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DE SÃO PAULO
CANNABIS
Figura 1: Três espécies do gênero Cannabis.
As mais utilizadas são as duas primeiras tanto para o fumo como em outras
aplicações como na medicina, indústria e culinária.
Acredita-se que o tipo indica tenha sua origem em uma região perto do
Afeganistão chamada “Hindu Kush”, onde a planta desenvolveu camadas resistentes
de resina para sobreviver às condições climáticas bastante duras.
Já a do tipo sativa se desenvolveu em regiões temperadas, mais perto da linha
equatorial, e está mais apta a sobreviver em condições de temperatura mais variáveis,
mas menos extremas do que os locais onde a indica sobrevive.
Por outro lado, a visão de que as drogas seriam tanto um problema de saúde
quanto de segurança pública, desenvolvida pelos tratados internacionais da primeira
metade do século passado, foi então colocado na legislação nacional. Em 1940, o
Código Penal nacional confirmou a opção do Brasil de não criminalizar o consumo. A
Lei 6.368/1976 separa as figuras penais do traficante e do usuário [5].
Figura 4: Ilustração dos principais efeitos causados pelo uso da Cannabis [4].
Mas a Cannabis é muito mais que isso. Ela pode ser usada por suas
propriedades medicinais como, por exemplo, para diminuir ânsias de vômitos e
náuseas em pacientes de câncer que são submetidos a tratamentos por radiação e
também em pessoas com glaucoma, a fim de diminuir a pressão do globo ocular e
evitar uma possível cegueira.
O Fumo
São 181,8 milhões de usuários [6]. Em busca dos efeitos psicoativos, esses
usuários fazem uso da droga geralmente através do fumo. A biodisponibilidade do THC
quando fumado é de cerca de 20%. [7]. Ao ser inalado a fumaça atravessa os alvéolos
pulmonares, entra na circulação e atinge o cérebro em minutos. O pico dos efeitos
causados pela droga ocorre em 30 minutos e acaba após cerca de duas ou três horas.
Mas o que acontece com uma pessoa que fuma maconha? Podem ocorrer
problemas de saúde com o uso prolongado?
Muitos efeitos colaterais têm sido citados como: ansiedade, pânico, paranoia,
diminuição das habilidades mentais especialmente da atenção e memória, diminuição
da capacidade motora e aumento do risco de ocorrerem sintomas psicóticos [9].
Estes prejuízos podem afetar de maneira crucial a vida dos usuários, podendo
afetar a motivação para a realização das atividades do cotidiano.
Sally B. Zachariah [13] relatou dois casos de Acidente Cerebral Vascular em dois
jovens adultos na faixa dos 30 anos após fumo intenso de maconha. Apesar de ser um
relato incomum pode-se dizer que também são casos pouco conclusivos uma vez que
ambos os pacientes também faziam uso de tabaco, mas negaram uso de outras drogas
ilícitas e álcool.
Evidência de atrofia cerebral foi demonstrada por Campbell e col. [14] em dez
pacientes com história de consumo de maconha consistente ao longo de um período
de 3-11 anos. A idade média dos pacientes era de 22 anos, todos eram do sexo
masculino. Anfetaminas e dietilamida do ácido lisérgico (L.S.D.) também foram
consumidas neste período, mas em quantidades muito menores. Foram observados
que as medições dos ventrículos laterais foram significativamente diferentes daqueles
do grupo de controle de uma faixa etária semelhante.
Muito se sabe, mas muito mais pesquisas ainda precisam ser realizadas. Isto
porque não existem muitos estudos controlados a respeito da planta devido à forma
como a maconha é classificada por governos do mundo todo.
Nos EUA, por exemplo, para fazer pesquisas clínicas com a maconha é
necessária uma licença da Divisão Estadual de Narcóticos e da aprovação do estudo
pela FDA. Além disso, para obter a matéria-prima, é necessário passar pelo Instituto
Nacional de Abuso de Drogas.
“Ela enfrentava até 80 crises por semana (número equivalente a uma crise a
cada duas horas), causadas por uma rara síndrome genética, a CDKL5, que desencadeia
um tipo grave e incurável de epilepsia. Remédios pesados faziam parte da rotina, mas
sem resultados. O antídoto para as convulsões estava num óleo à base de canabidiol
(CBD), componente extraído da maconha, sem qualquer efeito psicoativo. Katiele
Bortoli e Norberto Fischer, mãe e pai dela, ouviram falar do caso de uma menina
americana, portadora da mesma síndrome, que estava controlando as convulsões com
CBD. Apesar de nunca terem imaginado que maconha poderia ser remédio, decidiram
arriscar. Compraram a substância de um laboratório dos Estados Unidos, enviada
ilegalmente para o Brasil. Em apenas nove semanas de tratamento, o diário onde os
pais anotavam as crises ficou limpo. Três meses depois, quando as ampolas do óleo
acabaram, os registros de ataques epiléticos voltaram. A impossibilidade de continuar
o tratamento comoveu e revoltou o País. Katiele, que viu a filha voltar a convulsionar,
não teve medo de tornar o caso público assumindo que, perante a lei, ela era
traficante. E continuaria sendo, para garantir a saúde e a qualidade de vida da filha.......
A família conseguiu uma ordem judicial e Anny foi a primeira paciente do Brasil a ter
autorização para importar um medicamento à base de maconha. Após dez meses de
tratamento, os avanços dela estão cada vez mais visíveis.”
Figura 5: Uso terapêutico da Cannabis em diferentes países [16].
Cannabis Gourmet
Tão antigo quanto o uso da Cannabis com ação terapêutica é o seu uso na
culinária. Muitos historiadores concordam que a primeira evidência cultural da
Cannabis vem da China, há cerca de 6.500 anos atrás. Os Yang-Shao, a mais antiga
cultura neolítica conhecida na China, colhiam sementes de Cannabis para ser usado
como grãos. As sementes eram moídas em farinha, assadas inteiras ou cozidas [18].
Convém esclarecer que a semente da planta não contem THC, por isso a sua
utilização é totalmente segura. Vinte e cinco por cento das sementes é constituída de
proteína e aminoácidos inclusive alguns essenciais, os quais o corpo humano não
consegue produzir. Além disso, o consumo destas sementes ajuda na produção de
albumina sérica e globulina [19].
Fibra de Canhamo
Além do consumo medicinal, alimentício e recreativo da maconha, essa planta
incrivelmente versátil, pode ser explorada também para a obtenção de produtos
têxteis, cosméticos, na fabricação de plásticos, papéis, biocombustíveis e até na
construção civil a partir da fibra de cânhamo [21].
A planta é integralmente utilizada para os mais diversos fins, mas destaca-se
especialmente a sua fibra (Figura 6). Na indústria de papel, um hectare de cânhamo
produz o mesmo que quatro hectares de eucaliptos, num período de vinte anos.
Figura 6: Fibra de cânhamo
A indústria têxtil utiliza o tecido cânhamo que é cinco vezes mais resistente que
o algodão. O cânhamo dura de 3 a 5 vezes mais que o algodão e seu cultivo ainda
dispensa a utilização de agrotóxicos e herbicidas, poluentes do solo e lençóis freáticos.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
1- http://verdinha.club/tipos-de-maconha-entenda-a-diferenca-entre-eles/
2- https://pt.wikipedia.org/wiki/Cannabis_(psicotr%C3%B3pico)
3- Russo EB, Mc Partland JM. “Cannabis is more than simply delta(9)-
tetrahydrocannabinol” Psychopharmacology, 165(4), 431-2; 2003.
4- http://biografias.hi7.co/a-historia-da-maconha-parte-01-5643af11367e9.html
5- https://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/dependencia-
quimica/iniciativas-do-governo-no-combate-as-drogas/historia-do-combate-as-
drogas-no-brasil.aspx
6- https://www.unodc.org/documents/wdr2015/World_Drug_Report_2015.pdf
Consultado em 31 Ago 2016.
7- http://www.mdsaude.com/2008/09/marijuana.html
8- http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/thcprincipal-componente-ativo-
maconha.htm. Acesso em 10 de agosto de 2016.
9- M. S. Rigoni, M. S. Oliveira, I. Andretta, “Consequências Neuropsicológicas do
uso da maconha em adolescentes e jovens adultos”. Ciências & Cognição, 08,
118-126, 2006.
10- http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/12/entenda-os-efeitos-do-uso-da-
maconha-no-organismo-humano.html.
11- http://www.cebrid.epm.br/index.php
12- J. A. Crippa, A. L T Lacerda, E. Amaro, G. B. Filho, A. W. Zuardi, R. A Bressan,
“Efeitos cerebrais da maconha – resultados dos estudos de neuroimagem”, Rev
Bras Psiquiatr., 2005;27(1):70-8.
13- Sally B. Zachariah; “Stroke After Heavy Marijuana Smoking”, Stroke, 22 (3), 406-
409, 1991. Downloaded from http://stroke.ahajournals.org/. Acesso em 10 de
agosto de 2016.
14- Campbell AM, Evans M, Thomson JL, Williams MJ. “Cerebral atrophy in young
Cannabis smokers”, Lancet.,2(7736), 1219-24, 1971
15- Renee C. Wert, Michael L. Raulin; “The Chronic Cerebral Effects of Cannabis Use.
I. Methodological Issues and Neurological Findings”. The International Journal of
the Addictions, 21(6), 605-628, 1986.
16- Camila Almeida, Maconha: Remédio proibido. Revista Superinteressante
http://www.casamaodeobra.com.br/saude/maconha-remedio-proibido-838100.shtml
17- https://pt.wikipedia.org/wiki/Tetraidrocanabinol.
18- http://culturacannabica-hemp.blogspot.com.br/2012/07/historia-da-culinaria-
com-maconha.html.
19- http://sociedadevegan.com/sementes-proteina-canhamo/
20- http://www.cartacapital.com.br/revista/806/maconha-na-mesa-9883.html.
21- http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAyCAAG/fibra-canhamo-maconha