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All content following this page was uploaded by Matheus Silva Castro on 23 July 2014.
1. Introdução
A importância do gerenciamento dos estoques se dá com o aumento da concorrência e o risco
de perturbações econômicas provocadas pela globalização, que alerta as empresas para a
necessidade de planejamento de sua atividade e flexibilidade para se adequar em ambientes
diferentes.
Em um cenário empresarial muito competitivo, a expertise para lidar com essa
competitividade é um fator determinante para o sucesso de qualquer organização. Neste
contexto, destaca-se a gestão de estoques como uma das ferramentas para conciliar os
interesses da organização na busca pela eficiência e eficácia.
Este trabalho tem o objetivo avaliar por meio de simulação as ferramentas e estratégias para
gestão de estoques mais adequadas para o caso de um projeto de desenvolvimento de fábrica
de carriolas.
A pesquisa norteia-se pela busca da determinação das melhores ferramentas e estratégias,
destacam-se o sistema de fluxo contínuo; complementado pelo FIFO (First In First Out/
Primeiro que entra primeiro que sai) como um limitador de produção; e como estratégia de
produção, a produção puxada. A simulação foi baseado em um projeto de desenvolvimento de
uma empresa de fabricação de carriolas, com abordagem qualitativa.
A metodologia desta pesquisa é bibliográfica dedutiva abrangendo temas relacionados, a
gestão de estoque, processos produtivos e simulação utilizando o software Promodel.
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ampla margem, segundo o mesmo devemos produzir apenas o necessário, isto liberará a força
de trabalho extra.
Apesar de sua importância a gestão de estoques ainda é negligenciada em muitas empresas. A
gestão de estoques pode ser utilizada ao longo de toda a cadeia de suprimentos, permitindo
ganhos de produtividade com menores custos, gerando assim vantagem competitiva.
(SLACK, 2009; SILVA, 2005).
Para Dias (1993) e Arozo (2006), estoques são equivalentes a valores monetários parados,
afinal os valores que estão sendo investidos para mantê-lo poderiam ser redirecionados para
investimentos mais rentáveis. Dias (1993) e Rodrigues e Oliveira (2006) classificam 3 tipos
de custos relacionados aos estoques: o custo de armazenagem, relacionado aos custos de
capital, pessoal, edificação e manutenção; o custo de pedido, que envolve custos relacionados
à mão de obra, matéria prima e custos indiretos como gastos com telefonemas, energia, etc.; e
o custo total, resultado da soma do custo de armazenagem e do custo do pedido.
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A respeito da curva ABC Pinto(2002) apud Oliveira (2011) diz que, apenas uma pequena
parcela da população, 20%, concentra grande parte da riqueza (custos), 80%.
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5. Simulação
Simulação consiste em montar um modelo fisicamente ou em ferramentas computacionais
sem ocorrência de perturbação ao sistema. A simulação pode-se ser usada como uma
ferramenta para a gestão de estoques, podendo proporcionar análises do funcionamento do
sistema com a possível gestão de estoques, analisando a complexidade de processos reais,
incorporando a variabilidade e interdependências o que pode possibilitar a realização de
poderosas análises e mudanças e, assim, otimizar sistemas e melhorar indicadores.
(CAUCHICK, 2010).
Segundo Belge (s.a.) o Promodel® é um avançado software de simulação de eventos
discretos usado para planejar, projetar e melhorar novos ou atuais processos. Este software
permite reproduzir de maneira muito fidedigna os eventos reais possibilitando ótimas analises
e mudanças, gerando otimizações de sistemas e melhorias de indicadores, citam também o
fato do Promodel ser o único software do mundo com uma versão em Português, sendo este
escolhido devido a sua facilidade de uso e dinâmica visual.
Fonte: Autores
6.2 Caracterização do processo produtivo
Inicialmente a matéria prima para fabricação das partes componentes da carriola é adquirida
de acordo com os pedidos e previsões da demanda que posteriormente são recebidas pelo
setor do almoxarifado, onde são inspecionadas e armazenadas esperando para serem
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processadas em suas respectivas linhas. O setor de produção conta com quatro linhas
horizontais de produção, sendo que a primeira fabrica as escoras, a segunda fabrica os pés de
apoio, a terceira fabrica a caçamba e a quarta linha fabrica o chassi.
A matéria prima é comprada em tamanhos padrões, as peças fora dos parâmetros adequados
serem processadas, as peças fora dos padrões são retiradas da área de armazenamento e
marcadas para serem cortadas nos tamanhos específicos, e em seguida são encaminhadas para
a linha horizontal de produção.
A primeira linha de produção fabrica as escoras. Neste processo as peças já cortadas são
dobradas pelo equipamento dobradeira. O operador recebe a matéria prima, corta e a coloca
no equipamento para dobrá-la nos devidos parâmetros. A segunda linha fabrica os pés de
apoio. Esta linha também utiliza a dobradeira, o processo é similar ao da primeira linha,
alterando apenas os parâmetros de dobras. A terceira linha fabrica a caçamba. Neste processo
a matéria prima é conformada em uma prensa, utilizando um molde. Nesta operação o
operador alimenta a prensa com a matéria prima após prensada a matéria prima o operador
retira a caçamba pronta do molde. A quarta linha de produção fabrica o chassi, que também
utiliza a dobradeira. Este processo é similar a primeira e segunda linha, mas se diferencia nos
parâmetros de dobras da matéria prima.
É importante ressaltar que a parte componente da carriola travessa do pé não necessitará de
ser dobrada ou conformada após ser cortada.
O próximo processo é o acabamento. Após as peças serem cortadas, dobradas e conformadas
elas podem apresentar algumas rugosidades que necessitam ser retiradas para posteriormente
serem pintadas. No processo de acabamento esta rugosidade é retirada por lixadeiras, na qual
a matéria é transportada através de esteiras.
Posteriormente ao processo de acabamento as peças são encaminhadas, através da esteira,
para a cabine de pintura. O sistema de pintura é totalmente automatizado, permitindo um
sistema contínuo. As peças são pintadas utilizando jatos de tintas à base de ar comprimido,
devido a esses jatos requerem um menor tempo de secagem.
Após pintadas as peças o processo posterior é a montagem. É importante ressaltar que o
Conjunto do Eixo, o Fixador da Roda e Conjunto Roda possuem produção terceirizada, ou
seja, eles já são adquiridas prontas e prontas para a montagem. O processo de montagem é a
parte final do processo produtivo da carriola onde todos os componentes são unidos por
parafusos. A esteira que transporta o produto através da montagem o conduzirá até o setor de
armazenagem. A FIG.2, mostrada a seguir, ilustra todo o processo produtivo descrito acima.
Figura 2 – Processo produtivo
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Fonte: Autores
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Foi definido também para combate dos estoques em processos, em alguns pontos o sistema de
Fluxo Contínuo. Considerando que o sistema produtivo deste projeto tem diferentes
características de processamento entre os componentes, o que acarreta diferentes tempos de
processamento, buscou-se uma ferramenta complementar ao Sistema de fluxo Continuo para
dar continuidade ao fluxo.
Dessa forma, escolheu-se o sistema FIFO (first in, first out/ primeiro que entra primeiro que
sai), como limitador de produção. O sistema produtivo utilizará os equipamentos de acordo
com a demanda do processo, com o fluxo parcialmente continuo e sem gargalos entre as fases
do processo produtivo.
O funcionamento do sistema produtivo de carriolas, seus fluxos de informações e materiais
com as estratégias de ferramentas escolhidas para gestão de estoques em processos, pode ser
visto na FIG.3 a seguir.
Figura 3 – Funcionamento do sistema produtivo
Fonte: Autores
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Para as duas simulações foi determinado um turno de trabalho de 8 horas/dia e mais duas
horas de almoço, o que totaliza 10 horas de simulação, sendo que o almoço se inicia na quarta
hora e vai até sexta hora da simulação. Foram utilizados oito operadores para movimentação
dos materiais: quatro operadores movimentam as matérias primas do almoxarifado para as
linhas horizontais de produção, três operadores movimentam as peças das linhas horizontais
de produção para as esteiras um e dois, e um operador no final da esteira de montagem
movimenta os produtos acabados para o estoque de carriolas.
Os tempos de processamentos podem ser visualizados na figura a seguir:
Quadro 1: Tempos de ciclos do sistema produtivo
Dobra /
Serra Acabamento Pintura Montagem
Conformação
Escoras e
3,7 mim 3.9 mim
Travessa dos pés
Pés de apoio 3,6 mim 3,8 mim 5,1 mim 5,3 mim 5,3 mim
Caçamba 3,8 mim 3,9 mim
Chassi 3,7 mim 3,8 mim
Fonte: Autores
Nas linhas horizontais de produção que fabricam as escoras, travessa dos pés e os pés de
apoio abastecem a esteira um e as linhas horizontais de produção que produzem a caçamba e
chassi abastecem para a esteira dois. A esteira um e esteira dois abastecem a esteira três. A
esteira três (onde é feito o processo de acabamento) abastece a cabine de pintura. A cabine de
pintura abastece a esteira quatro (na qual é feito o processo de montagem). A esteira quatro é
o processo final do sistema produtivo. Foram colocados contadores nas esteiras 1,2, 3, 4 e na
cabine de pintura, analisando assim qual a quantidade de estoque em processo ao final das 10
horas de simulação.
É importante ressaltar que as duas simulações foram feitas com os mesmos parâmetros, ou
seja, mesmo tempo de processamento, mesmo número de operadores, mesmo número de
maquinas, equipamentos e etc., mudando apenas as paradas no relógio das linhas FIFO, para
se comparar os resultados.
Na primeira simulação ficou evidente a ocorrência de estoques em processo ao final do
período de simulação, devido à descontinuidade do sistema localizado exatamente entre as
linhas horizontais de produção e os processos seguintes (acabamento, pintura e montagem).
Na FIG. 4 é possível ver que ao final das 10 horas de simulação formaram-se estoques em
processos nas esteiras um e dois, e algumas peças no restante do processo, destacadas em
vermelho. A produção final foi de 18 carriolas.
Figura 4 – Primeira simulação do sistema produtivo
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Fonte: Autores
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Fonte: Autores
Pode-se ver na FIG.5 que totalizaram 38 peças em estoque em processo, sendo que houve
maior concentração de estoque na esteira um com 11 peças e na esteira dois com 16 peças
devido à descontinuidade do sistema entre as linhas de produção e o restante dos processos.
Na segunda simulação foram definidas as estratégias e ferramentas para gestão de estoques
em processo. O FIFO, complemento do sistema contínuo, funcionará como uma “canaleta”,
restringindo as linhas horizontais de produção a uma quantidade limite de modo que não haja
estoques em processos, ou seja, garantem que a produção das linhas horizontais seja
consumida pelos processos seguintes até o término da simulação.
Como visto na FIG.6, a produção também foi de 18 carriolas, porém não teve a ocorrência de
estoques em processos em virtude das paradas no relógio para as linhas horizontais de
produção, como visto em destaque de vermelho na FIG.6 a seguir:
Figura 6 – Segunda simulação do sistema produtivo
Fonte: Autores
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Fonte: Autores
Na FIG. 7, foram destacados de preto os locais da simulação que poderiam ter estoques em
processos e em destaque de vermelho a coluna do conteúdo atual que representa as
quantidades de estoque em processo ao final da simulação. Nota-se que não houve nenhuma
peça em estoque em processo nesta segunda simulação, o que valida as ferramentas e
estratégias de gestão de estoques sugeridas: Sistema Contínuo, FIFO e Produção Puxada.
7. Conclusão
Baseado nas características da produção da carriola, na revisão bibliográfica e na simulação
concluiu-se que os melhores métodos para a gestão de estoques em processos foram a
Produção Puxada, a metodologia de Sistema Continuo e como suporte o FIFO.
O sistema de produção da carriola seguirá e, alguns de seus processos o sistema Continuo
apresentado por Shoock (2003), pois se concluiu que este método destaca-se das outras
ferramentas de gestão de estoques, podendo tornar a produção mais eficiente, usando somente
o necessário dos recursos, diminuindo o lead time e fazendo com que os problemas fiquem
mais fáceis de identificar e de se corrigir antes de prosseguir.
Entretanto, o sistema produtivo de carriolas estudado, apresenta descontinuidades, mais
especificadamente entre as linhas horizontais e os sistemas de acabamento, pintura e
montagem, o que faz com que o uso do Sistema Contínuo seja inviabilizado ao longo do
sistema tornando necessário o uso do Fifo para dar continuidade ao Fluxo Continuo ao longo
do sistema. As linhas horizontais de produção irão se orientar pelo sistema Fifo, que
funcionará como delimitador de produção, controlando a produção diária e fazendo com que
se produza somente o necessário orientando a produção pela demanda. Para puxar a produção
das linhas horizontais foi definida a estratégia de produção puxada, para que o setor de
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montagem possa puxar a produção das linhas horizontais de produção, justificando-se, então,
a escolha da produção puxada em conjunto com a Metodologia de sistema contínuo e o Fifo.
A partir deste trabalho, espera-se agregar novas contribuições a literatura disponível na área.
REFERÊNCIAS
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TUBINO, F.D. Planejamento e controle da produção: teoria pratica. São Paulo: Atlas,
2007.
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