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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL – ESR


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – COC
GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS – LICENCIATURA

LUIZ CARLOS KUTIANSKI GONÇALVES

Pensando a Escola Sem Partido e seus impactos na educação

Campos dos Goytacazes, RJ


2017
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL – ESR
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – COC
GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS – LICENCIATURA

LUIZ CARLOS KUTIANSKI GONÇALVES

Pensando a Escola Sem Partido e seus impactos na educação

Monografia apresentada à banca examinadora da Universidade


Federal Fluminense – Campos dos Goytacazes, como requisito
parcial à obtenção de título de Licenciado em Ciências
Sociais.

ORIENTADORA:
Prof.ª Dr.ª Andréa Lúcia da Silva de Paiva

Campos dos Goytacazes, RJ


2017
Referência para citação:

GONÇALVES, L. C. K. Pensando a Escola Sem Partido e seus impactos na


educação. Campos dos Goytacazes (RJ): [s.n],2017. 42 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Licenciatura em Ciências Sociais). Universidade
Federal Fluminense, 2017.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


BUCG / UFF / Campos

G643p Gonçalves, Luiz Carlos Kutianski

Pensando a Escola Sem Partido e seus impactos na


educação / Luiz Carlos Kutianski Gonçalves . -- Campos dos
Goytacazes (RJ): [s.n], 2017.

42 f.
Orientador: Prof. Andréa Lúcia da Silva Paiva
Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em
Ciências Sociais). Universidade Federal Fluminense. Campos dos
Goytacazes(RJ), 2017.
Referências. 42 f.

1. Educação -- Legislação – Brasil.2. Liberdade de


Ensino. 3. Ideologia Política. I. Paiva, Andréa Lúcia da Silva.
II. Título.

CDD 371.104
Aos meus pais, por sempre me apoiarem.
“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda”- Paulo Freire
Agradecimento

Agradeço a banca pela disponibilidade. Aos professores que contribuíram para minha
formação e experiência vivida nesses anos na UFF. A minha orientadora Andréa pela
paciência que teve durante esse processo de construção deste trabalho. E a meus colegas
de turma que também fizeram parte dessa jornada.
RESUMO

Esse trabalho teve como objetivo a análise do projeto de lei “Escola sem Partido”, sua
composição, suas influências e seus possíveis impactos na educação brasileira. A
análise se baseia em sites oficiais e páginas do projeto. Pretende-se fazer uma análise
de quem são os políticos e movimentos que estão por trás desse anteprojeto e quais
seus interesses na aprovação do mesmo. Dessa forma, a pesquisa traz como
objetivos específicos pensar a relação entre o projeto e determinados conceitos tais
como a doutrinação, ideologia e religião.

Palavras-chave: Escola sem Partido – Ideologia – religião


ABSTRACT

This work had as objective the analysis of the bill "School without Party", its
composition, its influences and its possible impacts in the Brazilian education. The
analysis was based on official websites and project pages. It’s intended to make an
analysis of who are the politicians and movements that are behind this draft and what
their interests in approving it. In this way, the research has as specific objectives to
think the relationship between the project and certain concepts such as indoctrination,
ideology and religion.

Key words: religion - School without party- ideology


GLOSSÁRIO

ESP – Escola sem Partido

PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira

PT – Partido dos Trabalhadores

MBL – Movimento Brasil Livre

PSC – Partido Social Cristão

ONU – Organização das Nações Unidas

PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

Capítulo I: O PESQUISADOR E SEU OBJETO.......................................................14

1.1A Escola Sem Partido............................................................................................14

1.2 A pesquisa e o momento político brasileiro..........................................................16

1.3 Esquerda vs Direita..............................................................................................18

Capítulo II: ESCOLA SEM PARTIDO NAS MÍDIA E REDES SOCIAIS.................23

Capítulo III: IDEOLOGIA, EDUCAÇÃO E POLÍTICA...............................................31

3.1 Bancada evangélica.............................................................................................31

3.2 Ideologia...............................................................................................................33

3.3 Capitalismo, poder do mercado na política..........................................................36

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 42


INTRODUÇÃO

Esse projeto tem como objeto de estudo o projeto de Lei “Escola sem partido”
e suas influencias na educação visando, como objetivo geral, pensar os seus
possíveis impactos na relação entre educação e religiosidade. Como esse assunto foi
introduzido em debate a pouco tempo, a partir de 2004, e ganhando mais destaque
em 2016, é importante o desenvolvimento e análise desse projeto de pesquisa de
forma que possamos compreender melhor esse movimento, seus objetivos,
motivações e influências.

Para tal, pretende-se fazer uma análise de quem são os políticos e movimentos
que estão por trás desse anteprojeto e quais seus interesses na aprovação do mesmo.
Dessa forma, a pesquisa traz como objetivos específicos pensar a relação entre a
influência religiosa e determinados conceitos tais como a doutrinação, Ideologia e a
Moral.

A razão de realizar este projeto surgiu da vontade de compreender como


grupos religiosos são capazes de influenciar a educação nacional. Este interesse de
pensar em religião se deve ao fato de ter crescido em uma família religiosa.

Desde criança eu frequentava as mesmas igrejas que meus pais. Até os 8 anos
de idade meus pais eram católicos, mas não eram de frequentar muito a igreja. Já
com meus 9 ou 10 anos de idade eles começaram a fazer parte da igreja Assembleia
de Deus, uma igreja neopentecostal que possuía regras muito rígidas de
comportamento, como por exemplo, proibia mulheres de usar calça as fazendo usar
apenas saias e, mesmo assim, essa veste não deveria estar acima do joelho.

Outra regra que considerava “exagerada”, a um primeiro olhar, era a proibição


de assistir televisão, com a justificativa de que a mesma não era algo que iria de
agrado com o que Deus queria para seus fiéis. Além disso, só consideravam aceitável
ouvir músicas de conteúdo gospel, assim como não estimulavam a leitura de livros
que não fossem a bíblia ou revistas com conteúdo que eram ensinados nas aulas aos
domingos de manhã na igreja.

Quando se é criança não se questiona tanto essas coisas. Na adolescência


comecei a questionar se realmente acreditava em tudo que me diziam ser a verdade
dentro da religião, se fazia sentido para mim seguir regras que um homem comum

11
dizia para mim, como se fosse a palavra de um ser superior. Foi quando comecei a
me interessar mais pelas ciências, estudando a evolução, a teoria do big bang. Percebi
que não precisava da religião para explicar questões tão complexas como a origem
do universo e das espécies. Além de ter desenvolvido um grande interesse pela
filosofia que me respondia e fazia pensar em questões existenciais. Essas ações e
pensamentos me fizeram compreender o mundo de outra forma e entender que a
religião não fazia mais sentido para minha realidade.

A partir dessa minha nova realidade onde passei a me reconhecer como uma
pessoa sem religião, percebi que grupos religiosos estavam sempre buscando obter
mais participação dentro da política e da educação. Questionei, inicialmente, o porquê
da demonstração, por esses grupos, de tanta preocupação e interesse pelas práticas
educativas e seus conteúdos.

Buscar entender quem são as pessoas por trás do projeto de lei “Escola sem
partido”, qual a motivação que elas têm para desenvolver uma proposta educacional
que vem despertando conflitos no que diz respeito à doutrinação no meio escolar; e
pensar nos conceitos que envolvem o anteprojeto e nos possíveis impactos que pode
causar no nosso sistema de ensino tornou-se assim, um objeto de escolha.

Esse tema acompanha certa dificuldade para o desenvolvimento da pesquisa


que é o fato de ser um tema muito contemporâneo. Dessa forma, a todo momento,
pode ocorrer alguma mudança no andamento do “Escola sem Partido” que ainda pode
ser aprovado ou não que pode ser desconsiderado por juízes. Ou seja, é um cenário
incerto, porém, rico enquanto objetos de pesquisa.

Para o desenvolvimento dessa pesquisa parte dela será uma análise dos sites
“Escola sem partido”, além de suas páginas em redes sociais onde divulgam suas
notícias, ideias, propostas, acusações e denúncias de professores e/ou alunos,
considerados “doutrinando” em universidades e escolas.

Sendo assim, a metodologia a ser trabalhada envolve três dinâmicas:


Inicialmente, será feita uma análise do Anteprojeto de Lei que inclui entre as diretrizes
e bases da educação nacional, de que trata a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, o "Programa Escola sem Partido". Em um segundo momento, a realização de
uma pesquisa de campo em uma escola campista onde se pretende analisar o que os

12
alunos pensam sobre o ensino de religião na escola, sobre doutrinação e o projeto da
escola sem partido. E, por fim, a análise das redes sociais e sites do ESP. Dessa
forma, pretende-se desenvolver um estudo de caso sobre o “Escola sem partido”,
analisando o anteprojeto e suas problemáticas.

Nesse sentido, o presente trabalho está dividido da seguinte forma: No primeiro


capítulo pretende-se apresentar o objeto de pesquisa assim como minha motivação
para a realização dessa pesquisa. O segundo capítulo tem objetivo de fazer uma
análise das redes sociais, sites utilizados pelo projeto como meio de divulgação e
interação entre os apoiadores da Escola Sem Partido e seus discursos. No terceiro
capítulo pretende-se apresentar a discussão teórica sobre alguns conceitos utilizados
no projeto analisando como a “Escola sem Partido” utiliza e os autores da área
pensam acerca desses conceitos.

13
CAPÍTULO 1 – O PESQUISADOR E SEU OBJETO

O primeiro contato com o Escola sem Partido foi a partir do momento que o
assunto começou a ganhar mais espaço na mídia com o projeto sendo protocolado
na Câmara dos Deputados em 2015.

Com o assunto ganhando cada vez mais espaço na mídia e nas redes sociais
foi possível notar que existia uma divisão clara entre os apoiadores do projeto e os
grupos que se colocavam contra. Sendo um estudante de licenciatura,
particularmente, este projeto me chamou a atenção por conter propostas que podem
afetar diretamente minha futura profissão de professor, caso venha a ser aprovado.
Com isso, surgiu o interesse em pesquisar sobre o projeto, entender os seus objetivos,
quem são os interessados nessa aprovação, suas problemáticas e problemáticas.

1.1 A Escola sem Partido

O projeto Escola sem Partido surgiu da iniciativa de alguns alunos e pais


religiosos que se organizaram com o intuito de acabar com a doutrinação política
ideológica que “supostamente” ocorre constantemente nas escolas pelo Brasil. Um
dos criadores do projeto é Miguel Nagib que também é coordenador do projeto. O
projeto surgiu em 2004, porém, somente em 2015, veio a se tornar um projeto de lei
oficialmente proposto pelo Deputado Izalci do Partido Social Democrático Brasileiro
do Distrito Federal (PSDB-DF) e desde então espera andamento no processo.

O projeto possui um site oficial com todas as informações acerca da


discussão sobre a Escola Sem Partido contendo os seus objetivos e o projeto em si
na íntegra.

Logo, ao acessar a primeira página, nos deparamos com um vídeo afirmando


que o Sindicato dos Professores, os partidos de esquerda, principalmente o Partido
dos Trabalhadores (PT), são contra o projeto “porque eles lucram de alguma forma
com a educação no estado em que se encontra”1.

1http://www.programaescolasempartido.org/<acesso em 05/01/17>.
14
Eles também possuem um site oficial da organização do projeto onde postam
notícias relacionadas ao projeto, fazem denúncias de casos de “doutrinação” nas
escolas e textos defendendo suas ideias.

Neste site também é possível encontrar áreas com dizeres como “Flagrando
o doutrinador”, “Planeje sua denúncia”, “Doutrina da doutrinação”, “Síndrome de
Estocolmo”, “Educação moral”. Utilizam de imagens com divulgação de cursos sobre
Revolução Russa e de autores considerados de esquerda como Karl Marx e Antônio
Gramsci como se fosse uma afronta a pluralidade de ensino.

Além disso, o projeto possui também uma página oficial no facebook com mais
de cem mil seguidores onde também compartilha notícias relacionadas, imagens e
vídeos de apoio ao projeto, assim como, atacam grupos ou pessoas que são
declaradamente contra o projeto, contendo na caixa de comentários uma grande
quantidade de pessoas que fazem comentários duros contra seus opositores que,
supostamente são considerados, de forma genérica como “comunistas”.

O Projeto Escola sem Partido é uma proposta de lei que torna obrigatória a
afixação em todas as salas de aula do ensino fundamental e médio de um cartaz com
o seguinte conteúdo:
1- O professor não se aproveitará da audiência cativa dos alunos para
promover os seus próprios interesses, opiniões, concepções ou
preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias.
2- O professor não favorecerá nem prejudicará os alunos em razão de suas
convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas.
3- O professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula, nem
incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e
passeatas.
4- Ao tratar de questões políticas, socioculturais e econômicas, o professor
apresentará aos alunos de forma justa – isto é, com a mesma profundidade
e seriedade -, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas
concorrentes a respeito.

15
5- O professor respeitará o direito dos pais a que seus filhos recebam a
educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.
6- O professor não permitirá que os direitos assegurados nos itens anteriores
sejam violados pela ação de terceiros, dentro de sala de aula.
(Http://www.programaescolasempartido.org/<acesso em 10/02/17>) ¹

O projeto acredita que nas escolas ocorre um abuso da liberdade de ensinar


por parte dos professores, que esses professores utilizam as aulas para influenciar
seus alunos com suas preferências ideológicas e políticas. Em sua página oficial na
internet, o Programa Escola sem Partido afirma:

A doutrinação política e ideológica em sala de aula ofende a liberdade de


consciência do estudante; afronta o princípio da neutralidade política e
ideológica do Estado; e ameaça o próprio regime democrático, na
medida em que instrumentaliza o sistema de ensino com o objetivo
de desequilibrar o jogo político em favor de um dos competidores2.

Alguns dos grandes apoiadores do projeto Escola sem Partido são o


Movimento Brasil Livre (MBL), a bancada evangélica do Congresso Nacional, o Pastor
e Deputado Marco Feliciano (PSC-SP), além da conhecida família de políticos
Bolsonaro cujo Eduardo Bolsonaro expressou sua opinião sobre o projeto na
Comissão Especial para o projeto Escola sem Partido:

Os professores ficam nesse devaneio de senso crítico(...) O projeto escola


sem partido tem que prever uma criminalização, uma pena, porque eles
sabem o que estão fazendo (...) eles estão mudando a estratégia.
Passaram do Marx, tentaram tomar os quarteis, não conseguiram,
graças aos militares, obrigado militares de 643.

1.2 A pesquisa e o momento político brasileiro

Buscando compreender se esse cenário descrito pelos apoiadores do projeto,


pode ser visto de fato em uma escola comum, utilizei da escola aonde realizava

2 Http://www.programaescolasempartido.org/saiba-mais<acesso em 10/02/16>.
3https://www.youtube.com/watch?v=SzlnDnbAutM<acesso em 15/03/2017>
16
estágio, para aplicar um questionário numa pequena turma do terceiro ano do ensino
médio.

Em dezembro de 2016, foi realizado um breve questionário com alunos de uma


escola na cidade de Campos dos Goytacazes contendo perguntas sobre religião e o
movimento “Escola sem partido”. A ideia de fazer este questionário consistiu no
interesse em saber o que os alunos, que são afetados diretamente pelo anteprojeto,
conhecem sobre ele, se essa demanda por mudanças também parte dos alunos. O
questionário foi desenvolvido pensando em algumas questões básicas, tais como: se
os alunos possuem religião, o que pensam sobre o ensino de religião na escola, se já
conheciam o movimento escola sem partido, se consideram que ocorre algum tipo de
doutrinação na escola.

Apliquei o questionário4 em uma escola campista localizada, no centro do


município de Campos dos Goytacazes onde realizei o estágio supervisionado. Antes
da aula começar informei aos alunos que estava fazendo uma pesquisa sobre a
“escola sem partido” e queria que eles respondessem algumas perguntas. Eles
aceitaram responder e não tiveram a curiosidade de perguntar do que se tratava esse
movimento. Quando questionados em relação ao projeto “Escola sem Partido” em
uma das questões, nenhum aluno afirmou conhecer nada sobre, o que pode ser
considerado curioso pelo fato de que no questionário, em uma das perguntas, a
maioria da turma não sabia nada sobre a “escola sem partido”. E quando questionados
em relação a ocorrer algum tipo de doutrinação em sala de aula a maioria respondeu
não ocorrer e alguns não conseguiram compreender a questão.

O Brasil vem passando por um momento político muito complicado e


complexo nos últimos anos. Desde as Eleições de 2014 houve um acirramento
significativo na rivalidade entre os movimentos de esquerda e direita. No Planalto, a
Presidente Dilma Rousseff do PT tinha vencido as eleições, porém, a oposição
contava com a maioria dos deputados na Câmara dos deputados e a maioria dos
Senadores no Senado Federal. Esse cenário chegou ao seu ponto mais importante
no ano de 2016, quando Dilma Rousseff sofreu impeachment sob a acusação de ter
cometido crimes de responsabilidade fiscal. Com isso, quem assumiu seu lugar foi o

4
Escolhi não utilizar o questionário como parâmetro de representação real das opiniões dos alunos pelo fato
do questionário ter sido aplicado apenas à doze alunos.
17
Vice-Presidente Michel Temer do (PMDB). Com um novo Presidente no comando,
contando com o apoio da maioria do Senado e Câmara começou a se articular várias
reformas, como a reforma da previdência, reforma trabalhista e a reforma do Ensino
Médio, esta qual, já foi sancionada pelo Presidente no dia 16/02/16.

Essa rivalidade entre direita e esquerda não aumentou apenas em Brasília.


Pelas redes sociais podemos notar a grande quantidade de discussões, onde quase
qualquer assunto pode se transformar em algo considerado de “direita” ou de
“esquerda”.

Compreendendo este contexto, nota-se que o Escola sem Partido, possui


entre seus organizadores e apoiadores uma preocupação muito grande com o fato de
que as escolas “supostamente” estão “doutrinando” seus alunos com ideais de
“esquerda”, como por exemplo, ensinar Karl Marx ou falar sobre ideologia de gênero.

Em sua página no facebook, os apoiadores do projeto confirmam suas


preocupações com a “doutrinação” e quem crítica o projeto passa a ser visto como
“esquerdista”. Para se ter noção desse caráter acusatório, no dia 13/04/17 relatores
da ONU (Nações Unidas) lançaram um comunicado recomendando que o Governo
Federal conduza uma revisão no projeto de lei que trata do Escola sem Partido, que
se aprovado, pode retirar das salas assuntos considerados “controversos” ou
“sensíveis”, com isso a ONU quer que os direitos dos professores a liberdade de
opinião sem interferências5. Dias após o comunicado da ONU foi compartilhado pela
página do projeto, um vídeo produzido pelo MBL, o qual acusam a ONU se ser
influenciada pela extrema esquerda.

1.2: Esquerda vs Direita

Para compreender melhor o porquê desse medo e preocupação com a


doutrinação de esquerda que supostamente vêm ocorrendo em escolas de todo o
Brasil, é necessário compreender do que se trata o termo “esquerda”. Para tal, busquei
observar como o tema vem sendo trabalhado em um dos livros didáticos de sociologia

5http://exame.abril.com.br/brasil/onu-alerta-para-impactos-do-escola-sem-partido-na-educacao-do-
pais/<acesso em 23/03/17>

18
de mais acesso nas escolas públicas do Rio de Janeiro. Livros didáticos que são
criticados pelo ESP por possuir conteúdos “doutrinadores”.

Segundo um dos livros didáticos de sociologia utilizados nas escolas


estaduais do estado do Rio de Janeiro, “Iniciação à Sociologia”, a partir do Século XVI
na Europa o sistema feudal começava a perder força, a burguesia comercial possuía
muito poder e não estava disposta a abrir mão de seus lucros. A burguesia
estabeleceu alianças políticas com a monarquia. Mesmo com isso ocorreram as
primeiras revoluções burguesas onde a burguesia revolucionária não aceitava mais a
intervenção da nobreza na economia com as revoluções puritana e gloriosa na
Inglaterra e a Revolução Francesa de 1789. Com isso se dava início ao Sistema
Capitalista e a sociedade moderna (TOMAZI, 2000).

Como reposta a desigualdade entre as classes sociais produzidas pelo


capitalismo, surgiram os pensadores socialistas, se destacando Karl Marx, que
pensava nesta relação entre as classes, como uma relação de antagonismo. Marx
afirma no Manifesto Comunista (1998) que:

A meta imediata dos comunistas é a mesma de todos os outros partidos


proletários: a formação do proletariado em uma classe, a derrubada da
supremacia burguesa, a conquista do poder político pelo proletariado.
Suas conclusões teóricas não estão baseadas de modo algum em ideias
ou princípios que foram inventados, ou descobertos, por este ou aquele
futuro reformador universal. Mas apenas expressões generalizadas das
condições de uma luta de classes que existe de fato, de um movimento
histórico que se passa diante de nossos olhos. (...) A característica
distintiva do comunismo não é a abolição da propriedade em geral, mas
a abolição da propriedade burguesa. A propriedade privada da burguesia
moderna é a expressão final e mais completa do sistema de produção e
de apropriação de produtos, que é baseado no antagonismo de classes,
na exploração de um homem por outro. Neste sentido, a teoria dos
comunistas pode ser resumida em uma sentença: abolição da
propriedade privada. (MARX, 1998, p. 32)

Para Karl Marx (1998) em sua obra Manifesto Comunista, o capitalismo é um


sistema que se predomina pela propriedade privada, acumulação de capital, busca
pelo lucro, onde o burguês ou capitalista será o dono dos meios de produção (terras,
fábricas, máquinas) e onde o trabalhador irá trocar sua força de trabalho por um salário
para sua subsistência.

19
Rosa Luxemburgo (1918), filósofa, economista marxista e militante
revolucionária afirma no texto “A socialização da sociedade”:

A revolução do proletariado, que acaba de começar, não pode ter


nenhum outro fim nem nenhum outro resultado a não ser a realização
do socialismo. Antes de tudo, a classe operária precisa tentar obter todo
o poder político estatal. Mas para nós, socialistas, o poder político é
apenas meio. O fim para o qual precisamos utilizar o poder é a
transformação radical da situação econômica como um todo. Hoje,
todas as riquezas _ as maiores e melhores terras, as minas e empresas,
assim como as fábricas pertencem a alguns poucos latifundiários e
capitalistas privados. A grande massa dos trabalhadores, por um árduo
trabalho, recebe apenas desses latifundiários e capitalistas um parco
salário para viver. O enriquecimento de um pequeno número de ociosos
é o objetivo da economia atual. Esta situação deve ser eliminada. Todas
as riquezas sociais, o solo com todos os tesouros que abriga no interior
e na superfície, todas as fábricas e empresas, enquanto propriedades
comuns do povo, precisam ser tiradas das mãos dos exploradores. O
primeiro dever de um verdadeiro governo operário consiste em
proclamar, através de uma série de decisões soberanas, os meios de
produção mais importantes como propriedade nacional e em pô-los sob
o controle da sociedade. (LUXEMBURGO, 1918)
O comunismo como Marx previa acabou nunca se concretizando em sua
totalidade, alguns Países como a União Soviética, Cuba e Vietnã adotaram o sistema
Socialista de governo, porém Marx previa que o Comunismo evoluiria em etapas, e
para se atingir o Socialismo e posteriormente o Comunismo, era necessário que esta
sociedade já se encontrasse num estado avançado do Capitalismo, que não era o
caso destes países em questão.

O embate entre Comunistas e Capitalistas continuou forte por conta da guerra


fria onde a União Soviética defendia seus ideais socialistas e sua expansão, enquanto
os Estados Unidos os viam como uma ameaça ao seu sistema capitalista, que
culminou por fim com a derrota dos Soviéticos em 1989.

Nelson Tomazi (2000), explica o antagonismo entre as classes sociais dentro


do capitalismo em seu livro didático de Sociologia para o Ensino Médio:

No sistema capitalista, as classes sociais constituíram-se de maneira oposta, tanto


no plano econômico como no político, o que elimina qualquer ideia de
que a burguesia e o proletariado tenham se tornado antagônicos num
segundo momento. No plano econômico, esse antagonismo se revela
nas relações de apropriação/expropriação da riqueza gerada pela
sociedade; no plano político, na dominação que a classe capitalista
estabelece sobre as demais classes. (TOMAZI, 2000, p. 102).

20
Os EUA representam o capitalismo, com seu domínio político e econômico,
principalmente após a Segunda Guerra, promovendo grande estimulo ao consumo
pela sociedade.

Para se manterem no topo do jogo político, os capitalistas podem recorrer a


medidas drásticas, como afirma Tomazi (2000):

A burguesia, quando se vê ameaçada, recorre a formas de poder


autoritárias e ditatoriais, quase sempre adotando como procedimento
comum a dissolução do Parlamento, o uso indiscriminado das forças
policiais e militares, a destruição física de qualquer oposição política, o
fim da liberdade de pensamento e da imprensa, etc. no decorrer da
história, essas formas ganharam certas denominações de acordo com
suas especificidades: Estado bonapartista (França, 1851-1870), Estado
cesarista (Alemanha, 1871-1890), Estado Fascista (Itália, 1925-1943),
Estado nazista (Alemanha, 1933-1945), ditaduras militares (América
Latina, Turquia, etc.) (TOMAZI, 2000, p. 155).

Entretanto, existem autores que não viam o capitalismo como algo prejudicial
a sociedade como os autores de esquerda. Em pesquisa realizada, buscando
compreender melhor o pensamento conservador, me deparei com dois autores que
parecem refletir o pensamento da direita. Edmund Burke (1729-1797), político, filósofo
e teórico político é conhecido como o pai do conservadorismo moderno.

Russel Kirk (1918-1994) foi um filósofo político, historiador e escritor


americano de grande influência no conservadorismo americano no século XX, uma de
suas obras mais reconhecida é “A Política da prudência” de 19936. A partir deste livro,
Kirk adaptou alguns princípios que ajudam a compreender o pensamento
conservador. Princípios que aparecem em diversos websites de direita7, como
“Direitas Já”, “Tradutores de Direita” e “Portal Conservador. Esses princípios foram
divididos em 10 e consistem em:

1 - O conservador acreditada que existe uma ordem moral duradoura.


Que a ordem está feita para o homem, e o homem é feito para ela: a
natureza humana é uma constante, e as verdades morais são
permanentes.
2 - Segundo, o conservador adere ao costume, à convenção, e à
continuidade. São os princípios antigos que permitem que as pessoas

6Original em inglês: http://www.kirkcenter.org/thought<acesso em 29/05/17)


7http://portalconservador.com/quem-foi-russell-kirk/<acesso em 25/05/17>
http://tradutoresdedireita.org/os-dez-principios-conservadores/<acesso em 25/05/17>
https://direitasja.com.br/2012/09/15/os-10-principios-conservadores-por-russell-kirk/<acesso em
25/05/17>
21
vivam juntas pacificamente. Os demolidores dos costumes destroem
mais do que sabem ou desejam.
3 - Os conservadores acreditam no que pode ser chamado o princípio
da prescrição.
4 - Os conservadores são guiados por seu princípio da prudência. Burke
concorda com Platão que para o estadista, a prudência é a maior dentre
as virtudes.
5 - Os conservadores prestam atenção ao princípio da diversidade.
6 -Os conservadores se purificam por seu princípio da imperfeição
(“imperfectability”). A natureza humana sofre irremediavelmente de
determinadas falhas graves, o sabem os conservadores.
7 - Conservadores estão convencidos de que a liberdade e a
propriedade são intimamente relacionadas. Separe a propriedade da
possessão privada e o Leviatã se transformará no mestre de todos
8 - Conservadores suportam ações comunitárias voluntárias, tanto
quanto se opõem ao coletivismo involuntário.
9 - O conservador percebe a necessidade de prudentes restrições ao
poder e às paixões humanas. Politicamente falando, o poder é a
habilidade de realizar a vontade de um não obstante a vontade dos
demais.
10 - O pensador conservador compreende que essas permanências e
mudanças devam ser reconhecidas e reconciliadas em uma sociedade
vigorosa8.
Compreendendo essa questão de disputa recorrente entre os dois lados, me
faz questionar o porquê de alguns dos maiores apoiadores do Projeto escola sem
partido, como Eduardo Bolsonaro, por exemplo, constantemente demonstrar seu
ponto de vista favorável a ditadura militar de 1964. Essa mesma ditadura que
perseguia professores, acusando-os de doutrinação ideológica de esquerda e
mantinham aulas sob vigilância9. Entender o posicionamento das pessoas envolvidas
nesse movimento vai ser importante para compreender as intenções do projeto ESP.

8Http://tradutoresdedireita.org/os-dez-principios-conservadores/<acesso em 29/05/17.
9
https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/aulas-sob-vigilancia-perseguicao-na-ditadura-militar-
8110480#ixzz4Qb8igBPv
22
Capítulo II: Escola Sem Partido nas mídias, política e religião.

Analisando os sites oficiais e sua página nas redes sociais, iremos notar que
o ESP apesar de ter um discurso de pluralidade de ideias, liberdade e ser contra
doutrinação ideológica, por vezes, acaba se contradizendo, pois, esse projeto pode
acarretar na perda de liberdade dos profissionais da educação e a doutrinação
ideológica denunciada, parece ser especificamente focalizada em certos grupos.

O site principal, onde é possível ler o projeto de lei completo, como já dito,
possui um vídeo falando que o PT, sindicatos e outros partidos de esquerda são contra
o ESP porquê são beneficiados com o modelo de educação atual, porém não explica
que tipo de benefícios. No mesmo site é possível acessar o “Escola sem partido nas
eleições de 2016”, essa área do site apresenta um modelo de documento 10 em que
candidatos à prefeitos e vereadores podem assinar um termo de compromisso se
comprometendo a apoiar com o voto favorável ao projeto na câmara ou no caso do
possível prefeito eleito, apresentar o projeto à Câmara. Além disso, é possível ver
quem são os candidatos que assinaram esse compromisso, sendo em sua maioria
candidatos filiados ao PSC E PSDB, partidos habitualmente considerados de direita
ou conservadores.

O outro site11 do ESP possui muito mais informações sobre o movimento,


diversas notícias sobre o projeto, “denúncias” de doutrinação e artigos orientando os
apoiadores do projeto como agir ao se deparar com algum caso de doutrinação ou
algum livro didático com tendências “esquerdistas”. Alguns exemplos destes artigos:
“Acadêmicos atacam a ‘doutrinação’ do Enem”, “Por uma lei contra o abuso da
liberdade de ensinar”, “A inconstitucionalidade do Enem” onde afirmam que o Enem

10
http://www.programaescolasempartido.org/esp-nas-eleicoes-2016/
11
escolasempartido.org
23
de 2015 é inconstitucional, pois exige dos alunos, respeito aos “direitos humanos” na
prova de redação, e dessa forma, reclamam que o aluno teria de ter uma posição
assumida em relação ao tema da relação. Em “Mensagem de fim de ano do
coordenador do Escola sem Partido ao militante disfarçado de professor” Miguel Nagib
escreve em tom de ameaça:12

Prezado Militante Disfarçado de Professor:


2016 está chegando ao fim. Foi um ano de ouro para a militância em
sala de aula, não é mesmo? O ano do "gópi", do "Fora, Temer!", das
"ocupações" contra a PEC 241… Quanta politicagem! E a trabalheira
para "desconstruir a heteronormatividade dxs alunxs"? Mesmo sem dar
aulas e fazendo aquilo de que mais gosta, você deve estar exausto.
Agora vêm as férias, o descanso merecido antes de voltar ao front em
2017.
Pois é de 2017 que eu gostaria de lhe falar. Tudo indica que não será
um ano muito tranquilo para politiqueiros como você. O problema é que,
graças em parte ao trabalho realizado pelo Escola sem Partido ‒ que
você tanto odeia quanto teme ‒, a doutrinação ideológica e a
propaganda política e partidária em sala de aula estão se tornando uma
atividade de alto risco. A cada dia mais gente fica sabendo quem você
é e o que você faz no segredo das salas de aula. E o que é pior: essas
pessoas já entenderam que aquelas práticas, além de covardes e
antiéticas, são ilegais, o que significa que você pode acabar tomando
um processo nas costas caso venha a causar algum dano, material ou
moral, a qualquer dos seus alunos.
A situação vai ficar ainda mais complicada para o seu lado quando sair
pela editora Record o livro que Rodrigo Constantino e eu estamos
escrevendo, o que deve acontecer logo no começo do ano. Mais e mais
estudantes e pais saberão como lidar com abusadores como você.
Três anos é o prazo de prescrição das ações de reparação de danos,
segundo o Código Civil. É o tempo de que dispõem as suas vítimas para
decidir se desejam processá-lo. O interessante é que, nesse meio
tempo, elas já não estarão sob o seu poder, de modo que você não
poderá persegui-las ou prejudicá-las. Você provavelmente já terá
esquecido o nome delas, mas elas se lembrarão perfeitamente do seu.
Agora, pense no número de estudantes e pais que podem se sentir
lesados pelas suas práticas abusivas ao longo desses três anos, e
calcule o tamanho do risco a que você está se expondo e expondo as
escolas onde trabalha, que respondem solidariamente pelos danos que
você causar aos usuários dos serviços que elas prestam. É por isso que
professores com o seu perfil passarão a encontrar cada vez mais
dificuldade para arrumar emprego nas escolas particulares. Você pode
ser muito útil para os partidos e organizações a que serve, mas para as
escolas em que trabalha é sinônimo de encrenca.

12http://escolasempartido.org/sindrome-de-estocolmo-categoria/647-mensagem-de-fim-de-ano-do-

coordenador-do-escola-sem-partido-ao-militante-disfarcado-de-professor<acesso em 18/01/17>
24
Se você soubesse como é fácil, no Brasil, processar outra pessoa,
ficaria bastante preocupado. Só para você ter uma ideia: nos juizados
especiais, se o valor da indenização pleiteada for igual ou inferior a 20
salários mínimos (R$ 15.760,00), o autor da ação nem precisa gastar
dinheiro com advogado: ele mesmo pode assinar a petição, cujo modelo
eu terei o prazer de disponibilizar.
É claro que algumas dessas ações podem vir a ser julgadas
improcedentes; mas até isso acontecer, você já terá tido um bocado de
aborrecimentos e despesas. O simples fato de ser processado já é uma
“condenação”.
Enfim, tudo vai depender das suas vítimas. Se elas não se acovardarem
ou se omitirem, você vai receber tantas intimações que pode acabar
ficando amigo do carteiro ou do oficial de justiça.
De minha parte, continuarei me esforçando para que molestadores
empedernidos como você sejam expelidos do sistema. Desejo-lhe,
portanto, um 2017 cheio de denúncias e processos. Que seus alunos
não caiam na sua conversa, e os pais deles estejam sempre de olho em
você.
Estes são os meus votos de Ano Novo para você e seus colegas de
militância.
Sem o menor respeito ou admiração.
Miguel Nagib13

Também na página há o estímulo a divulgação de seus materiais na escola


em “Nenhum professor precisa esperar a aprovação do Projeto Escola sem Partido
para adotar o cartaz com os Deveres do Professor”. Com isso eles estimulam
professor a imprimir cartazes com os “Deveres do Professor” divulgados pelo ESP,
afirmando que:

Você estará, ao mesmo tempo, disseminando conhecimento sobre os


limites éticos e jurídicos da atividade docente; "vacinando" seus alunos
contra a doutrinação; mostrando a eles que não teme ser avaliado à luz
dos Deveres do Professor; e, last but not least, infernizando a vida dos
seus colegas militantes14.

13
http://escolasempartido.org/sindrome-de-estocolmo-categoria/647-mensagem-de-fim-de-ano-do-
coordenador-do-escola-sem-partido-ao-militante-disfarcado-de-professor <acesso em 18/01/17.
14
http://escolasempartido.org/sindrome-de-estocolmo-categoria/655-nenhum-professor-precisa-
esperar-a-aprovacao-do-projeto-escola-sem-partido-para-adotar-o-cartaz-com-os-deveres-do-
professor<acesso em 18/01/17>
25
Neste site também possui uma área chamada de “Corpo de Delito”, que
apresenta os supostos “crimes” realizados pelo Brasil, a se considerar o nome. Entre
eles: Em “Ensino da Ditadura Militar nas Escolas...Gramcismo Puro”15, é “denunciado”
a realização de uma palestra que visava debater como a ditadura é ensinada nas
escolas, contando com presença de professores e com participação da Comissão
Nacional da Verdade, que “tem por finalidade apurar graves violações de Direitos
Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. ”16 Com
destaque para os diversos crimes cometidos durante a ditadura militar de 1964. Num
evento para professores discutirem as melhores formas de abordar este tema, o
descontentamento do integrante do ESP que estava no evento, se constituía no fato
de que ele discordava com o fato dos professores presentes considerarem o Golpe
de 64 como algo negativo em sua perspectiva histórica, nas palavras do próprio:

Antes de retirar-me, identifiquei-me, dizendo à Coordenadora que


respeitava seus pontos de vista, mas não concordava em nada com as
ideias ali expostas. Sua expressão foi de espanto. Depois, fiz entrega a
uma das professoras de um material escrito (a variadas mãos) com o
posicionamento de alguns militares sobre a contra-revolução
democrática de 31 de março de 1964, mesmo sabendo ser atitude vã,
pois a “Academia” nunca compreenderá o tema como por nós ali
descrito.
Conclusão deste participante: gramscismo puro, da mais alta
qualidade17.

Em outras publicações18 do site como: "Não existe escola nem educadores


que não sejam de esquerda" eles pegam um comentário de uma pessoa que é contra
o ESP no facebook, expõe o nome dela e seu endereço no site, com o seguinte
comentário postado pela mesma: “que povo mais ignorante... vc devia ler PAULO
FREIRE, vc não vai poder viver num mundo sem a esquerda... viva LULA, viva paulo
freire, viva o MST, viva a revolução da esquerda...Não existe escola nem educadores
que nao sejam da esquerda...”.19

15http://escolasempartido.org/corpo-de-delito-categoria/434-ensino-da-ditadura-militar-nas-escolas-

gramcismo-puro< acesso em 10/05/17>


16http://www.cnv.gov.br/institucional-acesso-informacao/a-cnv.html<acesso em 10/05/17>
17 Http://escolasempartido.org/corpo-de-delito-categoria/434-ensino-da-ditadura-militar-nas-escolas-
gramcismo-puro< acesso em 10/05/17>
18
As citações representando os comentários contém erros de português pois foram utilizadas da forma em que
aparecem nos sites.
19http://escolasempartido.org/corpo-de-delito-categoria/15-qnao-existe-escola-nem-educadores-que-

nao-sejam-de-esquerdaq< acesso em 10/05/17>


26
Há outros exemplos de “crimes” que podem ser vistos em chamadas como:
“Professores da UFBA apoiam doutrinação em livro didático”, “"Che" Guevara para
crianças: quatro parágrafos indecentes”, “A glamorização de um terrorista” texto sobre
Carlos Marighella, que lutou contra a ditadura. Outra denúncia feita é divulgação de
um vídeo onde alunos fazem uma paródia de um funk utilizando os conceitos
principais de Karl Marx. Parte da letra da música diz:

“O Karl Marx estudou economia, e também estudou sociologia, quer nos


explicar a luta de classes, pela ideologia, alienação e mais valia, os
burgueses não moram na favela, estão nas empresas explorando a
galera, e os proletários, o salário é uma miséria, essa é a mais-valia,
vamos acabar com ela”.20
Por fim, na chamada “Professores se revelam no Facebook” o site do ESP
expõe prints (com nome e foto) de professores “revelam o uso que fazem da liberdade
de ensinar”*. Algumas citações desses professores vistos como de “esquerda” são
postadas no site para revelar segundo a ESP, a doutrinação por esses profissionais:
“Como professora eu digo: Minha vingança a essa bancada de direita será dentro da
sala de aula. Golpistas não passaram. #NãoAoGolpe”.

“Sempre me posicionei em sala de aula. Meus alunos, especialmente


na EJA, souberam da minha posição política a esquerda (inclusive a
este governo que ainda está aí). Contudo a partir de amanhã, adotarei
uma postura ainda mais radical. Sempre tive ressalvadas com relação
a metáforas bélicas. Mas agora será diferente. A partir de amanhã eu
vou para a guerra! E cada aula será uma batalha”,
“O que eu farei, enquanto professor de história e antropólogo, é ensinar
para meus alunos o que é um estado laico, o que significa a separação
Estado e igreja, o que é um estado democrático de direito, a importância
de programas sociais, de reforma agrária de verdade, o que significa
respeito à diversidade sexual, igualdade de gênero, liberdades
individuais. Ou seja, farei tudo que for possível para que nunca mais
seja eleito um congresso tão conservador e retrógrado quanto este. Se
isso pra ti é palanque, pra mim é educação”,
“Outro exemplo. Sou ateia. Sempre deixei bem claro isso. Alunos
perguntam pq eu sou ateia. E sim. Vou ficar feliz se tirar algum das
amarras da religião... tinha uma aluna da umbanda que era zoada
fortemente na sala... meu papel foi conversar com a turma... mostrar
que era errado fazer o que faziam com ela. Mesmo sendo diferente do
que eu acredite como certo, ter qualquer religião”).21

20
http://escolasempartido.org/corpo-de-delito-categoria/626-funk-do-karl-marx-em-escola-do-parana< acesso
em 18/03/17>

21http://escolasempartido.org/corpo-de-delito-categoria/603-professores-se-revelam-no-facebook
<acesso em 20/05/17>
27
Há outras frases que são postadas como protesto ao ESP: “Hoje, primeiro dia
de aula, iniciando o semestre. Saudei a nova turma com ‘primeiramente fora temer’”,
“Nós vamos falar sobre fundamentalismo religioso sim, nós vamos falar sobre
feminismo, nós vamos falar sobre autoritarismo, nós vamos falar sobre violência, nós
vamos falar sobre a crise do capital. Nós seremos os professores dos seus filhos”. As
postagens se referem a afirmações sobre o ensino de Karl Marx, gênero, e a
importância de falar em sala de aula de assuntos como esse:

“Vou falar da questão de gênero em sala de aula sim! Vou fazer o


debate, esclarecer dúvidas quando estas houverem e vou me posicionar
a respeito sim. Qual q prefeitura que vai me proibir disso, como
professor em sala de aula? Vão me amordaçar? Me prender? Me
demitir? Pois acendam suas tochas que eu estudo a inquisição a 3 anos
e digo sem nenhum receio, não tenho medo de vocês”.22
Postagens expondo pessoas dessas formas são feitas na página oficial do
ESP no facebook, sem preservar a imagem de quem está postando algo, assim como
vídeo de professores ou alunos falando em sala sobre assuntos que vão contra os
princípios do ESP e os princípios morais dos pais que também apoiam o projeto.

Em um vídeo postado nesta página, na descrição o ESP chama os alunos de


fantoches, esses alunos do paraná cantam uma música como forma de protesto à
repressão que sofreram durante as ocupações, criticando o governo por falta de
investimento na educação e envolvimento em esquemas de corrupção. Nos
comentários do vídeo, percebemos a posição dos apoiadores do ESP em relação a
isso:

“Isso é o pai que tem que resolver. Ir lá e quebrar o pau.


Isso aí não é professor e deveria ser PRESO! A profissão de professor
e muito importante pra permitirem uma MACAQUISSE dessa aí. O que
vejo no vídeo é um monte de macaco de circo fazendo palhaçada”,
“Receita de Doutrinação: 1Partido Político sem ética PT, 50 crianças e
adolescentes em formação com abertura para tudo, 10 ou 20
Doutrinadores (presta atenção, não são professores, pois estes têm
amor pelo que fazem, ensinar cidadãos em formação) com miolo mole
para repetirem atos sem ética, pronto, está feita a grande lambança!
Que ainda seja possível reverter esse absurdo nas próximas gerações”
23.

22Http://escolasempartido.org/corpo-de-delito-categoria/603-professores-se-revelam-no-facebook
<acesso em 20/05/17.
23https://www.facebook.com/escolasempartidooficial/videos/827211474096512/<acesso em

13/05/07>.
28
Em outro vídeo postado por eles, uma professora afirma que questão de
gênero está sendo trabalhada nas escolas apesar das dificuldades, e mesmo que
essa questão não esteja no plano da escola ela vai continuar trabalhando nisso, pelo
empoderamento, diversidade, contra machismo e discriminação. Nos comentários:

“Quero ver ela fazer essa rebeldia dela com meus filhos, vai começar
apanhando na cara de mão aberta, pra largar a mão de ser besta de
interferir no ensino que eu dou dentro da minha casa pros meus filhos.
Devíamos nos unir e fazer uma lista de todas essas pragas, saber em
que escola atuam, onde estão, pra não deixar darem aula pros nossos
filhos” 24.
Em outro comentário: “Por questão de honra e dignidade, é dever dos pais dessas
crianças moverem um processo de estrupo intelectual de vulnerável contra esta
professora socialista”.

Por fim, há um vídeo onde alunos fazem um teatro para demonstrar com
males do racismo, homofobia, bullying e machismo. O ESP descreve o vídeo como
“Lavagem cerebral ‘do bem’” e que nada acrescenta aos alunos sobre os temas
tratados, e que serve apenas como forma dos estudantes aderirem emocionalmente
e cegamente às pautas dos movimentos negro, feminista e LGBT; e
consequentemente aos políticos e partidos que os defendem.

E mais uma vez nos comentários: “Isso é coisa de professor doutrinador.


Plantar ódio na cabeça de crianças inocentes para colher militantes zumbis, que só
conhecem um lado da moeda”, em outro comentário:

“Exatamente. E assim, se forma mais um grupo de comunistazinhos. A


escola pública ja não serve mais pra ensinar, e sim, para fabricar
fantoches, idiotas úteis, que seram utilizados como ponta de lança dos
partidos marxisistas. #Escolasempartidojá” 25.
Entre os milhares de comentários dessa página e de grupos que apoiam o
ESP, encontraram um em que um homem afirma que pagam 50 reais como
recompensa para alunos que obtenham vídeos de professores “doutrinando” alunos
durante e dentro da sala de aula de qualquer curso. Deve ser possível identificar o
professor e também que esteja claro no vídeo a tentativa de doutrinação político-

24
https://www.facebook.com/escolasempartidooficial/videos/817391918411801/<acesso em 13/05/07>
25
https://www.facebook.com/escolasempartidooficial/videos/853260248158301/<acesso em 17/05/17>
29
partidária. E caso o vídeo demonstre com clareza, a participação de 2 ou mais
professores na tentativa de doutrinação, podem pagar até 150 reais pelo vídeo.

O discurso de ódio promovido por essas pessoas nas redes sociais é


abundante, praticamente em qualquer publicação é possível encontrar comentários
fortes como os citados anteriormente. Uma expressão utilizada pelos apoiadores do
ESP para ofender essas pessoas é o chamado “Idiota útil”, que surgiu como uma
expressão para descrever simpatizantes do comunismo soviético em países
ocidentais. Esse termo é atribuído à Vladimir Lenin em diversos sites conservadores,
porém sem fonte, descrevem que Lenin que via essas pessoas com desprezo, porém
via como uma oportunidade de propaganda comunista nos países do ocidente. Hoje:

o termo “idiota útil” também se refere a indivíduos que militam em


movimentos sociais onde articuladores comunistas se infiltraram e
passaram a pautar as ações deles tento por base o marxismo cultural
inspirado pela Escola de Frankfurt e por Gramsci, distorcendo os
objetivos originais e as prioridades de tais grupos. Normalmente (mas
não exclusivamente) esses grupos são estudantes e professores
universitários, ativistas homossexuais, feministas, ambientalistas
radicais, líderes dos movimentos negro/índio/cigano/muçulmano, entre
outros. São grupos que desvirtuaram suas lutas e causas em prol de
uma nova agenda esquerdistas ou “progressistas” que supostamente
serviria para lutar pelo direito das “minorias” mas que atua priorizando
os interesses de partidos e/ou movimentos comunistas. Assim sendo, o
termo também se aplica a todos(as) que se engajam politicamente sem
usar critérios analíticos, seguindo cegamente uma crença ou ideologia
que não condiz com aquilo que ele acredita estar lutando e do qual o
mesmo e os seus pares não serão os reais beneficiários, mas sim
aqueles que se apropriaram dos seus respectivos movimentos sociais
em favor de uma causa politica alheia, e por vezes antagônica, aos
interesses iniciais dos “idiotas úteis”. Cabe dizer que, para evitar os
riscos e as injustiças decorrentes das generalizações, uma parcela
considerável desses “idiotas úteis” são pessoas que se alinharam com
um movimento acreditando honestamente estarem trabalhando por um
“mundo melhor”. Invariavelmente, quando descobrem que foram
enganados, costuma ser tarde demais. Logo depois, os mesmos, serão
descartados.26
Esse discurso segue, não apenas na página do Escola sem partido, mas
também em páginas com milhões de seguidores, como a do Movimento Brasil Livre
(MBL) que possui mais de 2,2 milhões de seguidores, página do Deputado Federal
Jair Bolsonaro que também apoia o movimento, possui 4,3 milhões de seguidores.

26
https://medium.com/@despertardaconscincia/marxismo-cultural-o-que-%C3%A9-um-idiota-
%C3%BAtil-f33b9e6d1054<acesso em 28/04/17.
30
O Pastor e Deputado Federal Marcos Feliciano que acompanha a comissão
especial sobre o projeto escola sem partido na Câmara dos Deputados, possui
também 4 milhões de seguidores no facebook, chegou a afirmar que a ONU se
posicionou contra o ESP, pois é “simpatizante do marxismo” e “E que a ONU tem se
alinhado a “esquerdopatas” em diversas questões, inclusive para tirar a soberania de
países com o Brasil”27.

Capítulo 3 – Ideologia, Educação e Política

3.1 – Bancada evangélica

Pode-se notar que os religiosos se encontram em grande número na Câmara


dos Deputados nos dias atuais. Emerson Giumbelli (2002) no livro “O fim da religião”,
afirma que:

Na década de 1980 (...) a América Latina constituiu o palco mais


evidente de uma expansão pentecostal globalmente verificada. (...). Em
várias dessas situações, a religião torna-se pública em função de ações
políticas protagonizadas por agentes orientados por ideologias
religiosas; em outras, ela é identificada como o pivô de conflitos
comunais (GIUMBELLI, 2002, p. 25).
Dessa forma, a expansão da religião para o meio político também prosseguiu,
chegando a existência de uma Bancada evangélica na Câmara dos Deputados no
momento presente (2017). Essa junção de religião e política vai se tornando
normalidade dentro de Brasília, segundo o site de notícias Uol:

“O número de evangélicos no Parlamento cresceu, acompanhando o


aumento de fiéis. Segundo os últimos dados do IBGE, que são de 2010,
o número de evangélicos aumentou 61% na década passada (2000-
2010). Por sua vez, a Frente Parlamentar Evangélica (FPE),
encabeçada pelo deputado e pastor João Campos, agrega mais de 90
parlamentares28.

27
Http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/caixa-zero/escola-sem-partido-feliciano/<acesso em
22/04/17
28
Https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/10/19/bancada-evangelica-cresce-e-
mistura-politica-e-religiao-no-congresso.htm<acesso em 02/06/17.
31
Essa Bancada Evangélica, comandou os trabalhos na comissão especial que
analisou propostas do programa “Escola sem Partido”, além da proposta principal que
proíbe a doutrinação ideológica, há ainda a proposta do deputado Rogério Marinho
(PSDB-RN), que prevê detenção de três meses a um ano para docentes quem
tentarem doutrinar os alunos com posicionamentos político, partidário ou
ideológico”29.O que Demonstra que há um interesse na educação, como quando
celebraram a retirada da questão de gênero da base nacional curricular e também
enviaram documentos para manifestar aversão ao aborto, à legalização das drogas e
uma resolução que combate a discriminação contra a comunidade LGBTQ, obrigando
escolas a deixar “que a pessoa uso o banheiro que desejar” como a transexual que
vai ao toalete feminino30.

Além de estar à frente a discussão sobre o projeto ESP, a mesma demonstra


ter influência dentro do Ministério da Educação (MEC), pois, esse último, garantiu à
Bancada evangélica e Católica que Ideologia de Gênero não entrará na Base Nacional
Comum Curricular (BNCC). Com a explicação de que:

“Fomos em busca de esclarecimentos, sabemos que ativistas tem


lutado para incluir esse tema nas escolas, querem doutrinar nossas
crianças e deixá-las expostas a conteúdos inadequados”, disse o Pastor
e Deputado Sóstenes Cavalcante31
Ou seja, a Bancada evangélica e os grupos de conservadores citados neste
trabalho, em sua maioria é contra a discussão dentro de sala de assuntos que
desagradam suas ideologias, não podendo tratar de assuntos como homofobia,
machismo, feminismo, diversidade sexual. Esses assuntos são de extrema
importância em nossa sociedade, a qual ainda vemos muitos casos discriminação
contra esses grupos de minorias.

Contudo, essa tentativa de proibição da discussão de gênero dentro de sala


foi considerada inconstitucional segundo a PFDC (Procuradoria Federal dos Direitos
dos Cidadãos). Que em nota divulgada essa tentativa incorre no erro de confundir a

29
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/10/19/bancada-evangelica-cresce-e-mistura-
politica-e-religiao-no-congresso.htm<acesso em 02/06/17>
30
(Https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/10/19/bancada-evangelica-cresce-e-mistura-politica-
e-religiao-no-congresso.htm<acesso em 02/06/17>).

31
http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,bancada-evangelica-vai-comandar-discussao-sobre-
escola-sem-partido,10000083205 <acesso em 19/05/17.
32
educação escolar, com a educação transmitida no âmbito da comunidade e da família.
A nota também aponta que o modelo de notificação incorre em inconstitucional
discriminação ao referir-se de forma preconceituosa à homossexualidade,
bissexualidade e transsexualidade como critério para a diferenciação entre o que deve
e o que não deve ser falado em ambiente escolar. E que:

“A censura a assuntos relacionados à orientação sexual e identidade de


gênero nas escolas constitui grave obstáculo ao direito fundamental de
acesso e permanência de crianças e adolescentes na escola, pois
contribui para um ambiente hostil no qual as diferenças não são
respeitadas, dificultando o aprendizado e o processo de socialização”,
ressalta a PFDC. (Http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/informativos/edicoes-
2017/marco/170317-2).
No próprio projeto de lei do ESP, na área de justificação, eles explicam os
motivos do projeto ser necessário:

“É fato notório que professores e autores de livros didáticos vêm-se


utilizando de suas aulas e de suas obras para tentar obter a adesão dos
estudantes a determinadas correntes políticas e ideológicas; e para
fazer com que eles adotem padrões de julgamento e de conduta moral
– especialmente moral sexual – incompatíveis com os que lhes são
ensinados por seus pais ou responsáveis. (...). Diante dessa realidade
– conhecida por experiência direta de todos os que passaram pelo
sistema de ensino nos últimos 20 ou 30 anos –, entendemos que é
necessário e urgente adotar medidas eficazes para prevenir a prática
da doutrinação política e ideológica nas escolas, e a usurpação do
direito dos pais a que seus filhos recebam a educação moral que esteja
de acordo com suas próprias convicções.32
Dessa forma, percebemos que o ESP e os seus grupos de apoiadores são
contra a discussão de gênero e diversidade dentro das escolas, considerando esses
assuntos vão contra seus valores morais e ideológicos, talvez, não considerando que
esses assuntos são necessários para desenvolver mais discussões sobre e pensar
formas de diminuir os preconceitos muito presentes na nossa sociedade.

3.2 - Ideologia

Compreendendo o uso constante da palavra ideologia no projeto ESP e por


uma das ideias principais da “escola sem partido”, ser a proteger os alunos de
receberem doutrinação “ideológica” de seus professores.

Ideologia foi um termo que surgiu com Destutt de Tracy “em 1796, juntando
"idea" a "logia". Ele a usou para se referir-se a um aspecto da sua "ciência das

32
PROJETO DE LEI N.º 867, DE 2015 (Do Sr. Izalci).
33
ideias"”33. No dicionário34 ela é definida como Reunião das certezas pessoais de um
indivíduo, de um grupo de pessoas e de suas percepções culturais, sociais, políticas.

No pensamento de Marx (2007) a ideologia consiste no sistema de ideias que


legitima o poder econômico da classe dominante (burguesia) e que por sua vez
expressa os interesses revolucionários da classe dominada (proletários). Marx afirma
em Ideologia Alemã:

O modo pelo qual os homens produzem seus meios de vida depende,


antes de tudo, da própria constituição dos meios de vida já encontrados
e que eles têm de reproduzir. Esse modo de produção não deve ser
considerado meramente sob o aspecto de ser a reprodução da
existência física dos indivíduos. Ele é, muito mais, uma forma
determinada de sua atividade, uma forma determinada de exteriorizar
sua vida, um determinado modo de vida desses indivíduos. Tal como os
indivíduos exteriorizam sua vida, assim são eles. O que eles são,
coincide, pois, com a sua produção, tanto com o que produzem como
também com o modo como produzem. O que os indivíduos são,
portanto, depende das condições materiais de sua produção. (MARX,
2007, pg. 87)

Portanto, Marx pensa na ideologia como uma falsa consciência, uma


concepção idealista onde a realidade é invertida. A ideologia reflete qualquer
concepção de uma classe social dominante rumo a um interesse coletivo, constituindo
assim a ideia de uma hegemonia sem conflito visando manter assim, a ordem social.

O filósofo Slavoj Zizec vê ideologia como uma arma crucial do capitalismo,


em um artigo da Revista Fórum observamos porquê:

Se quisermos saber como opera a legitimação do capitalismo, a


ideologia – para Zizek – é o nível que devemos investigar para atingir a
camada inconsciente dos discursos que corroboram o capitalismo no
âmbito das subjetividades, mesmo que por vezes tais discursos
pretendam eliminar os efeitos abomináveis do modelo liberal. Ideias
como capitalismo justo ou filantropia são essencialmente ideológicos
nesse sentido.Zizek não é um pacifista. Pelo contrário, ele acredita que
aquilo que chamamos de paz é um dispositivo frequentemente utilizado
para esconder o exercício sistemático da violência – aquela que não
produz impacto na sensibilidade humanitária das sociedades
modernas35.

33http://www.infoescola.com/filosofia/ideologia/<acessoem 16/05/17>
34https://www.dicio.com.br/ideologia//<acessoem 16/05/17>
35
Http://www.revistaforum.com.br/2015/10/09/zizek-ve-ideologia-como-arma-crucial-do-
capitalismo/<acesso em 28/05/17.
34
Já estando compreensível a importância do tema ideologia aqui, podemos
nos atentar para o fato de que, o movimento “escola sem partido”, na teoria, buscar a
neutralidade ideológica no sistema de ensino, porém, na prática, está sempre se
referindo a ideologia de esquerda como um problema urgente a ser combatido.

E busca neutralidade religiosa, porém, é um movimento formado em sua


maioria por religiosos, que baseado em suas convicções morais providas pela religião,
quer proibir a discussão de assuntos que não estão de acordo com suas convicções,
de forma que uma aula explicando como a evolução foi responsável pelo
desenvolvimento da vida na terra, poderia ser censurada pelo pai do aluno que
discorda desse fato e acredita que na verdade “deus” é quem é responsável por isso.
Ou então, uma aula em que o professor afirme que ser homossexual é normal e o pai
de algum aluno seja homofóbico, esse pai deve ter o direito de impedir o professor de
tratar de algum assunto dentro de uma sala de aula?

Por sua vez, ideologia e moral são constituídas tendo como referencial o
conceito de religião. A religião está inserida na sociedade de tal forma que, influência
a nossa vida, mesmo quando não percebemos. A religião desenvolveu a ideologia
cristã por exemplo, que influência a forma como grande parte da população baseia
seus ideais e sua moral. Ela também influencia na nossa política, com partidos que
seguem e baseiam seus princípios na ideologia cristã.

A religião pode ser definida como a crença na existência de um ser superior,


sobrenatural, do qual dependo o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e
obediência. Durkheim definiu religião como:

Um sistema solidário de crenças e de práticas relativas às coisas


sagradas, ou seja, isoladas ou proibidas, crenças e práticas que reúnem
todos aqueles que aderem a tal sistema em uma mesma comunidade
moral chamada igreja. (DURKHEIM, 2003, p.32)

O Economista e Sociólogo Max Weber no livro “A ética protestante e o espírito


do capitalismo” aborda como a religião protestante teve participação no
desenvolvimento do sistema capitalista. Ele constatou que:

Os líderes empresariais e detentores do capital, assim como os


trabalhadores com maiores níveis de qualificação, e tanto mais o
35
pessoal mais bem treinado técnica e comercialmente das empresas
modernas, são, em uma esmagadora maioria, protestantes (WEBER,
2013, p.33).

Portanto, Weber acredita que as características do protestantismo de


dedicação ao trabalho influenciaram no desenvolvimento do capitalismo. Porém ele
não busca compreender a essência da religião, mas foca nas condições e efeitos, ou
seja, nas ações sociais de um determinado tipo de comportamento existente que são
explicados a partir de experiências subjetivas, das concepções dos indivíduos. A partir
do sentido uma vez que tais comportamentos descrevem ações racionais, emotivas e
carismáticas.

3.3 - Capitalismo, poder do mercado na política

Karl Marx (2007) acreditava que o trabalho, em sua essência, é o que nos
torna humanos. Ele contempla a essência de nossa espécie, nos permite viver,
sermos criativos, e prosperarmos. Mas, a realidade do século XIX era que, o trabalho
destruía os trabalhadores, principalmente os que não tinham nada para vender, além
de sua força de trabalho. Para os donos de fábricas, um trabalhador era apenas uma
ideia abstrata, com um estômago vazio para preencher. Os trabalhadores não tinham
escolha, senão, trabalhar por longas jornadas de trabalho por alguns trocados.

Com isso surge a ideia de alienação, que seria um senso desorientador de


exclusão e separação, o trabalho em fábricas, no sistema capitalista, alienou os
trabalhadores dos produtos de seu trabalho, eles produziam produtos que não podiam
se dar ao luxo de comprar, que iriam para lojas distantes, para fazer dinheiro para
pessoas que pagaram quase nada por esse produto. As linhas de produção dividiram
o trabalho em tarefas insignificantes que fizeram das horas no trabalho, entediantes e
vazias. Tornavam-se engrenagens da máquina, como Charles Chaplin no filme
“Tempos modernos” de 1936. Os trabalhadores passavam algumas horas em casa
quando podiam comer, dormir e relaxar. O resto do tempo eles não estavam vivos de
verdade, o trabalho os alienou uns dos outros. O trabalho aliena as pessoas na medida
em que elas não se reconhecem em suas atividades, perdem o sentimento de
pertencimento.

No sistema capitalista em que vivemos é comum grandes empresas ter


grande influência política, nas eleições através de financiamento de campanhas,

36
apoiam projetos políticos que os beneficiem financeiramente, como em muitos casos
famosos, envolvimento em esquemas de corrupção envolvendo políticos de alto
escalão e grandes empresários, alguns desses empresários com fortunas maiores
que o Produto Interno Bruto (PIB) de alguns países em desenvolvimento.

Noam Chomsky, americano, linguista, filósofo e ativista político, no


documentário “Requiem for the American Dream”, que consiste numa série de
entrevistas feitas durante quatro anos, onde Chomsky apresenta seu pensamento e
ideias sobre a concentração de poder nas mãos de poucas pessoas, a elite. Para
explicar como esse acontecimento ocorre frequentemente e como se sustenta através
do tempo, Chomsky cita dez princípios que explicam a concentração de poder. Os
quais são apresentados aqui para reflexão.

Partindo do princípio que o dinheiro possui uma conexão direta com o poder,
a elite sempre teve interesse em participar e influenciar na política. Podendo ser
notada esta tendência mesmo em Adam Smith em “A Riqueza das Nações”, onde os
“mestres da humanidade” ou elite, já demonstravam a vontade de crescer sozinha.

O primeiro ponto então seria reduzir a democracia. De forma que a elite se


mantenha no poder, sem dar espaço para que algum candidato popular desponte,
para isso, a ideia era diminuir a desigualdade, como forma de evitar questionamentos,
protestos e crescimento de movimentos sociais.

O segundo ponto é moldar a ideologia. Nos anos 60 houve um despertamento


de consciência, o que gerou vários movimentos sociais, como o movimento pela
igualdade racial e pelos direitos das mulheres. Nos anos 70 o governo juntamente
com os setores privados via esses movimentos como um “excesso de democracia”.
Então passa a utilizar a mídia para transmitir a ideia que o sistema econômico
americano estava sendo ameaçado e devia ser protegido.

O terceiro ponto seria redesenhar a economia. Ou seja, aumentar o papel das


instituições financeiras. Isso pode ser visto atualmente, como por exemplo, em 2007,
antes da grande crise econômica, as instituições financeiras tinham 40% dos lucros
empresariais nos EUA. Grandes corporações financeiras estão no centro de disputa
de poder. Esse novo parâmetro econômico, serve para manter trabalhadores
inseguros, com insegurança, os manter sob controle é mais fácil.

37
Quarto ponto é descolar o fardo. Fardo são os impostos e como que com o
passar dos anos, os ricos estão pagando proporcionalmente menos impostos que os
pobres, ressaltando o fato de que ocorre de grandes empresas e empresários não
pagarem seus impostos, enquanto a grande parte da população continua a pagar.

O quinto ponto é atacar a solidariedade. Desvalorizar emoções básicas do


ser humano, fazer com que as pessoas só se importem com elas mesmas. Atacar a
seguridade social, a educação gratuita, chegar ao ponto de questionar o porquê de
pagar impostos para beneficiar outra pessoa que não seja ela mesma.

O sexto ponto é controlar os reguladores. Algo cada vez mais comum, são as
grandes empresas terem influência sob a legislação. Com o governo salvando bancos
de colapsos financeiros. É a contradição do capitalismo, ver empresas recorrerem ao
estado paternalista. E serem salvas pelos contribuintes, enquanto aos pobres é dito
para não esperar ajuda do governo e correr atrás.

O sétimo é controlar as eleições. A concentração de riqueza gera


concentração de poder político. As legislações permitem financiamento de campanha,
o que gera campanhas milionárias, onde os partidos ficam dependentes de seus
financiadores posteriormente.

O oitavo ponto é manter a “ralé” na linha. Atacar seriamente os sindicatos,


acabar com a ideia de que existem classes (opressor x oprimido).

O nono ponto é o consentimento na produção. Desenvolver outras formas de


controle, doma-los controlando suas crenças e atitudes. “Fabricar consumidores”,
fabricar vontades novas, princípio da alienação. Controle através de publicidade para
o consumo, e posteriormente até em eleições. Criar um eleitorado desinformado, que
fará escolhas irracionais, muitas vezes contra o próprio interesse. Chomsky afirma
que “A política está cada vez mais focada em interesses particulares que financiam
campanhas, com o público sendo marginalizado”.

O décimo é marginalizar a população. A população se sente impotente em


relação as intuições políticas, com a mídia criando consensos, gerando uma massa
sem senso crítico, fazendo com que o discurso da elite pareça atrativo, gerando ódio
e terreno para lideranças antidemocráticas surgirem.

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Pensando nesse movimento Escola sem Partido com um todo, percebo ele
como um reflexo de um lado, uma política influenciada por grandes empresas e pelo
capital, de outro, a religião com sua própria ideologia, que colide com outras ideologias
que devem ser tratadas dentro de sala, também demonstrando influência e poder
dentro da política, com uma forte representação na Câmara dos Deputados. Dessa
forma, tendo um claro interesse da elite em várias esferas.

Esse movimento utiliza do termo “sem partido” no seu nome, porém vemos
que a corrente ideológica entre seus apoiadores é muito semelhante e segue a
tendência de criticar a ideologia de esquerda, partidos de esquerda, movimentos
sociais, movimentos LGBT. Determinando que debater o socialismo, comunismo, a
revolução russa, igualdade de gênero e diversidade seria um “delito”. Esse movimento
é o mesmo que prefere considerar o Golpe Militar de 1964 como uma “Contra
Revolução” e que não considera o Impeachment da Presidenta Dilma Rousseff um
golpe parlamentar, criticando duramente quem assim considera.

O ESP, portanto, se apresenta como um grupo preocupado com a educação.


Porém, é perceptível que devido a composição dos grupos responsáveis por essa
iniciativa terem suas próprias ideologias conflitantes com outros grupos contrários à
sua ideologia procuram, dessa forma, ter um controle maior sobre como essas
ideologias conflitantes são apresentadas nas escolas, ou se elas devem ser
apresentadas e debatidas nas escolas.

Esse projeto ameaça a educação de forma que a escola, uma instituição


designada a desenvolver o pensamento científico e crítico do aluno, se vê obrigada a
tratar dentro de sala, de assuntos complexos explorados pela ciência, porém
respeitando as “convicções religiosas e morais” dos pais dos alunos. No livro “Escola
“sem” Partido” é possível ter uma ideia de como isso funcionaria:

O que os autores do projeto pretendem, na verdade, é que o professor


de biologia ensine ao mesmo tempo o logos do evolucionismo e a
versão; ou seja, a doxa criacionista (campo exclusivo da religião, não
da ciência); que o professor de física não ensine apenas a teoria do big
bang; que o professor di história ensino que a África foi povoada pelos
descendentes de Cam – deixando subjacente a ideia de que os povos
africanos originaram-se de uma maldição bíblica e que, portanto, sua
cultura e religião são igualmente amaldiçoadas. (FRIGOTTO, 2017,
p.123).

39
Portanto, os objetivos por trás do ESP são preocupantes, considerando que
caso esse projeto venha um dia se tornar uma lei estaríamos sujeitos ao risco de sofrer
censura dentro de sala de aula. E os impactos disso na nossa educação seriam
expressivos.

No entanto, para se tornar lei, o “Escola Sem Partido” pode encontrar


dificuldades, considerando que o Ministro do STF, Roberto Barroso recentemente
suspendeu uma Lei baseada no Escola Sem Partido que tinha sido promulgada em
Alagoas, considerando essa Lei inconstitucional.

Considerações Finais:

Esse trabalho teve como objetivo a análise do projeto de lei “Escola sem
Partido”, sua composição, suas influências e seus possíveis impactos na educação
brasileira.

Percebemos após análise, que o ESP surge com a ideia de combater a


doutrinação ideológica que supostamente ocorre no sistema de ensino brasileiro.
Possui em sua composição pais e alunos que concordam que existe essa doutrinação,
assim como grupos conservadores, como o MBL, políticos de direita e bancada
evangélica.

A utilização de sites oficiais e páginas do projeto servem como divulgação do


mesmo, porém, também é utilizado como um espaço onde seus apoiadores
exteriorizam seus discursos de ódio contra pessoas que pensam diferente sobre
questões políticas ou questões que vão contra seus princípios morais e religiosos.
Contando com apoiadores que possuem milhões de seguidores pelas redes sociais,
esse discurso intensifica as tensões entre esquerda e direita, assim como dá
representatividade a pessoas que veem esses discursos de ódio, homofóbicos e
racistas como normal.

Como percebemos, o ESP é contra ideologias que enxergam o capitalismo


como um sistema com problemas graves e ideologias que vão contra os princípios
religiosos e morais. Weber demonstra como a religião protestante foi importante no
processo de expansão do capitalismo. Chomsky pensa como os grandes empresários

40
e corporações exercem seu poder na política e como essa elite (Governamental e
Empresarial) utiliza de seus poderes como forma de controle.

Analiso que o ESP seja influenciado pelos ideais dessa elite empresarial e de
religiosos que são representados fortemente na política dessa forma fortalecendo
grupos conservadores.

Essa preocupação com o ensino demonstrada por esse projeto pode ser vista
como um ataque a liberdade dos professores. Focam no medo do comunismo e
acabam não discutindo assuntos mais relevantes.

Mudar é humano. Conservar valores retrógrados numa sociedade de


constante evolução apenas nos impede de combater problemas como a desigualdade
social, racismo, machismo e homofobia.

Por ser um assunto muito atual, o projeto de Lei Escola sem Partido ainda
segue aguardando os trâmites legais do projeto na Câmara dos deputados. Com isso,
esse trabalho fica como uma reflexão sobre esse movimento.

41
Referências bibliográficas:

DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa – São Paulo: Martins


Fontes, 2003.

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo - SP


Martin Claret. 2013.

FRIGOTTO, Gaudêncio. Escola “sem” Partido: esfinge que ameaça a educação e


a sociedade brasileira. Rio de Janeiro: UERJ, LLP.. 2017.

KIRK, Russel. A Política da Prudência. São Paulo. É Realizações Editora. 2013.

SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. São Paulo: Abril Cultural, 1a ed., 1983.

MARX, Karl. Friedrich Engels. Manuscritos Econômicos e Filosóficos. São Paulo:


Boitempo Editorial. 2007

MARX, Karl. Friedrich Engels. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo Editorial,
2007

GIUMBELLI, Emerson. O fim da religião: dilemas da liberdade religiosa no Brasil


e na França. São Paulo: Attar Editorial, 2002.

MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. O Manifesto Comunista. Rio de Janeiro: Paz e


Terra, 1998.

TOMAZI, Nelson. Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 2000.

42
Outras fontes:

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P. Scott. Roteiro: Kelly Nyks, Peter D. Hutchison, Jared P. Scott. PF Pictures, 2015.
(Documentário)

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45

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