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Curso Inseminação Artificial


em Animais

Carga horária: 60 hs

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Conteúdo Programático:

Conceito de inseminação artificial


O que é inseminação artificial?
Métodos
Por que utilizar inseminação artificial?
Técnicas de reprodução
Infertilidade humana
Identificação e tratamento
Dados e informações
Animais e a inseminação artificial
Cães
Gatos
Bovinos
Cavalos
Cavalos Pantaneiro
Bibliografia

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1.1 – O que é inseminação artificial?

A maioria das pessoas acredita que a inseminação artificial teve início


recentemente, mas essa afirmação não é verdadeira. Esse procedimento
está datado desde o século XVII.

A cultura árabe “cultivava” o sêmen, com o objetivo de escolher os


melhores garanhões. Para ser considerado um bom cavalo, era preciso que
o animal corresse muito, fosse ágil, resistente, tivesse pelos brilhantes e
sedosos, uma postura digna de um imperador e ter servido nomes
importantes, como xeiques, por exemplo.

As fêmeas também eram selecionadas, mas as características delas


eram diferentes das características buscadas nos machos. Elas eram
escolhidas entre as éguas das tropas que compunham verdadeiras
cavalarias.

Além de servir aos nomes importantes da região, as fêmeas deveriam


apresentar boa ovulação, bom desempenho nas atividades as quais eram
responsáveis e com porte e andar elegantes.

A evolução da tecnologia e a mudança de comportamento humano


fizeram com que a inseminação artificial fosse um recurso, não somente
para conseguir bons cavalos, mas também para apuração de raças e até
para crianças de novas raças.

De uma forma geral, os criadores de outros animais, como cachorros,


gatos, bovinos e caprinos, começaram a usar deste expediente, com
objetivos diferentes daqueles que motivaram os árabes a criar essa técnica.

Abaixo segue a lista de motivos que levaram ao uso da inseminação


artificial.

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1. Criar raças novas de animais;
2. Valorizar as raças antigas de animais (e utilizadas no processo);
3. Criar um monopólio das raças geneticamente modificadas;
4. Evitar a extinção de determinados animais;
5. Ajudar na procriação de animais em cativeiro;
6. Recriar espécies já extintas;
7. Poder oferecer felicidade e esperança a casais inférteis;

A Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) conta que a


versão mais moderna do processo de inseminação artificial está datado em
meados do século XX.

Durante a década de 1950, esse método de procriação começou a


ganhar espaço e a se popularizar. As corridas de cavalo já eram muito
famosas nessa época e essa descoberta fez com que apostadores e
criadores investissem nesse procedimento.

Dessa maneira, alguns apostadores iriam ter raças puras e campeãs


misturadas com raças também puras e campeãs, resultando em um animal
geneticamente predisposto a ganhar corridas.

Descobriu-se que o sêmen era melhor conservado quando mantido a


baixas temperaturas. De acordo com a Dra. Camila Vannucchi, especialista
em reprodução de animais, a fertilização usando sêmen congelado é
aplicada em situações nas quais o sêmen não é de tão boa qualidade, mas
ainda assim é vantajosa.

Ou seja, o material é mantido sob baixas temperaturas em botijões de


nitrogênio líquido e, se bem manipulado, pode ser guardado, transportado e
utilizado por um tempo bastante longo, mantendo suas características e
validade.

O conceito de inseminação artificial tem por base a fertilização de um


óvulo, usando a tecnologia e as mãos de um especialista. Em outras
palavras, é um processo que foge da maneira natural de se procriar um feto.

Em boa parte dos casos de inseminação artificial, a primeira tentativa


não é positiva. Nos animais é muito comum a fêmea sofrer aborto dentro de
poucas semanas após a fecundação.

Em seres humanos, como o processo é um muito mais complicado, a


chance de ocorrer um aborto é maior.

Se pensarmos somente em animais, é um negócio bastante lucrativo,


pois é possível elaborar raças únicas de determinados animais e vendê-las,
de acordo com essa raridade.

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O próprio Pitbull é um exemplo de experiência genética. A raça pitbull
é o resultado da mistura das raças Bulldog e Bull Terrier. Ambas as raças
têm um histórico de violência extrema.

A ideia de misturar essas duas raças veio de um tipo de distração que


ocorria ainda no século XIX. Bulldogs eram colocados no mesmo espaço
que touros e animais com porte parecido de touros e uma luta era iniciada.

Depois de algumas décadas desse evento, a população percebeu que


era um tanto cruel fazer cachorros tão pequenos lutarem contra touros muito
maiores.

Pensadores da época perceberam que esse tipo de distração estava


influenciando no comportamento do cachorro, tornando-o ainda mais
violento do que já era.

Já a raça Bull Terrier tinha uma fama de ser extremamente violenta e


de dilacerar seus oponentes, sendo uma raça muito resistente a dor e que
não desistia enquanto não eliminasse seu oponente.

Quando os torneiros entre touros e cachorros foram cessados,


“veterinários” da época (ou os próprios criadores) resolveram misturar as
duas raças, a fim de criar um animal jamais visto antes.

A violência e a instabilidade emocional do animal seria imbatível,


tornando-o um cachorro praticamente invencível e perfeito para duelar em
outros tipos de torneiros e para defender seus donos e pertences.

Deixamos claro que no século XIX não existiam os equipamentos


necessários para efetuar uma inseminação artificial. Portanto, os
“veterinários” apenas cruzavam as raças da forma convencional.

Mas o que acontece nesse processo?

A resposta depende do tipo do método usado. Existe a inseminação


artificial e a reprodução assistida. Dentro de cada uma delas há uma
variação de técnicas e o especialista que realizará o procedimento precisa
saber o que se encaixa melhor em cada sistema reprodutivo, seja humano
ou animal.

No que diz respeito à inseminação artificial humana, boa parte da


sociedade acredita que esse método não é algo natural e que deve ser
proibido. Porém, existe outra parcela que defende o avanço da tecnologia e
crê que a inseminação artificial é uma maneira de oferecer realização
pessoal àquelas pessoas que não podem ou não têm condições (físicas ou
genéticas) de gerarem filhos.

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A reprodução assistida, tanto quanto a inseminação artificial, é um
conjunto de técnicas usadas para realizar a fecundação de maneira diferente
da convencional.

Quando os óvulos e os espermatozoides são do casal que irá fazer a


reprodução assistida, dá-se o nome de inseminação homóloga. Quando os
gametas têm outra origem, senão a dos pais, o procedimento recebe o nome
de heteróloga.

As demais técnicas que completam a reprodução assistida são GIFT,


TV-TEST, ICSI e IAIU.

- Gift: é quando o gameta masculino é inserido diretamente na tuba


uterina da mulher.
- TV-TEST: é quando há uma transferência, por via vaginal, do
embrião já formado.
- ICSI: é quando ocorre a fertilização in vitro, por meio da inoculação
de um espermatozoide dentro do ovócito. Em seguida, o embrião já formado
é colocado dentro do útero, por via vaginal.
- IAIU: é quando há a colocação do espermatozoide diretamente na
tuba uterina, via vaginal.

Ainda existem outras maneiras de realizar tais procedimentos, mas


alguns especialistas não as declaram como técnicas. São elas:

- Doação de óvulos;
- Doação de sêmen;
- Doação de embrião;
- Congelamento de material reprodutivo;
- Congelamento de embrião;
- Análise do histórico genético dos pais.

Quando acontece o congelamento de embriões, o especialista


responsável pelo procedimento produz um grande número de embriões, a
partir dos óvulos e dos espermatozoides.

Apesar do número extenso de embriões, somente alguns serão


usados na inseminação artificial. Aqueles que não são destinados a
implantar no útero materno são mantidos congelados, para utilização
posterior.

O Conselho Federal de Medicina diz que esses embriões congelados


não podem ser descartados ou destruídos. Ou seja, eles devem permanecer
congelados por tempo indeterminado.

Somente os doadores têm poder de destinar tais embriões. Isso


acontece mais quando há divórcio ou doença grave. Os médicos precisam
de uma declaração dos doadores, no momento da doação, quanto ao
destino dos embriões, caso um ou ambos faleçam.

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Em território brasileiro, os embriões podem ser doados pelo casal, por
pessoas anônimas ou por voluntários. Porém, as pessoas não têm livre
acesso a esses embriões.

Somente clínicas especializadas em reprodução assistida podem


fazer esse elo, entre o casal que pretende realizar a inseminação artificial e
os embriões em estoque.

Já em outros países, depois de determinado tempo, os embriões são


utilizados em pesquisas e estudos médicos. Mas essas pesquisas precisam
ter ligação com a infertilidade e com a evolução da inseminação artificial.

No caso da Inglaterra, os estudos com os embriões não foram usados


em processos de inseminação artificial precisam:

- Trazer avanços no tratamento da infertilidade;


- Promover o desenvolvimento de novas técnicas contraceptivas;
- Aumentar o conhecimento de doenças congênitas;
- Aumentar a detecção de anormalidades gênicas ou cromossômicas
no embrião;
- Obter células-tronco.

Outro assunto que está relacionado com os embriões é a clonagem


terapêutica. Em países como a Alemanha e os EUA, o limite máximo
permitido para se desenvolver o embrião in vitro está próximo de 14 dias. Há

casoemuqlopedsruadopraté18dis.
Somente para contextualizar, a clonagem terapêutica não está
relacionada com a clonagem de um ser humano completo. Essa técnica é
usada para extrair dos embriões células-tronco.

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As células-tronco não tem uma designação de célula, ou seja, elas
podem se transformar em qualquer célula do corpo, podendo evoluir desde
uma unha até um órgão inteiro.

Existem muitos estudos sobre as células-tronco, principalmente


aquelas retiradas dos cordões umbilicais de recém-nascidos. Essas são as
melhores células-tronco, pois estão frescas.

Por meio de tantas pesquisas, é possível avançar ilimitadamente na


medicina e na cura de doenças que ainda preocupam muito a população, em
especial aquelas que levam à morte.

Porém, muitos países ainda não enxergam esse poder que as células-
tronco têm e defendem o ponto de vista de não usá-las. Aqui no Brasil elas
estão em pauta para discussão há anos, mas nenhum veredicto foi dado.

Um exemplo recente é uma mulher da Califórnia que teve seis


meninos e duas meninas, todos ao mesmo tempo. Em outras palavras, esta
mulher estava grávidas com oito crianças dentro de seu útero.

Esta mulher estava tentando engravidar há anos sem sucesso. Iniciou


o procedimento de inseminação artificial e, tanto seu marido quanto seu
médico, estavam preocupados com os frequentes insucessos e alguns
especialistas que acompanhavam o procedimento estavam apreensivos.

A origem dessa apreensão era devido ao fato de que, depois de tanto


tempo tentando engravidar, era possível que quando essa mulher
conseguisse, viessem muitos filhos.

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Não era à toa tal preocupação, mas ninguém esperava que viessem
oito crianças de uma vez. O casal explicou que, inicialmente, era para ter
apenas dois ou três bebês, mas que a mulher insistiu para que o médico
implantasse mais embriões.

A inseminação artificial dessa mulher teve grande repercussão e com


um resultado bastante positivo. Porém, nenhum médico apoia a ideia de ter
tantas crianças ao mesmo tempo.

A discussão chegou ao consultório do médico que realizou o


processo, pois o Estado pretendia cassar sua licença médica. O doutor
explicou que a mulher estava convicta em ter tantas crianças e, mesmo após
inúmeros avisos, ela disse que se um médico não realizasse tal façanha, ela
se encaminharia a outro.

Cada bebê nasceu com não mais que 800g. Os oito bebês nasceram
em apenas cinco minutos. Todos com saúde, apesar do pouco peso, e
perfeitamente formados.

Porém, todos eram prematuros. A gestação não atingiu as 40


semanas. Foram apenas 28 semanas de gestação. A bem da verdade, eram
esperadas sete crianças, mas no momento do parto mais uma foi
encontrada.

1.2 - Métodos

Na inseminação artificial existem duas maneiras de se efetuar a


fertilização:

1. Inseminação de espermatozoides.
2. Inseminação de embrião.

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Inseminação de espermatozoides

Nesse tipo de inseminação artificial, os espermatozoides são


retirados, por meio de estimulação externa. Em ambiente laboratorial, os
melhores espermatozoides são selecionados e guardados em um recipiente.
Aqueles espermatozoides que não são considerados bons são descartados.

Depois dessa seleção, os espermatozoides são injetados no útero da


mulher. Mas não é somente injetar para garantir que a fertilização será um
sucesso. É preciso saber, antecipadamente, qual é o momento ideal da
mulher para essa fecundação, ou seja, o período em que ela esteja
ovulando.

Inseminação de embrião

A inseminação de embrião trabalha por meio da ovulação estimulada,


ou seja, não se espera o período ideal da mulher para ocorrer a fecundação.
O especialista que está acompanhando o processo de tentativas de
engravidar prescreve uma medicação mais indicada para estimular a
ovulação.

Esse especialista precisa pedir uma bateria de exames para a mulher,


a fim de descobrir como funciona o sistema reprodutor e o organismo como
um todo dela.

Não é possível recomendar uma medicação correta apenas pela


observação da paciente, no caso, realizar somente um exame físico. É
preciso coletar secreção, analisá-la, fazer exames que, de certa forma,
“invadem” a intimidade da mulher, entre outros.

Somente após o resultado avaliado pelo especialista é que ele


prescreve a medicação que a mulher deve usar, a fim de estimular sua
própria ovulação.

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, nesse caso, não é


o especialista que aplica a medicação; é a mulher, no caso, a paciente. No
caso de animais, o veterinário(s) responsável(is) que deve aplicar a
medicação.

Após o uso da medicação e seu posterior efeito, os óvulos da


paciente são colhidos e escolhidos. Como acontece no âmbito masculino,
somente os óvulos bons são levados em consideração para serem
fecundados.

Depois da seleção, os óvulos bons são fecundados com os


espermatozoides bons fora do corpo da fêmea. Esse procedimento também
é conhecido por fecundação in vitro.

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Após o sucesso da fecundação, o óvulo fecundado é colocado no
útero da fêmea, para que a gestação comece. Popularmente, tanto para
humanos quanto para animais, esse processo ganhou o nome de “bebê de
proveta”.

Dr. Armindo Dias Teixeira, especialista em reprodução assistida,


define sua perspectiva dos métodos utilizados para a inseminação artificial.

Inseminação Intrauterina

Inseminação Intrauterina, também conhecida como Inseminação


Artificial, é indicada nos casos de diminuição não importante do número de
espermatozoides, distúrbios de ovulação, infertilidade sem causa aparente,
acometimentos do colo do útero.

Para melhorar as chances de gravidez, na Inseminação Intrauterina


há a chamada estimulação ovariana. Administram-se medicamentos que
atuam nos ovários e provocam o desenvolvimento de mais de um folículo
para que ocorra a liberação de mais de um óvulo, o que aumenta a chance
de gravidez, inclusive de gêmeos.

Fertilização in vitro

Fertilização in vitro é uma técnica muito utilizada e indicada em


pacientes com comprometimento da função das tubas uterinas ou mesmo
sua ausência devido a cirurgias, endometriose, falha em tratamentos
anteriores, parceiro com alteração nos espermatozoides, entre outros.

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Na Fertilização In Vitro os espermatozoides são colocados juntos com
os óvulos em uma incubadora para ocorrer a fertilização e, por conseguinte,
a formação do embrião.

Ou seja, é imitado todo o ambiental natural para que ocorra o


desenvolvimento do embrião. Por volta do terceiro dia de desenvolvimento,
os embriões são transferidos para o útero com o auxílio de um cateter.

A técnica de Fertilização in vitro tem grandes chances de sucesso,


pois trata diversos problemas relacionados à fertilidade.

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Técnicas de Reprodução Assistida (ICSI)

A Técnica de Reprodução Assistida (ICSI) consiste na injeção de um


único espermatozoide dentro do óvulo por meio de micro manipuladores
acoplados ao microscópio, para que ocorra a fertilização.

Também chamada de Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide


(ICSI), é utilizada em casos de espermatozoides “fracos” ou com risco de
não ocorrer a fertilização “espontânea” in vitro. Também é utilizada em casos
de infertilidade masculina severa.

A Técnica de Reprodução Assistida (ICSI) necessita de muita


habilidade e competência do profissional de laboratório e há muitos casos de
sucesso com casais alcançando o sonho de terem filhos.

Assisted Hatching

Assisted Hacthing é um procedimento executado pelo embriologista


sob o microscópio e consiste em fazer uma pequena abertura na zona
pelúcida (capa protetora) do embrião para facilitar a saída das células na
hora da implantação no útero.

Em algumas pacientes com idade próxima dos 40 anos e nos casos


de tentativas previamente sem sucesso de FIV (Fertilização In Vitro),
embriões de baixa qualidade, embriões com zona pelúcida espessa e
embriões descongelados, o Assisted Hatching pode melhorar as
possibilidades de implantação do embrião.

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Diagnóstico Genético Pré-Implantacional e a Tecnologia a Laser

O Diagnóstico Genético Pré-implantacional (PGD) é um exame de alta


tecnologia que permite identificar os embriões portadores de algumas
desordens genéticas, antes de transferi-los para o útero materno.

Esta técnica previne a transmissão de doenças genéticas, pois,


somente os embriões saudáveis são transferidos, beneficiando
principalmente aqueles casais com alto risco genético.

Aproximadamente 50% dos embriões podem apresentar alterações


cromossômicas e 60% dos abortos de primeiro trimestre podem estar
relacionados com essas alterações.

Com a identificação e separação dos embriões geneticamente


normais, o índice de sucesso de uma gestação aumenta significativamente.

A técnica de Diagnóstico Genético Pré-implantacional (PGD) tem a


sua indicação particularmente consagrada em:

1 - Prevenção de doenças genéticas

O Diagnóstico Genético Pré-implantacional (PGD) permite avaliar a


carga genética do embrião antes mesmo da gravidez se iniciar, orientando
assim ao médico e ao embriologista transferir somente os embriões normais.

2 - Prevenção de doenças

O Diagnóstico Genético Pré-implantacional (PGD) permite a


determinação do sexo do embrião antes da transferência uterina, assim as
doenças relacionadas ao sexo, como, por exemplo, a hemofilia, podem ser
evitadas.

A determinação do sexo somente com a finalidade de escolha do


sexo não é permitida.

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3 - Casais normais, mas com dificuldade para engravidar

O Diagnóstico Genético Pré-implantacional (PGD) é de real interesse


na medicina reprodutiva, visto que fatores genéticos estão envolvidos na
fertilidade humana.

Neste grupo se encontram as pessoas portadoras de mosaicismos,


ou seja, doenças gênicas, fibrose cística, microdeleção do cromossomo Y e
as translocações cromossômicas balanceadas.

4 - Abortamentos recorrentes

Pelo Diagnóstico Genético Pré-implantacional (PGD) é possível fazer


uma averiguação embrionária do ponto de vista genético, transferindo assim
somente os embriões cromossomicamente normais, evitando, com isto, as
aneuploidias (distúrbios cromossômicos) diminuindo a possibilidade de
falhas de implantação e das perdas gestacionais.

5 - Screening Genético pré-implantacional

É uma triagem específica para doenças genéticas(aneuploidias) mais


frequentes nos embriões, como Síndrome de Down, Turner, Edwardas,
entre outras doenças.

Tratamento Reprodução Humana

A Clínica Dr. Armindo é especializada em Reprodução Humana.


Dependendo do diagnóstico, o tratamento indicado pode ser feito de forma
clínica ou cirúrgica. São técnicas avançadas, que necessitam de
equipamentos modernos e visam facilitar e indicar o melhor tratamento para
o casal.

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Tratamento Cirúrgico

Grande parte dos casos de Infertilidade, quando diagnosticados


precocemente e tratados por especialistas capacitados, são solucionados de
forma rápida, eficaz e simples. São indicados, em algumas situações, para o
Tratamento da Infertilidade.

Para estas situações mais complicadas, é indicada a utilização de


técnicas de cirurgia minimamente invasivas, como a Laparoscopia e
Histeroscopia.

Laparoscopia

Laparoscopia é um procedimento que permite além do exame


minucioso dos órgãos genitais internos, a realização de diversas cirurgias de
modo minimamente invasivo, isto é, com menor agressão ao organismo que
o corte do abdome (laparotomia).

Realizado no centro cirúrgico e com anestesia geral, na


Laparoscopia é feita uma incisão na pele, de forma a não comprometer a
estética umbilical e introduzir uma micro câmera através da cicatriz
umbilical.

Esta micro câmera, que tem diâmetro de 1cm, possibilita a


transmissão da imagem para um monitor colorido (videolaparoscopia).

Com mais dois ou três orifícios próximos aos pêlos pubianos, podem-
se realizar praticamente todas as cirurgias para promoção da fertilidade,
como a plástica tubária, que consiste na recuperação morfológica e funcional
da tuba.

A Laparoscopia é indicada, com vantagens, no tratamento de


endometriose, aderências, diversas alterações tubárias e miomas.

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Histeroscopia

Histeroscopia é um procedimento que permite a visualização e o


tratamento de problemas que acometem a camada interna do útero.

A Histeroscopia pode ser realizada por dois métodos:

Histeroscopia Diagnóstica: geralmente é realizada em consultório


(ambulatório). Possibilita examinar com detalhes e em cores o interior do
útero. Uma óptica fina é introduzida no útero através da vagina e a imagem
transmitida para um monitor colorido.

Histeroscopia Cirúrgica: é um procedimento realizado no Centro Cirúrgico e,


por esta técnica, é feita a retirada dos miomas submucosos, os pólipos ou
pode ser realizada a lise de sinéquia (aderência intrauterina) e a septoplastia
(tratamento de septos intrauterinos).

Tratamento Clínico

As alterações hormonais geralmente são resolvidas com tratamento


clínico. Pacientes que não ovulam podem engravidar com administração de
hormônios.

Elas podem apresentar os ovários micropolicísticos. O medicamento


mais simples é o citrato de clomifene, que provoca o crescimento de
folículos que liberam os óvulos na metade do ciclo menstrual.

A ovulação também pode ser promovida com o emprego de


gonadotrofinas, que estimulam os ovários de maneira mais vigorosa - por
isso deve ter controle médico rígido.

A administração descontrolada pode levar à hiperestimulação


ovariana, causando risco de morte ou resposta insuficiente. É necessário o
controle ultrassonográfico e/ou dosagem hormonal.

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Os demais tratamentos clínicos objetivam adequar outros hormônios
que interferem na fisiologia reprodutiva ou sanar infecções genitais, com
antibióticos ou cremes vaginais.

Tratamento Imunológico

A imunidade está diretamente ligada ao principal mecanismo de


defesa do nosso corpo contra agentes externos infecciosos, ou seja, aqueles
que não fazem parte do nosso organismo.

O sistema imune permanece de prontidão para destruir tudo o que


não faz parte do nosso organismo, podendo acontecer uma rejeição pelo
organismo da mãe quando naturalmente na gestação metade da carga
genética é cedida pelo pai.

Por muito tempo acreditou-se que o ambiente uterino funcionasse


como uma barreira de proteção para que o sistema imune não reconhecesse
o feto como um corpo estranho e o destruísse.

Hoje se tem o reconhecimento de que o ambiente uterino é fator


determinante para um desenvolvimento saudável da gestação.

As alterações imunológicas estão relacionadas quando existem um ou


mais casos de aborto ou, ainda, na falha de implantação em dois ciclos de
fertilização in vitro.

O Tratamento Imunológico para os casos de aloimunidade é baseado


na utilização de vacinas produzidas com linfócitos presentes no sangue do
pai, que são injetados no organismo da mãe, com o intuito de estimular, por
uma via diferente, a produção de anticorpos contra o HLA paterno, que
poderão, assim, ter o efeito protetor numa gravidez subsequente.

Esta é a teoria que justifica o Tratamento Imunológico com linfócitos


paternos (ILP), para casos de abortamentos de repetição de causa
aloimune.

Exame Diagnóstico

Diagnosticar, em Reprodução Humana, significa com ajuda de um


especialista detectar uma dificuldade de gerar uma nova vida. Tais
dificuldades devem ser identificadas precocemente para tratamento efetivo e
não causando fatores impeditivos da gravidez.

É importante frisar que a Infertilidade não significa incapacidade


permanente. Ccom auxílio de um profissional capacitado e tratamento
adequado o problema pode ser superado. Dispomos de diversos exames
para a confirmação diagnóstica.

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Espermograma

Espermagrama é o exame que avalia a qualidade e quantidade dos


espermatozóides. A análise seminal deve ser realizada preferencialmente
em locais especializados, pois parâmetros importantes devem ser
observados para não comprometer a conduta terapêutica.

DNA do Espermatozoide

O Teste da Estrutura da Cromatina do Espermatozoide (TECE) avalia


o DNA do espermatozoide, fator importante para uma gravidez de sucesso.

A fragmentação do DNA pode ser decorrente de fatores como: dieta,


uso de drogas, febre alta, temperatura testicular elevada, poluição, fumo e
idade avançada.

Imunológico

Para este estudo Imunológico é realizado uma investigação de uma


série de anticorpos dosados no sangue do casal, como por exemplo:

• Anticorpos anticardiolipina;

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• Anticorpos antifosfatidilserina;
• FAN (Fator Antinúcleo);
• Células Natural Killer (NK);
• Anticorpo antitireoglobulina;
• Anticorpos Antimicrossomal / Antiperoxidase;
• Fator II Gene de Mutação da Protombina;
• Fator V de Leiden;
• Homocisteína;
• Teste do Cross Match.

Ultrassonografia

A Ultrassonografia é um exame que permite analisar a alteração


anatômica dos órgãos genitais e o acompanhamento da ovulação.

Histerossalpingfia

No exame de Histerossalpingografia é realizado um raio-X com


contraste do útero e tubas que possibilita o estudo da anatomia e
permeabilidade da tuba. Cerca de 25% de toda Infertilidade é causada pelo
fator tubário, portanto, a Histerossalpingografia tem sua importância para o
tratamento.

1.3 – Por que utilizar a inseminação artificial?

A inseminação artificial é recomendada, principalmente, quando o


macho apresenta dificuldades de acasalar com a fêmea. Essa “rejeição”
pode ser devido a diferença de tamanho, de raça ou pelo fato de a fêmea
não deixar o macho montá-la.

A inseminação artificial é um método seguro e totalmente legal, de


acordo com a legislação brasileira. Como uma bateria de exames rigorosos
são efetuados antes do início do procedimento, os especialistas garantem
que é um método bastante seguro.

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O veterinário responsável e uma equipe especializada fazem
avaliações clínicas nos animais, a fim de procurar problemas genéticos ou
de saúde. É preciso ter certeza de que os animais que vão participar do
processo de inseminação artificial esteja em sua melhor forma.

No caso das fêmeas, a avaliação é feita por uma ginecologista. Todo


o organismo é analisado. Somente depois da aprovação dessa etapa é que
a avaliação do sistema reprodutor é realizada.

Muitas pessoas acreditam que a inseminação artificial pode alterar no


número de filhotes. Isso é uma afirmação falsa, já que esse procedimento
não muda a procriação natural do animal.

O custo de uma inseminação artificial é de, no mínimo, R$ 150 e pode


chegar a R$ 500. Essa variação está relacionada com a especialização do
profissional que realizará a inseminação artificial e as condições e
equipamentos da clínica.

Todos os tipos de animais são propícios para a realização da


inseminação artificial. O especialista que irá executar o procedimento precisa
ter os conhecimentos necessários para que nada saia fora do esperado.

A especialização desses profissionais, no caso, veterinários, é de


extrema importância para alcançar o sucesso da inseminação e para não
colocar em risco a saúde dos animais envolvidos.

Para animais silvestres, como peixes, aves e répteis, a inseminação


artificial é bastante complexa e exige do profissional um nível bastante
elevado de conhecimento e de experiência.

1.4 – Técnicas de reprodução

Existem algumas técnica, de acordo com a Associação Portuguesa de


Fertilidade, que ajudam na reprodução assistida. São elas:

- Doação de espermatozoides
- Doação de ovócitos
- Criopreservação do sêmen e do tecido testicular
- Criopreservação de ovócitos (óvulos)
- Criopreservação de tecido ovárico
- Diagnóstico genético pré-implantação (DGPI)
- Indução da ovulação

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Doação de espermatozoide

A doação de espermatozoides é recomendada quando há:

- Insuficiência prematura do ovário;


- Ovariectomia;
- Anomalias congénitas dos ovários;
- Ovócitos dismórficos;
- Ovócitos com anomalias genéticas;
- Contra-indicação para hiper-estimulação hormonal;

Emparelhamento entre doadora e receptora (paciente)

Na doação de ovócitos, efetua-se uma consulta com o casal para se


recolherem os dados físicos e uma amostra de sangue da mulher, enquanto
que o homem procede à coleta do sêmen que de seguida é criopreservado.

O centro procurará então uma doadora de ovócitos com as


características genéticas similares à da mulher do casal infértil, uma procura
segundo os processos de transplante e que pode demorar alguns meses
(em média até cerca de 6 meses).

Na doação de ovócitos efetua-se um emparelhamento físico e


genético entre a doadora e a mulher infértil, de modo a serem os mais iguais
possíveis: etnia, grupos sanguíneos ABO/Rh, estatura, cor de pele, cor dos
cabelos e cor dos olhos.

O emparelhamento entre as características da doadora e as da


paciente do casal permite atualmente uma igualdade de 70% entre os genes
maternos e os da doadora. Como o contributo materno para o bebé é de
50%, o ovócito doado leva 50x70=35% de genes maternos e 15% de genes
externos.

Se juntarmos os 50% do contributo paterno, dá um bebé com 85%


(35%+50%) de identidade genética dos pais e só 15% de genes exógenos
(que ficam limitados aos órgãos internos, e que não interferem nem aspecto
físico nem no tipo de sangue). Trata-se de uma compatibilização do tipo
usado nos transplantes.

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Metodologia

Quando se obtém a doadora, inicia-se a preparação do endométrio da


paciente alguns dias antes (1-2 semanas) da transferência prevista dos
embriões. A recolha de ovócitos da doadora é efetuada por aspiração dos
ovários após hiperestimulação controlada do ovário.

Cerca de uma hora após a recolha, a doadora regressa ao seu


domicílio em regime ambulatório. De seguida, os ovócitos da doadora são
microinjetados com os espermatozoides criopreservados (após
descongelação e purificação) do casal.

A cultura dos embriões é então efetuada, e a transferência dos


embriões para a paciente ocorre ao 2º, 3º ou ao 5º dia do desenvolvimento
embrionário. Em alternativa, criopreservam-se os embriões para ulterior
transferência programada. Com a evolução tecnológica, espera-se vir a
dispor de bancos de ovócitos em vez de um bancos de doadoras potenciais.

Criopreservação do sêmen e do tecido testicular

A criopreservação do sêmen e do tecido testicular é recomendada


quando há:

- Oligozoospermia severa;
- Doentes oncológicos antes do tratamento, relacionado ao sêmen;
- Adiamento da fertilidade.
- Azoospermia;
- Doentes oncológicos antes do tratamento, relacionado aos
testículos.

Taxa de sobrevivência na descongelação: 70%

Criopreservação de ovócitos

As indicações para o congelamento de óvulos, em caso de ovócitos


imaturos, são:

- Ovário policístico resistente ao tratamento cirúrgico ou


medicamentoso; - Pacientes oncológicos antes do tratamento.

As indicações para o congelamento de óvulos, em caso de ovócitos


maduros, são:

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- Adiamento da fertilidade;
- Pacientes oncológicos antes do tratamento.

Estimulação controlada do ovário

Indução ligeira do crescimento folicular com a administração


subcutânea dos hormônios antagonista/agonista hipotalâmico. O
crescimento folicular é monitorizado por análises sanguíneas (estradiol) e
ecografias, cujos resultados também permitem ajustar as doses dos
medicamentos.

Geralmente demora de uma a duas semanas. Há boa resposta


quando vários (20-30) folículos atingem 10-14 mm.

Riscos: Raro, porque a estimulação é muito ligeira.

Técnica: Isolamento dos ovócitos e criopreservação.


Taxa de sobrevida na descongelação: 50-70%.
Utilização ulterior: Maturação in vitro dos ovócitos.
Taxa de gravidez: 10-15%.

Criopreservação de tecido ovárico

As indicações para o congelamento do tecido ovárico são:

- Pacientes oncológicos, antes do tratamento:


- Ooforectomia, quimioterapia ou radioterapia.

Essa técnica também permite preservar a fertilidade por transplante


de tecido ovárico ou maturação in vitro de folículos primordiais.

Técnica

Sempre que possível, a paciente deve efetuar hiperestimulação


controlada do ovário e recolher ovócitos (imaturos ou maduros) para
criopreservar.

Em seguida, deve efetuar biópsia de ovário ou remoção de ovário.


Destes, preparam-se pequenos fragmentos de tecido ovárico (córtex) que
são criopreservados.

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Utilização ulterior

Ainda não se sabem cultivar os folículos do ovário congelado, mas


efetuamos a técnica de rotina, pois mais cedo ou mais tarde haverá algum
avanço tecnológico. Pelo contrário, o transplante de fragmento de ovário já
permite obter bebés.

Diagnóstico genético pré-implantação (DGPI)

As indicações para o congelamento para o diagnóstico genético pré-


implantação são:

- Doenças genéticas hereditárias dos progenitores, com risco maior


ou igual a 25% de transmissão ao feto;
- Anomalias do cariótipo dos progenitores, com risco maior ou igual a
25% de transmissão ao feto;
- Abortamentos de repetição (maior ou igual a 3); maior ou igual a 2
sem gravidez;
- Mulheres com, pelo menos, 35 anos;
- Necessidade de procriação de irmão/irmã para recolha de sangue de
cordão umbilical (casos de crianças com doença hemato-oncológica a
necessitar de transplante de medula óssea, mas sem doador compatível de
medula óssea ou de sangue de cordão umbilical).

Exemplos

- Fibrose cística
- Polineuropatia amiloidótica familiar (doença dos pezinhos ou de
Corino de Andrade);
- Doença de Machado-Joseph (Açores);
- Doença de Huntington;
- Distrofia muscular;
- Neurofibromatose;
- Hemofilia, talassemia;
- Atraso mental ligado ao cromossoma X;
- Idade materna de pelo menos 35 anos (despiste de aneuploidias);
- Risco aumentado de trissomia 21 (idade materna de pelo menos 35
anos, gestações prévias de fetos com trissomia 21);
- Abortamentos de repetição (despiste de aneuploidias).

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Biópsia embrionária

Em embriões com 6-12 blastómeros (dia 3). Abre-se um orifício no


invólucro de cada embrião (20 µm, ou seja, um milésimo do metro) e
removem-se um (se embriões com 6-7 blastómeros) ou dois (se embriões
com mais de oito blastómeros) células. As células removidas vão para
análise genética e os embriões são colocados em cultura, isolados.

Transferência de embriões

Apenas se transferem os embriões cujo diagnóstico genético tenha


sido normal. Os embriões alterados são analisados geneticamente para
confirmar o diagnóstico.

Dia da transferência dos embriões: quinto dia.

Pós-aplicação:

- Período de repouso após a transferência dos embriões;


- Cuidados após a transferência dos embriões;
- Medicação após a transferência dos embriões;
- Detecção da gravidez,
- Criopreservação de blastocistos normais;
- Frequência dos tratamentos.

Taxas de gravidez: 14-16%.

Microinjeção

Para a imagem masculina, as indicações são as seguintes:

- Alteração moderada ou severa do sêmen;


- Azoospermia;
- Anejaculação;
- Ejaculação retrógrada;
- Doentes soropositivos;
- Diagnóstico Genético Pré-Implantação (DGPI).

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Para a imagem feminina, as indicações são as seguintes:

- Baixo nº de ovócitos (maior ou igual a 4);


- Imaturidade ovocitária;
- Mulher com, pelo menos, 35 anos.

Aspiração dos folículos ováricos (dia 0)

No caso de se obterem ovócitos imaturos, estes são amadurecidos in


vitro e microinjetados no dia seguinte.

Mulheres soropositivas

Como não se pode testar a presença de vírus nos ovócitos, só é


aceita a mulher com carta do serviço de medicina interna a garantir que a
paciente no presente momento não apresenta carga viral no sangue passível
de transmitir a doença ao feto e que se encontra curada sem risco esperado
de morte precoce. Mesmo assim, a gravidez é seguida mais de perto com
tratamento profilático do recém-nascido.

Preparação dos espermatozoides (dia 0)

Alteração moderada a severa do sêmen: se o paciente apresentar


oligozoospermia severa, a amostra restante após a Injeção Intra-Ovocitária
dos espermatozoides deve ser criopreservada.

Ejaculação retrógrada: se o homem tem ereção e orgasmos, mas não


há saída de sêmen. É preciso saber se o sêmen foi ejaculado para trás (para
a bexiga) em vez de o ser para o exterior.

A ejaculação retrógrada é mais frequente nos homens com


antecedentes de cirurgia a um tumor abdominal, com patologia da próstata,
ou que sofreram cirurgia na próstata.

Com medicação oral alcaliniza-se a urina, dois a três dias antes da


colheita do sêmen. Após urinar, o paciente efetua a masturbação. Em
seguida volta a urinar.

A urina é lavada para se tentar obter os espermatozoides. Apenas se


usam espermatozoides recuperados da urina se forem móveis.

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Anejaculação: nas lesões neurológicas (traumatismos medulares,
tumores da medula espinal, sequelas de cirurgia abdominal) e vasculares
(diabetes, hipertensão), nos distúrbios psicológicos ou em consequência de
fármacos, pode não haver ereção e/ou ejaculação.

Nestes casos, o sêmen pode ser obtido por vibração,


electroejaculação, por aspiração do epidídimo (MESA) ou por aspiração
testicular (TESA). Efetua-se a ereção e ejaculação assistida com vibrador
médico.

Se não resultar, deve-se utilizar a técnica da eletroejaculação. Neste


caso, efetua-se clister de limpeza intestinal e drenagem da bexiga com
algália. Monitoriza-se a pressão arterial e dá-se por via oral um anti-
hipertensor e por via endovenosa um sedativo e analgésico.

De seguida, introduz-se uma sonda fina no canal anal, que dispara


alguns ciclos de descargas eléctricas (indolor). Se não ocorrer ejaculação,
ou se os espermatozoides forem imóveis, usa-se a MESA/TESA/TESE.

Homens soropositivos

Exige-se carta do serviço de medicina interna a garantir que o


paciente no presente momento não apresenta carga viral no sangue passível
de transmitir a doença ao feto e que se encontra curado sem risco esperado
de morte precoce.

Recolha do sêmen por masturbação, seguida de lavagem e


purificação dos espermatozoides. Os espermatozoides purificados são
divididos em duas metades e criopreservados.

Uma das metades vai para análise molecular. Se a análise


demonstrar a inexistência de material genético vírico, então a outra metade
criopreservada (em quarentena) poderá ser usada para o tratamento por
Injeção Intra-Ovocitária dos Espermatozoides.

Azoospermia obstrutiva: os espermatozoides são extraídos por


punção do epidídimo (MESA). Se imóveis, efetua-se extração de
espermatozoides ou suas células precursoras (espermatídeos) por (TESE).

Azoospermia secretora: os espermatozoides ou suas células


precursoras (espermatídeos) por biópsia testicular (TESE).

Biópsia testicular: indicações masculinas. Anejaculação, ejaculação


retrógrada, paraplegia, astenozoospermia total, teratozoospermia total,
criopreservação de tecido testicular antes de tratamento oncológico,

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azoospermia obstrutiva (vasectomia, de causa inflamatória, de causa
congênita) e azoospermia secretora.

Prognóstico na azoospermia secretora: na azoospermia secretora


existem indicadores de prognóstico que se baseiam no volume testicular,
nos níveis séricos do hormônio FSH, no estudo do cariótipo, no estudo das
mutações do cromossoma Y e no diagnóstico histológico de uma pequena
biópsia testicular.

Existem três grandes síndromes na azoospermia secretora. Na


síndrome de células de Sertoli, a taxa de sucesso da TESE é de 3-5%; na
paragem da maturação a taxa de sucesso da TESE é de 40%; e na hipo-
espermatogénese, a taxa de sucesso da TESE é de 90%.

Técnica: é efetuada com anestesia local troncular por Urologista. É


um processo indolor que demora cerca de 20 minutos, por testículo. Em
caso de hipersensibilidade, o paciente pode requerer anestesia geral (menor
que1% dos casos).

Não tem complicações. Colhem-se fragmentos de um ou dois


milímetros em pontos diferentes do testículo, parando mal se encontrem
espermatozoides ou suas células precursoras (espermatídeos).

Em caso de presença de apenas células-mãe, efetua-se cultura in


vitro. Nestes casos muito graves, a taxa de sucesso da maturação in vitro é
de 17%.

Medicação: no fim da biópsia, o paciente faz analgésico oral. Em


casa, durante dois dias, deve fazer 1g de paracetamol de 8/8h.
Cuidados: durante um a dois dias não deve conduzir. Durante uma a
duas semanas não deve praticar desportos e deve evitar relações sexuais.

Frequência: A TESE só pode ser repetida passados 6 meses para


permitir a recuperação testicular.

Técnica laboratorial da Injeção Intra-Ovocitária dos Espermatozoides

Numa placa de cultura, injeta-se um espermatozoide/espermatídeo


em cada ovócito. A fecundação e o desenvolvimento embrionário ocorrem in
vitro numa incubadora como na FIV.

Eclosão assistida

Indicações:

- Mais de dois ciclos sem implantação;

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- Idade feminina maior ou igual a 35 anos.

Técnica: antes da transferência embrionária, abre-se um pequeno


orifício (10-15 µm) no invólucro de cada embrião, para facilitar a eclosão.
Transplante de citoplasma ou nuclear.

Em casos com má qualidade do citoplasma dos ovócitos após dois


ciclos com déficits total de desenvolvimento embrionário e falha de
implantação. Exige análise genética das células dos ciclos anteriores para
comprovar que não existem anomalias genéticas dos ovócitos.

Indução de ovulação

As indicações femininas para a indução de ovulação são:

- Disfunção ligeira da ovulação;


- Exige trompas e endométrio normais;
- Teste de Hunner normal;
- Espermograma normal.

Indução

Assegura o crescimento folicular e a ovulação espontânea, com


suplemento hormonal por via oral. O crescimento folicular pode ser
monitorizado por ecografias sequenciadas e a ovulação pode ser
artificialmente induzida com gonadotrofina coriônica humana (hCG), que é
uma glicoproteína hormonal, a que se devem seguir relações sexuais
durante 3 dias consecutivos.

Taxa de gravidez: 14-20%.

Frequência: uma vez por mês com três vezes consecutivas (idade maior ou
igual a 35 anos de idade) ou uma vez por mês com seis vezes consecutivas
(idade menor que 35 anos de idade).

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2.1 – Infertilidade

A infertilidade é a incapacidade de reprodução, que pode ser


permanente ou apenas temporária. Ou seja, a mulher ou o homem infértil
não consegue ter filhos. Nas mulheres, a concepção chega a acontecer, mas
a gravidez acaba sendo interrompida e a mulher aborta espontaneamente.

Todos os seres humanos têm, em algum momento da vida, o desejo


de ter uma criança, principalmente se for um novo indivíduo formado pelas
características da mãe e do pai.

Essa vontade e, para alguns, uma missão, às vezes pode ser deixada
de lado por motivos diversos ou pode ser incapacitada, devido à infertilidade
de uma das fontes de DNA ou de ambas, no caso dos pais.

As sociedades, mesmo tão diferentes com suas respectivas culturas e


hábitos, sempre veem uma cria como continuidade do patrimônio e/ou do
trabalho dos pais.

Para algumas culturas, a quantidade de filho é diretamente


proporcional a virilidade do homem da casa, ou seja, quanto mais filhos tiver,
mais viril o marido é.

Antigamente, entendia-se que se um casal não tinha filhos, o


problema estava na mulher. Ela não era vista como “produto estragado”,
pois não era capaz de dar filhos para o homem que a escolheu.

O mesmo julgamento acontecia quando um casal somente tinha


meninas, repetidas vezes. O hábito popular era culpar a mulher por não
produzir um menino.

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Hoje, após o avanço da tecnologia e da exposição das informações
sobre concepção à população, esse pensamento caiu. Sabe-se que o sexo
da criança já está definido no espermatozoide, advindo do homem.

Por meio desse mesmo avanço, foi possível determinar que não é
somente a mulher que pode bloquear a concepção de uma criança. O
homem também pode ter algum problema de saúde que não esteja
permitindo que seus espermatozoides cheguem ao óvulo ou que o
fecundem.

A infertilidade ainda é pouco conhecida pela maioria da população,


que está muito impregnada em acusar a mulher. Quando um casal percebe
que existe algum problema, pois após inúmeras tentativas nenhuma
concepção foi bem sucedida, geralmente a mulher é a primeira a consultar
um médico e fazer exames.

Mas essa ação está ligada ao hábito da mulher em visitar o


ginecologista. Anualmente, é recomendado pelos especialistas que as
mulheres, sexualmente ativas ou não, se encaminhem para um ginecologista
de confiança, a fim de detectar problemas ainda em desenvolvimento ou
doenças na fase inicial.

Portanto, quando existe uma dificuldade em engravidar, a mulher se


organiza para levar todas as informações necessárias para seu ginecologista
e se prepara para uma bateria de exames, que em sua maioria são bastante
desconfortáveis.

Somente depois de o resultado chegar e ser analisado pelo


ginecologista responsável e este não detectar qualquer anormalidade no
sistema reprodutivo da mulher, que o marido inicia sua ida ao urologista.

O homem ainda tem muito preconceito com relação ao urologista,


pois o pensamento de que sua masculinidade está em perigo ou diminui
somente de ele se dirigir ao médico é bastante presente.

São poucos os homens que abrem a mente para esses exames, que
podem ser muito desconfortáveis e desagradáveis. Nesse tipo de consulta, o
homem precisa dizer, em detalhes, como está sua vida sexual.

Nesse quesito, as mulheres são muito mais soltas e sentem que


quanto mais informações derem, mais preciso será o diagnóstico. É
entendido por elas que suas vidas não estão sendo expostas e que aquele
médico é ético e fez um juramento, no qual se comprometeu em não dividir
qualquer informação entre paciente e médico.

Enquanto as mulheres enxergam ajuda nessa busca ao médico, os


homens veem constrangimento e exposição. Falar de sua vida sexual não é
algo que o homem compartilhe com um amigo e a situação piora quando é
um médico, alguém que ele não conhece e não confia.

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Justamente pelo fato de as mulheres irem frequentemente ao
ginecologista, elas estão menos propícias a ter problemas. Já os homens,
acabam precisando fazer mais exames e soltar mais informações de sua
vida para o urologista.

Ao contrário do que a maioria pensa, a concepção de uma criança


não é tão fácil quanto parece. Existe uma gama de fatores variáveis que
interferem e podem anular esse processo.

Um dos fatores que podemos citar é a quantidade de ácido presente


no sistema reprodutor. A acidez do óvulo ou a acidez do espermatozoide é
algo mais comum do que as pessoas pensam.

Muitas vezes o canal por onde os espermatozoides precisam passar


até chegar ao óvulo tem uma densidade ácida muito forte e os
espermatozoides não resistem e acabam morrendo no meio do caminho.

O contrário também acontece, de os espermatozoides serem muito


ácidos e não conseguirem fecundar o óvulo, já que acabam destruindo as
camadas que o envolvem e a multiplicação de células não ocorre.

Os especialistas afirmam que a infertilidade não é uma doença


propriamente dita, mas ela causa dor, sofrimento e precisa ser tratada, tal
qual um problema de saúde.

Não é pequeno o número de casais que se separaram por causa da


infertilidade. Mesmo após inúmeras tentativas de concepção, de tratamento,
de métodos secundários de engravidar, todos sem sucesso, os casais se
cansam e começam a culpar um ao outro e o casamento acaba.

Depois de muitos estudos, chegou-se a conclusão de que não é


somente um problema que causa a infertilidade. Ela pode ter início na
anatomia (estudo do corpo), na patologia (estudo de doenças) e até mesmo
na fisiologia (estudo das funções do corpo).

Quando é preciso que um médico intervenha na procriação natural do


casal, algumas técnicas são utilizadas, tais como:

- A Inseminação Artificial (IA);


- A Fecundação In Vitro (FIV);
- A Fecundação In Vitro com Transferência de Embrião (FIVETE);
- A Transferência Intra-Tubária de Zigotos (ZIFT);
- A Transferência Intra-Tubária de Gâmetas (GIFT);
- A Injeção Intra-Ovocitária dos Espermatozoides (ICSI);

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2.2 – Identificação e tratamento

A Associação Portuguesa de Fertilidade traz informações muito


valiosas, a respeito da infertilidade humana.

A infertilidade é o resultado de uma falência orgânica devida à


disfunção dos órgãos reprodutores, dos gametas ou do concepto. Um casal
é infértil quando não alcança a gravidez desejada ao fim de um ano de vida
sexual contínua sem métodos contraceptivos.

Esta definição é válida para o casal com vida sexual plena de amor e
prazer (3-5 vezes por semana), em que a mulher tem mais de 35 anos de
idade (6 meses se for maior ou igual a 35 anos de idade), e em que ambos
não conhecem qualquer tipo de causa de infertilidade que os atinja.

Também se considera infértil o casal que apresenta abortamentos de


repetição (maior ou igual3, consecutivos).

A mulher deixa de produzir ovócitos após o nascimento. Na recém-


nascida, cada ovário possui um milhão de folículos (células do ovário)
primordiais. Todos os meses, em cada ovário, cerca de 20-30 folículos
iniciam o seu crescimento, mas, devido à ausência de níveis adequados de
hormônios, esses folículos degeneram (atrésia).

Em consequência, por altura da puberdade, cada ovário já só possui


100.000 ovócitos. Na adolescência, a cada mês, um dos ovários consegue
fazer crescer um folículo até aos 2-3 cm, a que se segue a sua ovulação (os
ovários alternam a cada mês).

Em simultâneo com este ciclo ovárico, a garota inicia os ciclos


menstruais. A partir dos 28 anos, observa-se uma perda progressiva da
capacidade de resposta dos folículos primordiais aos níveis hormonais.

Deste modo, o ovário tende a deixar de formar folículos maduros,


dando origem, com uma frequência cada vez maior, a folículos contendo
ovócitos imaturos ou a folículos com ovócitos anormais (em morfologia e em
estrutura genética), podendo mesmo não ovular.

Os ciclos menstruais mantêm-se geralmente ritmados,


independentemente do ciclo ovárico. Estas anomalias devem-se ao fato dos
ovócitos estarem parados há vários anos, o que permite o seu
envelhecimento.

Em consequência, por exemplo, a probabilidade de a criança nascer


com Síndrome de Down aumenta para 1/500, quando os pais têm 34 anos e
1/100, quando os pais têm 39 anos.

Pelo contrário, o homem nasce com células-mãe nos testículos e só


inicia a produção dos espermatozoides a partir da puberdade. Esta produção

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mantém-se toda a vida, apesar da concentração, morfologia normal e
mobilidade dos espermatozoides tender a diminuir com a idade, geralmente
já fora do período reprodutivo.

A prevalência da infertilidade conjugal é de 15-20% na população em


idade reprodutiva. A taxa de infertilidade masculina é similar à taxa de
infertilidade feminina.

Em média, 80% dos casos apresentam infertilidade nos dois membros


do casal, sendo, geralmente, um mais grave do que o outro. A infertilidade
tem aumentado nos países industrializados devido ao adiamento da idade
de concepção, à existência de múltiplos parceiros sexuais, aos hábitos
sedentários e de consumo excessivo de gorduras, tabaco, álcool e drogas,
bem como aos químicos utilizados nos produtos alimentares e aos libertados
na atmosfera.

O casal com problemas de infertilidade deve consultar um especialista


de Reprodução Medicamente Assistida (RMA), quer nas consultas de
infertilidade dos hospitais públicos, quer nas clínicas privadas dessa
especialidade.

Causas da infertilidade feminina

Por alterações hormonais, a mulher pode ter períodos sem


menstruação (amenorreia). Na presença de ciclos menstruais regulares, a
mulher pode não ovular, pode ovular ovócitos imaturos ou ovócitos com
alterações (morfológicas e/ou genéticas).

Síndrome dos Ovários Policísticos

Vários distúrbios hormonais contribuem para a disfunção ovulatória,


como o excesso de prolactina, dos androgénios (ovário policístico), ou das
hormônios tiroideias (doenças da tireoide).

Nos casos mais graves pode ocorrer insuficiência ovárica prematura,


situação em que o ovário deixa de produzir folículos (mulheres com mais de
35 anos). Nestes casos, a mulher deve efetuar um teste genético para o X-
frágil).

O ovário policístico (PCOS) apresenta sinais e sintomas que levantam


a sua suspeita, como obesidade, pilosidade aumentada, acne,
irregularidades menstruais.

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No PCOS, os quistos impedem a formação de ovócitos maduros ou
mesmo a ovulação porque respondem aos níveis hormonais e crescem,
ocupando o espaço livre necessário para o desenvolvimento do ovócito.

O diagnóstico do PCOS faz-se por ecografia e doseamentos


hormonais dos androgénios (aumentados) e da 21-hidroxilase (se diminuída,
pedir estudo das mutações do gene).

A adolescente com PCOS deve efetuar medicação inibidora dos


androgénios, para não sofrer insuficiência prematura do ovário. Na idade de
desejar engravidar, e se tal não ocorrer espontaneamente, após a
suspensão da medicação, a mulher deve efetuar laparoscopia para
cauterizar os quistos. Nos casos ligeiros, basta medicação com análogos da
GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas).

Endometriose

A endometriose é também uma doença congênita, em que existem


focos de endométrio (epitélio que reveste a cavidade uterina) espalhados em
várias regiões do corpo (as zonas mais frequentes são os ovários, as
trompas e a cavidade abdominal).

Nesta doença, a mulher apresenta dores muito fortes antes da


menstruação, durante a menstruação ou nas relações sexuais. Os focos
ectópicos de endométrio surgem durante o desenvolvimento fetal.

Não se sabe se é de causa genética ou se está ligado a fatores


tóxicos ambientais (ar, alimentos). A endometriose causa disfunção
ovulatória porque os focos ectópicos respondem aos níveis hormonais como
se fosse o endométrio uterino, desregulando o ovário.

Por laparoscopia (celioscopia: endoscopia da cavidade abdominal),


estes focos podem ser destruídos por coagulação. No caso de quistos
endometriais do ovário (endometrioma), deve-se efetuar exérese cirúrgica
conservadora.

Se tal não for possível e a doença for bilateral, deve-se poupar um


dos ovários e tentar supressão com medicação usando análogos da GnRH
até se conseguir o bebé.

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Obstrução tubar

A obstrução das trompas deve-se geralmente a uma infecção genital,


que é assintomática. Por vezes, a infecção das trompas causa uma
inflamação aguda (salpingite) seguida de dilatação das trompas
(hidrosalpinge) que obriga à sua remoção cirúrgica (salpingectomia).

Evitam-se estas infecções com a monogamia de relação fiel e estável


ou usando sempre preservativo se relação sexual fora de uma relação
estável. Noutros casos, deve-se a laqueação das trompas como método
anticonceptivo.

Muco cervical incompetente

A cavidade uterina encontra-se protegida pelo muco que reveste o


colo uterino. Este muco cervical é também responsável pela limpeza dos
espermatozoides. Se o muco cervical não for competente, os
espermatozoides não conseguem penetrar na cavidade uterina.

Anomalias do cariótipo

O cariótipo é a análise dos 46 cromossomas que todos nós


possuímos nas células do corpo. Esta análise efetua-se nos leucócitos
(glóbulos brancos) obtidos por punção venosa.

A alteração do número ou da estrutura dos cromossomas está


associada a insuficiência prematura do ovário, disfunção ovulatória,
produção de ovócitos imaturos, produção de ovócitos morfológica e/ou
geneticamente anormais, anomalias do desenvolvimento embrionário, falhas
da implantação, abortamentos de repetição e anomalias fetais.

Patologia uterina

Vamos separar por diferentes tipos de situações em que pode se


encontrar o útero.

Fibromas

Os fibromas são tumores benignos do músculo liso (miométrio) do


útero. Podem impedir a gravidez por ocupação de espaço e, se fizerem
proeminência na cavidade uterina, dificultam a implantação e podem induzir
abortamento.

Pólipos

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Os pólipos são tumores benignos pediculados do endométrio.
Causam frequentemente hemorragias, impedem a implantação devido a
ocuparem espaço e a desencadearem inflamação, e podem induzir
abortamento.

Hiperplasia benigna do endométrio

Por desregulação hormonal ou infecção crónica, o endométrio pode


espessar de tal modo que impede a implantação ou induz abortamento.

Hipoplasia do endométrio

Se o endométrio não crescer (12-14 mm) na altura da implantação, a


gravidez dificilmente poderá ocorrer. Deve-se a déficits hormonais ou a
mutações genéticas dos receptores dos hormônios para a progesterona e os
estrogénios.

Endometrite

As infecções silenciosas do endométrio são frequentes, sendo


geralmente causadas por bactérias de transmissão sexual ou pós-curetagem
(micoplasma, clamidea, listeria).

Em casos menos frequentes, pode ser devida à infecção persistente


pelo parasita protozoário toxoplasma ou pelo vírus do colo uterino HPV
(vírus do papiloma humano). Estas infecções impedem a implantação e
podem causar abortamento.

Sinéquias

São aderências (cicatrizes) do endométrio, geralmente secundárias a


infecções genitais ou à curetagem (raspagem) do endométrio durante a
interrupção voluntária da gravidez (IVG ou abortamento provocado).
Dificultam a implantação e podem induzir abortamento.

Tumores malignos

Os tumores malignos obrigam frequentemente à remoção cirúrgica do


órgão, a quimioterapia (QT) e a radioterapia (RT). Quer a QT, quer a RT (se
for pélvica), são agentes esterilizantes dos ovários.

No caso dos tumores malignos atingirem os órgãos genitais, pode


haver necessidade de remoção cirúrgica do útero (histerectomia), das
trompas (salpingectomia) e/ou dos ovários (ooforectomia).

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A ooforectomia é também uma opção frequente no cancro da mama.

Malformações anatômicas

Existem mulheres que nascem com malformações anatómicas


congénitas dos órgãos genitais. Estas malformações são muito raras e
variadas, indo desde a ausência total do órgão até variados graus de
dismorfia da vagina, útero, trompas e/ou ovários.

Em casos também muito raros, pode ocorrer mau desenvolvimento


anatómico com ambiguidade sexual (intersexo).

Gravidez ectópica

Quando a inseminação e a gravidez ocorre na cavidade abdominal


(se o ovócito fecundado cair da trompa para a cavidade abdominal) ou na
trompa de Falópio, o tratamento obriga a IVG e excisão da trompa afetada.

Por vezes, no caso da gravidez abdominal, pode haver necessidade


de remoção cirúrgica do útero, QT e RT. Se a gravidez ectópica for
recorrente (duas consecutivas), o casal deve recorrer a RMA, utilizando a
técnica da fecundação in vitro (FIV) para evitar novos casos.

Interrupção voluntária da gravidez

Sobretudo se efetuada por pessoal não-médico e fora de instalações


hospitalares, o aborto provocado pode originar lesões graves do endométrio
(sinéquias), infecções crónicas do endométrio (endometrite), infecções
tubares (com obstrução das trompas) e perfuração uterina com histerectomia
de urgência.

Abortamentos de repetição

Os abortamentos do primeiro trimestre (até 12 semanas de gestação)


são geralmente devidos a problemas genéticos parentais. Nestes casos
incluem-se:

- A idade avançada do ovário (após os 35 anos, a taxa de erros


ovocitários aumenta);

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- As anomalias do cariótipo (erros genéticos no ovócito ou no
espermatozoide que causam um desenvolvimento embrionário deficiente;
nesta situação, o abortamento é considerado uma defesa materna contra um
produto inviável ou fortemente anômalo)

- As doenças da coagulação e as doenças autoimunes.

Noutros casos, os abortamentos devem-se a causas não genéticas,


como as sinéquias do endométrio, os pólipos do endométrio, a fibromas que
fazem procedência para a cavidade uterina, a infecção das trompas ou a
endometrite.

Auto-anticorpos

As doenças autoimunes são doenças genéticas em que o sistema


imunológico da pessoa ataca o próprio organismo. Nestes casos, as
secreções uterinas contêm um excesso de anticorpos que podem impedir a
implantação.

Um caso particular é o da mulher com anticorpos anti-


espermatozoide, em que os anticorpos bloqueiam os espermatozoides, não
os deixando fecundar o ovócito.

Causa desconhecida

Cerca de 10% dos casos de infertilidade parecem apresentar todo o


sistema genital sem problemas, mas mesmo assim são inférteis. Em muitos
casos, existem anomalias genéticas dos ovócitos, para os quais não existem
testes de detecção.

Frequentemente, estes só se descobrem durante a fecundação in


vitro, momento em que se podem observar os ovócitos, a fecundação e o
desenvolvimento embrionário.

Podem causar incapacidade de fecundação, paragem do


desenvolvimento embrionário, perda da qualidade embrionária, falhas da
implantação, abortamentos de repetição ou fetos com anomalias estruturais.

O casal com problemas de infertilidade deve consultar um especialista


de Reprodução Medicamente Assistida (RMA), quer nas consultas de
infertilidade dos hospitais públicos, quer nas clínicas privadas dessa
especialidade.

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Infertilidade masculina

Para avaliar a qualidade do esperma masculino, um dos testes a ser


executado é o espermamograma. Por meio dessa avaliação, é possível
saber não somente a qualidade dos espermatozoides, mas também a
quantidade, a acidez entre outros.

Relações do espermograma

Com o espermograma avalia-se, no sêmen ejaculado (por


masturbação após 3 dias de abstinência: relação sexual boa, 3 dias sem
relações, colheita na manhã do 4º dia), o volume, o pH, a viscosidade, o
tempo de liquefacção, a concentração, mobilidade, morfologia e resistência
dos espermatozoides, as infecções e a presença de auto anticorpos.

Causas das anomalias seminais. As alterações do espermograma


podem ser devidas a causas genéticas (principal causa) ou secundárias
(infecções genitais, álcool, tabaco, drogas, tóxicos ambientais, tóxicos
profissionais, tóxicos alimentares, sobreaquecimento, medicamentos,
sedentarismo).

O tempo de abstinência (2-5 dias) serve para acumular uma grande


quantidade de espermatozoides no canal excretor que se localiza a seguir
ao testículo (epidídimo), e que funciona como reservatório dos
espermatozoides até à ejaculação.

Essa quantidade é a essencial para se poderem efetuar todos os


testes necessários.

O volume médio normal do sêmen é de 2-5 mL. A hipospermia


(diminuição do volume do sêmen) e a hiperspermia (aumento do volume do
sêmen) indicam um número reduzido ou ausência de espermatozoides.

Um pH ácido indica infecção pelo bacilo da tuberculose ou ausência


congênita dos canais excretores.

A viscosidade aumentada e o aumento do tempo de liquefação (maior


que 30 minutos) é indicação para análise genética do gene CFTR.

A concentração normal de espermatozoides é maior ou igual a 20


milhões/mL (oligozoospermia: diminuição da concentração dos
espermatozoides; azoospermia: ausência de espermatozoides).

A mobilidade dos espermatozoides é variável, mas os fecundantes


têm de apresentar uma mobilidade progressiva rápida de ≥25% do total

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(astenozoospermia: diminuição da mobilidade progressiva rápida dos
espermatozoides; necrozoospermia: imobilidade total por morte dos
espermatozoides).

A morfologia normal dos espermatozoides deve ser ≥15%


(teratozoospermia: diminuição do número de espermatozoides
morfologicamente normais).

A resistência da membrana (mede a capacidade da mobilidade


durante os 1-2 dias necessários no trajeto desde o canal vaginal até
encontrar e fecundar o ovócito na extremidade distal da trompa) é calculada
pela vitalidade e pelo teste hipo-osmótico, que devem ser ≥60%.

A presença de células germinais imaturas indica descamação do


epitélio germinal. Ocorre geralmente nas infecções ou na diminuição da
qualidade e número dos espermatozoides.

A aglutinação de espermatozoides indica a presença de anticorpos


anti-espermatozoide.

A presença de leucócitos, bactérias, fungos ou protozoários indica


infecção. Obriga a espermocultura para identificação dos micro-organismos
e posterior tratamento.

Criptorquidia

Situação congênita caracterizada pela descida incompleta dos


testículos para o escroto, ficando na região abdominal ou no canal inguinal.
Causa azoospermia secretora.

No caso de posição do testículo na região inguinal, a criptorquidia


pode e deve ser corrigida cirurgicamente (orquidopexia: reposição do
testículo na bolsa escrotal) até aos dois anos de vida.

No caso do testículo se encontrar na cavidade abdominal (por não se


palpar na região inguinal), devem ser feitos dois testes para saber onde se
localiza.

Uma vez localizado, a criança deve ser operada porque o testículo


intra-abdominal degenera ou transforma-se numa neoplasia maligna. Se o
exame não permitir visualizar o testículo na cavidade abdominal, então trata-
se de uma ausência congénita do testículo (anorquidia), o que obriga a
tratamento hormonal virilizante.

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Anomalias endócrinas

Toda a criança de sexo masculino com anorquidia, criptorquidia,


diminuição do volume testicular, atraso de crescimento ou atraso das
características sexuais secundárias próprias da puberdade (pilosidade, voz,
pénis) deve ser estudada em termos endocrinológicos.

Os déficits do desenvolvimento sexual tratam-se com testosterona e a


estimulação da produção de espermatozoides faz-se com substâncias
especiais.

Anomalias do cariótipo

A alteração do número ou da estrutura dos cromossomos pode causar


azoospermia secretora ou perda da qualidade do sêmen. As anomalias nos
espermatozoides podem causar incapacidade de fecundação, paragem do
desenvolvimento embrionário, perda da qualidade embrionária, falhas da
implantação, abortamentos de repetição ou fetos com anomalias estruturais.

Um caso particular é o síndrome de Klinefelter (que resulta em 47


cromossomos, quando o normal é de 46; um dos cromossomos é duplicado
XXY), com estatura elevada e hipogonadismo (diminuição da função de
ovários ou de testículos).

Ejaculação retrógrada

Nos operados de próstata, o sêmen durante a ejaculação pode refluir


para a bexiga urinária em vez de ser expelido para o exterior através da
uretra.

Anejaculação

As lesões da medula espinhal ou dos nervos pélvicos, as doenças


vasculares, determinadas medicações e distúrbios psicológicos podem
causar ausência de ereção e/ou de ejaculação (anejaculação).

São relativamente frequentes nos casos das lesões vertebro-


medulares, traumáticas (quedas, acidentes de aviação, agressões) ou por
tumores da medula espinhal, que geralmente se acompanham de
paraplegia.

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Também são frequentes nos casos das lesões dos nervos pélvicos
secundários na cirurgia oncológica abdominal ou nas doenças
neurodegenerativas.

São também frequentes nas doenças que obstruem os vasos


sanguíneos, como a diabetes, as doenças cardiovasculares e os acidentes
cerebrovasculares. Em casos mais raros, a anejaculação é de causa
psíquica.

Azoospermia obstrutiva

Deve-se a uma obstrução ou a ausência congênita dos canais


genitais excretores (epidídimo, canal deferente). Nos casos de causa
genética, os pacientes devem efetuar ecografia renal (existem casos
associados a malformações dos rins), ecografia pélvica (para verificar se
existem malformações das vesículas seminais ou malformações/obstrução
dos canais ejaculadores), bem como um estudo das mutações genéticas do
gene CFTR, importante proteína para desenvolvimento humano (inclusive da
esposa se o marido tiver mutações do CFTR).

Pode também ser devida a vasectomia que é um método


contraceptivo masculino, onde ocorre a laqueação dos canais deferentes.

Mais frequentemente, são secundárias

- A infecções genitais (tuberculose; doenças de transmissão sexual:


sífilis, gonorreia, clamidea, micoplasma, micoses, HPV, herpes genital);

- A cirurgia escrotal, como o hidrocelo, o varicocelo, a remoção de


quistos de epidídimo, a exérese de tumores testiculares, a tentativa de
recanalização dos canais excretores por anomalias da junção entre o
epidídimo e o canal deferente ou por obstrução inflamatória do epidídimo;
tentativa de recanalização do canal deferente após vasectomia.

- A cirurgia de correção de hérnia inguinal (herniorrafia).

Azoospermia secretora

Esta doença tem múltiplas causas, genéticas e secundárias. O


paciente apresenta azoospermia porque o testículo não produz
espermatozoides ou produz espermatozoides em número insuficiente.

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Pode ser devida a criptorquidia, anomalias do cariótipo, mutações
genéticas do cromossoma Y, distúrbios endócrinos, infecção testicular
(papeira), exposição a tóxicos ambientais e profissionais, ou a QT/RT.

Lesões do escroto

Hidrocelo: acumulação congénita de líquido no escroto. Causa


diminuição da qualidade do sêmen.

Varicocelo: varizes do escroto. Causa diminuição da qualidade do


sêmen.

Quistos do epidídimo: podem ser congênitos ou secundários a


infecções. Podem causar azoospermia obstrutiva.

Torção testicular: acidental. Pode levar à remoção cirúrgica do


testículo (orquidectomia).

Traumatismos escrotais: podem causar azoospermia secretora.

Tumores malignos

Os tumores malignos obrigam frequentemente à remoção cirúrgica do


órgão, a quimioterapia (QT) e a radioterapia (RT). Quer a QT, quer a RT (se
for pélvica), são agentes esterilizantes dos testículos.

No caso dos tumores malignos atingirem os órgãos genitais, pode


haver necessidade de remoção cirúrgica do testículo (orquidectomia).

Anomalias anatômicas

Alteração da morfologia dos genitais externos: intersexo. Alterações


do tamanho e forma do pénis (micropénis), ou da localização do meato
urinário (hipospádias; epispádias). Alterações do tamanho e localização dos
testículos (hipotrofia: diminuição moderada do volume; atrofia: diminuição
marcada do volume; criptorquidia; anorquidia: ausência congénita do
testículo).

O casal com problemas de infertilidade deve consultar um especialista


de Reprodução Medicamente Assistida (RMA), quer nas consultas de
infertilidade dos hospitais públicos, quer nas clínicas privadas dessa
especialidade.

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2.3 – Dados e informações

No caso de inseminação artificial em seres humanos, os pais devem


explicar, detalhadamente, os motivos que levaram a essa decisão. As leis
brasileiras são bastante restritas quanto ao uso da inseminação artificial para
procriação.

Somente em caso de doenças graves, de riscos para a saúde do feto


e de infertilidade que os pais são autorizados a iniciar o procedimento de
inseminação artificial.

Apesar de o Brasil ser um país laico, a igreja tem influência suficiente


para manter um limite sobre um processo que tem mais de tecnologia do
que de humano.

Porém, não basta somente a pessoa querer ter um filho por


inseminação artificial e apresentar seus motivos. Depois que o processo é
aberto, é feita uma investigação sobre a vida dessa pessoa.

Algumas informações são levadas em consideração, como:

- É mais recomendado que somente casais tentem a fertilização por


meio da inseminação artificial. Indivíduos sozinhos, no sentido de que não
têm um cônjuge, raramente conseguem tal liberação do governo.

Isso acontece porque é preferível que uma criança seja gerada em


um ambiente com estrutura familiar.

Mesmo que o indivíduo tenha condições financeiras suficientes para


criar e educar essa criança, ainda faltará a presença de ou um pai ou uma
mãe e, para o melhor crescimento e desenvolvimento da criança, deve
existir uma figura paterna e uma figura materna.

Com o desenvolvimento da sociedade, o homossexualismo entra em


uma discussão que não cabe a nós determinar o que é certo ou errado.
Indivíduos homossexuais já encontram bastante dificuldade para adotar uma
criança e a situação fica mais complicada quando se trata de iniciar uma
inseminação artificial.

Outro fator que influencia para que casais tenham mais sucesso ao
conseguir a liberação do Estado é que as fontes de DNA já estão escolhidas.
No caso de pessoas solteiras, mesmo já com o doador escolhido, existem
outras barreiras.

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O banco de sêmen é uma questão ainda muito discutida. Os
especialistas também dizem que não há garantias de que escolher um
doador de olhos claros e corpo atlético vai fazer com que a criança tenha
essas características.

De acordo com Tania Salem, especialista no assunto de inseminação


artificial com doador, inúmeros são os dilemas éticos que vêm sendo
suscitados pelo avanço na pesquisa e na aplicação das técnicas de
reprodução assistida (TRA).

A administração da doação de esperma, de ovos e de embriões, o


destino e a propriedade de embriões suplementares, a prática do “aluguel de
útero”, o debate sobre legitimidade do acesso de homens e mulheres
solteiros, bem como de casais homossexuais, a esses serviços, a propensão
eugênica possibilitada pelo avanço da engenharia genética são, dentre
outras, questões surgidas nos últimos 20 anos – momento que se realiza a
primeira fertilização in vitro no mundo, em 1978.

Novos recursos e técnicas em matéria de reprodução são noticiados,


em ritmo cada vez mais acelerado, nas primeiras páginas de jornais e
revistas direcionadas ao grande público: no final de 1993, por exemplo, para
regozijo de uns e indignação de outros, foram anunciadas a clonagem de
embriões humanos, a impregnação de mulheres em pós-menopausa e a
implantação de ovos fertilizados de mulheres brancas em mulheres negras.

Cientistas acenaram ainda com a possibilidade, em futuro próximo, de


recorrer a óvulos de fetos abortados e de transplantar ovários desses
mesmos fetos em mulheres com problemas de infertilidade.

Muitos diagnosticam e, lamentam, o hiato entre o acelerado avanço


das técnicas de reprodução assistida e a incapacidade da sociedade de
digerir e lidar jurídica e eticamente com os novos desafios.

Ao mesmo tempo, as intenções de legislar e impor limites são muitas


vezes contestadas, com o argumento de que elas constituem uma invasão
ilícita na privacidade e no “direito de procriação” de casais e/ou de
indivíduos, bem como uma afronta à liberdade de pesquisa.

É bem verdade que alguns consensos éticos mínimos foram


estabelecidos como, por exemplo:

- O “consentimento informal” dos pacientes e doadores envolvidos na


reprodução assistida.
- A preocupação com a minimização de riscos para a gestante, o feto
e os doadores.
- O exame minucioso dos últimos de modo a afastar a possibilidade
de transmissão de doenças hereditárias.
- O manuseio apropriado de embriões congelados ou não.

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Por outro lado, afora ser plausível sugerir que tais questões só se
afirmam como consensuais em virtude da generalidade de suas
formulações, admite-se que a cena está dominada pela confusão, por
dúvidas e controvérsias.

Com efeito, diferentes países, sociedades médicas e comitês de ética


vêm se posicionando de modo diverso em face das novas questões.

Exatamente por isso é intrigante constatar, em um cenário tão


convulsionado, a presença de uma norma quase que universalmente
adotada: o princípio do doador anonimato da terceira parte envolvida na
concepção.

A regra reza que o doador não pode conhecer a identidade do casal


receptor, nem este a do doador e, com vistas a tal fim, elidem-se os
eventuais elos e relações entre eles.

Também é curioso que, justamente em um contexto em que a técnica


promove, de forma crescente, a visibilidade e a “transparência”, a “escolha”
social imponha a ocultação à figura do doador ou doadora.

Deve-se entretanto registrar que, ao menos em alguns países, a


exigência do anonimato não se afirma como peculiar ao campo das técnicas
de reprodução assistida.

S.B. Novaes salienta que um anteprojeto de lei proposto pela


Assembleia Nacional francesa em 1992, estipula esse dispositivo como
aplicável a “qualquer dom e à utilização de parte e produtos do corpo
humano”.

Ainda assim, a lei prevê exceções para casos de “necessidade


terapêutica”, o que a torna mais maleável de modo a permitir que certas
práticas – como, por exemplo, a doação de rins entre parentes – não sejam
interditadas.

Mas, ao focalizar a esfera da reprodução assistida, Novaes insiste em


que a regra do anonimato, sobretudo quando aplicada à doação de
esperma, apresenta um caráter significativamente mais rígido.

Tal princípio é, em tese, aplicável não só ao doador de esperma, mas


também ao de ovos e embriões. Contudo, e ainda que tanto a prática quanto
a reflexão sobre doações femininas se encontrem em um estágio menos
avançado relativamente à inseminação artificial com doador anônimo (IAD),
pode-se afirmar que a regra do anonimato, quando aplicada à doação de
ovos, apresenta um caráter mais maleável comparativamente à de esperma.

Assim é que, embora o Comitê Warnock tenha advogado, em 1984, a


doação anônima de ovos, suas recomendações abrem uma significativa

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exceção para os casos em que a doadora seja parente ou amiga próxima da
mulher demandante.

Prince assinala, ainda, que alguns médicos ingleses vêm se


declarando favoráveis à doação de ovos entre irmãs, alegando que o
procedimento constitui uma forma de “preservar a continuidade genética da
família”.

O argumento não encontra paralelo no que respeita à doação de


sêmen; pelo contrário, impõe-se aí um “afastamento quase obsessivo entre
doadores e receptores”.

A prática genericamente designada de “mãe substituta” também


implica uma doação feminina: seja de ovos e temporariamente do útero para
levar a gravidez a termo (surrogate genetic mother), seja apenas do útero
(surrogate gestational mother).

Altamente controversa e proibida em muitos países, tal prática


encontra-se legalizada em alguns estados norte-americanos. Como parte de
uma ampla investigação patrocinada pelo Congresso desse país sobre
considerações científicas, legais e éticas envolvidas nas técnicas de
reprodução assistida, foram contatadas 27 clínicas que ofereciam serviço de
empréstimo de útero.

Das 13 que responderam ao questionário da pesquisa, apenas uma


impunha, como regra, transações anônimas entre o casal demandante e a
mulher doadora.

Todas as outras não só promoviam o encontro das partes como, além


disso, aceitavam que um membro da família da mulher desempenhasse o
papel da “mãe substituta”.

Tais observações apontam para um tratamento diferencial com


relação às doações masculina e feminina, incluindo-se aí a exigência mais
ou menos rígida com respeito ao anonimato.

Alguns autores assinalam a disparidade dos riscos inerentes a cada


uma das doações: enquanto as de sêmen envolvem apenas o ato da
masturbação, as de ovos e/ou embriões pressupõem intervenção médica de
caráter cirúrgico ou ambulatorial.

A prática do aluguel de útero implica, por sua vez, riscos médicos e


obstétricos normalmente associados à gravidez e ao parto.

Este, aliás, é o argumento levantado pelo Comitê Warnock para


justificar uma maior condescendência quanto à doação não anônima de
gametas femininos.

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Estabelece que a compreensão da criação relativa da regra do
anonimato não pode ser reduzida nem aos danos físicos potenciais
diferenciais a que estão submetidos doadores e doadoras, nem à alegada
escassez de suprimento de ovos (mais severa ainda que a de sêmen).

Para elucidar a questão deve-se, necessariamente, também


contemplar representações culturais de gênero e a percepção dos perigos,
não necessariamente físicos, implicados na doação de cada um deles.

Se bem que instigante, o assunto escapa às intenções deste texto.


Além de ser merecedor de uma investigação especial, pode-se relativizar as
distinções estabelecidas acima, salientando, como faz Prince, que, embora a
violação da regra do anonimato seja mais tolerada para casos de doações
femininas, as recomendações no sentido de sua supressão provêm, no
cenário atual, de vozes isoladas.

Incursionar na lógica social que subjaz ao princípio do anonimato,


tomando como parâmetro a inseminação artificial com doador. É nesse
contexto que a regra das transações anônimas entre receptores e doadores
se impõe de modo mais explícito e contundente: o “D” da sigla refere-se não
apenas à categoria de “doador”, mas sim à de “doador anônimo”.

Significativo também é que, mesmo nos EUA – onde o princípio do


laissez-fairianismo com relação também às técnicas de reprodução assistida
é visivelmente mais acentuado do que em outros países – os bancos de
esperma (privados, diga-se de passagem) adotam o anonimato como regra.

Mas deve-se ainda considerar o fato de o princípio em questão


imiscuir-se também em outras práticas alternativas à reprodução humana, as
quais, embora não apelando para técnicas sofisticadas, implicam doações.

Com efeito, o anonimato da mãe que doa seu filho constitui princípio
ético basilar da prática da adoção ou, ao menos, de algumas de suas
modalidades.

Também merece registro que as justificativas sociais em favor da


vigência ou supressão do anonimato, bem como do “segredo”, são as
mesmas, independentemente de a situação envolver circulação de crianças
ou “apenas” gametas.

A observação é reveladora de que o que está sendo dramatizado na


regra do anonimato são menos práticas ou técnicas mais ou menos
modernas, mais ou menos medicalizadas, e sim valores sociais mais
amplos, mais renitentes e insubmissos às inovações tecnológicas.

Do fato de a inseminação artificial com doador e as questões que


circundam expressarem, de um ponto de vista analítico, dilemas éticos mais
gerais, resulta um duplo movimento em termos teóricos, o qual, por sua vez,
anuncia os outros propósitos e teses deste artigo.

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Argumenta que o anonimato e outras estratégias correlatas só
adquirem inteligibilidade quando remetidos a um núcleo ético mais
abrangente, consubstanciado nas nossas representações sobre parentesco
e filiação.

Simultaneamente, e como em uma via de mão dupla, esses


dispositivos se convertem em portas de entrada para aceder às concepções
sociais concernentes não só à família, mas também à natureza, à cultura e à
relação entre essas instâncias.

Ou seja, concebe-se o anonimato e outros mecanismos afins como


comportando uma dupla faceta: ao mesmo tempo em que sua razão última
se funda na identificação entre laços familiares e biologia/natureza, eles se
afirmam como recursos socialmente estabelecidos para contornar, senão
driblar, essa equivalência.

É precisamente essa duplicidade que permite supô-los como


expressivos de um dilema mais geral e, ao que tudo indica, constitutivo à
nossa cultura: o da tensão no modo de conceber a força relativa da natureza
sobre a cultura e desta sobre aquela.

- Casais não casados, mas que morem juntos há mais de dois anos
podem tentar a liberação do Estado, pois se os indivíduos mostrarem que
têm uma estabilidade financeira e social, nada os impede de ter um filho.

- Ambos os indivíduos devem ter, no mínimo, 18 anos.

- A moradia que o casal vive deve ter as condições mínimas de


higiene, de segurança, de proteção, de alimentação e tudo aquilo que possa
garantir qualidade de vida para a criança.

A doutora em Sociologia Fernanda Bittencourt Vieira, esclarece como


ocorre o procedimento da inseminação artificial.

Todo este processo pode ser diferenciado em três etapas:

1. O processo de inseminação artificial inicia-se com a estimulação


dos ovários através de substâncias que induzem a ovulação.

É muito importante que a ovulação ocorra de forma eficaz para que se


possam conseguir os resultados esperados. A indução da ovulação
conduz por vezes o desenvolvimento de vários óvulos, o que aumenta o
risco em 15-20% de gravidezes múltiplas.

É importante que a receptora de inseminação seja previamente


informada e que tenha noção desta possibilidade.

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2. Como já dissemos, é nesse momento que ocorre a seleção dos
“bons” espermatozoides. É entendido que a fraca mobilidade dos
espermatozoides é um dos fatores que podem afetar de forma
negativa o consumar de uma gravidez.

As amostras de sêmen são preparadas através das técnicas de


capacitação ou preparação seminal.

3. A terceira etapa é quando, de fato, ocorre a inseminação artificial.


Todo o processo é realizado durante as consultas e não é
necessário qualquer tipo de anestesia.

A mulher é geralmente inseminada durante dois dias seguidos, depois


de ser induzida a ovulação. Cada vez que se repete o processo, é preciso
que uma amostra vaginal seja enviada para o laboratório.

É recomendado que, após ser depositado o sêmen,


convenientemente tratado no útero, a mulher permaneça durante, pelo
menos, 30 minutos em repouso.

As relações sexuais devem ser evitadas por, no mínimo, duas


semanas antes do dia do procedimento. Viagens de longa duração e
permanência de pé também não são recomendadas para mulheres que
pretendem fazer a inseminação artificial.

Isso é explicado porque o corpo acaba não estando nas melhores


condições para receber os espermatozoides e a probabilidade de conseguir
engravidar fica bastante reduzida.

O descanso é primordial e a alimentação não pode ser descuidada;


deve ser equilibrada e sem exageros. Se alimentar a cada três horas deve
virar um hábito e a quantidade de líquido ingerido por dia tem que ser maior
que 1,5 litro.

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3.1 - Cães

Alexandre R. Silva, Rita de Cássia S. Cardoso e Lúcia D. M. Silva,


nomes importantes do Laboratório de Reprodução de Carnívoros, explicam
que a inseminação artificial em animais é algo muito complicado e precisa
ser feito de modo bastante cauteloso.

É preciso passar, calmamente, por cada uma das etapas listadas


abaixo.

Coleta e análise seminal

De um modo geral, utiliza-se para a inseminação artificial um macho


de escolha do proprietário da cadela a ser inseminada. Entretanto, com o
surgimento dos bancos de sêmen canino, preconiza-se a realização de uma
seleção dos animais doadores.

Assim, observa-se que esta seleção pode exercer um marcado efeito


sobre a fertilidade, tal qual é descrito para outras espécies, visto que existe
uma grande variação individual entre os cães (England, 1993).

Por essa razão, a seleção de reprodutores deve ser feita através de


uma detalhada anamnese, verificando-se o desempenho reprodutivo anterior
do macho e problemas de saúde atuais ou prévios.

Deve também ser procedido um cuidadoso exame clínico geral e


andrológico, que deve incluir a inspeção e palpação dos órgãos
reprodutivos, observando-se principalmente o tamanho e a consistência
testicular, visto que cães com espermatogênese anormal freqüentemente
têm testículos de consistência inferior à normal.

Em seguida, deve-se proceder à coleta e avaliação do sêmen e


inspeção do comportamento de monta (líbido), podendo ter continuidade
com testes hormonais e análises cromossômicas (Christiansen, 1988,
Feldman e Nelson, 1996).

O ejaculado canino é naturalmente dividido em três frações distintas


(Harrop, 1955). A primeira fração consiste em um fluido claro originado na
próstata e supõe-se ser responsável pela limpeza do canal uretral (England
e Allen, 1992).

A segunda fração, rica em espermatozoides, é de origem testicular e


apresenta volume variável conforme o tamanho testicular e a variação

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individual, possuindo aspecto turvo, leitoso e opalescente (Christiansen,
1988).

A terceira fração é o fluido prostático que deve ser claro e facilmente


distinguível da fração espermática. Apresenta um grande volume e serve
como um meio diluidor natural proporcionando o transporte dos
espermatozoides no trato genital da cadela (England e Allen, 1992).

O sêmen é facilmente colhido de cães, em especial daqueles com


experiência prévia de acasalamento. A presença de uma cadela em estro
pode melhorar a qualidade do ejaculado, particularmente no caso de cães
inexperientes ou tímidos.

Pode-se ainda congelar zaragatoas impregnadas de secreções


vaginais de cadelas em estro (Silva, 2001) ou impregnadas com o feromônio
sintético metil-ρ-benzoato (Goodwing et al., 1979), que podem ser passados
na região perianal de uma cadela no momento da coleta do sêmen.

Assim, o cão irá reagir como se estivesse diante de uma cadela em


cio.
Diversos métodos foram descritos para a coleta de sêmen nesta espécie,
tais como: massagem digital, uso de vagina artificial, vibrador elétrico e
eletroejaculação (Harrop, 1955; Christiansen, 1988).

Segundo Boucher et al. (1958), a massagem digital permite a


obtenção de um sêmen de qualidade superior ao obtido por vagina artificial,
sendo que o primeiro método é especialmente confiável mesmo para cães
não condicionados. Althouse et al. (1991) observaram que a exposição do
sêmen fresco às luvas de látex e/ou vinil causa um imediato decréscimo na
motilidade espermática, devendo-se evitar tal contato durante a massagem
digital, que é hoje o método de eleição para a coleta do sêmen nesta
espécie.

A massagem digital consiste em massagear o prepúcio do cão na


altura do bulbo cavernoso peniano, até que o animal atinja a ereção parcial.
O prepúcio é então retraído para trás do bulbo e o pênis é apertado com
moderada pressão, posteriormente ao bulbo (Seager e Fletcher, 1972;
Christiansen, 1988).

O ejaculado é coletado fracionadamente com o auxílio de um funil de


vidro ou plástico que desemboca em tubos graduados (Gill et al., 1970),
devendo-se evitar o contato direto entre o pênis e o material de coleta
(Seager e Fletcher, 1972).

A análise padrão da fração espermática do ejaculado é rotineiramente


utilizada para avaliar a qualidade do sêmen canino, incluindo a observação
do volume, coloração, viscosidade, pH e osmolaridade.

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A avaliação microscópica do sêmen inclui a observação da concen-
tração e morfologia espermática, bem como a avaliação subjetiva da
porcentagem de espermatozoides móveis na amostra (motilidade) e a
qualidade dessa motilidade, denominada de vigor (Christiansen, 1988;
Feldman e Nelson, 1996; Johnston et al., 2001).

Vale salientar que diversos métodos de análise seminal


computadorizada (CASA) já foram validados para a espécie canina, entre
eles destacam-se o Analisador de Qualidade Espermática (SQA) e o
Hamilton Thorn (HTR), os quais permitem uma avaliação objetiva e precisa
dos parâmetros microscópicos seminais (Iguer-Ouada, 2001).

Embora a relação entre a motilidade e a capacidade fecundante do


espermatozoide canino não esteja totalmente elucidada, a maioria dos
pesquisadores ainda utiliza a motilidade como o principal parâmetro para a
avaliação do sêmen canino (Ivanova-Kicheva et al., 1997).

Assim, uma amostra normal de sêmen deve exibir uma motilidade


mínima de 70% (Christiansen, 1988). Em seguida, deve-se avaliar o vigor
espermático, que é a qualidade da motilidade exibida pelos espermatozoides
móveis, observada em escala que varia de 0 a 5 (Platz e Seager, 1977).

Em 1993, Oettlé demonstrou que a morfologia espermática normal em


cães estaria melhor correlacionada com a fertilidade após inseminação
artificial, do que a simples observação da motilidade espermática, sendo que
haveria um decréscimo nessa fertilidade caso fossem utilizadas amostras de
sêmen apresentando morfologia espermática normal inferior a 60%.

Diversos outros métodos foram descritos para a avaliação da


qualidade seminal. Dentre estes, podem ser destacados o teste de
termorresistência (Ström et al., 1997), o teste hipo-osmótico (England e
Plummer, 1993), o teste de capacitação e reação acrossômica in vitro
(Hewitt e England, 1998), a análise ultra-estrutural (Rodrigues-Martinez et
al., 1993) e os testes de incubação com oócitos homólogos ou heterólogos
(Mayenco-Aguirre e Perez-Cortéz, 1998; Metcalf, 1999; Larsson e
Rodrigues-Martinez, 2000, Mastromonaco et al., 2002).

Processamento de sêmen

A inseminação artificial com sêmen fresco oferece taxas de gestação


similares às obtidas com a monta natural (Pereira et al., 2001). Entretanto, o
sêmen fresco apresenta pouca flexibilidade, devendo ser utilizado em um
curto período após sua coleta.

Segundo England (1999), caso o volume ou a concentração


espermática não seja suficiente para a inseminação artificial, deve-se
realizar uma nova coleta para incrementar a amostra. Por ocasião da IA, é
necessário realizar a expansão da fração espermática, a qual é RPCV (2003) 98 (546)

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55 geralmente realizada adicionando-se o líquido prostático
53-60 Silva, A. R. et al.
autólogo até ser atingido o volume mínimo desejado (Nothling e Volkmann,
1993; Uchoa et al., 2001; Silva et al., 2002a).

Entretanto, pode-se também fazer uso de diluidores, como o Tris


(Uchoa et al., 2001), água de coco (Pereira et al., 2001), solução salina
fisiológica (Silva et al., 2002a) e o leite desnatado (Betini et al., 2001).

Quando não é necessário o emprego imediato do sêmen, sua


viabilidade é prolongada através da refrigeração e da adição de diluidores,
como o leite desnatado e a glicina-gema (Cunha e Lopes, 1997), o Tris-
gema (Stornelli et al., 2001) e a água de coco (Fontenelle et al., 2002).

O sêmen refrigerado apresenta maior flexibilidade que o fresco,


podendo ser transportado em garrafas térmicas e manter-se viável por um a
cinco dias, desde que a temperatura seja mantida em torno de 4 e 5 °C
(Province et al., 1984; England e Ponzio, 1996).

Recentemente, Iguer-Ouada (2001) obteve êxito ao prolongar a


viabilidade do sêmen canino por mais de 20 dias, através da troca do meio
diluidor Tris, conferindo uma renovação de substrato energético para as
células espermáticas.

O sêmen canino pode ser ainda congelado e armazenado por tempo


indeterminado, permanecendo potencialmente fecundante quando
reaquecido e utilizado em inseminação artificial.

Desse modo, o sêmen congelado é o que oferece maior flexibilidade


de uso, porém é o que sofre as mudanças mais drásticas quanto à sua
qualidade pós-descongelação (Concannon e Battista, 1989).

Diversos diluidores são utilizados para a congelação do sêmen


canino, dentre eles podemos destacar a lactose (Seager, 1969), o Tris
(Andersen, 1975), o Triladyl (Nothling et al., 1995), o Biociphos W482 e o
Laiciphos 478 (Silva, 1995), o diluidor comercializado pelo Cryogenetics
Laboratory of New England - CLONE (Ström et al., 1997) e, mais
recentemente, um diluidor à base de água de coco (Cardoso et al, 2003).

Entretanto, em diversas publicações, o tampão Tris tem-se mostrado


superior a outros diluidores, tanto para a refrigeração, quanto para a
congelação, sendo este o diluidor mais utilizado pela maioria dos grupos de
pesquisa da atualidade (Farstad, 1996; Silva et al., 2000).

A gema de ovo de galinha é adicionada ao Tris, geralmente na


proporção de 20% (Linde-Forsberg e Forsberg, 1989; Silva et al., 2003), por
promover a proteção da célula espermática contra o choque térmico (Watson
e Plummer, 1985; Hammerstedt et al., 1990).

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Dentre os agentes crioprotetores que podem ser utilizados destacam-
se o glicerol (Polge et al., 1949), o dimetilsulfóxido (Olar et al., 1989), o
metanol (Kim et al., 1994) e o etileno-glicol (Santos et al., 2001).

Entretanto, o glicerol (CH3H8O3) é o crioprotetor mais empregado na


congelação de sêmen canino em concentrações variando entre 2 e 8%,
dependendo da composição do diluidor utilizado (Ravaszova et al., 1996;
Silva et al., 2003).

Finalmente, pode-se ainda adicionar ao diluidor a pasta Equex, que é


um aditivo comercial para sêmen, contendo o dodecil-sulfato, o qual possibi-
lita um aumento na resistência aos danos oriundos da congelação (Rota et
al., 1999).

Diversas metodologias têm sido descritas para a congelação do


sêmen canino e variam de acordo com o diluidor e agentes crioprotetores
empregados, preconizando o uso de diferentes velocidades de congelação.

Em todas elas, busca-se minimizar o dano causado ao


espermatozoide pelo processamento, visando recuperar um máximo
possível de espermatozoides viáveis (Ström et al., 1997).

Dentre os diversos métodos existentes, o mais usual é o descrito por


Andersen (1975), que serve como base para inúmeros estudos onde têm
sido realizadas pequenas modificações nesse método, alcançando
excelentes resultados in vitro (Ström et al., 1997) e in vivo (Rota et al., 1999;
Tsutsui et al., 2000).

Existem também vários protocolos preconizando diferentes


temperaturas e velocidades de descongelação para o sêmen canino.
Usualmente, este processo é realizado sob imersão em banho-maria a
temperaturas que variam de 37 oC (Linde-Forsberg, 1991) a 75 oC (Olar et
al., 1989).

Ademais, a armazenagem do sêmen canino pode ser realizada em


pastilhas (Battista et al., 1988), tubos de alumínio de 5 mL (Ivanova-Kicheva
et al., 1997) ou, preferencialmente, em palhetas (Cardoso et al., 2003; Silva
et al., 2003).

Monitoramento do ciclo éstrico da cadela

A problemática da obtenção de sucesso através da IA na espécie


canina está diretamente ligada às dificuldades concernentes à determinação
do momento ideal para inseminação nessa espécie de fisiologia reprodutiva
particular.

Segundo Concannon et al. (1977) a ovulação ocorreria de maneira


sincrónica entre 36 e 50 horas após o pique de hormônio luteinizante (LH).

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Os ovócitos emitidos não estariam ainda maduros, encontrando-se no
estado de vesícula germinativa.

A maturação seria então concluída dois a três dias mais tarde com a
emissão do segundo corpúsculo polar (Holst e Phemister, 1971; Tsutsui,
1989). A partir desse momento, o ovócito seria fecundável, mas a sua
sobrevivência parece ser muito curta, de apenas 24 a 48 horas (Concannon
e Battista, 1989).

O limite máximo de fecundação se encontraria em torno de 6,5 dias


depois do pique de LH (Tsutsui, 1989), sendo o período ideal de fecundação
entre três e quatro dias depois do pique.

No entanto, esses estudos não nos permitem determinar


precisamente o momento e o caráter sincrônico da ovulação (Silva, 1995).
Devido a essa problemática, segue-se uma abordagem dos diversos
métodos descritos para o monitoramento do ciclo éstrico da cadela, visando
a determinação do momento ideal para a realização da inseminação
artificial.

Inicialmente, sugere-se a observação das mudanças anatômicas e


comportamentais da cadela que ocorrem principalmente durante o proestro,
que dura em torno 56 RPCV (2003) 98 (546) 53-60 Silva, A. R. et al. de 9
dias, caracterizando-se por edemaciação vulvar, associada a uma descarga
serosanguinolenta vaginal, em resposta às altas concentrações de
estrógeno.

Usualmente, nesse momento, a cadela atrai os machos, mas não


permite ser acasalada, mantendo a cauda sobre a vulva e demonstrando um
comportamento agressivo (Johnston et al., 2001).

A fase subseqüente é denominada de estro e caracteriza-se pela


vulva aumentada e amolecida, diminuição das descargas vaginais e
aceitação do acasalamento pelo macho (Allen, 1992), com exibição da vulva
através do afastamento da cauda (Uchoa et al., 2001).

No início dessa fase, o estrógeno atinge seu pique máximo, a partir do


qual inicia seu declínio. Esse pique de estrógeno promove o pique de LH,
que por sua vez é responsável pelo desencadear da ovulação, que irá
culminar na elevação dos níveis de progesterona (Concannon et al., 1989).

Outro método prático sugerido para o acompanhamento do ciclo


éstrico da cadela é a associação da observação de suas mudanças
comportamentais e anatômicas com a citologia vaginal.

Porém, como este método não é muito preciso, ele fica reservado à
inseminação artificial com o sêmen fresco. Assim, tal método se baseia na
observação do perfil citológico da cadela, o qual sofrerá mudanças bem
características de acordo com as fases do ciclo éstrico (Schutte, 1967).

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A inseminação deve ser realizada quando a fêmea estiver receptiva
ao macho e apresentar uma citologia com pelo menos 70% de células
epiteliais superficiais.

No entanto, uma grande parcela de cadelas candidatas a IA com


sêmen fresco são justamente aquelas que têm desvio de comportamento,
não aceitando a cópula e não manifestando comportamento sexual normal.

Nesses casos, o comportamento não pode ser utilizado como guia,


ficando a citologia vaginal como método isolado. Essa última é excelente
para guiar o veterinário dentro do ciclo éstrico da cadela, mas nem sempre é
eficaz quando utilizada isoladamente (Silva et al., 2002b).

Segundo England e Allen (1989), além da morfologia celular


observada através da citologia vaginal convencional, o padrão de
cristalização do muco vaginal das cadelas em estro deve também ser
observado, uma vez que o mesmo apresentaria alterações de acordo com o
aparecimento do pique estrogênico no decorrer do ciclo éstrico.

Uma alternativa para aumentar a eficiência na determinação do


momento ótimo para inseminação artificial é o acompanhamento da cadela
por vaginoscopia (Lindsay, 1983).

Baseando-se nesse método, o momento ideal para a realização da IA


seria quando a mucosa vaginal apresentar pregas fortemente angulosas e
de coloração pálida (Johnston et al., 2001).

Tanto os endoscópios fibro-ópticos, quanto proctoscópios pediátricos,


com diâmetro inferior a 12 mm, podem ser utilizados na maioria das cadelas
a fim de se visualizar as mudanças na região cranial da vagina.

O uso de ambos os instrumentos requer prática e atenção, no intuito


de não causar danos à estrutura anatômica da cadela (Burke, 1986).

O método mais eficiente para se determinar o momento ótimo para a


IA é através da dosagem de progesterona plasmática, uma vez que a cadela
é a única dentre as fêmeas domésticas que apresenta uma evolução da
progesteronemia dois a três dias antes da ovulação (Johnston et al., 2001).

Os valores de progesterona sérica são inferiores a 1,0 ng/mL durante


o anestro e a maior parte do proestro e rapidamente começam a aumentar
nas proximidades do pique de LH (Concannon et al., 1989).

A dosagem da progesteronemia é hoje uma prática rotineira que pode


ser feita com auxílio de kits semiquantitativos comerciais do Enzime linked
Imunosorbent Assay (ELISA) ou por laboratórios especializados que
fornecem valores quantitativos obtidos por radioimunoensaio (RIA).

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O RIA é geralmente o mais acurado das duas técnicas, sendo,
entretanto, mais caro e requerendo maior tempo de execução (Johnston et
al., 2001).

Segundo Johnston et al. (2001), o momento ideal para a realização da


IA seria dois dias após a progesterona ter atingido concentrações entre 4 e
10 ng/mL.

Dosagens paralelas de progesterona e hormônio luteinizante (LH)


mostraram que o início da elevação significativa da progesteronemia
corresponde ao pique do LH, o qual pode ser uma referência importante
para definir-se as datas da inseminação, uma vez que a ovulação costuma
ocorrer 48 horas após o pique desse hormônio (Guérin, 1998).

Atualmente, testes de RIA e ELISA encontram-se comercialmente dis-


poníveis para a dosagem do LH sérico. No entanto, a mensuração desse
hormônio apresenta o inconveniente da necessidade de diversas coletas
sanguíneas diárias (Johnston et al., 2001).

Hase et al. (2000) investigaram o uso da ultra-sonografia como


método para predizer a ovulação na cadela. Entretanto, a ocorrência da
ovulação só foi observada em 54,5% das cadelas estudadas.

Por outro lado, Silva et al. (1996) já haviam verificado a dificuldade de


se determinar a ovulação na cadela por ultra-sonografia, em virtude da
presença de uma bolsa de tecido conjuntivo circundando o ovário.

Mudanças na resistência elétrica dos fluidos vaginais têm sido


utilizadas com sucesso na determinação do momento ideal para a
inseminação em Raposas Azuis e Prateadas (Fougner, 1989).

Esse método foi também descrito para a espécie canina, tendo sido
constatado sucesso, desde que o detector de resistência elétrica seja
sempre colocado na mesma posição da vagina da cadela.

No entanto, a extensa variação no tamanho da vagina das cadelas


nas diversas raças dificulta o procedimento nessa espécie (Johnston et al.,
2001).

Vias de inseminação artificial

A inseminação artificial intravaginal (IAIV) consiste na deposição do


sêmen na vagina da cadela e apresenta-se como a via de escolha na
maioria dos casos, por ser de fácil execução e por oferecer bons resultados
de um modo geral. 57 RPCV (2003) 98 (546) 53-60 Silva, A. R. et al.

Para a IAIV pode-se utilizar uma pipeta rígida de vidro ou plástica,


geralmente utilizada para a inseminação de bovinos (Seager e Fletcher,
1972; Seager e Platz, 1977); um pênis artificial, que consiste em um disposi-

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tivo plástico preenchido por ar, imitando as dimensões do pênis do cão
(Kojima et al., 1996ab) ou a sonda de Osíris (Mialot et al., 1985).

A sonda de Osíris é uma pipeta plástica flexível munida de um


pequeno balão inflável na sua extremidade distal, imitando o enchimento dos
bulbos erécteis do pênis do cão durante o coito e impedindo o refluxo do
sêmen.

O balonete evita também o recuo da sonda e estimula o peristaltismo


vaginal, tal qual ocorre no coito. Essa sonda realiza a aspersão do sêmen
diretamente na porção cranial da vagina (Mialot et al., 1985).

No protocolo clássico de IAIV, recomenda-se a elevação do trem


posterior da cadela por 5 a 20 minutos, visando-se evitar o refluxo do sêmen
(Seager, 1986).

Porém, Pinto et al. (1998) observaram que a redução no tempo de


elevação do trem posterior de 10 para 1 minuto não compromete a
fertilidade, nem a prolificidade das cadelas.

Além disso, Tsutsui et al. (1989) citam que os espermatozoides


caninos conseguem atingir o corno uterino um a dois minutos após a
deposição vaginal do sêmen.

A inseminação artificial por via intrauterina (IAIU), que consiste na


deposição do sêmen diretamente dentro do útero, fica reservada para casos
particulares, onde a via vaginal poderia comprometer os resultados da
inseminação artificial, como, por exemplo, na utilização de um sêmen
congelado com baixa qualidade pós-descongelação (Silva, 1995).

Segundo Johnston et al. (2001), a IAIU pode ainda ser utilizada como
uma alternativa para melhorar as taxas de fertilidade de machos
oligospérmicos, ou seja, com um baixo número de espermatozoides no
ejaculado.

Várias abordagens têm sido realizadas com o intuito de se


desenvolver técnicas para a inseminação artificial intrauterina, na qual a
deposição do sêmen é realizada diretamente dentro do útero da fêmea por
via transcervical ou através de procedimentos cirúrgicos transabdominais
como a laparotomia e laparoscopia.

A inseminação artificial intrauterina via transcervical não é uma


técnica fácil de ser executada e, em alguns casos, a tranqüilização do animal
pode ser necessária. O cateterismo cervical foi adaptado para a espécie
canina a partir de experimentos prévios realizados na raposa azul (Fougner
et al., 1973).

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Na cadela, esta técnica exige destreza do operador devido à anatomia
particular do cérvix e à presença da prega médio-dorsal da vagina (Pineda et
al., 1973; Linde, 1978; Lindsay, 1983).

Assim, para sua execução são utilizados uma bainha plástica e o


catéter escandinavo, o qual é transpassado através do cérvix, sendo este
palpado por via abdominal, permitindo a deposição do sêmen diretamente no
corpo uterino.

O catéter escandinavo consiste em um catéter metálico com 0,75 a


1,0 mm de diâmetro, sendo comercializado em três diferentes tamanhos: 20,
30 ou 40 cm (Andersen, 1975).

A inseminação artificial intrauterina por laparotomia foi desenvolvida


no intuito de transpor as dificuldades do cateterismo cervical. No entanto,
essa técnica comporta uma intervenção cirúrgica com todos os riscos
implícitos. Além disso, uma anestesia profunda poderia interferir na
motilidade uterina e na migração oocitária (Tsutsui et al., 1989).

A inseminação artificial intrauterina por laparoscopia, apesar de ser


considerada uma técnica semicirúrgica, tem caráter pouco invasivo e é de
rápida execução, uma vez que o sêmen pode ser depositado em apenas um
corno uterino, haja vista que os espermatozoides rapidamente migram para
o outro corno (Tsutsui et al., 1989).

Os resultados obtidos após inseminação artificial intrauterina por


laparoscopia, tanto com sêmen fresco, como com sêmen congelado, têm
sido satisfatórios (Silva, 1995). Em alguns países europeus, a realização de
inseminações por métodos cirúrgicos, existindo a possibilidade do
procedimento não-cirúrgico, é considerada antiética (Farstad, 2000).

Assim, a endoscopia vaginal parece ser o método do futuro para a


sondagem do colo uterino, uma vez que ela possui a grande vantagem de
possibilitar a visualização da abertura do cérvix sem a necessidade de
sedação do animal (Wilson, 1993; Shin et al., 1997).

Segundo Wilson (1993), esse método proporcionaria taxas de


concepção em torno de 80%, mesmo com a utilização do sêmen congelado.
Para sua execução, é utilizado um endoscópio fibro-óptico rígido conectado
a uma fonte luminosa e um cateter urinário, sendo necessária a palpação
abdominal para auxiliar a guiar tais instrumentos.

Eficiência da inseminação artificial

A inseminação artifiial com sêmen canino fresco, contendo um


número adequado de espermatozoides, proporciona resultados de fertilidade
similares àqueles obtidos pela monta natural (Pereira et al., 2001; Uchoa et

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al., 2001; Silva et al., 2002a), a qual, segundo Daurio et al. (1987), apresenta
eficiência em torno de 85% nesta espécie.

No uso do sêmen refrigerado, Pinto et al. (1999) obtiveram 90% e


100% de fertilidade em cadelas submetidas a inseminação artificial
intravaginal com sêmen refrigerado por 24 e 48 horas, respectivamente.

Mas, segundo Guérin (1998), os resultados são geralmente inferiores


àqueles obtidos com o sêmen fresco, sendo obtida uma taxa de fertilidade
em torno de 70%.

Além disso, o sucesso desse método estaria dependente de uma boa


coordenação entre o envio do sêmen e o momento de realização da
inseminação.

As taxas de concepção observadas após inseminação artificial com


sêmen congelado são sensivelmente inferiores às obtidas com sêmen fresco
(Linde-Forsberg e Forsberg, 1989).

Esse fato é provavelmente devido à viabilidade e fecundidade


reduzida dos espermatozoides congelados. Isso pode ser devido ao
processo de congelamento e descongelamento, podendo afetar ou não a
qualidade do sêmen, 58 RPCV (2003) 98 (546) 53-60 Silva, A. R. et al. aos
tipos de meios utilizados, dentre outros fatores.

De fato, segundo Concannon e Battista (1989) e Fontbonne e


Badinand (1993b), a viabilidade do espermatozoide após descongelação
pode variar de 12 a 24 horas.

Ademais, no uso de sêmen congelado, as taxas de concepção são


geralmente mais altas quando o sêmen é depositado no útero, comparado à
deposição vaginal (Olar et al., 1989; Concannon e Battista, 1989).

Entretanto, Silva (1995) descreve 100% de gestação para a IAIU por


laparotomia e a IAIV utilizando-se a sonda de Osíris com o sêmen
congelado, o que implica que a própria metodologia de inseminação pode
influenciar os resultados.

Resultados semelhantes foram também descritos por Fontbonne e


Badinand (1993a), os quais encontraram taxa de fertilidade de 52,6% a partir
de IAIV com a sonda de Osíris, e 73,6% em inseminação artificial
intrauterina transcervical por cateterismo, não sendo evidenciadas dife-
renças estatísticas entre os dois métodos.

Com relação ao número de inseminação artificial, Uchoa et al. (2001)


e Silva et al. (2002a) sugerem a realização de duas inseminações,
geralmente, com intervalos de 48 horas, utilizando o sêmen fresco.

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Esse mesmo número de inseminações é sugerido por Silva (1995)
para a utilização de sêmen congelado. Ademais, no uso de sêmen
refrigerado por até 11 dias, Iguer-Ouada (2001) obteve 50% de fertilidade
após a realização de uma única inseminação artificial.

O número mínimo de espermatozoides requerido para a inseminação


artificial não está bem estabelecido. Taxas de fertilidade satisfatórias já
foram obtidas com doses inseminantes de 35 x 106 espermatozoides móveis
após inseminação artificial intrauterina e de 50 x 106 espermatozoides móveis
após inseminação artificial intravaginal (Wilson, 1993).

De um modo geral, a inseminação artificial intrauterina requer uma


menor concentração de espermatozoides por inseminação artificial do que a
técnica de inseminação artificial intravaginal.

Segundo Guérin (1998), a fertilidade entre as raças é bastante


variável, sendo ainda constatado que o número de espermatozoides por
ejaculado varia proporcionalmente de acordo com o tamanho do cão.

Assim, talvez seja necessário aumentar a dose inseminante para as


raças de grande porte, uma vez que esse maior número de espermatozoides
poderia estar correlacionado a um maior comprimento do aparelho genital da
cadela.

A inseminação artificial em cães é mais comum do que se imagina.


Existem algumas explicações para sua criação, como a recusa do macho
pela fêmea ou da fêmea pelo macho, as divergências de tamanho, raça e
peso, a possível dificuldade da monta natural por algum problema físico,
conhecida por discoespondilite, e a facilidade em manusear e transportar
sêmens de diferentes países e raças.

De acordo com Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária,


A discoespondilite é uma infecção dos discos intervertebrais e corpos
vertebrais adjacentes.

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Fonte: Vista lateral coluna da Coluna vertebral de Cão: Lesão no corpo das vértebras
torácicas.

Na maioria dos cães e gatos não é determinada nenhuma causa


subjacente para este distúrbio (NELSON & COUTO, 1994). Na literatura,
vários termos foram utilizados na descrição desta síndrome, e,
discoespondilite obteve a mais ampla aceitação pelos pesquisadores para
esta patologia em cães.

Menos frequentemente, as infecções ficam confinadas ao corpo


vertebral, e nestes casos os termos espondilite e osteomielite vertebrais são
mais apropriados (ETTINGER & FELDMAN, 1997).

As bactérias podem localizar-se nas articulações espinais,


particularmente nos discos intervertebrais, sendo que o espaço discal
lombossacro é o mais comumente afetado (ETTINGER & FELDMAN, 1997).

Dos micro-organismos associados a discoespondilite frequentemente,


os Stafilococcus coagulam-se positivos. Os primeiros estudos apontavam o
Staphylococcus aureus como agente causador, contudo, um patógeno
canino foi recentemente identificado, o Stafilococcus intermedius.

Entretanto outras bactérias também tem sido isoladas como: Brucella


canis, Streptococcus spp, Escherichia coli, Pasteurella multocida,
Actynomices viscosus, Nocardia spp e Mycobacterium avium.

Os fungos também podem ser isolados menos freqüentemente.


Foram cultivados fungos como: Aspergillus spp, Paecilomyces variotti, Mucor
spp e Fusarium spp.

Procedimento

Para fazer uma inseminação artificial em cães, é preciso passar por


algumas etapas importantes. Não é recomendado misturar quaisquer raças
de cachorro, pois o resultado pode não ser o esperado.

Observe abaixo a listagem de verificações necessárias.

1. As raças que vão ser misturadas precisam ser analisadas para


averiguar uma possível junção. Não basta o indivíduo querer um filhote que
tenha características de um Akita (origem japonesa) e de um Rottweiler
(origem germânica).

Essas duas raças são muito boas para guardar e proteger seus
donos, mas têm características muito diferentes e o genoma de cada um,
provavelmente, não conseguirá manter uma gestação até o fim, devido a
essa gama de incompatibilidades.

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Rottweiler

Akita

Note nas duas figuras acima que o Rottweiler tem pelos curtos e
pretos, enquanto o Akita apresenta pelos brancos, longos e macios. Essa é
apenas uma das características mais notadas nessas duas raças que, no
momento do cruzamento, pode acabar não tendo força para continuar a
gestação ou pode formar uma criatura bastante estranha, fora do que foi
imaginado.

2. Antes de iniciar o processo de inseminação artificial, é preciso


verificar a saúde e o histórico genético dos animais envolvidos, no caso da
fêmea e do macho.

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Se o animal tiver algum problema na linhagem ou algum problema de
saúde, como câncer, debilidade ou rápido envelhecimento significa que sua
raça não é a mais indicada para cruzar com outras.

3. O histórico psicológico do cachorro também deve ser levado em


consideração, uma vez que se ele demonstrar qualquer atitude suspeita ou
comportamento fora do padrão, certamente seus criadores não vão querer
que essa raça seja cruzada com outra.

Após essa fase, o macho precisa passar por um exame andrológico.


Esse exame é responsável por analisar as condições de reprodução do
animal. Ou seja, por meio de testes e avaliações, o sistema reprodutivo pode
ser apontado como deficitário ou como ótimo.

A análise do sêmen é a primeira fase. Os parâmetros seminais, como


motilidade, vigor, concentração, quantidade de acidez e morfologia
espermática, são mandados para um laboratório de confiança e verificados.

Somente para esclarecimentos, a motilidade nada mais é que a


habilidade de consumir energia numa determinada ação. Para o sistema
reprodutor, o que se analisa é o desempenho para a produção de esperma
do macho.

É muito importante saber o quanto de energia está sendo consumida


para esse processo, já que se estiver muito fora do padrão, o cachorro já é
retirado da lista de cruzamentos.

Depois que cada uma das partes do sistema reprodutor é avaliada e o


resultado se mostra dentro dos padrões, é preciso escolher a quantidade de
esperma que será necessária para a inseminação e em que estado ele
estará.

O esperma pode ser fresco, puro, diluído, resfriado ou congelado. O


criador que irá decidir qual é a melhor opção. Geralmente sua escolha é
baseada em experiências anteriores ou por recomendação do veterinário.

Para alguns especialistas, não há diferenças muito grandes entre os


tipos de esperma, pois todas têm as características da raça preservada e
isso é o mais importante.

Já outros acreditam que quanto mais fresco, maior a probabilidade de


o espermatozoide fecundar o óvulo. O que de fato muda é quando ele é
diluído. A diluição é um processo mais complicado e envolve técnicas
específicas.

Essa diluição não é um acréscimo de água, muito menos é feita para


deixar o esperma menos denso. A diluição serve, basicamente, para ter
menos quantidade de espermatozoides naquela porção de esperma.

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Como não é possível contar quantos espermatozoides existem em
determinada porção de esperma, é feita a diluição.

No caso da avaliação da fêmea, o processo é mais demorado e um


pouco mais complexo. Além de todos os exames que precisam ser feitos na
fêmea, ainda o período da inseminação deve ser ideal.

Em outras palavras, se a fêmea não estiver na fase de ovulação, a


probabilidade de a inseminação artificial ser bem sucedida é menor e,
posteriormente, a gestação não será concluída.

Para descobrir qual é a época ideal para a inseminação artificial, os


veterinários precisam estudar o comportamento da fêmea e precisam fazer
exames específicos.

Esses exames são periódicos e mostram quando a fêmea está em


seu período ideal para a inseminação acontecer. A quantidade de óvulos,
quais os hormônios estão em maior quantidade, como está o
comportamento do sistema reprodutor.

Os testes realizados são tão precisos que conseguem determinar até


mesmo o dia exato que a fêmea está em seu período ideal de ovulação. A
temperatura dela deve ser medida antes do procedimento.

Dois desses exames são a citologia vaginal e a medição das


dosagens hormonais.

A citologia vaginal está resumida abaixo, de acordo com a Tecsa


Laboratórios, uma das mais renomadas empresas especializadas no
cuidado de animais e em procedimentos de inseminação artificial.

Para a realização do procedimento de coleta são necessárias duas


pessoas. Uma mantém firme a cabeça do animal, com uma das mãos, e a
outra, fixa a cauda.

A outra pessoa se encarrega de introduzir o espéculo na vulva da


cadela para a coleta do material. O swab (equipamento especial de
introdução) é introduzido ao longo da luz do vestíbulo vulvar até o fundo de
saco vaginal, onde devem ser realizados movimentos rotatórios, no sentindo
horário e anti-horário, com o objetivo de obter uma quantidade adequada de
células para estudo.

Nas cadelas portadoras de Tumor Venéreo Transmissível


especificamente, o swab é introduzido somente até a tumoração, onde se
realizam os mesmos movimentos rotatórios.

Após a retirada do swab, são confeccionados esfregaços em duas


lâminas, que devem ser imediatamente fixadas. A técnica é a mesma para

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as gatas e cadelas miniaturas, porém nestes casos o espéculo vaginal não é
usado.

Material necessário:

- Espéculo Vaginal;
- Fonte luminosa;
- Swab estéril;
- Lâminas de microscopia.

Indicações de uso citologia vaginal

- Alterações do ciclo estral:


- Anestro prolongado;
- Proestro e Estro prolongado;
- Intervalo entre estros reduzido.
- Determinação da fase do ciclo estral;
- Determinação do momento de cobertura ou inseminação artificial.

Interação clínica e patologista

É de suma importância para um resultado de qualidade, uma perfeita


interação do clínico com o patologista que irá ler a citologia. Essa interação é
estabelecida pelo preenchimento completo da requisição de exames,
informando a data do último cio conhecido, do motivo ou indicação da
realização do exame ou suspeita clínica.

Já a medição das dosagens hormonais precisa analisar como está a


concentração de cada hormônio da fêmea. Em especial, os hormônios
progesterona e luteinizante são medidos.

A inseminação artificial pode ser feita via vaginal ou por meio de


cirurgia. O que define qual dos métodos será utilizado é a qualidade do
sêmen e o tipo de tecnologia envolvida no processo.

O veterinário que vai fazer a inseminação artificial precisa conseguir


informações, com relação ao comportamento da cachorra que será a peça
principal do procedimento.

Caso o animal tenha uma história de ser muito inquieto ou de difícil


controle, o mais adequado é realizar a cirurgia, já que dessa maneira o
veterinário pode trabalhar mais tranquilamente e com menos chances de
ocorrerem problemas durante a inseminação.

Os índices de resultados positivos chegam a 90%. Isso significa que


as cadelas conseguem levar a gestação até o final, sem o aparecimento de
grandes problemas e que os filhotes nascem perfeitos, como se tivessem
sido concebidos naturalmente.

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3.2 - Gatos

A primeira inseminação artificial em gatos está registrada no ano de


1970, onde foi usado sêmen fresco e o tipo de inseminação foi intravaginal.
Seis anos depois, a inseminação artificial foi realizada com sêmen
congelado. Os filhotes nasceram prefeitos e o procedimento foi intravaginal.

Somente no início dos anos 1990 foi realizada a primeira inseminação


artificial intrauterina. Até essa época, poucos estudos tinham sido feitos
sobre a própria inseminação artificial e era difícil determinar um novo método
do procedimento.

A Revista Brasileira de Reprodução Animal disponibilizou um estudo


sobre a inseminação artificial realizada em felinos. De acordo com a revista,
o local de deposição do sêmen na monta natural ou na inseminação artificial
determina as barreiras anatômicas que os espermatozoides terão que
transpor durante o seu trânsito até o local de fertilização.

Nos gatos domésticos, ainda não foi determinado o exato local de


deposição do sêmen após a monta natural. Devido a características
anatômicas como; tamanho do pênis ereto do gato (comprimento de 21,2 +/-
2,2 mm e largura de 5,1 +/- 0,5 mm), profundidade da vagina na gata (45 a
50 mm) e lúmen de apenas 1 mm na vagina anterior, a qual é constituída de
tecido não flexível, acredita-se que o sêmen seja depositado de 15 a 20 mm
caudal a cérvix, na vagina posterior (Watson e Glover, 1993; Swanson e
Godke, 1994).

Ana Izabel Silva Balbin e Maria Denise Lopes, responsáveis pelo


Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária, afirmam que
para a inseminação artificial nas gatas, o sêmen pode ser depositado no
fundo de vagina (Sojka et al., 1970; Platz et al., 1978; Tanaka et al., 2000),
no útero (Howard et al., 1992; Tsutsui et al., 2000a, b; 2003) ou até mesmo
na tubauterina (Tsutsui et al., 2001).

O local de deposição do sêmen tem grande influência sobre o


sucesso na obtenção de prenhezes após a inseminação artificial,
principalmente, quando se utiliza o sêmen congelado/ descongelado, uma
vez que o tempo de sobrevivência destes espermatozoides é,
significativamente, menor quando comparado ao sêmen fresco.

Quando o sêmen é depositado no fundo de vagina pela técnica de


inseminação artificial intravaginal, existe mais uma barreira a ser transposta,
a cérvix, que juntamente com suas secreções tem a função de filtração,
prevenindo que espermatozoides morfologicamente anormais possam
chegar ao local de fertilização (Freundl et al., 1988).

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Após a monta natural, foi observado que aproximadamente 70% do
sêmen permanece retido na vagina das gatas domésticas (Chatdarong et al.,
2004). Desta forma, considerando-se que existe uma alta incidência de
teratospermia entre as espécies de felinos (Howard et al., 1991; Wildt et al.,
1992) e que o sêmen descongelado apresenta grande perda de sua
qualidade, com alterações nos padrões de movimento (Tsutsui et al., 2000b;
Villaverde et al., 2007, comunicação pessoal), o método de deposição do
sêmen mais próximo ao local de fertilização pode resultar em melhores
índices de prenhez, [0% contra 75% (Villaverde et al., 2007, comunicação
pessoal).

Outra vantagem da deposição do sêmen diretamente no interior do


útero é a necessidade de uma menor quantidade de espermatozoides
comparada a IAIV quando se trabalha com o sêmen fresco ou descongelado
(Tab. 1).

Tabela 1. Taxas de prenhez em gatas domésticas utilizando as técnicas de


inseminação artificial intravaginal, intrauterina e no interior da tuba uterina
com sêmen congelado ou fresco.

Momento
Local de Dose Volume da IA Taxa de
Sêmen Estro
inseminação inseminante inseminante após concepção
(106) (μL) hCG (%)
(horas)
Fresco
Intravaginal
(ejaculado) 1,25 a 50 100 Natural 24 a 41 50

Intravaginal Fresco 75
5 100 Natural 0 e 24
(ejaculado)
Fresco
Intravaginal 77,8
(ejaculado) 80 50 a 100 Natural 15 a 30

Congelado Natural ou
Intravaginal 100 10,6
(ejaculado) 50 a 100 Induzido 24 e 48
(FSH)
25 a 33
Intrauterino Induzido
Fresco (Pré 14,3
Bilateral 6,6 200 (eCG)
(ejaculado) ovulação)

Intrauterino 31 a 50
Induzido
Fresco 200 (Após 50
Bilateral 6,6 (eCG)
(ejaculado) ovulação)

Intrauterino
Fresco 80
Unilateral 8 30 Natural 15 a 30
(ejaculado)
Intrauterino Congelado
57,1
Unilateral (ejaculado) 50 30 Natural 15 a 20

Intrauterino Congelado
Unilateral (epidídimo) 50 40 Natural 20 27,3

Tuba-uterina Fresco
42,9
Bilateral (ejaculado) 4 10 a 20 Natural 15 a 20

Durante a realização da inseminação artificial intravaginal, a sonda de


inseminação deve ser posicionada o mais próximo possível da abertura

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cervical. Observou-se que o cateter uretral rígido para gatos, com diâmetro
de 1 mm, é fino o suficiente para ultrapassar a vagina anterior e chegar até
próximo à cérvix (Zambelli et al., 2004). Chatdarong et al. (2002), através da
deposição de meio de contraste no fundo de vagina, verificaram que o
posicionamento da gata em decúbito dorsal com o posterior elevado em 30º
facilita a infusão do contraste da vagina para o interior do útero.

Existem várias técnicas de IAIU tais como; a laparotomia (Tsutsui et


al., 2000a, b; Tsutsui et al., 2003), a laparoscopia (Howard et al., 1992) e
também a técnica de cateterização trans-cervical (Zambelli e Cunto, 2005).

A inseminação artificial trans-cervical, além de não necessitar de


cirurgia, também apresenta as mesmas vantagens das demais técnicas de
inseminação artificial intrauterina.

Vários modelos de sondas foram propostos para a técnica trans-


cervical
(Hurlbut et al., 1988; Swanson e Godke, 1994; Chatdarong et al., 2001;
Zambelli e Castagnetti, 2001), contudo, devido a variações anatômicas entre
as gatas, o sucesso na passagem da sonda pela cérvix é extremamente
variável [70,6% (Hurlbut et al., 1988), 87,5% (Swanson e Godke, 1994),
76,5% (Chatdarong et al., 2001) e 50% (Zambelli e Castagnetti, 2001)].
Zambelli et al. (2004) também observaram que existe diferença nas taxas de
sucesso na cateterização trans-cervical entre gatas com estro espontâneo
(22%) e gatas com estro induzido durante o anestro (80%).

Desta forma, essa variação no sucesso da passagem da sonda pela


cérvix constitui uma importante desvantagem desta técnica de IA nas gatas
domésticas.

Indução da ovulação

O estímulo mecânico originado pelo coito nas gatas domésticas é


indispensável para que ocorra o desencadeamento da ovulação (Wildt et al.,
1980), contudo este estímulo está ausente na técnica de inseminação
artificial.

Desta forma, são necessários estímulos mecânicos ou hormonais


para o desencadeamento da ovulação. A maturação final dos folículos e
ovulação podem ser induzidos com a aplicação de GnRH (Chakraborty et al.,
1979), hCG
(Sojka et al., 1970; Platz et al., 1978; Howard et al., 1992; Tanaka et al.,
2000; Tsutsui et al., 2000a, b) ou LH (Pope et al., 2006).

A indução da ovulação também pode ser realizada através de


estimulação mecânica da vagina com um swab de algodão ou haste de vidro
(Feldman e Nelson, 1996) ou com o uso de um macho vasectomizado (Platz
et al., 1978).

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Nas gatas domésticas, a indução da ovulação a partir do segundo dia
do estro mostrou-se mais eficiente (Donoghue et al., 1993). Tanaka et al.
(2000), trabalhando com gatas do segundo ao quarto dia do estro natural,
obtiveram 100% de ovulações com 100 unidade internacional de hCG em
duas doses com intervalo de 24 horas e de 91,7% com 250 unidade
internacional de hCG em dose única.

Comparando a utilização de 75 ou 100 unidade internacional em dose


única do hCG, Howard et al. (1992) não encontraram diferenças na
porcentagem de ovulações, no número de corpos lúteos (CLs) detectados no
momento da inseminação artificial, na taxa de prenhez e nem no número e
qualidade de embriões recuperados após seis dias.

Por sua vez, o GnRH quando utilizado na dose de 25 μg em dose


única resultou em 100% de gatas apresentando ovulação (Chakraborty et
al., 1979).

Momento da inseminação artificial

A ovulação nas gatas é desencadeada de 26 a 29 horas após sua


indução através de hormônios ou estimulação mecânica (Sojka et al., 1970;
Shille et al., 1983).

Levando-se em consideração que nas gatas a prenhez pode ocorrer


após uma única cópula, pode-se deduzir que o sêmen do gato apresenta
duração de no mínimo 26 a 29 horas, ou seja, até que ocorra a ovulação.

Sojka et al. (1970) demonstraram que a inseminação artificial ou a


monta natural podem resultar em prenhez quando realizadas até 49 horas
após a indução da ovulação.

Adicionalmente, quando se pretende realizar a inseminação artificial


intravaginal ou a inseminação artificial intrauterina pelo método trans-
cervical, deve-se levar em consideração que na gata a cérvix permanece
aberta do meio ao final do estro, com pequena variação individual
(Chatdarong et al., 2002) e, desta forma, a inseminação artificial deve ser
realizada preferencialmente durante este período e dentro de 49 horas após
indução da ovulação.

Geralmente, é utilizada uma única inseminação artificial,


principalmente, quando esta envolve anestesia e cirurgia, embora tenha sido
demonstrado que a realização de duas inseminações com 24 horas de
intervalo pode levar a um aumento de 50% na taxa de concepção na técnica
de inseminação artificial intravaginal com sêmen fresco (Sojka et al., 1970).

Já para o sêmen descongelado, uma taxa de prenhez de 10,6% (Platz


et al., 1978) foi alcançada após duas inseminações artificiais intravaginal

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com intervalo de 24 horas contra 0% quando utilizada apenas uma
inseminação artificial intravaginal após 30 horas da indução da ovulação
(Villaverde et al., 2007, comunicação pessoal).
Sedação das fêmeas

A sedação das gatas é indispensável para a realização da


inseminação artificial intrauterina, uma vez que este procedimento requer um
ato cirúrgico ou passagem de uma sonda pela cérvix.

Já para a inseminação artificial intravaginal, embora a sedação não


seja essencial, esta facilita o posicionamento da sonda de inseminação e
evita a ocorrência da reação pós-coito, a qual é resultante da estimulação
intravaginal induzida pela sonda.

Howard et al. (1992) observaram que a anestesia pode comprometer


o processo de ovulação quando a sedação é realizada previamente ao
desencadeamento da mesma, aumentando o número de folículos não
ovulados e, consequentemente, reduzindo a quantidade de corpos lúteos
formados.

Nesse mesmo estudo, a taxa de concepção anteriormente a ovulação


foi menor (14%) quando comparada à taxa obtida com a inseminação
artificial após a ovulação (50%) (Howard et al., 1992).

Em contrapartida, Tsutsui et al. (2000a) utilizando o mesmo protocolo


de anestesia não observaram interferência da sedação sobre a indução da
ovulação e melhores resultados de prenhez foram obtidos após inseminação
artificial intrauterina previamente à ovulação, embora, neste estudo tenha
sido utilizada uma dose de hCG superior quando comparada a dose usado
por Howard et al. (1992) para induzir a ovulação.

A utilização da anestesia em tigresas para o procedimento de


inseminação artificial intravaginal causou uma queda no transporte dos
espermatozoides no interior do útero, sugerindo que a anestesia pode
reduzir a motilidade uterina e comprometer a habilidade do espermatozoide
em atingir o local de fertilização (Wildt et al., 1987).

Embora existam indícios de que não há interferência da anestesia no


transporte espermático pelo trato reprodutivo da gata (Tanaka et al., 2000),
não existe ainda nenhum estudo determinando a sua real influência.

Em animais como os coelhos, a fase rápida do transporte espermático


é considerada um processo passivo, causada por contrações vaginais e
uterinas que podem ser bloqueadas por antagonistas adrenergéticos
(Overstreet e Tom, 1982).

Em gatas domésticas, observou-se que, após 30 minutos da monta


natural, 1,3 % dos espermatozoides já se encontravam na tuba uterina
(Chatdarong et al., 2004).

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Embora se conheça pouco a respeito do processo de transporte
espermático nas gatas, talvez a monta natural, da mesma forma que é
importante para desencadear a reação pós-coito, possa também ter um
papel importante na estimulação da contratilidade do trato reprodutivo,
auxiliando no transporte rápido dos espermatozoides.

Quantidade de espermatozoides por inseminação

No método de inseminação artificial intravaginal, a utilização de uma


dose inseminante de 80 x 106 de espermatozoides móveis proporcionou um
índice de 80% de prenhez com o sêmen fresco (Tanaka et al., 2000).

Em contrapartida, usando também sêmen fresco, Sojka et al. (1970)


obtiveram uma taxa de prenhez de 75% utilizando apenas 5 x 106 de
espermatozoides móveis em duas inseminações com intervalo de 24 horas.

Já para o sêmen descongelado, uma taxa de 10,6% de prenhez foi


obtida após duas inseminações, com intervalo de 24 horas, usando de 50 a
100 x 106 de espermatozoides móveis (Platz et al., 1978).

Para a inseminação artificial intrauterina, foi observado que para o


sêmen fresco uma dose inseminante de 8 x 106 de espermatozoides
móveis, ou seja, dez vezes menor que a necessária para a inseminação
artificial intravaginal, é suficiente para se obter um índice de 77,8% de
prenhez (Tsutsui et al., 2000a).

Para o sêmen descongelado, Tsutsui et al. (2000b) obtiveram uma


taxa de 57,1% utilizando em média 12,5 x 106 de espermatozoides móveis e
inseminação unilateral.

A utilização de 40 x 106 de espermatozoides móveis, divididos entre


os dois cornos uterinos, resultou em uma taxa de 75% de prenhez
(Villaverde et al., 2007, comunicação pessoal).

3.3 - Bovinos

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de


Minas Gerais, uma das maiores do mercado de gado do país, fala sobre
como a inseminação artificial é importante para garantir qualidade para o
gado.

Vantagens da Inseminação Artificial

Melhoramento do rebanho em menor tempo e a um custo mais baixo,


com sêmen de reprodutores comprovadamente superiores para a produção
de leite e carne.

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Controle de doenças. Pela monta natural tanto o touro como a vaca
podem transmitir doenças, o que pode ser controlado e mais facilmente
evitado com a prática da inseminação artificial.

Permite ao criador cruzar suas fêmeas zebuínas com touros de raças


europeias e vice-versa, por meio da utilização de sêmen desses touros.
Sabe-se que em muitas regiões do Brasil os touros de origem europeia
dificilmente se adaptariam às condições de manejo reprodutivo existentes.

Touros de alto padrão genético com problemas adquiridos e


impossibilitados de efetuarem a monta natural, em razão de idade avançada,
problemas de aprumos e cascos, fraturas, aderência de pênis, etc., poderão
ser ainda utilizados por meio da inseminação artificial.

Aumenta o número de descendentes de um reprodutor. Um touro


cobre a cada ano, em seu habitat natural, cerca de 30 vacas. Em regime de
monta controlada, pode servir a um máximo de 100 fêmeas, a cada ano.

Isso significa que, considerando ser de 10 anos a vida reprodutiva de


um touro, teremos um total de 300 a 1.000 filhos por animal, durante sua
vida. Com a inseminação artificial um reprodutor pode ter mais de 100.000
filhos.

Padronização do rebanho da fazenda pela utilização de um só


reprodutor para grande número de vacas.

Reduz o risco de dispersão de doenças transmitidas sexualmente.

Fatores condicionantes a implantação da técnica

Os resultados e o sucesso da implantação da técnica da inseminação


artificial vão depender basicamente do manejo adotado na fazenda, da
qualidade do sêmen utilizado e da eficiência do inseminador.

Deve-se levar em consideração:

- Manejo da Fazenda;
- Manejo do Rebanho;
- Instalações.

Manejo da Fazenda

É importante que as vacas inseminadas sejam examinadas em tempo


hábil para o diagnóstico de prenhez. Com um minucioso exame das fêmeas
que não apresentam bom desempenho reprodutivo, comunicar ao técnico os
casos de fêmeas paridas com mais de 90 dias sem manifestação de cios,

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vacas com cios irregulares, vacas com infecção, vacas repetidoras de cios,
além de outras alterações, para as devidas providências.

Nota: A parceria entre o técnico, o criador , o inseminador e demais


empregados da fazenda é fundamental para o sucesso dessa atividade
através da troca de informações e estabelecimento de normas de manejo,
nutrição e controle sanitário do rebanho.

Cuidados

Pastagens: boas pastagens com subdivisões, suplementação mineral


adequada em cochos cobertos, aguadas de boa qualidade e bem
distribuídas e suplementação na seca (feno, silagem, cana, capim para corte
etc.) asseguram ao rebanho bons níveis de produção de leite, ganho de
peso e fertilidade.

Vacinações: são indispensáveis para evitar o aparecimento de doenças,


assim como o combate aos vermes, carrapatos, moscas, etc.

Separar em lotes: para um bom manejo na fazenda é importante que os


animais sejam separados em lotes de acordo com sua categoria e condição
fisiológica: lote de bezerros desmamados, machos e fêmeas, novilhas,
garrotes, bois, vacas paridas, cheias e vazias, vacas solteiras, cheias e
vazias, vacas amojadas e touros. Identificação: todas as vacas devem ser
identificadas e cada animal deve ter uma ficha onde serão lançadas todas as
ocorrências.

Essas fichas são um instrumento de seleção, pois permitem identificar


os animais mais e menos produtivos.

Manejo do Rebanho

Vacas amojadas (que estão próximas do parto): deverão permanecer em


piquetes-maternidade até, aproximadamente, 30 dias após o parto.

Bezerros recém-nascidos: verificar para que mamem o colostro,


preferencialmente, nas primeiras seis horas após o nascimento e proceder a
cura do umbigo.

Secagem das vacas: as vacas leiteiras devem estar secas (de leite) 60 dias
antes da data prevista do parto.

Novilhas: fornecer boa alimentação às futuras vacas. Somente liberar as


novilhas para a reprodução após atingirem um desenvolvimento adequado
(combinação de peso e idade).

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Pós-parto: as vacas devem ficar em repouso para a recuperação pós-parto
em razão do período final de gestação, parto e início de lactação, além de
aguardar a completa involução uterina. Recomenda-se somente liberar a
vaca para a inseminação artificial após decorridos 45 - 60 dias do parto.

Desmame: em gado de corte, recomenda-se que seja feito o desmame


entre 7 e 8 meses de idade, quando machos e fêmeas deverão ser
separados. No entanto, a introdução de um programa de suplementação dos
bezerros ao pé da vaca, como o esquema de aleitamento interrompido ou
mesmo a implantação de um programa de desmama precoce, têm trazido
inúmeros benefícios à fertilidade do rebanho.

Instalações

Embora não chegue a ser fator limitante, é bom lembrar que para o
bom desempenho dos trabalhos de inseminação, algumas instalações
básicas são recomendadas:

- Tronco coberto ou brete;


- Cômodo para os materiais de inseminação;
- Pia com água corrente.

O tronco deve ser coberto para proteger da luz solar e das águas de
chuvas, extremamente prejudiciais ao espermatozoides. Uma simples
adaptação nas instalações já existentes, na maioria das fazendas, é
suficiente para dotar a fazenda das condições necessárias.

Procedimentos para a Inseminação Artificial

Na técnica reto-vaginal de inseminação artificial com palhetas, o


inseminador toma o aplicador devidamente recoberto pela bainha estéril
contendo a palheta de sêmen, e o introduz na vaca, conduzindo-o pelo
interior da cérvix até atingir o corpo do útero (local para a deposição do
sêmen).

A maior parte do sêmen é aí depositada, sendo que pequena porção


remanescente pode ficar retida na cérvix quando da retirada do aplicador.

Ocorrência do Cio

O intervalo médio de repetição de cio na vaca é de 21 dias, sendo que


as novilhas têm intervalo menor, enquanto as vacas mais velhas têm
intervalo
maior.

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Assim, considera-se que o ciclo estral nas fêmeas bovinas pode variar
de 17 a 24 dias. Por definição, cio ou estro é o período em que a fêmea
aceita
passivamente a monta.

O período que antecede ao cio é conhecido como período pré-cio e os


sinais manifestados pelos animais são:

- Inquietação, nervosismo;
- Cauda erguida;
- Urina freqüentemente;
- Mugidos freqüentes;
- Vulva inchada e brilhante;
- Liberação de muco cristalino, transparente e semelhante à clara de
ovo;
- Monta as outras fêmeas, mas não aceita monta.

O pré-cio dura de 4 a 10 horas. À partir de determinado momento, a


fêmea passa a aceitar a monta, iniciando o cio. Deve ser observado que no
cio o animal apresenta os mesmos sinais do pré - cio, com a diferença de
que no cio o animal monta e também aceita monta.

É importante observar que todos esses sinais vão diminuindo em


frequência e em intensidade, à medida que se aproxima o final do cio. Na
vaca, o cio dura de 10 até 18 horas, ou seja, a fêmea aceita a monta por 10
a 18 horas. O final do cio será então caracterizado pelo momento em que a
fêmea não mais aceitar a monta e é o momento ideal para que a
inseminação seja feita.

Reconhecimento do Cio

Recomenda-se de duas a três observações diárias de cio, devendo


dedicar-se pelo menos 40 minutos a cada observação. A utilização ou não
de rufiões, com ou sem bucal marcador, o emprego de vacas
androgenizadas ou outros auxiliares, bem como os horários de observação
de cio deverão ser orientados por um técnico que assiste a fazenda.

Horário apropriado para a Inseminação Artificial

Dadas as dificuldades de se proceder a inseminação artificial no


horário
ideal (final de cio), recomenda-se um esquema prático, proposto por
Trimberger e que há muito vem sendo utilizado com bons resultados:

- Vacas observadas em cio pela manhã (aceitando monta) deverão


ser inseminadas à tarde do mesmo dia.

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- Vacas observadas em cio à tarde devem ser inseminadas na manhã
do dia seguinte, logo ao amanhecer.

Obs.: Deve-se salientar que a maioria das fêmeas entra em cio à noite e de
madrugada, sendo observadas em cio pela manhã, o que significa que a
maioria das inseminações serão realizadas à tarde.

A inseminação artificial também pode ser realizada em horário único


com algumas vantagens: é mais prático e de fácil execução; as fêmeas em
cio
não ficam presas aguardando a inseminação.

Elas são recolhidas ao curral, inseminadas e imediatamente após


devolvidas ao lote, sendo assim submetidas a níveis menores de estresse.

Qualidade do Sêmen

Os reprodutores devem ser cuidadosamente selecionados. Devem


apresentar testículos completamente normais, produzir sêmen de alta
qualidade e serem livres de doenças.

Devem ser submetidos a exames de saúde periódicos e seguir todos


os
códigos de saúde. Após a coleta, somente o sêmen de alta qualidade deve
ser processado e armazenado.

O sêmen pode ser armazenado satisfatoriamente por longo tempo


quando mantido em nitrogênio líquido a 196 º C negativos. A falta de
nitrogênio líquido, mesmo por poucas horas, pode resultar na completa
destruição de um banco de sêmen.

Obs.: O manejo inadequado do sêmen durante a estocagem também


diminui a fertilidade.

Coleta

A coleta do sêmen bovino deve ser feita por equipamentos, pois é


preciso mantê-lo fresco e com a melhor qualidade. Não existe, na realidade,
um período ideal para essa coleta.

Os especialistas recomendam que o inseminador faça a coleta


quando o estado mental e físico do boi estiver estável. Ou seja, é preciso ver
além da saúde e da raça do boi.

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O inseminador

Dentro de um programa de inseminação artificial, o inseminador


constitui se em peça fundamental. De sua dedicação e condição de trabalho
vão depender, em grande parte, os resultados.

É preciso que o inseminador seja treinado em noções básicas sobre o


animal e seu manejo, utilização do sêmen e o manejo adequado dos
equipamentos.

Outro aspecto importante e muitas vezes, responsável por insucessos


nos resultados da inseminação, é a higiene durante o processo: higiene
pessoal, com o animal; das instalações e com o material utilizado.

3.4 – Cavalos

Outro animal que tem a inseminação artificial muito presente ao longo


dos anos é o cavalo. Para garantir boas raças e cavalos vencedores,
criadores e investidores começaram a prestar mais atenção nesse método
de procriação.

A Revista Acadêmica de Ciências Agrárias e Ambientais afirma que a


inseminação artificial em equinos é um dos processos mais complexos e
difíceis de ser executado.

Isso acontece porque o sêmen equino é muito valioso e precisa ser


manuseado com bastante cuidado. Os equipamentos de coleta e manejo
são específicos e de investimento alto.

Procedimentos da inseminação artificial

A inseminação artificial pode ser realizada de diferentes formas de


processamento do sêmen: in natura; diluído, diluído transportado; diluído
resfriado transportado e congelado.

Cada um dos tipos de tecnologia de processamento tem suas


vantagens, limitações e indicações (CARVALHO, 1992). Independente da
técnica utilizada, o sêmen deve ser colhido, avaliado e processado.

Quanto às técnicas de colheita de sêmen, a mais largamente utilizada


é a da vagina artificial (VA) fechada, podendo ser modificada, utilizando-se a
técnica de VA aberta, cuja principal finalidade é a colheita de sêmen
fracionada, sendo apenas indicada em situações especiais (TRISCHNER,
1979).

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Há vários tipos de VA fechada como: Hanover, Colorado, Botucatu,
Nishikawa ou Japonesa, Missouri, entre outros, sendo que as mais utilizadas
em todo território nacional são o modelo alemão (Hanover), seguido pelo
modelo brasileiro Botucatu.

Outra modalidade de colheita, utilizada em casos em que o garanhão


apresenta incapacidade de monta ou disfunção comportamental, utiliza a
combinação de dois fármacos, iminaprina e xilazina para a obtenção do
ejaculado, obtendo-se sucesso razoável de 30 a 50% (SAMPER, 2007).

Após a colheita é importante que se realize a separação da fração


gelatinosa do ejaculado da fração rica em espermatozoides, uma vez que
esta primeira apresenta efeitos nocivos à célula espermática.

Para isso, o procedimento mais comumente utilizado é a filtragem,


que permite a retenção da fração gelatinosa, parte dos contaminantes
bacterianos, além de sujidades (elementos estranhos) presentes no sêmen.

A filtragem é realizada através do acoplamento de um filtro ao copo


coletor de sêmen, ou realizada imediatamente após sua coleta (SQUIRES et
al., 1999).

Após a separação das frações, o sêmen deve ser mensurado quanto


ao volume da fração rica em espermatozoides e avaliado quanto à coloração
seminal.

Para o garanhão, o normal é a coloração branca acinzentada e


qualquer alteração nesta pode indicar processo patológico ou simplesmente
contaminação com urina, e/ou sujidades (LOVE, 2007).

O volume do ejaculado é muito variável com a idade, época do ano,


raça, regime de coleta de sêmen, estimulação sexual prévia, entre outros
fatores (LOVE, 2007).

A maioria dos garanhões ejacula entre 25 e 80 ml de fração rica em


espermatozoides (SILVA FILHO, 1994; SAMPER; ESTRADA; MCKINNON,
2007).

A fração rica é avaliada com auxílio de microscópio ótico e placa


aquecedora. Uma gota de sêmen é colocada entre uma lâmina e lamínula,
previamente aquecidas a 35-37ºC em placa ou mesa aquecedora, sendo
então levada ao microscópio para serem avaliadas as características de
motilidade
total e progressiva em escala percentual (0 a 100%) e vigor (1 a 5) (CBRA,
1998).

A motilidade total para a maioria dos garanhões varia de 40 a 80%, de


35 a 75% para a motilidade progressiva e vigor médio de três. Durante a

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avaliação de motilidade e vigor, amostras devem ser retiradas para
avaliação da concentração e morfologia espermática.

A concentração espermática varia de 50 a 400 milhões de


espermatozoides por ml de ejaculado para a maioria dos garanhões (LOVE,
2007).

Quanto à metodologia de IA a ser empregada, diversos fatores devem


ser considerados, uma vez que podem ser muitas as variáveis envolvidas no
processo como: localização da(s) propriedade(s); momento inseminante (pré
e/ou pós-ovulação); número total de espermatozoides; volume; diluidor;
temperatura do armazenamento; características individuais de qualidade do
sêmen do garanhão; valor do sêmen; reposta inflamatória uterina da égua a
ser inseminada; tipo de cio; momento da estação; raça, entre outros fatores
(SILVA FILHO, 1994; VALLE et al., 1999; BRINSKO; CROCKETT;
SQUIRES, 2000).

A utilização de sêmen, fresco, diluído e resfriado, implica em maior


flexibilidade de manejos de controle folicular, momento e local de deposição
do sêmen.

Pelo contrário, sêmen congelado exige um manejo mais rígido,


palpações retais mais frequentes e, quanto ao local de deposição,
preferencialmente, o mais profundo no corno uterino ipsilateral à ovulação
(SAMPER; ESTRADA; MCKINNON, 2007).

Sêmen in natura

O sêmen in natura deve ser colhido e utilizado, imediatamente, no


próprio local. Tem como vantagens a economia do uso de diluidor, contudo,
como desvantagem, a qualidade espermática não sendo preservada
(KENNEY et al., 1975).

Rapidamente se perdem os parâmetros de motilidade e vigor, além do


metabolismo espermático manter-se elevado. O local de deposição pode ser
o corpo (SILVA FILHO, 1994), ou o corno uterino, e o volume espermático
deve ser de até 3 ml (XAVIER, 2006).

O regime de inseminação utilizado mais recomendado é de


inseminação a cada 48 horas, a partir da detecção de um folículo ovariano
de 3 a 3,5 cm ou a partir do segundo dia da detecção da égua em cio
(CARVALHO, 1992).

Alguns trabalhos comparando a inseminação artificial com sêmen in


natura e sêmen diluído, utilizando éguas e garanhões de fertilidade normal,
não encontraram diferenças entre diluição e não diluição. Silva Filho (1994)
comparou o efeito da inseminação com dose inseminante de 400 milhões

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de espermatozoides com movimento progressivo, em éguas da raça
Mangalarga Marchador, com sêmen in natura (I), e sêmen diluído em leite
desnatado glicose (II), lactose gema (III) e um diluidor à base de glicina (IV).

A taxa de concepção ao primeiro ciclo foi de I – 71,43%; II – 61,54%;


III – 78,57% e IV – 78,57%, não sendo observada diferença estatística entre
os diluidores e sêmen in natura. Vianna (2000), utilizando a mesma dose
Silva Filho (1994), comparou à inseminação de apenas um ciclo em 392
éguas da raça Crioulo, com sêmen in natura (n = 160 éguas) e sêmen
diluído (n = 142 éguas) em diluidor à base de lactose-gema de ovo, utilizou
esquema de inseminações a cada 36 horas a partir da detecção de um
folículo com 3 e 3,5 cm com égua em estro, obtendo taxa de gestação aos
15 dias de 80% e 78,9%, sem diferenças estatísticas entre as técnicas.

Sêmen diluído

O sêmen diluído tem como vantagens o tratamento antibiótico,


diminuindo a contaminação bacteriana deste; diluição de fatores tóxicos
presentes no plasma seminal; melhora da fertilidade do sêmen devido ao
aporte de nutrientes contidos no diluidor; maior flexibilidade de inseminação,
onde o sêmen depois de diluído, dependendo da situação, pode ser
transportado em curtas distâncias sem necessidade de resfriamento, entre
haras próximos e, se devidamente protegido dos raios solares até uma hora,
sem prejuízo da fertilidade; e a possibilidade do fracionamento para maior
número de éguas pela expansão do volume diluidor mais o sêmen
(SQUIRES et al., 1999).

a) Diluidores

Os diluidores utilizados para sêmen equino são constituídos por água,


tampões e substâncias não iônicas, açúcares e diferentes tipos de
macromoléculas e antibióticos.

De maneira geral os diluidores podem ser divididos em quatro grupos:


os salinos, os com gema de ovo, os com leite e derivados e os que
apresentam albumina sérica bovina (AMANN; PICKETT, 1987; SILVA
FILHO, 1994).

Um bom extensor, segundo (AMANN; PICKETT, 1987) e Silva Filho


(1994) idealmente deve proporcionar: pressão osmótica compatível com o
espermatozoide; apropriado equilíbrio mineral e adequada combinação de
nutrientes; sistema com capacidade de neutralizar catabólitos espermáticos;
substâncias com capacidade protetora para as variações de temperatura,
principalmente para o frio; capacidade de estabilização de membranas e
sistemas enzimáticos; livre de microrganismos patogênicos; baixo custo; não
oferecer toxicidade ao espermatozoide; baixa irritabilidade ao aparelho
genital e fácil aquisição.

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Embora o diluidor ideal, capaz de oferecer alta longevidade
espermática para as células com a máxima fertilidade, ainda esteja por ser
formulado (SILVA FILHO, 1994), um grande número de diluidores tem sido
formulado ao longo de décadas com esse propósito (KENNEY et al., 1975;
SILVA FILHO et al.; 1997; BATELLIER et al., 1997; PAPA et al., 2005).

A maioria dos extensores usados para sêmen de equino é à base de


gema de ovo, leite ou seus produtos derivados (SQUIRES et al., 1999). Os
diluidores mais utilizados para sêmen equino em todo o mundo, assim como
no
Brasil, são derivados do diluente de Kenney et al. (1975), que é à base de
leite em pó desnatado, glicose, penicilina e estreptomicina.

Pode haver diluidores derivados deste meio, com adição de diferentes


tipos de constituintes como: antibióticos, açúcares, gema de ovo,
aminoácidos, e outras substâncias com propriedades favoráveis ao sêmen,
sendo que os tipos de diluidores variam de acordo com o país do mundo
(SAMPER, 2007).

Na França, um dos países que se destaca pela utilização da


inseminação artificial em equinos, o principal diluidor utilizado é à base de
uma mistura de solução poliiônica enriquecido com fosfoparacaseínato,
fração derivada da caseína do leite, responsável por maior proteção do
sêmen equino, sendo esse diluente denominado de INRA96 (BATELLIER et
al., 1997).

Na Alemanha, os diluidores mais comumente utilizados para sêmen


equino são constituídos à base de gema de ovo (SAMPER, 2007). Os
diluidores para sêmen equino comercializados no Brasil são EZ – Mixin
(CST), Max Sêmen (Agrofarma); Botu-Sêmen e Botu-Turbo (Biotech
Botucatu) Equimix (Nutricell), sendo que todos utilizam leite e ou derivados
em sua composição (RAPHAEL, 2007).

Silva Filho, Palhares e Bergmann (1987) adaptaram um diluidor à


base de lactose e gema de ovo, tradicionalmente utilizado para sêmen de
bovinos (NAGASE; NIWA, 1964).

Após a retirada do glicerol, foi utilizado como diluidor de sêmen


equino, para inseminação com sêmen a fresco diluído e diluído transportado.
O referido extensor (lactose-gema) vem sendo utilizado no Brasil, desde
então com bons resultados de fertilidade, equiparáveis ou superiores ao
extensor de Kenney et al., (1975) CANISSO, I. F. et al. (leite-desnatado-
glicose) e ao extensor glicina-gema, (CARVALHO, 1992; CARVALHO et al.,
1998; SILVA FILHO et al., 1997, 1998; LIMA et al., 2000).

Após os bons resultados obtidos com sêmen de garanhão, esse


diluente teve seu uso encorajado em jumentos, apresentando também bons
resultados.

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Experimentos conduzidos por Silva Filho et al. (1997), comparando o efeito
do diluidor lactose-gema no transporte e na inseminação com sêmen diluído
no próprio local, contra sêmen in natura nas mesmas condições transportado
e utilizado no próprio local de colheita, utilizaram teste de fertilidade em 100
ciclos de 64 éguas da raça Mangalarga Marchador, e obtiveram melhores
resultados com o sêmen diluído nas duas situações, transportado e não
transportado.

O transporte foi feito em um container desenvolvido por eles


denominado MSP-1. Em um amplo relato em condições reais de rotina de
campo conduzidos por Weiss, Vianna e Muradas (2003) com éguas da raça
Crioula, foi comparado o efeito de inseminações com sêmen fresco diluído
no extensor lactose-gema, contra o sêmen fresco in natura.

Para isso realizaram a inseminação de apenas um ciclo de 160 e 142


éguas, para os dois grupos respectivamente, e encontram taxas de
fertilidade semelhantes.

Silva Filho (1994) realizou a comparação entre sêmen fresco in natura


e sêmen fresco diluído, nos seguintes diluidores:

1) leite em pó-desnatado-glicose;
2) lactose-gema;
3) glicina-gema.

Para isso utilizou a inseminação artificial de 42 éguas mestiças da


raça Bretã e da raça Campolina, por 64 ciclos, não obtendo diferenças entre
os diluidores e com sêmen in natura, porém, com tendência numérica de
melhores
resultados para o extensor lactose-gema.

Em outro experimento conduzido em condições reais de campo,


Carvalho (1992) comparou o efeito da inseminação artificial com sêmen a
fresco diluído em leite desnatado-glicose, e sêmen diluído em lactose gema
transportado a 15-20ºC.

Para isso, realizou-se a inseminação de 79 éguas e potras da raça


Mangalarga Marchador, sendo utilizada divisão igualitária entre os
tratamentos, obtendo-se ao final, taxas de concepção semelhantes entre os
diluidores.

b) Sêmen diluído resfriado-refrigerado e resfriado

A refrigeração do sêmen pode ser feita em sistemas de resfriamento


ativo ou passivo. Quanto ao primeiro, apresenta curva de decréscimo da
temperatura padronizada, não sofre influência da temperatura ambiente,
mas não possui aplicabilidade econômica e prática para utilização rotineira
na indústria do cavalo (VALLE et al., 1999; RAPHAEL, 2007).

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O Brasil é o segundo país no mundo que mais utiliza transporte de
sêmen equino, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (PAPA et al.,
2005). Os sistemas mais utilizados em nosso país e no mundo são sistemas
de refrigeração e resfriamento passivos, que são feitos em caixas
(containers) (SILVA FILHO, 1994).

No Brasil, provavelmente, os primeiros experimentos sobre transporte


e refrigeração de sêmen equino foram conduzidos por Silva Filho, Palhares e
Bergmann (1987), que desenvolveram um container denominado por eles de
MSP -1, e realizaram a comparação com sêmen diluído a fresco e sêmen
diluído transportado, obtendo, ao final, taxas de prenhez semelhantes.

As características de um bom container de transporte de sêmen


equino devem seguir algumas condições como: completo isolamento
ambiente; baixo custo; ser inócuo para os espermatozoides; manutenção da
temperatura para o período proposto; ser possível realização de curva de
resfriamento lento; características para ser aceito pelos sistemas de
transporte aéreo e terrestre; seguro contra violações; entre outras situações
adversas (SILVA FILHO, 1994; PALHARES, 1997; BRINSKO; CROCKETT;
SQUIRES, 2000).

O abaixamento da temperatura do sêmen diluído é feito em sistemas


de resfriamento passivo, onde é mantido em caixas isotérmicas, próximo a
uma fonte de frio (gelo biológico reciclável), que de acordo com o sistema
deixará o sêmen resfriado a 15 – 20ºC, ou refrigerado a 4 – 6ºC.

A redução da temperatura do sêmen auxilia na sua conservação por


diminuição do crescimento bacteriano, redução do metabolismo espermático
e consequente controle da acidificação do meio diluidor, além da diminuição
da formação de espécies reativas de oxigênio, principalmente quando
associados a baixas temperaturas com redução de oxigênio, favorecendo o
metabolismo espermático anaeróbico e não aeróbico (KATILA, 1997;
SQUIRES et al., 1999).

Após a diluição, o sêmen pode ser transportado, resfriado ou


refrigerado e utilizado em períodos que variam de 1 a 48 horas, de acordo
com a temperatura de armazenamento, se próxima a 5ºC ou 15 - 20ºC
(SQUIRES et al., 1999; CARVALHO, 1992).

A utilização da temperatura como conservante do sêmen tem sido


rotineiramente aplicada na indústria equestre, sendo que o abaixamento de
10ºC da temperatura do sêmen provoca redução de 50% do metabolismo,
sendo que a 5ºC, apenas 10% do metabolismo espermático, é necessário
para que as células se mantenham viáveis (SQUIRES et al., 1999).

As taxas ideais de resfriamento do sêmen equino foram


demonstradas por Varner et al. (1988), onde os autores observaram que as
taxas de resfriamento podem afetar a capacidade de retenção da motilidade.

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A faixa de temperatura na qual o espermatozoide equino é mais
sensível foi demonstrada por Kayser et al. (1992), estabelecendo que nos
níveis de resfriamento de 37ºC a 20ºC, o sêmen pode ser resfriado a altas
taxas sem efeitos adversos para a motilidade, contudo, a faixa de 20º a 5ºC
demonstrou-se como faixa de maior sensibilidade da célula espermática
equina aos danos induzidos pelo resfriamento, e uma taxa de resfriamento
de – 0,05 a – 0,1ºC pode maximizar a motilidade.

Em adição ao experimento anterior, Moran et al. (1992) acrescentam


que a partir de 19ºC a 8ºC, como sendo realmente a faixa de maior
sensibilidade da célula espermática equina, e que a partir de 8ºC até 5ºC o
resfriamento pode ser feito rapidamente.

Na faixa de maior sensibilidade o sêmen deve ser resfriado a um


abaixamento de -0,05ºC, para que haja menores danos induzidos pelo frio.
Existem diversas caixas comercializadas no Brasil, nacionais e importadas,
que mantém a temperatura a 5ºC ou a 15 - 20ºC.

De modo geral, o sêmen mantido a 5ºC, pode ser utilizado por até 48
horas. Contudo, o pico de fertilidade está entre 24ºC e 36ºC após a colheita.
O sêmen mantido a 15 - 20ºC deve ser utilizado de preferência entre as 12
horas de sua colheita, e caso se queira utilizar por 24 horas recomenda-se
trocar a fonte de gelo reciclável 12 horas após.

O transporte do sêmen deve ser feito nas mesmas caixas utilizadas


para o resfriamento ou refrigeração, com um cuidado adicional de mantê-las
em locais em que as variações de temperatura ambiente não possam intervir
na curva de resfriamento, e na conservação do sêmen.

De acordo com o tipo de material com que a caixa é feita, a


temperatura ambiente causará maior ou menor variação, e esses cuidados
devem ser considerados na escolha da caixa de transporte, além do custo
do equipamento.

Os modelos nacionais de caixas de transporte de sêmen encontrados


no Brasil são: Botu-Box®; Botutainer®; Max Sêmen Express®; MSP-1
(UFV); MSP-2 (UFMG); e os modelos internacionaisde containers de
transporte de sêmen equino: Equitainer I e II; Expecta Foal; Bio Flite; Lane
STS; Equine Express®; Foal Flight®; Celle®; Sarstedt®; Salsbro Box®
(SILVA FILHO, 1994; RAPHAEL, 2007; PALHARES, 1997).

Carvalho (1992), em trabalho realizado em dois haras (distantes 15


km um do outro) com animais da raça Mangalarga Marchador, no Estado de
Minas Gerais, comparou a inseminação artificial no haras I com sêmen
diluído no diluente de mínima contaminação (KENNEY et al., 1975), contra a
inseminação no haras II, com sêmen diluído em meio à base de lactose e
gema de ovo, em seguida transportado resfriado a 2 0ºC do haras I para o
haras II.

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As taxas de prenhez foram 71,05% (27/38) e 68,29% (28/41) no
primeiro ciclo, não sendo observadas diferenças quanto às taxas de prenhez
entre os dois sistemas.

Como regra geral deve-se respeitar as taxas de diluição, com faixa de


valor ideal de diluição de 25 milhões de espermatozoides/mL. Varner et al.
(1987) demonstraram que esta diluição foi superior a de 50 milhões ou 100
milhões de espermatozoides, para sêmen refrigerado a 5ºC, e estocado por
24
horas.

Contudo, a diluição pode ser de 50 milhões ou 100 milhões de


espermatozoide/ml, e pode ser utilizada quando boa parte do plasma
seminal for removido por centrifugação e quando o sêmen for estocado nas
mesmas condições anteriores, sendo que os valores permitidos podem ser
de até 100
milhões de acordo com o tempo e a temperatura de transporte (JASKO et
al., 1992).

Nem todos os garanhões se prestam ao resfriamento de sêmen, pois


apresentam baixa motilidade espermática progressiva após o resfriamento.
Nesse sentido uma alternativa foi proposta por Brinsko, Crockett e Squires
(2000) que, prévio ao resfriamento e à estocagem, submeteram o sêmen
diluído no diluente E-ZMixin® (Universidade do Colorado), a taxas leves de
centrifugação, com a finalidade de remoção de 90% do plasma seminal,
tendo observado melhorias nas características de CANISSO, I. F. et al.
motilidade espermática, especialmente para garanhões previamente
classificados como sêmen de garanhões de “pobre capacidade de
resfriamento”, principalmente a partir de 24 horas de estocagem no
Equitainer®, com motilidade progressiva inferior a 30%.

Raphael (2007) realizou a centrifugação leve do sêmen diluído em


extensor à base de leite desnatado, refrigerou-o a 5ºC, por 72 horas e
realizou diversas avaliações entre os períodos, para características de
motilidade, integridade de membrana e funcionalidade mitocrondrial, sendo
observada
superioridade do último item para sêmen centrifugado, sendo que nas
demais características não foram observadas diferenças estatísticas entre o
processo, mas sim diferenças entre garanhões.

As diferenças entre este e a pesquisa de Brinsko, Crockett e Squires


(2000) é que os garanhões haviam sido selecionados e divididos quanto à
qualidade de resfriamento do sêmen.

c) Dose inseminante

O número de espermatozoides contidos por dose inseminante varia


na maioria dos trabalhos de 250 a 500 milhões (BRINSKO, 2006), sendo que

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o valor do limite superior mais comumente utilizado em todo o mundo é
baseado em trabalhos de pesquisadores do Colorado.

No Brasil, experimentos conduzidos por Brandão et al. (2003),


compararam duas diferentes doses inseminantes (200 e 400 milhões de
espermatozoides com movimento progressivo/dose) de sêmen fresco diluído
em meio de leite desnatado (KENNEY et al., 1975) e, para isso, utilizaram
um
ciclo de 31 éguas mestiças em cada grupo, realizando inseminações a partir
da detecção de um folículo de 3 a 3,5 cm de diâmetro com égua em estro;
as inseminações foram realizadas apenas às segundas, quartas e sextas-
feiras de acordo com metodologia proposta por Saturnino et al. (2002),
apenas com um
sêmen de um garanhão da raça Brasileiro de Hipismo de fertilidade normal,
o volume inseminante tendo sido ajustado para 10 ml com diluente.

As taxas de prenhez ao primeiro ciclo foram de 66,7% e 65,5%, para


as dose de 200 e 400 milhões, com inseminações realizadas com esta
metodologia, sem apresentar diferenças estatísticas entre elas.

Xavier (2006) realizou a comparação de dois volumes e doses


inseminantes de cerca de 500 e 100 milhões de espermatozoides com
movimentos progressivos/dose, com volume de 15 e 3 ml, de sêmen diluído
no meio de mínima contaminação (KENNEY et al., 1975), e com local de
deposição intracorpual uterino e intracornual profundo, ipsilateral à ovulação,
para a dose superior e inferior respectivamente, sendo que para isso utilizou
o mesmo esquema de coberturas de Saturnino et al., (2002) de apenas às
segundas, quartas e sextas-feiras.

Para o experimento, utilizou 37 éguas mestiças (com idade de 4 a 20


anos), por 72 ciclos. As inseminações foram realizadas pré e pós-ovulação
de
acordo com o modelo proposto.

Concluiu-se que as inseminações pré e pós-ovulação, independente


do
intervalo de 48 ou 72 horas, apresentam melhor eficiência de prenhez,
independente da dose, volume inseminante e local de deposição.

Utilizando o diluidor lactose-gema, Carvalho et al. (1998) realizaram a


comparação de diferentes doses inseminantes, para sêmen transportado por
um curto período de tempo de 2 horas a 20ºC, em um container denominado
MSP-2.

Para isso realizaram a inseminação de 92 éguas e potras da raça


Mangalarga Marchador, utilizando as doses inseminantes de: menor que 250
milhões espermatozoides (250 milhões espermatozoides com motilidade
progressiva); 250 a 350 milhões espermatozoides e maior que 350 milhões

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espermatozoides, onde não observaram diferenças estatísticas entre as
diferentes concentrações,
com tendência numérica inferior para dose mais alta.

Silva Filho et al. (1998) compararam a inseminação artificial em 105


ciclos de 62 éguas da raça Mangalarga Marchador, com sêmen diluído
transportado a 20ºC no container MSP-2, e para isso utilizaram dois
diluidores, glicina-gema e lactose-gema.

Após feitas as análises de eficiência por prenhez e taxas de gestação,


os diluidores se mostraram muito semelhantes. Lima et al. (2000) analisaram
dados de eficiência reprodutiva em dois haras da raça Mangalarga
Marchador no Estado de Minas Gerais, Brasil, com 125 fêmeas equinas de
diferentes
categorias reprodutivas e idades.

As inseminações foram realizadas com o mesmo protocolo, com


sêmen
diluído em lactose-gema de ovo transportado no container MSP-2 a 20ºC,
com a mesma dose inseminante.

De acordo com o comprimento do ciclo, as éguas foram inseminadas:


T1 – uma AI/ciclos; T2 - duas AI/ciclos; T3 – três ou mais AI/ciclos, não
tendo sido observado efeito do número de inseminações por ciclo nas taxas
finais de gestação.

3.5 – Cavalos Pantaneiro

I.M.G Dias, médica veterinária e mestre em Zootecnia, fala sobre


como a inseminação artificial funciona em cavalos da raça Pantaneiro.

Material e métodos

O Núcleo de Criação e Conservação do Cavalo Pantaneiro da


Universidade Federal de Mato Grosso do Sul tem como objetivos a
conservação in situ e ex situ de recursos genéticos, o estudo dos aspectos
reprodutivos, melhoramento genético e fomento da raça.

No decorrer das estações de monta 1995/96, 1996/97, 1998/99 e


1999/00 foram trabalhadas 122 éguas pertencentes às diferentes categorias
(paridas, solteiras e virgens) e 16 garanhões adultos.

Embora um pequeno número de éguas pertencesse a terceiros, em


sua grande maioria as reprodutoras fizessem parte do patrimônio da
universidade e participaram das diversas estações de monta (EM)
estudadas. Portanto, o termo égua usado no presente trabalho refere-se a
égua-ano, o mesmo aplicando-se aos garanhões.

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As éguas permaneceram em regime de pasto tendo água e sal
mineral fornecidos ad libitum, sendo suplementadas apenas nos períodos de
seca. Os garanhões foram mantidos em regime de semi confinamento,
sendo suplementados durante todo o ano.

Os animais foram expostos a variação sazonal da luz natural. Durante


as EM adotou-se como Archivos de zootecnia vol. 51, núm. 193-194, p. 142.
ZÚCCARI, NUNES E CORRÊA FILHO manejo das coberturas a monta
natural
controlada. Cerca de 30 dias antes do início da EM as éguas vazias
ingressavam no esquema de rufiação diária visando a detecção dos sinais
externos de cio ou as possíveis alterações do ciclo estral.

As éguas lactantes começavam a ser rufiadas a partir do 5º dia pós-


parto. O momento das coberturas era definido de acordo com a data de
início do cio e a época da estação de monta.

No início e final da EM as éguas eram cobertas a partir do 3º dia do


estro e no pico da EM a partir do 2º dia de cio. As coberturas eram
realizadas
em dias alternados até o término do cio.

As éguas em cio eram submetidas a palpação retal, a intervalos de 24


horas, para o acompanhamento do desenvolvimento folicular, avaliação do
diâmetro do folículo pré-ovulatório e a determinação do ovário de ocorrência
da ovulação.

No decorrer das diferentes estações de monta foram utilizadas


algumas terapias hormonais, dentre elas, a indução e sincronização de cios
mediante o emprego de prostaglandina F2a (PGF2a), indução da ovulação
pela gonadotrofina coriônica humana (hCG) e quando alguma alteração
uterina era detectada utilizava-se a ocitocina.

Os diagnósticos de gestação foram efetuados mediante palpação


retal, realizada por dois técnicos experientes, a partir do 18º dia após o
término do cio e, repetidos aos 30, 45, 60 e 90 dias de gestação,
determinando-se o corno
gestante e a freqüência de perda da prenhez, incluindo-se aqui as perdas
embrionárias e fetais.

Após a ocorrência das parições calculava-se a duração média da


gestação e a taxa de natalidade. No decorrer da estação de monta
1999/2000 as pastagens se encontravam muito degradadas, portanto, as
éguas apresentavam-se em má condição corporal, com seus reflexos sobre
a eficiência reprodutiva do plantel.

Os dados relativos a taxa de prenhez/ciclo e número de saltos/ciclo


eram

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avaliados no decorrer e ao final das estações de monta, buscando-se
monitorar o andamento os trabalhos.

Os índices de eficiência reprodutiva foram calculados segundo


Ginther
(1992), aplicou-se o teste t de Student para as variáveis relativas ao ovário
de
ocorrência da ovulação e corno uterino gestante, sendo para as demais
variáveis empregada a estatística descritiva e distribuição de freqüência.

Entendimentos

Durante o ciclo estral a fase folicular é aquela que apresenta maior


variação quanto a sua duração. Trum (1950) refere-se à uma variação de 4 a
6 dias para a duração do estro (n= 1.543 ciclos) e Ginther (1992) de 4,5 a
8,9 dias.

Nestas faixas se incluem os valores observados para as éguas da


raça Pantaneira, a partir de 147 ciclos estrais estudados, com uma duração
média do estro de 6,63±0,37 dias e, os dados apresentados por outros
pesquisadores, como 6,1 dias (Macari et al., 1986), 5,3 dias (Watson et al.,
1994) e, para jumentas, uma duração de 6,30 ± 2,17 dias (Meira et al.,
1995).

Durante os períodos de cio o diâmetro médio do folículo ovulatório foi


de 49,50±2,00 mm, valor este superior aos 41,5 mm apresentados por
Watson et al. (1994), ao analisarem 58 Archivos de zootecnia vol. 51, núm.
193-194, p. 143. ciclos estrais de éguas P.S.C. e, de 43 mm descrito por
Koskinen (1991).

Zúccari (1990) obteve, de acordo com a categoria reprodutiva de


éguas da raça Campolina, um diâmetro de 51,7 mm para éguas paridas e de
49,3 mm
para as vazias, valores muito próximos aos apresentados para éguas da
raça
Pantaneira. Para jumentas, Meira et al. (1995) relataram um valor médio de
36,7±3,6 mm, com variação de 28,5 a 46,0 mm.

As ovulações se distribuíram, segundo o ovário de ocorrência, em


57,84±23,46 p.100 e 42,16±23,46 p.100 (p>0,05), para os ovários direito e
esquerdo, respectivamente.

Alguns estudos indicam uma maior frequência de ovulações para o


ovário esquerdo (Boyd et al., 1944; Yubin et al., 1985; Macari et al., 1986),
no entanto, Ginther (1983) considerando a categoria reprodutiva observou
maior
incidência de ovulações apenas para o ovário esquerdo de éguas virgens.

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Para éguas P.S.C., Butherfield e Matthews (1979) não verificaram
diferença significativa para a atividade dos ovários. No presente trabalho não
foi constatada a ocorrência de ovulações múltiplas em nenhum dos períodos
estudados.

O número de ciclos/concepção é um índice que permite ao


profissional
estabelecer um diagnóstico precoce de problemas individuais ou daqueles
envolvendo o manejo reprodutivo geral do plantel.

Para o período analisado este índice foi igual a 1,44±0,25,


considerado
satisfatório, estando dentro dos limites apresentados por Lowis e Hyland
(1991) de 1,4, Henneke et al. (1984) que obtiveram um valor igual a 1,64 e
Silva (1987), com uma variação de 1,45 a 1,86. Índices mais elevados foram
apresentados por Voss et al. (1979) que descreveram 2 ciclos/concepção e,
Zúccari (1990) que obteve um valor de 2,28, sendo considerada a baixa taxa
de concepção ao início da estação de monta decorrente da má condição
corporal, a causa deste elevado número de ciclos/concepção, para éguas da
raça Campolina.

O número de saltos/ciclo, por sua vez, é utilizado para verificar a


ocorrência de alterações do estro, falhas na rufiação ou do manejo das
coberturas.

Foram necessários em média 3,12±0,35 saltos/ciclo, valor este


compatível com a duração média dos períodos de cio e o manejo adotado
para o início das coberturas.

Valores similares são apresentados na literatura como 3,88 (Macari et


al., 1986) e 3,7 (Jordão et al., 1951), sendo estes superiores aos relatados
por Hutton e Meacham (1968), de 1,64 com variação de 1,11 a 2,33,
segundo influência direta do manejo das coberturas e da duração do cio.

Burwash et al. (1974), utilizando a inseminação artificial em dias


alternados, obtiveram um valor de 3,3 inseminações / ciclo, enquanto Voss
et al. (1979) relataram um índice de 5,3 em razão das inseminações diárias.

As taxas de prenhez ao 1º, 2º e 3º ciclos foram de 64,77±20,42 p.100,


53,61±41,65 p.100 e 61,85±6,72 p.100, respectivamente. Vivo et al. (1985),
analisando a fertilidade em diferentes ciclos, obtiveram para o 1º ciclo a
maior
taxa de prenhez, da ordem de 63,3 p.100, e a mais baixa para o 4º ciclo, de
30 p.100. Silva (1987) obteve taxas que variaram de 52,2 a 68,5 p.100, para
o 1º ciclo, 62,5 a 81,82 p.100 para o 2º ciclo, 0 a 80 p.100 para o 3º ciclo e
75 p.100 para o 4o ciclo, após três Archivos de zootecnia vol. 51, núm. 193-
194, p. 144.

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Zúccari, Nunes e Corrêa Filho estações de monta. Portanto, pode-se
observar que para o 1º ciclo as taxas obtidas são bastante similares,
havendo maior variação para os ciclos subsequentes, possivelmente por
estar
associado aos efeitos individual e de idade das éguas, para os diferentes
haras.

Lowis e Hyland (1991) relatam um índice inferior para o 1º ciclo, de


47,9 p.100, sendo de 55,2 p.100 para o 2º ciclo, muito próximo ao observado
no presente trabalho, enquanto Brück et al. (1993) obtiveram uma taxa de
prenhez/ciclo de 54,7 p.100. Ginther (1992) recomenda uma taxa de prenhez
ao 1º ciclo de 55 p.100, para se atingir uma taxa de prenhez final de 85
p.100.

Ao final das estações de monta a taxa de prenhez média foi igual a


88,28±15,54 p.100, portanto, superando o índice sugerido por Ginther (1992)
e em conformidade com dados apresentados por outros autores, de 83,3
p.100 (Lowis e Hyland, 1991), 83,9 p.100 (Bruck et al. (1993) e 86,7 p.100
(Sereno et al., 1997).

No entanto, taxas inferiores são descritas por Barrisco e Potes (1986),


que para éguas Lusitanas obtiveram 71 p.100 de prenhez e Morel e
Gunnarsson (2000), analisando o desempenho reprodutivo de 27 garanhões
Icelandic, relataram uma taxa de fertilidade de 67,7 p.100.

Após a parição observou-se uma duração média da gestação de


327,45±1,89 dias, em conformidade com a variação aceita para a espécie,
de 322 a 345 (Ginther, 1992) e, aquelas citadas pela literatura, de 312 a 365
dias (Trum, 1950) e 343,3 dias (Marteniuk et al., 1998).

Não foram estudados os possíveis efeitos de alguns fatores que


podem influenciar a duração da gestação como estação do ano em que
ocorreram os cruzamentos, nível nutricional, raça e sexo do produto.

No que se refere ao corno gestante, verificou-se que 44,78±10,03


p.100 das gestações se deram no corno direito e 55,22±10,03 p.100 no
corno esquerdo (p maior que 0,05), divergindo dos relatos de Gilbert e
Marlow (1992) que constataram 61 p.100 das gestações no corno direito e
39 p.100 no corno esquerdo e, Hernández et al. (1992), com 51,3 p.100 e
48,7 p.100 das vesículas embrionárias localizadas nos cornos direito e
esquerdo, respectivamente, para éguas P.S.C., sendo para jumentas
encontrados valores de 54,4 p.100 - corno direito e 48,7 p.100 para o
esquerdo.

A origem dessa disparidade não é conhecida e provavelmente se


deva ao pequeno tamanho amostral para éguas da raça Pantaneira. Já,
Butterfield e Matthews (1979) não observaram diferença significativa para a
localização da prenhez.

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O desempenho reprodutivo de um plantel pode ser expresso pela taxa
de nascimento. Foi obtida uma taxa média de natalidade de 75,40±14,21
p.100,
sendo 56,25 p.100 dos nascimentos relativos a machos e 43,75 p.100 de
fêmeas.

Sereno et al. (1997) descrevem 100 p.100 de natalidade para um


plantel
de éguas Pantaneiras para duas estações de monta consecutivas, portanto,
atingindo o índice ideal.

Embora os dados do presente trabalho não tenham alcançado o valor


recomendado por Ginther (1992), de 80 p.100, encontram-se bastante
próximos dessa referência e acima dos relatados por diferentes autores,
como:
51,8 p.100 (Jordão et al., 1951); 73,8 p.100 (Hutton e Meacham, 1968); 70
p.100 (Barrisco e Potes, 1986); 69,3 Archivos de zootecnia vol. 51, núm.
193-194, p. 145. p.100 Brück et al. (1993) e; de 67 p.100 (van Buiten et al.,
1999).

Em relação à proporção macho:fêmea, Abrahão et al. (2001) ao


analisarem dados fornecidos pela Associação Brasileira de Criadores do
Cavalo de Corrida, para o período de 1966 a 1998 e, relativos à primeira
parição, encontraram uma freqüência de 49,59 p.100 de machos e 47,41
p.100 de fêmeas, portanto, diferindo dos resultados observados para a raça
Pantaneira e, mais uma vez, o tamanho amostral pode ter sido responsável
por essa variação.

A taxa média de perda da prenhez foi igual a 21,59±4,82 p.100,


podendo
ser considerada elevada para a espécie. Neste caso, a provável causa
possa ter sido um surto de leptospirose pois, após a execução da sorologia
pareada,
várias éguas apresentaram títulos de anticorpos para diversos sorovares de
leptospira, o que determinou o início da vacinação de todo o plantel com
posterior redução das perdas da gestação.

Ginther (1992) considera aceitável uma perda da prenhez £ 18 p.100


e, os dados da literatura variam substancialmente, conforme os diferentes
autores – de 19,3 a 7,5 p.100 para concepções no cio do potro e cio
subsequente, respectivamente (Lowis e Hyland, 1991); 18 p.100 (Gilbert e
Marlow, 1992); de 12,4, 19,7 p.100 e 20,9 p.100 para éguas virgens, vazias
e paridas, respectivamente (Brück et al., 1993) e; 13,28 p.100 (Papa et al.,
1998).
De acordo com os resultados se conclui que éguas da raça
Pantaneira
apresentam características reprodutivas condizentes às da espécie e
satisfatória eficiência reprodutiva quando submetidas ao regime de monta
natural controlada.

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Bibliografia

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Disponível em: < http://www.fmv.utl.pt/spcv/PDF/p__2003/546_53_60.pdf

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Zúccari1, C.E.S.N., D.B. Nunes2 e R.A.C. Corrêa Filho1. Eficiência


reprodutiva de éguas da raça pantaneira durante as estações de monta
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uccari.pdf

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