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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: A questão do índio no Brasil contemporâneo

Introdução: O parágrafo de introdução contém uma ótima contextualização do tema, de modo


a trazer uma obra literária para apresentar a situação do índio. Entretanto, não há uma formação
concreta sobre a tese, em relação ao livro. É importante trazer uma ligação sobre o tema de um
modo amplo e referente à tese.

Desenvolvimento I: Uma coisa importante a se ressaltar sobre os desenvolvimentos é que, ape-


sar de haver a necessidade de trazer evidências que comprovem a argumentação, se há a pre-
sença exacerbada desses mecanismos, o texto pode se tornar expositivo. No caso acima, não
há uma concretização argumentativa, apenas a fala do antropólogo, o que apenas demonstra os
fatos e não os relaciona.

1 Em sua obra modernista Macunaíma, Mario de Andrade descre-


2 veu a caracterização do povo brasileiro, sendo influenciada por traços
3 indígenas, afrodescendentes e europeia. Dessa maneira, o popularmente
4 conhecido como “herói sem nenhum caráter” é uma analogia ao re-
5 trato do início de uma nação, sendo primitiva quando se tratando dos
6 índios e, glorificada, com os europeus. Esse livro, apesar de ser ficcional,
7 não se distancia da realidade, uma vez que na contemporaneidade o
8 descaso com o povo indígena ainda ocorre.
9 Em primeiro lugar, é necessário descrever o processo de coloni-
10 zação do Brasil. Tendo nascido por meio de exploração, a dominação
11 de povos e culturas ocorreu da mesma forma. Assim como afirma o
12 antropólogo Darcy Ribeiro, a cultura do europeu se sobrepôs sobre a
13 identidade nativa, perdendo-se muitos traços indígenas. Esse compor-
14 tamento é visto até os dias atuais.
15 Esse comportamento, visto em programas de televisão, é ainda
16 mais reafirmado ao transformar a cultura e identidade desse povo em
17 fantasias e forma de diversão. Esse processo deu início ao trabalho da
18 artista indígena Katú Mirim “#índionãoéfantasia”, que defende que o
19 uso dos trajes, além de ser ofensivo, é modo de reforçar o preconceito.
20 Ao que é visto no cenário contemporâneo, o indígena é desvalorizado e
21 zombado.
22 Assim, que o Brasil atual é miscigenado e diversificado, quanto às
23 influências, é fato. Entretanto, não se pode desprender dos primeiros
24 influenciadores de identificação cultural. Por esse motivo, é necessário
25 que o índio seja, não somente valorizado, mas representado e aproxi-
26 mado da cultura atual, com participações midiáticas. Além disso, deve
27 haver uma conscientização no âmbito escolar para que as crianças e
28 jovens interpretem o indígena como parte da história brasileira para
29 uma valorização de quem iniciou a história há mais de 500 anos.
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Desenvolvimento II: Novamente, há a grande presença de conhecimentos gerais sobre o tema,


mas a argumentação se vê insuficiente. É necessária uma ênfase sobre a visão do autor, sobre
todos os fatos trazidos ao texto. “Por que o indígena é desvalorizado e zombado? , os questio-
namentos devem ser respondidos no desenvolvimento 1 e 2.

Conclusão: O autor, apesar de ter retomado à tese inicial em seu parágrafo de conclusão, não explicitou de forma
detalhada e coerente as propostas de solução. Deve-se atentar que a intervenção deve conter o agente, o público
alvo, o ambiente a ser promovida a ação e de que forma isso irá ocorrer. Assim, é necessário apresentar quais tipos de
participações midiáticas devem ocorrer e como seria essa conscientização no âmbito escolar.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: A questão do índio no Brasil contemporâneo

Sugestão de reescrita:

1 Em sua obra modernista Macunaíma, Mario de Andrade descreveu a caracterização


2 do povo brasileiro, sendo influenciada por traços indígenas, afrodescendentes e europeia.
3 Dessa maneira, o popularmente conhecido como “herói sem nenhum caráter” é uma ana-
4 logia ao retrato do início de uma nação, sendo primitiva quando se tratando dos índios e,
5 glorificada, com os europeus. Esse livro, apesar de ser ficcional, não se distancia da realida-
6 de, uma vez que na contemporaneidade a valorização cultural e representativa dos povos
7 indígenas é esquecida, devido ao descaso populacional e governamental sobre os nativos do
8 país.
9 Em primeiro lugar, é necessário descrever o processo de colonização do Brasil. Tendo
10 nascido por meio de exploração, a dominação de povos e culturas ocorreu, da mesma for-
11 ma. Assim como afirma o antropólogo Darcy Ribeiro, a cultura do europeu se sobrepôs so-
12 bre a identidade nativa, perdendo-se muitos traços indígenas. Esse comportamento é visto
13 até os dias atuais, de forma que o índio, além de esquecido pela sociedade, é ridicularizado
14 nos canais de informação e mídia.
15 Essa forma de ridicularizar, vista em programas de televisão, é ainda mais reafir-
16 mada ao transformar a cultura e identidade desse povo em fantasias e forma de diversão.
17 Esse processo deu início ao trabalho da artista indígena Katú Mirim “#índionãoéfantasia”,
18 que defende que o uso dos trajes, além de ser ofensivo, é modo de reforçar o preconceito.
19 Ao que é visto no cenário contemporâneo, o indígena, além de não ter reconhecimento his-
20 tórico sobre o processo de formação do Brasil, é desvalorizado e zombado pela disparidade
21 e sobreposição de culturas.
22 Assim, que o Brasil atual é miscigenado e diversificado, quanto às influências, é fato.
23 Entretanto, não se pode desprender dos primeiros influenciadores de identificação cultural.
24 Por esse motivo, é necessário que o índio seja, não somente valorizado, mas representado e
25 aproximado da cultura atual, com participações midiáticas, como programas de entrevis-
26 tas e novelas que representem essa população hodierna. Além disso, deve haver uma cons-
27 cientização no âmbito escolar para que as crianças e jovens interpretem o indígena como
28 parte da história brasileira, de modo a promover palestras para apresentar os costumes e
29 características, com representante de tribos e aldeias, para uma valorização de quem ini-
30 ciou a história há mais de 500 anos.

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