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PRINCIPAIS JULGAMENTOS DO STF

1º SEMESTRE DE 2011 – DIREITO CONSTITUCIONAL

Contraria o art. 7º, IV, da CF/88 lei que fixe piso salarial
de categoria profissional com base no salário mínimo.
Observações  Neste julgamento, o STF entendeu que o art. 16 da Lei 7.394/85, que estabelece um
piso salarial de 2 salários mínimos para os técnicos em radiologia é inconstitucional. No
entanto, a fim de evitar uma anomia (ausência de normas), a Corte decidiu que deveria
continuar sendo aplicados os critérios estabelecidos pela lei, até que sobrevenha norma
que fixe nova base de cálculo;
 Não é da competência do Poder Judiciário estabelecer nova base de cálculo, sob pena
de atuar como legislador positivo;
 Determinou-se, ainda, o congelamento da base de cálculo em questão, para que seja
calculada de acordo com o valor do salário mínimo vigente na data do trânsito em
julgado da decisão, de modo a desindexar o salário mínimo, valor este que deverá ser
corrigido com base nos índices de reajustes de salários;
 Reafirmou-se que o valor do salário mínimo deve ser nacionalmente unificado, nos
termos do art. 7º, IV, da CF/88;
 Citou-se que o STF possui diversos precedentes no sentido da impossibilidade de
fixação de piso salarial com base em múltiplos do salário mínimo.
 Súmula vinculante n. 4: Salvo os casos previstos na Constituição Federal, o salário
mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de
servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
Dispositivo Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
da CF/88 IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e
às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência
social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
qualquer fim;
Processo Plenário. ADPF 151 MC/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, 2.2.2011

É inconstitucional lei estadual que determina a instalação de cinto de segurança


em veículos de transporte coletivo de passageiros.
Observações Trata-se, no caso, de uma lei que versa sobre trânsito e transporte, que são matérias de
competência privativa da União.
Dispositivo Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
da CF/88 XI - trânsito e transporte;

Processo Plenário. ADI 874/BA, rel. Min. Gilmar Mendes, 3.2.2011

É possível que o STF module os efeitos da não-recepção.


Observações O STF, em sede de recurso extraordinário, conferiu efeitos prospectivos à decisão que
reconheceu que determinada lei não foi recepcionada pela CF/88. Em outras palavras, o STF
reconheceu que a lei “X” (anterior à CF/88) não foi recepcionada (foi “revogada”), mas
afirmou que essa decisão somente iria produzir efeitos a partir de determinada data no
futuro. Trata-se de uma inovação no entendimento do STF. Confira trecho da ementa:
“(...) 5. O princípio da segurança jurídica impõe que, mais de vinte e dois anos de vigência
da Constituição, nos quais dezenas de concursos foram realizados se observando aquela
regra legal, modulem-se os efeitos da não-recepção: manutenção da validade dos limites de
idade fixados em editais e regulamentos fundados no art. 10 da Lei n. 6.880/1980 até 31 de
dezembro de 2011. 6. Recurso extraordinário desprovido, com modulação de seus efeitos.”
Processo Plenário. RE 600885/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 9.2.2011

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É inconstitucional lei estadual que destina percentual do valor das custas, despesas e
emolumentos judiciais para entidade de classe (ex: associação de Defensores Públicos) ou
qualquer outra entidade com finalidade privada
Processo Plenário. MS 28141/MT, rel. Min.. Ricardo Lewandowski, 10.2.2011. (MS-28141).

Ministério Público estadual pode propor reclamação no STF


Observações  O STF reconheceu a legitimidade ativa autônoma do Ministério Público estadual para
propor reclamação perante o STF.
 O Min. Celso de Mello assentou que o Ministério Público do Trabalho não disporia dessa
legitimidade por uma singularidade, qual seja, a de integrar o Ministério Público da
União, cujo chefe é o Procurador-Geral da República.
 Aduziu que, entretanto, não existiria qualquer relação de dependência entre o
Ministério Público da União e o dos Estados-membros.
 Acrescentou que, muitas vezes, inclusive, os Ministérios Públicos estaduais poderiam
formular representação perante o STF, deduzindo pretensão com a qual não
concordasse, eventualmente, a chefia do Ministério Público da União, o que obstaria o
acesso do parquet local no controle do respeito e observância, por exemplo, de súmulas
impregnadas de eficácia vinculante.
 O Min. Cezar Peluso, por sua vez, ressaltou que fazer com que o Ministério Público
estadual ficasse na dependência do que viesse a entender o Ministério Público Federal
seria incompatível, dentre outros princípios, com o da paridade de armas.
 Disse, ademais, que se estaria retirando do Ministério Público estadual uma
legitimidade que seria essencial para o exercício das suas funções, as quais não seriam
exercidas pelo Ministério Público Federal.
Processo Plenário. Rcl 7358/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 24.2.2011.

Regras para o militar que concorre em eleições


Observações a) Se o militar possui menos que 10 anos de serviço: é afastado definitivamente
(ganhando ou perdendo as eleições);
b) Se o militar possui mais que 10 anos de serviço: é afastado provisoriamente (agregado)
para concorrer.
b.1) se perder: volta à ativa (reversão).
b.2) se ganhar: é afastado definitivamente.
Dispositivo Art. 14 (...)
da CF/88 § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
Processo Plenário. RE 279469/RS, rel. orig. Min. Maurício Corrêa, red. p/o acórdão Min. Cezar Peluso, 16.3.2011.

Embargos de declaração e modulação dos efeitos em RE


Observações 1) É possível modulação da declaração de inconstitucionalidade em sede de embargos
de declaração;
2) É possível que esses embargos de declaração tenham sido opostos em recurso
extraordinário;
3) É possível a modulação mesmo que não tenha havido pedido expresso no momento
da interposição do RE, mas somente nos embargos.
Processo Plenário. RE 500171 ED/GO, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 16.3.2011.

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Lei da “Ficha Limpa” não se aplica às eleições gerais de 2010 por força do art. 16 da CF
Observações A Lei Complementar 135/2010 — que altera a Lei Complementar 64/90, que estabelece, de
acordo com o § 9º do art. 14 da CF, casos de inelegibilidade, prazos de cessação e
determina outras providências, para incluir hipóteses de inelegibilidade que visam a
proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato — não se
aplica às eleições gerais de 2010.
Dispositivo Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
da CF/88 eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.

Processo Plenário. RE 633703/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 23.3.2011.

É inconstitucional o pagamento de parcela indenizatória


a Deputado Estadual por convocação extraordinária
Observações Atualmente, vigora no Brasil a proibição constitucional do pagamento de parcela
indenizatória aos Deputados Federais e Senadores pela convocação extraordinária e, por
remissão expressa do Texto Constitucional, essa proibição também alcança os Deputados
Estaduais.
Dispositivo Art. 57 (...) § 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria
da CF/88 para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela
indenizatória, em razão da convocação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

Art. 27 (...) § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na
razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais,
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Processo Plenário. ADI 4509 MC/PA, rel. Min. Cármen Lúcia, 7.4.2011.

Não cabe reclamação contra decisão que, supostamente, teria afrontado


decisão do STF em sede de recurso extraordinário
Observações  Não cabe o ajuizamento de reclamação contra decisão que, supostamente, teria
afrontado entendimento firmado pela Corte em sede de recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida.
 O STF não conheceu de reclamação em que alegada ofensa ao teor de julgado em
recurso extraordinário no qual consignada a incompetência da Justiça do Trabalho para
processar e julgar a execução de créditos trabalhistas no caso de a empresa se
encontrar em recuperação judicial.
 Asseverou-se que a reclamação poderia ser usada nas hipóteses de ofensa às Súmulas
Vinculantes ou quando se tratasse de decisão proferida na lide individual de que se
cuida.
 Reputou-se que, de acordo com a sistemática inaugurada pela EC 45/2004, caberia aos
juízes e desembargadores respeitar a autoridade da decisão tomada em sede de
repercussão geral, na medida em que, no exercício de sua função, deveriam observar o
entendimento do STF.
 Afirmou-se o intuito da citada reforma no sentido de desafogar esta Corte e liberá-la
para a solução das grandes questões constitucionais, de modo que sua atuação haveria
de ser subsidiária, quando o Tribunal a quo negar observância ao leading case da
repercussão geral, ensejando, então, a interposição do apelo extremo (recurso
extraordinário).
 Aduziu-se existirem reiteradas decisões no sentido da inviabilidade da reclamação como
sucedâneo de recursos e ações cabíveis, objetivando o acesso per saltum a este
Tribunal.
Processo Plenário. Rcl 10793/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 13.4.2011.

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É constitucional a contratação de pesquisadores do IBGE com base no art. 37, IX, da CF
Observações  O STF afirmou que deveria ser admitida a contratação temporária para atender a
necessidade, também temporária, de pessoal suficiente para dar andamento a
trabalhos em períodos de intensas pesquisas, a exemplo do recenseamento, sem que se
impusesse a criação de cargos públicos.
 Ademais, frisou-se que as circunstâncias nas quais realizadas as pesquisas não seriam
frequentes e teriam duração limitada no tempo.
 Concluiu-se que, ante a supremacia do interesse público, não seriam justificáveis a
criação e o provimento de cargos públicos com o objetivo apenas de atender demandas
sazonais de pesquisa, pois, após o seu término, não seria possível a dispensa desses
servidores, o que ocasionaria tão-somente o inchaço da estrutura da entidade.
Dispositivo Art. 37 (...)
da CF/88 IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público;
Processo Plenário. ADI 3386/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 14.4.2011.

A união estável, prevista no art. 1.723 do CC, pode ocorrer entre pessoas do mesmo sexo
Observações  A norma constante do art. 1.723 do Código Civil não obsta que a união de pessoas do
mesmo sexo possa ser reconhecida como entidade familiar apta a merecer proteção
estatal.
 Prevaleceu o voto proferido pelo Min. Ayres Britto, relator, que deu interpretação
conforme a Constituição ao art. 1.723 do CC para dele excluir qualquer significado que
impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do
mesmo sexo como entidade familiar, entendida esta como sinônimo perfeito de família.
 Asseverou que esse reconhecimento deveria ser feito segundo as mesmas regras e com
idênticas consequências da união estável heteroafetiva.
 Enfatizou que a Constituição proibiria, de modo expresso, o preconceito em razão do
sexo ou da natural diferença entre a mulher e o homem. Além disso, apontou que
fatores acidentais ou fortuitos, a exemplo da origem social, idade, cor da pele e outros,
não se caracterizariam como causas de merecimento ou de desmerecimento intrínseco
de quem quer que fosse. Assim, observou que isso também ocorreria quanto à
possibilidade da concreta utilização da sexualidade. Afirmou, nessa perspectiva, haver
um direito constitucional líquido e certo à isonomia entre homem e mulher:
a) de não sofrer discriminação pelo fato em si da contraposta conformação anátomo-
fisiológica;
b) de fazer ou deixar de fazer uso da respectiva sexualidade; e
c) de, nas situações de uso emparceirado da sexualidade, fazê-lo com pessoas adultas
do mesmo sexo, ou não.
 Após mencionar que a família deveria servir de norte interpretativo para as figuras
jurídicas do casamento civil, da união estável, do planejamento familiar e da adoção, o
relator registrou que a diretriz da formação dessa instituição seria o não-atrelamento a
casais heteroafetivos ou a qualquer formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia
religiosa.
Dispositivo CC/2002
legal Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
Processos Plenário. ADI 4277/DF, rel. Min. Ayres Britto, 4 e 5.5.2011. ADPF 132/RJ, rel. Min. Ayres Britto, 4 e 5.5.2011.

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Compete ao STF somente aferir os requisitos de possibilidade de extradição. A partir daí, a
decisão quanto à extradição ou não é do Presidente da República sendo esta decisão do chefe
do Executivo insindicável pelo Poder Judiciário.
Observações  Por maioria, o STF afirmou que não cabia a reclamação proposta pela Itália contra a
decisão do Presidente da República que decidiu não extraditar Cesare Battisti.
 O Min. Luiz Fux assinalou que, adotada a tese no sentido de competir ao Supremo
somente aferir os requisitos de possibilidade de extradição, a cognição se encerraria aí
e a decisão seria remetida ao Presidente da República, que resolveria o caso, sendo este
ato insindicável pelo Poder Judiciário. Assim, em jogo um ato de soberania nacional.
Realçou que a República Italiana litigara contra a República Federativa do Brasil e que
isto seria da competência do Tribunal Internacional de Haia, e não do STF.
 Vencidos os Ministros Gilmar Mendes, relator, Ellen Gracie e Cezar Peluso, Presidente,
que conheciam da reclamação.
Processos Plenário. Rcl 11243/República Italiana, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 8.6.2011.

Não configura apologia de crime ou criminoso (art. 287 do CP)


a realização da “Marcha da Maconha”
Observações  O STF decidiu que, por conta dos direitos fundamentais de reunião e de livre
manifestação do pensamento, deve-se dar ao art. 287 do CP interpretação conforme a
Constituição, de modo a excluir qualquer interpretação que possa ensejar a
criminalização da defesa da legalização das drogas, ou de qualquer substância
entorpecente específica, inclusive através de manifestações e eventos públicos.
 Reputou-se que a mera proposta de descriminalização de determinado ilícito penal não
se confundiria com ato de incitação à prática do crime, nem com o de apologia de fato
criminoso.
 Concluiu-se que a defesa, em espaços públicos, da legalização das drogas ou de
proposta abolicionista a outro tipo penal, não significaria ilícito penal, mas, ao
contrário, representaria o exercício legítimo do direito à livre manifestação do
pensamento, propiciada pelo exercício do direito de reunião.
 O Min. Luiz Fux ressalvou que deveriam ser considerados os seguintes parâmetros:
1) que se trate de reunião pacífica, sem armas, previamente noticiada às autoridades
públicas quanto à data, ao horário, ao local e ao objetivo, e sem incitação à violência;
2) que não exista incitação, incentivo ou estímulo ao consumo de entorpecentes na sua
realização;
3) que não ocorra o consumo de entorpecentes na ocasião da manifestação ou evento
público; e
4) que não haja a participação ativa de crianças e adolescentes na sua realização.
Dispositivo Apologia de crime ou criminoso
legal Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Processo Plenário. ADPF 187/DF, rel. Min. Celso de Mello, 15.6.2011.

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