente. que o condenado está preso por outro motivo.
§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com
trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu NÃO CORRE A PRESCRIÇÃO (CAUSAS IMPEDITIVAS)
recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, EM NE-
NHUMA HIPÓTESE, ter por termo inicial data anterior à da ANTES DO TRÂNSITO EM DEPOIS DO TRÂNSITO EM
denúncia ou queixa. JULGADO JULGADO
- Não resolvida, em outro pro- - Estiver preso por outro moti-
Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a cesso, questão de que depen- vo
sentença final da o reconhecimento da exis-
tência do crime

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- Enquanto cumpre pena no
estrangeiro TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I
Causas interruptivas da prescrição
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
Homicídio simples
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
Art. 121. Matar alguém:
II - pela pronúncia (ainda que o Júri venha a desclassifi-
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
car)
Caso de diminuição de pena – HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele-
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios
vante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
recorríveis;
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3.
VI - pela REINCIDÊNCIA.
§ 1º - Excetuados os casos interrupção referente ao início
ou continuação do cumprimento da pena e à reincidência, a HOMICÍDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO (HOMICÍDIO
interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos HÍBRIDO): possível, desde que as qualificadoras sejam de or-
os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do dem objetiva (referentes aos MEIOS E MODO DE EXECUÇÃO – III
mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relati- e IV)
va a qualquer deles.
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo em relação à hipótese Homicídio qualificado
referente ao início ou continuação do cumprimento da pena, § 2° Se o homicídio é cometido:
todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro mo-
tivo torpe;
Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais gra- II - por motivo fútil;
ves. III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo co-
SÚMULAS SOBRE PRESCRIÇÃO mum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro
STF recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
Súmula 146-STF: A prescrição da ação penal regula-se pela V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou van-
pena concretizada na sentença, quando não há recurso da tagem de outro crime:
acusação. Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Súmula 497-STF: Quando se tratar de crime continuado, a VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino
prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, NÃO SE - Feminicídio
COMPUTANDO O ACRÉSCIMO decorrente da continuação. VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Súmula 592-STF: Nos crimes falimentares, aplicam-se as cau- Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
sas interruptivas da prescrição, previstas no Código Penal. Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em de-
corrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
STJ consanguíneo até 3° grau, em razão dessa condição:
Súmula 191-STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescri- Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
ção, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o cri-
me. AUTORIDADE, AGENTE OU INTEGRANTE da(o) (s):
Súmula 220-STJ: A reincidência não influi no prazo da pres- • Forças Armadas (Marinha, Exército ou Aeronáutica);
crição da pretensão punitiva (Influi na PPE) • Polícia Federal;
Súmula 438-STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade • Polícia Rodoviária Federal;
pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em • Polícia Ferroviária Federal;
pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do • Polícias Civis;
processo penal (Prescrição Virtual) • Polícias Militares;
• Corpos de Bombeiros Militares;
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da • Guardas Municipais*;
punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. • Agentes de segurança viária*;
• Sistema Prisional (agentes, diretores de presídio, carcereiro
Perdão judicial etc.);
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não • Força Nacional de Segurança Pública.
será considerada para efeitos de reincidência.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo femini-
SÚMULAS SOBRE PERDÃO JUDICIAL no quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
Súmula 18-STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é de- II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
claratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qual- Homicídio culposo
quer efeito condenatório. § 3º Se o homicídio é culposo:

21
Pena - detenção, de um a três anos. Forma qualificada
Aumento de pena Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são au-
§ 4o No HOMICÍDIO CULPOSO, a pena é aumentada de 1/3, se mentadas de 1/3, se, em consequência do aborto ou dos meios
o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato so- natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas,
corro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu lhe sobrevém a morte.
ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo DOLOSO o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 se o crime é praticado Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
contra pessoa menor de 14 ou maior de 60 anos. Aborto necessário
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o pró- Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
prio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
desnecessária. consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu repre-
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 até 1/2 se o crime for pratica- sentante legal.
do por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço
de segurança, ou por grupo de extermínio. CÓDIGO PROCESSO PENAL
§ 7o A PENA DO FEMINICÍDIO é aumentada de 1/3 até 1/2 se o
crime for praticado:
CAPÍTULO III
I - durante a gestação ou nos 3 meses posteriores ao parto;
DA PRISÃO PREVENTIVA
II - contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos, com de-
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do
ficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem
processo penal, caberá a PRISÃO PREVENTIVA decretada pelo
condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Lei
juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do
13771/18)
Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por repre-
III - na presença física ou virtual de descendente ou de
sentação da autoridade policial.
ascendente da vítima; (Lei 13771/18)
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garan-
previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340,
tia da ordem pública (GOP), da ordem econômica (GOE), por
de 7 de agosto de 2006. (Lei 13771/18)
conveniência da instrução criminal (CIC), ou para assegurar a
aplicação da lei penal (AALP), quando houver prova da exis-
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
tência do crime e indício suficiente de autoria.
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decre-
auxílio para que o faça:
tada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou
impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, §
reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta le-
4).
são corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é DUPLICADA:
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
Aumento de pena
decretação da prisão preventiva:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
I - nos crimes dolosos punidos com PPL máxima superior a 4
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a
anos;
capacidade de resistência.
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sen-
tença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I
Infanticídio
do caput do art. 64 do Código Penal;
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o pró-
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
prio filho, durante o parto ou logo após:
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
Pena - detenção, de dois a seis anos.
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas
de urgência;
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem
quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
lho provoque:
quando esta não fornecer elementos suficientes para escla-
Pena - detenção, de um a três anos.
recê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liber-
dade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a
Aborto provocado por terceiro
manutenção da medida.
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada
se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
III do caput do art. 23 do Código Penal (excludentes de ilicitude).
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão
não é maior de 14 anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o
preventiva será sempre motivada.
consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
violência.
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr
do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem

22
como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifi- CAPÍTULO IV
quem (Cláusula rebus sic stantibus) DA PRISÃO DOMICILIAR
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indicia-
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ do ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se
com autorização judicial
EDIÇÃO N. 32: PRISÃO PREVENTIVA
1) A fuga do distrito da culpa é fundamentação idônea a Art. 318. Poderá o juiz SUBSTITUIR A PRISÃO PREVENTIVA
justificar o decreto da custódia preventiva para a PELA DOMICILIAR quando o agente for:
conveniência da instrução criminal e como garantia da I - maior de 80 anos;
aplicação da lei penal. II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
2) As condições pessoais favoráveis não garantem a revogação III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6
da prisão preventiva quando há nos autos elementos hábeis a anos de idade ou com deficiência;
recomendar a manutenção da custódia. IV - gestante;
3) A substituição da prisão preventiva pela domiciliar exige V - mulher com filho de até 12 anos de idade incompletos;
comprovação de doença grave, que acarrete extrema VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do fi-
debilidade, e a impossibilidade de se prestar a devida lho de até 12 anos de idade incompletos.
assistência médica no estabelecimento penal. Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea
4) A prisão preventiva poderá ser substituída pela domiciliar dos requisitos estabelecidos neste artigo.
quando o agente for comprovadamente imprescindível aos
cuidados especiais de pessoa menor de 06 anos de idade ou
PRISÃO PREVENTIVA EM REGIME ABERTO EM RESI-
com deficiência.
DOMICILIAR - CPP DÊNCIA PARTICULAR - LEP
5) As medidas cautelares diversas da prisão, ainda que mais
benéficas, implicam em restrições de direitos individuais, I - maior de 80 anos; I - condenado maior de 70
sendo necessária fundamentação para sua imposição. II - extremamente debilitado anos;
6) A citação por edital do acusado não constitui fundamento por motivo de doença grave; II - condenado acometido de
idôneo para a decretação da prisão preventiva, uma vez que a III - imprescindível aos cuida- doença grave;
sua não localização não gera presunção de fuga. dos especiais de pessoa me- III - condenada com filho me-
7) A prisão preventiva não é legítima nos casos em que a nor de 6 anos de idade ou nor ou deficiente físico ou
sanção abstratamente prevista ou imposta na sentença com deficiência; mental;
condenatória recorrível não resulte em constrição pessoal, IV - gestante; IV - condenada gestante.
por força do princípio da homogeneidade. V - mulher com filho de até 12
8) Os fatos que justificam a prisão preventiva devem ser anos de idade incompletos;
contemporâneos à decisão que a decreta. VI - homem, caso seja o único
9) A alusão genérica sobre a gravidade do delito, o clamor responsável pelos cuidados do
público ou a comoção social não constituem fundamentação filho de até 12 anos de idade
idônea a autorizar a prisão preventiva. incompletos.
10) A prisão preventiva pode ser decretada em crimes que
O CPP, ao tratar da prisão A LEP, ao tratar da prisão
envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher,
domiciliar, está se referindo à domiciliar, está se referindo à
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
possibilidade do réu, ao invés possibilidade da pessoa já
deficiência, para o fim de garantir a execução das medidas
de ficar em prisão condenada cumprir a sua
protetivas de urgência.
preventiva, permanecer pena privativa de liberdade
11) A prisão cautelar deve ser fundamentada em elementos
recolhido em sua residência. na própria residência.
concretos que justifiquem, efetivamente, sua necessidade.
12) A prisão cautelar pode ser decretada para garantia da Trata-se de uma medida Trata-se da execução penal
ordem pública potencialmente ofendida, especialmente nos cautelar que substitui a prisão (cumprimento da pena) na
casos de: reiteração delitiva, participação em organizações preventiva pelo recolhimento própria residência.
criminosas, gravidade em concreto da conduta, da pessoa em sua residência.
periculosidade social do agente, ou pelas circunstâncias em
O juiz pode determinar que a pessoa fique usando monitoração
que praticado o delito (modus operandi).
eletrônica
13) Não pode o tribunal de 2° grau, em sede de habeas corpus,
inovar ou suprir a falta de fundamentação da decisão de prisão
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou
preventiva do juízo singular.
que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
14) Inquéritos policiais e processos em andamento, embora
deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde
não tenham o condão de exasperar a pena-base no
que: (Lei 13769/18)
momento da dosimetria da pena, são elementos aptos a
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a
demonstrar eventual reiteração delitiva, fundamento
pessoa; (Lei 13769/18)
suficiente para a decretação da prisão preventiva.
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou
15) A segregação cautelar é medida excepcional, mesmo no
dependente. (Lei 13769/18)
tocante aos crimes de tráfico de entorpecente e associação
para o tráfico, e o decreto de prisão processual exige a especi-
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A
ficação de que a custódia atende a pelo menos um dos requisi-
poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante
tos do art. 312 do Código de Processo Penal.

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das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para en-
(medidas cautelares diversas da prisão). (Lei 13769/18) tregar o passaporte, no prazo de 24 horas.

SÚMULAS SOBRE PRISÃO CAPÍTULO VI


DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU SEM FIANÇA
STF
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decreta-
Súmula Vinculante 11 – STF: Só é lícito o uso de algemas em ção da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade
casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previs-
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do tas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes
preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por do art. 282 deste Código.
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal
do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fian-
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade ça nos casos de infração cuja PPL máxima não seja superior a 4
civil do Estado. anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao
STJ
juiz, que decidirá em 48 horas
Súmula 21-STJ: Pronunciado o réu, fica superada a alegação
do constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na Delegado de Polícia pode conceder fiança?
instrução. Sim, desde que para crimes cuja pena máxima prevista seja de
Súmula 52-STJ: Encerrada a instrução criminal, fica superada a até 4 anos.
alegação de constrangimento por excesso de prazo. Exceção: o crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha tem pena
Súmula 64-STJ: Não constitui constrangimento ilegal o máxima de 2 anos, mas não admite fiança concedida pela
excesso de prazo na instrução, provocado pela defesa. autoridade policial.
Súmula 347-STJ: O conhecimento de recurso de apelação do
réu independe de sua prisão.
Art. 323. Não será concedida fiança:
I - nos crimes de racismo;
CAPÍTULO V II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e
DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hedion-
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: dos;
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condi- III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou milita-
ções fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades res, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança:
ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança an-
de novas infrações; teriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qual-
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado Código;
ou acusado dela permanecer distante; II - em caso de PRISÃO CIVIL ou militar;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanên- IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação
cia seja conveniente ou necessária para a investigação ou instru- da prisão preventiva (art. 312).
ção;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a
folga quando o investigado ou acusado tenha residência e traba- conceder nos seguintes limites:
lho fixos; I - de 1 a 100 salários mínimos, quando se tratar de infração cuja
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade PPL, no grau máximo, não for superior a 4 anos;
de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio II - de 10 a 200 salários mínimos, quando o máximo da PPL co-
de sua utilização para a prática de infrações penais; minada for superior a 4 anos
VII - INTERNAÇÃO PROVISÓRIA do acusado nas hipóteses de § 1o Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fian-
crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os ça poderá ser:
peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código;
do Código Penal) e houver risco de reiteração; II - reduzida até o máximo de 2/3; ou
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o com- III - aumentada em até 1.000 vezes.
parecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu an-
damento ou em caso de resistência injustificada à ordem judi- Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade
cial terá em consideração a natureza da infração, as condições pes-
IX - monitoração eletrônica. soais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Ca- indicativas de sua periculosidade, bem como a importância pro-
pítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medi- vável das custas do processo, até final julgamento.
das cautelares.
Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a
Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for inti-
pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do mado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o jul-

24
gamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda no caso
como quebrada. da prescrição depois da sentença condenatória (art. 110 do
Código Penal).
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de que-
bramento da fiança, mudar de residência, sem prévia permis- Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em jul-
são da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 gado sentença que houver absolvido o acusado ou declarada
dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar extinta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será res-
onde será encontrado. tituído sem desconto, salvo o disposto no parágrafo único do
art. 336 deste Código.
Art. 329. Nos juízos criminais e delegacias de polícia, haverá
um livro especial, com termos de abertura e de encerramento, nu- Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na es-
merado e rubricado em todas as suas folhas pela autoridade, des- pécie será CASSADA em qualquer fase do processo.
tinado especialmente aos termos de fiança. O termo será lavrado
pelo escrivão e assinado pela autoridade e por quem prestar a fi- Art. 339. Será também CASSADA a fiança quando reconhe-
ança, e dele extrair-se-á certidão para juntar-se aos autos. cida a existência de delito inafiançável, no caso de inovação
Parágrafo único. O réu e quem prestar a fiança serão pelo na classificação do delito.
escrivão notificados das obrigações e da sanção previstas nos
arts. 327 e 328, o que constará dos autos. FIANÇA SERÁ Não cabível
CASSADA
Art. 330. A fiança, que será SEMPRE DEFINITIVA, consistirá Delito inafiançável, em razão de inovação na
em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, tí- classificação
tulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hi-
poteca inscrita em primeiro lugar. Art. 340. Será exigido o REFORÇO da fiança:
§ 1o A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais I - quando a autoridade tomar, por engano, fiança insufici-
preciosos será feita imediatamente por perito nomeado pela au- ente;
toridade. II - quando houver depreciação material ou perecimento
§ 2o Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívi- dos bens hipotecados ou caucionados, ou depreciação dos metais
da pública, o valor será determinado pela sua cotação em Bolsa, ou pedras preciosas;
e, sendo nominativos, exigir-se-á prova de que se acham livres de III - quando for inovada a classificação do delito.
ônus. Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será re-
colhido à prisão, quando, na conformidade deste artigo, não for
Art. 331. O valor em que consistir a fiança será recolhido à reforçada.
repartição arrecadadora federal ou estadual, ou entregue ao de-
positário público, juntando-se aos autos os respectivos conheci- Art. 341. Julgar-se-á QUEBRADA a fiança quando o acusa-
mentos. do:
Parágrafo único. Nos lugares em que o depósito não se pu- I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de
der fazer de pronto, o valor será entregue ao escrivão ou pessoa comparecer, sem motivo justo;
abonada, a critério da autoridade, e dentro de três dias dar-se-á II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do
ao valor o destino que lhe assina este artigo, o que tudo constará processo;
do termo de fiança. III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente
com a fiança;
Art. 332. Em caso de prisão em flagrante, será competente IV - resistir injustificadamente a ordem judicial;
para conceder a fiança a autoridade que presidir ao respectivo V - praticar nova infração penal dolosa.
auto, e, em caso de prisão por mandado, o juiz que o houver
expedido, ou a autoridade judiciária ou policial a quem tiver Deixar de comparecer quando intima-
sido requisitada a prisão. do

Art. 333. Depois de prestada a fiança, que será concedida Mudar de residência, sem permissão
independentemente de audiência do Ministério Público, este Ausentar-se por mais de 8 dias, sem
terá vista do processo a fim de requerer o que julgar conveniente. QUEBRAMENTO comunicar
DA FIANÇA
Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não tran- Deliberadamente praticar ato de obs-
(implica em perda de
sitar em julgado a sentença condenatória. trução ao andamento do processo
METADE do seu valor)
Descumprir medida cautelar imposta
Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade policial a con- cumulativamente com a fiança
cessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la,
mediante simples petição, perante o juiz competente, que decidi- Resistir injustificadamente a ordem ju-
rá em 48 horas. dicial
Praticar nova infração penal dolosa.
Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao
pagamento das custas, da indenização do dano, da prestação pe-
cuniária e da multa, se o réu for condenado.

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Art. 342. Se vier a ser reformado o julgamento em que se
declarou quebrada a fiança, esta subsistirá em todos os seus efei-
tos

Art. 343. O QUEBRAMENTO INJUSTIFICADO da fiança im-


portará na perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz deci-
dir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o
caso, a decretação da prisão preventiva.

Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança,


se, condenado, o acusado não se apresentar para o início do
cumprimento da pena definitivamente imposta.

Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas as


custas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado, será re-
colhido ao fundo penitenciário, na forma da lei.

Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as deduções


previstas no art. 345 deste Código, o valor restante será recolhido
ao fundo penitenciário, na forma da lei.

Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do art. 345, o saldo será


entregue a quem houver prestado a fiança, depois de deduzidos
os encargos a que o réu estiver obrigado.

Art. 348. Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por
meio de hipoteca, a execução será promovida no juízo cível
pelo órgão do Ministério Público.

Art. 349. Se a fiança consistir em pedras, objetos ou metais


preciosos, o juiz determinará a venda por leiloeiro ou corretor.

Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verifi-


cando a situação econômica do preso, poderá conceder-lhe li-
berdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes dos
arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas cautelares, se for
o caso.
Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo,
qualquer das obrigações ou medidas impostas, aplicar-se-á o dis-
posto no §4 do art. 282 deste Código.

26
DIA 7 VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de des-
pesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei,
que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao
dano causado ao erário;
Constituição Federal: art. 70-100 IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as provi-
Código Civil: art.286-388 dências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ile-
Código Processo Civil: art. 236-275 galidade;
Código Penal: art. 129-150 X - SUSTAR, se não atendido, a execução do ATO impugnado,
Código Processo Penal: art. 351-405 comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado
Federal;
CONSTITUIÇÃO FEDERAL XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou
abusos apurados.
§ 1º No caso de CONTRATO, o ato de sustação será adotado di-
Seção IX
retamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imedia-
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
to, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, ope-
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo
racional e patrimonial da União e das entidades da administra-
de 90 dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo ante-
ção direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, econo-
rior, o Tribunal decidirá a respeito.
micidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas,
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito
será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle ex-
ou multa terão eficácia de título executivo.
terno, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou ju-
anualmente, relatório de suas atividades.
rídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie
ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166,
União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de
§1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que
natureza pecuniária.
sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios
não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental res-
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,
ponsável que, no prazo de 5 dias, preste os esclarecimentos ne-
será exercido com o auxílio do TCU, ao qual compete:
cessários.
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes in-
República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado
suficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento
em 60 dias a contar de seu recebimento;
conclusivo sobre a matéria, no prazo de 30 dias.
II - julgar as contas dos administradores e demais responsá-
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se
veis por dinheiros, bens e valores públicos da administração dire-
julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave le-
ta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
são à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que
sustação.
derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que re-
sulte prejuízo ao erário público;
Art. 73. O TCU, integrado por 9 Ministros, tem sede no Distrito
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de ad-
Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o terri-
missão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e
tório nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previs-
indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
tas no art. 96. .
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
§ 1º Os Ministros do TCU serão nomeados dentre brasileiros que
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, re-
satisfaçam os seguintes requisitos:
formas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
I - mais de 35 e menos de 65 anos de idade;
não alterem o fundamento legal do ato concessório;
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos
Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções
e financeiros ou de administração pública;
e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, ope-
IV - mais de 10 anos de exercício de função ou de efetiva ativida-
racional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
de profissional que exija os conhecimentos mencionados no inci-
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no
so anterior.
inciso II;
§ 2º Os Ministros do TCU serão escolhidos:
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais
I – 1/3 pelo Presidente da República, com aprovação do Senado
de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indi-
Federal, sendo 2 alternadamente dentre auditores e membros do
reta, nos termos do tratado constitutivo;
Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados
pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento;
pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instru-
II - 2/3 pelo Congresso Nacional.
mentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
§ 3° Os Ministros do TCU terão as mesmas garantias, prerro-
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional,
gativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Minis-
por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Co-
tros do STJ, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão,
missões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
as normas constantes do art. 40.
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e ins-
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mes-
peções realizadas;
mas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício

1
das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regi- Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da Repúbli-
onal Federal. ca, auxiliado pelos Ministros de Estado.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República
de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro,
de: em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato pre-
a execução dos programas de governo e dos orçamentos da Uni- sidencial vigente.
ão; § 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vice-
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficá- Presidente com ele registrado.
cia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial § 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, registra-
nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da do por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não
aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; computados os em branco e os nulos.
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, § 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira
bem como dos direitos e haveres da União; votação, far-se-á nova eleição em até 20 após a proclamação do
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão instituci- resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e consi-
onal. derando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conheci- § 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desis-
mento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciên- tência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre
cia ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilida- os remanescentes, o de maior votação.
de solidária. § 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindica- segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação,
to é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregulari- qualificar-se-á o mais idoso.
dades ou ilegalidades perante o TCU.
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compro-
couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de misso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as
Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a
e Conselhos de Contas dos Municípios. integridade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tri- Parágrafo único. Se, decorridos 10 dias da data fixada para a pos-
bunais de Contas respectivos, que serão integrados por 7 Con- se, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força mai-
selheiros. or, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.

SÚMULAS SOBRE TRIBUNAL DE CONTAS Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suce-
der-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.
Súmula vinculante 3-STF: Nos processos perante o Tribunal de Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras
Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxili-
defesa quando da decisão puder resultar anulação ou ará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões es -
revogação de ato administrativo que beneficie o peciais.
interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. OBS: será Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presi-
necessário garantir contraditório e ampla defesa se tiverem se dente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente
passado mais de 5 anos desde a concessão inicial e o TC ainda chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara
não examinou a legalidade do ato. dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Fe-
Súmula 6-STF: A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, deral.
de aposentadoria, ou qualquer outro ato aprovado pelo Tribunal
de Contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele
Vice-Presidente
tribunal, ressalvada a competência revisora do judiciário
Súmula 347-STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas Presidente da CD
LINHA SUCESSÓRIA
atribuições, PODE APRECIAR A CONSTITUCIONALIDADE das
DO PR Presidente do SF
leis e dos atos do poder público.
Súmula 653-STF: No Tribunal de Contas estadual, composto Presidente do STF
por 7 conselheiros, 4 devem ser escolhidos pela Assembleia
Legislativa e 3 pelo Chefe do Poder Executivo estadual, cabendo Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da
a este indicar um dentre auditores e outro dentre membros do República, far-se-á eleição 90 dias depois de aberta a última
Ministério Público, e um terceiro à sua livre escolha. vaga.
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos 2 anos do período pre-
CAPÍTULO II sidencial, a eleição para ambos os cargos será feita 30 dias de-
DO PODER EXECUTIVO pois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei
Seção I (eleição indireta).
DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA § 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o pe-
ríodo de seus antecessores.

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XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Con-
Vacância nos 2 primeiros anos Eleição direta em 90 dias gresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
Vacância nos 2 últimos anos Eleição indireta em 30 dias XXII - permitir, nos casos previstos em LC, que forças estran-
geiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de 4 anos e terá temporariamente;
início em 1° de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto
de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não pode- previstos nesta Constituição;
rão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de 60
por período superior a 15 dias, sob pena de perda do cargo. dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao
exercício anterior;
Seção II XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma
Das Atribuições do Presidente da República da lei;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; do art. 62;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção supe- XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
rior da administração federal; Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte,
nesta Constituição; aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como ex- Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas
pedir decretos e regulamentos para sua fiel execução (DECRE- respectivas delegações.
TO REGULAMENTAR);
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; Decreto autônomo
VI – dispor, mediante decreto, sobre (DECRETO AUTÔNOMO): COMPETÊNCIA PRIVATIVA
a) organização e funcionamento da administração federal, Conceder indulto e comutar
DO PR DELEGÁVEL A ME,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou ex- penas
PGR, AGU
tinção de órgãos públicos; Prover cargos públicos federais
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus
Seção III
representantes diplomáticos;
Da Responsabilidade do Presidente da República
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, su-
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente
jeitos a referendo do Congresso Nacional;
da República que atentem contra a Constituição Federal e, es-
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
pecialmente, contra:
X - decretar e executar a intervenção federal;
I - a existência da União;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacio-
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário,
nal por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situa-
do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das uni-
ção do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
dades da Federação;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se ne-
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
cessário, dos órgãos instituídos em lei;
IV - a segurança interna do País;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear
V - a probidade na administração;
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, pro-
VI - a lei orçamentária;
mover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
são privativos;
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros
estabelecerá as normas de processo e julgamento.
do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Go-
vernadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o pre-
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República,
sidente e os diretores do banco central e outros servidores, quan -
por 2/3 da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julga-
do determinado em lei;
mento perante o STF, nas infrações penais comuns, ou perante
XV - nomear, observado o disposto no art. 73 (1/3), os Ministros
o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
do Tribunal de Contas da União;
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constitui-
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou
ção, e o Advogado-Geral da União;
queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
XVII - nomear (2) membros do Conselho da República, nos ter-
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do pro-
mos do art. 89, VII;
cesso pelo Senado Federal.
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conse-
§ 2º Se, decorrido o prazo de 180 dias, o julgamento não estiver
lho de Defesa Nacional;
concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autori-
regular prosseguimento do processo.
zado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infra-
ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas con-
ções comuns, o Presidente da República não estará sujeito a
dições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
prisão.

3
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, IV - o Ministro da Justiça;
não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício V - o Ministro de Estado da Defesa;
de suas funções. VI - o Ministro das Relações Exteriores;
VII - o Ministro do Planejamento.
Seção IV VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáuti-
DOS MINISTROS DE ESTADO ca.
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasilei- § 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
ros maiores de 21 anos e no exercício dos direitos políticos. I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebra-
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras ção da paz, nos termos desta Constituição;
atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e de sítio e da intervenção federal;
entidades da administração federal na área de sua competência e III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indis-
referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da Repú- pensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu
blica; efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regula- com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qual-
mentos; quer tipo;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de inicia-
gestão no Ministério; tivas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem ou- do Estado democrático.
torgadas ou delegadas pelo Presidente da República. § 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho
de Defesa Nacional.
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e
órgãos da administração pública. CR CDN

Seção V ÓRGÃO SUPERIOR DE ÓRGÃO DE CONSULTA nos


DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE DEFESA NA- CONSULTA assuntos relacionados com a
CIONAL soberania nacional e a defesa
Subseção I do Estado democrático
Do Conselho da República Membros: Membros:
Art. 89. O Conselho da República é ÓRGÃO SUPERIOR DE CON- I - o Vice-Presidente da Repú- I - o Vice-Presidente da Repú-
SULTA do Presidente da República, e dele participam: blica; blica;
I - o Vice-Presidente da República; II - o Presidente da Câmara II - o Presidente da Câmara
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; dos Deputados; dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal; III - o Presidente do Senado III - o Presidente do Senado
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputa- Federal; Federal;
dos; IV - os líderes da maioria e da IV - o Ministro da Justiça;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; minoria na Câmara dos Depu- V - o Ministro de Estado da
VI - o Ministro da Justiça; tados; Defesa;
VII - 6 cidadãos brasileiros natos, com mais de 35 anos de ida- V - os líderes da maioria e da VI - o Ministro das Relações
de, sendo 2 nomeados pelo Presidente da República, 2 eleitos minoria no Senado Federal; Exteriores;
pelo Senado Federal e 2 eleitos pela Câmara dos Deputados, to- VI - o Ministro da Justiça; VII - o Ministro do Planeja-
dos com mandato de 3 anos, VEDADA A RECONDUÇÃO. VII - 6 cidadãos brasileiros na- mento.
tos VIII - os Comandantes da Ma-
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre: rinha, do Exército e da Aero-
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; náutica.
II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições
democráticas. Competência - pronunciar-se Competência:
§ 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro de Esta- sobre: I - opinar nas hipóteses de de-
do para participar da reunião do Conselho, quando constar da I - intervenção federal, esta- claração de guerra e de cele-
pauta questão relacionada com o respectivo Ministério. do de defesa e estado de sí- bração da paz, nos termos
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho tio; desta Constituição;
da República. II - as questões relevantes II - opinar sobre a decretação
para a estabilidade das insti- do estado de defesa, do esta-
Subseção II tuições democráticas. do de sítio e da intervenção
Do Conselho de Defesa Nacional federal;
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é ÓRGÃO DE CONSUL-
TA do Presidente da República nos assuntos relacionados com a CAPÍTULO III
soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele DO PODER JUDICIÁRIO
participam como membros natos: Seção I
I - o Vice-Presidente da República; DISPOSIÇÕES GERAIS
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
III - o Presidente do Senado Federal; I - o STF;

4
I-A o CNJ; VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do ma-
II - o STJ; gistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto
II-A - o TST (EC 92); da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do CNJ, assegura-
III - os TRF e Juízes Federais; da ampla defesa;
IV - os TRT e Juízes do Trabalho; VIII-A a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de co-
V - os TRE e Juízes Eleitorais; marca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto
VI - os Tribunais e Juízes Militares; nas alíneas a , b , c e e do inciso II;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Terri- IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
tórios. públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nuli-
§ 1º O STF, o CNJ e os Tribunais Superiores têm sede na Capital dade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos,
Federal. às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes,
§ 2º O STF e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o ter- em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
ritório nacional. interessado no sigilo não prejudique o interesse público à in-
formação;
Art. 93. LC, de iniciativa do STF, disporá sobre o Estatuto da X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em
Magistratura, observados os seguintes princípios: sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da mai-
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substitu- oria absoluta de seus membros;
to, mediante concurso público de provas e títulos, com a parti- XI nos tribunais com número superior a 25 julgadores, poderá
cipação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, ser constituído órgão especial, com o mínimo de 11 e o máxi-
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, 3 anos de ativi- mo de 25 membros, para o exercício das atribuições administra-
dade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de clas- tivas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno,
sificação; provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por eleição pelo tribunal pleno;
por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas: XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado fé-
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por 3 vezes con- rias coletivas nos juízos e tribunais de 2° grau, funcionando, nos
secutivas ou 5 alternadas em lista de merecimento; dias em que não houver expediente forense normal, juízes em
b) a promoção por merecimento pressupõe 2 anos de exercício plantão permanente;
na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta par- XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcio-
te da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais nal à efetiva demanda judicial e à respectiva população;
requisitos quem aceite o lugar vago; XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos cri- administração e atos de mero expediente sem caráter decisório;
térios objetivos de produtividade e presteza no exercício da XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus
jurisdição e pela frequência e aproveitamento em cursos ofici- de jurisdição.
ais ou reconhecidos de aperfeiçoamento;
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recu- Art. 94. 1/5 dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tri-
sar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de 2/3 de seus bunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será com-
membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla posto de membros, do Ministério Público, com mais de 10 anos
defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de re-
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver putação ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade pro-
autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê- fissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representa-
los ao cartório sem o devido despacho ou decisão; ção das respectivas classes.
III o acesso aos tribunais de 2° grau far-se-á por antiguidade e Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista
merecimento, alternadamente, apurados na última ou única en- tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos 20 dias subse-
trância; quentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.
IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e
promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do Art. 95. Os juízes gozam das seguintes GARANTIAS:
processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou I - vitaliciedade, que, no 1° grau, só será adquirida após 2 anos
reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de
de magistrados; deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos de-
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corres- mais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
ponderá a 95% do subsídio mensal fixado para os Ministros II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na
do STF e os subsídios dos demais magistrados serão fixados em forma do art. 93, VIII;
lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as res- III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts.
pectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
a diferença entre uma e outra ser superior a 10% ou inferior a Parágrafo único. Aos juízes é VEDADO:
5%, nem exceder a 95% do subsídio mensal dos Ministros dos I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun-
Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto ção, salvo 1 de magistério;
nos arts. 37, XI, e 39, § 4º; II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus depen- em processo;
dentes observarão o disposto no art. 40; III - dedicar-se à atividade político-partidária.
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autoriza-
ção do tribunal;

5
IV- receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui- normativo, ou seja, não afastar a sua presunção de validade:
ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalva- o art. 97, CF determina a observância do full bench para declarar
das as exceções previstas em lei; a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afas- Público.
tou, antes de decorridos 3 anos do afastamento do cargo por d) Nos casos de normas pré-constitucionais: a análise do
aposentadoria ou exoneração [QUARENTENA DE SAÍDA] direito editado no ordenamento jurídico anterior em relação à
nova Constituição não se funda na teoria da
Art. 96. Compete privativamente: inconstitucionalidade, mas sim em sua recepção ou revogação.
I - aos tribunais: e) Quando o Tribunal utilizar a técnica da interpretação
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos inter- conforme a Constituição: não haverá declaração de
nos, com observância das normas de processo e das garantias inconstitucionalidade.
processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcio- f) Declaração de inconstitucionalidade por turma recursal do
namento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; juizado especial: nos casos de declaração de
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos inconstitucionalidade por turma de juizado especial, não há a
que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade necessidade da observância da regra da full bench, conforme
correicional respectiva; decidiu o STF (RE AgR 453.744).
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz g) Julgamento de medida cautelar pelo STF: em virtude de
de carreira da respectiva jurisdição; não se afastar a incidência de determinada norma e tampouco
d) propor a criação de novas varas judiciárias; declarar sua inconstitucionalidade, não há a necessidade de se
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, observar a regra do art. 97, CF, segundo o STF (Rcl 10.864 AgR).
obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos ne- h) Segundo o STF (ARE 792.562-AgR), o art. 97, CF não atinge
cessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim juizados de pequenas causas (art. 24, X, CF) e juizados
definidos em lei; especiais (art. 98, I, CF), os quais, pela configuração atribuída
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros pelo legislador, não funcionam, na esfera recursal, sob regime
e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vincula- de plenário ou de órgão especial.
dos; i) O STF (Rcl 10.864-AgR) tem precedentes no sentido do que o
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos art. 97, CF não se aplica às decisões cautelares, mas somente
Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, obser- às decisões definitivas de mérito dos Tribunais.
vado o disposto no art. 169: j) De acordo com o STF (RE 361.829 ED), as Turmas daquele
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; Tribunal podem reconhecer a inconstitucionalidade de uma
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus ser- lei, independentemente da submissão da questão ao
viços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como Plenário. Assim, a elas não se aplica o art. 97, CF.
a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos
tribunais inferiores, onde houver;
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Esta-
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
dos criarão:
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Dis-
leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execu-
trito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério
ção de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais
Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e
competência da Justiça Eleitoral.
sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transa-
ção e o julgamento de recursos por turmas de juízes de 1° grau;
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus mem-
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos
bros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os
pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de 4 anos
tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato norma-
e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, veri-
tivo do Poder Público [CLÁUSULA DE RESERVA DO PLENÁRIO,
ficar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o pro-
FULL BECH].
cesso de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem
caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
Súmula Vinculante 10: Viola a cláusula de reserva de plenário § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no
(CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, âmbito da Justiça Federal.
embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de § 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamen-
lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, te ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da
no todo ou em parte. Justiça.

EXCEÇÕES À CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia adminis-
trativa e financeira.
a) Se o STF já decidiu sobre o caso, ainda que em controle § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro
difuso. dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na
b) Se o próprio órgão ou Tribunal já reconheceu a lei de diretrizes orçamentárias.
inconstitucionalidade: o STF entende que o procedimento do § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais
art. 97, CF, só seria necessário no caso de mudança de interessados, compete:
orientação por parte do próprio Tribunal.
c) Se Tribunal mantiver a constitucionalidade do ato

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I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Fe- ou inferior a:
deral e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos I - 40 salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do
tribunais; Distrito Federal;
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, II - 30 salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municí-
aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos pios.
respectivos tribunais. Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabeleci-
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as res- do neste artigo, o pagamento far-se-á, sempre, por meio de
pectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabeleci- precatório, sendo facultada à parte exeqüente a renúncia ao
do na lei de diretrizes orçamentárias, o PODER EXECUTIVO con- crédito do valor excedente, para que possa optar pelo paga-
siderará, para fins de consolidação da proposta orçamentária mento do saldo sem o precatório, da forma prevista no § 3º
anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajus- do art. 100.
tados de acordo com os limites estipulados na forma do § 1º des-
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de
te artigo.
direito público, de verba necessária ao pagamento de seus
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem
débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, cons-
encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na for-
tantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho,
ma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessá-
fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quan-
rios para fins de consolidação da proposta orçamentária anu-
do terão seus valores atualizados monetariamente.
al.
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão con-
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá
signados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente
haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que
do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o paga-
extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamen-
mento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusiva-
tárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de
mente para os casos de preterimento de seu direito de precedên-
créditos suplementares ou especiais.
cia ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfa-
ção do seu débito, o sequestro da quantia respectiva.
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Fe-
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comis-
deral, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença ju-
sivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação re-
diciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apre-
gular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e
sentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos,
responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça.
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.
suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, re-
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles
partição ou quebra do valor da execução para fins de enqua-
decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e
dramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste arti-
suas complementações, benefícios previdenciários e indeniza-
go.
ções por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independente-
civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e se-
mente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de
rão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, ex-
compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos,
ceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo.
inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, origi-
original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincen-
nários ou por sucessão hereditária, tenham 60 anos de idade,
das de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja
ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com defi-
suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial
ciência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com prefe-
(Dispositivo declarado integralmente inconstitucional)
rência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à
ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste
Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 dias, sob
artigo (RPV), ADMITIDO O FRACIONAMENTO PARA ESSA FI-
pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os
NALIDADE, sendo que o restante será pago na ordem cronológi-
débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para
ca de apresentação do precatório
os fins nele previstos (Dispositivo declarado integralmente in-
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição
constitucional).
de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações defi-
nidas em leis como de pequeno valor (RPV) que as Fazendas re- O STF entendeu que os §§ 9º e 10 do art. 100 são
feridas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em INCONSTITUCIONAIS.
julgado. Para o Supremo, este regime de compensação obrigatória trazido
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis pelos §§ 9º e 10, ao estabelecer uma enorme superioridade
próprias, valores distintos às entidades de direito público, segun- processual à Fazenda Pública, viola a garantia do devido
do as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual processo legal, do contraditório, da ampla defesa, da coisa
ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social. julgada, da isonomia e afeta o princípio da separação dos
Poderes.
Art. 87, ADCT. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da
Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Cons- § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da en-
titucionais Transitórias serão considerados de pequeno valor, tidade federativa devedora, a entrega de créditos em precató-
até que se dê a publicação oficial das respectivas leis defini- rios para compra de imóveis públicos do respectivo ente fede-
doras pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º rado.
do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou obrigações § 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a
consignados em precatório judiciário, que tenham valor igual atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o

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efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será fei- recurso ou defesa judicial e que sejam observados os requisitos
ta pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de pou- definidos na regulamentação editada pelo ente federado.
pança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros sim-
ples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta SÚMULAS SOBRE PODER JUDICIÁRIO
de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensató-
rios (Dispositivo declarado parcialmente inconstitucional). Súmula 40-STF: A elevação da entrância da comarca não pro-
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus crédi- move automaticamente o juiz, mas não interrompe o exercício
tos em precatórios a terceiros, INDEPENDENTEMENTE DA de suas funções na mesma comarca.
CONCORDÂNCIA DO DEVEDOR, não se aplicando ao cessioná- Súmula 46-STF: Desmembramento de serventia de justiça não
rio o disposto nos §§ 2º e 3º. viola o princípio de vitaliciedade do serventuário.
§ 14. A CESSÃO DE PRECATÓRIOS somente produzirá efeitos Súmula 627-STF: No mandado de segurança contra a nomea-
após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tri- ção de magistrado da competência do Presidente da República,
bunal de origem e à entidade devedora. este é considerado autoridade coatora, ainda que o fundamento
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a da impetração seja nulidade ocorrida em fase anterior do proce-
esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para dimento.
pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal Súmula 628-STF: Integrante de lista de candidatos a determina-
e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líqui- da vaga da composição de tribunal é parte legítima para im-
da e forma e prazo de liquidação (Dispositivo declarado inte- pugnar a validade da nomeação de concorrente
gralmente inconstitucional). Súmula 649-STF: É inconstitucional a criação, por Constitui-
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá as- ção estadual, de órgão de controle administrativo do Poder
sumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Fede- Judiciário do qual participem representantes de outros Poderes
ral e Municípios, refinanciando-os diretamente. ou entidades.
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aferi- Súmula 731-STF: Para fim de competência originária do Supre-
rão mensalmente, em base anual, o comprometimento de suas mo Tribunal Federal, é de interesse geral da magistratura a
respectivas receitas correntes líquidas com o pagamento de pre- questão de saber se, em face da LOMAN, os juízes têm direito à
catórios e obrigações de pequeno valor. licença-prêmio.
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins de
que trata o § 17, o somatório das receitas tributárias, patrimoniais, CÓDIGO CIVIL
industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços, de
transferências correntes e outras receitas correntes, incluindo as
TÍTULO II
oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no
Da Transmissão das Obrigações
período compreendido pelo segundo mês imediatamente anteri-
CAPÍTULO I
or ao de referência e os 11 meses precedentes, excluídas as du-
Da CESSÃO DE CRÉDITO
plicidades, e deduzidas:
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se
I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito Federal
opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o
e aos Municípios por determinação constitucional
devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser opos-
II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por deter-
ta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da
minação constitucional;
obrigação.
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a
contribuição dos servidores para custeio de seu sistema de previ-
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédi-
dência e assistência social e as receitas provenientes da compen-
to abrangem-se todos os seus acessórios.
sação financeira referida no § 9º do art. 201 da Constituição Fede-
ral.
Art. 288. É INEFICAZ, em relação a terceiros, a transmissão de um
§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de condena-
crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou
ções judiciais em precatórios e obrigações de pequeno valor, em
instrumento particular revestido das solenidades do § 1 o do art.
período de 12 meses, ultrapasse a média do comprometimento
654.
percentual da receita corrente líquida nos 5 anos imediatamente
anteriores, a parcela que exceder esse percentual poderá ser fi-
nanciada, excetuada dos limites de endividamento de que tratam JDC618 O devedor não é terceiro para fins de aplicação do art.
os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição Federal e de quais- 288 do Código Civil, bastando a notificação prevista no art. 290
quer outros limites de endividamento previstos, não se aplicando para que a cessão de crédito seja eficaz perante ele.
a esse financiamento a vedação de vinculação de receita prevista
no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal. Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% do montan- fazer averbar a cessão no registro do imóvel.
te dos precatórios apresentados nos termos do § 5º deste artigo,
15% do valor deste precatório serão pagos até o final do exercí- Art. 290. A cessão do crédito NÃO TEM EFICÁCIA em relação ao
cio seguinte e o restante em parcelas iguais nos 5 exercícios sub- devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se
sequentes, acrescidas de juros de mora e correção monetária, ou tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou
mediante acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de Concilia- ciente da cessão feita.
ção de Precatórios, com redução máxima de 40% do valor do
crédito atualizado, desde que em relação ao crédito não penda Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece
a que se completar com a tradição do título do crédito cedido.

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ginariamente pelo devedor primitivo ou por terceiro, vale dizer,
Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conheci- aquelas que dependeram da vontade do garantidor, devedor ou
mento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de terceiro para se constituírem.
mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apre-
Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-
senta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o
se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias
crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade
prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que
da notificação.
inquinava a obrigação.

Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo


devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do JDC423 O art. 301 do CC deve ser interpretado de forma a
direito cedido. também abranger os negócios jurídicos nulos e a significar a
continuidade da relação obrigacional originária em vez de “res-
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que tauração”, porque, envolvendo hipótese de transmissão, aquela
lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a relação nunca deixou de existir.
ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.
Art. 302. O novo devedor NÃO PODE OPOR ao credor as exce-
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que ções pessoais que competiam ao devedor primitivo.
não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela
existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma res- Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu
ponsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notifica-
procedido de má-fé. do, não impugnar em 30 dias a transferência do débito, en-
tender-se-á dado o assentimento.
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente NÃO RES-
PONDE PELA SOLVÊNCIA do devedor. JDC353 A recusa do credor, quando notificado pelo adquirente
de imóvel hipotecado comunicando-lhe o interesse em assumir
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do a obrigação, deve ser justificada.
devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os JDC424 A comprovada ciência de que o reiterado pagamen-
respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão to é feito por terceiro no interesse próprio produz efeitos
e as que o cessionário houver feito com a cobrança. equivalentes aos da notificação de que trata o art. 303, segun-
da parte.
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser trans-
ferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o de-
vedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, CESSÃO DE CRÉDITO ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro. O credor pode ceder o seu É facultado a terceiro assumir a
crédito, se a isso não se opu- obrigação do devedor, com o
CAPÍTULO II ser a natureza da obrigação, CONSENTIMENTO expresso
Da ASSUNÇÃO DE DÍVIDA a lei, ou a convenção com o DO CREDOR, ficando exonera-
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, devedor; a cláusula proibitiva do o devedor primitivo, salvo
com o CONSENTIMENTO expresso DO CREDOR, ficando exo- da cessão não poderá ser se aquele, ao tempo da assun-
nerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assun- oposta ao cessionário de ção, era insolvente e o credor o
ção, era insolvente e o credor o ignorava. boa-fé, se não constar do ins- ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao cre- trumento da obrigação.
dor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o
seu silêncio como recusa. O devedor PODE OPOR ao O novo devedor NÃO PODE
cessionário as exceções que OPOR ao credor as exceções
lhe competirem, bem como as pessoais que competiam ao
JDC16 O art. 299 do Código Civil não exclui a possibilidade da
que, no momento em que veio devedor primitivo.
assunção cumulativa da dívida quando dois ou mais devedo-
a ter conhecimento da cessão,
res se tornam responsáveis pelo débito com a concordância do
tinha contra o cedente.
credor.

TÍTULO III
Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo,
Do Adimplemento e Extinção das Obrigações
consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as ga-
CAPÍTULO I
rantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.
DO PAGAMENTO
Seção I
JDC352 Salvo expressa concordância dos terceiros, as garantias De Quem Deve Pagar
por eles prestadas se extinguem com a assunção da dívida; já as Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-
garantias prestadas pelo devedor primitivo somente serão la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exo-
mantidas se este concordar com a assunção. neração do devedor.
JDC422 A expressão “garantias especiais” constante do art. 300 Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado,
do CC/2002 refere-se a todas as garantias, quaisquer delas, re- se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.
ais ou fidejussórias, que tenham sido prestadas voluntária e ori-

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Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu DO NOMINALISMO, admitindo, contudo, que as partes
próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas convencionem CLÁUSULA DE ESCALA MÓVEL.
NÃO SE SUB-ROGA nos direitos do credor.
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direi-
Art. 317. Quando, por MOTIVOS IMPREVISÍVEIS, sobrevier DES-
to ao reembolso no vencimento.
PROPORÇÃO MANIFESTA entre o valor da prestação devida e o
do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedi-
Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento
do da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real
ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que
da prestação.
pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.

Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão JDC17 A interpretação da expressão “motivos imprevisíveis”
da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto constante do art. 317 do novo Código Civil deve abarcar tanto
em que ele consistiu. causas de desproporção não-previsíveis como também cau-
Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se sas previsíveis, mas de resultados imprevisíveis
poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e con-
sumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la. Art. 318. São NULAS as convenções de pagamento em ouro ou
em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença
Seção II entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos
Daqueles a Quem se Deve Pagar previstos na legislação especial.
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de di -
reito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratifica- Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e
do, ou tanto quanto reverter em seu proveito. pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada.

JDC425 O pagamento repercute no PLANO DA EFICÁCIA, e JDC18 A “quitação regular” referida no art. 319 do novo Código
não no plano da validade como preveem os arts. 308, 309 e Civil engloba a quitação dada por meios eletrônicos ou por
310 do Código Civil. quaisquer formas de “comunicação a distância”, assim entendi-
da aquela que permite ajustar negócios jurídicos e praticar atos
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é váli- jurídicos sem a presença corpórea simultânea das partes ou de
do, ainda provado depois que não era credor. seus representantes.

Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor in- Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instru-
capaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele mento particular, designará o valor e a espécie da dívida quita-
efetivamente reverteu. da, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lu-
gar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu repre-
Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o porta- sentante.
dor da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presun- Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste arti-
ção daí resultante. go valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias re-
sultar haver sido paga a dívida.
Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da
penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do tí-
por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão tulo, perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamen-
constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalva- to, declaração do credor que inutilize o título desaparecido.
do o regresso contra o credor.
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quita-
Seção III ção da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de
Do Objeto do Pagamento e Sua Prova estarem solvidas as anteriores.
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa
da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, es-
tes presumem-se pagos.
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divi-
sível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o deve- Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do
dor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. pagamento.
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimen - credor provar, em 60 dias, a falta do pagamento.
to, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos
artigos subsequentes. Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o
pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor,
Art. 316. É LÍCITO convencionar o aumento progressivo de suportará este a despesa acrescida.
prestações sucessivas.
Art. 326. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou
O direito brasileiro, nas dívidas em dinheiro, adota o PRINCÍPIO peso, entender-se-á, no silêncio das partes, que aceitaram os do
lugar da execução.

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Seção IV Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será
Do Lugar do Pagamento mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no DOMICÍLIO DO DEVEDOR tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o paga-
(Quesível), salvo se as partes convencionarem diversamente, ou mento.
se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das cir-
cunstâncias. Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento,
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao cre- cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da
dor escolher entre eles (Portable). dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente.

Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito,
em prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento,
o bem. pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para
todas as consequências de direito.
Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o paga-
mento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá
sem prejuízo para o credor. levantá-lo, embora o credor consinta, senão de acordo com os
outros devedores e fiadores.
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o de-
presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no con- pósito, aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a
trato. garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, fi-
cando para logo desobrigados os codevedores e fiadores que não
Seção V tenham anuído.
Do Tempo do Pagamento
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajus- Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser
tada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediata- entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o
mente. credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada.

Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do im- Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor,
plemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e
teve ciência o devedor. de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha
pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente.
Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de
vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Códi- Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado proce-
go: dente, correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à conta
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; do devedor.
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados
em execução por outro credor; Art. 344. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credo-
do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar res, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do paga-
a reforçá-las. mento.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito,
solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos ou- Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores
tros devedores solventes. que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles re-
querer a consignação.
CAPÍTULO II
Do Pagamento em Consignação CAPÍTULO III
Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o de- Do Pagamento com Sub-rogação
pósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devi- Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
da, nos casos e forma legais. I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hi-
Art. 335. A consignação tem lugar: potecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber para não ser privado de direito sobre imóvel;
o pagamento, ou dar quitação na devida forma; III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, podia ser obrigado, no todo ou em parte.
tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, de- Art. 347. A sub-rogação é convencional:
clarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigo- I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expres-
so ou difícil; samente lhe transfere todos os seus direitos;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente rece- II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia
ber o objeto do pagamento; precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

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III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é
Art. 348. Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.
disposto quanto à cessão do crédito.
Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas
Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os di- inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a pri-
reitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à meira.
dívida, contra o devedor principal e os fiadores.
Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetu-
Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exer- ada independentemente de consentimento deste.
cer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que ti-
ver desembolsado para desobrigar o devedor. Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor,
que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo se este
Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá obteve por má-fé a substituição.
preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se
os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívi-
a um e outro dever. da, sempre que não houver estipulação em contrário. Não
aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca
CAPÍTULO IV ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a
Da Imputação do Pagamento terceiro que não foi parte na novação.
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mes-
ma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores
deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos. solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova obri-
Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas gação subsistem as preferências e garantias do crédito nova-
líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quita- do. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonera-
ção de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputa- dos.
ção feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido vio-
lência ou dolo. Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu
consenso com o devedor principal.
Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á
primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipu- JDC547 Na hipótese de alteração da obrigação principal sem
lação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do o consentimento do fiador, a EXONERAÇÃO deste É AUTO-
capital. MÁTICA, não se aplicando o disposto no art. 835 do Código Ci-
vil quanto à necessidade de permanecer obrigado pelo prazo
Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quita - de 60 dias após a notificação ao credor, ou de 120 dias no caso
ção for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líqui - de fiança locatícia.
das e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líqui-
das e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais
Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem
onerosa.
ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas.

CAPÍTULO V
CAPÍTULO VII
Da Dação em Pagamento
Da Compensação
Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e deve-
da que lhe é devida.
dor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se
compensarem.
Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as
relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, venci-
de compra e venda.
das e de coisas fungíveis.

Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a


Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, ob-
transferência importará em cessão.
jeto das duas prestações, não se compensarão, verificando-se
que diferem na qualidade, quando especificada no contrato.
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento,
restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a
Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o
quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.
que este lhe dever; mas o fiador pode compensar sua dívida
com a de seu credor ao afiançado.
CAPÍTULO VI
DA NOVAÇÃO
Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral,
Art. 360. Dá-se a novação:
não obstam a compensação.
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para ex-
tinguir e substituir a anterior;
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compen-
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite
sação, exceto:
com o credor;
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;

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II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos; obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora. de adquirir.

Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mú- Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a
tuo acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida.
delas.
Art. 388. A remissão concedida a um dos codevedores extingue a
Art. 376. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode com- dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reser-
pensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever. vando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode
cobrar o débito sem dedução da parte remitida.
Art. 377. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o
credor faz a terceiros dos seus direitos, não pode opor ao cessi- CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
onário a compensação, que antes da cessão teria podido opor
ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido notificada, po-
TÍTULO II
derá opor ao cessionário compensação do crédito que antes
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
tinha contra o cedente.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Devedor notificado da Não pode opor ao cessionário Art. 236. Os atos processuais serão cumpridos por ordem judi-
cessão, nada opõe a compensação, que antes da cial.
cessão teria podido opor ao § 1o Será expedida carta para a prática de atos fora dos limites
cedente territoriais do tribunal, da comarca, da seção ou da subseção judi-
Devedor não notificado Poderá opor ao cessionário ciárias, ressalvadas as hipóteses previstas em lei.
da cessão compensação do crédito que § 2o O tribunal poderá expedir carta para juízo a ele vinculado, se
antes tinha contra o cedente. o ato houver de se realizar fora dos limites territoriais do local de
sua sede (carta de ordem).
§ 3o Admite-se a prática de atos processuais por meio de vide-
Art. 378. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lu-
oconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de
gar, não se podem compensar sem dedução das despesas neces-
sons e imagens em tempo real.
sárias à operação.
Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas com-
Art. 237. Será expedida carta:
pensáveis, serão observadas, no compensá-las, as regras estabe-
I - de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2o do art. 236;
lecidas quanto à imputação do pagamento.
II - rogatória, para que órgão jurisdicional estrangeiro pratique
ato de cooperação jurídica internacional, relativo a processo em
Art. 380. Não se admite a compensação em prejuízo de direito
curso perante órgão jurisdicional brasileiro;
de terceiro. O devedor que se torne credor do seu credor, depois
III - precatória, para que órgão jurisdicional brasileiro pratique ou
de penhorado o crédito deste, não pode opor ao exequente a
determine o cumprimento, na área de sua competência territorial,
compensação, de que contra o próprio credor disporia.
de ato relativo a pedido de cooperação judiciária formulado por
órgão jurisdicional de competência territorial diversa;
CAPÍTULO VIII
IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou
Da Confusão
determine o cumprimento, na área de sua competência terri-
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa
torial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária for-
se confundam as qualidades de credor e devedor.
mulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetiva-
ção de tutela provisória.
Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida,
Parágrafo único. Se o ato relativo a processo em curso na justiça
ou só de parte dela.
federal ou em tribunal superior houver de ser praticado em local
onde não haja vara federal, a carta poderá ser dirigida ao juízo es-
Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor so-
tadual da respectiva comarca.
lidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva
parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a so-
lidariedade. FPPC24. (art. 237, IV) Independentemente da sede da arbitra-
gem ou dos locais em que se realizem os atos a ela inerentes, a
Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com to- carta arbitral poderá ser processada diretamente pelo órgão do
dos os seus acessórios, a obrigação anterior. Poder Judiciário do foro onde se dará a efetivação da medida
ou decisão, ressalvadas as hipóteses de cláusulas de eleição de
CAPÍTULO IX foro subsidiário.
Da Remissão das Dívidas
Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a CAPÍTULO II
obrigação, mas sem prejuízo de terceiro. DA CITAÇÃO
Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o exe-
Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando cutado ou o interessado para integrar a relação processual.
por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-

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Art. 239. Para a VALIDADE do processo é indispensável a cita- curador com poderes para receber citação será citado na pessoa
ção do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de inde- do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos
ferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do aluguéis, que será considerado habilitado para representar o loca-
pedido. dor em juízo.
§ 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado su- § 3o A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Mu-
pre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data nicípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito
o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à exe- público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública res-
cução. ponsável por sua representação judicial.
§ 2o Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo
de: Art. 243. A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que
I - conhecimento, o réu será considerado revel; se encontre o réu, o executado ou o interessado.
II - execução, o feito terá seguimento. Parágrafo único. O militar em serviço ativo será citado na unida-
de em que estiver servindo, se não for conhecida sua residência
ou nela não for encontrado.
JDPC84 O comparecimento espontâneo da parte constitui termo
inicial dos prazos para pagamento e, sucessivamente, impugna-
Art. 244. Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento
ção ao cumprimento de sentença.
do direito:
I - de quem estiver participando de ato de culto religioso;
Independe de Indeferimento da petição inicial II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do
citação morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral
Improcedência liminar do pedido
em 2° grau, no dia do falecimento e nos 7 dias seguintes;
III - de noivos, nos 3 primeiros dias seguintes ao casamento;
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo
IV - de doente, enquanto grave o seu estado.
incompetente, INDUZ LITISPENDÊNCIA, TORNA LITIGIOSA A
COISA e CONSTITUI EM MORA O DEVEDOR, ressalvado o dis-
Art. 245. Não se fará citação quando se verificar que o citando
posto nos arts. 397 e 398 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de
é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la.
2002 (Código Civil).
§ 1o O oficial de justiça descreverá e certificará minuciosamente a
§ 1o A INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO, operada pelo DESPA-
ocorrência.
CHO QUE ORDENA A CITAÇÃO, ainda que proferido por juízo
§ 2o Para examinar o citando, o juiz nomeará médico, que apre-
incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.
sentará laudo no prazo de 5 dias.
§ 2o Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 dias, as providên-
§ 3o Dispensa-se a nomeação de que trata o § 2o se pessoa da
cias necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se apli-
família apresentar declaração do médico do citando que ates-
car o disposto no § 1o.
te a incapacidade deste.
§ 3o A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusi-
§ 4o Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao
vamente ao serviço judiciário.
citando, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabe-
§ 4o O efeito retroativo a que se refere o § 1 o aplica-se à deca-
lecida em lei e restringindo a nomeação à causa.
dência e aos demais prazos extintivos previstos em lei.
§ 5o A citação será feita na pessoa do curador, a quem incum-
birá a defesa dos interesses do citando.
FPPC136. (art. 240, § 1º; art. 485, VII) A citação válida no proces-
so judicial interrompe a prescrição, ainda que o processo seja Art. 246. A citação será feita:
extinto em decorrência do acolhimento da alegação de conven- I - pelo correio;
ção de arbitragem. II - por oficial de justiça;
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer
em cartório;
Citação válida Induz litispendência IV - por edital;
(ainda que o juiz seja incompetente) Torna litigiosa a coisa V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.
Constitui em mora § 1o Com exceção das microempresas e das empresas de pe-
Despacho que determina a citação Interrompe a queno porte, as empresas públicas e privadas são obrigadas a
(ainda que o juiz seja incompetente) prescrição manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos,
para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais se-
rão efetuadas preferencialmente por esse meio.
Art. 241. Transitada em julgado a sentença de mérito proferida
§ 2o O disposto no § 1o aplica-se à União, aos Estados, ao Distri-
em favor do réu antes da citação, incumbe ao escrivão ou ao che-
to Federal, aos Municípios e às entidades da administração in-
fe de secretaria comunicar-lhe o resultado do julgamento.
direta.
§ 3o Na AÇÃO DE USUCAPIÃO DE IMÓVEL, os confinantes se-
Art. 242. A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita
rão citados pessoalmente, exceto quando tiver por objeto
na pessoa do representante legal ou do procurador do réu, do
unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em que
executado ou do interessado.
tal citação é dispensada.
§ 1o Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa de seu
mandatário, administrador, preposto ou gerente, quando a ação
se originar de atos por eles praticados. FPPC25. (art. 246, § 3º; art. 1.071 e §§) A inexistência de procedi -
§ 2o O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário mento judicial especial para a ação de usucapião e de regula-
de que deixou, na localidade onde estiver situado o imóvel, pro- mentação da usucapião extrajudicial não implica vedação da

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ação, que remanesce no sistema legal, para qual devem ser ob- 334, § 8º, sob pena de sua inaplicabilidade.
servadas as peculiaridades que lhe são próprias, especialmente
a necessidade de citação dos confinantes e a ciência da União, Art. 251. Incumbe ao oficial de justiça procurar o citando e, onde
do Estado, do Distrito Federal e do Município o encontrar, citá-lo:
I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé;
Art. 247. A citação será feita pelo correio para qualquer comarca II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;
do país, exceto: III - obtendo a nota de ciente ou certificando que o citando não a
I - nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3 o (a apôs no mandado.
citação será feita na pessoa do réu)
II - quando o citando for incapaz; Art. 252. [CITAÇÃO POR HORA CERTA] Quando, por 2 vezes, o
III - quando o citando for pessoa de direito público; oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou
IV - quando o citando residir em local não atendido pela en- residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de oculta-
trega domiciliar de correspondência; ção, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer
V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra for- vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a ci-
ma. tação, na hora que designar.
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos
Art. 248. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou o chefe de com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o
secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do des- caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimen-
pacho do juiz e comunicará o prazo para resposta, o endereço do to de correspondência.
juízo e o respectivo cartório.
§ 1o A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, inde-
o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. pendentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio
§ 2o Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a entrega do ou à residência do citando a fim de realizar a diligência.
mandado a pessoa com poderes de gerência geral ou de adminis- § 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procura-
tração ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de rá informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação,
correspondências. ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção
§ 3o Da carta de citação no processo de conhecimento constarão ou subseção judiciárias.
os requisitos do art. 250. § 2o A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa
§ 4o Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle da família ou o vizinho que houver sido intimado esteja ausente,
de acesso, será válida a entrega do mandado a funcionário da ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recu-
portaria responsável pelo recebimento de correspondência, que, sar a receber o mandado.
entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, § 3o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé
sob as penas da lei, que o destinatário da correspondência está com qualquer pessoa da família ou vizinho, conforme o caso, de-
ausente. clarando-lhe o nome.
§ 4o O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência
Art. 249. A citação será feita por meio de oficial de justiça nas hi- de que será nomeado curador especial se houver revelia.
póteses previstas neste Código ou em lei, ou quando frustrada a
citação pelo correio. Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de
secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de
Art. 250. O mandado que o oficial de justiça tiver de cumprir con- 10 dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, car-
terá: ta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo
I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos domicílios ciência.
ou residências;
II - a finalidade da citação, com todas as especificações constan- Art. 255. Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que
tes da petição inicial, bem como a menção do prazo para contes- se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça po-
tar, sob pena de revelia, ou para embargar a execução; derá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notifica-
III - a aplicação de sanção para o caso de descumprimento da or- ções, penhoras e quaisquer outros atos executivos.
dem, se houver;
IV - se for o caso, a intimação do citando para comparecer, acom- Art. 256. A citação por edital será feita:
panhado de advogado ou de defensor público, à audiência de I - quando desconhecido ou incerto o citando;
conciliação ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se
lugar do comparecimento; encontrar o citando;
V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da decisão que de - III - nos casos expressos em lei.
ferir tutela provisória; § 1o Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o
VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria e a decla- país que recusar o cumprimento de carta rogatória.
ração de que o subscreve por ordem do juiz. § 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu,
a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na
FPPC273. (art. 250, IV; art. 334, § 8º) Ao ser citado, o réu deve- comarca houver emissora de radiodifusão.
rá ser advertido de que sua ausência injustificada à audiên- § 3o O réu será considerado em local ignorado ou incerto se in-
cia de conciliação ou mediação configura ATO ATENTATÓ- frutíferas as tentativas de sua localização, inclusive mediante re-
RIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA, punível com a multa do art. quisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos ca-

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dastros de órgãos públicos ou de concessionárias de serviços pú- § 2o Quando o objeto da carta for exame pericial sobre documen-
blicos. to, este será remetido em original, ficando nos autos reprodução
fotográfica.
Art. 257. São requisitos da citação por edital: § 3o A carta arbitral atenderá, no que couber, aos requisitos a que
I - a afirmação do autor ou a certidão do oficial informando a pre- se refere o caput e será instruída com a convenção de arbitra-
sença das circunstâncias autorizadoras; gem e com as provas da nomeação do árbitro e de sua aceita-
II - a publicação do edital na rede mundial de computadores, no ção da função.
sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do CNJ, que
deve ser certificada nos autos;
FPPC26. (art. 260; art. 267, I) Os requisitos legais mencionados
III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 e 60
no inciso I do art. 267 são os previstos no art. 260
dias, fluindo da data da publicação única ou, havendo mais de
FPPC417. (arts. 260, caput e §3º, 267, I) São requisitos para o
uma, da primeira;
cumprimento da carta arbitral:
IV - a advertência de que será nomeado curador especial em caso
i) indicação do árbitro ou do tribunal arbitral de origem e do ór-
de revelia.
gão do Poder Judiciário de destino;
Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a publicação do
ii) inteiro teor do requerimento da parte, do pronunciamento
edital seja feita também em jornal local de ampla circulação ou
do árbitro ou do Tribunal arbitral e da procuração conferida ao
por outros meios, considerando as peculiaridades da comarca, da
representante da parte, se houver;
seção ou da subseção judiciárias.
iii) especificação do ato processual que deverá ser praticado
pelo juízo de destino;
Art. 258. A parte que requerer a citação por edital, alegando do-
iv) encerramento com a assinatura do árbitro ou do presidente
losamente a ocorrência das circunstâncias autorizadoras para sua
do tribunal arbitral conforme o caso
realização, incorrerá em multa de 5 vezes o salário-mínimo.
Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando.
Art. 261. Em todas as cartas o juiz fixará o prazo para cumpri-
Art. 259. Serão publicados editais: mento, atendendo à facilidade das comunicações e à natureza da
I - na ação de usucapião de imóvel; diligência.
II - na ação de recuperação ou substituição de título ao porta- § 1o As partes deverão ser intimadas pelo juiz do ato de expedição
dor; da carta.
III - em qualquer ação em que seja necessária, por determinação § 2o Expedida a carta, as partes acompanharão o cumprimento da
legal, a provocação, para participação no processo, de interessa- diligência perante o juízo destinatário, ao qual compete a prática
dos incertos ou desconhecidos. dos atos de comunicação.
§ 3o A parte a quem interessar o cumprimento da diligência coo-
perará para que o prazo a que se refere o caput seja cumprido.
SÚMULAS SOBRE CITAÇÃO
STF Art. 262. A carta tem caráter itinerante, podendo, antes ou de-
pois de lhe ser ordenado o cumprimento, ser encaminhada a juí-
Súmula 310-STF: Quando a intimação tiver lugar na sexta- zo diverso do que dela consta, a fim de se praticar o ato.
feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse Parágrafo único. O encaminhamento da carta a outro juízo será
dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, imediatamente comunicado ao órgão expedidor, que intimará as
salvo se não houver expediente, caso em que começará no pri- partes.
meiro dia útil que se seguir.
STJ Art. 263. As cartas deverão, preferencialmente, ser expedidas por
meio eletrônico, caso em que a assinatura do juiz deverá ser ele-
Súmula 106-STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu trônica, na forma da lei.
exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao meca-
nismo da justiça, não justifica o acolhimento da arguição de Art. 264. A carta de ordem e a carta precatória por meio eletrôni-
prescrição ou decadência. co, por telefone ou por telegrama conterão, em resumo substan-
Súmula 429-STJ: A citação postal, quando autorizada por lei, cial, os requisitos mencionados no art. 250, especialmente no que
exige o aviso de recebimento se refere à aferição da autenticidade.

CAPÍTULO III Art. 265. O secretário do tribunal, o escrivão ou o chefe de secre-


DAS CARTAS taria do juízo deprecante transmitirá, por telefone, a carta de or-
Art. 260. São requisitos das cartas de ordem, precatória e rogató- dem ou a carta precatória ao juízo em que houver de se cumprir o
ria: ato, por intermédio do escrivão do primeiro ofício da primeira
I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato; vara, se houver na comarca mais de um ofício ou de uma vara,
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumen - observando-se, quanto aos requisitos, o disposto no art. 264.
to do mandato conferido ao advogado; § 1o O escrivão ou o chefe de secretaria, no mesmo dia ou no dia
III - a menção do ato processual que lhe constitui o objeto; útil imediato, telefonará ou enviará mensagem eletrônica ao se-
IV - o encerramento com a assinatura do juiz. cretário do tribunal, ao escrivão ou ao chefe de secretaria do juízo
§ 1o O juiz mandará trasladar para a carta quaisquer outras peças, deprecante, lendo-lhe os termos da carta e solicitando-lhe que os
bem como instruí-la com mapa, desenho ou gráfico, sempre que confirme.
esses documentos devam ser examinados, na diligência, pelas § 2o Sendo confirmada, o escrivão ou o chefe de secretaria sub-
partes, pelos peritos ou pelas testemunhas. meterá a carta a despacho.

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§ 3o A grafia dos nomes das partes não deve conter abreviatu-
Art. 266. Serão praticados de ofício os atos requisitados por meio ras.
eletrônico e de telegrama, devendo a parte depositar, contudo, § 4o A grafia dos nomes dos advogados deve corresponder ao
na secretaria do tribunal ou no cartório do juízo deprecante, a im- nome completo e ser a mesma que constar da procuração ou que
portância correspondente às despesas que serão feitas no juízo estiver registrada na OAB.
em que houver de praticar-se o ato. § 5o Constando dos autos pedido expresso para que as comunica-
ções dos atos processuais sejam feitas em nome dos advogados
Art. 267. O juiz recusará cumprimento a carta precatória ou arbi- indicados, o seu desatendimento implicará nulidade.
tral, devolvendo-a com decisão motivada quando: § 6o A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga
I - a carta não estiver revestida dos requisitos legais; pelo advogado, por pessoa credenciada a pedido do advogado
II - faltar ao juiz competência em razão da matéria ou da hierar- ou da sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela De-
quia; fensoria Pública ou pelo Ministério Público implicará intima-
III - o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade. ção de qualquer decisão contida no processo retirado, ainda
Parágrafo único. No caso de incompetência em razão da matéria que pendente de publicação.
ou da hierarquia, o juiz deprecado, conforme o ato a ser pratica- § 7o O advogado e a sociedade de advogados deverão requerer o
do, poderá remeter a carta ao juiz ou ao tribunal competente. respectivo credenciamento para a retirada de autos por preposto.
§ 8o A parte arguirá a nulidade da intimação em capítulo prelimi-
FPPC27. (art. 267) Não compete ao juízo estatal revisar o méri- nar do próprio ato que lhe caiba praticar, o qual será tido por
to da medida ou decisão arbitral cuja efetivação se requer por tempestivo se o vício for reconhecido.
meio da carta arbitral. § 9o Não sendo possível a prática imediata do ato diante da ne-
cessidade de acesso prévio aos autos, a parte limitar-se-á a arguir
a nulidade da intimação, caso em que o prazo será contado da in-
Art. 268. Cumprida a carta, será devolvida ao juízo de origem no
timação da decisão que a reconheça.
prazo de 10 dias, independentemente de traslado, pagas as cus-
tas pela parte.
FPPC274. (art. 272, § 6º) Aplica-se a regra do §6º do art. 272 ao
CAPÍTULO IV prazo para contestar, quando for dispensável a audiência de
DAS INTIMAÇÕES conciliação e houver poderes para receber citação.
Art. 269. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos
atos e dos termos do processo. Art. 273. Se inviável a intimação por meio eletrônico e não hou-
§ 1o É facultado aos advogados promover a intimação do ad- ver na localidade publicação em órgão oficial, incumbirá ao escri-
vogado da outra parte por meio do correio, juntando aos au- vão ou chefe de secretaria intimar de todos os atos do processo
tos, a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de recebi- os advogados das partes:
mento. I - pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do juízo;
§ 2o O ofício de intimação deverá ser instruído com cópia do des- II - por carta registrada, com aviso de recebimento, quando forem
pacho, da decisão ou da sentença. domiciliados fora do juízo.
§ 3o A intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direi- Art. 274. Não dispondo a lei de outro modo, as intimações serão
to público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública feitas às partes, aos seus representantes legais, aos advogados e
responsável por sua representação judicial. aos demais sujeitos do processo pelo correio ou, se presentes em
cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria.
Art. 270. As intimações realizam-se, sempre que possível, por Parágrafo único. Presumem-se válidas as intimações dirigidas
meio eletrônico, na forma da lei. ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas pesso-
Parágrafo único. Aplica-se ao Ministério Público, à Defensoria almente pelo interessado, se a modificação temporária ou defini-
Pública e à Advocacia Pública o disposto no § 1 o do art. 246 tiva não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, fluindo os
(manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, prazos a partir da juntada aos autos do comprovante de entrega
para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais se- da correspondência no primitivo endereço.
rão efetuadas preferencialmente por esse meio).
Art. 275. A intimação será feita por oficial de justiça quando
Art. 271. O juiz determinará de ofício as intimações em proces- frustrada a realização por meio eletrônico ou pelo correio.
sos pendentes, salvo disposição em contrário. § 1o A certidão de intimação deve conter:
I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, mencio-
Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico, conside- nando, quando possível, o número de seu documento de identi-
ram-se feitas as intimações pela publicação dos atos no órgão dade e o órgão que o expediu;
oficial. II - a declaração de entrega da contrafé;
§ 1o Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles di- III - a nota de ciente ou a certidão de que o interessado não a
rigida, figure apenas o nome da sociedade a que pertençam, des- apôs no mandado.
de que devidamente registrada na OAB. § 2o Caso necessário, a intimação poderá ser efetuada com
§ 2o Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação hora certa ou por edital.
constem os nomes das partes e de seus advogados, com o res-
pectivo número de inscrição na OAB, ou, se assim requerido, da
sociedade de advogados.

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CÓDIGO PENAL tema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exer-
cício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até 3° grau, em razão
CAPÍTULO II
dessa condição, a pena é aumentada de 1/3 a 2/3.
DAS LESÕES CORPORAIS
Lesão corporal
CAPÍTULO III
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
(leve):
Perigo de contágio venéreo
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou
Lesão corporal de natureza grave
qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de
§ 1º Se resulta (grave):
que sabe ou deve saber que está contaminado:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
dias;
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
II - perigo de vida;
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Perigo de contágio de moléstia grave
§ 2° Se resulta (gravíssima):
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contá-
II - enfermidade incurável;
gio:
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Perigo para a vida ou saúde de outrem
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto
Lesão corporal seguida de morte
e iminente:
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo (crime
constitui crime mais grave.
preterdoloso):
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a ex-
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
posição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do
Diminuição de pena
transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabe-
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele-
lecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas
vante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta
legais.
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3.
Abandono de incapaz
Substituição da pena
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, inca-
pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois
paz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
contos de réis:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior (le-
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza
são corporal privilegiada)
grave:
II - se as lesões são recíprocas.
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Lesão corporal culposa
§ 2º - Se resulta a morte:
§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 se ocorrer qualquer das hipóte-
1/3:
ses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121 –
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, ir-
perdão judicial
mão, tutor ou curador da vítima.
Violência Doméstica
III – se a vítima é maior de 60 anos
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou te-
Exposição ou abandono de recém-nascido
nha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
desonra própria:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1 o a 3o deste artigo, se as circuns-
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
tâncias são as indicadas no § 9o (violência doméstica) deste arti-
Pena - detenção, de um a três anos.
go, aumenta-se a pena em 1/3.
§ 2º - Se resulta a morte:
§ 11. Na hipótese do § 9 o deste artigo, a pena será aumentada
Pena - detenção, de dois a seis anos.
de 1/3 se o crime for cometido contra pessoa portadora de de-
ficiência.
Omissão de socorro
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descri-
to nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sis-

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Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e imi- II - se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe
nente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autorida- de governo estrangeiro;
de pública: III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendi-
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. do foi absolvido por sentença irrecorrível.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, NÃO SE ADMITE EXCEÇÃO DA VERDADE
se resulta a morte.
CRIME DE AÇÃO PRIVADA CRIME DE AÇÃO PÚBLICA

É crime omissivo próprio Não foi condenado Foi absolvido

Não admite tentativa


Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emer-
reputação:
gencial
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou
Exceção da verdade
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de for-
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o
mulários administrativos, como condição para o atendimento
ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercí-
médico-hospitalar emergencial:
cio de suas funções.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da
negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza REGRA: Admite
grave, e até o triplo se resulta a morte. EXCEÇÃO:
-Crime de ação privada: Não foi
Maus-tratos condenado
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob EXCEÇÃO CALÚNIA
-Crime de ação pública: Foi absolvi-
sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, en- DA
do
sino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação VERDADE
-Fato imputado ao Presidente da
ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho ex- República ou chefe de governo es-
cessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou trangeiro
disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. REGRA: Não admite
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: EXCEÇÃO: se o ofendido é funcio-
Pena - reclusão, de um a quatro anos. DIFAMAÇÃO
nário público e a ofensa é relativa
§ 2º - Se resulta a morte: ao exercício de suas funções
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de 1/3, se o crime é praticado
Injúria
contra pessoa menor de 14 anos.
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o de-
coro:
CAPÍTULO IV
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
DA RIXA
§ 1º - O juiz pode DEIXAR DE APLICAR A PENA:
Rixa
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou direta-
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendo-
mente a injúria;
res:
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injú-
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
ria.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natu-
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por
reza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena
sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
de detenção, de seis meses a dois anos (resquício de responsa-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena
bilidade objetiva no Direito Penal)
correspondente à violência.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a
CAPÍTULO V
raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa ido-
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
sa ou portadora de deficiência:
Calúnia
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato de-
finido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. INJÚRIA RACIAL
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, Ação penal pública condicionada à representação.
a propala ou divulga. A injúria racial é um delito inserido no panorama constitucional
§ 2º - É PUNÍVEL a calúnia contra os mortos. do crime de racismo, sendo considerado imprescritível, inafian-
Exceção da verdade çável e sujeito à pena de reclusão.
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:

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Disposições comuns
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de CAPÍTULO VI
1/3, se qualquer dos crimes é cometido: DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de go- SEÇÃO I
verno estrangeiro; DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
II - contra funcionário público, em razão de suas funções; Constrangimento ilegal
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou gra-
divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. ve ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer ou-
IV – contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiên- tro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei
cia, exceto no caso de injúria. permite, ou a fazer o que ela não manda:
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou pro- Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
messa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro,
Exclusão do crime quando, para a execução do crime, se reúnem mais de 3 pessoas,
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: ou há emprego de armas.
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspon-
ou por seu procurador; dentes à violência.
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científi- § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
ca, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimen-
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em to do paciente ou de seu representante legal, se justificada por
apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever iminente perigo de vida;
do ofício. II - a coação exercida para impedir suicídio.
Parágrafo único - Nos casos I e III, responde pela injúria ou pela
difamação quem lhe dá publicidade. Ameaça
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou
Retratação qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e gra-
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabal- ve:
mente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado Parágrafo único - Somente se procede mediante represen-
a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, tação.
a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos
meios em que se praticou a ofensa. Sequestro e cárcere privado
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante se-
Possibilidade de retratação exclusivamente pessoal - não se questro ou cárcere privado:
estende aos demais ofensores. Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
Não se admite retratação da injúria I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
companheiro do agente ou maior de 60 anos;
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, II - se o crime é praticado mediante internação da vítima
difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explica- em casa de saúde ou hospital;
ções em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do III - se a privação da liberdade dura mais de 15 dias.
juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. IV – se o crime é praticado contra menor de 18 anos;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se proce- § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da na-
de mediante queixa (ação penal privada), salvo quando, no tureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro
da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, Redução a condição análoga à de escravo
e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo,
mesmo artigo, bem como no caso do § 3° do art. 140 (injúria raci- quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exausti-
al) deste Código. va, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho,
quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão
AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena
REGRA Ação penal privada correspondente à violência.
Ação penal pública incondicionada – injúria real § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
com lesões corporais I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por par-
EXCEÇÕES te do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;
Ação penal pública condicionada: II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se
- Requisição do MJ: art. 141, I apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador,
- Representação do ofendido: art. 141, II e art. com o fim de retê-lo no local de trabalho.
140, §3°

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§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometi- CÓDIGO PROCESSO PENAL
do:
I – contra criança ou adolescente;
TÍTULO X
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
origem.
CAPÍTULO I
DAS CITAÇÕES
Tráfico de Pessoas
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir,
réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver
comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, vio-
ordenado.
lência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
Art. 352. O mandado de citação indicará:
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escra-
I - o nome do juiz;
vo;
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais
IV - adoção ilegal; ou
característicos;
V - exploração sexual.
IV - a residência do réu, se for conhecida;
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
V - o fim para que é feita a citação;
§ 1o A pena é aumentada de 1/3 até a metade se:
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de
comparecer;
suas funções ou a pretexto de exercê-las;
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa
idosa ou com deficiência;
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdi-
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésti-
ção do juiz processante, será citado mediante precatória.
cas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômi-
ca, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao
Art. 354. A precatória indicará:
exercício de emprego, cargo ou função; ou
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território na-
II - a sede da jurisdição de um e de outro;
cional.
III - o fim para que é feita a citação, com todas as especifica-
§ 2o A pena é reduzida de 1/3 a 2/3 se o agente for primário e
ções;
não integrar organização criminosa.
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá
comparecer.
SEÇÃO II
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, in-
Violação de domicílio
dependentemente de traslado, depois de lançado o "cumpra-se"
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosa-
e de feita a citação por mandado do juiz deprecado.
mente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de di-
§ 1o Verificado que o réu se encontra em território sujeito à
reito, em casa alheia ou em suas dependências:
jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar
a citação.
ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por 2 ou
§ 2o Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta
mais pessoas:
para não ser citado, a precatória será imediatamente devolvida,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
para o fim previsto no art. 362 (citação por hora certa).
correspondente à violência.
§ 2º - Aumenta-se a pena de 1/3, se o fato é cometido por
Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conterá em
funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância
resumo os requisitos enumerados no art. 354, poderá ser expedi-
das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
da por via telegráfica, depois de reconhecida a firma do juiz, o
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em
que a estação expedidora mencionará.
casa alheia ou em suas dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais,
Art. 357. São requisitos da citação por mandado:
para efetuar prisão ou outra diligência;
I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime
contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação;
está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé,
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
e sua aceitação ou recusa.
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
Art. 358. A CITAÇÃO DO MILITAR far-se-á por intermédio
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém
do chefe do respectivo serviço.
exerce profissão ou atividade.
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
Art. 359. O dia designado para funcionário público compa-
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação
recer em juízo, como acusado, será notificado assim a ele como
coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágra-
ao chefe de sua repartição.
fo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.

21
Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em lega-
Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edi- ções estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória.
tal, com o prazo de 15 dias.
CAPÍTULO II
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser cita- DAS INTIMAÇÕES
do, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à cita- Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e
ção com hora certa, na forma estabelecida no CPC. demais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato,
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo ante -
acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. rior.
§ 1o A intimação do defensor constituído, do advogado
CITADO POR EDITAL E NÃO Suspende-se o processo e o do querelante e do assistente far-se-á por publicação no órgão
COMPARECE prazo prescricional incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluin-
do, sob pena de nulidade, o nome do acusado.
CITADO POR HORA CERTA E Nomeia-se defensor dativo § 2o Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na
NÃO COMPARECE comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por
mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou
Art. 363. O processo terá completada a sua formação por qualquer outro meio idôneo.
quando realizada a citação do acusado. § 3o A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a
§ 1o Não sendo encontrado o acusado, será procedida a cita- aplicação a que alude o § 1o.
ção por edital. § 4o A intimação do Ministério Público e do defensor no-
§ 4o Comparecendo o acusado citado por edital, em qual- meado será pessoal.
quer tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e se-
guintes deste Código. Intimação do DEFENSOR CONSTITUÍDO, Por publicação
ADVOGADO DO QUERELANTE e ASSISTENTE
Art. 364. No caso do artigo anterior, n o I, o prazo será fixado
pelo juiz entre 15 e 90 dias, de acordo com as circunstâncias, e, Intimação do MP e DEFENSOR NOMEADO Pessoal
no caso de no II, o prazo será de 30 dias.
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na peti-
Art. 365. O edital de citação indicará: ção em que for requerida, observado o disposto no art. 357.
I - o nome do juiz que a determinar;
II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal,
característicos, bem como sua residência e profissão, se consta- o juiz marcará desde logo, na presença das partes e testemunhas,
rem do processo; dia e hora para seu prosseguimento, do que se lavrará termo nos
III - o fim para que é feita a citação; autos.
IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá
comparecer; SÚMULA SOBRE INTIMAÇÃO
V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital
na imprensa, se houver, ou da sua afixação. Súmula 710-STF: No processo penal, contam-se os prazos da
Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou
onde funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde da carta precatória ou de ordem.
houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver
feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão TÍTULO XI
do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da pu- DA APLICAÇÃO PROVISÓRIA DE INTERDIÇÕES
blicação. DE DIREITOS E MEDIDAS DE SEGURANÇA
Art. 373. A aplicação provisória de interdições de direitos
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, poderá ser determinada pelo juiz, de ofício, ou a requerimento
nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o do Ministério Público, do querelante, do assistente, do ofendido,
curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a ou de seu representante legal, ainda que este não se tenha cons-
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se tituído como assistente:
for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto I - durante a instrução criminal após a apresentação da de-
no art. 312. fesa ou do prazo concedido para esse fim;
II - na sentença de pronúncia;
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado III - na decisão confirmatória da pronúncia ou na que, em
que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar grau de recurso, pronunciar o réu;
de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança IV - na sentença condenatória recorrível.
de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo. § 1o No caso do no I, havendo requerimento de aplicação da
medida, o réu ou seu defensor será ouvido no prazo de 2 dias.
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, § 2o Decretada a medida, serão feitas as comunicações ne-
será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso cessárias para a sua execução, na forma do disposto no Capítulo
do prazo de prescrição até o seu cumprimento. III do Título II do Livro IV.

22
Art. 374. NÃO CABERÁ RECURSO do despacho ou da parte Art. 383. [EMENDATIO LIBELI] O juiz, sem modificar a des-
da sentença que decretar ou denegar a aplicação provisória de crição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-
interdições de direitos, mas estas poderão ser substituídas ou lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, te-
revogadas: nha de aplicar pena mais grave
I - se aplicadas no curso da instrução criminal, durante esta § 1o Se, em consequência de definição jurídica diversa, hou-
ou pelas sentenças a que se referem os ns. II, III e IV do artigo an- ver possibilidade de proposta de suspensão condicional do
terior; processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei.
II - se aplicadas na sentença de pronúncia, pela decisão que, § 2o Tratando-se de infração da competência de outro juízo,
em grau de recurso, a confirmar, total ou parcialmente, ou pela a este serão encaminhados os autos.
sentença condenatória recorrível;
III - se aplicadas na decisão a que se refere o n o III do artigo Art. 384. [MUTATIO LIBELI] Encerrada a instrução probató-
anterior, pela sentença condenatória recorrível. ria, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em
consequência de prova existente nos autos de elemento ou
Art. 375. O despacho que aplicar, provisoriamente, substituir circunstância da infração penal não contida na acusação, o
ou revogar interdição de direito, será fundamentado. Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo
de 5 dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo
Art. 376. A decisão que impronunciar ou absolver o réu em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento,
fará cessar a aplicação provisória da interdição anteriormente quando feito oralmente
determinada. § 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao adi-
tamento, aplica-se o art. 28 deste Código.
Art. 377. Transitando em julgado a sentença condenatória, § 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 dias e
serão executadas somente as interdições nela aplicadas ou que admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das
derivarem da imposição da pena principal. partes, designará dia e hora para continuação da audiência,
com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado,
Art. 378. A aplicação provisória de medida de segurança realização de debates e julgamento.
obedecerá ao disposto nos artigos anteriores, com as modifica- § 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1 o e 2o do art. 383 ao
ções seguintes: caput deste artigo.
I - o juiz poderá aplicar, provisoriamente, a medida de se- § 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3
gurança, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público; testemunhas, no prazo de 5 dias, ficando o juiz, na sentença,
II - a aplicação poderá ser determinada ainda no curso do in- adstrito aos termos do aditamento.
quérito, mediante representação da autoridade policial; § 5o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá.
III - a aplicação provisória de medida de segurança, a substi-
tuição ou a revogação da anteriormente aplicada poderão ser EMENDATIO LIBELI MUTATIO LIBELI
determinadas, também, na sentença absolutória;
IV - decretada a medida, atender-se-á ao disposto no Título Não há alteração em relação Durante o curso da instrução
V do Livro IV, no que for aplicável. ao fato delituoso, limitando- processual, surge uma ele-
se o juiz a modificar a classifi- mentar ou circunstância não
Art. 379. Transitando em julgado a sentença, observar-se-á, cação formulada na peça acu- contida na peça acusatória.
quanto à execução das medidas de segurança definitivamente satória
aplicadas, o disposto no Título V do Livro IV. Juiz pode realizar de ofício MP deve aditar a peça acusa-
tória
Art. 380. A aplicação provisória de medida de segurança
OBSTARÁ a concessão de fiança, e tornará sem efeito a ante- Possível em 2a instância Não é possível em 2a instân-
riormente concedida. cia (S453/STF)

TÍTULO XII Súmula 453-STF: Não se aplicam à 2° instância o art. 384 e


DA SENTENÇA parágrafo único do Código de Processo Penal, que possibilitam
Art. 381. A sentença conterá: dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de cir-
I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indica- cunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente,
ções necessárias para identificá-las; na denúncia ou queixa
II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir
fundar a decisão;
sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opi-
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;
nado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embo-
V - o dispositivo;
ra nenhuma tenha sido alegada.
VI - a data e a assinatura do juiz.
Art. 386. O juiz ABSOLVERÁ O RÉU, mencionando a causa
Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 dias,
na parte dispositiva, desde que reconheça:
pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver
I - estar provada a inexistência do fato;
obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão (Embargos
II - não haver prova da existência do fato;
de declaração)
III - não constituir o fato infração penal;

23
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infra- II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele consti-
ção penal; tuído, quando se livrar solto, ou, sendo afiançável a infração,
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infra- tiver prestado fiança;
ção penal; III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável,
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou ou não, a infração, expedido o mandado de prisão, não tiver
isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, sido encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defen-
sobre sua existência; sor que houver constituído não forem encontrados, e assim o
VII – não existir prova suficiente para a condenação. certificar o oficial de justiça;
Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: V - mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que
I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade; o réu houver constituído também não for encontrado, e assim
II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoria- o certificar o oficial de justiça;
mente aplicadas; VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído de-
III - aplicará medida de segurança, se cabível (sentença fensor, não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justi-
absolutória imprópria) ça.
§ 1o O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: PPL por tempo igual ou superior a 1 ano, e de 60 dias, nos ou-
I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes tros casos.
definidas no Código Penal, e cuja existência reconhecer; PPL ≥ 1 ano 90 dias
II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o
mais que deva ser levado em conta na aplicação da pena, de PPL < 1ano 60 dias
o
acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto-Lei n o 2.848, § 2 O prazo para apelação correrá após o término do fixado
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; no edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação por qual-
III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; quer das outras formas estabelecidas neste artigo.
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causa-
dos pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendi- LIVRO II
do; (necessário pedido; possível fixar danos morais) DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE
V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de TÍTULO I
direitos e medidas de segurança, ao disposto no Título Xl deste DO PROCESSO COMUM
Livro; CAPÍTULO I
VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na ínte- DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
gra ou em resumo e designará o jornal em que será feita a publi - Art. 394. O procedimento será comum ou especial.
cação (art. 73, § 1o, do Código Penal). § 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou
§ 1o O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção sumaríssimo.
ou, se for o caso, a imposição de prisão preventiva ou de outra I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção
medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que máxima cominada for igual ou superior a 4 anos de PPL;
vier a ser interposta. II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção
§ 2o O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de máxima cominada seja inferior a 4 anos de PPL;
internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor po-
fins de determinação do regime inicial de pena privativa de li- tencial ofensivo, na forma da lei (pena máxima não superior a
berdade. 2 anos).
§ 2o Aplica-se a todos os processos o procedimento comum,
Art. 388. A sentença poderá ser datilografada e neste caso o salvo disposições em contrário deste Código ou de lei especial
juiz a rubricará em todas as folhas. § 3o Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o
procedimento observará as disposições estabelecidas nos arts.
Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, 406 a 497 deste Código.
que lavrará nos autos o respectivo termo, registrando-a em livro § 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código apli-
especialmente destinado a esse fim. cam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda
que não regulados neste Código.
Art. 390. O escrivão, dentro de 3 dias após a publicação, e § 5o Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos es-
sob pena de suspensão de 5 dias, dará conhecimento da senten- pecial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimen-
ça ao órgão do Ministério Público. to ordinário

Art. 391. O querelante ou o assistente será intimado da ORDINÁRIO PPL ≥ 4a


sentença, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado. Se ne- COMUM
nhum deles for encontrado no lugar da sede do juízo, a intima- SUMÁRIO PPL < 4a
PROCEDIMENTO
ção será feita mediante edital com o prazo de 10 dias, afixado SUMARÍSSIMO IMPO
no lugar de costume.
ESPECIAL
Art. 392. A intimação da sentença será feita:
I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso; Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime hedi-
ondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias

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Art. 395. A denúncia ou queixa será REJEITADA quando: § 1o O acusado preso será requisitado para comparecer
I - for manifestamente INEPTA; ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exer- apresentação
cício da ação penal; ou § 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sen-
III - faltar justa causa (lastro probatório mínimo) para o tença.
exercício da ação penal.
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, ofereci- realizada no prazo máximo de 60 dias, proceder-se-á à tomada
da a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, re- de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arrola-
cebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à das pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o dis-
acusação, por escrito, no prazo de 10 dias. posto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coi -
a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do sas, interrogando-se, em seguida, o acusado.
acusado ou do defensor constituído. § 1o As provas serão produzidas numa só audiência, po-
dendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir prelimi- ou protelatórias.
nares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer do- § 2o Os esclarecimentos dos peritos DEPENDERÃO DE
cumentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arro- PRÉVIO REQUERIMENTO das partes.
lar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação,
quando necessário. Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 teste-
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos munhas arroladas pela acusação e 8 pela defesa.
dos arts. 95 a 112 deste Código. § 1o Nesse número não se compreendem as que não pres-
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o tem compromisso e as referidas.
acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará de- § 2o A parte poderá desistir da inquirição de qualquer
fensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 das testemunhas arroladas, ressalvado o disposto no art. 209
dias. deste Código.

Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Mi-
parágrafos, deste Código, o juiz deverá ABSOLVER SUMARIA- nistério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado
MENTE o acusado quando verificar: poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de cir-
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude cunstâncias ou fatos apurados na instrução.
do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da culpa- Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sen-
bilidade do agente, salvo inimputabilidade; do indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 mi-
III - que o fato narrado evidentemente não constitui cri- nutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis
me; ou por mais 10, proferindo o juiz, a seguir, sentença.
IV - extinta a punibilidade do agente. § 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a
defesa de cada um será individual.
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA § 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifesta-
ção desse, serão concedidos 10 minutos, prorrogando-se por
PROCEDIMENTO COMUM PROCEDIMENTO DO JÚRI igual período o tempo de manifestação da defesa.
I - a existência manifesta de I – provada a inexistência do § 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso
causa excludente da ilicitude fato; ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 dias
do fato; II – provado não ser ele autor sucessivamente para a apresentação de MEMORIAIS. Nesse caso,
II - a existência manifesta de ou partícipe do fato; terá o prazo de 10 dias para proferir a sentença.
causa excludente da culpabili- III – o fato não constituir infra-
dade do agente, salvo inimpu- ção penal; Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindí-
tabilidade; IV – demonstrada causa de vel, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência será con-
III - que o fato narrado eviden- isenção de pena ou de exclu- cluída sem as alegações finais.
temente não constitui crime; são do crime. Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência deter-
IV - extinta a punibilidade do minada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 dias,
agente. suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 dias, o
juiz proferirá a sentença.
MOMENTO: Após resposta à MOMENTO: Após alegações
acusação finais Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em
livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve re-
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia sumo dos fatos relevantes nela ocorridos.
e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de § 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do in-
seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante vestigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos
e do assistente. meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou
técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fide-
lidade das informações.

25
§ 2o No caso de registro por meio audiovisual, será encami-
nhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de
transcrição.

26
DIA 8 o) os conflitos de competência entre o STJ e quaisquer tribunais,
entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribu-
nal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconsti-
Constituição Federal: art. 101-126 tucionalidade;
Código Civil: art 389-461 q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma re-
Código Processo Civil: art. 276-310 gulamentadora for atribuição do Presidente da República, do
Código Penal: art. 151-160 Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Fe-
Código Processo Penal: art. 406-446 deral, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do TCU, de
um dos Tribunais Superiores, ou do próprio STF;
CONSTITUIÇÃO FEDERAL r) as ações contra o CNJ e contra o CNMP;
II - julgar, em RECURSO ORDINÁRIO:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e
Seção II
o mandado de injunção decididos em ÚNICA INSTÂNCIA pelos
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
Art. 101. O STF compõe-se de 11 Ministros, escolhidos dentre ci-
b) o crime político;
dadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, de notá-
III - julgar, mediante RECURSO EXTRAORDINÁRIO, as causas de-
vel saber jurídico e reputação ilibada.
cididas em ÚNICA ou ÚLTIMA instância, quando a decisão re-
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão
corrida:
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face
Art. 102. Compete ao STF, precipuamente, a guarda da Constitui-
desta Constituição.
ção, cabendo-lhe:
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
I - processar e julgar, originariamente:
§ 1.º A ADPF, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato norma-
STF, na forma da lei.
tivo federal ou estadual (ADI) e a ação declaratória de consti-
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo STF, nas
tucionalidade de lei ou ato normativo federal (ADC);
ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declarató-
b) nas INFRAÇÕES PENAIS COMUNS, o Presidente da Repúbli-
rias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e
ca, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus
efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder
próprios Ministros e o PGR;
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas es-
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabili-
feras federal, estadual e municipal.
dade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha,
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a
do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I,
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no
os membros dos Tribunais Superiores, os do TCU e os chefes
caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admis-
de missão diplomática de caráter permanente;
são do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referi-
de 2/3 de seus membros.
das nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas
data contra atos do Presidente da República, das Mesas da
Art. 103. Podem propor a ADI e a ADC:
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do TCU, do PGR e
 I - o Presidente da República;
do próprio STF;
II - a Mesa do Senado Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacio-
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
nal e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;
IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e
Distrito Federal; (EC 45/04)
o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respecti-
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (EC 45/04)
vas entidades da administração indireta;
VI - o Procurador-Geral da República;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cu-
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacio-
jos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do STF, ou se
nal.
trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
§ 1º O PGR deverá ser previamente ouvido nas ações de incons-
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
titucionalidade e em todos os processos de competência do
l) a reclamação para a preservação de sua competência e ga-
STF.
rantia da autoridade de suas decisões;
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida
m) a execução de sentença nas causas de sua competência origi-
para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Po-
nária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos
der competente para a adoção das providências necessárias e, em
processuais;
se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em 30 dias.
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam
§ 3º Quando o STF apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de
direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da
norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o AGU, que
metade dos membros do tribunal de origem estejam impedi-
defenderá o ato ou texto impugnado.
dos ou sejam direta ou indiretamente interessados;

1
LEGITIMADOS ATIVOS LEGITIMADOS ATIVOS que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula,
UNIVERSAIS ESPECIAIS conforme o caso.

Podem propor a ADI e a ADC São aqueles dos quais se exige Art. 103-B. O CNJ compõe-se de 15 membros com mandato de
independentemente da exis- pertinência temática como 2 anos, admitida 1 recondução, sendo:
tência de pertinência temática requisito implícito de legitima- I - o Presidente do STF;
ção II 1 Ministro do STJ, indicado pelo respectivo tribunal;
I - o Presidente da República; IV - a Mesa de Assembleia Le- III 1 Ministro do TST, indicado pelo respectivo tribunal;
II - a Mesa do Senado Federal; gislativa ou a Mesa da Câmara IV 1 desembargador de TJ, indicado pelo STF;
III - a Mesa da Câmara dos De- Legislativa do Distrito Federal; V 1 juiz estadual, indicado pelo STF
putados; V - o Governador de Estado VI 1 juiz de TRF, indicado pelo STJ
VI - o Procurador-Geral da Re- ou o Governador do Distrito VII 1 juiz federal, indicado pelo STJ
pública; Federal; VIII 1 juiz de TRT, indicado pelo TST
VII - o Conselho Federal da Or- IX - confederação sindical ou IX 1 juiz do trabalho, indicado pelo TST
dem dos Advogados do Brasil; entidade de classe de âmbito X 1 membro do MPU, indicado pelo PGR;
VIII - partido político com re- nacional. XI 1 membro do MPE, escolhido pelo PGR dentre os nomes indi-
presentação no Congresso Na- cados pelo órgão competente de cada instituição estadual;
cional; XII 2 advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil;
XIII 2 cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indi-
VIII - partido político com re- cados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Fede-
presentação no Congresso Na- ral.
PRECISAM DE ADVOGADO cional;
COMPOSIÇÃO DO CNJ
PARA AJUIZAR ADI IX - confederação sindical ou
entidade de classe de âmbito Indicados Presidente do STF (que será o Presidente do CNJ).
nacional. pelo STF 1 Desembargador do TJ.
1 Juiz Estadual.
SÚMULAS SOBRE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Indicados 1 Ministro do STJ (será o Corregedor).
Súmula vinculante 10-STF: Viola a cláusula de reserva de ple- pelo STJ 1 Juiz de TRF.
nário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, 1 Juiz Federal.
embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de Indicados 1 Ministro do TST.
lei ou ato normativo do Poder Público, afasta a sua incidência pelo TST 1 Juiz de TRT.
no todo ou em parte 1 Juiz do Trabalho.
Súmula 614-STF: Somente o Procurador-Geral da Justiça tem
legitimidade para propor ação direta interventiva por inconstitu- Indicados 1 Membro do MPU.
cionalidade de Lei Municipal pela PGR 1 Membro do MPE, escolhido pelo PGR dentre os
Súmula 642-STF: Não cabe ação direta de inconstitucionalida- nomes indicados pelo órgão competente de cada
de de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legis- instituição estadual.
lativa municipal Indicados 2 advogados.
pelo
Art. 103-A (SV). O STF poderá, de ofício ou por provocação, me- CFOAB
diante decisão de 2/3 dos seus membros, após reiteradas deci-
Indicado 1 cidadão de notável saber jurídico e reputação
sões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir
pela CD ilibada.
de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante
em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à admi- Indicado 1 cidadão de notável saber jurídico e reputação
nistração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual pelo SF ilibada.
e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, § 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do STF e, nas
na forma estabelecida em lei. suas ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do STF.
§ 1º A súmula terá por OBJETIVO a validade, a interpretação e § 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Pre-
a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja con- sidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria
trovérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a admi- absoluta do Senado Federal.
nistração pública que acarrete grave insegurança jurídica e re- § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas nes-
levante multiplicação de processos sobre questão idêntica. te artigo, caberá a escolha ao STF.
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprova- § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrati-
ção, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada va e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos de-
por aqueles que podem propor a ADI. veres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribui-
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a sú- ções que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
mula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclama- I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento
ção ao STF que, julgando-a procedente, anulará o ato adminis- do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamenta-
trativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará res, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;

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II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou me-
diante provocação, a legalidade dos atos administrativos pra- Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
ticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo I - processar e julgar, originariamente:
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distri-
as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem to Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembar-
prejuízo da competência do TCU; gadores dos TJ dos Estados e do Distrito Federal, os membros
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou ór- dos TCE/TCDF, os dos TRFs, dos TREs e do TRTs, os membros
gãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxilia- dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do
res, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de MPU que oficiem perante tribunais;
registro que atuem por delegação do poder público ou oficializa- b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de
dos, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército
tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer
com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de servi- das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for
ço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla de- tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Coman-
fesa dante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a
IV representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a competência da Justiça Eleitoral;
administração pública ou de abuso de autoridade; d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalva-
V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disci- do o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes
plinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
de 1 ano; e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia
e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes da autoridade de suas decisões;
órgãos do Poder Judiciário; g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrati-
VII elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar vas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de
necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as ati- um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal,
vidades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presi- ou entre as deste e da União;
dente do STF a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regu-
da abertura da sessão legislativa lamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade fe-
§ 5º O Ministro do STJ exercerá a função de Ministro-Correge- deral, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de
dor e ficará excluído da distribuição de processos no Tribunal, competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça
competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Fe-
pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes: deral;
I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de
relativas aos magistrados e aos serviços judiciários; exequatur às cartas rogatórias;
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de cor- II - julgar, em RECURSO ORDINÁRIO:
reição geral; a) os habeas corpus decididos em ÚNICA ou ÚLTIMA instância
III - requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos Esta- do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegató-
dos, Distrito Federal e Territórios. ria;
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o PGR e o Presidente do Conse- b) os mandados de segurança decididos em ÚNICA instância
lho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
ouvidorias de justiça, competentes para receber reclamações e c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou orga-
denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do nismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou
Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando pessoa residente ou domiciliada no País;
diretamente ao Conselho Nacional de Justiça. III - julgar, em RECURSO ESPECIAL, as causas decididas, em ÚNI-
CA ou ÚLTIMA instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou
Seção III pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA quando a decisão recorrida:
Art. 104. O STJ compõe-se de, no mínimo, 33 Ministros. a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
Parágrafo único. Os Ministros do STJ serão nomeados pelo Presi- b) julgar válido ato de governo local contestado em face de
dente da República, dentre brasileiros com mais de 35 e menos lei federal;
de 65 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, de- c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja
pois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Fe- atribuído outro tribunal.
deral, sendo: Parágrafo único. Funcionarão junto ao STJ:
I – 1/3 dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e 1/3 dentre I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magis-
desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista trí- trados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cur-
plice elaborada pelo próprio Tribunal; sos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
II - 1/3, em partes iguais, dentre advogados e membros do Minis- II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma
tério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, al- da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Fede-
ternadamente, indicados na forma do art. 94. ral de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e

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com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculan- • Membros do TCU
te. • Chefes de missão di-
plomática de caráter
RE – STF REsp - STJ permanente
a) contrariar dispositivo desta a) contrariar tratado ou lei COATOR: Tribunal Superior
Constituição federal, ou negar-lhes vigên-
COATOR OU O PACIENTE: au- COATOR OU O PACIENTE:
b) declarar a inconstituciona- cia
toridade ou funcionário cujos • Governadores
lidade de tratado ou lei fede- b) julgar válido ato de gover-
atos estejam sujeitos direta- • Desembargadores
ral no local contestado em face
mente à jurisdição do STF, ou dos TJ dos Estados e
c) julgar válida lei ou ato de de lei federal
se trate de crime sujeito à mes- do Distrito Federal
governo local contestado em c) der a lei federal interpreta-
ma jurisdição em uma única • Membros dos TCE/
face desta Constituição ção divergente da que lhe
instância TCDF
d) julgar válida lei local con- haja atribuído outro tribunal
• Membros dos TRFs,
testada em face de lei federal
TREs e TRTs
• Membros dos Conse-
RE – STF REsp - STJ lhos ou Tribunais de
Contas dos Municípios
Julgar válida LEI LOCAL con- Julgar válido ATO DE GOVER-
• Membros do MPU
testada em face de lei federal NO LOCAL contestado em
que oficiem perante
face de lei federal
tribunais
RECURSO ORDINÁRIO: deci- RECURSO ORDINÁRIO: deci-
RECURSO ORDINÁRIO
dido em ÚNICA INSTÂNCIA didos em ÚNICA OU ÚLTIMA
STF STJ pelos Tribunais Superiores, se instância pelos TRFs ou pelos
denegatória a decisão TJs, quando a decisão for dene-
a) o habeas corpus, o manda- a) os habeas corpus decididos
gatória;
do de segurança, o habeas em ÚNICA OU ÚLTIMA INS-
data e o mandado de injun- TÂNCIA pelos Tribunais Regio- Causas em que forem partes Competência originária: Juiz
ção decididos em única ins- nais Federais ou pelos tribunais Estado estrangeiro ou orga- Federal
tância pelos Tribunais Superio- dos Estados, do Distrito Federal nismo internacional, de um
Recurso Ordinário: STJ
res, se denegatória a decisão; e Territórios, quando a decisão lado, e, do outro, Município
b) o crime político; for denegatória; ou pessoa residente ou domi-
b) os mandados de segurança ciliada no País
decididos em ÚNICA INSTÂN-
Litígio entre Estado estrangei- Competência originária: STF
CIA pelos Tribunais Regionais
ro ou organismo internacional
Federais ou pelos tribunais dos
e a União, o Estado, o Distrito
Estados, do Distrito Federal e
Federal ou o Território
Territórios, quando denegatória
a decisão;
c) as causas em que forem par- Seção IV
tes Estado estrangeiro ou or- DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES FEDERAIS
ganismo internacional, de Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:
um lado, e, do outro, Municí- I - os Tribunais Regionais Federais;
pio ou pessoa residente ou II - os Juízes Federais.
domiciliada no País;
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no
mínimo, 7 juízes, recrutados, quando possível, na respectiva regi-
HC ão e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros
STF STJ com mais de 30 e menos de 65 anos, sendo:
I – 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva ativi-
PACIENTE: COATOR: dade profissional e membros do Ministério Público Federal
• PR • Tribunal sujeito à sua com mais de 10 anos de carreira;
• Vice-Presidente jurisdição II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais
• Membros do CN • Ministro de Estado de 5 anos de exercício, por antiguidade e merecimento, alterna-
• Ministros STF • Comandante da Mari- damente.
• PGR nha, do Exército ou da § 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribu-
• Ministros de Estado Aeronáutica, ressalvada nais Regionais Federais e determinará sua jurisdição e sede.
• Comandantes da Ma- a competência da Justi- § 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante,
rinha, do Exército e da ça Eleitoral com a realização de audiências e demais funções da atividade ju-
Aeronáutica risdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, ser-
• Membros dos Tribu- vindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
nais Superiores

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§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentra- § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na
lizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde
pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do pro- houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou
cesso. onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
§ 3º Serão processadas e julgadas na JUSTIÇA ESTADUAL, no
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em
I - processar e julgar, originariamente: que forem parte instituição de previdência social e segurado,
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal,
Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras
de responsabilidade, e os membros do MPU, ressalvada a causas sejam também processadas e julgadas pela justiça es-
competência da Justiça Eleitoral; tadual.
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será
dos juízes federais da região; sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do juiz de primeiro grau.
próprio Tribunal ou de juiz federal; § 5º [INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA] Nas
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal; hipóteses de grave violação de direitos humanos, o PGR, com a
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decor-
Tribunal; rentes de tratados internacionais de direitos humanos dos
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes fe- quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o STJ, em
derais e pelos juízes estaduais no exercício da competência fede- qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de desloca-
ral da área de sua jurisdição. mento de competência para a Justiça Federal.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: Existência de grave violação de direitos
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa humanos
pública federal forem interessadas na condição de autoras, INCIDENTE DE
rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de aci- Risco de responsabilização internacional
DESLOCAMENTO DE
dentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça decorrente de descumprimento de
COMPETÊNCIA (IDC)
do Trabalho; obrigações jurídicas assumidas em
Requisitos
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internaci- tratados internacionais
onal e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País Incapacidade das instâncias e
(com RO para o STJ) autoridades locais em oferecer respostas
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com efetivas
Estado estrangeiro ou organismo internacional;
IV - os crimes políticos (com RO para o STF) e as infrações pe-
Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá
nais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da
uma seção judiciária que terá por sede a respectiva Capital, e va-
União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas,
ras localizadas segundo o estabelecido em lei.
EXCLUÍDAS AS CONTRAVENÇÕES e ressalvada a competência
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribui-
da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
ções cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da justiça
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacio-
local, na forma da lei.
nal, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
Seção V
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o §
Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais Regionais
5º deste artigo;
do Trabalho e dos Juízes do Trabalho
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem eco-
I - o Tribunal Superior do Trabalho;
nômico-financeira;
II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência
III - Juízes do Trabalho.
ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos
não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
Art. 111-A. O TST compor-se-á de 27 Ministros, escolhidos den-
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de
tre brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65 anos, de no-
autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tri-
tável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presiden-
bunais federais;
te da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, res-
Federal, sendo: 
salvada a competência da Justiça Militar;
I 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva ativida-
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estran-
de profissional e membros do Ministério Público do Trabalho
geiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de
com mais de 10 anos de efetivo exercício, observado o disposto
sentença estrangeira, após a homologação, as causas referen-
no art. 94;         
tes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturali-
II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho,
zação;
oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tri-
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
bunal Superior.
§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do
judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
Trabalho. 

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§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: I 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva ativida-
I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistra- de profissional e membros do Ministério Público do Trabalho
dos do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamen- com mais de 10 anos de efetivo exercício, observado o disposto
tar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; no art. 94;
II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exer- II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por an-
cer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, fi- tigüidade e merecimento, alternadamente.
nanceira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e se- § 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itine-
gundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão rante, com a realização de audiências e demais funções de ativi-
efeito vinculante.  dade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,
§ 3º  Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e jul- servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
gar, originariamente, a reclamação para a preservação de sua § 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar des-
competência e garantia da autoridade de suas decisões.  centralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de asse-
gurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas do processo. 
comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juí-
zes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um
do Trabalho. juiz singular. 

Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, Seção VI


competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS
Justiça do Trabalho Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
I - o TSE;
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: II - os TRE’s;
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes III - os Juízes Eleitorais;
de direito público externo e da administração pública direta e in- IV - as Juntas Eleitorais.
direta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II as ações que envolvam exercício do direito de greve; Art. 119. O TSE compor-se-á, no mínimo, de 7 membros, esco-
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, en- lhidos:
tre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e emprega- I - mediante eleição, pelo VOTO SECRETO:
dores;  a) 3 juízes dentre os Ministros do STF;
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , b) 2 juízes dentre os Ministros do STJ;
quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdi- II - por nomeação do Presidente da República, 2 juízes dentre 6
ção;  advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indi-
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição traba- cados pelo STF.
lhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; Parágrafo único. O TSE elegerá seu Presidente e o Vice-Presiden-
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, te dentre os Ministros do STF, e o Corregedor Eleitoral dentre
decorrentes da relação de trabalho; os Ministros do STJ.
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de traba- Art. 120. Haverá 1 TRE na Capital de cada Estado e no Distrito Fe-
lho;  deral.
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no § 1º - Os TRE’s compor-se-ão:
art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sen- I - mediante eleição, pelo VOTO SECRETO:
tenças que proferir; a) de 2 juízes dentre os desembargadores do TJ;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na for- b) de 2 juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo TJ;
ma da lei. II - de 1 juiz do TRF com sede na Capital do Estado ou no Distrito
§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer
árbitros. caso, pelo TRF respectivo;
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à III - por nomeação, pelo Presidente da República, de 2 juízes
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dentre 6 advogados de notável saber jurídico e idoneidade mo-
dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do ral, indicados pelo TJ.
Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas le- § 2º - O TRE elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre
gais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas ante- os desembargadores.
riormente.
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade Art. 121. LC disporá sobre a organização e competência dos tribu-
de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho nais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho § 1º Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os inte-
decidir o conflito. grantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e
no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no inamovíveis.
mínimo, 7 juízes, recrutados, quando possível, na respectiva regi- § 2º Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado,
ão, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros servirão por 2 anos, no mínimo, e nunca por mais de 2 biênios
com mais de 30 e menos de 65 anos, sendo:

6
consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e jul -
e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria. gar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as
§ 3º São irrecorríveis as decisões do TSE, salvo as que contrari- ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao
arem esta Constituição e as denegatórias de HC ou MS. Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, proces-
§ 4º Das decisões dos TRE’s somente caberá recurso quando: sar e julgar os demais crimes militares.
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constitui- § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente,
ção ou de lei; constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno aces-
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou so do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
mais tribunais eleitorais; § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a reali-
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas zação de audiências e demais funções da atividade jurisdicional,
nas eleições federais ou estaduais; nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos equipamentos públicos e comunitários.
eletivos federais ou estaduais;
V - denegarem HC, MS, HD, MI Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça
proporá a criação de varas especializadas, com competência ex-
Seção VII clusiva para questões agrárias.
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação ju-
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar: risdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio.
I - o Superior Tribunal Militar;
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. CÓDIGO CIVIL

Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de 15 Ministros


vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de
aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo 3 dentre ofici-
TÍTULO IV
ais-generais da Marinha, 4 dentre oficiais-generais do Exército, 3
Do Inadimplemento das Obrigações
dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do pos-
CAPÍTULO I
to mais elevado da carreira, e 5 dentre civis.
Disposições Gerais
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presi-
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por per-
dente da República dentre brasileiros maiores de 35 anos, sendo:
das e danos, mais juros e atualização monetária segundo índi-
I - 3 dentre advogados de notório saber jurídico e conduta iliba-
ces oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advoga-
da, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional;
do.
II - 2, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do
Ministério Público da Justiça Militar.
JDC426 Os honorários advocatícios previstos no art. 389 do
Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes mi- Código Civil não se confundem com as verbas de sucumbên-
litares definidos em lei. cia, que, por força do art. 23 da Lei n. 8.906/1994, pertencem ao
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funciona- advogado.
mento e a competência da Justiça Militar. JDC548 Caracterizada a violação de dever contratual, incumbe
ao devedor o ônus de demonstrar que o fato causador do
Seção VIII dano não lhe pode ser imputado.
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princí- PeD
pios estabelecidos nesta Constituição. Responsabilidade do devedor
§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constitui- Juros
em caso de inadimplemento
ção do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa da obrigação Atualização monetária
do Tribunal de Justiça.
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de incons- Honorários de advogado
titucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou munici-
pais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por ina -
legitimação para agir a um único órgão. dimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de abster.
Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em 1° grau, pelos ju-
ízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em 2° grau, pelo Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos
próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos os bens do devedor.
Estados em que o efetivo militar seja superior a 20 mil integran-
tes. Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os mili- contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a
tares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada
judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a compe- uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.
tência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal
competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos ofi-
ciais e da graduação das praças.

7
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da
caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver sua efetivação.
por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se Art. 401. Purga-se a mora:
no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou im- I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a
pedir. importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta;
II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o paga-
CAPÍTULO II mento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data.
Da Mora
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o Súmula 380-STJ: A simples propositura da ação de revisão de
pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lu- contrato NÃO INIBE a caracterização da mora do autor
gar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
CAPÍTULO III
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der
Das Perdas e Danos
causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de ad-
perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
vogado.
efetivamente perdeu (DANO EMERGENTE), o que razoavel-
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao
mente deixou de lucrar (LUCRO CESSANTE).
credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e
danos.
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as
perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros
JDC162 A inutilidade da prestação que autoriza a recusa da cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do
prestação por parte do credor deverá ser aferida objetiva- disposto na lei processual.
mente, consoante o princípio da boa-fé e a manutenção do si-
nalagma, e não de acordo com o mero interesse subjetivo do Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em
credor. dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo
JDC354 A cobrança de encargos e parcelas indevidas ou índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros,
abusivas impede a caracterização da mora do devedor. custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena con-
vencional.
Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o
não incorre este em mora. prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder
ao credor indenização suplementar.
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no
seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor (ex Art. 405. Contam-se os juros de mora DESDE A CITAÇÃO inicial.
re).
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui medi- JDC428 Os juros de mora, nas obrigações negociais, fluem a
ante interpelação judicial ou extrajudicial (ex persona). partir do advento do termo da prestação, estando a incidên-
cia do disposto no art. 405 da codificação limitada às hipóteses
JDC427 É válida a notificação extrajudicial promovida em servi- em que a citação representa o papel de notificação do devedor
ço de registro de títulos e documentos de circunscrição judi- ou àquelas em que o objeto da prestação não tem liquidez.
ciária diversa da do domicílio do devedor.
JDC619 A interpelação extrajudicial de que trata o parágrafo CAPÍTULO IV
único do art. 397 do Código Civil admite meios eletrônicos Dos Juros Legais
como e-mail ou aplicativos de conversa on-line, desde que de- Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convenciona-
monstrada a ciência inequívoca do interpelado, salvo disposição dos, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de
em contrário no contrato. determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver
em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à
Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se Fazenda Nacional.
o devedor em mora, desde que o praticou.
JDC 20 A taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 é a
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade do art. 161, § 1º, do Código Tributário Nacional, ou seja, 1% ao
da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso mês.
fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atra - A utilização da taxa Selic como índice de apuração dos juros
so; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria legais não é juridicamente segura, porque impede o prévio
ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. conhecimento dos juros; não é operacional, porque seu uso
será inviável sempre que se calcularem somente juros ou
Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à somente correção monetária; é incompatível com a regra
responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a do art. 591 do novo Código Civil, que permite apenas a ca-
ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o pitalização anual dos juros, e pode ser incompatível com o
a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu art. 192, § 3º, da Constituição Federal, se resultarem juros
reais superiores a 12% ao ano.

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Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o deve- CAPÍTULO V
dor aos juros da mora que se contarão assim às dívidas em di- Da Cláusula Penal
nheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez que lhes Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal,
esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramen- desde que, CULPOSAMENTE, deixe de cumprir a obrigação ou
to, ou acordo entre as partes. se constitua em mora.

SÚMULAS SOBRE JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obri-
gação, ou em ato posterior, pode referir-se à INEXECUÇÃO
STF COMPLETA da obrigação, à de ALGUMA CLÁUSULA ESPECIAL
Súmula vinculante 7-STF: A norma do parágrafo 3º do artigo ou simplesmente à MORA.
192 da Constituição, revogada pela Emenda Constitucional
40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha INEXECUÇÃO COMPLETA da obrigação
sua aplicabilidade condicionada à edição de Lei Complementar. CLÁUSULA
CLÁUSULA ESPECIAL
Súmula 121-STF: É vedada a capitalização de juros, ainda que PENAL
expressamente convencionada. (Válida, como regra geral, mas MORA
há ressalva, não podendo ser interpretada de forma absoluta,
considerando que é possível a capitalização se for Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de
expressamente pactuada e desde que haja legislação TOTAL INADIMPLEMENTO da obrigação, esta converter-se-á
específica que a autorize). em alternativa a benefício do credor.
Súmula 163-STF: Salvo contra a Fazenda Pública, sendo a
obrigação ilíquida, contam-se os juros moratórios desde a Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de
citação inicial para a ação. (Superada, em parte. • A primeira MORA, ou em segurança especial de outra cláusula determinada,
parte dessa súmula (“Salvo contra a Fazenda Pública”) não é terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena comina-
mais válida por força da Lei nº 4.414/64) da, juntamente com o desempenho da obrigação principal.
Súmula 254-STF: Incluem-se os juros moratórios na
liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a
condenação.
Súmula 541-STJ: A previsão no contrato bancário de taxa de
CP COMPENSATÓRIA
juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para CP MORATÓRIA
(compensar o
permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada. (compulsória)
inadimplemento)
Súmula 596-STF: As disposições do Decreto 22.626 de 1933
não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados Estipulada para desestimular o Estipulada para servir como
nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, devedor de incorrer em mora indenização no caso de to-
que integram o sistema financeiro nacional. ou para evitar que deixe de tal inadimplemento da
cumprir determinada cláusula obrigação principal.
STJ
especial da obrigação principal.
Súmula 30-STJ: A comissão de permanência e a correção É a cominação contratual de
monetária são inacumuláveis. uma multa para o caso de
Súmula 283-STJ: As empresas administradoras de cartão de mora.
crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros
Funciona como punição pelo Funciona como uma prefixa-
remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da
retardamento no cumprimento ção das perdas e danos.
Lei de Usura.
da obrigação ou pelo inadim-
Súmula 296-STJ: Os juros remuneratórios, não cumuláveis
plemento de determinada cláu-
com a comissão de permanência, são devidos no período de
sula.
inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco
Central do Brasil, limitada ao percentual contratado. É cumulativa - o credor poderá Não é cumulativa - o credor
Súmula 379-STJ: Nos contratos bancários não regidos por exigir o cumprimento da obri- poderá exigir o cumpri-
legislação específica, os juros moratórios poderão ser fixados gação principal e mais o valor mento da obrigação princi-
em até 1% ao mês. da cláusula penal (poderá exigir pal ou apenas o valor da
Súmula 382-STJ: A estipulação de juros remuneratórios a substituição da soja inferior e cláusula penal.
superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade. mais o valor da cláusula penal).
Súmula 472-STJ: A cobrança de comissão de permanência — *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br
cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos
remuneratórios e moratórios previstos no contrato — exclui a Multa moratória = obrigação principal + multa
exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da
multa contratual. Multa compensatória = obrigação principal ou multa
Súmula 539-STJ: É permitida a capitalização de juros com
periodicidade inferior à anual em contratos celebrados com Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não
instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional a pode exceder o da obrigação principal.
partir de 31/3/2000 (MP 1.963-17/00, reeditada como MP 2.170-
36/01), desde que expressamente pactuada.

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Art. 413. A penalidade DEVE ser reduzida equitativamente pelo
juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se Não Execução
o montante da penalidade for manifestamente excessivo,
tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio. Por Quem Deu As Arras Por Quem Recebeu As Arras
Contrato desfeito, retendo as Contrato desfeito, podendo
JDC165 Em caso de penalidade, aplica-se a regra do art. 413 ao arras exigir devolução do equivalen-
sinal, sejam as arras confirmatórias ou penitenciais. te + atualização monetária +
JDC355 Não podem as partes renunciar à possibilidade de juros + honorários de advoga-
redução da cláusula penal se ocorrer qualquer das hipóte- dos
ses previstas no art. 413 do Código Civil, por se tratar de
preceito de ordem pública. Art. 419. A parte inocente PODE PEDIR INDENIZAÇÃO SUPLE-
JDC356 Nas hipóteses previstas no art. 413 do Código Civil, o MENTAR, se provar maior prejuízo, valendo as arras como
juiz deverá reduzir a cláusula penal de ofício. taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução
JDC357 O art. 413 do Código Civil é o que complementa o art. do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o
4º da Lei n. 8.245/91. mínimo da indenização.
JDC358 O caráter manifestamente excessivo do valor da
cláusula penal não se confunde com a alteração das circuns- Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependi-
tâncias, a excessiva onerosidade e a frustração do fim do mento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão FUN-
negócio jurídico, que podem incidir autonomamente e pos- ÇÃO UNICAMENTE INDENIZATÓRIA. Neste caso, quem as deu
sibilitar sua revisão para mais ou para menos. perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu de-
JDC359 A redação do art. 413 do Código Civil não impõe que a volvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá
redução da penalidade seja proporcionalmente idêntica ao direito a indenização suplementar.
percentual adimplido.

Art. 414. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, ARRAS


caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se
poderá demandar integralmente do culpado, respondendo CONFIRMATÓRIAS PENITENCIAIS
cada um dos outros somente pela sua quota. Previstas no contrato com o São previstas no contrato com
Parágrafo único. Aos não culpados fica reservada a ação re- objetivo de reforçar, incenti- o objetivo de permitir que as
gressiva contra aquele que deu causa à aplicação da pena. var que as partes cumpram a partes possam desistir da
obrigação combinada. obrigação combinada caso
Art. 415. Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o queiram e, se isso ocorrer, o
devedor ou o herdeiro do devedor que a infringir, e proporci- valor das arras penitenciais já
onalmente à sua parte na obrigação. funcionará como sendo as
perdas e danos.
Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que
o credor alegue prejuízo. Em regra, são as arras confir- Ocorre quando o contrato es-
Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na matórias. Assim, no silêncio do tipula arras, mas também
cláusula penal, NÃO PODE o credor EXIGIR INDENIZAÇÃO SU- contrato, as arras são confir- prevê o direito de arrependi-
PLEMENTAR se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, matórias. mento.
a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao cre- Se as partes cumprirem as Se as partes cumprirem as
dor provar o prejuízo excedente. obrigações contratuais, as ar- obrigações contratuais, as ar-
ras serão devolvidas para a ras serão devolvidas para a
JDC430 No contrato de adesão, o prejuízo comprovado do ade- parte que as havia dado. Po- parte que as havia dado. Pode-
rente que exceder ao previsto na cláusula penal compensatória derão também ser utilizadas rão também ser utilizadas
poderá ser exigido pelo credor independentemente de conven- como parte do pagamento. como parte do pagamento.
ção.
Se a parte que deu as arras Se a parte que deu as arras
não cumprir o contrato: a ou- decidir não cumprir o contra-
CAPÍTULO VI tra parte poderá reter as ar- to (exercer seu direito de ar-
Das Arras ou Sinal ras. rependimento): ela perderá as
Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der arras dadas.
à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão
as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na Se a parte que recebeu as ar- Se a parte que recebeu as ar-
prestação devida, se do mesmo gênero da principal. ras não executar o contrato: ras decidir não cumprir o
a outra parte poderá exigir a contrato (exercer seu direito
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, devolução das arras mais o de arrependimento): deverá
poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução equivalente. devolver as arras mais o equi-
for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o valente.
contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equiva- Além das arras, a parte ino- As arras penitenciais têm FUN-
lente, com atualização monetária segundo índices oficiais regu- cente poderá pedir: ÇÃO UNICAMENTE INDENI-
larmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. - indenização suplementar, se ZATÓRIA. Isso significa que a

10
provar maior prejuízo, valendo parte inocente ficará apenas JDC 631 Como instrumento de gestão de riscos na prática ne-
as arras como taxa mínima; com o valor das arras (e do gocial paritária, é lícita a estipulação de cláusula que exclui a
- a execução do contrato, equivalente) e NÃO terá direi- reparação por perdas e danos decorrentes do inadimple-
com as perdas e danos, valen- to a indenização suplemen- mento (cláusula excludente do dever de indenizar) e de cláusu-
do as arras como o mínimo da tar. la que fixa valor máximo de indenização (cláusula limitativa
indenização. Súmula 412-STF: No compro- do dever de indenizar).
misso de compra e venda com
cláusula de arrependimento, a Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na con-
devolução do sinal, por quem o clusão do contrato, como em sua execução, os princípios de
deu, ou a sua restituição em PROBIDADE e BOA-FÉ.
dobro, por quem o recebeu,
exclui indenização maior, a
JDC24 Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422
título de perdas e danos, sal-
do novo Código Civil, a violação dos deveres anexos consti-
vo os juros moratórios e os en-
tui espécie de inadimplemento, independentemente de
cargos do processo.
culpa.
*Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br
JDC25 O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação
pelo julgador do princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e
TÍTULO V
pós-contratual.
Dos Contratos em Geral
JDC26 A cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil
CAPÍTULO I
impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir e cor-
Disposições Gerais
rigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, entendida como
Seção I
a exigência de comportamento leal dos contratantes.
Preliminares
JDC27 Na interpretação da cláusula geral da boa-fé, deve-se le-
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos
var em conta o sistema do Código Civil e as conexões siste-
limites da FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO.
máticas com outros estatutos normativos e fatores metajurídi-
cos.
JDC21 A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo JDC168 O princípio da boa-fé objetiva importa no reconheci-
Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do mento de um direito a cumprir em favor do titular passivo da
princípio da relatividade dos efeitos do contrato em rela- obrigação.
ção a terceiros, implicando a tutela externa do crédito. JDC169 O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a
JDC 22 A função social do contrato, prevista no art. 421 do evitar o agravamento do próprio prejuízo.
novo Código Civil, constitui cláusula geral que reforça o JDC170 A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na
princípio de conservação do contrato, assegurando trocas fase de negociações preliminares e após a execução do contra-
úteis e justas. to, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato.
JDC 23 A função social do contrato, prevista no art. 421 do JDC362 A vedação do comportamento contraditório (venire
novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contra factum proprium) funda-se na proteção da confian-
contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio ça, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil.
quando presentes interesses metaindividuais ou interesse JDC363 Os princípios da probidade e da confiança são de or-
individual relativo à dignidade da pessoa humana. dem pública, sendo obrigação da parte lesada apenas de-
JDC166 A frustração do fim do contrato, como hipótese que monstrar a existência da violação.
não se confunde com a impossibilidade da prestação ou com a JDC432 Em contratos de financiamento bancário, são abusivas
excessiva onerosidade, tem guarida no Direito brasileiro pela cláusulas contratuais de repasse de custos administrativos
aplicação do art. 421 do Código Civil. (como análise do crédito, abertura de cadastro, emissão de fi-
JDC167 Com o advento do Código Civil de 2002, houve for- chas de compensação bancária, etc.), seja por estarem intrinse-
te aproximação principiológica entre esse Código e o Códi- camente vinculadas ao exercício da atividade econômica, seja
go de Defesa do Consumidor no que respeita à regulação por violarem o princípio da boa-fé objetiva.
contratual, uma vez que ambos são incorporadores de uma
nova teoria geral dos contratos.
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambí-
JDC360 O princípio da função social dos contratos também
guas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais
pode ter eficácia interna entre as partes contratantes.
favorável ao aderente.
JDC361 O adimplemento substancial decorre dos princípios
gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função
social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando JDC171 O contrato de adesão, mencionado nos arts. 423 e 424
a aplicação do art. 475. do novo Código Civil, não se confunde com o contrato de
JDC431 A violação do art. 421 conduz à invalidade ou à ine- consumo.
ficácia do contrato ou de cláusulas contratuais.
JDC582 Com suporte na liberdade contratual e, portanto, em Art. 424. Nos contratos de adesão, são NULAS as cláusulas que
concretização da autonomia privada, as partes podem pactuar estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resul-
garantias contratuais atípicas. tante da natureza do negócio.
JDC 621 Os contratos coligados devem ser interpretados a par-
tir do exame do conjunto das cláusulas contratuais, de forma a JDC172 As cláusulas abusivas não ocorrem exclusivamente
privilegiar a finalidade negocial que lhes é comum.

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nas relações jurídicas de consumo. Dessa forma, é possível a Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos des-
identificação de cláusulas abusivas em contratos civis co- de que a aceitação é expedida [TEORIA DA EXPEDIÇÃO], exce-
muns, como, por exemplo, aquela estampada no art. 424 do to:
Código Civil de 2002. I - no caso do artigo antecedente (retratação);
JDC364 No contrato de fiança é NULA a cláusula de renún- II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
cia antecipada ao benefício de ordem quando inserida em III - se ela não chegar no prazo convencionado.
contrato de adesão.
JDC433 A cláusula de renúncia antecipada ao direito de in- JDC174 A formação dos contratos realizados entre pessoas au-
denização e retenção por benfeitorias necessárias é NULA sentes, por meio eletrônico, completa-se com a recepção da
em contrato de locação de imóvel urbano feito nos moldes aceitação pelo proponente.
do contrato de adesão.
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observa- proposto.
das as normas gerais fixadas neste Código.
Seção III
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa Da Estipulação em Favor de Terceiro
viva (PACTA CORVINA). Art. 436. O que estipula em favor de terceiro PODE EXIGIR O
CUMPRIMENTO da obrigação.
Súmula 335-STF: É válida a cláusula de eleição do foro para os Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a
processos oriundos do contrato obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujei-
to às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipu-
lante não o inovar nos termos do art. 438.
Seção II
Da Formação dos Contratos
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o con-
deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o esti-
trário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou
pulante exonerar o devedor.
das circunstâncias do caso.

Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir


Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
o terceiro designado no contrato, independentemente da sua
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamen-
anuência e da do outro contratante.
te aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vi-
por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
vos ou por disposição de última vontade.
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo
suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do propo-
Seção IV
nente;
Da Promessa de Fato de Terceiro
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a res-
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responde-
posta dentro do prazo dado;
rá por perdas e danos, quando este o não executar.
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conheci-
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro
mento da outra parte a retratação do proponente.
for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o
ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra
indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus
os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar
bens.
das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprome-
divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realiza-
ter por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à presta-
da.
ção.
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde
Seção V
ao conhecimento do proponente, este comunica-lo-á imediata-
Dos Vícios Redibitórios
mente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e da-
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo
nos.
pode ser enjeitada por vícios ou defeitos OCULTOS, que a tor-
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou
nem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o
modificações, importará nova proposta.
valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a
onerosas.
aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-
se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.
JDC583 O art. 441 do Código Civil deve ser interpretado no sen-
Art. 433. Considera-se INEXISTENTE a aceitação, se antes dela tido de abranger também os contratos aleatórios, desde que
ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. não inclua os elementos aleatórios do contrato.

12
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto,
441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. além da restituição integral do preço ou das quantias que pa-
gou:
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, resti- I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
tuirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão- II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuí-
somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do con- zos que diretamente resultarem da evicção;
trato. III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele
constituído.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o
coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício ocul- do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional
to, já existente ao tempo da tradição. ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a
abatimento no preço no prazo de 30 dias se a coisa for móvel, e coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do ad-
de 1 ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava quirente.
na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriora-
REDIBIÇÃO/ABATIMENTO ções, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das van-
tagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienan-
MÓVEL IMÓVEL te.
Regra: 30 dias Regra: 1 ano
Art. 453. As BENFEITORIAS NECESSÁRIAS ou ÚTEIS, não abo-
Se já estiver na posse: 15 dias Se já estiver na posse: 6 meses nadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.

§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção ti-
mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele ti- verem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em
ver ciência, até o prazo máximo de 180 dias, em se tratando conta na restituição devida.
de bens móveis; e de 1 ano, para os imóveis.
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o
vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte
desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo an- do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for consi-
tecedente se não houver regras disciplinando a matéria. derável, caberá somente direito a indenização.

JDC28 O disposto no art. 445, §§ 1º e 2º, do Código Civil refle- EVICÇÃO PARCIAL EVICÇÃO PARCIAL
te a consagração da doutrina e da jurisprudência quanto à na- CONSIDERÁVEL NÃO CONSIDERÁVEL
tureza decadencial das ações edilícias.
Poderá o evicto optar entre a Caberá somente direito a in-
JDC174 Em se tratando de vício oculto, o adquirente tem os
rescisão do contrato e a resti- denização
prazos do caput do art. 445 para obter redibição ou abatimen-
tuição da parte do preço cor-
to de preço, desde que os vícios se revelem nos prazos estabe-
respondente ao desfalque so-
lecidos no § 1º, fluindo, entretanto, a partir do conhecimento
frido
do defeito.

Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia


Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na cons-
que a coisa era alheia ou litigiosa.
tância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunci-
ar o defeito ao alienante nos 30 dias seguintes ao seu descobri-
Seção VII
mento, sob pena de decadência.
Dos Contratos Aleatórios
Art. 458. [EMPTIO SPEI] Se o contrato for aleatório, por dizer
Seção VI
respeito a coisas ou fatos futuros, cujo RISCO DE NÃO VIREM
Da Evicção
A EXISTIR um dos contratantes assuma , terá o outro direito de
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela
receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de
evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha
sua parte não tenha havido DOLO ou CULPA, ainda que nada do
realizado em hasta pública.
avençado venha a existir.
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, REFORÇAR,
Art. 459. [EMPTIO REI SPERATAE] Se for aleatório, por serem ob-
DIMINUIR ou EXCLUIR a responsabilidade pela evicção.
jeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o RISCO DE
VIREM A EXISTIR EM QUALQUER QUANTIDADE, terá também
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a
direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não
evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço
tiver concorrido CULPA, ainda que a coisa venha a existir em
que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção,
quantidade inferior à esperada.
ou, dele informado, não o assumiu.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação
não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.

13
§ 2o Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas exis- aproveite a decretação da nulidade, o juiz não a pronunciará
tentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.
igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coi-
sa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. FPPC278. (arts. 282, §2º, e 4º) O CPC adota como princípio a
SANABILIDADE dos atos processuais defeituosos
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo anteceden- FPPC279. (arts. 282 e 283) Para os fins de alegar e demonstrar
te poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar prejuízo, NÃO BASTA a afirmação de tratar-se de violação a
que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a norma constitucional.
que no contrato se considerava exposta a coisa.
Art. 283.  O erro de forma do processo acarreta unicamente a
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL anulação dos atos que não possam ser aproveitados, devendo ser
TÍTULO III praticados os que forem necessários a fim de se observarem as
DAS NULIDADES prescrições legais.
Art. 276.  Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de Parágrafo único.  Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados
nulidade, a decretação desta não pode ser requerida pela parte desde que não resulte prejuízo à defesa de qualquer parte.
que lhe deu causa.
TÍTULO IV
Art. 277.  Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz con- DA DISTRIBUIÇÃO E DO REGISTRO
siderará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a Art. 284.  Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo
finalidade. ser distribuídos onde houver mais de um juiz.

Art. 278.  A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira Art. 285.  A distribuição, que poderá ser eletrônica, será alterna-
oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena da e aleatória, obedecendo-se rigorosa igualdade.
de preclusão. Parágrafo único.  A lista de distribuição deverá ser publicada no
Parágrafo único.  Não se aplica o disposto no caput às nulida- Diário de Justiça.
des que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a pre-
clusão provando a parte legítimo impedimento. Art. 286.  Serão distribuídas por dependência as causas de qual-
quer natureza:
Art. 279.  É NULO o processo quando o membro do Ministério I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com
Público não for intimado a acompanhar o feito em que deva outra já ajuizada;
intervir. II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de
§ 1o Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio
do Ministério Público, o juiz invalidará os atos praticados a partir com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os
do momento em que ele deveria ter sido intimado. réus da demanda;
§ 2o A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Mi- III - quando houver ajuizamento de ações nos termos do art. 55, §
nistério Público, que se manifestará sobre a existência ou a 3o, ao juízo prevento.
inexistência de prejuízo. Parágrafo único.  Havendo intervenção de terceiro, reconvenção
ou outra hipótese de ampliação objetiva do processo, o juiz, de
Art. 280.  As citações e as intimações serão NULAS quando feitas ofício, mandará proceder à respectiva anotação pelo distribuidor.
sem observância das prescrições legais.
Art. 287.  A petição inicial deve vir acompanhada de procuração,
Art. 281.  Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito to- que conterá os endereços do advogado, eletrônico e não ele-
dos os subsequentes que dele dependam, todavia, a nulidade trônico.
de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam in- Parágrafo único.  Dispensa-se a juntada da procuração:
dependentes. I - no caso previsto no art. 104 (evitar preclusão, decadência,
prescrição);
FPPC276. (arts. 281 e 282) Os atos anteriores ao ato defeituoso II - se a parte estiver representada pela Defensoria Pública;
não são atingidos pela pronúncia de invalidade. III - se a representação decorrer diretamente de norma previs-
FPPC277. (arts. 281 e 282) Para fins de invalidação, o reconheci- ta na Constituição Federal ou em lei.
mento de que um ato subsequente é dependente de um ato
defeituoso deve ser objeto de fundamentação específica à luz Art. 288.  O juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, cor-
de circunstâncias concretas. rigirá o erro ou compensará a falta de distribuição.

Art. 289.  A distribuição poderá ser fiscalizada pela parte, por


Art. 282.  Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são
seu procurador, pelo Ministério Público e pela Defensoria Pú-
atingidos e ordenará as providências necessárias a fim de que se-
blica.
jam repetidos ou retificados.
§ 1o O ato não será repetido nem sua falta será suprida quan-
Art. 290.  Será cancelada a distribuição do feito se a parte, inti-
do não prejudicar a parte.
mada na pessoa de seu advogado, não realizar o pagamento
das custas e despesas de ingresso em 15 dias.

14
FPPC280. (art. 290) O prazo de 15 dias a que se refere o art. 290 12.153/2009). As tutelas provisórias de urgência e de evidên-
conta-se da data da intimação do advogado. cia são admissíveis no sistema dos Juizados Especiais.
FPPC496. (art. 294, parágrafo único; art. 300, caput e §2º; art.
TÍTULO V 311) Preenchidos os pressupostos de lei, o requerimento de tu-
DO VALOR DA CAUSA tela provisória incidental pode ser formulado a qualquer tempo,
Art. 291.  A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não se submetendo à preclusão temporal.
não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível.
TUTELA PROVISÓRIA
Art. 292.  O valor da causa constará da petição inicial ou da recon-
URGÊNCIA EVIDÊNCIA
venção e será:
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corri- CAUTELAR ANTECIPADA
gida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penali- Incidental
Antecedente Incidental Antecedente Incidental
dades, se houver, até a data de propositura da ação; *passível de
II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumpri- estabilização
mento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato
jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;
III - na ação de alimentos, a soma de 12 prestações mensais pedi- TUTELA CAUTELAR TUTELA DE URGÊNCIA
das pelo autor; SATISFATIVA
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor Busca-se proteger o direito de O juiz efetivamente permite o
de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; perecer, mas sem dá-lo ao autor fruir do direito
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o autor imediatamente.
valor pretendido;
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia corres-
Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental IN-
pondente à soma dos valores de todos eles;
DEPENDE do pagamento de custas.
VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior va-
lor;
Art. 296.  A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência
VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedi-
do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou
do principal.
modificada.
§ 1o Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, consi-
Parágrafo único.  Salvo decisão judicial em contrário, a tutela
derar-se-á o valor de umas e outras.
provisória conservará a eficácia durante o período de suspen-
§ 2o O valor das prestações vincendas será igual a uma presta-
são do processo.
ção anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por
tempo superior a 1 ano, e, se por tempo inferior, será igual à
soma das prestações. JDPC39 Cassada ou modificada a tutela de urgência na senten-
§ 3o O juiz corrigirá, DE OFÍCIO E POR ARBITRAMENTO, o va- ça, a parte poderá, além de interpor recurso, pleitear o respecti-
lor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo vo restabelecimento na instância superior, na petição de recurso
patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido ou em via autônoma.
pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas FPPC140. (art. 296) A decisão que julga improcedente o pedido
correspondentes. final gera a perda de eficácia da tutela antecipada

Art. 297.  O juiz poderá determinar as medidas que considerar


SÚMULA SOBRE VALOR DA CAUSA adequadas para efetivação da tutela provisória.
Parágrafo único.  A efetivação da tutela provisória observará as
Súmula 449-STF: O valor da causa, na consignatória de aluguel,
normas referentes ao cumprimento provisório da sentença,
corresponde a uma anuidade
no que couber.

Art. 293.  O réu poderá impugnar, em preliminar da contesta- FPPC497. (art. 297, parágrafo único; art. 300, §1º; art. 520, IV) As
ção, o valor atribuído à causa pelo autor, SOB PENA DE PRECLU- hipóteses de exigência de caução para a concessão de tutela
SÃO, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a com- provisória de urgência devem ser definidas à luz do art. 520, IV,
plementação das custas. CPC.
FPPC498. (art. 297, parágrafo único; art. 300, §1º; art. 521) A
LIVRO V possibilidade de dispensa de caução para a concessão de tute-
DA TUTELA PROVISÓRIA la provisória de urgência, prevista no art. 300, §1º, deve ser ava-
TÍTULO I liada à luz das hipóteses do art. 521.
DISPOSIÇÕES GERAIS FPPC627. (arts.297, 537, §3º; art. 12, §2º, Lei 7.347/1985). Em
Art. 294.  A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência processo coletivo, a decisão que fixa multa coercitiva é passí-
ou evidência. vel de cumprimento provisório, permitido o levantamento do
Parágrafo único.  A tutela provisória de urgência, cautelar ou an- valor respectivo após o trânsito em julgado da decisão de
tecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou inciden- mérito favorável.
tal. JDPC38 As medidas adequadas para efetivação da tutela provi-
sória independem do trânsito em julgado, inclusive contra o
Poder Público (art. 297 do CPC).
FPPC418. (arts. 294 a 311; Leis 9.099/1995, 10.259/2001 e

15
de urgência, cuja competência será do órgão jurisdicional onde
Art. 298.  Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a estiverem os autos.
tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo cla-
ro e preciso.
Não há necessidade de prova pré-constituída , mas apenas de
"elementos que evidenciem a probabilidade do direito". A
FPPC29. (art. 298, art. 1.015, I23) A decisão que condicionar a
prova pré-constituída é exigida nos casos de Mandado de
apreciação da tutela provisória incidental ao recolhimento de
Segurança e de Ações de Impugnação de Mandato Eletivo
custas ou a outra exigência não prevista em lei equivale a
negá-la, sendo impugnável por AGRAVO DE INSTRUMENTO.
FPPC30. (art. 298) O juiz deve justificar a postergação da REQUISITOS: probabilidade do direito E o
análise liminar da tutela provisória sempre que estabelecer perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
a necessidade de contraditório prévio. processo.
FPPC141. (art. 298) O disposto no art. 298, CPC, aplica-se igual- TUTELA DE
O juiz PODE EXIGIR CAUÇÃO.
mente à decisão monocrática ou colegiada do Tribunal. URGÊNCIA
OBS: a caução pode ser dispensada se a parte
FPPC142. (art. 298; art. 1.021) Da decisão monocrática do relator
economicamente hipossuficiente não puder ofe-
que concede ou nega o efeito suspensivo ao agravo de instru-
recê-la.
mento ou que concede, nega, modifica ou revoga, no todo ou
em parte, a tutela jurisdicional nos casos de competência origi- Pode ser concedida liminarmente ou após justi-
nária ou recursal, cabe o recurso de agravo interno nos termos ficação prévia.
do art. 1.021 do CPC.
Art. 301.  A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efe-
Art. 299.  A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, tivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, re-
quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pe- gistro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra
dido principal. medida idônea para asseguração do direito.
Parágrafo único.  Ressalvada disposição especial, na ação de com-
petência originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória FPPC31. (art. 301) O poder geral de cautela está mantido no
será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o CPC
mérito. JDPC42 É cabível a concessão de tutela provisória de urgên-
cia em incidente de desconsideração da personalidade ju-
Súmula 729-STF: A decisão ADC-4 não se aplica à antecipação rídica.
de tutela em causa de natureza previdenciária.
Art. 302. Independentemente da reparação por dano processu-
TÍTULO II al, a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela
DA TUTELA DE URGÊNCIA de urgência causar à parte adversa (RESPONSABILIDADE OB-
CAPÍTULO I JETIVA), se:
DISPOSIÇÕES GERAIS I - a sentença lhe for desfavorável;
Art. 300.  A TUTELA DE URGÊNCIA será concedida quando hou- II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não
ver elementos que evidenciem a probabilidade do direito E o fornecer os meios necessários para a citação do requerido no
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. prazo de 5 dias;
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz PODE, confor- III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipó-
me o caso, EXIGIR CAUÇÃO real ou fidejussória idônea para tese legal;
ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da
caução ser dispensada se a parte economicamente hipossufi- pretensão do autor.
ciente não puder oferecê-la. Parágrafo único.  A indenização será liquidada nos autos em
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou que a medida tiver sido concedida, sempre que possível.
após justificação prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será con- FPPC499. (art. 302, III, parágrafo único; art. 309, III) Efetivada a
cedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos tutela de urgência e, posteriormente, sendo o processo extinto
da decisão. sem resolução do mérito e sem estabilização da tutela, será
FPPC143. (art. 300, caput) A redação do art. 300, caput, superou possível fase de liquidação para fins de responsabilização ci-
a distinção entre os requisitos da concessão para a tutela caute- vil do requerente da medida e apuração de danos.
lar e para a tutela satisfativa de urgência, erigindo a probabili- CAPÍTULO II
dade e o perigo na demora a requisitos comuns para a pres- DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM
tação de ambas as tutelas de forma antecipada. CARÁTER ANTECEDENTE
FPPC419. (art. 300, § 3º) Não é absoluta a regra que proíbe Art. 303.  Nos casos em que a urgência for contemporânea à
tutela provisória com efeitos irreversíveis. propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao re-
JDPC40 A irreversibilidade dos efeitos da tutela de urgência não querimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de
impede sua concessão, em se tratando de direito provável, tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca rea-
cuja lesão seja irreversível. lizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do proces-
JDPC41 Nos processos sobrestados por força do regime repeti- so.
tivo, é possível a apreciação e a efetivação de tutela provisória

16
§ 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste zação da tutela antecipada de urgência
artigo: FPPC420. (art. 304) Não cabe estabilização de tutela cautelar.
I - o autor deverá ADITAR a petição inicial, com a complemen- FPPC421. (arts. 304 e 969) Não cabe estabilização de tutela ante-
tação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a cipada em ação rescisória.
confirmação do pedido de tutela final, em 15 dias ou em outro FPPC500. (art. 304) O regime da estabilização da tutela antecipa-
prazo maior que o juiz fixar; da antecedente aplica-se aos alimentos provisórios previstos no
II - o réu será citado e intimado para a audiência de concilia- art. 4º da Lei 5.478/1968, observado o §1º do art. 13 da mesma lei.
ção ou de mediação na forma do art. 334; FPPC501. (art. 304; art. 121, parágrafo único) A tutela antecipada
III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será concedida em caráter antecedente NÃO SE ESTABILIZARÁ
contado na forma do art. 335. QUANDO FOR INTERPOSTO RECURSO PELO ASSISTENTE SIM-
§ 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § PLES, salvo se houver manifestação expressa do réu em sentido
1o deste artigo, o processo será extinto sem resolução do méri- contrário.
to. FPPC582. (arts.304, caput; 5º, caput e inciso XXXV, CF) Cabe estabi-
§ 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo lização da tutela antecipada antecedente contra a Fazenda Pú-
dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência de novas custas blica
processuais. CJF 130: É possível a estabilização de tutela antecipada antece-
§ 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o au- dente em face da Fazenda Pública.
tor terá de indicar o valor da causa, que deve levar em conside-
ração o pedido de tutela final.
CAPÍTULO III
§ 5o O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM
se do benefício previsto no caput deste artigo.
CARÁTER ANTECEDENTE
§ 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão de
Art. 305.  A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela
tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda
cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento,
da petição inicial em até 5 dias, sob pena de ser indeferida e
a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o
de o processo ser extinto sem resolução de mérito.
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Parágrafo único.  Caso entenda que o pedido a que se refere o
JDPC43 Não ocorre a estabilização da tutela antecipada reque-
caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art.
rida em caráter antecedente, quando deferida em ação resci-
303.
sória.
FPPC581. (art.303, §1º, I; Art. 139, VI) O poder de dilação do pra-
FPPC381. (arts. 9º, 350, 351 e 307, parágrafo único) É cabível
zo, previsto no inciso VI do art. 139 e no inciso I do §1º do art.
réplica no procedimento de tutela cautelar requerida em cará-
303, abrange a fixação do termo final para aditar o pedido inicial
ter antecedente
posteriormente ao prazo para recorrer da tutela antecipada an-
FPPC502. (art. 305, parágrafo único) Caso o juiz entenda que o
tecedente
pedido de tutela antecipada em caráter antecedente tenha
natureza cautelar, observará o disposto no art. 305 e se-
Art. 304.  A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303
guintes
(antecedente), torna-se estável se da decisão que a conceder
FPPC503. (arts. 305-310; art. 4º da Lei 7347/1985; art. 16 da Lei
não for interposto o respectivo recurso.
8.249/1992) O procedimento da tutela cautelar, requerida em
§ 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.
caráter antecedente ou incidente, previsto no Código de
§ 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito
Processo Civil é compatível com o microssistema do proces-
de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada
so coletivo.
nos termos do caput.
JDPC45 Aplica-se às tutelas provisórias o princípio da fungi-
§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não re-
bilidade, devendo o juiz esclarecer as partes sobre o regime
vista, reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na
processual a ser observado.
ação de que trata o § 2o.
§ 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento
dos autos em que foi concedida a medida, para instruir a petição Art. 306.  O réu será citado para, no prazo de 5 dias, contestar o
inicial da ação a que se refere o § 2 o, prevento o juízo em que a pedido e indicar as provas que pretende produzir.
tutela antecipada foi concedida.
§ 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipa- Art. 307.  Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados
da, previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após 2 anos, con- pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos,
tados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos ter- caso em que o juiz decidirá dentro de 5 dias.
mos do § 1o. Parágrafo único.  Contestado o pedido no prazo legal, observar-
§ 6o A decisão que concede a tutela NÃO FARÁ COISA JULGADA, se-á o procedimento comum.
mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por
decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação Art. 308.  Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de
ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo. ser formulado pelo autor no prazo de 30 dias, caso em que
será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido
FPPC32. (art. 304) Além da hipótese prevista no art. 304, é possível
de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas
a ESTABILIZAÇÃO EXPRESSAMENTE NEGOCIADA da tutela an
custas processuais.
tecipada de urgência antecedente
§ 1o O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o
FPPC33. (art. 304, §§) Não cabe ação rescisória nos casos estabili
pedido de tutela cautelar.

17
§ 2o A causa de pedir poderá ser aditada no momento de for-         § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em
mulação do pedido principal. serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
§ 3o Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas         Pena - detenção, de um a três anos.
para a audiência de conciliação ou de mediação, na forma do art.         § 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos
334, por seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade de casos do § 1º, IV, e do § 3º.
nova citação do réu.
§ 4o Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será         Correspondência comercial
contado na forma do art. 335.         Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de es-
tabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte,
Art. 309.  Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter ante- desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar
cedente, se: a estranho seu conteúdo:
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;         Pena - detenção, de três meses a dois anos.
II - não for efetivada dentro de 30 dias;         Parágrafo único - Somente se procede mediante represen-
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado tação.
pelo autor ou extinguir o processo sem resolução de mérito.
Parágrafo único.  Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tu- SEÇÃO IV
tela cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS
novo fundamento.         Divulgação de segredo
        Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de do-
FPPC504. (art. 309, III) Cessa a eficácia da tutela cautelar con- cumento particular ou de correspondência confidencial, de que é
cedida em caráter antecedente, se a sentença for de proce- destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a
dência do pedido principal, e o direito objeto do pedido foi outrem:
definitivamente efetivado e satisfeito.         Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
JDPC46 A cessação da eficácia da tutela cautelar, antecedente         § 1º Somente se procede mediante representação.
ou incidental, pela não efetivação no prazo de 30 dias, só         § 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou re-
ocorre se caracterizada omissão do requerente. servadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de
informações ou banco de dados da Administração Pública:
        Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Súmula 482-STJ: A falta de ajuizamento da ação principal no         § 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Públi-
prazo do art. 806 do CPC acarreta a perda da eficácia da liminar ca, a ação penal será incondicionada.
deferida e a extinção do processo cautelar
       Violação do segredo profissional
Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a         Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que
parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e
desse, salvo se o motivo do indeferimento for o reconhecimento cuja revelação possa produzir dano a outrem:
de decadência ou de prescrição         Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
        Parágrafo único - Somente se procede mediante represen-
CÓDIGO PENAL tação.

Invasão de dispositivo informático


SEÇÃO III
Art. 154-A.  Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou
DOS CRIMES CONTRA A
não à rede de computadores, mediante violação indevida de me-
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
canismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir
        Violação de correspondência
dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titu-
        Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspon-
lar do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vanta-
dência fechada, dirigida a outrem:
gem ilícita:
        Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.  
        Sonegação ou destruição de correspondência
§ 1o  Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, ven-
        § 1º - Na mesma pena incorre:
de ou difunde dispositivo ou programa de computador com o in-
        I - quem se apossa indevidamente de correspondência
tuito de permitir a prática da conduta definida no caput.
alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou
§ 2o  Aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 se da invasão resulta pre-
destrói;
juízo econômico.
        Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou tele-
§ 3o  Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunica-
fônica
ções eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, in-
        II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou uti-
formações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto
liza abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigi-
não autorizado do dispositivo invadido:
da a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a
        III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas
conduta não constitui crime mais grave.  
no número anterior;
§ 4o  Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de 1/3 a 2/3 se
        IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétri-
houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a
co, sem observância de disposição legal.
qualquer título, dos dados ou informações obtidos.
        § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para
outrem.

18
§ 5o  Aumenta-se a pena de 1/3 a 1/2 se o crime for praticado ciar a fome; pode, em tese, configurar estado de necessidade.
contra:
I - Presidente da República, governadores e prefeitos;   STJ: NÃO SE APLICA o princípio da insignificância em furto qua-
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;   lificado.
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do         Furto de coisa comum
Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou         Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta fede- ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
ral, estadual, municipal ou do Distrito Federal.             Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
        § 1º - Somente se procede mediante representação.
Ação penal           § 2º - NÃO É PUNÍVEL a subtração de coisa comum fungí-
Art. 154-B.  Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se pro- vel, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
cede mediante representação, salvo se o crime é cometido
contra a administração pública direta ou indireta de qualquer SÚMULAS SOBRE FURTO
dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou
contra empresas concessionárias de serviços públicos. Súmula 442-STJ: É inadmissível aplicar, no furto qualificado,
pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
TÍTULO II Súmula 511-STJ: É possível o reconhecimento do privilégio
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto
CAPÍTULO I qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agen-
DO FURTO te, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem
        Furto objetiva.
        Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia MÓ- Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitora-
VEL: mento eletrônico ou por existência de segurança no interior de
        Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a
        § 1º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é praticado configuração do crime de furto.
durante o repouso noturno
        § 2º - [FURTO PRIVILEGIADO] Se o criminoso é primário, e JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, EDIÇÃO N. 47: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - FURTO
ou aplicar somente a pena de multa. 1) Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res
        § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de
qualquer outra que tenha valor econômico. perseguição ao agente, sendo PRESCINDÍVEL A POSSE
        Furto qualificado MANSA E PACÍFICA OU DESVIGIADA.
        § 4º – [FURTO QUALIFICADO] A pena é de reclusão de dois 2) Não há continuidade delitiva entre roubo e furto,
a oito anos, e multa, se o crime é cometido: porquanto, ainda que possam ser considerados delitos do
        I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtra- mesmo gênero, não são da mesma espécie.
ção da coisa; 3) O rompimento ou destruição do vidro do automóvel com
        II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada a finalidade de subtrair objetos localizados em seu interior
ou destreza; qualifica o furto.
        III - com emprego de chave falsa; 4) Todos os instrumentos utilizados como dispositivo para abrir
        IV - mediante concurso de 2 ou mais pessoas. fechadura são abrangidos pelo conceito de chave falsa,
       § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e incluindo as mixas.
multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo 6) A prática do delito de furto qualificado por escalada,
que cause perigo comum. destreza, rompimento de obstáculo ou concurso de agentes
        § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtra- indica a reprovabilidade do comportamento do réu, sendo
ção for de veículo automotor que venha a ser transportado inaplicável o princípio da insignificância.
para outro Estado ou para o exterior. 7) O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos
        § 6o  A pena é de reclusão de 2 a 5 anos se a subtração for em que o réu faz do crime o seu meio de vida, ainda que a
de semovente domesticável de produção, ainda que abatido coisa furtada seja de pequeno valor.
ou dividido em partes no local da subtração. 8) Para reconhecimento do crime de furto privilegiado é
       § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e mul- indiferente que o bem furtado tenha sido restituído à
ta, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessó- vítima, pois o critério legal para o reconhecimento do
rios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabrica- privilégio é somente o pequeno valor da coisa subtraída.
ção, montagem ou emprego. 9) Para efeito da aplicação do princípio da bagatela, é
imprescindível a distinção entre valor insignificante e
pequeno valor, uma vez que o primeiro exclui o crime e o
FURTO DE ENERGIA ELÉTRICA: o pagamento integral do débi-
segundo pode caracterizar o furto privilegiado.
to, desde que efetuado em momento anterior ao recebimento
11) Para a caracterização do furto privilegiado, além da
da peça acusatória, configura causa de extinção da punibilidade
primariedade do réu, o valor do bem subtraído não deve
(STJ).
exceder à importância correspondente ao salário mínimo
FURTO FAMÉLICO: é a hipótese de se subtrair alimento para sa- vigente à época dos fatos.

19
12) O reconhecimento das qualificadoras da escalada e        I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a
rompimento de obstáculo previstas no art. 155, § 4º, I e II, do 18 (dezoito) anos, e multa;
CP exige a realização do exame pericial, salvo nas hipóteses        II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta)
de inexistência ou desaparecimento de vestígios, ou ainda se anos, e multa
as circunstâncias do crime não permitirem a confecção do
laudo. ROUBO MEDIANTE EMPREGO DE ARMA
13) Reconhecido o privilégio no crime de furto, a fixação de um
Antes da Lei 13.654/2018 Depois da Lei 13.654/2018
dos benefícios do § 2º do art. 155 do CP exige expressa
(atualmente)
fundamentação por parte do magistrado.
14) A lesão jurídica resultante do crime de furto não pode Tanto a arma de fogo como a Apenas o emprego de arma
ser considerada insignificante quando o valor dos bens arma branca eram causas de de fogo é causa de aumento
subtraídos perfaz mais de 10% do salário mínimo vigente à aumento de pena. de pena.
época dos fatos. O emprego de arma branca
15) Nos casos de contituidade delitiva o valor a ser não é causa de aumento de
considerado para fins de concessão do privilégio (artigo 155, pena.
§ 2º, do CP) ou do reconhecimento da insignificância é a
soma dos bens subtraídos. O emprego de arma (seja de O emprego de arma de fogo é
fogo, seja branca) era punido punido com um aumento de
com um aumento de 1/3 a 1/2 2/3 da pena.
CAPÍTULO II
da pena.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
        Roubo
        Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para ou- SÚMULAS SOBRE ROUBO
trem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa [VIOLÊN-
STF
CIA PRÓPRIA], ou depois de havê-la, por qualquer meio, redu-
zido à impossibilidade de resistência [VIOLÊNCIA IMPRÓ- Súmula 610-STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio
PRIA]: se consuma, ainda que não se realize o agente a subtração
        Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. de bens da vítima
        § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de sub-
STJ
traída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave
ameaça [VIOLÊNCIA PRÓPRIA], a fim de assegurar a impuni- Súmula 443-STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da
dade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro pena no crime de roubo circunstanciado EXIGE
[ROUBO IMPRÓPRIO]. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA, não sendo suficiente para a
sua exasperação a mera indicação do número de majorantes.
Não é possível roubo impróprio com violência imprópria
TEORIAS SOBRE O MOMENTO CONSUMATIVO DO FURTO E
ROUBO PRÓPRIO ROUBO IMPRÓPRIO DO ROUBO

Violência/grave ameaça antes Violência/grave ameaça logo CONTRECTATIO Para que o crime se consuma basta o agen-
ou durante a subtração, obje- após a subtração a fim de as- te tocar na coisa.
tivando alcançar a subtração segurar impunidade do crime O crime se consuma quando a coisa subtra-
do bem. ou a detenção da coisa. AMOTIO ída passa para o poder do agente, mesmo
(APPREHENSIO) que não haja posse mansa e pacífica e
        § 2º - A pena aumenta-se de 1/3 até metade: mesmo que a posse dure curto espaço de
        II - se há o concurso de 2 ou mais pessoas; tempo.
        III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o Não é necessário que o bem saia da esfera
agente conhece tal circunstância. patrimonial da vítima.
        IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a
Consuma-se quando o agente consegue
ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
ABLATIO levar a coisa, tirando-a da esfera patrimoni-
        V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restrin-
al do proprietário.
gindo sua liberdade.
       VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de ILATIO Para que o crime se consuma, é necessário
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua que a coisa seja levada para o local dese-
fabricação, montagem ou emprego. jado pelo agente e mantida a salvo.
        § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3:
       I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de         Extorsão
arma de fogo;         Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
       II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem inde-
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo vida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou dei-
comum. xar de fazer alguma coisa:
       § 3º Se da violência resulta:         Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

20
        § 1º - Se o crime é cometido por 2 ou mais pessoas, ou com 5) O roubo praticado em um mesmo contexto fático,
emprego de arma, aumenta-se a pena de 1/3 até metade. mediante uma só ação, contra vítimas diferentes, enseja o
       § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o dis- reconhecimento do concurso formal de crimes, e não a
posto no § 3º do artigo anterior. ocorrência de crime único. STF: crime único
        § 3o  Se o crime é cometido mediante a restrição da liber- 6) É prescindível a apreensão e perícia da arma de fogo para
dade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção a caracterização de causa de aumento de pena prevista no art.
da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 a 12 anos, 157, § 2º, I, do CP, quando evidenciado o seu emprego por
além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam- outros meios de prova.
se as penas previstas no art. 159, §§ 2 e 3, respectivamente. 7) Cabe a defesa o ônus da prova de demonstrar que a arma
empregada para intimidar a vítima é desprovida de potencial
Emprego de arma branca Emprego de arma de fogo lesivo.
8) A utilização de arma sem potencialidade lesiva, atestada
Roubo simples Roubo majorado (aumento de
por perícia, como forma de intimidar a vítima no delito de
Extorsão majorada (aumento de 2/3)
roubo, caracteriza a elementar grave ameaça, porém, não
1/3 a 1/2) Extorsão majorada (aumento de
permite o reconhecimento da majorante de pena.
1/3 a 1/2)
9) O crime de porte de arma é absorvido pelo de roubo
  quando restar evidenciado o nexo de dependência ou de
        Extorsão mediante sequestro subordinação entre as duas condutas e que os delitos foram
        Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou praticados em um mesmo contexto fático o que caracteriza
para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do o princípio da consunção.
resgate: 10) A gravidade do delito de roubo circunstanciado pelo
        Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. concurso de pessoas e/ou emprego de arma de fogo não
o constitui motivação suficiente, por si só, para justificar a
        § 1 Se o sequestro dura mais de 24 horas, se o sequestra-
do é menor de 18 ou maior de 60 anos, ou se o crime é cometi- imposição de regime prisional mais gravoso, na medida em
do por bando ou quadrilha. que constituem circunstâncias comuns à espécie.
        Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 11) Não há continuidade delitiva entre roubo e furto,
        § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: porquanto, ainda que possam ser considerados delitos do
        Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. mesmo gênero, não são da mesma espécie.
        § 3º - Se resulta a morte: 12) Não é possível o reconhecimento da continuidade
        Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. delitiva entre os crimes de roubo e latrocínio pois, apesar de
        § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente se tratarem de delitos do mesmo gênero, não são da mesma
que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do se- espécie, devendo incidir a regra do concurso material.
questrado, terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 13) Há tentativa de latrocínio quando a morte da vítima não
se consuma por razões alheias à vontade do agente.
       Extorsão indireta 15) Há concurso formal impróprio no crime de latrocínio nas
        Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abu- hipóteses em que o agente, mediante uma única subtração
sando da situação de alguém, documento que pode dar causa a patrimonial provoca, com desígnios autônomos, dois ou
procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: mais resultados morte.
        Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 16) Nos crimes de roubo praticados em detrimento da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos a fixação da competência é
verificada de acordo com a natureza econômica do serviço
SÚMULA SOBRE EXTORSÃO
prestado na forma de agência própria, cuja competência é da
Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independen- Justiça Federal; ou na forma de franquia, explorada por
temente da obtenção da vantagem indevida. particulares, hipótese em que a Justiça Estadual terá
competência para julgamento dos processos.
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 87: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - IV
1) O crime de extorsão é formal e consuma-se no momento
EDIÇÃO N. 51: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - II
em que a violência ou a grave ameaça é exercida,
1) Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do
independentemente da obtenção da vantagem indevida.
bem, mediante emprego de violência ou grave ameaça,
2) No crime de extorsão, a ameaça a que se refere o caput do
ainda que por breve tempo e em seguida a perseguição
art. 158 do CP, exercida com o fim de obter a indevida vantagem
imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
econômica, pode ter por conteúdo grave dano aos bens da
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada (Tese
vítima.
julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 916)
3) O delito de dano ao patrimônio público, quando praticado
3) Há concurso material entre os crimes de roubo e extorsão
por preso para facilitar a fuga do estabelecimento prisional,
quando o agente, após subtrair bens da vítima, mediante
demanda a demonstração do dolo específico de causar prejuízo
emprego de violência ou grave ameaça, a constrange a
ao bem público (animus nocendi), sem o qual a conduta é
entregar o cartão bancário e a respectiva senha para sacar
atípica.
dinheiro de sua conta corrente.
5) Não é possível a aplicação do princípio da insignificância
4) Não é possível reconhecer a continuidade delitiva entre os
nas hipóteses de dano qualificado, quando o prejuízo ao
crimes de roubo e de extorsão, pois são infrações penais de
patrimônio público atingir outros bens de relevância social e
espécies diferentes.

21
tornar evidente o elevado grau de periculosidade social da
ação e de reprovabilidade da conduta do agente. Plenitude de Defesa.
6) O crime de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A PRINCÍPIOS Sigilo das Votações.
do CP) é de natureza material e exige a constituição CONSTITUCIONAIS Soberania dos Vereditos.
definitiva do débito tributário perante o âmbito DO TRIBUNAL DO Competência para o julgamento dos
administrativo para configurar-se como conduta típica. JÚRI crimes dolosos contra a vida (compe-
7) O delito de apropriação indébita previdenciária constitui tência mínima).
crime omissivo próprio, que se perfaz com a mera omissão
de recolhimento da contribuição previdenciária dentro do
SÚMULAS SOBRE TRIBUNAL DO JÚRI
prazo e das formas legais, prescindindo, portanto, do dolo
específico. Súmula vinculante 45-STF: A competência constitucional do
8) A apropriação indébita previdenciária é crime instantâneo Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de fun-
e unissubsistente, sendo a mera omissão de recolhimento da ção estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual
contribuição previdenciária dentro do prazo e das formas legais Súmula 156-STF: É absoluta a nulidade do julgamento, pelo
suficiente para a caracterização da continuidade delitiva. júri, por falta de quesito obrigatório.
9) É possível o reconhecimento da continuidade delitiva de Súmula 162-STF: É absoluta a nulidade do julgamento pelo
crimes de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do júri, quando os quesitos da defesa não precedem aos das cir-
CP), bem como entre o crime de apropriação indébita cunstâncias agravantes.
previdenciária e o crime de sonegação previdenciária (art. Súmula 206-STF: É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a
337-A do CP) praticados na administração de empresas participação de jurado que funcionou em julgamento anterior
distintas, mas pertencentes ao mesmo grupo econômico. do mesmo processo.
10) O pagamento integral dos débitos oriundos de Súmula 603-STF: A competência para o processo e julgamento
apropriação indébita previdenciária, ainda que efetuado de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri.
após o recebimento da denúncia, mas antes do trânsito em Súmula 713-STF: O efeito devolutivo da apelação contra de-
julgado da sentença condenatória, extingue a punibilidade, cisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição
nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei n. 10.684/03. (recurso de fundamentação vinculada)
11) Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de Súmula 712-STF: É nula a decisão que determina o desafora-
apropriação indébita previdenciária, quando, na ocasião do mento de processo da competência do Júri sem audiência da
delito, o valor do débito com a Previdência Social não defesa.
ultrapassar o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), previsto
no art. 20 da Lei n. 10.522/2002. Hoje: R$ 20 mil (STF/STJ) Seção I
12) O delito de receptação (art. 180 do CP), nas modalidades Da Acusação e da Instrução Preliminar
transportar, conduzir ou ocultar, é crime permanente, cujo         Art. 406.  O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará
flagrante perdura enquanto o agente se mantiver na posse do a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no
bem que sabe ser produto de crime. prazo de 10 dias.
13) No crime de receptação, se o bem houver sido apreendido         § 1o  O prazo previsto no caput deste artigo será contado a
em poder do acusado, caberá à defesa apresentar prova acerca partir do efetivo cumprimento do mandado ou do compareci-
da origem lícita da res ou de sua conduta culposa (art. 156 do mento, em juízo, do acusado ou de defensor constituído, no caso
CPP), sem que se possa falar em inversão do ônus da prova. de citação inválida ou por edital.
14) Talonário de cheques pode ser objeto material do crime         § 2o  A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo
de receptação, dada a existência de valor econômico do bem e de 8, na denúncia ou na queixa.
a possibilidade de posterior utilização fraudulenta para obtenção         § 3o  Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e
de vantagem ilícita. alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer documentos e
15) É inaplicável o princípio da consunção entre os crimes de justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemu-
receptação e porte ilegal de arma de fogo por serem delitos nhas, até o máximo de 8, qualificando-as e requerendo sua inti-
autônomos e de natureza jurídica distinta, devendo o agente mação, quando necessário.
responder por ambos os delitos em concurso material.
16) Justifica-se a opção do legislador pela imposição de pena         Art. 407.  As exceções serão processadas em apartado, nos
mais grave ao delito de receptação qualificada em relação à termos dos arts. 95 a 112 deste Código.
figura simples pois a comercialização ou industrialização do
produto de origem ilícita lesiona o mercado e os consumidores.         Art. 408.  Não apresentada a resposta no prazo legal, o
juiz nomeará defensor para oferecê-la em até 10 dias, conce-
dendo-lhe vista dos autos.

        Art. 409.  Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério


Público ou o querelante sobre preliminares e documentos, em
CÓDIGO PROCESSO PENAL 5 dias.

CAPÍTULO II RÉPLICA – não há previsão de réplica no procedimento comum


DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊN- ordinário.
CIA DO TRIBUNAL DO JÚRI 

22
        Art. 410.  O juiz determinará a inquirição das testemunhas
e a realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo         Art. 414.  Não se convencendo da materialidade do fato
máximo de 10 dias. ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de partici-
pação, o juiz, fundamentadamente, IMPRONUNCIARÁ o acusa-
        Art. 411.  Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada do.
de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemu-         Parágrafo único.  Enquanto não ocorrer a extinção da pu-
nhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem nibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se
como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reco- houver prova nova.
nhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o
acusado e procedendo-se o debate.         Art. 415.  O juiz, fundamentadamente, ABSOLVERÁ desde
        § 1o  Os esclarecimentos dos peritos dependerão de PRÉ- logo o acusado, quando:
VIO REQUERIMENTO E DE DEFERIMENTO pelo juiz.          I – provada a inexistência do fato;
        § 2o  As provas serão produzidas em uma só audiência,         II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinen-         III – o fato não constituir infração penal;
tes ou protelatórias.         IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclu-
        § 3o  Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for o são do crime.
caso, o disposto no art. 384 deste Código.        Parágrafo único.  Não se aplica o disposto no inciso IV do
        § 4o  As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no ca-
respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 minu- put do art. 26 do Decreto-Lei n 2.848, de 7 de dezembro de 1940
tos, prorrogáveis por mais 10. – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva.
        § 5o  Havendo mais de 1 acusado, o tempo previsto para a  
acusação e a defesa de cada um deles será individual.          Art. 416.  Contra a sentença de IMPRONÚNCIA ou de AB-
        § 6o  Ao assistente do Ministério Público, após a manifesta- SOLVIÇÃO SUMÁRIA caberá apelação.             
ção deste, serão concedidos 10 minutos, prorrogando-se por
igual período o tempo de manifestação da defesa. DECISÃO RECURSO CABÍVEL
        § 7o  Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindí-
vel à prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva IMPRONÚNCIA
de quem deva comparecer. APELAÇÃO
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
        § 8o  A testemunha que comparecer será inquirida, indepen-
dentemente da suspensão da audiência, observada em qual- PRONÚNCIA
quer caso a ordem estabelecida no caput deste artigo. RESE
DESCLASSIFICAÇÃO
        § 9o  Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou
o fará em 10 dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam
       Art. 417.  Se houver indícios de autoria ou de participação
conclusos.
de outras pessoas não incluídas na acusação, o juiz, ao pronun-
ciar ou impronunciar o acusado, determinará o retorno dos autos
        Art. 412.  O procedimento será concluído no prazo máxi-
ao Ministério Público, por 15 dias, aplicável, no que couber, o art.
mo de 90 dias.
80 deste Código. 

Seção II
       Art. 418.  O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diver-
Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição Sumária
sa da constante da acusação, embora o acusado fique sujeito
        Art. 413.  O juiz, fundamentadamente, PRONUNCIARÁ o
a pena mais grave.
acusado, se convencido da materialidade do fato e da existên-
cia de indícios suficientes de autoria ou de participação. 
        Art. 419.  Quando o juiz se convencer, em discordância com
        § 1o  A FUNDAMENTAÇÃO DA PRONÚNCIA limitar-se-á à
a acusação, da existência de crime diverso dos referidos no § 1 do
indicação da materialidade do fato e da existência de indícios
art. 74 deste Código e não for competente para o julgamento, re-
suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz decla-
meterá os autos ao juiz que o seja.
rar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e es-
        Parágrafo único.  Remetidos os autos do processo a outro
pecificar as circunstâncias QUALIFICADORAS e as CAUSAS DE
juiz, à disposição deste ficará o acusado preso.
AUMENTO de pena.
PRONÚNCIA         Art. 420.  A intimação da decisão de pronúncia será feita:
ESPECIFICA: qualificadoras e NÃO ESPECIFICA: agravantes,         I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao
causas de aumento atenuantes, causas de diminui- Ministério Público;
ção        II – ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente
do Ministério Público, na forma do disposto no § 1 do art. 370
        § 2o  Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fian-
deste Código.
ça para a concessão ou manutenção da liberdade provisória.
        Parágrafo único.  Será intimado por edital o acusado solto
        § 3o  O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manuten-
que não for encontrado.
ção, revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva
de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado
        Art. 421.  Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão en-
solto, sobre a necessidade da decretação da prisão ou imposição
caminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri.
de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste
        § 1o  Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo
Código.
circunstância superveniente que altere a classificação do cri-

23
me, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Públi- tentes, permanecerão guardados em urna fechada a chave, sob a
co. responsabilidade do juiz presidente. 
        § 2o  Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para deci-         § 4o  O jurado que tiver integrado o Conselho de Senten-
são. ça nos 12 meses que antecederem à publicação da lista geral
fica dela excluído.
Seção III         § 5o  Anualmente, a lista geral de jurados será, obrigatoria-
Da Preparação do Processo para Julgamento em Plenário mente, completada.
        Art. 422.  Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do
Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou Seção V
do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo Do Desaforamento
de 5 dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em         Art. 427.  Se o INTERESSE DA ORDEM PÚBLICA o reclamar
plenário, até o máximo de 5, oportunidade em que poderão ou houver DÚVIDA SOBRE A IMPARCIALIDADE DO JÚRI ou a
juntar documentos e requerer diligência. SEGURANÇA PESSOAL DO ACUSADO, o Tribunal, a requerimen-
to do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acu-
        Art. 423.  Deliberando sobre os requerimentos de provas a sado ou mediante representação do juiz competente, poderá de-
serem produzidas ou exibidas no plenário do júri, e adotadas as terminar o DESAFORAMENTO do julgamento para outra co-
providências devidas, o juiz presidente:  marca da mesma região, onde não existam aqueles motivos,
        I – ordenará as diligências necessárias para sanar qualquer preferindo-se as mais próximas.
nulidade ou esclarecer fato que interesse ao julgamento da causa;         § 1o  O pedido de desaforamento será distribuído imediata-
        II – fará relatório sucinto do processo, determinando sua in- mente e terá preferência de julgamento na Câmara ou Turma
clusão em pauta da reunião do Tribunal do Júri. competente.
        § 2o  Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá
        Art. 424.  Quando a lei local de organização judiciária não determinar, fundamentadamente, a suspensão do julgamento
atribuir ao presidente do Tribunal do Júri o preparo para julga- pelo júri
mento, o juiz competente remeter-lhe-á os autos do processo         § 3o  Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não ti-
preparado até 5 dias antes do sorteio a que se refere o art. 433 ver sido por ele solicitada. 
deste Código.          § 4o  Na pendência de recurso contra a decisão de pro-
        Parágrafo único.  Deverão ser remetidos, também, os proces- núncia ou quando efetivado o julgamento, não se admitirá o
sos preparados até o encerramento da reunião, para a realização pedido de desaforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto
de julgamento.  a fato ocorrido durante ou após a realização de julgamento anu-
lado.
Seção IV
Do Alistamento dos Jurados         Art. 428.  O desaforamento também poderá ser determina-
        Art. 425.  Anualmente, serão alistados pelo presidente do Tri- do, em razão do COMPROVADO EXCESSO DE SERVIÇO, ouvidos
bunal do Júri de 800 a 1.500 jurados nas comarcas de mais de o juiz presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder
1.000.000 de habitantes, de 300 a 700 nas comarcas de mais de ser realizado no prazo de 6 meses, contado do trânsito em
100.000 habitantes e de 80 a 400 nas comarcas de menor popu- julgado da decisão de pronúncia.
lação.         § 1  Para a contagem do prazo referido neste artigo, não se
        § 1o  Nas comarcas onde for necessário, poderá ser aumenta- computará o tempo de adiamentos, diligências ou incidentes de
do o número de jurados e, ainda, organizada lista de suplentes, interesse da defesa. 
depositadas as cédulas em urna especial, com as cautelas menci-         § 2o  Não havendo excesso de serviço ou existência de
onadas na parte final do § 3o do art. 426 deste Código. processos aguardando julgamento em quantidade que ultra-
        § 2o  O juiz presidente requisitará às autoridades locais, asso- passe a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas
ciações de classe e de bairro, entidades associativas e culturais, reuniões periódicas previstas para o exercício, o acusado poderá
instituições de ensino em geral, universidades, sindicatos, reparti- requerer ao Tribunal que determine a imediata realização do
ções públicas e outros núcleos comunitários a indicação de pes- julgamento.  
soas que reúnam as condições para exercer a função de jurado.
INTERESSE DA ORDEM PÚBLICA
        Art. 426.  A lista geral dos jurados, com indicação das respec- DÚVIDA SOBRE A IMPARCIALIDADE
tivas profissões, será publicada pela imprensa até o dia 10 de ou- DO JÚRI
tubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tri- SEGURANÇA PESSOAL DO ACUSADO
bunal do Júri. DESAFORAMENTO COMPROVADO EXCESSO DE SERVIÇO
        § 1o  A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante re- se o julgamento não puder ser realizado
clamação de qualquer do povo ao juiz presidente até o dia 10 de no prazo de 6 meses, contado do trânsito
novembro, data de sua publicação definitiva. em julgado da decisão de pronúncia.
        § 2o  Juntamente com a lista, serão transcritos os arts. 436 a
446 deste Código. NÃO SE ADMITIRÁ Pendência de RESE contra pronúncia
        § 3o  Os nomes e endereços dos alistados, em cartões iguais, PEDIDO DE Efetivado o julgamento, salvo quanto a
após serem verificados na presença do Ministério Público, de ad- DESAFORAMENTO fato ocorrido durante ou após a realiza-
vogado indicado pela Seção local da Ordem dos Advogados do ção de julgamento anulado.
Brasil e de defensor indicado pelas Defensorias Públicas compe-

24
Seção VI         § 1o  Nenhum cidadão poderá ser excluído dos trabalhos do
Da Organização da Pauta júri ou deixar de ser alistado em razão de cor ou etnia, raça, cre-
        Art. 429.  Salvo motivo relevante que autorize alteração na do, sexo, profissão, classe social ou econômica, origem ou grau
ordem dos julgamentos, terão preferência:         de instrução. 
        I – os acusados presos;                   § 2o  A recusa injustificada ao serviço do júri acarretará
        II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há multa no valor de 1 a 10 salários mínimos, a critério do juiz, de
mais tempo na prisão;                    acordo com a condição econômica do jurado.
        III – em igualdade de condições, os precedentemente pro-
nunciados.          Art. 437.  Estão isentos do serviço do júri:
        § 1o  Antes do dia designado para o primeiro julgamento da         I – o Presidente da República e os Ministros de Estado;
reunião periódica, será afixada na porta do edifício do Tribunal do         II – os Governadores e seus respectivos Secretários;
Júri a lista dos processos a serem julgados, obedecida a ordem         III – os membros do Congresso Nacional, das Assembleias
prevista no caput deste artigo. Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais;
        § 2o  O juiz presidente reservará datas na mesma reunião pe-         IV – os Prefeitos Municipais
riódica para a inclusão de processo que tiver o julgamento adia-         V – os Magistrados e membros do Ministério Público e da
do. Defensoria Pública;
        VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Pú-
        Art. 430.  O ASSISTENTE somente será admitido se tiver re- blico e da Defensoria Pública; 
querido sua habilitação até 5 dias antes da data da sessão na         VII – as autoridades e os servidores da polícia e da seguran-
qual pretenda atuar. ça pública; 
        VIII – os militares em serviço ativo;  
        Art. 431.  Estando o processo em ordem, o juiz presidente         IX – os cidadãos maiores de 70 anos que requeiram sua
mandará intimar as partes, o ofendido, se for possível, as teste- dispensa; 
munhas e os peritos, quando houver requerimento, para a sessão         X – aqueles que o requererem, demonstrando justo impedi-
de instrução e julgamento, observando, no que couber, o dispos- mento.
to no art. 420 deste Código.
        Art. 438.  A recusa ao serviço do júri fundada em convicção
Seção VII religiosa, filosófica ou política importará no dever de prestar ser-
Do Sorteio e da Convocação dos Jurados viço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos, en-
        Art. 432.  Em seguida à organização da pauta, o juiz presi- quanto não prestar o serviço imposto.
dente determinará a intimação do Ministério Público, da Ordem         § 1o  Entende-se por serviço alternativo o exercício de ati-
dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pública para acompa- vidades de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou
nharem, em dia e hora designados, o sorteio dos jurados que mesmo produtivo, no Poder Judiciário, na Defensoria Pública,
atuarão na reunião periódica. no Ministério Público ou em entidade conveniada para esses
fins.
        Art. 433.  O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a portas         § 2o  O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos prin-
abertas, cabendo-lhe retirar as cédulas até completar o número cípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
de 25 jurados, para a reunião periódica ou extraordinária. 
        § 1o  O sorteio será realizado entre o 15o e o 10o DIA ÚTIL         Art. 439.  O exercício efetivo da função de jurado constitui-
antecedente à instalação da reunião. rá serviço público relevante e estabelecerá presunção de ido-
        § 2o  A audiência de sorteio não será adiada pelo não com- neidade moral. 
parecimento das partes
        § 3o  O jurado não sorteado poderá ter o seu nome nova-         Art. 440.  Constitui também direito do jurado, na condição
mente incluído para as reuniões futuras. do art. 439 deste Código, preferência, em igualdade de condi-
ções, nas licitações públicas e no provimento, mediante con-
        Art. 434.  Os jurados sorteados serão convocados pelo cor- curso, de cargo ou função pública, bem como nos casos de
reio ou por qualquer outro meio hábil para comparecer no dia e promoção funcional ou remoção voluntária. 
hora designados para a reunião, sob as penas da lei. 
        Parágrafo único.  No mesmo expediente de convocação se-         Art. 441.  Nenhum desconto será feito nos vencimentos ou
rão transcritos os arts. 436 a 446 deste Código. salário do jurado sorteado que comparecer à sessão do júri. 

        Art. 435.  Serão afixados na porta do edifício do Tribunal do         Art. 442.  Ao jurado que, sem causa legítima, deixar de com-
Júri a relação dos jurados convocados, os nomes do acusado e parecer no dia marcado para a sessão ou retirar-se antes de ser
dos procuradores das partes, além do dia, hora e local das ses- dispensado pelo presidente será aplicada multa de 1 a 10 salá-
sões de instrução e julgamento. rios mínimos, a critério do juiz, de acordo com a sua condição
econômica.  
Seção VIII
Da Função do Jurado         Art. 443.  Somente será aceita escusa fundada em motivo
        Art. 436.  O serviço do júri é obrigatório. O alistamento relevante devidamente comprovado e apresentada, ressalvadas as
compreenderá os cidadãos maiores de 18 anos de notória hipóteses de força maior, até o momento da chamada dos jura-
idoneidade. dos.  

25
        Art. 444.  O jurado somente será dispensado por decisão
motivada do juiz presidente, consignada na ata dos trabalhos. 

        Art. 445.  O jurado, no exercício da função ou a pretexto de


exercê-la, será responsável criminalmente nos mesmos termos
em que o são os juízes togados.

        Art. 446.  Aos suplentes, quando convocados, serão aplicá-


veis os dispositivos referentes às dispensas, faltas e escusas e à
equiparação de responsabilidade penal prevista no art. 445 deste
Código. 

26
DIA 9 § 2º A destituição do PGR, por iniciativa do Presidente da Re-
pública, deverá ser precedida de autorização da maioria abso-
luta do Senado Federal.
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e
Constituição Federal: art. 127-144 Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira,
Código Civil: art 462-537 na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral,
Código Processo Civil: art. 311-342 que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato
Código Penal: art. 161-183 de 2 anos, permitida 1 recondução.
Código Processo Penal: art. 447-497 § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e
Territórios poderão ser destituídos por deliberação da maioria
CONSTITUIÇÃO FEDERAL absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar
respectiva.
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é
CAPÍTULO IV
facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Públi-
SEÇÃO I
co, observadas, relativamente a seus membros:
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
I - as seguintes GARANTIAS:
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essenci-
a) vitaliciedade, após 2 anos de exercício, não podendo perder o
al à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa
cargo senão por sentença judicial transitada em julgado;
da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses so-
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, medi-
ciais e individuais indisponíveis.
ante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Públi-
§ 1º São PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS do Ministério Público a
co, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada
UNIDADE, a INDIVISIBILIDADE e a INDEPENDÊNCIA FUNCIO-
ampla defesa;
NAL.
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e
ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º,
administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, pro-
I;
por ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e ser-
II - as seguintes VEDAÇÕES:
viços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorá-
de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carrei-
rios, percentagens ou custas processuais;
ra; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento.
b) exercer a advocacia;
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentá-
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra fun-
rias.
ção pública, salvo uma de magistério;
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta
e) exercer atividade político-partidária;
orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes or-
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui-
çamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de conso-
ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressal-
lidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados
vadas as exceções previstas em lei.
na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no
estipulados na forma do § 3º.
art. 95, parágrafo único, V [QUARENTENA DE SAÍDA – 3 ANOS].
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for enca -
minhada em desacordo com os limites estipulados na forma do §
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
fins de consolidação da proposta orçamentária anual.
da lei;
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos ser-
haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que
viços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Cons-
extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamen-
tituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
tárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
créditos suplementares ou especiais.
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos;
Art. 128. O Ministério Público abrange:
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representa-
I - o MPU, que compreende:
ção para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos
a) o MPF;
previstos nesta Constituição;
b) o MPT;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das popula-
c) o MPM;
ções indígenas;
d) o MPDFT;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de
II - os MPE’s.
sua competência, requisitando informações e documentos para
§ 1º O MPU tem por chefe o PGR, nomeado pelo Presidente da
instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
República dentre integrantes da carreira, maiores de 35 anos,
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma
após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos mem-
da lei complementar mencionada no artigo anterior;
bros do Senado Federal, para mandato de 2 anos, permitida a
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de
recondução.
inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas
manifestações processuais;

1
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos dis-
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representa- ciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos
ção judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. Estados julgados há menos de 1 ano;
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis pre- V elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar
vistas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóte- necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as
ses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem previs-
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por ta no art. 84, XI.
integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da res- § 3º O Conselho escolherá, em VOTAÇÃO SECRETA, 1 Correge-
pectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. dor nacional, dentre os membros do Ministério Público que o
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á median- integram, VEDADA A RECONDUÇÃO, competindo-lhe, além das
te concurso público de provas e títulos, assegurada a participação atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:
da OAB em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, rela-
no mínimo, 3 anos de atividade jurídica e observando-se, nas tivas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços auxi-
nomeações, a ordem de classificação. liares;
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e cor-
art. 93. reição geral;
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imedi- III requisitar e designar membros do Ministério Público, dele-
ata. gando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Mi-
nistério Público.
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais § 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados
de Contas aplicam-se as disposições desta seção pertinentes a di- do Brasil oficiará junto ao Conselho.
reitos, vedações e forma de investidura. § 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Ministério
Público, competentes para receber reclamações e denúncias de
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério
compõe-se de 14 membros nomeados pelo Presidente da Repú- Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando
blica, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Se- diretamente ao Conselho Nacional do Ministério Público.
nado Federal, para um mandato de 2 anos, admitida 1 recon-
dução, sendo: SÚMULAS SOBRE MINISTÉRIO PÚBLICO
I o Procurador-Geral da República, que o preside;
II 4 membros do MPU, assegurada a representação de cada uma STF
de suas carreiras; Súmula 643-STF: O Ministério Público tem legitimidade para
III 3 membros do MPE’s; promover ação civil pública cujo fundamento seja a ilegalidade
IV 2 juízes, indicados um pelo STF e outro pelo STJ; de reajuste de mensalidades escolares.
V 2 advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Súmula 701-STF: No mandado de segurança impetrado pelo
Advogados do Brasil; Ministério Público contra decisão proferida em processo penal,
VI 2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indi- é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo.
cados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Fede-
ral. STJ
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público se- Súmula 99-STJ: O Ministério Público tem legitimidade para
rão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda
lei. que não haja recurso da parte.
§ 2º Compete ao CNMP o controle da atuação administrativa Súmula 116-STJ: A Fazenda Pública e o Ministério Público têm
e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos de- prazo em dobro para interpor agravo regimental no Superior
veres funcionais de seus membros, cabendo lhe: Tribunal de Justiça.
I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Súmula 189-STJ: É desnecessária a intervenção do Ministério
Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua Público nas execuções fiscais.
competência, ou recomendar providências; Súmula 226-STJ: O Ministério Público tem legitimidade para
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou me- recorrer na ação de acidente do trabalho, ainda que o segu-
diante provocação, a legalidade dos atos administrativos pra- rado esteja assistido por advogado.
ticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União Súmula 234-STJ: A participação de membro do Ministério Pú-
e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar pra- blico na fase investigatória criminal não acarreta o seu impe-
zo para que se adotem as providências necessárias ao exato dimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais Súmula 329-STJ: O Ministério Público tem legitimidade para
de Contas; propor ação civil pública em defesa do patrimônio público.
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou ór-
gãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive
Seção II
contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência
DA ADVOCACIA PÚBLICA
disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar pro-
Art. 131. A Advocacia-Geral da União (AGU) é a instituição que,
cessos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponi-
diretamente ou através de órgão vinculado, representa a Uni-
bilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos pro-
ão, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei
porcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções adminis-
complementar que dispuser sobre sua organização e funciona-
trativas, assegurada ampla defesa;

2
mento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de
do Poder Executivo. direito público à qual pertença
§ 1º A AGU tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre
nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos mai-
ores de 35 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Em caso de ação patrocinada pela Defensoria Pública contra
§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de o respectivo ente (ex: ação patrocinada pela DPU contra a
que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de pro- União), caso o Poder Público seja sucumbente, ele deverá
vas e títulos. pagar honorários advocatícios em favor da Instituição?
§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a repre- STJ: NÃO STF: SIM
sentação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacio-
nal, observado o disposto em lei. Súmula 421-STJ: Os honorários Após as ECs 45/2004, 74/2013 e
advocatícios não são devidos à 80/2014, passou a ser permitida
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, or- Defensoria Pública quando ela a condenação do ente
ganizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso atua contra a pessoa jurídica federativo em honorários
público de provas e títulos, com a participação da OAB em todas de direito público à qual advocatícios em demandas
as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria pertença. patrocinadas pela Defensoria
jurídica das respectivas unidades federadas. Pública, diante de autonomia
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é asse- funcional, administrativa e
gurada ESTABILIDADE após 3 anos de efetivo exercício, medi- orçamentária da Instituição.
ante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após STF. Plenário. AR 1937 AgR, Rel.
relatório circunstanciado das corregedorias. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 30/06/2017.
SEÇÃO III *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br
DA ADVOCACIA
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justi- TÍTULO V
ça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas
da profissão, nos limites da lei. CAPÍTULO I
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
SEÇÃO IV Seção I
DA DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE DEFESA
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essen- Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho
cial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como ex- da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar esta-
pressão e instrumento do regime democrático, fundamental- do de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em
mente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos huma- locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz so-
nos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos cial ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucio-
direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, nal ou atingidas por calamidades de grandes proporções na
aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta natureza.
Constituição Federal. § 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o
§ 1º LC organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Fe- tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e
deral e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua orga- indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigo-
nização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe rarem, dentre as seguintes:
inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada I - restrições aos direitos de:
a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. b) sigilo de correspondência;
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autono- c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
mia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos da-
orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º. nos e custos decorrentes.
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União § 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superi-
e do Distrito Federal. or a 30 dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual perío-
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unida- do, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
de, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando- § 3º Na vigência do estado de defesa:
se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo exe-
art. 96 desta Constituição Federal. cutor da medida, será por este comunicada imediatamente ao
juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;
Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na forma do art. II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela auto-
39, § 4º. ridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua
autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser su-
SÚMULAS SOBRE DEFENSORIA PÚBLICA
perior a 10 dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciá-
Súmula 421-STJ: Os honorários advocatícios não são devidos à rio;

3
IV - É VEDADA A INCOMUNICABILIDADE DO PRESO. VII - requisição de bens.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presi- Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difu-
dente da República, dentro de 24 horas, submeterá o ato com a são de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas
respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.
maioria absoluta.
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, ESTADO DE DEFESA ESTADO DE SÍTIO
extraordinariamente, no prazo de 5 dias.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de 10 dias - Preservar ou prontamente - Comoção grave de reper-
contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando restabelecer, em locais restri- cussão nacional ou ocorrência
enquanto vigorar o estado de defesa. tos e determinados, a ordem de fatos que comprovem a ine-
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa. pública ou a paz social amea- ficácia de medida tomada du-
çadas por grave e iminente rante o estado de defesa.
Seção II instabilidade institucional ou PRAZO: 30 + 30 + 30 + ...
DO ESTADO DE SÍTIO atingidas por calamidades de - Declaração de estado de
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho grandes proporções na natu- guerra ou resposta a agres-
da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao reza. são armada estrangeira.
Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sí- - PRAZO: 30 + 30 dias PRAZO: tempo que perdurar a
tio nos casos de: guerra ou a agressão armada
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de estrangeira
fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante I - restrições aos direitos de: I - obrigação de permanência
o estado de defesa; a) reunião, ainda que exercida em localidade determinada;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão ar- no seio das associações; II - detenção em edifício não
mada estrangeira. b) sigilo de correspondência; destinado a acusados ou con-
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autoriza- c) sigilo de comunicação tele- denados por crimes comuns;
ção para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará gráfica e telefônica; III - restrições relativas à invio-
os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Naci- II - ocupação e uso temporário labilidade da correspondência,
onal decidir por maioria absoluta. de bens e serviços públicos ao sigilo das comunicações, à
prestação de informações e à
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as liberdade de imprensa, radiodi-
normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais fusão e televisão, na forma da
que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da lei;
República designará o executor das medidas específicas e as áreas IV - suspensão da liberdade
abrangidas. de reunião;
§ 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I (comoção grave de V - busca e apreensão em do-
repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a micílio;
ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa), não VI - intervenção nas empresas
poderá ser decretado por mais de 30 dias, nem prorrogado, de serviços públicos;
de cada vez, por prazo superior; no do inciso II (declaração de VII - requisição de bens.
estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira), po-
derá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra
Seção III
ou a agressão armada estrangeira.
DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio du -
Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes parti-
rante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de
dários, designará Comissão composta de 5 de seus membros
imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional
para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referen-
para se reunir dentro de 5 dias, a fim de apreciar o ato.
tes ao estado de defesa e ao estado de sítio.
§ 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até
o término das medidas coercitivas.
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessa -
rão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com funda-
ilícitos cometidos por seus executores ou agentes.
mento no art. 137, I (comoção grave de repercussão nacional ou
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado
ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida toma-
de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas
da durante o estado de defesa), só poderão ser tomadas contra
pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Naci-
as pessoas as seguintes medidas:
onal, com especificação e justificação das providências adotadas,
I - obrigação de permanência em localidade determinada;
com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou conde-
aplicadas.
nados por crimes comuns;
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência,
CAPÍTULO II
ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à li-
DAS FORÇAS ARMADAS
berdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
IV - suspensão da liberdade de reunião;
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais perma-
V - busca e apreensão em domicílio;
nentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na dis-
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
ciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República,

4
e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes CAPÍTULO III
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da DA SEGURANÇA PÚBLICA
ordem. Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
§ 1º LC estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na orga- ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da or-
nização, no preparo e no emprego das Forças Armadas. dem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições discipli- através dos seguintes órgãos:
nares militares. I - polícia federal;
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, II - polícia rodoviária federal;
aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as se- III - polícia ferroviária federal;
guintes disposições: IV - polícias civis;
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas ine- V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
rentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas § 1º A polícia federal (PF), instituída por lei como órgão perma-
em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, nente, organizado e mantido pela União e estruturado em carrei-
sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente ra, destina-se a:
com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Arma- I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
das; em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como
público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual
inciso XVI, alínea "c", será transferido para a reserva, nos termos ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispu-
da lei; ser em lei;
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, gas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação
ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese previs- fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
ta no art. 37, inciso XVI, alínea "c", ficará agregado ao respectivo competência;
quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de
ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de ser- fronteiras;
viço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciá-
sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, ria da União.
transferido para a reserva, nos termos da lei; § 2º A polícia rodoviária federal (PRF), órgão permanente, orga-
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; nizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filia- se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias
do a partidos políticos; federais.
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e
do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal mi - mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na for-
litar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal es- ma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
pecial, em tempo de guerra; § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de car-
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena pri- reira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções
vativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto
em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso an- as militares.
terior; § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preser-
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, vação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares,
XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de ati-
como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no vidades de defesa civil.
art. 37, inciso XVI, alínea "c"; § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com
de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Fede-
militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, ral e dos Territórios.
as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consi- § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos ór-
deradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas gãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a
cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra. eficiência de suas atividades.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais des-
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. tinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, confor-
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço me dispuser a lei.
alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos ór-
imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente gãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do
de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se art. 39.
eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. § 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas
militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros vias públicas:
encargos que a lei lhes atribuir. I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân-
sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao
cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e

5
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se re-
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e cusar a aceitá-la;
seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o des-
lei conhecia no momento da indicação.

CÓDIGO CIVIL Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no


momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre
os contratantes originários.
Seção VIII
CAPÍTULO II
Do Contrato Preliminar
Da Extinção do Contrato
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve
Seção I
conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.
Do Distrato
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o
JDC435 O contrato de promessa de permuta de bens imóveis é contrato.
título passível de registro na matrícula imobiliária.

JDC584 Desde que não haja forma exigida para a substância do


Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do contrato, admite-se que o distrato seja pactuado por forma li-
disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste vre.
cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito
de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para
Art. 473. A RESILIÇÃO UNILATERAL, nos casos em que a lei ex-
que o efetive.
pressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao re-
notificada à outra parte.
gistro competente.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das
partes houver feito investimentos consideráveis para a sua
JDC30 A disposição do parágrafo único do art. 463 do novo execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de
Código Civil deve ser interpretada como fator de eficácia pe- transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos
rante terceiros. investimentos.

Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessa- Seção II


do, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter Da Cláusula Resolutiva
definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a na- Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito;
tureza da obrigação. a tácita depende de interpelação judicial.

Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato prelimi- JDC436 A cláusula resolutiva expressa produz efeitos extinti-
nar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas vos independentemente de pronunciamento judicial.
e danos.

Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a reso-


Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob
lução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, ca-
pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo
bendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e da-
nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente
nos.
assinado pelo devedor.

Seção IX JDC31 As perdas e danos mencionados no art. 475 do novo


Do Contrato com Pessoa a Declarar Código Civil dependem da imputabilidade da causa da pos-
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das sível resolução.
partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve ad- JDC437 A resolução da relação jurídica contratual também
quirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. pode decorrer do inadimplemento antecipado.
JDC586 Para a caracterização do adimplemento substancial (tal
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no qual reconhecido pelo Enunciado 361 da IV Jornada de Direito
prazo de 5 dias da conclusão do contrato, se outro não tiver Civil - CJF), levam-se em conta tanto aspectos quantitativos
sido estipulado. quanto qualitativos.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz
se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o Seção III
contrato. Da Exceção de Contrato não Cumprido
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos an- de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do
tecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorren- outro.
tes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz
originários: de COMPROMETER ou TORNAR DUVIDOSA A PRESTAÇÃO
pela qual se obrigou, PODE A OUTRA RECUSAR-SE À PRESTA-

6
ÇÃO que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compe- Seção I
te ou dê garantia bastante de satisfazê-la. Disposições Gerais
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes
JDC438 477 A EXCEÇÃO DE INSEGURIDADE, prevista no art. se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pa-
477, também pode ser oposta à parte cuja conduta põe, ma- gar-lhe certo preço em dinheiro.
nifestamente em risco, a execução do programa contratual.
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obriga-
tória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no
Seção IV
preço.
Da Resolução por Onerosidade Excessiva
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou
prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa,
futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier
com extrema vantagem para a outra, em virtude de aconteci-
a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contra-
mentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pe-
to aleatório.
dir a resolução do contrato [TEORIA DA IMPREVISÃO]. Os
efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou
modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as
JDC176 A menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, qualidades que a elas correspondem.
insertas no art. 478 do Código Civil, deve ser interpretada não Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo,
somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se
também em relação às consequências que ele produz. descreveu a coisa no contrato.
JDC177 Em atenção ao princípio da conservação dos negó-
cios jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 deverá con- Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de ter-
duzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e ceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem de-
não à resolução contratual. signar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o
JDC365 A extrema vantagem do art. 478 deve ser interpreta- contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra
da como elemento acidental da alteração das circunstân- pessoa.
cias, que comporta a incidência da resolução ou revisão do
negócio por onerosidade excessiva, independentemente de sua Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de
demonstração plena. mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.
JDC366 O fato extraordinário e imprevisível causador de
onerosidade excessiva é aquele que não está coberto objeti- Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou
vamente pelos riscos próprios da contratação. parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação.
JDC439 A revisão do contrato por onerosidade excessiva funda-
da no Código Civil deve levar em conta a natureza do objeto Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de cri-
do contrato. Nas relações empresariais, observar-se-á a sofisti- térios para a sua determinação, se não houver tabelamento ofici-
cação dos contratantes e a alocação de riscos por eles assumi- al, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas
das com o contrato. vendas habituais do vendedor.
JDC440 É possível a revisão ou resolução por excessiva one- Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de
rosidade em contratos aleatórios, desde que o evento super- preço, prevalecerá o termo médio.
veniente, extraordinário e imprevisível não se relacione com
a álea assumida no contrato.
JDC441 Na falta de acordo sobre o preço, não se presume
concluída a compra e venda. O parágrafo único do art. 488 so-
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a mente se aplica se houverem diversos preços habitualmente
modificar equitativamente as condições do contrato. praticados pelo vendedor, caso em que prevalecerá o termo
médio.
JDC367 Em observância ao princípio da conservação do con-
trato, nas ações que tenham por objeto a resolução do pacto Art. 489. NULO é o contrato de compra e venda, quando se deixa
por excessiva onerosidade, pode o juiz modificá-lo equitativa- ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.
mente, desde que ouvida a parte autora, respeitada sua vonta-
de e observado o contraditório. Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escri-
tura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma da tradição.
das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida,
ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obriga-
excessiva. do a entregar a coisa antes de receber o preço.

Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm


TÍTULO VI por conta do vendedor, e os do preço por conta do compra-
Das Várias Espécies de Contrato dor.
CAPÍTULO I § 1o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, mar-
Da Compra e Venda car ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando,

7
pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas mento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a reso-
à disposição do comprador, correrão por conta deste. lução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
§ 2o Correrão também por conta do comprador os riscos das refe- § 1o Presume-se que a referência às dimensões foi simples-
ridas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à mente enunciativa, quando a diferença encontrada não exce-
sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados. der de 1/20 da área total enunciada, ressalvado ao comprador o
direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o
Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação ex- negócio.
pressa, dar-se-á no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da § 2o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que
venda. tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, cabe-
rá ao comprador, à sua escolha, completar o valor corresponden-
Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do te ao preço ou devolver o excesso.
comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a § 3o Não haverá complemento de área, nem devolução de ex-
quem haja de transportá-la, salvo se das instruções dele se afastar cesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discrimina-
o vendedor. da [AD CORPUS], tendo sido apenas enunciativa a referência às
suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter
Art. 495. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se sido a venda ad corpus.
antes da tradição o comprador cair em insolvência, poderá o ven-
dedor sobrestar na entrega da coisa, até que o comprador lhe dê Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo
caução de pagar no tempo ajustado. antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer no pra-
zo de 1 ano, a contar do registro do título.
Art. 496. É ANULÁVEL a venda de ascendente a descendente, Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel,
salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expres- atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência.
samente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, DISPENSA-SE O CONSEN- Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde
TIMENTO do cônjuge se o regime de bens for o da SEPARAÇÃO por todos os débitos que gravem a coisa até o momento da tradi-
OBRIGATÓRIA. ção.

JDC177 Por erro de tramitação, que retirou a segunda hipótese Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de
de anulação de venda entre parentes (venda de descendente uma NÃO AUTORIZA A REJEIÇÃO DE TODAS.
para ascendente), deve ser desconsiderada a expressão “em
ambos os casos”, no parágrafo único do art. 496. Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender
JDC368 O prazo para anular venda de ascendente para des- a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por
cendente é decadencial de 2 anos (art. 179 do Código Civil). tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda,
poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a es-
tranhos, se o requerer no prazo de 180 dias, sob pena de deca-
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados,
dência.
ainda que em hasta pública:
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que ti-
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os
ver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o
bens confiados à sua guarda ou administração;
de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da
vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previ-
pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua adminis-
amente o preço.
tração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e
outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos JDC623 Ainda que sejam muitos os condôminos, não há di-
sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde reito de preferência na venda da fração de um bem entre
servirem, ou a que se estender a sua autoridade; dois coproprietários, pois a regra prevista no art. 504, parágra-
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda este- fo único, do Código Civil, visa somente a resolver eventual con-
jam encarregados. corrência entre condôminos na alienação da fração a estranhos
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à ces- ao condomínio.
são de crédito.
Seção II
Art. 498. A proibição contida no inciso III do artigo antecedente, Das Cláusulas Especiais à Compra e Venda
não compreende os casos de compra e venda ou cessão entre co- Subseção I
erdeiros, ou em pagamento de dívida, ou para garantia de bens já Da RETROVENDA
pertencentes a pessoas designadas no referido inciso. Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito
de recobrá-la no prazo máximo de decadência de 3 anos, res-
Art. 499. É LÍCITA a compra e venda entre cônjuges, com rela- tituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do
ção a bens excluídos da comunhão. comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se
efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por me- benfeitorias necessárias.
dida de extensão [AD MENSURAM], ou se determinar a respec-
tiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às di-
mensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o comple-

8
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que DIREITO DE PREFERÊNCIA
faz jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as deposita-
rá judicialmente. BEM MÓVEL BEM IMÓVEL
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, Não exceder 180 dias Não exceder 2 anos
não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e en-
quanto não for integralmente pago o comprador. Não existindo prazo estipula- Não existindo prazo estipulado:
do: 3 dias, após a notificação 60 dias, após a notificação do
Art. 507. O direito de retrato, que É CESSÍVEL E TRANSMISSÍ- do vendedor pelo comprador vendedor pelo comprador
VEL a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o ter-
ceiro adquirente. Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor
de dois ou mais indivíduos em comum, só pode ser exercido em
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato relação à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a quem ele
sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais
intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em utilizá-lo na forma sobredita.
favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja inte-
gral. Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar
a coisa sem ter dado ao vendedor ciência do preço e das van-
Subseção II tagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o
Da Venda a Contento e da Sujeita a Prova adquirente, se tiver procedido de má-fé.
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se rea-
lizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utili-
entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente dade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para
não manifestar seu agrado. que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou servi-
ços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a preço atual da coisa
condição suspensiva de que a coisa tenha as qualidades assegu-
radas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina. JDC592 O art. 519 do Código Civil derroga o art. 35 do Decreto-
Lei n. 3.365/1941 naquilo que ele diz respeito a cenários de tre-
Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que destinação ilícita. Assim, ações de retrocessão baseadas em
recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada, são as de alegações de tredestinação ilícita não precisam, quando jul-
mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la. gadas depois da incorporação do bem desapropriado ao pa-
trimônio da entidade expropriante, resolver-se em perdas e
Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do danos.
comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou extra-
judicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.
Art. 520. O direito de preferência NÃO se pode ceder nem passa
aos herdeiros.
Subseção III
Da PREEMPÇÃO ou PREFERÊNCIA
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a DIREITO DE É CESSÍVEL E TRANSMISSÍVEL a her-
obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai RETRATO deiros e legatários
vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direi- DIREITO DE NÃO CESSÍVEL E TRANSMISSÍVEL
to de prelação na compra, tanto por tanto. PREFERÊNCIA aos herdeiros
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência
não poderá exceder a 180 dias, se a coisa for móvel, ou a 2 DIREITO DE NÃO SE TRANSMITE os herdeiros do
anos, se imóvel. REVOGAR A DOAÇÃO doador
Morrendo o locador ou locatário,
Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de pre- LOCAÇÃO TRANSFERE-SE aos herdeiros por
lação, intimando o comprador, quando lhe constar que este vai TEMPO DETERMINADO
vender a coisa.
Subseção IV
Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a per -
Da Venda com Reserva de Domínio
der, obrigado a pagar, em condições iguais, o preço encontrado,
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar
ou o ajustado.
para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.

Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção


Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por
caducará, se a coisa for móvel, não se exercendo nos 3 dias, e,
escrito e depende de registro no domicílio do comprador para
se for imóvel, não se exercendo nos 60 dias subsequentes à
valer contra terceiros.
data em que o comprador tiver notificado o vendedor.
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio
a coisa insuscetível de caracterização perfeita, para estremá-la de
outras congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do terceiro ad-
quirente de boa-fé.

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SÚMULAS SOBRE COMPRA E VENDA
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no
momento em que o preço esteja integralmente pago. Todavia, STF
pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando Súmula 166-STF: É inadmissível o arrependimento no compro-
lhe foi entregue. misso de compra e venda sujeito ao regime do Dec.-Lei 58, de
10.12.1937.
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de Súmula 167-STF: Não se aplica o regime do Dec.-Lei 58, de
reserva de domínio após constituir o comprador em mora, 10.12.1937, ao compromisso de compra e venda não inscrito no
mediante protesto do título ou interpelação judicial. registro imobiliário, salvo se o promitente vendedor se obrigou
a efetuar o registro.
Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor Súmula 168-STF: Para os efeitos do Dec.-Lei 58, de 10.12.1937,
mover contra ele a competente ação de cobrança das prestações admite-se a inscrição imobiliária do compromisso de compra e
vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido; ou poderá recu- venda no curso da ação.
perar a posse da coisa vendida. Súmula 412-STF: No compromisso de compra e venda com
cláusula de arrependimento, a devolução do sinal, por quem o
Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui
ao vendedor reter as prestações pagas até o necessário para co- indenização maior a título de perdas e danos, salvo os juros
brir a depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de di- moratórios e os encargos do processo.
reito lhe for devido. O excedente será devolvido ao comprador; e Súmula 413-STF: O compromisso de compra e venda de imó-
o que faltar lhe será cobrado, tudo na forma da lei processual. veis, ainda que não loteados, dá direito a execução compulsó-
ria, quando reunidos os requisitos legais.
Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteri -
ormente, mediante financiamento de instituição do mercado de STJ
capitais, a esta caberá exercer os direitos e ações decorrentes do Súmula 76-STJ: A falta de registro do compromisso de compra
contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira e a e venda de imóvel não dispensa a prévia interpelação para
respectiva ciência do comprador constarão do registro do contra- constituir em mora o devedor.
to. Súmula 84-STJ: É admissível a oposição de embargos de ter-
ceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso
JDC178 Na interpretação do art. 528, devem ser levadas em de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do regis-
conta, após a expressão “a benefício de”, as palavras “seu crédi- tro.
to, excluída a concorrência de”, que foram omitidas por mani- Súmula 239-STJ: O direito à adjudicação compulsória não se
festo erro material. condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no
cartório de imóveis.
Subseção V
Da Venda Sobre Documentos JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é
substituída pela entrega do seu título representativo e dos ou- EDIÇÃO N. 107: DOS CONTRATOS DE PROMESSA DE COM-
tros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pe- PRA E VENDA E DE COMPRA E VENDA DE BENS IMÓVEIS - I
los usos. 1) Na hipótese de descumprimento do prazo de entrega do
Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não imóvel objeto de contrato de compromisso de compra e venda
pode o comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito ou de compra e venda, é possível cumular a cláusula penal
de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já decorrente da mora com a indenização por lucros cessantes
houver sido comprovado. pela não fruição do imóvel, pois aquela tem natureza mora-
tória, enquanto esta tem natureza compensatória. *Observa-
Art. 530. Não havendo estipulação em contrário, o pagamento ção 1: Tese afetada para julgamento pelo rito dos recursos repe-
deve ser efetuado na data e no lugar da entrega dos documentos. titivos - TEMA 970 *Observação 2: Vide Suspensão em Incidente
de Resolução de Demandas Repetitivas - SIRDR - TEMA 1
Art. 531. Se entre os documentos entregues ao comprador figurar 2) A inexecução do contrato de promessa de compra e venda ou
apólice de seguro que cubra os riscos do transporte, correm estes de compra e venda, consubstanciada na ausência de entrega do
à conta do comprador, salvo se, ao ser concluído o contrato, ti- imóvel na data acordada, acarreta, além da indenização cor-
vesse o vendedor ciência da perda ou avaria da coisa. respondente à cláusula penal moratória, o pagamento de in-
denização por lucros cessantes.
Art. 532. Estipulado o pagamento por intermédio de estabeleci- 3) É possível a inversão da cláusula penal moratória em favor
mento bancário, caberá a este efetuá-lo contra a entrega dos do- do consumidor, na hipótese de inadimplemento do promi-
cumentos, sem obrigação de verificar a coisa vendida, pela tente vendedor, consubstanciado na ausência de entrega do
qual não responde. imóvel no prazo pactuado. *Observação 1: Tese afetada para jul-
Parágrafo único. Nesse caso, somente após a recusa do estabele- gamento pelo rito dos recursos repetitivos - TEMA 971 *Obser-
cimento bancário a efetuar o pagamento, poderá o vendedor pre- vação 2: Vide Suspensão em Incidente de Resolução de Deman-
tendê-lo, diretamente do comprador. das Repetitivas - SIRDR - TEMA 1
4) Há presunção de prejuízo do promitente comprador a via-
bilizar a condenação por lucros cessantes pelo descumpri-
mento do prazo para entrega de imóvel objeto de contrato

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de compromisso de compra e venda ou de compra e venda. parte final)
5) Em caso de rescisão de contrato de compra e venda de imó- 9) É válida cláusula contratual que transfere ao promitente-
vel, a correção monetária do valor correspondente às parcelas comprador a obrigação de pagar a comissão de corretagem
pagas, para efeitos de restituição, incide a partir de cada de- nos contratos de promessa de compra e venda de unidade au-
sembolso. tônoma em regime de incorporação imobiliária, desde que pre-
6) Não é abusiva a cláusula de cobrança de juros compensató- viamente informado o preço total da aquisição da unidade autô-
rios incidente em período anterior à entrega das chaves no noma, com o destaque do valor da comissão de corretagem.
contrato de promessa de compra e venda ou de compra e ven- (Tese julgada sob o rito do art. 1.036 do CPC/2015 TEMA 938 se-
da de imóveis em construção sob o regime de incorporação gunda parte)
imobiliária. 10) A posse decorrente do contrato de promessa de compra e
7) Decretada a resolução do contrato de compra e venda de venda de imóvel não induz usucapião, exceto se verificada a
imóvel, com a restituição das parcelas pagas pelo comprador, o conversão da posse não própria em própria, momento a par-
retorno das partes ao estado anterior implica o pagamento tir do qual o possuidor passa a se comportar como se dono fos-
de indenização pelo tempo em que o comprador ocupou o se.
bem, desde a data em que a posse lhe foi transferida. 11) A cobrança de resíduos inflacionários, em contrato de pro-
9) Havendo compromisso de compra e venda não levado a re- messa de compra e venda firmado com construtora, só é possí-
gistro, a responsabilidade pelas despesas de condomínio pode vel na periodicidade anual e desde que expressamente pac-
recair tanto sobre o promitente vendedor quanto sobre o pro- tuada.
missário comprador, dependendo das circunstâncias de cada
caso concreto. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 CAPÍTULO II
- TEMA 886) Da Troca ou Permuta
10) O promitente comprador do imóvel e o proprietário/promi- Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e
tente vendedor são contribuintes responsáveis pelo paga- venda, com as seguintes modificações:
mento do IPTU. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/ I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes paga-
73 - TEMA 122) rá por metade as despesas com o instrumento da troca;
EDIÇÃO N. 110: DOS CONTRATOS DE PROMESSA DE COM- II - é ANULÁVEL a troca de valores desiguais entre ascendentes e
PRA E VENDA E DE COMPRA E VENDA DE BENS IMÓVEIS - II descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do
1) A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, cônjuge do alienante.
anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e
venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel. CAPÍTULO III
(Súmula n. 308/STJ) Do Contrato Estimatório
2) Não é aplicável a Súmula n. 308/STJ nos casos envolvendo Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens
contratos de aquisição de imóveis não submetidos ao Siste- móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagan-
ma Financeiro de Habitação - SFH. do àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabele-
3) A indenização deferida a título de lucros cessantes em decor- cido, restituir-lhe a coisa consignada.
rência do atraso na entrega de imóvel objeto de contrato de
compra e venda será o montante equivalente ao aluguel que JDC32 No contrato estimatório (art. 534), o consignante trans-
o comprador deixaria de pagar ou que auferiria caso recebesse a fere ao consignatário, temporariamente, o poder de aliena-
obra no prazo. ção da coisa consignada com opção de pagamento do pre-
4) A pretensão ao recebimento de valores pagos, que não foram ço de estima ou sua restituição ao final do prazo ajustado.
restituídos diante de rescisão de contrato de compra e venda de
imóvel, submete-se ao prazo prescricional decenal previsto no Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar
art. 205 do Código Civil/2002. o preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se tor-
5) Na hipótese de rescisão do contrato de promessa de compra nar impossível, ainda que por fato a ele não imputável.
e venda de imóvel por iniciativa do comprador, os juros de
mora devem incidir a partir do trânsito em julgado, visto Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou
que inexiste mora anterior do promitente vendedor. sequestro pelos credores do consignatário, enquanto não pago
6) No caso de rescisão de contratos envolvendo compra e venda integralmente o preço.
de imóveis por culpa do comprador, é razoável ao vendedor que
a retenção seja arbitrada entre 10% e 25% dos valores pagos, Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser
conforme as circunstâncias de cada caso, avaliando-se os prejuí- restituída ou de lhe ser comunicada a restituição.
zos suportados.
7) Incide a prescrição trienal sobre a pretensão de restituição
dos valores pagos a título de comissão de corretagem ou de
serviço de assistência técnico-imobiliária (SATI), ou atividade
congênere (artigo 206, § 3º, IV, CC). (Tese julgada sob o rito do
art. 1036 do CPC/2015 - TEMA 938 - primeira parte)
8) É abusiva a cobrança pelo promitente-vendedor do serviço
de assessoria técnico-imobiliária ou atividade congênere, vincu-
lado à celebração de promessa de compra e venda de imóvel.
(Tese julgada sob o rito do art. 1.036 do CPC/2015 TEMA 938

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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL JDPC48 É admissível a tutela provisória da evidência, prevista
no art. 311, II, do CPC, também em casos de tese firmada em
TÍTULO III repercussão geral ou em súmulas dos tribunais superiores.
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA JDPC50 A eficácia da produção antecipada de provas não está
condicionada a prazo para a propositura de outra ação.
TUTELA DE EVIDÊNCIA TUTELA DE EVIDÊNCIA
PUNITIVA DOCUMENTADA/
PROPRIAMENTE DITA TUTELA DE EVIDÊNCIA – POSSÍVEL DECISÃO LIMINAR
Quando ficar caracterizado o A tutela de evidência docu- II - as ALEGAÇÕES DE FATO III - se tratar de PEDIDO REI-
abuso do direito de defesa ou mentada pode ser de três es- PUDEREM SER COMPROVA- PERSECUTÓRIO fundado em
o manifesto propósito protela- pécies: DAS APENAS DOCUMENTAL- prova documental adequada
tório da parte (i) fundada em precedente MENTE e HOUVER TESE fir- do contrato de depósito, caso
obrigatório; mada em julgamento de CA- em que será decretada a or-
(ii) fundada em contrato de SOS REPETITIVOS OU EM SÚ- dem de entrega do objeto cus-
depósito MULA VINCULANTE; todiado, sob cominação de
(iii) fundada na ausência de multa;
contraprova documental sufici-
ente.
LIVRO VI
DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
JDPC49 A tutela da evidência pode ser concedida em manda- TÍTULO I
do de segurança. DA FORMAÇÃO DO PROCESSO
CJF 135: É admissível a concessão de tutela da evidência fun- Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inici-
dada em tese firmada em incidente de assunção de competên- al for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz
cia (IAC). quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que
for validamente citado.
Art. 311. A TUTELA DA EVIDÊNCIA será concedida, indepen-
dentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco TÍTULO II
ao resultado útil do processo, quando: DA SUSPENSÃO DO PROCESSO
I - ficar caracterizado o ABUSO DO DIREITO DE DEFESA ou o Art. 313. Suspende-se o processo:
MANIFESTO PROPÓSITO PROTELATÓRIO DA PARTE; I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qual-
II - as ALEGAÇÕES DE FATO PUDEREM SER COMPROVADAS quer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;
APENAS DOCUMENTALMENTE e HOUVER TESE firmada em jul- II - pela convenção das partes (suspensão máxima por 6 me-
gamento de CASOS REPETITIVOS OU EM SÚMULA VINCULAN- ses);
TE; III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;
III - se tratar de PEDIDO REIPERSECUTÓRIO fundado em prova IV- pela admissão de IRDR;
documental adequada do contrato de depósito, caso em que será V - quando a sentença de mérito (suspensão máxima por 1
decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob comina- ano):
ção de multa; a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração
IV - a PETIÇÃO INICIAL for instruída com PROVA DOCUMENTAL de existência ou de inexistência de relação jurídica que consti-
SUFICIENTE DOS FATOS CONSTITUTIVOS do direito do autor, a tua o objeto principal de outro processo pendente;
que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. b) tiver de ser proferida somente após a verificação de deter-
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá minado fato ou a produção de certa prova, requisitada a outro
decidir liminarmente. juízo;
VI - por motivo de força maior;
FPPC34. (art. 311, I) Considera-se abusiva a defesa da Adminis- VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes
tração Pública, sempre que contrariar entendimento coinciden- e fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo;
te com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo VIII - nos demais casos que este Código regula.
do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer IX - pelo parto ou pela concessão de adoção, quando a advoga-
ou súmula administrativa, salvo se demonstrar a existência de da responsável pelo processo constituir a única patrona da causa
distinção ou da necessidade de superação do entendimento. (suspensão por 30 dias);
FPPC35. (art. 311) As vedações à concessão de tutela provi- X - quando o advogado responsável pelo processo constituir o
sória contra a Fazenda Pública limitam-se às tutelas de ur- único patrono da causa e tornar-se pai (suspensão por 8 dias)
gência § 1o Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos
FPPC422. (art. 311) A tutela de evidência é compatível com termos do art. 689.
os procedimentos especiais. § 2o Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento
FPPC423. (arts. 311; 995, parágrafo único; 1.012, §4º; 1.019, inci- da morte, o juiz determinará a suspensão do processo e ob-
so I; 1.026, §1º; 1.029, §5º) Cabe tutela de evidência recursal servará o seguinte:
JDPC47 A probabilidade do direito constitui requisito para I - falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que pro-
concessão da tutela da evidência fundada em abuso do direi- mova a citação do respectivo espólio, de quem for o sucessor
to de defesa ou em manifesto propósito protelatório da ou, se for o caso, dos herdeiros, no prazo que designar, de no
parte contrária. mínimo 2 e no máximo 6 meses;

12
II - falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, CAPÍTULO I
determinará a intimação de seu espólio, de quem for o sucessor DISPOSIÇÕES GERAIS
ou, se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de divulgação que Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, sal-
reputar mais adequados, para que manifestem interesse na suces- vo disposição em contrário deste Código ou de lei.
são processual e promovam a respectiva habilitação no prazo de- Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiari-
signado, sob pena de extinção do processo sem resolução de amente aos demais procedimentos especiais e ao processo de
mérito. execução.
§ 3o No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ain-
da que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz de- CAPÍTULO II
terminará que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15 DA PETIÇÃO INICIAL
dias, ao final do qual extinguirá o processo sem resolução de Seção I
mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou ordenará o Dos Requisitos da Petição Inicial
prosseguimento do processo à revelia do réu, se falecido o procu- Art. 319. A petição inicial indicará:
rador deste. I - o juízo a que é dirigida;
§ 4o O prazo de suspensão do processo nunca poderá exceder 1 II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união
ano nas hipóteses do inciso V (depender do julgamento de outra estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pesso-
causa/após verificação de determinado fato) e 6 meses naquela as Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço
prevista no inciso II (convenção das partes). eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
§ 5o O juiz determinará o prosseguimento do processo assim que III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
esgotados os prazos previstos no § 4o. IV - o pedido com as suas especificações;
§ 6o No caso do inciso IX (parto/adoção), o período de suspensão V - o valor da causa;
será de 30 dias, contado a partir da data do parto ou da conces- VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade
são da adoção, mediante apresentação de certidão de nascimen- dos fatos alegados;
to ou documento similar que comprove a realização do parto, ou VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de
de termo judicial que tenha concedido a adoção, desde que haja conciliação ou de mediação.
notificação ao cliente. § 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II,
§ 7o No caso do inciso X (tornar-se pai), o período de suspensão poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências
será de 8 dias, contado a partir da data do parto ou da concessão necessárias a sua obtenção.
da adoção, mediante apresentação de certidão de nascimento ou § 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta
documento similar que comprove a realização do parto, ou de de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação
termo judicial que tenha concedido a adoção, desde que haja no- do réu.
tificação ao cliente. § 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento
ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais infor-
Art. 314. Durante a suspensão é vedado praticar qualquer ato mações tornar impossível ou excessivamente oneroso o aces-
processual, podendo o juiz, todavia, determinar a realização de so à justiça.
atos urgentes a fim de evitar dano irreparável, salvo no caso
de arguição de impedimento e de suspeição.
FPPC281. (art. 319, III) A indicação do dispositivo legal não é
requisito da petição inicial e, uma vez existente, não vincula
Art. 315. Se o conhecimento do mérito depender de verificação
o órgão julgador.
da existência de fato delituoso, o juiz pode determinar a sus-
FPPC282. (arts. 319, III e 343) Para julgar com base em enqua-
pensão do processo até que se pronuncie a justiça criminal.
dramento normativo diverso daquele invocado pelas partes, ao
§ 1o Se a ação penal não for proposta no prazo de 3 meses,
juiz cabe observar o dever de consulta, previsto no art. 10.
contado da intimação do ato de suspensão, cessará o efeito
FPPC283. (arts. 319, §1º, 320, 396) Aplicam-se os arts. 319, § 1º,
desse, incumbindo ao juiz cível examinar incidentemente a
396 a 404 também quando o autor não dispuser de docu-
questão prévia.
mentos indispensáveis à propositura da ação.
§ 2o Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo
FPPC424. (art. 319; art. 15, Lei 11.419/2006) Os parágrafos do
prazo máximo de 1 ano, ao final do qual aplicar-se-á o disposto
art. 319 devem ser aplicados imediatamente, inclusive para
na parte final do § 1o.
as petições iniciais apresentadas na vigência do CPC-1973.
JDPC44 É requisito da petição inicial da tutela cautelar requerida
TÍTULO III
em caráter antecedente a indicação do valor da causa.
DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
Art. 316. A extinção do processo dar-se-á por sentença.
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos in-
Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o dispensáveis à propositura da ação.
juiz deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, cor-
rigir o vício. Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os
PARTE ESPECIAL requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irre-
LIVRO I gularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, deter-
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO DE minará que o autor, no prazo de 15 dias, a emende ou a com-
SENTENÇA plete, INDICANDO COM PRECISÃO o que deve ser corrigido
TÍTULO I ou completado.
DO PROCEDIMENTO COMUM Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz IN-
DEFERIRÁ a petição inicial.

13
FPPC284. (art. 321; 968, §3º) Aplica-se à ação rescisória o dis- Art. 326. É lícito formular mais de um PEDIDO em ordem SUB-
posto no art. 321. SIDIÁRIA, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando
FPPC425. (arts. 321, 106, § 1°) Ocorrendo simultaneamente as não acolher o anterior.
hipóteses dos art. 106, § 1°, e art. 321, caput, o prazo de emen- Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternati-
da será único e de 15 dias. vamente, para que o juiz acolha um deles.

Seção II FPPC287. (art. 326) O pedido subsidiário somente pode ser


Do Pedido apreciado se o juiz não puder examinar ou expressamente
Art. 322. O pedido DEVE SER CERTO. rejeitar o principal.
§ 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção FPPC288. (art. 326) Quando acolhido o pedido subsidiário, o
monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorá- autor tem interesse de recorrer em relação ao principal.
rios advocatícios.
§ 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da postu- Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o
lação e observará o princípio da boa-fé. mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja
conexão.
FPPC285. (art. 322, §2º) A interpretação do pedido e dos atos § 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
postulatórios em geral deve levar em consideração a vontade I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
da parte, aplicando-se o art. 112 do Código Civil. II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
FPPC286. (art. 322, §2º; art. 5º). Aplica-se o §2º do art. 322 à in- III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedi-
terpretação de todos os atos postulatórios, inclusive da contes- mento.
tação e do recurso. § 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de pro-
cedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o
procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obriga-
processuais diferenciadas previstas nos procedimentos espe-
ção em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluí-
ciais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que
das no pedido, independentemente de declaração expressa
não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedi-
do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a
mento comum.
obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las
§ 3o O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de pedidos
ou de consigná-las.
de que trata o art. 326.

FPPC505. (art. 323; Lei 8.245/1991) Na ação de despejo cumula-


FPPC289. (art. 327, § 1º, II) Se houver conexão entre pedidos cu-
da com cobrança, julgados procedentes ambos os pedidos, são
mulados, a incompetência relativa NÃO IMPEDIRÁ A CUMU-
passíveis de execução, além das parcelas vencidas indicadas na
LAÇÃO, em razão da modificação legal da competência
petição inicial, as que se tornaram exigíveis entre a data de pro -
FPPC506. (art. 327, §2º) A expressão “procedimentos especiais”
positura da ação e a efetiva desocupação do imóvel locado.
a que alude o §2º do art. 327 engloba aqueles previstos na le-
JDPC86 As prestações vincendas até o efetivo cumprimento
gislação especial
da obrigação incluem-se na execução de título executivo
extrajudicial (arts. 323 e 318, parágrafo único, do CPC).
Art. 328. Na obrigação indivisível com pluralidade de credores,
aquele que não participou do processo receberá sua parte, dedu-
Art. 324. O pedido DEVE SER DETERMINADO.
zidas as despesas na proporção de seu crédito.
§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens
Art. 329. O autor poderá:
demandados;
I - ATÉ A CITAÇÃO, aditar ou alterar o pedido ou a causa de
II - quando não for possível determinar, desde logo, as conse-
pedir, INDEPENDENTEMENTE DE CONSENTIMENTO DO RÉU;
quências do ato ou do fato;
II - ATÉ O SANEAMENTO DO PROCESSO, aditar ou alterar o
III - quando a determinação do objeto ou do valor da conde-
pedido e a causa de pedir, COM CONSENTIMENTO DO RÉU,
nação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.
assegurado o contraditório mediante a possibilidade de mani-
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.
festação deste no prazo mínimo de 15 dias, facultado o re-
querimento de prova suplementar.
Art. 325. O PEDIDO será ALTERNATIVO quando, pela natureza
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconven-
da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais
ção e à respectiva causa de pedir.
de um modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha
couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a JDPC35 Considerando os princípios do acesso à justiça e da se-
prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não te- gurança jurídica, persiste o interesse de agir na propositura de
nha formulado pedido alternativo. ação declaratória a respeito da questão prejudicial incidental, a
ser distribuída por dependência da ação preexistente, inexistin-
do litispendência entre ambas as demandas (arts. 329 e 503, §
CJF 109: Na hipótese de cumulação alternativa, acolhido inte-
1º, do CPC)
gralmente um dos pedidos, a sucumbência deve ser suportada
pelo réu.

14
Estabilização Petição Citação ao Saneamento
da Demanda Inicial até a Saneamento em diante CAPÍTULO III
Citação DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO
Art. 332. Nas causas que DISPENSEM A FASE INSTRUTÓRIA, o
Partes Aditamento Aditamento Livre Aditamento juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminar-
Livre Livre mente improcedente o pedido que contrariar:
Causa de Aditamento Aditamento Não se I - enunciado de súmula do STF ou do STJ;
pedir Livre somente com a admite II - acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de
Concordância aditamento recursos repetitivos;
do Réu III - entendimento firmado em incidente de resolução de de-
mandas repetitivas (IRDR) ou de incidente de assunção de
Pedido Aditamento Aditamento Não se competência (IAC);
Livre somente com a admite IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito
Concordância aditamento local.
do Réu § 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o
pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou
Seção III de prescrição.
Do Indeferimento da Petição Inicial § 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsi-
Art. 330. A petição inicial será INDEFERIDA quando: to em julgado da sentença, nos termos do art. 241.
I - for inepta; § 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 dias.
II - a parte for manifestamente ilegítima; § 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento
III - o autor carecer de interesse processual; do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação,
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no
§ 1o Considera-se INEPTA a petição inicial quando: prazo de 15 dias.
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais FPPC146. (art. 332, I; art. 927, IV) Na aplicação do inciso I do art.
em que se permite o pedido genérico; 332, o juiz observará o inciso IV do caput do art. 927.
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclu- FPPC507. (art. 332; Lei n.º 9.099/1995) O art. 332 aplica-se ao
são; sistema de Juizados Especiais.
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. FPPC508. (art. 332, § 3º; Lei 9.099/1995; Lei 10.259/2001; Lei
§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação de- 12.153/2009) Interposto recurso inominado contra sentença
corrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de que julga liminarmente improcedente o pedido, o juiz pode re-
bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na peti- tratar-se em 5 dias
ção inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pre- JDPC22 Em causas que dispensem a fase instrutória, é possível o
tende controverter, além de quantificar o valor incontroverso julgamento de improcedência liminar do pedido que contrariar
do débito. decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado
§ 3o Na hipótese do § 2 o, o valor incontroverso deverá continuar a de constitucionalidade ou enunciado de súmula vinculante.
ser pago no tempo e modo contratados.
Quando há dispensa da fase instrutória
FPPC292. (arts. 330 e 321; art. 4º) Antes de indeferir a petição
inicial, o juiz deve aplicar o disposto no art. 321 – possibili- Independe de citação do réu
tar a correção Cabe Apelação
FPPC290. (art. 330, §§ 2º e 3º) A enumeração das espécies de
contrato previstas no § 2º do art. 330 é exemplificativa. Cabe juízo de retratação

IMPROCEDÊNCIA Hipóteses:
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá APELAR, LIMINAR DO a) Pedido contrário à Súmula do STF/STJ
facultado ao juiz, no prazo de 5 dias, retratar-se. PEDIDO b) Pedido contrário a julgamento de re-
§ 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para res- curso repetitivo pelo STF/STJ
ponder ao recurso. c) Pedido contrário ao entendimento fir-
§ 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a mado em IRDR
contestação começará a correr da intimação do retorno dos au- d) Pedido contrário ao entendimento fir-
tos, observado o disposto no art. 334. mado em IAC
§ 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsi- e) Pedido contrário à súmula do TJ local
to em julgado da sentença. f) Prescrição
g) Decadência
FPPC291. (art. 331) Aplicam-se ao procedimento do mandado
de segurança os arts. 331 e parágrafos e 332, §3º do CPC CAPÍTULO IV
FPPC293. (arts. 331, 332, § 3º, 1.010, § 3º) Se considerar intem- DA CONVERSÃO DA AÇÃO INDIVIDUAL EM AÇÃO COLETIVA
pestiva a apelação contra sentença que extingue o processo Art. 333. (VETADO).
sem resolução de mérito ou julga liminarmente improcedente o
pedido, não pode o juízo a quo retratar-se. CAPÍTULO V
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO

15
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais ção, com base no art. 334, § 4º, II, do CPC, quando o direito dis-
e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz cutido na ação não se enquadrar em tais situações.
designará audiência de conciliação ou de mediação com ante- JDPC25 As audiências de conciliação ou mediação, inclusive
cedência mínima de 30 dias, devendo ser citado o réu com dos juizados especiais, poderão ser realizadas por videocon-
pelo menos 20 dias de antecedência. ferência, áudio, sistemas de troca de mensagens, conversa on-
§ 1o O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessaria- line, conversa escrita, eletrônica, telefônica e telemática ou ou-
mente na audiência de conciliação ou de mediação, observando tros mecanismos que estejam à disposição dos profissionais da
o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de or- autocomposição para estabelecer a comunicação entre as par-
ganização judiciária. tes.
§ 2o Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e JDPC26 A multa do § 8º do art. 334 do CPC não incide no caso
à mediação, não podendo exceder a 2 meses da data de realiza- de não comparecimento do réu intimado por edital.
ção da primeira sessão, desde que necessárias à composição das CJF 121: Não cabe aplicar multa a quem, comparecendo à
partes. audiência do art. 334 do CPC, apenas manifesta desinteresse
§ 3o A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa na realização de acordo, salvo se a sessão foi designada unica-
de seu advogado. mente por requerimento seu e não houver justificativa para a al-
§ 4o A audiência não será realizada: teração de posição.
I - se AMBAS AS PARTES manifestarem, expressamente, de-
sinteresse na composição consensual;
CAPÍTULO VI
II - quando não se admitir a autocomposição.
DA CONTESTAÇÃO
§ 5o O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na
Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no
autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada
prazo de 15 dias, cujo termo inicial será a data:
com 10 dias de antecedência, contados da data da audiência.
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última ses -
§ 6o Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da au-
são de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou,
diência deve ser manifestado por todos os litisconsortes.
comparecendo, não houver autocomposição;
§ 7o A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se
II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de
por meio eletrônico, nos termos da lei.
conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando
§ 8o O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à
ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I;
audiência de conciliação é considerado ATO ATENTATÓRIO À
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a
DIGNIDADE DA JUSTIÇA e será sancionado com multa de até
citação, nos demais casos.
2% da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa,
§ 1o No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do
REVERTIDA EM FAVOR DA UNIÃO OU DO ESTADO.
art. 334, § 6o, o termo inicial previsto no inciso II será, para cada
§ 9o As partes devem estar acompanhadas por seus advogados
um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido
ou defensores públicos.
de cancelamento da audiência.
§ 10. A parte poderá constituir representante, por meio de procu-
§ 2o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4 o, inciso II, haven-
ração específica, com poderes para negociar e transigir.
do litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação
§ 11. A autocomposição obtida será reduzida a termo e homolo-
a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data
gada por sentença.
de intimação da decisão que homologar a desistência.
§ 12. A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será
organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 mi-
FPPC510. (art. 335; arts. 21 e 27 da Lei 9.099/1995) Frustrada a
nutos entre o início de uma e o início da seguinte.
tentativa de autocomposição na audiência referida no art. 21 da
Lei 9.099/1995, configura prejuízo para a defesa a realização
FPPC295. (arts. 334, § 12 357, §9º, 1.046). As regras sobre inter - imediata da instrução quando a citação não tenha ocorrido
valo mínimo entre as audiências do CPC só se aplicam aos pro- com a antecedência mínima de 15 dias.
cessos em que o ato for designado após sua vigência CJF 122: O prazo de contestação é contado a partir do primeiro
FPPC509. (art. 334; Lei n.º 9.099/1995) Sem prejuízo da adoção dia útil seguinte à realização da audiência de conciliação ou
das técnicas de conciliação e mediação, não se aplicam no âm- mediação, ou da última sessão de conciliação ou mediação, na
bito dos juizados especiais os prazos previstos no art. 334. hipótese de incidência do art. 335, inc. I, do CPC.
FPPC585. (art.334, §12) O intervalo mínimo entre as audiên- CJF 124: Não há preclusão consumativa do direito de apre-
cias de mediação ou de conciliação não se confunde com o sentar contestação, se o réu se manifesta, antes da data da
tempo de duração da sessão. audiência de conciliação ou de mediação, quanto à incom-
FPPC628. (arts.334, 695, 190 e 191) As partes podem celebrar petência do juízo.
negócios jurídicos processuais na audiência de conciliação
ou mediação.
Art. 336. [PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE] Incumbe ao réu
JDPC6 Há interesse recursal no pleito da parte para impugnar a
alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as
multa do art. 334, § 8º, do CPC por meio de apelação, embora
razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e
tenha sido vitoriosa na demanda.
especificando as provas que pretende produzir.
JDPC23 Na ausência de auxiliares da justiça, o juiz poderá reali-
zar a audiência inaugural do art. 334 do CPC, especialmente se a
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
hipótese for de conciliação.
I - inexistência ou nulidade da citação;
JDPC24 Havendo a Fazenda Pública publicizado ampla e previa-
II - incompetência absoluta e relativa;
mente as hipóteses em que está autorizada a transigir, pode o
III - incorreção do valor da causa;
juiz dispensar a realização da audiência de mediação e concilia-

16
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção; FPPC42. (art. 339) O dispositivo aplica-se mesmo a procedi-
VI - litispendência; mentos especiais que não admitem intervenção de tercei-
VII - coisa julgada; ros, bem como aos juizados especiais cíveis, pois se trata de
VIII - conexão; mecanismo saneador, que excepciona a estabilização do
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de processo.
autorização; FPPC44. (art. 339) A responsabilidade a que se refere o art. 339
X - convenção de arbitragem; é subjetiva.
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; CJF 123: Aplica-se o art. 339 do CPC à autoridade coatora in-
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como dicada na inicial do mandado de segurança e à pessoa ju-
preliminar; rídica que compõe o polo passivo.
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justi-
ça.
Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou abso-
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se
luta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicí-
reproduz ação anteriormente ajuizada.
lio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da
§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas par-
causa, preferencialmente por meio eletrônico.
tes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 1o A contestação será submetida a livre distribuição ou, se o réu
§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em cur-
houver sido citado por meio de carta precatória, juntada aos au-
so.
tos dessa carta, seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo
§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida
da causa.
por decisão transitada em julgado.
§ 2o Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo
§ 5o Excetuadas a CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM e a INCOM-
para o qual for distribuída a contestação ou a carta precatória
PETÊNCIA RELATIVA, o juiz conhecerá de ofício das matérias
será considerado prevento.
enumeradas neste artigo.
§ 3o Alegada a incompetência nos termos do caput, será suspen-
§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de ar-
sa a realização da audiência de conciliação ou de mediação, se ti -
bitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da
ver sido designada.
jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.
§ 4o Definida a competência, o juízo competente designará nova
data para a audiência de conciliação ou de mediação.
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou
não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará
ao autor, em 15 dias, a alteração da petição inicial para substi- FPPC426. (art. 340, § 2°) O juízo para o qual foi distribuída a
tuição do réu. contestação ou a carta precatória só será considerado preven-
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as to se o foro competente for o local onde foi citado.
despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído,
que serão fixados entre 3 e 5% do valor da causa ou, sendo este Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente
irrisório, nos termos do art. 85, § 8o. sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presu-
mindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
FPPC152. (arts. 338, caput; 339, §§ 1º e 2º; 350 e 351) O autor I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
terá prazo único para requerer a substituição ou inclusão de réu II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento
(arts. 338, caput; 339, §§ 1º e 2º), bem como para a manifesta - que a lei considerar da substância do ato;
ção sobre a resposta (arts. 350 e 351) III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em
FPPC296. (arts. 338 e 339) Quando conhecer liminarmente e seu conjunto.
de ofício a ilegitimidade passiva, o juiz facultará ao autor a al- Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos
teração da petição inicial, para substituição do réu, nos termos NÃO SE APLICA ao DEFENSOR PÚBLICO, ao advogado dativo
dos arts. 339 e 340, sem ônus sucumbenciais. e ao curador especial.
FPPC511. (art. 338, caput; art. 339; Lei n. 12.016/2009) – A técnica
processual prevista nos arts. 338 e 339 pode ser usada, no que Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas
couber, para possibilitar a correção da autoridade coatora, alegações quando:
bem como da pessoa jurídica, no processo de mandado de I - relativas a direito ou a fato superveniente;
segurança. II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas
em qualquer tempo e grau de jurisdição.
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu in-
dicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que
tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processu- CÓDIGO PENAL
ais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de
indicação. CAPÍTULO III
§ 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 DA USURPAÇÃO
dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, Alteração de limites
observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338. Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer
§ 2o No prazo de 15 dias, o autor pode optar por alterar a peti- outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo
ção inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito ou em parte, de coisa imóvel alheia:
indicado pelo réu. Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.

17
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: Apropriação indébita
Usurpação de águas Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, posse ou a detenção:
águas alheias; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Esbulho possessório Aumento de pena
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou me- § 1º - A pena é aumentada de 1/3, quando o agente rece-
diante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício beu a coisa:
alheio, para o fim de esbulho possessório. I - em depósito necessário;
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
a esta cominada. inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de vi- III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
olência, somente se procede mediante queixa.
Apropriação indébita previdenciária
Supressão ou alteração de marca em animais Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as con-
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou tribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal
rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade: ou convencional:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
CAPÍTULO IV I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importân-
DO DANO cia destinada à previdência social que tenha sido descontada de
Dano pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: público;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. II – recolher contribuições devidas à previdência social que
Dano qualificado tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda
Parágrafo único - Se o crime é cometido: de produtos ou à prestação de serviços;
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; III - pagar benefício devido a segurado, quando as respecti-
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o vas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela
fato não constitui crime mais grave previdência social.
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Fe- § 2o É EXTINTA A PUNIBILIDADE se o agente, espontanea-
deral, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa mente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribui-
pública, sociedade de economia mista ou empresa concessioná- ções, importâncias ou valores e presta as informações devidas
ria de serviços públicos; à previdência social, na forma definida em lei ou regulamen-
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para to, ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL.
a vítima: § 3o É facultado ao juiz DEIXAR DE APLICAR A PENA ou
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da APLICAR SOMENTE A DE MULTA se o agente for primário e de
pena correspondente à violência. bons antecedentes, desde que:
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes
Não há previsão de dano culposo de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social
previdenciária, inclusive acessórios; ou
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessó-
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
rios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdên-
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade
cia social, administrativamente, como sendo o mínimo para o
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato
ajuizamento de suas execuções fiscais.
resulte prejuízo:
§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos
acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamen-
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico
te, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada
fiscais.
pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueo-
lógico ou histórico:
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
da natureza
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu
Alteração de local especialmente protegido
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
aspecto de local especialmente protegido por lei:
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no
Ação penal
todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágra-
prédio;
fo e do art. 164, somente se procede mediante queixa.
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total
CAPÍTULO V
ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo pos-
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

18
suidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no pra- sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
zo de quinze dias. Súmula 24-STJ: Aplica-se ao crime de estelionato, em que figu-
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o re como vítima entidade autárquica da previdência social, a qua-
disposto no art. 155, § 2º. lificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal.
Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da
CAPÍTULO VI VANTAGEM ilícita processar e julgar crime de estelionato co-
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES metido mediante FALSIFICAÇÃO de cheque.
Estelionato Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da compe-
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, tência da Justiça Estadual.
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Súmula 244-STJ: Compete ao foro do local da RECUSA proces-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos sar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem pro-
mil réis a dez contos de réis. visão de FUNDOS.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art.
155, § 2º (substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí- ESTELIONATO MEDIANTE Juízo do local da OB-
la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa). FALSIFICAÇÃO DE CHEQUE TENÇÃO DA VANTA-
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: GEM ILÍCITA
Disposição de coisa alheia como própria ESTELIONATO MEDIANTE EMISSÃO Foro do local da RECU-
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em DE CHEQUE SEM FUNDOS SA
garantia coisa alheia como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
Duplicata simulada
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não
própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade,
prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações,
ou ao serviço prestado.
silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Defraudação de penhor
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo cre-
falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Dupli-
dor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a
catas.
posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
Abuso de incapazes
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessi-
que deve entregar a alguém;
dade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debi-
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
lidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou
ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou
lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da
de terceiro:
lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
Induzimento à especulação
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexpe-
poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
riência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, in-
§ 3º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é cometido em
duzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com tí-
detrimento de entidade de direito público ou de instituto de
tulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação
economia popular, assistência social ou beneficência.
é ruinosa:
Estelionato contra idoso
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido
contra idoso.
Fraude no comércio
SÚMULAS SOBRE ESTELIONATO Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o ad-
STF quirente ou consumidor:
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsi-
Súmula 246-STF: Comprovado não ter havido fraude, não se ficada ou deteriorada;
configura o crime de emissão de cheque sem fundos II - entregando uma mercadoria por outra:
Súmula 521-STF: O foro competente para o processo e julga- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
mento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emis- § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade
são dolosa de cheque sem provisão de FUNDOS, é o do LO- ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verda-
CAL onde se deu a RECUSA do pagamento pelo sacado. deira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa
Súmula 554-STF: O pagamento de cheque emitido sem provi- por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra quali-
são de fundos, após o recebimento da denúncia, NÃO OBSTA dade:
AO PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
STJ § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.

Súmula 17-STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, Outras fraudes

19
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel EDIÇÃO N. 84: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - III -
ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para ESTELIONATO
efetuar o pagamento: 2) O princípio da insignificância é inaplicável ao crime de
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. estelionato quando cometido contra a administração
Parágrafo único - Somente se procede mediante represen- pública, uma vez que a conduta ofende o patrimônio
tação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar público, a moral administrativa e a fé pública, possuindo
a pena. elevado grau de reprovabilidade.
4) O delito de estelionato previdenciário (art. 171, § 3º do
Fraudes e abusos na fundação ou administração de socieda- CP), praticado pelo próprio beneficiário, tem natureza de
de por ações crime permanente uma vez que a ofensa ao bem jurídico
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fa- tutelado é reiterada, iniciando-se a contagem do prazo
zendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assem- prescricional com o último recebimento indevido da
bléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocul- remuneração.
tando fraudulentamente fato a ela relativo: 5) O delito de estelionato previdenciário, praticado para que
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não terceira pessoa se beneficie indevidamente, é crime
constitui crime contra a economia popular. instantâneo com efeitos permanentes, iniciando-se a
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contagem do prazo prescricional a partir da primeira parcela
contra a economia popular: do pagamento relativo ao benefício indevido.
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, 6) Aplica-se a regra da continuidade delitiva (art. 71 do CP)
que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao ao crime de estelionato previdenciário praticado por
público ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições terceiro, que após a morte do beneficiário segue recebendo
econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo o benefício regularmente concedido ao segurado, como se
ou em parte, fato a elas relativo; este fosse, sacando a prestação previdenciária por meio de
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qual - cartão magnético todos os meses.
quer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da soci- 7) A devolução à Previdência Social da vantagem percebida
edade; ilicitamente, antes do recebimento da denúncia, não extingue
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à socieda- a punibilidade do crime de estelionato previdenciário,
de ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou have- podendo, eventualmente, caracterizar arrependimento posterior,
res sociais, sem prévia autorização da assembléia geral; previsto no art. 16 do CP.
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta 8) O ressarcimento integral do dano no crime de estelionato,
da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permi- na sua forma fundamental (art. 171, caput, do CP), não
te; enseja a extinção da punibilidade, salvo nos casos de
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito so- emissão de cheque sem fundos, em que a reparação ocorra
cial, aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade; antes do oferecimento da denúncia (art. 171, § 2º, VI, do CP).
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de- 9) O delito de estelionato é consumado no local em que se
sacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou verifica o prejuízo à vítima.
dividendos fictícios;
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pes-
CAPÍTULO VII
soa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta
DA RECEPTAÇÃO
ou parecer;
Receptação
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar,
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, au-
em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de
torizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos
crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, rece-
ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.
ba ou oculte:
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou
Receptação qualificada
para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia ge-
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
ral.
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda,
ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant"
exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em
saber ser produto de crime:
desacordo com disposição legal:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do pa-
rágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou
Fraude à execução
clandestino, inclusive o exercício em residência.
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruin-
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou
do ou danificando bens, ou simulando dívidas:
pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio crimi-
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
noso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ as penas.

20
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral,
isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o II - ao estranho que participa do crime.
juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual
pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. ou superior a 60 anos
155 (substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de
1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa). CÓDIGO PROCESSO PENAL
§ 6º - Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Esta-
do, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação
Seção IX
pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou em-
Da Composição do Tribunal do Júri e da Formação do Conselho
presa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a
de Sentença
pena prevista no caput deste artigo.
Art. 447. O Tribunal do Júri é composto por 1 juiz togado,
seu presidente e por 25 jurados que serão sorteados dentre os
CTB. alistados, 7 dos quais constituirão o Conselho de Sentença em
Art. 278-A. O condutor que se utilize de veículo para a práti- cada sessão de julgamento.
ca do crime de receptação, descaminho, contrabando, previs-
tos nos arts. 180, 334 e 334-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho:
dezembro de 1940 (Código Penal), condenado por um desses I – marido e mulher;
crimes em decisão judicial transitada em julgado, terá cassa- II – ascendente e descendente;
do seu documento de habilitação ou será proibido de obter III – sogro e genro ou nora;
a habilitação para dirigir veículo automotor pelo prazo de 5 IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio;
anos. (Lei nº 13.804/19) V – tio e sobrinho;
§ 1º O condutor condenado poderá requerer sua reabilitação, VI – padrasto, madrasta ou enteado.
submetendo-se a todos os exames necessários à habilitação, § 1o O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pesso-
na forma deste Código.(Lei nº 13.804/19) as que mantenham união estável reconhecida como entidade fa-
§ 2º No caso do condutor preso em flagrante na prática dos cri- miliar.
mes de que trata o caput deste artigo, poderá o juiz, em qual- § 2o Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedi-
quer fase da investigação ou da ação penal, se houver necessi- mentos, a suspeição e as incompatibilidades dos juízes togados.
dade para a garantia da ordem pública, como medida cautelar,
de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda me- Art. 449. Não poderá servir o jurado que:
diante representação da autoridade policial, decretar, em deci- I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo
são motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para processo, independentemente da causa determinante do jul-
dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.(Lei gamento posterior;
nº 13.804/19) II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado o
Conselho de Sentença que julgou o outro acusado;
Receptação de animal III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter absolver o acusado.
em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de co-
mercialização, semovente domesticável de produção, ainda que Art. 450. Dos impedidos entre si por parentesco ou relação
abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de cri- de convivência, servirá o que houver sido sorteado em primeiro
me: lugar.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 451. Os jurados excluídos por impedimento, suspei-
ção ou incompatibilidade SERÃO CONSIDERADOS PARA A
CAPÍTULO VIII CONSTITUIÇÃO DO NÚMERO LEGAL EXIGÍVEL para a realiza-
DISPOSIÇÕES GERAIS ção da sessão.
Art. 181 - É ISENTO DE PENA quem comete qualquer dos
crimes previstos neste título, em prejuízo [ESCUSA ABSOLUTÓ- Art. 452. O mesmo Conselho de Sentença poderá conhe-
RIA – EXCLUDENTE DE PUNIBILIDADE]: cer de mais de um processo, no mesmo dia, se as partes o
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; aceitarem, hipótese em que seus integrantes deverão prestar
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legíti- novo compromisso.
mo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Seção X
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se Da reunião e das sessões do Tribunal do Júri
o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: Art. 453. O Tribunal do Júri reunir-se-á para as sessões de
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; instrução e julgamento nos períodos e na forma estabelecida pela
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; lei local de organização judiciária.
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 454. Até o momento de abertura dos trabalhos da
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anterio- sessão, o juiz presidente decidirá os casos de isenção e dispensa
res: de jurados e o pedido de adiamento de julgamento, mandando
consignar em ata as deliberações.

21
Art. 463. Comparecendo, pelo menos, 15 jurados, o juiz
Art. 455. Se o Ministério Público não comparecer, o juiz presidente declarará instalados os trabalhos, anunciando o pro-
presidente adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido cesso que será submetido a julgamento.
da mesma reunião, cientificadas as partes e as testemunhas. § 1o O oficial de justiça fará o pregão, certificando a diligên-
Parágrafo único. Se a ausência não for justificada, o fato será cia nos autos.
imediatamente comunicado ao Procurador-Geral de Justiça com a § 2o Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição
data designada para a nova sessão. SERÃO COMPUTADOS PARA A CONSTITUIÇÃO DO NÚMERO
LEGAL.
Art. 456. Se a falta, sem escusa legítima, for do advogado
do acusado, e se outro não for por este constituído, o fato será Art. 464. Não havendo o número referido no art. 463 deste
imediatamente comunicado ao presidente da seccional da OAB, Código (pelo menos 15), proceder-se-á ao sorteio de tantos
com a data designada para a nova sessão. suplentes quantos necessários, e designar-se-á nova data para
§ 1o Não havendo escusa legítima, o julgamento será a sessão do júri.
adiado somente 1 vez, devendo o acusado ser julgado quan-
do chamado novamente. Art. 465. Os nomes dos suplentes serão consignados em ata,
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, o juiz intimará a De- remetendo-se o expediente de convocação, com observância do
fensoria Pública para o novo julgamento, que será adiado disposto nos arts. 434 e 435 deste Código.
para o primeiro dia desimpedido, observado o prazo mínimo
de 10 dias. Art. 466. Antes do sorteio dos membros do Conselho de
Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre os impedimentos, a
Art. 457. O julgamento não será adiado pelo não compa- suspeição e as incompatibilidades constantes dos arts. 448 e 449
recimento do acusado solto, do assistente ou do advogado do deste Código.
querelante, que tiver sido regularmente intimado. § 1o O juiz presidente também advertirá os jurados de que,
§ 1o Os pedidos de adiamento e as justificações de não uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com
comparecimento deverão ser, salvo comprovado motivo de força outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob
maior, previamente submetidos à apreciação do juiz presidente pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § 2 o do art.
do Tribunal do Júri. 436 deste Código.
§ 2o Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento § 2o A incomunicabilidade será certificada nos autos pelo
será adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, oficial de justiça.
salvo se houver pedido de dispensa de comparecimento subs-
crito por ele e seu defensor. Art. 467. Verificando que se encontram na urna as cédulas
relativas aos jurados presentes, o juiz presidente sorteará 7 dentre
Art. 458. Se a testemunha, sem justa causa, deixar de eles para a formação do Conselho de Sentença.
comparecer, o juiz presidente, sem prejuízo da ação penal pela
desobediência, aplicar-lhe-á a multa prevista no § 2o do art. 436 Art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retiradas da
deste Código. urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa e, depois dela, o Minis-
tério Público poderão recusar os jurados sorteados, até 3 cada
Art. 459. Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do Tribunal parte, sem motivar a recusa (1o defesa; 2o MP).
do Júri o disposto no art. 441 deste Código. Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamente por
qualquer das partes será excluído daquela sessão de instrução e
Art. 460. Antes de constituído o Conselho de Sentença, as julgamento, prosseguindo-se o sorteio para a composição do
testemunhas serão recolhidas a lugar onde umas não possam ou- Conselho de Sentença com os jurados remanescentes.
vir os depoimentos das outras.
Art. 469. Se forem 2 ou mais os acusados, as recusas pode-
Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha rão ser feitas por um só defensor.
deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido § 1o A separação dos julgamentos somente ocorrerá se,
a sua intimação por mandado, na oportunidade de que trata o em razão das recusas, não for obtido o número mínimo de 7
art. 422 deste Código, declarando não prescindir do depoimen- jurados para compor o Conselho de Sentença.
to e indicando a sua localização. § 2o Determinada a separação dos julgamentos, será julga-
§ 1o Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz do em primeiro lugar o acusado a quem foi atribuída a auto-
presidente SUSPENDERÁ os trabalhos e mandará conduzi-la ria do fato ou, em caso de coautoria, aplicar-se-á o critério de
ou adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido, or- preferência disposto no art. 429 deste Código.
denando a sua condução.
§ 2o O julgamento será realizado mesmo na hipótese de a Art. 470. Desacolhida a arguição de impedimento, de sus-
testemunha não ser encontrada no local indicado, se assim for peição ou de incompatibilidade contra o juiz presidente do Tribu-
certificado por oficial de justiça. nal do Júri, órgão do Ministério Público, jurado ou qualquer funci-
onário, o julgamento NÃO SERÁ SUSPENSO, devendo, entretan-
Art. 462. Realizadas as diligências referidas nos arts. 454 a to, constar da ata o seu fundamento e a decisão.
461 deste Código, o juiz presidente verificará se a urna contém as
cédulas dos 25 jurados sorteados, mandando que o escrivão pro- Art. 471. Se, em consequência do impedimento, suspeição,
ceda à chamada deles. incompatibilidade, dispensa ou recusa, não houver número para
a formação do Conselho, o julgamento será adiado para o pri-

22
meiro dia desimpedido, após sorteados os suplentes, com obser- Art. 476. Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao
vância do disposto no art. 464 deste Código. Ministério Público, que fará a acusação, nos limites da pro-
núncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a
Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, le- acusação, sustentando, se for o caso, a existência de circuns-
vantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a tância agravante.
seguinte exortação: § 1o O assistente falará depois do Ministério Público.
Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com im- § 2o Tratando-se de ação penal de iniciativa privada, falará
parcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa em primeiro lugar o querelante e, em seguida, o Ministério Públi-
consciência e os ditames da justiça. co, salvo se este houver retomado a titularidade da ação, na for-
Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, res- ma do art. 29 deste Código.
ponderão: § 3o Finda a acusação, terá a palavra a defesa.
Assim o prometo. § 4o A acusação poderá replicar e a defesa treplicar, sen-
Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias do admitida a reinquirição de testemunha já ouvida em ple-
da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que jul- nário.
garam admissível a acusação e do relatório do processo.
Art. 477. O tempo destinado à acusação e à defesa será
Seção XI de 1h30min para cada, e de 1h para a réplica e outro tanto
Da Instrução em Plenário para a tréplica.
Art. 473. [SISTEMA DO CROSS-EMAXINATION] Prestado o § 1o Havendo mais de um acusador ou mais de um defensor,
compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução plenária combinarão entre si a distribuição do tempo, que, na falta de
quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o acordo, será dividido pelo juiz presidente, de forma a não exceder
querelante e o defensor do acusado tomarão, sucessiva e dire- o determinado neste artigo.
tamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as § 2o Havendo mais de 1 acusado, o tempo para a acusação
testemunhas arroladas pela acusação. e a defesa será acrescido de 1h e elevado ao dobro o da réplica
§ 1o Para a inquirição das testemunhas arroladas pela defe- e da tréplica (2h), observado o disposto no § 1o deste artigo.
sa, o defensor do acusado formulará as perguntas antes do Minis-
tério Público e do assistente, mantidos no mais a ordem e os cri - Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob
térios estabelecidos neste artigo. pena de nulidade, fazer referências:
§ 2o [SISTEMA PRESIDENCIALISTA] Os jurados poderão I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que
formular perguntas ao ofendido e às testemunhas, por intermé- julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de
dio do juiz presidente . algemas COMO ARGUMENTO DE AUTORIDADE que benefici-
§ 3o As partes e os jurados poderão requerer acareações, re- em ou prejudiquem o acusado;
conhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogató-
bem como a leitura de peças que se refiram, exclusivamente, às rio por falta de requerimento, em seu prejuízo.
provas colhidas por carta precatória e às provas cautelares, ante-
cipadas ou não repetíveis. Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a lei-
tura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido
Art. 474. A seguir será o acusado interrogado, se estiver pre- juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 dias úteis ,
sente, na forma estabelecida no Capítulo III do Título VII do Livro I dando-se ciência à outra parte.
deste Código, com as alterações introduzidas nesta Seção. Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a
§ 1o O Ministério Público, o assistente, o querelante e o leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição
defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, per- de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou
guntas ao acusado. (1° MP; 2° Assistente; 3° Querelante; 4 De- qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a
fensor) matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados.
§ 2o Os jurados formularão perguntas por intermédio do
juiz presidente. Art. 480. A acusação, a defesa e os jurados poderão, a qual-
§ 3o Não se permitirá o uso de algemas no acusado du- quer momento e por intermédio do juiz presidente, pedir ao ora-
rante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo dor que indique a folha dos autos onde se encontra a peça por
se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segu- ele lida ou citada, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe,
rança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por ele alegado.
presentes. § 1o Concluídos os debates, o presidente indagará dos jura-
dos se estão habilitados a julgar ou se necessitam de outros es-
Art. 475. O registro dos depoimentos e do interrogatório clarecimentos.
será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, ele- § 2o Se houver dúvida sobre questão de fato, o presidente
trônica, estenotipia ou técnica similar, destinada a obter maior fi- prestará esclarecimentos à vista dos autos.
delidade e celeridade na colheita da prova. § 3o Os jurados, nesta fase do procedimento, terão acesso
Parágrafo único. A transcrição do registro, após feita a de- aos autos e aos instrumentos do crime se solicitarem ao juiz pre-
gravação, constará dos autos. sidente.

Seção XII Art. 481. Se a verificação de qualquer fato, reconhecida


Dos Debates como essencial para o julgamento da causa, não puder ser reali-

23
zada imediatamente, o juiz presidente dissolverá o Conselho, o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-
ordenando a realização das diligências entendidas necessárias. ão à sala especial a fim de ser procedida a votação.
Parágrafo único. Se a diligência consistir na produção de § 1o Na falta de sala especial, o juiz presidente determi-
prova pericial, o juiz presidente, desde logo, nomeará perito e for- nará que o público se retire, permanecendo somente as pes-
mulará quesitos, facultando às partes também formulá-los e indi- soas mencionadas no caput deste artigo.
car assistentes técnicos, no prazo de 5 dias. § 2o O juiz presidente advertirá as partes de que não será
permitida qualquer intervenção que possa perturbar a livre mani-
Seção XIII festação do Conselho e fará retirar da sala quem se portar incon-
Do Questionário e sua Votação venientemente.
Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado sobre
MATÉRIA DE FATO e se o acusado deve ser absolvido. Art. 486. Antes de proceder-se à votação de cada quesito, o
Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em proposi- juiz presidente mandará distribuir aos jurados pequenas cédulas,
ções afirmativas, simples e distintas, de modo que cada um feitas de papel opaco e facilmente dobráveis, contendo 7 delas a
deles possa ser respondido com suficiente clareza e necessária palavra sim, 7 a palavra não.
precisão. Na sua elaboração, o presidente levará em conta os ter-
mos da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram ad- Art. 487. Para assegurar o sigilo do voto, o oficial de justi-
missível a acusação, do interrogatório e das alegações das partes. ça recolherá em urnas separadas as cédulas correspondentes aos
votos e as não utilizadas
Art. 483. Os QUESITOS serão formulados na seguinte or-
dem, indagando sobre: Art. 488. Após a resposta, verificados os votos e as cédulas
I – a materialidade do fato; não utilizadas, o presidente determinará que o escrivão registre
II – a autoria ou participação; no termo a votação de cada quesito, bem como o resultado do
III – se o acusado deve ser absolvido; julgamento.
IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela Parágrafo único. Do termo também constará a conferência
defesa; das cédulas não utilizadas.
V – se existe circunstância qualificadora ou causa de au-
mento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões Art. 489. As decisões do Tribunal do Júri serão tomadas por
posteriores que julgaram admissível a acusação. maioria de votos.
§ 1o A resposta negativa, de mais de 3 jurados, a qualquer
dos quesitos referidos nos incisos I e II do caput deste artigo en- Art. 490. Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver em
cerra a votação e implica a absolvição do acusado contradição com outra ou outras já dadas, o presidente, explican-
§ 2o Respondidos afirmativamente por mais de 3 jurados os do aos jurados em que consiste a contradição, submeterá nova-
quesitos relativos aos incisos I e II do caput deste artigo será for- mente à votação os quesitos a que se referirem tais respostas
mulado quesito com a seguinte redação: Parágrafo único. Se, pela resposta dada a um dos quesitos,
O jurado absolve o acusado? o presidente verificar que ficam prejudicados os seguintes, assim
§ 3o Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento o declarará, dando por finda a votação.
prossegue, devendo ser formulados quesitos sobre:
I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; Art. 491. Encerrada a votação, será o termo a que se refere o
II – circunstância qualificadora ou causa de aumento de art. 488 deste Código assinado pelo presidente, pelos jurados e
pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que pelas partes.
julgaram admissível a acusação. Seção XIV
§ 4o Sustentada a desclassificação da infração para outra Da sentença
de competência do juiz singular, será formulado quesito a res- Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que:
peito, para ser respondido após o 2o ou 3o quesito, conforme o I – no caso de condenação:
caso. a) fixará a pena-base;
§ 5o Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua for- b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes
ma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do de- alegadas nos debates;
lito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz for- c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em aten-
mulará quesito acerca destas questões, para ser respondido ção às causas ADMITIDAS PELO JÚRI;
após o 2° quesito. d) observará as demais disposições do art. 387 deste Códi-
§ 6o Havendo mais de um crime ou mais de um acusado, os go;
quesitos serão formulados em séries distintas. e) mandará o acusado recolher-se ou recomenda-lo-á à pri-
são em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão pre-
Art. 484. A seguir, o presidente lerá os quesitos e indagará ventiva;
das partes se têm requerimento ou reclamação a fazer, devendo f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da con-
qualquer deles, bem como a decisão, constar da ata. denação;
Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presidente expli- II – no caso de absolvição:
cará aos jurados o significado de cada quesito. a) mandará colocar em liberdade o acusado se por outro
motivo não estiver preso;
Art. 485. Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presi- b) revogará as medidas restritivas provisoriamente de-
dente, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelante, cretadas;

24
c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob sua
(absolvição imprópria). exclusiva autoridade;
§ 1o Se houver desclassificação da infração para outra, de III – dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, excesso
competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do de linguagem ou mediante requerimento de uma das partes;
Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quan- IV – resolver as questões incidentes que não dependam de
do o delito resultante da nova tipificação for considerado pronunciamento do júri;
pela lei como infração penal de menor potencial ofensivo, o V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo
disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei n o 9.099, de 26 de setem- indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e designar
bro de 1995. novo dia para o julgamento, com a nomeação ou a constituição
§ 2o Em caso de desclassificação, o crime conexo que não de novo defensor;
seja doloso contra a vida será julgado pelo juiz presidente do VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar a realiza-
Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o ção do julgamento, o qual prosseguirá sem a sua presença;
deste artigo. VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável à realiza-
ção das diligências requeridas ou entendidas necessárias, manti-
Art. 493. A sentença será lida em plenário pelo presidente da a incomunicabilidade dos jurados;
antes de encerrada a sessão de instrução e julgamento. VIII – interromper a sessão por tempo razoável, para proferir
sentença e para repouso ou refeição dos jurados;
Seção XV IX – decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público e a defe-
Da Ata dos Trabalhos sa, ou a requerimento de qualquer destes, a arguição de extinção
Art. 494. De cada sessão de julgamento o escrivão lavrará de punibilidade;
ata, assinada pelo presidente e pelas partes. X – resolver as questões de direito suscitadas no curso do
julgamento;
Art. 495. A ata descreverá fielmente todas as ocorrências, XI – determinar, de ofício ou a requerimento das partes ou
mencionando obrigatoriamente: de qualquer jurado, as diligências destinadas a sanar nulidade ou
I – a data e a hora da instalação dos trabalhos; a suprir falta que prejudique o esclarecimento da verdade;
II – o magistrado que presidiu a sessão e os jurados presen- XII – regulamentar, durante os debates, a intervenção de
tes; uma das partes, quando a outra estiver com a palavra, podendo
III – os jurados que deixaram de comparecer, com escusa ou conceder até 3 minutos para cada aparte requerido, que serão
sem ela, e as sanções aplicadas; acrescidos ao tempo desta última.
IV – o ofício ou requerimento de isenção ou dispensa;
V – o sorteio dos jurados suplentes; JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
VI – o adiamento da sessão, se houver ocorrido, com a indi-
cação do motivo; EDIÇÃO N. 75: TRIBUNAL DO JÚRI - I
VII – a abertura da sessão e a presença do Ministério Público, 1) O ciúme, sem outras circunstâncias, NÃO CARACTERIZA
do querelante e do assistente, se houver, e a do defensor do acu- motivo torpe.
sado; 2) Cabe ao Tribunal do Júri decidir se o homicídio foi motivado
VIII – o pregão e a sanção imposta, no caso de não compare- por ciúmes, assim como analisar se referido sentimento, no caso
cimento; concreto, qualifica o crime.
IX – as testemunhas dispensadas de depor; 3) Na fase de pronúncia, cabe ao Tribunal do Júri a resolução de
X – o recolhimento das testemunhas a lugar de onde umas dúvidas quanto à aplicabilidade de excludente de ilicitude.
não pudessem ouvir o depoimento das outras; 4) A exclusão de qualificadora constante na pronúncia só
XI – a verificação das cédulas pelo juiz presidente; pode ocorrer quando manifestamente improcedente e
XII – a formação do Conselho de Sentença, com o registro descabida, sob pena de usurpação da competência do
dos nomes dos jurados sorteados e recusas; Tribunal do Júri.
XIII – o compromisso e o interrogatório, com simples refe- 5) A complementação do número regulamentar mínimo de 15
rência ao termo; jurados por suplentes de outro plenário do mesmo Tribunal do
XIV – os debates e as alegações das partes com os respecti- Júri, por si só, não enseja nulidade do julgamento.
vos fundamentos; 6) Viola o princípio da soberania dos veredictos a anulação
XV – os incidentes; parcial de decisão proferida pelo Conselho de Sentença
XVI – o julgamento da causa; acerca da qualificadora sem a submissão do réu a novo Júri.
XVII – a publicidade dos atos da instrução plenária, das dili- 7) A ausência do oferecimento das alegações finais em
gências e da sentença. processos de competência do Tribunal do Júri NÃO
ACARRETA NULIDADE, uma vez que a decisão de pronúncia
Art. 496. A falta da ata sujeitará o responsável a sanções encerra juízo provisório acerca da culpa.
administrativa e penal. 8) A simples leitura da pronúncia no Plenário do Júri não
leva à nulidade do julgamento, que somente ocorre se a
Seção XVI referência for utilizada como argumento de autoridade que
Das Atribuições do Presidente do Tribunal do Júri beneficie ou prejudique o acusado.
Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do 9) Na intimação pessoal do réu acerca de sentença de
Júri, além de outras expressamente referidas neste Código: pronúncia ou condenatória do Júri, a ausência de
I – regular a polícia das sessões e prender os desobedientes; apresentação do termo de recurso ou a não indagação
sobre sua intenção de recorrer não gera nulidade do ato.

25
10) A sentença de pronúncia deve limitar-se à indicação da perplexidade ou de dificultarem o entendimento dos
materialidade do delito e aos indícios de autoria para evitar jurados.
nulidade por excesso de linguagem e para não influenciar o 12) O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri
ânimo do Conselho de Sentença. é adstrito aos fundamentos da sua interposição. (Súmula n.
11) É possível rasurar trecho ínfimo da sentença de pronúncia 713/STF).
para afastar eventual nulidade decorrente de excesso de 13) Não viola o princípio da soberania dos vereditos a
linguagem. cassação da decisão do Tribunal do Júri manifestamente
12) Reconhecida a nulidade da pronúncia por excesso de contrária à prova dos autos.
linguagem, outra decisão deve ser proferida, visto que o 14) A soberania do veredicto do Tribunal do Júri não impede a
simples envelopamento e desentranhamento da peça desconstituição da decisão por meio de revisão criminal.
viciada não é suficiente.
13) A competência para o processo e julgamento do latrocínio
é do juiz singular e não do Tribunal do Júri (Súmula n.
603/STF).
14) Compete ao Tribunal do Júri decretar, motivadamente,
como efeito da condenação, a perda do cargo ou função
pública, inclusive de militar quando o fato não tiver relação com
o exercício da atividade na caserna.
15) A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda
que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime.
(Súmula n. 191/STJ)
EDIÇÃO N. 78: TRIBUNAL DO JÚRI - II
1) O emprego de algemas deve ser medida excepcional e a
utilização delas em plenário de júri depende de motivada
decisão judicial, sob pena de configurar constrangimento
ilegal e de anular a sessão de julgamento. (VIDE SÚMULA
VINCULANTE N. 11)
2) Compete às instâncias ordinárias, com base no cotejo fático
carreado aos autos, absolver, pronunciar, desclassificar ou
impronunciar o réu, sendo vedado em sede de recurso especial
o revolvimento do acervo fático-probatório - Súmula n. 7/STJ.
3) As nulidades existentes na decisão de pronúncia devem
ser arguidas no momento oportuno e por meio do recurso
próprio, sob pena de preclusão.
4) A leitura em plenário do júri dos antecedentes criminais
do réu não se enquadra nos casos apresentados pelo art.
478, incisos I e II, do Código de Processo Penal, inexistindo
óbice à sua menção por quaisquer das partes.
5) O exame de controvérsia acerca do elemento subjetivo do
delito é reservado ao Tribunal do Júri, juiz natural da causa.
6) É NULA a decisão que determina o desaforamento de
processo da competência do júri sem audiência da defesa
(Súmula n. 712/STF).
7) Eventuais nulidades ocorridas em Plenário do Júri,
decorrentes de impedimento ou suspeição de jurados,
devem ser arguidas no momento oportuno, sob pena de
preclusão.
8) É ABSOLUTA A NULIDADE do julgamento, pelo júri, por
falta de quesito obrigatório (Súmula n. 156/STF).
9) Após as modificações no rito do Tribunal do Júri introduzidas
pela Lei n. 11.689/2008, o quesito genérico de absolvição (art.
483, III, do CPP) não pode ser tido como contraditório em
relação ao reconhecimento da autoria e da materialidade do
crime.
10) Possíveis irregularidades na quesitação devem ser
arguidas após a leitura dos quesitos e a explicação dos
critérios pelo Juiz presidente, sob pena de preclusão (art.
571, inciso VIII, do CPP).
11) É NULO o julgamento quando os quesitos forem
apresentados com má redação ou quando forem
formulados de modo complexo, a ponto de causarem

26
DIA 10
SÚMULAS SOBRE TAXA
Súmula vinculante 12-STF: A cobrança de taxa de matrícula
Constituição Federal: art. 145-155 nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, inciso IV,
Código Civil: art 538-652 da Constituição Federa
Código Processo Civil: art. 343-368 Súmula vinculante 19-STF: A taxa cobrada exclusivamente em
Código Penal: art. 184-234-B razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento
Código Processo Penal: art. 513-573 ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis,
não viola o art. 145, II, da CF.
Súmula vinculante 29-STF: É constitucional a adoção, no cál-
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
culo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cál-
culo própria de determinado imposto, desde que não haja in-
CAPÍTULO I tegral identidade entre uma base e outra.
DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Súmula vinculante 41-STF: O serviço de iluminação pública
Seção I NÃO PODE ser remunerado mediante taxa.
DOS PRINCÍPIOS GERAIS Súmula 595-STF: É inconstitucional a taxa municipal de con-
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios servação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja
poderão instituir os seguintes tributos: idêntica a do imposto territorial rural.
I – impostos; Súmula 665-STF: É constitucional a Taxa de Fiscalização dos
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela Mercados de Títulos e Valores Mobiliários instituída pela Lei
utilização, efetiva OU potencial, de serviços públicos específi- 7.940/89.
cos E divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua dis- Súmula 667-STF: Viola a garantia constitucional de acesso à ju-
posição; risdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. causa.
§ 1º Sempre que possível, os IMPOSTOS terão caráter pessoal
e serão graduados segundo a capacidade econômica do con-
Art. 146. Cabe à LC:
tribuinte, facultado à administração tributária, especialmente
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributá-
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados
ria, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendi-
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
mentos e as atividades econômicas do contribuinte
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tribu-
§ 2º As taxas NÃO PODERÃO ter base de cálculo própria de
tária, especialmente sobre:
impostos.
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em rela-
ção aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respec-
Taxas e contribuições de melhorias são tributos vinculados.
tivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
Medida Provisória poderá instituir ou majorar IMPOSTOS b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tri-
butários;
PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. Segundo enten-
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo pratica-
dimento do STF, na ADI 948/GO, a aplicação do princípio da ca-
do pelas sociedades cooperativas.
pacidade contributiva não deve se limitar somente aos impos-
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as
tos, podendo ser estendido as demais espécies tributárias, sem-
microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusi-
pre que as particularidades dessas exações permitirem.
ve regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previs-
O princípio encontra aplicação plena aos tributos com fato ge-
to no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12
rador não vinculado, quais sejam, os impostos e, normalmente,
e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.
também os empréstimos compulsórios e as contribuições.
Parágrafo único. A LC de que trata o inciso III, d (tratamento di-
As custas, a taxa judiciária e os emolumentos constituem es- ferenciado e favorecido para ME e EPP), também poderá insti-
pécie tributária, são taxas, segundo a jurisprudência iterativa tuir um regime único de arrecadação dos impostos e contri-
do STF. (ADI 1.145/PB) buições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios, observado que:
A regularidade do exercício do poder de polícia é imprescindí-
I - será opcional para o contribuinte;
vel para a cobrança da taxa de localização e fiscalização
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento
diferenciadas por Estado;
TAXA DE POLÍCIA TAXA DE SERVIÇO III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribui-
ção da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes
O poder de polícia deve ser O serviço pode ser efetiva ou
federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicio-
EFETIVAMENTE realizado, não potencialmente utilizado pelo
namento;
se admitindo poder de polícia contribuinte, podendo a taxa
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser
"potencial", podendo o exercí- ser cobrada a partir do mo-
compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacio-
cio da atividade ser constatada mento que o serviço é coloca-
nal único de contribuintes.
pela existência de órgão admi- do à disposição do sujeito pas-
nistrativo de fiscalização, dota- sivo.
Art. 146-A. LC poderá estabelecer critérios especiais de tributa-
do de estrutura e pessoal com-
ção, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência,
petente para tanto.

1
sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer nor- Súmula 659-STF: É legítima a cobrança da COFINS, do PIS e do
mas de igual objetivo. FINSOCIAL sobre as operações relativas a energia elétrica,
serviços de telecomunicações, derivados de petróleo,
Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos combustíveis e minerais do País.
estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumu- Súmula 732-STF: É constitucional a cobrança da contribuição
lativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem do salário-educação, seja sob a Carta de 1969, seja sob a
os impostos municipais. Constituição Federal de 1988, e no regime da Lei 9.424/96.

Art. 148. A União, mediante LC, poderá instituir empréstimos STJ


compulsórios (EC): Súmula 77-STJ: A Caixa Econômica Federal é parte ilegítima
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de ca- para figurar no polo passivo das ações relativas às contribuições
lamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; para o fundo PIS/PASEP.
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de Súmula 351-STJ: A alíquota de contribuição para o Seguro de
relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco
III, "b" (princípio da anterioridade). desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ,
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de em- ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando
préstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamen- houver apenas um registro.
tou sua instituição. Súmula 396-STJ: A Confederação Nacional da Agricultura tem
legitimidade ativa para a cobrança da contribuição sindical rural.
Tributos que devem ser dispostos por LC: Súmula 423-STJ: A contribuição para financiamento da
1 - Imposto Residual; Seguridade Social – Cofins incide sobre as receitas
2 - Contribuição Social Residual; provenientes das operações de locação de bens móveis.
3 - Empréstimo Compulsório; Súmula 458-STJ: A contribuição previdenciária incide sobre a
4 - Imposto Sobre Grandes Fortunas (IGF). comissão paga ao corretor de seguros, independentemente da
Os demais são instituídos por meio de LO. existência de contrato de trabalho.
Súmula 468-STJ: A base de cálculo do PIS, até a edição da MP
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribui- n. 1.212/1995, era o faturamento ocorrido no sexto mês anterior
ções sociais (CS), de intervenção no domínio econômico ao do fato gerador.
(CIDE) e de interesse das categorias profissionais ou econômi- Súmula 499-STJ: As empresas prestadoras de serviços estão
cas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, ob- sujeitas às contribuições ao Sesc e Senac, salvo se integradas
servado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo noutro serviço social.
do previsto no art. 195, § 6º (Contribuição social para seguridade Súmula 508-STJ: A isenção da Cofins concedida pelo artigo 6º,
social: só pode ser exigida após decorridos 90 dias da data da pu- II, da LC 70/91 às sociedades civis de prestação de serviços
blicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se profissionais foi revogada pelo artigo 56 da Lei 9.430/96.
lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b"), relativamente às Súmula 516-STJ: A contribuição de intervenção no domínio
contribuições a que alude o dispositivo. econômico para o Incra (Decreto-Lei nº 1.110/1970), devida por
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão empregadores rurais e urbanos, não foi extinta pelas Leis ns.
contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em 7.787/1989, 8.212/1991 e 8.213/1991, não podendo ser
benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, compensada com a contribuição ao INSS.
cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servido-
res titulares de cargos efetivos da União. Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir
§ 2º As contribuições sociais (CS) e de intervenção no domínio CONTRIBUIÇÃO, na forma das respectivas leis, para o CUS-
econômico (CIDE) de que trata o caput deste artigo: TEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA, observado o dis-
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; posto no art. 150, I e III.
II - incidirão também sobre a importação de produtos estran- Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se
geiros ou serviços; refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.
III - poderão ter alíquotas:
a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou Súmula vinculante 41-STF: O serviço de iluminação pública não
o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; pode ser remunerado mediante taxa.
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.
§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importa- As instituições de assistência social são imunes apenas ao paga-
ção poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei. mento de impostos e de contribuições para a seguridade social.
§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão NÃO HÁ IMUNIDADE AO PAGAMENTO DE CONTRIBUIÇÃO
uma única vez. PARA ILUMINAÇÃO PÚBLICA.

SÚMULAS SOBRE CONTRIBUIÇÕES Seção II


DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR
STF Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contri-
Súmula Vinculante 40-STF: A contribuição confederativa de buinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
que trata o artigo 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível aos Municípios:
dos filiados ao sindicato respectivo. I - [PRINCÍPIO DA LEGALIDADE] exigir ou aumentar tributo
sem lei que o estabeleça;

2
Medida Provisória poderá instituir ou majorar IMPOSTOS ções de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c,
II - [PRINCÍPIO DA IGUALDADE TRIBUTÁRIA OU VEDAÇÃO DE da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de
PRIVILÉGIO ODIOSO] instituir tratamento desigual entre con- previdência social privada se não houver contribuição dos
tribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibi- beneficiários."
da qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou Súmula Vinculante 52: ainda quando alugado a terceiros, per-
função por eles exercida, independentemente da denomina- manece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das
ção jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal,
“Autolimitação do poder fiscal, por meio da Constituição ou de desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para
lei formal, consistente na permissão, destituída de razoabilidade, as quais tais entidades foram constituídas.
para que alguém deixe de pagar os tributos que incidem generi-
A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA SUBJETIVA aplica-se a seus bene-
camente sobre todos os contribuintes ou recebe benefícios
ficiários na posição de contribuinte de direito, mas não na
inextensíveis aos demais”
de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a veri-
III - cobrar tributos: ficação da existência do beneplácito constitucional, a repercus-
a) [PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA] em rela- são econômica do tributo envolvido. (RE 608872/MG)
ção a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da
d) [IMUNIDADE CULTURAL] livros, jornais, periódicos e o pa-
lei que os houver instituído ou aumentado ;
pel destinado a sua impressão
b) [PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE] no mesmo exercício fi-
nanceiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou au- A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da
mentou ; Constituição Federal (CF), aplica-se ao livro eletrônico (“e-
book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para
Súmula vinculante 50-STF: Norma legal que altera o prazo de
fixá-lo (RE 330817/RJ).
recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princí-
pio da anterioridade A imunidade da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88 al-
c) [PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL OU ANTE- cança componentes eletrônicos destinados, exclusivamente,
RIORIDADE ESPECÍFICA] antes de decorridos 90 dias da data a integrar unidade didática com fascículos (RE 595676/RJ).
em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, Jornais: Os jornais gozam de imunidade, mesmo que conte-
observado o disposto na alínea b ; nham publicidade em seu corpo (anúncios, classificados etc.),
IV - utilizar tributo com efeito de confisco; considerando que isso constitui fonte de renda necessária para
A multa moratória, embora não seja tributo, não pode ter continuar a difusão da cultura (Ricardo Alexandre); Contudo, al-
um importe que lhe confira característica confiscatória, invi- gumas vezes, junto com o jornal vêm alguns folhetos separa-
abilizando inclusive o recolhimento de futuros tributos. dos contendo publicidade de supermercados, lojas etc. Tais
V - [PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO DE TRÁFEGO] estabelecer limi- encartes publicitários não são parte integrante (indissociável)
tações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos do jornal e não se destinam à difusão da cultura (possuem finali-
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de dade apenas comercial), razão pela qual NÃO gozam de imu-
pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público ; nidade (RE 213.094/ES).
VI - INSTITUIR IMPOSTOS sobre: Filmes e papéis fotográficos: Súmula 657-STF - A imunidade
a) [IMUNIDADE RECÍPROCA] patrimônio, renda ou serviços, prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal abrange os
uns dos outros; filmes e papeis fotográficos necessários à publicação de jornais
b) [IMUNIDADE RELIGIOSA] templos de qualquer culto; e periódicos.
Deve abranger não somente os prédios destinados ao culto, Listas telefônicas: SÃO imunes.
mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços relacionados Papel para propaganda: NÃO é imune.
com as finalidades essenciais das entidades nelas menciona- Chapas de impressão: NÃO são imunes.
das (RE 325.822) Serviços de distribuição de livros, jornais e periódicos: NÃO
são imunes
Não cabe à entidade religiosa demonstrar que utiliza o bem de
Serviços de composição gráfica: NÃO são imunes.
acordo com suas finalidades institucionais, ao contrário, compe-
te à Administração tributária demonstrar a eventual tredestina- e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no
ção do bem gravado pela imunidade. (ARE 800.395 AgR) Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores bra-
sileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros
Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os con -
cunho religioso estão abrangidos pela garantia contemplada tenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas
no art. 150 da Constituição do Brasil. Impossibilidade da inci- de leitura a laser.
dência de IPTU em relação a eles. § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos
A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III,
aos templos de qualquer culto religioso, não se aplicando à c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e
maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião. V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previs-
tos nos arts. 155, III, e 156, I.
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusi-
ve suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores,
das instituições de educação e de assistência social, sem fins NÃO SE APLICA O PRINCÍPIO NÃO SE APLICA O PRINCÍPIO
lucrativos, atendidos os requisitos da lei; DA ANTERIORIDADE DA NOVENTENA
Súmula 730 do STF. "A imunidade tributária conferida a institui- EC para atender despesas ex- EC para atender despesas extra-

3
traordinárias ordinárias lador frente aos interesses reli-
II II giosos que vigoram no nosso
IE IE país e na nossa sociedade, ex-
IPI IR pressamente cristã.
IOF IOF
IEG IEG
SÚMULAS SOBRE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
Fixação da BC do IPVA e IPTU
STF
Súmula Vinculante 50: Norma legal que ALTERA O PRAZO DE
RECOLHIMENTO de obrigação tributária não se sujeita ao Súmula vinculante 52-STF: Ainda quando alugado a tercei-
princípio da anterioridade. ros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qual-
A anterioridade da súmula entende-se como sendo a anteriori- quer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde
dade anual e a anterioridade nonagesimal. que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as
quais tais entidades foram constituídas
§ 2º A vedação do inciso VI, "a" (imunidade recíproca), é exten- Súmula 75-STF: Sendo vendedora uma autarquia, a sua imuni-
siva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo dade fiscal não compreende o imposto de transmissão "inter
Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos ser- vivos", que é encargo do comprador.
viços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decor- Súmula 336-STF: A imunidade da autarquia financiadora, quan-
rentes. to ao contrato de financiamento, não se estende a compra e
§ 3º As vedações do inciso VI, "a" (imunidade recíproca), e do venda entre particulares, embora constantes os dois atos de
parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos um só instrumento.
serviços, relacionados com exploração de atividades econô- Súmula 591-STF: A imunidade ou a isenção tributária do com-
micas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos prador não se estende ao produtor, contribuinte do imposto
privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de sobre produtos industrializados.
preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente Súmula 657-STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF
comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publica-
bem imóvel. ção de jornais e periódicos.
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", com- Súmula 730-STF: A imunidade tributária conferida a instituições
preendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacio- de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da
nados com as finalidades essenciais das entidades nelas menci- Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previ-
onadas. dência social privada se não houver contribuição dos beneficiá-
§ 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam rios.
esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias STJ
e serviços.
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálcu- Súmula 352-STJ: A obtenção ou a renovação do Certificado de
lo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, rela- Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) não exime a
tivos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser conce- entidade do cumprimento dos requisitos legais supervenien-
dido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que tes.
regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o cor- Súmula 612-STJ: O certificado de entidade beneficente de as-
respondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no sistência social (CEBAS), no prazo de sua validade, possui na-
art. 155, § 2.º, XII, g. tureza declaratória para fins tributários, retroagindo seus
§ 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tribu- efeitos à data em que demonstrado o cumprimento dos requisi-
tária a condição de responsável pelo pagamento de imposto tos estabelecidos por lei complementar para a fruição da imuni-
ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, dade.
assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga,
caso não se realize o fato gerador presumido. Art. 151. É VEDADO à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território
IMUNIDADES ONTOLÓGICAS IMUNIDADES POLÍTICAS nacional ou que implique distinção ou preferência em relação
a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de
São aquelas que existiriam São aquelas que se destinam outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a
ainda que a CF/88 não as pre- a proteger princípios presen- promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico en-
visse em seu texto, uma vez tes expressamente na CF/88, tre as diferentes regiões do País;
que são fundamentais para a mas são decorrentes da von- II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Esta-
observância dos princípios tade política do legislador dos, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remune-
contidos na nossa Carta Mag- constitucional, e não em virtu- ração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em ní-
na de 1988, quais sejam, da de da falta de capacidade con- veis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus
isonomia e do pacto federativo. tributiva dos beneficiários. agentes;
Estão, sobremaneira, relaciona- Como exemplo, temos a imuni- III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados,
das às cláusulas pétreas da dade conferida aos templos de do Distrito Federal ou dos Municípios [VEDAÇÃO ÀS ISEN-
nossa CF/88, afirmando-as ain- qualquer culto (imunidade reli- ÇÕES HETERÔNOMAS]
da mais. giosa), conferida em razão de
uma vontade política do legis-

4
Art. 152. É VEDADO aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu- Súmula 556-STJ: É indevida a incidência de imposto de renda
nicípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, sobre o valor da complementação de aposentadoria pago por
de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou desti- entidade de previdência privada e em relação ao resgate de
no (não se aplica à União) contribuições recolhidas para referidas entidades patrocinadoras
no período de 1º/1/1989 a 31/12/1995, em razão da isenção
Seção III concedida pelo art. 6º, VII, b, da Lei n. 7.713/1988, na redação
DOS IMPOSTOS DA UNIÃO anterior à que lhe foi dada pela Lei n. 9.250/1995.
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: Súmula 590-STJ: Constitui acréscimo patrimonial a atrair a inci-
I - (II) importação de produtos estrangeiros; dência do Imposto de Renda, em caso de liquidação de entidade
II – (IE) exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou na- de previdência privada, a quantia que couber a cada participan-
cionalizados; te, por rateio do patrimônio, superior ao valor das respectivas
III - (IR) renda e proventos de qualquer natureza; contribuições à entidade em liquidação, devidamente atualiza-
IV - (IPI) produtos industrializados; das e corrigidas.
V – (IOF) operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a tí- Súmula 598-STJ: É desnecessária a apresentação de laudo
tulos ou valores mobiliários; médico oficial para o reconhecimento judicial da isenção do Im-
VI - (ITR) propriedade territorial rural; posto de Renda, desde que o magistrado entenda suficiente-
VII - (IGF) grandes fortunas, nos termos de lei complementar. mente demonstrada a doença grave por outros meios de
§ 1º É facultado ao Poder Executivo (por meio de decreto), prova.
atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, ALTE- Súmula 627-STJ: O contribuinte faz jus à concessão ou à
RAR AS ALÍQUOTAS dos impostos enumerados nos incisos I (II), manutenção da isenção do imposto de renda, não se lhe
II (IE), IV (IPI) e V (IOF). exigindo a demonstração da contemporaneidade dos sintomas
§ 2º O imposto de renda (IR): da doença nem da recidiva da enfermidade.
I - será informado pelos critérios da generalidade, da universali-
dade e da progressividade, na forma da lei;
§ 3º O imposto sobre produtos industrializados (IPI):
I - será SELETIVO, em função da essencialidade do produto;
SÚMULAS SOBRE IR II - será NÃO-CUMULATIVO, compensando-se o que for devido
STF em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;
III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao
Súmula 93-STF: Não está isenta do imposto de renda a ativi- exterior.
dade profissional do arquiteto. IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de
Súmula 584-STF: Ao imposto de renda calculado sobre os ren- capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.
dimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício fi-
nanceiro em que deve ser apresentada a declaração. • Polê-
SÚMULAS SOBRE IPI
mica, mas prevalece que continua válida.
Súmula 586-STF: Incide imposto de renda sobre os juros reme- STF
tidos para o exterior, com base em contrato de mútuo.
Súmula 591-STF: A imunidade ou a isenção tributária do com-
Súmula 587-STF: Incide imposto de renda sobre o pagamento
prador não se estende ao produtor, contribuinte do imposto
de serviços técnicos contratados no exterior e prestados no Bra-
sobre produtos industrializados.
sil.
STJ
STJ
Súmula 411-STJ: É devida a correção monetária ao creditamen-
Súmula 125-STJ: O pagamento de férias não gozadas por ne-
to do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente
cessidade do serviço não está sujeito à incidência do Imposto
de resistência ilegítima do Fisco
de Renda.
Súmula 494-STJ: O benefício fiscal do ressarcimento do crédito
Súmula 136-STJ: O pagamento de licença-prêmio não gozada
presumido do IPI relativo às exportações incide mesmo quan-
por necessidade do serviço não está sujeito ao Imposto de
do as matérias-primas ou os insumos sejam adquiridos de
Renda.
pessoa física ou jurídica não contribuinte do PIS/PASEP.
Súmula 215-STJ: A indenização recebida pela adesão a progra-
Súmula 495-STJ: A aquisição de bens integrantes do ativo per-
ma de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à inci-
manente da empresa não gera direito a creditamento de IPI.
dência do Imposto de Renda.
Súmula 262-STJ: Incide o Imposto de Renda sobre o resultado
das aplicações financeiras realizadas pelas cooperativas. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
Súmula 386-STJ: São isentas de Imposto de Renda as indeniza-
EDIÇÃO N. 118: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS
ções de férias proporcionais e o respectivo adicional.
INDUSTRIALIZADOS - I
Súmula 447-STJ: Os Estados e o Distrito Federal são partes le-
1) O fato gerador do Imposto sobre Produtos Industrializados -
gítimas na ação de restituição de imposto retido na fonte pro-
IPI, incidente sobre mercadoria importada, é o desembaraço
posta por seus servidores.
aduaneiro (art. 46, I, do Código Tributário Nacional - CTN),
Súmula 463-STJ: Incide Imposto de Renda sobre os valores
sendo irrelevante se o bem é adquirido a título de compra e
percebidos a título de indenização por horas extraordinárias tra-
venda ou de arrendamento, incidindo o tributo sobre a base
balhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo.
de cálculo proporcional nos casos de ingresso do bem em
Súmula 498-STJ: Não incide imposto de renda sobre a indeni-
caráter temporário no território nacional, nos termos do art. 79
zação por danos morais.

5
da Lei n. 9.430/1996. § 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou
2) Os produtos importados estão sujeitos a uma nova instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do
incidência do IPI quando de sua saída do estabelecimento IOF, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de
importador na operação de revenda, mesmo que não 1%, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos
tenham sofrido industrialização no Brasil. seguintes termos:
3) Não incide o IPI sobre alimentos e outras preparações I – 30% para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme
utilizadas na alimentação de cães e gatos quando a origem;
acondicionados e comercializados em embalagens com peso II – 70% para o Município de origem.
superior a 10 kg (dez quilos).
4) Não incide Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI nos OURO
serviços de composição e de impressão gráfica.
ATIVO FINANCEIRO NÃO ATIVO FINANCEIRO
5) Combustíveis, lubrificantes e energia elétrica, embora
consumidos durante o processo de industrialização, não podem Incide apenas IOF Incide ICMS
ser considerados como matéria-prima, insumos ou produtos
intermediários, para o fim de inclusão no cálculo do crédito
SÚMULAS SOBRE IOF
presumido de IPI.
6) Não incide Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI STF
sobre a venda de produtos, na hipótese em que ocorre
Súmula 664-STF: É inconstitucional o inciso V do art. 1º da Lei
roubo ou furto de mercadoria, antes da entrega ao
8.033/90, que instituiu a incidência do imposto nas operações
comprador, porquanto não configurado o fator gerador,
de crédito, câmbio e seguros – IOF sobre saques efetuados em
com a efetivação da operação mercantil.
caderneta de poupança.
7) A ficção jurídica prevista no art. 11 da Lei n. 9.779/1999 não
alcança situação reveladora de isenção do Imposto sobre STJ
Produtos Industrializados - IPI que a antecedeu.
Súmula 185-STJ: Nos depósitos judiciais, não incide o imposto
8) Não se admite interpretação extensiva do art. 11 da Lei n.
sobre operações financeiras.
9.779/1999 para permitir o creditamento, após a sua vigência,
dos produtos finais não tributados, pois o benefício somente foi
reconhecido pela lei para os produtos finais isentos ou sujeitos Art. 154. A União poderá instituir:
ao regime de alíquota zero. I - mediante LC, impostos não previstos no artigo anterior,
9) É legítima a aplicação das alíquotas previstas na Resolução da desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador
Comissão de Incentivo à Exportação - CIEX 02/1979, para fins de ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constitui-
cálculo do crédito-prêmio do IPI. ção;
10) Em se tratando de ressarcimento de crédito-prêmio de IPI, a II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos ex-
liquidação da sentença se dará por artigos, oportunidade em traordinários, COMPREENDIDOS OU NÃO EM SUA COMPE-
que a parte deverá apresentar toda a documentação suficiente à TÊNCIA TRIBUTÁRIA, os quais serão suprimidos, gradativa-
comprovação da efetiva operação de exportação, bem como do mente, cessadas as causas de sua criação.
ingresso de divisas no País, sem o que não se habilita à fruição
do benefício, mesmo estando ele reconhecido na sentença. Seção IV
DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
§ 4º O imposto sobre propriedade territorial rural (ITR):
impostos sobre:
I - SERÁ PROGRESSIVO e terá suas alíquotas fixadas de forma
I - (ITCMD) transmissão causa mortis e doação, de quaisquer
a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas;
bens ou direitos;
O ITR é um imposto progressivo: quanto mais alto for o valor do II - (ICMS) operações relativas à circulação de mercadorias e so-
objeto que recebe o gravame tributário, maior será a alíquota e, bre prestações de serviços de transporte interestadual e inter -
portanto, o ônus imputado ao contribuinte. municipal e de comunicação, ainda que as operações e as presta-
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, ções se iniciem no exterior;
quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel; III - (IPVA) propriedade de veículos automotores.
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim op- § 1º O ITCMD:
tarem, na forma da lei, desde que não implique redução do im- I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete
posto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal
STJ: "Não incide IPTU, mas ITR , sobre imóvel localizado na II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao
área urbana do Município, desde que comprovadamente uti- Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou ti-
lizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;
ou agroindustrial (art. 15 do DL 57 /1966)" III - terá competência para sua instituição regulada por LC:
a) se o doador tiver domicílio ou residência no exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou
SÚMULAS SOBRE ITR teve o seu inventário processado no exterior;
Súmula 139-STJ: Cabe à Procuradoria da Fazenda Nacional pro- IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;
por execução fiscal para cobrança de crédito relativo ao ITR.

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ITCMD Aprovação: Maioria Absoluta Aprovação: 2/3
BEM IMÓVEL BEM MÓVEL
VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Fe-
Estado da situação do bem Estado onde se processa o
deral, nos termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas in-
inventário ou do domicílio do
ternas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e
doador
nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às pre-
vistas para as operações interestaduais;
SÚMULAS SOBRE ITCMD VII - nas operações e prestações que destinem bens e serviços
a consumidor final, CONTRIBUINTE OU NÃO do imposto, lo-
Súmula 112-STF: O imposto de transmissão "causa mortis" é
calizado em outro Estado, adotar-se-á a alíquota interestadual
devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da
e caberá ao Estado de localização do destinatário o imposto
sucessão.
correspondente à diferença entre a alíquota interna do Estado
Súmula 113-STF: O imposto de transmissão "causa mortis" é
destinatário e a alíquota interestadual;
calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação.
VIII - a responsabilidade pelo recolhimento do imposto cor-
Súmula 114-STF: O imposto de transmissão "causa mortis" não
respondente à diferença entre a alíquota interna e a interesta-
é exigível antes da homologação do cálculo.
dual será atribuída:
Súmula 115-STF: Sobre os honorários do advogado contratado
a) ao destinatário, quando este for contribuinte do imposto;
pelo inventariante, com a homologação do juiz, não incide o
b) ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte
imposto de transmissão "causa mortis".
do imposto;
Súmula 331-STF: É legítima a incidência do imposto de
IX - incidirá também:
transmissão "causa mortis" no inventário por morte
a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do ex-
presumida
terior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contri-
Súmula 590-STF: Calcula-se o imposto de transmissão "causa
buinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade,
mortis" sobre o saldo credor da promessa de compra e venda
assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o
de imóvel, no momento da abertura da sucessão do promitente
imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o esta-
vendedor.
belecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;
b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem
§ 2º O ICMS atenderá ao seguinte: fornecidas com serviços não compreendidos na competência
I - SERÁ NÃO-CUMULATIVO, compensando-se o que for devi- tributária dos Municípios;
do em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou X - NÃO INCIDIRÁ:
prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior,
pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, as-
II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrá- segurada a manutenção e o aproveitamento do montante do im-
rio da legislação: posto cobrado nas operações e prestações anteriores;
a) NÃO IMPLICARÁ CRÉDITO para compensação com o mon-
As operações que destinem mercadorias para o exterior não são
tante devido nas operações ou prestações seguintes;
isentas de ICMS e sim IMUNES.
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações an-
teriores; b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo,
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das merca- inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele
dorias e dos serviços; derivados, e energia elétrica;
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º (quan-
do for ativo financeiro – só incide IOF);
IPI ICMS
d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades
 SERÁ seletivo  PODERÁ SER seletivo de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre
 Será não-cumulativo  Será não-cumulativo e gratuita;
XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante
IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da do IPI, quando a operação, realizada entre contribuintes e re-
República ou de 1/3 dos Senadores, aprovada pela maioria abso- lativa a produto destinado à industrialização ou à comerciali-
luta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às zação, configure fato gerador dos dois impostos;
operações e prestações, interestaduais e de exportação; XII - CABE À LC:
V - é facultado ao Senado Federal: a) definir seus contribuintes;
a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, medi- b) dispor sobre substituição tributária;
ante resolução de iniciativa de 1/3 e aprovada pela maioria c) disciplinar o regime de compensação do imposto;
absoluta de seus membros; d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabeleci-
b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver mento responsável, o local das operações relativas à circulação
conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante de mercadorias e das prestações de serviços;
resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o
2/3 de seus membros; exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no
inciso X, "a";
f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à re-
ALÍQUOTA MÍNIMA ALÍQUOTA MÁXIMA
messa para outro Estado e exportação para o exterior, de ser-
Iniciativa: 1/3 Iniciativa: Maioria Absoluta viços e de mercadorias;

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g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e belecimento similar. • Polêmica.
do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais Súmula 662-STF: É legítima a incidência do ICMS na comerci-
serão concedidos e revogados. alização de exemplares de obras cinematográficas, gravados em
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o im- fitas de videocassete.
posto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalida-
de, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; STJ
i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do impos- Súmula 95-STJ: A redução da alíquota do imposto sobre produ-
to a integre, também na importação do exterior de bem, mer- tos industrializados ou do imposto de importação não implica
cadoria ou serviço. redução do ICMS.
§ 3º À exceção do ICMS e o II e IE, nenhum outro imposto po- Súmula 129-STJ: O exportador adquire o direito de transferên-
derá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, servi- cia de crédito do ICMS quando realiza a exportação do produto
ços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e não ao estocar a matéria-prima.
e minerais do País. Súmula 135-STJ: O ICMS não incide na gravação e distribuição
§ 4º Na hipótese do inciso XII, h (combustíveis e lubrificantes), de filmes e videoteipes.
observar-se-á o seguinte: Súmula 155-STJ: O ICMS incide na importação de aeronave,
I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis deriva- por pessoa física, para uso próprio.
dos de petróleo, o imposto caberá ao ESTADO ONDE OCOR- Súmula 163-STJ: O fornecimento de mercadorias com a simul-
RER O CONSUMO; tânea prestação de serviços em bares, restaurantes e estabeleci-
II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás mentos similares constitui fato gerador do ICMS a incidir sobre
natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não o valor total da operação.
incluídos no inciso I deste parágrafo, o imposto será repartido Súmula 166-STJ: Não constitui fato gerador do ICMS o sim-
entre os Estados de origem e de destino, mantendo-se a mes- ples deslocamento de mercadoria de um para outro estabeleci-
ma proporcionalidade que ocorre nas operações com as de- mento do mesmo contribuinte.
mais mercadorias; Súmula 198-STJ: Na importação de veículo por pessoa física,
III - nas operações interestaduais com gás natural e seus deri- destinado a uso próprio, incide o ICMS.
vados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I Súmula 237-STJ: Nas operações com cartão de crédito, os en-
deste parágrafo, destinadas a não contribuinte, o imposto ca- cargos relativos ao financiamento não são considerados no cál-
berá ao Estado de origem; culo do ICMS.
IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante delibera- Súmula 334-STJ: O ICMS não incide no serviço dos provedo-
ção dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, res de acesso à Internet.
observando-se o seguinte: Súmula 350-STJ: O ICMS não incide sobre o serviço de habili-
a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser tação de telefone celular.
diferenciadas por produto; Súmula 391-STJ: O ICMS incide sobre o valor da tarifa de ener-
b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, gia elétrica correspondente à demanda de potência efetivamen-
ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o te utilizada.
preço que o produto ou seu similar alcançaria em uma venda em Súmula 395-STJ: O ICMS incide sobre o valor da venda a prazo
condições de livre concorrência; constante da nota fiscal.
c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplican- Súmula 431-STJ: É ilegal a cobrança de ICMS com base no va-
do o disposto no art. 150, III, b (princípio da anterioridade). lor da mercadoria submetido ao regime de pauta fiscal.
ICMS-COMBUSTÍVEIS: incide a anterioridade especial (nona- Súmula 432-STJ: As empresas de construção civil não estão
gesimal) no que se refere à diminuição e restabelecimento obrigadas a pagar ICMS sobre mercadorias adquiridas como in-
de alíquotas sumos em operações interestaduais.
§ 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º, inclusi- Súmula: 433-STJ: O produto semielaborado, para fins de inci-
ve as relativas à apuração e à destinação do imposto, serão esta- dência de ICMS, é aquele que preenche cumulativamente os três
belecidas mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, requisitos do art. 1º da Lei Complementar n. 65/1991.
nos termos do § 2º, XII, g. Súmula 457-STJ: Os descontos incondicionais nas operações
mercantis não se incluem na base de cálculo do ICMS.
Súmula 509-STJ: É lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar
SÚMULAS SOBRE ICMS
os créditos de ICMS decorrentes de nota fiscal posteriormente
STF declarada inidônea, quando demonstrada a veracidade da com-
pra e venda.
Súmula vinculante 32-STF: O ICMS não incide sobre alienação
de salvados de sinistro pelas seguradoras.
Súmula vinculante 48-STF: Na entrada de mercadoria importa- § 6º O IPVA:
da do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por ocasião do I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;
desembaraço aduaneiro. II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e
Súmula 573-STF: Não constitui fato gerador do imposto de utilização.
circulação de mercadorias a saída física de máquinas, utensílios
e implementos a título de comodato. A notificação do contribuinte para o recolhimento do IPVA per-
Súmula 574-STF: Sem lei estadual que a estabeleça, é ilegítima fectibiliza a constituição definitiva do crédito tributário, inici-
a cobrança do imposto de circulação de mercadorias sobre o ando-se o prazo prescricional para a execução fiscal no dia se-
fornecimento de alimentação e bebidas em restaurante ou esta- guinte à data estipulada para o vencimento da exação.

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de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se re-
SÚMULAS SOBRE IPVA alizar.
Súmula 585-STJ: A responsabilidade solidária do ex-proprietá-
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao
rio, prevista no art. 134 do Código de Trânsito Brasileiro – CTB,
seu patrimônio, se sobreviver ao donatário.
não abrange o IPVA incidente sobre o veículo automotor, no
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor
que se refere ao período posterior à sua alienação
de terceiro.

CÓDIGO CIVIL Art. 548. É NULA a doação de todos os bens sem reserva de par-
te, ou renda suficiente para a subsistência do doador.
CAPÍTULO IV
Da Doação Art. 549. NULA é também a doação quanto à parte que exceder à
Seção I de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em
Disposições Gerais testamento.
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa,
por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vanta- Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser
gens para o de outra. anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários,
até 2 anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
JDC549 A promessa de doação no âmbito da transação cons-
titui obrigação positiva e perde o caráter de liberalidade Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a
previsto no art. 538 do Código Civil. mais de uma pessoa entende-se distribuída entre elas por igual.
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e
mulher, subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevi-
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se
vo.
aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do
prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que
Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios,
aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
nem é sujeito às consequências da evicção ou do vício redibi-
tório. Nas doações para casamento com certa e determinada
Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do
pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em
donatário não perde o caráter de liberalidade, como não o
contrário.
perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao
valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto.
Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doa-
ção, caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou do inte-
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumen-
resse geral.
to particular.
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministé-
Parágrafo único. A doação verbal SERÁ VÁLIDA, se, versando so-
rio Público poderá exigir sua execução, depois da morte do doa-
bre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti
dor, se este não tiver feito.
a tradição.

Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em 2 anos,


JDC 622 Para a análise do que seja bem de pequeno valor, nos esta não estiver constituída regularmente.
termos do que consta do art. 541, parágrafo único, do Código
Civil, deve-se levar em conta o patrimônio do doador Seção II
Da Revogação da Doação
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatá-
seu representante legal. rio, ou por inexecução do encargo.

Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a Art. 556. Não se pode renunciar antecipadamente o direito de
aceitação, desde que se trate de doação pura. revogar a liberalidade por ingratidão do donatário.

Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um Art. 557. Podem ser revogadas por INGRATIDÃO as doações:
cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por he- I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu
rança (adiantamento de legítima) crime de homicídio doloso contra ele;
II - se cometeu contra ele ofensa física;
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao benefici- III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;
ado extingue-se morrendo o doador, salvo se este outra coisa IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos
dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário. de que este necessitava.

Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro JDC33 O novo Código Civil estabeleceu um novo sistema para a
com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, revogação da doação por ingratidão, pois o rol legal previsto
quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futu- no art. 557 deixou de ser taxativo, admitindo, excepcional-
ro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta mente, outras hipóteses.

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Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou
nos casos do artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descen- presumidos, conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem
dente, ainda que adotivo, ou irmão do doador. como tratá-la com o mesmo cuidado como se sua fosse;
II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em
Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser falta de ajuste, segundo o costume do lugar;
pleiteada dentro de 1 ano, a contar de quando chegue ao co- III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros,
nhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o do- que se pretendam fundadas em direito;
natário o seu autor. IV - a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a rece-
beu, salvas as deteriorações naturais ao uso regular.
Art. 560. O direito de revogar a doação NÃO SE TRANSMITE
aos herdeiros do doador, nem prejudica os do donatário. Mas Art. 570. Se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajus-
aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, conti- tado, ou do a que se destina, ou se ela se danificar por abuso do
nuando-a contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois locatário, poderá o locador, além de rescindir o contrato, exigir
de ajuizada a lide. perdas e danos.

Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá Art. 571. Havendo prazo estipulado à duração do contrato, an-
aos seus herdeiros, exceto se aquele houver perdoado. tes do vencimento não poderá o locador reaver a coisa aluga-
da, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultan-
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução tes, nem o locatário devolvê-la ao locador, senão pagando,
do encargo, se o donatário incorrer em mora. Não havendo pra- proporcionalmente, a multa prevista no contrato.
zo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente Parágrafo único. O locatário gozará do direito de retenção, en-
o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a quanto não for ressarcido.
obrigação assumida.
Art. 572. Se a obrigação de pagar o aluguel pelo tempo que faltar
Art. 563. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos constituir indenização excessiva, será facultado ao juiz fixá-la em
adquiridos por terceiros, nem obriga o donatário a restituir os bases razoáveis.
frutos percebidos antes da citação válida; mas sujeita-o a pagar
os posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas Art. 573. A locação por tempo determinado cessa de pleno di-
doadas, a indenizá-la pelo meio termo do seu valor. reito findo o prazo estipulado, independentemente de notifi-
cação ou aviso.
Art. 564. Não se revogam por ingratidão:
I - as doações puramente remuneratórias; Art. 574. Se, findo o prazo, o locatário continuar na posse da coisa
II - as oneradas com encargo já cumprido; alugada, sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a
III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural; locação pelo mesmo aluguel, mas sem prazo determinado.
IV - as feitas para determinado casamento.
Art. 575. Se, notificado o locatário, não restituir a coisa, pagará,
CAPÍTULO V enquanto a tiver em seu poder, o aluguel que o locador arbitrar, e
Da Locação de Coisas responderá pelo dano que ela venha a sofrer, embora provenien-
Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à te de caso fortuito.
outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa Parágrafo único. Se o aluguel arbitrado for manifestamente exces-
não fungível, mediante certa retribuição. sivo, poderá o juiz reduzi-lo, mas tendo sempre em conta o seu
caráter de penalidade.
Art. 566. O locador é obrigado:
I - a entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, JDC180 A regra do parágrafo único do art. 575 do novo Código
em estado de servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse Civil, que autoriza a limitação pelo juiz do aluguel-pena arbitra-
estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em con- do pelo locador, aplica-se também ao aluguel arbitrado pelo co-
trário; modante, autorizado pelo art. 582, 2ª parte, do novo Código Ci-
II - a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da vil.
coisa.
Art. 576. Se a coisa for alienada durante a locação, o adquiren-
Art. 567. Se, durante a locação, se deteriorar a coisa alugada,
te NÃO FICARÁ OBRIGADO A RESPEITAR O CONTRATO, se
sem culpa do locatário, a este caberá pedir redução proporci-
nele não for consignada a cláusula da sua vigência no caso de
onal do aluguel, ou resolver o contrato, caso já não sirva a coi-
alienação, e não constar de registro.
sa para o fim a que se destinava.
§ 1o O registro a que se refere este artigo será o de Títulos e Do-
cumentos do domicílio do locador, quando a coisa for móvel; e
Art. 568. O locador resguardará o locatário dos embaraços e tur-
será o Registro de Imóveis da respectiva circunscrição, quando
bações de terceiros, que tenham ou pretendam ter direitos sobre
imóvel.
a coisa alugada, e responderá pelos seus vícios, ou defeitos, ante-
§ 2o Em se tratando de imóvel, e ainda no caso em que o loca -
riores à locação.
dor não esteja obrigado a respeitar o contrato, não poderá
ele despedir o locatário, senão observado o prazo de 90 dias
Art. 569. O locatário é obrigado:
após a notificação.

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Art. 577. Morrendo o locador ou o locatário, transfere-se aos Art. 580. Os tutores, curadores e em geral todos os administrado-
seus herdeiros a locação por tempo determinado. res de bens alheios não poderão dar em comodato, sem autoriza-
ção especial, os bens confiados à sua guarda.
Art. 578. Salvo disposição em contrário, o locatário goza do di-
reito de retenção, no caso de benfeitorias necessárias, ou no Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-
de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com ex- se-lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o co-
presso consentimento do locador. modante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida
pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de
DIREITO DE RETENÇÃO DO LOCATÁRIO findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso ou-
torgado.
BENFEITORIAS NECESSÁRIAS BENFEITORIAS ÚTEIS
Em qualquer caso Somente se o locador consentir Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua pró-
expressamente pria fora, a coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acor-
do com o contrato ou a natureza dela, sob pena de responder por
perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de
SÚMULAS SOBRE LOCAÇÕES por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa
que for arbitrado pelo comodante.
STF
Súmula 158-STF: Salvo estipulação contratual averbada no re- Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente
gistro imobiliário, não responde o adquirente pelas benfeitorias com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus
do locatário. abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido,
Súmula 374-STF: Na retomada para construção mais útil, não é ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior.
necessário que a obra tenha sido ordenada pela autoridade pú-
blica Art. 584. O comodatário NÃO PODERÁ JAMAIS RECOBRAR do
Súmula 409-STF: Ao retomante, que tenha mais de um prédio comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa em-
alugado, cabe optar entre eles, salvo abuso de direito prestada.
Súmula 410-STF: Se o locador, utilizando prédio próprio para
residência ou atividade comercial, pede o imóvel locado para Art. 585. Se 2 ou mais pessoas forem simultaneamente comoda-
uso próprio, diverso do que tem o por ele ocupado, não está tárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para
obrigado a provar a necessidade, que se presume. com o comodante.
Súmula 442-STF: A inscrição do contrato de locação no registro
de imóveis, para a validade da cláusula de vigência contra o ad- Seção II
quirente do imóvel, ou perante terceiros, dispensa a transcri- Do Mútuo
ção no registro de títulos e documentos Art. 586. O MÚTUO é o empréstimo de coisas fungíveis. O mu-
Súmula 449-STF: O valor da causa, na consignatória de alu- tuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em
guel, corresponde a uma anuidade. coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
Súmula 483-STF: É dispensável a prova da necessidade, na re-
tomada do prédio situado em localidade para onde o proprietá- Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa empres-
rio pretende transferir residência, salvo se mantiver, também, a tada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela
anterior, quando dita prova será exigida desde a tradição.
Súmula 486-STF: Admite-se a retomada para sociedade da qual
o locador, ou seu cônjuge, seja sócio, com participação predo- Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização
minante no capital social. daquele sob cuja guarda estiver, NÃO PODE ser reavido nem do
mutuário, nem de seus fiadores.
STJ
Súmula 214-STJ: O fiador na locação não responde por obriga- Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente:
ções resultantes de aditamento ao qual não anuiu. I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para
Súmula 268-STJ: O fiador que não integrou a relação processu- contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente;
al na ação de despejo não responde pela execução do julgado II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a
Súmula 335-STJ: Nos contratos de locação, É VÁLIDA a cláusu- contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais;
la de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal
retenção. caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças;
IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor;
CAPÍTULO VI V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente.
Do Empréstimo
Seção I Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes
Do Comodato do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situa-
Art. 579. O COMODATO é o empréstimo gratuito de coisas não ção econômica.
fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto.
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-
se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão

11
exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitali-
zação anual. Art. 600. Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o
prestador de serviço, por culpa sua, deixou de servir.
JDC34 No novo Código Civil, quaisquer contratos de mútuo
destinados a fins econômicos presumem-se onerosos (art. Art. 601. Não sendo o prestador de serviço contratado para certo
591), ficando a taxa de juros compensatórios limitada ao dis- e determinado trabalho, entender-se-á que se obrigou a todo e
posto no art. 406, com capitalização anual. qualquer serviço compatível com as suas forças e condições.

Art. 602. O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou


Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do
por obra determinada, não se pode ausentar, ou despedir, sem
mútuo será:
justa causa, antes de preenchido o tempo, ou concluída a
I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas,
obra.
assim para o consumo, como para semeadura;
Parágrafo único. Se se despedir sem justa causa, terá direito à re-
II - de 30 dias, pelo menos, se for de dinheiro;
tribuição vencida, mas responderá por perdas e danos. O mes-
III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qual-
mo dar-se-á, se despedido por justa causa.
quer outra coisa fungível.

Art. 603. Se o prestador de serviço for despedido sem justa causa,


COMODATO • Gratuito a outra parte será obrigada a pagar-lhe por inteiro a retribuição
• Coisa INFUngível vencida, e por metade a que lhe tocaria de então ao termo legal
MÚTUO • Coisa FUngível do contrato.

Art. 604. Findo o contrato, o prestador de serviço tem direito a


CAPÍTULO VII
exigir da outra parte a declaração de que o contrato está findo.
Da Prestação de Serviço
Igual direito lhe cabe, se for despedido sem justa causa, ou se ti-
Art. 593. A prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis tra-
ver havido motivo justo para deixar o serviço.
balhistas ou a lei especial, reger-se-á pelas disposições deste Ca-
pítulo.
Art. 605. Nem aquele a quem os serviços são prestados, poderá
transferir a outrem o direito aos serviços ajustados, nem o presta-
Art. 594. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou
dor de serviços, sem aprazimento da outra parte, dar substituto
imaterial, pode ser contratada mediante retribuição.
que os preste.

JDC541 O contrato de prestação de serviço pode ser gratuito. Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título
de habilitação, ou não satisfaça requisitos outros estabelecidos
Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer em lei, não poderá quem os prestou cobrar a retribuição nor-
das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá malmente correspondente ao trabalho executado. Mas se des-
ser assinado a rogo e subscrito por 2 testemunhas. te resultar benefício para a outra parte, o juiz atribuirá a quem o
prestou uma compensação razoável, desde que tenha agido com
Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as par- boa-fé.
tes, fixar-se-á por arbitramento a retribuição, segundo o costume Parágrafo único. Não se aplica a segunda parte deste artigo,
do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade. quando a proibição da prestação de serviço resultar de lei de or-
dem pública.
Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço,
se, por convenção, ou costume, não houver de ser adiantada, ou Art. 607. O contrato de prestação de serviço acaba com a morte
paga em prestações. de qualquer das partes. Termina, ainda, pelo escoamento do
prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato median-
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar te aviso prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou
por mais de 4 anos, embora o contrato tenha por causa o paga- pela impossibilidade da continuação do contrato, motivada por
mento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de força maior.
certa e determinada obra. Neste caso, decorridos 4 anos, dar-se-
á por findo o contrato, ainda que não concluída a obra. Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato es-
crito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que
Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber
da natureza do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das durante 2 anos (tutela externa do contrato)
partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o con-
trato. Art. 609. A alienação do prédio agrícola, onde a prestação dos
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso: serviços se opera, não importa a rescisão do contrato, salvo ao
I - com antecedência de 8 dias, se o salário se houver fixado por prestador opção entre continuá-lo com o adquirente da proprie-
tempo de um mês, ou mais; dade ou com o primitivo contratante.
II - com antecipação de 4 dias, se o salário se tiver ajustado por
semana, ou quinzena;
III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de 7 CAPÍTULO VIII
dias. Da Empreitada

12
Art. 610. O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só da que sejam introduzidas modificações no projeto, a não ser
com seu trabalho ou com ele e os materiais. que estas resultem de instruções escritas do dono da obra.
§ 1o A obrigação de fornecer os materiais NÃO SE PRESUME; Parágrafo único. Ainda que não tenha havido autorização es-
resulta da lei ou da vontade das partes. crita, o dono da obra é obrigado a pagar ao empreiteiro os au-
§ 2o O contrato para elaboração de um projeto não implica a mentos e acréscimos, segundo o que for arbitrado, se, sempre
obrigação de executá-lo, ou de fiscalizar-lhe a execução. presente à obra, por continuadas visitas, não podia ignorar o
que se estava passando, e nunca protestou.
Art. 611. Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por
sua conta os riscos até o momento da entrega da obra, a conten- Art. 620. Se ocorrer diminuição no preço do material ou da mão
to de quem a encomendou, se este não estiver em mora de rece- de obra superior a 1/10 do preço global convencionado, poderá
ber. Mas se estiver, por sua conta correrão os riscos. este ser revisto, a pedido do dono da obra, para que se lhe asse-
gure a diferença apurada.
Art. 612. Se o empreiteiro só forneceu mão-de-obra, todos os ris -
cos em que não tiver culpa correrão por conta do dono. Art. 621. Sem anuência de seu autor, não pode o proprietário
da obra introduzir modificações no projeto por ele aprovado,
Art. 613. Sendo a empreitada unicamente de lavor (art. 610), se a ainda que a execução seja confiada a terceiros, a não ser que,
coisa perecer antes de entregue, sem mora do dono nem culpa por motivos supervenientes ou razões de ordem técnica, fique
do empreiteiro, este perderá a retribuição, se não provar que a comprovada a inconveniência ou a excessiva onerosidade de
perda resultou de defeito dos materiais e que em tempo reclama- execução do projeto em sua forma originária.
ra contra a sua quantidade ou qualidade. Parágrafo único. A proibição deste artigo não abrange altera-
ções de pouca monta, ressalvada sempre a unidade estética
Art. 614. Se a obra constar de partes distintas, ou for de natureza da obra projetada.
das que se determinam por medida, o empreiteiro terá direito a
que também se verifique por medida, ou segundo as partes em Art. 622. Se a execução da obra for confiada a terceiros, a respon-
que se dividir, podendo exigir o pagamento na proporção da sabilidade do autor do projeto respectivo, desde que não assuma
obra executada. a direção ou fiscalização daquela, ficará limitada aos danos resul-
§ 1o Tudo o que se pagou presume-se verificado. tantes de defeitos previstos no art. 618 e seu parágrafo único.
§ 2o O que se mediu presume-se verificado se, em 30 dias, a
contar da medição, não forem denunciados os vícios ou defei- Art. 623. Mesmo após iniciada a construção, pode o dono da
tos pelo dono da obra ou por quem estiver incumbido da sua fis- obra suspendê-la, desde que pague ao empreiteiro as despesas
calização. e lucros relativos aos serviços já feitos, mais indenização razoável,
calculada em função do que ele teria ganho, se concluída a obra.
Art. 615. Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume
do lugar, o dono é obrigado a recebê-la. Poderá, porém, rejeitá- Art. 624. Suspensa a execução da empreitada sem justa causa,
la, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos pla- responde o empreiteiro por perdas e danos.
nos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza.
Art. 625. Poderá o empreiteiro suspender a obra:
Art. 616. No caso da segunda parte do artigo antecedente, pode I - por culpa do dono, ou por motivo de força maior;
quem encomendou a obra, em vez de enjeitá-la, recebê-la com II - quando, no decorrer dos serviços, se manifestarem dificul-
abatimento no preço. dades imprevisíveis de execução, resultantes de causas geológi-
cas ou hídricas, ou outras semelhantes, de modo que torne a em-
Art. 617. O empreiteiro é obrigado a pagar os materiais que rece- preitada excessivamente onerosa, e o dono da obra se opuser
beu, se por imperícia ou negligência os inutilizar. ao reajuste do preço inerente ao projeto por ele elaborado, ob-
servados os preços;
Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras III - se as modificações exigidas pelo dono da obra, por seu
construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução vulto e natureza, forem desproporcionais ao projeto aprovado,
responderá, durante o prazo irredutível de 5 anos, pela solidez ainda que o dono se disponha a arcar com o acréscimo de
e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como preço.
do solo.
Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o Art. 626. NÃO SE EXTINGUE o contrato de empreitada pela mor-
dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, te de qualquer das partes, salvo se ajustado em consideração
nos 180 dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito. às qualidades pessoais do empreiteiro.

JDC181 O prazo referido no art. 618, parágrafo único, do Códi- CAPÍTULO IX


go Civil refere-se unicamente à garantia prevista no caput, sem Do Depósito
prejuízo de poder o dono da obra, com base no mau cumpri- Seção I
mento do contrato de empreitada, demandar perdas e danos Do Depósito Voluntário
Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um obje-
to móvel, para guardar, até que o depositante o reclame.
Art. 619. Salvo estipulação em contrário, o empreiteiro que se in-
cumbir de executar uma obra, segundo plano aceito por quem a
encomendou, não terá direito a exigir acréscimo no preço, ain-

13
Art. 628. O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver Parágrafo único. Se o depositário, devidamente autorizado, confi-
convenção em contrário, se resultante de atividade negocial ou ar a coisa em depósito a terceiro, será responsável se agiu com
se o depositário o praticar por profissão. culpa na escolha deste.
Parágrafo único. Se o depósito for oneroso e a retribuição do de-
positário não constar de lei, nem resultar de ajuste, será determi- Art. 641. Se o depositário se tornar incapaz, a pessoa que lhe as-
nada pelos usos do lugar, e, na falta destes, por arbitramento. sumir a administração dos bens diligenciará imediatamente resti-
tuir a coisa depositada e, não querendo ou não podendo o depo-
Art. 629. O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação sitante recebê-la, recolhê-la-á ao Depósito Público ou promoverá
da coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o nomeação de outro depositário.
que lhe pertence, bem como a restituí-la, com todos os frutos e
acrescidos, quando o exija o depositante. Art. 642. O depositário não responde pelos casos de força mai-
or; mas, para que lhe valha a escusa, terá de prová-los.
Art. 630. Se o depósito se entregou fechado, colado, selado, ou
lacrado, nesse mesmo estado se manterá. Art. 643. O depositante é obrigado a pagar ao depositário as des-
pesas feitas com a coisa, e os prejuízos que do depósito provie-
Art. 631. Salvo disposição em contrário, a restituição da coisa rem.
deve dar-se no lugar em que tiver de ser guardada. As despe-
sas de restituição correm por conta do depositante. Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe
pague a retribuição devida, o líquido valor das despesas, ou dos
Art. 632. Se a coisa houver sido depositada no interesse de tercei- prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando imediata-
ro, e o depositário tiver sido cientificado deste fato pelo deposi - mente esses prejuízos ou essas despesas.
tante, não poderá ele exonerar-se restituindo a coisa a este, sem Parágrafo único. Se essas dívidas, despesas ou prejuízos não fo-
consentimento daquele. rem provados suficientemente, ou forem ilíquidos, o depositário
poderá exigir caução idônea do depositante ou, na falta desta, a
Art. 633. Ainda que o contrato fixe prazo à restituição, o depositá- remoção da coisa para o Depósito Público, até que se liquidem.
rio entregará o depósito logo que se lhe exija, salvo se tiver o di-
reito de retenção a que se refere o art. 644, se o objeto for judi- Art. 645. O depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se
cialmente embargado, se sobre ele pender execução, notificada obrigue a restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quanti-
ao depositário, ou se houver motivo razoável de suspeitar que a dade, regular-se-á pelo disposto acerca do mútuo.
coisa foi dolosamente obtida.
Art. 646. O depósito voluntário provar-se-á por escrito.
Art. 634. No caso do artigo antecedente, última parte, o depositá-
rio, expondo o fundamento da suspeita, requererá que se recolha Seção II
o objeto ao Depósito Público. Do Depósito Necessário
Art. 647. É depósito necessário:
Art. 635. Ao depositário será facultado, outrossim, requerer de- I - o que se faz em desempenho de obrigação legal;
pósito judicial da coisa, quando, por motivo plausível, não a possa II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o
guardar, e o depositante não queira recebê-la. incêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque.

Art. 636. O depositário, que por força maior houver perdido a coi- Art. 648. O depósito a que se refere o inciso I do artigo antece-
sa depositada e recebido outra em seu lugar, é obrigado a entre- dente, reger-se-á pela disposição da respectiva lei, e, no silêncio
gar a segunda ao depositante, e ceder-lhe as ações que no caso ou deficiência dela, pelas concernentes ao depósito voluntário.
tiver contra o terceiro responsável pela restituição da primeira. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se aos de-
pósitos previstos no inciso II do artigo antecedente, podendo es-
Art. 637. O herdeiro do depositário, que de boa-fé vendeu a coisa tes certificarem-se por qualquer meio de prova.
depositada, é obrigado a assistir o depositante na reivindica-
ção, e a restituir ao comprador o preço recebido. Art. 649. Aos depósitos previstos no artigo antecedente é equipa-
rado o das bagagens dos viajantes ou hóspedes nas hospedarias
Art. 638. Salvo os casos previstos nos arts. 633 e 634, não poderá onde estiverem.
o depositário furtar-se à restituição do depósito, alegando não Parágrafo único. Os hospedeiros responderão como depositários,
pertencer a coisa ao depositante, ou opondo compensação, exce- assim como pelos furtos e roubos que perpetrarem as pessoas
to se noutro depósito se fundar. empregadas ou admitidas nos seus estabelecimentos.

Art. 639. Sendo dois ou mais depositantes, e divisível a coisa, a Art. 650. Cessa, nos casos do artigo antecedente, a responsabili-
cada um só entregará o depositário a respectiva parte, salvo se dade dos hospedeiros, se provarem que os fatos prejudiciais
houver entre eles solidariedade. aos viajantes ou hóspedes não podiam ter sido evitados.

Art. 640. Sob pena de responder por perdas e danos, não pode- Art. 651. O depósito necessário NÃO SE PRESUME GRATUITO.
rá o depositário, sem licença expressa do depositante, servir-se da Na hipótese do art. 649, a remuneração pelo depósito está incluí -
coisa depositada, nem a dar em depósito a outrem. da no preço da hospedagem.

O depósito voluntário É GRA- O depósito necessário NÃO SE

14
TUITO, exceto se houver con- PRESUME GRATUITO Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344
venção em contrário se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
Art. 652. Seja o depósito voluntário ou necessário, o depositário
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento
que não o restituir quando exigido será compelido a fazê-lo me-
que a lei considere indispensável à prova do ato;
diante prisão não excedente a 1 ano, e ressarcir os prejuízos.
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inve-
rossímeis ou estiverem em contradição com prova constante
SV 25, STF: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer dos autos.
que seja a modalidade de depósito.
Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos au-
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL tos fluirão da data de publicação do ato decisório no órgão
oficial.
Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qual-
CAPÍTULO VII
quer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar.
DA RECONVENÇÃO
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para
manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou Súmula 231-STF: O revel, em processo civil, pode produzir pro-
com o fundamento da defesa. vas, desde que compareça em tempo oportuno.
§ 1o Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa
de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 dias. CAPÍTULO IX
§ 2o A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO SANEAMENTO
impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do Art. 347. Findo o prazo para a contestação, o juiz tomará, confor-
processo quanto à reconvenção. me o caso, as providências preliminares constantes das seções
§ 3o A reconvenção pode ser proposta contra o autor e tercei- deste Capítulo.
ro.
§ 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsór- JDPC29 A estabilidade do saneamento não impede a produ-
cio com terceiro. ção de outras provas, cuja necessidade se origine de circuns-
§ 5o Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá tâncias ou fatos apurados na instrução.
afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a re-
convenção deverá ser proposta em face do autor, também na
Seção I
qualidade de substituto processual.
Da Não Incidência dos Efeitos da Revelia
§ 6o O réu pode propor reconvenção independentemente de
Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a
oferecer contestação.
inocorrência do efeito da revelia previsto no art. 344, ordenará
que o autor especifique as provas que pretenda produzir, se
FPPC45. (art. 343) Para que se considere proposta a reconven- ainda não as tiver indicado.
ção, não há necessidade de uso desse nomen iuris, ou dedu-
ção de um capítulo próprio. Contudo, o réu deve manifestar Art. 349. Ao réu revel será lícita a produção de provas, contrapos-
inequivocamente o pedido de tutela jurisdicional QUALITA- tas às alegações do autor, desde que se faça representar nos au-
TIVA ou QUANTITATIVAMENTE MAIOR que a simples im- tos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a essa
procedência da demanda inicial. produção.
FPPC46. (art. 343, § 3º) A reconvenção pode veicular pedido
de declaração de usucapião, ampliando subjetivamente o Seção II
processo, desde que se observem os arts. 259, I, e 328, § 1º, II. Do Fato Impeditivo, Modificativo ou Extintivo do Direito do Autor
Ampliação do Enunciado 237 da Súmula do STF Art. 350. Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extinti-
FPPC629. (arts.343, §3º, 231, §1º e 350) Se o réu reconvier contra vo do direito do autor, este será ouvido no prazo de 15 dias,
o autor e terceiro, o prazo de contestação à reconvenção, para permitindo-lhe o juiz a produção de prova.
ambos, iniciar-se-á após a citação do terceiro.
CJF 120: Deve o juiz determinar a emenda também na recon- Seção III
venção, possibilitando ao reconvinte, a fim de evitar a sua Das Alegações do Réu
rejeição prematura, corrigir defeitos e/ou irregularidades. Art. 351. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no
art. 337, o juiz determinará a oitiva do autor no prazo de 15 dias,
Súmula 258-STF: É admissível reconvenção em ação declarató- permitindo-lhe a produção de prova.
ria
Art. 352. Verificando a existência de irregularidades ou de vícios
CAPÍTULO VIII sanáveis, o juiz determinará sua correção em prazo nunca su-
DA REVELIA perior a 30 dias.
Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e
presumir-se-ão verdadeiras as ALEGAÇÕES DE FATO formula- Art. 353. Cumpridas as providências preliminares ou não havendo
das pelo autor. necessidade delas, o juiz proferirá julgamento conforme o estado
do processo, observando o que dispõe o Capítulo X.

15
CAPÍTULO X dos tribunais.
DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO CJF 125: A decisão parcial de mérito não pode ser modifica-
Seção I da senão em decorrência do recurso que a impugna.
Da Extinção do Processo CJF 126: O juiz pode resolver parcialmente o mérito, em rela-
Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. ção à matéria não afetada para julgamento, nos processos
485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença. suspensos em razão de recursos repetitivos, repercussão ge-
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer ral, incidente de resolução de demandas repetitivas ou inci-
respeito a apenas parcela do processo, caso em que será im- dente de assunção de competência.
pugnável por agravo de instrumento. CJF 127: O juiz pode homologar parcialmente a delimitação
consensual das questões de fato e de direito, após consulta
FPPC154. (art. 354, parágrafo único; art. 1.015, XIII) É cabível às partes, na forma do art. 10 do CPC.
agravo de instrumento contra ato decisório que indefere
parcialmente a petição inicial ou a reconvenção Seção IV
Do Saneamento e da Organização do Processo
Seção II Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo,
Do JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo processo:
sentença com resolução de mérito, quando: I - resolver as questões processuais pendentes, se houver;
I - não houver necessidade de produção de outras provas; II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a ativi-
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não dade probatória, especificando os meios de prova admitidos;
houver requerimento de prova, na forma do art. 349. III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art.
373;
IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão
FPPC297. (art. 355) O juiz que promove julgamento antecipado
do mérito;
do mérito por desnecessidade de outras provas não pode pro-
V - designar, se necessário, audiência de instrução e julga-
ferir sentença de improcedência por insuficiência de provas
mento.
JDPC27 Não é necessário o anúncio prévio do julgamento do
§ 1o Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir es-
pedido nas situações do art. 355 do CPC.
clarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum de 5 dias,
findo o qual a decisão se torna estável.
Seção III § 2o As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, deli-
Do JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO MÉRITO mitação consensual das questões de fato e de direito a que se
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou referem os incisos II e IV, a qual, se homologada, vincula as
mais dos pedidos formulados ou parcela deles: partes e o juiz.
I - mostrar-se incontroverso; § 3o Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos de direito, deverá o juiz designar audiência para que o sanea-
do art. 355. mento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade
§ 1o A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhe- em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou es-
cer a existência de obrigação líquida ou ilíquida. clarecer suas alegações.
§ 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação § 4o Caso tenha sido determinada a produção de prova testemu-
reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito, INDE- nhal, o juiz fixará prazo comum não superior a 15 dias para que
PENDENTEMENTE DE CAUÇÃO, ainda que haja recurso contra as partes apresentem rol de testemunhas.
essa interposto. § 5o Na hipótese do § 3o, as partes devem levar, para a audiência
§ 3o Na hipótese do § 2o, se houver trânsito em julgado da deci- prevista, o respectivo rol de testemunhas.
são, a execução será definitiva. § 6o O número de testemunhas arroladas não pode ser superior
§ 4o A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcial- a 10, sendo 3, no máximo, para a prova de cada fato.
mente o mérito poderão ser processados em autos suplemen- § 7o O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando
tares, a requerimento da parte ou a critério do juiz. em conta a complexidade da causa e dos fatos individualmente
§ 5o A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por considerados.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. § 8o Caso tenha sido determinada a produção de prova pericial, o
juiz deve observar o disposto no art. 465 e, se possível, estabele-
FPPC512. (art. 356) A decisão ilíquida referida no §1º do art. 356 cer, desde logo, calendário para sua realização.
somente é permitida nos casos em que a sentença também pu- § 9o As pautas deverão ser preparadas com intervalo mínimo de
der sê-la 1 hora entre as audiências.
FPPC513. (art. 356; Lei 8.245/1991) Postulado o despejo em cu-
mulação com outro(s) pedido(s), e estando presentes os requisi-
FPPC298. (art. 357, §3º) A audiência de saneamento e organiza-
tos exigidos pelo art. 356, o juiz deve julgar parcialmente o
ção do processo em cooperação com as partes poderá ocorrer
mérito de forma antecipada, para determinar a desocupação do
independentemente de a causa ser complexa
imóvel locado
FPPC299. (arts. 357, §3º, e 191) O juiz pode designar audiência
FPPC630. (arts.356, 57 e 58) A necessidade de julgamento simul-
também (ou só) com objetivo de ajustar com as partes a fi-
tâneo de causas conexas ou em que há continência não impe-
xação de calendário para fase de instrução e decisão.
de a prolação de decisões parciais.
FPPC300. (arts. 357, §7º) O juiz poderá ampliar ou restringir o
CJF 117: O art. 356 do CPC pode ser aplicado nos julgamentos

16
número de testemunhas a depender da complexidade da cau- FPPC430. (art. 361, parágrafo único) A necessidade de licença
sa e dos fatos individualmente considerados. concedida pelo juiz, prevista no parágrafo único do art. 361, É
FPPC427. (art. 357, §2º) A proposta de SANEAMENTO CON- APLICÁVEL TAMBÉM AOS DEFENSORES PÚBLICOS.
SENSUAL feita pelas partes pode agregar questões de fato
até então não deduzidas. Art. 362. A audiência poderá ser adiada:
FPPC428. (art. 357, §3°, 329) A integração e o esclarecimento I - por convenção das partes;
das alegações nos termos do art. 357, §3°, não se confundem II - se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer
com o aditamento do ato postulatório previsto no art. 329. pessoa que dela deva necessariamente participar;
FPPC631. (arts.357, §§ 2º e 3º e 493) A existência de sanea- III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a
mento negocial ou compartilhado não afasta a incidência 30 minutos do horário marcado.
do art. 493. § 1o O impedimento deverá ser comprovado até a abertura da
CJF 128: Exceto quando reconhecida sua nulidade, a convenção audiência, e, não o sendo, o juiz procederá à instrução.
das partes sobre o ônus da prova afasta a redistribuição por § 2o O juiz poderá dispensar a produção das provas requeridas
parte do juiz. pela parte cujo advogado ou defensor público não tenha
JDPC28 Os incisos do art. 357 do CPC não exaurem o conteúdo comparecido à audiência, aplicando-se a mesma regra ao Mi-
possível da decisão de saneamento e organização do processo. nistério Público.
§ 3o Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas
acrescidas.
Súmula 424-STF: Transita em julgado o despacho saneador de
que não houve recurso, excluídas as questões deixadas, explícita
Art. 363. Havendo antecipação ou adiamento da audiência, o juiz,
ou implicitamente, para a sentença.
de ofício ou a requerimento da parte, determinará a intimação
dos advogados ou da sociedade de advogados para ciência da
CAPÍTULO XI
nova designação.
DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
Art. 358. No dia e na hora designados, o juiz declarará aberta a
Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do
audiência de instrução e julgamento e mandará apregoar as par-
autor e do réu, bem como ao membro do Ministério Público, se
tes e os respectivos advogados, bem como outras pessoas que
for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20
dela devam participar.
minutos para cada um, prorrogável por 10 minutos, a critério
do juiz.
Art. 359. Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes,
§ 1o Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo, que
independentemente do emprego anterior de outros métodos
formará com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os
de solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbi-
do mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso.
tragem.
§ 2o Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou
de direito, o debate oral poderá ser substituído por razões fi-
FPPC429. (art. 359) A arbitragem a que se refere o art. 359 é nais escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem
aquela regida pela Lei 9.307/1996. como pelo Ministério Público, se for o caso de sua intervenção,
em prazos sucessivos de 15 dias, assegurada vista dos autos.
Art. 360. O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe:
I - manter a ordem e o decoro na audiência; Art. 365. A audiência é una e contínua, podendo ser excepcio-
II - ordenar que se retirem da sala de audiência os que se com- nal e justificadamente cindida na ausência de perito ou de
portarem inconvenientemente; testemunha, desde que haja concordância das partes.
III - requisitar, quando necessário, força policial; Parágrafo único. Diante da impossibilidade de realização da ins-
IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados, os membros trução, do debate e do julgamento no mesmo dia, o juiz marcará
do Ministério Público e da Defensoria Pública e qualquer pessoa seu prosseguimento para a data mais próxima possível, em pauta
que participe do processo; preferencial.
V - registrar em ata, com exatidão, todos os requerimentos apre-
sentados em audiência. Art. 366. Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz
proferirá sentença em audiência ou no prazo de 30 dias.
Art. 361. As provas orais serão produzidas em audiência, ou-
vindo-se nesta ordem, preferencialmente: Art. 367. O servidor lavrará, sob ditado do juiz, termo que conte-
I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos que- rá, em resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por extenso,
sitos de esclarecimentos requeridos no prazo e na forma do art. os despachos, as decisões e a sentença, se proferida no ato.
477, caso não respondidos anteriormente por escrito; § 1o Quando o termo não for registrado em meio eletrônico, o juiz
II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimentos rubricar-lhe-á as folhas, que serão encadernadas em volume pró-
pessoais; prio.
III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que serão in- § 2o Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o membro do
quiridas. Ministério Público e o escrivão ou chefe de secretaria, dispensa-
Parágrafo único. Enquanto depuserem o perito, os assistentes das as partes, exceto quando houver ato de disposição para
técnicos, as partes e as testemunhas, não poderão os advogados cuja prática os advogados não tenham poderes.
e o Ministério Público intervir ou apartear, sem licença do § 3o O escrivão ou chefe de secretaria trasladará para os autos có-
juiz. pia autêntica do termo de audiência.

17
§ 4o Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o disposto ente a perícia realizada por amostragem do produto apreen-
neste Código, em legislação específica e nas normas internas dos dido, nos aspectos externos do material, e é desnecessária a
tribunais. identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou da-
§ 5o A audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e queles que os representem.
em áudio, em meio digital ou analógico, desde que assegure o
rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores, observada a le-
Usurpação de nome ou pseudônimo alheio
gislação específica.
Art. 186. Procede-se mediante:
§ 6o A gravação a que se refere o § 5o também pode ser realiza-
I – queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184;
da diretamente por qualquer das partes, INDEPENDENTE-
II – ação penal pública incondicionada, nos crimes previstos
MENTE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
nos §§ 1o e 2o do art. 184;
Art. 368. A audiência será pública, ressalvadas as exceções legais. III – ação penal pública incondicionada, nos crimes cometi-
dos em desfavor de entidades de direito público, autarquia, em-
presa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituí-
CÓDIGO PENAL
da pelo Poder Público;
IV – ação penal pública condicionada à representação, nos
TÍTULO III crimes previstos no § 3o do art. 184.
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
CAPÍTULO I TÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL DOS CRIMES CONTRA
Violação de direito autoral A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Atentado contra a liberdade de trabalho
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou
§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, grave ameaça:
com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou in-
processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fono- dústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período
grama, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou em determinados dias:
ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os re- Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
presente: pena correspondente à violência;
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a
§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de participar de parede ou paralisação de atividade econômica:
lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, alu- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da
ga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, origi- pena correspondente à violência.
nal ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido
com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boi-
ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ain- cotagem violenta
da, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não fornecer a
represente. outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto in-
§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, dustrial ou agrícola:
mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou pena correspondente à violência.
produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente
determinados por quem formula a demanda, com intuito de lu- Atentado contra a liberdade de associação
cro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor ameaça, a participar ou deixar de participar de determinado
de fonograma, ou de quem os represente: sindicato ou associação profissional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
§ 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tra- pena correspondente à violência.
tar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são
conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação
de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonogra- da ordem
ma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de
de lucro direto ou indireto. trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra coisa:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
SÚMULAS SOBRE VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Para que se considere coletivo o abando-
Súmula 502-STJ: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-
no de trabalho é indispensável o concurso de, pelo menos, 3
se típica, em relação ao crime previsto no artigo 184, parágrafo
empregados.
2º, do Código Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs
piratas.
Paralisação de trabalho de interesse coletivo
Súmula 574-STJ: Para a configuração do delito de violação de
direito autoral e a comprovação de sua materialidade, é sufici-

18
Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de CAPÍTULO I
trabalho, provocando a interrupção de obra pública ou serviço de DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO
interesse coletivo: Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele re-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. lativo
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo
Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia
Sabotagem ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou ob-
Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, co- jeto de culto religioso:
mercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou embaraçar o Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o es- Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é au-
tabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor: mentada de 1/3, sem prejuízo da correspondente à violência.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS
Frustração de direito assegurado por lei trabalhista Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária
Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito as- Art. 209 - Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerá-
segurado pela legislação do trabalho: ria:
Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é au-
§ 1º Na mesma pena incorre quem: mentada de 1/3, sem prejuízo da correspondente à violência.
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determi-
nado estabelecimento, para impossibilitar o desligamento do ser- Violação de sepultura
viço em virtude de dívida; Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna funerária:
II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
natureza, mediante coação ou por meio da retenção de seus do-
cumentos pessoais ou contratuais. Destruição, subtração ou ocultação de cadáver
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a vítima é menor Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
de 18 anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de defi- Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
ciência física ou mental.
Vilipêndio a cadáver
Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:
Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
legal relativa à nacionalização do trabalho:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da TÍTULO VI
pena correspondente à violência. DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
CAPÍTULO I
Exercício de atividade com infração de decisão administrativa DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por deci- Estupro
são administrativa: Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave amea-
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. ça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com
ele se pratique outro ato libidinoso:
Aliciamento para o fim de emigração Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o § 1 Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou
fim de levá-los para território estrangeiro. se a vítima é menor de 18 ou maior de 14 anos:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do ter- Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
ritório nacional
Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de Súmula 608-STF: No crime de estupro, praticado mediante vio-
uma para outra localidade do território nacional: lência real, a ação penal é pública incondicionada
Pena - detenção de um a três anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores
Violação sexual mediante fraude
fora da localidade de execução do trabalho, dentro do território
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
nacional, mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia do
com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou
trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu retorno
dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
ao local de origem.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a vítima é menor
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter van-
de 18 anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de defi-
tagem econômica, aplica-se também multa.
ciência física ou mental.
Importunação sexual
TÍTULO V
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO
libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a
RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS
de terceiro:

19
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescen-
crime mais grave te
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 anos,
Assédio sexual ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidi-
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter noso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
da sua condição de superior hierárquico ou ascendência ine-
rentes ao exercício de emprego, cargo ou função (decorrentes Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração
de relação de trabalho). sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra
§ 2o A pena é aumentada em até 1/3 se a vítima é menor forma de exploração sexual alguém menor de 18 anos ou que,
de 18 anos. por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou difi-
CAPÍTULO I- A cultar que a abandone:
DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
(LEI 13772/18) § 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econô-
Registro não autorizado da intimidade sexual mica, aplica-se também multa.
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer § 2o Incorre nas mesmas penas:
meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com al-
de caráter íntimo e privado sem autorização dos participan- guém menor de 18 e maior de 14 anos na situação descrita no
tes: caput deste artigo;
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa. II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza monta- se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.
gem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com § 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório
o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidi- da condenação a cassação da licença de localização e de fun-
noso de caráter íntimo. cionamento do estabelecimento.

CAPÍTULO II Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerá-


DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL vel, de cena de sexo ou de pornografia
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou
Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio
com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor – inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de
de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da informática ou telemática –, fotografia, vídeo ou outro registro
vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de
existência de relacionamento amoroso com o agente vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou,
sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou
pornografia:
Estupro de vulnerável
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidino-
crime mais grave.
so com menor de 14 anos:
Aumento de pena
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime é praticado
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no
por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de
caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental,
afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.
NÃO TEM O NECESSÁRIO DISCERNIMENTO para a prática do
Exclusão de ilicitude
ato, ou que, por qualquer outra causa, NÃO PODE OFERECER
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas
RESISTÊNCIA.
descritas no caput deste artigo em publicação de natureza
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave
jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada
§ 4o Se da conduta resulta morte:
sua prévia autorização, caso seja maior de 18 anos.
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1 º, 3º e 4º deste artigo
CAPÍTULO IV
aplicam-se independentemente do consentimento da vítima
DISPOSIÇÕES GERAIS
ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente
Ação penal
ao crime.
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,
procede-se mediante ação penal pública INCONDICIONADA.
O crime de estupro de vulnerável é material
Aumento de pena
Corrupção de menores Art. 226. A pena é aumentada:
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascí- I – de 1/4, se o crime é cometido com o concurso de 2 ou
via de outrem: mais pessoas;
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. II – de 1/2, se o agente é ascendente, padrasto ou ma-
drasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, pre-

20
ceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
tiver autoridade sobre ela § 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça,
IV – de 1/3 a 2/3, se o crime é praticado: fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação
Estupro coletivo da vontade da vítima:
a) mediante concurso de 2 ou mais agentes; Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena
Estupro corretivo correspondente à violência.
b) para controlar o comportamento social ou sexual da
vítima Promoção de migração ilegal
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter
CAPÍTULO V vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro:
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
EXPLORAÇÃO SEXUAL § 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio,
Mediação para servir a lascívia de outrem com o fim de obter vantagem econômica, a saída de
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente em
Pena - reclusão, de um a três anos. país estrangeiro.
§ 1o Se a vítima é maior de 14 e menor de 18 anos, ou se § 2º A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se:
o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou compa- I - o crime é cometido com violência; ou
nheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante.
para fins de educação, de tratamento ou de guarda: § 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. das correspondentes às infrações conexas.
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, gra-
ve ameaça ou fraude: CAPÍTULO VI
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena corres- DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
pondente à violência. Ato obsceno
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto
também multa. ou exposto ao público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração
sexual Escrito ou objeto obsceno
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua
forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição
alguém a abandone: pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. obsceno:
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: dos objetos referidos neste artigo;
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, repre-
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, gra- sentação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno,
ve ameaça ou fraude: ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena corres- III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo
pondente à violência. rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se
também multa. CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES GERAIS
Casa de prostituição Aumento de pena
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabele- Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumenta-
cimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de da
lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: III – de 1/2 a 2/3, se do crime resulta gravidez;
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. IV – de 1/3 a 2/3, se o agente transmite à vítima doença
sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser
Rufianismo portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência.
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participan-
do diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos nes-
ou em parte, por quem a exerça: te Título correrão em segredo de justiça.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1o Se a vítima é menor de 18 e maior de 14 anos ou se o cri- CÓDIGO PROCESSO PENAL
me é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão,
enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou
TÍTULO II
empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra for-
DOS PROCESSOS ESPECIAIS
ma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
CAPÍTULO II

21
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES
DE RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CAPÍTULO IV
Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcionários DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES
públicos, cujo processo e julgamento competirão aos juízes de CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
direito, a queixa ou a denúncia será instruída com documentos Art. 524. No processo e julgamento dos crimes contra a pro-
ou justificação que façam presumir a existência do delito ou priedade IMATERIAL, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e
com declaração fundamentada da impossibilidade de apre- III do Título I deste Livro, com as modificações constantes dos ar-
sentação de qualquer dessas provas. tigos seguintes.

Art. 514. Nos CRIMES AFIANÇÁVEIS, estando a denúncia Art. 525. No caso de haver o crime deixado vestígio, a
ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a queixa ou a denúncia não será recebida se não for instruída
notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de
prazo de 15 dias (defesa prévia) delito.
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acu-
sado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomea- Art. 526. Sem a prova de direito à ação, não será recebida
do defensor, a quem caberá apresentar a resposta preliminar. a queixa, nem ordenada qualquer diligência preliminarmente
requerida pelo ofendido.
Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante o pra-
zo concedido para a resposta, os autos permanecerão em cartó- Art. 527. A diligência de busca ou de apreensão será rea-
rio, onde poderão ser examinados pelo acusado ou por seu de- lizada por 2 peritos nomeados pelo juiz, que verificarão a exis-
fensor. tência de fundamento para a apreensão, e quer esta se realize,
Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com docu- quer não, o laudo pericial será apresentado dentro de 3 dias
mentos e justificações. após o encerramento da diligência.
Parágrafo único. O requerente da diligência poderá impug-
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despa- nar o laudo contrário à apreensão, e o juiz ordenará que esta se
cho fundamentado, se convencido, pela resposta do acusado ou efetue, se reconhecer a improcedência das razões aduzidas pelos
do seu defensor, da inexistência do crime ou da improcedência peritos.
da ação.
Art. 528. Encerradas as diligências, os autos serão conclusos
Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusa- ao juiz para homologação do laudo.
do citado, na forma estabelecida no Capítulo I do Título X do Li-
vro I. Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não
será admitida queixa com fundamento em apreensão e em
Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos do pro- perícia, se decorrido o prazo de 30 dias, após a homologação
cesso, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III, Título I, deste do laudo.
Livro. Parágrafo único. Será dada vista ao Ministério Público dos
autos de busca e apreensão requeridas pelo ofendido, se o crime
CAPÍTULO III for de ação pública e não tiver sido oferecida queixa no prazo fi -
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES xado neste artigo.
DE CALÚNIA E INJÚRIA, DE COMPETÊNCIA DO JUIZ SINGULAR
Art. 519. No processo por crime de calúnia ou injúria, para Art. 530. Se ocorrer prisão em flagrante e o réu não for
o qual não haja outra forma estabelecida em lei especial, obser- posto em liberdade, o prazo a que se refere o artigo anterior
var-se-á o disposto nos Capítulos I e III, Titulo I, deste Livro, com será de 8 dias.
as modificações constantes dos artigos seguintes.
Art. 530-A. O disposto nos arts. 524 a 530 será aplicável aos
Art. 520. Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às par- crimes em que se proceda mediante queixa.
tes oportunidade para se reconciliarem, fazendo-as comparecer Art. 530-B. Nos casos das infrações previstas nos §§ 1 o, 2o e
o
em juízo e ouvindo-as, separadamente, SEM A PRESENÇA DOS 3 do art. 184 do Código Penal, a autoridade policial procederá à
SEUS ADVOGADOS, não se lavrando termo. apreensão dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos, em
sua totalidade, juntamente com os equipamentos, suportes e ma-
Art. 521. Se depois de ouvir o querelante e o querelado, o teriais que possibilitaram a sua existência, desde que estes se des-
juiz achar provável a reconciliação, promoverá entendimento tinem precipuamente à prática do ilícito.
entre eles, na sua presença.
Art. 530-C. Na ocasião da apreensão será lavrado termo, as-
Art. 522. No caso de reconciliação, depois de assinado pelo sinado por 2 ou mais testemunhas, com a descrição de todos os
querelante o termo da desistência, a queixa será arquivada. bens apreendidos e informações sobre suas origens, o qual deve-
rá integrar o inquérito policial ou o processo.
Art. 523. Quando for oferecida a exceção da verdade ou da
notoriedade do fato imputado, o querelante poderá contestar a Art. 530-D. Subsequente à apreensão, será realizada, por pe-
exceção no prazo de 2 dias, podendo ser inquiridas as teste- rito oficial, ou, na falta deste, por pessoa tecnicamente habilitada,
munhas arroladas na queixa, ou outras indicadas naquele prazo, perícia sobre todos os bens apreendidos e elaborado o laudo que
em substituição às primeiras, ou para completar o máximo legal. deverá integrar o inquérito policial ou o processo.

22
Art. 535. Nenhum ato será adiado, salvo quando impres-
Art. 530-E. Os titulares de direito de autor e os que lhe são cindível a prova faltante, determinando o juiz a condução coer-
conexos serão os fiéis depositários de todos os bens apreendidos, citiva de quem deva comparecer.
devendo colocá-los à disposição do juiz quando do ajuizamento
da ação. Art. 536. A testemunha que comparecer será inquirida, inde-
pendentemente da suspensão da audiência, observada em
Art. 530-F. Ressalvada a possibilidade de se preservar o cor - qualquer caso a ordem estabelecida no art. 531 deste Código.
po de delito, o juiz poderá determinar, a requerimento da vítima,
a destruição da produção ou reprodução apreendida quando não Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo,
houver impugnação quanto à sua ilicitude ou quando a ação pe- quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum
nal não puder ser iniciada por falta de determinação de quem as peças existentes para a adoção de outro procedimento, OB-
seja o autor do ilícito. SERVAR-SE-Á O PROCEDIMENTO SUMÁRIO previsto neste Ca-
pítulo.
Art. 530-G. O juiz, ao prolatar a sentença condenatória,
poderá determinar a destruição dos bens ilicitamente produ- CAPÍTULO VI
zidos ou reproduzidos e o perdimento dos equipamentos DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS OU
apreendidos, desde que precipuamente destinados à produção DESTRUÍDOS
e reprodução dos bens, em favor da Fazenda Nacional, que deve- Art. 541. Os autos originais de processo penal extraviados
rá destruí-los ou doá-los aos Estados, Municípios e Distrito Fede- ou destruídos, em primeira ou segunda instância, serão restaura-
ral, a instituições públicas de ensino e pesquisa ou de assistência dos.
social, bem como incorporá-los, por economia ou interesse públi- § 1o Se existir e for exibida cópia autêntica ou certidão do
co, ao patrimônio da União, que não poderão retorná-los aos ca- processo, será uma ou outra considerada como original.
nais de comércio. § 2o Na falta de cópia autêntica ou certidão do processo, o
juiz mandará, de ofício, ou a requerimento de qualquer das par-
Art. 530-H. As associações de titulares de direitos de autor tes, que:
e os que lhes são conexos poderão, em seu próprio nome, funci- a) o escrivão certifique o estado do processo, segundo a sua
onar como assistente da acusação nos crimes previstos no art. lembrança, e reproduza o que houver a respeito em seus proto-
184 do Código Penal, quando praticado em detrimento de qual- colos e registros;
quer de seus associados. b) sejam requisitadas cópias do que constar a respeito no
Instituto Médico-Legal, no Instituto de Identificação e Estatística
Art. 530-I. Nos crimes em que caiba ação penal pública in- ou em estabelecimentos congêneres, repartições públicas, peni-
condicionada ou condicionada, observar-se-ão as normas cons- tenciárias ou cadeias;
tantes dos arts. 530-B, 530-C, 530-D, 530-E, 530-F, 530-G e 530-H. c) as partes sejam citadas pessoalmente, ou, se não forem
encontradas, por edital, com o prazo de 10 dias, para o proces-
CAPÍTULO V so de restauração dos autos.
DO PROCESSO SUMÁRIO § 3o Proceder-se-á à restauração na 1a instância, ainda que
Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser re- os autos se tenham extraviado na segunda.
alizada no prazo máximo de 30 dias, proceder-se-á à tomada de
declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemu- Art. 542. No dia designado, as partes serão ouvidas, mencio-
nhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressal- nando-se em termo circunstanciado os pontos em que estiverem
vado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclare- acordes e a exibição e a conferência das certidões e mais repro-
cimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pes- duções do processo apresentadas e conferidas.
soas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e proce-
dendo-se, finalmente, ao debate. Art. 543. O juiz determinará as diligências necessárias para a
restauração, observando-se o seguinte:
Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 teste- I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença, reinqui-
munhas arroladas pela acusação e 5 pela defesa. rir-se-ão as testemunhas podendo ser substituídas as que ti-
verem falecido ou se encontrarem em lugar não sabido;
Art. 533. Aplica-se ao procedimento sumário o disposto nos II - os exames periciais, quando possível, serão repetidos, e
parágrafos do art. 400 deste Código de preferência pelos mesmos peritos;
Art. 534. As alegações finais SERÃO ORAIS, concedendo- III - a prova documental será reproduzida por meio de cópia
se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo autêntica ou, quando impossível, por meio de testemunhas;
de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10, proferindo o juiz, a IV - poderão também ser inquiridas sobre os atos do proces-
seguir, sentença. so, que deverá ser restaurado, as autoridades, os serventuários, os
§ 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para peritos e mais pessoas que tenham nele funcionado;
a defesa de cada um será individual. V - o Ministério Público e as partes poderão oferecer teste-
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifesta- munhas e produzir documentos, para provar o teor do processo
ção deste, serão concedidos 10 minutos, prorrogando-se por extraviado ou destruído.
igual período o tempo de manifestação da defesa.
Art. 544. Realizadas as diligências que, salvo motivo de for-
ça maior, deverão concluir-se dentro de 20 dias, serão os autos
conclusos para julgamento.

23
Parágrafo único. No curso do processo, e depois de subirem
os autos conclusos para sentença, o juiz poderá, dentro em 5 Art. 555. Quando, instaurado processo por infração penal, o
dias, requisitar de autoridades ou de repartições todos os esclare- juiz, absolvendo ou impronunciando o réu, reconhecer a existên-
cimentos para a restauração. cia de qualquer dos fatos previstos no art. 14 ou no art. 27 do
Código Penal, aplicar-lhe-á, se for caso, medida de segurança.
Art. 545. Os selos e as taxas judiciárias, já pagos nos autos
originais, não serão novamente cobrados. LIVRO III
DAS NULIDADES E DOS RECURSOS EM GERAL
Art. 546. Os causadores de extravio de autos responderão TÍTULO I
pelas custas, em dobro, sem prejuízo da responsabilidade crimi- DAS NULIDADES
nal. Art. 563. NENHUM ato será declarado nulo, se da nulidade
não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa [PAS DE
Art. 547. Julgada a restauração, os autos respectivos va- NULLITÉ SANS GRIEF]
lerão pelos originais.
Parágrafo único. Se no curso da restauração aparecerem Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
os autos originais, nestes continuará o processo, apensos a I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
eles os autos da restauração. II - por ilegitimidade de parte;
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
Art. 548. Até à decisão que julgue restaurados os autos, a a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos proces-
sentença condenatória em execução continuará a produzir efei- sos de contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em
to, desde que conste da respectiva guia arquivada na cadeia flagrante;
ou na penitenciária, onde o réu estiver cumprindo a pena, ou de b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam
registro que torne a sua existência inequívoca. vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167;
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não ti-
CAPÍTULO VII ver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos;
DO PROCESSO DE APLICAÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA d) a intervenção do Ministério Público em todos os ter-
POR FATO NÃO CRIMINOSO mos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte
Art. 549. Se a autoridade policial tiver conhecimento de ofendida, quando se tratar de crime de ação pública;
fato que, embora não constituindo infração penal, possa de- e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogató-
terminar a aplicação de medida de segurança (Código Penal, rio, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à
arts. 14 e 27), deverá proceder a inquérito, a fim de apurá-lo e defesa;
averiguar todos os elementos que possam interessar à verificação f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respecti-
da periculosidade do agente. va cópia, com o rol de testemunhas, nos processos perante o Tri-
bunal do Júri;
Art. 550. O processo será promovido pelo Ministério Pú- g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo
blico, mediante requerimento que conterá a exposição sucinta do Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à re-
fato, as suas circunstâncias e todos os elementos em que se fun- velia;
dar o pedido. h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na con-
trariedade, nos termos estabelecidos pela lei;
Art. 551. O juiz, ao deferir o requerimento, ordenará a inti- i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição
mação do interessado para comparecer em juízo, a fim de ser in- do júri;
terrogado. j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em nú-
mero legal e sua incomunicabilidade;
Art. 552. Após o interrogatório ou dentro do prazo de 2 k) os quesitos e as respectivas respostas;
dias, o interessado ou seu defensor poderá oferecer alega- l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
ções. m) a sentença;
Parágrafo único. O juiz nomeará defensor ao interessado n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha es-
que não o tiver. tabelecido;
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para
Art. 553. O Ministério Público, ao fazer o requerimento inici- ciência de sentenças e despachos de que caiba recurso;
al, e a defesa, no prazo estabelecido no artigo anterior, poderão p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação,
requerer exames, diligências e arrolar até 3 testemunhas. o quorum legal para o julgamento;
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento
Art. 554. Após o prazo de defesa ou a realização dos exames essencial do ato.
e diligências ordenados pelo juiz, de ofício ou a requerimento das Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiên-
partes, será marcada audiência, em que, inquiridas as testemu- cia dos quesitos ou das suas respostas, e contradição entre es-
nhas e produzidas alegações orais pelo órgão do Ministério Públi- tas.
co e pelo defensor, dentro de 10 minutos para cada um, o juiz
proferirá sentença. Art. 565. NENHUMA das partes poderá arguir nulidade a
Parágrafo único. Se o juiz não se julgar habilitado a proferir que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou refe-
a decisão, designará, desde logo, outra audiência, que se realizará rente a formalidade cuja observância só à parte contrária in-
dentro de 5 dias, para publicar a sentença. teresse [PRINCÍPIO DA BOA-FÉ]

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Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na
Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual forma dos artigos anteriores, serão renovados ou retificados.
que não houver influído na apuração da verdade substancial § 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a
ou na decisão da causa [PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE dos atos que dele diretamente dependam ou sejam conse-
DAS FORMAS] quência [PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE (EFEITO EXPANSIVO)]
§ 2o O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a
Art. 567. A incompetência do juízo ANULA SOMENTE OS que ela se estende.
ATOS DECISÓRIOS, devendo o processo, quando for declarada a
nulidade, ser remetido ao juiz competente. SÚMULAS SOBRE NULIDADES

Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do representante Súmula 523-STF: No processo penal, a falta da defesa constitui
da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante ratificação nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se hou-
dos atos processuais. ver prova de prejuízo para o réu.
Súmula 706-STF: É relativa a nulidade decorrente da inobser-
Art. 569. As omissões da denúncia ou da queixa, da re- vância da competência penal por prevenção.
presentação, ou, nos processos das contravenções penais, da Súmula 707-STF: Constitui nulidade a falta de intimação do de-
portaria ou do auto de prisão em flagrante, poderão ser su- nunciado para oferecer contra-razões ao recurso interposto da
pridas a todo o tempo, antes da sentença final. rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor
dativo.
Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação Súmula 708-STF: É NULO o julgamento da apelação se, após a
ou notificação estará sanada, desde que o interessado compa- manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu
reça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz não foi previamente intimado para constituir outro.
para o único fim de arguí-la. O juiz ordenará, todavia, a suspen-
são ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregulari- JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
dade poderá prejudicar direito da parte.
Art. 571. As nulidades deverão ser arguidas: EDIÇÃO N. 69: NULIDADES NO PROCESSO PENAL
I - as da instrução criminal dos processos da competência do 1) A decretação da nulidade de ato processual requer prova
júri, nos prazos a que se refere o art. 406 (prazo da resposta à inequívoca do prejuízo suportado pela parte, em face do
acusação – 10 dias); princípio pas de nullité sans grief, previsto no art. 563 do Código
II - as da instrução criminal dos processos de competência de Processo Penal.
do juiz singular e dos processos especiais, salvo os dos Capítulos 2) As nulidades surgidas no curso da investigação preliminar
V e Vll do Título II do Livro II, nos prazos a que se refere o art. 500 não atingem a ação penal dela decorrente.
III - as do processo sumário, no prazo a que se refere o 3) As irregularidades relativas ao reconhecimento pessoal
art. 537, ou, se verificadas depois desse prazo, logo depois de do acusado não ensejam nulidade, uma vez que as
aberta a audiência e apregoadas as partes; formalidades previstas no art. 226 do CPP são meras
IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do recomendações legais.
Livro II, logo depois de aberta a audiência; 4) A ausência de intimação pessoal da Defensoria Pública ou
V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois do defensor dativo sobre os atos do processo gera, via de
de anunciado o julgamento e apregoadas as partes (art. 447); regra, a sua nulidade.
VI - as de instrução criminal dos processos de competência 5) A nulidade decorrente da ausência de intimação - seja a
do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, nos pessoal ou por diário oficial - da data de julgamento do recurso
prazos a que se refere o art. 500; não pode ser arguida a qualquer tempo, sujeitando-se à
VII - se verificadas após a decisão da primeira instância, preclusão temporal.
nas razões de recurso ou logo depois de anunciado o julga- 6) O defensor dativo que declinar expressamente da
mento do recurso e apregoadas as partes; prerrogativa referente à intimação pessoal dos atos processuais
VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou em não pode arguir nulidade quando a comunicação ocorrer por
sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem. meio da imprensa oficial.
7) A ausência de intimação da defesa sobre a expedição de
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d (interven- precatória para oitiva de testemunha é causa de nulidade
ção do MP) e e, segunda parte (prazos concedidos à defesa e à relativa.
acusação), g (intimação sessão de julgamento, pelo Júri) e h 8) A falta de intimação do defensor acerca da data da audiência
(intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrari- de oitiva de testemunha no juízo deprecado não enseja
edade), e IV (omissão de formalidade que constitua elemento nulidade processual, desde que a defesa tenha sido
essencial do ato), considerar-se-ão sanadas: cientificada da expedição da carta precatória.
I - se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo 9) A inversão da ordem prevista no art. 400 do CPP, que trata do
com o disposto no artigo anterior; interrogatório e da oitiva de testemunhas de acusação e de
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o defesa, não configura nulidade quando o ato for realizado por
seu fim; carta precatória, cuja expedição não suspende o processo
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus criminal.
efeitos. 10) O falecimento do único advogado, ainda que não
comunicado o fato ao tribunal, poderá dar ensejo à nulidade
das intimações realizadas em seu nome.

25
11) Na intimação pessoal do réu acerca de sentença de
pronúncia ou condenatória, a ausência de apresentação do
termo de recurso ou a não indagação sobre sua intenção de
recorrer não gera nulidade do ato.
12) A inquirição das testemunhas pelo Juiz antes que seja
oportunizada às partes a formulação das perguntas, com a
inversão da ordem prevista no art. 212 do Código de Processo
Penal, constitui nulidade relativa.
13) A falta de comunicação ao acusado sobre o direito de
permanecer em silêncio é causa de nulidade relativa, cujo
reconhecimento depende da comprovação do prejuízo.
14) A ausência do oferecimento das alegações finais em
processos de competência do Tribunal do Júri não acarreta
nulidade, uma vez que a decisão de pronúncia encerra juízo
provisório acerca da culpa.
15) As nulidades existentes na decisão de pronúncia devem
ser arguidas no momento oportuno e por meio do recurso
próprio, sob pena de preclusão.
16) A instauração de inquérito policial em momento anterior à
constituição definitiva do crédito tributário não é causa de
nulidade da ação penal, se evidenciado que o tributo foi
constituído antes de sua propositura.
18) A utilização da técnica de motivação per relationem não
enseja a nulidade do ato decisório, desde que o julgador se
reporte a outra decisão ou manifestação dos autos e as adote
como razão de decidir.
19) São nulas as provas obtidas por meio da extração de
dados e de conversas privadas registradas em correio
eletrônico e redes sociais (v.g. whatsapp e facebook) sem a
prévia autorização judicial.

26
DIA 11 no que não promove seu ade-
quado aproveitamento. A arre-
cadação advinda de tal situa-
ção é mero efeito colateral do
Constituição Federal: art. 156-162
tributo.
Código Civil: art 653-756
b) O parâmetro para a pro-
Código Processo Civil: art. 369-463
gressividade não é o valor do
Código Penal: art. 235-288-A
imóvel, mas, sim, o passar do
Código Processo Penal: art. 574-603
tempo sem o adequado apro-
veitamento do solo urbano.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Na PROGRESSIVIDADE FIS- Na PROGRESSIVIDADE EX-
CAL prevista no art. 156, § 1º, I, TRAFISCAL, prevista no art.
Seção V da CF, quanto mais valioso o 182, § 4º, II, da CF, quanto mais
DOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS imóvel, maior a alíquota inci- tempo mantida a situação
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: dente. agressiva à finalidade social
I – (IPTU) propriedade predial e territorial urbana; da propriedade, maior será a
II – (ITBI) transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato alíquota aplicável no lança-
oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de mento do lPTU.
direitos reais sobre imóveis, EXCETO OS DE GARANTIA, bem
como cessão de direitos a sua aquisiçã o;
III - (ISSQN) serviços de qualquer natureza, não compreendidos SÚMULAS SOBRE IPTU
no art. 155, II, definidos em lei complementar. STF
§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refe-
re o art. 182, § 4º, inciso II, o IPTU poderá: Súmula vinculante 52-STF: Ainda quando alugado a tercei-
I – ser PROGRESSIVO em razão do valor do imóvel (aplicação ros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qual-
do princípio da função social da propriedade); e quer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde
II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as
uso do imóvel. quais tais entidades foram constituídas.
Súmula 539-STF: É constitucional a lei do município que reduz
o imposto predial urbano sobre imóvel ocupado pela residência
PROGRESSIVIDADE FISCAL PROGRESSIVIDADE
do proprietário, que não possua outro.
EXTRAFISCAL
Súmula 583-STF: Promitente-comprador de imóvel residencial
A EC 29/2000 autorizou, no art. Segundo o art. 182, § 4º, da CF, transcrito em nome de autarquia é contribuinte do imposto pre-
156, § 1º, I, da CF/88, que as é facultado ao Poder Público dial territorial urbano. • Válida, mas para isso, o promitente-
alíquotas do IPTU sejam pro- municipal, mediante lei espe- comprador deverá estar previsto na lei municipal como contri-
gressivas em razão do valor cífica para área incluída no buinte do imposto (Súmula 399-STJ).
do imóvel. plano diretor, exigir, nos ter- Súmula 589-STF: É inconstitucional a fixação de adicional pro-
No que concerne à progressivi- mos da lei federal, do proprie- gressivo do imposto predial e territorial urbano em função do
dade de alíquotas com base no tário do solo urbano não edifi- número de imóveis do contribuinte.
valor do imóvel, devem ser ob- cado, subutilizado ou não utili- Súmula 668-STF: É inconstitucional a lei municipal que tenha
servados os seguintes requisi- zado, que promova seu ade- estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquo-
tos e características: quado aproveitamento. tas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o
a) somente é legítima a partir A previsão desse art. 182, § 4º, cumprimento da função social da propriedade urbana
do advento da EC 29, de 13 já constava do texto originá-
STJ
de setembro de 2000 - confor- rio da CF/88 não decorrendo
me a Súmula 668, STF de emenda. Súmula 160-STJ: É defeso, ao município, atualizar o IPTU, me-
b) tem objetivo fiscal, pois, ao No caso de o particular não diante decreto, em percentual superior ao índice oficial de cor-
aumentar as alíquotas inciden- atender à exigência do Poder reção monetária.
tes sobre os imóveis mais vali- Público, o próprio dispositivo Súmula 397-STJ: O contribuinte do IPTU é notificado do lan-
osos - presumivelmente per- prevê um conjunto de provi- çamento pelo envio do carnê ao seu endereço.
tencentes a pessoas de maior dências sucessivas. A segunda Súmula 399-STJ: Cabe à legislação municipal estabelecer o su-
capacidade econômica-, visa a delas, logo após o parcelamen- jeito passivo do IPTU.
incrementar a arrecadação, to ou edificação compulsórios, Súmula 614-STJ: O locatário não possui legitimidade ativa
retirando mais de quem mais é a adoção de IPTU progressi- para discutir a relação jurídico-tributária de IPTU e de taxas refe-
pode pagar; vo no tempo: rentes ao imóvel alugado nem para repetir indébito desses tri-
c) deve-se ater aos limites do a) Tem objetivo extrafiscal, butos.
razoável, sob pena de incidir pois o escopo da regra é esti- Súmula 626-STJ: A incidência do IPTU sobre imóvel situado em
em efeito confiscatório, vedado mular o cumprimento da área considerada pela lei local como urbanizável ou de expan-
pelo art. 150, IV, da CF/1988. função social da propriedade são urbana não está condicionada à existência dos melhoramen-
por meio de um agravamento tos elencados no art. 32, § 1º, do CTN.
da carga tributária suportada
pelo proprietário do solo urba- § 2º O ITBI:

1
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorpo- ços bancários congêneres da lista anexa ao DL nº 406/1968 e à
rados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capi- LC n. 56/1987.
tal, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente Súmula 524-STJ: No tocante à base de cálculo, o ISSQN incide
de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, apenas sobre a taxa de agenciamento quando o serviço presta-
salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adqui- do por sociedade empresária de trabalho temporário for de in-
rente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação termediação, devendo, entretanto, englobar também os valores
de bens imóveis ou arrendamento mercantil; dos salários e encargos sociais dos trabalhadores por ela contra-
II - compete ao Município da situação do bem. tados nas hipóteses de fornecimento de mão de obra.

SÚMULAS SOBRE ITBI Seção VI


Súmula 75-STF: Sendo vendedora uma autarquia, a sua DA REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS
imunidade fiscal não compreende o imposto de transmissão Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:
"inter vivos", que é encargo do comprador. I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda
Súmula 110-STF: O imposto de transmissão "inter vivos" não e proventos de qualquer natureza (IR), incidente na fonte, sobre
incide sobre a construção, ou parte dela, realizada pelo rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarqui-
adquirente, mas sobre o que tiver sido construído ao tempo da as e pelas fundações que instituírem e mantiverem;
alienação do terreno. II – 20% do produto da arrecadação do imposto que a União
Súmula 470-STF: O imposto de transmissão "inter vivos" não instituir no exercício da competência que lhe é atribuída pelo
incide sobre a construção, ou parte dela, realizada, art. 154, I.
inequivocamente, pelo promitente comprador, mas sobre o
valor do que tiver sido construído antes da promessa de venda. Art. 158. Pertencem aos Municípios:
Súmula 656-STF: É inconstitucional a lei que estabelece I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda
alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos e proventos de qualquer natureza (IR), incidente na fonte, sobre
de bens imóveis – ITBI com base no valor venal do imóvel rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarqui-
as e pelas fundações que instituírem e mantiverem;
II – 50% do produto da arrecadação do imposto da União sobre a
§ 3º Em relação ao ISSQN, cabe à LC:
propriedade territorial rural (ITR), relativamente aos imóveis neles
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o
refere o art. 153, § 4º, III;
exterior.
III - 50% do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre
III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos
a propriedade de veículos automotores licenciados em seus terri-
e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
tórios (IPVA);
IV – 25% do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre
DF pode instituir ISS operações relativas à circulação de mercadorias e sobre presta-
ções de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
SÚMULAS SOBRE ISS comunicação (ICMS).

STF
PERTENCEM AOS MUNICÍPIOS
Súmula vinculante 31-STF: É inconstitucional a incidência do
IR 100%
Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre ope-
rações de locação de bens móveis. ITR 50% ou 100% se ficar responsável por fiscalizar e cobrar
Súmula 588-STF: O imposto sobre serviços não incide sobre os
IPVA 50%
depósitos, as comissões e taxas de desconto, cobrados pelos es-
tabelecimentos bancários. ICMS 25%
Súmula 663-STF: Os §§ 1º e 3º do art. 9º do DL 406/68 foram
recebidos pela Constituição. Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municí-
STJ pios, relativas ao ICMS, serão creditadas conforme os seguintes
critérios:
Súmula 138-STJ: O ISS incide na operação de arrendamento I – 3/4, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas ope-
mercantil de coisas móveis. rações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de
Súmula 156-STJ: A prestação de serviço de composição gráfica, serviços, realizadas em seus territórios;
personalizada e sob encomenda, ainda que envolva forneci- II - até 1/4, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no
mento de mercadorias, está sujeita, apenas, ao ISS. caso dos Territórios, lei federal.
Súmula 167-STJ: O fornecimento de concreto, por empreitada,
para construção civil, preparado no trajeto até a obra em beto-
As participações dos Municípios na arrecadação do ICMS são
neiras acopladas a caminhões, é prestação de serviço, sujei-
determinadas pelos valores adicionados nas operações rela-
tando-se apenas à incidência do ISS.
tivas às prestações de serviços e circulação de mercadorias
Súmula 274-STJ: O ISS incide sobre o valor dos serviços de as-
ocorridas nos territórios municipais e por outros critérios fi-
sistência médica, incluindo-se neles as refeições, os medicamen-
xados em lei estadual
tos e as diárias hospitalares.
1º Critério: 3/4 desse valor [18,75% dos 25%] será entregue a
Súmula 424-STJ: É legítima a incidência de ISS sobre os servi-
cada municipal na proporção das operações e prestações de

2
serviço feitas em seus respectivos territórios. 50% - M
2º Critério: 1/4 desse valor [6,25% dos 25%] o constituinte ITR 100% - M (quando o M optar por fiscalizar e
deixou em aberto o critério, pois deverá ser definido por lei cobrar, desde que não implique redução do
estadual ou, no caso de território, lei Federal. imposto ou qualquer outra forma de renúncia
fiscal)
Art. 159. A União entregará: IPVA 50% - M
I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e pro-
ventos de qualquer natureza (IR) e sobre produtos industrializa- ICMS 25% - M
dos (IPI), 49%, na seguinte forma: 21,5% - FPE
a) 21,5% ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito 22,5% - FPM
Federal; IR e IPI 3% - aplicação em programas de financia-
b) 22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios; mento ao setor produtivo das Regiões Norte,
c) 3%, para aplicação em programas de financiamento ao setor Nordeste e Centro-Oeste, através de suas ins-
produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, atra- tituições financeiras de caráter regional, de
vés de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo acordo com os planos regionais de desenvol-
com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegura- vimento, ficando assegurada ao semiárido do
da ao semiárido do Nordeste a metade dos recursos destina- Nordeste a metade dos recursos destinados à
dos à Região, na forma que a lei estabelecer; Região, na forma que a lei estabelecer
d) 1% ao Fundo de Participação dos Municípios, que será en- 1% - FPM (entregue no primeiro decêndio do
tregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada mês de dezembro de cada ano)
ano; 1% - FPM (entregue no primeiro decêndio do
e) 1% ao Fundo de Participação dos Municípios, que será en- mês de julho de cada ano)
tregue no primeiro decêndio do mês de julho de cada ano;
II - do produto da arrecadação do imposto sobre produtos indus- 10% - E/DF
trializados (IPI), 10% aos Estados e ao Distrito Federal, propor- IPI 25% do que o E/DF receber será repassado ao
cionalmente ao valor das respectivas exportações de produ- M
tos industrializados. 29% - E/DF
III - do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no CIDE 25% do que o E/DF receber será repassado ao
domínio econômico prevista no art. 177, § 4º (CIDE), 29% para os M
Estados e o Distrito Federal, distribuídos na forma da lei, ob-
servada a destinação a que se refere o inciso II, c, do referido pa-
Art. 160. É VEDADA a retenção ou qualquer restrição à entrega
rágrafo (financiamento de programas de infraestrutura de
e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção, aos Esta-
transportes).
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendi-
§ 1º Para efeito de cálculo da entrega a ser efetuada de acordo
dos adicionais e acréscimos relativos a impostos.
com o previsto no inciso I, excluir-se-á a parcela da arrecadação
Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo NÃO IMPEDE a
do imposto de renda e proventos de qualquer natureza per-
União e os Estados de condicionarem a entrega de recursos:
tencente aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
I – ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarqui-
nos termos do disposto nos arts. 157, I, e 158, I.
as;
§ 2º A nenhuma unidade federada poderá ser destinada par-
II – ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III
cela superior a 20% do montante a que se refere o inciso II,
(aplicação em serviço de saúde).
devendo o eventual excedente ser distribuído entre os demais
participantes, mantido, em relação a esses, o critério de partilha
Art. 161. Cabe à LC:
nele estabelecido.
I - definir valor adicionado para fins do disposto no art. 158, pa-
§ 3º Os Estados entregarão aos respectivos Municípios 25%
rágrafo único, I;
dos recursos que receberem nos termos do inciso II (10% IPI),
II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata
observados os critérios estabelecidos no art. 158, parágrafo único,
o art. 159, especialmente sobre os critérios de rateio dos fundos
I e II.
previstos em seu inciso I, objetivando promover o equilíbrio soci-
§ 4º Do montante de recursos de que trata o inciso III que cabe a
oeconômico entre Estados e entre Municípios;
cada Estado (29% CIDE), 25% serão destinados aos seus Muni-
III - dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiários, do cál-
cípios, na forma da lei a que se refere o mencionado inciso.
culo das quotas e da liberação das participações previstas nos
arts. 157, 158 e 159.
Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo
REPARTIÇÃO DE RECEITAS das quotas referentes aos fundos de participação a que alude o
OURO COMO 30% - E/DF/T inciso II.
ATIVO 70% - M
FINANCEIRO Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
divulgarão, até o último dia do mês subsequente ao da arrecada-
100% - E/DF/M incidente na fonte, sobre ren- ção, os montantes de cada um dos tributos arrecadados, os recur-
IR dimentos pagos, a qualquer título, por eles, sos recebidos, os valores de origem tributária entregues e a en-
suas autarquias e pelas fundações que institu- tregar e a expressão numérica dos critérios de rateio.
írem e mantiverem

3
Parágrafo único. Os dados divulgados pela União serão discrimi-
nados por Estado e por Município; os dos Estados, por Município. JDC183 Para os casos em que o parágrafo primeiro do art. 661
exige poderes especiais, a procuração deve conter a identifica-
CÓDIGO CIVIL ção do objeto.

CAPÍTULO X Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o
Do Mandato tenha sem poderes suficientes, são INEFICAZES em relação àque-
Seção I le em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar.
Disposições Gerais Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou resultar
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem de ato inequívoco, e retroagirá à data do ato.
poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar inte-
resses. A procuração é o instrumento do mandato. Art. 663. Sempre que o mandatário estipular negócios expressa-
mente em nome do mandante, será este o único responsável; fi-
Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procura- cará, porém, o mandatário pessoalmente obrigado, se agir no
ção mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha seu próprio nome, ainda que o negócio seja de conta do man-
a assinatura do outorgante. dante.
§ 1o O instrumento particular deve conter a indicação do lugar
onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a Art. 664. O mandatário tem o direito de reter, do objeto da ope-
data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos ração que lhe foi cometida, quanto baste para pagamento de
poderes conferidos. tudo que lhe for devido em consequência do mandato.
§ 2o O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que
a procuração traga a firma reconhecida. JDC184 Da interpretação conjunta desses dispositivos, extrai-se
que o mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação
Art. 655. Ainda quando se outorgue mandato por instrumento que lhe foi cometida, tudo o que lhe for devido em virtude do
público, pode substabelecer-se mediante instrumento parti- mandato, incluindo-se a remuneração ajustada e o reembolso de
cular. despesas.

JDC182 O mandato outorgado por instrumento público previsto Art. 665. O mandatário que exceder os poderes do mandato, ou
no art. 655 do Código Civil somente admite substabelecimen- proceder contra eles, será considerado mero gestor de negó-
to por instrumento particular quando a forma pública for fa- cios, enquanto o mandante lhe não ratificar os atos.
cultativa e não integrar a substância do ato.
Art. 666. O maior de 16 e menor de 18 anos não emancipado
Art. 656. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou es- PODE ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele
crito. senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obri-
gações contraídas por menores.
Art. 657. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por
lei para o ato a ser praticado. Não se admite mandato verbal Seção II
quando o ato deva ser celebrado por escrito. Das Obrigações do Mandatário
Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência
Art. 658. O mandato PRESUME-SE GRATUITO quando não hou- habitual na execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo
ver sido estipulada retribuição, exceto se o seu objeto correspon- causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem au-
der ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão torização, poderes que devia exercer pessoalmente.
lucrativa. § 1o Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fi-
Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário zer substituir na execução do mandato, responderá ao seu consti-
a retribuição prevista em lei ou no contrato. Sendo estes omissos, tuinte pelos prejuízos ocorridos sob a gerência do substituto, em-
será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta destes, por bora provenientes de caso fortuito, salvo provando que o
arbitramento. caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse havido substabe-
lecimento.
Art. 659. A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do § 2o Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao
começo de execução. mandatário os danos causados pelo substabelecido, se tiver
agido com culpa na escolha deste ou nas instruções dadas a ele.
Art. 660. O mandato pode ser especial a um ou mais negócios de- § 3o Se a proibição de substabelecer constar da procuração, os
terminadamente, ou geral a todos os do mandante. atos praticados pelo substabelecido não obrigam o mandante,
salvo ratificação expressa, que retroagirá à data do ato.
Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de § 4o Sendo omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o
administração. procurador será responsável se o substabelecido proceder culpo-
§ 1o Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer samente.
atos que exorbitem da administração ordinária, depende a procu-
ração de poderes especiais e expressos. Art. 668. O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência
§ 2o O poder de transigir não importa o de firmar compromis- ao mandante, transferindo-lhe as vantagens provenientes do
so. mandato, por qualquer título que seja.

4
dato, salvo direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra
Art. 669. O mandatário NÃO PODE COMPENSAR os prejuízos a os outros mandantes.
que deu causa com os proveitos que, por outro lado, tenha gran-
jeado ao seu constituinte. Art. 681. O mandatário tem sobre a coisa de que tenha a posse
em virtude do mandato, direito de retenção, até se reembolsar do
Art. 670. Pelas somas que devia entregar ao mandante ou recebeu que no desempenho do encargo despendeu.
para despesa, mas empregou em proveito seu, pagará o manda-
tário juros, desde o momento em que abusou. Seção IV
Da Extinção do Mandato
Art. 671. Se o mandatário, tendo fundos ou crédito do mandante, Art. 682. Cessa o mandato:
comprar, em nome próprio, algo que devera comprar para o I - pela revogação ou pela renúncia;
mandante, por ter sido expressamente designado no mandato, II - pela morte ou interdição de uma das partes;
terá este ação para obrigá-lo à entrega da coisa comprada. III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir
os poderes, ou o mandatário para os exercer;
Art. 672. Sendo 2 ou mais os mandatários nomeados no mesmo IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.
instrumento, qualquer deles poderá exercer os poderes outor-
gados, se não forem expressamente declarados conjuntos, nem Art. 683. Quando o mandato contiver a cláusula de irrevogabilida-
especificamente designados para atos diferentes, ou subordina- de e o mandante o revogar, pagará perdas e danos.
dos a atos sucessivos. Se os mandatários forem declarados
conjuntos, não terá eficácia o ato praticado sem interferência Art. 684. Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de
de todos, salvo havendo ratificação, que retroagirá à data do um negócio bilateral, ou tiver sido estipulada no exclusivo interes-
ato. se do mandatário, a revogação do mandato será INEFICAZ.

Art. 673. O terceiro que, depois de conhecer os poderes do man- Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula "em causa pró-
datário, com ele celebrar negócio jurídico exorbitante do manda- pria", a sua revogação NÃO TERÁ EFICÁCIA, nem se extingui-
to, não tem ação contra o mandatário, salvo se este lhe prometeu rá pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatário
ratificação do mandante ou se responsabilizou pessoalmente. dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os
bens móveis ou imóveis objeto do mandato, obedecidas as for-
Art. 674. Embora ciente da morte, interdição ou mudança de es- malidades legais.
tado do mandante, deve o mandatário concluir o negócio já
começado, se houver perigo na demora. Art. 686. A revogação do mandato, notificada somente ao manda-
tário, não se pode opor aos terceiros que, ignorando-a, de boa-
Seção III fé com ele trataram; mas ficam salvas ao constituinte as ações
Das Obrigações do Mandante que no caso lhe possam caber contra o procurador.
Art. 675. O mandante é obrigado a satisfazer todas as obriga- Parágrafo único. É IRREVOGÁVEL o mandato que contenha po-
ções contraídas pelo mandatário, na conformidade do man- deres de cumprimento ou confirmação de negócios enceta-
dato conferido, e adiantar a importância das despesas necessá- dos, aos quais se ache vinculado.
rias à execução dele, quando o mandatário lho pedir.
Art. 687. Tanto que for comunicada ao mandatário a nomeação de
Art. 676. É obrigado o mandante a pagar ao mandatário a remu- outro, para o mesmo negócio, considerar-se-á revogado o man-
neração ajustada e as despesas da execução do mandato, ainda dato anterior.
que o negócio não surta o esperado efeito, salvo tendo o
mandatário culpa. Art. 688. A renúncia do mandato será comunicada ao mandante,
que, se for prejudicado pela sua inoportunidade, ou pela falta de
Art. 677. As somas adiantadas pelo mandatário, para a execução tempo, a fim de prover à substituição do procurador, será indeni-
do mandato, vencem juros desde a data do desembolso. zado pelo mandatário, salvo se este provar que não podia conti-
nuar no mandato sem prejuízo considerável, e que não lhe era
Art. 678. É igualmente obrigado o mandante a ressarcir ao man- dado substabelecer.
datário as perdas que este sofrer com a execução do mandato,
sempre que não resultem de culpa sua ou de excesso de po- Art. 689. São válidos, a respeito dos contratantes de boa-fé, os
deres. atos com estes ajustados em nome do mandante pelo mandatá-
rio, enquanto este ignorar a morte daquele ou a extinção do
Art. 679. Ainda que o mandatário contrarie as instruções do man- mandato, por qualquer outra causa.
dante, se não exceder os limites do mandato, ficará o mandante
obrigado para com aqueles com quem o seu procurador contra- Art. 690. Se falecer o mandatário, pendente o negócio a ele co-
tou; mas terá contra este ação pelas perdas e danos resultantes metido, os herdeiros, tendo ciência do mandato, avisarão o man-
da inobservância das instruções. dante, e providenciarão a bem dele, como as circunstâncias exigi-
rem.
Art. 680. Se o mandato for outorgado por 2 ou mais pessoas, e
para negócio comum, cada uma ficará solidariamente responsá- Art. 691. Os herdeiros, no caso do artigo antecedente, devem li-
vel ao mandatário por todos os compromissos e efeitos do man- mitar-se às medidas conservatórias, ou continuar os negócios
pendentes que se não possam demorar sem perigo, regu-

5
lando-se os seus serviços dentro desse limite, pelas mesmas nor- Art. 701. Não estipulada a remuneração devida ao comissário,
mas a que os do mandatário estão sujeitos. será ela arbitrada segundo os usos correntes no lugar.

Seção V Art. 702. No caso de morte do comissário, ou, quando, por motivo
Do Mandato Judicial de força maior, não puder concluir o negócio, será devida pelo
Art. 692. O mandato judicial fica subordinado às normas que lhe comitente uma remuneração proporcional aos trabalhos realiza-
dizem respeito, constantes da legislação processual, e, supletiva- dos.
mente, às estabelecidas neste Código.
Art. 703. Ainda que tenha dado motivo à dispensa, terá o co-
CAPÍTULO XI missário direito a ser remunerado pelos serviços úteis presta-
Da Comissão dos ao comitente, ressalvado a este o direito de exigir daquele os
Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a prejuízos sofridos.
venda de bens pelo comissário, em seu próprio nome, à conta
do comitente. Art. 704. Salvo disposição em contrário, pode o comitente, a qual-
quer tempo, alterar as instruções dadas ao comissário, enten-
Art. 694. O comissário fica diretamente obrigado para com as dendo-se por elas regidos também os negócios pendentes.
pessoas com quem contratar, sem que estas tenham ação contra
o comitente, nem este contra elas, salvo se o comissário ceder Art. 705. Se o comissário for despedido sem justa causa, terá di-
seus direitos a qualquer das partes. reito a ser remunerado pelos trabalhos prestados, bem como a
ser ressarcido pelas perdas e danos resultantes de sua dispensa.
Art. 695. O comissário é obrigado a agir de conformidade com as
ordens e instruções do comitente, devendo, na falta destas, não Art. 706. O comitente e o comissário são obrigados a pagar ju-
podendo pedi-las a tempo, proceder segundo os usos em casos ros um ao outro; o primeiro pelo que o comissário houver adian-
semelhantes. tado para cumprimento de suas ordens; e o segundo pela mora
Parágrafo único. Ter-se-ão por justificados os atos do comissário, na entrega dos fundos que pertencerem ao comitente.
se deles houver resultado vantagem para o comitente, e ainda no
caso em que, não admitindo demora a realização do negócio, o Art. 707. O crédito do comissário, relativo a comissões e despe-
comissário agiu de acordo com os usos. sas feitas, goza de privilégio geral, no caso de falência ou in-
solvência do comitente.
Art. 696. No desempenho das suas incumbências o comissário é
obrigado a agir com cuidado e diligência, não só para evitar Art. 708. Para reembolso das despesas feitas, bem como para re-
qualquer prejuízo ao comitente, mas ainda para lhe proporcio- cebimento das comissões devidas, tem o comissário direito de
nar o lucro que razoavelmente se podia esperar do negócio. retenção sobre os bens e valores em seu poder em virtude da co-
Parágrafo único. Responderá o comissário, salvo motivo de força missão.
maior, por qualquer prejuízo que, por ação ou omissão, ocasionar
ao comitente. Art. 709. São aplicáveis à comissão, no que couber, as regras so-
bre mandato.
Art. 697. O comissário não responde pela insolvência das pesso-
as com quem tratar, exceto em caso de culpa e no do artigo se- CAPÍTULO XII
guinte. Da Agência e Distribuição
Art. 710. Pelo CONTRATO DE AGÊNCIA, uma pessoa assume, em
Art. 698. Se do contrato de comissão constar a cláusula del cre- caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obriga-
dere, RESPONDERÁ o comissário SOLIDARIAMENTE com as ção de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a rea-
pessoas com que houver tratado em nome do comitente, caso lização de certos negócios, em zona determinada, caracteri-
em que, salvo estipulação em contrário, o comissário tem direito zando-se a DISTRIBUIÇÃO quando o agente tiver à sua dispo-
a remuneração mais elevada, para compensar o ônus assumi- sição a coisa a ser negociada.
do. Parágrafo único. O proponente pode conferir poderes ao agente
para que este o represente na conclusão dos contratos.
Art. 699. Presume-se o comissário autorizado a conceder dila-
ção do prazo para pagamento, na conformidade dos usos do lu- Art. 711. SALVO AJUSTE, o proponente não pode constituir, ao
gar onde se realizar o negócio, se não houver instruções diversas mesmo tempo, mais de um agente, na mesma zona, com
do comitente. idêntica incumbência; nem pode o agente assumir o encargo de
nela tratar de negócios do mesmo gênero, à conta de outros pro-
Art. 700. Se houver instruções do comitente proibindo prorroga- ponentes.
ção de prazos para pagamento, ou se esta não for conforme os
usos locais, poderá o comitente exigir que o comissário pague in- Art. 712. O agente, no desempenho que lhe foi cometido, deve
continenti ou responda pelas consequências da dilação concedi- agir com toda diligência, atendo-se às instruções recebidas do
da, procedendo-se de igual modo se o comissário não der ciência proponente.
ao comitente dos prazos concedidos e de quem é seu beneficiá-
rio. Art. 713. Salvo estipulação diversa, todas as despesas com a
agência ou distribuição correm a cargo do agente ou distribui-
dor.

6
ainda que este não se efetive em virtude de arrependimento
Art. 714. Salvo ajuste, o agente ou distribuidor terá direito à re- das partes.
muneração correspondente aos negócios concluídos dentro de
sua zona, ainda que sem a sua interferência. Art. 726. Iniciado e concluído o negócio diretamente entre as
partes, nenhuma remuneração será devida ao corretor; mas
Art. 715. O agente ou distribuidor tem direito à indenização se o se, por escrito, for ajustada a corretagem com exclusividade,
proponente, sem justa causa, cessar o atendimento das propostas terá o corretor direito à remuneração integral, ainda que rea-
ou reduzi-lo tanto que se torna antieconômica a continuação do lizado o negócio sem a sua mediação, salvo se comprovada
contrato. sua inércia ou ociosidade.

Art. 716. A remuneração será devida ao agente também quando o Art. 727. Se, por não haver prazo determinado, o dono do negó-
negócio deixar de ser realizado por fato imputável ao proponen- cio dispensar o corretor, e o negócio se realizar posteriormente,
te. como fruto da sua mediação, a corretagem lhe será devida; igual
solução se adotará se o negócio se realizar após a decorrência do
Art. 717. Ainda que dispensado por justa causa, terá o agente prazo contratual, mas por efeito dos trabalhos do corretor.
direito a ser remunerado pelos serviços úteis prestados ao
proponente, sem embargo de haver este perdas e danos pelos Art. 728. Se o negócio se concluir com a intermediação de mais
prejuízos sofridos. de um corretor, a remuneração será paga a todos em partes
iguais, salvo ajuste em contrário.
Art. 718. Se a dispensa se der sem culpa do agente, terá ele direi -
to à remuneração até então devida, inclusive sobre os negócios Art. 729. Os preceitos sobre corretagem constantes deste Código
pendentes, além das indenizações previstas em lei especial. não excluem a aplicação de outras normas da legislação especial.

Art. 719. Se o agente não puder continuar o trabalho por motivo CAPÍTULO XIV
de força maior, terá direito à remuneração correspondente aos Do Transporte
serviços realizados, cabendo esse direito aos herdeiros no caso de Seção I
morte. Disposições Gerais
Art. 730. Pelo contrato de transporte alguém se obriga, mediante
Art. 720. Se o contrato for por tempo indeterminado, qualquer retribuição, a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou
das partes poderá resolvê-lo, mediante aviso prévio de 90 coisas.
dias, desde que transcorrido prazo compatível com a natureza
e o vulto do investimento exigido do agente. Art. 731. O transporte exercido em virtude de autorização, per-
Parágrafo único. No caso de divergência entre as partes, o juiz de- missão ou concessão, rege-se pelas normas regulamentares e
cidirá da razoabilidade do prazo e do valor devido. pelo que for estabelecido naqueles atos, sem prejuízo do dispos-
to neste Código.
Art. 721. Aplicam-se ao contrato de agência e distribuição, no que
couber, as regras concernentes ao mandato e à comissão e as Art. 732. Aos contratos de transporte, em geral, são aplicáveis,
constantes de lei especial. quando couber, desde que não contrariem as disposições deste
Código, os preceitos constantes da legislação especial e de trata-
CAPÍTULO XIII dos e convenções internacionais.
Da Corretagem
Art. 722. Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a JDC369 Diante do preceito constante no art. 732 do Código Ci-
outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou vil, teleologicamente e em uma visão constitucional de unidade
por qualquer relação de dependência, obriga-se a obter para do sistema, quando o contrato de transporte constituir uma
a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebi- relação de consumo, aplicam-se as normas do Código de De-
das. fesa do Consumidor que forem mais benéficas a este.

Art. 723. O corretor é obrigado a executar a mediação com dili-


Art. 733. Nos contratos de transporte cumulativo, cada transpor-
gência e prudência, e a prestar ao cliente, espontaneamente, to-
tador se obriga a cumprir o contrato relativamente ao respectivo
das as informações sobre o andamento do negócio.
percurso, respondendo pelos danos nele causados a pessoas e
Parágrafo único. Sob pena de responder por perdas e danos, o
coisas.
corretor prestará ao cliente todos os esclarecimentos acerca da
§ 1o O dano, resultante do atraso ou da interrupção da viagem,
segurança ou do risco do negócio, das alterações de valores e de
será determinado em razão da totalidade do percurso.
outros fatores que possam influir nos resultados da incumbência.
§ 2o Se houver substituição de algum dos transportadores no de-
correr do percurso, a responsabilidade solidária estender-se-á
Art. 724. A remuneração do corretor, se não estiver fixada em lei,
ao substituto.
nem ajustada entre as partes, será arbitrada segundo a natureza
do negócio e os usos locais.
Seção II
Do Transporte de Pessoas
Art. 725. A remuneração é devida ao corretor uma vez que tenha
Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às
conseguido o resultado previsto no contrato de mediação, ou
pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força

7
maior, sendo NULA qualquer cláusula excludente da responsa- estada e alimentação do usuário, durante a espera de novo
bilidade. transporte.
Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a declaração do
valor da bagagem a fim de fixar o limite da indenização. Art. 742. O transportador, uma vez executado o transporte, tem
direito de retenção sobre a bagagem de passageiro e outros
Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por aci- objetos pessoais deste, para garantir-se do pagamento do valor
dente com o passageiro NÃO É ELIDIDA por culpa de terceiro, da passagem que não tiver sido feito no início ou durante o per-
contra o qual tem ação regressiva. curso.

Art. 736. Não se subordina às normas do contrato de transporte o Seção III


feito gratuitamente, por amizade ou cortesia. Do Transporte de Coisas
Parágrafo único. Não se considera gratuito o transporte quando, Art. 743. A coisa, entregue ao transportador, deve estar caracte-
embora feito sem remuneração, o transportador auferir van- rizada pela sua natureza, valor, peso e quantidade, e o mais
tagens indiretas. que for necessário para que não se confunda com outras, deven-
do o destinatário ser indicado ao menos pelo nome e endere-
JDC559 Observado o Enunciado 369 do CJF, no transporte aé- ço.
reo, nacional e internacional, a responsabilidade do trans-
portador em relação aos passageiros gratuitos, que viajarem Art. 744. Ao receber a coisa, o transportador emitirá conhecimen-
por cortesia, é objetiva, devendo atender à integral repara- to com a menção dos dados que a identifiquem, obedecido o dis-
ção de danos patrimoniais e extrapatrimoniais. posto em lei especial.
Parágrafo único. O transportador poderá exigir que o remetente
lhe entregue, devidamente assinada, a relação discriminada das
Art. 737. O transportador está sujeito aos horários e itinerários
coisas a serem transportadas, em 2 vias, uma das quais, por ele
previstos, sob pena de responder por perdas e danos, salvo moti-
devidamente autenticada, ficará fazendo parte integrante do co-
vo de força maior.
nhecimento.
Art. 738. A pessoa transportada deve sujeitar-se às normas esta-
Art. 745. Em caso de informação inexata ou falsa descrição no do-
belecidas pelo transportador, constantes no bilhete ou afixadas à
cumento a que se refere o artigo antecedente, será o transporta-
vista dos usuários, abstendo-se de quaisquer atos que causem in-
dor indenizado pelo prejuízo que sofrer, devendo a ação respecti-
cômodo ou prejuízo aos passageiros, danifiquem o veículo, ou di-
va ser ajuizada no prazo de 120 dias, a contar daquele ato, sob
ficultem ou impeçam a execução normal do serviço.
pena de decadência.
Parágrafo único. Se o prejuízo sofrido pela pessoa transportada
for atribuível à transgressão de normas e instruções regulamenta-
Art. 746. Poderá o transportador recusar a coisa cuja embalagem
res, o juiz reduzirá equitativamente a indenização, na medida em
seja inadequada, bem como a que possa pôr em risco a saúde das
que a vítima houver concorrido para a ocorrência do dano.
pessoas, ou danificar o veículo e outros bens.
Art. 739. O transportador não pode recusar passageiros, salvo
Art. 747. O transportador deverá obrigatoriamente recusar a coi-
os casos previstos nos regulamentos, ou se as condições de
sa cujo transporte ou comercialização não sejam permitidos, ou
higiene ou de saúde do interessado o justificarem.
que venha desacompanhada dos documentos exigidos por lei ou
regulamento.
Art. 740. O passageiro tem direito a rescindir o contrato de
transporte antes de iniciada a viagem, sendo-lhe devida a resti-
Art. 748. Até a entrega da coisa, pode o remetente desistir do
tuição do valor da passagem, desde que feita a comunicação
transporte e pedi-la de volta, ou ordenar seja entregue a outro
ao transportador em tempo de ser renegociada.
destinatário, pagando, em ambos os casos, os acréscimos de des-
§ 1o Ao passageiro é facultado desistir do transporte, mesmo
pesa decorrentes da contra-ordem, mais as perdas e danos que
depois de iniciada a viagem, sendo-lhe devida a restituição do
houver.
valor correspondente ao trecho não utilizado, desde que pro-
vado que outra pessoa haja sido transportada em seu lugar.
Art. 749. O transportador conduzirá a coisa ao seu destino, to-
§ 2o Não terá direito ao reembolso do valor da passagem o
mando todas as cautelas necessárias para mantê-la em bom esta-
usuário que deixar de embarcar, salvo se provado que outra
do e entregá-la no prazo ajustado ou previsto.
pessoa foi transportada em seu lugar, caso em que lhe será
restituído o valor do bilhete não utilizado.
Art. 750. A responsabilidade do transportador, limitada ao valor
§ 3o Nas hipóteses previstas neste artigo, o transportador terá di-
constante do conhecimento, começa no momento em que ele, ou
reito de reter até 5% da importância a ser restituída ao passagei-
seus prepostos, recebem a coisa; termina quando é entregue ao
ro, a título de multa compensatória.
destinatário, ou depositada em juízo, se aquele não for encontra-
do.
Art. 741. Interrompendo-se a viagem por qualquer motivo alheio
à vontade do transportador, AINDA QUE EM CONSEQUÊNCIA
Art. 751. A coisa, depositada ou guardada nos armazéns do trans-
DE EVENTO IMPREVISÍVEL, fica ele obrigado a concluir o
portador, em virtude de contrato de transporte, rege-se, no que
transporte contratado em outro veículo da mesma categoria,
couber, pelas disposições relativas a depósito.
ou, com a anuência do passageiro, por modalidade diferente,
à sua custa, correndo também por sua conta as despesas de

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Art. 752. Desembarcadas as mercadorias, o transportador não é Súmula 187-STF: A responsabilidade contratual do transporta-
obrigado a dar aviso ao destinatário, se assim não foi conven- dor, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa
cionado, dependendo também de ajuste a entrega a domicí- de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
lio, e devem constar do conhecimento de embarque as cláusulas
de aviso ou de entrega a domicílio. STJ
Súmula 109-STJ: O reconhecimento do direito a indenização,
Art. 753. Se o transporte não puder ser feito ou sofrer longa por falta de mercadoria transportada via marítima, independe
interrupção, o transportador solicitará, incontinenti, instru- de vistoria.
ções ao remetente, e zelará pela coisa, por cujo perecimento Súmula 145-STJ: No transporte desinteressado, de simples cor-
ou deterioração responderá, salvo força maior. tesia, o transportador só será civilmente responsável por da-
§ 1o Perdurando o impedimento, sem motivo imputável ao trans- nos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou
portador e sem manifestação do remetente, poderá aquele depo- culpa grave.
sitar a coisa em juízo, ou vendê-la, obedecidos os preceitos legais
e regulamentares, ou os usos locais, depositando o valor.
§ 2o Se o impedimento for responsabilidade do transportador, CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
este poderá depositar a coisa, por sua conta e risco, mas só pode-
rá vendê-la se perecível. CAPÍTULO XII
§ 3o Em ambos os casos, o transportador deve informar o reme- DAS PROVAS
tente da efetivação do depósito ou da venda. Seção I
§ 4o Se o transportador mantiver a coisa depositada em seus pró- Disposições Gerais
prios armazéns, continuará a responder pela sua guarda e conser- Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios le-
vação, sendo-lhe devida, porém, uma remuneração pela custódia, gais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não es-
a qual poderá ser contratualmente ajustada ou se conformará aos pecificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em
usos adotados em cada sistema de transporte. que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na con-
vicção do juiz.
Art. 754. As mercadorias devem ser entregues ao destinatário, ou
a quem apresentar o conhecimento endossado, devendo aquele FPPC50. (art. 369; art. 370, caput) Os destinatários da prova são
que as receber conferi-las e apresentar as reclamações que tiver, aqueles que dela poderão fazer uso, sejam juízes, partes ou de-
sob pena de decadência dos direitos. mais interessados, não sendo a única função influir eficaz-
Parágrafo único. No caso de perda parcial ou de avaria não per- mente na convicção do juiz.
ceptível à primeira vista, o destinatário conserva a sua ação FPPC301. (art. 369) Aplicam-se ao processo civil, por analogia,
contra o transportador, desde que denuncie o dano em 10 as exceções previstas nos §§1º e 2º do art. 157 do Código de
dias a contar da entrega. Processo Penal, afastando a ilicitude da prova

Art. 755. Havendo dúvida acerca de quem seja o destinatário, o


Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
transportador deve depositar a mercadoria em juízo, se não lhe
determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.
for possível obter instruções do remetente; se a demora puder
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as
ocasionar a deterioração da coisa, o transportador deverá vendê-
diligências inúteis ou meramente protelatórias.
la, depositando o saldo em juízo.
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, inde-
Art. 756. No caso de transporte cumulativo, todos os transporta-
pendentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará
dores respondem solidariamente pelo dano causado perante o
na decisão as razões da formação de seu convencimento.
remetente, ressalvada a apuração final da responsabilidade entre
eles, de modo que o ressarcimento recaia, por inteiro, ou propor-
Art. 372. [PROVA EMPRESTADA] O juiz poderá admitir a utili-
cionalmente, naquele ou naqueles em cujo percurso houver ocor-
zação de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o
rido o dano.
valor que considerar adequado, observado o contraditório.

SÚMULAS SOBRE TRANSPORTE


FPPC52. (art. 372) Para a utilização da prova emprestada, faz-se
STF necessária a observância do contraditório no processo de
origem, assim como no processo de destino, considerando-se
Súmula 35-STF: Em caso de acidente do trabalho ou de trans-
que, neste último, a prova mantenha a sua natureza originá-
porte, a concubina tem direito de ser indenizada pela morte do
ria.
amásio, se entre eles não havia impedimento para o matrimô-
JDPC 30 É admissível a prova emprestada, ainda que não
nio. (Superada, em parte) Atualmente a forma correta de ler
haja identidade de partes, nos termos do art. 372 do CPC.
essa súmula é a seguinte: “Em caso de acidente do trabalho ou
de transporte, o(a) companheiro(a) tem direito de ser indeniza-
do (a pela morte da pessoa com quem vivia em união estável”. Art. 373. [DISTRIBUIÇÃO ESTÁTICA DO ÔNUS DA PROVA] O
Súmula 151-STF: Prescreve em 1 ano a ação do segurador sub- ônus da prova incumbe :
rogado para haver indenização por extravio ou perda de carga I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
transportada por navio. II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo
Súmula 161-STF: Em contrato de transporte, é inoperante a ou extintivo do direito do autor.
cláusula de não indenizar.

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§ 1o [DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA] Nos ca- II - colaborar com o juízo na realização de inspeção judicial que
sos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacio- for considerada necessária;
nadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir III - praticar o ato que lhe for determinado.
o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obten-
ção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da JDPC 31 A compatibilização do disposto nos arts. 378 e 379 do
prova de modo diverso, desde que o faça por decisão funda- CPC com o art. 5º, LXIII, da CF/1988, assegura à parte, exclusi-
mentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se vamente, o direito de não produzir prova contra si quando
desincumbir do ônus que lhe foi atribuído houver reflexos no ambiente penal.
§ 2o [PROVA DIABÓLICA] A decisão prevista no § 1 o deste artigo
não pode gerar situação em que a desincumbência do encar- Art. 380. Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa:
go pela parte seja impossível ou excessivamente difícil I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha co-
§ 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode nhecimento;
ocorrer por convenção das partes, salvo quando: II - exibir coisa ou documento que esteja em seu poder.
I - recair sobre direito indisponível da parte; Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descumprimento, de-
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do terminar, além da imposição de multa, outras medidas indutivas,
direito. coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias.
§ 4o A convenção de que trata o § 3 o pode ser celebrada antes
ou durante o processo. Seção II
Da Produção Antecipada da Prova
FPPC632. (arts.373, §1º e 10) A redistribuição de ofício do Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos
ônus de prova deve ser precedida de contraditório. casos em que:
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou
Art. 374. Não dependem de prova os fatos: muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da
I - notórios; ação;
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrá- II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a auto-
ria; composição ou outro meio adequado de solução de conflito;
III - admitidos no processo como incontroversos; III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de o ajuizamento de ação.
veracidade. § 1o O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção
quando tiver por finalidade apenas a realização de documen-
Art. 375. O juiz aplicará as regras de experiência comum submi- tação e não a prática de atos de apreensão.
nistradas pela observação do que ordinariamente acontece e, ain- § 2o A produção antecipada da prova é da competência do juí-
da, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, zo do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domi-
o exame pericial. cílio do réu.
Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estran- § 3o A produção antecipada da prova NÃO PREVINE a competên-
geiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se cia do juízo para a ação que venha a ser proposta.
assim o juiz determinar. § 4o O juízo estadual tem competência para produção antecipa-
da de prova requerida em face da União, de entidade autárquica
Art. 377. A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio direto ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver
SUSPENDERÃO O JULGAMENTO DA CAUSA no caso previsto vara federal.
no art. 313, inciso V, alínea “b” (suspende-se o processo quando a § 5o Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justifi-
sentença de mérito tiver de ser proferida somente após a verifica- car a existência de algum fato ou relação jurídica para simples do-
ção de determinado fato ou a produção de certa prova, requisita- cumento e sem caráter contencioso, que exporá, em petição cir-
da a outro juízo), quando, tendo sido requeridos antes da deci- cunstanciada, a sua intenção.
são de saneamento, a prova neles solicitada for imprescindí-
vel. FPPC9. A decisão que não redistribui o ônus da prova não é
Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória não devol- impugnável por agravo de instrumento, conforme dispõem
vidas no prazo ou concedidas sem efeito suspensivo poderão os arts. 381, § 1º, e 1.022, havendo preclusão na ausência de
ser juntadas aos autos a qualquer momento. protesto, na forma do art. 1.022, §§ 1º e 2º.
FPPC633. (art.381). Admite-se a produção antecipada de pro-
Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder va proposta pelos legitimados ao ajuizamento das ações co-
Judiciário para o descobrimento da verdade. letivas, inclusive para facilitar a autocomposição ou permitir
a decisão sobre o ajuizamento ou não da demanda.
FPPC51. (art. 378; art. 379) A compatibilização do disposto nes- FPPC634. (art.381) Se, na pendência do processo, ocorrer a hi-
tes dispositivos com o art. 5º, LXIII, da CF/1988, assegura à par- pótese do art. 381, I ou II, poderá ser antecipado o momento
te, exclusivamente, o direito de não produzir prova contra si procedimental de produção da prova, seguindo-se o regramen-
em razão de reflexos no ambiente penal. to próprio do meio de prova requerido e não o procedimento
dos arts. 381 a 383.
JDPC51 Havendo registro judicial ou autorização expressa do
Art. 379. Preservado o direito de não produzir prova contra si
juízo sucessório competente, nos autos do procedimento de
própria, incumbe à parte:
abertura, registro e cumprimento de testamento, sendo todos
I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado;

10
os interessados capazes e concordes, poderão ser feitos o in- Art. 386. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de res-
ventário e a partilha por escritura pública. ponder ao que lhe for perguntado ou empregar evasivas, o juiz,
CJF 129: É admitida a exibição de documentos como objeto apreciando as demais circunstâncias e os elementos de prova, de-
de produção antecipada de prova, nos termos do art. 381 do clarará, na sentença, se houve recusa de depor.
CPC.
FPPC635. (arts.386, 9º e 10) Antes de decidir sobre a conduta
Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que jus- da parte no depoimento pessoal, deverá o magistrado sub-
tificam a necessidade de antecipação da prova e mencionará meter o tema a contraditório para evitar decisão surpresa.
com precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair.
§ 1o O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a Art. 387. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articu-
citação de interessados na produção da prova ou no fato a ser lados, não podendo servir-se de escritos anteriormente prepa-
provado, salvo se inexistente caráter contencioso. rados, permitindo-lhe o juiz, todavia, a consulta a notas breves,
§ 2o O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocor- desde que objetivem completar esclarecimentos.
rência do fato, nem sobre as respectivas consequências jurídi-
cas. Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos:
§ 3o Os interessados poderão requerer a produção de qualquer I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
prova no mesmo procedimento, desde que relacionada ao mes- II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigi-
mo fato, salvo se a sua produção conjunta acarretar excessiva lo;
demora. III - acerca dos quais não possa responder sem desonra pró-
§ 4o Neste procedimento, NÃO SE ADMITIRÁ DEFESA OU RE- pria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em
CURSO, salvo contra decisão que indeferir totalmente a pro- grau sucessível;
dução da prova pleiteada pelo requerente originário. IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pes-
soas referidas no inciso III.
JDPC32 A vedação à apresentação de defesa prevista no art. Parágrafo único. Esta disposição NÃO SE APLICA ÀS AÇÕES DE
382, § 4º, do CPC, não impede a alegação pelo réu de maté- ESTADO E DE FAMÍLIA.
rias defensivas conhecíveis de ofício.
Seção V
Art. 383. Os autos permanecerão em cartório durante 1 mês Da Confissão
para extração de cópias e certidões pelos interessados. Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte
Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão entregues ao pro- admite a verdade de fato contrário ao seu interesse e favorá-
movente da medida. vel ao do adversário.

Seção III Art. 390. A confissão judicial pode ser espontânea ou provoca-
Da Ata Notarial da.
Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato po- § 1o A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte
dem ser atestados ou documentados, a requerimento do inte- ou por representante com poder especial.
ressado, mediante ata lavrada por tabelião. § 2o A confissão provocada constará do termo de depoimento
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gra- pessoal.
vados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial.
Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não
Seção IV prejudicando, todavia, os litisconsortes.
Do Depoimento Pessoal Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou
Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da ou- direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um cônju-
tra parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de ins- ge ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o re-
trução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená- gime de casamento for o de separação absoluta de bens.
lo de ofício.
§ 1o Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento Art. 392. NÃO VALE como confissão a admissão, em juízo, de
pessoal e advertida da pena de confesso, não comparecer ou, fatos relativos a direitos indisponíveis.
comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena. § 1o A confissão será INEFICAZ se feita por quem não for capaz
§ 2o É vedado a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório de dispor do direito a que se referem os fatos confessados.
da outra parte. § 2o A confissão feita por um representante somente é eficaz nos
§ 3o O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, se- limites em que este pode vincular o representado.
ção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o proces-
Art. 393. A confissão é IRREVOGÁVEL, mas pode ser anulada se
so poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro
decorreu de erro de fato ou de coação.
recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo
Parágrafo único. A legitimidade para a ação prevista no caput é
real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da au-
exclusiva do confitente e pode ser transferida a seus herdei-
diência de instrução e julgamento.
ros se ele falecer após a propositura.

JDPC33 No depoimento pessoal, o advogado da contraparte Art. 394. A confissão extrajudicial, quando feita oralmente, só terá
formulará as perguntas diretamente ao depoente. eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal.

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Art. 395. A confissão é, em regra, INDIVISÍVEL, não podendo a Art. 401. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de
parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a terceiro, o juiz ordenará sua citação para responder no prazo de
beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, porém cindir- 15 dias.
se-á quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de
constituir fundamento de defesa de direito material ou de re- Art. 402. Se o terceiro negar a obrigação de exibir ou a posse do
convenção. documento ou da coisa, o juiz designará audiência especial, to-
mando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessá-
Seção VI rio, o de testemunhas, e em seguida proferirá decisão.
Da Exibição de Documento ou Coisa
Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a
coisa que se encontre em seu poder. exibição, o juiz ordenar-lhe-á que proceda ao respectivo depósito
em cartório ou em outro lugar designado, no prazo de 5 dias,
FPPC53. (art. 396) Na ação de exibição não cabe a fixação, impondo ao requerente que o ressarça pelas despesas que tiver.
nem a manutenção de multa quando a exibição for reco- Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedi-
nhecida como impossível. rá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força poli-
FPPC518. (art. 396) Em caso de exibição de documento ou coisa cial, sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediên-
em caráter antecedente, a fim de que seja autorizada a produ- cia, pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas,
ção, tem a parte autora o ônus de adiantar os gastos necessá- mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar a
rios, salvo hipóteses em que o custeio incumbir ao réu efetivação da decisão.
CJF 119: É admissível o ajuizamento de ação de exibição de
documentos, de forma autônoma, inclusive pelo procedi- Art. 404. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o
mento comum do CPC (art. 318 e seguintes). documento ou a coisa se:
I - concernente a negócios da própria vida da família;
II - sua apresentação puder violar dever de honra;
Art. 397. O pedido formulado pela parte conterá:
III - sua publicidade redundar em desonra à parte ou ao terceiro,
I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento
bem como a seus parentes consanguíneos ou afins até o 3° grau,
ou da coisa;
ou lhes representar perigo de ação penal;
II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam
IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo respei-
com o documento ou com a coisa;
to, por estado ou profissão, devam guardar segredo;
III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar
V - subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente
que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte
arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição;
contrária.
VI - houver disposição legal que justifique a recusa da exibição.
Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os incisos I a VI do
Art. 398. O requerido dará sua resposta nos 5 dias subsequentes
caput disserem respeito a apenas uma parcela do documento, a
à sua intimação.
parte ou o terceiro exibirá a outra em cartório, para dela ser extra-
Parágrafo único. Se o requerido afirmar que não possui o docu-
ída cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto circunstancia-
mento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por
do.
qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.
Seção VII
Art. 399. O juiz não admitirá a recusa se:
Da Prova Documental
I - o requerido tiver obrigação legal de exibir;
Subseção I
II - o requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no pro-
Da Força Probante dos Documentos
cesso, com o intuito de constituir prova;
Art. 405. O documento público faz prova não só da sua for-
III - o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.
mação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de secre-
taria, o tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em sua
Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros
presença.
os FATOS que, por meio do documento ou da coisa, a parte pre-
tendia provar se:
Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público como da
I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma de-
substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial
claração no prazo do art. 398;
que seja, pode suprir-lhe a falta.
II - a recusa for havida por ilegítima.
Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas
Art. 407. O documento feito por oficial público incompetente ou
indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que
sem a observância das formalidades legais, sendo subscrito pelas
o documento seja exibido.
partes, tem a mesma eficácia probatória do documento parti-
cular.
FPPC54. (art. 400, parágrafo único; art. 403, parágrafo único)
Fica superado o enunciado 372 da súmula do STJ (“Na ação de Art. 408. As declarações constantes do documento particular es-
exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa comi- crito e assinado ou somente assinado presumem-se verdadeiras
natória”) após a entrada em vigor do CPC, pela expressa possi- em relação ao signatário.
bilidade de fixação de multa de natureza coercitiva na ação Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência
de exibição de documento. de determinado fato, o documento particular prova a ciência,

12
mas não o fato em si, incumbindo o ônus de prová-lo ao interes- Parágrafo único. Aplica-se essa regra tanto para o documento
sado em sua veracidade. que o credor conservar em seu poder quanto para aquele que se
achar em poder do devedor ou de terceiro.
Art. 409. A data do documento particular, quando a seu respeito
surgir dúvida ou impugnação entre os litigantes, provar-se-á por Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sen-
todos os meios de direito. do lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios
Parágrafo único. Em relação a terceiros, considerar-se-á datado o permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à
documento particular: verdade dos fatos.
I - no dia em que foi registrado;
II - desde a morte de algum dos signatários; Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos
III - a partir da impossibilidade física que sobreveio a qualquer exigidos por lei provam a favor de seu autor no LITÍGIO ENTRE
dos signatários; EMPRESÁRIOS.
IV - da sua apresentação em repartição pública ou em juízo;
V - do ato ou do fato que estabeleça, de modo certo, a anteriori- Art. 419. A escrituração contábil é INDIVISÍVEL, e, se dos fatos
dade da formação do documento. que resultam dos lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de
seu autor e outros lhe são contrários, ambos serão considerados
Art. 410. Considera-se autor do documento particular: em conjunto, como unidade.
I - aquele que o fez e o assinou;
II - aquele por conta de quem ele foi feito, estando assinado; Art. 420. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a EXIBI-
III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou porque, con- ÇÃO INTEGRAL dos livros empresariais e dos documentos do ar-
forme a experiência comum, não se costuma assinar, como livros quivo:
empresariais e assentos domésticos. I - na liquidação de sociedade;
II - na sucessão por morte de sócio;
Art. 411. Considera-se autêntico o documento quando: III - quando e como determinar a lei.
I - o tabelião reconhecer a firma do signatário;
II - a autoria estiver identificada por qualquer outro meio le- Art. 421. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a EXIBIÇÃO
gal de certificação, inclusive eletrônico, nos termos da lei; PARCIAL dos livros e dos documentos, extraindo-se deles a suma
III - não houver impugnação da parte contra quem foi produzi- que interessar ao litígio, bem como reproduções autenticadas.
do o documento.
EXIBIÇÃO INTEGRAL DOS EXIBIÇÃO PARCIAL DOS
Art. 412. O documento particular de cuja autenticidade não se LIVROS EMPRESARIAIS LIVROS EMPRESARIAIS
duvida prova que o seu autor fez a declaração que lhe é atri- A requerimento da parte Juiz pode determinar de ofí-
buída. Só em caso de: cio
Parágrafo único. O documento particular admitido expressa ou - liquidação da sociedade
tacitamente é indivisível, sendo vedado à parte que pretende - sucessão por morte de só-
utilizar-se dele aceitar os fatos que lhe são favoráveis e recusar os cio
que são contrários ao seu interesse, salvo se provar que estes não - outros casos previstos em
ocorreram. lei.

Art. 413. O telegrama, o radiograma ou qualquer outro meio de Art. 422. Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, a
transmissão tem a mesma força probatória do documento parti- cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie, tem aptidão
cular se o original constante da estação expedidora tiver sido as- para fazer prova dos fatos ou das coisas representadas, se a sua
sinado pelo remetente. conformidade com o documento original não for impugnada
Parágrafo único. A firma do remetente poderá ser reconhecida por aquele contra quem foi produzida.
pelo tabelião, declarando-se essa circunstância no original depo- § 1o As fotografias digitais e as extraídas da rede mundial de com-
sitado na estação expedidora. putadores fazem prova das imagens que reproduzem, devendo,
se impugnadas, ser apresentada a respectiva autenticação ele-
Art. 414. O telegrama ou o radiograma presume-se conforme trônica ou, não sendo possível, realizada perícia.
com o original, provando as datas de sua expedição e de seu re- § 2o Se se tratar de fotografia publicada em jornal ou revista, será
cebimento pelo destinatário. exigido um exemplar original do periódico, caso impugnada a ve-
racidade pela outra parte.
Art. 415. As cartas e os registros domésticos provam contra § 3o Aplica-se o disposto neste artigo à forma impressa de mensa-
quem os escreveu quando: gem eletrônica.
I - enunciam o recebimento de um crédito;
II - contêm anotação que visa a suprir a falta de título em fa- Art. 423. As reproduções dos documentos particulares, fotográfi-
vor de quem é apontado como credor; cas ou obtidas por outros processos de repetição, valem como
III - expressam conhecimento de fatos para os quais não se exi- certidões sempre que o escrivão ou o chefe de secretaria certificar
ja determinada prova. sua conformidade com o original.

Art. 416. A nota escrita pelo credor em qualquer parte de docu- Art. 424. A cópia de documento particular tem o mesmo valor
mento representativo de obrigação, ainda que não assinada, faz probante que o original, cabendo ao escrivão, intimadas as partes,
prova em benefício do devedor.

13
proceder à conferência e certificar a conformidade entre a cópia e Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica
o original. ou no prazo de 15 dias, contado a partir da intimação da juntada
do documento aos autos.
Art. 425. Fazem a mesma prova que os originais: Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida
I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo como questão incidental, salvo se a parte requerer que o juiz
das audiências ou de outro livro a cargo do escrivão ou do chefe a decida como questão principal, nos termos do inciso II do art.
de secretaria, se extraídas por ele ou sob sua vigilância e por ele 19.
subscritas;
II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público de ins- Art. 431. A parte arguirá a falsidade expondo os motivos em que
trumentos ou documentos lançados em suas notas; funda a sua pretensão e os meios com que provará o alegado.
III - as reproduções dos documentos públicos, desde que autenti-
cadas por oficial público ou conferidas em cartório com os res- Art. 432. Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 dias,
pectivos originais; será realizado o exame pericial.
IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial se a par-
declaradas autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade te que produziu o documento concordar em retirá-lo.
pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade;
V - os extratos digitais de bancos de dados públicos e privados, Art. 433. A declaração sobre a falsidade do documento, quando
desde que atestado pelo seu emitente, sob as penas da lei, que as suscitada como questão principal, constará da parte dispositiva
informações conferem com o que consta na origem; da sentença e sobre ela incidirá também a autoridade da coisa
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento público julgada.
ou particular, quando juntadas aos autos pelos órgãos da justiça e
seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pela De- Subseção III
fensoria Pública e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas re- Da Produção da Prova Documental
partições públicas em geral e por advogados, ressalvada a alega- Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contesta-
ção motivada e fundamentada de adulteração. ção com os documentos destinados a provar suas alegações.
§ 1o Os originais dos documentos digitalizados mencionados no Parágrafo único. Quando o documento consistir em reprodução
inciso VI deverão ser preservados pelo seu detentor até o final cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos ter-
do prazo para propositura de ação rescisória. mos do caput, mas sua exposição será realizada em audiência,
§ 2o Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudicial intimando-se previamente as partes.
ou de documento relevante à instrução do processo, o juiz pode -
rá determinar seu depósito em cartório ou secretaria. Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos au-
tos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fa-
Art. 426. O juiz apreciará fundamentadamente a fé que deva me- tos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos
recer o documento, quando em ponto substancial e sem ressalva que foram produzidos nos autos.
contiver entrelinha, emenda, borrão ou cancelamento. Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de
documentos formados após a petição inicial ou a contestação,
Art. 427. Cessa a fé do documento público ou particular bem como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou dis-
sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade. poníveis após esses atos, cabendo à parte que os produzir
Parágrafo único. A falsidade consiste em: comprovar o motivo que a impediu de juntá-los anteriormen-
I - formar documento não verdadeiro; te e incumbindo ao juiz, em qualquer caso, avaliar a conduta
II - alterar documento verdadeiro. da parte de acordo com o art. 5o.

Art. 428. Cessa a fé do documento particular quando: Art. 436. A parte, intimada a falar sobre documento constante
I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não se com- dos autos, poderá:
provar sua veracidade; I - impugnar a admissibilidade da prova documental;
II - assinado em branco, for impugnado seu conteúdo, por II - impugnar sua autenticidade;
preenchimento abusivo. III - suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração do incidente
Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele que recebeu do- de arguição de falsidade;
cumento assinado com texto não escrito no todo ou em parte IV - manifestar-se sobre seu conteúdo.
formá-lo ou completá-lo por si ou por meio de outrem, violando Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, a impugnação
o pacto feito com o signatário. deverá basear-se em argumentação específica, não se admitindo
alegação genérica de falsidade.
Art. 429. Incumbe o ônus da prova quando:
I - se tratar de falsidade de documento ou de preenchimento Art. 437. O réu manifestar-se-á na contestação sobre os docu-
abusivo, à parte que a arguir; mentos anexados à inicial, e o autor manifestar-se-á na réplica so-
II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que pro- bre os documentos anexados à contestação.
duziu o documento. § 1o Sempre que uma das partes requerer a juntada de documen-
to aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra parte, que dis -
Subseção II porá do prazo de 15 dias para adotar qualquer das posturas indi-
Da Arguição de Falsidade cadas no art. 436.

14
§ 2o Poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar o prazo para I - nos contratos simulados, a divergência entre a vontade real
manifestação sobre a prova documental produzida, levando em e a vontade declarada;
consideração a quantidade e a complexidade da documentação. II - nos contratos em geral, os vícios de consentimento.

Art. 438. O juiz requisitará às repartições públicas, em qualquer Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, ex-
tempo ou grau de jurisdição: ceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.
I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes; § 1o São incapazes:
II - os procedimentos administrativos nas causas em que forem I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
interessados a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento men-
ou entidades da administração indireta. tal, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los,
§ 1o Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo máximo ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir
e IMPRORROGÁVEL de 1 mês, certidões ou reproduções foto- as percepções;
gráficas das peças que indicar e das que forem indicadas pelas III - o que tiver menos de 16 anos;
partes, e, em seguida, devolverá os autos à repartição de origem. IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos
§ 2o As repartições públicas poderão fornecer todos os documen- sentidos que lhes faltam.
tos em meio eletrônico, conforme disposto em lei, certificando, § 2o São impedidos:
pelo mesmo meio, que se trata de extrato fiel do que consta em I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente
seu banco de dados ou no documento digitalizado. em qualquer grau e o colateral, até o 3° grau, de alguma das
partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o in-
Seção VIII teresse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da
Dos Documentos Eletrônicos pessoa, não se puder obter de outro modo a prova que o juiz
Art. 439. A utilização de documentos eletrônicos no processo repute necessária ao julgamento do mérito;
convencional dependerá de sua conversão à forma impressa e II - o que é parte na causa;
da verificação de sua autenticidade, na forma da lei. III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o
representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e
FPPC636. (arts.439, 440, 369 e 584) As conversas registradas por outros que assistam ou tenham assistido as partes.
aplicativos de mensagens instantâneas e redes sociais podem ser § 3o São suspeitos:
admitidas no processo como prova, independentemente de ata I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
notarial II - o que tiver interesse no litígio.
§ 4o Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das
Art. 440. O juiz apreciará o valor probante do documento ele- testemunhas menores, impedidas ou suspeitas.
trônico não convertido, assegurado às partes o acesso ao seu § 5o Os depoimentos referidos no § 4o serão prestados indepen-
teor. dentemente de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o valor que
possam merecer.
Art. 441. Serão admitidos documentos eletrônicos produzidos e
conservados com a observância da legislação específica. I - o interdito por enfermidade ou deficiência
mental;
Seção IX II - o que, acometido por enfermidade ou re-
Da Prova Testemunhal tardamento mental, ao tempo em que ocorre-
Subseção I INCAPAZES ram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao
Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemunhal tempo em que deve depor, não está habilitado
Art. 442. A prova testemunhal É SEMPRE ADMISSÍVEL, não dis- a transmitir as percepções;
pondo a lei de modo diverso. III - o que tiver menos de 16 anos;
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do
Art. 443. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fato depender dos sentidos que lhes faltam.
fatos:
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e
I - já provados por documento ou confissão da parte;
o descendente em qualquer grau e o colate-
II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser
ral, até o 3° grau, de alguma das partes, por
provados.
consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir
o interesse público ou, tratando-se de causa re-
Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obriga-
IMPEDIDOS lativa ao estado da pessoa, não se puder obter
ção, é admissível a prova testemunhal quando houver começo
de outro modo a prova que o juiz repute neces-
de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se preten-
sária ao julgamento do mérito;
de produzir a prova.
II - o que é parte na causa;
III - o que intervém em nome de uma parte,
Art. 445. Também se admite a prova testemunhal quando o cre-
como o tutor, o representante legal da pes-
dor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a pro-
soa jurídica, o juiz, o advogado e outros que
va escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, de de-
assistam ou tenham assistido as partes.
pósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das
práticas comerciais do local onde contraída a obrigação. SUSPEITOS I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II - o que tiver interesse no litígio.
Art. 446. É lícito à parte provar com testemunhas:

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Art. 448. A testemunha não é obrigada a depor sobre fatos: IV - o PRG e os conselheiros do CNMP;
I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge ou V - o AGU, o procurador-geral do Estado, o procurador-geral
companheiro e aos seus parentes consanguíneos ou afins, em li- do Município, o defensor público-geral federal e o defensor
nha reta ou colateral, até o 3° grau; público-geral do Estado;
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigi- VI - os senadores e os deputados federais;
lo. VII - os governadores dos Estados e do Distrito Federal;
VIII - o prefeito;
Art. 449. Salvo disposição especial em contrário, as testemunhas IX - os deputados estaduais e distritais;
devem ser ouvidas na sede do juízo. X - os desembargadores dos TJ, dos TRF, dos TRT e dos TRE e os
Parágrafo único. Quando a parte ou a testemunha, por enfermi- conselheiros dos TCE e do Distrito Federal;
dade ou por outro motivo relevante, estiver impossibilitada de XI - o PGJ;
comparecer, mas não de prestar depoimento, o juiz designará, XII - o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede
conforme as circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la. idêntica prerrogativa a agente diplomático do Brasil.
§ 1o O juiz solicitará à autoridade que indique dia, hora e local
Subseção II a fim de ser inquirida, remetendo-lhe cópia da petição inicial ou
Da Produção da Prova Testemunhal da defesa oferecida pela parte que a arrolou como testemunha.
Art. 450. O rol de testemunhas conterá, sempre que possível, o § 2o Passado 1 mês sem manifestação da autoridade, o juiz de-
nome, a profissão, o estado civil, a idade, o número de inscrição signará dia, hora e local para o depoimento, preferencialmen-
no Cadastro de Pessoas Físicas, o número de registro de identida- te na sede do juízo.
de e o endereço completo da residência e do local de trabalho. § 3o O juiz também designará dia, hora e local para o depoimento,
quando a autoridade não comparecer, injustificadamente, à ses-
FPPC519. (art. 450; art. 319, §1º; art. 6º) Em caso de impossibili- são agendada para a colheita de seu testemunho no dia, hora e
dade de obtenção ou de desconhecimento das informações re- local por ela mesma indicados.
lativas à qualificação da testemunha, a parte poderá requerer ao
Art. 455. Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a
juiz providências necessárias para a sua obtenção, salvo em ca-
testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da au-
sos de inadmissibilidade da prova ou de abuso de direito.
diência designada, dispensando-se a intimação do juízo.
JDPC34 A qualificação incompleta da testemunha só impe-
§ 1o A intimação deverá ser realizada por carta com aviso de
de a sua inquirição se houver demonstração de efetivo pre-
recebimento, cumprindo ao advogado juntar aos autos, com
juízo.
antecedência de pelo menos 3 dias da data da audiência, có-
pia da correspondência de intimação e do comprovante de re-
Art. 451. Depois de apresentado o rol de que tratam os §§ 4 o e cebimento.
5o do art. 357, a parte só pode substituir a testemunha: § 2o A parte pode comprometer-se a levar a testemunha à au-
I - que falecer; diência, independentemente da intimação de que trata o § 1o,
II - que, por enfermidade, não estiver em condições de depor; presumindo-se, caso a testemunha não compareça, que a parte
III - que, tendo mudado de residência ou de local de trabalho, desistiu de sua inquirição.
não for encontrada. § 3o A inércia na realização da intimação a que se refere o § 1 o im-
porta desistência da inquirição da testemunha.
Art. 452. Quando for arrolado como testemunha, o juiz da causa: § 4o A intimação será feita pela via judicial quando:
I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de fatos que I - for frustrada a intimação prevista no § 1 o deste artigo;
possam influir na decisão, caso em que será vedado à parte que II - sua necessidade for devidamente demonstrada pela parte
o incluiu no rol desistir de seu depoimento; ao juiz;
II - se nada souber, mandará excluir o seu nome. III - figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar,
hipótese em que o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao
Art. 453. As testemunhas depõem, na audiência de instrução e comando do corpo em que servir;
julgamento, perante o juiz da causa, exceto: IV - a testemunha houver sido ARROLADA pelo Ministério Pú-
I - as que prestam depoimento antecipadamente; blico ou PELA DEFENSORIA PÚBLICA;
II - as que são inquiridas por carta. V - a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454.
§ 1o A oitiva de testemunha que residir em comarca, seção ou § 5o A testemunha que, intimada na forma do § 1 o ou do § 4o, dei-
subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo po- xar de comparecer sem motivo justificado será conduzida e res-
derá ser realizada por meio de videoconferência ou outro re- ponderá pelas despesas do adiamento.
curso tecnológico de transmissão e recepção de sons e imagens
em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a audiên- Art. 456. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessiva-
cia de instrução e julgamento. mente, primeiro as do autor e depois as do réu, e providenciará
§ 2o Os juízos deverão manter equipamento para a transmissão e para que uma não ouça o depoimento das outras.
recepção de sons e imagens a que se refere o § 1o. Parágrafo único. O juiz poderá alterar a ordem estabelecida no
caput SE AS PARTES CONCORDAREM.
Art. 454. São inquiridos em sua residência ou onde exercem
sua função:
Art. 457. Antes de depor, a testemunha será qualificada, declarará
I - o presidente e o vice-presidente da República;
ou confirmará seus dados e informará se tem relações de paren-
II - os ministros de Estado;
tesco com a parte ou interesse no objeto do processo.
III - os ministros do STF, os conselheiros do CNJ e os ministros
do STJ, do STM, do TSE, do TST e do TCU;

16
§ 1o É lícito à parte contraditar a testemunha, arguindo-lhe a inca- § 2o A acareação pode ser realizada por videoconferência ou
pacidade, o impedimento ou a suspeição, bem como, caso a tes- por outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens
temunha negue os fatos que lhe são imputados, provar a contra- em tempo real.
dita com documentos ou com testemunhas, até 3, apresentadas
no ato e inquiridas em separado. Art. 462. A testemunha pode requerer ao juiz o pagamento da
§ 2o Sendo provados ou confessados os fatos a que se refere o § despesa que efetuou para comparecimento à audiência, devendo
1o, o juiz dispensará a testemunha ou lhe tomará o depoimento a parte pagá-la logo que arbitrada ou depositá-la em cartório
como informante. dentro de 3 dias.
§ 3o A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de depor,
alegando os motivos previstos neste Código, decidindo o juiz de Art. 463. O depoimento prestado em juízo é considerado servi-
plano após ouvidas as partes. ço público.
Parágrafo único. A testemunha, quando sujeita ao regime da le-
Art. 458. Ao início da inquirição, a testemunha prestará o com- gislação trabalhista, não sofre, por comparecer à audiência, perda
promisso de dizer a verdade do que souber e lhe for pergunta- de salário nem desconto no tempo de serviço.
do.
Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que incorre em CÓDIGO PENAL
sanção penal quem faz afirmação falsa, cala ou oculta a verdade.
TÍTULO VII
Art. 459. [SISTEMA DO CROSS-EXAMINATION] As perguntas
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, co-
CAPÍTULO I
meçando pela que a arrolou, não admitindo o juiz aquelas que
DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO
puderem induzir a resposta, não tiverem relação com as questões
Bigamia
de fato objeto da atividade probatória ou importarem repetição
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamen-
de outra já respondida.
to:
§ 1o O juiz poderá inquirir a testemunha tanto antes quanto de-
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
pois da inquirição feita pelas partes.
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento
§ 2o As testemunhas devem ser tratadas com urbanidade, não se
com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido
lhes fazendo perguntas ou considerações impertinentes, capcio-
com reclusão ou detenção, de um a três anos.
sas ou vexatórias.
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento,
§ 3o As perguntas que o juiz indeferir serão transcritas no termo,
ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexis-
se a parte o requerer.
tente o crime.

FPPC156. (art. 459, caput) Não configura induzimento, cons- Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
tante do art. 466, caput, a utilização de técnica de arguição dire- Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o
ta no exercício regular de direito. outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja
FPPC157. (art. 459 § 1º) Deverá ser facultada às partes a formula- casamento anterior:
ção de perguntas de esclarecimento ou complementação decor- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
rentes da inquirição do juiz. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do con-
FPPC158. (art. 459, § 3º) Constitui direito da parte a transcrição traente enganado e não pode ser intentada senão depois de
de perguntas indeferidas pelo juiz. transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou
impedimento, anule o casamento.
Art. 460. O depoimento poderá ser documentado por meio de
gravação. Ação Penal Privada Personalíssima
§ 1o Quando digitado ou registrado por taquigrafia, estenotipia
ou outro método idôneo de documentação, o depoimento será
Conhecimento prévio de impedimento
assinado pelo juiz, pelo depoente e pelos procuradores.
Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de
§ 2o Se houver recurso em processo em autos não eletrônicos, o
impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
depoimento somente será digitado quando for impossível o envio
Pena - detenção, de três meses a um ano.
de sua documentação eletrônica.
§ 3o Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o disposto
Simulação de autoridade para celebração de casamento
neste Código e na legislação específica sobre a prática eletrônica
Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebração
de atos processuais.
de casamento:
Art. 461. O juiz pode ordenar, de ofício ou a requerimento da Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui
parte: crime mais grave.
I - a inquirição de testemunhas referidas nas declarações da
parte ou das testemunhas; Simulação de casamento
II - a acareação de 2 ou mais testemunhas ou de alguma delas Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra
com a parte, quando, sobre fato determinado que possa influir pessoa:
na decisão da causa, divergirem as suas declarações. Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui
§ 1o Os acareados serão reperguntados para que expliquem os elemento de crime mais grave.
pontos de divergência, reduzindo-se a termo o ato de acareação.

17
CAPÍTULO II I - frequente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com
DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO pessoa viciosa ou de má vida;
Registro de nascimento inexistente II - frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofen-
Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nascimen- der-lhe o pudor, ou participe de representação de igual natureza;
to inexistente: III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
Pena - reclusão, de dois a seis anos. IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração
pública:
Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
estado civil de recém-nascido
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como CAPÍTULO IV
seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, su- DOS CRIMES CONTRA O
primindo ou alterando direito inerente ao estado civil: PÁTRIO PODER, TUTELA CURATELA
Pena - reclusão, de dois a seis anos. Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação de in-
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reco- capazes
nhecida nobreza: Art. 248 - Induzir menor de 18 anos, ou interdito, a fugir do
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce
de aplicar a pena. autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a ou-
trem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de
Sonegação de estado de filiação 18 anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a
Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de quem legitimamente o reclame:
assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atri- Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
buindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao es-
tado civil: Subtração de incapazes
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Art. 249 - Subtrair menor de 18 anos ou interdito ao poder
de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem ju-
CAPÍTULO III dicial:
DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não
Abandono material constitui elemento de outro crime.
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência § 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou cura -
do cônjuge, ou de filho menor de 18 anos ou inapto para o tra- dor do interdito não o exime de pena, se destituído ou tempora-
balho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 anos, não lhes riamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda.
proporcionando os recursos necessários ou faltando ao paga- § 2º - No caso de restituição do menor ou do interdito, se
mento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode deixar de
ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou aplicar pena.
ascendente, gravemente enfermo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de 1 a TÍTULO VIII
10 vezes o maior salário mínimo vigente no País. DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo CAPÍTULO I
solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por aban- DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
dono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pen- Incêndio
são alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada. Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a inte-
gridade física ou o patrimônio de outrem:
Entrega de filho menor a pessoa inidônea Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Art. 245 - Entregar filho menor de 18 anos a pessoa em cuja Aumento de pena
companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou mate- § 1º - As penas aumentam-se de 1/3:
rialmente em perigo: I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pe-
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. cuniária em proveito próprio ou alheio;
§ 1º - A pena é de 1 a 4 anos de reclusão, se o agente pratica II - se o incêndio é:
delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exterior. a) em casa habitada ou destinada a habitação;
§ 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra
embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação de assistência social ou de cultura;
de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de trans-
obter lucro. porte coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
Abandono intelectual e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
primária de filho em idade escolar: g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Incêndio culposo
Art. 247 - Permitir alguém que menor de 18 anos, sujeito a § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis
seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância: meses a dois anos.

18
Explosão ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar ser -
Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o pa- viço de tal natureza:
trimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos
análogos: Formas qualificadas de crime de perigo comum
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão
§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é au-
de efeitos análogos: mentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-
Aumento de pena se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao
§ 2º - As penas aumentam-se de 1/3, se ocorre qualquer homicídio culposo, aumentada de 1/3.
das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada
ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo Difusão de doença ou praga
parágrafo. Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar dano a
Modalidade culposa floresta, plantação ou animais de utilidade econômica:
§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de seis me- Modalidade culposa
ses a dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de detenção,
um ano. de um a seis meses, ou multa.

Uso de gás tóxico ou asfixiante CAPÍTULO II


Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o pa- DOS CRIMES CONTRA A
trimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante: SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
Modalidade Culposa Perigo de desastre ferroviário
Parágrafo único - Se o crime é culposo: Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro:
Pena - detenção, de três meses a um ano. I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parci-
almente, linha férrea, material rodante ou de tração, obra-de-arte
Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de ex- ou instalação;
plosivos ou gás tóxico, ou asfixiante II - colocando obstáculo na linha;
Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veícu-
licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxi- los ou interrompendo ou embaraçando o funcionamento de te-
co ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação: légrafo, telefone ou radiotelegrafia;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Inundação Desastre ferroviário
Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a inte- § 1º - Se do fato resulta desastre:
gridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa.
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de dolo, § 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:
ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso de culpa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por estrada de
Perigo de inundação ferro qualquer via de comunicação em que circulem veículos de
Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio próprio tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo aéreo.
ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patri-
mônio de outrem, obstáculo natural ou obra destinada a impedir Atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial
inundação: ou aéreo
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria
ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificul-
Desabamento ou desmoronamento tar navegação marítima, fluvial ou aérea:
Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento, expon- Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
do a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de ou- Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo
trem: § 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. embarcação ou a queda ou destruição de aeronave:
Modalidade culposa Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Parágrafo único - Se o crime é culposo: Prática do crime com o fim de lucro
Pena - detenção, de seis meses a um ano. § 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente prati-
ca o crime com intuito de obter vantagem econômica, para si ou
Subtração, ocultação ou inutilização de material de salva- para outrem.
mento Modalidade culposa
Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incên- § 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro:
dio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, apa- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
relho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate

19
Atentado contra a segurança de outro meio de transporte Omissão de notificação de doença
Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte público, Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública
impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento: doença cuja notificação é compulsória:
Pena - detenção, de um a dois anos. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de
dois a cinco anos. Envenenamento de água potável ou de substância alimentí-
§ 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre: cia ou medicinal
Pena - detenção, de três meses a um ano. Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou parti-
cular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consu-
Forma qualificada mo:
Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts. 260 a Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
262, no caso de desastre ou sinistro, resulta lesão corporal ou § 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo
morte, aplica-se o disposto no art. 258. ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a
substância envenenada.
Arremesso de projétil Modalidade culposa
Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movimento, § 2º - Se o crime é culposo:
destinado ao transporte público por terra, por água ou pelo ar: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, de um a seis meses.
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é Corrupção ou poluição de água potável
de detenção, de seis meses a dois anos; se resulta morte, a pena é Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso comum
a do art. 121, § 3º, aumentada de um terço. ou particular, tornando-a imprópria para consumo ou nociva à
saúde:
Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o funcionamento de Modalidade culposa
serviço de água, luz, força ou calor, ou qualquer outro de utilida- Parágrafo único - Se o crime é culposo:
de pública: Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 até a 1/2, Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substân-
se o dano ocorrer em virtude de subtração de material essencial cia ou produtos alimentícios
ao funcionamento dos serviços. Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substân-
cia ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o no-
Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, civa à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo:
informático, telemático ou de informação de utilidade pública Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radi- § 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende,
otelegráfico ou telefônico, impedir ou dificultar-lhe o restabeleci- expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ou, de
mento: qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância ali-
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. mentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado.
o
§ 1 Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático § 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações
ou de informação de utilidade pública, ou impede ou dificulta-lhe previstas neste artigo em relação a bebidas, com ou sem teor al-
o restabelecimento. coólico.
o Modalidade culposa
§ 2 Aplicam-se as penas em dobro se o crime é cometido por § 2º - Se o crime é culposo:
ocasião de calamidade pública. Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

CAPÍTULO III Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto


DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA destinado a fins terapêuticos ou medicinais
Epidemia Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de ger- destinado a fins terapêuticos ou medicinais:
mes patogênicos: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende,
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer for-
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois ma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrom-
anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos. pido, adulterado ou alterado.
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este
Infração de medida sanitária preventiva artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farma-
Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada cêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico.
a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa: § 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa. ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das
Parágrafo único - A pena é aumentada de 1/3, se o agente seguintes condições:
é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sani-
farmacêutico, dentista ou enfermeiro. tária competente;

20
II - em desacordo com a fórmula constante do registro pre- Art. 280 - Fornecer substância medicinal em desacordo com
visto no inciso anterior; receita médica:
III - sem as características de identidade e qualidade admiti- Pena - detenção, de um a três anos, ou multa.
das para a sua comercialização; Modalidade culposa
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua ativida- Parágrafo único - Se o crime é culposo:
de; Pena - detenção, de dois meses a um ano.
V - de procedência ignorada;
O STJ decidiu que é inconstitucional a pena (preceito secundá- Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica
rio) do art. 273, § 1º-B, V, do CP. Em substituição a ela, deve-se Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de
aplicar ao condenado a pena prevista no caput do art. 33 da Lei médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou exce-
11.343/2006, com possibilidade de incidência da causa de di- dendo-lhe os limites:
minuição de pena do respectivo § 4º. Corte especial. AI no HC Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
239363-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro,
26/2/2015 (Info 559). aplica-se também multa.
OBS: o STJ, em entendimento Sumulado, proíbe a combinação
de leis, entretanto, no julgamento acima, acabou por combinar Charlatanismo
leis penais. Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou
infalível:
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autorida-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
de sanitária competente.
Modalidade culposa
Curandeirismo
§ 2º - Se o crime é culposo:
Art. 284 - Exercer o curandeirismo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitual-
mente, qualquer substância;
Emprego de processo proibido ou de substância não permi-
II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;
tida
III - fazendo diagnósticos:
Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destinado a con-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
sumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria corante, subs-
Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remune-
tância aromática, anti-séptica, conservadora ou qualquer outra
ração, o agente fica também sujeito à multa.
não expressamente permitida pela legislação sanitária:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Forma qualificada
Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previs-
Invólucro ou recipiente com falsa indicação
tos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267.
Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de produtos
alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a existência de substân-
TÍTULO IX
cia que não se encontra em seu conteúdo ou que nele existe em
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
quantidade menor que a mencionada:
Incitação ao crime
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Produto ou substância nas condições dos dois artigos anteri-
ores
Apologia de crime ou criminoso
Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito para ven-
Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou
der ou, de qualquer forma, entregar a consumo produto nas con-
de autor de crime:
dições dos arts. 274 e 275.
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Associação Criminosa
Substância destinada à falsificação
Art. 288. Associarem-se 3 ou mais pessoas, para o FIM ES-
Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou ceder
PECÍFICO DE COMETER CRIMES:
substância destinada à falsificação de produtos alimentícios, tera-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos
pêuticos ou medicinais
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a as-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
sociação é armada ou se houver a participação de criança ou
adolescente.
Outras substâncias nocivas à saúde pública
Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito
Constituição de milícia privada
para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo coisa ou
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear or-
substância nociva à saúde, ainda que não destinada à alimentação
ganização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com
ou a fim medicinal:
a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Códi-
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
go:
Modalidade culposa
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
CÓDIGO PROCESSO PENAL
Medicamento em desacordo com receita médica

21
TÍTULO II OU COM FORÇA DE
DOS RECURSOS EM GERAL DEFINITIVAS
PRINCÍPIOS
DESPACHOS E EXCEÇÃO São irrecorríveis.
VOLUNTARIEDADE A parte só recorrerá se lhe for con- DE SUSPEIÇÃO
veniente
UNIRRECORRIBILIDADE/ Para cada decisão caberá apenas SÚMULAS SOBRE RECURSOS
SINGULARIDADE um recurso (regra)
STF
A interposição de um recurso no lu-
Súmula 160-STF: É nula a decisão do tribunal que acolhe,
gar de outro pode ser conhecido
contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação,
FUNGIBILIDADE como o recurso adequado. Instru-
ressalvados os casos de recurso de ofício.
mentalidade das formas.
Súmula 431-STF: É nulo o julgamento de recurso criminal, na
Ausência de má-fé
segunda instância, sem prévia intimação, ou publicação da
Ausência de erro grosseiro
pauta, salvo em habeas corpus.
Os recursos na esfera penal são ta- Súmula 705-STF: A renúncia do réu ao direito de apelação,
xativamente previstos em lei. manifestada sem a assistência do defensor, não impede o
TAXATIVIDADE OBS: RESE – rol taxativo, mas ad- conhecimento da apelação por este interposta.
mite interpretação extensiva; não Súmula 709-STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro
admite interpretação analógica grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da
denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
Se o Tribunal ao qual foi endereça-
CONVERSÃO do o recurso for incompetente, po- STJ
derá encaminhá-lo ao órgão com-
Súmula 267-STJ: A interposição de recurso, sem efeito
petente.
suspensivo, contra decisão condenatória não obsta a expedição
PROIBIÇÃO Recurso exclusivo da defesa não ad- de mandado de prisão.
REFORMATIO IN PEJUS mite reformar para piorar sua situa- Súmula 347-STJ: O conhecimento de recurso de apelação do
ção. réu independe de sua prisão
O recorrente apresentará as razões
DIALETICIDADE recursais, de forma a permitir a par- CAPÍTULO I
te contrária apresentar contrarra- DISPOSIÇÕES GERAIS
zões. Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os
seguintes casos, em que deverão ser INTERPOSTOS, DE OFÍCIO,
O recorrente pode complementar as pelo juiz:
razões recursais quando a decisão I - da SENTENÇA que CONCEDER HABEAS CORPUS; (não
impugnada for alterada pelo juiz: abrange acórdão concessivo)
COMPLEMENTARIEDADE - Provimento de ED apresentados II - da que ABSOLVER desde logo o réu com fundamento
pela parte contrária na existência de circunstância que exclua o crime ou isente o
- Correção ex officio de erros for- réu de pena, nos termos do art. 411.
mais/materiais
DUPLO GRAU DE Não há previsão expressa na CF/88.
JURISDIÇÃO Tem previsão na Convenção Ameri-
cana de Direitos Humanos.
SENTENÇA que CONCEDER HABEAS COR-
PUS;
Incidentes ao processo/procedi-
mento, sem extinguir qualquer eta- ABSOLVER desde logo o réu com funda-
DECISÕES pa procedimental: em regra, irre- mento na existência de circunstância que
RECURSO DE
INTERLOCUTÓRIAS corríveis. Quando recorríveis, são exclua o crime ou isente o réu de pena;
OFÍCIO
SIMPLES questionadas por Recurso em Sen-
Decisão CONCESSIVA de REABILITAÇÃO;
tido Estrito. Exemplos: recebimento
de denúncia ou queixa, indeferi- Indeferimento liminar pelo relator, no Tri-
mento de habilitação de assistente, bunal, da ação de revisão criminal, quan-
e exceção de incompetência. do o pedido não estiver suficientemente
instruído;
DECISÕES Põem fim a uma etpa do processo e
INTERLOCUTÓRIAS são recorríveis via Recurso em Nos crimes contra a economia popular,
MISTAS Sentido Estrito. Exemplos: decisão está sujeita a recurso de ofício a sentença
de pronúncia e acerca de exceção de absolvição e a deliberação que arquiva
de coisa julgada, litispência e legiti- os autos do inquérito
midade da parte, quando acolhidas
DECISÕES DEFINITIVAS, São recorríveis por apelação.

22
Art. 575. Não serão prejudicados os recursos que, por erro, VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
falta ou omissão dos funcionários, não tiverem seguimento ou VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo,
não forem apresentados dentro do prazo. extinta a punibilidade;
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescri-
Art. 576. O Ministério Público NÃO PODERÁ DESISTIR de ção ou de outra causa extintiva da punibilidade;
recurso que haja interposto. X - que conceder ou negar a ordem de HC;
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional
Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério da pena (revogado pela LEP – cabível Agravo em Execução);
Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional
seu defensor. (revogado pela LEP – cabível Agravo em Execução);
Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo
parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da ou em parte;
decisão. XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por ter- XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude
mo nos autos, assinado pelo recorrente ou por seu representan- de questão prejudicial;
te. XVII - que decidir sobre a unificação de penas (revogado
§ 1o Não sabendo ou não podendo o réu assinar o nome, o pela LEP – cabível Agravo em Execução);
termo será assinado por alguém, a seu rogo, na presença de 2 XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
testemunhas. XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar
§ 2o A petição de interposição de recurso, com o despacho a sentença em julgado (revogado pela LEP – cabível Agravo em
do juiz, será, até o dia seguinte ao último do prazo, entregue ao Execução);
escrivão, que certificará no termo da juntada a data da entrega. XX - que impuser medida de segurança por transgressão de
§ 3o Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob pena de outra (revogado pela LEP – cabível Agravo em Execução);
suspensão por 10 a 30 dias, fará conclusos os autos ao juiz, até o XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos
dia seguinte ao último do prazo. casos do art. 774 (revogado pela LEP – cabível Agravo em Exe-
cução);
Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será pre- XXII - que revogar a medida de segurança (revogado pela
judicada pela interposição de um recurso por outro LEP – cabível Agravo em Execução);
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impro- XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos ca-
priedade do recurso interposto pela parte, mandará processá-lo sos em que a lei admita a revogação (revogado pela LEP – cabível
de acordo com o rito do recurso cabível. Agravo em Execução);
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão
- Ligado à instrumentalidade das formas simples (revogado tacitamente pela CF/88).

Requisitos:
PRINCÍPIO DA Exaustivas (taxativas)
- Ausência de má-fé
FUNGIBILIDADE Hipóteses de cabimento do
- Ausência de erro grosseiro (STJ: necessária Admitem interpretação extensiva
RESE
existência de dúvida objetiva quanto ao re-
Não admitem interpretação
curso cabível na hipótese)
analógica
- Interposição do recurso errado no prazo do
recurso correto
Art. 582 - Os recursos serão sempre para o Tribunal de
Apelação, salvo nos casos V (conceder, negar, arbitrar, cassar ou
Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal,
julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preven-
art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se
tiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a pri-
fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamen-
são em flagrante), X (conceder ou negar a ordem de HC) e XIV
te pessoal, aproveitará aos outros. [EFEITO EXTENSIVO OU
(incluir jurado na lista geral ou desta o excluir).
ITERATIVO DAS DECISÕES JUDICIAIS FAVORÁVEIS]
Parágrafo único. O recurso, no caso do no XIV (incluir jurado
na lista geral ou desta o excluir), será para o presidente do Tribu-
CAPÍTULO II
nal de Apelação.
DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (RESE)
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, des-
Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos:
pacho ou sentença:
I - quando interpostos de oficio;
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
II - nos casos do art. 581, I (não receber a denúncia ou a
II - que concluir pela incompetência do juízo;
queixa), III (julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição),
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspei-
IV (pronunciar o réu), VI, VIII (decretar a prescrição ou julgar, por
ção;
outro modo, extinta a punibilidade) e X (conceder ou negar a or-
IV – que pronunciar o réu;
dem de HC);
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidô-
III - quando o recurso não prejudicar o andamento do
nea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou
processo.
revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão
Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em trasla-
em flagrante;
do, quando, havendo 2 ou mais réus, qualquer deles se confor-

23
mar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da Art. 592. Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad quem,
pronúncia. deverão os autos ser devolvidos, dentro de 5 dias, ao juiz a quo.

Art. 584. Os recursos TERÃO EFEITO SUSPENSIVO nos ca- CAPÍTULO III
sos de perda da fiança, de concessão de livramento condicio- DA APELAÇÃO
nal e dos ns. XV (denegar a apelação ou a julgar deserta), XVII Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 dias:
(decidir sobre a unificação de penas) e XXIV (converter a multa I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição
em detenção ou em prisão simples) do art. 581. proferidas por juiz singular;
§ 1o Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas,
no caso do no VIII do art. 581 (decretar a prescrição ou julgar, por proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítu-
outro modo, extinta a punibilidade), aplicar-se-á o disposto nos lo anterior;
arts. 596 e 598. III - das decisões do Tribunal do Júri, quando (recurso de
§ 2o O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o fundamentação vinculada):
julgamento. a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
§ 3o O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa
suspenderá unicamente o efeito de perda da metade do seu ou à decisão dos jurados;
valor. c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena
ou da medida de segurança;
Art. 585. O réu não poderá recorrer da pronúncia senão de- d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à
pois de preso, salvo se prestar fiança, nos casos em que a lei a ad- prova dos autos.
mitir. § 1o Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei ex-
pressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o
Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no pra- tribunal ad quem fará a devida retificação.
zo de 5 dias. § 2o Interposta a apelação com fundamento no n o III, c (erro
Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV (incluir jurado na ou injustiça na aplicação da sanção), deste artigo, o tribunal ad
lista geral ou desta o excluir), o prazo será de 20 dias, contado da quem, se lhe der provimento, retificará a aplicação da pena ou
data da publicação definitiva da lista de jurados. da medida de segurança.
§ 3o Se a apelação se fundar no no III, d (contrária às provas
Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumen- dos autos), deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de
to, a parte indicará, no respectivo termo, ou em requerimento que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova
avulso, as peças dos autos de que pretenda traslado. dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo jul-
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e con- gamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segun-
certado no prazo de 5 dias, e dele constarão sempre a decisão da apelação.
recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra forma não for § 4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o
possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo de in- RESE, ainda que somente de parte da decisão se recorra.
terposição.
Art. 596. A apelação da sentença absolutória não impedirá
Art. 588. Dentro de 2 dias, contados da interposição do re- que o réu seja posto imediatamente em liberdade.
curso, ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer Parágrafo único. A apelação não suspenderá a execução da
com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em seguida, medida de segurança aplicada provisoriamente.
será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do Art. 597. A apelação de sentença condenatória TERÁ EFEI-
prazo na pessoa do defensor. TO SUSPENSIVO, salvo o disposto no art. 393, a aplicação provi-
sória de interdições de direitos e de medidas de segurança (arts.
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o re- 374 e 378), e o caso de suspensão condicional de pena.
curso concluso ao juiz, que, dentro de 2 dias, reformará (juízo de
retratação) ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou
recurso com os traslados que lhe parecerem necessários. do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das
parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova pessoas enumeradas no art. 31 (CADI), ainda que não se tenha
decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz mo- habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que
dificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, não terá, porém, efeito suspensivo.
subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado. Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso
será de 15 dias e correrá do dia em que terminar o do Ministério
Art. 590. Quando for impossível ao escrivão extrair o trasla- Público.
do no prazo da lei, poderá o juiz prorrogá-lo até o dobro.
APELAÇÃO
Art. 591. Os recursos serão apresentados ao juiz ou tribunal
ad quem, dentro de 5 dias da publicação da resposta do juiz a ASSISTENTE HABILITADO 5 dias
quo, ou entregues ao Correio dentro do mesmo prazo. TÉCNICO
NÃO HABILITADO 15 dias

24
Art. 599. As apelações poderão ser interpostas quer em rela- intimado para nomear novo patrono, antes que se proceda à
ção a todo o julgado, quer em relação a parte dele. indicação de defensor para o exercício do contraditório.
5) NÃO CABE mandado de segurança para conferir efeito
Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois suspensivo ativo a recurso em sentido estrito interposto
dele, o apelado terão o prazo de 8 dias cada um para oferecer contra decisão que concede liberdade provisória ao acusado.
razões, salvo nos processos de contravenção, em que o prazo 6) O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é
será de 3 dias. adstrito aos fundamentos da sua interposição. (Súmula
§ 1o Se houver assistente, este arrazoará, no prazo de 3 713/STF)
dias, após o Ministério Público. 7) A ausência de contrarrazões ao recurso em sentido estrito
§ 2o Se a ação penal for movida pela parte ofendida, o Mi- interposto contra decisão que rejeita a denúncia enseja nulidade
nistério Público terá vista dos autos, no prazo de 3 dias. absoluta do processo desde o julgamento pelo Tribunal de
§ 3o Quando forem dois ou mais os apelantes ou apelados, origem.
os prazos serão comuns. 8) Aplica-se o princípio da fungibilidade à apelação
§ 4o Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao inter- interposta quando cabível o recurso em sentido estrito,
por a apelação, que deseja arrazoar na superior instância serão os desde que demonstrada a ausência de má-fé, de erro
autos remetidos ao tribunal ad quem onde será aberta vista às grosseiro, bem como a tempestividade do recurso.
partes, observados os prazos legais, notificadas as partes pela pu- 9) A decisão do juiz singular que encaminha recurso em sentido
blicação oficial. estrito sem antes proceder ao juízo de retratação é mera
irregularidade e não enseja nulidade absoluta.
RESE APELAÇÃO 10) O adiamento do julgamento da apelação para a sessão
subsequente não exige nova intimação da defesa.
Prazo de interposição 5 5
11) Inexiste nulidade no julgamento da apelação ou do recurso
Prazo para razões 2 8 em sentido estrito quando o voto de Desembargador impedido
não interferir no resultado final.
Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos serão reme- 12) O acórdão que julga recurso em sentido estrito deve ser
tidos à instância superior, com as razões ou sem elas, no prazo atacado por meio de recurso especial, configurando erro
de 5 dias, salvo no caso do art. 603, segunda parte, em que o grosseiro a interposição de recurso ordinário em habeas corpus.
prazo será de 30 dias. 13) O julgamento de apelação por órgão fracionário de tribunal
§ 1o Se houver mais de um réu, e não houverem todos sido composto majoritariamente por juízes convocados não viola o
julgados, ou não tiverem todos apelado, caberá ao apelante pro- princípio constitucional do juiz natural.
mover extração do traslado dos autos, o qual deverá ser remetido 14) É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação
à instância superior no prazo de 30 dias, contado da data da en- nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi
trega das últimas razões de apelação, ou do vencimento do prazo previamente intimado para constituir outro. (Súmula 708/STF)
para a apresentação das do apelado. 15) A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a
§ 2o As despesas do traslado correrão por conta de quem o assistência do defensor, NÃO IMPEDE o conhecimento da ape-
solicitar, salvo se o pedido for de réu pobre ou do Ministério lação por este interposta. (Súmula 705/STF)
Público.

Art. 602. Os autos serão, dentro dos prazos do artigo anteri-


or, apresentados ao tribunal ad quem ou entregues ao Correio,
sob registro.

Art. 603. A apelação subirá nos autos originais e, a não ser


no Distrito Federal e nas comarcas que forem sede de Tribunal de
Apelação, ficará em cartório traslado dos termos essenciais do
processo referidos no art. 564, III.

JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ


EDIÇÃO N. 66: APELAÇÃO E RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
1) O efeito devolutivo amplo da apelação criminal autoriza o
Tribunal de origem a conhecer de matéria não ventilada nas
razões recursais, desde que não agrave a situação do
condenado.
2) A apresentação extemporânea das razões não impede o
conhecimento do recurso de apelação tempestivamente
interposto.
3) O conhecimento de recurso de apelação do réu independe
de sua prisão. (Súmula 347/STJ)
4) Verificada a inércia do advogado constituído para
apresentação das razões do apelo criminal, o réu deve ser

25
DIA 12 § 3º O Poder Executivo publicará, até 30 dias após o encerramen-
to de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentá-
ria.
§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previs-
Constituição Federal: art. 163-192 tos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o
Código Civil: art 757-817 plano plurianual (PPA) e apreciados pelo Congresso Nacional.
Código Processo Civil: art. 464-501 § 5º A lei orçamentária anual (LOA) compreenderá:
Código Penal: art. 289-311-A I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fun-
Código Processo Penal: art. 609-646 dos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclu-
sive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
CONSTITUIÇÃO FEDERAL II - o orçamento de investimento das empresas em que a União,
direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com
direito a voto;
CAPÍTULO II
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as en-
DAS FINANÇAS PÚBLICAS
tidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou in-
Seção I
direta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos
NORMAS GERAIS
pelo Poder Público.
Art. 163. LC disporá sobre:
§ 6º O projeto de lei orçamentária (LOA) será acompanhado de
I - finanças públicas;
demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias,
despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsí-
fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público;
dios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.
III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I (orçamento fiscal) e II
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
(orçamento de investimento), deste artigo, compatibilizados
V - fiscalização financeira da administração pública direta e indi-
com o plano plurianual (PPA), terão entre suas funções a de re-
reta;
duzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populaci-
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da
onal.
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
§ 8º A lei orçamentária anual (LOA) não conterá dispositivo es-
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de
tranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se in-
crédito da União, resguardadas as características e condições
cluindo na proibição a autorização para abertura de créditos
operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda
que por antecipação de receita, nos termos da lei.
Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida
§ 9º Cabe à LC:
exclusivamente pelo banco central.
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a ela -
§ 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamen-
boração e a organização do plano plurianual (PPA), da lei de dire-
te, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou enti-
trizes orçamentárias (LDO) e da lei orçamentária anual (LOA);
dade que não seja instituição financeira.
II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da ad-
§ 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão
ministração direta e indireta bem como condições para a institui-
do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moe-
ção e funcionamento de fundos.
da ou a taxa de juros.
III - dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de
§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no
procedimentos que serão adotados quando houver impedimen-
banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
tos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação
e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por
das programações de caráter obrigatório, para a realização do
ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os
disposto no § 11 do art. 166.
casos previstos em lei.

Seção II Estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, obje-


DOS ORÇAMENTOS PPA tivos e metas da administração pública federal para as
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: despesas de capital e outras delas decorrentes e para
I - o plano plurianual (PPA); as relativas aos programas de duração continuada.
II - as diretrizes orçamentárias (LDO); Compreenderá as metas e prioridades da administração
III - os orçamentos anuais (LOA) pública federal, incluindo as despesas de capital para o
§ 1º A lei que instituir o plano plurianual (PPA) estabelecerá, de LDO exercício financeiro subsequente, orientará a elabora-
forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da adminis- ção da LOA, disporá sobre as alterações na legislação
tração pública federal para as despesas de capital e outras de- tributária e estabelecerá a política de aplicação das
las decorrentes e para as relativas aos programas de duração agências financeiras oficiais de fomento.
continuada.
§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias (LDO) compreenderá as me- Compreende:
tas e prioridades da administração pública federal, incluindo as LOA I - o orçamento fiscal
despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, II - o orçamento de investimento
orientará a elaboração da lei orçamentária anual (LOA), dis- III - o orçamento da seguridade social
porá sobre as alterações na legislação tributária e estabelece-
rá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às dire-
fomento. trizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais

1
serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na programação definidos na lei complementar prevista no § 9º do
forma do regimento comum. art. 165.
§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e § 12. As programações orçamentárias previstas no § 9º deste arti -
Deputados: go não serão de execução obrigatória nos casos dos impedimen-
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste ar- tos de ordem técnica.
tigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente § 13. Quando a transferência obrigatória da União, para a execu-
da República; ção da programação prevista no §11 deste artigo, for destinada a
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacio- Estados, ao Distrito Federal e a Municípios, independerá da
nais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer o adimplência do ente federativo destinatário e não integrará a
acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da base de cálculo da receita corrente líquida para fins de aplica-
atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas ção dos limites de despesa de pessoal de que trata o caput do
Casas, criadas de acordo com o art. 58. art. 169.
§ 2º As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que so- § 14. No caso de impedimento de ordem técnica, no empenho de
bre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo despesa que integre a programação, na forma do § 11 deste arti-
Plenário das duas Casas do Congresso Nacional. go, serão adotadas as seguintes medidas:
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual (LOA) I - até 120 dias após a publicação da lei orçamentária, o Poder
ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser apro- Executivo, o Poder Legislativo, o Poder Judiciário, o Ministério Pú-
vadas caso: blico e a Defensoria Pública enviarão ao Poder Legislativo as justi-
I - sejam compatíveis com o plano plurianual (PPA) e com a lei ficativas do impedimento;
de diretrizes orçamentárias (LDO); II - até 30 dias após o término do prazo previsto no inciso I, o Po-
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os der Legislativo indicará ao Poder Executivo o remanejamento da
provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam programação cujo impedimento seja insuperável;
sobre: III - até 30 de setembro ou até 30 dias após o prazo previsto no
a) dotações para pessoal e seus encargos; inciso II, o Poder Executivo encaminhará projeto de lei sobre o re-
b) serviço da dívida; manejamento da programação cujo impedimento seja insuperá-
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municí- vel;
pios e Distrito Federal; ou IV - se, até 20 de novembro ou até 30 dias após o término do
III - sejam relacionadas: prazo previsto no inciso III, o Congresso Nacional não deliberar
a) com a correção de erros ou omissões; ou sobre o projeto, o remanejamento será implementado por ato do
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. Poder Executivo, nos termos previstos na lei orçamentária.
§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias § 15. Após o prazo previsto no inciso IV do § 14, as programações
(LDO) não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com orçamentárias previstas no § 11 não serão de execução obrigató-
o plano plurianual (PPA). ria nos casos dos impedimentos justificados na notificação previs-
§ 5º O Presidente da República poderá enviar mensagem ao ta no inciso I do § 14.
Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a § 16. Os restos a pagar poderão ser considerados para fins de
que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na cumprimento da execução financeira prevista no § 11 deste arti-
Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta. go, até o limite de 0,6% da receita corrente líquida realizada no
§ 6º Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orça- exercício anterior.
mentárias e do orçamento anual serão enviados pelo Presidente § 17. Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa
da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei comple- poderá resultar no não cumprimento da meta de resultado fiscal
mentar a que se refere o art. 165, § 9º. estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, o montante pre-
§ 7º Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que visto no § 11 deste artigo poderá ser reduzido em até a mesma
não contrariar o disposto nesta seção, as demais normas relativas proporção da limitação incidente sobre o conjunto das despesas
ao processo legislativo. discricionárias.
§ 8º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição § 18. Considera-se equitativa a execução das programações de
do projeto de lei orçamentária anual (LOA), ficarem sem despesas caráter obrigatório que atenda de forma igualitária e impessoal às
correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, medi- emendas apresentadas, independentemente da autoria.
ante créditos especiais ou suplementares, com prévia e espe-
cífica autorização legislativa. Art. 167. São vedados:
§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orça-
aprovadas no limite de 1,2% da receita corrente líquida prevista mentária anual (LOA);
no projeto encaminhado pelo Poder Executivo, sendo que a me- II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações dire-
tade deste percentual será destinada a ações e serviços públi- tas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais;
cos de saúde. III - a realização de operações de créditos que excedam o
§ 10. A execução do montante destinado a ações e serviços públi- montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas
cos de saúde previsto no § 9º, inclusive custeio, será computada mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade
para fins do cumprimento do inciso I do § 2º do art. 198, vedada precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;
a destinação para pagamento de pessoal ou encargos sociais. IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
§ 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das pro- despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação
gramações a que se refere o § 9º deste artigo, em montante cor - dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação
respondente a 1,2% da receita corrente líquida realizada no exer- de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para
cício anterior, conforme os critérios para a execução equitativa da manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de

2
atividades da administração tributária, como determinado, res- Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos
pectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exce-
de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, der os limites estabelecidos em lei complementar.
previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste ar - § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remu-
tigo; neração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração
V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação
autorização legislativa e sem indicação dos recursos corres- de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da admi-
pondentes; nistração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e man-
VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de tidas pelo poder público, só poderão ser feitas:
recursos de uma categoria de programação para outra ou de I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para aten-
um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; der às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela de-
VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados; correntes;
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de re- II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orça-
cursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para su- mentárias (LDO), ressalvadas as empresas públicas e as socieda-
prir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e des de economia mista.
fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º; § 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida
IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão
autorização legislativa. imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais
X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Go- que não observarem os referidos limites.
vernos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pa- § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base
gamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições adotarão as seguintes providências:
sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de des- I - redução em pelo menos 20% das despesas com cargos em
pesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral comissão e funções de confiança;
de previdência social de que trata o art. 201. II - exoneração dos servidores não estáveis.
§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exer- § 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior
cício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no não forem suficientes para assegurar o cumprimento da deter-
plano plurianual (PPA), ou sem lei que autorize a inclusão, sob minação da lei complementar referida neste artigo, O SERVIDOR
pena de crime de responsabilidade. ESTÁVEL PODERÁ PERDER O CARGO, desde que ato normativo
§ 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcio-
exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato nal, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pes-
de autorização for promulgado nos últimos 4 meses daquele soal.
exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, § 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo ante-
serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro sub- rior fará jus a indenização correspondente a 1 mês de remune-
sequente. ração por ano de serviço.
§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admi- § 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anterio-
tida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as res será considerado extinto, vedada a criação de cargo, em-
decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, prego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo
observado o disposto no art. 62. prazo de 4 anos.
§ 4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pe- § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedeci-
los impostos a que se referem os arts. 155 (impostos estaduais) e das na efetivação do disposto no § 4º.
156 (impostos municipais), e dos recursos de que tratam os arts.
157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou con- TÍTULO VII
tragarantia à União e para pagamento de débitos para com Da Ordem Econômica e Financeira
esta. CAPÍTULO I
§ 5º A transposição, o remanejamento ou a transferência de DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA
recursos de uma categoria de programação para outra pode- Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do traba-
rão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia lho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a to-
e inovação, com o objetivo de viabilizar os resultados de projetos dos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
restritos a essas funções, mediante ato do Poder Executivo, sem observados os seguintes princípios:
necessidade da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI I - soberania nacional;
deste artigo. II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, IV - livre concorrência;
compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados V - DEFESA DO CONSUMIDOR;
aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Pú- VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
blico e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e
de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
que se refere o art. 165, § 9º. VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;

3
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno por-
te (EPP) constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente
sede e administração no País. ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qual- licitação, a prestação de serviços públicos.
quer atividade econômica, independentemente de autorização de Parágrafo único. A lei disporá sobre:
órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de
serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua
Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os in- prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização
vestimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e rescisão da concessão ou permissão;
e regulará a remessa de lucros. II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a ex- IV - a obrigação de manter serviço adequado.
ploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos da segurança Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade dis-
em lei. tinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da PERTENCEM À UNIÃO, garantida ao concessionário a proprie-
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explo- dade do produto da lavra.
rem atividade econômica de produção ou comercialização de § 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveita-
bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: mento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo so-
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela mente poderão ser efetuados mediante autorização ou con-
sociedade; cessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou em-
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas priva- presa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e
das, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerci- administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as con-
ais, trabalhistas e tributários; dições específicas quando essas atividades se desenvolverem em
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e aliena- faixa de fronteira ou terras indígenas.
ções, observados os princípios da administração pública; § 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de adminis- resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei.
tração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; § 3º A autorização de pesquisa será SEMPRE POR PRAZO
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilida- DETERMINADO, e as autorizações e concessões previstas neste
de dos administradores. artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parci-
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista almente, sem prévia anuência do poder concedente.
não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do § 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aproveita-
setor privado. mento do potencial de energia renovável de capacidade redu-
§ 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com o zida.
Estado e a sociedade.
§ 4º - lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à Art. 177. Constituem MONOPÓLIO DA UNIÃO:
dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e
aumento arbitrário dos lucros. outros hidrocarbonetos fluidos;
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos diri- II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
gentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, III - a importação e exportação dos produtos e derivados bási-
sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos cos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores;
praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a eco- IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem naci-
nomia popular. onal ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País,
bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto,
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econô- seus derivados e gás natural de qualquer origem;
mica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscaliza- V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento,
ção, incentivo e planejamento, sendo este DETERMINANTE para a industrialização e o comércio de minérios e minerais nuclea-
o setor público e INDICATIVO para o setor privado. res e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja pro-
§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do dução, comercialização e utilização poderão ser autorizadas
desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e com- sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso
patibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento. XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal.
§ 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras for- § 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou pri-
mas de associativismo. vadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV
§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei.
em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente § 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre:
e a promoção econômico-social dos garimpeiros. I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo
§ 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão o território nacional;
prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra II - as condições de contratação;
dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio
onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. da União;
21, XXV, na forma da lei.

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§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais ra- § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei espe-
dioativos no território nacional. cífica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei
§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subuti-
econômico (CIDE) relativa às atividades de importação ou comer- lizado ou não utilizado, que promova seu adequado aprovei-
cialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus deriva- tamento, sob pena, sucessivamente, de:
dos e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: I - parcelamento ou edificação compulsórios;
I - a alíquota da contribuição poderá ser: II -IPTU progressivo no tempo;
a) diferenciada por produto ou uso; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida
b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal,
lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b (anterioridade); com prazo de resgate de até 10 anos, em parcelas anuais, iguais
II - os recursos arrecadados serão destinados: e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool legais.
combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petró-
leo; Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até
b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a 250m2, por 5 anos, ininterruptamente e sem oposição, utili-
indústria do petróleo e do gás; zando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transpor- domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
tes. ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do es-
aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte tado civil.
internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor
o princípio da reciprocidade. mais de uma vez.
Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a lei esta- § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
belecerá as condições em que o transporte de mercadorias na ca-
botagem e a navegação interior poderão ser feitos por embarca- CAPÍTULO III
ções estrangeiras. DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA
Art. 184. COMPETE À UNIÃO desapropriar por interesse social,
Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja
dispensarão às microempresas (ME) e às empresas de pequeno cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indeniza-
porte (EPP), assim definidas em lei, tratamento jurídico dife- ção em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação
renciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obri- do valor real, resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do 2°
gações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
pela eliminação ou redução destas por meio de lei. Município pode desapropria imóvel rural, desde que não seja
para fins de reforma agrária
Art. 180. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em
promoverão e incentivarão o turismo como fator de desenvol-
dinheiro.
vimento social e econômico.
§ 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social,
para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de
Art. 181. O atendimento de requisição de documento ou informa-
desapropriação.
ção de natureza comercial, feita por autoridade administrativa ou
§ 3º Cabe à LC estabelecer procedimento contraditório especial,
judiciária estrangeira, a pessoa física ou jurídica residente ou do-
de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.
miciliada no País dependerá de autorização do Poder competente.
§ 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da
dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender
ao programa de reforma agrária no exercício.
CAPÍTULO II
§ 5º São ISENTAS DE IMPOSTOS federais, estaduais e municipais
DA POLÍTICA URBANA
as operações de transferência de imóveis desapropriados para
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo
fins de reforma agrária.
Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em
lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das fun-
Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de re-
ções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitan-
forma agrária:
tes.
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei,
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigató-
desde que seu proprietário não possua outra;
rio para cidades com mais de 20 mil habitantes, é o instru-
II - a propriedade produtiva.
mento básico da política de desenvolvimento e de expansão
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade
urbana.
produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos re-
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando
lativos a sua função social.
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade
expressas no plano diretor.
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
prévia e justa indenização em dinheiro. EDIÇÃO N. 46: DESAPROPRIAÇÃO
1) A indenização referente à cobertura vegetal deve ser

5
calculada em separado do valor da terra nua quando 4) A revelia do desapropriado não implica aceitação tácita da
comprovada a exploração dos recursos vegetais de forma lícita oferta, não autorizando a dispensa da avaliação, conforme
e anterior ao processo expropriatório. Súmula n. 118 do extinto Tribunal Federal de Recursos.
2) As regras dispostas nos arts. 19 e 33 do CPC, quanto à 5) Se, em procedimento de desapropriação por interesse
responsabilidade pelo adiantamento dos honorários periciais, se social, constatar-se que a área medida do bem é maior do
aplicam às demandas indenizatórias por desapropriação que a escriturada no Registro de Imóveis, o expropriado
indireta, eis que regidas pelo procedimento comum. receberá indenização correspondente à área registrada,
3) Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da ficando a diferença depositada em Juízo até que,
verba advocatícia as parcelas relativas aos juros posteriormente, se complemente o registro ou se defina a
compensatórios e moratórios, devidamente corrigidas titularidade para o pagamento a quem de direito.
(Súmula n. 131/STJ) 6) Na desapropriação é devida a indenização correspondente
4) A intervenção do Ministério Público nas ações de aos danos relativos ao fundo de comércio.
desapropriação de imóvel rural para fins de reforma agrária é 7) A imissão provisória na posse não deve ser condicionada ao
obrigatória, porquanto presente o interesse público. depósito prévio do valor relativo ao fundo de comércio
5) A ação de desapropriação direta ou indireta, em regra, não eventualmente devido.
pressupõe automática intervenção do Ministério Público, exceto 8) A invasão do imóvel É CAUSA DE SUSPENSÃO do
quando envolver, frontal ou reflexamente, proteção ao meio processo expropriatório para fins de reforma agrária
ambiente, interesse urbanístico ou improbidade administrativa. (Súmula n. 354/STJ).
6) A imissão provisória na posse do imóvel objeto de 9) Não incide imposto de renda sobre as verbas decorrentes
desapropriação, caracterizada pela urgência, prescinde de de desapropriação (indenização, juros moratórios e juros
avaliação prévia ou de pagamento integral, exigindo apenas compensatórios), seja por necessidade ou utilidade pública, seja
o depósito judicial nos termos do art. 15, § 1º, do Decreto-Lei por interesse social, por não constituir ganho ou acréscimo
n. 3.365/1941. patrimonial. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 -
8) Na desapropriação para instituir servidão administrativa são TEMA 397)
devidos os juros compensatórios pela limitação de uso da 10) O valor dos honorários advocatícios em sede de
propriedade. (Súmula n. 56/STJ) desapropriação deve respeitar os limites impostos pelo artigo
10) Na desapropriação direta, os juros compensatórios são 27, § 1º, do Decreto-lei 3.365/41 qual seja: entre 0,5% e 5% da
devidos desde a antecipada imissão na posse e, na diferença entre o valor proposto inicialmente pelo imóvel e
desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do a indenização imposta judicialmente. (Tese julgada sob o rito
imóvel, calculados, nos dois casos, sobre o valor da indenização do art. 543-C do CPC/73 - TEMA 184)
corrigido monetariamente. 11) O pedido de desistência na ação expropriatória afasta a
11) Na desapropriação, a base de cálculo dos juros limitação dos honorários estabelecida no art. 27, § 1º, do
compensatórios é a diferença entre os 80% do preço ofertado e Decreto nº 3.365/41.
o valor do bem definido judicialmente. 12) São aplicáveis às desapropriações indiretas os limites
12) Nas hipóteses em que o valor da indenização fixada percentuais de honorários advocatícios constantes do art. 27, §
judicialmente for igual ou inferior ao valor ofertado 1º, do Decreto-Lei n. 3.365/1941.
inicialmente, a base de cálculo para os juros compensatórios e 13) O prazo para resgate dos TDAs complementares expedidos
moratórios deve ser os 20% que ficaram indisponíveis para o para o pagamento de diferença apurada entre o preço do
expropriado. imóvel fixado na sentença e o valor ofertado na inicial pelo
13) O termo inicial dos juros moratórios em desapropriações é o expropriante tem como termo a quo a data da imissão
dia 1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que o provisória na posse, de acordo com o prazo máximo de vinte
pagamento deveria ser feito. (Tese julgada sob o rito do art. anos para pagamento da indenização estabelecido pelo art. 184
543-C do CPC/73 - TEMA 210) da CF/88.
14) Nas ações de desapropriação não há cumulação de juros 14) O promitente comprador tem legitimidade ativa para
moratórios e juros compensatórios, eis que se trata de propor ação cujo objetivo é o recebimento de verba
encargos que incidem em períodos diferentes: os juros indenizatória decorrente de ação desapropriatória, ainda
compensatórios têm incidência até a data da expedição do que a transferência de sua titularidade não tenha sido
precatório original, enquanto que os moratórios somente efetuada perante o registro geral de imóveis.
incidirão se o precatório expedido não for pago no prazo 15) O possuidor titular do imóvel desapropriado tem direito ao
constitucional.(Tese julgado sob o rito do art. 543-C do CPC/73 levantamento da indenização pela perda do seu direito
- Temas 210 e 211) possessório.
16) Nas desapropriações realizadas por concessionária de
EDIÇÃO N. 49: DESAPROPRIAÇÃO - II
serviço público, não sujeita a regime de precatório, a regra
1) O valor da indenização por desapropriação deve ser
contida no art. 15-B do Decreto-Lei n. 3.365/41 é
contemporâneo à data da avaliação do perito judicial.
inaplicável, devendo os juros moratórios incidir a partir do
2) Em se tratando de desapropriação, a prova pericial para a
trânsito em julgado da sentença.
fixação do justo preço somente é dispensável quando há
17) A ação de desapropriação indireta prescreve em 20 anos,
expressa concordância do expropriado com o valor da oferta
nos termos da Súmula 119 do STJ e na vigência do Código Civil
inicial.
de 1916, e em 10 anos sob a égide do Código Civil de 2002,
3) Em ação de desapropriação, é possível ao juiz determinar a
observando-se a regra de transição disposta no art. 2.028 do
realização de perícia avaliatória, ainda que os réus tenham
CC/2002.
concordado com o valor oferecido pelo Estado.

6
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade ru- CAPÍTULO IV
ral atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exi- DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
gência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a
I - aproveitamento racional e adequado; promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem,
preservação do meio ambiente; abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis
III - observância das disposições que regulam as relações de complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do
trabalho; capital estrangeiro nas instituições que o integram.
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e
dos trabalhadores. CÓDIGO CIVIL

Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma


CAPÍTULO XV
da lei, com a participação efetiva do setor de produção, envolven-
DO SEGURO
do produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de
Seção I
comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em
Disposições Gerais
conta, especialmente:
Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, medi-
I - os instrumentos creditícios e fiscais;
ante o pagamento do prêmio, a GARANTIR INTERESSE LE-
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia
GÍTIMO do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra ris-
de comercialização;
cos predeterminados.
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro,
IV - a assistência técnica e extensão rural;
como segurador, entidade para tal fim legalmente autorizada.
V - o seguro agrícola;
VI - o cooperativismo;
VII - a eletrificação rural e irrigação; JDC185 A disciplina dos seguros do Código Civil e as normas da
VIII - a habitação para o trabalhador rural. previdência privada que impõem a contratação exclusivamente
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agroin- por meio de entidades legalmente autorizadas não impedem a
dustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais. formação de grupos restritos de ajuda mútua, caracterizados
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de re- pela autogestão.
forma agrária. JDC370 Nos contratos de seguro por adesão, os riscos prede-
terminados indicados no art. 757, parte final, devem ser inter-
Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compa - pretados de acordo com os arts. 421, 422, 424, 759 e 799 do
tibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de refor- Código Civil e 1º, inc. III, da Constituição Federal.
ma agrária.
§ 1º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públi- Art. 758. O contrato de seguro prova-se com a exibição da
cas com área superior a 2500 hectares a pessoa física ou jurídi- apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por docu-
ca, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia apro- mento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio.
vação do Congresso Nacional.
§ 2º Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as aliena- Art. 759. A emissão da apólice deverá ser precedida de proposta
ções ou as concessões de terras públicas para fins de reforma escrita com a declaração dos elementos essenciais do interesse a
agrária. ser garantido e do risco.

Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela re- Art. 760. A apólice ou o bilhete de seguro serão nominativos, à
forma agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de ordem ou ao portador, e mencionarão os riscos assumidos, o
uso, inegociáveis pelo prazo de 10 anos. início e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prêmio de -
Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão vido, e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficiá-
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independente- rio.
mente do estado civil, nos termos e condições previstos em lei. Parágrafo único. No seguro de pessoas, a apólice ou o bilhete
não podem ser ao portador.
Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento
de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e APÓLICE
estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Con-
gresso Nacional. SEGURO DE COISAS SEGURO DE PESSOAS
• Nominativos • À ordem
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou • À ordem • Nominativos
urbano, possua como seu, por 5 anos ininterruptos, sem oposi- • Ao portador
ção, área de terra, em zona rural, não superior a 50 hectares,
tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo
Art. 761. Quando o risco for assumido em cosseguro, a apólice in-
nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
dicará o segurador que administrará o contrato e representará os
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por
demais, para todos os seus efeitos.
usucapião.

7
Art. 762. NULO será o contrato para garantia de risco proveni- JDC372 Em caso de negativa de cobertura securitária por do-
ente de ATO DOLOSO do segurado, do beneficiário, ou de repre- ença preexistente, cabe à seguradora comprovar que o se-
sentante de um ou de outro. gurado tinha conhecimento inequívoco daquela.
Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver JDC585 Impõe-se o pagamento de indenização do seguro mes-
em mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes mo diante de condutas, omissões ou declarações ambíguas do
de sua purgação. segurado que não guardem relação com o sinistro.

JDC371 A mora do segurado, sendo de escassa importância, Art. 767. No seguro à conta de outrem, o segurador pode opor ao
não autoriza a resolução do contrato, por atentar ao princí- segurado quaisquer defesas que tenha contra o estipulante, por
pio da boa-fé objetiva. descumprimento das normas de conclusão do contrato, ou de pa-
JDC376 Para efeito de aplicação do art. 763 do Código Civil, a gamento do prêmio.
resolução do contrato depende de prévia interpelação.
Art. 768. O segurado perderá o direito à garantia se agravar in-
A mora, no contrato de seguro, é classificada como ex tencionalmente o risco objeto do contrato.
persona (e não ex re)
Art. 769. O segurado é obrigado a comunicar ao segurador, logo
que saiba, todo incidente suscetível de agravar consideravelmen-
MORA EX RE MORA EX PERSONA te o risco coberto, sob pena de perder o direito à garantia, se
(MORA AUTOMÁTICA) (MORA PENDENTE) provar que silenciou de má-fé.
Determinadas obrigações Outras obrigações possuem § 1o O segurador, desde que o faça nos 15 dias seguintes ao
possuem mora ex re, ou seja, mora ex persona, ou seja, recebimento do aviso da agravação do risco sem culpa do se-
se o devedor não cumprir a exigem a interpelação judicial gurado, poderá dar-lhe ciência, por escrito, de sua decisão de
obrigação no dia certo do ou extrajudicial do devedor resolver o contrato.
vencimento, considera-se que para que este possa ser § 2o A resolução só será eficaz 30 dias após a notificação, de-
ele está, automaticamente, em considerado em mora. vendo ser restituída pelo segurador a diferença do prêmio.
mora. Apenas depois dessa
A mora ocorre de pleno notificação é que o credor Art. 770. Salvo disposição em contrário, a diminuição do risco no
direito, independentemente de estará desautorizado a cumprir curso do contrato não acarreta a redução do prêmio estipula-
notificação. suas obrigações contratuais. do; mas, se a redução do risco for considerável, o segurado
Aplica-se a máxima dies poderá exigir a revisão do prêmio, ou a resolução do contrato.
interpellat pro homine: o dia
interpela pelo homem (o termo Art. 771. Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado
interpela no lugar do credor). participará o sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomará as
providências imediatas para minorar-lhe as consequências.
*Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br
Parágrafo único. Correm à conta do segurador, até o limite fixado
no contrato, as despesas de salvamento consequente ao sinistro.
Art. 764. Salvo disposição especial, o fato de se não ter verificado
o risco, em previsão do qual se faz o seguro, não exime o segu-
Art. 772. A mora do segurador em pagar o sinistro obriga à atuali-
rado de pagar o prêmio.
zação monetária da indenização devida segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, sem prejuízo dos juros moratórios.
Art. 765. O segurado e o segurador são obrigados a guardar na
conclusão e na execução do contrato, a mais estrita boa-fé e ve-
Art. 773. O segurador que, ao tempo do contrato, sabe estar pas -
racidade, tanto a respeito do objeto como das circunstâncias e
sado o risco de que o segurado se pretende cobrir, e, não obstan-
declarações a ele concernentes.
te, expede a apólice, pagará em dobro o prêmio estipulado.

JDC542 A recusa de renovação das apólices de seguro de Art. 774. A recondução tácita do contrato pelo mesmo prazo,
vida pelas seguradoras em razão da idade do segurado é mediante expressa cláusula contratual, não poderá operar mais
discriminatória e atenta contra a função social do contrato. de 1 vez.
JDC543 Constitui abuso do direito a modificação acentuada das
condições do seguro de vida e de saúde pela seguradora quan- Art. 775. Os agentes autorizados do segurador presumem-se seus
do da renovação do contrato. representantes para todos os atos relativos aos contratos que
agenciarem.
Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer de-
clarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na Art. 776. O segurador é obrigado a pagar em dinheiro o prejuí-
aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à zo resultante do risco assumido, salvo se convencionada a repo-
garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido. sição da coisa.
Parágrafo único. Se a inexatidão ou omissão nas declarações não
resultar de má-fé do segurado, o segurador terá direito a resol- Art. 777. O disposto no presente Capítulo aplica-se, no que cou-
ver o contrato, ou a cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença do ber, aos seguros regidos por leis próprias.
prêmio.
Seção II
Do Seguro de Dano

8
Art. 778. Nos seguros de dano, a garantia prometida NÃO PODE § 1o Tão logo saiba o segurado das consequências de ato seu, sus-
ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da cetível de lhe acarretar a responsabilidade incluída na garantia,
conclusão do contrato, sob pena do disposto no art. 766, e sem comunicará o fato ao segurador.
prejuízo da ação penal que no caso couber. § 2o É defeso ao segurado reconhecer sua responsabilidade ou
confessar a ação, bem como transigir com o terceiro prejudi-
Art. 779. O risco do seguro compreenderá todos os prejuízos re- cado, ou indenizá-lo diretamente, sem anuência expressa do
sultantes ou consequentes, como sejam os estragos ocasionados segurador.
para evitar o sinistro, minorar o dano, ou salvar a coisa. § 3o Intentada a ação contra o segurado, dará este ciência da lide
ao segurador.
Art. 780. A vigência da garantia, no seguro de coisas transporta- § 4o Subsistirá a responsabilidade do segurado perante o ter-
das, começa no momento em que são pelo transportador recebi- ceiro, se o segurador for insolvente.
das, e cessa com a sua entrega ao destinatário.
JDC373 Embora sejam defesos pelo § 2º do art. 787 do Código
Art. 781. A indenização não pode ultrapassar o valor do inte- Civil, o reconhecimento da responsabilidade, a confissão da
resse segurado no momento do sinistro, e, EM HIPÓTESE AL- ação ou a transação não retiram do segurado o direito à ga-
GUMA, o limite máximo da garantia fixado na apólice, SALVO rantia, sendo apenas ineficazes perante a seguradora.
em caso de MORA do segurador. JDC544 O seguro de responsabilidade civil facultativo garante
dois interesses, o do segurado contra os efeitos patrimoniais
Art. 782. O segurado que, na vigência do contrato, pretender ob- da imputação de responsabilidade e o da vítima à indeniza-
ter novo seguro sobre o mesmo interesse, e contra o mesmo risco ção, ambos destinatários da garantia, com pretensão própria e
junto a outro segurador, deve previamente comunicar sua inten- independente contra a seguradora.
ção por escrito ao primeiro, indicando a soma por que pretende JDC546 O § 2º do art. 787 do Código Civil deve ser interpretado
segurar-se, a fim de se comprovar a obediência ao disposto no em consonância com o art. 422 do mesmo diploma legal, não
art. 778. obstando o direito à indenização e ao reembolso.

Art. 783. Salvo disposição em contrário, o seguro de um interesse


Art. 788. Nos seguros de responsabilidade legalmente obriga-
por menos do que valha acarreta a redução proporcional da inde-
tórios, a indenização por sinistro será paga pelo segurador di-
nização, no caso de sinistro parcial.
retamente ao terceiro prejudicado.
Parágrafo único. Demandado em ação direta pela vítima do
Art. 784. Não se inclui na garantia o sinistro provocado por vício
dano, o segurador não poderá opor a exceção de contrato
intrínseco da coisa segurada, não declarado pelo segurado.
não cumprido pelo segurado, sem promover a citação deste
Parágrafo único. Entende-se por vício intrínseco o defeito pró-
para integrar o contraditório.
prio da coisa, que se não encontra normalmente em outras da
mesma espécie.
Seção III
Do Seguro de Pessoa
Art. 785. Salvo disposição em contrário, admite-se a transferên-
Art. 789. Nos seguros de pessoas, o capital segurado é livremen-
cia do contrato a terceiro com a alienação ou cessão do inte-
te estipulado pelo proponente, que pode contratar mais de um
resse segurado.
seguro sobre o mesmo interesse, com o mesmo ou diversos se-
§ 1o Se o instrumento contratual é nominativo, a transferência
guradores.
só produz efeitos em relação ao segurador mediante aviso es-
crito assinado pelo cedente e pelo cessionário.
Art. 790. No seguro sobre a vida de outros, o proponente é
§ 2o A apólice ou o bilhete à ordem só se transfere por endosso
obrigado a declarar, sob pena de falsidade, o seu interesse
em preto, datado e assinado pelo endossante e pelo endossatá-
pela preservação da vida do segurado.
rio.
Parágrafo único. Até prova em contrário, presume-se o interesse,
quando o segurado é cônjuge, ascendente ou descendente do
Art. 786. Paga a indenização, o segurador sub-roga-se, nos limi-
proponente (CAD).
tes do valor respectivo, nos direitos e ações que competirem ao
segurado contra o autor do dano.
§ 1o SALVO DOLO, a sub-rogação não tem lugar se o dano foi JDC186 O companheiro deve ser considerado implicitamente
causado pelo cônjuge do segurado, seus descendentes ou as- incluído no rol das pessoas tratadas no art. 790, parágrafo úni-
cendentes, consanguíneos ou afins. co, por possuir interesse legítimo no seguro da pessoa do outro
§ 2o É INEFICAZ qualquer ato do segurado que diminua ou ex- companheiro.
tinga, em prejuízo do segurador, os direitos a que se refere
este artigo. Art. 791. Se o segurado não renunciar à faculdade, ou se o seguro
não tiver como causa declarada a garantia de alguma obrigação,
JDC552 Constituem danos reflexos reparáveis as despesas su- é lícita a substituição do beneficiário, por ato entre vivos ou
portadas pela operadora de plano de saúde decorrentes de de última vontade.
complicações de procedimentos por ela não cobertos. Parágrafo único. O segurador, que não for cientificado oportu-
namente da substituição, desobrigar-se-á pagando o capital
segurado ao antigo beneficiário.
Art. 787. No seguro de responsabilidade civil, o segurador ga-
rante o pagamento de perdas e danos devidos pelo segurado a
terceiro.

9
Art. 792. Na falta de indicação da pessoa ou beneficiário, ou se Art. 801. O seguro de pessoas pode ser estipulado por pessoa
por qualquer motivo não prevalecer a que for feita, o capital se- natural ou jurídica em proveito de grupo que a ela, de qualquer
gurado será pago por metade ao cônjuge não separado judi- modo, se vincule.
cialmente, e o restante aos herdeiros do segurado, obedecida § 1o O estipulante não representa o segurador perante o grupo
a ordem da vocação hereditária. segurado, e é o único responsável, para com o segurador, pelo
Parágrafo único. Na falta das pessoas indicadas neste artigo, se- cumprimento de todas as obrigações contratuais.
rão beneficiários os que provarem que a morte do segurado § 2o A modificação da apólice em vigor dependerá da anuência
os privou dos meios necessários à subsistência. expressa de segurados que representem 3/4 do grupo.

JDC374 No contrato de seguro, o juiz deve proceder com JDC375 No seguro em grupo de pessoas, exige-se o quórum
equidade, atentando às circunstâncias reais, e não a probabili- qualificado de 3/4 do grupo, previsto no § 2º do art. 801 do
dades infundadas, quanto à agravação dos riscos. Código Civil, apenas quando as modificações impuserem novos
ônus aos participantes ou restringirem seus direitos na apólice
Art. 793. É válida a instituição do companheiro como benefi- em vigor.
ciário, se ao tempo do contrato o segurado era separado judicial-
mente, ou já se encontrava separado de fato. Art. 802. Não se compreende nas disposições desta Seção a
garantia do reembolso de despesas hospitalares ou de trata-
Art. 794. No seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso mento médico, nem o custeio das despesas de luto e de fune-
de morte, o capital estipulado não está sujeito às dívidas do ral do segurado.
segurado, nem se considera herança para todos os efeitos de
direito. SÚMULAS SOBRE SEGURO

Art. 795. É NULA, no seguro de pessoa, qualquer transação para STF


pagamento reduzido do capital segurado. Súmula 188-STF: O segurador tem ação regressiva contra o
causador do dano, pelo que efetivamente pagou, até ao limite
Art. 796. O prêmio, no seguro de vida, será conveniado por prazo previsto no contrato de seguro.
limitado, ou por toda a vida do segurado.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, no seguro individual, o STJ
segurador não terá ação para cobrar o prêmio vencido, cuja Súmula 101-STJ: A ação de indenização do segurado em grupo
falta de pagamento, nos prazos previstos, acarretará, confor- contra a seguradora prescreve em 1 ano.
me se estipular, a resolução do contrato, com a restituição da Súmula 229-STJ: O pedido do pagamento de indenização à se-
reserva já formada, ou a redução do capital garantido proporci- guradora SUSPENDE o prazo de prescrição até que o segurado
onalmente ao prêmio pago. tenha ciência da decisão.
Súmula 278-STJ: O termo inicial do prazo prescricional, na ação
Art. 797. No seguro de vida para o caso de morte, é lícito esti- de indenização, é a data em que o segurado teve ciência ine-
pular-se um prazo de carência, durante o qual o segurador não quívoca da incapacidade laboral.
responde pela ocorrência do sinistro. Súmula 465-STJ: Ressalvada a hipótese de efetivo agravamento
Parágrafo único. No caso deste artigo o segurador é obrigado a do risco, a seguradora não se exime do dever de indenizar
devolver ao beneficiário o montante da reserva técnica já forma- em razão da transferência do veículo sem a sua prévia comuni-
da. cação.
Súmula 529-STJ: No seguro de responsabilidade civil facultati-
Art. 798. O beneficiário não tem direito ao capital estipulado vo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado
quando o segurado se suicida nos primeiros 2 anos de vigência direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado
inicial do contrato, ou da sua recondução depois de suspenso, causador do dano.
observado o disposto no parágrafo único do artigo antecedente. Súmula 537-STJ: Em ação de reparação de danos, a seguradora
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese prevista neste artigo, é denunciada, se aceitar a denunciação ou contestar o pedido do
NULA a cláusula contratual que exclui o pagamento do capi- autor, pode ser condenada, direta e solidariamente junto
tal por suicídio do segurado. com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima,
nos limites contratados na apólice.
Art. 799. O segurador não pode eximir-se ao pagamento do se- Súmula 402-STJ: O contrato de seguro por danos pessoais
guro, ainda que da apólice conste a restrição, se a morte ou a compreende danos morais, salvo cláusula expressa de exclu-
incapacidade do segurado provier da utilização de meio de são
transporte mais arriscado, da prestação de serviço militar, da Súmula 610-STJ: O suicídio não é coberto nos 2 primeiros
prática de esporte, ou de atos de humanidade em auxílio de anos de vigência do contrato de seguro de vida, ressalvado o
outrem. direito do beneficiário à devolução do montante da reserva téc-
nica formada.
Art. 800. Nos seguros de pessoas, o segurador não PODE SUB- Súmula 616-STJ: A indenização securitária é devida quando
ROGAR-SE nos direitos e ações do segurado, ou do beneficiário, ausente a comunicação prévia do segurado acerca do atraso
contra o causador do sinistro. no pagamento do prêmio, por constituir requisito essencial
para a suspensão ou resolução do contrato de seguro
Súmula 620-STJ: A embriaguez do segurado não exime a

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seguradora do pagamento da indenização prevista em contrato comprovado na fase de instrução.
de seguro de vida. Súmula 580-STJ: A correção monetária nas indenizações do
seguro DPVAT por morte ou invalidez, prevista no § 7º do art. 5º
da Lei nº 6.194/1974, redação dada pela Lei nº 11.482/2007, in-
No SEGURO DE VIDA No SEGURO DE AUTOMÓVEL
cide desde a data do evento danoso.
(seguro de pessoas) é (seguro de bens) celebrado
devida a indenização por uma empresa com a
securitária mesmo que o seguradora, é devida a JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
acidente que vitimou o indenização securitária se o
EDIÇÃO N. 02: PLANOS DE SAÚDE - I
segurado tenha decorrido condutor do veículo estava
2) É possível aferir a abusividade das cláusulas dos planos e se-
de seu estado de embriagado?
guros privados de saúde celebrados antes da Lei n. 9.656/98, em
embriaguez?
virtude da natureza contratual de trato sucessivo, não havendo
SIM. É vedada a exclusão de • Em regra: NÃO. que se falar em retroação do referido diploma normativo.
cobertura do seguro de vida • Exceção: será devido o paga- 3) É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita
na hipótese de sinistro ou mento da indenização se o se- no tempo a internação hospitalar do segurado (Súmula n. 302/
acidente decorrente de atos gurado conseguir provar que STJ).
praticados pelo segurado o acidente ocorreria mesmo 4) É abusiva a cláusula contratual que exclui da cobertura do
em estado de embriaguez. que o condutor não estivesse plano de saúde o custeio de prótese necessária ao pleno res-
STJ. (Info 604). embriagado. tabelecimento da saúde do segurado, em procedimento ci-
STJ. (Info 625). Não é devida a indenização se- rúrgico coberto pelo plano.
curitária decorrente de contrato 5) É abusiva a cláusula contratual que exclua da cobertura do
de seguro de automóvel quando plano de saúde algum tipo de procedimento ou medicamento
o causador do sinistro (condutor necessário para assegurar o tratamento de doenças previstas
do veículo segurado) estiver em pelo referido plano.
estado de embriaguez, salvo se o 6) É abusiva a cláusula contratual que exclua da cobertura do
segurado demonstrar que o in- plano de saúde o tratamento de AIDS ou de doenças infecto-
fortúnio ocorreria independente- contagiosas.
mente dessa circunstância. 7) É abusiva a cláusula contratual que exclui da cobertura do
STJ. (Info 594). plano de saúde o fornecimento de medicamento para quimi-
*Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br oterapia tão somente pelo fato de ser ministrado em ambi-
ente domiciliar.
SÚMULAS SOBRE DPVAT 8) É abusiva cláusula contratual que prevê reajuste de mensali-
dade de plano de saúde em decorrência exclusiva de mudan-
Súmula 246-STJ: O valor do seguro obrigatório deve ser dedu- ça de faixa etária do segurado.
zido da indenização judicialmente fixada. Em regra, é válida a cláusula prevista em contrato de seguro-
Súmula 257-STJ: A falta de pagamento do prêmio do seguro saúde que autoriza o aumento das mensalidades do seguro
obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automo- quando o usuário completar 60 anos de idade
tores de Vias Terrestres (DPVAT) não é motivo para a recusa do Exceções. Essa cláusula será abusiva quando:
pagamento da indenização. a) não respeitar os limites e requisitos estabelecidos na Lei
Súmula 278-STJ: O termo inicial do prazo prescricional, na ação 9.656/98; ou
de indenização, é a data em que o segurado teve ciência ine- b) aplicar índices de reajuste desarrazoados ou aleatórios,
quívoca da incapacidade laboral. que onerem em demasia o segurado.
Súmula 405-STJ: A ação de cobrança do seguro obrigatório STJ. 4ª Turma. REsp 1381606-DF, Rel. originária Min. Nancy An-
DPVAT prescreve em 3 anos. drighi, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado
Súmula 426-STJ: Os juros de mora na indenização do seguro em 7/10/2014 (Info 551).
DPVAT fluem a partir da citação. 9) É ilícita a recusa de cobertura de atendimento, sob a alegação
Súmula 474-STJ: A indenização do seguro DPVAT, em caso de de doença preexistente à contratação do plano, se a operadora
invalidez parcial do beneficiário, será paga de forma proporcio- não submeteu o paciente a prévio exame de saúde e não com-
nal ao grau da invalidez provou a sua má-fé.
Súmula 540-STJ: Na ação de cobrança do seguro DPVAT, cons- 10) O período de carência contratualmente estipulado em con-
titui faculdade do autor escolher entre os foros do seu domicílio, tratos de seguro-saúde não prevalece em situações emergenci-
do local do acidente ou ainda do domicílio do réu. ais. Súmula 597-STJ: A cláusula contratual de plano de saúde que
Súmula 544-STJ: É válida a utilização de tabela do Conselho prevê carência para utilização dos serviços de assistência médica
Nacional de Seguros Privados para estabelecer a proporcionali- nas situações de emergência ou de urgência é considerada
dade da indenização do seguro DPVAT ao grau de invalidez abusiva se ultrapassado o prazo máximo de 24 horas conta-
também na hipótese de sinistro anterior a 16/12/2008, data da do da data da contratação.
entrada em vigor da Medida Provisória n. 451/2008
Súmula 573-STJ: Nas ações de indenização decorrentes de se- EDIÇÃO N. 04: PLANOS DE SAÚDE - II
guro DPVAT, a ciência inequívoca do caráter permanente da in- 1) A injusta recusa de plano de saúde à cobertura securitária en-
validez, para fins de contagem do prazo prescricional, depende seja reparação por dano moral.
de laudo médico, exceto nos casos de invalidez permanente 2) A operadora de plano de saúde responde por falhas nos servi-
notória ou naqueles em que o conhecimento anterior resulte ços prestados por profissional credenciado.

11
3) O reembolso das despesas efetuadas pela internação em hos- são solidariamente responsáveis pelo pagamento das indeniza-
pital não conveniado pode ser admitido em casos especiais ou ções securitárias.
de urgência. 2) O fato gerador da cobertura do seguro obrigatório (DPVAT) é
4) A cirurgia para redução do estômago (gastroplastia), indicada o acidente causador de dano pessoal provocado por veículo au-
como tratamento para obesidade mórbida, é um procedimento tomotor de via terrestre ou por sua carga, não importando se
essencial à sobrevida do segurado, revelando-se ilegítima a ne- em movimento ou não.
gativa do plano de saúde em cobrir as despesas da intervenção 4) A indenização decorrente do seguro obrigatório (DPVAT) deve
médica. ser apurada com base no valor do salário mínimo vigente na
5) É assegurado ao aposentado o direito de manter sua con- data do evento danoso, observada a atualização monetária até o
dição de beneficiário de plano privado de assistência à saú- dia do pagamento.
de, com as mesmas coberturas assistenciais de que gozava 6) Em situações de invalidez parcial, é correta a utilização de ta-
quando da vigência do contrato de trabalho, desde que te- bela do Conselho Nacional dos Seguros Privados (CNSP) para re-
nha contribuído pelo prazo mínimo de 10 anos e assuma seu dução proporcional da indenização do seguro obrigatório (DP-
pagamento integral. VAT).
6) É assegurado ao trabalhador demitido sem justa causa o 7) No caso de reembolso de despesas de assistência médica e
direito de manter a condição de beneficiário de plano priva- suplementares (DAMS), não há como ser adotada a tabela do
do de assistência à saúde pelo período previsto no § 1º do Conselho Nacional dos Seguros Privados (CNSP) que limita o
art. 30 da Lei n. 9.656/98, nas mesmas condições de cobertu- teto indenizatório a valor inferior ao máximo previsto em lei para
ra assistencial de que gozava quando da vigência do contra- o seguro obrigatório (DPVAT).
to de trabalho, desde que assuma o pagamento integral. 8) No caso de reembolso de despesas de assistência médica e
7) É possível a resilição unilateral do contrato de prestação de suplementares (DAMS), enquanto não houver permissão legal
plano de saúde de natureza coletiva, pois o artigo 13, parágrafo para adoção de uma tabela de referência que delimite as indeni-
único, II, b, da Lei n. 9.656/98, o qual impede a denúncia unilate- zações a serem pagas pelas seguradoras, o valor máximo previs-
ral do contrato de plano de saúde, aplica-se exclusivamente a to em lei não pode ser reduzido por resoluções.
contratos individuais ou familiares.
EDIÇÃO N. 10: SEGURO
8) Prescreve em 1 ano o prazo para ajuizamento de ação que
1) A seguradora não pode se eximir do dever de indenizar,
visa a discutir validade de cláusula contratual reguladora de rea-
alegando omissão de doenças preexistentes por parte do se-
juste de prêmios mensais pagos a seguro de saúde, nos termos
gurado, se dele não exigiu exames clínicos prévios, salvo
do art. 206, § 1º, II, b, do Código Civil.
quando restar comprovado que ele agiu de má-fé.
9) O prazo prescricional aplicável às demandas em que se
2) O simples atraso no pagamento de prestação do prêmio do
pleiteiam revisão de cláusula abusiva em contratos de plano
seguro não importa em desfazimento automático do contra-
de saúde é de 10 anos, nos termos do art. 205 do Código Civil.
to, sendo necessária, ao menos, a prévia constituição em mora
EDIÇÃO N. 06: SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT) - I do contratante pela seguradora, mediante interpelação.
2) A ação de cobrança da complementação do seguro obrigató- 3) A ocorrência do suicídio antes do prazo bienal previsto no
rio (DPVAT) prescreve em 3 anos a contar do pagamento feito a art. 798, caput, do CC/2002 não exime, por si só, a segurado-
menor. ra do dever de indenizar, sendo imprescindível a comprova-
3) Nos casos de invalidez permanente, o termo inicial do pra- ção da premeditação por parte do segurado, ônus que recai
zo prescricional da ação de cobrança do seguro obrigatório sobre a seguradora.
(DPVAT) é a data em que o segurado teve ciência inequívoca 4) O pedido do pagamento de indenização à seguradora sus-
da incapacidade laboral. pende o prazo de prescrição até que o segurado tenha ciência
4) A verificação da data em que o segurado teve ciência inequí- da decisão. (Súmula n. 229/STJ)
voca da incapacidade laboral, para fins de contagem do prazo 6) O pedido dirigido à seguradora para que reconsidere indeni-
prescricional da ação de cobrança do seguro obrigatório (DP- zação securitária não suspende o prazo prescricional de ação
VAT), demanda reexame fático-probatório, o que é vedado em em que se pleiteia a indenização denegada.
sede de Recurso Especial. 7) O conceito de acidente pessoal delimitado em cláusula de
5) O pedido do pagamento de indenização à seguradora sus- contrato de seguro não pode ser interpretado em sede de recur-
pende o prazo prescricional da ação de cobrança do seguro so especial tendo em vista o óbice da Súmula 5/STJ.
obrigatório (DPVAT) até que o segurado tenha ciência da de- 8) Ressalvada a hipótese de efetivo agravamento do risco, a se-
cisão. guradora não se exime do dever de indenizar em razão da trans-
6) Em ação de cobrança objetivando indenização decorrente de ferência do veículo sem a sua prévia comunicação. (Súmula n.
seguro obrigatório (DPVAT), constitui faculdade do autor esco- 465/STJ)
lher entre os seguintes foros para ajuizamento da ação: o do lo- 9) É abusiva a negativa de renovação ou a modificação súbita
cal do acidente ou o do seu domicílio (parágrafo único do art. do contrato de seguro de vida, mantido sem alterações ao longo
100 do Código de Processo Civil), bem como, ainda, o do domi- dos anos, por ofensa aos princípios da boafé objetiva, da coope-
cílio do réu (art. 94 do mesmo diploma). (Tese julgada sob o rito ração, da confiança e da lealdade.
do art. 543-C do CPC/ 1973 - Tema 606) 10) Em ação de reparação de danos, a seguradora possui legiti-
8) As seguradoras integrantes do consórcio do seguro obrigató- midade para figurar no polo passivo da demanda em litisconsór-
rio (DPVAT) são solidariamente responsáveis pelo pagamento cio com o segurado, apontado causador do dano.
das indenizações securitárias.
EDIÇÃO N. 53: LOCAÇÃO DE IMÓVEIS URBANOS
EDIÇÃO N. 08: SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT) - II 1) O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável aos
1) As seguradoras integrantes do consórcio do seguro DPVAT contratos locatícios regidos pela Lei n. 8.245/91

12
2) É inadmissível a oposição de embargos de terceiros em exe- deve ser exercido no momento em que apresentada a contesta-
cução de sentença prolatada em ação de despejo, ressalvada a ção; admitindo-se, ainda, que a matéria seja alegada por meio
hipótese de comprovada sublocação legítima, com ausência de de reconvenção.
intimação do sublocatário. 21) O contrato de locação com cláusula de vigência, ainda
3) Na ação de despejo por falta de pagamento, não se admite a que não averbado junto ao registro de imóveis, não pode ser
cumulação do pedido de purgação da mora com o ofereci- denunciado pelo adquirente do bem, caso dele tenha tido
mento de contestação, motivo pelo qual não se faz obrigatório ciência inequívoca antes da aquisição.
o depósito dos valores tidos por incontroversos. 22) O prazo prescricional da pretensão de cobrança de aluguéis
4) É indispensável a notificação pessoal do locatário por meio e acessórios do contrato de locação é de 3 anos - art. 206, § 3º,
de mandado de despejo, no qual conste o prazo de 30 dias dis- I, do CC/2002, sujeitando-se o termo inicial à entrada em vigor
posto no art. 74 da Lei n. 8.245/91, para que proceda à desocu- do referido Código, nos termos do art. 2.028.
pação do imóvel em execução provisória.
EDIÇÃO N. 95: DO SEGURO DE PESSOA - I
5) A Lei n. 12.112/2009, que alterou regras e procedimentos so-
1) É desnecessário o prévio requerimento administrativo
bre locação de imóvel urbano, por se tratar de norma processual
para liquidação de sinistro no contrato de seguro de vida.
tem aplicação imediata, inclusive a processos em curso.
2) Para fins de cobertura contratual, há clara diferenciação entre
6) Havendo mais de um locatário, é válida a fiança prestada por
cobertura por invalidez funcional (Invalidez Funcional Permanen-
um deles em relação aos demais, o que caracteriza fiança recíp-
te Total por Doença - IFPD) e por invalidez laboral (Invalidez La-
roca.
borativa Permanente Total por Doença - ILPD).
7) É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador
3) O suicídio cometido nos 2 primeiros anos de vigência do
de contrato de locação. (Súmula n. 549/STJ) (Tese julgada sob o
contrato de seguro de vida é risco não coberto, ressalvado o
rito do art. 543-C do CPC/1973 - Tema 708)
direito do beneficiário ao ressarcimento do montante da re-
8) É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que
serva técnica já formada.
esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a lo-
4) Nas indenizações securitárias, a correção monetária incide
cação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua
desde a data da celebração do contrato até o dia do efetivo
família. (Súmula n. 486/STJ)
pagamento do seguro.
9) O fiador que não integrou a relação processual na ação de
5) O simples atraso no pagamento das prestações do contrato
despejo não responde pela execução do julgado. (Súmula n.
de seguro de vida não determina a suspensão ou a resolução
268/STJ)
automática da cobertura, exigindo-se a prévia constituição
10) Se o fiador não participou da ação de despejo, a inter-
do segurado em mora pela seguradora, mediante notificação
rupção da prescrição para a cobrança dos alugueis e acessó-
ou interpelação, mostrando-se indevida a negativa de paga-
rios não o atinge.
mento da indenização correspondente.
11) Na vigência da Lei n. 8.245/91, havendo mais de um locador
6) A concessão de aposentadoria por invalidez pelo Instituto Na-
ou locatário, presume-se a existência de solidariedade entre eles,
cional do Seguro Social - INSS não comprova, de forma abso-
salvo estipulação contratual em contrário, nos termos do art. 2º
luta, a incapacidade total e permanente para efeito de con-
do referido diploma.
cessão de indenização de seguro privado, sendo permitido à se-
12) Nas ações de despejo, renovatória ou revisional o recurso de
guradora requerer a realização de perícia para atestar a real in-
apelação terá apenas efeito devolutivo, nos termos do art. 58, V,
capacidade do segurado.
da Lei n. 8.245/1991.
7) O fato de o militar beneficiário de seguro privado ter sido re-
13) Em casos excepcionais, o relator pode atribuir efeito suspen-
formado em razão de incapacidade total e permanente para o
sivo à apelação interposta nas ações de despejo, renovatória ou
serviço militar não implica, necessariamente, o direito à per-
revisional art. 558, parágrafo único, do CPC.
cepção de indenização securitária decorrente de contrato de
14) O art. 19 da Lei n. 8.245/91, ao regular a revisão judicial do
seguro.
aluguel, consagrou a adoção da teoria da imprevisão no âmbito
8) É devida a indenização do seguro de vida aos beneficiários do
das locações urbanas, disponibilizando aos contratantes instru-
policial (militar, civil ou federal) que falece, dentro ou fora do ho-
mento jurídico para a manutenção do equilíbrio econômico do
rário ou do local de serviço, desde que no estrito cumprimento
contrato.
de suas obrigações legais.
15) O prazo máximo de prorrogação do contrato locatício
9) A embriaguez do segurado, por si só, não exime o segura-
não residencial estabelecido em ação renovatória é de 5
dor do pagamento de indenização prevista em contrato de
anos.
seguro de vida, sendo necessária a prova de que o agravamen-
16) O direito à indenização pelo fundo de comércio - art. 52, §
to de risco dela decorrente influiu decisivamente na ocorrência
3º, da Lei n. 8.245/91 - está intrinsecamente ligado ao exercício
do sinistro.
da ação renovatória prevista no art. 51 do referido diploma.
SEGURO DE VIDA: É vedada a exclusão de cobertura do segu-
17) A locação de imóvel urbano para a exploração de serviço
ro de vida na hipótese de sinistro ou acidente decorrente de
de estacionamento não afasta a incidência do Lei n.
atos praticados pelo segurado em estado de embriaguez.
8.245/91.
SEGURO DE BENS:
18) Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia
Em regra: NÃO é devida a indenização securitária se o condutor
à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção. (Sú-
do veículo estava embriagado.
mula n. 335/STJ)
Exceção: será devido o pagamento da indenização se o segura-
19) Aplicam-se, por analogia, os direitos de indenização e reten-
do conseguir provar que o acidente ocorreria mesmo que o con-
ção previstos no art. 35 da Lei de Locações às acessões edifica-
dutor não estivesse embriagado.
das no imóvel locado.
10) A ausência de habilitação para dirigir caracteriza-se como
20) Nas ações de despejo, o direito de retenção por benfeitorias

13
mera infração administrativa, não configurando, por si só, o Art. 803. Pode uma pessoa, pelo contrato de constituição de ren-
agravamento intencional do risco por parte do segurado, apto a da, obrigar-se para com outra a uma prestação periódica, a tí-
afastar a obrigação de indenizar da seguradora. tulo gratuito.
11) A oferta de seguro de vida por companhia seguradora vincu-
lada à instituição financeira, dentro de agência bancária, implica Art. 804. O contrato pode ser também a título oneroso, entre-
responsabilidade solidária da empresa de seguros e do banco gando-se bens móveis ou imóveis à pessoa que se obriga a satis-
perante o consumidor. fazer as prestações a favor do credor ou de terceiros.
12) É possível, excepcionalmente, atribuir ao estipulante a res-
ponsabilidade pelo pagamento da indenização securitária, como Art. 805. Sendo o contrato a título oneroso, pode o credor, ao
nas hipóteses de mau cumprimento de suas obrigações contra- contratar, exigir que o rendeiro lhe preste garantia real, ou fide-
tuais ou de criação nos segurados de legítima expectativa de ser jussória.
ele o responsável por esse pagamento.
Art. 806. O contrato de constituição de renda será feito a prazo
EDIÇÃO N. 98: DO SEGURO DE PESSOA - II certo, ou por vida, PODENDO ULTRAPASSAR A VIDA DO DE-
1) No contrato de seguro de vida, o segurado tem livre escolha VEDOR MAS NÃO A DO CREDOR, seja ele o contratante, seja
para designar o beneficiário da apólice, devendo referida opção terceiro.
ser observada no momento do pagamento da indenização secu-
ritária. Art. 807. O contrato de constituição de renda requer escritura
2) A má-fé do segurado na contratação do seguro necessita pública.
ser comprovada, não podendo a seguradora se eximir do de-
ver de indenizar, alegando omissão de informações sobre Art. 808. É NULA a constituição de renda em favor de pessoa já
doenças preexistentes, se não exigiu do segurado a realiza- falecida, ou que, nos 30 dias seguintes, vier a falecer de molés-
ção de exames clínicos antes da contratação. tia que já sofria, quando foi celebrado o contrato.
3) Em decorrência da aplicação analógica do parágrafo único
do art. 15 da Lei n. 9.656/1998, que dispõe sobre os planos e Art. 809. Os bens dados em compensação da renda caem, desde
seguros privados de assistência à saúde, é abusiva a cláusula a tradição, no domínio da pessoa que por aquela se obrigou.
que estabelece fatores de aumento do prêmio do seguro de
vida de acordo com a faixa etária após o segurado completar Art. 810. Se o rendeiro, ou censuário, deixar de cumprir a obriga-
60 anos de idade e ter mais de 10 anos de vínculo contratual. ção estipulada, poderá o credor da renda acioná-lo, tanto para
4) É de 1 ano o prazo prescricional para a propositura de que lhe pague as prestações atrasadas como para que lhe dê ga-
ação objetivando a revisão de cláusulas contratuais, a resti- rantias das futuras, sob pena de rescisão do contrato.
tuição de prêmios e a indenização por danos morais em vir-
tude de conduta supostamente abusiva da seguradora que Art. 811. O credor adquire o direito à renda dia a dia, se a presta-
se recusou a renovar seguro de vida em grupo, nos termos ção não houver de ser paga adiantada, no começo de cada um
do art. 206, § 1º, II, b, do Código Civil de 2002. dos períodos prefixos.
6) Na hipótese de seguro de vida em grupo contratado pela em-
pregadora, a situação do empregado é a de segurado e não de Art. 812. Quando a renda for constituída em benefício de 2 ou
beneficiário, portanto, a prescrição do direito de vindicar a co- mais pessoas, sem determinação da parte de cada uma, entende-
bertura é de 1 ano, ao teor do art. 178, § 6º, II, do Código Civil se que os seus direitos são iguais; e, salvo estipulação diversa, não
de 1916 e da Súmula n. 101 do STJ. adquirirão os sobrevivos direito à parte dos que morrerem.
7) É de 10 anos o prazo prescricional para a propositura da
ação pelo terceiro beneficiário em desfavor da seguradora, Art. 813. A renda constituída por título gratuito pode, por ato
nos termos do art. 205 do Código Civil de 2002. do instituidor, ficar isenta de todas as execuções pendentes e
8) A medida cautelar de exibição de documentos interrompe a futuras.
prescrição ânua da ação que postula a restituição de prêmios Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo prevalece de
pagos pelo segurado participante de apólice de seguro de vida pleno direito em favor dos montepios e pensões alimentícias.
em grupo.
9) Não é abusiva a cláusula contratual que prevê a possibilida- CAPÍTULO XVII
de de não renovação automática do seguro de vida em grupo Do Jogo e da Aposta
por qualquer dos contratantes, desde que haja prévia notifica- Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta NÃO OBRIGAM A PA-
ção da outra parte em prazo razoável. GAMENTO; mas não se pode recobrar a quantia, que volunta-
10) É abusiva a negativa de renovação ou a modificação súbita riamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o per-
do contrato de seguro de vida, mantido sem alterações ao longo dente é menor ou interdito.
dos anos, por ofensa aos princípios da boa-fé objetiva, da coo- § 1o Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra
peração, da confiança e da lealdade. ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo;
11) No seguro de vida em grupo, em regra, a estipulante quali- mas a nulidade resultante não pode ser oposta ao terceiro de
fica-se como mera mandatária dos segurados, e não como ter- boa-fé.
ceira para fins da relação securitária. § 2o O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se
trate de jogo não proibido, só se excetuando os jogos e apostas
CAPÍTULO XVI legalmente permitidos.
Da Constituição de Renda § 3o Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometi-
dos para o vencedor em competição de natureza esportiva, inte-

14
lectual ou artística, desde que os interessados se submetam às § 5o Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz po-
prescrições legais e regulamentares. derá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada para o traba-
lho.
Art. 815. Não se pode exigir reembolso do que se emprestou § 6o Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder à
para jogo ou aposta, no ato de apostar ou jogar. nomeação de perito e à indicação de assistentes técnicos no juí-
zo ao qual se requisitar a perícia.
Art. 816. As disposições dos arts. 814 e 815 não se aplicam aos
contratos sobre títulos de bolsa, mercadorias ou valores, em Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe
que se estipulem a liquidação exclusivamente pela diferença entre foi cometido, independentemente de termo de compromisso.
o preço ajustado e a cotação que eles tiverem no vencimento do § 1o Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não es-
ajuste. tão sujeitos a impedimento ou suspeição.
§ 2o O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e
Art. 817. O sorteio para dirimir questões ou dividir coisas comuns o acompanhamento das diligências e dos exames que realizar,
considera-se sistema de partilha ou processo de transação, con- com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antece-
forme o caso. dência mínima de 5 dias

Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedi-


CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
mento ou suspeição.
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar proce-
Seção X dente a impugnação, nomeará novo perito.
Da Prova Pericial
Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avali- Art. 468. O perito pode ser substituído quando:
ação (EVA). I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
§ 1o O juiz indeferirá a perícia quando: II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo
I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de que lhe foi assinado.
técnico; § 1o No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa
III - a verificação for impraticável. ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível pre -
§ 2o De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em juízo decorrente do atraso no processo.
substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica § 2o O perito substituído restituirá, no prazo de 15 dias, os valo-
simplificada, quando o ponto controvertido for de menor res recebidos pelo trabalho não realizado, sob pena de ficar im-
complexidade. pedido de atuar como perito judicial pelo prazo de 5 anos.
§ 3o A PROVA TÉCNICA SIMPLIFICADA consistirá apenas na in- § 3o Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2 o, a
quirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da parte que tiver realizado o adiantamento dos honorários poderá
causa que demande especial conhecimento científico ou técnico. promover execução contra o perito, na forma dos arts. 513 e se-
§ 4o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação guintes deste Código, com fundamento na decisão que determi-
acadêmica específica na área objeto de seu depoimento, poderá nar a devolução do numerário.
valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons
e imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares
causa. durante a diligência, que poderão ser respondidos pelo perito
previamente ou na audiência de instrução e julgamento.
Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da jun-
e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. tada dos quesitos aos autos.
§ 1o Incumbe às partes, dentro de 15 dias contados da intima-
ção do despacho de nomeação do perito: Art. 470. Incumbe ao juiz:
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso; I - indeferir quesitos impertinentes;
II - indicar assistente técnico; II - formular os quesitos que entender necessários ao esclareci-
III - apresentar quesitos. mento da causa.
§ 2o Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 dias:
I - proposta de honorários; Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o peri-
II - currículo, com comprovação de especialização; to, indicando-o mediante requerimento, desde que:
III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, I - sejam plenamente capazes;
para onde serão dirigidas as intimações pessoais. II - a causa possa ser resolvida por autocomposição.
§ 3o As partes serão intimadas da proposta de honorários para, § 1o As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respecti-
querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 dias, após o que vos assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia,
o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os fins do art. que se realizará em data e local previamente anunciados.
95. § 2o O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectiva-
§ 4o O juiz poderá autorizar o pagamento de até 50% dos hono- mente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz.
rários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, deven- § 3o A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a
do o remanescente ser pago apenas ao final, depois de entre- que seria realizada por perito nomeado pelo juiz.
gue o laudo e prestados todos os esclarecimentos necessários.
FPPC637. (art.471) A escolha consensual do perito não impede

15
as partes de alegarem o seu impedimento ou suspeição em ra-
zão de fato superveniente à escolha. Art. 478. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a
falsidade de documento ou for de natureza médico-legal, o peri-
to será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos esta-
Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as par-
belecimentos oficiais especializados, a cujos diretores o juiz au-
tes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões
torizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a
de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que
exame.
considerar suficientes.
§ 1o Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os órgãos e as re-
partições oficiais deverão cumprir a determinação judicial
Art. 473. O laudo pericial deverá conter:
com preferência, no prazo estabelecido.
I - a exposição do objeto da perícia;
§ 2o A prorrogação do prazo referido no § 1 o pode ser requerida
II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
motivadamente.
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demons-
§ 3o Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e
trando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área
da firma, o perito poderá requisitar, para efeito de comparação,
do conhecimento da qual se originou;
documentos existentes em repartições públicas e, na falta destes,
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo
poderá requerer ao juiz que a pessoa a quem se atribuir a autoria
juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.
do documento lance em folha de papel, por cópia ou sob ditado,
§ 1o No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em
dizeres diferentes, para fins de comparação.
linguagem simples e com coerência lógica, indicando como al-
cançou suas conclusões.
Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o dis-
§ 2o É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação,
posto no art. 371, indicando na sentença os motivos que o leva-
bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técni-
ram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do lau-
co ou científico do objeto da perícia.
do, levando em conta o método utilizado pelo perito.
§ 3o Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes
técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo
Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da par-
testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que
te, a realização de nova perícia quando a matéria não estiver sufi-
estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públi-
cientemente esclarecida.
cas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, de-
§ 1o A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os
senhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclareci-
quais recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou
mento do objeto da perícia.
inexatidão dos resultados a que esta conduziu.
§ 2o A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas
Art. 474. As partes terão ciência da data e do local designados
para a primeira.
pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a produção da
§ 3o A segunda perícia NÃO SUBSTITUI a primeira, cabendo ao
prova.
juiz apreciar o valor de uma e de outra.
Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de
Seção XI
uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear
Da Inspeção Judicial
mais de um perito, e a parte, indicar mais de um assistente téc-
Art. 481. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em
nico.
qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim
de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa.
Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar
o laudo dentro do prazo, o juiz poderá conceder-lhe, por uma
Art. 482. Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser assistido por
vez, prorrogação pela metade do prazo originalmente fixado.
um ou mais peritos.
Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado
Art. 483. O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a coisa
pelo juiz, pelo menos 20 dias antes da audiência de instrução e
quando:
julgamento.
I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação
§ 1o As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se so-
dos fatos que deva observar;
bre o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15 dias, po-
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis
dendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual pra-
despesas ou graves dificuldades;
zo, apresentar seu respectivo parecer.
III - determinar a reconstituição dos fatos.
§ 2o O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 dias, escla-
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à ins-
recer ponto:
peção, prestando esclarecimentos e fazendo observações que
I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das par-
considerem de interesse para a causa.
tes, do juiz ou do órgão do Ministério Público;
II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico da
Art. 484. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto cir-
parte.
cunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao julga-
§ 3o Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte re-
mento da causa.
quererá ao juiz que mande intimar o perito ou o assistente técni-
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, gráfi-
co a comparecer à audiência de instrução e julgamento, formu-
co ou fotografia.
lando, desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos.
§ 4o O perito ou o assistente técnico será intimado por meio ele-
trônico, com pelo menos 10 dias de antecedência da audiência.

16
CAPÍTULO XIII pela paralisação do processo por mais de 30 dias, é necessário
DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA que o autor, previamente intimado, não promova o
Seção I andamento da causa
Disposições Gerais
Art. 485. O juiz NÃO RESOLVERÁ O MÉRITO quando: STJ
I - indeferir a petição inicial; Súmula 240-STJ: A extinção do processo, por abandono da
II - o processo ficar parado durante mais de 1 ano por negli- causa pelo autor, depende de requerimento do réu.
gência das partes; - parte será intimada pessoalmente para
suprir a falta no prazo de 5 dias.
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incum- FPPC47. (art. 485, VII) A competência do juízo estatal deverá
bir, o autor abandonar a causa por mais de 30 dias; - parte ser analisada previamente à alegação de convenção de arbi-
será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 tragem
dias. FPPC48. (art. 485, VII) A alegação de convenção de arbitragem
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de deverá ser examinada à luz do princípio da competência-
desenvolvimento válido e regular do processo; competência.
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou FPPC153. (art. 485, VII) A superveniente instauração de proce-
de coisa julgada; dimento arbitral, se ainda não decidida a alegação de con-
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse proces- venção de arbitragem, também implicará a suspensão do
sual; processo, à espera da decisão do juízo arbitral sobre a sua pró-
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitra- pria competência.
gem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; FPPC434. (art. 485, VII) O reconhecimento da competência
VIII - homologar a desistência da ação; pelo juízo arbitral é causa para a extinção do processo judici-
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada in- al sem resolução de mérito.
transmissível por disposição legal; e FPPC435. (arts. 485, VII, 1015, III) CABE AGRAVO DE INSTRU-
X - nos demais casos prescritos neste Código. MENTO contra a decisão do juiz que, diante do reconheci-
§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II (paralisação por mais de mento de competência pelo juízo arbitral, se recusar a extin-
1 ano por negligência) e III (abandono da causa por mais de 30 guir o processo judicial sem resolução de mérito.
dias), a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta FPPC520. (art. 485, §7º; Lei 9.099/1995; Lei 12.153/2009) Inter-
no prazo de 5 dias. posto recurso inominado contra sentença sem resolução de
mérito, o juiz pode se retratar em 5 dias
§ 2o No caso do § 1 o, quanto ao inciso II (paralisação por mais de
1 ano por negligência), as partes pagarão proporcionalmente as
custas, e, quanto ao inciso III (abandono da causa por mais de 30 Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito
dias), o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos não obsta a que a parte proponha de novo a ação.
honorários de advogado. § 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação
IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto depende da correção do vício que levou à sentença sem resolu-
não ocorrer o trânsito em julgado. ção do mérito.
§ 4o Oferecida a contestação, o autor NÃO PODERÁ, SEM O § 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova
CONSENTIMENTO do réu, DESISTIR da ação. do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de
§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada ATÉ A SENTEN- advogado.
ÇA. § 3o Se o autor der causa, por 3 vezes, a sentença fundada em
§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o
abandono da causa pelo autor DEPENDE DE REQUERIMENTO réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a
DO RÉU. possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam


os incisos deste artigo, o juiz terá 5 dias para retratar-se. Litispendência
Indeferir a petição inicial
Ausência de pressupostos de cons-
tituição e de desenvolvimento váli- A PROPOSITURA DA Ausência de pressupostos de consti-
do e regular do processo NOVA AÇÃO DEPENDE tuição e de desenvolvimento válido e
JUIZ CONHECERÁ DE DA CORREÇÃO DO VÍ- regular do processo
Perempção, de litispendência ou de CIO QUE LEVOU À SEN-
OFÍCIO ENQUANTO NÃO Ausência de legitimidade ou de inte-
coisa julgada TENÇA SEM RESOLU-
OCORRER O TRÂNSITO resse processual
EM JULGADO Ausência de legitimidade ou de in- ÇÃO DO MÉRITO
teresse processual Acolher a alegação de existência de
convenção de arbitragem ou quando
Morte da parte, a ação for conside- o juízo arbitral reconhecer sua com-
rada intransmissível petência

STF Art. 487. HAVERÁ RESOLUÇÃO DE MÉRITO quando o juiz:


I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na recon-
Súmula 216-STF: Para decretação da absolvição de instância venção;

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II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de
decadência ou prescrição; FPPC305. (arts. 489, § 1º, IV, 984, §2º, 1.038, § 3º). No julgamento
III - homologar: de casos repetitivos, o tribunal deverá enfrentar todos os argu-
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na mentos contrários e favoráveis à tese jurídica discutida, inclusive
ação ou na reconvenção; os suscitados pelos interessados
b) a transação; FPPC306. (art. 489, § 1º, VI). O precedente vinculante não será
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconven- seguido quando o juiz ou tribunal distinguir o caso sob jul-
ção. gamento, demonstrando, fundamentadamente, tratar-se de
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1 o do art. 332 (im- situação particularizada por hipótese fática distinta, a impor
procedência liminar), a prescrição e a decadência não serão solução jurídica diversa.
reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade FPPC303. (art. 489, §1º) As hipóteses descritas nos incisos do §1º
de manifestar-se. do art. 499 são exemplificativas.
FPPC307. (arts. 489, §1º, 1.013, §3º, IV) Reconhecida a insufi-
FPPC160. (art. 487, I) A sentença que reconhece a extinção da ciência da sua fundamentação, o tribunal decretará a nulida-
obrigação pela confusão é de mérito. de da sentença e, preenchidos os pressupostos do §3º do art.
FPPC161. (art. 487, II) É de mérito a decisão que rejeita a alega- 1.013, decidirá desde logo o mérito da causa.
ção de prescrição ou de decadência. FPPC308. (arts. 489, § 1º, 1.046). Aplica-se o art. 489, § 1º, a to -
FPPC521. (art. 487, parágrafo único; arts. 210 e 211 do Código dos os processos pendentes de decisão ao tempo da entrada
Civil) Apenas a decadência fixada em lei pode ser conhecida em vigor do CPC, ainda que conclusos os autos antes da sua
de ofício pelo juiz. vigência.
FPPC309. (art. 489) O disposto no § 1º do art. 489 do CPC é apli-
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre cável no âmbito dos Juizados Especiais.
que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria even- FPPC522. (art. 489, inc. I; arts. 931 e 933) O relatório nos julga-
tual pronunciamento nos termos do art. 485. mentos colegiados tem função preparatória e deverá indicar
as questões de fato e de direito relevantes para o julgamen-
Seção II to e já submetidas ao contraditório.
Dos Elementos e dos Efeitos da Sentença FPPC523. (art. 489, §1º, inc. IV) O juiz é obrigado a enfrentar to-
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: das as alegações deduzidas pelas partes capazes, em tese, de in-
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação firmar a decisão, não sendo suficiente apresentar apenas os fun-
do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das damentos que a sustentam.
principais ocorrências havidas no andamento do processo; FPPC524. (art. 489, §1º, IV; art. 985, I) O art. 489, §1º, IV, não obri-
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de ga o órgão julgador a enfrentar os fundamentos jurídicos dedu-
fato e de direito; zidos no processo e já enfrentados na formação da decisão pa-
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais radigma, sendo necessário demonstrar a correlação fática e
que as partes lhe submeterem. jurídica entre o caso concreto e aquele já apreciado
§ 1o NÃO SE CONSIDERA FUNDAMENTADA qualquer decisão JDPC37 Aplica-se aos juizados especiais o disposto nos pa-
judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: rágrafos do art. 489 do CPC.
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão Art. 490. O juiz resolverá o mérito acolhendo ou rejeitando, no
decidida; todo ou em parte, os pedidos formulados pelas partes.
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar
o motivo concreto de sua incidência no caso; Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer que formulado pedido genérico, a decisão definirá desde
outra decisão; logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetá-
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no proces- ria, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade
so capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo jul- da capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando:
gador; I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, devido;
sem identificar seus fundamentos determinantes nem de- II - a apuração do valor devido depender da produção de prova
monstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles funda- de realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim re-
mentos; conhecida na sentença.
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou § 1o Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência valor devido por liquidação.
de distinção no caso em julgamento ou a superação do enten- § 2o O disposto no caput também se aplica quando o acórdão al-
dimento. terar a sentença.
§ 2o No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o obje-
to e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as ra- Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa
zões que autorizam a interferência na norma afastada e as pre- da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superi-
missas fáticas que fundamentam a conclusão. or ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
§ 3o A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conju- Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva
gação de todos os seus elementos e em conformidade com o relação jurídica condicional.
princípio da boa-fé.

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Decisão Citra petita é aquela que não examina em toda a sua da na sentença não ofende a coisa julgada.
amplitude o pedido formulado na inicial
Decisão Ultra petita, juiz vai além do pedido do autor, dando Seção III
mais do que fora pedido. Da Remessa Necessária
Decisão Extra petita quando a providência jurisdicional deferi- Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produ-
da é diversa da que foi postulada zindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a senten-
ça:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os
FPPC525. (art. 492; art. 497; art. 139, inc. IV;) A produção do re-
Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direi-
sultado prático equivalente pode ser determinada por decisão
to público;
proferida na fase de conhecimento.
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à
execução fiscal.
Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitu- § 1o Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação
tivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribu-
mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a nal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-
requerimento da parte, no momento de proferir a decisão. los-á.
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvi- § 2o Em qualquer dos casos referidos no § 1 o, o tribunal julgará a
rá as partes sobre ele antes de decidir. remessa necessária.
§ 3o Não se aplica a remessa necessária quando a condenação
Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e
I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, ine- líquido inferior a:
xatidões materiais ou erros de cálculo; I - 1.000 salários-mínimos para a União e as respectivas autar-
II - por meio de embargos de declaração. quias e fundações de direito público;
II - 500 salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as
Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de pres- respectivas autarquias e fundações de direito público e os Muni-
tação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão cípios que constituam capitais dos Estados;
de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação III - 100 salários-mínimos para todos os demais Municípios e
pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judi- respectivas autarquias e fundações de direito público.
ciária. § 4o Também não se aplica a remessa necessária quando a sen-
§ 1o A decisão produz a hipoteca judiciária: tença estiver fundada em:
I - embora a condenação seja genérica; I - súmula de tribunal superior;
II - ainda que o credor possa promover o cumprimento provi- II - acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de
sório da sentença ou esteja pendente arresto sobre bem do recursos repetitivos;
devedor; III - entendimento firmado em IRDR ou de IAC;
III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito sus- IV - entendimento coincidente com orientação vinculante fir-
pensivo. mada no âmbito administrativo do próprio ente público, con-
§ 2o A hipoteca judiciária poderá ser realizada mediante apre- solidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.
sentação de cópia da sentença perante o cartório de registro imo-
biliário, independentemente de ordem judicial, de declaração
FPPC164. (art. 496) A sentença arbitral contra a Fazenda Pú-
expressa do juiz ou de demonstração de urgência.
blica NÃO ESTÁ SUJEITA À REMESSA NECESSÁRIA.
§ 3o No prazo de até 15 dias da data de realização da hipoteca, a
FPPC311. (arts. 496 e 1.046) A regra sobre remessa necessária
parte informá-la-á ao juízo da causa, que determinará a intimação
é aquela vigente ao tempo da publicação em cartório ou dis-
da outra parte para que tome ciência do ato.
ponibilização nos autos eletrônicos da sentença ou, ainda,
§ 4o A hipoteca judiciária, uma vez constituída, implicará, para o
quando da prolação da sentença em audiência, de modo que
credor hipotecário, o direito de preferência, quanto ao paga-
a limitação de seu cabimento no CPC não prejudica as re-
mento, em relação a outros credores, observada a prioridade no
messas determinadas no regime do art. 475 do CPC/1973.
registro.
FPPC312. (art. 496) O inciso IV do §4º do art. 496 do CPC aplica-
§ 5o Sobrevindo a reforma ou a invalidação da decisão que impôs
se ao procedimento do mandado de segurança.
o pagamento de quantia, a parte responderá, independentemen-
FPPC432. (art. 496, §1º) A interposição de apelação parcial
te de culpa, pelos danos que a outra parte tiver sofrido em razão
NÃO IMPEDE a remessa necessária.
da constituição da garantia, devendo o valor da indenização ser
FPPC433. (arts. 496, §4º, IV, 6º, 927, §5º) Cabe à Administração
liquidado e executado nos próprios autos.
Pública dar publicidade às suas orientações vinculantes, prefe-
rencialmente pela rede mundial de computadores.
FPPC310. (art. 495) Não é título constitutivo de hipoteca judi-
ciária a decisão judicial que condena à entrega de coisa dis-
tinta de dinheiro. SÚMULAS SOBRE REEXAME NECESSÁRIO
STF
Súmula 318-STJ: Formulado pedido certo e determinado, so- Súmula 423-STF: Não transita em julgado a sentença por
mente o autor tem interesse recursal em arguir o vício da sen- haver omitido o recurso "ex-oficio", que se considera interposto
tença ilíquida "ex-lege".
Súmula 344-STJ: A liquidação por forma diversa da estabeleci-

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STJ § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou
alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta,
Súmula 45-STJ: No reexame necessário, é defeso, ao tribunal, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
agravar a condenação imposta à Fazenda Pública. § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira,
Súmula 253-STJ: O art. 557 do CPC, que autoriza o relator a moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de co-
decidir o recurso, alcança o reexame necessário. nhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois
Súmula 325-STJ: A remessa oficial devolve ao Tribunal o anos, e multa.
reexame de todas as parcelas da condenação suportadas pela § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa,
Fazenda Pública, inclusive dos honorários de advogado. o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de
Súmula 490-STJ: A dispensa de reexame necessário, quando o emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
valor da condenação ou do direito controvertido for inferior a I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em
60 salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas. lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
Seção IV § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular
Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer, de moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
Não Fazer e de Entregar Coisa
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou Crimes assimilados ao de moeda falsa
de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de
específica ou determinará providências que assegurem a ob- moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadei-
tenção de tutela pelo resultado prático equivalente. ros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; resti-
a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a tuir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já
sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de recolhidos para o fim de inutilização:
dano ou da existência de culpa ou dolo. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze
FPPC526. (art. 497, caput; art. 537, caput, §3º) A multa aplicada anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha
por descumprimento de ordem protetiva, baseada no art. 22, na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem
incisos I a V, da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), é passível fácil ingresso, em razão do cargo.
de cumprimento provisório, nos termos do art. 537, §3º.
Petrechos para falsificação de moeda
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gra-
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz,
tuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou
ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumpri-
qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
mento da obrigação.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada
pelo gênero e pela quantidade, o autor individualizá-la-á na peti-
Emissão de título ao portador sem permissão legal
ção inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu,
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha,
este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro
ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e da-
deva ser pago:
nos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro
qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena
Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuí-
de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa.
zo da multa fixada periodicamente para compelir o réu ao cum-
primento específico da obrigação.
CAPÍTULO II
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração
Falsificação de papéis públicos
de vontade, a sentença que julgar procedente o pedido, uma vez
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qual-
não emitida.
quer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo;
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso le-
CÓDIGO PENAL gal;
III - vale postal;
TÍTULO X IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa eco-
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA nômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de di-
CAPÍTULO I reito público;
DA MOEDA FALSA V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento
Moeda Falsa relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou cau-
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda me- ção por que o poder público seja responsável;
tálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de trans-
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. porte administrada pela União, por Estado ou por Município:

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Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Art. 297 - FALSIFICAR, no todo ou em parte, documento
§ 1o Incorre na mesma pena quem: público, ou ALTERAR documento público verdadeiro:
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsifi- Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
cados a que se refere este artigo; § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de 1/6.
guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento
a controle tributário; público o emanado de entidade paraestatal, o título ao porta-
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, man- dor ou transmissível por endosso, as ações de sociedade co-
tém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta mercial, os LIVROS MERCANTIS e o TESTAMENTO PARTICU-
ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no LAR.
exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou merca- § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
doria: I – na folha de pagamento ou em documento de informa-
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle ções que seja destinado a fazer prova perante a previdência soci-
tributário, falsificado; al, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária II – na CTPS do empregado ou em documento que deva pro-
determina a obrigatoriedade de sua aplicação. duzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou di-
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legíti- versa da que deveria ter sido escrita;
mos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou si- III – em documento contábil ou em qualquer outro docu-
nal indicativo de sua inutilização: mento relacionado com as obrigações da empresa perante a pre-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. vidência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, constado.
qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documen-
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de tos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pesso-
boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se re- ais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de
ferem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou prestação de serviços.
alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos,
ou multa. Falsificação de documento particular
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso Art. 298 - FALSIFICAR, no todo ou em parte, documento parti-
III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, cular ou ALTERAR documento particular verdadeiro:
inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públi- Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
cos e em residências. Falsificação de cartão
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a
Petrechos de falsificação documento particular o CARTÃO DE CRÉDITO ou DÉBITO.
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar ob-
jeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos pa- Falsidade ideológica
péis referidos no artigo anterior: Art. 299 - OMITIR, em documento público ou particular, de-
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. claração que dele devia constar, ou NELE INSERIR ou fazer in-
serir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o cri- o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verda-
me prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de 1/6. de sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documen-
CAPÍTULO III to é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o docu -
DA FALSIDADE DOCUMENTAL mento é particular.
Falsificação do selo ou sinal público Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e co-
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: mete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a
de Estado ou de Município; pena de 1/6.
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito públi-
co, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: Falso reconhecimento de firma ou letra
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de fun-
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: ção pública, firma ou letra que o não seja:
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documen-
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em to é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é par -
prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. ticular.
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, lo-
gotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identi- Certidão ou atestado ideologicamente falso
ficadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de fun-
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime ção pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter car-
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de 1/6. go público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou
qualquer outra vantagem:
Falsificação de documento público Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Falsidade material de atestado ou certidão

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§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão,
ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para pro- Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade pe-
va de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo pú- rante autoridade policial é típica, ainda que em situação de ale-
blico, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qual- gada autodefesa.
quer outra vantagem:
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor,
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se,
caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade
além da pena privativa de liberdade, a de multa.
alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento
dessa natureza, próprio ou de terceiro:
Falsidade de atestado médico
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, ates-
fato não constitui elemento de crime mais grave.
tado falso:
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Fraude de lei sobre estrangeiro
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro,
Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no
aplica-se também multa.
território nacional, nome que não é o seu:
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que te-
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para
nha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração
promover-lhe a entrada em território nacional:
está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de
Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possui-
comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
dor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos
em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais
Uso de documento falso
bens:
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Adulteração de sinal identificador de veículo automotor
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qual-
Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime quer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente
de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou equipamento:
ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
importando a qualificação do órgão expedidor. § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função
pública ou em razão dela, a pena é aumentada de 1/3
Supressão de documento § 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado
ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou par- ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação
ticular verdadeiro, de que não podia dispor: oficial.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento
é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documen- CAPÍTULO V
to é particular. DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO
Fraudes em certames de interesse público
CAPÍTULO IV Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de
DE OUTRAS FALSIDADES beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilida-
Falsificação do sinal empregado no contraste de metal preci- de do certame, conteúdo sigiloso de:
oso ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins I - concurso público;
Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou II - avaliação ou exame públicos;
sinal empregado pelo poder público no contraste de metal preci- III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
oso ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
natureza, falsificado por outrem: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informa-
a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para ções mencionadas no caput.
autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração públi-
cumprimento de formalidade legal: ca:
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 se o fato é cometido por funci-
Falsa identidade onário público.
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade
para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para
causar dano a outrem: CÓDIGO PROCESSO PENAL
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato
não constitui elemento de crime mais grave.

22
réu houver apelado da sentença [PRINCÍPIO DO NON REFOR-
CAPÍTULO V MATIO IN PEJUS OU EFEITO PRODRÔMICO DA SENTENÇA]
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EM SENTIDO
ESTRITO E DAS APELAÇÕES, NOS TRIBUNAIS DE APELAÇÃO Art. 618. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabele-
Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão julga- cerão as normas complementares para o processo e julgamento
dos pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou turmas criminais, dos recursos e apelações.
de acordo com a competência estabelecida nas leis de organiza-
ção judiciária. CAPÍTULO VI
Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de 2a DOS EMBARGOS
instância, DESFAVORÁVEL ao réu, admitem-se EMBARGOS IN- Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apela-
FRINGENTES E DE NULIDADE, que poderão ser opostos dentro ção, câmaras ou turmas, poderão ser opostos embargos de de-
de 10 dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do claração, no prazo de 2 dias contados da sua publicação, quan-
art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restri- do houver na sentença ambiguidade, obscuridade, contradição
tos à matéria objeto de divergência. ou omissão.

Art. 610. Nos recursos em sentido estrito, com exceção


do de habeas corpus, e nas apelações interpostas das senten-
ças em processo de contravenção ou de crime a que a lei co-
mine pena de detenção, os autos irão imediatamente com vista EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
ao procurador-geral pelo prazo de 5 dias, e, em seguida, passa-
rão, por igual prazo, ao relator, que pedirá designação de dia para CPP JUIZADOS
o julgamento. 2 dias 5 dias
Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo presidente, e
apregoadas as partes, com a presença destas ou à sua revelia, o
Art. 620. Os embargos de declaração serão deduzidos em
relator fará a exposição do feito e, em seguida, o presidente con-
requerimento de que constem os pontos em que o acórdão é
cederá, pelo prazo de 10 minutos, a palavra aos advogados ou
ambíguo, obscuro, contraditório ou omisso.
às partes que a solicitarem e ao procurador-geral, quando o re-
§ 1o O requerimento será apresentado pelo relator e julga-
querer, por igual prazo.
do, independentemente de revisão, na primeira sessão.
§ 2o Se não preenchidas as condições enumeradas neste ar-
Art. 612. Os recursos de habeas corpus, designado o rela-
tigo, o relator indeferirá desde logo o requerimento.
tor, serão julgados na 1a sessão.

Art. 613. As apelações interpostas das sentenças proferidas


CAPÍTULO VII
em processos por crime a que a lei comine pena de reclusão,
DA REVISÃO
deverão ser processadas e julgadas pela forma estabelecida no
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
Art. 610, com as seguintes modificações:
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto
I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao revisor,
expresso da lei penal ou à evidência dos autos;
que terá igual prazo para o exame do processo e pedirá designa-
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoi-
ção de dia para o julgamento;
mentos, exames ou documentos comprovadamente falsos;
II - os prazos serão ampliados ao dobro;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas pro-
III - o tempo para os debates será de 1/4 de hora.
vas de inocência do condenado ou de circunstância que deter-
mine ou autorize diminuição especial da pena.
Art. 614. No caso de impossibilidade de observância de
qualquer dos prazos marcados nos arts. 610 e 613, os motivos da
Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer
demora serão declarados nos autos.
tempo, ANTES da extinção da pena ou APÓS.
Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedi-
Art. 615. O tribunal decidirá por maioria de votos.
do, salvo se fundado em novas provas.
§ 1o Havendo empate de votos no julgamento de recursos,
se o presidente do tribunal, câmara ou turma, não tiver tomado
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou
parte na votação, proferirá o voto de desempate; no caso con-
por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do
trário, prevalecerá a decisão mais favorável ao réu.
réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
§ 2o O acórdão será apresentado à conferência na primeira
sessão seguinte à do julgamento, ou no prazo de duas sessões,
Art. 624. As revisões criminais serão processadas e julgadas:
pelo juiz incumbido de lavrá-lo.
I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condenações
por ele proferidas;
Art. 616. No julgamento das apelações poderá o tribunal,
II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou
câmara ou turma proceder a novo interrogatório do acusado,
de Alçada, nos demais casos.
reinquirir testemunhas ou determinar outras diligências.
§ 1o No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de
Recursos o processo e julgamento obedecerão ao que for estabe-
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas de-
lecido no respectivo regimento interno.
cisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável,
§ 2o Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o julgamento
não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o
será efetuado pelas câmaras ou turmas criminais, reunidas em

23
sessão conjunta, quando houver mais de uma, e, no caso contrá-
rio, pelo tribunal pleno. Art. 631. Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa, cuja
§ 3o Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras ou condenação tiver de ser revista, o presidente do tribunal nomea-
turmas criminais, poderão ser constituídos dois ou mais grupos rá curador para a defesa.
de câmaras ou turmas para o julgamento de revisão, obedecido o
que for estabelecido no respectivo regimento interno. SÚMULA SOBRE REVISÃO CRIMINAL

Art. 625. O requerimento será distribuído a um relator e a Súmula 393-STF: Para requerer revisão criminal, o condenado
um revisor, devendo funcionar como relator um desembarga- não é obrigado a recolher-se à prisão
dor que não tenha pronunciado decisão em qualquer fase do
processo. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
§ 1o O requerimento será instruído com a certidão de ha-
ver passado em julgado a sentença condenatória e com as pe- EDIÇÃO N. 63: REVISÃO CRIMINAL
ças necessárias à comprovação dos fatos arguidos. 1) A revisão criminal não é meio adequado para reapreciação
§ 2o O relator poderá determinar que se apensem os autos de teses já afastadas por ocasião da condenação definitiva.
originais, se daí não advier dificuldade à execução normal da sen- 2) O julgamento superveniente da revisão criminal prejudica,
tença. por perda de objeto, a análise do habeas corpus
§ 3o Se o relator julgar insuficientemente instruído o pedi- anteriormente impetrado.
do e inconveniente ao interesse da justiça que se apensem os au- 3) Não é cabível habeas corpus como sucedâneo recursal ou
tos originais, indeferi-lo-á in limine, dando recurso para as câ - para substituir eventual revisão criminal.
maras reunidas ou para o tribunal, conforme o caso (art. 624, 4) O julgamento pelo Supremo Tribunal Federal de habeas
parágrafo único). corpus impetrado contra decisão proferida em recurso especial
§ 4o Interposto o recurso por petição e independentemente não afasta, por si só, a competência do Superior Tribunal
de termo, o relator apresentará o processo em mesa para o julga- de Justiça para processar e julgar posterior revisão criminal.
mento e o relatará, sem tomar parte na discussão. 5) É assegurada à defesa a sustentação oral em sessão de
§ 5o Se o requerimento não for indeferido in limine, abrir-se- julgamento de revisão criminal.
á vista dos autos ao procurador-geral, que dará parecer no prazo 6) A aplicação do princípio do favor rei veda a revisão
de 10 dias. Em seguida, examinados os autos, sucessivamente, criminal pro societate.
em igual prazo, pelo relator e revisor, julgar-se-á o pedido na ses- 7) A Turma Recursal é o órgão competente para o julgamento
são que o presidente designar. de revisão criminal ajuizada em face de decisões proferidas
pelos Juizados Especiais.
Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá 8) É possível a correção da dosimetria da pena em sede de
ALTERAR A CLASSIFICAÇÃO da infração, ABSOLVER o réu, MO- revisão criminal.
DIFICAR A PENA ou ANULAR O PROCESSO. 9) A soberania do veredicto do Tribunal do Júri não impede a
Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser desconstituição da decisão por meio de revisão criminal.
agravada a pena imposta pela decisão revista (veda reformatio 10) O ajuizamento de revisão criminal não importa em
in pejus) interrupção da execução definitiva da pena, tendo em vista
a ausência de efeito suspensivo.
Art. 627. A absolvição implicará o restabelecimento de to- 11) O réu possui capacidade postulatória para propor
dos os direitos perdidos em virtude da condenação, devendo o revisão criminal, nos termos do art. 623 do CPP, que foi
tribunal, se for caso, impor a medida de segurança cabível. recepcionado pela Constituição Federal de 1988 e não foi
revogado pela Lei n. 8.906/94 Estatuto da Advocacia.
Art. 628. Os regimentos internos dos Tribunais de Apelação 12) Na revisão criminal prevista no art. 105, I, e, da CF, apenas a
estabelecerão as normas complementares para o processo e jul- questão federal anteriormente decidida por esta Corte Superior
gamento das revisões criminais. pode ser examinada.
13) O acolhimento da pretensão revisional, nos moldes do art.
Art. 629. À vista da certidão do acórdão que cassar a senten- 621, I, do CPP, é excepcional e limita-se às hipóteses em que a
ça condenatória, o juiz mandará juntá-la imediatamente aos au- contradição à evidência dos autos seja manifesta, dispensando
tos, para inteiro cumprimento da decisão. a interpretação ou análise subjetiva das provas produzidas.
14) A mudança de orientação jurisprudencial e a
Art. 630. O tribunal, SE O INTERESSADO O REQUERER, po- interpretação controvertida a respeito de determinado
derá reconhecer o direito a uma justa indenização pelos prejuí- dispositivo legal não são fundamentos idôneos para a
zos sofridos. propositura de revisão criminal.
§ 1o Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, 15) A justificação criminal é via adequada à obtenção de
responderá a União, se a condenação tiver sido proferida pela jus- prova nova para fins de subsidiar eventual ajuizamento de
tiça do Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver revisão criminal.
sido pela respectiva justiça. 16) A revisão criminal não pode ser fundamentada no
§ 2o A indenização não será devida: arrolamento de novas testemunhas, tampouco na reinquirição
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato daquelas já ouvidas no processo de condenação.
ou falta imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou 17) A retratação da vítima ou das testemunhas constituem
a ocultação de prova em seu poder; provas novas aptas a embasar pedido de revisão criminal.
b) se a acusação houver sido meramente privada. 18) O atraso no julgamento da revisão criminal provocado

24
exclusivamente pela defesa não caracteriza excesso de prazo.

CAPÍTULO VIII
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Art. 637. O recurso extraordinário NÃO TEM EFEITO SUS-
PENSIVO, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do tras-
lado, os originais baixarão à primeira instância, para a execução
da sentença.

Art. 638. O recurso extraordinário será processado e julgado


no Supremo Tribunal Federal na forma estabelecida pelo respecti-
vo regimento interno.

CAPÍTULO IX
DA CARTA TESTEMUNHÁVEL
Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável:
I - da decisão que denegar o recurso;
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua ex-
pedição e seguimento para o juízo ad quem.

Art. 640. A carta testemunhável será requerida ao escrivão,


ou ao secretário do tribunal, conforme o caso, nas 48 horas se-
guintes ao despacho que denegar o recurso, indicando o reque-
rente as peças do processo que deverão ser trasladadas.

Art. 641. O escrivão, ou o secretário do tribunal, dará recibo


da petição à parte e, no prazo máximo de 5 dias, no caso de
RESE, ou de 60 dias, no caso de recurso extraordinário, fará en-
trega da carta, devidamente conferida e concertada.

Art. 642. O escrivão, ou o secretário do tribunal, que se ne-


gar a dar o recibo, ou deixar de entregar, sob qualquer pretexto, o
instrumento, será suspenso por 30 dias. O juiz, ou o presidente
do Tribunal de Apelação, em face de representação do testemu-
nhante, imporá a pena e mandará que seja extraído o instrumen-
to, sob a mesma sanção, pelo substituto do escrivão ou do secre-
tário do tribunal. Se o testemunhante não for atendido, poderá
reclamar ao presidente do tribunal ad quem, que avocará os au-
tos, para o efeito do julgamento do recurso e imposição da pena.

Art. 643. Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á o


disposto nos arts. 588 a 592, no caso de RESE, ou o processo es-
tabelecido para o recurso extraordinário, se deste se tratar.

Art. 644. O tribunal, câmara ou turma a que competir o jul-


gamento da carta, se desta tomar conhecimento, mandará pro-
cessar o recurso, ou, se estiver suficientemente instruída, decidirá
logo, de meritis.

Art. 645. O processo da carta testemunhável na instância su-


perior seguirá o processo do recurso denegado.

Art. 646. A carta testemunhável NÃO TERÁ EFEITO SUS-


PENSIVO.

25
DIA 13 § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos or-
çamentos, não integrando o orçamento da União.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será ela-
Constituição Federal: art. 193-217 borada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela
Código Civil: art 818-926 saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as
Código Processo Civil: art. 502-527 metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentá-
Código Penal: art. 312-337-A rias (LDO), assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
Código Processo Penal: art. 647-667/791-809 § 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade
social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o
CONSTITUIÇÃO FEDERAL Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fis-
cais ou creditícios.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
TÍTULO VIII
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o dis-
Da Ordem Social
posto no art. 154, I.
CAPÍTULO I
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social pode-
DISPOSIÇÃO GERAL
rá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho,
fonte de custeio total.
e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão
ser exigidas após decorridos 90 dias da data da publicação da
CAPÍTULO II
lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplican-
DA SEGURIDADE SOCIAL
do o disposto no art. 150, III, "b" (princípio da anterioridade
Seção I
anual).
DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as enti-
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integra-
dades beneficentes de assistência social que atendam às exi-
do de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
gências estabelecidas em lei.
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previ-
dência e à assistência social. Apesar de a redação do §7° falar em “isentas”, a doutrina afirma
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, or- que se trata, efetivamente, de uma hipótese de imunidade. Não
ganizar a SEGURIDADE SOCIAL, com base nos seguintes OBJE- é um caso de “isenção”.
TIVOS: Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos
I - universalidade da cobertura e do atendimento; em LEI COMPLEMENTAR (RE 566622)
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às po- § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e
pulações urbanas e rurais; o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem
e serviços; empregados permanentes, contribuirão para a seguridade soci-
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; al mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da co-
V - equidade na forma de participação no custeio; mercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos
VI - diversidade da base de financiamento; da lei.
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalha- artigo (CS do empregador) poderão ter alíquotas ou bases de
dores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos ór- cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da
gãos colegiados. utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou
da condição estrutural do mercado de trabalho.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a socieda- § 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o
de, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante re- sistema único de saúde e ações de assistência social da União
cursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de re-
sociais: cursos.
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada § 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contri-
na forma da lei, incidentes sobre: buições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou débitos em montante superior ao fixado em lei complemen-
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste servi- tar.
ço, mesmo sem vínculo empregatício; § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os
b) a receita ou o faturamento; quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV
c) o lucro; do caput, serão não-cumulativas.
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substi-
não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão tuição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na for-
concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata ma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento.
o art. 201;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. Seção II
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem DA SAÚDE
a lei a ele equiparar.

1
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti- cumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para
do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução o seu exercício.
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e re- Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
cuperação. § 1º As instituições privadas poderão participar de forma com-
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, plementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste,
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua re- mediante contrato de direito público ou convênio, tendo pre-
gulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser ferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pes- § 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios
soa física ou jurídica de direito privado. ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema nos casos previstos em lei.
único, organizado de acordo com as seguintes DIRETRIZES: § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem
I - descentralização, com direção única em cada esfera de gover- a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de
no; transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processa-
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades mento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; todo tipo de comercialização.
III - participação da comunidade.
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do Art. 200. Ao SUS compete, além de outras atribuições, nos ter-
art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da mos da lei:
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de
outras fontes. interesse para a saúde e participar da produção de medicamen-
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios apli- tos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros in-
carão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde re- sumos;
cursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica,
sobre: bem como as de saúde do trabalhador;
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15%; IV - participar da formulação da política e da execução das
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arre- ações de saneamento básico;
cadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento cien-
que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzi - tífico e tecnológico e a inovação;
das as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consu-
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recur- mo humano;
sos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte,
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada 5 guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos
anos, estabelecerá: e radioativos;
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele com-
II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saú- preendido o do trabalho.
de destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e
dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivan- Seção III
do a progressiva redução das disparidades regionais; DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de re-
com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; gime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão ad- observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atua-
mitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às rial, e atenderá, nos termos da lei, a:
endemias por meio de processo seletivo público, de acordo I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade
com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos avançada;
específicos para sua atuação. II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego in-
profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a voluntário;
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
agente de combate às endemias, competindo à União, nos ter- segurados de baixa renda;
mos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Esta- V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao côn-
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do juge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no §
referido piso salarial. 2º.
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados
art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regi-
equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de me geral de previdência social, ressalvados os casos de ativida-
combate às endemias poderá perder o cargo em caso de des- des exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saú-
de ou a integridade física e quando se tratar de segurados por-

2
tadores de deficiência, nos termos definidos em lei complemen- própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico
tar. no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual
ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal in- a um salário-mínimo.
ferior ao salário mínimo. § 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo § 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes
de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei. para os demais segurados do regime geral de previdência social.
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-
lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios defi- Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter comple-
nidos em lei. mentar e organizado de forma autônoma em relação ao regime
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na geral de previdência social, será facultativo, baseado na consti-
qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de re- tuição de reservas que garantam o benefício contratado, e regula-
gime próprio de previdência. do por lei complementar.
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá § 1° A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao
por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada participante de planos de benefícios de entidades de previdência
ano. privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdên- respectivos planos.
cia social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condi-
I - 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos de contribui- ções contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos
ção, se mulher; de benefícios das entidades de previdência privada não integram
II - 65 anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se mulher, o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção
reduzido em 5 anos o limite para os trabalhadores rurais de dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos par-
ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regi- ticipantes, nos termos da lei.
me de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o § 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência
garimpeiro e o pescador artesanal. privada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas
§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de econo-
(tempo de contribuição) serão reduzidos em 5 anos, para o mia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de pa-
professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo trocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contri-
exercício das funções de magistério na educação infantil e no buição normal poderá exceder a do segurado.
ensino fundamental e médio. § 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Esta-
dos, Distrito Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias, fun-
Homem: 35 dações, sociedades de economia mista e empresas controladas
Tempo de contribuição anos direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de entidades
fechadas de previdência privada, e suas respectivas entidades fe-
Mulher: 30 anos chadas de previdência privada.
Homem: 65 § 5º A lei complementar de que trata o parágrafo anterior aplicar-
Idade anos se-á, no que couber, às empresas privadas permissionárias ou
APOSENTADORIA concessionárias de prestação de serviços públicos, quando patro-
Mulher: 60 anos cinadoras de entidades fechadas de previdência privada.
RGPS
Trabalhadores Rurais Homem: 60 § 6º A lei complementar a que se refere o § 4° deste artigo esta-
Redução em 5 anos na anos belecerá os requisitos para a designação dos membros das dire-
Idade torias das entidades fechadas de previdência privada e disciplina-
Mulher: 55 anos rá a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias de de-
Professor Homem: 30 cisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e delibe-
Redução em 5 anos no anos ração.
tempo de contribuição
Mulher: 25 anos Seção IV
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem re- Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela neces-
cíproca do tempo de contribuição na administração pública e sitar, INDEPENDENTEMENTE DE CONTRIBUIÇÃO à seguridade
na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diver- social, e tem por OBJETIVOS:
sos regimes de previdência social se compensarão financeiramen- I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adoles-
te, segundo critérios estabelecidos em lei. cência e à velhice;
§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
a ser atendida concorrentemente pelo regime geral de previdên- III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
cia social e pelo setor privado. IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de defi-
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, se- ciência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
rão incorporados ao salário para efeito de contribuição previ- V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pes-
denciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e soa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não
na forma da lei. possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provi-
§ 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária da por sua família, conforme dispuser a lei.
para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda

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Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado
serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade so- mediante a garantia de:
cial, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas I - EDUCAÇÃO BÁSICA obrigatória e gratuita dos 4 aos 17
com base nas seguintes diretrizes: anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para to-
I - descentralização político-administrativa, cabendo a coorde- dos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;
nação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
execução dos respectivos programas às esferas estadual e munici- III - atendimento educacional especializado aos portadores de
pal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
II - participação da população, por meio de organizações repre- IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até
sentativas, na formulação das políticas e no controle das ações 5 anos de idade;
em todos os níveis. V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal criação artística, segundo a capacidade de cada um;
vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do
0,5% de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses educando;
recursos no pagamento de: VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educa-
I - despesas com pessoal e encargos sociais; ção básica, por meio de programas suplementares de material
II - serviço da dívida; didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada direta- § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito É DIREITO PÚ-
mente aos investimentos ou ações apoiados. BLICO SUBJETIVO.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Públi-
CAPÍTULO III co, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autorida-
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO de competente.
Seção I § 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensi-
DA EDUCAÇÃO no fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da responsáveis, pela frequência à escola.
família, será promovida e incentivada com a colaboração da soci-
edade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu pre- Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as se-
paro para o exercício da cidadania e sua qualificação para o guintes condições:
trabalho. I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes PRIN-
CÍPIOS: Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino funda-
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es- mental, de maneira a assegurar formação básica comum e respei-
cola; to aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensa- § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá
mento, a arte e o saber; disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coe- fundamental.
xistência de instituições públicas e privadas de ensino; § 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua por-
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; tuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utiliza-
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garanti- ção de suas línguas maternas e processos próprios de aprendiza-
dos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusiva- gem.
mente por concurso público de provas e títulos, aos das redes pú-
blicas; Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
VII - garantia de padrão de qualidade; § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Terri-
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da tórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e
educação escolar pública, nos termos de lei federal. exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supleti-
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhado- va, de forma a garantir equalização de oportunidades educacio-
res considerados profissionais da educação básica e sobre a fixa- nais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistên-
ção de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de cia técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-
carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e nicípios;
dos Municípios. § 2º Os MUNICÍPIOS atuarão prioritariamente no ENSINO
FUNDAMENTAL e na EDUCAÇÃO INFANTIL.
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científi- § 3º Os ESTADOS e o Distrito Federal atuarão prioritariamente
ca, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obede- no ENSINO FUNDAMENTAL e MÉDIO.
cerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Esta-
e extensão. dos, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de cola-
§ 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos boração, de modo a assegurar a universalização do ensino obri-
e cientistas estrangeiros, na forma da lei. gatório.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesquisa § 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao
científica e tecnológica. ensino regular.

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Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de 18%, II - universalização do atendimento escolar;
e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 25%, no míni- III - melhoria da qualidade do ensino;
mo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveni- IV - formação para o trabalho;
ente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do en- V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.
sino. VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União em educação como proporção do produto interno bruto.
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Esta- Seção II
dos aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito DA CULTURA
do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transfe- Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos
rir. culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incen-
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no "caput" deste ar- tivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
tigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e § 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas popula-
municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213. res, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos partici-
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará priorida- pantes do processo civilizatório nacional.
de ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta
no que se refere a universalização, garantia de padrão de qualida- significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
de e equidade, nos termos do plano nacional de educação. 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência à plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à inte-
saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos gração das ações do poder público que conduzem à:
provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamen- I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
tários. II produção, promoção e difusão de bens culturais;
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em
financiamento a contribuição social do salário educação, re- suas múltiplas dimensões;
colhida pelas empresas na forma da lei. IV democratização do acesso aos bens de cultura;
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribui- V valorização da diversidade étnica e regional.
ção social do salário educação serão distribuídas proporcional-
mente ao número de alunos matriculados na educação básica Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de
nas respectivas redes públicas de ensino. natureza MATERIAL e IMATERIAL, tomados individualmente ou
em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à me-
SAÚDE EDUCAÇÃO mória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira,
nos quais se incluem:
U: 15% U: 18% I - as formas de expressão;
E/DF/M: 25% II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas pú- IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espa-
blicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessi- ços destinados às manifestações artístico-culturais;
onais ou filantrópicas, definidas em lei, que: V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagísti-
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus exce- co, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e cien-
dentes financeiros em educação; tífico.
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola co- § 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, pro-
munitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no moverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio
caso de encerramento de suas atividades. de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropria-
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser destina- ção, e de outras formas de acautelamento e preservação.
dos a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na § 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da
forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, documentação governamental e as providências para franquear
quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública sua consulta a quantos dela necessitem.
na localidade da residência do educando, ficando o Poder Público § 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conheci-
obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua rede na mento de bens e valores culturais.
localidade. § 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fo- forma da lei.
mento à inovação realizadas por universidades e/ou por institui- § 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios deten-
ções de educação profissional e tecnológica poderão receber tores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.
apoio financeiro do Poder Público. § 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo
estadual de fomento à cultura até 0,5% de sua receita tributária
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais,
duração DECENAL, com o objetivo de articular o sistema nacio- vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:
nal de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, I - despesas com pessoal e encargos sociais;
objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a II - serviço da dívida;
manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos ní- III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamen-
veis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos po- te aos investimentos ou ações apoiados.
deres públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a:
I - erradicação do analfabetismo;

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Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regi- § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina
me de colaboração, de forma descentralizada e participativa, e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias
institui um processo de gestão e promoção conjunta de políticas da justiça desportiva, regulada em lei.
públicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas entre § 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de 60 dias, con-
os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo promo- tados da instauração do processo, para proferir decisão final.
ver o desenvolvimento humano, social e econômico com ple- § 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promo-
no exercício dos direitos culturais. ção social.
§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política
nacional de cultura e nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano CÓDIGO CIVIL
Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguintes princípios (DICA:
O Sistema fundamenta-se na Política, que está no Plano):
I - diversidade das expressões culturais;
CAPÍTULO XVIII
II - universalização do acesso aos bens e serviços culturais;
DA FIANÇA
III - fomento à produção, difusão e circulação de conhecimen-
Seção I
to e bens culturais;
Disposições Gerais
IV - cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e
Art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer
privados atuantes na área cultural;
ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este
V - integração e interação na execução das políticas, programas,
não a cumpra.
projetos e ações desenvolvidas;
VI - complementaridade nos papéis dos agentes culturais;
Art. 819. A fiança dar-se-á POR ESCRITO, e NÃO admite INTER-
VII - transversalidade das políticas culturais;
PRETAÇÃO EXTENSIVA.
VIII - autonomia dos entes federados e das instituições da so-
ciedade civil;
Art. 820. Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consenti-
IX - transparência e compartilhamento das informações;
mento do devedor ou contra a sua vontade.
X - democratização dos processos decisórios com participação
e controle social;
Art. 821. As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o
XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, dos re-
fiador, neste caso, não será demandado senão depois que se
cursos e das ações;
fizer certa e líquida a obrigação do principal devedor.
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamen-
tos públicos para a cultura.
Art. 822. Não sendo limitada, a fiança compreenderá todos os
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, nas res-
acessórios da dívida principal, inclusive as despesas judiciais,
pectivas esferas da Federação:
DESDE A CITAÇÃO do fiador.
I - órgãos gestores da cultura;
II - conselhos de política cultural;
Art. 823. A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação
III - conferências de cultura;
principal e contraída em condições menos onerosas, e, quando
IV - comissões intergestores;
exceder o valor da dívida, ou for mais onerosa que ela, não
V - planos de cultura;
valerá senão até ao limite da obrigação afiançada.
VI - sistemas de financiamento à cultura;
VII - sistemas de informações e indicadores culturais;
Art. 824. As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, ex-
VIII - programas de formação na área da cultura; e
ceto se a nulidade resultar apenas de incapacidade pessoal do
IX - sistemas setoriais de cultura.
devedor.
§ 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sistema Naci-
Parágrafo único. A exceção estabelecida neste artigo não abran-
onal de Cultura, bem como de sua articulação com os demais sis-
ge o caso de mútuo feito a menor.
temas nacionais ou políticas setoriais de governo.
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão
Art. 825. Quando alguém houver de oferecer fiador, o credor não
seus respectivos sistemas de cultura em leis próprias.
pode ser obrigado a aceitá-lo se não for pessoa idônea, domi-
ciliada no município onde tenha de prestar a fiança, e não
Seção III
possua bens suficientes para cumprir a obrigação.
DO DESPORTO
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas for-
Art. 826. Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o cre-
mais e não-formais, como direito de cada um, observados:
dor exigir que seja substituído.
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associa-
ções, quanto a sua organização e funcionamento;
Seção II
II - a destinação de recursos públicos para a promoção priori-
Dos Efeitos da Fiança
tária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do
Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem di-
desporto de alto rendimento;
reito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e
executados os bens do devedor.
o não- profissional;
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de
que se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos
criação nacional.
no mesmo município, livres e desembargados, quantos bas-
tem para solver o débito.
Art. 828. Não aproveita este benefício ao fiador:

6
I - se ele o renunciou expressamente; fiador que o invocou, se provar que os bens por ele indicados
II - se se obrigou como principal pagador, ou devedor solidá- eram, ao tempo da penhora, suficientes para a solução da
rio; dívida afiançada.
III - se o devedor for insolvente, ou falido.
SÚMULA SOBRE FIANÇA
Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por
mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade Súmula 214-STJ: O fiador na locação não responde por obriga-
entre elas, se declaradamente não se reservarem o benefício de ções resultantes de aditamento ao qual não anuiu.
divisão. Súmula 268-STJ: O fiador que não integrou a relação processu-
Parágrafo único. Estipulado benefício de divisão, cada fiador res- al na ação de despejo não responde pela execução do julgado.
ponde unicamente pela parte que, em proporção, lhe couber no Súmula 332-STJ: A fiança prestada sem autorização de um dos
pagamento. cônjuges IMPLICA A INEFICÁCIA TOTAL DA GARANTIA.
Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família per-
Art. 830. Cada fiador pode fixar no contrato a parte da dívida que tencente a fiador de contrato de locação
toma sob sua responsabilidade, caso em que não será por mais
obrigado. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ

Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub- EDIÇÃO N. 101: DA FIANÇA - I
rogado nos direitos do credor; mas só poderá demandar a cada 1) O contrato de fiança deve ser interpretado restritivamente,
um dos outros fiadores pela respectiva quota. de modo que a responsabilidade dos fiadores se resume aos
Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos termos do pactuado no ajuste original, com o qual expressa-
outros. mente consentiram.
2) Existindo, no contrato de locação, cláusula expressa prevendo
Art. 832. O devedor responde também perante o fiador por to- que os fiadores respondam pelos débitos locativos até a efetiva
das as perdas e danos que este pagar, e pelos que sofrer em entrega do imóvel, subsiste a fiança no período em que referido
razão da fiança. contrato foi prorrogado, ressalvada a hipótese de exoneração do
encargo.
Art. 833. O fiador tem direito aos juros do desembolso pela 4) Havendo mais de um locatário, é válida a fiança prestada por
taxa estipulada na obrigação principal, e, não havendo taxa con- um deles em relação aos demais, o que caracteriza fiança recíp-
vencionada, aos juros legais da mora. roca.
7) A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges impli-
Art. 834. Quando o credor, sem justa causa, demorar a execução ca a ineficácia total da garantia (Súmula n. 332/STJ), salvo se o
iniciada contra o devedor, poderá o fiador promover-lhe o anda- fiador emitir declaração falsa, ocultando seu estado civil de
mento. casado.
8) A fiança prestada por fiador convivente em união estável,
Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assi- sem a outorga uxória do outro companheiro, não é nula,
nado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, fican- nem anulável.
do obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 60 dias 9) A nulidade da fiança só pode ser demandada pelo cônjuge
após a notificação do credor. que não a subscreveu ou por seus respectivos herdeiros.
10) A retirada dos sócios-fiadores, per si, não induz à exonera-
Art. 836. A obrigação do fiador PASSA AOS HERDEIROS; mas a ção automática da fiança, impondo-se, além da comunicação
responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a da alteração do quadro societário, a formulação de pedido de
morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança. exoneração das garantias mediante notificação extrajudicial ou
ação judicial própria.
Seção III 11) A decretação de falência do locatário, sem a denúncia da lo-
Da Extinção da Fiança cação, nos termos do art. 119, VII, da Lei n. 11.101/2005, não al-
Art. 837. O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe fo- tera a responsabilidade dos fiadores junto ao locador.
rem pessoais, e as extintivas da obrigação que competem ao EDIÇÃO N. 104: DA FIANÇA - II
devedor principal, se não provierem simplesmente de incapaci- 2) Admite-se a substituição da garantia em dinheiro por outro
dade pessoal, salvo o caso do mútuo feito a pessoa menor. bem ou por fiança bancária, na fase de execução ou de cumpri-
mento de sentença, em hipóteses excepcionais e desde que não
Art. 838. O fiador, AINDA QUE SOLIDÁRIO, ficará desobrigado: ocasione prejuízo ao exequente.
I - se, sem consentimento seu, o credor conceder moratória ao 3) É legal a exigência de prestação de garantia pessoal e de
devedor; comprovação da idoneidade cadastral do estudante e do res-
II - se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação nos pectivo fiador, para a celebração de contrato de financia-
seus direitos e preferências; mento estudantil vinculado ao Fundo de Financiamento Es-
III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavel- tudantil FIES.
mente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a 4) Se o fiador não participou da ação de despejo, a interrup-
lhe dar, ainda que depois venha a perdê-lo por evicção. ção da prescrição para a cobrança dos aluguéis e acessórios
não o atinge.
Art. 839. Se for invocado o benefício da excussão e o devedor, re- 5) A fiança bancária não é equiparável ao depósito integral
tardando-se a execução, cair em insolvência, ficará exonerado o do débito exequendo para fins de suspensão da exigibilida-

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de do crédito tributário, ante a taxatividade do art. 151 do Art. 847. É admissível, na transação, a pena convencional.
CTN e o teor do Enunciado Sumular n. 112 desta Corte. (Tese
julgada sob o rito do art. 543-C/1973 Tema 378) Art. 848. Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula
6) É possível a expedição de Certidão Positiva com Efeitos de Ne- será esta.
gativa CPEN, desde que a carta de fiança seja suficiente para ga- Parágrafo único. Quando a transação versar sobre diversos direi-
rantir o juízo da execução. tos contestados, independentes entre si, o fato de não prevale-
7) A substituição do depósito em dinheiro por fiança bancária na cer em relação a um não prejudicará os demais.
execução fiscal sujeita-se à anuência da Fazenda Pública, ressal-
vada a comprovação de necessidade de aplicação do princípio Art. 849. A transação só se anula por dolo, coação, ou erro es-
da menor onerosidade. sencial quanto à pessoa ou coisa controversa.
8) O levantamento da fiança bancária oferecida como garantia Parágrafo único. A transação não se anula por erro de direito a
da execução fiscal fica condicionado ao trânsito em julgado da respeito das questões que foram objeto de controvérsia entre as
respectiva ação. partes.
9) É impossível a substituição da carta-fiança por seguro-garan-
tia com prazo de validade determinado. Art. 850. É NULA a transação a respeito do litígio decidido por
10) A falta de citação do fiador para a ação de despejo isenta o sentença passada em julgado, se dela não tinha ciência algum dos
garante da responsabilidade pelas custas e pelas demais despe- transatores, ou quando, por título ulteriormente descoberto, se
sas judiciais decorrentes daquele processo, sem, entretanto, de- verificar que nenhum deles tinha direito sobre o objeto da transa-
sobrigá-lo dos encargos decorrentes do contrato de fiança. ção.
11) É válida a cláusula do contrato bancário que estabelece a
prorrogação automática da fiança com a renovação do con- CAPÍTULO XX
trato principal. Do Compromisso
Art. 851. É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial,
para resolver litígios entre pessoas que podem contratar.
CAPÍTULO XIX
Da Transação
Art. 852. É vedado compromisso para solução de questões de
Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o lití -
estado, de direito pessoal de família e de outras que não te-
gio mediante concessões mútuas.
nham caráter estritamente patrimonial.
Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado
Art. 853. Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para
se permite a transação.
resolver divergências mediante juízo arbitral, na forma estabeleci-
da em lei especial.
Art. 842. A transação far-se-á por escritura pública, nas obriga-
ções em que a lei o exige, ou por instrumento particular, nas
em que ela o admite; se recair sobre direitos contestados em SÚMULA SOBRE CONSÓRCIO
juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos autos, Súmula 35-STJ: Incide correção monetária sobre as prestações
assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz. pagas, quando de sua restituição, em virtude da retirada ou ex-
clusão do participante de plano de consórcio.
Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela Súmula 538-STJ: As administradoras de consórcio têm liberda-
não se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direi- de para estabelecer a respectiva taxa de administração, ainda
tos. que fixada em percentual superior a 10%.

Art. 844. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos


TÍTULO VII
que nela intervierem, ainda que diga respeito a coisa indivisí-
Dos Atos Unilaterais
vel.
CAPÍTULO I
§ 1o Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará
Da Promessa de Recompensa
o fiador.
Art. 854. Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a
§ 2o Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a
recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou
obrigação deste para com os outros credores.
desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o pro-
§ 3o Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue
metido.
a dívida em relação aos codevedores.
Art. 855. Quem quer que, nos termos do artigo antecedente, fizer
Art. 845. Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transi-
o serviço, ou satisfizer a condição, ainda que não pelo interesse
gentes, ou por ele transferida à outra parte, não revive a obriga-
da promessa, poderá exigir a recompensa estipulada.
ção extinta pela transação; mas ao evicto cabe o direito de re-
clamar perdas e danos.
Art. 856. Antes de prestado o serviço ou preenchida a condição,
Parágrafo único. Se um dos transigentes adquirir, depois da tran-
pode o promitente revogar a promessa, contanto que o faça com
sação, novo direito sobre a coisa renunciada ou transferida, a
a mesma publicidade; se houver assinado prazo à execução da
transação feita não o inibirá de exercê-lo.
tarefa, entender-se-á que renuncia o arbítrio de retirar, du-
rante ele, a oferta.
Art. 846. A transação concernente a obrigações resultantes de
Parágrafo único. O candidato de boa-fé, que houver feito des-
delito NÃO EXTINGUE A AÇÃO PENAL PÚBLICA.
pesas, terá direito a reembolso.

8
Art. 857. Se o ato contemplado na promessa for praticado por Art. 868. O gestor responde pelo caso fortuito quando fizer
mais de um indivíduo, terá direito à recompensa o que primei- operações arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las,
ro o executou. ou quando preterir interesse deste em proveito de interesses
seus.
Art. 858. Sendo simultânea a execução, a cada um tocará qui- Parágrafo único. Querendo o dono aproveitar-se da gestão, será
nhão igual na recompensa; se esta não for divisível, conferir-se-á obrigado a indenizar o gestor das despesas necessárias, que tiver
por sorteio, e o que obtiver a coisa dará ao outro o valor de seu feito, e dos prejuízos, que por motivo da gestão, houver sofrido.
quinhão.
Art. 869. Se o negócio for utilmente administrado, cumprirá ao
Art. 859. Nos concursos que se abrirem com promessa pública dono as obrigações contraídas em seu nome, reembolsando ao
de recompensa, é condição essencial, para valerem, a fixação gestor as despesas necessárias ou úteis que houver feito, com
de um prazo, observadas também as disposições dos parágrafos os juros legais, desde o desembolso, respondendo ainda pelos
seguintes. prejuízos que este houver sofrido por causa da gestão.
§ 1o A decisão da pessoa nomeada, nos anúncios, como juiz, obri- § 1o A utilidade, ou necessidade, da despesa, apreciar-se-á não
ga os interessados. pelo resultado obtido, mas segundo as circunstâncias da oca-
§ 2o Em falta de pessoa designada para julgar o mérito dos traba- sião em que se fizerem.
lhos que se apresentarem, entender-se-á que o promitente se re- § 2o Vigora o disposto neste artigo, ainda quando o gestor, em
servou essa função. erro quanto ao dono do negócio, der a outra pessoa as contas da
§ 3o Se os trabalhos tiverem mérito igual, proceder-se-á de acor- gestão.
do com os arts. 857 e 858.
Art. 870. Aplica-se a disposição do artigo antecedente, quando a
Art. 860. As obras premiadas, nos concursos de que trata o artigo gestão se proponha a acudir a prejuízos iminentes, ou redunde
antecedente, só ficarão pertencendo ao promitente, se assim for em proveito do dono do negócio ou da coisa; mas a indenização
estipulado na publicação da promessa. ao gestor não excederá, em importância, as vantagens obti-
das com a gestão.
CAPÍTULO II
Da Gestão de Negócios Art. 871. Quando alguém, na ausência do indivíduo obrigado a
Art. 861. Aquele que, sem autorização do interessado, intervém alimentos, por ele os prestar a quem se devem, poder-lhes-á
na gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e reaver do devedor a importância, AINDA QUE ESTE NÃO RA-
a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a este e TIFIQUE O ATO.
às pessoas com que tratar.
Art. 872. Nas despesas do enterro, proporcionadas aos usos locais
Art. 862. Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou e à condição do falecido, feitas por terceiro, podem ser cobradas
presumível do interessado, responderá o gestor até pelos casos da pessoa que teria a obrigação de alimentar a que veio a falecer ,
fortuitos, não provando que teriam sobrevindo, ainda quando ainda mesmo que esta não tenha deixado bens.
se houvesse abatido. Parágrafo único. Cessa o disposto neste artigo e no antecedente,
em se provando que o gestor fez essas despesas com o simples
Art. 863. No caso do artigo antecedente, se os prejuízos da gestão intento de bem-fazer.
excederem o seu proveito, poderá o dono do negócio exigir que
o gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou o indenize da di- Art. 873. A ratificação pura e simples do dono do negócio re-
ferença. troage ao dia do começo da gestão, e produz todos os efeitos
do mandato.
Art. 864. Tanto que se possa, comunicará o gestor ao dono do ne-
gócio a gestão que assumiu, aguardando-lhe a resposta, se da es- Art. 874. Se o dono do negócio, ou da coisa, desaprovar a gestão,
pera não resultar perigo. considerando-a contrária aos seus interesses, vigorará o disposto
nos arts. 862 e 863, salvo o estabelecido nos arts. 869 e 870.
Art. 865. Enquanto o dono não providenciar, velará o gestor pelo
negócio, até o levar a cabo, esperando, se aquele falecer durante Art. 875. Se os negócios alheios forem conexos ao do gestor, de
a gestão, as instruções dos herdeiros, sem se descuidar, entretan- tal arte que se não possam gerir separadamente, haver-se-á o
to, das medidas que o caso reclame. gestor por sócio daquele cujos interesses agenciar de envolta
com os seus.
Art. 866. O gestor envidará toda sua diligência habitual na admi- Parágrafo único. No caso deste artigo, aquele em cujo benefício
nistração do negócio, ressarcindo ao dono o prejuízo resultante interveio o gestor só é obrigado na razão das vantagens que lo-
de qualquer culpa na gestão. grar.

Art. 867. Se o gestor se fizer substituir por outrem, responderá CAPÍTULO III
pelas faltas do substituto, ainda que seja pessoa idônea, sem Do Pagamento Indevido
prejuízo da ação que a ele, ou ao dono do negócio, contra ela Art. 876. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica
possa caber. obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que rece-
Parágrafo único. Havendo mais de um gestor, solidária será a be dívida condicional antes de cumprida a condição.
sua responsabilidade.

9
Art. 877. Àquele que voluntariamente pagou o indevido incum- Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido
be a prova de tê-lo feito por erro. causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta dei-
xou de existir.
Art. 878. Aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações sobre-
vindas à coisa dada em pagamento indevido, aplica-se o disposto Art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei
neste Código sobre o possuidor de boa-fé ou de má-fé, conforme conferir ao lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo
o caso. sofrido.

Art. 879. Se aquele que indevidamente recebeu um imóvel o ti- JDC36 O art. 886 do novo Código Civil não exclui o direito à
ver alienado em boa-fé, por título oneroso, responde somente restituição do que foi objeto de enriquecimento sem causa nos
pela quantia recebida; mas, se agiu de má-fé, além do valor do casos em que os meios alternativos conferidos ao lesado en-
imóvel, responde por perdas e danos. contram obstáculos de fato
Parágrafo único. Se o imóvel foi alienado por título gratuito, ou
se, alienado por título oneroso, o terceiro adquirente agiu de
TÍTULO VIII
má-fé, cabe ao que pagou por erro o direito de reivindicação.
Dos Títulos de Crédito

Art. 880. Fica isento de restituir pagamento indevido aquele PRINCÍPIOS


que, recebendo-o como parte de dívida verdadeira, inutilizou O direito de crédito mencionado na cár-
o título, deixou prescrever a pretensão ou abriu mão das ga- tula não existe sem ela, não pode ser
rantias que asseguravam seu direito; mas aquele que pagou transmitido sem a sua tradição e não
dispõe de ação regressiva contra o verdadeiro devedor e seu CARTULARIDADE pode ser exigido sem a sua apresenta-
fiador. ção.
DESMATERIALIZAÇÃO OU LIQUEFAÇÃO
Art. 881. Se o pagamento indevido tiver consistido no desem- DOS TÍTULOS DE CRÉDITO: crescente cri-
penho de obrigação de fazer ou para eximir-se da obrigação ação de títulos de crédito magnéticos.
de não fazer, aquele que recebeu a prestação fica na obriga-
ção de indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro obtido. LITERALIDADE Só terá validade para o direito cambiário,
aquilo que está literalmente escrito no tí-
Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida tulo.
prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível. As relações jurídico cambiais são autôno-
mas e independentes entre si.
Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma Subprincípios:
coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei. AUTONOMIA -Abstração: com a circulação, o título se
Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá desvincula da relação que lhe deu origem.
em favor de estabelecimento local de beneficência, a critério - Inoponibilidade das exceções pessoais
do juiz. ao terceiro de boa fé: para o credor pri-
mitivo é possível apresentar a exceção
CAPÍTULO IV pessoal, mas não pode para o terceiro de
Do Enriquecimento Sem Causa boa fé.
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de
outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido,
CAPÍTULO I
feita a atualização dos valores monetários.
Disposições Gerais
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa de-
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício
terminada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a
do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efei-
coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do
to quando preencha os requisitos da lei.
bem na época em que foi exigido.
Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao es-
JDC35 A expressão “se enriquecer à custa de outrem” do art. crito a sua validade como título de crédito, não implica a invali-
884 do novo Código Civil não significa, necessariamente, que dade do negócio jurídico que lhe deu origem.
deverá haver empobrecimento.
JDC188 A existência de negócio jurídico válido e eficaz é, Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indi -
em regra, uma justa causa para o enriquecimento. cação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emiten-
JDC42 A transação, sem a participação do advogado credor dos te.
honorários, é ineficaz quanto aos honorários de sucumbência § 1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação
definidos no julgado. de vencimento.
JDC620 A obrigação de restituir o lucro da intervenção, enten- § 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando
dido como a vantagem patrimonial auferida a partir da explo- não indicado no título, o domicílio do emitente.
ração não autorizada de bem ou direito alheio, fundamenta-se § 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em
na vedação do enriquecimento sem causa. computador ou meio técnico equivalente e que constem da escri-
turação do emitente, observados os requisitos mínimos previstos
neste artigo.

10
Art. 890. Consideram-se NÃO ESCRITAS no título a cláusula de Parágrafo único. Pagando, pode o devedor exigir do credor, além
juros, a proibitiva de endosso, a excludente de responsabili- da entrega do título, quitação regular.
dade pelo pagamento ou por despesas, a que dispense a ob-
servância de termos e formalidade prescritas, e a que, além Art. 902. Não é o credor obrigado a receber o pagamento antes
dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obri- do vencimento do título, e aquele que o paga, antes do venci-
gações. mento, fica responsável pela validade do pagamento.
§ 1o No vencimento, não pode o credor recusar pagamento,
Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, ainda que parcial.
deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados. § 2o No caso de pagamento parcial, em que se não opera a tradi-
Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste ção do título, além da quitação em separado, outra deverá ser fir-
artigo pelos que deles participaram, não constitui motivo de opo- mada no próprio título.
sição ao terceiro portador, salvo se este, ao adquirir o título, tiver
agido de má-fé. Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os tí-
tulos de crédito pelo disposto neste Código.
Art. 892. Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo os que tem,
lança a sua assinatura em título de crédito, como mandatário ou CAPÍTULO II
representante de outrem, fica pessoalmente obrigado, e, pagan- Do Título ao Portador
do o título, tem ele os mesmos direitos que teria o suposto man - Art. 904. A transferência de título ao portador se faz por simples
dante ou representado. tradição.

Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos Art. 905. O possuidor de título ao portador tem direito à presta-
os direitos que lhe são inerentes. ção nele indicada, mediante a sua simples apresentação ao deve-
dor.
Art. 894. O portador de título representativo de mercadoria tem o Parágrafo único. A prestação é devida ainda que o título tenha
direito de transferi-lo, de conformidade com as normas que regu- entrado em circulação contra a vontade do emitente.
lam a sua circulação, ou de receber aquela independentemente
de quaisquer formalidades, além da entrega do título devidamen- Art. 906. O devedor só poderá opor ao portador exceção fundada
te quitado. em direito pessoal, ou em nulidade de sua obrigação.

Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só Art. 907. É NULO o título ao portador emitido sem autorização de
ele poderá ser dado em garantia, ou ser objeto de medidas lei especial.
judiciais, e não, separadamente, os direitos ou mercadorias
que representa. Art. 908. O possuidor de título dilacerado, porém identificável,
tem direito a obter do emitente a substituição do anterior, medi-
Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do porta- ante a restituição do primeiro e o pagamento das despesas.
dor que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que
disciplinam a sua circulação. Art. 909. O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for in-
justamente desapossado dele, poderá obter novo título em juízo,
Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obri- bem como impedir sejam pagos a outrem capital e rendimentos.
gação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval. Parágrafo único. O pagamento, feito antes de ter ciência da ação
Parágrafo único. É VEDADO o AVAL PARCIAL. referida neste artigo, exonera o devedor, salvo se se provar que
ele tinha conhecimento do fato.
Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do pró-
prio título. CAPÍTULO III
§ 1o Para a validade do aval, dado no anverso do título, é sufici- Do Título À Ordem
ente a simples assinatura do avalista. Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso
§ 2o Considera-se não escrito o aval cancelado. ou anverso do próprio título.
§ 1o Pode o endossante designar o endossatário, e para validade
Art. 899. O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na falta do endosso, dado no verso do título, é suficiente a simples as-
de indicação, ao emitente ou devedor final. sinatura do endossante.
§ 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o § 2o A transferência por endosso completa-se com a tradição
seu avalizado e demais coobrigados anteriores. do título.
§ 2o Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a § 3o Considera-se não escrito o endosso cancelado, total ou
obrigação daquele a quem se equipara, a menos que a nulidade parcialmente.
decorra de vício de forma.
Art. 911. Considera-se legítimo possuidor o portador do título à
Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efei- ordem com série regular e ininterrupta de endossos, ainda que o
tos do anteriormente dado. último seja em branco.
Parágrafo único. Aquele que paga o título está obrigado a verifi-
Art. 901. Fica validamente desonerado o devedor que paga título car a regularidade da série de endossos, mas não a autentici-
de crédito ao legítimo portador, no vencimento, sem oposição, dade das assinaturas.
salvo se agiu de má-fé.

11
Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condi-
ção a que o subordine o endossante. Art. 923. O título nominativo também pode ser transferido por
Parágrafo único. É NULO o ENDOSSO PARCIAL. endosso que contenha o nome do endossatário.
§ 1o A transferência mediante endosso só tem eficácia perante
Art. 913. O endossatário de endosso em branco pode mudá-lo o emitente, uma vez feita a competente averbação em seu re-
para endosso em preto, completando-o com o seu nome ou de gistro, podendo o emitente exigir do endossatário que comprove
terceiro; pode endossar novamente o título, em branco ou em a autenticidade da assinatura do endossante.
preto; ou pode transferi-lo sem novo endosso. § 2o O endossatário, legitimado por série regular e ininterrupta de
endossos, tem o direito de obter a averbação no registro do emi-
Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do tente, comprovada a autenticidade das assinaturas de todos os
endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da pres- endossantes.
tação constante do título. § 3o Caso o título original contenha o nome do primitivo proprie-
§ 1o Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante tário, tem direito o adquirente a obter do emitente novo título,
se torna devedor solidário. em seu nome, devendo a emissão do novo título constar no re-
§ 2o Pagando o título, tem o endossante ação de regresso contra gistro do emitente.
os coobrigados anteriores.
Art. 924. Ressalvada proibição legal, pode o título nominativo ser
Art. 915. O devedor, além das exceções fundadas nas relações transformado à ordem ou ao portador, a pedido do proprietário e
pessoais que tiver com o portador, só poderá opor a este as exce- à sua custa.
ções relativas à forma do título e ao seu conteúdo literal, à falsi-
dade da própria assinatura, a defeito de capacidade ou de repre- Art. 925. Fica desonerado de responsabilidade o emitente que de
sentação no momento da subscrição, e à falta de requisito neces- boa-fé fizer a transferência pelos modos indicados nos artigos an-
sário ao exercício da ação. tecedentes.

Art. 916. As exceções, fundadas em relação do devedor com os Art. 926. Qualquer negócio ou medida judicial, que tenha por ob-
portadores precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao jeto o título, só produz efeito perante o emitente ou terceiros,
portador, se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé. uma vez feita a competente averbação no registro do emiten-
te.
Art. 917. A cláusula constitutiva de mandato, lançada no endosso,
confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao títu- SÚMULAS SOBRE TÍTULOS DE CRÉDITO
lo, salvo restrição expressamente estatuída.
§ 1o O endossatário de endosso-mandato só pode endossar no- STF
vamente o título na qualidade de procurador, com os mesmos Súmula 189-STF: Avais em branco e superpostos consideram-
poderes que recebeu. se simultâneos e não sucessivos
§ 2o Com a morte ou a superveniente incapacidade do endos- Súmula 387-STF: A cambial emitida ou aceita com omissões, ou
sante, NÃO PERDE EFICÁCIA o endosso-mandato. em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da
§ 3o Pode o devedor opor ao endossatário de endosso-mandato cobrança ou do protesto.
somente as exceções que tiver contra o endossante. Súmula 600-STF: Cabe ação executiva contra o emitente e seus
avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no
Art. 918. A cláusula constitutiva de penhor, lançada no endosso, prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária.
confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao títu-
lo. STJ
§ 1o O endossatário de endosso-penhor só pode endossar no- Súmula 16-STJ: A legislação ordinária sobre crédito rural não
vamente o título na qualidade de procurador. veda a incidência da correção monetária.
§ 2o Não pode o devedor opor ao endossatário de endosso- Súmula 26-STJ: O avalista do título de crédito vinculado a con-
penhor as exceções que tinha contra o endossante, salvo se trato de mútuo também responde pelas obrigações pactuadas,
aquele tiver agido de má-fé. quando no contrato figurar como devedor solidário.
Súmula 60-STJ: É nula a obrigação cambial assumida por pro-
Art. 919. A aquisição de título à ordem, por meio diverso do en- curador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo inte-
dosso, tem efeito de cessão civil. resse deste.
Súmula 93-STJ: A legislação sobre cédulas de crédito rural, co-
Art. 920. O endosso posterior ao vencimento produz os mesmos mercial e industrial admite o pacto de capitalização de juros.
efeitos do anterior. Súmula 299-STJ: É admissível a ação monitória fundada em
cheque prescrito.
CAPÍTULO IV Súmula 370-STJ: Caracteriza dano moral a apresentação an-
Do Título Nominativo tecipada de cheque pré-datado.
Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo Súmula 475-STJ: Responde pelos danos decorrentes de pro-
nome conste no registro do emitente. testo indevido o endossatário que recebe por endosso trans-
lativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou
Art. 922. Transfere-se o título nominativo mediante termo, em intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os
registro do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquiren- endossantes e avalistas.
te. Súmula 476-STJ: O endossatário de título de crédito por en-

12
dosso-mandato só responde por danos decorrentes de pro- inicial de contagem a data consignada no espaço reservado para
testo indevido se extrapolar os poderes de mandatário. a emissão da cártula. (Tese julgada sob o rito do art. 1.036 do
Súmula 503-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória CPC/2015 - Tema 945)
em face do emitente de CHEQUE sem força executiva é quin- 4) A relação jurídica subjacente ao cheque (causa debendi)
quenal, a contar do DIA SEGUINTE À DATA DE EMISSÃO es- poderá ser discutida nos casos em que não houver a
tampada na cártula. circulação do título.
Súmula 504-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória 5) O negócio jurídico subjacente à emissão do cheque pode
em face do emitente de NOTA PROMISSÓRIA sem força execu- ser discutido em sede de embargos monitórios.
tiva é quinquenal, a contar do DIA SEGUINTE AO VENCIMEN- 6) A investigação da causa debendi é admitida nas hipóteses em
TO do título. que o cheque é dado como garantia, bem como nos casos em
Súmula 531-STJ: Em ação monitória fundada em cheque pres- que o negócio jurídico subjacente for constituído em flagrante
crito ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao desrespeito à ordem jurídica.
negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. 7) A ação de locupletamento ilícito (art. 61 da Lei n.
7.357/1985) não exige comprovação da causa debendi e
deve ser proposta no prazo de até dois anos contados do fim
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
do prazo prescricional da execução do cheque.
EDIÇÃO N. 56: TÍTULOS DE CRÉDITO 8) A ação de cobrança prevista no artigo 62 da Lei n. 7357/85
1) Os títulos de crédito com força executiva podem ser está fundamentada na relação jurídica subjacente ao cheque,
cobrados por meio de processo de conhecimento, execução sendo imprescindível a comprovação da causa debendi.
ou ação monitória. 9) O foro competente para a execução do cheque é o local do
2) O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do pagamento - lugar onde se situa a agência bancária em que
devedor principal do título de crédito prescrito é quinquenal o emitente mantém sua conta corrente - sendo irrelevantes
nos termos do art. 206, § 5º, I, do Código Civil, os locais de domicílio do autor e do réu.
independetemente da relação jurídica fundamental. 10) O banco sacado não responde pela emissão de cheques
3) As duplicatas virtuais possuem força executiva, desde que sem fundos que geram prejuízos a terceiros.
acompanhadas dos instrumentos de protesto por indicação e 11) É indevida a inscrição do nome do cotitular de conta
dos comprovantes de entrega da mercadoria e da prestação bancária conjunta nos órgãos de proteção ao crédito se este não
do serviço. emitiu o cheque sem provisão de fundos.
4) O devedor do título crédito não pode opor contra o 12) A instituição financeira é responsável pelos danos
endossatário as exceções pessoais que possuía em face do resultantes de extravio de talonários de cheques utilizados
credor originário, limitando-se tal defesa aos aspectos formais fraudulentamente por terceiros.
e materiais do título, salvo na hipótese de má-fé. 13) O estabelecimento bancário não está obrigado a verificar
5) O devedor pode alegar contra a empresa de factoring as a autenticidade das assinaturas dos endossantes, mas tem o
exceções pessoais originalmente oponíveis contra o emitente do dever de atestar a regularidade formal da cadeia de
título. endossos.
8) O avalista não responde por dívida estabelecida em título 14) O protesto de cheque pode ser efetuado após o prazo de
de crédito prescrito, salvo se comprovado que auferiu apresentação, desde que não escoado o lapso prescricional da
benefício com a dívida. pretensão executória dirigida contra o emitente (protesto
9) É válido o aval prestado por pessoa física nas cédulas de facultativo).
crédito rural, pois a vedação contida no § 3º do art. 60 do 15) A pretensão executiva do cheque dirigida contra os
Decreto-Lei n. 167/67 não alcança o referido título, sendo endossantes deve ser precedida de protesto realizado dentro do
aplicável apenas às notas promissórias e duplicatas rurais. prazo de apresentação (protesto obrigatório).
10) A autonomia do aval não se confunde com a abstração 19) É razoável o valor da compensação por danos morais fixado
do título de crédito e, portanto, independe de sua circulação. em até 50 salários mínimos para a hipótese de devolução
11) É indevido o protesto de título de crédito prescrito. indevida de cheque.
14) O protesto indevido de título enseja indenização por 20) Os juros moratórios decorrentes de dívidas representadas
dano moral que se configura in re ipsa. em cheque devem ser fixados a partir da data da primeira apre-
15) A prescrição da pretensão executória de título cambial sentação do título para pagamento, independentemente da co-
não enseja o cancelamento automático de anterior protesto brança ter sido buscada por meio de ação monitória.
regularmente lavrado e registrado.
16) Incumbe ao devedor providenciar o cancelamento do
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
protesto após a quitação da dívida, salvo pactuação expressa em
contrário. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 -
Tema 725) Seção V
17) A vinculação da nota promissória a um contrato retira- Da Coisa Julgada
lhe a autonomia de título cambial, mas não a sua Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que
executoriedade, desde que a avença seja liquida, certa e torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais su-
exigível. jeita a recurso.

EDIÇÃO N. 62: CHEQUE


FPPC436. (arts. 502 e 506) Preenchidos os demais pressupostos,
1) Os prazos de apresentação e de prescrição (arts. 33 e 59 da
a decisão interlocutória e a decisão unipessoal (monocrática)
Lei n. 7.357/85) nos cheques pós-datados possuem como termo
são suscetíveis de fazer coisa julgada

13
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, conside-
tem força de lei nos limites da questão principal expressa- rar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defe-
mente decidida. sas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à
§ 1o O disposto no caput APLICA-SE À RESOLUÇÃO DE QUES- rejeição do pedido.
TÃO PREJUDICIAL, decidida expressa e incidentemente no
processo, se: CAPÍTULO XIV
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quan-
NÃO SE APLICANDO NO CASO DE REVELIA; tia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pes- credor ou do devedor:
soa para resolvê-la como questão principal. I - por ARBITRAMENTO, quando determinado pela sentença,
§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver res- convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto
trições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o da liquidação;
aprofundamento da análise da questão prejudicial. II - pelo PROCEDIMENTO COMUM, quando houver necessidade
de alegar e provar fato novo.
FPPC165. (art. 503, §§1º e 2º) A análise de questão prejudicial § 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra
incidental, desde que preencha os pressupostos dos parágrafos ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execu-
do art. 503, está sujeita à coisa julgada, independentemente ção daquela (líquida) e, EM AUTOS APARTADOS, a liquidação
de provocação específica para o seu reconhecimento desta (ilíquida).
FPPC313. (art. 503, §§1º e §2º) São cumulativos os pressupostos § 2o Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo
previstos nos §1º e seus incisos, observado o §2º do art. 503. aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumpri-
FPPC437. (arts. 503, § 1º, 19) A coisa julgada sobre a questão mento da sentença.
prejudicial incidental se limita à existência, inexistência ou § 3o O CNJ desenvolverá e colocará à disposição dos interessados
modo de ser de situação jurídica, e à autenticidade ou falsi- programa de atualização financeira.
dade de documento § 4o Na liquidação é VEDADO discutir de novo a lide ou modifi-
FPPC438. (art. 503, §1º) É desnecessário que a resolução ex- car a sentença que a julgou.
pressa da questão prejudicial incidental esteja no dispositi-
vo da decisão para ter aptidão de fazer coisa julgada. Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes
FPPC439. (art. 503, §§ 1º e 2º) Nas causas contra a Fazenda Pú- para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no
blica, além do preenchimento dos pressupostos previstos no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará peri-
art. 503, §§ 1º e 2º, a coisa julgada sobre a questão prejudicial to, observando-se, no que couber, o procedimento da prova peri-
incidental depende de remessa necessária, quando for o cial.
caso.
FPPC638. (arts.503, §1º, 506 e 115, I) A formação de coisa julga- Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz deter-
da sobre questão prejudicial incidental, cuja resolução como minará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou
principal exigiria a formação de litisconsórcio necessário da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, queren-
unitário, pressupõe contraditório efetivo por todos os legi- do, apresentar contestação no prazo de 15 dias, observando-se,
timados, observada a parte final do art. 506. a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial
deste Código.
Art. 504. Não fazem coisa julgada:
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance
Art. 512. A liquidação poderá ser realizada na pendência de
da parte dispositiva da sentença;
recurso, processando-se em autos apartados no juízo de ori-
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sen-
gem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das
tença.
peças processuais pertinentes.
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decidi-
TÍTULO II
das relativas à mesma lide, salvo:
DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobre-
CAPÍTULO I
veio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que
DISPOSIÇÕES GERAIS
poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as re-
II - nos demais casos prescritos em lei.
gras deste Título, observando-se, no que couber e conforme a na-
tureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é
Código.
dada, não prejudicando terceiros.
§ 1o O cumprimento da sentença que reconhece o DEVER DE
PAGAR QUANTIA, provisório ou definitivo, far-se-á a requeri-
JDPC36 O disposto no art. 506 do CPC não permite que se inclu- mento do exequente.
am, dentre os beneficiados pela coisa julgada, litigantes de ou- § 2o O devedor será intimado para cumprir a sentença:
tras demandas em que se discuta a mesma tese jurídica. I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituí-
do nos autos;
Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as ques-
tões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão.

14
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal
pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de
constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV; acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o do art. 246, Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente
não tiver procurador constituído nos autos poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juí-
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido re- zo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou
vel na fase de conhecimento. pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer
§ 3o Na hipótese do § 2o, incisos II e III, considera-se realizada a in- ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo
timação quando o devedor houver mudado de endereço sem será solicitada ao juízo de origem.
prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo
único do art. 274. FPPC440. (arts. 516, III e 515, IX). O art. 516, III e o seu parágrafo
§ 4o Se o requerimento a que alude o § 1o for formulado após 1 único aplicam-se à execução de decisão interlocutória es-
ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação será fei- trangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória.
ta na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de re -
cebimento encaminhada ao endereço constante dos autos,
Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser
observado o disposto no parágrafo único do art. 274 e no § 3 o
levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o
deste artigo.
prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.
§ 5o O cumprimento da sentença NÃO PODERÁ ser promovido
§ 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar
em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não
certidão de teor da decisão.
tiver participado da fase de conhecimento.
§ 2o A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo
de 3 dias e indicará o nome e a qualificação do exequente e do
Art. 514. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição
executado, o número do processo, o valor da dívida e a data de
ou termo, o cumprimento da sentença dependerá de demonstra-
decurso do prazo para pagamento voluntário.
ção de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo.
§ 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para im-
pugnar a decisão exequenda pode requerer, a suas expensas e
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-
sob sua responsabilidade, a anotação da propositura da ação
se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:
à margem do título protestado.
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a
§ 4o A requerimento do executado, o protesto será cancelado
exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não
por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao car-
fazer ou de entregar coisa;
tório, no prazo de 3 dias, contado da data de protocolo do re-
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
querimento, desde que comprovada a satisfação integral da
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de
obrigação.
qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação
Art. 518. TODAS as questões relativas à validade do procedimen-
ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular
to de cumprimento da sentença e dos atos executivos subse-
ou universal;
quentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios au-
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumen-
tos e nestes serão decididas pelo juiz.
tos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
Art. 519. Aplicam-se as disposições relativas ao cumprimento da
VII - a sentença arbitral;
sentença, provisório ou definitivo, e à liquidação, no que couber,
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo STJ;
às decisões que concederem tutela provisória.
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do
exequatur à carta rogatória pelo STJ;
CAPÍTULO II
§ 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo
DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA QUE RECO-
cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no
NHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA
prazo de 15 dias.
CERTA
§ 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por
ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido
recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mes-
deduzida em juízo.
ma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao se-
FPPC527. (art. 515, inc. V; art. 784, inc. X e XI) Os créditos referi - guinte regime:
dos no art. 515, inc. V, e no art. 784, inc. X e XI do CPC-2015 I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que
constituídos ao tempo do CPC-1973 são passíveis de execução se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que
de título judicial e extrajudicial, respectivamente. o executado haja sofrido;
JDPC85 Na execução de título extrajudicial ou judicial (art. 515, § II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anu-
1º, do CPC) é cabível a citação postal. le a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao
JDPC87 O acordo de reparação de danos feito durante a sus- estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos
pensão condicional do processo, desde que devidamente autos;
homologado por sentença, é título executivo judicial. III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modifica-
da ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: execução;
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; que importem transferência de posse ou alienação de proprieda-

15
de ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave
dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, CAPÍTULO III
arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE RECONHE-
§ 1o No cumprimento provisório da sentença, o executado po- CE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CER-
derá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art. 525. TA
§ 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1 o do art. 523 Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixa-
são devidos no cumprimento provisório de sentença conde- da em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontro-
natória ao pagamento de quantia certa. versa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a reque-
§ 3o Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o rimento do exequente, sendo o executado intimado para pa-
valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será ha- gar o débito, no prazo de 15 dias, acrescido de custas, se hou-
vido como incompatível com o recurso por ele interposto. ver.
§ 4o A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não § 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo de 15
implica o desfazimento da transferência de posse ou da alie- dias, o débito será acrescido de multa de 10% e, também, de
nação de propriedade ou de outro direito real eventualmente honorários de advogado de 10%.
já realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuí- § 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo de 15 dias, a multa
zos causados ao executado. e os honorários previstos no § 1o incidirão sobre o restante.
§ 5o Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obri- § 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário,
gação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se, no que será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação,
couber, o disposto neste Capítulo. seguindo-se os atos de expropriação.

FPPC528. (art. 520, §2º; art. 523, §1º) No cumprimento provisório FPPC529. (art. 523; art. 133; art. 134; art. 828; art. 799) As averba-
de sentença por quantia certa iniciado na vigência do CPC-1973, ções previstas nos arts. 799, IX e 828 são aplicáveis ao cumpri-
sem garantia da execução, deve o juiz, após o início de vigência mento de sentença.
do CPC-2015 e a requerimento do exequente, intimar o executa- JDPC Conta-se em dias úteis o prazo do caput do art. 523 do
do nos termos dos arts. 520, §2º, 523, §1º e 525, caput. CPC.
JDPC88 A caução prevista no inc. IV do art. 520 do CPC não JDPC92 A intimação prevista no caput do art. 523 do CPC deve
pode ser exigida em cumprimento definitivo de sentença. contemplar, expressamente, o prazo sucessivo para impug-
Considera-se como tal o cumprimento de sentença transitada nar o cumprimento de sentença.
em julgado no processo que deu origem ao crédito executado,
ainda que sobre ela penda impugnação destituída de efeito sus- Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com
pensivo. demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a
CJF 136: A caução exigível em cumprimento provisório de petição conter:
sentença poderá ser dispensada se o julgado a ser cumprido I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pes-
estiver em consonância com tese firmada em IAC soas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exe-
quente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1 o a
Art. 521. A CAUÇÃO prevista no inciso IV do art. 520 PODERÁ 3o ;
SER DISPENSADA nos casos em que: II - o índice de correção monetária adotado;
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
sua origem; IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção mone-
II - o credor demonstrar situação de necessidade; tária utilizados;
III – pender o agravo do art. 1.042; V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realiza-
consonância com súmula da jurisprudência do STF ou do STJ dos;
ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possí-
de casos repetitivos. vel.
Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando § 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente
da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de exceder os limites da condenação, a execução será iniciada pelo
difícil ou incerta reparação. valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância
que o juiz entender adequada.
Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido § 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de con-
por petição dirigida ao juízo competente. tabilista do juízo, que terá o prazo máximo de 30 dias para efe-
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será tuá-la, exceto se outro lhe for determinado.
acompanhada de cópias das seguintes peças do processo, cuja § 3o Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados
autenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá-
sob sua responsabilidade pessoal: los, sob cominação do crime de desobediência.
I - decisão exequenda; § 4o Quando a complementação do demonstrativo depender de
II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito sus- dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a reque-
pensivo; rimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 dias
III - procurações outorgadas pelas partes; para o cumprimento da diligência.
IV - decisão de habilitação, se for o caso; § 5o Se os dados adicionais a que se refere o § 4 o não forem apre-
V - facultativamente, outras peças processuais consideradas ne- sentados pelo executado, sem justificativa, no prazo designado,
cessárias para demonstrar a existência do crédito.

16
reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples
apenas com base nos dados de que dispõe. petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de
15 dias para formular esta arguição, contado da comprovada
JDPC91 Interpreta-se o art. 524 do CPC e seus parágrafos no ciência do fato ou da intimação do ato.
sentido de permitir que a parte patrocinada pela Defensoria § 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1 o deste artigo,
Pública continue a valer-se da contadoria judicial para ela- CONSIDERA-SE também INEXIGÍVEL a obrigação reconhecida
borar cálculos para execução ou cumprimento de sentença. em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo
considerado inconstitucional pelo STF, ou fundado em aplica-
ção ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo STF
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 (15 dias)
como incompatível com a Constituição Federal, em controle de
sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 dias para
constitucionalidade concentrado ou difuso.
que o executado, INDEPENDENTEMENTE de penhora ou nova
§ 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do STF poderão
intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
ser modulados no tempo, em atenção à segurança jurídica.
§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:
§ 14. A decisão do STF referida no § 12 DEVE SER ANTERIOR ao
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o
trânsito em julgado da decisão exequenda.
processo correu à revelia;
§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida APÓS o trânsi-
II - ilegitimidade de parte;
to em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória,
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
cujo prazo será CONTADO DO TRÂNSITO EM JULGADO DA
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
DECISÃO PROFERIDA PELO STF.
V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como FPPC56. (art. 525, § 1º, VII) É cabível alegação de causa modifica-
pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, des- tiva ou extintiva da obrigação na impugnação de executado,
de que supervenientes à sentença. desde que tenha ocorrido após o início do julgamento da apela-
§ 2o A alegação de impedimento ou suspeição observará o dis- ção, e, uma vez alegada pela parte, tenha o tribunal superior se
posto nos arts. 146 e 148. recusado ou omitido de apreciá-la.
§ 3o Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229 (prazo em FPPC57. (art. 525, § 1º, VII; art. 535, VI) A prescrição prevista nos
dobro para litisconsortes com procuradores diferentes). arts. 525, § 1º, VII e 535, VI, é exclusivamente da pretensão
§ 4o Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de executiva.
execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, FPPC58. (Art. 525, §§ 12 e 13; Art. 535, §§ 5º e 6º) As decisões de
cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, inconstitucionalidade a que se referem os art. 525, §§ 12 e 13 e
apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu art. 535 §§ 5º e 6º devem ser proferidas pelo plenário do STF.
cálculo. JDPC94 Aplica-se o procedimento do art. 920 do CPC à impug-
§ 5o Na hipótese do § 4 o, não apontado o valor correto ou não nação ao cumprimento de sentença, com possibilidade de rejei-
apresentado o demonstrativo, a impugnação será liminarmente ção liminar nas hipóteses dos arts. 525, § 5º, e 918 do CPC.
rejeitada, se o excesso de execução for o seu único funda- JDPC95 O juiz, antes de rejeitar liminarmente a impugnação
mento, ou, se houver outro, a impugnação será processada, mas ao cumprimento de sentença (art. 525, § 5º, do CPC), deve
o juiz não examinará a alegação de excesso de execução. intimar o impugnante para sanar eventual vício, em obser-
§ 6o A apresentação de impugnação NÃO IMPEDE a prática vância ao dever processual de cooperação (art. 6º do CPC).
dos atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o FPPC176. (art. 525, § 13) Compete exclusivamente ao STF mo-
juiz, a requerimento do executado e DESDE QUE GARANTIDO dular os efeitos da decisão prevista no § 13 do art. 525.
O JUÍZO com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir- FPPC531. (art. 525, §§ 6º e 11) É possível, presentes os pressu-
lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e postos do § 6º do art. 525, a concessão de efeito suspensivo
se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível à simples petição em que se alega fato superveniente ao
de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta repara- término do prazo de oferecimento da impugnação ao cum-
ção. primento de sentença.
§ 7o A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6o FPPC530. (art. 525). Após a entrada em vigor do CPC-2015, o
NÃO IMPEDIRÁ a efetivação dos atos de substituição, de re- juiz deve intimar o executado para apresentar impugnação ao
forço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens cumprimento de sentença, em 15 dias, ainda que sem depósito,
§ 8o Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser penhora ou caução, caso tenha transcorrido o prazo para cum-
respeito apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá primento espontâneo da obrigação na vigência do CPC-1973 e
quanto à parte restante. não tenha àquele tempo garantido o juízo.
§ 9o A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida FPPC586. (arts.525; 774, parágrafo único; 771; 918) O ofereci-
por um dos executados não suspenderá a execução contra os mento de impugnação manifestamente protelatória é ato
que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA que enseja a aplica-
respeito exclusivamente ao impugnante. ção da multa prevista no parágrafo único do art. 774 do CPC.
§ 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é JDPC90 Conta-se em dobro o prazo do art. 525 do CPC nos
lícito ao exequente requerer o prosseguimento da execução, casos em que o devedor é assistido pela Defensoria Pública.
oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e JDPC93 Da decisão que julga a impugnação ao cumprimento de
idônea a ser arbitrada pelo juiz. sentença cabe apelação, se extinguir o processo, ou agravo
§ 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do de instrumento, se não o fizer.
prazo para apresentação da impugnação, assim como aquelas re-
lativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos

17
Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumpri- ANTES DA SENTENÇA APÓS A SENTENÇA
mento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em paga-
mento o valor que entender devido, apresentando memória dis- Extingue a punibilidade Reduz a pena de metade
criminada do cálculo.
§ 1o O autor será ouvido no prazo de 5 dias, podendo impugnar Peculato mediante erro de outrem
o valor depositado, sem prejuízo do levantamento do depósito a Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade
título de parcela incontroversa. que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
§ 2o Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a di- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
ferença incidirão multa de 10% e honorários advocatícios,
também fixados em 10%, seguindo-se a execução com penhora e Inserção de dados falsos em sistema de informações
atos subsequentes. Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
§ 3o Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obriga- inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados
ção e extinguirá o processo. corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Ad-
ministração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si
Art. 527. Aplicam-se as disposições deste Capítulo ao cumpri- ou para outrem ou para causar dano:
mento provisório da sentença, no que couber. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

CÓDIGO PENAL PECULATO


PECULATO-APROPRIAÇÃO: tem a posse do
TÍTULO XI PRÓPRIO bem em virtude do cargo e passa a agir como
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA dono.
PECULATO-DESVIO: tem a posse do bem em
CRIME FUNCIONAL CRIME FUNCIONAL virtude do cargo e o desvia em proveito
PRÓPRIO IMPRÓPRIO próprio ou de terceiro.
A ausência da condição de A ausência da condição de PECULATO-FURTO: não tem a posse do bem,
servidor público torna o fato servidor público faz com que o IMPRÓPRIO mas se vale das facilidades do cargo para
atípico (atipicidade absoluta) crime deixe de ser funcional e subtrair ou concorrer para subtração.
passe a ser incriminado por
O agente não observa seu dever de cuidado,
outro tipo penal incriminador
concorrendo para que outrem subtraia, desvie
(atipicidade relativa)
ou se aproprie do bem.
CULPOSO É infração de menor potencial ofensivo,
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância É INAPLICÁVEL admitindo transação penal e suspensão
aos crimes contra a administração pública condicional do processo.
Se o agente reparar o dano até a sentença
CAPÍTULO I irrecorrível, extingue a punibilidade; se após
DOS CRIMES PRATICADOS isso, reduz a pena pela metade.
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO Apropria-se de dinheiro ou qualquer utilidade
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL ESTELIONATO que, no exercício do cargo, recebeu por erro de
Peculato outrem.
Art. 312 - APROPRIAR-SE o funcionário público de dinheiro,
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de O funcionário insere ou facilita a inserção de
que tem a posse em razão do cargo, ou DESVIÁ-LO, em provei- dados falsos, altera ou exclui indevidamente
to próprio ou alheio: ELETRÔNICO dados corretos nos sistemas informatizados
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. ou banco de dados da Administração Pública,
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, em- com o fim de obter vantagem indevida para si
bora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o SUBTRAI, ou para outrem ou para causar dano.
ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou
alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a quali- Modificação ou alteração não autorizada de sistema de in-
dade de funcionário. formações
Peculato culposo Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime informações ou programa de informática sem autorização ou soli-
de outrem: citação de autoridade competente:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 3º - No caso de peculato culposo, a reparação do dano, Parágrafo único. As penas são aumentadas de 1/3 até 1/2
se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se se da modificação ou alteração resulta dano para a Administra-
lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. ção Pública ou para o administrado.

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento

REPARAÇÃO DO DANO NO PECULATO CULPOSO

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Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de Art. 319 - RETARDAR ou DEIXAR de praticar, indevidamen-
que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, te, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei,
total ou parcialmente: para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
crime mais grave.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a apa-
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diver- relho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação
sa da estabelecida em lei: com outros presos ou com o ambiente externo:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Concussão Condescendência criminosa


Art. 316 - EXIGIR, para si ou para outrem, direta ou indireta- Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de res-
mente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do
razão dela, VANTAGEM INDEVIDA: cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao co-
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. nhecimento da autoridade competente:
Excesso de exação Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social
que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, empre- Advocacia administrativa
ga na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não auto- Art. 321 - PATROCINAR, direta ou indiretamente, interes-
riza: se privado perante a administração pública, valendo-se da
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. qualidade de funcionário:
Exigência de taxa ilegal ou inexistente configura concussão. Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres
públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. PATROCINAR, direta ou indiretamente,
interesse privado perante a administra-
Corrupção passiva ADVOCACIA ção pública, valendo-se da qualidade de
Art. 317 - SOLICITAR ou RECEBER, para si ou para outrem, ADMINISTRATIVA funcionário
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de as- Crime praticado por funcionário público
sumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou ACEITAR pro- contra a administração em geral
messa de tal vantagem: SOLICITAR, EXIGIR, COBRAR ou OBTER,
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. para si ou para outrem, vantagem ou pro-
§ 1º - A pena é aumentada de 1/3, se, em consequência da TRÁFICO DE messa de vantagem, a pretexto de influir
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de INFLUÊNCIA em ato praticado por funcionário públi-
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever co no exercício da função
funcional. Crime praticado por particular contra a ad-
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retar- ministração em geral
da ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pe-
dido ou influência de outrem: SOLICITAR ou RECEBER dinheiro ou qual-
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. quer outra utilidade, a pretexto de influir
EXPLORAÇÃO DE em juiz, jurado, órgão do Ministério Pú-
PRESTÍGIO blico, funcionário de justiça, perito, tra-
CONCUSSÃO Funcionário público exige vantagem indevi-
dutor, intérprete ou testemunha
da.
Crime contra a administração da justiça
CORRUPÇÃO Funcionário público solicita, recebe ou acei-
PASSIVA ta vantagem indevida. Violência arbitrária
CORRUPÇÃO Particular oferece ou promete vantagem in- Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pre-
ATIVA devida a funcionário público. texto de exercê-la:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena
O agente viola o dever funcional para satisfa- correspondente à violência.
PREVARICAÇÃO zer interesse ou sentimento pessoal, de
modo que não envolve um terceiro corruptor Abandono de função
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permiti-
Facilitação de contrabando ou descaminho dos em lei:
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
de contrabando ou descaminho (art. 334): § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
Prevaricação fronteira:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

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Desobediência
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário públi-
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de sa- co:
tisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autori- Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido,
substituído ou suspenso: Desacato
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da fun-
ção ou em razão dela:
Violação de sigilo funcional Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Tráfico de Influência
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o Art. 332 - SOLICITAR, EXIGIR, COBRAR ou OBTER, para si
fato não constitui crime mais grave. ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: de influir em ato praticado por funcionário público no exercí-
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e cio da função:
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pes- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
soas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de da- Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o
dos da Administração Pública; agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. funcionário.
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pú-
blica ou a outrem: Corrupção ativa
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 333 - OFERECER ou PROMETER vantagem indevida a
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou re-
Violação do sigilo de proposta de concorrência tardar ato de ofício:
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pú- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
blica, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Parágrafo único - A pena é aumentada de 1/3, se, em razão
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato
de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efei- Descaminho
tos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunera- Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito
ção, exerce cargo, emprego ou função pública. ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce car- mercadoria
go, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem tra- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
balha para empresa prestadora de serviço contratada ou con- § 1o Incorre na mesma pena quem:
veniada para a execução de atividade típica da Administração I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos
Pública. em lei;
§ 2º - A pena será aumentada de 1/3 quando os autores II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de ativi-
órgão da administração direta, sociedade de economia mista, em- dade comercial ou industrial, mercadoria de procedência es-
presa pública ou fundação instituída pelo poder público. trangeira que introduziu clandestinamente no País ou impor-
tou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução
CAPÍTULO II clandestina no território nacional ou de importação fraudu-
DOS CRIMES PRATICADOS POR lenta por parte de outrem;
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no
Usurpação de função pública exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: procedência estrangeira, desacompanhada de documentação
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
Resistência § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é pra-
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violên- ticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
cia ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a
quem lhe esteja prestando auxílio: Contrabando
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.
Pena - reclusão, de um a três anos. § 1o Incorre na mesma pena quem:
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
correspondentes à violência.

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II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que de- III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferi-
penda de registro, análise ou autorização de órgão público dos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores
competente; de contribuições sociais previdenciárias:
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
à exportação; § 1o É EXTINTA A PUNIBILIDADE se o agente, espontane-
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer amente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de ativi- valores e presta as informações devidas à previdência social,
dade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasi- na forma definida em lei ou regulamento, ANTES DO INÍCIO
leira; DA AÇÃO FISCAL.
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibi- somente a de multa se o agente for primário e de bons antece-
da pela lei brasileira. dentes, desde que:
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos des- II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,
te artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é de suas execuções fiscais.
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de
pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 reais, o juiz po-
SÚMULAS SOBRE CONTRABANDO/DESCAMINHO derá reduzir a pena de 1/3 até 1/2 ou aplicar apenas a de multa.
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajus-
Súmula 151-STJ: A competência para o processo e julgamento tado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos be-
por crime de contrabando ou descaminho define-se pela pre- nefícios da previdência social.
venção do juízo federal do lugar da apreensão dos bens

CÓDIGO PROCESSO PENAL


Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública
CAPÍTULO X
ou venda em hasta pública, promovida pela administração fede-
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
ral, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém so-
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência,
frer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação
grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além
disciplinar.
da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
de concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que
Inutilização de edital ou de sinal
determina a lei;
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou cons-
III - quando quem ordenar a coação não tiver competên-
purcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou
cia para fazê-lo;
inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a co-
ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer
ação;
objeto:
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
casos em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
Subtração ou inutilização de livro ou documento
VII - quando extinta a punibilidade.
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro
oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcioná-
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua juris-
rio, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
dição, fará passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui
em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora.
crime mais grave.

Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido


Sonegação de contribuição previdenciária
de habeas corpus:
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previ-
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no
denciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
Art. 101, I, g, da Constituição;
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de docu-
II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violên-
mento de informações previsto pela legislação previdenciária se-
cia ou coação forem atribuídos aos governadores ou intervento-
gurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalha-
res dos Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou
dor autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
a seus secretários, ou aos chefes de Polícia.
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da
§ 1o A competência do juiz cessará sempre que a violência
contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados
ou coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior
ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
jurisdição.
§ 2o Não cabe o habeas corpus contra a prisão adminis-
trativa, atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou va-

21
lor pertencente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fa- III - se o comparecimento não tiver sido determinado
zer o seu recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for pelo juiz ou pelo tribunal.
acompanhado de prova de quitação ou de depósito do alcan- Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente
ce verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal. se encontrar, se este não puder ser apresentado por motivo de
doença.
Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem
porá termo ao processo, desde que este não esteja em conflito Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente
com os fundamentos daquela. estiver preso.

Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a vio-
nulidade do processo, este será renovado. lência ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido.

Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de ha- Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o pacien-
beas corpus, será condenada nas custas a autoridade que, por te, o juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 horas.
má-fé ou evidente abuso de poder, tiver determinado a coação. § 1o Se a decisão for favorável ao paciente, será logo
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Pú- posto em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser man-
blico cópia das peças necessárias para ser promovida a responsa- tido na prisão.
bilidade da autoridade. § 2o Se os documentos que instruírem a petição evidencia-
rem a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qual- cesse imediatamente o constrangimento.
quer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Minis- § 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o
tério Público. paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor
§ 1o A petição de habeas corpus conterá: desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo, neste
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer caso, à autoridade os respectivos autos, para serem anexados aos
violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou do inquérito policial ou aos do processo judicial.
ameaça; § 4o Se a ordem de habeas corpus for concedida para evi-
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso tar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente
de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu te- salvo-conduto assinado pelo juiz.
mor; § 5o Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua disposição,
quando não souber ou não puder escrever, e a designação das a fim de juntar-se aos autos do processo.
respectivas residências. § 6o Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir o da sede do juízo ou do tribunal que conceder a ordem, o alvará
de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de proces- de soltura será expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as
so verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer formalidades estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in fine,
coação ilegal. ou por via postal.

Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de
oficial de justiça ou a autoridade judiciária ou policial que emba- Apelação, a petição de habeas corpus será apresentada ao secre-
raçar ou procrastinar a expedição de ordem de habeas corpus, as tário, que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal, ou
informações sobre a causa da prisão, a condução e apresentação da câmara criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou primeiro
do paciente, ou a sua soltura, será multado na quantia de duzen- tiver de reunir-se.
tos mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo das penas em que
incorrer. As multas serão impostas pelo juiz do tribunal que julgar Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1o,
o habeas corpus, salvo quando se tratar de autoridade judiciária, o presidente, se necessário, requisitará da autoridade indicada
caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal como coatora informações por escrito. Faltando, porém, qual-
de Apelação impor as multas. quer daqueles requisitos, o presidente mandará preenchê-lo,
Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se jul- logo que lhe for apresentada a petição.
gar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este
lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que desig- Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão orde-
nar. nadas, se o presidente entender que o habeas corpus deva ser
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido indeferido in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câ-
mandado de prisão contra o detentor, que será processado na mara ou turma, para que delibere a respeito.
forma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado
da prisão e apresentado em juízo. Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o ha-
beas corpus será julgado na primeira sessão, podendo, entre-
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escu- tanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte.
sará a sua apresentação, salvo: Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de vo-
I - grave enfermidade do paciente; tos. Havendo empate, se o presidente não tiver tomado parte
II - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui na votação, proferirá voto de desempate; no caso contrário,
a detenção; prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente.

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Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assi- maneira inequívoca a pretensão deduzida e a existência do
nada pelo presidente do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, evidente constrangimento ilegal.
por ofício ou telegrama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade 3) O trancamento da ação penal pela via do habeas corpus é
que exercer ou ameaçar exercer o constrangimento. medida excepcional, admissível apenas quando demonstrada
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obede- a falta de justa causa (materialidade do crime e indícios de
cerá ao disposto no art. 289, parágrafo único, in fine. autoria), a atipicidade da conduta ou a extinção da
punibilidade.
Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabele- 4) O reexame da dosimetria da pena em sede de habeas
cerão as normas complementares para o processo e julgamento corpus somente é possível quando evidenciada flagrante
do pedido de habeas corpus de sua competência originária. ilegalidade e não demandar análise do conjunto probatório.
5) O habeas corpus é ação de rito célere e de cognição
Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de sumária, não se prestando a analisar alegações relativas à
competência originária do Supremo Tribunal Federal, bem como absolvição que demandam o revolvimento de provas.
nos de recurso das decisões de última ou única instância, denega- 6) É incabível a impetração de habeas corpus para afastar penas
tórias de habeas corpus, observar-se-á, no que lhes for aplicável, acessórias de perda de cargo público ou graduação de militar
o disposto nos artigos anteriores, devendo o regimento interno imposta em sentença penal condenatória, por não existir lesão
do tribunal estabelecer as regras complementares. ou ameaça ao direito de locomoção.
7) O habeas corpus não é a via adequada para o exame
SÚMULAS SOBRE HC aprofundado de provas a fim de averiguar a condição
econômica do devedor, a necessidade do credor e o eventual
Súmula 344-STF: Sentença de primeira instância concessiva de
excesso do valor dos alimentos, admitindo-se nos casos de
habeas corpus, em caso de crime praticado em detrimento de
flagrante ilegalidade da prisão civil.
bens, serviços ou interesses da união, está sujeita a recurso "ex
8) Não obstante o disposto no art. 142, § 2º, da CF, admite-se
officio". • Válida. • Vide art. 574, I, do CPP.
habeas corpus contra punições disciplinares militares para
Súmula 395-STF: Não se conhece de recurso de habeas corpus
análise da regularidade formal do procedimento
cujo objeto seja resolver sobre o ônus das custas, por não estar
administrativo ou de manifesta teratologia.
mais em causa a liberdade de locomoção.
9) A ausência de assinatura do impetrante ou de alguém a seu
Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o
rogo na inicial de habeas corpus inviabiliza o seu
Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida
conhecimento, conforme o art. 654. § 1º, c, do CPP.
em habeas corpus ou no respectivo recurso.
10) É cabível habeas corpus preventivo quando há fundado
Súmula 692-STF: Não se conhece de habeas corpus contra
receio de ocorrência de ofensa iminente à liberdade de
omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou direito
locomoção.
estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele
11) Não cabe habeas corpus contra decisão que denega liminar,
provocado a respeito.
salvo em hipóteses excepcionais, quando demonstrada flagrante
Súmula 691-STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal
ilegalidade ou teratologia da decisão impugnada, sob pena de
conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator
indevida supressão de instância, nos termos da Súmula 691/STF.
que, em habeas corpus requerido a Tribunal Superior, indefere a
12) O julgamento do mérito do habeas corpus resulta na perda
liminar. (Válida, mas com ressalva. • A Súmula 691 pode ser
do objeto daquele impetrado na instância superior, na qual é
afastada em casos excepcionais, quando a decisão atacada
impugnada decisão indeferitória da liminar.
se mostrar teratológica
13) Compete aos Tribunais de Justiça ou aos Tribunais
Súmula 693-STF: Não cabe habeas corpus contra decisão
Regionais Federais o julgamento dos pedidos de habeas
condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso
corpus quando a autoridade coatora for Turma Recursal dos
por infração penal a que a pena pecuniária seja a única
Juizados Especiais.
cominada.
14) A jurisprudência do STJ admite a reiteração do pedido
Súmula 694-STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição
formulado em habeas corpus com base em fatos ou
da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de
fundamentos novos.
função pública.
15) O agravo interno não é cabível contra decisão que defere ou
Súmula 695-STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a
indefere pedido de liminar em habeas corpus.
pena privativa de liberdade.
16) O habeas corpus não é via idônea para discussão da pena de
multa ou prestação pecuniária, ante a ausência de ameaça ou
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ violação à liberdade de locomoção.
17) O habeas corpus não pode ser impetrado em favor de
EDIÇÃO N. 36: HABEAS CORPUS
pessoa jurídica, pois o writ tem por objetivo salvaguardar a
1) O STJ não admite que o remédio constitucional seja
liberdade de locomoção.
utilizado em substituição ao recurso próprio (apelação,
18) A jurisprudência tem excepcionado o entendimento de
agravo em execução, recurso especial), tampouco à revisão
que o habeas corpus não seria adequado para discutir ques-
criminal, ressalvadas as situações em que, à vista da flagrante
tões relativas à guarda e adoção de crianças e adolescentes.
ilegalidade do ato apontado como coator, em prejuízo da
liberdade da paciente, seja cogente a concessão, de ofício,
da ordem de habeas corpus. LIVRO VI
2) O conhecimento do habeas corpus pressupõe prova pré- DISPOSIÇÕES GERAIS
constituída do direito alegado, devendo a parte demonstrar de

23
Art. 791. Em todos os juízos e tribunais do crime, além das § 4o Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz,
audiências e sessões ordinárias, haverá as extraordinárias, de força maior, ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária.
acordo com as necessidades do rápido andamento dos feitos. § 5o Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
a) DA INTIMAÇÃO;
Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais se- b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão,
rão, em regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tri- se a ela estiver presente a parte;
bunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequí-
justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamen- voca da sentença ou despacho.
te designados.
§ 1o Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato Súmula 310-STF: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira,
processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave ou ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o
perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não
ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil
Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas que se seguir.
fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar
presentes.
§ 2o As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso
Art. 799. O escrivão, sob pena de multa de cinquenta a qui-
de necessidade, poderão realizar-se na residência do juiz, ou em
nhentos mil-réis e, na reincidência, suspensão até 30 dias, execu-
outra casa por ele especialmente designada.
tará dentro do prazo de 2 dias os atos determinados em lei ou
ordenados pelo juiz.
Art. 793. Nas audiências e nas sessões, os advogados, as
partes, os escrivães e os espectadores poderão estar sentados.
Art. 800. Os juízes singulares darão seus despachos e deci-
Todos, porém, se levantarão quando se dirigirem aos juízes ou
sões dentro dos prazos seguintes, quando outros não estiverem
quando estes se levantarem para qualquer ato do processo.
estabelecidos:
Parágrafo único. Nos atos da instrução criminal, perante
I - de 10 dias, se a decisão for definitiva, ou interlocutória
os juízes singulares, os advogados poderão requerer senta-
mista;
dos.
II - de 5 dias, se for interlocutória simples;
III - de 1 dia, se se tratar de despacho de expediente.
Art. 794. A polícia das audiências e das sessões compete
§ 1o Os prazos para o juiz contar-se-ão do termo de conclu-
aos respectivos juízes ou ao presidente do tribunal, câmara, ou
são.
turma, que poderão determinar o que for conveniente à manu-
§ 2o Os prazos do Ministério Público contar-se-ão do ter-
tenção da ordem. Para tal fim, requisitarão força pública, que fica-
mo de vista, salvo para a interposição do recurso (art. 798,
rá exclusivamente à sua disposição.
§ 5o).
§ 3o Em qualquer instância, declarando motivo justo, po-
Art. 795. Os espectadores das audiências ou das sessões não
derá o juiz exceder por igual tempo os prazos a ele fixados
poderão manifestar-se.
neste Código.
Parágrafo único. O juiz ou o presidente fará retirar da sala os
§ 4o O escrivão que não enviar os autos ao juiz ou ao órgão
desobedientes, que, em caso de resistência, serão presos e autua-
do Ministério Público no dia em que assinar termo de conclusão
dos.
ou de vista estará sujeito à sanção estabelecida no art. 799.

Art. 796. Os atos de instrução ou julgamento prosseguirão


Art. 801. Findos os respectivos prazos, os juízes e os órgãos
com a assistência do defensor, se o réu se portar inconveniente-
do Ministério Público, responsáveis pelo retardamento, perderão
mente.
tantos dias de vencimentos quantos forem os excedidos. Na con-
tagem do tempo de serviço, para o efeito de promoção e
Art. 797. Excetuadas as sessões de julgamento, que não
aposentadoria, a perda será do dobro dos dias excedidos.
serão marcadas para domingo ou dia feriado, os demais atos
do processo poderão ser praticados em período de férias, em
Art. 802. O desconto referido no artigo antecedente far-se-á
domingos e dias feriados. Todavia, os julgamentos iniciados
à vista da certidão do escrivão do processo ou do secretário do
em dia útil não se interromperão pela superveniência de feri-
tribunal, que deverão, de ofício, ou a requerimento de qualquer
ado ou domingo.
interessado, remetê-la às repartições encarregadas do pagamento
e da contagem do tempo de serviço, sob pena de incorrerem, de
Art. 798. TODOS OS PRAZOS correrão em cartório e SE-
pleno direito, na multa de quinhentos mil-réis, imposta por auto-
RÃO CONTÍNUOS E PEREMPTÓRIOS, não se interrompendo
ridade fiscal.
por férias, domingo ou dia feriado.
§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, inclu-
Art. 803. Salvo nos casos expressos em lei, é proibida a
indo-se, porém, o do vencimento (-C+F).
retirada de autos do cartório, ainda que em confiança, sob
§ 2o A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo
pena de responsabilidade do escrivão.
escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, ainda que omiti-
da aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a
Art. 804. A sentença ou o acórdão, que julgar a ação, qual-
correr.
quer incidente ou recurso, condenará nas custas o vencido.
§ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado
considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato.

24
Art. 805. As custas serão contadas e cobradas de acordo
com os regulamentos expedidos pela União e pelos Estados.

Art. 806. Salvo o caso do art. 32, nas ações intentadas medi-
ante queixa, nenhum ato ou diligência se realizará, sem que seja
depositada em cartório a importância das custas.
§ 1o Igualmente, nenhum ato requerido no interesse da
defesa será realizado, sem o prévio pagamento das custas,
salvo se o acusado for pobre.
§ 2o A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados
em lei, ou marcados pelo juiz, importará renúncia à diligência
requerida ou deserção do recurso interposto.
§ 3o A falta de qualquer prova ou diligência que deixe de re-
alizar-se em virtude do não-pagamento de custas não implicará
a nulidade do processo, se a prova de pobreza do acusado só
posteriormente foi feita.

Art. 807. O disposto no artigo anterior não obstará à facul-


dade atribuída ao juiz de determinar de ofício inquirição de teste-
munhas ou outras diligências.

Art. 808. Na falta ou impedimento do escrivão e seu substi-


tuto, servirá pessoa idônea, nomeada pela autoridade, perante
quem prestará compromisso, lavrando o respectivo termo.

Art. 809. A estatística judiciária criminal, a cargo do Instituto


de Identificação e Estatística ou repartições congêneres, terá por
base o boletim individual, que é parte integrante dos processos e
versará sobre:
I - os crimes e as contravenções praticados durante o trimes-
tre, com especificação da natureza de cada um, meios utilizados e
circunstâncias de tempo e lugar;
II - as armas proibidas que tenham sido apreendidas;
III - o número de delinquentes, mencionadas as infrações
que praticaram, sua nacionalidade, sexo, idade, filiação, estado ci-
vil, prole, residência, meios de vida e condições econômicas, grau
de instrução, religião, e condições de saúde física e psíquica;
IV - o número dos casos de codelinquência;
V - a reincidência e os antecedentes judiciários;
VI - as sentenças condenatórias ou absolutórias, bem como
as de pronúncia ou de impronúncia;
VII - a natureza das penas impostas;
VIII - a natureza das medidas de segurança aplicadas;
IX - a suspensão condicional da execução da pena, quando
concedida;
X - as concessões ou denegações de habeas corpus.
§ 1o Os dados acima enumerados constituem o mínimo exi-
gível, podendo ser acrescidos de outros elementos úteis ao servi-
ço da estatística criminal.
§ 2o Esses dados serão lançados semestralmente em mapa e
remetidos ao Serviço de Estatística Demográfica Moral e Política
do Ministério da Justiça.
§ 3o O boletim individual a que se refere este artigo é dividi-
do em três partes destacáveis, conforme modelo anexo a este
Código, e será adotado nos Estados, no Distrito Federal e nos Ter-
ritórios. A primeira parte ficará arquivada no cartório policial; a se-
gunda será remetida ao Instituto de Identificação e Estatística, ou
repartição congênere; e a terceira acompanhará o processo, e, de-
pois de passar em julgado a sentença definitiva, lançados os da-
dos finais, será enviada ao referido Instituto ou repartição congê-
nere.

25
DIA 14 Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
(SNCTI) será organizado em regime de colaboração entre entes,
tanto públicos quanto privados, com vistas a promover o desen-
volvimento científico e tecnológico e a inovação.
Constituição Federal: art.218-250 § 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do SNCTI.
Código Civil: art 927-965 § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios legislarão
Código Processo Civil: art. 528-658 concorrentemente sobre suas peculiaridades.
Código Penal: art. 337-B-359-H
CAPÍTULO V
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e
a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não so-
CAPÍTULO IV
frerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constitui-
DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
ção.
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento ci-
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir em-
entífico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a ino-
baraço à plena liberdade de informação jornalística em qual-
vação.
quer veículo de comunicação social, observado o disposto no
§ 1º A pesquisa científica básica e tecnológica receberá trata-
art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
mento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política,
progresso da ciência, tecnologia e inovação.
ideológica e artística.
§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para
§ 3º Compete à lei federal:
a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Po-
sistema produtivo nacional e regional.
der Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a
§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas
que não se recomendem, locais e horários em que sua apresenta-
de ciência, pesquisa, tecnologia e inovação, inclusive por meio do
ção se mostre inadequada;
apoio às atividades de extensão tecnológica, e concederá aos que
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família
delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho.
a possibilidade de se defenderem de programas ou programa-
§ 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pes-
ções de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221,
quisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aper-
bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que
feiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas
possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do
§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agro-
salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da pro-
tóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais,
dutividade de seu trabalho.
nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre
§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela
que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes
de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao
de seu uso.
ensino e à pesquisa científica e tecnológica.
§ 5º Os meios de comunicação social não podem, direta ou in-
§ 6º O Estado, na execução das atividades previstas no caput , es-
diretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
timulará a articulação entre entes, tanto públicos quanto privados,
§ 6º A publicação de veículo impresso de comunicação indepen-
nas diversas esferas de governo.
de de licença de autoridade.
§ 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no exterior das
instituições públicas de ciência, tecnologia e inovação, com vistas
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e
à execução das atividades previstas no caput.
televisão atenderão aos seguintes princípios:
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e
informativas;
será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cul-
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à pro-
tural e socioeconômico, o bem-estar da população e a auto-
dução independente que objetive sua divulgação;
nomia tecnológica do País, nos termos de lei federal.
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalísti-
Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o fortaleci-
ca, conforme percentuais estabelecidos em lei;
mento da inovação nas empresas, bem como nos demais entes,
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
públicos ou privados, a constituição e a manutenção de parques e
polos tecnológicos e de demais ambientes promotores da inova-
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão
ção, a atuação dos inventores independentes e a criação, absor-
sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou
ção, difusão e transferência de tecnologia.
naturalizados há mais de 10 anos, ou de pessoas jurídicas
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.
Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
§ 1º Em qualquer caso, pelo menos 70% do capital total e do
poderão firmar instrumentos de cooperação com órgãos e enti-
capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão so-
dades públicos e com entidades privadas, inclusive para o com-
nora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indireta-
partilhamento de recursos humanos especializados e capaci-
mente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10
dade instalada, para a execução de projetos de pesquisa, de de-
anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades
senvolvimento científico e tecnológico e de inovação, mediante
e estabelecerão o conteúdo da programação.
contrapartida financeira ou não financeira assumida pelo ente be-
§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e
neficiário, na forma da lei.
direção da programação veiculada são privativas de brasileiros

1
natos ou naturalizados há mais de 10 anos, em qualquer meio V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de téc-
de comunicação social. nicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica, independente- qualidade de vida e o meio ambiente;
mente da tecnologia utilizada para a prestação do serviço, deve- VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino
rão observar os princípios enunciados no art. 221, na forma de lei e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
específica, que também garantirá a prioridade de profissionais VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práti -
brasileiros na execução de produções nacionais. cas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a
§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas em- extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
presas de que trata o § 1º. § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a re-
§ 5º As alterações de controle societário das empresas de que tra- cuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução
ta o § 1º serão comunicadas ao Congresso Nacional. técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar conces- ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
são, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sono- sanções penais e administrativas, independentemente da obriga-
ra e de sons e imagens, observado o princípio da complementa- ção de reparar os danos causados.
ridade dos sistemas privado, público e estatal. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra
§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, § do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são pa-
2º e § 4º, a contar do recebimento da mensagem. trimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, den-
§ 2º A não renovação da concessão ou permissão dependerá tro de condições que assegurem a preservação do meio ambien-
de aprovação de, no mínimo, 2/5 do Congresso Nacional, em te, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
votação nominal. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pe-
§ 3º O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos le- los Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção
gais após deliberação do Congresso Nacional, na forma dos pa- dos ecossistemas naturais.
rágrafos anteriores. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua lo-
§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de ven- calização definida em lei federal, sem o que não poderão ser ins-
cido o prazo, depende de decisão judicial. taladas.
§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de 10 anos para as § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste
emissoras de rádio e de 15 para as de televisão. artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que
utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais,
PRAZO DA RÁDIO: 10 anos conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registra-
CONCESSÃO/PERMISSÃO das como bem de natureza imaterial integrante do patrimô-
TV: 15 anos nio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei es-
pecífica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso
Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comu- SÚMULAS SOBRE MEIO AMBIENTE
nicação Social, na forma da lei.
Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato
CAPÍTULO VI consumado em tema de Direito Ambiental.
DO MEIO AMBIENTE Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente ações de degradação ambiental
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
gerações. Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder condenação do réu à obrigação de fazer ou à de não fazer
Público: cumulada com a de indenizar.
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e
prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; CAPÍTULO VII
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio ge- Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso
nético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do
manipulação de material genético; Estado.
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços terri- § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
toriais e seus componentes a serem especialmente protegi- § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
dos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente atra- § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
vés de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integri- estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, de-
dade dos atributos que justifiquem sua proteção; vendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade
potencialmente causadora de significativa degradação do formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são
dará publicidade; exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.

2
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou
da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibi-
decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos edu- das quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
cacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qual- § 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente le-
quer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou priva- var-se-á em consideração o disposto no art. 204.
das. § 8º A lei estabelecerá:
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jo-
um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violên- vens;
cia no âmbito de suas relações. II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à
articulação das várias esferas do poder público para a execução
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegu- de políticas públicas.
rar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta priorida-
de, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de 18 anos,
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade sujeitos às normas da legislação especial.
e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violên- Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
cia, crueldade e opressão. menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saú- os pais na velhice, carência ou enfermidade.
de da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação
de entidades não governamentais, mediante políticas específicas Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de am-
e obedecendo aos seguintes preceitos: parar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comu-
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à nidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes
saúde na assistência materno-infantil; o direito à vida.
II - criação de programas de prevenção e atendimento especiali- § 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados pre-
zado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou ferencialmente em seus lares.
mental, bem como de integração social do adolescente e do jo- § 2º Aos maiores de 65 anos é garantida a gratuidade dos
vem portador de deficiência, mediante o treinamento para o tra- transportes coletivos urbanos.
balho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e servi-
ços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de CAPÍTULO VIII
todas as formas de discriminação. DOS ÍNDIOS
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social,
dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de trans- costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originá-
porte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas por- rios sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo
tadoras de deficiência. à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes as- bens.
pectos: § 1º São TERRAS TRADICIONALMENTE OCUPADAS PELOS ÍN-
I - idade mínima de 14 anos para admissão ao trabalho, obser- DIOS as por eles habitadas em caráter permanente, as utiliza-
vado o disposto no art. 7º, XXXIII; das para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à pre-
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; servação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo
escola; seus usos, costumes e tradições.
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de § 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-
ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo
por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tute- das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
lar específica; § 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os po-
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade tenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em
e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do
quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, in- lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da
centivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob lei.
a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abando- § 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indis-
nado; poníveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à cri- § 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras,
ança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e salvo, "ad referendum" do Congresso Nacional, em caso de
drogas afins. catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso
sexual da criança e do adolescente. Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, logo que cesse o risco.
que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os
de estrangeiros. atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse
das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das ri-
quezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes,

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ressalvado relevante interesse público da União, segundo o X - as nomeações que se seguirem às primeiras, para os cargos
que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a mencionados neste artigo, serão disciplinadas na Constituição Es-
extinção direito a indenização ou a ações contra a União, sal- tadual;
vo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocu- XI - as despesas orçamentárias com pessoal não poderão ultra-
pação de boa fé. passar 50% da receita do Estado.
§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º
e § 4º. Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em
caráter privado, por delegação do Poder Público.
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são par- § 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil
tes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direi- e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepos-
tos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos tos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
do processo. § 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emo-
lumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e
TÍTULO IX de registro.
Das Disposições Constitucionais Gerais § 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de
Art. 234. É vedado à União, direta ou indiretamente, assumir, em concurso público de provas e títulos, não se permitindo que
decorrência da criação de Estado, encargos referentes a despe- qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de pro-
sas com pessoal inativo e com encargos e amortizações da vimento ou de remoção, por mais de 6 meses.
dívida interna ou externa da administração pública, inclusive da
indireta. Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, es-
senciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão exer-
Art. 235. Nos 10 primeiros anos da criação de Estado, serão ob- cidos pelo Ministério da Fazenda.
servadas as seguintes normas básicas:
I - a Assembleia Legislativa será composta de 17 Deputados se a Art. 238. A lei ordenará a venda e revenda de combustíveis de pe -
população do Estado for inferior a 600 mil habitantes, e de 24, tróleo, álcool carburante e outros combustíveis derivados de ma-
se igual ou superior a esse número, até 1.500.000,00 mil; térias-primas renováveis, respeitados os princípios desta Consti-
II - o Governo terá no máximo 10 Secretarias; tuição.
III - o Tribunal de Contas terá 3 membros, nomeados, pelo Go-
vernador eleito, dentre brasileiros de comprovada idoneidade e Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o Pro-
notório saber; grama de Integração Social, criado pela Lei Complementar nº 7,
IV - o Tribunal de Justiça terá 7 Desembargadores; de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação do
V - os primeiros Desembargadores serão nomeados pelo Gover- Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei Complementar nº
nador eleito, escolhidos da seguinte forma: 8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação
a) 5 dentre os magistrados com mais de 35 anos de idade, em desta Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o
exercício na área do novo Estado ou do Estado originário; programa do seguro-desemprego e o abono de que trata o § 3º
b) 2 dentre promotores, nas mesmas condições, e advogados de deste artigo.
comprovada idoneidade e saber jurídico, com 10 anos, no míni- § 1º Dos recursos mencionados no "caput" deste artigo, pelo me-
mo, de exercício profissional, obedecido o procedimento fixado nos quarenta por cento serão destinados a financiar programas
na Constituição; de desenvolvimento econômico, através do Banco Nacional de
VI - no caso de Estado proveniente de Território Federal, os 5 pri- Desenvolvimento Econômico e Social, com critérios de remunera-
meiros Desembargadores poderão ser escolhidos dentre juízes de ção que lhes preservem o valor.
direito de qualquer parte do País; § 2º Os patrimônios acumulados do Programa de Integração Soci-
VII - em cada Comarca, o primeiro Juiz de Direito, o primeiro al e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público
Promotor de Justiça e o primeiro Defensor Público serão no- são preservados, mantendo-se os critérios de saque nas situações
meados pelo Governador eleito após concurso público de previstas nas leis específicas, com exceção da retirada por motivo
provas e títulos; de casamento, ficando vedada a distribuição da arrecadação de
VIII - até a promulgação da Constituição Estadual, responderão que trata o "caput" deste artigo, para depósito nas contas indivi -
pela Procuradoria-Geral, pela Advocacia-Geral e pela Defensoria- duais dos participantes.
Geral do Estado advogados de notório saber, com 35 anos de § 3º Aos empregados que percebam de empregadores que con-
idade, no mínimo, nomeados pelo Governador eleito e demissí- tribuem para o Programa de Integração Social ou para o Progra-
veis "ad nutum"; ma de Formação do Patrimônio do Servidor Público, até dois salá-
IX - se o novo Estado for resultado de transformação de Território rios mínimos de remuneração mensal, é assegurado o pagamento
Federal, a transferência de encargos financeiros da União para pa- de um salário mínimo anual, computado neste valor o rendimento
gamento dos servidores optantes que pertenciam à Administra- das contas individuais, no caso daqueles que já participavam dos
ção Federal ocorrerá da seguinte forma: referidos programas, até a data da promulgação desta Constitui-
a) no 6° ano de instalação, o Estado assumirá 20% dos encargos ção.
financeiros para fazer face ao pagamento dos servidores públicos, § 4º O financiamento do seguro-desemprego receberá uma con-
ficando ainda o restante sob a responsabilidade da União; tribuição adicional da empresa cujo índice de rotatividade da for-
b) no 7° ano, os encargos do Estado serão acrescidos de 30% e, ça de trabalho superar o índice médio da rotatividade do setor, na
no oitavo, dos restantes 50%; forma estabelecida por lei.

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Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais con- Art. 248. Os benefícios pagos, a qualquer título, pelo órgão res -
tribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de salá- ponsável pelo regime geral de previdência social, ainda que à
rios, destinadas às entidades privadas de serviço social e de for- conta do Tesouro Nacional, e os não sujeitos ao limite máximo de
mação profissional vinculadas ao sistema sindical. valor fixado para os benefícios concedidos por esse regime obser-
varão os limites fixados no art. 37, XI.
Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os con- Art. 249. Com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento
vênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a de proventos de aposentadoria e pensões concedidas aos respec-
gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência tivos servidores e seus dependentes, em adição aos recursos dos
total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à respectivos tesouros, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
continuidade dos serviços transferidos. Municípios poderão constituir fundos integrados pelos recursos
provenientes de contribuições e por bens, direitos e ativos de
Art. 242. O princípio do art. 206, IV, não se aplica às instituições qualquer natureza, mediante lei que disporá sobre a natureza e
educacionais oficiais criadas por lei estadual ou municipal e exis- administração desses fundos.
tentes na data da promulgação desta Constituição, que não sejam
total ou preponderantemente mantidas com recursos públicos. Art. 250. Com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento
§ 1º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribui- dos benefícios concedidos pelo regime geral de previdência soci-
ções das diferentes culturas e etnias para a formação do povo al, em adição aos recursos de sua arrecadação, a União poderá
brasileiro. constituir fundo integrado por bens, direitos e ativos de qualquer
§ 2º O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janei- natureza, mediante lei que disporá sobre a natureza e administra-
ro, será mantido na órbita federal. ção desse fundo.

Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região CÓDIGO CIVIL


do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psi-
cotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei
TÍTULO IX
SERÃO EXPROPRIADAS e destinadas à reforma agrária e a
Da Responsabilidade Civil
programas de habitação popular, sem qualquer indenização
CAPÍTULO I
ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em
Da Obrigação de Indenizar
lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, indepen-
e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será con-
dentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando
fiscado e reverterá a fundo especial com destinação específi-
a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
ca, na forma da lei.
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Art. 244. A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos


edifícios de uso público e dos veículos de transporte coletivo JDC38 A RESPONSABILIDADE FUNDADA NO RISCO DA ATI-
atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado às VIDADE, como prevista na segunda parte do parágrafo único
pessoas portadoras de deficiência, conforme o disposto no art. do art. 927 do novo Código Civil, configura-se quando a ativi-
227, § 2º. dade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar
a pessoa determinada um ônus maior do que aos demais
Art. 245. A lei disporá sobre as hipóteses e condições em que o membros da coletividade.
Poder Público dará assistência aos herdeiros e dependentes ca- JDC189 Na responsabilidade civil por dano moral causado à
rentes de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da pessoa jurídica, o fato lesivo, como dano eventual, deve ser
responsabilidade civil do autor do ilícito. devidamente demonstrado.
JDC377 O art. 7º, inc. XXVIII, da Constituição Federal não é im-
Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regulamen - pedimento para a aplicação do disposto no art. 927, parágrafo
tação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada único, do Código Civil quando se tratar de atividade de risco.
por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até JDC443 O caso fortuito e a força maior somente serão consi-
a promulgação desta emenda, inclusive. derados como excludentes da responsabilidade civil quando
o fato gerador do dano não for conexo à atividade desen-
Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 e no § 7º volvida.
do art. 169 estabelecerão critérios e garantias especiais para a JDC444 A RESPONSABILIDADE CIVIL PELA PERDA DE CHAN-
perda do cargo pelo servidor público estável que, em decorrência CE não se limita à categoria de danos extrapatrimoniais ,
das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva atividades exclu- pois, conforme as circunstâncias do caso concreto, a chance
sivas de Estado. perdida pode apresentar também a natureza jurídica de
Parágrafo único. Na hipótese de insuficiência de desempenho, a dano patrimonial. A chance deve ser séria e real, não fican-
perda do cargo somente ocorrerá mediante processo administra- do adstrita a percentuais apriorísticos.
tivo em que lhe sejam assegurados o contraditório e a ampla de- JDC445 O dano moral indenizável não pressupõe necessaria-
fesa. mente a verificação de sentimentos humanos desagradáveis
como dor ou sofrimento.
JDC446 A responsabilidade civil prevista na segunda parte do

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parágrafo único do art. 927 do Código Civil deve levar em con- centes que praticarem atos infracionais nos termos do art. 116
sideração não apenas a proteção da vítima e a atividade do do Estatuto da Criança e do Adolescente, no âmbito das medi-
ofensor, mas também a prevenção e o interesse da socieda- das socioeducativas ali previstas.
de. JDC41 A ÚNICA HIPÓTESE em que poderá haver responsabi-
JDC447 As agremiações esportivas são objetivamente res- lidade solidária do menor de 18 anos com seus pais é ter
ponsáveis por danos causados a terceiros pelas torcidas or- sido emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único,
ganizadas, agindo nessa qualidade, quando, de qualquer modo, inc. I, do novo Código Civil.
as financiem ou custeiem, direta ou indiretamente, total ou par- JDC449A indenização equitativa a que se refere o art. 928, pa-
cialmente. rágrafo único, do Código Civil não é necessariamente reduzida
JDC448 A regra do art. 927, parágrafo único, segunda parte, do sem prejuízo do Enunciado n. 39 da I Jornada de Direito Civil.
CC aplica-se sempre que a atividade normalmente desenvol-
vida, mesmo sem defeito e não essencialmente perigosa, in-
Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que
duza, por sua natureza, risco especial e diferenciado aos di-
causem prejuízos, terão responsabilidade SUBSIDIÁRIA, CON-
reitos de outrem. São critérios de avaliação desse risco, entre
DICIONAL, MITIGADA e EQUITATIVA, nos termos do art. 928
outros, a estatística, a prova técnica e as máximas de expe-
do CC.
riência.
É SUBSIDIÁRIA porque apenas ocorrerá quando os seus geni-
JDC553 Nas ações de responsabilidade civil por cadastra-
tores não tiverem meios para ressarcir a vítima.
mento indevido nos registros de devedores inadimplentes
É CONDICIONAL e MITIGADA porque não poderá ultrapassar
realizados por instituições financeiras, a responsabilidade ci-
o limite humanitário do patrimônio mínimo do infante.
vil é objetiva.
Deve ser EQUITATIVA, tendo em vista que a indenização deverá
JDC554 Independe de indicação do local específico da informa-
ser equânime, sem a privação do mínimo necessário para a
ção a ordem judicial para que o provedor de hospedagem blo-
sobrevivência digna do incapaz.
queie determinado conteúdo ofensivo na internet.
A responsabilidade dos pais dos filhos menores será SUBSTITU-
JDC555 "Os direitos de outrem" mencionados no parágrafo
TIVA, EXCLUSIVA e NÃO SOLIDÁRIA. STJ (Info 599).
único do art. 927 do Código Civil devem abranger não apenas
a vida e a integridade física, mas também outros direitos, de *Dizerodireito
caráter patrimonial ou extrapatrimonial.
JDC587 O dano à imagem restará configurado quando presen- Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do in-
te a utilização indevida desse bem jurídico, independente- ciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á
mente da concomitante lesão a outro direito da personali- direito à indenização do prejuízo que sofreram.
dade, sendo dispensável a prova do prejuízo do lesado ou do
lucro do ofensor para a caracterização do referido dano, por se Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por
tratar de modalidade de dano in re ipsa. culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação re-
JDC589 A compensação pecuniária não é o único modo de gressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
reparar o dano extrapatrimonial, sendo admitida a repara- Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defe-
ção in natura, na forma de retratação pública ou outro sa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).
meio.
JDC629 A indenização não inclui os prejuízos agravados, Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os
nem os que poderiam ser evitados ou reduzidos mediante empresários individuais e as empresas respondem indepen-
esforço razoável da vítima. Os custos da mitigação devem ser dentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos
considerados no cálculo da indenização. postos em circulação. (Responsabilidade objetiva)

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as


pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê- JDC42 O art. 931 amplia o conceito de fato do produto exis-
lo ou não dispuserem de meios suficientes. tente no art. 12 do Código de Defesa do Consumidor, im-
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá putando responsabilidade civil à empresa e aos empresá-
ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o inca- rios individuais vinculados à circulação dos produtos.
paz ou as pessoas que dele dependem. JDC43 A responsabilidade civil pelo fato do produto, previs-
ta no art. 931 do novo Código Civil, também inclui os riscos
do desenvolvimento.
JDC39 A impossibilidade de privação do necessário à pessoa,
JDC190 A regra do art. 931 do novo Código Civil não afasta
prevista no art. 928, traduz um dever de indenização eqüita-
as normas acerca da responsabilidade pelo fato do produto
tiva, informado pelo princípio constitucional da proteção à
previstas no art. 12 do Código de Defesa do Consumidor,
dignidade da pessoa humana. Como conseqüência, também
que continuam mais favoráveis ao consumidor lesado.
os pais, tutores e curadores serão beneficiados pelo LIMITE
JDC378 Aplica-se o art. 931 do Código Civil, haja ou não re-
HUMANITÁRIO DO DEVER DE INDENIZAR, de modo que a
lação de consumo.
passagem ao patrimônio do incapaz se dará não quando es-
JDC562 Aos casos do art. 931 do Código Civil aplicam-se as ex-
gotados todos os recursos do responsável, mas se reduzidos
cludentes da responsabilidade objetiva.
estes ao montante necessário à manutenção de sua dignida-
de.
JDC40 O incapaz responde pelos prejuízos que causar de Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil (Respon-
maneira subsidiária ou excepcionalmente como devedor sabilidade objetiva):
principal, na hipótese do ressarcimento devido pelos adoles- I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autori-
dade e em sua companhia;

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II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos
acharem nas mesmas condições; que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos,
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, servi- cuja necessidade fosse manifesta.
çais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir,
ou em razão dele; JDC556 A responsabilidade civil do dono do prédio ou constru-
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos ção por sua ruína, tratada pelo art. 937 do CC, é objetiva.
onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação,
pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos
dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lança-
do crime, até a concorrente quantia.
das em lugar indevido.

JDC191 A instituição hospitalar privada responde, na forma do


JDC557 Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa cair ou for
art. 932, III, do Código Civil, pelos atos culposos praticados por
lançada de condomínio edilício, não sendo possível identifi-
médicos integrantes de seu corpo clínico
car de qual unidade, responderá o condomínio, assegurado
JDC450 Considerando que a responsabilidade dos pais pelos
o direito de regresso.
atos danosos praticados pelos filhos menores é objetiva, e não
por culpa presumida, ambos os genitores, no exercício do po-
der familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a
tais atos, ainda que estejam separados, ressalvado o direito dívida, fora dos casos em que a lei o permita, ficará obrigado a
de regresso em caso de culpa exclusiva de um dos genitores. esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar
JDC590 A responsabilidade civil dos pais pelos atos dos filhos os juros correspondentes, embora estipulados, e a PAGAR AS
menores, prevista no art. 932, inc. I, do Código Civil, não obstan- CUSTAS EM DOBRO.
te objetiva, pressupõe a demonstração de que a conduta im-
putada ao menor, caso o fosse a um agente imputável, seria Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou
hábil para a sua responsabilização. em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais
do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no
primeiro caso, o DOBRO do que houver cobrado e, no segun-
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antece-
do, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescri-
dente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pe-
ção.
los atos praticados pelos terceiros ali referidos.

DEMANDAR ANTES DE Ficará obrigado a esperar o venci-


JDC451 A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se
VENCIDA A DÍVIDA mento, a descontar os juros corres-
na responsabilidade objetiva ou independente de culpa, es-
pondentes, embora estipulados, e a
tando superado o modelo de culpa presumida.
PAGAR AS CUSTAS EM DOBRO.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode DEMANDAR POR Ficará obrigado a pagar ao devedor o
reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o DÍVIDA JÁ PAGA DOBRO do que houver cobrado
causador do dano for descendente seu, ABSOLUTA ou RELATI- PEDINDO MAIS DO
VAMENTE INCAPAZ. QUE FOR DEVIDO
DEMANDAR POR Ficará obrigado a pagar ao devedor
JDC44 Na hipótese do art. 934, o empregador e o comitente so- DÍVIDA JÁ PAGA equivalente do que dele exigir
mente poderão agir regressivamente contra o empregado ou PEDINDO MAIS DO
preposto se estes tiverem causado dano com dolo ou culpa. QUE FOR DEVIDO

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão
se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou so- quando o autor desistir da ação antes de contestada a lide,
bre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuí-
decididas no juízo criminal. zo que prove ter sofrido.

JDC45 No caso do art. 935, não mais se poderá questionar a Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do di-
existência do fato ou quem seja o seu autor se essas questões reito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e,
se acharem categoricamente decididas no juízo criminal. se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidaria-
mente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os auto-
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por
res os coautores e as pessoas designadas no art. 932.
este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.

JDC453 Na via regressiva, a indenização atribuída a cada agente


JDC452 A responsabilidade civil do dono ou detentor de animal
será fixada proporcionalmente à sua contribuição para o evento
é objetiva, admitindo-se a excludente do fato exclusivo de ter-
danoso.
ceiro.
JDC558 São solidariamente responsáveis pela reparação civil,
juntamente com os agentes públicos que praticaram atos de

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improbidade administrativa, as pessoas, inclusive as jurídi- JDC46 A possibilidade de redução do montante da indeni-
cas, que para eles concorreram ou deles se beneficiaram di- zação em face do grau de culpa do agente, estabelecida no
reta ou indiretamente. parágrafo único do art. 944 do novo Código Civil, deve ser in-
terpretada restritivamente, por representar uma exceção ao
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá- princípio da reparação integral do dano, não se aplicando às
la TRANSMITEM-SE COM A HERANÇA. hipóteses de responsabilidade objetiva.
JDC379 O art. 944, caput, do Código Civil não afasta a possi-
bilidade de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica
JDC454 O direito de exigir reparação a que se refere o art. 943
da responsabilidade civil.
do Código Civil abrange inclusive os danos morais, ainda que
JDC380 Atribui-se nova redação ao Enunciado n. 46 da I Jorna-
a ação não tenha sido iniciada pela vítima.
da de Direito Civil, pela supressão da parte final: não se apli-
cando às hipóteses de responsabilidade objetiva
JDC455 Embora o reconhecimento dos danos morais se dê, em
SÚMULAS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL numerosos casos, independentemente de prova (in re ipsa),
para a sua adequada quantificação, deve o juiz investigar, sem-
STF
pre que entender necessário, as circunstâncias do caso concre-
Súmula 261-STF: Para a ação de indenização, em caso de ava- to, inclusive por intermédio da produção de depoimento pesso-
ria, é dispensável que a vistoria se faça judicialmente. al e da prova testemunhal em audiência.
Súmula 490-STF: A pensão correspondente a indenização JDC456 A expressão “dano” no art. 944 abrange não só os
oriunda de responsabilidade civil deve ser calculada com base danos individuais, materiais ou imateriais, mas também os
no salário-mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á danos sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos a
às variações ulteriores. (Superada, em parte) serem reclamados pelos legitimados para propor ações coleti-
Súmula 491-STF: É indenizável o acidente que cause a morte de vas.
filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado. JDC457 A redução equitativa da indenização tem caráter ex-
Súmula 492-STF: A empresa locadora de veículos responde, ci- cepcional e somente será realizada quando a amplitude do
vil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este cau- dano extrapolar os efeitos razoavelmente imputáveis à con-
sados a terceiro, no uso do carro locado. duta do agente.
Súmula 562-STF: Na indenização de danos materiais decorren- JDC458 O grau de culpa do ofensor, ou a sua eventual condu-
tes de ato ilícito cabe a atualização de seu valor, utilizando-se, ta intencional, deve ser levado em conta pelo juiz para a quan-
para esse fim, dentre outros critérios, os índices de correção mo- tificação do dano moral.
netária. JDC588 O patrimônio do ofendido não pode funcionar como
parâmetro preponderante para o arbitramento de compen-
STJ
sação por dano extrapatrimonial.
Súmula 43-STJ: Incide correção monetária sobre dívida por
ato ilícito a partir da data do EFETIVO PREJUÍZO. Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o even-
Súmula 54-STJ: Os juros moratórios fluem a partir do EVENTO to danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a
DANOSO, em caso de responsabilidade extracontratual. gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Súmula 132-STJ: A ausência de registro da transferência não
implica a responsabilidade do antigo proprietário por dano
JDC47 O art. 945 do novo Código Civil, que não encontra cor-
resultante de acidente que envolva o veículo alienado
respondente no Código Civil de 1916, não exclui a aplicação
Súmula 221-STJ: São civilmente responsáveis pelo ressarcimen-
da teoria da causalidade adequada.
to de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o
JDC459 A conduta da vítima pode ser fator atenuante do nexo
autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divul-
de causalidade na responsabilidade civil objetiva.
gação.
JDC630 Culpas não se compensam. Para os efeitos do art. 945
Súmula 246-STJ: O valor do seguro obrigatório deve ser dedu-
do Código Civil, cabe observar os seguintes critérios:
zido da indenização judicialmente fixada.
(i) há diminuição do quantum da reparação do dano causado
Súmula 362-STJ: A correção monetária do valor da indeniza-
quando, ao lado da conduta do lesante, verifica-se ação ou
ção do dano moral incide desde a DATA DO ARBITRAMENTO.
omissão do próprio lesado da qual resulta o dano, ou o seu
agravamento, desde que
Correção monetária e danos MATERIAIS: EFETIVO PREJUÍZO. (ii) reportadas ambas as condutas a um mesmo fato, ou ao mes-
mo fundamento de imputação, conquanto possam ser simultâ-
Correção monetária e danos MORAIS: ARBITRAMENTO.
neas ou sucessivas, devendo-se considerar o percentual causal
*Dizerodireito do agir de cada um.

CAPÍTULO II
Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou
Da Indenização
no contrato disposição fixando a indenização devida pelo inadim-
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
plente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que a lei
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gra-
processual determinar.
vidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamen-
te, a indenização.
Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie
ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente.

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fornecedor do aparelho e sem prejuízo da ação direta do pa-
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem ex- ciente, na condição de consumidor, contra tal fornecedor.
cluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima,
Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da res-
seu funeral e o luto da família;
tituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os
suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; fal-
devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.
tando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao preju-
dicado.
JDC560 No plano patrimonial, a manifestação do dano reflexo Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista
ou por ricochete não se restringe às hipóteses previstas no art. a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo
948 do Código Civil. de afeição, contanto que este não se avantaje àquele.

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor JDC561 No caso do art. 952 do Código Civil, se a coisa faltar, de-
indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros ver-se-á, além de reembolsar o seu equivalente ao prejudicado,
cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro pre- indenizar também os lucros cessantes.
juízo que o ofendido prove haver sofrido.
Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia con-
JDC192 Os danos oriundos das situações previstas nos arts. 949 sistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.
e 950 do Código Civil de 2002 devem ser analisados em conjun- Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo materi-
to, para o efeito de atribuir indenização por perdas e danos ma- al, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na
teriais, cumulada com dano moral e estético. conformidade das circunstâncias do caso.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consisti-
possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a rá no pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofen-
capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do dido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o dispos-
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, inclui- to no parágrafo único do artigo antecedente.
rá pensão correspondente à importância do trabalho para que se Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pesso-
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. al:
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a I - o cárcere privado;
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
III - a prisão ilegal.
JDC48 O parágrafo único do art. 950 do novo Código Civil insti-
tui direito potestativo do lesado para exigir pagamento da SÚMULAS SOBRE DANO MORAL
indenização de uma só vez, mediante arbitramento do valor
STF
pelo juiz, atendidos os arts. 944 e 945 e a possibilidade econô-
mica do ofensor. Súmula 28-STF: O estabelecimento bancário é responsável pelo
JDC381 O lesado pode exigir que a indenização sob a forma pagamento de cheque falso, ressalvadas as hipóteses de culpa
de pensionamento seja arbitrada e paga de uma só vez, sal- exclusiva ou concorrente do correntista. Segundo entendimen-
vo impossibilidade econômica do devedor, caso em que o juiz to do STF o Código de Defesa do Consumidor é aplicado nas
poderá fixar outra forma de pagamento, atendendo à condição relações entre as instituições financeiras e seus clientes (ADI
financeira do ofensor e aos benefícios resultantes do pagamento 2591/DF). O CDC afirma que somente a culpa exclusiva do
antecipado. STJ (Info 561): Nos casos de responsabilidade civil consumidor (no caso o correntista é que exclui a responsabi-
derivada de incapacitação para o trabalho (art. 950 do CC), a lidade do fornecedor de serviços (art. 14, § 3º, II). Logo,
vítima não tem o direito absoluto de que a indenização por mesmo havendo culpa concorrente do correntista, persistirá
danos materiais fixada em forma de pensão seja arbitrada e a responsabilidade do estabelecimento bancário. A culpa
paga de uma só vez. concorrente servirá, no máximo, como fator de atenuação
do montante indenizatório.
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no STJ
caso de indenização devida por aquele que, no exercício de ativi-
dade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, cau- Súmula 227-STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral
sar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou Súmula 281-STJ: A indenização por dano moral não está sujei-
inabilitá-lo para o trabalho. ta à tarifação prevista na Lei de Imprensa.
Súmula 313-STJ: Em ação de indenização, procedente o pedi-
do, é necessária a constituição de capital ou caução fidejussória
JDC460 A responsabilidade subjetiva do profissional da área
para a garantia de pagamento da pensão, independentemente
da saúde, nos termos do art. 951 do Código Civil e do art. 14, §
da situação financeira do demandado.
4º, do Código de Defesa do Consumidor, não afasta a sua res-
Súmula 370-STJ: Caracteriza dano moral a apresentação an-
ponsabilidade objetiva pelo fato da coisa da qual tem a guar-
tecipada de cheque pré-datado.
da, em caso de uso de aparelhos ou instrumentos que, por
Súmula 385-STJ: Da anotação irregular em cadastro de prote-
eventual disfunção, venham a causar danos a pacientes, sem
ção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quan-
prejuízo do direito regressivo do profissional em relação ao
do preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao

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cancelamento. VI - sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios
Súmula 387-STJ: É lícita a cumulação das indenizações de dano rústicos ou urbanos, o credor de aluguéis, quanto às prestações
estético e dano moral. do ano corrente e do anterior;
Súmula 388-STJ: A simples devolução indevida de cheque VII - sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o
caracteriza dano moral. autor dela, ou seus legítimos representantes, pelo crédito funda-
Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indeniza- do contra aquele no contrato da edição;
ção pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com VIII - sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido
fins econômicos ou empresariais. com o seu trabalho, e precipuamente a quaisquer outros créditos,
Súmula 624-STJ: É possível cumular a indenização do dano mo- ainda que reais, o trabalhador agrícola, quanto à dívida dos seus
ral com a reparação econômica da Lei n. 10.559/2002. salários.
IX - sobre os produtos do abate, o credor por animais
TÍTULO X
Das Preferências e Privilégios Creditórios
Art. 965. Goza de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os
Art. 955. Procede-se à declaração de insolvência toda vez que
bens do devedor:
as dívidas excedam à importância dos bens do devedor.
I - o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição
Art. 956. A discussão entre os credores pode versar quer sobre a
do morto e o costume do lugar;
preferência entre eles disputada, quer sobre a nulidade, simula-
II - o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecada-
ção, fraude, ou falsidade das dívidas e contratos.
ção e liquidação da massa;
III - o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e
Art. 957. Não havendo título legal à preferência, terão os cre-
dos filhos do devedor falecido, se foram moderadas;
dores igual direito sobre os bens do devedor comum.
IV - o crédito por despesas com a doença de que faleceu o deve-
dor, no semestre anterior à sua morte;
Art. 958. Os títulos legais de preferência são os privilégios e os
V - o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor fa-
direitos reais.
lecido e sua família, no trimestre anterior ao falecimento;
VI - o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano
Art. 959. Conservam seus respectivos direitos os credores, hipote-
corrente e no anterior;
cários ou privilegiados:
VII - o crédito pelos salários dos empregados do serviço domésti-
I - sobre o preço do seguro da coisa gravada com hipoteca ou
co do devedor, nos seus derradeiros seis meses de vida;
privilégio, ou sobre a indenização devida, havendo responsável
VIII - os demais créditos de privilégio geral.
pela perda ou danificação da coisa;
II - sobre o valor da indenização, se a coisa obrigada a hipoteca
ou privilégio for desapropriada. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 960. Nos casos a que se refere o artigo antecedente, o deve- CAPÍTULO IV
dor do seguro, ou da indenização, exonera-se pagando sem opo- DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBI-
sição dos credores hipotecários ou privilegiados. LIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao paga-
Art. 961. O crédito real prefere ao pessoal de qualquer espécie; mento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória
o crédito pessoal privilegiado, ao simples; e o privilégio espe- que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, man-
cial, ao geral. dará INTIMAR o executado PESSOALMENTE para, em 3 dias,
pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilida-
Art. 962. Quando concorrerem aos mesmos bens, e por título de de efetuá-lo.
igual, dois ou mais credores da mesma classe especialmente privi- § 1o Caso o executado, no prazo referido no caput (3 dias), não
legiados, haverá entre eles rateio proporcional ao valor dos res- efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não apre-
pectivos créditos, se o produto não bastar para o pagamento in- sente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o JUIZ MAN-
tegral de todos. DARÁ PROTESTAR o pronunciamento judicial, aplicando-se, no
que couber, o disposto no art. 517.
Art. 963. O privilégio especial só compreende os bens sujeitos, § 2o Somente a comprovação de fato que gere a IMPOSSIBILI-
por expressa disposição de lei, ao pagamento do crédito que DADE ABSOLUTA de pagar justificará o inadimplemento.
ele favorece; e o geral, todos os bens não sujeitos a crédito § 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresenta-
real nem a privilégio especial. da não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronun-
ciamento judicial na forma do § 1o, DECRETAR-LHE-Á A PRISÃO
Art. 964. Têm privilégio especial: PELO PRAZO DE 1 A 3 MESES
I - sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e des- § 4o A prisão será cumprida em REGIME FECHADO, devendo o
pesas judiciais feitas com a arrecadação e liquidação; preso ficar separado dos presos comuns.
II - sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento; § 5o O cumprimento da pena não exime o executado do paga-
III - sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessá- mento das prestações vencidas e vincendas.
rias ou úteis; § 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumpri-
IV - sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou mento da ordem de prisão.
quaisquer outras construções, o credor de materiais, dinheiro, ou § 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante
serviços para a sua edificação, reconstrução, ou melhoramento; é o que compreende até as 3 prestações anteriores ao ajuiza-
V - sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos mento da execução e as que se vencerem no curso do processo.
e serviços à cultura, ou à colheita;

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§ 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da § 1o O capital a que se refere o caput, representado por imóveis
sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto nes- ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de alienação, títulos
te Livro, Título II, Capítulo III, caso em que NÃO SERÁ ADMIS- da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será
SÍVEL A PRISÃO DO EXECUTADO, e, recaindo a penhora em di- inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do exe-
nheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não cutado, além de constituir-se em patrimônio de afetação.
obsta a que o exequente levante mensalmente a importância § 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela in-
da prestação. clusão do exequente em folha de pagamento de pessoa ju-
§ 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o rídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento
exequente pode promover o cumprimento da sentença ou deci- do executado, por fiança bancária ou garantia real, em valor a
são que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juí- ser arbitrado de imediato pelo juiz.
zo de seu domicílio. § 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas, po-
derá a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução ou
CJF 146: O prazo de 3 dias previsto pelo art. 528 do CPC conta- aumento da prestação.
se em dias úteis e na forma dos incisos do art. 231 do CPC, § 4o A prestação alimentícia PODERÁ SER FIXADA TOMANDO
não se aplicando seu § 3º. POR BASE O SALÁRIO-MÍNIMO.
CJF 147: Basta o inadimplemento de uma parcela, no todo ou § 5o Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar
em parte, para decretação da prisão civil prevista no art. 528, o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as garantias
§ 7º, do CPC. prestadas.

Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, di- SÚMULA SOBRE ALIMENTOS
retor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação Súmula 621-STJ: Os efeitos da sentença que reduz, majora ou
do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em fo- exonera o alimentante do pagamento retroagem à data da
lha de pagamento da importância da prestação alimentícia. citação, vedadas a compensação e a repetibilidade.
§ 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa
ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobe-
diência, o desconto a partir da primeira remuneração posteri-
or do executado, a contar do protocolo do ofício. CAPÍTULO V
§ 2o O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILI-
de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a importância a DADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA PELA FA-
ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta ZENDA PÚBLICA
na qual deve ser feito o depósito. Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda
§ 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o Pública o dever de pagar quantia certa, o exequente apresen-
débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimen- tará demonstrativo discriminado e atualizado do crédito con-
tos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do tendo:
caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pes-
ultrapasse 50% de seus ganhos líquidos. soas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exe-
quente;
FPPC587. (arts.529, §3º; 833, IV e § 2º; 528, §8º) A limitação de II - o índice de correção monetária adotado;
que trata o §3º do art. 529 não se aplica à execução de dívida III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
não alimentar. IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção mone-
tária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
Art. 530. Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto
VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realiza-
nos arts. 831 e seguintes.
dos.
§ 1o Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apre-
Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos defi-
sentar o seu próprio demonstrativo, aplicando-se à hipótese, se
nitivos ou provisórios.
for o caso, o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 113.
§ 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos ali-
§ 2o A multa prevista no § 1o do art. 523 NÃO SE APLICA à Fa-
mentos fixados em sentença ainda não transitada em julgado, se
zenda Pública.
processa em autos apartados.
§ 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimen-
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu re-
tos será processado nos mesmos autos em que tenha sido profe-
presentante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para,
rida a sentença.
querendo, no prazo de 30 dias e nos próprios autos, impugnar a
execução, podendo arguir:
Art. 532. Verificada a conduta procrastinatória do executado, o
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o
juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao Ministério Público dos in-
processo correu à revelia;
dícios da prática do crime de abandono material.
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação
IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
de alimentos, caberá ao executado, a requerimento do exequen-
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
te, constituir capital cuja renda assegure o pagamento do va-
VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação,
lor mensal da pensão.
como pagamento, novação, compensação, transação ou prescri-

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ção, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da senten- obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso ne-
ça. cessário, requisitar o auxílio de força policial.
§ 1o A alegação de impedimento ou suspeição observará o dispos- § 2o O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será
to nos arts. 146 e 148. cumprido por 2 oficiais de justiça, observando-se o disposto no
§ 2o Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, art. 846, §§ 1o a 4o, se houver necessidade de arrombamento.
pleiteia quantia superior à resultante do título, cumprirá à execu- § 3o O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé
tada declarar de imediato o valor que entende correto, sob quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem
pena de não conhecimento da arguição. prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.
§ 3o Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da § 4o No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade
executada: de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525, no
I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal com- que couber.
petente, precatório em favor do exequente, observando-se o dis- § 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumpri-
posto na Constituição Federal; mento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fa-
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o zer de natureza não obrigacional.
ente público foi citado para o processo, o pagamento de obriga-
ção de pequeno valor será realizado no prazo de 2 meses con- FPPC441. (arts. 536, §5º, 537, §5º) O §5º do art. 536 e o §5º do art.
tado da entrega da requisição, mediante depósito na agência 537 alcançam situação jurídica passiva correlata a direito real.
de banco oficial mais próxima da residência do exequente. FPPC442. (arts. 536, §5º, 537, §5º). O §5º do art. 536 e o §5º do
§ 4o Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada art. 537 alcançam os deveres legais.
pela executada será, desde logo, objeto de cumprimento. FPPC533. (art. 536, §3º; art. 774, IV) Se o executado descumprir
§ 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, ordem judicial, conforme indicado pelo § 3º do art. 536, incidirá
CONSIDERA-SE também INEXIGÍVEL a obrigação reconhecida a pena por ato atentatório à dignidade da justiça (art. 774, IV),
em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo sem prejuízo da sanção por litigância de má-fé.
considerado inconstitucional pelo STF, ou fundado em aplica-
ção ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo STF
Art. 537. A multa INDEPENDE de requerimento da parte e po-
como incompatível com a Constituição Federal, em controle de
derá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória
constitucionalidade concentrado ou difuso.
ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficien-
§ 6o No caso do § 5o, os efeitos da decisão do STF poderão ser
te e compatível com a obrigação e que se determine prazo ra-
modulados no tempo, de modo a favorecer a segurança jurídica.
zoável para cumprimento do preceito.
§ 7o A decisão do STF referida no § 5 o deve ter sido proferida
§ 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o va-
antes do trânsito em julgado da decisão exequenda.
lor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso ve-
§ 8o Se a decisão referida no § 5o for proferida após o trânsito em
rifique que:
julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo
I - se tornou insuficiente ou excessiva;
PRAZO será contado DO TRÂNSITO EM JULGADO DA DECI-
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente
SÃO PROFERIDA PELO STF.
da obrigação ou justa causa para o descumprimento.
§ 2o O valor da multa será devido ao exequente.
FPPC532. (art. 535, § 3º; art. 100, § 5º, Constituição Federal). A § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento
expedição do precatório ou da RPV depende do trânsito em provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o levan-
julgado da decisão que rejeita as arguições da Fazenda Públi- tamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favo-
ca executada. rável à parte.
§ 4o A multa será devida desde o dia em que se configurar o
descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumpri-
Diferentemente das obrigações de QUANTIA, o regramento
da a decisão que a tiver cominado.
quanto às obrigações de FAZER, NÃO FAZER e ENTREGAR
§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumpri-
COISA aplicam-se à Fazenda Pública da mesma forma em
mento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fa-
que se aplicam aos particulares.
zer de natureza não obrigacional.

CAPÍTULO VI
JDPC96 Os critérios referidos no caput do art. 537 do CPC de-
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILI-
vem ser observados no momento da fixação da multa, que não
DADE DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, DE NÃO FAZER OU DE EN-
está limitada ao valor da obrigação principal e não pode ter sua
TREGAR COISA
exigibilidade postergada para depois do trânsito em julgado.
Seção I
Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de
Obrigação de Fazer ou de Não Fazer Seção II
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibili- Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de
dade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de Obrigação de ENTREGAR COISA
ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no pra-
ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, zo estabelecido na sentença, será expedido mandado de busca
determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, con-
§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determi- forme se tratar de coisa móvel ou imóvel.
nar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e § 1o A existência de benfeitorias deve ser ALEGADA NA FASE
apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de DE CONHECIMENTO, EM CONTESTAÇÃO, de forma discrimi-

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nada e com atribuição, sempre que possível e justificadamen- Art. 543. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a
te, do respectivo valor. escolha couber ao credor, será este citado para exercer o direito
§ 2o O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido dentro de 5 dias, se outro prazo não constar de lei ou do contra-
na contestação, na fase de conhecimento. to, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao des-
§ 3o Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que pachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a en-
couber, as disposições sobre o cumprimento de obrigação de fa- trega, sob pena de depósito.
zer ou de não fazer.
Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que:
TÍTULO III I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa de-
DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS vida;
CAPÍTULO I II - foi justa a recusa;
DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamen-
Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou ter- to;
ceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da IV - o depósito não é integral.
quantia ou da coisa devida. Parágrafo único. No caso do inciso IV (depósito não integral), a
§ 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser de- alegação somente será admissível se o réu indicar o montante
positado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situa- que entende devido.
do no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta
com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 dias para a Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor
manifestação de recusa. completá-lo, em 10 dias, salvo se corresponder a prestação cujo
§ 2o Decorrido o prazo do § 1o (10 dias), contado do retorno do inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.
aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, conside- § 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a
rar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação
do credor a quantia depositada. parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela con-
§ 3o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabeleci- trovertida.
mento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 mês, a ação § 2o A sentença que concluir pela insuficiência do depósito deter-
de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do de- minará, sempre que possível, o montante devido e valerá como
pósito e da recusa. título executivo, facultado ao credor promover-lhe o cumpri-
§ 4o Não proposta a ação no prazo do § 3 o (1 mês) ficará sem mento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.
efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante.
FPPC61. (art. 545) É permitido ao réu da ação de consignação
Art. 540. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento,
em pagamento levantar “desde logo” a quantia ou coisa deposi-
cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos,
tada em outras hipóteses além da prevista no § 1º do art. 545
salvo se a demanda for julgada improcedente.
(insuficiência do depósito), desde que tal postura não seja
contraditória com fundamento da defesa.
FPPC59. (art. 540). Em ação de consignação em pagamento,
quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no lugar
em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a
em que ela se encontra. A supressão do parágrafo único do art. obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorá-
891 do Código de Processo Civil de 1973 é inócua, tendo em vis- rios advocatícios.
ta o art. 341 do Código Civil. Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor re-
ceber e der quitação.

Art. 541. Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma


Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente rece-
delas, pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo
ber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos
e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o
possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito.
faça em até 5 dias contados da data do respectivo vencimento.
Art. 548. No caso do art. 547:
FPPC60. (art. 541) Na ação de consignação em pagamento que I - não comparecendo pretendente algum, converter-se-á o de-
tratar de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o pósito em arrecadação de coisas vagas;
devedor continuar a consignar sem mais formalidades as que se II - comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano;
forem vencendo, enquanto estiver pendente o processo. III - comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o
depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a cor-
Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá: rer unicamente entre os presuntivos credores, observado o
I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no procedimento comum.
prazo de 5 dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese
do art. 539, § 3o; FPPC62. (art. 548, III) A regra prevista no art. 548, III, que dispõe
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contes- que, em ação de consignação em pagamento, o juiz declarará
tação. efetuado o depósito extinguindo a obrigação em relação ao de-
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I vedor, prosseguindo o processo unicamente entre os presunti-
(5 dias), o processo será extinto sem resolução do mérito. vos credores, só se aplicará se o valor do depósito não for
controvertido, ou seja, não terá aplicação caso o montante de-

13
positado seja impugnado por qualquer dos presuntivos credo- gratificação a que teria direito e determinar as medidas executivas
res. necessárias à recomposição do prejuízo.
FPPC534. (art. 548, inc. III) A decisão a que se refere o inciso III
do art. 548 faz coisa julgada quanto à extinção da obrigação CAPÍTULO III
FPPC535. (art. 548, inc. III) Cabe ação rescisória contra a deci- DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
são prevista no inciso III do art. 548. Seção I
Disposições Gerais
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de
Art. 549. Aplica-se o procedimento estabelecido neste Capítulo,
outra NÃO OBSTARÁ a que o juiz conheça do pedido e outor-
no que couber, ao resgate do aforamento.
gue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados [PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE DAS AÇÕES
CAPÍTULO II
POSSESSÓRIAS]
DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
§ 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir
grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos
contas requererá a citação do réu para que as preste ou ofere-
ocupantes que forem encontrados no local e a citação por
ça contestação no prazo de 15 dias.
edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Mi-
§ 1o Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as
nistério Público e, se envolver pessoas em situação de hipos-
razões pelas quais exige as contas, instruindo-a com documen-
suficiência econômica, da Defensoria Pública.
tos comprobatórios dessa necessidade, se existirem.
§ 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de jus-
§ 2o Prestadas as contas, o autor terá 15 dias para se manifestar,
tiça procurará os ocupantes no local por 1 vez, citando-se por
prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do Título I
edital os que não forem encontrados.
deste Livro.
§ 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da
§ 3o A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá
existência da ação prevista no § 1o e dos respectivos prazos pro-
ser fundamentada e específica, com referência expressa ao lan-
cessuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou
çamento questionado.
rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de
§ 4o Se o réu não contestar o pedido, observar-se-á o disposto no
outros meios.
art. 355 (julgamento antecipado do mérito).
§ 5o A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu
a prestar as contas no prazo de 15 dias, sob pena de não lhe FPPC63. (art. 554) No caso de ação possessória em que figure
ser lícito impugnar as que o autor apresentar. no polo passivo grande número de pessoas, a ampla divulgação
§ 6o Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5 o (15 prevista no § 3º do art. 554 contempla a inteligência do art. 301,
dias), seguir-se-á o procedimento do § 2 o, caso contrário, o autor com a possibilidade de determinação de registro de protesto
apresenta-las-á no prazo de 15 dias podendo o juiz determinar a para consignar a informação do litígio possessório na matrícula
realização de exame pericial, se necessário. imobiliária respectiva.
FPPC17. (arts. 554 e 677) O valor da causa nas ações fundadas
em posse, tais como as ações possessórias, os embargos de ter-
FPPC177. (arts. 550, § 5º e 1.015, inc. II) A decisão interlocutória ceiro e a oposição, deve considerar a expressão econômica
que julga procedente o pedido para condenar o réu a prestar da posse, que não obrigatoriamente coincide com o valor
contas, por ser de mérito, é recorrível por agravo de instru- da propriedade.
mento. FPPC328. (arts. 554 e 565) Os arts. 554 e 565 do CPC aplicam-
se à ação de usucapião coletiva (art. 10 da Lei 10.258/2001) e
Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequa- ao processo em que exercido o direito a que se referem os §§4º
da, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os in- e 5º do art. 1.228, Código Civil, especialmente quanto à necessi-
vestimentos, se houver. dade de ampla publicidade da ação e da participação do Mi-
§ 1o Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, nistério Público, da Defensoria Pública e dos órgãos estatais
o juiz estabelecerá prazo razoável para que o réu apresente os responsáveis pela reforma agrária e política urbana.
documentos justificativos dos lançamentos individualmente im-
pugnados. Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
§ 2o As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5 o, serão apre- I - condenação em perdas e danos;
sentadas na forma adequada, já instruídas com os documentos II - indenização dos frutos.
justificativos, especificando-se as receitas, a aplicação das despe- Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de me-
sas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo. dida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título execu- II - cumprir-se a tutela provisória ou final.
tivo judicial.
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o
Art. 553. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do de- ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a
positário e de qualquer outro administrador serão prestadas em indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbu-
apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado. lho cometido pelo autor.
Parágrafo único. Se qualquer dos referidos no caput for condena-
do a pagar o saldo e não o fizer no prazo legal, o juiz poderá des - Art. 557. Na pendência de ação possessória É VEDADO, tanto
tituí-lo, sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o prêmio ou a ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do

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domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de ter- tes, a citação do réu para, querendo, contestar a ação no pra-
ceira pessoa. zo de 15 dias.
Parágrafo único. NÃO OBSTA à manutenção ou à reintegração Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o
de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre prazo para contestar será contado da intimação da decisão que
a coisa. deferir ou não a medida liminar.

FPPC65. (art. 557) O art. 557 não obsta a cumulação pelo autor Art. 565. No LITÍGIO COLETIVO PELA POSSE DE IMÓVEL, quan-
de ação reivindicatória e de ação possessória, se os fundamen- do o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver
tos forem distintos. ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedi-
FPPC443. (art. 557) Em ação possessória movida pelo proprietá- do de concessão da medida liminar, deverá designar audiência
rio é possível ao réu alegar a usucapião como matéria de de mediação, a realizar-se em até 30 dias, que observará o dis-
defesa, sem violação ao art. 557 posto nos §§ 2o e 4o.
§ 1o Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo
de 1 ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz de-
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegra-
signar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2o a 4o deste
ção de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação
artigo.
for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afir-
§ 2o O Ministério Público será intimado para comparecer à au-
mado na petição inicial.
diência, e a Defensoria Pública será intimada sempre que hou-
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput (ano e dia),
ver parte beneficiária de gratuidade da justiça.
será comum o procedimento, NÃO PERDENDO, contudo, O
§ 3o O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua
CARÁTER POSSESSÓRIO.
presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional.
§ 4o Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política
Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor pro-
urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município
visoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idonei-
onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para
dade financeira para, no caso de sucumbência, responder por
a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no pro-
perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 dias para re-
cesso e sobre a existência de possibilidade de solução para o con-
querer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada
flito possessório.
a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte econo-
§ 5o Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade
micamente hipossuficiente.
de imóvel.

FPPC179. (arts. 559 e 139, VI) O prazo de 5 dias para prestar


caução pode ser dilatado, nos termos do art. 139, inciso VI. FPPC66. (art. 565) A medida liminar referida no art. 565 é hipó-
FPPC180. (art. 559) A prestação de caução prevista no art. 559 tese de tutela antecipada
poderá ser determinada pelo juiz, caso o réu obtenha a prote-
ção possessória, nos termos no art. 556 Art. 566. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento comum.

Seção II Seção III


Da Manutenção e da Reintegração de Posse Do Interdito Proibitório
Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio
caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho. de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure
da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório
Art. 561. Incumbe ao autor provar: em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso
I - a sua posse; transgrida o preceito.
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho; Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manu- deste Capítulo.
tenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração.
CAPÍTULO IV
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz DA AÇÃO DE DIVISÃO E DA DEMARCAÇÃO DE TERRAS
deferirá, SEM OUVIR O RÉU, a expedição do mandado liminar PARTICULARES
de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará Seção I
que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu Disposições Gerais
para comparecer à audiência que for designada. Art. 569. Cabe:
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público I - ao proprietário a ação de demarcação, para obrigar o seu
não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar confinante a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos li-
sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. mites entre eles ou aviventando-se os já apagados;
II - ao condômino a ação de divisão, para obrigar os demais
Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo ex- consortes a estremar os quinhões.
pedir mandado de manutenção ou de reintegração.
FPPC68. (art. 569) Também possuem legitimidade para a ação
Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção demarcatória os titulares de direito real de gozo e fruição,
ou de reintegração, o autor promoverá, nos 5 dias subsequen- nos limites dos seus respectivos direitos e títulos constitutivos

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de direito real. Assim, além da propriedade, aplicam-se os dispo- regras de experiência comum, sem indicar os motivos pelos
sitivos do Capítulo sobre ação demarcatória, no que for cabível, quais a conclusão adotada decorre daquilo que ordinariamente
em relação aos direitos reais de gozo e fruição. acontece, considera-se não fundamentada
FPPC69. (art. 569) Cabe ao proprietário ação demarcatória para
extremar a demarcação entre o seu prédio e do confinante, bem Art. 576. A citação dos réus será feita por correio, observado o
como fixar novos limites, aviventar rumos apagados e a renovar disposto no art. 247.
marcos destruídos (art. 1.297 do Código Civil) Parágrafo único. Será publicado edital, nos termos do inciso III do
art. 259.
Art. 570. É lícita a cumulação dessas ações, caso em que deverá
processar-se primeiramente a demarcação total ou parcial da coi- Art. 577. Feitas as citações, terão os réus o prazo comum de 15
sa comum, citando-se os confinantes e os condôminos. dias para contestar.

FPPC514. (art. 370) O juiz não poderá revogar a decisão que de- Art. 578. Após o prazo de resposta do réu, observar-se-á o pro-
terminou a produção de prova de ofício sem que consulte as cedimento comum.
partes a respeito
Art. 579. Antes de proferir a sentença, o juiz nomeará um ou
mais peritos para levantar o traçado da linha demarcanda.
Art. 571. A demarcação e a divisão poderão ser realizadas por
escritura pública, desde que maiores, capazes e concordes to-
Art. 580. Concluídos os estudos, os peritos apresentarão minucio-
dos os interessados, observando-se, no que couber, os dispositi-
so laudo sobre o traçado da linha demarcanda, considerando os
vos deste Capítulo.
títulos, os marcos, os rumos, a fama da vizinhança, as informações
de antigos moradores do lugar e outros elementos que coligirem.
FPPC515. (art. 371; art. 489, §1°) Aplica-se o disposto no art. 489,
§1°, também em relação às questões fáticas da demanda.
FPPC70. (art. 580) Do laudo pericial que traçar a linha demarcan-
FPPC516. (art. 371; art. 369; art. 489, §1°) Para que se considere
da, deverá ser oportunizada a manifestação das partes interessa-
fundamentada a decisão sobre os fatos, o juiz deverá analisar to-
das, em prestígio ao princípio do contraditório e da ampla defe-
das as provas capazes, em tese, de infirmar a conclusão adotada.
sa

Art. 572. Fixados os marcos da linha de demarcação, os confinan-


Art. 581. A sentença que julgar procedente o pedido determinará
tes considerar-se-ão terceiros quanto ao processo divisório, fi-
o traçado da linha demarcanda.
cando-lhes, porém, ressalvado o direito de vindicar os terrenos de
Parágrafo único. A sentença proferida na ação demarcatória de-
que se julguem despojados por invasão das linhas limítrofes
terminará a restituição da área invadida, se houver, declarando o
constitutivas do perímetro ou de reclamar indenização correspon-
domínio ou a posse do prejudicado, ou ambos.
dente ao seu valor.
§ 1o No caso do caput, serão citados para a ação todos os condô-
Art. 582. Transitada em julgado a sentença, o perito efetuará a
minos, se a sentença homologatória da divisão ainda não hou-
demarcação e colocará os marcos necessários.
ver transitado em julgado, e todos os quinhoeiros dos terrenos
Parágrafo único. Todas as operações serão consignadas em plan-
vindicados, se a ação for proposta posteriormente.
ta e memorial descritivo com as referências convenientes para a
§ 2o Neste último caso, a sentença que julga procedente a ação,
identificação, em qualquer tempo, dos pontos assinalados, obser-
condenando a restituir os terrenos ou a pagar a indenização, va-
vada a legislação especial que dispõe sobre a identificação do
lerá como título executivo em favor dos quinhoeiros para ha-
imóvel rural.
verem dos outros condôminos que forem parte na divisão ou de
seus sucessores a título universal, na proporção que lhes tocar, a
Art. 583. As plantas serão acompanhadas das cadernetas de ope-
composição pecuniária do desfalque sofrido.
rações de campo e do memorial descritivo, que conterá:
I - o ponto de partida, os rumos seguidos e a aviventação dos an -
Art. 573. Tratando-se de imóvel georreferenciado, com averbação
tigos com os respectivos cálculos;
no registro de imóveis, pode o juiz dispensar a realização de pro-
II - os acidentes encontrados, as cercas, os valos, os marcos anti-
va pericial.
gos, os córregos, os rios, as lagoas e outros;
III - a indicação minuciosa dos novos marcos cravados, dos anti-
Seção II
gos aproveitados, das culturas existentes e da sua produção anu-
Da Demarcação
al;
Art. 574. Na petição inicial, instruída com os títulos da proprieda-
IV - a composição geológica dos terrenos, bem como a qualidade
de, designar-se-á o imóvel pela situação e pela denominação,
e a extensão dos campos, das matas e das capoeiras;
descrever-se-ão os limites por constituir, aviventar ou renovar e
V - as vias de comunicação;
nomear-se-ão todos os confinantes da linha demarcanda.
VI - as distâncias a pontos de referência, tais como rodovias fede-
rais e estaduais, ferrovias, portos, aglomerações urbanas e polos
Art. 575. Qualquer condômino é parte legítima para promover
comerciais;
a demarcação do imóvel comum, requerendo a intimação dos de-
VII - a indicação de tudo o mais que for útil para o levantamento
mais para, querendo, intervir no processo.
da linha ou para a identificação da linha já levantada.

FPPC517. (art. 375; art. 489, §1°) A decisão judicial que empregar

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Art. 584. É obrigatória a colocação de marcos tanto na estação § 1o Serão citados para a ação todos os condôminos, se a senten-
inicial, dita marco primordial, quanto nos vértices dos ângulos, ça homologatória da divisão ainda não houver transitado em jul-
salvo se algum desses últimos pontos for assinalado por aciden- gado, e todos os quinhoeiros dos terrenos vindicados, se a ação
tes naturais de difícil remoção ou destruição. for proposta posteriormente.
§ 2o Nesse último caso terão os quinhoeiros o direito, pela mesma
Art. 585. A linha será percorrida pelos peritos, que examinarão os sentença que os obrigar à restituição, a haver dos outros condô-
marcos e os rumos, consignando em relatório escrito a exatidão minos do processo divisório ou de seus sucessores a título univer-
do memorial e da planta apresentados pelo agrimensor ou as di- sal a composição pecuniária proporcional ao desfalque sofrido.
vergências porventura encontradas.
Art. 595. Os peritos proporão, em laudo fundamentado, a forma
Art. 586. Juntado aos autos o relatório dos peritos, o juiz deter- da divisão, devendo consultar, quanto possível, a comodidade das
minará que as partes se manifestem sobre ele no prazo comum partes, respeitar, para adjudicação a cada condômino, a preferên-
de 15 dias. cia dos terrenos contíguos às suas residências e benfeitorias e evi-
Parágrafo único. Executadas as correções e as retificações que o tar o retalhamento dos quinhões em glebas separadas.
juiz determinar, lavrar-se-á, em seguida, o auto de demarcação Art. 596. Ouvidas as partes, no prazo comum de 15 dias, sobre
em que os limites demarcandos serão minuciosamente descritos o cálculo e o plano da divisão, o juiz deliberará a partilha.
de acordo com o memorial e a planta. Parágrafo único. Em cumprimento dessa decisão, o perito proce-
derá à demarcação dos quinhões, observando, além do disposto
Art. 587. Assinado o auto pelo juiz e pelos peritos, será proferida nos arts. 584 e 585, as seguintes regras:
a sentença homologatória da demarcação. I - as benfeitorias comuns que não comportarem divisão cômoda
serão adjudicadas a um dos condôminos mediante compensação;
Seção III II - instituir-se-ão as servidões que forem indispensáveis em favor
Da Divisão de uns quinhões sobre os outros, incluindo o respectivo valor no
Art. 588. A petição inicial será instruída com os títulos de domínio orçamento para que, não se tratando de servidões naturais, seja
do promovente e conterá: compensado o condômino aquinhoado com o prédio serviente;
I - a indicação da origem da comunhão e a denominação, a situa- III - as benfeitorias particulares dos condôminos que excederem à
ção, os limites e as características do imóvel; área a que têm direito serão adjudicadas ao quinhoeiro vizinho
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência de todos os mediante reposição;
condôminos, especificando-se os estabelecidos no imóvel com IV - se outra coisa não acordarem as partes, as compensações e
benfeitorias e culturas; as reposições serão feitas em dinheiro.
III - as benfeitorias comuns.
Art. 597. Terminados os trabalhos e desenhados na planta os qui-
Art. 589. Feitas as citações como preceitua o art. 576, prosseguir- nhões e as servidões aparentes, o perito organizará o memorial
se-á na forma dos arts. 577 e 578. descritivo.
§ 1o Cumprido o disposto no art. 586, o escrivão, em seguida, la-
Art. 590. O juiz nomeará um ou mais peritos para promover a vrará o auto de divisão, acompanhado de uma folha de pagamen-
medição do imóvel e as operações de divisão, observada a legis- to para cada condômino.
lação especial que dispõe sobre a identificação do imóvel rural. § 2o Assinado o auto pelo juiz e pelo perito, será proferida senten-
Parágrafo único. O perito deverá indicar as vias de comunicação ça homologatória da divisão.
existentes, as construções e as benfeitorias, com a indicação dos § 3o O auto conterá:
seus valores e dos respectivos proprietários e ocupantes, as águas I - a confinação e a extensão superficial do imóvel;
principais que banham o imóvel e quaisquer outras informações II - a classificação das terras com o cálculo das áreas de cada con-
que possam concorrer para facilitar a partilha. sorte e com a respectiva avaliação ou, quando a homogeneidade
das terras não determinar diversidade de valores, a avaliação do
Art. 591. Todos os condôminos serão intimados a apresentar, den- imóvel na sua integridade;
tro de 10 dias, os seus títulos, se ainda não o tiverem feito, e a III - o valor e a quantidade geométrica que couber a cada condô -
formular os seus pedidos sobre a constituição dos quinhões. mino, declarando-se as reduções e as compensações resultantes
da diversidade de valores das glebas componentes de cada qui-
Art. 592. O juiz ouvirá as partes no prazo comum de 15 dias. nhão.
§ 1o Não havendo impugnação, o juiz determinará a divisão § 4o Cada folha de pagamento conterá:
geodésica do imóvel. I - a descrição das linhas divisórias do quinhão, mencionadas as
§ 2o Havendo impugnação, o juiz proferirá, no prazo de 10 dias, confinantes;
decisão sobre os pedidos e os títulos que devam ser atendidos na II - a relação das benfeitorias e das culturas do próprio quinhoeiro
formação dos quinhões. e das que lhe foram adjudicadas por serem comuns ou mediante
compensação;
Art. 593. Se qualquer linha do perímetro atingir benfeitorias per- III - a declaração das servidões instituídas, especificados os luga-
manentes dos confinantes feitas há mais de 1 ano, serão elas res- res, a extensão e o modo de exercício.
peitadas, bem como os terrenos onde estiverem, os quais não se
computarão na área dividenda. Art. 598. Aplica-se às divisões o disposto nos arts. 575 a 578.

Art. 594. Os confinantes do imóvel dividendo podem demandar a


restituição dos terrenos que lhes tenham sido usurpados.

17
CAPÍTULO V § 1o O juiz determinará à sociedade ou aos sócios que nela per-
DA AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE manecerem que depositem em juízo a parte incontroversa dos
Art. 599. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter por haveres devidos.
objeto: § 2o O depósito poderá ser, desde logo, levantando pelo ex-
I - a resolução da sociedade empresária contratual ou simples sócio, pelo espólio ou pelos sucessores.
em relação ao sócio falecido, excluído ou que exerceu o direi- § 3o Se o contrato social estabelecer o pagamento dos haveres,
to de retirada ou recesso; e será observado o que nele se dispôs no depósito judicial da parte
II - a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que incontroversa.
exerceu o direito de retirada ou recesso; ou
III - somente a resolução ou a apuração de haveres. Art. 605. A data da resolução da sociedade será:
§ 1o A petição inicial será necessariamente instruída com o I - no caso de falecimento do sócio, a do óbito;
contrato social consolidado. II - na retirada imotivada, o sexagésimo dia seguinte ao do rece-
§ 2o A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter também bimento, pela sociedade, da notificação do sócio retirante;
por objeto a sociedade anônima de capital fechado quando III - no recesso, o dia do recebimento, pela sociedade, da notifica-
demonstrado, por acionista ou acionistas que representem 5% ou ção do sócio dissidente;
mais do capital social, que não pode preencher o seu fim. IV - na retirada por justa causa de sociedade por prazo determi-
nado e na exclusão judicial de sócio, a do trânsito em julgado da
Art. 600. A ação pode ser proposta: decisão que dissolver a sociedade; e
I - pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos suces- V - na exclusão extrajudicial, a data da assembleia ou da reunião
sores não ingressar na sociedade; de sócios que a tiver deliberado.
II - pelos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido;
III - pela sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o Art. 606. Em caso de omissão do contrato social, o juiz definirá,
ingresso do espólio ou dos sucessores do falecido na sociedade, como critério de apuração de haveres, o valor patrimonial apura-
quando esse direito decorrer do contrato social; do em balanço de determinação, tomando-se por referência a
IV - pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se data da resolução e avaliando-se bens e direitos do ativo, tangí-
não tiver sido providenciada, pelos demais sócios, a alteração veis e intangíveis, a preço de saída, além do passivo também a ser
contratual consensual formalizando o desligamento, depois apurado de igual forma.
de transcorridos 10 dias do exercício do direito; Parágrafo único. Em todos os casos em que seja necessária a rea-
V - pela sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão lização de perícia, a nomeação do perito recairá preferencial-
extrajudicial; ou mente sobre especialista em avaliação de sociedades.
VI - pelo sócio excluído.
Parágrafo único. O cônjuge ou companheiro do sócio cujo casa- Art. 607. A data da resolução e o critério de apuração de haveres
mento, união estável ou convivência terminou poderá requerer a podem ser revistos pelo juiz, a pedido da parte, a qualquer tempo
apuração de seus haveres na sociedade, que serão pagos à conta antes do início da perícia.
da quota social titulada por este sócio.
Art. 608. Até a data da resolução, integram o valor devido ao ex-
Art. 601. Os sócios e a sociedade serão citados para, no prazo de sócio, ao espólio ou aos sucessores a participação nos lucros ou
15 dias, concordar com o pedido ou apresentar contestação. os juros sobre o capital próprio declarados pela sociedade e, se
Parágrafo único. A sociedade não será citada se todos os seus for o caso, a remuneração como administrador.
sócios o forem, mas ficará sujeita aos efeitos da decisão e à Parágrafo único. Após a data da resolução, o ex-sócio, o espólio
coisa julgada. ou os sucessores terão direito apenas à correção monetária dos
valores apurados e aos juros contratuais ou legais.
Art. 602. A sociedade poderá formular pedido de indenização
compensável com o valor dos haveres a apurar. Art. 609. Uma vez apurados, os haveres do sócio retirante serão
pagos conforme disciplinar o contrato social e, no silêncio deste,
Art. 603. Havendo manifestação expressa e unânime pela concor- nos termos do § 2o do art. 1.031 do Código Civil.
dância da dissolução, o juiz a decretará, passando-se imediata-
mente à fase de liquidação. CAPÍTULO VI
§ 1o Na hipótese prevista no caput, não haverá condenação em DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
honorários advocatícios de nenhuma das partes, e as custas Seção I
serão rateadas segundo a participação das partes no capital soci- Disposições Gerais
al. Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proce-
§ 2o Havendo contestação, observar-se-á o procedimento co- der-se-á ao inventário judicial.
mum, mas a liquidação da sentença seguirá o disposto neste Ca- § 1o Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a
pítulo. partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual consti-
tuirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como
Art. 604. Para apuração dos haveres, o juiz: para levantamento de importância depositada em instituições fi-
I - fixará a data da resolução da sociedade; nanceiras.
II - definirá o critério de apuração dos haveres à vista do disposto § 2o O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as
no contrato social; e partes interessadas estiverem assistidas por advogado ou por
III - nomeará o perito. defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato
notarial.

18
Art. 618. Incumbe ao inventariante:
Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instau- I - representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou
rado dentro de 2 meses, a contar da abertura da sucessão, ul- fora dele, observando-se, quanto ao dativo, o disposto no art. 75,
timando-se nos 12 meses subsequentes, podendo o juiz pror- § 1o ;
rogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte. II - administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma di-
ligência que teria se seus fossem;
Art. 612. O juiz decidirá todas as questões de direito desde que os III - prestar as primeiras e as últimas declarações pessoalmente
fatos relevantes estejam provados por documento, só remetendo ou por procurador com poderes especiais;
para as vias ordinárias as questões que dependerem de outras IV - exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes,
provas. os documentos relativos ao espólio;
V - juntar aos autos certidão do testamento, se houver;
Art. 613. Até que o inventariante preste o compromisso, continua- VI - trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente,
rá o espólio na posse do administrador provisório. renunciante ou excluído;
VII - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre
Art. 614. O administrador provisório representa ativa e passiva- que o juiz lhe determinar;
mente o espólio, é obrigado a trazer ao acervo os frutos que des- VIII - requerer a declaração de insolvência.
de a abertura da sucessão percebeu, tem direito ao reembolso
das despesas necessárias e úteis que fez e responde pelo dano a Art. 619. Incumbe ainda ao inventariante, ouvidos os interessa-
que, por dolo ou culpa, der causa. dos e com autorização do juiz:
I - alienar bens de qualquer espécie;
Seção II II - transigir em juízo ou fora dele;
Da Legitimidade para Requerer o Inventário III - pagar dívidas do espólio;
Art. 615. O requerimento de inventário e de partilha incumbe IV - fazer as despesas necessárias para a conservação e o me-
a quem estiver na posse e na administração do espólio, no lhoramento dos bens do espólio.
prazo estabelecido no art. 611.
Parágrafo único. O requerimento será instruído com a certidão Art. 620. Dentro de 20 dias contados da data em que prestou
de óbito do autor da herança. o compromisso, o inventariante fará as primeiras declarações,
das quais se lavrará termo circunstanciado, assinado pelo juiz,
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente: pelo escrivão e pelo inventariante, no qual serão exarados:
I - o cônjuge ou companheiro supérstite; I - o nome, o estado, a idade e o domicílio do autor da herança, o
II - o herdeiro; dia e o lugar em que faleceu e se deixou testamento;
III - o legatário; II - o nome, o estado, a idade, o endereço eletrônico e a residên-
IV - o testamenteiro; cia dos herdeiros e, havendo cônjuge ou companheiro supérstite,
V - o cessionário do herdeiro ou do legatário; além dos respectivos dados pessoais, o regime de bens do casa-
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; mento ou da união estável;
VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; III - a qualidade dos herdeiros e o grau de parentesco com o in-
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse; ventariado;
IX - o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatá- IV - a relação completa e individualizada de todos os bens do es-
rio, do autor da herança ou do cônjuge ou companheiro supérsti- pólio, inclusive aqueles que devem ser conferidos à colação, e dos
te. bens alheios que nele forem encontrados, descrevendo-se:
a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local
Seção III em que se encontram, extensão da área, limites, confrontações,
Do Inventariante e das Primeiras Declarações benfeitorias, origem dos títulos, números das matrículas e ônus
Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem: que os gravam;
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estives- b) os móveis, com os sinais característicos;
se convivendo com o outro ao tempo da morte deste; c) os semoventes, seu número, suas espécies, suas marcas e seus
II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do es- sinais distintivos;
pólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se d) o dinheiro, as joias, os objetos de ouro e prata e as pedras pre-
estes não puderem ser nomeados; ciosas, declarando-se-lhes especificadamente a qualidade, o peso
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e e a importância;
na administração do espólio; e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, as quotas e os
IV - o herdeiro menor, por seu representante legal; títulos de sociedade, mencionando-se-lhes o número, o valor e a
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do data;
espólio ou se toda a herança estiver distribuída em legados; f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, os títu-
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário; los, a origem da obrigação e os nomes dos credores e dos deve-
VII - o inventariante judicial, se houver; dores;
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante g) direitos e ações;
judicial. h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio.
Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, pres- § 1o O juiz determinará que se proceda:
tará, dentro de 5 dias, o compromisso de bem e fielmente de- I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era em-
sempenhar a função. presário individual;

19
II - à apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de so - Art. 627. Concluídas as citações, abrir-se-á vista às partes, em car-
ciedade que não anônima. tório e pelo prazo comum de 15 dias, para que se manifestem
§ 2o As declarações podem ser prestadas mediante petição, fir- sobre as primeiras declarações, incumbindo às partes:
mada por procurador com poderes especiais, à qual o termo se I - arguir erros, omissões e sonegação de bens;
reportará. II - reclamar contra a nomeação de inventariante
III - contestar a qualidade de quem foi incluído no título de her-
Art. 621. Só se pode arguir sonegação ao inventariante depois deiro.
de encerrada a descrição dos bens, com a declaração, por ele § 1o Julgando procedente a impugnação referida no inciso I, o juiz
feita, de não existirem outros por inventariar. mandará retificar as primeiras declarações.
§ 2o Se acolher o pedido de que trata o inciso II, o juiz nomeará
Art. 622. O inventariante será removido de ofício ou a requeri- outro inventariante, observada a preferência legal.
mento: § 3o Verificando que a disputa sobre a qualidade de herdeiro a
I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas decla- que alude o inciso III demanda produção de provas que não a do-
rações; cumental, o juiz remeterá a parte às vias ordinárias e sobresta-
II - se não der ao inventário andamento regular, se suscitar dúvi- rá, até o julgamento da ação, a entrega do quinhão que na parti-
das infundadas ou se praticar atos meramente protelatórios; lha couber ao herdeiro admitido.
III - se, por culpa sua, bens do espólio se deteriorarem, forem di-
lapidados ou sofrerem dano; Art. 628. Aquele que se julgar preterido poderá demandar sua
IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, se admissão no inventário, requerendo-a antes da partilha.
deixar de cobrar dívidas ativas ou se não promover as medidas § 1o Ouvidas as partes no prazo de 15 dias, o juiz decidirá.
necessárias para evitar o perecimento de direitos; § 2o Se para solução da questão for necessária a produção de
V - se não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas provas que não a documental, o juiz remeterá o requerente às
boas; vias ordinárias, mandando reservar, em poder do inventariante, o
VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio. quinhão do herdeiro excluído até que se decida o litígio.

Art. 623. Requerida a remoção com fundamento em qualquer Art. 629. A Fazenda Pública, no prazo de 15 dias, após a vista de
dos incisos do art. 622, será intimado o inventariante para, no que trata o art. 627, informará ao juízo, de acordo com os dados
prazo de 15 dias, defender-se e produzir provas. que constam de seu cadastro imobiliário, o valor dos bens de raiz
Parágrafo único. O incidente da remoção correrá em apenso descritos nas primeiras declarações.
aos autos do inventário.
Seção V
Art. 624. Decorrido o prazo, com a defesa do inventariante ou Da Avaliação e do Cálculo do Imposto
sem ela, o juiz decidirá. Art. 630. Findo o prazo previsto no art. 627 sem impugnação ou
Parágrafo único. Se remover o inventariante, o juiz nomeará ou- decidida a impugnação que houver sido oposta, o juiz nomeará,
tro, observada a ordem estabelecida no art. 617. se for o caso, perito para avaliar os bens do espólio, se não hou-
ver na comarca avaliador judicial.
Art. 625. O inventariante removido entregará imediatamente ao Parágrafo único. Na hipótese prevista no art. 620, § 1 o, o juiz no-
substituto os bens do espólio e, caso deixe de fazê-lo, será com- meará perito para avaliação das quotas sociais ou apuração dos
pelido mediante mandado de busca e apreensão ou de imissão haveres.
na posse, conforme se tratar de bem móvel ou imóvel, sem preju-
ízo da multa a ser fixada pelo juiz em montante não superior a Art. 631. Ao avaliar os bens do espólio, o perito observará, no
3% do valor dos bens inventariados. que for aplicável, o disposto nos arts. 872 e 873.

Seção IV Art. 632. Não se expedirá carta precatória para a avaliação de


Das Citações e das Impugnações bens situados fora da comarca onde corre o inventário se eles
Art. 626. Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, forem de pequeno valor ou perfeitamente conhecidos do pe-
para os termos do inventário e da partilha, o cônjuge, o compa- rito nomeado.
nheiro, os herdeiros e os legatários e intimar a Fazenda Pública,
o Ministério Público, se houver herdeiro incapaz ou ausente, e Art. 633. Sendo capazes todas as partes, não se procederá à
o testamenteiro, se houver testamento. avaliação se a Fazenda Pública, intimada pessoalmente, con-
§ 1o O cônjuge ou o companheiro, os herdeiros e os legatários se- cordar de forma expressa com o valor atribuído, nas primeiras
rão citados pelo correio, observado o disposto no art. 247, sendo, declarações, aos bens do espólio.
ainda, publicado edital, nos termos do inciso III do art. 259.
§ 2o Das primeiras declarações extrair-se-ão tantas cópias quantas Art. 634. Se os herdeiros concordarem com o valor dos bens de-
forem as partes. clarados pela Fazenda Pública, a avaliação cingir-se-á aos demais.
§ 3o A citação será acompanhada de cópia das primeiras declara-
ções. Art. 635. Entregue o laudo de avaliação, o juiz mandará que as
§ 4o Incumbe ao escrivão remeter cópias à Fazenda Pública, ao partes se manifestem no prazo de 15 dias, que correrá em cartó-
Ministério Público, ao testamenteiro, se houver, e ao advogado, rio.
se a parte já estiver representada nos autos. § 1o Versando a impugnação sobre o valor dado pelo perito, o juiz
a decidirá de plano, à vista do que constar dos autos.

20
§ 2o Julgando procedente a impugnação, o juiz determinará que o Art. 642. Antes da partilha, poderão os credores do espólio re-
perito retifique a avaliação, observando os fundamentos da deci- querer ao juízo do inventário o pagamento das dívidas venci-
são. das e exigíveis.
§ 1o A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será dis-
Art. 636. Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas tribuída por dependência e autuada em apenso aos autos do
a seu respeito, lavrar-se-á em seguida o termo de últimas declara- processo de inventário.
ções, no qual o inventariante poderá emendar, aditar ou comple- § 2o Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar ha-
tar as primeiras. bilitado o credor, mandará que se faça a separação de dinheiro
ou, em sua falta, de bens suficientes para o pagamento.
Art. 637. Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no pra- § 3o Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o
zo comum de 15 dias, proceder-se-á ao cálculo do tributo. pagamento dos credores habilitados, o juiz mandará aliená-los,
observando-se as disposições deste Código relativas à expropria-
Art. 638. Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as partes ção.
no prazo comum de 5 dias, que correrá em cartório, e, em segui- § 4o Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam ad-
da, a Fazenda Pública. judicados, para o seu pagamento, os bens já reservados, o juiz
§ 1o Se acolher eventual impugnação, o juiz ordenará nova remes- deferir-lhe-á o pedido, concordando todas as partes.
sa dos autos ao contabilista, determinando as alterações que de- § 5o Os donatários serão chamados a pronunciar-se sobre a apro-
vam ser feitas no cálculo. vação das dívidas, sempre que haja possibilidade de resultar delas
§ 2o Cumprido o despacho, o juiz julgará o cálculo do tributo. a redução das liberalidades.

Seção VI Art. 643. Não havendo concordância de todas as partes sobre


Das Colações o pedido de pagamento feito pelo credor, será o pedido reme-
Art. 639. No prazo estabelecido no art. 627, o herdeiro obrigado tido às vias ordinárias.
à colação conferirá por termo nos autos ou por petição à qual o Parágrafo único. O juiz mandará, porém, reservar, em poder do
termo se reportará os bens que recebeu ou, se já não os possuir, inventariante, bens suficientes para pagar o credor quando a dívi-
trar-lhes-á o valor. da constar de documento que comprove suficientemente a obri-
Parágrafo único. Os bens a serem conferidos na partilha, assim gação e a impugnação não se fundar em quitação.
como as acessões e as benfeitorias que o donatário fez, calcular-
se-ão pelo valor que tiverem ao tempo da abertura da suces- Art. 644. O credor de dívida líquida e certa, ainda não vencida,
são. pode requerer habilitação no inventário.
Parágrafo único. Concordando as partes com o pedido referido
Art. 640. O herdeiro que renunciou à herança ou o que dela foi no caput, o juiz, ao julgar habilitado o crédito, mandará que se
excluído não se exime, pelo fato da renúncia ou da exclusão, de faça separação de bens para o futuro pagamento.
conferir, para o efeito de repor a parte inoficiosa, as liberali-
dades que obteve do doador. Art. 645. O legatário é parte legítima para manifestar-se sobre as
§ 1o É lícito ao donatário escolher, dentre os bens doados, tantos dívidas do espólio:
quantos bastem para perfazer a legítima e a metade disponível, I - quando toda a herança for dividida em legados;
entrando na partilha o excedente para ser dividido entre os de- II - quando o reconhecimento das dívidas importar redução dos
mais herdeiros. legados.
§ 2o Se a parte inoficiosa da doação recair sobre bem imóvel que
não comporte divisão cômoda, o juiz determinará que sobre ela FPPC181. (arts. 645, I, 647, parágrafo único, 651) A previsão do
se proceda a licitação entre os herdeiros. parágrafo único do art. 647 é aplicável aos legatários na hipóte-
§ 3o O donatário poderá concorrer na licitação referida no § 2 o e, se do inciso I do art. 645, desde que reservado patrimônio que
em igualdade de condições, terá preferência sobre os herdeiros. garanta o pagamento do espólio.

Art. 641. Se o herdeiro negar o recebimento dos bens ou a obri-


Art. 646. Sem prejuízo do disposto no art. 860, é lícito aos herdei-
gação de os conferir, o juiz, ouvidas as partes no prazo comum
ros, ao separarem bens para o pagamento de dívidas, autorizar
de 15 dias, decidirá à vista das alegações e das provas produzi-
que o inventariante os indique à penhora no processo em que o
das.
espólio for executado.
§ 1o Declarada improcedente a oposição, se o herdeiro, no
prazo improrrogável de 15 dias, não proceder à conferência,
Seção VIII
o juiz mandará sequestrar-lhe, para serem inventariados e
Da Partilha
partilhados, os bens sujeitos à colação ou imputar ao seu qui-
Art. 647. Cumprido o disposto no art. 642, § 3 o, o juiz facultará às
nhão hereditário o valor deles, se já não os possuir.
partes que, no prazo comum de 15 dias, formulem o pedido de
§ 2o Se a matéria exigir dilação probatória diversa da documental,
quinhão e, em seguida, proferirá a decisão de deliberação da par-
o juiz remeterá as partes às vias ordinárias, não podendo o her-
tilha, resolvendo os pedidos das partes e designando os bens que
deiro receber o seu quinhão hereditário, enquanto pender a de-
devam constituir quinhão de cada herdeiro e legatário.
manda, sem prestar caução correspondente ao valor dos bens so-
Parágrafo único. O juiz poderá, em decisão fundamentada, defe-
bre os quais versar a conferência.
rir antecipadamente a qualquer dos herdeiros o exercício dos
direitos de usar e de fruir de determinado bem, com a condi-
Seção VII
ção de que, ao término do inventário, tal bem integre a cota des-
Do Pagamento das Dívidas

21
se herdeiro, cabendo a este, desde o deferimento, todos os ônus Art. 654. Pago o imposto de transmissão a título de morte e jun-
e bônus decorrentes do exercício daqueles direitos. tada aos autos certidão ou informação negativa de dívida para
com a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a partilha.
FPPC182. (arts. 647 e 651) Aplica-se aos legatários o disposto no Parágrafo único. A existência de dívida para com a Fazenda
parágrafo único do art. 647, quando ficar evidenciado que os Pública não impedirá o julgamento da partilha, desde que o
pagamentos do espólio não irão reduzir os legados. seu pagamento esteja devidamente garantido.

Art. 648. Na partilha, serão observadas as seguintes regras: FPPC71. (art. 654; art. 300, § 1º) Poderá ser dispensada a ga-
I - a máxima igualdade possível quanto ao valor, à natureza e à rantia mencionada no parágrafo único do art. 654, para efeito
qualidade dos bens; de julgamento da partilha, se a parte hipossuficiente não pu-
II - a prevenção de litígios futuros; der oferecê-la, aplicando-se por analogia o disposto no art.
III - a máxima comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou do 300, § 1º.
companheiro, se for o caso.
Art. 655. Transitada em julgado a sentença mencionada no art.
Art. 649. Os bens insuscetíveis de divisão cômoda que não cou- 654, receberá o herdeiro os bens que lhe tocarem e um formal de
berem na parte do cônjuge ou companheiro supérstite ou no qui- partilha, do qual constarão as seguintes peças:
nhão de um só herdeiro serão licitados entre os interessados ou I - termo de inventariante e título de herdeiros;
vendidos judicialmente, partilhando-se o valor apurado, salvo se II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro;
houver acordo para que sejam adjudicados a todos. III - pagamento do quinhão hereditário;
IV - quitação dos impostos;
FPPC187. (arts. 649, 165, § 2º, 166) No emprego de esforços para V - sentença.
a solução consensual do litígio familiar, são vedadas iniciativas Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído
de constrangimento ou intimidação para que as partes con- por certidão de pagamento do quinhão hereditário quando
ciliem, assim como as de aconselhamento sobre o objeto da esse não exceder a 5 vezes o salário-mínimo, caso em que se
causa. transcreverá nela a sentença de partilha transitada em julgado.

Art. 656. A partilha, mesmo depois de transitada em julgado a


Art. 650. Se um dos interessados for nascituro, o quinhão que lhe
sentença, pode ser emendada nos mesmos autos do inventá-
caberá será reservado em poder do inventariante até o seu nasci-
rio, convindo todas as partes, quando tenha havido erro de fato
mento.
na descrição dos bens, podendo o juiz, de ofício ou a requerimen-
to da parte, a qualquer tempo, corrigir-lhe as inexatidões materi-
Art. 651. O partidor organizará o esboço da partilha de acordo
ais.
com a decisão judicial, observando nos pagamentos a seguinte
ordem:
Art. 657. A partilha amigável, lavrada em instrumento público,
I - dívidas atendidas;
reduzida a termo nos autos do inventário ou constante de es-
II - meação do cônjuge;
crito particular homologado pelo juiz, pode ser anulada por
III - meação disponível;
dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz, obser-
IV - quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho.
vado o disposto no § 4o do art. 966.
Parágrafo único. O direito à anulação de partilha amigável ex-
JDPC52 Na organização do esboço da partilha tratada pelo art. tingue-se em 1 ano, contado esse prazo:
651 do CPC, deve-se incluir a meação do companheiro. I - no caso de coação, do dia em que ela cessou;
II - no caso de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato;
Art. 652. Feito o esboço, as partes manifestar-se-ão sobre esse III - quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade.
no prazo comum de 15 dias, e, resolvidas as reclamações, a par-
tilha será lançada nos autos.
FPPC138. (art. 657; art. 966, §4º; art. 1.068) A partilha amigável
extrajudicial e a partilha amigável judicial homologada por deci-
Art. 653. A partilha constará:
são ainda não transitada em julgado são impugnáveis por ação
I - de auto de orçamento, que mencionará:
anulatória.
a) os nomes do autor da herança, do inventariante, do cônjuge ou
companheiro supérstite, dos herdeiros, dos legatários e dos cre-
dores admitidos; Art. 658. É rescindível a partilha julgada por sentença:
b) o ativo, o passivo e o líquido partível, com as necessárias espe- I - nos casos mencionados no art. 657;
cificações; II - se feita com preterição de formalidades legais;
c) o valor de cada quinhão; III - se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja.
II - de folha de pagamento para cada parte, declarando a quota a
pagar-lhe, a razão do pagamento e a relação dos bens que lhe FPPC137. (art. 658; art. 966, §4º; art. 1.068) Contra sentença
compõem o quinhão, as características que os individualizam e os transitada em julgado que resolve partilha, ainda que homo-
ônus que os gravam. logatória, cabe ação rescisória.
Parágrafo único. O auto e cada uma das folhas serão assinados FPPC183. (art. 658) A ação rescisória de partilha com fundamento
pelo juiz e pelo escrivão. na preterição de herdeiro, prevista no inciso III do art. 658, está
vinculada à hipótese do art. 628, não se confundindo com a ação

22
de petição de herança (art. 1.824 do Código Civil), cujo funda- § 2º - A pena é diminuída de 1/2, se a imputação é de
mento é o reconhecimento do direito sucessório e a restituição prática de contravenção.
da herança por aquele que não participou, de qualquer forma,
do processo de inventário e partilha. Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe
a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter
verificado (consciência atual de que o crime inexiste):
CÓDIGO PENAL Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

CAPÍTULO II-A Auto-acusação falsa


DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexis-
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA tente ou praticado por outrem:
Corrupção ativa em transação comercial internacional Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamen-
te, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a ter- Falso testemunho ou falsa perícia
ceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade
de ofício relacionado à transação comercial internacional: como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3, se, em razão arbitral:
da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro re- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
tarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever fun- § 1o As penas aumentam-se de 1/6 a 1/3, se o crime é pra-
cional. ticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter
prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em
Tráfico de influência em transação comercial internacional processo civil em que for parte entidade da administração públi-
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ca direta ou indireta.
outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de van- § 2o O fato DEIXA DE SER PUNÍVEL se, antes da sentença
tagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário pú- no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou
blico estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a tran- declara a verdade
sação comercial internacional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer ou-
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/2, se o agente tra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intér-
alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcioná- prete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em de-
rio estrangeiro. poimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação:
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Funcionário público estrangeiro Parágrafo único. As penas aumentam-se de 1/6 a 1/3, se o
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para crime é cometido com o fim de obter prova destinada a pro-
os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem re- duzir efeito em processo penal ou em processo civil em que
muneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entida- for parte entidade da administração pública direta ou indireta.
des estatais ou em representações diplomáticas de país estran-
geiro. Coação no curso do processo
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangei- Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de
ro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas contro- favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte,
ladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir
estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbi-
tral:
CAPÍTULO III Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA correspondente à violência.
Reingresso de estrangeiro expulso
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro Exercício arbitrário das próprias razões
que dele foi expulso: Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
expulsão após o cumprimento da pena. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além
da pena correspondente à violência.
Denunciação caluniosa Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somen-
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, te se procede mediante queixa.
de processo judicial, instauração de investigação administrativa,
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria,
alguém (pessoa certa e determinada), imputando-lhe crime de que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou
que o sabe inocente: convenção:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de 1/6, se o agente se serve de
anonimato ou de nome suposto. Fraude processual

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Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indiví-
civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, duo submetido a medida de segurança detentiva, usando de vio-
com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: lência contra a pessoa:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena cor-
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito respondente à violência.
em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se
em dobro. Arrebatamento de preso
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de
Favorecimento pessoal quem o tenha sob custódia ou guarda:
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade públi- Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena corres-
ca autor de crime a que é cominada pena de reclusão: pondente à violência.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Motim de presos
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descenden- disciplina da prisão:
te, cônjuge ou irmão do criminoso, FICA ISENTO DE PENA. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
correspondente à violência.
Favorecimento real
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria Patrocínio infiel
ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o
do crime: dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juí-
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. zo, lhe é confiado:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou faci-
litar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de Patrocínio simultâneo ou tergiversação
rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisi- Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado
onal. ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. ou sucessivamente, partes contrárias.

Exercício arbitrário ou abuso de poder Sonegação de papel ou objeto de valor probatório


Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de resti-
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder: tuir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu
Pena - detenção, de um mês a um ano. na qualidade de advogado ou procurador:
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a esta-
belecimento destinado a execução de pena privativa de liberdade Exploração de prestígio
ou de medida de segurança; Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra
II - prolonga a execução de pena ou de medida de seguran- utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Minis-
ça, deixando de expedir em tempo oportuno ou de executar ime- tério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intér-
diatamente a ordem de liberdade; prete ou testemunha:
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; Parágrafo único - As penas aumentam-se de 1/3, se o
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também
se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente Violência ou fraude em arrematação judicial
presa ou submetida a medida de segurança detentiva: Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da
de dois a seis anos. pena correspondente à violência.
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se
também a pena correspondente à violência. Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime de direito
é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou
ou o internado. múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custó- Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
dia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um
ano, ou multa. CAPÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
Evasão mediante violência contra a pessoa Contratação de operação de crédito

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Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédi- somente o patrimônio, mas também a moral administrativa.
to, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância É INAPLICÁVEL
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. aos crimes contra a administração pública
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, auto- 2) É possível o agravamento da pena-base nos delitos
riza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: praticados contra a Administração Pública com fundamento
I – com inobservância de limite, condição ou montante esta- no elevado prejuízo causado aos cofres públicos, a título de
belecido em lei ou em resolução do Senado Federal; consequências do crime.
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o 3) A regularidade contábil atestada pelo Tribunal de Contas não
limite máximo autorizado por lei. obsta a persecução criminal promovida pelo Ministério Público,
Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar ante o princípio da independência entre as instâncias
administrativa e penal.
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pa- 4) A agravante prevista no art. 61, II, g, do Código Penal não é
gar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou aplicável nos casos em que o abuso de poder ou a violação de
que exceda limite estabelecido em lei: dever inerente ao cargo configurar elementar do crime praticado
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. contra a Administração Pública.
5) Somente após o advento da Lei n. 9.983/2000, que alterou a
Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legis- redação do art. 327 do Código Penal, é possível a equiparação
latura de médico de hospital particular conveniado ao Sistema Único
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, de Saúde - SUS a funcionário público para fins penais.
nos 2 últimos quadrimestres do último ano do mandato ou le- 6) Os advogados dativos, nomeados para exercer a defesa de
gislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício fi- acusado necessitado nos locais onde não existe Defensoria
nanceiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, Pública, são considerados funcionários públicos para fins
que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de cai- penais, nos termos do art. 327 do Código Penal.
xa: 7) A notificação do funcionário público, nos termos do art.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 514 do Código de Processo Penal, não é necessária quando a
ação penal for precedida de inquérito policial. (Súmula n.
Ordenação de despesa não autorizada 330/STJ)
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: 8) A prática de crime contra a Administração Pública por
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. ocupantes de cargos de elevada responsabilidade ou por
membros de poder justifica a majoração da pena-base.
Prestação de garantia graciosa 9) A elementar do crime de peculato se comunica aos
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que coautores e partícipes estranhos ao serviço público.
tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior 10) A consumação do crime de peculato-apropriação (art. 312,
ao valor da garantia prestada, na forma da lei: caput, 1.ª parte, do Código Penal) ocorre no momento da
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. inversão da posse do objeto material por parte do
Não cancelamento de restos a pagar funcionário público.
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o 11) A consumação do crime de peculato-desvio (art. 312,
cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor caput, 2ª parte, do CP) ocorre no momento em que o
superior ao permitido em lei: funcionário efetivamente desvia o dinheiro, valor ou outro
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. bem móvel, em proveito próprio ou de terceiro, ainda que
não obtenha a vantagem indevida.
Aumento de despesa total com pessoal no último ano do 12) A reparação do dano antes do recebimento da denúncia
mandato ou legislatura NÃO EXCLUI o crime de peculato doloso, diante da ausência
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete de previsão legal, podendo configurar arrependimento
aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias posterior, nos termos do art. 16 do CP.
anteriores ao final do mandato ou da legislatura: 13) A instauração de ação penal individualizada para os crimes
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. de peculato e sonegação fiscal em relação aos valores
indevidamente apropriados não constitui bis in idem.
Oferta pública ou colocação de títulos no mercado 14) Compete à Justiça Federal o julgamento do crime de
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública peculato se houver possibilidade de utilização da prova do
ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública referido delito para elucidar sonegação fiscal consistente na falta
sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registra- de declaração à Receita Federal do recebimento dos valores
dos em sistema centralizado de liquidação e de custódia: indevidamente apropriados.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 15) Compete à Justiça Federal processar e julgar desvios de
verbas públicas transferidas por meio de convênio e sujeitas a
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ fiscalização de órgão federal.
16) Não há bilateralidade entre os crimes de corrupção
EDIÇÃO N. 57: CRIMES CONTRA A
passiva e ativa, uma vez que estão previstos em tipos penais
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
distintos e autônomos, são independentes e a comprovação
1) O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes
de um deles não pressupõe a do outro.
cometidos contra a Administração Pública, ainda que o valor
17) No crime de corrupção passiva, é indispensável haver
seja irrisório, porquanto a norma penal busca tutelar não
nexo de causalidade entre a conduta do servidor e a

25
realização de ato funcional de sua competência. débito tributário perante o âmbito administrativo para
18) O crime de corrupção passiva praticado pelas condutas configurar-se como conduta típica.
de aceitar promessa ou solicitar É FORMAL e se consuma 12) Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de
com a mera solicitação ou aceitação da vantagem indevida. sonegação de contribuição previdenciária quando o valor do
19) O crime de corrupção ativa É FORMAL E INSTANTÂNEO, tributo ilidido não ultrapassa o patamar de R$ 10.000,00 (dez mil
consumando-se com a simples promessa ou oferta de reais) previsto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002. OBS: Hoje, tanto
vantagem indevida. STF quanto STJ entendem que o valor é de R$ 20 mil
20) Não há flagrante quando a entrega de valores ocorre em 13) O delito de sonegação de contribuição previdenciária
momento posterior a exigência, pois o crime de concussão é não exige qualidade especial do sujeito ativo, podendo ser
formal e o recebimento se consubstancia em mero cometido por qualquer pessoa, particular ou agente público,
exaurimento. inclusive prefeitos.
21) Comete o crime de extorsão e não o de concussão, o 14) O crime de falso, quando cometido única e exclusivamente
funcionário público que se utiliza de violência ou grave para viabilizar a prática do crime de sonegação de contribuição
ameaça para obter vantagem indevida. previdenciária, é por este absorvido, consoante diretrizes do
princípio penal da consunção.
EDIÇÃO N. 81: CRIMES CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - II
1) A competência para o processo e julgamento por crime de
contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do juízo
federal do lugar da apreensão dos bens. (Súmula n. 151/STJ)
2) Configura crime de contrabando (art. 334-A, CP) a
importação não autorizada de arma de pressão por ação de
gás comprimido ou por ação de mola, independentemente
do calibre.
3) A importação não autorizada de cigarros ou de gasolina
constitui crime de contrabando, insuscetível de aplicação do
princípio da insignificância.
4) A importação clandestina de medicamentos configura
crime de contrabando, aplicando-se, excepcionalmente, o
princípio da insignificância aos casos de importação não
autorizada de pequena quantidade para uso próprio.
5) Para a caracterização do delito de contrabando de máquinas
programadas para exploração de jogos de azar, é necessária a
demonstração de fortes indícios (e/ou provas) da origem
estrangeira das máquinas ou dos seus componentes eletrônicos
e a entrada, ilegalmente, desses equipamentos no país.
6) É desnecessária a constituição definitiva do crédito
tributário na esfera administrativa para a configuração dos
crimes de contrabando e de descaminho.
7) Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de
descaminho (art. 334, CP) quando o valor do débito tributário
não ultrapasse o limite de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a teor do
disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, ressalvados os casos
de habitualidade delitiva. OBS: Hoje, tanto STF quanto STJ
entendem que o valor é de R$ 20 mil
8) O pagamento ou o parcelamento dos débitos tributários
não extingue a punibilidade do crime de descaminho, tendo
em vista a natureza formal do delito.
9) Quando o falso se exaure no descaminho, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido, como crime-fim,
condição que não se altera por ser menor a pena a este
cominada. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73
TEMA 933)
10) O crime de sonegação de contribuição previdenciária,
previsto no art. 337-A do CP, não exige dolo específico para a
sua configuração.
11) O crime de sonegação de contribuição previdenciária é
de NATUREZA MATERIAL e exige a constituição definitiva do

26
DIA 15 -Não pode pleitear recupera-
ção judicial própria
-Não pode participar de licita-
ção
Código Civil: art 966-1122
-Não obtém certidão negativa
Código Processo Civil: art. 659-734
de débito
LEI 9507/97 – Habeas Data

Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requeri-


CÓDIGO CIVIL mento que contenha:
I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado,
LIVRO II o regime de bens;
Do Direito de Empresa II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa;
TEORIA DOS ATOS DE TEORIA DA EMPRESA III - o capital;
COMÉRCIO IV - o objeto e a sede da empresa.
§ 1o Com as indicações estabelecidas neste artigo, a inscrição será
Código Comercial 1850 CC/02 tomada por termo no livro próprio do Registro Público de Empre-
Atos de comércio/comerciante Empresa/empresário sas Mercantis, e obedecerá a número de ordem contínuo para to-
dos os empresários inscritos.
TÍTULO I
§ 2o À margem da inscrição, e com as mesmas formalidades, serão
Do Empresário
averbadas quaisquer modificações nela ocorrentes.
CAPÍTULO I
§ 3º Caso venha a admitir sócios, o empresário individual po-
Da Caracterização e da Inscrição
derá solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissional-
transformação de seu registro de empresário para registro de
mente atividade econômica organizada para a produção ou a
sociedade empresária, observado, no que couber, o disposto
circulação de bens ou de serviços.
nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.
Parágrafo único. NÃO SE CONSIDERA EMPRESÁRIO quem exer-
§ 4o O processo de abertura, registro, alteração e baixa do micro-
ce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou ar-
empreendedor individual de que trata o art. 18-A da Lei Com-
tística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores,
plementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, bem como qual-
salvo se o exercício da profissão constituir elemento de em-
quer exigência para o início de seu funcionamento deverão ter
presa.
trâmite especial e simplificado, preferentemente eletrônico,
opcional para o empreendedor, na forma a ser disciplinada pelo
Profissionalmente Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Re-
EMPRESÁRIO – gistro e da Legalização de Empresas e Negócios - CGSIM, de que
Atividade econômica
CARACTERÍSTICAS trata o inciso III do art. 2o da mesma Lei.
Organizada § 5o Para fins do disposto no § 4o, poderão ser dispensados o
Produção ou Circulação de bens e serviços uso da firma, com a respectiva assinatura autógrafa, o capital, re-
querimentos, demais assinaturas, informações relativas à naciona-
lidade, estado civil e regime de bens, bem como remessa de do-
Profissionais intelectuais cumentos, na forma estabelecida pelo CGSIM.
Exceção: quando o exercício da profissão
constitui elemento de empresa. Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência,
NÃO SUJEIÇÃO AO em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Em-
Exercente de atividade rural.
REGIME presas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a pro-
Exceção: quando optar pelo registro na
EMPRESARIAL va da inscrição originária.
Junta Comercial
Parágrafo único. EM QUALQUER CASO, a constituição do esta-
Cooperativas belecimento secundário deverá ser averbada no Registro Públi-
Sociedades de Advogados (EOAB) co de Empresas Mercantis da respectiva sede.

Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e


Art. 967. É OBRIGATÓRIA A INSCRIÇÃO do empresário no Re-
simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário,
gistro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, AN-
quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes.
TES DO INÍCIO DE SUA ATIVIDADE.

Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua princi-


REGISTRO pal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o
OBRIGATÓRIO FACULTATIVO art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Públi-
co de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que,
Empresários em geral Empresário rural
depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos,
Declaratória Constitutiva ao empresário sujeito a registro.

Ausência de registro: Ausência de registro: não se


-Não pode pedir a falência de sujeitará ao regime empresarial Para o empresário rural a inscrição é facultativa.
outrem

1
CAPÍTULO II § 2o A aprovação do juiz não exime o representante ou assis-
Da Capacidade tente do menor ou do interdito da responsabilidade pelos atos
Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que esti- dos gerentes nomeados.
verem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legal-
mente impedidos. Art. 976. A prova da emancipação e da autorização do incapaz,
nos casos do art. 974, e a de eventual revogação desta, serão
Condenados a certos crimes previstos na lei (art. inscritas ou averbadas no Registro Público de Empresas Mer-
1011, §1º do CC) cantis.
Parágrafo único. O uso da nova firma caberá, conforme o caso, ao
Servidores públicos federais (art. 117, X da Lei gerente; ou ao representante do incapaz; ou a este, quando puder
LEGALMENTE
8112/90) ser autorizado.
IMPEDIDOS
Magistrados (art. 36, I da LC 35/79 – LOMAN)
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si
Membros do Ministério Público (art. 44, III da ou com terceiros, desde que NÃO tenham CASADO no regime
Lei 8625/93) da COMUNHÃO UNIVERSAL de bens, ou no da SEPARAÇÃO
Militares (art. 29 da Lei 6880/80) OBRIGATÓRIA.

Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade JDC 204: A proibição de sociedade entre pessoas casadas sob o
própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obriga- regime da comunhão universal ou da separação obrigatória só
ções contraídas. atinge as sociedades constituídas após a vigência do Código
Civil de 2002.
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devi- JDC 205: Adotar as seguintes interpretações ao art. 977:
damente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele (1) a vedação à participação de cônjuges casados nas
enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. condições previstas no artigo refere-se unicamente a uma
§ 1o Nos casos deste artigo, PRECEDERÁ AUTORIZAÇÃO JUDICI- mesma sociedade;
AL, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem (2) o artigo abrange tanto a participação originária (na
como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização constituição da sociedade) quanto a derivada, isto é, fica
ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representan- vedado o ingresso de sócio casado em sociedade de que já
tes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos ad- participa o outro cônjuge.
quiridos por terceiros.
§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o Art. 978. O empresário casado pode, SEM NECESSIDADE DE
incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, OUTORGA CONJUGAL, QUALQUER QUE SEJA O REGIME DE
desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos BENS, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da em-
constar do alvará que conceder a autorização. presa ou gravá-los de ônus real.
§ 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas
Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de JDC 6: O empresário individual regularmente inscrito é o
sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de destinatário da norma do art. 978 do Código Civil, que permite
forma conjunta, os seguintes pressupostos: alienar ou gravar de ônus real o imóvel incorporado à empresa,
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da socie- desde que exista, se for o caso, prévio registro de autorização
dade; conjugal no Cartório de Imóveis, devendo tais requisitos constar
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; do instrumento de alienação ou de instituição do ônus real, com
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolu- a consequente averbação do ato à margem de sua inscrição no
tamente incapaz deve ser representado por seus representantes Registro Público de Empresas Mercantis
legais. JDC 58: O empresário individual casado é o destinatário da
norma do art. 978 do CCB e não depende da outorga
INCAPAZ conjugal para alienar ou gravar de ônus real o imóvel
utilizado no exercício da empresa, desde que exista prévia
Não pode iniciar atividade empresária
averbação de autorização conjugal à conferência do imóvel
Pode continuar, por meio de representação/assistência, com au- ao patrimônio empresarial no cartório de registro de
torização judicial imóveis, com a consequente averbação do ato à margem de
sua inscrição no registro público de empresas mercantis.
Pode ser sócio, desde que não exerça a administração, o capital
esteja totalmente integralizado seja assistido/representado
Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averba-
dos, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e
Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa
declarações antenupciais do empresário, o título de doação, he-
que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empre-
rança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou
sário, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais geren-
inalienabilidade.
tes.
§ 1o Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos
Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação
em que o juiz entender ser conveniente.
judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser

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opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Re- cooperativas (art. 1.094, I) e nas sociedades simples
gistro Público de Empresas Mercantis. propriamente ditas (art. 983, 2ª parte).
JDC 474: Os profissionais liberais podem organizar-se sob a
TÍTULO I-A forma de sociedade simples, convencionando a
DA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA responsabilidade limitada dos sócios por dívidas da sociedade, a
Art. 980-A. A EIRELI será constituída por uma única pessoa ti- despeito da responsabilidade ilimitada por atos praticados no
tular da totalidade do capital social, devidamente integraliza- exercício da profissão.
do, que não será inferior a 100 vezes o maior salário-mínimo JDC 475: Considerando ser da essência do contrato de
vigente no País. sociedade a partilha do risco entre os sócios, não desfigura a
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da sociedade simples o fato de o respectivo contrato social
expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação social da prever distribuição de lucros, rateio de despesas e concurso
empresa individual de responsabilidade limitada. de auxiliares.
§ 2º A pessoa natural que constituir EIRELI somente poderá fi-
gurar em uma única empresa dessa modalidade.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a
§ 3º A EIRELI também poderá resultar da concentração das
sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria
quotas de outra modalidade societária num único sócio, inde-
de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
pendentemente das razões que motivaram tal concentração.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-
§ 5º Poderá ser atribuída à EIRELI constituída para a prestação
se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da
cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome,
marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica,
vinculados à atividade profissional. JDC 207: A natureza de sociedade simples da cooperativa, por
§ 6º Aplicam-se à EIRELI, no que couber, as regras previstas para força legal, não a impede de ser sócia de qualquer tipo
as sociedades limitadas. societário, tampouco de praticar ato de empresa.
JDC 476: Eventuais classificações conferidas pela lei tributária às
sociedades não influem para sua caracterização como
NOME EMPRESARIAL
empresárias ou simples, especialmente no que se refere ao
EIRELI Firma ou Denominação registro dos atos constitutivos e à submissão ou não aos
dispositivos da Lei n. 11.101/2005.
TÍTULO II
Da Sociedade Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um
SÚMULA SOBRE SOCIEDADES dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples
pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e,
STF não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias.
Súmula 265-STF: Na apuração de haveres, não prevalece o ba- Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à so-
lanço não aprovado pelo sócio falecido ou que se retirou ciedade em conta de participação e à cooperativa, bem como as
constantes de leis especiais que, para o exercício de certas ativi-
STJ dades, imponham a constituição da sociedade segundo determi-
Súmula 389-STJ: A comprovação do pagamento do “custo do nado tipo.
serviço” referente ao fornecimento de certidão de assentamen-
tos constantes dos livros da companhia é requisito de procedi- JDC 57: A opção pelo tipo empresarial não afasta a natureza
bilidade da ação de exibição de documentos ajuizada em face simples da sociedade.
da sociedade anônima. JDC 208: As normas do Código Civil para as sociedades em
Súmula 551-STJ: Nas demandas por complementação de ações comum e em conta de participação são aplicáveis
de empresas de telefonia, admite-se a condenação ao paga- independentemente de a atividade dos sócios, ou do sócio
mento de dividendos e juros sobre capital próprio independen- ostensivo, ser ou não própria de empresário sujeito a
temente de pedido expresso. No entanto, somente quando pre- registro (distinção feita pelo art. 982 do Código Civil entre
vistos no título executivo, poderão ser objeto de cumprimento sociedade simples e empresária).
de sentença. JDC 382: Nas sociedades, o registro observa a natureza da
atividade (empresarial ou não – art. 966); as demais questões
CAPÍTULO ÚNICO seguem as normas pertinentes ao tipo societário adotado (art.
Disposições Gerais 983). São exceções as sociedades por ações e as cooperativas
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que recipro- (art. 982, parágrafo único).
camente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o JDC 477: O art. 983 do Código Civil permite que a sociedade
exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos re- simples opte por um dos tipos empresariais dos arts. 1.039 a
sultados. 1.092 do Código Civil. Adotada a forma de sociedade anônima
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou de comandita por ações, porém ela será considerada
ou mais negócios determinados. empresária.

JDC 206: A contribuição do sócio exclusivamente em Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de ativida-
prestação de serviços é permitida nas sociedades de própria de empresário rural e seja constituída, ou transforma-
da, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode,

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com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Art. 990. Todos os sócios respondem SOLIDÁRIA e ILIMITADA-
Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois MENTE pelas obrigações sociais, excluído do benefício de or-
de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade dem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela socieda-
empresária. de.
Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um
daqueles tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for JDC59: Os socio-gestores e os administradores das empresas
aplicável, às normas que regem a transformação. são responsáveis subsidiária e ilimitadamente pelos atos ilícitos
praticados, de má gestão ou contrários ao previsto no contrato
Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a social ou estatuto, consoante estabelecem os arts. 990, 1.009,
inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos 1.016, 1.017 e 1.091, todos do Código Civil.
constitutivos (arts. 45 e 1.150). JDC212: Embora a sociedade em comum não tenha persona-
lidade jurídica, o sócio que tem seus bens constritos por
SUBTÍTULO I dívida contraída em favor da sociedade, e não participou do
DA SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA ato por meio do qual foi contraída a obrigação, tem o direi-
SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS to de indicar bens afetados às atividades empresariais para
substituir a constrição.
Da Sociedade em Comum Da Sociedade em Conta de
Participação
CAPÍTULO II
Não há desconsideração da personalidade jurídica, pois não é Da Sociedade em Conta de Participação
personificada Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade
constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio
CAPÍTULO I ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclu-
Da Sociedade em Comum siva responsabilidade, participando os demais dos resultados
Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger- correspondentes.
se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo dis- Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o só-
posto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que cio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participan-
com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples. te, nos termos do contrato social.
SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO
JDC 209: O art. 986 deve ser interpretado em sintonia com os
SÓCIO OSTENSIVO SÓCIO PARTICIPANTE
arts. 985 e 1.150, de modo a ser considerada em comum a
sociedade que não tiver seu ato constitutivo inscrito no registro Exercer a atividade constitutiva Participa dos resultados
próprio ou em desacordo com as normas legais previstas para do objeto social, sob sua pró-
esse registro (art. 1.150), ressalvadas as hipóteses de registros pria e exclusiva responsabilida-
efetuados de boa-fé. de
Obriga-se perante terceiros Não pode tomar parte nas re-
Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, so- lações do sócio ostensivo com
mente por escrito podem provar a existência da sociedade, Sua falência acarreta a dissolu-
terceiros, sob pena de respon-
mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo. ção e liquidação
der solidariamente

PROVA DA EXISTÊNCIA DA SOCIEDADE Art. 992. A CONSTITUIÇÃO da sociedade em conta de participa-


RELAÇÃO ENTRE SÓCIOS Somente por escrito ção INDEPENDE de QUALQUER FORMALIDADE e pode provar-
se por todos os meios de direito.
TERCEIROS Podem provar de qualquer modo
Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os só-
Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio es- cios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer
pecial, do qual os sócios são titulares em comum. registro NÃO CONFERE PERSONALIDADE JURÍDICA à socieda-
de.
JDC210: O patrimônio especial a que se refere o art. 988 é Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos
aquele afetado ao exercício da atividade, garantidor de ter- negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte
ceiro, e de titularidade dos sócios em comum, em face da au- nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de
sência de personalidade jurídica. responder solidariamente com este pelas obrigações em que in-
tervier.
Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão pra-
Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do
ticados por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso limitati-
sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de partici-
vo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o
pação relativa aos negócios sociais.
conheça ou deva conhecer.
§ 1o A especialização patrimonial somente produz efeitos em
relação aos sócios.
JDC211: Presume-se disjuntiva a administração dos sócios a que § 2o A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da so-
se refere o art. 989. ciedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo consti-
tuirá crédito quirografário.

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§ 3o Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às
normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilate- Art. 998. Nos 30 dias subsequentes à sua constituição, a socie-
rais do falido. dade deverá requerer a inscrição do contrato social no Regis-
tro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede.
Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não § 1o O pedido de inscrição será acompanhado do instrumento au-
pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos tenticado do contrato, e, se algum sócio nele houver sido repre-
demais. sentado por procurador, o da respectiva procuração, bem como,
se for o caso, da prova de autorização da autoridade competente.
Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de participação, sub- § 2o Com todas as indicações enumeradas no artigo antecedente,
sidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto para será a inscrição tomada por termo no livro de registro próprio, e
a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas re- obedecerá a número de ordem contínua para todas as sociedades
lativas à prestação de contas, na forma da lei processual. inscritas.
Parágrafo único. Havendo mais de um sócio ostensivo, as respec-
tivas contas serão prestadas e julgadas no mesmo processo. JDC215: A sede a que se refere o caput do art. 998 poderá ser a
da administração ou a do estabelecimento onde se realizam as
SUBTÍTULO II atividades sociais.
DA SOCIEDADE PERSONIFICADA
CAPÍTULO I
Art. 999. As MODIFICAÇÕES DO CONTRATO SOCIAL, que te-
Da SOCIEDADE SIMPLES
nham por objeto matéria indicada no art. 997, dependem do
Seção I
CONSENTIMENTO DE TODOS OS SÓCIOS; as demais podem
Do Contrato Social
ser decididas por MAIORIA ABSOLUTA de votos, se o contrato
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito,
não determinar a necessidade de deliberação unânime.
particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas
Parágrafo único. Qualquer modificação do contrato social será
partes, mencionará:
averbada, cumprindo-se as formalidades previstas no artigo ante-
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos
cedente.
sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, naciona -
lidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; JDC216: O quórum de deliberação previsto no art. 1.004, pa-
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo rágrafo único, e no art. 1.030 é de maioria absoluta do capital
compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avalia- representado pelas quotas dos demais sócios, consoante a re-
ção pecuniária; gra geral fixada no art. 999 para as deliberações na sociedade
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá- simples. Esse entendimento aplica-se ao art. 1.058 em caso de
la; exclusão de sócio remisso ou redução do valor de sua quota ao
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição con- montante já integralizado.
sista em serviços; JDC384: Nas sociedades personificadas previstas no Código Ci-
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da socieda- vil, exceto a cooperativa, é admissível o acordo de sócios, por
de, e seus poderes e atribuições; aplicação analógica das normas relativas às sociedades por
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; ações pertinentes ao acordo de acionistas.
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas JDC385: A unanimidade exigida para a modificação do contrato
obrigações sociais. social somente alcança as matérias referidas no art. 997, prevale-
Parágrafo único. É INEFICAZ em relação a terceiros qualquer cendo, nos demais casos de deliberação dos sócios, a maioria
pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do absoluta, se outra mais qualificada não for prevista no contrato.
contrato.
Art. 1.000. A sociedade simples que instituir sucursal, filial ou
JDC213: O art. 997, inc. II, não exclui a possibilidade de socie- agência na circunscrição de outro Registro Civil das Pessoas Ju-
dade simples utilizar firma ou razão social. rídicas, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscri-
JDC214: As indicações contidas no art. 997 não são exausti- ção originária.
vas, aplicando-se outras exigências contidas na legislação perti- Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição da sucursal, fili-
nente, para fins de registro. al ou agência deverá ser averbada no Registro Civil da respectiva
JDC383: A falta de registro do contrato social (irregularidade sede.
originária – art. 998) ou de alteração contratual versando sobre
matéria referida no art. 997 (irregularidade superveniente – art. Seção II
999, parágrafo único) conduz à aplicação das regras da socieda- Dos Direitos e Obrigações dos Sócios
de em comum (art. 986). Art. 1.001. As obrigações dos sócios começam imediatamente
JDC478: A integralização do capital social em bens imóveis com o contrato, se este não fixar outra data, e terminam quan-
pode ser feita por instrumento particular de contrato social ou do, liquidada a sociedade, se extinguirem as responsabilidades
de alteração contratual, ainda que se trate de sociedade sujeita sociais.
ao registro exclusivamente no registro civil de pessoas jurídicas.
JDC479: Na sociedade simples pura (art. 983, parte final, do CC/ Art. 1.002. O sócio não pode ser substituído no exercício das suas
2002), a responsabilidade dos sócios depende de previsão con- funções, sem o consentimento dos demais sócios, expresso em
tratual. Em caso de omissão, será ilimitada e subsidiária, confor- modificação do contrato social.
me o disposto nos arts. 1.023 e 1.024 do CC/2002.

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Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspon-
dente modificação do contrato social com o consentimento Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício
dos demais sócios, não terá EFICÁCIA quanto a estes e à socie - de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo
dade. e probo costuma empregar na administração de seus próprios
Parágrafo único. Até 2 anos depois de averbada a modificação negócios.
do contrato, responde o cedente SOLIDARIAMENTE com o § 1o NÃO PODEM SER ADMINISTRADORES, além das pessoas
cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede,
que tinha como sócio. ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou
por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, con-
Art. 1.004. Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às cussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sis-
contribuições estabelecidas no contrato social, e aquele que dei- tema financeiro nacional, contra as normas de defesa da con-
xar de fazê-lo, nos 30 dias seguintes ao da notificação pela soci- corrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a
edade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora. propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.
Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a maioria dos de- § 2o Aplicam-se à atividade dos administradores, no que couber,
mais sócios preferir, à indenização, a exclusão do sócio remis- as disposições concernentes ao mandato.
so, ou reduzir-lhe a quota ao montante já realizado, apli-
cando-se, em ambos os casos, o disposto no § 1o do art. 1.031. Art. 1.012. O administrador, nomeado por instrumento em se-
parado, deve averbá-lo à margem da inscrição da sociedade, e,
Art. 1.005. O sócio que, a título de quota social, transmitir domí- pelos atos que praticar, antes de requerer a averbação, res-
nio, posse ou uso, responde pela evicção; e pela solvência do de- ponde pessoal e solidariamente com a sociedade.
vedor, aquele que transferir crédito.
Art. 1.013. A administração da sociedade, nada dispondo o
Art. 1.006. O sócio, cuja contribuição consista em serviços, não contrato social, compete separadamente a cada um dos só-
pode, salvo convenção em contrário, empregar-se em atividade cios.
estranha à sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros § 1o Se a administração competir separadamente a vários admi-
e dela excluído. nistradores, cada um pode impugnar operação pretendida por
outro, cabendo a decisão aos sócios, por maioria de votos.
Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa § 2o Responde por perdas e danos perante a sociedade o adminis-
dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas, trador que realizar operações, sabendo ou devendo saber que es-
mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente tava agindo em desacordo com a maioria.
participa dos lucros na proporção da média do valor das quo-
tas. Art. 1.014. Nos atos de competência conjunta de vários adminis-
tradores, torna-se necessário o concurso de todos, salvo nos ca-
Art. 1.008. É NULA a estipulação contratual que exclua qualquer sos urgentes, em que a omissão ou retardo das providências pos-
sócio de participar dos lucros e das perdas. sa ocasionar dano irreparável ou grave.

Art. 1.009. A distribuição de lucros ilícitos ou fictícios acarreta Art. 1.015. No silêncio do contrato, os administradores podem
responsabilidade solidária dos administradores que a realiza- praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade; não
rem e dos sócios que os receberem, conhecendo ou devendo co- constituindo objeto social, a oneração ou a venda de bens imó-
nhecer-lhes a ilegitimidade. veis depende do que a maioria dos sócios decidir.
Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores so-
Seção III mente pode ser oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma
Da Administração das seguintes hipóteses:
Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no re-
aos sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as delibera- gistro próprio da sociedade;
ções serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o II - provando-se que era conhecida do terceiro;
valor das quotas de cada um. III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos ne-
§ 1o Para formação da maioria absoluta são necessários votos gócios da sociedade.
correspondentes a mais de metade do capital.
§ 2o Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios JDC11: A regra do art. 1.015, parágrafo único, do Código Ci-
no caso de empate, e, se este persistir, decidirá o juiz. vil deve ser aplicada à luz da teoria da aparência e do prima-
§ 3o Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma do da boa-fé objetiva, de modo a prestigiar a segurança do
operação interesse contrário ao da sociedade, participar da deli- tráfego negocial. As sociedades se obrigam perante terceiros de
beração que a aprove graças a seu voto. boa-fé.
JDC219: Está positivada a teoria ultra vires no Direito brasi-
JDC217: Com a regência supletiva da sociedade limitada, pela leiro, com as seguintes ressalvas:
lei das sociedades por ações, ao sócio que participar de delibe- (a) o ato ultra vires não produz efeito apenas em relação à
ração na qual tenha interesse contrário ao da sociedade aplicar- sociedade;
se-á o disposto no art. 115, § 3º, da Lei n. 6.404/76. Nos demais (b) sem embargo, a sociedade poderá, por meio de seu órgão
casos, incide o art. 1.010, § 3º, se o voto proferido foi decisivo deliberativo, ratificá-lo;
para a aprovação da deliberação, ou o art. 187 (abuso do direi- (c) o Código Civil amenizou o rigor da teoria ultra vires, ad-
to), se o voto não tiver prevalecido. mitindo os poderes implícitos dos administradores para rea-

6
lizar negócios acessórios ou conexos ao objeto social, os Art. 1.022. A sociedade adquire direitos, assume obrigações e pro-
quais não constituem operações evidentemente estranhas cede judicialmente, por meio de administradores com poderes
aos negócios da sociedade; especiais, ou, não os havendo, por intermédio de qualquer admi-
(d) não se aplica o art. 1.015 às sociedades por ações, em virtu- nistrador.
de da existência de regra especial de responsabilidade dos ad-
ministradores (art. 158, II, Lei n. 6.404/76). Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívi-
das, respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que
participem das perdas sociais, salvo cláusula de responsabili-
Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente pe-
dade solidária.
rante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no de-
sempenho de suas funções.
JDC10: Nas sociedades simples, os sócios podem limitar suas
responsabilidades entre si, à proporção da participação no capi-
JDC220: É obrigatória a aplicação do art. 1.016 do Código Civil
tal social, ressalvadas as disposições específicas.
de 2002, que regula a responsabilidade dos administradores, a
JDC61: O termo “subsidiariamente” constante do inc. VIII do art.
todas as sociedades limitadas, mesmo àquelas cujo contrato so-
997 do Código Civil deverá ser substituído por “solidariamente”
cial preveja a aplicação supletiva das normas das sociedades
a fim de compatibilizar esse dispositivo com o art. 1.023 do
anônimas.
mesmo Código.

Art. 1.017. O administrador que, sem consentimento escrito dos


Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser exe-
sócios, aplicar créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de
cutados por dívidas da sociedade, senão depois de executa-
terceiros, terá de restituí-los à sociedade, ou pagar o equivalente,
dos os bens sociais.
com todos os lucros resultantes, e, se houver prejuízo, por ele
também responderá.
Art. 1.025. O sócio, admitido em sociedade já constituída, NÃO
Parágrafo único. Fica sujeito às sanções o administrador que, ten-
SE EXIME das dívidas sociais anteriores à admissão.
do em qualquer operação interesse contrário ao da sociedade,
tome parte na correspondente deliberação.
Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de
outros bens do devedor, fazer recair a execução sobre o que a
Art. 1.018. Ao administrador é vedado fazer-se substituir no
este couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar
exercício de suas funções, sendo-lhe facultado, nos limites de
em liquidação.
seus poderes, constituir mandatários da sociedade, especifica-
Parágrafo único. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o
dos no instrumento os atos e operações que poderão praticar.
credor requerer a liquidação da quota do devedor, cujo valor,
apurado na forma do art. 1.031, será depositado em dinheiro, no
Art. 1.019. São IRREVOGÁVEIS os poderes do sócio investido
juízo da execução, até 90 dias após aquela liquidação.
na administração por cláusula expressa do contrato social,
salvo justa causa, reconhecida judicialmente, a pedido de
qualquer dos sócios. JDC386: Na apuração dos haveres do sócio devedor, por conse-
Parágrafo único. São REVOGÁVEIS, a qualquer tempo, os pode- qüência da liquidação de suas quotas na sociedade para paga-
res conferidos a sócio por ato separado, ou a quem não seja mento ao seu credor (art. 1.026, parágrafo único), não devem
sócio. ser consideradas eventuais disposições contratuais restritivas à
determinação de seu valor.
JDC387: A opção entre fazer a execução recair sobre o que ao
PODERES DO SÓCIO ADMINISTRADOR
sócio couber no lucro da sociedade ou sobre a parte que lhe to-
PREVISÃO CONTRATUAL ATO EM SEPARADO car em dissolução orienta-se pelos princípios da menor onerosi-
dade e da função social da empresa.
Irrevogável, salvo justa causa Revogável, a qualquer tempo
JDC388: O disposto no art. 1.026 do Código Civil não exclui a
reconhecida judicialmente
possibilidade de o credor fazer recair a execução sobre os direi-
tos patrimoniais da quota de participação que o devedor possui
Art. 1.020. Os administradores são obrigados a prestar aos sócios no capital da sociedade.
contas justificadas de sua administração, e apresentar-lhes o in- JDC389: Quando se tratar de sócio de serviço, não poderá haver
ventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e o de re- penhora das verbas descritas no art. 1026, se de caráter alimen-
sultado econômico. tar.

JDC63: O nu-proprietário de quotas ou ações gravadas com Art. 1.027. Os herdeiros do cônjuge de sócio, ou o cônjuge do
usufruto, quando não regulado no respectivo ato institutivo, que se separou judicialmente, NÃO podem exigir desde logo a
pode exercer o direito de fiscalização da sociedade. parte que lhes couber na quota social, mas concorrer à divi-
são periódica dos lucros, até que se liquide a sociedade.
Art. 1.021. Salvo estipulação que determine época própria, o sócio
pode, a qualquer tempo, examinar os livros e documentos, e o es- Seção V
tado da caixa e da carteira da sociedade. Da Resolução da Sociedade em Relação a um Sócio
Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota,
Seção IV salvo:
Das Relações com Terceiros I - se o contrato dispuser diferentemente;

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II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da socie- sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em
dade; igual prazo, enquanto não se requerer a averbação.
III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do
sócio falecido. Seção VI
Da Dissolução
JDC221: Diante da possibilidade de o contrato social permitir o Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:
ingresso na sociedade do sucessor de sócio falecido, ou de os I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e
sócios acordarem com os herdeiros a substituição de sócio fale- sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação,
cido, sem liquidação da quota em ambos os casos, é lícita a par- caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;
ticipação de menor em sociedade limitada, estando o capital in- II - o consenso unânime dos sócios;
tegralizado, em virtude da inexistência de vedação no Código III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na socieda-
Civil. de de prazo indeterminado;
IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no pra-
zo de 180 dias;
Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qual-
V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.
quer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo INDE-
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o só-
TERMINADO, mediante notificação aos demais sócios, com an-
cio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de
tecedência mínima de 60 dias; se de prazo DETERMINADO,
todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no
provando judicialmente justa causa.
Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do
Parágrafo único. Nos 30 dias subsequentes à notificação, po-
registro da sociedade para empresário individual ou para EI-
dem os demais sócios optar pela dissolução da sociedade.
RELI, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a
1.115 deste Código.
Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo
único, pode o sócio ser excluído judicialmente, mediante inici-
Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a re-
ativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumpri-
querimento de qualquer dos sócios, quando:
mento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superve-
I - anulada a sua constituição;
niente.
II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexeqüibilidade.
Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o
sócio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liqui-
Art. 1.035. O contrato pode prever outras causas de dissolução,
dada nos termos do parágrafo único do art. 1.026.
a serem verificadas judicialmente quando contestadas.

JDC481 O insolvente civil fica de pleno direito excluído das soci- Art. 1.036. Ocorrida a dissolução, cumpre aos administradores
edades contratuais das quais seja sócio. providenciar imediatamente a investidura do liquidante, e restrin-
gir a gestão própria aos negócios inadiáveis, vedadas novas ope-
Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a rações, pelas quais responderão solidária e ilimitadamente.
um sócio, o valor da sua quota, considerada pelo montante efeti- Parágrafo único. Dissolvida de pleno direito a sociedade, pode o
vamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em sócio requerer, desde logo, a liquidação judicial.
contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à
data da resolução, verificada em balanço especialmente levanta- Art. 1.037. Ocorrendo a hipótese prevista no inciso V do art. 1.033
do. (extinção de autorização para funcionar), o Ministério Público,
§ 1o O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os tão logo lhe comunique a autoridade competente, promoverá
demais sócios suprirem o valor da quota. a liquidação judicial da sociedade, se os administradores não
§ 2o A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de 90 o tiverem feito nos 30 dias seguintes à perda da autorização,
dias, a partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratu- ou se o sócio não houver exercido a faculdade assegurada no pa-
al em contrário. rágrafo único do artigo antecedente.
Parágrafo único. Caso o Ministério Público não promova a li-
JDC62 Com a exclusão do sócio remisso, a forma de reembolso quidação judicial da sociedade nos 15 dias subsequentes ao
das suas quotas, em regra, deve-se dar com base em balanço recebimento da comunicação, a autoridade competente para
especial, realizado na data da exclusão. conceder a autorização nomeará interventor com poderes
JDC391 A sociedade limitada pode adquirir suas próprias quo- para requerer a medida e administrar a sociedade até que seja
tas, observadas as condições estabelecidas na Lei das Socieda- nomeado o liquidante.
des por Ações.
JDC482 Na apuração de haveres de sócio retirante de socieda- Art. 1.038. Se não estiver designado no contrato social, o liqui-
de holding ou controladora, deve ser apurado o valor global do dante será eleito por deliberação dos sócios, podendo a escolha
patrimônio, salvo previsão contratual diversa. Para tanto, deve- recair em pessoa estranha à sociedade.
se considerar o valor real da participação da holding ou contro- § 1o O liquidante pode ser destituído, a todo tempo:
ladora nas sociedades que o referido sócio integra. I - se eleito pela forma prevista neste artigo, mediante delibera-
ção dos sócios;
II - em qualquer caso, por via judicial, a requerimento de um ou
Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, NÃO O EXI-
mais sócios, ocorrendo justa causa.
ME, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações
§ 2o A liquidação da sociedade se processa de conformidade com
sociais anteriores, até 2 anos após averbada a resolução da
o disposto no Capítulo IX, deste Subtítulo.

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CAPÍTULO II Art. 1.047. Sem prejuízo da faculdade de participar das delibera-
Da Sociedade em Nome Coletivo ções da sociedade e de lhe fiscalizar as operações, não pode o
Art. 1.039. SOMENTE PESSOAS FÍSICAS podem tomar parte na comanditário praticar qualquer ato de gestão, nem ter o
sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, SO- nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabi-
LIDÁRIA E ILIMITADAMENTE, pelas obrigações sociais. lidades de sócio comanditado.
Parágrafo único. Sem prejuízo da responsabilidade perante ter- Parágrafo único. Pode o comanditário ser constituído procura-
ceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou por unânime dor da sociedade, para negócio determinado e com poderes
convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de especiais.
cada um.
Art. 1.048. Somente após averbada a modificação do contrato,
Art. 1.040. A sociedade em nome coletivo se rege pelas normas produz efeito, quanto a terceiros, a diminuição da quota do co -
deste Capítulo e, no que seja omisso, pelas do Capítulo antece- manditário, em consequência de ter sido reduzido o capital social,
dente (sociedade simples). sempre sem prejuízo dos credores preexistentes.

Art. 1.041. O contrato deve mencionar, além das indicações refe- Art. 1.049. O sócio comanditário não é obrigado à reposição de
ridas no art. 997, a firma social. lucros recebidos de boa-fé e de acordo com o balanço.
Parágrafo único. Diminuído o capital social por perdas super-
Art. 1.042. A administração da sociedade compete exclusiva- venientes, não pode o comanditário receber quaisquer lucros,
mente a sócios, sendo o uso da firma, nos limites do contrato, antes de reintegrado aquele.
privativo dos que tenham os necessários poderes.
Art. 1.050. No caso de morte de sócio comanditário, a socieda-
Art. 1.043. O credor particular de sócio NÃO PODE, antes de de, salvo disposição do contrato, continuará com os seus suces-
dissolver-se a sociedade, pretender a liquidação da quota do sores, que designarão quem os represente.
devedor.
Parágrafo único. Poderá fazê-lo quando: Art. 1.051. Dissolve-se de pleno direito a sociedade:
I - a sociedade houver sido prorrogada tacitamente; I - por qualquer das causas previstas no art. 1.044;
II - tendo ocorrido prorrogação contratual, for acolhida judicial- II - quando por mais de 180 dias perdurar a falta de uma das
mente oposição do credor, levantada no prazo de 90 dias, conta- categorias de sócio.
do da publicação do ato dilatório. Parágrafo único. Na falta de sócio comanditado, os comanditá-
rios nomearão administrador provisório para praticar, durante
JDC63 Suprimir o art. 1.043 ou interpretá-lo no sentido de que o período referido no inciso II (180 dias) e sem assumir a condi-
só será aplicado às sociedades ajustadas por prazo ção de sócio, os atos de administração.
determinado.
JDC489 No caso da microempresa, da empresa de pequeno CAPÍTULO IV
porte e do microempreendedor individual, dispensados de pu- Da Sociedade Limitada
blicação dos seus atos (art. 71 da LC n. 123/2006), os prazos es- Seção I
tabelecidos no Código Civil contam-se da data do arquivamento Disposições Preliminares
do documento (termo inicial) no registro próprio. Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada
sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas TODOS RESPON-
DEM SOLIDARIAMENTE PELA INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL
Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer
SOCIAL.
das causas enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também
pela declaração da falência.
JDC65 A expressão “sociedade limitada” tratada no art. 1.052 e
CAPÍTULO III seguintes do novo Código Civil deve ser interpretada stricto
Da Sociedade em Comandita Simples sensu, como “sociedade por quotas de responsabilidade
Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte só- limitada”.
cios de duas categorias: os COMANDITADOS, pessoas físicas,
responsáveis SOLIDÁRIA e ILIMITADAMENTE pelas obrigações Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Ca-
sociais; e os COMANDITÁRIOS, obrigados somente pelo valor pítulo, pelas normas da SOCIEDADE SIMPLES.
de sua quota. Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência su-
Parágrafo único. O contrato deve discriminar os comanditados e pletiva da sociedade limitada pelas normas da SOCIEDADE
os comanditários. ANÔNIMA.

DICA: O comanditado é um coitado, responde ilimitado. JDC64 Criado o conselho de administração na sociedade
limitada, não regida supletivamente pela Lei de Sociedade por
Art. 1.046. Aplicam-se à sociedade em comandita simples as nor- Ações (art. 1.053, parágrafo único, do Código Civil) e, caso não
mas da sociedade em nome coletivo, no que forem compatíveis haja regramento específico sobre o órgão no contrato, serão
com as deste Capítulo. aplicadas, por analogia, as normas da sociedade anônima.
Parágrafo único. Aos comanditados cabem os mesmos direitos JDC222 Não se aplica o art. 997, V, à sociedade limitada na
e obrigações dos sócios da sociedade em nome coletivo. hipótese de regência supletiva pelas regras das sociedades

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simples. demais sócios titulares de mais de 1/4 do
JDC223 O parágrafo único do art. 1.053 não significa a capital social
aplicação em bloco da Lei n. 6.404/76 ou das disposições sobre
a sociedade simples. O contrato social pode adotar, nas
JDC255 Sociedade limitada. Instrumento de cessão de quotas.
omissões do Código sobre as sociedades limitadas, tanto as
Na omissão do contrato social, a cessão de quotas sociais de
regras das sociedades simples quanto as das sociedades
uma sociedade limitada pode ser feita por instrumento próprio,
anônimas.
averbado no registro da sociedade, independentemente de
alteração contratual, nos termos do art. 1.057 e parágrafo único
Art. 1.054. O contrato mencionará, no que couber, as indicações do Código Civil.
do art. 997, e, se for o caso, a firma social.
Art. 1.058. Não integralizada a quota de sócio remisso, os ou-
Seção II
tros sócios podem, sem prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu
Das Quotas
parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, ex-
Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desi-
cluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago,
guais, cabendo uma ou diversas a cada sócio.
deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no con-
§ 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social
trato mais as despesas.
respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de 5
anos da data do registro da sociedade.
Art. 1.059. Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e
§ 2o É VEDADA CONTRIBUIÇÃO que consista em prestação de
das quantias retiradas, a qualquer título, ainda que autoriza-
SERVIÇOS.
dos pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se distribuí-
rem com prejuízo do capital.
JDC12 A regra contida no art. 1.055, § 1º, do Código Civil deve
ser aplicada na hipótese de inexatidão da avaliação de bens Seção III
conferidos ao capital social; a responsabilidade nela prevista não Da Administração
afasta a desconsideração da personalidade jurídica quando Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais
presentes seus requisitos legais. pessoas designadas no contrato social ou em ato separado.
JDC18 O capital social da sociedade limitada poderá ser Parágrafo único. A administração atribuída no contrato a todos
integralizado, no todo ou em parte, com quotas ou ações de os sócios NÃO SE ESTENDE de pleno direito aos que posteri-
outra sociedade, cabendo aos sócios a escolha do critério de ormente adquiram essa qualidade.
avaliação das respectivas participações societárias, diante da
responsabilidade solidária pela exata estimação dos bens Art. 1.061. A designação de administradores não sócios depen-
conferidos ao capital social, nos termos do art. 1.055, § 1º, do derá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capi-
Código Civil. tal não estiver integralizado, e de 2/3, no mínimo, após a inte-
JDC224 A solidariedade entre os sócios da sociedade limitada gralização.
pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social
abrange os casos de constituição e aumento do capital e cessa
ADMINISTRADOR NÃO SÓCIO
após cinco anos da data do respectivo registro.
CAPITAL NÃO INTEGRALIZADO CAPITAL INTEGRALIZADO
Art. 1.056. A quota é indivisível em relação à sociedade, salvo Unanimidade dos sócios 2/3
para efeito de transferência, caso em que se observará o dis-
posto no artigo seguinte.
Art. 1.062. O administrador designado em ato separado inves-
§ 1o No caso de condomínio de quota, os direitos a ela inerentes
tir-se-á no cargo mediante termo de posse no livro de atas da
somente podem ser exercidos pelo condômino representante, ou
administração.
pelo inventariante do espólio de sócio falecido.
§ 1o Se o termo não for assinado nos 30 dias seguintes à desig-
§ 2o Sem prejuízo do disposto no art. 1.052, os condôminos de
nação, esta se tornará sem efeito.
quota indivisa respondem solidariamente pelas prestações
§ 2o Nos 10 dias seguintes ao da investidura, deve o adminis-
necessárias à sua integralização.
trador requerer seja averbada sua nomeação no registro com-
petente, mencionando o seu nome, nacionalidade, estado civil,
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua
residência, com exibição de documento de identidade, o ato e a
quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independen-
data da nomeação e o prazo de gestão.
temente de audiência dos outros, ou a estranho, se não hou-
ver oposição de titulares de mais de 1/4 do capital social.
Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e ter- JDC66 A teor do § 2º do art. 1.062 do Código Civil, o
ceiros, inclusive para os fins do parágrafo único do art. 1.003, a administrador só pode ser pessoa natural.
partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos
sócios anuentes. Art. 1.063. O exercício do cargo de administrador cessa pela destitui -
ção, em qualquer tempo, do titular, ou pelo término do prazo se, fixa-
do no contrato ou em ato separado, não houver recondução.
CEDER COTA A OUTRO SÓCIO CEDER COTA A ESTRANHO
§ 1º Tratando-se de sócio nomeado administrador no contra-
Total ou parcial Total ou parcial to, sua destituição somente se opera pela aprovação de titulares
Independente de audiência dos Se não houver oposição de

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de quotas correspondentes a mais da metade do capital social, VI - praticar, durante o período da liquidação da sociedade, os
salvo disposição contratual diversa (Lei 13792/19) atos a que se refere este artigo, tendo em vista as disposições es -
§ 2o A cessação do exercício do cargo de administrador deve ser peciais reguladoras da liquidação.
averbada no registro competente, mediante requerimento apre-
sentado nos 10 dias seguintes ao da ocorrência. Art. 1.070. As atribuições e poderes conferidos pela lei ao con-
§ 3o A RENÚNCIA DE ADMINISTRADOR torna-se eficaz, em re- selho fiscal não podem ser outorgados a outro órgão da soci-
lação à sociedade, desde o momento em que esta toma conhe- edade, e a responsabilidade de seus membros obedece à regra
cimento da comunicação escrita do renunciante; e, em relação que define a dos administradores (art. 1.016).
a terceiros, após a averbação e publicação. Parágrafo único. O conselho fiscal poderá escolher para assisti-lo
no exame dos livros, dos balanços e das contas, contabilista legal-
Art. 1.064. O uso da firma ou denominação social é privativo dos mente habilitado, mediante remuneração aprovada pela assem-
administradores que tenham os necessários poderes. bleia dos sócios.

Art. 1.065. Ao término de cada exercício social, proceder-se-á à Seção V


elaboração do inventário, do balanço patrimonial e do balanço de Das Deliberações dos Sócios
resultado econômico. Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras
matérias indicadas na lei ou no contrato:
I - a aprovação das contas da administração;
Seção IV II - a designação dos administradores, quando feita em ato se-
Do Conselho Fiscal parado;
Art. 1.066. Sem prejuízo dos poderes da assembleia dos sócios, III - a destituição dos administradores;
pode o contrato instituir conselho fiscal composto de 3 ou IV - o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no
mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não, resi- contrato;
dentes no País, eleitos na assembleia anual prevista no art. 1.078. V - a modificação do contrato social;
§ 1o Não podem fazer parte do conselho fiscal, além dos inelegí- VI - a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a ces-
veis enumerados no § 1o do art. 1.011, os membros dos demais sação do estado de liquidação;
órgãos da sociedade ou de outra por ela controlada, os emprega- VII - a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das
dos de quaisquer delas ou dos respectivos administradores, o suas contas;
cônjuge ou parente destes até o 3° grau. VIII - o pedido de concordata (recuperação judicial).
§ 2o É assegurado aos sócios minoritários, que representarem
pelo menos 1/5 do capital social, o direito de eleger, separa- Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no
damente, um dos membros do conselho fiscal e o respectivo art. 1.010, serão tomadas em reunião ou em assembleia, confor-
suplente. me previsto no contrato social, devendo ser convocadas pelos ad-
ministradores nos casos previstos em lei ou no contrato.
Art. 1.067. O membro ou suplente eleito, assinando termo de pos- § 1o A deliberação em assembleia será obrigatória se o núme-
se lavrado no livro de atas e pareceres do conselho fiscal, em que ro dos sócios for superior a 10.
se mencione o seu nome, nacionalidade, estado civil, residência e § 2o Dispensam-se as formalidades de convocação previstas no §
a data da escolha, ficará investido nas suas funções, que exercerá, 3o do art. 1.152, quando todos os sócios comparecerem ou se de-
salvo cessação anterior, até a subsequente assembleia anual. clararem, por escrito, cientes do local, data, hora e ordem do dia.
Parágrafo único. Se o termo não for assinado nos 30 dias seguin- § 3o A reunião ou a assembleia tornam-se dispensáveis quan-
tes ao da eleição, esta se tornará sem efeito. do todos os sócios decidirem, por escrito, sobre a matéria que
seria objeto delas.
Art. 1.068. A remuneração dos membros do conselho fiscal será § 4o No caso de pedido de concordata (recuperação judicial), os
fixada, anualmente, pela assembleia dos sócios que os eleger. administradores, se houver urgência e com autorização de ti-
tulares de mais da metade do capital social, podem requerer
Art. 1.069. Além de outras atribuições determinadas na lei ou no concordata preventiva.
contrato social, aos membros do conselho fiscal incumbem, indi- § 5o As deliberações tomadas de conformidade com a lei e o
vidual ou conjuntamente, os deveres seguintes: contrato vinculam todos os sócios, ainda que ausentes ou dis-
I - examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da sidentes.
sociedade e o estado da caixa e da carteira, devendo os adminis- § 6o Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos omissos no con-
tradores ou liquidantes prestar-lhes as informações solicitadas; trato, o disposto na presente Seção sobre a assembleia.
II - lavrar no livro de atas e pareceres do conselho fiscal o resulta -
do dos exames referidos no inciso I deste artigo; Art. 1.073. A reunião ou a assembleia podem também ser convo-
III - exarar no mesmo livro e apresentar à assembleia anual dos cadas:
sócios parecer sobre os negócios e as operações sociais do exer- I - por sócio, quando os administradores retardarem a convoca-
cício em que servirem, tomando por base o balanço patrimonial e ção, por mais de 60 dias, nos casos previstos em lei ou no con-
o de resultado econômico; trato, ou por titulares de mais de 1/5 do capital, quando não
IV - denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, suge- atendido, no prazo de 8 dias, pedido de convocação fundamen-
rindo providências úteis à sociedade; tado, com indicação das matérias a serem tratadas;
V - convocar a assembleia dos sócios se a diretoria retardar por II - pelo conselho fiscal, se houver, nos casos a que se refere o in-
mais de 30 dias a sua convocação anual, ou sempre que ocorram ciso V do art. 1.069.
motivos graves e urgentes;

11
Art. 1.074. A assembleia dos sócios instala-se com a presença, em Art. 1.077. Quando houver modificação do contrato, fusão da so-
primeira convocação, de titulares de no mínimo 3/4 do capital ciedade, incorporação de outra, ou dela por outra, terá o sócio
social, e, em segunda, com qualquer número. que dissentiu o direito de retirar-se da sociedade, nos 30 dias
INSTALAÇÃO DA ASSEMBLEIA DOS SÓCIOS subsequentes à reunião, aplicando-se, no silêncio do contrato
social antes vigente, o disposto no art. 1.031.
PRIMEIRA CONVOCAÇÃO SEGUNDA CONVOCAÇÃO
3/4 do capital social Qualquer número JDC392 Nas hipóteses do art. 1.077 do Código Civil, cabe aos
§ 1o O sócio pode ser representado na assembleia por outro só- sócios delimitar seus contornos para compatibilizá-los com os
cio, ou por advogado, mediante outorga de mandato com especi- princípios da preservação e da função social da empresa,
ficação dos atos autorizados, devendo o instrumento ser levado a aplicando-se, supletiva (art. 1.053, parágrafo único) ou
registro, juntamente com a ata. analogicamente (art. 4º da LICC), o art. 137, § 3º, da Lei das
§ 2o Nenhum sócio, por si ou na condição de mandatário, pode Sociedades por Ações, para permitir a reconsideração da
votar matéria que lhe diga respeito diretamente. deliberação que autorizou a retirada do sócio dissidente.
JDC13 A decisão que decretar a dissolução parcial da sociedade
Art. 1.075. A assembleia será presidida e secretariada por sócios deverá indicar a data de desligamento do sócio e o critério de
escolhidos entre os presentes. apuração de haveres.
§ 1o Dos trabalhos e deliberações será lavrada, no livro de atas da
assembleia, ata assinada pelos membros da mesa e por sócios Art. 1.078. A assembleia dos sócios deve realizar-se ao menos 1
participantes da reunião, quantos bastem à validade das delibera- vez por ano, nos 4 meses seguintes à ao término do exercício
ções, mas sem prejuízo dos que queiram assiná-la. social, com o objetivo de:
§ 2o Cópia da ata autenticada pelos administradores, ou pela I - tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balan-
mesa, será, nos 20 dias subsequentes à reunião, apresentada ao ço patrimonial e o de resultado econômico;
Registro Público de Empresas Mercantis para arquivamento e II - designar administradores, quando for o caso;
averbação. III - tratar de qualquer outro assunto constante da ordem do dia.
§ 3o Ao sócio, que a solicitar, será entregue cópia autenticada da § 1o Até 30 dias antes da data marcada para a assembleia, os do-
ata. cumentos referidos no inciso I deste artigo devem ser postos, por
escrito, e com a prova do respectivo recebimento, à disposição
Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061, as deliberações dos sócios que não exerçam a administração.
dos sócios serão tomadas (Lei 13792/19): § 2o Instalada a assembleia, proceder-se-á à leitura dos documen-
I - pelos votos correspondentes, no mínimo, a 3/4 do capital so- tos referidos no parágrafo antecedente, os quais serão submeti-
cial, nos casos previstos nos incisos V e VI do art. 1.071; dos, pelo presidente, a discussão e votação, nesta não podendo
II - pelos votos correspondentes a mais de metade do capital so- tomar parte os membros da administração e, se houver, os do
cial, nos casos previstos nos incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071; conselho fiscal.
III - pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos pre- § 3o A aprovação, sem reserva, do balanço patrimonial e do de
vistos na lei ou no contrato, se este não exigir maioria mais eleva- resultado econômico, salvo erro, dolo ou simulação, exonera de
da. responsabilidade os membros da administração e, se houver, os
do conselho fiscal.
DELIBERAÇÃO DOS SÓCIOS § 4o Extingue-se em 2 anos o direito de anular a aprovação a
que se refere o parágrafo antecedente.
V - a modificação do contrato social;
3/4 DO CAPITAL VI - a incorporação, a fusão e a dissolução
JDC228 As sociedades limitadas estão dispensadas da
SOCIAL da sociedade, ou a cessação do estado de li-
publicação das demonstrações financeiras a que se refere o § 3º
quidação;
do art. 1.078. Naquelas de até dez sócios, a deliberação de que
II - a designação dos administradores, trata o art. 1.078 pode dar-se na forma dos §§ 2º e 3º do art.
quando feita em ato separado; 1.072, e a qualquer tempo, desde que haja previsão contratual
MAIS DE 1/2 DO III - a destituição dos administradores; nesse sentido.
CAPITAL SOCIAL IV - o modo de sua remuneração, quando
não estabelecido no contrato; Art. 1.079. Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos omissos no
VIII - o pedido de concordata. contrato, o estabelecido nesta Seção sobre a assembleia, obede-
MAIORIA DOS Demais casos, quando não exigir maioria cido o disposto no § 1o do art. 1.072.
VOTOS DOS mais elevada.
PRESENTES Art. 1.080. As deliberações infringentes do contrato ou da lei tor-
nam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as
aprovaram.
JDC227 O quórum mínimo para a deliberação da cisão da
sociedade limitada é de 3/4 (três quartos) do capital social.
JDC229 A responsabilidade ilimitada dos sócios pelas
JDC485 O sócio que participa da administração societária não
deliberações infringentes da lei ou do contrato torna
pode votar nas deliberações acerca de suas próprias contas, na
desnecessária a desconsideração da personalidade jurídica, por
forma dos arts. 1.071, I, e 1.074, § 2º, do Código Civil.
não constituir a autonomia patrimonial da pessoa jurídica
escudo para a responsabilização pessoal e direta.

12
Seção VI e procedimentais previstas no art. 1.085, caput e parágrafo
Do Aumento e da Redução do Capital único, do CC.
Art. 1.081. Ressalvado o disposto em lei especial, integralizadas
as quotas, pode ser o capital aumentado, com a corresponden-
Art. 1.086. Efetuado o registro da alteração contratual, aplicar-se-
te modificação do contrato.
á o disposto nos arts. 1.031 e 1.032.
§ 1o Até 30 dias após a deliberação, terão os sócios preferência
para participar do aumento, na proporção das quotas de que se-
Seção VIII
jam titulares.
Da Dissolução
§ 2o À cessão do direito de preferência, aplica-se o disposto no
Art. 1.087. A sociedade dissolve-se, de pleno direito, por qualquer
caput do art. 1.057.
das causas previstas no art. 1.044.
§ 3o Decorrido o prazo da preferência, e assumida pelos sócios, ou
por terceiros, a totalidade do aumento, haverá reunião ou assem-
CAPÍTULO V
bleia dos sócios, para que seja aprovada a modificação do contra-
Da Sociedade Anônima
to.
Seção Única
Da Caracterização
Art. 1.082. Pode a sociedade reduzir o capital, mediante a cor-
Art. 1.088. Na sociedade anônima ou companhia, o capital di-
respondente modificação do contrato:
vide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista so-
I - depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis;
mente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou ad-
II - se excessivo em relação ao objeto da sociedade.
quirir.

Art. 1.083. No caso do inciso I do artigo antecedente, a redução


do capital será realizada com a diminuição proporcional do valor JDC68 Suprimir os arts. 1.088 e 1.089 do novo Código Civil em
nominal das quotas, tornando-se efetiva a partir da averbação, razão de estar a matéria regulamentada em lei especial.
no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata da assembleia
que a tenha aprovado. Art. 1.089. A sociedade anônima rege-se por lei especial, apli-
cando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste Código.
Art. 1.084. No caso do inciso II do art. 1.082, a redução do capital
será feita restituindo-se parte do valor das quotas aos sócios, ou JDC230 A fusão e a incorporação de sociedade anônima
dispensando-se as prestações ainda devidas, com diminuição continuam reguladas pelas normas previstas na Lei n. 6.404/76,
proporcional, em ambos os casos, do valor nominal das quotas. não revogadas pelo Código Civil (art. 1.089), quanto a esse tipo
§ 1o No prazo de 90 dias, contado da data da publicação da ata societário.
da assembleia que aprovar a redução, o credor quirografário, por
título líquido anterior a essa data, poderá opor-se ao deliberado.
CAPÍTULO VI
§ 2o A redução somente se tornará eficaz se, no prazo estabele-
Da Sociedade em Comandita por Ações
cido no parágrafo antecedente, não for impugnada, ou se pro-
Art. 1.090. A sociedade em comandita por ações tem o capital
vado o pagamento da dívida ou o depósito judicial do respec-
dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à socie-
tivo valor.
dade anônima, sem prejuízo das modificações constantes deste
§ 3o Satisfeitas as condições estabelecidas no parágrafo antece-
Capítulo, e opera sob firma ou denominação.
dente, proceder-se-á à averbação, no Registro Público de Empre-
sas Mercantis, da ata que tenha aprovado a redução.
Art. 1.091. Somente o acionista tem qualidade para adminis-
trar a sociedade e, como diretor, responde SUBSIDIÁRIA e ILI-
Seção VII
MITADAMENTE pelas obrigações da sociedade.
Da Resolução da Sociedade em Relação a Sócios Minoritários
§ 1o Se houver mais de um diretor, serão solidariamente respon-
Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria
sáveis, depois de esgotados os bens sociais.
dos sócios, representativa de mais da metade do capital social,
§ 2o Os diretores serão nomeados no ato constitutivo da socie-
entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a conti-
dade, sem limitação de tempo, e somente poderão ser destituí-
nuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade,
dos por deliberação de acionistas que representem no míni-
poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato
mo 2/3 do capital social.
social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa.
§ 3o O diretor destituído ou exonerado continua, durante 2
Parágrafo único. Ressalvado o caso em que haja apenas 2 só-
anos, responsável pelas obrigações sociais contraídas sob sua
cios na sociedade, a exclusão de um sócio somente poderá ser
administração.
determinada em reunião ou assembleia especialmente convo-
cada para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para per-
Art. 1.092. A assembleia geral não pode, sem o consentimento
mitir seu comparecimento e o exercício do direito de defesa (Lei
dos diretores, mudar o objeto essencial da sociedade, prorro-
13792/19)
gar-lhe o prazo de duração, aumentar ou diminuir o capital
social, criar debêntures, ou partes beneficiárias.
JDC67 A quebra do affectio societatis não é causa para a
exclusão do sócio minoritário, mas apenas para dissolução CAPÍTULO VII
(parcial) da sociedade. Da Sociedade Cooperativa
JDC17 Na sociedade limitada com dois sócios, o sócio titular de Art. 1.093. A sociedade cooperativa reger-se-á pelo disposto no
mais da metade do capital social pode excluir extrajudicialmente presente Capítulo, ressalvada a legislação especial.
o sócio minoritário desde que atendidas as exigências materiais

13
Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa: Parágrafo único. Aprovado o balanço em que se verifique ter sido
I - variabilidade, ou dispensa do capital social; excedido esse limite, a sociedade não poderá exercer o direito de
II - concurso de sócios em número mínimo necessário a com- voto correspondente às ações ou quotas em excesso, as quais de-
por a administração da sociedade, sem limitação de número vem ser alienadas nos 180 dias seguintes àquela aprovação.
máximo;
III - limitação do valor da soma de quotas do capital social que CAPÍTULO IX
cada sócio poderá tomar; Da Liquidação da Sociedade
IV - INTRANSFERIBILIDADE das quotas do capital a terceiros Art. 1.102. Dissolvida a sociedade e nomeado o liquidante na
estranhos à sociedade, ainda que por herança; forma do disposto neste Livro, procede-se à sua liquidação, de
V - quorum, para a assembleia geral funcionar e deliberar, conformidade com os preceitos deste Capítulo, ressalvado o dis-
fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no posto no ato constitutivo ou no instrumento da dissolução.
capital social representado; Parágrafo único. O liquidante, que não seja administrador da soci-
VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou edade, investir-se-á nas funções, averbada a sua nomeação no re-
não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua parti- gistro próprio.
cipação;
VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das Art. 1.103. Constituem deveres do liquidante:
operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser I - averbar e publicar a ata, sentença ou instrumento de dissolu-
atribuído juro fixo ao capital realizado; ção da sociedade;
VIII - INDIVISIBILIDADE do fundo de reserva entre os sócios, II - arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde
ainda que em caso de dissolução da sociedade. quer que estejam;
III - proceder, nos 15 dias seguintes ao da sua investidura e com
Art. 1.095. Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos só- a assistência, sempre que possível, dos administradores, à elabo-
cios pode ser limitada ou ilimitada. ração do inventário e do balanço geral do ativo e do passivo;
§ 1o É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio IV - ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o
responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo passivo e partilhar o remanescente entre os sócios ou acionistas;
verificado nas operações sociais, guardada a proporção de V - exigir dos quotistas, quando insuficiente o ativo à solução do
sua participação nas mesmas operações. passivo, a integralização de suas quotas e, se for o caso, as quan-
§ 2o É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o só- tias necessárias, nos limites da responsabilidade de cada um e
cio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações soci- proporcionalmente à respectiva participação nas perdas, repar-
ais. tindo-se, entre os sócios solventes e na mesma proporção, o devi-
do pelo insolvente;
Art. 1.096. No que a lei for omissa, aplicam-se as disposições re- VI - convocar assembleia dos quotistas, cada 6 meses, para apre-
ferentes à sociedade simples, resguardadas as características es- sentar relatório e balanço do estado da liquidação, prestando
tabelecidas no art. 1.094. conta dos atos praticados durante o semestre, ou sempre que ne-
cessário;
CAPÍTULO VIII VII - confessar a falência da sociedade e pedir concordata, de
Das Sociedades CoLigadas acordo com as formalidades prescritas para o tipo de sociedade
Art. 1.097. Consideram-se coligadas as sociedades que, em suas liquidanda;
relações de capital, são controladas, filiadas, ou de simples VIII - finda a liquidação, apresentar aos sócios o relatório da liqui-
participação, na forma dos artigos seguintes. dação e as suas contas finais;
IX - averbar a ata da reunião ou da assembleia, ou o instrumento
Art. 1.098. É controlada: firmado pelos sócios, que considerar encerrada a liquidação.
I - a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maio- Parágrafo único. Em todos os atos, documentos ou publicações, o
ria dos votos nas deliberações dos quotistas ou da assembleia liquidante empregará a firma ou denominação social sempre se-
geral e o poder de eleger a maioria dos administradores; guida da cláusula "em liquidação" e de sua assinatura individual,
II - a sociedade cujo controle, referido no inciso antecedente, es- com a declaração de sua qualidade.
teja em poder de outra, mediante ações ou quotas possuídas
por sociedades ou sociedades por esta já controladas. Art. 1.104. As obrigações e a responsabilidade do liquidante re-
gem-se pelos preceitos peculiares às dos administradores da soci-
Art. 1.099. Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital edade liquidanda.
outra sociedade participa com 10% ou mais, do capital da ou-
tra, sem controlá-la. Art. 1.105. Compete ao liquidante representar a sociedade e pra-
ticar todos os atos necessários à sua liquidação, inclusive alienar
Art. 1.100. É de simples participação a sociedade de cujo capital bens móveis ou imóveis, transigir, receber e dar quitação.
outra sociedade possua menos de 10% do capital com direito Parágrafo único. Sem estar expressamente autorizado pelo
de voto. contrato social, ou pelo voto da maioria dos sócios, não pode
o liquidante gravar de ônus reais os móveis e imóveis, con-
Art. 1.101. Salvo disposição especial de lei, a sociedade não pode trair empréstimos, salvo quando indispensáveis ao pagamen-
participar de outra, que seja sua sócia, por montante superior, se - to de obrigações inadiáveis, nem prosseguir, embora para fa-
gundo o balanço, ao das próprias reservas, excluída a reserva le- cilitar a liquidação, na atividade social.
gal.

14
Art. 1.106. Respeitados os direitos dos credores preferenciais, pa- obrigações, devendo todas aprová-la, na forma estabelecida
gará o liquidante as dívidas sociais proporcionalmente, sem dis- para os respectivos tipos.
tinção entre vencidas e vincendas, mas, em relação a estas, com
desconto. Art. 1.117. A deliberação dos sócios da sociedade incorporada
Parágrafo único. Se o ativo for superior ao passivo, pode o li- deverá aprovar as bases da operação e o projeto de reforma
quidante, sob sua responsabilidade pessoal, pagar integral- do ato constitutivo.
mente as dívidas vencidas. § 1o A sociedade que houver de ser incorporada tomará conheci-
mento desse ato, e, se o aprovar, autorizará os administradores a
Art. 1.107. Os sócios podem resolver, por maioria de votos, antes praticar o necessário à incorporação, inclusive a subscrição em
de ultimada a liquidação, mas depois de pagos os credores, que o bens pelo valor da diferença que se verificar entre o ativo e o pas-
liquidante faça rateios por antecipação da partilha, à medida em sivo.
que se apurem os haveres sociais. § 2o A deliberação dos sócios da sociedade incorporadora com-
preenderá a nomeação dos peritos para a avaliação do patrimô-
Art. 1.108. Pago o passivo e partilhado o remanescente, convocará nio líquido da sociedade, que tenha de ser incorporada.
o liquidante assembleia dos sócios para a prestação final de con-
tas. Art. 1.118. Aprovados os atos da incorporação, a incorporadora
declarará extinta a incorporada, e promoverá a respectiva aver-
Art. 1.109. Aprovadas as contas, encerra-se a liquidação, e a bação no registro próprio.
sociedade se extingue, ao ser averbada no registro próprio a
ata da assembleia. Art. 1.119. A FUSÃO determina a extinção das sociedades que
Parágrafo único. O dissidente tem o prazo de 30 dias, a contar da se unem, para formar sociedade nova, que a elas sucederá nos
publicação da ata, devidamente averbada, para promover a ação direitos e obrigações.
que couber.
Art. 1.120. A fusão será decidida, na forma estabelecida para os
Art. 1.110. Encerrada a liquidação, o credor não satisfeito só terá respectivos tipos, pelas sociedades que pretendam unir-se.
direito a exigir dos sócios, individualmente, o pagamento do seu § 1o Em reunião ou assembleia dos sócios de cada sociedade, de-
crédito, até o limite da soma por eles recebida em partilha, e a liberada a fusão e aprovado o projeto do ato constitutivo da nova
propor contra o liquidante ação de perdas e danos. sociedade, bem como o plano de distribuição do capital social,
serão nomeados os peritos para a avaliação do patrimônio da so-
Art. 1.111. No caso de liquidação judicial, será observado o dis- ciedade.
posto na lei processual. § 2o Apresentados os laudos, os administradores convocarão reu-
nião ou assembleia dos sócios para tomar conhecimento deles,
Art. 1.112. No curso de liquidação judicial, o juiz convocará, se ne- decidindo sobre a constituição definitiva da nova sociedade.
cessário, reunião ou assembleia para deliberar sobre os interesses § 3o É vedado aos sócios votar o laudo de avaliação do patrimônio
da liquidação, e as presidirá, resolvendo sumariamente as ques- da sociedade de que façam parte.
tões suscitadas.
Parágrafo único. As atas das assembleias serão, em cópia autênti- Art. 1.121. Constituída a nova sociedade, aos administradores in-
ca, apensadas ao processo judicial. cumbe fazer inscrever, no registro próprio da sede, os atos relati-
vos à fusão.
CAPÍTULO X
Da Transformação, da Incorporação, da Fusão e da Cisão das Soci- Art. 1.122. Até 90 dias após publicados os atos relativos à in-
edades corporação, fusão ou cisão, o credor anterior, por ela prejudi-
Art. 1.113. O ato de TRANSFORMAÇÃO independe de dissolu- cado, poderá promover judicialmente a anulação deles.
ção ou liquidação da sociedade, e obedecerá aos preceitos regu- § 1o A consignação em pagamento prejudicará a anulação
ladores da constituição e inscrição próprios do tipo em que vai pleiteada.
converter-se. § 2o Sendo ilíquida a dívida, a sociedade poderá garantir-lhe a
execução, suspendendo-se o processo de anulação.
Art. 1.114. A transformação depende do CONSENTIMENTO DE § 3o Ocorrendo, no prazo deste artigo (90 dias), a falência da so-
TODOS os sócios, salvo se prevista no ato constitutivo, caso ciedade incorporadora, da sociedade nova ou da cindida,
em que o dissidente poderá retirar-se da sociedade, aplicando- qualquer credor anterior terá direito a pedir a separação dos
se, no silêncio do estatuto ou do contrato social, o disposto no patrimônios, para o fim de serem os créditos pagos pelos
art. 1.031. bens das respectivas massas.

Art. 1.115. A transformação não modificará nem prejudicará, CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
em qualquer caso, os direitos dos credores.
Parágrafo único. A falência da sociedade transformada somen-
Seção IX
te produzirá efeitos em relação aos sócios que, no tipo anteri-
Do Arrolamento
or, a eles estariam sujeitos, se o pedirem os titulares de crédi-
Art. 659. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes,
tos anteriores à transformação, e somente a estes beneficiará.
nos termos da lei, será homologada de plano pelo juiz, com
observância dos arts. 660 a 663.
Art. 1.116. Na INCORPORAÇÃO, uma ou várias sociedades são
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se, também, ao pedido de ad-
absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e
judicação, quando houver herdeiro único.

15
§ 2o Transitada em julgado a sentença de homologação de § 5o Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio
partilha ou de adjudicação, será lavrado o formal de partilha e às suas rendas, o juiz julgará a partilha.
ou elaborada a carta de adjudicação e, em seguida, serão expe-
didos os alvarás referentes aos bens e às rendas por ele abrangi-
dos, intimando-se o fisco para lançamento administrativo do im- CJF 131: A remissão ao art. 672, feita no art. 664, § 4º, do CPC,
posto de transmissão e de outros tributos porventura incidentes, consiste em erro material decorrente da renumeração de artigos
conforme dispuser a legislação tributária, nos termos do § 2 o do durante a tramitação legislativa. A referência deve ser com-
art. 662. preendida como sendo ao art. 662, norma que possui conteúdo
integrativo adequado ao comando expresso e finalístico do art.
Art. 660. Na petição de inventário, que se processará na forma de 664, § 4º.
arrolamento sumário, independentemente da lavratura de termos
de qualquer espécie, os herdeiros: Art. 665. O inventário processar-se-á também na forma do art.
I - requererão ao juiz a nomeação do inventariante que designa- 664 (arrolamento), AINDA QUE HAJA INTERESSADO INCA-
rem; PAZ, desde que concordem todas as partes e o Ministério Pú-
II - declararão os títulos dos herdeiros e os bens do espólio, ob- blico.
servado o disposto no art. 630;
III - atribuirão valor aos bens do espólio, para fins de partilha. Art. 666. Independerá de inventário ou de arrolamento o paga-
mento dos valores previstos na Lei n o 6.858, de 24 de novembro
Art. 661. Ressalvada a hipótese prevista no parágrafo único do de 1980.
art. 663, não se procederá à avaliação dos bens do espólio
para nenhuma finalidade. Art. 667. Aplicam-se subsidiariamente a esta Seção as disposições
das Seções VII e VIII deste Capítulo.
Art. 662. No arrolamento, não serão conhecidas ou apreciadas
questões relativas ao lançamento, ao pagamento ou à quitação Seção X
de taxas judiciárias e de tributos incidentes sobre a transmissão Disposições Comuns a Todas as Seções
da propriedade dos bens do espólio. Art. 668. Cessa a eficácia da tutela provisória prevista nas Se-
§ 1o A taxa judiciária, se devida, será calculada com base no valor ções deste Capítulo:
atribuído pelos herdeiros, cabendo ao fisco, se apurar em proces- I - se a ação não for proposta em 30 dias contados da data em
so administrativo valor diverso do estimado, exigir a eventual di- que da decisão foi intimado o impugnante, o herdeiro excluído
ferença pelos meios adequados ao lançamento de créditos tribu- ou o credor não admitido;
tários em geral. II - se o juiz extinguir o processo de inventário com ou sem
§ 2o O imposto de transmissão será objeto de lançamento admi- resolução de mérito.
nistrativo, conforme dispuser a legislação tributária, não ficando
as autoridades fazendárias adstritas aos valores dos bens do es- Art. 669. São sujeitos à sobrepartilha os bens:
pólio atribuídos pelos herdeiros. I - sonegados;
II - da herança descobertos após a partilha;
Art. 663. A existência de credores do espólio não impedirá a III - litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa;
homologação da partilha ou da adjudicação, se forem reserva- IV - situados em lugar remoto da sede do juízo onde se proces-
dos bens suficientes para o pagamento da dívida. sa o inventário.
Parágrafo único. A reserva de bens será realizada pelo valor esti- Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão
mado pelas partes, salvo se o credor, regularmente notificado, im- reservados à sobrepartilha sob a guarda e a administração do
pugnar a estimativa, caso em que se promoverá a avaliação dos mesmo ou de diverso inventariante, a consentimento da maioria
bens a serem reservados. dos herdeiros.

Art. 664. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferi- Art. 670. Na sobrepartilha dos bens, observar-se-á o processo de
or a 1.000 salários-mínimos, o inventário processar-se-á na inventário e de partilha.
forma de arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, in- Parágrafo único. A sobrepartilha correrá nos autos do inventá-
dependentemente de assinatura de termo de compromisso, apre- rio do autor da herança.
sentar, com suas declarações, a atribuição de valor aos bens do
espólio e o plano da partilha. Art. 671. O juiz nomeará CURADOR ESPECIAL:
§ 1o Se qualquer das partes ou o Ministério Público impugnar a I - ao AUSENTE, se não o tiver;
estimativa, o juiz nomeará avaliador, que oferecerá laudo em 10 II - ao INCAPAZ, se concorrer na partilha com o seu represen-
dias. tante, desde que exista colisão de interesses.
§ 2o Apresentado o laudo, o juiz, em audiência que designar, deli-
berará sobre a partilha, decidindo de plano todas as reclamações Art. 672. É lícita a cumulação de inventários para a partilha de
e mandando pagar as dívidas não impugnadas. heranças de pessoas diversas quando houver:
§ 3o Lavrar-se-á de tudo um só termo, assinado pelo juiz, pelo in- I - identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos
ventariante e pelas partes presentes ou por seus advogados. os bens;
§ 4o Aplicam-se a essa espécie de arrolamento, no que couber, as II - heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros;
disposições do art. 672, relativamente ao lançamento, ao paga- III - dependência de uma das partilhas em relação à outra.
mento e à quitação da taxa judiciária e do imposto sobre a trans- Parágrafo único. No caso previsto no inciso III, se a dependência
missão da propriedade dos bens do espólio. for parcial, por haver outros bens, o juiz pode ordenar a tra-

16
mitação separada, se melhor convier ao interesse das partes ou à Até o trânsito em julgado Até 5 dias depois da adjudica-
celeridade processual. ção, da alienação por iniciativa
particular ou da arrematação,
Art. 673. No caso previsto no art. 672, inciso II, prevalecerão as mas SEMPRE antes da assina-
primeiras declarações, assim como o laudo de avaliação, salvo se tura da respectiva carta.
alterado o valor dos bens.
Art. 676. Os embargos serão distribuídos por dependência ao
CAPÍTULO VII
juízo que ordenou a constrição e autuados em apartado.
DOS EMBARGOS DE TERCEIRO
Parágrafo único. Nos casos de ato de constrição realizado por
Art. 674. Quem, NÃO SENDO PARTE NO PROCESSO, sofrer
carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou
indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida
sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo,
a carta.
poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio
de embargos de terceiro.
Art. 677. Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de
§ 1o Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive
sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, ofere-
fiduciário, ou possuidor.
cendo documentos e rol de testemunhas.
§ 2o Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
§ 1o É facultada a prova da posse em audiência preliminar de-
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de
signada pelo juiz.
bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art.
§ 2o O possuidor direto pode alegar, além da sua posse, o do-
843;
mínio alheio.
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão
§ 3o A citação será pessoal, se o embargado não tiver procura-
que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à exe-
dor constituído nos autos da ação principal.
cução;
§ 4o Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de
aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal
desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente
quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial.
não fez parte;
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judi-
cial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido FPPC186. (art. 677; art. 678; art. 681) A alusão à “posse” ou a
intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos. “domínio” nos arts. 677, 678 e 681 deve ser interpretada em
consonância com o art. 674, caput, que, de forma abrangente,
admite os embargos de terceiro para afastar constrição ou ame-
CJF 132: O prazo para apresentação de embargos de terceiro
aça de constrição sobre bens que possua ou sobre quais tenha
tem natureza processual e deve ser contado em dias úteis.
“direito incompatível com o ato constritivo”.
CJF 133: É admissível a formulação de reconvenção em res-
posta aos embargos de terceiro, inclusive para o propósito de
veicular pedido típico de ação pauliana, nas hipóteses de fraude Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o
contra credores. domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas cons-
tritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como
a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embar -
Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo
gante a houver requerido.
no processo de conhecimento enquanto não transitada em
Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem de manu-
julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no pro-
tenção ou de reintegração provisória de posse à prestação de
cesso de execução, até 5 dias depois da adjudicação, da alie-
caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte
nação por iniciativa particular ou da arrematação, mas SEM-
economicamente hipossuficiente.
PRE antes da assinatura da respectiva carta.
Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular
Art. 679. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15
de interesse em embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo pesso-
dias, findo o qual se seguirá o procedimento comum.
almente.
Art. 680. Contra os embargos do CREDOR COM GARANTIA
FPPC184. (art. 675) Os embargos de terceiro também são opo- REAL, o embargado SOMENTE poderá alegar que:
níveis na fase de cumprimento de sentença e devem obser- I - o devedor comum é insolvente;
var, quanto ao prazo, a regra do processo de execução. II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;
FPPC185. (art. 675, parágrafo único) O juiz deve ouvir as partes III - outra é a coisa dada em garantia.
antes de determinar a intimação pessoal do terceiro. Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial in-
JDPC102 A falta de oposição dos embargos de terceiro pre- devida será cancelado, com o reconhecimento do domínio, da
ventivos no prazo do art. 792, § 4º, do CPC não impede a pro- manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do
positura dos embargos de terceiro repressivos no prazo do direito ao embargante.
art. 675 do mesmo Código.
JDPC53 Para o reconhecimento definitivo do domínio ou da
PRAZO PARA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO posse do terceiro embargante (art. 681 do CPC), é necessária a
presença, no polo passivo dos embargos, do réu ou do executa-
Processo De Conhecimento Cumprimento De Sentença
do a quem se impute a titularidade desse domínio ou dessa
Ou Processo De Execução
posse no processo principal.

17
Parágrafo único. A citação será pessoal, se a parte não tiver
SÚMULAS SOBRE EMBARGOS DE TERCEIRO procurador constituído nos autos.

Súmula 84-STJ: É admissível a oposição de embargos de tercei- Art. 691. O juiz decidirá o pedido de habilitação imediatamente,
ro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de salvo se este for impugnado e houver necessidade de dilação
compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro. probatória diversa da documental, caso em que determinará que
Súmula 134-STJ: Embora intimado da penhora em imóvel do o pedido seja autuado em apartado e disporá sobre a instrução.
casal, o cônjuge do executado pode opor embargos de ter-
ceiro para defesa de sua meação
JDPC55 É cabível apelação contra sentença proferida no proce-
Súmula 195-STJ: Em embargos de terceiro não se anula ato ju-
dimento especial de habilitação (arts. 687 a 692 do CPC).
rídico, por fraude contra credores.
Súmula 303-STJ: Em embargos de terceiro, quem deu causa à
constrição indevida deve arcar com os honorários advocatícios. Art. 692. Transitada em julgado a sentença de habilitação, o
processo principal retomará o seu curso, e cópia da sentença
será juntada aos autos respectivos.
CAPÍTULO VIII
DA OPOSIÇÃO
CAPÍTULO X
Art. 682. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o
DAS AÇÕES DE FAMÍLIA
direito sobre que controvertem autor e réu poderá, ATÉ SER
Art. 693. As normas deste Capítulo aplicam-se aos processos
PROFERIDA A SENTENÇA, oferecer oposição contra ambos.
contenciosos de divórcio, separação, reconhecimento e extinção
de união estável, guarda, visitação e filiação.
Art. 683. O opoente deduzirá o pedido em observação aos requi-
Parágrafo único. A ação de alimentos e a que versar sobre inte-
sitos exigidos para propositura da ação.
resse de criança ou de adolescente observarão o procedimento
Parágrafo único. Distribuída a oposição por dependência, serão
previsto em legislação específica, aplicando-se, no que couber, as
os opostos citados, na pessoa de seus respectivos advogados,
disposições deste Capítulo.
para contestar o pedido no prazo comum de 15 dias.

Art. 684. Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedi- FPPC72. (art. 693) O rol do art. 693 não é exaustivo, sendo apli-
do, contra o outro prosseguirá o opoente. cáveis os dispositivos previstos no Capítulo X a outras ações de
caráter contencioso envolvendo o Direito de Família.
Art. 685. Admitido o processamento, a oposição será apensada
aos autos e tramitará simultaneamente à ação originária, sen- Art. 694. Nas ações de família, todos os esforços serão em-
do ambas julgadas pela mesma sentença. preendidos para a solução consensual da controvérsia, deven-
Parágrafo único. Se a oposição for proposta após o início da do o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras áreas de co -
audiência de instrução, o juiz suspenderá o curso do processo nhecimento para a mediação e conciliação.
ao fim da produção das provas, salvo se concluir que a unida- Parágrafo único. A requerimento das partes, o juiz pode deter-
de da instrução atende melhor ao princípio da duração razoá- minar a suspensão do processo enquanto os litigantes se sub-
vel do processo. metem a mediação extrajudicial ou a atendimento multidisci-
plinar.
Art. 686. Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação origi-
nária e a oposição, desta conhecerá em primeiro lugar (1° Opo- Art. 695. Recebida a petição inicial e, se for o caso, tomadas as
sição/2° Ação ordinária). providências referentes à tutela provisória, o juiz ordenará a cita-
ção do réu para comparecer à audiência de mediação e concilia-
CAPÍTULO IX ção, observado o disposto no art. 694.
DA HABILITAÇÃO § 1o O mandado de citação conterá apenas os dados necessá-
Art. 687. A habilitação ocorre quando, por falecimento de qual- rios à audiência e deverá estar DESACOMPANHADO DE CÓPIA
quer das partes, os interessados houverem de suceder-lhe no DA PETIÇÃO INICIAL, assegurado ao réu o direito de examinar
processo. seu conteúdo a qualquer tempo.
§ 2o A citação ocorrerá com antecedência mínima de 15 dias da
JDPC54 Estando o processo em grau de recurso, o requerimento data designada para a audiência.
de habilitação far-se-á de acordo com o Regimento Interno do § 3o A citação será feita na pessoa do réu.
respectivo tribunal (art. 687 do CPC). § 4o Na audiência, as partes deverão estar acompanhadas de
seus advogados ou de defensores públicos.
Art. 688. A habilitação pode ser requerida:
I - pela parte, em relação aos sucessores do falecido; FPPC639. (arts.695 e 334, §4º, II) O juiz poderá, excepcional-
II - pelos sucessores do falecido, em relação à parte. mente, dispensar a audiência de mediação ou conciliação
nas ações de família, quando uma das partes estiver ampa-
Art. 689. Proceder-se-á à habilitação nos autos do processo rada por medida protetiva
principal, na instância em que estiver, suspendendo-se, a partir
de então, o processo. Art. 696. A audiência de mediação e conciliação poderá dividir-
se em tantas sessões quantas sejam necessárias para viabilizar
Art. 690. Recebida a petição, o juiz ordenará a citação dos reque- a solução consensual, sem prejuízo de providências jurisdicionais
ridos para se pronunciarem no prazo de 5 dias. para evitar o perecimento do direito.

18
§ 3o É cabível ação rescisória da decisão prevista no caput quan-
Art. 697. Não realizado o acordo, passarão a incidir, a partir de do ocorrer a hipótese do § 2o.
então, as normas do procedimento comum, observado o art. 335. § 4o Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados os embargos
previstos no art. 702, aplicar-se-á o disposto no art. 496, obser-
Art. 698. Nas ações de família, o Ministério Público SOMENTE vando-se, a seguir, no que couber, o Título II do Livro I da Parte
INTERVIRÁ QUANDO HOUVER INTERESSE DE INCAPAZ e de- Especial.
verá ser ouvido previamente à homologação de acordo. § 5o Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916.

Art. 699. Quando o processo envolver discussão sobre fato relaci- Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito
onado a abuso ou a alienação parental, o juiz, ao tomar o depoi - do exequente e comprovando o depósito de 30% do valor
mento do incapaz, deverá estar acompanhado por especialista. em execução, acrescido de custas e de honorários de advo-
gado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido
CAPÍTULO XI pagar o restante em até 6 parcelas mensais, acrescidas de
DA AÇÃO MONITÓRIA correção monetária e de juros de 1% ao mês.
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que § 1o O exequente será intimado para manifestar-se sobre o
afirmar, com base em PROVA ESCRITA SEM EFICÁCIA DE TÍTU- preenchimento dos pressupostos do caput, e o juiz decidirá o
LO EXECUTIVO, ter direito de exigir do devedor capaz: requerimento em 5 dias.
I - o pagamento de QUANTIA EM DINHEIRO; § 2o Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá
II - a entrega de COISA FUNGÍVEL ou INFUNGÍVEL ou de BEM de depositar as parcelas vincendas, facultado ao exequente seu
MÓVEL ou IMÓVEL; levantamento.
III - o adimplemento de OBRIGAÇÃO DE FAZER ou de NÃO FA- § 3o Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depo-
ZER. sitada, e serão suspensos os atos executivos.
§ 1o A prova escrita pode consistir em prova oral documenta- § 4o Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos,
da, produzida antecipadamente nos termos do art. 381. mantido o depósito, que será convertido em penhora.
§ 2o Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar, conforme o § 5o O não pagamento de qualquer das prestações acarretará
caso: cumulativamente:
I - a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo; I - o vencimento das prestações subsequentes e o prossegui-
II - o valor atual da coisa reclamada; mento do processo, com o imediato reinício dos atos executi-
III - o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômi- vos;
co perseguido. II - a imposição ao executado de multa de 10% sobre o valor
§ 3o O valor da causa deverá corresponder à importância prevista das prestações não pagas.
no § 2o, incisos I a III. § 6o A opção pelo parcelamento de que trata este artigo im-
§ 4o Além das hipóteses do art. 330, a petição inicial será indeferi - porta renúncia ao direito de opor embargos
da quando não atendido o disposto no § 2o deste artigo. § 7o O disposto neste artigo NÃO SE APLICA AO CUMPRIMEN-
§ 5o Havendo dúvida quanto à idoneidade de prova documen- TO DA SENTENÇA.
tal apresentada pelo autor, o juiz intimá-lo-á para, querendo,
emendar a petição inicial, adaptando-a ao procedimento co-
Art. 702. INDEPENDENTEMENTE DE PRÉVIA SEGURANÇA DO
mum.
JUÍZO, o réu poderá opor, nos próprios autos, no prazo previs-
§ 6o É ADMISSÍVEL ação monitória em face da Fazenda Públi-
to no art. 701, EMBARGOS À AÇÃO MONITÓRIA.
ca.
§ 1o Os embargos podem se fundar em matéria passível de alega-
§ 7o Na ação monitória, admite-se citação por qualquer dos
ção como defesa no procedimento comum.
meios permitidos para o procedimento comum.
§ 2o Quando o réu alegar que o autor pleiteia quantia superior à
devida, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende
FPPC188. (art. 700, § 5º) Com a emenda da inicial, o juiz pode correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado
entender idônea a prova e admitir o seguimento da ação moni- da dívida.
toria. § 3o Não apontado o valor correto ou não apresentado o de-
monstrativo, os embargos serão liminarmente rejeitados, se
Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a esse for o seu único fundamento, e, se houver outro fundamen-
expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa to, os embargos serão processados, mas o juiz deixará de exami-
ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, con- nar a alegação de excesso.
cedendo ao réu prazo de 15 dias para o cumprimento e o pa- § 4o A oposição dos embargos suspende a eficácia da decisão
gamento de honorários advocatícios de 5% do valor atribuído à referida no caput do art. 701 até o julgamento em 1° grau.
causa. § 5o O autor será intimado para responder aos embargos no
§ 1o O réu será isento do pagamento de custas processuais se prazo de 15 dias.
cumprir o mandado no prazo. § 6o Na ação monitória ADMITE-SE A RECONVENÇÃO, sendo
§ 2o Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, VEDADO o oferecimento de RECONVENÇÃO À RECONVEN-
independentemente de qualquer formalidade, se não realiza- ÇÃO.
do o pagamento e não apresentados os embargos previstos no § 7o A critério do juiz, os embargos serão autuados em aparta-
art. 702, observando-se, no que couber, o Título II do Livro I da do, se parciais, constituindo-se de pleno direito o título executivo
Parte Especial. judicial em relação à parcela incontroversa.
§ 8o Rejeitados os embargos, constituir-se-á de pleno direito o tí-
tulo executivo judicial, prosseguindo-se o processo em observân-

19
cia ao disposto no Título II do Livro I da Parte Especial, no que for quisitos previstos no § 1o deste artigo, do credor a notário de sua
cabível. livre escolha.
§ 9o Cabe APELAÇÃO contra a sentença que acolhe ou rejeita § 3o Recebido o requerimento, o notário promoverá a notificação
os embargos. extrajudicial do devedor para, no prazo de 5 dias, pagar o débito
§ 10. O juiz condenará o autor de ação monitória proposta in- ou impugnar sua cobrança, alegando por escrito uma das causas
devidamente e de má-fé ao pagamento, em favor do réu, de previstas no art. 704, hipótese em que o procedimento será enca-
multa de até 10% sobre o valor da causa. minhado ao juízo competente para decisão.
§ 11. O juiz condenará o réu que de má-fé opuser embargos à § 4o Transcorrido o prazo sem manifestação do devedor, o notário
ação monitória ao pagamento de multa de até 10% sobre o va- formalizará a homologação do penhor legal por escritura pública.
lor atribuído à causa, em favor do autor.
FPPC73. (art. 703, §§) No caso de homologação do penhor legal
CJF 134: A apelação contra a sentença que julga improcedentes promovida pela via extrajudicial, incluem-se nas contas do crédi-
os embargos ao mandado monitório não é dotada de efeito to as despesas com o notário, constantes do §2º do art. 703.
suspensivo automático (art. 702, § 4º, e 1.012, § 1º, V, CPC).
Art. 704. A defesa só pode consistir em:
SÚMULAS SOBRE AÇÃO MONITÓRIA I - nulidade do processo;
II - extinção da obrigação;
Súmula 247-STJ: O contrato de abertura de crédito em conta- III - não estar a dívida compreendida entre as previstas em lei
corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui ou não estarem os bens sujeitos a penhor legal;
documento hábil para o ajuizamento da ação monitória IV - alegação de haver sido ofertada caução idônea, rejeitada
Súmula 282-STJ: Cabe a citação por edital em ação monitória. pelo credor.
Súmula 292-STJ: A reconvenção é cabível na ação monitória,
após a conversão do procedimento em ordinário. Art. 705. A partir da audiência preliminar, observar-se-á o proce-
Súmula 299-STJ: É admissível a ação monitória fundada em dimento comum.
cheque prescrito.
Súmula 339-STJ: É cabível ação monitória contra a Fazenda Art. 706. Homologado judicialmente o penhor legal, consolidar-
Pública. se-á a posse do autor sobre o objeto.
Súmula 384-STJ: Cabe ação monitória para haver saldo rema- § 1o Negada a homologação, o objeto será entregue ao réu, res-
nescente oriundo de venda extrajudicial de bem alienado fiduci- salvado ao autor o direito de cobrar a dívida pelo procedimento
ariamente em garantia. comum, salvo se acolhida a alegação de extinção da obrigação.
Súmula 504-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória § 2o Contra a sentença caberá apelação, e, na pendência de recur-
em face do emitente de nota promissória sem força executiva é so, poderá o relator ordenar que a coisa permaneça depositada
quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título. ou em poder do autor.
Súmula 503-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória
em face do emitente de cheque sem força executiva é quinque- CAPÍTULO XIII
nal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na DA REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA
cártula. Art. 707. Quando inexistir consenso acerca da nomeação de um
Súmula 531-STJ: Em ação monitória fundada em cheque pres- regulador de avarias, o juiz de direito da comarca do primeiro
crito ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao ne- porto onde o navio houver chegado, provocado por qualquer
gócio jurídico subjacente à emissão da cártula. parte interessada, nomeará um de notório conhecimento.

PRAZO PARA AJUIZAR AÇÃO MONITÓRIA FPPC75. (art. 707) No mesmo ato em que nomear o regulador da
avaria grossa, o juiz deverá determinar a citação das partes inte-
CHEQUE SEM FORÇA NOTA PROMISSÓRIA SEM
ressadas.
EXECUTIVA FORÇA EXECUTIVA
QUINQUENAL Art. 708. O regulador declarará justificadamente se os danos são
A contar do DIA SEGUINTE À A contar do DIA SEGUINTE passíveis de rateio na forma de avaria grossa e exigirá das partes
DATA DE EMISSÃO estampada AO VENCIMENTO do título. envolvidas a apresentação de garantias idôneas para que possam
na cártula. ser liberadas as cargas aos consignatários.
§ 1o A parte que não concordar com o regulador quanto à decla-
ração de abertura da avaria grossa deverá justificar suas razões ao
CAPÍTULO XII
juiz, que decidirá no prazo de 10 dias.
DA HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL
§ 2o Se o consignatário não apresentar garantia idônea a critério
Art. 703. Tomado o penhor legal nos casos previstos em lei, re-
do regulador, este fixará o valor da contribuição provisória com
quererá o credor, ato contínuo, a homologação.
base nos fatos narrados e nos documentos que instruírem a peti-
§ 1o Na petição inicial, instruída com o contrato de locação ou a
ção inicial, que deverá ser caucionado sob a forma de depósito
conta pormenorizada das despesas, a tabela dos preços e a rela-
judicial ou de garantia bancária.
ção dos objetos retidos, o credor pedirá a citação do devedor
§ 3o Recusando-se o consignatário a prestar caução, o regulador
para pagar ou contestar na audiência preliminar que for designa-
requererá ao juiz a alienação judicial de sua carga na forma dos
da.
arts. 879 a 903.
§ 2o A homologação do penhor legal poderá ser promovida
pela via extrajudicial mediante requerimento, que conterá os re-

20
§ 4o É permitido o levantamento, por alvará, das quantias necessá- § 5o Se o juiz houver proferido sentença da qual ele próprio ou o
rias ao pagamento das despesas da alienação a serem arcadas escrivão possua cópia, esta será juntada aos autos e terá a mesma
pelo consignatário, mantendo-se o saldo remanescente em de- autoridade da original.
pósito judicial até o encerramento da regulação.
Art. 716. Julgada a restauração, seguirá o processo os seus ter-
Art. 709. As partes deverão apresentar nos autos os documentos mos.
necessários à regulação da avaria grossa em prazo razoável a ser Parágrafo único. Aparecendo os autos originais, neles se pros-
fixado pelo regulador. seguirá, sendo-lhes apensados os autos da restauração.

Art. 710. O regulador apresentará o regulamento da avaria grossa FPPC76. (art. 716) Localizados os autos originários, neles devem
no prazo de até 12 meses, contado da data da entrega dos do- ser praticados os atos processuais subsequentes, dispensando-
cumentos nos autos pelas partes, podendo o prazo ser estendido se a repetição dos atos que tenham sido ultimados nos autos da
a critério do juiz. restauração, em consonância com a garantia constitucional da
§ 1o Oferecido o regulamento da avaria grossa, dele terão vista as duração razoável do processo (CF/88, 5º, LXXVIII) e inspiração
partes pelo prazo comum de 15 dias, e, não havendo impugna- no art. 964 do Código de Processo Civil Português.
ção, o regulamento será homologado por sentença.
§ 2o Havendo impugnação ao regulamento, o juiz decidirá no pra-
Art. 717. Se o desaparecimento dos autos tiver ocorrido no tribu-
zo de 10 dias, após a oitiva do regulador.
nal, o processo de restauração será distribuído, sempre que possí-
vel, ao relator do processo.
Art. 711. Aplicam-se ao regulador de avarias os arts. 156 a 158,
§ 1o A restauração far-se-á no juízo de origem quanto aos atos
no que couber.
nele realizados.
§ 2o Remetidos os autos ao tribunal, nele completar-se-á a restau-
CAPÍTULO XIV
ração e proceder-se-á ao julgamento.
DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS
Art. 712. Verificado o desaparecimento dos autos, eletrônicos ou
Art. 718. Quem houver dado causa ao desaparecimento dos au-
não, pode o juiz, de ofício, qualquer das partes ou o Ministério
tos responderá pelas custas da restauração e pelos honorários de
Público, se for o caso, promover-lhes a restauração.
advogado, sem prejuízo da responsabilidade civil ou penal em
Parágrafo único. Havendo autos suplementares, nesses prosse-
que incorrer.
guirá o processo.
CAPÍTULO XV
Art. 713. Na petição inicial, declarará a parte o estado do proces-
DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
so ao tempo do desaparecimento dos autos, oferecendo:
Seção I
I - certidões dos atos constantes do protocolo de audiências do
Disposições Gerais
cartório por onde haja corrido o processo;
Art. 719. Quando este Código não estabelecer procedimento es-
II - cópia das peças que tenha em seu poder;
pecial, regem os procedimentos de jurisdição voluntária as dispo-
III - qualquer outro documento que facilite a restauração.
sições constantes desta Seção.

Art. 714. A parte contrária será citada para contestar o pedido no


Art. 720. O procedimento terá início por provocação do inte-
prazo de 5 dias, cabendo-lhe exibir as cópias, as contrafés e as
ressado, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, ca-
reproduções dos atos e dos documentos que estiverem em
bendo-lhes formular o pedido devidamente instruído com os
seu poder.
documentos necessários e com a indicação da providência ju-
§ 1o Se a parte concordar com a restauração, lavrar-se-á o auto
dicial.
que, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, suprirá o pro -
cesso desaparecido.
§ 2o Se a parte não contestar ou se a concordância for parcial, ob- JDPC56 A legitimidade conferida à Defensoria Pública pelo art.
servar-se-á o procedimento comum. 720 do CPC compreende as hipóteses de jurisdição voluntária
previstas na legislação extravagante, notadamente no Estatuto
Art. 715. Se a perda dos autos tiver ocorrido depois da produ- da Criança e do Adolescente.
ção das provas em audiência, o juiz, SE NECESSÁRIO, mandará
repeti-las. Art. 721. Serão citados todos os interessados, bem como intima-
§ 1o Serão reinquiridas as mesmas testemunhas, que, em caso do o Ministério Público, nos casos do art. 178, para que se ma-
de impossibilidade, poderão ser substituídas de ofício ou a re- nifestem, querendo, no prazo de 15 dias.
querimento.
§ 2o Não havendo certidão ou cópia do laudo, far-se-á nova perí- Art. 722. A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em
cia, sempre que possível pelo mesmo perito. que tiver interesse.
§ 3o Não havendo certidão de documentos, esses serão reconsti-
tuídos mediante cópias ou, na falta dessas, pelos meios ordinários Art. 723. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 dias.
de prova. Parágrafo único. O juiz NÃO É OBRIGADO A OBSERVAR CRITÉ-
§ 4o Os serventuários e os auxiliares da justiça não podem eximir- RIO DE LEGALIDADE ESTRITA, podendo adotar em cada caso a
se de depor como testemunhas a respeito de atos que tenham solução que considerar mais conveniente ou oportuna.
praticado ou assistido.
FPPC640.(arts.723, parágrafo único, e 489) O disposto no parág-

21
rafo único do art. 723 não exime o juiz de observar o disposto disposto na Seção I deste Capítulo e, no que couber, o disposto
nos §§ 1º e 2º do art. 489 nos arts. 879 a 903.

Seção IV
Art. 724. Da sentença caberá apelação.
Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual
de União Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimô-
Art. 725. Processar-se-á na forma estabelecida nesta Seção o pe-
nio
dido de:
Art. 731. A homologação do divórcio ou da separação consen-
I - emancipação;
suais, observados os requisitos legais, poderá ser requerida em
II - sub-rogação;
petição assinada por ambos os cônjuges, da qual constarão:
III - alienação, arrendamento ou oneração de bens de crianças
I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens co-
ou adolescentes, de órfãos e de interditos;
muns;
IV - alienação, locação e administração da coisa comum;
II - as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônju-
V - alienação de quinhão em coisa comum;
ges;
VI - extinção de usufruto, quando não decorrer da morte do
III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regi-
usufrutuário, do termo da sua duração ou da consolidação, e de
me de visitas; e
fideicomisso, quando decorrer de renúncia ou quando ocorrer an-
IV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos.
tes do evento que caracterizar a condição resolutória;
Parágrafo único. Se os cônjuges não acordarem sobre a parti-
VII - expedição de alvará judicial;
lha dos bens, far-se-á esta depois de homologado o divórcio,
VIII - homologação de autocomposição extrajudicial, de qual-
na forma estabelecida nos arts. 647 a 658.
quer natureza ou valor.
Parágrafo único. As normas desta Seção aplicam-se, no que cou-
Art. 732. As disposições relativas ao processo de homologação
ber, aos procedimentos regulados nas seções seguintes.
judicial de divórcio ou de separação consensuais aplicam-se, no
que couber, ao processo de homologação da extinção consensual
Seção II
de união estável.
Da Notificação e da Interpelação
Art. 726. Quem tiver interesse em manifestar formalmente sua
Art. 733. O divórcio consensual, a separação consensual e a
vontade a outrem sobre assunto juridicamente relevante po-
extinção consensual de união estável, não havendo nascituro
derá notificar pessoas participantes da mesma relação jurídica
ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, PODE-
para dar-lhes ciência de seu propósito.
RÃO SER REALIZADOS POR ESCRITURA PÚBLICA, da qual
§ 1o Se a pretensão for a de dar conhecimento geral ao público,
constarão as disposições de que trata o art. 731.
mediante edital, o juiz só a deferirá se a tiver por fundada e ne-
§ 1o A escritura NÃO DEPENDE DE HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL
cessária ao resguardo de direito.
e constitui título hábil para qualquer ato de registro, bem como
§ 2o Aplica-se o disposto nesta Seção, no que couber, ao protesto
para levantamento de importância depositada em instituições fi-
judicial.
nanceiras.
§ 2o O tabelião somente lavrará a escritura se os interessados
Art. 727. Também poderá o interessado interpelar o requerido,
estiverem assistidos por advogado ou por defensor público,
no caso do art. 726, para que faça ou deixe de fazer o que o re-
cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.
querente entenda ser de seu direito.

Art. 734. A alteração do regime de bens do casamento, obser-


Art. 728. O requerido será previamente ouvido antes do deferi-
vados os requisitos legais, poderá ser requerida, motivadamen-
mento da notificação ou do respectivo edital:
te, em petição assinada por AMBOS os cônjuges, na qual serão
I - se houver suspeita de que o requerente, por meio da notifica-
expostas as razões que justificam a alteração, ressalvados os
ção ou do edital, pretende alcançar fim ilícito;
direitos de terceiros.
II - se tiver sido requerida a averbação da notificação em registro
§ 1o Ao receber a petição inicial, o juiz determinará a intimação do
público.
Ministério Público e a publicação de edital que divulgue a preten-
dida alteração de bens, somente podendo decidir depois de de-
Art. 729. Deferida e realizada a notificação ou interpelação, os
corrido o prazo de 30 dias da publicação do edital.
autos serão entregues ao requerente.
§ 2o Os cônjuges, na petição inicial ou em petição avulsa, podem
propor ao juiz meio alternativo de divulgação da alteração do
NOTIFICAÇÃO INTERPELAÇÃO regime de bens, a fim de resguardar direitos de terceiros.
MANIFESTAR FORMALMEN- Requerido FAÇA OU DEIXE DE § 3o Após o trânsito em julgado da sentença, serão expedidos
TE SUA VONTADE a outrem FAZER o que o requerente en- mandados de averbação aos cartórios de registro civil e de imó-
sobre assunto juridicamente tenda ser de seu direito. veis e, caso qualquer dos cônjuges seja empresário, ao Registro
relevante Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins.

Seção III
Da Alienação Judicial LEI 9507/97 – HABEAS DATA
Art. 730. Nos casos expressos em lei, não havendo acordo entre
os interessados sobre o modo como se deve realizar a aliena- Art. 1º
ção do bem, o juiz, de ofício ou a requerimento dos interessados Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo registro
ou do depositário, mandará aliená-lo em leilão, observando-se o ou banco de dados contendo informações que sejam ou que

22
possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, quando não for o
privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das caso de habeas data, ou se lhe faltar algum dos requisitos previs-
informações. tos nesta Lei.
Parágrafo único. Do despacho de indeferimento caberá recurso
Art. 2° O requerimento será apresentado ao órgão ou entidade previsto no art. 15 (apelação).
depositária do registro ou banco de dados e será deferido ou in-
deferido no prazo de 48 horas. Art. 11. Feita a notificação, o serventuário em cujo cartório corra o
Parágrafo único. A decisão será comunicada ao requerente em feito, juntará aos autos cópia autêntica do ofício endereçado ao
24 horas. coator, bem como a prova da sua entrega a este ou da recusa,
seja de recebê-lo, seja de dar recibo.
Art. 3° Ao deferir o pedido, o depositário do registro ou do banco
de dados marcará dia e hora para que o requerente tome conhe- Art. 12. Findo o prazo a que se refere o art. 9° (10 dias), e ouvido
cimento das informações. o representante do Ministério Público dentro de 5 dias, os autos
serão conclusos ao juiz para decisão a ser proferida em cinco dias.
Art. 4° Constatada a inexatidão de qualquer dado a seu respeito,
o interessado, em petição acompanhada de documentos com- Art. 13. Na decisão, se julgar procedente o pedido, o juiz mar-
probatórios, poderá requerer sua retificação. cará data e horário para que o coator:
§ 1° Feita a retificação em, no máximo, 10 dias após a entrada I - apresente ao impetrante as informações a seu respeito,
do requerimento, a entidade ou órgão depositário do registro ou constantes de registros ou bancos de dadas; ou
da informação dará ciência ao interessado. II - apresente em juízo a prova da retificação ou da anotação
§ 2° Ainda que não se constate a inexatidão do dado, se o inte- feita nos assentamentos do impetrante.
ressado apresentar explicação ou contestação sobre o mesmo,
justificando possível pendência sobre o fato objeto do dado, tal Art. 14. A decisão será comunicada ao coator, por correio, com
explicação será anotada no cadastro do interessado. aviso de recebimento, ou por telegrama, radiograma ou telefone-
ma, conforme o requerer o impetrante.
Art. 7° Conceder-se-á habeas data: Parágrafo único. Os originais, no caso de transmissão telegráfica,
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à radiofônica ou telefônica deverão ser apresentados à agência ex-
pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de da- pedidora, com a firma do juiz devidamente reconhecida.
dos de entidades governamentais ou de caráter público;
Se for informações de terceiros – cabe MS Art. 15. Da sentença que conceder ou negar o habeas data cabe
apelação.
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
Parágrafo único. Quando a sentença CONCEDER o habeas data,
por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
o recurso terá EFEITO MERAMENTE DEVOLUTIVO.
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de con-
testação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justificável
Art. 16. Quando o habeas data for concedido e o Presidente do
e que esteja sob pendência judicial ou amigável.
Tribunal ao qual competir o conhecimento do recurso ordenar ao
juiz a suspensão da execução da sentença, desse seu ato caberá
Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos
agravo para o Tribunal a que presida.
arts. 282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em
2 vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reprodu-
Art. 17. Nos casos de competência do Supremo Tribunal Federal e
zidos por cópia na segunda.
dos demais Tribunais caberá ao relator a instrução do processo.
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com pro-
va:
Art. 18. O pedido de habeas data poderá ser renovado se a de-
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais
cisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.
de 10 dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais
Art. 19. Os processos de habeas data terão prioridade sobre to-
de 15 dias, sem decisão; ou
dos os atos judiciais, exceto HC e MS. Na instância superior, de-
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do
verão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à
art. 4° ou do decurso de mais de 15 dias sem decisão.
data em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator.
Parágrafo único. O prazo para a conclusão não poderá exceder
Recusa ao acesso à Mais de 10 dias sem decisão de 24 horas, a contar da distribuição.
informação Art. 20. O julgamento do habeas data compete:
Recusa em fazer-se a Mais de 15 dias sem decisão I - originariamente:
retificação ou anotação a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da Re-
pública, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fede-
ral, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da Re-
Art. 9° Ao despachar a inicial, o juiz ordenará que se notifique o
pública e do próprio Supremo Tribunal Federal;
coator do conteúdo da petição, entregando-lhe a segunda via
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Esta-
apresentada pelo impetrante, com as cópias dos documentos, a
do ou do próprio Tribunal;
fim de que, no prazo de 10 dias, preste as informações que jul-
c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribu-
gar necessárias.
nal ou de juiz federal;

23
d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os
casos de competência dos tribunais federais;
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do
Estado;
f) a juiz estadual, nos demais casos;
II - em grau de recurso:
a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for
proferida em única instância pelos Tribunais Superiores;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida
em única instância pelos Tribunais Regionais Federais;
c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferi-
da por juiz federal;
d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios,
conforme dispuserem a respectiva Constituição e a lei que organi-
zar a Justiça do Distrito Federal;
III - mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal,
nos casos previstos na Constituição.

Art. 21. São gratuitos o procedimento administrativo para acesso


a informações e retificação de dados e para anotação de justi-
ficação, bem como a ação de habeas data.

O habeas data é a garantia constitucional adequada para a


obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos do
próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de
apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária
dos entes estatais. No caso concreto, o STF reconheceu que o
contribuinte pode ajuizar habeas data para ter acesso às
informações relacionadas consigo e que estejam presentes no
sistema SINCOR da Receita Federal. STF. Plenário. RE
673707/MG
Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra
"a") se não houve recusa de informações por parte da
autoridade administrativa.
Não é cabível ação de exibição de documentos que tenha por
objeto a obtenção de informações detidas pela Administração
Pública que não foram materializadas em documentos
(eletrônicos ou não), ainda que se alegue demora na prestação
dessas informações pela via administrativa. Cabível HD. STJ. 2ª
Turma. REsp 1415741-MG

24
DIA 16 Art. 1.130. Ao Poder Executivo é facultado recusar a autoriza-
ção, se a sociedade não atender às condições econômicas, fi-
nanceiras ou jurídicas especificadas em lei.

Código Civil: art 1123-1224 Art. 1.131. Expedido o decreto de autorização, cumprirá à socie-
Código Processo Civil: art. 735-796 dade publicar os atos referidos nos arts. 1.128 e 1.129, em 30
LEI 4717/65 – Ação Popular dias, no órgão oficial da União, cujo exemplar representará prova
LEI 13300/16 – Mandado de Injunção para inscrição, no registro próprio, dos atos constitutivos da soci-
LEI 12016/09 – Mandado de Segurança edade.
Parágrafo único. A sociedade promoverá, também no órgão ofici-
CÓDIGO CIVIL al da União e no prazo de 30 dias, a publicação do termo de ins-
crição.
CAPÍTULO XI
Art. 1.132. As sociedades anônimas nacionais, que dependam
Da Sociedade Dependente de Autorização
de autorização do Poder Executivo para funcionar, não se
Seção I
constituirão sem obtê-la, quando seus fundadores pretenderem
Disposições Gerais
recorrer a subscrição pública para a formação do capital.
Art. 1.123. A sociedade que dependa de autorização do Poder
§ 1o Os fundadores deverão juntar ao requerimento cópias au-
Executivo para funcionar reger-se-á por este título, sem prejuízo
tênticas do projeto do estatuto e do prospecto.
do disposto em lei especial.
§ 2o Obtida a autorização e constituída a sociedade, proceder-se-
Parágrafo único. A competência para a autorização SERÁ SEM-
á à inscrição dos seus atos constitutivos.
PRE do PODER EXECUTIVO FEDERAL.

Art. 1.133. Dependem de aprovação as modificações do contrato


Art. 1.124. Na falta de prazo estipulado em lei ou em ato do po-
ou do estatuto de sociedade sujeita a autorização do Poder Exe-
der público, será considerada caduca a autorização se a socie-
cutivo, salvo se decorrerem de aumento do capital social, em vir-
dade não entrar em funcionamento nos 12 meses seguintes à
tude de utilização de reservas ou reavaliação do ativo.
respectiva publicação.

Seção III
Art. 1.125. Ao Poder Executivo é facultado, a qualquer tempo,
Da Sociedade Estrangeira
cassar a autorização concedida a sociedade nacional ou estran-
Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu
geira que infringir disposição de ordem pública ou praticar atos
objeto, não pode, sem autorização do Poder Executivo, funci-
contrários aos fins declarados no seu estatuto.
onar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados,
podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser
Seção II
acionista de sociedade anônima brasileira.
Da Sociedade Nacional
§ 1o Ao requerimento de autorização devem juntar-se:
Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade
I - prova de se achar a sociedade constituída conforme a lei de
com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua adminis-
seu país;
tração.
II - inteiro teor do contrato ou do estatuto;
Parágrafo único. Quando a lei exigir que todos ou alguns só-
III - relação dos membros de todos os órgãos da administração
cios sejam brasileiros, as ações da sociedade anônima revesti-
da sociedade, com nome, nacionalidade, profissão, domicílio e,
rão, no silêncio da lei, a forma nominativa. Qualquer que seja o
salvo quanto a ações ao portador, o valor da participação de cada
tipo da sociedade, na sua sede ficará arquivada cópia autêntica
um no capital da sociedade;
do documento comprobatório da nacionalidade dos sócios.
IV - cópia do ato que autorizou o funcionamento no Brasil e fixou
o capital destinado às operações no território nacional;
Art. 1.127. Não haverá mudança de nacionalidade de socieda-
V - prova de nomeação do representante no Brasil, com poderes
de brasileira sem o consentimento unânime dos sócios ou aci-
expressos para aceitar as condições exigidas para a autorização;
onistas.
VI - último balanço.
§ 2o Os documentos serão autenticados, de conformidade com a
Art. 1.128. O requerimento de autorização de sociedade nacional
lei nacional da sociedade requerente, legalizados no consulado
deve ser acompanhado de cópia do contrato, assinada por todos
brasileiro da respectiva sede e acompanhados de tradução em
os sócios, ou, tratando-se de sociedade anônima, de cópia, auten-
vernáculo.
ticada pelos fundadores, dos documentos exigidos pela lei espe-
cial.
Art. 1.135. É facultado ao Poder Executivo, para conceder a autori-
Parágrafo único. Se a sociedade tiver sido constituída por escritu-
zação, estabelecer condições convenientes à defesa dos interes-
ra pública, bastará juntar-se ao requerimento a respectiva certi-
ses nacionais.
dão.
Parágrafo único. Aceitas as condições, expedirá o Poder Executi-
vo decreto de autorização, do qual constará o montante de ca-
Art. 1.129. Ao Poder Executivo é facultado exigir que se proce-
pital destinado às operações no País, cabendo à sociedade pro-
dam a alterações ou aditamento no contrato ou no estatuto,
mover a publicação dos atos referidos no art. 1.131 e no § 1o do
devendo os sócios, ou, tratando-se de sociedade anônima, os
art. 1.134.
fundadores, cumprir as formalidades legais para revisão dos atos
constitutivos, e juntar ao processo prova regular.

1
Art. 1.136. A sociedade autorizada não pode iniciar sua ativi-
dade antes de inscrita no registro próprio do lugar em que se TÍTULO III
deva estabelecer. Do Estabelecimento
§ 1o O requerimento de inscrição será instruído com exemplar da CAPÍTULO ÚNICO
publicação exigida no parágrafo único do artigo antecedente, DISPOSIÇÕES GERAIS
acompanhado de documento do depósito em dinheiro, em esta- Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo COMPLEXO DE
belecimento bancário oficial, do capital ali mencionado. BENS organizado, para exercício da empresa, por empresário,
§ 2o Arquivados esses documentos, a inscrição será feita por ter- ou por sociedade empresária.
mo em livro especial para as sociedades estrangeiras, com núme-
ro de ordem contínuo para todas as sociedades inscritas; no ter- A doutrina majoritária brasileira considera o estabelecimento
mo constarão: comercial como sendo uma UNIVERSALIDADE DE FATO, ou
I - nome, objeto, duração e sede da sociedade no estrangeiro; seja, um complexo de bens organizado pelo empresário.
II - lugar da sucursal, filial ou agência, no País;
III - data e número do decreto de autorização; JDC233 A sistemática do contrato de trespasse delineada pelo
IV - capital destinado às operações no País; Código Civil nos arts. 1.142 e ss., especialmente seus efeitos
V - individuação do seu representante permanente. obrigacionais, aplica-se somente quando o conjunto de bens
§ 3o Inscrita a sociedade, promover-se-á a publicação determina- transferidos importar a transmissão da funcionalidade do esta-
da no parágrafo único do art. 1.131. belecimento empresarial.
JDC488 Admite-se a penhora do website e de outros intangíveis
Art. 1.137. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar fica- relacionados com o comércio eletrônico.
rá sujeita às leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos ou JDC7 O nome de domínio integra o estabelecimento empresari-
operações praticados no Brasil. al como bem incorpóreo para todos os fins de direito.
Parágrafo único. A sociedade estrangeira funcionará no território
nacional com o nome que tiver em seu país de origem, podendo Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direi-
acrescentar as palavras "do Brasil" ou "para o Brasil". tos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que
sejam compatíveis com a sua natureza.
Art. 1.138. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar é
obrigada a ter, permanentemente, representante no Brasil, JDC393 A validade da alienação do estabelecimento empresari-
com poderes para resolver quaisquer questões e receber cita- al não depende de forma específica, observado o regime jurídi-
ção judicial pela sociedade. co dos bens que a exijam.
Parágrafo único. O representante somente pode agir perante ter-
ceiros depois de arquivado e averbado o instrumento de sua no-
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usu-
meação.
fruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá
efeitos quanto a terceiros DEPOIS DE AVERBADO à margem da
Art. 1.139. Qualquer modificação no contrato ou no estatuto
inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro
dependerá da aprovação do Poder Executivo, para produzir
Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa ofici-
efeitos no território nacional.
al.

Art. 1.140. A sociedade estrangeira deve, sob pena de lhe ser cas-
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para
sada a autorização, reproduzir no órgão oficial da União, e do Es-
solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabeleci-
tado, se for o caso, as publicações que, segundo a sua lei nacio-
mento depende do pagamento de todos os credores, ou do
nal, seja obrigada a fazer relativamente ao balanço patrimonial e
consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em 30
ao de resultado econômico, bem como aos atos de sua adminis-
dias a partir de sua notificação.
tração.
Parágrafo único. Sob pena, também, de lhe ser cassada a autori-
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pa-
zação, a sociedade estrangeira deverá publicar o balanço patri-
gamento dos débitos anteriores à transferência, DESDE QUE
monial e o de resultado econômico das sucursais, filiais ou agên-
REGULARMENTE CONTABILIZADOS, continuando o devedor
cias existentes no País.
primitivo SOLIDARIAMENTE obrigado pelo prazo de 1 ano, a
partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto
Art. 1.141. Mediante autorização do Poder Executivo, a socie-
aos outros, da data do vencimento.
dade estrangeira admitida a funcionar no País pode nacionali-
zar-se, transferindo sua sede para o Brasil.
§ 1o Para o fim previsto neste artigo, deverá a sociedade, por seus JDC59 A mera instalação de um novo estabelecimento, em lu-
representantes, oferecer, com o requerimento, os documentos gar antes ocupado por outro, ainda que no mesmo ramo de ati-
exigidos no art. 1.134, e ainda a prova da realização do capital, vidade, não implica responsabilidade por sucessão prevista no
pela forma declarada no contrato, ou no estatuto, e do ato em art. 1.146 do CCB.
que foi deliberada a nacionalização.
§ 2o O Poder Executivo poderá impor as condições que julgar Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do
convenientes à defesa dos interesses nacionais. estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente,
§ 3o Aceitas as condições pelo representante, proceder-se-á, após nos 5 anos subsequentes à transferência.
a expedição do decreto de autorização, à inscrição da sociedade e
publicação do respectivo termo.

2
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do esta- § 1o Salvo exceção expressa, as publicações ordenadas neste Livro
belecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado, conforme o
o prazo do contrato. local da sede do empresário ou da sociedade, e em jornal de
grande circulação.
JDC490 A ampliação do prazo de 5 anos de proibição de con- § 2o As publicações das sociedades estrangeiras serão feitas nos
corrência pelo alienante ao adquirente do estabelecimento, ain- órgãos oficiais da União e do Estado onde tiverem sucursais, filiais
da que convencionada no exercício da autonomia da vontade, ou agências.
pode ser revista judicialmente, se abusiva. § 3o O anúncio de convocação da assembleia de sócios será publi-
cado por 3 vezes, ao menos, devendo mediar, entre a data da pri-
meira inserção e a da realização da assembleia, o prazo mínimo
Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência im-
de 8 dias, para a primeira convocação, e de 5 dias, para as poste-
porta a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados
riores.
para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter
pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em 90 dias
Art. 1.153. Cumpre à autoridade competente, antes de efetivar
a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa,
o registro, verificar a autenticidade e a legitimidade do signa-
ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.
tário do requerimento, bem como fiscalizar a observância das
prescrições legais concernentes ao ato ou aos documentos apre-
JDC234 Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, sentados.
o contrato de locação do respectivo ponto não se transmite au- Parágrafo único. Das irregularidades encontradas deve ser notifi-
tomaticamente ao adquirente cado o requerente, que, se for o caso, poderá saná-las, obedecen-
JDC8 A sub-rogação do adquirente nos contratos de exploração do às formalidades da lei.
atinentes ao estabelecimento adquirido, desde que não possu-
am caráter pessoal, é a regra geral, incluindo o contrato de loca- Art. 1.154. O ato sujeito a registro, ressalvadas disposições espe-
ção. ciais da lei, não pode, antes do cumprimento das respectivas
formalidades, ser oposto a terceiro, salvo prova de que este o
Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento conhecia.
transferido produzirá efeito em relação aos respectivos deve- Parágrafo único. O terceiro não pode alegar ignorância, desde
dores, desde o momento da publicação da transferência, mas que cumpridas as referidas formalidades.
o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.
CAPÍTULO II
TÍTULO IV DO NOME EMPRESARIAL
Dos Institutos Complementares Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a FIRMA OU a DENO-
CAPÍTULO I MINAÇÃO adotada, de conformidade com este Capítulo, para o
Do Registro exercício de empresa.
Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efei-
ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas tos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples,
Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pesso- associações e fundações.
as Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para
aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de FIRMA DENOMINAÇÃO
sociedade empresária.
DEVE conter o nome civil do DEVE designar o objeto da
empresário ou dos sócios da empresa e PODE adotar nome
EMPRESÁRIO E Registro Público de Empresas Mer-
sociedade empresária e PODE civil ou qualquer outra ex-
SOCIEDADE EMPRESÁRIA cantis a cargo das Juntas Comerci-
conter ramos de atividade pressão.
ais
Serve de assinatura do empre- Não serve de assinatura do
SOCIEDADE SIMPLES Registro Civil das Pessoas Jurídicas
sário. empresário.

Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no Contrata assinando o nome Contrata assinando com o
artigo antecedente será requerido pela pessoa obrigada em lei, e, empresarial nome civil do representante.
no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou qualquer interessa-
do. JDC1 Decisão judicial que considera ser o nome empresarial vi-
§ 1o Os documentos necessários ao registro deverão ser apresen- olador do direito de marca não implica a anulação do respectivo
tados no prazo de 30 dias, contado da lavratura dos atos respec- registro no órgão próprio nem lhe retira os efeitos, preservado o
tivos. direito de o empresário alterá-lo.
§ 2o Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro so- JDC60 Os acordos e negócios de abstenção de uso de marcas
mente produzirá efeito a partir da data de sua concessão. entre sociedades empresárias não são oponíveis em face do Ins-
§ 3o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por tituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI, sem prejuízo de
perdas e danos, em caso de omissão ou demora. os litigantes obterem tutela jurisdicional de abstenção entre eles
na Justiça Estadual.
Art. 1.152. Cabe ao órgão incumbido do registro verificar a regu-
laridade das publicações determinadas em lei, de acordo com o
disposto nos parágrafos deste artigo.

3
Art. 1.156. O empresário opera sob firma constituída por seu DENOMINAÇÃO Sociedade anônima
nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designa- Sociedade cooperativa
ção mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade.
Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-se de qual-
Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabili-
quer outro já inscrito no mesmo registro.
dade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes
Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de ou-
daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome
tros já inscritos, deverá acrescentar designação que o distinga.
de um deles a expressão "e companhia" ou sua abreviatura.
Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis
Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de aliena-
pelas obrigações contraídas sob a firma social aqueles que,
ção.
por seus nomes, figurarem na firma da sociedade de que trata
Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato en-
este artigo.
tre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alie-
nante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor.
Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denomi-
nação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatu-
ra. JDC72 Suprimir o art. 1.164 do novo Código Civil.
§ 1o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios,
desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou
§ 2o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sen- se retirar, não pode ser conservado na firma social.
do permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios.
§ 3o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabi- Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos
lidade solidária e ilimitada dos administradores que assim em- das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro
pregarem a firma ou a denominação da sociedade. próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do
respectivo Estado.
Art. 1.159. A sociedade cooperativa funciona sob denominação Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo
integrada pelo vocábulo "cooperativa". o território nacional, se registrado na forma da lei especial.

Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação desig- JDC491 A proteção ao nome empresarial, limitada ao Estado-
nativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade Membro para efeito meramente administrativo, estende-se a
anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente. todo o território nacional por força do art. 5º, XXIX, da Constitui-
Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do funda- ção da República e do art. 8º da Convenção Unionista de Paris.
dor, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da JDC2 A vedação de registro de marca que reproduza ou imite
formação da empresa. elemento característico ou diferenciador de nome empresarial
de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação (art.
JDC71 Suprimir o art. 1.160 do Código Civil por estar a matéria 124, V, da Lei n. 9.279/1996), deve ser interpretada restritiva-
regulada mais adequadamente no art. 3º da Lei n. 6.404/76 (dis- mente e em consonância com o art. 1.166 do Código Civil.
ciplinadora das S.A.) e dar nova redação ao § 2º do art. 1.158, de
modo a retirar a exigência da designação do objeto da socieda- Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para
de. anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei
JDC73 Não havendo revogação do art. 1.160 do Código Civil ou do contrato.
nem modificação do § 2º do art. 1.158 do mesmo diploma, é de
interpretar-se este dispositivo no sentido de não aplicá-lo à de- Art. 1.168. A inscrição do nome empresarial será cancelada, a re-
nominação das sociedades anônimas e sociedades Ltda., já exis- querimento de qualquer interessado, quando cessar o exercício
tentes, em razão de se tratar de direito inerente à sua personali- da atividade para que foi adotado, ou quando ultimar-se a liqui-
dade. dação da sociedade que o inscreveu.

Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações pode, em lu- CAPÍTULO III
gar de firma, adotar denominação designativa do objeto social, Dos Prepostos
aditada da expressão "comandita por ações". Seção I
Disposições Gerais
Art. 1.162. A sociedade em conta de participação NÃO PODE Art. 1.169. O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer-
TER FIRMA OU DENOMINAÇÃO. se substituir no desempenho da preposição, sob pena de res-
ponder pessoalmente pelos atos do substituto e pelas obriga-
Empresário individual ções por ele contraídas.
Sociedade com sócios de responsabilidade
FIRMA ilimitada Art. 1.170. O preposto, salvo autorização expressa, não pode ne-
Sociedade em comandita simples gociar por conta própria ou de terceiro, nem participar, embora
Sociedade em nome coletivo indiretamente, de operação do mesmo gênero da que lhe foi co-
metida, sob pena de responder por perdas e danos e de serem
FIRMA OU EIRELI retidos pelo preponente os lucros da operação.
DENOMINAÇÃO Sociedade Limitada
Sociedade em comandita por ações

4
Art. 1.171. Considera-se perfeita a entrega de papéis, bens ou va-
lores ao preposto, encarregado pelo preponente, se os recebeu Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, É INDISPEN-
sem protesto, salvo nos casos em que haja prazo para reclama- SÁVEL O DIÁRIO, que pode ser substituído por fichas no caso
ção. de escrituração mecanizada ou eletrônica.
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro
Seção II apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de re-
Do Gerente sultado econômico.
Art. 1.172. Considera-se gerente o preposto permanente no
exercício da empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial ou Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios
agência. e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser au-
tenticados no Registro Público de Empresas Mercantis.
Art. 1.173. Quando a lei não exigir poderes especiais, consi- Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja ins-
dera-se o gerente autorizado a praticar todos os atos necessá- crito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer
rios ao exercício dos poderes que lhe foram outorgados. autenticar livros não obrigatórios.
Parágrafo único. Na falta de estipulação diversa, consideram-se
solidários os poderes conferidos a dois ou mais gerentes. Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração
ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilita-
Art. 1.174. As limitações contidas na outorga de poderes, para do, salvo se nenhum houver na localidade.
serem opostas a terceiros, dependem do arquivamento e
averbação do instrumento no Registro Público de Empresas Mer- Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente
cantis, salvo se provado serem conhecidas da pessoa que tratou nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia,
com o gerente. mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões,
Parágrafo único. Para o mesmo efeito e com idêntica ressalva, rasuras, emendas ou transportes para as margens.
deve a modificação ou revogação do mandato ser arquivada e Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de
averbada no Registro Público de Empresas Mercantis. abreviaturas, que constem de livro próprio, regularmente autenti-
cado.
Art. 1.175. O preponente responde com o gerente pelos atos que
este pratique em seu próprio nome, mas à conta daquele. Art. 1.184. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e
caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita di-
Art. 1.176. O gerente pode estar em juízo em nome do preponen- reta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da
te, pelas obrigações resultantes do exercício da sua função. empresa.
§ 1o Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que
Seção III não excedam o período de 30 dias, relativamente a contas cujas
Do Contabilista e outros Auxiliares operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do esta-
Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponen- belecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente
te, por qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, autenticados, para registro individualizado, e conservados os do-
produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efei- cumentos que permitam a sua perfeita verificação.
tos como se o fossem por aquele. § 2o Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resul-
Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são tado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico em
pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou
atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o pre- sociedade empresária.
ponente, pelos atos dolosos.
Art. 1.185. O empresário ou sociedade empresária que adotar
Art. 1.178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quais- o sistema de fichas de lançamentos poderá substituir o livro
quer prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços, observadas as
à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito. mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele.
Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do es-
tabelecimento, somente obrigarão o preponente nos limites Art. 1.186. O livro Balancetes Diários e Balanços será escriturado
dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser de modo que registre:
suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor. I - a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis,
pelo respectivo saldo, em forma de balancetes diários;
CAPÍTULO IV II - o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encer-
Da Escrituração ramento do exercício.
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obriga-
dos a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou Art. 1.187. Na coleta dos elementos para o inventário serão obser-
não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em vados os critérios de avaliação a seguir determinados:
correspondência com a documentação respectiva, e a levantar I - os bens destinados à exploração da atividade serão avaliados
anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. pelo custo de aquisição, devendo, na avaliação dos que se des-
§ 1o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros gastam ou depreciam com o uso, pela ação do tempo ou outros
ficam a critério dos interessados. fatores, atender-se à desvalorização respectiva, criando-se fundos
§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno em- de amortização para assegurar-lhes a substituição ou a conserva-
presário a que se refere o art. 970. ção do valor;

5
II - os valores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alie- 1o, ter-se-á como verdadeiro o alegado pela parte contrária
nação, ou que constituem produtos ou artigos da indústria ou co- para se provar pelos livros.
mércio da empresa, podem ser estimados pelo custo de aquisição Parágrafo único. A confissão resultante da recusa pode ser elidida
ou de fabricação, ou pelo preço corrente, sempre que este for in- por prova documental em contrário.
ferior ao preço de custo, e quando o preço corrente ou venal esti-
ver acima do valor do custo de aquisição, ou fabricação, e os bens Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame
forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entre este e o da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às auto-
preço de custo não será levada em conta para a distribuição de ridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento
lucros, nem para as percentagens referentes a fundos de reserva; de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais.
III - o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser deter -
minado com base na respectiva cotação da Bolsa de Valores; os Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados
não cotados e as participações não acionárias serão considerados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência
pelo seu valor de aquisição; e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer
IV - os créditos serão considerados de conformidade com o pre- prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados.
sumível valor de realização, não se levando em conta os prescri-
tos ou de difícil liquidação, salvo se houver, quanto aos últimos, Art. 1.195. As disposições deste Capítulo aplicam-se às sucursais,
previsão equivalente. filiais ou agências, no Brasil, do empresário ou sociedade com
Parágrafo único. Entre os valores do ativo podem figurar, desde sede em país estrangeiro.
que se preceda, anualmente, à sua amortização:
I - as despesas de instalação da sociedade, até o limite correspon- SÚMULAS SOBRE LIVROS COMERCIAIS
dente a 10% do capital social;
II - os juros pagos aos acionistas da sociedade anônima, no perío- Súmula 260-STF: O exame de livros comerciais, em ação judici-
do antecedente ao início das operações sociais, à taxa não superi- al, fica limitado às transações entre os litigantes.
or a 12% ao ano, fixada no estatuto; Súmula 390-STF: A exibição judicial de livros comerciais pode
III - a quantia efetivamente paga a título de aviamento de estabe- ser requerida como medida preventiva.
lecimento adquirido pelo empresário ou sociedade. Súmula 439-STF: Estão sujeitos a fiscalização tributária ou pre-
videnciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos
Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade pontos objeto da investigação.
e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiarida-
des desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, DEMAIS SÚMULAS SOBRE DIREITO EMPRESARIAL
distintamente, o ativo e o passivo.
MARCA Súmula 143-STJ: Prescreve em 5 anos a ação
Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações que
de perdas e danos pelo uso de marca comercial.
acompanharão o balanço patrimonial, em caso de sociedades co-
ligadas. Súmula 28-STJ: O contrato de alienação fidu-
ciária em garantia pode ter por objeto bem
Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou demonstração que já integrava o patrimônio do devedor.
da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial Súmula 72-STJ: A comprovação da mora é im-
e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial. prescindível à busca e apreensão do bem alie-
nado fiduciariamente.
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma auto- Súmula 92-STJ: A terceiro de boa-fé não é
ridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer oponível a alienação fiduciária não anotada
ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a soci- no certificado de registro do veículo automo-
edade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, tor.
as formalidades prescritas em lei. Súmula 233-STJ: O contrato de abertura de
crédito, ainda que acompanhado de extrato da
Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos li- conta-corrente, NÃO É TÍTULO EXECUTIVO.
vros e papéis de escrituração quando necessária para resolver Súmula 247-STJ: O contrato de abertura de
questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, admi- crédito em conta-corrente, acompanhado do
nistração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falên- demonstrativo de débito, constitui documento
cia. hábil para o ajuizamento da ação monitória.
§ 1o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de Súmula 258-STJ: A nota promissória vinculada
ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de a contrato de abertura de crédito não goza de
qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença autonomia em razão da iliquidez do título
do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, que a originou.
ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que in- Súmula 259-STJ: A ação de prestação de con-
teressar à questão. tas pode ser proposta pelo titular de conta-cor-
§ 2o Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exa- rente bancária.
me, perante o respectivo juiz. Súmula 283-STJ: As empresas administradoras
de cartão de crédito são instituições financeiras
Art. 1.192. Recusada a apresentação dos livros, nos casos do arti- e, por isso, os juros remuneratórios por elas co-
go antecedente, serão apreendidos judicialmente e, no do seu § brados não sofrem as limitações da Lei de Usu-
ra.

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Súmula 285-STJ: Nos contratos bancários pos- possuindo com intenção de ser dono.
teriores ao Código de Defesa do Consumidor Posse = corpus (elemento objetivo) + animus
incide a multa moratória nele prevista. domini (elemento subjetivo)
Súmula 286-STJ: A renegociação de contrato Adotada na configuração da usucapião
bancário ou a confissão da dívida não impede a
Ihering
possibilidade de discussão sobre eventuais ile-
Posse é corpus.
galidades dos contratos anteriores.
Teoria Obje- Para que haja a configuração da posse, é neces-
Súmula 300-STJ: O instrumento de confissão
tiva da Posse sário dispor fisicamente da coisa ou haja possibi-
de dívida, ainda que originário de contrato de
lidade de querendo, realize a sua disposição físi-
abertura de crédito, constitui título executivo
ca.
CONTRATOS extrajudicial.
Adotada no CC (art. 1196) – o mero comporta-
BANCÁRIOS Súmula 322-STJ: Para a repetição de indébito,
mento em reação à coisa, como se fosse
nos contratos de abertura de crédito em conta-
dono, induz a posse.
corrente, não se exige a prova do erro.
Súmula 379-STJ: Nos contratos bancários não Teoria da sociabilidade em relação ao direito das
regidos por legislação específica, os juros mo- Teoria da coisas, de forma que se analisa com o crivo her-
ratórios poderão ser fixados em até 1% ao Função Soci- menêutico da função social.
mês. al da Posse Para que se verifique a posse, deve haver o
Súmula 381-STJ: Nos contratos bancários, é cumprimento de sua função social, consisten-
vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abu- te em conferir à posse uma utilidade, mor-
sividade das cláusulas. mente relacionada ao direito fundamental de
Súmula 477-STJ: A decadência do art. 26 do moradia
CDC não é aplicável à prestação de contas para
obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas,
POSSE PRÓPRIA POSSE IMPRÓPRIA
tarifas e encargos bancários.
Súmula 479-STJ: As instituições financeiras res- Exercida com animus domini Posse subordinada à posse de
pondem objetivamente pelos danos gerados (vontade de ser dono) outra pessoa.
por fortuito interno relativo a fraudes e delitos
praticados por terceiros no âmbito de opera-
POSSE ORIGINÁRIA POSSE DERIVADA
ções bancárias.
Súmula 530-STJ: Nos contratos bancários, na Modalidade de posse surgida A aquisição da posse guarda
impossibilidade de comprovar a taxa de juros sem qualquer vínculo de vínculo com a posse anterior.
efetivamente contratada - por ausência de pac- aquisição com o possuidor
tuação ou pela falta de juntada do instrumento anterior.
aos autos -, aplica-se a taxa média de merca-
A posse é natural, não havendo A posse é adquirida de outro
do, divulgada pelo Bacen, praticada nas opera-
relação com o possuidor ante- possuidor, havendo continui-
ções da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada
rior dade da posse
for mais vantajosa para o devedor.
Súmula 565-STJ: A pactuação das tarifas de Eventual vínculo que maculava Eventual vício na posse anterior
abertura de crédito (TAC) e de emissão de carnê a posse anterior não se trans- pode afetar a nova posse, a
(TEC), ou outra denominação para o mesmo mite ao novo possuidor depender da existência ou não
fato gerador, é válida apenas nos contratos de boa-fé do novo possuidor
bancários anteriores ao início da vigência da
Resolução-CMN n. 3.518/2007, em POSSE AD INTERDICTA POSSE AD USUCAPIONEM
30/4/2008.
Súmula 566-STJ: Nos contratos bancários pos- É a posse comum. É a posse qualificada.
teriores ao início da vigência da Resolução-CMN Pode ser defendida pelas ações É a posse prolongada no tem-
n. 3.518/2007, em 30/4/2008, pode ser cobrada possessórias. po que pode ensejar a aquisi-
a tarifa de cadastro no início do relaciona- ção originária da propriedade
mento entre o consumidor e a instituição fi- em virtude da usucapião
nanceira.
É necessário que não seja in- A posse deve ser própria, exer-
justa (violência, precariedade e cida com animus domini, man-
LIVRO III
clandestinidade) perante o sa e pacífica, pelo prazo exigi-
Do Direito das Coisas
oponente do em lei.
TÍTULO I
Da posse
POSSE NOVA POSSE VELHA
TEORIAS SOBRE A POSSE < 1 ano e 1 dia Pelo menos 1 ano e 1 dia
Savigny
Teoria Subje- A posse é um poder direto que o indivíduo tem POSSE TRABALHO POSSE COMUM
tiva da Posse sobre a coisa, podendo dispor fisicamente e a

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A posse do imóvel é utilizada Aquela que não se caracteriza indenização por acessões e benfeitorias realizadas no bem
para fins de moradia, consa- enquanto posse trabalho. público.
grando a função social da pos-
se.
1) particular invade imóvel 2) particular invade imóvel
Art. 1238 e 1242, CC.
público e deseja proteção pos- público e deseja proteção
sessória em face do possessória em face de outro
JDC492 A posse constitui direito autônomo em relação à PODER PÚBLICO: PARTICULAR:
propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para
o alcance de interesses existenciais, econômicos e sociais mere- Não terá direito à proteção pos- Terá direito, em tese à prote-
cedores de tutela. sessória. ção possessória.
Não poderá exercer interditos É possível o manejo de inter-
possessórios porque, perante o ditos possessórios em litígio
CAPÍTULO I
Poder Público, ele exerce mera entre particulares sobre bem
Da Posse e sua Classificação
detenção. público dominical, pois entre
Art. 1.196. Considera-se POSSUIDOR todo aquele que tem de
ambos a disputa será relativa
fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes ineren-
à posse.
tes à propriedade.
*Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br
JDC236 Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais,
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, po-
também a coletividade desprovida de personalidade jurídi-
derá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que
ca.
não excluam os dos outros compossuidores.
JDC563 O reconhecimento da posse por parte do Poder Público
competente anterior à sua legitimação nos termos da Lei n.
Art. 1.200. É JUSTA a posse que não for violenta, clandestina ou
11.977/2009 constitui título possessório.
precária.
JDC593 É indispensável o procedimento de demarcação ur-
banística para regularização fundiária social de áreas ainda
não matriculadas no Cartório de Registro de Imóveis, como JDC302 Pode ser considerado justo título para a posse de
requisito à emissão dos títulos de legitimação da posse e de do- boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapi-
mínio. onem, observado o disposto no art. 113 do Código Civil

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu po- Art. 1.201. É de BOA-FÉ a posse, se o possuidor ignora o vício,
der, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
NÃO ANULA A INDIRETA, de quem aquela foi havida, podendo Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a pre-
o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. sunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei ex-
pressamente não admite esta presunção.
JDC76 O possuidor direto tem direito de defender a sua posse
contra o indireto, e este, contra aquele. JDC303 Considera-se justo título, para a presunção relativa da
boa-fé do possuidor, o justo motivo que lhe autoriza a aquisi-
ção derivada da posse, esteja ou não materializado em ins-
Art. 1.198. Considera-se DETENTOR aquele que, achando-se em
trumento público ou particular. Compreensão na perspectiva
relação de dependência para com outro, conserva a posse em
da função social da posse.
nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo
como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, Art. 1.202. A posse de boa-fé SÓ perde este caráter no caso e
presume-se detentor, até que prove o contrário. desde o momento em que as circunstâncias façam presumir
que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
JDC301 É possível a conversão da detenção em posse, desde
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o
que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em
mesmo caráter com que foi adquirida.
nome próprio dos atos possessórios.
JDC493 O detentor (art. 1.198 do Código Civil) pode, no inte-
resse do possuidor, exercer a autodefesa do bem sob seu po- JDC237 É cabível a modificação do título da posse – interver-
der. sio possessionis – na hipótese em que o até então possuidor
direto demonstrar ato exterior e inequívoco de oposição ao
antigo possuidor indireto, tendo por efeito a caracterização
Súmula 619-STJ: A ocupação indevida de bem público é mera do animus domini.
detenção de bem, inexistindo indenização por benfeitorias.

CAPÍTULO II
• A ocupação indevida de bem público configura mera detenção Da Aquisição da Posse
de natureza precária. Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se tor-
• A mera detenção não confere ao detentor os mesmos direitos na possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos
do possuidor. poderes inerentes à propriedade.
• A mera detenção não gera direito de retenção ou de

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Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: posse”, com base nos critérios previstos no parágrafo único do
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu represen- art. 507 do Código Civil /1916.
tante; JDC494 A faculdade conferida ao sucessor singular de somar ou
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. não o tempo da posse de seu antecessor não significa que, ao
optar por nova contagem, estará livre do vício objetivo que
JDC77 A posse das coisas móveis e imóveis também pode ser maculava a posse anterior.
transmitida pelo constituto possessório. JDC495 No desforço possessório, a expressão “contanto que o
faça logo” deve ser entendida restritivamente, apenas como a
reação imediata ao fato do esbulho ou da turbação, cabendo
CONSTITUTO POSSESSÓRIO TRADITIO BREVI MANU
ao possuidor recorrer à via jurisdicional nas demais hipóteses.
Possuía em seu próprio nome, Possuía em nome alheio, pas-
passa a possuir em nome de sa a possuir em nome próprio Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora,
outrem manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver
manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do
possuidor com os mesmos caracteres. Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de
indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do sabendo que o era.
seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua
posse à do antecessor, para os efeitos legais. JDC80 É inadmissível o direcionamento de demanda posses-
sória ou ressarcitória contra terceiro possuidor de boa-fé,
Art. 1.208. NÃO INDUZEM POSSE os atos de mera permissão por ser parte passiva ilegítima diante do disposto no art. 1.212
ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os do novo Código Civil. Contra o terceiro de boa-fé, cabe tão-
atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a vio- somente a propositura de demanda de natureza real.
lência ou a clandestinidade.

Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes NÃO SE APLICA


Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a
ÀS SERVIDÕES NÃO APARENTES, salvo quando os respectivos
das coisas móveis que nele estiverem.
títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou da-
queles de quem este o houve.
CAPÍTULO III
Dos Efeitos da Posse
Art. 1.214. O possuidor de BOA-FÉ tem direito, enquanto ela du-
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em
rar, aos frutos percebidos.
caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de vio-
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar
lência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despe-
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou
sas da produção e custeio; devem ser também restituídos os fru-
restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os
tos colhidos com antecipação.
atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensá-
vel à manutenção, ou restituição da posse.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a ale-
e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se per-
gação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
cebidos dia por dia.

JDC78 Tendo em vista a não-recepção pelo novo Código Civil Art. 1.216. O possuidor de MÁ-FÉ responde por todos os frutos
da exceptio proprietatis (art. 1.210, § 2º) em caso de ausência de colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua,
prova suficiente para embasar decisão liminar ou sentença final deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu
ancorada exclusivamente no ius possessionis, deverá o pedido de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
ser indeferido e julgado improcedente, não obstante eventual
alegação e demonstração de direito real sobre o bem litigioso. Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou
JDC79 A exceptio proprietatis, como defesa oponível às deterioração da coisa, a que não der causa.
ações possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil de
2002, que estabeleceu a absoluta separação entre os juízos Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou dete-
possessório e petitório rioração da coisa, AINDA QUE ACIDENTAIS, salvo se provar
JDC238 Ainda que a ação possessória seja intentada além que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do
de “ano e dia” da turbação ou esbulho, e, em razão disso, reivindicante.
tenha seu trâmite regido pelo procedimento ordinário (CPC,
art. 924), nada impede que o juiz conceda a tutela possessó - Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das
ria liminarmente, mediante antecipação de tutela, desde que benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às volup-
presentes os requisitos autorizadores do art. 273, I ou II, bem tuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder
como aqueles previstos no art. 461-A e parágrafos, todos do sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de reten-
Código de Processo Civil. ção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
JDC239 Na falta de demonstração inequívoca de posse que
JDC81 O direito de retenção previsto no art. 1.219 do Código
atenda à função social, deve-se utilizar a noção de “melhor
Civil, decorrente da realização de benfeitorias necessárias e

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úteis, também se aplica às acessões (construções e planta- § 2o Depois de ouvido o Ministério Público, não havendo dúvidas
ções) nas mesmas circunstâncias. a serem esclarecidas, o juiz mandará registrar, arquivar e cumprir
o testamento.
§ 3o Feito o registro, será intimado o testamenteiro para assinar o
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as
termo da testamentária.
benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção
§ 4o Se não houver testamenteiro nomeado ou se ele estiver au-
pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
sente ou não aceitar o encargo, o juiz nomeará testamenteiro da-
tivo, observando-se a preferência legal.
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só
§ 5o O testamenteiro deverá cumprir as disposições testamentá-
obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda exis-
rias e prestar contas em juízo do que recebeu e despendeu, ob-
tirem.
servando-se o disposto em lei.
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao
Art. 736. Qualquer interessado, exibindo o traslado ou a certidão
possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atu-
de testamento público, poderá requerer ao juiz que ordene o seu
al e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor
cumprimento, observando-se, no que couber, o disposto nos pa-
atual.
rágrafos do art. 735.

POSSE DE BOA-FÉ POSSE DE MÁ-FÉ Art. 737. A publicação do testamento particular poderá ser re-
Direito aos frutos percebidos, Responde por todos os frutos querida, depois da morte do testador, pelo herdeiro, pelo legatá-
enquanto durar a boa-fé colhidos e percebidos rio ou pelo testamenteiro, bem como pelo terceiro detentor do
OBS: tem direito às despesas testamento, se impossibilitado de entregá-lo a algum dos outros
da produção e custeio. legitimados para requerê-la.
§ 1o Serão intimados os herdeiros que não tiverem requerido a
Não há responsabilidade pela Responde pela perda e deterio- publicação do testamento.
perda ou deterioração da coisa ração da coisa, ainda que não § 2o Verificando a presença dos requisitos da lei, ouvido o Minis-
que não tenha dado causa. tenha dado causa. tério Público, o juiz confirmará o testamento.
Possui direito às benfeitorias Possui direito ao ressarcimen- § 3o Aplica-se o disposto neste artigo ao codicilo e aos testamen-
necessárias e úteis, podendo to apenas das benfeitorias tos marítimo, aeronáutico, militar e nuncupativo.
reter a coisa pelo valor destas necessárias; não tem direito § 4o Observar-se-á, no cumprimento do testamento, o disposto
e levantar as voluptuárias. de retenção nem de levanta- nos parágrafos do art. 735.
mento das voluptuárias.
Seção VI
Autoriza a usucapião ordinária Impede a usucapião ordinária. Da Herança Jacente
(art. 1.242). Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o
Indenizará o reivindicante pelo Indenizará o reivindicante pelo juiz em cuja comarca tiver domicílio o falecido procederá ime-
valor atual. valor atual e o seu custo. diatamente à arrecadação dos respectivos bens.

Art. 739. A herança jacente ficará sob a guarda, a conservação


CAPÍTULO IV
e a administração de um curador até a respectiva entrega ao
Da Perda da Posse
sucessor legalmente habilitado ou até a declaração de vacância.
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a
§ 1o Incumbe ao curador:
vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere
I - representar a herança em juízo ou fora dele, com intervenção
o art. 1.196.
do Ministério Público;
II - ter em boa guarda e conservação os bens arrecadados e pro-
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não pre-
mover a arrecadação de outros porventura existentes;
senciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de
III - executar as medidas conservatórias dos direitos da herança;
retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente
IV - apresentar mensalmente ao juiz balancete da receita e da
repelido.
despesa;
V - prestar contas ao final de sua gestão.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL § 2o Aplica-se ao curador o disposto nos arts. 159 a 161.

Seção V Art. 740. O juiz ordenará que o oficial de justiça, acompanhado


Dos Testamentos e dos Codicilos do escrivão ou do chefe de secretaria e do curador, arrole os
Art. 735. Recebendo testamento cerrado, o juiz, se não achar bens e descreva-os em auto circunstanciado.
vício externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade, o § 1o Não podendo comparecer ao local, o juiz requisitará à au-
abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença do apresen- toridade policial que proceda à arrecadação e ao arrolamento
tante. dos bens, com 2 testemunhas, que assistirão às diligências.
§ 1o Do termo de abertura constarão o nome do apresentante e § 2o Não estando ainda nomeado o curador, o juiz designará de-
como ele obteve o testamento, a data e o lugar do falecimento positário e lhe entregará os bens, mediante simples termo nos
do testador, com as respectivas provas, e qualquer circunstância autos, depois de compromissado.
digna de nota. § 3o Durante a arrecadação, o juiz ou a autoridade policial inquiri-
rá os moradores da casa e da vizinhança sobre a qualificação do

10
falecido, o paradeiro de seus sucessores e a existência de outros Seção VII
bens, lavrando-se de tudo auto de inquirição e informação. Dos Bens dos Ausentes
§ 4o O juiz examinará reservadamente os papéis, as cartas missivas Art. 744. Declarada a ausência nos casos previstos em lei, o juiz
e os livros domésticos e, verificando que não apresentam interes- mandará arrecadar os bens do ausente e nomear-lhes-á cura-
se, mandará empacotá-los e lacrá-los para serem assim entregues dor na forma estabelecida na Seção VI, observando-se o disposto
aos sucessores do falecido ou queimados quando os bens forem em lei.
declarados vacantes.
§ 5o Se constar ao juiz a existência de bens em outra comarca, Art. 745. Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais na
mandará expedir carta precatória a fim de serem arrecadados. rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver
§ 6o Não se fará a arrecadação, ou essa será suspensa, quando, vinculado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de
iniciada, apresentarem-se para reclamar os bens o cônjuge ou Justiça, onde permanecerá por 1 ano, ou, não havendo sítio, no
companheiro, o herdeiro ou o testamenteiro notoriamente reco- órgão oficial e na imprensa da comarca, durante 1 ano, reprodu-
nhecido e não houver oposição motivada do curador, de qual- zida de 2 em 2 meses, anunciando a arrecadação e chamando o
quer interessado, do Ministério Público ou do representante da ausente a entrar na posse de seus bens.
Fazenda Pública. § 1o Findo o prazo previsto no edital, poderão os interessados
requerer a abertura da sucessão provisória, observando-se o
Art. 741. Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, disposto em lei.
que será publicado na rede mundial de computadores, no sítio do § 2o O interessado, ao requerer a abertura da sucessão provi-
tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais sória, pedirá a citação pessoal dos herdeiros presentes e do
do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 3 meses, curador e, por editais, a dos ausentes para requererem habili-
ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, tação, na forma dos arts. 689 a 692.
por 3 vezes com intervalos de 1 mês, para que os sucessores do § 3o Presentes os requisitos legais, poderá ser requerida a conver-
falecido venham a habilitar-se no prazo de 6 meses contado são da sucessão provisória em definitiva.
da primeira publicação. § 4o Regressando o ausente ou algum de seus descendentes ou
§ 1o Verificada a existência de sucessor ou de testamenteiro ascendentes para requerer ao juiz a entrega de bens, serão cita-
em lugar certo, far-se-á a sua citação, sem prejuízo do edital. dos para contestar o pedido os sucessores provisórios ou definiti-
§ 2o Quando o falecido for estrangeiro, será também comunicado vos, o Ministério Público e o representante da Fazenda Pública,
o fato à autoridade consular. seguindo-se o procedimento comum.
§ 3o Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade
do testamenteiro ou provada a identidade do cônjuge ou compa- Seção VIII
nheiro, a arrecadação converter-se-á em inventário. Das Coisas Vagas
§ 4o Os credores da herança poderão habilitar-se como nos inven- Art. 746. Recebendo do descobridor coisa alheia perdida, o juiz
tários ou propor a ação de cobrança. mandará lavrar o respectivo auto, do qual constará a descrição do
bem e as declarações do descobridor.
Art. 742. O juiz poderá autorizar a alienação: § 1o Recebida a coisa por autoridade policial, esta a remeterá em
I - de bens móveis, se forem de conservação difícil ou dispendio- seguida ao juízo competente.
sa; § 2o Depositada a coisa, o juiz mandará publicar edital na rede
II - de semoventes, quando não empregados na exploração de al- mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vin-
guma indústria; culado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justi-
III - de títulos e papéis de crédito, havendo fundado receio de de - ça ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da co -
preciação; marca, para que o dono ou o legítimo possuidor a reclame, salvo
IV - de ações de sociedade quando, reclamada a integralização, se se tratar de coisa de pequeno valor e não for possível a pu-
não dispuser a herança de dinheiro para o pagamento; blicação no sítio do tribunal, caso em que o edital será apenas
V - de bens imóveis: afixado no átrio do edifício do fórum.
a) se ameaçarem ruína, não convindo a reparação; § 3o Observar-se-á, quanto ao mais, o disposto em lei.
b) se estiverem hipotecados e vencer-se a dívida, não havendo di-
nheiro para o pagamento. Seção IX
§ 1o Não se procederá, entretanto, à venda se a Fazenda Públi- Da Interdição
ca ou o habilitando adiantar a importância para as despesas. Art. 747. A interdição pode ser promovida:
§ 2o Os bens com valor de afeição, como retratos, objetos de uso I - pelo cônjuge ou companheiro;
pessoal, livros e obras de arte, só serão alienados depois de de- II - pelos parentes ou tutores;
clarada a vacância da herança. III - pelo representante da entidade em que se encontra abri-
gado o interditando;
Art. 743. Passado 1 ano da primeira publicação do edital e não IV - pelo Ministério Público.
havendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente, será a Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por do-
herança declarada vacante. cumentação que acompanhe a petição inicial.
§ 1o Pendendo habilitação, a vacância será declarada pela mesma
sentença que a julgar improcedente, aguardando-se, no caso de Art. 748. O Ministério Público SÓ promoverá interdição EM
serem diversas as habilitações, o julgamento da última. CASO DE DOENÇA MENTAL GRAVE:
§ 2o Transitada em julgado a sentença que declarou a vacância, o I - se as pessoas designadas nos incisos I, II e III do art. 747
cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os credores só poderão não existirem ou não promoverem a interdição;
reclamar o seu direito por ação direta.

11
II - se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas nos quem melhor puder atender aos interesses do interdito e do
incisos I e II do art. 747. incapaz.
§ 3o A sentença de interdição será inscrita no registro de pessoas
Art. 749. Incumbe ao autor, na petição inicial, especificar os fatos naturais e imediatamente publicada na rede mundial de compu-
que demonstram a incapacidade do interditando para administrar tadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na
seus bens e, se for o caso, para praticar atos da vida civil, bem plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde per-
como o momento em que a incapacidade se revelou. manecerá por 6 meses, na imprensa local, 1 vez, e no órgão ofici-
Parágrafo único. Justificada a urgência, o juiz pode nomear cura- al, por 3 vezes, com intervalo de 10 dias, constando do edital os
dor provisório ao interditando para a prática de determinados nomes do interdito e do curador, a causa da interdição, os limites
atos. da curatela e, não sendo total a interdição, os atos que o interdito
poderá praticar autonomamente.
Art. 750. O requerente deverá juntar laudo médico para fazer
prova de suas alegações ou informar a impossibilidade de fazê-lo. Art. 756. Levantar-se-á a curatela quando cessar a causa que a
determinou.
Art. 751. O interditando será citado para, em dia designado, com- § 1o O pedido de levantamento da curatela poderá ser feito
parecer perante o juiz, que o entrevistará minuciosamente acerca pelo interdito, pelo curador ou pelo Ministério Público e será
de sua vida, negócios, bens, vontades, preferências e laços famili- apensado aos autos da interdição.
ares e afetivos e sobre o que mais lhe parecer necessário para § 2o O juiz nomeará perito ou equipe multidisciplinar para proce-
convencimento quanto à sua capacidade para praticar atos da der ao exame do interdito e designará audiência de instrução e
vida civil, devendo ser reduzidas a termo as perguntas e respos- julgamento após a apresentação do laudo.
tas. § 3o Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da inter-
§ 1o Não podendo o interditando deslocar-se, o juiz o ouvirá no dição e determinará a publicação da sentença, após o trânsito em
local onde estiver. julgado, na forma do art. 755, § 3 o, ou, não sendo possível, na im-
§ 2o A entrevista poderá ser acompanhada por especialista. prensa local e no órgão oficial, por 3 vezes, com intervalo de 10
§ 3o Durante a entrevista, é assegurado o emprego de recursos dias, seguindo-se a averbação no registro de pessoas naturais.
tecnológicos capazes de permitir ou de auxiliar o interditando a § 4o A interdição poderá ser levantada parcialmente quando
expressar suas vontades e preferências e a responder às pergun- demonstrada a capacidade do interdito para praticar alguns atos
tas formuladas. da vida civil.
§ 4o A critério do juiz, poderá ser requisitada a oitiva de parentes
e de pessoas próximas. JDPC57 Todos os legitimados a promover a curatela, cujo rol
deve incluir o próprio sujeito a ser curatelado, também o são
Art. 752. Dentro do prazo de 15 dias contado da entrevista, o in- para realizar o pedido do seu levantamento
terditando poderá impugnar o pedido.
§ 1o O Ministério Público intervirá como fiscal da ordem jurídi-
Art. 757. A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos
ca.
bens do incapaz que se encontrar sob a guarda e a responsa-
§ 2o O interditando poderá constituir advogado, e, caso não o
bilidade do curatelado ao tempo da interdição, salvo se o juiz
faça, deverá ser nomeado curador especial.
considerar outra solução como mais conveniente aos interes-
§ 3o Caso o interditando não constitua advogado, o seu cônjuge,
ses do incapaz.
companheiro ou qualquer parente sucessível poderá intervir
como assistente.
Art. 758. O curador deverá buscar tratamento e apoio apropria-
dos à conquista da autonomia pelo interdito.
Art. 753. Decorrido o prazo previsto no art. 752 (15 dias), o juiz
Seção X
determinará a produção de prova pericial para avaliação da
Disposições Comuns à Tutela e à Curatela
capacidade do interditando para praticar atos da vida civil.
Art. 759. O tutor ou o curador será intimado a prestar compro-
§ 1o A perícia pode ser realizada por equipe composta por exper-
misso no prazo de 5 dias contado da:
tos com formação multidisciplinar.
I - nomeação feita em conformidade com a lei;
§ 2o O laudo pericial indicará especificadamente, se for o caso, os
II - intimação do despacho que mandar cumprir o testamento ou
atos para os quais haverá necessidade de curatela.
o instrumento público que o houver instituído.
§ 1o O tutor ou o curador prestará o compromisso por termo em
Art. 754. Apresentado o laudo, produzidas as demais provas e
livro rubricado pelo juiz.
ouvidos os interessados, o juiz proferirá sentença.
§ 2o Prestado o compromisso, o tutor ou o curador assume a ad-
ministração dos bens do tutelado ou do interditado.
Art. 755. Na sentença que decretar a interdição, o juiz:
I - nomeará curador, que poderá ser o requerente da interdi-
Art. 760. O tutor ou o curador poderá eximir-se do encargo
ção, e fixará os limites da curatela, segundo o estado e o desen-
apresentando escusa ao juiz no prazo de 5 dias contado:
volvimento mental do interdito;
I - antes de aceitar o encargo, da intimação para prestar compro -
II - considerará as características pessoais do interdito, observan-
misso;
do suas potencialidades, habilidades, vontades e preferências.
II - depois de entrar em exercício, do dia em que sobrevier o mo-
§ 1o A curatela deve ser atribuída a quem melhor possa aten-
tivo da escusa.
der aos interesses do curatelado.
§ 1o Não sendo requerida a escusa no prazo estabelecido neste
§ 2o Havendo, ao tempo da interdição, pessoa incapaz sob a guar-
artigo, considerar-se-á renunciado o direito de alegá-la.
da e a responsabilidade do interdito, o juiz atribuirá a curatela a

12
§ 2o O juiz decidirá de plano o pedido de escusa, e, não o admi- dos documentos de identificação do comandante e das testemu-
tindo, exercerá o nomeado a tutela ou a curatela enquanto não nhas arroladas, do rol de tripulantes, do documento de registro
for dispensado por sentença transitada em julgado. da embarcação e, quando for o caso, do manifesto das cargas si-
nistradas e a qualificação de seus consignatários, traduzidos,
Art. 761. Incumbe ao Ministério Público ou a quem tenha legíti- quando for o caso, de forma livre para o português.
mo interesse requerer, nos casos previstos em lei, a remoção do
tutor ou do curador. Art. 768. A petição inicial deverá ser distribuída com urgência e
Parágrafo único. O tutor ou o curador será citado para contestar encaminhada ao juiz, que ouvirá, sob compromisso a ser prestado
a arguição no prazo de 5 dias, findo o qual observar-se-á o pro- no mesmo dia, o comandante e as testemunhas em número
cedimento comum. mínimo de 2 e máximo de 4, que deverão comparecer ao ato in-
dependentemente de intimação.
Art. 762. Em caso de extrema gravidade, o juiz poderá suspender § 1o Tratando-se de estrangeiros que não dominem a língua por-
o tutor ou o curador do exercício de suas funções, nomeando tuguesa, o autor deverá fazer-se acompanhar por tradutor, que
substituto interino. prestará compromisso em audiência.
§ 2o Caso o autor não se faça acompanhar por tradutor, o juiz de -
Art. 763. Cessando as funções do tutor ou do curador pelo de- verá nomear outro que preste compromisso em audiência.
curso do prazo em que era obrigado a servir, ser-lhe-á lícito re-
querer a exoneração do encargo. FPPC79. (art. 768) Não sendo possível a inquirição tratada no art.
§ 1o Caso o tutor ou o curador não requeira a exoneração do en- 768 sem prejuízo aos compromissos comerciais da embarcação,
cargo dentro dos 10 dias seguintes à expiração do termo, enten- o juiz expedirá carta precatória itinerante para a tomada dos de-
der-se-á reconduzido, salvo se o juiz o dispensar. poimentos em um dos portos subsequentes de escala.
§ 2o Cessada a tutela ou a curatela, é indispensável a prestação de
contas pelo tutor ou pelo curador, na forma da lei civil.
Art. 769. Aberta a audiência, o juiz mandará apregoar os consig-
natários das cargas indicados na petição inicial e outros eventuais
Seção XI
interessados, nomeando para os ausentes curador para o ato.
Da Organização e da Fiscalização das Fundações
Art. 764. O juiz decidirá sobre a aprovação do estatuto das
Art. 770. Inquiridos o comandante e as testemunhas, o juiz, con-
fundações e de suas alterações sempre que o requeira o inte-
vencido da veracidade dos termos lançados no Diário da Navega-
ressado, quando:
ção, em audiência, ratificará por sentença o protesto ou o proces-
I - ela for negada previamente pelo Ministério Público ou por
so testemunhável lavrado a bordo, dispensado o relatório.
este forem exigidas modificações com as quais o interessado
Parágrafo único. Independentemente do trânsito em julgado, o
não concorde;
juiz determinará a entrega dos autos ao autor ou ao seu advoga-
II - o interessado discordar do estatuto elaborado pelo Minis-
do, mediante a apresentação de traslado.
tério Público.
§ 1o O estatuto das fundações deve observar o disposto no Códi-
LIVRO II
go Civil.
DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
§ 2o Antes de suprir a aprovação, o juiz poderá mandar fazer no
TÍTULO I
estatuto modificações a fim de adaptá-lo ao objetivo do institui-
DA EXECUÇÃO EM GERAL
dor.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 765. Qualquer interessado ou o Ministério Público promove-
Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada
rá em juízo a extinção da fundação quando:
em título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também,
I - se tornar ilícito o seu objeto;
no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos
II - for impossível a sua manutenção;
atos executivos realizados no procedimento de cumprimento de
III - vencer o prazo de sua existência.
sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a
que a lei atribuir força executiva.
FPPC189. (art. 765) O art. 765 deve ser interpretado em conso- Parágrafo único. Aplicam-se subsidiariamente à execução as dis-
nância com o art. 69 do Código Civil, para admitir a extinção da posições do Livro I da Parte Especial.
fundação quando inútil a finalidade a que visa
FPPC444. (arts. 771, parágrafo único, 822 e 823 e 139, IV) Para o
Seção XII processo de execução de título extrajudicial de obrigação de
Da Ratificação dos Protestos Marítimos e dos Processos Testemu- não fazer, NÃO É necessário propor a ação de conhecimento
nháveis Formados a Bordo para que o juiz possa aplicar as normas decorrentes dos arts.
Art. 766. Todos os protestos e os processos testemunháveis for- 536 e 537.
mados a bordo e lançados no livro Diário da Navegação deverão FPPC588. (art.771, parágrafo único) Aplicam-se subsidiariamen-
ser apresentados pelo comandante ao juiz de direito do primeiro te à execução, além do Livro I da Parte Especial, também as dis-
porto, nas primeiras 24 horas de chegada da embarcação, para posições da Parte Geral, do Livro III da Parte Especial e das Dis-
sua ratificação judicial. posições Finais e Transitórias.
CJF 148: A reiteração pelo exequente ou executado de maté-
Art. 767. A petição inicial conterá a transcrição dos termos lança- rias já preclusas pode ensejar a aplicação de multa por con-
dos no livro Diário da Navegação e deverá ser instruída com có- duta contrária à boa-fé.
pias das páginas que contenham os termos que serão ratificados,

13
CJF 149: A falta de averbação da pendência de processo ou da rar inexistente, no todo ou em parte, a obrigação que ensejou
existência de hipoteca judiciária ou de constrição judicial sobre a execução.
bem no registro de imóveis não impede que o exequente com-
prove a má-fé do terceiro que tenha adquirido a propriedade Art. 777. A cobrança de multas ou de indenizações decorrentes
ou qualquer outro direito real sobre o bem. de litigância de má-fé ou de prática de ato atentatório à dignida-
de da justiça será promovida nos próprios autos do processo.
Art. 772. O juiz pode, em qualquer momento do processo:
I - ordenar o comparecimento das partes; SÚMULAS SOBRE EXECUÇÃO
II - advertir o executado de que seu procedimento constitui Súmula 27-STJ: Pode a execução fundar-se em mais de um títu-
ato atentatório à dignidade da justiça; lo extrajudicial relativos ao mesmo negócio
III - determinar que sujeitos indicados pelo exequente forneçam Súmula 46-STJ: Na execução por carta, os embargos do de-
informações em geral relacionadas ao objeto da execução, tais vedor serão decididos no juízo deprecante, salvo se versarem
como documentos e dados que tenham em seu poder, assi- unicamente vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou aliena-
nando-lhes prazo razoável. ção dos bens.
Súmula 196-STJ: Ao executado que, citado por edital ou por
FPPC536. (art. 772, III; art. 773, parágrafo único) O juiz poderá, hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial,
na execução civil, determinar a quebra de sigilo bancário e com legitimidade para apresentação de embargos.
fiscal. Súmula 233-STJ: O contrato de abertura de crédito, ainda que
acompanhado de extrato da conta-corrente, não é título exe-
Art. 773. O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, determinar cutivo.
as medidas necessárias ao cumprimento da ordem de entrega Súmula 247-STJ: O contrato de abertura de crédito em conta-
de documentos e dados. corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui
Parágrafo único. Quando, em decorrência do disposto neste arti- documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.
go, o juízo receber dados sigilosos para os fins da execução, o juiz Súmula 258-STJ: A nota promissória vinculada a contrato de
adotará as medidas necessárias para assegurar a confidencialida- abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliqui-
de. dez do título que a originou.
Súmula 268-STJ: O fiador que não integrou a relação processu-
Art. 774. Considera-se ATENTATÓRIA À DIGNIDADE DA JUSTI- al na ação de despejo não responde pela execução do julgado.
ÇA a conduta comissiva ou omissiva do executado que: Súmula 300-STJ: O instrumento de confissão de dívida, ainda
I - frauda a execução; que originário de contrato de abertura de crédito, constitui
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e título executivo extrajudicial
meios artificiosos; Súmula 317-STJ: É definitiva a execução de título extrajudicial,
III - dificulta ou embaraça a realização da penhora; ainda que pendente apelação contra sentença que julgue im-
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais; procedentes os embargos. • Polêmica, mas prevalece que voltou
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os a valer com o CPC/2015
bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe Súmula 319-STJ: O encargo de depositário de bens penhorados
prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de pode ser expressamente recusado.
ônus. Súmula 328-STJ: Na execução contra instituição financeira, é
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará penhorável o numerário disponível, excluídas as reservas bancá-
multa em montante não superior a 20% do valor atualizado do rias mantidas no Banco Central.
débito em execução, a qual será REVERTIDA EM PROVEITO DO Súmula 375-STJ: O reconhecimento da fraude à execução de-
EXEQUENTE, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuí- pende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de
zo de outras sanções de natureza processual ou material. má-fé do terceiro adquirente. • Obs.: a Súmula 375 do STJ
NÃO é aplicada no caso das execuções fiscais de créditos tri-
butários.
FPPC537. (art. 774; Lei 6.830/1980). A conduta comissiva ou
Súmula 417-STJ: Na execução civil, a penhora de dinheiro na
omissiva caracterizada como atentatória à dignidade da justiça
ordem de nomeação de bens não tem caráter absoluto.
no procedimento da execução fiscal enseja a aplicação da multa
Súmula 451-STJ: É legítima a penhora da sede do estabeleci-
do parágrafo único do art. 774 do CPC/15.
mento comercial.
Súmula 478-STJ: Na execução de crédito relativo a cotas con-
Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a exe- dominiais, este tem preferência sobre o hipotecário.
cução ou de apenas alguma medida executiva. Súmula 517-STJ: São devidos honorários advocatícios no cum-
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o primento de sentença, haja ou não impugnação, depois de es-
seguinte: coado o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a
I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem intimação do advogado da parte executada
apenas sobre questões processuais, pagando o exequente as
custas processuais e os honorários advocatícios;
CAPÍTULO II
II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância
DAS PARTES
do impugnante ou do embargante.
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem
a lei confere título executivo.
Art. 776. O exequente ressarcirá ao executado os danos que
este sofreu, quando a sentença, transitada em julgado, decla-

14
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, § 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclu-
em sucessão ao exequente originário: são do nome do executado em cadastros de inadimplentes.
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei; § 4o A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre o pagamento, se for garantida a execução ou se a execução
que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do for extinta por qualquer outro motivo.
título executivo; § 5o O disposto nos §§ 3o e 4o aplica-se à execução definitiva de tí-
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo tulo judicial.
lhe for transferido por ato entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencio-
FPPC190. (art. 782, § 3º) O art. 782, § 3º, não veda a inclusão
nal.
extrajudicial do nome do executado em cadastros de ina-
§ 2o A sucessão prevista no § 1 o independe de consentimento
dimplentes, pelo credor ou diretamente pelo órgão de pro-
do executado.
teção ao crédito.
FPPC191. (arts. 792, § 4º, 675, caput, parágrafo único) O prazo
Art. 779. A execução pode ser promovida contra:
de 15 dias para opor embargos de terceiro, disposto no § 4º
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
do art. 792, é aplicável exclusivamente aos casos de declara-
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
ção de fraude à execução; os demais casos de embargos de
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do cre-
terceiro são regidos na forma do caput do art. 675
dor, a obrigação resultante do título executivo;
FPPC538. (art. 782, § 4º; 517, § 4º) Aplica-se o procedimento do
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
§ 4º do art. 517 ao cancelamento da inscrição de cadastro de
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao
inadimplentes do § 4º do art. 782
pagamento do débito;
JDPC98 O art. 782, § 3º, do CPC não veda a possibilidade de o
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.
credor, ou mesmo o órgão de proteção ao crédito, fazer a in-
clusão extrajudicial do nome do executado em cadastros de
JDPC97 A execução pode ser promovida apenas contra o titular inadimplentes.
do bem oferecido em garantia real, cabendo, nesse caso, so- JDPC99 A inclusão do nome do executado em cadastros de
mente a intimação de eventual coproprietário que não tenha inadimplentes poderá se dar na execução definitiva de títu-
outorgado a garantia. lo judicial ou extrajudicial.
FPPC445. (art. 779) O fiador judicial também pode ser sujeito
passivo da execução.
CAPÍTULO IV
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR QUALQUER
Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda EXECUÇÃO
que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o Seção I
mesmo e desde que para todas elas seja competente o mes- Do Título Executivo
mo juízo e idêntico o procedimento. Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á
sempre em título de OBRIGAÇÃO CERTA, LÍQUIDA e EXIGÍVEL.
CAPÍTULO III
DA COMPETÊNCIA Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será proces- I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debên-
sada perante o juízo competente, observando-se o seguinte: ture e o cheque;
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do II - a escritura pública ou outro documento público assinado
executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situa- pelo devedor;
ção dos bens a ela sujeitos; III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser deman- testemunhas;
dado no foro de qualquer deles; IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pe-
a execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado los advogados dos transatores ou por conciliador ou media-
ou no foro de domicílio do exequente; dor credenciado por tribunal;
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou
execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do outro direito real de garantia e aquele garantido por caução;
exequente; VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao títu - VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de
lo, mesmo que nele não mais resida o executado. aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais
como taxas e despesas de condomínio;
Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos
os atos executivos, e o oficial de justiça os cumprirá. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos
§ 1o O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos deter- créditos inscritos na forma da lei;
minados pelo juiz também nas comarcas contíguas, de fácil co- X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraor-
municação, e nas que se situem na mesma região metropolitana. dinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva conven-
§ 2o Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o em- ção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documental-
prego de força policial, o juiz a requisitará. mente comprovadas;

15
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro
relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas Art. 790. São sujeitos à execução os bens:
pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada
em lei; em direito real ou obrigação reipersecutória;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expres- II - do sócio, nos termos da lei;
sa, a lei atribuir força executiva. III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;
§ 1o A propositura de qualquer ação relativa a débito constante IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens
de título executivo NÃO INIBE o credor de promover-lhe a exe- próprios ou de sua meação respondem pela dívida;
cução. V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;
§ 2o Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país es- VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada
trangeiro NÃO DEPENDEM DE HOMOLOGAÇÃO para serem em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude con-
executados. tra credores;
§ 3o O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando sa- VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personali-
tisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar dade jurídica.
de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lu-
gar de cumprimento da obrigação. Art. 791. Se a execução tiver por objeto obrigação de que seja
sujeito passivo o proprietário de terreno submetido ao regime do
JDPC100 Interpreta-se a expressão condomínio edilício do art. direito de superfície, ou o superficiário, responderá pela dívida,
784, X, do CPC de forma a compreender tanto os condomínios exclusivamente, o direito real do qual é titular o executado,
verticais, quanto os horizontais de lotes, nos termos do art. recaindo a penhora ou outros atos de constrição exclusivamente
1.358-A do Código Civil. sobre o terreno, no primeiro caso, ou sobre a construção ou a
plantação, no segundo caso.
§ 1o Os atos de constrição a que se refere o caput serão averba-
Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impe-
dos separadamente na matrícula do imóvel, com a identificação
de a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de ob-
do executado, do valor do crédito e do objeto sobre o qual recai
ter título executivo judicial.
o gravame, devendo o oficial destacar o bem que responde pela
dívida, se o terreno, a construção ou a plantação, de modo a as-
FPPC446. (arts. 785 e 700) Cabe ação monitória mesmo quan- segurar a publicidade da responsabilidade patrimonial de cada
do o autor for portador de título executivo extrajudicial um deles pelas dívidas e pelas obrigações que a eles estão vincu-
JDPC101 É admissível ação monitória, ainda que o autor de- ladas.
tenha título executivo extrajudicial. § 2o Aplica-se, no que couber, o disposto neste artigo à enfiteuse,
à concessão de uso especial para fins de moradia e à concessão
Seção II de direito real de uso.
Da Exigibilidade da Obrigação
Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não sa- CJF 150: Aplicam-se ao direito de laje os arts. 791, 804 e 889,
tisfaça a obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em tí- III, do CPC.
tulo executivo.
Parágrafo único. A necessidade de simples operações aritméti-
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada
cas para apurar o crédito exequendo não retira a liquidez da
fraude à execução:
obrigação constante do título.
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real
ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do
Art. 787. Se o devedor não for obrigado a satisfazer sua presta-
processo tenha sido averbada no respectivo registro público,
ção senão mediante a contraprestação do credor, este deverá
se houver;
provar que a adimpliu ao requerer a execução, sob pena de extin-
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pen-
ção do processo.
dência do processo de execução, na forma do art. 828;
Parágrafo único. O executado poderá eximir-se da obrigação,
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca
depositando em juízo a prestação ou a coisa, caso em que o
judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do
juiz não permitirá que o credor a receba sem cumprir a contra-
processo onde foi arguida a fraude;
prestação que lhe tocar.
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramita-
va contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
Art. 788. O credor não poderá iniciar a execução ou nela prosse-
V - nos demais casos expressos em lei.
guir se o devedor cumprir a obrigação, mas poderá recusar o re-
§ 1o A alienação em fraude à execução é INEFICAZ em relação
cebimento da prestação se ela não corresponder ao direito ou
ao exequente.
à obrigação estabelecidos no título executivo, caso em que po-
§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o tercei-
derá requerer a execução forçada, ressalvado ao devedor o direito
ro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas ne-
de embargá-la.
cessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões per-
tinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se en-
CAPÍTULO V
contra o bem.
DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
§ 3o Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presen-
fraude à execução VERIFICA-SE A PARTIR DA CITAÇÃO da
tes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as
parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.
restrições estabelecidas em lei.

16
§ 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o rídicas ou entidades subvencionadas, as consequências patrimo-
terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de niais da invalidez dos atos lesivos terão por limite a repercussão
terceiro, no prazo de 15 dias. deles sobre a contribuição dos cofres públicos.
§ 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita
Art. 793. O exequente que estiver, por direito de retenção, na com o título eleitoral, ou com documento que a ele corres-
posse de coisa pertencente ao devedor não poderá promover a ponda.
execução sobre outros bens senão depois de excutida a coisa que § 4º Para instruir a inicial, o cidadão poderá requerer às en-
se achar em seu poder. tidades, a que se refere este artigo, as certidões e informações
que julgar necessárias, bastando para isso indicar a finalidade das
Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir mesmas.
que primeiro sejam executados os bens do devedor situados § 5º As certidões e informações, a que se refere o parágrafo
na mesma comarca, livres e desembargados, indicando-os por- anterior, deverão ser fornecidas dentro de 15 dias da entrega,
menorizadamente à penhora. sob recibo, dos respectivos requerimentos, e só poderão ser utili-
§ 1o Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do deve- zadas para a instrução de ação popular.
dor, situados na mesma comarca que os seus, forem insuficientes § 6º Somente nos casos em que o interesse público, devida-
à satisfação do direito do credor. mente justificado, impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou
§ 2o O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado informação.
nos autos do mesmo processo. § 7º Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a ação po-
§ 3o O disposto no caput não se aplica se o fiador houver re- derá ser proposta desacompanhada das certidões ou informa-
nunciado ao benefício de ordem. ções negadas, cabendo ao juiz, após apreciar os motivos do in-
deferimento, e salvo em se tratando de razão de segurança nacio-
Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas nal, requisitar umas e outras; feita a requisição, o processo cor-
dívidas da sociedade, senão nos casos previstos em lei. rerá em segredo de justiça, que cessará com o trânsito em jul-
§ 1o O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida gado de sentença condenatória.
da sociedade, tem o direito de exigir que primeiro sejam excu-
tidos os bens da sociedade. Súmula 365-STF: Pessoa jurídica não tem legitimidade para
§ 2o Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1 o nomear propor ação popular
quantos bens da sociedade situados na mesma comarca, livres e
desembargados, bastem para pagar o débito.
Art. 2º São NULOS os atos lesivos ao patrimônio das enti-
§ 3o O sócio que pagar a dívida poderá executar a sociedade
dades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
nos autos do mesmo processo.
a) incompetência;
§ 4o Para a desconsideração da personalidade jurídica é obrigató-
b) vício de forma;
ria a observância do incidente previsto neste Código.
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas, feita
e) desvio de finalidade.
a partilha, cada herdeiro responde por elas dentro das forças da
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade
herança e na proporção da parte que lhe cou
observar-se-ão as seguintes normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se
LEI 4717/65 – AÇÃO POPULAR incluir nas atribuições legais do agente que o praticou;
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância
Art. 1º QUALQUER CIDADÃO (comprovação através do títu- incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à exis-
lo de eleitor) será parte legítima para pleitear a anulação ou a tência ou seriedade do ato;
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da Uni- c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do
ão, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato
autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. normativo;
141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União re- d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria
presente os segurados ausentes, de empresas públicas, de servi- de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materi-
ços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja cri- almente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado
ação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra obtido;
com mais de 50% do patrimônio ou da receita ânua, de empre- e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente prati-
sas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos ca o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou im-
Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou en- plicitamente, na regra de competência.
tidades subvencionadas pelos cofres públicos.
§ 1º - Consideram-se patrimônio público para os fins refe- Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito
ridos neste artigo, os bens e direitos de valor econômico, ar- público ou privado, ou das entidades mencionadas no art. 1º, cu-
tístico, estético, histórico ou turístico. jos vícios não se compreendam nas especificações do artigo ante-
O objeto da ação popular abarca direito difusos, mas não direi- rior, serão anuláveis, segundo as prescrições legais, enquanto
tos individuais homogêneos. compatíveis com a natureza deles.
§ 2º Em se tratando de instituições ou fundações, para cuja
Art. 4º São também NULOS os seguintes atos ou contratos,
criação ou custeio o tesouro público concorra com menos de
praticados ou celebrados por quaisquer das pessoas ou entidades
50% do patrimônio ou da receita ânua, bem como de pessoas ju-
referidas no art. 1º.

17
I - A admissão ao serviço público remunerado, com deso- elas sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por elas
bediência, quanto às condições de habilitação, das normas le- subvencionadas ou em relação às quais tenham interesse pa-
gais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. trimonial.
II - A operação bancária ou de crédito real, quando: § 2º Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a
a) for realizada com desobediência a normas legais, regu- qualquer outra pessoas ou entidade, será competente o juiz das
lamentares, estatutárias, regimentais ou internas; causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente
b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor for ao Estado e ao Município, será competente o juiz das causas do
inferior ao constante de escritura, contrato ou avaliação. Estado, se houver.
III - A empreitada, a tarefa e a concessão do serviço pú- § 3º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo
blico, quando: para todas as ações, que forem posteriormente intentadas contra
a) o respectivo contrato houver sido celebrado sem prévia as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos.
concorrência pública ou administrativa, sem que essa condi- § 4º Na defesa do patrimônio público CABERÁ A SUSPEN-
ção seja estabelecida em lei, regulamento ou norma geral; SÃO LIMINAR do ato lesivo impugnado.
b) no edital de concorrência forem incluídas cláusulas ou
condições, que comprometam o seu caráter competitivo; DOS SUJEITOS PASSIVOS DA AÇÃO E DOS ASSISTENTES
c) a concorrência administrativa for processada em con- Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou
dições que impliquem na limitação das possibilidades nor- privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autorida-
mais de competição. des, funcionários ou administradores que houverem autoriza-
IV - As modificações ou vantagens, inclusive prorroga- do, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que,
ções que forem admitidas, em favor do adjudicatário, durante por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os be-
a execução dos contratos de empreitada, tarefa e concessão de neficiários diretos do mesmo
serviço público, sem que estejam previstas em lei ou nos respec- Pessoas públicas ou privadas e as
tivos instrumentos., SUJEITOS PASSIVOS entidades referidas no art. 1º
V - A compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos ca- STJ entende que é hipóte-
sos em que não cabível concorrência pública ou administrativa, Autoridades, funcionários ou admi-
se de litisconsórcio passi-
quando: nistradores
vo necessário. Resp.
a) for realizada com desobediência a normas legais, regu- 931528/SP Beneficiários diretos
lamentares, ou constantes de instruções gerais; Litisconsórcio
b) o preço de compra dos bens for superior ao corrente NECESSÁRIO e SIMPLES
no mercado, na época da operação;
§ 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for
c) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no
ele indeterminado ou desconhecido, a ação será proposta somen-
mercado, na época da operação.
te contra as outras pessoas indicadas neste artigo.
VI - A concessão de licença de exportação ou importação,
§ 2º No caso de que trata o inciso II, item "b", do art. 4º,
qualquer que seja a sua modalidade, quando:
quando o valor real do bem for inferior ao da avaliação, citar-se-
a) houver sido praticada com violação das normas legais e
ão como réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades
regulamentares ou de instruções e ordens de serviço;
referidas no art. 1º, apenas os responsáveis pela avaliação inexata
b) resultar em exceção ou privilégio, em favor de exporta-
e os beneficiários da mesma.
dor ou importador.
§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito
VII - A operação de redesconto quando sob qualquer as-
privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se
pecto, inclusive o limite de valor, desobedecer a normas legais,
de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, des-
regulamentares ou constantes de instruções gerais.
de que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do res-
VIII - O empréstimo concedido pelo Banco Central da Re-
pectivo representante legal ou dirigente – LEGITIMIDADE PEN-
pública, quando:
DULAR
a) concedido com desobediência de quaisquer normas le-
§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-
gais, regulamentares, regimentais ou constantes de instruções
lhe apressar a produção da prova e promover a responsabili-
gerias:
dade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe VEDA-
b) o valor dos bens dados em garantia, na época da ope-
DO, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugna-
ração, for inferior ao da avaliação.
do ou dos seus autores.
IX - A emissão, quando efetuada sem observância das
§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como li-
normas constitucionais, legais e regulamentadoras que regem a
tisconsorte ou assistente do autor da ação popular.
espécie.
DO PROCESSO
DA COMPETÊNCIA
Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário (CPC/
Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente
15 = procedimento comum), previsto no CPC, observadas as se-
para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acor-
guintes normas modificativas:
do com a organização judiciária de cada Estado, o for para as
I - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou
a) além da citação dos réus, a intimação do representante do
ao Município.
Ministério Público;
§ 1º Para fins de competência, equiparam-se atos da Uni-
b) a requisição, às entidades indicadas na petição inicial, dos
ão, do Distrito Federal, do Estado ou dos Municípios os atos
documentos que tiverem sido referidos pelo autor (art. 1º, § 6º),
das pessoas criadas ou mantidas por essas pessoas jurídicas
bem como a de outros que se lhe afigurem necessários ao escla-
de direito público, bem como os atos das sociedades de que

18
recimento dos fatos, ficando prazos de 15 a 30 dias para o aten- caso de desistência.
dimento.
§ 1º O representante do Ministério Público providenciará
Art. 10. As partes só pagarão custas e preparo a final.
para que as requisições, a que se refere o inciso anterior, sejam
atendidas dentro dos prazos fixados pelo juiz.
Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popu-
§ 2º Se os documentos e informações não puderem ser ofe-
lar, decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pa-
recidos nos prazos assinalados, o juiz poderá autorizar prorroga-
gamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e
ção dos mesmos, por prazo razoável.
os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os fun-
II - Quando o autor o preferir, a citação dos beneficiários
cionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.
far-se-á por edital com o prazo de 30 dias, afixado na sede do
juízo e publicado 3 vezes no jornal oficial do Distrito Federal, ou
Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos
da Capital do Estado ou Território em que seja ajuizada a ação. A
réus, o pagamento, ao autor, das custas e demais despesas,
publicação será gratuita e deverá iniciar-se no máximo 3 dias
judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e
após a entrega, na repartição competente, sob protocolo, de uma
comprovadas, bem como o dos honorários de advogado.
via autenticada do mandado.
III - Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato
Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito
impugnado, cuja existência ou identidade se torne conhecida no
do pedido, julgar a lide manifestamente temerária, condenará o
curso do processo e antes de proferida a sentença final de pri-
autor ao pagamento do décuplo das custas.
meira instância, deverá ser citada para a integração do contradi-
tório, sendo-lhe restituído o prazo para contestação e produção
Art. 14. Se o valor da lesão ficar provado no curso da causa,
de provas, Salvo, quanto a beneficiário, se a citação se houver fei-
será indicado na sentença; se depender de avaliação ou perícia,
to na forma do inciso anterior.
será apurado na execução.
IV - O prazo de CONTESTAÇÃO é de 20 dias, prorrogáveis
§ 1º Quando a lesão resultar da falta ou isenção de qualquer
por mais 20, a requerimento do interessado, se particularmente
pagamento, a condenação imporá o pagamento devido, com
difícil a produção de prova documental, e será comum a todos os
acréscimo de juros de mora e multa legal ou contratual, se hou-
interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cum-
ver.
prido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em
§ 2º Quando a lesão resultar da execução fraudulenta, simu-
edital.
lada ou irreal de contratos, a condenação versará sobre a reposi-
V - Caso não requerida, até o despacho saneador, a produ-
ção do débito, com juros de mora.
ção de prova testemunhal ou pericial, o juiz ordenará vista às par-
§ 3º Quando o réu condenado perceber dos cofres públicos,
tes por 10 dias, para alegações, sendo-lhe os autos conclusos,
a execução far-se-á por desconto em folha até o integral ressarci-
para sentença, 48 horas após a expiração desse prazo; havendo
mento do dano causado, se assim mais convier ao interesse públi-
requerimento de prova, o processo tomará o rito ordinário.
co.
VI - A sentença, quando não prolatada em audiência de ins-
§ 4º A parte condenada a restituir bens ou valores ficará su-
trução e julgamento, deverá ser proferida dentro de 15 dias do
jeita a sequestro e penhora, desde a prolação da sentença conde-
recebimento dos autos pelo juiz.
natória.
Parágrafo único. O proferimento da sentença além do pra-
zo estabelecido privará o juiz da inclusão em lista de mereci-
Art. 15. Se, no curso da ação, ficar provada a infringência
mento para promoção, durante 2 anos, e acarretará a perda,
da lei penal ou a prática de falta disciplinar a que a lei comine
para efeito de promoção por antigüidade, de tantos dias
a pena de demissão ou a de rescisão de contrato de trabalho, o
quantos forem os do retardamento, salvo motivo justo, decli-
juiz, "ex-officio", determinará a remessa de cópia autenticada
nado nos autos e comprovado perante o órgão disciplinar com-
das peças necessárias às autoridades ou aos administradores
petente.
a quem competir aplicar a sanção.

Art. 8º Ficará sujeita à pena de desobediência, salvo motivo


Art. 16. Caso decorridos 60 dias da publicação da senten-
justo devidamente comprovado, a autoridade, o administrador ou
ça condenatória de 2a instância, sem que o autor ou terceiro
o dirigente, que deixar de fornecer, no prazo fixado no art. 1º, §
promova a respectiva execução, o representante do Ministé-
5º, ou naquele que tiver sido estipulado pelo juiz (art. 7º, n. I, letra
rio Público a promoverá nos 30 dias seguintes, sob pena de
"b"), informações e certidão ou fotocópia de documento necessá-
falta grave.
rios à instrução da causa.
Parágrafo único. O prazo contar-se-á do dia em que entre-
Art. 17. É sempre permitida às pessoas ou entidades refe-
gue, sob recibo, o requerimento do interessado ou o ofício de re-
ridas no art. 1º, ainda que hajam contestado a ação, promover,
quisição (art. 1º, § 5º, e art. 7º, n. I, letra "b").
em qualquer tempo, e no que as beneficiar a execução da
sentença contra os demais réus.
Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absol-
vição da instância, serão publicados editais nos prazos e condi-
Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível
ções previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a QUAL-
"erga omnes", exceto no caso de haver sido a ação julgada im-
QUER CIDADÃO, bem como ao representante do Ministério
procedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cida-
Público, dentro do prazo de 90 dias da última publicação fei-
dão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, va-
ta, promover o prosseguimento da ação.
lendo-se de nova prova.

MP não pode ajuizar AP, mas pode ser autor superveniente em

19
Art. 19. A sentença que concluir pela CARÊNCIA ou pela IM- 1º grau. STF. Plenário. Pet 5856 AgR
PROCEDÊNCIA da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdi-
ção, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo
tribunal (REEXAME NECESSÁRIO INVERTIDO; aplicável à ação LEI 13300/16 – MANDADO DE INJUNÇÃO
de improbidade administrativa); da que julgar a ação proce-
dente caberá apelação, COM EFEITO SUSPENSIVO. Art. 1o Esta Lei disciplina o processo e o julgamento dos manda-
§ 1º Das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumen- dos de injunção individual e coletivo, nos termos do inciso LXXI
to. do art. 5o da Constituição Federal.
§ 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da
ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer cidadão e
Art. 2o Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
também o Ministério Público.
TOTAL ou PARCIAL de norma regulamentadora torne inviável
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
DISPOSIÇÕES GERAIS
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cida-
Art. 20. Para os fins desta lei, consideram-se entidades au-
dania.
tárquicas:
Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quan-
a) o serviço estatal descentralizado com personalidade
do forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legisla-
jurídica, custeado mediante orçamento próprio, independente do
dor competente.
orçamento geral;
b) as pessoas jurídicas especialmente instituídas por lei,
para a execução de serviços de interesse público ou social, Art. 3o São legitimados para o mandado de injunção, como im-
custeados por tributos de qualquer natureza ou por outros recur- petrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titu-
sos oriundos do Tesouro Público; lares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos
c) as entidades de direito público ou privado a que a lei no art. 2o e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade
tiver atribuído competência para receber e aplicar contribui- com atribuição para editar a norma regulamentadora.
ções parafiscais.
Art. 4o A petição inicial deverá preencher os requisitos estabele-
Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 anos. cidos pela lei processual e indicará, além do órgão impetrado, a
pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vincula-
Art. 22. Aplicam-se à ação popular as regras do Código de do.
Processo Civil, naquilo em que não contrariem os dispositivos § 1o Quando não for transmitida por meio eletrônico, a petição
desta lei, nem a natureza específica da ação. inicial e os documentos que a instruem serão acompanhados de
É possível a declaração incidental de inconstitucionalidade tantas vias quantos forem os impetrados.
em Ação Popular, desde que a controvérsia constitucional não § 2o Quando o documento necessário à prova do alegado encon-
figure como pedido, mas sim como causa de pedir, trar-se em repartição ou estabelecimento público, em poder de
fundamento ou simples questão prejudicial, indispensável à autoridade ou de terceiro, havendo recusa em fornecê-lo por cer-
resolução do litígio principal, em torno da tutela do interesse tidão, no original, ou em cópia autêntica, será ordenada, a pedido
público. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1352498/DF do impetrante, a exibição do documento no prazo de 10 dias,
devendo, nesse caso, ser juntada cópia à segunda via da petição.
A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de
ação de improbidade administrativa está sujeita ao reexame § 3o Se a recusa em fornecer o documento for do impetrado, a
necessário, com base na aplicação subsidiária do CPC e por ordem será feita no próprio instrumento da notificação.
aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº
4.717/65. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.220.667-MG Art. 5o Recebida a petição inicial, será ordenada:
I - a notificação do impetrado sobre o conteúdo da petição
REGRA: O STJ entende que é possível aplicar, por analogia, a
inicial, devendo-lhe ser enviada a segunda via apresentada com
primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65 paras as sentenças
as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 dias,
de improcedência de ação civil pública. Nesse sentido: STJ. 2ª
preste informações;
Turma. AgInt no REsp 1596028/MG
II - a ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representa -
EXCEÇÃO: Não se admite o cabimento da remessa
ção judicial da pessoa jurídica interessada, devendo-lhe ser en-
necessária, tal como prevista no art. 19 da Lei nº 4.717/65,
viada cópia da petição inicial, para que, querendo, ingresse no fei-
nas ações coletivas que versem sobre direitos individuais
to.
homogêneos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.374.232-ES
Para o cabimento da Ação Popular, basta a ilegalidade do ato Art. 6o A petição inicial será desde logo indeferida quando a im-
administrativo por ofensa a normas específicas ou desvios dos petração for manifestamente incabível ou manifestamente im-
princípios da Administração Pública, dispensando-se a procedente.
demonstração de prejuízo material. STJ. 2ª Turma. AgInt no Parágrafo único. Da decisão de relator que indeferir a petição ini-
AREsp 949.377/MG cial, caberá agravo, em 5 dias, para o órgão colegiado compe-
tente para o julgamento da impetração.
O STF não possui competência originária para processar e
julgar ação popular, ainda que ajuizada contra atos e/ou
omissões do Presidente da República. A competência para Art. 7o Findo o prazo para apresentação das informações, será
julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até ouvido o Ministério Público, que opinará em 10 dias, após o que,
mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo de com ou sem parecer, os autos serão conclusos para decisão.

20
*Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br
o
Art. 8 Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferi-
da a injunção para: Art. 9o A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e
I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora –
a edição da norma regulamentadora – CORRENTE CONCRE- CONCRETISTA INDIVIDUAL
TISTA INDIVIDUAL INTERMEDIÁRIA; § 1o Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos di- decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício
reitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetra-
o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação ção – CONCRETISTA GERAL
própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legisla- § 2o Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser
tiva no prazo determinado. estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refe- relator.
re o inciso I do caput quando comprovado que o impetrado § 3o O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não
deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao pra- impede a renovação da impetração fundada em outros elemen-
zo estabelecido para a edição da norma. tos probatórios.

Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá


EFICÁCIA OBJETIVA DA DECISÃO
ser revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobre-
O Poder Judiciário, ao julgar procedente o vierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou
mandado de injunção, deverá apenas co- de direito.
CORRENTE NÃO municar o Poder, órgão, entidade ou auto- Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o
CONCRETISTA ridade que está sendo omisso. Foi adotada procedimento estabelecido nesta Lei.
pelo STF (MI 107/DF) até por volta do ano de
2007 Art. 11. A norma regulamentadora superveniente produzirá
EFEITOS EX NUNC em relação aos beneficiados por decisão
O Poder Judiciário, ao julgar procedente o
transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada
mandado de injunção e reconhecer que existe
lhes for mais favorável.
a omissão do Poder Público, deverá editar a
Parágrafo único. Estará prejudicada a impetração se a norma
norma que está faltando ou determinar
regulamentadora for editada antes da decisão, caso em que o
que seja aplicada, ao caso concreto, uma já
processo será extinto sem resolução de mérito.
existente para outras situações análogas.
I – Quanto à necessidade ou não de con- Art. 12. O MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO pode ser pro-
cessão de prazo para o impetrado, a posi- movido:
ção concretista pode ser dividida em: I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especi-
a) Corrente concretista DIRETA: o Judiciário almente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime de-
deverá implementar uma solução para via- mocrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;
bilizar o direito do autor e isso deverá II - por partido político com representação no Congresso Naci-
ocorrer imediatamente (diretamente), não onal, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerroga-
sendo necessária nenhuma outra providência, tivas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade parti-
CORRENTE
a não ser a publicação do dispositivo da deci- dária;
CONCRETISTA
são. III - por organização sindical, entidade de classe ou associação
b) Corrente concretista INTERMEDIÁRIA: legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1
ao julgar procedente o mandado de injun- ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerroga-
ção, o Judiciário, antes de viabilizar o di- tivas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou as-
reito, deverá dar uma oportunidade ao ór- sociados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a
gão omisso para que este possa elaborar a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;
norma regulamentadora. Assim, a decisão IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for espe-
judicial fixa um prazo para que o Poder, ór- cialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a
gão, entidade ou autoridade edite a norma defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na
que está faltando. forma do inciso LXXIV do art. 5o da Constituição Federal.
II – Quanto às pessoas atingidas pela deci- Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas
são, a corrente concretista pode ser dividi- protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencen-
da em: tes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de
a) Corrente concretista INDIVIDUAL: a solu- pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria.
ção "criada" pelo Poder Judiciário para sa-
nar a omissão estatal valerá apenas para o Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coi-
autor do MI. sa julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletivi-
b) Corrente concretista GERAL: a decisão dade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo
que o Poder Judiciário der no mandado de impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1o e 2o do art. 9o.
injunção terá efeitos erga omnes e valerá Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz li-
para todas as demais pessoas que estiverem tispendência em relação aos individuais, mas os efeitos da coi-
na mesma situação. sa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a

21
DESISTÊNCIA da demanda individual no prazo de 30 dias a con- I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito sus-
tar da ciência comprovada da impetração coletiva. pensivo, independentemente de caução;
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito sus-
Art. 14. Aplicam-se subsidiariamente ao mandado de injunção as pensivo;
normas do mandado de segurança, disciplinado pela Lei n o III - de decisão judicial transitada em julgado.
12.016, de 7 de agosto de 2009, e do Código de Processo Civil,
instituído pela Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e pela Lei n o Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos esta-
13.105, de 16 de março de 2015, observado o disposto em seus belecidos pela lei processual, será apresentada em 2 vias com os
arts. 1.045 e 1.046. documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda
e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta
LEI 12016/09 – MANDADO DE SEGURANÇA integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.
§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alega-
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para PROTEGER do se ache em repartição ou estabelecimento público ou em po-
DIREITO LÍQUIDO E CERTO, não amparado por habeas corpus der de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de
ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição
poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará,
houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 dias. O escrivão
que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da pe-
tição.
§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os
representantes ou órgãos de partidos políticos e os adminis- § 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a
tradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da noti-
de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de ficação.
atribuições do poder público, somente no que disser respeito a § 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha prati-
essas atribuições. cado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua
§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de ges- prática.
tão comercial praticados pelos administradores de empresas pú- § 5o Denega-se o mandado de segurança nos casos previstos
blicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código
serviço público. de Processo Civil.
§ 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pes- § 6o O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado
soas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança. dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não
lhe houver apreciado o mérito.
Art. 2o Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as conse-
quências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial,
por ela controlada. enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos docu-
mentos, a fim de que, no prazo de 10 dias, preste as informa-
Art. 3o O titular de direito líquido e certo decorrente de direi- ções;
to, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar man- II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judi-
dado de segurança a favor do direito originário, se o seu titu- cial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial
lar não o fizer, no prazo de 30 dias, quando notificado judici- sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito;
almente. III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando
Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste houver fundamento relevante e do ato impugnado puder re-
artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei (120 dias), sultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sen-
contado da notificação. do facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito,
com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.
Art. 4o Em caso de urgência, é permitido, observados os requisi- § 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou dene-
tos legais, impetrar mandado de segurança por telegrama, radi- gar a liminar caberá AGRAVO DE INSTRUMENTO, observado o
ograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade com- disposto no CPC.
provada. § 2o NÃO SERÁ CONCEDIDA MEDIDA LIMINAR que tenha por
§ 1o Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de
por telegrama, radiograma ou outro meio que assegure a autenti- mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação
cidade do documento e a imediata ciência pela autoridade. ou equiparação de servidores públicos e a concessão de au-
mento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qual-
§ 2o O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5
quer natureza.
dias úteis seguintes.
§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada,
§ 3o Para os fins deste artigo, em se tratando de documento ele-
persistirão até a prolação da sentença.
trônico, serão observadas as regras da Infra-Estrutura de Chaves
Públicas Brasileira - ICP-Brasil. § 4o Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade
para julgamento.
Art. 5o NÃO SE CONCEDERÁ MANDADO DE SEGURANÇA § 5o As vedações relacionadas com a concessão de liminares pre-
quando se tratar: vistas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se refe-

22
rem os arts. 273 e 461 da Lei n o 5.869, de 11 janeiro de 1973 - § 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias asse-
Código de Processo Civil. gurados em sentença concessiva de mandado de segurança a ser-
vidor público da administração direta ou autárquica federal, esta-
Art. 8o Será decretada a perempção ou caducidade da medida dual e municipal somente será efetuado relativamente às pres-
liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Público tações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da
quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao inicial.
normal andamento do processo ou deixar de promover, por
mais de 3 dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumpri- Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito pú-
rem. blico interessada ou do Ministério Público e para evitar grave le-
são à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presi-
Art. 9o As autoridades administrativas, no prazo de 48 horas da dente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo
notificação da medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da
a que se acham subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito
a quem tiver a representação judicial da União, do Estado, do Mu- suspensivo, no prazo de 5 dias, que será levado a julgamento na
nicípio ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada sessão seguinte à sua interposição.
do mandado notificatório, assim como indicações e elementos § 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a
outros necessários às providências a serem tomadas para a even- que se refere o caput deste artigo, caberá novo pedido de
tual suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal suspensão ao presidente do tribunal competente para conhe-
ou abusivo de poder. cer de eventual recurso especial ou extraordinário.
§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o §
Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motiva- 1o deste artigo, quando negado provimento a agravo de instru-
da, quando não for o caso de mandado de segurança ou lhe mento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.
faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo § 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar
legal para a impetração. concedida nas ações movidas contra o poder público e seus
§ 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de 1° grau caberá agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedi-
apelação e, quando a competência para o julgamento do manda- do de suspensão a que se refere este artigo.
do de segurança couber originariamente a um dos tribunais, do § 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efei-
ato do relator caberá agravo para o órgão competente do tribu- to suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibi-
nal que integre. lidade do direito invocado e a urgência na concessão da me-
§ 2o O ingresso de litisconsorte ativo NÃO SERÁ ADMITIDO dida.
APÓS O DESPACHO DA PETIÇÃO INICIAL. § 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas
em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal esten-
Art. 11. Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório der os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante
corra o feito juntará aos autos cópia autêntica dos ofícios endere- simples aditamento do pedido original.
çados ao coator e ao órgão de representação judicial da pessoa
jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ou da Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, cabe-
sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4 o desta rá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa
Lei, a comprovação da remessa. oral na sessão do julgamento do mérito ou do pedido liminar.
Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar
Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. a medida liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal
7o desta Lei, o juiz ouvirá o representante do Ministério Públi- que integre.
co, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 dias.
Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os Art. 17. Nas decisões proferidas em mandado de segurança e nos
autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser respectivos recursos, quando não publicado, no prazo de 30 dias,
necessariamente proferida em 30 dias. contado da data do julgamento, o acórdão será substituído pelas
respectivas notas taquigráficas, independentemente de revisão.
Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por
intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio, mediante corres- Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em
pondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à única instância pelos tribunais cabe recurso especial e extraordi-
autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada. nário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz observar o a ordem for denegada.
disposto no art. 4o desta Lei.
Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de se-
Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, gurança, sem decidir o mérito, não impedirá que o requerente,
cabe apelação. por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efei-
§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigato- tos patrimoniais.
riamente ao duplo grau de jurisdição.
§ 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer. Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos
o
§ 3 A sentença que conceder o mandado de segurança pode recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo
ser executada provisoriamente, salvo nos casos em que for habeas corpus.
vedada a concessão da medida liminar.

23
§ 1o Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na individuais, se não for requerida sua SUSPEN-
primeira sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao SÃO no prazo de 30 dias, a contar da ciência nos
relator. autos do ajuizamento da ação coletiva.
§ 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder
de 5 dias. Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extin-
guir-se-á decorridos 120 dias, contados da ciência, pelo inte-
Art. 21. O MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO pode ser im- ressado, do ato impugnado.
petrado por partido político com representação no Congresso
Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus Art. 24. Aplicam-se ao mandado de segurança os arts. 46 a 49 da
integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindi- Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
cal, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há, pelo menos, 1 ano, em defesa de direi- Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a
tos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus interposição de embargos infringentes e a condenação ao pa-
membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde gamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplica-
que pertinentes às suas finalidades, DISPENSADA, para tanto, ção de sanções no caso de litigância de má-fé.
AUTORIZAÇÃO ESPECIAL.
Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segu- Art. 26. Constitui crime de desobediência, nos termos do art.
rança coletivo podem ser: 330 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o não
I - COLETIVOS, assim entendidos, para efeito desta Lei, os tran- cumprimento das decisões proferidas em mandado de segu-
sindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo rança, sem prejuízo das sanções administrativas e da aplicação
ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte con- da Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis.
trária por uma relação jurídica básica;
II - INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, assim entendidos, para efeito
SÚMULAS SOBRE MS
desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou
situação específica da totalidade ou de parte dos associados STF
ou membros do impetrante.
Súmula 101-STF: O mandado de segurança não substitui a
ação popular.
Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coi-
Súmula 248-STF: É competente, originariamente, o Supremo
sa julgada limitadamente aos membros do grupo ou catego-
Tribunal Federal, para mandado de segurança contra ato do Tri-
ria substituídos pelo impetrante.
bunal de Contas da União.
§ 1o O mandado de segurança coletivo NÃO INDUZ LITISPEN-
Súmula 266-STF: Não cabe mandado de segurança contra lei
DÊNCIA para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julga-
em tese.
da não beneficiarão o impetrante a título individual se não reque-
Súmula 267-STF: Não cabe mandado de segurança contra ato
rer a DESISTÊNCIA de seu mandado de segurança no prazo de
judicial passível de recurso ou correição.
30 dias a contar da ciência comprovada da impetração da segu-
Súmula 268-STF: Não cabe mandado de segurança contra de-
rança coletiva.
cisão judicial com trânsito em julgado.
§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser Súmula 269-STF: O mandado de segurança não é substitutivo
concedida após a audiência do representante judicial da pes- de ação de cobrança.
soa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no Súmula 270-STF: Não cabe mandado de segurança para im-
prazo de 72 horas. pugnar enquadramento da Lei 3.780, de 12 de julho de 1960,
que envolva exame de prova ou de situação funcional complexa.
O mandado de injunção coletivo não induz litis- Súmula 271-STF: Concessão de mandado de segurança não
LEI MI pendência em relação aos individuais, mas os produz efeitos patrimoniais, em relação a período pretérito,
efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impe- os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via
trante que não requerer a DESISTÊNCIA da deman- judicial própria.
da individual no prazo de 30 dias a contar da ciên- Súmula 272-STF: Não se admite como ordinário recurso extra-
cia comprovada da impetração coletiva. ordinário de decisão denegatória de mandado de segurança.
Súmula 299-STF: O recurso ordinário e o extraordinário inter-
O mandado de segurança coletivo não induz litis-
postos no mesmo processo de mandado de segurança, ou de
pendência para as ações individuais, mas os efei-
"habeas corpus", serão julgados conjuntamente pelo Tribunal
LEI MS tos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante
Pleno.
a título individual se não requerer a DESISTÊNCIA
Súmula 304-STF: Decisão denegatória de mandado de segu-
de seu mandado de segurança no prazo de 30 dias
rança, não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não im-
a contar da ciência comprovada da impetração da
pede o uso da ação própria.
segurança coletiva.
Súmula 330-STF: O Supremo Tribunal Federal não é compe-
As ações coletivas, previstas nos incisos I (difusos) tente para conhecer de mandado de segurança contra atos
e II (coletivos) e do parágrafo único do art. 81, não dos tribunais de justiça dos estados.
induzem litispendência para as ações individuais, Súmula 392-STF: O prazo para recorrer de acórdão concessivo
CDC mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou de segurança conta-se da publicação oficial de suas conclu-
ultra partes a que aludem os incisos II e III do arti- sões, e não da anterior ciência à autoridade para cumprimento
go anterior não beneficiarão os autores das ações da decisão

24
Súmula 405-STF: Denegado o mandado de segurança pela sen- pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cau-
tença, ou no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem telar ou antecipatória.
efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão Súmula 213-STJ: O mandado de segurança constitui ação
contrária adequada para a declaração do direito à compensação tributá-
Súmula 429-STF: A existência de recurso administrativo com ria
efeito suspensivo não impede o uso do mandado de seguran- Súmula 333-STJ: Cabe mandado de segurança contra ato pra-
ça contra omissão da autoridade. ticado em licitação promovida por sociedade de economia
Súmula 430-STF: Pedido de reconsideração na via administrati- mista ou empresa pública.
va não interrompe o prazo para o mandado de segurança. Súmula 376-STJ: Compete à turma recursal processar e julgar o
Súmula 474-STF: Não há direito líquido e certo, amparado pelo mandado de segurança contra ato de juizado especial.
mandado de segurança, quando se escuda em lei cujos efeitos Súmula 460-STJ: É incabível o mandado de segurança para
foram anulados por outra, declarada constitucional pelo Supre- convalidar a compensação tributária realizada pelo contribu-
mo Tribunal Federal. inte.
Súmula 510-STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício Súmula 628-STJ: A teoria da encampação é aplicada no man-
de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segu- dado de segurança quando presentes, cumulativamente, os se-
rança ou a medida judicial. guintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico entre a
Súmula 512-STF: Não cabe condenação em honorários de ad- autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática
vogado na ação de mandado de segurança. do ato impugnado; b) manifestação a respeito do mérito nas
Súmula 623-STF: Não gera por si só a competência originária informações prestadas; e c) ausência de modificação de com-
do Supremo Tribunal Federal para conhecer do mandado de se- petência estabelecida na Constituição Federal.
gurança com base no art. 102, I, n, da Constituição, dirigir-se o
pedido contra deliberação administrativa do tribunal de origem,
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
da qual haja participado a maioria ou a totalidade de seus mem-
bros. EDIÇÃO N. 43: MANDADO DE SEGURANÇA - I
Súmula 624-STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal 1) A indicação equivocada da autoridade coatora não implica
conhecer originariamente de mandado de segurança contra atos ilegitimidade passiva nos casos em que o equívoco é facil-
de outros tribunais. mente perceptível e aquela erroneamente apontada pertence à
Súmula 625-STF: Controvérsia sobre matéria de direito não im- mesma pessoa jurídica de direito público.
pede concessão de mandado de segurança. 3) A teoria da encampação tem aplicabilidade nas hipóteses
Súmula 626-STF: A suspensão da liminar em mandado de se- em que atendidos os seguintes pressupostos: subordinação
gurança, salvo determinação em contrário da decisão que a de- hierárquica entre a autoridade efetivamente coatora e a
ferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de apontada na petição inicial, discussão do mérito nas infor-
concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manu- mações e ausência de modificação da competência.
tenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da li- 4) O Governador do Estado é parte ilegítima para figurar como
minar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impe- autoridade coatora em mandado de segurança no qual se im-
tração. pugna a elaboração, aplicação, anulação ou correção de testes
Súmula 629-STF: A impetração de mandado de segurança cole- ou questões de concurso público, cabendo à banca examinado-
tivo por entidade de classe em favor dos associados independe ra, executora direta da ilegalidade atacada, figurar no polo pas-
da autorização destes. sivo da demanda.
Súmula 630-STF: A entidade de classe tem legitimação para o 9) A impetração de segurança por terceiro, nos moldes da Sú-
mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada mula n. 202/STJ, fica afastada na hipótese em que a impetrante
interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. teve ciência da decisão que lhe prejudicou e não utilizou o re-
Súmula 631-STF: Extingue-se o processo de mandado de segu- curso cabível.
rança se o impetrante não promove, no prazo assinado, a ci- 10) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de
tação do litisconsorte passivo necessário. mandado de segurança, na hipótese de exclusão do candida-
Súmula 632-STF: É constitucional lei que fixa o prazo de deca- to do concurso público, é o ato administrativo de efeitos
dência para a impetração de mandado de segurança. concretos e não a publicação do edital, ainda que a causa de
pedir envolva questionamento de critério do edital.
STJ
11) O prazo decadencial para impetração mandado de seguran-
Súmula 41-STJ: O Superior Tribunal de Justiça não tem compe- ça contra ato omissivo da Administração renova-se mês a
tência para processar e julgar, originariamente, mandado de se- mês, por envolver obrigação de trato sucessivo.
gurança contra ato de outros tribunais ou dos respectivos ór- 14) Admite-se a impetração de mandado de segurança perante
gãos. os Tribunais de Justiça para o exercício do controle de com-
Súmula 105-STJ: Na ação de mandado de segurança não se petência dos juizados especiais.
admite condenação em honorários advocatícios.
EDIÇÃO N. 85: MANDADO DE SEGURANÇA - II
Súmula 177-STJ: O Superior Tribunal de Justiça é incompeten-
1) Compete à justiça federal comum processar e julgar manda-
te para processar e julgar, originariamente, mandado de segu-
do de segurança quando a autoridade apontada como coato-
rança contra ato de órgão colegiado presidido por Ministro de
ra for autoridade federal, considerando-se como tal tam-
Estado
bém os dirigentes de pessoa jurídica de direito privado in-
Súmula 202-STJ: A impetração de segurança por terceiro, con-
vestidos de delegação concedida pela União.
tra ato judicial, não se condiciona à interposição de recurso.
2) O impetrante pode desistir da ação mandamental a qual-
Súmula 212-STJ: A compensação de créditos tributários não

25
quer tempo antes do trânsito em julgado, independente- 6) O termo inicial do prazo de decadência para impetração de
mente da anuência da autoridade apontada como coatora. mandado de segurança contra aplicação de penalidade discipli-
3) Ante o caráter mandamental e a natureza personalíssima da nar é a data da publicação do respectivo ato no Diário Ofici-
ação, NÃO É POSSÍVEL A SUCESSÃO DE PARTES NO MAN- al.
DADO DE SEGURANÇA, ficando ressalvada aos herdeiros a 7) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de
possibilidade de acesso às vias ordinárias. ação mandamental contra ato que fixa ou altera sistema re-
4) O prazo decadencial para a impetração de mandado de segu- muneratório ou suprime vantagem pecuniária de servidor pú-
rança tem início com a ciência inequívoca do ato lesivo pelo blico e não se renova mensalmente inicia-se com a ciência
interessado. do ato impugnado.
5) A verificação da existência de direito líquido e certo, em sede 8) O prazo decadencial para impetração de mandado de segu-
de mandado de segurança, não tem sido admitida em recurso rança não se suspende nem se interrompe com a interposi-
especial, pois é exigido o reexame de matéria fático-probatória, ção de pedido de reconsideração na via administrativa ou de
o que é vedado em razão da Súmula n. 7/STJ. recurso administrativo desprovido de efeito suspensivo.
6) A ação mandamental não constitui via adequada para o 9) Admite-se a emenda à petição inicial de mandado de se-
reexame das provas produzidas em Processo Administrativo gurança para a correção de equívoco na indicação da autori-
Disciplinar PAD. dade coatora, desde que a retificação do polo passivo não
7) Não cabe mandado de segurança para conferir efeito sus- implique alterar a competência judiciária e que a autoridade
pensivo ativo a recurso em sentido estrito interposto contra erroneamente indicada pertença à mesma pessoa jurídica da
decisão que concede liberdade provisória ao acusado. autoridade de fato coatora.
9) A impetração de mandado de segurança contra ato judicial é 10) O Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão
medida excepcional, admissível somente nas hipóteses em possui legitimidade para figurar no polo passivo de ação man-
que se verifica de plano decisão teratológica, ilegal ou abu- damental impetrada com o intuito de ensejar a nomeação em
siva, contra a qual não caiba recurso. cargos relativos ao quadro de pessoal do Banco Central do Bra-
10) O cabimento de mandado de segurança contra decisão de sil BACEN.
órgão fracionário ou de relator do Superior Tribunal de Justiça é 11) As autarquias possuem autonomia administrativa, financeira
medida excepcional autorizada apenas em situações de mani- e personalidade jurídica própria, distinta da entidade política à
festa ilegalidade ou teratologia. qual estão vinculadas, razão pela qual seus dirigentes têm le-
12) É incabível mandado de segurança que tem como pedido gitimidade passiva para figurar como autoridades coatoras
autônomo a declaração de inconstitucionalidade de norma, em ação mandamental.
por se caracterizar mandado de segurança contra lei em tese. 13) A impetração de mandado de segurança interrompe o pra-
(Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 TEMA 430) zo prescricional em relação à ação de repetição do indébito tri-
13) É necessária a efetiva comprovação do recolhimento feito a butário, de modo que somente a partir do trânsito em julgado
maior ou indevidamente para fins de declaração do direito à do mandamus se inicia a contagem do prazo em relação à ação
compensação tributária em sede de mandado de segurança. ordinária para a cobrança dos créditos indevidamente recolhi-
(Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 TEMA 118) (Sú- dos.
mula n. 213/STJ) 14) A impetração de mandado de segurança interrompe a
15) O mandado de segurança não pode ser utilizado com o in- fluência do prazo prescricional no tocante à ação ordinária, o
tuito de obter provimento genérico aplicável a todos os casos qual somente tornará a correr após o trânsito em julgado da
futuros de mesma espécie. decisão.
EDIÇÃO N. 91: MANDADO DE SEGURANÇA - III
1) Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre pro- A teoria da encampação é o ingresso da au-
cessamento e pagamento de precatório não têm caráter juris- toridade coatora correta ou da pessoa ju-
dicional (Súmula n. 311/STJ) e, por isso, podem ser combatidos rídica a que ela pertença no feito para su-
pela via mandamental. primir o vício e, em decorrência permite o
2) É incabível mandado de segurança para conferir efeito julgamento do mandado de segurança.
suspensivo a agravo em execução interposto pelo Ministério Nesse caso, deve o juiz determinar a emenda
Público. da inicial ou, na hipótese de erro escusável,
3) O mandado de segurança não pode ser utilizado como TEORIA DA corrigi-lo de ofício, e não extinguir o processo
meio para se buscar a produção de efeitos patrimoniais pre- ENCAMPAÇÃO sem julgamento do mérito, apesar da autori-
téritos, uma vez que não se presta a substituir ação de cobran- dade coatora ser incorreta poderia prosseguir
ça, nos termos das Súmulas n. 269 e 271 do Supremo Tribunal pela pessoa jurídica. Para aplicar tal teoria ne-
Federal. cessita preencher alguns requisitos:
4) Não configura ação de cobrança a impetração de mandado A) entre encampante e encampado ocorra
de segurança visando a desconstituir ato administrativo que vínculo hierárquico.
nega conversão em pecúnia de férias não gozadas, afastando-se B) que o ingresso do encampante não modi-
as restrições previstas nas Súmulas n. 269 e 271 do Supremo Tri- fique a competência para o julgamento do
bunal Federal. mandado de segurança.
5) O mandado de segurança é meio processual adequado para C) as informações prestadas pela autoridade
controle do cumprimento das portarias de concessão de anistia encampada tenham esclarecido a questão.
política, afastando-se as restrições das Súmulas n. 269 e 271 do
Supremo Tribunal Federal.

26
DIA 17 social, bem como no de requisição, em caso de perigo público
iminente.
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imó-
vel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininter-
Código Civil: art 1125-1298 rupta e de boa-fé, por mais de 5 anos, de considerável núme-
Código Processo Civil: art. 797-861 ro de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto
LEI 12562/11 – Representação Interventiva ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de
LEI 1579/52 – CPI interesse social e econômico relevante.
LEI 9868/99 – ADI § 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa in-
LEI 9882/99 – ADPF denização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a senten-
Lei 11417/06 - SV ça como título para o registro do imóvel em nome dos possuido-
res.
CÓDIGO CIVIL
JDC49 Interpreta-se restritivamente a regra do art. 1.228, § 2º,
TÍTULO II do novo Código Civil, em harmonia com o princípio da função
Dos Direitos Reais social da propriedade e com o disposto no art. 187.
CAPÍTULO ÚNICO JDC82 É constitucional a modalidade aquisitiva de proprie-
Disposições Gerais dade imóvel prevista nos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo
Art. 1.225. São direitos reais: Código Civil.
I - a propriedade; JDC82 Nas ações reivindicatórias propostas pelo Poder Pú-
II - a superfície; blico, não são aplicáveis as disposições constantes dos §§ 4º
III - as servidões; e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil.
IV - o usufruto; JDC83 A defesa fundada no direito de aquisição com base no in-
V - o uso; teresse social (art. 1.228, §§ 4º e 5º, do novo Código Civil) deve
VI - a habitação; ser argüida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios res-
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; ponsáveis pelo pagamento da indenização.
VIII - o penhor; JDC240 A justa indenização a que alude o § 5º do art. 1.228 não
IX - a hipoteca; tem como critério valorativo, necessariamente, a avaliação téc-
X - a anticrese. nica lastreada no mercado imobiliário, sendo indevidos os juros
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; compensatórios.
XII - a concessão de direito real de uso; e JDC241 O registro da sentença em ação reivindicatória, que
XIII - a laje. opera a transferência da propriedade para o nome dos possui-
dores, com fundamento no interesse social (art. 1.228, § 5º), é
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando consti- condicionada ao pagamento da respectiva indenização, cujo
tuídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com prazo será fixado pelo juiz.
a tradição. JDC304 São aplicáveis as disposições dos §§ 4º e 5º do art.
1.228 do Código Civil às ações reivindicatórias relativas a
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou trans- bens públicos dominicais, mantido, parcialmente, o Enunciado
mitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no 83 da I Jornada de Direito Civil, no que concerne às demais clas-
Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 sificações dos bens públicos.
a 1.247), salvo os casos expressos neste Código. JDC305 Tendo em vista as disposições dos §§ 3º e 4º do art.
1.228 do Código Civil, o Ministério Público tem o poder-
TÍTULO III dever de atuar nas hipóteses de desapropriação, inclusive a
DA PROPRIEDADE indireta, que encerrem relevante interesse público, determinado
CAPÍTULO I pela natureza dos bens jurídicos envolvidos.
Da Propriedade em Geral JDC306 A situação descrita no § 4º do art. 1.228 do Código Civil
Seção I enseja a improcedência do pedido reivindicatório.
Disposições Preliminares JDC307 Na desapropriação judicial (art. 1.228, § 4º), poderá
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor o juiz determinar a intervenção dos órgãos públicos compe-
da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que in- tentes para o licenciamento ambiental e urbanístico.
justamente a possua ou detenha. JDC308 A justa indenização devida ao proprietário em caso
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância de desapropriação judicial (art. 1.228, § 5º) somente deverá
com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que ser suportada pela Administração Pública no contexto das
sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei políticas públicas de reforma urbana ou agrária, em se tra-
especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológi- tando de possuidores de baixa renda e desde que tenha ha-
co e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a polui- vido intervenção daquela nos termos da lei processual. Não
ção do ar e das águas. sendo os possuidores de baixa renda, aplica-se a orientação do
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qual- Enunciado 84 da I Jornada de Direito Civil.
quer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela inten- JDC309 O conceito de posse de boa-fé de que trata o art. 1.201
ção de prejudicar outrem. do Código Civil não se aplica ao instituto previsto no § 4º do art.
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de de- 1.228.
sapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse JDC310 Interpreta-se extensivamente a expressão “imóvel

1
reivindicado” (art. 1.228, § 4º), abrangendo pretensões tanto
no juízo petitório quanto no possessório. Art. 1.237. Decorridos 60 dias da divulgação da notícia pela im-
JDC496 O conteúdo do art. 1.228, §§ 4º e 5º, pode ser objeto prensa, ou do edital, não se apresentando quem comprove a pro-
de ação autônoma, não se restringindo à defesa em preten- priedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e, de-
sões reivindicatórias. duzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobri-
JDC508 Verificando-se que a sanção pecuniária mostrou-se dor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscri-
ineficaz, a garantia fundamental da função social da propri- ção se deparou o objeto perdido.
edade (arts. 5º, XXIII, da CRFB e 1.228, § 1º, do CC) e a vedação Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município
ao abuso do direito (arts. 187 e 1.228, § 2º, do CC) justificam a abandonar a coisa em favor de quem a achou.
exclusão do condômino antissocial, desde que a ulterior as-
sembleia prevista na parte final do parágrafo único do art. 1.337 CAPÍTULO II
do Código Civil delibere a propositura de ação judicial com esse Da Aquisição da Propriedade Imóvel
fim, asseguradas todas as garantias inerentes ao devido proces- Seção I
so legal. DA USUCAPIÃO
Art. 1.238. [USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA] Aquele que, por 15
anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e
imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de tí-
subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu
tulo e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por
exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades
sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de
que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundi-
Registro de Imóveis.
dade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a
10 anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua
Art. 1.230. A propriedade do solo NÃO ABRANGE as jazidas, mi-
moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de cará-
nas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hi-
ter produtivo.
dráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referi-
dos por leis especiais.
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar JDC312 Observado o teto constitucional, a fixação da área máxi-
os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, ma para fins de usucapião especial rural levará em considera-
desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido ção o módulo rural e a atividade agrária regionalizada.
o disposto em lei especial. JDC564 As normas relativas à usucapião extraordinária (art.
1.238, caput, CC) e à usucapião ordinária (art. 1.242, caput, CC),
Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até por estabelecerem redução de prazo em benefício do possuidor,
prova em contrário. têm aplicação imediata, não incidindo o disposto no art. 2.028
do Código Civil.
Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda
quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito ju- Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou
rídico especial, couberem a outrem. urbano, possua como sua, por 5 anos ininterruptos, sem oposi-
ção, área de terra em ZONA RURAL não superior a 50 hecta-
Seção II res, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
Da Descoberta tendo nela sua moradia, ADQUIRIR-LHE-Á A PROPRIEDADE.
Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de res-
tituí-la ao dono ou legítimo possuidor. JDC313 Quando a posse ocorre sobre área superior aos limites
Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por en- legais, não é possível a aquisição pela via da usucapião especial,
contrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à auto- ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se quer usuca-
ridade competente. pir.
JDC594 É possível adquirir a propriedade de área menor do
Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do ar- que o módulo rural estabelecido para a região, por meio da
tigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a usucapião especial rural.
5% do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver
feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, ÁREA URBANA de até
preferir abandoná-la.
250 m2, por 5 anos ininterruptamente e sem oposição, utili-
Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa,
zando-a para sua moradia ou de sua família, ADQUIRIR-LHE-Á O
considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para en-
DOMÍNIO, desde que não seja proprietário de outro imóvel urba-
contrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que te-
no ou rural.
ria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.
§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado
Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao
civil.
proprietário ou possuidor legítimo, quando tiver procedido com
§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reco-
dolo.
nhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da des-


coberta através da imprensa e outros meios de informação, so- JDC85 Para efeitos do art. 1.240, caput, do novo Código Civil,
mente expedindo editais se o seu valor os comportar. entende-se por "área urbana" o imóvel edificado ou não,

2
inclusive unidades autônomas vinculadas a condomínios JDC86 A expressão “justo título” contida nos arts. 1.242 e 1.260
edilícios. do Código Civil abrange todo e qualquer ato jurídico hábil, em
JDC314 Para os efeitos do art. 1.240, não se deve computar, tese, a transferir a propriedade, independentemente de registro.
para fins de limite de metragem máxima, a extensão compreen- JDC569 No caso do art. 1.242, parágrafo único, a usucapião,
dida pela fração ideal correspondente à área comum. como matéria de defesa, prescinde do ajuizamento da ação
de usucapião, visto que, nessa hipótese, o usucapiente já é o ti-
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 anos ininterruptamente tular do imóvel no registro.
e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre IMÓ-
VEL URBANO de até 250m² cuja propriedade divida com ex- Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo
cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a
para sua moradia ou de sua família, ADQUIRIR-LHE-Á O DOMÍ- dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que TODAS sejam
NIO INTEGRAL, desde que não seja proprietário de outro contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título
imóvel urbano ou rural. e de boa-fé.
§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mes-
mo possuidor mais de uma vez. JDC317 A ACCESSIO POSSESSIONIS de que trata o art. 1.243,
primeira parte, do Código Civil não encontra aplicabilidade
JDC498 A fluência do prazo de 2 anos previsto pelo art. 1.240-A relativamente aos arts. 1.239 e 1.240 do mesmo diploma le-
para a nova modalidade de usucapião nele contemplada tem gal, em face da normatividade do usucapião constitucional
início com a entrada em vigor da Lei n. 12.424/2011. urbano e rural, arts. 183 e 191, respectivamente.
JDC595 O requisito "abandono do lar" deve ser interpretado JDC596 O condomínio edilício pode adquirir imóvel por usu-
na ótica do instituto da usucapião familiar como abandono capião.
voluntário da posse do imóvel somado à ausência da tutela
da família, não importando em averiguação da culpa pelo Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao deve-
fim do casamento ou união estável. dor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrom-
JDC500 A modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-A do pem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.
Código Civil pressupõe a propriedade comum do casal e
compreende todas as formas de família ou entidades famili-
- Comum
ares, inclusive homoafetivas.
- Posse ad usucapionem por 10 anos
JDC501 As expressões “ex-cônjuge” e “ex-companheiro”,
- Justo título. Ex. contrato, compro-
contidas no art. 1.240-A do Código Civil, correspondem à situ-
misso de compra e venda.
ação fática da separação, independentemente de divórcio.
- Boa fé subjetiva (art. 1.201) se o
JDC502 O conceito de posse direta referido no art. 1.240-A do
possuidor ignora o vício, ou o obs-
Código Civil não coincide com a acepção empregada no art.
táculo que impede a aquisição da
1.197 do mesmo Código.
coisa.
JDC503 É relativa a presunção de propriedade decorrente do
registro imobiliário, ressalvado o sistema Torrens. - Por posse trabalho
USUCAPIÃO ORDINÁRIA
- Requisito material - Destinação
ART. 1242, CC
Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada ad- positiva dada à coisa: moradia ou
quirida, mediante usucapião, a propriedade imóvel. realização de investimentos de inte-
Não importa o tamanho
Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo cons- resse social e econômico relevante
do imóvel
tituirá título hábil para o registro no Cartório de Registro de - Prazo cai para 5 anos
Imóveis. - Requisito formal: aquisição onero-
sa que foi cancelada. Ex.: compro-
misso de compra e venda que foi re-
JDC315 O art. 1.241 do Código Civil permite ao possuidor que
gistrado e foi cancelado. Esse requi-
figurar como réu em ação reivindicatória ou possessória formu-
sito regra o chamado usucapião ta-
lar pedido contraposto e postular ao juiz seja declarada adquiri-
bular.
da, mediante usucapião, a propriedade imóvel, valendo a sen-
O legislador exigiu um justo título
tença como instrumento para registro imobiliário, ressalvados
especial, que consiste no título que
eventuais interesses de confinantes e terceiros.
já esteve registrado em nome do
possuidor.
Art. 1.242. [USUCAPIÃO ORDINÁRIA] Adquire também a pro- Obs. doutrina majoritária exige os
priedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, dois requisitos.
com justo título e boa-fé, o possuir por 10 anos.
Parágrafo único. Será de 5 anos o prazo previsto neste artigo se o - Comum
imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no re- - Posse ad usucapionem por 15 anos
gistro constante do respectivo cartório, cancelada posterior- - A boa-fé e o justo título presu-
mente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a USUCAPIÃO mem-se de forma absoluta.
sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e EXTRAORDINÁRIA
- Por posse trabalho
econômico. ART. 1238, CC
- Estabelecimento da moradia ou
realização de investimentos de cará-
Não importa o tamanho

3
do imóvel ter produtivo soas
- NÃO PRECISA de boa-fé nem de - estiver por mais de 5 anos
justo título - na posse ininterrupta e de boa-fé
- Prazo cai para 10 anos - de extensa área
- e nela houverem realizado, em
- NÃO SÃO EXIGIDOS O JUSTO TÍ-
conjunto ou separadamente, obras e
USUCAPIÃO TULO E A BOA-FÉ.
serviços considerados pelo juiz de
CONSTITUCIONAL - Imóvel rural até 50 hectares
interesse social e econômico rele-
ESPECIAL RURAL - Posse ad usucapionem por 5 anos
RURAL COLETIVA vante.
(USUCAPIÃO AGRÁRIA - Utilização do imóvel para subsis-
(art. 1.228, §§ e 4º e 5º Neste caso, o juiz fixará a justa inde-
OU PRO LABORE) tência ou trabalho pelo possuidor
do CC) nização devida ao proprietário; pago
ART. 191, CAPUT CF, ou sua família (moradia)
o preço, valerá a sentença como tí-
ART. 1239 CC - Não pode ser proprietário de ou-
tulo para o registro do imóvel em
tro imóvel rural ou urbano
nome dos possuidores.
- Urbana individual Alguns doutrinadores, especial-
USUCAPIÃO - Área urbana não superior a mente civilistas, afirmam que esse
CONSTITUCIONAL OU 250m². instituto tem natureza jurídica de
ESPECIAL URBANA - Posse ad usucapionem por 5 anos “usucapião”. Outros autores, no
(URBANA INDIVIDUAL - Imóvel destinado para moradia do entanto, sustentam que se trata
OU PRO MISERO) possuidor ou de sua família de uma hipótese de “desapropria-
ART. 183 CF, ART. 1240 - Não pode ser proprietário de ou- ção”, considerando a posição to-
CC E ART. 9º ESTATUTO tro imóvel urbano ou rural. pográfica (o § 3º do art. 1.228
DA CIDADE. - Só pode ser reconhecido uma está tratando sobre desapropria-
vez (é requisito apenas da usuca- ção) e o fato de se exigir paga-
pião urbana) mento de indenização.
- É na vara cível e não na de família. Requisitos:
- Posse ad usucapionem por 2 anos a) posse da terra por índio (integra-
- Posse direta. Enunciado 502 – não do ou não)
necessariamente é a posse direita b) por 10 anos consecutivos
do art. 1197. Para dar compatibili- INDÍGENA c) devendo ocupar como se fosse
USUCAPIÃO dade ao fato do artigo permitir a (art. 33 do Estatuto do próprio trecho de terra inferior a 50
ESPECIAL URBANA POR moradia da família. Índio) hectares.
ABANDONO DO LAR - Imóvel urbano até 250m². Não é possível a usucapião indí-
ART. 1240-A, CC - Imóvel em copropriedade ou em gena de:
condomínio com o cônjuge ou com- • terras do domínio da União;
panheiro. Obs. qualquer forma de • terras ocupadas por grupos tribais;
família. Enunciado 500 da JDC. • áreas reservadas segundo o Esta-
- Abandono do lar. Obs.: basta ser tuto do Índio;
separação de fato. • terras de propriedade coletiva de
- Utilizar para moradia ou de sua fa- grupo tribal
mília (crítica – exige posse direita e
Trata-se da possibilidade de o réu,
fala que pode ser família)
em uma ação de invalidade de re-
- Não pode ser proprietário de imó-
TABULAR gistro público, alegar a usucapião
vel urbano ou rural
(CONVALESCENÇA em seu favor. O juiz, na mesma
- Somente uma vez
REGISTRAL) (art. 214, § sentença que reconhece a invalida-
USUCAPIÃO - Área urbana – área total dividida 5º, da Lei 6.015/73) de do registro, declara a ocorrência
ESPECIAL URBANA pelo número de possuidores seja de usucapião, concedendo ao réu a
COLETIVA inferior a 250m2 por possuidor propriedade do bem. A usucapião
ART. 10 DO - Posse ad usucapionem por 5 anos tabular tem relação com a usucapi-
ESTATUTO DA - Núcleos urbanos informais ão ordinária do art. 1.242, parágrafo
CIDADE - Moradia único, porque exige do possuidor
(USUCAPIÃO - Impossibilidade de reconhecimen- justo título e boa-fé
FAVELADA) to da área de cada possuidor.
O art. 68 do ADCT da CF/88 confere
- Não pode ser proprietário de ou-
proteção especial aos territórios
tro imóvel urbano ou rural.
ocupados pelos remanescentes qui-
- Não exige justo título e boa fé.
DE QUILOMBOLAS lombolas:
- Rito sumário
(art. 68 do ADCT) Art. 68. Aos remanescentes das co-
O proprietário pode ser privado da munidades dos quilombos que este-
coisa se: jam ocupando suas terras É RECO-
- um considerável número de pes- NHECIDA A PROPRIEDADE DEFI-

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NITIVA, devendo o Estado emitir- § 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante
lhes os títulos respectivos. continua a ser havido como dono do imóvel.
O que são as terras dos quilombo- § 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a de-
las? São as áreas ocupadas pelos cretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o
remanescentes das comunidades adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
dos quilombos e utilizadas por
este grupo social para a sua re- JDC87 Considera-se também título translativo, para fins do
produção física, social, econômica art. 1.245 do novo Código Civil, a promessa de compra e ven-
e cultural. da devidamente quitada
O que são remanescentes das co-
munidades dos quilombos? Existe Art. 1.246. O registro É EFICAZ desde o momento em que se
uma grande discussão antropológi- apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no
ca sobre isso, mas, de maneira bem protocolo.
simples, os grupos que hoje são
considerados remanescentes de Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o
comunidades de quilombos são interessado reclamar que se retifique ou anule.
agrupamentos humanos de afro- Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário rei-
descendentes que se formaram vindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do
durante o sistema escravocrata ou terceiro adquirente.
logo após a sua extinção. Alguns
doutrinadores afirmam que esse ins-
JDC 624 A anulação do registro, prevista no art. 1.247 do Código
tituto teria natureza jurídica de “usu-
Civil, não autoriza a exclusão dos dados invalidados do teor da
capião”. Essa, contudo, não é a po-
matrícula.
sição que prevalece, considerando
que o fundamento jurídico para
esse direito de propriedade não é Seção III
a posse mansa, pacífica e por de- Da Aquisição por Acessão
terminado prazo. A fonte desse Art. 1.248. A acessão pode dar-se:
direito é uma decisão do legisla- I - por formação de ilhas;
dor constituinte. A previsão do art. II - por aluvião;
68 do ADCT foi uma forma que o III - por avulsão;
constituinte encontrou de homena- IV - por abandono de álveo;
gear “o papel protagonizado pelos V - por plantações ou construções.
quilombolas na resistência ao injus-
to regime escravista” (Min. Rosa We- Usucapião e Acessão são modos ORIGINÁRIOS de aquisição da
ber). propriedade imóvel.
*Algumas informações foram retiradas da tabela MODALIDADES DE USUCAPI-
ÃO do dizerodireito Subseção I
Das Ilhas
SÚMULAS SOBRE USUCAPIÃO Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou par-
ticulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, ob-
STF
servadas as regras seguintes:
Súmula 237-STF: O usucapião pode ser arguido em defesa. I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acrésci-
Súmula 263-STF: O possuidor deve ser citado, pessoalmente, mos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas
para a ação de usucapião. as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que di-
Súmula 340-STF: Desde a vigência do Código Civil, os bens do- vidir o álveo em duas partes iguais;
minicais, como os demais bens públicos, não podem ser adqui- II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens
ridos por usucapião consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros
Súmula 391-STF: O confinante certo deve ser citado pessoal- desse mesmo lado;
mente para a ação de usucapião. III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço
do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à
STJ
custa dos quais se constituíram.
Súmula 11-STJ: A presença da União ou de qualquer de seus
entes, na ação de usucapião especial, não afasta a competên- Subseção II
cia do foro da situação do imóvel. Da Aluvião
Súmula 193-STJ: O direito de uso de linha telefônica pode ser Art. 1.250. Os acréscimos formados, SUCESSIVA e IMPERCEPTI-
adquirido por usucapião. VELMENTE, por depósitos e aterros naturais ao longo das mar-
gens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem
Seção II aos donos dos terrenos marginais, SEM INDENIZAÇÃO.
Da Aquisição pelo Registro do Título Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na pro-
registro do título translativo no Registro de Imóveis. porção da testada de cada um sobre a antiga margem.

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Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de
Subseção III não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de
Da Avulsão boa-fé os empregou em solo alheio.
Art. 1.251. Quando, por FORÇA NATURAL VIOLENTA, uma por- Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou ma-
ção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono teriais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização
deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o devida, quando não puder havê-la do plantador ou constru-
dono do primeiro ou, sem indenização, se, em 1 ano, nin- tor.
guém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio,
dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquies- invade solo alheio em proporção não superior à vigésima par-
cer a que se remova a parte acrescida. te deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da
parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o
ALUVIÃO AVULSÃO dessa parte, e responde por indenização que represente, tam-
bém, o valor da área perdida e a desvalorização da área rema-
Acréscimos formados, SUCES- Por FORÇA NATURAL VIO- nescente.
SIVA e IMPERCEPTIVELMEN- LENTA, uma porção de terra se Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previs-
TE destacar de um prédio e se tos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade
juntar a outro da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima
SEM INDENIZAÇÃO COM INDENIZAÇÃO: adquirirá parte deste e o valor da construção exceder consideravelmen-
a propriedade dos acréscimos te o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora
se indenizar sem grave prejuízo para a construção.
SEM INDENIZAÇÃO: se em 1
ano ninguém tiver reclamado JDC318 O direito à aquisição da propriedade do solo em favor
do construtor de má-fé (art. 1.258, parágrafo único) somente é
Subseção IV viável quando, além dos requisitos explícitos previstos em lei,
Do Álveo Abandonado houver necessidade de proteger terceiros de boa-fé.
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos propri-
etários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indeni- Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo
zação os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade
curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que
o meio do álveo. abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da
área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de
Subseção V má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as
Das Construções e Plantações perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um ter-
reno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que
se prove o contrário. CAPÍTULO III
Da Aquisição da Propriedade Móvel
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno Seção I
próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a Da Usucapião
propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e
além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé. incontestadamente durante 3 anos, com justo título e boa-fé,
adquirir-lhe-á a propriedade.
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno
alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plan- Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por 5 anos,
tas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indeni- produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé.
zação.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consi- USUCAPIÃO DE BEM MÓVEL
deravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plan-
tou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA
pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver 3 anos 5 anos
acordo.
Com justo título e boa-fé Independe de justo título e
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o pro- boa-fé
prietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir
o valor das acessões. Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o arts. 1.243 e 1.244.
trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e
sem impugnação sua. Seção II
Da Ocupação

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Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo Da Confusão, da Comissão e da Adjunção
lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas,
lei. misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam
a pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração.
Seção III § 1o Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo
Do Achado do Tesouro dispêndio excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada
Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo um dos donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que
dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprie- entrou para a mistura ou agregado.
tário do prédio e o que achar o tesouro casualmente. § 2o Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-
lo-á do todo, indenizando os outros.
Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do
prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de
por terceiro não autorizado. má-fé, à outra parte caberá escolher entre adquirir a propriedade
do todo, pagando o que não for seu, abatida a indenização que
Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividi- lhe for devida, ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que
do por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por será indenizado.
inteiro quando ele mesmo seja o descobridor.
Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar
Seção IV espécie nova, à confusão, comissão ou adjunção aplicam-se as
Da Tradição normas dos arts. 1.272 e 1.273.
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos ne-
gócios jurídicos antes da tradição. OBJETIVA: mistura de coisas líquidas, impossí-
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmi- vel de separá-las
tente continua a possuir pelo constituto possessório; quando CONFUSÃO
cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se en- SUBJETIVA: modo de extinção de obrigações,
contra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está pela reunião, na mesma pessoa, das qualidades
na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico. de credor e devedor
COMISSÃO Mistura de coisas sólidas, de forma que não se
Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não possam separá-los
aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em
leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circuns- Justaposição de uma coisa à outra, de modo
tâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pes - ADJUNÇÃO que não seja possível separar o acessório do
soa, o alienante se afigurar dono. principal, sem deterioração.
§ 1o Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir de-
pois a propriedade, considera-se realizada a transferência desde o CAPÍTULO IV
momento em que ocorreu a tradição. Da Perda da Propriedade
§ 2o Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se
título um negócio jurídico NULO. a propriedade:
I - por alienação;
Seção V II - pela renúncia;
Da Especificação III - por abandono;
Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em par- IV - por perecimento da coisa;
te alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não V - por desapropriação.
se puder restituir à forma anterior. Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II (alienação e renún-
cia), os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordina-
Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir dos ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo
à forma precedente, será do especificador de boa-fé a espécie no Registro de Imóveis.
nova.
§ 1o Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a es- JDC565 Não ocorre a perda da propriedade por abandono de
pécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria- resíduos sólidos, que são considerados bens socioambientais,
prima. nos termos da Lei n. 12.305/2012.
§ 2o Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da
escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à
Art. 1.276. O IMÓVEL URBANO que o proprietário abandonar,
matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu va-
com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e
lor exceder consideravelmente o da matéria-prima.
que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecada-
do, como bem vago, e passar, 3 anos depois, à propriedade do
Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270,
Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas cir-
se ressarcirá o dano que sofrerem, menos ao especificador de
cunscrições.
má-fé, no caso do § 1 o do artigo antecedente, quando irredutível
§ 1o O IMÓVEL situado na zona RURAL, abandonado nas mesmas
a especificação.
circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar,
3 anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se lo-
Seção VI
calize.

7
§ 2o Presumir-se-á de MODO ABSOLUTO a intenção a que se re- Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, pre-
fere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o sume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinan-
proprietário de satisfazer os ônus fiscais. tes.

JDC242 A aplicação do art. 1.276 depende do devido processo Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a es-
legal, em que seja assegurado ao interessado demonstrar a trema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divi-
não-cessação da posse. sório, pelo proprietário do terreno invadido.
JDC243 A presunção de que trata o § 2 º do art. 1.276 não pode
ser interpretada de modo a contrariar a norma-princípio do art. Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho perten-
150, inc. IV, da Constituição da República. cem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade
JDC316 Eventual ação judicial de abandono de imóvel, caso particular.
procedente, impede o sucesso de demanda petitória.
JDC597 A posse impeditiva da arrecadação, prevista no art. Seção III
1.276 do Código Civil, é efetiva e qualificada por sua função so- Da Passagem Forçada
cial. Art. 1.285. O dono do prédio que NÃO TIVER ACESSO a via pú-
blica, nascente ou porto, pode, MEDIANTE PAGAMENTO DE
INDENIZAÇÃO cabal, constranger o vizinho a lhe dar passa-
CAPÍTULO V
gem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.
Dos Direitos de Vizinhança
§ 1o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais na-
SÚMULA SOBRE DIREITO DE VIZINHANÇA tural e facilmente se prestar à passagem.
Súmula 120-STF: Parede de tijolos de vidro translúcido pode § 2o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das
ser levantada a menos de metro e meio do prédio vizinho, não partes perca o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprie-
importando servidão sobre ele tário da outra deve tolerar a passagem.
§ 3o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando,
Seção I
antes da alienação, existia passagem através de imóvel vizinho,
Do Uso Anormal da Propriedade
Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o di-
reito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, JDC88 O direito de passagem forçada, previsto no art. 1.285 do
ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utili- CC, também é garantido nos casos em que o acesso à via
zação de propriedade vizinha. pública for insuficiente ou inadequado, consideradas, in-
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a clusive, as necessidades de exploração econômica.
natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as nor-
mas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordiná- PASSAGEM FORÇADA SERVIDÃO DE PASSAGEM
rios de tolerância dos moradores da vizinhança.
Art. 1285. O dono do prédio Art. 1.378. A servidão propor-
que NÃO TIVER ACESSO a via ciona utilidade para o prédio
JDC319 A condução e a solução das causas envolvendo conflitos
pública, nascente ou porto, dominante, e grava o prédio
de vizinhança devem guardar estreita sintonia com os princípios
pode, mediante pagamento serviente, que pertence a di-
constitucionais da intimidade, da inviolabilidade da vida privada
de indenização cabal, cons- verso dono, e constitui-se me-
e da proteção ao meio ambiente.
tranger o vizinho a lhe dar pas- diante declaração expressa
sagem, cujo rumo será judicial- dos proprietários, ou por tes-
Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo antecedente não pre- mente fixado, se necessário tamento, e subsequente regis-
valece quando as interferências forem justificadas por inte- tro no Cartório de Registro de
resse público, caso em que o proprietário ou o possuidor, causa- Imóveis
dor delas, pagará ao vizinho indenização cabal.
Fonte: Lei Fonte: Ato de Vontade, por via
Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas contratual, testamentária.
as interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou Excepcionalmente da usuca-
eliminação, quando estas se tornarem possíveis. pião
Direito de Vizinhança: Obri- Direito Real: O elemento real
Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do gação propter rem - O ele- se realça na vinculação do pro-
dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, mento obrigacional é fornecido prietário como sujeito passivo
quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo pelo conteúdo da obrigação da obrigação
dano iminente.
NÃO Pode ser usucapido Pode ser usucapido
Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que Dispensa Registro e surgem Requer Registro no Cartório
alguém tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano imi- da existência de contiguidade de Registro de Imóveis, para
nente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o pre- entre os prédios que se constitua
juízo eventual.
O sujeito é pessoa definida, Os efeitos são erga omnes,
Seção II ou seja, a exigência é feia por e sem qualquer exceção, ou
Das Árvores Limítrofes contra pessoa que em determi- seja, podem ser exigidos contra
nado momento é plenamente qualquer pessoa, exceto o pró-

8
determinada, embora essa de- prio titular JDC244 O art. 1.291 deve ser interpretado conforme a Constitui-
terminação ocorra de modo in- ção, não sendo facultada a poluição das águas, quer sejam
direto, pois pode ser o próprio essenciais ou não às primeiras necessidades da vida.
proprietário, ou possuidor, ou
detentor, ou usufrutuário, ou Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir barragens, açu-
outro des, ou outras obras para represamento de água em seu prédio;
Finalidade: Evitar que a pro- Finalidade: Comunicação se as águas represadas invadirem prédio alheio, será o seu propri-
priedade fique sem destina- mais fácil e próxima, conve- etário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefí-
ção ou utilização econômica niência e comodidade cio obtido.
por conta do encravamento
Art. 1.293. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia in-
Há diretos e deveres recíprocos O proprietário do prédio domi- denização aos proprietários prejudicados, construir canais, através
nante desfruta de uma prerro- de prédios alheios, para receber as águas a que tenha direito, in-
gativa sobre o prédio serviente, dispensáveis às primeiras necessidades da vida, e, desde que não
sem que a recíproca seja ver- cause prejuízo considerável à agricultura e à indústria, bem como
dadeira para o escoamento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a dre-
Indenização: Condição im- Indenização: Não obrigatória. nagem de terrenos.
posta por lei. § 1o Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste di-
reito a ressarcimento pelos danos que de futuro lhe advenham da
infiltração ou irrupção das águas, bem como da deterioração das
Seção IV
obras destinadas a canalizá-las.
Da Passagem de Cabos e Tubulações
§ 2o O proprietário prejudicado poderá exigir que seja subterrâ-
Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda,
nea a canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, hortas,
também, à desvalorização da área remanescente, o proprietário
jardins ou quintais.
É OBRIGADO A TOLERAR a passagem, através de seu imóvel, de
§ 3o O aqueduto será construído de maneira que cause o menor
cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de
prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do
utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando
seu dono, a quem incumbem também as despesas de conserva-
de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa.
ção.
Parágrafo único. O proprietário prejudicado pode exigir que a ins-
talação seja feita de modo menos gravoso ao prédio onerado,
bem como, depois, seja removida, à sua custa, para outro local do JDC245 Embora omisso acerca da possibilidade de canalização
imóvel. forçada de águas por prédios alheios, para fins industriais ou
agrícolas, o art. 1.293 não exclui a possibilidade da canalização
Art. 1.287. Se as instalações oferecerem grave risco, será facul- forçada pelo vizinho, com prévia indenização aos proprietários
tado ao proprietário do prédio onerado exigir a realização de prejudicados.
obras de segurança. JDC598 Na redação do art. 1.293, "agricultura e indústria" não
são apenas qualificadores do prejuízo que pode ser causado
Seção V pelo aqueduto, mas também finalidades que podem justificar
Das Águas sua construção.
Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior É OBRIGA-
DO a receber as águas que correm naturalmente do superior, Art. 1.294. Aplica-se ao direito de aqueduto o disposto nos arts.
não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo; porém a 1.286 e 1.287.
condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser agra-
vada por obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior. Art. 1.295. O aqueduto não impedirá que os proprietários cer-
quem os imóveis e construam sobre ele, sem prejuízo para a sua
Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio segurança e conservação; os proprietários dos imóveis poderão
superior, ou aí colhidas, correrem dele para o inferior, poderá o usar das águas do aqueduto para as primeiras necessidades da
dono deste reclamar que se desviem, ou se lhe indenize o pre- vida.
juízo que sofrer.
Parágrafo único. Da indenização será deduzido o valor do benefí- Art. 1.296. Havendo no aqueduto águas supérfluas, outros pode-
cio obtido. rão canalizá-las, para os fins previstos no art. 1.293, mediante pa -
Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem gamento de indenização aos proprietários prejudicados e ao
águas pluviais, satisfeitas as necessidades de seu consumo, não dono do aqueduto, de importância equivalente às despesas que
pode impedir, ou desviar o curso natural das águas remanescen- então seriam necessárias para a condução das águas até o ponto
tes pelos prédios inferiores. de derivação.
Parágrafo único. Têm preferência os proprietários dos imóveis
Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as atravessados pelo aqueduto.
águas indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos pos-
suidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deverá re- Seção VI
cuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for pos- Dos Limites entre Prédios e do Direito de Tapagem
sível a recuperação ou o desvio do curso artificial das águas. Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou ta-
par de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode

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constranger o seu confinante a proceder com ele à demarca-
ção entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a re- Art. 799. Incumbe ainda ao exequente:
novar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se propor- I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anti-
cionalmente entre os interessados as respectivas despesas. crético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens grava-
§ 1o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais dos por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária;
como sebes vivas, cercas de arame ou de madeira, valas ou ban- II - requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação,
quetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos quando a penhora recair sobre bem gravado por usufruto, uso ou
os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformi- habitação;
dade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a pe-
iguais, para as despesas de sua construção e conservação. nhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de
§ 2o As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem compra e venda registrada;
de marco divisório, só podem ser cortadas, ou arrancadas, de co- IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando a pe-
mum acordo entre proprietários. nhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de
§ 3o A construção de tapumes especiais para impedir a passagem compra e venda registrada;
de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou concessio-
de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que nário, em caso de direito de superfície, enfiteuse, concessão de
não está obrigado a concorrer para as despesas. uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de
uso, quando a penhora recair sobre imóvel submetido ao regime
Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se do direito de superfície, enfiteuse ou concessão;
determinarão de conformidade com a posse justa; e, não se VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com regime
achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para
iguais entre os prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a
se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro. penhora recair sobre direitos do superficiário, do enfiteuta ou do
concessionário;
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de
quota social ou de ação de sociedade anônima fechada, para o
TÍTULO II fim previsto no art. 876, § 7o;
DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes;
CAPÍTULO I IX - proceder à averbação em registro público do ato de proposi-
DISPOSIÇÕES GERAIS tura da execução e dos atos de constrição realizados, para conhe-
Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em cimento de terceiros.
que tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no X - requerer a intimação do titular da construção-base, bem
interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito como, se for o caso, do titular de lajes anteriores, quando a pe-
de preferência sobre os bens penhorados. nhora recair sobre o direito real de laje;
Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo XI - requerer a intimação do titular das lajes, quando a penhora
bem, cada exequente conservará o seu título de preferência. recair sobre a construção-base.

Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente: FPPC447. (arts. 799, 804, 889, VIII e 1.072, I) O exequente deve
I - instruir a petição inicial com: providenciar a intimação da União, Estados e Municípios no
a) o título executivo extrajudicial; caso de penhora de bem tombado.
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositu- FPPC448. (arts. 799, VIII) As medidas urgentes previstas no art.
ra da ação, quando se tratar de execução por quantia certa; 799, VIII, englobam a tutela provisória urgente antecipada.
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se FPPC641. (arts.799, 843, 867, §5, e 889) O exequente deve provi -
for o caso; denciar a intimação do coproprietário no caso da penhora de
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que bem imóvel indivisível ou de direito real sobre bem imóvel indi-
lhe corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o execu- visível
tado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão median- JDPC104 O fornecimento de certidão para fins de averbação
te a contraprestação do exequente; premonitória (art. 799, IX, do CPC) independe de prévio des-
II - indicar: pacho ou autorização do juiz.
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de
um modo puder ser realizada; Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha cou-
b) os nomes completos do exequente e do executado e seus nú- ber ao devedor, esse será citado para exercer a opção e reali-
meros de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro zar a prestação dentro de 10 dias, se outro prazo não lhe foi de-
Nacional da Pessoa Jurídica; terminado em lei ou em contrato.
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível. § 1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer
Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter: no prazo determinado.
I - o índice de correção monetária adotado; § 2o A escolha será indicada na petição inicial da execução quan-
II - a taxa de juros aplicada; do couber ao credor exercê-la.
III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção
monetária e da taxa de juros utilizados; Art. 801. Verificando que a petição inicial está incompleta ou
IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; que não está acompanhada dos documentos indispensáveis à
V - a especificação de desconto obrigatório realizado.

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propositura da execução, o juiz determinará que o exequente a § 1o Ao despachar a inicial, o juiz poderá fixar multa por dia de
corrija, no prazo de 15 dias, sob pena de indeferimento. atraso no cumprimento da obrigação, ficando o respectivo va-
lor sujeito a alteração, caso se revele insuficiente ou excessivo.
Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a citação, des- § 2o Do mandado de citação constará ordem para imissão na
de que realizada em observância ao disposto no § 2 o do art. 240, posse ou busca e apreensão, conforme se tratar de bem imó-
INTERROMPE a prescrição, ainda que proferido por juízo in- vel ou móvel, cujo cumprimento se dará de imediato, se o
competente. executado não satisfizer a obrigação no prazo que lhe foi de-
Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à data signado.
de propositura da ação.
FPPC449. (art. 806 do CPC/1973) O art. 806 do CPC de 1973
Art. 803. É NULA a execução se: aplica-se às cautelares propostas antes da entrada em vigor do
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obriga- CPC de 2015.
ção certa, líquida e exigível;
II - o executado não for regularmente citado;
Art. 807. Se o executado entregar a coisa, será lavrado o termo
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocor-
respectivo e considerada satisfeita a obrigação, prosseguindo-se
rer o termo.
a execução para o pagamento de frutos ou o ressarcimento de
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pro-
prejuízos, se houver.
nunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, IN-
DEPENDENTEMENTE DE EMBARGOS À EXECUÇÃO.
Art. 808. Alienada a coisa quando já litigiosa, será expedido
mandado contra o terceiro adquirente, QUE SOMENTE SERÁ
Art. 804. A alienação de bem gravado por penhor, hipoteca ou
OUVIDO APÓS DEPOSITÁ-LA.
anticrese será INEFICAZ em relação ao credor pignoratício, hi-
potecário ou anticrético não intimado.
Art. 809. O exequente tem direito a receber, além de perdas e
§ 1o A alienação de bem objeto de promessa de compra e venda
danos, o valor da coisa, quando essa se deteriorar, não lhe for
ou de cessão registrada será INEFICAZ em relação ao promitente
entregue, não for encontrada ou não for reclamada do poder de
comprador ou ao cessionário não intimado.
terceiro adquirente.
§ 2o A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído direito
§ 1o Não constando do título o valor da coisa e sendo impossível
de superfície, seja do solo, da plantação ou da construção, será
sua avaliação, o exequente apresentará estimativa, sujeitando-a
INEFICAZ em relação ao concedente ou ao concessionário não
ao arbitramento judicial.
intimado.
§ 2o Serão apurados em liquidação o valor da coisa e os prejuízos.
§ 3o A alienação de direito aquisitivo de bem objeto de promessa
de venda, de promessa de cessão ou de alienação fiduciária será
Art. 810. Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa pelo
INEFICAZ em relação ao promitente vendedor, ao promitente ce-
executado ou por terceiros de cujo poder ela houver sido tirada, a
dente ou ao proprietário fiduciário não intimado.
liquidação prévia é obrigatória.
§ 4o A alienação de imóvel sobre o qual tenha sido instituída enfi-
Parágrafo único. Havendo saldo:
teuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou conces-
I - em favor do executado ou de terceiros, o exequente o deposi -
são de direito real de uso será INEFICAZ em relação ao enfiteuta
tará ao requerer a entrega da coisa;
ou ao concessionário não intimado.
II - em favor do exequente, esse poderá cobrá-lo nos autos do
§ 5o A alienação de direitos do enfiteuta, do concessionário de di-
mesmo processo.
reito real de uso ou do concessionário de uso especial para fins
Seção II
de moradia será INEFICAZ em relação ao proprietário do respec-
Da Entrega de Coisa Incerta
tivo imóvel não intimado.
Art. 811. Quando a execução recair sobre coisa determinada
§ 6o A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído usufru-
pelo gênero e pela quantidade, o executado será citado para
to, uso ou habitação será INEFICAZ em relação ao titular desses
entregá-la individualizada, se lhe couber a escolha.
direitos reais não intimado.
Parágrafo único. Se a escolha couber ao exequente, esse deverá
indicá-la na petição inicial.
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover
a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gra-
Art. 812. Qualquer das partes poderá, no prazo de 15 dias, im-
voso para o executado.
pugnar a escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano ou,
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva
se necessário, ouvindo perito de sua nomeação.
mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos
onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já deter-
Art. 813. Aplicar-se-ão à execução para entrega de coisa incerta,
minados.
no que couber, as disposições da Seção I deste Capítulo.
CAPÍTULO II
DA EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA
CAPÍTULO III
Seção I
DA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER OU DE NÃO FAZER
Da Entrega de Coisa Certa
Seção I
Art. 806. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa,
Disposições Comuns
constante de título executivo extrajudicial, será citado para, em
Art. 814. Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer fun-
15 dias, satisfazer a obrigação.
dada em título extrajudicial, ao despachar a inicial, o juiz fixará
multa por período de atraso no cumprimento da obrigação e
a data a partir da qual será devida.

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Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título e Art. 822. Se o executado praticou ato a cuja abstenção estava
for excessivo, o juiz poderá reduzi-lo. obrigado por lei ou por contrato, o exequente requererá ao
juiz que assine prazo ao executado para desfazê-lo.
Seção II
Da Obrigação de Fazer Art. 823. Havendo recusa ou mora do executado, o exequente re-
Art. 815. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o quererá ao juiz que mande desfazer o ato à custa daquele, que
executado será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz lhe responderá por perdas e danos.
designar, se outro não estiver determinado no título executivo. Parágrafo único. Não sendo possível desfazer-se o ato, a obriga-
ção resolve-se em perdas e danos, caso em que, após a liquida-
Art. 816. Se o executado não satisfizer a obrigação no prazo ção, se observará o procedimento de execução por quantia certa.
designado, é lícito ao exequente, nos próprios autos do pro-
cesso, requerer a satisfação da obrigação à custa do executa- CAPÍTULO IV
do ou perdas e danos, hipótese em que se converterá em inde- DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA
nização. Seção I
Parágrafo único. O valor das perdas e danos será apurado em Disposições Gerais
liquidação, seguindo-se a execução para cobrança de quantia Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropri-
certa. ação de bens do executado, ressalvadas as execuções especiais.

JDPC103 Pode o exequente - em execução de obrigação de Art. 825. A expropriação consiste em:
fazer fungível, decorrente do inadimplemento relativo, vo- I - adjudicação;
luntário e inescusável do executado - requerer a satisfação II - alienação;
da obrigação por terceiro, cumuladamente ou não com per- III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de es-
das e danos, considerando que o caput do art. 816 do CPC não tabelecimentos e de outros bens.
derrogou o caput do art. 249 do Código Civil.
Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado
pode, a todo tempo, remir a execução, pagando ou consignan-
Art. 817. Se a obrigação puder ser satisfeita por terceiro, é lícito
do a importância atualizada da dívida, acrescida de juros, custas e
ao juiz autorizar, a requerimento do exequente, que aquele a sa-
honorários advocatícios.
tisfaça à custa do executado.
Parágrafo único. O exequente adiantará as quantias previstas na
proposta que, ouvidas as partes, o juiz houver aprovado. CJF 151: O legitimado pode remir a execução até a lavratura
do auto de adjudicação ou de alienação (CPC, art. 826).
Art. 818. Realizada a prestação, o juiz ouvirá as partes no pra-
zo de 10 dias e, não havendo impugnação, considerará satis- Seção II
feita a obrigação. Da Citação do Devedor e do Arresto
Parágrafo único. Caso haja impugnação, o juiz a decidirá. Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os ho-
norários advocatícios de 10%, a serem pagos pelo executado.
Art. 819. Se o terceiro contratado não realizar a prestação no pra- § 1o No caso de integral pagamento no prazo de 3 dias, o valor
zo ou se o fizer de modo incompleto ou defeituoso, poderá o dos honorários advocatícios será reduzido pela metade.
exequente requerer ao juiz, no prazo de 15 dias, que o autorize a § 2o O valor dos honorários poderá ser elevado até 20%, quan-
concluí-la ou a repará-la à custa do contratante. do rejeitados os embargos à execução, podendo a majoração,
Parágrafo único. Ouvido o contratante no prazo de 15 dias, o caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedi-
juiz mandará avaliar o custo das despesas necessárias e o conde- mento executivo, levando-se em conta o trabalho realizado pelo
nará a pagá-lo. advogado do exequente.

Art. 820. Se o exequente quiser executar ou mandar executar, sob FPPC450. (arts. 827, §2º, 523, 525, 771, parágrafo único) Aplica-se
sua direção e vigilância, as obras e os trabalhos necessários à rea- a regra decorrente do art. 827, §2º, ao cumprimento de sentença.
lização da prestação, terá preferência, em igualdade de condições FPPC451. (arts. 827, caput e 1º; art. 85, §1º) A regra decorrente
de oferta, em relação ao terceiro. do caput e do §1º do art. 827 aplica-se às execuções fundadas
Parágrafo único. O direito de preferência deverá ser exercido em título executivo extrajudicial de obrigação de fazer, não
no prazo de 5 dias, após aprovada a proposta do terceiro. fazer e entrega de coisa.

Art. 821. Na obrigação de fazer, quando se convencionar que o


Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execu-
executado a satisfaça pessoalmente, o exequente poderá requerer
ção foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do va-
ao juiz que lhe assine prazo para cumpri-la.
lor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de
Parágrafo único. Havendo recusa ou mora do executado, sua
veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou in-
obrigação pessoal será convertida em perdas e danos, caso em
disponibilidade.
que se observará o procedimento de execução por quantia certa.
§ 1o No prazo de 10 dias de sua concretização, o exequente de-
verá comunicar ao juízo as averbações efetivadas.
Seção III
§ 2o Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o va-
Da Obrigação de Não Fazer
lor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 dias, o
cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados.

12
§ 3o O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício I - os bens inalienáveis e os declarados, POR ATO VOLUNTÁ-
ou a requerimento, caso o exequente não o faça no prazo. RIO, não sujeitos à execução;
§ 4o PRESUME-SE EM FRAUDE À EXECUÇÃO a alienação ou a II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que
oneração de bens efetuada após a averbação. guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado va-
§ 5o O exequente que promover averbação manifestamente lor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspon-
indevida ou não cancelar as averbações nos termos do § 2o in- dentes a um médio padrão de vida;
denizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do
apartados. executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as re-
FPPC539. (art. 828; art. 799, IX; art. 312) A certidão a que se refe- munerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pe-
re o art. 828 não impede a obtenção e a averbação de certidão cúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por li-
da propositura da execução (art. 799) beralidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e
FPPC642. (arts. 828, §§2º e 5º, 515, I, 523 e 771) A decisão do de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorá-
juiz que reconhecer o direito a indenização, decorrente de in- rios de profissional liberal, ressalvado o § 2o;
devida averbação prevista no art. 828 ou do não cancelamento V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os
das averbações excessivas, é apta a ensejar a liquidação e o instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao
posterior cumprimento da sentença, sem necessidade de exercício da profissão do executado;
propositura de ação de conhecimento. VI - o SEGURO DE VIDA;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo
se essas forem penhoradas;
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no pra-
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde
zo de 3 dias, contado da citação.
que trabalhada pela família;
§ 1o Do mandado de citação constarão, também, a ordem de
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas
penhora e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justi -
para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistên-
ça tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado,
cia social;
de tudo lavrando-se auto, com intimação do executado.
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o li-
§ 2o A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente,
mite de 40 salários-mínimos;
salvo se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por
juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe
partido político, nos termos da lei;
será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliá-
rias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à
Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, ar-
execução da obra.
restar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a exe-
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida
cução.
relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua
§ 1o Nos 10 dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de
aquisição.
justiça procurará o executado 2 vezes em dias distintos e, ha-
§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipó-
vendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora cer-
tese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, in-
ta, certificando pormenorizadamente o ocorrido.
dependentemente de sua origem, bem como às importâncias
§ 2o Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma
excedentes a 50 salários-mínimos mensais, devendo a constri-
vez frustradas a pessoal e a com hora certa.
ção observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.
§ 3o Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de paga-
§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do ca-
mento, o arresto converter-se-á em penhora, independente-
put os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas
mente de termo.
pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora
rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financia-
Seção III
mento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou
Da Penhora, do Depósito e da Avaliação
quando respondam por dívida de natureza alimentar, traba-
Subseção I
lhista ou previdenciária.
Do Objeto da Penhora
Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos
bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, JDPC105 As hipóteses de penhora do art. 833, § 2º, do CPC apli-
das custas e dos honorários advocatícios. cam-se ao cumprimento da sentença ou à execução de título
extrajudicial relativo a honorários advocatícios, em razão de
sua natureza alimentar.
CJF 156: O decurso de tempo entre a avaliação do bem penho-
CJF 152: O pacto de impenhorabilidade (arts. 190, 200 e 833, I)
rado e a sua alienação não importa, por si só, nova avaliação,
produz efeitos entre as partes, não alcançando terceiros.
a qual deve ser realizada se houver, nos autos, indícios de que
CJF 153: A penhorabilidade dos bens, observados os critérios
houve majoração ou diminuição no valor.
do art. 190 do CPC, pode ser objeto de convenção processual
das partes.
Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei con- CJF 154: O exequente deve providenciar a intimação do copro-
sidera impenhoráveis ou inalienáveis. prietário no caso da penhora de bem indivisível ou de direito
real sobre bem indivisível.
Art. 833. São IMPENHORÁVEIS:

13
Art. 834. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os Parágrafo único. Havendo mais de uma penhora, serão lavrados
frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis. autos individuais.

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte Art. 840. Serão preferencialmente depositados:
ordem: I - as quantias em dinheiro, os papéis de crédito e as pedras e os
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em institui- metais preciosos, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal
ção financeira; ou em banco do qual o Estado ou o Distrito Federal possua mais
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito da metade do capital social integralizado, ou, na falta desses esta-
Federal com cotação em mercado; belecimentos, em qualquer instituição de crédito designada pelo
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; juiz;
IV - veículos de via terrestre; II - os móveis, os semoventes, os imóveis urbanos e os direitos
V - bens imóveis; aquisitivos sobre imóveis urbanos, em poder do depositário judi-
VI - bens móveis em geral; cial;
VII - semoventes; III - os imóveis rurais, os direitos aquisitivos sobre imóveis rurais,
VIII - navios e aeronaves; as máquinas, os utensílios e os instrumentos necessários ou úteis
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias; à atividade agrícola, mediante caução idônea, em poder do exe-
X - percentual do faturamento de empresa devedora; cutado.
XI - pedras e metais preciosos; § 1o No caso do inciso II do caput, se não houver depositário judi-
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e ven- cial, os bens ficarão em poder do exequente.
da e de alienação fiduciária em garantia; § 2o Os bens poderão ser depositados em poder do executado
XIII - outros direitos. nos casos de difícil remoção ou quando anuir o exequente.
§ 1o É PRIORITÁRIA A PENHORA EM DINHEIRO, podendo o § 3o As joias, as pedras e os objetos preciosos deverão ser deposi-
juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de tados com registro do valor estimado de resgate.
acordo com as circunstâncias do caso concreto.
§ 2o Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a di- Art. 841. Formalizada a penhora por qualquer dos meios legais,
nheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde dela será imediatamente intimado o executado.
que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, § 1o A intimação da penhora será feita ao advogado do execu-
acrescido de 30%. tado ou à sociedade de advogados a que aquele pertença.
§ 3o Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá § 2o Se não houver constituído advogado nos autos, o execu-
sobre a coisa dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro tado será intimado pessoalmente, de preferência por via pos-
garantidor, este também será intimado da penhora. tal.
§ 3o O disposto no § 1o não se aplica aos casos de penhora realiza-
Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evi- da na presença do executado, que se reputa intimado.
dente que o produto da execução dos bens encontrados será § 4o Considera-se realizada a intimação a que se refere o § 2 o
totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execu- quando o executado houver mudado de endereço sem prévia co-
ção. municação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do
§ 1o Quando não encontrar bens penhoráveis, independente- art. 274.
mente de determinação judicial expressa, o oficial de justiça
descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o Art. 842. Recaindo a penhora sobre bem imóvel ou direito real
estabelecimento do executado, quando este for pessoa jurídica. sobre imóvel, será intimado também o cônjuge do executado,
§ 2o Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será salvo se forem casados em regime de separação absoluta de
nomeado depositário provisório de tais bens até ulterior determi- bens.
nação do juiz.
Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equiva-
Subseção II lente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge alheio à
Da Documentação da Penhora, de seu Registro e do Depósito execução recairá sobre o produto da alienação do bem.
Art. 837. Obedecidas as normas de segurança instituídas sob cri- § 1o É reservada ao coproprietário ou ao cônjuge não executado a
térios uniformes pelo Conselho Nacional de Justiça, a penhora de preferência na arrematação do bem em igualdade de condições.
dinheiro e as averbações de penhoras de bens imóveis e móveis § 2o Não será levada a efeito expropriação por preço inferior ao
podem ser realizadas por meio eletrônico. da avaliação na qual o valor auferido seja incapaz de garantir, ao
coproprietário ou ao cônjuge alheio à execução, o corresponden-
Art. 838. A penhora será realizada mediante auto ou termo, que te à sua quota-parte calculado sobre o valor da avaliação.
conterá:
I - a indicação do dia, do mês, do ano e do lugar em que foi feita; FPPC329. (arts. 843, caput e §1º, e 15). Na execução trabalhista
II - os nomes do exequente e do executado; deve ser preservada a quota parte de bem indivisível do copro-
III - a descrição dos bens penhorados, com as suas características; prietário ou do cônjuge alheio à execução, sendo-lhe assegura-
IV - a nomeação do depositário dos bens. do o direito de preferência na arrematação do bem em igualda-
de de condições.
Art. 839. Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreen-
são e o depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as dili-
Art. 844. Para presunção absoluta de conhecimento por tercei-
gências forem concluídas no mesmo dia.
ros, cabe ao exequente providenciar a averbação do arresto ou
da penhora no registro competente, mediante apresentação de

14
cópia do auto ou do termo, independentemente de mandado ju- § 4o O juiz intimará o exequente para manifestar-se sobre o re-
dicial. querimento de substituição do bem penhorado.

Subseção III Art. 848. As partes poderão requerer a substituição da penhora


Do Lugar de Realização da Penhora se:
Art. 845. Efetuar-se-á a penhora onde se encontrem os bens, I - ela não obedecer à ordem legal;
ainda que sob a posse, a detenção ou a guarda de terceiros. II - ela não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou
§ 1o A penhora de imóveis, independentemente de onde se locali- ato judicial para o pagamento;
zem, quando apresentada certidão da respectiva matrícula, e a III - havendo bens no foro da execução, outros tiverem sido pe-
penhora de veículos automotores, quando apresentada certidão nhorados;
que ateste a sua existência, serão realizadas por termo nos autos. IV - havendo bens livres, ela tiver recaído sobre bens já penhora-
§ 2o Se o executado não tiver bens no foro do processo, não sen - dos ou objeto de gravame;
do possível a realização da penhora nos termos do § 1 o, a execu- V - ela incidir sobre bens de baixa liquidez;
ção será feita por carta, penhorando-se, avaliando-se e alie- VI - fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou
nando-se os bens no foro da situação. VII - o executado não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer
das indicações previstas em lei.
Art. 846. Se o executado fechar as portas da casa a fim de obstar Parágrafo único. A penhora pode ser substituída por fiança
a penhora dos bens, o oficial de justiça comunicará o fato ao bancária ou por seguro garantia judicial, em valor não inferior
juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento. ao do débito constante da inicial, acrescido de 30%
§ 1o Deferido o pedido, 2 oficiais de justiça cumprirão o man-
dado, arrombando cômodos e móveis em que se presuma esta- Art. 849. Sempre que ocorrer a substituição dos bens inicialmente
rem os bens, e lavrarão de tudo auto circunstanciado, que será penhorados, será lavrado novo termo.
assinado por 2 testemunhas presentes à diligência.
§ 2o Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim Art. 850. Será admitida a redução ou a ampliação da penhora,
de auxiliar os oficiais de justiça na penhora dos bens. bem como sua transferência para outros bens, se, no curso do
§ 3o Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto da ocorrên- processo, o valor de mercado dos bens penhorados sofrer altera-
cia, entregando uma via ao escrivão ou ao chefe de secretaria, ção significativa.
para ser juntada aos autos, e a outra à autoridade policial a quem
couber a apuração criminal dos eventuais delitos de desobediên- Art. 851. Não se procede à segunda penhora, salvo se:
cia ou de resistência. I - a primeira for anulada;
§ 4o Do auto da ocorrência constará o rol de testemunhas, com a II - executados os bens, o produto da alienação não bastar
respectiva qualificação. para o pagamento do exequente;
III - o exequente desistir da primeira penhora, por serem litigi-
Subseção IV osos os bens ou por estarem submetidos a constrição judicial.
Das Modificações da Penhora
Art. 847. O executado pode, no prazo de 10 dias contado da Art. 852. O juiz determinará a alienação antecipada dos bens
intimação da penhora, requerer a substituição do bem penho- penhorados quando:
rado, desde que comprove que lhe será menos onerosa e não I - se tratar de veículos automotores, de pedras e metais preci-
trará prejuízo ao exequente. osos e de outros bens móveis sujeitos à depreciação ou à de-
§ 1o O juiz só autorizará a substituição se o executado: terioração;
I - comprovar as respectivas matrículas e os registros por certidão II - houver manifesta vantagem.
do correspondente ofício, quanto aos bens imóveis;
II - descrever os bens móveis, com todas as suas propriedades e Art. 853. Quando uma das partes requerer alguma das medidas
características, bem como o estado deles e o lugar onde se en- previstas nesta Subseção, o juiz ouvirá sempre a outra, no prazo
contram; de 3 dias, antes de decidir.
III - descrever os semoventes, com indicação de espécie, de nú- Parágrafo único. O juiz decidirá de plano qualquer questão susci-
mero, de marca ou sinal e do local onde se encontram; tada.
IV - identificar os créditos, indicando quem seja o devedor, qual a
origem da dívida, o título que a representa e a data do vencimen- Subseção V
to; e Da Penhora de Dinheiro em Depósito ou em Aplicação Financeira
V - atribuir, em qualquer caso, valor aos bens indicados à penho- Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou
ra, além de especificar os ônus e os encargos a que estejam sujei- em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem
tos. dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às insti-
§ 2o Requerida a substituição do bem penhorado, o executado tuições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela
deve indicar onde se encontram os bens sujeitos à execução, exi- autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne
bir a prova de sua propriedade e a certidão negativa ou positiva indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do exe-
de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte cutado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na
ou embarace a realização da penhora. execução.
§ 3o O executado somente poderá oferecer bem imóvel em § 1o No prazo de 24 horas a contar da resposta, de ofício, o juiz
substituição caso o requeira com a expressa anuência do côn- determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade exces-
juge, salvo se o regime for o de separação absoluta de bens. siva, o que deverá ser cumprido pela instituição financeira em
igual prazo.

15
§ 2o Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, apreensão do documento, esteja ou não este em poder do execu-
este será intimado na pessoa de seu advogado ou, não o tendo, tado.
pessoalmente. § 1o Se o título não for apreendido, mas o terceiro confessar a
§ 3o Incumbe ao executado, no prazo de 5 dias, comprovar dívida, será este tido como depositário da importância.
que: § 2o O terceiro só se exonerará da obrigação depositando em juí-
I - as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis; zo a importância da dívida.
II - ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos fi- § 3o Se o terceiro negar o débito em conluio com o executado, a
nanceiros. quitação que este lhe der caracterizará fraude à execução.
§ 4o Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3 o, o § 4o A requerimento do exequente, o juiz determinará o compare-
juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade ir- cimento, em audiência especialmente designada, do executado e
regular ou excessiva, a ser cumprido pela instituição financeira em do terceiro, a fim de lhes tomar os depoimentos.
24 horas.
§ 5o Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, Art. 857. Feita a penhora em direito e ação do executado, e não
converter-se-á a indisponibilidade em penhora, sem necessidade tendo ele oferecido embargos ou sendo estes rejeitados, o exe-
de lavratura de termo, devendo o juiz da execução determinar à quente ficará sub-rogado nos direitos do executado até a concor-
instituição financeira depositária que, no prazo de 24 horas, rência de seu crédito.
transfira o montante indisponível para conta vinculada ao juízo da § 1o O exequente pode preferir, em vez da sub-rogação, a aliena-
execução. ção judicial do direito penhorado, caso em que declarará sua von-
§ 6o Realizado o pagamento da dívida por outro meio, o juiz tade no prazo de 10 dias contado da realização da penhora.
determinará, imediatamente, por sistema eletrônico gerido pela § 2o A sub-rogação não impede o sub-rogado, se não receber o
autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, a notifica- crédito do executado, de prosseguir na execução, nos mesmos
ção da instituição financeira para que, em até 24 horas, cance- autos, penhorando outros bens.
le a indisponibilidade.
§ 7o As transmissões das ordens de indisponibilidade, de seu can- Art. 858. Quando a penhora recair sobre dívidas de dinheiro a ju-
celamento e de determinação de penhora previstas neste artigo ros, de direito a rendas ou de prestações periódicas, o exequente
far-se-ão por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade poderá levantar os juros, os rendimentos ou as prestações à me-
supervisora do sistema financeiro nacional. dida que forem sendo depositados, abatendo-se do crédito as
§ 8o A instituição financeira será responsável pelos prejuízos cau- importâncias recebidas, conforme as regras de imputação do pa-
sados ao executado em decorrência da indisponibilidade de ati- gamento.
vos financeiros em valor superior ao indicado na execução ou
pelo juiz, bem como na hipótese de não cancelamento da indis- Art. 859. Recaindo a penhora sobre direito a prestação ou a resti-
ponibilidade no prazo de 24 horas, quando assim determinar o tuição de coisa determinada, o executado será intimado para, no
juiz. vencimento, depositá-la, correndo sobre ela a execução.
§ 9o Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a
requerimento do exequente, determinará às instituições financei- FPPC643. (Art.859). A intimação prevista no art. 859, para que
ras, por meio de sistema eletrônico gerido por autoridade super- seja efetuado o depósito de prestação ou restituição (em favor
visora do sistema bancário, que tornem indisponíveis ativos finan- do executado), deve ser direcionada ao devedor do executado.
ceiros somente em nome do órgão partidário que tenha contraí-
do a dívida executada ou que tenha dado causa à violação de di -
Art. 860. Quando o direito estiver sendo pleiteado em juízo, a pe-
reito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a responsabilidade
nhora que recair sobre ele será averbada, com destaque, nos au-
pelos atos praticados, na forma da lei.
tos pertinentes ao direito e na ação correspondente à penhora, a
fim de que esta seja efetivada nos bens que forem adjudicados ou
FPPC540. (art. 854; Lei n. 6.830/1980) A disciplina procedimental que vierem a caber ao executado.
para penhora de dinheiro prevista no art. 854 é aplicável ao pro-
cedimento de execução fiscal.
CJF 155: A penhora a que alude o art. 860 do CPC poderá recair
FPPC541 (art. 854, §§ 7º e 8º) – A responsabilidade que trata o
sobre direito litigioso ainda não reconhecido por decisão transi-
art. 854, § 8º, é objetiva e as perdas e danos serão liquidadas de
tada em julgado.
forma incidental, devendo ser imediatamente intimada a insti-
tuição financeira para preservação do contraditório
Subseção VII
Da Penhora das Quotas ou das Ações de
Subseção VI
Sociedades Personificadas
Da Penhora de Créditos
Art. 861. Penhoradas as quotas ou as ações de sócio em socieda-
Art. 855. Quando recair em crédito do executado, enquanto não
de simples ou empresária, o juiz assinará prazo razoável, não su-
ocorrer a hipótese prevista no art. 856, considerar-se-á feita a pe-
perior a 3 meses, para que a sociedade:
nhora pela intimação:
I - apresente balanço especial, na forma da lei;
I - ao terceiro devedor para que não pague ao executado, seu
II - ofereça as quotas ou as ações aos demais sócios, observado o
credor;
direito de preferência legal ou contratual;
II - ao executado, credor do terceiro, para que não pratique ato
III - não havendo interesse dos sócios na aquisição das ações,
de disposição do crédito.
proceda à liquidação das quotas ou das ações, depositando em
juízo o valor apurado, em dinheiro.
Art. 856. A penhora de crédito representado por letra de câmbio,
nota promissória, duplicata, cheque ou outros títulos far-se-á pela

16
§ 1o Para evitar a liquidação das quotas ou das ações, a sociedade Art. 5o O STF, por decisão da maioria absoluta de seus mem-
poderá adquiri-las sem redução do capital social e com utilização bros, poderá deferir pedido de medida liminar na representa-
de reservas, para manutenção em tesouraria. ção interventiva.
§ 2o O disposto no caput e no § 1 o não se aplica à sociedade § 1o O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsá-
anônima de capital aberto, cujas ações serão adjudicadas ao veis pelo ato questionado, bem como o Advogado-Geral da Uni-
exequente ou alienadas em bolsa de valores, conforme o caso. ão (AGU) ou o Procurador-Geral da República (PGR), no prazo
§ 3o Para os fins da liquidação de que trata o inciso III do caput, o comum de 5 dias.
juiz poderá, a requerimento do exequente ou da sociedade, no-
§ 2o A liminar poderá consistir na determinação de que se
mear administrador, que deverá submeter à aprovação judicial a
suspenda o andamento de processo ou os efeitos de decisões
forma de liquidação.
judiciais ou administrativas ou de qualquer outra medida que
§ 4o O prazo previsto no caput poderá ser ampliado pelo juiz, se o
apresente relação com a matéria objeto da representação in-
pagamento das quotas ou das ações liquidadas:
terventiva.
I - superar o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e
sem diminuição do capital social, ou por doação; ou
II - colocar em risco a estabilidade financeira da sociedade sim- Art. 6o Apreciado o pedido de liminar ou, logo após recebida a
ples ou empresária. petição inicial, se não houver pedido de liminar, o relator solicita-
§ 5o Caso não haja interesse dos demais sócios no exercício de di- rá as informações às autoridades responsáveis pela prática do
reito de preferência, não ocorra a aquisição das quotas ou das ato questionado, que as prestarão em até 10 dias.
ações pela sociedade e a liquidação do inciso III do caput seja ex- § 1o Decorrido o prazo para prestação das informações, serão
cessivamente onerosa para a sociedade, o juiz poderá determinar ouvidos, sucessivamente, o AGU e o PGR, que deverão manifes-
o leilão judicial das quotas ou das ações. tar-se, cada qual, no prazo de 10 dias
§ 2o Recebida a inicial, o relator deverá tentar dirimir o con-
flito que dá causa ao pedido, utilizando-se dos meios que julgar
LEI 12562/11 – REPRESENTAÇÃO INTERVENTIVA necessários, na forma do regimento interno.

Art. 7o Se entender necessário, poderá o relator requisitar infor-


Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o processo e julgamento da repre-
mações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para
sentação interventiva prevista no inciso III do art. 36 da Constitui-
que elabore laudo sobre a questão ou, ainda, fixar data para de-
ção Federal.
clarações, em audiência pública, de pessoas com experiência e
autoridade na matéria.
Art. 2o A representação será proposta pelo Procurador-Geral Parágrafo único. Poderão ser autorizadas, a critério do relator, a
da República, em caso de violação aos princípios referidos no manifestação e a juntada de documentos por parte de interessa-
inciso VII do art. 34 da Constituição Federal (princípios consti- dos no processo.
tucionais sensíveis), ou de recusa, por parte de Estado-Mem-
bro, à execução de lei federal.
Art. 8o Vencidos os prazos previstos no art. 6 o ou, se for o caso,
realizadas as diligências de que trata o art. 7 o, o relator lançará o
HIPÓTESES QUE AU- Princípios constitucionais sensíveis relatório, com cópia para todos os Ministros, e pedirá dia para jul-
TORIZAM REPRESEN- gamento.
Recusa à execução de lei federal
TAÇÃO INTERVENTIVA

Art. 9o A decisão sobre a representação interventiva somente


o
Art. 3 A petição inicial deverá conter: será tomada se presentes na sessão pelo menos 8 Ministros.
I - a indicação do princípio constitucional que se considera vi-
olado ou, se for o caso de recusa à aplicação de lei federal, Art. 10. Realizado o julgamento, proclamar-se-á a procedência
das disposições questionadas; ou improcedência do pedido formulado na representação in-
II - a indicação do ato normativo, do ato administrativo, do ato terventiva se num ou noutro sentido se tiverem manifestado
concreto ou da omissão questionados; pelo menos 6 Ministros.
III - a prova da violação do princípio constitucional ou da re- Parágrafo único. Estando ausentes Ministros em número que
cusa de execução de lei federal; possa influir na decisão sobre a representação interventiva, o
IV - o pedido, com suas especificações. julgamento será suspenso, a fim de se aguardar o compareci-
Parágrafo único. A petição inicial será apresentada em 2 vias, de- mento dos Ministros ausentes, até que se atinja o número neces-
vendo conter, se for o caso, cópia do ato questionado e dos do- sário para a prolação da decisão.
cumentos necessários para comprovar a impugnação.
Art. 11. Julgada a ação, far-se-á a comunicação às autoridades ou
Art. 4o A petição inicial será indeferida liminarmente pelo rela- aos órgãos responsáveis pela prática dos atos questionados, e, se
tor, quando não for o caso de representação interventiva, fal- a decisão final for pela procedência do pedido formulado na
tar algum dos requisitos estabelecidos nesta Lei ou for inepta. representação interventiva, o Presidente do STF, publicado o
Parágrafo único. Da decisão de indeferimento da petição inicial acórdão, levá-lo-á ao conhecimento do Presidente da Repú-
caberá agravo, no prazo de 5 dias. blica para, no prazo improrrogável de até 15 dias, dar cumpri-
mento aos §§ 1o e 3o do art. 36 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Dentro do prazo de 10 dias, contado a partir do
trânsito em julgado da decisão, a parte dispositiva será publicada

17
em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da Uni- § 2º - A incumbência da Comissão Parlamentar de Inquérito
ão. termina com a sessão legislativa em que tiver sido outorgada, sal-
vo deliberação da respectiva Câmara, prorrogando-a dentro da
Art. 12. A decisão que julgar procedente ou improcedente o Legislatura em curso.
pedido da representação interventiva é IRRECORRÍVEL, sendo
insuscetível de impugnação por ação rescisória. Art. 6º. O processo e a instrução dos inquéritos obedecerão
ao que prescreve esta Lei, no que lhes for aplicável, às normas do
LEI 1579/52 – CPI processo penal.

Art. 6o-A. A Comissão Parlamentar de Inquérito encaminha-


Art. 1o As Comissões Parlamentares de Inquérito, criadas na for-
rá relatório circunstanciado, com suas conclusões, para as devidas
ma do § 3o do art. 58 da Constituição Federal, terão poderes de
providências, entre outros órgãos, ao Ministério Público ou à Ad-
investigação próprios das autoridades judiciais, além de ou-
vocacia-Geral da União, com cópia da documentação, para que
tros previstos nos regimentos da Câmara dos Deputados e do Se-
promovam a responsabilidade civil ou criminal por infrações apu-
nado Federal, com ampla ação nas pesquisas destinadas a apu-
radas e adotem outras medidas decorrentes de suas funções ins-
rar FATO DETERMINADO e por PRAZO CERTO.
titucionais.
Parágrafo único. A criação de CPI dependerá de requeri-
mento de 1/3 da totalidade dos membros da Câmara dos De-
putados e do Senado Federal, em conjunto ou separadamente.

Art. 2o No exercício de suas atribuições, poderão as Comis-


sões Parlamentares de Inquérito determinar diligências que
reputarem necessárias e requerer a convocação de Ministros
de Estado, tomar o depoimento de quaisquer autoridades fe-
derais, estaduais ou municipais, ouvir os indiciados, inquirir CPI E PODERES DE INVESTIGAÇÃO
testemunhas sob compromisso, requisitar da administração INDEPENDE DE AUTORIZAÇÃO DEPENDE DE
pública direta, indireta ou fundacional informações e docu- JUDICIAL AUTORIZAÇÃO JUDICIAL
mentos, e transportar-se aos lugares onde se fizer mister a
sua presença. Notificar testemunhas e Expedir mandado de prisão.
determinar sua condução ATENÇÃO: Pode prender em
Art. 3º. Indiciados e testemunhas serão intimados de acordo coercitiva, as quais terão o flagrante, como qualquer
com as prescrições estabelecidas na legislação penal. compromisso de dizer a verdade, pessoa do povo. Ex: falso
sob pena de falso testemunho. testemunho, desacato a
§ 1o Em caso de não comparecimento da testemunha sem
Tem o direito constitucional ao parlamentar.
motivo justificado, a sua intimação será solicitada ao juiz cri-
silêncio. Expedir mandado de busca
minal da localidade em que resida ou se encontre, nos termos
Expedir mandado de busca e e apreensão em casa ou
dos arts. 218 e 219 do Código de Processo Penal.
apreensão não domiciliar. escritório.
§ 2o O depoente poderá fazer-se acompanhar de advoga- Magistrados, Ministros de Expedir mandado de
do, ainda que em reunião secreta. Estado, membros do MP e outros interceptação telefônica.
parlamentares podem marcar dia ATENÇÃO: Pode requisitar
Art. 3o-A. Caberá ao presidente da Comissão Parlamentar de e hora para serem ouvidos como extrato telefônico, ou seja,
Inquérito, por deliberação desta, solicitar, em qualquer fase da testemunhas. pode quebrar o sigilo dos
investigação, ao juízo criminal competente medida cautelar ne- Ouvir investigados ou dados telefônicos (conta, lista
cessária, quando se verificar a existência de indícios veementes indiciados, garantido o direito de ligações).
da proveniência ilícita de bens. ao silêncio e a assistência de
advogado.
Art. 4º. Constitui crime:
I - Impedir, ou tentar impedir, mediante violência, ameaça ou Realizar perícias, vistorias, Medidas de constrição
assuadas, o regular funcionamento de Comissão Parlamentar de exames, diligências externas. judicial (indisponibilidade de
Inquérito, ou o livre exercício das atribuições de qualquer dos bens, arresto, sequestro,
seus membros. hipoteca legal).
Pena - A do art. 329 do Código Penal. Apreensão de passaporte.
II - fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como Proibir saída do território
testemunha, perito, tradutor ou intérprete, perante a Comissão nacional.
Parlamentar de Inquérito: Quebrar sigilo bancário, fiscal Tais diligências, as quais
Pena - A do art. 342 do Código Penal. ou de dados. dependem de autorização
ATENÇÃO: CPI estadual também judicial, são chamadas pelo
Art. 5º. As Comissões Parlamentares de Inquérito apresenta- pode quebrar sigilo bancário ou STF de reserva
rão relatório de seus trabalhos à respectiva Câmara, concluindo fiscal, o que não é possível no constitucional de jurisdição:
por projeto de resolução. caso de CPI municipal. o juiz tem a primeira, a única
§ 1º. Se forem diversos os fatos objeto de inquérito, a comis- e a última palavra.
são dirá, em separado, sobre cada um, podendo fazê-lo antes
*Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br
mesmo de finda a investigação dos demais.

18
Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento
LEI 9868/99 – ADI de procuração, quando subscrita por advogado, será apresentada
em 2 vias, devendo conter cópias da lei ou do ato normativo im-
pugnado e dos documentos necessários para comprovar a im-
CAPÍTULO I
pugnação.
DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE E DA
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
Art. 4o A petição inicial inepta, não fundamentada e a mani-
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o processo e julgamento da ação di-
festamente improcedente serão liminarmente indeferidas
reta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constituci-
pelo relator.
onalidade perante o Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição
inicial.
CAPÍTULO II
DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Seção I Art. 5o Proposta a ação direta, NÃO SE ADMITIRÁ DESISTÊNCIA.
Da Admissibilidade e do Procedimento da
Ação Direta de Inconstitucionalidade Art. 6o O relator pedirá informações aos órgãos ou às autoridades
Art. 2o Podem propor a ADI: (Vide artigo 103 da Constituição das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado.
Federal) Parágrafo único. As informações serão prestadas no prazo de 30
I - o Presidente da República; dias contado do recebimento do pedido.
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; Art. 7o NÃO SE ADMITIRÁ INTERVENÇÃO DE TERCEIROS no
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou a Mesa da Câmara Le- processo de ação direta de inconstitucionalidade.
gislativa do Distrito Federal; § 2o O relator, considerando a relevância da matéria e a repre-
V - o Governador de Estado ou o Governador do Distrito Federal; sentatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrí-
VI - o Procurador-Geral da República; vel, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; manifestação de outros órgãos ou entidades.
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacio- Art. 8o Decorrido o prazo das informações (30 dias), serão ouvi-
nal. dos, sucessivamente, o AGU e o PGR, que deverão manifestar-
se, cada qual, no prazo de 15 dias.
LEGITIMADOS ATIVOS
Art. 9o Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator lançará o
UNIVERSAIS ESPECIAIS
relatório, com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julga-
Podem propor a ADI e a ADC São aqueles dos quais se exige mento.
independentemente da exis- pertinência temática como § 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou cir-
tência de pertinência temáti- requisito implícito de legitima- cunstância de fato ou de notória insuficiência das informações
ca ção existentes nos autos, poderá o relator requisitar informações
I - o Presidente da República; IV - a Mesa de Assembléia Le- adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que
II - a Mesa do Senado Federal; gislativa ou a Mesa da Câmara emita parecer sobre a questão, ou fixar data para, em audiên-
III - a Mesa da Câmara dos De- Legislativa do Distrito Federal; cia pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e
putados; V - o Governador de Estado autoridade na matéria.
VI - o Procurador-Geral da Re- ou o Governador do Distrito § 2o O relator poderá, ainda, solicitar informações aos Tribunais
pública; Federal; Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca
VII - o Conselho Federal da Or- IX - confederação sindical ou da aplicação da norma impugnada no âmbito de sua jurisdição.
dem dos Advogados do Brasil; entidade de classe de âmbito § 3o As informações, perícias e audiências a que se referem os pa-
VIII - partido político com re- nacional. rágrafos anteriores serão realizadas no prazo de 30 dias, contado
presentação no Congresso Na- da solicitação do relator.
cional;
Seção ii
da MEDIDA CAUTELAR EM ADI
VIII - partido político com re-
Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação
presentação no Congresso Na-
direta será concedida por decisão da maioria absoluta dos
PRECISAM DE ADVOGADO cional;
membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22, após a
PARA AJUIZAR ADI IX - confederação sindical ou
audiência dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei
entidade de classe de âmbito
ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no
nacional.
prazo de 5 dias.
§ 1o O relator, julgando indispensável, ouvirá o AGU e o PGR,
Art. 3o A petição indicará: no prazo de 3 dias.
I - o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os
§ 2o No julgamento do pedido de medida cautelar, será faculta-
fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma das im-
da sustentação oral aos representantes judiciais do requerente e
pugnações;
II - o pedido, com suas especificações.

19
das autoridades ou órgãos responsáveis pela expedição do ato, Capítulo II-A
na forma estabelecida no Regimento do Tribunal. Da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO)
§ 3o Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá defe- Seção I
rir a medida cautelar sem a audiência dos órgãos ou das auto- Da Admissibilidade e do Procedimento da Ação Direta de Incons-
ridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugna- titucionalidade por Omissão
do. Art. 12-A. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade
por omissão os legitimados à propositura da ação direta de in-
Art. 11. Concedida a medida cautelar, o STF fará publicar em constitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade.
seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justi -
ça da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de 10 Art. 12-B. A petição indicará:
dias, devendo solicitar as informações à autoridade da qual tiver I - a omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cum-
emanado o ato, observando-se, no que couber, o procedimento primento de dever constitucional de legislar ou quanto à ado-
estabelecido na Seção I deste Capítulo. ção de providência de índole administrativa;
§ 1o A MEDIDA CAUTELAR, dotada de EFICÁCIA CONTRA TO- II - o pedido, com suas especificações.
DOS, será concedida com EFEITO EX NUNC, salvo se o Tribu- Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento
nal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa. de procuração, se for o caso, será apresentada em 2 vias, deven-
do conter cópias dos documentos necessários para comprovar a
§ 2o A concessão da medida cautelar torna aplicável a legisla-
alegação de omissão.
ção anterior acaso existente (EFEITO REPRISTINATÓRIO), sal-
vo expressa manifestação em sentido contrário.
Art. 12-C. A petição inicial inepta, não fundamentada, e a ma-
nifestamente improcedente serão liminarmente indeferidas
EFEITO REPRISTINATÓRIO INDESEJADO: a lei revogada tam- pelo relator.
bém é eivada do vício de inconstitucionalidade. Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição
O autor da ADI deverá impugnar a lei atual e a lei revogada (se inicial.
esta contiver o mesmo vício) a fim de evitar uma "eficácia repris-
tinatória indesejada", ou seja, com o objetivo de evitar que Art. 12-D. Proposta a ação direta de inconstitucionalidade por
aquela decisão do STF seja inútil. Digo inútil porque a lei atual omissão, NÃO SE ADMITIRÁ DESISTÊNCIA
será declarada inconstitucional, mas "voltará" uma lei com se-
melhante mácula. Art. 12-E. Aplicam-se ao procedimento da ação direta de incons-
"No caso de efeito repristinatório indesejado, ou seja, quando a titucionalidade por omissão, no que couber, as disposições cons-
lei revogada também for eivada do vício de inconstitucionalida- tantes da Seção I do Capítulo II desta Lei.
de, faz-se necessária a formulação de pedidos sucessivos de de- § 1o Os demais titulares referidos no art. 2 o desta Lei poderão
claração de inconstitucionalidade, tanto do diploma ab-rogató- manifestar-se, por escrito, sobre o objeto da ação e pedir a junta-
rio quanto das normas por ele revogadas. Caso a norma anterior da de documentos reputados úteis para o exame da matéria, no
não seja impugnada, a ADI não será conhecida." (Manual de Di- prazo das informações, bem como apresentar memoriais.
reito Constitucional. 9ª ed., São Paulo: Método, 2014, p. 476) § 2o O relator poderá solicitar a manifestação do AGU, que
*Informação retirada do site www.dizerodireito.com.br deverá ser encaminhada no prazo de 15 dias
§ 3o O PGR, nas ações em que não for autor, terá vista do
Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da processo, por 15 dias, após o decurso do prazo para informa-
relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem ções.
social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das infor- Seção II
mações, no prazo de 10 dias, e a manifestação do AGU e do PGR, Da MEDIDA CAUTELAR EM ADO
sucessivamente, no prazo de 5 dias, submeter o processo direta- Art. 12-F. Em caso de excepcional urgência e relevância da ma-
mente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente téria, o tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus mem-
a ação. bros, observado o disposto no art. 22, poderá conceder medida
cautelar, APÓS A AUDIÊNCIA DOS ÓRGÃOS OU AUTORIDA-
ADI DES RESPONSÁVEIS PELA OMISSÃO INCONSTITUCIONAL, que
deverão pronunciar-se no prazo de 5 dias.
CAUTELAR EFEITOS DA DECISÃO § 1o A medida cautelar poderá consistir na suspensão da apli-
EX NUNC EX TUNC cação da lei ou do ato normativo questionado, no caso de
omissão parcial, bem como na suspensão de processos judici-
ais ou de procedimentos administrativos, ou ainda em outra
Atos regulamentares providência a ser fixada pelo Tribunal.
Normas constitucionais originárias § 2o O relator, julgando indispensável, ouvirá o PGR, no prazo de
3 dias.
Leis revogadas
NÃO CABE ADI § 3o No julgamento do pedido de medida cautelar, será faculta-
Normas anteriores à CF/88 da sustentação oral aos representantes judiciais do requerente e
Súmulas das autoridades ou órgãos responsáveis pela omissão inconstitu-
cional, na forma estabelecida no Regimento do Tribunal
Projeto de lei ainda não promulgado

20
Art.12-G. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Fe- dora; Se for órgão administrativo,
deral fará publicar, em seção especial do Diário Oficial da União II - estabelecer as condições em este terá um prazo de 30 dias
e do Diário da Justiça da União, a parte dispositiva da decisão no que se dará o exercício dos di- para adotar a medida neces-
prazo de 10 dias, devendo solicitar as informações à autoridade reitos, das liberdades ou das sária.
ou ao órgão responsável pela omissão inconstitucional, obser- prerrogativas reclamados ou, se Se for o Poder Legislativo,
vando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na Seção I for o caso, as condições em que não há prazo.
do Capítulo II desta Lei. poderá o interessado promover
ação própria visando a exercê-
Seção III los, caso não seja suprida a
Da Decisão na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão mora legislativa no prazo deter-
Art. 12-H. Declarada a inconstitucionalidade por omissão, com minado.
observância do disposto no art. 22, será dada ciência ao Poder Obs: será dispensada a determi-
competente para a adoção das providências necessárias. nação a que se refere o inciso I
§ 1o Em caso de omissão imputável a órgão administrativo, as quando comprovado que o im-
providências deverão ser adotadas no prazo de 30 dias, ou em petrado deixou de atender, em
prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribu- mandado de injunção anterior,
nal, tendo em vista as circunstâncias específicas do caso e o ao prazo estabelecido para a
interesse público envolvido. edição da norma.
§ 2o Aplica-se à decisão da ação direta de inconstitucionalidade * Tabela retirada do site dizerodireito.com.br
por omissão, no que couber, o disposto no Capítulo IV desta Lei.
CAPÍTULO III
MANDADO DE INJUNÇÃO ADI POR OMISSÃO DA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
Seção I
Natureza e finalidade Natureza e finalidade.
Da Admissibilidade e do Procedimento da
Trata-se de processo no qual é A finalidade é declarar que
Ação Declaratória de Constitucionalidade
discutido um direito subjetivo. há uma omissão, já que não
Art. 13. Podem propor a ação declaratória de constitucionalidade
A finalidade é viabilizar o exercí- existe determinada medida
de lei ou ato normativo federal: (Vide artigo 103 da Constituição
cio de um direito. Há, portanto, necessária para tornar efetiva
Federal)
controle CONCRETO de consti- uma norma constitucional.
I - o Presidente da República;
tucionalidade. Estamos diante, portanto, de
II - a Mesa da Câmara dos Deputados;
processo objetivo, em que
III - a Mesa do Senado Federal;
há controle ABSTRATO de
IV - o Procurador-Geral da República.
constitucionalidade.

Cabimento Cabimento CF/88


Cabível quando faltar norma Cabível quando faltar norma I - o Presidente da República;
regulamentadora de direitos e regulamentadora relacionada II - a Mesa do Senado Federal;
liberdades constitucionais e com qualquer norma consti- III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
das prerrogativas inerentes à tucional de eficácia limita- IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou a Mesa da Câmara Le-
nacionalidade, à soberania e à da. gislativa do Distrito Federal;
cidadania. V - o Governador de Estado ou o Governador do Distrito Fede-
Legitimados ativos Legitimados ativos ral;
MI individual: pessoas naturais Os legitimados da ADI por VI - o Procurador-Geral da República;
ou jurídicas que se afirmam titu- omissão estão descritos no VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
lares dos direitos, das liberdades art. 103 da CF/88. VIII - partido político com representação no Congresso Nacio-
ou das prerrogativas. nal;
MI coletivo: estão previstos no IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito naci-
art. 12 da Lei nº 13.300/2016. onal.

Competência Competência
Art. 14. A petição inicial indicará:
A competência para julgar a Se relacionada com norma da
I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fun-
ação dependerá da autoridade CF/88: STF.
damentos jurídicos do pedido;
que figura no polo passivo e Se relacionada com norma da
II - o pedido, com suas especificações;
que possui atribuição para edi- CE: TJ.
Iii - a existência de CONTROVÉRSIA JUDICIAL RELEVANTE so-
tar a norma.
bre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória.
Efeitos da decisão Efeitos da decisão Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento
Reconhecido o estado de mora Declarada a inconstitucionali- de procuração, quando subscrita por advogado, será apresentada
legislativa, será deferida a injun- dade por omissão, o Judiciá- em 2 vias, devendo conter cópias do ato normativo questionado
ção para: rio dará ciência ao Poder e dos documentos necessários para comprovar a procedência do
I - determinar prazo razoável competente para que este pedido de declaração de constitucionalidade.
para que o impetrado promova adote as providências neces-
a edição da norma regulamenta- sárias.

21
Art. 15. A petição inicial inepta, não fundamentada e a manifes- tando ausentes Ministros em número que possa influir no julga-
tamente improcedente serão liminarmente indeferidas pelo mento, este será suspenso a fim de aguardar-se o compareci-
relator. mento dos Ministros ausentes, até que se atinja o número neces-
Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição sário para prolação da decisão num ou noutro sentido.
inicial.
Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á impro-
Art. 16. Proposta a ação declaratória, NÃO SE ADMITIRÁ DESIS- cedente a ação direta ou procedente eventual ação declarató-
TÊNCIA. ria; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á proce-
dente a ação direta ou improcedente eventual ação declarató-
Art. 18. NÃO SE ADMITIRÁ INTERVENÇÃO DE TERCEIROS no ria (ADI e ADC são ações ambivalentes).
processo de ação declaratória de constitucionalidade.
Art. 25. Julgada a ação, far-se-á a comunicação à autoridade ou
Art. 19. Decorrido o prazo do artigo anterior, será aberta vista ao ao órgão responsável pela expedição do ato.
PRG, que deverá pronunciar-se no prazo de 15 dias.
Art. 26. A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconsti-
Art. 20. Vencido o prazo do artigo anterior, o relator lançará o re- tucionalidade da lei ou do ato normativo em ação direta ou em
latório, com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julga- ação declaratória É IRRECORRÍVEL, ressalvada a interposição
mento. de embargos declaratórios, NÃO PODENDO, igualmente, SER
§ 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou cir- OBJETO DE AÇÃO RESCISÓRIA.
cunstância de fato ou de notória insuficiência das informações
existentes nos autos, poderá o relator requisitar informações Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normati-
adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que vo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excep-
emita parecer sobre a questão ou fixar data para, em audiên- cional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por
cia pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e maioria de 2/3 de seus membros, restringir os efeitos daquela de-
autoridade na matéria. claração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsi-
§ 2o O relator poderá solicitar, ainda, informações aos Tribunais to em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado (mo-
Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca dulação dos efeitos da decisão)
da aplicação da norma questionada no âmbito de sua jurisdição.
Art. 28. Dentro do prazo de 10 dias após o trânsito em julgado
§ 3o As informações, perícias e audiências a que se referem os pa-
da decisão, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção es-
rágrafos anteriores serão realizadas no prazo de 30 dias, contado
pecial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União a parte dis-
da solicitação do relator.
positiva do acórdão.
Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de in-
Seção II
constitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a
Da MEDIDA CAUTELAR EM ADC
Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade
Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria ab-
sem redução de texto, têm EFICÁCIA CONTRA TODOS E EFEI-
soluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida
TO VINCULANTE em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à
cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, consistente
Administração Pública federal, estadual e municipal.
na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o
julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou
do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definiti- Eficácia SUBJETIVA das decisões proferidas pelo STF em ADI,
vo. ADC e ADPF
Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribu- Ficam vinculados.
nal Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da Particulares
Caso haja desrespeito, cabe reclamação.
União a parte dispositiva da decisão, no prazo de 10 dias, deven-
do o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento Os órgãos e entidades do Poder Executivo ficam
e oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia. Executivo vinculados.
Caso haja desrespeito, cabe reclamação.
CAPÍTULO IV Os demais juízes e Tribunais ficam vinculados.
DA DECISÃO NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Judiciário
Caso haja desrespeito, cabe reclamação.
E NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
Art. 22. A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucio- STF A decisão vincula os julgamentos futuros a serem
nalidade da lei ou do ato normativo somente será tomada se efetuados monocraticamente pelos Ministros ou
presentes na sessão pelo menos 8 Ministros. pelas Turmas do STF. Essa decisão não vincula,
contudo, o Plenário do STF. Assim, se o STF de-
Art. 23. Efetuado o julgamento, proclamar-se-á a constituciona- cidiu, em controle abstrato, que determinada lei é
lidade ou a inconstitucionalidade da disposição ou da norma constitucional, a Corte poderá, mais tarde, mudar
impugnada se num ou noutro sentido se tiverem manifestado seu entendimento e decidir que esta mesma lei é
pelo menos 6 Ministros, quer se trate de ação direta de in- inconstitucional por conta de mudanças no cená-
constitucionalidade ou de ação declaratória de constituciona- rio jurídico, político, econômico ou social do país.
lidade. Isso se justifica a fim de evitar a "fossilização da
Parágrafo único. Se não for alcançada a maioria necessária à de- Constituição".
claração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, es- Esta mudança de entendimento do STF sobre a

22
constitucionalidade de uma norma pode ser deci- Art. 2o Podem propor ADPF: I - os legitimados para a ADI;
dida, inclusive, durante o julgamento de uma re- § 1o Na hipótese do inciso II, faculta-se ao interessado, mediante
clamação constitucional. Nesse sentido: STF. Ple- representação, solicitar a propositura de argüição de descumpri-
nário. Rcl. 4374/PE, rel. Min. Gilmar Mendes, mento de preceito fundamental ao Procurador-Geral da Repúbli-
18/4/2013 (Info 702). ca, que, examinando os fundamentos jurídicos do pedido, decidi-
rá do cabimento do seu ingresso em juízo.
O Poder Legislativo, em sua função típica de
legislar, não fica vinculado.
Isso também tem como finalidade evitar a "fos- Art. 3o A petição inicial deverá conter:
silização da Constituição". I - a indicação do preceito fundamental que se considera vio-
Assim, o legislador, em tese, pode editar nova lei lado;
com o mesmo conteúdo daquilo que foi declara- II - a indicação do ato questionado;
do inconstitucional pelo STF. III - a prova da violação do preceito fundamental;
Se o legislador o fizer, não é possível que o inte- IV - o pedido, com suas especificações;
ressado proponha uma reclamação ao STF pedin- V - SE FOR O CASO, a comprovação da existência de contro-
Legislativo vérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito funda-
do que essa lei seja automaticamente julgada
também inconstitucional (Rcl. 13019 AgR, julgado mental que se considera violado.
em 19/02/2014). Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento
Será necessária a propositura de uma nova ADI de mandato, se for o caso, será apresentada em 2 vias, devendo
para que o STF examine essa nova lei e a declare conter cópias do ato questionado e dos documentos necessários
inconstitucional. Vale ressaltar que o STF pode até para comprovar a impugnação.
mesmo mudar de opinião
*Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br Art. 4o A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo rela-
tor, quando não for o caso de ADPF, faltar algum dos requisi-
tos prescritos nesta Lei ou for inepta.
Eficácia normativa
§ 1o Não será admitida ADPF quando houver qualquer outro
Quando o STF, no controle concentrado de constitucionalidade
meio eficaz de sanar a lesividade (a ADPF é subsidiária).
(ADI ou ADC), decide que determinada lei é constitucional ou in-
constitucional, ele gera a consequência que se pode denominar § 2o Da decisão de indeferimento da petição inicial caberá agra-
de eficácia normativa, que significa manter ou excluir (declarar vo, no prazo de 5 dias.
nula) a referida norma do ordenamento jurídico.
Art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria abso-
Eficácia executiva ou instrumental luta de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar
A sentença de mérito na ADI ou ADC provoca também um efei- na argüição de descumprimento de preceito fundamental.
to vinculante, consistente em atribuir ao julgado uma força
§ 1o Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave,
impositiva e obrigatória em relação aos atos administrativos
ou ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a
ou judiciais supervenientes. Em outras palavras, os atos admi-
liminar, ad referendum do Tribunal Pleno.
nistrativos e judiciais que forem praticados depois do julgado do
STF deverão respeitar aquilo que foi decidido. A isso o Min. Teori § 2o O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsá-
Zavascki chama de eficácia executiva ou instrumental (eficá- veis pelo ato questionado, bem como o AGU ou o PGR, no prazo
cia vinculante). Em caso de descumprimento dessa eficácia exe- comum de 5 dias.
cutiva ou instrumental, a parte prejudicada poderá ajuizar no § 3o A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e
STF uma reclamação (art. 102, I, “l” da CF/88). tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos
de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apre-
Eficácia normativa = efeitos EX TUNC sente relação com a matéria objeto da argüição de descumpri-
A eficácia normativa (declaração de constitucionalidade ou de mento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa jul-
inconstitucionalidade) opera de forma “ex tunc” (retroativa). gada.
Eficácia executiva = efeitos EX NUNC
A eficácia executiva (efeito vinculante) produz efeitos “ex nunc”.
Art. 6o Apreciado o pedido de liminar, o relator solicitará as infor-
Assim, o termo inicial da eficácia executiva é o dia de publicação
mações às autoridades responsáveis pela prática do ato questio-
do acórdão do STF no Diário Oficial (art. 28 da Lei 9.868/1999).
nado, no prazo de 10 dias.
Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br § 1o Se entender necessário, poderá o relator ouvir as partes nos
processos que ensejaram a argüição, requisitar informações adici-
LEI 9882/99 – ADPF onais, designar perito ou comissão de peritos para que emita
parecer sobre a questão, ou ainda, fixar data para declarações, em
Art. 1o A argüição prevista no § 1 o do art. 102 da Constituição Fe- audiência pública, de pessoas com experiência e autoridade na
deral será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá matéria.
por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, re- § 2o Poderão ser autorizadas, a critério do relator, sustentação
sultante de ato do Poder Público. oral e juntada de memoriais, por requerimento dos interessados
Parágrafo único. Caberá também ADPF: no processo.
I - quando for relevante o fundamento da controvérsia consti-
tucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou MU-
NICIPAL, INCLUÍDOS OS ANTERIORES À CONSTITUIÇÃO;

23
Art. 7o Decorrido o prazo das informações, o relator lançará o re- A medida cautelar poderá consistir na
latório, com cópia a todos os ministros, e pedirá dia para julga- suspensão da aplicação da lei ou do ato
mento. normativo questionado, no caso de omis-
Parágrafo único. O Ministério Público, nas argüições que não ADO são parcial, bem como na suspensão de
houver formulado, terá vista do processo, por 5 dias, após o processos judiciais ou de procedimentos
decurso do prazo para informações. administrativos, ou ainda em outra pro-
vidência a ser fixada pelo Tribunal.
Art. 8o A decisão sobre a argüição de descumprimento de precei-
O Supremo Tribunal Federal, por decisão da
to fundamental somente será tomada se presentes na sessão
maioria absoluta de seus membros, pode-
pelo menos 2/3 dos Ministros.
rá deferir pedido de medida cautelar na
ADC ação declaratória de constitucionalidade,
Art. 10. Julgada a ação, far-se-á comunicação às autoridades
consistente na determinação de que os juí-
ou órgãos responsáveis pela prática dos atos questionados, fi-
zes e os Tribunais suspendam o julgamen-
xando-se as condições e o modo de interpretação e aplicação
to dos processos que envolvam a aplica-
do preceito fundamental.
ção da lei ou do ato normativo objeto da
§ 1o O presidente do Tribunal determinará o imediato cumpri- ação até seu julgamento definitivo.
mento da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente.
A liminar poderá consistir na determina-
§ 2o Dentro do prazo de 10 dias contado a partir do trânsito em
ção de que juízes e tribunais suspendam o
julgado da decisão, sua parte dispositiva será publicada em seção
andamento de processo ou os efeitos de
especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União.
ADPF decisões judiciais, ou de qualquer outra
§ 3o A decisão terá EFICÁCIA CONTRA TODOS E EFEITO VIN-
medida que apresente relação com a ma-
CULANTE relativamente aos demais órgãos do Poder Público.
téria objeto da argüição de descumprimen-
to de preceito fundamental, salvo se decor-
Art. 11. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normati-
rentes da coisa julgada.
vo, no processo de argüição de descumprimento de preceito fun-
damental, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de
excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, Lei 11417/06 - SV
por maioria de 2/3 de seus membros, restringir os efeitos daquela
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu Art. 1o Esta Lei disciplina a edição, a revisão e o cancelamento
trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado de enunciado de súmula vinculante pelo STF e dá outras provi-
(modulação dos efeitos da decisão) dências.

Art. 12. A decisão que julgar procedente ou improcedente o


Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por pro-
pedido em argüição de descumprimento de preceito funda-
vocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucio-
mental É IRRECORRÍVEL, NÃO podendo ser objeto de AÇÃO
nal, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação
RESCISÓRIA.
na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais
órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e in-
Art. 13. Caberá reclamação contra o descumprimento da deci-
direta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proce-
são proferida pelo Supremo Tribunal Federal, na forma do seu
der à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei.
Regimento Interno.
§ 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a inter-
pretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais
MEDIDA CAUTELAR
haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pú-
A liminar poderá consistir na determina- blica, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídi-
ção de que se suspenda o andamento de ca e relevante multiplicação de processos sobre idêntica ques-
REPRESENTAÇÃO processo ou os efeitos de decisões judici- tão.
INTERVENTIVA ais ou administrativas ou de qualquer § 2o O Procurador-Geral da República, nas propostas que não
outra medida que apresente relação com houver formulado, manifestar-se-á previamente à edição, re-
a matéria objeto da representação inter- visão ou cancelamento de enunciado de súmula vinculante.
ventiva. § 3o A edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de
A MEDIDA CAUTELAR, dotada de EFICÁ- súmula com efeito vinculante dependerão de decisão tomada
CIA CONTRA TODOS, será concedida com por 2/3 dos membros do Supremo Tribunal Federal, em ses-
EFEITO EX NUNC, salvo se o Tribunal en- são plenária.
ADI tender que deva conceder-lhe eficácia re- § 4o No prazo de 10 dias após a sessão em que editar, rever ou
troativa. cancelar enunciado de súmula com efeito vinculante, o Supremo
A concessão da medida cautelar torna Tribunal Federal fará publicar, em seção especial do Diário da Jus-
aplicável a legislação anterior acaso exis- tiça e do Diário Oficial da União, o enunciado respectivo.
tente (EFEITO REPRISTINATÓRIO), salvo
expressa manifestação em sentido con- Art. 3o São legitimados a propor a edição, a revisão ou o cance-
trário. lamento de enunciado de súmula vinculante:
I - o Presidente da República;

24
II - a Mesa do Senado Federal; membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou decidir que
III – a Mesa da Câmara dos Deputados; só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista ra-
IV – o Procurador-Geral da República; zões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público
V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (modulação dos efeitos da decisão).
VI - o Defensor Público-Geral da União;
VII – partido político com representação no Congresso Nacional; Art. 5o Revogada ou modificada a lei em que se fundou a edi-
VIII – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito naci- ção de enunciado de súmula vinculante, o Supremo Tribunal
onal; Federal, de ofício ou por provocação, procederá à sua revisão
IX – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa ou cancelamento, conforme o caso.
do Distrito Federal;
X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; Art. 6o A proposta de edição, revisão ou cancelamento de enun-
XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ciado de súmula vinculante NÃO AUTORIZA A SUSPENSÃO DOS
ou do Distrito Federal e Territórios, os Tribunais Regionais Fe- PROCESSOS em que se discuta a mesma questão.
derais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regi-
onais Eleitorais e os Tribunais Militares.
Art. 7o Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar
enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo
LEGITIMADOS ADI/ADC/ LEGITIMADOS SV indevidamente CABERÁ RECLAMAÇÃO ao Supremo Tribunal Fe-
ADPF deral, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de
I - o Presidente da República; I - o Presidente da República; impugnação.
II - a Mesa do Senado Federal; II - a Mesa do Senado Federal; § 1o CONTRA OMISSÃO ou ATO da administração pública, o
III - a Mesa da Câmara dos De- III – a Mesa da Câmara dos De- uso da reclamação SÓ SERÁ ADMITIDO APÓS ESGOTAMENTO
putados; putados; DAS VIAS ADMINISTRATIVAS.
IV a Mesa de Assembléia Legis- IV – o Procurador-Geral da Re- § 2o Ao julgar procedente a reclamação, o STF anulará o ato
lativa ou da Câmara Legislativa pública; administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, deter-
do Distrito Federal; V - o Conselho Federal da Or- minando que outra seja proferida com ou sem aplicação da sú-
V o Governador de Estado ou dem dos Advogados do Brasil; mula, conforme o caso.
do Distrito Federal; VI - o Defensor Público-Geral
VI - o Procurador-Geral da Re- da União; Art. 8o O art. 56 da Lei n o 9.784, de 29 de janeiro de 1999, passa
pública; VII – partido político com re-
a vigorar acrescido do seguinte § 3o:
VII - o Conselho Federal da Or- presentação no Congresso Na-
“Art. 56. § 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa
dem dos Advogados do Brasil; cional;
contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade
VIII - partido político com re- VIII – confederação sindical ou
prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar,
presentação no Congresso Na- entidade de classe de âmbito
antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões
cional; nacional;
da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o
IX - confederação sindical ou IX – a Mesa de Assembléia Le-
caso.” (NR)
entidade de classe de âmbito gislativa ou da Câmara Legisla-
nacional. tiva do Distrito Federal;
X - o Governador de Estado ou Art. 9o A Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, passa a vigorar
do Distrito Federal; acrescida dos seguintes arts. 64-A e 64-B:
XI - os Tribunais Superiores, “Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da sú-
os Tribunais de Justiça de Es- mula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso expli-
tados ou do Distrito Federal e citará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula,
Territórios, os Tribunais Regi- conforme o caso.”
onais Federais, os Tribunais “Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação
Regionais do Trabalho, os Tri- fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-
bunais Regionais Eleitorais e á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o
os Tribunais Militares. julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões
administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabili-
zação pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.”
§ 1o O Município poderá propor, incidentalmente ao curso de
processo em que seja parte, a edição, a revisão ou o cancelamen- Art. 10. O procedimento de edição, revisão ou cancelamento de
to de enunciado de súmula vinculante, o que não autoriza a sus- enunciado de súmula com efeito vinculante obedecerá, subsidiari-
pensão do processo. amente, ao disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal
§ 2o No procedimento de edição, revisão ou cancelamento de Federal.
enunciado da súmula vinculante, o relator poderá admitir, por
decisão irrecorrível, a manifestação de terceiros na questão,
nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

Art. 4o A súmula com efeito vinculante tem eficácia imediata,


mas o Supremo Tribunal Federal, por decisão de 2/3 dos seus

25
DIA 18 das obras que ali tenciona fazer; não pode sem consentimento do
outro, fazer, na parede-meia, armários, ou obras semelhantes,
correspondendo a outras, da mesma natureza, já feitas do lado
oposto.
Código Civil: art 1299-1389
Código Processo Civil: art. 862-924 Art. 1.307. Qualquer dos confinantes pode altear a parede divisó-
LEI 8987/95 - SERVIÇOS PÚBLICOS ria, se necessário reconstruindo-a, para suportar o alteamento; ar-
cará com todas as despesas, inclusive de conservação, ou com
CÓDIGO CIVIL metade, se o vizinho adquirir meação também na parte aumenta-
da.
Seção VII
Art. 1.308. Não é lícito encostar à parede divisória chaminés, fo-
Do Direito de Construir
gões, fornos ou quaisquer aparelhos ou depósitos suscetíveis de
Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as cons-
produzir infiltrações ou interferências prejudiciais ao vizinho.
truções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regula-
Parágrafo único. A disposição anterior não abrange as chaminés
mentos administrativos.
ordinárias e os fogões de cozinha.
Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio
Art. 1.309. São proibidas construções capazes de poluir, ou inuti-
não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho.
lizar, para uso ordinário, a água do poço, ou nascente alheia, a
elas preexistentes.
Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou va-
randa, a menos de 1,5m do terreno vizinho.
Art. 1.310. Não é permitido fazer escavações ou quaisquer obras
§ 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória,
que tirem ao poço ou à nascente de outrem a água indispensável
bem como as perpendiculares, não poderão ser abertas a me-
às suas necessidades normais.
nos de 0,75cm.
§ 2o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas
Art. 1.311. Não é permitida a execução de qualquer obra ou ser-
para luz ou ventilação, não maiores de 10cm de largura sobre
viço suscetível de provocar desmoronamento ou deslocação de
20cm de comprimento e construídas a mais de 2m de altura
terra, ou que comprometa a segurança do prédio vizinho, senão
de cada piso.
após haverem sido feitas as obras acautelatórias.
Parágrafo único. O proprietário do prédio vizinho tem direito a
Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a
ressarcimento pelos prejuízos que sofrer, não obstante haverem
conclusão da obra, exigir que se desfaça janela, sacada, terra-
sido realizadas as obras acautelatórias.
ço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não pode-
rá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo an-
Art. 1.312. Todo aquele que violar as proibições estabelecidas nes-
tecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das
ta Seção é obrigado a demolir as construções feitas, respondendo
águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho.
por perdas e danos.
Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz,
seja qual for a quantidade, altura e disposição, o vizinho poderá, a
Art. 1.313. O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a
todo tempo, levantar a sua edificação, ou contramuro, ainda que
tolerar que o vizinho entre no prédio, mediante prévio aviso,
lhes vede a claridade.
para:
I - dele temporariamente usar, quando indispensável à repara-
Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido levantar edificações a
ção, construção, reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro
menos de 3m do terreno vizinho.
divisório;
II - apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se en-
Art. 1.304. Nas cidades, vilas e povoados cuja edificação estiver
contrem casualmente.
adstrita a alinhamento, o dono de um terreno pode nele edificar,
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se aos casos de limpeza ou
madeirando na parede divisória do prédio contíguo, se ela supor-
reparação de esgotos, goteiras, aparelhos higiênicos, poços e
tar a nova construção; mas terá de embolsar ao vizinho metade
nascentes e ao aparo de cerca viva.
do valor da parede e do chão correspondentes.
§ 2o Na hipótese do inciso II, uma vez entregues as coisas busca-
das pelo vizinho, poderá ser impedida a sua entrada no imó-
Art. 1.305. O confinante, que primeiro construir, pode assentar a
vel.
parede divisória até meia espessura no terreno contíguo, sem
§ 3o Se do exercício do direito assegurado neste artigo provier
perder por isso o direito a haver meio valor dela se o vizinho a
dano, terá o prejudicado direito a ressarcimento.
travejar, caso em que o primeiro fixará a largura e a profundidade
do alicerce.
CAPÍTULO VI
Parágrafo único. Se a parede divisória pertencer a um dos vizi-
Do Condomínio Geral
nhos, e não tiver capacidade para ser travejada pelo outro, não
Seção I
poderá este fazer-lhe alicerce ao pé sem prestar caução àquele,
Do Condomínio Voluntário
pelo risco a que expõe a construção anterior.
Subseção I
Dos Direitos e Deveres dos Condôminos
Art. 1.306. O condômino da parede-meia pode utilizá-la até ao
Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua
meio da espessura, não pondo em risco a segurança ou a separa-
destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a
ção dos dois prédios, e avisando previamente o outro condômino

1
indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a Da Administração do Condomínio
respectiva parte ideal, ou gravá-la. Art. 1.323. Deliberando a maioria sobre a administração da coisa
Parágrafo único. NENHUM dos condôminos pode alterar a des- comum, escolherá o administrador, que poderá ser estranho ao
tinação da coisa comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a condomínio; resolvendo alugá-la, preferir-se-á, em condições
estranhos, sem o consenso dos outros. iguais, o condômino ao que não o é.

Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a Art. 1.324. O condômino que administrar sem oposição dos ou-
concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e tros presume-se representante comum.
a suportar os ônus a que estiver sujeita.
Parágrafo único. Presumem-se iguais as partes ideais dos con- Art. 1.325. A maioria será calculada pelo valor dos quinhões.
dôminos. § 1o As deliberações serão obrigatórias, sendo tomadas por mai-
oria absoluta.
Art. 1.316. Pode o condômino eximir-se do pagamento das des- § 2o Não sendo possível alcançar maioria absoluta, decidirá o juiz,
pesas e dívidas, renunciando à parte ideal. a requerimento de qualquer condômino, ouvidos os outros.
§ 1o Se os demais condôminos assumem as despesas e as dívidas, § 3o Havendo dúvida quanto ao valor do quinhão, será este avali-
a renúncia lhes aproveita, adquirindo a parte ideal de quem re- ado judicialmente.
nunciou, na proporção dos pagamentos que fizerem.
§ 2o Se não há condômino que faça os pagamentos, a coisa co- Art. 1.326. Os frutos da coisa comum, não havendo em contrário
mum será dividida. estipulação ou disposição de última vontade, serão partilhados na
proporção dos quinhões.
Art. 1.317. Quando a dívida houver sido contraída por todos os
condôminos, sem se discriminar a parte de cada um na obrigação, Seção II
nem se estipular solidariedade, entende-se que cada qual se obri- Do Condomínio Necessário
gou proporcionalmente ao seu quinhão na coisa comum. Art. 1.327. O condomínio por meação de paredes, cercas, muros e
valas regula-se pelo disposto neste Código (arts. 1.297 e 1.298;
Art. 1.318. As dívidas contraídas por um dos condôminos em pro- 1.304 a 1.307).
veito da comunhão, e durante ela, obrigam o contratante; mas
terá este ação regressiva contra os demais. Art. 1.328. O proprietário que tiver direito a estremar um imóvel
com paredes, cercas, muros, valas ou valados, tê-lo-á igualmente
Art. 1.319. Cada condômino responde aos outros pelos frutos que a adquirir meação na parede, muro, valado ou cerca do vizinho,
percebeu da coisa e pelo dano que lhe causou. embolsando-lhe metade do que atualmente valer a obra e o ter-
reno por ela ocupado (art. 1.297).
Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a di-
visão da coisa comum, respondendo o quinhão de cada um pela Art. 1.329. Não convindo os dois no preço da obra, será este arbi-
sua parte nas despesas da divisão. trado por peritos, a expensas de ambos os confinantes.
§ 1o Podem os condôminos acordar que fique indivisa a coisa
comum por prazo não maior de 5 anos, suscetível de prorro- Art. 1.330. Qualquer que seja o valor da meação, enquanto aquele
gação ulterior. que pretender a divisão não o pagar ou depositar, nenhum uso
§ 2o Não poderá exceder de 5 anos a indivisão estabelecida poderá fazer na parede, muro, vala, cerca ou qualquer outra obra
pelo doador ou pelo testador. divisória.
§ 3o A requerimento de qualquer interessado e se graves razões o
aconselharem, pode o juiz determinar a divisão da coisa comum CAPÍTULO VII
antes do prazo. Do Condomínio Edilício
Seção I
Art. 1.321. Aplicam-se à divisão do condomínio, no que couber, as Disposições Gerais
regras de partilha de herança (arts. 2.013 a 2.022). Art. 1.331. Pode haver, em edificações, partes que são proprieda-
de exclusiva, e partes que são propriedade comum dos condômi-
Art. 1.322. Quando a coisa for indivisível, e os consortes não qui- nos.
serem adjudicá-la a um só, indenizando os outros, será vendida e § 1o As partes suscetíveis de utilização independente, tais como
repartido o apurado, preferindo-se, na venda, em condições apartamentos, escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respec-
iguais de oferta, o condômino ao estranho, e entre os condômi- tivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-
nos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais valiosas, e, não as se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas li-
havendo, o de quinhão maior. vremente por seus proprietários, exceto os abrigos para veícu-
Parágrafo único. Se nenhum dos condôminos tem benfeitorias na los, que não poderão ser alienados ou alugados a pessoas es-
coisa comum e participam todos do condomínio em partes iguais, tranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na con-
realizar-se-á licitação entre estranhos e, antes de adjudicada a venção de condomínio.
coisa àquele que ofereceu maior lanço, proceder-se-á à licitação § 2o O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de dis-
entre os condôminos, a fim de que a coisa seja adjudicada a tribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refri-
quem afinal oferecer melhor lanço, preferindo, em condições geração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso
iguais, o condômino ao estranho. ao logradouro público, são utilizados em comum pelos condô-
minos, não podendo ser alienados separadamente, ou dividi-
Subseção II dos.

2
§ 3o A cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável,
uma fração ideal no solo e nas outras partes comuns, que será JDC248 O quórum para alteração do regimento interno do
identificada em forma decimal ou ordinária no instrumento de condomínio edilício pode ser livremente fixado na convenção.
instituição do condomínio.
§ 4o Nenhuma unidade imobiliária pode ser privada do acesso ao
Art. 1.335. São direitos do condômino:
logradouro público.
I - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades;
§ 5o O terraço de cobertura é parte comum, salvo disposição
II - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e con-
contrária da escritura de constituição do condomínio.
tanto que não exclua a utilização dos demais compossuidores;
III - votar nas deliberações da assembleia e delas participar, es-
JDC89 O disposto nos arts. 1.331 a 1.358 do novo Código Civil tando quite.
aplica-se, no que couber, aos condomínios assemelhados, tais
como loteamentos fechados, multipropriedade imobiliária e
JDC566 A cláusula convencional que restringe a permanência de
clubes de campo
animais em unidades autônomas residenciais deve ser valorada
JDC91 A convenção de condomínio ou a assembléia-geral
à luz dos parâmetros legais de sossego, insalubridade e pericu-
podem vedar a locação de área de garagem ou abrigo para
losidade.
veículos a estranhos ao condomínio.
JDC247 No condomínio edilício é possível a utilização exclusiva
de área “comum” que, pelas próprias características da edifica- Art. 1.336. São deveres do condômino:
ção, não se preste ao “uso comum” dos demais condôminos. I - contribuir para as despesas do condomínio na proporção das
suas frações ideais, salvo disposição em contrário na convenção;
II - não realizar obras que comprometam a segurança da edifi-
Art. 1.332. Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos
cação;
ou testamento, registrado no Cartório de Registro de Imóveis,
III - não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esqua-
devendo constar daquele ato, além do disposto em lei especial:
drias externas;
I - a discriminação e individualização das unidades de proprieda-
IV - dar às suas partes a mesma destinação que tem a edifica-
de exclusiva, estremadas uma das outras e das partes comuns;
ção, e não as utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salu-
II - a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, rela-
bridade e segurança dos possuidores, ou aos bons costumes.
tivamente ao terreno e partes comuns;
§ 1o O condômino que não pagar a sua contribuição ficará su-
III - o fim a que as unidades se destinam.
jeito aos juros moratórios convencionados ou, não sendo pre-
vistos, os de 1% ao mês e multa de até 2% sobre o débito.
JDC504 A escritura declaratória de instituição e convenção fir- § 2o O condômino, que não cumprir qualquer dos deveres esta-
mada pelo titular único de edificação composta por unidades belecidos nos incisos II a IV, pagará a multa prevista no ato cons-
autônomas é título hábil para registro da propriedade hori- titutivo ou na convenção, não podendo ela ser superior a 5 ve-
zontal no competente registro de imóveis, nos termos dos zes o valor de suas contribuições mensais, independentemen-
arts. 1.332 a 1.334 do Código Civil. te das perdas e danos que se apurarem; não havendo disposição
expressa, caberá à assembleia geral, por 2/3 no mínimo dos con-
Art. 1.333. A convenção que constitui o condomínio edilício dôminos restantes, deliberar sobre a cobrança da multa.
deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, 2/3 das fra-
ções ideais e torna-se, desde logo, obrigatória para os titula- JDC505 É nula a estipulação que, dissimulando ou embutindo
res de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre elas multa acima de 2%, confere suposto desconto de pontualidade
tenham posse ou detenção. no pagamento da taxa condominial, pois configura fraude à lei
Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros, a convenção (Código Civil, art. 1336, § 1º), e não redução por merecimento.
do condomínio deverá ser registrada no Cartório de Registro
de Imóveis.
Art. 1337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reitera-
damente com os seus deveres perante o condomínio poderá,
Art. 1.334. Além das cláusulas referidas no art. 1.332 e das que os
por deliberação de 3/4 dos condôminos restantes, ser constran-
interessados houverem por bem estipular, a convenção determi-
gido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor
nará:
atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme
I - a quota proporcional e o modo de pagamento das contribui-
a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das
ções dos condôminos para atender às despesas ordinárias e ex-
perdas e danos que se apurem.
traordinárias do condomínio;
Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reitera-
II - sua forma de administração;
do comportamento antissocial, gerar incompatibilidade de
III - a competência das assembleias, forma de sua convocação e
convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá
quorum exigido para as deliberações;
ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo do
IV - as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuido-
valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até
res;
ulterior deliberação da assembleia.
V - o regimento interno.
§ 1o A convenção poderá ser feita por escritura pública ou por
instrumento particular. JDC92 As sanções do art. 1.337 do novo Código Civil não po-
§ 2o São equiparados aos proprietários, para os fins deste artigo, dem ser aplicadas sem que se garanta direito de defesa ao
salvo disposição em contrário, os promitentes compradores e os condômino nocivo.
cessionários de direitos relativos às unidades autônomas.

3
Art. 1.338. Resolvendo o condômino alugar área no abrigo para não sendo permitidas construções, nas partes comuns, suscetíveis
veículos, preferir-se-á, em condições iguais, qualquer dos condô- de prejudicar a utilização, por qualquer dos condôminos, das par-
minos a estranhos, e, entre todos, os possuidores. tes próprias, ou comuns.

JDC320 O direito de preferência de que trata o art. 1.338 deve Art. 1.343. A construção de outro pavimento, ou, no solo co-
ser assegurado não apenas nos casos de locação, mas tam- mum, de outro edifício, destinado a conter novas unidades imo-
bém na hipótese de venda da garagem. biliárias, depende da aprovação da unanimidade dos condômi-
nos.
Art. 1.339. Os direitos de cada condômino às partes comuns são
Art. 1.344. Ao proprietário do terraço de cobertura incumbem as
inseparáveis de sua propriedade exclusiva; são também insepará-
despesas da sua conservação, de modo que não haja danos às
veis das frações ideais correspondentes as unidades imobiliárias,
unidades imobiliárias inferiores.
com as suas partes acessórias.
§ 1o Nos casos deste artigo é proibido alienar ou gravar os bens
Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do
em separado.
alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros
§ 2o É permitido ao condômino alienar parte acessória de sua uni-
moratórios.
dade imobiliária a outro condômino, só podendo fazê-lo a tercei-
ro se essa faculdade constar do ato constitutivo do condomínio, e
Art. 1.346. É obrigatório o seguro de toda a edificação contra o
se a ela não se opuser a respectiva assembleia geral.
risco de incêndio ou destruição, total ou parcial.
Art. 1.340. As despesas relativas a partes comuns de uso exclusivo
Seção II
de um condômino, ou de alguns deles, incumbem a quem delas
Da Administração do Condomínio
se serve.
Art. 1.347. A assembleia escolherá um síndico, que poderá não
ser condômino, para administrar o condomínio, por prazo não
Art. 1.341. A realização de obras no condomínio depende:
superior a 2 anos, o qual poderá renovar-se.
I - se voluptuárias, de voto de 2/3 dos condôminos;
II - se úteis, de voto da maioria dos condôminos.
Art. 1.348. Compete ao síndico:
§ 1o As obras ou reparações necessárias podem ser realizadas, in-
I - convocar a assembleia dos condôminos;
dependentemente de autorização, pelo síndico, ou, em caso de
II - representar, ativa e passivamente, o condomínio, praticando,
omissão ou impedimento deste, por qualquer condômino.
em juízo ou fora dele, os atos necessários à defesa dos interesses
§ 2o Se as obras ou reparos necessários forem urgentes e impor-
comuns;
tarem em despesas excessivas, determinada sua realização, o
III - dar imediato conhecimento à assembleia da existência de
síndico ou o condômino que tomou a iniciativa delas dará ciência
procedimento judicial ou administrativo, de interesse do condo-
à assembleia, que deverá ser convocada imediatamente.
mínio;
§ 3o Não sendo urgentes, as obras ou reparos necessários, que
IV - cumprir e fazer cumprir a convenção, o regimento interno e
importarem em despesas excessivas, somente poderão ser efe-
as determinações da assembleia;
tuadas após autorização da assembleia, especialmente convo-
V - diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e ze-
cada pelo síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento des-
lar pela prestação dos serviços que interessem aos possuidores;
te, por qualquer dos condôminos.
VI - elaborar o orçamento da receita e da despesa relativa a cada
§ 4o O condômino que realizar obras ou reparos necessários será
ano;
reembolsado das despesas que efetuar, não tendo direito à resti-
VII - cobrar dos condôminos as suas contribuições, bem como
tuição das que fizer com obras ou reparos de outra natureza, em-
impor e cobrar as multas devidas;
bora de interesse comum.
VIII - prestar contas à assembleia, anualmente e quando exigidas;
IX - realizar o seguro da edificação.
REALIZAÇÃO DE OBRAS NO CONDOMÍNIO § 1o Poderá a assembleia investir outra pessoa, em lugar do síndi-
VOLUPTUÁRIAS co, em poderes de representação.
§ 2o O síndico pode transferir a outrem, total ou parcialmente,
OBRAS EM ACRÉSCIMO ÀS EXIS- os poderes de representação ou as funções administrativas,
2/3 dos condôminos
TENTES, PARA FACILITAR OU AU- mediante aprovação da assembleia, salvo disposição em con-
MENTAR A UTILIZAÇÃO trário da convenção.
ÚTEIS Maioria dos condôminos
Art. 1.349. A assembleia, especialmente convocada para o fim es-
NECESSÁRIAS Independe de autorização tabelecido no § 2o do artigo antecedente, poderá, pelo voto da
CONSTRUÇÃO DE OUTRO PAVI- maioria absoluta de seus membros, destituir o síndico que prati-
MENTO Unanimidade dos condô- car irregularidades, não prestar contas, ou não administrar conve-
minos nientemente o condomínio.
CONSTRUÇÃO DE OUTRO EDIFÍ-
CIO, NO SOLO COMUM Art. 1.350. Convocará o síndico, anualmente, reunião da assem-
bleia dos condôminos, na forma prevista na convenção, a fim de
Art. 1.342. A realização de obras, em partes comuns, em acrésci- aprovar o orçamento das despesas, as contribuições dos condô-
mo às já existentes, a fim de lhes facilitar ou aumentar a utiliza- minos e a prestação de contas, e eventualmente eleger-lhe o
ção, depende da aprovação de 2/3 dos votos dos condôminos, substituto e alterar o regimento interno.

4
§ 1o Se o síndico não convocar a assembleia, 1/4 dos condôminos
poderá fazê-lo. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
§ 2o Se a assembleia não se reunir, o juiz decidirá, a requerimento
de qualquer condômino. EDIÇÃO N. 68: CONDOMÍNIO
1) É possível a penhora do bem de família para assegurar o
Art. 1.351. Depende da aprovação de 2/3 os votos dos condômi- pagamento de dívidas oriundas de despesas condominiais
nos a alteração da convenção; a mudança da destinação do do próprio bem.
edifício, ou da unidade imobiliária, depende da aprovação 3) As cotas condominiais possuem natureza proptem rem, ra-
pela unanimidade dos condôminos. zão pela qual os compradores de imóveis respondem pelos
débitos anteriores à aquisição.
4) Havendo compromisso de compra e venda não levado a re-
Alteração da Convenção Mudança da Destinação
gistro, a responsabilidade pelas despesas de condomínio pode
2/3 Unanimidade recair tanto sobre o promitente vendedor quanto sobre o
promissário comprador, dependendo das circunstâncias de
Art. 1.352. Salvo quando exigido quorum especial, as deliberações cada caso concreto. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do
da assembleia serão tomadas, em primeira convocação, por CPC/73 - Tema 886)
maioria de votos dos condôminos presentes que representem 5) O arrematante só responde pelo saldo remanescente do débi-
pelo menos 1/2 das frações ideais. to condominial se constar no edital da hasta pública a informa-
Parágrafo único. Os votos serão proporcionais às frações ideais no ção referente ao ônus incidente sobre o imóvel.
solo e nas outras partes comuns pertencentes a cada condômino, 6) É indevida a inclusão do arrematante de bem imóvel no cum-
salvo disposição diversa da convenção de constituição do condo- primento de sentença proferida em ação de cobrança de cota
mínio. condominial, tendo em vista que não participou da fase proces-
sual em que constituído o título executivo.
Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembleia poderá delibe- 7) O prazo prescricional aplicável à pretensão de cobrança de
rar por maioria dos votos dos presentes, salvo quando exigido taxas condominiais é de 5 anos, de acordo com art. 206, § 5º, I,
quorum especial. do Código Civil.
9) A convenção do condomínio pode fixar o rateio das contribui-
Art. 1.354. A assembleia não poderá deliberar se todos os con- ções condominiais de maneira diversa da regra da fração ideal
dôminos não forem convocados para a reunião. pertencente a cada unidade.
10) Nas relações jurídicas estabelecidas entre condomínio e
Art. 1.355. Assembleias extraordinárias poderão ser convocadas condôminos não incide o CDC.
pelo síndico ou por 1/4 dos condôminos. 11) O condomínio não é responsável pelo pagamento do IPTU
incidente sobre as áreas comuns e de terceiros, pois não é sua a
Art. 1.356. Poderá haver no condomínio um conselho fiscal, com- titularidade do domínio útil, tampouco exerce posse com ani-
posto de 3 membros, eleitos pela assembleia, por prazo não su- mus domini.
perior a 2 anos, ao qual compete dar parecer sobre as contas 12) As taxas de manutenção criadas por associações de mo-
do síndico. radores não obrigam os não associados ou que a elas não
anuíram. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 -
Seção III Tema 882)
Da Extinção do Condomínio 13) Não é lícita a cobrança de tarifa de água no valor do con-
Art. 1.357. Se a edificação for total ou consideravelmente destruí- sumo mínimo multiplicado pelo número de unidades autô-
da, ou ameace ruína, os condôminos deliberarão em assembleia nomas existentes no condomínio quando houver único hi-
sobre a reconstrução, ou venda, por votos que representem me- drômetro no local. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do
tade mais uma das frações ideais. CPC/73 Tema 414)
§ 1o Deliberada a reconstrução, poderá o condômino eximir-se do 14) A legitimidade passiva na ação cautelar de exibição de docu-
pagamento das despesas respectivas, alienando os seus direitos a mentos é do síndico e não do condomínio.
outros condôminos, mediante avaliação judicial. 15) O condomínio tem legitimidade ativa para ajuizar ação obje-
§ 2o Realizada a venda, em que se preferirá, em condições iguais tivando o cumprimento de obrigações e/ou o reconhecimento
de oferta, o condômino ao estranho, será repartido o apurado en- de vícios de construção nas partes comuns e em unidades autô-
tre os condôminos, proporcionalmente ao valor das suas unida- nomas.
des imobiliárias. 16) É possível a reforma ou a utilização exclusiva de área comum
de condomínio desde que exista autorização da assembleia ge-
Art. 1.358. Se ocorrer desapropriação, a indenização será repartida ral.
na proporção a que se refere o § 2o do artigo antecedente. 17) A loja térrea, com acesso próprio à via pública, não concorre
com gastos relacionados a serviços que não lhe sejam úteis, sal-
vo disposição condominial em contrário.
SÚMULAS SOBRE CONDOMÍNIO
Súmula 260-STJ: A convenção de condomínio aprovada, ainda Seção IV
que sem registro, é eficaz para regular as relações entre os Do Condomínio de Lotes
condôminos Art. 1.358-A. Pode haver, em terrenos, partes designadas de lotes
Súmula 478-STJ: Na execução de crédito relativo a cotas con- que são propriedade exclusiva e partes que são propriedade co-
dominiais, este tem preferência sobre o hipotecário mum dos condôminos.

5
§ 1º A fração ideal de cada condômino poderá ser proporcional à Art. 1.358-F. Institui-se a multipropriedade por ato entre vivos
área do solo de cada unidade autônoma, ao respectivo potencial ou testamento, registrado no competente cartório de registro de
construtivo ou a outros critérios indicados no ato de instituição. imóveis, devendo constar daquele ato a duração dos períodos
§ 2º Aplica-se, no que couber, ao condomínio de lotes o disposto correspondentes a cada fração de tempo.
sobre condomínio edilício neste Capítulo, respeitada a legislação
urbanística. Art. 1.358-G. Além das cláusulas que os multiproprietários decidi-
§ 3º Para fins de incorporação imobiliária, a implantação de rem estipular, a convenção de condomínio em multiproprieda-
toda a infraestrutura ficará a cargo do empreendedor. de determinará:
I - os poderes e deveres dos multiproprietários, especialmente
JDC625 A incorporação imobiliária que tenha por objeto o con- em matéria de instalações, equipamentos e mobiliário do imóvel,
domínio de lotes poderá ser submetida ao regime do patrimô- de manutenção ordinária e extraordinária, de conservação e lim-
nio de afetação, na forma da lei especial. peza e de pagamento da contribuição condominial;
II - o número máximo de pessoas que podem ocupar simulta-
neamente o imóvel no período correspondente a cada fração
CAPÍTULO VII-A (LEI 13777/18)
de tempo;
DO CONDOMÍNIO EM MULTIPROPRIEDADE
III - as regras de acesso do administrador condominial ao imó-
Time-sharing(multipropriedade): ocorre quando um bem é vel para cumprimento do dever de manutenção, conservação e
dividido entre vários proprietários sendo que cada um deles limpeza;
utilizará a coisa, com exclusividade, durante certo(s) perío- IV - a criação de fundo de reserva para reposição e manutenção
do(s) de tempo por ano, em um sistema de rodízio (CAVAL- dos equipamentos, instalações e mobiliário;
CANTE, Márcio André Lopes) V - o regime aplicável em caso de perda ou destruição parcial
ou total do imóvel, inclusive para efeitos de participação no risco
Seção I ou no valor do seguro, da indenização ou da parte restante;
Disposições Gerais VI - as multas aplicáveis ao multiproprietário nas hipóteses de
Art. 1.358-B. A multipropriedade reger-se-á pelo disposto neste descumprimento de deveres.
Capítulo e, de forma supletiva e subsidiária, pelas demais disposi-
ções deste Código e pelas disposições das Leis nºs 4.591, de 16 Art. 1.358-H. O instrumento de instituição da multipropriedade
de dezembro de 1964, e 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Códi- ou a convenção de condomínio em multipropriedade poderá es-
go de Defesa do Consumidor). tabelecer o limite máximo de frações de tempo no mesmo
imóvel que poderão ser detidas pela mesma pessoa natural
Art. 1.358-C. MULTIPROPRIEDADE é o regime de condomínio ou jurídica.
em que cada um dos proprietários de um mesmo imóvel é ti- Parágrafo único. Em caso de instituição da multipropriedade para
tular de uma fração de tempo, à qual corresponde a faculda- posterior venda das frações de tempo a terceiros, o atendimento
de de uso e gozo, com exclusividade, da totalidade do imóvel, a eventual limite de frações de tempo por titular estabelecido no
a ser exercida pelos proprietários de forma alternada. instrumento de instituição será obrigatório somente após a venda
Parágrafo único. A multipropriedade não se extinguirá automa- das frações.
ticamente se todas as frações de tempo forem do mesmo
multiproprietário. Seção III
Dos Direitos e das Obrigações do Multiproprietário
Art. 1.358-D. O imóvel objeto da multipropriedade: Art. 1.358-I. São direitos do multiproprietário, além daqueles
I - É INDIVISÍVEL, não se sujeitando a ação de divisão ou de ex- previstos no instrumento de instituição e na convenção de con-
tinção de condomínio; domínio em multipropriedade:
II - inclui as instalações, os equipamentos e o mobiliário desti- I - usar e gozar, durante o período correspondente à sua fração
nados a seu uso e gozo. de tempo, do imóvel e de suas instalações, equipamentos e mo-
biliário;
Art. 1.358-E. Cada fração de tempo É INDIVISÍVEL. II - ceder a fração de tempo em locação ou comodato;
§ 1º O período correspondente a cada fração de tempo será III - alienar a fração de tempo, por ato entre vivos ou por causa
de, no mínimo, 7 dias, seguidos ou intercalados, e poderá ser: de morte, a título oneroso ou gratuito, ou onerá-la, devendo a
I - fixo e determinado, no mesmo período de cada ano; alienação e a qualificação do sucessor, ou a oneração, ser infor-
II - flutuante, caso em que a determinação do período será re- madas ao administrador;
alizada de forma periódica, mediante procedimento objetivo IV - participar e votar, pessoalmente ou por intermédio de re-
que respeite, em relação a todos os multiproprietários, o princípio presentante ou procurador, desde que esteja quite com as obri-
da isonomia, devendo ser previamente divulgado; ou gações condominiais, em:
III - misto, combinando os sistemas fixo e flutuante. a) assembleia geral do condomínio em multipropriedade, e o
§ 2º Todos os multiproprietários terão direito a uma mesma voto do multiproprietário corresponderá à quota de sua fração de
quantidade mínima de dias seguidos durante o ano, podendo tempo no imóvel;
haver a aquisição de frações maiores que a mínima, com o corres- b) assembleia geral do condomínio edilício, quando for o caso,
pondente direito ao uso por períodos também maiores. e o voto do multiproprietário corresponderá à quota de sua fra-
ção de tempo em relação à quota de poder político atribuído à
Seção II unidade autônoma na respectiva convenção de condomínio edilí-
Da Instituição da Multipropriedade cio.

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Art. 1.358-J. São obrigações do multiproprietário, além daque- § 2º O adquirente será solidariamente responsável com o alie-
las previstas no instrumento de instituição e na convenção de nante pelas obrigações de que trata o § 5º do art. 1.358-J deste
condomínio em multipropriedade: Código caso não obtenha a declaração de inexistência de débitos
I - pagar a contribuição condominial do condomínio em multi- referente à fração de tempo no momento de sua aquisição.
propriedade e, quando for o caso, do condomínio edilício, ainda
que renuncie ao uso e gozo, total ou parcial, do imóvel, das áreas Seção V
comuns ou das respectivas instalações, equipamentos e mobiliá- Da Administração da Multipropriedade
rio; Art. 1.358-M. A administração do imóvel e de suas instalações,
II - responder por danos causados ao imóvel, às instalações, equipamentos e mobiliário será de responsabilidade da pessoa
aos equipamentos e ao mobiliário por si, por qualquer de seus indicada no instrumento de instituição ou na convenção de con-
acompanhantes, convidados ou prepostos ou por pessoas por ele domínio em multipropriedade, ou, na falta de indicação, de pes-
autorizadas; soa escolhida em assembleia geral dos condôminos.
III - comunicar imediatamente ao administrador os defeitos, § 1º O administrador exercerá, além daquelas previstas no instru-
avarias e vícios no imóvel dos quais tiver ciência durante a utili- mento de instituição e na convenção de condomínio em multi-
zação; propriedade, as seguintes atribuições:
IV - não modificar, alterar ou substituir o mobiliário, os equi- I - coordenação da utilização do imóvel pelos multiproprietários
pamentos e as instalações do imóvel; durante o período correspondente a suas respectivas frações de
V - manter o imóvel em estado de conservação e limpeza con- tempo;
dizente com os fins a que se destina e com a natureza da res- II - determinação, no caso dos sistemas flutuante ou misto, dos
pectiva construção; períodos concretos de uso e gozo exclusivos de cada multipropri-
VI - usar o imóvel, bem como suas instalações, equipamentos etário em cada ano;
e mobiliário, conforme seu destino e natureza; III - manutenção, conservação e limpeza do imóvel;
VII - usar o imóvel exclusivamente durante o período corres- IV - troca ou substituição de instalações, equipamentos ou mobi-
pondente à sua fração de tempo; liário, inclusive:
VIII - desocupar o imóvel, impreterivelmente, até o dia e hora a) determinar a necessidade da troca ou substituição;
fixados no instrumento de instituição ou na convenção de b) providenciar os orçamentos necessários para a troca ou substi-
condomínio em multipropriedade, sob pena de multa diária, tuição;
conforme convencionado no instrumento pertinente; c) submeter os orçamentos à aprovação pela maioria simples dos
IX - permitir a realização de obras ou reparos urgentes. condôminos em assembleia;
§ 1º Conforme previsão que deverá constar da respectiva con- V - elaboração do orçamento anual, com previsão das receitas e
venção de condomínio em multipropriedade, o multiproprietá- despesas;
rio estará sujeito a: VI - cobrança das quotas de custeio de responsabilidade dos mul-
I - multa, no caso de descumprimento de qualquer de seus deve- tiproprietários;
res; VII - pagamento, por conta do condomínio edilício ou voluntário,
II - multa progressiva e perda temporária do direito de utiliza- com os fundos comuns arrecadados, de todas as despesas co-
ção do imóvel no período correspondente à sua fração de tempo, muns.
no caso de descumprimento reiterado de deveres. § 2º A convenção de condomínio em multipropriedade poderá
§ 2º A responsabilidade pelas despesas referentes a reparos regrar de forma diversa a atribuição prevista no inciso IV do § 1º
no imóvel, bem como suas instalações, equipamentos e mobi- deste artigo.
liário, será:
I - de todos os multiproprietários, quando decorrentes do uso Art. 1.358-N. O instrumento de instituição poderá prever fra-
normal e do desgaste natural do imóvel; ção de tempo destinada à realização, no imóvel e em suas ins-
II - exclusivamente do multiproprietário responsável pelo uso talações, em seus equipamentos e em seu mobiliário, de repa-
anormal, sem prejuízo de multa, quando decorrentes de uso ros indispensáveis ao exercício normal do direito de multipro-
anormal do imóvel. priedade.
§ 1º A fração de tempo de que trata o caput deste artigo poderá
Art. 1.358-K. Para os efeitos do disposto nesta Seção, são equipa- ser atribuída:
rados aos multiproprietários os promitentes compradores e os I - ao instituidor da multipropriedade; ou
cessionários de direitos relativos a cada fração de tempo. II - aos multiproprietários, proporcionalmente às respectivas fra-
ções.
Seção IV § 2º Em caso de emergência, os reparos de que trata o caput des-
Da Transferência da Multipropriedade te artigo poderão ser feitos durante o período correspondente à
Art. 1.358-L. A transferência do direito de multipropriedade e fração de tempo de um dos multiproprietários.
a sua produção de efeitos perante terceiros dar-se-ão na forma
da lei civil e não dependerão da anuência ou cientificação dos Seção VI
demais multiproprietários. Disposições Específicas Relativas às Unidades Autônomas de Con-
§ 1º NÃO HAVERÁ DIREITO DE PREFERÊNCIA na alienação de domínios Edilícios
fração de tempo, salvo se estabelecido no instrumento de ins- Art. 1.358-O. O condomínio edilício poderá adotar o regime
tituição ou na convenção do condomínio em multipropriedade de multipropriedade em parte ou na totalidade de suas uni-
em favor dos demais multiproprietários ou do instituidor do con- dades autônomas, mediante:
domínio em multipropriedade. I - previsão no instrumento de instituição; ou
II - deliberação da maioria absoluta dos condôminos.

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Parágrafo único. No caso previsto no inciso I do caput deste arti- VIII - a possibilidade de realização de assembleias não presenciais,
go, a iniciativa e a responsabilidade para a instituição do regime inclusive por meio eletrônico;
da multipropriedade serão atribuídas às mesmas pessoas e obser- IX - os mecanismos de participação e representação dos titulares;
varão os mesmos requisitos indicados nas alíneas a, b e c e no § X - o funcionamento do sistema de reserva, os meios de confir-
1º do art. 31 da Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964. mação e os requisitos a serem cumpridos pelo multiproprietário
quando não exercer diretamente sua faculdade de uso;
Art. 1.358-P. Na hipótese do art. 1.358-O, a convenção de condo- XI - a descrição dos serviços adicionais, se existentes, e as regras
mínio edilício deve prever, além das matérias elencadas nos arts. para seu uso e custeio.
1.332, 1.334 e, se for o caso, 1.358-G deste Código: Parágrafo único. O regimento interno poderá ser instituído por
I - a identificação das unidades sujeitas ao regime da multipropri- escritura pública ou por instrumento particular.
edade, no caso de empreendimentos mistos;
II - a indicação da duração das frações de tempo de cada unidade Art. 1.358-R. O condomínio edilício em que tenha sido instituído
autônoma sujeita ao regime da multipropriedade; o regime de multipropriedade em parte ou na totalidade de suas
III - a forma de rateio, entre os multiproprietários de uma mesma unidades autônomas terá necessariamente um administrador
unidade autônoma, das contribuições condominiais relativas à profissional.
unidade, que, salvo se disciplinada de forma diversa no instru- § 1º O prazo de duração do contrato de administração será li-
mento de instituição ou na convenção de condomínio em multi- vremente convencionado.
propriedade, será proporcional à fração de tempo de cada multi- § 2º O administrador do condomínio referido no caput deste arti-
proprietário; go será também o administrador de todos os condomínios em
IV - a especificação das despesas ordinárias, cujo custeio será multipropriedade de suas unidades autônomas.
obrigatório, independentemente do uso e gozo do imóvel e das § 3º O administrador será mandatário legal de todos os multipro-
áreas comuns; prietários, exclusivamente para a realização dos atos de gestão
V - os órgãos de administração da multipropriedade; ordinária da multipropriedade, incluindo manutenção, conserva-
VI - a indicação, se for o caso, de que o empreendimento conta ção e limpeza do imóvel e de suas instalações, equipamentos e
com sistema de administração de intercâmbio, na forma prevista mobiliário.
no § 2º do art. 23 da Lei nº 11.771, de 17 de setembro de 2008, § 4º O administrador poderá modificar o regimento interno
seja do período de fruição da fração de tempo, seja do local de quanto aos aspectos estritamente operacionais da gestão da mul-
fruição, caso em que a responsabilidade e as obrigações da com- tipropriedade no condomínio edilício.
panhia de intercâmbio limitam-se ao contido na documentação § 5º O administrador pode ser ou não um prestador de serviços
de sua contratação; de hospedagem.
VII - a competência para a imposição de sanções e o respectivo
procedimento, especialmente nos casos de mora no cumprimento Art. 1.358-S. Na hipótese de inadimplemento, por parte do multi-
das obrigações de custeio e nos casos de descumprimento da proprietário, da obrigação de custeio das despesas ordinárias ou
obrigação de desocupar o imóvel até o dia e hora previstos; extraordinárias, é cabível, na forma da lei processual civil, a adju-
VIII - o quórum exigido para a deliberação de adjudicação da fra- dicação ao condomínio edilício da fração de tempo correspon-
ção de tempo na hipótese de inadimplemento do respectivo mul- dente.
tiproprietário; Parágrafo único. Na hipótese de o imóvel objeto da multiproprie-
IX - o quórum exigido para a deliberação de alienação, pelo con- dade ser parte integrante de empreendimento em que haja siste-
domínio edilício, da fração de tempo adjudicada em virtude do ma de locação das frações de tempo no qual os titulares possam
inadimplemento do respectivo multiproprietário. ou sejam obrigados a locar suas frações de tempo exclusivamente
por meio de uma administração única, repartindo entre si as re-
Art. 1.358-Q. Na hipótese do art. 1.358-O deste Código, o regi- ceitas das locações independentemente da efetiva ocupação de
mento interno do condomínio edilício deve prever: cada unidade autônoma, poderá a convenção do condomínio edi-
I - os direitos dos multiproprietários sobre as partes comuns do lício regrar que em caso de inadimplência:
condomínio edilício; I - o inadimplente fique proibido de utilizar o imóvel até a integral
II - os direitos e obrigações do administrador, inclusive quanto ao quitação da dívida;
acesso ao imóvel para cumprimento do dever de manutenção, II - a fração de tempo do inadimplente passe a integrar o pool da
conservação e limpeza; administradora;
III - as condições e regras para uso das áreas comuns; III - a administradora do sistema de locação fique automatica-
IV - os procedimentos a serem observados para uso e gozo dos mente munida de poderes e obrigada a, por conta e ordem do
imóveis e das instalações, equipamentos e mobiliário destinados inadimplente, utilizar a integralidade dos valores líquidos a que o
ao regime da multipropriedade; inadimplente tiver direito para amortizar suas dívidas condomini-
V - o número máximo de pessoas que podem ocupar simultanea- ais, seja do condomínio edilício, seja do condomínio em multipro-
mente o imóvel no período correspondente a cada fração de priedade, até sua integral quitação, devendo eventual saldo ser
tempo; imediatamente repassado ao multiproprietário.
VI - as regras de convivência entre os multiproprietários e os ocu-
pantes de unidades autônomas não sujeitas ao regime da multi- Art. 1.358-T. O multiproprietário somente poderá renunciar de
propriedade, quando se tratar de empreendimentos mistos; forma translativa a seu direito de multipropriedade em favor
VII - a forma de contribuição, destinação e gestão do fundo de do condomínio edilício.
reserva específico para cada imóvel, para reposição e manutenção Parágrafo único. A renúncia de que trata o caput deste artigo só
dos equipamentos, instalações e mobiliário, sem prejuízo do fun- é admitida se o multiproprietário estiver em dia com as con-
do de reserva do condomínio edilício;

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tribuições condominiais, com os tributos imobiliários e, se
houver, com o foro ou a taxa de ocupação. Art. 1.365. É NULA a cláusula que autoriza o proprietário fidu-
ciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não
Art. 1.358-U. As convenções dos condomínios edilícios, os me- for paga no vencimento (PROIBIÇÃO DO PACTO COMISSÓ-
moriais de loteamentos e os instrumentos de venda dos lotes em RIO)
loteamentos urbanos poderão limitar ou impedir a instituição da Parágrafo único. O devedor pode, com a anuência do credor,
multipropriedade nos respectivos imóveis, vedação que somente dar seu direito eventual à coisa em pagamento da dívida,
poderá ser alterada no mínimo pela maioria absoluta dos condô- após o vencimento desta.
minos.
Possibilidade de o credor ficar com o bem
CAPÍTULO VIII PACTO dado em garantia, quando ocorre a
Da Propriedade Resolúvel COMISSÓRIO inadimplência do devedor em relação à
Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condi- obrigação principal do contrato.
ção ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvi-
dos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprie-
Art. 1.366. Quando, vendida a coisa, o produto não bastar para o
tário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa
pagamento da dívida e das despesas de cobrança, continuará o
do poder de quem a possua ou detenha.
devedor obrigado pelo restante.

Art. 1.360. Se a propriedade se resolver por outra causa superve-


Art. 1.367. A propriedade fiduciária em garantia de bens móveis
niente, o possuidor, que a tiver adquirido por título anterior à sua
ou imóveis sujeita-se às disposições do Capítulo I do Título X do
resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pes-
Livro III da Parte Especial deste Código e, no que for específico, à
soa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele cuja
legislação especial pertinente, não se equiparando, para quais-
propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor.
quer efeitos, à propriedade plena de que trata o art. 1.231.

CAPÍTULO IX
Art. 1.368. O terceiro, interessado ou não, que pagar a dívida, se
Da Propriedade Fiduciária
sub-rogará de pleno direito no crédito e na propriedade fiduciá-
Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de
ria.
COISA MÓVEL INFUNGÍVEL que o devedor, com escopo de ga-
rantia, transfere ao credor.
Art. 1.368-A. As demais espécies de propriedade fiduciária ou de
§ 1o Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do con-
titularidade fiduciária submetem-se à disciplina específica das res-
trato, celebrado por instrumento público ou particular, que
pectivas leis especiais, somente se aplicando as disposições deste
lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do do-
Código naquilo que não for incompatível com a legislação especi-
micílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na reparti-
al.
ção competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação
no certificado de registro.
Art. 1.368-B. A alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou
§ 2o Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o
imóvel confere direito real de aquisição ao fiduciante, seu cessi-
desdobramento da posse, tornando-se o devedor possuidor di-
onário ou sucessor.
reto da coisa.
Parágrafo único. O credor fiduciário que se tornar proprietário
§ 3o A propriedade superveniente, adquirida pelo devedor, torna
pleno do bem, por efeito de realização da garantia, mediante
EFICAZ, desde o arquivamento, a transferência da propriedade
consolidação da propriedade, adjudicação, dação ou outra forma
fiduciária.
pela qual lhe tenha sido transmitida a propriedade plena, passa a
responder pelo pagamento dos tributos sobre a propriedade e a
Art. 1.362. O contrato, que serve de título à propriedade fiduciária,
posse, taxas, despesas condominiais e quaisquer outros encargos,
conterá:
tributários ou não, incidentes sobre o bem objeto da garantia, a
I - o total da dívida, ou sua estimativa;
partir da data em que vier a ser imitido na posse direta do bem.
II - o prazo, ou a época do pagamento;
III - a taxa de juros, se houver;
IV - a descrição da coisa objeto da transferência, com os elemen- JDC506 Estando em curso contrato de alienação fiduciária, é
tos indispensáveis à sua identificação. possível a constituição concomitante de nova garantia fidu-
ciária sobre o mesmo bem imóvel, que, entretanto, incidirá so-
Art. 1.363. Antes de vencida a dívida, o devedor, a suas expensas bre a respectiva propriedade superveniente que o fiduciante vier
e risco, pode usar a coisa segundo sua destinação, sendo obriga- a readquirir, quando do implemento da condição a que estiver
do, como depositário: subordinada a primeira garantia fiduciária; a nova garantia po-
I - a empregar na guarda da coisa a diligência exigida por sua na- derá ser registrada na data em que convencionada e será
tureza; eficaz desde a data do registro, produzindo efeito ex tunc.
II - a entregá-la ao credor, se a dívida não for paga no vencimen-
to. SÚMULAS SOBRE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA

Art. 1.364. Vencida a dívida, e não paga, fica o credor obrigado STF
a vender, judicial ou extrajudicialmente, a coisa a terceiros, a Súmula 489-STF: A compra e venda de automóvel não preva-
aplicar o preço no pagamento de seu crédito e das despesas de lece contra terceiros, de boa-fé, se o contrato não foi trans-
cobrança, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor. crito no registro de títulos e documentos.

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STJ ou de plantar em seu terreno, superfície do seu terreno, por
por TEMPO DETERMINADO, TEMPO DETERMINADO OU
Súmula 28-STJ: O contrato de alienação fiduciária em garantia
mediante escritura pública de- INDETERMINADO, mediante
pode ter por objeto bem que já integrava o patrimônio do
vidamente registrada no Cartó- escritura pública registrada no
devedor
rio de Registro de Imóveis. cartório de registro de imóveis.
Súmula 72-STJ: A comprovação da mora é imprescindível à
busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente. O direito de superfície não au- O direito de superfície abrange
Súmula 92-STJ: A terceiro de boa-fé não é oponível a aliena- toriza obra no subsolo, salvo o direito de utilizar o solo, o
ção fiduciária não anotada no certificado de registro do veículo se for inerente ao objeto da subsolo ou o espaço aéreo re-
automotor. concessão. lativo ao terreno, na forma es-
Súmula 138-STJ: O ISS incide na operação de arrendamento tabelecida no contrato respec-
mercantil de coisas móveis. tivo, atendida a legislação ur-
Súmula 293-STJ: A cobrança antecipada do valor residual ga- banística.
rantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento
mercantil. Art. 1.370. A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se
Súmula 384-STJ: Cabe ação monitória para haver saldo rema- onerosa, estipularão as partes se o pagamento será feito de uma
nescente oriundo de venda extrajudicial de bem alienado fiduci- só vez, ou parceladamente.
ariamente em garantia.
Súmula 369-STJ: No contrato de arrendamento mercantil (lea- Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tribu-
sing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessá- tos que incidirem sobre o imóvel.
ria a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em
mora.
JDC94 As partes têm plena liberdade para deliberar, no con-
Súmula 564-STJ: No caso de reintegração de posse em arren-
trato respectivo, sobre o rateio dos encargos e tributos que
damento mercantil financeiro, quando a soma da importân-
incidirão sobre a área objeto da concessão do direito de super-
cia antecipada a título de valor residual garantido (VRG)
fície.
com o valor da venda do bem ultrapassar o total do VRG
previsto contratualmente, o arrendatário terá direito de re-
ceber a respectiva diferença, cabendo, porém, se estipulado Art. 1.372. O direito de superfície pode transferir-se a terceiros
no contrato, o prévio desconto de outras despesas ou encargos e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros.
pactuados. Parágrafo único. Não poderá ser estipulado pelo concedente, a
nenhum título, qualquer pagamento pela transferência.

TÍTULO IV
Art. 1.373. Em caso de alienação do imóvel ou do direito de su-
Da Superfície
perfície, o superficiário ou o proprietário tem direito de prefe-
Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de
rência, em igualdade de condições.
construir ou de plantar em seu terreno, por TEMPO DETERMI-
NADO, mediante escritura pública devidamente registrada no
Cartório de Registro de Imóveis. JDC510 Ao superficiário que não foi previamente notificado pelo
Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no proprietário para exercer o direito de preferência previsto no art.
subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão. 1.373 do CC é assegurado o direito de, no prazo de 6 meses,
contado do registro da alienação, adjudicar para si o bem medi-
ante depósito do preço.
JDC249 A propriedade superficiária pode ser autonomamen-
te objeto de direitos reais de gozo e garantia, cujo prazo não
exceda a duração da concessão da superfície, não se lhe aplican- Art. 1.374. Antes do termo final, resolver-se-á a concessão se o
do o art. 1.474. superficiário der ao terreno destinação diversa daquela para que
JDC250 Admite-se a constituição do direito de superfície por foi concedida.
cisão.
JDC321 Os direitos e obrigações vinculados ao terreno e, bem Art. 1.375. Extinta a concessão, o proprietário passará a ter a pro-
assim, aqueles vinculados à construção ou à plantação formam priedade plena sobre o terreno, construção ou plantação, inde-
patrimônios distintos e autônomos, respondendo cada um de pendentemente de indenização, se as partes não houverem
seus titulares exclusivamente por suas próprias dívidas e obriga- estipulado o contrário.
ções, ressalvadas as fiscais decorrentes do imóvel.
JDC568 O direito de superfície abrange o direito de utilizar o Art. 1.376. No caso de extinção do direito de superfície em conse-
solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na forma quência de desapropriação, a indenização cabe ao proprietário e
estabelecida no contrato, admitindo-se o direito de sobreleva- ao superficiário, no valor correspondente ao direito real de cada
ção, atendida a legislação urbanística. um.

JDC322 O momento da desapropriação e as condições da con-


SUPERFÍCIE
cessão superficiária serão considerados para fins da divisão do
CC ESTATUTO DA CIDADE montante indenizatório (art. 1.376), constituindo-se litisconsórcio
passivo necessário simples entre proprietário e superficiário.
O proprietário pode conceder O proprietário urbano poderá
a outrem o direito de construir conceder a outrem o direito de

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Art. 1.377. O direito de superfície, constituído por pessoa ju- ente é obrigado a sofrê-la; mas tem direito a ser indenizado pelo
rídica de direito público interno, rege-se por este Código, no excesso.
que não for diversamente disciplinado em lei especial.
Art. 1.386. As servidões prediais são indivisíveis, e subsistem, no
TÍTULO V caso de divisão dos imóveis, em benefício de cada uma das por-
Das Servidões ções do prédio dominante, e continuam a gravar cada uma das
CAPÍTULO I do prédio serviente, salvo se, por natureza, ou destino, só se apli-
Da Constituição das Servidões carem a certa parte de um ou de outro.
Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio do-
minante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso CAPÍTULO III
dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos propri- Da Extinção das Servidões
etários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartó- Art. 1.387. Salvo nas desapropriações, a servidão, uma vez re-
rio de Registro de Imóveis. gistrada, só se extingue, com respeito a terceiros, quando can-
celada.
Art. 1.379. O exercício incontestado e contínuo de uma servi- Parágrafo único. Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a
dão aparente, por 10 anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o servidão se mencionar no título hipotecário, será também preciso,
interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, para a cancelar, o consentimento do credor.
valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usu-
capião. Art. 1.388. O dono do prédio serviente tem direito, pelos meios
Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da judiciais, ao cancelamento do registro, embora o dono do pré-
usucapião será de 20 anos. dio dominante lho impugne:
I - quando o titular houver renunciado a sua servidão;
JDC251 O prazo máximo para o usucapião extraordinário de II - quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou
servidões deve ser de 15 anos, em conformidade com o sistema a comodidade, que determinou a constituição da servidão;
geral de usucapião previsto no Código Civil. III - quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão.

Art. 1.389. Também se extingue a servidão, ficando ao dono do


CAPÍTULO II
prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova
Do Exercício das Servidões
da extinção:
Art. 1.380. O dono de uma servidão pode fazer todas as obras ne-
I - pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa;
cessárias à sua conservação e uso, e, se a servidão pertencer a
II - pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato,
mais de um prédio, serão as despesas rateadas entre os respecti-
ou de outro título expresso;
vos donos.
III - pelo não uso, durante 10 anos contínuos.
Art. 1.381. As obras a que se refere o artigo antecedente devem
ser feitas pelo dono do prédio dominante, se o contrário não SÚMULA SOBRE SERVIDÃO
dispuser expressamente o título. Súmula 415-STF: Servidão de trânsito não titulada, mas tomada
permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, con-
Art. 1.382. Quando a obrigação incumbir ao dono do prédio servi- sidera-se aparente, conferindo direito a proteção possessória
ente, este poderá exonerar-se, abandonando, total ou parcial-
mente, a propriedade ao dono do dominante.
Parágrafo único. Se o proprietário do prédio dominante se recusar CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
a receber a propriedade do serviente, ou parte dela, caber-lhe-á
custear as obras. Subseção VIII
Da Penhora de Empresa, de Outros Estabelecimentos
Art. 1.383. O dono do prédio serviente não poderá embaraçar e de Semoventes
de modo algum o exercício legítimo da servidão. Art. 862. Quando a penhora recair em estabelecimento comercial,
industrial ou agrícola, bem como em semoventes, plantações ou
Art. 1.384. A servidão pode ser removida, de um local para outro, edifícios em construção, o juiz nomeará administrador-depositá-
pelo dono do prédio serviente e à sua custa, se em nada diminuir rio, determinando-lhe que apresente em 10 dias o plano de ad-
as vantagens do prédio dominante, ou pelo dono deste e à sua ministração.
custa, se houver considerável incremento da utilidade e não pre- § 1o Ouvidas as partes, o juiz decidirá.
judicar o prédio serviente. § 2o É lícito às partes ajustar a forma de administração e escolher
o depositário, hipótese em que o juiz homologará por despacho a
Art. 1.385. Restringir-se-á o exercício da servidão às necessidades indicação.
do prédio dominante, evitando-se, quanto possível, agravar o en- § 3o Em relação aos edifícios em construção sob regime de incor-
cargo ao prédio serviente. poração imobiliária, a penhora somente poderá recair sobre as
§ 1o Constituída para certo fim, a servidão não se pode ampli- unidades imobiliárias ainda não comercializadas pelo incorpora-
ar a outro. dor.
§ 2o Nas servidões de trânsito, a de maior inclui a de menor ônus, § 4o Sendo necessário afastar o incorporador da administração da
e a menor exclui a mais onerosa. incorporação, será ela exercida pela comissão de representantes
§ 3o Se as necessidades da cultura, ou da indústria, do prédio do- dos adquirentes ou, se se tratar de construção financiada, por
minante impuserem à servidão maior largueza, o dono do servi- empresa ou profissional indicado pela instituição fornecedora dos

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recursos para a obra, devendo ser ouvida, neste último caso, a co- § 1o A medida terá eficácia em relação a terceiros a partir da pu-
missão de representantes dos adquirentes. blicação da decisão que a conceda ou de sua averbação no ofício
imobiliário, em caso de imóveis.
Art. 863. A penhora de empresa que funcione mediante conces- § 2o O exequente providenciará a averbação no ofício imobiliário
são ou autorização far-se-á, conforme o valor do crédito, sobre a mediante a apresentação de certidão de inteiro teor do ato, inde-
renda, sobre determinados bens ou sobre todo o patrimônio, e o pendentemente de mandado judicial.
juiz nomeará como depositário, de preferência, um de seus dire-
tores. Art. 869. O juiz poderá nomear administrador-depositário o exe-
§ 1o Quando a penhora recair sobre a renda ou sobre determina- quente ou o executado, ouvida a parte contrária, e, não havendo
dos bens, o administrador-depositário apresentará a forma de ad- acordo, nomeará profissional qualificado para o desempenho da
ministração e o esquema de pagamento, observando-se, quanto função.
ao mais, o disposto em relação ao regime de penhora de frutos e § 1o O administrador submeterá à aprovação judicial a forma de
rendimentos de coisa móvel e imóvel. administração e a de prestar contas periodicamente.
§ 2o Recaindo a penhora sobre todo o patrimônio, prosseguirá a § 2o Havendo discordância entre as partes ou entre essas e o ad-
execução em seus ulteriores termos, ouvindo-se, antes da arrema- ministrador, o juiz decidirá a melhor forma de administração do
tação ou da adjudicação, o ente público que houver outorgado a bem.
concessão. § 3o Se o imóvel estiver arrendado, o inquilino pagará o aluguel
diretamente ao exequente, salvo se houver administrador.
Art. 864. A penhora de navio ou de aeronave não obsta que con- § 4o O exequente ou o administrador poderá celebrar locação do
tinuem navegando ou operando até a alienação, mas o juiz, ao móvel ou do imóvel, ouvido o executado.
conceder a autorização para tanto, não permitirá que saiam do § 5o As quantias recebidas pelo administrador serão entregues ao
porto ou do aeroporto antes que o executado faça o seguro usual exequente, a fim de serem imputadas ao pagamento da dívida.
contra riscos. § 6o O exequente dará ao executado, por termo nos autos, quita-
ção das quantias recebidas.
Art. 865. A penhora de que trata esta Subseção somente será de-
terminada se não houver outro meio eficaz para a efetivação do Subseção XI
crédito. Da Avaliação
Art. 870. A avaliação será feita pelo oficial de justiça.
Subseção IX Parágrafo único. Se forem necessários conhecimentos especia-
Da Penhora de Percentual de Faturamento de Empresa lizados e o valor da execução o comportar, o juiz nomeará
Art. 866. Se o executado não tiver outros bens penhoráveis ou se, avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 dias para entre-
tendo-os, esses forem de difícil alienação ou insuficientes para ga do laudo.
saldar o crédito executado, o juiz poderá ordenar a penhora de
percentual de faturamento de empresa. Art. 871. Não se procederá à avaliação quando:
§ 1o O juiz fixará percentual que propicie a satisfação do crédito I - uma das partes aceitar a estimativa feita pela outra;
exequendo em tempo razoável, mas que não torne inviável o II - se tratar de títulos ou de mercadorias que tenham cotação
exercício da atividade empresarial. em bolsa, comprovada por certidão ou publicação no órgão ofi-
§ 2o O juiz nomeará administrador-depositário, o qual submeterá cial;
à aprovação judicial a forma de sua atuação e prestará contas III - se tratar de títulos da dívida pública, de ações de socieda-
mensalmente, entregando em juízo as quantias recebidas, com os des e de títulos de crédito negociáveis em bolsa, cujo valor será
respectivos balancetes mensais, a fim de serem imputadas no pa- o da cotação oficial do dia, comprovada por certidão ou publi-
gamento da dívida. cação no órgão oficial;
§ 3o Na penhora de percentual de faturamento de empresa, ob- IV - se tratar de veículos automotores ou de outros bens cujo
servar-se-á, no que couber, o disposto quanto ao regime de pe- preço médio de mercado possa ser conhecido por meio de
nhora de frutos e rendimentos de coisa móvel e imóvel. pesquisas realizadas por órgãos oficiais ou de anúncios de ven-
da divulgados em meios de comunicação, caso em que caberá a
Subseção X quem fizer a nomeação o encargo de comprovar a cotação de
Da Penhora de Frutos e Rendimentos de Coisa Móvel ou Imóvel mercado.
Art. 867. O juiz pode ordenar a penhora de frutos e rendimentos Parágrafo único. Ocorrendo a hipótese do inciso I deste artigo, a
de coisa móvel ou imóvel quando a considerar mais eficiente para avaliação poderá ser realizada quando houver fundada dúvida do
o recebimento do crédito e menos gravosa ao executado. juiz quanto ao real valor do bem.

JSPC106 Na expropriação, a apropriação de frutos e rendimen- Art. 872. A avaliação realizada pelo oficial de justiça constará
tos poderá ser priorizada em relação à adjudicação, se não pre- de vistoria e de laudo anexados ao auto de penhora ou, em
judicar o exequente e for mais favorável ao executado. caso de perícia realizada por avaliador, de laudo apresentado no
prazo fixado pelo juiz, devendo-se, em qualquer hipótese, especi-
ficar:
Art. 868. Ordenada a penhora de frutos e rendimentos, o juiz no-
I - os bens, com as suas características, e o estado em que se en-
meará administrador-depositário, que será investido de todos os
contram;
poderes que concernem à administração do bem e à fruição de
II - o valor dos bens.
seus frutos e utilidades, perdendo o executado o direito de gozo
§ 1o Quando o imóvel for suscetível de cômoda divisão, a avalia-
do bem, até que o exequente seja pago do principal, dos juros,
ção, tendo em conta o crédito reclamado, será realizada em par-
das custas e dos honorários advocatícios.

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tes, sugerindo-se, com a apresentação de memorial descritivo, os cônjuge, o companheiro, o descendente ou o ascendente, nessa
possíveis desmembramentos para alienação. ordem.
§ 2o Realizada a avaliação e, sendo o caso, apresentada a proposta § 7o No caso de penhora de quota social ou de ação de sociedade
de desmembramento, as partes serão ouvidas no prazo de 5 anônima fechada realizada em favor de exequente alheio à
dias. sociedade, esta será intimada, ficando responsável por informar
aos sócios a ocorrência da penhora, assegurando-se a estes a
Art. 873. É admitida nova avaliação quando: preferência.
I - qualquer das partes arguir, fundamentadamente, a ocorrência
de erro na avaliação ou dolo do avaliador; Art. 877. Transcorrido o prazo de 5 dias, contado da última
II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração intimação, e decididas eventuais questões, o juiz ordenará a
ou diminuição no valor do bem; lavratura do auto de adjudicação.
III - o juiz tiver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem na § 1o Considera-se perfeita e acabada a adjudicação com a
primeira avaliação. lavratura e a assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicatário,
Parágrafo único. Aplica-se o art. 480 à nova avaliação prevista no pelo escrivão ou chefe de secretaria, e, se estiver presente, pelo
inciso III do caput deste artigo. executado, expedindo-se:
I - a carta de adjudicação e o mandado de imissão na posse,
Art. 874. Após a avaliação, o juiz poderá, a requerimento do inte- quando se tratar de bem imóvel;
ressado e ouvida a parte contrária, mandar: II - a ordem de entrega ao adjudicatário, quando se tratar de bem
I - reduzir a penhora aos bens suficientes ou transferi-la para ou- móvel.
tros, se o valor dos bens penhorados for consideravelmente supe- § 2o A carta de adjudicação conterá a descrição do imóvel, com
rior ao crédito do exequente e dos acessórios; remissão à sua matrícula e aos seus registros, a cópia do auto de
II - ampliar a penhora ou transferi-la para outros bens mais valio- adjudicação e a prova de quitação do imposto de transmissão.
sos, se o valor dos bens penhorados for inferior ao crédito do § 3o No caso de penhora de bem hipotecado, o executado
exequente. poderá remi-lo até a assinatura do auto de adjudicação,
oferecendo preço igual ao da avaliação, se não tiver havido
Art. 875. Realizadas a penhora e a avaliação, o juiz dará início aos licitantes, ou ao do maior lance oferecido.
atos de expropriação do bem. § 4o Na hipótese de falência ou de insolvência do devedor
hipotecário, o direito de remição previsto no § 3 o será deferido à
Seção IV massa ou aos credores em concurso, não podendo o exequente
Da Expropriação de Bens recusar o preço da avaliação do imóvel.
Subseção I
Da Adjudicação Art. 878. Frustradas as tentativas de alienação do bem, será
Art. 876. É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior reaberta oportunidade para requerimento de adjudicação, caso
ao da avaliação, requerer que lhe sejam adjudicados os bens em que também se poderá pleitear a realização de nova
penhorados. avaliação.
§ 1o Requerida a adjudicação, o executado será intimado do
pedido: Subseção II
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado Da Alienação
constituído nos autos; Art. 879. A alienação far-se-á:
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado I - por iniciativa particular;
pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador II - em leilão judicial eletrônico ou presencial.
constituído nos autos;
III - por meio eletrônico, quando, sendo o caso do § 1 o do art. Art. 880. Não efetivada a adjudicação, o exequente poderá
246, não tiver procurador constituído nos autos. requerer a alienação por sua própria iniciativa ou por intermédio
§ 2o Considera-se realizada a intimação quando o executado de corretor ou leiloeiro público credenciado perante o órgão
houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, judiciário.
observado o disposto no art. 274, parágrafo único. § 1o O juiz fixará o prazo em que a alienação deve ser efetivada, a
§ 3o Se o executado, citado por edital, não tiver procurador forma de publicidade, o preço mínimo, as condições de
constituído nos autos, é dispensável a intimação prevista no § pagamento, as garantias e, se for o caso, a comissão de
1 o. corretagem.
§ 4o Se o valor do crédito for: § 2o A alienação será formalizada por termo nos autos, com a
I - inferior ao dos bens, o requerente da adjudicação depositará assinatura do juiz, do exequente, do adquirente e, se estiver
de imediato a diferença, que ficará à disposição do executado; presente, do executado, expedindo-se:
II - superior ao dos bens, a execução prosseguirá pelo saldo I - a carta de alienação e o mandado de imissão na posse, quando
remanescente. se tratar de bem imóvel;
§ 5o Idêntico direito pode ser exercido por aqueles indicados no II - a ordem de entrega ao adquirente, quando se tratar de bem
art. 889, incisos II a VIII, pelos credores concorrentes que hajam móvel.
penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelo companheiro, pelos § 3o Os tribunais poderão editar disposições complementares
descendentes ou pelos ascendentes do executado. sobre o procedimento da alienação prevista neste artigo,
§ 6o Se houver mais de um pretendente, proceder-se-á a licitação admitindo, quando for o caso, o concurso de meios eletrônicos, e
entre eles, tendo preferência, em caso de igualdade de oferta, o dispor sobre o credenciamento dos corretores e leiloeiros

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públicos, os quais deverão estar em exercício profissional por não II - o valor pelo qual o bem foi avaliado, o preço mínimo pelo
menos que 3 anos. qual poderá ser alienado, as condições de pagamento e, se for o
§ 4o Nas localidades em que não houver corretor ou leiloeiro caso, a comissão do leiloeiro designado;
público credenciado nos termos do § 3 o, a indicação será de livre III - o lugar onde estiverem os móveis, os veículos e os
escolha do exequente. semoventes e, tratando-se de créditos ou direitos, a identificação
dos autos do processo em que foram penhorados;
FPPC192. (art. 880) Alienação por iniciativa particular realizada IV - o sítio, na rede mundial de computadores, e o período em
por corretor ou leiloeiro não credenciado perante o órgão que se realizará o leilão, salvo se este se der de modo presencial,
judiciário não invalida o negócio jurídico, salvo se o hipótese em que serão indicados o local, o dia e a hora de sua
executado comprovar prejuízo. realização;
V - a indicação de local, dia e hora de segundo leilão presencial,
para a hipótese de não haver interessado no primeiro;
Art. 881. A alienação far-se-á em leilão judicial se não
VI - menção da existência de ônus, recurso ou processo pendente
efetivada a adjudicação ou a alienação por iniciativa
sobre os bens a serem leiloados.
particular.
Parágrafo único. No caso de títulos da dívida pública e de títulos
§ 1o O leilão do bem penhorado será realizado por leiloeiro
negociados em bolsa, constará do edital o valor da última
público.
cotação.
§ 2o Ressalvados os casos de alienação a cargo de corretores de
bolsa de valores, todos os demais bens serão alienados em leilão
Art. 887. O leiloeiro público designado adotará providências para
público.
a ampla divulgação da alienação.
§ 1o A publicação do edital deverá ocorrer pelo menos 5 dias
Art. 882. Não sendo possível a sua realização por meio
antes da data marcada para o leilão.
eletrônico, o leilão será presencial.
§ 2o O edital será publicado na rede mundial de computadores,
§ 1o A alienação judicial por meio eletrônico será realizada,
em sítio designado pelo juízo da execução, e conterá descrição
observando-se as garantias processuais das partes, de acordo
detalhada e, sempre que possível, ilustrada dos bens, informando
com regulamentação específica do Conselho Nacional de Justiça.
expressamente se o leilão se realizará de forma eletrônica ou
§ 2o A alienação judicial por meio eletrônico deverá atender aos
presencial.
requisitos de ampla publicidade, autenticidade e segurança, com
§ 3o Não sendo possível a publicação na rede mundial de
observância das regras estabelecidas na legislação sobre
computadores ou considerando o juiz, em atenção às condições
certificação digital.
da sede do juízo, que esse modo de divulgação é insuficiente ou
§ 3o O leilão presencial será realizado no local designado pelo juiz.
inadequado, o edital será afixado em local de costume e
publicado, em resumo, pelo menos 1 vez em jornal de ampla
Art. 883. Caberá ao juiz a designação do leiloeiro público, que
circulação local.
poderá ser indicado pelo exequente.
§ 4o Atendendo ao valor dos bens e às condições da sede do
juízo, o juiz poderá alterar a forma e a frequência da publicidade
Art. 884. Incumbe ao leiloeiro público:
na imprensa, mandar publicar o edital em local de ampla
I - publicar o edital, anunciando a alienação;
circulação de pessoas e divulgar avisos em emissora de rádio ou
II - realizar o leilão onde se encontrem os bens ou no lugar
televisão local, bem como em sítios distintos do indicado no § 2o.
designado pelo juiz;
§ 5o Os editais de leilão de imóveis e de veículos automotores
III - expor aos pretendentes os bens ou as amostras das
serão publicados pela imprensa ou por outros meios de
mercadorias;
divulgação, preferencialmente na seção ou no local reservados à
IV - receber e depositar, dentro de 1 dia, à ordem do juiz, o
publicidade dos respectivos negócios.
produto da alienação;
§ 6o O juiz poderá determinar a reunião de publicações em listas
V - prestar contas nos 2 dias subsequentes ao depósito.
referentes a mais de uma execução.
Parágrafo único. O leiloeiro tem o direito de receber do
arrematante a comissão estabelecida em lei ou arbitrada pelo juiz.
Art. 888. Não se realizando o leilão por qualquer motivo, o juiz
mandará publicar a transferência, observando-se o disposto no
Art. 885. O juiz da execução estabelecerá o preço mínimo, as
art. 887.
condições de pagamento e as garantias que poderão ser
Parágrafo único. O escrivão, o chefe de secretaria ou o leiloeiro
prestadas pelo arrematante.
que culposamente der causa à transferência responde pelas
despesas da nova publicação, podendo o juiz aplicar-lhe a pena
FPPC193. (arts. 885, 886, II, 891, parágrafo único) Não justifica o de suspensão por 5 dias a 3 meses, em procedimento
adiamento do leilão, nem é causa de nulidade da administrativo regular.
arrematação, a falta de fixação, pelo juiz, do preço mínimo
para a arrematação. Art. 889. Serão cientificados da alienação judicial, com pelo
menos 5 dias de antecedência:
Art. 886. O leilão será precedido de publicação de edital, que I - o executado, por meio de seu advogado ou, se não tiver
conterá: procurador constituído nos autos, por carta registrada, mandado,
I - a descrição do bem penhorado, com suas características, e, edital ou outro meio idôneo;
tratando-se de imóvel, sua situação e suas divisas, com remissão à II - o coproprietário de bem indivisível do qual tenha sido
matrícula e aos registros; penhorada fração ideal;

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III - o titular de usufruto, uso, habitação, enfiteuse, direito de § 3o No caso de leilão de bem tombado, a União, os Estados e os
superfície, concessão de uso especial para fins de moradia ou Municípios terão, nessa ordem, o direito de preferência na
concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre arrematação, em igualdade de oferta.
bem gravado com tais direitos reais;
IV - o proprietário do terreno submetido ao regime de direito de Art. 893. Se o leilão for de diversos bens e houver mais de um
superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de lançador, terá preferência aquele que se propuser a arrematá-los
moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora todos, em conjunto, oferecendo, para os bens que não tiverem
recair sobre tais direitos reais; lance, preço igual ao da avaliação e, para os demais, preço igual
V - o credor pignoratício, hipotecário, anticrético, fiduciário ou ao do maior lance que, na tentativa de arrematação
com penhora anteriormente averbada, quando a penhora recair individualizada, tenha sido oferecido para eles.
sobre bens com tais gravames, caso não seja o credor, de
qualquer modo, parte na execução; Art. 894. Quando o imóvel admitir cômoda divisão, o juiz, a
VI - o promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem requerimento do executado, ordenará a alienação judicial de
em relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada; parte dele, desde que suficiente para o pagamento do exequente
VII - o promitente vendedor, quando a penhora recair sobre e para a satisfação das despesas da execução.
direito aquisitivo derivado de promessa de compra e venda § 1o Não havendo lançador, far-se-á a alienação do imóvel em sua
registrada; integridade.
VIII - a União, o Estado e o Município, no caso de alienação de § 2o A alienação por partes deverá ser requerida a tempo de
bem tombado. permitir a avaliação das glebas destacadas e sua inclusão no
Parágrafo único. Se o executado for revel e não tiver edital, e, nesse caso, caberá ao executado instruir o requerimento
advogado constituído, não constando dos autos seu endereço com planta e memorial descritivo subscritos por profissional
atual ou, ainda, não sendo ele encontrado no endereço habilitado.
constante do processo, a intimação considerar-se-á feita por
meio do próprio edital de leilão. Art. 895. O interessado em adquirir o bem penhorado em
prestações poderá apresentar, por escrito:
Art. 890. Pode oferecer lance quem estiver na livre I - até o início do primeiro leilão, proposta de aquisição do bem
administração de seus bens, com exceção: por valor não inferior ao da avaliação;
I - dos tutores, dos curadores, dos testamenteiros, dos II - até o início do segundo leilão, proposta de aquisição do bem
administradores ou dos liquidantes, quanto aos bens confiados à por valor que não seja considerado vil.
sua guarda e à sua responsabilidade; § 1o A proposta conterá, em qualquer hipótese, oferta de
II - dos mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou pagamento de pelo menos 25% do valor do lance à vista e o
alienação estejam encarregados; restante parcelado em até 30 meses, garantido por caução
III - do juiz, do membro do Ministério Público e da Defensoria idônea, quando se tratar de móveis, e por hipoteca do
Pública, do escrivão, do chefe de secretaria e dos demais próprio bem, quando se tratar de imóveis.
servidores e auxiliares da justiça, em relação aos bens e direitos § 2o As propostas para aquisição em prestações indicarão o prazo,
objeto de alienação na localidade onde servirem ou a que se a modalidade, o indexador de correção monetária e as condições
estender a sua autoridade; de pagamento do saldo.
IV - dos servidores públicos em geral, quanto aos bens ou aos § 4o No caso de atraso no pagamento de qualquer das
direitos da pessoa jurídica a que servirem ou que estejam sob sua prestações, incidirá multa de 10% sobre a soma da parcela
administração direta ou indireta; inadimplida com as parcelas vincendas.
V - dos leiloeiros e seus prepostos, quanto aos bens de cuja § 5o O inadimplemento autoriza o exequente a pedir a resolução
venda estejam encarregados; da arrematação ou promover, em face do arrematante, a
VI - dos advogados de qualquer das partes. execução do valor devido, devendo ambos os pedidos ser
formulados nos autos da execução em que se deu a arrematação.
Art. 891. Não será aceito lance que ofereça preço vil. § 6o A apresentação da proposta prevista neste artigo não
Parágrafo único. Considera-se vil o preço inferior ao mínimo suspende o leilão.
estipulado pelo juiz e constante do edital, e, não tendo sido § 7o A proposta de pagamento do lance à vista SEMPRE
fixado preço mínimo, considera-se vil o preço inferior a 50% PREVALECERÁ sobre as propostas de pagamento parcelado.
do valor da avaliação. § 8o Havendo mais de uma proposta de pagamento parcelado:
I - em diferentes condições, o juiz decidirá pela mais vantajosa,
Art. 892. Salvo pronunciamento judicial em sentido diverso, o assim compreendida, sempre, a de maior valor;
pagamento deverá ser realizado de imediato pelo arrematante, II - em iguais condições, o juiz decidirá pela formulada em
por depósito judicial ou por meio eletrônico. primeiro lugar.
§ 1o Se o exequente arrematar os bens e for o único credor, não § 9o No caso de arrematação a prazo, os pagamentos feitos pelo
estará obrigado a exibir o preço, mas, se o valor dos bens exceder arrematante pertencerão ao exequente até o limite de seu
ao seu crédito, depositará, dentro de 3 dias, a diferença, sob crédito, e os subsequentes, ao executado.
pena de tornar-se sem efeito a arrematação, e, nesse caso,
realizar-se-á novo leilão, à custa do exequente. CJF 157: No leilão eletrônico, a proposta de pagamento
§ 2o Se houver mais de um pretendente, proceder-se-á entre eles parcelado (art. 895 do CPC), observado o valor mínimo fixado
à licitação, e, no caso de igualdade de oferta, terá preferência o pelo juiz, deverá ser apresentada até o início do leilão, nos
cônjuge, o companheiro, o descendente ou o ascendente do termos do art. 886, IV, do CPC.
executado, nessa ordem.

15
Art. 896. Quando o imóvel de incapaz não alcançar em leilão executado ou a ação autônoma de que trata o § 4o deste artigo,
pelo menos 80% do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda assegurada a possibilidade de reparação pelos prejuízos sofridos.
e à administração de depositário idôneo, adiando a alienação por § 1o Ressalvadas outras situações previstas neste Código, a
prazo não superior a 1 ano. arrematação poderá, no entanto, ser:
§ 1o Se, durante o adiamento, algum pretendente assegurar, I - invalidada, quando realizada por preço vil ou com outro
mediante caução idônea, o preço da avaliação, o juiz ordenará a vício;
alienação em leilão. II - considerada ineficaz, se não observado o disposto no art. 804;
§ 2o Se o pretendente à arrematação se arrepender, o juiz impor- III - resolvida, se não for pago o preço ou se não for prestada
lhe-á multa de 20% sobre o valor da avaliação, em benefício do a caução.
incapaz, valendo a decisão como título executivo. § 2o O juiz decidirá acerca das situações referidas no § 1 o, se for
§ 3o Sem prejuízo do disposto nos §§ 1o e 2o, o juiz poderá provocado em até 10 dias após o aperfeiçoamento da
autorizar a locação do imóvel no prazo do adiamento. arrematação.
§ 4o Findo o prazo do adiamento, o imóvel será submetido a novo § 3o Passado o prazo previsto no § 2 o sem que tenha havido
leilão. alegação de qualquer das situações previstas no § 1 o, será
expedida a carta de arrematação e, conforme o caso, a ordem de
Art. 897. Se o arrematante ou seu fiador não pagar o preço no entrega ou mandado de imissão na posse.
prazo estabelecido, o juiz impor-lhe-á, em favor do exequente, a § 4o Após a expedição da carta de arrematação ou da ordem de
perda da caução, voltando os bens a novo leilão, do qual não entrega, a invalidação da arrematação poderá ser pleiteada
serão admitidos a participar o arrematante e o fiador remissos. por ação autônoma, em cujo processo o arrematante figurará
como litisconsorte necessário.
Art. 898. O fiador do arrematante que pagar o valor do lance e a § 5o O arrematante poderá desistir da arrematação, sendo-lhe
multa poderá requerer que a arrematação lhe seja transferida. imediatamente devolvido o depósito que tiver feito:
I - se provar, nos 10 dias seguintes, a existência de ônus real ou
FPPC589. (arts.898; 897) O termo “multa” constante no art. 898 gravame não mencionado no edital;
refere-se à perda da caução prevista no art. 897 II - se, antes de expedida a carta de arrematação ou a ordem de
entrega, o executado alegar alguma das situações previstas no §
1o ;
Art. 899. Será suspensa a arrematação logo que o produto da
III - uma vez citado para responder a ação autônoma de que trata
alienação dos bens for suficiente para o pagamento do credor e
o § 4o deste artigo, desde que apresente a desistência no prazo
para a satisfação das despesas da execução.
de que dispõe para responder a essa ação.
Art. 900. O leilão prosseguirá no dia útil imediato, à mesma hora § 6o Considera-se ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA
em que teve início, independentemente de novo edital, se for JUSTIÇA a suscitação infundada de vício com o objetivo de
ultrapassado o horário de expediente forense. ensejar a desistência do arrematante, devendo o suscitante ser
condenado, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e
Art. 901. A arrematação constará de auto que será lavrado de danos, ao pagamento de multa, a ser fixada pelo juiz e devida ao
imediato e poderá abranger bens penhorados em mais de uma exequente, em montante não superior a 20% do valor atualizado
execução, nele mencionadas as condições nas quais foi alienado o do bem.
bem.
§ 1o A ordem de entrega do bem móvel ou a carta de FPPC542. (art. 903, caput, §§1º e 4º) Na hipótese de expropriação
arrematação do bem imóvel, com o respectivo mandado de de bem por arrematante arrolado no art. 890, é possível o
imissão na posse, será expedida depois de efetuado o depósito desfazimento da arrematação
ou prestadas as garantias pelo arrematante, bem como realizado FPPC644. (art.903, §§3º e 4º) A ação autônoma referida no §4º
o pagamento da comissão do leiloeiro e das demais despesas da do art. 903 com base na alegação de preço vil não pode
execução. invalidar a arrematação.
§ 2o A carta de arrematação conterá a descrição do imóvel, com
remissão à sua matrícula ou individuação e aos seus registros, a
Seção V
cópia do auto de arrematação e a prova de pagamento do
Da Satisfação do Crédito
imposto de transmissão, além da indicação da existência de
Art. 904. A satisfação do crédito exequendo far-se-á:
eventual ônus real ou gravame.
I - pela entrega do dinheiro;
II - pela adjudicação dos bens penhorados.
Art. 902. No caso de leilão de bem hipotecado, o executado
poderá remi-lo até a assinatura do auto de arrematação,
Art. 905. O juiz autorizará que o exequente levante, até a
oferecendo preço igual ao do maior lance oferecido.
satisfação integral de seu crédito, o dinheiro depositado para
Parágrafo único. No caso de falência ou insolvência do devedor
segurar o juízo ou o produto dos bens alienados, bem como do
hipotecário, o direito de remição previsto no caput defere-se à
faturamento de empresa ou de outros frutos e rendimentos de
massa ou aos credores em concurso, não podendo o exequente
coisas ou empresas penhoradas, quando:
recusar o preço da avaliação do imóvel.
I - a execução for movida só a benefício do exequente singular, a
quem, por força da penhora, cabe o direito de preferência sobre
Art. 903. Qualquer que seja a modalidade de leilão, assinado o
os bens penhorados e alienados;
auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo leiloeiro, a
II - não houver sobre os bens alienados outros privilégios ou
arrematação será considerada perfeita, acabada e irretratável,
preferências instituídos anteriormente à penhora.
ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do

16
Parágrafo único. Durante o plantão judiciário, veda-se a cia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a
concessão de pedidos de levantamento de importância em isentá-los da observância da ordem cronológica dos preca-
dinheiro ou valores ou de liberação de bens apreendidos. tórios decorrentes de condenações de outra natureza.
Súmula 733-STF: Não cabe recurso extraordinário contra deci-
Art. 906. Ao receber o mandado de levantamento, o exequente são proferida no processamento de precatórios.
dará ao executado, por termo nos autos, quitação da quantia
paga. STJ
Parágrafo único. A expedição de mandado de levantamento Súmula 144-STJ: Os créditos de natureza alimentícia gozam de
poderá ser substituída pela transferência eletrônica do valor preferência, desvinculados os precatórios da ordem cronoló-
depositado em conta vinculada ao juízo para outra indicada pelo gica dos créditos de natureza diversa.
exequente. Súmula 311-STJ: Os atos do presidente do tribunal que dispo-
nham sobre processamento e pagamento de precatório NÃO
Art. 907. Pago ao exequente o principal, os juros, as custas e os TÊM CARÁTER JURISDICIONAL
honorários, a importância que sobrar será restituída ao
executado.
SÚMULAS SOBRE PRERROGATIVAS PROCESSUAIS DA
Art. 908. Havendo pluralidade de credores ou exequentes, o FAZENDA PÚBLICA
dinheiro lhes será distribuído e entregue consoante a ordem das STF
respectivas preferências.
§ 1o No caso de adjudicação ou alienação, os créditos que recaem Súmula 644-STF: Ao titular do cargo de procurador de autar-
sobre o bem, inclusive os de natureza propter rem, sub-rogam-se quia não se exige a apresentação de instrumento de manda-
sobre o respectivo preço, observada a ordem de preferência. to para apresentá-la em juízo
§ 2o Não havendo título legal à preferência, o dinheiro será STJ
distribuído entre os concorrentes, observando-se a anterioridade
de cada penhora. Súmula 116-STJ: A Fazenda Pública e o Ministério Público têm
Art. 909. Os exequentes formularão as suas pretensões, que prazo em dobro para interpor agravo regimental no Superior
versarão unicamente sobre o direito de preferência e a Tribunal de Justiça.
anterioridade da penhora, e, apresentadas as razões, o juiz Súmula 178-STJ: O INSS não goza de isenção do pagamento
decidirá. de custas e emolumentos, nas ações acidentárias e de benefí-
cios, propostas na Justiça Estadual.
CAPÍTULO V Súmula 483-STJ: O INSS não está obrigado a efetuar depósito
DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA prévio do preparo por gozar das prerrogativas e privilégios da
Art. 910. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública.
Fazenda Pública será citada para opor EMBARGOS em 30 dias.
§ 1o Não opostos embargos ou transitada em julgado a
decisão que os rejeitar, expedir-se-á precatório ou requisição CAPÍTULO VI
de pequeno valor em favor do exequente, observando-se o DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
disposto no art. 100 da Constituição Federal. Art. 911. Na execução fundada em título executivo
§ 2o Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer extrajudicial que contenha obrigação alimentar, o juiz
matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no processo mandará citar o executado para, em 3 dias, efetuar o
de conhecimento. pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e
§ 3o Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou
artigos 534 e 535. justificar a impossibilidade de fazê-lo.
Parágrafo único. Aplicam-se, no que couber, os §§ 2 o a 7o do art.
528.
SÚMULAS SOBRE EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
Art. 528.
Súmula 279-STJ: É cabível execução por título extrajudicial § 2o Somente a comprovação de fato que gere a
contra a Fazenda Pública. impossibilidade absoluta de pagar justificará o
Súmula 487-STJ: O parágrafo único do art. 741 do CPC não se inadimplemento.
aplica às sentenças transitadas em julgado em data anterior à da § 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa
sua vigência. apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar
o pronunciamento judicial na forma do § 1 o, decretar-lhe-á a
SÚMULAS SOBRE PRECATÓRIOS prisão pelo prazo de 1 a 3 meses.
§ 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o
STF preso ficar separado dos presos comuns.
Súmula vinculante 17-STF: Durante o período previsto no pa- § 5o O cumprimento da pena não exime o executado do
rágrafo 1º (atual § 5º) do artigo 100 da Constituição, não inci- pagamento das prestações vencidas e vincendas.
dem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos. § 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o
• Válida, mas quando o enunciado fala em “§ 1º”, deve-se enten- cumprimento da ordem de prisão.
der § 5º. § 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do
Súmula 655-STF: A exceção prevista no art. 100, caput(atual § alimentante é o que compreende até as 3 prestações
1º), da Constituição, em favor dos créditos de natureza alimentí- anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem

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no curso do processo. I - da juntada, na carta, da certificação da citação, quando
versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da
avaliação ou da alienação dos bens;
Art. 912. Quando o executado for funcionário público, militar,
II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata
diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à
o § 4o deste artigo ou, não havendo este, da juntada da carta
legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o
devidamente cumprida, quando versarem sobre questões diversas
desconto em folha de pagamento de pessoal da importância
da prevista no inciso I deste parágrafo.
da prestação alimentícia.
§ 3o Em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à
§ 1o Ao despachar a inicial, o juiz oficiará à autoridade, à empresa
execução, NÃO SE APLICA o disposto no art. 229 (prazo em
ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de
dobro quando tiver procuradores diferentes)
desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração
§ 4o Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou
posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.
de ordem, a realização da citação será imediatamente informada,
§ 2o O ofício conterá os nomes e o número de inscrição no
por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao juiz deprecante.
Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a
importância a ser descontada mensalmente, a conta na qual deve
Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do
ser feito o depósito e, se for o caso, o tempo de sua duração.
exequente e comprovando o depósito de 30% do valor em
execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o
Art. 913. Não requerida a execução nos termos deste Capítulo,
executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o
observar-se-á o disposto no art. 824 e seguintes, com a ressalva
restante em até 6 parcelas mensais, acrescidas de correção
de que, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito
monetária e de juros de 1% ao mês.
suspensivo aos embargos à execução não obsta a que o
§ 1o O exequente será intimado para manifestar-se sobre o
exequente levante mensalmente a importância da prestação.
preenchimento dos pressupostos do caput, e o juiz decidirá o
requerimento em 5 dias.
TÍTULO III
§ 2o Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de
DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO
depositar as parcelas vincendas, facultado ao exequente seu
Art. 914. O executado, INDEPENDENTEMENTE DE PENHORA,
levantamento.
DEPÓSITO OU CAUÇÃO, poderá se opor à execução por meio
§ 3o Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia
de embargos.
depositada, e serão suspensos os atos executivos.
§ 1o Os embargos à execução serão distribuídos por
§ 4o Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos,
dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias
mantido o depósito, que será convertido em penhora.
das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas
§ 5o O não pagamento de qualquer das prestações acarretará
autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade
cumulativamente:
pessoal.
I - o vencimento das prestações subsequentes e o
§ 2o Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no
prosseguimento do processo, com o imediato reinício dos atos
juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas A
executivos;
COMPETÊNCIA PARA JULGÁ-LOS É DO JUÍZO DEPRECANTE,
II - a imposição ao executado de multa de 10% sobre o valor
salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da
das prestações não pagas.
penhora, da avaliação ou da alienação dos bens efetuadas no
§ 6o A opção pelo parcelamento de que trata este artigo
juízo deprecado.
IMPORTA RENÚNCIA ao direito de opor embargos
§ 7o O disposto neste artigo NÃO SE APLICA ao cumprimento
FPPC543. (arts. 914-920) Em execução de título executivo da sentença.
extrajudicial, o juízo arbitral é o competente para conhecer
das matérias de defesa abrangidas pela convenção de
FPPC331. (arts. 916 e 15). O pagamento da dívida objeto de
arbitragem.
execução trabalhista fundada em título extrajudicial pode ser
FPPC544. (arts. 914-920) Admite-se a celebração de
requerido pelo executado nos moldes do art. 916
convenção de arbitragem, ainda que a obrigação esteja
representada em título executivo extrajudicial.
CJF 158: A sentença de rejeição dos embargos à execução Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:
opostos pela Fazenda Pública não está sujeita à remessa I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
necessária. II - penhora incorreta ou avaliação errônea;
III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos
Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 dias,
de execução para entrega de coisa certa;
contado, conforme o caso, na forma do art. 231.
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
§ 1o Quando houver mais de um executado, o prazo para cada
VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em
um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo
processo de conhecimento.
comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de
§ 1o A incorreção da penhora ou da avaliação poderá ser
companheiros, quando será contado a partir da juntada do
impugnada por simples petição, no prazo de 15 dias, contado
último.
da ciência do ato.
§ 2o Nas execuções por carta, o prazo para embargos será
§ 2o Há excesso de execução quando:
contado:
I - o exequente pleiteia quantia superior à do título;
II - ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;

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III - ela se processa de modo diferente do que foi determinado execução contra os que não embargaram quando o respectivo
no título; fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante.
IV - o exequente, sem cumprir a prestação que lhe § 5o A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação
corresponde, exige o adimplemento da prestação do dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora
executado; e de avaliação dos bens.
V - o exequente não prova que a condição se realizou.
§ 3o Quando alegar que o exequente, em excesso de execução,
FPPC80. (art. 919, § 1º; art. 969) A tutela antecipada prevista
pleiteia quantia superior à do título, o embargante declarará na
nestes dispositivos pode ser de urgência ou de evidência
petição inicial o valor que entende correto, apresentando
FPPC546. (art. 919, §1º) O efeito suspensivo dos embargos à
demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo.
execução pode ser requerido e deferido a qualquer
§ 4o Não apontado o valor correto ou não apresentado o
momento do seu trâmite, observados os pressupostos legais.
demonstrativo, os embargos à execução:
FPPC547. (art. 919, §1º) O efeito suspensivo dos embargos à
I - serão liminarmente rejeitados, sem resolução de mérito, se
execução pode ser parcial, limitando-se ao impedimento ou à
o excesso de execução for o seu único fundamento;
suspensão de um único ou de apenas alguns atos executivos.
II - serão processados, se houver outro fundamento, mas o
juiz não examinará a alegação de excesso de execução.
§ 5o Nos embargos de retenção por benfeitorias, o exequente Não possuem efeito suspensivo automático
poderá requerer a compensação de seu valor com o dos frutos ou EMBARGOS À
Para a concessão de efeito suspensivo:
dos danos considerados devidos pelo executado, cumprindo ao EXECUÇÃO
- Requisitos para a concessão de tutela provisó-
juiz, para a apuração dos respectivos valores, nomear perito,
ria
observando-se, então, o art. 464.
- Oferecimento de garantia
§ 6o O exequente poderá a qualquer tempo ser imitido na posse
da coisa, prestando caução ou depositando o valor devido pelas
benfeitorias ou resultante da compensação. Art. 920. Recebidos os embargos:
§ 7o A arguição de impedimento e suspeição observará o disposto I - o exequente será ouvido no prazo de 15 dias
nos arts. 146 e 148. II - a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido ou designará
audiência;
III - encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença.
FPPC590. (arts.917, § 3º; 798, parágrafo único) O demonstrativo
de débito a que alude o 3º do art. 917 deverá observar os TÍTULO IV
mesmos requisitos dos incisos do parágrafo único do art. 798. DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
CAPÍTULO I
Art. 918. O juiz rejeitará liminarmente os embargos: DA SUSPENSÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
I - quando intempestivos; Art. 921. Suspende-se a execução:
II - nos casos de indeferimento da petição inicial e de I - nas hipóteses dos arts. 313 e 315, no que couber;
improcedência liminar do pedido; II - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito
III - manifestamente protelatórios. suspensivo os embargos à execução;
Parágrafo único. Considera-se conduta atentatória à dignidade III - quando o executado não possuir bens penhoráveis;
da justiça o oferecimento de embargos manifestamente IV - se a alienação dos bens penhorados não se realizar por
protelatórios. falta de licitantes e o exequente, em 15 dias, não requerer a
adjudicação nem indicar outros bens penhoráveis;
FPPC545. (art. 918, incisos e parágrafo único; art. 774, parágrafo V - quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916.
único; art. 771; art. 525). Aplicam-se à impugnação, no que § 1o Na hipótese do inciso III (não possuir bens penhoráveis), o
couber, as hipóteses previstas nos incisos I e III do art. 918 e no juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 ano, durante o
seu parágrafo único. qual se suspenderá a prescrição.
§ 2o Decorrido o prazo máximo de 1 ano sem que seja
localizado o executado ou que sejam encontrados bens
Art. 919. Os embargos à execução NÃO TERÃO EFEITO
penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos.
SUSPENSIVO.
§ 3o Os autos serão desarquivados para prosseguimento da
§ 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir
execução se a qualquer tempo forem encontrados bens
efeito suspensivo aos embargos quando verificados os requisitos
penhoráveis.
para a concessão da tutela provisória e DESDE QUE A
§ 4o Decorrido o prazo de que trata o § 1o (1 ano) sem
EXECUÇÃO JÁ ESTEJA GARANTIDA por penhora, depósito ou
manifestação do exequente, começa a correr o prazo de
caução suficientes.
prescrição intercorrente.
§ 2o Cessando as circunstâncias que a motivaram, a decisão
§ 5o O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 dias,
relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da
poderá, de ofício, reconhecer a prescrição (intercorrente) de que
parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão
trata o § 4o e extinguir o processo.
fundamentada.
§ 3o Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser
respeito apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá FPPC194. (arts. 921, e 771; enunciado 150 da súmula do STF). A
quanto à parte restante. prescrição intercorrente pode ser reconhecida no
§ 4o A concessão de efeito suspensivo aos embargos procedimento de cumprimento de sentença
oferecidos por um dos executados não suspenderá a FPPC195. (art. 921, § 4º; enunciado 314 da súmula do STJ). O

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prazo de prescrição intercorrente previsto no art. 921, § 4º, obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, me-
tem início automaticamente um ano após a intimação da diante LICITAÇÃO, na modalidade de CONCORRÊNCIA, à pessoa
decisão de suspensão de que trata o seu § 1º. jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade
FPPC196. (art. 921, § 4º; enunciado 150 da súmula do STF). O para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o in-
prazo da prescrição intercorrente é o mesmo da ação. vestimento da concessionária seja remunerado e amortizado
FPPC452. (arts. 921, §1 a 5º, 980 e 982) Durante a suspensão do mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo deter-
processo prevista no art. 982 não corre o prazo de prescrição minado;
intercorrente. IV - PERMISSÃO de serviço público: a delegação, a TÍTULO
FPPC548. (art. 921, § 3º) O simples desarquivamento dos PRECÁRIO, mediante licitação, da prestação de serviços públicos,
autos é insuficiente para interromper a prescrição feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que de-
monstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e ris-
co.
Art. 922. Convindo as partes, o juiz declarará suspensa a
execução durante o prazo concedido pelo exequente para que o
executado cumpra voluntariamente a obrigação. CONCESSÃO PERMISSÃO
Parágrafo único. Findo o prazo sem cumprimento da obrigação, Licitação: modalidade concor- Licitação
o processo retomará o seu curso. rência

Art. 923. Suspensa a execução, não serão praticados atos Pessoa jurídica ou consórcio de Pessoa física ou jurídica
processuais, podendo o juiz, entretanto, salvo no caso de empresas
Precário
arguição de impedimento ou de suspeição, ordenar
providências urgentes.
Art. 3o As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fiscali-
CAPÍTULO II zação pelo poder concedente responsável pela delegação, com
DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO a cooperação dos usuários.
Art. 924. Extingue-se a execução quando:
I - a petição inicial for indeferida; Art. 4o A concessão de serviço público, precedida ou não da
II - a obrigação for satisfeita; execução de obra pública, será formalizada mediante contrato,
III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção que deverá observar os termos desta Lei, das normas pertinentes
total da dívida; e do edital de licitação.
IV - o exequente renunciar ao crédito;
V - ocorrer a prescrição intercorrente. Art. 5o O poder concedente publicará, previamente ao edi-
tal de licitação, ato justificando a conveniência da outorga de
Art. 925. A extinção só produz efeito quando declarada por concessão ou permissão, caracterizando seu objeto, área e pra-
sentença. zo.

LEI 8987/95 - SERVIÇOS PÚBLICOS Capítulo II


DO SERVIÇO ADEQUADO

Capítulo I Art. 6o TODA concessão ou permissão pressupõe a presta-


DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES ção de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários,
conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no
Art. 1o As concessões de serviços públicos e de obras pú-
respectivo contrato.
blicas e as permissões de serviços públicos reger-se-ão pelos
termos do art. 175 da Constituição Federal, por esta Lei, pelas § 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de
normas legais pertinentes e pelas cláusulas dos indispensáveis regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,
contratos. generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das ta-
Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Federal e os rifas.
Municípios promoverão a revisão e as adaptações necessárias de § 2o A atualidade compreende a modernidade das técni-
sua legislação às prescrições desta Lei, buscando atender as pecu- cas, do equipamento e das instalações e a sua conservação,
liaridades das diversas modalidades dos seus serviços. bem como a melhoria e expansão do serviço.
Art. 2o Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: § 3o NÃO SE CARACTERIZA COMO DESCONTINUIDADE
I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Fede- do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou
ral ou o Município, em cuja competência se encontre o serviço após prévio aviso, quando:
público, precedido ou não da execução de obra pública, objeto I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança
de concessão ou permissão; das instalações; e,
II - CONCESSÃO de serviço público: a delegação de sua II - por inadimplemento do usuário, considerado o inte-
prestação, feita pelo poder concedente, mediante LICITAÇÃO, na resse da coletividade.
modalidade de CONCORRÊNCIA, à pessoa jurídica ou consór-
cio de empresas que demonstre capacidade para seu desempe- É constitucional lei estadual que proíbe que as empresas con-
nho, por sua conta e risco e por prazo determinado; cessionárias façam o corte do fornecimento de água e luz por
III - CONCESSÃO de serviço público PRECEDIDA DA EXE- falta de pagamento, em determinados dias. STF (Info 928).
CUÇÃO DE OBRA PÚBLICA: a construção, total ou parcial, con-
O corte de serviços essenciais, tais como água e energia elétrica,
servação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer

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pressupõe o inadimplemento de conta regular, sendo inviável, IV - levar ao conhecimento do poder público e da concessio-
portanto, a suspensão do abastecimento em razão de débitos nária as irregularidades de que tenham conhecimento, referentes
antigos. STJ. AgRg no Ag 1320867/RJ ao serviço prestado;
V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos
A obrigação de pagar por serviço de natureza essencial, praticados pela concessionária na prestação do serviço;
tal como água e energia, não é propter rem, mas pessoal, isto VI - contribuir para a permanência das boas condições dos
é do usuário que efetivamente se utiliza do serviço. STJ. 1ª Tur- bens públicos através dos quais lhes são prestados os serviços.
ma. AgRg no AREsp 45.073/MG
Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efeti- Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de di-
vo por fraude no aparelho medidor atribuída ao consumidor, reito público e privado, nos Estados e no Distrito Federal, são
desde que apurado em observância aos princípios do con- obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário, dentro do
traditório e da ampla defesa, é possível o corte administrati- mês de vencimento, o mínimo de 6 datas opcionais para esco-
vo do fornecimento do serviço de energia elétrica, mediante lherem os dias de vencimento de seus débitos.
prévio aviso ao consumidor, pelo inadimplemento do consu-
mo recuperado correspondente ao período de 90 dias ante- Capítulo IV
rior à constatação da fraude, contanto que executado o corte DA POLÍTICA TARIFÁRIA
em até 90 dias após o vencimento do débito, sem prejuí- Art. 9o A tarifa do serviço público concedido será fixada
zo do direito de a concessionária utilizar os meios judiciais pelo preço da proposta vencedora da licitação e preservada pe-
ordinários de cobrança da dívida, inclusive antecedente aos las regras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato.
mencionados 90 dias de retroação. STJ. (Info 634). § 1o A tarifa NÃO será subordinada à legislação específica
anterior e SOMENTE NOS CASOS EXPRESSAMENTE PREVIS-
É legítima a interrupção do fornecimento de energia elétrica por
TOS EM LEI, sua cobrança poderá ser condicionada à existên-
razões de ordem técnica, de segurança das instalações, ou ain-
cia de serviço público alternativo e gratuito para o usuário.
da, em virtude do inadimplemento do usuário, quando houver o
devido aviso prévio pela concessionária sobre o possível corte § 2o Os contratos poderão prever mecanismos de revisão
no fornecimento do serviço. STJ. REsp 1270339/SC das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro.
§ 3o Ressalvados os impostos sobre a renda (IR), a cria-
A suspensão do serviço de energia elétrica, por empresa
ção, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos
concessionária, em razão de inadimplemento de unidades
legais, após a apresentação da proposta, quando comprovado
públicas essenciais - hospitais; pronto-socorros; escolas; cre-
seu impacto, IMPLICARÁ A REVISÃO da tarifa, para mais ou para
ches; fontes de abastecimento d'água e iluminação pública;
menos, conforme o caso.
e serviços de segurança pública como forma de compelir o
§ 4o Em havendo alteração unilateral do contrato que afete
usuário ao pagamento de tarifa ou multa, despreza o inte-
o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o poder conce-
resse da coletividade. STJ. AgRg no AREsp
dente deverá restabelecê-lo, concomitantemente à alteração.
A legitimidade do corte no fornecimento do serviço de telefonia § 5º A concessionária deverá divulgar em seu sítio eletrôni-
quando inadimplentes entes públicos, desde que a interrupção co, de forma clara e de fácil compreensão pelos usuários, tabela
não atinja serviços públicos essenciais para a coletividade, com o valor das tarifas praticadas e a evolução das revisões ou re-
tais como escolas, creches, delegacias e hospitais. ajustes realizados nos últimos cinco anos.
STJ. EDcl no REsp 1244385/BA
Art. 10. SEMPRE que forem atendidas as condições do
Por ser a interrupção no fornecimento de energia elétrica medi-
contrato, considera-se mantido seu equilíbrio econômico-
da excepcional, o art. 6º, § 3º, II, da Lei nº 8.987/95 deve ser in-
financeiro.
terpretado restritivamente, de forma a permitir que o corte
recaia apenas sobre o imóvel que originou o débito, e não
Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço
sobre outros imóveis de propriedade do inadimplente. STJ.
público, poderá o poder concedente prever, em favor da con-
REsp 662.214/RS
cessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras
A divulgação da suspensão no fornecimento de serviço de fontes provenientes de receitas alternativas, complementares,
energia elétrica por meio de emissoras de rádio, dias antes acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade,
da interrupção, satisfaz a exigência de aviso prévio, prevista com vistas a favorecer a modicidade das tarifas, observado o dis-
no art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/95. STJ. (Info 598). posto no art. 17 desta Lei.
Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste artigo
Capítulo III serão obrigatoriamente consideradas para a aferição do inicial
DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS USUÁRIOS equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Art. 7º. Sem prejuízo do disposto na Lei n o 8.078, de 11 de
setembro de 1990, são direitos e obrigações dos usuários: Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função das
I - receber serviço adequado; características técnicas e dos custos específicos provenientes do
II - receber do poder concedente e da concessionária infor- atendimento aos distintos segmentos de usuários.
mações para a defesa de interesses individuais ou coletivos;
III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre Capítulo V
vários prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as DA LICITAÇÃO
normas do poder concedente. Art. 14. TODA CONCESSÃO de serviço público, precedida ou
não da execução de obra pública, será objeto de prévia licita-

21
ção, nos termos da legislação própria e com observância dos II - a descrição das condições necessárias à prestação ade-
princípios da legalidade, moralidade, publicidade, igualdade, quada do serviço;
do julgamento por critérios objetivos e da vinculação ao ins- III - os prazos para recebimento das propostas, julgamento
trumento convocatório. da licitação e assinatura do contrato;
IV - prazo, local e horário em que serão fornecidos, aos inte-
Art. 15. No julgamento da licitação será considerado um dos ressados, os dados, estudos e projetos necessários à elaboração
seguintes critérios: dos orçamentos e apresentação das propostas;
I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser presta- V - os critérios e a relação dos documentos exigidos para a
do; aferição da capacidade técnica, da idoneidade financeira e da re-
II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder con- gularidade jurídica e fiscal;
cedente pela outorga da concessão; VI - as possíveis fontes de receitas alternativas, complemen-
III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos in - tares ou acessórias, bem como as provenientes de projetos asso-
cisos I, II e VII; ciados;
IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no edital; VII - os direitos e obrigações do poder concedente e da con-
V - melhor proposta em razão da combinação dos critérios cessionária em relação a alterações e expansões a serem realiza-
de menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado com das no futuro, para garantir a continuidade da prestação do servi-
o de melhor técnica; ço;
VI - melhor proposta em razão da combinação dos critérios VIII - os critérios de reajuste e revisão da tarifa;
de maior oferta pela outorga da concessão com o de melhor IX - os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros a serem
técnica; ou utilizados no julgamento técnico e econômico-financeiro da pro-
VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após qua- posta;
lificação de propostas técnicas. X - a indicação dos bens reversíveis;
§ 1o A aplicação do critério previsto no inciso III SÓ será ad- XI - as características dos bens reversíveis e as condições em
mitida quando previamente estabelecida no edital de licita- que estes serão postos à disposição, nos casos em que houver
ção, inclusive com regras e fórmulas precisas para avaliação sido extinta a concessão anterior;
econômico-financeira. XII - a expressa indicação do responsável pelo ônus das de-
§ 2o Para fins de aplicação do disposto nos incisos IV, V, VI e sapropriações necessárias à execução do serviço ou da obra pú-
VII, o edital de licitação conterá parâmetros e exigências para for- blica, ou para a instituição de servidão administrativa;
mulação de propostas técnicas. XIII - as condições de liderança da empresa responsável, na
hipótese em que for permitida a participação de empresas em
§ 3o O poder concedente recusará propostas manifesta-
consórcio;
mente inexequíveis ou financeiramente incompatíveis com os
XIV - nos casos de concessão, a minuta do respectivo contra-
objetivos da licitação.
to, que conterá as cláusulas essenciais referidas no art. 23 desta
§ 4o Em igualdade de condições, será dada preferência à Lei, quando aplicáveis;
proposta apresentada por empresa brasileira. XV - nos casos de concessão de serviços públicos precedida
da execução de obra pública, os dados relativos à obra, dentre os
Art. 16. A outorga de concessão ou permissão NÃO TERÁ quais os elementos do projeto básico que permitam sua plena ca-
CARÁTER DE EXCLUSIVIDADE, salvo no caso de inviabilidade racterização, bem assim as garantias exigidas para essa parte es-
técnica ou econômica justificada no ato a que se refere o art. 5o pecífica do contrato, adequadas a cada caso e limitadas ao valor
desta Lei. da obra;
XVI - nos casos de permissão, os termos do contrato de ade-
Art. 17. Considerar-se-á desclassificada a proposta que, são a ser firmado.
para sua viabilização, necessite de vantagens ou subsídios que
não estejam previamente autorizados em lei e à disposição de Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da ordem das
todos os concorrentes. fases de habilitação e julgamento, hipótese em que:
§ 1o Considerar-se-á, também, desclassificada a proposta I - encerrada a fase de classificação das propostas ou o
de entidade estatal alheia à esfera político-administrativa do oferecimento de lances, será aberto o invólucro com os docu-
poder concedente que, para sua viabilização, necessite de mentos de habilitação do licitante mais bem classificado, para
vantagens ou subsídios do poder público controlador da referi- verificação do atendimento das condições fixadas no edital;
da entidade. II - verificado o atendimento das exigências do edital, o lici-
§ 2o Inclui-se nas vantagens ou subsídios de que trata este tante será declarado vencedor;
artigo, qualquer tipo de tratamento tributário diferenciado, III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão analisa-
ainda que em consequência da natureza jurídica do licitante, dos os documentos habilitatórios do licitante com a proposta
que comprometa a isonomia fiscal que deve prevalecer entre to- classificada em segundo lugar, e assim sucessivamente, até que
dos os concorrentes. um licitante classificado atenda às condições fixadas no edital;
IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto será
Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo poder con- adjudicado ao vencedor nas condições técnicas e econômicas por
cedente, observados, no que couber, os critérios e as normas ge- ele ofertadas.
rais da legislação própria sobre licitações e contratos e conterá,
especialmente: Art. 19. Quando permitida, na licitação, a participação de
I - o objeto, metas e prazo da concessão; empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes normas:

22
I - comprovação de compromisso, público ou particular, XIV - à exigência da publicação de demonstrações financei-
de constituição de consórcio, subscrito pelas consorciadas; ras periódicas da concessionária; e
II - indicação da empresa responsável pelo consórcio; XV - ao foro e ao modo amigável de solução das divergên-
III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos V e cias contratuais.
XIII do artigo anterior, por parte de cada consorciada; Parágrafo único. Os contratos relativos à concessão de servi-
IV - impedimento de participação de empresas consorcia- ço público precedido da execução de obra pública deverão, adici-
das na mesma licitação, por intermédio de mais de um con- onalmente:
sórcio ou isoladamente. I - estipular os cronogramas físico-financeiros de execução
§ 1o O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes das obras vinculadas à concessão; e
da celebração do contrato, a constituição e registro do con- II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária,
sórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I deste ar- das obrigações relativas às obras vinculadas à concessão.
tigo.
§ 2o A empresa líder do consórcio é a responsável perante o Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o empre-
poder concedente pelo cumprimento do contrato de concessão, go de mecanismos privados para resolução de disputas decor-
sem prejuízo da responsabilidade solidária das demais consorcia- rentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a
das. ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei
no 9.307, de 23 de setembro de 1996.
Art. 20. É facultado ao poder concedente, desde que pre-
visto no edital, no interesse do serviço a ser concedido, determi- Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço
nar que o licitante vencedor, no caso de consórcio, se constitua concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos cau-
em empresa antes da celebração do contrato. sados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que
a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou ate-
Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos, projetos, nue essa responsabilidade.
obras e despesas ou investimentos já efetuados, vinculados à § 1o Sem prejuízo da responsabilidade a que se refere este
concessão, de utilidade para a licitação, realizados pelo poder artigo, a concessionária poderá contratar com terceiros o de-
concedente ou com a sua autorização, estarão à disposição dos senvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complemen-
interessados, devendo o vencedor da licitação ressarcir os dispên- tares ao serviço concedido, bem como a implementação de proje-
dios correspondentes, especificados no edital. tos associados.
§ 2o Os contratos celebrados entre a concessionária e os
Art. 22. É assegurada a qualquer pessoa a obtenção de certi- terceiros a que se refere o parágrafo anterior reger-se-ão pelo
dão sobre atos, contratos, decisões ou pareceres relativos à licita- direito privado, não se estabelecendo qualquer relação jurídica
ção ou às próprias concessões. entre os terceiros e o poder concedente.
§ 3o A execução das atividades contratadas com terceiros
Capítulo VI pressupõe o cumprimento das normas regulamentares da moda-
DO CONTRATO DE CONCESSÃO lidade do serviço concedido.
Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão
as relativas: Art. 26. É ADMITIDA A SUBCONCESSÃO, nos termos pre-
I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão; vistos no contrato de concessão, desde que expressamente au-
II - ao modo, forma e condições de prestação do serviço; torizada pelo poder concedente.
III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros defini-
§ 1o A outorga de subconcessão será SEMPRE precedida de
dores da qualidade do serviço;
concorrência.
IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos para
o reajuste e a revisão das tarifas; § 2o O subconcessionário se sub-rogará todos os direitos e
V - aos direitos, garantias e obrigações do poder concedente obrigações da subconcedente dentro dos limites da subconces-
e da concessionária, inclusive os relacionados às previsíveis neces- são.
sidades de futura alteração e expansão do serviço e consequente
modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e Art. 27. A transferência de concessão ou do controle soci-
das instalações; etário da concessionária sem prévia anuência do poder conce-
VI - aos direitos e deveres dos usuários para obtenção e utili- dente IMPLICARÁ A CADUCIDADE da concessão.
zação do serviço; § 1o Para fins de obtenção da anuência de que trata o caput
VII - à forma de fiscalização das instalações, dos equipamen- deste artigo, o pretendente deverá:
tos, dos métodos e práticas de execução do serviço, bem como a I - atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade
indicação dos órgãos competentes para exercê-la; financeira e regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção
VIII - às penalidades contratuais e administrativas a que se do serviço; e
sujeita a concessionária e sua forma de aplicação; II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato
IX - aos casos de extinção da concessão; em vigor.
X - aos bens reversíveis;
XI - aos critérios para o cálculo e a forma de pagamento das Art. 27-A. Nas condições estabelecidas no contrato de concessão,
indenizações devidas à concessionária, quando for o caso; o poder concedente autorizará a assunção do controle ou da
XII - às condições para prorrogação do contrato; administração temporária da concessionária por seus financia-
XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da prestação dores e garantidores com quem não mantenha vínculo societário
de contas da concessionária ao poder concedente;

23
direto, para promover sua reestruturação financeira e assegu- IV - o mutuante poderá indicar instituição financeira para
rar a continuidade da prestação dos serviços. efetuar a cobrança e receber os pagamentos dos créditos cedidos
§ 1o Na hipótese prevista no caput, o poder concedente exigirá ou permitir que a concessionária o faça, na qualidade de repre-
dos financiadores e dos garantidores que atendam às exigências sentante e depositária;
de regularidade jurídica e fiscal, podendo alterar ou dispensar os V - na hipótese de ter sido indicada instituição financeira,
demais requisitos previstos no inciso I do parágrafo único do art. conforme previsto no inciso IV do caput deste artigo, fica a con-
27. cessionária obrigada a apresentar a essa os créditos para cobran-
§ 2o A assunção do controle ou da administração temporária ça;
autorizadas na forma do caput deste artigo NÃO ALTERARÁ AS VI - os pagamentos dos créditos cedidos deverão ser depo-
OBRIGAÇÕES da concessionária e de seus controladores para sitados pela concessionária ou pela instituição encarregada da co-
com terceiros, poder concedente e usuários dos serviços públicos. brança em conta corrente bancária vinculada ao contrato de mú-
tuo;
§ 3o Configura-se o controle da concessionária, para os fins
VII - a instituição financeira depositária deverá transferir os
dispostos no caput deste artigo, a propriedade resolúvel de
valores recebidos ao mutuante à medida que as obrigações do
ações ou quotas por seus financiadores e garantidores que
contrato de mútuo tornarem-se exigíveis; e
atendam os requisitos do art. 116 da Lei n o 6.404, de 15 de de- VIII - o contrato de cessão disporá sobre a devolução à con-
zembro de 1976. cessionária dos recursos excedentes, sendo vedada a retenção do
§ 4o Configura-se a administração temporária da concessioná- saldo após o adimplemento integral do contrato.
ria por seus financiadores e garantidores quando, sem a transfe- Parágrafo único. Para os fins deste artigo, serão considera-
rência da propriedade de ações ou quotas, forem outorgados dos contratos de longo prazo aqueles cujas obrigações tenham
os seguintes poderes: prazo médio de vencimento superior a 5 anos.
I - indicar os membros do Conselho de Administração, a serem Capítulo VII
eleitos em Assembleia Geral pelos acionistas, nas sociedades regi- DOS ENCARGOS DO PODER CONCEDENTE
das pela Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976; ou administrado- Art. 29. Incumbe ao poder concedente:
res, a serem eleitos pelos quotistas, nas demais sociedades; I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar permanen-
II - indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem eleitos pe- temente a sua prestação;
los acionistas ou quotistas controladores em Assembleia Geral; II - aplicar as penalidades regulamentares e contratuais;
III - exercer poder de veto sobre qualquer proposta submetida à III - intervir na prestação do serviço, nos casos e condições
votação dos acionistas ou quotistas da concessionária, que repre- previstos em lei;
sentem, ou possam representar, prejuízos aos fins previstos no IV - extinguir a concessão, nos casos previstos nesta Lei e na
caput deste artigo; forma prevista no contrato;
IV - outros poderes necessários ao alcance dos fins previstos no V - homologar reajustes e proceder à revisão das tarifas na
caput deste artigo. forma desta Lei, das normas pertinentes e do contrato;
§ 5o A administração temporária autorizada na forma deste ar- VI - cumprir e fazer cumprir as disposições regulamentares
tigo não acarretará responsabilidade aos financiadores e ga- do serviço e as cláusulas contratuais da concessão;
rantidores em relação à tributação, encargos, ônus, sanções, VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apurar e
obrigações ou compromissos com terceiros, inclusive com o solucionar queixas e reclamações dos usuários, que serão cientifi-
poder concedente ou empregados. cados, em até trinta dias, das providências tomadas;
§ 6o O Poder Concedente disciplinará sobre o prazo da adminis- VIII - declarar de utilidade pública os bens necessários à exe-
tração temporária. cução do serviço ou obra pública, promovendo as desapropria-
ções, diretamente ou mediante outorga de poderes à conces-
Art. 28. Nos contratos de financiamento, as concessioná- sionária, caso em que será desta a responsabilidade pelas in-
rias poderão oferecer em garantia os direitos emergentes da denizações cabíveis;
concessão, até o limite que não comprometa a operacionalização IX - declarar de necessidade ou utilidade pública, para fins
e a continuidade da prestação do serviço. de instituição de servidão administrativa, os bens necessários à
execução de serviço ou obra pública, promovendo-a diretamente
Art. 28-A. Para garantir contratos de mútuo de longo pra- ou mediante outorga de poderes à concessionária, caso em que
zo, destinados a investimentos relacionados a contratos de con- será desta a responsabilidade pelas indenizações cabíveis;
cessão, em qualquer de suas modalidades, as concessionárias X - estimular o aumento da qualidade, produtividade, pre-
poderão ceder ao mutuante, em caráter fiduciário, parcela de servação do meio-ambiente e conservação;
seus créditos operacionais futuros, observadas as seguintes XI - incentivar a competitividade; e
condições: XII - estimular a formação de associações de usuários para
I - o contrato de cessão dos créditos deverá ser registra- defesa de interesses relativos ao serviço.
do em Cartório de Títulos e Documentos para ter eficácia pe-
rante terceiros; Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder concedente terá
II - sem prejuízo do disposto no inciso I do caput deste arti- acesso aos dados relativos à administração, contabilidade, recur-
go, a cessão do crédito não terá eficácia em relação ao Poder sos técnicos, econômicos e financeiros da concessionária.
Público concedente senão quando for este formalmente noti- Parágrafo único. A fiscalização do serviço será feita por inter-
ficado; médio de órgão técnico do poder concedente ou por entidade
III - os créditos futuros cedidos nos termos deste artigo se- com ele conveniada, e, periodicamente, conforme previsto em
rão constituídos sob a titularidade do mutuante, independente- norma regulamentar, por comissão composta de representantes
mente de qualquer formalidade adicional; do poder concedente, da concessionária e dos usuários.

24
V - anulação; e
Capítulo VIII VI - falência ou extinção da empresa concessionária e fa-
DOS ENCARGOS DA CONCESSIONÁRIA lecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa indi-
Art. 31. Incumbe à concessionária: vidual.
I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta Lei, nas § 1o Extinta a concessão, retornam ao poder concedente
normas técnicas aplicáveis e no contrato; todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao
II - manter em dia o inventário e o registro dos bens vincula- concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no
dos à concessão; contrato.
III - prestar contas da gestão do serviço ao poder conceden- § 2o Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do
te e aos usuários, nos termos definidos no contrato; serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos levanta-
IV - cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as cláu- mentos, avaliações e liquidações necessários.
sulas contratuais da concessão;
§ 3o A assunção do serviço autoriza a ocupação das insta-
V - permitir aos encarregados da fiscalização livre acesso, em
lações e a utilização, pelo poder concedente, de todos os bens
qualquer época, às obras, aos equipamentos e às instalações inte-
reversíveis.
grantes do serviço, bem como a seus registros contábeis;
VI - promover as desapropriações e constituir servidões § 4o Nos casos previstos nos incisos I e II deste artigo, o po-
autorizadas pelo poder concedente, conforme previsto no der concedente, antecipando-se à extinção da concessão, proce-
edital e no contrato; derá aos levantamentos e avaliações necessários à determinação
VII - zelar pela integridade dos bens vinculados à prestação dos montantes da indenização que será devida à concessionária,
do serviço, bem como segurá-los adequadamente; e na forma dos arts. 36 e 37 desta Lei.
VIII - captar, aplicar e gerir os recursos financeiros necessá-
rios à prestação do serviço. Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-
Parágrafo único. As contratações, inclusive de mão-de-obra, á com a indenização das parcelas dos investimentos vincula-
feitas pela concessionária serão regidas pelas disposições de di- dos a bens reversíveis, ainda não amortizados ou deprecia-
reito privado e pela legislação trabalhista, não se estabelecendo dos, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a
qualquer relação entre os terceiros contratados pela concessi- continuidade e atualidade do serviço concedido.
onária e o poder concedente.
Art. 37. Considera-se ENCAMPAÇÃO a retomada do serviço
Capítulo IX pelo poder concedente durante o prazo da concessão, POR
DA INTERVENÇÃO MOTIVO DE INTERESSE PÚBLICO, mediante lei autorizativa es-
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, pecífica e APÓS PRÉVIO PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO, na
com o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço, forma do artigo anterior.
bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regula-
mentares e legais pertinentes. Art. 38. A INEXECUÇÃO total ou parcial do contrato acar-
Parágrafo único. A intervenção FAR-SE-Á POR DECRETO do retará, a critério do poder concedente, a declaração de CADUCI-
poder concedente, que conterá a designação do interventor, o DADE da concessão ou a aplicação das sanções contratuais, res-
prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida. peitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as normas con-
vencionadas entre as partes.
Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente de- § 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada
verá, no prazo de 30 dias, instaurar procedimento administra- pelo poder concedente quando:
tivo para comprovar as causas determinantes da medida e apurar I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada
responsabilidades, assegurado o direito de ampla defesa. ou deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e
§ 1o Se ficar comprovado que a intervenção não obser- parâmetros definidores da qualidade do serviço;
vou os pressupostos legais e regulamentares será declarada II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou
sua nulidade, devendo o serviço ser imediatamente devolvido à disposições legais ou regulamentares concernentes à conces-
concessionária, sem prejuízo de seu direito à indenização. são;
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para
§ 2o O procedimento administrativo a que se refere o ca-
tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou
put deste artigo deverá ser concluído no prazo de até 180 dias,
força maior;
sob pena de considerar-se inválida a intervenção.
IV - a concessionária perder as condições econômicas, téc-
nicas ou operacionais para manter a adequada prestação do ser-
Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a conces-
viço concedido;
são, a administração do serviço será devolvida à concessionária,
V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas
precedida de prestação de contas pelo interventor, que respon-
por infrações, nos devidos prazos;
derá pelos atos praticados durante a sua gestão.
VI - a concessionária não atender a intimação do poder
concedente no sentido de regularizar a prestação do serviço;
Capítulo X
e
DA EXTINÇÃO DA CONCESSÃO
VII - a concessionária não atender a intimação do poder
Art. 35. Extingue-se a concessão por:
concedente para, em 180 dias, apresentar a documentação re-
I - advento do termo contratual;
lativa a regularidade fiscal, no curso da concessão, na forma
II - ENCAMPAÇÃO;
do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993
III - CADUCIDADE;
IV - rescisão;

25
§ 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser prazo fixado no contrato ou no ato de outorga, observado o dis-
precedida da verificação da inadimplência da concessionária posto no art. 43 desta Lei.
em processo administrativo, assegurado o direito de ampla de- § 1o Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato de ou-
fesa. torga, o serviço poderá ser prestado por órgão ou entidade do
§ 3o Não será instaurado processo administrativo de ina- poder concedente, ou delegado a terceiros, mediante novo con-
dimplência antes de comunicados à concessionária, detalha- trato.
damente, os descumprimentos contratuais referidos no § 1º § 2o As concessões em caráter precário, as que estiverem
deste artigo, dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e com prazo vencido e as que estiverem em vigor por prazo in-
transgressões apontadas e para o enquadramento, nos termos determinado, inclusive por força de legislação anterior, per-
contratuais. manecerão válidas pelo prazo necessário à realização dos le-
§ 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a vantamentos e avaliações indispensáveis à organização das li-
inadimplência, a CADUCIDADE será DECLARADA POR DECRETO citações que precederão a outorga das concessões que as
do poder concedente, INDEPENDENTEMENTE DE INDENIZA- substituirão, prazo esse que não será inferior a 24 meses.
ÇÃO PRÉVIA, calculada no decurso do processo. § 3º As concessões a que se refere o § 2 o deste artigo, inclu-
o
§ 5 A indenização de que trata o parágrafo anterior, será sive as que não possuam instrumento que as formalize ou que
devida na forma do art. 36 desta Lei e do contrato, desconta- possuam cláusula que preveja prorrogação, terão validade máxi-
do o valor das multas contratuais e dos danos causados pela ma até o dia 31 de dezembro de 2010, desde que, até o dia 30 de
concessionária. junho de 2009, tenham sido cumpridas, cumulativamente, as se-
§ 6o Declarada a caducidade, NÃO RESULTARÁ para o po- guintes condições:
der concedente QUALQUER espécie de RESPONSABILIDADE I - levantamento mais amplo e retroativo possível dos ele-
em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com mentos físicos constituintes da infra-estrutura de bens reversíveis
terceiros ou com empregados da concessionária. e dos dados financeiros, contábeis e comerciais relativos à presta-
ção dos serviços, em dimensão necessária e suficiente para a rea-
lização do cálculo de eventual indenização relativa aos investi-
ENCAMPAÇÃO CADUCIDADE
mentos ainda não amortizados pelas receitas emergentes da con-
Retomada durante o prazo da Inexecução total ou parcial cessão, observadas as disposições legais e contratuais que regula-
concessão, por motivo de in- do contrato vam a prestação do serviço ou a ela aplicáveis nos 20 anos anteri-
teresse público ores ao da publicação desta Lei;
II - celebração de acordo entre o poder concedente e o con-
Mediante lei autorizativa Declarada por decreto
cessionário sobre os critérios e a forma de indenização de eventu-
específica
ais créditos remanescentes de investimentos ainda não amortiza-
Prévio pagamento da Independentemente de dos ou depreciados, apurados a partir dos levantamentos referi-
indenização indenização prévia dos no inciso I deste parágrafo e auditados por instituição especi-
alizada escolhida de comum acordo pelas partes; e
Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido por III - publicação na imprensa oficial de ato formal de autori-
iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das dade do poder concedente, autorizando a prestação precária dos
normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação ju- serviços por prazo de até 6 meses, renovável até 31 de dezembro
dicial especialmente intentada para esse fim. de 2008, mediante comprovação do cumprimento do disposto
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, nos incisos I e II deste parágrafo.
os serviços prestados pela concessionária não poderão ser in- § 4o Não ocorrendo o acordo previsto no inciso II do § 3 o
terrompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada deste artigo, o cálculo da indenização de investimentos será feito
em julgado. com base nos critérios previstos no instrumento de concessão an-
tes celebrado ou, na omissão deste, por avaliação de seu valor
Capítulo XI econômico ou reavaliação patrimonial, depreciação e amortização
DAS PERMISSÕES de ativos imobilizados definidos pelas legislações fiscal e das so-
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada ciedades por ações, efetuada por empresa de auditoria indepen-
mediante CONTRATO DE ADESÃO, que observará os termos dente escolhida de comum acordo pelas partes.
desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, § 5o No caso do § 4o deste artigo, o pagamento de eventual
inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral indenização será realizado, mediante garantia real, por meio de 4
do contrato pelo poder concedente. parcelas anuais, iguais e sucessivas, da parte ainda não amortiza-
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nesta da de investimentos e de outras indenizações relacionadas à pres-
Lei. tação dos serviços, realizados com capital próprio do concessio-
nário ou de seu controlador, ou originários de operações de fi-
Capítulo XII nanciamento, ou obtidos mediante emissão de ações, debêntures
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS e outros títulos mobiliários, com a primeira parcela paga até o úl-
Art. 41. O disposto nesta Lei não se aplica à concessão, timo dia útil do exercício financeiro em que ocorrer a reversão.
permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sono- § 6o Ocorrendo acordo, poderá a indenização de que trata o
ra e de sons e imagens. § 5o deste artigo ser paga mediante receitas de novo contrato
que venha a disciplinar a prestação do serviço.
Art. 42. As concessões de serviço público outorgadas anteri-
ormente à entrada em vigor desta Lei consideram-se válidas pelo

26
Art. 43. Ficam extintas todas as concessões de serviços essenciais quando o débito decorrer de irregularidade no
públicos outorgadas sem licitação na vigência da Constituição hidrômetro ou no medidor de energia elétrica, apurada
de 1988. unilateralmente pela concessionária.
Parágrafo único. Ficam também extintas todas as conces- 10) O corte no fornecimento de energia elétrica somente pode
sões outorgadas sem licitação anteriormente à Constituição recair sobre o imóvel que originou o débito, e não sobre
de 1988, cujas obras ou serviços não tenham sido iniciados ou outra unidade de consumo do usuário inadimplente.
que se encontrem paralisados quando da entrada em vigor
desta Lei.

Art. 44. As concessionárias que tiverem obras que se encon-


trem atrasadas, na data da publicação desta Lei, apresentarão ao
poder concedente, dentro de 180 dias, plano efetivo de conclu-
são das obras.
Parágrafo único. Caso a concessionária não apresente o pla-
no a que se refere este artigo ou se este plano não oferecer con-
dições efetivas para o término da obra, o poder concedente po-
derá declarar extinta a concessão, relativa a essa obra.

Art. 45. Nas hipóteses de que tratam os arts. 43 e 44 desta


Lei, o poder concedente indenizará as obras e serviços realizados
somente no caso e com os recursos da nova licitação.
Parágrafo único. A licitação de que trata o caput deste artigo
deverá, obrigatoriamente, levar em conta, para fins de avaliação,
o estágio das obras paralisadas ou atrasadas, de modo a permitir
a utilização do critério de julgamento estabelecido no inciso III do
art. 15 desta Lei.

JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ


EDIÇÃO N. 13: CORTE NO FORNECIMENTO DE SERVIÇOS
PÚBLICOS ESSENCIAIS
1) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos
essenciais quando inadimplente o usuário, desde que precedido
de notificação.
2) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos
essenciais por razões de ordem técnica ou de segurança das
instalações, desde que precedido de notificação.
3) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica
quando puder afetar o direito à saúde e à integridade física
do usuário.
4) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos
essenciais quando inadimplente pessoa jurídica de direito
público, desde que precedido de notificação e a interrupção
não atinja as unidades prestadoras de serviços
indispensáveis à população.
5) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos
essenciais quando inadimplente unidade de saúde, uma vez
que prevalecem os interesses de proteção à vida e à saúde.
6) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos
essenciais quando a inadimplência do usuário decorrer de
débitos pretéritos, uma vez que a interrupção pressupõe o
inadimplemento de conta regular, relativa ao mês do
consumo.
7) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos
essenciais por débitos de usuário anterior, em razão da
natureza pessoal da dívida.
8) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica em
razão de débito irrisório, por configurar abuso de direito e
ofensa aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade,
sendo cabível a indenização ao consumidor por danos morais.
9) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos

27
DIA 19 Art. 1.396. Salvo direito adquirido por outrem, o usufrutuário faz
seus os frutos naturais, pendentes ao começar o usufruto, sem
encargo de pagar as despesas de produção.
Parágrafo único. Os frutos naturais, pendentes ao tempo em que
Código Civil: art 1390-1510-E cessa o usufruto, pertencem ao dono, também sem compensação
Código Processo Civil: art. 925-975 das despesas.
LEI 9784/99 - PROCESSO ADMINISTRATIVO
Art. 1.397. As crias dos animais pertencem ao usufrutuário,
CÓDIGO CIVIL deduzidas quantas bastem para inteirar as cabeças de gado
existentes ao começar o usufruto.
TÍTULO VI
Art. 1.398. Os frutos civis, vencidos na data inicial do usufruto,
Do Usufruto
pertencem ao proprietário, e ao usufrutuário os vencidos na data
CAPÍTULO I
em que cessa o usufruto.
Disposições Gerais
Art. 1.390. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis
Art. 1.399. O usufrutuário pode usufruir em pessoa, ou mediante
ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste,
arrendamento, o prédio, mas não mudar-lhe a destinação
abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades.
econômica, sem expressa autorização do proprietário.
Art. 1.391. O usufruto de imóveis, quando não resulte de
CAPÍTULO III
usucapião, constituir-se-á mediante registro no Cartório de
Dos Deveres do Usufrutuário
Registro de Imóveis.
Art. 1.400. O usufrutuário, antes de assumir o usufruto,
inventariará, à sua custa, os bens que receber, determinando o
Art. 1.392. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se
estado em que se acham, e dará caução, fidejussória ou real, se
aos acessórios da coisa e seus acrescidos.
lha exigir o dono, de velar-lhes pela conservação, e entregá-los
§ 1o Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas
findo o usufruto.
consumíveis, terá o usufrutuário o dever de restituir, findo o
Parágrafo único. Não é obrigado à caução o doador que se
usufruto, as que ainda houver e, das outras, o equivalente em
reservar o usufruto da coisa doada.
gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu
valor, estimado ao tempo da restituição.
Art. 1.401. O usufrutuário que não quiser ou não puder dar
§ 2o Se há no prédio em que recai o usufruto florestas ou os
caução suficiente perderá o direito de administrar o usufruto;
recursos minerais a que se refere o art. 1.230, devem o dono e o
e, neste caso, os bens serão administrados pelo proprietário,
usufrutuário prefixar-lhe a extensão do gozo e a maneira de
que ficará obrigado, mediante caução, a entregar ao usufrutuário
exploração.
o rendimento deles, deduzidas as despesas de administração,
§ 3o Se o usufruto recai sobre universalidade ou quota-parte de
entre as quais se incluirá a quantia fixada pelo juiz como
bens, o usufrutuário tem direito à parte do tesouro achado por
remuneração do administrador.
outrem, e ao preço pago pelo vizinho do prédio usufruído, para
obter meação em parede, cerca, muro, vala ou valado.
Art. 1.402. O usufrutuário não é obrigado a pagar as
deteriorações resultantes do exercício regular do usufruto.
Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alienação;
mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou
Art. 1.403 Incumbem ao usufrutuário:
oneroso.
I - as despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em
que os recebeu;
Não se transfere por alienação II - as prestações e os tributos devidos pela posse ou rendimento
USUFRUTO da coisa usufruída.
O seu exercício pode ser cedido a título gratuito
ou oneroso
Art. 1.404. Incumbem ao dono as reparações extraordinárias e
as que não forem de custo módico; mas o usufrutuário lhe
CAPÍTULO II
pagará os juros do capital despendido com as que forem
Dos Direitos do Usufrutuário
necessárias à conservação, ou aumentarem o rendimento da coisa
Art. 1.394. O usufrutuário tem direito à posse, uso,
usufruída.
administração e percepção dos frutos.
§ 1o Não se consideram módicas as despesas superiores a 2/3 do
líquido rendimento em 1 ano.
Art. 1.395. Quando o usufruto recai em títulos de crédito, o
§ 2o Se o dono não fizer as reparações a que está obrigado, e que
usufrutuário tem direito a perceber os frutos e a cobrar as
são indispensáveis à conservação da coisa, o usufrutuário pode
respectivas dívidas.
realizá-las, cobrando daquele a importância despendida.
Parágrafo único. Cobradas as dívidas, o usufrutuário aplicará, de
imediato, a importância em títulos da mesma natureza, ou em
Art. 1.405. Se o usufruto recair num patrimônio, ou parte deste,
títulos da dívida pública federal, com cláusula de atualização
será o usufrutuário obrigado aos juros da dívida que onerar o
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos.
patrimônio ou a parte dele.

1
Art. 1.406. O usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de § 2o As necessidades da família do usuário compreendem as de
qualquer lesão produzida contra a posse da coisa, ou os direitos seu cônjuge, dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço
deste. doméstico.

Art. 1.407. Se a coisa estiver segurada, incumbe ao Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua
usufrutuário pagar, durante o usufruto, as contribuições do natureza, as disposições relativas ao usufruto.
seguro.
§ 1o Se o usufrutuário fizer o seguro, ao proprietário caberá o TÍTULO VIII
direito dele resultante contra o segurador. Da Habitação
§ 2o Em qualquer hipótese, o direito do usufrutuário fica sub- Art. 1.414. Quando o uso consistir no DIREITO DE HABITAR
rogado no valor da indenização do seguro. gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode
alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua
Art. 1.408. Se um edifício sujeito a usufruto for destruído sem família.
culpa do proprietário, não será este obrigado a reconstruí-lo, Art. 1.415. Se o direito real de habitação for conferido a mais de
nem o usufruto se restabelecerá, se o proprietário reconstruir uma pessoa, qualquer delas que sozinha habite a casa não terá
à sua custa o prédio; mas se a indenização do seguro for de pagar aluguel à outra, ou às outras, mas não as pode inibir
aplicada à reconstrução do prédio, restabelecer-se-á o de exercerem, querendo, o direito, que também lhes compete,
usufruto. de habitá-la.

Art. 1.409. Também fica sub-rogada no ônus do usufruto, em Art. 1.416. São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à
lugar do prédio, a indenização paga, se ele for desapropriado, ou sua natureza, as disposições relativas ao usufruto.
a importância do dano, ressarcido pelo terceiro responsável no
caso de danificação ou perda. TÍTULO IX
Do Direito do Promitente Comprador
CAPÍTULO IV Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se
Da Extinção do Usufruto não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento
Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de
Cartório de Registro de Imóveis: Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à
I - pela renúncia ou morte do usufrutuário; aquisição do imóvel.
II - pelo termo de sua duração;
III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto JDC253 O promitente comprador, titular de direito real (art.
foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da 1.417), tem a faculdade de reivindicar de terceiro o imóvel
data em que se começou a exercer; prometido a venda.
IV - pela cessação do motivo de que se origina;
V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts.
Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode
1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409;
exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os
VI - pela consolidação;
direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de
VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa
compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar;
arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de
e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.
conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá
às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único
do art. 1.395; JDC95 O direito à adjudicação compulsória (art. 1.418 do
VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto novo Código Civil), quando exercido em face do promitente
recai (arts. 1.390 e 1.399). vendedor, não se condiciona ao registro da promessa de
compra e venda no cartório de registro imobiliário

JDC252 A extinção do usufruto pelo não-uso, de que trata o


art. 1.410, inc. VIII, independe do prazo previsto no art. 1.389, TÍTULO X
inc. III Do Penhor, da Hipoteca e da Anticrese
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 1.411. Constituído o usufruto em favor de duas ou mais
Art. 1.419. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou
pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que
hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo
falecerem, salvo se, por estipulação expressa, o quinhão desses
real, ao cumprimento da obrigação.
couber ao sobrevivente.
Art. 1.420. Só aquele que pode alienar poderá empenhar,
TÍTULO VII
hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se podem alienar
Do Uso
poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca.
Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos,
§ 1o A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro,
quanto o exigirem as necessidades suas e de sua família.
as garantias reais estabelecidas por quem não era dono.
§ 1o Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme
§ 2o A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser
a sua condição social e o lugar onde viver.
dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de

2
todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a Parágrafo único. Após o vencimento, poderá o devedor dar a
parte que tiver. coisa em pagamento da dívida.

Art. 1.421. O pagamento de uma ou mais prestações da dívida JDC626 Não afronta o art. 1.428 do Código Civil, em relações
não importa exoneração correspondente da garantia, ainda que paritárias, o PACTO MARCIANO, cláusula contratual que
esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa no autoriza que o credor se torne proprietário da coisa objeto
título ou na quitação. da garantia mediante aferição de seu justo valor e
restituição do supérfluo (valor do bem em garantia que
Art. 1.422. O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito excede o da dívida).
de excutir a coisa hipotecada ou empenhada, e preferir, no
pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipoteca, a
Art. 1.429. Os sucessores do devedor NÃO PODEM remir
prioridade no registro.
parcialmente o penhor ou a hipoteca na proporção dos seus
Parágrafo único. Excetuam-se da regra estabelecida neste artigo
quinhões; qualquer deles, porém, pode fazê-lo no todo.
as dívidas que, em virtude de outras leis, devam ser pagas
Parágrafo único. O herdeiro ou sucessor que fizer a remição fica
precipuamente a quaisquer outros créditos.
sub-rogado nos direitos do credor pelas quotas que houver
satisfeito.
Art. 1.423. O credor anticrético tem direito a reter em seu poder o
bem, enquanto a dívida não for paga; extingue-se esse direito
Art. 1.430. Quando, excutido o penhor, ou executada a hipoteca, o
decorridos 15 anos da data de sua constituição.
produto não bastar para pagamento da dívida e despesas
Art. 1.424. Os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca
judiciais, continuará o devedor obrigado pessoalmente pelo
declararão, sob pena de não terem eficácia:
restante.
I - o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo;
II - o prazo fixado para pagamento;
CAPÍTULO II
III - a taxa dos juros, se houver;
Do Penhor
IV - o bem dado em garantia com as suas especificações.
Seção I
Da Constituição do Penhor
Art. 1.425. A dívida considera-se vencida:
Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da
I - se, deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dado em
posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o
segurança, desfalcar a garantia, e o devedor, intimado, não a
represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma COISA
reforçar ou substituir;
MÓVEL, SUSCETÍVEL DE ALIENAÇÃO.
II - se o devedor cair em insolvência ou falir;
Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de
III - se as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez
veículos, as coisas empenhadas continuam em poder do devedor,
que deste modo se achar estipulado o pagamento. Neste caso, o
que as deve guardar e conservar.
recebimento posterior da prestação atrasada importa renúncia do
credor ao seu direito de execução imediata;
Art. 1.432. O instrumento do penhor deverá ser levado a
IV - se perecer o bem dado em garantia, e não for substituído;
registro, por qualquer dos contratantes; o do penhor comum
V - se se desapropriar o bem dado em garantia, hipótese na
será registrado no Cartório de Títulos e Documentos.
qual se depositará a parte do preço que for necessária para o
pagamento integral do credor.
Seção II
§ 1o Nos casos de perecimento da coisa dada em garantia, esta se
Dos Direitos do Credor Pignoratício
sub-rogará na indenização do seguro, ou no ressarcimento do
Art. 1.433. O credor pignoratício tem direito:
dano, em benefício do credor, a quem assistirá sobre ela
I - à posse da coisa empenhada;
preferência até seu completo reembolso.
II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas
§ 2o Nos casos dos incisos IV e V, só se vencerá a hipoteca antes
devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas
do prazo estipulado, se o perecimento, ou a desapropriação recair
por culpa sua;
sobre o bem dado em garantia, e esta não abranger outras;
III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da
subsistindo, no caso contrário, a dívida reduzida, com a respectiva
coisa empenhada;
garantia sobre os demais bens, não desapropriados ou
IV - a promover a execução judicial, ou a venda amigável, se lhe
destruídos.
permitir expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor
mediante procuração;
Art. 1.426. Nas hipóteses do artigo anterior, de vencimento
V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se
antecipado da dívida, não se compreendem os juros
encontra em seu poder;
correspondentes ao tempo ainda não decorrido.
VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia autorização
judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa
Art. 1.427. Salvo cláusula expressa, o terceiro que presta
empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser
garantia real por dívida alheia não fica obrigado a substituí-
depositado. O dono da coisa empenhada pode impedir a venda
la, ou reforçá-la, quando, sem culpa sua, se perca, deteriore,
antecipada, substituindo-a, ou oferecendo outra garantia real
ou desvalorize.
idônea.

Art. 1.428. É NULA a cláusula que autoriza o credor


Art. 1.434. O credor não pode ser constrangido a devolver a
pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto
coisa empenhada, ou uma parte dela, antes de ser
da garantia, se a dívida não for paga no vencimento.
integralmente pago, podendo o juiz, a requerimento do

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proprietário, determinar que seja vendida apenas uma das coisas,
ou parte da coisa empenhada, suficiente para o pagamento do Art. 1.440. Se o prédio estiver hipotecado, o penhor rural poderá
credor. constituir-se independentemente da anuência do credor
hipotecário, mas não lhe prejudica o direito de preferência, nem
Seção III restringe a extensão da hipoteca, ao ser executada.
Das Obrigações do Credor Pignoratício
Art. 1.435. O credor pignoratício é obrigado: Art. 1.441. Tem o credor direito a verificar o estado das coisas
I - à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou por
perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser pessoa que credenciar.
compensada na dívida, até a concorrente quantia, a importância
da responsabilidade; Subseção II
II - à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao Do Penhor Agrícola
dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o exercício Art. 1.442. Podem ser objeto de penhor:
de ação possessória; I - máquinas e instrumentos de agricultura;
III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, II - colheitas pendentes, ou em via de formação;
inciso V) nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no III - frutos acondicionados ou armazenados;
capital da obrigação garantida, sucessivamente; IV - lenha cortada e carvão vegetal;
IV - a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez V - animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola.
paga a dívida;
V - a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, Art. 1.443. O penhor agrícola que recai sobre colheita pendente,
no caso do inciso IV do art. 1.433. ou em via de formação, abrange a imediatamente seguinte, no
caso de frustrar-se ou ser insuficiente a que se deu em garantia.
Seção IV Parágrafo único. Se o credor não financiar a nova safra, poderá o
Da Extinção do Penhor devedor constituir com outrem novo penhor, em quantia máxima
Art. 1.436. Extingue-se o penhor: equivalente à do primeiro; o segundo penhor terá preferência
I - extinguindo-se a obrigação; sobre o primeiro, abrangendo este apenas o excesso apurado na
II - perecendo a coisa; colheita seguinte.
III - renunciando o credor;
IV - confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e Subseção III
de dono da coisa; Do Penhor Pecuário
V - dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a venda da Art. 1.444. Podem ser objeto de penhor os animais que integram
coisa empenhada, feita pelo credor ou por ele autorizada. a atividade pastoril, agrícola ou de lacticínios.
§ 1o Presume-se a renúncia do credor quando consentir na
venda particular do penhor sem reserva de preço, quando Art. 1.445. O devedor não poderá alienar os animais empenhados
restituir a sua posse ao devedor, ou quando anuir à sua sem prévio consentimento, por escrito, do credor.
substituição por outra garantia. Parágrafo único. Quando o devedor pretende alienar o gado
§ 2o Operando-se a confusão tão-somente quanto a parte da empenhado ou, por negligência, ameace prejudicar o credor,
dívida pignoratícia, subsistirá inteiro o penhor quanto ao resto. poderá este requerer se depositem os animais sob a guarda de
terceiro, ou exigir que se lhe pague a dívida de imediato.
Art. 1.437. Produz efeitos a extinção do penhor depois de
averbado o cancelamento do registro, à vista da respectiva prova. Art. 1.446. Os animais da mesma espécie, comprados para
substituir os mortos, ficam sub-rogados no penhor.
Seção V Parágrafo único. Presume-se a substituição prevista neste artigo,
Do Penhor Rural mas não terá eficácia contra terceiros, se não constar de menção
Subseção I adicional ao respectivo contrato, a qual deverá ser averbada.
Disposições Gerais
Art. 1.438. Constitui-se o penhor rural mediante instrumento Seção VI
público ou particular, registrado no Cartório de Registro de Do Penhor Industrial e Mercantil
Imóveis da circunscrição em que estiverem situadas as coisas Art. 1.447. Podem ser objeto de penhor máquinas, aparelhos,
empenhadas. materiais, instrumentos, instalados e em funcionamento, com os
Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida, que acessórios ou sem eles; animais, utilizados na indústria; sal e bens
garante com penhor rural, o devedor poderá emitir, em favor do destinados à exploração das salinas; produtos de suinocultura,
credor, cédula rural pignoratícia, na forma determinada em lei animais destinados à industrialização de carnes e derivados;
especial. matérias-primas e produtos industrializados.
Parágrafo único. Regula-se pelas disposições relativas aos
Art. 1.439. O penhor agrícola e o penhor pecuário não podem armazéns gerais o penhor das mercadorias neles depositadas.
ser convencionados por prazos superiores aos das obrigações
garantidas. Art. 1.448. Constitui-se o penhor industrial, ou o mercantil,
§ 1o Embora vencidos os prazos, permanece a garantia, enquanto mediante instrumento público ou particular, registrado no
subsistirem os bens que a constituem. Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição onde estiverem
§ 2o A prorrogação deve ser averbada à margem do registro situadas as coisas empenhadas.
respectivo, mediante requerimento do credor e do devedor.

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Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida, que Art. 1.459. Ao credor, em penhor de título de crédito, compete o
garante com penhor industrial ou mercantil, o devedor poderá direito de:
emitir, em favor do credor, cédula do respectivo crédito, na forma I - conservar a posse do título e recuperá-la de quem quer que o
e para os fins que a lei especial determinar. detenha;
II - usar dos meios judiciais convenientes para assegurar os seus
Art. 1.449. O devedor não pode, sem o consentimento por escrito direitos, e os do credor do título empenhado;
do credor, alterar as coisas empenhadas ou mudar-lhes a III - fazer intimar ao devedor do título que não pague ao seu
situação, nem delas dispor. O devedor que, anuindo o credor, credor, enquanto durar o penhor;
alienar as coisas empenhadas, deverá repor outros bens da IV - receber a importância consubstanciada no título e os
mesma natureza, que ficarão sub-rogados no penhor. respectivos juros, se exigíveis, restituindo o título ao devedor,
quando este solver a obrigação.
Art. 1.450. Tem o credor direito a verificar o estado das coisas
empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou por Art. 1.460. O devedor do título empenhado que receber a
pessoa que credenciar. intimação prevista no inciso III do artigo antecedente, ou se der
por ciente do penhor, não poderá pagar ao seu credor. Se o fizer,
Seção VII responderá solidariamente por este, por perdas e danos,
Do Penhor de Direitos e Títulos de Crédito perante o credor pignoratício.
Art. 1.451. Podem ser objeto de penhor direitos, suscetíveis de Parágrafo único. Se o credor der quitação ao devedor do título
cessão, sobre coisas móveis. empenhado, deverá saldar imediatamente a dívida, em cuja
garantia se constituiu o penhor.
Art. 1.452. Constitui-se o penhor de direito mediante
instrumento público ou particular, registrado no Registro de Seção VIII
Títulos e Documentos. Do Penhor de Veículos
Parágrafo único. O titular de direito empenhado deverá entregar Art. 1.461. Podem ser objeto de penhor os veículos empregados
ao credor pignoratício os documentos comprobatórios desse em qualquer espécie de transporte ou condução.
direito, salvo se tiver interesse legítimo em conservá-los.
Art. 1.462. Constitui-se o penhor, a que se refere o artigo
Art. 1.453. O penhor de crédito não tem eficácia senão quando antecedente, mediante instrumento público ou particular,
notificado ao devedor; por notificado tem-se o devedor que, em registrado no Cartório de Títulos e Documentos do domicílio
instrumento público ou particular, declarar-se ciente da existência do devedor, e anotado no certificado de propriedade.
do penhor. Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida
garantida com o penhor, poderá o devedor emitir cédula de
Art. 1.454. O credor pignoratício deve praticar os atos necessários crédito, na forma e para os fins que a lei especial determinar.
à conservação e defesa do direito empenhado e cobrar os juros e
mais prestações acessórias compreendidas na garantia. Art. 1.463. Não se fará o penhor de veículos sem que estejam
Art. 1.455. Deverá o credor pignoratício cobrar o crédito previamente segurados contra furto, avaria, perecimento e
empenhado, assim que se torne exigível. Se este consistir numa danos causados a terceiros.
prestação pecuniária, depositará a importância recebida, de
acordo com o devedor pignoratício, ou onde o juiz determinar; se Art. 1.464. Tem o credor direito a verificar o estado do veículo
consistir na entrega da coisa, nesta se sub-rogará o penhor. empenhado, inspecionando-o onde se achar, por si ou por pessoa
Parágrafo único. Estando vencido o crédito pignoratício, tem o que credenciar.
credor direito a reter, da quantia recebida, o que lhe é devido,
restituindo o restante ao devedor; ou a excutir a coisa a ele Art. 1.465. A alienação, ou a mudança, do veículo empenhado
entregue. sem prévia comunicação ao credor importa no vencimento
antecipado do crédito pignoratício.
Art. 1.456. Se o mesmo crédito for objeto de vários penhores, só
ao credor pignoratício, cujo direito prefira aos demais, o devedor Art. 1.466. O penhor de veículos só se pode convencionar pelo
deve pagar; responde por perdas e danos aos demais credores o prazo máximo de 2 anos, prorrogável até o limite de igual
credor preferente que, notificado por qualquer um deles, não tempo, averbada a prorrogação à margem do registro
promover oportunamente a cobrança. respectivo.

Art. 1.457. O titular do crédito empenhado só pode receber o Seção IX


pagamento com a anuência, por escrito, do credor pignoratício, Do Penhor Legal
caso em que o penhor se extinguirá. Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de
convenção:
Art. 1.458. O penhor, que recai sobre título de crédito, I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento,
constitui-se mediante instrumento público ou particular ou sobre as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus
endosso pignoratício, com a tradição do título ao credor, consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas
regendo-se pelas Disposições Gerais deste Título e, no que casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí
couber, pela presente Seção. tiverem feito;

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II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis Art. 1.477. Salvo o caso de insolvência do devedor, o credor da
que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo segunda hipoteca, embora vencida, não poderá executar o
prédio, pelos aluguéis ou rendas. imóvel antes de vencida a primeira.
Parágrafo único. Não se considera insolvente o devedor por faltar
Art. 1.468. A conta das dívidas enumeradas no inciso I do artigo ao pagamento das obrigações garantidas por hipotecas
antecedente será extraída conforme a tabela impressa, prévia e posteriores à primeira.
ostensivamente exposta na casa, dos preços de hospedagem, da
pensão ou dos gêneros fornecidos, sob pena de nulidade do Art. 1.478. Se o devedor da obrigação garantida pela primeira
penhor. hipoteca não se oferecer, no vencimento, para pagá-la, o
credor da segunda pode promover-lhe a extinção,
Art. 1.469. Em cada um dos casos do art. 1.467, o credor poderá consignando a importância e citando o primeiro credor para
tomar em garantia um ou mais objetos até o valor da dívida. recebê-la e o devedor para pagá-la; se este não pagar, o
segundo credor, efetuando o pagamento, se sub-rogará nos
Art. 1.470. Os credores, compreendidos no art. 1.467, podem fazer direitos da hipoteca anterior, sem prejuízo dos que lhe
efetivo o penhor, antes de recorrerem à autoridade judiciária, competirem contra o devedor comum.
sempre que haja perigo na demora, dando aos devedores Parágrafo único. Se o primeiro credor estiver promovendo a
comprovante dos bens de que se apossarem. execução da hipoteca, o credor da segunda depositará a
importância do débito e as despesas judiciais.
Art. 1.471. Tomado o penhor, requererá o credor, ato contínuo, a
sua homologação judicial. Art. 1.479. O adquirente do imóvel hipotecado, desde que não
se tenha obrigado pessoalmente a pagar as dívidas aos credores
Art. 1.472. Pode o locatário impedir a constituição do penhor hipotecários, poderá exonerar-se da hipoteca, abandonando-
mediante caução idônea. lhes o imóvel.

CAPÍTULO III Art. 1.480. O adquirente notificará o vendedor e os credores


Da Hipoteca hipotecários, deferindo-lhes, conjuntamente, a posse do imóvel,
Seção I ou o depositará em juízo.
Disposições Gerais Parágrafo único. Poderá o adquirente exercer a faculdade de
Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca: abandonar o imóvel hipotecado, até as 24 horas subsequentes à
I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com citação, com que se inicia o procedimento executivo.
eles;
II - o domínio direto; Art. 1.481. Dentro em 30 dias, contados do registro do título
III - o domínio útil; aquisitivo, tem o adquirente do imóvel hipotecado o direito
IV - as estradas de ferro; de remi-lo, citando os credores hipotecários e propondo
V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, importância não inferior ao preço por que o adquiriu.
independentemente do solo onde se acham; § 1o Se o credor impugnar o preço da aquisição ou a importância
VI - os navios; oferecida, realizar-se-á licitação, efetuando-se a venda judicial a
VII - as aeronaves. quem oferecer maior preço, assegurada preferência ao adquirente
VIII - o direito de uso especial para fins de moradia; do imóvel.
IX - o direito real de uso; § 2o Não impugnado pelo credor, o preço da aquisição ou o preço
X - a propriedade superficiária. proposto pelo adquirente, haver-se-á por definitivamente fixado
§ 1º A hipoteca dos navios e das aeronaves reger-se-á pelo para a remissão do imóvel, que ficará livre de hipoteca, uma vez
disposto em lei especial. pago ou depositado o preço.
§ 2º Os direitos de garantia instituídos nas hipóteses dos incisos § 3o Se o adquirente deixar de remir o imóvel, sujeitando-o a
IX e X do caput deste artigo ficam limitados à duração da execução, ficará obrigado a ressarcir os credores hipotecários da
concessão ou direito de superfície, caso tenham sido transferidos desvalorização que, por sua culpa, o mesmo vier a sofrer, além
por período determinado. das despesas judiciais da execução.
§ 4o Disporá de ação regressiva contra o vendedor o adquirente
Art. 1.474. A hipoteca abrange todas as acessões, que ficar privado do imóvel em consequência de licitação ou
melhoramentos ou construções do imóvel. Subsistem os ônus penhora, o que pagar a hipoteca, o que, por causa de adjudicação
reais constituídos e registrados, anteriormente à hipoteca, sobre o ou licitação, desembolsar com o pagamento da hipoteca
mesmo imóvel. importância excedente à da compra e o que suportar custas e
despesas judiciais.
Art. 1.475. É NULA a cláusula que proíbe ao proprietário
alienar imóvel hipotecado. Art. 1.484. É lícito aos interessados fazer constar das escrituras o
Parágrafo único. Pode convencionar-se que vencerá o crédito valor entre si ajustado dos imóveis hipotecados, o qual,
hipotecário, se o imóvel for alienado. devidamente atualizado, será a base para as arrematações,
adjudicações e remições, dispensada a avaliação.
Art. 1.476. O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra
hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do mesmo Art. 1.485. Mediante simples averbação, requerida por ambas
ou de outro credor. as partes, poderá prorrogar-se a hipoteca, até 30 anos da data
do contrato. Desde que perfaça esse prazo, só poderá subsistir o

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contrato de hipoteca reconstituindo-se por novo título e novo Art. 1.492. As hipotecas serão registradas no cartório do lugar
registro; e, nesse caso, lhe será mantida a precedência, que então do imóvel, ou no de cada um deles, se o título se referir a mais
lhe competir. de um.
Parágrafo único. Compete aos interessados, exibido o título,
Art. 1.486. Podem o credor e o devedor, no ato constitutivo da requerer o registro da hipoteca.
hipoteca, autorizar a emissão da correspondente cédula
hipotecária, na forma e para os fins previstos em lei especial. Art. 1.493. Os registros e averbações seguirão a ordem em que
forem requeridas, verificando-se ela pela da sua numeração
Art. 1.487. A hipoteca pode ser constituída para garantia de sucessiva no protocolo.
dívida futura ou condicionada, desde que determinado o valor Parágrafo único. O número de ordem determina a prioridade, e
máximo do crédito a ser garantido. esta a preferência entre as hipotecas.
§ 1o Nos casos deste artigo, a execução da hipoteca dependerá
de prévia e expressa concordância do devedor quanto à Art. 1.494. Não se registrarão no mesmo dia duas hipotecas, ou
verificação da condição, ou ao montante da dívida. uma hipoteca e outro direito real, sobre o mesmo imóvel, em
§ 2o Havendo divergência entre o credor e o devedor, caberá favor de pessoas diversas, salvo se as escrituras, do mesmo dia,
àquele fazer prova de seu crédito. Reconhecido este, o devedor indicarem a hora em que foram lavradas.
responderá, inclusive, por perdas e danos, em razão da
superveniente desvalorização do imóvel. Art. 1.495. Quando se apresentar ao oficial do registro título de
hipoteca que mencione a constituição de anterior, não registrada,
Art. 1.488. Se o imóvel, dado em garantia hipotecária, vier a ser sobrestará ele na inscrição da nova, depois de a prenotar, até 30
loteado, ou se nele se constituir condomínio edilício, poderá o dias, aguardando que o interessado inscreva a precedente;
ônus ser dividido, gravando cada lote ou unidade autônoma, se o esgotado o prazo, sem que se requeira a inscrição desta, a
requererem ao juiz o credor, o devedor ou os donos, obedecida a hipoteca ulterior será registrada e obterá preferência.
proporção entre o valor de cada um deles e o crédito.
§ 1o O credor só poderá se opor ao pedido de desmembramento Art. 1.496. Se tiver dúvida sobre a legalidade do registro
do ônus, provando que o mesmo importa em diminuição de sua requerido, o oficial fará, ainda assim, a prenotação do pedido. Se
garantia. a dúvida, dentro em 90 dias, for julgada improcedente, o registro
§ 2o Salvo convenção em contrário, todas as despesas judiciais ou efetuar-se-á com o mesmo número que teria na data da
extrajudiciais necessárias ao desmembramento do ônus correm prenotação; no caso contrário, cancelada esta, receberá o registro
por conta de quem o requerer. o número correspondente à data em que se tornar a requerer.
§ 3o O desmembramento do ônus não exonera o devedor
originário da responsabilidade a que se refere o art. 1.430, salvo Art. 1.497. As hipotecas legais, de qualquer natureza, deverão
anuência do credor. ser registradas e especializadas.
§ 1o O registro e a especialização das hipotecas legais incumbem
Seção II a quem está obrigado a prestar a garantia, mas os interessados
Da Hipoteca Legal podem promover a inscrição delas, ou solicitar ao Ministério
Art. 1.489. A lei confere hipoteca: Público que o faça.
I - às pessoas de direito público interno (art. 41) sobre os § 2o As pessoas, às quais incumbir o registro e a especialização
imóveis pertencentes aos encarregados da cobrança, guarda das hipotecas legais, estão sujeitas a perdas e danos pela
ou administração dos respectivos fundos e rendas; omissão.
II - aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a
outras núpcias, antes de fazer o inventário do casal anterior; Art. 1.498. Vale o registro da hipoteca, enquanto a obrigação
III - ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do perdurar; mas a especialização, em completando 20 anos, deve
delinquente, para satisfação do dano causado pelo delito e ser renovada.
pagamento das despesas judiciais;
IV - ao coerdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da Seção IV
partilha, sobre o imóvel adjudicado ao herdeiro reponente; Da Extinção da Hipoteca
V - ao credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do Art. 1.499. A hipoteca extingue-se:
pagamento do restante do preço da arrematação. I - pela extinção da obrigação principal;
II - pelo perecimento da coisa;
Art. 1.490. O credor da hipoteca legal, ou quem o represente, III - pela resolução da propriedade;
poderá, provando a insuficiência dos imóveis especializados, IV - pela renúncia do credor;
exigir do devedor que seja reforçado com outros. V - pela remição;
VI - pela arrematação ou adjudicação.
Art. 1.491. A hipoteca legal pode ser substituída por caução de
títulos da dívida pública federal ou estadual, recebidos pelo Art. 1.500. Extingue-se ainda a hipoteca com a averbação, no
valor de sua cotação mínima no ano corrente; ou por outra Registro de Imóveis, do cancelamento do registro, à vista da
garantia, a critério do juiz, a requerimento do devedor. respectiva prova.

Seção III Art. 1.501. Não extinguirá a hipoteca, devidamente registrada, a


Do Registro da Hipoteca arrematação ou adjudicação, sem que tenham sido notificados

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judicialmente os respectivos credores hipotecários, que não forem Art. 1.508. O credor anticrético responde pelas deteriorações
de qualquer modo partes na execução. que, por culpa sua, o imóvel vier a sofrer, e pelos frutos e
rendimentos que, por sua negligência, deixar de perceber.
Seção V
Da Hipoteca de Vias Férreas Art. 1.509. O credor anticrético pode vindicar os seus direitos
Art. 1.502. As hipotecas sobre as estradas de ferro serão contra o adquirente dos bens, os credores quirografários e os
registradas no Município da estação inicial da respectiva linha. hipotecários posteriores ao registro da anticrese.
§ 1o Se executar os bens por falta de pagamento da dívida, ou
Art. 1.503. Os credores hipotecários não podem embaraçar a permitir que outro credor o execute, sem opor o seu direito de
exploração da linha, nem contrariar as modificações, que a retenção ao exequente, não terá preferência sobre o preço.
administração deliberar, no leito da estrada, em suas § 2o O credor anticrético não terá preferência sobre a indenização
dependências, ou no seu material. do seguro, quando o prédio seja destruído, nem, se forem
desapropriados os bens, com relação à desapropriação.
Art. 1.504. A hipoteca será circunscrita à linha ou às linhas
especificadas na escritura e ao respectivo material de exploração, Art. 1.510. O adquirente dos bens dados em anticrese poderá
no estado em que ao tempo da execução estiverem; mas os remi-los, antes do vencimento da dívida, pagando a sua
credores hipotecários poderão opor-se à venda da estrada, à de totalidade à data do pedido de remição e imitir-se-á, se for o
suas linhas, de seus ramais ou de parte considerável do material caso, na sua posse.
de exploração; bem como à fusão com outra empresa, sempre
que com isso a garantia do débito enfraquecer. TÍTULO XI
DA LAJE
Art. 1.505. Na execução das hipotecas será intimado o Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá
representante da União ou do Estado, para, dentro em 15 dias, ceder a superfície superior ou inferior de sua construção a fim
remir a estrada de ferro hipotecada, pagando o preço da de que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela
arrematação ou da adjudicação. originalmente construída sobre o solo.
§ 1o O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o
SÚMULA SOBRE HIPOTECA subsolo de TERRENOS PÚBLICOS OU PRIVADOS, tomados em
projeção vertical, como unidade imobiliária autônoma, não
Súmula 308-STJ: A hipoteca firmada entre a construtora e o contemplando as demais áreas edificadas ou não pertencentes ao
agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da proprietário da construção-base.
promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os § 2o O titular do direito real de laje responderá pelos encargos e
adquirentes do imóvel tributos que incidirem sobre a sua unidade.
§ 3o Os titulares da laje, unidade imobiliária autônoma constituída
CAPÍTULO IV em matrícula própria, poderão dela usar, gozar e dispor.
Da Anticrese § 4o A instituição do direito real de laje NÃO IMPLICA a
Art. 1.506. Pode o devedor ou outrem por ele, com a entrega do atribuição de fração ideal de terreno ao titular da laje ou a
imóvel ao credor, ceder-lhe o direito de perceber, em participação proporcional em áreas já edificadas.
compensação da dívida, os frutos e rendimentos. § 5o Os Municípios e o Distrito Federal poderão dispor sobre
§ 1o É permitido estipular que os frutos e rendimentos do posturas edilícias e urbanísticas associadas ao direito real de laje.
imóvel sejam percebidos pelo credor à conta de juros, mas se § 6o O titular da laje poderá ceder a superfície de sua
o seu valor ultrapassar a taxa máxima permitida em lei para construção para a instituição de um SUCESSIVO DIREITO REAL
as operações financeiras, o remanescente será imputado ao DE LAJE, desde que haja autorização expressa dos titulares da
capital. construção-base e das demais lajes, respeitadas as posturas
§ 2o Quando a anticrese recair sobre bem imóvel, este poderá edilícias e urbanísticas vigentes.
ser hipotecado pelo devedor ao credor anticrético, ou a terceiros,
assim como o imóvel hipotecado poderá ser dado em anticrese. JDC627 O direito real de laje em terreno privado É PASSÍVEL
DE USUCAPIÃO.
Art. 1.507. O credor anticrético pode administrar os bens dados
em anticrese e fruir seus frutos e utilidades, mas deverá
Art. 1.510-B. É expressamente vedado ao titular da laje
apresentar anualmente balanço, exato e fiel, de sua
prejudicar com obras novas ou com falta de reparação a
administração.
segurança, a linha arquitetônica ou o arranjo estético do
§ 1o Se o devedor anticrético não concordar com o que se contém
edifício, observadas as posturas previstas em legislação local.
no balanço, por ser inexato, ou ruinosa a administração, poderá
impugná-lo, e, se o quiser, requerer a transformação em
Art. 1.510-C. Sem prejuízo, no que couber, das normas aplicáveis
arrendamento, fixando o juiz o valor mensal do aluguel, o qual
aos condomínios edilícios, para fins do direito real de laje, as
poderá ser corrigido anualmente.
despesas necessárias à conservação e fruição das partes que
§ 2o O credor anticrético pode, salvo pacto em sentido contrário,
sirvam a todo o edifício e ao pagamento de serviços de
arrendar os bens dados em anticrese a terceiro, mantendo, até ser
interesse comum serão partilhadas entre o proprietário da
pago, direito de retenção do imóvel, embora o aluguel desse
construção-base e o titular da laje, na proporção que venha a
arrendamento não seja vinculativo para o devedor.
ser estipulada em contrato.
§ 1o São partes que servem a todo o edifício:

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I - os alicerces, colunas, pilares, paredes-mestras e todas as partes respeitar os precedentes do STF, em matéria constitucional,
restantes que constituam a estrutura do prédio; e do STJ, em matéria infraconstitucional federal.
II - o telhado ou os terraços de cobertura, ainda que destinados FPPC316. (art. 926). A estabilidade da jurisprudência do
ao uso exclusivo do titular da laje; tribunal depende também da observância de seus próprios
III - as instalações gerais de água, esgoto, eletricidade, precedentes, inclusive por seus órgãos fracionários.
aquecimento, ar condicionado, gás, comunicações e semelhantes FPPC323. (arts. 926 e 927). A formação dos precedentes
que sirvam a todo o edifício; e observará os princípios da legalidade, da segurança jurídica,
IV - em geral, as coisas que sejam afetadas ao uso de todo o da proteção da confiança e da isonomia.
edifício. FPPC453. (arts. 926 e 1.022, parágrafo único, I) A estabilidade a
§ 2o É assegurado, em qualquer caso, o direito de qualquer que se refere o caput do art. 926 consiste no dever de os
interessado em promover reparações urgentes na construção tribunais observarem os próprios precedentes.
na forma do parágrafo único do art. 249 deste Código. FPPC454. (arts. 926 e 1.022, parágrafo único, I) Uma das
dimensões da coerência a que se refere o caput do art. 926
Art. 1.510-D. Em caso de alienação de qualquer das unidades consiste em os tribunais não ignorarem seus próprios
sobrepostas, terão direito de preferência, em igualdade de precedentes (dever de autorreferência)
condições com terceiros, os titulares da construção-base e da FPPC455. (art. 926) Uma das dimensões do dever de coerência
laje, nessa ordem, que serão cientificados por escrito para que se significa o dever de não-contradição, ou seja, o dever de os
manifestem no prazo de 30 dias, salvo se o contrato dispuser de tribunais não decidirem casos análogos contrariamente às
modo diverso. decisões anteriores, salvo distinção ou superação.
§ 1o O titular da construção-base ou da laje a quem não se der FPPC456. (art. 926) Uma das dimensões do dever de
conhecimento da alienação poderá, mediante depósito do integridade consiste em os tribunais decidirem em
respectivo preço, haver para si a parte alienada a terceiros, se o conformidade com a unidade do ordenamento jurídico.
requerer no prazo decadencial de 180 dias, contado da data de FPPC457. (art. 926) Uma das dimensões do dever de
alienação. integridade previsto no caput do art. 926 consiste na
§ 2o Se houver mais de uma laje, terá preferência, observância das técnicas de distinção e superação dos
sucessivamente, o titular das lajes ascendentes e o titular das precedentes, sempre que necessário para adequar esse
lajes descendentes, assegurada a prioridade para a laje mais entendimento à interpretação contemporânea do
próxima à unidade sobreposta a ser alienada. ordenamento jurídico.
FPPC458. (926, 927, §1º, e 10) Para a aplicação, de ofício, de
Art. 1.510-E. A ruína da construção-base implica extinção do precedente vinculante, o órgão julgador deve intimar
direito real de laje, salvo: previamente as partes para que se manifestem sobre ele.
I - se este tiver sido instituído sobre o subsolo; JDPC59 Não é exigível identidade absoluta entre casos para
II - se a construção-base não for reconstruída no prazo de 5 a aplicação de um precedente, seja ele vinculante ou não,
anos. bastando que ambos possam compartilhar os mesmos
Parágrafo único. O disposto neste artigo não afasta o direito a fundamentos determinantes.
eventual reparação civil contra o culpado pela ruína.
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
I - as decisões do STF em controle concentrado de
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
LIVRO III III - os acórdãos em incidente de assunção de competência
DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE (IAC) ou de resolução de demandas repetitivas (IRRD) e em
IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;
TÍTULO I IV - os enunciados das súmulas do STF em matéria
DA ORDEM DOS PROCESSOS E DOS PROCESSOS DE constitucional e do STJ em matéria infraconstitucional;
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais
CAPÍTULO I estiverem vinculados.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no
Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e art. 489, § 1o (oportunizar às partes para se manifestarem), quando
mantê-la ESTÁVEL, ÍNTEGRA e COERENTE. decidirem com fundamento neste artigo.
§ 1o Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no § 2o A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula
regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de
correspondentes a sua jurisprudência dominante. audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou
§ 2o Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese.
às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua § 3o Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do
criação. Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela
oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver
FPPC167. (art. 926) A aplicação dos enunciados das súmulas modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da
deve ser realizada a partir dos precedentes que os formaram segurança jurídica.
e dos que os aplicaram posteriormente. § 4o A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência
FPPC314. (arts. 926 e 927, I e V). As decisões judiciais devem pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos
repetitivos observará a necessidade de fundamentação

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adequada e específica, considerando os princípios da necessária ou causa de competência originária do tribunal.
segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. FPPC322. (art. 927, §4º). A modificação de precedente
§ 5o Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, vinculante poderá fundar-se, entre outros motivos, na
organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os, revogação ou modificação da lei em que ele se baseou, ou
preferencialmente, na rede mundial de computadores. em alteração econômica, política, cultural ou social
referente à matéria decidida
FPPC2. (arts. 10 e 927, § 1º) Para a formação do precedente, FPPC324. (art. 927). Lei nova, incompatível com o precedente
somente podem ser usados argumentos submetidos ao con- judicial, é fato que acarreta a não aplicação do precedente
traditório. por qualquer juiz ou tribunal, ressalvado o reconhecimento
FPPC55. (art. 927, § 3º) Pelos pressupostos do § 3º do art. 927, a de sua inconstitucionalidade, a realização de interpretação
modificação do precedente tem, como regra, eficácia tem- conforme ou a pronúncia de nulidade sem redução de texto
poral prospectiva. No entanto, pode haver modulação tem- FPPC325. (arts. 927 e 15). A modificação de entendimento
poral, no caso concreto. sedimentado pelos tribunais trabalhistas deve observar a
FPPC168. (art. 927, I; art. 988, III) Os fundamentos determinantes sistemática prevista no art. 927, devendo se desincumbir do
do julgamento de ação de controle concentrado de ônus argumentativo mediante fundamentação adequada e
constitucionalidade realizado pelo STF caracterizam a ratio específica, modulando, quando necessário, os efeitos da decisão
decidendi do precedente e possuem efeito vinculante para que supera o entendimento anterior.
todos os órgãos jurisdicionais. FPPC459. (arts. 927, §1º, 489, §1º, V e VI, e 10) As normas sobre
FPPC169. (art. 927) Os órgãos do Poder Judiciário devem fundamentação adequada quanto à distinção e superação e
obrigatoriamente seguir os seus próprios precedentes, sem sobre a observância somente dos argumentos submetidos ao
prejuízo do disposto nos § 9º do art. 1.037 e §4º do art. 927 contraditório são aplicáveis a todo o microssistema de
FPPC170. (art. 927, caput) As decisões e precedentes previstos formação dos precedentes.
nos incisos do caput do art. 927 são vinculantes aos órgãos FPPC460. (arts. 927, §1º, 138) O microssistema de aplicação e
jurisdicionais a eles submetidos. formação dos precedentes deverá respeitar as técnicas de
FPPC171. (art. 927, II, III e IV; art. 15) Os juízes e tribunais ampliação do contraditório para amadurecimento da tese,
regionais do trabalho estão vinculados aos precedentes do TST como a realização de audiências públicas prévias e
em incidente de assunção de competência em matéria participação de amicus curiae.
infraconstitucional relativa ao direito e ao processo do trabalho, FPPC461. (arts. 927, §2º, e art. 947) O disposto no §2º do art.
bem como às suas súmulas. 927 aplica-se ao incidente de assunção de competência.
FPPC172. (art. 927, § 1º) A decisão que aplica precedentes, FPPC549. (art. 927; Lei n.º 10.259/2001) – O rol do art. 927 e os
com a ressalva de entendimento do julgador, não é precedentes da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados
contraditória Especiais Federais deverão ser observados no âmbito dos
FPPC173. (art. 927) Cada fundamento determinante adotado na Juizados Especiais.
decisão capaz de resolver de forma suficiente a questão jurídica FPPC591. (arts.927, §5º; 950, §3º; 979) O tribunal dará ampla
induz os efeitos de precedente vinculante, nos termos do publicidade ao acórdão que decidiu pela instauração do
Código de Processo Civil incidente de arguição de inconstitucionalidade, incidente de
FPPC175. (art. 927, § 2º) O relator deverá fundamentar a decisão assunção de competência ou incidente de resolução de
que inadmitir a participação de pessoas, órgãos ou entidades e demandas repetitivas, cabendo, entre outras medidas, sua
deverá justificar a não realização de audiências públicas publicação em seção específica no órgão oficial e indicação
FPPC315. (art. 927). Nem todas as decisões formam clara na página do tribunal na rede mundial de computadores.
precedentes vinculantes.
FPPC317. (art. 927). O efeito vinculante do precedente
decorre da adoção dos mesmos fundamentos determinantes
DEVERES RELACIONADOS AOS PRECEDENTES
pela maioria dos membros do colegiado, cujo entendimento
tenha ou não sido sumulado. Art. 926. Os tribunais devem uniformizar
FPPC318. (art. 927). Os fundamentos prescindíveis para o UNIFORMIZAÇÃO sua jurisprudência.
alcance do resultado fixado no dispositivo da decisão (obiter Visa evitar divergências internas.
dicta), ainda que nela presentes, não possuem efeito de
Visa assegurar segurança jurídica.
precedente vinculante.
ESTABILIDADE Para mudança de posicionamento, deve-se
FPPC319. (art. 927). Os fundamentos não adotados ou
fundamentar de forma adequada.
referendados pela maioria dos membros do órgão julgador não
possuem efeito de precedente vinculante PUBLICIDADE Art. 926, §5°. Os tribunais darão publicida-
FPPC320. (art. 927). Os tribunais poderão sinalizar aos de a seus precedentes...
jurisdicionados sobre a possibilidade de mudança de
Art. 926. Os tribunais devem uniformizar
entendimento da corte, com a eventual superação ou a
sua jurisprudência e mantê-la estável, ín-
criação de exceções ao precedente para casos futuros.
tegra e coerente.
FPPC321. (art. 927, § 4º). A modificação do entendimento
Fredie Didier: a coerência e a integridade
sedimentado poderá ser realizada nos termos da Lei nº 11.417,
são pressupostos para que a jurispru-
de 19 de dezembro de 2006, quando se tratar de enunciado de
COERÊNCIA E dência seja universalizada. A coerência
súmula vinculante; do regimento interno dos tribunais, quando
INTEGRIDADE pode ser analisada sobre vários aspectos
se tratar de enunciado de súmula ou jurisprudência dominante;
(formal e substancial) e dimensões (exter-
e, incidentalmente, no julgamento de recurso, na remessa

10
na e interna). Art. 930. Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento
Coerência formal - ligada à noção de não- interno do tribunal, observando-se a alternatividade, o sorteio
contradição. eletrônico e a publicidade.
Coerência substancial - ligada à ideia de Parágrafo único. O primeiro recurso protocolado no tribunal
conexão positiva de sentido tornará prevento o relator para eventual recurso subsequente
Coerência externa - impõe ao tribunal o interposto no mesmo processo ou em processo conexo.
respeito às suas próprias decisões anterio-
res, em respeito ao princípio da igualdade. Art. 931. Distribuídos, os autos serão imediatamente conclusos
Impõe o dever de autorreferência, de diá- ao relator, que, em 30 dias, depois de elaborar o voto, restituí-
logo com os precedentes anteriores. los-á, com relatório, à secretaria.
Coerência interna - relacionado com a
construção do precedente (com o dever de Art. 932. Incumbe ao relator:
fundamentação). I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à
produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar
autocomposição das partes;
EFEITOS DOS PRECEDENTES II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos
OBRIGATÓRIO É o efeito vinculante, que impõe que o proce- processos de competência originária do tribunal;
dente deve ser seguido. III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que
não tenha impugnado especificamente os fundamentos da
É o efeito retórico do precedente. Serve para decisão recorrida;
PERSUASIVO tentar convencer o juiz de suas razões. IV - NEGAR PROVIMENTO a recurso que for contrário a:
Efeito mínimo que pode ser encontrado em a) súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal;
qualquer precedente. b) acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de
Servem para obstar recursos, demandas, etc. recursos repetitivos;
OBSTATIVO Alguns precedentes permitem ao relator negar c) entendimento firmado em incidente de resolução de
seguimento ou provimento ao recurso, p.ex. demandas repetitivas (IRDR) ou de assunção de competência
(IAC);
AUTORIZANTE Autorizam, p.ex, a concessão de tutela V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, DAR
antecipada. PROVIMENTO ao recurso se a decisão recorrida for contrária
Decisão do STF em controle de a:
constitucionalidade, que seja posterior a a) súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal;
RESCINDENTE decisão judicial, pode autorizar à rescisão da b) acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de
decisão anterior (art. 525, §15, NCPC). O recursos repetitivos;
precedente do STF, nesse caso, tem força c) entendimento firmado em incidente de resolução de
rescindente sobre a coisa julgada. demandas repetitivas (IRDR) ou de assunção de competência
(IAC);
Diante de sentença que regula relação jurídica VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade
REVISIONAL de trato sucessivo, se sobrevier precedente jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o
contrário, a partir dali a decisão terá que ser tribunal;
revista. VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o
caso;
Art. 928. Para os fins deste Código, CONSIDERA-SE VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento
JULGAMENTO DE CASOS REPETITIVOS a decisão proferida em: interno do tribunal.
I - incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR); Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o
II - recursos especial e extraordinário repetitivos. relator concederá o prazo de 5 dias ao recorrente para que
Parágrafo único. O julgamento de casos repetitivos tem por seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.
objeto questão de direito material ou processual.
FPPC81. (art. 932, V) Por não haver prejuízo ao contraditório,
FPPC327. (art. 928, parágrafo único). Os precedentes vinculantes é dispensável a oitiva do recorrido antes do provimento
podem ter por objeto questão de direito material ou processual monocrático do recurso, quando a decisão recorrida:
(a) indeferir a inicial;
CAPÍTULO II (b) indeferir liminarmente a justiça gratuita; ou
DA ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL (c) alterar liminarmente o valor da causa.
Art. 929. Os autos serão registrados no protocolo do tribunal no FPPC82. (art. 932, parágrafo único; art. 938, § 1º) É DEVER do
dia de sua entrada, cabendo à secretaria ordená-los, com relator, e não faculdade, conceder o prazo ao recorrente
imediata distribuição. para sanar o vício ou complementar a documentação exigível,
Parágrafo único. A critério do tribunal, os serviços de protocolo antes de inadmitir qualquer recurso, inclusive os excepcionais.
poderão ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de FPPC83. (art. 932, parágrafo único; art. 76, § 2º; art. 104, § 2º; art.
justiça de primeiro grau. 1.029, § 3º) Fica superado o enunciado 115 da súmula do STJ
após a entrada em vigor do CPC (“Na instância especial é
inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos
autos”)

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FPPC197. (art. 932, parágrafo único; 1.029, §3º). Aplica-se o FPPC594. (arts.933; 10) O art. 933 incide no controle
disposto no parágrafo único do art. 932 aos vícios sanáveis de concentrado-abstrato de constitucionalidade.
todos os recursos, inclusive dos recursos excepcionais FPPC595. (art.933, §1º) No curso do julgamento, o advogado
FPPC462. (arts. 932, 489, §1º, V e VI) É NULA, por usurpação de poderá pedir a palavra, pela ordem, para indicar que
competência funcional do órgão colegiado, a decisão do determinada questão suscitada na sessão não foi submetida ao
relator que julgar monocraticamente o mérito do recurso, prévio contraditório, requerendo a aplicação do §1º do art. 933.
sem demonstrar o alinhamento de seu pronunciamento JDPC60 É direito das partes a manifestação por escrito, no prazo
judicial com um dos padrões decisórios descritos no art. 932 de 5 dias, sobre fato superveniente ou questão de ofício na
PPC463. (arts. 932, parágrafo único, 933 e 9º, 10) O parágrafo hipótese do art. 933, § 1º, do CPC, ressalvada a concordância
único do art. 932 e o art. 933 devem ser aplicados aos expressa com a forma oral em sessão.
recursos interpostos antes da entrada em vigor do
CPC/2015 e ainda pendentes de julgamento Art. 934. Em seguida, os autos serão apresentados ao presidente,
FPPC464. (arts. 932 e 1.021; Lei 9.099/1995; Lei 10.259/2001; Lei que designará dia para julgamento, ordenando, em todas as
12.153/2009) A decisão unipessoal (monocrática) do relator em hipóteses previstas neste Livro, a publicação da pauta no órgão
Turma Recursal é impugnável por agravo interno. oficial.
FPPC645. (arts. 932,933(arts. 932,933, 938 e 139) Ao relator se
conferem os poderes e os deveres do art. 139
FPPC649. (arts.934, 935 e 940, caput e §1º) A retomada do
FPPC550. (art. 932, parágrafo único; art. 6º; art. 10; art. 1.029,
julgamento após devolução de pedido de vista depende de
§3º; art. 1.033; art.1.035) A inexistência de repercussão geral
inclusão em nova pauta, a ser publicada com antecedência
da questão constitucional discutida no recurso
mínima de 5 dias, ressalvada a hipótese de o magistrado que
extraordinário É VÍCIO INSANÁVEL, não se aplicando o
requereu a vista declarar que levará o processo na sessão
dever de prevenção de que trata o parágrafo único do art. 932,
seguinte
sem prejuízo do disposto no art. 1.033.
FPPC551. (art. 932, parágrafo único; art. 6º; art. 10; art. 1.003,
§6º) Cabe ao relator, antes de não conhecer do recurso por Art. 935. Entre a data de publicação da pauta e a da sessão de
intempestividade, conceder o prazo de 5 dias úteis para que julgamento decorrerá, pelo menos, o prazo de 5 dias, incluindo-
o recorrente prove qualquer causa de prorrogação, se em nova pauta os processos que não tenham sido julgados,
suspensão ou interrupção do prazo recursal a justificar a salvo aqueles cujo julgamento tiver sido expressamente adiado
tempestividade do recurso. para a primeira sessão seguinte.
FPPC592. (arts.932, V; 1.019) Aplica-se o inciso V do art. 932 ao § 1o Às partes será permitida vista dos autos em cartório após
agravo de instrumento. a publicação da pauta de julgamento.
FPCC646. (arts.932, I e 938, §3º) Constatada a necessidade de § 2o Afixar-se-á a pauta na entrada da sala em que se realizar a
produção de prova em grau de recurso, o relator tem o dever sessão de julgamento.
de conversão do julgamento em diligência.
FPPC647. (arts.932, II, 938 e art. 300, §2°) A tutela provisória FPPC84. (art. 935) A ausência de publicação da pauta gera
pode ser concedida pelo relator liminarmente ou após nulidade do acórdão que decidiu o recurso, ainda que não
justificação prévia haja previsão de sustentação oral, ressalvada, apenas, a
FPPC648. (art.932, IV, V e VIII) Viola o disposto no art. 932 a hipótese do §1º do art. 1.024, na qual a publicação da pauta
previsão em regimento interno de tribunal que estabeleça a é dispensável.
possibilidade de julgamento monocrático de recurso ou ação FPPC198. (art. 935) Identificada a ausência ou a irregularidade de
de competência originária com base em “jurisprudência publicação da pauta, antes de encerrado o julgamento, incumbe
dominante” ou “entendimento dominante” ao órgão julgador determinar sua correção, procedendo a nova
JDPC66 Admite-se a correção da falta de comprovação do publicação
feriado local ou da suspensão do expediente forense, FPPC650. (arts.935 e 1.024, caput e §1º) Os embargos de
posteriormente à interposição do recurso, com fundamento declaração, se não submetidos a julgamento na primeira sessão
no art. 932, parágrafo único, do CPC. subsequente à sua oposição, deverão ser incluídos em pauta

Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato Art. 936. Ressalvadas as preferências legais e regimentais, os
superveniente à decisão recorrida ou a existência de questão recursos, a remessa necessária e os processos de competência
apreciável de ofício ainda não examinada que devam ser originária serão julgados na seguinte ordem:
considerados no julgamento do recurso, intimará as partes para I - aqueles nos quais houver sustentação oral, observada a
que se manifestem no prazo de 5 dias. ordem dos requerimentos;
§ 1o Se a constatação ocorrer durante a sessão de julgamento, II - os requerimentos de preferência apresentados até o início
esse será imediatamente suspenso a fim de que as partes se da sessão de julgamento;
manifestem especificamente. III - aqueles cujo julgamento tenha iniciado em sessão anterior;
§ 2o Se a constatação se der em vista dos autos, deverá o juiz que e
a solicitou encaminhá-los ao relator, que tomará as providências IV - os demais casos.
previstas no caput e, em seguida, solicitará a inclusão do feito em
pauta para prosseguimento do julgamento, com submissão Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa
integral da nova questão aos julgadores. pelo relator, o presidente dará a palavra, sucessivamente, ao
recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao
membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15

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minutos para cada um, a fim de sustentarem suas razões, nas
seguintes hipóteses, nos termos da parte final do caput do art.
FPPC332. (arts. 938, §1º, e 15). Considera-se vício sanável,
1.021:
tipificado no art. 938, §1º, a apresentação da procuração e da
I - no recurso de apelação;
guia de custas ou depósito recursal em cópia, cumprindo ao
II - no recurso ordinário;
relator assinalar prazo para a parte renovar o ato processual
III - no recurso especial;
com a juntada dos originais.
IV - no recurso extraordinário;
FPPC333. (arts. 938, §1º e 15). Em se tratando de guia de custas e
V - nos embargos de divergência;
depósito recursal inseridos no sistema eletrônico, estando o
VI - na ação rescisória, no mandado de segurança e na
arquivo corrompido, impedido de ser executado ou de ser lido,
reclamação;
deverá o relator assegurar a possibilidade de sanar o vício, nos
VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões
termos do art. 938, §1º.
interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias de
FPPC652. (arts. 938,caput e 939) Cada questão preliminar
urgência ou da evidência;
suscitada será objeto de votação específica no julgamento.
IX - em outras hipóteses previstas em lei ou no regimento interno
do tribunal.
§ 1o A sustentação oral no incidente de resolução de demandas Art. 939. Se a preliminar for rejeitada ou se a apreciação do
repetitivas observará o disposto no art. 984, no que couber. mérito for com ela compatível, seguir-se-ão a discussão e o
§ 2o O procurador que desejar proferir sustentação oral poderá julgamento da matéria principal, sobre a qual deverão se
requerer, até o início da sessão, que o processo seja julgado em pronunciar os juízes vencidos na preliminar.
primeiro lugar, sem prejuízo das preferências legais.
§ 3o Nos processos de competência originária previstos no Art. 940. O relator ou outro juiz que não se considerar habilitado
inciso VI, caberá sustentação oral no agravo interno interposto a proferir imediatamente seu voto poderá solicitar vista pelo
contra decisão de relator que o extinga. prazo máximo de 10 dias, após o qual o recurso será reincluído
§ 4o É permitido ao advogado com domicílio profissional em em pauta para julgamento na sessão seguinte à data da
cidade diversa daquela onde está sediado o tribunal realizar devolução.
sustentação oral por meio de videoconferência ou outro § 1o Se os autos não forem devolvidos tempestivamente ou se
recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo não for solicitada pelo juiz prorrogação de prazo de no máximo
real, desde que o requeira até o dia anterior ao da sessão. mais 10 dias, o presidente do órgão fracionário os requisitará
para julgamento do recurso na sessão ordinária subsequente,
FPPC596. (art.937, VIII) Será assegurado às partes o direito de
com publicação da pauta em que for incluído.
sustentar oralmente no julgamento de agravo de instrumento
§ 2o Quando requisitar os autos na forma do § 1 o, se aquele que
que verse sobre tutela provisória e que esteja pendente de
fez o pedido de vista ainda não se sentir habilitado a votar, o
julgamento por ocasião da entrada em vigor do CPC de 2015,
presidente convocará substituto para proferir voto, na forma
ainda que o recurso tenha sido interposto na vigência do CPC
estabelecida no regimento interno do tribunal.
de 1973.
FPPC651. (arts.937, 947, 976 e 984). É admissível sustentação
Art. 941. Proferidos os votos, o presidente anunciará o resultado
oral na sessão de julgamento designada para o juízo de
do julgamento, designando para redigir o acórdão o relator
admissibilidade do incidente de resolução de demandas
ou, se vencido este, o autor do primeiro voto vencedor.
repetitivas ou do incidente de assunção de competência,
§ 1o O voto poderá ser alterado até o momento da
sendo legitimados os mesmos sujeitos indicados nos arts. 984 e
proclamação do resultado pelo presidente, salvo aquele já
947, §1º.
proferido por juiz afastado ou substituído.
JDPC61 Deve ser franqueado às partes sustentar oralmente as
§ 2o No julgamento de apelação ou de agravo de instrumento, a
suas razões, na forma e pelo prazo previsto no art. 937, caput,
decisão será tomada, no órgão colegiado, pelo voto de 3 juízes.
do CPC, no agravo de instrumento que impugne decisão de
§ 3o O voto vencido será necessariamente declarado e
resolução parcial de mérito (art. 356, § 5º, do CPC).
considerado parte integrante do acórdão para todos os fins
legais, inclusive de pré-questionamento.
Art. 938. A questão preliminar suscitada no julgamento será
decidida antes do mérito, deste não se conhecendo caso seja
FPPC200. (art. 941, § 3º, e 15) Fica superado o enunciado 320 da
incompatível com a decisão.
súmula do STJ (“A questão federal somente ventilada no voto vencido
§ 1o Constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele
não atende ao requisito do prequestionamento”)
que possa ser conhecido de ofício, o relator determinará a
FPPC597. (arts.941, caput; 943) Ainda que o resultado do
realização ou a renovação do ato processual, no próprio
julgamento seja unânime, é obrigatória a inclusão no
tribunal ou em 1° grau de jurisdição, intimadas as partes.
acórdão dos fundamentos empregados por todos os
§ 2o Cumprida a diligência de que trata o § 1 o, o relator, sempre
julgadores para dar base à decisão.
que possível, prosseguirá no julgamento do recurso.
FPPC598. (arts.941; 1.021) Cabem embargos de declaração
§ 3o Reconhecida a necessidade de produção de prova, o
para suprir a omissão do acórdão que, embora convergente
relator converterá o julgamento em diligência, que se realizará
na conclusão, deixe de declarar os fundamentos divergentes.
no tribunal ou em 1° grau de jurisdição, decidindo-se o recurso
FPPC653. (art.941) Divergindo os julgadores quanto às razões de
após a conclusão da instrução.
decidir, mas convergindo na conclusão, caberá ao magistrado
§ 4o Quando não determinadas pelo relator, as providências
que primeiro deduziu o fundamento determinante vencedor
indicadas nos §§ 1o e 3o poderão ser determinadas pelo órgão
redigir o acórdão
competente para julgamento do recurso.

13
Art. 942. [TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO] Quando o (JDPC62) Juizados (FPPC599)
resultado da APELAÇÃO for não unânime, o julgamento terá
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de Rescisão parcial do julgado Embargos infringentes
outros julgadores, que serão convocados nos termos (JDPC63) pendentes ao tempo do início
previamente definidos no regimento interno, em número da vigência do CPC (FPPC466)
suficiente para garantir a possibilidade de inversão do
resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros Art. 943. Os votos, os acórdãos e os demais atos processuais
o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos podem ser registrados em documento eletrônico inviolável e
julgadores. assinados eletronicamente, na forma da lei, devendo ser
§ 1o Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na impressos para juntada aos autos do processo quando este não
mesma sessão, colhendo-se os votos de outros julgadores que for eletrônico.
porventura componham o órgão colegiado. § 1o Todo acórdão conterá ementa.
§ 2o Os julgadores que já tiverem votado PODERÃO REVER § 2o Lavrado o acórdão, sua ementa será publicada no órgão
SEUS VOTOS por ocasião do prosseguimento do julgamento. oficial no prazo de 10 dias.
§ 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo APLICA-SE,
igualmente, ao julgamento não unânime proferido em:
FPPC654. (arts.943, § 1º e 494, I) Erro material identificado na
I - AÇÃO RESCISÓRIA, quando o resultado for a rescisão da
ementa, inclusive decorrente de divergência com o acórdão, é
sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em
corrigível a qualquer tempo, de ofício ou mediante
órgão de maior composição previsto no regimento interno;
requerimento.
II - AGRAVO DE INSTRUMENTO, quando houver reforma da
decisão que julgar parcialmente o mérito.
§ 4o NÃO SE APLICA o disposto neste artigo ao julgamento: Art. 944. Não publicado o acórdão no prazo de 30 dias, contado
I - do incidente de assunção de competência (IAC) e ao de da data da sessão de julgamento, as notas taquigráficas o
resolução de demandas repetitivas (IRDR); substituirão, para todos os fins legais, independentemente de
II - da remessa necessária; revisão.
III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou Parágrafo único. No caso do caput, o presidente do tribunal
pela corte especial. lavrará, de imediato, as conclusões e a ementa e mandará
publicar o acórdão.

FPPC466. (art. 942) A técnica do art. 942 não se aplica aos


Art. 946. O agravo de instrumento será julgado antes da apelação
embargos infringentes pendentes ao tempo do início da
interposta no mesmo processo.
vigência do CPC, cujo julgamento deverá ocorrer nos termos
Parágrafo único. Se ambos os recursos de que trata o caput hou-
dos arts. 530 e seguintes do CPC de 1973.
verem de ser julgados na mesma sessão, terá precedência o agra-
FPPC552. (art. 942; Lei n.º 9.099/1995) Não se aplica a TÉCNICA
vo de instrumento.
DE AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO em caso de julgamento não
unânime no âmbito dos Juizados Especiais
FPPC599. (art.942) A revisão do voto, após a ampliação do
CAPÍTULO III
colegiado, não afasta a aplicação da técnica de julgamento do
DO INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA (IAC)
art. 942
Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o jul-
JDPC62 Aplica-se a técnica prevista no art. 942 do CPC no
gamento de RECURSO, de REMESSA NECESSÁRIA ou de pro-
julgamento de recurso de apelação interposto em mandado
cesso de COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA envolver relevante ques-
de segurança.
tão de direito, com GRANDE REPERCUSSÃO SOCIAL, SEM RE-
JDPC63 A técnica de que trata o art. 942, § 3º, I, do CPC aplica-
PETIÇÃO EM MÚLTIPLOS PROCESSOS.
se à hipótese de rescisão parcial do julgado.
§ 1o Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator
CJF 137: Se o recurso do qual se originou a decisão embargada
proporá, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério
comportou a aplicação da técnica do art. 942 do CPC, os
Público ou da Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa
declaratórios eventualmente opostos serão julgados com a
necessária ou o processo de competência originária julgado pelo
composição ampliada.
órgão colegiado que o regimento indicar.
§ 2o O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária
TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO ou o processo de competência originária SE RECONHECER INTE-
RESSE PÚBLICO na assunção de competência.
APLICA-SE NÃO SE APLICA
§ 3o O acórdão proferido em assunção de competência VINCU-
Apelação IAC LARÁ todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver
revisão de tese.
Ação rescisório, quando for IRDR
§ 4o Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante
rescindir a sentença
questão de direito a respeito da qual seja conveniente a preven-
Agravo de instrumento, Remessa necessária ção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas do
quando houver reforma da tribunal.
Não unânime proferido, nos
decisão parcial de mérito
Tribunais, pelo Pleno ou Corte
Especial FPPC201. (arts. 947, 983 e 984) Aplicam-se ao incidente de as-
sunção de competência as regras previstas nos arts. 983 e 984.
Apelação interposta em MS Não unânime proferido dos FPPC202. (arts. 947, § 1º, 978) O órgão colegiado a que se refere

14
o § 1º do art. 947 deve atender aos mesmos requisitos previstos § 3o Considerando a relevância da matéria e a representatividade
pelo art. 978. dos postulantes, o relator poderá admitir, por despacho irre-
FPPC334. (art. 947). Por força da expressão “sem repetição em corrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades.
múltiplos processos”, NÃO CABE o IAC quando couber julga-
mento de casos repetitivos. FPPC601. (arts.950, §§ 1º e 10) Instaurado o incidente de argui-
FPPC467. (arts. 947, 179, 976, §2º, 982, III, 983, caput, 984, II, “a”) ção de inconstitucionalidade, as pessoas jurídicas de direito pú-
O Ministério Público deve ser obrigatoriamente intimado no blico responsáveis pela edição do ato normativo questionado
IAC. deverão ser intimadas para que tenham ciência do teor do acór-
FPPC468. (art. 947). O IAC aplica-se em qualquer tribunal. dão do órgão fracionário que o instaurou.
FPPC469. (Art. 947). A “grande repercussão social”, pressuposto
para a instauração do IAC, abrange, dentre outras, repercussão
CAPÍTULO V
jurídica, econômica ou política.
DO CONFLITO DE COMPETÊNCIA
FPPC600. (art.947). O IAC pode ter por objeto a solução de re-
Art. 951. O conflito de competência pode ser suscitado por
levante questão de direito material ou processual.
qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz.
FPPC655. (arts.947 e 976; CPC/1973, art. 476) Desde que presen-
Parágrafo único. O Ministério Público somente será ouvido
tes os requisitos de cabimento, os incidentes de uniformiza-
nos conflitos de competência relativos aos processos previs-
ção de jurisprudência pendentes de julgamento na vigência
tos no art. 178, mas terá qualidade de parte nos conflitos que
do CPC/2015 deverão ser processados conforme as regras
suscitar.
do IRDR ou do IAC, especialmente as atinentes ao contraditó-
rio
Art. 952. Não pode suscitar conflito a parte que, no processo,
arguiu incompetência relativa.
IAC IRDR Parágrafo único. O conflito de competência não obsta, porém, a
que a parte que não o arguiu suscite a incompetência.
É admissível quando o julga- É cabível quando houver, si-
mento de RECURSO, de RE- multaneamente:
Art. 953. O conflito será suscitado ao tribunal:
MESSA necessária ou de pro- I - EFETIVA REPETIÇÃO DE
I - pelo juiz, por ofício;
cesso de COMPETÊNCIA ORI- PROCESSOS que contenham
II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição.
GINÁRIA envolver relevante controvérsia sobre a mesma
Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos com os do-
questão de direito, com questão unicamente de direi-
cumentos necessários à prova do conflito.
GRANDE REPERCUSSÃO SO- to;
CIAl, SEM REPETIÇÃO EM II - risco de ofensa à isonomia
Art. 954. Após a distribuição, o relator determinará a oitiva dos
MÚLTIPLOS PROCESSOS. e à segurança jurídica
juízes em conflito ou, se um deles for suscitante, apenas do susci-
tado.
CAPÍTULO IV Parágrafo único. No prazo designado pelo relator, incumbirá ao
DO INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE juiz ou aos juízes prestar as informações.
Art. 948. Arguida, EM CONTROLE DIFUSO, a inconstitucionalida-
de de lei ou de ato normativo do poder público, o relator, após Art. 955. O relator poderá, de ofício ou a requerimento de qual-
ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão à quer das partes, determinar, quando o conflito for positivo, o
turma ou à câmara à qual competir o conhecimento do pro- sobrestamento do processo e, nesse caso, bem como no de
cesso. conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em cará-
ter provisório, as medidas urgentes.
Art. 949. Se a arguição for: Parágrafo único. O relator poderá julgar de plano o conflito de
I - rejeitada, prosseguirá o julgamento; competência quando sua decisão se fundar em:
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal I - súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal;
ou ao seu órgão especial, onde houver. II - tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em in-
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais NÃO cidente de assunção de competência.
SUBMETERÃO ao plenário ou ao órgão especial a arguição de
inconstitucionalidade quando JÁ HOUVER PRONUNCIAMEN- Art. 956. Decorrido o prazo designado pelo relator, será ouvido o
TO DESTES OU DO PLENÁRIO DO STF sobre a questão. Ministério Público, no prazo de 5 dias, ainda que as informações
não tenham sido prestadas, e, em seguida, o conflito irá a julga-
Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presi- mento.
dente do tribunal designará a sessão de julgamento.
§ 1o As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edi- Art. 957. Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juízo
ção do ato questionado poderão manifestar-se no incidente de competente, pronunciando-se também sobre a validade dos atos
inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os pra- do juízo incompetente.
zos e as condições previstos no regimento interno do tribunal. Parágrafo único. Os autos do processo em que se manifestou o
§ 2o A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. conflito serão remetidos ao juiz declarado competente.
103 da Constituição Federal poderá manifestar-se, por escrito, so-
bre a questão constitucional objeto de apreciação, no prazo pre- Art. 958. No conflito que envolva órgãos fracionários dos tribu-
visto pelo regimento interno, sendo-lhe assegurado o direito de nais, desembargadores e juízes em exercício no tribunal, obser-
apresentar memoriais ou de requerer a juntada de documen- var-se-á o que dispuser o regimento interno do tribunal.
tos.

15
Art. 959. O regimento interno do tribunal regulará o processo e o Art. 962. É passível de execução a decisão estrangeira concessi-
julgamento do conflito de atribuições entre autoridade judiciária va de medida de urgência.
e autoridade administrativa. § 1o A execução no Brasil de decisão interlocutória estrangeira
concessiva de medida de urgência dar-se-á por carta rogatória.
SÚMULAS SOBRE CONFLITO DE COMPETÊNCIA § 2o A medida de urgência concedida sem audiência do réu pode-
rá ser executada, desde que garantido o contraditório em mo-
Súmula 3-STJ: Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir mento posterior.
conflito de competência verificado, na respectiva região, entre § 3o O juízo sobre a urgência da medida compete exclusivamente
juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal. à autoridade jurisdicional prolatora da decisão estrangeira.
Súmula 59-STJ: Não há conflito de competência se já existe § 4o Quando dispensada a homologação para que a sentença es-
sentença com trânsito em julgado, proferida por um dos juí- trangeira produza efeitos no Brasil, a decisão concessiva de medi-
zos conflitantes. da de urgência dependerá, para produzir efeitos, de ter sua vali-
Súmula 428-STJ: Compete ao Tribunal Regional Federal decidir dade expressamente reconhecida pelo juiz competente para dar-
os conflitos de competência entre juizado especial federal e juí- lhe cumprimento, dispensada a homologação pelo Superior Tri-
zo federal da mesma seção judiciária. bunal de Justiça.

CAPÍTULO VI Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação


DA HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA E DA CONCES- da decisão:
SÃO DO EXEQUATUR À CARTA ROGATÓRIA I - ser proferida por autoridade competente;
Art. 960. A homologação de decisão estrangeira será requerida II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada a re-
por ação de homologação de decisão estrangeira, salvo disposi- velia;
ção especial em sentido contrário prevista em tratado. III - ser eficaz no país em que foi proferida;
§ 1o A decisão interlocutória estrangeira poderá ser executada IV - não ofender a coisa julgada brasileira;
no Brasil por meio de carta rogatória. V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição
§ 2o A homologação obedecerá ao que dispuserem os tratados que a dispense prevista em tratado;
em vigor no Brasil e o Regimento Interno do Superior Tribunal de VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública.
Justiça. Parágrafo único. Para a concessão do exequatur às cartas rogató-
§ 3o A homologação de decisão arbitral estrangeira obedecerá rias, observar-se-ão os pressupostos previstos no caput deste ar-
ao disposto em tratado e em lei, aplicando-se, subsidiariamente, tigo e no art. 962, § 2o.
as disposições deste Capítulo.
Art. 964. Não será homologada a decisão estrangeira na hipóte-
FPPC85. (arts. 960 a 965) Deve prevalecer a regra de direito se de competência exclusiva da autoridade judiciária brasilei-
mais favorável na homologação de sentença arbitral estran- ra.
geira em razão do princípio da máxima eficácia (art. 7º da Parágrafo único. O dispositivo também se aplica à concessão do
Convenção de Nova York – Decreto nº 4.311/2002). exequatur à carta rogatória.

Art. 961. A decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil FPPC86. (art. 964; art. 960, § 3 º) Na aplicação do art. 964 conside-
após a homologação de sentença estrangeira ou a concessão do rar-se-á o disposto no parágrafo 3º do art. 960.
exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição em sentido con-
trário de lei ou tratado. Art. 965. O cumprimento de decisão estrangeira far-se-á pe-
§ 1o É passível de homologação a decisão judicial definitiva, rante o juízo federal competente, a requerimento da parte, con-
bem como a decisão não judicial que, pela lei brasileira, teria forme as normas estabelecidas para o cumprimento de decisão
natureza jurisdicional. nacional.
§ 2o A decisão estrangeira poderá ser homologada parcialmen- Parágrafo único. O pedido de execução deverá ser instruído com
te. cópia autenticada da decisão homologatória ou do exequatur,
§ 3o A autoridade judiciária brasileira poderá deferir pedidos de conforme o caso.
urgência e realizar atos de execução provisória no processo de
homologação de decisão estrangeira. CAPÍTULO VII
§ 4o Haverá homologação de decisão estrangeira para fins de exe- DA AÇÃO RESCISÓRIA
cução fiscal quando prevista em tratado ou em promessa de reci- Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser
procidade apresentada à autoridade brasileira. rescindida quando:
§ 5o A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efei- I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, con-
tos no Brasil, independentemente de homologação pelo STJ. cussão ou corrupção do juiz;
§ 6o Na hipótese do § 5o, competirá a qualquer juiz examinar a va- II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente
lidade da decisão, em caráter principal ou incidental, quando essa incompetente;
questão for suscitada em processo de sua competência. III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimen-
to da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as
partes, a fim de fraudar a lei;
FPPC553. (art. 961, §1º; art. 23 da Lei 9.307/1996) A sentença
IV - ofender a coisa julgada;
arbitral parcial estrangeira submete-se ao regime de homo-
V - violar manifestamente norma jurídica;
logação

16
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada
em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória:
ação rescisória; I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título uni-
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, versal ou singular;
prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer II - o terceiro juridicamente interessado;
uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favo- III - o Ministério Público:
rável; a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos au- intervenção;
tos. b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de
§ 1o Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato colusão das partes, a fim de fraudar a lei;
inexistente ou quando considerar inexistente fato efetiva- c) em outros casos em que se imponha sua atuação;
mente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era
fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deve- obrigatória a intervenção.
ria ter se pronunciado. Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178, o Ministério Público
§ 2o Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica quando
a decisão transitada em julgado que, embora não seja de não for parte.
mérito, impeça:
I - nova propositura da demanda; ou FPPC339. (art. 967, IV; art. 118, Lei n. 12.529/2011; art. 31, Lei n.
II - admissibilidade do recurso correspondente. 6.385/1976) O CADE e a CVM, caso não tenham sido intimados,
§ 3o A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 capítulo da quando obrigatório, para participar do processo (art. 118, Lei n.
decisão. 12.529/2011; art. 31, Lei n. 6.385/1976), têm legitimidade para
§ 4o Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes propor ação rescisória contra a decisão ali proferida, nos termos
ou por outros participantes do processo e homologados pelo juí- do inciso IV do art. 967.
zo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da
execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.
Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos re-
§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput
quisitos essenciais do art. 319, devendo o autor:
deste artigo (violar manifestamente norma jurídico), contra deci-
I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo jul-
são baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em
gamento do processo;
julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a
II - depositar a importância de 5% sobre o valor da causa, que
existência de distinção entre a questão discutida no processo e
se converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de
o padrão decisório que lhe deu fundamento.
votos, declarada inadmissível ou improcedente.
§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste
§ 1o NÃO SE APLICA o disposto no inciso II (depósito de 5% vc)
artigo, caberá ao autor, sob pena de inépcia, demonstrar, funda-
à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, às
mentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese
suas respectivas autarquias e fundações de direito público, ao
fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor ou-
Ministério Público, à Defensoria Pública e aos que tenham ob-
tra solução jurídica.
tido o benefício de gratuidade da justiça.
§ 2o O depósito previsto no inciso II do caput deste artigo (de-
FPPC203. (art. 966) NÃO SE ADMITE ação rescisória de senten- pósito de 5% vc) não será superior a 1.000 salários-mínimos.
ça arbitral. § 3o Além dos casos previstos no art. 330, a petição inicial será
FPPC336. (art. 966) Cabe ação rescisória contra decisão inter- indeferida quando não efetuado o depósito exigido pelo inciso
locutória de mérito II do caput deste artigo.
FPPC337. (art. 966, §3º) A competência para processar a ação § 4o Aplica-se à ação rescisória o disposto no art. 332 (casos de
rescisória contra capítulo de decisão deverá considerar o órgão improcedência liminar do pedido).
jurisdicional que proferiu o capítulo rescindendo. § 5o Reconhecida a incompetência do tribunal para julgar a ação
FPPC338. (art. 966, caput e §3º, 503, §1º) Cabe ação rescisória rescisória, o autor será intimado para emendar a petição inicial, a
para desconstituir a coisa julgada formada sobre a resolução fim de adequar o objeto da ação rescisória, quando a decisão
expressa da questão prejudicial incidental. apontada como rescindenda:
FPPC554. (art. 966, inc. IV) Na ação rescisória fundada em vio- I - não tiver apreciado o mérito e não se enquadrar na situação
lação ao efeito positivo da coisa julgada, haverá o rejulga- prevista no § 2o do art. 966;
mento da causa após a desconstituição da decisão rescin- II - tiver sido substituída por decisão posterior.
denda. § 6o Na hipótese do § 5o, após a emenda da petição inicial, será
FPPC555. (art. 966, §2º) Nos casos em que tanto a decisão de permitido ao réu complementar os fundamentos de defesa, e,
inadmissibilidade do recurso quanto a decisão recorrida apre- em seguida, os autos serão remetidos ao tribunal competente.
sentem vícios rescisórios, ambas serão rescindíveis, ainda que
proferidas por órgãos jurisdicionais diversos. FPPC603. (art.968, II) Não se converterá em multa o depósito ini-
FPPC602. (arts.966, VII; 381, III) A prova nova apta a embasar cial efetuado pelo autor, caso a extinção da ação rescisória se dê
ação rescisória pode ser produzida ou documentada por por decisão do relator transitada em julgado
meio do procedimento de produção antecipada de provas.
FPPC656. (art.966, VII) A expressão “prova nova” do inciso VII
Art. 969. A propositura da ação rescisória não impede o cumpri-
do art. 966 do CPC/2015 engloba todas as provas típicas e
mento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de tu-
atípicas
tela provisória.

17
Art. 970. O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe
FPPC341. (arts. 975, §§ 2 º e 3º, e 1.046) O prazo para ajuiza-
prazo nunca inferior a 15 dias nem superior a 30 dias para,
mento de ação rescisória é estabelecido pela data do trânsi-
querendo, apresentar resposta, ao fim do qual, com ou sem con-
to em julgado da decisão rescindenda, de modo que não se
testação, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum.
aplicam as regras dos §§ 2 º e 3º do art. 975 do CPC à coisa jul-
gada constituída antes de sua vigência.
Art. 971. Na ação rescisória, devolvidos os autos pelo relator, a
secretaria do tribunal expedirá cópias do relatório e as distribuirá
entre os juízes que compuserem o órgão competente para o jul- SÚMULAS SOBRE AÇÃO RESCISÓRIA
gamento.
STF
Parágrafo único. A escolha de relator recairá, sempre que pos-
sível, em juiz que não haja participado do julgamento rescin- Súmula 249-STF: É competente o Supremo Tribunal Federal
dendo. para a ação rescisória quando, embora não tendo conhecido do
recurso extraordinário, ou havendo negado provimento ao agra-
Art. 972. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, vo, tiver apreciado a questão federal controvertida.
o relator poderá delegar a competência ao órgão que proferiu a Súmula 252-STF: Na ação rescisória, não estão impedidos juí-
decisão rescindenda, fixando prazo de 1 a 3 meses para a devo- zes que participaram do julgamento rescindendo.
lução dos autos. Súmula 264-STF: Verifica-se a prescrição intercorrente pela
paralisação da ação rescisória por mais de 5 anos.
FPPC340. (art. 972) Observadas as regras de distribuição, o rela- Súmula 514-STF: Admite-se ação rescisória contra sentença
tor pode delegar a colheita de provas para juízo distinto do que transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenham es-
proferiu a decisão rescindenda gotado todos os recursos.
Súmula 515-STF: A competência para a ação rescisória não é
do Supremo Tribunal Federal, quando a questão federal, apre-
Art. 973. Concluída a instrução, será aberta vista ao autor e ao
ciada no recurso extraordinário ou no agravo de instrumento,
réu para razões finais, sucessivamente, pelo prazo de 10 dias.
seja diversa da que foi suscitada no pedido rescisório.
Parágrafo único. Em seguida, os autos serão conclusos ao relator,
procedendo-se ao julgamento pelo órgão competente. STJ
Súmula 175-STJ: Descabe o depósito prévio nas ações resci-
Art. 974. Julgando procedente o pedido, o tribunal rescindirá
sórias propostas pelo INSS.
a decisão, proferirá, se for o caso, novo julgamento e deter-
Súmula 401-STJ: O prazo decadencial da ação rescisória só se
minará a restituição do depósito a que se refere o inciso II do
inicia quando não for cabível qualquer recurso do último
art. 968.
pronunciamento judicial.
Parágrafo único. Considerando, por unanimidade, inadmissível
ou improcedente o pedido, o tribunal determinará a reversão,
em favor do réu, da importância do depósito, sem prejuízo do LEI 9784/99 - PROCESSO ADMINISTRATIVO
disposto no § 2o do art. 82.
CAPÍTULO I
Julgada Restitui-se o valor do DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Ação Procedente depósito Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo ad-
Rescisória ministrativo no âmbito da Administração Federal direta e indire-
Julgada O valor do depósito será
ta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administra-
Improcedente destinado ao réu
dos e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos
Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 anos contados
Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desem-
do trânsito em julgado DA ÚLTIMA DECISÃO proferida no
penho de função administrativa.
processo.
§ 1o Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subse- § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
quente o prazo a que se refere o caput, quando expirar durante I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da
férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver Administração direta e da estrutura da Administração indireta;
expediente forense. II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade
§ 2o Se fundada a ação no inciso VII do art. 966 (obtiver o autor, jurídica;
posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder
ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe de decisão.
assegurar pronunciamento favorável), o termo inicial do prazo
será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
máximo de 5 anos, contado do trânsito em julgado da última princípios da legalidade, finalidade, motivação, RAZOABILI-
decisão proferida no processo. DADE, PROPORCIONALIDADE, moralidade, ampla defesa,
§ 3o Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiên-
prazo começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o cia.
Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados,
momento em que têm ciência da simulação ou da colusão. entre outros, os critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;

18
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia
total ou parcial de poderes ou competências, salvo autoriza- Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em
ção em lei; que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por es-
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada crito e conter os seguintes dados:
a promoção pessoal de agentes ou autoridades; I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e II - identificação do interessado ou de quem o represente;
boa-fé; III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comu-
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as nicações;
hipóteses de sigilo previstas na Constituição; IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de fundamentos;
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que deter- de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o
minarem a decisão; interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas.
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos di-
reitos dos administrados; Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar ade- modelos ou formulários padronizados para assuntos que impor-
quado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos tem pretensões equivalentes.
administrados;
Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de ale-
tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser for-
gações finais, à produção de provas e à interposição de recur -
mulados em um único requerimento, salvo preceito legal em
sos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situa-
contrário.
ções de litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalva-
CAPÍTULO V
das as previstas em lei;
DOS INTERESSADOS
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuí-
zo da atuação dos interessados; Art. 9o São legitimados como interessados no processo admi-
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que nistrativo:
melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de
VEDADA APLICAÇÃO RETROATIVA de nova interpretação. direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de
representação;
CAPÍTULO II II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser ado-
tada;
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Admi-
III - as organizações e associações representativas, no tocante a
nistração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
direitos e interesses coletivos;
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quan-
deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de
to a direitos ou interesses difusos.
suas obrigações;
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em
Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os
que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter
maiores de 18 anos, ressalvada previsão especial em ato norma-
cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões pro-
tivo próprio.
feridas;
III - formular alegações e apresentar documentos antes da deci-
CAPÍTULO VI
são, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competen-
DA COMPETÊNCIA
te;
Art. 11. A competência é IRRENUNCIÁVEL e se exerce pelos ór-
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo
gãos administrativos a que foi atribuída como própria, SALVO os
quando obrigatória a representação, por força de lei.
casos de DELEGAÇÃO e AVOCAÇÃO legalmente admitidos.

CAPÍTULO III
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
houver impedimento legal, DELEGAR parte da sua competência
Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, a outros órgãos ou titulares, AINDA QUE ESTES NÃO LHE SE-
sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: JAM HIERARQUICAMENTE SUBORDINADOS, quando for con-
I - expor os fatos conforme a verdade; veniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; econômica, jurídica ou territorial.
III - não agir de modo temerário; Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à de-
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar legação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
para o esclarecimento dos fatos. presidentes.

CAPÍTULO IV Art. 13. NÃO PODEM SER OBJETO DE DELEGAÇÃO:


DO INÍCIO DO PROCESSO I - a edição de atos de caráter normativo;
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a II - a decisão de recursos administrativos;
pedido de interessado.

19
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autorida- § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em
de. vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura
da autoridade responsável.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publica- § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente
dos no meio oficial. será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ser feita pelo órgão administrativo.
objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter res-
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas sequencial-
salva de exercício da atribuição delegada.
mente e rubricadas.
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela au-
toridade delegante. Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar horário normal de funcionamento da repartição na qual trami-
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas tar o processo.
pelo delegado. Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os
atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos do procedimento ou cause dano ao interessado ou à Adminis-
relevantes devidamente justificados, a AVOCAÇÃO temporária tração.
de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou
DELEGAÇÃO AVOCAÇÃO autoridade responsável pelo processo e dos administrados que
Independe de hierarquia Órgão hierarquicamente inferior dele participem devem ser praticados no prazo de 5 dias, salvo
motivo de força maior.
Parágrafo único. O prazo de 5 dias pode ser dilatado até o do-
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publica-
bro, mediante comprovada justificação.
mente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a
unidade fundacional competente em matéria de interesse especi-
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencialmen-
al.
te na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for
o local de realização.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo ad-
CAPÍTULO IX
ministrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
grau hierárquico para decidir.
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo
administrativo determinará a intimação do interessado para ciên-
CAPÍTULO VII
cia de decisão ou a efetivação de diligências.
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
§ 1o A intimação deverá conter:
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servi-
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade admi-
dor ou autoridade que:
nistrativa;
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
II - finalidade da intimação;
II - tenha participado ou venha a participar como perito, teste-
III - data, hora e local em que deve comparecer;
munha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se re-
ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o 3° grau;
presentar;
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o in-
V - informação da continuidade do processo independentemente
teressado ou respectivo cônjuge ou companheiro.
do seu comparecimento;
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento
deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de § 2o A intimação observará a antecedência mínima de 3 dias
atuar. úteis quanto à data de comparecimento.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimen- § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo,
to constitui falta grave, para efeitos disciplinares. por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou
outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor § 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou
que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio
interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, pa- de publicação oficial.
rentes e afins até o 3° grau. § 5o As intimações serão NULAS quando feitas sem observân-
cia das prescrições legais, mas o comparecimento do adminis-
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser trado supre sua falta ou irregularidade.
objeto de recurso, SEM EFEITO SUSPENSIVO.
Art. 27. O desatendimento da intimação NÃO IMPORTA o re-
CAPÍTULO VIII conhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO pelo administrado.
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido
forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. direito de ampla defesa ao interessado.

20
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção
resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, dos documentos ou das respectivas cópias.
sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os
atos de outra natureza, de seu interesse. Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da toma-
da da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligên-
CAPÍTULO X cias e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria
DA INSTRUÇÃO objeto do processo.
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e com- § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na
provar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se de motivação do relatório e da decisão.
ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo pro- § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão funda-
cesso, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atua- mentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam
ções probatórias. ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos autos
os dados necessários à decisão do processo. Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a
§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão ex-
devem realizar-se do modo menos oneroso para estes. pedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo,
forma e condições de atendimento.
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão
obtidas por meios ilícitos. competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a
omissão, não se eximindo de proferir a decisão.
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de inte-
resse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho mo- Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao
tivado, abrir período de consulta pública para manifestação de interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado,
terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo o não atendimento no prazo fixado pela Administração para a
para a parte interessada. respectiva apresentação implicará arquivamento do processo.
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação pe-
los meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas possam Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência
examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de alega- ordenada, com antecedência mínima de 3 dias úteis, mencio-
ções escritas. nando-se data, hora e local de realização.
§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por si,
a condição de interessado do processo, mas confere o direito Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão
de obter da Administração resposta fundamentada, que pode- consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de
rá ser comum a todas as alegações substancialmente iguais. 15 dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de
maior prazo.
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, dian- § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emi-
te da relevância da questão, poderá ser realizada audiência públi- tido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a
ca para debates sobre a matéria do processo. respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa
ao atraso.
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria rele- § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser
vante, poderão estabelecer outros meios de participação de ad- emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento
ministrados, diretamente ou por meio de organizações e associa- e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabili-
ções legalmente reconhecidas. dade de quem se omitiu no atendimento.

Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser pre-
meios de participação de administrados deverão ser apresentados viamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e es-
com a indicação do procedimento adotado. tes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão res-
ponsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiência órgão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes.
de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser realiza-
da em reunião conjunta, com a participação de titulares ou repre- Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de ma-
sentantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, nifestar-se no prazo máximo de 10 dias, salvo se outro prazo
a ser juntada aos autos. for legalmente fixado.

Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha ale- Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública pode-
gado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para rá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a pré-
a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. via manifestação do interessado.

Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a ob-
registrados em documentos existentes na própria Administração ter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos
responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros

21
protegidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo
imagem. quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar
impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir
a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o CAPÍTULO XIV
conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de de- DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
cisão, objetivamente justificada, encaminhando o processo à au- Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando
toridade competente. eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos ad-
CAPÍTULO XI quiridos.
DO DEVER DE DECIDIR
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administra-
decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou re- tivos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários de-
clamações, em matéria de sua competência. cai em 5 anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé.
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Ad- § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de de-
ministração tem o prazo de até 30 dias para decidir, salvo cadência contar-se-á da percepção do 1° pagamento.
prorrogação por igual período expressamente motivada. § 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida
de autoridade administrativa que importe impugnação à validade
CAPÍTULO XII do ato.
DA MOTIVAÇÃO
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com in- Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão
dicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; própria Administração.
III - decidam processos administrativos de concurso ou sele-
ção pública;
SÚMULAS SOBRE PRESCRIÇÃO
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici-
tatório; STF
V - decidam recursos administrativos;
Súmula 383-STF: A prescrição em favor da Fazenda Pública re-
VI - decorram de reexame de ofício;
começa a correr, por 2 anos e meio, a partir do ato interruptivo,
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão
mas não fica reduzida aquém de 5 anos, embora o titular do
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios ofi-
direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.
ciais;
Súmula 443-STF: A prescrição das prestações anteriores ao pe-
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida-
ríodo previsto em lei não ocorre, quando não tiver sido nega-
ção de ato administrativo.
do, antes daquele prazo, o próprio direito reclamado, ou a situa-
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, po-
ção jurídica de que ele resulta.
dendo consistir em declaração de concordância com funda-
mentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou STJ
propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato (funda-
Súmula 85-STJ: Nas relações jurídicas de trato sucessivo em
mentação aliunde)
que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge
utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das deci- apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior
sões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessa- à propositura da ação.
dos.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões
ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escri- CAPÍTULO XV
to. DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de ra-
CAPÍTULO XIII zões de legalidade e de mérito.
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a deci-
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita,
são, a qual, se não a reconsiderar no prazo de 5 dias, o enca-
desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda,
minhará à autoridade superior.
renunciar a direitos disponíveis.
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrati-
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atin-
vo independe de caução.
ge somente quem a tenha formulado.
§ 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contra-
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso,
ria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade pro-
não prejudica o prosseguimento do processo, se a Adminis-
latora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar,
tração considerar que o interesse público assim o exige.
antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as ra-
zões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, confor-
me o caso.

22
Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por 3 fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-
instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa. á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o
julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo: administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabili-
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no pro- zação pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.
cesso;
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções
afetados pela decisão recorrida; poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofí-
III - as organizações e associações representativas, no tocante a cio, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes
direitos e interesses coletivos; suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses Parágrafo único. Da revisão do processo NÃO PODERÁ RESUL-
difusos. TAR AGRAVAMENTO DA SANÇÃO (PROIBIÇÃO REFORMATI-
ON IN PEJUS).
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de 10 dias o prazo
para interposição de recurso administrativo, contado a partir da CAPÍTULO XVI
ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida. DOS PRAZOS
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso adminis- Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cienti-
trativo deverá ser decidido no prazo máximo de 30 dias, a ficação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e
partir do recebimento dos autos pelo órgão competente. incluindo-se o do vencimento (-C+F)
§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser pror- § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil
rogado por igual período, ante justificativa explícita. seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver ex-
pediente ou este for encerrado antes da hora normal.
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual § 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.
o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexa- § 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a
me, podendo juntar os documentos que julgar convenientes. data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente
àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso NÃO TEM mês.
EFEITO SUSPENSIVO.
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou in- Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado,
certa reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida os prazos processuais NÃO SE SUSPENDEM.
ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar
efeito suspensivo ao recurso. CAPÍTULO XVII
DAS SANÇÕES
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele co- Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade competen-
nhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo te, terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de
de 5 dias úteis, apresentem alegações. fazer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa.

Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto: CAPÍTULO XVIII
I - fora do prazo; DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
II - perante órgão incompetente; Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a re-
III - por quem não seja legitimado; ger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente
IV - após exaurida a esfera administrativa. os preceitos desta Lei.
§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autori-
dade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso. Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão
§ 2o O não conhecimento do recurso NÃO IMPEDE a Adminis- ou instância, os procedimentos administrativos em que figure
tração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida como parte ou interessado:
preclusão administrativa. I - pessoa com idade igual ou superior a 60 anos;
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, ne-
confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmen- oplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante,
te, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência. cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilo-
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder sante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da
decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cienti- doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radia-
ficado para que formule suas alegações antes da decisão. ção, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença
grave, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmu- que a doença tenha sido contraída após o início do processo.
la vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explici- § 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando
tará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade adminis-
conforme o caso. trativa competente, que determinará as providências a serem
cumpridas.

23
§ 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identificação pró-
pria que evidencie o regime de tramitação prioritária.

SÚMULAS SOBRE PROCESSO ADMINISTRATIVO


STF
Súmula vinculante 21-STF: É inconstitucional a exigência de
depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para ad-
missibilidade de recurso administrativo.
STJ
Súmula 312-STJ: No processo administrativo para imposição de
multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação
e da aplicação da pena decorrente da infração.
Súmula 373-STJ: É ilegítima a exigência de depósito prévio
para admissibilidade de recurso administrativo.
Súmula: 434-STJ: O pagamento da multa por infração de trân-
sito não inibe a discussão judicial do débito.
Súmula 510-STJ: A liberação de veículo retido apenas por
transporte irregular de passageiros não está condicionada ao
pagamento de multas e despesas.

SÚMULAS SOBRE PROCESSO ADMINISTRATIVO


DISCIPLINAR
STF
Súmula vinculante 5-STF: A falta de defesa técnica por advo-
gado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição
Súmula 19-STF: É inadmissível segunda punição de servidor
público, baseada no mesmo processo em que se fundou a pri-
meira.
Súmula 18-STF: Pela falta residual, não compreendida na absol-
vição pelo juízo criminal, é admissível a punição administrati-
va do servidor público.
STJ
Súmula 591-STJ: É permitida a “prova emprestada” no pro-
cesso administrativo disciplinar, desde que devidamente auto-
rizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a
ampla defesa.
Súmula 592-STJ: O excesso de prazo para a conclusão do pro-
cesso administrativo disciplinar só causa nulidade se houver
demonstração de prejuízo à defesa.
Súmula 611-STJ: Desde que devidamente motivada e com
amparo em investigação ou sindicância, é permitida a ins-
tauração de processo administrativo disciplinar com base
em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotute-
la imposto à Administração.

24
DIA 20 Sucessões", houve mudança de redação da proposta original
apenas para objetivar o reconhecimento jurídico do casamento
entre pessoas do mesmo sexo em razão de não haver motivo
para apenas admitir a união estável à luz da Constituição Fede-
Código Civil: art 1511-1638
ral.
Código Processo Civil: art. 976-1020
LEI 8429/92 - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da
lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde
CÓDIGO CIVIL que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir
da data de sua celebração.
LIVRO IV
Do Direito de Família Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos
TÍTULO I mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
Do Direito Pessoal § 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promo-
SUBTÍTULO I vido dentro de 90 dias de sua realização, mediante comunica-
Do Casamento ção do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qual-
CAPÍTULO I quer interessado, desde que haja sido homologada previamen-
Disposições Gerais te a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo,
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, o registro dependerá de nova habilitação.
com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. § 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades
exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração. casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, me-
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a diante prévia habilitação perante a autoridade competente e
primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e cus- observado o prazo do art. 1.532.
tas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da § 3o Será NULO o registro civil do casamento religioso se, an-
lei. tes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com
outrem casamento civil.
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou pri-
vado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. SÚMULAS SOBRE CASAMENTO

Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem STF


e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabele- Súmula 305-STF: Acordo de desquite ratificado por ambos os
cer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. cônjuges não é retratável unilateralmente.
Súmula 377-STF: No regime de separação legal de bens, co-
JDC601 O modelo familiar contemporâneo é resultado de um municam-se os adquiridos na constância do casamento.
processo lento de evolução traçado em meio às transformações
STJ
sociais, culturais e econômicas onde a família atua. Apesar da
atual necessidade de adaptação da legislação infraconstitucio- Súmula 197-STJ: O divórcio direto pode ser concedido sem
nal, conforme se depreende da situação abordada e formal- que haja prévia partilha dos bens.
mente instruída pela Resolução do CNJ n. 175, optou o legisla-
dor por não incluir, à moldura da norma civil, as construções fa-
CAPÍTULO II
miliares já existentes, formadas por casais homossexuais. Ao
Da Capacidade PARA O CASAMENTO
longo da história, a família sempre gozou de um conceito sa-
Art. 1.517. O homem e a mulher com 16 anos (idade núbil) po-
cralizado, servindo de paradigma a formação patriarcal e sendo
dem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de
aceito, exclusivamente, o vínculo heterossexual. Durante o sé-
seus representantes legais, enquanto não atingida a maiori-
culo XX, com a constitucionalização do Direito de Família,
dade civil.
as relações familiares passaram a ser guiadas pelos princí-
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o
pios constitucionais, que primavam pela dignidade da pes-
disposto no parágrafo único do art. 1.631.
soa humana a partir da igualdade entre homens e mulheres,
refletindo em uma repersonalização das relações familiares.
A finalidade da lei não é tornar a vida imóvel e cristalizá-la, JDC512 O art. 1.517 do Código Civil, que exige autorização dos
mas sim permanecer em contato com ela, seguir sua evolu- pais ou responsáveis para casamento, enquanto não atingida a
ção e a ela se adaptar. O Direito tem um papel social a cum- maioridade civil, NÃO SE APLICA AO EMANCIPADO.
prir, exigindo que este se adeque às novas situações que se
apresentam. O novo modelo da família funda-se sob os pila- Art. 1.518. ATÉ A CELEBRAÇÃO do casamento podem os pais ou
res da repersonalização, da afetividade, da pluralidade e do tutores revogar a autorização.
eudemonismo, incorporando uma nova roupagem axiológi-
ca ao Direito de Família. Sendo assim, visível é a necessidade Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode
de interpretação extensiva do citado dispositivo legal, tornando ser suprida pelo juiz.
aplicável aos casais homoafetivos a celebração do casamen-
to e a formação do vínculo conjugal. Na Comissão "Família e

1
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente de-
de quem não atingiu a idade núbil, observado o disposto no verá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na
art. 1.517 deste Código (LEI 13811/19) fluência do prazo.

CAPÍTULO III As causas suspensivas não geram nulidade absoluta nem rela-
Dos Impedimentos tiva do casamento. A sanção principal será patrimonial –
Art. 1.521. NÃO PODEM CASAR: adoção do regime de separação obrigatória (legal) de bens
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco na-
tural ou civil;
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento
II - os afins em linha reta;
podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adota-
nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em
do com quem o foi do adotante;
2° grau, sejam também consangüíneos ou afins.
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até
o 3° grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante; JDC330 As causas suspensivas da celebração do casamento po-
VI - as pessoas casadas; derão ser argüidas inclusive pelos parentes em linha reta de um
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio dos nubentes e pelos colaterais em 2° grau, por vínculo decor-
ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. rente de parentesco civil.

JDC98 O inc. IV do art. 1.521 do novo Código Civil deve ser inter- CAPÍTULO V
pretado à luz do Decreto-lei n. 3.200/41, no que se refere à Do Processo de Habilitação PARA O CASAMENTO
possibilidade de casamento entre colaterais de 3º grau. Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento
será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a
seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguin-
Decreto-Lei 3200/41: autoriza o casamento entre tios e sobri- tes documentos:
nhos se uma junta médica apontar a inexistência de risco bioló- I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
gico – CASAMENTO AVUNCULAR. II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência le-
gal estiverem, ou ato judicial que a supra;
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o mo- III - declaração de 2 testemunhas maiores, parentes ou não, que
mento da celebração do casamento, por qualquer pessoa ca- atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os
paz. iniba de casar;
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conheci- IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual
mento da existência de algum impedimento, será obrigado a de- dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos;
clará-lo. V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declarató-
ria de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em jul-
gado, ou do registro da sentença de divórcio.
Consequência do casamento com impedimento = NULIDADE
ABSOLUTA
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o ofi-
cial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público.
CAPÍTULO IV Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério
Das causas suspensivas Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz.
Art. 1.523. NÃO DEVEM CASAR:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, en- Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o
quanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha edital, que se afixará durante 15 dias nas circunscrições do Re-
aos herdeiros; gistro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se pu-
Evitar confusão patrimonial. Consequência imposta por lei = blicará na imprensa local, se houver.
hipoteca legal a favor dos filhos sobre os imóveis dos pais. Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência,
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo poderá dispensar a publicação.
ou ter sido anulado, até 10 meses depois do começo da viu-
vez, ou da dissolução da sociedade conjugal; JDC513 O juiz não pode dispensar, mesmo fundamentada-
Evitar confusão sobre a paternidade mente, a publicação do edital de proclamas do casamento,
mas sim o decurso do prazo.
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou
decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a
irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou cu- respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casa-
ratelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não esti- mento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
verem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas
não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos inci- serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com
sos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuí- as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde
zo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a possam ser obtidas.

2
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus re-
presentantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente sus-
provas e o nome de quem a ofereceu. pensa se algum dos contraentes:
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para I - recusar a solene afirmação da sua vontade;
fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações ci- II - declarar que esta não é livre e espontânea;
vis e criminais contra o oponente de má-fé. III - manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos menciona-
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e dos neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admiti-
verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro ex- do a retratar-se no mesmo dia.
trairá o certificado de habilitação.
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de 90 dias, a contar da presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido,
data em que foi extraído o certificado. sendo urgente, ainda que à noite, perante 2 testemunhas que
saibam ler e escrever.
CAPÍTULO VI § 1o A falta ou impedimento da autoridade competente para pre-
Da Celebração do Casamento sidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previa- legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado
mente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, pelo presidente do ato.
mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados § 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado
com a certidão do art. 1.531. no respectivo registro dentro em 5 dias, perante 2 testemunhas,
ficando arquivado.
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com
toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos 2 tes- Art. 1.540. [CASAMENTO NUNCUPATIVO/EM VIVA VOZ] Quan-
temunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as do algum dos contraentes estiver em IMINENTE RISCO DE VIDA,
partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício pú- não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o
blico ou particular. ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado
§ 1o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este na presença de 6 testemunhas, que com os nubentes não te-
de portas abertas durante o ato. nham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até 2° grau.
§ 2o Serão 4 as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior
(casamento em edifício particular) e se algum dos contraentes Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas compa-
não souber ou não puder escrever. recer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em 10
dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de:
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procura- I - que foram convocadas por parte do enfermo;
dor especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do regis- II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
tro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e es-
pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetu- pontaneamente, receber-se por marido e mulher.
ado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que § 1o Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá
ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por às diligências necessárias para verificar se os contraentes podiam
marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados." ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que
o requererem, dentro em 15 dias.
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o § 2o Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, as-
assento no livro de registro. No assento, assinado pelo presidente sim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário
do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro, se- às partes.
rão exarados: § 3o Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em jul-
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, do- gado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la
micílio e residência atual dos cônjuges; no livro do Registro dos Casamentos.
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, § 4o O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamen-
domicílio e residência atual dos pais; to, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração.
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da § 5o Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antece-
dissolução do casamento anterior; dente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casa - presença da autoridade competente e do oficial do registro.
mento;
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro; Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração,
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual por INSTRUMENTO PÚBLICO, com poderes especiais.
das testemunhas; § 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhe-
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do car- cimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que
tório em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, quando o o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revo-
regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente es- gação, responderá o mandante por perdas e danos.
tabelecido. § 2o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá
fazer-se representar no casamento nuncupativo.
Art. 1.537. O instrumento da autorização para casar transcrever- § 3o A eficácia do mandato não ultrapassará 90 dias.
se-á integralmente na escritura antenupcial.

3
§ 4o Só por INSTRUMENTO PÚBLICO se poderá revogar o IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívo-
mandato. co, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contra-
CAPÍTULO VII ente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo
Das Provas do Casamento coabitação entre os cônjuges;
Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certi- VI - por incompetência da autoridade celebrante.
dão do registro (certidão de casamento) § 1o Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judici-
Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é almente decretada.
admissível qualquer outra espécie de prova. § 2o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade
núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade
Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangei- diretamente ou por meio de seu responsável ou curador.
ro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros,
deverá ser registrado em 180 dias, a contar da volta de um ou Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento
de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domi- de que resultou gravidez.
cílio, ou, em sua falta, no 1 o Ofício da Capital do Estado em que Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de 16 anos
passarem a residir. será requerida:
I - pelo próprio cônjuge menor;
Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de II - por seus representantes legais;
casadas, não possam manifestar vontade, ou tenham falecido, III - por seus ascendentes.
não se pode contestar em prejuízo da prole comum, salvo
mediante certidão do Registro Civil que prove que já era casa- Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, de-
da alguma delas, quando contraiu o casamento impugnado. pois de completá-la, confirmar seu casamento, com a autoriza-
ção de seus representantes legais, se necessária, ou com supri-
Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casamento re- mento judicial.
sultar de processo judicial, o registro da sentença no livro do Re-
gistro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que,
que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do ca- sem possuir a competência exigida na lei, exercer publica-
samento. mente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, ti-
ver registrado o ato no Registro Civil.
Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, jul -
gar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se im- Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não
pugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados. autorizado por seu representante legal, só poderá ser anulado
se a ação for proposta em 180 dias, por iniciativa do incapaz,
CAPÍTULO VIII ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus her-
Da Invalidade do Casamento deiros necessários.
Art. 1.548. É NULO o casamento contraído: II - por INFRINGÊN- § 1o O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em
CIA DE IMPEDIMENTO. que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do casa-
mento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz.
Art. 1.521. NÃO PODEM CASAR: § 2o Não se anulará o casamento quando à sua celebração
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco na- houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou ti-
tural ou civil; verem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação.
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adota- Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade,
do com quem o foi do adotante; se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro es-
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até sencial quanto à pessoa do outro.
o 3° grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante; Art. 1.557. Considera-se ERRO ESSENCIAL sobre a pessoa do ou-
VI - as pessoas casadas; tro cônjuge:
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicí- I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama,
dio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insu-
portável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos moti-
natureza, torne insuportável a vida conjugal;
vos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida medi-
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irre-
ante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério
mediável QUE NÃO CARACTERIZE DEFICIÊNCIA ou de molés-
Público.
tia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de
pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência.
Art. 1.550. É ANULÁVEL o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar (16
Art. 1.558. É ANULÁVEL o casamento em virtude de coação,
anos);
quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu
sido captado mediante fundado temor de mal considerável e
representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;

4
iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus famili- § 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o
ares. sobrenome do outro.
§ 2o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, com-
Art. 1.559. SOMENTE O CÔNJUGE que incidiu em erro, ou so- petindo ao Estado propiciar recursos educacionais e financeiros
freu coação, pode demandar a anulação do casamento; mas a para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção
coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvada a por parte de instituições privadas ou públicas.
ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável
que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissí- JDC99 O art. 1.565, § 2º, do Código Civil não é norma destinada
vel. apenas às pessoas casadas, mas também aos casais que vivem
em companheirismo, nos termos do art. 226, caput, §§ 3º e 7º,
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do ca- da Constituição Federal de 1988, e não revogou o disposto na
samento, a contar da data da celebração, é de: Lei n. 9.263/96.
I - 180 dias, no caso do inciso IV do art. 1.550 (incapaz de con-
sentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento);
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
II - 2 anos, se incompetente a autoridade celebrante;
I - fidelidade recíproca;
III - 3 anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557 (erro essen-
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
cial);
III - mútua assistência;
IV - 4 anos, se houver coação.
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
§ 1o Extingue-se, em 180 dias, o direito de anular o casamento
V - respeito e consideração mútuos.
dos menores de 16 anos, contado o prazo para o menor do
dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em co-
seus representantes legais ou ascendentes.
laboração, pelo marido e pela mulher, sempre no interesse do ca-
§ 2o Na hipótese do inciso V do art. 1.550 (realizado pelo man-
sal e dos filhos.
datário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revo-
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges po-
gação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os
derá recorrer ao juiz, que decidirá tendo em consideração aqueles
cônjuges), o prazo para anulação do casamento é de 180 dias,
interesses.
a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da
celebração.
Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção
de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da
Art. 1.561. EMBORA ANULÁVEL OU MESMO NULO, se contraí-
família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patri-
do de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em rela-
monial.
ção a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia
da sentença anulatória.
Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os côn-
§ 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamen-
juges, mas um e outro podem ausentar-se do domicílio conjugal
to, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão.
para atender a encargos públicos, ao exercício de sua profissão,
§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casa-
ou a interesses particulares relevantes.
mento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou
Art. 1.562. Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a
não sabido, encarcerado por mais de 180 dias, interditado judici-
de anulação, a de separação judicial, a de divórcio direto ou a
almente ou privado, episodicamente, de consciência, em virtude
de dissolução de união estável, poderá requerer a parte, com-
de enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com exclusivida-
provando sua necessidade, a separação de corpos, que será
de a direção da família, cabendo-lhe a administração dos bens.
concedida pelo juiz com a possível brevidade.
CAPÍTULO X
Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento
Da Dissolução da Sociedade e do vínculo Conjugal
retroagirá à data da sua celebração, sem prejudicar a aquisi-
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:
ção de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem
I - pela morte de um dos cônjuges;
a resultante de sentença transitada em julgado.
II - pela nulidade ou anulação do casamento;
III - pela separação judicial;
Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um
IV - pelo divórcio.
dos cônjuges, este incorrerá:
§ 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos
I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocen-
cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabeleci-
te;
da neste Código quanto ao ausente.
II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no con-
§ 2o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por con-
trato antenupcial.
versão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; salvo, no
segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação
CAPÍTULO IX
judicial.
Da Eficácia do Casamento
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutua-
mente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pe- JDC514 A EC n. 66/2010 não extinguiu o instituto da separa-
los encargos da família. ção judicial e extrajudicial (STJ, REsp 1431370-SP)
JDC571 Se comprovada a resolução prévia e judicial de todas as

5
questões referentes aos filhos menores ou incapazes, o tabelião Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tor-
de notas poderá lavrar escrituras públicas de dissolução conju- nem evidente a impossibilidade da vida em comum.
gal.
JDC602 Transitada em julgado a decisão concessiva do divórcio, JDC254 Formulado o pedido de separação judicial com funda-
a expedição do mandado de averbação independe do julga- mento na culpa (art. 1.572 e/ou art. 1.573 e incisos), o juiz po-
mento da ação originária em que persista a discussão dos as- derá decretar a separação do casal diante da constatação da in-
pectos decorrentes da dissolução do casamento. subsistência da comunhão plena de vida (art. 1.511) – que ca-
racteriza hipótese de “outros fatos que tornem evidente a im-
possibilidade da vida em comum” – sem atribuir culpa a ne-
SEPARAÇÃO DIVÓRCIO
nhum dos cônjuges.
(judicial ou extrajudicial)

A separação é modalidade de É forma de dissolução do Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo consenti-
extinção da sociedade conjugal, vínculo conjugal e extingue o mento dos cônjuges se forem casados por mais de 1 ano e o
pondo fim aos deveres de próprio vínculo conjugal, manifestarem perante o juiz, sendo por ele devidamente homo-
coabitação e fidelidade, bem pondo termo ao casamento, logada a convenção.
como ao regime de bens (art. refletindo diretamente Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e não de-
1.571, III, do Código Civil) sem, sobre o estado civil da pessoa cretar a separação judicial se apurar que a convenção não preser-
no entanto, dissolver o e permitindo que os ex- va suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos cônju-
casamento. cônjuges celebrem novo ges.
casamento o que não ocorre
com a separação.
JDC515 Pela interpretação teleológica da EC n. 66/2010, não há
A separação é uma medida O divórcio é, em tese, prazo mínimo de casamento para a separação consensual.
temporária e de escolha definitivo. Caso as pessoas JDC516 Na separação judicial por mútuo consentimento, o
pessoal dos envolvidos, que divorciadas desejem ficar juiz só poderá intervir no limite da preservação do interesse
podem optar, a qualquer tempo, novamente juntas, precisam dos incapazes ou de um dos cônjuges, permitida a cindibili-
por restabelecer a sociedade se casar novamente. dade dos pedidos com a concordância das partes, apli-
conjugal ou pela sua conversão cando-se esse entendimento também ao divórcio.
definitiva em divórcio.
*Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br Art. 1.575. A sentença de separação judicial importa a separa-
ção de corpos e a partilha de bens.
Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de sepa - Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita mediante
ração judicial, imputando ao outro qualquer ato que importe gra- proposta dos cônjuges e homologada pelo juiz ou por este de-
ve violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida cidida.
em comum.
§ 1o A separação judicial pode também ser pedida se um dos JDC255 Não é obrigatória a partilha de bens na separação ju-
cônjuges provar ruptura da vida em comum há mais de 1 ano dicial.
e a impossibilidade de sua reconstituição.
§ 2o O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quando o Art. 1.576. A separação judicial põe termo aos deveres de coa-
outro estiver acometido de doença mental grave, manifestada bitação e fidelidade recíproca e ao regime de bens.
após o casamento, que torne impossível a continuação da Parágrafo único. O procedimento judicial da separação caberá
vida em comum, desde que, após uma duração de 2 anos, a somente aos cônjuges, e, no caso de incapacidade, serão repre-
enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável. sentados pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão.
§ 3o No caso do parágrafo 2o, reverterão ao cônjuge enfermo, que
não houver pedido a separação judicial, os remanescentes dos Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo
bens que levou para o casamento, e se o regime dos bens adota- como esta se faça, é lícito aos cônjuges restabelecer, a todo
do o permitir, a meação dos adquiridos na constância da socieda - tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo.
de conjugal. Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o direito de
terceiros, adquirido antes e durante o estado de separado, seja
JDC100 Na separação, recomenda-se apreciação objetiva de fa- qual for o regime de bens.
tos que tornem evidente a impossibilidade da vida em comum
Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação
Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro, desde
de vida a ocorrência de algum dos seguintes motivos: que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a al-
I - adultério; teração não acarretar:
II - tentativa de morte; I - evidente prejuízo para a sua identificação;
III - sevícia ou injúria grave; II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos
IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante 1 ano contí- havidos da união dissolvida;
nuo; III - dano grave reconhecido na decisão judicial.
V - condenação por crime infamante; § 1o O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá
VI - conduta desonrosa. renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o sobreno-
me do outro.

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§ 2o Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome partilhado quando do término do relacionamento, visto que
de casado. essa valorização é decorrência de um fenômeno econômico
que dispensa a comunhão de esforços do casal.
Art. 1.579. O divórcio NÃO MODIFICARÁ os direitos e deveres 6) Os valores investidos em previdência privada fechada se
dos pais em relação aos filhos. inserem, por analogia, na exceção prevista no art. 1.659, VII,
Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de do Código Civil de 2002, consequentemente, NÃO INTEGRAM
ambos, não poderá importar restrições aos direitos e deveres pre- o patrimônio comum do casal e, portanto, não devem ser
vistos neste artigo. objeto da partilha.
7) Após a separação de fato ou de corpos, o cônjuge que estiver
Art. 1.580. Decorrido 1 ano do trânsito em julgado da sentença na posse ou na administração do patrimônio partilhável - seja
que houver decretado a separação judicial, ou da decisão conces- na condição de administrador provisório, seja na de inventarian-
siva da medida cautelar de separação de corpos, qualquer das te - terá o dever de prestar contas ao ex-consorte, enquanto
partes poderá requerer sua conversão em divórcio. perdurar o estado de mancomunhão.
§ 1o A conversão em divórcio da separação judicial dos cônjuges 8) Na separação e no divórcio, o fato de certo bem ainda
será decretada por sentença, da qual não constará referência à pertencer indistintamente aos ex-cônjuges, por ausência de
causa que a determinou. formalização da partilha, não representa automático empe-
§ 2o O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cilho ao pagamento de indenização pelo uso exclusivo do
cônjuges, no caso de comprovada separação de fato por mais de bem por um deles, desde que a parte que toca a cada um te-
2 anos. nha sido definida por qualquer meio inequívoco, visto que
medida diversa poderia importar enriquecimento sem causa.
JDC517 A EC n. 66/2010 extinguiu os prazos previstos no art. 9) Admite-se o arbitramento de aluguel a um dos cônjuges
1.580 do Código Civil, mantido o divórcio por conversão por uso exclusivo de bem imóvel comum do casal somente na
hipótese em que, efetuada a partilha do bem, um dos cônjuges
Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia permaneça residindo no imóvel.
partilha de bens. 10) Na ação de divórcio, a audiência de ratificação prevista
no art. 1.122 do Código de Processo Civil de 1973 não é obriga-
tória, cabendo ao juiz decidir pela oportunidade de realizá-la,
CPC. Art. 731. Parágrafo único. Se os cônjuges não acordarem
não sendo, portanto, causa de anulação do processo.
sobre a partilha dos bens, far-se-á esta depois de homologado
11) Comprovada a separação de fato ou judicial entre os ca-
o divórcio, na forma estabelecida nos arts. 647 a 658.
sados, a existência de casamento válido não obsta o reco-
nhecimento da união estável.
Art. 1.582. O pedido de divórcio somente competirá aos cônju-
ges.
CAPÍTULO XI
Parágrafo único. Se o cônjuge for incapaz para propor a ação ou
Da Proteção da Pessoa dos Filhos
defender-se, poderá fazê-lo o curador, o ascendente ou o ir-
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.
mão.
§ 1o Compreende-se por GUARDA UNILATERAL a atribuída a
um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, §
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ 5o) e, por GUARDA COMPARTILHADA a responsabilização
EDIÇÃO N. 113: DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe
E DA UNIÃO ESTÁVEL - I que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder fa-
1) O divórcio direto pode ser concedido sem que haja prévia miliar dos filhos comuns.
partilha dos bens. (Súmula n. 197/STJ) § 2o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os fi-
2) É de 4 anos o prazo decadencial para anular partilha de lhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o
bens em dissolução de sociedade conjugal ou de união está- pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses
vel, nos termos do art. 178 do Código Civil. dos filhos.
3) As verbas de natureza trabalhista nascidas e pleiteadas na § 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de
constância da união estável ou do casamento celebrado sob o moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interes-
regime da comunhão parcial ou universal de bens integram o ses dos filhos.
patrimônio comum do casal e, portanto, devem ser objeto da § 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a de-
partilha no momento da separação. tenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibili-
4) Deve ser reconhecido o direito à meação dos valores de- tar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte le-
positados em conta vinculada ao Fundo de Garantia de Tempo gítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, obje-
de Serviço FGTS auferidos durante a constância da união es- tivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indire-
tável ou do casamento celebrado sob o regime da comu- tamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus
nhão parcial ou universal de bens, ainda que não sejam sa- filhos.
cados imediatamente após a separação do casal ou que te-
nham sido utilizados para aquisição de imóvel pelo casal du- JDC335 A guarda compartilhada deve ser estimulada, utilizando-
rante a vigência da relação. se, sempre que possível, da mediação e da orientação de equipe
5) A valorização patrimonial dos imóveis ou das cotas sociais interdisciplinar.
de sociedade limitada, adquiridos antes do casamento ou da JDC603 A distribuição do tempo de convívio na guarda com-
união estável, não deve integrar o patrimônio comum a ser partilhada deve atender precipuamente ao melhor interesse

7
dos filhos, não devendo a divisão de forma equilibrada, a que § 5o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a
alude o § 2 do art. 1.583 do Código Civil, representar convivência guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele
livre ou, ao contrário, repartição de tempo matematicamente compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de
igualitária entre os pais. preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e
JDC604 A divisão, de forma equilibrada, do tempo de convívio afetividade.
dos filhos com a mãe e com o pai, imposta na guarda comparti - § 6o Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a
lhada pelo § 2° do art. 1.583 do Código Civil, não deve ser con- prestar informações a qualquer dos genitores sobre os filhos des-
fundida com a imposição do tempo previsto pelo instituto da tes, sob pena de multa de R$ 200,00 reais a R$ 500,00 reais por
GUARDA ALTERNADA, pois esta não implica apenas a divisão dia pelo não atendimento da solicitação.
do tempo de permanência dos filhos com os pais, mas tam-
bém o EXERCÍCIO EXCLUSIVO da guarda pelo genitor que se JDC333 O direito de visita pode ser estendido aos avós e a
encontra na companhia do filho. pessoas com as quais a criança ou o adolescente mantenha
JDC605 A guarda compartilhada não exclui a fixação do regi- vínculo afetivo, atendendo ao seu melhor interesse.
me de convivência. JDC334 A guarda de fato pode ser reputada como consolida-
JDC606 O tempo de convívio com os filhos "de forma equilibra- da diante da estabilidade da convivência familiar entre a cri-
da com a mãe e com o pai" deve ser entendido como divisão ança ou o adolescente e o terceiro guardião, desde que seja
proporcional de tempo, da forma que cada genitor possa se atendido o princípio do melhor interesse.
ocupar dos cuidados pertinentes ao filho, em razão das peculia-
ridades da vida privada de cada um. Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separação de corpos,
em sede de medida cautelar de guarda ou em outra sede de fixa-
GUARDA Atribuída a um só dos genitores ou a al- ção liminar de guarda, a decisão sobre guarda de filhos, mes-
UNILATERAL guém que o substitua mo que provisória, será proferida preferencialmente após a
oitiva de ambas as partes perante o juiz, salvo se a proteção
Responsabilização conjunta e o exercício
aos interesses dos filhos exigir a concessão de liminar sem a
GUARDA de direitos e deveres do pai e da mãe que
oitiva da outra parte, aplicando-se as disposições do art. 1.584.
COMPARTILHADA não vivam sob o mesmo teto, concernen-
tes ao poder familiar dos filhos comuns.
Art. 1.586. Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer
Não implica apenas a divisão do tempo de caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente da estabele-
GUARDA permanência dos filhos com os pais, mas cida nos artigos antecedentes a situação deles para com os pais.
ALTERNADA também o EXERCÍCIO EXCLUSIVO da guar-
da pelo genitor que se encontra na com- Art. 1.587. No caso de invalidade do casamento, havendo filhos
panhia do filho. comuns, observar-se-á o disposto nos arts. 1.584 e 1.586.

Os filhos permanecem no mesmo domicí-


Art. 1.588. O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não perde
ANINHAMENTO lio que vivia o casal dissolvido, revezando
o direito de ter consigo os filhos, que só lhe poderão ser retirados
OS PAIS em sua companhia.
por mandado judicial, provado que não são tratados convenien-
temente.
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser:
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qual-
JDC337 O fato de o pai ou a mãe constituírem nova união
quer deles, em ação autônoma de separação, de divórcio, de dis-
não repercute no direito de terem os filhos do leito anterior
solução de união estável ou em medida cautelar;
em sua companhia, salvo quando houver comprometimento
II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas
da sadia formação e do integral desenvolvimento da perso-
do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao
nalidade destes.
convívio deste com o pai e com a mãe.
JDC338 A cláusula de não-tratamento conveniente para a
§ 1o Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe
perda da guarda dirige-se a todos os que integram, de modo
o significado da guarda compartilhada, a sua importância, a simi-
direto ou reflexo, as novas relações familiares.
litude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as sanções
pelo descumprimento de suas cláusulas.
§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos,
guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que
exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilha- acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como
da, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não fiscalizar sua manutenção e educação.
deseja a guarda do menor. Parágrafo único. O direito de visita estende-se a qualquer dos
§ 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os perío- avós, a critério do juiz, observados os interesses da criança ou
dos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou do adolescente.
a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em ori-
entação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que Art. 1.590. As disposições relativas à guarda e prestação de ali-
deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mentos aos filhos menores estendem-se aos maiores incapazes.
mãe.
§ 4o A alteração não autorizada ou o descumprimento imoti- SUBTÍTULO II
vado de cláusula de guarda unilateral ou compartilhada poderá Das Relações de Parentesco
implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor. CAPÍTULO I

8
Disposições Gerais IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões
Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
umas para com as outras na relação de ascendentes e descen- V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que
dentes. tenha prévia autorização do marido.

Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o JDC104 No âmbito das técnicas de reprodução assistida envol-
4° grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem des- vendo o emprego de material fecundante de terceiros, o pres-
cenderem uma da outra. suposto fático da relação sexual é substituído pela vontade
(ou eventualmente pelo risco da situação jurídica matrimo-
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de nial) juridicamente qualificada, gerando presunção absolu-
consanguinidade ou outra origem (abrange parentesco por afi- ta ou relativa de paternidade no que tange ao marido da
nidade). mãe da criança concebida, dependendo da manifestação
expressa (ou implícita) da vontade no curso do casamento.
JDC103 O Código Civil reconhece, no art. 1.593, outras es- JDC106 Para que seja presumida a paternidade do marido
pécies de parentesco civil além daquele decorrente da ado- falecido, será obrigatório que a mulher, ao se submeter a
ção, acolhendo, assim, a noção de que há também parentes- uma das técnicas de reprodução assistida com o material
co civil no vínculo parental proveniente quer das técnicas de genético do falecido, esteja na condição de viúva, sendo
reprodução assistida heteróloga relativamente ao pai (ou obrigatória, ainda, a autorização escrita do marido para que
mãe) que não contribuiu com seu material fecundante, se utilize seu material genético após sua morte.
quer da paternidade socioafetiva, fundada na posse do esta- JDC107 Finda a sociedade conjugal, na forma do art. 1.571, a
do de filho. regra do inc. IV somente poderá ser aplicada se houver au-
JDC256 A posse do estado de filho (parentalidade socioafe- torização prévia, por escrito, dos ex-cônjuges para a utiliza-
tiva) constitui modalidade de parentesco civil. ção dos embriões excedentários, só podendo ser revogada
JDC519 O reconhecimento judicial do vínculo de parentesco até o início do procedimento de implantação desses embri-
em virtude de socioafetividade deve ocorrer a partir da rela- ões.
ção entre pai(s) e filho(s), com base na posse do estado de JDC257 As expressões “fecundação artificial”, “concepção
filho, para que produza efeitos pessoais e patrimoniais. artificial” e “inseminação artificial”, constantes, respectiva-
mente, dos incs. III, IV e V do art. 1.597 do Código Civil, devem
Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo ser interpretadas restritivamente, não abrangendo a utiliza-
número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, ção de óvulos doados e a gestação de substituição.
subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e des- JDC258 Não cabe a ação prevista no art. 1.601 do Código Civil
cendo até encontrar o outro parente. se a filiação tiver origem em procriação assistida heteróloga, au-
torizada pelo marido nos termos do inc. V do art. 1.597, cuja
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes paternidade configura presunção absoluta.
do outro pelo vínculo da afinidade. JDC633 É possível ao viúvo ou ao companheiro sobrevivente,
§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos o acesso à técnica de reprodução assistida póstuma - por
descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. meio da maternidade de substituição, desde que haja ex-
§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolu- presso consentimento manifestado em vida pela sua esposa
ção do casamento ou da união estável (uma vez sogra, sempre ou companheira.
sogra).
Art. 1.598. Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o pra-
CAPÍTULO II zo previsto no inciso II do art. 1.523 (10 meses), a mulher contrair
Da Filiação novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presume do pri-
Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou meiro marido, se nascido dentro dos 300 dias a contar da data
por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento ocorrer
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. após esse período e já decorrido o prazo a que se refere o inciso I
do art. 1597.
JDC632 Nos casos de reconhecimento de multiparentalidade
paterna ou materna, o filho terá direito à participação na Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à
herança de todos os ascendentes reconhecidos. época da concepção, ilide a presunção da paternidade.

Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, ainda que confes-


Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casa-
sado, para ilidir a presunção legal da paternidade.
mento os filhos:
I - nascidos 180 dias, pelo menos, depois de estabelecida a con-
Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade
vivência conjugal;
dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal AÇÃO IMPRESCRI-
II - nascidos nos 300 dias subsequentes à dissolução da socie-
TÍVEL.
dade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação
Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impug-
do casamento;
nante têm direito de prosseguir na ação.
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que
falecido o marido;
JDC520 O conhecimento da ausência de vínculo biológico e a

9
posse de estado de filho obstam a contestação da paternida- zação do vínculo jurídico de paternidade-filiação, cuja constitui-
de presumida. ção se deu no momento do início da gravidez da companheira.

Art. 1.602. Não basta a confissão materna para excluir a pater- Art. 1.610. O reconhecimento NÃO PODE SER REVOGADO, nem
nidade. mesmo quando feito em testamento.

Art. 1.603. A filiação prova-se pela certidão do termo de nasci- Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido por um
mento registrada no Registro Civil. dos cônjuges, não poderá residir no lar conjugal sem o con-
sentimento do outro.
JDC108 No fato jurídico do nascimento, mencionado no art.
1.603, compreende-se, à luz do disposto no art. 1.593, a filiação Art. 1.612. O filho reconhecido, enquanto menor, ficará sob a
consanguínea e também a socioafetiva. guarda do genitor que o reconheceu, e, se ambos o reconhece-
ram e não houver acordo, sob a de quem melhor atender aos in-
teresses do menor.
Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta
do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade
Art. 1.613. São INEFICAZES a condição e o termo apostos ao
do registro.
ato de reconhecimento do filho.
Art. 1.605. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá
Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu
provar-se a filiação por qualquer modo admissível em direito:
consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, nos
I - quando houver começo de prova por escrito, proveniente
4 anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação.
dos pais, conjunta ou separadamente;
II - quando existirem veementes presunções resultantes de fa-
Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode con-
tos já certos.
testar a ação de investigação de paternidade, ou maternida-
de.
Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto
viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz.
Art. 1.616. A sentença que julgar procedente a ação de investiga-
Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros pode -
ção produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento; mas poderá
rão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo.
ordenar que o filho se crie e eduque fora da companhia dos pais
ou daquele que lhe contestou essa qualidade.
JDC521 Qualquer descendente possui legitimidade, por di-
reito próprio, para propor o reconhecimento do vínculo de Art. 1.617. A filiação materna ou paterna pode resultar de casa-
parentesco em face dos avós ou de qualquer ascendente de mento declarado nulo, ainda mesmo sem as condições do pu-
grau superior, ainda que o pai não tenha iniciado a ação de tativo.
prova da filiação em vida.

SÚMULAS SOBRE
CAPÍTULO III AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE
Do Reconhecimento dos Filhos
Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser reconheci- STF
do pelos pais, conjunta ou separadamente. Súmula 149-STF: É imprescritível a ação de investigação de
paternidade, mas não o é a de petição de herança
Art. 1.608. Quando a maternidade constar do termo do nascimen- OBS: ação de petição de heranças prescreve em 10 anos.
to do filho, a mãe só poderá contestá-la, provando a falsidade do
termo, ou das declarações nele contidas. STJ
Súmula 1-STJ: O foro do domicílio ou da residência do alimen-
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casa- tando é o competente para a ação de investigação de paterni-
mento É IRREVOGÁVEL e será feito: dade, quando cumulada com a de alimentos
I - no registro do nascimento; Súmula 277-STJ: Julgada procedente a investigação de paterni-
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado dade, os alimentos são devidos a partir da citação.
em cartório; Súmula 301-STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris
IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda tantum de paternidade.
que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do
ato que o contém.
CAPÍTULO IV
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimen-
Da Adoção
to do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar
Art. 1.618. A adoção de crianças e adolescentes será deferida na
descendentes.
forma prevista pelo ECA.

JDC570 O reconhecimento de filho havido em união estável fru- Art. 1.619. A adoção de maiores de 18 anos dependerá da as-
to de técnica de reprodução assistida heteróloga "a patre" con- sistência efetiva do poder público e de sentença constitutiva,
sentida expressamente pelo companheiro representa a formali- aplicando-se, no que couber, as regras gerais do ECA.

10
Art 1.636. O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou
CAPÍTULO V estabelece união estável, não perde, quanto aos filhos do
Do Poder FAMILIAR relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar, exercendo-
Seção I os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou companheiro.
Disposições Gerais Parágrafo único. Igual preceito ao estabelecido neste artigo
Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto aplica-se ao pai ou à mãe solteiros que casarem ou
menores. estabelecerem união estável.

JDC112 Em acordos celebrados antes do advento do novo Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade,
Código, ainda que expressamente convencionado que os faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens
alimentos cessarão com a maioridade, o juiz deve ouvir os dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o
interessados, apreciar as circunstâncias do caso concreto e Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada
obedecer ao princípio rebus sic stantibus. pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o
poder familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o
familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença
poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o
irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a 2 anos de
outro o exercerá com exclusividade.
prisão.
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder
familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a
solução do desacordo.
mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união
II - deixar o filho em abandono;
estável não alteram as relações entre pais e filhos senão quanto
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo
os segundos.
antecedente.
V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de
Art. 1.633. O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob poder
adoção.
familiar exclusivo da mãe; se a mãe não for conhecida ou
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder
capaz de exercê-lo, dar-se-á tutor ao menor.
familiar aquele que:
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder
Seção II
familiar:
Do Exercício do Poder Familiar
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua
ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso
situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que
envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou
consiste em, quanto aos filhos:
discriminação à condição de mulher;
I - dirigir-lhes a criação e a educação;
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à
II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos
pena de reclusão;
do art. 1.584;
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente:
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave
IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem
ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso
ao exterior;
envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou
V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem
discriminação à condição de mulher;
sua residência permanente para outro Município;
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento
dignidade sexual sujeito à pena de reclusão
autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo
não puder exercer o poder familiar;
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 PODER FAMILIAR
anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos CASOS DE SUSPENSÃO CASOS DE PERDA
atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; - Abusar de sua autoridade, - Castigar imoderadamente o
IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços - Faltar com os deveres a eles filho;
próprios de sua idade e condição. inerentes - Deixar o filho em abandono;
- Arruinar os bens dos filhos - Praticar atos contrários à mo-
Seção III - Condenação por sentença ir- ral e aos bons costumes;
Da Suspensão e Extinção do Poder Familiar recorrível, em virtude de crime - Incidir, reiteradamente, nas
Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar: cuja pena exceda a 2 anos de faltas que ensejam a suspensão
I - pela morte dos pais ou do filho; prisão - Entregar de forma irregular o
II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo único; filho a terceiros para fins de
III - pela maioridade; adoção.
IV - pela adoção; - Praticar contra outrem igual-
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638. mente titular do mesmo poder
familiar:

11
a) homicídio, feminicídio ou le- FPPC89. (art. 976) Havendo apresentação de mais de um pe-
são corporal de natureza grave dido de instauração do IRDR perante o mesmo tribunal to-
ou seguida de morte, quando dos deverão ser apensados e processados conjuntamente; os
se tratar de crime doloso en- que forem oferecidos posteriormente à decisão de admissão se-
volvendo violência doméstica e rão apensados e sobrestados, cabendo ao órgão julgador consi-
familiar ou menosprezo ou dis- derar as razões neles apresentadas.
criminação à condição de mu- FPPC90. (art. 976) É admissível a instauração de mais de um
lher; IRDR versando sobre a mesma questão de direito perante
b) estupro ou outro crime con- tribunais de 2º grau diferentes.
tra a dignidade sexual sujeito à FPPC342. (art. 976) O IRDR aplica-se a recurso, a remessa ne-
pena de reclusão; cessária ou a qualquer causa de competência originária.
- Praticar contra filho, filha ou FPPC343. (art. 976) O IRDR compete a tribunal de justiça ou
outro descendente: tribunal regional.
a) homicídio, feminicídio ou le- FPPC345. (arts. 976, 928 e 1.036[86]). O IRDR e o julgamento
são corporal de natureza grave dos recursos extraordinários e especiais repetitivos formam
ou seguida de morte, quando um MICROSSISTEMA DE SOLUÇÃO DE CASOS REPETITIVOS,
se tratar de crime doloso en- cujas normas de regência se complementam reciprocamente
volvendo violência doméstica e e devem ser interpretadas conjuntamente.
familiar ou menosprezo ou dis- FPPC346. (art. 976) A Lei nº 13.015, de 21 de julho de 2014,
criminação à condição de mu- compõe o microssistema de solução de casos repetitivos.
lher; FPPC604. (arts. 976,§1º; 987). É cabível recurso especial ou ex-
b) estupro, estupro de vulnerá- traordinário ainda que tenha ocorrido a desistência ou abando-
vel ou outro crime contra a no da causa que deu origem ao incidente.
dignidade sexual sujeito à pena FPPC657. (arts.976, 6º, 10, 317 e 938, §1º) O relator, antes de
de reclusão considerar inadmissível o IRDR, oportunizará a correção de ví-
cios ou a complementação de informações

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Art. 977. O pedido de instauração do incidente será dirigido ao
presidente de tribunal:
I - pelo juiz ou relator, por ofício;
CAPÍTULO VIII
II - pelas partes, por petição;
DO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS
III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por pe-
(IRDR)
tição.
Art. 976. É cabível a instauração do incidente de resolução de de-
Parágrafo único. O ofício ou a petição será instruído com os do-
mandas repetitivas quando houver, simultaneamente:
cumentos necessários à demonstração do preenchimento dos
I - efetiva REPETIÇÃO DE PROCESSOS que contenham contro-
pressupostos para a instauração do incidente.
vérsia sobre a mesma questão UNICAMENTE DE DIREITO;
II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
§ 1o A desistência ou o abandono do processo NÃO IMPEDE o FPPC605. (arts.977; 985, I) Os juízes e as partes com processos
exame de mérito do incidente. no Juizado Especial podem suscitar a instauração do IRDR.
§ 2o Se não for o requerente, o Ministério Público INTERVIRÁ FPPC658. (arts.977, I, e 139, X) O dever de comunicação previsto
OBRIGATORIAMENTE no incidente e deverá assumir sua titula- no inciso X do art. 139 não impede nem condiciona que o juiz
ridade em caso de desistência ou de abandono. suscite a instauração de IRDR nos termos do inciso I do art.
§ 3o A inadmissão do incidente de resolução de demandas repeti- 977.
tivas por ausência de qualquer de seus pressupostos de admissi- CJF 143: A revisão da tese jurídica firmada no incidente de reso-
bilidade não impede que, uma vez satisfeito o requisito, seja o lução de demandas repetitivas pode ser feita pelas partes, nos
incidente novamente suscitado. termos do art. 977, II, do CPC/2015.
§ 4o É incabível o IRDR quando um dos tribunais superiores, no
âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado recur- Art. 978. O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado
so para definição de tese sobre questão de direito material ou pelo regimento interno dentre aqueles responsáveis pela uni-
processual repetitiva. formização de jurisprudência do tribunal.
§ 5o Não serão exigidas custas processuais no IRDR. Parágrafo único. O órgão colegiado incumbido de julgar o inci-
dente e de fixar a tese jurídica julgará igualmente o recurso, a re-
FPPC87. (art. 976, II) A instauração do IRDR NÃO PRESSUPÕE A messa necessária ou o processo de competência originária de
EXISTÊNCIA DE GRANDE QUANTIDADE DE PROCESSOS ver- onde se originou o incidente.
sando sobre a mesma questão, mas preponderantemente o
risco de quebra da isonomia e de ofensa à segurança jurídi- FPPC344. (art. 978, parágrafo único[85]) A instauração do inci-
ca. dente pressupõe a existência de processo pendente no res-
FPPC88. (art. 976; art. 928, parágrafo único) Não existe limita- pectivo tribunal.
ção de matérias de direito passíveis de gerar a instauração
do IRDR e, por isso, não é admissível qualquer interpretação
que, por tal fundamento, restrinja seu cabimento.

12
Art. 979. A instauração e o julgamento do incidente serão sucedi- NÃO DEPENDE DA DEMONSTRAÇÃO DOS REQUISITOS PARA
dos da mais ampla e específica divulgação e publicidade, por A TUTELA DE URGÊNCIA.
meio de registro eletrônico no Conselho Nacional de Justiça. FPPC93. (art. 982, I) Admitido o IRDR, também devem ficar sus-
§ 1o Os tribunais manterão banco eletrônico de dados atualizados pensos os processos que versem sobre a mesma questão ob-
com informações específicas sobre questões de direito submeti- jeto do incidente e que tramitem perante os juizados especi-
das ao incidente, comunicando-o imediatamente ao Conselho ais no mesmo estado ou região.
Nacional de Justiça para inclusão no cadastro. FPPC94. (art. 982, § 4º; art. 987) A parte que tiver o seu proces-
§ 2o Para possibilitar a identificação dos processos abrangidos so suspenso nos termos do inciso I do art. 982 poderá interpor
pela decisão do incidente, o registro eletrônico das teses jurídicas recurso especial ou extraordinário contra o acórdão que jul-
constantes do cadastro conterá, no mínimo, os fundamentos de- gar o IRDR.
terminantes da decisão e os dispositivos normativos a ela relacio- FPPC95. (art. 982, §§3º, 4º e 5º) A suspensão de processos na
nados. forma deste dispositivo depende apenas da demonstração
§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo ao julgamento de recursos da existência de múltiplos processos versando sobre a mes-
repetitivos e da repercussão geral em recurso extraordinário. ma questão de direito em tramitação em mais de um estado ou
região.
Art. 980. O incidente será julgado no prazo de 1 ano e terá FPPC205. (art. 982, caput, I e §3º) Havendo cumulação de pedi-
preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envol- dos simples, a aplicação do art. 982, I e §3º, poderá provocar
vam réu preso e os pedidos de habeas corpus. apenas a suspensão parcial do processo, não impedindo o
Parágrafo único. Superado o prazo previsto no caput (1 ano), prosseguimento em relação ao pedido não abrangido pela
cessa a suspensão dos processos prevista no art. 982, salvo deci- tese a ser firmada no incidente de resolução de demandas repe-
são fundamentada do relator em sentido contrário. titivas.
FPPC349. (arts. 982, § 5º e 988) Cabe reclamação para o tribu-
Art. 981. Após a distribuição, o órgão colegiado competente para nal que julgou o IRDR caso afrontada a autoridade dessa de-
julgar o incidente procederá ao seu juízo de admissibilidade, cisão.
considerando a presença dos pressupostos do art. 976. FPPC471. (art. 982, 3º) Aplica-se no âmbito dos juizados espe-
ciais a suspensão prevista no art. 982, §3º.
FPPC91. (art. 981) Cabe ao órgão colegiado realizar o juízo de FPPC557. (art. 982, I; art. 1.037, § 13, I) O agravo de instrumento
admissibilidade do incidente de resolução de demandas repeti- previsto no art. 1.037, §13, I, também é cabível contra a deci-
tivas, sendo VEDADA A DECISÃO MONOCRÁTICA. são prevista no art. 982, inc. I.
FPPC556. (art. 981) É IRRECORRÍVEL a decisão do órgão colegi- FPPC606. (arts.982; 985). Deve haver congruência entre a ques-
ado que, em sede de juízo de admissibilidade, rejeita a instaura- tão objeto da decisão que admite o IRDR e a decisão final que
ção do IRDR, salvo o cabimento dos embargos de declaração. fixa a tese
JDPC107 Não se aplica a suspensão do art. 982, I, do CPC ao
Art. 982. Admitido o incidente, o relator: cumprimento de sentença anteriormente transitada em jul-
I - suspenderá os processos pendentes, individuais ou coleti- gado e que tenha decidido questão objeto de posterior IRDR
vos, que tramitam no Estado ou na região, conforme o caso; CJF 140: A suspensão de processos pendentes, individuais ou
II - poderá requisitar informações a órgãos em cujo juízo trami- coletivos, que tramitam no Estado ou na região prevista no art.
ta processo no qual se discute o objeto do incidente, que as pres- 982, I, do CPC não é decorrência automática e necessária da
tarão no prazo de 15 dias; admissão do IRDR, competindo ao relator ou ao colegiado de-
III - intimará o Ministério Público para, querendo, manifestar- cidir acerca da sua conveniência (DIVERGE DO ENUNCIADO
se no prazo de 15 dias. FPPC92)
§ 1o A suspensão será comunicada aos órgãos jurisdicionais com- CJF 141: É possível a conversão de IAC em IRDR, se demons-
petentes. trada a efetiva repetição de processos em que se discute a
§ 2o Durante a suspensão, o pedido de tutela de urgência deve- mesma questão de direito.
rá ser dirigido ao juízo onde tramita o processo suspenso. CJF 142: Determinada a suspensão decorrente da admissão do
§ 3o Visando à garantia da segurança jurídica, qualquer legiti- IRDR (art. 982, I), a alegação de distinção entre a questão jurídica
mado mencionado no art. 977, incisos II e III, poderá requerer, versada em uma demanda em curso e aquela a ser julgada no
ao tribunal competente para conhecer do recurso extraordi- incidente será veiculada por meio do requerimento previsto no
nário ou especial, a suspensão de todos os processos indivi- art. 1.037, §10.
duais ou coletivos em curso no território nacional que versem
sobre a questão objeto do incidente já instaurado. Art. 983. O relator ouvirá as partes e os demais interessados, in-
§ 4o Independentemente dos limites da competência territori- clusive pessoas, órgãos e entidades com interesse na controvér-
al, a parte no processo em curso no qual se discuta a mesma sia, que, no prazo comum de 15 dias, poderão requerer a junta-
questão objeto do incidente é legitimada para requerer a provi- da de documentos, bem como as diligências necessárias para a
dência prevista no § 3o deste artigo. elucidação da questão de direito controvertida, e, em seguida,
§ 5o Cessa a suspensão a que se refere o inciso I do caput deste manifestar-se-á o Ministério Público, no mesmo prazo.
artigo se não for interposto recurso especial ou recurso extraordi- § 1o Para instruir o incidente, o relator poderá designar data para,
nário contra a decisão proferida no incidente. em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com expe-
riência e conhecimento na matéria.
FPPC92. (art. 982, I; Art. 313, IV) A suspensão de processos pre- § 2o Concluídas as diligências, o relator solicitará dia para o julga-
vista neste dispositivo é consequência da admissão do IRDR e mento do incidente.

13
FPPC659. (arts.983, 7º, 1.038, I, 927, III, 928 e 138) O relator do
julgamento de casos repetitivos e do IAC tem o dever de zelar FPPC348. (arts. 987, 1.037, II, §§ 5º, 6º, 8º e seguintes) Os inte-
pelo equilíbrio do contraditório, por exemplo solicitando a parti- ressados serão intimados da suspensão de seus processos
cipação, na condição de amicus curiae, de pessoas, órgãos ou individuais, podendo requerer o prosseguimento ao juiz ou
entidades capazes de sustentar diferentes pontos de vista. tribunal onde tramitarem, demonstrando a distinção entre a
questão a ser decidida e aquela a ser julgada no IRDR, ou nos
Art. 984. No julgamento do incidente, observar-se-á a seguinte recursos repetitivos.
ordem: FPPC660. (arts.987 e 1.036) O recurso especial ou extraordi-
I - o relator fará a exposição do objeto do incidente; nário interposto contra o julgamento do mérito do IRDR, ain-
II - poderão sustentar suas razões, sucessivamente: da que único, submete-se ao regime dos recursos repetiti-
a) o autor e o réu do processo originário e o Ministério Público, vos.
pelo prazo de 30 minutos;
b) os demais interessados, no prazo de 30 minutos, divididos en- CAPÍTULO IX
tre todos, sendo exigida inscrição com 2 dias de antecedência. DA RECLAMAÇÃO
§ 1o Considerando o número de inscritos, o prazo poderá ser am- Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Minis-
pliado. tério Público para:
§ 2o O conteúdo do acórdão abrangerá a análise de todos os fun- I - preservar a competência do tribunal;
damentos suscitados concernentes à tese jurídica discutida, sejam II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
favoráveis ou contrários. III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante
Art. 985. Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada: e de decisão do STF em controle concentrado de constituciona-
I - a todos os processos individuais ou coletivos que versem lidade;
sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de ju- IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento
risdição do respectivo tribunal, inclusive àqueles que tramitem de IRDR ou de IAC;
nos juizados especiais do respectivo Estado ou região; § 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer tribu-
II - aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e nal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja com-
que venham a tramitar no território de competência do tribunal, petência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda ga-
salvo revisão na forma do art. 986. rantir.
§ 1o NÃO OBSERVADA A TESE adotada no incidente, CABERÁ § 2o A reclamação deverá ser instruída com prova documental e
RECLAMAÇÃO. dirigida ao presidente do tribunal.
§ 2o Se o incidente tiver por objeto questão relativa a prestação § 3o Assim que recebida, a reclamação será autuada e distribuída
de serviço concedido, permitido ou autorizado, o resultado do ao relator do processo principal, sempre que possível.
julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à agência re- § 4o As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a aplicação in-
guladora competente para fiscalização da efetiva aplicação, por devida da tese jurídica e sua não aplicação aos casos que a ela
parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada. correspondam.
§ 5º É INADMISSÍVEL a reclamação:
FPPC742. (art. 985, I) Aplica-se o inciso I do art. 985 ao julga- I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada;
mento de recursos repetitivos e ao IAC II – proposta para garantir a observância de acórdão de recur-
so extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de
acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário
Art. 986. A revisão da tese jurídica firmada no incidente far-se-á
ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias
pelo mesmo tribunal, de ofício ou mediante requerimento dos
ordinárias.
legitimados mencionados no art. 977, inciso III.
§ 6o A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interpos-
to contra a decisão proferida pelo órgão reclamado não preju-
FPPC473. (art. 986) A possibilidade de o tribunal revisar de dica a reclamação.
ofício a tese jurídica do IRDR autoriza as partes a requerê-
la.
FPPC207. (arts. 988, I, 1,010, § 3º, 1.027, II, “b”) Cabe reclama-
FPPC607. (arts.982; 985). Deve haver congruência entre a ques-
ção, por usurpação da competência do tribunal de justiça ou
tão objeto da decisão que admite o IRDR e a decisão final que
tribunal regional federal, contra a decisão de juiz de 1º grau
fixa a tese
que inadmitir recurso de apelação.
FPPC608. (arts.986; 927, §§3º e 4º) O acórdão que revisar ou su-
FPPC208. (arts. 988, I, 1.010, § 3º, 1.027, II, “b”) Cabe reclama-
perar a tese indicará os parâmetros temporais relativos à eficá-
ção, por usurpação da competência do Superior Tribunal de
cia da decisão revisora.
Justiça, contra a decisão de juiz de 1º grau que inadmitir re-
curso ordinário, no caso do art. 1.027, II, ‘b’.
Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente caberá recur- FPPC209. (arts. 988, I, 1.027, II, 1.028, §2º) Cabe reclamação,
so extraordinário (RE) ou especial (REsp), conforme o caso. por usurpação da competência do Superior Tribunal de Jus-
§ 1o O recurso TEM EFEITO SUSPENSIVO, PRESUMINDO-SE A tiça, contra a decisão de presidente ou vice-presidente do
REPERCUSSÃO GERAL de questão constitucional eventualmente tribunal de 2º grau que inadmitir recurso ordinário interpos-
discutida. to com fundamento no art. 1.027, II, “a”.
§ 2o Apreciado o mérito do recurso, a tese jurídica adotada pelo FPPC210. (arts. 988, I, 1.027, I, 1.028, §2º) Cabe reclamação, por
STF ou pelo STJ será aplicada no território nacional a todos os usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal,
processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica contra a decisão de presidente ou vice-presidente de tribu-
questão de direito.

14
nal superior que inadmitir recurso ordinário interposto com VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
fundamento no art. 1.027, I. IX - embargos de divergência.
FPPC558. (art. 988, IV, §1º; art. 927, III; art. 947, §3º) Caberá re-
clamação contra decisão que contrarie acórdão proferido no jul- Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão (não
gamento dos IRDR ou de IAC para o tribunal cujo precedente possuem efeito suspensivo automático), salvo disposição legal ou
foi desrespeitado, ainda que este não possua competência decisão judicial em sentido diverso.
para julgar o recurso contra a decisão impugnada. Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser
FPPC661. (arts.988 e 85) É cabível a fixação de honorários ad- suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de
vocatícios na reclamação, atendidos os critérios legais seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível
CJF 138: É cabível reclamação contra acórdão que aplicou in- reparação, E ficar demonstrada a probabilidade de
devidamente tese jurídica firmada em acórdão proferido em provimento do recurso.
julgamento de recursos extraordinário ou especial repetiti-
vos, após o esgotamento das instâncias ordinárias, por ana- FPPC465. (arts. 995, parágrafo único; 1.012, §3º; Lei 9.099/1995,
logia ao quanto previsto no art. 988, § 4º, do CPC. Lei 10.259/2001, Lei 12.153/2009) A concessão do efeito
suspensivo ao recurso inominado cabe exclusivamente ao
Art. 989. Ao despachar a reclamação, o relator: relator na turma recursal.
I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a FPPC559. (art. 995; art. 1.009, §1º; art. 1.012) O efeito
prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 dias; suspensivo ope legis do recurso de apelação não obsta a
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato eficácia das decisões interlocutórias nele impugnadas.
impugnado para evitar dano irreparável; FPPC609. (art.995, parágrafo único) O pedido de antecipação da
III - determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, tutela recursal ou de concessão de efeito suspensivo a qualquer
que terá prazo de 15 dias para apresentar a sua contestação. recurso poderá ser formulado por simples petição ou nas razões
recursais.
JDPC64 Ao despachar a reclamação, deferida a suspensão do
ato impugnado, o relator pode conceder tutela provisória satis- Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo
fativa correspondente à decisão originária cuja autoridade foi vi- terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou
olada. como fiscal da ordem jurídica.
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a
possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida
Art. 990. Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do
à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou
reclamante.
que possa discutir em juízo como substituto processual.
Art. 991. Na reclamação que não houver formulado, o Minis-
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no
tério Público terá vista do processo por 5 dias, após o decurso
prazo e com observância das exigências legais.
do prazo para informações e para o oferecimento da contestação
§ 1o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por
pelo beneficiário do ato impugnado.
qualquer deles poderá aderir o outro (recurso adesivo).
§ 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso
Art. 992. Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a
independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste
decisão exorbitante de seu julgado ou determinará medida ade-
quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no
quada à solução da controvérsia.
tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o
seguinte:
Art. 993. O presidente do tribunal determinará o imediato cum-
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso
primento da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente.
independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe
para responder;
SÚMULA SOBRE RECLAMAÇÃO II - será admissível na APELAÇÃO, no RE e no REsp;
Súmula 734-STF: Não cabe reclamação quando já houver tran- III - não será conhecido, se houver desistência do recurso
sitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeita- principal ou se for ele considerado inadmissível.
do decisão do Supremo Tribunal Federal.
Apelação
TÍTULO II Recurso
Recurso Extraordinário
DOS RECURSOS Adesivo
CAPÍTULO I Recurso Especial
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a
I - apelação; anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do
II - agravo de instrumento; recurso.
III - agravo interno; Parágrafo único. A desistência do recurso NÃO IMPEDE a
IV - embargos de declaração; análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido
V - recurso ordinário; reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos
VI - recurso especial; extraordinários ou especiais repetitivos.
VII - recurso extraordinário;

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FPPC213. (art. 998, parágrafo único) No caso do art. 998, secretaria, independentemente de despacho, providenciará a
parágrafo único, o resultado do julgamento não se aplica ao baixa dos autos ao juízo de origem, no prazo de 5 dias.
recurso de que se desistiu.
JDPC65 A desistência do recurso pela parte não impede a Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente
análise da questão objeto do IAC comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o
respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
sob pena de deserção.
Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da
§ 1o São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e
aceitação da outra parte.
de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela
União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão
respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.
não poderá recorrer.
§ 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem
remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente,
nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de
intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no
recorrer.
prazo de 5 dias.
§ 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de
Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso.
retorno no processo em autos eletrônicos.
§ 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição
Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte.
do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de
remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de
em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia
deserção.
Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são
§ 5o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial
intimados da decisão.
do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no
§ 1o Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados
recolhimento realizado na forma do § 4o.
em audiência quando nesta for proferida a decisão.
§ 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará
§ 2o Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de
a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de
interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida
5 dias para efetuar o preparo.
anteriormente à citação.
§ 7o O equívoco no preenchimento da guia de custas não
§ 3o No prazo para interposição de recurso, a petição será
implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator,
protocolada em cartório ou conforme as normas de organização
na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o
judiciária, ressalvado o disposto em regra especial.
recorrente para sanar o vício no prazo de 5 dias.
§ 4o Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo
correio, será considerada como data de interposição a data de
postagem. FPPC97. (art. 1.007, § 4º) É de 5 dias o prazo para efetuar o
§ 5o Excetuados os embargos de declaração (5 dias), o prazo preparo.
para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 dias. FPPC98. art. 1.007, §§ 2º e 4º) O disposto nestes dispositivos
§ 6o O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no aplica-se aos Juizados Especiais
ato de interposição do recurso. FPPC610. (art.1.007, §§ 4º e 6º) Quando reconhecido o justo
impedimento de que trata o 6ºdoart. 1.007, a parte será
intimada para realizar o recolhimento do preparo de forma
FPPC96. (art. 1.003, § 4º) Fica superado o enunciado 216 da
simples, e não em dobro.
súmula do STJ após a entrada em vigor do CPC (“A
tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça
é aferida pelo registro no protocolo da Secretaria e não pela data da Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a
entrega na agência do correio”). decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso.

Art. 1.004. Se, durante o prazo para a interposição do recurso,


sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado ou ocorrer
motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será tal
prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do
sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da SÚMULAS SOBRE RECURSOS EM GERAL
intimação.
STF
Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a Súmula 320-STF: A apelação despachada pelo juiz no prazo
todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus legal não fica prejudicada pela demora da juntada, por culpa do
interesses. cartório. • Válida. Apesar de a súmula mencionar a apelação, vale
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso para todo e qualquer recurso.
interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as Súmula 425-STF: O agravo despachado no prazo legal não
defesas opostas ao credor lhes forem comuns. fica prejudicado pela demora da juntada, por culpa do
cartório; nem o agravo entregue em cartório no prazo legal,
Art. 1.006. Certificado o trânsito em julgado, com menção embora despachado tardiamente. • Válida. Apesar de a
expressa da data de sua ocorrência, o escrivão ou o chefe de súmula mencionar o agravo, vale para todo e qualquer

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recurso. CAPÍTULO II
Súmula 428-STF: Não fica prejudicada a apelação entregue em DA APELAÇÃO
cartório no prazo legal, embora despachada tardiamente. • Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.
Válida. Apesar de a súmula mencionar a apelação, vale para todo § 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a
e qualquer recurso. decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento,
Súmula 641-STF: Não se conta em dobro o prazo para NÃO SÃO COBERTAS PELA PRECLUSÃO e devem ser
recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido. suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente
interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
STJ § 2o Se as questões referidas no § 1o forem suscitadas em
Súmula 99-STJ: O Ministério Público tem legitimidade para contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 dias,
recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda manifestar-se a respeito delas.
que não haja recurso da parte. § 3o O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as
Súmula 117-STJ: A inobservância do prazo de 48 horas (5 dias), questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da
entre a publicação de pauta e o julgamento sem a presença das sentença.
partes, acarreta nulidade. • A súmula continua válida, porém
agora o prazo mínimo não é de 48h, mas sim de 5 dias. FPPC351. (arts. 1.009, §1º, e 1.015) O regime da recorribilidade
Súmula 484-STJ: Admite-se que o preparo seja efetuado no das interlocutórias do CPC aplica-se ao procedimento do
primeiro dia útil subsequente, quando a interposição do recurso mandado de segurança.
ocorrer após o encerramento do expediente bancário. FPPC354. (arts. 1.009, § 1º, 1.046) O art. 1009, §1º, não se aplica
Súmula 568-STJ: O relator, monocraticamente e no Superior às decisões publicadas em cartório ou disponibilizadas nos autos
Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao eletrônicos antes da entrada em vigor do CPC
recurso quando houver entendimento dominante acerca do FPPC355. (arts. 1.009, §1º, e 1.046) Se, no mesmo processo,
tema. houver questões resolvidas na fase de conhecimento em relação
às quais foi interposto agravo retido na vigência do CPC/1973, e
EFEITOS DOS RECURSOS questões resolvidas na fase de conhecimento em relação às
quais não se operou a preclusão por força do art. 1.009, §1º, do
Reabre-se a oportunidade de CPC, aplicar-se-á ao recurso de apelação o art. 523, §1º, do CPC/
DEVOLUTIVO reapreciação e, novamente, julgamento 1973 em relação àquelas, e o art. 1.009, §1º, do CPC em relação a
da questão já decidida estas.
Impedimento da imediata execução da FPPC662. (art.1.009, § 1º) É admissível impugnar, na apelação,
decisão vergastada. exclusivamente a decisão interlocutória não agravável.
O efeito suspensivo é exceção: Art. 995. CJF 144: No caso de apelação, o deferimento de tutela provisória
Os recursos não impedem a eficácia da em sentença retira-lhe o efeito suspensivo referente ao capítulo
SUSPENSIVO decisão (não possuem efeito suspensivo atingido pela tutela.
automático), salvo disposição legal ou
decisão judicial em sentido diverso. Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de
OBS: Apelação tem efeito suspensivo ope primeiro grau, conterá:
legis - Art. 1.012. A apelação TERÁ I - os nomes e a qualificação das partes;
EFEITO SUSPENSIVO II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de
Substituição da decisão recorrida, nos
nulidade;
limites da impugnação.
IV - o pedido de nova decisão.
SUBSTITUTIVO Art. 1.008. O julgamento proferido pelo
§ 1o O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no
tribunal substituirá a decisão impugnada
prazo de 15 dias.
no que tiver sido objeto de recurso.
§ 2o Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará
A devolução operada pelo recurso não se o apelante para apresentar contrarrazões.
restringe às questões resolvidas na § 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão
EXPANSIVO sentença, compreendendo também as remetidos ao tribunal pelo juiz, INDEPENDENTEMENTE DE
que poderiam ter sido decididas, seja JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE.
porque suscitadas pelas partes, seja
porque conhecíveis de ofício FPPC356. (arts. 1.010, § 3º, e 1.046) Aplica-se a regra do art.
Limitação de cognição do tribunal, salvo 1.010, § 3º, às apelações pendentes de admissibilidade ao tempo
se se tratar de matéria de ordem pública. da entrada em vigor do CPC, de modo que o exame da
É a capacidade que tem o tribunal de admissibilidade destes recursos competirá ao Tribunal de 2º
TRANSLATIVO avaliar matérias que não tenham sido grau.
objeto do conteúdo do recurso, por se FPPC474. (art. 1.010, §3º, fine; art. 41 da Lei 9.099/1995) O
tratar de assunto que se encontra recurso inominado interposto contra sentença proferida nos
superior à vontade das partes. juizados especiais será remetido à respectiva turma recursal
independentemente de juízo de admissibilidade.
REGRESSIVO Juízo de retratação. JDPC68 A intempestividade da apelação desautoriza o órgão
a quo a proferir juízo positivo de retratação.

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II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente
Art. 1.011. Recebido o recurso de apelação no tribunal e com os limites do pedido ou da causa de pedir;
distribuído imediatamente, o relator: III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese
I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóteses do art. em que poderá julgá-lo;
932, incisos III a V; IV - decretar a nulidade de sentença por falta de
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que fundamentação.
não tenha impugnado especificamente os fundamentos da § 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência
decisão recorrida; ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito,
IV - negar provimento a recurso que for contrário a: examinando as demais questões, sem determinar o retorno
a) súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal; do processo ao juízo de primeiro grau.
b) acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de § 5o O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a
recursos repetitivos; tutela provisória é impugnável na apelação.
c) entendimento firmado em IRDR ou IAC
II - se não for o caso de decisão monocrática, elaborará seu voto FPPC100. (art. 1.013, § 1º, parte final) Não é dado ao tribunal
para julgamento do recurso pelo órgão colegiado. conhecer de matérias vinculadas ao pedido transitado em
julgado pela ausência de impugnação.
Art. 1.012. A apelação TERÁ EFEITO SUSPENSIVO (efeito FPPC101. (arts. 1.013, §2º; 117 e 326, parágrafo único) O pedido
suspensivo ope legis). subsidiário ou alternativo não apreciado pelo juiz é devolvido
§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir ao tribunal com a apelação.
efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que (só FPPC357. (arts. 1.013, 1.014, 1.027, §2º) Aplicam-se ao recurso
efeito devolutivo): ordinário os arts. 1.013 e 1.014.
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos; Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou
os embargos do executado; de fazê-lo por motivo de força maior.
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; SÚMULA SOBRE APELAÇÃO
VI - decreta a interdição.
§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de Súmula 331-STJ: A apelação interposta contra sentença que
cumprimento provisório depois de publicada a sentença. julga embargos à arrematação tem efeito meramente
§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses devolutivo.
do § 1o poderá ser formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da CAPÍTULO III
apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
exame prevento para julgá-la; Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões
II - relator, se já distribuída a apelação. interlocutórias que versarem sobre:
§ 4o Nas hipóteses do § 1 o, a eficácia da sentença poderá ser I - tutelas provisórias;
suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a II - mérito do processo;
probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
difícil reparação. V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou
acolhimento do pedido de sua revogação;
FPPC217. (arts. 1.012, § 1º, V, 311) A apelação contra o capítulo VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
da sentença que concede, confirma ou revoga a tutela VII - exclusão de litisconsorte;
antecipada da evidência ou de urgência não terá efeito VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
suspensivo automático IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo
aos embargos à execução;
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, §
matéria impugnada
1o ;
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo,
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento
ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas
contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação
ao capítulo impugnado.
de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de
§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e
execução e no processo de inventário.
o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal
o conhecimento dos demais.
§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato FPPC103. (arts. 1.015, II, 203, § 2º, 354, parágrafo único, 356, §
julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito 5º) A decisão parcial proferida no curso do processo com
quando (TEORIA DA CAUSA MADURA): fundamento no art. 487, I, sujeita-se a recurso de agravo de
I - reformar sentença fundada no art. 485 (sem resolução de instrumento.
mérito); FPPC611. (arts.1.015, II; 1.009, §§ 1º e 2º; 354, parágrafo único;

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356, §5º; 485; 487). Na hipótese de decisão parcial com § 3o Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum
fundamento no art. 485 ou no art. 487, as questões outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de
exclusivamente a ela relacionadas e resolvidas anteriormente, instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932,
quando não recorríveis de imediato, devem ser impugnadas em parágrafo único (5 dias para sanar).
preliminar do agravo de instrumento ou nas contrarrazões. § 4o Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de
FPPC560. (art. 1.015, inc. I; arts. 22-24 da Lei Maria da Penha) As dados tipo fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no
decisões de que tratam os arts. 22, 23 e 24 da Lei 11.340/2006 momento de protocolo da petição original.
(Lei Maria da Penha), quando enquadradas nas hipóteses do § 5o Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as
inciso I, do art. 1.015, podem desafiar agravo de instrumento. peças referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao
FPPC612. (arts.1.015, V; 98, §§5º e 6º) Cabe agravo de agravante anexar outros documentos que entender úteis para a
instrumento contra decisão interlocutória que, apreciando compreensão da controvérsia.
pedido de concessão integral da gratuidade da Justiça, defere a
redução percentual ou o parcelamento de despesas processuais. Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do
JDPC69 A hipótese do art. 1.015, parágrafo único, do CPC processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do
abrange os processos concursais, de falência e recuperação. comprovante de sua interposição e da relação dos documentos
JDPC70 É agravável o pronunciamento judicial que postergar que instruíram o recurso.
a análise de pedido de tutela provisória ou condicioná-la a § 1o Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão,
qualquer exigência. o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento
JDPC71 É cabível o recurso de agravo de instrumento contra (JUÍZO DE RETRATAÇÃO – EFEITO REGRESSIVO).
a decisão que indefere o pedido de atribuição de efeito § 2o Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a
suspensivo a Embargos à Execução, nos termos do art. 1.015, providência prevista no caput, no prazo de 3 dias a contar da
X, do CPC. interposição do agravo de instrumento.
JDPC72 É admissível a interposição de agravo de § 3o O descumprimento da exigência de que trata o § 2o, desde
instrumento tanto para a decisão interlocutória que rejeita a que arguido e provado pelo agravado, importa
inversão do ônus da prova, como para a que a defere. inadmissibilidade do agravo de instrumento.
CJF 145: O recurso cabível contra a decisão que julga a
liquidação de sentença é o Agravo de Instrumento. JDPC73 Para efeito de não conhecimento do agravo de
instrumento por força da regra prevista no § 3º do art. 1.018 do
Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente CPC, deve o juiz, previamente, atender ao art. 932, parágrafo
ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes único, e art. 1.017, § 3º, do CPC, intimando o agrava
requisitos: FPPC663. (art.1.018, caput e §2º) A providência prevista no caput
I - os nomes das partes; do art. 1.018 somente pode prejudicar o conhecimento do
II - a exposição do fato e do direito; agravo de instrumento quando os autos do recurso não forem
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão eletrônicos.
e o próprio pedido;
IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e
do processo. distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art.
932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 dias:
Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída: I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal,
contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da comunicando ao juiz sua decisão;
própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta
ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das com aviso de recebimento, quando não tiver procurador constitu-
procurações outorgadas aos advogados do agravante e do ído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de recebi-
agravado; mento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de
II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos 15 dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender ne-
referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena cessária ao julgamento do recurso;
de sua responsabilidade pessoal; III - determinará a intimação do Ministério Público, preferencial-
III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar mente por meio eletrônico, quando for o caso de sua intervenção,
úteis. para que se manifeste no prazo de 15 dias.
§ 1o Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das
respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, Art. 1.020. O relator solicitará dia para julgamento em prazo não
conforme tabela publicada pelos tribunais. superior a 1 mês da intimação do agravado.
§ 2o No prazo do recurso, o agravo será interposto por:
I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para SÚMULAS SOBRE AGRAVO DE INSTRUMENTO
julgá-lo;
II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção STF
judiciárias; Súmula 727-STF: Não pode o magistrado deixar de encami-
III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento; nhar ao Supremo Tribunal Federal o agravo de instrumento in-
IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; terposto da decisão que não admite recurso extraordinário, ain-
V - outra forma prevista em lei. da que referente a causa instaurada no âmbito dos juizados es-

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peciais Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput
deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral res-
STJ sarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resul-
Súmula 118-STJ: O agravo de instrumento é o recurso cabí- tante do enriquecimento ilícito.
vel da decisão que homologa a atualização do cálculo da li-
quidação Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
Súmula 223-STJ: A certidão de intimação do acórdão recorrido público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
constitui peça obrigatória do instrumento de agravo. desta lei até o limite do valor da herança.

CAPÍTULO II
LEI 8429/92 - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Dos Atos de Improbidade Administrativa

CAPÍTULO I Critério objetivo Critério subjetivo


Das Disposições Gerais
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer Art. 9º — Atos de improbidade que impor-
agente público, servidor ou não, contra a administração direta, tam enriquecimento ilícito do agente pú- Exige DOLO
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos blico
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de em- Art. 10 — Atos de improbidade que cau- Pode ser DOLO ou,
presa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para sam prejuízo ao erário no mínimo, CULPA
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
mais de 50% do patrimônio ou da receita anual, serão punidos Art. 10-A — Atos de improbidade adminis-
na forma desta lei. trativa decorrentes de concessão ou apli-
Exige DOLO
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta cação indevida de benefício financeiro ou
lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de en - tributário
tidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou
Art. 11 — Atos de improbidade que aten-
creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação
tam contra princípios da administração Exige DOLO
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de
pública
50% do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes ca-
sos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a con- *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br
tribuição dos cofres públicos.
Seção I
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enrique-
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem cimento Ilícito
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contrata- Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa impor-
ção ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, man- tando ENRIQUECIMENTO ILÍCITO auferir qualquer tipo de
dato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de car-
no artigo anterior. go, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades
mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que cou- I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
ber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire-
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se be- ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de
neficie sob qualquer forma direta ou indireta. quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido
ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia agente público;
são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel,
dos assuntos que lhe são afetos. ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1°
por preço superior ao valor de mercado;
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se- facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o for-
á o integral ressarcimento do dano. necimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor
de mercado;
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agen- IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máqui-
te público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acresci- nas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de proprie-
dos ao seu patrimônio. dade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no
art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, em-
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patri- pregados ou terceiros contratados por essas entidades;
mônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a au- V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, dire-
toridade administrativa responsável pelo inquérito represen- ta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de
tar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou
do indiciado. de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal van-
tagem;

20
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, di- VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo
reta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lu-
avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre crativos, ou dispensá-los indevidamente;
quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de merca- IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autori-
dorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas zadas em lei ou regulamento;
no art. 1º desta lei; X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou ren-
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda- da, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio
to, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza público;
cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à XI - liberar verba pública sem a estrita observância das nor-
renda do agente público; mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de irregular;
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri-
tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação queça ilicitamente;
ou omissão decorrente das atribuições do agente público, duran- XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,
te a atividade; veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natu-
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera- reza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza; mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servi-
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, dire- dor público, empregados ou terceiros contratados por essas enti-
ta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou de- dades.
claração a que esteja obrigado; XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão asso -
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das ciada sem observar as formalidades previstas na lei;
entidades mencionadas no art. 1° desta lei; XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valo- suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as for-
res integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas malidades previstas na lei.
no art. 1° desta lei. XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incor-
poração, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de
Seção II bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela admi-
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao nistração pública a entidades privadas mediante celebração de
Erário parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regula-
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que mentares aplicáveis à espécie;
CAUSA LESÃO AO ERÁRIO qualquer ação ou omissão, dolosa XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropria- privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferi-
ção, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das dos pela administração pública a entidade privada mediante cele-
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: bração de parcerias, sem a observância das formalidades legais
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorpo- ou regulamentares aplicáveis à espécie;
ração ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de XVIII - celebrar parcerias da administração pública com enti-
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial dades privadas sem a observância das formalidades legais ou re-
das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; gulamentares aplicáveis à espécie;
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análi-
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do se das prestações de contas de parcerias firmadas pela adminis-
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta tração pública com entidades privadas;
lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração
aplicáveis à espécie; pública com entidades privadas sem a estrita observância das
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente des- normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua apli-
personalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, cação irregular.
rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entida- XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administra-
des mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das forma- ção pública com entidades privadas sem a estrita observância das
lidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie; normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua apli-
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de cação irregular.
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referi-
das no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte Seção II-A
delas, por preço inferior ao de mercado; Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de Conces-
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de são ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário
bem ou serviço por preço superior ao de mercado; Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer
VI - realizar operação financeira sem observância das normas ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício
legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô- financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o
nea; § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a obser- de 2003
vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à es-
pécie;
Art. 8o-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de

21
Qualquer Natureza é de 2% 8 anos, pagamento de multa civil de até 2 vezes o valor do
o dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber
§ 1 O imposto não será objeto de concessão de isenções,
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indireta-
incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive
mente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
de redução de base de cálculo ou de crédito presumido ou
sócio majoritário, pelo prazo de 5 anos;
outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta
III - na hipótese do art. 11 (PRINCÍPIOS), ressarcimento in-
ou indiretamente, em carga tributária menor que a decor-
tegral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão
rente da aplicação da alíquota mínima estabelecida no caput,
dos direitos políticos de 3 a 5 anos, pagamento de multa civil
exceto para os serviços a que se referem os subitens 7.02, 7.05 e
de até 100 vezes o valor da remuneração percebida pelo agente
16.01 da lista anexa a esta Lei Complementar.
e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefí-
cios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
Seção III ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os majoritário, pelo prazo de 3 anos.
Princípios da Administração Pública IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública,
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos e multa civil de
ATENTA CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚ- até 3 vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedi-
BLICA qualquer ação ou omissão que viole os deveres de ho- do.
nestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às institui- Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o
ções, e notadamente: juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento o proveito patrimonial obtido pelo agente.
ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofí-
ART. 9 ART. 10 ART. 10-A ART. 11
cio;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em ra- Perda dos Perda dos
zão das atribuições e que deva permanecer em segredo; bens ou valo- bens ou valo-
IV - negar publicidade aos atos oficiais; res acrescidos res acrescidos
V - frustrar a licitude de concurso público; ilicitamente ao ilicitamente ao
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê- patrimônio patrimônio, se
lo; concorrer esta
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de ter- circunstância
ceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida políti-
Ressarcimento Ressarcimento Ressarcimento
ca ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou
integral do integral do integral do
serviço.
dano, quando dano dano, quando
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscaliza-
houver houver
ção e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administra-
ção pública com entidades privadas. Perda da fun- Perda da fun- Perda da fun- Perda da fun-
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibili- ção pública ção pública ção pública ção pública
dade previstos na legislação.
Suspensão dos Suspensão dos Suspensão dos Suspensão dos
X - transferir recurso a entidade privada, em razão da presta-
direitos políti- direitos políti- direitos políti- direitos políti-
ção de serviços na área de saúde sem a prévia celebração de con-
cos de 8 a 10 cos de 5 a 8 cos de 5 a 8 cos de 3 a 5
trato, convênio ou instrumento congênere, nos termos do parág-
anos anos anos anos
rafo único do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.
Pagamento de Pagamento de Pagamento de Pagamento de
CAPÍTULO III multa civil de multa civil de multa civil de multa civil de
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e ad- até 3 vezes o até 2 vezes o até 3 vezes o até 100 vezes
ministrativas previstas na legislação específica, está o responsável valor do valor do dano valor do bene- o valor da re-
pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que acréscimo pa- fício financeiro muneração
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo trimonial ou tributário
com a gravidade do fato: concedido.
I - na hipótese do art. 9° (ENRIQUECIMENTO ILÍCITO), per-
Proibição de Proibição de Proibição de
da dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
contratar pelo contratar pelo contratar pelo
ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da fun-
prazo de 10 prazo de 5 prazo de 3
ção pública, suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos,
anos anos anos
pagamento de multa civil de até 3 vezes o valor do acréscimo
patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou re-
ceber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indi- CAPÍTULO IV
retamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual Da Declaração de Bens
seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 anos; Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam con-
II - na hipótese do art. 10 (LESÃO AO ERÁRIO), ressarci- dicionados à apresentação de declaração dos bens e valores
mento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada
ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, per- no serviço de pessoal competente.
da da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 a § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoven-
tes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e

22
valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando § 1º É VEDADA A TRANSAÇÃO, ACORDO OU CONCILIA-
for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ÇÃO nas ações de que trata o caput.
ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a RESOLUÇÃO 179/CNMP: Art. 1°, §2º É cabível o compromisso
dependência econômica do declarante, excluídos apenas os obje- de ajustamento de conduta nas hipóteses configuradoras de
tos e utensílios de uso doméstico. improbidade administrativa, sem prejuízo do ressarcimento ao
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na erário e da aplicação de uma ou algumas das sanções previstas
data em que o agente público deixar o exercício do mandato, car- em lei, de acordo com a conduta ou o ato praticado.
go, emprego ou função.
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do ser-
ações necessárias à complementação do ressarcimento do patri-
viço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente
mônio público.
público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro
do prazo determinado, ou que a prestar falsa. § 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no §
declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Fe- 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965 –
deral na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e Art. 6°§ 3° da Lei no 4.717: A pessoas jurídica de direito pú-
proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, blico ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugna-
para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo . ção, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atu-
ar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interes-
CAPÍTULO V se público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigen-
Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial te - LEGITIMIDADE PENDULAR / INTERVENÇÃO MÓVEL / LE-
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade GITIMIDADE BIFRONTE
administrativa competente para que seja instaurada investigação
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo
destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e
pena de nulidade.
assinada, conterá a qualificação do representante, as informações
sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha § 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo
conhecimento. para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
em despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades § 6o A ação será instruída com documentos ou justifica-
estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a repre- ção que contenham indícios suficientes da existência do ato
sentação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei. de improbidade ou com razões fundamentadas da impossibi-
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade lidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada
determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando a legislação vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16
de servidores federais, será processada na forma prevista nos arts. a 18 do Código de Processo Civil
148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se § 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará au-
tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos regula- tuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer
mentos disciplinares. manifestação por escrito, que poderá ser instruída com docu-
mentos e justificações, dentro do prazo de 15 dias.
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Mi- § 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de 30 dias,
nistério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da
de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de inexistência do ato de improbidade, da improcedência da
improbidade. ação ou da inadequação da via eleita
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conse- § 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para apre-
lho de Contas poderá, a requerimento, designar representante sentar contestação.
para acompanhar o procedimento administrativo. § 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá
agravo de instrumento.
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a § 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inade-
comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do quação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo
órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do sem julgamento do mérito.
seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enrique- § 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas
cido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público. nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com
§ 1o, do Código de Processo Penal.
o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o
pessoa jurídica interessada o ente tributante que figurar no
exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações finan-
polo ativo da obrigação tributária de que tratam o § 4º do art.
ceiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos
3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho
tratados internacionais.
de 2003.

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será


Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de repa-
proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica inte-
ração de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente
ressada, dentro de 30 dias da efetivação da medida cautelar.
determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o
caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.

23
minam o ressarcimento ao erário e se referem ao mesmo
CAPÍTULO VI fato, desde que seja observada a dedução do valor da obri-
Das Disposições Penais gação que primeiramente foi executada no momento da
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbi- execução do título remanescente. STJ. 1ª Turma. REsp
dade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o au- 1413674-SE, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador Convo-
tor da denúncia o sabe inocente. cado do TRF 1ª Região), Rel. para o acórdão Min. Benedito Gon-
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. çalves, julgado em 17/5/2016 (Info 584).
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está
sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou Ainda que não haja dano ao erário, é possível a condenação
à imagem que houver provocado. por ato de improbidade administrativa que importe enri-
quecimento ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/92), excluindo-se,
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos di- contudo, a possibilidade de aplicação da pena de ressarci-
reitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da mento ao erário. STJ. 1ª Turma. REsp 1412214-PR, Rel. Min. Na-
sentença condenatória. poleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Benedito Gon-
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa çalves, julgado em 8/3/2016 (Info 580).
competente poderá determinar o afastamento do agente pú- A indisponibilidade pode recair sobre bens adquiridos tanto
blico do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo antes quanto depois da prática do ato de improbidade. A ju-
da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução risprudência do STJ abona a possibilidade de que a indisponibili-
processual. dade, na ação de improbidade administrativa, recaia sobre bens
adquiridos antes do fato descrito na inicial. A medida se dá
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei inde- como garantia de futura execução em caso de constatação do
pende: ato ímprobo. STJ. 1ª Turma. REsp 1301695/RS, Rel. Min. Olindo
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, Menezes (Des. Conv. TRF 1ª Região), julgado em 06/10/2015.
salvo quanto à pena de ressarcimento;
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por
controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. policial constitui ato de improbidade administrativa que
atenta contra os princípios da administração pública. STJ. 1ª
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Mi- Seção. REsp 1177910-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
nistério Público, de ofício, a requerimento de autoridade adminis- em 26/8/2015 (Info 577).
trativa ou mediante representação formulada de acordo com o Nas ações civis por ato de improbidade administrativa, o prazo
disposto no art. 14, poderá requisitar a instauração de inquérito prescricional é interrompido com o mero ajuizamento da
policial ou procedimento administrativo. ação de improbidade dentro do prazo de 5 anos contado a
partir do término do exercício de mandato, de cargo em comis-
CAPÍTULO VII são ou de função de confiança, ainda que a citação do réu seja
Da Prescrição efetivada após esse prazo. Assim, se a ação de improbidade foi
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções pre- ajuizada dentro do prazo prescricional, eventual demora na cita-
vistas nesta lei podem ser propostas: ção do réu não prejudica a pretensão condenatória da parte au-
I - até 5 anos após o término do exercício de mandato, de tora. STJ. 2ª Turma. REsp 1391212-PE, Rel. Min. Humberto Mar-
cargo em comissão ou de função de confiança; tins, julgado em 2/9/2014 (Info 546).
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específi-
ca para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do Basta que se prove o fumus boni iuris, sendo o periculum in
serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou em- mora presumido (implícito). Assim, é desnecessária a prova
prego. do periculum in mora concreto, ou seja, de que os réus este-
III – até 5 anos da data da apresentação à administração jam dilapidando seu patrimônio, ou na iminência de fazê-lo,
pública da prestação de contas final pelas entidades referidas exigindo-se apenas a demonstração de fumus boni iuris,
consistente em fundados indícios da prática de atos de im-
no parágrafo único do art. 1o desta Lei.
probidade. A medida cautelar de indisponibilidade de bens,
prevista na LIA, consiste em uma tutela de evidência, de forma
São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fun- que basta a comprovação da verossimilhança das alegações,
dadas na prática de ATO DOLOSO tipificado na Lei de Impro- pois pela própria natureza do bem protegido, o legislador dis-
bidade Administrativa. STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel. orig. pensou o requisito do perigo da demora. STJ. 1ª Seção. REsp
Min. Alexandre de Moraes, Rel. para acórdão Min. Edson Fachin, 1366721/BA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acór-
julgado em 08/08/2018 (repercussão geral) (Info 910). dão Min. Og Fernandes, julgado em 26/02/2014 (recurso repeti-
A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência tivo).
de ação de improbidade administrativa está sujeita ao ree- Para que o terceiro seja responsabilizado pelas sanções da
xame necessário, com base na aplicação subsidiária do CPC e Lei nº 8.429/92 é indispensável que seja identificado algum
por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº agente público como autor da prática do ato de improbida-
4.717/65. STJ. 1ª Seção.EREsp 1220667-MG, Rel. Min. Herman de. Assim, não é possível a propositura de ação de improbi-
Benjamin, julgado em 24/5/2017 (Info 607). dade exclusivamente contra o particular, sem a concomitan-
Não configura bis in idem a coexistência de título executivo te presença de agente público no polo passivo da demanda.
extrajudicial (acórdão do TCU) e sentença condenatória em STJ. 1ª Turma. REsp 1171017-PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado
ação civil pública de improbidade administrativa que deter- em 25/2/2014 (Info 535).

24
A jurisprudência do STJ é no sentido de que a decretação da in- lidade entre os atos praticados e as sanções impostas.
disponibilidade e do sequestro de bens em improbidade ad- 11) É possível o deferimento da medida acautelatória de in-
ministrativa é possível antes do recebimento da ação (AgRg disponibilidade de bens em ação de improbidade adminis-
no REsp 1317653/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Se- trativa nos autos da ação principal sem audiência da parte
gunda Turma, julgado em 07/03/2013, DJe 13/03/2013). adversa e, portanto, antes da notificação a que se refere o art.
17, § 7º, da Lei n. 8.429/92.
12) É possível a decretação da indisponibilidade de bens do
Ação de reparação de danos à Fazen- é PRESCRITÍVEL
promovido em ação civil Pública por ato de improbidade ad-
da Pública decorrentes de ilícito civil (STF RE 669069/MG).
ministrativa, quando ausente (ou não demonstrada) a práti-
Ação de ressarcimento decorrente de é PRESCRITÍVEL ca de atos (ou a sua tentativa) que induzam a conclusão de
ato de improbidade administrativa (devem ser propostas no risco de alienação, oneração ou dilapidação patrimonial de
praticado com CULPA prazo do art. 23 da LIA). bens do acionado, dificultando ou impossibilitando o even-
tual ressarcimento futuro.
Ação de ressarcimento decorrente de é IMPRESCRITÍVEL
13) Na ação de improbidade, a decretação de indisponibili-
ato de improbidade administrativa (§ 5º do art. 37 da CF/88).
dade de bens pode recair sobre aqueles adquiridos anterior-
praticado com DOLO
mente ao suposto ato, além de levar em consideração, o va-
*Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br lor de possível multa civil como sanção autônoma.
14) No caso de agentes políticos reeleitos, o termo inicial do
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ prazo prescricional nas ações de improbidade administrativa
deve ser contado a partir do término do último mandato.
EDIÇÃO N. 38:IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - I
1) É INADMISSÍVEL A RESPONSABILIDADE OBJETIVA na apli- EDIÇÃO N. 40: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - II
cação da Lei n. 8.429/1992, exigindo-se a presença de dolo nos 1) Os Agentes Políticos sujeitos a crime de responsabilidade,
casos dos arts. 9º e 11 (que coíbem o enriquecimento ilícito e o ressalvados os atos ímprobos cometidos pelo Presidente da
atentado aos princípios administrativos, respectivamente) e ao República (art. 86 da CF) e pelos Ministros do Supremo Tri-
menos de culpa nos termos do art. 10, que censura os atos bunal Federal, não são imunes às sanções por ato de impro-
de improbidade por dano ao Erário. bidade previstas no art. 37, § 4º, da CF.
2) O Ministério Público tem legitimidade ad causam para a 2) Os agentes políticos municipais se submetem aos ditames
propositura de Ação Civil Pública objetivando o ressarcimen- da Lei de Improbidade Administrativa, sem prejuízo da res-
to de danos ao erário, decorrentes de atos de improbidade. ponsabilização política e criminal estabelecida no Decreto-
3) O Ministério Público estadual possui legitimidade recursal Lei n. 201/1967.
para atuar como parte no Superior Tribunal de Justiça nas ações 3) A ação de improbidade administrativa proposta contra
de improbidade administrativa, reservando- se ao Ministério Pú- agente político que tenha foro por prerrogativa de função é
blico Federal a atuação como fiscal da lei. processada e julgada pelo juiz de primeiro grau, limitada à
4) A ausência da notificação do réu para a defesa prévia, pre- imposição de penalidades patrimoniais e vedada a aplicação das
vista no art. 17, § 7º, da Lei de Improbidade Administrativa, só sanções de suspensão dos direitos políticos e de perda do cargo
acarreta nulidade processual se houver comprovado prejuízo do réu.
(pas de nullité sans grief). 4) A aplicação da pena de demissão por improbidade adminis-
5) A presença de indícios de cometimento de atos ímprobos trativa não é exclusividade do Judiciário, sendo passível a sua
autoriza o recebimento fundamentado da petição inicial nos incidência no âmbito do processo administrativo disciplinar.
termos do art. 17, §§ 7º, 8º e 9º, da Lei n. 8.429/92, devendo pre- 5) Havendo indícios de improbidade administrativa, as ins-
valecer, no juízo preliminar, o princípio do in dubio pro socie- tâncias ordinárias poderão decretar a quebra do sigilo ban-
tate. cário.
6) O termo inicial da prescrição em improbidade administra- 6) O afastamento cautelar do agente público de seu cargo, pre-
tiva em relação a particulares que se beneficiam de ato ím- visto no parágrafo único do art. 20 da Lei n. 8.429/92, é medida
probo é idêntico ao do agente público que praticou a ilicitu- excepcional que pode perdurar por até 180 dias.
de. 7) O especialíssimo procedimento estabelecido na Lei n.
7) A eventual prescrição das sanções decorrentes dos atos de 8.429/92, que prevê um juízo de delibação para recebimento da
improbidade administrativa não obsta o prosseguimento da de- petição inicial (art. 17, §§ 8º e 9º), precedido de notificação do
manda quanto ao pleito de ressarcimento dos danos causados demandado (art. 17, § 7º), somente é aplicável para ações de im-
ao erário, que é imprescritível (art. 37, § 5º, da CF). probidade administrativa típicas. (Tese julgada sob o rito do arti-
8) É inviável a propositura de ação civil de improbidade ad- go 543-C do CPC - TEMA 344).
ministrativa exclusivamente contra o particular, sem a con- 8) A indisponibilidade de bens prevista na LIA - Lei de Improbi-
comitante presença de agente público no polo passivo da dade Administrativa pode alcançar tantos bens quantos ne-
demanda. cessários a garantir as consequências financeiras da prática
9) Nas ações de improbidade administrativa, NÃO HÁ litis- de improbidade, excluídos os bens impenhoráveis assim de-
consórcio passivo necessário entre o agente público e os ter- finidos por lei.
ceiros beneficiados com o ato ímprobo. 9) Os bens de família podem ser objeto de medida de indis-
10) A revisão da dosimetria das sanções aplicadas em ação de ponibilidade prevista na Lei de Improbidade Administrativa,
improbidade administrativa implica reexame do conjunto fático- uma vez que há apenas a limitação de eventual alienação do
probatório dos autos, encontrando óbice na súmula 7/STJ, salvo bem.
se da leitura do acórdão recorrido verificar-se a desproporciona- 10) Aplica-se a medida cautelar de indisponibilidade dos

25
bens do art. 7º aos atos de improbidade administrativa que im-
pliquem violação dos princípios da administração pública -
no art. 11 da LIA.
11) O ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da
Lei 8.429/92 não requer a demonstração de dano ao erário ou
de enriquecimento ilícito, mas exige a demonstração de dolo,
o qual, contudo, não necessita ser específico, sendo suficiente o
dolo genérico.
12) Nas ações de improbidade administrativa é admissível a uti-
lização da prova emprestada, colhida na persecução penal,
desde que assegurado o contraditório e a ampla defesa.
13) O magistrado não está obrigado a aplicar cumulativa-
mente todas as penas previstas no art. 12 da Lei n. 8.429/92,
podendo, mediante adequada fundamentação, fixá-las e
dosá-las segundo a natureza, a gravidade e as consequências
da infração.

26
DIA 21 ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou
decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes,
Código Civil: art 1639-1722
irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou
Código Processo Civil: art. 1021-1041
curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não
LEI 7347/85 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA
estiverem saldadas as respectivas contas.
LEI 12850/13 – ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
II – da pessoa maior de 70 anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento
CÓDIGO CIVIL judicial.

TÍTULO II JDC261 A obrigatoriedade do regime da separação de bens


Do Direito Patrimonial não se aplica a pessoa maior de 70 anos, quando o
SUBTÍTULO I casamento for precedido de união estável iniciada antes
Do Regime de Bens entre os Cônjuges dessa idade. STJ decidiu no mesmo sentido.
CAPÍTULO I JDC262 A obrigatoriedade da separação de bens nas
Disposições Gerais hipóteses previstas nos incs. I e III do art. 1.641 do Código Civil
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, não impede a alteração do regime, desde que superada a
estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. causa que o impôs.
§ 1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar JDC 634 É lícito aos que se enquadrem no rol de pessoas
DESDE A DATA DO CASAMENTO. sujeitas ao regime da separação obrigatória de bens (art. 1.641
§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante do Código Civil) estipular, por pacto antenupcial ou contrato de
autorização judicial em PEDIDO MOTIVADO DE AMBOS os convivência, o regime da separação de bens, a fim de assegurar
cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e os efeitos de tal regime e afastar a incidência da Súmula 377 do
ressalvados os direitos de terceiros. STF.

JDC113 É admissível a alteração do regime de bens entre os Art. 1.642. QUALQUER QUE SEJA O REGIME DE BENS, tanto o
cônjuges, quando então o pedido, devidamente motivado e marido quanto a mulher podem livremente:
assinado por ambos os cônjuges, será objeto de autorização I - praticar todos os atos de disposição e de administração
judicial, com ressalva dos direitos de terceiros, inclusive dos necessários ao desempenho de sua profissão, com as
entes públicos, após perquirição de inexistência de dívida de limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647;
qualquer natureza, exigida ampla publicidade. II - administrar os bens próprios;
JDC260 A alteração do regime de bens prevista no § 2o do art. III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido
1.639 do Código Civil também é permitida nos casamentos gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem
realizados na vigência da legislação anterior suprimento judicial;
JDC331 O estatuto patrimonial do casal pode ser definido por IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou
escolha de regime de bens distinto daqueles tipificados no a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com
Código Civil (art. 1.639 e parágrafo único do art. 1.640), e, para infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;
efeito de fiel observância do disposto no art. 1.528 do Código V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou
Civil, cumpre certificação a respeito, nos autos do processo de transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que
habilitação matrimonial. provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço
comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de
Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou 5 anos;
ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados
da comunhão parcial. expressamente.
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de
habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de
regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela autorização um do outro:
comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia
pública, nas demais escolhas. doméstica;
II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas
Art. 1.641. É OBRIGATÓRIO O REGIME DA SEPARAÇÃO DE coisas possa exigir.
BENS no casamento: Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das antecedente obrigam SOLIDARIAMENTE ambos os cônjuges.
causas suspensivas da celebração do casamento;
CAUSAS SUSPENSIVAS - Art. 1.523. Não devem casar: Art. 1.645. As ações fundadas nos incisos III, IV e V do art. 1.642
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, competem ao cônjuge prejudicado e a seus herdeiros.
enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha
aos herdeiros; Art. 1.646. No caso dos incisos III e IV do art. 1.642, o terceiro,
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo prejudicado com a sentença favorável ao autor, terá direito
ou ter sido anulado, até 10 meses depois do começo da viuvez,

1
regressivo contra o cônjuge, que realizou o negócio jurídico, ou JDC635 O pacto antenupcial e o contrato de convivência podem
seus herdeiros. conter cláusulas existenciais, desde que estas não violem os
princípios da dignidade da pessoa humana, da igualdade
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos entre os cônjuges e da solidariedade familiar.
cônjuges pode, sem autorização do outro, EXCETO NO
REGIME DA SEPARAÇÃO ABSOLUTA:
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
participação final nos aqüestos, poder-se-á convencionar a livre
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
disposição dos bens imóveis, desde que particulares.
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns,
Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito
ou dos que possam integrar futura meação.
perante terceiros senão depois de registradas, em livro
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos
especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos
quando casarem ou estabelecerem economia separada.
cônjuges.

JDC114 O aval não pode ser anulado por falta de vênia CAPÍTULO III
conjugal, de modo que o inc. III do art. 1.647 apenas Do Regime de COMUNHÃO PARCIAL
caracteriza a inoponibilidade do título ao cônjuge que não Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os
assentiu. bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento,
com as exceções dos artigos seguintes.
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a
outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, Art. 1.659. EXCLUEM-SE da comunhão:
ou lhe seja impossível concedê-la. I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe
sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
quando necessária (art. 1.647), tornará ANULÁVEL o ato II - os bens adquiridos com valores exclusivamente
praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens
até 2 anos depois de terminada a sociedade conjugal. particulares;
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita III - as obrigações anteriores ao casamento;
por instrumento público, ou particular, autenticado. IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão
em proveito do casal;
Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de
outorga, sem consentimento, ou sem suprimento do juiz, só profissão;
poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia concedê-la, VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
ou por seus herdeiros. VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas
semelhantes.
Art. 1.651. Quando um dos cônjuges não puder exercer a
administração dos bens que lhe incumbe, segundo o regime de Art. 1.660. Entram na comunhão:
bens, caberá ao outro: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título
I - gerir os bens comuns e os do consorte; oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;
II - alienar os bens móveis comuns; II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o
III - alienar os imóveis comuns e os móveis ou imóveis do concurso de trabalho ou despesa anterior (Ex: mega-sena);
consorte, mediante autorização judicial. III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em
favor de ambos os cônjuges;
Art. 1.652. O cônjuge, que estiver na posse dos bens particulares IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
do outro, será para com este e seus herdeiros responsável: V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada
I - como usufrutuário, se o rendimento for comum; cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou
II - como procurador, se tiver mandato expresso ou tácito para os pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
administrar;
III - como depositário, se não for usufrutuário, nem administrador. Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por
título uma causa anterior ao casamento.
CAPÍTULO II
Do Pacto Antenupcial Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se
Art. 1.653. É NULO o pacto antenupcial se não for feito por adquiridos na constância do casamento os bens móveis,
escritura pública, e INEFICAZ se não lhe seguir o casamento. quando não se provar que o foram em data anterior.

Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, Art. 1.663. A administração do patrimônio comum compete a
fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo qualquer dos cônjuges.
as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens. § 1o As dívidas contraídas no exercício da administração
Art. 1.655. É NULA a convenção ou cláusula dela que obrigam os bens comuns e particulares do cônjuge que os
contravenha disposição absoluta de lei. administra, e os do outro na razão do proveito que houver
auferido.

2
§ 2o A anuência de ambos os cônjuges é necessária para os ou sucessão, e os II - os bens grava- por sucessão ou li-
atos, a título gratuito, que impliquem cessão do uso ou gozo sub-rogados em seu dos de fideicomisso beralidade;
dos bens comuns. lugar; e o direito do her- III - as dívidas relati-
§ 3o Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atribuir a II - os bens adquiri- deiro fideicomissá- vas a esses bens.
administração a apenas um dos cônjuges. dos com valores ex- rio, antes de realiza-
clusivamente per- da a condição sus-
Art. 1.664. Os bens da comunhão respondem pelas obrigações tencentes a um dos pensiva;
contraídas pelo marido ou pela mulher para atender aos cônjuges em sub- III - as dívidas ante-
encargos da família, às despesas de administração e às rogação dos bens riores ao casamen-
decorrentes de imposição legal. particulares; to, salvo se provie-
III - as obrigações rem de despesas
Art. 1.665. A administração e a disposição dos bens constitutivos anteriores ao casa- com seus aprestos,
do patrimônio particular competem ao cônjuge proprietário, mento; ou reverterem em
salvo convenção diversa em pacto antenupcial. IV - as obrigações proveito comum;
provenientes de IV - as doações an-
JDC340 No regime da comunhão parcial de bens é sempre atos ilícitos, salvo tenupciais feitas por
indispensável a autorização do cônjuge, ou seu suprimento reversão em provei- um dos cônjuges ao
judicial, para atos de disposição sobre bens imóveis. to do casal; outro com a cláusu-
V - os bens de uso la de incomunicabi-
Art. 1.666. As dívidas, contraídas por qualquer dos cônjuges na pessoal, os livros e lidade;
administração de seus bens particulares e em benefício destes, instrumentos de V - os bens de uso
não obrigam os bens comuns. profissão; pessoal, os livros e
VI - os proventos do instrumentos de
CAPÍTULO IV trabalho pessoal de profissão;
Do Regime de COMUNHÃO UNIVERSAL cada cônjuge; VI - os proventos do
Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a VII - as pensões, trabalho pessoal de
comunicação de todos os bens presentes e futuros dos meios-soldos, mon- cada cônjuge;
cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo tepios e outras ren- VII - as pensões,
seguinte. das semelhantes. meios-soldos, mon-
tepios e outras ren-
Art. 1.668. São EXCLUÍDOS da comunhão: das semelhantes.
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de
incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro antecedente não se estende aos frutos, quando se percebam
fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; ou vençam durante o casamento.
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de
despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito Art. 1.670. Aplica-se ao regime da comunhão universal o disposto
comum; no Capítulo antecedente, quanto à administração dos bens.
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao
outro com a cláusula de incomunicabilidade; Art. 1.671. Extinta a comunhão, e efetuada a divisão do ativo e do
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. passivo, cessará a responsabilidade de cada um dos cônjuges
Art. 1659. para com os credores do outro.
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de pro-
fissão; CAPÍTULO V
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; Do Regime de PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQÜESTOS
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas Art. 1.672. No regime de participação final nos aqüestos, cada
semelhantes. cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no
artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade
conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a
título oneroso, na constância do casamento.
EXCLUEM-SE DA COMUNHÃO
REGIME DE REGIME DE REGIME DE Art. 1.673. Integram o patrimônio próprio os bens que cada
COMUNHÃO COMUNHÃO PARTICIPAÇÃO cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer
PARCIAL UNIVERSAL FINAL NOS título, na constância do casamento.
AQUESTOS Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva de
cada cônjuge, que os poderá livremente alienar, SE FOREM
I - os bens que cada I - os bens doados I - os bens anterio-
MÓVEIS.
cônjuge possuir ao ou herdados com a res ao casamento e
casar, e os que lhe cláusula de incomu- os que em seu lugar
Art. 1.674. Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal,
sobrevierem, na nicabilidade e os se sub-rogaram;
apurar-se-á o montante dos aqüestos, EXCLUINDO-SE da soma
constância do casa- sub-rogados em seu II - os que sobrevie-
dos patrimônios próprios:
mento, por doação lugar; ram a cada cônjuge

3
I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se Art. 1.686. As dívidas de um dos cônjuges, quando superiores
sub-rogaram; à sua meação, NÃO OBRIGAM ao outro, ou a seus herdeiros.
II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou
liberalidade; CAPÍTULO VI
III - as dívidas relativas a esses bens. Do Regime de SEPARAÇÃO DE BENS
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão
adquiridos durante o casamento os bens móveis. sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que
os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real.
Art. 1.675. Ao determinar-se o montante dos aqüestos, computar-
se-á o valor das doações feitas por um dos cônjuges, sem a Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para
necessária autorização do outro; nesse caso, o bem poderá ser as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu
reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou por seus herdeiros, ou trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no
declarado no monte partilhável, por valor equivalente ao da pacto antenupcial.
época da dissolução.

Art. 1.676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens alienados em SUBTÍTULO II


detrimento da meação, se não houver preferência do cônjuge Do Usufruto e da Administração dos Bens de Filhos Menores
lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar. Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder
familiar:
Art. 1.677. Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas I - são usufrutuários dos bens dos filhos;
por um dos cônjuges, somente este responderá, salvo prova II - têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua
de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício do autoridade.
outro.
Art. 1.690. Compete aos pais, e na falta de um deles ao outro,
Art. 1.678. Se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro com com exclusividade, representar os filhos menores de 16 anos,
bens do seu patrimônio, o valor do pagamento deve ser bem como assisti-los até completarem a maioridade ou serem
atualizado e imputado, na data da dissolução, à meação do outro emancipados.
cônjuge. Parágrafo único. Os pais devem decidir em comum as questões
relativas aos filhos e a seus bens; havendo divergência, poderá
Art. 1.679. No caso de bens adquiridos pelo trabalho conjunto, qualquer deles recorrer ao juiz para a solução necessária.
terá cada um dos cônjuges uma quota igual no condomínio ou
no crédito por aquele modo estabelecido. Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os
imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que
Art. 1.680. As coisas móveis, em face de terceiros, presumem- ultrapassem os limites da simples administração, salvo por
se do domínio do cônjuge devedor, salvo se o bem for de uso necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia
pessoal do outro. autorização do juiz.
Parágrafo único. Podem pleitear a declaração de nulidade dos
Art. 1.681. Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge atos previstos neste artigo:
cujo nome constar no registro. I - os filhos;
Parágrafo único. Impugnada a titularidade, caberá ao cônjuge II - os herdeiros;
proprietário provar a aquisição regular dos bens. III - o representante legal.

Art. 1.682. O direito à meação NÃO É renunciável, cessível ou Art. 1.692. Sempre que no exercício do poder familiar colidir o
penhorável na vigência do regime matrimonial. interesse dos pais com o do filho, a requerimento deste ou do
Ministério Público o juiz lhe dará curador especial.
Art. 1.683. Na dissolução do regime de bens por separação
judicial ou por divórcio, verificar-se-á o montante dos aqüestos Art. 1.693. Excluem-se do usufruto e da administração dos
à data em que cessou a convivência. pais:
I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes
Art. 1.684. Se não for possível nem conveniente a divisão de todos do reconhecimento;
os bens em natureza, calcular-se-á o valor de alguns ou de todos II - os valores auferidos pelo filho maior de 16 anos, no exercício
para reposição em dinheiro ao cônjuge não-proprietário. de atividade profissional e os bens com tais recursos adquiridos;
Parágrafo único. Não se podendo realizar a reposição em III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não
dinheiro, serão avaliados e, mediante autorização judicial, serem usufruídos, ou administrados, pelos pais;
alienados tantos bens quantos bastarem. IV - os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais
forem excluídos da sucessão.
Art. 1.685. Na dissolução da sociedade conjugal por morte,
verificar-se-á a meação do cônjuge sobrevivente de SUBTÍTULO III
conformidade com os artigos antecedentes, deferindo-se a Dos Alimentos
herança aos herdeiros na forma estabelecida neste Código. Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros
pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para

4
viver de modo compatível com a sua condição social, podendo o idoso optar entre os prestadores.
inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das
Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe,
obrigada.
poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias,
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à
exoneração, redução ou majoração do encargo.
subsistência, quando a situação de necessidade resultar de
culpa de quem os pleiteia.
Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos
herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.
JDC522 Cabe prisão civil do devedor nos casos de não
prestação de alimentos gravídicos estabelecidos com base na
JDC343 A transmissibilidade da obrigação alimentar é
Lei n. 11.804/2008, inclusive deferidos em qualquer caso de
limitada às forças da herança.
tutela de urgência.
JDC573 Na apuração da possibilidade do alimentante,
observar-se-ão os sinais exteriores de riqueza. Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá
JDC607 A guarda compartilhada não implica ausência de pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento,
pagamento de pensão alimentícia. sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação,
quando menor.
Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem,
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os
fixar a forma do cumprimento da prestação.
pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu
trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se
reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao JDC344 A obrigação alimentar originada do poder familiar,
seu sustento. especialmente para atender às necessidades educacionais,
pode não cessar com a maioridade.

JDC342 Observadas suas condições pessoais e sociais, os avós


somente serão obrigados a prestar alimentos aos netos em Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos
caráter exclusivo, sucessivo, complementar e não-solidário cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe-á o
quando os pais destes estiverem impossibilitados de fazê-lo, outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os
caso em que as necessidades básicas dos alimentandos serão critérios estabelecidos no art. 1.694.
aferidas, prioritariamente, segundo o nível econômico-
financeiro de seus genitores. Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados
JDC572 Mediante ordem judicial, é admissível, para a judicialmente contribuirão na proporção de seus recursos.
satisfação do crédito alimentar atual, o levantamento do
saldo de conta vinculada ao FGTS. Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a
necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los
mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre
declarado culpado na ação de separação judicial.
pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a
Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a
obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de
prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será
JDC341 Para os fins do art. 1.696, a relação socioafetiva pode obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à
ser elemento gerador de obrigação alimentar. sobrevivência.

Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos Art. 1.705. Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento
descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, pode acionar o genitor, sendo facultado ao juiz determinar, a
aos irmãos, assim germanos como unilaterais. pedido de qualquer das partes, que a ação se processe em
segredo de justiça.
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro
lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o Art. 1.706. Os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos
encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; termos da lei processual.
sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas
devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe É VEDADO
intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser RENUNCIAR o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito
chamadas a integrar a lide. insuscetível de cessão, compensação ou penhora.

JDC523 O chamamento dos codevedores para integrar a lide, JDC263 O art. 1.707 do Código Civil não impede seja
na forma do art. 1.698 do Código Civil, pode ser requerido por reconhecida válida e eficaz a renúncia manifestada por
qualquer das partes, bem como pelo Ministério Público, quando ocasião do divórcio (direto ou indireto) ou da dissolução da
legitimado. “união estável”. A irrenunciabilidade do direito a alimentos
somente é admitida enquanto subsistir vínculo de Direito de
Família.
Estatuto do idoso. Art. 12. A obrigação alimentar é SOLIDÁRIA,

5
miliar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situa-
Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato ções de risco descritas no artigo 98 do Estatuto da Criança e do
DO CREDOR, cessa o dever de prestar alimentos. Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca
Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca.
a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao Súmula 596-STJ: A obrigação alimentar dos avós tem natureza
devedor. COMPLEMENTAR e SUBSIDIÁRIA, somente se configurando
no caso de impossibilidade TOTAL ou PARCIAL de seu cumpri-
JDC264 Na interpretação do que seja procedimento indigno do mento pelos pais.
credor, apto a fazer cessar o direito a alimentos, aplicam-se, por Súmula 621-STJ: Os efeitos da sentença que reduz, majora ou
analogia, as hipóteses dos incs. I e II do art. 1.814 do Código exonera o alimentante do pagamento retroagem à data da
Civil. citação, vedadas a compensação e a repetibilidade.
JDC265 Na hipótese de concubinato, haverá necessidade de
demonstração da assistência material prestada pelo concubino a
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
quem o credor de alimentos se uniu.
JDC345 O “procedimento indigno” do credor em relação ao EDIÇÃO N. 65: ALIMENTOS
devedor, previsto no parágrafo único do art. 1.708 do Código 1) Os créditos resultantes de honorários advocatícios TÊM
Civil, pode ensejar a exoneração ou apenas a redução do valor NATUREZA ALIMENTAR e equiparam-se aos trabalhistas
da pensão alimentícia para quantia indispensável à sobrevivência para efeito de habilitação em falência, recuperação judicial
do credor. e privilégio geral em concurso de credores nas execuções
fiscais. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC - Tema
Art. 1.709. O novo casamento do cônjuge devedor NÃO 637)
EXTINGUE a obrigação constante da sentença de divórcio. 2) Na execução de alimentos, é possível o protesto (art. 526,
§ 3º do NCPC) e a inscrição do nome do devedor nos
cadastros de proteção ao crédito.
NOVO CASAMENTO NOVO CASAMENTO
3) O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar
CÔNJUGE DO CREDOR CÔNJUGE DO DEVEDOR
ação/execução de alimentos em favor de criança ou
CESSA o dever de prestar NÃO EXTINGUE a obrigação adolescente, nos termos do art. 201, III, da Lei n. 8.069/90. (Tese
alimentos constante da sentença de julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema 717)
divórcio. 4) É devido alimentos ao filho maior quando comprovada a
frequência em curso universitário ou técnico, por força da
Art. 1.710. As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão obrigação parental de promover adequada formação
atualizadas segundo índice oficial regularmente estabelecido. profissional.
6) O atraso de uma só prestação alimentícia, compreendida
entre as 3 últimas atuais devidas, já é hábil a autorizar o
SÚMULAS SOBRE ALIMENTOS
pedido de prisão do devedor, nos termos do artigo 528, § 3º
STF do NCPC (art. 733, § 1º do CPC/73).
7) É possível a modificação da forma da prestação alimentar
Súmula 226-STF: Na ação de desquite, os alimentos são devi-
(em espécie ou in natura), desde que demonstrada a razão
dos desde a inicial e não da data da decisão que os concede.
pela qual a modalidade anterior não mais atende à
Súmula 379-STF: No acordo de desquite não se admite renún-
finalidade da obrigação, ainda que não haja alteração na
cia aos alimentos, que poderão ser pleiteados ulteriormente, ve-
condição financeira das partes nem pretensão de
rificados os pressupostos legais. (Há polêmica, mas penso que a
modificação do valor da pensão.
súmula está SUPERADA *dizerodireito).
9) O pagamento parcial da obrigação alimentar não impede a
STJ prisão civil do devedor.
10) A base de cálculo da pensão alimentícia fixada sobre o
Súmula 1-STJ: O foro do domicílio ou da residência do alimen-
percentual do vencimento do alimentante abrange o 13°
tando é o competente para a ação de investigação de pater-
salário e o terço constitucional de férias, salvo disposição
nidade, quando cumulada com a de alimentos.
expressa em contrário. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C
Súmula 309-STJ: O débito alimentar que autoriza a prisão civil
do CPC/73 - Tema 192)
do alimentante é o que compreende as 3 prestações anteriores
11) Cabe ao credor de prestação alimentícia a escolha pelo
ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do
rito processual de execução a ser seguido.
processo. (Art. 528, § 7º do NCPC)
12) A real capacidade econômico-financeira do alimentante não
Súmula 336-STJ: A mulher que renunciou aos alimentos na se-
pode ser aferida por meio de habeas corpus.
paração judicial tem direito à pensão previdenciária por mor-
13) A constituição de nova família pelo alimentante não
te do ex-marido, comprovada a necessidade econômica su-
acarreta a revisão automática da quantia estabelecida em
perveniente.
favor dos filhos advindos de união anterior.
Súmula 358-STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de fi-
14) Os alimentos devidos entre ex-cônjuges devem ter
lho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial,
caráter excepcional, transitório e devem ser fixados por
mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.
prazo determinado, exceto quando um dos cônjuges não
Súmula 594-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa
possua mais condições de reinserção no mercado do
para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou
trabalho ou de readquirir sua autonomia financeira.
adolescente independentemente do exercício do poder fa-
15) A responsabilidade dos avós de prestar alimentos aos

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netos apresenta natureza complementar e subsidiária, razoabilidade, os empréstimos com desconto em folha de
somente se configurando quando demonstrada a insuficiência pagamento (consignação facultativa/voluntária) devem limitar-
de recursos do genitor. se a 30% dos vencimentos do trabalhador.
16) Não é possível a compensação dos alimentos fixados em 9) Excepcionalmente, é possível penhorar parte dos honorários
pecúnia com parcelas pagas in natura. É possível, em sede advocatícios - contratuais ou sucumbenciais - quando a verba
de execução de alimentos, a dedução na pensão alimentícia devida ao advogado ultrapassar o razoável para o seu sustento
fixada exclusivamente em pecúnia das despesas pagas "in e o de sua família.
natura", com o consentimento do credor, referentes a 10) Os honorários advocatícios - contratuais ou
aluguel, condomínio e IPTU do imóvel onde residia o sucumbenciais - têm natureza alimentícia, razão pela qual é
exequente. Vale ressaltar que a regra geral é a possível a penhora de verba salarial para seu pagamento.
incompensabilidade da dívida alimentar (art. 1.707 do CC) e 11) As parcelas percebidas a título de participação nos lucros e
eventual compensação deve ser analisada caso a caso, resultados das empresas integram a base de cálculo da pensão
devendo-se examinar se houve o consentimento, ainda que alimentícia quando esta é fixada em percentual sobre os
tácito, do credor, e se o pagamento in natura foi destinado, rendimentos, desde que não haja disposição transacional ou
efetivamente, ao atendimento de necessidade essencial do judicial em sentido contrário.
alimentado e não se configurou como mera liberalidade do 12) Admite-se, na execução de alimentos, a penhora de valores
alimentante. STJ. 3ª Turma. REsp 1.501.992-RJ, Rel. Min. decorrentes do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FGTS,
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 20/03/2018 (Info bem como do Programa de Integração Social PIS.
624). 13) Os valores pagos a título de alimentos são insuscetíveis
17) É possível a fixação da pensão alimentícia com base em de compensação, salvo quando configurado o
determinado número de salário mínimo. enriquecimento sem causa do alimentando.
18) A fixação da verba alimentar tem como parâmetro o 14) Julgada procedente a investigação de paternidade, os
binômio necessidade do alimentando e possibilidade do alimentos são devidos a partir da citação. (Súmula n. 277/STJ)
alimentante, insusceptível de análise em sede de recurso 15) A natureza do crédito alimentar não se altera com o mero
especial por óbice da Súmula n. 7/STJ. decurso do tempo.
20) As sentenças estrangeiras que dispõem sobre alimentos
e guarda são passíveis de homologação, mesmo que penda, SUBTÍTULO IV
na Justiça brasileira, ação com idêntico objeto. Do Bem de Família
EDIÇÃO N. 77: ALIMENTOS - II Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante
1) Os efeitos da sentença proferida em ação de revisão de escritura pública ou testamento, destinar parte de seu
alimentos - seja em caso de redução, majoração ou patrimônio para instituir bem de família, desde que não
exoneração - retroagem à data da citação (Lei n. 5.478/68, ultrapasse 1/3 do patrimônio líquido existente ao tempo da
art. 13, § 2º), ressalvada a irrepetibilidade dos valores instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do
adimplidos e a impossibilidade de compensação do excesso imóvel residencial estabelecida em lei especial.
pago com prestações vincendas. Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de
2) A pretensão creditícia ao reembolso de despesas família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do
alimentícias efetuadas por terceiro, no lugar de quem tinha ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados
a obrigação de prestar alimentos, por equiparar-se à gestão ou da entidade familiar beneficiada.
de negócios, é de direito comum e prescreve em 10 anos.
3) O descumprimento de acordo celebrado em ação de JDC628 Os patrimônios de afetação não se submetem aos
execução de prestação alimentícia pode ensejar o decreto efeitos de recuperação judicial da sociedade instituidora e
de prisão civil do devedor. prosseguirão sua atividade com autonomia e incomunicáveis em
4) O cumprimento da prisão civil em regime semiaberto ou relação ao seu patrimônio geral, aos demais patrimônios de
em prisão domiciliar é excepcionalmente autorizado afetação por ela constituídos e ao plano de recuperação até que
quando demonstrada a idade avançada do devedor de extintos, nos termos da legislação respectiva, quando seu
alimentos ou a fragilidade de sua saúde. resultado patrimonial, positivo ou negativo, será incorporado ao
5) O advogado que tenha contra si decretada prisão civil por patrimônio geral da sociedade instituidora.
inadimplemento de obrigação alimentícia NÃO TEM
DIREITO de cumprir a restrição em sala de Estado Maior ou Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial
em prisão domiciliar. urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-
6) NÃO CABE prisão civil do inventariante em virtude do se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger
descumprimento pelo espólio do dever de prestar valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do
alimentos. imóvel e no sustento da família.
7) A obrigação de prestar alimentos é personalíssima,
intransmissível e extingue-se com o óbito do alimentante, Art. 1.713. Os valores mobiliários, destinados aos fins previstos no
cabendo ao espólio saldar, tão somente, os débitos alimentares artigo antecedente, não poderão exceder o valor do prédio
preestabelecidos mediante acordo ou sentença não adimplidos instituído em bem de família, à época de sua instituição.
pelo devedor em vida, ressalvados os casos em que o § 1o Deverão os valores mobiliários ser devidamente
alimentado seja herdeiro, hipóteses nas quais a prestação individualizados no instrumento de instituição do bem de família.
perdurará ao longo do inventário. § 2o Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição como
8) Ante a natureza alimentar do salário e o princípio da bem de família deverá constar dos respectivos livros de registro.

7
§ 3o O instituidor poderá determinar que a administração dos É o instituído por ato de vonta- A impenhorabilidade legal do
valores mobiliários seja confiada a instituição financeira, bem de do casal ou de entidade fa- bem de família INDEPENDE DE
como disciplinar a forma de pagamento da respectiva renda aos miliar, mediante formalização INSCRIÇÃO VOLUNTÁRIA EM
beneficiários, caso em que a responsabilidade dos do registro de imóveis, defla- CARTÓRIO, e convive com o
administradores obedecerá às regras do contrato de depósito. grando dois efeitos fundamen- bem de família voluntário.
tais:
Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou a) IMPENHORABILIDADE LI- Art. 1º O imóvel residencial
por terceiro, constitui-se pelo registro de seu título no MITADA (o imóvel torna-se próprio do casal, ou da enti-
Registro de Imóveis. isento de dívidas futuras, salvo dade familiar, é impenhorá-
obrigações tributárias referen- vel e não responderá por
Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas tes ao bem e despesas condo- qualquer tipo de dívida civil,
posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de miniais - art. 1.715 , CC); comercial, fiscal, previdenciá-
tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio. b) INALIENABILIDADE RELA- ria ou de outra natureza, con-
Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas TIVA (uma vez inscrito como traída pelos cônjuges ou pelos
neste artigo, o saldo existente será aplicado em outro prédio, bem de família voluntário, ele pais ou filhos que sejam seus
como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para só poderá ser alienado com a proprietários e nele residam,
sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra autorização dos interessados, salvo nas hipóteses previstas
solução, a critério do juiz. cabendo ao MP intervir quan- nesta lei.
do houver participação de in- Parágrafo único. A impenhora-
Art. 1.716. A isenção de que trata o artigo antecedente durará capaz - art. 1.717 , CC) bilidade compreende o imó-
enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta destes, até que vel sobre o qual se assentam
os filhos completem a maioridade. a construção, as plantações,
as benfeitorias de qualquer
Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos como natureza e todos os equipa-
bem da família, não podem ter destino diverso do previsto no mentos, inclusive os de uso
art. 1.712 ou serem alienados sem o consentimento dos profissional, ou móveis que
interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério guarnecem a casa, desde que
Público. quitados.
Art. 3º A impenhorabilidade é
Art. 1.718. Qualquer forma de liquidação da entidade oponível em qualquer pro-
administradora, a que se refere o § 3o do art. 1.713, não atingirá cesso de execução civil, fiscal,
os valores a ela confiados, ordenando o juiz a sua transferência previdenciária, trabalhista ou
para outra instituição semelhante, obedecendo-se, no caso de de outra natureza, salvo se
falência, ao disposto sobre pedido de restituição. movido:
II - pelo titular do crédito de-
Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem corrente do financiamento
de família nas condições em que foi instituído, poderá o juiz, a destinado à construção ou à
requerimento dos interessados, extingui-lo ou autorizar a aquisição do imóvel, no limite
sub-rogação dos bens que o constituem em outros, ouvidos o dos créditos e acréscimos
instituidor e o Ministério Público. constituídos em função do res-
pectivo contrato;
Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de instituição, a III – pelo credor da pensão
administração do bem de família compete a ambos os cônjuges, alimentícia, resguardados os
resolvendo o juiz em caso de divergência. direitos, sobre o bem, do seu
Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônjuges, a coproprietário que, com o de-
administração passará ao filho mais velho, se for maior, e, do vedor, integre união estável ou
contrário, a seu tutor. conjugal, observadas as hipó-
teses em que ambos responde-
Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal NÃO EXTINGUE rão pela dívida;
o bem de família. IV - para cobrança de impos-
Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de tos, predial ou territorial, ta-
um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem xas e contribuições devidas
de família, se for o único bem do casal. em função do imóvel famili-
ar;
Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a V - para execução de hipoteca
morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde sobre o imóvel oferecido
que não sujeitos a curatela. como garantia real pelo casal
ou pela entidade familiar;
BEM DE FAMÍLIA BEM DE FAMÍLIA LEGAL VI - por ter sido adquirido
VOLUNTÁRIO com produto de crime ou
para execução de sentença
Previsto do CC/08 Previsto na Lei 8009/90
penal condenatória a ressarci-

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mento, indenização ou perdi- 15) É legítima a penhora de apontado bem de família
mento de bens. pertencente a fiador de contrato de locação, ante o que
VII - por obrigação decorren- dispõe o art. 3º, inciso VII, da Lei n. 8.009/1990 (Tese julgada
te de fiança concedida em sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 708)(Súmula n.
contrato de locação. 549/STJ)
16) É possível a penhora do bem de família de fiador de
contrato de locação, mesmo quando pactuado antes da
SÚMULAS SOBRE BEM DE FAMÍLIA
vigência da Lei n. 8.245/91, que acrescentou o inciso VII ao art.
Súmula 205-STJ: A Lei 8.009/90 aplica-se à penhora realizada 3º da Lei n. 8.009/90.
antes de sua vigência. 17) A impenhorabilidade do bem de família é questão de
Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de ordem pública, razão pela qual não admite renúncia pelo
família abrange também o imóvel pertencente a pessoas sol- titular.
teiras, separadas e viúvas. 18) A impenhorabilidade do bem de família pode ser alegada
Súmula 449-STJ: A vaga de garagem que possui matrícula pró- em qualquer momento processual até a sua arrematação,
pria no registro de imóveis não constitui bem de família para ainda que por meio de simples petição nos autos.
efeito de penhora.
Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do
devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obti-
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
da com a locação seja revertida para a subsistência ou a mo-
radia da sua família.
Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família per- CAPÍTULO IV
tencente a fiador de contrato de locação. DO AGRAVO INTERNO
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo
interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.
EDIÇÃO N. 44: BEM DE FAMÍLIA § 1o Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará
1) A impenhorabilidade do bem de família prevista no art. 3º, III, especificadamente os fundamentos da decisão agravada.
da Lei n. 8.009/90 não pode ser oposta ao credor de pensão § 2o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado
alimentícia decorrente de vínculo familiar ou de ato ilícito. para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 dias, ao final
2) Os integrantes da entidade familiar residentes no imóvel do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento
protegido pela Lei n. 8.009/90 possuem legitimidade para se pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.
insurgirem contra a penhora do bem de família. § 3o É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos
3) A proteção contida na Lei n. 8.009/1990 alcança não apenas fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o
o imóvel da família, mas também os bens móveis agravo interno.
indispensáveis à habitabilidade de uma residência e os § 4o Quando o agravo interno for declarado manifestamente
usualmente mantidos em um lar comum. inadmissível ou improcedente em VOTAÇÃO UNÂNIME, o
7) A impenhorabilidade do bem de família é oponível às órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o
execuções de sentenças cíveis decorrentes de atos ilícitos, agravante a pagar ao agravado multa fixada entre 1% e 5% do
salvo se decorrente de ilícito previamente reconhecido na valor atualizado da causa.
esfera penal. § 5o A interposição de qualquer outro recurso está condicionada
8) A exceção à impenhorabilidade prevista no artigo 3º, II, da Lei ao depósito prévio do valor da multa prevista no § 4 o, à exceção
n. 8.009/90 abrange o imóvel objeto do contrato de promessa da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça,
de compra e venda inadimplido. que FARÃO O PAGAMENTO AO FINAL.
9) É possível a penhora do bem de família para assegurar o
pagamento de dívidas oriundas de despesas condominiais FPPC358. (art. 1.021, § 4º) A aplicação da multa prevista no art.
do próprio bem. 1.021, § 4º, exige manifesta inadmissibilidade ou manifesta
10) O fato do terreno encontrar-se desocupado ou não improcedência.
edificado são circunstâncias que sozinhas não obstam a FPPC359. (art. 1.021, § 4º) A aplicação da multa prevista no art.
qualificação do imóvel como bem de família, devendo ser 1.021, § 4º, exige que a manifesta inadmissibilidade seja
perquirida, caso a caso, a finalidade a este atribuída. declarada por unanimidade.
11) Afasta-se a proteção conferida pela Lei n. 8.009/90 ao FPPC613. (arts.1.021; 99, §7º) A interposição do agravo interno
bem de família, quando caracterizado abuso do direito de prolonga a dispensa provisória de adiantamento de despesa
propriedade, violação da boa-fé objetiva e fraude à processual de que trata o §7º do art. 99, sendo desnecessário
execução. postular a tutela provisória recursal.
12) A impenhorabilidade do bem de família hipotecado não JDPC74 O termo manifestamente previsto no § 4º do art. 1.021
pode ser oposta nos casos em que a dívida garantida se do CPC se refere tanto à improcedência quanto à
reverteu em proveito da entidade familiar. inadmissibilidade do agravo.
13) A impenhorabilidade do bem de família não impede seu
arrolamento fiscal.
SÚMULA SOBRE AGRAVO INTERNO
14) A preclusão consumativa atinge a alegação de
impenhorabilidade do bem de família quando houver Súmula 182-STJ: É inviável o agravo do art. 545 do CPC que
decisão anterior acerca do tema. deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão

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agravada. • Onde se lê art. 545, leia-se agora art. 1.021 do CPC tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á
2015. monocraticamente.
§ 3o O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração
como agravo interno se entender ser este o recurso cabível,
CAPÍTULO V
desde que determine previamente a intimação do recorrente
DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
para, no prazo de 5 dias, complementar as razões recursais, de
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer
modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1o.
decisão judicial para:
§ 4o Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se
interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito
pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da
III - corrigir erro material.
modificação, no prazo de 15 dias, contado da intimação da
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
decisão dos embargos de declaração.
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento
§ 5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não
de casos repetitivos (RE/RESp repetitivos e IRDR) ou em IAC
alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso
aplicável ao caso sob julgamento;
interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1o.
dos embargos de declaração será processado e julgado
independentemente de ratificação.
FPPC360. (art. 1.022) A não oposição de embargos de
declaração em caso de erro material na decisão não impede
sua correção a qualquer tempo. FPPC104. (art. 1.024, § 3º) O princípio da fungibilidade
FPPC475. (arts. 1.022 e 1.064; art. 48 da Lei 9.099/1995) Cabem recursal é compatível com o CPC e alcança todos os recursos,
embargos de declaração contra decisão interlocutória no sendo aplicável de ofício.
âmbito dos juizados especiais.
FPPC561. (art. 1.022; art. 12 da Lei n. 9.882/1999) A decisão que Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos
julgar procedente ou improcedente o pedido em ADPF é que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento,
impugnável por embargos de declaração, aplicando-se por ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou
analogia o art. 26 da Lei n.º 9868/1999. rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro,
FPPC562. (art. 1022, parágrafo único, inc. II; art. 489, § 2º) omissão, contradição ou obscuridade (pré-questionamento
Considera-se omissa a decisão que não justifica o objeto e ficto)
os critérios de ponderação do conflito entre normas.
JDPC76 É considerada omissa, para efeitos do cabimento dos Art. 1.026. Os embargos de declaração NÃO POSSUEM EFEITO
embargos de declaração, a decisão que, na superação de SUSPENSIVO e INTERROMPEM o prazo para a interposição de
precedente, não se manifesta sobre a modulação de efeitos. recurso.
§ 1o A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser
Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 dias, em suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a
petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a
contradição ou omissão, e NÃO SE SUJEITAM A PREPARO. fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil
§ 1o Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229 reparação.
(litisconsortes com diferentes procuradores, de escritórios de § 2o Quando manifestamente protelatórios os embargos de
advocacia distintos, terão prazos contados em dobro) declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada,
§ 2o O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não
no prazo de 5 dias, sobre os embargos opostos, caso seu excedente a 2% sobre o valor atualizado da causa.
eventual acolhimento implique a modificação da decisão § 3o Na reiteração de embargos de declaração manifestamente
embargada (embargos de declaração com efeitos protelatórios, a multa será elevada a até 10% sobre o valor
infringentes). atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará
condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção
da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça,
FPPC614. (arts. 1.023,§2º; 933, §1º; 9º). Não tendo havido prévia
que a RECOLHERÃO AO FINAL.
intimação do embargado para apresentar contrarrazões aos
§ 4o Não serão admitidos novos embargos de declaração se os
embargos de declaração, se surgir divergência capaz de
2 anteriores houverem sido considerados protelatórios.
acarretar o acolhimento com atribuição de efeito modificativo
do recurso durante a sessão de julgamento, esse será
imediatamente suspenso para que seja o embargado intimado FPPC218. (art. 1.026) A inexistência de efeito suspensivo dos
a manifestar-se no prazo do §2º do art. 1.023. embargos de declaração não autoriza o cumprimento
provisório da sentença nos casos em que a apelação tenha
efeito suspensivo
Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 dias.
FPPC361. (art. 1.026, § 4º) Na hipótese do art. 1.026, § 4º, não
§ 1o Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na
cabem embargos de declaração e, caso opostos, não produzirão
sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo julgamento
qualquer efeito
nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente.
FPPC477. (arts. 1.026 e 219) Publicada em cartório ou inserida
§ 2o Quando os embargos de declaração forem opostos contra
nos autos eletrônicos a decisão que julga embargos de
decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em
declaração sob a vigência do CPC de 2015, computar-se-ão

10
apenas os dias úteis no prazo para o recurso subsequente, procedimento, as disposições relativas à apelação e o Regimento
ainda que a decisão embargada tenha sido proferida ao tempo Interno do Superior Tribunal de Justiça.
do CPC de 1973, tendo em vista a interrupção do prazo prevista § 1o Na hipótese do art. 1.027, § 1 o, aplicam-se as disposições re-
no art. 1.026. lativas ao agravo de instrumento e o Regimento Interno do Supe-
FPPC563. (art. 1.026; art. 339 do RISTF). Os embargos de rior Tribunal de Justiça.
declaração no âmbito do STF interrompem o prazo para a § 2o O recurso previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve
interposição de outros recursos ser interposto perante o tribunal de origem, cabendo ao seu pre-
sidente ou vice-presidente determinar a intimação do recorrido
para, em 15 dias, apresentar as contrarrazões.
§ 3o Findo o prazo referido no § 2 o, os autos serão remetidos ao
SÚMULAS SOBRE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO respectivo tribunal superior, independentemente de juízo de ad-
STF missibilidade.

Súmula 317-STF: São improcedentes os embargos declarató-


SÚMULA SOBRE RECURSO ORDINÁRIO
rios, quando não pedida a declaração do julgado anterior,
em que se verificou a omissão Súmula 319-STF: O prazo do recurso ordinário para o Supremo
Tribunal Federal, em "habeas corpus" ou mandado de seguran-
STJ
ça, é de 5 dias. • Superada, em parte.
Súmula 98-STJ: Embargos de declaração manifestados com no- Prazo do recurso ordinário para o STF em HC: 5 dias (corri-
tório propósito de prequestionamento não tem caráter prote- dos), com fulcro no art. 310 do RISTF. Nesse sentido: STF. 1ª
latório. Turma. RHC 121748 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
Súmula 579-STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial 04/08/2015.
interposto na pendência do julgamento dos embargos de Prazo do recurso ordinário para o STF em MS: 15 dias (úteis),
declaração quando inalterado o julgamento anterior. com fundamento no art. 1.003, § 5º, do CPC/2015.

CAPÍTULO VI Seção II
DOS RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E PARA O Do Recurso Extraordinário (RE) e do Recurso Especial (REsp)
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Subseção I
Seção I Disposições Gerais
Do Recurso Ordinário Art. 1.029. O RE e o REsp, nos casos previstos na Constituição Fe-
Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário: deral, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presi-
I - pelo STF, os MS, os HD e os MI decididos em única instância dente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:
pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão; I - a exposição do fato e do direito;
II - pelo STJ: II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;
a) os MS decididos em única instância pelos tribunais regionais III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão
federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Fe- recorrida.
deral e Territórios, quando denegatória a decisão; § 1o Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o
b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado es- recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou
trangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado,
ou pessoa residente ou domiciliada no País. inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o
acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado dis-
RECURSO ORDINÁRIO ponível na rede mundial de computadores, com indicação da res-
pectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as cir-
STF STJ cunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confronta-
MS, os HD e os MI decididos MS decididos em única instân- dos.
em única instância cia § 3o O STF ou o STJ poderá desconsiderar vício formal de recur-
so tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o
Processos em que forem par- repute grave.
tes, de um lado, Estado estran- § 4o Quando, por ocasião do processamento do IRDR, o presi-
geiro ou organismo internacio- dente do STF ou o STJ receber requerimento de suspensão de
nal e, de outro, Município ou processos em que se discuta questão federal constitucional ou
pessoa residente ou domicilia- infraconstitucional, poderá, considerando razões de segurança
da no País jurídica ou de excepcional interesse social, estender a suspen-
são a todo o território nacional, até ulterior decisão do recurso
§ 1o Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as deci- extraordinário ou do recurso especial a ser interposto.
sões interlocutórias caberá agravo de instrumento dirigido ao Su- § 5o O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extra-
perior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015. ordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requeri-
§ 2o Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts. 1.013, § 3 o, mento dirigido:
e 1.029, § 5o. I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido en-
tre a publicação da decisão de admissão do recurso e sua distri-
Art. 1.028. Ao recurso mencionado no art. 1.027, inciso II, alínea buição, ficando o relator designado para seu exame prevento
“b”, aplicam-se, quanto aos requisitos de admissibilidade e ao para julgá-lo;

11
II - ao relator, se já distribuído o recurso; dentemente de juízo de admissibilidade, aplicando-se por analo-
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no gia a regra decorrente do art. 1.030, parágrafo único.
período compreendido entre a interposição do recurso e a publi- FPPC665. (arts.1.030, §1º, 205 e 489, §1º) A negativa de segui-
cação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de mento ou sobrestamento de recurso especial ou extraordinário,
o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037. ao fundamento de que a questão de direito já foi ou está seleci-
onada para julgamento de recursos sob o rito dos repetitivos,
FPPC219. (art. 1.029, § 3º) O relator ou o órgão colegiado pode- não pode ser feita via carimbo ou outra forma automatizada
rá desconsiderar o vício formal de recurso tempestivo ou deter- nem por pessoa não investida no cargo de magistrado
minar sua correção, desde que não o repute grave. JDPC78 A suspensão do recurso prevista no art. 1.030, III, do
FPPC220. (art. 1.029, § 3º) O STF ou o STJ inadmitirá o recurso CPC deve se dar apenas em relação ao capítulo da decisão
extraordinário ou o recurso especial quando o recorrente não afetada pelo repetitivo, devendo o recurso ter seguimento em
sanar o vício formal de cuja falta foi intimado para corrigir. relação ao remanescente da controvérsia, salvo se a questão re-
FPPC664. (arts.1.029, caput e § 5º, 1030 e 932, I) O Presidente petitiva for prejudicial à solução das demais matérias.
ou Vice-Presidente do Tribunal de origem tem competência
para homologar acordo celebrado antes da publicação da Art. 1.031. Na hipótese de interposição conjunta de RE e REsp,
decisão de admissão do recurso especial ou extraordinário. os autos serão remetidos ao STJ.
§ 1o Concluído o julgamento do REsp, os autos serão remeti-
Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribu- dos ao STF para apreciação do RE, se este não estiver prejudi-
nal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no cado.
prazo de 15 dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presi- § 2o Se o relator do REsp considerar prejudicial o RE, em deci-
dente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deve- são irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos
rá: ao STF
I – NEGAR SEGUIMENTO: § 3o Na hipótese do § 2 o, se o relator do RE, em decisão irre-
a) a RE que discuta questão constitucional à qual o STF não corrível, rejeitar a prejudicialidade, devolverá os autos ao STJ
tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a RE para o julgamento do REsp
interposto contra acórdão que esteja em conformidade com
entendimento do STF exarado no regime de repercussão ge- Art. 1.032. Se o relator, no STJ, entender que o REsp versa so-
ral; bre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 dias
b) a RE ou a REsp interposto contra acórdão que esteja em para que o recorrente demonstre a existência de repercussão
conformidade com entendimento do STF ou do STJ, respecti- geral e se manifeste sobre a questão constitucional.
vamente, exarado no regime de julgamento de recursos repe- Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o re-
titivos; lator remeterá o recurso ao STF, que, em juízo de admissibilidade,
II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do poderá devolvê-lo ao STJ.
juízo de retratação, se o acórdão recorrido divergir do entendi-
mento do STF ou do STJ exarado, conforme o caso, nos regi-
mes de repercussão geral ou de recursos repetitivos; FPPC564. (arts.1032-1033). Os arts. 1.032 e 1.033 devem ser
III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter aplicados aos recursos interpostos antes da entrada em vi-
repetitivo ainda não decidida pelo STF ou pelo STJ, conforme se gor do CPC de 2015 e ainda pendentes de julgamento.
trate de matéria constitucional ou infraconstitucional; FPPC565. (art. 1.032; art. 1.033) Na hipótese de conversão de
IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia recurso extraordinário em recurso especial ou vice-versa,
constitucional ou infraconstitucional, nos termos do § 6º do art. após a manifestação do recorrente, o recorrido será intima-
1.036; do para, no prazo do caput do art. 1.032, complementar suas
V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o contrarrazões.
feito ao STF ou ao STJ, desde que: JDPC79 Na hipótese do art. 1.032 do CPC, cabe ao relator, após
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de re- possibilitar que o recorrente adite o seu recurso para inclusão
percussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos; de preliminar sustentando a existência de repercussão geral,
b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da con- oportunizar ao recorrido que, igualmente, adite suas contrarra-
trovérsia; ou zões para sustentar a inexistência da repercussão.
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.
§ 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com funda- Art. 1.033. Se o STF considerar como reflexa a ofensa à Consti-
mento no inciso V caberá agravo ao tribunal superior, nos ter- tuição afirmada no RE, por pressupor a revisão da interpretação
mos do art. 1.042. de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao STJ para julgamen-
§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III to como REsp
caberá agravo interno, nos termos do art. 1.021.
FPPC566. (art. 1.033; art. 1.032, parágrafo único) Na hipótese de
FPPC478. (art. 1.030, parágrafo único; art. 14 da Lei 10.259/2001; conversão do recurso extraordinário em recurso especial, nos
arts. 18 e 19 da Lei 12.153/2009) Os pedidos de uniformização termos do art. 1.033, cabe ao relator conceder o prazo do caput
previstos no art. 14 da Lei 10.259/2001 e nos arts. 18 e 19 da Lei do art. 1.032 para que o recorrente adapte seu recurso e se ma-
12.153/2009 formulados contra acórdão proferido pela Turma nifeste sobre a questão infraconstitucional
Recursal devem ser remetidos à Turma Nacional de Uniformiza- JDPC80 Quando o Supremo Tribunal Federal considerar como
ção ou à Turma Regional de Uniformização respectiva indepen- reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordiná-

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rio, deverá, antes de remetê-lo ao Superior Tribunal de Jus- extraordinário.
tiça para julgamento como recurso especial, conceder prazo Súmula 281-STF: É inadmissível o recurso extraordinário,
de 15 dias para que as partes complementem suas razões e quando couber, na justiça de origem, recurso ordinário da deci-
contrarrazões de recurso. são impugnada.
Súmula 282-STF: É inadmissível o recurso extraordinário,
Art. 1.034. Admitido o RE ou o REsp, o STF ou o STJ julgará o pro- quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal
cesso, aplicando o direito. (constitucional) suscitada.
Parágrafo único. Admitido o RE ou o REsp por um fundamento, Súmula 283-STF: É inadmissível o recurso extraordinário,
devolve-se ao tribunal superior o conhecimento dos demais fun- quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento
damentos para a solução do capítulo impugnado. suficiente e o recurso não abrange todos eles.
Súmula 284-STF: É inadmissível o recurso extraordinário,
Art. 1.035. O STF, em decisão irrecorrível, não conhecerá do RE quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata
quando a questão constitucional nele versada não tiver reper- compreensão da controvérsia.
cussão geral, nos termos deste artigo. Súmula 287-STF: Nega-se provimento do agravo quando a de-
§ 1o Para efeito de repercussão geral, será considerada a exis- ficiência na sua fundamentação, ou na do recurso extraordinário,
tência ou não de questões relevantes do ponto de vista eco- não permitir a exata compreensão da controvérsia.
nômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os inte- Súmula 289-STF: O provimento do agravo, por uma das turmas
resses subjetivos do processo. do Supremo Tribunal Federal, ainda que sem ressalva, não preju-
§ 2o O recorrente deverá demonstrar a existência de repercus- dica a questão do cabimento do recurso extraordinário.
são geral para apreciação exclusiva pelo STF. Súmula 292-STF: Interposto o recurso extraordinário por mais
§ 3o HAVERÁ REPERCUSSÃO GERAL sempre que o recurso im- de um dos fundamentos indicados no art. 101, III, da Constitui-
pugnar acórdão que: ção, a admissão apenas por um deles não prejudica o seu co-
I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do STF; nhecimento por qualquer dos outros.
III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou Súmula 322-STF: Não terá seguimento pedido ou recurso diri-
de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal. gido ao Supremo Tribunal Federal, quando manifestamente in-
§ 4o O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a cabível, ou apresentando fora do prazo, ou quando for evidente
manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, a incompetência do tribunal.
nos termos do Regimento Interno do STF Súmula 356-STF: O ponto omisso da decisão, sobre o qual não
§ 5o Reconhecida a repercussão geral, o relator no STF deter- foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de
minará a suspensão do processamento de todos os processos recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestiona-
pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a ques- mento.
tão e tramitem no território nacional. Súmula 454-STF: Simples interpretação de cláusulas contratuais
§ 6o O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presi- não dá lugar a recurso extraordinário.
dente do tribunal de origem, que exclua da decisão de sobresta- Súmula 456-STF: O Supremo Tribunal Federal, conhecendo do
mento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido inter- recurso extraordinário, julgará a causa, aplicando o direito à es-
posto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 dias pécie.
para manifestar-se sobre esse requerimento. Súmula 505-STF: Salvo quando contrariarem a Constituição,
§ 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou não cabe recurso para o Supremo Tribunal Federal, de quaisquer
que aplicar entendimento firmado em regime de repercussão ge- decisões da Justiça do Trabalho, inclusive dos presidentes de
ral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá agravo in- seus tribunais
terno. Súmula 513-STF: A decisão que enseja a interposição de recur-
§ 8o Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presiden- so ordinário ou extraordinário não é a do plenário, que resolve
te do tribunal de origem negará seguimento aos recursos extraor- o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão (câmaras,
dinários sobrestados na origem que versem sobre matéria idênti- grupos ou turmas) que completa o julgamento do feito.
ca. Súmula 528-STF: Se a decisão contiver partes autônomas, a ad-
§ 9o O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deve- missão parcial, pelo presidente do tribunal "a quo", de recurso
rá ser julgado no prazo de 1 ano e terá preferência sobre os de- extraordinário que, sobre qualquer delas se manifestar, não li-
mais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos mitará a apreciação de todas pelo Supremo Tribunal Federal, in-
de habeas corpus. dependentemente de interposição de agravo de instrumento.
§ 11. A súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de Súmula 634-STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal
ata, que será publicada no diário oficial e valerá como acórdão. conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso
extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibili-
dade na origem.
FPPC224. (art. 1.035, § 2º) A existência de repercussão geral terá Súmula 635-STF: Cabe ao Presidente do Tribunal de origem de-
de ser demonstrada de forma fundamentada, sendo dispensá- cidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ain-
vel sua alegação em preliminar ou em tópico específico. da pendente do seu juízo de admissibilidade.
Súmula 636-STF: Não cabe recurso extraordinário por contrari-
SÚMULAS SOBRE RECURSO EXTRAORDINÁRIO edade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua
verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas in-
Súmula 279-STF: Para simples reexame de prova não cabe re- fraconstitucionais pela decisão recorrida.
curso extraordinário. Súmula 637-STF: Não cabe recurso extraordinário contra acór-
Súmula 280-STF: Por ofensa a direito local não cabe recurso dão de Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção es-

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tadual em Município. Súmula 518-STJ: Para fins do art. 105, III, a, da Constituição Fe-
Súmula 640-STF: É cabível recurso extraordinário contra deci- deral, não é cabível recurso especial fundado em alegada vi-
são proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou olação de enunciado de súmula.
por turma recursal de juizado especial cível e criminal.
Súmula 728-STF: É de 3 dias o prazo para a interposição de re- Subseção II
curso extraordinário contra a decisão do Superior Tribunal Elei- Do Julgamento dos Recursos Extraordinário e Especial Repetitivos
toral, contado, quando for o caso, a partir da publicação do Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de RE ou REsp
acórdão, na própria sessão do julgamento, nos termos do art. 12 com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afeta-
da Lei nº 6.055/74, que não foi revogado pela Lei nº 8.950/94. ção para julgamento de acordo com as disposições desta Subse-
Súmula 733-STF: Não cabe recurso extraordinário contra deci- ção, observado o disposto no Regimento Interno do STF e no do
são proferida no processamento de precatórios. STJ
Súmula 735-STF: Não cabe recurso extraordinário contra acór- § 1o O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou
dão que defere medida liminar. de tribunal regional federal selecionará 2 ou mais recursos re-
presentativos da controvérsia, que serão encaminhados ao STF
SÚMULAS SOBRE RECURSO ESPECIAL ou ao STJ para fins de afetação, determinando a suspensão do
trâmite de todos os processos pendentes, individuais ou cole-
STF tivos, que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso.
Súmula 291-STF: No recurso extraordinário pela letra "d" do § 2o O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presi-
art. 101, número III, da Constituição, a prova do dissídio jurispru- dente, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o re-
dencial far-se-á por certidão, ou mediante indicação do "Diário curso especial ou o recurso extraordinário que tenha sido inter-
da Justiça" ou de repertório de jurisprudência autorizado, com a posto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 dias
transcrição do trecho que configure a divergência, mencionadas para manifestar-se sobre esse requerimento.
as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos § 3º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 2º ca-
confrontados. berá apenas agravo interno.
Súmula 389-STF: Salvo limite legal, a fixação de honorários de § 4o A escolha feita pelo presidente ou vice-presidente do tribunal
advogado, em complemento da condenação, depende das cir- de justiça ou do tribunal regional federal não vinculará o relator
cunstâncias da causa, não dando lugar a recurso extraordinário no tribunal superior, que poderá selecionar outros recursos repre-
(especial). sentativos da controvérsia.
Súmula 399-STF: Não cabe recurso extraordinário (especial), § 5o O relator em tribunal superior também poderá selecionar 2
por violação de Lei Federal, quando a ofensa alegada for a regi- ou mais recursos representativos da controvérsia para julgamen-
mento de tribunal. • Válida, mas deve ser feita uma ressalva: to da questão de direito independentemente da iniciativa do pre-
quando a súmula fala em recurso extraordinário, deve-se ler, sidente ou do vice-presidente do tribunal de origem.
atualmente, recurso especial § 6o Somente podem ser selecionados recursos admissíveis que
Súmula 400-STF: Decisão que deu razoável interpretação à contenham abrangente argumentação e discussão a respeito da
lei, ainda que não seja a melhor, não autoriza recurso extra- questão a ser decidida.
ordinário pela letra a do art. 101, III, da Constituição Federal. •
Polêmica. FPPC363. (arts. 1.036-1.040). O procedimento dos recursos ex-
traordinários e especiais repetitivos aplica-se por analogia
STJ
às causas repetitivas de competência originária dos tribunais
Súmula 5-STJ: A simples interpretação de cláusula contratual superiores, como a reclamação e o conflito de competência.
não enseja recurso especial. FPPC364. (art. 1.036, §1º). O sobrestamento da causa em pri-
Súmula 7-STJ: A pretensão de simples reexame de prova não meira instância não ocorrerá caso se mostre necessária a
enseja recurso especial. produção de provas para efeito de distinção de precedentes.
Súmula 13-STJ: A divergência entre julgados do mesmo tribu- FPPC615. (arts.1036; 1037) Na escolha dos casos paradigmas,
nal não enseja recurso especial. devem ser preferidas, como representativas da controvérsia, de-
Súmula 83-STJ: Não se conhece do recurso especial pela diver- mandas coletivas às individuais, observados os requisitos do art.
gência, quando a orientação do tribunal se firmou no mesmo 1.036, especialmente do respectivo §6º.
sentido da decisão recorrida.
Súmula 86-STJ: Cabe recurso especial contra acórdão proferido Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superi-
no julgamento de agravo de instrumento or, constatando a presença do pressuposto do caput do art.
Súmula 123-STJ: A decisão que admite, ou não, o recurso espe- 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual:
cial deve ser fundamentada, com o exame dos seus pressupos- I - identificará com precisão a questão a ser submetida a julga-
tos gerais e constitucionais mento;
Súmula 126-STJ: É inadmissível recurso especial, quando o II - determinará a suspensão do processamento de todos os
acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e in- processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem so-
fraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para bre a questão e tramitem no território nacional;
mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordiná- III - poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos
rio. tribunais de justiça ou dos tribunais regionais federais a remessa
Súmula 203-STJ: Não cabe REsp contra decisão proferida por de um recurso representativo da controvérsia.
órgão de 2° grau dos Juizados Especiais. • Obs.: contra acór- § 1o Se, após receber os recursos selecionados pelo presidente ou
dão da turma recursal cabe, em tese, RE pelo vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional

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federal, não se proceder à afetação, o relator, no tribunal superior, Art. 1.038. O relator poderá:
comunicará o fato ao presidente ou ao vice-presidente que os I - solicitar ou admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entida-
houver enviado, para que seja revogada a decisão de suspensão des com interesse na controvérsia, considerando a relevância da
referida no art. 1.036, § 1o. matéria e consoante dispuser o regimento interno;
§ 3o Havendo mais de uma afetação, será prevento o relator que II - fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de
primeiro tiver proferido a decisão a que se refere o inciso I do ca - pessoas com experiência e conhecimento na matéria, com a fina-
put. lidade de instruir o procedimento;
§ 4o Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de 1 III - requisitar informações aos tribunais inferiores a respeito da
ano e terão preferência sobre os demais feitos, ressalvados os controvérsia e, cumprida a diligência, intimará o Ministério Públi-
que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. co para manifestar-se.
§ 6o Ocorrendo a hipótese do § 5 o, é permitido a outro relator do § 1o No caso do inciso III, os prazos respectivos são de 15 dias, e
respectivo tribunal superior afetar 2 ou mais recursos representa- os atos serão praticados, sempre que possível, por meio eletrôni-
tivos da controvérsia na forma do art. 1.036. co.
§ 7o Quando os recursos requisitados na forma do inciso III do ca- § 2o Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida có-
put contiverem outras questões além daquela que é objeto da pia do relatório aos demais ministros, haverá inclusão em pauta,
afetação, caberá ao tribunal decidir esta em primeiro lugar e de- devendo ocorrer o julgamento com preferência sobre os demais
pois as demais, em acórdão específico para cada processo. feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de
§ 8o As partes deverão ser intimadas da decisão de suspensão de habeas corpus.
seu processo, a ser proferida pelo respectivo juiz ou relator quan- § 3º O conteúdo do acórdão abrangerá a análise dos fundamen-
do informado da decisão a que se refere o inciso II do caput. tos relevantes da tese jurídica discutida.
§ 9o Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida
no processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou ex- JDPC82 Quando houver pluralidade de pedidos de admissão
traordinário afetado, a parte poderá requerer o prossegui- de amicus curiae, o relator deve observar, como critério para
mento do seu processo. definição daqueles que serão admitidos, o equilíbrio na re-
§ 10. O requerimento a que se refere o § 9o será dirigido: presentatividade dos diversos interesses jurídicos contrapos-
I - ao juiz, se o processo sobrestado estiver em 1° grau; tos no litígio, velando, assim, pelo respeito à amplitude do
II - ao relator, se o processo sobrestado estiver no tribunal de ori- contraditório, paridade de tratamento e isonomia entre to-
gem; dos os potencialmente atingidos pela decisão.
III - ao relator do acórdão recorrido, se for sobrestado recurso es-
pecial ou recurso extraordinário no tribunal de origem;
Art. 1.039. Decididos os recursos afetados, os órgãos colegiados
IV - ao relator, no tribunal superior, de recurso especial ou de re-
declararão prejudicados os demais recursos versando sobre
curso extraordinário cujo processamento houver sido sobrestado.
idêntica controvérsia ou os decidirão aplicando a tese firmada.
§ 11. A outra parte deverá ser ouvida sobre o requerimento a que
Parágrafo único. Negada a existência de repercussão geral no
se refere o § 9o, no prazo de 5 dias.
recurso extraordinário afetado, serão considerados automati-
§ 12. Reconhecida a distinção no caso:
camente inadmitidos os recursos extraordinários cujo proces-
I - dos incisos I, II e IV do § 10, o próprio juiz ou relator dará pros -
samento tenha sido sobrestado.
seguimento ao processo;
II - do inciso III do § 10, o relator comunicará a decisão ao presi-
Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma:
dente ou ao vice-presidente que houver determinado o sobresta-
I - o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem nega-
mento, para que o recurso especial ou o recurso extraordinário
rá seguimento aos recursos especiais ou extraordinários sobresta-
seja encaminhado ao respectivo tribunal superior, na forma do
dos na origem, se o acórdão recorrido coincidir com a orientação
art. 1.030, parágrafo único.
do tribunal superior;
§ 13. Da decisão que resolver o requerimento a que se refere o §
II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexami-
9o caberá:
nará o processo de competência originária, a remessa necessária
I - agravo de instrumento, se o processo estiver em 1° grau;
ou o recurso anteriormente julgado, se o acórdão recorrido con-
II - agravo interno, se a decisão for de relator.
trariar a orientação do tribunal superior;
III - os processos suspensos em primeiro e segundo graus de ju-
FPPC174. (art. 1.037, § 9º) A realização da distinção compete a risdição retomarão o curso para julgamento e aplicação da tese
qualquer órgão jurisdicional, independentemente da origem firmada pelo tribunal superior;
do precedente invocado. IV - se os recursos versarem sobre questão relativa a prestação de
FPPC480. (arts. 1.037, II, 928 e 985, I) Aplica-se no âmbito dos serviço público objeto de concessão, permissão ou autorização, o
juizados especiais a suspensão dos processos em trâmite no resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à
território nacional, que versem sobre a questão submetida ao re- agência reguladora competente para fiscalização da efetiva apli-
gime de julgamento de recursos especiais e extraordinários re- cação, por parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada.
petitivos, determinada com base no art. 1.037, II. § 1o A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro
FPPC481. (art. 1037, §§ 9º a 13) O disposto nos §§ 9º a 13 do art. grau de jurisdição, antes de proferida a sentença, se a questão
1.037 aplica-se, no que couber, ao IRDR nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso represen-
JDPC81 A devolução dos autos pelo Superior Tribunal de Justiça tativo da controvérsia.
ou Supremo Tribunal Federal ao tribunal de origem depende de § 2o Se a desistência ocorrer antes de oferecida contestação, a
decisão fundamentada, contra a qual cabe agravo na forma do parte ficará isenta do pagamento de custas e de honorários
art. 1.037, § 13, II, do CPC. de sucumbência.

15
§ 3o A desistência apresentada nos termos do § 1o independe de PROCESSO COLETIVO ESPECIAL: dedica-
consentimento do réu, ainda que apresentada contestação. se ao controle abstrato da constituciona-
lidade das leis e atos administrativos em
FPPC479. (arts. 1046 e 43) As novas regras de competência rela- geral (ADI, ADC e ADPF).
tiva previstas no CPC de 2015 não afetam os processos cujas pe-
PROCESSO COLETIVO COMUM: com-
tições iniciais foram protocoladas na vigência do CPC-73. QUANTO
posto por todas as ações para a tutela
FPPC482. (art. 1.040, I) Aplica-se o art. 1.040, I, aos recursos ex- AO OBJETO
dos direitos difusos, coletivos e individu-
traordinários interpostos nas turmas ou colégios recursais dos
ais homogêneos não relacionadas ao
juizados especiais cíveis, federais e da fazenda pública
controle abstrato de constitucionalidade.
O principal representante do processo
Art. 1.041. Mantido o acórdão divergente pelo tribunal de ori- coletivo comum é a ACP. Além dela, há
gem, o recurso especial ou extraordinário será remetido ao res- também a ação popular, a ação civil de
pectivo tribunal superior, na forma do art. 1.036, § 1o. improbidade administrativa (para alguns,
§ 1o Realizado o juízo de retratação, com alteração do acórdão di- inclusive o STJ, trata-se de uma ACP),
vergente, o tribunal de origem, se for o caso, decidirá as demais mandado de segurança coletivo, etc.
questões ainda não decididas cujo enfrentamento se tornou ne-
cessário em decorrência da alteração.
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do inciso II do caput do art. 1.040
e o recurso versar sobre outras questões, caberá ao presidente ou PRINCÍPIOS DE DIREITO PROCESSUAL COLETIVO
ao vice-presidente do tribunal recorrido, depois do reexame pelo
órgão de origem e independentemente de ratificação do recurso, É vedado ao autor da ação coletiva dis-
sendo positivo o juízo de admissibilidade, determinar a remessa PRINCÍPIO DA INDIS- por sobre o objeto do processo coleti-
do recurso ao tribunal superior para julgamento das demais ques- PONIBILIDADE MITI- vo. Assim, não pode o autor desistir ou
tões. GADA DA AÇÃO CO- abandonar a ação de maneira imotiva-
LETIVA – ART. 5º, § da. Caso isso ocorra, o MP ou outro le-
3º, LEI 7.347/85; ART. gitimado assumirá a legitimidade ativa.
LEI 7347/85 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA
9º, LEI DE AÇÃO PO- EXCEÇÃO: Se a desistência ou abando-
PULAR no for motivado, a extinção do proces-
CLASSIFICAÇÃO DO PROCESSO COLETIVO so será possível, a critério do juiz.
QUANTO AÇÃO COLETIVA ATIVA (PROCESSO PRINCÍPIO DA INDIS- O autor da ação coletiva não pode dei-
AOS SUJEITOS COLETIVO ATIVO): ação cuja coletivida- PONIBILIDADE DA xar de executar a sentença coletiva. As-
de é autora. Toda ação coletiva é ativa. EXECUÇÃO COLETIVA sim, caso o autor da ação deixe de exe-
– ART. 15, LACP; ART. cutar a sentença, o Ministério Público é
AÇÃO COLETIVA PASSIVA (PROCESSO
16, LAP obrigado a fazê-lo.
COLETIVO PASSIVO): ação em que a
coletividade é demandada. Assim, a co- PRINCÍPIO DO MÁXI- A coisa julgada coletiva, desde que be-
letividade seria, ao mesmo tempo, au- MO BENEFÍCIO DA néfica, pode ser aproveitada pelos titu-
tora e demandada. Na doutrina, exis- TUTELA JURISDICIO- lares das pretensões individuais decor-
tem duas posições acerca do tema: NAL COLETIVA – ART. rentes ou correspondentes. Assim, a
1ª corrente (Dinamarco, Arruda Alvim, 103, §§ 3º E 4º, CDC coisa julgada pode sofrer transporte
Teresa Alvim): não existe, no Direito bra- (ou extensão) in utilibus para o plano
sileiro, ação coletiva passiva. Além da ine- individual, consistindo em verdadeira
xistência de previsão legal, que só fala em norma de superdireito processual cole-
legitimado ativo (art. 5º, Lei 7.347/85), tivo comum, aplicando-se, por isso, às
não haveria quem pudesse representar a ações coletivas comuns em geral (ação
coletividade ré. civil pública, ação popular, mandado de
2ª corrente (Kazuo Watanabe, Ada Pel- segurança coletivo).
legrini Grinover): existe ação coletiva
Reconhece-se ao juiz uma maior gama
passiva, a qual é inspirada na defen-
de poderes de decisão e condução do
dant class action do Direito norte-ame-
processo (inspira-se na defining functi-
ricano. Assim, a inexistência de previ-
on do direito norte-americano). Traz
são legal não impede o reconhecimen-
PRINCÍPIO DA MÁXI- uma série de decorrências práticas,
to do instituto no sistema. Nesse con-
MA EFETIVIDADE DO dentre as quais podem ser citadas
texto, a grande dificuldade de se admi-
PROCESSO COLETIVO (quanto ao tema: STJ, REsp 577.836):
tir a ação coletiva passiva está em se
OU DO ATIVISMO JU- a) Controle do Poder Judiciário das
identificar quem representaria a coleti-
DICIAL políticas públicas
vidade-ré. Para tal corrente, a repre-
b) Flexibilização do procedimento
sentação deve ser analisada casuistica-
c) Poderes instrutórios mais acentua-
mente e recair, preferencialmente, so-
dos
bre os sindicatos e associações de clas-
d) Possibilidade de alteração dos ele-
se.
mentos da demanda pós art. 329,

16
CPC Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em di-
nheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.
Para a defesa dos interesses coletivos
PRINCÍPIO DA MÁXI- em sentido amplo (difusos, coletivos e
Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei,
MA AMPLITUDE DO individuais homogêneos) são cabíveis
objetivando, inclusive, evitar dano ao patrimônio público e social,
PROCESSO COLETIVO todas as espécies de ações (conheci-
ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à dignidade de gru-
– ART. 83, CDC; ART. mento, cautelar, execução), procedi-
pos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens
212, ECA; ART. 82, ES- mentos, provimentos (declaratório,
e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisa-
TATUTO DO IDOSO condenatório, constitutivo ou manda-
gístico.
mental), e medidas, inclusive liminares
(cautelares e de antecipação da tutela).
Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação
Proposta a ação, será publicado edital cautelar:
PRINCÍPIO DA AM- no órgão oficial, a fim de que os inte- I - o Ministério Público;
PLA DIVULGAÇÃO DA ressados possam intervir no processo II - a Defensoria Pública;
DEMANDA COLETIVA como litisconsortes, sem prejuízo de III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
– ART. 94, CDC ampla divulgação pelos meios de co- IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de eco-
municação social por parte dos órgãos nomia mista;
de defesa do consumidor. V - a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 ano nos termos da lei civil;
A Lei da Ação Civil Pública (art. 21) e o
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patri-
CDC (art. 90) são normas de reenvio, as
mônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à or-
PRINCÍPIO DA INTE- quais compõem o núcleo do sistema
dem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raci-
GRATIVIDADE DO processual coletivo. Além delas, todas
ais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, his-
SISTEMA PROCESSU- as outras leis com vocação coletiva
tórico, turístico e paisagístico.
AL COLETIVO (OU DO também compõem o sistema processu-
§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como
MICROSSISTEMA al coletivo (Ação Popular, Mandado de
parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.
PROCESSUAL COLETI- Segurança Coletivo, Improbidade Ad-
§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações le-
VO) ministrativa, ECA, Estatuto do Idoso,
gitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsor-
etc.). Tal fenômeno, na Teoria Geral do
tes de qualquer das partes.
Direito, é chamado de teoria do diálo-
§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação
go das fontes normativas.
por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legiti-
mado assumirá a titularidade ativa.
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da § 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado
ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado
patrimoniais causados: pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância
l - ao meio-ambiente; do bem jurídico a ser protegido.
ll - ao consumidor; § 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministé-
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, tu- rios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defe-
rístico e paisagístico; sa dos interesses e direitos de que cuida esta lei.
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interes-
V - por infração da ordem econômica; sados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigên-
VI - à ordem urbanística. cias legais, mediante cominações, que terá eficácia de título exe-
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religi- cutivo extrajudicial.
osos.
VIII – ao patrimônio público e social.
É constitucional a Lei nº 11.448/2007, que alterou a Lei n.°
Parágrafo único. NÃO SERÁ CABÍVEL ação civil pública para vei-
7.347/85, prevendo a Defensoria Pública como um dos legitima-
cular pretensões que envolvam tributos, contribuições previ-
dos para propor ação civil pública. Vale ressaltar que, segundo o
denciárias, o FGTS ou outros fundos de natureza institucional
STF, a Defensoria Pública pode propor ação civil pública na
cujos beneficiários podem ser individualmente determinados.
defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogê-
neos. STF (Info 784).
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do
local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcio-
nal para processar e julgar a causa. Direitos Direitos Direitos
Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição DIFUSOS COLETIVOS INDIVIDUAIS HO-
do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que MOGÊNEOS
possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
A legitimidade da No caso de ACP para a tutela de direitos
A competência para processar e julgar ação civil pública é
Defensoria Pública é coletivos e individuais homogêneos, a le-
absoluta e se dá em função do local onde ocorreu o dano.
ampla. gitimidade da DP é mais restrita e, para
STJ. 1ª Seção. AgRg nos EDcl no CC 113788-DF, Rel. Min. Arnal-
Assim, a DP poderá que seja possível o ajuizamento, é indis-
do Esteves Lima, julgado em 14/11/2012.
propor a ação cole- pensável que, dentre os beneficiados
tiva tutelando direi- com a decisão, também haja pessoas

17
tos difusos, conside- necessitadas. nérica conferida à associação mandado de segurança
rando que isso be- não é suficiente para legitimar coletivo, a associação não
neficiará também as *Tabela retirada do site a sua atuação em juízo na defe- precisa de autorização es-
pessoas necessita- www.dizerodireito.com.br sa de direitos de seus filiados. pecífica dos filiados.
das. Para cada ação, é indispensável
que os filiados autorizem, de
Súmula 601-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa
forma expressa e específica, a
para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e indivi-
demanda.
duais homogêneos dos consumidores, ainda que decorren-
tes da prestação de serviço público. STJ. Corte Especial. Apro- O inciso XXI do art. 5º da CF/88 O inciso LXX do art. 5º da
vada em 07/02/2018, DJe 14/02/2018. exige autorização expressa. CF/88 NÃO exige autoriza-
Trata-se de hipótese de legitima- ção expressa.
O MP possui legitimidade para ajuizar ACP na defesa de qual- ção processual (a associação de- Trata-se de hipótese de legi-
quer direito difuso, coletivo ou individual homogêneo? fende, em nome dos filiados, di- timação extraordinária
reito dos filiados que autoriza- (substituição processual), ou
Direitos Direitos Direitos
ram). seja, a associação defende,
DIFUSOS COLETIVOS INDIVIDUAIS
em nome próprio, direito
(stricto sensu) HOMOGÊNEOS
dos filiados.
SIM SIM 1) Se esses di- *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br
O MP está sempre O MP está sempre reitos forem in-
legitimado a defen- legitimado a defen- disponíveis: SIM Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá
der qualquer der qualquer (ex: saúde de um provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe infor-
direito difuso. direito coletivo. menor) mações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indi-
(o MP sempre possui (o MP sempre possui 2) Se esses di- cando-lhe os elementos de convicção.
representatividade representatividade reitos fo-
adequada). adequada). rem disponíveis: Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tive-
DEPENDE rem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da
O MP só terá le- ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as pro-
gitimidade para vidências cabíveis.
ACP envolvendo
direitos indivi- Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às au-
duais homogê- toridades competentes as certidões e informações que julgar
neos disponí- necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 dias.
veis se estes fo- § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidên-
rem de interes- cia, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público
se social (se ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no pra-
houver relevân- zo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 dias úteis.
cia social). § 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá
*Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br ser negada certidão ou informação, hipótese em que a ação
poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, ca-
Como regra, para que uma associação possa propor ACP, ela bendo ao juiz requisitá-los.
deverá estar constituída há pelo menos 1 ano. Exceção. Este re-
quisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz Admite-se emenda à inicial de ação civil pública, em face da
quando haja manifesto interesse social evidenciado pela di- existência de pedido genérico, ainda que já tenha sido apre-
mensão ou característica do dano, ou pela relevância do sentada a contestação. STJ. 4ª Turma.REsp 1279586-PR, Rel.
bem jurídico a ser protegido (§ 4º do art. 5º da Lei nº Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 03/10/2017 (Info 615).
7.347/85). Neste caso, a ACP, mesmo tendo sido proposta por
uma associação com menos de 1 ano, poderá ser conhecida e Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as dili-
julgada. Como exemplo da situação descrita no § 4º do art. 5º, o gências, se convencer da inexistência de fundamento para a
STJ decidiu que: É dispensável o requisito temporal (pré- propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos au-
constituição há mais de um ano) para associação ajuizar tos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o funda-
ação civil pública quando o bem jurídico tutelado for a pres- mentadamente.
tação de informações ao consumidor sobre a existência de § 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arqui-
glúten em alimentos. STJ. 2ª Turma. REsp 1600172-GO, Rel. vadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave,
Min. Herman Benjamin, julgado em 15/9/2016 (Info 591). no prazo de 3 dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Pú-
blico, seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamen-
As associações precisam de autorização específica de seus
to, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas
filiados para o ajuizamento de ações em defesa destes?
ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou
Regra geral: SIM Exceção: MS coletivo anexados às peças de informação.
A autorização estatutária ge- No caso de impetração de

18
§ 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deli- Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limi-
beração do Conselho Superior do Ministério Público, conforme tes da competência territorial do órgão prolator, exceto se o
dispuser o seu Regimento. pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra
arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
Público para o ajuizamento da ação.
A eficácia das decisões proferidas em ações civis públicas
Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 a 3 coletivas NÃO deve ficar limitada ao território da competên-
anos, mais multa de 10 a 1.000 Obrigações Reajustáveis do Te- cia do órgão jurisdicional que prolatou a decisão. STJ. Corte
souro Nacional - ORTN, a recusa, o retardamento ou a omissão Especial. EREsp 1134957/SP.
de dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil,
quando requisitados pelo Ministério Público.
Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os
diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidaria-
Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obriga-
mente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das
ção de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento
custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.
da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade
nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de
Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamen-
multa diária, se esta for suficiente ou compatível, INDEPENDEN-
to de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer
TEMENTE DE REQUERIMENTO DO AUTOR.
outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo
comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem
despesas processuais.
justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.
§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público inte-
Art. 19. Aplica-se à ação civil pública, prevista nesta Lei, o Código
ressada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à seguran-
de Processo Civil, aprovado pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de
ça e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que
1973, naquilo em que não contrarie suas disposições.
competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a
execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá
Art. 20. O fundo de que trata o art. 13 desta Lei será regulamenta-
agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 dias a
do pelo Poder Executivo no prazo de 90 dias.
partir da publicação do ato.
§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu
Art. 21. [NORMA DE REENVIO] Aplicam-se à defesa dos direi-
após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas
tos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for ca-
será devida desde o dia em que se houver configurado o descum-
bível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de
primento.
Defesa do Consumidor

Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo


dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho REGRA: O STJ entende que é possível aplicar, por analogia, a
Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão neces- primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65 paras as sentenças
sariamente o Ministério Público e representantes da comuni- de improcedência de ação civil pública. Nesse sentido: STJ. 2ª
dade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens Turma. AgInt no REsp 1596028/MG
lesados. EXCEÇÃO: Não se admite o cabimento da remessa necessá-
ria, tal como prevista no art. 19 da Lei nº 4.717/65, nas
§ 1o. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará
ações coletivas que versem sobre direitos individuais homo-
depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com
gêneos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.374.232-ES
correção monetária.
§ 2o Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação
causado por ato de discriminação étnica nos termos do disposto coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa
no art. 1o desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá direta- de interesses dos associados, somente alcança os filiados, re-
mente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para sidentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o
ações de promoção da igualdade étnica, conforme definição do fossem em momento anterior ou até a data da propositura
Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial
de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualda- do processo de conhecimento.STF. Plenário. RE 612043/PR, Rel.
de Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com exten- Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2017 (repercussão geral)
são regional ou local, respectivamente. (Info 864).

Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, Sobre o mesmo tema, veja também: STF. Plenário. RE 573232/
para evitar dano irreparável à parte. SC, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min.
Marco Aurélio, julgado em 14/5/2014 (repercussão geral) (Info
Art. 15. Decorridos 60 dias do trânsito em julgado da sentença 746).
condenatória, sem que a associação autora lhe promova a Após o trânsito em julgado de decisão que julga improce-
execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual dente ação coletiva proposta em defesa de direitos individu-
iniciativa aos demais legitimados. ais homogêneos, independentemente do motivo que tenha
fundamentado a rejeição do pedido, não é possível a propo-

19
situra de nova demanda com o mesmo objeto por outro le- na Justiça estadual.
gitimado coletivo, ainda que em outro Estado da federação. Súmula 601-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa
STJ. 2ª Seção. REsp 1302596-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanse- para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais
verino, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da pres-
em 9/12/2015 (Info 575). tação de serviço público.
Caso ocorra dissolução da associação que ajuizou ação civil pú-
blica, não é possível sua substituição no polo ativo por outra JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
associação, ainda que os interesses discutidos na ação coleti-
va sejam comuns a ambas. STJ. 3ª Turma. REsp 1405697-MG, EDIÇÃO N. 19 PROCESSO COLETIVO I - LEGITIMIDADE
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 17/9/2015 (Info 1) O Ministério Público tem legitimidade para atuar em defesa
570). dos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos
consumidores.
O art. 18 da LACP e o art. 87 do CDC preveem que, nas ações de 2) O Ministério Público tem legitimidade para propor ação ci-
que tratam estas leis, não haverá adiantamento de custas, emo- vil pública que trate de matéria previdenciária, em face do re-
lumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem levante interesse social envolvido.
condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em 3) O Ministério Público não tem legitimidade para ajuizar ação
honorários de advogado, custas e despesas processuais. O STJ civil pública versando sobre benefícios previdenciários, pois
decidiu que essas regras de isenção só se aplicam para as cus- se trata de direito patrimonial disponível.
tas judiciais em: 4) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação ci-
• ações civis públicas (qualquer que seja a matéria); vil pública visando tutelar direitos dos consumidores relati-
• ações coletivas que tenham por objeto relação de consu- vos a serviços públicos.
mo; e 5) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil
• na ação cautelar prevista no art. 4º da LACP (qualquer que pública com o objetivo de assegurar os interesses individuais in-
seja a matéria). disponíveis, difusos ou coletivos em relação à infância, à ado-
Não é possível estender, por analogia ou interpretação ex- lescência e aos idosos, mesmo quando a ação vise à tutela de
tensiva, essa isenção para outros tipos de ação (como a res- pessoa individualmente considerada.
cisória) ou para incidentes processuais (como a impugnação 6) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil
ao valor da causa), mesmo que tratem sobre direito do con- pública com o objetivo de assegurar assistência médica e
sumidor. STJ. 2ª Seção. PET 9892-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salo- odontológica à comunidade indígena, em razão da natureza
mão, julgado em 11/2/2015 (Info 556). indisponível dos bens jurídicos salvaguardados e o status de
Na ação civil pública, reconhecido o vício na representação hipervulnerabilidade dos sujeitos tutelados.
processual da associação autora, deve-se, antes de proceder 7) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil
à extinção do processo, conferir oportunidade ao Ministério pública com o objetivo de assegurar os interesses individuais in-
Público para que assuma a titularidade ativa da demanda. disponíveis, difusos ou coletivos em relação às pessoas despro-
STJ. 2ª Turma. REsp 1038199-ES, Rel. Min. Castro Meira, julgado vidas de recursos financeiros, mesmo quando a ação vise à
em 7/5/2013 (Info 524). tutela de pessoa individualmente considerada.
8) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil
O prazo para o ajuizamento da ação civil pública é de 5 anos, pública em defesa de interesses e direitos individuais homogê-
aplicando-se, por analogia, o prazo da ação popular, conside- neos pertencentes a consumidores decorrentes de contratos
rando que as duas ações fazem parte do mesmo microssistema de cessão e concessão do uso de jazigos em cemitérios.
de tutela dos direitos difusos. É também de 5 anos o prazo 9) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação ci-
prescricional para ajuizamento da execução individual em vil pública com o fim de impedir a cobrança abusiva de men-
pedido de cumprimento de sentença proferida em ACP. STJ. salidades escolares.
2ª Seção. REsp 1273643-PR, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 10) O Ministério Público Estadual não tem legitimidade para
27/2/2013 (recurso repetitivo) (Info 515). ajuizar ação civil pública objetivando defesa de bem da Uni-
ão, por se tratar de atribuição do Ministério Público Federal.
11) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação ci-
vil pública objetivando a cessação dos jogos de azar.
13) O Ministério Público tem legitimidade para propor ação
SÚMULAS SOBRE ACP civil pública objetivando o fornecimento de medicamentos e
tratamentos médicos, a fim de tutelar o direito à saúde e à
STF
vida.
Súmula 643-STF: O Ministério Público tem legitimidade para 14) O Ministério Público tem legitimidade para propor ação
promover ação civil pública cujo fundamento seja a ilegalidade civil pública em defesa dos interesses de mutuários do Siste-
de reajuste de mensalidades escolares. ma Financeiro da Habitação, visto que presente o relevante
interesse social da matéria.
STJ
16) O Ministério Público tem legitimidade para propor ação
Súmula 329-STJ: O Ministério Público tem legitimidade para civil pública com o objetivo de anular concurso realizado
propor ação civil pública em defesa do patrimônio público sem a observância dos princípios estabelecidos na Constitui-
Súmula 489-STJ: Reconhecida a continência, devem ser reuni- ção Federal.
das na Justiça Federal as ações civis públicas propostas nesta e
EDIÇÃO N. 22: PROCESSO COLETIVO II - LEGITIMIDADE

20
1) O integrante da categoria tem legitimidade para ajuizar exe- vando-se em conta, para tanto, sempre a extensão do dano e
cução individual de sentença proveniente de ação coletiva pro- a qualidade dos interesses metaindividuais postos em juízo
posta por associação ou sindicato, independentemente de filia- (arts. 468, 472 e 474, CPC e 93 e 103, CDC). (Tese julgada sob o
ção ou autorização expressa no processo de conhecimento. rito do art. 543-C do CPC)
2) Os sindicatos e as associações têm legitimidade ativa para 8) A eficácia subjetiva da sentença coletiva abrange os subs-
atuar como substitutos processuais na defesa de direitos e inte- tituídos domiciliados em todo o território nacional desde
resses dos integrantes da categoria nas fases de conhecimento, que a ação tenha sido: a) proposta por entidade associativa
liquidação e execução. de âmbito nacional; b) contra a União; e c) no Distrito Fede-
3) A Defensoria Pública detém legitimidade para propor ral.
ações coletivas na defesa de direitos difusos, coletivos ou in- 9) A abrangência nacional expressamente declarada na sentença
dividuais homogêneos. coletiva não pode ser alterada na fase de execução, sob pena
4) A Defensoria Pública tem legitimidade ampla para propor de ofensa à coisa julgada.
ação coletiva quando se tratar de direitos difusos e legitimi- 10) Os efeitos e a eficácia da sentença no processo coletivo
dade restrita às pessoas necessitadas nos casos de direitos não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites
coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos. objetivos e subjetivos do que foi decidido.
5) Os sindicatos e as associações, na qualidade de substitutos 11) A sentença proferida em ação coletiva somente surte efeito
processuais, têm legitimidade para atuar judicialmente na defesa nos limites da competência territorial do órgão que a proferiu e
dos interesses coletivos de toda a categoria que representam, exclusivamente em relação aos substituídos processuais que ali
sendo dispensável a relação nominal dos afiliados e suas res- eram domiciliados à época da propositura da demanda.
pectivas autorizações. 12) As limitações da sentença coletiva não podem ser aplicadas
6) A apuração da legitimidade ativa das associações e dos sindi- às ações ajuizadas anteriormente à vigência da Lei n. 9494/97.
catos como substitutos processuais, em ações coletivas, passa 13) Ajuizada ação coletiva atinente a macrolide geradora de
pelo exame da pertinência temática entre os fins sociais da enti- processos multitudinários, suspendem-se as ações individu-
dade e o mérito da ação proposta. ais, no aguardo do julgamento da ação coletiva.
7) A ilegitimidade ativa ou a irregularidade da representação
processual não implica a extinção do processo coletivo, com-
LEI 12850/13 – ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
petindo ao magistrado abrir oportunidade para o ingresso de
outro colegitimado no pólo ativo da demanda.
8) O Ministério Público tem legitimidade para propor ação ci- Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a in-
vil pública com o objetivo de anular Termo de Acordo de Re- vestigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações pe-
gime Especial – TARE. nais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4 ou
EDIÇÃO N. 25: PROCESSO COLETIVO - III mais pessoas ESTRUTURALMENTE ORDENADA e caracterizada
1) Por critério de simetria, NÃO É CABÍVEL a condenação da pela DIVISÃO DE TAREFAS, ainda que informalmente, com ob-
parte vencida ao pagamento de honorários advocatícios em jetivo de obter, direta ou indiretamente, VANTAGEM DE
favor do Ministério Público nos autos de Ação Civil Pública, QUALQUER NATUREZA, mediante a prática de infrações pe-
salvo comprovada má-fé. nais cujas penas máximas sejam superiores a 4 anos, ou que
2) É possível a inversão do ônus da prova da Ação Civil Públi- sejam de caráter transnacional (não importa o quantum de
ca em matéria ambiental a partir da interpretação do art. 6º, pena máxima cominada)
VIII, da Lei 8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei 7.347/1985. § 2o Esta Lei se aplica também:
3) No âmbito do Direito Privado, é de 5 anos o prazo prescri- I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção in-
cional para ajuizamento da execução individual em pedido ternacional quando, iniciada a execução no País, o resultado
de cumprimento de sentença proferida em Ação Civil Públi- tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciproca-
ca. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC) mente;
4) Na execução individual de sentença coletiva contra a Fazenda II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas volta-
Pública, quando já iniciada a execução coletiva, o prazo quinque- das para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos.
nal para a propositura do título individual, nos termos da Súmula
n. 150/STF, interrompe-se com a propositura da execução co-
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
letiva, voltando a correr, após essa data, pela metade.
5) O art. 18 da Lei n. 7.347/1985, que dispensa o adianta- Mínimo de 3 pessoas Mínimo de 4 pessoas
mento de custas, emolumentos, honorários periciais e quais-
Prática de crimes, Prática de infrações com penas
quer outras despesas, dirige-se apenas ao autor da Ação Civil
independentemente da pena máximas superiores a 4 anos
Pública.
cominada ou, independentemente da
6) Não é possível se exigir do Ministério Público o adiantamento
pena, seja de caráter
de honorários periciais em Ações Civis Públicas, ficando o encar-
transnacional
go para a Fazenda Pública a qual se acha vinculado o Parquet.
(Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC) Não exige divisão de tarefas Exige estrutura ordenada com
7) A liquidação e a execução individual de sentença genérica divisão de tarefas
proferida em ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro do
Objetiva COMETER CRIMES Objetiva obter VANTAGEM DE
domicílio do beneficiário, porquanto os efeitos e a eficácia
QUALQUER NATUREZA
da sentença não estão circunscritos a lindes geográficos, mas
aos limites objetivos e subjetivos do que foi decidido, le-

21
Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoal- VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais,
mente ou por interposta pessoa, organização criminosa: estaduais e municipais na busca de provas e informações de inte-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo resse da investigação ou da instrução criminal.
das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. § 1o Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a ca-
Tipo penal misto alternativo. pacidade investigatória, poderá ser dispensada licitação para
Não admite a forma culposa. contratação de serviços técnicos especializados, aquisição ou
Deve ser punido com a fixação da pena pelo sistema de acumu- locação de equipamentos destinados à polícia judiciária para
lação material. o rastreamento e obtenção de provas previstas nos incisos II e
V.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer
§ 2o No caso do § 1o, fica dispensada a publicação de que trata o
forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva
parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
organização criminosa.
1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da
§ 2o As penas aumentam-se até 1/2 se na atuação da organiza-
realização da contratação.
ção criminosa houver emprego de arma de fogo.
§ 3o A pena é agravada para quem exerce o comando, indivi-
Seção I
dual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pra-
Da Colaboração Premiada
tique pessoalmente atos de execução.
§ 4o A pena é aumentada de 1/6 a 2/3: Não é meio de prova, mas meio de OBTENÇÃO de prova
I - se há participação de criança ou adolescente;
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a orga- Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o
nização criminosa dessa condição para a prática de infração perdão judicial, reduzir em até 2/3 a PPL ou substituí-la por
penal; PRD daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa
todo ou em parte, ao exterior; colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organi-
organizações criminosas independentes; zação criminosa e das infrações penais por eles praticadas;
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionali- II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas
dade da organização. da organização criminosa;
§ 5o Se houver indícios suficientes de que o funcionário públi- III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades
co integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu da organização criminosa;
afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem preju- IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito
ízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à in- das infrações penais praticadas pela organização criminosa;
vestigação ou instrução processual. V - a localização de eventual vítima com a sua integridade
§ 6o A condenação com trânsito em julgado acarretará ao física preservada.
funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou § 1o EM QUALQUER CASO, a concessão do benefício levará em
mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circuns-
cargo público pelo prazo de 8 anos subsequentes ao cumpri- tâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e
mento da pena. a eficácia da colaboração.
§ 7o Se houver indícios de participação de policial nos crimes § 2o Considerando a relevância da colaboração prestada, o
de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará in- Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia,
quérito policial e comunicará ao Ministério Público, que desig- nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministé-
nará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão. rio Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela con-
cessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse be-
CAPÍTULO II nefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA se, no que couber, o art. 28 do CPP.
Art. 3o Em qualquer fase da persecução penal, serão permiti- § 3o O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo,
dos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes mei- relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 me-
os de obtenção da prova: ses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as
I - colaboração premiada; medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou prescricional.
acústicos; § 4o Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público po-
III - ação controlada; derá DEIXAR DE OFERECER DENÚNCIA se o colaborador:
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a I - não for o líder da organização criminosa;
dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou pri- II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos
vados e a informações eleitorais ou comerciais; deste artigo.
V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos § 5o Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá
termos da legislação específica; ser reduzida até 1/2 ou será admitida a progressão de regime
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos ainda que ausentes os requisitos objetivos.
termos da legislação específica; § 6o O juiz não participará das negociações realizadas entre as
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorre-
forma do art. 11; rá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a
manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o
Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.

22
§ 7o Realizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo termo,
acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da in- Art. 7o O pedido de homologação do acordo será sigilosamen-
vestigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual de- te distribuído, contendo apenas informações que não possam
verá verificar sua REGULARIDADE, LEGALIDADE e VOLUNTARI- identificar o colaborador e o seu objeto.
EDADE, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colabora- § 1o As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigi-
dor, na presença de seu defensor. das diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá
§ 8o O juiz poderá recusar homologação à proposta que não no prazo de 48 horas.
atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto. § 2o O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Pú-
§ 9o Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, blico e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito
sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo mem- das investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do
bro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsá- representado, amplo acesso aos elementos de prova que di-
vel pelas investigações. gam respeito ao exercício do direito de defesa, DEVIDAMEN-
§ 10. As partes PODEM RETRATAR-SE DA PROPOSTA, caso em TE PRECEDIDO DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, ressalvados os
que as provas autoincriminatórias produzidas pelo colabora- referentes às diligências em andamento.
dor NÃO PODERÃO ser utilizadas exclusivamente em seu des- § 3o O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso
favor. assim que recebida a denúncia, observado o disposto no art. 5o.
§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e
sua eficácia. BENEFÍCIOS DA COLABORAÇÃO
§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não de-
nunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a requeri- EXTORSÃO MEDIANTE Redução da pena de 1/3 a 2/3
mento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial. SEQUESTRO – art. 159, §4, CP.
§ 13. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração LEI DE LAVAGEM DE Redução da pena de 1/3 a 2/3
será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, este- CAPITAIS – LEI 9613/98 Substituição da PPL por PRD
notipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados Perdão Judicial
a obter maior fidelidade das informações.
§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador RENUNCIA- LEI DE ORGANIZAÇÃO Perdão Judicial
RÁ, na presença de seu defensor, AO DIREITO AO SILÊNCIO e CRIMINOSA – Lei 12850/13 Redução da pena em até 2/3
estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade. Substituição da PPL por PRD
§ 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e execução MP pode deixar de oferecer a
da colaboração, o colaborador deverá estar assistido por de- denúncia se o colaborador não
fensor. for o líder e for o primeiro a
§ 16. NENHUMA sentença condenatória será proferida com prestar a efetiva colaboração
fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. Se a colaboração for posterior
a sentença, a pena pode ser
reduzida pela metade e ainda
A colaboração premiada é ato pessoal do colaborador, não se
ser possível a progressão de
comunicando aos coautores e partícipes
regime ainda que ausentes os
requisitos objetivos.
Art. 5o São DIREITOS DO COLABORADOR:
I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação es- LEI DE PROTEÇÃO À Redução da pena de 1/3 a 2/3
pecífica; TESTEMUNHA – Lei 9808/99 Perdão judicial
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pes- LEI DE DROGAS – Lei
soais preservados; 11343/06
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coau-
tores e partícipes; CRIMES HEDIONDOS
Redução da pena de 1/3 a 2/3
IV - participar das audiências sem contato visual com os outros Lei 8072/90
acusados; CRIMES CONTRA SFN
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunica- Lei 7492/86
ção, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização
por escrito; CRIMES CONTRA A ORDEM
VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos de- TRIBUTÁRIA – Lei 8137/90
mais corréus ou condenados.
Seção II
Art. 6o O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser Da Ação Controlada
feito por escrito e conter: = Flagrante retardado, flagrante diferido ou postergado
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados;
II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delega-
Art. 8o Consiste a ação controlada em RETARDAR A INTERVEN-
do de polícia;
ÇÃO POLICIAL OU ADMINISTRATIVA relativa à ação praticada
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor;
por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida
IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do
sob observação e acompanhamento para que a medida legal
delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor;
se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e
V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à
obtenção de informações.
sua família, quando necessário.

23
§ 1o O retardamento da intervenção policial ou administrativa blico na hipótese de representação do delegado de polícia, de-
será previamente COMUNICADO ao juiz competente que, se for vendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito das investi-
o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério gações e a segurança do agente infiltrado.
Público. § 2o Os autos contendo as informações da operação de infil-
§ 2o A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a tração acompanharão a denúncia do Ministério Público, quan-
não conter informações que possam indicar a operação a ser efe- do serão disponibilizados à defesa, assegurando-se a preservação
tuada. da identidade do agente.
§ 3o Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será § 3o Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre
restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polí- risco iminente, a operação será sustada mediante requisição do
cia, como forma de garantir o êxito das investigações. Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se imedia-
§ 4o Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado ta ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial.
acerca da ação controlada.
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida pro-
Art. 9o Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, porcionalidade com a finalidade da investigação, responderá pe-
o retardamento da intervenção policial ou administrativa somen- los excessos praticados.
te poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos paí- Parágrafo único. NÃO É PUNÍVEL, no âmbito da infiltração, a
ses que figurem como provável itinerário ou destino do inves- prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investiga-
tigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produ- ção, quando inexigível conduta diversa (causa excludente de
to, objeto, instrumento ou proveito do crime. culpabilidade)

Art. 14. São direitos do agente:


AÇÃO CONTROLADA I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o
LEI DE DROGAS LEI DE ORGANIZAÇÃO disposto no art. 9o da Lei no 9.807, de 13 de julho de 1999, bem
CRIMINOSA como usufruir das medidas de proteção a testemunhas;
EXIGE autorização judicial NÃO EXIGE autorização judicial III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e de-
mais informações pessoais preservadas durante a investigação
e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em con-
Seção III
trário;
Da Infiltração de Agentes
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou fil-
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investi-
mado pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização
gação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo
por escrito.
Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de po-
lícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será prece-
Seção IV
dida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judi-
Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e Informa-
cial, que estabelecerá seus limites.
ções
§ 1o Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz
Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão aces-
competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
so, INDEPENDENTEMENTE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, ape-
§ 2o Será admitida a infiltração se houver indícios de infração pe-
nas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusi-
nal de que trata o art. 1 o e se a prova não puder ser produzida
vamente a QUALIFICAÇÃO pessoal, a FILIAÇÃO e o ENDEREÇO
por outros meios disponíveis.
mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, institui-
§ 3o A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 meses,
ções financeiras, provedores de internet e administradoras de
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprova-
cartão de crédito.
da sua necessidade.
§ 4o Findo o prazo previsto no § 3o, o relatório circunstanciado
Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de
será apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientifi-
5 anos, acesso direto e permanente do juiz, do Ministério Público
cará o Ministério Público.
ou do delegado de polícia aos bancos de dados de reservas e re-
§ 5o No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá
gistro de viagens.
determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá requi-
sitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.
Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão,
pelo prazo de 5 anos, à disposição das autoridades mencionadas
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a representação
no art. 15, registros de identificação dos números dos terminais
do delegado de polícia para a infiltração de agentes conterão a
de origem e de destino das ligações telefônicas internacionais, in-
demonstração da necessidade da medida, o alcance das tarefas
terurbanas e locais.
dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pesso-
as investigadas e o local da infiltração.
Seção V
Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na Obtenção da Prova
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de
Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador,
forma a não conter informações que possam indicar a operação a
sem sua prévia autorização por escrito:
ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 1o As informações quanto à necessidade da operação de infil-
tração serão dirigidas diretamente ao juiz competente, que deci-
dirá no prazo de 24 horas, após manifestação do Ministério Pú-

24
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a
Justiça, a prática de infração penal a pessoa que sabe ser inocen-
te, ou revelar informações sobre a estrutura de organização crimi-
nosa que sabe inverídicas:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que


envolvam a ação controlada e a infiltração de agentes:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documen-


tos e informações requisitadas pelo juiz, Ministério Público ou de-
legado de polícia, no curso de investigação ou do processo:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevi-
da, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos dados cadastrais de
que trata esta Lei.

CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais cone-
xas serão apurados mediante procedimento ordinário previsto
no CPP, observado o disposto no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em
prazo razoável, o qual não poderá exceder a 120 dias quando
o réu estiver preso, prorrogáveis em até igual período, por
decisão fundamentada, devidamente motivada pela comple-
xidade da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao
réu.

Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela auto-


ridade judicial competente, para garantia da celeridade e da eficá-
cia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no
interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova
que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamen-
te precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às
diligências em andamento.
Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado,
seu defensor terá assegurada a prévia vista dos autos, ainda
que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 dias
que antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da
autoridade responsável pela investigação.

25
DIA 22 Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os
companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber,
o regime da comunhão parcial de bens.

Código Civil: art 1723-1856


JDC115 Há presunção de comunhão de aqüestos na constância
Código Processo Civil: art. 1042-1072
da união extramatrimonial mantida entre os companheiros,
LEI 11079 – PPP
sendo desnecessária a prova do esforço comum para se verificar
LEI 8666/93 - Licitações e Contratos: Art. 1-19
a comunhão dos bens.
JDC346 Na união estável o regime patrimonial obedecerá à
CÓDIGO CIVIL norma vigente no momento da aquisição de cada bem, salvo
contrato escrito.

TÍTULO III Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento,


DA UNIÃO ESTÁVEL mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável Registro Civil.
entre o homem e a mulher, configurada na CONVIVÊNCIA
PÚBLICA, CONTÍNUA e DURADOURA e estabelecida com o JDC526 É possível a conversão de união estável entre pessoas
OBJETIVO DE CONSTITUIÇÃO DE FAMÍLIA. do mesmo sexo em casamento, observados os requisitos
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os exigidos para a respectiva habilitação.
impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do
inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mu-
judicialmente.
lher, impedidos de casar, CONSTITUEM CONCUBINATO.
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco
REQUISITOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL
natural ou civil;
*dizerodireito
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado a) A união deve ser pública (não pode ser oculta, clandesti-
com quem o foi do adotante; na);
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o b) a união deve ser duradoura, ou seja, estável, apesar de
3° grau inclusive; não se exigir um tempo mínimo;
V - o adotado com o filho do adotante; c) a união deve ser contínua (sem que haja interrupções
VI - as pessoas casadas; constantes);
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio d) a união deve ser estabelecida com o objetivo de consti-
ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. tuir uma família;
§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 NÃO IMPEDIRÃO a e) as duas pessoas não podem ter impedimentos para ca-
caracterização da união estável. sar;
f) a união entre essas duas pessoas deve ser exclusiva (é im-
possível a existência de uniões estáveis concomitantes e a
JDC524 As demandas envolvendo união estável entre pessoas
existência de união estável se um dos componentes é casado e
do mesmo sexo constituem matéria de Direito de Família.
não separado de fato).
JDC525 Os arts. 1.723, § 1º, 1.790, 1.829 e 1.830 do Código Civil
admitem a concorrência sucessória entre cônjuge e
companheiro sobreviventes na sucessão legítima, quanto aos É um pacto escrito celebrado entre duas
bens adquiridos onerosamente na união estável. pessoas no qual elas declaram que mantêm
CONTRATO entre si apenas um namoro e não uma união
Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros DE NAMORO estável. O contrato de namoro não tem
obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e *dizerodireito relevância jurídica, considerando que não tem
de guarda, sustento e educação dos filhos. a força de garantir para as partes envolvidas o
objetivo que elas almejavam ao celebrá-lo, qual
seja, o de evitar a caracterização da união
DEVERES NO CASAMENTO DEVERES NA UNIÃO ESTÁVEL
estável.
- fidelidade recíproca - lealdade
- vida em comum, no domicílio - respeito e assistência
SÚMULA SOBRE UNIÃO ESTÁVEL
conjugal - guarda, sustento e educação
- mútua assistência dos filhos Súmula 382-STF: A vida em comum sob o mesmo teto "more
- sustento, guarda e educação uxório", não é indispensável à caracterização do concubinato.
dos filhos
- respeito e consideração mú-
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
tuos
EDIÇÃO N. 50: UNIÃO ESTÁVEL
1) Os princípios legais que regem a sucessão e a partilha não se
confundem: a SUCESSÃO é disciplinada pela lei em vigor na

1
DATA DO ÓBITO; a PARTILHA deve observar o regime de
bens e o ordenamento jurídico vigente ao TEMPO DA Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, em con-
AQUISIÇÃO de cada bem a partilhar. junto.
2) A coabitação não é elemento indispensável à Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento ou de
caracterização da união estável. qualquer outro documento autêntico.
3) A vara de família é a competente para apreciar e julgar pedido
de reconhecimento e dissolução de união estável homoafetiva. JDC528 É válida a declaração de vontade expressa em docu-
4) Não é possível o reconhecimento de uniões estáveis mento autêntico, também chamado “TESTAMENTO VITAL”,
simultâneas. em que a pessoa estabelece disposições sobre o tipo de tra-
5) A existência de casamento válido não obsta o tamento de saúde, ou não tratamento, que deseja no caso
reconhecimento da união estável, desde que haja separação de de se encontrar sem condições de manifestar a sua vontade.
fato ou judicial entre os casados.
6) Na união estável de pessoa maior de 70 anos (art. 1.641, Art. 1.730. É NULA a nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe
II, do CC/02), impõe-se o regime da separação obrigatória, que, ao tempo de sua morte, não tinha o poder familiar.
sendo possível a partilha de bens adquiridos na constância
da relação, desde que comprovado o esforço comum Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela
7) São incomunicáveis os bens particulares adquiridos aos parentes consangüíneos do menor, por esta ordem:
anteriormente à união estável ou ao casamento sob o regime de I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais
comunhão parcial, ainda que a transcrição no registro remoto;
imobiliário ocorra na constância da relação. II - aos colaterais até o 3° grau, preferindo os mais próximos aos
8) O companheiro sobrevivente tem direito real de habitação mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços;
sobre o imóvel no qual convivia com o falecido, ainda que em qualquer dos casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a
silente o art. 1.831 do atual Código Civil. exercer a tutela em benefício do menor.
9) O direito real de habitação pode ser invocado em
demanda possessória pelo companheiro sobrevivente, ainda Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio
que não se tenha buscado em ação declaratória própria o do menor:
reconhecimento de união estável. I - na falta de tutor testamentário ou legítimo;
10) Não subsiste o direito real de habitação se houver co- II - quando estes forem excluídos ou escusados da tutela;
propriedade sobre o imóvel antes da abertura da sucessão ou se, III - quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o tes-
àquele tempo, o falecido era mero usufrutuário do bem. tamentário.
11) A valorização patrimonial dos imóveis ou das cotas sociais de
sociedade limitada, adquiridos antes do início do período de Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor.
convivência, não se comunica, pois não decorre do esforço § 1o No caso de ser nomeado mais de um tutor por disposição
comum dos companheiros, mas de mero fator econômico. testamentária sem indicação de precedência, entende-se que a
12) A incomunicabilidade do produto dos bens adquiridos tutela foi cometida ao primeiro, e que os outros lhe sucederão
anteriormente ao início da união estável (art. 5º, § 1º, da Lei n. pela ordem de nomeação, se ocorrer morte, incapacidade, escusa
9.278/96) não afeta a comunicabilidade dos frutos, conforme ou qualquer outro impedimento.
previsão do art. 1.660, V, do Código Civil de 2002. § 2o Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu, poderá
14) Não há possibilidade de se pleitear indenização por nomear-lhe curador especial para os bens deixados, ainda que o
serviços domésticos prestados com o fim do casamento ou beneficiário se encontre sob o poder familiar, ou tutela.
da união estável, tampouco com o cessar do concubinato, sob
pena de se cometer grave discriminação frente ao casamento, Art. 1.734. As crianças e os adolescentes cujos pais forem desco-
que tem primazia constitucional de tratamento. nhecidos, falecidos ou que tiverem sido suspensos ou destituídos
15) Compete à Justiça Federal analisar, incidentalmente e do poder familiar terão tutores nomeados pelo Juiz ou serão in-
como prejudicial de mérito, o reconhecimento da união cluídos em programa de colocação familiar, na forma prevista
estável nas hipóteses em que se pleiteia a concessão de pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e
benefício previdenciário. do Adolescente.
16) A presunção legal de esforço comum quanto aos bens
adquiridos onerosamente prevista no art. 5º da Lei n. Seção II
9.278/1996, não se aplica à partilha do patrimônio formado Dos Incapazes de Exercer a Tutela
pelos conviventes antes da vigência da referida legislação. Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tute-
la, caso a exerçam:
TÍTULO IV I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;
Da Tutela, da Curatela e da Tomada de Decisão Apoiada II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se
CAPÍTULO I acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou ti-
Da Tutela verem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos
Seção I pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor;
Dos Tutores III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem
Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela: sido por estes expressamente excluídos da tutela;
I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausen- IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, fal-
tes; sidade, contra a família ou os costumes, tenham ou não cum-
II - em caso de os pais decaírem do poder familiar. prido pena;

2
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, II - subsidiária, quando não tiver exigido garantia legal do tutor,
e as culpadas de abuso em tutorias anteriores; nem o removido, tanto que se tornou suspeito.
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com
a boa administração da tutela. Art. 1.745. Os bens do menor serão entregues ao tutor mediante
termo especificado deles e seus valores, ainda que os pais o te-
JDC636 O impedimento para o exercício da tutela do inc. IV do nham dispensado.
art. 1.735 do Código Civil pode ser mitigado para atender ao Parágrafo único. Se o patrimônio do menor for de valor conside -
princípio do melhor interesse da criança. rável, poderá o juiz condicionar o exercício da tutela à prestação
de caução bastante, podendo dispensá-la se o tutor for de reco-
nhecida idoneidade.
Seção III
Da Escusa dos Tutores
Art. 1.746. Se o menor possuir bens, será sustentado e educa-
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela:
do a expensas deles, arbitrando o juiz para tal fim as quantias
I - mulheres casadas;
que lhe pareçam necessárias, considerado o rendimento da fortu-
II - maiores de 60 anos;
na do pupilo quando o pai ou a mãe não as houver fixado.
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de 3 filhos;
IV - os impossibilitados por enfermidade;
Art. 1.747. Compete mais ao tutor:
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de
I - representar o menor, até os 16 anos, nos atos da vida civil, e
exercer a tutela;
assisti-lo, após essa idade, nos atos em que for parte;
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela;
II - receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele de-
VII - militares em serviço.
vidas;
III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem
Art. 1.737. Quem não for parente do menor não poderá ser
como as de administração, conservação e melhoramentos de seus
obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente idô-
bens;
neo, consangüíneo ou afim, em condições de exercê-la.
IV - alienar os bens do menor destinados a venda;
V - promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento
Art. 1.738. A escusa apresentar-se-á nos 10 dias subseqüentes à
de bens de raiz.
designação, sob pena de entender-se renunciado o direito de
alegá-la; se o motivo escusatório ocorrer depois de aceita a tute-
Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do juiz:
la, os dez dias contar-se-ão do em que ele sobrevier.
I - pagar as dívidas do menor;
II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que
Art. 1.739. Se o juiz não admitir a escusa, exercerá o nomeado a
com encargos;
tutela, enquanto o recurso interposto não tiver provimento, e res-
III - transigir;
ponderá desde logo pelas perdas e danos que o menor venha a
IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e
sofrer.
os imóveis nos casos em que for permitido;
V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promo-
Seção IV
ver todas as diligências a bem deste, assim como defendê-lo nos
Do Exercício da Tutela
pleitos contra ele movidos.
Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor:
Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a eficácia de ato
I - dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos,
do tutor depende da aprovação ulterior do juiz.
conforme os seus haveres e condição;
II - reclamar do juiz que providencie, como houver por bem,
Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor,
quando o menor haja mister correção;
sob pena de nulidade:
III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos
I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante contra-
pais, ouvida a opinião do menor, se este já contar 12 anos de
to particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor;
idade.
II - dispor dos bens do menor a título gratuito;
III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o
Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, administrar
menor.
os bens do tutelado, em proveito deste, cumprindo seus deveres
com zelo e boa-fé.
Art. 1.750. Os imóveis pertencentes aos menores sob tutela so-
mente podem ser vendidos quando houver manifesta vantagem,
Art. 1.742. Para fiscalização dos atos do tutor, pode o juiz nome-
mediante prévia avaliação judicial e aprovação do juiz.
ar um protutor.

Art. 1.751. Antes de assumir a tutela, o tutor declarará tudo o que


Art. 1.743. Se os bens e interesses administrativos exigirem co-
o menor lhe deva, sob pena de não lhe poder cobrar, enquanto
nhecimentos técnicos, forem complexos, ou realizados em lugares
exerça a tutoria, salvo provando que não conhecia o débito quan-
distantes do domicílio do tutor, poderá este, mediante aprovação
do a assumiu.
judicial, delegar a outras pessoas físicas ou jurídicas o exercício
parcial da tutela.
Art. 1.752. O tutor responde pelos prejuízos que, por culpa, ou
dolo, causar ao tutelado; mas tem direito a ser pago pelo que re-
Art. 1.744. A responsabilidade do juiz será:
almente despender no exercício da tutela, salvo no caso do art.
I - direta e pessoal, quando não tiver nomeado o tutor, ou não o
houver feito oportunamente;

3
1.734, e a perceber remuneração proporcional à importância dos as contas pelo juiz, subsistindo inteira, até então, a responsa-
bens administrados. bilidade do tutor.
§ 1o Ao protutor será arbitrada uma gratificação módica pela fis-
calização efetuada. Art. 1.759. Nos casos de morte, ausência, ou interdição do tutor,
§ 2o São solidariamente responsáveis pelos prejuízos as pessoas as contas serão prestadas por seus herdeiros ou representantes.
às quais competia fiscalizar a atividade do tutor, e as que concor-
reram para o dano. Art. 1.760. Serão levadas a crédito do tutor todas as despesas jus-
tificadas e reconhecidamente proveitosas ao menor.
Seção V
Dos Bens do Tutelado Art. 1.761. As despesas com a prestação das contas serão pagas
Art. 1.753. Os tutores não podem conservar em seu poder di- pelo tutelado.
nheiro dos tutelados, além do necessário para as despesas or-
dinárias com o seu sustento, a sua educação e a administração Art. 1.762. O alcance do tutor, bem como o saldo contra o tutela-
de seus bens. do, são dívidas de valor e vencem juros desde o julgamento defi-
§ 1o Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata, pedras nitivo das contas.
preciosas e móveis serão avaliados por pessoa idônea e, após au-
torização judicial, alienados, e o seu produto convertido em títu- Seção VII
los, obrigações e letras de responsabilidade direta ou indireta da Da Cessação da Tutela
União ou dos Estados, atendendo-se preferentemente à rentabili- Art. 1.763. Cessa a condição de tutelado:
dade, e recolhidos ao estabelecimento bancário oficial ou aplica- I - com a maioridade ou a emancipação do menor;
do na aquisição de imóveis, conforme for determinado pelo juiz. II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reconheci-
§ 2o O mesmo destino previsto no parágrafo antecedente terá o mento ou adoção.
dinheiro proveniente de qualquer outra procedência.
§ 3o Os tutores respondem pela demora na aplicação dos valores Art. 1.764. Cessam as funções do tutor:
acima referidos, pagando os juros legais desde o dia em que de- I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;
veriam dar esse destino, o que não os exime da obrigação, que o II - ao sobrevir escusa legítima;
juiz fará efetiva, da referida aplicação. III - ao ser removido.

Art. 1.754. Os valores que existirem em estabelecimento bancário Art. 1.765. O tutor é obrigado a servir por espaço de 2 anos.
oficial, na forma do artigo antecedente, não se poderão retirar, Parágrafo único. Pode o tutor continuar no exercício da tutela,
senão mediante ordem do juiz, e somente: além do prazo previsto neste artigo, se o quiser e o juiz julgar
I - para as despesas com o sustento e educação do tutelado, ou a conveniente ao menor.
administração de seus bens;
II - para se comprarem bens imóveis e títulos, obrigações ou le- Art. 1.766. Será destituído o tutor, quando negligente, prevarica-
tras, nas condições previstas no § 1o do artigo antecedente; dor ou incurso em incapacidade.
III - para se empregarem em conformidade com o disposto por
quem os houver doado, ou deixado; CAPÍTULO II
IV - para se entregarem aos órfãos, quando emancipados, ou Da Curatela
maiores, ou, mortos eles, aos seus herdeiros. Seção I
Dos Interditos
Seção VI Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela (relativamente incapazes):
Da Prestação de Contas I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não pu-
Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os derem exprimir sua vontade;
pais dos tutelados, são obrigados a prestar contas da sua admi- III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
nistração. V - os pródigos.

Art. 1.756. No fim de cada ano de administração, os tutores sub- JDC637 Admite-se a possibilidade de outorga ao curador de po-
meterão ao juiz o balanço respectivo, que, depois de aprovado, se deres de representação para alguns atos da vida civil, inclusive
anexará aos autos do inventário. de natureza existencial, a serem especificados na sentença, des-
de que comprovadamente necessários para proteção do curate-
Art. 1.757. Os tutores prestarão contas de 2 em 2 anos, e também lado em sua dignidade.
quando, por qualquer motivo, deixarem o exercício da tutela ou
toda vez que o juiz achar conveniente.
Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as disposições concernentes à
Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e julgadas
tutela, com as modificações dos artigos seguintes.
depois da audiência dos interessados, recolhendo o tutor imedia-
tamente a estabelecimento bancário oficial os saldos, ou adqui-
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicial-
rindo bens imóveis, ou títulos, obrigações ou letras, na forma do §
mente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando in-
1o do art. 1.753.
terdito.
§1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai
Art. 1.758. Finda a tutela pela emancipação ou maioridade, a
ou a mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais
quitação do menor não produzirá efeito antes de aprovadas
apto.

4
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais § 3o Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de deci-
remotos. são apoiada, o juiz, assistido por equipe multidisciplinar, após oi-
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao tiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as
juiz a escolha do curador. pessoas que lhe prestarão apoio.
§ 4o A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e
JDC 638 A ordem de preferência de nomeação do curador do efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que esteja inse-
art. 1.775 do Código Civil deve ser observada quando atender rida nos limites do apoio acordado.
ao melhor interesse do curatelado, considerando suas vontades § 5o Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação ne-
e preferências, nos termos do art. 755, II, e § 1º, do CPC. gocial pode solicitar que os apoiadores contra-assinem o contrato
ou acordo, especificando, por escrito, sua função em relação ao
Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a pessoa com defi- apoiado.
ciência, o juiz poderá estabelecer CURATELA COMPARTILHADA § 6o Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuí-
a mais de uma pessoa. zo relevante, havendo divergência de opiniões entre a pessoa
apoiada e um dos apoiadores, deverá o juiz, ouvido o Ministé-
Art. 1.777. As pessoas referidas no inciso I do art. 1.767 receberão rio Público, decidir sobre a questão.
todo o apoio necessário para ter preservado o direito à convivên- § 7o Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida
cia familiar e comunitária, sendo evitado o seu recolhimento em ou não adimplir as obrigações assumidas, poderá a pessoa apoia-
estabelecimento que os afaste desse convívio. da ou qualquer pessoa apresentar denúncia ao Ministério Público
ou ao juiz.
Art. 1.778. A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos § 8o Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e no-
bens dos filhos do curatelado, observado o art. 5o. meará, ouvida a pessoa apoiada e se for de seu interesse, outra
pessoa para prestação de apoio.
Seção II § 9o A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o térmi-
Da Curatela do Nascituro e do Enfermo ou Portador de Deficiên- no de acordo firmado em processo de tomada de decisão apoia-
cia Física da.
Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer es- § 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua partici-
tando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. pação do processo de tomada de decisão apoiada, sendo seu
Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será desligamento condicionado à manifestação do juiz sobre a maté-
o do nascituro. ria.
§ 11. Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que couber, as
Seção III disposições referentes à prestação de contas na curatela.
Do Exercício da Curatela
Art. 1.781. As regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se JDC 639 A opção pela tomada de decisão apoiada é de legiti-
ao da curatela, com a restrição do art. 1.772 e as desta Seção. midade exclusiva da pessoa com deficiência. A pessoa que re-
quer o apoio pode manifestar, antecipadamente, sua vontade de
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem cura- que um ou ambos os apoiadores se tornem, em caso de curate-
dor, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, de- la, seus curadores.
mandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que JDC 640 A tomada de decisão apoiada não é cabível, se a
não sejam de mera administração. condição da pessoa exigir aplicação da curatela.

Art. 1.783. Quando o curador for o cônjuge e o regime de bens LIVRO V


do casamento for de comunhão universal, não será obrigado à Do Direito das Sucessões
prestação de contas, salvo determinação judicial.
SÚMULAS SOBRE SUCESSÕES
CAPÍTULO III
Da Tomada de Decisão Apoiada Súmula 49-STF: A cláusula de inalienabilidade inclui a incomu-
Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo nicabilidade dos bens.
qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 pessoas Súmula 542-STF: Não é inconstitucional a multa instituída
idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua pelo Estado-Membro, como sanção pelo retardamento do início
confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre ou da ultimação do inventário.
atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações
necessários para que possa exercer sua capacidade. TÍTULO I
§ 1o Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pes- Da Sucessão em Geral
soa com deficiência e os apoiadores devem apresentar termo em CAPÍTULO I
que constem os limites do apoio a ser oferecido e os compromis- Disposições Gerais
sos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência do acordo e o Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde
respeito à vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que logo, aos herdeiros legítimos e testamentários – PRINCÍPIO
devem apoiar. SAINSINE.
§ 2o O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido
pela pessoa a ser apoiada, com indicação expressa das pesso- Art. 1.785. A sucessão abre-se no LUGAR DO ÚLTIMO DOMICÍ-
as aptas a prestarem o apoio previsto no caput deste artigo. LIO DO FALECIDO.

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Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última § 2o É INEFICAZ a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito he-
vontade. reditário sobre qualquer bem da herança considerado singu-
larmente.
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a § 3o INEFICAZ é a disposição, sem prévia autorização do juiz
LEI VIGENTE AO TEMPO DA ABERTURA daquela. da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do
acervo hereditário, pendente a indivisibilidade.
Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a he-
rança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota heredi-
que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a suces- tária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a qui-
são legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo. ser, tanto por tanto.

Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só pode- Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da
rá dispor da metade da herança. cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida
a estranho, se o requerer até 180 dias após a transmissão.
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da suces- Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a prefe-
são do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vi- rência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção
gência da união estável, nas condições seguintes (declarado in- das respectivas quotas hereditárias.
constitucional pelo STF – aplica-se à companheira a mesma
regra do art. 1829) Art. 1.796. No prazo de 30 dias, a contar da abertura da suces-
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equi- são, instaurar-se-á inventário do patrimônio hereditário, perante
valente à que por lei for atribuída ao filho; o juízo competente no lugar da sucessão, para fins de liquidação
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar- e, quando for o caso, de partilha da herança.
lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração
1/3 da herança; da herança caberá, sucessivamente:
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tem-
herança. po da abertura da sucessão;
II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e,
JDC266 Aplica-se o inc. I do art. 1.790 também na hipótese de se houver mais de um nessas condições, ao mais velho;
concorrência do companheiro sobrevivente com outros descen- III - ao testamenteiro;
dentes comuns, e não apenas na concorrência com filhos co- IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indica -
muns. das nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas
JDC 641 A decisão do Supremo Tribunal Federal que decla- por motivo grave levado ao conhecimento do juiz.
rou a inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil não
importa equiparação absoluta entre o casamento e a união CAPÍTULO III
estável. Estendem-se à união estável apenas as regras aplicáveis Da Vocação Hereditária
ao casamento que tenham por fundamento a solidariedade fa- Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já
miliar. Por outro lado, é constitucional a distinção entre os re- concebidas no momento da abertura da sucessão.
gimes, quando baseada na solenidade do ato jurídico que
funda o casamento, ausente na união estável. JDC267 A regra do art. 1.798 do Código Civil deve ser esten-
dida aos embriões formados mediante o uso de técnicas de
CAPÍTULO II reprodução assistida, abrangendo, assim, a vocação hereditá-
Da Herança e de sua Administração ria da pessoa humana a nascer cujos efeitos patrimoniais se
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda submetem às regras previstas para a petição da herança.
que vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chama-
quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e dos a suceder:
regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo
testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às II - as pessoas jurídicas;
forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada
se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens pelo testador sob a forma de fundação.
herdados.
JDC268 Nos termos do inc. I do art. 1.799, pode o testador be-
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de
neficiar filhos de determinada origem, não devendo ser inter-
que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por es-
pretada extensivamente a cláusula testamentária respectiva.
critura pública.
§ 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de subs-
tituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da
pela cessão feita anteriormente. herança serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador
nomeado pelo juiz.

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§ 1o Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela cabe- ao juiz prazo razoável, não maior de 30 dias, para, nele, se pro-
rá à pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro, e, su- nunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita.
cessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775.
§ 2o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em par-
nomeado, regem-se pelas disposições concernentes à curatela te, sob condição ou a termo.
dos incapazes, no que couber. § 1o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los,
§ 3o Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferi- renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los.
da a sucessão, com os frutos e rendimentos relativos à deixa, § 2o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um qui-
a partir da morte do testador. nhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremen-
§ 4o Se, decorridos 2 anos após a abertura da sucessão, não te deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia.
for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo
disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a he-
legítimos. rança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se
trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatá- verificada.
rios: Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda
cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira.
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acres-
sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de 5 anos; ce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o úni-
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, co desta, devolve-se aos da subseqüente.
perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o
testamento. JDC575 Concorrendo herdeiros de classes diversas, a renúncia
de qualquer deles devolve sua parte aos que integram a mesma
JDC269 A vedação do art. 1.801, inc. III, do Código Civil não ordem dos chamados a suceder.
se aplica à união estável, independentemente do período de
separação de fato (art. 1.723, § 1º). Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro re-
nunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou
Art. 1.802. São NULAS as disposições testamentárias em favor se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, po-
de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simula- derão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça.
das sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante in-
terposta pessoa. Art. 1.812. São IRREVOGÁVEIS os atos de ACEITAÇÃO ou de RE-
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascenden- NÚNCIA da herança.
tes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do
não legitimado a suceder. Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renun-
ciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la
Art. 1.803. É LÍCITA a deixa ao filho do concubino, quando tam- em nome do renunciante.
bém o for do testador. § 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de 30 dias se-
guintes ao conhecimento do fato.
CAPÍTULO IV § 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto
Da Aceitação e Renúncia da Herança ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros.
Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmis-
são ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. CAPÍTULO V
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando Dos Excluídos da Sucessão
o herdeiro renuncia à herança. Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por homicídio DOLOSO, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja
declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou des-
de atos próprios da qualidade de herdeiro. cendente;
§ 1o NÃO EXPRIMEM ACEITAÇÃO de herança os atos oficiosos, II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor
como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de
os de administração e guarda provisória. seu cônjuge ou companheiro;
§ 2o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obs-
e simples, da herança, aos demais co-herdeiros. tarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens
por ato de última vontade.
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente
de instrumento público ou termo judicial. Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer
desses casos de indignidade, será declarada por sentença.
Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou § 1o O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatá-
não, a herança, poderá, 20 dias após aberta a sucessão, requerer rio extingue-se em 4 anos, contados da abertura da sucessão.

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§ 2o Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Públi- Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem
co tem legitimidade para demandar a exclusão do herdeiro à herança, será esta desde logo declarada vacante.
ou legatário.
CAPÍTULO VII
JDC116 O Ministério Público, por força do art. 1.815 do novo Da petição de herança
Código Civil, desde que presente o interesse público, tem legiti- Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança,
midade para promover ação visando à declaração da indignida- demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para
de de herdeiro ou legatário. obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem,
na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua.
Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes
Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por
do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da
um só dos herdeiros, poderá compreender todos os bens he-
abertura da sucessão.
reditários.
Parágrafo único. O excluído da sucessão NÃO TERÁ DIREITO ao
usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores
Art. 1.826. O possuidor da herança está obrigado à restituição dos
couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.
bens do acervo, fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua
posse, observado o disposto nos arts. 1.214 a 1.222.
Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários
Parágrafo único. A partir da citação, a responsabilidade do possui-
a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente pra-
dor se há de aferir pelas regras concernentes à posse de má-fé e
ticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos
à mora.
herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-
lhe perdas e danos.
Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mes-
Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir
mo em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do
os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver per-
possuidor originário pelo valor dos bens alienados.
cebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a
Parágrafo único. São EFICAZES as alienações feitas, a título
conservação deles.
oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé.
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a ex-
Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um
clusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o ti-
legado, não está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro
ver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro
sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem o
ato autêntico.
recebeu.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno,
contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao
TÍTULO II
testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite
Da Sucessão Legítima
da disposição testamentária.
CAPÍTULO I
Da Ordem da Vocação Hereditária
CAPÍTULO VI
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
Da Herança Jacente
I - aos DESCENDENTES, em concorrência com o cônjuge sobre-
Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem her-
vivente, salvo se casado este com o falecido no regime da co-
deiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da herança,
munhão universal, ou no da separação obrigatória de bens
depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração
(art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão
de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habi-
parcial, o autor da herança não houver deixado bens particu-
litado ou à declaração de sua vacância.
lares;
II - aos ASCENDENTES, em concorrência com o cônjuge;
Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o
III - ao CÔNJUGE sobrevivente;
inventário, serão expedidos editais na forma da lei processual, e,
IV - aos COLATERAIS (até 4° grau).
decorrido 1 ano de sua primeira publicação, sem que haja her-
deiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada
vacante. JDC270 O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente
o direito de concorrência com os descendentes do autor da he-
Art. 1.821. É assegurado aos credores o direito de pedir o paga- rança quando casados no regime da separação convencional de
mento das dívidas reconhecidas, nos limites das forças da heran- bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou parti-
ça. cipação final nos aqüestos, o falecido possuísse bens particu-
lares, hipóteses em que a concorrência se restringe a tais
Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudica- bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados ex-
rá os herdeiros que legalmente se habilitarem; mas, decorri- clusivamente entre os descendentes.
dos 5 anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados pas- JDC608 É possível o registro de nascimento dos filhos de pesso-
sarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se loca- as do mesmo sexo originários de reprodução assistida, direta-
lizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domí- mente no Cartório do Registro Civil, sendo dispensável a propo-
nio da União quando situados em território federal. situra de ação judicial, nos termos da regulamentação da Corre-
Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacân- gedoria local.
cia, os colaterais ficarão excluídos da sucessão. JDC609 O regime de bens no casamento somente interfere
na concorrência sucessória do cônjuge com descendentes

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do falecido. e diversidade em linha entre os ascendentes convocados a
herdar, a herança deverá ser dividida em tantas linhas quan-
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônju- tos sejam os genitores.
ge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não esta-
vam separados judicialmente, nem separados de fato há mais Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em 1° grau, ao cônju-
de 2 anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se ge tocará 1/3 da herança; caber-lhe-á a 1/2 desta se houver
tornara impossível sem culpa do sobrevivente. um só ascendente, ou se maior for aquele grau.

Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, QUALQUER QUE SEJA O SUCESSÃO DO CÔNJUGE/COMPANHEIRO


REGIME DE BENS, será assegurado, sem prejuízo da participa-
Em concorrência com os descendentes caberá quinhão igual ao
ção que lhe caiba na herança, o DIREITO REAL DE HABITAÇÃO
dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser
relativamente ao imóvel destinado à residência da família,
inferior a 1/4 da herança, se for ascendente dos herdeiros com
desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
que concorrer.

Lei 9278/96. Art. 7°, Parágrafo único. Dissolvida a união estável Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascen-
por morte de um dos conviventes, o sobrevivente terá direito dentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.
real de habitação, enquanto viver ou não constituir nova união Concorrendo com ascendente em 1° grau, ao cônjuge tocará
ou casamento, relativamente ao imóvel destinado à 1/3 da herança; caber-lhe-á a 1/2 desta se houver um só as-
residência da família. cendente, ou se maior for aquele grau.

Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida


JDC117 O direito real de habitação deve ser estendido ao
a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente.
companheiro, seja por não ter sido revogada a previsão
da Lei n. 9.278/96, seja em razão da interpretação
Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições
analógica do art. 1.831, informado pelo art. 6º, caput, da CF/
estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colate-
88.
rais até o 4° grau.
JDC271 O cônjuge pode renunciar ao direito real de habi-
tação nos autos do inventário ou por escritura pública, sem
Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os
prejuízo de sua participação na herança.
mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos fi-
lhos de irmãos.

Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, in- Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais
ciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem com irmãos unilaterais, cada um destes herdará 1/2 do que
por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior a 1/4 da he- cada um daqueles herdar.
rança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
Art. 1.842. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herda-
JDC527 Na concorrência entre o cônjuge e os herdeiros do de rão, em partes iguais, os unilaterais.
cujus , não será reservada 1/4 da herança para o sobrevivente
no caso de filiação híbrida. Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os
havendo, os tios.
Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo ex- § 1o Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos fale-
cluem os mais remotos, salvo o direito de representação. cidos, herdarão por cabeça.
§ 2o Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos
Art. 1.834. Os descendentes da mesma classe têm os mesmos di- unilaterais, cada um destes herdará a 1/2 do que herdar cada um
reitos à sucessão de seus ascendentes. daqueles.
§ 3o Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de ir-
Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabe- mãos unilaterais, herdarão por igual.
ça, e os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, con-
forme se achem ou não no mesmo grau. Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem pa-
rente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas
os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente. respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em territó-
§ 1o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais rio federal.
remoto, sem distinção de linhas.
§ 2o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os as- CAPÍTULO II
cendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra Dos Herdeiros Necessários
aos da linha materna. Art. 1.845. São HERDEIROS NECESSÁRIOS os descendentes, os
ascendentes e o cônjuge (CAD).
JDC 642 Nas hipóteses de multiparentalidade, havendo o fa-
lecimento do descendente com o chamamento de seus as-
cendentes à sucessão legítima, se houver igualdade em grau

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Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direi- firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento
to, a ½ (metade) dos bens da herança, constituindo a legíti- de recursos repetitivos.
ma. § 2º A petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao vice-
presidente do tribunal de origem e independe do pagamento de
Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens exis- custas e despesas postais, aplicando-se a ela o regime de reper-
tentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despe- cussão geral e de recursos repetitivos, inclusive quanto à possibi-
sas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens su- lidade de sobrestamento e do juízo de retratação.
jeitos a colação. § 3o O agravado será intimado, de imediato, para oferecer respos-
ta no prazo de 15 dias.
Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, § 4o Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo
NÃO PODE o testador estabelecer cláusula de inalienabilida- será remetido ao tribunal superior competente.
de, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os § 5o O agravo poderá ser julgado, conforme o caso, conjuntamen-
bens da legítima. te com o recurso especial ou extraordinário, assegurada, neste
§ 1o Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos caso, sustentação oral, observando-se, ainda, o disposto no regi-
bens da legítima em outros de espécie diversa. mento interno do tribunal respectivo.
§ 2o Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem § 6o Na hipótese de interposição conjunta de recursos extraor-
ser alienados os bens gravados, convertendo-se o produto em dinário e especial, o agravante deverá interpor um agravo
outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros. para cada recurso não admitido.
§ 7o Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao tri-
Art. 1.849. O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a bunal competente, e, havendo interposição conjunta, os autos
sua parte disponível, ou algum legado, não perderá o direito serão remetidos ao STJ.
à legítima. § 8o Concluído o julgamento do agravo pelo STJ e, se for o
caso, do REsp, independentemente de pedido, os autos serão
Art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta remetidos ao STF para apreciação do agravo a ele dirigido,
que o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar. salvo se estiver prejudicado.

CAPÍTULO III FPPC225. (art. 1.042) O agravo em recurso especial ou extraordi-


Do Direito de Representação nário será interposto nos próprios autos.
Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei cha- FPPC228. (art. 1.042, § 4o) Fica superado o enunciado 639 da sú-
ma certos parentes do falecido a suceder em todos os direi- mula do STF após a entrada em vigor do CPC (“Aplica-se a súmu-
tos, em que ele sucederia, se vivo fosse. la 288 quando não constarem do traslado do agravo de instrumento
as cópias das peças necessárias à verificação da tempestividade do
Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta des- recurso extraordinário não admitido pela decisão agravada”).
cendente, mas NUNCA NA ASCENDENTE. FPPC229. (art. 1.042, § 4o) Fica superado o enunciado 288 da sú-
mula do STF após a entrada em vigor do CPC (“Nega-se provi-
Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de repre- mento a agravo para subida de recurso extraordinário, quando
sentação em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com faltar no traslado o despacho agravado, a decisão recorrida, a
irmãos deste concorrerem. petição de recurso extraordinário ou qualquer peça essencial à
compreensão da controvérsia”).
Art. 1.854. Os representantes só podem herdar, como tais, o que JDPC77 Para impugnar decisão que obsta trânsito a recurso
herdaria o representado, se vivo fosse. excepcional e que contenha simultaneamente fundamento
relacionado à sistemática dos recursos repetitivos ou da re-
JDC610 Nos casos de comoriência entre ascendente e descen- percussão geral (art. 1.030, I, do CPC) e fundamento relacio-
dente, ou entre irmãos, reconhece-se o direito de represen- nado à análise dos pressupostos de admissibilidade recur-
tação aos descendentes e aos filhos dos irmãos. sais (art. 1.030, V, do CPC), a parte sucumbente deve interpor,
simultaneamente, agravo interno (art. 1.021 do CPC) caso
queira impugnar a parte relativa aos recursos repetitivos ou re-
Art. 1.855. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre
percussão geral e agravo em recurso especial/extraordinário
os representantes.
(art. 1.042 do CPC) caso queira impugnar a parte relativa aos
fundamentos de inadmissão por ausência dos pressupostos re-
Art. 1.856. O renunciante à herança de uma pessoa poderá re-
cursais.
presentá-la na sucessão de outra.
JDPC83 Caso os embargos de divergência impliquem alteração
das conclusões do julgamento anterior, o recorrido que já tiver
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL interposto o recurso extraordinário terá o direito de comple-
mentar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modifica-
ção, no prazo de quinze dias, contados da intimação da decisão
Seção III dos embargos de divergência.
Do Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário
Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do Seção IV
vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir RE ou Dos Embargos de Divergência
REsp, salvo quando fundada na aplicação de entendimento Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que:

10
I - em RE ou em REsp, divergir do julgamento de qualquer ou- subida de recurso extraordinário.
tro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado Súmula 598-STF: Nos embargos de divergência não servem
e paradigma, de mérito; como padrão de discordância os mesmos paradigmas invocados
III - em RE ou em REsp, divergir do julgamento de qualquer para demonstrá-la mas repelidos como não dissidentes no jul-
outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito gamento do recurso extraordinário.
e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha
apreciado a controvérsia; STJ
§ 1o Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julga- Súmula 158-STJ: Não se presta a justificar embargos de diver-
mentos de recursos e de ações de competência originária. gência o dissídio com acórdão de turma ou seção que não mais
§ 2o A divergência que autoriza a interposição de embargos de di- tenha competência para a matéria neles versada
vergência pode verificar-se na aplicação do direito material ou Súmula 168-STJ: Não cabem embargos de divergência, quan-
do direito processual. do a jurisprudência do tribunal se firmou no mesmo sentido do
§ 3o Cabem embargos de divergência quando o acórdão para- acórdão embargado.
digma for da mesma turma que proferiu a decisão embargada, Súmula 315-STJ: Não cabem embargos de divergência no âm-
desde que sua composição tenha sofrido alteração em mais bito do agravo de instrumento que não admite recurso especial
da metade de seus membros. Súmula 316-STJ: Cabem embargos de divergência contra acór-
§ 4o O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou ci- dão que, em agravo regimental, decide recurso especial.
tação de repositório oficial ou credenciado de jurisprudência, in- Súmula 420-STJ: Incabível, em embargos de divergência, dis-
clusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o acórdão diver- cutir o valor de indenização por danos morais.
gente, ou com a reprodução de julgado disponível na rede mun-
dial de computadores, indicando a respectiva fonte, e mencionará
as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos con- LIVRO COMPLEMENTAR
frontados. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 1.045. Este Código entra em vigor após decorrido 1 ano da
data de sua publicação oficial (18.03.2016).
FPPC230. (art. 1.043) Cabem embargos de divergência contra
acórdão que, em agravo interno ou agravo em recurso espe-
Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se
cial ou extraordinário, decide recurso especial ou extraordi-
aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revo-
nário.
gada a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
FPPC232. (art. 1.043, § 3º) Fica superado o enunciado 353 da sú-
§ 1o As disposições da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973,
mula do STF após a entrada em vigor do CPC (“São incabíveis os
relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos espe-
embargos da Lei 623, de 19.02.49, com fundamento em divergên-
ciais que forem revogadas aplicar-se-ão às ações propostas e
cia entre decisões da mesma turma do Supremo Tribunal Fede-
não sentenciadas até o início da vigência deste Código.
ral”).
§ 2o Permanecem em vigor as disposições especiais dos proce-
dimentos regulados em outras leis, aos quais se aplicará suple-
Art. 1.044. No recurso de embargos de divergência, será observa- tivamente este Código.
do o procedimento estabelecido no regimento interno do respec- § 3o Os processos mencionados no art. 1.218 da Lei nº 5.869, de
tivo tribunal superior. 11 de janeiro de 1973, cujo procedimento ainda não tenha sido
§ 1o A interposição de embargos de divergência no STJ interrom- incorporado por lei submetem-se ao procedimento comum pre-
pe o prazo para interposição de recurso extraordinário por qual- visto neste Código.
quer das partes. § 4o As remissões a disposições do Código de Processo Civil revo-
§ 2o Se os embargos de divergência forem desprovidos ou não al- gado, existentes em outras leis, passam a referir-se às que lhes
terarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso extraordi- são correspondentes neste Código.
nário interposto pela outra parte antes da publicação do julga- § 5o A primeira lista de processos para julgamento em ordem cro-
mento dos embargos de divergência será processado e julgado nológica observará a antiguidade da distribuição entre os já
independentemente de ratificação. conclusos na data da entrada em vigor deste Código.

SÚMULAS SOBRE EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA


FPPC476. (arts. 1046 e 14) Independentemente da data de inti-
STF mação, o direito ao recurso contra as decisões unipessoais nasce
com a publicação em cartório, secretaria do juízo ou inserção
Súmula 247-STF: O relator não admitirá os embargos da Lei
nos autos eletrônicos da decisão a ser impugnada, o que primei-
623, de 19.02.1949 (de divergência), nem deles conhecerá o Su-
ro ocorrer, ou, ainda, nas decisões proferidas em primeira ins-
premo Tribunal Federal, quando houver jurisprudência firme do
tância, será da prolação de decisão em audiência.
plenário no mesmo sentido da decisão embargada.
FPPC567. (arts.1.046, § 1º; art. 1.047). Invalidado o ato proces-
Súmula 290-STF: Nos embargos da Lei 623, de 19.2.1949, a
sual praticado à luz do CPC de 1973, a sua repetição obser-
prova de divergência far-se-á por certidão, ou mediante indica-
vará o regramento do CPC-2015, salvo nos casos de incidên-
ção do "Diário da Justiça" ou de repertório de jurisprudência au-
cia do art. 1047 do CPC-2015 e no que refere às disposições
torizado, que a tenha publicado, com a transcrição do trecho
revogadas relativas ao procedimento sumário, aos procedi-
que configure a divergência, mencionadas as circunstâncias que
mentos especiais e às cautelares.
identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.
FPPC568. (art. 1046, §1º). As disposições do CPC-1973 relativas
Súmula 300-STF: São incabíveis os embargos da Lei 623, de
aos procedimentos cautelares que forem revogadas aplicar-
19.02.1949 (de divergência), contra provimento de agravo para
se-ão às ações propostas e não sentenciadas até o início da

11
vigência do CPC/2015 Art. 1.051. As empresas públicas e privadas devem cumprir o dis-
FPPC616. (arts.1046; 14) Independentemente da data de intima- posto no art. 246, § 1 o, no prazo de 30 dias, a contar da data de
ção ou disponibilização de seu inteiro teor, o direito ao recurso inscrição do ato constitutivo da pessoa jurídica, perante o juízo
contra as decisões colegiadas nasce na data em que procla- onde tenham sede ou filial.
mado o resultado da sessão de julgamento Parágrafo único. O disposto no caput NÃO SE APLICA ÀS MI-
CROEMPRESAS E ÀS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE.
Art. 1.047. As disposições de direito probatório adotadas neste
Art. 1.052. Até a edição de lei específica, as EXECUÇÕES CON-
Código aplicam-se apenas às provas requeridas ou determina-
TRA DEVEDOR INSOLVENTE, em curso ou que venham a ser
das de ofício a partir da data de início de sua vigência.
propostas, permanecem reguladas pelo Livro II, Título IV, da
Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (processos de insolvên-
FPPC366. (art. 1.047). O protesto genérico por provas, realizado cia civil serão regulados pelo CPC/1973)
na petição inicial ou na contestação ofertada antes da vigência
do CPC, não implica requerimento de prova para fins do art. Art. 1.053. Os atos processuais praticados por meio eletrônico até
1047. a transição definitiva para certificação digital ficam convalidados,
FPPC569. (art.1.047; art. 190). O art. 1.047 não impede conven- ainda que não tenham observado os requisitos mínimos estabele-
ções processuais em matéria probatória, ainda que relativas a cidos por este Código, desde que tenham atingido sua finalidade
provas requeridas ou determinadas sob vigência do CPC-1973 e não tenha havido prejuízo à defesa de qualquer das partes.

Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo Art. 1.054. O disposto no art. 503, § 1 o, somente se aplica aos
ou tribunal, os procedimentos judiciais: processos iniciados após a vigência deste Código, aplicando-se
I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade aos anteriores o disposto nos arts. 5º, 325 e 470 da Lei n o 5.869,
igual ou superior a 60 anos ou portadora de doença grave, as- de 11 de janeiro de 1973.
sim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6 o, inciso XIV,
da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988; FPPC367. (arts. 1.054, 312, 503). Para fins de interpretação do
II - regulados pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA). art. 1.054, entende-se como início do processo a data do proto-
§ 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando colo da petição inicial.
prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade judiciá-
ria competente para decidir o feito, que determinará ao cartó-
Art. 1.056. Considerar-se-á como termo inicial do prazo da pres-
rio do juízo as providências a serem cumpridas.
crição prevista no art. 924, inciso V, inclusive para as execuções
§ 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identificação
em curso, a data de vigência deste Código.
própria que evidencie o regime de tramitação prioritária.
§ 3o Concedida a prioridade, essa NÃO CESSARÁ COM A MOR-
Art. 1.057. O disposto no art. 525, §§ 14 e 15, e no art. 535, §§ 7 o e
TE DO BENEFICIADO, estendendo-se em favor do cônjuge su-
8o, aplica-se às decisões transitadas em julgado após a entrada
pérstite ou do companheiro em união estável.
em vigor deste Código, e, às decisões transitadas em julgado an-
§ 4o A tramitação prioritária independe de deferimento pelo ór-
teriormente, aplica-se o disposto no art. 475-L, § 1º, e no art. 741,
gão jurisdicional e deverá ser imediatamente concedida diante da
parágrafo único, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
prova da condição de beneficiário.

Art. 1.058. Em todos os casos em que houver recolhimento de


Art. 1.049. Sempre que a lei remeter a procedimento previsto
importância em dinheiro, esta será depositada em nome da parte
na lei processual sem especificá-lo, será observado o procedi-
ou do interessado, em conta especial movimentada por ordem do
mento comum previsto neste Código.
juiz, nos termos do art. 840, inciso I.
Parágrafo único. Na hipótese de a lei remeter ao procedimen-
to sumário, será observado o procedimento comum previsto
Art. 1.059. À tutela provisória requerida contra a Fazenda Pú-
neste Código, com as modificações previstas na própria lei espe-
blica aplica-se o disposto nos arts. 1o a 4o da Lei no 8.437, de
cial, se houver.
30 de junho de 1992, e no art. 7o, § 2o, da Lei no 12.016, de 7 de
agosto de 2009.
FPPC570. (art. 1.049, parágrafo único; Lei 8.245/1991) As ações
LEI Nº 8.437/92
revisionais de aluguel ajuizadas após a entrada em vigor do
Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do Poder
Código de Processo Civil deverão tramitar pelo procedimen-
Público, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras
to comum, aplicando-se, com as adaptações procedimentais
ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que provi-
que se façam necessárias, as disposições dos artigos 68 a 70 da
dência semelhante não puder ser concedida em ações de
Lei 8.245/1991.
mandado de segurança, em virtude de vedação legal.
§ 1° Não será cabível, no juízo de 1° grau, medida cautelar
Art. 1.050. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de au-
suas respectivas entidades da administração indireta, o Ministério toridade sujeita, na via de mandado de segurança, à compe-
Público, a Defensoria Pública e a Advocacia Pública, no prazo de tência originária de tribunal.
30 dias a contar da data da entrada em vigor deste Código, deve- § 2° O disposto no parágrafo anterior NÃO SE APLICA AOS
rão se cadastrar perante a administração do tribunal no qual atu- PROCESSOS DE AÇÃO POPULAR E DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
em para cumprimento do disposto nos arts. 246, § 2 o, e 270, pa- § 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou
rágrafo único. em qualquer parte, o objeto da ação.

12
§ 4° Nos casos em que cabível medida liminar, sem prejuízo da mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassifica-
comunicação ao dirigente do órgão ou entidade, o respectivo ção ou equiparação de servidores públicos e a concessão de
representante judicial dela será imediatamente intimado. aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de
§ 5o Não será cabível medida liminar que defira compensa- qualquer natureza.
ção de créditos tributários ou previdenciários.
Art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade
Art. 2º No mandado de segurança coletivo e na ação civil pú- jurídica aplica-se ao processo de competência dos juizados
blica, a liminar será concedida, quando cabível, após a au- especiais.
diência do representante judicial da pessoa jurídica de direi-
to público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 horas . Art. 1.063. Até a edição de lei específica, os juizados especiais
cíveis previstos na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995,
Art. 3° O recurso voluntário ou ex officio, interposto contra continuam competentes para o processamento e julgamento
sentença em processo cautelar, proferida contra pessoa ju- das causas previstas no art. 275, inciso II, da Lei n o 5.869, de
rídica de direito público ou seus agentes, que importe em 11 de janeiro de 1973.
outorga ou adição de vencimentos ou de reclassificação fun-
cional, terá efeito suspensivo. Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumaríssimo:
II - nas causas, qualquer que seja o valor:
Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o co- a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;
nhecimento do respectivo recurso, suspender, em despacho b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao
fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra condomínio;
o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;
Público ou da pessoa jurídica de direito público interessada, em d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo
caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimida- de via terrestre;
de, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em
economia públicas. acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execu-
§ 1° Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferida em ção;
processo de ação cautelar inominada, no processo de ação po- f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalva-
pular e na ação civil pública, enquanto não transitada em julga- do o disposto em legislação especial;
do. g) que versem sobre revogação de doação;
§ 2o O Presidente do Tribunal poderá ouvir o autor e o Ministé- h) nos demais casos previstos em lei.
rio Público, em 72 horas.
§ 3o Do despacho que conceder ou negar a suspensão, caberá Art. 1.069. O Conselho Nacional de Justiça promoverá, periodica-
agravo, no prazo de 5 dias, que será levado a julgamento na mente, pesquisas estatísticas para avaliação da efetividade das
sessão seguinte a sua interposição. normas previstas neste Código.
§ 4o Se do julgamento do agravo de que trata o § 3o resultar a
manutenção ou o restabelecimento da decisão que se pretende Art. 1.070. É de 15 dias o prazo para a interposição de qualquer
suspender, caberá novo pedido de suspensão ao Presidente do agravo, previsto em lei ou em regimento interno de tribunal, con-
Tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial tra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em
ou extraordinário. tribunal.
§ 5o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o
§ 4o, quando negado provimento a agravo de instrumento inter- JDPC58 O prazo para interposição do agravo previsto na Lei n.
posto contra a liminar a que se refere este artigo. 8.437/92 é de 15 dias, conforme o disposto no art. 1.070 do
§ 6o A interposição do agravo de instrumento contra liminar CPC.
concedida nas ações movidas contra o Poder Público e seus
agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pe- Art. 1.072. Revogam-se:
dido de suspensão a que se refere este artigo. I - o art. 22 do Decreto-Lei no 25, de 30 de novembro de 1937;
§ 7o O Presidente do Tribunal poderá conferir ao pedido efeito II - os arts. 227, caput, 229, 230, 456, 1.482, 1.483 e 1.768 a 1.773
suspensivo liminar, se constatar, em juízo prévio, a plausibilida- da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);
de do direito invocado e a urgência na concessão da medida. III - os arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei n o 1.060, de 5 de
§ 8o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspen- fevereiro de 1950;
sas em uma única decisão, podendo o Presidente do Tribunal IV - os arts. 13 a 18, 26 a 29 e 38 da Lei n o 8.038, de 28 de maio
estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, de 1990;
mediante simples aditamento do pedido original. V - os arts. 16 a 18 da Lei no 5.478, de 25 de julho de 1968; e
VI - o art. 98, § 4o, da Lei no 12.529, de 30 de novembro de 2011.
§ 9o A suspensão deferida pelo Presidente do Tribunal vigorará
até o trânsito em julgado da decisão de mérito na ação princi-
pal. FPPC484. (art. 1.072, V) A revogação dos arts. 16 a 18 da Lei de
Alimentos, que tratam da gradação dos meios de satisfação do
LEI Nº 12.016/09 direito do credor, não implica supressão da possibilidade de pe-
Art. § 2o Não será concedida medida liminar que tenha por nhora sobre créditos originários de alugueis de prédios ou de
objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de quaisquer outros rendimentos do devedor

13
II – respeito aos interesses e direitos dos destinatários
dos serviços e dos entes privados incumbidos da sua execução;
III – indelegabilidade das funções de regulação, jurisdici-
LEI 11079/04 - PPP
onal, do exercício do poder de polícia e de outras atividades
exclusivas do Estado;
Capítulo I IV – responsabilidade fiscal na celebração e execução das
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES parcerias;
Art. 1o Esta Lei institui normas gerais para licitação e contra- V – transparência dos procedimentos e das decisões;
tação de parceria público-privada no âmbito dos Poderes da Uni- VI – repartição objetiva de riscos entre as partes;
ão, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. VII – sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômi-
Parágrafo único. Esta Lei aplica-se aos órgãos da adminis- cas dos projetos de parceria.
tração pública direta dos Poderes Executivo e Legislativo, aos
fundos especiais, às autarquias, às fundações públicas, às em- Capítulo II
presas públicas, às sociedades de economia mista e às demais DOS CONTRATOS DE PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA
entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Es- Art. 5o As cláusulas dos contratos de parceria público-pri-
tados, Distrito Federal e Municípios.
vada atenderão ao disposto no art. 23 da Lei n o 8.987/95, no que
couber, devendo também prever:
Art. 2o Parceria público-privada é o contrato administrativo
I – o prazo de vigência do contrato, compatível com a
de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa.
amortização dos investimentos realizados, não inferior a 5, nem
§ 1o CONCESSÃO PATROCINADA é a concessão de servi-
superior a 35 anos, incluindo eventual prorrogação;
ços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei n o 8.987, de
II – as penalidades aplicáveis à Administração Pública e ao
13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à ta-
parceiro privado em caso de inadimplemento contratual, fixadas
rifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do par-
sempre de forma proporcional à gravidade da falta cometida, e às
ceiro público ao parceiro privado.
obrigações assumidas;
§ 2o CONCESSÃO ADMINISTRATIVA é o contrato de pres-
III – a repartição de riscos entre as partes, inclusive os re-
tação de serviços de que a Administração Pública seja a usuá-
ferentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea
ria direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou
econômica extraordinária;
fornecimento e instalação de bens.
IV – as formas de remuneração e de atualização dos valores
§ 3o Não constitui parceria público-privada a concessão
contratuais;
comum, assim entendida a concessão de serviços públicos ou de
V – os mecanismos para a preservação da atualidade da
obras públicas de que trata a Lei n o 8.987/95, quando não envol-
prestação dos serviços;
ver contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro
VI – os fatos que caracterizem a inadimplência pecuniária do
privado.
parceiro público, os modos e o prazo de regularização e, quando
§ 4o É vedada a celebração de contrato de parceria público-
houver, a forma de acionamento da garantia;
privada:
VII – os critérios objetivos de avaliação do desempenho do
I - cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00
parceiro privado;
milhões de reais;
VIII – a prestação, pelo parceiro privado, de garantias de
II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5
execução suficientes e compatíveis com os ônus e riscos en-
anos; ou
volvidos, observados os limites dos §§ 3o e 5o do art. 56 da Lei no
III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-
8.666, de 21 de junho de 1993, e, no que se refere às concessões
de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a
patrocinadas, o disposto no inciso XV do art. 18 da Lei n o 8.987,
execução de obra pública.
de 13 de fevereiro de 1995;
IX – o compartilhamento com a Administração Pública de
Art. 3o As concessões administrativas regem-se por esta Lei,
ganhos econômicos efetivos do parceiro privado decorrentes
aplicando-se-lhes adicionalmente o disposto nos arts. 21, 23, 25 e
da redução do risco de crédito dos financiamentos utilizados
27 a 39 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e no art. 31 da
pelo parceiro privado;
Lei no 9.074, de 7 de julho de 1995.
X – a realização de vistoria dos bens reversíveis, podendo o
§ 1o As concessões patrocinadas regem-se por esta Lei, apli-
parceiro público reter os pagamentos ao parceiro privado, no va-
cando-se-lhes subsidiariamente o disposto na Lei n o 8.987, de 13
lor necessário para reparar as irregularidades eventualmente de-
de fevereiro de 1995, e nas leis que lhe são correlatas.
tectadas.
§ 2o As concessões comuns continuam regidas pela Lei n o
XI - o cronograma e os marcos para o repasse ao parceiro
8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e pelas leis que lhe são correla-
privado das parcelas do aporte de recursos, na fase de investi-
tas, não se lhes aplicando o disposto nesta Lei.
mentos do projeto e/ou após a disponibilização dos serviços,
§ 3o Continuam regidos exclusivamente pela Lei n o 8.666, de
sempre que verificada a hipótese do § 2o do art. 6o desta Lei.
21 de junho de 1993, e pelas leis que lhe são correlatas os contra-
§ 1o As cláusulas contratuais de atualização automática
tos administrativos que não caracterizem concessão comum, pa-
de valores baseadas em índices e fórmulas matemáticas, quando
trocinada ou administrativa.
houver, serão aplicadas sem necessidade de homologação pela
Administração Pública, exceto se esta publicar, na imprensa ofici-
Art. 4o Na contratação de parceria público-privada serão ob-
al, onde houver, até o prazo de 15 dias após apresentação da fa-
servadas as seguintes diretrizes:
tura, razões fundamentadas nesta Lei ou no contrato para a rejei-
I – eficiência no cumprimento das missões de Estado e no
ção da atualização.
emprego dos recursos da sociedade;
§ 2o Os contratos poderão prever adicionalmente:

14
I - os requisitos e condições em que o parceiro público auto- edital de licitação, se contratos novos, ou em lei específica, se
rizará a transferência do controle ou a administração temporária contratos celebrados até 8 de agosto de 2012.
da sociedade de propósito específico aos seus financiadores e ga- § 3o O valor do aporte de recursos realizado nos termos do § 2 o
rantidores com quem não mantenha vínculo societário direto, poderá ser excluído da determinação:
com o objetivo de promover a sua reestruturação financeira e as- I - do lucro líquido para fins de apuração do lucro real e da base
segurar a continuidade da prestação dos serviços, não se aplican- de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL; e
do para este efeito o previsto no inciso I do parágrafo único do II - da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da
art. 27 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - CO-
II – a possibilidade de emissão de empenho em nome dos fi- FINS.
nanciadores do projeto em relação às obrigações pecuniárias da III - da base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Re-
Administração Pública; ceita Bruta - CPRB devida pelas empresas referidas nos arts. 7 o e
III – a legitimidade dos financiadores do projeto para receber 8o da Lei no 12.546, de 14 de dezembro de 2011, a partir de 1 o de
indenizações por extinção antecipada do contrato, bem como pa- janeiro de 2015.
gamentos efetuados pelos fundos e empresas estatais garantido- § 4o Até 31 de dezembro de 2013, para os optantes conforme o
res de parcerias público-privadas. art. 75 da Lei no 12.973, de 13 de maio de 2014, e até 31 de de-
zembro de 2014, para os não optantes, a parcela excluída nos ter-
Art. 5o-A. Para fins do inciso I do § 2o do art. 5o, considera-se: mos do § 3o deverá ser computada na determinação do lucro
I - o controle da sociedade de propósito específico a proprie- líquido para fins de apuração do lucro real, da base de cálculo da
dade resolúvel de ações ou quotas por seus financiadores e CSLL e da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da
garantidores que atendam os requisitos do art. 116 da Lei n o Cofins, na proporção em que o custo para a realização de obras e
6.404/76; aquisição de bens a que se refere o § 2 o deste artigo for realizado,
II - A administração temporária da sociedade de propósito es- inclusive mediante depreciação ou extinção da concessão, nos
pecífico, pelos financiadores e garantidores quando, sem a termos do art. 35 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
transferência da propriedade de ações ou quotas, forem ou- § 5o Por ocasião da extinção do contrato, o parceiro privado
torgados os seguintes poderes: não receberá indenização pelas parcelas de investimentos vin-
a) indicar os membros do Conselho de Administração, a serem culados a bens reversíveis ainda não amortizadas ou depreci-
eleitos em Assembleia Geral pelos acionistas, nas sociedades regi- adas, quando tais investimentos houverem sido realizados
das pela Lei 6.404/76; ou administradores, a serem eleitos pelos com valores provenientes do aporte de recursos de que trata
quotistas, nas demais sociedades; o § 2 o.
b) indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem eleitos pelos § 6o A partir de 1o de janeiro de 2014, para os optantes conforme
acionistas ou quotistas controladores em Assembleia Geral; o art. 75 da Lei n º 12.973, de 13 de maio de 2014, e de 1 o de janei-
c) exercer poder de veto sobre qualquer proposta submetida à ro de 2015, para os não optantes, a parcela excluída nos termos
votação dos acionistas ou quotistas da concessionária, que repre- do § 3o deverá ser computada na determinação do lucro líquido
sentem, ou possam representar, prejuízos aos fins previstos no para fins de apuração do lucro real, da base de cálculo da CSLL e
caput deste artigo) da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins
d) outros poderes necessários ao alcance dos fins previstos no ca- em cada período de apuração durante o prazo restante do con-
put deste artigo; trato, considerado a partir do início da prestação dos serviços pú-
§ 1o A administração temporária autorizada pelo poder conce- blicos.
dente NÃO ACARRETARÁ responsabilidade aos financiadores § 7o No caso do § 6o, o valor a ser adicionado em cada período de
e garantidores em relação à tributação, encargos, ônus, san- apuração deve ser o valor da parcela excluída dividida pela quan-
ções, obrigações ou compromissos com terceiros, inclusive tidade de períodos de apuração contidos no prazo restante do
com o poder concedente ou empregados. contrato.
§ 2o O Poder Concedente disciplinará sobre o prazo da adminis- § 8o Para os contratos de concessão em que a concessionária já
tração temporária tenha iniciado a prestação dos serviços públicos nas datas referi-
das no § 6o, as adições subsequentes serão realizadas em cada
Art. 6o A contraprestação da Administração Pública nos período de apuração durante o prazo restante do contrato, consi-
contratos de parceria público-privada poderá ser feita por: derando o saldo remanescente ainda não adicionado.
I – ordem bancária; § 9o A parcela excluída nos termos do inciso III do § 3 o deverá ser
II – cessão de créditos não tributários; computada na determinação da base de cálculo da contribuição
III – outorga de direitos em face da Administração Públi- previdenciária de que trata o inciso III do § 3 o em cada período de
ca; apuração durante o prazo restante previsto no contrato para
IV – outorga de direitos sobre bens públicos dominicais; construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento
V – outros meios admitidos em lei. da infraestrutura que será utilizada na prestação de serviços pú-
§ 1o O contrato poderá prever o pagamento ao parceiro privado blicos.
de remuneração variável vinculada ao seu desempenho, con- § 10. No caso do § 9o, o valor a ser adicionado em cada período
forme metas e padrões de qualidade e disponibilidade definidos de apuração deve ser o valor da parcela excluída dividida pela
no contrato. quantidade de períodos de apuração contidos no prazo restante
§ 2o O contrato poderá prever o aporte de recursos em favor do previsto no contrato para construção, recuperação, reforma, am-
parceiro privado para a realização de obras e aquisição de bens pliação ou melhoramento da infraestrutura que será utilizada na
reversíveis, nos termos dos incisos X e XI do caput do art. 18 da prestação de serviços públicos.
Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, desde que autorizado no § 11. Ocorrendo a extinção da concessão antes do advento do
termo contratual, o saldo da parcela excluída nos termos do § 3 o,

15
ainda não adicionado, deverá ser computado na determinação do pelo Poder Público em caso de inadimplemento de contratos
lucro líquido para fins de apuração do lucro real, da base de cál- de financiamento.
culo da CSLL e da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pa -
sep, da Cofins e da contribuição previdenciária de que trata o in- Capítulo V
ciso III do § 3o no período de apuração da extinção. DA LICITAÇÃO
§ 12. Aplicam-se às receitas auferidas pelo parceiro privado nos Art. 10. A contratação de parceria público-privada será
termos do § 6o o regime de apuração e as alíquotas da Contribui- precedida de licitação na modalidade de CONCORRÊNCIA, es-
ção para o PIS/Pasep e da Cofins aplicáveis às suas receitas decor- tando a abertura do processo licitatório condicionada a:
rentes da prestação dos serviços públicos. I – autorização da autoridade competente, fundamentada
em estudo técnico que demonstre:
Art. 7o A contraprestação da Administração Pública será a) a conveniência e a oportunidade da contratação, mediante
obrigatoriamente precedida da disponibilização do serviço identificação das razões que justifiquem a opção pela forma de
objeto do contrato de parceria público-privada. parceria público-privada;
§ 1o É facultado à administração pública, nos termos do con- b) que as despesas criadas ou aumentadas não afetarão as
trato, efetuar o pagamento da contraprestação relativa a par- metas de resultados fiscais previstas no Anexo referido no § 1 o do
cela fruível do serviço objeto do contrato de parceria público- art. 4o da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, deven-
privada. do seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compen-
§ 2o O aporte de recursos de que trata o § 2 o do art. 6o, quando sados pelo aumento permanente de receita ou pela redução per-
realizado durante a fase dos investimentos a cargo do parceiro manente de despesa; e
privado, deverá guardar proporcionalidade com as etapas efetiva- c) quando for o caso, conforme as normas editadas na forma
mente executadas. do art. 25 desta Lei, a observância dos limites e condições decor-
rentes da aplicação dos arts. 29, 30 e 32 da Lei Complementar n o
Capítulo III 101, de 4 de maio de 2000, pelas obrigações contraídas pela Ad-
DAS GARANTIAS ministração Pública relativas ao objeto do contrato;
Art. 8o As obrigações pecuniárias contraídas pela Administra- II – elaboração de estimativa do impacto orçamentário-
ção Pública em contrato de parceria público-privada poderão ser financeiro nos exercícios em que deva vigorar o contrato de par-
garantidas mediante: ceria público-privada;
I – vinculação de receitas, observado o disposto no inciso III – declaração do ordenador da despesa de que as obriga-
IV do art. 167 da Constituição Federal; ções contraídas pela Administração Pública no decorrer do con-
II – instituição ou utilização de fundos especiais previstos trato são compatíveis com a lei de diretrizes orçamentárias e es-
em lei; tão previstas na lei orçamentária anual;
III – contratação de seguro-garantia com as companhias IV – estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes para
seguradoras que não sejam controladas pelo Poder Público; o cumprimento, durante a vigência do contrato e por exercício fi-
IV – garantia prestada por organismos internacionais ou nanceiro, das obrigações contraídas pela Administração Pública;
instituições financeiras que não sejam controladas pelo Poder V – seu objeto estar previsto no plano plurianual em vigor
Público; no âmbito onde o contrato será celebrado;
V – garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa VI – submissão da minuta de edital e de contrato à consulta
estatal criada para essa finalidade; pública, mediante publicação na imprensa oficial, em jornais de
VI – outros mecanismos admitidos em lei. grande circulação e por meio eletrônico, que deverá informar a
justificativa para a contratação, a identificação do objeto, o prazo
Capítulo IV de duração do contrato, seu valor estimado, fixando-se prazo
DA SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO mínimo de 30 dias para recebimento de sugestões, cujo termo
Art. 9o Antes da celebração do contrato, deverá ser cons- dar-se-á pelo menos 7 dias antes da data prevista para a publi-
tituída sociedade de propósito específico, incumbida de im- cação do edital; e
plantar e gerir o objeto da parceria. VII – licença ambiental prévia ou expedição das diretrizes
§ 1o A transferência do controle da sociedade de propósi- para o licenciamento ambiental do empreendimento, na forma do
to específico estará condicionada à autorização expressa da regulamento, sempre que o objeto do contrato exigir.
Administração Pública, nos termos do edital e do contrato, ob- § 1o A comprovação referida nas alíneas b e c do inciso I do
servado o disposto no parágrafo único do art. 27 da Lei n o 8.987, caput deste artigo conterá as premissas e metodologia de cálculo
de 13 de fevereiro de 1995. utilizadas, observadas as normas gerais para consolidação das
§ 2o A sociedade de propósito específico poderá assumir contas públicas, sem prejuízo do exame de compatibilidade das
a forma de companhia aberta, com valores mobiliários admi- despesas com as demais normas do plano plurianual e da lei de
tidos a negociação no mercado. diretrizes orçamentárias.
§ 3o A sociedade de propósito específico deverá obedecer a § 2o Sempre que a assinatura do contrato ocorrer em exercí-
padrões de governança corporativa e adotar contabilidade e de- cio diverso daquele em que for publicado o edital, deverá ser pre-
monstrações financeiras padronizadas, conforme regulamento. cedida da atualização dos estudos e demonstrações a que se re-
§ 4o Fica vedado à Administração Pública ser titular da ferem os incisos I a IV do caput deste artigo.
maioria do capital votante das sociedades de que trata este Ca- § 3o As concessões patrocinadas em que mais de 70% da
pítulo. remuneração do parceiro privado for paga pela Administra-
§ 5o A vedação prevista no § 4o deste artigo não se aplica à ção Pública DEPENDERÃO DE AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA ES-
eventual aquisição da maioria do capital votante da sociedade PECÍFICA.
de propósito específico por instituição financeira controlada

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§ 4o Os estudos de engenharia para a definição do valor do cias, parâmetros e indicadores de resultado pertinentes ao objeto,
investimento da PPP deverão ter nível de detalhamento de ante- definidos com clareza e objetividade no edital.
projeto, e o valor dos investimentos para definição do preço de
referência para a licitação será calculado com base em valores de Art. 13. O edital poderá prever a inversão da ordem das
mercado considerando o custo global de obras semelhantes no fases de habilitação e julgamento, hipótese em que:
Brasil ou no exterior ou com base em sistemas de custos que utili- I – encerrada a fase de classificação das propostas ou o ofe-
zem como insumo valores de mercado do setor específico do recimento de lances, será aberto o invólucro com os documentos
projeto, aferidos, em qualquer caso, mediante orçamento sintéti- de habilitação do licitante mais bem classificado, para verificação
co, elaborado por meio de metodologia expedita ou paramétrica. do atendimento das condições fixadas no edital;
II – verificado o atendimento das exigências do edital, o lici-
Art. 11. O instrumento convocatório conterá minuta do tante será declarado vencedor;
contrato, indicará expressamente a submissão da licitação às nor- III – inabilitado o licitante melhor classificado, serão analisa-
mas desta Lei e observará, no que couber, os §§ 3 o e 4o do art. 15, dos os documentos habilitatórios do licitante com a proposta
os arts. 18, 19 e 21 da Lei n o 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, classificada em 2o lugar, e assim, sucessivamente, até que um lici-
podendo ainda prever: tante classificado atenda às condições fixadas no edital;
I – exigência de garantia de proposta do licitante, obser- IV – proclamado o resultado final do certame, o objeto
vado o limite do inciso III do art. 31 da Lei n o 8.666 , de 21 de ju- será adjudicado ao vencedor nas condições técnicas e econô-
nho de 1993; micas por ele ofertadas.
III – o emprego dos mecanismos privados de resolução de
disputas, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em lín- Capítulo VI
gua portuguesa, nos termos da Lei n o 9.307, de 23 de setembro DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS À UNIÃO
de 1996, para dirimir conflitos decorrentes ou relacionados ao Art. 14. Será instituído, por decreto, órgão gestor de par-
contrato. cerias público-privadas federais, com competência para:
Parágrafo único. O edital deverá especificar, quando houver, I – definir os serviços prioritários para execução no regime
as garantias da contraprestação do parceiro público a serem con- de parceria público-privada;
cedidas ao parceiro privado. II – disciplinar os procedimentos para celebração desses con-
tratos;
Art. 12. O certame para a contratação de parcerias público- III – autorizar a abertura da licitação e aprovar seu edital;
privadas obedecerá ao procedimento previsto na legislação vi- IV – apreciar os relatórios de execução dos contratos.
gente sobre licitações e contratos administrativos e também ao § 1o O órgão mencionado no caput deste artigo será com-
seguinte: posto por indicação nominal de um representante titular e res-
I – o julgamento poderá ser precedido de etapa de quali- pectivo suplente de cada um dos seguintes órgãos:
ficação de propostas técnicas, desclassificando-se os licitantes I – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, ao qual
que não alcançarem a pontuação mínima, os quais não partici- cumprirá a tarefa de coordenação das respectivas atividades;
parão das etapas seguintes; II – Ministério da Fazenda;
II – o julgamento poderá adotar como critérios, além dos III – Casa Civil da Presidência da República.
previstos nos incisos I e V do art. 15 da Lei n o 8.987, de 13 de fe-
§ 2o Das reuniões do órgão a que se refere o caput deste ar-
vereiro de 1995, os seguintes:
tigo para examinar projetos de parceria público-privada participa-
a) menor valor da contraprestação a ser paga pela Admi-
rá um representante do órgão da Administração Pública direta
nistração Pública;
cuja área de competência seja pertinente ao objeto do contrato
b) melhor proposta em razão da combinação do critério
em análise.
da alínea a com o de melhor técnica, de acordo com os pesos
estabelecidos no edital; § 3o Para deliberação do órgão gestor sobre a contratação
III – o edital definirá a forma de apresentação das propostas de parceria público-privada, o expediente deverá estar instruído
econômicas, admitindo-se: com pronunciamento prévio e fundamentado:
a) propostas escritas em envelopes lacrados; ou I – do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, so-
b) propostas escritas, seguidas de lances em viva voz; bre o mérito do projeto;
IV – o edital poderá prever a possibilidade de saneamento II – do Ministério da Fazenda, quanto à viabilidade da con-
de falhas, de complementação de insuficiências ou ainda de cor- cessão da garantia e à sua forma, relativamente aos riscos para o
reções de caráter formal no curso do procedimento, desde que o Tesouro Nacional e ao cumprimento do limite de que trata o art.
licitante possa satisfazer as exigências dentro do prazo fixado no 22 desta Lei.
instrumento convocatório. § 4o Para o desempenho de suas funções, o órgão citado no
§ 1o Na hipótese da alínea b do inciso III do caput deste arti- caput deste artigo poderá criar estrutura de apoio técnico com a
go: presença de representantes de instituições públicas.
I - os lances em viva voz serão sempre oferecidos na or- § 5o O órgão de que trata o caput deste artigo remeterá ao
dem inversa da classificação das propostas escritas, sendo ve- Congresso Nacional e ao Tribunal de Contas da União, com perio-
dado ao edital limitar a quantidade de lances; dicidade anual, relatórios de desempenho dos contratos de par-
II – o edital poderá restringir a apresentação de lances ceria público-privada.
em viva voz aos licitantes cuja proposta escrita for no máximo § 6o Para fins do atendimento do disposto no inciso V do art.
20% maior que o valor da melhor proposta. o
4 desta Lei, ressalvadas as informações classificadas como sigilo-
§ 2o O exame de propostas técnicas, para fins de qualificação
sas, os relatórios de que trata o § 5 o deste artigo serão disponibi-
ou julgamento, será feito por ato motivado, com base em exigên-

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lizados ao público, por meio de rede pública de transmissão de normas a que se refere o inciso XXII do art. 4 o da Lei no 4.595, de
dados. 31 de dezembro de 1964.
§ 1o O estatuto e o regulamento do FGP serão aprovados em
Art. 14-A. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, por assembléia dos cotistas.
meio de atos das respectivas Mesas, poderão dispor sobre a ma -
§ 2o A representação da União na assembléia dos cotistas
téria de que trata o art. 14 no caso de parcerias público-privadas
por eles realizadas, mantida a competência do Ministério da Fa- dar-se-á na forma do inciso V do art. 10 do Decreto-Lei n o 147,
de 3 de fevereiro de 1967.
zenda descrita no inciso II do § 3o do referido artigo.
§ 3o Caberá à instituição financeira deliberar sobre a gestão e
Art. 15. Compete aos Ministérios e às Agências Regulado- alienação dos bens e direitos do FGP, zelando pela manutenção
ras, nas suas respectivas áreas de competência, submeter o de sua rentabilidade e liquidez.
edital de licitação ao órgão gestor, proceder à licitação, acom-
panhar e fiscalizar os contratos de parceria público-privada. Art. 18. O estatuto e o regulamento do FGP devem deliberar
Parágrafo único. Os Ministérios e Agências Reguladoras en- sobre a política de concessão de garantias, inclusive no que se re-
caminharão ao órgão a que se refere o caput do art. 14 desta Lei, fere à relação entre ativos e passivos do Fundo.
com periodicidade semestral, relatórios circunstanciados acerca § 1o A garantia será prestada na forma aprovada pela assem-
da execução dos contratos de parceria público-privada, na forma bléia dos cotistas, nas seguintes modalidades:
definida em regulamento. I – fiança, sem benefício de ordem para o fiador;
II – penhor de bens móveis ou de direitos integrantes do pa-
Art. 16. Ficam a União, seus fundos especiais, suas autarquias, trimônio do FGP, sem transferência da posse da coisa empenhada
suas fundações públicas e suas empresas estatais dependentes antes da execução da garantia;
autorizadas a participar, no limite global de R$ III – hipoteca de bens imóveis do patrimônio do FGP;
6.000.000.000,00 bilhões de reais, em Fundo Garantidor de Par- IV – alienação fiduciária, permanecendo a posse direta dos
cerias Público-Privadas - FGP que terá por finalidade prestar ga- bens com o FGP ou com agente fiduciário por ele contratado an-
rantia de pagamento de obrigações pecuniárias assumidas pelos tes da execução da garantia;
parceiros públicos federais, distritais, estaduais ou municipais em V – outros contratos que produzam efeito de garantia, desde
virtude das parcerias de que trata esta Lei. que não transfiram a titularidade ou posse direta dos bens ao
§ 1o O FGP terá natureza privada e patrimônio próprio se- parceiro privado antes da execução da garantia;
parado do patrimônio dos cotistas, e será sujeito a direitos e obri- VI – garantia, real ou pessoal, vinculada a um patrimônio de
gações próprios. afetação constituído em decorrência da separação de bens e di-
reitos pertencentes ao FGP.
§ 2o O patrimônio do Fundo será formado pelo aporte de
bens e direitos realizado pelos cotistas, por meio da integraliza- § 2o O FGP poderá prestar contra-garantias a seguradoras,
ção de cotas e pelos rendimentos obtidos com sua administração. instituições financeiras e organismos internacionais que garanti-
rem o cumprimento das obrigações pecuniárias dos cotistas em
§ 3o Os bens e direitos transferidos ao Fundo serão avaliados
contratos de parceria público-privadas.
por empresa especializada, que deverá apresentar laudo funda-
mentado, com indicação dos critérios de avaliação adotados e § 3o A quitação pelo parceiro público de cada parcela de
instruído com os documentos relativos aos bens avaliados. débito garantido pelo FGP importará exoneração proporcional da
garantia.
§ 4o A integralização das cotas poderá ser realizada em di-
nheiro, títulos da dívida pública, bens imóveis dominicais, bens § 4o O FGP poderá prestar garantia mediante contratação de ins-
móveis, inclusive ações de sociedade de economia mista federal trumentos disponíveis em mercado, inclusive para complementa-
excedentes ao necessário para manutenção de seu controle pela ção das modalidades previstas no § 1o.
União, ou outros direitos com valor patrimonial. § 5o O parceiro privado poderá acionar o FGP nos casos de:
o
§ 5 O FGP responderá por suas obrigações com os bens e I - crédito líquido e certo, constante de título exigível aceito e não
direitos integrantes de seu patrimônio, não respondendo os cotis- pago pelo parceiro público após 15 dias contados da data de
tas por qualquer obrigação do Fundo, salvo pela integralização vencimento; e
das cotas que subscreverem. II - débitos constantes de faturas emitidas e não aceitas pelo par-
§ 6o A integralização com bens a que se refere o § 4 o deste ceiro público após 45 dias contados da data de vencimento, des-
artigo será feita independentemente de licitação, mediante prévia de que não tenha havido rejeição expressa por ato motivado.
avaliação e autorização específica do Presidente da República, por § 6o A quitação de débito pelo FGP importará sua subroga-
proposta do Ministro da Fazenda. ção nos direitos do parceiro privado.
§ 7o O aporte de bens de uso especial ou de uso comum no § 7o Em caso de inadimplemento, os bens e direitos do Fun-
FGP será condicionado a sua desafetação de forma individualiza- do poderão ser objeto de constrição judicial e alienação para sa-
da. tisfazer as obrigações garantidas.
§ 8o A capitalização do FGP, quando realizada por meio de § 8o O FGP poderá usar parcela da cota da União para pres-
recursos orçamentários, dar-se-á por ação orçamentária específi- tar garantia aos seus fundos especiais, às suas autarquias, às suas
ca para esta finalidade, no âmbito de Encargos Financeiros da fundações públicas e às suas empresas estatais dependentes.
União. § 9o O FGP é obrigado a honrar faturas aceitas e não pagas pelo
parceiro público.
Art. 17. O FGP será criado, administrado, gerido e represen- § 10. O FGP é proibido de pagar faturas rejeitadas expressamente
tado judicial e extrajudicialmente por instituição financeira con- por ato motivado.
trolada, direta ou indiretamente, pela União, com observância das

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§ 11. O parceiro público deverá informar o FGP sobre qualquer
fatura rejeitada e sobre os motivos da rejeição no prazo de 40 Art. 26. O inciso I do § 1 o do art. 56 da Lei no 8.666, de 21 de
dias contado da data de vencimento. junho de 1993, passa a vigorar com a seguinte redação:
§ 12. A ausência de aceite ou rejeição expressa de fatura por par- "Art. 56. § 1o. I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida públi-
te do parceiro público no prazo de 40 dias contados da data de ca, devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, medi-
vencimento implicará aceitação tácita. ante registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia
§ 13. O agente público que contribuir por ação ou omissão para a autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus va-
aceitação tácita de que trata o § 12 ou que rejeitar fatura sem mo- lores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Fazenda;
tivação será responsabilizado pelos danos que causar, em confor-
midade com a legislação civil, administrativa e penal em vigor. Art. 27. As operações de crédito efetuadas por empresas pú-
blicas ou sociedades de economia mista controladas pela União
Art. 19 O FGP não pagará rendimentos a seus cotistas, asse- não poderão exceder a 70% do total das fontes de recursos fi-
gurando-se a qualquer deles o direito de requerer o resgate total nanceiros da sociedade de propósito específico, sendo que para
ou parcial de suas cotas, correspondente ao patrimônio ainda não as áreas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde o Índi-
utilizado para a concessão de garantias, fazendo-se a liquidação ce de Desenvolvimento Humano – IDH seja inferior à média naci-
com base na situação patrimonial do Fundo. onal, essa participação não poderá exceder a 80%
§ 1o Não poderão exceder a 80% do total das fontes de re-
Art. 20. A dissolução do FGP, deliberada pela assembléia dos
cursos financeiros da sociedade de propósito específico ou 90%
cotistas, ficará condicionada à prévia quitação da totalidade dos
nas áreas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde o
débitos garantidos ou liberação das garantias pelos credores.
Índice de Desenvolvimento Humano – IDH seja inferior à média
Parágrafo único. Dissolvido o FGP, o seu patrimônio será ra-
nacional, as operações de crédito ou contribuições de capital rea-
teado entre os cotistas, com base na situação patrimonial à data
lizadas cumulativamente por:
da dissolução.
I – entidades fechadas de previdência complementar;
II – empresas públicas ou sociedades de economia mista
Art. 21. É facultada a constituição de patrimônio de afetação
controladas pela União.
que não se comunicará com o restante do patrimônio do FGP, fi-
cando vinculado exclusivamente à garantia em virtude da qual ti- § 2o Para fins do disposto neste artigo, entende-se por fonte
ver sido constituído, não podendo ser objeto de penhora, arresto, de recursos financeiros as operações de crédito e contribuições
seqüestro, busca e apreensão ou qualquer ato de constrição judi- de capital à sociedade de propósito específico.
cial decorrente de outras obrigações do FGP.
Parágrafo único. A constituição do patrimônio de afetação Art. 28. A União não poderá conceder garantia ou realizar
será feita por registro em Cartório de Registro de Títulos e Docu- transferência voluntária aos Estados, Distrito Federal e Municípios
mentos ou, no caso de bem imóvel, no Cartório de Registro Imo- se a soma das despesas de caráter continuado derivadas do con-
biliário correspondente. junto das parcerias já contratadas por esses entes tiver excedido,
no ano anterior, a 5% da receita corrente líquida do exercício ou
Art. 22. A União somente poderá contratar parceria público- se as despesas anuais dos contratos vigentes nos 10 anos subse-
privada quando a soma das despesas de caráter continuado deri- quentes excederem a 5% da receita corrente líquida projetada
vadas do conjunto das parcerias já contratadas não tiver excedi- para os respectivos exercícios.
do, no ano anterior, a 1% da receita corrente líquida do exercício, § 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que con-
e as despesas anuais dos contratos vigentes, nos 10 anos subse- tratarem empreendimentos por intermédio de parcerias público-
qüentes, não excedam a 1% da receita corrente líquida projetada privadas deverão encaminhar ao Senado Federal e à Secretaria do
para os respectivos exercícios. Tesouro Nacional, previamente à contratação, as informações ne-
cessárias para cumprimento do previsto no caput deste artigo.
Capítulo VII § 2o Na aplicação do limite previsto no caput deste artigo,
DISPOSIÇÕES FINAIS serão computadas as despesas derivadas de contratos de parceria
Art. 23. Fica a União autorizada a conceder incentivo, nos celebrados pela administração pública direta, autarquias, funda-
termos do Programa de Incentivo à Implementação de Projetos ções públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista
de Interesse Social – PIPS, instituído pela Lei n o 10.735, de 11 de e demais entidades controladas, direta ou indiretamente, pelo
setembro de 2003, às aplicações em fundos de investimento, cria- respectivo ente, excluídas as empresas estatais não dependen-
dos por instituições financeiras, em direitos creditórios provenien- tes.
tes dos contratos de parcerias público-privadas.
Art. 29. Serão aplicáveis, no que couber, as penalidades pre-
Art. 24. O Conselho Monetário Nacional estabelecerá, na for- vistas no Decreto-Lei n o 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Códi-
ma da legislação pertinente, as diretrizes para a concessão de go Penal, na Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992 – Lei de Improbi-
crédito destinado ao financiamento de contratos de parcerias pú- dade Administrativa, na Lei n o 10.028, de 19 de outubro de 2000 -
blico-privadas, bem como para participação de entidades fecha-
Lei dos Crimes Fiscais, no Decreto-Lei n o 201, de 27 de fevereiro
das de previdência complementar.
de 1967, e na Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, sem prejuízo
Art. 25. A Secretaria do Tesouro Nacional editará, na forma das penalidades financeiras previstas contratualmente.
da legislação pertinente, normas gerais relativas à consolidação
das contas públicas aplicáveis aos contratos de parceria público-
privada.

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LEI 8666/93 - LICITAÇÕES E CONTRATOS volvidos financiamentos de agências internacionais, ressalvado o
disposto no parágrafo seguinte e no art. 3 o da Lei no 8.248, de 23
Capítulo I de outubro de 1991.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS § 2o Em igualdade de condições, como critério de desempate,
Seção I será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e ser-
Dos Princípios viços:
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e con- II - produzidos no País;
tratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Pode- IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em
res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem
órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autar- cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pes-
quias, as fundações públicas, as empresas públicas, as socie- soa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social
dades de economia mista e demais entidades controladas di- e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legis-
reta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e lação.
Municípios. § 3o A licitação NÃO SERÁ SIGILOSA, sendo públicos e acessí-
veis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao
conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.
Art. 22, CF/88. Compete privativamente à União legislar so-
bre: § 5o Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida mar-
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as gem de preferência para:
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárqui- I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que
cas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municí- atendam a normas técnicas brasileiras; e
pios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas II - bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que
públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em
173, § 1°, III; lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previ-
dência Social e que atendam às regras de acessibilidade pre-
vistas na legislação.
Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
§ 6o A margem de preferência de que trata o § 5 o será estabeleci-
alienações, concessões, permissões e locações da Administra-
da com base em estudos revistos periodicamente, em prazo não
ção Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessa-
superior a 5 anos, que levem em consideração:
riamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses
I - geração de emprego e renda;
previstas nesta Lei.
II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais e munici-
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se contrato
pais;
todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Adminis-
III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País;
tração Pública e particulares, em que haja um acordo de von-
IV - custo adicional dos produtos e serviços; e
tades para a formação de vínculo e a estipulação de obriga-
V - em suas revisões, análise retrospectiva de resultados.
ções recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.
§ 7o Para os produtos manufaturados e serviços nacionais re-
sultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica realiza-
Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do prin-
dos no País, poderá ser estabelecido MARGEM DE PREFERÊN-
cípio constitucional da ISONOMIA, a SELEÇÃO DA PROPOSTA
MAIS VANTAJOSA para a administração e a PROMOÇÃO DO CIA ADICIONAL àquela prevista no § 5o.
DESENVOLVIMENTO NACIONAL SUSTENTÁVEL e será proces- § 8o As margens de preferência por produto, serviço, grupo de
sada e julgada em estrita conformidade com os princípios bási- produtos ou grupo de serviços, a que se referem os §§ 5 o e 7o, se-
cos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da rão definidas pelo Poder Executivo federal, não podendo a
igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da soma delas ultrapassar o montante de 25% sobre o preço dos
vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento obje- produtos manufaturados e serviços estrangeiros.
tivo e dos que lhes são correlatos. § 9o As disposições contidas nos §§ 5o e 7o deste artigo não se
o
§ 1 É vedado aos agentes públicos: aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade de produção ou
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláu- prestação no País seja inferior:
sulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou
o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades co- II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7 o do art. 23 des-
operativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão ta Lei, quando for o caso.
da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de § 10. A margem de preferência a que se refere o § 5o poderá
qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e serviços ori-
específico objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5 o a ginários dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul - Merco-
12 deste artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de sul.
1991; § 11. Os editais de licitação para a contratação de bens, serviços
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comerci- e obras poderão, mediante prévia justificativa da autoridade
al, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, entre competente, exigir que o contratado promova, em favor de
empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a órgão ou entidade integrante da administração pública ou
moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo quando en- daqueles por ela indicados a partir de processo isonômico,

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medidas de compensação comercial, industrial, tecnológica Art. 6o Para os fins desta Lei, considera-se:
ou acesso a condições vantajosas de financiamento, cumulati- I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou
vamente ou não, na forma estabelecida pelo Poder Executivo fe- ampliação, realizada por execução direta ou indireta;
deral. II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada utili-
§ 12. Nas contratações destinadas à implantação, manutenção dade de interesse para a Administração, tais como: demolição,
e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de informa- conserto, instalação, montagem, operação, conservação, repara-
ção e comunicação, considerados estratégicos em ato do Po- ção, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publici-
der Executivo federal, a licitação poderá ser restrita a bens e dade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais;
serviços com tecnologia desenvolvida no País e produzidos de III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para forneci-
acordo com o processo produtivo básico de que trata a Lei n o mento de uma só vez ou parceladamente;
10.176, de 11 de janeiro de 2001. IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens a tercei-
§ 13. Será divulgada na internet, a cada exercício financeiro, a re- ros;
lação de empresas favorecidas em decorrência do disposto nos §§ V - Obras, serviços e compras de GRANDE VULTO - aquelas
5o, 7o, 10, 11 e 12 deste artigo, com indicação do volume de re- cujo valor estimado seja superior a 25 vezes o limite estabeleci-
cursos destinados a cada uma delas. do na alínea "c" do inciso I do art. 23 desta Lei;
§ 14. As preferências definidas neste artigo e nas demais normas DECRETO 9412/18
de licitação e contratos devem privilegiar o tratamento dife-
ANTES DEPOIS
renciado e favorecido às microempresas e empresas de pe-
queno porte na forma da lei. 25 x R$ 1.500.000,0 = 25 x R$ 3.300.000,00 =
§ 15. As preferências dispostas neste artigo prevalecem sobre as R$ 37.500.000,00 R$ 82.500.000,00
demais preferências previstas na legislação quando estas forem VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cumprimento
aplicadas sobre produtos ou serviços estrangeiros. das obrigações assumidas por empresas em licitações e contratos;
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e entidades
Art. 4o Todos quantos participem de licitação promovida pelos ór- da Administração, pelos próprios meios;
gãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito público VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade contrata
subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento esta- com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes:
belecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o seu a) empreitada por preço global - quando se contrata a execu-
desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou ção da obra ou do serviço por preço certo e total;
impedir a realização dos trabalhos. b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a exe-
Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta lei cução da obra ou do serviço por preço certo de unidades de-
caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em terminadas;
qualquer esfera da Administração Pública. d) tarefa- quando se ajusta mão-de-obra para pequenos tra-
Art. 5o Todos os valores, preços e custos utilizados nas licitações balhos por preço certo, com ou sem fornecimento de materi-
terão como expressão monetária a moeda corrente nacional, ais;
ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei, devendo cada unidade e) empreitada integral- quando se contrata um empreendi-
da Administração, no pagamento das obrigações relativas ao for- mento em sua integralidade, compreendendo todas as etapas
necimento de bens, locações, realização de obras e prestação de das obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira res-
serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada de recursos, a es- ponsabilidade da contratada até a sua entrega ao contratante
trita ordem cronológica das datas de suas exigibilidades, salvo em condições de entrada em operação, atendidos os requisi-
quando presentes relevantes razões de interesse público e medi- tos técnicos e legais para sua utilização em condições de segu-
ante prévia justificativa da autoridade competente, devidamente rança estrutural e operacional e com as características adequadas
publicada. às finalidades para que foi contratada;
§ 1o Os créditos a que se refere este artigo terão seus valores EMPREITADA POR PREÇO Preço certo e total
corrigidos por critérios previstos no ato convocatório e que lhes GLOBAL
preservem o valor.
EMPREITADA POR PREÇO Preço certo de unidades determi-
§ 2o A correção de que trata o parágrafo anterior cujo pagamen-
UNITÁRIO nadas
to será feito junto com o principal, correrá à conta das mesmas
dotações orçamentárias que atenderam aos créditos a que se re- Contrata-se um empreendimento
ferem. em sua integralidade, compreen-
§ 3o Observados o disposto no caput, os pagamentos decorren- EMPREITADA INTEGRAL dendo todas as etapas das obras,
tes de despesas cujos valores não ultrapassem o limite de que serviços e instalações necessárias,
trata o inciso II do art. 24 (R$ 17.600,00), sem prejuízo do que sob inteira responsabilidade da
dispõe seu parágrafo único, deverão ser efetuados no prazo de contratada
até 5 dias úteis, contados da apresentação da fatura. IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e sufi-
cientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a
Art. 5o-A. As normas de licitações e contratos devem privilegiar obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da
o tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técni-
empresas de pequeno porte na forma da lei. cos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequa-
do tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que
Seção II possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos méto-
Das Definições

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dos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes ele- lógica, discriminados em projeto de pesquisa aprovado pela insti-
mentos: tuição contratante.
a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer vi-
são global da obra e identificar todos os seus elementos constitu- Seção III
tivos com clareza; Das Obras e Serviços
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente deta- Art. 7o As licitações para a execução de obras e para a presta-
lhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação ou ção de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, em parti-
de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo cular, à seguinte sequência:
e de realização das obras e montagem; I - projeto básico;
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e II - projeto executivo;
equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especificações III - execução das obras e serviços.
que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, § 1o A execução de cada etapa será obrigatoriamente prece-
sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; dida da conclusão e aprovação, pela autoridade competente,
d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de méto- dos trabalhos relativos às etapas anteriores, À EXCEÇÃO DO
dos construtivos, instalações provisórias e condições organizacio- PROJETO EXECUTIVO, o qual poderá ser desenvolvido conco-
nais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua mitantemente com a execução das obras e serviços, desde
execução; que também autorizado pela Administração.
e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da
§ 2o As obras e os serviços somente poderão ser licitados
obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de supri-
quando:
mentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em
I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e
cada caso;
disponível para exame dos interessados em participar do proces-
f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado
so licitatório;
em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avali-
II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a
ados;
composição de todos os seus custos unitários;
X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos necessários
III - houver previsão de recursos orçamentários que assegurem
e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as
o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a
normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técni-
serem executadas no exercício financeiro em curso, de acordo
cas - ABNT;
com o respectivo cronograma;
XI - Administração Pública - a administração direta e indireta da
IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas es-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, abran-
tabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da Consti-
gendo inclusive as entidades com personalidade jurídica de
tuição Federal, quando for o caso.
direito privado sob controle do poder público e das funda-
ções por ele instituídas ou mantidas; § 3o É VEDADO incluir no objeto da licitação a obtenção de
XII - Administração - órgão, entidade ou unidade administrativa recursos financeiros para sua execução, qualquer que seja a
pela qual a Administração Pública opera e atua concretamente; sua origem, exceto nos casos de empreendimentos executa-
XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da Adminis- dos e explorados sob o regime de concessão, nos termos da le-
tração Pública, sendo para a União o Diário Oficial da União, e, gislação específica.
para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, o que for defi- § 4o É VEDADA, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, de
nido nas respectivas leis; fornecimento de materiais e serviços sem previsão de quanti-
XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do instru- dades ou cujos quantitativos não correspondam às previsões
mento contratual; reais do projeto básico ou executivo.
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária de contra- § 5o É VEDADA a realização de licitação cujo objeto inclua
to com a Administração Pública; bens e serviços sem similaridade ou de marcas, características
XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, criada pela e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecni-
Administração com a função de receber, examinar e julgar todos camente justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais
os documentos e procedimentos relativos às licitações e ao ca- materiais e serviços for feito sob o regime de administração
dastramento de licitantes. contratada, previsto e discriminado no ato convocatório.
XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos manufatura- § 6o A infringência do disposto neste artigo implica a nulidade
dos, produzidos no território nacional de acordo com o processo dos atos ou contratos realizados e a responsabilidade de quem
produtivo básico ou com as regras de origem estabelecidas pelo lhes tenha dado causa.
Poder Executivo federal; § 7o Não será ainda computado como valor da obra ou servi-
XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País, nas condi- ço, para fins de julgamento das propostas de preços, a atuali-
ções estabelecidas pelo Poder Executivo federal; zação monetária das obrigações de pagamento, desde a data
XIX - sistemas de tecnologia de informação e comunicação estra- final de cada período de aferição até a do respectivo pagamento,
tégicos - bens e serviços de tecnologia da informação e comuni- que será calculada pelos mesmos critérios estabelecidos obriga-
cação cuja descontinuidade provoque dano significativo à admi- toriamente no ato convocatório.
nistração pública e que envolvam pelo menos um dos seguintes
§ 8o Qualquer cidadão poderá requerer à Administração Pública
requisitos relacionados às informações críticas: disponibilidade,
os quantitativos das obras e preços unitários de determinada
confiabilidade, segurança e confidencialidade.
obra executada.
XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens, insumos,
serviços e obras necessários para atividade de pesquisa científica § 9o O disposto neste artigo aplica-se também, no que couber,
e tecnológica, desenvolvimento de tecnologia ou inovação tecno- aos casos de dispensa e de inexigibilidade de licitação.

22
Art. 8o A execução das obras e dos serviços deve programar- IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, materiais, tecno-
se, sempre, em sua totalidade, previstos seus custos atual e final logia e matérias-primas existentes no local para execução, conser-
e considerados os prazos de sua execução. vação e operação;
Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado da exe- V - facilidade na execução, conservação e operação, sem prejuízo
cução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, se existente da durabilidade da obra ou do serviço;
previsão orçamentária para sua execução total, salvo insufi- VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de segurança do tra-
ciência financeira ou comprovado motivo de ordem técnica, balho adequadas;
justificados em despacho circunstanciado da autoridade a que se VII - impacto ambiental.
refere o art. 26 desta Lei.
Seção IV
o
Art. 9 Não poderá participar, direta ou indiretamente, da lici- Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados
tação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se SERVIÇOS TÉCNI-
de bens a eles necessários: COS PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS os trabalhos relativos
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou ju- a:
rídica; I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou exe-
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela cutivos;
elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o autor II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financei-
de 5% do capital com direito a voto ou controlador, responsável ras ou tributárias;
técnico ou subcontratado; IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou serviços;
responsável pela licitação. V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrati-
vas;
§ 1o É permitida a participação do autor do projeto ou da em-
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
presa a que se refere o inciso II deste artigo, na licitação de
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
obra ou serviço, ou na execução, como consultor ou técnico,
nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, EX- § 1o Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os
CLUSIVAMENTE A SERVIÇO DA ADMINISTRAÇÃO INTERESSA- contratos para a prestação de serviços técnicos profissionais
DA. especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados
mediante a realização de CONCURSO, com estipulação prévia
§ 2o O disposto neste artigo não impede a licitação ou contra-
de prêmio ou remuneração.
tação de obra ou serviço que inclua a elaboração de projeto
executivo como encargo do contratado ou pelo preço previa- § 2o Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica-se, no que
mente fixado pela Administração. couber, o disposto no art. 111 desta Lei.
§ 3o Considera-se participação indireta, para fins do disposto § 3o A empresa de prestação de serviços técnicos especializados
neste artigo, a existência de qualquer vínculo de natureza técni- que apresente relação de integrantes de seu corpo técnico em
ca, comercial, econômica, financeira ou trabalhista entre o autor procedimento licitatório ou como elemento de justificação de dis-
do projeto, pessoa física ou jurídica, e o licitante ou responsá- pensa ou inexigibilidade de licitação, ficará obrigada a garantir
vel pelos serviços, fornecimentos e obras, incluindo-se os for- que os referidos integrantes realizem pessoal e diretamente
necimentos de bens e serviços a estes necessários. os serviços objeto do contrato.
§ 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos membros da
comissão de licitação. SERVIÇOS TÉCNICOS PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS
Regra: CONCURSO Exceção: casos de
Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas seguintes INEXIGIBILIDADE
formas:
I - execução direta;
Seção V
II - execução indireta, nos seguintes regimes:
Das Compras
a) empreitada por preço global;
Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada caracteri-
b) empreitada por preço unitário;
zação de seu objeto e indicação dos recursos orçamentários
d) tarefa;
para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e respon-
e) empreitada integral.
sabilidade de quem lhe tiver dado causa.

Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos fins terão


Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:
projetos padronizados por tipos, categorias ou classes, exceto
I - atender ao princípio da padronização, que imponha compa-
quando o projeto-padrão não atender às condições peculiares do
tibilidade de especificações técnicas e de desempenho, observa-
local ou às exigências específicas do empreendimento.
das, quando for o caso, as condições de manutenção, assistência
técnica e garantia oferecidas;
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de obras e ser-
II - ser processadas através de SISTEMA DE REGISTRO DE PRE-
viços serão considerados principalmente os seguintes requisitos:
ÇOS;
I - segurança;
III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento seme-
II - funcionalidade e adequação ao interesse público;
lhantes às do setor privado;
III - economia na execução, conservação e operação;
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias para
aproveitar as peculiaridades do mercado, visando economicidade;

23
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e en- a) dação em pagamento;
tidades da Administração Pública. b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entida-
§ 1o O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de de da administração pública, de qualquer esfera de governo, res-
mercado. salvado o disposto nas alíneas f, h e i;
§ 2o Os preços registrados serão publicados trimestralmente c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constan-
para orientação da Administração, na imprensa oficial. tes do inciso X do art. 24 desta Lei;
d) investidura;
§ 3o O sistema de registro de preços (SRP) será regulamentado
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública,
por decreto, atendidas as peculiaridades regionais, observadas as
de qualquer esfera de governo;
seguintes condições:
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
I - seleção feita mediante CONCORRÊNCIA;
direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imó-
II - estipulação prévia do sistema de controle e atualização dos
veis residenciais construídos, destinados ou efetivamente utili-
preços registrados;
zados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização
III - validade do registro não superior a 1 ano.
fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entida-
§ 4o A existência de preços registrados não obriga a Administra- des da administração pública;
ção a firmar as contratações que deles poderão advir, ficando- g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art.
lhe facultada a utilização de outros meios, respeitada a legislação
29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa
relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro
e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja com-
preferência em igualdade de condições.
petência legal inclua-se tal atribuição;
§ 5o O sistema de controle originado no quadro geral de preços, h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
quando possível, deverá ser informatizado. direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imó-
§ 6o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço veis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m²
constante do quadro geral em razão de incompatibilidade desse e inseridos no âmbito de programas de regularização fundiá-
com o preço vigente no mercado. ria de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
§ 7o Nas compras deverão ser observadas, ainda: administração pública;
I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indica- i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou
ção de marca; onerosa, de terras públicas rurais da União e do Incra, onde
II - a definição das unidades e das quantidades a serem adquiri- incidam ocupações até o limite de que trata o § 1 o do art. 6o
das em função do consumo e utilização prováveis, cuja estimativa da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins de regula-
será obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas rização fundiária, atendidos os requisitos legais; e
quantitativas de estimação; II - quando MÓVEIS, dependerá de avaliação prévia e de licita-
III - as condições de guarda e armazenamento que não permitam ção, dispensada esta nos seguintes casos:
a deterioração do material. a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse
§ 8o O recebimento de material de valor superior ao limite es- social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-
tabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade de convite, econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação;
deverá ser confiado a uma comissão de, no mínimo, 3 mem- b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades
bros. da Administração Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, obser-
Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em órgão de divul- vada a legislação específica;
gação oficial ou em quadro de avisos de amplo acesso público, à d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
relação de todas as compras feitas pela Administração Direta ou e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos
Indireta, de maneira a clarificar a identificação do bem comprado, ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas fi-
seu preço unitário, a quantidade adquirida, o nome do vendedor nalidades;
e o valor total da operação, podendo ser aglutinadas por itens as f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou
compras feitas com dispensa e inexigibilidade de licitação. entidades da Administração Pública, sem utilização previsível
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos por quem deles dispõe.
de dispensa de licitação previstos no inciso IX do art. 24 (houver
possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos
ALIENAÇÃO DE BENS
casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvi-
do o Conselho de Defesa Nacional). MÓVEIS IMÓVEIS
Regra: Avaliação prévia + licita- Regra: autorização legislativa
Seção VI
ção (Administração Direta, Autár-
Das Alienações
quica, Fundacional) + avaliação
Art. 17. A ALIENAÇÃO DE BENS da Administração Pública, su-
prévia + licitação (concorrên-
bordinada à existência de interesse público devidamente jus-
cia)
tificado, SERÁ PRECEDIDA DE AVALIAÇÃO e obedecerá às se-
guintes normas: Pode-se utilizar a modalidade Pode-se utilizar CONCORRÊN-
I - quando IMÓVEIS, dependerá de autorização legislativa para LEILÃO se não ultrapassar o CIA OU LEILÃO no caso de
órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundaci- valor previsto no art. 23, inciso bens imóveis cuja aquisição
onais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, de- II, alínea "b" (R$ 1.430.000,00) haja derivado de procedimen-
penderá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de tos judiciais ou dação em pa-
CONCORRÊNCIA, dispensada esta nos seguintes casos: gamento.

24
Exceção: casos de licitação dis- Exceção: casos de licitação dis- § 4o A DOAÇÃO COM ENCARGO será licitada e de seu instru-
pensada pensada mento constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de
seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de nulidade
§ 1o Os imóveis doados com base na alínea "b" do inciso I deste
do ato, sendo dispensada a licitação no caso de interesse pú-
artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverte-
blico devidamente justificado;
rão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alie -
nação pelo beneficiário. § 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário necessi-
te oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula de
§ 2o A Administração também poderá conceder título de pro-
reversão e demais obrigações serão garantidas por hipoteca em
priedade ou de direito real de uso de imóveis, DISPENSADA
segundo grau em favor do doador.
LICITAÇÃO, quando o uso destinar-se:
I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, qual- § 6o Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou global-
quer que seja a localização do imóvel; mente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23, in-
II - a pessoa natural que, nos termos de lei, regulamento ou ciso II, alínea "b" desta Lei, a Administração poderá permitir o
ato normativo do órgão competente, haja implementado os leilão.
requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e DECRETO 9412/18
exploração direta sobre área rural, observado o limite de que
ANTES DEPOIS
trata o § 1o do art. 6o da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009;
R$ 650.000,00 R$ 1.430.000,00
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2 o ficam dispensadas de au-
torização legislativa, porém submetem-se aos seguintes condicio-
namentos: Art. 18. Na CONCORRÊNCIA para a venda de BENS IMÓVEIS, a
I - aplicação exclusivamente às áreas em que a detenção por par- fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do recolhi-
ticular seja comprovadamente anterior a 1o de dezembro de mento de quantia correspondente a 5% da avaliação.
2004;
II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regime Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisi-
legal e administrativo da destinação e da regularização fundiária ção haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em
de terras públicas; pagamento, poderão ser alienados por ato da autoridade com-
III - vedação de concessões para hipóteses de exploração não- petente, observadas as seguintes regras:
contempladas na lei agrária, nas leis de destinação de terras pú- I - avaliação dos bens alienáveis;
blicas, ou nas normas legais ou administrativas de zoneamento II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
ecológico-econômico; e III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de
IV - previsão de rescisão automática da concessão, dispensada CONCORRÊNCIA ou LEILÃO.
notificação, em caso de declaração de utilidade, ou necessidade
pública ou interesse social.
§ 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo:
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujeito a ve-
dação, impedimento ou inconveniente a sua exploração mediante
atividades agropecuárias;
II – fica limitada a áreas de até 15 módulos fiscais, desde que
não exceda 1500 hectares, vedada a dispensa de licitação para
áreas superiores a esse limite;
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área decorrente da
figura prevista na alínea g do inciso I do caput deste artigo, até o
limite previsto no inciso II deste parágrafo.
§ 3o Entende-se por INVESTIDURA, para os fins desta lei:
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área
remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se
tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior
ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% do va-
lor constante da alínea "a" do inciso II do art. 23 desta lei;
DECRETO 9412/18
ANTES DEPOIS
50% de R$ 80.000,00= 50% de R$ 176.000,00 =
R$ 40.000,00 R$ 88.000,00
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta
destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais
construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas,
desde que considerados dispensáveis na fase de operação
dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversí-
veis ao final da concessão.

25
DIA 23 Parágrafo único. O testamento público pode ser escrito manual-
mente ou mecanicamente, bem como ser feito pela inserção da
declaração de vontade em partes impressas de livro de notas,
desde que rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de
Código Civil: art 1857-2046 uma.
LEI 8666/93 - Licitações e Contratos: Art. 20-53
Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o ta-
CÓDIGO CIVIL belião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando, neste
caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instru-
mentárias.
TITULO III
DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu
CAPITULO I
testamento, e, se não o souber, designará quem o leia em seu lu-
DO TESTAMENTO EM GERAL
gar, presentes as testemunhas.
Art. 1.857. TODA PESSOA CAPAZ pode dispor, por testamento,
da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de
Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe
sua morte.
será lido, em voz alta, 2 vezes, uma pelo tabelião ou por seu
§ 1o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluí-
substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada
da no testamento.
pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no
§ 2o São válidas as disposições testamentárias de caráter não
testamento.
patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limita-
do.
Seção III
Do Testamento Cerrado
Art. 1.858. O testamento É ATO PERSONALÍSSIMO, podendo
Art. 1.868. O testamento escrito pelo testador, ou por outra pes-
ser mudado a qualquer tempo.
soa, a seu rogo, e por aquele assinado, será válido se aprovado
pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas as seguintes for-
Art. 1.859. Extingue-se em 5 anos o direito de impugnar a vali-
malidades:
dade do testamento, contado o prazo da data do seu registro.
I - que o testador o entregue ao tabelião em presença de 2 teste-
munhas;
CAPÍTULO II
II - que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer
Da Capacidade de Testar
que seja aprovado;
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no
III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na pre-
ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento.
sença de 2 testemunhas, e o leia, em seguida, ao testador e tes-
Parágrafo único. Podem testar os maiores de 16 anos.
temunhas;
IV - que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas
Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não inva-
testemunhas e pelo testador.
lida o testamento, nem o testamento do incapaz se valida
Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser escrito mecani-
com a superveniência da capacidade.
camente, desde que seu subscritor numere e autentique, com a
sua assinatura, todas as paginas.
CAPÍTULO III
Das formas ordinárias do testamento
Art. 1.869. O tabelião deve começar o auto de aprovação imedia-
Seção I
tamente depois da última palavra do testador, declarando, sob
Disposições Gerais
sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presen-
Art. 1.862. São testamentos ordinários:
ça das testemunhas; passando a cerrar e coser o instrumento
I - o público;
aprovado.
II - o cerrado;
Parágrafo único. Se não houver espaço na última folha do testa-
III - o particular.
mento, para início da aprovação, o tabelião aporá nele o seu sinal
público, mencionando a circunstância no auto.
Art. 1.863. É PROIBIDO o testamento conjuntivo, seja simultâ-
neo, recíproco ou correspectivo.
Art. 1.870. Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo do tes-
tador, poderá, não obstante, aprová-lo.
Seção II
Do Testamento Público
Art. 1.871. O testamento pode ser escrito em língua nacional ou
Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público:
estrangeira, pelo próprio testador, ou por outrem, a seu rogo.
I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro
de notas, de acordo com as declarações do testador, podendo
Art. 1.872. Não pode dispor de seus bens em testamento cerra-
este servir-se de minuta, notas ou apontamentos;
do quem não saiba ou não possa ler.
II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao
testador e a 2 testemunhas, a um só tempo; ou pelo testador, se
Art. 1.873. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, con-
o quiser, na presença destas e do oficial;
tanto que o escreva todo, e o assine de sua mão, e que, ao en-
III - ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testa-
tregá-lo ao oficial público, ante as 2 testemunhas, escreva, na
dor, pelas testemunhas e pelo tabelião.

1
face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testa- Art. 1.882. Os atos a que se refere o artigo antecedente, salvo
mento, cuja aprovação lhe pede. direito de terceiro, valerão como codicilos, deixe ou não
testamento o autor.
Art. 1.874. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento en-
tregue ao testador, e o tabelião lançará, no seu livro, nota do lu- Art. 1.883. Pelo modo estabelecido no art. 1.881, poder-se-ão
gar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entre- nomear ou substituir testamenteiros.
gue.
Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes revogam-se
Art. 1.875. Falecido o testador, o testamento será apresentado ao por atos iguais, e consideram-se revogados, se, havendo
juiz, que o abrirá e o fará registrar, ordenando seja cumprido, se testamento posterior, de qualquer natureza, este os não confirmar
não achar vício externo que o torne eivado de nulidade ou sus- ou modificar.
peito de falsidade.
Art. 1.885. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo
modo que o testamento cerrado.
Seção IV
Do Testamento Particular CAPÍTULO V
Art. 1.876. O testamento particular pode ser escrito de próprio Dos Testamentos Especiais
punho ou mediante processo mecânico. Seção I
§ 1o Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua Disposições Gerais
validade seja lido e assinado por quem o escreveu, na presença Art. 1.886. São testamentos especiais:
de pelo menos 3 testemunhas, que o devem subscrever. I - o marítimo;
§ 2o Se elaborado por processo mecânico, não pode conter II - o aeronáutico;
rasuras ou espaços em branco, devendo ser assinado pelo III - o militar.
testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos 3
testemunhas, que o subscreverão. Art. 1.887. NÃO SE ADMITEM OUTROS TESTAMENTOS
ESPECIAIS além dos contemplados neste Código.
Art. 1.877. Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento,
com citação dos herdeiros legítimos. Seção II
Do Testamento Marítimo e do Testamento Aeronáutico
Art. 1.878. Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da Art. 1.888. Quem estiver em viagem, a bordo de navio nacional,
disposição, ou, ao menos, sobre a sua leitura perante elas, e se de guerra ou mercante, pode testar perante o comandante, em
reconhecerem as próprias assinaturas, assim como a do testador, presença de 2 testemunhas, por forma que corresponda ao
o testamento será confirmado. testamento público ou ao cerrado.
Parágrafo único. Se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, Parágrafo único. O registro do testamento será feito no diário de
e se pelo menos uma delas o reconhecer, o testamento poderá bordo.
ser confirmado, se, a critério do juiz, houver prova suficiente de
sua veracidade. Art. 1.889. Quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar
ou comercial, pode testar perante pessoa designada pelo
Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o comandante, observado o disposto no artigo antecedente.
testamento particular de próprio punho e assinado pelo testador,
sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz. Art. 1.890. O testamento marítimo ou aeronáutico ficará sob a
guarda do comandante, que o entregará às autoridades
JDC611 O TESTAMENTO HOLÓGRAFO SIMPLIFICADO, administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional, contra
previsto no art. 1.879 do Código Civil, perderá sua eficácia se, recibo averbado no diário de bordo.
nos 90 dias subsequentes ao fim das circunstâncias excepcionais
que autorizaram a sua confecção, o disponente, podendo fazê- Art. 1.891. Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o
lo, não testar por uma das formas testamentárias ordinárias. testador não morrer na viagem, nem nos 90 dias subseqüentes
ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma
ordinária, outro testamento.
Art. 1.880. O testamento particular pode ser escrito em língua
estrangeira, contanto que as testemunhas a compreendam.
Art. 1.892. Não valerá o testamento marítimo, ainda que feito no
curso de uma viagem, se, ao tempo em que se fez, o navio estava
CAPÍTULO IV
em porto onde o testador pudesse desembarcar e testar na forma
Dos Codicilos
ordinária.
Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante
escrito particular seu, datado e assinado, fazer disposições
Seção III
especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta
Do Testamento Militar
a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente,
Art. 1.893. O testamento dos militares e demais pessoas a serviço
aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas
das Forças Armadas em campanha, dentro do País ou fora dele,
ou jóias, de pouco valor, de seu uso pessoal.
assim como em praça sitiada, ou que esteja de comunicações
interrompidas, poderá fazer-se, não havendo tabelião ou seu
substituto legal, ante 2, ou 3 testemunhas, se o testador não

2
puder, ou não souber assinar, caso em que assinará por ele uma ou pertencentes a uma família, ou a um corpo coletivo, ou a um
delas. estabelecimento por ele designado;
§ 1o Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo II - em remuneração de serviços prestados ao testador, por
destacado, o testamento será escrito pelo respectivo comandante, ocasião da moléstia de que faleceu, ainda que fique ao arbítrio
ainda que de graduação ou posto inferior. do herdeiro ou de outrem determinar o valor do legado.
§ 2o Se o testador estiver em tratamento em hospital, o
testamento será escrito pelo respectivo oficial de saúde, ou pelo Art. 1.902. A disposição geral em favor dos pobres, dos
diretor do estabelecimento. estabelecimentos particulares de caridade, ou dos de assistência
§ 3o Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será pública, entender-se-á relativa aos pobres do lugar do domicílio
escrito por aquele que o substituir. do testador ao tempo de sua morte, ou dos estabelecimentos aí
sitos, salvo se manifestamente constar que tinha em mente
Art. 1.894. Se o testador souber escrever, poderá fazer o beneficiar os de outra localidade.
testamento de seu punho, contanto que o date e assine por Parágrafo único. Nos casos deste artigo, as instituições
extenso, e o apresente aberto ou cerrado, na presença de 2 particulares preferirão sempre às públicas.
testemunhas ao auditor, ou ao oficial de patente, que lhe faça as
vezes neste mister. Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do
Parágrafo único. O auditor, ou o oficial a quem o testamento se legatário, ou da coisa legada anula a disposição, salvo se, pelo
apresente notará, em qualquer parte dele, lugar, dia, mês e ano, contexto do testamento, por outros documentos, ou por
em que lhe for apresentado, nota esta que será assinada por ele e fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que
pelas testemunhas. o testador queria referir-se.

Art. 1.895. Caduca o testamento militar, desde que, depois dele, o Art. 1.904. Se o testamento nomear 2 ou mais herdeiros, sem
testador esteja, 90 dias seguidos, em lugar onde possa testar na discriminar a parte de cada um, partilhar-se-á por igual, entre
forma ordinária, salvo se esse testamento apresentar as todos, a porção disponível do testador.
solenidades prescritas no parágrafo único do artigo antecedente.
Art. 1.905. Se o testador nomear certos herdeiros individualmente
Art. 1.896. As pessoas designadas no art. 1.893, estando e outros coletivamente, a herança será dividida em tantas quotas
empenhadas em combate, ou feridas, podem testar oralmente, quantos forem os indivíduos e os grupos designados.
confiando a sua última vontade a duas testemunhas.
Parágrafo único. Não terá efeito o testamento se o testador não Art. 1.906. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e
morrer na guerra ou convalescer do ferimento. não absorverem toda a herança, o remanescente pertencerá aos
herdeiros legítimos, segundo a ordem da vocação hereditária.
CAPÍTULO VI
Das Disposições Testamentárias Art. 1.907. Se forem determinados os quinhões de uns e não os
Art. 1.897. A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer- de outros herdeiros, distribuir-se-á por igual a estes últimos o que
se pura e simplesmente, sob condição, para certo fim ou restar, depois de completas as porções hereditárias dos primeiros.
modo, ou por certo motivo.
Art. 1.908. Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro
Art. 1.898. A designação do tempo em que deva começar ou instituído certo e determinado objeto, dentre os da herança,
cessar o direito do herdeiro, salvo nas disposições tocará ele aos herdeiros legítimos.
fideicomissárias, ter-se-á por não escrita.
Art. 1.909. São ANULÁVEIS as disposições testamentárias
Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de inquinadas de erro, dolo ou coação.
interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a Parágrafo único. Extingue-se em 4 anos o direito de anular a
observância da vontade do testador. disposição, contados de quando o interessado tiver
conhecimento do vício.
Art. 1.900. É NULA a disposição:
I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição Art. 1.910. A ineficácia de uma disposição testamentária
captatória de que este disponha, também por testamento, em importa a das outras que, sem aquela, não teriam sido
benefício do testador, ou de terceiro; determinadas pelo testador.
II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa
averiguar; Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por
III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e
de sua identidade a terceiro; incomunicabilidade.
IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados,
valor do legado; ou de sua alienação, por conveniência econômica do donatário
V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o produto da
1.802. venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as
restrições apostas aos primeiros.
Art. 1.901. Valerá a disposição:
I - em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por CAPÍTULO VII
terceiro, dentre 2 ou mais pessoas mencionadas pelo testador, Dos Legados

3
Art. 1.923. Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário
Legado: Coisa certa e determinada deixada para alguém a coisa certa, existente no acervo, salvo se o legado estiver
(legatário), através de um testamento ou codicilo sob condição suspensiva.
§ 1o Não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela
pode o legatário entrar por autoridade própria.
Seção I
§ 2o O legado de coisa certa existente na herança transfere
Disposições Gerais
também ao legatário os frutos que produzir, desde a morte do
Art. 1.912. É INEFICAZ o legado de coisa certa que não
testador, exceto se dependente de condição suspensiva, ou de
pertença ao testador no momento da abertura da sucessão.
termo inicial.
Art. 1.913. Se o testador ordenar que o herdeiro ou legatário
Art. 1.924. O direito de pedir o legado não se exercerá, enquanto
entregue coisa de sua propriedade a outrem, não o cumprindo
se litigue sobre a validade do testamento, e, nos legados
ele, entender-se-á que renunciou à herança ou ao legado.
condicionais, ou a prazo, enquanto esteja pendente a condição
ou o prazo não se vença.
Art. 1.914. Se tão-somente em parte a coisa legada pertencer ao
testador, ou, no caso do artigo antecedente, ao herdeiro ou ao
Art. 1.925. O legado em dinheiro só vence juros desde o dia em
legatário, só quanto a essa parte valerá o legado.
que se constituir em mora a pessoa obrigada a prestá-lo.
Art. 1.915. Se o legado for de coisa que se determine pelo gênero,
será o mesmo cumprido, ainda que tal coisa não exista entre os
Art. 1.926. Se o legado consistir em renda vitalícia ou pensão
bens deixados pelo testador.
periódica, esta ou aquela correrá da morte do testador.
Art. 1.916. Se o testador legar coisa sua, singularizando-a, só
Art. 1.927. Se o legado for de quantidades certas, em prestações
terá eficácia o legado se, ao tempo do seu falecimento, ela se
periódicas, datará da morte do testador o primeiro período, e o
achava entre os bens da herança; se a coisa legada existir entre
legatário terá direito a cada prestação, uma vez encetado cada
os bens do testador, mas em quantidade inferior à do legado,
um dos períodos sucessivos, ainda que venha a falecer antes do
este será eficaz apenas quanto à existente.
termo dele.
Art. 1.917. O legado de coisa que deva encontrar-se em
Art. 1.928. Sendo periódicas as prestações, só no termo de cada
determinado lugar só terá eficácia se nele for achada, salvo se
período se poderão exigir.
removida a título transitório.
Parágrafo único. Se as prestações forem deixadas a título de
alimentos, pagar-se-ão no começo de cada período, sempre que
Art. 1.918. O legado de crédito, ou de quitação de dívida, terá
outra coisa não tenha disposto o testador.
eficácia somente até a importância desta, ou daquele, ao tempo
da morte do testador.
Art. 1.929. Se o legado consiste em coisa determinada pelo
§ 1o Cumpre-se o legado, entregando o herdeiro ao legatário o
gênero, ao herdeiro tocará escolhê-la, guardando o meio-termo
título respectivo.
entre as congêneres da melhor e pior qualidade.
§ 2o Este legado não compreende as dívidas posteriores à data
do testamento.
Art. 1.930. O estabelecido no artigo antecedente será observado,
quando a escolha for deixada a arbítrio de terceiro; e, se este não
Art. 1.919. Não o declarando expressamente o testador, não se
a quiser ou não a puder exercer, ao juiz competirá fazê-la,
reputará compensação da sua dívida o legado que ele faça ao
guardado o disposto na última parte do artigo antecedente.
credor.
Parágrafo único. Subsistirá integralmente o legado, se a dívida lhe
Art. 1.931. Se a opção foi deixada ao legatário, este poderá
foi posterior, e o testador a solveu antes de morrer.
escolher, do gênero determinado, a melhor coisa que houver na
herança; e, se nesta não existir coisa de tal gênero, dar-lhe-á de
Art. 1.920. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o
outra congênere o herdeiro, observada a disposição na última
vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da
parte do art. 1.929.
educação, se ele for menor.

Art. 1.932. No legado alternativo, presume-se deixada ao herdeiro


Art. 1.921. O legado de usufruto, sem fixação de tempo,
a opção.
entende-se deixado ao legatário por toda a sua vida.

Art. 1.933. Se o herdeiro ou legatário a quem couber a opção


Art. 1.922. Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois
falecer antes de exercê-la, passará este poder aos seus herdeiros.
novas aquisições, estas, ainda que contíguas, não se
compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário
Art. 1.934. No silêncio do testamento, o cumprimento dos
do testador.
legados incumbe aos herdeiros e, não os havendo, aos
Parágrafo único. NÃO SE APLICA o disposto neste artigo às
legatários, na proporção do que herdaram.
benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no
Parágrafo único. O encargo estabelecido neste artigo, não
prédio legado.
havendo disposição testamentária em contrário, caberá ao
herdeiro ou legatário incumbido pelo testador da execução do
Seção II
legado; quando indicados mais de um, os onerados dividirão
Dos Efeitos do Legado e do seu Pagamento
entre si o ônus, na proporção do que recebam da herança.

4
Parágrafo único. Não existindo o direito de acrescer entre os co-
Art. 1.935. Se algum legado consistir em coisa pertencente a legatários, a quota do que faltar acresce ao herdeiro ou ao
herdeiro ou legatário (art. 1.913), só a ele incumbirá cumpri-lo, legatário incumbido de satisfazer esse legado, ou a todos os
com regresso contra os co-herdeiros, pela quota de cada um, herdeiros, na proporção dos seus quinhões, se o legado se
salvo se o contrário expressamente dispôs o testador. deduziu da herança.

Art. 1.936. As despesas e os riscos da entrega do legado correm à Art. 1.945. Não pode o beneficiário do acréscimo repudiá-lo
conta do legatário, se não dispuser diversamente o testador. separadamente da herança ou legado que lhe caiba, salvo se o
acréscimo comportar encargos especiais impostos pelo testador;
Art. 1.937. A coisa legada entregar-se-á, com seus acessórios, no nesse caso, uma vez repudiado, reverte o acréscimo para a pessoa
lugar e estado em que se achava ao falecer o testador, passando a favor de quem os encargos foram instituídos.
ao legatário com todos os encargos que a onerarem.
Art. 1.946. Legado um só usufruto conjuntamente a 2 ou mais
Art. 1.938. Nos legados com encargo, aplica-se ao legatário o pessoas, a parte da que faltar acresce aos co-legatários.
disposto neste Código quanto às doações de igual natureza. Parágrafo único. Se não houver conjunção entre os co-legatários,
ou se, apesar de conjuntos, só lhes foi legada certa parte do
Seção III usufruto, consolidar-se-ão na propriedade as quotas dos que
Da Caducidade dos Legados faltarem, à medida que eles forem faltando.
Art. 1.939. Caducará o legado:
I - se, depois do testamento, o testador modificar a coisa legada, CAPÍTULO IX
ao ponto de já não ter a forma nem lhe caber a denominação que Das Substituições
possuía; Seção I
II - se o testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte Da Substituição Vulgar e da Recíproca
a coisa legada; nesse caso, caducará até onde ela deixou de Art. 1.947. O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro
pertencer ao testador; ou ao legatário nomeado, para o caso de um ou outro não
III - se a coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem querer ou não poder aceitar a herança ou o legado,
culpa do herdeiro ou legatário incumbido do seu cumprimento; presumindo-se que a substituição foi determinada para as
IV - se o legatário for excluído da sucessão, nos termos do art. duas alternativas, ainda que o testador só a uma se refira.
1.815;
V - se o legatário falecer antes do testador. Art. 1.948. Também é lícito ao testador substituir muitas
pessoas por uma só, ou vice-versa, e ainda substituir com
Art. 1.940. Se o legado for de duas ou mais coisas reciprocidade ou sem ela.
alternativamente, e algumas delas perecerem, subsistirá quanto às
restantes; perecendo parte de uma, valerá, quanto ao seu Art. 1.949. O substituto fica sujeito à condição ou encargo
remanescente, o legado. imposto ao substituído, quando não for diversa a intenção
manifestada pelo testador, ou não resultar outra coisa da
CAPÍTULO VIII natureza da condição ou do encargo.
Do Direito de Acrescer entre Herdeiros e Legatários
Art. 1.941. Quando vários herdeiros, pela mesma disposição Art. 1.950. Se, entre muitos co-herdeiros ou legatários de partes
testamentária, forem conjuntamente chamados à herança em desiguais, for estabelecida substituição recíproca, a proporção
quinhões não determinados, e qualquer deles não puder ou dos quinhões fixada na primeira disposição entender-se-á
não quiser aceitá-la, a sua parte acrescerá à dos co-herdeiros, mantida na segunda; se, com as outras anteriormente nomeadas,
salvo o direito do substituto. for incluída mais alguma pessoa na substituição, o quinhão vago
pertencerá em partes iguais aos substitutos.
Art. 1.942. O direito de acrescer competirá aos co-legatários,
quando nomeados conjuntamente a respeito de uma só coisa, Seção II
determinada e certa, ou quando o objeto do legado não Da Substituição Fideicomissária
puder ser dividido sem risco de desvalorização. Art. 1.951. Pode o testador instituir herdeiros ou legatários,
estabelecendo que, por ocasião de sua morte, a herança ou o
Art. 1.943. Se um dos co-herdeiros ou co-legatários, nas legado se transmita ao fiduciário, resolvendo-se o direito deste,
condições do artigo antecedente, morrer antes do testador; se por sua morte, a certo tempo ou sob certa condição, em favor de
renunciar a herança ou legado, ou destes for excluído, e, se a outrem, que se qualifica de fideicomissário.
condição sob a qual foi instituído não se verificar, acrescerá o
seu quinhão, salvo o direito do substituto, à parte dos co- Art. 1.952. A substituição fideicomissária somente se permite
herdeiros ou co-legatários conjuntos. em favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador.
Parágrafo único. Os co-herdeiros ou co-legatários, aos quais Parágrafo único. Se, ao tempo da morte do testador, já houver
acresceu o quinhão daquele que não quis ou não pôde suceder, nascido o fideicomissário, adquirirá este a propriedade dos bens
ficam sujeitos às obrigações ou encargos que o oneravam. fideicometidos, convertendo-se em usufruto o direito do
fiduciário.
Art. 1.944. Quando não se efetua o direito de acrescer,
transmite-se aos herdeiros legítimos a quota vaga do Art. 1.953. O fiduciário tem a propriedade da herança ou
nomeado. legado, mas restrita e resolúvel.

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Parágrafo único. O fiduciário é obrigado a proceder ao inventário
dos bens gravados, e a prestar caução de restituí-los se o exigir o CAPÍTULO XI
fideicomissário. Da Redução das Disposições Testamentárias
Art. 1.966. O remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos,
Art. 1.954. Salvo disposição em contrário do testador, se o quando o testador só em parte dispuser da quota hereditária
fiduciário renunciar a herança ou o legado, defere-se ao disponível.
fideicomissário o poder de aceitar.
Art. 1.967. As disposições que excederem a parte disponível
Art. 1.955. O fideicomissário pode renunciar a herança ou o reduzir-se-ão aos limites dela, de conformidade com o disposto
legado, e, neste caso, o fideicomisso caduca, deixando de ser nos parágrafos seguintes.
resolúvel a propriedade do fiduciário, se não houver disposição § 1o Em se verificando excederem as disposições testamentá-
contrária do testador. rias a porção disponível, serão proporcionalmente reduzidas
as quotas do herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde bas-
Art. 1.956. Se o fideicomissário aceitar a herança ou o legado, terá te, e, não bastando, também os legados, na proporção do seu
direito à parte que, ao fiduciário, em qualquer tempo acrescer. valor.
§ 2o Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem,
Art. 1.957. Ao sobrevir a sucessão, o fideicomissário responde de preferência, certos herdeiros e legatários, a redução far-se-á
pelos encargos da herança que ainda restarem. nos outros quinhões ou legados, observando-se a seu respeito a
ordem estabelecida no parágrafo antecedente.
Art. 1.958. Caduca o fideicomisso se o fideicomissário morrer
antes do fiduciário, ou antes de realizar-se a condição resolutória JDC118 O testamento anterior à vigência do novo Código Civil
do direito deste último; nesse caso, a propriedade consolida-se se submeterá à redução prevista no § 1º do art. 1.967 naquilo
no fiduciário, nos termos do art. 1.955. que atingir a porção reservada ao cônjuge sobrevivente, eleva-
do que foi à condição de herdeiro necessário.
Art. 1.959. São NULOS os fideicomissos além do 2° grau.
Art. 1.968. Quando consistir em prédio divisível o legado sujei-
Art. 1.960. A nulidade da substituição ilegal não prejudica a
to a redução, far-se-á esta dividindo-o proporcionalmente.
instituição, que valerá sem o encargo resolutório.
§ 1o Se não for possível a divisão, e o excesso do legado montar a
mais de 1/4 do valor do prédio, o legatário deixará inteiro na he-
CAPÍTULO X
rança o imóvel legado, ficando com o direito de pedir aos herdei-
Da Deserdação
ros o valor que couber na parte disponível; se o excesso não for
Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua
de mais de 1/4, aos herdeiros fará tornar em dinheiro o legatário,
legítima, ou deserdados, em todos os casos em que podem
que ficará com o prédio.
ser excluídos da sucessão.
§ 2o Se o legatário for ao mesmo tempo herdeiro necessário, po-
derá inteirar sua legítima no mesmo imóvel, de preferencia aos
Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam
outros, sempre que ela e a parte subsistente do legado lhe absor-
a deserdação dos descendentes por seus ascendentes:
verem o valor.
I - ofensa física;
II - injúria grave;
CAPÍTULO XII
III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;
Da Revogação do Testamento
IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave
Art. 1.969. O testamento pode ser revogado pelo mesmo
enfermidade.
modo e forma como pode ser feito.

Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a


Art. 1.970. A revogação do testamento pode ser total ou parcial.
deserdação dos ascendentes pelos descendentes:
Parágrafo único. Se parcial, ou se o testamento posterior não con-
I - ofensa física;
tiver cláusula revogatória expressa, o anterior subsiste em tudo
II - injúria grave;
que não for contrário ao posterior.
III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a
do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da neta;
Art. 1.971. A revogação produzirá seus efeitos, ainda quando o
IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave
testamento, que a encerra, vier a caducar por exclusão, inca-
enfermidade.
pacidade ou renúncia do herdeiro nele nomeado; não valerá,
se o testamento revogatório for anulado por omissão ou in-
Art. 1.964. Somente com expressa declaração de causa pode a
fração de solenidades essenciais ou por vícios intrínsecos.
deserdação ser ordenada em testamento.
Art. 1.972. O testamento cerrado que o testador abrir ou dilacerar,
Art. 1.965. Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a
ou for aberto ou dilacerado com seu consentimento, haver-se-á
deserdação, incumbe provar a veracidade da causa alegada pelo
como revogado.
testador.
Parágrafo único. O direito de provar a causa da deserdação ex-
CAPÍTULO XIII
tingue-se no prazo de 4 anos, a contar da data da abertura do
Do Rompimento do Testamento
testamento.
Art. 1.973. Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que
não o tinha ou não o conhecia quando testou, rompe-se o

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testamento em todas as suas disposições, se esse descendente Art. 1.985. O encargo da testamentaria NÃO SE TRANSMITE
sobreviver ao testador. aos herdeiros do testamenteiro, NEM É DELEGÁVEL; mas o tes-
tamenteiro pode fazer-se representar em juízo e fora dele, medi-
JDC 643 O rompimento do testamento (art. 1.973 do Código ante mandatário com poderes especiais.
Civil) se refere exclusivamente às disposições de caráter pa-
trimonial, mantendo-se válidas e eficazes as de caráter extrapa- Art. 1.986. Havendo simultaneamente mais de um testamenteiro,
trimonial, como o reconhecimento de filho e o perdão ao indig- que tenha aceitado o cargo, poderá cada qual exercê-lo, em falta
no. dos outros; mas todos ficam solidariamente obrigados a dar con-
ta dos bens que lhes forem confiados, salvo se cada um tiver, pelo
testamento, funções distintas, e a elas se limitar.
Art. 1.974. Rompe-se também o testamento feito na ignorância
de existirem outros herdeiros necessários.
Art. 1.987. Salvo disposição testamentária em contrário, o testa-
menteiro, que não seja herdeiro ou legatário, terá direito a um
Art. 1.975. Não se rompe o testamento, se o testador dispuser
prêmio, que, se o testador não o houver fixado, será de 1% a 5%,
da sua metade, não contemplando os herdeiros necessários
arbitrado pelo juiz, sobre a herança líquida, conforme a importân-
de cuja existência saiba, ou quando os exclua dessa parte.
cia dela e maior ou menor dificuldade na execução do testamen-
to.
CAPÍTULO XIV
Parágrafo único. O prêmio arbitrado será pago à conta da parte
Do Testamenteiro
disponível, quando houver herdeiro necessário.
Art. 1.976. O testador pode nomear um ou mais testamentei-
ros, conjuntos ou separados, para lhe darem cumprimento às
Art. 1.988. O herdeiro ou o legatário nomeado testamenteiro po-
disposições de última vontade.
derá preferir o prêmio à herança ou ao legado.
Art. 1.977. O testador pode conceder ao testamenteiro a posse
Art. 1.989. Reverterá à herança o prêmio que o testamenteiro per-
e a administração da herança, ou de parte dela, não havendo
der, por ser removido ou por não ter cumprido o testamento.
cônjuge ou herdeiros necessários.
Parágrafo único. Qualquer herdeiro pode requerer partilha imedi-
Art. 1.990. Se o testador tiver distribuído toda a herança em lega-
ata, ou devolução da herança, habilitando o testamenteiro com os
dos, exercerá o testamenteiro as funções de inventariante.
meios necessários para o cumprimento dos legados, ou dando
caução de prestá-los.
TÍTULO IV
Do Inventário e da Partilha
Art. 1.978. Tendo o testamenteiro a posse e a administração
CAPÍTULO I
dos bens, incumbe-lhe requerer inventário e cumprir o testa-
Do Inventário
mento.
Art. 1.991. Desde a assinatura do compromisso até a homolo-
gação da partilha, a administração da herança será exercida
Art. 1.979. O testamenteiro nomeado, ou qualquer parte interes-
pelo inventariante.
sada, pode requerer, assim como o juiz pode ordenar, de ofício,
ao detentor do testamento, que o leve a registro.
CAPÍTULO II
Dos Sonegados
Art. 1.980. O testamenteiro é obrigado a cumprir as disposições
Art.1.992. O herdeiro que sonegar bens da herança, não os
testamentárias, no prazo marcado pelo testador, e a dar contas
descrevendo no inventário quando estejam em seu poder, ou,
do que recebeu e despendeu, subsistindo sua responsabilidade
com o seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na
enquanto durar a execução do testamento.
colação, a que os deva levar, ou que deixar de restituí-los,
perderá o direito que sobre eles lhe cabia.
Art. 1.981. Compete ao testamenteiro, com ou sem o concurso
do inventariante e dos herdeiros instituídos, defender a validade
Art. 1.993. Além da pena cominada no artigo antecedente, se o
do testamento.
sonegador for o próprio inventariante, remover-se-á, em se
provando a sonegação, ou negando ele a existência dos bens,
Art. 1.982. Além das atribuições exaradas nos artigos anteceden-
quando indicados.
tes, terá o testamenteiro as que lhe conferir o testador, nos limites
da lei.
Art.1.994. A pena de sonegados só se pode requerer e impor
em ação movida pelos herdeiros ou pelos credores da heran-
Art. 1.983. Não concedendo o testador prazo maior, cumprirá
ça.
o testamenteiro o testamento e prestará contas em 180 dias,
Parágrafo único. A sentença que se proferir na ação de sonega-
contados da aceitação da testamentaria.
dos, movida por qualquer dos herdeiros ou credores, aproveita
Parágrafo único. Pode esse prazo ser prorrogado se houver mo-
aos demais interessados.
tivo suficiente.

Art. 1.995. Se não se restituírem os bens sonegados, por já não os


Art. 1.984. Na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a
ter o sonegador em seu poder, pagará ele a importância dos va-
execução testamentária compete a um dos cônjuges, e, em falta
lores que ocultou, mais as perdas e danos.
destes, ao herdeiro nomeado pelo juiz.

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Art. 1.996. Só se pode argüir de sonegação o inventariante depois Art. 2.004. O valor de colação dos bens doados será aquele,
de encerrada a descrição dos bens, com a declaração, por ele fei- certo ou estimativo, que lhes atribuir o ato de liberalidade.
ta, de não existirem outros por inventariar e partir, assim como § 1o Se do ato de doação não constar valor certo, nem houver es-
argüir o herdeiro, depois de declarar-se no inventário que não os timação feita naquela época, os bens serão conferidos na partilha
possui. pelo que então se calcular valessem ao tempo da liberalidade.
§ 2o Só o valor dos bens doados entrará em colação; não assim
CAPÍTULO III o das benfeitorias acrescidas, as quais pertencerão ao herdeiro
Do Pagamento das Dívidas donatário, correndo também à conta deste os rendimentos ou lu-
Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do cros, assim como os danos e perdas que eles sofrerem.
falecido; mas, feita a partilha, só respondem os herdeiros,
cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube. Art. 2.005. São dispensadas da colação as doações que o doa-
§ 1o Quando, antes da partilha, for requerido no inventário o pa- dor determinar saiam da parte disponível, contanto que não a
gamento de dívidas constantes de documentos, revestidos de for- excedam, computado o seu valor ao tempo da doação.
malidades legais, constituindo prova bastante da obrigação, e Parágrafo único. Presume-se imputada na parte disponível a li-
houver impugnação, que não se funde na alegação de pagamen- beralidade feita a descendente que, ao tempo do ato, não se-
to, acompanhada de prova valiosa, o juiz mandará reservar, em ria chamado à sucessão na qualidade de herdeiro necessário.
poder do inventariante, bens suficientes para solução do débito,
sobre os quais venha a recair oportunamente a execução. Art. 2.006. A dispensa da colação pode ser outorgada pelo doa-
§ 2o No caso previsto no parágrafo antecedente, o credor será dor em testamento, ou no próprio título de liberalidade.
obrigado a iniciar a ação de cobrança no prazo de 30 dias, sob
pena de se tornar de nenhum efeito a providência indicada. Art. 2.007. São sujeitas à redução as doações em que se apurar
excesso quanto ao que o doador poderia dispor, no momento
Art. 1.998. As despesas funerárias, haja ou não herdeiros legíti- da liberalidade.
mos, sairão do monte da herança; mas as de sufrágios por alma § 1o O excesso será apurado com base no valor que os bens doa-
do falecido só obrigarão a herança quando ordenadas em tes- dos tinham, no momento da liberalidade.
tamento ou codicilo. § 2o A redução da liberalidade far-se-á pela restituição ao monte
do excesso assim apurado; a restituição será em espécie, ou, se
Art. 1.999. Sempre que houver ação regressiva de uns contra ou- não mais existir o bem em poder do donatário, em dinheiro, se-
tros herdeiros, a parte do co-herdeiro insolvente dividir-se-á em gundo o seu valor ao tempo da abertura da sucessão, observadas,
proporção entre os demais. no que forem aplicáveis, as regras deste Código sobre a redução
das disposições testamentárias.
Art. 2.000. Os legatários e credores da herança podem exigir que § 3o Sujeita-se a redução, nos termos do parágrafo antecedente, a
do patrimônio do falecido se discrimine o do herdeiro, e, em con- parte da doação feita a herdeiros necessários que exceder a legíti-
curso com os credores deste, ser-lhes-ão preferidos no pagamen- ma e mais a quota disponível.
to. § 4o Sendo várias as doações a herdeiros necessários, feitas em di-
ferentes datas, serão elas reduzidas a partir da última, até a elimi-
Art. 2.001. Se o herdeiro for devedor ao espólio, sua dívida será nação do excesso.
partilhada igualmente entre todos, salvo se a maioria consentir
que o débito seja imputado inteiramente no quinhão do devedor. Art. 2.008. Aquele que renunciou a herança ou dela foi excluí-
do, deve, não obstante, conferir as doações recebidas, para o
CAPÍTULO IV fim de repor o que exceder o disponível.
Da Colação
Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão do as- Art. 2.009. Quando os netos, representando os seus pais, sucede-
cendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a rem aos avós, serão obrigados a trazer à colação, ainda que não o
conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob hajam herdado, o que os pais teriam de conferir.
pena de sonegação.
Parágrafo único. Para cálculo da legítima, o valor dos bens Art. 2.010. Não virão à colação os gastos ordinários do ascen-
conferidos será computado na parte indisponível, sem au- dente com o descendente, enquanto menor, na sua educação,
mentar a disponível. estudos, sustento, vestuário, tratamento nas enfermidades,
enxoval, assim como as despesas de casamento, ou as feitas
Art. 2.003. A colação tem por fim igualar, na proporção estabe- no interesse de sua defesa em processo-crime.
lecida neste Código, as legítimas dos descendentes e do cônjuge
sobrevivente, obrigando também os donatários que, ao tempo do Art. 2.011. As doações remuneratórias de serviços feitos ao as-
falecimento do doador, já não possuírem os bens doados. cendente também não estão sujeitas a colação.
Parágrafo único. Se, computados os valores das doações feitas em
adiantamento de legítima, não houver no acervo bens suficientes Art. 2.012. Sendo feita a doação por ambos os cônjuges, no in-
para igualar as legítimas dos descendentes e do cônjuge, os bens ventário de cada um se conferirá por metade.
assim doados serão conferidos em espécie, ou, quando deles já
não disponha o donatário, pelo seu valor ao tempo da liberalida- CAPÍTULO V
de. Da Partilha

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Art. 2.013. O herdeiro pode sempre requerer a partilha, AINDA Art. 2.025. Cessa a obrigação mútua estabelecida no artigo ante-
QUE O TESTADOR O PROÍBA, cabendo igual faculdade aos cedente, havendo convenção em contrário, e bem assim dando-
seus cessionários e credores. se a evicção por culpa do evicto, ou por fato posterior à partilha.

Art. 2.014. Pode o testador indicar os bens e valores que devem Art. 2.026. O evicto será indenizado pelos co-herdeiros na propor-
compor os quinhões hereditários, deliberando ele próprio a parti- ção de suas quotas hereditárias, mas, se algum deles se achar in-
lha, que prevalecerá, salvo se o valor dos bens não corresponder solvente, responderão os demais na mesma proporção, pela parte
às quotas estabelecidas. desse, menos a quota que corresponderia ao indenizado.

Art. 2.015. Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer parti- CAPÍTULO VII
lha amigável, por escritura pública, termo nos autos do inven- Da Anulação da Partilha
tário, ou escrito particular, homologado pelo juiz. Art. 2.027. A partilha é anulável pelos vícios e defeitos que in-
validam, em geral, os negócios jurídicos.
Art. 2.016. Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros di- Parágrafo único. Extingue-se em 1 ano o direito de anular a
vergirem, assim como se algum deles for incapaz. partilha.

Art. 2.017. No partilhar os bens, observar-se-á, quanto ao seu va- JDC612O prazo para exercer o direito de anular a partilha ami-
lor, natureza e qualidade, a maior igualdade possível. gável judicial, decorrente de dissolução de sociedade conjugal
ou de união estável, extingue-se em 1 ano da data do trânsito
Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre em julgado da sentença homologatória, consoante dispõem o
vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique a legíti- art. 2.027, parágrafo único, do Código Civil de 2002, e o art.
ma dos herdeiros necessários. 1.029, parágrafo único, do Código de Processo Civil (art. 657,
parágrafo único, do Novo CPC).
Art. 2.019. Os bens insuscetíveis de divisão cômoda, que não
couberem na meação do cônjuge sobrevivente ou no quinhão
LIVRO COMPLEMENTAR
de um só herdeiro, serão vendidos judicialmente, parti-
DAS Disposições Finais e Transitórias
lhando-se o valor apurado, a não ser que haja acordo para se-
Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzi-
rem adjudicados a todos.
dos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já
§ 1o Não se fará a venda judicial se o cônjuge sobrevivente ou um
houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido
ou mais herdeiros requererem lhes seja adjudicado o bem, repon-
na lei revogada.
do aos outros, em dinheiro, a diferença, após avaliação atualizada.
§ 2o Se a adjudicação for requerida por mais de um herdeiro, ob-
servar-se-á o processo da licitação. JDC50 A partir da vigência do novo Código Civil, o prazo pres-
cricional das ações de reparação de danos que não houver atin-
Art. 2.020. Os herdeiros em posse dos bens da herança, o cônjuge gido a metade do tempo previsto no Código Civil de 1916 fluirá
sobrevivente e o inventariante são obrigados a trazer ao acervo por inteiro, nos termos da nova lei (art. 206).
os frutos que perceberam, desde a abertura da sucessão; têm di- JDC299 Iniciada a contagem de determinado prazo sob a égide
reito ao reembolso das despesas necessárias e úteis que fize- do Código Civil de 1916, e vindo a lei nova a reduzi-lo, prevale-
ram, e respondem pelo dano a que, por dolo ou culpa, deram cerá o prazo antigo, desde que transcorrido mais de metade
causa. deste na data da entrada em vigor do novo Código. O novo pra-
zo será contado a partir de 11 de janeiro de 2003, desprezando-
Art. 2.021. Quando parte da herança consistir em bens remotos se o tempo anteriormente decorrido, salvo quando o não-apro-
do lugar do inventário, litigiosos, ou de liquidação morosa ou di- veitamento do prazo já vencido implicar aumento do prazo pres-
fícil, poderá proceder-se, no prazo legal, à partilha dos outros, re- cricional previsto na lei revogada, hipótese em que deve ser
servando-se aqueles para uma ou mais sobrepartilhas, sob a aproveitado o prazo já transcorrido durante o domínio da lei an -
guarda e a administração do mesmo ou diverso inventariante, e tiga, estabelecendo-se uma continuidade temporal.
consentimento da maioria dos herdeiros.
Art. 2.029. Até 2 anos após a entrada em vigor deste Código, os
Art. 2.022. Ficam sujeitos a sobrepartilha os bens sonegados e prazos estabelecidos no parágrafo único do art. 1.238 e no parág-
quaisquer outros bens da herança de que se tiver ciência após rafo único do art. 1.242 serão acrescidos de 2 anos, qualquer que
a partilha. seja o tempo transcorrido na vigência do anterior, Lei no 3.071, de
1o de janeiro de 1916.
CAPÍTULO VI
Da Garantia dos Quinhões Hereditários Art. 2.030. O acréscimo de que trata o artigo antecedente, será
Art. 2.023. Julgada a partilha, fica o direito de cada um dos feito nos casos a que se refere o § 4o do art. 1.228.
herdeiros circunscrito aos bens do seu quinhão.
Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas
Art. 2.024. Os co-herdeiros são reciprocamente obrigados a in- na forma das leis anteriores, bem como os empresários, deverão
denizar-se no caso de evicção dos bens aquinhoados. se adaptar às disposições deste Código até 11 de janeiro de 2007.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às organi-
zações religiosas nem aos partidos políticos.

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JDC394 Ainda que não promovida a adequação do contrato so- sições do Código Civil anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de
cial no prazo previsto no art. 2.031 do Código Civil, as socieda- 1916, e leis posteriores.
des não perdem a personalidade jurídica adquirida antes de seu § 1o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:
advento. I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de
JDC395 A sociedade registrada antes da vigência do Código Civil bem aforado, sobre o valor das construções ou plantações;
não está obrigada a adaptar seu nome às novas disposições. II - constituir subenfiteuse.
§ 2o A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos regula-se
por lei especial.
Art. 2.032. As fundações, instituídas segundo a legislação anterior,
inclusive as de fins diversos dos previstos no parágrafo único do
art. 62, subordinam-se, quanto ao seu funcionamento, ao dispos-
to neste Código. SÚMULAS SOBRE ENFITEUSE
Súmula 122-STF: O enfiteuta pode purgar a mora enquanto
Art. 2.033. Salvo o disposto em lei especial, as modificações dos não decretado o comisso por sentença
atos constitutivos das pessoas jurídicas referidas no art. 44, bem Súmula 169-STF: Depende de sentença a aplicação da pena de
como a sua transformação, incorporação, cisão ou fusão, regem- comisso
se desde logo por este Código. Súmula 170-STF: É resgatável a enfiteuse instituída anterior-
mente à vigência do Código Civil
JDC 644 Os arts. 2.003 e 2.004 do Código Civil e o art. 639 do
CPC devem ser interpretados de modo a garantir a igualdade Art. 2.039. O regime de bens nos casamentos celebrados na vi-
das legítimas e a coerência do ordenamento. O bem doado, em gência do Código Civil anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de
adiantamento de legítima, será colacionado de acordo com seu 1916, é o por ele estabelecido.
valor atual na data da abertura da sucessão, se ainda integrar o
patrimônio do donatário. Se o donatário já não possuir o bem Art. 2.040. A hipoteca legal dos bens do tutor ou curador, inscrita
doado, este será colacionado pelo valor do tempo de sua alie- em conformidade com o inciso IV do art. 827 do Código Civil an -
nação, atualizado monetariamente. terior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, poderá ser cancela-
da, obedecido o disposto no parágrafo único do art. 1.745 deste
Art. 2.034. A dissolução e a liquidação das pessoas jurídicas referi- Código.
das no artigo antecedente, quando iniciadas antes da vigência
deste Código, obedecerão ao disposto nas leis anteriores. Art. 2.041. As disposições deste Código relativas à ordem da vo-
cação hereditária (arts. 1.829 a 1.844) não se aplicam à sucessão
Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, cons - aberta antes de sua vigência, prevalecendo o disposto na lei ante-
tituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao dis - rior (Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916).
posto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efei-
tos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele Art. 2.042. Aplica-se o disposto no caput do art. 1.848, quando
se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes deter- aberta a sucessão no prazo de 1 ano após a entrada em vigor
minada forma de execução. deste Código, ainda que o testamento tenha sido feito na vigên-
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar cia do anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916; se, no pra -
preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este zo, o testador não aditar o testamento para declarar a justa causa
Código para assegurar a função social da propriedade e dos con - de cláusula aposta à legítima, não subsistirá a restrição.
tratos.
Art. 2.043. Até que por outra forma se disciplinem, continuam em
JDC300 A lei aplicável aos efeitos atuais dos contratos celebra- vigor as disposições de natureza processual, administrativa ou pe-
dos antes do novo Código Civil será a vigente na época da cele- nal, constantes de leis cujos preceitos de natureza civil hajam sido
bração; todavia, havendo alteração legislativa que evidencie incorporados a este Código.
anacronismo da lei revogada, o juiz equilibrará as obrigações
das partes contratantes, ponderando os interesses traduzidos Art. 2.044. Este Código entrará em vigor 1 ano após a sua publi-
pelas regras revogada e revogadora, bem como a natureza e a cação.
finalidade do negócio.
JDC396 A capacidade para contratar a constituição da sociedade Art. 2.045. Revogam-se a Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916 -
submete-se à lei vigente no momento do registro. Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei no 556,
de 25 de junho de 1850.
Art. 2.036. A locação de prédio urbano, que esteja sujeita à lei es-
Art. 2.046. Todas as remissões, em diplomas legislativos, aos Códi-
pecial, por esta continua a ser regida.
gos referidos no artigo antecedente, consideram-se feitas às dis-
posições correspondentes deste Código.
Art. 2.037. Salvo disposição em contrário, aplicam-se aos empre-
sários e sociedades empresárias as disposições de lei não revoga-
das por este Código, referentes a comerciantes, ou a sociedades SÚMULA SOBRE DIREITO AUTORAL
comerciais, bem como a atividades mercantis. Súmula 63-STJ: São devidos direitos autorais pela retransmis-
são radiofônica de músicas em estabelecimentos comerciais
Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfi- Súmula 228-STJ: É inadmissível o interdito proibitório para a
teuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às dispo-

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proteção do direito autoral. § 4o Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mes-
Súmula 261-STJ: A cobrança de direitos autorais pela retrans- ma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inici-
missão radiofônica de músicas, em estabelecimentos hoteleiros, almente estabelecido, exceto quando, inqüestionavelmente, a al-
deve ser feita conforme a taxa média de utilização do equipa- teração não afetar a formulação das propostas.
mento, apurada em liquidação.
Concurso
LEI 8666/93 – LICITAÇÕES E CONTRATOS Concorrência – empreitada
45 dias
integral
PRAZO MÍNIMO
Capítulo II ENTRE A Concorrência – T ou T+P
Da Licitação PUBLICAÇÃO DO
Seção I Concorrência – P
EDITAL E O
Das Modalidades, Limites e Dispensa 30 dias
RECEBIMENTO Tomada de Preços – T ou T+P
Art. 20. As licitações serão efetuadas no LOCAL ONDE SE SI- DAS PROPOSTAS
TUAR A REPARTIÇÃO INTERESSADA, salvo por motivo de inte- Tomada de Preços – P
resse público, devidamente justificado. 15 dias
Leilão
Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá a habili-
tação de interessados residentes ou sediados em outros lo- 8 dias Pregão
cais. úteis
5 dias Convite
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das con- úteis
corrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos
leilões, embora realizados no local da repartição interessada,
Art. 22. São modalidades de licitação:
deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por
I - concorrência;
uma vez:
II - tomada de preços;
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita
III - convite;
por órgão ou entidade da Administração Pública Federal e, ainda,
IV - concurso;
quando se tratar de obras financiadas parcial ou totalmente com
V - leilão.
recursos federais ou garantidas por instituições federais;
§ 1O CONCORRÊNCIA é a modalidade de licitação entre quais-
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando se
quer interessados que, na fase inicial de habilitação prelimi-
tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão ou entidade
nar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualifica-
da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou do Distrito
ção exigidos no edital para execução de seu objeto.
Federal;
§ 2o TOMADA DE PREÇOS é a modalidade de licitação entre in-
III - em jornal diário de grande circulação no Estado e tam-
teressados devidamente cadastrados ou que atenderem a to-
bém, se houver, em jornal de circulação no Município ou na
das as condições exigidas para cadastramento até o 3° dia an-
região onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido,
terior à data do recebimento das propostas, observada a ne-
alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Administração,
cessária qualificação.
conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de di-
§ 3o CONVITE é a modalidade de licitação entre interessados do
vulgação para ampliar a área de competição.
ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhi-
§ 1o O aviso publicado conterá a indicação do local em que os in-
dos e convidados em número mínimo de 3 pela unidade ad-
teressados poderão ler e obter o texto integral do edital e todas
ministrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instru-
as informações sobre a licitação.
mento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na
§ 2o O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da
correspondente especialidade que manifestarem seu interesse
realização do evento será:
com antecedência de até 24 horas da apresentação das pro-
I - 45 dias para:
postas.
a) concurso;
§ 4o CONCURSO é a modalidade de licitação entre quaisquer
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar o
interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou
regime de empreitada integral ou quando a licitação for do tipo
artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração
"melhor técnica" ou "técnica e preço";
aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publica-
II -30 dias para:
do na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 dias.
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea "b" do in-
§ 5o LEILÃO é a modalidade de licitação entre quaisquer interes-
ciso anterior;
sados para a venda de bens móveis inservíveis para a admi-
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo "melhor
nistração ou de produtos legalmente apreendidos ou penho-
técnica" ou "técnica e preço";
rados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19,
III -15 dias para a tomada de preços, nos casos não especifica-
a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da ava -
dos na alínea "b" do inciso anterior, ou leilão;
liação.
IV -5 dias úteis para convite.
§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo (CONVITE), existindo na
§ 3o Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão conta-
praça mais de 3 possíveis interessados, a cada novo convite,
dos a partir da última publicação do edital resumido ou da
realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório
expedição do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade do
o convite a, no mínimo, mais 1 interessado, enquanto existi-
edital ou do convite e respectivos anexos, prevalecendo a
rem cadastrados não convidados nas últimas licitações.
data que ocorrer mais tarde.

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§ 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinte- a) convite - até R$ 150.000,00 a) na modalidade convite - até
resse dos convidados, for impossível a obtenção do número míni- mil reais R$ 330.000,00
mo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas circunstâncias b) tomada de preços - até R$ b) na modalidade tomada de
deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena de 1.500.000,00 preços - até R$ 3.300.000,00
repetição do convite. c) concorrência: acima de R$ c) na modalidade concorrên-
§ 8o É VEDADA a criação de outras modalidades de licitação 1.500.000,00 cia- acima de R$ 3.300.000,00
ou a combinação das referidas neste artigo. II - para compras e serviços II - para compras e serviços
§ 9o Na hipótese do parágrafo 2 o deste artigo, a administração não referidos no inciso anteri- não incluídos no inciso I:
somente poderá exigir do licitante não cadastrado os documen- or: a) na modalidade convite - até
tos previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação com- a) convite - até R$ 80.000,00 R$ 176.000,00
patível com o objeto da licitação, nos termos do edital. mil reais b) na modalidade tomada de
b) tomada de preços - até R$ preços - até R$ 1.430.000,00
MODALIDADES DE TIPOS DE LICITAÇÃO 650.000,00 mil reais c) na modalidade concorrên-
LICITAÇÃO (exceto na modalidade c) concorrência - acima de R$ cia- acima de R$ 1.430.000,00
concurso) 650.000,00 mil reais
I - concorrência I - menor preço
II - tomada de preços II - melhor técnica § 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração
III - convite III - técnica e preço serão divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem téc-
IV - concurso IV - maior lance ou oferta nica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com
V - leilão vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no
mercado e à ampliação da competitividade sem perda da econo-
mia de escala.
Entre quaisquer interessa- § 2o Na execução de obras e serviços e nas compras de bens, par-
CONCORRÊNCIA dos que preencham os re- celadas nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou con-
quisitos mínimos de quali- junto de etapas da obra, serviço ou compra, há de corresponder
ficação licitação distinta, preservada a modalidade pertinente para a exe-
Entre interessados devida- cução do objeto em licitação.
mente cadastrados ou que § 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qual-
TOMADA DE atenderem a todas as con- quer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou alie-
PREÇOS dições exigidas para ca- nação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19,
dastramento até o 3° dia como nas concessões de direito real de uso e nas licitações in-
anterior à data do recebi- ternacionais, admitindo-se neste último caso, observados os
mento das propostas limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou
MODALIDADES entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores
DE LICITAÇÃO Entre interessados do ou o convite, quando não houver fornecedor do bem ou ser-
ramo pertinente ao seu viço no País.
CONVITE objeto, cadastrados ou
não e demais cadastrados
Compra ou alienação de imóveis (qualquer
que manifestarem seu in-
valor)
teresse com antecedência
Exceção: hipóteses de licitação dispensada –
de até 24 horas da apre-
CONCORRÊNCIA art. 19
sentação das propostas.
Concessão de direito real de uso
Entre quaisquer interessa-
CONCURSO dos para escolha de traba- Licitações internacionais
lho técnico, científico ou
artístico
LICITAÇÃO INTERNACIONAL
Entre quaisquer interessa-
CONCORRÊNCIA TOMADA DE PREÇOS CONVITE
LEILÃO dos para a venda de bens
Quando o órgão ou enti- Quando não
móveis inservíveis
dade dispuser de cadas- houver fornece-
tro internacional de for- dor do bem ou
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I necedores serviço no País.
a III do artigo anterior (CONCORRÊNCIA, TP, CONVITE) serão
determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o
§ 4o Nos casos em que couber convite, a Administração pode-
valor estimado da contratação:
rá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a concor-
rência.
DECRETO 9412/18 § 5o É vedada a utilização da modalidade "convite" ou "toma-
ANTES DEPOIS da de preços", conforme o caso, para parcelas de uma mesma
obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma na-
I - para obras e serviços de I - para obras e serviços de tureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e
engenharia: engenharia: concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores

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caracterizar o caso de "tomada de preços" ou "concorrência", ciais competentes, casos em que, observado o parágrafo único
respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parce- do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adju-
las de natureza específica que possam ser executadas por pes- dicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao
soas ou empresas de especialidade diversa daquela do execu- constante do registro de preços, ou dos serviços;
tor da obra ou serviço. VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público
§ 6o As organizações industriais da Administração Federal direta, interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão
em face de suas peculiaridades, obedecerão aos limites estabele- ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha
cidos no inciso I deste artigo também para suas compras e servi- sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência
ços em geral, desde que para a aquisição de materiais aplicados desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o
exclusivamente na manutenção, reparo ou fabricação de meios praticado no mercado;
operacionais bélicos pertencentes à União. IX - quando houver possibilidade de comprometimento da se-
§ 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde que não gurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presi-
haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida a co- dente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;
tação de quantidade inferior à demandada na licitação, com X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi-
vistas a ampliação da competitividade, podendo o edital fixar mento das finalidades precípuas da administração, cujas ne-
quantitativo mínimo para preservar a economia de escala. cessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha,
§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, se-
valores mencionados no caput deste artigo quando formado por gundo avaliação prévia;
até 3 entes da Federação, e o triplo, quando formado por mai- XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou for-
or número. necimento, em consequência de rescisão contratual, desde
que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e
Art. 24. É DISPENSÁVEL a licitação: aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor,
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% do li- inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;
mite previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, desde XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros
que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos
ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mes- licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no
mo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante- preço do dia;
mente; XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimen-
DECRETO 9412/18 tal ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvi-
mento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação
ANTES DEPOIS social do preso, desde que a contratada detenha inquestioná-
R$ 15.000,00 mil R$ 33.000,00 mil vel reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo
II - para outros serviços e compras de valor até 10% do limite
internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional,
previsto na alínea "a", do inciso II do artigo anterior e para aliena-
quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas
ções, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a
para o Poder Público;
parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e obje-
vulto que possa ser realizada de uma só vez;
tos históricos, de autenticidade certificada, desde que compa-
DECRETO 9412/18 tíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
ANTES DEPOIS XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários pa-
dronizados de uso da administração, e de edições técnicas ofi-
R$ 8.000,00 R$ 17.600,00 ciais, bem como para prestação de serviços de informática a pes-
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; soa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quan- que integrem a Administração Pública, criados para esse fim es-
do caracterizada urgência de atendimento de situação que possa pecífico;
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem
obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particu- nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipa-
lares, e somente para os bens necessários ao atendimento da mentos durante o período de garantia técnica, junto ao for-
situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras necedor original desses equipamentos, quando tal condição de
e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 exclusividade for indispensável para a vigência da garantia;
dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abasteci-
emergência ou calamidade, VEDADA A PRORROGAÇÃO dos res- mento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus
pectivos contratos; meios de deslocamento quando em estada eventual de curta du-
V - [LICITAÇÃO DESERTA] quando não acudirem interessados ração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas se-
à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repe- des, por motivo de movimentação operacional ou de adestra-
tida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, to- mento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprome-
das as condições preestabelecidas ter a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II do
para regular preços ou normalizar o abastecimento; art. 23 desta Lei:
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Arma-
manifestamente superiores aos praticados no mercado nacio- das, com exceção de materiais de uso pessoal e administrati-
nal, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos ofi- vo, quando houver necessidade de manter a padronização re-

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querida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos
e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decre- arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei n o 10.973, de 2 de dezembro de 2004,
to; observados os princípios gerais de contratação dela constantes.
XX - na contratação de associação de portadores de deficiên- XXXII - na contratação em que houver transferência de tecno-
cia física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, logia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde -
por órgãos ou entidades da Admininistração Pública, para a pres- SUS, no âmbito da Lei n o 8.080, de 19 de setembro de 1990, con-
tação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde forme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por
que o preço contratado seja compatível com o praticado no ocasião da aquisição destes produtos durante as etapas de absor-
mercado. ção tecnológica.
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para pesqui- XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucrati-
sa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços vos, para a implementação de cisternas ou outras tecnologias
de engenharia, a 20% do valor de que trata a alínea “b” do inciso sociais de acesso à água para consumo humano e produção de
I do caput do art. 23 alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingi-
DECRETO 9412/18 das pela seca ou falta regular de água.
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público
ANTES DEPOIS
interno de insumos estratégicos para a saúde produzidos ou
R$ 300.000,00 R$660.000,00 distribuídos por fundação que, regimental ou estatutariamen-
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de ener- te, tenha por finalidade apoiar órgão da administração públi-
gia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ca direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino,
ou autorizado, segundo as normas da legislação específica; pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão admi-
de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a nistrativa e financeira necessária à execução desses projetos, ou
aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de servi- em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de produ-
ços, desde que o preço contratado seja compatível com o pratica- tos estratégicos para o Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos
do no mercado. do inciso XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o pre-
com as ORGANIZAÇÕES SOCIAIS, qualificadas no âmbito das ço contratado seja compatível com o praticado no mercado.
respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o apri-
contrato de gestão. moramento de estabelecimentos penais, desde que confi-
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecno- gurada situação de grave e iminente risco à segurança pú-
lógica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de blica.
tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de explo- § 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste ar-
ração de criação protegida. tigo serão 20% para compras, obras e serviços contratados por
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa
Federação ou com entidade de sua administração indireta, pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma
para a prestação de serviços públicos de forma associada nos da lei, como Agências Executivas.
termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em Antes do Decreto Depois do Decreto
convênio de cooperação. 9412/18 9412/18
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comerciali-
OBRA/SERVIÇO DE R$ 30.000,00 mil R$ 66.000,00 mil
zação de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis,
ENGENHARIA
em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados
por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por OUTROS SERVIÇOS R$ 16.000,00 mil R$ 35.200,00 mil
pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder públi- o
§ 2 O limite temporal de criação do órgão ou entidade que inte-
co como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equi- gre a administração pública estabelecido no inciso VIII do caput
pamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de deste artigo não se aplica aos órgãos ou entidades que produzem
saúde pública. produtos estratégicos para o SUS, no âmbito da Lei n o 8.080, de
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção
ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta nacional do SUS.
complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer § 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do caput, quan-
de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá procedi-
do órgão mentos especiais instituídos em regulamentação específica.
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para aten- § 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput do art.
der aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras 9o à hipótese prevista no inciso XXI do caput.
empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente
justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou execu- Art. 25. É INEXIGÍVEL a licitação quando houver INVIABILIDADE
tante e ratificadas pelo Comandante da Força. DE COMPETIÇÃO, em especial:
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que
ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou represen-
serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do tante comercial exclusivo, VEDADA A PREFERÊNCIA DE MAR-
Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na CA, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de
Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei fede- atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local
ral.

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em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindi- IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis,
cato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas enti- acompanhada de prova de diretoria em exercício;
dades equivalentes; V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou socie-
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. dade estrangeira em funcionamento no País, e ato de registro ou
13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empre- autorização para funcionamento expedido pelo órgão competen-
sas de notória especialização, VEDADA A INEXIGIBILIDADE te, quando a atividade assim o exigir.
PARA SERVIÇOS DE PUBLICIDADE E DIVULGAÇÃO;
III - para contratação de profissional de qualquer setor artísti- Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e traba-
co, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde lhista, conforme o caso, consistirá em:
que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pú- I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no
blica. Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);
§ 1o Considera-se de NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO o profissional II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou
ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, de- municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante,
corrente de desempenho anterior, estudos, experiências, pu- pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto
blicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de contratual;
outros requisitos relacionados com suas atividades, permita III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e
inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente,
mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato. na forma da lei;
§ 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dis- IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fun-
pensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidari- do de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situ-
amente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou ação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por
o prestador de serviços e o agente público responsável, sem lei.
prejuízo de outras sanções legais cabíveis. V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justi-
ça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa,
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no inciso nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do Trabalho,
III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.
no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto
no final do parágrafo único do art. 8 o desta Lei deverão ser co- Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-
municados, dentro de 3 dias, à autoridade superior, para rati- se-á a:
ficação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 dias, I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;
como condição para a eficácia dos atos. II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade perti-
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou nente e compatível em características, quantidades e prazos com
de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelha -
couber, com os seguintes elementos: mento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a reali-
I - caracterização da situação emergencial, calamitosa ou de gra- zação do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada
ve e iminente risco à segurança pública que justifique a dispensa, um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos
quando for o caso; trabalhos;
II - razão da escolha do fornecedor ou executante; III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu
III - justificativa do preço. os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhecimento
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais de todas as informações e das condições locais para o cumpri-
os bens serão alocados mento das obrigações objeto da licitação;
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial,
Seção II quando for o caso.
Da Habilitação § 1o A comprovação de aptidão referida no inciso II do "caput"
Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessa- deste artigo, no caso das licitações pertinentes a obras e serviços,
dos, exclusivamente, documentação relativa a: será feita por atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direi-
I - habilitação jurídica; to público ou privado, devidamente registrados nas entidades
II - qualificação técnica; profissionais competentes, limitadas as exigências a:
III - qualificação econômico-financeira; I - capacitação técnico-profissional: comprovação do licitante
IV – regularidade fiscal e trabalhista; de possuir em seu quadro permanente, na data prevista para
V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7 o da Cons- entrega da proposta, profissional de nível superior ou outro
tituição Federal. devidamente reconhecido pela entidade competente, deten-
tor de atestado de responsabilidade técnica por execução de
Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, confor- obra ou serviço de características semelhantes, limitadas estas
me o caso, consistirá em: exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor significati-
I - cédula de identidade; vo do objeto da licitação, vedadas as exigências de quantidades
II - registro comercial, no caso de empresa individual; mínimas ou prazos máximos;
III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devida- § 2o As parcelas de maior relevância técnica e de valor significati-
mente registrado, em se tratando de sociedades comerciais, e, no vo, mencionadas no parágrafo anterior, serão definidas no instru-
caso de sociedades por ações, acompanhado de documentos de mento convocatório.
eleição de seus administradores; § 3o Será sempre admitida a comprovação de aptidão através
de certidões ou atestados de obras ou serviços similares de

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complexidade tecnológica e operacional equivalente ou supe- lor estimado da contratação, devendo a comprovação ser feita
rior. relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da
§ 4o Nas licitações para fornecimento de bens, a comprovação de lei, admitida a atualização para esta data através de índices ofici-
aptidão, quando for o caso, será feita através de atestados forne- ais.
cidos por pessoa jurídica de direito público ou privado. § 4o Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos assu-
§ 5o É VEDADA a exigência de comprovação de atividade ou midos pelo licitante que importem diminuição da capacidade
de aptidão com limitações de tempo ou de época ou ainda operativa ou absorção de disponibilidade financeira, calculada
em locais específicos, ou quaisquer outras não previstas nesta esta em função do patrimônio líquido atualizado e sua capacida-
Lei, que inibam a participação na licitação. de de rotação.
§ 6o As exigências mínimas relativas a instalações de canteiros, § 5o A comprovação de boa situação financeira da empresa será
máquinas, equipamentos e pessoal técnico especializado, consi- feita de forma objetiva, através do cálculo de índices contábeis
derados essenciais para o cumprimento do objeto da licitação, se- previstos no edital e devidamente justificados no processo admi-
rão atendidas mediante a apresentação de relação explícita e da nistrativo da licitação que tenha dado início ao certame licitatório,
declaração formal da sua disponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada a exigência de índices e valores não usualmente adotados
vedada as exigências de propriedade e de localização prévia. para correta avaliação de situação financeira suficiente ao cumpri-
§ 8o No caso de obras, serviços e compras de grande vulto, de mento das obrigações decorrentes da licitação.
alta complexidade técnica, poderá a Administração exigir dos
licitantes a metodologia de execução, cuja avaliação, para Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão ser
efeito de sua aceitação ou não, antecederá sempre à análise apresentados em original, por qualquer processo de cópia au-
dos preços e será efetuada exclusivamente por critérios obje- tenticada por cartório competente ou por servidor da admi-
tivos. nistração ou publicação em órgão da imprensa oficial.
§ 9o Entende-se por LICITAÇÃO DE ALTA COMPLEXIDADE TÉC- § 1o A DOCUMENTAÇÃO de que tratam os arts. 28 a 31 desta
NICA aquela que envolva alta especialização, como fator de Lei PODERÁ SER DISPENSADA, no todo ou em parte, nos casos
extrema relevância para garantir a execução do objeto a ser de convite, concurso, fornecimento de bens para pronta en-
contratado, ou que possa comprometer a continuidade da trega e leilão.
prestação de serviços públicos essenciais. § 2o O certificado de registro cadastral a que se refere o § 1o do
§ 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins de com- art. 36 substitui os documentos enumerados nos arts. 28 a 31,
provação da capacitação técnico-operacional de que trata o inci- quanto às informações disponibilizadas em sistema informatizado
so I do § 1 º deste artigo deverão participar da obra ou serviço ob- de consulta direta indicado no edital, obrigando-se a parte a de-
jeto da licitação, admitindo-se a substituição por profissionais de clarar, sob as penalidades legais, a superveniência de fato impedi-
experiência equivalente ou superior, desde que aprovada pela ad- tivo da habilitação.
ministração. § 3o A documentação referida neste artigo poderá ser substituída
por registro cadastral emitido por órgão ou entidade pública,
Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico- desde que previsto no edital e o registro tenha sido feito em obe -
financeira limitar-se-á a: diência ao disposto nesta Lei.
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último § 4o As empresas estrangeiras que não funcionem no País, tanto
exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que quanto possível, atenderão, nas licitações internacionais, às exi-
comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua gências dos parágrafos anteriores mediante documentos equiva-
substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser lentes, autenticados pelos respectivos consulados e traduzidos
atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 por tradutor juramentado, devendo ter representação legal no
meses da data de apresentação da proposta; Brasil com poderes expressos para receber citação e responder
II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo administrativa ou judicialmente.
distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimo- § 5o Não se exigirá, para a habilitação de que trata este artigo,
nial, expedida no domicílio da pessoa física; prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo os refe-
III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no rentes a fornecimento do edital, quando solicitado, com os seus
"caput" e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1% do valor esti- elementos constitutivos, limitados ao valor do custo efetivo de re-
mado do objeto da contratação. produção gráfica da documentação fornecida.
§ 1o A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da capa- § 6o O disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do art. 33 e no § 2o
cidade financeira do licitante com vistas aos compromissos que do art. 55, não se aplica às licitações internacionais para a
terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada a aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja feito com o
exigência de valores mínimos de faturamento anterior, índices de produto de financiamento concedido por organismo financei-
rentabilidade ou lucratividade. ro internacional de que o Brasil faça parte, ou por agência es-
§ 2o A Administração, nas compras para entrega futura e na trangeira de cooperação, nem nos casos de contratação com
execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no instru- empresa estrangeira, para a compra de equipamentos fabrica-
mento convocatório da licitação, a exigência de capital míni- dos e entregues no exterior, desde que para este caso tenha
mo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias havido prévia autorização do Chefe do Poder Executivo, nem
previstas no § 1o do art. 56 desta Lei, como dado objetivo de nos casos de aquisição de bens e serviços realizada por unida-
comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes des administrativas com sede no exterior.
e para efeito de garantia ao adimplemento do contrato a ser ulte- § 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e este artigo
riormente celebrado. poderá ser dispensada, nos termos de regulamento, no todo ou
§ 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que em parte, para a contratação de produto para pesquisa e desen-
se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a 10% do va-

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volvimento, desde que para pronta entrega ou até o valor previs- Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou can-
to na alínea “a” do inciso II do caput do art. 23. celado o registro do inscrito que deixar de satisfazer as exigências
do art. 27 desta Lei, ou as estabelecidas para classificação cadas-
Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de empre- tral.
sas em consórcio, observar-se-ão as seguintes normas:
I - comprovação do compromisso público ou particular de consti- Seção IV
tuição de consórcio, subscrito pelos consorciados; Do Procedimento e Julgamento
II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que deverá Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura
atender às condições de liderança, obrigatoriamente fixadas no de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e
edital; numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta
III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31 des- de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual se-
ta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se, para efeito de rão juntados oportunamente:
qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de cada con- I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso;
sorciado, e, para efeito de qualificação econômico-financeira, o II - comprovante das publicações do edital resumido, na forma do
somatório dos valores de cada consorciado, na proporção de sua art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite;
respectiva participação, podendo a Administração estabelecer, III - ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro admi-
para o consórcio, um acréscimo de até 30% dos valores exigidos nistrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite;
para licitante individual, inexigível este acréscimo para os consór- IV - original das propostas e dos documentos que as instruírem;
cios compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas empre- V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora;
sas assim definidas em lei; VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dis-
IV - impedimento de participação de empresa consorciada, na pensa ou inexigibilidade;
mesma licitação, através de mais de um consórcio ou isolada- VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua homolo-
mente; gação;
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos prati- VIII - recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e res-
cados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto na de exe- pectivas manifestações e decisões;
cução do contrato. IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação, quando
§ 1o No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a lide- for o caso, fundamentado circunstanciadamente;
rança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira, observado o X - termo de contrato ou instrumento equivalente, conforme o
disposto no inciso II deste artigo. caso;
§ 2o O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da XI - outros comprovantes de publicações;
celebração do contrato, a constituição e o registro do consór- XII - demais documentos relativos à licitação.
cio, nos termos do compromisso referido no inciso I deste artigo. Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem como as
dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser previa-
Seção III mente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Admi-
Dos Registros Cadastrais nistração.
Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da Adminis-
tração Pública que realizem frequentemente licitações manterão Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação ou
registros cadastrais para efeito de habilitação, na forma regula- para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas for
mentar, válidos por, no máximo, um ano. superior a 100 vezes o limite previsto no art. 23, inciso I, alínea
§ 1o O registro cadastral deverá ser amplamente divulgado e de- "c" desta Lei, o processo licitatório será iniciado, obrigatoria-
verá estar permanentemente aberto aos interessados, obrigando- mente, com uma audiência pública concedida pela autoridade
se a unidade por ele responsável a proceder, no mínimo anual- responsável com antecedência mínima de 15 dias úteis da
mente, através da imprensa oficial e de jornal diário, a chama- data prevista para a publicação do edital, e divulgada, com a an-
mento público para a atualização dos registros existentes e para o tecedência mínima de 10 dias úteis de sua realização, pelos
ingresso de novos interessados. mesmos meios previstos para a publicidade da licitação, à qual
terão acesso e direito a todas as informações pertinentes e a se
§ 2o É facultado às unidades administrativas utilizarem-se de re-
manifestar todos os interessados.
gistros cadastrais de outros órgãos ou entidades da Administra-
ção Pública. DECRETO 9412/18
ANTES DEPOIS
Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atualização deste, a
qualquer tempo, o interessado fornecerá os elementos necessá- 100 X R$ 1.500.000,00 = R$ 100 X R$ 3.300.000,00 = R$
rios à satisfação das exigências do art. 27 desta Lei. 150.000.000,00 330.000.000,00
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-se LICITA-
Art. 36. Os inscritos serão classificados por categorias, tendo-se ÇÕES SIMULTÂNEAS aquelas com objetos similares e com rea-
em vista sua especialização, subdivididas em grupos, segundo a lização prevista para intervalos não superiores a 30 dias e LI-
qualificação técnica e econômica avaliada pelos elementos cons- CITAÇÕES SUCESSIVAS aquelas em que, também com objetos
tantes da documentação relacionada nos arts. 30 e 31 desta Lei. similares, o edital subseqüente tenha uma data anterior a
§ 1o Aos inscritos será fornecido certificado, renovável sempre 120 dias após o término do contrato resultante da licitação
que atualizarem o registro. antecedente.
§ 2o A atuação do licitante no cumprimento de obrigações assu-
midas será anotada no respectivo registro cadastral.

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LICITAÇÕES SIMULTÂNEAS LICITAÇÕES SUCESSIVAS XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;
XVII - outras indicações específicas ou peculiares da licitação.
Aquelas com objetos similares Aquelas com objetos similares
§ 1o O original do edital deverá ser datado, rubricado em todas
e com realização prevista para e o edital subseqüente tenha
as folhas e assinado pela autoridade que o expedir, permanecen-
INTERVALOS NÃO uma DATA ANTERIOR A 120
do no processo de licitação, e dele extraindo-se cópias integrais
SUPERIORES A 30 DIAS DIAS APÓS O TÉRMINO DO
ou resumidas, para sua divulgação e fornecimento aos interessa-
CONTRATO resultante da lici-
dos.
tação antecedente.
§ 2o Constituem anexos do edital, dele fazendo parte integrante:
I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas partes, de-
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em senhos, especificações e outros complementos;
série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços
modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção unitários;
de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebi- III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Administração e o
mento da documentação e proposta, bem como para início da licitante vencedor;
abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: IV - as especificações complementares e as normas de execução
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; pertinentes à licitação.
II - prazo e condições para assinatura do contrato ou retirada dos
§ 3o Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se como adim-
instrumentos, como previsto no art. 64 desta Lei, para execução
plemento da obrigação contratual a prestação do serviço, a reali-
do contrato e para entrega do objeto da licitação;
zação da obra, a entrega do bem ou de parcela destes, bem como
III - sanções para o caso de inadimplemento;
qualquer outro evento contratual a cuja ocorrência esteja vincula-
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto bási-
da a emissão de documento de cobrança.
co;
V - se há projeto executivo disponível na data da publicação do § 4o Nas COMPRAS PARA ENTREGA IMEDIATA, assim entendi-
edital de licitação e o local onde possa ser examinado e adquiri- das aquelas com prazo de entrega até 30 dias da data prevista
do; para apresentação da proposta, poderão ser dispensadas:
VI - condições para participação na licitação, em conformidade I - o disposto no inciso XI deste artigo;
com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de apresentação das pro- II - a atualização financeira a que se refere a alínea "c" do inciso
postas; XIV deste artigo, correspondente ao período compreendido entre
VII - critério para julgamento, com disposições claras e parâme- as datas do adimplemento e a prevista para o pagamento, desde
tros objetivos; que não superior a 15 dias.
VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de comunica- § 5º A Administração Pública poderá, nos editais de licita-
ção à distância em que serão fornecidos elementos, informações ção para a contratação de serviços, exigir da contratada que
e esclarecimentos relativos à licitação e às condições para atendi- um percentual mínimo de sua mão de obra seja oriundo
mento das obrigações necessárias ao cumprimento de seu objeto; ou egresso do sistema prisional, com a finalidade de
IX - condições equivalentes de pagamento entre empresas brasi- ressocialização do reeducando, NA FORMA ESTABELECI-
leiras e estrangeiras, no caso de licitações internacionais; DA EM REGULAMENTO.
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, con-
forme o caso, permitida a fixação de preços máximos e vedados a Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e
fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de varia- condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada.
ção em relação a preços de referência, ressalvado o disposto nos § 1o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital
parágrafos 1º e 2º do art. 48; de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei, devendo
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do protocolar o pedido até 5 dias úteis antes da data fixada para
custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou a abertura dos envelopes de habilitação, devendo a Adminis-
setoriais, desde a data prevista para apresentação da proposta, ou tração julgar e responder à impugnação em até 3 dias úteis,
do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adim- sem prejuízo da faculdade prevista no § 1o do art. 113.
plemento de cada parcela; § 2o Decairá do direito de impugnar os termos do edital de lici-
XIII - limites para pagamento de instalação e mobilização para tação perante a administração o licitante que não o fizer até o
execução de obras ou serviços que serão obrigatoriamente pre- 2° dia útil que anteceder a abertura dos envelopes de habilita-
vistos em separado das demais parcelas, etapas ou tarefas; ção em concorrência, a abertura dos envelopes com as propostas
XIV - condições de pagamento, prevendo: em convite, tomada de preços ou concurso, ou a realização de lei-
a) prazo de pagamento não superior a 30 dias, contado a par- lão, as falhas ou irregularidades que viciariam esse edital, hi-
tir da data final do período de adimplemento de cada parce- pótese em que tal comunicação não terá efeito de recurso.
la;
b) cronograma de desembolso máximo por período, em confor-
IMPUGNAÇÃO DO EDITAL
midade com a disponibilidade de recursos financeiros;
c) critério de atualização financeira dos valores a serem pagos, QUALQUER CIDADÃO LICITANTE
desde a data final do período de adimplemento de cada parcela
até 5 dias úteis antes da data até o 2° dia útil que anteceder
até a data do efetivo pagamento;
fixada para a abertura dos en- a abertura dos envelopes de
d) compensações financeiras e penalizações, por eventuais atra-
velopes de habilitação habilitação
sos, e descontos, por eventuais antecipações de pagamentos;
e) exigência de seguros, quando for o caso;
XV - instruções e normas para os recursos previstos nesta Lei;

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§ 3o A impugnação feita tempestivamente pelo licitante NÃO VI - deliberação da autoridade competente quanto à homologa-
O IMPEDIRÁ de participar do processo licitatório até o trânsi- ção e adjudicação do objeto da licitação.
to em julgado da decisão a ela pertinente. § 1o A abertura dos envelopes contendo a documentação
o
§ 4 A inabilitação do licitante importa preclusão do seu direito para habilitação e as propostas será realizada sempre em ato
de participar das fases subseqüentes. público previamente designado, do qual se lavrará ata circuns-
tanciada, assinada pelos licitantes presentes e pela Comissão.
Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o edital de- § 2o Todos os documentos e propostas serão rubricados pelos
verá ajustar-se às diretrizes da política monetária e do comércio licitantes presentes e pela Comissão.
exterior e atender às exigências dos órgãos competentes. § 3o É facultada à Comissão ou autoridade superior, em qualquer
o
§ 1 Quando for permitido ao licitante estrangeiro cotar preço fase da licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer
em moeda estrangeira, igualmente o poderá fazer o licitante bra- ou a complementar a instrução do processo, vedada a inclusão
sileiro. posterior de documento ou informação que deveria constar origi-
§ 2o O pagamento feito ao licitante brasileiro eventualmente nariamente da proposta.
contratado em virtude da licitação de que trata o parágrafo ante - § 4o O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e, no que
rior será efetuado em moeda brasileira, à taxa de câmbio vigente couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de preços e ao convi-
no dia útil imediatamente anterior à data do efetivo pagamento. te.
§ 3o As garantias de pagamento ao licitante brasileiro serão § 5o Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes (in-
equivalentes àquelas oferecidas ao licitante estrangeiro. cisos I e II) e abertas as propostas (inciso III), não cabe des-
§ 4o Para fins de julgamento da licitação, as propostas apresenta- classificá-los por motivo relacionado com a habilitação, salvo
das por licitantes estrangeiros serão acrescidas dos gravames em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos após o
conseqüentes dos mesmos tributos que oneram exclusivamente julgamento.
os licitantes brasileiros quanto à operação final de venda. § 6o Após a fase de habilitação, não cabe desistência de pro-
o posta, salvo por motivo justo decorrente de fato supervenien-
§ 5 Para a realização de obras, prestação de serviços ou aquisi-
ção de bens com recursos provenientes de financiamento ou doa- te e aceito pela Comissão.
ção oriundos de agência oficial de cooperação estrangeira ou or-
ganismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte, pode- Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em con-
rão ser admitidas, na respectiva licitação, as condições decorren- sideração os critérios objetivos definidos no edital ou convite, os
tes de acordos, protocolos, convenções ou tratados internacionais quais não devem contrariar as normas e princípios estabelecidos
aprovados pelo Congresso Nacional, bem como as normas e pro- por esta Lei.
cedimentos daquelas entidades, inclusive quanto ao critério de § 1o É VEDADA a utilização de qualquer elemento, critério ou
seleção da proposta mais vantajosa para a administração, o qual fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que possa ain-
poderá contemplar, além do preço, outros fatores de avaliação, da que indiretamente elidir o princípio da igualdade entre os
desde que por elas exigidos para a obtenção do financiamento ou licitantes.
da doação, e que também não conflitem com o princípio do jul - § 2o Não se considerará qualquer oferta de vantagem não previs-
gamento objetivo e sejam objeto de despacho motivado do ór- ta no edital ou no convite, inclusive financiamentos subsidiados
gão executor do contrato, despacho esse ratificado pela autorida- ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem baseada nas ofertas
de imediatamente superior. dos demais licitantes.
§ 6o As cotações de todos os licitantes serão para entrega no § 3o Não se admitirá proposta que apresente preços global
mesmo local de destino. ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero, incompatí-
veis com os preços dos insumos e salários de mercado, acrescidos
Art. 43. A licitação será processada e julgada com observância dos respectivos encargos, ainda que o ato convocatório da lici-
dos seguintes procedimentos: tação não tenha estabelecido limites mínimos, exceto quando
I - abertura dos envelopes contendo a documentação relativa à se referirem a materiais e instalações de propriedade do próprio
habilitação dos concorrentes, e sua apreciação; licitante, para os quais ele renuncie a parcela ou à totalidade da
II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes inabilita- remuneração.
dos, contendo as respectivas propostas, desde que não tenha ha- § 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se também às pro-
vido recurso ou após sua denegação; postas que incluam mão-de-obra estrangeira ou importações de
III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos concor- qualquer natureza.
rentes habilitados, desde que transcorrido o prazo sem interposi-
ção de recurso, ou tenha havido desistência expressa, ou após o Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a
julgamento dos recursos interpostos; Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em
IV - verificação da conformidade de cada proposta com os requi- conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente
sitos do edital e, conforme o caso, com os preços correntes no estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores ex-
mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou ainda com clusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição
os constantes do sistema de registro de preços, os quais deverão pelos licitantes e pelos órgãos de controle.
ser devidamente registrados na ata de julgamento, promovendo-
§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem TIPOS DE LICITA-
se a desclassificação das propostas desconformes ou incompatí-
ÇÃO, exceto na modalidade concurso:
veis;
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta
V - julgamento e classificação das propostas de acordo com os
mais vantajosa para a Administração determinar que será vence-
critérios de avaliação constantes do edital;

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dor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as espe- técnica da proposta, compreendendo metodologia, organização,
cificações do edital ou convite e ofertar o menor preço; tecnologias e recursos materiais a serem utilizados nos trabalhos,
II - a de melhor técnica; e a qualificação das equipes técnicas a serem mobilizadas para a
III - a de técnica e preço. sua execução;
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proceder-se-á à
ou concessão de direito real de uso. abertura das propostas de preço dos licitantes que tenham atingi-
do a valorização mínima estabelecida no instrumento convocató-
TIPOS DE LICITAÇÃO MODALIDADES DE rio e à negociação das condições propostas, com a proponente
LICITAÇÃO melhor classificada, com base nos orçamentos detalhados apre-
sentados e respectivos preços unitários e tendo como referência
Menor preço Concorrência o limite representado pela proposta de menor preço entre os lici-
Melhor técnica Tomada de preços tantes que obtiveram a valorização mínima;
Técnica e preço Convite III - no caso de impasse na negociação anterior, procedimento
Maior lance ou oferta Concurso idêntico será adotado, sucessivamente, com os demais proponen-
Leilão tes, pela ordem de classificação, até a consecução de acordo para
a contratação;
§ 2o No caso de empate entre duas ou mais propostas, e após IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas aos licitan-
obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a classificação tes que não forem preliminarmente habilitados ou que não obti-
se fará, OBRIGATORIAMENTE, POR SORTEIO, em ato público, verem a valorização mínima estabelecida para a proposta técnica.
para o qual todos os licitantes serão convocados, VEDADO § 2o Nas licitações do tipo "técnica e preço" será adotado, adici-
QUALQUER OUTRO PROCESSO. onalmente ao inciso I do parágrafo anterior, o seguinte procedi-
§ 3o No caso da licitação do tipo "menor preço", entre os licitan- mento claramente explicitado no instrumento convocatório:
tes considerados qualificados a classificação se dará pela ordem I - será feita a avaliação e a valorização das propostas de pre-
crescente dos preços propostos, prevalecendo, no caso de empa- ços, de acordo com critérios objetivos preestabelecidos no instru-
te, exclusivamente o critério previsto no parágrafo anterior. mento convocatório;
II - a classificação dos proponentes far-se-á de acordo com a
§ 4o Para contratação de bens e serviços de informática, a ad-
média ponderada das valorizações das propostas técnicas e
ministração observará o disposto no art. 3 o da Lei no 8.248, de 23 de preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no instru-
de outubro de 1991, levando em conta os fatores especificados mento convocatório.
em seu parágrafo 2o e adotando obrigatoriamente o tipo de § 3o Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos neste arti-
licitação "técnica e preço", permitido o emprego de outro tipo go poderão ser adotados, por autorização expressa e mediante
de licitação nos casos indicados em decreto do Poder Executivo. justificativa circunstanciada da maior autoridade da Administra-
§ 5o É vedada a utilização de outros tipos de licitação não ção promotora constante do ato convocatório, para fornecimen-
previstos neste artigo. to de bens e execução de obras ou prestação de serviços de
§ 6o Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão selecionadas tan- grande vulto majoritariamente dependentes de tecnologia ni-
tas propostas quantas necessárias até que se atinja a quantidade tidamente sofisticada e de domínio restrito, atestado por auto-
demandada na licitação. ridades técnicas de reconhecida qualificação, nos casos em que o
objeto pretendido admitir soluções alternativas e variações de
Técnica e Preço Melhor Técnica execução, com repercussões significativas sobre sua qualidade,
produtividade, rendimento e durabilidade concretamente mensu-
Serviços de natureza predominantemente intelectual ráveis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha dos licitantes,
Contratação de bens e serviços na conformidade dos critérios objetivamente fixados no ato con-
de informática vocatório.

Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e serviços,


Art. 46. Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e
quando for adotada a modalidade de execução de EMPREITA-
preço" serão utilizados exclusivamente para serviços de natu-
DA POR PREÇO GLOBAL, a Administração deverá fornecer obri-
reza predominantemente intelectual, em especial na elabora-
gatoriamente, junto com o edital, todos os elementos e infor-
ção de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento
mações necessários para que os licitantes possam elaborar
e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a ela-
suas propostas de preços com total e completo conhecimento
boração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e
do objeto da licitação.
executivos, ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior.
§ 1o Nas licitações do tipo "melhor técnica" será adotado o se- Art. 48. Serão desclassificadas:
guinte procedimento claramente explicitado no instrumento con- I - as propostas que não atendam às exigências do ato convo-
vocatório, o qual fixará o preço máximo que a Administração se catório da licitação;
propõe a pagar: II - propostas com valor global superior ao limite estabelecido
I - serão abertos os envelopes contendo as propostas técnicas ex- ou com preços manifestamente inexeqüiveis, assim conside-
clusivamente dos licitantes previamente qualificados e feita então rados aqueles que não venham a ter demonstrada sua viabili-
a avaliação e classificação destas propostas de acordo com os cri- dade através de documentação que comprove que os custos dos
térios pertinentes e adequados ao objeto licitado, definidos com insumos são coerentes com os de mercado e que os coeficientes
clareza e objetividade no instrumento convocatório e que consi- de produtividade são compatíveis com a execução do objeto do
derem a capacitação e a experiência do proponente, a qualidade

20
contrato, condições estas necessariamente especificadas no ato por profissionais legalmente habilitados no caso de obras, servi-
convocatório da licitação. ços ou aquisição de equipamentos.
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo conside- § 3o Os membros das Comissões de licitação RESPONDERÃO
ram-se manifestamente inexeqüíveis, no caso de licitações de SOLIDARIAMENTE por todos os atos praticados pela Comissão,
menor preço para obras e serviços de engenharia, as propos- salvo se posição individual divergente estiver devidamente
tas cujos valores sejam inferiores a 70% do menor dos seguin- fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que
tes valores: tiver sido tomada a decisão.
a) média aritmética dos valores das propostas superiores a § 4o A investidura dos membros das Comissões permanentes
50% do valor orçado pela administração, ou não excederá a 1 ano, VEDADA A RECONDUÇÃO DA TOTALI-
b) valor orçado pela administração. DADE de seus membros para a mesma comissão no período sub-
§ 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo anterior seqüente.
cujo valor global da proposta for inferior a 80% do menor valor a
§ 5o No caso de concurso, o julgamento será feito por uma co-
que se referem as alíneas "a" e "b", será exigida, para a assinatura
missão especial integrada por pessoas de reputação ilibada e re-
do contrato, prestação de garantia adicional, dentre as modali-
conhecido conhecimento da matéria em exame, servidores públi-
dades previstas no § 1º do art. 56, igual a diferença entre o valor
cos ou não.
resultante do parágrafo anterior e o valor da correspondente pro-
posta.
§ 3º [LICITAÇÃO FRACASSADA] Quando todos os licitantes fo- Art. 52. O concurso a que se refere o § 4o do art. 22 desta Lei
rem inabilitados ou todas as propostas forem desclassifica- deve ser precedido de regulamento próprio, a ser obtido pelos in-
das, a administração poderá fixar aos licitantes o prazo de teressados no local indicado no edital.
8 dias úteis para a apresentação de nova documentação ou de § 1o O regulamento deverá indicar:
outras propostas escoimadas das causas referidas neste arti- I - a qualificação exigida dos participantes;
go, facultada, no caso de convite, a redução deste prazo para II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;
3 dias úteis. III - as condições de realização do concurso e os prêmios a serem
concedidos.
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do proce- § 2o Em se tratando de projeto, o vencedor deverá autorizar a
dimento somente poderá revogar a licitação por razões de in- Administração a executá-lo quando julgar conveniente.
teresse público decorrente de fato superveniente devidamen-
te comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor
devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação designado pela Administração, procedendo-se na forma da legis-
de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamen- lação pertinente.
tado. § 1o Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado pela
o
§ 1 A anulação do procedimento licitatório por motivo de Administração para fixação do preço mínimo de arrematação.
ilegalidade NÃO GERA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR, ressalva- § 2o Os bens arrematados serão pagos à vista ou no percen-
do o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. tual estabelecido no edital, não inferior a 5% e, após a assina-
§ 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do con- tura da respectiva ata lavrada no local do leilão, imediata-
trato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 mente entregues ao arrematante, o qual se obrigará ao paga-
desta Lei. mento do restante no prazo estipulado no edital de convoca-
§ 3o No caso de desfazimento do processo licitatório, fica asse- ção, sob pena de perder em favor da Administração o valor já re-
gurado o contraditório e a ampla defesa. colhido.
§ 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos atos § 3o Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela à vis-
do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de licitação. ta poderá ser feito em até 24 horas.
§ 4o O edital de leilão deve ser amplamente divulgado, principal-
Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contrato com mente no município em que se realizará.
preterição da ordem de classificação das propostas ou com ter-
ceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de nulida- JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
de.
EDIÇÃO N. 97: LICITAÇÕES - I
Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro cadastral, 1) A Lei n. 8.666/1993, que estabelece normas gerais sobre li-
a sua alteração ou cancelamento, e as propostas serão processa- citações e contratos administrativos pertinentes a obras, ser-
das e julgadas por comissão permanente ou especial de, no viços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações
mínimo, 3 membros, sendo pelo menos 2 deles servidores no âmbito dos poderes da União, dos estados, do Distrito Fede-
qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos ral e dos municípios, não guarda pertinência com as questões
da Administração responsáveis pela licitação. envolvendo concursos para preenchimento de cargos públi-
cos efetivos.
§ 1o No caso de convite, a Comissão de licitação, excepcional-
2) Ainda que o servidor esteja de licença à época do certa-
mente, nas pequenas unidades administrativas e em face da
me, não é possível a participação de empresa que possua no
exigüidade de pessoal disponível, poderá ser substituída por
seu quadro de pessoal servidor público, efetivo ou ocupante
servidor formalmente designado pela autoridade competen-
de cargo em comissão/função gratificada, ou dirigente do
te.
órgão contratante ou responsável pela licitação.
§ 2o A Comissão para julgamento dos pedidos de inscrição em
3) A previsão indenizatória do art. 42, §2º, da Lei n. 8.987/1995
registro cadastral, sua alteração ou cancelamento, será integrada
não se aplica às hipóteses de permissão, mas apenas aos casos

21
de concessão de serviço público.
4) Não é devida indenização a permissionário de serviço público
de transporte coletivo por prejuízos suportados em face de
déficit nas tarifas quando ausente procedimento licitatório pré-
vio.
5) Nos termos do §2º do art. 42 da Lei n. 8.987/1995, a adminis-
tração deve promover certame licitatório para novas concessões
de serviços públicos, não sendo razoável a prorrogação inde-
finida de contratos de caráter precário.
6) Extinto o contrato de concessão por decurso do prazo de vi-
gência, cabe ao Poder Público a retomada imediata da presta-
ção do serviço até a realização de nova licitação, independen-
temente de prévia indenização, assegurando a observância do
princípio da continuidade do serviço público.
7) A contratação de advogados pela administração pública,
mediante procedimento de inexigibilidade de licitação,
deve ser devidamente justificada com a demonstração de
que os serviços possuem natureza singular e com a indica-
ção dos motivos pelos quais se entende que o profissional
detém notória especialização.
8) A contratação direta, quando não caracterizada situação
de dispensa ou de inexigibilidade de licitação, gera lesão ao
erário (dano in re ipsa), na medida em que o Poder Público
perde a oportunidade de contratar melhor proposta.
9) A alegação de nulidade contratual fundamentada na ausência
de licitação não exime o dever de a administração pública
pagar pelos serviços efetivamente prestados ou pelos preju-
ízos decorrentes da administração, quando comprovados, res-
salvadas as hipóteses de má-fé ou de haver o contratado con-
corrido para a nulidade.
10) A superveniente homologação/adjudicação do objeto licita-
do não implica a perda do interesse processual na ação em
que se alegam nulidades no procedimento licitatório.

22
DIA 24 que declare competente o foro da sede da Administração
para dirimir qualquer questão contratual, salvo o disposto no
§ 6o do art. 32 desta Lei.
§ 3o No ato da liquidação da despesa, os serviços de contabilida-
LEI 8666/93 - Licitações e Contratos: Art. 54-124
de comunicarão, aos órgãos incumbidos da arrecadação e fiscali-
CTN: art. 1- art. 112
zação de tributos da União, Estado ou Município, as característi-
LEI 8072/90 - Crimes Hediondos
LEI 11343/06 – Lei de Drogas cas e os valores pagos, segundo o disposto no art. 63 da Lei n o
4.320, de 17 de março de 1964.

LEI 8666/93 – LICITAÇÕES E CONTRATOS Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso, e
desde que prevista no instrumento convocatório, poderá ser
Capítulo III exigida prestação de garantia nas contratações de obras, ser-
DOS CONTRATOS viços e compras.
Seção I § 1o Caberá ao contratado optar por uma das seguintes MODA-
Disposições Preliminares LIDADES DE GARANTIA:
Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei regu- I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, deven-
lam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, do estes ter sido emitidos sob a forma escritural, mediante regis-
aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral tro em sistema centralizado de liquidação e de custódia autoriza-
dos contratos e as disposições de direito privado. do pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus valores
§ 1o Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão as econômicos, conforme definido pelo Ministério da Fazenda;
condições para sua execução, expressas em cláusulas que defi- II - seguro-garantia;
nam os direitos, obrigações e responsabilidades das partes, em III - fiança bancária.
conformidade com os termos da licitação e da proposta a que se § 2o A garantia a que se refere o caput deste artigo não excede-
vinculam. rá a 5% do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas
§ 2o Os contratos decorrentes de dispensa ou de inexigibilidade mesmas condições daquele, ressalvado o previsto no parágra-
de licitação devem atender aos termos do ato que os autorizou e fo 3o deste artigo.
da respectiva proposta. § 3o Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envol-
vendo alta complexidade técnica e riscos financeiros considerá-
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que esta- veis, demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado
beleçam: pela autoridade competente, o limite de garantia previsto no
I - o objeto e seus elementos característicos; parágrafo anterior poderá ser elevado para até 10% do valor
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; do contrato.
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base
§ 4o A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restitu-
e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atua-
ída após a execução do contrato e, quando em dinheiro, atualiza-
lização monetária entre a data do adimplemento das obrigações
da monetariamente.
e a do efetivo pagamento;
IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de § 5o Nos casos de contratos que importem na entrega de bens
entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o pela Administração, dos quais o contratado ficará depositário, ao
caso; valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses bens.
V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da
classificação funcional programática e da categoria econômica; GARANTIA
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução,
LEI 8666 LEI PREGÃO
quando exigidas;
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades - caução em dinheiro ou em tí- VEDADA a exigência de garan-
cabíveis e os valores das multas; tulos da dívida pública tia da proposta
VIII - os casos de rescisão; - seguro-garantia
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de -fiança bancária
rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei;
X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para
conversão, quando for o caso; Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispen- adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, ex-
sou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor; ceto quanto aos relativos:
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e especialmen- I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas me-
te aos casos omissos; tas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execu- prorrogados se houver interesse da Administração e desde que
ção do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele isso tenha sido previsto no ato convocatório;
assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigi- II - à prestação de serviços a serem executados de forma con-
das na licitação. tínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e
§ 2o Nos contratos celebrados pela Administração Pública sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condi-
com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas domicilia- ções mais vantajosas para a administração, limitada a 60 me-
das no estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusula

1
ses – excepcionalmente pode ser prorrogado por mais 12 me- Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo
ses. opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele,
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já pro-
de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de duzidos.
até 48 meses após o início da vigência do contrato. Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do
V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e XXXI do art. dever de indenizar o contratado pelo que este houver execu-
24, cujos contratos poderão ter vigência por até 120 meses, caso tado até a data em que ela for declarada e por outros prejuí-
haja interesse da administração. zos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja impu-
§ 1o Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão tável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa.
e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláu- Seção II
sulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilí- Da Formalização dos Contratos
brio econômico-financeiro, desde que ocorra algum dos seguin- Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas re-
tes motivos, devidamente autuados em processo: partições interessadas, as quais manterão arquivo cronológico
I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração; dos seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra- relativos a direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por ins-
nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as trumento lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se có-
condições de execução do contrato; pia no processo que lhe deu origem.
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal
de trabalho por ordem e no interesse da Administração; com a Administração, salvo o de pequenas compras de pron-
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, to pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superi-
nos limites permitidos por esta Lei; or a 5% do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de ter- Lei, feitas em regime de adiantamento.
ceiro reconhecido pela Administração em documento contempo-
râneo à sua ocorrência; DECRETO 9412/18
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administração,
ANTES DEPOIS
inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, direta-
mente, impedimento ou retardamento na execução do contrato, R$ 4.000,00 R$ 8.800,00
sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.
§ 2o Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por es- Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das partes e os
crito e previamente autorizada pela autoridade competente de seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou a sua la-
para celebrar o contrato. vratura, o número do processo da licitação, da dispensa ou da
§ 3o É VEDADO o contrato com prazo de VIGÊNCIA INDETER- inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas desta Lei e
MINADO. às cláusulas contratuais.
§ 4o Em caráter excepcional, devidamente justificado e medi- Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de con-
ante autorização da autoridade superior, o prazo de que trata trato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, QUE É
o inciso II do caput deste artigo poderá ser prorrogado por até CONDIÇÃO INDISPENSÁVEL PARA SUA EFICÁCIA, será provi-
12 meses. denciada pela Administração até o 5° dia útil do mês seguinte
ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de 20 dias daque-
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído la data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, res-
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerro- salvado o disposto no art. 26 desta Lei.
gativa de (cláusulas exorbitantes):
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às fi- Art. 62. O instrumento de contrato é OBRIGATÓRIO nos casos
nalidades de interesse público, respeitados os direitos do contra- de CONCORRÊNCIA e de TOMADA DE PREÇOS, bem como nas
tado; dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no in- nos limites destas duas modalidades de licitação, e facultativo
ciso I do art. 79 desta Lei; nos demais em que a Administração puder substituí-lo por
III - fiscalizar-lhes a execução; outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, nota de
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de
do ajuste; execução de serviço.
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente § 1o A minuta do futuro contrato integrará sempre o edital ou
bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto ato convocatório da licitação.
do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração § 2o Em "carta contrato", "nota de empenho de despesa", "autori-
administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como zação de compra", "ordem de execução de serviço" ou outros ins-
na hipótese de rescisão do contrato administrativo. trumentos hábeis aplica-se, no que couber, o disposto no art. 55
§ 1o As CLÁUSULAS ECONÔMICO-FINANCEIRAS e monetárias desta Lei.
dos contratos administrativos NÃO PODERÃO SER ALTERA- § 3o Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei e de-
DAS SEM PRÉVIA CONCORDÂNCIA DO CONTRATADO. mais normas gerais, no que couber:
§ 2o Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômico- I - aos contratos de seguro, de financiamento, de locação em que
financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mante- o Poder Público seja locatário, e aos demais cujo conteúdo seja
nha o equilíbrio contratual. regido, predominantemente, por norma de direito privado;

2
II - aos contratos em que a Administração for parte como usuária mico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem
de serviço público. fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de conseqüências incal-
§ 4o É dispensável o "termo de contrato" e facultada a substi- culáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado,
tuição prevista neste artigo, a critério da Administração e in- ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do prínci-
dependentemente de seu valor, nos casos de compra com en- pe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual.
trega imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais não § 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condi-
resultem obrigações futuras, inclusive assistência técnica. ções contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem
nas obras, serviços ou compras, até 25% do valor inicial atuali-
Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimento dos ter- zado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou
mos do contrato e do respectivo processo licitatório e, a qualquer de equipamento, até o limite de 50% para os seus acréscimos.
interessado, a obtenção de cópia autenticada, mediante o paga- O CONTRATADO É OBRIGADO A ACEITAR
mento dos emolumentos devidos.
ACRÉSCIMOS E SUPRESSÕES ACRÉSCIMO em REFORMA de
Art. 64. A Administração convocará regularmente o interessado em obras, serviços ou edifício ou equipamentos
para assinar o termo de contrato, aceitar ou retirar o instrumento compras
equivalente, dentro do prazo e condições estabelecidos, sob pena Até 25% Até 50%
de decair o direito à contratação, sem prejuízo das sanções pre-
vistas no art. 81 desta Lei.
§ 2o Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites
§ 1o O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma vez,
estabelecidos no parágrafo anterior, salvo: II - as supressões re-
por igual período, quando solicitado pela parte durante o seu
sultantes de acordo celebrado entre os contratantes.
transcurso e desde que ocorra motivo justificado aceito pela
Administração. § 3o Se no contrato não houverem sido contemplados preços
unitários para obras ou serviços, esses serão fixados mediante
§ 2o É facultado à Administração, quando o convocado não assi-
acordo entre as partes, respeitados os limites estabelecidos no
nar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o instrumento
equivalente no prazo e condições estabelecidos, convocar os lici- § 1o deste artigo.
tantes remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-lo em § 4o No caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o con-
igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro tratado já houver adquirido os materiais e posto no local dos tra-
classificado, inclusive quanto aos preços atualizados de conformi- balhos, estes deverão ser pagos pela Administração pelos custos
dade com o ato convocatório, ou revogar a licitação independen- de aquisição regularmente comprovados e monetariamente corri-
temente da cominação prevista no art. 81 desta Lei. gidos, podendo caber indenização por outros danos eventual-
§ 3o Decorridos 60 dias da data da entrega das propostas, mente decorrentes da supressão, desde que regularmente com-
sem convocação para a contratação, ficam os licitantes libera- provados.
dos dos compromissos assumidos. § 5o Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados
ou extintos, bem como a superveniência de disposições le-
Seção III gais, quando ocorridas após a data da apresentação da pro-
Da Alteração dos Contratos posta, de comprovada repercussão nos preços contratados,
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, IMPLICARÃO A REVISÃO destes para mais ou para menos,
com as devidas justificativas, nos seguintes casos: conforme o caso.
I - UNILATERALMENTE pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especifica- LEI 8666 LEI 8987
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
Quaisquer tributos ou encar- Ressalvados os impostos
b) quando necessária a modificação do valor contratual em
gos legais criados, alterados sobre a renda, a criação,
decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu
ou extintos, bem como a su- alteração ou extinção de
objeto, nos limites permitidos por esta Lei;
perveniência de disposições le- quaisquer tributos ou encargos
II - por ACORDO DAS PARTES:
gais, quando ocorridas após a legais, após a apresentação da
a) quando conveniente a substituição da garantia de execu-
data da apresentação da pro- proposta, quando comprovado
ção;
posta, de comprovada reper- seu impacto, IMPLICARÁ A
b) quando necessária a modificação do regime de execução da
cussão nos preços contratados, REVISÃO da tarifa, para mais
obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em
IMPLICARÃO A REVISÃO des- ou para menos, conforme o
face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos
tes para mais ou para menos, caso.
contratuais originários;
conforme o caso.
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento,
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o
valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, § 6o Em havendo alteração unilateral do contrato que aumente
com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspon- os encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer,
dente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de por aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.
obra ou serviço; § 8o A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial- preços previsto no próprio contrato, as atualizações, compensa-
mente entre os encargos do contratado e a retribuição da ad- ções ou penalizações financeiras decorrentes das condições de
ministração para a justa remuneração da obra, serviço ou for- pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações
necimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econô- orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido,

3
não caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados
por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento. Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem prejuízo das
responsabilidades contratuais e legais, poderá subcontratar par-
Seção IV tes da obra, serviço ou fornecimento, até o limite admitido,
Da Execução dos Contratos em cada caso, pela Administração.
Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes,
de acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei, res- Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido:
pondendo cada uma pelas conseqüências de sua inexecução total I - em se tratando de obras e serviços:
ou parcial. a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento
e fiscalização, mediante termo circunstanciado, assinado pelas
Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § 2 o e no in- partes em até 15 dias da comunicação escrita do contratado;
ciso II do § 5o do art. 3o desta Lei deverão cumprir, durante todo b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela au-
o período de execução do contrato, a reserva de cargos prevista toridade competente, mediante termo circunstanciado, assinado
em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previ- pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria
dência Social, bem como as regras de acessibilidade previstas na que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais,
legislação. observado o disposto no art. 69 desta Lei;
Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o cumprimento II - em se tratando de compras ou de locação de equipamentos:
dos requisitos de acessibilidade nos serviços e nos ambientes de a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da con-
trabalho. formidade do material com a especificação;
b) definitivamente, após a verificação da qualidade e quantidade
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e do material e conseqüente aceitação.
fiscalizada por um representante da Administração especial- § 1o Nos casos de aquisição de equipamentos de grande vulto,
mente designado, permitida a contratação de terceiros para o recebimento far-se-á mediante termo circunstanciado e, nos
assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atri- demais, mediante recibo.
buição. § 2o O recebimento provisório ou definitivo não exclui a res-
o ponsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do ser-
§ 1 O representante da Administração anotará em registro pró-
prio todas as ocorrências relacionadas com a execução do contra- viço, nem ético-profissional pela perfeita execução do contrato,
to, determinando o que for necessário à regularização das faltas dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato.
ou defeitos observados. § 3o O prazo a que se refere a alínea "b" do inciso I deste artigo
o
§ 2 As decisões e providências que ultrapassarem a competência não poderá ser superior a 90 dias, salvo em casos excepcio-
do representante deverão ser solicitadas a seus superiores em nais, devidamente justificados e previstos no edital.
tempo hábil para a adoção das medidas convenientes. § 4o Na hipótese de o termo circunstanciado ou a verificação a
que se refere este artigo não serem, respectivamente, lavrado ou
Art. 68. O contratado deverá manter preposto, aceito pela Ad- procedida dentro dos prazos fixados, reputar-se-ão como realiza-
ministração, no local da obra ou serviço, para representá-lo dos, desde que comunicados à Administração nos 15 dias anteri-
na execução do contrato. ores à exaustão dos mesmos.

Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, re- Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento provisório nos
construir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o seguintes casos:
objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou in- I - gêneros perecíveis e alimentação preparada;
correções resultantes da execução ou de materiais empregados. II - serviços profissionais;
III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, inciso
Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados di- II, alínea "a", desta Lei, desde que não se componham de apare-
retamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua lhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação de funcio-
culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou re- namento e produtividade.
duzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompa- Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o recebimento será feito
nhamento pelo órgão interessado. mediante recibo.

Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhis- DECRETO 9412/18


tas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execu-
ção do contrato. ANTES DEPOIS
o
§ 1 A inadimplência do contratado, com referência aos en- R$ 80.000,00 R$ 176.000,00
cargos TRABALHISTAS, FISCAIS e COMERCIAIS não transfere
à Administração Pública a responsabilidade por seu paga-
mento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes do edital, do
a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive pe- convite ou de ato normativo, os ensaios, testes e demais provas
rante o Registro de Imóveis. exigidos por normas técnicas oficiais para a boa execução do ob-
§ 2o A Administração Pública RESPONDE SOLIDARIAMENTE jeto do contrato correm por conta do contratado.
com o contratado pelos encargos PREVIDENCIÁRIOS resultan-
tes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em parte, obra, ser-
8.212, de 24 de julho de 1991. viço ou fornecimento executado em desacordo com o contrato.

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XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regular-
Seção V mente comprovada, impeditiva da execução do contrato.
Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art. 27, sem
Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua prejuízo das sanções penais cabíveis.
rescisão, com as conseqüências contratuais e as previstas em lei Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão formal-
ou regulamento. mente motivados nos autos do processo, assegurado o contradi-
tório e a ampla defesa.
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, Determinação estatal, sem relação
projetos ou prazos; direta com o contrato administrativo, o
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especifica- FATO DO atinge de forma indireta, tornando sua
ções, projetos e prazos; PRÍNCIPE execução demasiadamente onerosa ou
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração a impossível.
comprovar a impossibilidade da conclusão da obra, do serviço ou
do fornecimento, nos prazos estipulados; Ação ou omissão do Poder Publico
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou forneci- contratante que atinge diretamente o
mento; FATO DA contrato, inviabilizando ou retardando
V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, sem ADMINISTRAÇÃO seu cumprimento ou tornando-o
justa causa e prévia comunicação à Administração; exageradamente oneroso
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associa- INTERFERÊNCIAS Situações já existentes à época da
ção do contratado com outrem, a cessão ou transferência, to- IMPREVISTAS celebração do contrato, mas passíveis de
tal ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, não serem descobertas apenas durante sua
admitidas no edital e no contrato; execução, causando desequilíbrio ao
VII - o desatendimento das determinações regulares da autori- contrato
dade designada para acompanhar e fiscalizar a sua execução, as-
sim como as de seus superiores;
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, ano-
I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração,
tadas na forma do § 1o do art. 67 desta Lei; nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior;
IX - a decretação de falência ou a instauração de insolvência II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo no
civil; processo da licitação, desde que haja conveniência para a Admi-
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado; nistração;
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou da es- III - judicial, nos termos da legislação;
trutura da empresa, que prejudique a execução do contrato;
§ 1o A rescisão administrativa ou amigável deverá ser precedida
XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo co-
de autorização escrita e fundamentada da autoridade competen-
nhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autoridade
te.
da esfera administrativa a que está subordinado o contratante e
exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato; § 2o Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a XVII do
XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras, servi- artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, será este res-
ços ou compras, acarretando modificação do valor inicial do sarcido dos prejuízos regularmente comprovados que houver so-
frido, tendo ainda direito a:
contrato além do limite permitido no § 1o do art. 65 desta Lei;
I - devolução de garantia;
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Ad-
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da
ministração, por prazo superior a 120 dias, salvo em caso de
rescisão;
calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou
III - pagamento do custo da desmobilização.
guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mes-
mo prazo, independentemente do pagamento obrigatório de in- § 5o Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação do contra-
denizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas des- to, o cronograma de execução será prorrogado automaticamente
mobilizações e mobilizações e outras previstas, assegurado ao por igual tempo.
contratado, nesses casos, o direito de optar pela suspensão
do cumprimento das obrigações assumidas até que seja nor- HIPÓTESES DE RESCISÃO POR ATO UNILATERAL DA
malizada a situação; ADMINISTRAÇÃO
XV - o atraso superior a 90 dias dos pagamentos devidos pela
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações,
Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimen-
projetos ou prazos;
to, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especifi-
caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna
cações, projetos e prazos;
ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela sus-
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração
pensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normali-
a comprovar a impossibilidade da conclusão da obra, do serviço
zada a situação;
ou do fornecimento, nos prazos estipulados;
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de área, lo-
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou forneci-
cal ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimen-
mento;
to, nos prazos contratuais, bem como das fontes de materiais
V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, sem
naturais especificadas no projeto;
justa causa e prévia comunicação à Administração;

5
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associ- Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos licitan-
ação do contratado com outrem, a cessão ou transferência, tes convocados nos termos do art. 64, § 2o desta Lei, que não
total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, aceitarem a contratação, nas mesmas condições propostas pelo
não admitidas no edital e no contrato; primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao prazo e preço.
VII - o desatendimento das determinações regulares da auto-
ridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua execução, Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos em desa-
assim como as de seus superiores; cordo com os preceitos desta Lei ou visando a frustrar os objeti-
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, vos da licitação sujeitam-se às sanções previstas nesta Lei e nos
anotadas na forma do § 1o do art. 67 desta Lei; regulamentos próprios, sem prejuízo das responsabilidades civil e
IX - a decretação de falência ou a instauração de insolvência criminal que seu ato ensejar.
civil;
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do contrata- Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, AINDA QUE SIMPLES-
do; MENTE TENTADOS, sujeitam os seus autores, quando servido-
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou da res públicos, além das sanções penais, à perda do cargo, em-
estrutura da empresa, que prejudique a execução do contra- prego, função ou mandato eletivo.
to;
XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo co- Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins desta Lei,
nhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autorida- aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou sem re-
de da esfera administrativa a que está subordinado o contratan- muneração, cargo, função ou emprego público.
te e exaradas no processo administrativo a que se refere o con- § 1o Equipara-se a servidor público, para os fins desta Lei,
trato; quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraes-
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regu- tatal, assim consideradas, além das fundações, empresas pú-
larmente comprovada, impeditiva da execução do contrato. blicas e sociedades de economia mista, as demais entidades
sob controle, direto ou indireto, do Poder Público.
Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo anterior (não § 2o A pena imposta será acrescida de 1/3, quando os autores
cumprimento) acarreta as seguintes conseqüências, sem prejuízo dos crimes previstos nesta Lei forem ocupantes de cargo em
das sanções previstas nesta Lei: comissão ou de função de confiança em órgão da Administra-
I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local ção direta, autarquia, empresa pública, sociedade de economia
em que se encontrar, por ato próprio da Administração; mista, fundação pública, ou outra entidade controlada direta ou
II - ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, indiretamente pelo Poder Público.
material e pessoal empregados na execução do contrato, ne-
cessários à sua continuidade, na forma do inciso V do art. 58 Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei pertinem às licita-
desta Lei; ções e aos contratos celebrados pela União, Estados, Distrito Fe-
III - execução da garantia contratual, para ressarcimento da Ad- deral, Municípios, e respectivas autarquias, empresas públicas, so-
ministração, e dos valores das multas e indenizações a ela devi - ciedades de economia mista, fundações públicas, e quaisquer ou-
dos; tras entidades sob seu controle direto ou indireto.
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite
dos prejuízos causados à Administração. Seção II
o
§ 1 A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II deste ar- Das Sanções Administrativas
tigo fica a critério da Administração, que poderá dar continuidade Art. 86. O atraso injustificado na execução do contrato sujeitará
à obra ou ao serviço por execução direta ou indireta. o contratado à multa de mora, na forma prevista no instrumento
convocatório ou no contrato.
§ 2o É permitido à Administração, no caso de concordata do
contratado, manter o contrato, podendo assumir o controle § 1o A multa a que alude este artigo NÃO IMPEDE que a Admi-
de determinadas atividades de serviços essenciais. nistração rescinda unilateralmente o contrato e aplique as ou-
tras sanções previstas nesta Lei.
§ 3o Na hipótese do inciso II deste artigo (ocupação e utiliza-
ção), o ato deverá ser precedido de autorização expressa do § 2o A multa, aplicada após regular processo administrativo,
Ministro de Estado competente, ou Secretário Estadual ou será descontada da garantia do respectivo contratado.
Municipal, conforme o caso. § 3o Se a multa for de valor superior ao valor da garantia presta-
§ 4o A rescisão de que trata o inciso IV do artigo anterior (reten- da, além da perda desta, responderá o contratado pela sua dife-
ção dos créditos) permite à Administração, a seu critério, aplicar rença, a qual será descontada dos pagamentos eventualmente
a medida prevista no inciso I deste artigo. devidos pela Administração ou ainda, quando for o caso, cobrada
judicialmente.
Capítulo IV Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Adminis-
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA JUDICIAL tração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as
Seção I seguintes sanções:
Disposições Gerais I - advertência;
Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no
contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro contrato;
do prazo estabelecido pela Administração, caracteriza o des- III - suspensão temporária de participação em licitação e im-
cumprimento total da obrigação assumida, sujeitando-o às pe- pedimento de contratar com a Administração, por prazo não
nalidades legalmente estabelecidas. superior a 2 anos;

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IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
Administração Pública enquanto perdurarem os motivos deter- Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que, tendo
minantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade,
perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será obtém vantagem indevida ou se beneficia, injustamente, das mo-
concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pe- dificações ou prorrogações contratuais.
los prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção apli-
cada com base no inciso anterior (2 anos). Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer
o ato de procedimento licitatório:
§ 1 Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia presta-
da, além da perda desta, responderá o contratado pela sua dife- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
rença, que será descontada dos pagamentos eventualmente devi-
dos pela Administração ou cobrada judicialmente. Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedi-
§ 2o As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo pode- mento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-
rão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, facultada a defe- lo:
sa prévia do interessado, no respectivo processo, no prazo de Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
5 dias úteis.
Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de violência,
§ 3o A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo (declaração
grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer
de inidoneidade) é de competência exclusiva do Ministro de
tipo:
Estado, do Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso,
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além da
facultada a defesa do interessado no respectivo processo, no
pena correspondente à violência.
prazo de 10 dias da abertura de vista, podendo a reabilitação ser
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou de-
requerida após 2 anos de sua aplicação.
siste de licitar, em razão da vantagem oferecida.
Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do artigo anterior
Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instau-
poderão também ser aplicadas às empresas ou aos profissionais
rada para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contra-
que, em razão dos contratos regidos por esta Lei:
to dela decorrente:
I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem, por mei-
I - elevando arbitrariamente os preços;
os dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer tributos;
II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os objetivos
ou deteriorada;
da licitação;
III - entregando uma mercadoria por outra;
III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar com a
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da mercadoria
Administração em virtude de atos ilícitos praticados.
fornecida;
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a
Seção III
proposta ou a execução do contrato:
Dos Crimes e das Penas
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses pre-
vistas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinen-
Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa
tes à dispensa ou à inexigibilidade:
ou profissional declarado inidôneo:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, declarado
comprovadamente concorrido para a consumação da ilegali-
inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Administração.
dade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para
celebrar contrato com o Poder Público.
Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição de
qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover inde-
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou
vidamente a alteração, suspensão ou cancelamento de registro do
qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedi-
inscrito:
mento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem,
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei
consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e calcu-
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
lada em índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor
perante a Administração, dando causa à instauração de licita-
da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferí-
ção ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser de-
vel pelo agente.
cretada pelo Poder Judiciário:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. § 1o Os índices a que se refere este artigo não poderão ser infe-
riores a 2%, nem superiores a 5% do valor do contrato licita-
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação do ou celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licitação.
ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adju- § 2o O produto da arrecadação da multa reverterá, conforme o
dicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o Po- caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Municipal.
der Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licita-
ção ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar Seção IV
fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, Do Processo e do Procedimento Judicial
observado o disposto no art. 121 desta Lei:

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Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal públi- II - representação, no prazo de 5 dias úteis da intimação da de-
ca INCONDICIONADA, cabendo ao Ministério Público promovê- cisão relacionada com o objeto da licitação ou do contrato, de
la. que não caiba recurso hierárquico;
III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro de Esta-
Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os efeitos do, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso, na hi-
desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, fornecendo-lhe, pótese do § 4o do art. 87 desta Lei, no prazo de 10 dias úteis da
por escrito, informações sobre o fato e sua autoria, bem intimação do ato.
como as circunstâncias em que se deu a ocorrência. § 1o A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas "a", "b", "c"
Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal, mandará a e "e", deste artigo, excluídos os relativos a advertência e multa de
autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo apresentante e por mora, e no inciso III, será feita mediante publicação na imprensa
duas testemunhas. oficial, salvo para os casos previstos nas alíneas "a" e "b", se pre-
sentes os prepostos dos licitantes no ato em que foi adotada a
Art. 102. Quando em autos ou documentos de que conhecerem, decisão, quando poderá ser feita por comunicação direta aos in-
os magistrados, os membros dos Tribunais ou Conselhos de Con- teressados e lavrada em ata.
tas ou os titulares dos órgãos integrantes do sistema de controle
§ 2o O recurso previsto nas alíneas "a" (habilitação/inabilita-
interno de qualquer dos Poderes verificarem a existência dos cri-
ção) e "b" (julgamento das propostas) do inciso I deste artigo
mes definidos nesta Lei, remeterão ao Ministério Público as có-
TERÁ EFEITO SUSPENSIVO, podendo a autoridade competente,
pias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia.
motivadamente e presentes razões de interesse público, atribuir
ao recurso interposto eficácia suspensiva aos demais recursos.
Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária da pú-
blica, se esta não for ajuizada no prazo legal, aplicando-se, no § 3o Interposto, o recurso será comunicado aos demais licitantes,
que couber, o disposto nos arts. 29 e 30 do Código de Processo que poderão impugná-lo no prazo de 5 dias úteis.
Penal. § 4o O recurso será dirigido à autoridade superior, por intermé-
dio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá reconsiderar
Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este o prazo de sua decisão, no prazo de 5 dias úteis, ou, nesse mesmo prazo,
10 dias para apresentação de defesa escrita, contado da data fazê-lo subir, devidamente informado, devendo, neste caso, a de-
do seu interrogatório, podendo juntar documentos, arrolar as tes- cisão ser proferida dentro do prazo de 5 dias úteis, contado do
temunhas que tiver, em número não superior a 5, e indicar as recebimento do recurso, sob pena de responsabilidade.
demais provas que pretenda produzir. § 5o Nenhum prazo de recurso, representação ou pedido de
reconsideração se inicia ou corre sem que os autos do proces-
Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da defesa e pra- so estejam com vista franqueada ao interessado.
ticadas as diligências instrutórias deferidas ou ordenadas pelo § 6o Em se tratando de licitações efetuadas na modalidade de
juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de 5 dias a cada parte "carta convite" os prazos estabelecidos nos incisos I e II e no pa-
para alegações finais. rágrafo 3o deste artigo serão de dois dias úteis.

Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos dentro de Capítulo VI


24 horas, terá o juiz 10 dias para proferir a sentença. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta Lei, ex-
Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no prazo de 5 cluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimento (-
dias. C+F), e considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto quando
for explicitamente disposto em contrário.
Art. 108. No processamento e julgamento das infrações penais Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos referidos
definidas nesta Lei, assim como nos recursos e nas execuções que neste artigo em dia de expediente no órgão ou na entidade.
lhes digam respeito, aplicar-se-ão, subsidiariamente, o Código de
Processo Penal e a Lei de Execução Penal. Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar, premiar
ou receber projeto ou serviço técnico especializado desde que
Capítulo V o autor ceda os direitos patrimoniais a ele relativos e a Admi-
DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS nistração possa utilizá-lo de acordo com o previsto no regula-
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação mento de concurso ou no ajuste para sua elaboração.
desta Lei cabem: Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra imaterial de
I - recurso, no prazo de 5 dias úteis a contar da intimação do caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, a cessão dos direi-
ato ou da lavratura da ata, nos casos de: tos incluirá o fornecimento de todos os dados, documentos e
a) habilitação ou inabilitação do licitante; elementos de informação pertinentes à tecnologia de concep-
b) julgamento das propostas; ção, desenvolvimento, fixação em suporte físico de qualquer
c) anulação ou revogação da licitação; natureza e aplicação da obra.
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral,
sua alteração ou cancelamento; Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a mais de uma
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. 79 desta entidade pública, caberá ao órgão contratante, perante a entida-
Lei; de interessada, responder pela sua boa execução, fiscalização e
f) aplicação das penas de advertência, suspensão temporária ou pagamento.
de multa;

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§ 1o Os consórcios públicos poderão realizar licitação da qual, nos execução do objeto estão devidamente assegurados, salvo se o
termos do edital, decorram contratos administrativos celebrados custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão
por órgãos ou entidades dos entes da Federação consorciados. descentralizador.
§ 2o É facultado à entidade interessada o acompanhamento da li- § 2o Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador dará
citação e da execução do contrato. ciência do mesmo à Assembléia Legislativa ou à Câmara Munici-
pal respectiva.
Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos e § 3o As parcelas do convênio serão liberadas em estrita con-
demais instrumentos regidos por esta Lei será feito pelo Tribu- formidade com o plano de aplicação aprovado, exceto nos ca-
nal de Contas competente, na forma da legislação pertinente, fi- sos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o saneamento
cando os órgãos interessados da Administração responsáveis pela das impropriedades ocorrentes:
demonstração da legalidade e regularidade da despesa e execu- I - quando não tiver havido comprovação da boa e regular
ção, nos termos da Constituição e sem prejuízo do sistema de aplicação da parcela anteriormente recebida, na forma da le-
controle interno nela previsto. gislação aplicável, inclusive mediante procedimentos de fiscaliza-
§ 1o Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica ção local, realizados periodicamente pela entidade ou órgão des-
poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos órgãos integran- centralizador dos recursos ou pelo órgão competente do sistema
tes do sistema de controle interno contra irregularidades na apli- de controle interno da Administração Pública;
cação desta Lei, para os fins do disposto neste artigo. II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos re-
§ 2o Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do sistema cursos, atrasos não justificados no cumprimento das etapas ou fa-
de controle interno poderão solicitar para exame, até o dia útil ses programadas, práticas atentatórias aos princípios fundamen-
imediatamente anterior à data de recebimento das propostas, có- tais de Administração Pública nas contratações e demais atos pra-
pia de edital de licitação já publicado, obrigando-se os órgãos ou ticados na execução do convênio, ou o inadimplemento do exe-
entidades da Administração interessada à adoção de medidas cutor com relação a outras cláusulas conveniais básicas;
corretivas pertinentes que, em função desse exame, lhes forem III - quando o executor deixar de adotar as medidas saneado-
determinadas. ras apontadas pelo partícipe repassador dos recursos ou por
integrantes do respectivo sistema de controle interno.
Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a pré-qualifi- § 4o Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, serão
cação de licitantes nas concorrências, a ser procedida sempre que obrigatoriamente aplicados em cadernetas de poupança de
o objeto da licitação recomende análise mais detida da qualifica- instituição financeira oficial se a previsão de seu uso for igual
ção técnica dos interessados. ou superior a 1 mês, ou em fundo de aplicação financeira de cur-
§ 1o A adoção do procedimento de pré-qualificação será feita to prazo ou operação de mercado aberto lastreada em títulos da
mediante proposta da autoridade competente, aprovada pela dívida pública, quando a utilização dos mesmos verificar-se em
imediatamente superior. prazos menores que 1 mês.
§ 2o Na pré-qualificação serão observadas as exigências desta Lei § 5o As receitas financeiras auferidas na forma do parágrafo ante-
relativas à concorrência, à convocação dos interessados, ao pro- rior serão obrigatoriamente computadas a crédito do convênio e
cedimento e à analise da documentação. aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua finalidade, devendo
constar de demonstrativo específico que integrará as prestações
Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir nor- de contas do ajuste.
mas relativas aos procedimentos operacionais a serem obser- § 6o Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção do
vados na execução das licitações, no âmbito de sua compe- convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros remanescentes,
tência, observadas as disposições desta Lei. inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicações fi-
Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo, após nanceiras realizadas, serão devolvidos à entidade ou órgão repas-
aprovação da autoridade competente, deverão ser publicadas na sador dos recursos, no prazo improrrogável de 30 dias do even-
imprensa oficial. to, sob pena da imediata instauração de tomada de contas espe-
cial do responsável, providenciada pela autoridade competente
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, aos do órgão ou entidade titular dos recursos.
convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres ce-
lebrados por órgãos e entidades da Administração. Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações realizados pe-
§ 1o A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos los órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Tribunal de
ou entidades da Administração Pública depende de prévia Contas regem-se pelas normas desta Lei, no que couber, nas três
aprovação de competente plano de trabalho proposto pela esferas administrativas.
organização interessada, o qual deverá conter, no mínimo, as
seguintes informações: Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as entida-
I - identificação do objeto a ser executado; des da administração indireta deverão adaptar suas normas sobre
II - metas a serem atingidas; licitações e contratos ao disposto nesta Lei.
III - etapas ou fases de execução;
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros; Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas e funda-
V - cronograma de desembolso; ções públicas e demais entidades controladas direta ou indireta-
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim da mente pela União e pelas entidades referidas no artigo anterior
conclusão das etapas ou fases programadas; editarão regulamentos próprios devidamente publicados, ficando
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de engenharia, sujeitas às disposições desta Lei.
comprovação de que os recursos próprios para complementar a

9
Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este artigo, no Art. 2º O sistema tributário nacional é regido pelo disposto
âmbito da Administração Pública, após aprovados pela autorida- na Emenda Constitucional n. 18, de 1º de dezembro de 1965, em
de de nível superior a que estiverem vinculados os respectivos ór- leis complementares, em resoluções do Senado Federal e, nos li-
gãos, sociedades e entidades, deverão ser publicados na impren- mites das respectivas competências, em leis federais, nas Consti-
sa oficial. tuições e em leis estaduais, e em leis municipais.

Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser anualmente Art. 3º TRIBUTO é toda prestação pecuniária compulsória,
revistos pelo Poder Executivo Federal, que os fará publicar no Diá- em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não consti-
rio Oficial da União, observando como limite superior a variação tua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
geral dos preços do mercado, no período. atividade administrativa plenamente vinculada.

Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às licitações instaura- Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determi-
das e aos contratos assinados anteriormente à sua vigência, res- nada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrele-
salvado o disposto no art. 57, nos parágrafos 1o, 2o e 8o do art. vantes para qualificá-la:
65, no inciso XV do art. 78, bem assim o disposto no "caput" do I - a denominação e demais características formais adota-
art. 5o, com relação ao pagamento das obrigações na ordem cro- das pela lei;
nológica, podendo esta ser observada, no prazo de noventa dias II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.
contados da vigência desta Lei, separadamente para as obriga-
ções relativas aos contratos regidos por legislação anterior à Lei Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de
o melhoria (TEORIA TRIPARTITE)
n 8.666, de 21 de junho de 1993.
Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do patrimônio
da União continuam a reger-se pelas disposições do Decreto-lei STF adota a TEORIA PENTAPARTITE: impostos, taxas, contribui-
o ções de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições
n 9.760, de 5 de setembro de 1946, com suas alterações, e os re-
especiais.
lativos a operações de crédito interno ou externo celebrados pela
União ou a concessão de garantia do Tesouro Nacional continuam
regidos pela legislação pertinente, aplicando-se esta Lei, no que TÍTULO II
couber. Competência Tributária
CAPÍTULO I
Art. 122. Nas concessões de linhas aéreas, observar-se-á procedi- Disposições Gerais
mento licitatório específico, a ser estabelecido no Código Brasilei- Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributá-
ro de Aeronáutica. ria compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as
limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos
Art. 123. Em suas licitações e contratações administrativas, as re- Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios,
partições sediadas no exterior observarão as peculiaridades locais e observado o disposto nesta Lei.
e os princípios básicos desta Lei, na forma de regulamentação es- Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no
pecífica. todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público
pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido
Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para permissão atribuídos.
ou concessão de serviços públicos os dispositivos desta Lei que
não conflitem com a legislação específica sobre o assunto. Art. 7º A competência tributária é INDELEGÁVEL, salvo
Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II a IV do § 2 o atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de
executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em
do art. 7o serão dispensadas nas licitações para concessão de ser-
matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito
viços com execução prévia de obras em que não foram previstos
público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
desembolso por parte da Administração Pública concedente.
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilé-
gios processuais que competem à pessoa jurídica de direito pú-
CTN
blico que a conferir.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha
Art. 1º Esta Lei regula, com fundamento na Emenda Consti- conferido.
tucional n. 18, de 1º de dezembro de 1965, o sistema tributário § 3º NÃO CONSTITUI DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA o
nacional e estabelece, com fundamento no artigo 5º, inciso XV, cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da
alínea b, da Constituição Federal as normas gerais de direito tri- função de ARRECADAR tributos.
butário aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, sem prejuízo da respectiva legislação complementar,
A capacidade tributária ativa é delegável; compreende as ga-
supletiva ou regulamentar.
rantias e privilégios processuais; é revogável a qualquer tempo.

LIVRO PRIMEIRO
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defe-
TÍTULO I re a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a
Disposições Gerais Constituição a tenha atribuído.

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Súmula 69-STF: A Constituição Estadual não pode estabelecer federais, estaduais e municipais para os serviços públicos que
limite para o aumento de tributos municipais conceder, observado o disposto no § 1º do artigo 9º.
CAPÍTULO II
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é
Limitações da Competência Tributária
subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas
SEÇÃO I
entidades nele referidas:
Disposições Gerais
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de
Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
suas rendas, a qualquer título;
Municípios:
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na
I - instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça,
manutenção dos seus objetivos institucionais;
ressalvado, quanto à majoração, o disposto nos artigos 21, 26 e
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros
65;
revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.
II - cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base em
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º
lei posterior à data inicial do exercício financeiro a que
do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a
corresponda;
aplicação do benefício.
III - estabelecer limitações ao tráfego, no território nacional,
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º
de pessoas ou mercadorias, por meio de tributos
são exclusivamente, os diretamente relacionados com os
interestaduais ou intermunicipais;
objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo,
IV - cobrar imposto sobre:
previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.
a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais,
c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos,
pode instituir empréstimos compulsórios:
inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
I - guerra externa, ou sua iminência;
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de
social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na
atender com os recursos orçamentários disponíveis;
Seção II deste Capítulo;
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder
d) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais,
aquisitivo.
periódicos e livros.
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do
§ 1º O disposto no inciso IV não exclui a atribuição, por lei, às
empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que
entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos
for aplicável, o disposto nesta Lei.
tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da
prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento
TÍTULO III
de obrigações tributárias por terceiros.
Impostos
§ 2º O disposto na alínea a do inciso IV aplica-se, exclusivamente,
CAPÍTULO I
aos serviços próprios das pessoas jurídicas de direito público a
Disposições Gerais
que se refere este artigo, e inerentes aos seus objetivos.
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato ge-
rador uma situação independente de qualquer atividade esta-
Art. 10. É vedado à União instituir tributo que não seja
tal específica, relativa ao contribuinte.
uniforme em todo o território nacional, ou que importe
distinção ou preferência em favor de determinado Estado ou
Município. FG não vinculado.
Arrecadação não vinculada.
Art. 11. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
estabelecer diferença tributária entre bens de qualquer natureza, CAPÍTULO II
em razão da sua procedência ou do seu destino. Impostos sobre o Comércio Exterior
SEÇÃO I
SEÇÃO II Impostos sobre a Importação - II
Disposições Especiais Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a impor-
Art. 12. O disposto na alínea a do inciso IV do artigo 9º, tação de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entra-
observado o disposto nos seus §§ 1º e 2º, é extensivo às da destes no território nacional.
autarquias criadas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal
ou pelos Municípios, tão-somente no que se refere ao Art. 20. A base de cálculo do imposto é:
patrimônio, à renda ou aos serviços vinculados às suas finalidades I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida
essenciais, ou delas decorrentes. adotada pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que
Art. 13. O disposto na alínea a do inciso IV do artigo 9º não se o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação,
aplica aos serviços públicos concedidos, cujo tratamento em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega
tributário é estabelecido pelo poder concedente, no que se refere no porto ou lugar de entrada do produto no País;
aos tributos de sua competência, ressalvado o que dispõe o III - quando se trate de produto apreendido ou abandona-
parágrafo único. do, levado a leilão, o preço da arrematação.
Parágrafo único. Mediante lei especial e tendo em vista o
interesse comum, a União pode instituir isenção de tributos Art. 22. Contribuinte do imposto é:
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;

11
II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandona- IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamen-
dos. to para distribuição domiciliar;
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância
SEÇÃO II máxima de 3 km do imóvel considerado.
Imposto sobre a Exportação - IE § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas ur-
Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a expor- banizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos
tação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionaliza- aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à
dos tem como fato gerador a saída destes do território nacio- indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas
nal. definidas nos termos do parágrafo anterior.

Art. 24. A base de cálculo do imposto é: Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida imóvel.
adotada pela lei tributária; Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que considera o valor dos bens móveis mantidos, em caráter per-
o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em manente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utiliza-
uma venda em condições de livre concorrência. ção, exploração, aformoseamento ou comodidade.
Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a
entrega como efetuada no porto ou lugar da saída do produ- Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imó-
to, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a opera- vel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qual-
ção de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos quer título.
correntes no mercado internacional o custo do financiamento.
SEÇÃO III
Art. 25. A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a eles
valor ou do preço, referidos no artigo anterior, excedente de valor Relativos - ITCMD
básico, fixado de acordo com os critérios e dentro dos limites por Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a
ela estabelecidos. transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos tem
como fato gerador:
Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a I - a transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do
lei a ele equiparar. domínio útil de bens imóveis por natureza ou por acessão física,
como definidos na lei civil;
CAPÍTULO III II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre
Impostos sobre o Patrimônio e a Renda imóveis, exceto os direitos reais de garantia;
SEÇÃO I III - a cessão de direitos relativos às transmissões referidas
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR nos incisos I e II.
Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propri- Parágrafo único. Nas transmissões causa mortis, ocorrem
edade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o tantos fatos geradores distintos quantos sejam os herdeiros
domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido ou legatários.
na lei civil, localização FORA DA ZONA URBANA do Município.
Art. 36. Ressalvado o disposto no artigo seguinte, o imposto
Art. 30. A base do cálculo do imposto é o valor fundiário. não incide sobre a transmissão dos bens ou direitos referidos no
artigo anterior:
Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imó- I - quando efetuada para sua incorporação ao patrimônio de
vel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qual- pessoa jurídica em pagamento de capital nela subscrito;
quer título. II - quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma
pessoa jurídica por outra ou com outra.
SEÇÃO II Parágrafo único. O imposto não incide sobre a transmissão
Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU aos mesmos alienantes, dos bens e direitos adquiridos na forma
Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a do inciso I deste artigo, em decorrência da sua desincorporação
propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a do patrimônio da pessoa jurídica a que foram conferidos.
propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por
natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, LOCA- Art. 37. O disposto no artigo anterior não se aplica quando
LIZADO NA ZONA URBANA do Município. a pessoa jurídica adquirente tenha como atividade preponderante
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a cessão de di-
urbana a definida em lei municipal; observado o requisito reitos relativos à sua aquisição.
mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo me- § 1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante
nos 2 dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder referida neste artigo quando mais de 50% da receita operacional
Público: da pessoa jurídica adquirente, nos 2 anos anteriores e nos 2
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas anos subseqüentes à aquisição, decorrer de transações mencio-
pluviais; nadas neste artigo.
II - abastecimento de água; § 2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades
III - sistema de esgotos sanitários; após a aquisição, ou menos de 2 anos antes dela, apurar-se-á a

12
preponderância referida no parágrafo anterior levando em conta Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
os 3 primeiros anos seguintes à data da aquisição. Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produ-
§ 3º Verificada a preponderância referida neste artigo, tor- tos industrializados tem como fato gerador:
nar-se-á devido o imposto, nos termos da lei vigente à data da I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência
aquisição, sobre o valor do bem ou direito nessa data. estrangeira;
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica à transmissão de II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o pa-
bens ou direitos, quando realizada em conjunto com a da totali- rágrafo único do artigo 51;
dade do patrimônio da pessoa jurídica alienante. III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado
e levado a leilão.
Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se
bens ou direitos transmitidos. industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer
operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o
Art. 39. A alíquota do imposto não excederá os limites fixa- aperfeiçoe para o consumo.
dos em resolução do Senado Federal, que distinguirá, para efeito
de aplicação de alíquota mais baixa, as transmissões que atendam Art. 47. A base de cálculo do imposto é:
à política nacional de habitação. I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal,
como definido no inciso II do artigo 20, acrescido do montante:
Art. 40. O montante do imposto é dedutível do devido à a) do imposto sobre a importação;
União, a título do imposto de que trata o artigo 43, sobre o pro- b) das taxas exigidas para entrada do produto no País;
vento decorrente da mesma transmissão. c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importa-
dor ou dele exigíveis;
Art. 41. O imposto compete ao ESTADO DA SITUAÇÃO DO II - no caso do inciso II do artigo anterior:
IMÓVEL TRANSMITIDO, ou sobre que versarem os direitos cedi- a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercado-
dos, mesmo que a mutação patrimonial decorra de sucessão ria;
aberta no estrangeiro. b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço
corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da
Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na praça do remetente;
operação tributada, como dispuser a lei. III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arre -
matação.
SEÇÃO IV
Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza - IR Art. 48. O imposto é SELETIVO em função da essencialida-
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda de dos produtos.
e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a
aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: Art. 49. O imposto é NÃO-CUMULATIVO, dispondo a lei de
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do tra- forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em
balho ou da combinação de ambos; determinado período, entre o imposto referente aos produtos saí-
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos dos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos
os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. nele entrados.
§ 1o A incidência do imposto independe da denominação Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado perío-
da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica do, em favor do contribuinte transfere-se para o período ou perí-
ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percep- odos seguintes.
ção.
§ 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do O IPI é um IMPOSTO PLURIFÁSICO, ou seja, incide mais de uma
exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se vez em uma cadeia de industrialização.
dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto refe-
rido neste artigo.
Art. 50. Os produtos sujeitos ao imposto, quando remetidos
de um para outro Estado, ou do ou para o Distrito Federal, serão
Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real,
acompanhados de nota fiscal de modelo especial, emitida em
arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributá-
séries próprias e contendo, além dos elementos necessários ao
veis.
controle fiscal, os dados indispensáveis à elaboração da estatística
do comércio por cabotagem e demais vias internas.
Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibili-
dade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei
Art. 51. Contribuinte do imposto é:
essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produto-
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;
res de renda ou dos proventos tributáveis.
II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar;
Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da ren-
III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os
da ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo
forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior;
imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam.
IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandona-
dos, levados a leilão.
CAPÍTULO IV
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se
Impostos sobre a Produção e a Circulação
contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de impor-
SEÇÃO I
tador, industrial, comerciante ou arrematante.

13
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou
SEÇÃO IV fato gerador i dênticos aos que correspondam a imposto nem
Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre ser calculada em função do capital das empresas.
Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários - IOF
Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre opera- Art. 78. Considera-se PODER DE POLÍCIA atividade da ad-
ções de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a tí- ministração pública que, limitando ou disciplinando direito, in-
tulos e valores mobiliários tem como fato gerador: teresse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de
I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela fato, em razão de interesse público concernente à segurança,
entrega total ou parcial do montante ou do valor que consti- à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e
tua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do do mercado, ao exercício de atividades econômicas depen-
interessado; dentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tran-
II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela quilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento individuais ou coletivos.
que a represente, ou sua colocação à disposição do interessa- Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder
do em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos li-
entregue ou posta à disposição por este; mites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tra-
III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela tando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem
emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebi- abuso ou desvio de poder.
mento do prêmio, na forma da lei aplicável;
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mo- JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
biliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate des-
tes, na forma da lei aplicável. EDIÇÃO N. 82: PODER DE POLÍCIA
Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a de- 1) A administração pública possui interesse de agir para tutelar
finida no inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao paga- em juízo atos em que ela poderia atuar com base em seu poder
mento ou resgate do título representativo de uma mesma opera- de polícia, em razão da inafastabilidade do controle jurisdicio-
ção de crédito. nal.
2) O prazo prescricional para as ações administrativas punitivas
Art. 64. A base de cálculo do imposto é: desenvolvidas por Estados e Municípios, quando não existir le-
I - quanto às operações de crédito, o montante da obriga- gislação local específica, é quinquenal, conforme previsto no
ção, compreendendo o principal e os juros; art. 1º do Decreto n. 20.910/32, sendo inaplicáveis as disposi-
II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante ções contidas na Lei n. 9.873/99, cuja incidência limita-se à
em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição; Administração Pública Federal Direta e Indireta.
III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio; 3) Prescreve em 5 anos, contados do término do processo
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliá- administrativo, a pretensão da Administração Pública de
rios: promover a execução da multa por infração ambiental. (Sú-
a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver; mula n. 467/STJ) (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/
b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da 73 - TEMA 324)
cotação em Bolsa, como determinar a lei; 4) A prerrogativa de fiscalizar as atividades nocivas ao meio
c) no pagamento ou resgate, o preço. ambiente concede ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA interesse jurídico
Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na suficiente para exercer seu poder de polícia administrativa,
operação tributada, como dispuser a lei. ainda que o bem esteja situado dentro de área cuja compe-
tência para o licenciamento seja do município ou do estado.
CAPÍTULO V 5) Ante a omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo
Impostos Especiais que outorgante da licença ambiental, o IBAMA pode exercer
SEÇÃO II o seu poder de polícia administrativa, já que não se confun-
Impostos Extraordinários de a competência para licenciar com a competência para fis-
Art. 76. Na iminência ou no caso de guerra externa, a Uni- calizar.
ão pode instituir, temporariamente, impostos extraordinários 6) O Programa de Proteção e Defesa do Consumidor - PROCON
compreendidos ou não entre os referidos nesta Lei, suprimidos, detém poder de polícia para impor sanções administrativas
gradativamente, no prazo máximo de 5 anos, contados da ce- relacionadas à transgressão dos preceitos ditados pelo Códi-
lebração da paz. go de Defesa do Consumidor art. 57 da Lei n. 8.078/90.
7) O PROCON tem competência para aplicar multa à Caixa
TÍTULO IV Econômica Federal CEF por infração às normas do Código de
Taxas Defesa do Consumidor, independentemente da atuação do
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Banco Central do Brasil.
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respecti- 8) A atividade fiscalizatória exercida pelos conselhos profissio-
vas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do nais, decorrente da delegação do poder de polícia, está inserida
poder de polícia, ou a utilização, efetiva OU potencial, de ser- no âmbito do direito administrativo, não podendo ser conside-
viço público específico E divisível, prestado ao contribuinte rada relação de trabalho e, por consequência, não está incluí-
OU posto à sua disposição. da na esfera de competência da Justiça Trabalhista.
9) Não é possível a aplicação de sanções pecuniárias por so-

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ciedade de economia mista, facultado o exercício do poder
de polícia fiscalizatório. Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os
10) É legítima a cobrança da taxa de localização, fiscalização seguintes requisitos mínimos:
e funcionamento quando notório o exercício do poder de polí- I - publicação prévia dos seguintes elementos:
cia pelo aparato administrativo do ente municipal, sendo dis- a) memorial descritivo do projeto;
pensável a comprovação do exercício efetivo de fiscalização. b) orçamento do custo da obra;
11) Quando as balanças de aferição de peso estiverem relacio- c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada
nadas intrinsecamente ao serviço prestado pelas empresas ao pela contribuição;
consumidor, incidirá a Taxa de Serviços Metrológicos, decorren- d) delimitação da zona beneficiada;
te do poder de polícia do Instituto Nacional de Metrologia, Nor- e) determinação do fator de absorção do benefício da valori-
matização e Qualidade Industrial - Inmetro em fiscalizar a regu- zação para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas,
laridade desses equipamentos. nela contidas;
12) É legitima a cobrança da Taxa de Fiscalização dos Mercados II - fixação de prazo não inferior a 30 dias, para impugna-
de Títulos e Valores Mobiliários decorrente do poder de polícia ção pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no
atribuído à Comissão de Valores Mobiliários CVM, visto que os inciso anterior;
efeitos da Lei n. 7.940/89 são de aplicação imediata e se prolon- III - regulamentação do processo administrativo de instrução
gam enquanto perdurar o enquadramento da empresa na cate- e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior,
goria de beneficiária de incentivos fiscais. sem prejuízo da sua apreciação judicial.
13) Os valores cobrados a título de contribuição para o Fundo § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determi-
Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades nada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a
de Fiscalização - FUNDAF têm natureza jurídica de taxa, tendo alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada
em vista que o seu pagamento é compulsório e decorre do em função dos respectivos fatores individuais de valorização.
exercício regular de poder de polícia. § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte
deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e
dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 con-
respectivo cálculo.
sideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte:
LIVRO SEGUNDO
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer tí-
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
tulo;
TÍTULO I
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compul-
Legislação Tributária
sória, sejam postos à sua disposição mediante atividade admi-
CAPÍTULO I
nistrativa em efetivo funcionamento;
Disposições Gerais
II - específicos, quando possam ser destacados em unida-
SEÇÃO I
des autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades
Disposição Preliminar
públicas;
Art. 96. A expressão "LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA" com-
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separada-
preende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os
mente, por parte de cada um dos seus usuários.
decretos e as normas complementares que versem, no todo
Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consi-
ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles perti-
deram-se compreendidas no âmbito das atribuições da União,
nentes.
dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, aquelas que,
segundo a Constituição Federal, as Constituições dos Estados, as Abrange atos editados pelo Poder Executivo.
Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e a legislação
com elas compatível, competem a cada uma dessas pessoas de SEÇÃO II
direito público. Leis, Tratados e Convenções Internacionais e Decretos
Art. 97. SOMENTE A LEI pode estabelecer:
TÍTULO V I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
Contribuição de Melhoria II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pe- disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
los Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito A CF/88 não excepcionou a alteração da base de cálculo do
de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao cus- II, IE, IPI e IOF do princípio da legalidade, mas apenas as
to de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, alíquotas, desde que atendidas as condições e os limites es-
tendo como limite total a despesa realizada e como limite indi- tabelecidos em lei.
vidual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária
imóvel beneficiado.
principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e
do seu sujeito passivo;
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálcu-
LIMITE TOTAL LIMITE INDIVIDUAL lo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65 (não re-
cepcionado);
Despesa realizada Acréscimo de valor que da V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões
obra resultar para cada imóvel contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela defi-
beneficiado. nidas;

15
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de I - que instituem ou majoram tais impostos;
créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. II - que definem novas hipóteses de incidência;
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dis-
sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. puser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no artigo 178.
disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor mone-
tário da respectiva base de cálculo. CTN, art. 104 CF/88, art. 150, III, “b”
Princípio da anterioridade
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais REVO- anual
GAM OU MODIFICAM a legislação tributária interna, e serão
observados pela que lhes sobrevenha. Aplica-se apenas aos impos- Aplica-se aos tributos em geral
tos sobre patrimônio
Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se ou renda
aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados
Refere-se à entrada em vigor Refere-se à eficácia da lei
com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta
da lei
Lei.

SEÇÃO III CAPÍTULO III


Normas Complementares Aplicação da Legislação Tributária
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados Art. 105. A legislação tributária aplica-se IMEDIATAMENTE
e das convenções internacionais e dos decretos: aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades admi- aqueles cuja ocorrência tenha tido início, mas não esteja comple-
nistrativas; ta, nos termos do artigo 116.
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de juris-
dição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
III - as práticas reiteradamente observadas pelas autorida- I - em qualquer caso, quando seja expressamente inter-
des administrativas; pretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, dispositivos interpretados;
o Distrito Federal e os Municípios. II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
Parágrafo único. A observância das normas referidas neste a) quando deixe de defini-lo como infração;
artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer
de mora e a atualização do valor monetário da base de cálcu- exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido frau-
lo do tributo. dulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tri-
buto;
CAPÍTULO II c) quando lhe comine penalidade menos severa que a pre-
Vigência da Legislação Tributária vista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tri-
butária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas ju- CAPÍTULO IV
rídicas em geral, ressalvado o previsto neste Capítulo. (Aplica-se Interpretação e Integração da Legislação Tributária
a LINDB) Art. 107. A legislação tributária será interpretada conforme o
disposto neste Capítulo.
Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Fede-
ral e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos terri- Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade
tórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialida- competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessiva-
de os convênios de que participem, ou do que disponham esta mente, na ordem indicada (formas de integração):
ou outras leis de normas gerais expedidas pela União. I - a analogia;
II - os princípios gerais de direito tributário;
Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: III - os princípios gerais de direito público;
I - os atos administrativos, na data da sua publicação; IV - a equidade.
II - as decisões administrativas com eficácia normativa, 30 § 1º O emprego da analogia NÃO poderá resultar na exi-
dias após a data da sua publicação; gência de tributo não previsto em lei.
III - os convênios, na data neles prevista. § 2º O emprego da EQUIDADE NÃO poderá resultar na
DISPENSA DO PAGAMENTO DE TRIBUTO devido.

Atos normativos Data da publicação


Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se
Decisões administrativas com 30 dias após para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus
eficácia normativa publicação institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos res-
pectivos efeitos tributários.
Convênios entre U/E/DF/M Data neles prevista
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o con-
Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício se- teúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito pri-
guinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos vado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Fe-
de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda:

16
deral, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do JUDICIAL são considerados hediondos
Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar compe-
tências tributárias. O legislador, em um rol exemplificativo,
estabelece os crimes considerados
Art. 111. Interpreta-se LITERALMENTE (e não restritiva- CRITÉRIO MISTO hediondos, mas permite ao juiz, por meio
mente) a legislação tributária que disponha sobre: de interpretação analógica, qualificar
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário; outros delitos como hediondos.
II - outorga de isenção;
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias Possibilidade do juiz deixar de considerar
acessórias. CLÁUSULA a natureza hedionda de um delito, de
SALVATÓRIA acordo com as circunstâncias do caso
Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina concreto.
penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acu- Não tem aplicabilidade no Direito Penal
sado, em caso de dúvida quanto: Brasileiro, em razão da adoção do
I - à capitulação legal do fato; critério legal.
II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à
*Tabelas montada com informações retiradas do livro Leis Penais
natureza ou extensão dos seus efeitos;
Especiais, autor Gabriel Habib, 2018
III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis
LEI 8072/90 - CRIMES HEDIONDOS de [FIGA]:
I - Anistia, Graça e Indulto;
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos II - Fiança.
tipificados no Código Penal, consumados ou tentados [ROL TA- § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inici-
XATIVO]: almente em regime fechado. (Inconstitucional – viola indivi-
I – homicídio (simples) (art. 121), quando praticado em ativida- dualização da pena)
de típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um
só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, Possível substituição de PPL por PRD
IV, V, VI e VII);
I-A – lesão corporal dolosa de natureza GRAVÍSSIMA (art. 129, § Possível a concessão de sursis da pena
2o) e lesão corporal SEGUIDA DE MORTE (art. 129, § 3o), quando
praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e § 2º A progressão de regime, no caso dos condenados pelos
144 da Constituição Federal , integrantes do sistema prisional e da crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou de 2/5 da pena, se o apenado for primário, e de 3/5, se reinci-
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou dente, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 112 da Lei nº
parente consanguíneo até 3° grau, em razão dessa condição; 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal). (LEI
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); 13769/18)
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o);
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. LEP. Art. 112. § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe
159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); requisitos para progressão de regime são, cumulativamente:
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). pessoa;
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de II - não ter cometido o crime contra seu filho ou
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, dependente;
caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, III - ter cumprido ao menos 1/8 da pena no regime anterior;
de 2 de julho de 1998). IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário,
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de ex- comprovado pelo diretor do estabelecimento;
ploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável V - não ter integrado organização criminosa.
(art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). § 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime implicará a revogação do benefício previsto no § 3º deste
de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o artigo.
de outubro de 1956, e o de POSSE ou PORTE ILEGAL de arma
de fogo de USO RESTRITO, previsto no art. 16 da Lei n o 10.826, PROGRESSÃO DE REGIME
de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados.
Primário
CRIME COMUM 1/6
CRITÉRIO PARA DEFINIÇÃO DE CRIMES HEDIONDOS Reincidente
CRITÉRIO LEGAL O legislador, em rol taxativo, define os Primário 2/5
Adotado no Brasil crimes que são considerados hediondos. CRIME
Reincidente 3/5
CRITÉRIO Cabe ao juiz a definição dos crimes que

17
HEDIONDO Praticado antes de Lei 11.464/07 1/6 indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes
de drogas; estabelece normas para repressão à produção não au-
torizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.
§ 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá funda-
Parágrafo único. Para fins desta Lei, CONSIDERAM-SE COMO
mentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
DROGAS as substâncias ou os produtos capazes de causar de-
§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de
pendência, assim especificados em lei ou relacionados em listas
21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá
atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União [NOR-
o prazo de 30 dias, prorrogável por igual período em caso de
MA PENAL EM BRANCO HETEROGÊNEA].
extrema e comprovada necessidade.

Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas,


PRISÃO TEMPORÁRIA bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vege-
CRIME COMUM CRIME HEDIONDO tais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas
drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamen-
5+5 30+30 tar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Na-
ções Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito
Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segurança de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.
máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a conde- Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e
nados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios a colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, exclusi-
estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública. vamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo
predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressal-
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. vas supramencionadas.
288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos,
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins TÍTULO II
ou terrorismo. DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à DROGAS
autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu Art. 3o O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar
desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços. e coordenar as atividades relacionadas com:
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados de usuários e dependentes de drogas;
nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de
caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo drogas.
único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo
único, todos do Código Penal, são acrescidas de metade, CAPÍTULO I
respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS
vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE
do Código Penal. DROGAS
Art. 4o São princípios do Sisnad:
SÚMULAS SOBRE CRIMES HEDIONDOS I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana,
especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade;
STF
II - o respeito à diversidade e às especificidades populacionais
SV 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de existentes;
pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do
observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de proteção para
25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado o uso indevido de drogas e outros comportamentos
preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do correlacionados;
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla participação
fundamentado, a realização de exame criminológico. social, para o estabelecimento dos fundamentos e estratégias do
Sisnad;
STJ
V - a promoção da responsabilidade compartilhada entre
Súmula 471, STJ: Os condenados por crimes hediondos ou Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da participação
assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. social nas atividades do Sisnad;
11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores
7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua
regime prisional. produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;
VII - a integração das estratégias nacionais e internacionais de
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de
LEI 11343/06 – LEI DE DROGAS
usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção
não autorizada e ao seu tráfico ilícito;
TÍTULO I VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação mútua nas
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas so- atividades do Sisnad;
bre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso

18
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça a Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas
interdependência e a natureza complementar das atividades de devem observar os seguintes princípios e diretrizes:
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator
usuários e dependentes de drogas, repressão da produção não de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua
autorizada e do tráfico ilícito de drogas; relação com a comunidade à qual pertence;
X - a observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação científica
do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e como forma de orientar as ações dos serviços públicos
dependentes de drogas e de repressão à sua produção não comunitários e privados e de evitar preconceitos e estigmatização
autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade das pessoas e dos serviços que as atendam;
e o bem-estar social; III - o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade
XI - a observância às orientações e normas emanadas do individual em relação ao uso indevido de drogas;
Conselho Nacional Antidrogas – Conad. IV - o compartilhamento de responsabilidades e a colaboração
mútua com as instituições do setor privado e com os diversos
Art. 5o O Sisnad tem os seguintes objetivos: segmentos sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a respectivos familiares, por meio do estabelecimento de parcerias;
torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e
para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros adequadas às especificidades socioculturais das diversas
comportamentos correlacionados; populações, bem como das diferentes drogas utilizadas;
II - promover a construção e a socialização do conhecimento VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do uso” e
sobre drogas no país; da redução de riscos como resultados desejáveis das atividades
III - promover a integração entre as políticas de prevenção do uso de natureza preventiva, quando da definição dos objetivos a
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes serem alcançados;
de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais
tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder vulneráveis da população, levando em consideração as suas
Executivo da União, Distrito Federal, Estados e Municípios; necessidades específicas;
IV - assegurar as condições para a coordenação, a integração e a VIII - a articulação entre os serviços e organizações que atuam em
articulação das atividades de que trata o art. 3o desta Lei. atividades de prevenção do uso indevido de drogas e a rede de
atenção a usuários e dependentes de drogas e respectivos
CAPÍTULO II familiares;
DA COMPOSIÇÃO E DA ORGANIZAÇÃO IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais, artísticas,
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE profissionais, entre outras, como forma de inclusão social e de
DROGAS melhoria da qualidade de vida;
X - o estabelecimento de políticas de formação continuada na
Art. 7o A organização do Sisnad assegura a orientação central e a
área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais
execução descentralizada das atividades realizadas em seu
de educação nos 3 níveis de ensino;
âmbito, nas esferas federal, distrital, estadual e municipal e se
XI - a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do uso
constitui matéria definida no regulamento desta Lei.
indevido de drogas, nas instituições de ensino público e privado,
alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos
CAPÍTULO IV
conhecimentos relacionados a drogas;
DA COLETA, ANÁLISE E DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES
XII - a observância das orientações e normas emanadas do
SOBRE DROGAS
Conad;
Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da atenção à saúde
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de
e da assistência social que atendam usuários ou dependentes de
políticas setoriais específicas.
drogas devem comunicar ao órgão competente do respectivo
Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevido de
sistema municipal de saúde os casos atendidos e os óbitos
drogas dirigidas à criança e ao adolescente deverão estar em
ocorridos, preservando a identidade das pessoas, conforme
consonância com as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional
orientações emanadas da União.
dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda.
Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao tráfico
CAPÍTULO II
ilícito de drogas integrarão sistema de informações do Poder
DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE REINSERÇÃO SOCIAL
Executivo.
DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS
Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e
TÍTULO III
dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito desta
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, ATENÇÃO E
Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade de vida e à
REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E DEPENDENTES DE DROGAS
redução dos riscos e dos danos associados ao uso de drogas.
CAPÍTULO I
DA PREVENÇÃO
Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do usuário ou
Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso indevido
do dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito
de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a
desta Lei, aquelas direcionadas para sua integração ou
redução dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a
reintegração em redes sociais.
promoção e o fortalecimento dos fatores de proteção.

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Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção social do ção de pequena quantidade de substância ou produto capaz de
usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares causar dependência física ou psíquica.
devem observar os seguintes princípios e diretrizes: § 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pesso-
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, al, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância
independentemente de quaisquer condições, observados os apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a
direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta
diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional de e aos antecedentes do agente.
Assistência Social; § 3o As penas previstas nos incisos II (PSC) e III (COMPARECI-
II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e reinserção MENTO A PROGRAMA/CURSO EDUCATIVO) do caput deste ar-
social do usuário e do dependente de drogas e respectivos tigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 meses.
familiares que considerem as suas peculiaridades socioculturais; § 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e
III - definição de projeto terapêutico individualizado, orientado III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de
para a inclusão social e para a redução de riscos e de danos 10 meses.
sociais e à saúde; § 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais,
respectivos familiares, sempre que possível, de forma hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados
multidisciplinar e por equipes multiprofissionais; sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da preven-
V - observância das orientações e normas emanadas do Conad; ção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de de drogas.
políticas setoriais específicas. § 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a
que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamen-
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos Estados, do te se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamen-
Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão programas de te a:
atenção ao usuário e ao dependente de drogas, respeitadas as I - admoestação verbal;
diretrizes do Ministério da Saúde e os princípios explicitados no II - multa.
art. 22 desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária adequada. § 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposi-
ção do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, prefe-
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios rencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.
poderão conceder benefícios às instituições privadas que
desenvolverem programas de reinserção no mercado de trabalho, O porte de drogas para consumo pessoal foi DESPENALIZADO,
do usuário e do dependente de drogas encaminhados por órgão isto é, continua sendo crime, mas as sanções aplicadas são mais
oficial. leves, sem que haja a privação da liberdade.

Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins lucrativos, com Cabível transação penal e suspensão condicional do processo.
atuação nas áreas da atenção à saúde e da assistência social, que STJ: A condenação pelo art. 28 da Lei 11.343/2006 (porte de
atendam usuários ou dependentes de drogas poderão receber droga para uso próprio) NÃO CONFIGURA REINCIDÊNCIA
recursos do Funad, condicionados à sua disponibilidade (REsp 1672654/SP)
orçamentária e financeira.
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o inci-
Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em razão da
so II (MULTA) do § 6o do art. 28, o juiz, atendendo à reprovabili-
prática de infração penal, estiverem cumprindo pena privativa de
dade da conduta, fixará o número de dias-multa, em quanti-
liberdade ou submetidos a medida de segurança, têm garantidos
dade nunca inferior a 40 nem superior a 100, atribuindo depois
os serviços de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo
a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor
sistema penitenciário.
de 1/30 avos até 3 vezes o valor do maior salário mínimo.
Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da multa a
CAPÍTULO III
que se refere o § 6 o do art. 28 serão creditados à conta do Fun-
DOS CRIMES E DAS PENAS
do Nacional Antidrogas.
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas
isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qual-
Art. 30. Prescrevem em 2 anos a imposição [Prescrição da pre-
quer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor.
tensão punitiva] E A EXECUÇÃO das penas [Prescrição da pre-
tensão executória], observado, no tocante à interrupção do pra-
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou
zo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.
trouxer consigo, PARA CONSUMO PESSOAL, drogas sem autori-
zação ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar
TÍTULO IV
será submetido às seguintes penas:
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
II - prestação de serviços à comunidade (PSC);
CAPÍTULO I
III - medida educativa de comparecimento a programa ou cur-
DISPOSIÇÕES GERAIS
so educativo.
Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade compe-
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo
tente para produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, pos-
pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à prepara-
suir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter,
transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou ad-

20
quirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
sua preparação, observadas as demais exigências legais. I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende,
expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz
Art. 32. As plantações ilícitas serão IMEDIATAMENTE DESTRU- consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou
ÍDAS pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que reco- em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-
lherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo la- prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de
vrando auto de levantamento das condições encontradas, com a drogas;
delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desa-
preservação da prova. cordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que
se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
Destruição imediata quando não tenha ocorrido a prisão em III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a pro-
flagrante priedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente
que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autori-
Forma de destruição: será feita por incineração (Art. 50-A) zação ou em desacordo com determinação legal ou regulamen-
tar, para o tráfico ilícito de drogas.
§ 3o Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a planta- § 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de dro-
ção, observar-se-á, além das cautelas necessárias à proteção ao ga:
meio ambiente, o disposto no Decreto n o 2.661, de 8 de julho de Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a
1998, no que couber, DISPENSADA a autorização prévia do ór- 300 (trezentos) dias-multa.
gão próprio do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama. § 3o [CRIME DE USO COMPARTILHADO] Oferecer droga, even-
§ 4o As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expro- tualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relaciona-
priadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição Federal, mento, para juntos a consumirem:
de acordo com a legislação em vigor. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de
700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem preju-
Lei 8257/91. ízo das penas previstas no art. 28.
Art. 1° As glebas de qualquer região do país onde forem § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1 o deste artigo, as pe-
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão nas poderão ser reduzidas de 1/6 a 2/3, vedada a conversão em
imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário,
assentamento de colonos, para o cultivo de produtos de bons antecedentes, não se dedique às atividades crimino-
alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao sas nem integre organização criminosa. TRÁFICO PRIVILEGIA-
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, DO.
conforme o art. 243 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico Requisitos devem ser cumulados (STF/STJ).
apreendido em decorrência do tráfico ilícito de
Não tem natureza hedionda (STF).
entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em
benefício de instituições e pessoal especializado no É crime formal.
tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e
É possível substituir a PPL pela PRD no crime de tráfico privi-
custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e
legiado (Art. 33, § 4º) se preencherem os requisitos legais do
repressão do crime de tráfico dessas substâncias.
Art. 44, CP (STJ).
Art. 2° Para efeito desta lei, plantas psicotrópicas são aquelas
que permitem a obtenção de substância entorpecente A natureza e a quantidade da droga NÃO podem ser utiliza-
proscrita, plantas estas elencadas no rol emitido pelo órgão das simultaneamente para justificar o aumento da pena-
sanitário competente do Ministério da Saúde. base e afastar a redução prevista no §4º do art. 33 da Lei
Parágrafo único. A autorização para a cultura de plantas 11.343/06, sob pena de caracterizar bis in idem (STJ).
psicotrópicas será concedida pelo órgão competente do
A quantidade de drogas encontrada não constitui, isolada-
Ministério da Saúde, atendendo exclusivamente a finalidades
mente, fundamento idôneo para negar o benefício da redu-
terapêuticas e científicas.
ção da pena previsto no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006
Art. 3° A cultura das plantas psicotrópicas caracteriza-se pelo
(STF).
preparo da terra destinada a semeadura, ou plantio, ou colheita.
Art. 4° As glebas referidas nesta lei, sujeitas à expropriação, Inquéritos policiais e/ou ações penais em curso podem ser
são aquelas possuídas a qualquer título. utilizados para afastar a aplicação do privilégio (STJ)

CAPÍTULO II Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender,


DOS CRIMES distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer,
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento
adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, trans- ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, pro-
portar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a dução ou transformação de drogas, sem autorização ou em de-
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem auto- sacordo com determinação legal ou regulamentar:
rização ou em desacordo com determinação legal ou regulamen- Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200
tar: (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de
500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

21
O art. 34 fica absorvido pelo art. 33, se ambos forem praticados de aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos)
no mesmo contexto. Princípio da consunção. dias-multa.
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulati-
vamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de
Art. 35. Associarem-se 2 ou mais pessoas para o fim de praticar,
400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo re-
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts.
ferido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passa -
33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
geiros.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700
(setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo in- Crime de perigo concreto, pois é necessário que fique provado
corre quem se associa para a prática reiterada do crime defi - o efetivo perigo à incolumidade de outrem.
nido no art. 36 desta Lei [Associação para o financiamento do Derrogou o art. 34 da LCP.
tráfico].
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumen-
A associação deve ser permanente e estável. tadas de um 1/6 a 2/3, se:
Não é equiparado a crime hediondo. I - a natureza, a procedência da substância ou do produto
apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transna-
cionalidade do delito;
ASSOCIAÇÃO ASSOCIAÇÃO ORGANIZAÇÃO II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública
PARA O TRÁFICO CRIMINOSA CRIMINOSA ou no desempenho de missão de educação, poder familiar,
2 ou + pessoas 3 ou + pessoas 4 ou + pessoas guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imedia-
ções de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitala-
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes
res, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recre-
previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
ativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coleti-
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de
vo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de
1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa.
qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de
drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais
Exceção à teoria monista do concurso de pessoas: se o agen- ou em transportes públicos;
te financia o tráfico praticado por terceiro, cada um responderá IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça,
por um crime autônomo – um por tráfico (art. 33, caput) e o ou- emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimida-
tro por financiamento ou custeio do tráfico (art. 36). ção difusa ou coletiva;
Difere do Autofinanciamento, que é aquele que financia a sua V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre
própria atividade ilícita – responde pelo art. 33, caput c/c art. 40, estes e o Distrito Federal;
VII. VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adoles-
cente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou su-
primida a capacidade de entendimento e determinação;
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previs-
tos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Art. 41. O indiciado ou acusado que COLABORAR VOLUNTARI-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300
AMENTE com a investigação policial e o processo criminal na
(trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e
na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que
de condenação, terá PENA REDUZIDA de um 1/3 a 2/3.
delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento Investigação policial e processo
de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa. criminal instaurados
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Identificação dos demais
Federal da categoria profissional a que pertença o agente. coautores e partícipes
COLABORAÇÃO PREMIADA
Requisitos Recuperação total ou parcial
É necessário que o sujeito ativo esteja no exercício da profissão.
do produto do crime
O delito é praticado somente nas três hipóteses previstas no tipi:
Voluntariedade (não se exige
a) Droga desnecessária ao paciente
espontaneidade)
b) Droga necessária, mas em quantidade excessiva
c) Droga necessária, mas em desacordo com determinação legal.
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponde-
rância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a NATURE-
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de
ZA e a QUANTIDADE da substância ou do produto, a PERSONA-
drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:
LIDADE e a CONDUTA SOCIAL do agente.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da
apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proi-
bição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberda-

22
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal
desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, de- e da Lei de Execução Penal.
terminará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segun- § 1o O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 des-
do as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a ta Lei (CONSUMO PESSOAL), salvo se houver concurso com os
1/30 avos nem superior a 5 vezes o maior salário-mínimo. crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei n o 9.099, de
serão impostas SEMPRE CUMULATIVAMENTE, podem ser au- 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais
mentadas até o décuplo se, em virtude da situação econômica Criminais.
do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas § 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei (CON-
no máximo. SUMO PESSOAL), NÃO SE IMPORÁ PRISÃO EM FLAGRANTE,
devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao
Critério bifásico: juízo competente ou, na falta deste, assumir o compromisso
1° Fixa-se o número de dias-multa de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e
2° Fixa-se o valor de cada dia-multa providenciando-se as requisições dos exames e perícias ne-
cessários.
§ 3o Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas no
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1 o, e 34 a 37 § 2o deste artigo serão tomadas de imediato pela autoridade poli-
desta Lei são INAFIANÇÁVEIS e INSUSCETÍVEIS de SURSIS, cial, no local em que se encontrar, VEDADA A DETENÇÃO do
GRAÇA, INDULTO, ANISTIA e liberdade provisória, vedada a agente.
conversão de suas penas em restritivas de direitos. § 4o Concluídos os procedimentos de que trata o § 2 o deste arti-
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar- go, o agente será submetido a exame de corpo de delito, se o
se-á o livramento condicional após o cumprimento de 2/3 da requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender conve-
pena, vedada sua concessão ao reincidente específico. niente, e em seguida liberado.
§ 5o Para os fins do disposto no art. 76 da Lei no 9.099, de 1995,
Associação para o tráfico não é crime hediondo, mas para a que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Ministério
concessão do livramento condicional é necessário cumprir 2/3 Público poderá propor a aplicação imediata de pena prevista
da pena, por imposição legal. no art. 28 desta Lei, a ser especificada na proposta (transação
penal).
STF: inconstitucionalidade da vedação genérica da liberdade
provisória, independentemente da presença dos critérios
Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33, caput e §
previstos no art. 312 do CPP.
1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as circunstâncias o reco-
STF: inconstitucionalidade da vedação da pena restritiva de mendem, empregará os instrumentos protetivos de colaborado-
direitos, por violar o princípio da individualização da pena. res e testemunhas previstos na Lei no 9.807, de 13 de julho de
1999.
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependên-
cia, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, Seção I
de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que te- Da Investigação
nha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de en- Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia
tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente,
com esse entendimento. remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por órgão do Ministério Público, em 24 horas.
força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto nes- § 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e
te artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o
determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, fir-
tratamento médico adequado. mado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.

Art. 46. As penas podem ser reduzidas de 1/3 a 2/3 se, por for- O laudo preliminar possui natureza jurídica de CONDIÇÃO
ça das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não OBJETIVA DE PROCEDIBILIDADE. Dessa forma, caso a
possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade denúncia seja oferecida sem o laudo de constatação, não
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acor - haverá justa causa para a ação penal.
do com esse entendimento.
§ 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1 o deste
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação artigo NÃO FICARÁ IMPEDIDO de participar da elaboração do
que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para laudo definitivo.
tratamento, realizada por profissional de saúde com competência § 3o Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no
específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda, ob- prazo de 10 dias, certificará a regularidade formal do laudo de
servado o disposto no art. 26 desta Lei. constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas,
guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.
CAPÍTULO III § 4o A destruição das drogas será executada pelo delegado de
DO PROCEDIMENTO PENAL polícia competente no prazo de 15 dias na presença do Minis-
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes defini- tério Público e da autoridade sanitária.
dos neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo, aplicando-

23
§ 5o O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destrui- Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo (NÃO-
ção das drogas referida no § 3 o, sendo lavrado auto circunstancia- ATUAÇÃO POLICIAL), a autorização será concedida desde que
do pelo delegado de polícia, certificando-se neste a destruição sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos
total delas. agentes do delito ou de colaboradores.

Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrên- Amparado pela excludente de ilicitude do ES-
cia de prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo TRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
máximo de 30 dias contado da data da apreensão, guardando-
se amostra necessária à realização do laudo definitivo, aplicando- O infiltrado ganha a confiança do investigado
se, no que couber, o procedimento dos §§ 3o a 5o do art. 50. e retira dele as informações necessárias da
AGENTE
atuação ilícita do grupo, tendo uma atuação
INFILTRADO
INFORMATIVA DO CRIME e NÃO FORMATI-
DESTRUIÇÃO DA DROGA
VA.
COM PRISÃO EM SEM PRISÃO EM
É um meio de obtenção de prova na fase de
FLAGRANTE FLAGRANTE
investigação criminal (MEDIDA CAUTELAR
Será executada pelo delega- Será feita por incineração, no PREPARATÓRIA SATISFATIVA DA AÇÃO PE-
do de polícia competente no prazo máximo de 30 dias NAL)
prazo de 15 dias na presença contado da data da apreen-
Previsão legal:
do Ministério Público e da são, guardando-se amostra ne-
Art. 53, Lei de Drogas
autoridade sanitária. cessária à realização do laudo
Art. 10 a 14, Lei de Organização Criminosa
definitivo

Seção II
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 dias,
Da Instrução Criminal
se o indiciado estiver preso, e de 90 dias, quando solto.
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de Co-
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem
missão Parlamentar de Inquérito ou peças de informação, dar-se-
ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, median-
á vista ao Ministério Público para, no prazo de 10 dias, adotar
te pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
uma das seguintes providências:
I - requerer o arquivamento;
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a au-
II - requisitar as diligências que entender necessárias;
toridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 testemunhas e requerer as
juízo:
demais provas que entender pertinentes.
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do
razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quanti-
acusado para oferecer DEFESA PRÉVIA, por escrito, no prazo de
dade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local
10 dias.
e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as cir-
§ 1o Na resposta, consistente em defesa preliminar e exce-
cunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes
ções, o acusado poderá arguir preliminares e invocar todas as ra-
do agente; ou
zões de defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as
II - requererá sua devolução para a realização de diligências ne-
provas que pretende produzir e, até o número de 5, arrolar teste-
cessárias.
munhas.
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de
§ 2o As exceções serão processadas em apartado, nos termos
diligências complementares:
dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei n o 3.689, de 3 de outubro de
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo resulta-
1941 - Código de Processo Penal.
do deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 dias antes
§ 3o Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará
da audiência de instrução e julgamento;
defensor para oferecê-la em 10 dias, concedendo-lhe vista dos
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e valo-
autos no ato de nomeação.
res de que seja titular o agente, ou que figurem em seu nome,
§ 4o Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 dias.
cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até
§ 5o Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de 10
3 dias antes da audiência de instrução e julgamento.
dias, determinará a apresentação do preso, realização de diligên-
cias, exames e perícias.
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos
crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para
lei, MEDIANTE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL e ouvido o Ministério
a audiência de instrução e julgamento, ordenará a citação pes-
Público, os seguintes procedimentos investigatórios:
soal do acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente,
I - a INFILTRAÇÃO por agentes de polícia, em tarefas de investi-
se for o caso, e requisitará os laudos periciais.
gação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes;
§ 1o Tratando-se de condutas tipificadas como infração do dis-
II – [AÇÃO CONTROLADA, FLAGRANTE RETARDADO, DIFERI-
posto nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, ao rece-
DO OU POSTERGADO] a NÃO-ATUAÇÃO POLICIAL sobre os
ber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do de-
portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros pro-
nunciado de suas atividades, se for funcionário público, co-
dutos utilizados em sua produção, que se encontrem no território
municando ao órgão respectivo.
brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar
§ 2o A audiência a que se refere o caput deste artigo será reali-
maior número de integrantes de operações de tráfico e distri-
zada dentro dos 30 dias seguintes ao recebimento da denún-
buição, sem prejuízo da ação penal cabível.

24
cia, salvo se determinada a realização de avaliação para atestar Parágrafo único. Recaindo a autorização sobre veículos, em-
dependência de drogas, quando se realizará em 90 dias. barcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito
ou ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de
Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o interro- certificado provisório de registro e licenciamento, em favor da
gatório do acusado e a inquirição das testemunhas, será dada a instituição à qual tenha deferido o uso, ficando esta livre do pa-
palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério Público e gamento de multas, encargos e tributos anteriores, até o trânsito
ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 em julgado da decisão que decretar o seu perdimento em fa-
minutos para cada um, prorrogável por mais 10, a critério do juiz. vor da União.
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará
das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando Art. 62. Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer ou-
as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevan- tros meios de transporte, os maquinários, utensílios, instrumentos
te. e objetos de qualquer natureza, utilizados para a prática dos
crimes definidos nesta Lei, após a sua regular apreensão, fica-
STF: Interrogatório é o último ato, mesmo na Lei de Drogas. rão sob custódia da autoridade de polícia judiciária, excetua-
das as armas, que serão recolhidas na forma de legislação espe-
cífica.
Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de ime-
§ 1o Comprovado o interesse público na utilização de qualquer
diato, ou o fará em 10 dias, ordenando que os autos para isso lhe
dos bens mencionados neste artigo, a autoridade de polícia ju-
sejam conclusos.
diciária poderá deles fazer uso, sob sua responsabilidade e
com o objetivo de sua conservação, mediante autorização ju-
Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1 o, e 34 a 37
dicial, ouvido o Ministério Público.
desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, salvo
§ 2o Feita a apreensão a que se refere o caput deste artigo, e ten-
se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na
do recaído sobre dinheiro ou cheques emitidos como ordem de
sentença condenatória.
pagamento, a autoridade de polícia judiciária que presidir o in-
quérito deverá, de imediato, requerer ao juízo competente a inti-
CAPÍTULO IV
mação do Ministério Público.
DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO DE BENS DO
§ 3o Intimado, o Ministério Público deverá requerer ao juízo, em
ACUSADO
caráter cautelar, a conversão do numerário apreendido em moeda
Art. 60. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou
nacional, se for o caso, a compensação dos cheques emitidos
mediante representação da autoridade de polícia judiciária, ouvi-
após a instrução do inquérito, com cópias autênticas dos respecti-
do o Ministério Público, havendo indícios suficientes, poderá
vos títulos, e o depósito das correspondentes quantias em conta
decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão
judicial, juntando-se aos autos o recibo.
e outras medidas assecuratórias relacionadas aos bens móveis
§ 4o Após a instauração da competente ação penal, o Ministério
e imóveis ou valores consistentes em produtos dos crimes pre-
Público, mediante petição autônoma, requererá ao juízo compe-
vistos nesta Lei, ou que constituam proveito auferido com sua
tente que, em caráter cautelar, proceda à alienação dos bens
prática, procedendo-se na forma dos arts. 125 a 144 do Código
apreendidos, excetuados aqueles que a União, por intermédio da
de Processo Penal.
Senad, indicar para serem colocados sob uso e custódia da auto-
§ 1o Decretadas quaisquer das medidas previstas neste artigo, o
ridade de polícia judiciária, de órgãos de inteligência ou militares,
juiz facultará ao acusado que, no prazo de 5 dias, apresente ou
envolvidos nas ações de prevenção ao uso indevido de drogas e
requeira a produção de provas acerca da origem lícita do pro-
operações de repressão à produção não autorizada e ao tráfico
duto, bem ou valor objeto da decisão.
ilícito de drogas, exclusivamente no interesse dessas atividades.
§ 2o Provada a origem lícita do produto, bem ou valor, o juiz de-
§ 5o Excluídos os bens que se houver indicado para os fins previs-
cidirá pela sua liberação.
tos no § 4o deste artigo, o requerimento de alienação deverá con-
§ 3o NENHUM pedido de restituição será conhecido sem o
ter a relação de todos os demais bens apreendidos, com a descri-
comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determi-
ção e a especificação de cada um deles, e informações sobre
nar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos
quem os tem sob custódia e o local onde se encontram.
ou valores.
§ 6o Requerida a alienação dos bens, a respectiva petição será au-
§ 4o A ordem de apreensão ou sequestro de bens, direitos ou va-
tuada em apartado, cujos autos terão tramitação autônoma em
lores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério Público,
relação aos da ação penal principal.
quando a sua execução imediata possa comprometer as investi-
§ 7o Autuado o requerimento de alienação, os autos serão con-
gações.
clusos ao juiz, que, verificada a presença de nexo de instrumenta-
lidade entre o delito e os objetos utilizados para a sua prática e
Art. 61. Não havendo prejuízo para a produção da prova dos
risco de perda de valor econômico pelo decurso do tempo, deter-
fatos e comprovado o interesse público ou social, ressalvado o
minará a avaliação dos bens relacionados, cientificará a Senad e
disposto no art. 62 desta Lei, mediante autorização do juízo com-
intimará a União, o Ministério Público e o interessado, este, se for
petente, ouvido o Ministério Público e cientificada a Senad, os
o caso, por edital com prazo de 5 dias.
bens apreendidos poderão ser utilizados pelos órgãos ou pe-
§ 8o Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre o
las entidades que atuam na prevenção do uso indevido, na
respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará o valor atribuí-
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de dro-
do aos bens e determinará sejam alienados em leilão.
gas e na repressão à produção não autorizada e ao tráfico
§ 9o Realizado o leilão, permanecerá depositada em conta judicial
ilícito de drogas, exclusivamente no interesse dessas ativida-
a quantia apurada, até o final da ação penal respectiva, quando
des.

25
será transferida ao Funad, juntamente com os valores de que trata III - intercâmbio de informações policiais e judiciais sobre produ-
o § 3o deste artigo. tores e traficantes de drogas e seus precursores químicos.
§ 10. Terão APENAS EFEITO DEVOLUTIVO os recursos interpos-
tos contra as decisões proferidas no curso do procedimento pre- TÍTULO VI
visto neste artigo. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
§ 11. Quanto aos bens indicados na forma do § 4 o deste artigo, Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1 o desta
recaindo a autorização sobre veículos, embarcações ou aerona- Lei, até que seja atualizada a terminologia da lista mencionada no
ves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente ór- preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes, psico-
gão de registro e controle a expedição de certificado provisório trópicas, precursoras e outras sob controle especial, da Portaria
de registro e licenciamento, em favor da autoridade de polícia ju- SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998.
diciária ou órgão aos quais tenha deferido o uso, ficando estes li-
vres do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, até Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei n o 7.560, de 19
o trânsito em julgado da decisão que decretar o seu perdimento de dezembro de 1986, em favor de Estados e do Distrito Federal,
em favor da União. dependerá de sua adesão e respeito às diretrizes básicas contidas
nos convênios firmados e do fornecimento de dados necessários
Art. 63. Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre à atualização do sistema previsto no art. 17 desta Lei, pelas res-
o perdimento do produto, bem ou valor apreendido, sequestra- pectivas polícias judiciárias.
do ou declarado indisponível.
§ 1o Os valores apreendidos em decorrência dos crimes tipifica- Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
dos nesta Lei e que não forem objeto de tutela cautelar, após de- poderão criar estímulos fiscais e outros, destinados às pessoas
cretado o seu perdimento em favor da União, serão revertidos di - físicas e jurídicas que colaborem na prevenção do uso indevido
retamente ao Funad. de drogas, atenção e reinserção social de usuários e dependentes
§ 2o Compete à Senad a alienação dos bens apreendidos e não e na repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de
leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento já tenha sido de- drogas.
cretado em favor da União.
§ 3o A Senad poderá firmar convênios de cooperação, a fim de Art. 69. No caso de falência ou liquidação extrajudicial de empre-
dar imediato cumprimento ao estabelecido no § 2o deste artigo. sas ou estabelecimentos hospitalares, de pesquisa, de ensino, ou
§ 4o Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz do congêneres, assim como nos serviços de saúde que produzirem,
processo, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, re- venderem, adquirirem, consumirem, prescreverem ou fornecerem
meterá à Senad relação dos bens, direitos e valores declarados drogas ou de qualquer outro em que existam essas substâncias
perdidos em favor da União, indicando, quanto aos bens, o local ou produtos, incumbe ao juízo perante o qual tramite o feito:
em que se encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder es- I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou liquidação,
tejam, para os fins de sua destinação nos termos da legislação vi- sejam lacradas suas instalações;
gente. II - ordenar à autoridade sanitária competente a urgente adoção
das medidas necessárias ao recebimento e guarda, em depósito,
Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá firmar convê- das drogas arrecadadas;
nio com os Estados, com o Distrito Federal e com organismos ori - III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para acompanhar
entados para a prevenção do uso indevido de drogas, a atenção e o feito.
a reinserção social de usuários ou dependentes e a atuação na re- § 1o Da licitação para alienação de substâncias ou produtos não
pressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, proscritos referidos no inciso II do caput deste artigo, só podem
com vistas na liberação de equipamentos e de recursos por ela participar pessoas jurídicas regularmente habilitadas na área de
arrecadados, para a implantação e execução de programas relaci- saúde ou de pesquisa científica que comprovem a destinação líci-
onados à questão das drogas. ta a ser dada ao produto a ser arrematado.
TÍTULO V § 2o Ressalvada a hipótese de que trata o § 3 o deste artigo, o pro-
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL duto não arrematado será, ato contínuo à hasta pública, destruído
Art. 65. De conformidade com os princípios da não-intervenção pela autoridade sanitária, na presença dos Conselhos Estaduais
em assuntos internos, da igualdade jurídica e do respeito à in- sobre Drogas e do Ministério Público.
tegridade territorial dos Estados e às leis e aos regulamentos § 3o Figurando entre o praceado e não arrematadas especialida-
nacionais em vigor, e observado o espírito das Convenções das des farmacêuticas em condições de emprego terapêutico, ficarão
Nações Unidas e outros instrumentos jurídicos internacionais re- elas depositadas sob a guarda do Ministério da Saúde, que as
lacionados à questão das drogas, de que o Brasil é parte, o gover- destinará à rede pública de saúde.
no brasileiro prestará, quando solicitado, cooperação a outros pa-
íses e organismos internacionais e, quando necessário, deles soli- Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos
citará a colaboração, nas áreas de: arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional,
I - intercâmbio de informações sobre legislações, experiências, são da competência da Justiça Federal.
projetos e programas voltados para atividades de prevenção do Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não
uso indevido, de atenção e de reinserção social de usuários e de- sejam sede de vara federal serão processados e julgados na
pendentes de drogas; vara federal da circunscrição respectiva.
II - intercâmbio de inteligência policial sobre produção e tráfico
de drogas e delitos conexos, em especial o tráfico de armas, a la- Art. 72. Encerrado o processo penal ou arquivado o inquérito po-
vagem de dinheiro e o desvio de precursores químicos; licial, o juiz, de ofício, mediante representação do delegado de
polícia ou a requerimento do Ministério Público, determinará a

26
destruição das amostras guardadas para contraprova, certificando da Lei de Execução Penal, qual seja, 1/6; posteriormente,
isso nos autos. passou-se a exigir o cumprimento de 2/5 da pena pelo réu
primário e 3/5 pelo reincidente.
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com os Estados e 11) Para a caracterização do crime de associação para o tráfico
o com o Distrito Federal, visando à prevenção e repressão do é imprescindível o dolo de se associar com estabilidade e
tráfico ilícito e do uso indevido de drogas, e com os Municípios, permanência.
com o objetivo de prevenir o uso indevido delas e de possibilitar 12) O delito de associação para o tráfico de drogas não
a atenção e reinserção social de usuários e dependentes de dro- possui natureza hedionda.
gas. 13) O parágrafo único do art. 44 da Lei n. 11.343/2006 exige
o cumprimento de 2/3 da pena para a obtenção do
SÚMULAS SOBRE LEI DE DROGAS livramento condicional nos casos de condenação por
associação para o tráfico (art. 35), ainda que este não seja
Súmula 501-STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei
hediondo, sendo vedado o benefício ao reincidente
11.343/06, desde que o resultado da incidência das suas disposi-
específico.
ções, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo
14) O § 3º do art. 33 da Lei nº 11.343/06 traz tipo específico
da aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada a combinação de
para aquele que fornece gratuitamente substância entorpecente
leis (lex tertia)
a pessoa de seu relacionamento para juntos a consumirem e,
Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de dro-
por se tratar de norma penal mais benéfica, deve ser aplicado
gas (art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006) configura-se com a prova
retroativamente.
da destinação internacional das drogas, ainda que não consu-
15) Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga
mada a transposição de fronteiras.
remetida do exterior pela via postal processar e julgar o
crime de tráfico internacional. (Súmula n. 528/STJ)
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ 16) A natureza e a quantidade da droga não podem ser
utilizadas simultaneamente para justificar o aumento da
EDIÇÃO N. 45: LEI DE DROGAS
pena-base e afastar a redução prevista no §4º do art. 33 da
1) Com o advento da Lei n. 11.343/2006, não houve
Lei 11.343/06, sob pena de caracterizar bis in idem .
descriminalização da conduta de porte de substância
17) A causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art.
entorpecente para consumo pessoal, mas mera
33 da Lei de Drogas só pode ser aplicada se todos os
despenalização.
requisitos, cumulativamente, estiverem presentes.
2) A condenação transitada em julgado pela prática do tipo
penal inserto no art. 28 da Lei n. 11.343/06 gera EDIÇÃO N. 60: LEI DE DROGAS - II
reincidência e maus antecedentes, sendo fundamento legal 1) O tráfico de drogas é crime de ação múltipla e a prática de
idôneo para majorar a pena. um dos verbos contidos no art. 33, caput, é suficiente para a
STJ: A condenação pelo art. 28 da Lei 11.343/2006 (porte de consumação da infração, sendo prescindível a realização de
droga para uso próprio) NÃO CONFIGURA REINCIDÊNCIA atos de venda do entorpecente.
(REsp 1672654/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS 3) A condenação simultânea nos crimes de tráfico e
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 21/08/2018, DJe associação para o tráfico afasta a incidência da causa
30/08/2018) especial de diminuição prevista no art. 33, §4º, da Lei n.
3) O princípio da insignificância NÃO SE APLICA aos delitos 11.343/06 por estar evidenciada dedicação a atividades
de tráfico de drogas e porte de substância entorpecente criminosas ou participação em organização criminosa.
para consumo próprio, pois trata-se de crimes de perigo 5) É possível que a causa de diminuição estabelecida no art. 33,
abstrato ou presumido. § 4º, da Lei n. 11.343/06 seja fixada em patamar diverso do
5) Reconhecida a inconstitucionalidade da vedação prevista na máximo de 2/3, em razão da qualidade e da quantidade de
parte final do §4º do art. 33 da Lei de Drogas, admite-se a droga apreendida.
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de 6) O juiz pode fixar regime inicial mais gravoso do que
direitos aos condenados pelo crime de tráfico de drogas, aquele relacionado unicamente com o quantum da pena ao
desde que preenchidos os requisitos do art. 44 do Código considerar a natureza ou a quantidade da droga.
Penal. 7) A Lei n. 11.343/06 aboliu a majorante da associação eventual
6) A utilização da reincidência como agravante genérica e para o tráfico prevista no artigo 18, III, primeira parte, da Lei n.
circunstância que afasta a causa especial de diminuição da pena 6.368/76.
do crime de tráfico não caracteriza bis in idem. 8) A incidência de mais de uma causa de aumento prevista no
7) Reconhecida a inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei art. 40 da Lei n. 11.343/06 não implica a automática
n. 8.072/1990, é possível a fixação de regime prisional majoração da pena acima do mínimo (2/3) na terceira fase, pois
diferente do fechado para o início do cumprimento de pena a sua exasperação exige fundamentação concreta.
imposta ao condenado por tráfico de drogas, devendo o 9) O art. 40 da Lei n. 11.343/06 conferiu tratamento mais
magistrado observar as regras previstas nos arts. 33 e 59 do favorável às causas especiais de aumento de pena, devendo ser
Código Penal. aplicado retroativamente aos delitos cometidos sob a égide da
8) É possível a concessão de liberdade provisória nos crimes Lei n. 6.368/76.
de tráfico ilícito de entorpecentes. 10) Não acarreta bis in idem a incidência simultânea das
9) O requisito objetivo necessário para a progressão de regime majorantes previstas no art. 40 aos crimes de tráfico de
prisional dos crimes hediondos e equiparados, praticados antes drogas e de associação para fins de tráfico, porquanto são
do advento da Lei n. 11.464/07, deve ser o previsto no art. 112 delitos autônomos, cujas penas devem ser calculadas e

27
fixadas separadamente.
11) Não há bis in idem na aplicação da causa de aumento de
pena pela transnacionalidade (art. 40, I, da Lei n. 11.343/06)
com as condutas de importar e exportar previstas no caput
do art. 33 da Lei de Drogas, porquanto o simples fato de o
agente trazer consigo a droga já conduz à configuração da
tipicidade formal do crime de tráfico.
12) Configura-se a transnacionalidade do tráfico de drogas com
a comprovação de que a substância tinha como destino ou
origem outro país, independentemente da efetiva
transposição de fronteiras.
13) Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei
n. 11.343/06 é desnecessária a efetiva transposição de
fronteiras entre estados , sendo suficiente a demonstração
inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual.
14) As condutas anteriormente descritas no art. 12, § 2º, III, da
Lei n. 6.368/76 foram mantidas pela nova Lei de Drogas, razão
pela qual não há que se falar em abolitio criminis.
15) A inobservância do rito procedimental que prevê a
apresentação de defesa prévia antes do recebimento da
denúncia gera nulidade relativa desde que demonstrados
eventuais prejuízos suportados pela defesa.
16) É dispensável a expedição de mandado de busca e
apreensão domiciliar quando se trata de flagrante de crime
permanente, como é o caso do tráfico ilícito de entorpecentes
na modalidade guardar ou ter em depósito.
17) A posse de substância entorpecente para uso próprio
configura crime doloso e, quando cometido no interior do
estabelecimento prisional constitui falta grave, nos termos
do art. 52 da Lei de Execução Penal LEP (Lei n. 7.210/84).
18) A comprovação da materialidade do delito de posse de
drogas para uso próprio (artigo 28 da Lei n.11.343/06) exige a
elaboração de laudo de constatação da substância
entorpecente que evidencie a natureza e a quantidade da
substância apreendida.
19) O laudo pericial definitivo atestando a ilicitude da droga
afasta eventuais irregularidades do laudo preliminar
realizado na fase de investigação.
20) O laudo de constatação preliminar da substância
entorpecente constitui condição de procedibilidade para
apuração do crime de tráfico de drogas.

28
DIA 25 Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, CONSI-
DERA-SE OCORRIDO O FATO GERADOR e existentes os seus
efeitos:
I - tratando-se de SITUAÇÃO DE FATO, desde o momento
CTN: art. 113-156 em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias
LEI 11340/06 – Lei Maria da Penha a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;
LEI 9099/95 - JECCrim: Art. 1-59 II - tratando-se de SITUAÇÃO JURÍDICA, desde o momen-
Lei Nº 4.898/1965 - Abuso de Autoridade to em que esteja definitivamente constituída, nos termos de
Lei Nº 9.455/1997 - Crimes de Tortura direito aplicável.
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá des-
CTN considerar atos ou negócios jurídicos praticados com a finali-
dade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou
a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributá-
TÍTULO II
ria, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei
Obrigação Tributária
ordinária.
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. OCORRÊNCIA DO FG
§ 1º A OBRIGAÇÃO PRINCIPAL surge com a ocorrência do SITUAÇÃO DE FATO SITUAÇÃO JURÍDICA
fato gerador, tem por OBJETO o pagamento de tributo ou pe-
nalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito Desde o momento em que o se Desde o momento em que es-
dela decorrente. verifiquem as circunstâncias teja definitivamente constitu-
§ 2º A OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA decorre da legislação tri- materiais necessárias a que ída, nos termos de direito apli-
butária (e não apenas da lei em sentido estrito) e tem por ob- produza os efeitos que normal- cável.
jeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no mente lhe são próprios;
interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inob- Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo
servância, CONVERTE-SE EM OBRIGAÇÃO PRINCIPAL relativa- disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos
mente à penalidade pecuniária. condicionais reputam-se perfeitos e acabados:
I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu
OBRIGAÇÃO PRINCIPAL OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA implemento;
II - sendo resolutória a condição, desde o momento da
Surge com a ocorrência do FG Decorre da legislação tributária prática do ato ou da celebração do negócio.
Objeto: pagamento de tributo Objeto: prestações, positivas/
OU penalidade pecuniária negativas, previstas no interes- Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada
se da arrecadação ou fiscaliza- abstraindo-se:
ção dos tributos I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados
pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da na-
Extingue-se com o crédito dela Em caso de sua inobservância, tureza do seu objeto ou dos seus efeitos – Princípio da Interpre-
decorrente converte-se em Obrigação tação Objetiva do FG ou Princípio da Cláusula Non Olet;
Principal, relativamente à pena II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
pecuniária
CAPÍTULO III
CAPÍTULO II Sujeito Ativo
Fato Gerador Art. 119. SUJEITO ATIVO da obrigação é a pessoa jurídica
Art. 114. FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL é a de direito público, titular da competência para exigir o seu
situação definida em lei como necessária e suficiente à sua cumprimento.
ocorrência.
Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa ju-
Art. 115. FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA é rídica de direito público, que se constituir pelo desmembramento
qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe territorial de outra, subroga-se nos direitos desta, cuja legislação
a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação tributária aplicará até que entre em vigor a sua própria.
principal.
CAPÍTULO IV
FG OBRIGAÇÃO PRINCIPAL FG OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA Sujeito Passivo
SEÇÃO I
Situação definida em lei como Qualquer situação que, na for- Disposições Gerais
necessária e suficiente à sua ma da legislação aplicável, Art. 121. SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL é a
ocorrência. impõe a prática ou a abstenção pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pe-
de ato que não configure obri- cuniária.
gação principal. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal
diz-se:

1
I - CONTRIBUINTE, quando tenha relação pessoal e direta I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual,
com a situação que constitua o respectivo fato gerador; ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de
II - RESPONSÁVEL, quando, sem revestir a condição de sua atividade;
contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às fir-
lei. mas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou
fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento;
SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qual-
Pessoa obrigada ao pagamento de tributo quer de suas repartições no território da entidade tributante.
ou penalidade pecuniária. § 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em
qualquer dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio
CONTRIBUINTE RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO tributário do contribuinte ou responsável o LUGAR DA SITUA-
Tem relação pessoal e direta Sem ser contribuinte, sua ÇÃO DOS BENS ou da OCORRÊNCIA DOS ATOS OU FATOS que
com a situação que constitua obrigação decorra de dispo- deram origem à obrigação.
o respectivo fato gerador sição expressa de lei. § 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio
eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a
fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo
Art. 122. SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA é
anterior.
a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto.

Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as conven- Regra: o sujeito passivo escolhe seu domicílio tributário
ções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamen-
to de tributos, NÃO PODEM SER OPOSTAS À FAZENDA PÚBLI- CAPÍTULO V
CA, para modificar a definição legal do sujeito passivo das Responsabilidade Tributária
obrigações tributárias correspondentes. SEÇÃO I
Disposição Geral
SEÇÃO II Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode
Solidariedade atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tri-
Art. 124. SÃO SOLIDARIAMENTE OBRIGADAS: butário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respecti-
I - as pessoas que tenham interesse comum na situação va obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou
que constitua o fato gerador da obrigação principal; atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou
II - as pessoas expressamente designadas por lei. parcial da referida obrigação.
Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo NÃO
SÚMULAS SOBRE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
COMPORTA BENEFÍCIO DE ORDEM.
Súmula 430-STJ: O inadimplemento da obrigação tributária
Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguin- pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade
tes os EFEITOS DA SOLIDARIEDADE: solidária do sócio-gerente.
I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aprovei- Súmula 435-STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a
ta aos demais; empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal,
II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o
obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, sub- redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.
sistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo sal- Súmula 554-STJ: Na hipótese de sucessão empresarial, a
do; responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos
III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias
obrigados, favorece ou prejudica aos demais. ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a
data da sucessão
SEÇÃO III Súmula 585-STJ: A responsabilidade solidária do ex-proprie-
Capacidade Tributária tário, prevista no art. 134 do Código de Trânsito Brasileiro –
Art. 126. A CAPACIDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA independe: CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veículo automo-
I - da capacidade civil das pessoas naturais; tor, no que se refere ao período posterior à sua alienação.
II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que im-
portem privação ou limitação do exercício de atividades civis, SEÇÃO II
comerciais ou profissionais, ou da administração direta de Responsabilidade dos Sucessores
seus bens ou negócios; Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de
bastando que configure uma unidade econômica ou profissional constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos
– Princípio da Interpretação Objetiva do FG ou Princípio da posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obriga-
Cláusula Non Olet ções tributárias surgidas até a referida data.

SEÇÃO IV Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo


Domicílio Tributário fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de
Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsá- bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de
vel, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria,
considera-se como tal:

2
subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo Responsabilidade de Terceiros
quando conste do título a prova de sua quitação. Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, res-
sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço. pondem solidariamente com este nos atos em que intervierem
ou pelas omissões de que forem responsáveis:
Art. 131. São pessoalmente responsáveis: I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;
I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus
bens adquiridos ou remidos; tutelados ou curatelados;
II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tri- III - os administradores de bens de terceiros, pelos tribu-
butos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, tos devidos por estes;
limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do lega- IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
do ou da meação; V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela
III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data massa falida ou pelo concordatário;
da abertura da sucessão. VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício,
pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou pe-
Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de rante eles, em razão do seu ofício;
fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pesso-
responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas as.
pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em
incorporadas. matéria de penalidades, às de CARÁTER MORATÓRIO.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos
de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos
exploração da respectiva atividade seja continuada por qual- correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos pra-
quer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou ou- ticados com EXCESSO DE PODERES ou INFRAÇÃO de lei, con-
tra razão social, ou sob firma individual. trato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que II - os mandatários, prepostos e empregados;
adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou esta- III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas ju-
belecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a rídicas de direito privado.
respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob
firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao SEÇÃO IV
fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: Responsabilidade por Infrações
I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabi-
comércio, indústria ou atividade; lidade por infrações da legislação tributária independe da in-
II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir tenção do agente ou do responsável e da efetividade, nature-
na exploração ou iniciar dentro de 6 meses a contar da data da za e extensão dos efeitos do ato.
alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de co-
mércio, indústria ou profissão. Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente:
§ 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipó- I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou
tese de alienação judicial: contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de
I – em processo de falência; administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cum-
II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de primento de ordem expressa emitida por quem de direito;
recuperação judicial. II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico
§ 2o Não se aplica o disposto no § 1o deste artigo quando o do agente seja elementar;
adquirente for: III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamen-
I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou te de dolo específico:
sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação ju- a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por
dicial; quem respondem;
II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o grau, consan- b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus
guíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou mandantes, preponentes ou empregadores;
de qualquer de seus sócios; ou c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas ju-
III – identificado como agente do falido ou do devedor em rídicas de direito privado, contra estas.
recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributá-
ria. Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia es-
§ 3o Em processo da falência, o produto da alienação judicial pontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do paga-
de empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em mento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito
conta de depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de da importância arbitrada pela autoridade administrativa,
1 ano, contado da data de alienação, somente podendo ser utili- quando o montante do tributo dependa de apuração.
zado para o pagamento de créditos extraconcursais ou de crédi- Parágrafo único. NÃO SE CONSIDERA ESPONTÂNEA a de-
tos que preferem ao tributário. núncia apresentada após o início de qualquer procedimento
administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a
SEÇÃO III infração.

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Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do
TÍTULO III fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente,
Crédito Tributário ainda que posteriormente modificada ou revogada.
CAPÍTULO I § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormen-
Disposições Gerais te à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído no-
Art. 139. O CRÉDITO TRIBUTÁRIO decorre da obrigação vos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado
principal e tem a mesma natureza desta. os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou
outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto,
Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tribu- neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tri-
tário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilé- butária a terceiros.
gios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afe- § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lan-
tam a obrigação tributária que lhe deu origem. çados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei
fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera
Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somen- ocorrido.
te se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa
ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não Aspectos Legislação vigente na DATA
podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional formais DO LANÇAMENTO
na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias.
Aspectos Legislação vigente na DATA DO
CAPÍTULO II materiais FATO GERADOR
Constituição de Crédito Tributário Taxa de câmbio DATA DO FATO GERADOR

SÚMULAS SOBRE CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito
Súmula 436-STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte passivo só pode ser alterado em virtude de:
reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, I - impugnação do sujeito passivo;
dispensada qualquer outra providência por parte do fisco II - recurso de ofício;
Súmula 555-STJ: Quando não houver declaração do débito, o III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos ca-
prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito sos previstos no artigo 149.
tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do
CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conse-
dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da quência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídi-
autoridade administrativa. cos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lan-
Súmula 622-STJ: A notificação do auto de infração faz cessar çamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo
a contagem da decadência para a constituição do crédito sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormen-
tributário; exaurida a instância administrativa com o decurso do te à sua introdução.
prazo para a impugnação ou com a notificação de seu
julgamento definitivo e esgotado o prazo concedido pela SEÇÃO II
Administração para o pagamento voluntário, inicia-se o prazo Modalidades de Lançamento
prescricional para a cobrança judicial.
1º) De Ofício ou Direto: O sujeito passivo não participa da
atividade;
SEÇÃO I 2º) Por Declaração ou Misto: Equilíbrio entre a participação do
Lançamento sujeito passivo e a atividade do sujeito ativo;
Art. 142. Compete privativamente à autoridade adminis- 3º) Por Homologação ou “Autolançamento”: O sujeito passivo
trativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim realizar quase todos os atos que compõem a atividade.
entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a
ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, de- Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declara-
terminar a matéria tributável, calcular o montante do tributo ção do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na
devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a forma da legislação tributária, presta à autoridade administrati-
aplicação da penalidade cabível. va informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é efetivação.
VINCULADA E OBRIGATÓRIA, sob pena de responsabilidade § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio de-
funcional. clarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissí-
vel mediante comprovação do erro em que se funde, e antes
Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o de notificado o lançamento.
valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lança- § 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu
mento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a
dia da ocorrência do fato gerador da obrigação. que competir a revisão daquela.

Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou


tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, servi-

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ços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo CAPÍTULO III
regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omis- Suspensão do Crédito Tributário
sos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos
prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou SÚMULAS SOBRE SUSPENSÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO
pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de con-
testação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. Súmula vinculante 28-STF: É inconstitucional a exigência de
depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito
autoridade administrativa nos seguintes casos: tributário.
I - quando a lei assim o determine; Súmula 112-STJ: O depósito somente suspende a
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de exigibilidade do crédito tributário se for integral e em
direito, no prazo e na forma da legislação tributária; dinheiro
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha
prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de SEÇÃO I
atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedi- Disposições Gerais
do de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, Art. 151. SUSPENDEM A EXIGIBILIDADE do crédito tributá-
recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo rio:
daquela autoridade; I - moratória;
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão II - o depósito do seu montante INTEGRAL;
quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis regu-
como sendo de declaração obrigatória; ladoras do processo tributário administrativo;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por par- IV - a concessão de medida liminar em MS.
te da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipa-
que se refere o artigo seguinte; da, em outras espécies de ação judicial;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito pas- VI – o parcelamento.
sivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à apli- Parágrafo único. O disposto neste artigo NÃO DISPENSA O
cação de penalidade pecuniária; CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ASSESSÓRIOS dependentes
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou ter- da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conse-
ceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simula- quentes.
ção;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou SUSPENDEM o crédito tributário (art. 151, CTN): "DEMORE
não provado por ocasião do lançamento anterior; LIMPAR"
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, 1) DE: depósito do montante integral;
ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efe- 2) MO: moratória;
tuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formali- 3) RE: reclamações ou recursos;
dade especial. 4) LIM: liminar em MS ou ação judicial;
Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser ini- 5) PAR: parcelamento.
ciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.
SEÇÃO II
Art. 150. O LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO, que
Moratória
ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito
Art. 152. A moratória somente pode ser concedida:
passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame
I - em caráter geral:
da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a refe-
a) pela pessoa jurídica de direito público competente
rida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exer-
para instituir o tributo a que se refira;
cida pelo obrigado, expressamente a homologa.
b) pela União, quanto a tributos de competência dos Es-
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos
tados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simulta-
deste artigo extingue o crédito, sob CONDIÇÃO RESOLUTÓRIA
neamente concedida quanto aos tributos de competência fe-
da ulterior homologação ao lançamento.
deral e às obrigações de direito privado;
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer
II - em caráter individual, por despacho da autoridade ad-
atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passi-
ministrativa, desde que autorizada por lei nas condições do in-
vo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do
ciso anterior.
crédito.
Parágrafo único. A LEI concessiva de moratória pode cir-
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, po-
cunscrever expressamente a sua aplicabilidade à determinada
rém, considerados na apuração do saldo porventura devido e,
região do território da pessoa jurídica de direito público que
sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação.
a expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de 5
passivos.
anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse
prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, con-
Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou
sidera-se homologado o lançamento e definitivamente extin-
autorize sua concessão em caráter individual especificará, sem
to o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, frau-
prejuízo de outros requisitos:
de ou simulação (Lançamento por homologação tácita)
I - o prazo de duração do favor;

5
II - as condições da concessão do favor em caráter individu- VII - o pagamento antecipado e a homologação do lança-
al; mento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
III - sendo caso: VIII - a consignação em pagamento, nos termos do dispos-
a) os tributos a que se aplica; to no § 2º do artigo 164;
b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida
prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser obje-
e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de con- to de ação anulatória;
cessão em caráter individual; X - a decisão judicial passada em julgado.
c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficia- XI – a dação em pagamento em bens IMÓVEIS, na forma e
do no caso de concessão em caráter individual. condições estabelecidas em lei.
Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção
Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregula-
somente abrange os créditos definitivamente constituídos à ridade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144
data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamen- e 149.
to já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente
notificado ao sujeito passivo. SUSPENSÃO EXTINÇÃO
Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de
dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro Moratória; Pagamento;
em benefício daquele. Depósito do seu montante IN- Compensação;
TEGRAL; Transação;
Art. 155. A CONCESSÃO DA MORATÓRIA em caráter indi- Reclamações e os recursos; Remissão;
vidual NÃO GERA DIREITO ADQUIRIDO e será REVOGADO DE Liminar em MS; Prescrição
OFÍCIO, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia Liminar ou de tutela antecipa- Decadência;
ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou dei- da, em outras espécies de Conversão de depósito em
xou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, co- ação judicial; renda;
brando-se o crédito acrescido de juros de mora: Parcelamento. Pagamento antecipado e a
I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de homologação do lançamen-
dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício to nos termos do disposto no
daquele; artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
II - sem imposição de penalidade, nos demais casos. Consignação em pagamento,
Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo nos termos do disposto no §
decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se 2º do artigo 164;
computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédi- Decisão administrativa irre-
to; no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer formável;
antes de prescrito o referido direito. Decisão judicial passada em
julgado.
Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e Dação em pagamento em
condição estabelecidas em lei específica. bens IMÓVEIS.
§ 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento
do crédito tributário NÃO EXCLUI a incidência de juros e mul-
tas.
§ 2o Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as LEI 11340/06 – LEI MARIA DA PENHA
disposições desta Lei, relativas à moratória.
§ 3o Lei específica disporá sobre as condições de parcelamen- TÍTULO I
to dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
§ 4o A inexistência da lei específica a que se refere o § 3 o des- Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violên-
te artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do cia doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do
ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não po- art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Elimina-
dendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao conce- ção de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Conven-
dido pela lei federal específica. ção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados
CAPÍTULO IV pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos
Extinção do Crédito Tributário Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e es-
SEÇÃO I tabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em si-
Modalidades de Extinção tuação de violência doméstica e familiar.
Art. 156. EXTINGUEM o crédito tributário:
I - o pagamento; Em caso de violência contra mulher, para que se aplique a
II - a compensação; Lei Maria da Penha, deverá ser demonstrada a situação de
III - a transação; vulnerabilidade ou hipossuficiência da vítima, sob a pers-
IV - remissão; pectiva de gênero (STJ).
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;

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Art. 2o TODA MULHER, independentemente de classe, raça, et- crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilha-
nia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e ção, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição
religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicu-
humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades larização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer
para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à auto-
aperfeiçoamento moral, intelectual e social. determinação (LEI 13772/18)
III - a VIOLÊNCIA SEXUAL, entendida como qualquer conduta
Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições para o exer- que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação
cício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimenta- sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou
ção, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao es- uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qual-
porte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, quer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer
ao respeito e à convivência familiar e comunitária. método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez,
§ 1o O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, subor-
direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésti- no ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus di -
cas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de ne- reitos sexuais e reprodutivos;
gligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opres- IV - a VIOLÊNCIA PATRIMONIAL, entendida como qualquer con-
são. duta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou to-
§ 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as tal de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pesso-
condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enun- ais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os
ciados no caput. destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a VIOLÊNCIA MORAL, entendida como qualquer conduta que
Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins configure calúnia, difamação ou injúria.
sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições pe-
culiares das mulheres em situação de violência doméstica e TÍTULO III
familiar. DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DO-
MÉSTICA E FAMILIAR
TÍTULO II CAPÍTULO I
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
CAPÍTULO I Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica
DISPOSIÇÕES GERAIS e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto arti-
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e culado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão BASEADA Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
NO GÊNERO que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, se- I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério
xual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança
I - NO ÂMBITO DA UNIDADE DOMÉSTICA, compreendida como pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habita-
o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem ção;
vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras
II - NO ÂMBITO DA FAMÍLIA, compreendida como a comunida- informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça
de formada por indivíduos que são ou se consideram aparen- ou etnia, concernentes às causas, às consequências e à frequência
tados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vonta- da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistema-
de expressa; tização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação
III - EM QUALQUER RELAÇÃO ÍNTIMA DE AFETO, na qual o periódica dos resultados das medidas adotadas;
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, inde- III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores
pendentemente de coabitação. éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os pa-
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo in- péis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência do-
dependem de orientação sexual. méstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do
art. 1o, no inciso IV do art. 3 o e no inciso IV do art. 221 da Consti-
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher CONSTI- tuição Federal;
TUI UMA DAS FORMAS DE VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMA- IV - a implementação de atendimento policial especializado
NOS. para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendi-
mento à Mulher;
CAPÍTULO II V - a promoção e a realização de campanhas educativas de
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher,
MULHER voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos
mulher, entre outras (rol exemplificativo): das mulheres;
I - a VIOLÊNCIA FÍSICA, entendida como qualquer conduta que VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou ou-
ofenda sua integridade ou saúde corporal; tros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos gover-
II - a VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA, entendida como qualquer con- namentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo
duta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima por objetivo a implementação de programas de erradicação da
ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou violência doméstica e familiar contra a mulher;
que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos,

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VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da munhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e
Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pessoas a eles relacionadas;
pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto III - NÃO REVITIMIZAÇÃO da depoente, evitando sucessivas in-
às questões de gênero e de raça ou etnia; quirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e admi-
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem nistrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.
valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa huma- § 2o Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica
na com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, ado -
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de tar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento:
ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado
equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da vio- para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e ade-
lência doméstica e familiar contra a mulher. quados à idade da mulher em situação de violência doméstica e
familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofri-
CAPÍTULO II da;
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DO- II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por pro -
MÉSTICA E FAMILIAR fissional especializado em violência doméstica e familiar desig-
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência do- nado pela autoridade judiciária ou policial;
méstica e familiar será prestada de forma articulada e confor- III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou mag-
me os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assis- nético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito.
tência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de
Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência do-
proteção, e emergencialmente quando for o caso. méstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher providências:
em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de I - garantir proteção policial, quando necessário, comunican-
programas assistenciais do governo federal, estadual e munici- do de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;
pal. II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência do- IML;
méstica e familiar, para preservar sua integridade física e psico- III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes
lógica: para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, inte- IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a reti-
grante da administração direta ou indireta; rada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o familiar;
afastamento do local de trabalho, por até 6 meses. V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e os serviços disponíveis.
familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do Art. 12. EM TODOS OS CASOS de violência doméstica e familiar
desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a auto-
contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexual- ridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimen-
mente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência tos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Pe-
Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e nal:
cabíveis nos casos de violência sexual. I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a
representação a termo, se apresentada;
CAPÍTULO III II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento
DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL do fato e de suas circunstâncias;
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência do- III - remeter, no prazo de 48 horas, expediente apartado ao
méstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que to- juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas
mar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as provi- protetivas de urgência;
dências legais cabíveis. IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. V - ouvir o agressor e as testemunhas;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos au-
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência do- tos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência
méstica e familiar o atendimento policial e pericial especializa- de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais
do, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente contra ele;
do sexo feminino - previamente capacitados. VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao
§ 1o A inquirição de mulher em situação de violência doméstica juiz e ao Ministério Público.
e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se § 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade
tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: policial e deverá conter:
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da I - qualificação da ofendida e do agressor;
depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em si- II - nome e idade dos dependentes;
tuação de violência doméstica e familiar; III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas
II - garantia de que, EM NENHUMA HIPÓTESE, a mulher em pela ofendida.
situação de violência doméstica e familiar, familiares e teste-

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§ 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento referido
no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos CAPÍTULO II
disponíveis em posse da ofendida. DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
§ 3o Serão ADMITIDOS COMO MEIOS DE PROVA os laudos ou Seção I
prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. Disposições Gerais
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, cabe-
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas rá ao juiz, no prazo de 48 horas:
políticas e planos de atendimento à mulher em situação de vio- I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medi-
lência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia das protetivas de urgência;
Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de as-
Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de sistência judiciária, quando for o caso;
equipes especializadas para o atendimento e a investigação das III - comunicar ao Ministério Público para que adote as provi-
violências graves contra a mulher. dências cabíveis.

Art. 12-B. Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser conce-
§ 3o A autoridade policial poderá requisitar os serviços públi- didas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pe-
cos necessários à defesa da mulher em situação de violência do- dido da ofendida.
méstica e familiar e de seus dependentes. § 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas
de imediato, independentemente de audiência das partes e
TÍTULO IV de manifestação do Ministério Público, devendo este ser pron-
DOS PROCEDIMENTOS tamente comunicado.
CAPÍTULO I § 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada
DISPOSIÇÕES GERAIS ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cí- tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reco-
veis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e nhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados.
familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de § 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pe-
Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa dido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência
à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção
estabelecido nesta Lei. da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Mi-
nistério Público.
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com COMPETÊNCIA CÍVEL Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
E CRIMINAL, poderão ser criados pela União, no Distrito Fe- criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada
deral e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o jul- pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou me-
gamento e a execução das causas decorrentes da prática de vio- diante representação da autoridade policial.
lência doméstica e familiar contra a mulher. Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista,
horário noturno, conforme dispuserem as normas de organiza- bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justi-
ção judiciária. fiquem.
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os proces-
sos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais
I - do seu domicílio ou de sua residência; relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingres-
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; so e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado
III - do domicílio do agressor. constituído ou do defensor público.
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representa- notificação ao agressor.
ção da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renún-
cia à representação perante o juiz, em audiência especialmente Seção II
designada com tal finalidade, ANTES DO RECEBIMENTO da de- Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor
núncia e ouvido o Ministério Público. Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar
contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de
CPP LEI MARIA DA PENHA imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as se-
guintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
A representação será irretra- Só será admitida a renúncia à I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com
tável, DEPOIS DE OFERECIDA representação perante o juiz
comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei n o 10.826,
a denúncia. ANTES DO RECEBIMENTO da
de 22 de dezembro de 2003;
denúncia
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a
ofendida;
Art. 17. É VEDADA a aplicação, nos casos de violência doméstica III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemu-
de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena nhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o
que implique o pagamento isolado de multa. agressor;

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b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
qualquer meio de comunicação; § 1o A configuração do crime independe da competência civil
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a ou criminal do juiz que deferiu as medidas.
integridade física e psicológica da ofendida; § 2o Na hipótese de prisão em flagrante, APENAS a AUTORI-
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes meno- DADE JUDICIAL poderá conceder fiança.
res, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço § 3o O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras
similar; sanções cabíveis.
V - PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS provisionais ou provisórios.
§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação Delegado de Polícia pode conceder fiança?
de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a seguran- Sim, desde que para crimes cuja pena máxima prevista seja de
ça da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a provi- até 4 anos.
dência ser comunicada ao Ministério Público. Exceção: o crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha tem pena
§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o máxima de 2 anos, mas não admite fiança concedida pela auto-
agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6 o ridade policial.
da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará *Dizerodireito
ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas prote-
tivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte CAPÍTULO III
de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas
nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e
caso. familiar contra a mulher.
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de ur-
gência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras
da força policial. atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a
§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, mulher, quando necessário:
o disposto no caput e nos §§ 5 o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de
de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). educação, de assistência social e de segurança, entre outros;
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de
Seção III atendimento à mulher em situação de violência doméstica e fa-
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida miliar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judici-
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de ou- ais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
tras medidas: III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa ofici- mulher.
al ou comunitário de proteção ou de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependen- CAPÍTULO IV
tes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mu-
dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; lher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar
IV - determinar a separação de corpos. acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19
desta Lei.
Art. 24. Para a PROTEÇÃO PATRIMONIAL dos bens da socieda-
de conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência
juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Públi-
entre outras: ca ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor sede policial e judicial, mediante atendimento específico e huma-
à ofendida; nizado.
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos
de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo TÍTULO V
expressa autorização judicial; DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
agressor; Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equi-
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judici- pe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profis-
al, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de vi- sionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
olência doméstica e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre
para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo. outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local,
fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à
Seção IV Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em au-
Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência diência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento,
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas pro- e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescen-
tetivas de urgência previstas nesta Lei: tes.

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Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Estados
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais e do Distrito Federal poderão remeter suas informações criminais
aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissi- para a base de dados do Ministério da Justiça.
onal especializado, mediante a indicação da equipe de atendi-
mento multidisciplinar. Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
no limite de suas competências e nos termos das respectivas leis
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orça- de diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações orça-
mentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção da mentárias específicas, em cada exercício financeiro, para a imple-
equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Di- mentação das medidas estabelecidas nesta Lei.
retrizes Orçamentárias.
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras
TÍTULO VI decorrentes dos princípios por ela adotados.
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e fa-
Doméstica e Familiar contra a Mulher, as VARAS CRIMINAIS acu- miliar contra a mulher, independentemente da pena prevista,
mularão as competências cível e criminal para conhecer e jul- NÃO SE APLICA A LEI no 9.099/95.
gar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e fa-
miliar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta SÚMULAS SOBRE MARIA DA PENHA
Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente.
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas va- Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a tran-
ras criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas sação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao
no caput. rito da Lei Maria da Penha (OBS: aplicável a suspensão condi-
cional da pena)
TÍTULO VII Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corpo-
DISPOSIÇÕES FINAIS ral resultante de violência doméstica contra a mulher é pública
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Fami- incondicionada.
liar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal
das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária. contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente
doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios liberdade por restritiva de direitos
poderão criar e promover, no limite das respectivas competências: Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mu- nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher
lheres e respectivos dependentes em situação de violência do- no âmbito das relações domésticas
méstica e familiar; Súmula 600-STJ: Para a configuração da violência doméstica e
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes me- familiar prevista no artigo 5º da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da
nores em situação de violência doméstica e familiar; Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saú-
de e centros de perícia médico-legal especializados no atendi- JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
mento à mulher em situação de violência doméstica e familiar;
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência EDIÇÃO N. 41: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA
doméstica e familiar; MULHER
V - centros de educação e de reabilitação para os agressores. 1) A Lei n. 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha, objeti-
va proteger a mulher da violência doméstica e familiar que lhe
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, e
promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas às dano moral ou patrimonial, desde que o crime seja cometido no
diretrizes e aos princípios desta Lei. âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer rela-
ção íntima de afeto.
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais pre- 2) A Lei Maria da Penha atribuiu às uniões homoafetivas o ca-
vistos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo ráter de entidade familiar, ao prever, no seu artigo 5º, parág-
Ministério Público e por associação de atuação na área, regu- rafo único, que as relações pessoais mencionadas naquele dis-
larmente constituída há pelo menos 1 ano, nos termos da legis- positivo independem de orientação sexual.
lação civil. 3) O sujeito passivo da violência doméstica objeto da Lei
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser Maria da Penha é a mulher, já o sujeito ativo pode ser tanto
dispensado pelo juiz quando entender que não há outra entida- o homem quanto a mulher, desde que fique caracterizado o
de com representatividade adequada para o ajuizamento da vínculo de relação doméstica, familiar ou de afetividade, além
demanda coletiva. da convivência, com ou sem coabitação.
4) A violência doméstica abrange qualquer relação íntima de
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar con- afeto, dispensada a coabitação.
tra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos ofici- 5) Para a aplicação da Lei n. 11.340/2006, há necessidade de
ais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema demonstração da situação de vulnerabilidade ou hipossufi-
nacional de dados e informações relativo às mulheres. ciência da mulher, numa perspectiva de gênero.
6) A vulnerabilidade, hipossuficiência ou fragilidade da mu-

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lher têm-se como presumidas nas circunstâncias descritas CONTRA A ENTEADA
na Lei n. 11.340/2006. Obs.: a agressão foi motivada por discussão
7) A agressão do namorado contra a namorada, mesmo ces- envolvendo o relacionamento amoroso que RHC 42.092/RJ
sado o relacionamento, mas que ocorra em decorrência o agressor possuía com a mãe da vítima (re-
dele, está inserida na hipótese do art. 5º, III, da Lei n. 11.340/06, lação íntima de afeto).
caracterizando a violência doméstica.
TIA CONTRA SOBRINHA
8) Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mu- SIM
A tia possuía, inclusive, a guarda da criança
lher têm competência cumulativa para o julgamento e a exe- HC 250.435/RJ
(do sexo feminino), que tinha 4 anos.
cução das causas decorrentes da prática de violência do-
méstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 14 da EX-NAMORADO CONTRA A EX-NAMORADA
Lei n. 11.340/2006. Vale ressaltar, porém, que não é qualquer na-
SIM
10) Não é possível a aplicação dos princípios da insignificân- moro que se enquadra na Lei Maria da Pe-
HC 182.411/RS
cia e da bagatela imprópria nos delitos praticados com vio- nha. Se o vínculo é eventual, efêmero, não
lência ou grave ameaça no âmbito das relações domésticas incide a Lei 11.340/06 (CC 91.979-MG).
e familiares.
FILHO CONTRA PAI IDOSO
11) O crime de lesão corporal, ainda que leve ou culposo, NÃO
O sujeito passivo (vítima) não pode ser do
praticado contra a mulher no âmbito das relações domésticas e RHC 51.481/SC
sexo masculino.
familiares, deve ser processado mediante ação penal pública
incondicionada. *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br
12) É cabível a decretação de prisão preventiva para garantir a
execução de medidas de urgência nas hipóteses em que o deli- LEI 9099/95 - JECCrim
to envolver violência doméstica.
13) Nos crimes praticados no âmbito doméstico e familiar, a pa- CAPÍTULO I
lavra da vítima tem especial relevância para fundamentar o Disposições Gerais
recebimento da denúncia ou a condenação, pois normalmente Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da
são cometidos sem testemunhas. Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Federal e
15) É inviável a substituição da pena privativa de liberdade nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, jul-
por restritiva de direitos nos casos de violência doméstica, gamento e execução, nas causas de sua competência.
uma vez que não preenchidos os requisitos do art. 44 do CP.
16) O habeas corpus não constitui meio idôneo para se plei- Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralida-
tear a revogação de medidas protetivas previstas no art. 22 de, SIMPLICIDADE, informalidade, economia processual e ce-
da Lei n. 11.340/2006 que não implicam constrangimento leridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a
ao direito de ir e vir do paciente. transação.
17) A audiência de retratação prevista no art. 16 da Lei n.
11.340/06 apenas será designada no caso de manifestação ex- Capítulo II
pressa ou tácita da vítima e desde que ocorrida antes do recebi- Dos Juizados Especiais Cíveis
mento da denúncia. Seção I
Da Competência
Violência praticada por... É possível? Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para con-
ciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor
FILHO CONTRA A MÃE complexidade, assim consideradas:
SIM
A Lei Maria da Penha aplica-se também nas I - as causas cujo valor não exceda a 40 vezes o salário
HC 290.650/MS
relações de parentesco. mínimo;
FILHA CONTRA A MÃE II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Pro-
SIM cesso Civil;
Relembrando que o agressor pode ser tam-
HC 277.561/AL
bém mulher. Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário:
II - nas causas, qualquer que seja o valor;
PAI CONTRA A FILHA SIM
a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;
HC 178.751/RS
b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas
IRMÃO CONTRA IRMÃ ao condomínio;
SIM
Obs.: ainda que não morem sob o mesmo c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;
HC 175.816/RS
teto. d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veí-
culo de via terrestre;
GENRO CONTRA SOGRA SIM
e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em
RHC 50.847/BA
acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execu-
NORA CONTRA A SOGRA ção;
Desde que estejam presentes os requisitos f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalva-
SIM
de relação íntima de afeto, motivação de gê- do o disposto em legislação especial;
HC 175.816/RS
nero e situação de vulnerabilidade. Ausentes, g) que versem sobre revogação de doação;
não se aplica. h) nos demais casos previstos em lei.

COMPANHEIRO DA MÃE (“PADRASTO”) SIM III - a ação de despejo para uso próprio;

12
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor Preferentemente, entre os ba- Advogados com mais de 5
não excedente ao fixado no inciso I deste artigo (40 vezes o sa- charéis em Direito anos de experiência
lário mínimo).
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução:
Seção III
I - dos seus julgados;
Das Partes
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até 40
Art. 8º NÃO PODERÃO SER PARTES, no processo instituí-
vezes o salário mínimo, observado o disposto no § 1º do art. 8º
do por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direi-
desta Lei.
to público, as empresas públicas da União, a massa falida e o
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial
insolvente civil.
as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interes-
se da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de § 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o Juiza-
trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, do Especial:
ainda que de cunho patrimonial. I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei im- direito de pessoas jurídicas;
portará em renúncia ao crédito excedente ao limite estabeleci- II - as pessoas enquadradas como microempreendedores
do neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação. individuais, microempresas e empresas de pequeno porte na
forma da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006;
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização
Natureza alimentar
da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), nos termos da
Natureza falimentar Lei no 9.790, de 23 de março de 1999;
IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos
CAUSAS EXCLUÍDAS Natureza fiscal
DA COMPETÊNCIA termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001.
Interesse da Fazenda Pública § 2º O maior de 18 anos poderá ser autor, independente-
DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL Acidentes de trabalho mente de assistência, inclusive para fins de conciliação.

Resíduos
PODEM SER PARTES NÃO PODEM SER PARTES
Estado e capacidade das pessoas, ainda
Pessoas físicas capazes, excluí- Incapaz
que de cunho patrimonial
dos os cessionários de direito
de pessoas jurídicas
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o
Juizado do foro: Microempreendedor individual, Preso
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local microempresas e empresas de
onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou pequeno porte
mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório; OSCIP Pessoas jurídicas de direito pú-
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita; blico
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas
ações para reparação de dano de qualquer natureza. Sociedades de crédito ao mi- Empresas públicas da União
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser croempreendedor
Massa falida
proposta no foro previsto no inciso I deste artigo (foro do do-
micílio do réu). Insolvente civil

Seção II Art. 9º Nas causas de valor até 20 salários mínimos, as par-


Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos tes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por
Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para de- advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.
terminar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e § 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes com-
para dar especial valor às regras de experiência comum ou parecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou
técnica. firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária
prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, na forma
Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar da lei local.
mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às § 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio
exigências do bem comum. por advogado, quando a causa o recomendar.
§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo
Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da Jus- quanto aos poderes especiais.
tiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os bacha- § 4o O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma indivi-
réis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de 5 dual, poderá ser representado por preposto credenciado, munido
anos de experiência. de carta de preposição com poderes para transigir, sem haver ne-
Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de cessidade de vínculo empregatício.
exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto
no desempenho de suas funções. Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de
intervenção de terceiro nem de assistência. ADMITIR-SE-Á O
Conciliadores Juízes Leigos LITISCONSÓRCIO.

13
Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos em Art. 18. A citação far-se-á:
lei. I - por correspondência, com aviso de recebimento em
mão própria;
Seção IV II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual,
Dos atos processuais mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obri-
Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão rea- gatoriamente identificado;
lizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de III - sendo necessário, por oficial de justiça, independen-
organização judiciária. temente de mandado ou carta precatória.
§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora
Art. 12-A. Na contagem de prazos em dias, estabelecido para comparecimento do citando e advertência de que, não com-
por lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato processual, in- parecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações ini-
clusive para interposição de recursos, COMPUTAR-SE-ÃO SO- ciais, e será proferido julgamento, de plano.
MENTE OS DIAS ÚTEIS. § 2º NÃO SE FARÁ CITAÇÃO POR EDITAL.
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nuli-
Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que dade da citação.
preencherem as finalidades para as quais forem realizados, Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para
atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei. citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que te- § 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão
nha havido prejuízo (pas de nullité sans grief). desde logo cientes as partes.
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas pode- § 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endere-
rá ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação. ço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as inti-
§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão regis- mações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da
trados resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, comunicação.
taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser gra-
vados em fita magnética ou equivalente, que será inutilizada após Seção VII
o trânsito em julgado da decisão. Da Revelia
§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das pe- Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de conci-
ças do processo e demais documentos que o instruem. liação ou à audiência de instrução e julgamento, reputar-se-ão
verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial, salvo se o contrá-
Seção V rio resultar da convicção do Juiz.
Do pedido
Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do Seção VIII
pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado. Da Conciliação e do Juízo Arbitral
§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá as
acessível: partes presentes sobre as vantagens da conciliação, mostrando-
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes; lhes os riscos e as conseqüências do litígio, especialmente quanto
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; ao disposto no § 3º do art. 3º desta Lei.
III - o objeto e seu valor.
§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou lei-
possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação. go ou por conciliador sob sua orientação.
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será reduzida a
do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulá- escrito e homologada pelo Juiz togado, mediante sentença com
rios impressos. eficácia de título executivo.

Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei pode- Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz togado
rão ser alternativos ou cumulados; nesta última hipótese, desde proferirá sentença.
que conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado naquele dis-
positivo. Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão optar,
de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma prevista nesta
Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de distri- Lei.
buição e autuação, a Secretaria do Juizado designará a sessão § 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, indepen-
de conciliação, a realizar-se no prazo de 15 dias. dentemente de termo de compromisso, com a escolha do
árbitro pelas partes. Se este não estiver presente, o Juiz con-
Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, ins- vocá-lo-á e designará, de imediato, a data para a audiência de
taurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados instrução.
o registro prévio de pedido e a citação. § 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá
ser dispensada a contestação formal e ambos serão aprecia- Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos cri-
dos na mesma sentença. térios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta Lei, podendo deci-
dir por EQUIDADE.
Seção VI
Das Citações e Intimações

14
Art. 26. Ao término da instrução, ou nos 5 dias subseqüen- Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir
tes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado para homologa- técnicos de sua confiança, permitida às partes a apresentação de
ção por sentença irrecorrível. parecer técnico.
Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, de
Seção IX ofício ou a requerimento das partes, realizar inspeção em pessoas
Da Instrução e Julgamento ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que
Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á ime- lhe relatará informalmente o verificado.
diatamente à audiência de instrução e julgamento, desde que
não resulte prejuízo para a defesa. Art. 36. A prova oral NÃO SERÁ REDUZIDA A ESCRITO,
Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização imedia- devendo a sentença referir, no essencial, os informes trazidos
ta, será a audiência designada para um dos 15 dias subseqüen- nos depoimentos.
tes, cientes, desde logo, as partes e testemunhas eventualmente
presentes. Art. 37. A instrução poderá ser dirigida por Juiz leigo, sob a
supervisão de Juiz togado.
Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão ouvi-
das as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida a sentença. Seção XII
Da Sentença
Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes que Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção
possam interferir no regular prosseguimento da audiência. As de- do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em au-
mais questões serão decididas na sentença. diência, dispensado o relatório.
Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados por Parágrafo único. NÃO se admitirá sentença condenatória
uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, por QUANTIA ILÍQUIDA, ainda que genérico o pedido.
sem interrupção da audiência.
Art. 39. É INEFICAZ a sentença condenatória na parte que
Seção X exceder a alçada estabelecida nesta Lei.
Da Resposta do Réu Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá
Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz togado, que
toda matéria de defesa, exceto arguição de suspeição ou impe- poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes de
dimento do Juiz, que se processará na forma da legislação em se manifestar, determinar a realização de atos probatórios indis-
vigor. pensáveis.

Art. 31. NÃO SE ADMITIRÁ A RECONVENÇÃO. É lícito ao Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de concili-
réu, na contestação, formular pedido em seu favor, nos limites ação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.
do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que § 1º O recurso será julgado por uma turma composta por
constituem objeto da controvérsia. 3 Juízes togados, em exercício no 1° grau de jurisdição, reunidos
Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do réu na sede do Juizado.
na própria audiência ou requerer a designação da nova data, que § 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente repre-
será desde logo fixada, cientes todos os presentes. sentadas por advogado.

Seção XI Art. 42. O recurso será interposto no prazo de 10 dias, con-


Das Provas tados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual cons-
Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos, tarão as razões e o pedido do recorrente.
ainda que não especificados em lei, são hábeis para provar a § 1º O preparo será feito, independentemente de intimação,
veracidade dos fatos alegados pelas partes. nas 48 horas seguintes à interposição, sob pena de deserção.
§ 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para
Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência de oferecer resposta escrita no prazo de 10 dias.
instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamen-
te, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar exces- Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, poden-
sivas, impertinentes ou protelatórias. do o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável
para a parte.
Art. 34. As testemunhas, até o máximo de 3 para cada
parte, comparecerão à audiência de instrução e julgamento leva- Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da grava-
das pela parte que as tenha arrolado, independentemente de in- ção da fita magnética a que alude o § 3º do art. 13 desta Lei, cor -
timação, ou mediante esta, se assim for requerido. rendo por conta do requerente as despesas respectivas.
§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas será
apresentado à Secretaria no mínimo 5 dias antes da audiência Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão de jul-
de instrução e julgamento. gamento.
§ 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz po-
derá determinar sua imediata condução, valendo-se, se necessá- Art. 46. O julgamento em 2a instância constará apenas da ata,
rio, do concurso da força pública. com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e
parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.

15
incluída a multa vencida de obrigação de dar, quando evidencia-
Seção XIII da a malícia do devedor na execução do julgado;
Dos Embargos de Declaração VI - na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o cumpri-
Art. 48. Caberão embargos de declaração contra sentença mento por outrem, fixado o valor que o devedor deve depositar
ou acórdão nos casos previstos no Código de Processo Civil. para as despesas, sob pena de multa diária;
Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos VII - na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá autorizar o
de ofício. devedor, o credor ou terceira pessoa idônea a tratar da alienação
do bem penhorado, a qual se aperfeiçoará em juízo até a data fi-
Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por xada para a praça ou leilão. Sendo o preço inferior ao da avalia-
escrito ou oralmente, no prazo de 5 dias, contados da ciência da ção, as partes serão ouvidas. Se o pagamento não for à vista, será
decisão. oferecida caução idônea, nos casos de alienação de bem móvel,
ou hipotecado o imóvel;
Art. 50. Os embargos de declaração INTERROMPEM o pra- VIII - é dispensada a publicação de editais em jornais,
zo para a interposição de recurso. quando se tratar de alienação de bens de pequeno valor;
IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da
Seção XIV execução, versando sobre:
Da Extinção do Processo Sem Julgamento do Mérito a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele correu à
Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos revelia;
em lei: b) manifesto excesso de execução;
I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das c) erro de cálculo;
audiências do processo; d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obriga-
II - quando inadmissível o procedimento instituído por ção, superveniente à sentença.
esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;
III - quando for reconhecida a incompetência territorial; Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial, no valor
IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos pre- de até 40 salários mínimos, obedecerá ao disposto no Código
vistos no art. 8º desta Lei; de Processo Civil, com as modificações introduzidas por esta Lei.
V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de § 1º Efetuada a penhora, o devedor será intimado a compa-
sentença ou não se der no prazo de 30 dias; recer à audiência de conciliação, quando poderá oferecer embar-
VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a cita- gos (art. 52, IX), por escrito ou verbalmente.
ção dos sucessores no prazo de 30 dias da ciência do fato. § 2º Na audiência, será buscado o meio mais rápido e eficaz
§ 1º A extinção do processo independerá, em qualquer para a solução do litígio, se possível com dispensa da alienação
hipótese, de prévia intimação pessoal das partes. judicial, devendo o conciliador propor, entre outras medidas cabí-
§ 2º No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar que veis, o pagamento do débito a prazo ou a prestação, a dação em
a ausência decorre de força maior, a parte poderá ser isentada, pagamento ou a imediata adjudicação do bem penhorado.
pelo Juiz, do pagamento das custas. § 3º Não apresentados os embargos em audiência, ou julga-
dos improcedentes, qualquer das partes poderá requerer ao Juiz a
Seção XV adoção de uma das alternativas do parágrafo anterior.
Da Execução § 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens pe-
Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no próprio nhoráveis, o processo será imediatamente extinto, devol-
Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no Código de vendo-se os documentos ao autor.
Processo Civil, com as seguintes alterações:
I - as sentenças serão necessariamente líquidas, contendo Seção XVI
a conversão em Bônus do Tesouro Nacional - BTN ou índice equi- Das Despesas
valente; Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em 1°
II - os cálculos de conversão de índices, de honorários, de grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas ou despe-
juros e de outras parcelas serão efetuados por servidor judicial; sas.
III - a intimação da sentença será feita, sempre que possí- Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º do
vel, na própria audiência em que for proferida. Nessa intima- art. 42 desta Lei, compreenderá todas as despesas processuais,
ção, o vencido será instado a cumprir a sentença tão logo ocorra inclusive aquelas dispensadas em 1° grau de jurisdição, ressal-
seu trânsito em julgado, e advertido dos efeitos do seu descum- vada a hipótese de assistência judiciária gratuita.
primento (inciso V);
IV - não cumprida voluntariamente a sentença transitada Art. 55. A sentença de 1° grau não condenará o vencido
em julgado, e tendo havido solicitação do interessado, que po- em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos de
derá ser verbal, proceder-se-á desde logo à execução, dispen- litigância de má-fé. Em 2° grau, o recorrente, vencido, pagará
sada nova citação; as custas e honorários de advogado, que serão fixados entre
V - nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de não 10% e 20% do valor de condenação ou, não havendo conde-
fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execução, cominará mul- nação, do valor corrigido da causa.
ta diária, arbitrada de acordo com as condições econômicas do Parágrafo único. Na execução não serão contadas custas,
devedor, para a hipótese de inadimplemento. Não cumprida a salvo quando:
obrigação, o credor poderá requerer a elevação da multa ou a I - reconhecida a litigância de má-fé;
transformação da condenação em perdas e danos, que o Juiz II - improcedentes os embargos do devedor;
de imediato arbitrará, seguindo-se a execução por quantia certa,

16
III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido ob- zados especiais, visto que cabível, apenas, contra acórdão da
jeto de recurso improvido do devedor. Turma Nacional de Uniformização que, apreciando questão
de direito material, contrarie súmula ou jurisprudência do-
Seção XVII minante no STJ.
Disposições Finais 14) Compete ao Superior Tribunal de Justiça o exame dos pres-
Art. 56. Instituído o Juizado Especial, serão implantadas as supostos legais do pedido de uniformização, não prevendo a lei
curadorias necessárias e o serviço de assistência judiciária. a existência de juízo prévio de admissibilidade pela Turma Recur-
sal.
Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou 15) A negativa de processamento do pedido de uniformização
valor, poderá ser homologado, no juízo competente, indepen- dirigido ao STJ enseja violação do art. 18, § 3º, da Lei n.
dentemente de termo, valendo a sentença como título execu- 12.153/2009 e usurpação da competência da Egrégia Corte, que
tivo judicial. pode ser preservada mediante a propositura da reclamação
Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o acordo ce- constitucional (art. 105, I, f, da CF/88).
lebrado pelas partes, por instrumento escrito, referendado pelo 16) Não cabe recurso especial contra decisão proferida por
órgão competente do Ministério Público. órgão de segundo grau dos Juizados Especiais. (Súmula n.
203/STJ) (Cabe RE)
Art. 58. As normas de organização judiciária local poderão
estender a conciliação prevista nos arts. 22 e 23 a causas não
abrangidas por esta Lei. ENUNCIADOS CÍVEIS DO FONAJE
ENUNCIADO 1 – O exercício do direito de ação no Juizado
Art. 59. NÃO SE ADMITIRÁ AÇÃO RESCISÓRIA nas causas Especial Cível é facultativo para o autor.
sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei. ENUNCIADO 3 – Lei local não poderá ampliar a competência
do Juizado Especial.
Súmula 376-STJ: Compete à turma recursal processar e julgar o ENUNCIADO 4 – Nos Juizados Especiais só se admite a ação de
mandado de segurança contra ato de juizado especial. despejo prevista no art. 47, inciso III, da Lei 8.245/1991.
ENUNCIADO 5 – A correspondência ou contra-fé recebida no
endereço da parte é eficaz para efeito de citação, desde que
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
identificado o seu recebedor.
EDIÇÃO N. 89: JUIZADOS ESPECIAIS ENUNCIADO 6 – Não é necessária a presença do juiz togado ou
1) O processamento da ação perante o Juizado Especial Esta- leigo na Sessão de Conciliação, nem a do juiz togado na
dual é opção do autor, que pode, se preferir, ajuizar sua de- audiência de instrução conduzida por juiz leigo.
manda perante a Justiça Comum. ENUNCIADO 7 – A sentença que homologa o laudo arbitral é
2) Em se tratando de litisconsórcio ativo facultativo, para que irrecorrível.
se fixe a competência dos Juizados Especiais, deve ser conside- ENUNCIADO 8 – As ações cíveis sujeitas aos procedimentos
rado o valor da causa individualmente por autor, não impor- especiais não são admissíveis nos Juizados Especiais.
tando se a soma ultrapassa o valor de alçada. ENUNCIADO 9 – O condomínio residencial poderá propor ação
3) A necessidade de produção de prova pericial, por si só, no Juizado Especial, nas hipóteses do art. 275, inciso II, item b,
não influi na definição da competência dos Juizados Especi- do Código de Processo Civil.
ais. ENUNCIADO 10 – A contestação poderá ser apresentada até a
4) É da competência dos Juizados Especiais Federais e dos Juiza- audiência de Instrução e Julgamento.
dos Especiais da Fazenda Pública a defesa de direitos ou interes- ENUNCIADO 11 – Nas causas de valor superior a 20 salários
ses difusos e coletivos exercida por meio de ações propostas in- mínimos, a ausência de contestação, escrita ou oral, ainda
dividualmente pelos seus titulares ou substitutos processuais. que presente o réu, implica revelia.
5) É possível submeter ao rito dos Juizados Especiais Federais ENUNCIADO 12 – A perícia informal é admissível na hipótese
as causas que envolvem fornecimento de medicamentos/tra- do art. 35 da Lei 9.099/1995.
tamento médico, cujo valor seja de até 60 salários mínimos, ENUNCIADO 13 – Os prazos processuais nos Juizados Especiais
ajuizadas pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública Cíveis, contam-se da data da intimação ou ciência do ato
em favor de pessoa determinada. respectivo, e não da juntada do comprovante da intimação,
6) Compete ao Juizado Especial a execução de seus próprios jul- observando-se as regras de contagem do CPC ou do Código
gados, independente da quantia a ser executada, desde que Civil, conforme o caso
tenha sido observado o valor de alçada na ocasião da propo- ENUNCIADO 14 – Os bens que guarnecem a residência do
situra da ação. devedor, desde que não essenciais a habitabilidade, são
7) Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de penhoráveis.
competência entre juizado especial federal e juízo federal da ENUNCIADO 15 – Nos Juizados Especiais não é cabível o recurso
mesma seção judiciária. (Súmula n. 428/STJ). de agravo, exceto nas hipóteses dos artigos 544 e 557 do CPC.
9) Admite-se a impetração de mandado de segurança peran- ENUNCIADO 20 – O comparecimento pessoal da parte às
te os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais Federais audiências é obrigatório. A pessoa jurídica poderá ser
para o exercício do controle de competência dos Juizados Es- representada por preposto.
peciais Estaduais ou Federais, respectivamente, excepcionando ENUNCIADO 22 – A multa cominatória é cabível desde o
a hipótese de cabimento da Súmula n. 376/STJ. descumprimento da tutela antecipada, nos casos dos incisos V e
13) É inviável a discussão de matéria processual em sede de VI, do art 52, da Lei 9.099/1995.
incidente de uniformização de jurisprudência oriundo de jui- ENUNCIADO 26 – São cabíveis a tutela acautelatória e a

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antecipatória nos Juizados Especiais Cíveis recuperação judicial devem prosseguir até a sentença de mérito,
ENUNCIADO 27 – Na hipótese de pedido de valor até 20 para constituição do título executivo judicial, possibilitando a
salários mínimos, é admitido pedido contraposto no valor parte habilitar o seu crédito, no momento oportuno, pela via
superior ao da inicial, até o limite de 40 salários mínimos, própria
sendo obrigatória à assistência de advogados às partes. ENUNCIADO 52 – Os embargos à execução poderão ser
ENUNCIADO 28 – Havendo extinção do processo com base no decididos pelo juiz leigo, observado o art. 40 da Lei n°
inciso I, do art. 51, da Lei 9.099/1995, é necessária a condenação 9.099/1995.
em custas. ENUNCIADO 53 – Deverá constar da citação a advertência,
ENUNCIADO 30 – É taxativo o elenco das causas previstas na em termos claros, da possibilidade de inversão do ônus da
o art. 3º da Lei 9.099/1995. prova.
ENUNCIADO 31 – É admissível pedido contraposto no caso ENUNCIADO 54 – A menor complexidade da causa para a
de ser a parte ré pessoa jurídica. fixação da competência é aferida pelo objeto da prova e não
ENUNCIADO 33 – É dispensável a expedição de carta precatória em face do direito material.
nos Juizados Especiais Cíveis, cumprindo-se os atos nas demais ENUNCIADO 58 (Substitui o Enunciado 2) – As causas cíveis
comarcas, mediante via postal, por ofício do Juiz, fax, telefone enumeradas no art. 275 II, do CPC admitem condenação
ou qualquer outro meio idôneo de comunicação. superior a 40 salários mínimos e sua respectiva execução, no
ENUNCIADO 35 – Finda a instrução, não são obrigatórios os próprio Juizado.
debates orais. ENUNCIADO 59 – Admite-se o pagamento do débito por meio
ENUNCIADO 36 – A assistência obrigatória prevista no art. 9º de desconto em folha de pagamento, após anuência expressa
da Lei 9.099/1995 tem lugar a partir da fase instrutória, não do devedor e em percentual que reconheça não afetar sua
se aplicando para a formulação do pedido e a sessão de subsistência e a de sua família, atendendo sua comodidade e
conciliação. conveniência pessoal.
ENUNCIADO 37 – Em exegese ao art. 53, § 4º, da Lei 9.099/1995, ENUNCIADO 60 – É cabível a aplicação da desconsideração da
não se aplica ao processo de execução o disposto no art. 18, § personalidade jurídica, inclusive na fase de execução.
2º, da referida lei, sendo autorizados o arresto e a citação ENUNCIADO 62 – Cabe exclusivamente às Turmas Recursais
editalícia quando não encontrado o devedor, observados, no conhecer e julgar o mandado de segurança e o habeas
que couber, os arts. 653 e 654 do Código de Processo Civil corpus impetrados em face de atos judiciais oriundos dos
ENUNCIADO 38 – A análise do art. 52, IV, da Lei 9.099/1995, Juizados Especiais.
determina que, desde logo, expeça-se o mandado de penhora, ENUNCIADO 63 – Contra decisões das Turmas Recursais são
depósito, avaliação e intimação, inclusive da eventual audiência cabíveis somente os embargos declaratórios e o Recurso
de conciliação designada, considerando-se o executado Extraordinário.
intimado com a simples entrega de cópia do referido mandado ENUNCIADO 68 – Somente se admite conexão em Juizado
em seu endereço, devendo, nesse caso, ser certificado Especial Cível quando as ações puderem submeter-se à
circunstanciadamente. sistemática da Lei 9099/1995.
ENUNCIADO 39 – Em observância ao art. 2º da Lei 9.099/1995, o ENUNCIADO 69 – As ações envolvendo danos morais não
valor da causa corresponderá à pretensão econômica objeto constituem, por si só, matéria complexa.
do pedido. ENUNCIADO 70 – As ações nas quais se discute a ilegalidade de
ENUNCIADO 40 – O conciliador ou juiz leigo não está juros não são complexas para o fim de fixação da competência
incompatibilizado nem impedido de exercer a advocacia, dos Juizados Especiais, exceto quando exigirem perícia contábil
exceto perante o próprio Juizado Especial em que atue ou se ENUNCIADO 71 – É cabível a designação de audiência de
pertencer aos quadros do Poder Judiciário. conciliação em execução de título judicial.
ENUNCIADO 41 – A correspondência ou contra-fé recebida no ENUNCIADO 73 – As causas de competência dos Juizados
endereço do advogado é eficaz para efeito de intimação, desde Especiais em que forem comuns o objeto ou a causa de pedir
que identificado o seu recebedor poderão ser reunidas para efeito de instrução, se necessária, e
ENUNCIADO 43 – Na execução do título judicial definitivo, ainda julgamento.
que não localizado o executado, admite-se a penhora de seus ENUNCIADO 74 – A prerrogativa de foro na esfera penal não
bens, dispensado o arresto. A intimação de penhora observará afasta a competência dos Juizados Especiais Cíveis.
ao disposto no artigo 19, § 2º, da Lei 9.099/1995. ENUNCIADO 75 (Substitui o Enunciado 45) – A hipótese do § 4º,
ENUNCIADO 44 – No âmbito dos Juizados Especiais, não são do 53, da Lei 9.099/1995, também se aplica às execuções de
devidas despesas para efeito do cumprimento de diligências, título judicial, entregando-se ao exeqüente, no caso, certidão do
inclusive, quando da expedição de cartas precatórias. seu crédito, como título para futura execução, sem prejuízo da
ENUNCIADO 46 – A fundamentação da sentença ou do manutenção do nome do executado no Cartório Distribuidor
acórdão poderá ser feita oralmente, com gravação por ENUNCIADO 76 (Substitui o Enunciado 55) – No processo de
qualquer meio, eletrônico ou digital, consignando-se apenas o execução, esgotados os meios de defesa e inexistindo bens para
dispositivo na ata a garantia do débito, expede-se a pedido do exeqüente certidão
ENUNCIADO 48 – O disposto no parágrafo 1º do art. 9º da lei de dívida para fins de inscrição no serviço de Proteção ao
9.099/1995 é aplicável às microempresas e às empresas de Crédito – SPC e SERASA, sob pena de responsabilidade.
pequeno porte ENUNCIADO 77 – O advogado cujo nome constar do termo de
ENUNCIADO 50 – Para efeito de alçada, em sede de Juizados audiência estará habilitado para todos os atos do processo,
Especiais, tomar-se-á como base o salário mínimo nacional. inclusive para o recurso
ENUNCIADO 51 – Os processos de conhecimento contra ENUNCIADO 78 – O oferecimento de resposta, oral ou
empresas sob liquidação extrajudicial, concordata ou escrita, não dispensa o comparecimento pessoal da parte,

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ensejando, pois, os efeitos da revelia no prazo que for assinado, para validade de eventual acordo,
ENUNCIADO 79 – Designar-se-á hasta pública única, se o bem sob as penas dos artigos 20 e 51, I, da Lei nº 9099/1995,
penhorado não atingir valor superior a sessenta salários conforme o caso
mínimos ENUNCIADO 100 – A penhora de valores depositados em banco
ENUNCIADO 80 – O recurso Inominado será julgado deserto poderá ser feita independentemente de a agência situar-se no
quando não houver o recolhimento integral do preparo e Juízo da execução
sua respectiva comprovação pela parte, no prazo de 48 ENUNCIADO 101 – Aplica-se ao Juizado Especial o disposto no
horas, não admitida a complementação intempestiva (art. 42, art. 285, a, do CPC
§ 1º, da Lei 9.099/1995) ENUNCIADO 102 – O relator, nas Turmas Recursais Cíveis, em
ENUNCIADO 81 – A arrematação e a adjudicação podem ser decisão monocrática, poderá negar seguimento a recurso
impugnadas, no prazo de 5 dias do ato, por simples pedido manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou
ENUNCIADO 82 – Nas ações derivadas de acidentes de em desacordo com Súmula ou jurisprudência dominante das
trânsito a demanda poderá ser ajuizada contra a seguradora, Turmas Recursais ou da Turma de Uniformização ou ainda
isolada ou conjuntamente com os demais coobrigados de Tribunal Superior, cabendo recurso interno para a Turma
ENUNCIADO 84 – Compete ao Presidente da Turma Recursal Recursal, no prazo de 5 dias
o juízo de admissibilidade do Recurso Extraordinário, salvo ENUNCIADO 103 – O relator, nas Turmas Recursais Cíveis, em
disposição em contrário decisão monocrática, poderá dar provimento a recurso se a
ENUNCIADO 85 – O Prazo para recorrer da decisão de Turma decisão estiver em manifesto confronto com Súmula do
Recursal fluirá da data do julgamento Tribunal Superior ou Jurisprudência dominante do próprio
ENUNCIADO 86 – Os prazos processuais nos procedimentos juizado, cabendo recurso interno para a Turma Recursal, no
sujeitos ao rito especial dos Juizados Especiais não se prazo de 5 dias
suspendem e nem se interrompem ENUNCIADO 106 – Havendo dificuldade de pagamento direto
ENUNCIADO 87 – A Lei 10.259/2001 não altera o limite da ao credor, ou resistência deste, o devedor, a fim de evitar a
alçada previsto no artigo 3°, inciso I, da Lei 9099/1995 multa de 10%, deverá efetuar depósito perante o juízo singular
ENUNCIADO 88 – Não cabe recurso adesivo em sede de de origem, ainda que os autos estejam na instância recursal
Juizado Especial, por falta de expressa previsão legal ENUNCIADO 107 – Nos acidentes ocorridos antes da MP
ENUNCIADO 89 – A incompetência territorial pode ser 340/06, convertida na Lei nº 11.482/07, o valor devido do
reconhecida de ofício no sistema de juizados especiais cíveis seguro obrigatório é de 40 salários mínimos, não sendo
ENUNCIADO 90 – A desistência do autor, mesmo sem a possível modificá-lo por Resolução do CNSP e/ou Susep
anuência do réu já citado, implicará na extinção do processo ENUNCIADO 108 – A mera recusa ao pagamento de
sem julgamento do mérito, ainda que tal ato se dê em audiência indenização decorrente de seguro obrigatório não configura
de instrução e julgamento dano moral
ENUNCIADO 91 (Substitui o Enunciado 67) – O conflito de ENUNCIADO 111 – O condomínio, se admitido como autor,
competência entre juízes de Juizados Especiais vinculados à deve ser representado em audiência pelo síndico, ressalvado o
mesma Turma Recursal será decidido por esta. Inexistindo tal disposto no § 2° do art. 1.348 do Código Civil
vinculação, será decidido pela Turma Recursal para a qual for ENUNCIADO 112 – A intimação da penhora e avaliação realizada
distribuído na pessoa do executado dispensa a intimação do advogado.
ENUNCIADO 92 – Nos termos do art. 46 da Lei nº 9099/1995, é Sempre que possível o oficial de Justiça deve proceder a
dispensável o relatório nos julgamentos proferidos pelas Turmas intimação do executado no mesmo momento da constrição
Recursais judicial (art.º 475, § 1º CPC)
ENUNCIADO 94 – É cabível, em Juizados Especiais Cíveis, a ENUNCIADO 113 – As turmas recursais reunidas poderão,
propositura de ação de revisão de contrato, inclusive quando o mediante decisão de 2/3 dos seus membros, salvo
autor pretenda o parcelamento de dívida, observado o valor de disposição regimental em contrário, aprovar súmulas
alçada, exceto quando exigir perícia contábil ENUNCIADO 114 – A gratuidade da justiça não abrange o
ENUNCIADO 95 – Finda a audiência de instrução, conduzida por valor devido em condenação por litigância de má-fé
Juiz Leigo, deverá ser apresentada a proposta de sentença ao ENUNCIADO 115 – Indeferida a concessão do benefício da
Juiz Togado em até 10 dias, intimadas as partes no próprio gratuidade da justiça requerido em sede de recurso,
termo da audiência para a data da leitura da sentença conceder-se-á o prazo de 48 horas para o preparo
ENUNCIADO 96 – A condenação do recorrente vencido, em ENUNCIADO 116 – O Juiz poderá, de ofício, exigir que a
honorários advocatícios, independe da apresentação de parte comprove a insuficiência de recursos para obter a
contra-razões concessão do benefício da gratuidade da justiça (art. 5º,
ENUNCIADO 97 – O artigo 475, “j”, do CPC – Lei 11.323/2005 – LXXIV, da CF), uma vez que a afirmação da pobreza goza
aplica-se aos Juizados Especiais, ainda que o valor da multa apenas de presunção relativa de veracidade
somado ao da execução ultrapasse o valor de 40 salários ENUNCIADO 117 – É obrigatória a segurança do Juízo pela
mínimos penhora para apresentação de embargos à execução de
ENUNCIADO 98 (Substitui o Enunciado 17) – É vedada a título judicial ou extrajudicial perante o Juizado Especial
acumulação SIMULTÂNEA das condições de preposto e ENUNCIADO 118 – Quando manifestamente inadmissível ou
advogado na mesma pessoa (art. 35, I e 36, II da Lei 8906/1994 infundado o recurso interposto, a turma recursal ou o relator em
combinado com o art. 23 do Código de Ética e Disciplina da decisão monocrática condenará o recorrente a pagar multa de
OAB) 1% e indenizar o recorrido no percentual de até 20% do valor
ENUNCIADO 99 (Substitui o Enunciado 42) – O preposto que da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso
comparece sem carta de preposição, obriga-se a apresentá-la condicionada ao depósito do respectivo valor

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ENUNCIADO 120 – A multa derivada de descumprimento de dentre eles os individuais homogêneos, aplica-se tanto para
antecipação de tutela é passível de execução mesmo antes do as demandas individuais de natureza multitudinária quanto
trânsito em julgado da sentença para as ações coletivas. Se, no exercício de suas funções, os
ENUNCIADO 121 – Os fundamentos admitidos para embargar a juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam
execução da sentença estão disciplinados no art. 52, inciso IX, da ensejar a propositura da ação civil coletiva, remeterão peças ao
Lei 9.099/95 e não no artigo 475-L do CPC, introduzido pela Lei Ministério Público e/ou à Defensoria Pública para as
11.232/05 providências cabíveis
ENUNCIADO 122 – É cabível a condenação em custas e ENUNCIADO 140 (Substitui o Enunciado 93) – O bloqueio on-
honorários advocatícios na hipótese de não conhecimento line de numerário será considerado para todos os efeitos como
do recurso inominado penhora, dispensando-se a lavratura do termo e intimando-se o
ENUNCIADO 123 – O art. 191 do CPC não se aplica aos devedor da constrição
processos cíveis que tramitam perante o Juizado Especial ENUNCIADO 141 (Substitui o Enunciado 110) – A microempresa
ENUNCIADO 124 – Das decisões proferidas pelas Turmas e a empresa de pequeno porte, quando autoras, devem ser
Recursais em mandado de segurança não cabe recurso representadas, inclusive em audiência, pelo empresário
ordinário individual ou pelo sócio dirigente
ENUNCIADO 125 – Nos juizados especiais, não são cabíveis ENUNCIADO 142 (Substitui o Enunciado 104) – Na execução por
embargos declaratórios contra acórdão ou súmula na título judicial o prazo para oferecimento de embargos será de
hipótese do art. 46 da Lei nº 9.099/1995, com finalidade 15 dias e fluirá da intimação da penhora
exclusiva de prequestionamento, para fins de interposição ENUNCIADO 143 – A decisão que põe fim aos embargos à
de recurso extraordinário execução de título judicial ou extrajudicial é sentença, contra a
ENUNCIADO 126 – Em execução eletrônica de título qual cabe apenas recurso inominado
extrajudicial, o título de crédito será digitalizado e o original ENUNCIADO 144 (Substitui o Enunciado 132) – A multa
apresentado até a sessão de conciliação ou prazo assinado, a cominatória não fica limitada ao valor de 40 salários
fim de ser carimbado ou retido pela secretaria mínimos, embora deva ser razoavelmente fixada pelo Juiz,
ENUNCIADO 127 – O cadastro de que trata o art. 1.°, § 2.°, III, obedecendo ao valor da obrigação principal, mais perdas e
“b”, da Lei nº. 11.419/2006 deverá ser presencial e não poderá se danos, atendidas as condições econômicas do devedor
dar mediante procuração, ainda que por instrumento público e ENUNCIADO 145 – A penhora não é requisito para a
com poderes especiais designação de audiência de conciliação na execução fundada
ENUNCIADO 128 – Além dos casos de segredo de justiça e sigilo em título extrajudicial
judicial, os documentos digitalizados em processo eletrônico ENUNCIADO 146 – A pessoa jurídica que exerça atividade de
somente serão disponibilizados aos sujeitos processuais, vedado factoring e de gestão de créditos e ativos financeiros,
o acesso a consulta pública fora da secretaria do juizado excetuando as entidades descritas no art. 8º, § 1º, inciso IV, da
ENUNCIADO 129 – Nos juizados especiais que atuem com Lei nº 9.099/95, não será admitida a propor ação perante o
processo eletrônico, ultimado o processo de conhecimento em Sistema dos Juizados Especiais (art. 3º, § 4º, VIII, da Lei
meio físico, a execução dar-se-á de forma eletrônica, Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006)
digitalizando as peças necessárias ENUNCIADO 147 (Substitui o Enunciado 119) – A constrição
ENUNCIADO 130 – Os documentos digitais que impliquem eletrônica de bens e valores poderá ser determinada de
efeitos no meio não digital, uma vez materializados, terão a ofício pelo juiz
autenticidade certificada pelo Diretor de Secretaria ou Escrivão ENUNCIADO 148 (Substitui o Enunciado 72) – Inexistindo
ENUNCIADO 131 – As empresas públicas e sociedades de interesse de incapazes, o Espólio pode ser parte nos Juizados
economia mista dos Estados, do Distrito Federal e dos Especiais Cíveis
Municípios podem ser demandadas nos Juizados Especiais ENUNCIADO 155 – Admitem-se embargos de terceiro, no
ENUNCIADO 133 – O valor de alçada de 60 salários mínimos sistema dos juizados, mesmo pelas pessoas excluídas pelo
previsto no artigo 2º da Lei 12.153/09, não se aplica aos parágrafo primeiro do art. 8 da lei 9.099/95
Juizados Especiais Cíveis, cujo limite permanece em 40 ENUNCIADO 156 – Na execução de título judicial, o prazo para
salários mínimos oposição de embargos flui da data do depósito espontâneo,
ENUNCIADO 134 – As inovações introduzidas pelo artigo 5º da valendo este como termo inicial, ficando dispensada a lavratura
Lei 12.153/09 não são aplicáveis aos Juizados Especiais Cíveis de termo de penhora
(Lei 9.099/95) ENUNCIADO 157 – O disposto no artigo 294 do CPC não possui
ENUNCIADO 135 (substitui o Enunciado 47) – O acesso da aplicabilidade nos Juizados Especiais Cíveis, o que confere ao
microempresa ou empresa de pequeno porte no sistema dos autor a possibilidade de aditar seu pedido até o momento da
juizados especiais depende da comprovação de sua qualificação AIJ (ou fase instrutória), sendo resguardado ao réu o respectivo
tributária atualizada e documento fiscal referente ao negócio direito de defesa
jurídico objeto da demanda. ENUNCIADO 159 – Não existe omissão a sanar por meio de
ENUNCIADO 136 – O reconhecimento da litigância de má-fé embargos de declaração quando o acórdão não enfrenta todas
poderá implicar em condenação ao pagamento de custas, as questões arguidas pelas partes, desde que uma delas tenha
honorários de advogado, multa e indenização nos termos dos sido suficiente para o julgamento do recurso
artigos 55, caput, da lei 9.099/95 e 18 do Código de Processo ENUNCIADO 160 – Nas hipóteses do artigo 515, § 3º, do CPC, e
Civil quando reconhecida a prescrição na sentença, a turma recursal,
ENUNCIADO 139 (substitui o Enunciado 32) – A exclusão da dando provimento ao recurso, poderá julgar de imediato o
competência do Sistema dos Juizados Especiais quanto às mérito, independentemente de requerimento expresso do
demandas sobre direitos ou interesses difusos ou coletivos, recorrente.

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ENUNCIADO 161 - Considerado o princípio da especialidade,
o CPC/2015 somente terá aplicação ao Sistema dos Juizados Art. 3º. [CRIME DE ATENTADO] Constitui abuso de autoridade
Especiais nos casos de expressa e específica remissão ou na qualquer atentado:
hipótese de compatibilidade com os critérios previstos no a) à liberdade de locomoção;
art. 2º da Lei 9.099/95. b) à inviolabilidade do domicílio;
ENUNCIADO 162 - Não se aplica ao Sistema dos Juizados c) ao sigilo da correspondência;
Especiais a regra do art. 489 do CPC/2015 diante da expressa d) à liberdade de consciência e de crença;
previsão contida no art. 38, caput, da Lei 9.099/95. e) ao livre exercício do culto religioso;
ENUNCIADO 163 - Os procedimentos de tutela de urgência f) à liberdade de associação;
requeridos em caráter antecedente, na forma prevista nos g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do
arts. 303 a 310 do CPC/2015, são incompatíveis com o Sistema voto;
dos Juizados Especiais. h) ao direito de reunião;
ENUNCIADO 164 - O art. 229, caput, do CPC/2015 não se i) à incolumidade física do indivíduo;
aplica ao Sistema de Juizados Especiais. j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissi-
ENUNCIADO 165 - Nos Juizados Especiais Cíveis, todos os onal.
prazos serão contados de forma contínua
ENUNCIADO 166 - Nos Juizados Especiais Cíveis, o juízo prévio Crime de atentado ou de empreendimento: são aqueles em
de admissibilidade do recurso será feito em primeiro grau que se pune a tentativa com a mesma pena do crime consuma-
ENUNCIADO 167 - Não se aplica aos Juizados Especiais a do. Não admite tentativa, pois o tentar já é consumir.
necessidade de publicação no Diário Eletrônico quando o réu
for revel - art. 346 do CPC Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
ENUNCIADO 168 - Não se aplica aos recursos dos Juizados a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual,
Especiais o disposto no artigo 1.007 do CPC 2015 sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a
LEI 4898/65 – ABUSO DE AUTORIDADE constrangimento não autorizado em lei;
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a pri-
são ou detenção de qualquer pessoa;
Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilida-
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção
de administrativa, civil e penal, contra as autoridades que, no
ilegal que lhe seja comunicada;
exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a pres-
pela presente lei.
tar fiança, permitida em lei;
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carcera-
Regular funcionamento da Administração gem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que
BEM JURÍDICO Pública a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer
TUTELADO quanto ao seu valor;
Direitos e garantias fundamentais previstos na
CF/88. g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de
importância recebida a título de carceragem, custas, emolumen-
tos ou de qualquer outra despesa;
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de peti-
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou
ção:
jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para
competência legal;
aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de me-
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência
dida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou
para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada.
de cumprir imediatamente ordem de liberdade.
Parágrafo único. A representação será feita em 2 vias e conterá a
exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com to-
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem
das as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de
exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil,
testemunhas, no máximo de 3, se as houver.
ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.

O “direito de representação” não é condição objetiva de proce-


A simples condição de ser o agente pertencente à
dibilidade, mas sim desdobramento do direito de petição (art.
Administração Pública Federal NÃO DETERMINA a
5°, XXXIV, CF). Nesse sentido, a representação tem NATUREZA
competência da Justiça Federal para processar e julgar o delito.
JURÍDICA DE NOTITIA CRIMINIS.
STJ (Info 430).
Art. 1º, Lei 5249/67: A falta de representação do ofendido, nos
casos de abusos previstos na Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção ad-
1965, na obsta a iniciativa ou o curso de ação pública. ministrativa, civil e penal.
A Ação penal nos crimes de abuso de autoridade é PÚBLICA § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gra-
INCONDICIONADA. vidade do abuso cometido e consistirá em:
a) advertência;
São infrações de menor potencial ofensivo (pena máxima não b) repreensão;
ultrapassa 2 anos).

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c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de 5 a 180 Art. 12. A ação penal será iniciada, INDEPENDENTEMENTE de
dias, COM PERDA DE VENCIMENTOS E VANTAGENS; inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério
d) destituição de função; Público, instruída com a representação da vítima do abuso.
e) demissão;
f) demissão, a bem do serviço público. Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, vítima, aquele, no prazo de 48 horas, denunciará o réu, desde
consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá ao
dez mil cruzeiros. Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de
instrução e julgamento.
SANÇÃO CIVIL § 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em 2 vias.

Código Penal Lei 4898/65 Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade hou-
Efeito da condenação – art. 91, I Pena principal ver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá:
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos
meio de 2 testemunhas qualificadas;
artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
b) requerer ao Juiz, até 72 horas antes da audiência de instru-
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
ção e julgamento, a designação de um perito para fazer as ve-
b) DETENÇÃO por 10 dias a 6 meses (INFRAÇÃO DE MENOR
rificações necessárias.
POTENCIAL OFENSIVO);
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e prestarão
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer
seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por escri-
outra função pública por prazo até 3 anos.
to, querendo, na audiência de instrução e julgamento.
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação po -
PERDA DO CARGO derá conter a indicação de mais 2 testemunhas.
Código Penal Lei 4898/65
INFRAÇÃO DEIXAR VESTÍGIO
Efeito da condenação – art. 92, I Natureza de pena
LEI ABUSO DE AUTORIDADE CPP
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser apli- A comprovação da existência Realizar-se-á exame de corpo
cadas autônoma ou cumulativamente. de tais vestígios pode ser reali- de delito, direto ou indireto,
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade zada por meio de 2 testemu- não podendo supri-lo a confis-
policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser co- nhas qualificadas. são do acusado.
minada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusa-
do exercer funções de natureza policial ou militar NO MUNI-
CÍPIO DA CULPA, por prazo de 1 a 5 anos.
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a
denúncia requerer o arquivamento da representação, o Juiz, no
Art. 7º recebida a representação em que for solicitada a aplicação
caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará re-
de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar competente
messa da representação ao Procurador-Geral e este oferecerá a
determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.
denúncia, ou designará outro órgão do Ministério Público para
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabeleci-
oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá
das nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou militares,
o Juiz atender.
que estabeleçam o respectivo processo.
§ 2º Não existindo no município no Estado ou na legislação mili-
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a de-
tar normas reguladoras do inquérito administrativo serão aplica-
núncia no prazo fixado nesta lei (48h), será admitida ação pri-
das supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225 da Lei nº
vada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a
1.711, de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários Públi-
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em
cos Civis da União).
todos os termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo,
§ 3º O processo administrativo NÃO PODERÁ SER SOBRESTA-
no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte
DO para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil.
principal.
Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de 48 horas,
autoridade civil ou militar.
proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará,
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à autorida-
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julga-
de administrativa ou independentemente dela, poderá ser pro-
mento, que deverá ser realizada, IMPRORROGAVELMENTE,
movida pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal ou
dentro de 5 dias.
ambas, da autoridade culpada.
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento final e
para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será feita
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de Pro-
por mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via da
cesso Civil.
representação e da denúncia.

Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apre-


sentada em juízo, independentemente de intimação.

22
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória
para a audiência ou a intimação de testemunhas ou, salvo o CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS
caso previsto no artigo 14, letra "b", requerimentos para a realiza- OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES: 1. Para os
ção de diligências, perícias ou exames, a não ser que o Juiz, em fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qual-
despacho motivado, considere indispensáveis tais providências. quer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou
mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim
Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos audi- de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou con-
tórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência, apregoan- fissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa
do em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o representante tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar
do Ministério Público ou o advogado que tenha subscrito a quei- ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer moti-
xa e o advogado ou defensor do réu. vo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais
Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se se dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário pú-
ausente o Juiz. blico ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por
sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência.
Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos
houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, deven- que sejam conseqüência unicamente de sanções legítimas,
do o ocorrido constar do livro de termos de audiência. ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram.

Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública, se Tanto a CF/88 (art. 5, XLIII) quanto a Lei de crimes hediondos
contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil, (art. 2°, caput), equiparam o delito de tortura a crimes hedion-
entre 10 e 18 horas, na sede do Juízo ou, excepcionalmente, no dos.
local que o Juiz designar. O crime de tortura, salvo as exceções legais, é crime comum, po-
Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o interroga- dendo ser praticado por qualquer pessoa, não se exigindo con-
tório do réu, se estiver presente. dição especial de funcionário público.
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado, o
Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na au-
diência e nos ulteriores termos do processo.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - CONSTRANGER alguém com emprego de violência ou gra-
STF: interrogatório será o último ato da instrução (HC 127.900/ ve ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
AM) a) [TORTURA CONFISSÃO/PROBATÓRIA/PERSECUTÓRIA] com
o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a ou de terceira pessoa
palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado b) [TORTURA CRIME] para provocar ação ou omissão de natu-
que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do réu, reza criminosa
pelo prazo de 15 minutos para cada um, prorrogável por mais
10, a critério do Juiz. Caracteriza coação moral irresistível, que funciona como
autoria mediata e causa de inexigibilidade de conduta diversa
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a (exclui a culpabilidade).
sentença.
Não abrange a prática de contravenções penais.
Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro pró-
prio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os depoi- c) [TORTURA DISCRIMINATÓRIA/DISCRIMINATÓRIA/RACIS-
mentos e as alegações da acusação e da defesa, os requerimentos MO] em razão de discriminação RACIAL ou RELIGIOSA
e, por extenso, os despachos e a sentença.
Não abrange discriminação SEXUAL ou POLÍTICA.
Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Ministé-
rio Público ou o advogado que houver subscrito a queixa, o advo-
II - [TORTURA CASTIGO/PUNITIVA] SUBMETER alguém, sob
gado ou defensor do réu e o escrivão.
sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como
Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem difí-
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preven-
ceis e não permitirem a observância dos prazos fixados nesta
tivo.
lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
dobro.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou su-
jeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental,
Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Código
por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não
de Processo Penal, sempre que compatíveis com o sistema de ins-
resultante de medida legal.
trução e julgamento regulado por esta lei.
§ 2º [TORTURA-OMISSÃO] Aquele que se omite em face des-
Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, caberão os
sas condutas, quando tinha o DEVER DE EVITÁ-LAS ou APURÁ-
recursos e apelações previstas no Código de Processo Penal.
LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

LEI 9455/97 – TORTURA

23
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a
reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3:
I - se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador
de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos;

Possibilidade de aplicação conjunta do art. 1, §4°, II com a


agravante prevista no art. 61, II, f do CP, sem que implique bis in
idem.

III - se o crime é cometido mediante sequestro.


§ 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou
emprego público E A INTERDIÇÃO para seu exercício pelo do-
bro do prazo da pena aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou
anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese
do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. (RE-
GIME INICIAL FECHADO OBRIGATÓRIO - INCONSTITUCIO-
NAL)

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não


tenha sido cometido em território nacional, sendo a VÍTIMA
BRASILEIRA ou encontrando-se o AGENTE em LOCAL SOB JU-
RISDIÇÃO BRASILEIRA

EXTRATERRITORIALIDADE
VÍTIMA BRASILEIRA ENCONTRANDO-SE O AGEN-
TE EM LOCAL SOB JURISDI-
ÇÃO BRASILEIRA
Extraterritorialidade Incondicio- Divergência:
nada 1C: trata-se de extraterritoriali-
dade incondicionada. Nucci e
OBS: Competência da Justiça Habib.
Estadual: o fato de o crime de 2C: consiste em extraterritoria-
tortura, praticado contra brasi- lidade condicionada. Marcelo
leiros, ter ocorrido no exterior Azeredo
não torna, por si só, a Justiça
Federal competente para pro-
cessar e julgar os agentes es-
trangeiros.

24
DIA 26 § 4º A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pa-
gamento por esta modalidade, não dão direito a restituição, salvo
nos casos expressamente previstos na legislação tributária, ou na-
quelas em que o erro seja imputável à autoridade administrativa.
CTN: art. 157-216 § 5º O pagamento em papel selado ou por processo mecâni-
LEI 9503/97 – Crimes de Trânsito co equipara-se ao pagamento em estampilha.
LEI 9296/96– Interceptação Telefônica
LEI 7960/89 – Prisão Temporária Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos
LEI 9605/98 - CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa
LEI 10826/03 – Estatuto do Desarmamento
jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes
tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros
CTN de mora, a autoridade administrativa competente para rece-
ber o pagamento determinará a respectiva imputação, obede-
SEÇÃO II cidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas:
Pagamento I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria,
Art. 157. A imposição de penalidade NÃO ILIDE o paga- e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tri-
mento integral do crédito tributário. butária;
II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois
Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em às taxas e por fim aos impostos;
presunção de pagamento: III - na ordem crescente dos prazos de prescrição;
I - quando parcial, das prestações em que se decompo- IV - na ordem decrescente dos montantes.
nha;
II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo 1° Débitos por obrigação própria
ou a outros tributos. 2° Débitos decorrentes de responsabilidade
tributária
Art. 159. Quando a legislação tributária não dispuser a res- IMPUTAÇÃO EM
1° Contribuição de melhoria
peito, o pagamento é efetuado na repartição competente do PAGAMENTO
2° Taxas
domicílio do sujeito passivo.
3° Impostos

Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo Ordem CRESCENTE prazo de prescrição
do pagamento, o vencimento do crédito ocorre 30 dias depois
Ordem DECRESCENTE montantes
da data em que se considera o sujeito passivo notificado do
lançamento.
Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder des- Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser con-
conto pela antecipação do pagamento, nas condições que esta- signada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:
beleça. I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao
pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumpri-
Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento mento de obrigação acessória;
é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determi- II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de
nante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades ca- exigências administrativas sem fundamento legal;
bíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previs- III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de di-
tas nesta Lei ou em lei tributária. reito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gera-
§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de dor.
mora são calculados à taxa de 1% ao mês. § 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consignante se propõe pagar.
consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para § 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se re-
pagamento do crédito. puta efetuado e a importância consignada é convertida em renda;
julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, co-
Art. 162. O pagamento é efetuado: bra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das
I - em moeda corrente, cheque ou vale postal; penalidades cabíveis.
II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel se-
lado, ou por processo mecânico. SEÇÃO III
§ 1º A legislação tributária pode determinar as garantias exi- Pagamento Indevido
gidas para o pagamento por cheque ou vale postal, desde que Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemen-
não o torne impossível ou mais oneroso que o pagamento em te de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo,
moeda corrente. seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o
§ 2º O crédito pago por cheque somente se considera extin- disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:
to com o resgate deste pelo sacado. I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevi-
§ 3º O crédito pagável em estampilha considera-se extinto do ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicá-
com a inutilização regular daquela, ressalvado o disposto no arti- vel, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador
go 150. efetivamente ocorrido;

1
II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça,
da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar
elaboração ou conferência de qualquer documento relativo TRANSAÇÃO que, mediante concessões mútuas, importe em
ao pagamento; determinação de litígio e consequente extinção de crédito tri-
III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão butário.
condenatória. Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para
autorizar a transação em cada caso.
Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua
natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a
será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parci-
no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressa- al do crédito tributário, atendendo:
mente autorizado a recebê-la. I - à situação econômica do sujeito passivo;
II - ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo,
Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à quanto a matéria de fato;
restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das pe- III - à diminuta importância do crédito tributário;
nalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter IV - a considerações de equidade, em relação com as carac-
formal não prejudicadas pela causa da restituição. terísticas pessoais ou materiais do caso;
Parágrafo único. A restituição vence juros não capitalizá- V - a condições peculiares a determinada região do território
veis, a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a da entidade tributante.
determinar. Parágrafo único. O despacho referido neste artigo NÃO
GERA DIREITO ADQUIRIDO, aplicando-se, quando cabível, o dis-
Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se posto no artigo 155.
com o decurso do prazo de 5 anos, contados:
I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito
extinção do crédito tributário; tributário extingue-se após 5 anos, contados:
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a lançamento poderia ter sido efetuado;
decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou res- II - da data em que se tornar definitiva a decisão que
cindido a decisão condenatória. houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormen-
te efetuado.
Súmula 625-STJ: O pedido administrativo de compensação ou Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extin-
de restituição NÃO INTERROMPE o prazo prescricional para a gue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto (5
ação de repetição de indébito tributário de que trata o art. 168 anos), contado da data em que tenha sido iniciada a constitui-
do CTN nem o da execução de título judicial contra a Fazenda ção do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo,
Pública. de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamen-
to.
Art. 169. Prescreve em 2 anos a ação anulatória da decisão
administrativa que denegar a restituição. Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário pres-
Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo creve em 5 anos, contados da data da sua constituição defini-
início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, tiva.
a partir da data da intimação validamente feita ao represen- Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
tante judicial da Fazenda Pública interessada. I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execu-
ção fiscal;
SEÇÃO IV II - pelo protesto judicial;
Demais Modalidades de Extinção III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o de-
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que es- vedor;
tipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade ad- IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial,
ministrativa, autorizar a compensação de créditos tributários que importe em reconhecimento do débito pelo devedor.
com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do su-
jeito passivo contra a Fazenda pública. CAPÍTULO V
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passi- Exclusão de Crédito Tributário
vo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do SEÇÃO I
seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que Disposições Gerais
a correspondente ao juro de 1% ao mês pelo tempo a decorrer Art. 175. EXCLUEM o crédito tributário:
entre a data da compensação e a do vencimento. I - a isenção – só por LEI (art. 97, VI);
II - a anistia.
Art. 170-A. É VEDADA a compensação mediante o apro- Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário NÃO DIS-
veitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo su- PENSA O CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS de-
jeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva deci- pendentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou
são judicial. dela consequente.

A isenção configura dispensa legal do pagamento do tributo,

2
com base no exercício da competência tributária, e não no plano prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos
de sua definição, isto é, com base em norma constitucional. requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão.
§ 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de
tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da
Moratória; expiração de cada período, cessando automaticamente os seus
Depósito do seu montante INTEGRAL; efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interes-
Reclamações e os recursos; sado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da
SUSPENSÃO Liminar em MS; isenção.
Liminar ou de tutela antecipada, em outras § 2º O despacho referido neste artigo NÃO GERA DIREITO
espécies de ação judicial; ADQUIRIDO, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo
Parcelamento. 155.
Pagamento;
Compensação;
Transação; Não enquadramento normativo a uma con-
Remissão; NÃO duta.
Prescrição INCIDÊNCIA O fato não pode ser contemplado legalmente
Decadência; como gerador de determinado tributo.
EXTINÇÃO Conversão de depósito em renda;
É norma de não competência instituída
Pagamento antecipado e a homologação
IMUNIDADE constitucionalmente, de onde resulta a im-
do lançamento nos termos do disposto no
possibilidade de sua revogação, até mesmo
artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
por emenda constitucional
Consignação em pagamento, nos termos do
disposto no § 2º do artigo 164; Criada pela legislação infraconstitucional
Decisão administrativa irreformável; que atua diretamente no exercício da com-
Decisão judicial passada em julgado. petência tributária.
Dação em pagamento em bens IMÓVEIS. ISENÇÃO Para o STF é dispensa legal de pagamento,
ocorrendo, pois, a formação de obrigação tri-
EXCLUSÃO Isenção
butária. Constitui exceção instituída por lei à
Anistia
regra jurídica da tributação
ALÍQUOTA Concessão ao contribuinte de situação de não
ISENÇÕES TÉCNICAS ISENÇÕES POLÍTICAS
ZERO pagamento – semelhante à isenção – porém,
Reconhecidas ante a ausência Há a capacidade contributiva, sem obediência ao princípio da legalidade
da capacidade contributiva entretanto, por razões de po- *Tabela montada a partir de informações retiradas dos sites seguintes: http://www.conteudo-
juridico.com.br/artigo,diferencas-entre-imunidade-isencao-e-nao-incidencia-
da pessoa lítica fiscal, há a dispensa do
tributaria,56460.html e https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2202376/o-que-se-entende-por-
pagamento. aliquota-zero-joice-de-souza-bezerra

SEÇÃO II SÚMULAS SOBRE ISENÇÃO


Isenção
Súmula 544-STF: Isenções tributárias concedidas, sob condição
Art. 176. A ISENÇÃO, ainda quando prevista em contrato,
onerosa, não podem ser livremente suprimidas
É SEMPRE DECORRENTE DE LEI que especifique as condições e
Súmula 581-STF: A exigência de transporte em navio de ban-
requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se
deira brasileira, para efeito de isenção tributária, legitimou-se
aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.
com o advento do Decreto-Lei 666, de 02.07.69.
Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada
região do território da entidade tributante, em função de condi-
ções a ela peculiares. SEÇÃO III
Anistia
Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações
NÃO É EXTENSIVA: cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não
I - às taxas e às contribuições de melhoria; se aplicando:
II - aos tributos instituídos posteriormente à sua conces- I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contra-
são. venções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam pratica-
dos com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por
Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e terceiro em benefício daquele;
em função de determinadas condições, pode ser revogada ou II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes
modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas.
inciso III do art. 104.
Art. 181. A anistia pode ser concedida:
Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter ge- I - em caráter geral;
ral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade II - limitadamente:
administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo;

3
b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até de- § 2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação
terminado montante, conjugadas ou não com penalidades de ou- de que trata o caput deste artigo enviarão imediatamente ao juí-
tra natureza; zo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilida-
c) a determinada região do território da entidade tributante, de houverem promovido.
em função de condições a ela peculiares;
d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado SEÇÃO II
pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma Preferências
lei à autoridade administrativa. Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro,
seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição,
Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter ge- ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho
ral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade ou do acidente de trabalho.
administrativa, em requerimento com a qual o interessado faça Parágrafo único. Na falência:
prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos I – o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcur-
requisitos previstos em lei para sua concessão. sais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo NÃO falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor
GERA DIREITO ADQUIRIDO, aplicando-se, quando cabível, o dis- do bem gravado;
posto no artigo 155. II – a lei poderá estabelecer limites e condições para a prefe-
rência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho; e
CAPÍTULO VI III – a multa tributária prefere apenas aos créditos subordina-
Garantias e Privilégios do Crédito Tributário dos.
SEÇÃO I
Disposições Gerais Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujei-
Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capí- ta a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação
tulo ao crédito tributário não exclui outras que sejam expressa- judicial, concordata, inventário ou arrolamento.
mente previstas em lei, em função da natureza ou das caracte- Parágrafo único. O concurso de preferência somente se veri-
rísticas do tributo a que se refiram. fica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem:
Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao I - União;
crédito tributário não altera a natureza deste nem a da obri- II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e
gação tributária a que corresponda. pró rata;
III - Municípios, conjuntamente e pró rata.
Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre de-
terminados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pa- Art. 188. São extraconcursais os créditos tributários de-
gamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das correntes de fatos geradores ocorridos no curso do processo
rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, de falência.
seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus § 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes
real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, ao processo competente, mandando reservar bens suficientes à
seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, exce- extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder
tuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolu- efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à
tamente impenhoráveis. natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda
Pública interessada.
Art. 185. PRESUME-SE FRAUDULENTA a alienação ou one- § 2º O disposto neste artigo aplica-se aos processos de con-
ração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo cordata.
em débito para com a Fazenda Pública, por CRÉDITO tributá-
rio regularmente INSCRITO COMO DÍVIDA ATIVA. Art. 189. São pagos preferencialmente a quaisquer crédi-
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hi- tos habilitados em inventário ou arrolamento, ou a outros encar-
pótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas gos do monte, os créditos tributários vencidos ou vincendos, a
suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do
processo de inventário ou arrolamento.
Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devida- Parágrafo único. Contestado o crédito tributário, proceder-
mente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no se-á na forma do disposto no § 1º do artigo anterior.
prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz
determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, co- Art. 190. São pagos preferencialmente a quaisquer outros os
municando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas ju-
órgãos e entidades que promovem registros de transferência de rídicas de direito privado em liquidação judicial ou voluntária, exi-
bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autorida- gíveis no decurso da liquidação.
des supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais,
a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a or- Art. 191. A extinção das obrigações do falido requer pro-
dem judicial. va de quitação de todos os tributos.
§ 1o A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo
limitar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz determinar o Art. 191-A. A concessão de recuperação judicial depende
imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores da apresentação da prova de quitação de todos os tributos,
que excederem esse limite. observado o disposto nos arts. 151, 205 e 206 desta Lei.

4
Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não
Art. 192. Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou abrange a prestação de informações quanto a fatos sobre os
adjudicação será proferida sem prova da quitação de todos os tri- quais o informante esteja legalmente obrigado a observar segre-
butos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas. do em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou pro-
fissão.
Art. 193. Salvo quando expressamente autorizado por lei, ne-
nhum departamento da administração pública da União, dos Es- Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é
tados, do Distrito Federal, ou dos Municípios, ou sua autarquia, VEDADA a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de
celebrará contrato ou aceitará proposta em concorrência pública seus servidores, de informação obtida em razão do ofício so-
sem que o contratante ou proponente faça prova da quitação de bre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou
todos os tributos devidos à Fazenda Pública interessada, relativos de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios
à atividade em cujo exercício contrata ou concorre. ou atividades.
§ 1o Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos
TÍTULO IV previstos no art. 199, os seguintes:
Administração Tributária I – requisição de autoridade judiciária no interesse da jus-
CAPÍTULO I tiça;
Fiscalização II – solicitações de autoridade administrativa no interesse
Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta da Administração Pública, desde que seja comprovada a ins-
Lei, regulará, em caráter geral, ou especificamente em função da tauração regular de processo administrativo, no órgão ou na
natureza do tributo de que se tratar, a competência e os poderes entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passi-
das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua vo a que se refere a informação, por prática de infração adminis-
aplicação. trativa.
Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo § 2o O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Ad-
aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou ministração Pública, será realizado mediante processo regular-
não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou de mente instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à autorida-
isenção de caráter pessoal. de solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência e as-
segure a preservação do sigilo.
Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm § 3o NÃO É VEDADA A DIVULGAÇÃO de informações relati-
aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limita- vas a:
tivas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, do- I – representações fiscais para fins penais;
cumentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerci- II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública;
antes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de III – parcelamento ou moratória.
exibi-los.
Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração co- Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do
mercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetua- Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente as-
dos serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos sistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta
tributários decorrentes das operações a que se refiram. de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou espe-
cífico, por lei ou convênio.
Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presi- Parágrafo único. A Fazenda Pública da União, na forma esta-
dir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos neces- belecida em tratados, acordos ou convênios, poderá permutar in-
sários para que se documente o início do procedimento, na forma formações com Estados estrangeiros no interesse da arrecadação
da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão e da fiscalização de tributos.
daquelas.
Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão re-
lavrados, sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e
quando lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou desacato no
à fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação dê
este artigo. medida prevista na legislação tributária, ainda que não se confi-
gure fato definido em lei como crime ou contravenção.
Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar
à autoridade administrativa todas as informações de que dispo- CAPÍTULO II
nham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: Dívida Ativa
I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de
II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição ad-
instituições financeiras; ministrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado,
III - as empresas de administração de bens; para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em
IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; processo regular.
V - os inventariantes; Parágrafo único. A fluência de juros de mora NÃO EXCLUI,
VI - os síndicos, comissários e liquidatários; para os efeitos deste artigo, a liquidez do crédito.
VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei desig-
ne, em razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado
profissão. pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente:

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I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos corresponsáveis, Art. 209. A expressão "Fazenda Pública", quando empre-
bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de gada nesta Lei sem qualificação, abrange a Fazenda Pública
um e de outros; da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora
acrescidos; Art. 210. Os prazos fixados nesta Lei ou legislação tributária
III - a origem e natureza do crédito, mencionada especifica- serão contínuos, excluindo-se na sua contagem o dia de início
mente a disposição da lei em que seja fundado; e incluindo-se o de vencimento (-C+F).
IV - a data em que foi inscrita; Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem em
V - sendo caso, o número do processo administrativo de que dia de expediente normal na repartição em que corra o proces-
se originar o crédito. so ou deva ser praticado o ato.
Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos des-
te artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição. Art. 211. Incumbe ao Conselho Técnico de Economia e Finan-
ças, do Ministério da Fazenda, prestar assistência técnica aos go-
Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos vernos estaduais e municipais, com o objetivo de assegurar a uni-
no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulida- forme aplicação da presente Lei.
de da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente,
mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira Art. 212. Os Poderes Executivos federal, estaduais e munici-
instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao pais expedirão, por decreto, dentro de 90 dias da entrada em vi-
sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que gor desta Lei, a consolidação, em texto único, da legislação vigen-
somente poderá versar sobre a parte modificada. te, relativa a cada um dos tributos, repetindo-se esta providência
até o dia 31 de janeiro de cada ano.
Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da PRESUN-
ÇÃO DE CERTEZA e LIQUIDEZ e tem o efeito de prova pré- Art. 213. Os Estados pertencentes a uma mesma região geo-
constituída. econômica celebrarão entre si convênios para o estabelecimento
Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é de alíquota uniforme para o imposto a que se refere o artigo 52.
relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do sujei- Parágrafo único. Os Municípios de um mesmo Estado proce-
to passivo ou do terceiro a que aproveite. derão igualmente, no que se refere à fixação da alíquota de que
trata o artigo 60.
CAPÍTULO III
Certidões Negativas Art. 214. O Poder Executivo promoverá a realização de con-
Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de vênios com os Estados, para excluir ou limitar a incidência do im-
determinado tributo, quando exigível, seja feita por certidão posto sobre operações relativas à circulação de mercadorias, no
negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, caso de exportação para o exterior.
que contenha todas as informações necessárias à identificação de
sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de negócio ou atividade e in- Art. 215. A lei estadual pode autorizar o Poder Executivo a
dique o período a que se refere o pedido. reajustar, no exercício de 1967, a alíquota de imposto a que se re-
Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida fere o artigo 52, dentro de limites e segundo critérios por ela es-
nos termos em que tenha sido requerida e será fornecida dentro tabelecidos.
de 10 dias da data da entrada do requerimento na repartição.
Art. 216. O Poder Executivo proporá as medidas legislativas
Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior adequadas a possibilitar, sem compressão dos investimentos pre-
a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, vistos na proposta orçamentária de 1967, o cumprimento do dis-
em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a posto no artigo 21 da Emenda Constitucional nº 18, de 1965.
penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.

Art. 207. Independentemente de disposição legal permissiva, DEMAIS SÚMULAS SOBRE DIREITO TRIBUÁRIO
será dispensada a prova de quitação de tributos, ou o seu su-
primento, quando se tratar de prática de ato indispensável STF
para evitar a caducidade de direito, respondendo, porém, todos Súmula vinculante 8-STF: São inconstitucionais o parágrafo
os participantes no ato pelo tributo porventura devido, juros de único do artigo 5º do Decreto-lei nº 1.569/1977 e os artigos 45
mora e penalidades cabíveis, exceto as relativas a infrações cuja e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadên-
responsabilidade seja pessoal ao infrator. cia de crédito tributário
Súmula 70-STF: É inadmissível a interdição de estabelecimento
Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, como meio coercitivo para cobrança de tributo.
que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pes- Súmula 239-STF: Decisão que declara indevida a cobrança do
soalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em
juros de mora acrescidos. relação aos posteriores
Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a respon- Súmula 262-STF: Não cabe medida possessória liminar para li-
sabilidade criminal e funcional que no caso couber. beração alfandegária de automóvel.
Súmula 323-STF: É inadmissível a apreensão de mercadorias
Disposições Finais e Transitórias como meio coercitivo para pagamento de tributos.
Súmula 439-STF: Estão sujeitos a fiscalização tributária ou pre-

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videnciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário
pontos objeto da investigação. certificado por sentença declaratória transitada em julgado.
Súmula 546-STF: Cabe a restituição do tributo pago indevida- Súmula 464-STJ: A regra de imputação de pagamentos estabe-
mente, quando reconhecido por decisão, que o contribuinte "de lecida no art. 354 do Código Civil não se aplica às hipóteses de
jure" não recuperou do contribuinte "de facto" o "quantum" res- compensação tributária.
pectivo. Súmula 467-STJ: Prescreve em 5 anos, contados do término
Súmula 547-STF: Não é lícito à autoridade proibir que o contri- do processo administrativo, a pretensão da Administração
buinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias Pública de promover a execução da multa por infração am-
nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais. biental.
Súmula 563-STF: O concurso de preferência a que se refere o Súmula 523-STJ: A taxa de juros de mora incidente na repetição
parágrafo único, do art. 187, do Código Tributário Nacional, é de indébito de tributos estaduais deve corresponder à utilizada
compatível com o disposto no art. 9º, inciso I, da Constituição para cobrança do tributo pago em atraso, sendo legítima a in-
Federal. cidência da taxa Selic, em ambas as hipóteses, quando prevista
Súmula 575-STF: A mercadoria importada de país signatário do na legislação local, vedada sua cumulação com quaisquer ou-
GATT, ou membro da ALALC, estende-se a isenção do imposto tros índices.
sobre circulação de mercadorias concedida a similar nacional. Súmula 569-STJ: Na importação, é indevida a exigência de nova
certidão negativa de débito no desembaraço aduaneiro, se já
STJ
apresentada a comprovação da quitação de tributos federais
Súmula 20-STJ: A mercadoria importada de país signatário do quando da concessão do benefício relativo ao regime de draw-
GATT é isenta do ICM, quando contemplado com esse favor o back.
similar nacional.
Súmula 106-STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu
LEI 9503/97 – CRIMES DE TRÂNSITO
exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao meca-
nismo da justiça, não justifica o acolhimento da arguição de
prescrição ou decadência. Seção I
Súmula 127-STJ: É ilegal condicionar a renovação da licença de Disposições Gerais
veículo ao pagamento de multa, da qual o infrator não foi no- Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automoto-
tificado. res, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do
Súmula 162-STJ: Na repetição de indébito tributário, a correção Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo
monetária incide a partir do pagamento indevido. não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26
Súmula 188-STJ: Os juros moratórios, na repetição do indébito de setembro de 1995, no que couber.
tributário, são devidos a partir do transito em julgado da sen- § 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de LESÃO CORPORAL CUL-
tença. POSA o disposto nos arts. 74 (composição civil), 76 (transação)
Súmula 212-STJ: A compensação de créditos tributários não e 88 (ação pública condicionada de representação) da Lei no
pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cau- 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:
telar ou antecipatória. I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psi-
Súmula 213-STJ: O mandado de segurança CONSTITUI AÇÃO coativa que determine dependência;
ADEQUADA para a declaração do direito à compensação tribu- II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou com-
tária. petição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia
Súmula 355-STJ: É válida a notificação do ato de exclusão do em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autori-
programa de recuperação fiscal do Refis pelo Diário Oficial ou dade competente;
pela Internet. III - transitando em velocidade superior à máxima permitida
Súmula 360-STJ: O benefício da denúncia espontânea não se para a via em 50 km/h
aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação re- § 2o Nas hipóteses previstas no § 1 o deste artigo, deverá ser ins-
gularmente declarados, mas pagos a destempo taurado inquérito policial para a investigação da infração pe-
Súmula 425-STJ: A retenção da contribuição para a seguridade nal.
social pelo tomador do serviço não se aplica às empresas op- § 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas no
tantes pelo Simples art. 59 do Código Penal, dando especial atenção à CULPABILIDA-
Súmula 437-STJ: A suspensão da exigibilidade do crédito tribu- DE do agente e às CIRCUNSTÂNCIAS e CONSEQUÊNCIAS do
tário superior a quinhentos mil reais para opção pelo Refis pres- crime.
supõe a homologação expressa do comitê gestor e a constitui-
ção de garantia por meio do arrolamento de bens Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão
Súmula 446-STJ: Declarado e não pago o débito tributário pelo ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser impos-
contribuinte, é legítima a recusa de expedição de certidão nega- ta isolada ou cumulativamente com outras penalidades.
tiva ou positiva com efeito de negativa
Súmula 448-STJ: A opção pelo Simples de estabelecimentos Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se ob-
dedicados às atividades de creche, pré-escola e ensino funda- ter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor,
mental é admitida somente a partir de 24/10/2000, data de vi- tem a duração de 2 meses a 5 anos.
gência da Lei nº 10.034/2000. § 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu
Súmula 460-STJ: É incabível o mandado de segurança para será intimado a entregar à autoridade judiciária, em 48 horas,
convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte. a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
Súmula 461-STJ: O contribuinte pode optar por receber, por

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§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor não àquela.
se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação
penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional. Seção II
Dos Crimes em Espécie
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, Dos Crimes em Espécie
havendo necessidade para a garantia da ordem pública, pode- Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo
rá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento automotor:
do Ministério Público ou ainda mediante representação da autori- Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou
dade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a veículo automotor.
proibição de sua obtenção. § 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a me- automotor, a pena é aumentada de 1/3 à 1/2, se o agente:
dida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministé- I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
rio Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito sus- Habilitação;
pensivo. II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem
Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibi- risco pessoal, à vítima do acidente;
ção de se obter a permissão ou a habilitação será sempre comu- IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver
nicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de Trânsi- conduzindo veículo de transporte de passageiros.
to - CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado em que o indici- § 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência
ado ou réu for domiciliado ou residente. de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que
determine dependência:
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição
neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem veículo automotor.
prejuízo das demais sanções penais cabíveis.
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de
Art. 297. A penalidade de MULTA REPARATÓRIA consiste no pa- veículo automotor:
gamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou
seus sucessores, de quantia calculada com base no disposto no § proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver prejuízo ma- veículo automotor.
terial resultante do crime. § 1o Aumenta-se a pena de 1/3 à 1/2, se ocorrer qualquer
§ 1º A multa reparatória NÃO PODERÁ SER SUPERIOR ao valor
das hipóteses do § 1o do art. 302
do prejuízo demonstrado no processo.
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do § 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a
Código Penal. cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo,
§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparató- se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora
ria será descontado. alterada em razão da influência de álcool ou de outra
substância psicoativa que determine dependência, e se do
Art. 298. São circunstâncias que SEMPRE AGRAVAM as penalida- crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.
des dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a
infração: Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente,
I - com dano potencial para 2 ou mais pessoas ou com grande de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo
risco de grave dano patrimonial a terceiros; diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da au-
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adul - toridade pública:
teradas; Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilita- não constituir elemento de crime mais grave.
ção; Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condu-
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de tor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por tercei-
categoria diferente da do veículo; ros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados espe- ferimentos leves.
ciais com o transporte de passageiros ou de carga;
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equi- Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente,
pamentos ou características que afetem a sua segurança ou o para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atri -
seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade buída:
prescritos nas especificações do fabricante; Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente
destinada a pedestres. Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomo-
tora alterada em razão da influência de álcool ou de outra subs-
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trân- tância psicoativa que determine dependência:
sito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante,

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Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão Súmula 720, STF: O art. 309 Súmula 575, STJ: Constitui
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para di- do Código de Trânsito Brasilei- crime a conduta de permitir,
rigir veículo automotor. ro, que reclama decorra do confiar ou entregar a direção
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: fato perigo de dano, derro- de veículo automotor a pessoa
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por gou o art. 32 da Lei das Con- que não seja habilitada, ou que
litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool travenções Penais no tocante à se encontre em qualquer das
por litro de ar alveolar; ou direção sem habilitação em situações previstas no art. 310
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alte- vias terrestres. do CTB, INDEPENDENTEMEN-
ração da capacidade psicomotora. TE da ocorrência de lesão ou
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida de perigo de dano concreto
mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, na condução do veículo.
perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova
em direito admitidos, observado o direito à contraprova.
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos
nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e
testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracteriza-
desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja
ção do crime tipificado neste artigo.
grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando pe-
rigo de dano:
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permis-
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
são ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com
fundamento neste Código:
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobi-
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova im-
lístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento poli-
posição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibi-
cial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de
ção.
lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente po-
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que
licial, o perito, ou juiz:
deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não
iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório,
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via
o inquérito ou o processo aos quais se refere.
pública, de corrida, disputa ou competição automobilística ou
ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de
Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste
veículo automotor, não autorizada pela autoridade compe-
Código, nas situações em que o juiz aplicar a substituição de PPL
tente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou priva-
por PRD, esta deverá ser de prestação de serviço à comunida-
da:
de ou a entidades públicas, em uma das seguintes atividades:
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e sus-
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos cor-
pensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
pos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no
para dirigir v e í c u l o automotor.
atendimento a vítimas de trânsito;
§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão cor-
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede
poral de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que o
pública que recebem vítimas de acidente de trânsito e politrau-
agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a
matizados;
pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 a 6 anos, sem pre-
III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recupe-
juízo das outras penas previstas neste artigo.
ração de acidentados de trânsito;
§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as
IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recupe-
circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado
ração de vítimas de acidentes de trânsito.
nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade
é de reclusão de 5 a 10 anos, sem prejuízo das outras penas pre -
vistas neste artigo.
LEI 9296/96– INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida
*Tabelas feitas com informações retiradas do livro Leis Penais Especiais, autor
Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o di-
Gabriel Habib, 2018
reito de dirigir, gerando perigo de dano – CRIME DE PERIGO
Captação de uma conversa feita por um
CONCRETO
INTERCEPTAÇÃO terceiro, SEM CONHECIMENTO DOS IN-
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
TELEFÔNICA TERLOCUTORES, sendo indispensável au-
torização judicial.
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo au-
tomotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou ESCUTA Feita por um terceiro, COM CONHECI-
com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu esta- TELEFÔNICA MENTO DE UM DOS INTERLOCUTORES
do de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em
GRAVAÇÃO Um dos interlocutores faz a gravação,
condições de conduzi-lo com segurança – CRIME DE PERIGO
TELEFÔNICA SEM CONHECIMENTO DO OUTRO.
ABSTRATO
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. QUEBRA DE Acesso à relação de números de telefones
SIGILO DE que foram objetos de ligações, oriundas e
Art. 309 Art. 310 DADOS recebidas por determinada linha telefônica

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TELEFÔNICOS II - do representante do Ministério Público, na investigação crimi-
nal e na instrução processual penal.

O delito descoberto a partir da interceptação, como consequên- Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica
cia do encontro fortuito de provas, é denominado de CRIME conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à
ACHADO. apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem
SERENDIPIDADE = encontro fortuito de provas. empregados.
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido
SERENDIPIDADE DE 1° GRAU: descoberta de provas de outra seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os
infração penal que TENHA CONEXÃO/CONTINÊNCIA com a pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a con-
infração penal investigada. Não é prova ilícita. cessão será condicionada à sua redução a termo.
SERENDIPIDADE DE 2° GRAU: descoberta de provas de outra § 2° O juiz, no prazo máximo de 24 horas, decidirá sobre o pedi-
infração penal que NÃO TENHA CONEXÃO/CONTINÊNCIA do.
com a infração penal investigada.
Doutrina: Os elementos de provas encontrados não podem ser- Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, in-
vir como meio de prova, mas podem servir como notitia crimi- dicando também a forma de execução da diligência, que não po-
nis. derá exceder o prazo de 15 dias, renovável por igual tempo
STJ: admite como válida a prova decorrente da serendipidade, uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.
mesmo que não haja conexão/continência entre o delito investi-
gado e o delito descoberto (HC 376.921/ES). O STJ admite sucessivas renovações, desde que sejam indispen-
sáveis para a colheita de prova.
CAPTAÇÃO INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNI-
AMBIENTAL CA Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os
procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério
Art. 3° II, Lei 12850/13 Lei 9296/96 Público, que poderá acompanhar a sua realização.
Não há prazo para sua duração Prazo de 15 dias, prorrogáveis § 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comuni-
cação interceptada, será determinada a sua transcrição.
Captação de sinais eletromag- Interceptação do fluxo de co- § 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o
néticos, óticos ou acústicos municações em sistemas de in- resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circuns-
formática e telemática tanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas.
Possível para investigar qual- Somente autorizada para fins § 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência
quer infração penal praticada de investigação de delito ape- do art. 8°, ciente o Ministério Público.
no âmbito de organização cri- nado com reclusão
minosa O STF admite apenas a transcrição parcial do conteúdo da co-
municação interceptada, não se exigindo transcrição integral.
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer
natureza, para prova em investigação criminal e em instrução Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta
processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá Lei, a autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos es-
de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo pecializados às concessionárias de serviço público.
de justiça.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer
do fluxo de comunicações em sistemas de informática e tele- natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos
mática. do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o
sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas.
Art. 2° NÃO SERÁ ADMITIDA a interceptação de comunicações Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada
telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: imediatamente antes do relatório da autoridade, quando se
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação tratar de inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10,
em infração penal; § 1°) ou na conclusão do processo ao juiz para o despacho de-
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis – É corrente do disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Pro-
SUBSIDIÁRIA; cesso Penal.
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no
máximo, com pena de detenção – TEM QUE SER PUNIDO Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por
COM RECLUSÃO. decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com cla- após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou
reza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação da parte interessada.
e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo
devidamente justificada. Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de
seu representante legal.
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser
determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunica-
I - da autoridade policial, na investigação criminal; ções telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar se-

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gredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, ca-
não autorizados em lei. put, e parágrafo único);
Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação
com o art. 223, caput, e parágrafo único);
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 ca-
put, e parágrafo único);
EDIÇÃO N. 117: INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA - I i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
1) A alteração da competência não torna inválida a decisão j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia
acerca da interceptação telefônica determinada por juízo inicial- ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combina-
mente competente para o processamento do feito. do com art. 285);
2) É admissível a utilização da técnica de fundamentação per l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
relationem para a prorrogação de interceptação telefônica m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro
quando mantidos os pressupostos que autorizaram a decreta- de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
ção da medida originária. n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de
3) O art. 6º da Lei n. 9.296/1996 não restringe à polícia civil a 1976);
atribuição para a execução de interceptação telefônica ordenada o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de ju-
judicialmente. nho de 1986).
4) É possível a determinação de interceptações telefônicas com p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.
base em denúncia anônima, desde que corroborada por ou-
tros elementos que confirmem a necessidade da medida ex- Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da
cepcional. representação da autoridade policial ou de requerimento do
5) A interceptação telefônica só será deferida quando não Ministério Público (juiz não pode decretar de ofício), e terá o
houver outros meios de prova disponíveis (é subsidiária) à prazo de 5 dias, prorrogável por igual período em caso de ex-
época na qual a medida invasiva foi requerida, sendo ônus da trema e comprovada necessidade.
defesa demonstrar violação ao disposto no art. 2º, inciso II, da
CRIMES HEDIONDOS DEMAIS CRIMES
Lei n. 9. 296/1996.
6) É legítima a prova obtida por meio de interceptação telefôni- 30 + 30 5+5
ca para apuração de delito punido com detenção, se conexo § 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o Juiz,
com outro crime apenado com reclusão. antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
7) A garantia do sigilo das comunicações entre advogado e cli- § 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fun-
ente não confere imunidade para a prática de crimes no exer- damentado e prolatado dentro do prazo de 24 horas, contadas a
cício da advocacia, sendo lícita a colheita de provas em intercep- partir do recebimento da representação ou do requerimento.
tação telefônica devidamente autorizada e motivada pela autori- § 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Pú-
dade judicial. blico e do Advogado, determinar que o preso lhe seja apresenta-
8) É DESNECESSÁRIA a realização de perícia para a identifi- do, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial
cação de voz captada nas interceptações telefônicas, salvo e submetê-lo a exame de corpo de delito.
quando houver dúvida plausível que justifique a medida. § 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de pri-
9) Não há necessidade de degravação dos diálogos objeto de são, em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e
interceptação telefônica, em sua integralidade, visto que a Lei n. servirá como nota de culpa.
9.296/1996 não faz qualquer exigência nesse sentido. § 5° A prisão somente poderá ser executada depois da expedi-
10) Em razão da ausência de previsão na Lei n. 9.296/1996, é ção de mandado judicial.
desnecessário que as degravações das escutas sejam feitas por § 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos
peritos oficiais. direitos previstos no art. 5° da Constituição Federal.
§ 7° Decorrido o prazo de 5 dias de detenção, o preso deverá
LEI 7960/89 – PRISÃO TEMPORÁRIA ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido
decretada sua prisão preventiva.
Art. 1° Caberá prisão temporária (I+III ou II+III):
Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoria-
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito
mente, separados dos demais detentos.
policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não forne-
Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um plan-
cer elementos necessários ao esclarecimento de sua identida-
tão permanente de 24 horas do Poder Judiciário e do Ministério
de;
Público para apreciação dos pedidos de prisão temporária.
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer
prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação
do indiciado nos seguintes crimes:
a) homicídio DOLOSO (art. 121, caput, e seu § 2°); LEI 9605/98 - CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e
2°); CAPÍTULO I
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°) - abrange latrocínio; DISPOSIÇÕES GERAIS
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos
e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas,
e 3°); na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o admi-

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nistrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o audi- socialmente recomendada e
tor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, não seja reincidente específico
que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de im-
pedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. Circunstâncias judiciais favo-
ráveis
Art. 3º As PESSOAS JURÍDICAS serão responsabilizadas admi-
nistrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos Art. 8º As PRD são:
casos em que a infração seja cometida por decisão de seu re- I - prestação de serviços à comunidade;
presentante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, II - interdição temporária de direitos;
no interesse ou benefício da sua entidade. III - suspensão parcial ou total de atividades;
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não IV - prestação pecuniária;
exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do V - recolhimento domiciliar.
mesmo fato.
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atri-
É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por buição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e
delitos ambientais independentemente da responsabilização jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de
concomitante da pessoa física que agia em seu nome. dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração
A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla desta, se possível.
imputação". STJ. 6ª Turma. RMS 39173-BA, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (Info 566). Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a
STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de
6/8/2013 (Info 714). receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem
como de participar de licitações, pelo prazo de 5 anos, no caso
de crimes dolosos, e de 3 anos, no de crimes culposos.
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre
que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de pre-
juízos causados à qualidade do meio ambiente. INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITO
CRIME DOLOSO CRIME CULPOSO
CAPÍTULO II
DA APLICAÇÃO DA PENA 5 anos 3 anos
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade
competente observará: Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e não estiverem obedecendo às prescrições legais.
suas consequências para a saúde pública e para o meio ambi-
ente; Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em di-
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da le- nheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim so -
gislação de interesse ambiental; cial, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a 1 salário-
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. mínimo nem superior a 360 salários-mínimos. O valor pago
será deduzido do montante de eventual reparação civil a que
Art. 7º As PRD são autônomas e substituem as PPL quando: for condenado o infrator.
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a PPL inferior a 4
anos; Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a per- senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vi-
sonalidade do condenado, bem como os motivos e as circuns- gilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade au-
tâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente torizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de fol-
para efeitos de reprovação e prevenção do crime. ga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia
Parágrafo único. As PRD a que se refere este artigo terão a mes- habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.
ma duração da PPL substituída.
Art. 14. São circunstâncias que ATENUAM a pena:
REQUISITOS PARA SUBSTITUIÇÃO DA PPL POR PRD I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea
Código Penal Lei 9605/98 reparação do dano, ou limitação significativa da degradação am-
Crime doloso: PPL não superi- Crime doloso: PPL inferior a biental causada;
or a 4 anos + crime cometido 4 anos III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de
sem violência ou grave ameaça degradação ambiental;
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do
Crime culposo: qualquer que Crime culposo: qualquer que controle ambiental.
seja a PPL aplicada seja a PPL aplicada
Não reincidente em crime Circunstâncias judiciais favo- Art. 15. São circunstâncias que AGRAVAM a pena, quando não
doloso ráveis constituem ou qualificam o crime:
OBS: Mesmo reincidente, o juiz I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
pode substituir se a medida for II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;

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b) coagindo outrem para a execução material da infração; Art. 21. As PENAS APLICÁVEIS isolada, cumulativa ou alternativa-
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde mente ÀS PESSOAS JURÍDICAS, de acordo com o disposto no
pública ou o meio ambiente; art. 3º, são:
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; I - multa;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujei- II - restritivas de direitos;
tas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; III - prestação de serviços à comunidade.
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos huma-
nos; Art. 22. As PRD da pessoa jurídica são:
g) em período de defeso à fauna; I - suspensão parcial ou total de atividades;
h) em DOMINGOS ou feriados; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou ativida-
i) à noite; de;
j) em épocas de seca ou inundações; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; obter subsídios, subvenções ou doações.
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não
de animais; estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamenta-
n) mediante fraude ou abuso de confiança; res, relativas à proteção do meio ambiente.
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autori- § 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra
zação ambiental; ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcial- em desacordo com a concedida, ou com violação de disposi-
mente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; ção legal ou regulamentar.
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais § 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter
das autoridades competentes; subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas fun- de 10 anos.
ções.
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa ju-
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a SUSPENSÃO CONDICI- rídica consistirá em:
ONAL DA PENA pode ser aplicada nos casos de condenação a I - custeio de programas e de projetos ambientais;
PPL não superior a 3 anos. II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
III - manutenção de espaços públicos;
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públi-
cas.
Código Penal Lei 9605/98
PPL não superior a 2 anos PPL não superior a 3 anos Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponde-
(sursis simples) ou 4 anos (sur- rantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a práti-
sis etário/humanitário) ca de crime definido nesta Lei terá decretada sua LIQUIDAÇÃO
FORÇADA, seu patrimônio será considerado instrumento do
crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário
Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art.
Nacional.
78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do
CAPÍTULO III
dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deve-
DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRA-
rão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.
ÇÃO
ADMINISTRATIVA OU DE CRIME
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e
Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máxi-
instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.
mo, poderá ser aumentada até 3 vezes, tendo em vista o valor
§ 1o Os animais serão prioritariamente libertados em seu ha-
da vantagem econômica auferida.
bitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por
questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou
Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre
entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsa-
que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efei-
bilidade de técnicos habilitados.
tos de prestação de fiança e cálculo de multa.
§ 2o Até que os animais sejam entregues às instituições mencio-
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo
nadas no § 1o deste artigo, o órgão autuante zelará para que eles
cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o
sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento e
contraditório.
transporte que garantam o seu bem-estar físico.
§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão es-
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível,
tes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, pe-
fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela
nais e outras com fins beneficentes.
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão
pelo meio ambiente.
destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou edu-
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória,
cacionais.
a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do ca-
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão ven-
put, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetiva-
didos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem.
mente sofrido.

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CAPÍTULO IV § 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não consi-
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL derada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as cir-
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é cunstâncias, deixar de aplicar a pena.
pública incondicionada. § 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes
às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocor-
proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos rendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdi-
ou multa (transação penal), prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, cionais brasileiras.
de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada § 4º A pena é aumentada de 1/2, se o crime é praticado:
desde que tenha havido a PRÉVIA COMPOSIÇÃO DO DANO I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção,
AMBIENTAL, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso ainda que somente no local da infração;
de comprovada impossibilidade. II - em período proibido à caça;
III - durante a noite;
Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setem - IV - com abuso de licença;
bro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo V - em unidade de conservação;
definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° provocar destruição em massa.
do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do
de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade exercício de caça profissional.
prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; § 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pes-
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido ca.
completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será
prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e
no caput, acrescido de mais 1 ano, com suspensão do prazo da répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental
prescrição; competente:
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput;
II - proibição de frequentar determinados lugares; Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem auto- oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:
rização do Juiz; Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmen-
te, para informar e justificar suas atividades. Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar ani-
mais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental,
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolo-
podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o
rosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou
período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste
científicos, quando existirem recursos alternativos.
artigo, observado o disposto no inciso III;
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 a 1/3, se ocorre morte do ani-
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração
mal.
de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constata-
ção que comprove ter o acusado tomado as providências ne-
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de
cessárias à reparação integral do dano.
materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existen-
tes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais
CAPÍTULO V
brasileiras:
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumula -
Seção I
tivamente.
Dos Crimes contra a Fauna
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de
fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida per -
aqüicultura de domínio público;
missão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em
II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e
desacordo com a obtida:
algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade com-
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
petente;
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer na-
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização
tureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demar-
ou em desacordo com a obtida;
cados em carta náutica.
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro
natural;
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem
lugares interditados por órgão competente:
em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou es-
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as
pécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem
penas cumulativamente.
como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadou-
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
ros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autori-
zação da autoridade competente.

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I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com § 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de ex-
tamanhos inferiores aos permitidos; tinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a Integral será considerada circunstância agravante para a fixação
utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permi- da pena.
tidos; § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida em 1/2.
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes
provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas. Art. 40-A.
§ 1o Entende-se por UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO
Art. 35. Pescar mediante a utilização de: SUSTENTÁVEL as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produ- Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Re-
zam efeito semelhante; servas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de De-
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade senvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do Pa-
competente: trimônio Natural.
Pena - reclusão de um ano a cinco anos. § 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de ex-
tinção no interior das Unidades de Conservação de Uso Sus-
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato ten- tentável será considerada circunstância agravante para a fixação
dente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar es- da pena.
pécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais § 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida em 1/2.
hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, res-
salvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
oficiais da fauna e da flora. Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de
Art. 37. NÃO É CRIME O ABATE DE ANIMAL, quando realizado: seis meses a um ano, e multa.
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou
de sua família; Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação pre- provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação,
datória ou destruidora de animais, desde que legal e expres- em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:
samente autorizado pela autoridade competente; Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado cumulativamente.
pelo órgão competente.
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas
Seção II de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia,
Dos Crimes contra a Flora cal ou qualquer espécie de minerais:
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infrin-
gência das normas de proteção: Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, ener-
cumulativamente. géticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não,
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida em desacordo com as determinações legais:
em 1/2. Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.

Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais,
em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem
Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autori-
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as dade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar
penas cumulativamente. o produto até final beneficiamento:
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
em 1/2. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à
venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha,
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida
permanente, sem permissão da autoridade competente: para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas pela autoridade competente.
cumulativamente.
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e
Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conserva- demais formas de vegetação:
ção e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
junho de 1990, independentemente de sua localização:
Pena - reclusão, de um a cinco anos. A tipificação da conduta descrita no art. 48 da Lei 9.605/98
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Inte- prescinde de a área ser de preservação permanente. Isso
gral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques porque o referido tipo penal descreve como conduta criminosa
Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silves- o simples fato de "impedir ou dificultar a regeneração natural de
tre. florestas e demais formas de vegetação". STJ. 5ª Turma. AgRg no

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REsp 1498059-RS, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda
(Desembargador Convocado do TJ/PE), julgado em 17/9/2015 que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cau-
(Info 570). se danos diretos à saúde da população;
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do
abastecimento público de água de uma comunidade;
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gaso -
em propriedade privada alheia:
sos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as
as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:
penas cumulativamente.
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses,
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior
ou multa.
quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade com-
petente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambi-
Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou ve-
ental grave ou irreversível.
getação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de es-
pecial preservação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. O delito previsto na primeira parte do art. 54 da Lei nº 9.605/98
possui natureza formal, sendo suficiente a potencialidade de
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar flo- dano à saúde humana para configuração da conduta
resta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devo- delitiva, não se exigindo, portanto, a realização de perícia.
lutas, sem autorização do órgão competente: STJ. 3ª Seção. EREsp 1417279-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. julgado em 11/04/2018 (Info 624).
§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à
subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família. Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais
§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença,
pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recu-
nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da auto- perar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização,
ridade competente: permissão, licença, concessão ou determinação do órgão compe-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. tente.

Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo subs- Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comerci-
tâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de alizar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito
produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde
competente: humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
de 1/6 a 1/3 se: I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os
I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do utiliza em desacordo com as normas ambientais ou de seguran-
solo ou a modificação do regime climático; ça;
II - o crime é cometido: II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza,
a) no período de queda das sementes; recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma di-
b) no período de formação de vegetações; versa da estabelecida em lei ou regulamento.
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a § 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a
ameaça ocorra somente no local da infração; pena é aumentada de 1/6 a 1/3.
d) em época de seca ou inundação; § 3º Se o crime é culposo:
e) durante a noite, em domingo ou feriado. Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Seção III O crime previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 é de


Da Poluição e outros Crimes Ambientais perigo abstrato, sendo dispensável a produção de prova
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que pericial para atestar a nocividade ou a periculosidade dos
resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que produtos transportados, bastando que estes estejam elencados
provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa na Resolução nº 420/2004 da ANTT.
da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas se-
§ 1º Se o crime é culposo:
rão aumentadas:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
I - de 1/6 a 1/3, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio
§ 2º Se o crime:
ambiente em geral;
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação
II - de 1/3 até 1/2, se resulta lesão corporal de natureza grave
humana;
em outrem;

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III - até o dobro, se resultar a morte de outrem. órgão competente e a observância das posturas municipais e das
Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela
serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave. preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico na-
cional.
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar,
em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras Seção V
ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autoriza- Dos Crimes contra a Administração Ambiental
ção dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as nor- Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa,
mas legais e regulamentares pertinentes: omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científi-
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as pe- cos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambi-
nas cumulativamente. ental:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam
causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecos- Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou
sistemas: permissão em desacordo com as normas ambientais, para as ati-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. vidades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autori-
zativo do Poder Público:
Seção IV Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a
o Patrimônio Cultural um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de
decisão judicial; fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação ci- Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
entífica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a
judicial: um ano, sem prejuízo da multa.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público
um ano de detenção, sem prejuízo da multa. no trato de questões ambientais:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local espe-
cialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão
em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo,
histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monu- laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enga-
mental, sem autorização da autoridade competente ou em desa- noso, inclusive por omissão:
cordo com a concedida: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. § 1o Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu § 2o A pena é aumentada de 1/3 a 2/3, se há dano significativo
entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa,
ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueo- incompleta ou enganosa.
lógico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autorida- CAPÍTULO VI
de competente ou em desacordo com a concedida: DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação
ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
O crime de edificação proibida (art. 64 da Lei 9.605/98) absorve proteção e recuperação do meio ambiente.
o crime de destruição de vegetação (art. 48 da mesma lei) § 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração
quando a conduta do agente se realiza com o único intento de ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de
construir em local não edificável. STJ. 6ª Turma. REsp 1639723- órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Am-
PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 7/2/2017 (Info 597). biente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização,
bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da
Marinha.
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou mo-
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá di-
numento urbano:
rigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo an-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
terior, para efeito do exercício do seu poder de polícia.
§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração
em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a
ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, medi-
pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa.
ante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabi-
§ 2o NÃO CONSTITUI CRIME a prática de grafite realizada com
lidade.
o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado medi-
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo adminis-
ante manifestação artística, desde que consentida pelo pro-
trativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contra-
prietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do
ditório, observadas as disposições desta Lei.
bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do

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Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração am- Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por in-
biental deve observar os seguintes prazos máximos: fração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio
I - 20 dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação con- Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo
tra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação; Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932,
II - 30 dias para a autoridade competente julgar o auto de in- fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos,
fração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a conforme dispuser o órgão arrecadador.
defesa ou impugnação;
III - 20 dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico,
instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SIS- quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto
NAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Mari- jurídico lesado.
nha, de acordo com o tipo de autuação;
IV – 5 dias para o pagamento de multa, contados da data do re- Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado
cebimento da notificação. no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base
nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o míni-
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as se- mo de R$ 50,00 reais e o máximo de R$ 50.000.000,00 mi-
guintes sanções, observado o disposto no art. 6º: lhões de reais.
I - advertência;
II - multa simples; Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municí-
III - multa diária; pios, Distrito Federal ou Territórios SUBSTITUI A MULTA FE-
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e DERAL na mesma hipótese de incidência.
flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qual-
quer natureza utilizados na infração; CAPÍTULO VII
V - destruição ou inutilização do produto; DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRESERVAÇÃO DO
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; MEIO AMBIENTE
VII - embargo de obra ou atividade; Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os
VIII - demolição de obra; bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne
IX - suspensão parcial ou total de atividades; ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem
XI - restritiva de direitos. qualquer ônus, quando solicitado para:
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais in- I - produção de prova;
frações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a II - exame de objetos e lugares;
elas cominadas. III - informações sobre pessoas e coisas;
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposi- IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações te-
ções desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regula- nham relevância para a decisão de uma causa;
mentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo. V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vi-
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por ne- gor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.
gligência ou dolo: § 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao Ministé-
I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, rio da Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão judi-
deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente ciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará à
do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Mari- autoridade capaz de atendê-la.
nha; § 2º A solicitação deverá conter:
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha. II - o objeto e o motivo de sua formulação;
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de pre- III - a descrição sumária do procedimento em curso no país solici-
servação, melhoria e recuperação da qualidade do meio am- tante;
biente. IV - a especificação da assistência solicitada;
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando
da infração se prolongar no tempo. for o caso.
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do ca-
put obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei. Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e especial-
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão apli- mente para a reciprocidade da cooperação internacional, deve ser
cadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimen - mantido sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio
to não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regula- rápido e seguro de informações com órgãos de outros países.
mentares.
§ 8º As sanções restritivas de direito são: CAPÍTULO VIII
I - suspensão de registro, licença ou autorização; DISPOSIÇÕES FINAIS
II - cancelamento de registro, licença ou autorização; Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; Código Penal e do Código de Processo Penal.
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financia-
mento em estabelecimentos oficiais de crédito; Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução
período de até 3 anos. de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos esta-

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belecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a quali- julgado em 02/05/2018 (Info 625).
dade ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de tí-
tulo executivo extrajudicial, termo de compromisso com pes- Se o crime ambiental for cometido em unidade de conservação
soas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, criada por decreto federal, a competência para julgamento será
ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades uti- da Justiça Federal tendo em vista que existe interesse federal na
lizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou poten- manutenção e preservação da região. Logo, este delito gera
cialmente poluidores. possível lesão a bens, serviços ou interesses da União, atraindo a
§ 1o O termo de compromisso a que se refere este artigo desti- regra do art. 109, IV, da Constituição Federal. STJ. 3ª Seção. CC
nar-se-á, exclusivamente, a permitir que as pessoas físicas e 142.016/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
jurídicas mencionadas no caput possam promover as necessá- 26/08/2015.
rias correções de suas atividades, para o atendimento das exi-
gências impostas pelas autoridades ambientais competentes, Por outro lado, não haverá competência da Justiça Federal se o
sendo obrigatório que o respectivo instrumento disponha sobre: crime foi praticado dentro de área de proteção ambiental criada
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes compromissa- por decreto federal, mas cuja fiscalização e administração foi
das e dos respectivos representantes legais; delegada para outro ente federativo: No caso, embora o local
II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função da do dano ambiental esteja inserido na Área de Proteção
complexidade das obrigações nele fixadas, poderá variar entre o Ambiental da Bacia do Rio São Bartolomeu, criada pelo Decreto
mínimo de 90 dias e o máximo de 3 anos, com possibilidade de Federal n. 88.940/1993, não há falar em interesse da União no
prorrogação por igual período; crime ambiental sob apuração, já que lei federal subsequente
III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investimento delegou a fiscalização e administração da APA para o Distrito
previsto e o cronograma físico de execução e de implantação das Federal (art. 1º da Lei n. 9.262/1996). 3. Conflito conhecido para
obras e serviços exigidos, com metas trimestrais a serem atingi- declarar a competência do Juízo de Direito da Vara Criminal e
das; Tribunal do Júri de São Sebastião/DF, o suscitado.
IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou jurídica STJ. 3ª Seção. CC 158.747/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
compromissada e os casos de rescisão, em decorrência do não- julgado em 13/06/2018.
cumprimento das obrigações nele pactuadas;
V - o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá ser supe-
rior ao valor do investimento previsto;
VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes.
§ 2o No tocante aos empreendimentos em curso até o dia 30 de LEI 10826/03 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO
março de 1998, envolvendo construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de CAPÍTULO I
recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente po- DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
luidores, a assinatura do termo de compromisso deverá ser re- Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no
querida pelas pessoas físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscri-
de dezembro de 1998, mediante requerimento escrito protocoli- ção em todo o território nacional.
zado junto aos órgãos competentes do SISNAMA, devendo ser
firmado pelo dirigente máximo do estabelecimento. Art. 2o Ao SINARM compete:
§ 3o Da data da protocolização do requerimento previsto no § 2 o I – identificar as características e a propriedade de armas de
e enquanto perdurar a vigência do correspondente termo de fogo, mediante cadastro;
compromisso, ficarão suspensas, em relação aos fatos que deram II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e
causa à celebração do instrumento, a aplicação de sanções admi- vendidas no País;
nistrativas contra a pessoa física ou jurídica que o houver firmado. III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e
§ 4o A celebração do termo de compromisso de que trata este as renovações expedidas pela Polícia Federal;
artigo não impede a execução de eventuais multas aplicadas IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, fur-
antes da protocolização do requerimento. to, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados ca-
§ 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo de com- dastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de
promisso, quando descumprida qualquer de suas cláusulas, res- segurança privada e de transporte de valores;
salvado o caso fortuito ou de força maior. V – identificar as modificações que alterem as características
§ 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em até 90 ou o funcionamento de arma de fogo;
dias, contados da protocolização do requerimento. VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
§ 7o O requerimento de celebração do termo de compromisso VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as
deverá conter as informações necessárias à verificação da sua via- vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
bilidade técnica e jurídica, sob pena de indeferimento do plano. VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como
§ 8o Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso deverão conceder licença para exercer a atividade;
ser publicados no órgão oficial competente, mediante extrato. IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas,
varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas de
A assinatura do termo de ajustamento de conduta com órgão fogo, acessórios e munições;
ambiental não impede a instauração de ação penal. X – cadastrar a identificação do cano da arma, as característi-
Isso porque vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio cas das impressões de raiamento e de microestriamento de pro-
da independência das instâncias penal e administrativa. jétil disparado, conforme marcação e testes obrigatoriamente rea-
STJ. Corte Especial. APn 888-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, lizados pelo fabricante;

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XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Esta- residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no
dos e do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsá-
armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o vel legal pelo estabelecimento ou empresa.
cadastro atualizado para consulta. § 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedi-
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam do pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Si-
as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como narm.
as demais que constem dos seus registros próprios. § 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4 o
deverão ser comprovados periodicamente, em período não infe-
CAPÍTULO II rior a 3 anos, na conformidade do estabelecido no regulamento
DO REGISTRO desta Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma de
Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão Fogo.
competente. § 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de re-
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão gistro de propriedade expedido por órgão estadual ou do Distrito
registradas no Comando do Exército, na forma do regulamento Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela en -
desta Lei. trega espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo
mediante o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezem-
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o inte- bro de 2008, ante a apresentação de documento de identificação
ressado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender pessoal e comprovante de residência fixa, ficando dispensado do
aos seguintes requisitos: pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de cer- constantes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei.
tidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça
Art. 20. Ficam prorrogados para 31 de dezembro de 2009 os
Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo
prazos de que tratam o § 3o do art. 5o e o art. 30, ambos da Lei
a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser
no 10.826, de 22 de dezembro de 2003.
fornecidas por meios eletrônicos;
II – apresentação de documento comprobatório de ocupa- § 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3 o deste ar-
ção lícita e de residência certa; tigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departa-
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psi- mento de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expe-
cológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma dido na rede mundial de computadores - internet, na forma do
disposta no regulamento desta Lei. regulamento e obedecidos os procedimentos a seguir:
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de I - emissão de certificado de registro provisório pela internet,
fogo após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, com validade inicial de 90 dias; e
em nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransfe- II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Fe-
rível esta autorização. deral do certificado de registro provisório pelo prazo que estimar
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no como necessário para a emissão definitiva do certificado de regis-
calibre correspondente à arma registrada e na quantidade estabe- tro de propriedade.
lecida no regulamento desta Lei.
§ 3o A empresa que comercializar arma de fogo em território CAPÍTULO III
nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade competen- DO PORTE
te, como também a manter banco de dados com todas as carac- Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o ter-
terísticas da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo. ritório nacional, salvo para os casos previstos em legislação pró-
§ 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e pria e para:
munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando I – os integrantes das Forças Armadas;
registradas como de sua propriedade enquanto não forem vendi- II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II,
das. III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal e os
§ 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e muni- da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP);
ções entre pessoas físicas somente será efetivada mediante auto- III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos
rização do Sinarm. Estados e dos Municípios com mais de 500.000 mil habitantes,
§ 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1 o será nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;
concedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios
de 30 dias úteis, a contar da data do requerimento do interessa- com mais de 50.000 mil e menos de 500.000 mil habitantes,
do. quando em serviço;
§ 7o O registro precário a que se refere o § 4 o prescinde do V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteli-
cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo. gência e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete
§ 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso de Segurança Institucional da Presidência da República;
III do caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51,
em adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
autorizado a portar arma com as mesmas características daquela VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guar-
a ser adquirida. das prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas
portuárias;
Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com VIII – as empresas de segurança privada e de transporte
validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietá- de valores constituídas, nos termos desta Lei;
rio a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua

20
IX – para os integrantes das entidades de desporto legal- § 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios
mente constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de
de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, obser- arma de fogo, quando em serviço.
vando-se, no que couber, a legislação ambiental.
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Fede- Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das
ral do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Audi- empresas de segurança privada e de transporte de valores, cons-
tor-Fiscal e Analista Tributário. tituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utiliza-
Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos das quando em serviço, devendo essas observar as condições de
Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pesso- uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente,
ais que efetivamente estejam no exercício de funções de seguran- sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedi-
ça, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacio- dos pela Polícia Federal em nome da empresa.
nal de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Públi- § 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de se-
co - CNMP. gurança privada e de transporte de valores responderá pelo crime
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das
deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade demais sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocor-
particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, rência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo
mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e mu-
com validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos in- nições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 horas de-
cisos I, II, V e VI. pois de ocorrido o fato.
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guar- § 2o A empresa de segurança e de transporte de valores de-
das prisionais poderão portar arma de fogo de propriedade verá apresentar documentação comprobatória do preenchimento
particular ou fornecida pela respectiva corporação ou institui- dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei quanto aos empre-
ção, mesmo fora de serviço, desde que estejam: gados que portarão arma de fogo.
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; § 3o A listagem dos empregados das empresas referidas nes-
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; te artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm.
e
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das insti-
interno. tuições descritas no inciso XI do art. 6 o serão de propriedade, res-
§ 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos inte- ponsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente po-
grantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do ca- dendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas obser-
put deste artigo está condicionada à comprovação do requisito a var as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo ór-
que se refere o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas condi- gão competente, sendo o certificado de registro e a autorização
ções estabelecidas no regulamento desta Lei. de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição.
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas § 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que trata
municipais está condicionada à formação funcional de seus inte- este artigo independe do pagamento de taxa.
grantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à § 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público
existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, designará os servidores de seus quadros pessoais no exercício de
nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada funções de segurança que poderão portar arma de fogo, respeita-
a supervisão do Ministério da Justiça. do o limite máximo de 50% do número de servidores que exer-
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais çam funções de segurança.
e estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Esta- § 3o O porte de arma pelos servidores das instituições de que tra-
dos e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. ta este artigo fica condicionado à apresentação de documentação
4o, ficam dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do
II e III do mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei. art. 4o desta Lei, bem como à formação funcional em estabeleci-
§ 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 anos mentos de ensino de atividade policial e à existência de mecanis-
que comprovem depender do emprego de arma de fogo para mos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabele-
prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela cidas no regulamento desta Lei.
Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador § 4o A listagem dos servidores das instituições de que trata este
para subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm.
com 1 ou 2 canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16, § 5o As instituições de que trata este artigo são obrigadas a regis-
desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em re- trar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual
querimento ao qual deverão ser anexados os seguintes documen- perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de
tos: fogo, acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas pri-
I - documento de identificação pessoal; meiras 24 horas depois de ocorrido o fato.
II - comprovante de residência em área rural; e
III - atestado de bons antecedentes. Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas
§ 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua legalmente constituídas devem obedecer às condições de uso e
arma de fogo, independentemente de outras tipificações pe- de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respon-
nais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por dis- dendo o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua
paro de arma de fogo de uso permitido. guarda na forma do regulamento desta Lei.

21
Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo,
porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos acessório ou munição, de USO PERMITIDO, em desacordo
estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua
Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a con- residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de traba-
cessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, lho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabeleci-
atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em com- mento ou empresa:
petição internacional oficial de tiro realizada no território nacio- Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
nal.
POSSE PORTE
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de
uso permitido, em todo o território nacional, é de competên- Intra muros, no interior da Extra muros, fora da residência
cia da Polícia Federal e somente será concedida após autoriza- residência ou local de trabalho ou local de trabalho
ção do Sinarm.
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedi-
da com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos Omissão de cautela
de atos regulamentares, e dependerá de o requerente: Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para im-
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de ati- pedir que menor de 18 anos ou pessoa portadora de deficiên-
vidade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física; cia mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua
II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei; posse ou que seja de sua propriedade:
III – apresentar documentação de propriedade de arma de Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
fogo, bem como o seu devido registro no órgão competente. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de
artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o portador valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de co-
dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob municar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras for-
efeito de substâncias químicas ou alucinógenas. mas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que
estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 horas depois de
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores cons- ocorrido o fato.
tantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços relativos:
I – ao registro de arma de fogo; PORTE ilegal de arma de fogo de uso permitido
II – à renovação de registro de arma de fogo; Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em de-
III – à expedição de segunda via de registro de arma de fogo; pósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, EMPRES-
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo; TAR, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de
V – à renovação de porte de arma de fogo; fogo, acessório ou munição, de USO PERMITIDO, sem autori-
VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma de zação e em desacordo com determinação legal ou regulamen-
fogo. tar:
§ 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à ma- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
nutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e do Co- Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável,
mando do Exército, no âmbito de suas respectivas responsabilida- salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do
des. agente. (declarado inconstitucional)
§ 2o São isentas do pagamento das taxas previstas neste ar-
tigo as pessoas e as instituições a que se referem os incisos I a VII Derrogou o art. 19 da Lei de Contravenções penais no que tange
e X e o § 5o do art. 6o desta Lei. à arma de fogo, permanecendo em vigor em relação à arma
branca.
Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as
condições do credenciamento de profissionais pela Polícia Federal Disparo de arma de fogo
para comprovação da aptidão psicológica e da capacidade técni- Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lu-
ca para o manuseio de arma de fogo. gar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em di-
§ 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o valor cobra- reção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade
do pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio dos hono- a prática de outro crime:
rários profissionais para realização de avaliação psicológica cons- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
tante do item 1.16 da tabela do Conselho Federal de Psicologia. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.
§ 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor cobra- (declarado inconstitucional)
do pelo instrutor de armamento e tiro não poderá exceder R$
80,00 reais, acrescido do custo da munição.
Disparo em local não habitado é fato atípico.
§ 3o A cobrança de valores superiores aos previstos nos §§ 1o
o
e 2 deste artigo implicará o descredenciamento do profissional
pela Polícia Federal. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de USO RESTRITO
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter
CAPÍTULO IV em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, em-
DOS CRIMES E DAS PENAS prestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar
POSSE irregular de arma de fogo de uso permitido arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou res-

22
trito, sem autorização e em desacordo com determinação le- DISPOSIÇÕES GERAIS
gal ou regulamentar: Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. com os Estados e o Distrito Federal para o cumprimento do dis-
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: posto nesta Lei.
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer si-
nal de identificação de arma de fogo ou artefato; Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a de-
II – modificar as características de arma de fogo, de for- finição das armas de fogo e demais produtos controlados, de
ma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor his-
restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo indu- tórico serão disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo
zir a erro autoridade policial, perito ou juiz; Federal, mediante proposta do Comando do Exército.
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosi- § 1o Todas as munições comercializadas no País deverão es-
vo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com deter- tar acondicionadas em embalagens com sistema de código de
minação legal ou regulamentar; barras, gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do fa-
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de bricante e do adquirente, entre outras informações definidas pelo
fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identifi- regulamento desta Lei.
cação raspado, suprimido ou adulterado; § 2o Para os órgãos referidos no art. 6 o, somente serão expe-
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, didas autorizações de compra de munição com identificação do
arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou ado- lote e do adquirente no culote dos projéteis, na forma do regula-
lescente; e mento desta Lei.
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, § 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 ano da data de
ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. publicação desta Lei conterão dispositivo intrínseco de segurança
e de identificação, gravado no corpo da arma, definido pelo regu-
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito é crime lamento desta Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6o.
hediondo. § 4o As instituições de ensino policial e as guardas munici-
pais referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6 o desta Lei e no
seu § 7o poderão adquirir insumos e máquinas de recarga de mu-
Comércio ilegal de arma de fogo
nição para o fim exclusivo de suprimento de suas atividades, me-
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocul-
diante autorização concedida nos termos definidos em regula-
tar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, ven-
mento.
der, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou in-
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º
dustrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização
desta Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e fiscalizar a
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclu-
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou in-
sive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de colecio-
dustrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de
nadores, atiradores e caçadores.
serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusi-
ve o exercido em residência.
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração
do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais
Crime habitual, só restando configurado se houver reiteração da interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo
prática delitiva, visto que o legislador utilizou a expressão “no juiz competente ao Comando do Exército, no prazo máximo
exercício de atividade comercial ou industrial”. de 48 horas, para destruição ou doação aos órgãos de seguran-
ça pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta
Tráfico internacional de arma de fogo Lei.
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do § 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do
território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório Exército que receberem parecer favorável à doação, obedecidos o
ou munição, sem autorização da autoridade competente: padrão e a dotação de cada Força Armada ou órgão de segurança
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. pública, atendidos os critérios de prioridade estabelecidos pelo
Ministério da Justiça e ouvido o Comando do Exército, serão arro-
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 (comércio ilegal) e ladas em relatório reservado trimestral a ser encaminhado àque-
18 (tráfico internacional), a pena é aumentada da 1/2 se a las instituições, abrindo-se-lhes prazo para manifestação de inte-
arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido resse.
ou restrito. § 2o O Comando do Exército encaminhará a relação das ar-
mas a serem doadas ao juiz competente, que determinará o seu
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a perdimento em favor da instituição beneficiada.
pena é aumentada da 1/2 se forem praticados por integrante § 3o O transporte das armas de fogo doadas será de res-
dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6 o, 7o e 8o desta Lei. ponsabilidade da instituição beneficiada, que procederá ao seu
cadastramento no Sinarm ou no Sigma.
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insusce- § 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o enca-
tíveis de liberdade provisória. (declarado inconstitucional) minhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de arma
de uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação
CAPÍTULO V

23
de armas acauteladas em juízo, mencionando suas características munição sem a devida autorização ou com inobservância das nor-
e o local onde se encontram. mas de segurança;
II – à empresa de produção ou comércio de armamentos que
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercializa- realize publicidade para venda, estimulando o uso indiscriminado
ção e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de de armas de fogo, exceto nas publicações especializadas.
armas de fogo, que com estas se possam confundir.
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com
simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção aglomeração superior a 1000 pessoas, adotarão, sob pena de
de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do responsabilidade, as providências necessárias para evitar o ingres-
Exército. so de pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos pelo
inciso VI do art. 5o da Constituição Federal.
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcio- Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação
nalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito. dos serviços de transporte internacional e interestadual de passa-
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às geiros adotarão as providências necessárias para evitar o embar-
aquisições dos Comandos Militares. que de passageiros armados.

Art. 28. É vedado ao menor de 25 anos adquirir arma de CAPÍTULO VI


fogo, ressalvados os integrantes das entidades constantes dos in- DISPOSIÇÕES FINAIS
cisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei. Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e mu-
nição em todo o território nacional, salvo para as entidades pre-
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já conce- vistas no art. 6o desta Lei.
didas expirar-se-ão 90 dias após a publicação desta Lei. § 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de aprovação mediante referendo popular, a ser realizado em
validade superior a 90 dias poderá renová-la, perante a Polícia outubro de 2005.
Federal, nas condições dos arts. 4o,, 6o e 10 desta Lei, no prazo de § 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto
90 dias após sua publicação, sem ônus para o requerente. neste artigo entrará em vigor na data de publicação de seu resul-
tado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de
uso permitido ainda não registrada deverão solicitar seu regis- SÚMULA SOBRE ESTATUTO DO DESARMAMENTO
tro até o dia 31 de dezembro de 2008 (Prorrogação de prazo
até 31/12/2009), mediante apresentação de documento de iden- Súmula 513-STJ: A abolitio criminis temporária prevista na
tificação pessoal e comprovante de residência fixa, acompanha- Lei nº 10.826/2003 aplica-se ao crime de POSSE de arma de
dos de nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer
da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou declara- outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adultera-
ção firmada na qual constem as características da arma e a sua do, praticado somente até 23/10/2005.
condição de proprietário, ficando este dispensado do pagamento
de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei.
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto no EDIÇÃO N. 102: ESTATUTO DO DESARMAMENTO - I
caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, 1) O crime de posse irregular de arma de fogo, acessório ou mu-
no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provi- nição de uso permitido (art. 12 da Lei n. 10.826/2003) é de pe-
sório, expedido na forma do § 4o do art. 5o desta Lei. rigo abstrato, prescindindo de demonstração de efetiva situa-
ção de perigo, porquanto o objeto jurídico tutelado não é a in-
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo ad- columidade física e sim a segurança pública e a paz social.
quiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, entregá- 2) O crime de porte ilegal de arma de fogo, acessório ou muni-
las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos ção de uso permitido (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) é de perigo
do regulamento desta Lei. abstrato e de mera conduta, bastando para sua caracterização
a prática de um dos núcleos do tipo penal, sendo desnecessária
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo po- a realização de perícia.
derão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e, pre- 3) O art. 14 da Lei n. 10.826/2003 é norma penal em branco, que
sumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regula- exige complementação por meio de ato regulador, com vistas a
mento, ficando EXTINTA A PUNIBILIDADE de eventual POSSE fornecer parâmetros e critérios legais para a penalização das
IRREGULAR da referida arma. condutas ali descritas.
4) O crime de disparo de arma de fogo (art. 15 da Lei n.
10.826/2003) é crime de perigo abstrato, que presume a ocor-
Arts. 30, 31 e 32 somente se aplicam ao delito de POSSE DE
rência de dano à segurança pública e prescinde, para sua ca-
ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO
racterização, de comprovação da lesividade ao bem jurídico
tutelado.
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 a R$ 5) O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo, acessório
300.000,00, conforme especificar o regulamento desta Lei: ou munição de uso restrito (art. 16, caput, da Lei n. 10.826/2003)
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, é crime de perigo abstrato, que presume a ocorrência de dano
marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por qualquer à segurança pública e prescinde, para sua caracterização, de re-
meio, faça, promova, facilite ou permita o transporte de arma ou

24
sultado naturalístico à incolumidade física de outrem. n. 10.826/2003, praticadas entre 23/12/2003 e 23/10/2005,
7) São atípicas as condutas descritas nos arts. 12 e 16 da Lei mas, a partir desta data, até 31/12/2009, somente é atípica a

25
conduta do art. 12, desde que a arma de fogo seja apta a ser razão do que dispõe o art. 109, inciso V, da Constituição Fe-
registrada (numeração íntegra). deral, haja vista que este crime está inserido em tratado in-
8) A regra dos arts. 30 e 32 da Lei n. 10.826/2003 alcança, tam- ternacional de que o Brasil é signatário.
bém, os crimes de posse ilegal de arma de fogo praticados sob a 8) O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou
vigência da Lei n. 9.437/1997, em respeito ao princípio da retroa- munição, tipificado no art. 18 da Lei n. 10.826/03, é de perigo
tividade da lei penal mais benéfica. abstrato ou de mera conduta e visa a proteger a segurança pú-
9) A forma qualificada do art. 10, § 3º, IV, da Lei n. 9.437/1997, blica e a paz social.
que foi suprimida do ordenamento jurídico com o advento da 9) Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo,
Lei n. 10.826/03, não tem o condão de tornar atípica a conduta, acessório ou munição não basta apenas a procedência estran-
mas apenas de desclassificar o delito para a forma simples, pre- geira do artefato, sendo necessário que se comprove a inter-
vista no caput do dispositivo legal mencionado. nacionalidade da ação.
10) Não se aplica o princípio da consunção quando os delitos 10) É típica a conduta de importar arma de fogo, acessório ou
de posse ilegal de arma de fogo e disparo de arma em via munição sem autorização da autoridade competente, nos ter-
pública são praticados em momentos diversos e em contex- mos do art. 18 da Lei n. 10.826/2003, mesmo que o réu dete-
tos distintos. nha o porte legal da arma, em razão do alto grau de repro-
11) A simples conduta de possuir ou de portar arma, acessó- vabilidade da conduta.
rio ou munição é suficiente para a configuração dos delitos
previstos nos arts. 12, 14 e 16 da Lei n. 10.826/2003, sendo
inaplicável o princípio da insignificância.
12) Independentemente da quantidade de arma de fogo, de
acessórios ou de munição, não é possível a desclassificação do
crime de tráfico internacional de arma de fogo (art. 18 da Lei de
Armas) para o delito de contrabando (art. 334-A do Código Pe-
nal), em respeito ao princípio da especialidade.
EDIÇÃO N. 108: ESTATUTO DO DESARMAMENTO - II
1) O simples fato de possuir ou portar munição caracteriza
os delitos previstos nos arts. 12, 14 e 16 da Lei n.
10.826/2003, por se tratar de crime de perigo abstrato e de
mera conduta, sendo prescindível a demonstração de lesão ou
de perigo concreto ao bem jurídico tutelado, que é a incolumi-
dade pública.
2) A apreensão de ínfima quantidade de munição desacom-
panhada de arma de fogo, excepcionalmente, a depender da
análise do caso concreto, pode levar ao reconhecimento de
atipicidade da conduta, diante da ausência de exposição de ris-
co ao bem jurídico tutelado pela norma.
3) Demonstrada por laudo pericial a inaptidão da arma de
fogo para o disparo, é atípica a conduta de portar ou de pos-
suir arma de fogo, diante da ausência de afetação do bem
jurídico incolumidade pública, tratando-se de crime impossível
pela ineficácia absoluta do meio.
4) A conduta de possuir, portar, adquirir, transportar ou for-
necer arma de fogo, seja de uso permitido, restrito ou proi-
bido, com numeração, marca ou qualquer outro sinal de
identificação raspado, suprimido ou adulterado, implica a
condenação pelo crime estabelecido no art. 16, parágrafo
único, IV, do Estatuto do Desarmamento.
5) O crime de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou
munição (art. 17 da Lei n. 10.826/2003) é delito de tipo mis-
to alternativo e de perigo abstrato, bastando para sua caracte-
rização a prática de um dos núcleos do tipo penal, sendo pres-
cindível a demonstração de lesão ou de perigo concreto ao bem
jurídico tutelado, que é a incolumidade pública.
6) O delito de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou
munição, tipificado no art. 17, caput e parágrafo único, da
Lei de Armas, nunca foi abrangido pela abolitio criminis
temporária prevista nos arts. 5º, § 3º, e 30 da Lei de Armas ou
nos diplomas legais que prorrogaram os prazos previstos nos re-
feridos dispositivos.
7) Compete à Justiça Federal o julgamento do crime de tráfi-
co internacional de arma de fogo, acessório ou munição, em

26
DIA 27 1988 dispõe que as condutas e ativi-
PRINCÍPIO DA dades consideradas lesivas ao meio
RESPONSABILIDADE ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a san-
CÓDIGO FLORESTAL: art. 1-40
ções penais e administrativas, inde-
LEI 8245/91 – LEI DE LOCAÇÕES: arts. 1-44
pendentemente da obrigação de re-
LEI 10741/03 – ESTATUTO DO IDOSO
parar os danos causados.
Pelo Princípio da Responsabilidade, o
CÓDIGO FLORESTAL art. 4º, VII, 1ª parte, lei 6938/81 traz a
imposição ao poluidor da obrigação
de indenizar os danos causados.
PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL A Declaração do Rio (Eco 92) traz a
Pode-se afirmar que o Princípio da exigência de que os Estados devam
Precaução deve ser lido como In dú- desenvolver as legislações nacionais
bio pro natura ou In dúbio pro ambi- relativa à responsabilidade e à indeni-
ente. zação referente às vitimas de danos
ECO-92 – Princípio 15: O princípio da ambientais, em clara referência ao
precaução deverá ser observado pe- Princípio da Responsabilidade.
los Estados, de acordo com suas pró- O empreendedor deve internalizar to-
prias condições e capacidades, com o dos os “Custos Ambientais” gerados
intuito de proteger o meio ambiente por sua atividade, onde se inclui natu-
PRINCÍPIO Quando houver perigo de dano grave ralmente os custos gerados pela po-
DA PRECAUÇÃO ou irreversível, a FALTA DE CERTEZA luição que eventualmente venha a
CIENTÍFICA absoluta não deverá ser causar.
utilizada como razão para se adiar a Art. 4º, VII, Lei 6938/81: imposição ao
adoção de medidas eficazes em fun- poluidor da obrigação de recuperar e/
ção dos custos para impedir a degra- PRINCÍPIO DO ou indenizar os danos causados.
dação do meio ambiente. POLUIDOR-PAGADOR ECO-92 – Princípio 16: as autoridades
Inversão do ônus da prova: O princí- nacionais devem fomentar a internali-
pio da precaução pressupõe a inver- zação dos custos ambientais e o uso
são do ônus probatório, competindo de instrumentos econômicos, tendo
a quem supostamente promoveu o em conta que o poluidor deve arcar
dano ambiental comprovar que não o com os custos da contaminação.
causou ou que a substância lançada Na esfera internacional, o Protocolo
ao meio ambiente não lhe é potenci- de Kyoto é um exemplo do Princípio
almente lesiva. STJ. 2ª Turma. REsp do Poluidor-Pagador, na medida em
1.060.753/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, que gera a obrigação dos Estados-
julgado em 01/12/2009. Parte de arcar com os custos da redu-
Estabelece que a administração, na ção de emissões de gases poluentes.
CERTEZA de que determinada ativi- A lógica do Princípio do Usuário-
dade implicará dano injusto, deve in- Pagador demanda que se alguém se
tervir coibindo-a. PRINCÍPIO DO aproveita dos recursos ambientais
Exige que o órgão técnico-ambiental USUÁRIO-PAGADOR deve suportar isoladamente os custos
ao permitir a atividade ou empreendi- pela sua utilização.
mento nocivo ao meio ambiente, Art. 4º, VII, Lei 6938/81: impõe ao
deva se valer de medidas tendentes a usuário da contribuição pela utiliza-
PRINCÍPIO evitar ou reparar o dano ambiental. ção de recursos ambientais.
DA PREVENÇÃO Observa-se o Princípio da Prevenção
no ordenamento jurídico nacional, Art. 170, VI, CF: a ordem econômica
dentre outros dispositivos, da leitura tem por fim a defesa do meio ambi-
do art. 225 § 2º, da Carta maior de ente mediante tratamento diferencia-
1988 e art. 4º, VI, lei 6938/81, ao dis- do conforme o impacto ambiental
por que a Política Nacional do Meio dos produtos e serviços e de seus
Ambiente visará à preservação e res- processos de elaboração e prestação.
tauração dos recursos ambientais Dentre os objetivos da Política Nacio-
com vistas à sua utilização racional e nal do Meio Ambiente (art. 4º, I, lei
disponibilidade permanente, concor- PRINCÍPIO DO 6938/81), há a exigência da compati-
rendo para a manutenção do equilí- DESENVOLVIMENTO bilização entre o desenvolvimento
brio ecológico propício à vida SUSTENTÁVEL econômico-social com a preservação
da qualidade do meio ambien
O art. 225 § 3º, da Carta Maior de ECO-92 – Princípio 1: os seres huma-

1
nos constituem o centro das preocu- JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
pações relacionadas com o desenvol-
EDIÇÃO N. 119: RESPONSABILIDADE POR
vimento sustentável, t
DANO AMBIENTAL
ECO-92 – Princípio 4: a fim de alcan-
1) A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, infor-
çar o desenvolvimento sustentável, a
mada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalida-
proteção do meio ambiente deverá
de o fator aglutinante que permite que o risco se integre na uni-
constituir parte integrante do proces-
dade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa res-
so de desenvolvimento e não poderá
ponsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabili-
considerar-se de forma isolada.
dade civil para afastar sua obrigação de indenizar.
PRINCÍPIO DA Liga-se à democracia direta ou parti- 2) Causa inequívoco dano ecológico quem desmata, ocupa, ex-
PARTICIPAÇÃO cipativa, ao rezar que o melhor modo plora ou impede a regeneração de Área de Preservação Perma-
DEMOCRÁTICA OU DA de tratar as questões ambientais é nente - APP, fazendo emergir a obrigação propter rem de res-
PARTICIPAÇÃO com a participação de todos os cida- taurar plenamente e de indenizar o meio ambiente degradado e
COMUNITÁRIA dãos interessados terceiros afetados, sob o regime de responsabilidade civil objeti-
va.
Todos aqueles que praticarem condu-
3) O reconhecimento da responsabilidade objetiva por dano
tas ou atividades consideradas lesivas
ambiental não dispensa a demonstração do nexo de causali-
PRINCÍPIO DA ao meio ambiente responderão soli-
dade entre a conduta e o resultado.
SOLIDARIEDADE dariamente pelo dano ambiental (art.
4) A alegação de culpa exclusiva de terceiro pelo acidente em
225, § 3º, da Carta maior de 1988 e
causa, como excludente de responsabilidade, deve ser afas-
art. 4º, VII, 1ª parte lei 6938/81).
tada, ante a incidência da teoria do risco integral e da res-
Há um dever fundamental por parte ponsabilidade objetiva ínsita ao dano ambiental (art. 225, §3º, da
do Poder Público e da coletividade na CF e art. 14, §1º, da Lei n. 6.938/1981), responsabilizando o de-
proteção ao meio ambiente. Desta gradador em decorrência do princípio do poluidor-pagador.
PRINCÍPIO DA forma, a proteção ao meio ambiente 5) É IMPRESCRITÍVEL a pretensão reparatória de danos ao meio
VEDAÇÃO DA ecologicamente equilibrado, direito ambiente.
PROTEÇÃO DEFICIENTE fundamental de terceira dimensão, 6) O termo inicial da incidência dos juros moratórios é a data do
não pode ser insuficiente, cabendo evento danoso nas hipóteses de reparação de danos morais e
aos Estados promulgar leis eficazes materiais decorrentes de acidente ambiental.
de proteção aos ecossistemas. Assim, 9) Não há direito adquirido à manutenção de situação que
pelo Princípio da Vedação da Prote- gere prejuízo ao meio ambiente.
ção Deficiente, os objetivos e priori- 10) O pescador profissional é parte legítima para postular inde-
dades em matérias de regulamenta- nização por dano ambiental que acarretou a redução da pesca
ção do meio ambiente devem refletir na área atingida, podendo utilizar-se do registro profissional,
o contexto ambiental e de desenvolvi- ainda que concedido posteriormente ao sinistro, e de outros
mento às quais se aplicam, vedando a meios de prova que sejam suficientes ao convencimento do juiz
criação de normas ambientais inade- acerca do exercício dessa atividade.
quadas. 11) É devida a indenização por dano moral patente o sofrimen-
to intenso do pescador profissional artesanal, causado pela pri-
Direciona-se ao futuro, impondo ao
vação das condições de trabalho, em consequência do dano
PRINCÍPIO DA EQUI- Poder Público e à coletividade o dever
ambiental.
DADE NA de defender e preservar o meio ambi-
PARTICIPAÇÃO ente ecologicamente equilibrado para
INTERGERACIONAL as presentes e futuras gerações (art. Art. 1o-A.  Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da
225, caput, da Carta maior de 1988 e vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reser-
Princípio 3 da Eco 92). va Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima
Informações retiradas do site https://www.agu.gov.br/page/download/index/id/2965218 florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o contro-
le e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos eco-
nômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos.
SÚMULAS SOBRE MEIO AMBIENTE
Parágrafo único.  Tendo como OBJETIVO o desenvolvimento
Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato sustentável, esta Lei atenderá aos seguintes PRINCÍPIOS:
consumado em tema de Direito Ambiental. I - afirmação do compromisso soberano do Brasil com a pre-
Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às servação das suas florestas e demais formas de vegetação na-
ações de degradação ambiental tiva, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos
Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem es-
propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou tar das gerações presentes e futuras;
possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. II - reafirmação da importância da função estratégica da ativi-
Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a con- dade agropecuária e do papel das florestas e demais formas
denação do réu à obrigação de fazer ou à de não fazer cu- de vegetação nativa na sustentabilidade, no crescimento eco-
mulada com a de indenizar. nômico, na melhoria da qualidade de vida da população bra-
sileira e na presença do País nos mercados nacional e interna-
cional de alimentos e bioenergia;

2
III - ação governamental de proteção e uso sustentável de flo- projetos de reforma agrária, e que atenda ao disposto no art. 3o
restas, consagrando o compromisso do País com a compatibi- da Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006;
lização e harmonização entre o uso produtivo da terra e a VI - uso alternativo do solo: substituição de vegetação nativa e
preservação da água, do solo e da vegetação; formações sucessoras por outras coberturas do solo, como ativi-
IV - RESPONSABILIDADE COMUM da União, Estados, Distrito dades agropecuárias, industriais, de geração e transmissão de
Federal e Municípios, em colaboração com a sociedade civil, energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou
na criação de políticas para a preservação e restauração da outras formas de ocupação humana;
vegetação nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas VII - manejo sustentável: administração da vegetação natural
áreas urbanas e rurais; para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambien-
V - fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da tais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecos-
inovação para o uso sustentável do solo e da água, a recupe- sistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou al-
ração e a preservação das florestas e demais formas de vege- ternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou
tação nativa; não, de múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem como a
VI - criação e mobilização de incentivos econômicos para fo- utilização de outros bens e serviços;
mentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e VIII - utilidade pública:
para promover o desenvolvimento de atividades produtivas a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
sustentáveis. b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos servi-
ços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele neces-
Art. 2o  As florestas existentes no território nacional e as demais sário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municí-
formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras pios, saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunicações,
que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitan- radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições
tes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limi- esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mi-
tações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabe- neração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, sai-
lecem. bro e cascalho;
§ 1o  Na utilização e exploração da vegetação, as ações ou omis- STF: são inconstitucionais as expressões “gestão de resíduos”
sões contrárias às disposições desta Lei são consideradas uso e “instalações necessárias à realização de competições es-
irregular da propriedade, aplicando-se o procedimento sumário portivas estaduais, nacionais ou internacionais”, contidas no
previsto no inciso II do art. 275 da Lei n o 5.869, de 11 de janeiro art. 3º, VIII, b, do Código Florestal
de 1973 - Código de Processo Civil, sem prejuízo da responsabili- c) atividades e obras de defesa civil;
dade civil, nos termos do § 1o do art. 14 da Lei no 6.938, de 31 de d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na
agosto de 1981, e das sanções administrativas, civis e penais. proteção das funções ambientais referidas no inciso II deste arti-
§ 2o  As OBRIGAÇÕES previstas nesta Lei TÊM NATUREZA REAL go;
e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e moti-
de transferência de domínio ou posse do imóvel rural. vadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir
alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, de-
Art. 3o  Para os efeitos desta Lei, entende-se por: finidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal;
I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, IX - interesse social:
Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da ve-
do paralelo 13° S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do getação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo,
meridiano de 44° W, do Estado do Maranhão; controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de planti-
II - ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP): área protegi- os com espécies nativas;
da, COBERTA OU NÃO POR VEGETAÇÃO NATIVA, com a fun- b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena
ção ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades
a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem- existente e não prejudique a função ambiental da área;
estar das populações humanas; c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes,
III - RESERVA LEGAL (RL): ÁREA LOCALIZADA NO INTERIOR DE lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas ur-
UMA PROPRIEDADE OU POSSE RURAL, delimitada nos termos banas e rurais consolidadas, observadas as condições estabeleci-
do art. 12, com a função de ASSEGURAR O USO ECONÔMICO das nesta Lei;
DE MODO SUSTENTÁVEL dos recursos naturais do imóvel ru- d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados
ral, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos eco- predominantemente por população de baixa renda em áreas ur-
lógicos e promover a conservação da biodiversidade, bem banas consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei
como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nati- no 11.977, de 7 de julho de 2009;
va; e) implantação de instalações necessárias à captação e condução
IV - Área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos
antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade;
benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste últi- f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e
mo caso, a adoção do regime de pousio; cascalho, outorgadas pela autoridade competente;
V - Pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela ex- g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e moti-
plorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e vadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir
empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e

3
alternativa técnica e locacional à atividade proposta, definidas em XVI - restinga: depósito arenoso paralelo à linha da costa, de for-
ato do Chefe do Poder Executivo federal; ma geralmente alongada, produzido por processos de sedimenta-
STF: deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. ção, onde se encontram diferentes comunidades que recebem in-
3º, VIII e IX, da Lei, de modo a se condicionar a intervenção fluência marinha, com cobertura vegetal em mosaico, encontrada
excepcional em APP, por interesse social ou utilidade públi- em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando,
ca, à inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à ati- de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivo
vidade proposta. e arbóreo, este último mais interiorizado;
XVII - nascente: afloramento natural do lençol freático que apre-
X - atividades eventuais ou de BAIXO IMPACTO AMBIENTAL:
senta perenidade e dá início a um curso d’água;
a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes
e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso STF: deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art.
d’água, ao acesso de pessoas e animais para a obtenção de 3º, XVII e ao art. 4º, IV, para fixar a interpretação de que os en-
água ou à retirada de produtos oriundos das atividades de mane- tornos das nascentes e dos olhos d´água intermitentes confi-
jo agroflorestal sustentável; guram área de preservação permanente.
b) implantação de instalações necessárias à captação e condução XVIII - olho d’água: afloramento natural do lençol freático, mes-
de água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga mo que intermitente;
do direito de uso da água, quando couber; XIX - leito regular: a calha por onde correm regularmente as
c) implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo; águas do curso d’água durante o ano;
d) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno an- XX - área verde urbana: espaços, públicos ou privados, com pre-
coradouro; domínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recu-
e) construção de moradia de agricultores familiares, remanescen- perada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urba-
tes de comunidades quilombolas e outras populações extrativis- no e Uso do Solo do Município, indisponíveis para construção de
tas e tradicionais em áreas rurais, onde o abastecimento de água moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria
se dê pelo esforço próprio dos moradores; da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos,
f) construção e manutenção de cercas na propriedade; manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e mani-
g) pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados festações culturais;
outros requisitos previstos na legislação aplicável; XXI - várzea de inundação ou planície de inundação: áreas margi-
h) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e nais a cursos d’água sujeitas a enchentes e inundações periódicas;
produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeita- XXII - faixa de passagem de inundação: área de várzea ou planície
da a legislação específica de acesso a recursos genéticos; de inundação adjacente a cursos d’água que permite o escoa-
i) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, cas- mento da enchente;
tanhas e outros produtos vegetais, desde que não implique su- XXIII - relevo ondulado: expressão geomorfológica usada para de-
pressão da vegetação existente nem prejudique a função ambien- signar área caracterizada por movimentações do terreno que ge-
tal da área; ram depressões, cuja intensidade permite sua classificação como
j) exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comuni- relevo suave ondulado, ondulado, fortemente ondulado e monta-
tário e familiar, incluindo a extração de produtos florestais não nhoso. 
madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal XXIV - pousio: prática de interrupção temporária de atividades
nativa existente nem prejudiquem a função ambiental da área; ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais, por no máximo
k) outras ações ou atividades similares, reconhecidas como even- 5 anos, para possibilitar a recuperação da capacidade de uso
tuais e de baixo impacto ambiental em ato do Conselho Nacional ou da estrutura física do solo;
do Meio Ambiente - CONAMA ou dos Conselhos Estaduais de XXV - áreas úmidas: pantanais e superfícies terrestres cobertas de
Meio Ambiente; forma periódica por águas, cobertas originalmente por florestas
XII - vereda: fitofisionomia de savana, encontrada em solos hidro- ou outras formas de vegetação adaptadas à inundação;
mórficos, usualmente com a palmeira arbórea Mauritia flexuosa - XXVI - área urbana consolidada: aquela de que trata o inciso II do
buriti emergente, sem formar dossel, em meio a agrupamentos caput do art. 47 da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009; e
de espécies arbustivo-herbáceas; XXVII - crédito de carbono: título de direito sobre bem intangível
XIII - manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos e incorpóreo transacionável.     
baixos, sujeitos à ação das marés, formado por vasas lodosas re- Parágrafo único.  Para os fins desta Lei, estende-se o tratamento
centes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a dispensado aos imóveis a que se refere o inciso V deste artigo
vegetação natural conhecida como mangue, com influência fluvi- (Pequena propriedade ou posse rural familiar) às propriedades e
omarinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com dis- posses rurais com até 4 módulos fiscais que desenvolvam ati-
persão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os Estados vidades agrossilvipastoris, bem como às terras indígenas de-
do Amapá e de Santa Catarina; marcadas e às demais áreas tituladas de povos e comunidades
XIV - salgado ou marismas tropicais hipersalinos: áreas situadas tradicionais que façam uso coletivo do seu território. 
em regiões com frequências de inundações intermediárias entre
STF: são inconstitucionais as expressões “demarcadas” e “ti-
marés de sizígias e de quadratura, com solos cuja salinidade varia
tuladas”, contidas no art. 3º, parágrafo único.
entre 100 e 150 partes por 1.000, onde pode ocorrer a presença
de vegetação herbácea específica;
XV - apicum: áreas de solos hipersalinos situadas nas regiões en- CAPÍTULO II
tremarés superiores, inundadas apenas pelas marés de sizígias, DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
que apresentam salinidade superior a 150 partes por 1.000, des- Seção I
providas de vegetação vascular; Da Delimitação das Áreas de Preservação Permanente (APP)

4
Art. 4o  Considera-se APP, em zonas rurais ou urbanas, para os ou lagos, desde que não implique supressão de novas áreas
efeitos desta Lei: de vegetação nativa, seja conservada a qualidade da água e do
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural pere- solo e seja protegida a fauna silvestre.
ne e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da ca- § 6o  Nos imóveis rurais com até 15 módulos fiscais, é admiti-
lha do leito regular, em largura mínima de: da, nas áreas de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo,
a) 30 metros, para os cursos d’água de menos de 10 metros de a prática da aquicultura e a infraestrutura física diretamente a
largura; ela associada, desde que:
b) 50 metros, para os cursos d’água que tenham de 10 a 50 me- I - sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e
tros de largura; água e de recursos hídricos, garantindo sua qualidade e quantida-
c) 100 metros, para os cursos d’água que tenham de 50 a 200 de, de acordo com norma dos Conselhos Estaduais de Meio Am-
metros de largura; biente;
d) 200 metros, para os cursos d’água que tenham de 200 a 600 II - esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou pla-
metros de largura; nos de gestão de recursos hídricos;
e) 500 metros, para os cursos d’água que tenham largura supe- III - seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental compe-
rior a 600 metros; tente;
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa IV - o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR.
com largura mínima de: V - não implique novas supressões de vegetação nativa.
a) 100 metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com
até 20 hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 me- Art. 5o  Na implantação de reservatório d’água artificial desti-
tros; nado a geração de energia ou abastecimento público, é obri-
b) 30 metros, em zonas urbanas; gatória a aquisição, desapropriação ou instituição de servidão
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, administrativa pelo empreendedor das Áreas de Preservação
decorrentes de barramento ou represamento de cursos Permanente criadas em seu entorno, conforme estabelecido no
d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do em- licenciamento ambiental, observando-se a faixa mínima de 30
preendimento; metros e máxima de 100 metros em área rural, e a faixa míni-
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água pe- ma de 15 metros e máxima de 30 metros em área urbana.
renes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio míni- § 1o  Na implantação de reservatórios d’água artificiais de que tra-
mo de 50 metros; ta o caput, o empreendedor, no âmbito do licenciamento ambi-
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, ental, elaborará Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entor-
equivalente a 100% na linha de maior declive; no do Reservatório, em conformidade com termo de referência
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de expedido pelo órgão competente do Sistema Nacional do Meio
mangues; Ambiente - Sisnama, não podendo o uso exceder a 10% do total
VII - os manguezais, em toda a sua extensão; da Área de Preservação Permanente.
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de rup-
§ 2o  O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Re-
tura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 metros em proje-
servatório Artificial, para os empreendimentos licitados a partir da
ções horizontais;
vigência desta Lei, deverá ser apresentado ao órgão ambiental
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altu-
concomitantemente com o Plano Básico Ambiental e aprovado
ra mínima de 100 metros e inclinação média maior que 25°, as
até o início da operação do empreendimento, não constituindo a
áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3
sua ausência impedimento para a expedição da licença de instala-
da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo
ção.
esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou
espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do
ponto de sela mais próximo da elevação; Art. 6o  Consideram-se, ainda, de preservação permanente,
X - as áreas em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do
seja a vegetação; Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras for-
XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com mas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finali-
largura mínima de 50 metros, a partir do espaço permanente- dades:
mente brejoso e encharcado. I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e desli-
zamentos de terra e de rocha;
§ 1o  Não será exigida Área de Preservação Permanente no
II - proteger as restingas ou veredas;
entorno de reservatórios artificiais de água que não decorram
III - proteger várzeas;
de barramento ou represamento de cursos d’água naturais.
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extin-
§ 4o  Nas acumulações naturais ou artificiais de água com super- ção;
fície inferior a 1 hectare, fica dispensada a reserva da faixa de V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico,
proteção prevista nos incisos II e III do caput, vedada nova su- cultural ou histórico;
pressão de áreas de vegetação nativa, salvo autorização do órgão VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
ambiental competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - VII - assegurar condições de bem-estar público; 
Sisnama. VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autori-
§ 5o  É admitido, para a pequena propriedade ou posse rural dades militares.
familiar, de que trata o inciso V do art. 3 o desta Lei, o plantio de IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância in-
culturas temporárias e sazonais de vazante de ciclo curto na ternacional.
faixa de terra que fica exposta no período de vazante dos rios

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Seção II cas agronômicas, sendo vedada a conversão de novas áreas,
Do Regime de Proteção das Áreas de Preservação Permanente excetuadas as hipóteses de utilidade pública e interesse soci-
Art. 7o  A vegetação situada em Área de Preservação Permanente al.
deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou
ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direi- CAPÍTULO III-A
to público ou privado. DO USO ECOLOGICAMENTE SUSTENTÁVEL
§ 1o  Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de DOS APICUNS E SALGADOS
Preservação Permanente, o proprietário da área, possuidor ou Art. 11-A.  A Zona Costeira é patrimônio nacional, nos termos
ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recompo- do § 4o do art. 225 da Constituição Federal, devendo sua ocupa-
sição da vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos ção e exploração dar-se de modo ecologicamente sustentável.
nesta Lei. § 1o  Os apicuns e salgados podem ser utilizados em atividades
o o de carcinicultura e salinas, desde que observados os seguintes re-
§ 2   A obrigação prevista no § 1 TEM NATUREZA REAL E É
TRANSMITIDA AO SUCESSOR no caso de transferência de do- quisitos:
mínio ou posse do imóvel rural. I - área total ocupada em cada Estado não superior a 10% dessa
§ 3o  No caso de supressão não autorizada de vegetação realizada modalidade de fitofisionomia no bioma amazônico e a 35% no
após 22 de julho de 2008, é vedada a concessão de novas autori - restante do País, excluídas as ocupações consolidadas que aten-
zações de supressão de vegetação enquanto não cumpridas as dam ao disposto no § 6o deste artigo;
obrigações previstas no § 1o. II - salvaguarda da absoluta integridade dos manguezais arbusti-
vos e dos processos ecológicos essenciais a eles associados, bem
como da sua produtividade biológica e condição de berçário de
Art. 8o  A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em
recursos pesqueiros;
Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóte-
III - licenciamento da atividade e das instalações pelo órgão am-
ses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo im-
biental estadual, cientificado o Instituto Brasileiro do Meio Ambi-
pacto ambiental previstas nesta Lei.
ente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e, no caso de
§ 1o  A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, du- uso de terrenos de marinha ou outros bens da União, realizada
nas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de utili- regularização prévia da titulação perante a União;      
dade pública. IV - recolhimento, tratamento e disposição adequados dos eflu-
§ 2o  A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área entes e resíduos;
de Preservação Permanente de que tratam os incisos VI e VII do V - garantia da manutenção da qualidade da água e do solo, res-
caput do art. 4o poderá ser autorizada, excepcionalmente, em peitadas as Áreas de Preservação Permanente; e 
locais onde a função ecológica do manguezal esteja comprometi- VI - respeito às atividades tradicionais de sobrevivência das co-
da, para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseri- munidades locais.
das em projetos de regularização fundiária de interesse social, em § 2o  A licença ambiental, na hipótese deste artigo, será de 5
áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa anos, renovável apenas se o empreendedor cumprir as exi-
renda. gências da legislação ambiental e do próprio licenciamento,
§ 3o  É dispensada a autorização do órgão ambiental competen- mediante comprovação anual, inclusive por mídia fotográfica.
te para a execução, em caráter de urgência, de atividades de se- § 3o  São sujeitos à apresentação de Estudo Prévio de Impacto
gurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à Ambiental - EPIA e Relatório de Impacto Ambiental - RIMA os no-
prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas. vos empreendimentos:
§ 4o  Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização I - com área superior a 50 hectares, vedada a fragmentação do
de futuras intervenções ou supressões de vegetação nativa, além projeto para ocultar ou camuflar seu porte;
das previstas nesta Lei. II - com área de até 50 hectares, se potencialmente causadores
de significativa degradação do meio ambiente; ou
Art. 9o  É permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de III - localizados em região com adensamento de empreendimen-
Preservação Permanente para obtenção de água e para reali- tos de carcinicultura ou salinas cujo impacto afete áreas comuns.
zação de atividades de baixo impacto ambiental. § 4o  O órgão licenciador competente, mediante decisão motiva-
da, poderá, sem prejuízo das sanções administrativas, cíveis e pe-
CAPÍTULO III nais cabíveis, bem como do dever de recuperar os danos ambien-
DAS ÁREAS DE USO RESTRITO tais causados, alterar as condicionantes e as medidas de controle
Art. 10.  Nos pantanais e planícies pantaneiras, é permitida a ex- e adequação, quando ocorrer:
ploração ecologicamente sustentável, devendo-se considerar as I - descumprimento ou cumprimento inadequado das condicio-
recomendações técnicas dos órgãos oficiais de pesquisa, ficando nantes ou medidas de controle previstas no licenciamento, ou de-
novas supressões de vegetação nativa para uso alternativo do sobediência às normas aplicáveis;
solo condicionadas à autorização do órgão estadual do meio II - fornecimento de informação falsa, dúbia ou enganosa, inclusi-
ambiente, com base nas recomendações mencionadas neste arti- ve por omissão, em qualquer fase do licenciamento ou período
go. de validade da licença; ou
III - superveniência de informações sobre riscos ao meio ambiente
Art. 11.  Em áreas de inclinação entre 25° e 45°, serão permitidos ou à saúde pública.
o manejo florestal sustentável e o exercício de atividades agrossil- § 5o  A ampliação da ocupação de apicuns e salgados respeitará o
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