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OS CLIMAS DO BRASIL

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Adaptado de O Tempo e o Clima, do Projeto Brasileiro para o


Ensino de Geografia - FUNBEC/EDART,São Paulo, 1980.
Helena Mirabelli
Teluko Yonemoto

Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências


FUNBEC

Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura


IBECC

Em números anteriores, foram publicados artigos referentes às massas


de ar e frentes que atuam no continente sul-americano.
As massas de ar constituem verdadeiras peças do jogo do tempo e
seus movimentos controlam o ritmo climático de cada lugar, determi-
nando a sucessão habitualdos tipos de tempo. Essa atuação variacom
as estações do ano e conforme as condições da superfície terrestre,
como pode ser verificadopor um pequenoestudosobre a atuação de
massasde ar e frentes,no invernoe no verão,em trêsregiõesbrasilei-
ras: Amazônia Ocidental,BrasilMeridionale Sertãodo Nordeste.

AMAZÔNIA OCIDENTAL

VERÃO INVERNO
Domínio da massa Equatorial Continental (Ec), Domínio da massa Equatorial Continental (Ec),
quente e úmida. Nesta época do ano, a CIT (Conver- quente e úmida. A CIT ondula mais freqüentemente
gência Intertropical) ondula ao sul do Equador e, por ao norte do Equador. Há possibilidade de penetra-
isso, sua atuação é freqüente. ções de curta duração da massa Polar Atlântica (Pa),
produzindo o fenõmeno da "friagem". A "friagem"
ocorre quando a Pa, canalizada pelas planícies cen-
trais do país, chega á região com grande intensidade
e provoca brusca queda da temperatura.

SERTÃO DO NORDESTE

VERÃO INVERNO
Domínio da massa de ar Tropical Atlântica, me- Domínio da massa de ar Tropical Atlântica (Ta),
nos úmida que na região litorânea. A CIT, que ondu- que chega à área bastante seca, porque" descarre-
la ao sul do Equador nesta época do ano, pode se gou" sua umidade nas áreas serranas do litoral. O
deslocar para essa área e provocar as chuvas desta tempo é estável e a nebulosidade muito pequena.
estação. As irregularidades desses deslocamentos Como as radiações solares, nas baixas latitudes, sâo
explicam, em parte, as das chuvas. A ocorrência de muito intensas e, como as condições atmosféricas,
chuvas faz com que esta estação seja conhecida, na nessa área, são muito estáveis ocorre forte aqueci-
área, como" inverno" . mento, daí esta estação ser conhecida como
"verão" pelos habitantes da região.

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BRASIL MERIDIONAL

VERÃO INVERNO
Domínio da massa Tropical Atlântica (Ta), Domínio da massa Tropical Atlântica (Ta), quen-
quente e úmida. Esta massa de ar, em contato com a te, mas menos úmida nesta época do ano devido,
superfície continental muito aquecida nessa época, principalmente, à menor evaporação. Como encon-
sofre forte aquecimento em sua base. Assim, o ar tra o continente também menos aquecido, ocorre
aquecido sobe rapidamente, favorecendo a instabili- tempo estável e firme. Nestas ocasiões, observam-
dade do tempo e a ocorrência de pancadas de chu- se abundante orvalho e nevoeiros pela manhã, expli-
va. cados pelo intenso resfriamento noturno.

Penetrações periódicas, de curta duração, da Ocorrência de ventos de noroeste, emitidos pe-


frente e da massa Polar Atlântica (Pa), já modifica- la Ta, já continentalizada, devido ao seu longo per-
das, devido ao maior aquecimento da superfície, curso pelo interior do continente. Esses ventos são
nesta época do ano. Essas penetrações amenizam o indícios de que ocorrerá mau tempo, provocado pe-
verão, ou seja, contribuem para diminuir, periodica- las frentes frias e anunciam, conseqüentemente, a
mente, as elevadas temperaturas. aproximação da Pa.

Penetrações da massa Tropical Continental Domínio da massa Polar Atlântica, depois do


(Tc), com ventos de noroeste, precedendo as inva- mau tempo frontal, ocasionando uma "onda de frio"
sões do ar polar. Essa penetração produz forte aque- por alguns dias. O tempo, sob a atuação dessa mas-
cimento nas áreas em que atua. sa, é estável, podendo ocorrer geadas pela madru-
gada, ou mesmo neve nas áreas mais elevadas do
A massa Equatorial Continental, quando segue sul do país.
a Te, pode atingir esta região. Essa penetração da Ec
dificulta a entrada da Pa e provoca muito calor, chu-
vas e trovoadas. Isto acontece porque a Ec, sendo
quente e úmida, atinge uma região fortemente aque-
cida pela Tc. O ar aquecido sobe rapidamente, cau-
sando a instabilidade das condições do tempo.

OS CLIMAS DO BRASIL

Por esse estudo, verifica-se que as diferentes regiões bra-


sileiras estão, freqüentemente, sob a atuação de diferentes
massas de ar e frentes. Esse fato faz com que o Brasil apresen-
te vários tipos climáticos, como você verá a seguir.
O Brasil apresenta vários tipos climáticos, possuindo, cada
um, ritmo e tipos de tempo característicos, associados às mas-
sas de ar e às frentes que atuam nessa porção da América do
Sul.

O mapa que se segue mostra os tipos de clima encontra-


dos no Brasil. Esses tipos de clima fazem parte de dois grandes
grupos:

A. Climas controlados por massas equatoriais e tropicais.


B. Climas controlados por massas tropicais e polares.

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GRUPO B - CLIMAS CJNTROLADOS
POR MASSAS TROPICAIS E POLARES

GRUPOS E SUBGRUPOS CLIMÁTICOS NO BRASIL SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO DE A. STRAHLER

Grupo A Grupo B

Climas controlados por massas Equatoriais e Climas controlados por massas Tropicais e Po.
Tropicais lares.

Clima Equatorial Úmido Clima Subtropical Úmido


Dominado pelas massas equatoriais úmidas, Dominado pela massa Tropical Atlântica, mas
muito instáveis, e sujeito a ondulações da CIT. sujeito à penetração periódica da massa Polar
Chuvas bem distribuídas durante o ano, com Atlântica durante todo o ano, o que explica a re-
temperaturas elevadas e uniformes. gularidade da distribuição das chuvas.

Clima Tropical, tendendo a Seco


Controlado pela massa Tropical Atlântica e pe-
los deslocamentos e ondulações da CIT. A atua-
ção irregular das massas de ar justifica, em par-
te, as irregularidades das chuvas.

Clima Tropical
Controlado por massas tropicais, estáveis no in-
verno e instáveis no verão, o que provoca a al-
ternância de períodos secos e úmidos.

Clima Tropical Úmido


Atuação das massas tropicais marítimas, insta- (Fonte: Monteiro, C.A.F. - "Clima",
bilizadas pelo relevo da fachada litorânea. In Grande Região Sul. Rio de Janeiro, 1963).

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