Você está na página 1de 4

JSCP (Juros Sobre o Capital próprio)

 Conceituação

Juros Sobre o Capital Próprio, conhecido como JSCP, é uma das formas de remuneração
acionista/cotista pela sua participação em investimento empresarial. Todo investidor, quer
seja de uma empresa Ltda ou de uma empresa S/A sempre investe em um certo negócio
contando que este negócio vai ser mais lucrativo que manter seu dinheiro parado. Com isso, o
que normalmente ocorre, é que as empresas apuram seus impostos e realizam as distribuições
dos lucros a partir do lucro líquido dos impostos da entidade. O que a maioria não conhece é a
ferramenta da JSCP, que onde ao invés de a empresa pagar o imposto sobre o seu lucro a
distribuir, a parcela líquida, ele faz um cálculo do limite passível de distribuição de juros sobre
o capital próprio e contabiliza essa distribuição como despesa, realizando a distribuição dos
lucros e ainda reduzindo a sua base tributável.

 A empresa ao final das contas poderá distribuir uma quantia maior de lucros e
ainda pagar menos impostos, comparando uma simples distribuição de lucros
adotados entre a maioria das empresas com a distribuição do JSCP.
 No momento do pagamento ou crédito dos JSCP, a empresa terá que efetuar a
retenção do IRRF na fonte em nome da parte beneficiária.

 Legislação

No que tange à legislação temos para esse assunto apenas uma norma principal, mas diversas
normas adjacentes também regem o assunto.

A norma citada é a lei 9249/1995 em seu Art 9º que trouxe a possibilidade de as empresas
tributadas pelo lucro real deduzirem as parcelas calculadas dentro dos limites legais da base de
calculo do IRPJ e da CSLL.

Essa norma ainda trouxe como teto limitador a aplicação da TJLP sobre algumas contas do
Patrimônio Líquido.

Outra informação importante trazida por essa norma é que para distribuir lucros, a empresa
deverá ter lucro apurado no exercício ou apresentar lucros acumulados de exercícios
anteriores.

Por último, essa norma determinou que haverá incidência do IRPJ retido na fonte a alíquota de
15% sobre os valores pagos a título de JSCP.
As demais normas adjacentes ditaram algumas alterações nos parágrafos e nas regras do
cálculo da JSCP, porém, na maioria dos casos não vingaram, não alterando assim, a regra geral.

 Fluxograma

Para uma melhor organização do processo, é sugerida a adoção de um fluxo básico para
utilização da ferramenta.

 Primeiramente, para fazer uso da ferramenta dos Juros Sobre Capital Próprio faz-se
necessário que a empresa esteja enquadrada no regime tributário do Lucro Real.
Empresas do Simples e do Lucro Presumido não podem fazer uso do benefício. Essa
verificação pode ser feita através da DIPJ, da DCTF ou ainda dos códigos de DARF’s
recolhidos.
 Como segundo passo, a empresa precisa distribuir lucros quando os mesmos forem
apurados pela maneira tradicional.
 Terceiro passo é verificar se a empresa já não utiliza a ferramenta dos Juros sobre
Capital Próprio que também poderá ser observada na DIPJ ou até mesmo na
contabilidade, nas contas de resultado. Cabe atentar que algumas empresas
contabilizam essa distribuição de lucros na conta de patrimônio líquido de lucros
acumulados erroneamente.
 O quarto passo é efetuar o cálculo de quanto a empresa pode distribuir de lucros
passíveis de dedução do IRPJ e da CSLL.
 O quinto passo é inserir na base de cálculo do IRPJ e da CSLL a despesa com o JSCP
reduzindo assim o mesmo e gerando uma economia tributária.
 O último passo consiste em a empresa recolher o IRRF gerado sobre o pagamento do
JSCP.

 Exemplo Prático

Para nosso exemplo prático, vamos considerar que a empresa apresentou um lucro no
exercício de X1 de R$ R$ 500.000,00 e que paralelo a isso, ela também apresenta lucros
acumulados no exercício de X0 de R$ 200.000,00. Vamos considerar também para nosso
exemplo, um capital social de R$ 2.000.000,00.

Então temos dois limitadores, conforme determina a legislação.

O primeiro deles é calculado sobre os lucros acumulados de X0 no limite de 50%. Ou seja, a


empresa que apresentou R$ 200.000,00 poderia distribuir de forma dedutível um limite de R$
1000.000,00 a título de juros sobre Capital Próprio
O segundo limitador é calculado sobre o próprio lucro apurado no exercício em X1 de R$
500.000,00, aplicando-se novamente os 50%. Ou seja, obtemos o limite de R$ 250.000,00 a
título de JSCP.

Desses dois limitadores apresentados, podemos utilizar o maior deles, que em nosso exemplo
sã os R$ 250.000,00.

A legislação ainda determina um teto máximo obtido pela aplicação da TJLP (Taxa de Juros de
Longo Prazo), que é a taxa referencial calculada pelo banco central e publicada
trimestralmente pela RFB. Suponhamos que para nosso exemplo essa taxa seja de 5%. Então,
aplicando-se essa taxa ao capital social da empresa de R$ 2.000.000,00, teríamos um teto
limitador de R$ 100.000,00.

Se o teto ficou fixado em R$ 100.000,00, não poderão ser utilizados os R$ 250.000,00


calculados dos limites anteriores, pois esse valor excedente não poderia ser considerado
dedutível.

X0 X1
Capital Social R$ 2.000.000,00
Lucro R$ 200.000,00 R$ 500.000,00

Limite 1 50% R$ 100.000,00

limite 2 50% R$ 250.000,00

Teto Máximo
TJLP 5% R$ 100.000,00

Assim, do lucro acumulado de R$500.000,00 , reduziremos a despesa de R$ 100.000,00 a título


de Juros Sobre Capital Próprio, resultando em um novo lucro ajustado de R$ 400.000,00.

Lucro Líquido R$ 500.000,00


JSCP - R$ 100.000,00
Lucro Ajustado R$ 400.000,00
Dessa forma, para verificarmos o impacto do uso dessa ferramenta, vamos comparar a
empresa que utiliza essa ferramenta com a empresa que não utiliza.

Utiliza Não utiliza


Lucro R$ 500.000,00 R$
Líquido 500.000,00
JSCP - R$ 100.000,00
Lucro Ajustado R$ 400.000,00 R$
400.000,00

34% IR/CS R$ R$
136.000,00 170.000,00

Economia R$
Tributária 34.000,00

Lucros Líquidos:

Utiliza Não utiliza

Lucro do Exercício R$ 400.000,00 R$ 500.000,00


IR/CS - R$ 136.000,00 R$ 170.000,00
Lucro Líquido R$ 264.000,00 R$ 330.000,00
JSCP + R$ 100.000,00
Dividendos a Distribuir R$ 364.000,00
iRRF (15%) sobre JSCP - R$ 15.000,00
R$ 349.000,00

No primeiro caso, a empresa poderá distribuir a título de lucros e dividendos um montante de


R$ 330.00. Já no segundo caso, já utilizando a ferramenta, além dos JSCP pagos de R$
100.00,00, ela ainda poderá distribuir a título de dividendos mais R$ 264.000,00, totalizando
R$ 364.000,00. Mesmo considerada a retenção na conte sobre os R$ 1000.000,00 de JSCP,
onde os sócios e acionistas receberão um montante líquido de R$ 85.000,00, o montante
líquido seria de R$ 349.000,00, ainda superior aos R$ 330.000,00 calculados.

Assim, conclui-se que a empresa que utiliza a ferramenta possui todas as vantagens citadas
acima, reduzindo seus tributos e aumentando a parcela de distribuição aos seus sócios.

Você também pode gostar