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TEXTO ARGUMENTATIVO

“A educação torna os homens melhores”

Na sociedade encontramos pessoas que estudaram, e que por isso têm um maior
conhecimento interpessoal e um melhor raciocínio, e pessoas que não o fizeram e que o
têm em menor quantidade e capacidade.

Antes de avançar, é preciso esclarecer a diferença entre educação e instrução e o que é


um homem melhor ou simplesmente bom; e também esclarecer o que é a liberdade.

Instruir é aquilo a que estamos habituados a ouvir, confundindo com educação, ou seja, o
instruído é aquele que possui uma formação académica, escolar, aquela que se esforça
para ter, no futuro, um bom emprego e salário.

A educação, para além da instrução, como diz Carlos Delano Rebouças é “um misto de
conhecimento, sabedoria, bom senso, empatia, e outros valores humanos, do tipo que não
se compra como um diploma escolar.” 1 Ou seja, com bons pais (pois há muitos que não
o têm) aprende-se a ser o que se chama de “bem-educado”, isto é, respeitar os outros,
saber o que está bem e o que está mal, em relação a atos e para com os outros, ou mesmo
a não ser preguiçoso. Resumindo, a educação inclui a instrução, só que também inclui a
“instrução” moral que normalmente se aprende com os pais desde criança e pela vida,
sozinhos e acompanhados.

Há ainda outro conceito que mais adiante vamos falar, que é a questão do “livre arbítrio”.
A definição de “livre arbítrio” é a possibilidade de escolher X tendo podido escolher Y,
ou seja, neste caso, a possibilidade de se escolher ser bom quando, tendo podido não o
ser ou o contrário.

Outra questão que quero acrescentar, é que o homem, como todos concordamos, não é
perfeito, logo é impossível um homem ser completamente bom. Também deve ser
clarificado é o que é um homem melhor ou pelo menos bom. Mas “homem bom” não é
diferente de “bom homem”? Um “bom homem” é uma expressão subjetiva porque
quando se diz que alguém é um bom homem está-se a dizer que o sujeito é honrado,
grande, etc. Enquanto um homem bom é um homem que tem a virtude da bondade.

1
Site Ser educado e ser instruído, procurando entender

João Maria Gonçalves • Filosofia • 10º A • Colégio de S. Tomás • Pág. 1


Mas o que é a bondade? A bondade é uma inclinação para fazer o bem, o que torna uma
pessoa boa e generosa, amável, cortês, etc. Então, mas não é normalmente disto que se é
educado em crianças? A respeitar para se ser respeitado? A amar para se ser amado? E é
isto matéria que se aprende na escola (claro que há escolas em que se aprende isto)?
Recebe-se alguma retribuição por isto? Será que a educação torna os homens melhores?

Quero também referir o que é um valor humano. Valores humanos são, como esclarece o
site Significados, “os princípios morais e éticos que conduzem a vida de uma pessoa. Eles
fazem parte da formação da sua consciência e da maneira como vivem e se relacionam na
sociedade.” Ou seja, os valores humanos são “regras” que devemos respeitar para
vivermos em sociedade, para sermos bons, generosos, solidários, etc.

Começarei, depois da introdução, por apresentar os argumentos a favor da afirmação” a


educação não torna os homens melhores”, usando todos os argumentos que estiverem a
meu alcance, argumentando de seguida a favor da afirmação” a educação torna os homens
melhores”.

Como se já deve ter percebido, a afirmação que, na minha opinião, está mais perto da
verdade é “a educação torna os homens melhores”, o que explicarei adiante.

Como se pode ver hoje em dia e em toda a história, a maior parte dos homens mais ricos,
que por isso têm uma maior cultura e sabedoria, são os que menos respeitam os outros
homens. Podemos ver isso, mesmo nos políticos (alguns), sobretudo em ditaduras, que
hoje em dia mentem ao povo, roubam as pessoas, passando a vida a serem perseguidos
pelo seu próprio povo, ou seja, insultados, castigados com revoltas e motins, etc.

Outro exemplo são os alunos das Universidades, com que nos deparamos diariamente no
Campo Grande, que, no meio da rua se põem a cantar muito alto, a dizer asneiras, a atirar
lixo para o meio da estrada, ou mesmo a fazer as suas necessidades à porta das casas. Será
isto educação? Eles que ainda por cima têm uma ótima instrução, alguns em universidades
com médias de entrada altas, alguns em universidades privadas, onde só têm acesso
pessoas das classes média/alta.

Hoje (e quase sempre) a maior preocupação dos pais foi dar aos filhos (como se diz) uma
boa educação escolar, para no futuro terem uma boa profissão. Mas, então e os valores
humanos, a generosidade, tudo aquilo que é suposto um pai, mãe, amigos, professores,
ensinarem? Malala, quando foi ao Brasil, defendeu que a educação é o melhor

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investimento (site com a notícia No Brasil, Malala defende que a educação é o melhor
investimento). Muitos de nós diziam que Malala defendia a educação, confundindo o
significado desta palavra com instrução, como tínhamos dito antes, mas o que defende
ela é a educação, e podemo-lo comprovar com uma das coisas que disse nesse país “O
papel dos pais e das mães é fundamental no empoderamento feminino.” Mesmo que
Malala tenha usado esta frase dirigindo-se às mulheres, isto aplica-se a toda a gente,
porque os pais educam e sem essa educação pode-se usar mal a liberdade, os
conhecimentos, etc.

No exemplo dos universitários, eles têm, não necessariamente uma boa educação, mas
uma boa instrução, como já tínhamos definido anteriormente. É possível que tenham uma
boa educação, mas isso é diferente. Cada um tem direito à liberdade, (dependendo de
onde vive claro) e por isso cada um pode usá-la como entender. Esta é uma questão
importante, porque cada um pode, por si próprio, decidir se quer ser bom ou não, se se
quer ou não preocupar com os outros, etc. No caso dos universitários que tenham tido
uma boa educação, o seu problema é que não a quiseram pôr em prática, tornando-se
iguais aos outros que não tinham uma boa educação ou mesmo nenhuma.

O outro argumento de que falei, foi o dos políticos, mas eles não podem não ter tido uma
má educação, ou mesmo a ausência dela?

Luc Ferry diz também que “O nazismo, depois o islamismo ensinaram-nos que se pode
ser culto e ceder ao ódio, ao racismo, á violência.” 2, mas o que Hitler tinha de conhecido
de cultura não era educação, mas instrução? Outro exemplo que ele dá é o do islamismo,
mas para os muçulmanos, o que eles fazem é correto, visto que o que é, não uma escolha
pessoal, ou política, mas uma escolha religiosa. Mesmo que Luc afirme que fala do ponto
de vista dos “não muçulmanos”, não pode esquecer que eles aprendem que matar, não é
uma escolha errada, mas uma atitude de glória.

Um outro exemplo, mais fraco, é quando as pessoas dizem que alguém é bem-educado, o
que não significa que tenha uma boa formação profissional, académica ou escolar. Um
exemplo pessoal, são estudantes que conheço que têm uma ótima educação, filhos de bons
pais, que acabam por se tornarem preguiçosos, passam a não estudar e a não se preocupar
com os outros, ou seja, esquecem o que os pais lhes ensinaram.

2
Luc Ferry Philosophie Magazine, nº 122, p. 59

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Esta é uma questão muito pertinente, interessante, e quer pareça quer não, muito
importante, aliás importante demais, parece-me a mim, para ficar apenas no colégio, e
apenas como um elemento de avaliação escolar.

Resumindo, apresento os principais argumentos sobre se “A educação torna os homens


melhores”. Contra, os principais argumentos são: existem pessoas que têm uma ótima
educação, mas que não são boas. A favor, temos a diferença entre educação e instrução
que já explica bastante, mas ainda temos, como argumentos, o uso do livre arbítrio depois
de educados, e que tem de os “ensinadores” tem de procurar dar aos ensinados uma boa
educação.

Um ponto que é muito importante para a minha opinião, mas que não é diretamente um
argumento, é que o homem é livre, neste caso, de escolher ser bom ou mau. O resumo da
minha opinião é que a educação pode tornar o homem melhor se este com a sua liberdade
escolher sê-lo.

João Maria Gonçalves • Filosofia • 10º A • Colégio de S. Tomás • Pág. 4

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